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Revisitando o (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Maria Carmen de Frias e Gouveia Nota biográfica: Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Franceses e em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses. Assistente Convidada da Universidade de Coimbra. É membro da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL), da Associação Internacional de Língua Portuguesa (AILP), da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais (SPEM), da Associação Portuguesa de Linguística (APL) e do Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA). Em 16 de Maio de 2008, a Assembleia da República aprovou o segundo protocolo modificativo que possibilita a entrada em vigor, no nosso país, do absurdo que é o novo Acordo Ortográfico, fazendo “letra morta” das recomendações de vários linguistas, da própria Associação Portuguesa de Linguística como instituição ou da antiga CNALP, e ignorando os vários milhares de assinaturas que pediam a sua não aprovação. É absolutamente incompreensível que se elogie e aceite um Acordo de Unificação Ortográfica, que nada tem em si de unificador, como se ele fosse salvar a língua portuguesa de alguma ameaça ou cataclismo! Há dois anos, analisei, Base por Base(*), as várias incongruências do novo (aliás, velho, pois tem 20 anos…) Acordo, que pecam pela duplicidade de critérios (umas vezes exalta-se a importância da etimologia; noutras o critério fonético; noutros casos ainda o uso que os falantes fazem…), inúmeras grafias alternativas, etc. (*) Disponível (PDF) em: http://issuu.com/roquedias/docs/pldata_2008_cg_aolp?viewMode=presentation Quero deixar bem claro que, como historiadora da língua, não me choca absolutamente nada uma alteração ortográfica (desde que lógica e congruente!), fruto da evolução que o idioma vai sofrendo, e fenómeno esse que é constante e inevitável e, mais importante do que isso, o único garante da sua sobrevivência. Já há cinco décadas, Eugenio Coseriu tinha disso consciência (no seu seminal artigo intitulado Sincronia, diacronia e história. O problema da mudança linguística), afirmando mesmo que se a língua não evoluir, morre. Deste modo, podem admitir-se algumas das mudanças previstas no Acordo, tais como a supressão do hífen em hei-de, hás-de e hão-de, uma vez que já não existia em havemos de, por exemplo. Não me incomoda igualmente a introdução das letras k, w e y, que – aliás – já iam surgindo paulatinamente em nomes (e derivados) estrangeiros. Quanto à exclusão do acento no ditongo oi, ou em lêem, crêem e vêem, apesar de reconhecer que para um estrangeiro pode trazer algumas dúvidas relativamente ao modo como se pronunciam as vogais, também não vejo prejuízo de maior. Relativamente ao trema, fui sempre da opinião que a razão estava do lado do Brasil, uma vez que é muito difícil para um estrangeiro e até uma criança que ainda não domina a língua perceber por que motivo se lê o <u> em aguentar, tranquilo, linguística e não se lê em quilo, guerra e guia. Aliás, vários falantes têm dúvidas (e existem as duas pronúncias) em sequestro, adquirir, aniquilar, etc. No que diz respeito às consoantes ditas “mudas”, há casos em que a sua supressão não causa qualquer problema, para além da perda dos grafemas etimológicos, como em óptimo ou peremptório, uma vez que o acento gráfico auxilia a pronúncia. Contudo, muitos outros casos há em que a consoante etimológica vem ajudar (e quem lida com estudantes estrangeiros tem ainda maior consciência disso!) a saber se a vogal precedente é ou não aberta (como em actor, acção, baptismo, etc., para além de ser – simultaneamente – facilitadora da grafia, por existir na maior parte das línguas europeias: actor, actress, action e acción, baptism, etc). Nestes casos, a sua supressão vem dificultar, e não facilitar, a aprendizagem do Português e da sua grafia. Com todo o respeito que me merecem os autores e defensores do Acordo – alguns deles meus antigos Professores – não posso concordar com as seguintes situações e incoerências graves:

Revisitando o (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

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Texto de denúncia do Acordo Ortográfico de 1990. Autora: Maria Carmen de Frias e Gouveia

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Revisitando o (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Maria Carmen de Frias e Gouveia

Nota biográfica:

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Franceses e em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses. Assistente Convidada da Universidade de Coimbra. É membro da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL), da Associação Internacional de Língua Portuguesa (AILP), da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais (SPEM), da Associação Portuguesa de Linguística (APL) e do Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA).

Em 16 de Maio de 2008, a Assembleia da República aprovou o segundo protocolo modificativo que possibilita a entrada em vigor, no nosso país, do absurdo que é o novo Acordo Ortográfico, fazendo “letra morta” das recomendações de vários linguistas, da própria Associação Portuguesa de Linguística como instituição ou da antiga CNALP, e ignorando os vários milhares de assinaturas que pediam a sua não aprovação. É absolutamente incompreensível que se elogie e aceite um Acordo de Unificação Ortográfica, que nada tem em si de unificador, como se ele fosse salvar a língua portuguesa de alguma ameaça ou cataclismo! Há dois anos, analisei, Base por Base(*), as várias incongruências do novo (aliás, velho, pois tem 20 anos…) Acordo, que pecam pela duplicidade de critérios (umas vezes exalta-se a importância da etimologia; noutras o critério fonético; noutros casos ainda o uso que os falantes fazem…), inúmeras grafias alternativas, etc. (*) Disponível (PDF) em: http://issuu.com/roquedias/docs/pldata_2008_cg_aolp?viewMode=presentation Quero deixar bem claro que, como historiadora da língua, não me choca absolutamente nada uma alteração ortográfica (desde que lógica e congruente!), fruto da evolução que o idioma vai sofrendo, e fenómeno esse que é constante e inevitável e, mais importante do que isso, o único garante da sua sobrevivência. Já há cinco décadas, Eugenio Coseriu tinha disso consciência (no seu seminal artigo intitulado Sincronia, diacronia e história. O problema da mudança linguística), afirmando mesmo que se a língua não evoluir, morre. Deste modo, podem admitir-se algumas das mudanças previstas no Acordo, tais como a supressão do hífen em hei-de, hás-de e hão-de, uma vez que já não existia em havemos de, por exemplo. Não me incomoda igualmente a introdução das letras k, w e y, que – aliás – já iam surgindo paulatinamente em nomes (e derivados) estrangeiros. Quanto à exclusão do acento no ditongo oi, ou em lêem, crêem e vêem, apesar de reconhecer que para um estrangeiro pode trazer algumas dúvidas relativamente ao modo como se pronunciam as vogais, também não vejo prejuízo de maior. Relativamente ao trema, fui sempre da opinião que a razão estava do lado do Brasil, uma vez que é muito difícil para um estrangeiro e até uma criança que ainda não domina a língua perceber por que motivo se lê o <u> em aguentar, tranquilo, linguística e não se lê em quilo, guerra e guia. Aliás, vários falantes têm dúvidas (e existem as duas pronúncias) em sequestro, adquirir, aniquilar, etc. No que diz respeito às consoantes ditas “mudas”, há casos em que a sua supressão não causa qualquer problema, para além da perda dos grafemas etimológicos, como em óptimo ou peremptório, uma vez que o acento gráfico auxilia a pronúncia. Contudo, muitos outros casos há em que a consoante etimológica vem ajudar (e quem lida com estudantes estrangeiros tem ainda maior consciência disso!) a saber se a vogal precedente é ou não aberta (como em actor, acção, baptismo, etc., para além de ser – simultaneamente – facilitadora da grafia, por existir na maior parte das línguas europeias: actor, actress, action e acción, baptism, etc). Nestes casos, a sua supressão vem dificultar, e não facilitar, a aprendizagem do Português e da sua grafia. Com todo o respeito que me merecem os autores e defensores do Acordo – alguns deles meus antigos Professores – não posso concordar com as seguintes situações e incoerências graves:

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1. Não faz qualquer sentido que se use o argumento de manter o acento circunflexo em pôr para não se confundir com a preposição por e, ao mesmo tempo, tirar o acento de pára (forma do verbo parar) não havendo qualquer preocupação se pode ou não confundir-se com a preposição para. Se o contexto ajuda a saber de qual se trata, este argumento deveria valer para ambos os casos.

2. Quanto às consoantes mudas, choca que se escrevam ou não, conforme se pronunciem ou não se pronunciem, mantendo – portanto – duas hipóteses de grafia. Mais estranho é que o falante – antes de escrever – tenha que pensar se alguém pronunciará a consoante muda ou não, uma vez que, mesmo dentro de Portugal, há quem articule o <c> de infeccioso e quem o não faça e quem pronuncie ou não o <p> de corrupção. E isto são apenas dois dos muitos exemplos possíveis. Esquecem-se os defensores do Acordo que, apesar de estas alterações (se é que se podem chamar isso!) afectarem poucas palavras, a maior parte delas são de uso muito frequente.

3. Ainda nesse campo das consoantes não articuladas, parece-me desajustado (e até enganador) que se escreva Egipto como Egito, como se não tivesse nenhuma ligação ao seu adjectivo egípcio, pois para uma criança que está a aprender a escrever isso fará grande confusão. O mesmo para um estudante estrangeiro.

4. Mais grave que tudo o que atrás referi, não consigo entender a lógica de – se o Acordo teve a pretensão de unificar as grafias portuguesa e brasileira, uma vez que a duplicidade da escrita prejudicava a afirmação do Português como grande língua mundial e impossibilitava a circulação de livros entre os dois territórios ou entre o Brasil e a África, como tanto se apregoa –, mais do que em qualquer outra ocasião, o pretenso Acordo vir estabelecer uma infinidade de grafias duplas, que vêm inclusivamente registadas nos novos Dicionários da Texto Editores, e Porto Editora, já conformes ao novo Acordo. Entre as centenas de casos, lembro os seguintes: húmido/úmido, kimbundo/quimbundo, antropónimo/antropônimo, facto/fato, ténis/tênis, súbdito/súdito, amnistia/anistia, etc., etc. Se continua a haver grafias duplas entre o que se designa variante Luso-Africana e variante Brasileira, para que serve o Acordo? Não vai resolver o problema que esteve na base da sua redacção: antes, irá confundir mais ainda todos os que lêem e escrevem Português. Se anteriormente se podia inferir, da grafia, em que país determinado texto fora escrito, agora tal continua a ser possível, mas de modo ainda mais difícil, para não dizer caótico… No fundo, o que se fez não foi uma unificação: ela nem existe, nem é possível. Mais valia suprimir o acento – à semelhança do que se faz na Base IX, 4.º do texto do Acordo quanto a amamos/ amámos e louvamos/louvámos (1) - de formas como antropónimo e antropônimo, Polónia e Polônia, etc., e cada variante leria como sempre o fez. Aí haveria uma só grafia! Mas não: impera um absurdo total!

5. Por outro lado, ao contrário do que muito se tem escrito, não há aqui uma “guerra” aberta entre países da mesma língua. Não se trata de Imperialismo, pelo facto de a língua ter saído de Portugal para os outros territórios, nem de o Brasil ter, como tanto se apregoa, cerca de 200 milhões de falantes (esquecendo-se, no entanto, que a grande maioria da população em nada beneficiará com o Acordo, pois é analfabeta!). Nem se trata também de estes dois países subjugarem os luso-falantes de África, Timor, Macau, Goa, etc. (alguns destes esquecidos!). É igualmente absurdo que se diga (e escreva) que «vamos passar a falar como os brasileiros», como se o facto de alterar a grafia pudesse levar-nos a mudar a pronúncia a esse ponto! (Lembremo-nos, aliás, que a grafia em Portugal é só uma e isso não impede que um alentejano, um beirão, um trasmontano e um açoriano falem de modo diferente…!). E não se pense que os brasileiros aceitaram pacificamente o Acordo Ortográfico: houve imensa polémica e acérrima oposição também do outro lado do Atlântico. A razão para revogar este Acordo é, efectivamente, que ele não serve os objectivos a que se propõe e é totalmente incoerente nas suas propostas! A realidade é que, não tendo havido uma política de língua como a que se empreendeu para o Espanhol, agora é tarde (e impossível) uma unificação total. E uma relativa unificação nada resolve: continuará a haver diferenças entre as variantes. Em suma, este Acordo (se se me permite usar a expressão que José Esteves Cardoso aplicou ao Acordo de 1986, de que este é uma pequena correcção, igualmente defeituosa) “Tortográfico”, não serve a ninguém: não unifica; apenas complica e prejudica as famílias ao obrigá-las a comprar novos dicionários e materiais didácticos para os estudantes de todas as idades. O mesmo ocorre não só com os professores, repartições públicas, secretariados, etc., mas igualmente com a população em geral. A língua portuguesa não se prejudica por ter duas grafias (o Inglês, na realidade, tem mais do que uma e não deixa de ser uma das mais importantes línguas do Mundo – a internacional por excelência).

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Sejamos lúcidos: não é por haver duas grafias até ao momento que muitos preferem estudar e aprender a variante brasileira! O que a torna mais fácil é uma circunstância óbvia, que se prende com a pronúncia e não com a escrita. Refiro-me ao facto de os portugueses suprimirem quase totalmente – na oralidade – as vogais átonas, pelo que as palavras “receber”, “átomo” e “verão”, com todas as sílabas pronunciadas, são muito mais perceptíveis que “r’c’ber”, “át’mo” e “v’rão”. Do mesmo modo, em Portugal queremos e cremos, morar e murar, etc., soam da mesma maneira, enquanto no Brasil são diferenciadas. Trata-se de uma situação que se vem criando desde a evolução do português clássico para o moderno, e que é, efectivamente, motivo para se dizer mesmo que a variante brasileira cantada é muito mais suave. Não foi sempre assim, pois o nosso primeiro gramático, Fernão de Oliveira, escrevia em 1536 que os portugueses falavam «muito pausadamente, como homens assentados»…, o que mais nos lembra o modo de falar brasileiro e não o nosso. Aí sim, pode residir o problema e não no facto de haver duas formas diferentes de escrever, o que em nada afecta o entendimento do que se lê. Por outro lado, há diferenças muito mais complicadas (algumas mesmo dentro do nosso território, como molete, pão e carcaça; cimbalino, bica e café, cruzeta e cabide, ou fino e imperial, etc) a nível lexical, essas sim muito numerosas (gelado e sorvete, calções de banho e sunga, contabilista e contador, manual e apostila, árbitro e juiz, defesa e zagueiro, rebuçado e bala, etc.), algumas das quais chegam a causar situações constrangedoras (como rapariga e moça, fita-cola e durex, bicha e fila, pago já e pago logo, etc.). Com estas ninguém se preocupa, pois são fruto da diversidade na unidade. Com a ortografia passa-se o mesmo! Não se põe em causa a evolução da língua: a escrita é muito mais lenta que a oralidade (os portugueses dizem elefante e elegante e momentâneo, simultâneo com /i/ e ninguém se lembrou de alterar a sua grafia! Pronunciam morar, vogal e consoante como se de /u/ se tratasse e a grafia manteve-se…) e, apesar de haver um ideal de a cada fonema corresponder um grafema e vice-versa, tal é uma mera utopia. Uma vez que não há unificação possível entre variantes que se afastaram ao longo de séculos, e tendo a língua portuguesa, apesar desse facto, atingido o estatuto de uma das mais faladas do Mundo, deixasse-se ficar tudo como estava! Absolutamente caricato me parece ainda o facto de alguns jornais, que se pretendem “vanguardistas”, terem já adoptado a grafia proposta pelo Acordo. Nesse grupo estão, por exemplo, o Expresso ou, a nível regional, o Diário As Beiras, entre outros. Como ainda não dominam totalmente os pressupostos do Acordo, apresentam, por vezes, uma mistura caótica da ortografia proposta pelo Acordo com a vigente (a que o Expresso tem o descaramento de referir como “grafia antiga”!), e que só vem aumentar a confusão. Não nos iludamos: ainda se vai a tempo de recuar neste calamitoso Acordo! O Ministério da Educação adiou por mais dois anos lectivos a entrada em vigor dessa ortografia e a obrigatoriedade geral da sua adopção só ocorre em 1 de Janeiro de 2014. Portanto, não se creia que o facto de o Brasil já estar a usar, desde Janeiro de 2009, a nova ortografia é impedimento para se anular a sua vigência em Portugal. Tanto mais que o Acordo Ortográfico de 1943 (adoptado em 1945) só foi respeitado por Portugal (2)… A Associação Portuguesa de Linguística, a que me orgulho de pertencer, recomendou vivamente que se suspendesse este Acordo. Subscrevo inteiramente esta posição e tenho esperança que os dirigentes deste país tenham visão suficiente e respeito pela nossa Língua a ponto de adiarem, até nova revisão, desta vez exclusivamente por peritos em Linguística, o processo de implementação/entrada em vigor deste infeliz (des)Acordo! Ou melhor ainda, se considerarem que um Acordo poderia ser desejável, elaborar um outro, obrigatoriamente com verdadeiros especialistas na matéria, e que seja – mais que um acordo político – efectivamente ORTOGRÁFICO! Seria uma decisão prudente, que só abonaria a favor da clarividência de quem detém o poder em Portugal… (1) «É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português». (2) Apesar de ter sido inicialmente adoptado pelo Brasil, conforme explica o Prof. Maurício Silva, da Universidade de São Paulo: «Permaneceu, portanto, uma situação de divergência entre as duas nações signatárias do acordo, já que o mesmo foi, num primeiro momento, adotado por Portugal (Decreto 35.228, de 08.12.1945) e pelo Brasil (Decreto-lei 8.286, de 05.12.1945), mas posteriormente rejeitado por este (Decreto-lei 2.623, de 21.10.1955).» -- (Nota do Editor)