3
Revisão do PGMC e do Regulamento Geral de Interconexão, os trabalhos continuam EM ANDAMENTO Ano X—Edição n° 161 — Fevereiro de 2017 INFORMATIVO ESPECIAL Os trabalhos de revisão do PGMC (Plano Geral de Metas de Competi- ção) e do RGI (Regulamento Geral de Interconexão) prosseguem e está claro que muito pontos im- portantes ainda exigem reflexão antes da tomada de decisões. O PGMC deveria ser o principal instrumento de regulamentação concorrencial nas telecomunica- ções. Agora é chegado o momento para correções em sua primeira versão, visando torná-lo efetivo. O RGI também exige atenção: o atu- al tornou-se obsoleto e impõe cus- tos desnecessários às operadoras competitivas, com prejuízos para o desenvolvimento do mercado. A Anatel organizou uma audiência públi- ca e um workshop para apresentar e debater detalhes de seus estudos e pro- postas. Em resumo, está claro que ain- da é necessário muito trabalho para ajuste de vários itens. Pontos de destaque: Novo mercado de atacado de transporte de dados em alta capacidade¹ As concessionárias locais continuam com o mesmo refrão, argumentando que não têm capacidade disponível compatível com a proposta que vai obri- gá-las a ofertar esse tipo de serviço em bases reguladas. Por outro lado, prove- 1 I TelComp—Líder no Incentivo à Competição O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa- ra definição de PPP e a desoneração regulatória , as correções no mercado de EILD, entre outros, exigem atenção dores e pequenas operadoras indicam que o acesso a este insumo não é um gargalo tão grande para a expansão da oferta de banda larga fixa residen- cial. A presença de várias operadoras competitivas nos diversos pontos de troca de tráfego, as empresas especia- lizadas em agregação de tráfego, as operadoras de atacado especializadas neste segmento, em especial no Nor- deste, os recursos fornecidos pelas OTTs para os provedores maiores, en- tre outras soluções de mercado, expli- cam o baixo interesse neste mercado de atacado proposto pela Anatel. Se a Agência pretende ir em frente com es- ta ideia, seria prudente resgatar dos Workshop da Anatel reuniu diversos setores para debater detalhes dos estudos e propostas. ¹ Tema 7, página 434 da Análise de Impacto Regulatório da Anatel (AIR).

Revisão do PGMC e do Regulamento Geral de Interconexão, os ... · O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa-ra definição de PPP e a

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Revisão do PGMC e do Regulamento Geral de Interconexão, os ... · O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa-ra definição de PPP e a

Revisão do PGMC e do Regulamento Geral

de Interconexão, os trabalhos continuam

EM ANDAMENTO

Ano X—Edição n° 161 — Fevereiro de 2017 INFORMATIVO

ESPECIAL

Os trabalhos de revisão do PGMC (Plano Geral de Metas de Competi-ção) e do RGI (Regulamento Geral de Interconexão) prosseguem e está claro que muito pontos im-portantes ainda exigem reflexão antes da tomada de decisões.

O PGMC deveria ser o principal instrumento de regulamentação concorrencial nas telecomunica-ções. Agora é chegado o momento para correções em sua primeira versão, visando torná-lo efetivo. O RGI também exige atenção: o atu-al tornou-se obsoleto e impõe cus-tos desnecessários às operadoras competitivas, com prejuízos para o desenvolvimento do mercado.

A Anatel organizou uma audiência públi-ca e um workshop para apresentar e debater detalhes de seus estudos e pro-postas. Em resumo, está claro que ain-da é necessário muito trabalho para ajuste de vários itens.

Pontos de destaque:

Novo mercado de atacado de “transporte de dados

em alta capacidade”¹ As concessionárias locais continuam com o mesmo refrão, argumentando que não têm capacidade disponível compatível com a proposta que vai obri-gá-las a ofertar esse tipo de serviço em bases reguladas. Por outro lado, prove-

1 I TelComp—Líder no Incentivo à Competição

O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa-ra definição de PPP e a desoneração regulatória, as correções no mercado de EILD, entre outros, exigem atenção

dores e pequenas operadoras indicam que o acesso a este insumo não é um gargalo tão grande para a expansão da oferta de banda larga fixa residen-cial. A presença de várias operadoras competitivas nos diversos pontos de troca de tráfego, as empresas especia-lizadas em agregação de tráfego, as operadoras de atacado especializadas neste segmento, em especial no Nor-deste, os recursos fornecidos pelas OTT’s para os provedores maiores, en-tre outras soluções de mercado, expli-cam o baixo interesse neste mercado de atacado proposto pela Anatel. Se a Agência pretende ir em frente com es-ta ideia, seria prudente resgatar dos

Workshop da Anatel reuniu diversos setores para

debater detalhes dos estudos e propostas.

¹ Tema 7, página 434 da Análise de Impacto Regulatório da Anatel (AIR).

Page 2: Revisão do PGMC e do Regulamento Geral de Interconexão, os ... · O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa-ra definição de PPP e a

Ano X—Edição n° 161 — Fevereiro de 2017.

seus estudos informações precisas sobre as regiões onde o acesso a esse recurso enfrenta barreiras e as faixas de preço que tornariam sua oferta viável. Do con-trário, poderemos ter mais um mercado de atacado sem negócios gerando cus-tos desnecessários.

Em pesquisas junto às associadas Tel-Comp, já tínhamos constatado que a re-gulação deste mercado não seria impor-tante. Verificamos isto juntos a prove-dores da região Sudeste e Nordeste. Es-ta discussão, ampliada pela participação de representantes de centenas de pe-quenos provedores, foi importante para confirmar tal percepção.

Prestadoras de Serviço de Pequeno Porte, “PPP”²

Aqui a discussão foi centrada no critério para definir as PPPs. Depois de amplo debate, foi concluído que o primeiro ponto de corte deveria servir para inclu-ir no conjunto de operadoras PPPs todas aquelas não relacionadas a grupos com PMS.

Em seguida, se estabeleceu um segundo critério para trazer ao conjunto das PPPs operadoras que detenham PMS apenas em pequenas regiões. Isto é necessário, pois empresas de menor porte, que por alguma razão foram designadas PMS em pequenos mercados, deveriam, ainda assim, receber tratamento distinto da-quele aplicável aos grandes grupos.

A TelComp sugere que as PMS que não receberam esta classificação em nível nacional sejam classificadas como PPPs e beneficiadas com a desoneração regu-latória. Em resumo, a desoneração deve atingir todas as operadoras exceto os

quatro grandes grupos econômicos de abrangência nacional.

Entre as desonerações regulatórias en-trariam redução das obrigações de for-necimento de informações à Anatel, obrigações de cumprir regulamentos de qualidade e de atendimento ao consu-midor e critérios menos severos no es-tabelecimento de sanções e multas nos casos de descumprimento de obriga-ções. Os critérios de definição de PPP devem valer para todos os demais re-gulamentos.

EILD, circuitos dedicados com capacidade de transmissão

inferior a 34 Mbps³ Este mercado registra um histórico de mais de 15 anos de tentativas de regu-lamentação, sem lograr êxito.

Antes do PGMC, as “espelhinhos”, as operadoras móveis e as especializadas no mercado corporativo eram as princi-pais demandantes de EILD. Os proble-mas enfrentados, tais como preço, qua-lidade e prazos de atendimento perma-neceram os mesmos depois do PGMC.

A opção da Anatel por não regular pre-ços (como fez com o VU-M), e por não fiscalizar cumprimento de obrigações, apesar de contar com o suporte do SNOA - e sim limitar sua atuação à análise de reclamações -, esvaziou este mercado.

Agora, temos a oportunidade de corrigir falhas e eliminar os atritos neste mer-cado. Este insumo ainda é importante para um grupo expressivo de operado-ras e não deve ser abandonado.

2 I TelComp—Líder no Incentivo à Competição

² Idem, Tema 11, página 555 AIR. ³ Tema 1, pagina 233, AIR Anatel.

INFORMATIVO

ESPECIAL

Page 3: Revisão do PGMC e do Regulamento Geral de Interconexão, os ... · O novo mercado relevante de transporte de dados de alta velocidade, os critérios pa-ra definição de PPP e a

Ano X—Edição n° 161 — Fevereiro de 2017.

Temas importantes não contempla-dos nesta revisão do PGMC

Postes:

A existência de uma resolução conjunta Anatel & Aneel sobre a assunto justifi-cou, para a Anatel, a retirada deste item do PGMC. Entretanto, observamos que o espaço designado para as teles nos pos-tes de energia elétrica em muitos casos causa um sério problema competitivo e de abuso de posição dominante. As ope-radoras históricas, com frequência, ocu-pam espaço maior que o permitido, de-vido ao excesso de cabos, muitos deles obsoletos, pagam preços muito meno-res. Como se trata de problema concor-rencial entre teles, não é razoável espe-rar que a Aneel (elétricas), responsável pelo poste, venha a resolvê-lo. Ao con-trário, a atuação da Anatel via PGMC po-deria ser uma alternativa.

Dutos:

Este mercado relevante, identificado na primeira versão do PGMC, não registrou negócios em quatro anos. A ausência de informações prévias sobre disponibilida-de de dutos com capacidade para com-partilhamento e a homologação de pre-ços irrealistas, pela Anatel, inviabiliza-ram este mercado importantíssimo.

Agora é a oportunidade para correções. É necessário que a Anatel determine a divulgação prévia de informações sobre disponibilidade, sujeita a fiscalização, penalização e a homologação de ofertas razoáveis para que este mercado funcio-ne.

Se este mercado era importante em 2012 agora é mais ainda. Mas, sem uma

⁴ Palestra do Sr. Ricardo M. de Castro, Departamento de Estudos Econômicos do CADE.

INFORMATIVO

ESPECIAL

nova abordagem da Anatel não há como se esperar melhores resultados.

Outros temas

As discussões sobre modelos conceituais, metodologias de análise, critérios de clu-sterização do mercado brasileiro e outros mercados relevantes foram muito inte-ressantes. Neste texto deixamos de re-latá-las para priorizar aspectos de maior impacto prático nos negócios.

Próximos passo e conclusões

Preliminares

O representante do CADE no workshop de 15 de fevereiro, Sr. Ricardo Casto, fez uma excelente exposição sobre aspectos teóricos e metodológicos relacionados ao PGMC e concluiu com uma proposta que tomamos emprestado por ser algo há tempo destacado pela TelComp:

“Não seria importante que a Anatel indique quais são suas expectativas sobre o impacto do PGMC proposto em termos de (1) investimento, (2) preços ao cliente final, (3) quantida-de (ou velocidade no caso de banda

larga) ofertadas?” ⁴ Como visto, ainda há muito a ser traba-lhado para que o PGMC se torne relevan-te para os objetivos de políticas públicas. Sem mudanças importantes na proposta da Anatel, teremos pouco avanço e difi-culdade para justificar uma nova edição do PGMC e a própria manutenção da pla-taforma de negociação do SNOA.

EXPEDIENTE: Informativo TelComp é o boletim de notícias da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas. Dire-toria executiva: Divino Sebastião de Souza (presidente do Conselho Consultivo); Alexandre Martinez: (Vice-Presidente do Conselho Consultivo), Luiz Henrique Barbosa da Silva, Gilberto Sotto Mayor, Leandro Guerra, José Luiz Pelosini e Tomas Fuchs (diretores). Presidente executivo: João Moura. Estratégia Regulatória:

Antonio Rodriguez. Avenida Iraí, 438 cj. 45 Moema CEP: 04082-001 . São Paulo , SP Tel: (11) 5533-8399 — telcomp.org.br