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Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano VI - novembro/dezembro / 2007 - nº 68 1000007795/2006-DR/BSB DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS Impresso Especial CORREIOS SindMédico-DF 1000007795/2006-DR/BSB M E A A LHOR SALÁRIO IOR PARTICIPAÇÃO IS SEGURANÇA QUE em 2008 possamos, JUNTOS, alcançar estes desafios”

Revista 68

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Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito FederalBrasília - Ano VI - novembro/dezembro / 2007 - nº 68

1000007795/2006-DR/BSB

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

ImpressoEspecial

CORREIOSSindMédico-DF

1000007795/2006-DR/BSB

MEAA

LHOR SALÁRIOIOR PARTICIPAÇÃOIS SEGURANÇA

“QUE em 2008 possamos, JUNTOS, alcançar estes desafios”

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3 Revista Médico

lho Federal de Medici-na pelos planos de saú-de, especialmente a re-solução nº. 1819/2007 que proíbe a colocação de CID, tempo de doen-ça ou qualquer outro informação que viole o segredo médico nas guias da mal-fadada TISS, assim como ocu-pação de cargos de chefi a médica por pro-fi ssionais não médicos e não pode mais conti-nuar.

Essas e outras questões são os desafi os do novo mandato e, para serem vencidos, é necessário que marchemos unidos.

Os desafi os são nossos e temos a solução.Unidos seremos fortes, divididos seremos ex-

plorados.Desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano

Novo repleto de conquistas e realizações.

Editorial

No apagar das luzes de 2007, mais pre-cisamente no dia 8 de novembro, o Sindicato dos Médicos do DF festejou

mais um aniversário. Vinte e nove anos de intenso e profícuo trabalho em prol dos médicos do DF.

Estão de parabéns todas as diretorias que nos precederam, pois propiciaram-nos a possibilidade de fi carmos à frente desta tradicional e honrada entidade. O Sindicato de hoje é moderno, pragmá-tico, transparente e focado no que lhe é mais im-portante: o médico!

Palco de uma convergência saudável de várias tendências de nosso meio, representa e defende o profi ssional de maneira suprapartidária, isenta e objetivista. A idéia da união já em prática com as demais entidade congêneres, nos torna mais for-tes.

É imperativo que participemos das diversas atividades de nossas instituições de representação de classe. Assim dia-a-dia tornaremos cada vez mais alta a nossa voz, mais forte o nosso braço e mais vivo e pulsante os nossos corações.

Mensagem do Presidente

Mensagem do Vice-Presidente

A IOs acontecimentos recentes na vida política da classe médica, com a elei-ção da nova diretoria por aclamação

(chapa única), com o apoio e estímulo das demais entidades médicas é o reconhecimento do trabalho desenvolvido com responsabilidade e compromis-so com os ideais da classe médica. E o incentivo que precisamos para iniciarmos o novo mandato e o ano de 2008 com energia e entusiasmo para en-frentarmos as questões que preocupam, desafi am e ameaçam o exercício da atividade médica.

O preço irrisório da consulta e dos procedi-mentos médicos em contrapartida a exigência de um serviço de qualidade é uma excrescência que não podemos mais aceitar.

A realização de auditoria de contas médicas por profi ssionais de enfermagem exige uma ação fi rme e enérgica para coibir esses abusos, pratica-dos abertamente e a luz do dia.

As glosas injustifi cadas e imorais praticadas por convênios caça-níqueis que se viabilizam eco-nomicamente explorando o trabalho médico não pode mais prosperar.

O descumprimento das resoluções do Conse-

Dr. Gutemberg FialhoVice-presidente do SindMédico-DF

Estamos pautados tanto no cenário nacio-nal como no distrital. Melhores condições de trabalho, valorização do SUS, planos de carreira, desprecarização da re-lação médicos versus planos de saúde, cuidar do cuidador, e muitas outras bandeiras.

Existem muitos motivos de esperança, porém muito trabalho a ser feito, com inteligência, critérios, sem jamais esquecer os nossos princípios, colunas pétreas do nosso caráter.

Aproveitamos para desejar aos caríssimos amigos e sindicalizados um Feliz Natal junto aos seus familiares, e um Ano Novo, repleto de saúde, sucesso e felicidades.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe e proteja.

Dr. César GalvãoPresidente do SindMédico-DF

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Sumário Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

22

Vida MédicaAviaçãoMédicos que gostam de voar

25

ServiçosEducaçãoNovo convênio com Colégio JK

14

CapaSindMédico 2008As novas bandeiras para a classe

Sindicais

13AgressãoMédicos ainda sofrem com ataques

08

PolíticaCongresso NacionalCongresso muda projeto da EC 29

10

JurídicoAssessoria Jurídica12 questões para auxiliar o médico

06

EntrevistaDra. Cláudia Fernanda Procuradora-geral do MPC/DF

12

ArtigoDr. Francisco RossiSindicato de Exelência

18

AconteceuCoremeJornada de médicos residentes

Presidente

Dr. César de Araújo Galvão

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da CostaVice-Presidente

Secretário GeralDr. Francisco José Rossi

Dr. Rafael de Aguiar Barbosa2ª Secretário

Dr. Gil Fábio de Oliveira FreitasTesoureiro

Dr. Luiz Gonzaga da Motta2º Tesoureiro

Dr. Antônio José Francisco P. dos SantosDiretor Jurídico

Dr. José Antônio Ribeiro FilhoDiretor de Inativos

Drª. Olga Messias Alves de OliveiraDiretor de Ação Social

Dr. Jomar Amorim FernandesDiretor de Relações Intersindicais

Dr. Lineu da Costa Araújo FilhoDiretor de Assuntos Acadêmicos

Drª. Adriana Domingues GrazianoDiretora de Imprensa e Divulgação

Dr. Jair Evangelista da RochaDiretor Cultural

Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. César Galvão, Dr. Francisco Rossi, Dr. Gil

Fábio Freitas, Dr. Gutemberg Fialho, Dr. Gus-tavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório

Rangel e Dr. José Antônio Ribeiro Filho.

Conselho Editorial

Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JPEditor Executivo

Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DFJornalista

Girlane de Souza LimaDiagramação e Capa

Strattegia Marketing - ConsultoriaProjeto Gráfico e Editoração

(61) 3447.9000Anúncios

7.000 exemplaresTiragem

Centro Clínico MetrópolisSGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670

Tel.: (61) 3244.1998Fax: (61) 3244.7772

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SindMédico/DF

Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Dr. Martinho, Dr. Olavo, Dr. Gustavo Arantes,

Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente

Diretores Adjuntos

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5 Revista Médico

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"O direito sanitário poderá concretizar a saúde no Brasil"

Por Elisabel Ferriche

Entrevista

SindMédico – Por que a senhora decidiu escrever sobre o Direito Sanitário e a relevância do contro-le nas ações e serviços de saúde?

Dra. Cláudia – Sempre achei curio-so o paradoxo que envolve o tema, já que apesar dos constantes argu-mentos de falta de recursos e críti-cas à qualidade da saúde, o setor representa uma das mais expressi-vas fatias dos orçamentos estatais. Falar de Direito Sanitário ou Direi-to da Saúde é apostar em uma nova visão social do Direito Administra-tivo. Se essa proposta se realizará, não podemos prever, mas o desejo é a concretização máxima da saúde dos brasileiros e brasileiras. SindMédico - Quando surgiu essa preocupação dos operadores do Direito?

Dra. Cláudia - O direito à saúde é universal e seu estudo, o reflexo. Foi a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembléia Geral das Nações Unidas, que se reconheceu a necessidade de criar-se um sistema,

Autora de três livros publicados, dentre eles, “O Direito Sanitário: a re-levância do controle nas ações e serviços de saúde”, e coordenadora da obra “O Novo Direito Administrativo”, a Dra. Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira é procuradora-geral do Ministério Público de Contas do DF (MPC/DF) e procura-dora há mais de 18 anos, após ter sido aprovado em segundo lugar, em um rígido concurso público. Mestre em Direito Público na Faculdade de Direito da Univer-sidade de Brasília ela já foi vice-presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas do DF e, em 2003, integrou o Grupo Força-Tarefa para apurar supostas denúncias de irregularidade na prestação de serviços de saúde no Dis-trito Federal. O resultado das investigações culminou com a extinção do Contra-to de Gestão celebrado com o Instituto Candango de Solidariedade para operar o Programa Saúde da Família no DF, tendo, inclusive, motivado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da Saúde, na Câmara Legislativa do DF. Defensora da saúde, como um direito constitucional, Dra. Cláudia Fer-nanda defende ainda o rigoroso cumprimento das leis e o estudo sistemático do Direito Sanitário, como uma nova visão do Direito Administrativo.

inclusive internacional, de defesa da pessoa humana. O direito à saúde recebeu, ainda, destaque pela Orga-nização Mundial de Saúde (OMS) e, mais tarde, no Pacto Internacional Relativo aos Direitos Econômicos. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 é um marco, dedicando um tí-tulo inteiro para a Ordem Social e, neste, para a Saúde. É direito todos e dever do Estado, assegurada a re-dução do risco de doença e de ou-tros agravos e, juntamente com as ações de assistência e previdência social, compõe o todo que é a Segu-ridade Social. Além disso, as ações e serviços de saúde são considerados serviços de relevância pública.

SindMédico - Mas há outras nor-mas a respeito, além da Consti-tuição Federal. Essas normas são suficientes?

Dra. Cláudia - Paradoxalmente, apesar da aparente fartura de legis-lação a respeito, vários Estados não possuem seus códigos sanitários ou são bem antigos. No DF, a norma que o instituiu é de 1966. Tramita, na Câmara Legislativa do DF, pro-

posta de elaboração de novo Códi-go. Fato é que nenhuma norma le-gal irá tornar efetiva a realização do Direito... No Brasil, lamentavelmen-te, existem leis “que pegam” e leis “que não pegam”. Temos um siste-ma de reconhecimento de direitos muito avançado. O que é preciso é que sejam colocados em prática!

SindMédico - O que é Direito Sa-nitário?

Dra. Cláudia - É um ramo do Di-reito que se tornou independente e que deve estudar precipuamen-te as normas jurídicas destinadas a ordenar a proteção, promoção e recuperação da saúde e o funcio-namento desses serviços. Hoje, já é possível identificar a existência de um Direito Constitucional Sanitá-rio, um Direito Penal Sanitário, um Direito Financeiro e Orçamentário Sanitário, além das várias correla-ções entre o Direito Sanitário e o Direito do Trabalho, o Direito Am-biental e o Direito do Consumidor. É direito que deve cuidar também da revolução cibernética e da bioé-tica. Mas essa compreensão não é

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7 Revista Médico

Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira – Procuradora-Geral do Ministério Público de Contas do DF

unânime. Importantes estudiosos não reconhecem, por exemplo, a independência do Direito Sanitá-rio, que estaria contido no Direito Administrativo, este, sim, ramo do Direito Público.

SindMédico – A saúde é tão espe-cífica que se achou por bem estu-dar o tema por meio de um ramo do Direito que discute a Admi-nistração Pública, como um todo. E como fica o Direito à Saúde na prática?

Dra. Cláudia - O Direito à Saúde é considerado como uma norma programática, ou seja, para ser re-alizado, depende ainda de progra-mas de governo. Por isso, não bas-ta a enunciação pomposa desse Di-reito nem mesmo na Constituição. É preciso lutar, de fato, para que esse direito se realize. É que, sem orçamento, o Direito não se realiza. Alguns chamam isso de “princípio do econômica e financeiramente possível”.

SindMédico - Mas a senhora falou que o orçamento da saúde é uma das maiores e mais expressiva fa-tia dos orçamentos estatais...

Dra. Cláudia - E é mesmo. No en-tanto, são muitas as necessidades e, via de regra, escassos os recur-sos para atender a todas as deman-das. Mas isso não quer dizer que os recursos públicos para tão im-portante missão sejam sempre in-suficientes. Frise isso, por favor. O que se observa é que muitas vezes existem graves problemas de ges-tão. Além do mais, tão importante, quanto aplicar recursos públicos de acordo com os limites mínimos em saúde, é a qualidade do gasto empreendido. Segundo o TCU, no Brasil, a União investe em políticas sociais cerca de R$ 250 bilhões de

reais todos os anos, o que represen-ta 14% de todas as riquezas produ-zidas no Brasil, o que, comparado a outras economias emergentes, é percentual considerado altíssimo. Mas, na prática, só a Previdência consome em torno de 65% dos re-cursos direcionados para políticas sociais. É por isso que sobra pouco para as outras áreas. De qualquer modo, a Corte concluiu que não basta aumentar os gastos com po-líticas sociais para diminuir as ini-qüidades vivenciadas no País. É preciso gastar bem.

SindMédico - Nesse caso, o que é preciso ser feito?

Dra. Cláudia - Hoje, o Ministério Pú-blico está irmanado na avaliação des-sas questões e basicamente a atuação é feita por cooperação entre todos. É que, nesse contexto, transitam ques-tões relevantes como o incremento com terceirizações, matéria precípua a cargo do Ministério Público do Tra-balho, mas que por sua vez precisa dialogar com os Ministérios Públicos de Contas. É o caso, também, da dis-cussão sobre gastos questionáveis em face da economicidade, legitimidade e moralidade, matéria que perpassa a atuação desses e dos Ministérios Pú-blicos Estadual e Federal, por exem-plo. Dessa forma, é com a união de todos os membros do Ministério Pú-blico e da sociedade, principalmente, que conseguiremos nos aproximar do modelo ideal de fiscalização e controle, garantindo que os recursos públicos sejam utilizados da melhor maneira.

SindMédico – Quais as principais irregularidades encontradas pelo Grupo Força-Tarefa.

Dra. Cláudia - Quando participa-mos do Grupo Força-Tarefa, ve-rificamos que o Programa Saúde

da Família foi palco para diversas irregularidades. Em primeiro lu-gar, porque estava nas mãos ora de uma Organização Social, o ICS, ora de uma Oscips, a Fundação Zerbi-ni. Foram milhões de reais repassa-dos, mas até hoje nenhuma presta-ção de contas foi aprovada, ainda, pelo TCDF. Só a última abocanhou mais de R$ 100 milhões de reais. O TCU chegou a flagrar, com relação à primeira, que em um formulário para admissão de emprego, havia, no campo experiência profissional, a seguinte frase: “cabo eleitoral do governador”. Ora, isso não habi-lita pessoa alguma a trabalhar em programa tão relevante. Nas visi-tas de campo, o quadro era desola-dor. Servidores ausentes, equipes incompletas e unidades de saúde precaríssimas.

SindMédico – E com relação à fal-ta de medicamentos no serviço público?

Dra. Cláudia - A dispensação de medicamentos é outro tema desa-fiador. Se por um lado, o paciente acredita que aquele medicamen-to irá salvar a sua vida, por outro lado, a medicina possui limites, e muitos desses medicamentos não estão contidos em protocolos, até porque não possuem eficácia tera-pêutica comprovada. O Estado, por sua vez, alega limitações de ordem orçamentária. Mas é preciso ver es-sas questões caso a caso. Em uma investigação empreendida entre o MPC/DF e a 2ª. Prosus, Dra. Cá-tia Vergara e eu observamos que a União repassou só para o DF mais de 90% dos valores totais destina-dos à compra de medicamentos ex-cepcionais, em 2006. E, havia mais de R$ 8 milhões em conta. Coin-cidentemente, naquele momento, denúncias de desabastecimento ganhavam a imprensa.

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Política

Congresso muda projetooriginal da EC 29

FAs entidades médicas nacionais terão que desprender ainda mui-

to esforço para garantir os recur-sos necessários para melhorar a saúde do país, o que seria pos-sível com a provação da Emen-da Constitucional 29. Mas com a Frente Parlamentar da Saúde dividida e a forte mobilização do Governo no Congresso Nacional está cada vez mais distante man-ter a EC 29 no seu objetivo origi-nal, ou seja, obrigar os prefeitos a aplicar 15% do total arrecadado na saúde, os governadores 12% e, no caso da União, 10% de suas receitas brutas. Mas este disposi-tivo foi derrubado na Comissão de Assuntos Econômicos do Se-nado.

Na Câmara dos Deputados, a versão da regulamentação apro-vada foi a pretendida pelo gover-no. Foram 291 votos favoráveis, 111 contrários e uma abstenção. Esse placar folgado foi obtido porque houve uma divisão na Frente Parlamentar da Saúde, que antes da votação defendia em bloco um texto que garantia mais recursos ao atendimento da população. Ao fi nal, parte dos deputados da FPS abriu mão do acordo e votou com o governo. Indignado com alguns colegas, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) lamentou: “Aqui, hoje, jaz a Frente Parlamentar da Saú-de”. O texto aprovado inclui um acréscimo anual nas verbas fede-rais para o setor, saído da CPMF, que deverá representar cerca de R$ 24 bilhões nos próximos qua-tro anos.

Após a aprovação no plená-rio da Câmara, o Projeto de Lei Completar nº 121/07, que regu-lamenta a Emenda 29, também foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que alterou substancial-mente a norma constitucional

quanto à previsão de gastos em saúde. Com isso, a determinação de um montante mínimo a ser aplicado em ações e serviços pú-blicos do setor foge do objetivo original: garantir fi nanciamento estável para a saúde.

Até agora, a proposta rece-beu 48 emendas e sofreu, logo no início, alterações quanto o mon-tante de recursos a serem desti-nados à saúde. A CAE foi a pri-meira comissão de mérito avaliar o texto, onde as alterações foram aprovadas. Acatou emendas su-geridas pelos senadores Francisco Dornelles (PP/RJ) e Patrícia Sa-bóia (PSB/CE), relatora do proje-to. As mudanças propostas acaba-ram com o montante mínimo a ser empenhado pela União, Estados e municípios e ampliou os gas-tos do Sistema Único de Saúde (SUS) incluindo em suas despe-sas o pagamento dos servidores aposentados federais da saúde. Atualmente, essa despesa é de aproximadamente R$ 2,5 bilhões e é coberta pelo Tesouro.

Pelo texto aprovado na CAE, a União vai ter de empenhar em saúde o mesmo empenhado no ano anterior. No exercício seguin-te, esse montante deverá ser ajus-tado apenas pela variação do PIB dos dois anos anteriores. Além da alteração no orçamento para o se-tor, a proposta não defi ne, de for-ma clara, o que são recursos para a saúde. Isso faz com que prefeitos e governadores usem gastos com merenda escolar, saneamento e até pagamento de salários dentro do que seria a cota da saúde.

Em vigor em 2000, a regula-mentação da Emenda 29 foi pro-metida nas duas últimas campa-nhas presidenciais e freqüentou o debate no Congresso por anos, agora o projeto tramita em re-gime de urgência. Após passar pela CAE, a próxima etapa será a apreciação na Comissão de As-

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Pú-blico da Câmara dos Deputa-dos promoveu, no dia 27 de novembro, no plenário 1, o "I Simpósio Nacional sobre a Regulamentação da Medicina no Brasil." O evento discutiu o Projeto de Lei nº 7.703/2006, que "dispõe sobre o exercício da medicina”, matéria origi-nária do Senado Federal, onde teve como relatora a Senado-ra Lúcia Vânia e foi aprovada por unanimidade, em caráter terminativo, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A proposição está em análise na Câmara dos Deputados, ten-do como relator o Deputado Edinho Bez, autor do reque-rimento para a realização do Simpósio , programado para melhor subsidiar o entendi-mento do relator e demais membros da Comissão em relação ao tema. Ainda estão previstas a realização de três audiências públicas na Câma-ra dos Deputados e uma em Rio Branco (AC) e também foi realizado um bate-papo vir-tual pela internet, onde o De-putado Edinho Bez esclareceu dúvidas e trocou idéias sobre o assunto com mais de 23 in-ternautas.

I Simpósio Nacional sobre a Regulamentação da Medicina no Brasil.

suntos Sociais (CAS). Nela o rela-tor é o senador Augusto Botelho (PT/RR), que está com o projeto em análise. Após a devida apro-vação por essa comissão, o pro-jeto seguirá para o plenário do Senado Federal.

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9 Revista Médico

Senador Mozarildo Cavalcanti

que o Sistema Único de Saúde fun-cione mal e criticou o descaso do Governo com os hospitais públicos que estão sucateados e a grande carência de médicos “nos lugares mais pobres deste País, onde mais se precisa”.

Em outro discurso, proferido no dia 1º de novembro, o senador Mozarildo Cavalcanti pediu que o governo feche a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ele se manifes-tou "estarrecido e revoltado" com os resultados das investigações da Polícia Federal, que descobriu uma fraude na Funasa de Roraima com desvios de recursos que chegam a R$ 34 milhões e 32 pessoas pre-sas. O senador Mozarildo afi rmou que a Funasa não tem preparo, "e nem médicos", para atender popu-lações pobres e indígenas e assinar convênios com organizações não-governamentais (ONGs) "criadas para roubar dinheiro". A fraude foi descoberta por acaso, quando a Po-lícia Federal investigava um empre-sário do Paraná, que foi localizado alugando helicópteros para a Funa-sa de Roraima. Em 2005, o senador afi rmou que enviou ofícios a vários órgãos do governo, inclusive de fi s-calização, pedindo providências e investigações sobre procedimentos da Funasa em seu estado. Revelou que uma ONG foi criada em Rorai-

Política

Senador pede aumentoda tabela do SUS

O médico e senador Mozarildo Cavalcan-ti (PTB/RR) fez um

apelo ao presidente Luis Inácio Lula da Silva e ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para que revejam os valores da tabela do SUS. “O que estão fazendo com a população e com os médicos é realmente uma imoralidade. Um médico receber pouco mais de R$ 2,00 por uma consulta é fazer de conta que se está pagando”, disse o senador em dis-curso proferido no plenário do Se-nado por ocasião dos 50 anos de ati-vidade do Conselho Federal de Me-dicina no país e pela inauguração da sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima.

Em seu discurso, o senador lembrou que os médicos são mal pagos, os pacientes mal atendidos e, “mais grave ainda, o dinheiro para investimentos em saúde, equi-pamentos e hospitais não é gasto corretamente”. Ele lamentou tam-bém que o Governo aplique muito pouco em prevenção de doenças evitáveis. “É inacreditável que ain-da tenhamos doenças perfeitamen-te evitáveis e curáveis prevalecendo neste País, como é o caso da tuber-culose, da hanseníase e de tantas outras”.

O parlamentar lembrou a im-portância do SUS, mas lamentou

ma e, cinco dias depois de seu re-gistro, recebeu uma verba de R$ 30 milhões do Governo Federal.

“Essas ONGs são contratadas para oferecer serviços médicos aos indígenas. Há compra de medica-mentos de maneira irregular, via-gens de avião de Boa Vista até as comunidades indígenas. Na maio-ria das vezes, essas viagens fi cam apenas no papel e o dinheiro é em-bolsado”, denunciou Mozarildo Ca-valcanti. O senador ponderou que, se o governo concluir que não deve extinguir a Funasa depois que o ór-gão "for saneado", que então mude a forma de operar da fundação.

Camara debate patentes de medicamentos

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias realizou no dia 28, audiência pública para discutir o acesso a medicamentos e as patentes "pipeline", mecanismo em que a patente expedida no exterior é reconhe-cida apenas até o tempo em que ela leva para expirar no país de origem. A audiência foi solicitada pelos

deputados do PT Luiz Couto (PB), Paulo Teixeira (SP) e Pedro Wilson (GO). Segundo os deputados, a discussão sobre a difi culdade de acesso a medicamentos foi reacendida com a mudança de posição do governo brasileiro ao decretar o licenciamento compulsório do medicamento para a aids Efavirez. O objetivo da audiência é debater o caso dos remé-dios protegidos por patentes ou que estão com pedidos depositados no escritório nacional de patentes

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Novembro / Dezembro 200710

Jurídico

Em dia com os informes jurídicos

Novo Guia Jurídico chega aos médicos

Mais uma grande ini-ciativa marca a for-malização da parcei-

ra entre o Sindicato dos Médicos do Distritro Federal e a Advocacia Rie-del. Com a assinatura do termo que oficializa o novo serviço de asses-soria jurídica aos médicos sindica-lizados, ocorrido no último dia 08 de novembro (foto), foi também lançado na ocaisão a publicação

GRATIFICAÇÃO NATALINAO Sindicato solicitou parecer

da sobre a recomendação da Secre-taria de Saúde de não pagar hora extra sobre a gratificação natalina. Tão logo seja concluída a consulta, o SindMédico informará aos cole-gas e tomará as medidas cabíveis.

ALTERAÇÃO DO CONTRATOA pedido do SindMédico, a

Secretaria de Saúde estendeu para o dia 31 de dezembro, o prazo para que os médicos alterem seus res-pectivos contratos sociais de Pessoa Jurídica, a fim de que possam obe-decer a determinação da Lei 8.112 que proíbe ao servidor público de participar de gerência ou adminis-tração de sociedade privada, a não ser na condição de acionista, cotista

ou responsável técnico. Caso a al-teração contratual não seja feita no prazo estabelecido, o médico servi-dor poderá sofrer sanções adminis-trativas, até mesmo com demissão.

TISSAs entidades médicas forma-

ram uma Comissão com represen-tantes da Fenam, AMB e CFM, e também da Agência Nacional de Saúde (ANS) para estudar mudan-ças no TISS. Tão logo a Comissão conclua os trabalhos, a decisão será divulgada a todos os médicos.

TETOO SindMédico aguarda pare-

cer da Asjur sobre a obrigatorieda-de do pagamento das horas extras que excedem o teto remuneratório e

o possível ressarcimento das horas extras excedentes que não foram pagas pela Secretaria de Saúde. Tão logo o parecer seja concluído, o SindMédico divulgará o resultado.

FOLHA SUPLEMENTARO SindMédico está negocian-

do com a Secretaria de Saúde o início do pagamento dos valores incluídos em Folha Suplementar. A Secretaria de Saúde admite que existem mais de R$ 42 milhões a serem pagos aos servidores da saú-de, entre horas extras, promoções e descontos indevidos. Segundo a SES, a Secretaria de Fazenda está ultimando uma agenda para pos-sibilitar o pagamento parcelado a partir do ano que vem. Os valores estão acumulados desde 2002.

"Guia Jurídico do Médico".Com ele, o profissio-

nal médico vai poder tger uma fonte permanente de consulta sobre os aspec-tos legais que envolvem o exercício da sua profissão. O guia foi entregue duran-

te as festividades do aniversário do sindicato para os colegas que estiveram presentes e está sendo encaminhado também para a casa do médico.

Por conta disso, o SindMédi-co/DF solicita a todos os médicos sindicalizados que atualizem seus endereços para que possa receber esta publicação no conforto do seu lar ou consultório.

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11 Revista Médico

Jurídico

A diretoria do SindMé-dico aprovou, pela resolução nº 3, o re-

gulamento da Assessoria Jurídica, ASJUR, que dispõe sobre a assistên-cia jurídica e judicial aos médicos sindicalizados. O diretor jurídico do SindMédico, Antônio José Fran-cisco Pereira dos Santos esclarece como funcionará a nova Assessoria Jurídica. Tire suas dúvidas.

1. Quem pode receber assistência jurídica da ASJUR?

Todo médico sindicalizado em dia com sua contribuição sindical.

2. Quais as áreas de atuação da ASJUR?

A Assessoria Jurídica dará as-sessoria jurídica nas áreas cível, cri-minal, trabalhista, juizado especial, Conselhos Regionais e Federais de Medicina, bem como nos procedi-mentos administrativos que o mé-dico figurar como réu, querelante, querelado, litisconsorte, litisdenun-ciado, interveniente, opositor e nas demais condições em que possa in-tervir como titular de legítimo inte-resse econômico ou moral.

3. A ASJUR também assiste o mé-dico pessoa jurídica?

No foro trabalhista, a assistên-cia jurídica só envolve demandas em que o médico figure na condi-ção de pessoa física, jamais como pessoa jurídica.

4. A esposa do médico também poderá ser beneficiada com a as-sistência da ASJUR?

Sim. A assistência jurídica estender-se-á ao cônjuge ou com-panheiros amparados por lei e aos

12 Perguntas sobre o funcionamentoda nova Assessoria Jurídica

demais dependentes diretos do médico sindicalizado.

5. Em caso de falecimento do mé-dico sindicalizado, como fica a as-sistência da ASJUR?

Nesse caso, os dependentes perderão o direito do uso dos ser-viços da ASJUR, bem como se o médico se desvincular ou for afas-tado do Sindicato pela diretoria.

6. Como fica o atendimento para fins de inventário ou arrolamento de bens deixados por falecimento de médico sindicalizado?

Os ascendentes e descenden-tes do médico falecido, bem como o cônjuge supértite, terão direito a assistência jurídica sem qualquer despesa de honorários advocatí-cios. Todavia, responderá o sindi-calizado ou seus sucessores pelas custas processuais.

7. E em caso de litígio ou conflito de interesses entre dois ou mais médicos sindicalizados?

Nesse caso a ASJUR não pro-porcionará assistência a nenhum deles, podendo intervir em busca de uma conciliação e afastando-se completamente se esta não for al-cançada.

8. A ASJUR atua em todo o Bra-sil?

Não. A assistência jurídica ao médico sindicalizado será prestada exclusivamente dentro do DF.

9. Há prazo de carência para o médico utilizar os serviços da ASJUR?

Sim. O prazo de carência é de seis meses. No entanto, o médico

sindicalizado que necessitar dos serviços da ASJUR estando no pe-ríodo de carência, poderá ser aten-dido mediante o pagamento de 50% dos honorários.

10. E no caso do médico que dei-xar de ser sindicalizado e voltar a ser sindicalizado?

O prazo de carência também é de seis meses.

11. Como os médicos poderão uti-lizar a ASJUR?

Os advogados da ASJUR po-derão ser consultados por telefone, fax, internet ou pessoalmente atra-vés de agendamento pelo telefone 3244-1998, ou pelo plantão 24 ho-ras, pelo telefone 0800 601 8888. O atendimento agendado será na sede do SindMédico de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas.

12. O que os médicos sindicali-zados deverão fazer para que te-nham um bom atendimento?

Os médicos sindicalizados deverão fornecer, em tempo há-bil, todas as informações e docu-mentos relevantes à sua defesa bem como os nomes endereços e documentos de testemunhas que possam depor a seu favor. É im-portante também que os médicos atendam, dentro dos prazos esti-pulados, a todas as convocações expedidas pela diretoria do Sin-dMédico e entrem em contato, no prazo de 24 horas, após o recebi-mento de qualquer notificação, citação ou intimação. Caso contrá-rio, a ASJUR isentar-se-á de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos da natureza da ação judicial.

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Artigo

Sucesso. Eis uma palavra difícil de ser de-fi nida. O que é sucesso para uma pessoa pode não ser para outra. A coisa se compli-

ca quando pensamos que o sucesso é dinheiro, o que na maioria das vezes não é. Aliás, sucesso nem sequer é sinônimo de resultado. Sucesso é fazer bem-feito; resultado é conseqüência. Por isso, quando procura-mos entender o sucesso, é melhor relacioná-lo com outra palavra: excelência.

Quando alguém tem compromisso com a exce-lência, realiza seu trabalho com sucesso, o que o leva a alcançar os resultados desejados. Inclusive dinheiro. Felizmente encontramos profi ssionais preocupados com a excelência em todas as atividades. São pessoas de sucesso em seu trabalho. São respeitadas, admi-radas e imitadas. Elas acertam no resultado porque miram na excelência. Mas esta não vem do nada, da simples intenção, é necessário que se adote uma es-tratégia.

Aqui vai uma história para ilustrar melhor esse assunto: há muitos e muitos anos, um homem sábio, preocupado com o futuro de seu fi lho, lhe deu três conselhos: siga sua vocação, trabalhe em um local es-timulante e administre suas fi nanças. E não é isso que, ainda hoje, os orientadores de carreira dizem para os jovens que estão iniciando? Pois é, estes, sem saber, estão repetindo Aristóteles. Quando escreveu Ética e Nicômaco, o fi lósofo estava, pretensamente, escreven-do para seu fi lho e, nessa obra, encontramos as bases da excelência. Os três ingredientes citados se combi-nam para preparar o prato do sucesso, ainda que em doses diferentes, dependendo da etapa da vida.

O início pode ser pela vocação, pelo ambiente ou pelos recursos, mas no decorrer dos acontecimen-

tos, a falta de um dos três compromete o conjunto. “Busque o bem”, disse o fi lósofo, “o bem é o exer-cício ativo das faculdades da alma de conformidade com a excelência”. E ele esclareceu que o bem está nos menores atos, mas que todos estão conecta-dos com um bem maior, que é a própria felicida-de.

A vida prática, diá-ria, comum, impregnada de pequenos problemas, pode ser mais leve e agra-dável quando assumimos esse compromisso aristo-télico: fazer o bem. Esta é a essência do sucesso. O resultado é uma mera ques-tão de tempo. Não há razão para preocupações quan-do se assume compromisso com a excelência.

Se por acaso você faz um trabalho que não lhe agrada, faça-o da melhor maneira possível, pois esta é a única garantia de que você não o fará para sempre, pois, com certeza, será conduzido a outras missões se-quiosas de excelência.

Não sabemos o que o fi lho de Aristóteles fez na vida, mas outro jovem que foi quase seu fi lho adotivo era Alexandre, o líder que conquistou praticamente todo o mundo conhecido antes de completar 30 anos.

O SindMédico ao completar 30 anos em 2008, al-cança seu novo lema: Sindicato de Excelência.

O Sucesso e Aristóteles

Dr. Francisco Rossi Sec. geral do SindMédico/DF

"Quem busca resultado, e não a excelência corre o risco de fi car sem nada."

Entidades fazem confraternização juntasAs entidades médicas de Brasília se reuniram no

último dia 14 de dezembro para realização de uma festa de confraternização, que aconteceu no novo salão do Clube do Médico. A iniciativa é um brinde aos esforços que os gestores realizaram ao longo do último ano para aproximação de idéias e de projetos cooperados, entre eles a Revista Undade Médica. Na foto presidentes da AMHP-DF, CRM/DF, Sindmédi-co/DF e AMBr oferecem um brinde aos convidados. O evento foi um sucesso.

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13 Revista Médico

Sindicais

Diretora de imprensa e médicos de Planaltina são agredidos

Os médicos do Hospital Regional de Pla-naltina querem mais segurança. A soli-citação foi encaminhada ao SindMédico

que imediatamente a fez chegar até a Secretaria de Saúde. Em denúncia enviada por escrito ao sindicato, os médicos contam que no dia 5 de outubro, durante atendimento de paciente vítima de ferimento por arma branca no abdômen, o cirurgião geral que fazia o aten-dimento foi agredido pelo paciente, colocando em risco a integridade física do médico e de toda a equipe do pronto socorro.

Dias antes, outro médico foi vítima de ameaças graves depois de ter se recusado a fornecer um atestado médico falso ao paciente. Segundo o médico, a ocorrên-cia foi registrada na Delegacia de Polícia, onde foi cons-tatado que o agressor já possuía cinco denúncias pelo mesmo motivo.

No dia 20 de novembro, no Hospital do Gama, a pediatra Adriano Graziano, diretora de imprensa do SindMédico, também foi agredida pela mãe de um pa-ciente após Dra. Adriana ter se recusado a dar um ates-tado falso ao marido dela. A mãe do paciente agrediu

Foram válidas as denúncias feitas pelo Sin-dMédico, imprensa e Tribunal de Contas da União (TCU). Os equipamentos de úl-

tima geração usados no tratamento de câncer en-caixotados há mais de um ano, em um galpão, no Hospital Universitário de Brasília (HUB), foram finalmente encaminhados à Secretaria de Saúde, que vai poder usá-los no Hospital de Base.

A determinação do Tribunal de Contas da União para que o Instituto Nacional do Câncer cedesse os equipamentos temporariamente para unidades de saú-de do DF foi dada em setembro, mas só agora ela está sendo cumprida.

Essa é uma decisão importante e que vai tratar muitos pacientes, já que a rede pública de saúde só tem um equipamento para fazer esse tipo de tratamento e atualmente está sobrecarregado. Funciona em três tur-nos e quebra facilmente. O outro está na rede particu-lar. Por essa e outras razões é tão importante que os equipamentos do HUB sejam instalados, o que ainda

Equipamentos de tratamento de câncer são entregues a SES

não tinha sido feito porque o Cacon, Centro de Trata-mento de Câncer, está com as obras embargadas há um ano e meio e para concluir os 50% restantes do centro, a construtora encarregada da obra precisa ainda de mais R$ 2,2 milhões. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os serviços foram orçados em R$ 2,5 milhões. O Ministério da Saúde teria repassado R$ 2.394.284.84, dos quais, 1.831.086,16 já teriam sido aplicados no cen-tro.

A ociosidade de equipamentos modernos, como o acelerador linear, o sistema de braquiterapia de alta dose e o sistema de teleterapia em 3D, revolta doentes e entidades de apoio aos portadores de câncer. O mas-tologista José Antonio Ribeiro Filho, como diretor do SindMédico, tem acompanhado o caso e se disse indig-nado com o descaso às pacientes com câncer de colo do útero, cujo sofrimento poderia ser amenizado e não é. Segundo ele, o tratamento que hoje é feito por 36 horas seguidas, poderia ser feito em apenas 20 minutos com o uso dos equipamentos.

verbalmente a médica e não satisfeita avançou em cima da doutora arranhando-lhe o braço. Dra. Adriana pediu socorro ao guarda do hospital que nada fez, nem sequer tentou segurar a mulher que fugiu após as agressões. O fato, que ocorreu no plantão noturno da pediatra, foi re-gistrado na 14ª Delegacia de Polícia do Gama. A Dra. Adriano Graziano também compareceu ao IML para exame de corpo delito. O caso está nas mãos da Polícia Civil e do Ministério Público que vai convocar a agres-sora para prestar depoimento.

Preocupado com a segurança e a integridade física dos médicos de Planaltina, do Gama e de outros hos-pitais do DF que constantemente estão colocando suas vidas em risco e a mercê de todo tipo de agressões (fí-sicas e verbais), o SindMédico já solicitou providências à Secretaria de Saúde. No último encontro, o Secretário de Saúde, Geraldo Maciel, disse que os seguranças dos hospitais seriam orientados para garantir a integridade física dos médicos e não apenas dar segurança ao patri-mônio público. Também foi solicitada a criação de um Batalhão Hospitalar, reivindicação que a Secretaria de Segurança ficou de estudar.

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Capa

Nova diretoria unida em prol da classe

A nova diretoria do Sin-dMédico/DF, que to-mou posse no dia 8 de

novembro para o triênio 2007/2010, terá muito trabalho pela frente, mas deverá concentrar maior parte de seus esforços em busca da melhoria salarial da classe e de melhores con-dições de trabalho para os médicos da rede pública. Os médicos da rede privada também estão na platafor-ma de trabalho para os próximos três anos. “Já estamos negociando ações com a Associação Médica de Hospitais Privados (AMHP-DF) e com a Associação Médica de Brasília (AMBr) para valorizar o ato médi-co”, explicou o presidente do Sind-Médico, César Galvão.

À frente do SindMédico há três anos e reeleito para outros três, o ci-rurgião pediatra César Galvão está na vida sindical desde 1998, quando fez parte da diretoria que mudou o paradigma do Sindicato dos Médi-cos. Antes um braço partidário e com pouco resolutividade para a classe, o SindMédico agora é um sindicato subrapartidário que abriga médicos de todas as tendências políticas e diversos partidos. “A mudança faci-lita as negociações, porque existem idéias variadas e vigilância redobra-da”, garante o presidente. O que o sindicato busca hoje é resultados.

Para 2008 já está agendada a re-

estruturação do Pla-no de Cargos, Car-reira e Salários dos Médicos, cujas nego-ciações começaram em julho desde ano com as Secretarias de Saúde e de Plane-jamento. “São nego-ciações que requer, além de habilidade política e técnica profissional, muita paciência”, avisa o

presidente.Otimista por natureza e obsti-

nado por profissão, o presidente do SindMédico promete ir até onde for preciso para garantir as melhorias salariais que os médicos tanto preci-sam: “não dá mais para continuarmos com salários tão baixos e condições de trabalho tão ruins. Os médicos de todo o Brasil já estão unidos por este objetivo que é único da classe”.

Foi graças a essa de-terminação que os médi-cos conseguiram receber os precatórios. Foram 20 anos de espera e 13 anos desde que os precatórios foram expedidos, mas graças ao poder de negociação do presidente, de uma competente “Comissão dos Precatórios” e da ajuda do juiz conci-liatório Rogério Neiva Pinheiro, eles finalmente estão sendo pagos. “As-sim como será melhorado o nosso salário, podem acreditar”, diz César Galvão.

Mas para isso o presidente não está sozinho. Ele conta com uma diretoria, quase toda ela da gestão anterior que também tem o com-promisso de lutar pela classe mé-dica, como é o caso do vice-presi-dente Gutemberg Fialho que, além de ginecologista obstetra é também

advogado e está sempre atento aos assuntos jurídicos como foi o caso do aumento da GAM negociada em troca da GAME, com inúmeras vantagens: além da incorporação na aposentadoria, ela também be-neficia os médicos inativos, o que a GAME não fazia.

Os assuntos jurídicos estão sob a responsabilidade do diretor jurí-dico, Antônio José Francisco Perei-ra dos Santos, que também é dire-tor jurídico da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Ele tem sido o representante do SindMédico nas discussões parlamentares para a aprovação da Emenda Constitucio-nal 29, que garante recursos para a saúde e faz parte da Comissão que negocia a reestruturação do Plano de Carreira dos Médicos.

A atual diretoria do SindMé-

Drª. Olga, Adriana e Mariângela formam o trio feminino

Dr. César a frente do sindicato na nova gestão

dico hoje conta com representantes dispostos a trabalhar em prol da classe, independente de questões políticas partidárias. Hoje o Sind-Médico tem buscado apoio em ou-tras entidades médicas e consolidou a união com a AMBr e AMHP-DF com a publicação de uma edição histórica da Revista UM – Unidade Médica e está em franca aproxima-ção com o CRM. Unidade essa que certamente será consolidada nos próximos anos com a criação do Conselho Superior das Entidades Médicas no DF.

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15 Revista Médico 15 Revista Médico

Capa

Resultado das ações do SindMédicoe planejamento das ações futuras

Funcionários prestam homenagem ao presidente

PERÍODO 2004/2007 PERÍODO 2007/2010

Vitória na ação da insalubridade para contagem do tempo de serviço enquanto celetista

Reestruturação do Plano de Carreira com melhorias salariais visando a isonomia salarial com os médicos da Polícia Civil

Pagamento dos precatórios 449/94 beneficiando 412 médicos Reestruturação da Contabilidade e Auditoria externa

Modernização da máquina administrativa e financeira do SindMédico Criação da Assessoria Jurídica (ASJUR)

Plano de Saúde para os médicos através de convênio com a Assefaz

Ações junto à AMBr e AMHP-DF visando a valoriza-ção do ato médico

Quitação da sede própria ampliando o patrimônio do SindMédico

Mobilização junto às entidades médicas nacionais para frear a abertura de novas Escolas de Medicina

Implantação do Plano de Carreira do Médico Manter a mobilização pelo Dia Nacional de Protesto iniciado em 21 de novembro

Política de união das classes médicas pela valorização profissional e fortalecimento da classe

Lutar por uma política de RH na Secretaria de Saúde para a prevenção de doenças relativas ao trabalho mé-dico

Campanha de valorização do trabalho médico Segurança e melhores condições de trabalho

Parcerias na área educacional com os colégios Alub, JK, Objetivo, Obcursos, Casa Thomas Jefferson, Unip, Uniplan, Faculdade e Colégio Projeção e Facibra

Ampliar as parcerias para beneficiar os médicos e seus dependentes

Realização do Fórum Brasília Médico para identifica-ção de lideranças médicas

Ampliar o Fórum Brasília Médico e apoiar os candida-tos médicos para garantir representantes no Legislati-vo comprometidos com a classe

Participação ativa com representantes na diretoria da Fenam e Fimco-TO

Manter a efetiva participação do SindMédico nas dis-cussões políticas para garantir a aprovação de leis de interesse da classe

Parcerias na área de saúde com Laboratório Exame, Drogaria Vison e AVV, para aquisição de remédios mais baratos

Criar o Conselho Superior das Entidades Médicas

No último dia 11 de dezembro os fun-cionários do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal deram os para-

béns ao presidente da instituição, César Galvão, pela passagem do seu aniversário. A recepção aconteceu no auditório do sindicato, com a pre-sença de toda equipe (foto) da instiuição.

A Revista Médico, toda diretoria do SindMé-dico e demais colaboradores se unem neste voto de felicitação, desejando ao Dr. César muita saú-de, paz e prosperidade, além de muito sucesso no decurso do segundo mandato como presidente.

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Instituto do Câncer Infantil: do sonho à realidade

16

No Instituto do Câncer Infantil e Hospi-tal Pediátrico de Brasília tudo é gran-dioso: o espaço onde ele está sendo

construído, os números, as cifras e, principalmen-te, o entusiasmo de quem dele participa. São mi-lhares de pessoas que ajudam a tornar um sonho em realidade, mas é o empenho de cinco mulheres que não deixa esse sonho morrer: Ilda Peliz, pre-sidente da Abrace, Associação Brasileira de Assis-tência às Famílias de Crianças Portadoras de Cân-cer e Hemopatias; Dra. Isis Magalhães, chefe da Unidade de Oncologia do Hospital de Base; Dra. Déia Carvalho, médica gestora do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do DF; Dra. Elisa Carvalho, chefe da Unidade de Pediatria do Hos-pital de Base e Rosa Maria Neumann, técnica em desenvolvimento de projetos e coordenadora do Programa Criança e Vida.

O que essas cinco mulheres têm em comum? Concretizar a implantação do Instituto do Câncer Infantil e Hospital Pediátrico de Brasília cuja pri-meira etapa deverá estar funcionando já em 2008. E elas têm muitos motivos para apressar o térmi-no da obra: quando estiver pronto, o Instituto será capaz de realizar 314 mil atendimentos ambulato-riais, 7 mil internações e 8 mil quimioterapias por ano. Quer mais? Ele também estará capacitado a realizar 5,8 mil cirurgias, 11,8 mil hemodiálises e

204 mil ambulatórios dia. Atualmente as cinco es-tão debruçadas no projeto de operacionalizar es-ses grandiosos números. É preciso fazer o levanta-mento de quantos profi ssionais serão necessários, quanto será gasto na aquisição de equipamentos e mobiliário para colocar em funcionamento o Insti-tuto.

Tudo começou em 1986, quando um grupo de pais, cujos fi lhos faziam tratamento de câncer no Hospital de Base, resolveu ir à luta e ajudar quem não tinha mais esperança no combate à doença. Foi dessa forma que nasceu a Abrace. Desde os primei-ros momentos de sua concepção estava Ilda Peliz, que atua na instituição há 21 anos. “Atualmente a Abrace atende mais de 700 crianças residentes no DF e outros Estados garantindo não só o tratamen-to, mas subsídios necessários como instalações adequadas na Casa de Apoio para crianças que não residem no DF, alimentação, medicamentos, transporte, assistência odontológicas, psicológicas e palestras sobre a doença”, conta a presidente.

Graças à ajuda da Abrace, o índice de cura de câncer infantil passou de 50% para 70% no Distrito Federal. Para continuar aumentando esse índice, a Abrace deu início a construção do Instituto do Câncer Infantil e Hospital Pediátrico de Brasília, somente com doações. Ele está sendo construído em um terreno doado pelo GDF e a obra, orçada

Maquete do futuro hospital

Solidariedade

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17 Revista Médico

lda Peliz, Isis, Quezado, Déia Carvalho, Elisa Carvalho e Rosa Neumann

Revista Médico

em R$ 40 milhões de reais, terá instalações moder-nas e efi cientes oferecendo inclusive o transplante de medula óssea e tratamento para outras pato-logias infanto-juvenis. “O grande diferencial des-se Instituto é que aqui poderemos realizar desde o primeiro atendimento até uma cirurgia de alta complexidade sem que o paciente seja obrigado a correr de um hospital para outro”, explica a médi-ca Isis Magalhães.

A humanização no atendimento é outro dife-rencial no Instituto que, segundo a Dra. Isis, con-tribui para a cura do paciente tanto quanto o tra-tamento aplicado. No Instituto do Câncer Infan-til e Hospital Pediátrico de Brasília, o projeto foi concebido para dar maior bem estar aos pequenos pacientes. Ao entrar no futuro hospital, eles irão se deparar com um grande parque temático. Enquan-to esperam o atendimento, poderão se distrair na brinquedoteca e ainda descansar das sessões de quimioterapia em amplos jardins ao ar livre. “Que-remos oferecer condições dignas de atendimento aos pequenos pacientes”, explica a médica.

Mas para isso ainda falta muito. O primeiro pavilhão do Instituto, orçado em R$ 12 milhões está praticamente pronto e compreende o aten-dimento e cirurgia ambulatorial, quimioterapia e diagnóstico básico. Já para o segundo pavilhão, serão necessários mais R$ 20 milhões. Quando estiver totalmente pronto, o Instituto terá 151 leitos, 31 UTIs, oito centros cirúrgicos, 17 leitos para isolamento e hemodiálise e 18 poltronas

para quimioterapia ambulatorial. O trabalho de arrecadação de recursos não

pára. No dia 20 de setembro, a Miss Brasil Na-tália Guimarães, segunda colocada no concurso Miss Universo deste ano, participou de um café da manhã juntamente com empresários do DF no canteiro de obras do futuro Instituto com o ob-jetivo de conquistar parceiros que possam cola-borar com a conclusão das obras. Segundo Ilda Peliz, todas as contribuições são bem-vindas, do tijolo aos equipamentos de tecnologia de ponta. Ela lembra que as doações poderão ser deduzidas em até 6% para pessoa física e em 1% para pessoa jurídica sobre o Imposto de Renda devido. Os pe-quenos pacientes de câncer agradecem.

17

Solidariedade

Doações poderão ser feitas na conta Banco BRB - Agência 059 - C/C: 013044-7 - CNPJ do FIA: 00.394.734/0001-00É preciso guardar os comprovantes de depósito e transferências, trocando-os por recibos na Instituição

A substituição da Fundação Zerbini no comando do Instituto do Cora-ção do DF (Incor-DF) tem quatro

prováveis candidatos: a Universidade Cató-lica, a Fundação Vilela Batista, do Paraná, A Fundação Albert Einstein, de São Paulo, e a Universidade de Brasília (UnB). Todas elas com declarado interesse. Além das quatro, o Secretario de Saúde do DF, José Geraldo Ma-ciel, disse que a SES está estudando um quinta possibilidade que ele ainda não divulgou.

O secretário de Saúde de São Paulo, Luiz Ro-berto Barradas, esteve em Brasília para trazer a proposta de substituição da Fundação Zerbini pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)

na gestão da unidade brasiliense do instituto. De momento, todas as partes adotam uma postura de cautela ao tratar o tema, que deverá encontrar uma solução até o fi m de janeiro de 2008. O con-trato com a Fundação Zerbini foi prorrogado até março do ano que vem. Para que o novo adminis-trador assuma o comando do Incor-DF, é preciso fi rmar contrato com o Ministério da Defesa, já que o Incor funciona dentro da área do Hospital das Forças Armadas (HFA).

HBDF – Enquanto se discute o futuro gestor do Incor-DF, a Unidade de Cardiologia do Hospital de Base de Brasília está em festa. Ela recuperou a re-sidência em cardiologia, que estava desativada há dois anos, para vai oferecer seis vagas para 2008.

Cinco instituições interessadas no Incor-DF

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Dr. Jair e Dra. Matha

Aconteceu

Coreme faz evento no HBDFO Foram realizados, no Hospital de

Base, no período de 1º a 5 de outubro de 2007, a XXVIII Jornada de Médicos

Residentes e o XIV Encontro de Ex-Médicos Resi-dentes do HBDF promovidos pela Comissão de Residência Médica (Coreme). Os trabalhos foram coordenados pela presidente da Coreme, Martha Zappalá Borges e contou com a presença do presi-dente da Associação Brasiliense de Médicos Resi-dentes (Abramer), Márcio Almeida Paes.

No evento, que teve com a presença de 224 médicos-residentes e de 201 médicos preceptores do Hospital, foram apresentados 117 temas livres e pôsteres. Prestigiaram o evento o presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr), Lairson Rabelo, do SindMédico, César Galvão, o diretor do HBDF, Ronaldo Sérgio Santana Pereira e os mé-dicos Luiz Fernando Salinas e Armando Bezerra

Fórum de especialidades médicas

OConselho Federal de Medicina re-alizou em Brasília, no dia 8 de no-vembro, “O Fórum de Especialida-

des Médicas: 7 anos de atividades da Comissão Mista de Especialidades” (foto), organizado em conjunto pela Associação Médica Brasileira, Con-selho Federal de Medicina e Comissão Nacional de Residência Médica. O evento teve o objetivo de esclarecer o trabalho realizado pela Comissão Mista de Especialidade, a formação do especia-lista no Brasil e as áreas de atuação das especiali-dades médicas.

Foi realizado no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília, de 26 a 28 de setembro, o 40º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia do DF, do qual participaram médicos de todo o Bra-sil. O SindMédico esteve representado pelo vice-presidente, ginecologista obstetra, Gutemberg

Fialho. Paralelo ao evento foi realizado também o I Congresso Internacional de Climatério do DF.

Congresso de Ginecologia

13ª Conferência Nacional de SaúdeFoi realizada em Brasília, no período de 14 a 18 de novembro, a 13ª Conferência Nacional

de Saúde, cujo tema deste ano foi “O Brasil reunido pela saúde e qualidade de vida”. O encontro reuniu 4 mil delegados de todo o país, sendo 36 de Brasília, três dos quais, mé-

dicos como a Dra Mariângela Cavalcanti, conselheira fiscal do SindMédico e os doutores Divaldo Mançano e Júlio César de Oliveira Carneiro.

Para orientar melhor os debates, o tema central foi desmembrado em três eixos: “Desafios para a Efetivação do Direito Humano à Saúde no Século XXI"; “Políticas Públicas para a Saúde e Qualidade de Vida: o SUS na Seguridade Social” e a “Participação da Sociedade na Efetivação do Direito Humano à Saúde”.

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19 Revista Médico

Aconteceu

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InformesQuando realizar testes

diagnósticos de diabetesem crianças ?

O diabetes do tipo 2 é ca-racterizada por resis-tência à insulina e um

decréscimo relativo na secreção de insulina e é tradicionalmente consi-derada uma doença de adultos, mas nos últimos anos, devido principal-mente à obesidade, tem surgido ca-sos em crianças e adolescentes. Um dos primeiros trabalhos com estas observações foi publicado no Dia-betes Medicine 17,867-871,2000, por S.Ethisman e colaboradores (1).

Devido ao aumento destes ca-sos, a Associação Americana de Dia-betes, aconselha nas suas diretrizes de 2007 (2) que sejam realizados ras-treamentos para diabetes do tipo 2 em crianças que atendam os seguin-tes critérios:

- Sobrepeso (IMC acima do percentil 85, para a idade e sexo, ou acima do percentil 85 conside-rando peso/altura, ou ainda um peso acima de 120 % do peso ideal para a altura.

E mais, a presença de pelo me-nos dois de um dos seguintes fato-res de risco:

-História de diabetes em fa-miliares do primeiro ou segundo grau.

-Raça/etnia (americanos, afro-americanos, latinos, americanos asi-áticos e das ilhas do Pacífico).

-Sinais de resistência à insulina ou condições associadas à resistên-cia à insulina (acanthosis nigricans, hipertensão, dislipidemia ou ová-rios policísticos.

-História materna de diabetes ou diabetes gestacional.

O rastreamento deve ser ini-ciado a partir dos 10 anos de idade, ou no início da puberdade se esta se iniciar antes desta data. O exa-me deve ser feito a cada 2 anos e o teste preferido é a glicemia de je-jum. Os indivíduos com glicemias

de jejum entre 100 e 126 mg/dL de-vem realizar um teste de tolerância à glicose com determinações antes e 2 horas após a ingestão de 75 g de glicose anidra.

Em maio de 2007, Linda Hai-nes e colaboradores, publicou um trabalho onde analisou 67 casos de diabetes do tipo 2 em crianças. Cinqüenta e sete por cento dos ca-sos eram em meninas; a média de idade na época do diagnóstico era de 13.3 mais ou menos 1,7 anos nas meninas e 14,1 mais ou menos 2 anos para os meninos; 57 % dos casos tinham presença de acantho-sis nigricans, mais comumente no pescoço e axila.

Em 45 casos foram determina-dos a insulina e/ou o peptídeo C que estava aumentado com valores acima de 600 p/mol em 12 casos. A insulina de jejum estava acima de 132 pmol/L em 15 casos e as duas substâncias estavam elevadas em 18 casos.

A determinação de anticorpos foi feita em 79 % dos casos e incluiu a dosagem do GAD-65, ICAs e an-ticoporpos antiinsulina, a maioria dos quais estavam negativos, des-cartando asssim o diagnóstico de diabetes do tipo 1.

O diagnóstico de sobrepeso e obesidade foi feito no momento diag-nóstico. Para isto foram utlizadas o z-score das curvas de IMC ou os desvios padrões das curvas de peso/altura utilizadas na Inglaterra. Os meninos foram considerados com sobrepe-so quando tinham um z-escore da curva de IMC igual ou maior que 1,37 e com obesidade quando era maior ou igual a 2.37; para as me-ninas quando estes valores eram iguais ou maiores que 1,19 e 2,25 respectivamente. Em 84% dos ca-sos existiam casos de diabetes na família e um total de 37 crianças ti-

nham outras doenças secundárias das quais a mais comum foi fibrose cística e em outras associação com defeitos moleculares (MODY). (3)

Outros trabalhos sugerem a utilização de critérios de avaliação de risco, onde as populações estuda-das são divididas em grupos de alto e baixo risco. Com estas ferramen-tas, onde cada parâmetro, inclusive os clínicos, tem um peso especifico, é possível obter uma sensibilidade de 85%, com um especificidade de 26% e um valor preditivo de 22%, ou seja em cada 5 crianças testadas uma deve ser diabética. (4). A histó-ria familiar e a resistência à insuli-na são cumulativas e tem um score máximo de 24.

No Brasil, não se conhece a prevalência de diabetes do tipo 2 em crianças, mas recomendamos que os profissionais de saúde fi-quem atentos às atuais diretrizes das associações científicas e pro-curem realizar os testes preconiza-dos para o diagnóstico do diabe-tes, sempre que as condições acima estiverem presentes. Sobrepeso e obesidade são sem dúvidas os fato-res mais importantes para o desen-cadeamento do diabetes do tipo 2.

Em todos os países se realiza um grande esforço para a diminui-ção da prevalência do tipo 2 e em nosso país já existem, em alguns estados, leis determinando uma alimentação saudável em todas as cantinas escolares.

Reginaldo Albuquerque Médico endocrinologista do Exame Medicina Diagnóstica/Diagnósticos da América – DASA. Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ex-professor da Universidade de Brasília - UnB. Curso de especialização em Endo-crinologia pela Universidade de Londres.

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21 Revista Médico

EstratégiaAlexandre Bandeira

ConsultórioConsultoria&Consultório&ConsultórioConsultoria&Consultoria

Consultor de Estratégia e Marketing

Contato com a coluna:[email protected]

Do limão uma limonada

“os principais hospitais da cidade não

dissociaram a ciência da metafísica”

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Novembro / Dezembro 200722

Vida Médica

22

MÉDICOS VOAM EMCÉU DE BRIGADEIRO

No dia 13 de dezembro, o Dr. César Tomas Almeida Vieira, estará feste-jando 30 anos de carreira, não de mé-

dico, mais de piloto. Foi nesta data, em 1977, que ele fez seu primeiro vôo. Desde menino, sonhava em voar... mas só tirou o brevê tempos depois... já médico, com especialização em clínica médica.

Para isso, Dr. César teve que transpor uma série de obstáculos. O primeiro deles foi passar por uma avaliação médica completa. Ser piloto de avião requer muito mais do que destreza. É pre-ciso ter boa saúde, muito refl exo e mente sã. Na avaliação médica são levados em consideração não só os aspectos físicos, mas também os aspectos fi siológicos e psicológicos, critérios que Dr. César tira de letra, pois, além de médico, ele é ironman e violinista da Orquestra Sinfônica de Brasília. Tem melhor preparo para o corpo e para a mente? Como se não bastassem todas as condições físicas e mentais adquiridas, Dr. César conta com o apoio fundamental da esposa, Maria Fernanda, compa-nheira de todas suas atividades.

Uma vez aprovado no exame de capacidade médica, o candidato a piloto torna-se portador de um CCF (Certifi cado de Capacidade Física). Depois disso, é preciso matricular-se em um curso teórico de piloto de avião, homologado pelo DAC (Depar-

tamento de Aviação Civil), com duração mínima de três meses. No curso são ministradas matérias específi cas para pilotos como regulamento de trá-fego aéreo; conhecimentos técnicos e motores; teo-ria de vôo; meteorologia para piloto privado e na-vegação. Sem contar que é preciso conhecer tam-bém o Código Brasileiro de Aeronáutica.

E depois do CCF, tem o CCT (Certifi cado de Conhecimentos Técnicos), que é concedido pelo DAC, após aprovação da parte teórica. Só então os candidatos a piloto iniciam o que é melhor: as aulas práticas. O curso é composto por 40 horas de vôo, nas quais o candidato a piloto aprenderá a manusear o avião em diversas situações, desde o pouso e a decolagem, passando por navegações a longa distância, até simulações de várias emer-gências.

Mas quem disse que essas difi culdades desen-corajam àqueles que querem voar? Não para o Dr. Paulo Roberto Abraão, piloto há dez anos. Sempre que pode ele troca as anestesias e os hospitais do Gama, Santa Helena e Brasília, onde dá expedien-te, para voar. Gosta de curtir uma praia em Porto Seguro com a família, em seu Corisco Turbo, prefi -xo PT-RHF que ele adquiriu do médico Mata Ma-chado, que abandonou os céus após um acidente de moto. “Depois que comprei o avião, o mar fi cou mais perto de Brasília”, conta o médico, que recen-

Dr. Paulo Roberto curte voar em seu avião pelas praias de Porto Seguro

Dr. César Vieira com a esposa Maria Fernanda, sempre juntos em vôos domésticos.

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23 Revista Médico

temente esteve em Teresina pilotando seu avião.Ao contrário do Dr. Paulo Abrão, Dr. César

Tomas Vieira não possui avião. Ele optou por ser instrutor de vôo e rebocador de planador. “Uma maneira mais barata de voar”, conta o médico. De fato, o hobby não é barato. Um avião usado, mas em boas condições custa por volta de R$ 150 mil a R$ 250 mil e a manutenção não saiu por menos de R$ 2 mil mensais. Há quem possua o próprio hangar, como Dr. Paulo Abraão e o ginecologista obstetra Marcelo Wayne.

Dr. Marcelo conta que estava com 50 anos quando iniciou o curso de pilotagem. Lá se vão 20 anos e ele continua a pilotar o seu Corisco, que também fi ca no Aeroclube de Brasília, localizado em Luziânia, ponto de encontro dos médicos pilo-tos. “Só viajo no meu avião”, conta o médico, que desde a infância tem admiração pelas aeronaves, que costumava ver na Base Aérea de Fortaleza, vi-zinha à sua casa. Com mais de 1.000 horas de vôo no currículo, Dr. Marcelo Weine concorda que o hobby não é barato. “Uma hora de vôo não fi ca por menos de R$ 360 e é preciso ter, um mínimo de 110 horas de vôo para se habilitar”. Além de horas de vôo, é preciso uma revisão constante nos

aviões e exames médicos periódicos, uma exigên-cia do DAC e da Anac.

Apesar de pilotos competentes e experientes, ninguém pensa em se tornar profi ssional ou tro-car a medicina pela aviação, embora seja um dos setores que mais crescem no Brasil e com grandes oportunidades. O que os médicos querem é con-tinuar praticando a medicina e, nas horas vagas, quando há, voar em céu de brigadeiro... porque ninguém é de ferro!

23

Vida Médica

Dr. Marcelo Wayne começou a voar depois dos 50 anos de idade

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Vinhos

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Dr. Gil Fábio

REGIÃO DO PIEMONTE:O VINHO DOS REIS, O REI DOS VINHOS

O Piemonte (Pé dos Montes), assim chamado devido sua localização ao sopé dos Alpes, montanhas que dividem a Itália da França e

da Suíça. É a maior e mais conhecida região produtora de vinhos de alto nível do noroeste da Itália, sendo Turim, a sua principal cidade. Mas a região de Toscana, também na Itália é a sua maior rival.

A sua fama, deve-se aos vários tipos de vinhos que produz , mas principalmente pelo Barolo, indiscutivelmente, um vinho tinto, que sem dúvida, fi gura entre os melhores do mun-do. Existem atualmente mais de 35 produtores deste vinho, alguns espetaculares e outros não tão bons.

A principal uva produzida no Piemonte é a Nebiolo (nevo-eiro), assim chamada pela grande freqüência de névoa nos seus vinhedos.

Os “Barolos” são produzidos nas proximidades da pequena cidade , que lhe empresta o nome. É um vinho muito bem estruturado, complexo e de longa vida. Feito com 100% de uva nebiolo, tem no mínimo 13% de teor alcoólico. Durante sua produção, envelhece pelo menos 3 anos nas viníco-

las, sendo 2, em baricas de madeira, para os Barolo DOC. No caso dos Barolo Riserva, as garrafas do vinho somente são colocadas à venda após cinco anos.

Na literatura relaciona-se o Barolo às mesas célebres, como de Júlio César, de Luis XI “o Rei Sol ”, dos papas Pio VII (que viveu no século IX ) e Paulo III; e Henrique II da França, os quais realmente beberam os vinhos do Piomonte, mas não o Barolo.

O Barolo, na realidade, só aparece no início do século XVIII, por obra e graça do marquês Carlo Tancredo Falletti. Ao redor de 1840, mesmo em Turim, então capital do reino da Sardenha, o Barolo era pouco difundido e o próprio rei Carlos Alberto só o conhecia de nome, quando pediu e recebeu de Giulia Colbert, viúva de Falletti, um tonel de 600 litros do vinho. Apreciou-o tanto que comprou o castelo e os vinhedos de Verduno.

Vittorio Emamuele II e o grande estadista piemontês, conde de Cavour, também o fi zeram, datando dessa época a expressão “rei dos vinhos, vinho dos reis” que acompanha o Barolo.

Não se sabe exatamente de onde Falletti fez vir suas mudas, possivelmen-te de Borgonha ou de Gattinara, Piemonte Ocidental.

O vinho é produzido a partir das subvariedades Michet, Lampia e Rose da uva Nebiolo, sem qualquer corte de outra cepa ou uvas de outra regiões. Ainda assim, existem pequenas diferenças e peculariedades entre os Barolos das várias comunas que o produzem.

Vinho longevo, envelhece bem, podendo ser guardado de 5 a mais de 20 anos, chegando muitos deles, a mais de meio século. O vinho é de coloração

rubi escura e encorpado, tendendo para tonalidade ligeiramente alaranjada, no correr do tempo que o amacia, arredonda e o faz aveludado com o tempo. O preço não é dos menores, mas para quem deseja saborear algo especial, vale a pena pagar.

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25 Revista Médico 25

Serviços

O s médicos Diogo Rios Mendes e Osório Rangel (foto ao centro) são os novos integrantes do Conselho

Editorial da Revista Médico, publicação bi-mensal do SindMédico/DF. Eles participaram da primeira reunião após a posse da nova di-retoria, realizada dia 22 de novembro na sede do sindicato e deram muitas contribuições para as futuras publicações, que deverão ter novidades para 2008.

SindMédico e Colégio JK fazem parceria

Revista Médico tem novos conselheiros

A Sindicato dos Médicos e o Colégio JK assinaram convênio que possibilitará aos dependentes dos médicos sindicali-

zados, descontos nas mensalidades escolares do en-sino infantil ao ensino médio nas unidades do Gama e da 913 Norte. Os descontos variam de 10% a 30% dependendo do turno e da forma de pagamento.

O convênio assinado pelo presidente do Sin-dMédico, César Galvão e pela diretora presidente do Colégio JK, Leila Santos Costa Borges, vale para o ano letivo de 2008, em qualquer turno.

Criado em março de 1977, como um curso pré-vestibular e de educação de adultos em Taguatin-ga, o Colégio JK em apenas três anos, se expan-diu para o ensino fundamental iniciando também suas atividades no Plano Piloto. Atualmente com 2 mil alunos e contando com 200 professores no seu corpo docente, o Colégio JK tem na sua propos-ta pedagógica o diferencial em ensino e aposta no processo de formação permanente dos professores com cursos e seminários e participação ativa dos alunos.

O Centro de Informação Médica - CIM, carinhosamente conhecido como Es-colinha de Informática revela sua con-

tribuição a família médica de Brasília ao atingir a incrível marca de mais de 400 alunos formados em seus mais diversos cursos.

O CIM funciona em um laboratório na sede do SindMédico/DF dotado de estrutura para au-las, monitorias e cursos relacionados à micro-in-formática para médicos associados, dependentes e pessoas jurídicas. No momento a “escolinha" está oferecendo treinamentos nos seguintes aplicativos para iniciantes: Windows, Word, Power Point, In-ternet Explorer, Excel e Access (ver tabela abaixo).

Para os médicos associados e seus dependen-tes as aulas serão ministradas sempre de segunda a quarta-feira de 17h00 às 18h20 ou das 19h00 às 20h20. Já para as pessoas jurídicas as aulas deve-rão ser combinadas de acordo com disponibilida-de de ambas as partes.

Calendários de Cursos para 2008POWERPOINT - 07, 08 e 09 de janeiro EXCEL - 14, 15, 16 e 17 de janeiroWINDOWS - 21, 22 e 23 de janeiroINTERNET EXPLORER - 28, 29 e 30 de janeiroWORD - 11, 12, 13 e 14 de fevereiroPOWERPOINT - 18, 19 e 20 de fevereiroEXCEL - 25, 26, 27 e 28 de fevereiroACCESS - 03, 04 e 05 de março

Maiores InformaçõesTelefone: (61)3244-1998.

Email: [email protected]

Escolinha já formou mais de 400 alunos

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Desde pequeno Mira-nildo tinha um ver-dadeiro fascínio pe-

los temas que envolviam a morte. Havia lido que logo após a morte

o espírito se encontraria em estado de perturba-ção, confuso, sem compreender que aquele cor-po não lhe pertence mais, e que alguns espíritos mantinham a ilusão de se crerem ainda vivos. Chegava a rir de tudo isso. “Para mim, morreu e pronto! Morto não fala nem se mexe!” – não se cansava de repetir.

Mas Miranildo estava tenso, preocupado. Estava para assumir as funções de maqueiro do Hospital Universitário e precisava demonstrar coragem e valentia, atributos que todos espera-vam de um paraibano, e ele não queria manchar sua biografia de sertanejo.

Na primeira semana, todo o seu trabalho foi acompanhado por Ortanato, o velho maqueiro que em breve se aposentaria. E o amigo, em tom de brincadeira, fazia de tudo para tirar a paz de Miranildo:

- Cuidado, rapaz! Você pode ser atormenta-do pela alma dos mortos que não forem tratados com respeito.

Miranildo chegou cedo ao hospital, no que seria seu primeiro dia de trabalho sem a com-panhia de Ortanato, e faria de tudo para não desmerecer a confiança do amigo, que o indicara para a função. Queria ser um substituto à altura. E pensou com seus botões: “Medo de cadáver, logo eu?!”.

Mal acabara de bater o ponto, o maqueiro já estava sendo convocado para transportar um cadáver, que tinha o corpo coberto por um len-çol branco. Miranildo saiu da enfermaria cheio de garbo, conduzindo o cadáver de um homem, cumprindo em silêncio o seu primeiro trabalho solo naquele hospital. Caminhou pelos corre-dores internos, passou por trás da capela e se dirigiu ao necrotério, que ficava nos fundos do hospital, ouvidos fixados no rangido produzido

pelas rodas da velha maca. Abriu a geladeira de três gavetas e, na gaveta do meio, acomodou o cadáver de forma segura.

Minutos depois, dirigiu-se à UTI para apa-nhar outro cadáver. Miranildo, imbuído de sua responsabilidade, conduzia a maca pelo mesmo caminho, a mesma concentração no rangido das rodas do carrinho. Alguns pacientes olhavam o triste cortejo do fundo de seus aposentos. No necrotério, Miranildo abriu a geladeira e, desta vez, escolheu a primeira gaveta, que ficava junto ao piso. Quando estava terminando de colocar o corpo no refrigerador, ouviu um forte grito bem próximo ao seu ouvido, e se deparou com o mor-to da gaveta do meio rasgando o lençol que lhe cobria o rosto, que tinha uma cor cinza azula-do, em especial em torno da boca e dos olhos, e desesperadamente tentava se desfazer do lençol que lhe apertava o corpo.

Nesse momento, uma paciente precisava ser levada com urgência à UTI, e Miranildo foi convocado pelo serviço de alto falante. Passados alguns minutos, um funcionário da limpeza foi destacado para procurar o novo maqueiro. Ao chegar ao necrotério, o rapaz se deparou com um quadro terrível: um homem pálido, apavo-rado, aos urros, tentando desesperadamente sair da geladeira e, no chão, envolto por um mar de fezes, vômito e urina, estava Miranildo, comple-tamente inerte, olhos esbugalhados, sem voz, apontando para a geladeira.

Hoje o ex-quase cadáver trabalha como fren-tista em um posto de gasolina, próximo ao hos-pital, e, embora demonstre interesse em conhe-cer Miranildo, jamais recebeu a visita do bravo maqueiro.

Miranildo, o destemido

Dr. Evaldo Alves de Oliveira

26 Novembro/Dezembro 2007

Literárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Medicina em Prosa

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27 Revista Médico

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Novembro / Dezembro 200728

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