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  • E d i o E s p e c i a lCopa do Mundo 2014

    E d i o E s p e c i a lCopa do Mundo 2014

    ARQUITETURA AOARQUITETURA AO&Uma publicao do Centro Brasileiro da Construo em Ao Edio Especial Janeiro 2010

  • Rica

    rdo

    Junq

    ueir

    a

    A expectAtivA dA confirmAo do Brasil para sede da Copa do Mundo de Futebol

    de 2014 deu lugar preocupao de como atender a todas as exigncias que um even-

    to deste porte demanda. Ainda no possvel mensurar investimentos e nmeros de

    obras que sero erguidas ou reformuladas em funo do mundial. Mas certo que

    o Pas ampliar bastante sua capacidade em termos de aeroportos, hotis, estradas,

    anis virios, estaes e linhas de trens e metr, entre outras obras.

    Esta edio Especial Copa 2014 da revista Arquitetura & Ao rene obras brasileiras

    e internacionais que so parmetros em velocidade construtiva, segurana, sustentabi-

    lidade, flexibilidade e, acima de tudo, boa arquitetura. Em comum, os empreendimen-

    tos elencados em Obras de Referncia trazem o uso do ao como escolha de grandes

    arquitetos e incorporadores, que contam aqui o muito que ganharam com a opo pelo

    material em tipologias distintas como estdios, estacionamentos, centros comerciais e

    tambm pontes.

    De fato o Brasil precisa estar pronto para receber o volume de turistas e toda a

    ateno a que estar exposto calcula-se que para cada espectador dentro do estdio,

    outros 10 mil estaro assistindo s transmisses dos jogos. Todos querem ver o Pas

    brilhar nas telas de TV, computadores, jornais, revistas e celulares do mundo inteiro.

    Mas tambm entendemos que, encerrado o evento histrico e de grande potencial de

    negcios, todo o fruto da mobilizao construtiva seja, ento, usufrudo pelas cidades

    e pela populao que nelas permanecer.

    Esse nmero especial rene entrevistas com arquitetos brasileiros que sabem

    estar diante de uma oportunidade nica para a transformao do Pas. Em seus

    depoimentos, eles contam como possvel construir eficientemente, de maneira

    sustentvel, inteligente e econmica, e recomendam o ao como uma escolha inevi-

    tvel para as grandes obras que devem funcionar pontualmente e tambm perdurar,

    integrando-se paisagem e realidade brasileiras.

    Boa leitura.

    O CBCA

    O CentrO BrasileirO da COnstruO em aO (CBCa) tem como mis-

    so promover e ampliar a participao da construo em aco no mer-

    cado nacional, realizando aes para sua divulgao e apoiando o de-

    senvolvimento tecnolgico. O escopo de atuao do CBCa, cujo gestor

    o instituto ao Brasil (iaBr), estende-se por diversas reas.

    as parcerias mantidas com organizaes similares permitem a troca

    de informaes e o alinhamento de estratgias em prol da constru-

    o em ao. nas universidades, oferece bolsas de estudo e incentiva

    as pesquisas para o aprofundamento da produo cientfica sobre o

    tema. desde 2008, passou a promover concurso para estudantes de

    arquitetura e a turma vencedora representa o Brasil na verso inter-

    nacional do concurso organizado pelo instituto latino-americano de

    Ferro e ao (ilaFa). Por meio de cursos especializados, presenciais e

    a distncia, promove a qualificao da mo-de-obra.

    O CBCa edita livros e manuais tcnicos orientados pela demanda de

    informao das novas tecnologias, com as quais o mercado depara-

    se diariamente. tambm publica a revista Arquitetura & Ao,

    divulgando as melhores obras e profissionais do Pas.

    no campo da qualidade do ao, implementa aes, como o

    plano de atualizao constante da normalizao tcnica,

    a avaliao e aes institucionais que visam o combate

    no conformidade intencional dos produtos em todo o ter-

    ritrio nacional.

    editorial

    do pas do futebolOs gols

    Com o objetivo de divulgar suas ativida-

    des, o CBCa mantm parcerias com enti-

    dades e universidades para a promoo

    de congressos, seminrios e eventos.

    sua principal ferramenta de comunica-

    o, porm, o site www.cbca-iabr.org.br,

    que rene informaes e conhecimento

    especializado sobre a construo em

    ao no Brasil e no mundo.

    O CBCa junta-se aos esforos de organi-

    zaes nacionais que congregam repre-

    sentantes da indstria local, entidades

    e profissionais ligados construo em

    ao, contribuindo decisivamente para a

    modernizao do ambiente construdo.

  • sumrio 26. Estdios: o novo futebol. 34. Aeroportos: braos abertos para o mundo. 40. Hotis: mais leitos, mais rapidez. 48. Hospitais: silncio e segurana. 56. Estaes: ordenao do fluxo e da paisagem. 62. Mobilirio urbano: a transformao da cidade. 70. Pontes e passarelas: transpondo limites. 78. Estacionamentos: o desafio de otimizar espaos. 84. Infraestrutura: o ao que est na base. 90. Centros comerciais: a flexibilidade dos layouts.

    04. Os arquitetos do GMP e Siegbert Zanettini falam sobre construir em ao. 10. Nmeros da cadeia produtiva mostram que ela est pronta para a Copa.13. Em Ensaio, arquitetos propem projetos que perduram para alm de 2014.22. Sustentabilidade: ao, o caminho lgico.

    Arquitetura & AoEdio Especial Copa do Mundo 2014Janeiro 2010

    Imagem do projeto para o Mineiro (BH), dos escritrios Gerkan, Marg & Partners (GMP) e Gustavo Penna

    Arquitetos & Associados

    Gmp

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    l

    26.

    62.

    34.

    70.

    40.

    78.

    48.

    84.

    56.

    90.

  • 4 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 5

    Hubert NieNHoff

    entrevista

    O VOn Gerkan, MarG Und Partners (GMP) O escritriO qUe Vai PrOjetar O nOVO estdiO ViValdO liMa, eM ManaUs (aM), Para a cOPa de 2014, taMbM faz Parte da eqUiPe resPOnsVel Pelas refOrMas dO MaGalhes PintO, eM belO hOrizOnte (MG), e dO Man Garrincha, eM braslia (df), alM de ser cOnsUltOr Para a refOrMa dO MOrUMbi, eM sO PaUlO (sP). VOlkwin MarG, ceO, UM dOs fUndadOres, hUbert nienhOff, UM dOs sciO-diretOres e ralf aMann, rePresentante nO brasil dO escritriO qUe se tOrnOU referncia nO desenhO de arenas esPOrtiVas nO MUndO. criadOres de estdiOs Para a cOPa da frica dO sUl, Para as OliMPadas de PeqUiM (china), alM dO estdiO OlMPicO de berliM (aleManha), eles cOncederaM a seGUin-te entreVista ArquiteturA & Ao especiAl copA 2014

    Arquitetura & Ao Os Srs. falam na importncia de utilizar materiais

    existentes no Pas para a construo dos estdios para a Copa. Neste

    sentido, qual o potencial do ao brasileiro para os estdios de 2014?

    GMP Aqui, vemos um grande potencial, especialmente para o ao de

    alta qualidade. O uso deste material em projetos da GMP marca regis-

    trada, pois os assuntos de sustentabilidade, funcionalidade, economia

    e engenhosidade da forma encontram-se em primeiro plano. Por suas

    caractersticas especficas, o ao como material de construo tem um

    papel especial: o material ideal devido sua alta eficincia, ao seu

    baixo peso quando comparado com a sua capacidade estrutural, sua

    reciclagem simples e sua alta capacidade de carga, especialmente em

    construes vencendo grandes vos. O ao imprescindvel.

    Por conta da Copa de 2014, os estdios existentes iro precisar de cober-

    turas modernas, o que s possvel com o uso do ao. O fato que se

    apresenta um grande impulso ao desenvolvimento da competncia

    nacional no que se refere construo em ao.

    AA Quais os destaques do ao nos estdios que o GMP projetou ou

    reformou recentemente? Como pretende tratar os estdios brasilei-

    ros para 2014?

    GMP Achamos essencial desenvolver, para cada lugar, solues

    especficas dentro do contexto local, sua histria e paisagem. Assim,

    tambm o ao utilizado de maneira bem diferente dos estdios do

    GMP em Colnia, Berlim, Frankfurt ou na frica do Sul: em Berlim, a

    construo em balano, coberta por camada dupla em dilogo com o

    monumento histrico; em Frankfurt, em forma do princpio da roda

    de bicicleta otimizada com a cobertura retrtil interna; em Colnia,

    usando o princpio de construo da ponte j existente no parque de

    esportes; na Cidade do Cabo, como cobertura pnsil dentro do contexto

    da silhueta poderosa da Montanha da Mesa; em Porto Elisabeth, como

    cobertura em balano em dilogo material entre as reas cobertas

    por metal e por membranas; ou em Durban, como uma construo de

    cobertura sustentada por um arco monumental marcando a paisagem.

    Em primeiro plano est sempre a busca da forma especfica, particular.

    Assim, tambm os projetos do GMP para os estdios da Copa no Brasil

    mostram abordagens bem diversas. O estdio de Manaus foi inspirado

    O ao uma marca nos projetos em que sustentabilidade, funcionalidade e economia esto em primeiro plano

    rALf AMANN

    VoLkwiN MArg

    imprescindvelO ao

    o estdio governador Magalhes Pinto, o Mineiro, em belo Horizonte (Mg), que ser reformado em parceria com gustavo Penna Arquiteto & Associados

    GMP/

    Gust

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  • 6 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 7

    no vocabulrio formal da Amaznia. Em Belo Horizonte, a interveno

    reservada em relao ao monumento histrico do estdio do Mineiro

    existente estava em primeiro plano.

    No caso do Vivaldo, por exemplo, o ao utilizado como material

    altamente efetivo e esteticamente marcante para a fachada e para a

    construo da cobertura, acrescentados por membrana. O foco o uso

    das tecnologias e competncias locais. As possibilidades mltiplas com

    perfis tubulares soldados nos permitem uma liberdade de criao na

    formulao da geometria da cobertura.

    AA Os Srs. citam a valorizao das cidades aproveitando os est-

    dios novos para a realizao de intervenes sociais. Olhando para

    as grandes cidades brasileiras, em particular as cidades-sede, quais

    as principais deficincias estruturais que as arenas de 2014 podem

    ajudar a solucionar?

    GMP O impacto positivo a longo prazo para as cidades-sede da Copa

    no limitam-se s construes de cada um dos estdios, mas s medi-

    das gerais da Copa: a melhora nos sistemas de transporte, da infraes-

    trutura tcnica e de turismo, como tambm o ps-uso pblico das ins-

    talaes de esporte e de treinamento. Tambm no se deve subestimar

    os fatores suaves, psicolgicos: por meio de tal evento, o pas anfitrio

    coloca-se no centro dos interesses globais e pode apresentar-se como

    atrao turstica, alm de tornar-se um centro de investimentos econ-

    micos atraente. Um fenmeno que pde ser observado na Alemanha

    em 2006 e tambm atualmente na frica do Sul.

    AA O fato de o ao ser 100% reciclvel o coloca, no futuro, na constru-

    o de estdios e arenas esportivas?

    GMP Sim, certamente! Os aspectos de sustentabilidade so pre-

    sieGbert zanettini cOMPletOU, eM 2009, MeiO scUlO de arqUitetUra qUase 40 cOMO PrOfessOr da facUldade de arqUitetUra e UrbanisMO da UniVersidade de sO PaUlO (faU-UsP). aUtOr de PrOjetOs PreMiadOs e inOVadOres, ele cOMPleta UM PercUrsO de 1.200 Obras realizadas, qUe PassaM POr edifciOs cOMO Os da escOla PanaMericana de artes, eM sO PaUlO (sP), e O centrO de PesqUisa da PetrObras nO riO de janeirO (rj). a raciOnalizaO dO canteirO de Obras, O resPeitO aO aMbiente e a OtiMizaO da Vida til das cOnstrUes sO Presenas na bandeira qUe zanettini eMPUnha desde qUe se debrUOU Pela PriMeira Vez sObre UMa Prancheta. deMOrOU, Mas a arqUitetUra cOMe-a a Perceber nO aO UMa sada Para Os Grandes PrObleMas na cOnstrUO ciVil, diz O arqUitetO, qUe cOncedeU a entreVista a seGUir de seU escritriO, UM edifciO eM sO PaUlO tOtalMente MOntadO cOM estrUtUra e cOMPOnentes Pr-fabricadOs eM aO

    O ao oferece aplicao eficiente para estruturas de cobertura e tambm para fachadas e construes temporrias que precisam ser montadas num perodo curto

    enchidos pelo ao de forma ideal. um

    material que oferece, do nosso ponto

    de vista, uma aplicao eficiente para

    estruturas de cobertura e outras cons-

    trues de grandes vos, mas tambm

    para fachadas e construes temporrias

    que precisam ser montadas num pero-

    do muito curto.

    AA O Estdio Olmpico de Berlim e o

    Ninho do Pssaro, em Beijing, tm forte

    caracterizao determinada pelo ao. O

    que justifica sua utilizao?

    GMP Os dois projetos apresentam uma

    resposta mesma demanda: fornecer

    uma cobertura ao estdio que dar

    construo uma identidade prpria,

    reconhecimento imediato. No entan-

    to, os meios de formular esta resposta

    em termos de construo so diversos:

    enquanto o Ninho do Pssaro apresenta

    a sua arquitetura inconfundvel a partir

    do posicionamento supostamente cati-

    co dos seus perfis tubulares, o Olmpico

    de Berlim aposta em uma arquitetu-

    ra reduzida e reservada, por usar uma

    estrutura esteticamente disciplinada e

    organizada, que se celebra pelo meio da

    luz de maneira efetiva. (M.H.V.) M

    Acima, o estdio Vivaldo Lima, o Vivaldo, em Manaus, projeto em parceria com a empresa Stadia

    limpa e racional

    Urgente a busca pela obra

    Ace

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    rno/

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    a

  • 8 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 9

    Arquitetura & Ao H muitos anos o Sr. fala de como pagamos caro

    no Brasil pela falta da tradio na construo com ao. O Sr. nota que

    tem havido uma mudana neste cenrio com a evoluo recente da

    nossa indstria?

    Siegbert Zanettini - Sem dvida. Uma nova gerao de arquitetos

    est fazendo obras em ao em grande qualidade, ganhando prmios,

    superando uma falta de tradio por aqui da construo racional, tec-

    nolgica. A juventude brasileira est se libertando do concreto. Temos

    exemplos timos de uma evoluo qualitativa de design, quase tudo

    em ao, de casas pequenas a edifcios. Esta gerao supera a anterior,

    que por pura falta de formao, usava o ao como se fosse concreto,

    misturava estas duas linguagens absolutamente diversas. Essa gera-

    o de agora vai mudar isso. O Lel (Joo Filgueiras Lima) e eu que

    ramos considerados outsiders quando falvamos da tecnologia do ao

    h 40 anos finalmente estamos vendo a influncia do nosso discurso

    se realizar. Isso timo para a arquitetura e para o Pas.

    AA Isso algo que o Sr. nota dentro da universidade?

    SZ Na verdade, noto mais no mundo real que dentro da universida-

    de. O uso do ao ainda muito pequeno nos dados oficiais. Mas na

    prtica, vejo todos usando ao. Recentemente, me chamou a ateno

    as facilidades do ao que esto sendo descobertas no s pelos jovens

    arquitetos de que falo, mas tambm pelo sujeito que faz obra simples,

    sem projeto. aquele cara que quer fazer puxadinho, coberturinha,

    a aplicaozinha da casa dele, o fechamento da sua loja. Este tipo de

    No tenho razo de construir se no for para acrescentar positivamente para o homem, para o ambiente, para as prximas geraes

    construo, que antes era um improvisa-

    do de madeira e tijolo, comea a ser feita

    em ao pela facilidade que as peas, que

    hoje saem prontas das fbricas, oferecem.

    AA Mas, no nesta facilidade da tec-

    nologia que se encontra o ganho social

    que o Sr. v no uso do ao, certo?

    SZ O ganho social, trabalhista, est em

    primeiro lugar no canteiro de obras. Voc

    no emprega um trabalhador sem forma-

    o, sem contrato, para uma obra em ao.

    A obra em ao requer organizao: unifor-

    me, capacete, culos, aparelho auricular,

    quando o caso. Isto deveria ser a rea-

    lidade de todo o trabalho na construo

    civil no Pas, que ainda mais perigosa do

    que deveria. Uma das razes a falta de

    informao de quem trabalha comum

    ver um sujeito de chinelo no meio da obra,

    cheia de prego e ferro. Na obra dos Centros

    de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes, nin-

    gum entra na obra sem treinamento.

    Treinamento para produo e treinamen-

    to para a sua segurana.

    AA A sustentabilidade tem se apre-

    sentado como um argumento impor-

    tante, atualmente, na deciso pelo ao

    nas construes?

    SZ H 50 anos eu digo que o ao resol-

    ve melhor as grandes obras. Mas isso j

    evidente para todos. As construtoras

    sabem que, para erguer grandes obras

    como pontes, aeroportos, estaes, o ao

    a melhor escolha. Para os estdios tam-

    bm uma obviedade: nada pode supe-

    rar o ao para a execuo de coberturas.

    Mas a questo vai alm. Temos de buscar

    a obra limpa, racional, porque essa uma

    busca urgente, o caminho mais lgico, o

    que realmente vale a pena. No tenho

    razo de construir se no for para acres-

    centar positivamente para o homem,

    para o ambiente, para as prximas gera-

    es. O cimento altamente agressivo

    ao meio, enche as cidades de caambas

    cheias de entulho. Ao passo que com

    o ao tiramos hoje da porta da fbrica

    um edifcio todo, para apenas montar,

    em silncio, sem sujeira ou desperdcio

    de tempo e energia sobre o terreno que

    for. No h argumento que derrube este

    fato. Todos sabem que o ao 100 % reci-

    clvel, mas a discusso no fica apenas

    no material. Ele organizado em todas

    as etapas de sua vida til na construo

    e temos de observar isso tambm como

    proposta de respeito ambiental.

    AA A Copa do Mundo de 2014 parece

    ser uma grande oportunidade para a

    construo em ao.

    SZ Sem dvida. Para a Copa precisare-

    mos fazer muito mais do que atender s

    exigncias da FIFA. A misso do profissio-

    nal vai alm de fazer o estdio. Temos

    exemplos de grandes erros que precisa-

    mos evitar. O Estdio do Morumbi, por

    A escola Panamericana de Artes, em So Paulo (SP), foi executada em ao para atender tambm natureza conceitual do espao Acima, o estdio do arquiteto durante as obras, na capital paulista: inteiro exe-cutado em estruturas pr-fabricadas. Abaixo, vista area do Cenpes: canteiro de obras limpo, organizado e silencioso

    exemplo. Existe uma questo importante que o entorno, algo que

    dever ser resolvido antes de qualquer interveno na arena em si.

    De onde chegaro as pessoas para os jogos? Como este trnsito se

    organizar? E depois dos jogos, o que ganha a capital paulista com

    essas obras? A grande mobilizao dever ser primeiramente em

    torno da infraestrutura das cidades-sede. Depois, preciso pensar

    nos destinos das obras, como os prprios estdios que sero erguidos.

    Seria uma truculncia construir 12, 15 monumentos e depois deix-los

    s traas. (A.W.) M

    foto

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  • 10 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 11

    capacitao da indstria

    A cAdeiA produtivA do Ao est prontA pArA As demAndAs dA copA 2014. mAs A questo vAi Alm disso: todo o setor, dA produo dis-tribuio, pAssAndo pelA formAo profissionAl, se prepArA pArA dAr mAis um sAlto nAs suAs competnciAs. quem gAnhA o pAs

    Pronto para vencer

    Um conjUnto de aes adotadas nas ltimas dcadas garantiu cadeia pro-

    dutiva do ao um processo de amadurecimento e modernizao, assegurando ao

    setor o preparo necessrio para atender demanda esperada em funo da Copa

    de 2014. Pelo lado da indstria brasileira do ao, desde a concluso do processo de

    privatizao em 1994 at 2004, foram investidos US$ 14 bilhes para modernizao

    do parque industrial e eliminao de gargalos.

    A partir de 2004, os investimentos foram direcionados para o aumento da capa-

    cidade instalada, que passou de 28 milhes de toneladas para as atuais 41 milhes

    de toneladas. Foram investidos neste perodo US$ 12 bilhes. A previso era investir

    registrava 34 kg/hab, volume quase dez vezes inferior ao atual. O

    presidente da Associao Brasileira da Construo Metlica, Jos

    Eliseu Verzoni, salienta ainda que a construo civil o setor no

    qual o ao apresenta o melhor potencial de crescimento.

    Para atender ao mercado, a indstria produtora de ao ampliou a

    oferta de produtos para a construo em ao: perfis laminados, tubos

    com ou sem costura, alm de perfis soldados e perfis formados a frio.

    Quanto ao envelope do edifcio, ou seja, a cobertura e o fechamento,

    h oferta de vrios tipos de aos inoxidveis e de aos revestidos, tais

    como galvanizados, liga alumnio-zinco e pr-pintados.

    O presidente do Instituto Ao Brasil (IABr) define que o Pas

    experimenta um movimento de transio da construo conven-

    cional para a industrializao. Prova disso que h investimentos

    crescentes em produtos industrializados, como os steel decks, pai-

    outros US$ 40 bilhes at 2012. Com a

    crise econmica, a partir de setembro

    de 2008, esses projetos esto sendo

    reavaliados. Entretanto, dois novos

    projetos continuam em andamento

    visando ampliar a oferta de produtos

    para o mercado interno.

    Seja qual for o montante, fica a cer-

    teza de que capacidade produtiva est

    mais do que pronta para atender s

    muitas obras que invadiro as cida-

    des por conta de 2014. O desafio ser

    mobilizar o Pas dentro de um rigoroso

    cronograma de obras. a grande opor-

    tunidade de um salto de modernidade

    com o maior uso do ao gerando bene-

    fcios ambientais, afirma o presidente

    do Instituto Ao Brasil, Flvio Roberto

    Silva de Azevedo.

    Segundo o presidente, ainda no

    possvel detalhar previses da deman-

    da em funo da Copa de 2014. O certo

    que o evento pode mudar a cultu-

    ra na construo civil e impulsionar a

    aplicao de sistemas industrializados

    em ao no Pas. No Brasil, o consumo

    per capita de produtos siderrgicos

    hoje se mantm na faixa dos 100 kg/

    hab. Em 2008, houve um aumento de

    7,6%, passando para 127 kg/hab. Apesar

    do aumento, o indicador fica muito

    abaixo do registrado em pases como

    Mxico (148 kg/hab) e China (332 kg/

    hab). Cerca de um tero da produo

    de ao no Brasil exportada porque o

    mercado interno hoje no a absorve.

    O consumo per capita de ao refle-

    te o nvel de investimento e infraes-

    trutura de um pas, destaca Azevedo,

    citando a China como comparativo. Em

    1980, quando o Brasil consumiu 100 kg/

    hab de produtos siderrgicos, a China

    Capacidade instalada da indstria do ao no Brasil

    (toneladas de ao em milhes)

    Consumo per capita de ao em 1980 e 2008:

    (kg de produtos de ao por habitante)

    Brasil 100 127

    Mxico 120 148

    China 34 332

    Chile 56,4 153

    Espanha 202 404

    1980 2008

    40

    35

    30

    2002 2004 2006 2008

    41.462

    37.074

    34.02233.388

    Robe

    rto

    Inab

    a

  • 12 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 13

    Ideias em aodita Monteiro. Ele afirma, inclusive,

    que o trabalho com ao atualmente

    apoiado no uso de computadores e a

    adaptao rpida dos fornecedores

    de software foi determinante para a

    absoro dos novos conceitos.

    Tecnicamente, no existe restrio

    ao uso do ao, assegura Monteiro, para

    quem o desafio incorporar o uso das

    estruturas em ao rotina da constru-

    o civil. Ele acredita que o salto a ser

    dado com a Copa de 2014 traz a vanta-

    gem do aumento da escala, com conse-

    qente queda dos preos. As estrutu-

    ras em ao tm tudo para se tornarem

    ainda mais competitivas.

    Para disseminar conhecimen-

    to sobre o uso do material, o Centro

    Brasileiro da Construo em Ao

    (CBCA), entidade que tem o Instituto

    Ao Brasil como gestor, dedicou aten-

    o especial identificao das neces-

    sidades de material tcnico. Diversos

    manuais de construo em ao foram

    lanados, alm da promoo de cursos

    on line, como Introduo ao Uso do Ao

    na Construo e Sistemas Estruturais

    em Ao na Arquitetura, voltados para

    arquitetos, engenheiros e estudantes

    que desejam conhecer mais sobre essa

    tcnica de construo que tem cresci-

    do nos ltimos anos no Pas.

    Pelo lado dos distribuidores tam-

    bm no existem gargalos, informa o

    presidente do Instituto Nacional dos

    Distribuidores de Ao (Inda), Carlos Lou-

    reiro. Historicamente entre 30% e 40%

    da demanda por ao atendida pelos

    distribuidores, responsveis por colocar

    o produto mais perto do mercado. O

    setor est pronto para atender ao cresci-

    mento da demanda, assegura. (m.m.) M

    nis pr-fabricados para fechamento, drywall, shafts, tubulaes

    flexveis de polietileno e de CPVC. Alm disso, novas tecnologias

    e sistemas construtivos esto se multiplicando nos canteiros de

    obras, como os componentes com pilar misto e light steel framing.

    Avano profissional

    A capacitao tambm pode ser notada na formao dos engenhei-

    ros e arquitetos. A cultura da estrutura metlica relativamente

    nova no Brasil e os profissionais esto incorporando estes conceitos

    ao seu dia a dia, explica o presidente da Associao Brasileira de

    Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), Marcos Monteiro. Ele

    conta que a reviso da norma tcnica ABNT NBR 8800, que trata de

    projetos e execuo de estrutura em ao, foi um grande passo para

    harmonizar os conceitos e torn-los mais amigveis aos projetis-

    tas, historicamente acostumados com o concreto. A nova verso

    entrou em vigor em setembro de 2008. A partir da, o corpo tc-

    nico ficou muito mais confortvel para trabalhar com o ao, acre-

    Consumo por setores consumidores finais (2008):

    AprovAdAs pArA receber os jogos dA copA de 2014, As cidAdes-sede tm pelA frente Alguns desAfios cruciAis pArA estArem de fAto AptAs A Acolher As pArtidAs e os torcedores pArA os jogos. A reformA dos estdios, A criAo de leitos e estAcionAmentos AindA insu-ficientes em muitAs dAs sedes , Alm de todA A A orgAnizAo dA circulAo viriA so Algu-mAs questes pArA As quAis o pAs ter de se prepArAr em breve. convidAdos pelA revis-tA, Arquitetos com A trAjetriA pontuAdA por projetos premiA-dos e que fAzem uso expressivo e importAnte do Ao em suAs obrAs propem, Aqui, solues pArA Alguns destes gArgAlos de um ponto de vistA ideAl nenhum deles concorre A pro-jeto Algum pArA 2014. o Arqui-teto siegbert zAnettini e os escritrios AndrAde morettin, fgmf e unA contribuem com leiturAs ArquitetnicAs de solues em Ao que, Alm de resolverem A questo pontuAl do evento, podem ser incor-porAdAs pelA cidAde e suAs demAndAs cotidiAnAs. (a.W.)

    ensaio

    33,4%

    25,5%

    20,9%

    5,9%

    5,8%

    3,6%4,9%

    Construo civil: 33,4%Automotivo: 25,5%Bens de capital: 20,9%Utilidades domsticas e comerciais: 5,9%

    Tubos com costura pequeno dimetro: 5,8%Embalagens: 3,6%Outros: 4,9%

    FGM

    F

  • 14 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 15

    AndrAde Morettin Arquitetoshotis provisrios

    A proposta do escritrio Andrade Morettin tambm trans-cende o evento e apresenta uma soluo que permanece na cidade-sede aps o final dos jogos. seguindo uma expe-rincia de habitao popular que lhes valeu o Living steel de 2007, os arquitetos do escritrio propuseram a criao de edifcios com estruturas em ao espetados no solo como palafitas, possveis de serem erguidos sobre solos pouco resistentes carga, como so os de muitas das cidades litorneas e porturias, que apresentam deficit de leitos para receber os turistas da Copa. A ideia que estes hotis provisrios possam depois servir como moradia, diz vinicius Andrade, que assina com Marcelo Morettin a proposta. Alm de rpida, a construo flexvel, podendo ter apartamentos adaptados para a ocasio. A estrutura permite tambm um superaproveitamento da ventilao, importante para as temperaturas altas, sobretudo das cidades-sede localizadas nas regies norte e nordeste dois dos maiores deficits habitacionais do pas.

    scios h 12 Anos, mArcelo morettin e vinicius AndrAde so Autores de obrAs leves, bAseAdAs no mximo uso dA pr--fAbricAo disponvel no pAs. nomes frequentes nAs listAs de vencedores de concursos e prmios dentro e forA do pAs, gAnhArAm, em 2007, o living steel por umA soluo de hAbi-tAo sustentvel em Ao no recife

    ensaio

  • 16 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 17

    ZAnettini ArquiteturA

    edifCio-gArAgeM

    o arquiteto siegbert Zanettini resolve com sua proposta uma pauta ainda em aberto nas discusses em torno do grande evento espor-tivo: estacionamentos, onde e como constru-los. tratando-se dos estdios j existentes e sem garagens adequadas nas proximida-des como o caso do Morumbi, em so paulo, descarta-se a pri-meira hiptese, subterrnea. para estdios em reas adensadas, dificilmente se conseguiria um quarteiro inteiro, diz o arquiteto. A soluo de Zanettini foi a diviso do edifcio garagem em dois quarteires, ligados por passarelas que tambm so as rampas de acesso e circulao dos carros. Com estruturas pr-fabricadas e nossa indstria est prontssima para isto possvel montar este estacionamento em menos de trs meses e depois remov-lo intei-ro sem grande transtorno, podendo aproveitar a estrutura para um outro local, afirma o autor da proposta que sugere a mesma solu-o para ligar os edifcios do hospital das Clnicas em so paulo.

    siegbert zAnettini professor dA fAu-usp. homenAgeAdo pelA 6 bienAl internAcionAl de ArquiteturA (biA), em que foi representAdo por sAlA especiAl, completA 50 Anos de cArreirA com obrAs premiAdAs e projetos em AndAmento que trAduzem umA preocupAo imperAtivA pelA rAcionAlizAo dos cAnteiros de obrAs no pAs. conhecido por suA defesA do uso do Ao nAs construes, ele hoje se dedicA A projetos de grAnde AlcAnce dentro dos conceitos de sustentAbilidAde

  • 18 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 19

    unA Arquitetos

    estAo de pAssAgeiros

    A partir da percepo de que a mobilidade urbana uma das principais questes das grandes metrpo-les nos dias atuais e um dos maiores gargalos das cidades brasileiras , os arquitetos do una propuse-ram a construo de estaes para servir o conjunto integrado de trens e metrs das cidades. A maior transformao das grandes cidades como so paulo (sp) deve passar pela questo do transporte em massa, diz fernando vigas, um dos autores da proposta. o grupo partiu do cenrio paulistano para propor o abrigo em ao, que deve ao mesmo tempo proteger com conforto os passageiros e servir de passagem para os pedestres. podemos imaginar esta estao para a linha f de trens da Companhia paulista de trens Metropolitanos (CptM), que cruza municpios importantes da grande so paulo ao mesmo tempo em que se avizinha em parte de sua extenso do parque ecolgico do tiet. Assim, a estao serviria tambm como uma passagem segura e gratuita para quem quisesse atravessar para o parque. A estrutura metlica da proposta seria organizada pelos prticos, que deixariam a estao livre de pilares e manteriam coberto tam-bm o mezanino, nivelado com a rua.

    fernAndo vigAs, cristiAne muniz, fAbio vAlentim e fernAndA bArbArA so scios do unA Arquitetos desde 1996 e desde l colecionAm prmios importAntes, como o dA 5 biA pelo projeto do centro universitrio mAriA AntniA, dA usp. um dos destAques dA suA produo so As propostAs ligAdAs requAlificAo urbAnA, umA dAs quAis premiAdA pelA 7 biA

  • 21 &ARQUITETURA AO

    forte, giMeneZ & MArCondes ferrAZ Arquitetos

    integrAo urbAnA de estdio

    os arquitetos do fgMf partiram de uma demanda concreta para a Copa, a construo de um novo estdio em Manaus (AM), e propuseram um projeto de integrao para a regio que vai receber a nova arena. o local rene, hoje, equipamentos pblicos realizados em pocas e razes diferentes. o novo estdio e o edifcio de estacionamento sero obras para a Copa de 2014. Mas j existem no local a arena Amadeu teixeira e a vila olmpica, obras de 1998, alm de um autdromo e um sambdromo equipamentos que precisam se comunicar com as novas estruturas, observa fernando forte, um dos criadores da proposta. buscamos criar uma identidade urbana que permeasse estas construes j existentes e trouxesse reco-nhecimento imediato do cidado sobre a rea. o primeiro passo seria mudar de local o sambdromo para onde , atualmente, o pequeno autdromo. o espao residual transforma-se em um grande parque pbli-co, que integra e permeia todas as construes. o novo parque olmpico torna-se o articulador de todos os edifcios, ligados por estruturas leves em ao, que em alguns momentos funcionam como passarelas ligando ruas e, em outros, como organizadoras de espaos para atividades como concertos ou shows, ou reas livres, porm sombreadas. os banzos da estrutura so iluminados noite e o parque torna-se marco na paisagem da cidade justamente no ponto mdio da ligao norte-sul de Manaus.

    fgmf siglA dA unio de fernAndo forte, loureno gimenez e rodrigo mArcondes ferrAz - tem se tornAdo refernciA frequente novA ArquiteturA brAsileirA em publicAes especiAlizAdAs no mundo inteiro. vencedores do prmio jovens Arquitetos concedido pelo instituto de Arquitetos do brAsil (iAb) em 2009, eles ApresentAm um trAbAlho mArcAdo pelo protAgonismo dos mAteriAis e pelA inventividAde nos progrAmAs construtivos

  • 22 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 23

    sustentabilidade

    A CopA do Mundo de 2014 promete ser verde, dada a preocupa-

    o com a sustentabilidade ambiental do evento. Os arquitetos tm

    diante de si o desafio de utilizar materiais e equipamentos ambien-

    tal, econmico e socialmente adequados, tratar e destinar resduos

    lquidos e slidos de forma ambientalmente correta, assim como

    optar por sistemas construtivos que melhor atendam s premissas

    da sustentabilidade. O evento tambm deve seguir os chamados

    green goals, uma lista de metas verdes estabelecidas pela FIFA a

    partir da Copa da Alemanha, em 2006.

    A sustentAbilidAde est cAdA vez mAis perto do centro dAs preocupAes mundiAis e A prxi-mA copA do mundo est no foco deste debAte. A pArticipAo do Ao nAs grAndes obrAs que sero reAlizAdAs em funo do evento contribui pArA A reAlizAo dA construo AmbientAl-mente eficiente, sociAlmente corretA e economicAmente vivel

    Alm do verde desperdcios e a quantidade de entu-lhos e demais resduos nos canteiros de obras.O engenheiro Fernando Orsini

    Rodarte, superintendente de obras da

    Construtora Andrade Gutierrez, desta-

    ca que o uso do ao facilita o acom-

    panhamento da obra, reduz o custo

    homem/hora e desburocratiza o can-

    teiro de obras, pois no h necessidade

    de se montar centrais de carpintaria,

    concreto e armao. Alm de se traba-

    lhar em local mais limpo e organizado,

    Tanta ateno com a sustentabi-

    lidade abre portas para o ao, mate-

    rial 100% reciclvel e o mais reciclado

    no mundo. O uso do ao nas obras de

    construo civil possibilita a utilizao

    de estruturas mais leves, que exigem

    fundaes de menor profundidade. O

    ao tambm contribui para acelerar

    a obra e reduz significativamente os

    racionaliza-se e, muitas vezes, diminui se radicalmente o uso da

    madeira. Rodarte ainda enfatiza que o uso do ao facilita o plane-

    jamento da obra medida que a integrao com o fabricante ou

    fornecedor da estrutura permite aos mestres-de-obras saberem

    exatamente o que deve ser feito em cada etapa, acelerando a velo-

    cidade construtiva e diminuindo os transtornos que, comumente,

    acontecem nas obras.

    O professor Francisco Ferreira Cardoso, da Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo (USP) e membro do Conselho Brasileiro

    de Construo Sustentvel, destaca que a construo em ao se

    consolidar ainda mais quando a construo civil brasileira for

    diferente do que e adotar de fato os princpios da industrializao

    e da modernizao.

    Estrutura em ao com vedao em painis de vidro, perfeitamente ajustado ao relevo do morro e permevel luz solar, traduz a adaptabilidade do ao s demandas de sus-tentabilidade, preocupao cada vez maior das edificaes contemporneas

    Mar

    ilyna

    /Dre

    amst

    ime.

    com

  • 24 &ARQUITETURA AO

    O ao tem grande durabilidade e extremamente adaptvel.

    Um edifcio em ao pode ser mais facilmente modificado, permi-

    tindo rearranjos que se adequam s necessidades dos usurios e

    prolongam sua vida til.

    Os demais pases que sediaram, mais recentemente, a Copa do

    Mundo e outros eventos esportivos de grande magnitude, como

    as Olimpadas, substituram os sistemas construtivos tradicionais

    pelo uso do ao no s nos estdios como tambm na ampliao ou

    reforma de aeroportos, obras de infraestrutura e diversos tipos de

    edificaes. Os cronogramas apertados dos megaeventos esportivos

    requerem que os materiais usados nas obras sejam resistentes, dur-

    veis e flexveis, qualidades estas plenamente atendidas pelo ao.

    Sob a ptica ambiental, quanto mais for utilizado o ao nas

    construes maior ser o ndice de reciclabilidade dos resduos das

    estdios

    aeroportos

    hotis

    hospitais

    estaes de passageiros

    mobilirio urbano

    pontes e passarelas

    estacionamentos

    infraestrutura

    centros comerciais

    obras, assim como daqueles gerados ao

    se findar a vida til da edificao, mui-

    tos anos depois. O ao contido nas edi-

    ficaes coletado e retorna s usinas

    siderrgicas para ser reciclado, infini-

    tamente, sem perder nenhuma de suas

    qualidades. Ademais, o ao reciclado

    contribui para reduzir as emisses de

    CO2 do processo siderrgico, reduzindo

    os impactos sobre a mudana do clima

    e o consumo de recursos naturais no

    renovveis. Cada tonelada de ao reci-

    clada representa uma economia de

    1.140 kg de minrio de ferro, 154 kg de

    carvo e 18 kg de calcrio, sem perda da

    qualidade, segundo o Steel Recycling

    Institute, entidade americana para

    reciclagem do ao.

    O sculo 21 momento de mudana

    de paradigma, incorporando-se defini-

    tivamente o conceito da sustentabili-

    dade ambiental no s nos projetos e

    obras, mas tambm no nosso dia a dia.

    Com vistas manuteno da qualidade

    de vida no planeta, responsabilidade

    de todos racionalizar o consumo de

    energia e de gua, segregar e reciclar

    materiais e empregar tcnicas e tec-

    nologias limpas em quaisquer das

    nossas atividades. As futuras geraes

    agradecero. (M.M.) M

    A preparao para a Copa

    do Mundo de 2014 vai

    estimular um crescimen-

    to raramente visto na

    construo civil brasilei-

    ra. Neste boom de edifica-

    es, algumas tipologias

    se destacam pela impor-

    tncia para o evento e

    para o Pas. Esta edio de

    Arquitetura & Ao rene

    empreendimentos nessas

    diferentes tipologias que,

    alm de serem referncias

    arquitetnicas, fazem uso

    exemplar do ao

    de referncia

    Consumo

    Descarte

    Sucata

    Reciclagem

    Produo de bens intensivos em ao

    Obras

    Os benefcios do ao para a construo sustentvel

    > 100% reciclvel> Racionalizao de materiais e mo-de-obra> Maior facilidade e economia de transporte> Reduo de gerao de entulho> Estmulo ao uso de mo-de-obra especializada> Maior facilidade de desmontagem e

    reaproveitamento

    > Promoo da segurana no canteiro de obras> Reduo do impacto na vizinhana> Maior flexibilidade> Compatibilidade com outros materiais> Alvio de carga nas fundaes

  • &ARQUITETURA AO 27

    Arenas do futuro Com a Copa de 2014, o Brasil dever sair da pr-histria na produo de estdios de futeBol para Chegar moderna efiCinCia das arenas multiusoDos 12 estDios pr-selecionados para a

    Copa, trs so privados e nove, pblicos. Seis

    passaro por grandes reformas e seis sero

    reconstrudos ou construdos da estaca zero.

    Apenas um tem menos de 30 anos de cons-

    truo. A FIFA, entidade que comanda a Copa

    do Mundo, deixou clara sua posio por sus-

    tentabilidade no projeto e modernidade nas

    instalaes, como condio para a realizao do

    evento. Rapidez no cumprimento destas premis-

    sas ser fundamental para o sucesso desta gran-

    de oportunidade para o Pas.

    estdios

    Em 1998, em Curitiba, nascia a primeira cobertura em ao para os estdios de futebol no Brasil. Precursora, a Arena da Baixada ganhar cobertura para 100% dos assentos

    Rafa

    el S

    ouza

    Divu

    lga

    o

  • 28 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 29

    Construdo s pressas para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, o Estdio Joo Havelange consumiu 2,7 mil toneladas de ao, parte na cobertura, parte nas estruturas

    "Por conta da Copa de 2014, os est-

    dios existentes iro precisar de cober-

    turas modernas, o que s possvel

    com o uso de ao", observa Ralf Amann,

    scio do GMP, responsvel pelo desen-

    volvimento de alguns dos principais

    projetos para a Copa no Brasil (leia

    entrevista exclusiva pgina 4). "O

    fato que se apresenta uma grande

    oportunidade ao desenvolvimento da

    competncia nacional no que se refere

    construo em ao", diz o arquiteto.

    Dos estdios que sero reformados,

    o mais moderno o Arena da Baixada,

    em Curitiba, pertencente ao Clube

    Atltico Paranaense e construdo em

    1998, dentro do conceito de arena

    multiuso. O campo de futebol divide o

    espao com um centro comercial, uma

    academia de ginstica e uma churras-

    caria. O antigo estdio foi demolido e

    o novo, erguido em 18 meses. Foram

    utilizadas 3,6 mil toneladas nas estru-

    turas e coberturas.

    O desafio atual adequar a arena s

    exigncias da FIFA, o que inclui a insta-

    lao de uma nova cobertura e a amplia-

    o da capacidade para 40 mil especta-

    dores, alm de outras obras. Sero mais

    3,4 mil toneladas de ao, sendo um tero

    na cobertura. O ao ajuda na eficin-

    cia da obra pela qualidade do produto

    nacional e pela ampla gama de solues

    criativas que o material permite, desta-

    ca o engenheiro Flvio Vaz, responsvel

    pelas reformas para 2014.

    O Estdio Olmpico Joo Havelange,

    construdo s pressas para os Jogos

    Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em

    2007, tambm se beneficiou da agili-

    dade propiciada pelo ao: so 2,7 mil

    toneladas na estrutura a cobertura

    tem 35 mil m2.

    Volta Redonda

    Um bom exemplo em construo de

    arenas esportivas com ao no Brasil

    o Estdio da Cidadania, em Volta

    Cels

    o Br

    ando

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    o Br

    ando

    My

    Zoom

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    Zoom

  • 30 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 31

    O grande arco de ao substituiu a antiga fachada do mais tradicional estdio brit-nico e tornou-se um dos principais cartes-postais de Londres. Alm de vistoso, forte: sustenta metade do peso da cobertura de Wembley. Na pgina ao lado, o Estdio da Cidadania um bom exemplo da sustentabilidade do ao

    Redonda (RJ), feito para receber 18 mil espectadores. A obra con-

    sumiu 11 meses de trabalho, entre 2003 e 2004, e 970 toneladas

    de ao (perfil soldado, tipo patinvel e lajes steel deck). O uso do

    ao foi pensado desde o projeto arquitetnico porque a obra exigia

    agilidade e clareza de custos. Ns pudemos mostrar e, nisso, o ao

    foi fundamental que uma obra pblica bem planejada, com ora-

    mento limitado, pode ser feita sem exageros, afirma Ildony Bellei,

    engenheiro responsvel pelo projeto das estruturas e toda a parte

    metlica do Estdio da Cidadania.

    O Estdio da Cidadania foi planejado para ter um espao mul-

    tiuso, para gerar atividades sociais e esportivas para a sociedade,

    e receita no s durante os jogos de futebol. Sob as estruturas das

    arquibancadas fica o Centro de Sade para idosos, com academia

    e mdicos, uma sala de musculao, feita especificamente para a

    recuperao de cardacos, e centros de ensino a distncia. Estdios

    de futebol tm de ser voltados para a comunidade, avalia Bellei.

    O que Volta Redonda fez no novidade no mundo moderno.

    O ao tambm o personagem principal do chamado Templo

    do Futebol, o estdio de Wembley, em Londres. Em 2000, 76 anos

    depois de sua festiva inaugurao, o velho Wembley comeou a ser

    demolido. A sociedade inglesa, embasada em valores socioecon-

    Cerca de 500 cilindros se prendem

    a 41 anis, que formam a estrutura,

    construda no cho por mais de 200

    trabalhadores. Depois de pronto, o Arco

    foi erguido e afixado na face norte do

    estdio, para ajudar a suportar o peso

    da cobertura e o movimento de aber-

    tura e fechamento do teto retrtil.

    Vimos que uma cobertura retrtil,

    em ao, era mais eficiente do que uma

    fixa em geomembrana; ento, precis-

    vamos de algo muito forte para supor-

    tar o grande peso, explica Lenczer. Ele

    informa que, alm do Arco, Wembley

    tem mais 38 mil toneladas de ao em

    suas estruturas, cobertura e reforos.

    O ao foi considerado o material mais

    eficiente, por uma consultoria finan-

    ceira que contratamos para o projeto,

    diz o arquiteto. (M.H.V.) M

    micos e tambm estticos, decidiu que

    a simptica fachada com as torres do

    projeto de Sir Edward Watkins, de 1889,

    seria trocada. A ideia era dar uma nova

    feio ao principal centro esportivo de

    Londres, criando um novo e impactan-

    te smbolo britnico no lugar de um

    tradicional carto-postal do pas.

    O ao nos propiciou uma oportu-

    nidade esttica, uma soluo prtica e

    o melhor custo, conta Alistair Lenczer,

    scio do escritrio Foster and Partners,

    de Londres, que fez e executou o pro-

    jeto. Ele se refere ao famoso Arco, uma

    fabulosa estrutura em ao, de 1,75 mil

    toneladas, 7 m de dimetro, 315 m de

    comprimento, que se ergue a 133 m do

    solo em seu ponto mais alto e sustenta,

    com cabos de ao, metade do peso da

    cobertura de 40 mil m2 de ao. E, ainda,

    pode ser visto do outro lado de Londres.

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  • 32 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 33

    ESTDIO JOAQUIM AMRICO (ARENA DA BAIXADA)

    > Local: Curitiba (PR)> Data de concluso: junho de 1999> rea de construo: 43.700 m> Projeto de arquitetura: Escritrio

    de Arquitetura Jlio Neves> Projeto estrutural: Tesc Engenharia> Construtora: Voltoragui Engenharia> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Fem Estruturas Metlicas e Brafer

    > Volume de ao: 3.600 t.> Ao empregado: ao estrutural

    com LE mnimo 300 MPa e ao galvanizado (na cobertura)

    > Local: Rio de Janeiro (RJ)> Data de concluso: novembro de 2006> rea de construo: 116.263,40 m> Projeto de arquitetura: arq. Carlos

    Porto, Geraldo Lopes, Gilson Santos e Jos Raymundo F. Gomes

    > Projeto estrutural: Alpha Engenharia de Estruturas (eng. Flvio D' Alambert) e Andrade & Rezende Engenharia de Projetos (eng. Jeferson Luiz Andrade)

    > Construtora: Consrcios Racional- -Delta-Recoma e OAS-Odebrecht

    > Fabricante e montagem da estrutura metlica: Indutech Industrial e Montagem e Sulmeta

    > Volume de ao: 3.700 t.> Ao empregado: ASTM A36, ASTM

    A572, ao estrutural com LE mnimo 300MPa e ao estrutural de maior resistncia corroso atmosfrica

    ESTDIO OlMpICO JOO HAvElANgE

    ESTDIO DA CIDADANIA> Local: Volta Redonda (RJ)> Data de concluso: maio de 2004> rea de construo: 13.700 m> Projeto de arquitetura: arq. Ricardo

    Pires> Projeto estrutural: IHB Engenharia

    e Consultoria (Ildony Bellei e Humberto Bellei)

    > Construtora: IPPU> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: NSC, Soteme e Morais Lopes

    > Volume de ao: 970 t.> Ao empregado: ao estrutural

    de maior resistncia corroso atmosfrica

    Copa de 2010O ao est sendo amplamente empregado na construo e reforma de dois dos mais importantes estdios da Copa do Mundo de 2010, que ser realizada na frica do Sul. O Green Point Stadium, localizado na Cidade do Cabo, dever receber uma das semifinais da competio, e o Soccer City, situado em Johannesburgo, est em fase final de reforma e ser o palco da partida final da competio.

    A cobertura do estdio Green Point ser formada por estru-turas em ao com elementos tubulares. O anel externo de compresso, feito de 1,6 mil toneladas de ao, se ligar a um anel de trao interno por 72 cabos radiais de ao. Projetado pelo escritrio Von Gerkan, Marg und Partner (GMP), o Green Point ter capacidade para receber 68 mil espectadores.

    O design do Soccer City foi inspirado no calabash, uma argila tpica da frica. O estdio original dar lugar a uma arena esportiva com capacidade para 94 mil espectadores. Est sendo construda uma nova estrutura de cobertura, for-mada por trelias de ao sustentadas por 28 suportes. Mais de 8 mil toneladas de ao estrutural devem ser usadas na refor-ma, alm das 9 mil toneladas de ao de reforo. O escritrio sul-africano Boogertman & Partners est encarregado do projeto arquitetnico de reforma e ampliao do Soccer City. Fo

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    Acima, obras no Estdio Greenpoint, palco de uma das semifinais da Copa do Mundo de 2010. O anel externo sozinho leva mais de 1,6 mil toneladas de ao. Abaixo, o Soccer City, com design influenciado por uma argila africana. Trelias de ao sustentam a cobertura do estdio, reformado para o evento

  • 34 &ARQUITETURA AO

    simples, na qual uma sequncia de

    vigas treliadas planas cortam trans-

    versalmente o edifcio. A estrutura da

    cobertura travada por vigas longitu-

    dinais e mos-francesas. A que forma o

    piso do mezanino e o pavimento tcni-

    co foi executada com trelias em perfis I,

    assim como os pilares.

    Portas de entradaOs aerOpOrtOs brasileirOs serO Os pOrtes para Os mais de 500 mil turistas estrangeirOs esperadOs para a COpa dO mundO 2014. a tarefa de COnstruir Ou ampliar Os aerOpOrtOs prximOs Ou nas prprias Cidades-sede da COpa exigir rapidez na exeCuO das Obras de COmplexOs terminais para O grande eventO espOrtivO

    O Aeroporto Internacional Augusto Severo consumiu cerca de 1.200 toneladas de ao nos pilares, lajes steel deck e forro. A opo pelo material considerou fatores como rapidez construtiva, sistema mais limpo para o canteiro de obras e leveza, fator que minimizou as car-gas nas fundaes. A grande cobertura (foto ao alto) foi feita com um jogo de superfcies curvas, de modo a permitir a entrada de luz

    Autor do projeto do Aeroporto Internacional Augusto Severo,

    localizado em Natal (RN), uma das cidades-sede da Copa 2014, Sergio

    Parada acredita que o ao seja um dos materiais mais indicados

    para se cumprirem os prazos dos projetos de ampliao e constru-

    o que devem ocorrer nos prximos anos. Alis, a experincia do

    arquiteto com o uso do ao em obras aeroporturias lhe confere for-

    tes credenciais: o aeroporto de Natal o primeiro em sua categoria

    no Brasil a ter a estrutura totalmente concebida em ao.

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    Nele, o material est nos pilares, lajes

    steel deck, cobertura e forro. Este tipo

    de arquitetura deve preocupar-se com

    o usurio, favorecer a leitura do edifcio,

    respeitando a escala humana e propor-

    cionando deslocamentos claros, afirma

    Parada. Por isso, o aeroporto de Natal

    foi concebido a partir de uma estrutura

  • 36 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 37

    No aeroporto de Fortaleza (acima e abaixo), uma malha curva cobre o vo central. As obras da construo de quatro andares foram reali-zadas em dois anos, sem impactar o edifcio vizinho, um prdio dos anos 1960

    Projetado na dcada de 1930 pelos irmos Milton e

    Marcelo Roberto, o Aeroporto Santos-Dumont, no Rio de

    Janeiro, foi descaracterizado por reformas e adaptaes, at

    que, em 1998, um incndio o destruiu quase por completo.

    Recuperado com projeto do arquiteto Sergio Jardim, retomou

    sua volumetria original e foi tombado pelo Instituto Estadual do

    Patrimnio Artstico e Cultural (Inepac). Em 2004, o Santos-Dumont

    novamente foi ampliado, e mais uma vez com projeto de Sergio

    Jardim, que encontrou diversas condicionantes como desafio: alm

    do tombamento, a ampliao no poderia impedir a viso da Baa da

    Guanabara e deveria considerar o mnimo de intervenes no prdio

    existente. Assim, a ampliao foi concebida de modo a manter as

    caractersticas originais do prdio tombado.

    Criou-se, ento, um bloco paralelo ao prdio existente para as

    funes de embarque, ficando o prdio original com as de desem-

    barque. Relacionando estes dois blocos, foi criado um bloco de

    ligao, uma edificao elptica com 287,50 m de comprimento,

    construda em tubos de ao e vidro, onde esto as salas de embar-

    que e pontes metlicas, ou fingers, de embarque e desembarque.

    Todo este conjunto precisava necessariamente de solues arqui-

    tetnicas que conferissem leveza e transparncia, da a opo pelas

    estruturas em ao, afirma Jardim.

    Sergio Jardim recomenda o ao como soluo construtiva para

    Projetado nos anos 1930, o aeroporto Santos-Dumont passou por sucessivas reformas at que um incndio, em 1998, o destruiu quase por completo. O projeto de recuperao, de Sergio Jardim, restaurou caractersticas da arquitetura original

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  • 38 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 39

    Aeroporto InternAcIonAl Augusto severo

    > Local: Natal (RN)> Data de concluso: 2000> rea de construo: 13 mil m > Projeto de arquitetura: Sergio

    Parada (Sergio Parada Arquitetos Associados).

    > Projeto estrutural: Paulo A. Brasil Barroso

    > Construtora: Empire Tecnologia> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Cibresme> Volume de ao: 1.200 t.> Ao empregado: ao estrutural

    patinvel de maior resistncia corroso atmosfrica

    Aeroporto InternAcIonAl pInto MArtIns

    > Local: Fortaleza (CE)> Data de concluso: 1998> rea de construo: 36 mil m> Projeto de arquitetura: Muniz

    Deusdar Arquitetos (Expedito Muniz Deusdar e Luiz Muniz Deusdar).

    > Projeto estrutural: Technica (Paulo Andr Brasil Barroso)

    > Construtora: Construtora Queiroz Galvo

    > Fabricante e montagem da estrutura metlica: Alusud e Cidresme

    > Volume de ao: 40 t.> Ao empregado: ao estrutural

    patinvel de maior resistncia corroso atmosfrica

    Aeroporto sAntos-DuMont

    > Local: Rio de Janeiro (RJ)> Data de concluso: 2007> rea de construo: 33 mil m> Projeto de arquitetura: Sergio

    Jardim> Projeto estrutural: Figueiredo

    Ferraz (projeto 2007)> Construtora: Consrcio Odebrecht/

    Carioca/Construcap

    > Fabricante e montagem da estrutura metlica: CPC Estruturas Forte Metal e Sanebras Estruturas; coberturas: Perfilor e Dnica; conectores e stud-bolts: Ciser - Crescenza

    > Volume de ao: 340 t.> Ao empregado: ao estrutural

    de maior resistncia corroso atmosfrica; lajes tipo steel deck; tubos estruturais em ao sem costura

    Acima e abaixo, o Aeroporto de Barajas em Madri, projetado pelo escritrio de arquitetura de Richard Rogers e Estdio Lamela, une as tecnologias contemporneas de construo com o uso inventivo do ao

    os projetos da Copa 2014: seguramen-

    te, o ao o material mais adequado

    devido s suas caractersticas de leveza

    arquitetural e estrutural, alm de maior

    facilidade em agregar-se a estruturas

    existentes, conferindo maior velocidade

    aos processos construtivos.

    Outra obra em que o ao foi ele-

    mento fundamental na execuo do

    projeto o terminal do Aeroporto Pinto

    Martins, em Fortaleza (CE), construdo

    ao lado do prdio de 1966, que hoje

    serve apenas para fins administrati-

    vos. Dividida em quatro pisos, a cons-

    truo ocorreu entre 1996 e 1998, com

    projeto do escritrio Muniz Deusdar

    Arquitetos Associados, e apresenta uma

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    superestrutura em ao, malha curva

    que cobre o vo central de 68 m. Para

    a Copa 2014, o aeroporto de Fortaleza

    passar por novas reformas com inves-

    timentos na ordem de R$ 583,5 milhes,

    se gundo a Infraero.

    Aeroporto Barajas

    Com projeto dos escritrios de arqui-

    tetura Richard Rogers Partnership e

    Estdio Lamela, o novo terminal de

    passageiros do aeroporto de Madri

    o maior da Europa, com seus mais de

    1 milho de m2. Suas principais carac-

    tersticas so os tubos de ao em base

    de concreto, que, como braos abertos,

    apoiam perfis de ao em forma senoi-

    dal, sustentando a cobertura ondulada.

    Internamente, o teto revestido em

    bambu d leveza ao ambiente, amplo

    e iluminado pela luz natural e por cr-

    culos em ao que refletem a luz das

    luminrias, reduzindo o consumo

    de energia e criando maior conforto

    visual. O aeroporto atende pr-requi-

    sitos estabelecidos pela Aeropuertos

    Espaoles y Navegacin Area (AENA),

    que queria para esta obra um projeto

    que se integrasse com o entorno, que

    fosse ambientalmente mais correto e

    que apresentasse ainda muita clarida-

    de espacial e flexibilidade para receber

    ampliaes previstas. (d.p.) M

  • Pronta entrega InIcIatIvas no setor hoteleIro em todo o BrasIl utIlIzam o ao como opo para agIlIzar oBras, melhorar a qualIdade dos prdIos e superar a lImItao de terrenos

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    Quando viu pela primeira vez o pequeno terreno destinado para

    a construo do Hotel bis Paulista, do Grupo Accord, o arquiteto

    Roberto Candusso soube na hora qual sistema construtivo deveria

    usar nesta obra. A localizao na Avenida Paulista, uma das vias

    mais movimentadas da cidade de So Paulo (SP), limitava qualquer

    possibilidade de acmulo de material. "No havia espao; nenhu-

    ma outra soluo seria mais acertada do que a estrutura em ao."

    Como toda a estrutura usada era pr-fabricada, a obra ficou

    livre de grandes depsitos de areia, brita, cimento, madeiras e fer-

    ragens no canteiro de obras. O espao, exguo, pde ser organizado

    para receber as estruturas no nico horrio permitido, noite, e,

    durante o dia, oferecer melhores condies de segurana para o

    Fachada frontal

    Ocupando uma rea de mais de 23 mil m2, o Cesar Park e Bussiness Class Guarulhos teve sua construo possibilitada pela utilizao do ao. O empreendi-mento obteve um ganho de 135 dias no cronograma inicial, tendo sido concludo em 14 meses

    &ARQUITETURA AO 41 40 &ARQUITETURA AO

  • 42 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 43

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    trabalhador. O prdio, de dez pavimen-

    tos alm do um trreo e dois subsolos

    , tem estruturas horizontal e vertical

    em ao e lajes steel deck. Suas paredes

    internas so em sistema drywall e o

    fechamento lateral feito com painis

    pr-fabricados de GRFC (glass reinfor-

    ced fiber concrete).

    Os prazos curtos so outro gran-

    de motivador da opo pelo mate-

    rial. O Caesar Park e Business Class

    Guarulhos, tambm realizado pelo

    escritrio Roberto Candusso Arquitetos

    Associados, sofreu alguns atrasos no

    incio da obra, comprometendo o cro-

    nograma de execuo. Para que o hotel

    fosse entregue dentro do prazo, sem

    prejuzo obra, o diretor de projetos

    da Inpar, Waltermino Jr., optou por

    estruturas em ao que podem ser rapi-

    damente construdas, transportadas e

    montadas. No Brasil, quando houver

    necessidade de preciso e velocidade

    em uma obra, o ao ser sempre uma

    soluo inteligente, afirma. Alm da

    estrutura, o projeto foi executado com

    lajes steel deck, fechamento externo

    em painis pr-moldados e interno

    em drywall.

    A utilizao do ao trouxe um

    ganho importante no tempo de execu-

    o da obra: 135 dias a menos de traba-

    lho, nas contas do arquiteto. O Caesar

    Park e Business foi concludo em ape-

    nas 14 meses, atendendo necessidade

    do cliente quanto ao rpido incio das

    atividades do hotel.

    O Hotel bis Maring tambm foi

    um projeto que exigiu agilidade. O

    primeiro edifcio de mltiplos andares

    do Paran executado totalmente com

    estrutura em ao foi inaugurado em

    2005. A deciso pelo ao foi funda-

    mental para cumprir o nosso prazo,

    afirma o arquiteto Waldeny Fiuza, do

    escritrio Dria Lopes Fiuza Arquitetos

    Associados, responsvel pelo projeto.

    Conseguimos reduzir o tempo da obra

    para trs meses, completa.

    No terreno de pequenas dimenses

    foram executados 11 pavimentos de

    estrutura metlica, sendo um subso-

    lo, onde est o estacionamento, e dez

    andares. J as divisrias internas so

    em drywall, permitindo grande flexi-

    bilidade nas configuraes do espao

    do hotel.

    O crescente movimento de pessoas

    gerado pelo Aeroporto Internacional

    de So Paulo e o grande nmero de

    indstrias instaladas na regio fize-

    ram com que a incorporadora Setin

    decidisse investir em acomodaes na

    regio do aeroporto uma tendncia

    mundial , em 1998. Nascia, assim, o

    Mondial Airport Business Hotel, em

    Acima, localizado na avenida Paulista, uma das mais movimentadas da cidade de So Paulo, a unidade bis Paulista, da rede Accord, foi construda em uma rea muito pequena. Com 8.500 m2 e dez pavimentos, alm de trreo e dois subsolos, o projeto utilizou estruturas pr-frabricadas de ao, deixando o can-teiro de obras livre de areia, brita e cimento, e oferecendo maior segurana para o trabalhador durante a construo

    Primeiro edifcio de mltiplos andares construdo em ao em Maring, no Paran, o Hotel Ibis foi erguido em apenas trs meses

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  • 44 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 45

    Guarulhos (SP). Inicialmente projetado

    para ser construdo em concreto, o

    Mondial Airport Business Hotel previa

    a construo de unidades hoteleiras,

    de apartamentos (flats), escritrios, cen-

    tro de convenes, restaurantes e lojas.

    A deciso por um empreendimen-

    to que apresentasse caractersticas

    inovadoras em relao ao seu uso e

    arquitetura fez com que o cliente

    optasse pela construo em ao, lem-

    bra Sara Gusmo Ferreira, arquiteta

    da KOM Arquitetura e Planejamento,

    responsvel pela coordenao do pro-

    jeto junto com o escritrio norte-ame-

    ricano KMD (Kaplan McLaughlin Diaz).

    Todas as lajes so em steel deck e as

    divisrias em drywall.

    O Amazon Jungle Palace, em

    Manaus (AM), apresenta uma aplica-

    o do ao pouco comum para a tipo-

    logia. Um hotel sobre balsas, locali-

    O Mondial Airport Business Hotel foi inicialmente projetado para ser em concreto. A demanda do cliente por uma obra inovadora pautou a escolha pelo sistema construtivo em ao. Perto do aeroporto de Guarulhos, rene hotis, flats, escritrios, centros de convenes, restaurantes e lojas

    Corte Flat e Escritrios

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    A preocupao com o meio ambiente uma das premissas do projeto do Amazon Jungle Palace, que sustenta em quatro balsas no Rio Negro uma estrutura de quase 315 toneladas de ao. O hotel, que pode ser exemplo de soluo para a escassez de leitos para receber a Copa, tem sua prpria estao de tratamento de resduos

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  • 46 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 47

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    AmAzon Jungle PAlAce> Local: Manaus (AM)> Data de concluso: 2009> rea de construo: 4.100 m > Projeto, clculo e construo:

    Escritrio Mario Toledo

    > Fabricante e montagem da estrutura metlica: Serramazon

    > Volume de ao: 315 t. (aprox)> Ao empregado: ao naval grau A

    bis mAring> Local: Maring (PR)> Data de concluso: 2002> rea de construo: 5.600 m> Projeto de arquitetura: Dria Lopes

    Fiuza Arquitetura> Projeto estrutural: Protec Engenharia

    de Projetos (Celso Pasqual)

    > Construtora: Zenith Engenharia Ltda.> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Brafer> Volume de ao: 280 t.> Ao empregado: ASTM A36

    mondiAl AirPort business

    > Local: Guarulhos (SP)> Data de concluso: 2002> rea de construo: 31.500 m> Projeto de arquitetura: KMD Architects,

    KOM Arquitetura e Planejamento e Beatriz Ometto Moreno

    > Projeto estrutural: Codeme Engenharia, Eduardo Assis Fonseca

    e Lcia Fadini de Leon Tanure> Construtora: Setin> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Codeme Estruturas Metlicas

    > Volume de ao: 1.600 t.> Ao empregado: ASTM A36

    cAesAr PArk e business clAss guArulhos> Local: Guarulhos (SP)> Data de concluso: 2001> rea de construo: 23.100 m> Projeto de arquitetura: Roberto

    Candusso Arquitetos Associados> Projeto estrutural:

    Codeme Engenharia

    > Construtora: Andr Luiz Denon> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Codeme Engenharia

    > Volume de ao: 1.080 t.> Ao empregado: ASTM A36

    bis PAulistA> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 8.500 m> Projeto de arquitetura: Roberto

    Candusso Arquitetos Associados> Projeto estrutural: Codeme

    Engenharia

    > Construtora: Nelsom Faverzani> Fabricante e montagem da estrutura

    metlica: Codeme Engenharia> Volume de ao: 410 t.> Ao empregado: ASTM A36

    zado margem esquerda do Rio Negro, no entorno da Reserva de

    Desenvolvimento Sustentvel do Tup e do Parque Estadual do Rio

    Negro Setor Sul. Com 4.100 m2, o hotel tem 68 apartamentos, res-

    taurante, elevador, bares, auditrio, sala de eventos, salo de jogos,

    piscina, solrio e rea de entretenimento. Tudo construdo sobre

    quatro balsas de ao naval, em chapas de 12 mm.

    Segundo o gestor comercial do hotel, Manuel Shayb, as estru-

    turas, coberturas, lajes e fechamento tambm foram feitos em

    chapas de ao que variam entre 4 mm e 12 mm de espessura.

    O resultado um hotel integrado com o meio ambiente e uma

    obra realizada de maneira limpa. Alm de ser 100% reciclvel, as

    estruturas em ao podem ser reaproveitadas. E durante a obra, a utili-

    zao do ao chegou a gerar 25% a menos de desperdcio de materiais.

    Segundo Shayb, a estrutura em ao reduz o consumo de madeira na

    obra, a poluio sonora e a emisso de material particulado.

    Como estamos em uma balsa, nossa segunda preocupao,

    Em Londres, o hotel da rede Travelodge foi todo construdo com contineres. A agilidade um marco nesse projeto. Em apenas 20 dias, os 86 mdulos de ao trazidos da China foram estruturados em um edifcio de 120 quartos

    depois do meio ambiente, o peso.

    Tivemos de buscar materiais alternati-

    vos, que garantissem a mesma seguran-

    a e durabilidade do ao, mas com uma

    compensao de peso, explica Shayb.

    Por isso, nas divisrias e nos revesti-

    mentos foi usado o drywall. Alm de

    proporcionar reduo de peso na cons-

    truo, o material permite melhor apro-

    veitamento e acabamento dos espaos,

    e garante um sistema acstico e trmi-

    co importante para o hotel.

    Outra importante referncia para

    alternativas no setor hoteleiro o hotel

    construdo em contineres, em Londres.

    A empresa britnica Verbus Systems

    desenvolveu um projeto da rede hotelei-

    ra Travelodge, especializada em constru-

    o modular. Em apenas 20 dias, e quase

    sem causar transtornos para a vizinhan-

    a, um hotel de 120 quartos foi montado

    utilizando 86 contineres. Preparadas

    na China, estas peas em ao chegam

    a Londres com instalaes eltricas e

    hidrulicas e tm dois tamanhos: um

    para quartos de casal, medindo 5 m x

    3 m, e outro para quartos triplos, com

    3,5 m x 6 m. At o final do ano, a empre-

    sa pretende inaugurar outro hotel nes-

    ses moldes, com 307 quartos, na regio

    prxima do aeroporto internacional de

    Heathrow, em Londres. (F.L.) M

  • &ARQUITETURA AO 49

    hospitais

    Leve e discreto, o ao responde aos projetos hospitaLares com construes Limpas e de baixo impacto ambientaL

    Pela natureza dos servios que

    oferecem, hospitais exigem o mnimo

    possvel de alterao em sua rotina

    quando necessitam de intervenes

    arquitetnicas. Poucas solues so

    to apropriadas para este tipo de pro-

    jeto quanto o ao: o sistema construti-

    vo apresenta, em primeiro lugar, nvel tolervel de rudo e permite

    um canteiro de obras mais limpo e racionalizado. A praticidade

    das estruturas garante a agilidade e organizao em um ambiente

    que no deve nem pode ser perturbado. Entusiasta e adepto

    de primeira hora do material e grande conhecedor da tipologia,

    o arquiteto Joo Filgueiras Lima, o Lel, assertivo: o futuro da

    arquitetura o ao.

    O ao foi a melhor soluo para vencer o grande vo que separa os prdios da uni-dade Morumbi do hospital Albert Einstein

    Kahn

    do

    Bras

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    silncioOperao

  • 50 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 51

    Um dos desafios do projeto do Hospital Israelita Albert Einstein

    era o de tornar mais agradvel o trnsito dos pacientes dentro e

    ao redor da sua unidade no Morumbi, em So Paulo. O projeto de

    ampliao do hospital previa a duplicao da rea construda, alm

    do aumento do nmero de leitos (de 489 para 720) e salas de cirur-

    gia (de 28 para 40), entre outros acrscimos.

    Arthur Brito, arquiteto do escritrio Kahn Brasil e responsvel

    pelo plano diretor de ampliao do hospital, afirma que evitar a

    disperso dos pacientes era uma das propostas da reforma. Em um

    hospital, as pessoas tendem a se perder. Centralizar esta circulao

    de pacientes e familiares foi um de nossos objetivos, diz.

    A forma encontrada para alcanar esse resultado foi hori-

    zontalizar os trs prdios: as passarelas curvas em ao, um dos

    A ampliao do Hospital Israelita Albert Einstein prev a duplicao da rea construda. Alm do aumento de leitos (de 489 para 720), a instituio, localizada no bairro do Morumbi, ter o nmero de salas de cirurgia aumentado

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    destaques do conjunto, unem os edi-

    fcios, aumentando a visibilidade do

    hospital e a integrao das suas alas.

    Rede Sarah

    Lel o arquiteto responsvel pelas

    oito unidades da Rede Sarah, locali-

    zadas em diferentes cidades brasilei-

    ras. Um dos grandes marcos de suas

    obras a criao de solues de con-

    forto ambiental. Os sistemas de circu-

    lao de ar do projeto permitem at

    hoje que os edifcios do Rede Sarah

    mesmo os instalados nas cidades mais quentes dispensem o

    uso de ar-condicionado.

    Alguns anos depois da construo da sede, em 1980, Braslia

    ganharia seu segundo edifcio da Rede Sarah, o Lago Norte, que

    ficou pronto em 2003. Com mais espao aberto para as atividades de

    reabilitao e uso intensivo do ao. O casamento do ao com a arga-

    massa armada permitiu a desonerao da obra, diz Lel. A elevada

    meta dessa operao nascida num canteiro de obras em Braslia foi

    cumprida: nos anos seguintes, os sistemas desenvolvidos pelo arqui-

    teto permitiram tratamentos gratuitos e qualificados em hospitais

    onde o conforto ambiental consequncia natural do projeto.

    Cuidado visual tambm foi um dos esforos do projeto do

    Hospital TotalCor (antigo Santa Brbara), localizado no Jardim

  • 52 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 53

    Paulista, bairro nobre de So Paulo.

    Segundo Clia Schahim, arquiteta res-

    ponsvel pelo projeto, a encomenda

    do cliente, uma empresa de planos de

    sade, era um hospital que oferecesse

    servios de alta complexidade aos seus

    segurados em um nico endereo.

    O hospital oferece ainda seis salas

    de cirurgia, central de esterilizao,

    consultrios e UTIs. O ao foi nova-

    mente a melhor sada para suprir as

    demandas do terreno de 920 m2. A

    sala de cirurgia do hospital precisava

    ter o p-direito maior do que as outras

    e, ao mesmo tempo, um espao acima

    dela no qual seria construdo o vo

    tcnico. Foram usadas megatrelias de

    ao, que sustentam a laje da sala de

    cirurgia. Alm da economia de tempo

    e dinheiro, viabilizou-se o trabalho em

    um canteiro de obras mnimo, explica

    o engenheiro Ernesto Tarnoczy.

    H outro fator determinante para

    que o projeto do TotalCor fosse bem-suce-

    dido: o ao permitiu que, com altura

    menor de viga, se obtivesse um edif-

    cio com mais andares.

    Fundao Cognacq-Jay

    Ao ser convidado para assinar o proje-

    to de ampliao da Fundao Cognacq-

    -Jay, em Paris, o arquiteto francs Jean

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    Depois de 17 anos da criao do primei-ro hospital da Rede Sarah, em rea central de Braslia, detectou-se a necessidade de se ampliar os espaos abertos da instituio, necessrios para as atividades de reabilitao. A deciso culminou no projeto do Sarah Lago Norte (na pgina ao lado), concludo em 2003, com estrutura e toda a cobertura em ao. direita, o TotalCor, que ganhou um andar gra-as a utilizao das vigas em ao. Na fachada, a opo foi pelo uso do ao inox

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  • 54 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 55

    A unio dos blocos de vidro com o ao galvanizado trouxe leveza e claridade ao interior da Fundao Cognacq-Jay, em Paris. Construda no sculo 19, a casa principal ganhou dois novos anexos, projetados pelo escritrio do arquiteto francs Jean Nouvel

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    HOSPITAL SANTA BRBARA> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2006> rea de construo: 8.700 m> Projeto de arquitetura: Clia Duarte

    Schahin> Projeto estrutural: Ernesto Tarnoczy

    > Construtora: Omar Maksoud> Fabricante e montagem da estrutura

    metlica: Avantec Engenharia> Volume de ao: 550 t.> Ao empregado: ASTM A572

    REDE SARAH LAgO NORTE

    > Local: Braslia (DF)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 27.863,00 m > Projeto de arquitetura: Jos

    Filgueiras Lima (Lel)> Projeto estrutural: Roberto Vitorino

    > Construtora: Centro de Tecnologia da Rede Sarah

    > Fabricante e montagem da estrutura metlica: Centro de Tecnologia da Rede Sarah

    > Volume de ao: 1.400 t.> Ao empregado: ASTM A242

    > Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2009 (prdio 1)

    e 2011 (prdios 2 e 3)> rea de construo: 70 mil m> Projeto de arquitetura: Kahn do

    Brasil Ltda. (Arthur Brito arquiteto responsvel)

    > Projeto estrutural: Escritrio Tcnico Csar Pereira Lopes

    (estrutura de concreto) e Andrade e Rezende Engenharia (estrutura metlica)

    > Construtora: Racional Engenharia> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Sulmeta> Volume de ao: 478 t.> Ao empregado: ASTM A572

    HOSPITAL ALBERT EINSTEIN (REFORMA DO PAVILHO VICKY E JOSEPH SAFRA)

    Nouvel tinha diante de si um problema: dobrar a capacidade de

    atendimento de um prdio no projetado de acordo com os padres

    contemporneos da construo civil. A casa de repouso parisiense

    construda no sculo 19 agora formada por outros dois novos edi-

    fcios anexados ao antigo, que foi completamente renovado.

    Segundo Julie Parmentier, arquiteta do escritrio Jean Nouvel,

    durante a reforma no prdio principal, os residentes do Cognacq-Jay

    foram deslocados para uma casa contgua fundao. Era preciso

    que a rotina deles mudasse o mnimo possvel, diz Parmentier.

    A fachada do Cognac-Jay, na qual blocos de vidro so fixados

    em perfis galvanizados materiais onipresentes nos dois conjun-

    tos novos , ecoa a afirmao de Lel sobre a essncia fluida deste

    metal: a flexibilidade do ao permite ao arquiteto especular com

    delicadeza. (F.a.) M

  • 56 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 57

    Os terminais de passageirOs sO impOrtantes pOntOs de OrdenaO dO fluxO humanO nas cidades. tendO O aO cOmO prOtagOnista em suas cOberturas e fechamentOs, eles se tOrnam permeveis paisagem e agradveis aOs usuriOs

    pal, integrado estao ferroviria j

    existente. Pensamos que este seria

    o momento de criar um projeto mais

    gentil para as pessoas, onde a rodoviria

    seria mais do que uma rodoviria,

    incluindo um terminal de nibus e

    um terminal de trem, alm de uma

    rea de comrcio, resume o arquite-

    to Marcelo Ferraz, um dos scios do

    escritrio Brasil Arquitetura.

    O projeto, premiado pelo Instituto

    de Arquitetos do Brasil de So Paulo

    (IAB-SP) em 1998, esbarrou em um cro-

    nograma curto. Precisava estar pron-

    to em seis meses. Teramos de con-

    tar com a velocidade construtiva do

    ao, diz o arquiteto. E para o projeto

    a opo traria uma garantia de contro-

    le de qualidade milimtrico, rigoroso,

    industrial.

    Toda a superestrutura do Terminal

    de Santo Andr metlica, empregan-

    do apenas quatro tipos de perfis estru-

    turais, desenvolvidos especialmente

    para este projeto. As coberturas curvas

    de telhas em ao abrigam espaos are-

    jados, iluminados e de fcil circulao.

    Os pisos so lajes feitas sobre estrutura

    em ao. J a travessia entre os diferen-

    tes terminais ganhou uma passarela

    estruturada no material.

    Premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil em 1998, o Terminal Rodovirio de Santo Andr partiu de um projeto em que o conforto dos passageiros prioritrio. Na opo pelo ao, os arquitetos encontraram a possibilidade de realizar a cons-truo em menos tempo e com maior controle de qualidade, tendo desenvolvido perfis especialmente para o projeto

    O transpOrte pblicO a chave da organizao da circulao

    de pessoas na cidade. Os terminais de passageiros tm o papel de

    conectar fluxos que devem ser adensados durante os jogos da Copa

    do Mundo de 2014. Recebendo a cada dia mais pessoas s no lti-

    mo ano a cidade de So Paulo teve um aumento de 13% no nmero

    de usurios de transportes urbanos , terminais de passageiros

    em todo o Pas tm sido projetados, reformados ou restaurados

    utilizando-se das qualidades construtivas do ao.

    estaes de passageiros

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    Passagem livre

    O Terminal Rodovirio de Santo

    Andr (SP) um dos melhores exemplos

    desta utilizao. Em 1999, a Prefeitura

    lanou o projeto do Eixo Tamanduate,

    que pretendia redesenhar a infraes-

    trutura urbana da cidade. O projeto

    acabou restrito construo de um

    novo terminal rodovirio intermunici-

    No terminal de nibus urbanos da Lapa o partido arquitetnico

    foi elaborado a partir do dilogo da construo em um contexto no

    qual alguns edifcios como o mercado municipal, a estao ferro-

    viria e a antiga garagem de bondes da Lapa so protagonistas. As

    coberturas curvas em ao das plataformas de 110 m de comprimen-

    to se sobressaem na obra e permitem o melhor aproveitamento da

    iluminao natural. Os arcos em ao sustentam teras do mesmo

    material, que servem de apoio para telhas do tipo sanduche.

    As estaes da CPTM seguem um padro de construo muito

    prximo. Normalmente, todas tm uma rea de acesso construda

    inteiramente em estrutura em ao. Do outro lado, a rea de embar-

    que representa um dos destaques do projeto: uma cobertura curva

    em ao, material usado tambm na passarela que liga as duas reas

    da estao. A Estao Santo Amaro, por exemplo, une duas linhas e

    tem duas estaes ligadas: a antiga, em ao patinvel, e a nova, com

  • 58 &ARQUITETURA AO

    uma plataforma intermediria met-

    lica, que ajuda na organizao do fluxo

    de passageiros estratgia que dever

    ser utilizada nas ampliaes das linhas

    metrovirias da capital paulista.

    Uma cpula de vidro com 18 m de

    dimetro e 9 m de altura cobre o corpo

    principal da estao, permitindo ilu-

    minao e ventilao naturais alm

    de economia de 50% nos custos de

    implantao e manuteno do siste-

    ma de ventilao. A passarela de cir-

    culao dos passageiros foi feita com

    estrutura metlica modulada e lajes do

    tipo steel deck.

    O Expresso Tiradentes um corre-

    dor exclusivo de transporte pblico da

    capital paulista com 31,8 km de exten-

    so. Ligando o Parque Dom Pedro II,

    no centro de So Paulo, aos bairros do

    Sacom e Cidade Tiradentes, o termi-

    nal, inteiramente coberto, recebe 350

    mil passageiros por dia. A obra faz

    parte de uma nova gerao de corre-

    a estrutura de concreto e a cobertura

    em ao.

    Amplamente usadas na construo

    contempornea, as coberturas metli-

    cas comearam a ser utilizadas a partir

    da segunda metade do sculo 19. A pri-

    meira construda na cidade de So Paulo

    foi projetada pelo britnico Charles

    Henry e apresentada populao em

    1901 com a inaugurao da Estao da

    Luz. Os elementos da estrutura met-

    lica e da cobertura foram importados

    da Esccia, j que naquele momento a

    indstria siderrgica brasileira era ine-

    xistente. Com inspirao neoclssica, a

    cobertura metlica em arcos treliados

    vence o vo de 39 m do terminal de pas-

    sageiros. Os arcos so acompanhados

    por vigas e consolos de chapas rebita-

    das e acrscimos decorativos.

    Entre 2002 e 2005, como parte das

    comemoraes dos 450 anos da cidade

    de So Paulo, a Estao da Luz foi intei-

    ramente restaurada, com os aspectos

    estruturais e histricos do edifcio reno-

    vados e readaptados para os atuais trens

    metropolitanos. Hoje, com 13,2 mil m2, a

    estao recebe diariamente uma mdia

    de 320 mil usurios.

    Assim como no Terminal da Lapa,

    a silhueta da capital paulista tambm

    foi incorporada ao projeto da estao

    do metr do Alto do Ipiranga. O vidro

    criou uma rea translcida que permi-

    te contemplar o cenrio do tradicional

    bairro do Ipiranga. O projeto, que toma

    como ponto de partida um grande poo

    circular de 34 m de dimetro e 25 m

    de profundidade, inovador ao usar

    vidro, ao e cores fortes. Planejada para

    atender a uma demanda diria de 40

    mil passageiros, a estao apresenta

    &ARQUITETURA AO 59

    O Terminal de nibus Urbanos da Lapa (acima) foi pensado de modo a se relacionar visualmente com as construes do seu entorno. As coberturas curvas em ao con-tribuem com este partido, ao mesmo tempo em que permitem entrada de luz natural. J nas estaes da CPTM, como a Santo Amaro, o antigo terminal se liga ao novo

    A primeira cobertura em ao da cidade de So Paulo foi construda em 1901, na Estao da Luz (acima). Os arcos treliados restaurados em 2005 vencem o vo de 39 m do terminal de passageiros. Em construes mais recentes, como a estao de metr Alto do Ipiranga (abaixo) as coberturas metlicas tambm so uma opo para acelerar o prazo de execuo da obra e incorporar a paisagem urbana ao projeto

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  • &ARQUITETURA AO 61

    ExprEsso TiradEnTEs

    > Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2007> rea de construo: 2.850 m > Projeto de arquitetura: Ruy Ohtake

    Arquitetura e Urbanismo Ltda.> Projeto estrutural: Limonge de

    Almeida S/C

    > Construtora: Consrcio Queiroz Galvo/Andrade Gutierrez

    > Volume de ao: 1.100 t.> Ao empregado: ao patinvel

    de maior resistncia corroso atmosfrica

    TErminal rodofErrovirio dE sanTo andr

    > Local: Santo Andr (SP)> Data de concluso: 1999> rea de construo: 8.653 m> Projeto de arquitetura: Brasil

    Arquitetura S/C Ltda (arq. Francisco de Paiva Fanucci e arq. Marcelo Carvalho Ferraz)

    > Projeto estrutural: Fabio Oyamada

    > Construtora: Projeo> Fabricante e montagem da estrutura

    metlica: Alusud e Metasa> Volume de ao: 210 t.> Ao empregado: ao patinvel

    de maior resistncia corroso atmosfrica

    TErminal da lapa

    > Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 6.597,46 m> Projeto de arquitetura: Luciano

    Margotto Soares, Marcelo Ursini e Srgio Salles (Ncleo de Arquitetura)

    > Projeto estrutural: Jorge Hauy (Hauy & Bechara Engenheiros

    Associados Ltda.)> Construtora: Paulitec> Fabricante e montagem da

    estrutura metlica: Paulitec> Volume de ao: 594 t.> Ao empregado: ao patinvel

    de maior resistncia corroso atmosfrica

    No Expresso Tiradentes, projetado por Ruy Ohtake, 250 toneladas de ao foram aplicadas na construo da cobertura e dos fechamentos laterais, visando o maior conforto dos 350 mil passageiros que utilizam diariamente o corredor de trans-porte pblico na capital paulista

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    dores de transporte coletivo, monitorados em toda a extenso, com

    sinalizao e acessos seguros ampliados.

    Projetado por Ruy Ohtake, o Exp