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Nº 3 | Março | 2012 DIREITO À PARENTALIDADE | DIREITO AO TRATAMENTO | DIREITOS SEM PRECONCEITOS e os Direitos Humanos VIH/SIDA em Portugal A face do estigma Os princípios de Denver Recomendações e direitos

Revista Abraço 3 | março | 2012

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Revista direcionada para as pessoas infetadas e afetadas pelo VIH/SIDA, para os profissionais de saúde e de áreas diversificadas, para o público em geral e ainda para as Organizações da Sociedade Civil, e Entidades Privadas e Governamentais

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DIREITO À PARENTALIDADE | DIREITO AO TRATAMENTO | DIREITOS SEM PRECONCEITOS

e os Direitos HumanosVIH/SIDA

em PortugalA face do estigma

Os princípios de Denver Recomendações e direitos

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Edição e PropriedadeABRAÇOSede: Largo José LuisChampalimaud, 4-A1600-110 LISBOAPORTUGAL

Conselho EditorialDaniel SampaioFrancisco Teixeira da MotaKamal Mansinho

Nuno ViegasSílvia OuakininSusana MacedoWilton Fonseca

DiretorAgência Abraço([email protected])

Editora-executivaEthel Feldman

Colaboradores textoAntónio GuaritaCatarina SousaGonçalo LoboLeonor ChavesLuis SáPedro Silvério Marques

Design Gráfico e PaginaçãoPeppermint CommunicationPublicidade, design e eventos, Lda.

([email protected])([email protected])

TraduçãoAntónio Guarita

ProduçãoAgência Abraço

DistribuiçãoJornal Público;Agência Abraço

Depósito Legal104216/96

ImpressãoMirandelaArtes Gráficas, SA

Tiragem65.000 exemplares

EDITORIAL

4 a 7O que é que a SIDA tem a ver com os direitos humanos

8 a 13Algo vai mal no reino da Dinamarca…

14 a 17Direito ao tratamento

18 a 21Direito de sermos pais

22 a 25A face do estigma

26 a 29Direitos sem preconceitos

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA

Apoio: Gilead Sciences, Lda. | Jornal Público | Bristol Meyers-Squibb

30 a 33Princípios de Denver

Desde o início da epidemia de SIDA, o estigma e a discriminação fomentaram a transmissão do VIH e aumentaram o impacto negativo associado à epidemia.

Em todos os países e regiões do mundo, o estigma e a discriminação associados ao VIH criam barreiras importantes à prevenção de novas infecções, à atenuação do impacto e ao fornecimento de cuidados adequados, apoio e tratamento.

Em todos os países existem casos bem documentados de pessoas vivendo com o VIH a quem foi recusado o direito a, entre outros, cuidados de saúde, trabalho, educação e liberdade de movimentos.

Portugal não é excepção. Ao longo de 20 anos, o Gabinete Jurídico da Abraço, vem fazendo o acompanhamento e acon-selhamento da pessoa discriminada ou lesada pela sua condição de portador de VIH/Sida. O estigma e a discriminação são ainda factores de pressão impeditivos da denúncia destas situações.

Em 1994, a ABRAÇO declarava: “ (...) a história das práticas sociais diz-nos que a resolução dos problemas e das dificul-dades das pessoas com VIH/SIDA não passa apenas pela existência de Direitos que lhes são consagrados, mas essencial-mente pela garantia de que esses Direitos lhes são reconhecidos.”

Continua a ser assim.

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O que é queos direitos

humanostêm a ver como VIH e a SIDA?Os direitos humanos estão intimamente ligados à propagação e ao impacto do VIH em indivíduos e comunidades de todo o mun-do. A falta de respeito pelos direitos humanos alimenta a propa-gação e agrava o impacto da doença, enquanto, em simultâneo, o VIH prejudica o progresso na observância dos direitos humanos.

Fonte: ONUSIDATradução e adaptação: António Guarita

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é menor. Em terceiro lugar, os indivíduos e as comunida-des têm uma maior capacidade de resposta à pandemia. Uma resposta internacional eficaz à pandemia deve, as-sim, ter como base o respeito por todos os direitos civis, culturais, económicos, políticos, económicos e sociais, e os direitos ao desenvolvimento, em linha com os padrões internacionais dos direitos humanos, normas e princípios.

As obrigações dos estados, de promover e proteger os di-reitos humanos relacionados com o VIH, estão definidas nos tratados internacionais existentes. Os direitos huma-nos relacionados com o VIH e a SIDA, incluindo o direito à vida, o direito à liberdade e à segurança da pessoa, o di-reito ao padrão alcançável mais elevado da saúde mental e física, o direito à não discriminação, proteção equitati-va e igualdade perante a lei, o direito à liberdade de mo-vimentos, o direito de procurar asilo e de o desfrutar, o direito à privacidade, o direito à liberdade de expressão e opinião e o direito a divulgar e a receber informação, o direito de liberdade de associação, o direito ao casamen-to e à constituição de família, o direito ao trabalho, o direito de igualdade de acesso à educação, o direito a um padrão de vida adequado, o direito à segurança social, à assistên-cia e ao bem-estar; o direito à partilha dos avanços cientí-ficos e dos seus benefícios, o direito de participar na vida pública e cultural, e o direito a viver sem tortura e outro tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante.

Os instrumentos e mecanismos dos direitos humanos das Nações Unidas facultam o quadro legal normativo, bem como as ferramentas necessárias para garantir a implemen-tação dos direitos relacionados com o VIH. Através da sua consideração dos relatórios, observações conclusivas e re-comendações, e ainda comentários gerais dos Estados, os organismos de monitorização dos tratados da ONU facul-tam orientação e assistência aos Estados na implementação dos direitos relacionados com o VIH. Os Procedimentos Especiais do Conselho dos Direitos Humanos, incluindo os representantes especiais, os relatores temáticos e na-cionais e os grupos de trabalho estão também em posição de monitorizar o respeito pelos direitos relacionados com o VIH. O Conselho dos Direitos Humanos pede também ao Secretário-geral que solicite comentários por parte dos Governos, dos organismos das Nações Unidas, programas e agências especializadas e internacionais, e ONGs sobre as medidas que tomaram para promover e implementar, onde tal for possível, programas que lidem urgentemente com os direitos humanos relacionados com o VIH das mu-lheres, das crianças e dos grupos vulneráveis, no contexto da prevenção, dos cuidados e do acesso ao tratamento.

A aparente ligação na incidência desproporcionada e a pro-pagação da doença no seio de certos grupos que, depen-dendo da natureza da epidemia e das condições prevalen-tes em termos sociais, legais e económicas, inclui mulheres e crianças e, em particular, os que vivem na pobreza. Tam-bém é evidente o fardo enorme da epidemia de hoje em dia no que representa em termos de custos pelos países em desenvolvimento. A SIDA e a pobreza já estão a reforçar as forças negativas em muitos países em desenvolvimento.

A RELAÇÃO ENTRE O VIH/SIDA E OS DIREITOS HUMANOS CENTRA-SE EM TRÊS ÁREAS:

Vulnerabilidade aumentada: Certos grupos são mais vulneráveis em contraírem o vírus do VIH, porque não têm conhecimento dos seus direitos civis, políticos, eco-nómicos, sociais e culturais. Por exemplo, os indivíduos a quem é recusado o direito à liberdade de associação e de acesso à informação podem ser proibidos de discu-tirem questões relacionadas com o VIH, de participarem em organizações que prestam serviços na área da SIDA e em grupos de autoajuda, e ainda de tomarem outras medidas preventivas para se protegerem a si mesmos da infeção do VIH. As mulheres, e em particular as jovens, são mais vulneráveis à infeção se não tiverem acesso à in-formação, à educação e aos serviços necessários para ga-rantir a saúde sexual e reprodutiva e a prevenção da infeção. O estatuto desigual das mulheres na comunidade significa também que a sua capacidade de negociar no contexto da atividade sexual é seriamente prejudicada. As pessoas que vivem na pobreza não têm muitas vezes o acesso aos cui-dados e ao tratamento do VIH, incluindo os antirretrovi-rais e outros medicamentos para as infeções oportunistas.

Discriminação e estigma: Os direitos das pessoas sero-positivas por VIH são frequentemente violados, devido ao seu presumível ou conhecido estatuto de seropositivida-de, causando-lhes sofrimento, tanto pelo fardo da doença como pela consequente perda de outros direitos. A estig-matização e a discriminação podem ser um obstáculo ao acesso ao tratamento e pode afetar o seu direito ao em-prego, a alojamento, bem como outros direitos. Isto, por sua vez, contribui para a vulnerabilidade de outros à infe-ção, uma vez que o estigma e a discriminação relacionados com o VIH desmotiva os indivíduos infetados e afetados pelo VIH a contactarem os serviços de saúde e sociais. O resultado é que os que necessitam mais de informação,

de educação e de aconselhamento não vão sequer be-neficiar dos locais onde esses serviços estão disponíveis.

Impedimento a uma resposta eficaz: As estratégias que lidam com a epidemia estão ocultas num ambiente em que os direitos humanos não são respeitados. Por exem-plo, a discriminação e a estigmatização dos grupos vul-neráveis, tais como os utilizadores de drogas injetáveis, os trabalhadores do sexo e os homens que têm sexo com homens levam estas comunidades à clandestinida-de. Isto inibe a capacidade de chegar a estas populações com esforços de prevenção e, assim, aumenta a sua vul-nerabilidade ao VIH. De igual modo, a falha de facultar o acesso à educação e à informação sobre o VIH, ou ain-da os serviços de tratamento, cuidados e apoio alimen-ta ainda mais a epidemia da SIDA. Estes elementos são componentes essenciais de uma resposta eficaz à SIDA, o que fica oculto se estes direitos não são respeitados.

O QUE É UMA ABORDAGEM DE DIREITOS HUMA-NOS NUM CONTEXTO DE VIH E SIDA?

Nos locais onde os indivíduos e comunidades conseguem ver os seus direitos respeitados - na educação, na asso-ciação livre, na informação e, acima de tudo, a não dis-criminação – os impactos pessoais e societais do VIH e da SIDA são reduzidos. Nos locais onde existe um ambiente aberto e de apoio aos que estão infetados por VIH; nos lo-cais onde são protegidos da discriminação, tratados com dignidade e lhes é facultado o acesso ao tratamento, aos cuidados e ao apoio; e nos locais onde a SIDA não é es-tigmatizada, é mais provável que as pessoas procurem os testes de rastreio de forma a conhecerem o seu estatuto (de seropositividade ou não). Por seu turno, aquelas pes-soas que são seropositivas para o VIH podem lidar mais eficazmente com o seu estado, procurando e receben-do tratamento e apoio psicossocial, e tomando medidas para prevenir a transmissão a outros, reduzindo, assim, o impacto do VIH sobre eles próprios e sobre os outros.

A proteção e a promoção dos direitos humanos são, por-tanto, essenciais na prevenção da propagação do VIH e na mitigação do impacto social e económico da pandemia. As razões disto são três. Primeiro, a promoção e a proteção dos direitos humanos reduz a vulnerabilidade à infeção do VIH ao lidar-se com as suas causas subjacentes. O impacto adverso sobre o que estão infetados e afetados pelo VIH

DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS

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VIH e Discriminação em Portugal - Enquadramento legal

Por: Pedro Silvério Marques Centro Anti-Discriminação(http://www.seeufosseseropositivo.com)

Dinamarca...Algo vai malno reino da

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DIREITOS HUMANOS DIREITOS HUMANOS

Em relação ao trabalho e emprego, para além do disposto no Código do Trabalho consideram-se práticas discrimi-natórias:

a) A adopção de procedimento, medida ou critério, directamente pelo empregador ou através de instruções dadas aos seus trabalhadores ou a agência de emprego, que subordine a factores de natureza física, sensorial ou mental a oferta de emprego, a cessação de contrato de tra-balho ou a recusa de contratação; b) A produção ou difusão de anúncios de ofertas de emprego, ou outras formas de publicidade ligada à pré--selecção ou ao recrutamento, que contenham, directa ou indirectamente, qualquer especificação ou preferência baseada em factores de discriminação em razão da defi-ciência; c) A adopção pelo empregador de prática ou medida que no âmbito da relação laboral discrimine um trabalha-dor ao seu serviço.

Ainda nos termos desta lei foram reconhecidos às asso-ciações de pessoas portadoras de deficiência3 bem como a todas as outras organizações cujo escopo principal seja a representação, a defesa e a promoção dos direitos e inte-resses das pessoas com deficiência, ou a prestação de ser-viços às pessoas com deficiência e suas famílias, direitos processuais, tendo-lhes sido atribuída legitimidade para intervir, em representação ou em apoio do interessado e com a aprovação deste, nos respectivos processos juris-dicionais, de acompanharem o processo contra-ordena-cional pela prática de qualquer acto discriminatório e de se constituírem como assistentes nos respectivos processos-crime.

De notar ainda que a Lei inverte o ónus da prova, incum-bindo à parte denunciada provar que as diferenças de tra-tamento não assentam em discriminação e ao queixoso apenas apresentar os elementos de facto susceptíveis de a indiciarem e proíbe despedir, aplicar sanções ou prejudi-car por qualquer outro meio o trabalhador com deficiên-cia por motivo do exercício de direito ou de acção judicial contra prática discriminatória.

DADOS DA SITUAÇÃO ACTUAL

Nos termos do Decreto-Lei n.º 34/2007 de 15 de Feve-reiro, que regulamenta a lei n.º 46/2006 qualquer pessoa singular ou colectiva que tenha conhecimento de situação susceptível de ser considerada contra-ordenação deve comunicá-la a uma das seguintes entidades:

a) Membro do Governo que tenha a seu cargo a área da deficiência; b) Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P.; c) Conselho Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência4; d) Entidade competente para a instrução do processo de contra-ordenação.

Só com a aprovação da Lei 46/20061 começaram, en-tre nós, a ser consideradas como práticas discrimi-natórias contra pessoas com deficiência as acções ou omissões, dolosas ou negligentes, que, em razão da de-ficiência, violem o princípio constitucional da igualdade.

Embora o articulado desta Lei refira sempre apenas pessoas com deficiência, de acordo com o número 2 do seu artigo 1.º, tudo o que nela está disposto aplica-se também a pessoas com risco agravado de saúde2.

Essas práticas estão tipificadas, para além das espe-cíficas relativas ao trabalho e emprego, como segue:

a) A recusa de fornecimento ou o impedimento de fruição de bens ou serviços; b) O impedimento ou a limitação ao acesso e exercício normal de uma actividade económica; c) A recusa ou o condicionamento de venda, arren-damento ou subarrendamento de imóveis, bem como o acesso ao crédito bancário para compra de habitação, as-sim como a recusa ou penalização na celebração de con-tratos de seguros; d) A recusa ou o impedimento da utilização e divulga-ção da língua gestual; e) A recusa ou a limitação de acesso ao meio edificado ou a locais públicos ou abertos ao público;

f) A recusa ou a limitação de acesso aos transportes pú-blicos, quer sejam aéreos, terrestres ou marítimos; g) A recusa ou a limitação de acesso aos cuidados de saúde prestados em estabelecimentos de saúde públicos ou privados; h) A recusa ou a limitação de acesso a estabelecimen-tos de ensino, públicos ou privados, assim como a qual-quer meio de compensação/apoio adequado às necessi-dades específicas dos alunos com deficiência; i) A constituição de turmas ou a adopção de outras medidas de organização interna nos estabelecimentos de ensino público ou privado, segundo critérios de dis-criminação em razão da deficiência, salvo se tais critérios forem justificados pelos objectivos referidos no n.º 2 do artigo 2.º; j) A adopção de prática ou medida por parte de qual-quer empresa, entidade, órgão, serviço, funcionário ou agente da administração directa ou indirecta do Estado, das Regiões Autónomas ou das autarquias locais, que condicione ou limite a prática do exercício de qualquer direito; l) A adopção de acto em que, publicamente ou com intenção de ampla divulgação, pessoa singular ou colecti-va, pública ou privada, emita uma declaração ou transmita uma informação em virtude da qual um grupo de pessoas seja ameaçado, insultado ou aviltado por motivos de dis-criminação em razão da deficiência; m) A adopção de medidas que limitem o acesso às no-vas tecnologias.

[1] Lei n.º 46/2006, de 28 de Agosto – Proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde;[2] Pessoas que sofrem de toda e qualquer patologia que determine uma alteração orgânica ou funcional irreversível, de longa duração, evolutiva, potencialmente incapacitante, sem perspectiva de remissão completa e que altere a qualidade de vida do portador a nível físico, mental, emocional, social e económico e seja causa potencial de invalidez precoce ou de significativa redução de esperança de vida;[3] Previstas na Lei n.º 127/99, de 20 de Agosto;[4] Entretanto em extinção

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DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS

Compete ao Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), quando tome conhecimento de factos susceptíveis de constituírem contra-ordenação, enviar o processo à enti-dade competente para a sua instrução, e informar o quei-xoso sobre todas as diligências procedimentais efectuadas.

Compete-lhe ainda emitir parecer obrigatório não vincu-lativo em todos os processos de inquérito, disciplinares e sindicâncias instaurados pela Administração Pública por actos proibidos pela presente lei e praticados por titula-res de órgãos, funcionários e agentes da Administração Pública e apresentar ao Governo um relatório anual que incluirá obrigatoriamente uma menção à informação re-colhida sobre prática de actos discriminatórios e sanções eventualmente aplicadas.

Dos relatórios até agora divulgados (2007,2008,2009 e

2010) regista-se, desde logo, um reduzido número de queixas apresentadas (308 em quatro anos) e o arquivo por improcedência da maioria delas (70%).

Outro dado significativo é o peso irrisório das queixas re-lacionadas com os serviços de saúde (3,25% do total – 10 queixas em 4 anos).

Já a discriminação no acesso a seguros representa mais de metade das queixas mas, com uma única excepção, foram TODAS arquivadas (representando quase 72% dos arqui-vamentos).

O que estes dados vêm demonstrar é que nem as pessoas discriminadas nem as associações que as representam e de-fendem os seus direitos têm estado a fazer o que podiam, deviam e lhes competia para denunciar a discriminação.

De resto o próprio INR se queixa, nos seus Relatórios, da falta de conhecimento, formação ou sensibilização das pessoas com deficiência ou risco agravado de saúde e/ou dos seus representantes, e de todas as entidades envolvi-das, para os instrumentos legais ao seu alcance; da falta de informação de qualquer acção judicial interposta, ou de qualquer dado no que se refere à aplicação desta Lei nos Tribunais, por não haver recurso a este mecanismo, mais dispendioso para a pessoa com deficiência ou risco agravado de saúde, sem que haja um sistema de protec-ção jurídica eficaz que tenha em conta as especificidades destas pessoas e da dificuldade na definição concreta de discriminação com base na deficiência ou risco agravado de saúde, bem como na sua prova, que continua a gerar,

a não instrução de procedimentos de contra-ordenação;

O CENTRO ANTI-DISCRIMINAÇÃOÉ face a esta enorme contradição entre os números de de-núncias reportadas, as alegações de casos de discrimina-ção de todas as associações na área da sida e do nosso pró-prio conhecimento da realidade que se justifica a criação do Centro – projecto da SER+ e do GAT que lembre-se, ainda em 2009 foi recusado pela CNVHISida – pelo que tendo iniciado a sua actividade em Janeiro de 2010, só em 2011 teve existência “legal”.

Nestes dois anos os casos recebidos e tratados podem ca-racterizar-se pelos quadros seguintes:

Os números apresentados contrastam fortemente com os do relatório do INR no número de casos, na distribuição por causas de discriminação e nas soluções.

De notar que todos os casos arquivados se devem a desis-tência dos queixosos e que apenas um caso nos foi refe-renciado por associações da área do VIH que não o GAT ou a SER+.

Algo vai mal no reino da Dinamarca…

Cascais, 19 de Janeiro de 2012

Queixas Assunto 2007 2008 2009 2010 Total recebidas INR Todos 37 31,09% 13 17,57% 6 12,77% 8 11,76% 64 20,78% Seguros 14 11,76% 8 10,81% 2 4,26% 1 1,47% 25 8,12% Cuidados 1 0 1 de Saúde OI Todos 82 68,91% 61 82,43% 41 87,23% 60 88,24% 244 79,22% Seguros 8 6,72% 5 6,76% 0 0,00% 0 0,00% 13 4,22% Cuidados 6 5,04% 2 2,70% 0 0,00% 1 1,47% 9 2,92% de Saúde ISP Seguros 33 27,73% 29 39,19% 29 61,70% 26 38,24% 117 37,99% Total Todos 119 100,00% 74 100,00% 47 100,00% 68 100,00% 308 100,00% Seguros 55 46,22% 42 56,76% 31 65,96% 27 39,71% 155 50,32% Cuidados 6 5,04% 3 4,05% 0 0,00% 1 1,47% 10 3,25% de Saúde

Queixas Assunto 2007 2008 2009 2010 Total arquivadas ISP Seguros 55 82,09% 42 62,69% 31 83,78% 26 60,47% 154 71,96% Todas Total 67 56,30% 67 90,54% 37 78,72% 43 63,24% 214 69,48% Instituto INR Nacional para a Reabilitação OI Outras Instituições Instituto ISP de Seguros de Portugal

Queixa Casos de Trabalho Medicina Serviços Seguros Devassa Ensino recebidas discriminação trabalho de saúde vida privada 2010 26 22 4 2 7 4 4 1 11 2 1 1 4 3 2011 26 22 4 2 4 2 6 4 Total 52 44 8 4 11 6 10 5 100% 18% 9% 25% 14% 23% 11%

Casos Arquivados Resolvidos Entidade Aguardam discriminação Reguladora documentação 2010 22 5 12 1 4

2011 22 4 7 3 8 Total 44 9 19 4 12 100% 20% 43% 9% 27%

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O direitotratamento

a0

Por: Catarina SousaAssistente Social | Coordenadora do CAAP ABRAÇO

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O DIREITO AO TRATAMENTOO DIREITO AO TRATAMENTO

jável, situações de pessoas imigradas no nosso país que têm, de facto, muita dificuldade em aceder ao Serviço Na-cional de Saúde e, como tal, a todo o seguimento clínico que a referenciação da seropositividade requer. Assistiu-se também ao corte substancial do financiamento de pro-jectos ao abrigo do Programa ADIS dirigido pela CNVIH. Fica a interrogação e naturalmente a inquietação quanto aos constrangimentos que adicionalmente a área do VIH/SIDA irá sentir neste contexto.

Convém no entanto não limitar a análise aqui desenvolvida ao acesso a consultas, meios complementares de diagnós-tico e terapêutica, importa também enaltecer a relevância do trabalho desenvolvido quanto à adesão terapêutica, destacando, a este propósito, a imprescindibilidade de intervenções multidisciplinares que permitam analisar de forma holística a singularidade do doente em tratamento e assim optimizar a promoção da adesão do mesmo. De fac-to, só um trabalho de verdadeira complementaridade, não só entre equipas que trabalhem em meio hospitalar, mas também entre estas e as organizações da sociedade civil a operar na área do VIH, pode alavancar estratégias de pro-moção da adesão às consultas e à terapêutica mais eficazes e ajustadas à especificidade da pessoa em tratamento e, deste modo, combater cenários de dificuldade de adesão e de desenvolvimento de resistências.

O direito ao tratamento que acorre às pessoas seroposi-tivas é, por si só, uma questão primordial na intervenção desenvolvida face ao VIH/SIDA, sendo um tema que apela à conjugação de áreas de saber tão diversas como a saúde, a economia, as ciências farmacêuticas, o direi-to, a política, as ciências sociais e humanas, entre outras. Tendo consciência da impossibilidade de analisar todas as perspectivas relacionadas com esta temática, optou-se por enquadrar sumariamente as disposições legais que consubstanciam o direito ao tratamento em Portu-gal, destacando o papel e relevância do tratamento e, de algum modo, interrogando a sua concretização prática.

Analisar o direito ao tratamento que assiste às pessoas que vivem com VIH tem tanto de fundamental como de con-troverso.

Fundamental na medida em que este direito se funde, an-tes de mais, no direito à saúde e no direito ao bem-estar, assistência e segurança social, que se consubstanciam em instrumentos internacionais assumidos por Portugal, tais como a própria Declaração Universal dos Direitos Huma-nos (1948), a Convenção Europeia dos Direitos Humanos (1950), entre outros.

É ainda um direito corroborado pela Constituição da Re-pública Portuguesa, onde no seu Artigo 64º, ponto 1 se pode ler o seguinte: “Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover”.

Fundamental ainda pelo facto da terapêutica anti-retrovi-ral (TARV) reduzir de forma muito significativa a morbili-dade e mortalidade das pessoas que vivem com VIH. Está-se, portanto, a falar da qualidade de vida e da sobrevivência dos doentes seropositivos, bem como da possibilidade de minimizar a disseminação do vírus, uma vez que as pes-soas que vivem com VIH quando medicadas apresentam, geralmente, níveis controlados de carga viríca e, como tal, são menos infecciosas. Para este facto deve ainda con-tribuir a implementação de mecanismos que promovam o diagnóstico precoce e, como tal, admitam probabilida-des de tratamento mais bem sucedidas.

Salienta-se, neste sentido, que em Portugal as pessoas seropositivas têm legalmente acesso a consultas, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, o que até Novembro de 2011 acontecia sob isenção de pagamento

das taxas moderadoras referentes aos mesmos. No entan-to, apesar das alterações provenientes da implementação do Decreto-Lei Nº 113/2011, de 29 de Novembro, consta-ta-se que as pessoas que vivem com VIH deixaram de estar isentas, passando agora a encontrar-se dispensadas das ta-xas moderadoras no âmbito das consultas e actos comple-mentares, o que também as escusa à apresentação de todos os meios de prova a que as pessoas que requerem isenção do pagamento de taxas moderadoras estão sujeitas, con-forme Artigo 8º, alínea b), do mencionado Decreto-Lei.

Controverso, no sentido deste ser um direito de todos (devido às medidas tomadas pelo governo, nomeada-mente por meio do Despacho do Ministro da Saúde nº25.360/2001, que faculta aos cidadãos estrangeiros que residam legalmente em Portugal o acesso, em igualdade de tratamento ao dos beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS), aos cuidados de saúde e de assistência me-dicamentosa prestados pelas instituições e serviços que constituem o SNS), mas não para todos - conforme bar-reiras frequentemente colocadas à população imigrante, especialmente aos que estão em situação irregular. Con-tudo, o Despacho do Ministro da Saúde anteriormente mencionado, confere aos cidadãos estrangeiros que não se encontrem em situação regular o acesso aos serviços e estabelecimentos do SNS, mediante a apresentação junto dos serviços de saúde da sua área de residência de um ates-tado de residência emitido pelas juntas de freguesia que ateste que se encontram em Portugal há mais de 90 dias.

Controverso ainda pela tendência que a crise financeira que atravessamos vem imprimindo na elevação dos obs-táculo colocados no acesso aos serviços de saúde e na manutenção dos cuidados e assistência medicamentosa às pessoas seropositivas.

Sabe-se que os doentes infectados pelo VIH são dos que implicam um maior esforço financeiro ao sistema de saúde, o que coloca algumas incertezas perante o actual contexto sócio-económico no que respeita à manuten-ção dos níveis de concretização do acesso ao tratamento.

Na prática que diariamente a ABRAÇO desenvolve junto de pessoas que vivem com VIH, ultimamente e no âmbito da crise financeira vigente, chegam-nos relatos da substi-tuição da TARV para medicamentos genéricos, acompa-nhamos também, com frequência muito superior à dese-

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O direito paisde sermosPor: Gonçalo LoboPsicólogo Clínico, Diretor Técnico ABRAÇO

Referências Bibliográficas:- Constituição da República Portuguesa- Entidade Reguladora de Saúde – Recomendação n.º R/02/ERS/2005- Associação para o Planeamento Familiar – Direitos Sexuais e Reprodutivos - Direcção Geral de Saúde – Circular Normativa n.º 23/DSR de 29 de Dezembro de 2009- EngenderHealth – Saúde Sexual e Reprodutiva das Mulheres e Adolescentes Vivendo com HIV (2006)

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PARENTALIDADEPARENTALIDADE

em pleno século XXI técnicos superiores operantes na área da saúde ainda continuam a discriminar apesar do VIH não constituir risco de infecção se todas as normas de higiene e segurança forem cumpridas. Como num caso específico exposto em 2005 pela ABRAÇO à Entidade Reguladora de Saúde, onde uma mulher seropositiva viu o seu pedido e desejo de ser mãe desmoronar por a Unidade de Saúde alegar não ter as condições necessárias para concretizar o seu anseio, tendo sido sugerido recorrer a uma clínica privada.A recomendação n.º R/02/ERS/2005 daqui pro-ferida referente às técnicas de procriação medicamente assistida devido à negação de assistência médica num ser-viço público, alude que todos os utentes são iguais perante o sistema de saúde segundo o Direito do Utente dos Ser-viços de Saúde, consagrado também através da lei funda-mental pelo princípio da igualdade, devendo a entidade pública, em caso de limites de recursos humanos, mate-riais e tecnológicos, dotar os respectivos serviços destes métodos, sem prejuízo da assistência médica preconizada. Parece-nos demasiado fácil descartar a responsabilidade de respeitar o sonho de alguém, alegando que os serviços não têm os recursos necessários, devendo-se sim aceitar

que existem receios perante às situações e que iremos reu-nir toda a informação e meios necessários para tomar uma decisão consciente, cientifica e eticamente responsável.

Gostaríamos também aqui fazer referência à circular normativa n.º 23/DSR de 29 de Dezembro de 2009 da Direcção-Geral da Saúde, em especial para todas as mães ou futuras mães com condição de infecção ao VIH, onde consta que deverá ser assegurada às mães com infecção ao VIH/SIDA, de forma sistemática, aceitável, exequível, acessível, sustentável e segura o acesso gratuito à fórmula para lactentes durante o 1.º ano de vida da criança, sen-do a distribuição efectuada na farmácia hospitalar onde a criança é acompanhada e mediante prescrição médica que deverá cobrir em quantidade suficiente a fórmula para lac-tentes até à próxima consulta hospitalar, visto a amamen-tação natural ser uma forma de transmissão de mãe-filho.

Vivemos numa era que postulam a igualdade e a integra-ção como algo presente e actual, quando na prática o que experienciamos nos lembra que, apesar dos avanços, ain-da há muito por fazer.

Na Constituição da República Portuguesa, no seu Artigo 13.º - Princípio da Igualdade, podemos ler “todos os cida-dãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei” e “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, preju-dicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, terri-tório de origem, religião, convicções políticas ou ideoló-gicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”, mais adiante no mesmo documento, no Artigo 36.º - Família, casamento e filiação, encontra-se consagrado que “todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade”.

Este princípio e direito per si fariam dispensável a escrita de um artigo sobre o direito de sermos pais, pois perante a Constituição Portuguesa e o Sistema, é um direito que nas-ce connosco, cabendo a nós usufruir do mesmo, ou não.

No entanto na prática as questões pragmáticas e objectivas tornam-se complexas, retorcidas e por vezes são perver-tidas, impregnadas por um preconceito retardado e pejo-rativo que causam sofrimento, sem razão seja ela de que

índole, sobre populações já por si vulneráveis à exclusão social e à marginalização.

No caso específico da pessoa que vive com o VIH, que dada às complicações clínicas inerentes ao vírus necessita de algum tipo de técnica de procriação medicamente as-sistida (ex. inseminação artificial, fertilização in vitro, en-tre outras) para ver o seu desejo de ser pai concretizado, é relembrado de como a sociedade, considerada moderna, o caracteriza como pouco “digno”, como que se de uma incompatibilidade se tratasse. Alguém que é “rotulado” como sendo seropositivo/a e entenda-se aqui rotulado como um conceito sociológico, de uma visão altamente estigmatizante de culpabilização pelo seu estado de saúde, pela percepção de uma baixa esperança de vida e caracte-rizado também por um estilo de vida socialmente censura-do, que consideramos não corresponder à realidade.

Como poderemos empatizar, ser submetido a um proces-so de procriação medicamente assistida é um confronto com a condição de infecção ao VIH para qualquer pessoa que vive com o vírus, e é com revolta que assistimos que

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Em Janeiro de 2009, no Hospital Joaquim Urbano, foi formada uma equipa en-carregada de estudar a forma de ajudar os utentes que apresentassem formas mais severas de lipoatrofia facial. Do grupo de 30 doentes, propostos para tra-tamento entre 2009/2010, todos foram tratados.

A face do estigmaReconstruçãofacialda Lipoatrofia(Recuperar a auto-estima/ afastar a exclusão)

Por: Leonor ChavesEnf.ª especialista em Saúde Mental e PsiquiatriaChefe do serviço de internamento do CHP-Unidade Joaquim Urbano

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A FACE DO ESTIGMAA FACE DO ESTIGMA

Foram ainda tratados de forma gratuita pela equipa me-dica mais quatro doentes que tinham lipoatrofia marcada e que apresentavam sintomas de depressão marcada, de-vido a esta situação.

Foi elaborado um protocolo de tratamento, em que, para além do local para registos relacionados com a história clínica, terapêuticas anteriores e actuais, dados analíticos, dados pessoais, etc., foram incluídos os critérios de selec-ção para efectuar o tratamento, a informação ao utente de toda a técnica e o respectivo consentimento informado, que todos assinaram depois de esclarecer todas as dúvidas.

Os tratamentos estiveram a cargo do Dr. Cláudio Martinez, médico renomado na sua especialidade que trabalha em parceria com o cirurgião plástico Dr. Francisco Campos.

Este médico tinha já uma larga experiência em tratamen-tos efectuados em Espanha a doentes com VIH e acedeu prontamente a colaborar com o projeto. A técnica utiliza-da, foi a do preenchimento facial em três a quatro seções conforme a gravidade do caso, sem recurso a anestesia e com efeitos secundários praticamente inexistentes.

Resultados: Do grupo de 30 doentes com lipoatro-fia facial marcada, propostos para tratamento entre 2009/2010, foram todos totalmente tratados. Destes; 14,3% eram do sexo feminino e 85,7% do sexo masculino e a média de idades era de 47anos (39-61). Estes doentes usavam terapêutica ARV, em média, há 12,7 anos (7-20) e tinham feito, em média, 4,5 (3-7) esquemas terapêuti-cos. Todos os tratamentos foram documentados com fo-tografias (antes e pós tratamento) onde é possível verifi-car a melhoria significativa da evolução da imagem facial.

Conclusão: Para além da melhoria do aspecto físi-co, a obtenção de altos índices de satisfação relatados verbalmente e por escrito por alguns doentes e a re-cuperação da auto-estima, foi, sem dúvida, um estí-mulo importante para os doentes e um prémio que muito satisfez os técnicos envolvidos neste processo.

Se estas pessoas viram a sua situação resolvida e le-vam hoje uma vida bem mais feliz, uma lista extensa de outras, continua há espera de ter a mesma sorte, mas os recursos são cada vez mais difíceis de obter!

O desenvolvimento de fármacos eficazes para o VIH levou a um melhor controlo deste vírus mas provocou também alguns problemas. Em cerca de três décadas foi possível identificar e caracterizar uma infecção desconhecida, bem como investigar e desenvolver terapêuticas que, ac-tualmente, oferecem eficácia, segurança e simplicidade, transformando uma infecção fatal numa condição cada vez mais próxima da cronicidade. Não obstante estes ex-traordinários avanços, existem ainda desafios importantes em relação aos impactos da infecção e do seu tratamento.

A lipodistrofia continua a representar um importante de-safio da infecção VIH, em virtude das alterações metabó-licas e morfológicas. Caracterizada por uma anormal dis-tribuição da gordura corporal, o impacto da lipodistrofia constitui um desafio significativo para a pessoa que vive com VIH na medida em que, para além do impacto na saúde, apresenta também relevância para a auto-estima e para eventual discriminação dadas as alterações do as-pecto corporal que podem traduzir-se por acumulação excessiva de gordura em determinadas zonas corporais (lipohipertrofia) ou a sua perda anormal noutras zonas (li-poatrofia) ou com um padrão misto.

Para além do impacto do próprio VIH, estima-se que tam-bém a própria terapêutica antirretrovírica contribua para o desenvolvimento da lipodistrofia, em particular se con-sideradas as primeira e escassas opções disponíveis no iní-cio da infecção VIH.

Tendo presente o impacto físico, emocional e social des-tas alterações corporais, o Hospital Joaquim Urbano pro-curou desenvolver iniciativas que minimizem e corrijam as modificações associadas à lipodistrofia. Tendo presente o estigma relacionado sobretudo com alterações ao nível facial, foram disponibilizados cuidados específicos que passaram pela avaliação clínica da lipodistrofia e, nos casos recomendados, pela intervenção cirúrgica.

PROJETO DESENVOLVIDO NO HJU ENTRE 2009/2011

Tal como acontece noutros hospitais que tratam pessoas com VIH, os doentes do HJU manifestaram, por diversas vezes, junto dos seus médicos e enfermeiros assistentes, que era cada vez mais difícil para eles viver com a aparên-cia física que foram adquirindo ao logo do tratamento.

Eram diversas as histórias de vida relacionadas com esta problemática, desde o abandono da terapêutica, a pedidos de reforma antecipada por receio de discriminação no lo-cal de trabalho, ou a consultas permanentes de psiquiatria com pedidos de ajuda para conseguir minimizar os efeitos psicológicos da alteração da imagem corporal.

Os doentes temiam também que a lipodistrofia significas-se evolução da infecção por VIH.

Em Janeiro de 2009 uma utente, que veio à consulta de rotina pediu à sua médica para falar com o Director do Ser-viço porque no passado ele tinha sido o seu médico e sem-pre a ajudou nos momentos mais difíceis, mesmo quando pensou pôr termo à vida quando descobriu que fora infe-tada pelo namorado com VIH e o vírus da hepatite C.

Neste dia foi formada uma equipa encarregada de estudar o problema e tentar arranjar soluções para a resolução da lipoatrofia facial dos nossos utentes que apresentassem formas mais severas.

O aspecto da face é, sem dúvida, o que mais preocupa os utentes. “A CARA NÃO ANDA VESTIDA”, como referiu um nosso doente.

Depois de termos tentado obter resposta para o problema junto de entidades públicas (serviços de cirurgia plástica de hospitais de Porto, Coimbra e Lisboa), ficamos a saber que em nenhuma destas instituições havia algum tipo de programa financiado pelo estado para tratar esta patologia.

Como os pedidos de ajuda continuavam, e é a nós técnicos que compete arranjar as soluções, partiu-se para a solução de arranjar ajuda privada, quer para implementar a técnica de correcção quer para a financiar.

O Director do Serviço decidiu pedir a todas as empresas farmacêuticas que forneciam antirretrovíricos ao Hospital de Joaquim Urbano uma colaboração monetária. Nem to-das colaboraram mas, mesmo assim foi possível recolher uma verba que permitiu o pagamento da correcção facial de vinte e três situações graves.

Dado que no grupo inicial havia ainda mais três doentes a tratar a Associação dos médicos do Serviço deu o dinheiro restante para estes tratamentos.

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Direitospreconceitos!

semO efeito Viena 2010 em Portugal (Direitos AQUI e AGORA) perdeu-se? Afinal quais foram os efeitos práticos no nosso país? Não vimos medidas conclusi-vas. Apesar de sermos uma enorme massa silenciosa e invisível (aparentemen-te despreocupada) , alguns de nós, estão bastante atentos aos seus direitos.Por: Luis Sá

REDE POSITIVO PT*

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DIREITOS SEM PRECONCEITOSDIREITOS SEM PRECONCEITOS

RESPEITO PELOS NOSSOS DIREITOS, AQUI E AGORA!

A REDE POSITIVO constatou em Dezembro 2010 que a sua tradução dos Princípios de Denver, terá sido a primeira em 30 anos, mas está em tudo atual.

A pergunta que diferencia o seropositivo do doente de cancro é insulto à dignidade da condição do doente: ”Como é que contraíu o VIH ? “ É um hábito julgarem-nos por aqui...por isto mesmo.

Um fumador inveterado, um alcoólico, um/a “marato-nista sexual”...

Todos (mesmo os que não se colocam em risco “ativo”, da mesma forma que o VIH pode ser contrádo passivamente) podem adquirir cancro (pulmão, fígado, HPV), mas rara-mente lhe colocam essa pergunta com a frequência ou o preconceito com que surge a uma pessoa infectada com VIH.

Tudo quanto continuamos a pedir é tratamento universal e nos cuidados de saúde e em consciência a todos que trabalham e vivem connosco, exigimos... RESPEITO!

Isso é afinal o que alguém, que padece de uma doença crónica pode esperar ter de todos, não é verdade?

No entanto, somos ainda olhados como alguém que tem que se satisfazer com um dia de memória (que mais pare-ce um circo mediático) por ano e 364 de invisbilidade face à população em geral.

A dignidade no entanto requer-se todos os dias e a me-mória dela também. Pelos caídos e pelos que padecem ainda e que são esquecidos. Os direitos estarão em cima da mesa, quando pudermos marchar sem medo de perdermos empregos, famílias e amigos. Até lá temos um longo caminho a percorrer. Alguém duvida disso?

COMO PODE ALGO SER DESMISTIFICADO E COMBATIDO, SEM SER MENCIONADO?

Cremos que é particularmente necessário, desenvolver políticas de prevenção que integrem realmente uma pers-pectiva de direitos humanos e um enfoque de género para encorajar uma mudança nos padrões de comportamento e evitar comportamentos de risco que facilitam a transmis-são do VIH.

Para fazer isso, é essencial analisar cuidadosamente os efeitos reais das políticas públicas e programas implemen-tados até agora para prevenir a transmissão do VIH. En-quanto estratégias de VIH-SIDA, alguns grupos específi-cos que se supõe mais vulneráveis à infecção têm sido alvo de abordagem especiais, mas é necessário compreender e analisar os programas, tais como as práticas de risco que incorrem mais além de seus próprios membros no setor da população e desenvolver campanhas com o pragmatismo e incidência necessária.

Para atingir este objectivo são necessárias políticas que evitem estereótipos e que tomem em conta a diversida-de sexual, considerando-se acima de tudo o respeito pe-los direitos humanos e de género, fatores críticos para o êxito do desenvolvimento de uma política pública que pode realmente eficaz na prevenção que tem sido nos úl-timos anos o maior problema mundial de saúde pública.

O estado português tem por isso a obrigação de imple-mentar políticas progressistas e de abertura para garan-tir a prevenção com uma maior qualidade aos utentes do serviço nacional de saúde e aos cidadãos portugueses em geral no âmbito da sexualidade para garantir a eficácia no contolo da epidemia no VIH. Existe a falta de uma política efectiva para o entendimento da sexualidade por parte da população portuguesa, como um assunto que não pode ser encarado como tabu pela realidade desta epidemia e dos “comportamentos de risco”.

É importante, quer pelo lado da orientação sexual, “esma-gada” pelo conservadorismo e pela incapacidade das orga-nizações GBLT de se organizarem e se fazerem ouvir com agentes de pressão e de mudança.

A LEI E AS ESTRUTURAS DE SUPORTE COMO FATOR DE MUDANÇA

Igualmente importante para o sucesso ao acesso aos di-reitos dos seropositivos, seriam as campanhas suportadas neste domínio e uma série de apoios refletidos em diplo-mas legais menos conservadores que descendessem da Lei Fundamental do país , refletindo assim o que a U.E. de resto manifesta como regra há anos com sucesso para as Pessoas que Vivem com VIH-SIDA nos respetivos países, onde esta orientação é respeitada.

O próprio eixo das ONG’s na área do VIH-SIDA vê-se a braços com uma Coordenação que durante anos não conseguiu melhor que planos plurianuais neste domínio, como se tivesse sido esperado que de quatro em quatro anos, os nossos direitos se extinguissem, ou perdessem a necessidade de fundos pelo advento da cura.

A própria existência da REDE POSITIVO foi-nos negada como direito pela antiga Cordenação de Luta Contra a SIDA por não existir enquadramento nesse sentido (nunca tivemos uma reunião com o orgão que coordena esta área, apesar de a termos solicitado).

Existimos como organização privada de seropositivos e mercê o nosso próprio esforço e provamos o quanto afinal as pessoas que trabalham para nós podem afinal estar er-radas no destino dos fundos para servir os nossos direitos até mesmo a mitigar a nossa solidão e acesso à informação.

*REDE POSITIVOViver e Conviver Positivamente com o VIHRede Social destinada a seropositivos e a todos aqueles que se preocupam e que de algum modo se relacionam com os assuntos que lhes dizem respeito: ChatFóruns, Blogues, Debates e Informação VIH/SIDA e Co-Infecçõeswww.redepositivo.org | Facebook/Orkut/Blogger/GNP+/Aidsspaces (ONUSIDA)

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Fonte: http://www.poz.com/articles/the_denver_principles_2267_15780.shtml Tradução Luis Sá | REDE POSITIVO PT

PrincípiosdeDenver

Declaração do Comité Consultivo de Pessoas com SIDA (1983)

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PRINCÍPIOS DE DENVERPRINCÍPIOS DE DENVER

Nota: Este documento consagra os direitos primordiais das PVVIH (pessoas que vivem com VIH). Nós preferimos actualmente a versão de pessoas portadoras de VIH a pes-soas com SIDA (fase da Doença, cuja realidade era outra à altura). A questão da confidencialidade é um dado que se mistura neste contexto emergente dum quadro particu-larmente dramático dos primeiros anos do estigma, pouco reflectido ainda, é ainda um reflexo do quadro sintomático da crise de preconceito que vivemos no Mundo todo.

A UNAIDS/ONUSIDA validou este documento em:http://www.unaids.org/es/KnowledgeCentre/Resources/FeatureStories/archi-ve/2007/20070330_GIPA_Policy_Brief.asp

Mais Info em: http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/pt/People_With_AIDSFonte: http://www.poz.com/articles/the_denver_principles_2267_15780.shtml

Mais Info em: http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/pt/People_With_AIDS

Denunciamos a tentativa de rotular-nos como ‘vítimas’, um termo que implica a derrota, pois nós estamos apenas ocasionalmente na situação de ‘pacientes’, um termo que implica passividade, impotência e dependência dos cuida-dos de outros. Somos ‘pessoas com VIH. “

RECOMENDAÇÕES PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 1. Afirmarem-se, especialmente para os pacientes que tiverem SIDA.

2. Identificar sempre e claramente, discutindo a teoria que advoguem em nome da causa da SIDA, uma vez que esse viés afecta os tratamentos e conselhos que nos dão.

3. Entrar em contato com seus sentimentos (por exem-plo, medos, angústias, esperanças, etc) sobre a SIDA e não apenas com o facto de lidaram com a SIDA do ponto de vista intelectual.

4. Fazerem um inventário exaustivo pessoal e identifi-car e examinar os seus próprios interesses à volta da ques-tão da SIDA.

5. Tratarem as pessoas com SIDA como pessoas in-teiras, abordando as questões psicológicas, bem como as biofísicas.

6. Abordar a questão da sexualidade em pessoas com SIDA especificamente, com sensibilidade e com informa-ção sobre a sexualidade dos homossexuais e em geral, da sexualidade das pessoas com SIDA, em particular.

RECOMENDAÇÕES PARA TODOS OS POVOS 1. Suporte e Aderência em a nossa luta contra todos aqueles que nos despedirem de nossos trabalhos, expul-sarem-nos de nossas casas, que se recusam toca-nos ou que tentem separar-nos dos nossos entes queridos, co-munidades ou de nossos pares, uma vez que os elemento disponíveis não apoiem a visão de que a SIDA não pode ser transmitido pelo contato casual, ou social.

2. As pessoas com SIDA não podem ser um bode ex-piatório, ou serem culpados pela epidemia ou ainda alvo de generalizações sobre os nossos estilos de vida.

RECOMENDAÇÕES PARA PESSOAS COM SIDA 1. Formarem agrupamentos e escolher os seus próprios representantes, para lidar com os media, para escolher as suas próprias agendas e planear as suas próprias estraté-gias.

2. Estar envolvido em todos os níveis da tomada de de-cisão e, especificamente, actuar no conselho de adminis-tração dos seus provedores e organizações.

3. Ser incluído em todos os fóruns SIDA com credibili-dade igual a outros participantes, no sentido de comparti-lhar suas experiências e conhecimentos.

4. Substituir os seus comportamentos sexuais, por ou-tros de baixo risco para que não possam prejudicar a si ou seus parceiros, pois sentimos que as pessoas com SIDA têm a responsabilidade ética de informar os seus parceiros em potencial do seu estado de saúde.

DIREITOS DAS PESSOAS COM SIDA 1. Viver um plena e satisfatória vida emocional e sexual como qualquer outra pessoa.

2. Receber um tratamento médico de qualidade e uma prestação de serviços de qualidade social, sem qualquer forma de discriminação, incluindo a orientação sexual, sexo, diagnóstico, status económico ou raça.

3. Obter explicações completas de todos os procedi-mentos médicos e riscos, no sentido de poder escolher ou recusar as respectivas modalidades de tratamento, ou de se recusar a participar em pesquisas sem comprometer o seu tratamento e para que lhes seja assim possível, tomar decisões informadas sobre as suas vidas.

4. Garantir a privacidade e confidencialidade dos re-gistos médicos, para receber o respeito humano e o direito de escolher quem são os seus outros significantes para si.

5. Morrer - e VIVER - com dignidade.

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CONTACTOS

CONTACTOS GERAIS ABRAÇOLISBOALargo José Luís Champalimaud, nº 4 A1600-110 LISBOATel: (+351) 21 799 75 00Fax: (+351) 21 799 75 09/21 799 75 99Email: [email protected]: www.abraco.org.ptRECEPÇÃO9h30-18h30Email: [email protected]. ADMIN. E FINANCEIROSEmail: [email protected]: [email protected]: [email protected]: [email protected]ÚDOS E INFORMAÇÃOSócios: [email protected]/Sócios: [email protected]ários: [email protected]ÇÃO NACIONALEmail: [email protected]ÇÃOEmail: [email protected]ÇÃO, INFORMAÇÃO E COOPERAÇÃO INTERNACIONALEmail: [email protected]: [email protected]

PROJECTOS ABRAÇOLISBOACENTRO DE ATENDIMENTO E APOIOPSICOSSOCIAL10h-13h e 14h-19hEmail: [email protected]: [email protected] e 14h-19hEmail: [email protected] DE AUTO AJUDAEmail: [email protected] JURÍDICOEmail: [email protected] PSICOLÓGICO10h-13h e 14h-19hEmail: [email protected] MÉDICO-DENTÁRIO10h-13h e 14h-19hEmail: [email protected] DE APOIO DOMICILIÁRIOEmail: [email protected]

DELEGAÇÃO SETÚBALCENTRO DE ATENDIMENTO, ENCAMINHAMENTO E PREVENÇÃORua Mormugão, nº 352900-506 SETÚBALTel: (+351) 265 228 882 - Fax: (+351) 265 230 111Email: [email protected]

GABINETE DE APOIO AO UTENTEMaterial Informativo, Preservativos, Vestuário2ª a 6ª feira, 14h-18h30DELEGAÇÃO NORTECENTRO DE APOIO DOM. JOÃO CARLOSRua de Vila Nova, nº 3154100-504 PORTOTel: (+351) 22 375 66 55/6Fax: (+351) 22 375 66 529:30-13:00 e 15:00-18:30Email: [email protected]ÊNCIAS DO CENTRO DE APOIO DOMICILIÁRIO JOÃO CARLOS 1. APOIO PSICOSSOCIAL (CAAP) 9:30-13:00 e 15:00-18:30 Email: [email protected] 2. APOIO DOMICILIÁRIO 3. UNIDADE RESIDENCIAL Apoio 24 horas Email: [email protected] MOVIMENTO SAÚDETel: (+351) 93 714 63 23Email: [email protected] PASSO A PASSO IDT Rua do Pinhal, nº 84400-250 Santa Marinha – Vila Nova de GaiaTel./Fax: (+351) 22 375 12 769:00-13:00 - 15:00-18:00 Email: [email protected]

MADEIRAPROJETO CASA SER CRIANÇARua de Santa Maria, 1119060-291 FUNCHALTel: (+351) 291 236 700 - Fax: (+351) 291 235 8002ª a 5ª feira - 9h30-19h, 6ª feira - 9h30-18hEmail: [email protected] CENTRO DE APOIO AO UTENTE2ª, 3ª e 5ª feira -10h-19h, 4ª feira -10h-15h, 6ª feira -10h-18hEmail: [email protected]

CONTACTOS ÚTEISLINHA SIDATel.: 800 266 666*(10h-20h, exceto domingos)LINHA LGBT - ILGA PORTUGALTel: 21 887 39 22(De 4ª feira a sábado, entre as 20h e as 23h)PANTERAS ROSA - FRENTE DE COMBATEÀ LESBIGAYTRANSFOBIAEC Arroios, 1009-001 LISBOASite: http://www.panterasrosa.comEmail (Lisboa): [email protected] (Porto): [email protected] AVEIROCentro de Saúde de AveiroPr. Rainha D. Leonor3810 AVEIRO2ª: 13h30 -19h30, 3ª e 5ª: 14h-17hTel.: 234 891 170

CAD CASTELO BRANCOC. Saúde de S. MiguelAv. Europa6000-491 Castelo Branco3ª: 9h-13h; 14h30-17h30Tel.: 272 340 150CAD COIMBRAEdifício BCGAv. Bissaia Barreto3000 – 076 CoimbraDiariamente: 12h-17hTel.: 239 487 400PROJECTO STOP SIDA CENTROLAURA AYRESR. Padre António Vieira, nº 123000 CoimbraTestes anónimos e gratuitos: 17h-20h30Aconselhamento e encaminhamento: 21h-23h30Tel.: 239 828 771CAD PORTOR. da Constituição, nº 16564250–169 Porto2ª, 14h-21h3ª a 5ª: 9h-19h6ª: 9h-14hTel.: 22 041 22 50CAD FAROFixo – Ext. Centro de SaúdeRua Brites de Almeida, nº6-3º esq.8000-234 Faro2ª, 4ª e 5ª: 9h-12h e 14h-17h303ª: 9h-17h306ª: 9h-12hCAD MóvelTel.: 289 812 528CAD LEIRIALaboratório de Saúde Pública – Centro de SaúdeGorjão HenriquesR. General Norton de Matos 2410–272 LEIRIA2ª: 9h-13h | 3ª: 14h-17h | 4ª: 9h-13h, 14h-17h5ª: 9h-13h |Tel.: 244 816 488CAD LISBOAFundação N. Senhora do Bom SucessoAv. Dr. Mário Moutinho (ao Restelo) 1400–136 LISBOA2ª a 6ª: 9h30-14hTel.: 21 303 14 27CRA - CENTRO DE RASTREIO ANÓNIMODE INFEÇÃO VIHCentro de Saúde da LapaR. de São Ciro, nº 36, 1200–831 LISBOA2ª e 4ª: 12h-18h30 | 3ª, 5ª e 6ª: 10h-16h30Tel.: 21 393 01 51/2CHECKPOINT LX (HSH)Trav. Monte do Carmo, nº21200-277 LISBOA (Príncipe Real)2ª a 6ª: 12h-20hTel.: 91 069 31 58

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*Chamada gratuita, anónima e confidencial

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