28
EDIÇÃO 3 - JUNHO - 2013 É preciso encontrar formas sustentáveis, limpas, inteligentes e eficientes de usar a água! Promova o uso Racional da Água

Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O objetivo da revista virtual colaborativa é, seguindo o pensamento da ONU, conscientizar sobre a necessidade de cooperação envolvendo esse recurso e sobre os desafios no que diz respeito à gestão da água.

Citation preview

Page 1: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

EDIÇÃO 3 - JUNHO - 2013

É preciso encontrar formas sustentáveis, limpas, inteligentes e eficientes de usar a água!

Promovao usoRacional

daÁgua

Page 2: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013
Page 3: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Imagem

3

Page 4: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Promova o uso racional da água! 8Embora seja a maior reserva hídrica do planeta, o Brasil já enfrenta confl itos pelo uso da água.

Pesquisa trata de mercantilização da água e confl itos sociais

14Estudo foca o Semiárido nordestino, especifi camente o Estado do Ceará

20Criação de Atmosferas

A delicadeza na criação das aquarelas do artista japonês Abe Toshiyuki

4

Sumário

Page 5: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

A sede do lucro10

A comunicação adequada12

Parque industrial paraguaioatrai investimentos do Brasil16

Unesp monitora variáveis climáticas do Noroeste Paulista18

Água22

Franchini: as cores fortes e vibrantes desse artista português 24

PodAcqua Unesp26Este mês foram entrevistados

uma cientista política,

professores e um arquieto

18

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

5

Page 6: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

ReitorJulio Cezar duriganVice-reitoraMarilza Vieira Cunha rudgePró-reitor de AdministraçãoCarlos Antonio GameroPró-reitor de Pós-Graduaçãoeduardo KokubunPró-reitor de GraduaçãoLaurence duarte ColvaraPró-reitor de Extensão UniversitáriaMariângela Spott i Lopes FujitaPró-reitora de PesquisaMaria José Soares Mendes GianniniSecretária-geralMaria dalva Silva Pagott oChefe de Gabineteroberval daiton VieiraAssessor-chefe da Assessoria de Comunicação e ImprensaOscar d’Ambrosio

Coordenador EditorialOscar d’AmbrosioArteMarcelo Carneiro (Chello)Design Gráfi codarlene Magalhães, Gustavo Sousa, Marcelo Correia (graduandos em design Gráfi co pela FMU)Colaboradoresimagens: Hannes Rinkl, jacsonquerubin, Jose Carlos Castro, Judy Baxte, martinak15, NASA Goddard Space Flight Center, PAC, pfly, Studio Cl Art, Team Dalog, Zilamar Takeda, Textos: Fernando Braz Tangerino Hernandez, Laís Naiara Honorato Monteiro, Marcela Sant´anna Cordeiro da Silva, Mariele de Souza Penteado, Nayara Fernanda Siviero Garcia, Oscar D’Ambrosio, Tatiane Ganassim Pinheiro, Ulisses Tavares, Vininha F. CarvalhoRevisãoMaria Luiza SimõesProjeto Gráfi coMarcelo Carneiro (Chello)ProduçãoMara regina MarcatoApoio administrativoThiago Henrique LúcioEndereçorua Quirino de Andrade, 215, 4° andar, CeP 01049-010, São Paulo, SP. Tel. (11) [email protected] p://www.unesp.br/revistaacquahtt p://www.unesp.br/projetoacqua

6

Expediente

Page 7: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Quando pensamos nas questões envolvendo a gestão da água, cabe lembrar a diferença entre sistemas complicados e complexos. Ao se pensar num exemplo

de um sistema complicado, mas não complexo, pode-se citar a situação de um homem perdido em meio a uma floresta de araucárias todas plantadas com a mesma distância entre si. Trata-se de uma situação tensa, é claro, mas a racionalidade auxilia a encontrar a solução. Basta escolher uma direção e marcar as árvores pelas quais se está passando para não correr o risco de dar voltas em círculos. Se houver serenidade, esta solução cartesiana e aristotélica resolve a questão. A adoção de um método equilibrado baseado na razão consegue oferecer uma resposta adequada, pois caminhando sempre na mesma direção será possível chegar a uma saída, seja uma estrada, uma cerca ou um curso de água, enfi m, algo que permita sair da fl oresta.Um sistema complexo é a educação. Um professor oriundo de uma excelente universidade pública pode ter sucesso numa escola de periferia. Para isso, precisa, por exemplo, adequar sua visão de mundo ao local de trabalho, conhecendo os seus alunos e tomando a clara consciência de que pequenas ações

podem levar a grandes resultados.O chamado efeito borboleta manifesta-se em atitudes simples, como, por exemplo, ouvir, de verdade, o que os outros têm a dizer. Essa ação, aparentemente secundária para alguns, é um caminho seguro não só para conhecer a clientela, mas para se autoconhecer. Isso significa aprender com o passado dessas pessoas, mas sem ficar preso a ele, mantendo um olhar atento para o presente e, principalmente, uma perspectiva de futuro.O diálogo com os estudantes, franco, aberto e sereno, permite uma reflexão enriquecedora no sentido de detectar para onde é possível ir numa perspectiva realista. Isso significa fixar um objetivo e, a partir do conhecimento do grupo, verificar os melhores caminhos para se chegar onde se deseja.Para gerir decisões envolvendo a água, é preciso lembrar que se está perante um sistema complicado e complexo ao mesmo tempo. Somente assim será possível lidar simultaneamente com múltiplas variáveis, tema enfocado em nosso próximo editorial.

Zilamar Takeda — Instalação Garota de Ipanema

Editorial

7

Page 8: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

A pegada ecológica do ser humano, índice que mede a sustentabilidade ambiental com base na demanda de recursos naturais renováveis, aumentou em 70% desde 1970 (5% a mais do que o crescimento

populacional) e é hoje de 2,2 hectares por pessoa num mundo que só dispõe de 1,8 hectare por pessoa, ou seja, consumimos 20% a mais do que temos, o capital natural está diminuindo e pode acabar. O Índice Planeta Vivo, que mede tendências populacionais de espécies silvestres, mostra que em 30 anos houve uma redução de 40% na fauna.As espécies aquáticas (água doce) reduziram-se pela metade, as mar inhas em 30% e as terrestres também em 30%. Segundo o WWF, isso é provocado pela crescente demanda por alimentos, f ibras, energia e água, assim como pelos métodos não sustentáveis de produção.Componente bioquímico dos seres vivos e elemento presente em todas as etapas da evolução da civilização humana, a

Promova o usoracional da água!

VininHA F. CArVALHO

martinak15

água compõe 70% da Terra. Apenas 3% são de água doce e, desse total, 12% estão no Brasil. A agricultura é o maior consumidor da água doce: 70% da água doce são usados para irrigação. O brasileiro tem cerca de 5% da sua pegada hídrica em casa, com consumo de água na cozinha e no banheiro, e 95% estão relacionados com o que compra no supermercado, especialmente com produtos agrícolas.Embora o Brasil seja o país com a maior reserva hídrica do planeta, em muitas regiões já existe conflito pelo uso da água. Além disso, o crescimento da economia brasileira deve aumentar significativamente o uso da água nas diversas atividades produtivas, o que demanda uma gestão ambiental mais comprometida com a preservação deste precioso líquido.A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução afirmando que a água e o saneamento são direitos essenciais e pediu que os governos intensifiquem os esforços para sanar essas carências. Ainda segundo o estudo da ONU, o futuro sem

8

Artigos

Page 9: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

água já não está mais tão distante quanto pensávamos; se o desperdício continuar da maneira como está, 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso à água limpa em 2025.A maior parte da população não faz ideia da quantidade de água desperdiçada em hábitos diários, como escovar os dentes, tomar banho, lavar calçadas, jardins e carros. Um dos pontos que podemos destacar, por exemplo, é o hábito de lavar a casa e o quintal. Para se ter uma ideia do tamanho do desperdício, uma mangueira comum de uso residencial, com três quartos de polegada, gasta 600 litros de água a cada trinta minutos, o equivalente a mais de quatro vezes o que uma pessoa deveria consumir por dia.

Precisamos encontrar formas sustentáveis, limpas, inteligentes e eficientes de usar a água para produzir energia, e também de usar a energia para produzir água potável. Diversas ações em favor do melhor uso da água têm sido colocadas em prática, mas são insuficientes para garantir o abastecimento da população nas próximas gerações.Os consumidores devem, também, se preocupar com a origem dos produtos que consomem e com os procedimentos adotados na produção. Precisamos construir uma nova mentalidade, eliminando a percepção de que a água vem apenas da torneira e que simplesmente consertar um pequeno vazamento é o bastante para assumir uma atitude sustentável. Diversas são as soluções, como: fossas sépticas, fossas com filtro, sistema condominial, sistema misto, rede de esgotos, lagoa

Componente bioquímico dos seres vivos e

elemento presente em todas as etapas da

evolução da civilização humana, a água compõe

70% da Terra

de estabilização, oxidação laminar, estação de tratamento em grau crescente de depuração, até chegar ao reaproveitamento.Em todos os índices medidos, o consumo de recursos naturais da América Latina é superior ao da Ásia, do Oriente Médio e da África. O maior consumo é da população da América do Norte; a pegada de um norte-americano equivale à de dois europeus e a sete vezes o tamanho da pegada de um asiático ou de um africano. No ranking mundial, a pegada ecológica do brasileiro fica em 60º lugar na lista dos 149 países considerados no estudo. Quando se compara o consumo somente de alimentos, fibras e madeiras, no entanto, o Brasil sobe para 27º lugar. No item energia o Brasil fica em 82º lugar e em água fica em 70º lugar.É essencial que os responsáveis pela aprovação de leis em âmbito municipal, estadual e federal, vereadores, deputados estaduais e federais e senadores comecem a pensar com maior seriedade nessa questão e proponham textos legais que estimulem o uso racional da água e a captação de águas pluviais. A sociedade só terá a ganhar com essas medidas.

Vininha F. Carvalho é jornalista, administradora de

empresas, economista, ambientalista e presidente da

Fundação Animal Livre ( www.animalivre.org.br).

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

9

Page 10: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

A sede do lucro

Arte: Chello

ULiSSeS TAVAreS

Artigos

10

Page 11: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Você conhece a cena, ao menos nos filmes: o norte-americano enche um copo de água de torneira e bebe tranquilo.Dá uma inveja danada em nós, brasileiros, que temos água sobrando e consciência faltando.

Primeiro que, antes de chegar à torneira de nossa casa, a água potável passa por tubulações enferrujadas e cheias de sujeira e bactérias. Segundo que não dá para confiar nem um pouco na gestão pública da água.Agora mesmo, aqui em São Paulo, o Ministério Público está processando a Sabesp pelo absurdo de ela despejar esgoto in natura nos rios e represas. Isso é que se chama jogar merda no ventilador: ela antes joga cocô na água que tratará depois.

Com um detalhezinho que pouca gente sabe: a água suja pode virar limpa, menos em hormônios e antibióticos. Não há tecnologia no mundo que consiga retirar o resíduo de milhões de remédios e hormônios derivados do sangue dos absorventes femininos, aqueles saindo pelas torneirinhas orgânicas de fazer xixi e estes descartados nos vasos sanitários.Dos vasos para os rios e dos rios para nossas torneirinhas metálicas. A consequência disso lá nos pântanos da Inglaterra e Estados Unidos se conhece (aqui no Bananão as nossas otoridades garantem que não há perigo): peixes, répteis e insetos trocando de sexo, machos virando fêmeas pela água contaminada.Tudo bem, dirá o esclarecido e abonado leitor, eu só bebo água

Ulisses Tavares (Sorocaba, 1950) é poeta, professor,

publicitário, jornalista, dramaturgo, compositor,

roteirista e ator brasileiro.

http://ulissestavares.com.br

mineral. Ótimo, parabéns, você sabe se cuidar e se livrar do perigo.Chato apenas é que essa sua garrafinha de água provavelmente foi enchida, de graça, em alguma fonte natural e pública.Lá em São Lourenço uma multinacional suíça já secou dois poços. Lá em Cambuquira outra multi faz a mesma coisa. Se pesquisar (www.circuitodasaguas.org, por exemplo), vai ver que essa é a prática antiga dos “fabricantes” em quase todas as estâncias de águas minerais.Um negócio milionário e maquiavélico: afinal, quem fabrica a água é a natureza, basta engarrafar e vender.Mas nem sempre se retira a água para comercializar: às vezes joga-se a água fora e tira-se apenas o gás carbônico das fontes.E não estamos falando dos engarrafadores de fundo de quintal, que utilizam água de torneira mesmo.É briga de cachorro grande capitalista que, fora do Brasil, vira um poodle obediente às leis do meio-ambiente.Só existe um lugar onde os capatazes da escravidão das águas são uns anjinhos protetores ecológicos: na propaganda. Na vida real, eles mostram a face verdadeira de predadores, com plena conivência dos governantes de ontem e de hoje.Eles têm muita sede de lucro. E nós, de justiça.

O Ministério Público está processando a Sabesp pelo absurdo dela despejar esgoto in natura nos rios e represas.

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

11

Page 12: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

A comunicação adequada

A resposta à pergunta "Como a comunicação pode ajudar na modernização da agropecuária?" não é fácil e tampouco unânime; se assim fosse, não teríamos uma diferença tecnológica e de produtividade tão grande entre os

diferentes sistemas de produção. Neste artigo, ousaremos expor nossa opinião sobre o que é essencial para o sucesso de qualquer atividade econômica e social: a comunicação.Em um mundo atualmente globalizado e estando frente a frente com a era da comunicação, muitas empresas ainda apresentam difi culdade em atingir seu público-alvo. É possível que a ausência de um profi ssional capacitado para a função seja a origem desta difi culdade, posto que o processo de comunicação ultrapassa a troca de informações, caminhando paralelamente ao processo de gestão, exigindo do gestor aptidão para uma postura de

LAÍS nAiArA HOnOrATO MOnTeirO, MArCeLA SAnT´AnnA COrdeirO dA SiLVA, MArieLe de SOUZA PenTeAdO, nAYArA FernAndA SiVierO GArCiA, TATiAne GAnASSiM PinHeirO e FernAndO BrAZ TAnGerinO HernAndeZ

pesquisa, ou seja, técnica, buscando sempre apresentar-se metodologicamente, e deixar de lado o individualismo. O gestor deve expor a comunicação de maneira efi ciente, ou seja, o público-alvo deve entender a mensagem e se servir dela.Tratando-se do meio rural, a comunicação manifesta-se de forma importante e de certo modo mais complexa, considerando que é o setor mais afetado pelo comportamento do clima, que depende de inúmeros fatores técnicos inter-relacionados.Assim, os produtores têm a necessidade do conhecimento prévio de imprevistas intempéries, para que possam planejar suas atividades diárias, definindo estratégias de atuação a curto e médio prazo. Os irrigantes devem entender também os processos que levam ao maior ou menor consumo de água pelas plantas, a chamada evapotranspiração, e ainda executar

Artigos

12

Page 13: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

a contabilidade entre esta, que representa a saída de água, e a chegada, representada pelas chuvas e irrigações, em um processo chamado de balanço hídrico.Neste contexto devem-se considerar as barreiras que a comunicação enfrenta no meio rural, como o próprio uso desta pelo produtor, uma vez que a divulgação de dados como um processo de incorporação social �� que garante ao cidadão a possibilidade de adquirir conhecimento e, assim, ter sua participação ativa nas discussões �� também se torna um desafio.A Internet tem a capacidade de fornecer o acesso à informação atual, instantânea e previsional, além de conceder dados históricos envolvidos com a produção e tornar públicos os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos; e as universidades e instituições públicas devem se esforçar para produzir e disseminar conteúdo livre e gratuito, fazendo com que seu usuário possa adquirir conhecimento sobre as tecnologias geradas.A agricultura irrigada exige informações complementares, que devem estar disponíveis para que se aumente a efi ciência do uso da água. Assim, o produtor, através da Internet, pode ter acesso à informação sobre recursos naturais, evapotranspiração, qualidade da água, mercado, comercialização de produtos e serviços, entre outras.Também deve ser uma grande preocupação do produtor de conteúdo que, dados, ao serem disponibilizados, sejam acompanhados ou transformados em informações, e muitas vezes uma adequação de linguagem ao público-alvo deve ser feita para a aplicação correta das técnicas ou tecnologias disponíveis, e assim o produtor pode obter melhorias no campo, consequentemente na qualidade de vida e na sua renda.Embora a informação atualmente seja um grande e talvez o maior recurso da sociedade como instrumento para desenvolvimento, ela deve ser seletiva � adequada a cada público em linguagem e conteúdo, porque o fl uxo é muito grande, e assim a comunicação

efi ciente, capaz de produzir resultados mensuráveis depende de informações precisas, diretas e de fácil compreensão, e isto deve ser bem entendido por todos os profi ssionais que se propõem a produzir conteúdo e a divulgá-lo. Enfi m, saber comunicar-se é uma questão de sobrevivência profi ssional e social!

Laís naiara Honorato Monteiro, Marcela Sant´anna Cordeiro da Silva, Mariele de Souza Penteado,

nayara Fernanda Siviero Garcia e Tatiane Ganassim Pinheiro são alunas do curso de Agronomia da Unesp

de Ilha Solteira. Fernando Braz Tangerino Hernandez

é engenheiro agrônomo e professor titular da área

de Hidráulica e Irrigação da Unesp de Ilha Solteira.

[email protected]

www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

13

Page 14: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

O processo de difusão da atividade agropecuária no Brasil, baseada no modelo capitalista de produção, se consolida, para Antonio Thomaz Junior, professor da Unesp de Presidente Prudente, enquanto agro-

-hidronegócio. Ele entende que esse processo se consolida no Polígono do Agronegócio, área compreendida pelo Estado de São Paulo, Leste do Mato Grosso do Sul, Noroeste do Paraná, Triângulo Mineiro e Sul-Sudoeste de Goiás. Esta área destaca-se pela produção dos monocultivos da cana-de-açúcar, do eucalipto e da soja para exportação. Embora em menores proporções, esse processo também é observado, a partir de meados da década de 1990, em praticamente todas as regiões brasileiras.Nesse sentido, a pesquisa de doutorado "Mercantilização da

Pesquisa trata de mercantilização da água e conflitos sociaisEstudo foca o Semiárido nordestino, especifi camente o Estado do Ceará

Judy

Bax

teágua, disputas territoriais e conflitos sociais no campo, no baixo Jaguaribe (CE)", de Cíntia dos Santos Lins, foca o Semiárido nordestino, especificamente o Estado do Ceará, como uma das regiões que mais têm respondido aos interesses do capital agropecuário (terras planas, férteis e com disponibilidade hídrica) pela produção de frutas tropicais para exportação."A pesquisa tem como objetivo geral compreender as disputas territoriais e os conflitos de classe no espaço agrário cearense a partir do processo de expansão do agro-hidronegócio no Estado do Ceará. Assim, ainda, analisaremos a implantação de políticas públicas, bem como as condições de acesso à terra e à água pelas comunidades rurais atingidas pelo agro-hidronegócio, como também o papel dos movimentos sociais frente ao processo de crescimento

14

Reportagens

Page 15: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

do agro-hidronegócio no Ceará, e mapeando os conflitos por terra e água nas áreas de difusão do agro-hidronegócio", diz Cíntia.A pesquisa está organizada a partir de três eixos: 1. Expansão do agro-hidronegócio no Ceará; 2. Políticas públicas de acesso à terra e à água; 3. Conflitos e lutas por terra e água nas áreas de expansão do agro-hidronegócio cearense, concatenados por pesquisas bibliográficas, organização de banco de dados, mapas, gráficos, cartogramas e trabalhos de campo.O projeto parte da hipótese de que, no Estado do Ceará, o agro-hidronegócio se intensifica de forma territorialmente seletiva, já que “privilegia” apenas alguns pontos desse território, geralmente os dotados da infraestrutura e condições naturais adequadas à produção e que respondem com maior rapidez às necessidades de expansão do capital agrícola. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que se expande, cria resistências e, em consequência, uma série de disputas pelos elementos fundamentais à produção de alimentos: terra e água.Nesse sentido, segundo a pesquisadora, é importante colocar que as disputas e os conflitos em torno das áreas de expansão do agro-hidronegócio constituem-se uma grande oportunidade para a continuidade das pesquisas que, de acordo com Thomaz Junior, permitirão estreitar um campo de investigação de muito significado teórico, político, estratégico e geográfico para a compreensão da nova divisão territorial do trabalho, no Brasil, e toda a ordem de desdobramentos da luta de classes, e para as ações políticas em torno da Reforma Agrária, da Soberania Alimentar e Energética etc., sendo, pois, a água agregada ao campo de disputas e de domínio de novos territórios.O trabalho foi apresentado no Simpósio Internacional Questões do Trabalho, Ambientais e da Saúde do Trabalhador, que ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio na Unesp de Presidente Prudente.O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do

Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS) e contou com professores da Universidade da Geórgia (EUA), do Centro de Estudos Ambientais Cienfuegos (Cuba) e da Universidad Nacional de San Juan (Argentina).A trajetória de pesquisa do coletivo CETAS expressa predomínio da compreensão dos impactos sobre trabalhadores, ambiente e a sociedade. O Centro é formado pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Laboratório CEMOSI/OTIM), pelo grupo de pesquisa Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial (GADIS) e pelo Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Nesse sentido, o evento possui um eixo fundamental de discussão vinculado às atuações dos Grupos de Pesquisas que dão origem ao CETAS.O trabalho foi apresentado no Simpósio Internacional Questões do Trabalho, Ambientais e da Saúde do Trabalhador, que ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio na Unesp de Presidente Prudente.O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS) e contou com professores da Universidade da Geórgia (EUA), do Centro de Estudos Ambientais Cienfuegos (Cuba) e da Universidad Nacional de San Juan (Argentina).A trajetória de pesquisa do coletivo CETAS expressa predomínio da compreensão dos impactos sobre trabalhadores, ambiente e a sociedade. O Centro é formado pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Laboratório CEMOSI/OTIM), pelo grupo de pesquisa Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial (GADIS) e pelo Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Nesse sentido, o evento possui um eixo fundamental de discussão vinculado às atuações dos Grupos de Pesquisas que dão origem ao CETAS.

Cíntia dos Santos [email protected]

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

15

Page 16: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

jacs

onqu

erub

in

Reportagens

16

Page 17: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

ASSeSSOriA de COMUniCAçãO e iMPrenSA dO iPPri

Parque industrial paraguaio atrai investimentos do BrasilEconomista paraguaio Gustavo Codas participa de Seminário na Unesp

As relações diplomáticas entre Brasil e Paraguai avançaram positivamente nos governos de Luis Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo, especialmente após a declaração intitulada “Construindo uma nova etapa da relação

bilateral”, assinada em 25 de julho de 2009. Essa declaração, que trata principalmente da gestão da Itaipu Binacional, e suas consequências para o governo de Horacio Cartes, foi tema de debate com o economista paraguaio Gustavo Codas, em 20 de maio, na sede do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (Ippri) da Unesp, em São Paulo, SP.Segundo Codas, a assinatura do documento e a aproximação entre os dois países permitiu que o Paraguai pudesse obter compensação no preço da energia cedida ao Brasil, além da construção de 347 quilômetros de linhas de transmissão, com 759 torres, e a subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção. Entre outros aspectos, esse empreendimento favoreceu o desenvolvimento do parque industrial de Hernandarias. “Durante anos os governos paraguaios não construíram linhas de transmissão, o que impediu o Paraguai de utilizar a energia de Itaipu”, disse o palestrante.Outro ponto destacado no Seminário foi o interesse de empresários brasileiros no parque industrial do Paraguai. “O país oferece energia e mão de obra baratas, menos benefícios sociais, além de reduzida carga tributária, fatores que têm propiciado a migração de produção brasileira para o outro lado da fronteira”, destacou.

Com uma agenda econômica pragmática, Horacio Cartes vai se beneficiar dos resultados desse acordo, opina Codas. Cartes deverá estreitar os negócios com o Brasil e articular a volta do Paraguai ao Mercosul.Apesar dos avanços nessa relação binacional, Codas alertou para que o processo de integração em curso não seja apenas dos grandes capitais, mas também de pequenos negócios. “O desafio é evitar que o aumento dos negócios promova mais desigualdade”, avaliou. “Precisamos discutir também o estilo de desenvolvimento implícito nos processos de integração regional."

Conheça o IPPRI:

http://www.ippri.unesp.br

http://www.facebook.com/IPPRIUNESP

Ouça a entrevista com Gustavo Codashttp://bit.ly/12nUDIn

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

17

Page 18: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

A deficiência hídrica reduz a produção, mas esta redução depende, sobretudo, do estágio de crescimento em que ocorre, da severidade e da duração da deficiência. No momento estão sendo cultivadas/

colhidas as "safrinhas". Segundo o balanço hídrico da região, elas não sofreram com a falta d'água, uma vez que nesta época do ano, é comum a presença de chuvas.O monitoramento da evapotranspiração e das chuvas torna-se mais importante a partir do início da implantação da nova safra de culturas anuais, pois as chuvas mais intensas, que ocorrem

Unesp monitora variáveis climáticas do Noroeste paulistaSafras do período não sofreram com a falta de água

ASSeSSOriA de COMUniCAçãO e iMPrenSA

geralmente no início do ano, já passaram.Estas e as demais variáveis climáticas são monitoradas pela Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira através da Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, que divulga os dados com atualização a cada cinco minutos através do canal CLIMA da Unesp Ilha Solteira, hospedado em htt p://clima.feis.unesp.br.Quatro cidades da região noroeste do Estado de São Paulo (Ilha Solteira, Itapura, Paranapuã e Pereira Barreto) tiveram seus balanços hídricos avaliados, para uma capacidade de água disponível (CAD) de 40 mm, que representa o armazenamento

Reportagens

18

Page 19: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Jose Carlos Castro

de água para a maioria das culturas anuais.Foi possível observar que houve excedente de água em todas as cidades avaliadas no período. Apesar do excedente, Itapura e Paranapuã ainda passaram por situação de deficiência.Saiba mais sobre balanço hídrico em: Chuva e evapotranspiração no noroeste paulista em 2012. A tendência é que se tenha um período seco, com pouca ou nenhuma chuva a partir deste mês de maio, e, assim, sistemas de irrigação deverão fazer o suprimento de água ao solo e garantir a produtividade das culturas em patamar elevado.Para os irrigantes, o acompanhamento da evapotranspiração é

fundamental para que se possa fazer a aplicação da água no momento e na quantidade certa e assim alcançar maior lucratividade, além de preservar o meio ambiente.Para maiores informações sobre o clima na região acesse Canal CLIMA da Unesp Ilha Solteira.

SerViçO:Informações sobre agricultura irrigada e agroclimatologia no noroeste paulista são publicadas regularmente no blog da Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira em: http://irrigacao.blogspot.com.

Números e gráficos das estações agrometeorológicas no noroeste paulista estão em: http://clima.feis.unesp.br.

Portal Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp Ilha Solteira: www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php.

Portal do Clima da Unesp Ilha Solteira: http://clima.feis.unesp.br.

Pod IRRIGAR - O Pod Cast da Agricultura Irrigada: http://podcast.unesp.br/podirrigar.

Informações: (018) 3743-1959

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

19

Page 20: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

AbeToshiyuki

OSCAr d'AMBrOSiO

Contato

http://www.abety-art.com/english/

Nascido em 1959, em Sakata, Japão, Abe Toshiyuki, preenche esses aspectos. A partir de 2008, depois de atuar por duas décadas como professor, passou a ser um criador de aquarelas em tempo integral. Seu amor e respeito pela natureza ganhou um progressivo espaço. Existe em seu trabalho um delicado sentimento de integração com o universo.

Há na sua jornada visual o estabelecimento de delicadas realidades paralelas, que ganham força a partir do que conhecemos como realidade. Os principais sentimentos gerados pelas suas obras são de uma participação da existência em plena comunhão. Parece que o homem pode estar em contato com a natureza sem ser uma espécie de intruso ou invasor.

Existe uma percepção de calma e de contemplação. Os detalhes que muitas vezes passam despercebidos ganham o protagonismo. Com técnica esmerada, composição precisa e intensa sutileza no manejo das situações apresentadas, os cenários bucólicos apresentados com maestria por Abe Toshiyuki preenchem a alma do observador.

A aquarela é uma técnica que tem duas características fundamentais. A primeira é a arte de lidar com as transparências.

A segunda, a habilidade de criar atmosferas em que o observador possa penetrar. Cada imagem se torna uma espécie de portal, aberto a interpretações do mundo e a um progressivo desvendar de sensibilidades.

Criação de atmosferas

After the rain

Filtered Sunshine

Garden of Light

20

Artes

Page 21: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

O indiozinho Amanari olhou em volta para ver se tinha onça rondando. Não tinha. Então acocorou e, fazendo mãos de concha, bebeu gole das margens do rio. Gostou. E resolveu entrar na água para nadar.

Curumim nadou, nadou, até chegar longe, no meio do rio. Fechava os olhos, mergulhava, subia, mergulhava de novo. No terceiro mergulho, ouviu a voz:― Tá gostando, curumim? Amanari tomou um susto. Quem falava? Era demônio ou deus? Cuspiu água e perguntou:― Quem chama curumim?― Sou eu, curumim: a água…Amanari arregalou os olhos:― Água não fala!... ― Fala sim, curumim, bicho homem é que não quer escutar…Foi quando medo de Amanari sumiu e curiosidade aumentou. Mas ele estava cansado e pediu:― Me conta essa história. Mas me conta quando eu chegar na beira…

Água Viva

EDWEINE LOUREIRO nasceu em Manaus, em 20 de setembro de 1975. É

advogado, professor de Literatura e Idiomas, e reside no Japão desde 2001.

Em 2005, obteve o Mestrado em Política Internacional pela Universidade

de Osaka (Japão). Premiado em diversos concursos literários no Brasil,

no Japão, em Portugal, na Espanha e no México. Em 2012, tornou-se

colunista das revistas Samizdat, Benfazeja e Alternativa, esta última no

Japão. É membro correspondente da Academia Cabista de Letras, Artes

e Ciências (RJ) e da Academia de Letras de Nordestina (BA). Além das diversas

antologias de que participa, publicou, solo, os seguintes livros: Sonhador Sim

Senhor! (2000), Clandestinos [e outras crônicas] (2011) e Em Curto Espaço (2012).

B l o g d o a u t o r : h t t p : //e d w e i n e l o u r e i r o .w o r d p r e s s . c o m /

Água concordou e curumim, retornando até as margens, buscou uma pedra para sentar-se e ouvir.― Tupã me mandou – prosseguiu a água – pra matar sede de planta e bicho. As árvores, os bichos tudo entendeu, mas teve um bicho que não entendeu. Esse bicho foi o homem. Com o tempo ele sujou água e até quis ser dono dela. Foi então que água gritou. Começou a deixar peixe morrer pra que homem não tivesse mais o que comer, encolheu rio pra que homem não tivesse mais o que beber… Mas de nada adiantou: homem continua sem escutar voz de água. Bicho homem continua sujando, matando água. Foi por isso que hoje vim conversar com curumim…O indiozinho estava confuso:― Mas o que posso fazer pra ajudar água? Sou só um curumim! ― Curumim é o amanhã – respondeu a água. – Junto com outros curumins pode me salvar. É só não esquecer ensinamento mesmo quando virar guerreiro grande e forte…Amanari, escutando essas palavras, abaixou a cabeça, pensativo. A água, em silêncio, acariciou os pés do menino.

pfl y

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

21

Page 22: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

O tempo quente e seco já se prolongava por meses, contaminando o humor, gerando moleza do corpo, fazendo sonhar com o barulho da chuva batendo no telhado, o cheiro da terra molhada aos primeiros

pingos, praias, rios, piscinas... Bastava o sol subir um pouco para a preguiça estender-se por toda parte. E naquela manhã de sábado, o sol ainda começando a levantar-se no horizonte, saí para uma caminhada antes que o calor a tornasse impraticável. Vi uma mulher lavando a calçada e meu coração se confrangeu,

— Os moradores do Jardim Bela Vista invejam sua calçada.— Por que está me dizendo isso?— A água tem faltado lá diariamente, na verdade, só chega um pouco e de madrugada. É a parte mais alta da cidade.

— E o que é que você quer que eu faça? Não sou São Pedro.— Sua calçada pode dispensar a lavação. A água poupada será preciosa para eles.

Maria Apparecida S. Coquemala

Água

— Mas é a minha patroa quem manda lavar.— Pois explique à sua patroa.

Continuei caminhando, refl etindo sobre o egoísmo que marca nossa civilização ocidental quando comparada com a consciência coletiva dos japoneses, chineses, coreanos, um por todos, todos por um.Então vi o homem lavando seu belo carro e novamente não me contive.

— Seu carro é um privilegiado.Ele riu feliz.

— Você quer dizer que eu sou o privilegiado por tê-lo, pois não?— Não, seu carro mesmo. Muitos na cidade adorariam tomar o mesmo banho com toda essa fartura de água.

O homem percebeu. — Sim, sei que tem faltado água em vários pontos da cidade. É mesmo um erro o que estou fazendo. Sinto-me envergonhado.Mereço o puxão de orelha.

Ainda conversamos um pouco sobre o tempo seco, as queimadas, a importância da água potável no mundo, as sinistras previsões de

Raquel Camargo Correa Lopes — "O mergulho do dudado"

Artes

22

Page 23: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Maria Apparecida S. Coquemala, é graduada em Letras pela PUC, Campinas, especializada em Linguística, cronista de O Guarani, jornal de Itararé, SP. Através de concursos nacionais, premiada com a medalha Harry Laus, 2º lugar, pela UBE, Rio, 2007, com a A Gruta Azul; e pelo Correio das Artes, jornal A União, Governo da Paraíba, com À Espera, 1º lugar, ambos coletâneas de contos. Participa de antologias no Brasil, no Uruguai, em Portugal e na Itália.

carência para um futuro bem próximo tendo em vista a crescente poluição dos rios.

— A água ainda se tornará uma mercadoria mais valiosa do que o petróleo, lembrou ele, na verdade, países árabes já compram água com seus petrodólares. E nós mesmos sofreremos os efeitos da escassez nas grandes cidades, se não formos previdentes e continuarmos a poluir nossos rios. As nascentes principalmente precisam ser protegidas. O paulista Tietê até já ganhou a fama de único rio sólido do mundo.

Mergulhada em reflexões, continuei a caminhada, vendo ainda algumas calçadas sendo lavadas, alguns até empurrando o lixo delas com esguicho de água. Mas, como dialogar com todos? Faltava tempo, e sozinha não resolveria o problema. Pensei então numa ampla campanha envolvendo todas as escolas, clubes, associações, me lembrando do que dizia Sócrates, ou seja, o mal maior é a ignorância. As pessoas não estavam desperdiçando água por descaso, maldade, por leviandade... Desperdiçavam por não estarem conscientes do

[email protected]

problema. Assim como jogam lixo na rua pelo mesmo motivo. Havia, portanto que se buscar uma solução simultaneamente educativa e punitiva envolvendo toda a comunidade. Voltei animada, pensava nisso tão concentrada que nem me dei conta de que nuvens escuras tinham-se formado. Súbito, começou a chover. Maravilha! E desde então, como tem chovido. Meses chovendo... São Pedro, por favor, não exagere!

Tereza Yamashita — Água 1

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

23

Page 24: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Gestação de universos

FranchiniArtes

24

Page 25: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Cores fortes e vibrantes são uma característica essencial da obra de Franchini. O artista português vale-se delas, por exemplo, em seus

trabalhos em técnica mista sobre madeira em que surgem cenários lusos num espetáculo de manchas que se multiplicam ao nosso olhar gerando um castelo de emoções.Atmosfera próxima, no sentido de uma imponência gentil, algo aparentemente contraditório, é cristalizada na série de desenhos sobre um tema complexo justamente pelas diversas maneiras como foi tratado por mestres da arte: Cristos. Os de Franchini são bem-humorados e densos, sutis na construção e próximos da humanidade.As características apontadas atingem seu ápice nos abstratos. O movimento e as tonalidades apresentadas têm como principal mérito uma gestualidade larga e explosiva. Encontra-se uma dinâmica expansionista marcada pela profusão de tramas e o estabelecimento de uma rede de universos complexos e sedutores.O conjunto visual que Franchini manifesta leva a uma reflexão da própria arte como uma densa expressão de um estar no mundo. Suas criações, tenham ou não a água como tema, não são reações passivas, mas propostas visuais ativas de interferência e de gestação de renovados universos regidos pela cor e alegria.

OSCAr d'AMBrOSiO

Franchini nasceu no Porto, Portugal, em 1959. De ascendência italiana, de Gênova, de família ligada às diversas áreas das Artes. Sofre uma grande influência a nível da pintura desde tenra idade, onde enquanto sua bisavó Judith Ghlama Franchini pintava, ele, sentado a seu lado com papel e pincel e muita cor, rabiscava os seus primeiros desenhos. Foi sócio fundador da Oficina 2000&5 — espaço dedicado à criação de projetos cerâmicos e escultóricos de autor, dos membros fundadores do grupo. Vive no Porto onde tem um ateliê no Porto (Antas) e outro na cidade de Bragança. Torna-se Membro da ANAP — Associação Nacional Artistas Plásticos de Portugal. É convidado para Diretor Cultural para Portugal da APAP — SP Associação Profissional Artistas Plásticos de São Paulo. É sócio de Ouro da Árvore Cooperativa de Atividades Artísticas.

Contatohttp://franchiniartista.blogspot.com.br/

Ouça entrevista de Franchini e do artista português radicado no Brasil Fernando Durão: http://bit.ly/10VLvku

Revista Acqua - Edição 3 - Junho 2013

25

Page 26: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

PodAcqua Unesp entrevista cientista política, professores e arquiteto

O PodAcqua Unesp é um canal em que o ouvinte poderá conhecer um pouco do trabalho de pesquisadores dedicados ao tema que será, sem dúvida, um dos protagonistas deste século: a água.

O produto, semanal, disponível às quartas-feiras, em http://podcast.unesp.br, na aba PodAcqua, traz trechos de entrevistas com especialistas da Unesp e de outras instituições sobre água, nas mais diferentes áreas do conhecimento, com atenção especialmente voltada à gestão responsável dos recursos hídricos.Cada edição tem cerca de 3min30s e pode ser baixada, reproduzida e veiculada livremente, mediante os devidos créditos.A jornalista responsável pelo projeto é Cínthia Leone. Formada pela Unesp de Bauru, integra a equipe da assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp. Especializada em Divulgação Científica pelo Núcleo José Reis da USP e em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP), é aluna de mestrado em Ciência Ambiental pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.Os interessados em divulgar seus projetos por meio do PodAcqua podem encaminhar e-mail para [email protected]

26

Podcast

Conheça os entrevistados entre 22 de maio e 19 de junho

Ana Paula Fracalanza, cientista política da USP-Leste, alerta para a pouca divulgação dos comitês de bacias hidrográficas. Wagner Ribeiro, professor da USP e pesquisador dos usos múltiplos das águas no Brasil, alerta que os recursos hídricos brasileiros estão sendo exportados para outros países por meio de commodities produzidas com uso intensivo de água. Denis Abessa, pesquisador e professor da Unesp em São Vicente, alerta para a necessidade de mudanças na legislação. Tsunao Matsumoto, especialista em hidráulica e análise ambiental da Unesp em Ilha Solteira, desenvolve técnicas de tratamento de esgoto que tenham um custo de manutenção reduzido.

Alexandre Delijaicov, arquiteto e professor da USP, participa da segunda etapa do projeto que pode aliar mobilidade urbana e saneamento ambiental.

Page 27: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013

Unesp Agência de Notícias - UnANVoltado a jornalistas, difunde as principais atividades da Universidadehttp://www.unesp.br/agenciadenoticias

Portal UnespDivulga notícias de ensino, pesquisa, extensão e administraçãohttp://www.unesp.br

Podcast UnespDisponibiliza arquivos de áudio com pesquisas e opiniões de especialistashttp://podcast.unesp.br

Minuto UnespInformativo diário em áudio e vídeo sobre diversas atividadeshttp://unesp.br/agenciadenoticias/minutounesp

Revista Unesp CiênciaÉ a revista de divulgação científi ca da instituiçãohttp://www.unesp.br/revista

Jornal UnespEnfoca pesquisas e atividades de ensino e extensãohttp://www.unesp.br/jornal

Unesp InformaEstá voltado aos funcionários da Universidade http://www.unesp.br/unespinforma

Guia de Profi ssõesÉ destinado a orientar o estudante do Ensino Médio sobre os cursos oferecidos pela Unesp http://www.unesp.br/guiadeprofi ssoes

Blog ACIRealiza cobertura on-line de importantes eventos nacionais ou internacionaishttp://blogaci.unesp.br

Debate AcadêmicoPublica artigos sobre os mais diversos temashttp://www.unesp.br/debate-academico/

Você Sabia?Traz, de forma bem-humorada, dados inusitados da Unesp.http://www.unesp.br/vocesabia

InfonomicoInformação sobre as condições econômicas do interior paulista e da região metropolitana de São Paulohttp://www.unesp.br/infonomico

Page 28: Revista Acqua - Edição 3 - Junho/2013