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Semestral | Novembro 2012 N.º 4 REVISTA Curiosity já aterrou em Marte

Revista Aeroespacial #4

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Revista dedicada à comunidade Aero do IST.

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Semestral | Novembro 2012 N.º 4

REVISTA

Curiosity já

aterrou em

Marte

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Ficha Técnica Editorial

Título: Revista Aeroespacial Edição: 4 Periodicidade: Semestral Data Lançamento: 30 de Novembro de 2012 Direcção Editorial: Samuel Franco Equipa de redação: Ana Macedo, Diogo Monteiro e Samuel Franco. Edição gráfica: Samuel Franco Colaboraram nesta edição: André Leite, Joaquim Marques, Pedro Albuquerque, Nuno Silva, João Pedro e João Paquim. Propriedade: Secção Autónoma Aeronáutica Aplicada (S3A); Pavilhão da AEIST, Instituto Superior Técnico, Avenida Rovisco Pais 1049-001 Lisboa, Portugal, email: [email protected], site: http://s3a.ist.utl.pt Impressão: Cópia Igual Tiragem: 200 Distribuição gratuita.

E a revista aeroespacial veio mesmo para

ficar! Cortes aqui, cortes ali, em tempos de crise tudo vale para justificar alguma falta de apoio que este núcleo da revista possa ter. Mas não é isso que nos demove. Crise sempre existiu, e as perspetivas de melhoras são uma miragem. Mas isso acaba por nos dar forças acrescidas, motivação adicional para tentarmos fazer sempre mais e melhor, mesmo que com menos recursos. Pode não ser nesta edição, nem mesmo na próxima, mas no que depender de nós, faremos de tudo para que este projeto venha a ter um número de cópias suficiente para que toda a comunidade aeroespacial consiga receber a sua revista, para elevarmos o nome da nossa escola e do nosso curso. É um projeto elaborado por alunos de aeroespacial, é verdade, mas o nosso objetivo é também divulgar e dinamizar atividades em que outros alunos do IST estejam envolvidos, uma vez que não importa o curso em causa, mas sim a motivação, o empenho e o esforço que cada um coloca nos projetos a que se compromete.

Com o apoio:

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MEAer Extra Curricular

Actividades extracurriculares – Por onde começar?

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Reportagem à Lupa: “FST – Formula Student” 08

MEAer na 1ª Pessoa

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Estudar no estrangeiro – o guia

A experiência de um caloiro 2011/2012

Erasmus no Imperial College, Londres, Inglaterra

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Entrevista Alumni 14

17 Sobrevoando o Passado: Neil Armstrong

Desenvolvimento Tecnológico: Curiosity Rover

20 AeroBuzz

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MEAer e Lazer

Cartoon e desafios 23

MEAer e o IST MEAer e o Mundo

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MEAer e o IST

Ninguém fica indiferente à palavra Erasmus, quer seja por relato de experiências de colegas quer seja por ser um objetivo a atingir enquanto estudante. Nesta 4ª edição da revista fomos até ao NMCI (Núcleo de Mobilidade e Cooperação Internacional) e recolhemos algumas informações sobre os vários programas de mobilidade. Fica a conhecer todas as possibilidades!

o guia dos programas de mobilidade

Data de candidatura 1

A data para concorreres a qualquer programa de mobilidade é entre fevereiro e março do ano letivo antecedente à realização deste.

Programas de mobilidade

• Erasmus: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento dentro da união europeia. • Smile: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento da America Latina (Chile, Panamá, Colombia, Argentina, México e Brasil) • Brasil: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento no Brasil. • Duplo Grau: O aluno realiza um ou dois anos do mestrado numa universidade de acolhimento; NOTA: No caso de duplo grau, os requisitos de candidatura são diferentes. O aluno terá de ter o 1º ciclo completo (sem nenhuma cadeira em atraso) e a média exigida geralmente é > 15 valores.

• Erasmus Mundus: O aluno realiza um ou dois anos do mestrado em uma ou duas universidades de acolhimento, sendo concedido o grau de duplo diploma ou multiplo diploma respetivamente. Mais informações em http://ec.europa.eu/education/external-relation-programmes/mundus_en.htm

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Requisitos

• Só poderás realizar um programa de mobilidade a partir do 2º ciclo de estudos. • máximo 15 ECTS em atraso (no acto da candidatura) • Média de curso > 13,5 valores

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MEAer e o IST

Nº de vagas 4

Nº vagas País Escola

02 Bélgica

01 Alemanha TECHNISCHE UNIVERSITÄT DRESDEN

HAUTE ECOLE DE LA PROVINCE DE LIEGE L.

04 Alemanha TECHNISCHE UNIVERSITÄT MÜNCHEN

02 Dinamarca AALBORG UNIVERSITET

05 Espanha UNIVERSIDAD POLITECNICA DE CATALUÑA-E.

01 Espanha

02 Espanha UNIVERSIDAD DE SEVILLA

UNIVERSIDAD POLITECNICA DE MADRID- ETS.

06 Holanda TECHNISCHE UNIVERSITEIT DELFT

02 Itália POLITECNICO DI TORINO

02 França ECOLE NATIONALE SUPERIEURE DE L'AER.

02 Itália UNIVERSITÁ DEGLI STUDI DI PADOVA 'IL BO'

02 UK IMPERIAL COLLEGE OF SCIENCE, TECHNOLO.

02 Bélgica

04 Holanda

HAUTE ECOLE DE LA PROVINCE DE LIEGE L. 03 França ECOLE NATIONALE SUPERIEURE DE L'AER.

TECHNISCHE UNIVERSITEIT DELFT

-- São Paulo ESCOLA POLITECNINCA DA UNI. SÃO PAULO

Ambos os programas funcionam entre um a dois semestres, e apesar de não existir um número fixo de vagas, há sempre um limite de alunos aceites a mobilidade. O aluno deverá consultar quais as universidades com planos curriculares semelhantes e submeter a sua candidatura, posteriormente avaliada pelo coordenador de curso.

Brasil

Para estas e mais informações deverás consultar com mais detalhe o site do NMCI (Núcleo de Mobilidade e Cooperação Internacional). Poderás a qualquer momento deslocar-te ao NMCI localizado no pavilhão central, junto à papelaria, e pedir todas as informações que necessites sobre os vários programas.

http://nmci.ist.utl.pt/

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MEAer Extra Curricular

E porque o percurso académico vai muito mais além das cadeiras ao longo dos cinco anos de curso, é igualmente importante complementar o nosso currículo com outro tipo de valências que só se adquirem com novas experiências, trabalho de equipa, motivação e empenho! Aqui fica apenas um ponto de partida por onde poderás começar (ou continuar) o teu percurso.

Texto Samuel Franco Fotos (sites dos respetivos núcleos)

Por onde começar?

• Núcleo: FST – Formula Student • Objetivo(s): O Formula Student é um núcleo criado no sentido de participar nas competições universitárias mundiais de engenharia, onde o objetivo é projetar, construir e competir um veículo do tipo formula • Projetos/Atividades atuais: Construção do mais recente protótipo FST 05e que irá participar em 3 grandes competições em 2013. • Links: http://fst.ist.utl.pt/website | http://www.facebook.com/projectofst

• Núcleo: BEST Lisboa – Board of European Students of Technology Lisboa • Objetivo(s): O BEST existe desde 1989 e é a maior rede de estudantes de tecnologia. O BEST Lisboa pretende através das suas ações aproximar e melhorar as relações entre as suas três entidades constituintes: alunos, empresas e universidades. Geralmente este estreitamento de relações acontece por intermédio de educação complementar, apoio à carreira e envolvimento educacional. • Projetos/Atividades atuais: Best courses, Inside View – Engenheiro por um dia, Best Training Days e outras ações de promoção. • Links: http://www.facebook.com/bestlisboa

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• Núcleo: Junitec – Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico • Objetivo(s): Desenvolver projetos inovadores na área de engenharia, dinamizar a partilha de conhecimentos entre professores e alunos, participar em prémios e concursos que prestigiem a Junitec e o IST, criar uma comunidade de jovens empreendedores que vejam a Junitec como um passo intermédio à criação do seu próprio negócio bem como prestar serviços a empresas. • Projetos/Atividades atuais: Impressora 3D, informatização de um bairro histórico, painéis fotovoltaicos, reabilitação, automação e robótica, future waitress e bolsa de resíduos e serviços. • Links: http://junitec.ist.utl.pt/ | http://www.facebook.com/JunitecIST

• Núcleo: APAE – Associação Portuguesa de Aeronáutica e Espaço • Objetivo(s): Promover e divulgar atividades na área da aeronáutica e do espaço, realizar projetos de engenharia e representar os alunos de Engenharia Aeroespacial no exterior. • Projetos/Atividades atuais: Workshops de arduínos e rockets, Semana Aeroespacial e reuniões anuais da EUROAVIA. • Links: http://www.apae.org.pt/home/

• Núcleo: S3A – Secção Autónoma de Aeronáutica Aplicada • Objetivo(s): Fomentar o desenvolvimento de competências técnicas e práticas no âmbito da construção e projeto aeronáutico, servindo de aplicação e complemento aos conhecimentos teóricos curriculares. • Projetos/Atividades atuais: Workshop de aeromodelismo, Air Cargo Challenge 2013, Balão de Arquitetura, Asas DEM, Lusitânia, Revista Aeroespacial e outras formações. • Links: http://s3a.ist.utl.pt/ | http://www.facebook.com/pages/S3A/243751345732169

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Reportagem À Lupa:

Nesta edição da revista aeroespacial fomos falar com o responsável do Projeto FST Novabase (Formula Student), João Pedro, que lidera a equipa vencedora de Classe 2 da FSUK 2012, a competição internacional de Formula Student, que se realizou no circuito de F1 de Silverstone, em Inglaterra, no passado mês de julho.

R: João Pedro, muito obrigado por teres aceite o nosso convite, e antes de mais parabéns pelo grande resultado alcançado em Inglaterra este verão. Comecemos então pelo fim: como foi esta

experiência a nível internacional? Explica- -nos em que consistiu esta fase do concurso em Inglaterra. João Pedro: Esta experiência internacional foi, acima de tudo, enriquecedora. Na competição estivemos com mais 123 equipas de outros países e pudemos não só competir com os melhores, como

aprender e trocar ideias. No que toca a Classe 2, a classe que nós vencemos com o projeto do novo protótipo, o FST 05e, consistiu em 3 provas estáticas: o Design Engineering, prova onde explicamos todas as peças do carro e o raciocínio que levou a conceção destas e do carro em si; o Cost & Sustainability Event onde se avaliam os custos da produção de mil unidades do protótipo e a sua pegada ecológica e finalmente a Business Plan Presentation, onde temos de criar um plano de negócios para venda do protótipo e apresentá-lo a possíveis investidores.

R: Foi a tua primeira experiência como líder de um projeto desta envergadura? Como foi organizar e coordenar este grupo de colegas? João Pedro: Sim, esta foi e está a ser a minha

1ª experiência como líder de uma equipa desta envergadura. Penso que é importante realçar que, liderar este grupo de pessoas e levar este projeto a bom porto está a ser o desafio mais exigente e ousado que alguma vez enfrentei em toda a minha vida. Todos os dias, aprendo coisas novas, não só com os meus colegas mas

também com os nossos Patrocinadores, com a competição, com as outras equipas e com tudo o que rodeia o projeto, até com a comunicação social! Hoje em dia, todos nós na Equipa, sentimo-nos cada vez mais capazes de integrar um mercado de trabalho global e com exigências novas todos os dias. R: Agora desmistificando um pouco o Projeto FST Novabase, explica-nos em que consiste este projeto, em quantos departamentos se divide e quantos colaboradores estão atualmente envolvidos.

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João Pedro: A Equipa Formula Student do IST, o Projeto FST Novabase, está dividida em duas sub-equipas, uma técnica e uma de marketing. Na equipa técnica existem 5 áreas: Aerodinâmica e Refrigeração, Chassis, Eletrónica e Propulsão, Suspensão e, Transmissão e Travões. Neste momento a equipa é composta por 24 pessoas, sendo que todos somos alunos dos cursos de Engenharia Mecânica, Aeroespacial, Eletrotecnia e Computadores e Informática. R: A primeira fase da competição ocorreu agora em julho de 2012. Mas há quanto tempo estão vocês a preparar este modelo? João Pedro: O FST 05e está a ser preparado há cerca de um ano. Aproveitámos o ano transato para crescermos: aprendemos o que é verdadeiramente trabalhar em equipa, e também crescemos enquanto futuros engenheiros. Aprendemos muitas coisas novas, e utilizamos o ano para testar vários materiais e soluções ambiciosas, de forma a reduzir o risco de testar estas soluções pela primeira vez no carro final. Como exemplo, construímos o primeiro chassis monocoque alguma vez feito em Portugal, construímos engrenagens, testámos diversos tipos de materiais, colas, entre muitas outras coisas. Em resumo, foi um ano muito rico! R: E desde o início deste projeto, quais foram os principais obstáculos encontrados? João Pedro: À partida os principais obstáculos no nosso projeto e na minha modesta opinião, em qualquer outro projeto são: ter o dinheiro, o know-how e os recursos humanos necessários para o levar a cabo. O know-how conseguiu-se

adquirir com uma incessante busca de conhecimento, benchmarking de outras equipas e troca e consolidação de ideias entre nós. Quanto aos recursos humanos necessários, estou completamente confiante na minha Equipa, pois ao longo do ano formamos uma Equipa coesa, onde todas as pessoas sabem o seu papel e veem que o seu esforço não é em vão, pois ganhamos a competição e vamos construir o carro de competição português mais leve e tecnológico de sempre. Em termos de dinheiro, é sempre um problema, pois no nosso país devido à conjuntura atual é extremamente difícil arranjar empresas que queiram patrocinar projetos, mesmo que sejam tão ambiciosos e interessantes como o nosso é. Contudo, quero deixar aqui também uma mensagem de esperança, pois não ter dinheiro não é só um problema, é também uma excelente oportunidade, para repensarmos o que fazemos e sermos inovadores. Assim somos obrigados a pensar noutras formas de financiamento sejam estas diretas ou indiretas. Deixo aqui, a título de exemplo, que 20 % do nosso financiamento já provém de Patrocinadores estrangeiros, os quais nós fomos “obrigados” a arranjar devido à conjuntura económica portuguesa, e nosso grande objetivo de nos tornarmos numa equipa de Classe Mundial. R: E têm tido alguns apoios exteriores? E a nível IST, têm tido apoio de professores? João Pedro: Apesar da conjuntura atual da economia portuguesa, nós temos lutado bastante para manter os nossos Patrocinadores satisfeitos e arranjar novos colaboradores para o nosso projeto. Neste momento, contamos com cerca de 60 Patrocinadores e sem eles nada disto

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seria possível! No IST, contamos com a ajuda de quem nos quer ajudar e ajudamos quem precisa da nossa ajuda. É a nossa universidade e temos muito orgulho nela! R: Sei que neste momento o grupo FST está com muito trabalho. Quais são os principais objetivos e próximos passos? João Pedro: O nosso grande objetivo neste momento é a construção do novo protótipo, o FST 05e. Este pretende ser o carro de competição português mais tecnológico de sempre e terá como principais inovações: um chassis monocoque em fibra de carbono, suspensão em fibra de carbono, jantes integrais em fibra de carbono assim como um diferencial eletrónico. No próximo ano, o FST 05e irá participar em três competições, a FS Austria, a FSE Germany e FS Spain, onde esperamos dar luta às melhores equipas e com isso, dignificar o nome do IST e dos nossos patrocinadores. R: E para aqueles alunos interessados em ingressar no Projeto FST Novabase, mas que não sabem bem em que departamento nem por onde começar, que conselho gostarias de deixar? João Pedro: Em primeiro lugar, que não tenham medo! Não se assustem pela complexidade do projeto e do que é a conceção e construção de um carro de raiz, pois na vida tudo se aprende, desde que haja humildade e vontade para aprender. Em segundo lugar, aconselho a acompanharem o nosso Facebook: www.facebook.com/projectofst e website: www.projectofst.com pois dentro de algumas

semanas, iremos fazer uma sessão de recrutamento, onde terão a oportunidade de ficar a conhecer o nosso projeto em mais detalhe e poderão colocar todas as dúvidas que tenham sobre o Projeto.

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MEAer na 1ª Pessoa

Fui abordado pelo Samuel através do facebook em relação a este artigo há umas semanas, quando estava a regressar de férias. Hesitei durante algum tempo se o haveria ou não de escrever, mas depois concluí: “Porque não?”. Sempre seria uma oportunidade de reviver e refletir sobre o último ano, e simultaneamente começar a preparar-me mentalmente para os próximos que virão. Assim, espero que este relato da minha experiência enquanto caloiro de Aeroespacial seja útil não só para os caloiros deste ano, mas também para quaisquer futuros caloiros que por sorte se deparem com esta edição da revista e tenham paciência para ler as linhas que se seguem. O meu interesse pela Engenharia Aeroespacial surgiu há bastante tempo. Ao longo da minha infância, várias vezes me perguntaram “O que queres ser quando fores grande?”. Naturalmente, a resposta ia-se alterando consoante o alvo do meu interesse na altura. Mas entre as várias que fui dando ao longo do tempo, uma de que me lembro bastante bem foi “Engenheiro de aviões de papel”! Estava numa fase (de várias) em que o meu principal interesse era o Origami, e em particular os aviões de papel. Maravilhava-me a ideia de que

uma folha de papel, quando dobrada meia dúzia de vezes, se tornava num pequeno planador, em tudo semelhante aos aviões que via a passar no céu. A decisão de ingressar no curso tomei-a na semana anterior ao fim do prazo de entrega da candidatura. Há bastante tempo que tinha decidido que queria ir para uma Engenharia no Técnico, mas passei grande parte dos meses anteriores à candidatura a investigar os planos curriculares dos vários cursos, a ler e a perguntar coisas no fórum do exames.org e no aeroforum, até que finalmente tomei a decisão. A nível de ambiente, gostei do IST logo desde início. Já conhecia algumas das instalações e pessoas devido ao contato que fui tendo com o Técnico ao longo da vida Tive uma ótima experiência enquanto caloiro. Logo no dia das inscrições fiquei com boa impressão do pessoal do curso, tanto dos caloiros como do pessoal mais velho. Tentei participar o máximo possível nas praxes e nas festas durante a primeira semana, e achei que foi uma experiência não só bastante divertida como extremamente útil. Algumas das atividades eram pedagógicas só por si, ajudando a conhecer os vários pavilhões do técnico e inclusive alguns dos focos turísticos de Lisboa. Mas também as

A experiência de um

Texto João Paquim Fotos facebook.com (pag. caloiros 2011/2012)

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conversas mais informais com os veteranos e os conselhos que nos iam dando se revelaram úteis e acertados. Estou a gostar bastante do curso, tem correspondido às minhas expetativas tanto no que toca a conteúdos leccionados como a nível de dificuldade. A adaptação ao ritmo da universidade não me custou muito, pareceu-me uma continuação lógica do secundário e o facto de me interessar bastante por alguns dos assuntos também ajudou. As cadeiras que me deram mais trabalho no 1o semestre foram Programação e Desenho e Modelação Geométrica I, devido a terem fortes componentes práticas e projetos finais. Em termos de carga de trabalho, o 2o semestre pareceu-me substancialmente mais leve, tanto que aproveitei para fazer uma cadeira a mais, Probabilidade e Estatística e mantive o meu desempenho. Penso que seja pertinente referir alguns recursos que me ajudaram bastante nalgumas cadeiras. Várias universidades têm disponíveis conteúdos online que podem ser bastante úteis. No iTunes U podem encontrar uma enorme coleção de vídeos de aulas e palestras. Também no site de cada universidade podem encontrar outras coisas. Por exemplo, no site do MIT,

aaaa

ocw.mit.edu, disponibilizam coletâneas de exercícios, vídeos de aulas práticas, aplicações para explorar e demonstrar certos conceitos, etc. E, por último, aproveitem aquilo que o próprio Técnico vos disponibiliza, tanto a nível de recursos mais orientados para o estudo, como sejam as várias salas de estudo, salas de computadores, bibliotecas, licenças de software, horários de dúvidas; como a nível de eventos mais sociais, como o arraial, os churrascos dos vários cursos, festas várias, etc., que ajudam a quebrar a monotonia e aliviar o stress da vida estudantil.

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MEAer na 1ª Pessoa

Falando acerca da vida social em Londres acho que não é preciso dizer muita coisa. Londres é Londres e é provavelmente uma das cidades mais emblemáticas da Europa e na qual há sempre algo para se fazer. As pessoas têm como tradição de pelo menos uma vez por semana, à sexta-feira, juntarem-se com os colegas de trabalho nos pubs para conviver. Com os estudantes acontece exatamente o mesmo. Faz parte da tradição. Normalmente as sextas-feiras começavam por volta das 18/19 horas num dos pubs à volta do Imperial. O resto da noite pertencia ao destino. Discotecas ou programas alternativos não faltam. Uma das coisas mais espetaculares era que uma vez por mês (por vezes mais), alguns dos mais emblemáticos museus da cidade, BritishMuseum, Science Museum ou Victoria & Albert, abriam portas à noite (penso que das 22h às 2h) e passavam a funcionar como um bar. Eram servidas bebidas, havia música e até pistas de dança! O custo de vida não é propriamente baixo. Londres é uma cidade cara, e como tal, não é fácil gastar-se menos de 600£ por mês. Penso que com 700/800£ por mês é possível ter-se uma qualidade de vida razoável. Na realidade, estes valores dependem muito do alojamento que se arranjar. O alojamento, bem como os transportes, podem ser realmente caros. Em suma, resta-me mais uma vez dizer que é, sem dúvida, uma experiência inesquecível tendo ficado obviamente muitas coisas por dizer. Certamente que aconselho a quem tenha essa possibilidade. A título de curiosidade (talvez um pouco macabra mas que me surpreendeu), numa das minhas primeiras idas ao Imperial, quis eu visitar a torre Queen’s Tower e perguntei ao meu orientador se era possível. Ele respondeu-me que, na realidade, a torre, em tempos estava aberta aos alunos mas que tinha sido fechada já há alguns anos devido aos suicídios que alguns alunos cometeram.

Desde de que comecei o curso de Aeroespacial, um dos objetivos que sempre tive em mente passava pela realização de pelo menos um semestre fora de Portugal. Assim, durante o terceiro ano, candidatei-me para ERASMUS. O local escolhido foi Londres, Reino Unido, e a faculdade o Imperial College of Science, Technology and Medicine. O ERASMUS teve a duração de seis meses e iniciei-o em setembro de 2011. Posso desde já começar por afirmar que é, sem dúvida, uma experiência incrível e que fica marcada nas nossas vidas. Por isso, sem dúvida que aconselho a quem tenha motivação e possibilidades e queira viver diferentes experiências. Relativamente ao trabalho que desenvolvi em Londres foi completamente diferente daquilo a que estava habituado no IST dado que estive envolvido num projeto. E, apesar de ter alguma falta de conhecimento por ter ido no início do quarto ano, faltando-me por isso algumas cadeiras importantes do curso, foi possível desenvolver um trabalho de qualidade. Devo dizer que o trabalho que tive não foi pouco! Os projetos que os alunos de ERASMUS do IST no Imperial têm desenvolvido, fazem parte, na maioria dos casos, de um projeto maior de doutoramento. Assim, quando chegas escolhes um dos projetos disponíveis dentro de áreas que estejam a ser investigadas e trabalhas diretamente com um ou mais alunos de doutoramento. É também nomeado um orientador que, falando por mim, me deu um apoio impressionante ao longo da minha estadia. Sendo que, habitualmente se trabalha com alunos de doutoramento, acabamos por conhecer e conviver maioritariamente com pessoas ligeiramente mais velhas. No entanto, posso dizer que as pessoas eram na sua maioria muito simpáticas e de várias nacionalidades, ingleses, portugueses, espanhóis, italianos, alemães, polacos, tailandeses. Obviamente que os portugueses tiveram um papel preponderante na minha adaptação.

Texto André Leite Foto http://www.home-london.net/londons-calling

Erasmus no Imperial College,

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R: Nuno, o que destacas dos tempos de estudante de Engenharia Aeroespacial no IST? Nuno: A exigência, os desafios, a camaradagem, o bom ambiente da turma que ainda hoje existe, a competitividade saudável, o autoritarismo desnecessário de alguns departamentos associado a alguma impunidade, e... o antigo CIIST nas caves do pavilhão central. R: Como resumes a tua primeira experiência profissional logo após teres terminado o curso? Nuno: Considero a primeira experiência profissional o meu estágio na Astrium Space Transportation (na altura chamada EADS Launch Vehicles) em França nos arredores de Paris. Aliás, considero que todos deveriam fazer um estágio antes de terminar a universidade, mas isso é um outro ponto. Essa experiência confirmou que o mais importante é saber pensar. Qualquer cargo apenas utilizará uma (pequena) parte do que se aprendeu, mas a um nível mais profundo. Penso que a forma como a parte inicial dos cursos no IST estão estruturados é importante para “saber pensar”. O resto são especializações e essas ajudaram a ser mais eficiente, sobretudo na fase inicial, mas não seria impossível com outras especializações. Concluindo, esse estágio na ferramenta de análise pós-voo do Ariane 5 foi um sucesso. R: E desde então, continuas no mesmo posto ou mudaste de empresa/cargo? Nuno: Depois do estágio em 2001, fui convidado a candidatar-me a um lugar na mesma empresa para o GNC (Guidance, Navigation and Control) do ATV (Automated Transfer Vehicle) – curiosamente sou de aeronaves, teoricamente a especialização “errada”... Apesar de durante mais de 6 anos ter continuado nesse cargo, o cargo evolui. Depois da fase de conceção e implementação preliminar

dos algoritmos de voo, fiz e testei o código de voo desses algoritmos, a que se seguiu a validação em simuladores numéricos, com o computador de bordo e finalmente com todo o hardware e software de voo. Na fase final do projeto contribuí para as operações no centro de controlo. Depois do sucesso do ATV (provavelmente o “satélite” mais complexo alguma vez produzido – claramente na Europa, pelo menos), mudei de país e de empresa dentro da Astrium. Em 2008 integrei a Astrium Satellites no Reino Unido nos arredores de Londres. O cargo é o de responsável da mobilidade do Rover europeu (projeto ExoMars) – GNC mais o sistema de locomoção. Devido aos problemas de financiamento de ExoMars e à minha vontade de aprender algo diferente, em 2011 tive uma passagem pelo projeto Solar Orbiter como responsável da FDIR (Failure Detection, Isolation and Recovery). Fiz o design preliminar desse sistema até à PDR. Como ExoMars é o projeto que desejo fazer, depois dessa passagem por Solar Orbiter, como a situação financeira permitiu ExoMars de recomeçar, eu voltei. Juntamente com esses cargos “principais”, sou também responsável pelo grupo Astrium de giroscópios no Reino

de um aero 1996

Entrevistámos o Alumni Nuno Silva que nos contou um pouco do seu motivante percurso após ter terminado os seus estudos no IST. Aqui fica a entrevista na íntegra.

Texto Nuno Silva Fotos Nuno Silva

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Unido e em colaboração com os outros responsáveis noutros países. R: Fala-nos um pouco do trabalho que desenvolves atualmente. Nuno: Trabalho em equipa e é impossível de fazer este tipo de trabalho individualmente. Há demasiados problemas e demasiado complexos para uma só pessoa, temos que os distribuir, confiar nos nossos colegas e ser responsáveis, nós próprios. Desde que sou responsável do GNC, o meu trabalho é menos “cálculo” e mais discussão. Não confundir com trabalho menos técnico, porque não é esse o caso, é apenas técnico a um nível diferente. Tenho que decidir a arquitetura do sistema, quais são os sensores e os atuadores, supervisionar o desenvolvimento dos algoritmos para eles serem o mais simples possível e compatíveis dos constrangimentos tempo-real e computador de bordo, etc. Mas juntamente com isso tenho de gerir os custos, as datas, fazer a interface com o cliente (ESA) e o chefe de projeto, trabalhar com os colegas ao meu nível para assegurar que mecanicamente, eletricamente, etc., tudo é compatível. No passado trabalhei muito com MatLab/Simulink, C/C++, Fortran, cvs, e Ada (entre outros). Agora utilizo os mesmos (ou equivalente) mas em muito menor dose. Além de aplicações como Primavera para o planeamento e DOORS para exigências, há várias aplicações para variadíssimas coisas. Evidentemente, Office e associados faz parte da rotina. Geralmente trabalhamos em PCs “normais”, mas quando o teste do SW de voo chega às fases mais avançados, utilizamos o computador de bordo.

No ATV o processador era um ERC32, para o Rover é um dual-core Leon2: qualquer um menos potente que qualquer telemóvel atual... No Rover também temos “breadboards”, i.e., Rovers que conduzimos com vários objetivos: desenvolver e testar os algoritmos, caracterizar a dinâmica do veículo, etc. Estes testes são efetuados num terreno que tenta “simular” o ambiente dinâmico e visual de Marte. Evidentemente desenvolvemos e utilizamos de forma extensiva simuladores. A escolha da linguagem para os simuladores depende dos projetos e da reutilização que se possa fazer. Mas geralmente são em C/C++ ,MatLab/Simulink, ou Fortran. R: Agora já no mercado de trabalho e olhando para o teu percurso académico, quão importante foram os ensinamentos que adquiriste enquanto estudante de Aeroespacial no IST? Nuno: De facto, o importante é saber pensar. Enquanto estudante de Aeroespacial no IST, aprendi a resolver problemas, a ser metódico e pragmático. Considero as Análises Matemáticas, as Aerodinâmicas ou outras unidades curriculares, aplicações dessa capacidade de resolver problemas. Depois, ser conhecedor na área em que se trabalha, é evidentemente uma grande vantagem, mas provavelmente não a essencial. Creio que o IST tem uma fraca ligação ao tecido industrial/empresarial, mas é um defeito genérico em Portugal. Em França, onde acabei o curso, a ligação é muito mais forte e saudável: as “faculdades de engenharia” obrigam os alunos a pelo menos 4 meses de estágio no final com classificação; a indústria está extremamente interessada em ter estagiários, porque é a melhor forma de empregar alguém - conhecimento muito superior ao que se pode ter em entrevistas. De facto é trabalho qualificado barato, mas é remunerado! Confesso que um dos meus defeitos foram as atividades extra-curriculares enquanto no IST - praticamente inexistentes . No entanto, antes e depois do IST, retomei e são uma parte fundamental da minha saúde mental. Recomendo imenso praticar desporto - sou um grande adepto de andebol. Depois, longas viagens ao “fim do mundo”, backpacking, teatro, música e

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e cinema são um complemento essencial. R: Que conselhos darias aos atuais estudantes de engenharia aeroespacial para se prepararem para o mercado de trabalho e terem uma carreira de sucesso? Nuno: Fazer pelo menos 1 estágio profissional de pelo menos 4 meses (considero 6 meses mais interessante), numa empresa da área em que desejam trabalhar. Na pior das hipóteses aprendem que não é isso que querem fazer, mas isso já é uma conclusão extremamente importante! Na melhor das hipóteses, tudo corre bem e são convidados a ficar. Interpretar o IST como um “jogo”: as unidades curriculares são problemas para resolver e servem para treinar a nossa mente. Têm a vantagem de serem “jogos” que gostamos porque é nesta área que queremos trabalhar. Evidentemente o objetivo é ganhar o jogo o mais rápido possível! Compreender que se está sempre a aprender. O IST é apenas uma etapa dessa formação, não marca nem o início, nem o final. Não pensar (em excesso) porque se fez opção A ou opção B, estamos condenados a essa área. É por vezes bastante interessante

ter pessoas de outra formação, porque olham para os problemas de forma diferente, o que ajuda à sua resolução. Depois de várias décadas na mesma área começa a ser mais difícil, mas mesmo assim não impossível. À saída da universidade é (sempre) muito cedo para estarmos “condenados” a alguma coisa! Complementar com algumas atividades extra-curriculares. Não é preciso ser doido e exagerar, mas é preciso outra vida para além do IST. Aprender/Saber fazer entrevistas. Não ter complexos, sejam eles de inferioridade ou de superioridade. Saber valorizar-se sem faltar à verdade: as empresas gostam de perceber a experiência das pessoas, sejam elas em ambiente profissional ou projetos académicos. É preciso perceber que não somos apenas nós que nos estamos a tentar vender, mas as empresas também têm de se vender. É normal e expectável querer saber mais sobre a empresa e as condições de trabalho, não tenham vergonha de perguntar. Apostar num percurso académico/profissional em que realmente acreditem.

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O passado dia 25 de agosto de 2012 foi dia de luto para o mundo da Ciência. Neil Armstrong, cujo pé esquerdo foi o 1º a marcar o chão lunar, a 20 de julho de 1969, tinha 82 anos quando faleceu, por complicações resultantes de uma cirurgia cardiovascular. Neil Alden Armstrong nasceu a 5 de agosto de 1930, em Ohio, Estados Unidos da América, estado em que morou, tendo-se estabelecido em cidades diferentes ao longo da infância. Aos 5 anos voou pela primeira vez no Ford Trimotor do pai e aos 15 tinha já garantido um Certificado de Voo, tendo obtido o brevet um ano mais tarde. Enquanto jovem, as aventuras de Neil passavam-se no Escotismo, que o terá marcado bastante, não teria ele levado consigo o símbolo universal do Escotismo, a Flor-de-Lis, para a Lua. Teve filhos apenas do primeiro casamento, um dos quais faleceu aos 3 anos de idade devido à sua debilidade resultante de um tumor. A vida de Armstrong esteve desde sempre direcionada para o mundo aeronáutico, afinal o que realmente o fascinava. Desde os tempos de estudante que se via como um designer de aeronaves. Tinha sido aceite no MIT – Massachusetts Institute of Technology, mas acabou por ficar a estudar em Indiana, onde se licenciou em Engenharia Aeronáutica e mais tarde na Califórnia, obtendo o grau de Mestre em Engenharia Aeroespacial. Começou por trabalhar na Marinha dos EUA, como piloto de caças, marcando presença na Guerra da Coreia (1950-1953), em mais de 78 missões, tendo recebido a Medalha do Ar após as primeiras 20, a Estrela de Ouro e por fim a Medalha de Serviço Coreano. Chegou a Washington D.C. em 1955, quando NASA era NACA..(National Advisory Committee for Aeronautics), passando a servir como engenheiro e piloto de testes na atual Glenn Research Center e obteve o estatuto de astronauta após 7 anos. Enquanto empregado na NASA, pilotou mais

de 200 modelos de aeronave, que incluíam o avião a jato Bell X-1B, foguetões, helicópteros e planadores Paresev, e comandou voos de teste de alta velocidade, como é exemplo o ensaio da aeronave North American X-15. E para um Eng. Aeroespacial digno desse título, não podia haver voos sem haver alguns (muitos) incidentes, como aconteceu, e.g., em voos experimentais de Aterragem de Emergência a bordo dos LockheedT-33 T-bird ou F-104 Starfighter. Entre as muitas condecorações recebidas, contam-se a Medalha Presidencial da Liberdade e a Medalha de Honra Espacial do Congresso, que recebeu do presidente dos EUA em 1978. Foi mais tarde condecorado como Membro de Honra da AIAA. Várias foram as pessoas que se cruzaram com Armstrong ao longo da sua vida, e todas elas partilham do mesmo sentimento comum: ele era uma pessoa humilde, levando sempre uma vida discreta, e com uma dedicação enorme pelo seu trabalho, de que tanto gostava.

Sobrevoando o Passado:

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Terminada com sucesso a missão Apollo 11, Armstrong tornou-se o responsável pela coordenação e gestão dos projetos de investigação e tecnologia da NASA relacionados com aeronáutica, e um ano depois deixou a empresa norte-americana para ensinar Engenharia Aeroespacial na Universidade de Cincinnati, Ohio, até 1979, ano em que se reformou. Posteriormente, Armstrong foi também chairman da empresa Computing Technologies for Aviation, Inc. Programa espacial Norte-Americano – Como mais-valia para o mundo da Ciência e da Indústria nos mais variados setores, o programa Apollo da NASA quebrou algumas barreiras na Tecnologia em consequência do conhecido conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, a Guerra Fria.

oportunidade para novo impulso e a Apollo 11 permaneceu numa órbita de transferência, onde correram as manobras com o módulo de comando Columbia e os últimos testes no módulo lunar Eagle. Três dias depois, as manobras de inserção da nave e os seus componentes em órbitas lunares proporcionaram as condições para que após a visita à Lua os dois módulos pudessem reencontrar-se. A bordo da nave Apollo iam Armstrong ao comando, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins. Este permaneceu em órbita a bordo do Columbia durante as 21 horas e 36 minutos que Armstrong e Aldrin estiveram a passear pela Lua. Apesar de saberem que tinham o regresso à Terra 90% assegurado, as probabilidades de pousar o Eagle em solo lunar calculavam-se como

“A conquista mais importante da missão Apollo foi demonstrar que a humanidade não estará presa a este

planeta para sempre, que até os sonhos vão mais além disto e as oportunidades são ilimitadas.”

Gemini 8 – foi uma das missões de sucesso de Armstrong: o projeto Gemini consistia na realização de testes com o fim de proporcionar as condições para o projeto Apollo. A vez de

Armstrong entrar em cena chegou dia 16 de março de 1966, com o primeiro Rendezvous: o acoplamento entre dois veículos tripulados no espaço. Apollo 11 – um mês antes, a NASA decidiu que estava na altura. O objetivo delineado por John F. Kennedy para o projeto em 1961 era aterrar um veículo tripulado em solo lunar e regressar à Terra. Assim foi, após 3 missões de aproximação consideradas bem-sucedidas. Armstrong foi escolhido para liderar esta viagem, que durou 8 dias, 15 horas, 18 minutos e 30 segundos, por ser considerado o único capaz de comandar uma viagem com aquele grau de dificuldade. Quem sairia do módulo lunar uma vez aterrados na Lua não tinha sido planeado. A 16 de julho aconteceu a fase mais barulhenta: o Saturn V AS-506 foi lançado, colocando a naveApollo numa órbita LEO. Uma revolução e meia depois, houve janela de

sendo apenas de 50%. Segundo Armstrong, “a conquista mais importante da missão Apollo foi demonstrar que a humanidade não estará presa a este planeta para sempre, que até os sonhos vão mais além disto e as oportunidades são ilimitadas.”

A equipa, também formada pelas pessoas na base de Houston, foi a 1ª a pousar um veículo na Lua e Neil Armstrong tornou-se o 1º homem a pisar a Lua, o que o tornou tão famoso como o 1º homem no espaço, Yuri Gagarin. Este foi, afinal, “Um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade”. A verdade é que atualmente ir à Lua já não é um bicho de sete cabeças. Apesar de na altura se poder pensar que os conhecimentos não eram suficientes para uma missão deste nível, os primeiros minutos do passeio foram filmados. Se esse passeio tivesse sido num dos estúdios de Hollywood o resultado teria sido um filme extremamente bem feito, pouco provável para a época! Isto devido ao fato de se saber que as pessoas leigas sabiam perfeitamente que na Lua não há atmosfera que se preze e a força da gravidade é muito mais fraca que na Terra.

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Portanto, o que é certo é que o governo Norte-Americano investiu tudo quanto pode para concretizar este objetivo antes do fim dos anos 70 e conseguiu-o, ultrapassando a rival União Soviética na conquista espacial. Os louros são todos para Armstrong e a sua equipa. E por falar em louros, com a fama vieram interesses pouco ortodoxos. Entre as experiências contam-se episódios como o barbeiro de longa data de Armstrong que resolveu vender por 3.000 dólares americanos os cabelos cortados do astronauta, no website de vendas E-bay, onde se encontravam artigos por ele autografados à venda por consideráveis quantias sem o seu consentimento. Aquando do trabalho de recolha de rochas na Lua, mal sabia o astronauta que da Terra o observava quem um dia havia de ter ideias deste tipo. Mais tarde chegou o interesse da empresa cinematográfica: o filme de animação “Quantumt: A Cassini Space Odyssey” (2010) conta, entre vozes de atores conhecidos, com a de Armstrong no papel de Dr. Jack Morrow. Também Alex Malley, CEO da empresa CPA Austrália, conseguiu uma entrevista exclusiva com Armstrong, onde este falou das experiências ao longo da sua carreira, do Projeto Apollo e da NASA. Nesta entrevista, que pode ser vista na webpage da CPA, consegue-se ter uma perceção acerca de Armstrong: o modo como lidava com as situações e como as recordou revelam uma segurança e determinação inspiradoras para um

público jovem. Disse também a certa altura que continuava a sentir necessidade de dar o seu testemunho à comunidade científica, através de palestras. Muitos se perguntam se o corpo de Armstrong não devia ter ficado sepultado na Lua. Era certo que, dado não existir qualquer forma de vida nas redondezas, o corpo havia de durar provavelmente o tempo que resta ao Sistema Solar. Não. As cinzas foram lançadas no Oceano Atlântico. Ou terá sido desejo do astronauta, ou a missão de levar a urna cinerária para o espaço tinha um custo desnecessário. Armstrong terá pensado nisso: podia ser pedir demasiado que o levassem para o Mar da Tranquilidade, mas não aceitava outra hipótese, tinha que acabar no mar de qualquer forma! Acerca da missão Apollo 11, Buzz diz que ele e Armstrong se lançaram nesta viagem como, mais do que colegas, bons amigos. Revela também que: “Apesar de estarmos mais longe da Terra do que alguma vez algum ser humano esteve, não estávamos sozinhos. O mundo inteiro veio virtualmente connosco naquela viagem histórica”. Acabo, talvez, com uma curiosidade: a pequena cratera de alunagem do módulo Eagle foi batizada com o seu nome, e existe ainda um asteróide de nome 6469 Armstrong, a juntar às muitas homenagens que lhe foram feitas.

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Legacy 500

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"Touchdown confirmed. We are safe on Mars. Time to see where our Curiosity will take us." Foram estas as palavras proferidas na sala de controlo do laboratório de Propulsão a Jato da NASA, quando no passado dia 6 de agosto de 2012 o robô Curiosity aterrou com sucesso em solo marciano. Esta notícia foi recebida com grande entusiamo por todos os envolvidos na missão, revelando a importância científica deste feito que irá permitir ao mundo desvendar muitos dos segredos sobre este planeta vizinho. A missão está planeada para decorrer durante os próximos dois anos, mas a Curiosity já anda a fazer as maravilhas do mundo partilhando imagens de alta resolução e efetuando as suas primeiras pesquisas. Este robô, cuja missão está avaliada em cerca de 2,5 mil milhões de doláres, trata-se de um autêntico laboratório equipado com alguns instrumentos da mais avançada tecnologia, entre eles um braço mecânico que irá permitir fazer recolha de amostras do solo de Marte. Outros instrumentos presentes são camâras de alta resolução, num total de 17, um microscópio, um espectómetro de Raio-X e ainda dois equipamentos de analise química, orgânica e mineral das amostras recolhidas pelo braço mecânico. Todos estes equipamentos irão ter um papel fundamental na concretização dos objetivos definidos para a missão, que incluem: verificar a existência de vida microbiológica neste planeta, averiguar a

presença e influência da água ao longo da sua evolução, investigar o clima e geologia Marciana e ainda a habitabilidade deste planeta com fim a futuras missões tripuladas. Poucas semanas antes do primeiro contato da Curiosity com a Terra, já em solo marciano, esta missão ganhou especial notoriedade devido a um filme divulgado pela NASA nas redes sociais, intitulado “seven minutes of terror”. Neste filme eram explicados e retratados um dos momentos mais desafiantes de toda a viagem: a aterragem. Trata-se de uma manobra nunca antes tentada e que foi preparada ao mais ínfimo pormenor, para que numa sequência de passos perfeitamente sincronizados fosse possível colocar o robô em solo. Para além da aterragem ter sido feita num local totalmente desconhecido, a cratera de Gale. Depois de várias antesucessoras que chegaram a Marte com sucesso, a Curiosity promete agora dar resposta a algumas questões sobre o Planeta Vermelho que intrigam a comunidade científica há várias décadas. Mais uma missão que tem tudo para ser um sucesso e que reforça o estatuto que se atribui à NASA, como agência líder na exploração espacial.

Desenvolvimento Tecnológico:

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