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Legislação: surge nova geração de estagiários no país. Minirreforma ortográfica modifica 0,5% dos vocábulos. Legislação: surge nova geração de estagiários no país. Minirreforma ortográfica modifica 0,5% dos vocábulos . Falta de profissionais ameaça o desenvolvimento.

Revista Agitação 85 - CIEE

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Page 1: Revista Agitação 85 - CIEE

Legislação: surge nova geração de estagiários no país.

Minirreforma ortográfica modifica 0,5% dos vocábulos.

Legislação: surge nova geração de

estagiários no país.

Minirreforma ortográfica

modifica 0,5% dos vocábulos.

Falta de profissionais ameaça o desenvolvimento.

Page 2: Revista Agitação 85 - CIEE

ESTÁGIO

Estágio de qualidade - O Programa CIEE de Estágios reúne a mais completa estrutura de produtos e serviços, para o desenvolvimento e formação de novos recursos humanos, envolvendo profi ssionais de alto gabarito, efi cientes e modernos sistemas de gestão de informação e vasto banco de dados, além de profundo conhecimento sobre os aspectos operacionais e legais do estágio.

Instituição fi lantrópica, não-go vernamental, sem fi ns lucrativos e de assistência social, com mais de 4 décadas de atuação direcionada ao desenvolvimento de programas de estágio e à preparação da juventude para o mercado de trabalho e à sua inclusão social.

EMPRESÁRIO, CONTRATE ESTAGIÁRIOS!

CHAME O

Telefone do Estudante:(11) 3046 8211

Investimento produtivo, com retorno garantido.

CIEE (Sede Executiva): Rua Tabapuã, 540, Itaim Bibi - São Paulo /SP - CEP: 04533 001

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Page 3: Revista Agitação 85 - CIEE

nº 85, janeiro/fevereiro 2009

A tiragem desta edição é de 85.000 exemplares.

Auditada por

ESTÁGIO

Estágio de qualidade - O Programa CIEE de Estágios reúne a mais completa estrutura de produtos e serviços, para o desenvolvimento e formação de novos recursos humanos, envolvendo profi ssionais de alto gabarito, efi cientes e modernos sistemas de gestão de informação e vasto banco de dados, além de profundo conhecimento sobre os aspectos operacionais e legais do estágio.

Instituição fi lantrópica, não-go vernamental, sem fi ns lucrativos e de assistência social, com mais de 4 décadas de atuação direcionada ao desenvolvimento de programas de estágio e à preparação da juventude para o mercado de trabalho e à sua inclusão social.

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Ozires Silva, um apaixonado por novas ideias. pág. 8

Apagão na Engenharia: Brasil forma profissionais aquém do necessário. pág. 26

ENTREVISTA

CAPA

Mudança ortográfica entra em vigor, mas é facultativa até 2012. pág. 66

A atribulada e cansativa vida do vestibulando. pág. 45

AGITAÇÃO JOVEM

Carta ao leitor .......................................................... 4

Ponto de partida ....................................................... 6

Novas ideias .............................................................15

Empresa ....................................................................16

Opinião .....................................................................21

Bahia .........................................................................22

Melhores para estagiar .............................................23

Gerais .......................................................................34

Carreira ....................................................................35

Perspectiva ...............................................................39

Tendências ...............................................................40

Pesquisa ...................................................................42

Expo CIEE ................................................................53

Em foco ....................................................................54

Memória ...................................................................57

Capacitação ..............................................................58

Eventos .....................................................................60

Análise ......................................................................64

Dicas de português ...................................................70

Eleição ......................................................................72

CIEE Cultural ............................................................74

Cartas .......................................................................76

Ponto final .................................................................78

Empresas reativam o ritmo de contratações. pág. 12

LEGISLAÇÃO

Programa Diálogo Nacional ..................................... 5

Prêmio Literário CIEE/ABL ..................................... 43

Prêmio Literário CIEE/Senad .................................. 73

Conta Universitária Bradesco ................................... 79

CIEE, estágio de qualidade ....................................... 80

DIVULGAÇÃO

CULTURAL

Page 4: Revista Agitação 85 - CIEE

4 Agitação set/out 2008

é editada pelo

Editor responsável: Luiz Gonzaga Bertelli, MTb 10.170 (Presidente executivo do CIEE).Conselho editorial: Ruy Martins Altenfelder Silva, Luiz Gon-zaga Bertelli, Jacyra Octaviano.Redação: Jacyra Octaviano (assessora de comunicação), André L. Rafaini Lopes, Andrea de Barros, Cláudio Barre-to, Elizabeth da Conceição, Erika Sarinho, Roberto Ma ttus e Rafael Dias (estagiário). Colaboradores: Lucíola Souza (Goiâ nia/GO); Márcia de Freitas (São José do Rio Preto/SP); Hetth Carvalho (Salvador/BA); Silvia Lakatos. Revisão: Mário Gonzaga Athayde.Fotos: Servfoto.Arte: Edith Schmidt (edição de arte); Wilson André Filho (ilustrações).Capa: André Brazão.Produção gráfica: PIC Comunicação.Impressão: Gráfica Plural.

As matérias publicadas nesta edição poderão ser reprodu-zidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. So-licitamos que as reproduções de matérias sejam comunica-das à redação. As opiniões expressas em artigos assinados não coincidem necessariamente com a opinião da revista.Agitação: Rua Tabapuã, 445 - 3º andar - Itaim Bibi - São Paulo/SP - CEP 04533-001 - Tel.: (11) 3040-6527/6526 - [email protected] atrasados podem ser solicitados à redação ou podem ser consultados acessando o site www.ciee.org.br.

Filiada à Agitação foi considerada a melhor publicação empresarial pela ABERJE.

CARTA AO LEITOR

Internet PORTAL DO ESTÁGIO - www.ciee.org.br

Telefone do EstudanteSão Paulo: Tel.: (11) 3046-8211Rua Tabapuã, 516 - Itaim Bibi - 04533-001 - São Paulo/SP Atendimento a EmpresasTel.: (11) 3046-8222

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Relacionamento com a ImprensaTel.: (11) 3040-6525/[email protected]

Eventos e SemináriosRelações Públicas - Tel.: (11) 3040-6541/6542 - Fax (11) [email protected]

FALE COM O CIEE

Atendimento ao assinante: Para alteração de nome ou endereço para recebimento de Agitação, favor enviar e-mail para [email protected], colocando no campo Assunto a seguinte indicação: Agitação – Alteração de cadastro.

Após um período de adequação à nova Lei do Estágio – quando em-presas, órgãos públicos e instituições de ensino buscavam esclare-cer dúvidas sobre as novas normas –, a situação volta a se normalizar com a retomada no ritmo de ofertas de estágios e contratos assina-dos. Só no último trimestre de 2008 foram contratados mais de 42 mil jovens, já pela nova legislação. As perspectivas para este ano também são positivas. No dia 20 de janeiro foram assinados cerca de 1,5 mil contratos no Brasil – um recorde para um único dia. Janeiro de 2009 trouxe um crescimento de 18,5% em relação ao mesmo pe-ríodo do ano anterior, com 37 mil novos contratos assinados. Nesta edição, analisamos os números e as perspectivas para o futuro do estágio.

Uma das áreas com maior demanda de jovens em capacitação é a da Engenharia, carreira fundamental para o desenvolvimento do país. Pela ampliação da atuação – são mais de cem subespecialidades – e pela sua importância, os estudantes da área precisam estar bem preparados e atualizados para a atuação no mercado de trabalho. O estágio é a forma mais eficiente para o jovem conquistar a capaci-tação exigida pelas empresas especializadas. E os investimentos no setor não podem parar. Afinal, como mostra a reportagem de capa desta edição, existe uma ameaça de apagão na Engenharia, fruto do descaso pelo setor nas últimas décadas.

Em relação aos países desenvolvidos e emergentes, o Brasil está muito aquém na formação quantitativa de engenheiros, o que pode causar, em um futuro próximo, um colapso em áreas importantes, principalmente as ligadas à infraestrutura. Especialistas, educadores e estudantes explicam as dificuldades e apresentam soluções para um problema que pode travar o Brasil rumo à melhoria dos índices de crescimento econômico.

Além da crise econômica mundial, outro assunto que ganhou as pá-ginas dos jornais neste início de ano foi o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa. A Academia Brasileira de Letras (ABL), na figura do filólogo Evanildo Bechara, Professor Emérito 2008 CIEE/Estadão, lidera o processo no Brasil.

Agitação já adota, a partir desta edição, as mudanças ortográficas que eliminaram o trema, os acentos diferenciais e alguns acentos em ditongos abertos e hiatos – mudanças que atingem 0,5% do vocabu-lário brasileiro. Além da matéria que historia a reforma, a colunista Dad Squarisi, em Dicas de Português, chama a atenção para alguns casos que compõem o tratado, mas podem causar ainda muita con-fusão. Vale a pena conferir!

Page 5: Revista Agitação 85 - CIEE

Diálogo Nacional com Ruy Altenfelder

políticaeconomia

ciêncialiteratura

religiãorelações internacionais

artes plásticasmarketing político

cinemacomunidade

saúdemovimentação popular

medicinamarketing eleitoral

teatroesporte

educação urbanismo

Um programa de entrevistas com os maiores. E melhores.

Sintonize

4ª Feira – 23h TV Aberta São Paulo Canal 72 TVA e 09 Net5ª Feira – 19h30 Canal 8 Campinas – Canal 8 Net

5ª Feira 21h Canal de São Paulo – Canal 18 TVA6ª Feira 21h30 TV Com Santos - Canal 11 Net

Domingo 12h Canal de São Paulo – Canal 18 TVADomingo 12h Blue TV Rio de Janeiro – Canal 18 TVA

2ª Feira 23h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net3ª Feira 20h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net

4ª Feira 19h TV Cidade Livre Brasília – Canal 11 Net

www.dialogonacional.com.br

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Page 6: Revista Agitação 85 - CIEE

6 Agitação jan/fev 2009

PONTO DE PARTIDA

A vontade de ser professor fez com que Denis Martins, 20 anos, estudan-te de Matemática, trocasse a carreira bancária pelo estágio na Escola Pueri Domus, em São Paulo/SP. Apesar de a bolsa-auxílio do banco ser maior, a troca possibilitou sua entrada no segmento profissional pretendido: “valeu ter corrido atrás.” Sua motiva-ção é a vontade de ensinar e o estágio

Se os jovens pudessem selecionar as empresas para estagiar, a maioria esco-lheria organizações multinacionais ou em plena expansão, com programas motivacionais e que proporcionassem experiências no exterior. Para Carlos Alberto Ercolin, o desejo tornou-se realidade, já que aos 22 anos, enquan-to cursava Administração de Empre-sas com ênfase em Comércio Exterior, conquistou uma vaga de estágio na Nestlé. Um ano depois, já fazia parte do quadro de funcionários da empre-sa, onde teve a oportunidade de viajar para mais de 20 países, passando por

Aprendiz de professor

DO ESTÁGIO PARA O MUNDO

possibilitou-lhe adquirir habilidades e competências para assumir aulas no futuro. “Aprendo bastante com os professores e coordenadores, que me incentivam muito”, diz. Além de fa-zer o papel de monitor, o estagiário é responsável pelas aulas de reforço que ajudam os alunos em dificuldades na disciplina.

diversos cargos de gestão. “A Nestlé alavancou minha carreira, mas é im-portante que o jovem também dê sua contribuição.” Quinze anos depois, Ercolin recebeu convites e passou pela Renault e Laboratórios Fleury, entre outros. Contudo, nunca perdeu de vista seu sonho de se tornar professor universitário. Antes do que imagina-va, começou a dar aulas e, em 2006, passou a fazer parte da cadeira de Fi-nanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Aos 48 anos, Ercolin também é sócio diretor da Hexis Consulting, empresa de consultoria empresarial.

ESTÁGIO É FUNDAMENTAL

Estagiar foi fundamental para a carreira da arquiteta Violêta Sal-danha Kubrusly, da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo. Ela iniciou no programa de capacitação em 1977, na Coorde-

Page 7: Revista Agitação 85 - CIEE

7Agitaçãojan/fev 2009

Não demorou muito para Felipe Perei-ra da Silva Soares realizar seu sonho de infância. Estudante do último ano de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e vizinho da TV Clu-be, afi liada da TV Globo em Teresina/PI, ele cresceu vendo carros de reportagem e jornalistas entran-do e saindo da emissora. Mas foi em março de 2008 que sentiu o gostinho do sonho realizado, após passar no processo seleti-vo do estágio na TV: “Tenho 23 anos, mas já me sinto realizado.” Para Felipe, sua permanência na emissora já valeu pelas boas experiências. “Aprendi a traba-lhar com prazos em tempo real. Diferente da faculdade, onde te-mos um mês ou mais para entre-gar um projeto”, enfatiza.

INÍCIO COM O PÉ DIREITO

Educação é uma conquista pes-soal, e só se obtém quando o im-pulso para ela é sincero. O brasi-leiro despreza o conhecimento e venera títulos e diplomas.

Olavo de Carvalho, jornalista e professor de Filosofia.

(Diário do Comércio 27/1/2009)

Nossos desafios podem ser no-vos. Os instrumentos com que nos deparamos podem ser novos. Mas aqueles valores dos quais nosso sucesso depende – trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – são antigos.

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos,

em seu discurso de posse.

ENTRE ASPAS

FORMAÇÃO DE LÍDERES

Um dos prefeitos mais jovens do esta-do de São Paulo, 38 anos, Edenilson de Almeida – recém-empossado em Guararapes, cidade com pouco mais de 30 mil habitantes, no noroeste de São Paulo/SP – foi estagiário na Cai-xa Econômica Federal, em 1987. “O estágio mudou meu destino profi s-sional”, analisa. Foi durante o treinamento prático no banco que o atual prefeito teve certe-za de sua vocação para a área contábil. No estágio, Almeida também adquiriu várias ha-bilidades que facilitaram sua trajetória. Após obter o di-

nadoria Geral do Planejamen-to (Cogep) – atual Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla) –, e desde o fi m do estágio, trabalha para a prefeitura paulistana. “Foi uma experiência valiosíssima, pois entre a teoria e a prática há uma grande diferen-ça”, explica. Para Violeta, o está-

gio complementa as disciplinas lecio-nadas na universi-dade, possibilitando ao estudante conhe-cer o cotidiano da carreira pretendida. “Também é a chan-ce de aprender com os mais velhos”, diz a arquiteta, que já orientou muitos es-tagiários durante sua carreira. “Muitos de-les ocupam hoje car-gos importantes”.

ploma de ensino superior de Ciências Contábeis, na vizinha Araçatuba/SP, ele investiu na carreira pública. Sua última função, antes de concorrer à prefeitura, foi a de analista técnico contábil dos projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, regional Araçatuba.

Apesar de ter começado a carreira com o pé direito, Felipe sabe que o estágio é apenas o início e, para passar para a próxima fase, a conquista da efetivação, é preciso dedicação e paixão pela profi s-são, características fortes do estudante.

Page 8: Revista Agitação 85 - CIEE

8 Agitação jan/fev 2009

OZIRES SILVA, presidente da Pele Nova Biotecnologia.ENTREVISTA

“A criatividade é o maior dom do ser humano”

Aos 78 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva continua apaixonado pelos processos de inovação e não abre mão

de buscar novos desafios.

Foi no município paulista de Bauru, sua terra natal, que Ozires Silva encontrou a vocação para o empreendedorismo e para a aviação. Frequentando esco-las de aeromodelismo e pilotagem de planadores, o garoto descobriu-se fas-cinado não somente pela arte de voar, mas, também, pelo desafio de construir aviões. Disposto a realizar seu sonho, o jovem de família humilde batalhou por uma bolsa de estudos, que foi conce-dida pela Força Aérea Brasileira (FAB). Aos 20 anos, tornou-se oficial aviador e piloto militar, e depois se formou em engenharia aeronáutica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Em 1969, Ozires liderou o grupo respon-sável pela criação da Embraer. Perma-neceu como presidente da empresa até 1986, quando assumiu o comando da Petrobras. Em 1990, aceitou o convite para ser ministro da Infraestrutura, e no ano seguinte retornou à Embraer para coordenar o processo de privatização da empresa, concluído em 1994. Hoje, a Embraer é reconhecida mundialmente como uma das empresas mais impor-tantes do setor aeroespacial e exporta cerca de 90% de sua produção.Paralelamente à carreira bem-sucedida – que inclui passagens pela presidên-cia da Varig, pelas indústrias Philips e

Procomp e pelos conselhos consultivos de instituições financeiras –, Ozires tem uma trajetória marcada pela participa-ção social intensa. Atualmente preside o Fórum de Líderes, que congrega empre-sários de todo o país, e o WTC Clube, agremiação do World Trade Center que visa promover negócios internacionais. Também acaba de assumir a adminis-tração de ensino do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos (SP), e é conselheiro do Centro de Inte-gração Empresa-Escola (CIEE). E conti-nua ativo no mundo dos negócios, como presidente da Pele Nova Biotecnologia, onde desenvolve soluções em fármacos e cosmetologia, e do Conselho da Brasil & Movimento, controladora da fabrican-te de motos e bicicletas Sundown.Nesta entrevista, o ex-ministro ressalta a importância de estimular a inovação e de correr contra o tempo para acompanhar os progressos do mundo global. E alerta:

Page 9: Revista Agitação 85 - CIEE

9Agitaçãojan/fev 2009

Sou fascinado pelo processo

de buscar o novo. O que diferenciou

o homem dos outros animais foi o intelecto.

“se não remodelarmos o processo edu-cativo nacional, acabaremos por nos tor-nar uma nação pobre e atrasada”.

Agitação – O senhor contribuiu ativamen-te para o desenvolvimento da indústria aeronáutica do país. Também foi minis-tro de Estado e presidente da Petrobras. No entanto, sua vida não se restringiu ao mundo dos negócios. Qual sua motivação para atuar em tantas frentes?

Ozires Silva – Sou fascinado pelo pro-cesso de buscar o novo. O que diferen-ciou o homem dos outros animais foi o intelecto. Tudo que o homem pode utili-zar, todas as matérias-primas que a Ter-ra tem, foram encontradas aqui, neste planeta. Experimente chegar num cam-po e olhar à sua volta. Depois, reflita: os óculos que uso, a roupa que estou ves-tindo, os cosméticos que a gente usa, a alimentação, tudo, em certo momento, foi retirado da paisagem que você está olhando. E quem tirou da natureza foi esse bicho homem. Nenhum outro bi-cho fez isso. Nós não temos concorrên-cia. Então, essa capacidade intelectual tem que ser usada. A criatividade é o maior dom do ser humano.

Agitação – Uma de suas obras intitula-se Cartas a um jovem empreendedor. Em sua opinião, o que um jovem deve fazer para ter uma carreira de sucesso, aliando ganhos financeiros e realização pessoal?

Ozires Silva – Ele tem de colocar em jogo a capacidade criativa que a natu-reza lhe deu. Por exemplo, em 1913, o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual Industrial da Inglaterra pediu o fechamento do ór-gão porque achava que não tinha mais nada para ser inventado. Isso, em 1913! Acho que hoje esse mesmo sujeito re-conheceria que ainda falta inventar mui-ta coisa. A nossa capacidade criativa é infinita e cabe a cada um buscar esse potencial criador dentro de si mesmo.

Temos a capacidade criativa de produzir algo melhor, de inventar coisas que pos-sam ajudar alguém e que possam ser úteis dentro das estruturas e regras que nós mesmos, humanos, criamos. Nós criamos dinheiro, as transações comer-ciais, os mecanismos operacionais. Até a sociedade competitiva em que vive-mos foi uma invenção nossa.

Agitação – As deficiências da educação são frequentemente apontadas como um dos principais entraves ao desen-volvimento do país. Qual a sua opinião a respeito desse assunto?

Ozires Silva – Quando uma criança nas-ce, ela tem uma série de atributos que a natureza lhe concede. Mas ela não nas-ce com uma capacidade intelectual de-finida. O intelecto é algo que o indivíduo irá desenvolver ao longo da vida e, para isso, o processo educacional é indis-pensável. A bagagem de conhecimento da humanidade tem crescido num ritmo muito acelerado. Consta que a primeira vez em que o conhecimento da huma-nidade dobrou foi na época de Cristo. Depois, ela teria dobrado novamente na época da Renascença. E, agora, afir-ma-se que o conhecimento humano dobra a cada ano. Então, nós temos que oferecer às crianças e aos jovens

os instrumentos necessários para que acompanhem esses saltos. Só que nós estamos falhando nisso, principalmente no Brasil. Há uma unanimidade impres-sionante quanto a isso.

Agitação – O que seria necessário fazer para preencher as lacunas encontradas hoje, oferecendo ao jovem chances re-ais de desenvolvimento pessoal e apri-moramento profissional?

Ozires Silva – Outro dia, eu estava len-do no Estadão a despedida da Claúdia Costin, que aceitou ser secretária da Educação do município do Rio de Ja-neiro. No texto, ela fez um libelo pró-educação. E libelos pró-educação nós estamos vendo e ouvindo todos os dias. Agora, não é com libelo que a gente resolve esse negócio; é com um processo racional de desenvolvimento, apoiado numa base técnica e tecnológi-ca, educativa e social. Eu fiz um artigo, outro dia, no qual discutia as previsões que todo mundo faz, a economia e tudo o mais. Nesse artigo, eu dizia: há uma previsão que nós conhecemos e temos certeza de que irá se cumprir: se nós não apostarmos na formação dos be-bês que estão nascendo hoje, dentro de 20 anos seremos uma nação pobre. Para que isso não ocorra, precisamos fazer um esforço gigantesco! Qual é a diferença entre a Finlândia e o Brasil? A diferença é a educação. E está mais do que claro que esta não é uma questão simplesmente de investimento. Essa é uma questão também de tutano. Tem de ter metas e compromissos sérios com o cumprimento delas. O CIEE faz isso numa escala bastante grande. A luta do CIEE pela educação é absolutamente clara, expondo o jovem a um estágio, que é um desafio. Precisamos de mais esforços nessa direção.

Agitação – O fato de o Brasil ser um país agro-exportador, com muitas ri-quezas naturais, não nos garante um futuro próspero?

Page 10: Revista Agitação 85 - CIEE

10 Agitação jan/fev 2009

Ozires Silva – Não. Sabe quanto nós exportamos por quilo? Não consegui esse dado, mas posso calcular. Nós vendemos para a China um quilo de minério por 35 centavos de dólar. Mas esse gravador, fabricado em Cingapura, custa 2 mil dólares por quilo. Nós va-mos conseguir pagar esses produtos no futuro? Vendendo soja, minério, suco de laranja? Nada contra esses produtos, que são absolutamente essenciais. Mas isso não basta para o nosso desenvol-vimento. Um quilo de satélite, que nós usamos nas nossas comunicações, vale 50 mil dólares. Tem produto aí de dois, três, até seis milhões de dólares por quilo. E nós estamos com exporta-ções de 35 centavos de dólar!

Agitação – Nas indústrias de tecnologia e de engenharia aeronáutica, existe for-te demanda por profissionais. Os jovens devem apostar nessas áreas?

Ozires Silva – Em 2008, mais de 70% dos vestibulandos escolheram profissões ligadas a ciências não exatas. E, daqueles que foram para cursos de exatas, a maioria optou por carreiras ligadas à informática. E fizeram isso cometendo um erro enorme, pois eles querem trabalhar com software, nada de hardware. Outro dia, numa pa-lestra para um pessoal jovem da área de informática, perguntei se eles conseguiam fazer rodar um software sem computador, e é claro que eles responderam que não. Aí, eu propus um desafio: se eles pudessem comparar o nível tecnológico do software e o nível tecnológico do hardware, qual deles seria considerado o mais avança-do? Deu um bate-boca dos diabos. Eram 1,5 mil jovens! Interrompi, e falei: agora vou dar a minha posição. E defendi que o hardware é bem mais avançado. Falei para eles: vocês não acham que a gente tem de criar um novo sistema operacional que não bloqueie o computador, que seja mais rápido, que não seja tão complicado? Hoje, utilizar o computador, necessariamente, é complicado. Perde-se tempo no processo operacional, tem hora que ele enguiça e

você precisa chamar um especialista para resolver o problema. Existe um espaço aí para se trabalhar, criar, inovar.

Agitação – E quais serão as áreas mais carentes de bons profissionais nos pró-ximos anos? É verdade que existe um “apagão” da engenharia?

Ozires Silva – Sim, e esse problema não está só no Brasil. Vi um anúncio muito interessante, numa revista aeronáutica, de uma companhia americana que criou um site voltado a estimular a juventude

a conhecer e apreciar as maravilhas da matemática. O anúncio diz, também, que as crianças de hoje serão os cien-tistas e os engenheiros de amanhã. Está certo. Mas, para isso, essas crianças precisam da nossa ajuda, porque hoje a sociedade as induz a entrar no mercado de uso das coisas que já foram feitas. Um menino ganha um IPhone que arma-zena 1.500 músicas e se dá por satisfei-to. Ele não pergunta quem criou aquilo, como teve a idéia, como fabricou. Não existe mais essa curiosidade. As facili-dades às quais ele tem acesso suprem suas necessidades pessoais e ele não sente mais o gosto de superar desafios. Você não consegue fazer um computa-dor sem o engenheiro, nem uma casa, nem uma estrada. No ano passado, a China formou 300 mil engenheiros. No Brasil, formamos 23 mil.

Agitação – Como o senhor optou pelo caminho da engenharia aeronáutica?

Ozires Silva – Quando eu tinha uns 10 anos, Getúlio Vargas, que era o presi-dente da República, colocou como pre-sidente da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, cuja sede era em Bauru, minha terra natal, um coronel do Exército vi-drado por aviação. E esse homem fan-tástico, que se chamava Américo Mari-nho Lutz, foi o responsável pela criação de uma escola de aeromodelismo, uma escola de planadores e uma escola de pilotagem. Além disso, conseguiu tra-zer da Europa o suíço Hendrick Kurt, foragido da Segunda Guerra Mundial, que fabricava planadores na Suíça. Kurt começou a tentar fabricar planadores no Brasil. Ele gostava muito da crian-çada e nos colocava para ajudar a fa-bricar as pecinhas que iam dentro dos planadores. Assim, diferentemente do que acontecia com os outros jovens, que só pensavam em pilotar os aviões, nós começamos a nos encantar com as invenções espetaculares que existiam no interior dos aparelhos. E Kurt fala-va, com aquele português carregado

Vocês não acham que

precisamos criar um novo sistema operacional que não bloqueie o

computador e seja mais rápido?

Page 11: Revista Agitação 85 - CIEE

11Agitaçãojan/fev 2009

A

de sotaque: “não há um piloto que não tenha um avião para voar”. Comecei a questionar o porquê de o Brasil não fa-bricar aviões, já que o país tinha quase a mesma idade dos Estados Unidos. E esse desejo de fazer um avião brasileiro resultaria, mais tarde, no projeto da Em-braer. Tenho certeza de uma coisa: sem o Américo Lutz, e sem o Hendrick Kurt, a Embraer não existiria.

Agitação – Houve outros fatores que des-pertaram o seu interesse pela aviação?

Ozires Silva – O que eu quero dizer é que esses dois homens deram a base para que algo importante acontecesse no futuro. O Thomas Edison, por exem-plo, inventou o monóculo, a televisão, a lâmpada elétrica e coisas dessa nature-za. É claro que tudo isso tem um mérito enorme, mas o que o levou a inventar a lâmpada elétrica? A base tecnológi-ca que já existia nos Estados Unidos, é claro! Porque se não existisse a base tecnológica, ele não poderia reunir ele-mentos necessários para a invenção da lâmpada. O Edison não inventou nenhum dos materiais que usava para fabricar a lâmpada. Ele não inventou o vidro e os outros componentes. Tudo isso é uma sequência, uma soma de relação do que foi obtido antes. Santos Dumont também não partiu do zero: ele usou um motor a explosão, que tinha sido inventado por um alemão. Observe, então, que é necessário você criar essa base técni-ca, tecnológica, cultural e educacional, porque a cabeça de uma criança é uma esponja extraordinária, o que você colo-ca lá dentro, fica. Na China, as crianças estão começando a ir para a escola com três anos de idade. Aqui no Brasil, a ma-trícula só é obrigatória a partir dos seis anos. Assim estamos perdendo três anos importantíssimos.

Agitação – É importante estimular os estágios, que oferecem aos jovens a possibilidade de aprender de maneira prática, enquanto participam do dia-a-

dia das empresas. Mas, e para a em-presa? Qual a vantagem?

Ozires Silva – Dar ao jovem o acesso ao conhecimento, a chance do aprendi-zado, é um dever da sociedade. Aquele coronel da estrada de ferro nem sabia quem era o Ozires. Eu estava lá no meio, era mais um. Mas ele me expôs àquela excitação, àquele ambiente, e foi assim que o meu futuro se definiu. Hoje, a Embraer gera 50 mil empregos diretos e indiretos. Tudo isso foi planta-do por aquele coronel. É a mesma coisa que você pegar uma área agricultável e plantar um monte de sementes. Você não sabe qual delas vai produzir mais frutos. Do mesmo modo, não sabemos quais serão os estagiários do CIEE que vão dar certo, mas temos que propor-cionar a eles a melhor condição pos-sível. A gente tem de criar o ambiente ideal para que, de repente, dê aquele estalo. Thomas Edison fez 1.275 experi-mentos para criar uma lâmpada elétrica. Aí disseram para ele: “Professor, você já tentou mais de mil vezes esse negócio, será que é possível fazer uma lâmpada elétrica?”. Ele respondeu: “Nessas mil vezes eu vi como não se faz uma lâm-

pada elétrica”. E ele persistiu, até que a tentativa de número 1.276 deu certo. Assim, acredito que todas as empresas devem abrir as portas para o máximo número de estagiários, pois ninguém sabe se ali está nascendo um Lavoisier, um Santos Dumont.

Agitação – A Embraer será muito preju-dicada pela crise mundial?

Ozires Silva – Pode acontecer, porque a Embraer depende do mercado externo. Ela vende muito para os Estados Uni-dos, onde a crise se formou e assumiu sua pior forma. Assim, é possível que a Embraer sofra. Mas fico olhando para o meu país e me pergunto o que nós te-mos com isso. Possuímos um excelen-te mercado interno. O brasileiro roda a economia. Se ele tiver recurso, ele com-pra. No entanto, todos os governos do Brasil, por cultura e por comportamen-to, seguram o consumo. Quando a gen-te começa a gastar, os economistas se apavoram, dizendo que a inflação será inevitável porque vai faltar produto. Fico horrorizado com esse negócio! Tantos países no mundo cresceram, e cres-ceram sem inflação... Nesse momento de crise, se o governo tivesse tutano apostaria no desenvolvimento do mer-cado interno. Bastaria soltar as amarras do povo, baixar a taxa de juros, redu-zir a burocracia – o Brasil é recordista mundial em dificuldades para se criar uma empresa – e dar a chance de uma economia pujante florescer. Isso evitaria o desemprego e não sentiríamos nem o cheirinho dessa crise. Dia desses, eu falei para o Meirelles [Henrique Meirel-les, presidente do Banco Central] que o Alan Greenspan [ex-presidente do FED, o Banco Central dos Estados Unidos] deve ser um estúpido. Ele perguntou por quê: se ele, para controlar a infla-ção, baixa os juros, e nós aumentamos, e se nós é que estamos certos, então ele é um estúpido. Aí, o Meirelles falou: ‘Quer dizer que se ele estiver certo, nós é que somos estúpidos?’ (risos).

Dar ao jovem conhecimento, a chance do aprendizado,

é um dever da sociedade. Temos

de criar o ambiente ideal para que dê

aquele estalo.

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12 Agitação jan/fev 2009

Camilla Sobral Jens é a cara da nova geração de estagiários que começou a ser formada no final de setembro, quando a lei 11.788 entrou em vigor, atualizando as normas de estágio. Ela tem 24 anos, está no terceiro semestre do curso de Sistemas da Informação na Universidade Bandeirante de São Pau-lo (Uniban) e, no dia 20 de outubro, as-sinou seu primeiro contrato de estágio. “Fiquei sabendo das mudanças por um amigo, e nem sei ao certo como os pro-gramas de estágio funcionavam antes”, revela Camilla, a primeira estudante

A NOVA GERAÇÃO DE ESTAGIÁRIOSNo último trimestre do ano passado, 42,5 mil jovens foram contratados de acordo com a nova Lei do Estágio, e o CIEE entra em 2009 com resultados animadores.

e preveem recesso remunerado e auxílio-transporte, além da bolsa-auxílio. Aque-les que acompanham a distância o pro-cesso de implementação da nova Lei do Estágio podem até se confundir com as alterações, mas quem só vivencia a nova realidade já absorveu as novidades, sem dar sinais de qualquer tipo de trauma.

A esperança venceu. A violenta retra-ção na abertura de vagas, antecipada por entidades pouco informadas ou mal-in-

que a Service IT Solutions – empresa da área de tecnologia da informação – contratou segundo a nova lei. Assim como Camilla, uma significativa parcela dos 42,5 mil jovens que inicia-ram estágio no último trimestre de 2008 também foi contratada pela primeira vez. Eles só conhecem programas que têm carga horária de seis horas diárias, estão integrados com o currículo escolar

A estagiária Camilla Jens (abaixo) e a supervisora Tais Saraiva se

adaptaram com tranquilidade à lei.

LEGISLAÇÃO

Page 13: Revista Agitação 85 - CIEE

13Agitaçãojan/fev 2009

tencionadas, não aconteceu. A bem da verdade, logo após a promulgação da lei o ritmo de contratação arrefeceu, como ocorre inevitavelmente com qualquer mudança, mas o impacto foi intensifica-do porque a lei entrou em vigor sem um período de transição. Isso retardou, por exemplo, a assinatura de novos contratos pelas instituições de ensino, que se viram obrigadas a, subitamente, se adequarem às novas exigências no meio do segundo semestre, quando estavam envolvidas com a preparação dos exames de final de ano e dos vestibulares. Também os órgãos públicos precisaram suspender temporariamente as contratações, dian-te da necessidade legal de prover recur-sos para cobrir as novas despesas com estágios, como a concessão obrigatória de auxílio-transporte. Além disso, vale lembrar que a crise internacional eclo-diu nesse período, colocando o mundo empresarial num clima de cautela num efeito negativo que coincidiu com a nova lei.

Acendendo vela. “O CIEE tinha cons-ciência desse impacto, mas sempre fez questão de afirmar publicamente sua confiança na retomada da expansão do estágio, que vem sendo reconheci-do pelas empresas como a mais eficaz ferramenta de atração e preparação de novos talentos”, relata Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE. Mais do que isso, promoveu uma am-pla campanha de divulgação e escla-recimento sobre nova lei. “Preferimos acender uma vela, em vez de amaldiço-ar a escuridão”, compara. Como resul-tado, o CIEE se transformou num ativo canal de comunicação entre o governo e o mercado, numa postura que já ren-deu bons frutos. O principal deles é a cartilha editada pelo Ministério do Trabalho e Empre-go (MTE), com duplo objetivo: escla-recer as principais dúvidas das empre-sas sobre alguns tópicos obscuros da

lei e orientar a atuação dos auditores da Pasta na sua ação fiscalizadora so-bre as relações de trabalho. Ocorre que, embora o estágio seja uma ativi-dade pedagógica – portanto, no âmbi-to do Ministério da Educação –, seu desvirtuamento pode configurar vín-culo empregatício, com a consequente perda das isenções de encargos e le-vando o caso para o âmbito do MTE. Na opinião de Bertelli, esse risco é mí-nimo, quando a empresa contratante conta com o apoio e assessoria legal de um agente de integração sério e res-ponsável, como é o caso do CIEE que tem quase meio século de tradição em inserção de jovens no mercado de tra-balho e é referência nacional quando se fala em estágio.

De volta à calma. A realidade logo se encarregaria de dar razão ao CIEE, pois assim que os órgãos públicos adequaram seus orçamentos e as empresas tomaram conhecimento dos esclarecimentos do MTE, o ritmo das contratações começou a subir, gradual mas firmemente. Já em meados de janeiro, o CIEE registrou dois resultados expressivos. No dia 15, apenas na capital paulista, foram assi-nados 400 novos contratos de estágio e, cinco dias depois, outra marca foi bati-da: 1.442 contratos foram firmados em todo o país.

Apesar de animadores, os números agradaram, mas não surpreenderam o CIEE. Antenada na realidade, a ins-tituição já havia detectado sinais de que, com um pouco de paciência, as coisas voltariam a seu ritmo normal. Um exemplo de sinalização positiva: um mês após a sanção da nova lei, uma pesquisa realizada pela consulto-ria Watson Wyatt mostrava que 89% das grandes empresas se adequariam sem que o quadro de estagiários fosse afetado a curto prazo e, melhor, 3% já apontavam até para aumento no nú-mero de contratações. “Entre aquelas que reduziriam o quadro, 71% afir-maram que fariam isso efetivando os estagiários imediatamente ou após o término do contrato”, destaca Chris-tian Mattos, gerente de Informações de Mercado da Watson Wyatt. Novamente a Service IT Solutions ser-ve de exemplo na fase de adaptação: muitas das obrigatoriedades da nova lei, tais como a concessão de bolsa-auxílio, benefícios e supervisão a cada estagiário, já eram praticadas na orga-nização. Já a diminuição da carga horá-ria, que agora não pode ultrapassar seis horas/dia e 30 horas semanais, gerou, sim, um pequeno impacto. “Mas isso

Respeitando a lei, empresas retomaram a contratação de estagiários em 2009.

Page 14: Revista Agitação 85 - CIEE

14 Agitação jan/fev 2009

representa um ganho para os estagiá-rios, que poderão conciliar melhor a questão profissional com a acadêmica”, defende Tais Saraiva, gerente de RH, mostrando que continua a acreditar no retorno do estágio para a empresa.

A ajuda da cartilha. No final de de-zembro, o MTE disponibilizou a ver-são digital da Cartilha Esclarecedora sobre a Lei do Estágio, abordando as 37 dúvidas mais recorrentes entre empresas, instituições de ensino, es-tudantes, agentes de integração e até mesmo seus auditores. “Num primeiro

momento, a ação da fiscalização será educativa e informativa, e somente na etapa final serão determinadas me-didas punitivas para coibir eventuais desvirtuamentos do estágio”, afirmou Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Emprego, durante o lançamento da cartilha no CIEE, em dezembro, acompanhado por Ezequiel Sousa do Nascimento, secretário de Políticas Públicas de Emprego do MTE.O principal questionamento dos ges-tores de recursos humanos se referia à possibilidade de se conceder ao es-tagiário um intervalo para almoço ou lanche acima de 15 minutos, sem que fosse contabilizado na carga horária de seis horas/dia. Com a cartilha, a dúvida desaparece, pois ela explicita que esse intervalo não deve ser com-putado, sendo a única exigência que todos os horários sejam registrados no Termo de Compromisso de Estágio assinado pelo estudante, instituição de ensino e empresa ou órgão público an-tes do início do treinamento.Além disso, a cartilha explica que o re-cesso obrigatório de um mês deve ser concedido dentro de cada período de 12 meses, preferencialmente durante as férias escolares e de forma propor-cional em contratos com duração in-

O intervalo de almoço e lanche

pode exceder a 15 minutos e não

deve ser contabilizado na carga

horária do estagiário;

O recesso deve ser concedido

dentro do período de 12 meses

de estágio e preferencialmente

durante as férias escolares; e

O cálculo para determinar a quan-

tidade de estagiários de ensino

médio que podem ser contratados

é feito com base no número de

funcionários de cada filial ou

estabelecimento.

ferior. O terceiro esclarecimento mais importante da cartilha refere-se ao cál-culo para determinar o número de es-tagiários de ensino médio que podem ser contratados, com base no número de funcionários. Segundo o MTE, o cálculo deve ser feito especificamen-te por unidade, filial ou escritório, no caso de empresas contratantes que atuam em locais diferentes. O mesmo critério vale para órgãos públicos. “A realidade vem, mais uma vez, con-firmar análises do CIEE sobre o cená-rio do estágio, que sempre privilegia uma postura serena e não imediatis-ta, quando surgem novidades”, afirma Bertelli. “Desde o início, encaramos a lei como benéfica e modernizado-ra do estágio, embora ainda passível de aperfeiçoamentos, como qualquer obra humana”. Para ele, a lei tem dois grandes méritos: mantém o caráter educacional do estágio (“com a con-sequente isenção de encargos traba-lhistas e previdenciários”) e compati-biliza o interesse das empresas (“que querem continuar contando com um eficaz instrumento de recrutamento e capacitação de futuros talentos”) e o dos estudantes (“que ganham novos direitos e benefícios”).

Ministério do Trabalho e Emprego: o secretário Ezequiel Sousa e o ministro Carlos Lupi no lançamento da cartilha.

Christian Matos detectou que a nova lei seria assimilada, após um mês da sanção. A

CARTILHA DO MTE

AUTORIZA

LEGISLAÇÃO

Page 15: Revista Agitação 85 - CIEE

Luiz Gonzaga Bertelli NOVAS IDÉIAS

LUIZ GONZAGA BERTELLI É PRESIDENTE EXECUTIVO DO CIEE, PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA (APH) E DIRETOR DA FIESP.

A

15

A decisão sobre a concessão do horário

de almoço aos estagiários agradou

a todas as partes. Elogiável a atuação do

ministério, que agiu rápido para colocar os pingos nos “is” em um

momento crucial.

Quando a nova Lei do Estágio foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em setembro do ano passado, algumas dúvidas pairaram sobre empresários, edu-cadores e estudantes. Sem tempo adequado de transição, nem mes-mo os técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sabiam ao certo como responder a todas as questões que surgiam. O Cen-tro de Integração Empresa-Escola (CIEE), que desde o início vinha acompanhando de perto o processo da elaboração da nova lei, promo-veu vários eventos para detectar os principais entraves à aplicação das normas, mostrando ao ministério a necessidade de um documento para esclarecer alguns pontos obscuros que podiam prejudicar a oferta de oportunidades de estágio, que se mantinha numa expressiva ten-dência de crescimento nos últimos dez anos.O ministro Carlos Lupi e seus as-sessores aceitaram a empreitada e, no final de dezembro, o ministério divulgou em seu site a esperada Cartilha Esclarecedora sobre a Lei do Estágio, respondendo a 37 dúvi-das mais frequentes, muitas delas surgidas nos debates entre empre-sários, estudantes e técnicos do governo federal na sede do CIEE, em São Paulo, ou na Central de Atendimento Gratuito (0800-771-

Dúvidas mais que esclarecidas

2433) criada para dirimir as dúvi-das sobre a lei, que já recebeu mais de 64 mil telefonemas.A cartilha divulgada pelo minis-tério, na verdade, vem tranquili-zar as empresas, principalmente quanto aos critérios de fiscaliza-ção, eliminando, assim, eventuais riscos de atuação decorrentes de interpretações conflitantes que poderiam nascer de diferentes en-tendimentos legais. Além disso, ela define, de modo claro, alguns pontos importantes como o cálculo que deve ser feito pelas empresas com filiais ou agências espalhadas pelo país para contratar estagiários do ensino médio ou o período em que deve ser concedido o recesso remunerado obrigatório ao esta-

giário. Nesses casos, a decisão do ministério conseguiu contemplar os interesses dos jovens e das em-presas. No tocante ao recesso, que vem sendo indevidamente chamado de “férias”, ele deve ser concedido dentro do período de 12 meses, sendo calculado proporcionalmente no caso de contratos com duração menor. É importante não confun-dir com férias, pois, apesar de ser remunerado (no valor da bolsa-au-xílio mensal), o recesso não abriga qualquer tipo de encargos.A decisão sobre a concessão do horário de almoço dos estagiários também agradou a todas as partes. Antes, a interpretação era a de que o estudante só teria direito a 15 minutos de intervalo. Agora a car-tilha deixa claro que o intervalo não mais contará na carga horária, possibilitando, assim, que o jovem se alimente mais adequadamente, principalmente para quem cumpre uma dupla jornada como o estágio e a escola.Elogiável a atuação do ministério, que agiu rápido para colocar os pin-gos nos “is”. Em um momento no qual só se fala em crise mundial, não podemos permitir que o jovem seja prejudicado em sua busca pelo sonho de uma formação profissio-nal sólida, garantia de um futuro promissor na carreira e de um país melhor para todos.

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16 Agitação jan/fev 2009

EMPRESA

verdade, a história de Assassin’s Creed, jogo eletrônico para videogames de última geração, da produtora france-sa Ubisoft, que recria com riqueza de detalhes os cenários medievais. Foi-se o tempo em que os programadores ti-nham de se preocupar somente com a quantidade de fantasminhas que per-seguiriam o Pac-man, sucesso dos ga-mes da década de 1980. Ao se ampliar a capacidade de processamento de dados dos consoles modernos a níveis estratosféricos, o desenvolvimento de games, hoje, pede profissionais mais e mais capacitados; afinal, cada mundo fantástico deve ser criado do zero.A Ubisoft decidiu investir no potencial dos programadores brasileiros, atraída por sua força criativa, pelo baixo cus-to de produção em relação aos salários europeus e pela cultura. Assim, no final de outubro passado, a produtora abriu o primeiro estúdio de criação de jogos

Mercado de trabalho para criadores de games se amplia.

Desmond Miles é um sujeito pacato que decide explorar o passado de seus ancestrais. Por meio de um revolu-cionário processo, descobre que não somente é possível resgatar lembran-ças gravadas em seu código genético como também revivê-las. Em uma máquina de realidade virtual, Miles encarna seu antepassado Altaïr Ibn La-Ahad, membro de uma fraterni-dade de assassinos que, no século 12, defendia a Terra Santa dos Cavaleiros Templários, durante as Cruzadas. Os aparelhos tecnológicos que antes o circundavam se transformam em vilas árabes com seus mercados, templos e habitantes. Nessa personalidade, ele deve cumprir missões, ora se esguei-rando pelos becos para matar solda-dos na surdina, ora fugindo de tropas aos pulos de telhado em telhado.Esta, que poderia ser o mote de um filme ou livro de ficção científica, é, na

Bertrand Chaverot, da Ubisoft, planeja ter 200 funcionários em até quatro anos, e elogia a criatividade dos profissionais brasileiros.

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17Agitaçãojan/fev 2009

de última geração no país. Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft Brasil, conta que recebeu a inscrição de seis mil interessados nas 20 primeiras va-gas do estúdio e elogia os contratados: “são impressionantes”. Dentro de três ou quatro anos, o diretor estima que o grupo chegue a 200 funcionários – um terço de artistas gráficos que produzem os primeiros esboços em 2D e 3D de imagens do jogo; um terço de programa-dores; e um terço de game designers (que inventam as regras do jogo), roteiristas e engenheiros de som. A estratégia foi ado-tada anteriormente na cidade canadense de Montreal, o que acabou por atrair outras desenvolvedoras, transformando a cidade em um dos mais importantes polos de criação de games.

Segunda fase. Até a chegada da Ubi-soft, os brasileiros só participavam desse mercado por projetos terceiriza-dos. O último relatório divulgado pela Associação Brasileira de Desenvolve-doras de Jogos Eletrônicos (Abraga-mes), em julho do ano passado, re-gistrava 560 profissionais empregados em 42 empresas. De acordo com a associação, 43% da produção nacional de softwares para jogos é destinada à exportação e o faturamento bruto do

setor é de 87,5 milhões de reais. An-dré Penha, presidente da Abragames até dezembro passado e diretor da produtora Tectoy Digital, projeta a expansão do mercado até 2011. A es-timativa é que as vendas passem a ser feitas diretamente com as produtoras, no próximo triênio, quando as mídias físicas nas quais os jogos são comer-cializados (DVD e Blu-ray) entrarem em declínio e a transmissão de dados pela internet ganhar mais velocidade. “Por enquanto, a mortalidade dos es-túdios é muito grande”, observa Penha, chamando a atenção para a complexi-dade do negócio: além de criar os jo-gos, os empreendedores devem saber como se administra uma empresa e ainda aprender a exportar. Para pegar o ritmo do mercado, ele aconselha aos jovens participar de programas de es-tágio, como o mantido pela Tectoy Digital. Atualmente, cerca de dez estudantes estão sendo treinados nos laboratórios da empre-sa. O que pode parecer o estágio dos sonhos, revela-se uma ativi-dade árdua e bastante complexa. “Muitos de-

sistem no meio do caminho”, observa Bruno Gonçalves, que estuda Ciências da Computação na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos/SP, e estagia há um ano na Tectoy.Bruno cresceu se divertindo com as má-quinas de fliperama e com o Mega Dri-ve, videogame trazido ao Brasil pela Tec-toy na década de 90 e que ganhou uma versão atualizada. “Já entrei na faculda-de querendo fazer jogos”, confidencia. Na empresa, tem em seu currículo a adaptação de quatro jogos para o Mega Drive e atualmente auxilia o desenvol-vimento de um jogo para o Nintendo DS, console portátil da fabricante ja-ponesa. “Ainda me divirto muito com jogos eletrônicos, mas os vejo agora com olhos mais críticos, estudando os diferenciais de cada um para melhorar os meus”, conta o jovem.

Terceira fase. Na primeira semana de 2009, a impren-sa especializada divulgou uma notícia que pode ser a confirmação do sucesso da estratégia adotada pela Ubisoft. O Brasil começou mesmo a chamar a atenção de grandes estúdios: John Dillulo, diretor da Activi-sion-Blizzard, em visita ao país, anunciou que a em-presa entrará oficialmente

no mercado brasileiro de games este ano. “Quando começamos a realizar ações mais diretas ao entrar oficialmente no mercado, notamos um grande impac-to nas vendas e também no comporta-mento dos consumidores, e isso é muito importante para nós”, afirmou Dillulo ao site Arena Turbo, do portal IG.

André Penha (acima) e Bruno Gonçalves, diretor e estagiário da Tectoy Digital: desenvolver jogos é complexo e árduo.

A

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18 Agitação jan/fev 2009

EMPRESA

Massas com um sabor a maisUm dos maiores pastifícios brasileiros, a Basilar aposta no projeto Aprendiz Legal como forma de qualificação e compromisso social.

A adoção do programa Aprendiz Le-gal promete dar um sabor especial ao perfil da Basilar, pastifício fundado em 1965 e que atualmente faz parte da holding M. Dias Branco – grupo empresarial com matriz em Fortale-za/CE. A unidade instalada em Jaboti-cabal, no interior de São Paulo, conta

com 440 funcionários e sete aprendi-zes, que participam de treinamentos nos setores de logística, administra-ção, comercial e recursos humanos.Antes de recepcionar os jovens, os funcionários foram informados da importância da iniciativa do CIEE em conjunto com a Fundação Roberto

Aprendizes que atuam na empresa de Jaboticabal. No destaque, Caroline Pandolpho.

Marinho. “Costumo dizer que todos nós começamos um dia, mas muitos, quando já se encontram no mercado de trabalho, parecem esquecer esse detalhe”, explica Leidiane Regina Te-

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19Agitaçãojan/fev 2009

lis, assistente de Recursos Humanos. Por isso, no dia em que os aprendizes começaram no programa, houve uma recepção calorosa. “Todos receberam os jovens de braços abertos, literal-mente; foi emocionante”, relembra.Durante quatro dias por semana, os jo-vens passam pelos vários departamentos da empresa, participando dos processos que cabem a um grande pastifício. O quinto dia é reservado para a qualifica-ção teórica, realizada na Faculdade São Luiz. “Lá, os jovens recebem a orienta-ção com base na área de atuação”, explica Leidiane. Segundo ela, a Basilar tem a noção da responsabilidade. “Por isso, os aprendizes são monitorados constante-mente; se for preciso um ‘puxão de ore-lhas’, será dado”, brinca. No fim de dezembro, uma reunião entre chefes e aprendizes teceu uma primeira avaliação, de muitas que de-vem ocorrer nos dois anos de duração do programa. “Os jovens foram muito elogiados pelos gestores de diversos de-partamentos; fiquei muito satisfeita e orgulhosa, pois demonstram a garra e a vontade de crescer típicas da idade.”

Oportunidades e expectativas. Em todo o país, mais de 11 mil jovens entre 14 e 24 anos estão sendo capacitados pelo programa Aprendiz Legal em 2,6 mil empresas que aderiram ao projeto. Na Basilar, o estudante Guilherme Lima Thomasinho, de 16 anos, está na área de logística onde, segundo ele, aprendeu a atuar em equipe. “Há um rendimento maior quando o trabalho é feito em con-junto”, explica. Guilherme se sente útil e importante, já que não tinha expectativa de trabalhar em uma empresa de grande porte, por não ter experiência. “Acho que essa oportunidade irá abrir muitas por-tas no futuro, pois atuar em uma empre-sa do porte da Basilar, com certeza, vai pesar no meu currículo.”A idéia da experiência é compartilha-da com Marcos Roberto Generoso,

supervisor de Logís-tica da unidade de Jaboticabal. Por ser uma área relativa-mente nova no Bra-sil, a experiência em logística é difícil de constar nos currícu-los de candidatos ao setor. “Por isso, essa oportunidade dada pelo Aprendiz Legal é importante para a inserção dos jovens no mercado de tra-balho”, afirma. O su-pervisor, que já foi trainee, sabe como funciona o processo.“Nesses quatro meses de convivência, já consigo ver uma evolução no de-sempenho dos garotos”.Também com 16 anos, Caroline Pandol-pho dá os primeiros passos profissionais no setor administrativo da empresa. “Temos de ser cuidadosos com nossas ações, já que os departamentos estão interligados e o trabalho refletirá no desempenho de outros setores”, explica, com a experiência de quem já convive com planilhas e documentos diversos.Para ela, a estrutura é um dos pontos positivos do Aprendiz Legal. Feliz por

estar participando do dia-a-dia da Basilar, Caroline sonha com a efetivação. Fernando Crepaldi, gerente da área Comercial, enten-de bem o que Caroline quer. Sua primeira in-cursão no mercado foi aos 10 anos, por meio de um projeto mirim. Há 33 anos na Basilar, Crepaldi se lembra do passado ao ver os jo-vens aprendizes. “Hoje tenho a chance de re-tribuir o que recebi lá atrás”, confessa.No início do pro-

grama, Crepaldi viu que a vontade de aprender dos jovens era latente, mas havia um longo caminho a percorrer. “Eles não tinham idéia de como os nossos produtos chegavam até a gôn-dola do supermercado”, revela. Mas bastou um pouco de boa vontade e o resultado veio a passos largos. “Os jo-vens têm sonhos e boas idéias; daí a importância de as empresas abrirem mais oportunidades como as que a Ba-silar abraçou”, finaliza. Oportunidades que dão um molho bem especial à re-ceita de qualquer empresa.

Leidiane Regina: “Os aprendizes são monitorados constantemente.”

A

Cerca de 12 mil jovens estão sendo treinados atualmente por todo o Brasil, em cerca de três mil empresas e órgãos públicos que aderiram ao Aprendiz Legal, uma parceria entre o CIEE e a Fundação Roberto Marinho. O ritmo de contratação tem sido crescente. Em 2008, o CIEE registrou uma expansão de 45,5% nos programas de aprendizagem que administra.Além do conteúdo prático, os jovens do Aprendiz Legal desenvol-vem modelos atitudinais adequados ao ambiente de trabalho. As au-las de capacitação prática também chamam a atenção para temas como postura profissional, atitude empreendedora e relações interpessoais. O Aprendiz Le-gal é voltado para jovens de 14 a 24 anos que tenham cursado ou estejam cursando o ensino fundamental ou médio. Além de oferecer incentivos fiscais aos contratantes, auxilia as empresas a cumprirem a cota de aprendizes, que varia de 5% a 15% do quadro de funcionários com formação técnico-profissional.

APRENDIZ LEGAL EM EXPANSÃO

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20 Agitação jan/fev 2009

EMPRESA

Empresas norte-americanas costumam ser as mais procuradas pelos estudantes e recém-formados que sonham em seguir carreira em multinacionais. O interesse é justificado, mas com a globalização, o estudante deve estar atento para as no-vas tendências mundiais. A França, por exemplo, está investindo cada vez mais no Brasil – já é a quarta do ranking, se-gundo o Banco Central. Em 2006, era apenas a oitava nação em aplicação dire-ta no país, e hoje só perde para os Esta-dos Unidos, Luxemburgo e Espanha.O perfil dos investimen-tos franceses é diversifica-do. Só no ano passado, os bancos aplicaram 126,5 milhões de dólares, entre eles o BNP Paribas, pre-sente em 85 países. Acu-mulando o título de quin-to maior banco do mundo, o BNP é um polo de atra-

Estágio com sotaque francêsBanco BNP Paribas é porta de entrada para jovens que buscam carreira no exterior.

ção para jovens como Wilson Borto-lucci Filho, estudante de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo (USP). Além dos cursos especializados em finanças, Wilson pretende estudar francês para acompanhar o constan-te desenvolvimento da instituição. “A equipe com quem estagio possui um conhecimento técnico elevado, fazen-do com que cada estudante tenha de dar o seu melhor”, enfatiza.

Descobrindo talentos. Desde o ano 2000, o BNP investe em idéias inova-doras, com a perspectiva de novos ne-gócios. “A criatividade de um jovem ta-lento contribui muito para a renovação de processos”, ressalta Alexandra Caires

Rocha, responsável pelo programa de estágio, que oferece treinamentos inter-nos para os estudantes.Natali da Silva Moniz, es-tudante de Administração

de Empresas, além de complementar o aprendizado teórico e a vivência no mercado financeiro, melhorou seu po-der de concentração: “porque trabalho com maior tranquilidade, mesmo sob pressão, pois o ambiente exige decisões rápidas e respostas precisas”.Entretanto, vencer o processo seletivo para o estágio e, posteriormente, garan-tir a efetivação, com possibilidade de seguir carreira no exterior, não é tarefa fácil. “Buscamos profissionais de alta performance, comprometidos com os resultados do banco, bem como com seu desenvolvimento individual”, ressal-ta Andrea Marquez Fontes, head de Re-cursos Humanos. O ex-estagiário Akio Arashiro, atual gerente do departamento de Controles Gerenciais de Tesouraria, acompanha Wilson e Natali, que fazem parte de sua equipe. Os jovens veem na trajetória do seu supervisor uma opor-tunidade de futuro dentro da instituição. Assim como Arashiro, que se espelhava em Alexandre Kamakura, seu supervi-sor na época do estágio. Dessa forma, o BNP Paribas tem passado seu legado, estagiário após estagiário.

Andrea Fontes: “Buscamos profissionais comprometidos com os resultados do banco.” A

De geração em geração: ex-estagiários passam seu legado aos jovens estudantes.

ERIK

A SA

RINH

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ERIK

A SA

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21Agitaçãojan/fev 2009

Ruy Martins Altenfelder Silva OPINIÃO

Desburocratizar para desenvolver

RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA É PRESIDENTE DO CONSELHO SUPERIOR DE ESTUDOS AVANÇADOS DA FIESP; DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS JURÍDICAS E VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO CIEE.

A

21

O Custo Brasil pode ser descrito como um conjunto de dificuldades buro-cráticas, estruturais e econômicas que entravam o desenvolvimento, encarecendo o investimento e o cus-to dos produtos, aumentando o de-semprego, a economia informal, a so-negação de impostos e a evasão de divisas. A burocracia tem peso sig-nificativo na composição do Custo Brasil. A criação ou fechamento de uma empresa; as exigências burocrá-ticas excessivas para exportação e importação, dificultando o comércio exterior; a elevada carga tributária, eivada de exigências formais; os al-tos custos e exigências contidos na legislação trabalhista e previdenciá-ria; um sistema tributário complexo e ineficiente, acarretando uma das maiores cargas tributárias do plane-ta; o elevado déficit público e o peso desmesurado das despesas de custeio da máquina pública; a corrupção ver-gonhosa, combatida timidamente. São alguns exemplos do Custo Brasil que diferenciam comparativamente os produtos brasileiros dos fabricados no exterior.O Conselho Superior de Estudos Avan-çados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por mim presidido, escolheu esse tema para os estudos que está procedendo, fo-cando-o nos seus diversos aspectos. O presidente do Instituto Hélio Bel-trão, Piquet Carneiro, sustenta que o

excesso de trâmites legais atravanca a vida dos cidadãos, afeta a competi-tividade do país e abre as portas para a corrupção. No estudo que apresen-tou ao conselho, citou frase de Hélio Beltrão: “O brasileiro é simples e con-fiante. A administração pública é que herdou do passado e entronizou em seus regulamentos a centralização, a desconfiança e a complicação.” O saudoso ministro (1916-1997) en-campou o Programa Nacional de Des-burocratização. A sua frase traduz o pântano burocrático que, dia após dia, os brasileiros precisam transpor, seja para adquirir um bem, iniciar um empreendimento, viabilizar uma transação financeira ou tirar um sim-ples documento. A burocracia exces-siva promove a exclusão social e eco-nômica, na medida em que a maioria dos brasileiros não conhece nem me-tade das formalidades que deve cum-prir. Ela está na raiz da negação de acessos aos direitos mais básicos. No estudo, Piquet Carneiro apresentou relação que poderia servir de parâme-tro ao governo, sempre que alguém sugere a colocação de mais uma filei-ra de tijolos no edifício da burocracia.

Entre as questões a serem previamen-te analisadas incluem-se: o problema a ser regulado está claro?; justifica-se intervenção do governo?; a regulação é a melhor medida neste caso?; há base legal para proceder a regulação?; há benefícios que justificam a ação?; como os resultados serão atingidos? Os estados e municípios devem ser os grandes agentes de transformação para eliminar a burocracia no país.Em outro estudo, o professor Ives Gandra da Silva Martins analisou o sistema tributário, considerando ino-portuna e inconveniente a atual re-forma proposta pelo governo. Apon-tou a elevação da carga tributária e as complexidades burocráticas que gravarão as já existentes. O profes-sor João Grandino Rodas e o advoga-do Humberto Macabelli Filho aponta-ram aspectos burocráticos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, que precisam ser removidos. O em-baixador Carlos Henrique Cardim, o professor Paulo Nassar, o desembar-gador José Renato Nalini, o advoga-do Gabriel Jorge Ferreira e o secretá-rio Guilherme Afif Domingos focaram os diferentes aspectos da burocracia que entrava o nosso desenvolvimen-to, nas diversas áreas de suas especia-lidades. Os estudos prosseguirão com análise do problema no âmbito dos governos municipais. É preciso desa-tar o nó da burocracia se quisermos acelerar o nosso desenvolvimento.

Os brasileiros não conhecem nem metade das formalidades que

devem cumprir.

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22 Agitação jan/fev 2009

O espírito empreendedor do serta-nista português João Gonçalves da Costa, que com 16 anos veio ao Bra-sil a serviço do rei de Portugal para conquistar terras no oeste da Bahia – e deu origem a Vitória da Conquista – é um exemplo que ainda repercute entre os jovens que buscam a região com vistas a um futuro promissor. É o caso de Danielle Nascimento, que saiu de sua terra natal, em Itabuna/BA, em busca do sucesso profissional em Vi-tória da Conquista. O sonho de cursar uma faculdade foi alcançado quando passou no vestibular na oitava coloca-

Com espírito empreendedorEm Vitória da Conquista, empresa dá oportunidade de capacitação para estagiários.

BAHIA

ção para o curso de Administração de Empresas, na Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (Uesb). “No co-meço foi difícil, mas quando entrei na faculdade fui em busca de um estágio e conquistei uma vaga por intermédio do CIEE”, comenta. Hoje, Danielle es-tagia na Cobresp há um ano, e mos-tra-se feliz com seu desempenho na área de telemarketing.A empresa, que atua no setor de presta-ção de serviços para cobranças extraju-diciais, tem sido uma porta de entrada para o mundo do trabalho de muitos estudantes baianos. Por meio da parce-ria instituída com o CIEE, desde 1999, aposta alto em seu programa de está-gio. “Nosso objetivo é dar oportunidade para os jovens buscarem realização pela capacitação e também dar condições de aprimoramento, participação e respon-

sabilidade sobre suas ações”, explica Fre-derico Cirne, geren-te de Negócios, que também iniciou sua carreira profissional como estagiário na Cobresp.

Exemplo de líder, Frederico conquistou seu espaço em pouco tempo. “Com me-nos de dois anos de casa, já fui contra-tado para o posto de gerente”, orgulha-se. A empresa tem 23 anos de mercado, com filiais em Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Jequié e Eunápolis, todas cida-des baianas.

Sempre um desafio. Conquistar um lugar ao sol também está nos planos da jovem Mirelle Fernandes, natural de Bom Jesus da Lapa/BA, e estudante do 7º semestre de Administração na Uesb. “Minha família mudou-se para cá para que os filhos pudessem estu-dar”, enfatiza. Depois de entrar na fa-culdade, a jovem também buscou no CIEE uma oportunidade de estágio, garantida pela Cobresp, na qual atua como operadora de crédito há um ano e sete meses. “A área de cobrança é sempre um desafio, mas o tempo, com profissionalismo e experiência, vai tornando o estágio mais tranquilo”, relata. Atualmente, a empresa possui cerca de 30 estagiários distribuídos em sua matriz e filiais.

Mirelle (esq.) e Danielle buscam, em Vitória da Conquista, sucesso profissional. Ao lado,

Frederico Cirne, gestor e ex-estagiário.

A

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23Agitaçãojan/fev 2009

MELHORES PARA ESTAGIAR

São numerosos os benefícios que a capacitação de jovens, por meio de programas de estágio, traz tanto para estudantes como para empresas. Além das benesses proporcionadas pela for-mação de sua própria mão-de-obra, investir nos estagiários é um compro-misso social importante, pois afasta os jovens das ruas, auxilia no aumento da renda familiar e dá oportunidades para um futuro melhor.Algumas empresas, no entanto, não apenas investem no estagiário, mas desenvolvem um planejamento dife-renciado para os programas de capaci-tação, tratando o estudante como uma jóia bruta a ser lapidada. Foi ouvindo, em primeiro lugar, o estagiário que o

Premiação revela os programas de ponta

CIEE, ABRH e Ibope premiam as empresas que oferecem os melhores treinamentos para os estudantes.

Ibope Inteligência, numa iniciativa do CIEE em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos, da seccional de São Paulo (ABRH-SP), definiu as melhores práticas de estágio de 2008. A premiação ocorreu no dia 28 de novembro, com a participação de 50 instituições – empresas priva-das, entidades públicas e organizações não-governamentais – que se destaca-ram em seus programas.No auditório lotado, representantes

das empresas que ficaram entre a 11ª e a 50ª posição subiram ao palco, em or-dem alfabética, para receber o troféu. Em seguida, o momento mais espera-do: a emocionante premiação das dez melhores empresas para estagiar. A cada anúncio, a platéia ia ficando mais tensa e o suspense aumentava, até a

Acima, representantes das 10 melhores empresas para estagiar 2008. No detalhe, Teatro CIEE, mais uma vez lotado para a cerimônia de entrega dos troféus.

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24 Agitação jan/fev 2009

MELHORES PARA ESTAGIAR

declaração fi nal do estágio do Hospi-tal do Coração (HCor) como o melhor treinamento do ano. “Essa premiação é fruto de dez anos de muito trabalho e planejamento”, comemorou Silvana Castellani, gerente de Recursos Hu-manos do HCor.O troféu à vencedora foi entregue por Ruy Martins Altenfelder Silva, vice-presidente do Conselho de Adminis-tração do CIEE. “O prêmio representa o reconhecimento público das empre-sas que investem na promoção do está-gio”, afi rmou ele. Para Elaine Saad, pre-sidente da ABRH-SP, “os vencedores

do prêmio são propagadores da idéia de dar aos jovens oportunidades para a conquista do mercado de trabalho”.

Três vezes em segundo. A segunda co-locada entre as melhores empresas para estagiar de 2008 já é um velha conhecida do ranking. Afi nal, nas três edições do prêmio, a Apsen, empresa farmacêutica, abocanhou o segundo lugar. A empresa é um exemplo de que em time que está ganhando é possível mexer. Em 2008, foi implantado um programa que acrescen-ta à formação do estagiário um trabalho de conclusão que deve ser feito em gru-po. “Mantivemos a estrutura restante. Ano que vem, vamos lutar pelo primeiro lugar”, disse Lívia Duarte Teixeira, ana-lista de Recursos Humanos. Para Lélio Afonso Costa, gerente de Recursos Humanos da Jacto, empresa fabricante de máquinas agrícolas, a ter-ceira colocação torna a companhia mais atrativa para novos estagiários. “Quero parabenizar a iniciativa da ABRH, do Ibope e, principalmente, do CIEE, não apenas pela premiação, mas porque apoia as empresas no desenvolvimento dos programas de estágio”, afi rmou. Nelsom Marangoni, CEO do Ibope Inteligência, acredita que o prêmio já está fazendo história, após três edi-

EMPRESAS CLASSIFICADAS ENTRE 11º E 50º, EM ORDEM ALFABÉTICA.

Silvana Castellani (troféu) recebe premiação de Nelsom Marangoni (Ibope), Elaine Saad (ABRH-SP) e Ruy Altenfelder (CIEE): homenagem à primeira colocada.

Agência Click: Iraneide Calixto

Bauducco: Antônio Sérgio T. Martins

Boehringer: Fernanda Coutinho

Braskem: Camila Dantas

Câmara Municipal de Suzano:

Julio Cesar Mayer

Canova Advogados:

Graziela B. Dário

Cerâmica Porto Ferreira:

Edson C. de Toledo

CI&T Software: Bruno Neto

Credicitrus: Juarez Mendes

dos Reis

Copagaz: Adriana Amorelli

Método Engenharia: Hugo Marques da Rosa

Monsanto: Mariana Cersosimo

MSC: Elvis Souza

Nextel: Magda Santana

Praiamar Shopping: Priscilla

N. das Merces

Prefeitura de Botucatu:

Antônio M. Ielo

Prefeitura de Ituverava:

José M. Alves

Prefeitura de Jales:

José Shimonura

Medley: Aline D. Ramos Gil

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25Agitaçãojan/fev 2009

ções consecutivas. “Apesar do aumento nas exigências,

o número de empresas que têm nos procurado para participar está au-mentando”, revela. Em 2008, cerca de 150 empresas estavam aptas a partici-par, dentro dos critérios estabelecidos pelo regulamento. Entre as regras de-fi nidas, estava o número mínimo de 15 estagiários por programa.

Variação no ranking. Se em 2007 a área de destaque foi a farmacêutica, em 2008 as dez primeiras colocadas tinham

áreas de atuação diferentes: Hospital do Coração (hospitalar), Apsen (farmacêu-tica), Jacto (máquinas agrícolas), Kaizen (tecnologia), Va Tech Hydro (energia hidrelétrica), Matec (construção civil), Yamaha (motos), Scheinder Electric (eletricidade e automação), 3M do Brasil (química) e Rodobens (consórcio).Entre as outras 40 empresas classifi ca-das no ranking, destacam-se os órgãos públicos, com sete indicações – as pre-feituras de Botucatu, Ituverava, Jales, Palmital, Reginópolis e Sorocaba e tam-bém a Câmara Municipal de Suzano –,

mostrando o papel fundamental que a administração pública tem na formação dos estudantes. “Para nós, o mais impor-tante é que o jovem tenha essa oportuni-dade”, revela José Shimomura, secretário de administração de Jales. Outro dado interessante é o fato de que metade das empresas classifi cadas em 2008 é do in-terior paulista.

ções consecutivas. “Apesar do aumento nas exigências,

o número de empresas que têm

Representantes das 50 melhores empresas para estagiar, no palco do Teatro CIEE, em São Paulo: alegria e descontração durante a festa de entrega dos troféus às premiadas.

Prefeitura de Palmital:

José A. Oliveira

Prefeitura Reginópolis:

Sandoval A. Simas

Cummins: Milton Bezerra

Daiichi Sankyo: Ester Rossi

Fundação CPQD:

Gino L. Rossi

Fundação de Rotarianos/SP: Carlos E. Melloni

Fund. Educ. de Ituverava: Reynaldo de

Almeida

HM Engenharia: Mauro Bastazim

Ícaro Technologies: Kleber Stroeh

Itaú Cultural: Sérgio M. Miyasaki

Kimberly Klark: Lilian Green

Prefeitura Sorocaba: Rodrigo

Moreno

Rockwell: Maria Silva de

Carvalho

Sebrae/SP: Rosemeire O. Dias

Silva

Siemens: Andrea M. Zeronian

Tokio Marine: Helio A. Vaz de

Souza

Venturus: Ronaldo F. Bertoli

Goodyear: Eduardo S. Campos

Vicunha: Ana Paula Priminini

A

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26 Agitação jan/fev 2009

A Engenharia é a carreira base do desenvolvimento e, em tempos de crise, uma válvula de escape para aplainar o caminho para a retomada do crescimento econômico. Essa visão, compartilha-da por especialistas da área, precisa ser melhor administrada no Brasil, cujo contingente de profi ssionais do setor está muito aquém dos países desenvolvidos e dos próprios emergentes de

maior sucesso. Formam-se por ano no Brasil cerca de 25 mil engenheiros. A Coréia do Sul, exemplo sempre citado de salto qualitativo no desenvolvimento social e econômi-co nos últimos anos, conta com 80 mil engenheiros para uma população quatro vezes menor. Na China, agora um dragão amigável e o mais cobiçado parceiro do mundo globalizado, 300 mil profi ssionais a mais entram no mer-cado de trabalho a cada ano, e na Índia, outros 200 mil.Pela importância da contribuição da Engenharia – prin-cipalmente nas áreas de energia, ciência e tecnologia,

CAPA

O APAGÃO NA ENGENHARIAO número insufi ciente de

profi ssionais especializados pode comprometer a sustentabilidade do desenvolvimento nacional.

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ÃO P

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BÁS

Page 27: Revista Agitação 85 - CIEE

27Agitaçãojan/fev 2009

transportes urbanos e de carga, estra-das, comunicações, indústria, agricul-tura, recursos hídricos, saneamento e meio ambiente –, a falta de profissio-nais compromete o próprio desenvol-vimento da nação.Para atingir um patamar eficiente de crescimento, na faixa dos 6% ao ano, é necessária uma atuação vigorosa das administrações públicas federais, esta-duais e municipais, com a realização de grandes obras públicas que pri-vilegiem a infra-estrutura ou de projetos mais modestos, volta-dos para serviços básicos, como educação e moradia – trabalho para várias especializações da Engenharia, como Civil, Cál-culo, Geométrica e Estrutu-ral. O desenvolvimento se faz também com pesados investi-mentos em energia; com novas usinas hidrelétricas, térmicas e nucleares; empresas petrolífe-ras e a grande vedete brasileira atual, a área de biocombustível.As novas exigências do mercado obri-gam as empresas a investirem em alta tecnologia, o que faz crescer o campo de trabalho para os formados em Mecatrô-nica e Robótica. A sustentabilidade do desenvolvimento e a preocupação com o futuro do planeta ampliam a atuação dos engenheiros ambientais.O que parece ser uma saída positiva para o tsunami financeiro que varreu as bolsas de valores de todo o mundo, no final do ano passado, e continua a gerar temor, na verdade, traz embutida preocupação adicional para os brasi-leiros: a proximidade de um apagão de engenheiros. Existem 550 mil profis-sionais no país – seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ati-vas, enquanto nos Estados Unidos e Ja-pão a média é 25, ou seja, quatro vezes

maior. Para piorar a situação, com a globalização e a alta competitividade internacional, o Brasil perde profis-sionais para o exterior, devido, princi-palmente, aos salários mais valoriza-dos e ao desafio profissional (ver pág. 33). Sem falar nos profissionais que se desviam da carreira tradicional, atraí-dos pelas apetitosas ofertas dos setores financeiro e administrativo, muito inte-ressados em aproveitar os diferenciais da formação em Engenharia: competência matemática e habilidade em raciocínio lógico, visão de conjunto e trabalho em equipe. Aliás, um conjunto que forma um capital intelectual estimulante para o empreendedorismo do negócio próprio.

Uma visão produtiva. Até os anos 1970, Engenharia significava uma car-reira rica em status e chegou mesmo a ter sua excelência reconhecida mun-dialmente, como exemplo de qualida-

de e ousadia. Afinal, o Brasil ostentava em seu currículo obras monumentais como Brasília, uma cidade moder-níssima construída praticamente no meio do nada; a hidrelétrica de Itaipu, na época a maior do mundo; a rodo-via dos Imigrantes, com suas pontes vencendo a serra do Mar; a ponte Rio-Niterói, sobreposta à baía da Guana-bara sem ferir a beleza da paisagem; o metrô de São Paulo, com o primeiro túnel escavado por shield na América Latina; as usinas nucelares de Angra dos Reis; entre tantas outras obras. Todas tecnicamente exemplares, em-bora não se possa igualmente genera-lizar sua viabilidade econômica e boa relação custo/benefício, como viriam comprovar anos depois o tamanho monumental das dívidas geradas por seus financiamentos e mesmo alguns problemas políticos recentes, como acontece com Itaipu, no centro de um

Fábrica da Embraer, em São Josédos Campos: expansão da empresaexigiu mão-de-obra especializada.

Para solucionar o problema, aEmbraer criou o Programa deEspecialização em Engenharia.

Petrobras: engenharia de ponta; no detalhe, plataforma em Campos/RJ.

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28 Agitação jan/fev 2009

Fernando Palmezan Neto. Segundo ele, nas chamadas décadas perdidas era mais fácil “correr para o banco do que aplicar em produção”.A partir de 1995, na gestão do presi-dente Fernando Henrique Cardoso, o problema acentuou-se na esteira das privatizações. Até os anos 1980, as grandes obras do país tinham origem governamental, com execução sob res-ponsabilidade das grandes empresas estatais que, embora em menor grau, padeciam do mesmo problema que amesquinha o desempenho de tan-tos órgãos da administração pública direta: inchaço do quadro funcional, gestão politizada, baixa produtividade e pouco estímulo à meritocracia. Em-bora, é de justiça reconhecer, várias estatais conseguiram se transformar em ilhas de excelência profissional e deram uma fantástica contribui-ção para o salto desenvolvimentista registrado nas primeiras décadas da segunda metade do século 20. Com as privatizações, houve um enxuga-mento de quase 50% na folha de paga-mento das ex-estatais, que passaram a ter de atuar exclusivamente de acordo com as regras do mercado, deixando de contar com o confortável respaldo dos cofres públicos e a complacência governamental. Como os engenhei-ros eram, geralmente, os profissionais mais bem remunerados das empresas, muitos foram demitidos e, com a es-cassez de trabalho, tiveram de procu-rar outras funções no mercado. Mui-tos graduados chegaram a sustentar a família dando aulas de matemática na rede de ensino público e particular.Nas universidades, a retração também foi sentida. Em 1997, o curso de Engenharia ainda era o terceiro com mais alunos no país, com 147 mil estudantes matricula-dos. Em 2006, passou para a 16.ª posição no ranking, com apenas 62 mil alunos, o que representa uma redução, em nove anos, de 58%. Esse dado torna-se ainda

Alterar a política macroeconômica, reduzir as taxas de juros e garantir investimentos públicos e privados para dotar o país da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento sustentado. Esses são os principais pontos do manifesto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento, lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) em parceria com os sindicatos de Engenharia. Formulado há dois anos, a partir de encontros entre especialistas e auto-ridades, o projeto é um movimen-to de mobilização dos engenheiros

imbróglio com o Paraguai. O sonho de todo pai era ter um filho médico, advo-gado ou engenheiro, mas essa última carreira foi per-dendo prestígio a partir de meados dos anos 80, com a estagnação econômica que duraria quase três décadas e estreitaria o espaço do enge-nheiro no mercado de traba-lho. “O Brasil deixou de ter uma visão produtiva”, recor-da o diretor do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo,

para debater, propor, pressionar e acompanhar o desenvolvimento na-cional. “Nosso objetivo é a busca pelo crescimento do país, defendendo a implantação de um projeto sustentá-vel que leve à inserção soberana do Brasil na globalização, assim como à inclusão social e ao bem-estar da população”, enfatiza o presidente da FNE, Murilo Campos Pinheiro.O Cresce Brasil foi lançado como uma proposta clara para superar os anos de estagnação que tanto atra-palharam os engenheiros nas últimas décadas. Um dos itens estabelecidos nas reuniões foi a necessidade de se fortalecer o mercado interno por meio de estímulos ao segmento da construção civil, gerando empregos e reativando as indústrias. “Muitas das idéias do PAC [Programa de Acelera-ção do Crescimento] estavam conso-lidadas em nosso documento”, diz.

A estudante Vivian Crepaldi,do Instituto Mauá, acha oensino “muito puxado”.

CAPA

CRESCE BRASIL

Murilo Campos Pinheiro, da FNE: “Nosso objetivo é a busca pelo crescimento”.

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29Agitaçãojan/fev 2009

mais grave quando se sabe que nesse pe-ríodo houve um boom de faculdades e universidades no país. Enquanto outras carreiras criavam sistemas para barrar a formação exagerada de profissionais – como as áreas de Medicina e Direito – a Engenharia perdia mais e mais vagas.

Alunos mal preparados. Sem pers-pectivas de emprego, a carreira deixa-va de ser atraente para os estudantes, que começaram a optar por outras áreas. Como a Engenharia é um cur-so de investimento alto, por causa dos sofisticados laboratórios, muitas

faculdades mantiveram apenas as especialida-des mais “baratas” na graduação, como En-genharia de Produção e Engenharia Ambiental, cursos menos comple-xos por exigirem menor carga de física, química e matemática e menor infra-estrutura de labo-ratórios. Para complicar ainda mais, a Engenharia traz altas taxas de evasão, em torno de 50% nos dois primeiros anos. A preocupação é tanta que foi estabelecido no Programa de Desen-volvimento Educacio-nal (PDE), apresentado pelo Ministério da Edu-

cação, a meta de se reduzir tal taxa para algo em torno de 10% nos próxi-mos oito anos.Para o reitor do Instituto Tecnológico Mauá, Otávio de Mattos Silvares, uma das causas para a evasão exagerada de alunos do curso de graduação é que os exames vestibulares são classifica-tórios e não eliminatórios. “Os alunos são insuficientemente preparados, sem noção do que vão enfrentar na faculdade”, diz. “Quando se deparam com as exigências dos cursos de Enge-nharia e com a juventude que entram na faculdade, em torno dos 17 anos, terminam se assustando.” O proble-ma já vem desde o ensino básico. Os professores das carreiras tecnológicas, que formam a base teórica da Enge-nharia, como física, química e mate-mática, afastaram-se do ensino funda-mental e médio por causa dos baixos salários. Com um déficit de cerca de 150 mil professores nessas áreas, um contingente de profissionais de outras áreas assumiu essas disciplinas, sem a necessária competência técnico-didática. “Eles transformam a física, química e matemática num bicho de sete cabeças para os alunos”, aponta o vice-reitor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Cardoso. Por causa da ojeriza pelas disciplinas de exatas criada na

Disputada por empresas, Rosângela Motta preferiu o mundo acadêmico.

Otávio Silvares, reitor da Mauá: alunos mal preparados para faculdade.

Alberto Goldman, vice-governador de SP:preocupação com a qualidade de ensino.

Marcio Rillo, reitor da FEI: “É preciso que a formação seja de primeira linha.”

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30 Agitação jan/fev 2009

Obras do Rodoanel, em São Paulo,pela construtora Camargo Corrêa:exemplo de engenharia de ponta.

sala de aula, o estudan-te vem optando maciça-mente pelos cursos de humanas. Atualmente, cerca de 75% das matrí-culas no ensino superior estão nessa área. Cardo-so enfatiza que o ensino no Brasil precisa mudar com urgência. “O ensi-no médio aplica um tipo de educação que incen-tiva o jovem a buscar uma carreira na área de humanas em detrimen-to de uma tecnológica”, ressalta. O número de graduados em Direito, por exemplo, é quase quatro vezes o de Engenharia.Para Alberto Goldman, vice-governa-dor do Estado de São Paulo, a situação é decorrente da falta de informação. “O grande desafio é apresentar a pro-fissão de forma adequada aos alunos do Ensino Médio para que possam ver a Engenharia como uma profissão de enorme variedade de campos de atua-ção e que trabalha sempre com as mais modernas tecnologias.” Segundo Gol-dman, “o engenheiro é o profissional capaz de transformar o conhecimento em riqueza, fazendo sua capacitação científica e tecnológica se tornarem produtos e serviços úteis ao país. En-genheiro civil, ele concorda que, para resolver o problema, é necessário me-lhorar a qualidade dos ensinos médio e fundamental. “Conseguimos equacio-nar a questão quantitativa, colocando praticamente todas as crianças na es-cola, mas ainda não fomos capazes de solucionar a questão qualitativa”, afir-ma. De acordo com o vice-governador, é na infância que a criança forma sua capacidade de formulação lógica, o que pode definir o interesse pela profissão.

Em tempos de crise. Juliana Kawahashi é uma dessas alunas que sempre encon-

traram facilidade no raciocínio lógico. Aos 21 anos, acabou de se formar em Engenharia Civil na Escola Politécni-ca da USP. Apesar da crise econômi-ca, Juliana acredita que a maré ruim não vai afetar a situação favorável do mercado para os engenheiros. “Vejo muitos alunos saindo da faculdade com vaga garantida, diferentemente de alguns anos, quando os estudantes não tinham muita perspectiva”. Para o engenheiro Antonio Octaviano, as-sessor da Presidência do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), ainda não se pode prever os efeitos da crise mundial no setor, mas existem mecanismos de que o governo federal pode lançar mão para manter a empregabilidade na área. “É necessário avançar sobre projetos a curto prazo para manter o nível de desenvolvimento”, analisa. O enge-nheiro acredita que é preciso colocar o dinheiro no lugar certo. “Por que não se faz um grande programa de casas populares?”, indaga.De acordo com Octaviano, a Enge-nharia é a ferramenta essencial para qualquer projeto de crescimento e uma saída salutar para a crise econômica. “Não se tem inovação sem o desenvol-

vimento de tecnologia; portanto, a Engenharia é indispensável.” Em busca do reforço para seus conhecimentos tecnológicos na área, a estudante Vivian Cre-paldi, de 20 anos, alu-na do terceiro ano de Engenharia Química do Instituto Mauá de Tecnologia pretende conseguir um tempo

para estagiar. Ela participou, no ano passado, de um programa de iniciação científica em Engenharia Ambiental na própria universidade. Segundo a estu-dante, o ensino é “muito puxado” e, por isso, a dificuldade de encontrar tempo para a capacitação.Na Método Engenharia, empresa que fi-gura no ranking das 50 melhores empre-sas para Estagiar 2008 – organizado pelo CIEE com a participação do Ibope Inte-ligência e da seccional paulista da Asso-ciação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP) –, o estágio é fundamental para a formação do profissional na área. “Nossa meta é formar executivos para assumirem papéis de liderança no futu-ro, com conhecimento e visão de mun-do”, afirma Roberto Mingroni, gerente de Marketing.Nem só a aplicação prática de conhe-cimentos espera formandos com diplo-ma na mão. Na outra vertente, há a car-reira em pesquisa. Aluna de doutorado da USP, em Engenharia de Transpor-tes, Rosângela Motta já recebeu vários convites para atuar em empresas, mas preferiu dar sequência ao projeto aca-dêmico. “Percebo que os profissionais

Aluno no laboratório de Mecânica da FEI: treinamento para estudantes.

CAPA

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31Agitaçãojan/fev 2009

das áreas em que atuo estão bastante valorizados no mercado.” Pesquisa-dora de carteirinha, Rosângela é uma exceção. Hoje, o Brasil investe apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa, um índice considerado baixo se comparado com os países desen-volvidos, que utilizam, em média, 3%. “O investimento em pesquisa é a base para o desenvolvimento”, diz o diretor do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Segundo Palmezan, esse baixo investimento tem relação direta com a falta de profissionais capacitados. Para o reitor da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Marcio Rillo, não basta o engenheiro adquirir um diplo-ma. “É preciso que sua formação seja de primeira linha, mas, infelizmente, apenas um conjunto restrito de facul-dades consegue formar alunos com sólidos conhecimentos em tecnologia”,

Especialistas propõem saídas para aumentar o número de profissionais no país:

Currículos de Engenharia que distribuam disciplinas práticas durante todo o curso para esti-mular os estudantes do 1º e 2º ano.

Valorização da educação continuada.

Estímulo aos docentes para realização de estágios e cursos no exterior.

Incentivo para mestrados e doutorados profissionais, voltados para inovação e desenvolvi-mento tecnológico.

Atualização dos professores do ensino fundamental e médio.

Estímulo de estágio para estudantes da graduação.

Incentivo aos alunos do ensino médio para a importância do es-tudo de Engenharia.

Ampliação de vagas nas universi-dades públicas para os cursos de tecnologia.

Redução imediata nos índices de evasão escolar.

Valorização do trabalho do pro-fessor de segundo grau.

10 SUGESTÕES PARA EVITAR O APAGÃO NA ENGENHARIA

FOTOS: DIVULGAÇÃO CAMARGO CORREA

Page 32: Revista Agitação 85 - CIEE

32 Agitação jan/fev 2009

Juliana Kawahashi, recém-formada pela Poli-USP: “Muitos estudantes saem com vaga garantida de emprego.”

Tem para todos os gostos. São mais de cem tipos de cursos

universitários de Engenharia, com opções para os mais diversos

talentos. Conheça os mais procurados:

AMBIENTALElaboração de relatórios de impacto ambiental e planejamento de exploração não-predatória dos recursos naturais.

AERONÁUTICAProjeto, construção e supervisão do funcionamento de aviões e satélites.

AGRÍCOLAImplantação, projeto e administração de técnicas e equipamentos necessários à produção agrícola.

CIVILProjeto, gerenciamento e execução de obras, como casas, edifícios, pontes, viadu-tos, estradas, barragens, canais e portos.

HIDRÁULICAProjeto, execução e gerencia-mento de obras de navegação fluvial e projetos de despoluição de rios e mares.

MECATRÔNICAUso dos conhecimentos de mecânica, eletrônica e informática para criação de aparelhos de alta precisão.

O programa foi a saída encontrada pela Embraer para não buscar profi ssionais no exterior, já que as faculdades brasilei-ras formam apenas 80 engenheiros aero-náuticos por ano. “Nossa demanda atual é de cerca de 300 profi ssionais por ano”, diz a diretora de Recursos Humanos, Eu-nice Rios. “Desde o início do programa, temos uma taxa de aproveitamento de 90% das pessoas treinadas pelo PPE.” Segundo ela, o PPE vem atendendo to-talmente às necessidades da empresa, atraindo engenheiros de várias áreas, que percorrem um treinamento de 18 meses para o setor aeronáutico. A formação é intensiva. Os candidatos passam por uma concorrida seleção e depois desenvolvem três módulos de aprendizagem. No último deles, os alunos estruturam o projeto de um novo produto, que é reconhecido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) como mestrado.

CAPA

diz o reitor da FEI, que gradua por ano cerca de 900 engenheiros. “Estamos nos transformando numa faculdade de tecnologia, com a criação de mestrados e doutorados para formar ainda mais profi ssionais capacitados e alinhados com as necessidades da indústria.”

Sem mão-de-obra estrangeira. A Embraer, terceira maior fabri-

cante de aviões comerciais do

mundo, já se ressentiu muito da falta de capacitação de engenheiros no mercado. Quando expandiu suas atividades, em 2002, teve de buscar profi ssionais estran-geiros para compor o quadro de funcio-nários. Hoje, não utiliza mais a mão-de-obra estrangeira. Consegue capacitar seus funcionários a partir do Programa de Especialização em Engenharia (PEE), implantado há seis anos, que forma e recicla engenheiros na área aeronáutica.

ESPECIALIZAÇÕES EM ENGENHARIA

ALIMENTOSPesquisa, desenvolvimento e controle de qualidade no processo produtivo dos alimentos.

MECÂNICAPlanejamento, projeto, desenho e execução de processos e equipamentos mecânicos e eletromecânicos.

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33Agitaçãojan/fev 2009

Crise também no exteriorsander Santos. Após sete anos atuan-do como engenheiro aeronáutico na Embraer, na área de Sistemas de Inte-gração, ele recebeu – e aceitou – um convite da Th ales Rail Sigmaing, para trabalhar em Toronto. Para Santos, a experiência de liderar uma equipe num país estrangeiro foi o atrativo do convite, até mais forte do que o sala-rial. “Financeiramente até perco um pouco pelo custo de vida canadense, mas a experiência em outro país é fun-damental”, afi rma.Há sete meses na cidade canadense, o engenheiro já se sente à vontade na empresa. Sua equipe é bastante globa-lizada: tem iraniano, indiano, chinês, português, mexicano, árabe, inglês, francês e canadense. “O mercado aqui ainda está aquecido e nós, brasileiros, temos boa aceitação”, diz o engenheiro que foi atuar na área de segurança de

trens. Apesar dos resultados positi-vos, Santos, que se formou em En-genharia Mecânica na Universida-de Estadual Paulista (Unesp), em Guaratinguetá, pensa em retornar ao Brasil em dois anos. Segundo ele, há mais vagas do que candida-tos no Canadá, que, como o Brasil

e Estados Unidos, perde muitos profi s-sionais para o sistema fi nanceiro.

Raciocínio lógico e organização. Só-cio da empresa Nova Financial, con-sultoria voltada para o mercado de capitais, o engenheiro André Kalil tro-cou a engenharia pelo setor de fi nan-ças. Formado na Politécnica da USP, em Engenharia de Produção, Kalil partiu para uma formação com ênfase em fi nanças e administração desde o período do estágio, quando participou de um programa de treinamento em um banco de investimentos. “No está-

O engenheiro Alexsander Santos trocou o Brasil pelo Canadá: experiência em outro país é fundamental para a carreira.

gio, logo me identifi quei com a área”, afi rma. “Preferi, então, atuar na parte administrativa do que em uma fábri-ca como engenheiro.” Segundo ele, os engenheiros têm habilidade em racio-cínio lógico e organização, devido ao currículo da faculdade, qualidade que atrai as empresas na hora do recruta-mento de talentos. No Citibank, a formação em Engenha-ria também está em alta entre os co-laboradores. Muitos são contratados para atuar em análise, cálculos fi nan-ceiros, tesouraria e desenvolvimento de produtos, pela formação analítica e facilidade de cálculos. “Muitos enge-nheiros se identifi cam com a área de fi nanças e nós aproveitamos isso”, con-fi rma a gerente de Seleção do Citibank, Andréa Aikawa.

A falta de engenheiros não é uma realidade exclusiva do Brasil. Países desenvolvidos também sofrem com a escassez desses profi ssionais. Na Ale-manha, um levantamento feito pelo Instituto da Economia Alemã, com 2,7 mil empresas, identifi cou a existência de 95 mil vagas para serem preenchi-das. A informação foi divulgada no ano passado, durante a Feira Indus-trial de Hannover. Preocupado com o défi cit, o governo alemão já adota medidas para mudar o quadro atual e, desde o jardim da infância, as crianças alemãs estão sendo estimuladas para as áreas de tecnologia, ciências natu-rais e matemática. Nos Estados Unidos, a situação não é diferente, pois muitos engenheiros optam pela área fi nanceira. No Cana-dá, a busca por mão-de-obra especia-lizada faz o país atrair profi ssionais de outros países. Foi o que ocorreu com o brasileiro Alex-

NAVALConstrução de embarcações, diques e plataformas para prospecção de petróleo, além de sistemas de transporte hidroviário.

PRODUÇÃO Gerenciamento e controle de produtivi-dade, buscando reduzir custos e tornar as empresas mais competitivas.

QUÍMICAProjeto de equipamentos, análise de ma-teriais e estudo de processos químicos.

Crise também no exteriorCrise também no exterior

ELÉTRICAProjeto, construção e manutenção de equipamentos eletrônicos.

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RROS

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34 Agitação jan/fev 2009

Dificuldade de aprendizagem dos es-tudantes tem relação direta com o au-mento das faltas dos professores, se-gundo estudo divulgado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. A constatação veio do cruzamento de dados das faltas dos professores com as notas médias das escolas estaduais no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2007. A queda de rendimento ocorre porque a abstenção do professor quebra o ritmo de desenvolvimento das aulas.

É de autoria brasileira o novo favicon do Google – ícone que aparece na barra de endereços eletrônicos quando o programa de navegação na internet é usado, ou que apa-rece na lista de favoritos. O logotipo foi criado por André Rezende, estudante de Ciências da Computação, na Uni-versidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o blog oficial da corporação, a figura é “reconhecível e atraente, capturando a essência do Google”. Foram fei-tas modificações nas cores e na posição da letra “G”, que do centro foi para a lateral esquerda.

Novo presidente do CRA-SP

Walter Sigollo, superintendente de Recursos Humanos e Qualidade da Companhia de Sa-neamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e ex-presidente da Associação Bra-sileira de Recursos Humanos de São Paulo (ABRH-SP), assumiu a presidência do Con-selho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP). O conselho conta com 77 mil profissionais registrados e mais de 12 mil empresas. Além de fiscalizar, o órgão procura apri-morar os administradores, mantendo-os informados das tendên-cias do mercado e das novas técnicas desenvolvidas nos campos de atuação da profissão.

Criação nacional

Professores faltosos prejudicam alunosDificuldade de aprendizagem dos es-tudantes tem relação direta com o au-mento das faltas dos professores, se-

TelegramáticaO Telegramática é um serviço tele-fônico exclusivo para tirar dúvidas sobre língua portuguesa. Oferecido pela Prefeitura de Curitiba, o serviço funciona desde 1985; é gratuito (o interessado paga o custo da ligação e pode fazê-la de qualquer lugar do país) e conta com oito professores da rede municipal de ensino, que se revezam no atendimento. Após a nova reforma ortográfica, a procura pelo serviço aumentou, em média, de 200 para 240 ligações por dia. Para conferir, ligue: (41) 3218-2425.

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo identificou, no ano passado, 397 es-tudantes superdotados. O número é cinco vezes maior do que os 79 alunos identifica-dos em 2007. Esse foi o primeiro resultado do projeto Caça Talentos, que há cerca de um ano e meio treinou 270 professores para identificar jovens superdotados. A capa-citação dos educadores resultou no livro Um olhar para as altas habilidades: constru-ção de caminhos, que serve de manual para que as escolas possam identificar ainda mais estudantes superdotados. Falando em pequenos gênios, exemplo recente foi o de Guilherme Cardoso de Souza, 13 anos, que conquistou o primeiro lugar no vestibular deste ano para o curso de Química, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

DESCOBRINDO GÊNIOS

G E R A I S

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35Agitaçãojan/fev 2009

Quando a estudante Marina Martins Ferro decidiu prestar vestibular para Ciências Sociais, os pais dela levaram um susto. Nada de Direito, Adminis-tração de Empresas ou Medicina. “O primeiro comentário é ‘ih, vai morrer de fome’ ”, conta a estudante. Hoje, no quarto ano na Pontifícia Univer-sidade Católica (PUC-SP), Marina não tem dúvida de que fez a escolha certa, principalmente após o início do estágio na Associação Viva o Centro, em São Paulo. “Minha satisfação com a carreira e com o estágio é enorme, pois consigo aliar conhecimento teó-rico com o lado social”, diz. A estu-dante acredita que há vários caminhos a seguir na profi ssão. Seu desejo é dar prosseguimento à vocação acadêmi-ca, mas pretende também colocar em prática projetos sociais, cuja demanda está em alta e pode alavancar a carrei-ra do cientista social. Para Terezinha Santana, coordenado-ra do Programa de Ações Locais da Viva o Centro, alunos de disciplinas

CURSOS TEÓRICOS DÃO BOA FORMAÇÃOHistória, Geografi a, Letras, Ciências Sociais e Filosofi a apostam na formação e visão mais ampla de mundo.

mais teóricas como História, Filosofi a e Ciências Sociais estão se destacando no mercado, pois têm uma visão di-ferenciada de mundo. “Além de mui-ta informação teórica, eles carregam uma perspectiva de transformação histórica importante, o que possibili-ta lidar com as demandas sociais de modo mais fl exível”, analisa. Experiência proveitosa. O conteú-do absorvido nas aulas de História, da Universidade de São Paulo (USP), também foi fundamental para que o quintanista Fernando André Côa conseguisse uma vaga de estágio. Na biblioteca do Anhembi Tênis Clube, em São Paulo, ele participa de toda a organização e catalogação do acervo histórico do clube. “É uma experiên-cia proveitosa, resgatar a memória da agremiação”, comenta. Segundo ele, a formação teórica o capacita a propor

idéias e embasá-las com mais facilida-de para seus gestores.A formação humanística é destacada por Eduardo Saron, superintendente do Instituto Itaú Cultural, entidade que investe em estágio para estudan-tes dessas áreas. “Os técnicos são im-portantes, mas também precisamos de jovens com formação cultural mais ampla”, afi rma. Para o coordenador pedagógico e professor de Filosofi a da Universidade Bandeirante (Uniban), Adalberto Botarelli, o aluno de ciên-cias humanas é diferenciado, pois ge-ralmente lê mais e tem uma formação cultural mais sólida. “São cursos que investem na refl exão, formando um profi ssional mais generalista.”Assim como o superintendente do Itaú Cultural, o professor acredita que o mercado vem valorizando esse diferen-cial, apesar de um paradoxo: “Mesmo vivendo um momento imediatista com o desenvolvimento tecnológico, as pes-soas estão percebendo a necessidade de certos valores, como a ética profi ssio-nal e as relações humanas.”

Marina Ferro: “Minha satisfação é enorme, pois consigo aliar a teoria

da faculdade com o lado social.”

Terezinha Santana acredita que alunos de disciplinas teóricas têm uma visão diferenciada de mundo.

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CARREIRA

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36 Agitação jan/fev 2009

“Vinte anos atrás, quando os meus fi-lhos e seus amigos cresceram, eu os aconselhei a evitar o campo editorial, que me parecia em um estado de de-crepitude terminal, se não de extinção. Hoje, eu ofereceria aos jovens aprecia-dores dos livros conselho oposto.” A frase é de Jason Epstein, ex-diretor editorial da Random House (uma das maiores editoras de livros do mundo) e cofundador da The New York Review of Books (revista es-pecializada em discutir lançamen-tos de livros), na obra O Negócio do Livro. Seis anos se passaram desde que Epstein escreveu a obra e o mer-cado editorial continua como uma boa opção de carreira. “As editoras já vêm se preparando para o mercado multimeio que engloba ebooks e pod-cats, entre outros, e isso mostra que o setor quer se adaptar às novas tecno-logias”, explica Maria José Rosolino, coordenadora do curso de Produção Editorial em Multimeios da Univer-sidade Anhembi Morumbi. Em 2007, o mercado editorial brasi-leiro teve um crescimento de 9,59% em relação ao ano anterior, de acordo

A FORÇA DA CULTURA LITERÁRIAAinda desconhecida pela maioria dos jovens, a carreira de editor é recomendada para os apaixonados por livros.

com levantamento realizado pela Fun-dação Instituto de Pesquisas Econômi-cas (Fipe) a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional de Editores de Livros. Número expres-sivo, se considerado o fato de que 52% dos leitores brasileiros preferem revistas

Maria José: “O livro não vai acabar, mas se transformará em multimeio.”

CARREIRA

a livros, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, promovida recente-mente pelo Instituto Pró-Leitura. O úl-timo levantamento, realizado em 2000 no Brasil, registra 1,8 livro lido para cada leitor por ano. De lá até 2007, esse núme-ro foi duplicado, atingindo 3,7 livros por

leitor a cada ano. Os bons números refletem o tra-balho de uma profissão que conta atualmente com poucos cursos na área. De acordo com o Ministé-rio da Educação (MEC), o Brasil tem atualmente 14 faculdades que promovem o curso de Produção Editorial. Cinco delas ficam no es-tado de São Paulo, e as demais se dividem entre Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e Bahia.

As atividades de um editor. Para Rogério Alves, gerente editorial do grupo Planeta, o editor é a pessoa que terá a sensibilidade de encontrar no mercado aquilo que pode virar um livro ou estará antenado mun-

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37Agitaçãojan/fev 2009

dialmente para escolher as obras que devem ser publicados no país. “O inte-ressado deve ter uma visão global, gostar de ler e conseguir enxergar o mercado”, diz. A carreira de produtor editorial ou editor engloba a produção do livro como um todo, desde o projeto gráfico até a es-colha do papel correto para impressão.O estagiário Leandro Rodrigues Ramos ingressou nas Edições Loyola há oito meses e já percebe as mudanças que a capacitação lhe proporciona. “Nada melhor para escrever bem do que ler muito; percebo que tenho evoluído a cada dia”, comenta. Estudante do se-gundo ano de jornalismo na Universi-dade São Judas Tadeu, ele não pensava em estagiar em uma editora. Participou de algumas entrevistas e dinâmicas de grupo, mas foi na Loyola que teve sua primeira oportunidade. Atuando na área de revisão de textos, Ramos já pensa em continuar a carreira no mer-cado editorial. “Muitas pessoas me in-centivam a ficar aqui e acho que tenho tudo para continuar”, revela. Entre bobinas de impressão e pilhas de papéis, as editoras têm um leque

variado para quem deseja ingressar na carreira. “A profissão pode abranger vários segmentos, pois vivemos uma cultura plural, mas o estudante deve ter um vasto interesse cultural”, diz o padre Danilo Mondoni, diretor edito-rial das Edições Loyola. No entanto, a faculdade de produção editorial não se restringe a formar edi-tores de conteúdo, podendo preparar também profissionais na área de dia-gramação, finalização de projetos via computador e outros meios que intera-gem com a editoração. “Faço estágio na Intergraf e auxilio a fechar os arquivos para a impressão, isto é, verifico o que pode estar errado”, afirma Daniel Fave-ro, aluno do sétimo período do curso de Produção Editorial em Multimeios da Anhembi Morumbi. Para Favero, quem deseja ingressar na carreira deve fazer o curso, pois as disciplinas estão focadas para o mercado de trabalho.De acordo com o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), há aproxima-damente 1, 4 mil editoras espalhadas pelo país. Atualmente, cerca de 13 mil grupos editoriais estão cadastrados no banco de dados da Associação Internacional de Editores (International Publishers Asso-ciation - IPA). “Por essência, esse setor é

feito, em sua maioria, de pequenas e mé-dias empresas, cujos líderes são apaixo-nados pelo que fazem”, conta Ana Maria Cabanellas, presidente da IPA.

Vasta programação. A paixão pelos li-vros é vista como uma das grandes res-ponsáveis por manter o setor aquecido em todo o mundo. Prova disso, é o su-cesso das feiras internacionais do livro. Considerado o evento mais tradicional do mundo, a Feira de Frankfurt, na Ale-manha, recebeu 301 mil visitantes, em 2008. Durante cinco dias, a feira, que completou sua 60ª edição, contou com sete mil expositores de cem países, 400 mil títulos de livros e teve o brasileiro Paulo Coelho como um dos principais destaques.No Brasil, a Bienal do Livro de São Paulo atraiu o extraordinário público de 728 mil pessoas. Em 11 dias, foram expostos dois milhões de livros, com mais de 320 expositores e uma vasta programação cultural paralela à feira. “O evento bra-sileiro é um pouco menos internacio-nal que outros latino-americanos, mas é uma das feiras chaves nesse mercado, ficando ao lado dos eventos de Buenos Aires, na Argentina, e Guadalajara, no México”, diz Ana Maria.

Daniel (acima) e Leandro (à dir.) são exemplos de estagiários que descobriram um mercado que pode se expandir ainda mais.

A feira de Frankfurt é considerada o evento mais tradicional na área.

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38 Agitação jan/fev 2009

Após quatro ou cinco anos de gradua-ção, a tão esperada conclusão do curso não significa o fim das preocupações. Com o mercado cada vez mais competi-tivo, é essencial que o profissional tenha um plano de carreira, dando continuida-de aos estudos. Mas aí surge a questão: ingressar em um segundo curso ou en-carar uma pós-graduação? De acordo com Izabela Mioto, professo-ra e orientadora pedagógica da Pós-Gra-duação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), na hora da dúvida, a pergunta mais apropriada a se fazer é: “Como pretende estar daqui a uns cin-co ou dez anos?”. Ter um objetivo ajuda a não perder o foco. Por esse motivo, é importante definir se está seguro quanto à formação escolhida. Do contrário, a se-

ACABOU A FACULDADE: E AGORA?Depois do dilema de qual carreira seguir, vem a escolha das áreas que melhor se adaptam às suas habilidades.

gunda graduação será bem-vinda. Mas se estiver plenamente satisfeito, cursos de especialização são boas alternativas para aprimorar e agregar valor à carreira. “A pós-graduação e o MBA no currícu-lo são importantes, pois mostram que o profissional não parou no tempo”, enfati-za Izabela.Foi vendo as necessi-dades da empresa e as oportunidades de su-bir de cargo que Jullia-ne Felicíssimo, 23 anos, decidiu fazer um curso de especialização. Ela contou com o apoio do seu supervisor para escolher a Faculdade Cásper Líbero e a pós-

graduação em Marketing e Comunica-ção Publicitária. Na verdade, Julliane for-mou-se em Letras, em 2006, mas só após dar aulas de leitura e reforço para alunos da rede pública percebeu que não tinha o perfil de educadora. Mesmo formada, optou por mudar de área e, no início de 2008, participou do processo seletivo da Schincariol, na qual passou a trabalhar como apoio do departamento de Mar-keting. “Tenho a sensação de que agora,

sim, acertei”, enfatiza a jo-vem, entusiasmada com essa nova fase na carreira. Enquanto não estudava, perdeu duas oportunida-

1. Tenha um plano de carreira.2. Não tome nenhuma decisão precipitada; faça uma coisa por vez.3. Tenha foco.4. Procure fazer um intercâmbio.5. Escolha a instituição de ensino com o mesmo cuidado com que escolheu o curso.6. No caso de fazer uma especialização den-tro da área de atuação da empresa em que trabalha, procure a orientação do seu gestor.7. Se houver interesse pela área acadêmica, procure os cursos de mestrado e doutorado.8. Usufrua das habilidades que tem e procu-re fazer aquilo que lhe dá prazer.

SETE MANDAMENTOS PARA O SUCESSO

CARREIRA

Julliane decidiu fazer pós-graduação em Marketing após orientação do gestor Estácio Rodrigues, da Schincariol.

De acordo com Izabela Mioto, da FAAP, ter um objetivo ajuda a não perder o foco profissional.

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39Agitaçãojan/fev 2009 39Agitaçãojan/fev 2009

des de subir no setor em que atua, mas não pôde concorrer devido à formação. Agora, porém, com a pós-graduação, vai ter a chance de participar das seleti-vas. “Estou focada em entrar de cabeça no Marketing”, diz. “Agora que descobri meu lugar, não pretendo parar de estu-dar e já estou pensando em fazer outras especializações.”

Atrás das afi nidades. Como no caso de Julliane, muitas empresas oferecem pro-moções que não estão associadas à área de interesse do colaborador e, aí, surge a dúvida. Quando isso acontece, o mais indicado é não fazer cursos apenas por exigências profi ssionais. Afi nal, a possi-bilidade de sucesso é maior quando se trabalha com algo com que se tem afi -nidade. Por isso, o estágio é uma exce-lente porta de entrada para que o jovem perceba o que lhe dá prazer, além de de-senvolver habilidades ao unir conheci-mentos teóricos com o aprendizado prá-tico. Um exemplo disso é o ex-estagiário Bruno Klajn, graduado em Marketing e, atualmente, trainee do Grupo Gerdau, 13º maior produtor de aço do mundo. Para não fi car para trás, ele se matricu-lou na pós-graduação de Administração de Empresas, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). “Optei por me matricular porque acredito que a pós-graduação traga um diferencial para o meu currículo”, enfatiza. Hoje, ter uma especialização no currículo, mesmo no início de carreira, deixou de ser um di-ferencial e, para algumas organizações, passou a ser um pré-requisito.No entanto, é preciso enfatizar: “Tenha foco naquilo que lhe dá prazer, no que o diferencie como profi ssional, mesmo que no início demore um pouco para encontrar uma oportunidade”, aconse-lha a orientadora. Por outro lado, com o mercado cada vez mais competitivo, sempre haverá a pergunta: “E agora?”, principalmente para os profi ssionais que nunca param de evoluir. A

Para os jovens que buscam se especiali-zar em finanças, uma boa dica é se associar às entidades de clas-se que atuam na defe-sa de seus interesses. A Associação Nacio-nal dos Executivos de Finanças, Administra-ção e Contabilidade (Anefac) é uma das entidades preocupa-das com a carreira e com a atual situação da economia. Nesta entrevista, o vice-presidente da Ane-fac, Sidney Matos, analisa a crise e dá importantes dicas para amenizar o problema:

Agitação – Como deve ser a atuação do profissional de finanças em época de crise?Sidney Matos – Passamos por um pe-ríodo de euforia nos últimos anos, com os preços das commodities em cota-ções altíssimas, demanda em cons-tante alta, mercado de construção civil superaquecido, pedidos chegando sem muitas dificuldades de negociação. Foi o período em que ter disponibilidade de produtos e serviços era até mais importante do que preço e limites de crédito. Mas, de repente, o mundo virou de cabeça para baixo. Os capitais min-guaram, assim como o crédito, e agora é hora de ser conservador e concen-trar-se no que é essencial para sobre-vivência e continuidade dos negócios: saber o tamanho de seu mercado e redimensionar sua estrutura para aten-dê-lo. Decisões mais rápidas resultarão em retomada de negócios mais rapida-mente, também. Descobrir e desenvol-ver maneiras mais ágeis e confiáveis de disponibilizar informações é muito

Desafi os ao profi ssional de fi nanças importante nesse pe-ríodo; por isso, os co-nhecimentos de recur-sos em Tecnologia da Informação são funda-mentais.

Agitação – Quais as principais atitudes para controlar os gastos?Sidney Matos – Saber manter o fluxo de cai-xa saudável é, mais do que nunca, uma neces-sidade neste momento. A recente freada nos

negócios fez com que muitas empresas ficassem com projetos parados, esto-ques altos e fornecedores esperando pagamento. Agora, com margens mais apertadas e pedidos mais escassos, o controle dos gastos é fundamental. É preciso negociar os prazos de pagamen-to com fornecedores até regularizar seu fluxo de materiais e pagamentos, rene-gociar o prazo com clientes e não tomar empréstimos a juros exorbitantes.

Agitação – Qual a importância dos pro-fissionais de finanças durante a crise finaneira?Sidney Matos – Os bons profissionais de finanças não têm o que temer. De-pois de passarem por esses desafios com sucesso, estarão mais fortes e experientes, prontos para assumirem novas responsabilidades e desafios. O profissional de finanças é cada vez mais importante nas organizações, principal-mente em tempos de crise e incertezas. Ter sucesso é questão de tempo para aqueles que trabalham com transpa-rência, ética, criatividade, boa comuni-cação interpessoal, conhecimento do produto e seus custos, bem como co-nhecimento do negócio e do mercado em que está atuando.

PERSPECTIVA

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40 Agitação jan/fev 2009

Experiência no exterior e fluência em outro idioma são um ótimo cartão de entrada para quem procura espaço no mercado de trabalho, o que explica por que o intercâmbio está cada vez mais popular. Mas é preciso tomar cuidado para que a experiência não se torne uma frustração. Por isso, paciência e planejamento são palavras-chave para aproveitar ao má-ximo a oportunidade, começando pela escolha da melhor épo-ca para realizar a viagem. Quem está na faculdade ou estagiando deve refletir so-bre a possibilidade de se au-sentar por pelo menos um mês ou até um ano – tempo aconselhado pelas agências de intercâmbio. Aproveitar as férias e recessos é uma boa alternativa. Mas é pre-ciso avaliar o momento em que estará mais focado em absorver as informações, seja antes, durante ou de-pois do curso superior. De acordo com Celso Luiz Garcia, diretor da agência de intercâmbio CI, “quan-do se trata da aprendiza-gem de um idioma, não há tempo certo”. Contudo, ele enfatiza que fazer o intercâmbio antes da faculdade colabora na hora de fazer a escolha da carreira.Luciana Mitri, orientadora pedagógica, concorda com Garcia e destaca a rele-vância da experiência no exterior, pois ajuda o estudante a fazer suas próprias

Hora de fazer as malasIntercâmbio qualifica os jovens que sabem aproveitar as oportunidades.

escolhas e se abrir a novas oportunida-des: “O jovem muda os seus valores e pensa melhor que tipo de profissional quer ser.” Foi o caso de Vanessa Ierizzo que, antes de entrar no curso de Direi-to, optou por estudar oito meses nos Estados Unidos, onde morou em uma home stay – casa de família. Na época, era o destino mais procurado pelos brasileiros, mas perdeu o posto após o atentado terrorista às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. A expe-riência de intercâmbio foi tão positiva que Vanessa também a repetiu durante e depois do curso. No segundo ano de faculdade, passou dois meses na Ale-

TENDÊNCIA

manha e, logo após concluir a gradua-ção, mais dois meses na Itália.

Foco na carreira. Já Daniel de Castro Brunelli, estudante de Marketing, teve de esperar um pouquinho mais para reali-zar a tão sonhada viagem. Após um ano

e meio juntando dinheiro, trancou um semestre da faculdade e foi estudar em Vancouver, no Canadá. Ele optou pelo país mais procurado hoje pelos brasilei-ros que buscam fluência na língua ingle-sa – nos últimos quatro anos, a deman-da cresceu de 15% a 20%. Mesmo com

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41Agitaçãojan/fev 2009

Fonte: Belta - Brazilian Educational & Language Travel Association

tantos compatriotas, Daniel não perdeu o foco e, durante sua estada, conquis-tou um estágio na escola de inglês em que estudava, chegando a receber uma homenagem pelo bom desempenho. A decisão de evitar falar português com os colegas brasileiros tem uma justifi cativa: “Conheci várias pessoas que não volta-ram fl uentes porque não se esforçaram.” A estratégia deu certo, e após dois meses do retorno ao Brasil recebeu uma pro-posta para trabalhar no departamento de Marketing da empresa Continental do Brasil – multinacional alemã. “A vi-vência no exterior dá destaque durante

o processo seletivo; foi o que aconteceu comigo”, comemora. A iniciativa do jovem foi apoiada por Rafael Villas Boas, diretor de Marke-ting e Vendas da empresa Intercâmbio Global, para quem o mais indicado se-ria o estudante ir para o exterior logo após concluir o ensino médio, “porque está em fase de mudanças”. Depois que o jovem conclui a faculdade, as chan-ces de um intercâmbio são menores: “Ele está com a carreira engatilhada e o tempo que vai fi car fora pode inter-ferir no seu network.”

Profi ssionais talentosos. Apesar de o inglês continuar sendo o idioma mais procurado pelos brasileiros, vale a pena investir em outras opções. “Se o empregador analisa dois currículos, e um dos candidatos fala um idioma a mais que o outro, é claro que ele vai escolher o que tem mais conhecimen-tos”, ressalta Vanessa, que atualmente supervisiona a área jurídica de uma empresa de informática. E um últi-mo detalhe: um intercâmbio sempre é mais barato que uma viagem turística e a experiência é mais proveitosa, pela possibilidade de usufruir a estada para aprender o idioma local.

Daniel foi para Vancouver para melhorar a fl uência no inglês. Dedicado, ele se destacou na escola de idiomas, onde conquistou um estágio e amigos internacionais.

Celso Garcia, da CI: “Quando se trata de aprender outro idioma, não há tempo certo.”

Vanessa fez seu primeiro intercâmbio aos 17 anos, e depois não parou mais.

Após passar pelos Estados Unidos e Alemanha, ela foi para a Itália (foto).

CINCO DESTINOS MAIS PROCURADOS PARA INTERCÂMBIO:

1. Vancouver, Canadá

2. Toronto, Canadá

3. Londres, Inglaterra

4. Sidney, Austrália

5. Nova York, Estados Unidos

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42 Agitação jan/fev 2009Agitação jan/fev 2009

PESQUISA

Metade dos jovens brasileiros entende um pouco de política, e 55% deles não pensam em se candidatar nunca. Esses dados foram revelados pela pesquisa realizada pelo CIEE e respondida por 4.342 estudantes.

VOCÊ ENTENDE DE POLÍTICA?

Pouco interesse pela carreira política

VOCÊ SE CANDIDATARIA A ALGUM CARGO PÚBLICO?

SAÚDE DESCE, ECONOMIA SOBE

Para os brasileiros, a saúde é o principal problema do governo Lula, seguida por des-emprego e segurança. A pesquisa ouviu 3.486 entrevistados, a partir dos 16 anos. Na outra ponta, a economia foi avaliada como a área de melhor desempenho, educação na segunda posição e o combate à fome e à miséria em terceiro lugar.

nãotalvez

sim

sim, um pouco

apenas o necessário

sim, muitonada

PAÍS DO CELULAR

O Brasil concentra a maior quantidade de telefones celulares da América Latina, seguido por México e Ar-gentina, de acordo com levantamento elaborado pela consultoria Evans. A maior nação sul-americana conta com 143,2 milhões de linhas de telefonia móvel. Participa-ram da pesquisa: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, México, Peru, Uruguai e Venezuela.

Brasil 143,2 milhões

México 76,6 milhões

Argentina 44,8 milhões

CAUSAS DE IMPRODUTIVIDADE

Falta de qualificação profissional, falhas de comunicação interna, legislação/regulamentação excessiva e baixo índi-ce de motivação da equipe: essas são as cinco principais causas da improdutividade dos funcionários nas empre-sas, segundo pesquisa elaborada pela empresa norte-americana Proudfoot Consulting. Foram entrevistados 1.272 executivos de 12 países (Austrália, Canadá, Brasil, Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Ale-manha, África do Sul, Índia e Espanha).

Falta de qualificação profissional 27%

Falhas de comunicação interna 25%

Legislação e regulamentação excessiva 22%

Baixo índice de motivação da equipe 21%

Alta rotatividade de funcionários 20%

Pior desempenho

Saúde 25%

Desemprego 18%

Segurança 16%

Melhor desempenho

Economia 17%

Educação 12%

Fome/Miséria 11%

50%37%

5%8%

55%27%

18%

$

COMUNICAÇÃO NO SÉCULO 21

Para os norte-americanos, a cobertura jornalística dos portais da web é mais confiável do que a das outras mídias. A pesquisa foi elaborada durante as eleições presidenciais americanas, pelo Inde-pendent Film Channel (IFC), em parceria com o instituto Zogby International. Das 3,5 mil pessoas entrevistadas, 36,5% preferem se informar pela internet, seguida pela TV e pelo rádio:

Internet 36,5%

Televisão 20,3%

Rádio 16%

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CIEE0908-0195_206x265_F.pdf 11/25/08 10:13:39 AM

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www.ciee.org.br

Suplemento especial de Agitação nº 85

tante é não deixar acumular as dúvidas, por-

que nesse momento é repassada toda a vida

escolar em meses”, explica.

Após a segunda rodada de estudos, Thaís se

dedicava aos livros indicados pelo manual

do exame vestibular. É importante ressaltar

a leitura de jornais e revistas. “O estudan-

te não deve se alienar, pois as provas do

vestibular vão abordar tudo”, alerta Vera.

Além de fontes de notícias do cotidiano, a

leitura dos veículos de comunicação pode

ajudar muito a melhorar a redação. Para

redigir com qualidade e evitar ter a nota

prejudicada por uma dissertação mal feita,

a coordenadora recomenda aos estudantes

elaborar dois textos por semana.

Ela começava sua rotina de estudos às sete

da manhã, no cursinho, onde estudava seis

horas por dia. Em casa, descansava um

pouco e revisava as matérias vistas no dia.

Para Vera Lúcia da Costa Antunes, coordena-

dora do Curso e Colégio Objetivo, ser organi-

zado nos estudos é o grande diferencial, pois

permite detectar as dúvidas e tirá-las no dia

seguinte. Caso o jovem trabalhe e estude, o

jeito é programar o fi m de semana, equili-

brando a atenção nas disciplinas

conforme a ne- cessidade. Por

exemplo: no sá- bado, física e his-

tória; domingo, biologia e inglês,

e assim por diante. “O impor-

O ano do vestibular não é fácil. A

estudante de Psicologia, Thaís de

Albuquerque Rodrigues, 22 anos,

estudava mais de 12 horas por dia, rara-

mente saía e vivia sob a pressão psicológi-

ca de todo seu trabalho se tornar em vão.

Mas seu esforço valeu a pena: em 2008

obteve a primeira colocação no exame

vestibular aplicado pela Fundação Uni-

versitária para Vestibular (Fuvest), o

mais concorrido do Brasil.

Page 46: Revista Agitação 85 - CIEE

JOVEM

2

Com uma rotina pesada de estudos, a diver-

são de Thaís era o caratê que, além de distra-

ção, a ajudou muito no vestibular. “Recuperei

meu espírito de competição”, afirma. A arte

marcial também melhorou o autocontrole,

diminuindo seu nervosismo. Apesar de a luta

ter feito bem para ela, Jacob Faintuch, mé-

dico e professor da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo (FMUSP), não

recomenda exercícios pesados nessa época.

A chance de sofrer uma lesão é grande, o que

pode prejudicar os estudos. Esportes leves,

como caminhar ou gi-

nástica mode-

rada, são re-

comendados

para aliviar a

tensão.

100% de aproveitamento. Com João

Paulo Almeida, estudante da USP, 23 anos,

não foi diferente. Primeiro lugar no vesti-

bular para Medicina em 2008, ele acredita

que o objetivo foi conquistado por uma

combinação de fatores: a boa escola que

cursou no ensino médio, o cursinho e sua

determinação. “Levei meu potencial ao li-

mite”, afirma. A maturidade também foi

destacada pelo estudante como diferen-

cial no pré-vestibular, visto que já havia

feito dois anos de Nutrição na USP. Ele

entrava de manhã no cursinho e ficava até

as 15 horas. Além do reforço esco-

lar, o curso preparatório oferecia um

instrumento útil para o vestibular: os

simulados. Aplicadas em média uma

vez por mês, essas provas oferecem aos

estudantes a oportunidade de testar seus

conhecimentos e de “sentir” o exame, cal-

culando o tempo ideal para cada questão

ou quando se deve pular uma pergunta.

“O atleta treina praticando seu esporte.

O vestibulando também precisa se exer-

citar”, diz Vera.

ROTINA SAUDÁVEL: ESSENCIAL PARA O SUCESSO

Um ponto decisivo para se dar bem no vestibular é a autoconfiança, conquis-tada apenas por meio da dedicação aos estudos. Ter segurança previne a ansiedade e evita o temível “branco” durante a prova. Mas não adianta es-tudar à exaustão e esquecer da saúde. O clínico-geral Jacob Faintuch alerta que a má alimentação e o estresse podem pôr todo o esforço do pré-ves-

tibular a perder. “É muito importante não deixar a ansiedade atingir

níveis muito altos”, explica. Ele aconselha aos estu-

dantes um sono reparador, ter pensa-mentos positivos e, para se distrair, atividades leves como ir ao cinema, caminhar e namorar, em vez de virar a madrugada em baladas. Na alimen-tação, prefira os carboidratos, como

barras de cereais e frutas.

Depois ia para casa, onde dormia até o fim

da tarde, e começava a revisar os exercícios

vistos no cursinho. “É mais fácil contar as

horas em que eu não estudava”, diz. Assim,

João Paulo seguia o ritmo das aulas, dedican-

do mais tempo aos assuntos que não domi-

nava com facilidade, sem esquecer, porém, as

matérias que fluíam melhor. Ele só dormia

quando terminava as revisões, que costu-

mava acontecer por volta das 23 horas. De

acordo com Vera, um erro comum entre os

vestibulandos é a dedicação apenas às disci-

plinas com que possui afinidade, deixando as

outras de lado.

Nas poucas horas livres que tinha, João Pau-

lo fazia programas leves, como ir ao cinema,

jantar fora ou assistir aos seriados de TV de

que tanto gosta, receita endossada por Fain-

tuch, que também aconselha ficar longe das

baladas: “Deixe a farra para as férias.”

Thaís está entusiasmada com as atividades esportivas e culturais da USP. A conquista foi uma missão cumprida para João Paulo.

A

Page 47: Revista Agitação 85 - CIEE

JOVEM

3

Preste atenção: nos programas humorísticos, há sempre um comediante que prepara toda a piada para que um outro, geralmente mais famoso, conclua e arranque risos – e aplausos – do público. Por fi car em segundo plano, o chamado escada nem sempre tem a mesma popularidade do astro principal, mas isso não quer dizer que ele seja menos importante. O que seria do Didi sem o Dedé? E do Magro sem o Gordo? No mundo do trabalho, isso também ocorre, e os jovens precisam ter consciência de que nem sempre eles serão os líderes do seu grupo. Essa descoberta pode ser frustrante, especialmente porque a cultura ocidental tende a valorizar demais as estrelas, e os coad juvantes são sempre menos importan-tes. Basta que se avalie a passagem do piloto Rubens Barrichello pela Ferrari, criticado por fi car sempre à sombra do alemão Michael Schumacher, seu companheiro de escuderia. Entretanto, foi graças a essa estratégia que a Ferrari conseguiu, entre 2000 e 2005, ser vitoriosa por cinco anos consecutivos no campeonato mundial de construtores, em que se conta o somatório de pontos de todos os pilotos da equipe. E, de quebra, Barrichello sagrou-se como o segundo melhor piloto de Fórmula Um por três vezes.Em artigo do jornal espanhol Expansión, Plácido Fajardo, sócio da agência de recru-

Para brilhar no ambiente corporativo, nem sempre é preciso ser o líder.

tamento de executivos Leaders Trust, asse-gura que “uma boa parte do êxito do líder se deve a quem está atrás, menos visível, porém efi ciente”. Ele faz questão de des-tacar que a fi gura do segundo nem sem-pre é a daquele que não pôde chegar a ser primeiro e que, por isso, é um profi ssional frustrado. “Às vezes, quem desempenha o papel coadjuvante realmente prefere isso”, diz Fajardo, detalhando que essa posição é relativamente mais cômoda, menos expos-ta e serve de refúgio às inclemências que o líder tem de enfrentar. A segunda posição é tão valorizada que certas organizações

criam treinamentos específi cos para car-gos coadjuvantes. A matéria do periódico espanhol exemplifi ca o caso com o progra-ma da Goldman Sachs, que prepara seus candidatos à codireção, para dar-lhes mais experiên cias em comum.Assim, quando fi zer parte de um grupo de estagiários e, naturalmente, um ou outro se sobressair – não sendo você –, saiba que isso não é o fi m do mundo ou a garantia de que a efetivação não virá. A palavra de ordem deve ser sempre efi ciência, profi ssionalismo e au-toconfi ança; afi nal, o Oscar também vai para os coadjuvantes.

Oscar tambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambémtambém paraparapara ocoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvantecoadjuvante

Page 48: Revista Agitação 85 - CIEE

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4

Nesse começo de ano, não se esqueça de atualizar seu cadastro no portal do

CIEE. Manter os dados atualizados – informando mudanças de horário e acres-

centando cursos realizados – pode aumentar suas chances de ser encaminhado

para vagas que se encaixam em seu perfi l. Informações como te-

lefone, endereço residencial e e-mail são essenciais para o

contato do CIEE com os candidatos. Fique atento!

Elaborar um currículo atraente é essencial

para ser convocado para uma entrevista. Seja

conciso e objetivo: dados pessoais básicos

(nome, endereço e contatos), área em que

pretende atuar, formação acadêmica e experi-

ência profi ssional são sufi cientes. Visualmente,

faça um currículo limpo, sóbrio e elegante,

evitando palavras em negrito, itálico ou grifa-

das. Assim, você impede que seu currículo vire

rascunho de papel.

Para quem tem interesse em ferramentas de

desenvolvimento e design, o CIEE e a Micro-

soft Brasil oferecem um programa de download

gratuito de softwares para estudantes, de nível

técnico e superior, chamados DreamSpark. Com

ele, os alunos poderão baixar um pacote de soft-

wares que inclui o Visual Studio Pro (2005 e

2008), Expression Studio 2.0, Expression Web,

XNA Game Studio 2.0, IT Academy Student Pass,

entre outros. Para aproveitar a oportunidade, é

necessário ter cadastro no CIEE. O endereço do

portal do CIEE é: www.ciee.com.br

Com acervo de livros,

revistas, jornais, fi tas de

vídeo e DVDs, a Biblioteca

CIEE, instalada no Espaço Sociocultural,

em São Paulo, oferece ao público recur-

sos necessários para elaboração de tra-

balhos escolares e pesquisas. O espaço

também conta com um televisor com

tela LCD, aparelho de DVD e computa-

dores conectados à internet, para even-

tuais consultas. Os estudantes podem

encontrar obras literárias indicadas

para os vestibulares da Universidade

de São Paulo (USP) e da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp), dis-

poníveis para empréstimo.

Conheça a Biblioteca do CIEE

Se você pretende turbinar seu currículo, os cursos de Educação a Distân-cia (EaD), mantidos gratuitamente no portal do CIEE, oferecem uma boa

chance. São 24 cursos que irão ajudá-lo a se preparar melhor para entrevistas, a utilizar softwares e a se por-tar no local de trabalho. O site oferece apostilas para downloads com serviço de monitoria on-line e escla-recimentos de dúvidas por meio de salas de bate-papo, FAQs (frequent asked questions – dúvidas mais

frequentes) e e-mails. Mas lembre: é necessário ter cadastro no site.

Aproveite os cursos de EaD

A importância do RECADASTRAMENTO

E baixare criar

´

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4

Page 49: Revista Agitação 85 - CIEE

JOVEM

5

A

Não há empresa que desperdice estudantes

com coragem para encarar desafi os, espírito

empreendedor e capacidade de adaptação.

Daí o motivo por que os estagiá-

rios conquistam cada vez

mais espaço nas organiza-

ções. Ousados, os jovens

se deslumbram com os

cargos de chefi a, mas,

para um dia chegar lá, é

preciso percorrer um lon-

go caminho. “A busca cons-

tante de novos conhecimentos

é o que faz os profi ssionais se tornarem

mais capacitados para o sucesso”, destaca

Margareth Bianchini, diretora da MBianchi-

ni Consultoria Empresarial. Por isso, sonhar

e fazer a típica listinha de metas não é o

sufi ciente. É preciso arregaçar as mangas e

se superar dia após dia. Estudantes pregui-

çosos raramente terão oportunidades. Afi nal,

foi-se o tempo em que as empresas seguiam

diretrizes como as de Henry Ford, criador do

modelo de produção industrial em massa. Ele

afi rmava que o problema em suas fábricas

surgia cada vez que contratava um par de

braços, pois vinham com cérebro.

“É essencial se autoconhecer para corrigir

defeitos e não permitir que isso atrapalhe seu

crescimento profi ssional”, aconselha Gusta-

vo Lopes Cruz, chefe de produção da KSPG,

De estagiário a presidenteEstudar, preservar a humildade e se dedicar: o início para uma trajetória de sucesso.

multinacional alemã que

atua no setor de pistões

automotivos. Após reali-

zar dois estágios, ele con-

cluiu a faculdade decidido a

sanar uma das suas maiores barreiras: a

fl uência no inglês. Depois de seis meses na

Nova Zelândia, voltou para o Brasil para

participar de processos seletivos para trai-

nee. A tática deu certo, e em dezembro de

2002 ingressou na empresa em que per-

manece até hoje. Ciente das possibilidades

de crescimento, Cruz aprendeu a controlar

seu jeito agitado e impulsivo, percebendo

que autocontrole é uma característica fun-

damental em um gestor.

A iniciativa deu resultados. Hoje chefi a mais

de 200 colaboradores. “Estou em um mo-

mento muito bom da carreira. ”Mas não pre-

tende parar. Seu próximo passo é chegar a

coordenador de produção. Após essa função,

só lhe resta mais dois consideráveis degraus:

diretor e, fi nalmente, presidente.

Para ser um bom líder. Ansiar por cargos

de gestão não é nenhum pecado. “O bom

líder sabe ouvir as pessoas, permitindo que

exponham suas opiniões”, defi ne a consul-

tora. Graças a essas diretrizes, Jonathan Lo-

pes Antunes, estudante de Comércio Exterior,

conquistou sua grande chance. Depois de

estagiar em uma importadora, foi convida-

do para ser o responsável operacional da

sucursal de uma empresa em Itajaí/SC. Com

apenas 18 anos, ele encarou o desafi o: “Aqui

me sinto útil.”

Assim como Jonathan e Gustavo Cruz, quem

sonha chegar ao topo da empresa não deve

desanimar. Afi nal, alguns dos maiores em-

presários do Brasil já foram estagiários, como

Ivan Zurita, presidente da Nestlé, e José Car-

los Pinheiro Neto, vice-presidente da General

Motors. Quem sabe você não será o próximo

profi ssional bem-sucedido a ter o nome cita-

do em reportagens como esta?

Gustavo Cruz, após sanar suas limitações, assumiu uma equipe de 200 funcionários.

Page 50: Revista Agitação 85 - CIEE

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6

Antes restrita às obras de fi cção científi ca, a criação de vida artifi cial está

próxima de tornar-se realidade. Cientistas norte-americanos do Instituto Ven-

ter, que há um ano foram os primeiros a construir o genoma sintético de

uma bactéria, encontraram uma forma mais efi ciente de realizar a façanha:

utilizaram um método bioquímico já em uso pelo laboratório para elaborar

uma nova geração de biocombustíveis. Apesar da polêmica em torno da ex-

periência, o diretor do instituto e pioneiro em biotecnologia, Craig Venter,

vê a conquista como uma porta de entrada para a criação de vida

artifi cial.

CRIANDO VIDAAntes restrita às obras de fi cção científi ca, a criação de vida artifi cial está

próxima de tornar-se realidade. Cientistas norte-americanos do Instituto Ven-

ter, que há um ano foram os primeiros a construir o genoma sintético de

uma bactéria, encontraram uma forma mais efi ciente de realizar a façanha:

utilizaram um método bioquímico já em uso pelo laboratório para elaborar

uma nova geração de biocombustíveis. Apesar da polêmica em torno da ex-

periência, o diretor do instituto e pioneiro em biotecnologia, Craig Venter,

vê a conquista como uma porta de entrada para a criação de vida

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A felicidade é contagiante, de acordo com estudo elaborado pelos

professores Nicholas Christakis, da Harvard Medical School, e James

Fowler, da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos. Segundo eles,

ser feliz não é só uma escolha ou experiência individual, mas consequência

do estado emocional das pessoas na qual está conectada, direta ou indireta-

mente. Porém, exclui-se dessa regra a relação com os colegas de trabalho,

o que sugere a infl uência do contexto social inserido, que pode

limitar a propagação de estados emocionais. Para o British Me-

dical Journal, onde o estudo foi publicado, a descoberta

pode revolucionar a saúde pública.

Felicidade contagiante

Vídeogame não é apenas coisa de criança.

Segundo o estudo Pew Internet & Ameri-

can Life Project do Centro de Pesquisa

Pew, metade dos adultos norte-america-

nos se divertem com o brinquedo, sendo

que um em cada dez pratica diariamente.

Porém, conforme a idade avança, esse

hobby é deixado de lado. Entre os adoles-

centes entrevistados, 97% afi rmam usar

esse tipo de entretenimento. Outro

fator que infl uencia o uso, se-

gundo o estudo, é o nível

de educação: quanto

maior o grau de

instrução, maior

o número de

jogadores.

DIVERSÃO para todas as idades

A felicidade é contagiante, de acordo com estudo elaborado pelos

professores Nicholas Christakis, da Harvard Medical School, e James

Fowler, da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos. Segundo eles,

ser feliz não é só uma escolha ou experiência individual, mas consequência

do estado emocional das pessoas na qual está conectada, direta ou indireta-

mente. Porém, exclui-se dessa regra a relação com os colegas de trabalho,

o que sugere a infl uência do contexto social inserido, que pode

contagiante

Fowler, da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos. Segundo eles,

ser feliz não é só uma escolha ou experiência individual, mas consequência

do estado emocional das pessoas na qual está conectada, direta ou indireta-

mente. Porém, exclui-se dessa regra a relação com os colegas de trabalho,

o que sugere a infl uência do contexto social inserido, que pode

limitar a propagação de estados emocionais. Para o

dical Journal

pode revolucionar a saúde pública.

instrução, maior instrução, maior

o número de o número de

jogadores.

À procura de estudantes estrangeiros, universidades americanas

criaram o Conselho Americano de Recrutamento Internacional (Airc,

na sigla em inglês) para atraí-los. A pouca quantidade de estudantes

brasileiros em classes americanas os coloca na lista dos mais desejáveis.

Atualmente, apenas 3,5% dos alunos de graduação dos Estados Unidos

são estrangeiros. Mitch Leventhal, presidente do Airc e da Universidade de

Cincinnati, em Ohio, diz que esse número deveria ser, em média, 10%, para

que os estudantes americanos aprendam outras culturas e façam contatos que

serão importantes no futuro.

PROCURAM-SE estudantes brasileiros

Page 51: Revista Agitação 85 - CIEE

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7

Quatro ursos de pelúcia,

vestidos com roupas de

astronauta, foram lançados ao

espaço por um grupo de crianças

da cidade de Cambridge, na Inglaterra.

Ajudados por um balão de gás hélio, os

brinquedos chegaram a uma altitude de 30

mil metros, superando 99% da atmosfera

terrestre. A experiência foi iniciativa da Uni-

versidade de Cambridge e teve o intuito de

aguçar o interesse das crianças para os es-

tudos científi cos. A viagem dos ursinhos du-

rou 2h09, monitorada pelos alunos por GPS.

O retorno desses simpáticos “astronautas”

foi assegurado por pára-quedas, que após

terem enfrentado temperaturas de -40 ºC a

-53 ºC, pousaram na cidade de Ipswich, a

100 km do local de onde foram lançados.

7Lupi De Tomazzo é jornalista especializado em veículos; produtor e apresentador do programa Sobre Rodas da rádio USP FM e responsável pelo site www.carrouniversitario.com.br.

Lupi De TomazzoChegou o grande dia! Depois de passar por um exame teórico e às vezes por dois ou até três torturantes exames práticos (se seu pai não “engraxou” o fi scal), você recebeu sua habilitação. Legal, não é? Que maravi-lhoso poder, fi nalmente, dirigir por ruas e rodovias, sair por aí com os amigos, ir e vir da balada sem depender de condução.No Brasil, receber a habilitação equiva-le a um ritual de passagem para a vida adulta. Porém, a maioria dos jovens se esquece de que, com o documento, vem uma série enorme de responsabilidades. Toda essa alegria pode logo dar a vez a uma grande decepção num único mo-mento de imprudência. É importante lembrar que, no primeiro ano de habilitação, o novo motorista recebe apenas uma permissão para dirigir. Isso signifi ca que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) estará de olho em suas atitudes como motorista. Por isso, se nos primeiros 12 meses de habilitação você vier a cometer uma infração gravíssima, grave ou duas infrações médias poderá perder a permissão e ter de realizar novamente todo o processo de habilitação. Isso inclui voltar a frequentar as aulas teóricas e práticas no Centro de Formação de Condutor e passar por todos os exames do Detran. A suspen-são do direito de dirigir não é automática. Depois de cometida a infração, o condutor pode recorrer ao órgão responsável pela autuação. Se o recurso for negado, em to-das as instâncias, a permissão para dirigir é cancelada, de acordo com o artigo 148, parágrafos 3º e 4° do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em decisão ter-minativa, uma espécie de “quarentena”,

ESPÍRITO sempre jovem

Ursinhos astronautas Primeira habilitação

PODE SER SUSPENSA

que proíbe motoristas com menos de um ano de habilitação a dirigir em estradas. O relator do projeto na comissão, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), citou estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito para justifi car a aprovação do texto. Se-gundo levantamento do órgão federal, o percentual de permissionados envolvidos em acidentes com vítimas nas rodovias fe-derais é bem maior do que os de habilitan-dos, chegando a uma proporção de cinco para um. Considerados todos os acidentes com vítimas, essa proporção cresce de sete para um. O projeto ainda deverá ser votado pela Câmara dos Deputados.

INFRAÇÕES QUE ACARRETAM CANCELAMENTO DA PERMISSÃO

Utilizar-se de veículo para demonstrar manobra perigosa (GRAVÍSSIMA); Conduzir motocicleta sem capacete

(GRAVÍSSIMA); Transportar criança menor de sete

anos em motocicleta (GRAVÍSSIMA);

Dirigir sob infl uência de álcool ou entorpecente (GRAVÍSSIMA); Deixar o condutor/passageiro de usar

o cinto de segurança (GRAVE); Desobedecer a ordem da autoridade/

agente de trânsito (GRAVE); Conduzir veículo sem equipamento

obrigatório ou inefi ciente (GRAVE); Transitar em velocidade superior à má-

xima permitida em até 20% (MÉDIA); Portar no veículo placas em desacordo

com especifi cações e modelos do Contran (MÉDIA).

Idosos sentem-se, em geral, 13 anos mais

jovem, segundo um estudo sociológico

realizado pelo Max Planck Institute for

Human Development, de Berlim. Segundo

Jacqui Smith, professora de Psicologia na

Universidade de Michigan (EUA) e principal

autora da pesquisa, essa sensação aparece

com maior evidência nos homens. Uma das

prováveis razões é que as mulheres são, em

geral, mais conscientes de sua aparência

do que os homens, especialmente com os

estereótipos negativos sobre a velhice. Se-

gundo a pesquisa, quem se sente mais jo-

vem tem menos riscos de morrer, em idade

e condições de saúde equivalentes.

Page 52: Revista Agitação 85 - CIEE

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8

Conseguir um estágio é uma conquista importante para o estudante do ensino médio ou superior. Desde o preenchi-mento do cadastro no CIEE, passando por concorridos pro-cessos seletivos – muitas ve-zes com provas, entrevistas e dinâmicas de grupo – até che-gar à empresa, esse período costuma ser competitivo e até mesmo desgastante. Quando é aprovado, a auto-estima do estagiário vai lá para cima e tem-se a visão de que a traje-tória profissional está no cami-nho certo. O próximo passo é mostrar à empresa seu talento e, quem sabe, ser efetivado. Só que aí vem um percurso ainda mais longo.Segundo pesquisa da TNS In-terScience, 64% dos estagiários são efetivados. Mas, para isso, eles precisam mostrar interes-se, competência, inteligência e proatividade. Empresas e organizações ouvidas pela reportagem de Agi-tação – Va Tech Hydro, Cerâmica Porto Ferreira, Bauducco,Yamaha, Vicu-nha, prefeitura de Ituve-rava – apontam os sete erros mais comuns come-tidos pelos estagiários, que precisam ser evita-dos para não prejudicar o futuro profissional deles.

Créditos: Valquíria Martins, coordenadora de RH da Va Tech Hydro; Vanderlei Denardi, da área de RH da Cerâmica Porto Ferreira; Célia Cristina Granata, chefe de RH da Pandurata Ali-

mentos; Márcia Frias, supervisora de RH da Yamaha; Heloísa Helena de Faria Torres, da área de De-senvolvimento de RH da Vicunha; e Reinaldo de Almeida, gerente de RH da prefeitura de Ituverava.

Abusar da linguagem vulgarOs estagiários devem evitar gírias e palavras que denotem baixo nível intelectual. O vocabulário errado pode atrapalhar a imagem do estudante e diminuir sua chance de efetivação.

Não ter iniciativa e nem dinamismoEspera-se que o estagiário seja proativo, esforça-do, sempre atento e comprometido com a empre-sa. Aqueles que demonstram desânimo, apatia, que reclamam das atividades propostas e estão ali apenas para receber a bolsa-auxílio não serão prestigiados.

Ser arrogante, achando que já sabe tudoO estágio é um período de aprendizado. Portanto, o estu-dante está ali para absorver prá-ticas novas e aplicar o que está aprendendo na universidade. Ser arrogante e achar que já sabe tudo sobre a car-reira é uma postura condenável, que pode trazer problemas para a trajetória profissional.

Vestir-se de modo inadequadoUma das funções da capacitação é apresentar ao jovem um modelo de atitudes corporativas que não é ensinado na universidade. Um

desses itens é a aparência. O visual é importante para fortalecer a imagem do estudante. Nada de bermudas, camisetas ou saias curtas. Esconda

Não se atualizarO jovem precisa estar atualizado com sua área de atuação, en-tender como funciona e quais as perspectivas do mercado. Estar bem informado sobre o que acontece no país e no mundo é apropriado. A leitura sempre será uma prática recomendável.

Dificuldades para trabalhar em equipe Para que as empresas funcionem plenamente e alcancem as metas, é necessário contar com profissionais que tenham espírito de equipe e saibam atuar lado a lado com pessoas de diferentes formações e personalidades. Aque-les que geram animosidades e não possuem equilíbrio não são bem vistos.

Resistência às críticasO estagiário deve estar aberto a receber críticas, com o obje-tivo de avaliar erros e acertos para sua aprendizagem e de-senvolvimento na carreira.

tatuagens e evite os pier-cings. Vista-se com trajes so-

ciais e ganhe mais credibilidade.

1.

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Page 53: Revista Agitação 85 - CIEE

53Agitaçãojan/fev 2009

Pode começar a contagem regressiva. Dentro de pouco tempo, o Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, na capital paulista, será ocupado por cer-ca de 50 mil estudantes em busca de informações sobre carreira e oportu-nidades de estágio; por estandes de 50 empresas e instituições de ensino in-teressadas em se aproximar do público jovem, e por 70 palestrantes com amplos co-nhecimentos a serem com-partilhados. A Feira do Estudante – Expo CIEE 2009 será promovida entre os dias 24 e 26 de abril, das 10 às 20 horas, e traz no-vidades. Além das atrações voltadas exclusivamente à capacitação profissional, o evento terá uma reforçada programação cultural, a co-meçar pelos estandes. A editora Uni-verso dos Livros, por exemplo, também animada pelo resultado de sua partici-pação na edição passada, voltará com espaço ampliado e o dobro de títulos para os jovens. Estão previstos lança-mentos de publicações com preços a partir de dez reais e a oferta de descon-to médio de 50% sobre o preço de capa de 500 títulos de diferentes áreas.“Os visitantes da Expo CIEE são bem diferentes do que estamos acostuma-dos a ver em feiras específicas da área de livros, como as Bienais. Trata-se de um público mais jovem e interes-sado em produtos que ajudam na sua qualificação profissional”, destaca

Programação cultural reforçadaA Feira do Estudante – Expo CIEE 2009 será promovida entre os dias 24 e 26 de abril.

Luis Matos, diretor da Universo dos Livros. Outro parceiro que voltará a encontrar os visitantes diferenciados da Expo CIEE é o Grupo Anhanguera Educacional, novamente como patro-cinador do evento.Em 2008, a instituição de ensino mon-tou um verdadeiro laboratório para divulgar seus cursos. Entre os equipa-mentos que podiam ser testados pelos estudantes estava uma incubadora neo-natal com o boneco de um bebê ana-tomicamente perfeito, no qual os estu-dantes de enfermagem treinam desde a introdução de sondas até a própria manipulação dos instrumentos. Nesta edição, o grupo voltará a ocupar um lu-

gar de destaque. Os orga-nizadores alertam que as cotas para patrocinadores e expositores não estavam esgotadas até o início de fevereiro. Os interessados em participar podem ob-ter mais informações no

site www.feiradoestudanteciee.com.br ou pelos telefones (11) 3674-9411 e (11) 3040-6543.

Encaminhamento para estágio. Aos estudantes, vale lembrar que a progra-mação completa de palestras e apre-sentações de dança e música estará no portal da Feira do Estudante – Expo CIEE 2009 e que nele também será possível fazer a inscrição antecipada para visitar o evento. Todos os estu-dantes que marcarem sua presença na entrada da Expo CIEE ganharão o encaminhamento preferencial para quatro mil vagas de estágio ao longo de seis meses.

Editora Universo dos Livros volta com estande ampliado e mais promoções para os visitantes.

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CIEE em foco

54 Agitação nov/dez 2008

Prefeituras do Centro-Oeste investem no estágioEstágios em autarquias e serviços pú-blicos nas prefeituras demonstram o valioso papel que as administrações públicas têm a representar na inclusão profissional dos estudantes. Na Região Centro-Oeste, várias cidades mantêm convênios com o CIEE, beneficiando, atualmente, cerca de 900 estudantes. No CIEE Goiás são mais de 400 jo-vens beneficiados pelos convênios no estado, nas cidades de Goiânia, Cha-padão do Céu, Itumbiara, Anápolis, Guapó, São Luís dos Montes Belos, Paranaiguara, Inhumas, Inaciolândia e Goianésia. Em Inhumas, a pre-feitura acredita no potencial dos jovens. De acordo com o gestor de Recursos Humanos do mu-nicípio, Wellington Gonçalves de Sousa, os estagiários reali-zam atividades técni-cas e administrativas, de acordo com sua formação educacio-nal. “Eles estão ligados à área de infor-mática, legislação e recursos humanos”. Todos os estudantes são acompanha-dos por um monitor responsável, que lhe fornece instruções laborais, rela-tivas à postura e conduta profissional. “Nossa gestão está satisfeita com o im-pacto que a parceria tem provocado na sociedade inhumense”, diz. Já em Mato Grosso do Sul, cerca de 400 estudantes participam do estágio nas prefeituras de Campo Grande, Doura-dos, Ponta Porã, Porto Murtinho e São Gabriel. A gestão municipal de Porto Murtinho sabe a importância de aco-lher seus jovens e direcionar-lhes o melhor caminho. Desde 2005, a pre-feitura, em parceria com o CIEE, rea-

liza o Projeto Jovem Cidadão, que ao longo de sua trajetória, já beneficiou cerca de 300 estudantes, possibilitan-do aperfeiçoar seus conhecimentos.

Atualmente são cerca de 90 estudantes no programa de estágio. Em Mato Grosso, são cerca de cem postos de estágio em Cuiabá e em Vár-zea Grande. O secretário de Adminis-tração de Várzea Grande, Pedro Elias Domingos de Mello, acredita que os ganhos na aprendizagem dos estudan-tes é uma das contribuições do poder público para a sociedade.

Acima, estagiários de Porto Murtinho: 300 jovens contemplados; ao lado, prefeitura de Várzea Grande.

O Projeto de Orientação Jurídica Gratuita à População Carente (Projur) rea-lizou 461 atendimentos em janeiro, o triplo da média mensal registrada. Esse resultado eleva para aproximadamente 1,5 mil o número de atendimentos rea-lizados nos sete meses de existência do serviço, na capital paulista. Mantido como ação social filantrópica pelo CIEE, em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo (OAB-SP), o atendimento no Projur é realizado por estagiários, responsáveis por indicar soluções em to-das as áreas do Direito, sob a supervisão de advogados das duas entidades. O posto está localizado no Prédio-Escola do CIEE, na Rua Genebra, 57/65, no centro antigo de São Paulo, e atende gratuitamente das 13 às 17 horas.

Projur: atendimento triplicado

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55Agitaçãonov/dez 2008

Estagiários ajudam no combate à secaÀs vésperas de completar cem anos de atividades – em outubro deste ano – o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) vai ganhar um reforço importante no combate ao problema que afeta milhares de pessoas no país. O departamento re-novou, no dia 2 de dezembro, o convê-nio com o CIEE para a contratação de até 400 estagiários de ensino médio e superior. A assinatura foi firmada em Fortaleza/CE e contou com a presen-ça de Marcelo Gallo, superintenden-te de Atendimento Norte e Nordeste do CIEE; Robério Henrique Costa, gerente regional Nordeste do CIEE;

Elias Fernandes Neto, diretor-geral do DNOCS; e Marley Cisne de Morais, coordenador de Recursos Humanos do DNOCS. “Atualmente, a institui-ção mantém aproximadamente 200 estagiários em parceria com o CIEE; esse número poderá aumentar com a renovação do contrato”, afirma Marcelo Gallo. O órgão tem capacidade para re-ceber 153 estudantes de nível superior e 262 de ensino médio.Com atuação nas regiões mais casti-gadas pela seca no país – principal-mente nos estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais – o DNOCS é considerada a mais antiga institui-

CIEE no Global Management Challenge

A equipe Brazileurs/CIEE ficou em 7º lugar no Global Management Chal-lenge edição 2008 – maior competição internacional de estratégia e gestão de empresas – em disputa de que partici-param mais de 200 grupos. A premia-ção foi realizada no dia 18 de dezembro, no Paulista Plaza Hotel, em São Paulo. Celso Dutra, superintendente de Aten-dimento da Grande São Paulo do CIEE, entregou o troféu à Brazileurs/CIEE, formada pelos estudantes Alan Lutzky

Saute, Bruno Oliva Peroni e Guilherme Fonseca Orso. Aberta a universitários, de pós-graduação e MBA, a competição visa destacar talentos, testar habilidades e conhecimentos em diferentes cená-rios por meio da simulação do mundo empresarial. Começou em Portugal em 1980 e, atualmente, está presente em 30 países. No Brasil, é organizada pela In-ternational Business Communications (IBC), em conjunto com a SDG - Simu-ladores e Modelos de Gestão de Portu-

gal. O título de 2008 ficou com a equipe iTGO, que conquistou o bicampeonato. Marcos Takiza-wa, Thiago Takahashi, Marcelo Takizawa, Marcelo Uenoyama e Mauro Fukunaga dividiram o prêmio de cinco mil reais e irão representar o país na Final Mun-dial em Lisboa, Portugal, nos dias 22 e 23 de abril.

Após a catástrofe das enchentes no Vale do Itajaí/SC, o CIEE de São Pau-lo ofereceu recur-sos para o CIEE de Santa Catarina para a contratação emergencial de 31 estagiários nas áre-as de Saúde, Serviço Social e Psico-logia, com o intuito de minimizar o sofrimento das vítimas das chu-vas. O acordo foi assinado em 16 de dezembro, com a prefeitura de Blumenau/SC. Para Mércio Felsky, presidente do CIEE de Santa Cata-rina, a intenção foi oferecer amparo médico e psicológico para melho-rar a autoestima e dar esperança para as pessoas atingidas.” As ati-vidades funcionaram como estágio não obrigatório, com supervisão dos professores, adequadas à nova Lei de Estágio.

Solidariedade

(Da esq. p/ dir.) Celso Dutra premia Alan Saute, Bruno Peroni e Guilherme Orso, da equipe Brazileurs/CIEE.

Elias Fernandes Neto, diretor do DNOCS: parceria para a contratação de 400 estagiários.

ção federal com atuação no Nordeste, com a finalidade de executar políticas de irrigação, saneamento básico e as-sistência às populações atingidas por calamidades.

Mércio Felsky

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CIEE em foco

56 Agitação nov/dez 2008

A formação de talen-tos é um dos segredos para manter viva a tradição de escritórios de advocacia. Esse é o caso da Penteado Mendonça Advocacia, que já está na quinta geração. “Investimos

na nossa equipe, capa-citando nossa mão-de-

obra com cursos e projetos sociais, além de procurarmos manter a fide-lidade e parceria”, diz Antonio Pentea-do Mendonça, que mantém em sua equipe profissionais há mais de 25 anos. Conselheiro do CIEE, o advo-gado contou, em matéria veiculada pela Gazeta Mercantil, em janeiro, que é difícil encontrar um profissio-nal que atenda ao perfil da banca. No entanto, segundo ele, a rotatividade no negócio não é benéfica. Por esse motivo, Mendonça busca formar seus talentos no próprio escritório.A Penteado Mendonça Advocacia possui mais de um século de tradição jurídica, iniciada em 1860, quando o primeiro membro de cinco gerações da família decidiu fundar seu pró-prio escritório. Antonio Penteado Mendonça é sucessor direto de Joa-quim Mendonça, Antonio Machado Mendonça, Jorge Mesquita Men-donça. Para perpetuar o sucesso do empreendimento, o conselheiro do CIEE ressalta a importância de que o herdeiro faça estágios em outros escritórios, além de manifestar o de-sejo de se manter à frente do negó-cio, “para que a transição seja feita de forma tranquila.”

Nova sedeem Teresina/PI

Mais conforto e facilidade de acesso para estudantes, empresas e esco-las. Essas são algumas das vantagens proporcionadas pelo CIEE, que está em novas e modernas instalações em Teresina/PI. Presente há 15 anos no estado, o CIEE administra o estágio de mais de dois mil estudantes, em parceria com aproximadamente 350 empresas, além de fazer a capacitação de 146 aprendizes para inserção no mer-cado de trabalho. As novas instalações foram inauguradas em 19 de novembro, com a participação de Rejane Ribeiro de Souza Dias, primeira-dama do estado; Washington Luís de Souza Bonfim, se-cretário de Educação e Cultura de Tere-

sina e Marcelo Gallo, superintendente de Atendimento Norte e Nordeste Brasilei-ro, além de autoridades estaduais e mu-nicipais. O novo endereço fica na Aveni-da Campo Sales, 1.315, Centro. Telefone (86) 3222.0401.

60 anos de idealismoNenhum dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos é respeitado uniformemente no mundo inteiro. O diagnóstico da Anistia Internacional deu o tom do III Ciclo de Palestras Educacionais, promovido pela Acade-mia Paulista de Educação (APE), com apoio do CIEE e da Academia Paulista de História (APH), Academia Cristã de Letras (ACL), Academia Internacional de Direito e Econo-mia (Aide) e do Centro do Professorado Paulista (APP). Ney Prado, presidente da Aide, em palestra sobre os 60 anos da declaração, observou que “o caminho é criar uma

cultura prática dos direitos humanos, em vez de se contentar apenas com o idealismo político das normas”. O encontro contou com comentários de Jair Militão, pró-reitor adjunto de pesquisa e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), e Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE e da APH. Ao fi-nal do evento, Wander Soares, conse-lheiro do CIEE, recebeu o diploma de membro honorário da APE e foi sau-dado por Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE e da ACL.

Talentos na própria casa

Ney Prado (acima): prática dos Direitos Humanos. (Ao lado): Pedro Kassab e Wander Soares.

Antonio Penteado Mendonça

Rejane Dias e Marcelo Gallo inauguram nova sede no Piauí.

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57Agitaçãojan/fev 2009 57Agitaçãojan/fev 2009

MEMÓRIA

Conselheiro do CIEE, jornalista e ex-presidente do Citibank, Alcides de Souza Amaral morreu na manhã do dia 30 de janeiro, em São Paulo, aos 72 anos. Nos últimos meses, passou mais tempo recluso em casa, em consequência de uma cirurgia no pé. Amaral deixa a mulher, Norma, e quatro fi lhos.Natural de Brodowski/SP, ele ingressou no banco norte-americano em 1955, como escriturário de uma agência em São Paulo, e logo abraçou defi nitivamen-te a carreira de bancário, galgando posições nas áreas administrativas até ser indicado à presidência. Além do Citibank, no qual permaneceu por 46 anos – aposentou-se em 2001 – , comandou também a Associação Brasileira de Ban-cos Internacionais. Autor de Os limões da minha limonada, livro com trechos autobiográfi cos, sempre foi um apaixonado pela escrita. Formou-se em Jornalis-mo, pela Faculdade Cásper Líbero – estudava pela manhã, e cumpria o horário das 13 às 19 horas no Citibank. Nos anos 1960, exerceu a profi ssão nos Diários Associados, do empresário Assis Chateaubriand. Um dos seus orgulhos como jornalista foi a série de reportagens que resultou na criação do Museu Casa de Portinari, em Brodowski, cidade natal do famoso pintor Cândido Portinari.Foi colunista do Estadão e entrou recentemente na era dos blogs, escrevendo textos na internet para o site de O Globo.Homem sério, às vezes até introspectivo, não abandonou o modo de vida simples. Gostava de tratamentos de saúde alternativos, como acupuntura e shiatsu. Após problemas de saúde, nos anos 1980, seguiu o conselho da mãe e tornou-se devoto de São Judas Tadeu. Ele dizia que tinha “muito mais a agradecer do que a pedir”.Crítico dos juros altos, afi rmava que o Banco Central era “doente por juros elevados”. Conselheiro do CIEE desde 2003, Amaral foi um participante dos mais assíduos nos ciclos de palestras promovidos pela entidade. Em 2006, apresentou seu case de sucesso – suas experiências durante a trajetória pelo Citibank – em palestras gratuitas em Presidente Prudente/SP, Maceió/AL e Natal/RN, sempre muito concorridas. Sua última palestra promovida pelo CIEE foi realizada em 29 de outubro do ano passado, em Piracicaba, e con-tou com a participação de mais de 500 pessoas. Para Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE, Amaral foi um homem de palavras sábias e gestos generosos. “Além de um exímio executivo, Alcides Amaral tinha uma sabedoria rara da macroeconomia”, recorda.Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administra-ção do CIEE, afi rma que Alcides partiu “um tanto quanto decepcionado com a vida, que lhe propiciou muitas vitórias, mas não permitiu que delas desfrutasse, no tempo reservado a esse desfrute”. “Vamos sentir sua falta, mas não o esqueceremos, tão forte era a sua capacidade de ligar-se aos ami-gos e às causas pelas quais propugnava.”

ALCIDES AMARAL Uma lição de competência

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58 Agitação jan/fev 2009

CAPACITAÇÃO

De volta às salas de aulaEntusiasmadas, pessoas da terceira idade aproveitam o tempo livre para retomar os estudos e melhorar a qualidade de vida.

Engana-se quem pensa que, depois de uma vida inteira de trabalho, as pes-soas da terceira idade querem apenas sombra e água fresca. Há quem troque as férias ilimitadas pela oportunida-de de obter novos conhecimentos ou realizar os antigos sonhos, sempre adiados. Determinados e cheios de energia, muitos vivem uma rotina agi-tada, complementada pela retomada das atividades escolares. É o caso de Vicente Laruccia, 81 anos, aposentado desde os 70 anos, um dos alunos mais dedicados da Universidade Aberta da Terceira Idade (Uati) da Universidade Guarulhos (UnG) – instituição que oferece cursos de atualização. Há três anos, ele decidiu voltar à sala de aula. “Não existe época certa para aprender, pois sempre é tempo”, diz. “Meus vi-zinhos gostariam de voltar a estudar, mas têm receio. Mesmo assim, vejo que admiram a minha iniciativa.” Sem as preocupações com trabalho e fi lhos, as pessoas da chamada melhor idade estão ansiosas por informações novas, e o diploma é apenas mais um benefício, já que o principal foco é aprender. “Diferentemente do aluno regular da universidade, a certifi cação é o que menos importa. Sua participa-

EaD para a “melhor idade”

Os mais curiosos estão ansiosos para usufruírem dos benefícios da tecnolo-gia, sobretudo da internet. Deixar de enfrentar fi las de banco para realizar pagamentos on-line é um convite e tan-to para as pessoas da chamada melhor idade. De acordo com estudo do Pew Internet & American Life, desde 2005, o segmento da população americana que mais cresceu na adesão à rede foi o de pessoas entre 70 e 75 anos. Há quatro anos, o percentual era de 26%, subin-do hoje para 45%. São pessoas como o brasileiro Gilberto Winter. Morador de Vicente e Adília (de preto) não dispensam as aulas de informática na universidade.

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59Agitaçãojan/fev 2009 59Agitaçãojan/fev 2009

ção decorre de um interesse pessoal, motivado por necessidades culturais, de inserção e atualização”, enfatiza Maria Helena Krüger, coordenadora da Universidade Aberta da UnG.Adquirir novos conhecimentos é a motivação de Adília Turatti Morosi-ni, 67 anos. Foi durante as aulas que descobriu o talento com as palavras e, para melhorar o enredo de suas histó-rias, optou por fazer o curso de Me-todologia da Linguagem. “Não pre-ciso tomar remédio para mais nada;

Praia Grande/SP, ele desenvolve traba-lhos como artista plástico há mais de 50 anos –tem mais de mil itens feitos com material reciclável e dez mil quadros vendidos – mas só há três anos decidiu aprender a teoria da profi ssão. Aluno de Educação Artística, viu na formação em Educação a Distância (EaD) pela Unisa Digital a possibilidade de conquistar seu primeiro diploma.Notando as facilidades da rede, optou também por aperfeiçoar seus conheci-mentos com os cursos de EaD do CIEE – já concluiu 12 dos 24 temas disponí-veis. Mas pretende realizar todos: “Faço

enquanto estudo, não tenho tempo para ter doenças”, brinca a aposentada, que ga-nhou o apoio da família. Já o pernambucano Benone Tomaz Silva, 72 anos, não teve a mesma sorte. Apenas a esposa o incentivou a reto-mar os estudos. “Meus fi lhos me dis-

seram que eu estava velho para voltar a estudar, que nessa idade eu deveria viajar em vez de perder tempo com livros.” Apesar disso, Silva não desani-mou e seguiu com o sonho de cursar Jornalismo. Mesmo tendo trabalhado com música, não fez a faculdade na

área porque assume co-nhecer tudo sobre o as-sunto. “Já no Jornalismo, há muitas informações novas.” Este ano conclui a graduação, mas nem cogita em parar por aí, e já faz planos para come-çar a iniciação científi ca. “No início da faculdade, senti muito preconcei-to por parte dos alunos, mas hoje conquistei meu espaço”, afi rma entusias-

mado “seu Benê”, como é chamado pelos colegas. “Para quem criou 12 fi lhos, e hoje tem 17 netos e uma bisneta, o resto é fi chinha.”

os cursos de outras áreas para me man-ter informado”, explica Winter.Já Carlos Alberto Escudeiro, 52 anos, voltou para a sala de aula para atender à demanda da empresa de telemarketing em que atua. Foi durante a formação em Gestão da Qualidade que conheceu os cursos de EaD, e após concluir cerca de oito módulos, elaborou palestras para os funcionários sobre o que aprendeu nas atividades. “Encontrei nos cursos uma excelente fonte de informação”, enfa-tiza. A tática deu certo e em menos de um ano ele foi promovido de supervisor de Qualidade a coordenador de Treina-

mento e Recursos Humanos.De acordo com Rosa Maria Simone, supervisora de Educação a Distância do CIEE, o que destaca os alunos mais velhos é o interesse de adquirir novas informações, independentemente de in-cluir na grade curricular atividades com-plementares. “Eles são motivados pela curiosidade em aprender novas técnicas e manifestam muita gratidão pela opor-tunidade de acesso ao programa.”

Maria Helena, da UnG: “A participação das pessoas mais velhas é motivada por

necessidades culturais.”

Benone Tomaz Silva deixou a carreira de músico para se dedicar ao Jornalismo.

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60 Agitação jan/fev 2009

Vencendo as resistências Cursos de Educação a Distância crescem 571% em três anos, e a tendência ainda é de alta.

A Educação a Distância (EaD) conquista a cada ano mais e mais adeptos no Brasil, vencendo resistências. Após pouco mais de dez anos do primei-ro curso de educação superior dessa modalidade, somam-se hoje mais de 700 mil alunos matriculados em graduação em EaD, e o número tende a crescer. O sistema atual é formado por 109 instituições, das quais 49 são particulares, 49 públicas e 11 comunitárias. Dados do Censo da Educa-ção Superior de 2006 mostram que, entre 2003 e 2006, os cursos de gra-duação em EaD cresceram 571%. Entre os mais procurados estão os de Administração, Pedagogia, Ciências Contábeis e Serviço Social. “A Edu-cação a Distância é a solução para a democratização do ensino no Brasil”, ressaltou Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), durante o 3º Encontro CIEE-ABED de Educação a Distância: A nova imagem da educação, em comemoração ao Dia Na-cional de EaD, em 27 de novembro.No encontro, especialistas discutiram a qualidade dos cursos não-presen-ciais e a importância de vencer os velhos preconceitos. “Alguns críticos dizem que não há socialização na EaD; pois eu digo que existe mais inte-ração entre os alunos, por causa da internet”, argumentou Litto. Quanto à crítica sobre a qualidade do ensino produzido nos cursos não-presenciais, o presidente da Abed utiliza os dados do último Exame de Desempenho dos Estudantes (Enade), em que alunos de EaD se saíram melhor em sete das 13 áreas avaliadas pelo Instituto Nacional de Estatutos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Por conta das demandas. Para Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE, ninguém conse-

Encontro CIEE-Abed atrai especialistas e expositores.

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61Agitaçãojan/fev 2009

guirá impedir o crescimento da EaD no país. “Por causa de suas limitações, o ensino presencial não consegue dar conta das demandas, tornando o en-sino a distância um processo irrever-sível”, comentou. Ele lembrou ainda que o receio de a modalidade tirar emprego dos professores não faz sen-tido. “É como aquele medo de que as máquinas substituíssem os homens.” De acordo com a professora Maria Beatriz Gonçalves, do setor virtual da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), esse temor dos docentes não encontra respaldo na realidade. “Para vencer as críticas e a resistência cultural, é necessário mos-trar mais e mais a qualidade do ensi-no a distância”, disse. O professor João Vianney, da Unisul virtual, afirmou que, com os resultados apresentados

no Enade, “quem tem de estar de joe-lho no milho é o ensino presencial”.Diferentemente do que muitos pen-sam, para conseguir acompanhar um curso de graduação de EaD são ne-cessárias muitas horas de dedicação e organização. “Perdi muitos alunos porque eles pensaram que não preci-savam estudar”, contou o professor. Em média, seus alunos lêem cerca de três mil páginas de conteúdo por ano. “Se não se dedicar de 14 a 16 horas sema-nais para o estudo, não acompanhará o curso”, alerta.Outra faceta que a EaD proporciona e que se populariza a cada ano são os eventos de educação continuada em várias carreiras e os cursos de aper-feiçoamento e capacitação, como os oferecidos pelo CIEE. Para Rosa Ma-ria Simone, supervisora de Educação a Distância da entidade, o foco está na formação do jovem para o mercado de trabalho. “Os cursos são altamente mo-tivadores para atrair o estudante, sem-pre focados em situações do cotidiano”. Ao todo são oferecidos 24 cursos para estudantes cadastrados no portal do CIEE (www.ciee.org.br). Já foram rea-lizados mais de 500 mil treinamentos, atingindo uma clientela de todos os cantos do Brasil. “O ensino a distância

é uma realidade necessária em nosso país de dimensões continentais” disse Luiz Gonzaga Bertelli, presidente exe-cutivo do CIEE.

Na videoconferência. Um dos mo-mentos marcantes do evento foi a palestra via vídeoconferência, direto de Brasília, de Carlos Bielschowsky, secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação (MEC). Ele deixou claro que a EaD conta com o apoio do governo federal. “O pre-sidente da República, assim como o ministro da Educação, Fernando Ha-ddad, acredita no ensino a distância.” Durante a palestra, o secretário reve-lou os motivos que levaram o MEC a autuar algumas instituições que apli-cavam cursos a distância. Segundo ele, foram encontrados problemas de estrutura em alguns dos cursos avalia-dos, como a falta de tutores especiali-zados. “A instituição tem de estar em contato com o estudante.”Para o presidente da Abed, é importante que o MEC faça a fiscalização e moni-toramento dos cursos. “No entanto, eles precisam entender que não pode haver um modelo único, pois os cursos são bastante diferentes entre si”, afirmou.

Acima, Frederic Litto, presidente da Abed; ao lado, videoconferência com Carlos Bielschowsky, do MEC.

Maria Beatriz Gonçalves, da PUC/MG: “Para vencer as críticas, é necessário mostrar a qualidade de ensino da EaD.”

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E V E N T O S

62 Agitação jan/fev 2009

“Inovação só se consegue por meio de pessoas”, afi rmou Celso Marques, dire-tor de Recursos Humanos da Votoran-tim Finanças, encerrando o Ciclo CIEE de Palestras sobre RH de 2008. Acom-panhado de Rosemary Deliberato, superintendente de RH da empresa, ele apresentou um modelo de gestão de pessoas, baseado em dois conceitos: clima organizacional e remuneração variável. Com isso, Marques busca in-citar, nos funcionários, o trabalho com “brilho nos olhos”. De acordo com o diretor, para implantar o primeiro item na Votorantim Finanças, eles fi zeram uma pesquisa de clima, o que possibi-litou uma análise do ambiente e o grau de satisfação. Com os resultados, foi possível implantar ações para aprimo-rar o ambiente organizacional.Outra medida foi tornar mais claros cer-tos processos da empresa, como a merito-cracia. “Isso deixa claro aos funcionários que quando uma pessoa é promovida,

O futuro dos cursos técnicos

A trajetória do ensino técnico profi s-sionalizante no Brasil tem seus altos e baixos. Segundo Almério Melquía-des de Araújo, coordenador de Ensi-no Médio e Técnico do Centro Paula

Souza, esses cursos tive-ram, entre os anos 1970 e 1980, grande impor-tância, caracterizada, principalmente, pela quantidade de alunos matriculados. No início da década de 1990, po-

rém, houve um recesso em termos de propostas e quali-

dades dos cursos, o que provo-

Em busca do brilho nos olhos

cou desinteresse dos estudantes. A solução apontada pelo especialista durante a palestra O futuro dos Cursos Técnicos do Brasil, proferida no último Encontro com Educadores de 2008, é o uso de novas tecnologias como a edu-cação a distância, que pode auxiliar as escolas de ensino técnico a atender to-dos os interessados. Araújo apresentou o programa Telecurso Tec, oferecido pelo Centro Paula Souza em parceria com a Fundação Roberto Marinho, que oferece cursos profi ssionalizantes em três moda-lidades: aberta (por meio de programas televisivos), presencial e on-line.28/11 - Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP

foi por mérito próprio”, argumentou. Se-gundo ele, a educação corporativa é um meio efetivo para conquistar um bom ambiente organizacional. Entre as ações, estão os programas de estágio e trainee e o serviço de coaching, espécie de consul-tor de carreiras. A remuneração variável

também gera comprometimento, mas exige clareza. “Esse modelo bem apli-cado estimula a valorização do trabalho em equipe, a integração das pessoas e áreas, e a busca de resultados por meio do empreendedorismo”, diz.2/12 - Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP

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63Agitaçãojan/fev 2009

A partir da II Guerra Mundial, com a necessidade da reconstrução das cidades destruídas pelo confl ito, a industriali-zação teve um papel importante, numa onda de crescimento mundial movida pelo petróleo, fonte de energia barata na época. No Brasil, a industrialização teve seu auge entre os anos 1950 e 1970, apro-veitando a mesma esteira. No entanto, em 1973, ocorreu a crise do petróleo, quando os países fornecedores decidi-ram diminuir a oferta para aumentar o preço do combustível. A crise do pe-tróleo teve refl exos graves na economia mundial. As nações tiveram de buscar outras fontes de energia, dedicando seus estudos ao desenvolvimento tecnológico, ligado à informática. Com o avanço dos computadores, os trabalhadores braçais

Para manter o equilíbrio social da indústria perderam espaço no mer-cado de trabalho. Com isso, uma parcela da população teve de ir para a informali-

dade, massifi cando a população carente das grandes cidades. “Foi essa necessida-de que permitiu o desenvolvimento das entidades de 3º Setor, com a intenção de manter o equilíbrio social”, revelou Ana Amélia Mascarenhas Camargos, pro-fessora de Direito da Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo (PUC-SP), durante o 55º Encontro CIEE do 3º Se-tor. Na ocasião, a professora apresentou um histórico sobre o 3º Setor, sua impor-tância na sociedade e as novidades tra-balhistas que as cercam. Segundo a juris-ta, essas entidades podem contratar todo tipo de atividade trabalhista, mas devem tomar cuidado com as terceirizações e os autônomos, para não correr riscos de futuros processos judiciais.12/12 – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP

Comunicação nas organizações foi o tema abordado por J.B. Oliveira, presidente da Associação Paulista de Imprensa (API), na palestra realizada em 20 de novembro, na Pousada da Conquista Resort Spa, em Vitória da Conquista/BA.

No dia 25 de novembro, João Jonas Veiga Sobral, professor de Língua Portuguesa no Colégio Rio Branco e na Escola Móbile/SP abordou o tema Redação corporativa, no Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia, em Itabuna/BA.

Marta Misina, diretora de RH do Zambon Laboratórios Farmacêuticos, proferiu a palestra A contratação de pessoal capacitado para as empresas, no dia 12 de novembro, no Hotel Escola Senac Barreira Roxa, em Natal/RN.

No dia 3 de dezembro, Margareth Bianchini, diretora da MBianchi-ni Consultoria Empresarial, pro-feriu a palestra Novas tendências da liderança, no auditório do Cor-reio Braziliense, em Brasília/DF.

A comunicação e a efi ciência da gestão foi o tema apresentado por Odilon Soa-res Leme, responsável pela vinheta S.O.S. Língua Portuguesa da Rádio Jovem Pan AM, no dia 9 de dezembro, no Del Mar Hotel, em Aracaju/SE

Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE, proferiu a palestra A nova Lei do Es-tágio – Avanço ou retrocesso?, em 2 de dezem-bro, no auditório Victor Lanza, da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Supe-rior (Abmes), em Brasília/DF.

AGENDA

Page 64: Revista Agitação 85 - CIEE

64 Agitação jan/fev 2009

Paulo Nathanael Pereira de Souza

64

ANÁLISE

PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA É DOUTOR EM EDUCAÇÃO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DO CIEE NACIONAL E DO

Portugal a velas plenas

Estive em outubro passado em Coim-bra, a convite da quase milenar uni-versidade para duas participações: assinar o protocolo entre ela e o CIEE, para a mútua atuação em progra-mas diversos de interesse de ambas as partes; e proferir conferência no seminário, que a universidade sedia-va, sobre o tema Futuro das Univer-sidades: o Mercado e a Sociedade. Acompanhou-me Antonio Penteado Mendonça, jornalista brasileiro e membro do Conselho Administrati-vo do CIEE, que, aliás, brindou os acadêmicos conimbricenses com uma excelente palestra sobre a na-tureza e os fins do CIEE.Diversas foram, ao longo da vida, minhas viagens a Portugal. Umas, ao tempo da velha terrinha, com as suas intocadas tradições nos vi-larejos e quintas (palavra de onde saiu o nosso quintal), com estra-das ruins e custo de vida baixís-simo. Outras, na transição para a integração do país na Comunidade Européia e as primeiras moderniza-ções viárias, aeroviárias e monetárias (estas, com reflexos no custo de vida, que se euroficou e não parou de su-bir). E esta última, que revelou um país em pleno desenvolvimento, com rodovias que nada devem às melhores do primeiro mundo, e transformações urbanas jamais sonhadas pelos que lá estiveram 20 ou 30 anos atrás e não mais retornaram. Portugal navega

hoje na modernidade a velas plenas. Outra surpresa agradável, tive-a na Universidade de Coimbra, com suas edificações medievais no alto do morro em que o rei D. Diniz cons-truíra sua casa (a reitoria ainda hoje

funciona exatamente nessa conser-vadíssima e majestática mansão de 1307, quando a universidade, fun-dada em 1290, em Lisboa, foi para lá transferida) e a imensa cidade universitária, com seus edifícios modernos, que se derramam pelos taludes da elevação e se ampliam para os bairros periféricos, onde se instalaram os três hospitais da en-tidade e vários de seus institutos de pesquisa e extensão. Também me deixaram boquiaberto os avan-ços de modernidade, que pude ob-servar em seus programas, em total integração com a universidade do futuro, de todos os países de ponta da Europa e da América do Norte (Estados Unidos e Canadá). A ciên-cia e a tecnologia estão a serviço do ensino, que se volta para a for-mação empreendedora dos alunos, e a sua inserção pragmática nas exigências da era do conhecimen-to, em que se vive.Cada área profissional se instrumen-ta com o recurso das incubadoras, para a iniciação prática dos forman-dos nas mais sofisticadas e avança-das pesquisas sobre a aplicabilidade mercadológica dos saberes disponi-bilizados pela universidade a seus alunos. Fomos, eu e o conselheiro Penteado, passar tardes inteiras em dois tipos dessas incubadoras: uma, o Instituto Pedro Nunes, que aloca espaço, assistência técnica, metodo-

A universidade deCoimbra avança na

área de ciência etecnologia, a serviço

do ensino voltadopara a formação

de jovens com açõesempreendedoras e para

inserção na era doconhecimento.

Page 65: Revista Agitação 85 - CIEE

65Agitaçãojan/fev 2009

A

65CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO CIEE/SP E PRESIDENTE DA ACADEMIA CRISTÃ DE LETRAS (ACL).

logias modernas (com predominância de TI), laboratórios e horários de ati-vidades aos alunos das ciências hu-manas aplicadas. Saem da incubadora ou com a própria empresa organizada e em pleno funcionamento, ou com empregos bem remunerados, nas em-presas que adotaram os seus proje-tos de incubação; outra, instalada na freguesia de Contanhede, denomina-da Biocant Park, algo tão espantosa-mente futurista – nas pesquisas de células-tronco, genomas, etc. e nos equipamentos postos à disposição dos ali matriculados – que parecia estarmos num mundo inteiramente concebido pela ilimitada imaginação de Arthur Clark. É a materialização da ficção científica, nas suas mais inesperadas concepções.Por toda parte desse prédio de vários pavimentos, todo em vidro e concre-to, leem-se nas projeções luminosas e nos painéis: 1 – O Biocant Park é o primeiro parque de biotecnologia do país, cujo objetivo é patrocinar, desen-volver e aplicar o conhecimento

avançado na área das ciências da vida, apoiando iniciativas empre-sariais de elevado potencial;2 – Disponibilizamos em ambiente propício à inovação e à aplicação do conhecimento de ponta na criação da riqueza;3 – O centro de investigação Biocant é o principal protagonista do Biocant Park, sendo responsável pela criação e transferência de conhecimento, es-sencial para o arranque e a explora-ção comercial de iniciativas inovado-ras em Biotecnologia.4 – As incubadoras promovem a cria-ção de empresas spin-offs através do apoio a idéias inovadoras e de base tecnológica vindas dos seus próprios laboratórios, de instituições de ensi-no superior, em particular a Univer-sidade de Coimbra, do setor privado e de projetos de I e DT em consórcio com empresas. Há fácil acesso ao sis-tema científico e tecnológico e de um ambiente propício ao alargamento de conhecimentos e sua aplicabilidade.Nos folders em inglês, que nos foram distribuídos, pode-se saber quais os principais campos trabalhados pelos usuários dessa incubadora, a saber: Bioinformatics, Cell Biology, Genomics, Microbiology, Molecular Biotecnology, Sistems Biology e Advanced Services.A maior vantagem inscrita no pro-tocolo assinado está na troca de expertise entre os signatários: o CIEE poderá exportar a Coimbra seu know-how sobre estágios de estu-dantes com vistas ao mercado de trabalho, e de lá importar modelos, como o das incubadoras, para pas-sá-los a escolas e empresas, com vistas à qualificação de estagiários, habilitando-os a abrir seus próprios negócios (empreendedorismo).

Portugal navega hoje na modernidade. Um país em pleno desenvolvimento,

com rodovias que nada devem às melhores do primeiro mundo,

e transformações urbanas jamais

sonhadas há 20 ou 30 anos.

Page 66: Revista Agitação 85 - CIEE

CULTURALCULTURAL

66 Agitação jan/fev 2009

Sexta reforma ortográfi ca entra em vigor no Brasil, altera 0,5% do vocabulário, e deverá estar totalmente adotada até 2012.

Os brasileiros comuns parecem atur-didos, sem entender bem o que está ocorrendo. Estudantes em séries mais avançadas reclamam ao ter de reapren-der lições que já consideravam perfei-tamente absorvidas. Editoras estudam como compensar os custos necessários para atualizar o conteúdo de livros a se-rem lançados ou reeditados. Empresas de soft wares já começam a adaptar as ferramentas de seus programas de pro-cessamento de texto em computador, como o corretor ortográfi co, o hifeni-zador e o dicionário de sinônimos. Até quem produz tecnologia para celulares está modifi cando os parâmetros para soft wares que completam palavras quando o usuário escreve um torpe-do. Enquanto isso, acalorados embates, antes restritos ao rarefeito universo de especialistas, ganham repercussão pú-blica, com jornais, rádios, revistas e televisões divulgando as divergências de opinião, que envolvem a vetusta Academia Brasileira de Letras (ABL), guardiã ofi cial do idioma, escritores, fi lólogos, educadores, jornalistas e ou-tros interessados.O fato que atraiu a escrita para o centro das atenções foi a recente aprovação da sexta reforma da grafi a do idioma por-tuguês realizada nos 509 anos do des-cobrimento. Essa é a primeira reforma pilotada a partir do Brasil e atinge ape-nas 0,5% das palavras registradas no Vocabulário Ortográfi co da Língua Por-tuguesa (Volp), uma lista publicada pela ABL e adotada como a bíblia do idioma. Com previsão de lançamento no fi nal de

janeiro, o Volp vem com a assinatura do linguista Evanildo Bechara, membro da ABL que recebeu o título de Professor Emérito 2008, atribuído anualmente pelo CIEE e pelo jornal O Estado de S. Pau-

lo. Bechara ocupa a cadeira 33 da ABL desde 2000 e é considerado por muitos como o maior fi lólogo brasileiro. Aos 80 anos, tem a espinhosa missão de decidir as inevitáveis dúvidas, questionamentos e pendências. “Não me sinto confortá-vel nessa posição. É muito incômodo e é claro que a interpretação que fi z está su-jeita a erros. Só não erra quem não faz”,

Cabo VerdeContinente África

Capital PraiaPopulação 530 mil

Extensão 4,03 mil km²

Guiné-BissauContinente África

Capital BissauPopulação 1,7 milhão

Extensão 36,1 mil km²

PortugalContinente Europa

Capital LisboaPopulação 10,6 milhões

Extensão 92.389 km²

São Tomé e PríncipeContinente ÁfricaCapital São ToméPopulação 158 milExtensão 964 km²

AngolaContinente África

Capital LuandaPopulação 17 milhõesExtensão 1,2 milhão

de km²

MoçambiqueContinente ÁfricaCapital Maputo

População 21,4 milhõesExtensão 801,5 km²

BrasilContinente América do Sul

Capital BrasíliaPopulação 190 milhõesExtensão 8,5 milhões

de km²

Timor LesteContinente Ásia

Capital DiliPopulação 1,2 milhão

Extensão 14,8 mil km²

Há mais seis locais onde oportuguês é falado, mas nãoé a língua ofi cial.

MACAU(Região Administrativa da China)Continente ÁsiaPopulação 538 milExtensão 28,6 km²

GOA(estado da Índia)Continente ÁsiaPopulação 1,4 milhãoExtensão 3,7 mil km²

DAMÃO(cidade da Índia)Continente ÁsiaPopulação 114 milExtensão 72 km²

DIU(cidade da Índia)Continente ÁsiaPopulação 21,6 milExtensão 40 km²

DADRÁ E NAGAR ÁVELI(territórios da Índia)Continente ÁsiaPopulação 220 milExtensão 487 km²

MACAUMACAU

OAOA

AS LÍNGUAS MAISFALADAS NO MUNDO

Português ocupa a sextaposição do ranking, com230 milhões de falantes.1. Mandarim2. Espanhol3. Inglês4. Árabe5. Hindi6. Português

LIGADOOOSS PPOOORRR UUMM SSÓÓÓ IDDIIOOMMA

Aplicação lenta e gradualA lei estabelece vários prazos

até a adoção integral dareforma ortográfi ca. Uma das

vantagens será aproveitarmilhões de livros.

Conheçam agora os oito países que se adequarão ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, reúnem 230 milhões de pessoas:

PopuE

a

hõeso Verdeo Verde

Guiné BisGGuiné-Bis

AngollaAngollllal

iTi

mapa da reforma ortográfica_atualizado.indd 1 20/2/2009 16:14:00

Page 67: Revista Agitação 85 - CIEE

67Agitaçãojan/fev 2009

declarou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na qual é apresentado como o senhor das letras. Bechara, entretanto, tem como bagagem uma das mais ativas participações na reforma que afetará 230 milhões de falantes, espalhados por oito países, número que torna o português o sexto idioma mais falado no mundo e o terceiro do Ocidente.

Concessões de Portugal. É exatamente a dimensão geográfi ca que fundamen-ta uma das raras unanimidades que

cercam o acordo: sua importância é muito mais de ordem política do que de ordem linguística, pois até agora, o português era o único idioma ocidental com duas ortografi as ofi ciais: a brasilei-ra, e outra usada no país europeu e nas ex-colônias asiáticas e africanas. Antes, qualquer texto redigido nos outros sete países tinha de ser refeito ao chegar ao Brasil, para adaptação às normas aqui vigentes, e vice-versa. Desta vez, Portu-gal fez a maior concessão, ao abrir mão das consoantes mudas, uma herança do

latim que era mantida na escrita, mas não pronunciada na leitura. Daqui para frente, elas devem ser esquecidas, como parte do 1,6% das palavras do vocabulário ofi cial português que será alterado. Um exemplo: até a aprovação do acordo, “o director de uma escola de Lisboa faria uma óptima viagem ao Egipto, adoptando uma económica agenda de actividades pagas”. Já “o di-retor de uma escola de São Paulo faria uma ótima viagem ao Egito, adotando uma econômica agenda de atividades

Cabo VerdeContinente África

Capital PraiaPopulação 530 mil

Extensão 4,03 mil km²

Guiné-BissauContinente África

Capital BissauPopulação 1,7 milhão

Extensão 36,1 mil km²

PortugalContinente Europa

Capital LisboaPopulação 10,6 milhões

Extensão 92.389 km²

São Tomé e PríncipeContinente ÁfricaCapital São ToméPopulação 158 milExtensão 964 km²

AngolaContinente África

Capital LuandaPopulação 17 milhõesExtensão 1,2 milhão

de km²

MoçambiqueContinente ÁfricaCapital Maputo

População 21,4 milhõesExtensão 801,5 km²

BrasilContinente América do Sul

Capital BrasíliaPopulação 190 milhõesExtensão 8,5 milhões

de km²

Timor LesteContinente Ásia

Capital DiliPopulação 1,2 milhão

Extensão 14,8 mil km²

Há mais seis locais onde oportuguês é falado, mas nãoé a língua ofi cial.

MACAU(Região Administrativa da China)Continente ÁsiaPopulação 538 milExtensão 28,6 km²

GOA(estado da Índia)Continente ÁsiaPopulação 1,4 milhãoExtensão 3,7 mil km²

DAMÃO(cidade da Índia)Continente ÁsiaPopulação 114 milExtensão 72 km²

DIU(cidade da Índia)Continente ÁsiaPopulação 21,6 milExtensão 40 km²

DADRÁ E NAGAR ÁVELI(territórios da Índia)Continente ÁsiaPopulação 220 milExtensão 487 km²

MACAUMACAU

OAOA

AS LÍNGUAS MAISFALADAS NO MUNDO

Português ocupa a sextaposição do ranking, com230 milhões de falantes.1. Mandarim2. Espanhol3. Inglês4. Árabe5. Hindi6. Português

LIGADOOOSS PPOOORRR UUMM SSÓÓÓ IDDIIOOMMA

Aplicação lenta e gradualA lei estabelece vários prazos

até a adoção integral dareforma ortográfi ca. Uma das

vantagens será aproveitarmilhões de livros.

Conheçam agora os oito países que se adequarão ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, reúnem 230 milhões de pessoas:

PopuE

a

hõeso Verdeo Verde

Guiné BisGGuiné-Bis

AngollaAngollllal

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mapa da reforma ortográfica_atualizado.indd 1 20/2/2009 16:14:00

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CULTURALCULTURAL

68 Agitação jan/fev 2009

verbo ter) e têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo), o mesmo valendo para vem e vêm.

Inevitáveis divergências. Os mais cé-ticos quanto aos efeitos da reforma di-zem, meio em tom de blague, que ela servirá apenas para denunciar a idade de quem escreve: se, dentro de alguns anos, alguém escorregar e pespegar um acento agudo na palavra heroico, só pode ter aprendido a escrever antes de 2009. Os mais radicais descartam a ne-cessidade de reforma, sob o argumento que França e Inglaterra nunca pensa-ram em mudar grafi as, apesar das di-ferenças que existem entre o berço do idioma e outros países que o adotam. O mesmo argumento vale para os ar-dorosos defensores de mudanças, que utilizam outro exemplo: o espanhol, idioma mais falado no Ocidente e o segundo do mundo, tem a mesma gra-fi a em todos os países da comunidade

pagas”. Agora, a grafi a será a mesma nos oito países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa que inclui, além de Brasil e Portugal, Angola, Cabo Ver-de, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. As diferenças eram ainda maiores em 1911, quando Portugal fez a primeira reforma ortográfi ca do século passado, eliminando o ph de “pharmacia” e al-guns outros complicadores – e o Brasil não acompanhou, só vindo a aceitar parcialmente as mudanças na refor-ma de 1943 e completá-las em 1971, quando eliminou os acentos diferen-ciais e subtônicos em palavras como “êles” e “simbòlicamente”. Mesmo as-sim, permaneceram algumas exceções, agora erradicadas, como os acentos diferenciais em “pára” (verbo), “pêlo” (substantivo) e “pólo” (substantivo), cujo sentido deverá ser entendido no contexto da frase. Mas outras continu-am mantidas, como pôde (3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder) e pode (3ª pessoa do pre-sente do indicativo) ou tem (3ª pessoa do singular presente do indicativo do

linguística, embora cada um mantenha sua maneira de falar. O acordo não afetará a pronúncia das palavras, como lembrou o escritor ango-lano José Eduardo Agualusa, em entre-vista à revista Época: “Vamos continuar falando ônibus no Brasil, autocarro em Portugal e xibombo em Angola.” Como ponto positivo, “o acordo mostra, sim-bolicamente, que existe um elemento de unidade entre os povos de língua portu-guesa”, declarou, na mesma reportagem, José Luiz Fiorin, professor da Universi-dade de São Paulo e membro da Comis-são de Língua Portuguesa (Colip), que participou das discussões sobre o acor-do, aprovado em 1990, assinado em 2006 por três países (Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Princípe) e fi rmado por Portugal em 2008, após muita resistência.As críticas mais procedentes às mu-danças passam longe do viés político e têm caráter bem prático, apontando principalmente os pontos obscuros.

Numa aplaudida conferência na Aca-demia Brasileira de Letras (ABL), o escritor José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, afi rmou convictamen-te que “a língua portuguesa é muito linda.” Concordamos, acrescentando: linda e difícil. Ninguém pode se iludir com a musicalidade do nosso idioma, oriundo do latim vulgar. Hoje, falado por 235 milhões de pessoas, espalha-das pelo mundo inteiro.No último levantamento feito por fi lólogos brasileiros, como se ex-pressa no Vocabulário Ortográfi co da Língua Portuguesa, editado pela ABL, trabalhamos com 360 mil ver-betes. Quem tiver o pleno domínio de 10% desse total será capaz de es-crever adequadamente, como exige a norma culta, nem sempre bem

A LÍNGUA DO DIABO

Evanildo Bechara tem a missão de decidir as dúvidas e pendências da nova reforma.

compreendida, do nosso cotidiano.Estamos começando a adotar os crité-rios do Acordo Ortográfi co de Unifi ca-ção da Língua Portuguesa. Jornais como O Estado de S. Paulo, de longa tradição em nossa imprensa, prometem respeitar os novos termos, com a grafi a unifi cada que terá grande importância, no con-certo internacional, do ponto-de-vista estratégico. Por isso mesmo, o sucesso dessa implementação dependerá fun-damentalmente da adesão dos professo-res. Se houver relaxamento na matéria, pode-se estimar uma grande bagunça no trato da língua.Outro dia, conversando com alguns aca-dêmicos, surgiu uma acesa discussão so-bre o emprego do “internetês”. Um deles chegou a proclamar que se trata da “lín-gua do diabo”, tal a sua indignação com

ANDR

É LU

IZ M

ELLO

Page 69: Revista Agitação 85 - CIEE

69Agitaçãojan/fev 2009

Por exemplo, um dos itens estabelece que palavras compostas “cuja noção de composição se perdeu” não devem ser ligadas por hífen. Ora, quantos fa-lantes comuns entenderão tal regra? Certamente, a grande maioria con-tinuará sem saber como informar à seguradora que, num acidente, o pa-rabrisa (ou será para-brisa?) dianteiro se quebrou. Entre outras exceções, a regra que manda usar hífen nas pa-lavras compostas em que o primeiro termo termina com a mesma vogal que inicia o segundo não vale para co-operar, coordenar, reeditar, reeleger e seus derivados. Reconheça-se, a bem da verdade, que há pontos bem cla-ros, como a eliminação sumária do trema. Bem entendido, sumária, com exceções: os dois pontinhos continu-am no teclado e nas palavras de ori-gem estrangeira com trema no origi-nal, caso de Gisele Bündchen, Müller e Ravensbrück.

absurda a argumentação do professor da Unicamp de que “as alterações são des-necessárias e alteram, fundamentalmen-te, a ortografia de Portugal”. De onde terá saído essa idéia?Comparando o fenômeno com o uso de gírias e estrangeirismos, o prof. Geraldi acha que a principal inovação, hoje, é o modo como os jovens escrevem nos chats, na Internet. Proclama: “É uma nova ortografia que está surgindo.” Na nossa opinião é um exagero, modismo importado, que só dificulta a apreensão dos conhecimentos necessários. Isso ainda vai render muita discussão.

do ortográfico que o Brasil assine com Portugal”. E exagerou: “Esse acordo não representa nada do ponto-de-vista lin-guístico. As mudanças objetivam apenas atender aos interesses de mercado.”É uma acusação despropositada. O as-sunto está sendo tratado há mais de 20 anos. De parte do Brasil, a liderança sempre foi do insuspeito filólogo e aca-dêmico Antonio Houaiss. Em sua argu-mentação, ele sempre procurou agir de forma a respeitar a soberania, os usos e costumes dos países da comunidade lu-sófona. As modificações propostas não chegam a abranger 1,5% dos vocábulos em uso nas Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que torna

ARNALDO NISKIER É MEMBRO DA ABL E PRESIDENTE DO CIEE/RIO.

Entendimento amplo. Afinal, por que tanta preocupação com dois pontinhos, tracinhos, letras dobradas, acentos? Acontece que a linguagem é essencial para o relacionamento, a formação e a formulação do pensamento entre os se-res humanos. Se, como admitem os cien-tistas, as pessoas nascem com o cérebro preparado para a fala, ninguém sai do berço sabendo que palavras proparoxí-tonas devem ter as sílabas tônicas obri-gatoriamente acentuadas. Isso é uma convenção, que uniformiza a escrita e indica a pronúncia dos vocábulos, de forma a facilitar a comunicação, a com-preensão e a transmissão dos saberes entre as gerações, tanto futuras e anti-gas, como as contemporâneas. Por tal razão, é importante aprender, reapren-der e recapitular a ortografia. Afinal, se é falando que a gente se entende, tam-bém é verdade que escrever de acordo com os padrões aceitos por todos tem o condão de evitar confusões e facili-

tar a comunicação entre os falantes do mesmo idioma, preservando a identi-dade cultural sem deixar de absorver a riqueza da diversidade dos ramos que nasceram do mesmo tronco. No nosso caso, de Portugal.

o que algumas escolas têm estimulado no espírito dos alunos que passaram a dominar o uso do computador. Nossa opinião não é tão radical, mas é preocu-pante que os adolescentes estejam usan-do, na sua intercomunicação, vocábulos inventados, sob o pretexto discutível de facilitar as coisas. Isso não os afasta irre-mediavelmente dos padrões cultos que serão exigidos nas provas e concursos posteriores?A propósito, permitimo-nos discordar da polêmica levantada pelo professor João Wanderley Geraldi, da Unicamp/SP. Em conferência na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, com o brado de “mais textos, menos gramática”, defendeu que a forma de comunicação usada na Inter-net “é um fenômeno lingüístico muito mais importante do que qualquer acor-

A população terá até 2012 para se ade-quar às novas regras do Acordo Ortográ-fico. O mesmo prazo, porém, não é válido para as editoras. A partir de 2010 serão regularizados os livros do pri-meiro ao quinto ano do Ensi-no Fundamental, e em 2011, do sexto ao nono ano. Por fim, no ensino médio a medida tem início a partir de 2012. Até lá, os alunos dos dois ciclos conviverão com a grafia antiga e a nova. Apesar disso, todos os demais textos produzidos a partir de 2009 deverão seguir as novas regras.

PRAZO DE TRANSIÇÃO PARA O NOVO ACORDO

ORTOGRÁFICO

A

Page 70: Revista Agitação 85 - CIEE

70 Agitação jan/fev 200970 Agitação jan/fev 2009

DICAS DE PORTUGUÊS

Reforma ortográfi ca

DAD SQUARISI

Está lembrado? No primeiro dia de 2009 entraram em vigor as novas regras or-tográfi cas da língua portuguesa. Até 31 de dezembro de 2012, conviverão as duas grafi as. Em concursos, vestibulares, correspondências, você pode jogar na equipe do passado ou na do presente. Em 2013, só a novidade terá vez. As mudanças são poucas. Mas serão exigidas no português nosso de todos os dias. Que tal adotá-las desde já? A seguir, você tem um resumo das alterações. Guarde-o para consulta. Quando pintar a dúvida, oba! Ele será pra lá de bem-vindo.

O QUE MUDA?

Adapte o texto abaixo para as novas normas:“As conseqüências”, diz o conselheiro Acácio, “vêm depois.” O personagem de Eça de Queiroz era o mestre das obviedades. Por isso, ficaria chocado com os chutes que se fazem sobre a crise internacional. Sem idéia clara do que virá, economistas se aventuram a vôos sem rumo. Alguns vêem recessão próxima. Outros, depressão. São metros e metros de papéis gastos em futuro-logia. Talvez, se tivessem bola de cristal, pudessem ver cenário mais definido capaz de diminuir a feiúra assustadora que se desenha. É possível que a verdade apazigúe os ânimos.

TESTE

Além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem, vice: além-mar, aquém-muros, ex-presidente, pós-graduação, pré-primário, pró-reitor, recém-chegado, sem-terra, vice-presidente.

A reforma é ortográfica.

Refere-se só à grafia das palavras. Pronúncia,

concordância, regência, crase continuam como dantes no quartel de Abrantes.

EXIGEM O HÍFEN SEMPRE

Alfabeto: entram as letras k, w e y.

O trema desaparece, mas a pronún-cia se mantém. Freqüente, tranqüilo, lingüeta, lingüiça passam a se grafar frequente, tranquilo, lingueta, linguiça.

O chapéu do hiato ôo se despede. Vôo, abençôo, perdôo viram voo, abençoo, perdoo.

O circunflexo do hiato êem dizadeus. Vêem, crêem, dêem, lêem ganham a forma veem, creem, deem, leem.

O agudo do u tônico dos verbos apaziguar, averiguar, argüir & cia. some. Apazigúe, averigúe e argúe ganham a forma apazigue, averigue, arguem.

O i e u antecedidos de ditongo perdem o grampo. Feiúra, baiúca, Sauípe viram feiura, baiuca, Sauipe.

Os ditongos abertos éi e ói se despedem do acento nas paroxítonas. Idéia, jóia, jibóia exibem a forma ideia, joia, jiboia.

(O grampinho permanece nas oxítonas e monossílabos tônicos: papéis, herói, dói.)

Os acentos diferenciais das paroxítonas se vão. Pêlo, pélo, pára, pólo, pêra se transformam em pelo, para, polo, pera.

(Mantém-se o chapéu de pôde, passado do verbo poder, e do verbo pôr).

DICA 1

HÍFEN

Prefixos seguidos de h: anti-higênico, super-homem, micro-história, extra-humano, co-herdeiro, proto-história, sobre-humano, ultra-heróico.Exceção: subumano

Page 71: Revista Agitação 85 - CIEE

71Agitaçãojan/fev 2009

DICA 3

Como é?Li com cuidado a coluna que tratou do emprego dos pronomes demonstrati-vos (Agitação de setembro/outrubo de 2008). Tinha muitas dúvidas sobre o assunto. A abordagem deixou o tema claro. Só um item continua obscuro na minha cabeça. Trata-se da estrutu-ra fechada. Fiquei em dúvida na frase “Maria e Joana são jornalistas. Esta trabalha na revista Agitação. Aquela, na Veja”. Afinal, quem faz o quê?

Vera Apareccida Cunha

Vera, você tem razão. O esta se refe-re ao nome que está mais próximo do pronome. O aquele, ao mais distante. No caso, Joana está mais perto do pronome esta. Maria, mais longe. Con-clusão: Joana exibe o talento na revista Agitação; Maria, na Veja.

Costumo pôr no currículo um item que denomino “experiência anterior”. Ou-tro dia, li que a duplinha forma baita pleonasmo. É verdade?

João Marcelo

É. Experiência anterior joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, panorama geral, países do mundo. Só se sobe pra cima, só se desce pra bai-xo, só se entra pra dentro, só se sai pra fora, todo elo é de ligação, todo pano-rama é geral e todos os países são do mundo. Ora, experiência é prática de vida. Só pode ser anterior. O adjetivo sobra. Basta escrever “experiência”.

RESPOSTA “As consequências”, diz o conselheiro Acácio, “vêm depois.” O personagem de Eça de Queiroz era o mestre das obviedades. Por isso fi caria chocado com os chutes que se fazem sobre a crise internacional. Sem ideia clara do que virá, economistas se aventu-ram a voos sem rumo. Alguns veem recessão próxima. Outros, depressão. São metros e metros de papéis gastos em futurologia. Se tivessem bola de cristal, talvez pudessem ver cenário mais defi nido capaz de diminuir a feiura assustadora que se desenha. É possível que a verdade apazigue os ânimos.

Nos prefixos terminados

em vogal que se juntam a

palavras começadas por r

ou s duplicam-se o r e o

s pra manter a pronúncia:

antirrábico, antirrugas,

antissocial, biorritmo,

contrassenso, infrassom,

microssistema, minissaia,

multisseculas, neossocialism

o,

semirrobusto, ultrarrigoroso

,

ultrassom.

No caso dos hifens, impera a regra os iguais se rejeitam; os diferentes se atraem: contra-regra, tele-entrega, micro-ondas, semi-internato, super-região, sub-bloco. Mas: aeroespacial, agroindústria, antieducação, autoescola, infraestrutura, plurianual, semiopaco; hipersensível, internacional, subsolo, supermercado.

Os prefixos terminados em vogal seguidos por palavra começada pela mesma vogal: anti-inflamatório, auto-observação, contra-ataque, micro-ondas, semi-internato.Exceção: o prefixo co se junta ao segundo elemento mesmo quando ele começa com o: coordenar, coobrigação

Prefixo terminado por consoante seguido de palavra começada pela mesma consoante: hiper-rico, inter-racial, sub-bloco, super-resistente, super-romântico.

Olho vivo:Sub: pede hífen com palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça.

Os sufixos de origem tupi-guarani açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

DICA 4

DICA 2A mudança nos acentos só atingiu as paroxítonas. Proparoxítonas, oxítonas e monossílabos tônicos não foram nem arranhados. Mantêm-se como sempre foram.

Olho vivo!

Trema não é acen

to.

Por isso não dis

crimina

oxítonas, paroxí

tonas ou

proparoxítonas.

Todas

estão no barco.

DICA 5

O LEITOR PERGUNTA

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72 Agitação jan/fev 2009

No ano em que a Academia Paulista de Letras (APL) comemora seu centená-rio, o professor Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE, é eleito para ocupar a cadeira número 12, ocupada até o ano passado pelo ensaísta e poeta Benedicto Ferri de Barros, e que tem como patrono Paulo Egídio. Educador e autor de extensa bibliografia, princi-palmente na área de educação e cultura, Paulo Nathanael ocupou relevantes car-gos no setor público, com destaque para sua atuação na Secretaria de Educação e Cultura de São Paulo e como presiden-te do Conselho Nacional de Educação. Foi também superintendente geral da Fundação Bienal de São Paulo, diretor e curador de diversas fundações, como a Padre Anchieta de Rádio e Televisão. É o atual presidente da Academia Cristã de Letras (ACL) e membro das Academias de Educação e de História.

PAULO NATHANAEL, ACADÊMICOEducador, com vasta obrasobre ensino e inclusão profissional de estudantes,vai ocupar a cadeira 12.

O desembargador José Renato Nalini, presidente da APL, acredita que a esco-lha do professor reforça a tendência de maior abertura da academia para a so-ciedade. “O professor tem uma bagagem muito rica que evidencia suas qualida-des para assumir uma cadeira na APL, ajudando a torná-la uma casa pluralista, com representações de todos os setores da intelectualidade paulista.” Decano da academia, o poeta e escritor Paulo Bon-fim vê com alegria a entrada de Paulo Nathanael na APL. “Ele tem o perfil de um grande acadêmico – obras publica-das, vida produtiva e uma bagagem cul-tural importante – , enriquecendo sobre-maneira os nossos quadros”, avalia.Por sua atuação de incentivo à cul-tura, Paulo Nathanael recebeu vários prêmios, dentre eles, as medalhas João Ribeiro e Livreiro Francisco Alves, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Também foi condecorado pelo gover-no francês com a Legião de Honra e a Ordem Nacional do Mérito.

Ginásio Pluricurricular em São Paulo - Cia. Editora Nacional - 1967

Normas Regimentais Unificadas do Ensino Secundário - Cia. Editora Nacional - 1970

Desafios Educacionais Brasileiros - Livraria Pioneira Editora - 1978

Educação, Escola e Trabalho - Livraria Pioneira Editora - 1984

LIVROS PUBLICADOS

No CIEE, Paulo Nathanael foi eleito para presidir o Conselho de Adminis-tração no triênio 2003-2006, e reeleito para o mandato 2006-2009, com inú-meras iniciativas em favor do jovem.

Vida dedicada à educação. O advoga-do e cronista Antonio Penteado Men-donça, primeiro secretário da academia, destaca que a escolha de Paulo Natha-nael preenche o espaço deixado pela educadora Esther de Figueiredo Ferraz, professora emérita CIEE/Estadão 1999, a primeira mulher a ocupar o Ministério da Educação e ex-reitora da Universida-de Presbiteriana Mackenzie, que morreu em setembro do ano passado. “Paulo traz uma vida dedicada à educação, vin-do preencher essa lacuna importante.”Para as comemorações de cem anos da academia, o presidente José Nalini pre-tende angariar recursos, via Lei Roua-net, para restaurar a histórica sede da APL, que fica no tradicional Largo do Arouche, no centro de São Paulo.

ELEIÇÃO

A Pré-escola: Nova Fronteira Educacional - Livraria Pioneira Editora - 1984

Educação na Constituição e Outros Estados - Livraria Pioneira Editora - 1986

Educação: Uma Visão Crítica - Livraria Pioneira Editora - 1989

Estrutura e Funcionamento do Ensino Superior Brasileiro - Livraria Pioneira Editora - 1991

ABC da LDB - Editora Unimarco / Loyola - 1993

Problemas (Sempre) Atuais da Educação Brasileira - Editora Unimarco - 1995

Falas (De História, de Circunstância, de Educação) - Editora Pancast - 1996

LDB e Educação Superior - Pioneira - Thomson Learning - Editora - 2001

Educação, Estágio & Trabalho - Integrare Editora - 2006

Paulo Nathanael Pereira de Souza e José Renato Nalini: academia comemora cem anos em 2009.

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74 Agitação jan/fev 2009

O cardápio cultural do CIEE, em 2008, foi farto e trouxe atrações gratuitas para todos os gostos: de shows de rock a concertos clássicos, e de um divertido espetáculo de comédia a monólogos que instigavam a reflexão. A diversida-de das opções é reflexo direto da quan-tidade de eventos. Foram realizadas 20 apresentações musicais e três peças tea-trais, assistidas por sete mil espectado-res, no Teatro CIEE, em São Paulo/SP. Em 2007, a programação cultural foi composta por dez apresentações musi-cais que atraíram 3,8 mil espectadores.Cada evento oferecido aos jovens se lastreia na certeza de que o mercado não procura apenas pessoas com com-petências técnicas, mas indivíduos com formação humanística e ampla cultura geral. Assim, enriquecer o repertório dos candidatos a estágio é também au-

mentar sua empregabilidade. Por exem-plo: lidas nas entrelinhas, cada uma das três peças trazia mensagens de incenti-vo aos jovens. “Não existe ensino, mas, sim, aprendizado: quem quer aprender vai atrás”, vaticinou Antônio Abujamra (autor, diretor e ator) em seu monólogo A voz do provocador, apresentada em 10 de setembro. Inspirado em peça do ator e dramaturgo Spalding Gray – que também desfiava ob-servações pessoais sentado à mesa, so-litário, no meio do palco – Abujamra contou histórias e, como quem nada quer, declinou uma plêiade de autores para aguçar o inte-resse dos jovens mais atentos: Eurípedes,

CIEE CULTURAL

Número de peças teatrais e apresentações musicais cresceram em 2008.

Atrações em dobro no Teatro CIEE

O PARALELO ENTRE TEATRO, INDÚSTRIA E COMÉRCIOPaulo Goulart*

Pode parecer absurda a ideia de que o teatro – além de ser uma arte viva, de comunicação vastíssima que abrange todos os questionamentos existen-ciais, filosóficos, políticos, literários – é a arte da palavra, do pensamento, da dinâmica, da criatividade, da lin-guagem e do infinito da evolução per-manente de se comunicar. Onde quer que aconteça: na rua, no palco, na sala de aula, na tribuna, num hospital, na indústria, no comércio, enfim, na

vida! Em primeiro lugar, quero falar do amor ao seu ofício, seja ele qual for. Amar o que se faz, é evoluir sempre.Hoje, mais do que nunca, nada é estáti-co, vagaroso, acomodado, solitário. Não se pode entregar tudo nas mãos de Deus; cada qual tem de fazer sua parte.No espetáculo do cotidiano, existem pa-ralelos singulares em todas as profissões.Na indústria, por exemplo, todo indus-trial que ama sua maneira de ser, de criar, de evoluir, não se acomoda nunca.

Traz em sua vida a essência do novo, do amanhã, do futuro. Quanto mais cresce, mais está investido na evolução: é a ma-téria prima do progresso, do trabalho, do social e da participação.No teatro, nossa matéria prima também não aparece: são os anônimos. A come-çar pelo escritor, o autor, o dramaturgo ou o poeta – os imortais, os que ficam através dos tempos. Sócrates, Platão, Aristóteles. Desde a Grécia Antiga, a In-glaterra de Shakespeare, a França de Mo-

Vladimir Nabokov, Aleksandr Pushkin, Liev Tolstói, Nicolai Gogol e Bertolt Brecht. Clarisse Abujamra, sobrinha do provocador, também adotou a mes-ma estratégia ao apresentar sua auto-biografia na peça Antonio, encenada no Teatro CIEE, em 29 de outubro. Ela declamou poesias dos brasileiros João Cabral de Melo Neto, Elisa Lucinda, Olga Savary, Florbela Espanca e Hilda

Antônio Abujamra usa fórmula de Spalding Gray e

desfia observações pessoais no palco.

74 Agitação jan/fev 2009

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75Agitaçãojan/fev 2009

blicidade e marketing, são muito pró-ximas de nossa maneira de estimular o espectador a sair de casa, comprar um ingresso para nos assistir. Quem decide? O produtor! Quem decide na indústria? O empresário, o empreendedor.Hoje não é só o patrão, o dono ou o chefe e, sim, o mentor, em todos os seg-mentos da sociedade. Nada mais aconte-ce sem a parceria. E o que somos, os ato-res, nesse contexto? Somos os técnicos da comunicação; nós que passamos para quem nos assiste o conteúdo da obra!

lière ou o Brasil de Machado de Assis.Sempre se renovando, sempre na van-guarda, sempre com uma nova lei-tura com os parceiros da encenação: os diretores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, músicos. Toda parte técnica que não aparece, mas que, sem eles, não pode existir espetáculo. São nossas matérias primas de criação e de produção! O que é o cenário, senão a embalagem de um produto? As cores e dinâmica das roupas se assemelham ao bom gosto de qualquer produto!A decisão da escolha hoje com vários departamentos de assessoria, como pu-

Somos os expositores, nessa aparente complicada obra coletiva. Cada qual fa-zendo sua parte, para que o público apre-cie, goste, aplauda e saia comentando o que viu. Com um produto industrial é a mesma coisa, desde um sa-bonete a um automóvel ou cerveja!

Hilst. Já a terceira peça, A descoberta das Américas, adotou um caminho menos ortodoxo para provar como é impor-tante ser flexível e estar preparado para enfrentar situações adversas. Baseado em improviso do dramaturgo italiano Dario Fo, o monólogo traça a trajetória de um malandro que, com muito jogo de cintura, consegue embarcar em uma das caravelas de Colombo, sobrevive a um ataque de canibais e lidera o levan-te de toda uma tribo, indignado pelas injustiças perpetradas pelos espanhóis. As três peças fizeram parte da quarta edição do Teatro nas Universidades, projeto criado pelo ator Paulo Goulart

*PAULO GOULART É ATOR E PRODUTOR TEATRAL.

que, em dezembro do ano passado, re-novou parceria para outras apresenta-ções teatrais em 2009.

Música de qualidade. Quem também volta é o maestro João Carlos Martins, que regerá a terceira temporada da Orquestra Bachiana Jovem, no Teatro CIEE. Responsável por atrair uma mé-dia de 450 espectadores em cada uma das quatro apresentações mensais, a or-questra é composta por 40 estudantes de música e conta com instrumentos de sopro, cordas, metais e madeiras. A primeira das quatro apresentações deste ano está marcada para 18 de abril e será

precedida, dois dias antes, por um con-certo da Orquestra Bachiana Filarmô-nica, também sob regência de Martins, somente para convidados.O Teatro CIEE também recebeu o recital da pianista clássica Eudóxia de Barros, o show internacional do italiano Ivano Battiston, professor de acordeão erudito do Conservatório Lui-gi Cherubini de Florença, e o trio Rea-dy Teds, que resgatou músicas da era de ouro do rock, tocando clássicos de Elvis Presley e Little Richard.

Atrações ecléticas: de rock clássico da banda Ready Teds a concertos de João Carlos Martins, que regeu a

segunda temporada da orquestra Bachiana Jovem.

A

75Agitaçãojan/fev 2009

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76 Agitação jan/fev 2009

Sobre o livro “A educação brasileira e o mercado de trabalho”As diretrizes para a instrução qualificada e a formação profissional dos jovens, tão carentes nestes tempos difíceis, estão bem tra-çadas. A obra não é apenas uma coletânea de artigos, mas uma antologia na área da educação.

Edmeu CarmesiniDesembargador aposentado do TJ/SP

Concedendo conhecimentoDificilmente temos a oportunidade de ter acesso a bons conteúdos informativos, principalmente em adquirir uma assinatura sem precisar pagar por esse material. Mesmo Agitação, que tem uma qualidade superior, reflete o trabalho do CIEE de inclusão e capacitação do jovem, por-que dá a chance de todos terem acesso às suas matérias. Obrigada ao CIEE por proporcionar a estudantes como eu o que há de melhor para oferecer, ou seja, conhecimento.

Edivane BarbosaSão Paulo/SP

LegislaçãoSou estagiária de economia e assim que soube da nova Lei de Estágio fiquei preocupada com a minha situação junto à empresa. Mas o CIEE tem oferecido um ótimo suporte tanto para as organizações como para os estudantes. Acho legal me manter informada sobre os meus di-reitos e, pelo que pude observar, o CIEE pensa o mesmo, porque basta acompanhar Agitação para ter as principais notícias sobre o assunto.

Letícia FragaSalvador/BA

Dicas de portuguêsTive agradáveis surpresas com a coluna Dicas de Português, escrita por Dad Squarisi. Além de saber tudo sobre nossa língua, Dad tem um estilo leve, divertido e muito didático. Só não aprende as regras de gramática quem não quer. Parabéns a todos os envolvidos nesse importante trabalho.

Maria da Luz CalegariSão Paulo/SP

(O livro A educação brasileira e o mercado de trabalho é de autoria de Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE.)

AnáliseO artigo Os 20 anos de uma Cons-tituição, escrito pelo professor Paulo Nathanael Pereira de Souza e publicado em Agitação (edição 84, p.58), foi o melhor que já li sobre a Constituição Brasileira. Discutir o assunto é de extrema importância para a manutenção da democracia em nosso país.

José Pontes JúniorSão Paulo/SP

Reconhecimento pelo esforçoAchei relevante o trabalho da revista Agitação em esclarecer aos seus leitores as mudanças vindas com a nova Lei do Estágio de forma clara e objetiva. Mas não esperaria menos. Abordagens de assuntos como esse revelam a importância dada pela publicação aos seus leitores. Esse cuidado é um grande diferencial da revista. Obrigado.

José Maria GarciaBelo Horizonte/MG

O valor da educaçãoConheci a revista Agitação há pouco tempo e fico lisonjeada, como leitora, de ver o em-penho de seus colaboradores em produzir conteúdos de qualidade, atuais e de bastante utilidade. Como professora de escola pública, me agrada ter conhecimento de pessoas que entendem a importância da educação na me-lhoria da qualidade de vida de um povo.

Helena Pereira NevesSalvador/BA

À frente de seu tempoDuas edições atrás, acompanhei a matéria de capa Nosso gênio da língua (edição 83, p.24). Essa leitura me proporcionou ser apresenta-do ao brilhante acadêmico Evanildo Bechara – nomeado Professor Emérito 2008. Mas, recentemente, estou vendo diversas matérias sobre a reforma ortográfica, em que a maior parte delas cita o professor Bechara e fiquei feliz de saber que, agora sim, estou por dentro do assunto. Graças a Agitação, hoje conheço a trajetória desse importante linguista e estou mais confortável para participar de discussões sobre o assunto. Mais uma vez, a revista está à frente de seu tempo, se mostrando uma ex-celente fonte de informação.

Gabriel Vaz de OliveiraSantos/SP

Assuntos de interesseTive a oportunidade de ler na revista Agitação uma re-portagem bem animadora sobre a carreira dos conta-bilistas (edição 82, p.32). Curso Ciên cias Contábeis, e a forma utilizada para abor-dar assuntos e temas inte-ressantes despertou minha curiosidade, me motivou a conhecer melhor essa área de atuação. Sem dúvida, a

revista é uma excelente fonte de informações para jovens que, como eu, procuram boas perspectivas de mercado.

Francine Soâne MagalhãesPor e-mail

Missão cumpridaSou grato ao CIEE por seu trabalho, ajudando jo-vens como eu a conquistar espaço no mercado de trabalho. Fui beneficiado pelos serviços da instituição e conquistei meu primeiro estágio. Afi-nal, não é fácil para jovens como eu encontrar um espaço no mercado de trabalho, principalmente porque não temos muita experiência profissional.

Victor Soares dos SantosParelheiros/SP

Fonte de informaçãoSinto-me lisonjeado em receber a revista Agi-tação. Por ser estagiário, vejo a publicação como uma ótima fonte de conhecimento so-bre o mercado de trabalho, suas tendências e exemplos de profissionais de destaque em seus ramos de atividade que, assim como eu, começaram pelo estágio. Parabéns aos res-ponsáveis pela revista.

Rodrigo Gonçalves DiasSão Paulo/SP

CARTAS

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77Agitaçãojan/fev 2009

CIEE/SP e Unidades Administradas

SÃO PAULO: Capital (Sede) (11) 3040-9800 • Alphaville (11) 4134-3600 • Americana (19) 3405-6621 • Araçatuba (18) 3625-1088 • Araraquara (16) 3333-4441 • Assis (18) 3323-6396 • Atibaia (11) 4418-4848 • Avaré (14) 3732-9504 • Barretos (17) 3322-4178 • Batatais (16) 3661-0069 • Bauru (14) 3104-6000 • Botucatu (14) 3814-3781 • Campinas (19) 3705-1513 • Catanduva (17) 3525-1143 • Diadema (11) 4044-9791 • Franca (16) 3724-3636 • Guaratinguetá (12) 3125-4593 • Guarulhos (11) 6468-7000 • Hortolândia (19) 3865-5504 • Ituverava (16) 3729-2949 • Jaboticabal (16) 3202-8884 • Jacareí (12) 3961-3449 • Jaú (14) 3626-7573 • Jundiaí (11) 4586-4607 • Limeira (19) 3038-8785 • Lorena (12) 3157-8309 • Marília (14) 3413-1883 • Mococa (19) 3665-5251 • Mogi das Cruzes (11) 4799-2500 • Olímpia (17) 3279-8987 • Ourinhos (14) 3326-4434 • Piracicaba (19) 3424-5242 • Presidente Prudente (18) 3222-9733 • Ribeirão Preto (16) 3913-1050 • Santos (13) 3234-8929 • São Bernardo do Campo (11) 4126-9200 • São Carlos (16) 3364-2333 • São João da Boa Vista (19) 3623-3344 • São José do Rio Preto (17) 3234-2966 • São José dos Campos (12) 3234-2966 • São Sebastião (12) 3893-2453 • Sorocaba (15) 3212-2900 • Tambaú (19) 3673-2360 • Taubaté (12) 3631-2320 • Tupã (14) 3491-3798 - ACRE: Rio Branco (68) 3224-8794 - ALAGOAS: Maceió (82) 3338-2650 - AMAPÁ: Macapá (96) 3225-3914 - AMAZONAS: Manaus (92) 2101-4250 - BAHIA: Salvador (71) 2108-8900 • Camaçari (71) 3622-4848 • Feira de Santana (75) 3623-2866 • Ilhéus (73) 3634-1408 • Itabuna (73) 3613-8469 • Lauro de Freitas (71) 3288-2530 • Vitória da Conquista (77) 3424-4714 - DISTRITO FEDERAL: Brasília (61) 3701-4800 - CEARÁ: Fortaleza (85) 4012-7600 • Juazeiro do Norte (88) 3512-5995 • Sobral (88) 3613-3166 - GOIÁS: Goiânia (62) 4005-0750 • Anápolis (62) 3321-3500 • Itumbiara (64) 3431-5944 - MARANHÃO: São Luís (98) 3221-3003 • Imperatriz (99) 3523-4167 - MATO GROSSO: Cuiabá (65) 2121-2450 • Si-nop (66) 3532-4887 - MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande (67) 3382-3533 • Dourados (67) 3421-7555 - PARÁ: Belém (91) 3202-1450 • Marabá (94) 3322-4007 • Santarém (93) 3524-0202 - PARAÍ BA: João Pessoa (83) 2107-0450 • Campina Grande (83) 3341-2212 - PIAUÍ: Teresina (86) 3223-8885 - RIO DE JANEIRO: Capital (Sede) (21) 2505-1266 • Barra Mansa (24) 3323-4835 • Campos (24) 2722-6529 • Campo Grande (21) 2415-1282 • Duque de Caxias (21) 2671-7756 • Macaé (22) 2762-4616 • Madureira (21) 3350-5050 • Nova Friburgo (22) 2523-7438 • Nova Iguaçu (21) 2667-3405 • Niterói (21) 2719-4019 • Petrópolis (24) 2243-4873 • Realengo (21) 31594625 • Resende (24) 3360-6200 • Três Rios (22) 2255-1499 • Volta Redonda (24) 3342-0816 - RIO GRANDE DO NORTE: Natal (84) 3089-7709 • Mossoró (84) 3312-2084 - RONDÔNIA: Porto Velho (69) 3221-3687 - RORAIMA: Boa Vista (95) 3624-2760 - SERGIPE: Aracaju (79) 3214-4447 - TOCANTINS: Palmas (63) 3215-5267

CIEEs AUTÔNOMOS

ESPÍRITO SANTO (CIEE/ES) - Vitória (Sede) (27) 3232-3200 - MINAS GERAIS (CIEE/MG) - Belo Horizonte (Sede) (31) 3429-8106 - PARANÁ (CIEE/PR) - Curitiba (Sede) (41) 3313-4333 - PERNAMBUCO (CIEE/PE) - Recife (Sede) (81) 3131-6000 - RIO GRANDE DO SUL (CIEE/RS) - Porto Alegre (Sede) (51) 3284-7000 - SANTA CATARINA (CIEE/SC) - Floria-nópolis (Sede) (48) 3216-1400

SISTEMA CIEE NACIONAL

CIEE NACIONAL: Brasília (Sede) (61) 3226-9919

RECEBEM AGITAÇÃO E AGRADECEM:

Recebem a Agitação e agradecem:Isepro - Instituto Superior de Educação Pro-gramus (Água Branca/PI); Faculdade Maringá (Maringá/PR); Cefet SVS - Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente do Sul (Rio Grande do Sul/RS); Unisa - Universida-de Santo Amaro (São Paulo/SP); Uern – Uni-versidade do Estado do Rio Grande do Norte (Mossoró/RN);UFPA – Universidade Federal do Pará (Guamá/PA); UnC – Universidade do Contestado (Concórdia/SC); Uniflor – União das Faculdades de Alta Floresta (Alta Floresta/ MT); OAB-SP – Ordem dos Advogados do Bra-sil – Secção São Paulo (São Paulo/SP);Unesp – Universidade Estadual de São Paulo (Fran-ca/SP); Fito – Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (Osasco/SP); Associação Educa-cional Toledo (Presidente Prudente/SP); Iesam – Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Belém/PA).

Melhores para estagiarFelicito o CIEE pela iniciativa do prêmio As Melhores Empresas para

Estagiar. É sempre importante dar ên-fase a programas que dão certo, mos-trando aos empresários a importância

de capacitarem jovens para no futuro, existirem profissionais competentes e que

contri buam com o desenvolvimento do país. Continuem com o excelente trabalho.

Ana Caroline dos Santos SilvaSanta Bárbara do Oeste/SP

Estágio de qualidadeGostaria de felicitá-los pela matéria sobre o prêmio Melhores empresas para estagiar 2008, na qual a Prefeitura Municipal de Re-ginópolis está entre as 50 mais bem colo-cadas do ranking, órgão em que trabalhei como coor denadora de estágios. A matéria apresenta uma relação completa das prin-cipais organizações, destacando o que há de melhor nos programas de estágio. Uma bela lista para os estudantes que estiverem interessados em melhorar suas qualificações e expandir suas possibilidades e excelente apresentação para as instituições citadas, mostrando como vale a pena trabalhar sério.

Wilma CustódioReginópolis/SP

Postos de Atendimento administrados pelo CIEE/SPSÃO PAULO / CAPITAL

Instituto Presbiteriano Mackenzie I • PUC - Pontifícia Universidade Católica • Uniban - Universidade Bandeirante / Campo Limpo • Unicsul - Universidade Cruzeiro do Sul / São Miguel Paulista • Uninove - Universidade Nove de Julho / Santo Amaro • Unip - Universidade Paulista / Marquês de São Vicente • Unisa - Universidade de Santo Amaro • UniSantanna - Centro Universitário Sant’Anna • Universidade São Judas Tadeu / Mooca

SÃO PAULO / INTERIOR

Araraquara: Uniara - Centro Universitário de Araraquara • Campinas: PUCCamp - Pontifícia Universidade Católica de Campinas • Hortolândia: Faculdades Hoyler • Guarulhos: UNG - Universidade Guarulhos • Mococa: Fundação de Ensino de Mococa • Mogi das Cruzes: UMC - Universidade Mogi das Cruzes • Ourinhos: FIO - Faculdades Integradas de Ourinhos • Piracicaba: Unimep - Universidade Metodista de Piracicaba • Ribeirão Preto: Unaerp - Universidade de Ribeirão Preto • Santo André: UniABC - Universidade do Grande ABC • São João da Boa Vista: UniFeob - Centro Univ. da Fundação de Ensino Octavio Bastos • São José do Rio Preto: Unip - Universidade Paulista • Vinhedo: Mac Poli

OUTROS ESTADOS

Amazonas: ULBRA - Centro Universitário Luterano de Manaus (Manaus) • Bahia: Unijorge - Centro Universitário Jorge Amado (Salvador) • Unime - Universidade Metropolitana de Educação e Cultura (Lauro de Freitas) • Distrito Federal: Uniceub - Centro Universitário de Brasília (Brasília) • Unieuro - Universidade Euro Americana (Brasília) • Unip (Brasília) • Universidade Católica de Brasília (Taguatinga) • Ceará: Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá) • Unifor - Universidade Fortaleza (Fortaleza) • Goiás: PUC/Gioânia - Pontifícia Universidade Católica de Goiânia • ULBRA - Universidade Luterana do Brasil (Itumbiara) • Mato Grosso: UNIC - Universidade de Cuiabá (Cuiabá) • Mato Grosso do Sul: UCDB - Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande) • Maranhão: UFMA - Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz) • Rio Grande do Norte: UERN - Universidade do Rio Grande do Norte (Mossoró) • Pará: ILES - Instituto Luterano de Ensino Superior (Santarém)

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Antoninho Marmo Trevisan PONTO FINAL

ANTONINHO MARMO TREVISAN É PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO DA BDO TREVISAN, DA TREVISAN CONSULTORIA E OUTSOURCING, DIRETOR DA TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS E PRESIDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS.

A

O resgate de Paciolo

Empresas voltam-se à produção e à racionalidade,

retornando o velho e conservador.

O Tratactus de computis et scripturis (“Contabilidade por partidas dobra-das”), do pai da contabilidade, o pa-dre Luca Paciolo, publicado em 1494, estabeleceu um conceito inexorável: para cada débito deve existir crédito equivalente. No contexto da sofisti-cada economia contemporânea, sua releitura é ainda mais pertinente: para cada aplicação de recursos é preciso haver fonte identificada.O desrespeito ao clássico ensinamen-to sintetiza a causa da pandêmica crise do subprime. Para um mesmo bem, representado pelo recurso apli-cado na compra do imóvel, foram criadas inúmeras fontes de recursos, mas sem o necessário lastro físico. O socorro estatal, à custa do agrava-mento do déficit público norte-ame-ricano e da sangria de reservas euro-péias e asiáticas, está restabelecendo os sistemas financeiros e de crédito. Resta a dura luta contra a recessão. Na recomposição dos mercados, fica dolorosa lição: o exagero da omissão estatal na regulação e fiscalização dos fluxos financeiros está exigindo a mais perversa das intervenções go-vernamentais: a utilização do dinhei-ro dos impostos para evitar o caos. Ruim dessa forma, pior sem ela. É natural, portanto, o ceticismo glo-bal no tocante à ordem econômica prevalente nas últimas três décadas. Paira um quê de desconfiança sobre os atores determinantes nesse período

(governos, mídia, analistas, sistema financeiro, certificadores, consulto-res e determinada linha acadêmica). É possível alguma reação contra esses protagonistas pelos que se sentiram lesados e um olhar positivo aos parti-dários da geração de riqueza a partir da produção. A fragorosa derrota dos republicanos nas eleições presiden-ciais dos Estados Unidos é exemplo desse movimento. No Brasil, o governo atua para irrigar o crédito, manter os juros em pata-mares que estimulem os investimen-tos e segurar o câmbio próximo de dois reais por dólar. Também deverá acompanhar o nível do desemprego e a pressão sobre os mais pobres, de modo a não se configurar a idéia de que os lucros são privatizados e os prejuízos socializados.O fato é que há uma expectativa por soluções que minimizem os efeitos da crise. Enquanto isso, prevalece o instinto de sobrevivência, e essa vir-tude atávica faz com que os empre-sários se lancem na busca de novos parceiros comerciais, instituições

financeiras e consultores profissio-nais, reconhecidos pela seriedade, tradição, senso ético e capacidade. No universo corporativo, isso signi-fica excelente oportunidade de pros-pectar novos negócios e, sobretudo, de fidelizar os relacionamentos b2b. É hora de renegociar com clientes e fornecedores. O presente teatro de operações é propício aos bons guer-reiros, aqueles capazes de produzir receitas em vez de buscar dinheiro nos ainda céticos bancos. É preci-so ter em mente que há uma nova ordem econômica, na qual produtos e serviços diferentes e inovadores serão demandados. As empresas voltam-se à produção e à racionalidade, retomando o velho e conservador papel da tesouraria. As finanças criativas perderão terreno para a gestão contábil de recursos. Em todos os segmentos, propostas comerciais prudentes e realistas de-verão ser as vencedoras. Frade Paciolo descrevia ser comum entre os negociantes católicos me-dievais marcar os livros contábeis com o sinal da cruz para afugentar o demo. Pois bem, para exorcizar os fantasmas do subprime e livrar as empresas de suas maldições, é pre-ciso fé e ação no trabalho e na ética, atitude gerencial focada na instabi-lidade e confiança nas boas práticas empresariais, incluindo a velha e boa contabilidade.

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Estágio com Qualidade

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