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Revista Agricultura & Engenharia 1

Revista Agricultura & Engenharia

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Revista para engenharios agricolas

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Referência no Brasil quando o tema é o campo, a Escola Superior de Agricul-tura "Luiz de Queiroz" (Esalq) chega aos 110 anos de existência em plena forma.

Recebe diariamente cerca de dois mil alunos em seus seis cursos de graduação e outros 986 frequentam os 17 programas de pós-graduação. Formou mais de 12,7 mil profi ssionais nos cursos de graduação e 9 mil titulados, entre mestres e doutores, pelos programas de pós-graduação.

Além do campus de Piracicaba, a escola tem ainda as estações experimentais de Anhembi, Anhumas e Itatinga, mais de 50% da área total da USP. Atual-mente, a escola disponibiliza 12 departamentos e 148 laboratórios nas áreas de engenharia agronômica, engenharia fl orestal, ciências econômicas, ciências dos alimentos, ciências biológicas, e gestão ambiental. É um nome de respeito para o agronegócio em geral e para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar no Brasil a Esalq é uma referência. O setor sucroalcooleiro é um carro-chefe das pesquisas da escola.

A Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) nasceu do idealismo e iniciativa de Luiz Vicente de Souza Queiroz, que doou em 1892 ao governo de São Paulo a fazenda onde se situa hoje a parte principal do campus de Piraci-caba.

A Esalq foi uma das faculdades fundadoras da Universidade de São Paulo (USP) em 1934, mas antes mesmo de ser anexada à universidade estatal ela já estava na ativa. Suas primeiras aulas foram dadas em abril de 1901.

Agradecemos à todos os parceiros, patrocinadores e personalidades presentes nesta edição e esperamso poder contar com vocês na edição dos 120 anos. Aguardamos sua analise sobre o nosso trabalho. Boa leitura a todos.

Os Editores.

A Gloriosa Chega aos 110 anos

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aos 110 anos de existência em plena forma. aos 110 anos de existência em plena forma.

Editorial

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Volume IV - Nº 4 - 2011

Panorama da Agriculrura Nacional

Conselho Editorial

Presidente: Prof. Dr. Roberto RodriguesConselheiros: Prof. Dr. Paulo Sergio G. Magalhães Sr. Cesário Ramalho da Silva Prof. Dr. Roberto Testeziaf Prof. Dr. Silvio Crestana

Uma publicação:Lúcida Artes Gráficas LtdaRua Dra. Maria Augusta Saraiva, 7404545-060 Vl. Olimpia São Paulo SP11-2339-4711 / 2339-4710E-mail: [email protected]

Diretor - Editor ResponsávelDr. J. Márcio da S. Araú[email protected]

Depto ComercialGilberto Cozzuol

AdministraçãoYvete Togni

CirculaçãoVanessa Silva

Redação Lucida Editorial Ltda

Agradecimento: - Luciana Joia de Lima - Rel. PúblicasAssessoria de Comunicação (Acom)USP ESALQ- Jornal de Piracicaba- Jornal da USP

As opiniões expressasou artigos assinados são

de responsabilidadedos autores.

6 AgroNews Notícias da agricultura Nacional

14 Palavra do Diretor Jose Vicente Caixeta Filho - Dir. ESALQ

18 Matéria de Capa Especial - 110 anos ESALQ

20 A Gloriosa Historia da ESALQ

24 Estrutura e Funcionamento

28 A ESALQ

30 Muitas Conquistas...

32 Presente de Aniversário

34 A Maravilha de Piracicaba

35 Simbolos da ESALQ

38 Reconhecimento Social

41 Profissionais de Destaques

44 Prof, Roberto Rodrigues

46 Homenagem Dow AgroSciences

48 Agronegócio “Um Futuro Seguro E Muito Promissor”

52 Mercado Expansão do mercado atrai cada vez mais profissionais

Agricultura & Engenharia

SumárioExpediente

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AgroNews

O plantio das lavouras com os grãos de verão teve um bom avanço nesta semana devido ao clima favorável. As condições do campo permitiram que a semeadura cedo do feijão chegasse a 30% da área estimada para a safra. O milho alcançou 39% da área inicialmente prevista, reduzindo o peque-no atraso em relação aos outros anos.

O trigo também foi beneficiado. A cultura encon-tra-se nas fases de desenvolvimento vegetativo, floração e, nesta semana, majoritariamente, em enchimento de grãos, com 37%, já apresentando também 2% da área na fase de maduros e prontos para colheita. Devido ao clima quente e úmido dos últimos dias, os produtores observam a presença de doenças nas plantas, principalmente oídio e ferrugens, havendo necessidade de controlá-las. Mesmo assim, a cultura ainda apresenta bom po-tencial produtivo, e os agricultores se mobilizam com os tratamentos fúngicos.

O stand das lavouras de cevada até o momento ainda é considerado bom, mantendo estimativa de produtividade em 2,7 t/ha. A cultura encontra-se principalmente na fase de formação das espi-gas, e com presença de doenças fúngicas, princi-palmente ferrugens e manchas folhares, as quais estão sendo controladas com agroquímicos.

Avançam as áreas semeadas com grãos de

verão no RS

Subcomissão discute pa-recer sobre compra de terras por estrangeiros

A subcomissão que analisa a compra de terras rurais brasileiras por estrangeiros se reuniram no dia 28/09/11, para discutir a estratégia de traba-lho do grupo para o relatório do deputado Beto Faro (PT-PA). A expectativa é que o parecer seja divulgado até dezembro.

No último dia 14, o colegiado, que é vinculado à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimen-to e Desenvolvimento Rural da Câmara, realizou a última audiência pública com especialistas e enti-dades do setor.

Beto Faro já afirmou que é favorável a um reca-dastramento obrigatório de propriedades rurais no Brasil, a fim de verificar quantas delas estão nas mãos de pessoas ou empresas estrangeiras. Os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) – 34.371 propriedades sob comando estrangeiro – são con-siderados defasados.

Por sua vez, o presidente da subcomissão, deputa-do Homero Pereira (PR-MT), adiantou que o grupo vai elaborar um projeto lei que, ao mesmo tempo, preserve a soberania nacional e dê segurança ju-rídica ao investidor estrangeiro que queira com-prar terras no País

Segundo dados divulgados pela Embrapa Uva e Vinho, o plantio em áreas tropicais pode comprometer 100% da colheita, devido à fácil proliferação do míldio da videira - o qual ataca folhas, frutos e ramas - da brotação à maturação dos cachos. Doença que assim como o oídio, a prodridão e a antracnose, pode ser desenvolvida durante todo o ciclo da cultura.

Para Ademir Santini, gerente de Culturas Hortifrúti, Maçã e Feijão da Diretoria Sul da Bayer CropScience, a aproximação do clima quente e das chuvas frequentes requerem atenção do viticultor à umidade. "A BayerCropScience dispõe de três importantes fungicidas para o controle do míldio da videira - o Aliette®, o Censor® e o Antracol® - que atuam de forma sistêmica, translaminar e de contato, respec-tivamente, podendo ser aplicados em intervalos e fases diferentes", explica Santini.

Míldio da videira pode comprometer 100% da colheita de uvas

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Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que 45% da saf-rinha de milho 2011/2012 já foi comercializa-da. Historicamente esta é a primeira vez que a produção é negociada com antecedência de cinco meses à plantação do milho. Ao todo foram com-ercializados quatro milhões de toneladas do cere-al. A estimativa de produção para o próximo ano é de aproximadamente nove milhões de toneladas, comparada com quase sete milhões de toneladas produzidos na última safra.

As antecipações foram motivadas principalmente pelos altos preços da saca de milho, chegando a R$ 22 em Canarana. Semana passada, os preços pagos variaram na faixa dos R$ 17 nas cidades de Sorriso e Sapezal, alcançando a faixa dos R$ 21 em Campo Verde e Canarana. Ano passado os va-lores médios praticados na safrinha foram de R$ 15. “A troca está muito boa e é totalmente atípi-ca. O produtor já está travando [negócios] com o

preço em alta, assegurando a rentabilidade”, ava-lia o gestor do Imea, Daniel Latorraca.

Apesar do clima de otimismo, 5% da safra 2010/2011 ainda não foi vendida. Quanto às exportações, de acordo com a Secretaria de Co-mércio Exterior (Secex), o Brasi já exportou 4,6 milhões de toneladas em 2011, equivalente a U$ 1,2 bilhão recebido pelos exportadores. No mes-mo período do ano passado, as exportações to-talizavam R$ 3,5 milhões de toneladas. Segundo análise do Imea, enquanto os embarques nacio-nais aumentaram 29,6%, o montante que os ex-portadores receberam aumentou 92,5%.

Quase 50% do milho safrinha já está

negociado

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A EuroChem, controlada pelo magnata russo An-drei Melnichenko, concordou em comprar a maior parte da unidade de fertilizantes de nitrogênio da Basf por cerca de 700 milhões de euros (943 mil-hões de dólares).

A Basf, maior empresa química do mundo em vendas, disse em um comunicado divulgado nesta terça-feira (27) que planeja concluir as transações até o final do primeiro trimestre de 2012.

A empresa anunciou no início deste ano que iria

Basf vende maior parte de unidade de fertilizantes à EuroChem

Levar informação e orientação ao campo e investir no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias são pilares do trabalho da Arysta LifeScience com iniciativas que visam, de uma lado conscientizar os produtores rurais sobre os benefícios da utiliza-ção correta e racional dos defensivos agrícolas, e de outro oferecer soluções no controle dos pro-blemas que acometem as lavouras de todo o país.

Nesse sentido, a Arysta LifeScience está investin-do em soluções para o combate à tiririca, uma das principais plantas daninhas da cana-de-açúcar, que aparece praticamente o ano todo, sendo alta-mente adaptada às condições adversas, com re-sistência e multiplicando-se mesmo em períodos secos ou frios. “Apesar dos grandes inves-timentos que têm sido realizados para controlá-la, a tiririca ainda tem forte presença nos canaviais, principalmente em áreas altamente férteis e em cana planta, após o revolvimento do solo”, comenta Caio Giusti, responsável de Marketing para cana da Arysta Life-Science. Caio complementa que o controle de tiririca tem sido feito com aplicações de herbicidas em pré ou pós-emergência.

Para combater a tiririca, a Arysta oferece ao mercado o Sempra, um herbicida seletivo, aplicado

em pós-emergência e com alta seletividade para a cana. “Somente 5% da infestação se multiplica por sementes, a maior parte é por tubérculos, sendo seu principal meio de propagação. O herbi-cida Sempra é aplicado em tiririca com 15 e 20% de florescimento, adicionado de um adjuvante, o Lanzar®, que ajuda na absorção do produto e também melhora a distribuição das gotículas no momento da aplicação”.

“Apesar de nenhum produto controlar a tiririca em 100%, para conseguir a redução do banco de tubérculos e a diminuição da infestação é ne-cessário manejo ao longo dos cortes, e também aplicação de herbicidas no plantio”, comenta Caio.

“A Arysta está constantemente buscando novas alternativas para o manejo da

tiririca. Para outras plantas daninhas, além do já consagrado Dinamic, que

possui o melhor desempenho do mercado em folhas largas, como

as cordas de viola, também es-tamos desenvolvendo novas

misturas prontas de produ-tos para o controle de fol

has largas e folhas estrei-tas, em cana soca seca

ou úmida e cana plan-ta”, completa Caio.

vender as unidades principais de seu negócio de fertilizantes, que está sob pressão de produtores de baixo custo no Oriente Médio, como Saudi Ba-sic Industries.

O presidente-executivo da EuroChem disse que o acordo vai impulsionar os negócios na Europa.

"A aquisição ... é um marco importante na estraté-gia de crescimento da EuroChem para aumentar sua exposição no mercado europeu", disse ele em um comunicado.

Arysta oferece produtos para controle das plantas daninhas na cana

AgroNews

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A Bayer Saúde Animal – Unidade Bovinos e o de-partamento veterinário da Cotrisal estão promov-endo, em todas as filiais da Cooperativa no Rio Grande do Sul, uma série de eventos intitulados “Café de Negócios”.

Realizado pelo médico veterinário e promotor da Bayer, Matheus Tassotti, os encontros são destina-dos a produtores de leite e têm como objetivo pro-mover o produto Catosal B12, que é utilizado nos animais no período pós-parto imediato visando a melhoria do desenvolvimento produtivo e reprodu-tivo dos animais, bem como o incremento de peso na criação de terneiras e gado de corte. “O Catosal B12 não possui carência no leite e na carne, pois é apenas uma fonte de fósforo e vitamina do com-plexo B12”, explica Tassotti.

Bayer e Cotrisal promo-vem Café de Negócios pa-ra produtores de leite/RS

A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo cortou o programa de subvenção ao seguro sanitário para indenizar citricultores que erradicas-sem plantas contaminadas com greening e can-cro cítrico. O programa foi anunciado em junho de 2010 como o primeiro do gênero no setor agrícola do País, com uma verba anual destinada de R$ 35 milhões.

A decisão foi tomada ainda em junho pela Sec-retaria de Agricultura, mas os citricultores da maior área comercial de laranja só tomaram conhecimento do corte agora, quando os seguros começariam a ser renovados. Ainda em junho, no dia 17, o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a citar o programa de fomento aos citricultores com um dos feitos do governo

Secretaria de Agricultura de - SP - corta

seguro da citricultura

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Norma que determina a definição de mata ciliar a partir do leito regular dos rios, incluída no projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) para alterar a regra em vigor que determina que seja a partir do leito maior, no período de cheias, foi criticada pelo professor Ricardo Ribeiro Ro-drigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).

Ao falar aos senadores em debate conjunto das comissões de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), o pes-quisador explicou que, se virar lei, a norma repre-sentará uma redução das Áreas de Preservação Permanente (APP).

Ele também se posicionou contra a dispensa de recuperação de reserva legal em pequenas pro-priedades, conforme proposto no projeto aprovado na Câmara e que tramita no Senado.

Conforme ressaltou, as APPs ao longo dos rios exercem papel de filtro para conter sedimentos, reduzindo em até 97% o carreamento de resíduos para os cursos d'água, além de contribuir para impedir a poluição dos recursos hídricos e para impedir a erosão do solo. Rodrigues também

destacou a importância da reserva legal, destacan-do o papel das matas como corredores ecológicos, essenciais para sobrevivência das espécies. Tam-bém frisou que mesmo pequenos fragmentos são essenciais, atuando como trampolins ecológicos. Ele citou o uso desses fragmentos por morcegos que fazem a dispersão de sementes e por insetos responsáveis pela polinização.

- A maioria de nossas culturas depende de polin-izadores que têm abrigo nas áreas de preservação - disse.

O professor disse considerar um equívoco liberar pequenas propriedades da recuperação de áreas de reserva legal. O especialista cita estudos most-rando que o agricultor poderá ter com a explora-ção de reserva manejada um rendimento superior, por exemplo, à exploração de laranja e milho.

Professor da Esalq critica redução de área protegida

Prof. Ricardo Ribeiro Rodrigues

A Suzano Papel e Celulose não tem interesse em se desfazer de todos os seus ativos de papel e se focar apenas na produção de celulose, como fez a concorrente Fibria.Para o presidente da companhia, Antonio Maciel Neto, existe a possibilidade de alienação "de alguns ativos" no longo prazo, e o executivo mostra-se otimista em relação ao caixa e ao endividamento da companhia. A Suzano possui um forte plano de crescimento até 2024, quando completa 100 anos de existência. O plano consiste em investimentos no aumento da capacidade de produção de celulose e abre novas frentes de negócios em biotecnologia e energia. Além disso, o plano também fala sobre "a liderança do mercado de papéis da America Latina".Atualmente, de acordo com o próprio presidente, a Suzano tem 36 por cento do mercado interno de papel e 30 por cento da distribuição do produto.Maciel garantiu ainda que não existe nenhuma negociação em andamento para as eventuais vendas dos ativos de papel ou participações nos projetos de celulose. “O aumento de capital (para aumento do caixa) é a última alternativa porque é a mais cara para os acionistas”, disse Maciel.

Suzano não deve sair do negócio de papel

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Com a atual expansão do agronegócio, as usinas sucroalcooleiras e o cultivo de cana cresceram ex-ponencialmente nos últimos anos. Os 8 milhões de hectares cultivados fazem do Brasil, hoje, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo.Sabendo do potencial brasileiro nessa área, uma comitiva da Universidad de San Pablo de Tucumán,Argentina, visitou, nessa quarta-feira (1/9), a Es-cola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ) a fim de estabelecer contato com docentes envolvidos na produção e transformação da cana em etanol e açúcar.A comitiva, composta pelo presidente da Univer-sidade Jorge Rocchia Ferro e pela vice-presidenteCatalina Inês Lonac, além de José Coronel, gerente geral e David Sayeg Junior, empresário brasileiro, foi recebida pela vice-diretora Marisa A. B. Regi-tano d´Arce.Em seguida, assistiram às palestras dos profes-sores Antonio Sampaio Baptista e Sandra Helena Cruz, ambos do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), que lhes apresenta-ram as pesquisa sobre açúcar e álcool em anda-mento na Escola.

Argentinos na ESALQ

Aluna da ESALQ apresenta trabalho em

MoscouErika Romero, 20 anos, graduanda do curso de En-genharia Florestal da Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), apresentou em setembro, sua pesquisa "Demanda Mundial Cres-cente e o Futuro das Florestas Brasileiras" no 8th International Junior Forest Contest, em Moscou (Rússia).Com orientação do professor Luis Carlos Estraviz Rodriguez e apoio da Agência Florestal Russa e doServiço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente, a aluna participa do evento que promove, anualmente, a participação de jovens do mundo todo no debate de temas florestais. Nessaedição, o Brasil será representado por Erika e por um aluno da Universidade Federal do Amazonas. O estudo, escrito com a colaboração de outros alu-nos do curso de Engenharia Florestal, prevê que a maioria dos países desenvolvidos não conseguirá

suprir a demanda doméstica de produtos como cereal, leite e carne e passará a depender de im-portações. Por outro lado, países produtores, com áreas cultiváveis e abundância de água, poderão atender seu mercado doméstico e exportar os excedentes, abastecendo as demais nações. Se-gundo Érika, "é preciso eliminar as barreiras mer-cadológicas, desenvolver a tecnologia e manter investimentos".

Professor premiado

Roberto Sartori Filho, professor do Departamento de Zootecnia (LZT), da Escola Superior de Agri-cultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, recebeu o Prêmio Assis Roberto de Bem, por Produtividade Científica do Ano. A premiação aconteceu na XXV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Tecno-logia de Embriões, realizada entre os dias 18 e 20 de agosto, em Cumbuco (CE).Durante o mesmo evento, José de Oliveira Car-valho Neto, aluno do curso de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens, venceu a competição de estudantes, com o trabalho Sexagem por cito-metria de fluxo não afeta o padrão de metilação dos genes IGF2 e IGF2R de espermatozóide bo-vino. O pesquisador é orientando do professor Sar-tori em parceria com a Embrapa Recursos Gené-ticos e Biotecnologia.

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As estrelas do Guia do Estudante (GE), da Editora Abril, configuram-se em reconhecido índice de qualidade dos cursos de graduação no País. Ano após ano, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), preo-cupa-se com esse tipo de qualificação informando dados gerais sobre seus seis cursos.Em 2011, quase 3 mil pareceristas avaliaram 10.692 cursos, de 1.516 ins-tituições de ensino superior. Nesse universo altamente competitivo, 4.329 cursos, de 697 escolas, foram indicados com as desejadas estrelas. E o resul-tado ratificou a ESALQ como um centro de excelência. Obtiveram classifica-ção 4 estrelas (muito bom) os cursos de Ciências Econômicas e Gestão Ambi-ental; e 5 estrelas (excelente) os cursos de Ciências Biológicas, Ciências dos Alimentos, Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal. Esses selos de qualidade como melhores instituições de ensino superior obtidos pela ESALQ, constarão da publicação GE Profissões Vestibular 2012, que passa a circular nas bancas no início de outubro e, posteriormente, no endereço www.guiadoestudante.com.br .A avaliação é realizada por consultores com currículos cadastrados na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que fazem parte do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (BASis), conforme portaria MEC nº 1.751, de 27/10/2006.

Saiba mais sobre os cursos de graduação da ESALQ em www.esalq.usp.br/graduacao .

Guia do Estudante

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José Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoDiretor da ESALQDiretor da ESALQDiretor da ESALQDiretor da ESALQDiretor da ESALQDiretor da ESALQDiretor da ESALQ

Palavra do Diretor

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José Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta FilhoJosé Vicente Caixeta Filho Desde que assumi a Diretoria da ESALQ, em 17 de janeiro de 2011, venho sentindo uma enorme mudança em minha vida. Mesmo há quase 22

anos na ESALQ, parece que estou em um “emprego novo”, honrado, motivado e entusiasmado com os novos desafi os.

Durante estes quatro anos, espero que prevaleçam a transparência e a participação democrática dos membros de nossa comunidade. Nesse sentido, iniciei a gestão 2011-2014 na Diretoria da ESALQ com a oportunidade de conver-sas individuais com todos os nossos docentes e servidores não-docentes, com agenda específi ca de fevereiro a abril, e as surpresas foram das mais diversas. Tanto no que tange a recomendações de ações voltadas ao incremento da qua- lidade do ambiente da nossa ESALQ quanto ao simples olhar sorridente que muitos demonstraram ao adentrar pela primeira vez na sala da Diretoria da ESALQ.

Tal sinergia já vem sendo fundamental para o refi namen-to do Plano de Gestão 2011-2014, em constante apreciação ou mesmo revisão por nossos órgãos colegiados. Como ex-emplo, na reunião de nossa Congregação, ocorrida no dia 17 de fevereiro, assuntos relacionados a temáticas relevantes para o nosso futuro institucional passaram a ser incluídos na pauta da reunião, para serem amplamente discutidos e avali-ados pelas representações que compõem esse importante Colegiado.

Também acredito bastante na implementação de me-canismos de gestão que sejam pautados pela desconcentra-ção administrativa. Já estamos em fase de testes de modelo descentralizado de compras, de tal forma que cada Seção ou Departamento da ESALQ seja atendido por uma equipe específi ca e devidamente treinada. Tudo isso fazendo parte de um processo em que treinamentos internos serão ofer-ecidos sistematicamente aos representantes qualifi cados de cada Seção ou Departamento, visando uma maior efi ciência ao cumprimento dos quesitos relacionados aos pedidos de compra e a partir de agora também ao monitoramento do pós-venda tanto de bens quanto de serviços.

Entendo ainda que, nesse ambiente que envolve mais diretamente os nossos servidores não-docentes, oportuni-dades serão criadas com o intuito de facilitar a mobilidade e até mesmo a transferência desses recursos humanos en-tre Seções e Departamentos, de forma a proporcionar tanto maior efi ciência a processos dos mais abrangentes quanto maior motivação aos colaboradores envolvidos.

Sinalizador muito importante para qualquer plano de gestão: ter a clareza da identidade institucional que nos une.

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Não tenho dúvidas que todos que-remos o melhor para a nossa ES-ALQ. A Gloriosa, que em 3 de jun-ho de 2011 completou 110 anos com a realização de vários eventos acadêmicos, científi cos e de entre-tenimento, começa pela visão do próprio Luiz de Queiroz, evidenci-ando a recorrência do empreende-dorismo que nos une.

A renovação de nossos qua-dros é patente. Levantamentos re-centes informam que entre os 240 docentes há mais de 20 tipos dis-tintos de formação acadêmica. A Escola que continuará sempre a ser lembrada pela excelência de suas atividades em Ciências Agrárias, hoje abriga cursos de graduação que extrapolam o recorte estanque de uma ciência específi ca. Nosso ambiente acadêmico, inspirado pelas boas práticas de empreende-dorismo, tem observado experiên-cias de natureza multi e interdisci-plinar envolvendo não somente o curso de Engenharia Agronômica, mas também o de Engenharia Flo-restal (início em 1972), de Ciên-cias Econômicas (início em 1998), de Ciências dos Alimentos (início em 2001), de Gestão Ambiental (início em 2002), de Ciências Bi-ológicas (início em 2002) e as li-cenciaturas em Ciências Agrárias e em Ciências Biológicas, assim como o recém-implantado curso semipresencial de licenciatura em Ciências e a aprovação recente do curso de bacharelado em Adminis-tração, em sessão do Conselho Uni-versitário da USP realizada no dia 28 de junho, e que terá início em 2013. São mais de 470 novos alu-nos de graduação que recebemos

anualmente e que chegam à nossa ESALQ, com sonhos dos mais di-versos a serem decodifi cados pela Instituição. Essas experiências que envolvem essa multi e interdiscipli-naridade devem ser incentivadas e ampliadas e, quem sabe já num fu-turo próximo, com mais alguns no-vos cursos de graduação na ESALQ.

Nessa linha de pensamento, a perspectiva de maior envolvimento do próprio aluno de graduação às pesquisas conduzidas pela ESALQ é clara, tomando-se inclusive como referência os incentivos e oportuni-dades que vêm sendo formalizados a partir da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Esses alunos de “Iniciação Científi ca” podem vir a se juntar a alunos de pós-gradu-ação dos inúmeros programas da ESALQ. Pós-graduação que nos en-vaidece e nos honra pelo reconhe-cimento do grau de excelência de seus Programas, o que certamente implica o desafi o de conseguirmos pelo menos nos manter nesse pa-tamar de destaque e, em sendo possível, galgar degraus ainda mais elevados.

A Universidade de São Paulo, no geral, e a nossa ESALQ, em par-ticular, se orgulham em poder par-ticipar da construção de ambientes tão importantes para a formação de profi ssionais diferenciados; da formação de alunos que tenham a oportunidade de cursar disciplinas com conteúdos inovadores e que fa-çam sentido para as necessidades de um mercado de trabalho cada vez mais exigente; da motivação de egressos que efetivamente con-tribuam para a revisão constante de nossas estruturas curriculares;

“A Gloriosa continuará a

galgar passos seguros se o trabalho for

realizado de forma integrada,

responsável e sustentável nos próximos quatro

anos.”

Prof. Caixeta fi lhoDiretor da Esalq

Palavra do Diretor

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do preparo de profissionais que vão se pautar pela ética, pela qualidade, pela responsabili-dade social e ambiental, pela vida.

A ESALQ faz...faz muito...e precisamos certamente comunicar melhor o que fazemos. Seja por meio de mídias que alcancem aquele cidadão mais distante, seja do claro acenar ao cidadão mais próximo, de Piracicaba e região.

Importante falar de Piracicaba. A ESALQ representa muito para a cidade. O Diretor – eu não imaginava – é uma referência muito im-portante para o município, que tem a enorme responsabilidade de se dispor a executar ativi-dades de interlocução das mais variadas, de forma a evidenciar que a ESALQ está interes-sada em participar de iniciativas sérias, sus-tentáveis, que prezem por um futuro promis-sor para o município e região.

Enfim, o desafio do diretor-gestor se ini-cia com a identificação das habilidades e das boas vontades que são trazidas pelos talen-tos humanos, sejam eles servidores docentes ou não-docentes. Não acredito que existam

pessoas que não possam ser aproveitadas nesse processo. Todos podem contribuir. Se a gestão for pautada por uma delegação devida de competências e a identidade institucional bem referenciada, recursos materiais não serão a limitação para uma comunidade que queira o bem de sua instituição.

Ainda falando um pouco da função de Diretor da ESALQ, compartilharei a gestão 2011-2014 ao lado da primeira vice-diretora na ESALQ, a professora Marisa Aparecida Bis-mara Regitano d´Arce, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, que to-mou posse em 27 de maio de 2011. A profes-sora Marisa demonstra essa motivação, esse ânimo enorme em trazer novas contribuições para a ESALQ. É uma responsabilidade que te-mos pela frente e o desafio é fazermos com que este entusiasmo e motivação sejam con-tagiantes. A Gloriosa continuará a galgar pas-sos seguros se o trabalho for realizado de for-ma integrada, responsável e sustentável nos próximos quatro anos.

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Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), reconhecida mundialmente pela formação de líderes do agronegócio.

ESALQ 110 anosR

eferência no Brasil, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) chega aos 110 anos de e-

xistência em plena forma. Recebe diari-amente cerca de dois mil alunos em seus seis cursos de graduação e outros 986 fre-quentam os 17 programas de pós-gradua-ção. Formou mais de 12,7 mil profi ssionais nos cursos de graduação e 9 mil titulados, entre mestres e doutores, pelos programas de pós-graduação.

Além do campus de Piracicaba, a es-cola tem ainda as estações experimentais de Anhembi, Anhumas e Itatinga, mais de 50% da área total da USP. Atualmente, a escola disponibiliza 12 departamentos e 148 laboratórios nas áreas de engenharia agronômica, engenharia fl orestal, ciências econômicas, ciências dos alimentos, ciên-cias biológicas, e gestão ambiental. Se é um nome de respeito para o agronegócio em geral, para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar no Brasil a Esalq é uma referên-cia. O setor sucroalcooleiro é um carro-che-

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Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), reconhecida mundialmente pela formação de líderes do agronegócio.

ESALQ 110 anosfe das pesquisas da escola.

A Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) nasceu do idealismo e iniciativa de Luiz Vicente de Souza Queiroz, que doou em 1892 ao governo de São Paulo a fazenda onde se situa hoje a par-te principal do campus de Piracicaba. Na época de sua fundação, Piracicaba estava acompanhando a história brasileira, saindo da era escravagista e entrando na era agrí-cola, recebendo imigrantes europeus, no início majoritariamente italianos, para cul-

tivo de algodão, cana-de-açúcar e café, as culturas predominantes naqueles anos.

A Esalq foi uma das faculdades funda-doras da Universidade de São Paulo (USP) em 1934, mas antes mesmo de ser anexa-da à universidade estatal ela já estava na ativa. Suas primeiras aulas foram dadas em abril de 1901. Conheça agora a história da Gloriosa.

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História da Esalq

O surgimento da Escola Agrícola Prática de Piracicaba foi a realização de um sonho do agrônomo e fazendeiro Luiz Vicente de Souza Queiroz. A história da instituição teve sua gênese vinculada à

história de vida de Luiz de Queiroz. Nascido em 12/06/1849, formado em agronomia na França (Grignon) e Suiça (Zurich), era herdeiro de uma rica família da nobreza rural de São Paulo. De vol-ta ao Brasil após o término de seus estudos, Sou-za Queiroz se deparou com o atraso das práticas agrícolas nacionais e entendeu ser de fundamen-tal importância a divulgação das mais avançadas técnicas e práticas agrícolas à população, e assim esboçava a idéia de uma escola. O sonho da instalação de uma escola agrícola para desenvolver a região era reforçado quando via perecerem os algodoais de seus fornecedores, atacados por pragas e moléstias desconhecidas. Em 1888, após a libertação dos escravos com a Lei Áurea, causa pela qual militava, decidiu viajar à Europa para melhor conhecer jardins botânicos, hortos florestais, escolas de agricultura e institu-ições de pesquisa. Presenciou na Inglaterra dis-cussões acerca da restauração da fertilidade dos solos, por meio de ossos moídos (fertilizantes), ou através do emprego da rotação de cultivos, conhe-cimentos estes que foram acalentando o desejo de fazer em Piracicaba uma escola de Agronomia de ensino científico. Na volta, começou a materi-alizar seu sonho, Luiz Vicente de Souza Queiroz solicitou auxílio a amigos ricos, familiares e fazendeiros para a construção da escola agrícola. Face à recusa ger-al, resolveu tocar o projeto por conta própria, até onde tivesse fôlego financeiro, e encomendou a dois ingleses o projeto para uma Escola Agrícola e Fazenda Modelo.

Em viagem aos Estados Unidos, Luiz Vicente de Souza Queiroz contratou dois arquitetos espan-hóis e um professor de agricultura americano e os trouxe a Piracicaba. Ao retornar começou a erguer a escola, contratando 200 trabalhadores para a empreitada. Nos Estados Unidos deparou-se com o uso da eletricidade pela primeira vez na vida,

ficando fascinado principalmente em função do grande potencial que teria para o Brasil o emprego de tal fonte de energia, tendo em vista suas inú-meras quedas de água. Estabeleceu um contrato com o poder municipal de Piracicaba para que ele próprio comandasse a construção de uma usina, e importou dos Estados Unidos toda maquinaria necessária, contratando o engenheiro eletricista americano T. Alvim Call.

O prédio de pedras em estilo americano para a fu-tura usina foi rapidamente construído à margem esquerda do rio Piracicaba. Luiz Vicente de Souza Queiroz tinha prazo certo para a inauguração da usina, o que lhe demandava esforços e investi-mentos tão grandes ou maiores que os destinados à construção da escola agrícola. Resolveu então pedir apoio do governo para a escola, solicitando isenção alfandegária e frete gratuito para os ma-teriais a serem utilizados na construção do esta-belecimento, mas sem sucesso.

Em 1892, mesmo ano desta recusa, foi estabeleci-da a Secretaria da Agricultura de São Paulo, que oficialmente já existia desde a promulgação da Constituição Política do Estado em 14/07/1891. Apesar do desinteresse do governo estadual em relação à escola, a Câmara dos Deputados do Estado promulgou a lei nº126, de 11/05/1892, autorizando o executivo a fundar uma Escola Su-perior de Agricultura e a estabelecer nos lugares apropriados dez estações agronômicas com seus respectivos campos experimentais. Luiz Vicente

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“A Escola Agrícola Prática de Piracicaba tem por missão difundir no Estado de São Paulo as noções, preceitos e práticas mais úteis à agricultura por meio de lições teóricas ele-mentares sobre as diversas disciplinas que constituem o seu programa de ensino e as demonstrações essencialmente práticas a elas correspondentes”. (art. 2º)

Em março de 1901 Cândido Rodrigues, então Se-cretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, foi à Piracicaba conhecer o estabelecimento, e ficou tão bem impressio-nado com a obra deixada por seu idealizador que propôs ao governo a inclusão do nome de Luiz de Queiroz no da instituição. Finalmente em 03 de junho de 1901 era inaugurada a Escola Agrícola Prática “Luiz de Queiroz”. Houve importantes diferenças entre a concretiza-ção da escola e os projetos que antecederam sua inauguração. Foi implantado apenas o regime de externato e mesmo assim para alunos maiores de dezesseis anos, quando o decreto previra idade

de Souza Queiroz resolveu então doar ao governo a Fazenda São João da Montanha com todas as benfeitorias existentes com a condição de, no prazo de dez anos, ser concluída e inaugurada sua sonhada Escola Prática de Agricultura. Os trabalhos de construção da Escola caminhavam tão lentamente que preocuparam Luiz de Queiroz, a ponto de pensar que os dez anos dados como prazo não seriam cumpridos. Ele tentou mobilizar as autoridades estaduais, por meio de artigos na imprensa, sobre o ensino e outros assuntos agríco-las, em vão. O Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Jorge Tibiriçá, paralisou as obras por completo, contrariando os desejos de Luiz Vicente de Souza Queiroz, que morreu pouco depois, em 11 de junho de 1898, sem ver seu sonho reali-zado.

Em 29/12/1900, por meio do decreto-lei nº 683A, do então Presidente do Estado de São Paulo Fran-cisco de Paula Rodrigues Alves, foi criada oficial-mente a Escola Agrícola Prática de Piracicaba, a qual teria os seguintes objetivos:

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culos com a proprie-dade fundiária, mais de 49% deles eram filhos de fazendeiros Dados que denotam uma perspectiva de formação da classe dirigente agrária pau-lista por parte da es-cola. Nas palavras de Arthur Torres Filho, orador da turma de formandos de 1910, tal perspectiva ficava evidenciada:

“(…)E tenho es-perança de que seremos nós, meus colegas, os filhos espirituais desta Escola, nós os orientados por tão extraordiná-rios mestres, que armados com a ciência, com o trabalho, que é a

vida do espírito, com uma vontade inque-brantável, com um real patriotismo, aliado ao amor pela profissão abraçada, abriremos a fulgida estrada por onde passará o carro triunfante do progresso agrícola da Pátria bem amada”

Em 1911 foram matriculados 166 alunos vindos de vários estados brasileiros, sendo 101 de São Paulo, 22 de Minas Gerais, 14 da Capital Federal, 9 do Rio Grande do Sul, 7 do Rio de Janeiro, 4 de Mato Grosso, 2 do Paraná, 1 (de cada um dos es-tados) do Rio Grande do Norte, do Maranhão, de Santa Catarina, do Piauí, do Ceará, de Pernambu-co e do Espírito Santo.

inicial de quinze anos. A abolição do regime de internato denotou uma pre-coce elitização da instituição, visto que tal regime seria mais condizente com um público-alvo dotado de menores recur-sos. Outra diferença marcante foi o fato de a escola ter sido inaugurada sem que as instalações experi-mentais previstas na lei - a fazenda mode-lo e o posto zootéc-nico- estivessem concluídas, o que somente ocorreu três anos mais tarde após a contratação de um profissional norte-americano. Fato este que distanciou a es-cola de sua definição inicial, a de ser uma escola essencialmente prática.

Ainda assim, em 1º de maio de 1901 foram aber-tas as matrículas, e iniciadas as aulas no dia 03 de junho contando com onze alunos regularmente matri-culados e três ouvintes. O número de candi-datos à matrícula na Escola Agrícola Prática “Luiz de Queiroz” foi crescendo consideravelmente com o passar dos anos, recebendo, em 1903, 29 alu-nos.

Entre 1901 e 1930 a escola teve um total de 2.763 alunos inscritos, dos quais apenas 558 diplomaram-se. Com relação à procedência dos estudantes verificou-se que mais de 82% dos alu-nos eram originários do centro-sul brasileiro, em sua maioria (56,8%) paulistas. Apenas 21% destes estudantes não tinham vín-

* Luiz Vicente de Souza QueirozPatrono da ESALQ

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*Acervo fotográfico da ESALQ

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ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO

A Escola Agrícola Prática de Pi-racicaba, ao ser criada em 29/12/1900, pelo decreto nº 683A, tinha como objetivo a difusão, no Estado de São Paulo,

de noções e práticas úteis à agricultura por meio de um programa de ensino teórico e prático. Para tal a Escola teria como anexos: uma fazenda modelo, com campo de ex-periências de cultura e estrumação; jardim botânico; horta; pomar; forrageal e áreas para cultivo do café, algodão, cana de açúcar, fumo e cereais; e um posto zootécnico, com instala-ções para animais de serviço e de criação.

O curso de agricultura, segundo o decreto de criação da instituição, seria ministrado em três anos, com as seguintes disciplinas:

1º ano - matemática elementar, botâni-ca, química inorgânica, mineralogia, físi-ca, zoologia e geologia.

2º ano - geologia, agrologia, agrimen-sura, química orgânica, agricultura, e zootecnia. 3º ano – química agrícola, economia rural, anatomia, fisiologia e exterior dos animais domésticos, fitopatologia, cirurgia, higiene veterinária, construções rurais e contabilidade agrícola.

Pelo referido decreto, a escola funcionaria em regime de externato, ao contrário do que haviam proposto tanto Luiz Vicente de Souza Queiroz, quanto Leão Affonso de Morimont, responsável pela construção da escola. Os alunos teriam exames semestrais, teóricos (prova escrita e oral) e práticos, nos quais

deveriam ser aprovados (grau de 2,0 a 10,0) e assim receberiam, ao final do curso, o di-ploma de agrônomo. O diretor da escola, que deveria ser um profissional diplomado por qualquer estabelecimento de ensino superior (nacional ou estrangeiro) dedicado às ciências agronômicas, seria escolhido entre os lentes e nomeado pelo Presidente do Estado, sob pro-posta do Secretário de Agricultura do Estado.

Os lentes ou professores, que seriam também nomeados pelo Governo do Estado, deveriam ser preferencialmente profissionais nacionais que tivessem se destacado em instituições congêneres. A Congregação seria composta pelos professores e pelo diretor, e se reuniria uma vez por mês para discutir, organizar e to-mar providências sobre tudo o que dizia res-peito à instituição.

Em termos de instalações, a então Escola Agrícola Prática de Piracicaba teria uma bib-lioteca com acervo (livros e periódicos espe-cializados) de interesse agrícola. A escola se-ria dotada, também, de gabinetes: de física e meteorologia; de geologia, mineralogia e agrologia; de botânica, zoologia e zootecnia; e de desenho, agrimensura e contabilidade. Haveria um laboratório para os trabalhos de análise de terras, cinzas e adubos, e um mu-seu especial com coleções de animais, plan-tas, rochas, sementes, aparelhos de bonifi-cação dos produtos, esqueletos de animais, estampas de tipos nacionais e estrangeiros de animais domésticos e amostras de madeiras. Desde a inauguração, em 1901, até sua in-corporação à estrutura universitária nos anos 30, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) passou por oito alterações

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curriculares e/ou regimentais, respectiva-mente nos anos de 1905, 1908, 1912, 1917, 1919, 1925, 1930 e 1934. Estas várias alter-ações foram resultado da disputa entre os que lutavam para que a instituição tivesse nível superior e os que a queriam mais elementar, de ensino médio. A história da ESALQ, no que diz respeito à sua estrutura curricular e pro-gramática, pode ser dividida em duas fases: de 1901 até 1916 e daí até 1934, quando de sua incorporação à Universidade de São Paulo. En-quanto a primeira esteve marcada pela tenta-tiva de transformá-la numa escola modelo, de caráter prático, a segunda fase pautou-se pela luta de seu reconhecimento enquanto institu-ição de nível superior.

O primeiro grande passo na direção de trans-formá-la em escola modelo foi dado pelo de-creto nº 1.266, de 18/02/1905, que reorga-nizou a Escola, dando-lhe novos regulamento e currículo. O curso geral da ESALQ ficou di-vidido em: curso elementar (de 1º grau) para preparar charrueiros e abegões; curso médio (de 2º grau) para preparar regentes ou admi-nistradores agrícolas; curso superior (de 3º grau) para formar administradores rurais, ger-entes de indústria, professores de agricultura, funcionários para serviços agronômicos e sim-ples agrônomos; curso de recapitulação (de 4º

grau – grau de confirmação) para habilitar agrônomos para os serviços mais elevados da agricultura.

O novo regulamento e currículo procuravam conferir uma maior "cientifização" ao ensino professado na escola, que seria intuitivo e largamente demonstrativo, devendo os pro-fessores desenvolverem o espírito de obser-vação do alunato por meio de considerações compreensíveis, de experiências e de demon-strações, quer no gabinete, quer no campo, para que os alunos convencidos da exatidão das regras, leis e preceitos científicos, pudes-sem achar na prática a evidência dos fatos observados

O curso geral permaneceu com três anos de duração, compreendendo as seguintes disciplinas: matemática elementar; física (compreendendo meteorologia) e noções de mecânica; construções rurais; química mineral e noções essenciais de mineralogia; química orgânica e agrícola e tecnologia das indústrias agrícolas; botânica, micologia e fitopatologia; agronomia (agrologia, essen-ciais noções de geologia agrícola); cultura da horta, do pomar, dos campos, das ma-

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tas e economia e legislação rurais; zoologia geral; zootecnia especial; criação de aves, do sirgo(bicho-da-seda) e de abelhas e entomo-logia agrícola; arte veterinária; higiene rural e medicina de urgência. Entretanto a cadeira higiene rural nunca foi efetivamente implan-tada e a de economia rural foi retirada.Aos alunos seriam exigidos trabalhos, exer-cícios e demonstrações práticas para cada curso, e a organização de uma "memória" ou "monografia" sobre um ponto de sua predi-leção, que seria apresentada à Congregação, a qual lhe conferiria o diploma de Agrônomo Confirmado, se a achasse meritória. No regu-lamento de 1905 foram mantidos a fazenda modelo, o posto zootécnico, os gabinetes, o museu e a biblioteca, já previstos anterior-mente. O antigo laboratório para trabalhos de análises de terras foi configurado como um laboratório químico, com mais espaço e os aparelhos necessários para análises de ter-ras, cinzas, adubos e substâncias orgânicas úteis à indústria agrícola ou à alimentação de animais domésticos. Foram previstos, ainda, a instalação de uma leiteria ou casa especial para manipulação do leite e fabrico de man-teiga, queijos e requeijão, e de um hospital veterinário.

Em 1905 a escola contava com 40 alunos, em 1906 com 49 alunos matriculados, e em 1907 haviam 60 alunos matriculados no primeiro grau, 24 no segundo e 6 no curso superior. Foram diplomados em 1907 dois administra-dores agrícolas, que haviam concluído o curso médio, e três agrônomos que haviam finaliza-do o curso superior (RELATÓRIO, 1909).

Em 1919 a instituição voltou a ter seu regula-mento alterado através do decreto nº 3.070, aprovado em 10 de junho. Em seu artigo primeiro, o novo regulamento trazia a menção especial à produção econômica das plantas e animais mais úteis e adaptáveis ao Estado de São Paulo, assim como incentivava a aproxi-

mação com as indústrias mais ligadas à agri-cultura. O regulamento dizia que a escola passaria a ter três cursos: o fundamental (um ano), o geral(três anos) e o de revisão(mais um ano). Aos alunos aprovados em todas as matérias dos cursos fundamental e geral se-ria concedido diploma de "agrônomos".

Os diplomados que tivessem feito o curso de revisão receberiam um atestado de especial-ização concedido pelo Diretor da escola e as-sinado pelo professor catedrático da cadeira em que houvessem se especializado. Foi in-troduzido também o concurso para admissão de seu corpo docente. O regulamento de 1919 criava ainda uma oitava cadeira, que preten-dia ensinar a disciplina de Tecnologia Rural (ESTADO DE SÃO PAULO, 1919).

Ainda em 1919 foi definida a introdução de exercícios militares obrigatórios nas duas primeiras horas de aula do dia, para os alu-nos da escola: "a) evoluções militares; b) in-struções práticas de atirador; c) preleções em aula, no recinto da Escola; d) nomenclatura do fuzil "Mauser" e seus acessórios; e) esgrima de baioneta; f) exercícios de tiro"

A Lei nº 2.111, de 30/12/1925, que reorga-nizou a escola, definiu a criação da 9ª cadei-ra, zoologia, como cadeira específica, a qual versaria sobre entomologia, parasitologia, apicultura’ e sericultura, anatomia e fisiolo-gia dos animais domésticos. Ficou instituído estágio no Instituto Agronômico de Campinas, nos estabelecimentos zootécnicos ou em out-ros estabelecimentos que proporcionassem a especialização agronômica dos engenhei-ros agrônomos diplomados pela escola. Aos alunos que apresentassem maior aproveita-mento no estágio ficava facultado o aper-feiçoamento dos estudos em instituições es-trangeiras à custa do Estado. Foram criados os cursos de administrador rural e de capataz rural, anexos à escola.

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Os alunos aprovados em todas as disciplinas do curso fundamental e geral receberiam o di-ploma de engenheiro agrônomo e não mais de agrônomo, atendendo à intensa reivindica-ção de alunos e professores e fortalecendo a idéia de se fazer da escola uma instituição de ensino superior.

Compunha, nesta época, o pessoal da Escola Agrícola "Luiz de Queiroz": diretor, professores catedráticos, professores auxiliares, ajudantes de laboratório e gabinete, mestre de leiteria, auxiliar de agrostologia, auxiliar de bromato-logia, mestres de oficina, administrador da Fa-zenda Modelo, escriturários, porteiro, bedeis, zeladores de laboratórios e gabinetes, fiscal, mensageiro e serventes.

Em 1930 foi feita uma reforma através da qual deu-se provimento para que as cadeiras com mais de um auxiliar fossem desdobradas em cadeiras distintas, preservando-se no mais toda a estrutura anterior. No ano seguinte a escola ganhou status de estabelecimento de ensino superior, tornando-se a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz".

Pelo decreto nº 6.606, de 16/08/1934, a es-cola foi transferida da Secretaria da Agricul-tura, Indústria e Comércio para a da Educação e Saúde Pública, sendo incorporada à Univer-sidade de São Paulo, adotando a denomina-ção de Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo, que permanece até os dias atuais.

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Voltada ao ensino, pesquisa e extensão universitária, a instituição vinculada à USP (Universidade de São Paulo), ofe-

rece anualmente 390 vagas em seis cursos de graduação.

Em um século e uma década, a Esalq já for-mou 12.788 profissionais. A universidade ofe-rece também 15 cursos de pós-graduação nos níveis de mestrado e doutorado.

Os diversos cursos da Esalq abrigam cerca de 2.000 alunos de graduação e 1.200 alunos de pós-graduação, sendo ministrados por 238 docentes, em sua quase totalidade com título de doutor. Além disso, a instituição conta com o trabalho e a dedicação dos quase 540 cola-boradores que trabalham em 12 departamen-tos da escola. Com localização privilegiada, a Esalq possui uma área territorial de 3.825,4 hectares, o que corresponde a 49% da área total da USP em todos os campi do Estado de São Paulo.

Em 1934, a Esalq foi uma das escolas funda-doras da USP, junto com a Faculdade de Di-reito do Largo São Francisco, Escola Politéc-nica, Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP, Faculdade de Medicina Veterinária, Fa-culdade de Medicina e Instituto de Educação.

Durante grande parte de sua história inicial, o foco principal de atuação da Esalq esteve voltado à agricultura e à agropecuária, desen-volvidas dentro de seu tradicional curso de graduação em engenharia agronômica e nas atividades e pesquisas em áreas correlatas à agronomia.

Ao longo das últimas décadas, contudo, sua área de atuação foi significativamente ampli-ada, por meio da criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, os quais além da atividade de ensino propiciam o fortalecimen-to da pesquisa e extensão universitária dentro de suas áreas de atuação.

Atualmente, a Esalq oferece graduação em engenharia agronômica, engenharia florestal, ciências econômicas, gestão ambiental, ciên-cias biológicas e ciências dos alimentos. Está em andamento o projeto de um novo curso de graduação, em administração, previsto para iniciar em 2012.

Na pós-graduação, a Esalq oferece 15 cursos stricto-sensu, nos níveis de mestrado e dou-torado, nas áreas de: agronomia estatística e experimentação agronômica, fitopatologia, genética e melhoramento de plantas, micro-biologia agrícola, solos e nutrição de plantas, ciência animal e pastagens, ciência e tecnolo-gia de alimentos, ecologia aplicada, economia aplicada, engenharia de sistemas agrícolas, entomologia, fisiologia e bioquímica de plan-tas, fitotecnia internacional, biologia celular e molecular vegetal e recursos florestais.

A Esalq, desde o início de sua história, procu-ra manter sua posição de destaque em suas áreas de atuação. Dessa maneira, a institui-ção constitui um ambiente onde convivem em harmonia, docentes e estudantes dedicados à resolução dos mais profundos problemas sociais, como a questão fundiária, ao lado daqueles mais voltados às ciências básicas ou ao desenvolvimento de tecnologia de ponta.

A Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

números e projetos)

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Aos 110 anos, completados no último mês de Junho, a Escola Supe-

rior de A gricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, tem muitas con-quistas a comemorar. De suas pesquisas saíram mel-horamentos de hortaliças e de outros produtos, com repercussão nos hábitos alimentares dos brasileiros. De seus laboratórios se ori-ginaram novas variedades de plantas e soluções para controle de doenças e pra-gas em diversas culturas. Também surgiram na Esalq trabalhos sobre o uso de fer-tilizantes minerais, utilização de ervas medicinais, experimentos pioneiros em silvicultura e programas de melhoramentos de es-pécies florestais, além de estudos sobre o desen-volvimento de máquinas agrícolas.

É muito, mas ainda não é tudo: a escola foi berço da entomologia, da nematologia e da acarologia no Brasil, bem como da estatística experimental agrícola.

Da Esalq vieram muitos estudos publicados em revistas internacionais de impacto, como o do se-quenciamento completo do genoma da bactéria Xylella fastidiosa, na Nature, e a descoberta de bactérias até então desconhecidas na mata atlân-tica, na Science. Neste um século e uma década de história, já são quase 13 mil profissionais for-mados, além de mais de 7,2 mil defesas de mes-

trado e doutorado. “A Esalq tem uma tradição muito grande, no Bra-sil e no exterior. É uma escola muito conhecida nas ciências agrárias em todo o mundo e tem uma contribuição extrema-mente importante para a posição que o Brasil ocupa atualmente no agronegócio”, diz o pro-fessor Adolpho José Melfi, docente da unidade e rei-tor da USP entre 2001 e 2005.

Para Melfi, algumas das contribuições destaca-das da Esalq estão nos melhoramentos vegetais,

na genética, no combate a pragas e no desenvolvi-

mento de variedades que trouxeram evolução e valor econômico ao setor. “Outro papel extrema-mente importante é que, mesmo antes da cria-ção do sistema de pós-graduação na USP, a Esalq já possuía a sua, em convênio com instituições americanas”, ressalta o ex-reitor. Na última avali-ação trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 82% dos pro-gramas oferecidos na unidade foram considera-dos de muito bom a excelente e 18%, de regular a bom.

Doação – A criação da escola está ligada à doa-ção da Fazenda São João da Montanha ao governo de São Paulo, em 1892. A condição manifestada pelo doador, o engenheiro agrônomo Luiz Vicen-te de Souza Queiroz, era que ali fosse construída

Muitas conquistas a comemorar

Esalq completa 110 anos de fundação e contabiliza os inúmeros benefícios trazidos ao País – entre eles, a realização de pesquisas que ajudaram a transformar

a agricultura e a pecuária brasileira.

professor Adolpho José Melfi

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uma instituição de ensino. O engenheiro era neto do brigadeiro Luiz Antonio de Souza Queiroz, o maior proprietário de terras do Estado. Em 1896 foi lançada a pedra fundamental do prédio princi-pal da escola.

Luiz de Queiroz não chegou a ver a construção ser inaugurada. O agrônomo morreu em 1898, um dia depois de completar 49 anos de idade. Em 1900, um decreto governamental criou a Escola Agrícola Prática de Piracicaba, cujas aulas foram iniciadas em 3 de junho de 1901. Em 1925, a es-cola foi elevada à condição de nível universitário, tornando-se uma das primeiras faculdades do País. Na comemoração dos 30 anos de início das aulas, recebeu a denominação atual e, em 1934, deixou de ser vinculada à Secretaria de Agricul-tura do Estado para dar origem à Universidade de São Paulo, junto a outras instituições de ensino já existentes, como a Faculdade de Direito.

“Luiz de Queiroz foi um empresário e um em-preendedor, um homem de grande visão”, con-sidera o professor Antonio Roque Dechen, diretor da Esalq entre 2007 e 2010 e atual vice-reitor ex-ecutivo de Administração da USP. Para Dechen, a Esalq “é uma escola voltada para a mesa dos produtores, para as nossas mesas e para o bem-estar de cada um”.

Inserção política – No campus da Esalq funcionam também o Centro de Energia Nuclear na Agricul-tura (Cena), instituto especializado voltado para a pesquisa avançada em utilização de energia nu-clear na agricultura e no meio ambiente, e o Cen-tro de Informática (Ciagri). A Esalq engloba ainda a Casa do Produtor Rural, que atende à demanda

de pequenos agricultores que buscam orientação técnica, e a Incubadora Tecnológica (EsalqTec), que abriga empresas de tecnologias voltadas ao setor agroindustrial num sistema compartilhado de incubação. Outra característica da unidade é a forte internacionalização, manifestada por muitos convênios e intercâmbios com instituições do ex-terior.

O ex-diretor Antonio Roque Dechen sustenta que é o sucesso dos egressos que justifica o conceito da Esalq dentro e fora do Brasil. Essa trajetória, cita Dechen, resultou inclusive numa significativa in-serção política: nada menos do que nove ministros da Agricultura foram formados na escola, além de 18 secretários estaduais da pasta e quatro secre-tários estaduais de outros setores, como Fazenda e Ciência e Tecnologia. Muitas lideranças de em-presas e de entidades representativas do setor privado também passaram pela Esalq.

Num cenário em que a demanda de alimentos vai seguir em crescimento no País, o docente aponta que um dos compromissos da unidade é continuar desenvolvendo a produção de alimentos baseada no tripé da sustentabilidade, expresso nas dimen-sões econômica, ambiental e social. “É aí que entra a técnica”, considera. Para o atual diretor da escola, José Vicente Caixeta Filho, a respon-sabilidade da Esalq “é continuar a trazer as mais diversas formas de contribuição num ambiente acadêmico e de mercado cada vez mais pautado pela competitividade sustentável”. Fonte: Jornal de Piracicaba

Prof. Antonio Roque Dechen

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Presente de aniversário

Para celebrar um século e uma déca-da de existência, Esalq inaugura o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade, que

reunirá pesquisadores da USP e de outras uni-versidades

Pesquisadores e grupos da USP que atuam na área de bioenergia acabam de ganhar um importante estímulo às suas atividades. No último dia 3, foi lançado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade (NAPBS). O evento, liderado pelo reitor João Grandino Ro-das, ocorreu simultaneamente às comemora-ções pelos 110 anos da Esalq, completados no dia 3 de junho.

Atenta às necessidades do mundo contem-porâneo, a Universidade já conta com diver-sos grupos trabalhando em ciência básica e aplicada em biocombustíveis, energias

renováveis em geral e sustentabilidade ambi-ental. O núcleo, porém, deve criar condições institucionais para a integração do conhe-cimento desenvolvido, muitas vezes disperso pela fragmentação geográfica de unidades e campi. Espera-se que esse centro incremente a produtividade das pesquisas e também a transferência de conhecimento e tecnologia para o setor produtivo.

O NAPBS envolve grupos de pesquisa que trabalham desde agricultura e genética de plantas, estudos de paredes celulares e me-canismos moleculares da decomposição da celulose até o desenvolvimento de tecnologias de bioenergia de segunda geração em escala industrial, uso racional de energia, química verde, e impactos socioeconômicos e ambi-entais. Para o reitor João Grandino Rodas, o lançamento do NAPBS é quase que um coro-amento dos 110 anos da Esalq. “A importân-cia do núcleo não está somente nos assuntos tratados, mas em suas características, que

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devem inspirar os demais grupos, sendo um centro interunidades e interdisciplinar. Algo que é muito difícil de se fazer: o saber não é dividido, nós o dividimos por necessidade da mente humana. Esperamos, porém, que isso ajude a inaugurar um outro momento da Uni-versidade”, afirmou.

Sem sede fixa anunciada até o momento, inicialmente integram o NAPBS pesquisa-dores da Esalq, Instituto de Química (IQ), Es-cola de Engenharia de Lorena (EEL), Instituto de Química de São Carlos (IQSC), Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Escola de En-genharia de São Carlos (EESC), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp), Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCF), Fa-culdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) e Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), todos da USP.

Segundo o vice-reitor administrativo da USP e coordenador científico do núcleo, Antonio Roque Dechen, a meta é constituir um pro-grama de pós-graduação interuniversidades, com a participação da USP, Unesp e Unicamp.Precoce – Nos 110 anos da instituição, o dire-tor da Esalq, José Vicente Caixeta Filho, lem-brou que a escola foi precocemente elevada de profissionalizante (Escola Agrícola Prática de Piracicaba, em 1901) para o nível universi-tário graças à sua qualidade de ensino e pes-quisa, com “uma história de sabedoria, inspi-rações, paixões e sonhos.”

De acordo com Caixeta Filho, se por um lado a Esalq herdou uma série de desdobramen-tos decorrentes das ações empreendedoras de Luiz Vicente de Souza Queiroz (proprietário da fazenda doada para a construção da Esco-la), por outro, ela tem “a responsabilidade de trazer sempre mais contribuições a um ambi-ente acadêmico e de mercado cada vez mais pautado pela competitividade”, declarou. ”Se

as carreiras oferecidas pelos cursos da Esalq são as profissões do futuro, podemos dizer que esse futuro já chegou, seja para a própria Esalq, seja para o nosso país. Passaram pe-los nossos bancos centenas de milhares de profissionais que hoje são claramente identi-ficados e reconhecidos pela sua competência. É esse compromisso com a nossa identidade institucional nos dá a segurança de que mui-tos outros ‘110 anos’ poderão ser comemora-dos com o sucesso das atividades de ensino, pesquisa e extensão”, projetou o diretor.

Para o reitor Grandino Rodas, muito mais que uma unidade, a Esalq reúne as condições de uma verdadeira universidade dentro de Piraci-caba. “A marca extremamente forte da Esalq em Piracicaba fez com que ela tomasse um rumo diferente de outros campi, como São Carlos e Ribeirão Preto. Mas na prática ela é uma universidade”, sugeriu.

Os elogios à Escola não vieram desacompan-hados de uma forma objetiva de reconhe-cimento. Durante a solenidade no Salão de Eventos da Esalq, o reitor anunciou a mobili-zação de verba para a construção de um Cen-tro de Convenções, que poderá também ser acompanhado de um Centro de Exposições, segundo ele “necessários para a região, ser-vindo à USP e à Esalq, mas também à comu-nidade como um todo, já que a Universidade precisa estar ligada ao restante da sociedade. A Esalq também não seria o que é sem as pes-soas de fora”, salientou.

Grandino Rodas afirmou ainda que o campus de Piracicaba será o primeiro do interior a ser dotado de um projeto de iluminação nos mes-mos moldes do que foi feito para o campus de São Paulo, e que é semelhante ao que já foi instalado em locais como a avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera, na capital paulista.

Fonte: Jornal de Piracicaba

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A maravilha de Piracicaba

Foi em 26 de agosto de 2007 que a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) conquistou a primeira classifi-

cação entre as sete maravilhas de Piracicaba, com 7.570 votos, durante pesquisa realizada com moradores do município sobre os locais mais apreciados da cidade.

Além disso, o parque e parte do conjunto de construções que compõem o campus Luiz de Queiroz foram enquadrados na categoria de bem cultural, histórico, arquitetônico e ambiental, tombados como patrimônio pú-blico estadual em 12 de dezembro de 2006 pelo Condephat (Conselho de Defesa do Pat-rimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

A idéia de eleger as construções mais admi-radas de Piracicaba foi inspirada na eleição das Sete Maravilhas do Mundo, que indicou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, como uma das obras mais belas do universo.

Hoje, além das contribuições expressivas não só no campo das ciências agrárias, como tam-bém em ambientais e sociais aplicadas - des-tinadas ao ensino, pesquisa e extensão univer-sitária -, a Esalq torna-se um marco histórico, que envolve lembrança e preservação por parte do município. “Quando falamos de Pi-racicaba e Esalq estamos falando de uma uni-ficação. A Esalq é a identidade do município, tanto é que foi a escolhida para representar o primeiro lugar das sete maravilhas de Piraci-

Edifício Central

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Os símbolos da Esalq Edifício Central: projetado em estilo neo-clássico pelo arquiteto inglês Alfred Brand-ford Hutchings, O Edifício Central se mantém como símbolo maior da Escola até os dias de hoje.

Bonde: trazido pela empresa Britannica South Brazil Eletric Co., fez sua primeira via-gem por Piracicaba em 16 de janeiro de 1916. Eram três linhas que cobriam a cidade e uma delas servia a Escola de Agronomia, que fi-cava a três quilômetros do centro da cidade. O bonde e o reboque, atualmente protegidos das intempéries, valorizam o parque da Esalq, motivando agradáveis recordações.

Bandeira: confeccionada por Archimedes Du-tra e instituída oficialmente pela Comissão de Arte e Peças Honrosas da USP, em 1916, há uma simbologia específica para cada uma

das cores que compõem o estandarte da Es-alq.

Parque: construído em estilo inglês, o parque Professor Phillipe Westin Cabral de Vascon-celos foi concebido por Arsène Puttemans, arquiteto e paisagista belga que atuou na escola até 1913. Único no estilo existente no Brasil, o local possui grandes gramados e am-plos caminhos em área de rica variedade ve-getal com espécies nativas e exóticas, como o ipê, pau-brasil, jequitibá, alecrim-de-campinas e o jatobá, o estilo inglês rompe a retidão e simetria das linhas e distribuição dos maciços arbóreo/arbustivos, promovendo uma nítida aproximação com a natureza.

Usina de Força: inaugurada em abril de 1920, a usina era movida a óleo diesel e fornecia ilu-minação para toda a escola. A Societé Suisse

caba”, explica o diretor da Escola, José Vicente Caixeta Filho.

A área construída no campus Luiz de Queiroz compreende 231 mil metros quadrados. O es-paço territorial ocupa 3.825,4 hectares, que corresponde a 48,85% da área total da USP. A área e Piracicaba compreende 914,5 hect-ares. Além da Fazenda Areão, existem ainda quatro estações experimentais localizadas nos municípios de Anhembi, Anhumas e Itat-inga, que ocupam 2.910,9 hectares.

Aproximadamente 13 mil profissionais se formaram na Esalq. A instituição também vem se fortalecendo a cada dia por meio de cooperação acadêmica existente com univer-sidades estrangeiras. Seu corpo docente é re-conhecido internacionalmente pela qualidade de suas publicações e pela participação em eventos técnico-científicos.

Atualmente, a instituição conta com 238 pro-fessores, 534 funcionários e cerca de 3.000 alunos. A Esalq oferece seis cursos de gradu-ação, 16 programas de pós-graduação, dois programas de pós-graduação interunidades e um programa de pós-graduação internacional.

Em maio de 2006 foi instalado um gabinete da Universidade de Wageningen, na Holanda, que opera em nível internacional em todos os continentes. No Brasil, a instituição estabelece um estreitamento com a América Latina para o desenvolvimento de novos programas de pesquisa, principalmente as de combustíveis biológicos. Importante destacar que qualquer aluno de graduação pode cumprir disciplinas no exterior, em instituições de ensino superior conveniadas ou não com a USP (Universidade de São Paulo), desde que a faculdade preten-dida aceite estudantes de fora do país.

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de Construções de Locomotivas e Máquinas Winterthur, através da Sociedade Comercial e Industrial Suíça do Brasil, forneceu os equipa-mentos e montou toda a instalação.

Quadros de Formatura: moldados em ma-deira, expõem fotografias dos formandos, desde a primeira turma, concluída em 1903, até 1973, quando foram substituídas por pla-cas de bronze. Através de cada quadro é pos-sível saber quais foram os diretores e reitores da época, os homenageados, patronos e para-ninfos de cada turma, respectivos formandos e personalidades, que passaram pela escola e contribuíram com sua história.

Quadros da Deusa Ceres: o desembarque do café no Porto de Santos e a colheita e o be-neficiamento de algodão, pintados em 1911 e 1916,respectivamente, por Oscar Pereira da Silva (1865-1939), retratam a deusa Ceres, a cultura, colheita e comercialização dos produ-tos agrícolas.

Lagos: os espelhos d’água da Esalq atraem garças, gansos, marrecos, cisnes e outras aves como os biguás, que mergulham para se alimentar. Os lagos tornaram-se uma fonte de atração para os visitantes e principalmente para as crianças.

Lápide: foi construída em frente ao Prédio Central. Em 12 de junho de 1964, data de aniversário de Luiz de Queiroz, houve o trans-lado dos restos mortais dele e de sua espo-sa, Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz. O se-pulcro foi projetado pelo artista piracicabano Archimedes Dutra, de forma simples e mod-esta. Com essa homenagem, concretizou-se o sonho dos admiradores do casal de vê-los repousando para sempre em terras da antiga Fazenda São João da Montanha.

Vitral: de Conrado Sorgenicht, considerado o maior vitralista brasileiro, é uma das ima-

gens mais difundidas da Esalq por iluminar o hall de entrada do Salão Nobre. Instalado em 1951, o painel de vidro traz cenas do cotidi-ano agrícola da escola.

Herma de Luiz de Queiroz: instalada diante do Portal da Escola, a herma foi inaugurada em 3 de junho de 1935. Feita em bronze e medindo 0,80m x 0,60m, está posta sobre pedestal de granito polido medindo 2,5m x 2m. A obra é do sueco Ferdinando Frick e a ini-ciativa da homenagem foi de representantes do Calq (Centro Acadêmico Luiz de Queiroz).Na parte fronteira do pedestal, abaixo do bus-to, há a seguinte inscrição em bronze, de alto relevo: “Luiz Vicente de Souza Queiroz, pela sua dádiva”. Há ainda três placas em bronze esculpidas em alto relevo, representando as três fases da agricultura: arar, semear e co-lher. Na parte inferior, existe outra placa em homenagem ao fundador da instituição; esta inaugurada em 12 de outubro de 1973 por ex-alunos da Esalq.

Medalha Luiz de Queiroz: a medalha Luiz de Queiroz, projetada pelo artista plástico Archimedes Dutra, é galardão destinado a destacar personalidades, nacionais ou in-ternacionais, por seus méritos pessoais em atividades ligadas à agricultura no Estado de São Paulo. É medalha circular em ouro, com três centímetros e meio de diâmetro, onde es-tão estampados símbolos representativos da docência, pesquisa, extensão e os múltiplos campos do conhecimento desenvolvidos pela Esalq, suspensa por fita emblemática com as cores verde, amarela, branca e castanha aver-melhada. Foi instituída pelo Decreto Estadual nº 11.035 de 29 de dezembro de 1977, pelo governo de Paulo Egydio Martins.

Portal da Esalq: o Portal de entrada foi pro-jetado pelo professor Orlando Carneiro, que lecionou matemática na escola entre 1926 e 1958. A proposta foi aprovada pela con-

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gregação e tinha como intenção ser o local de ingresso do bonde que trazia professores, funcionários e alunos do centro da cidade. A construção foi executada no início da década de 1950, ocupa uma área útil de 57,60 metros quadrados, tem o barrado revestido em pedra Miracema e na parte superior foram assenta-das pedras São Tomé em forma de fi letes.

Museu Luiz de Queiroz - antiga residência do diretor da Esalq: a construção da casa do diretor da Esalq, que hoje comporta o Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz, foi idealizada pelo professor José de Mello Moraes (diretor da Esalq entre 1927-1939) e amparada pela Secretaria da Agricul-tura do Estado de São Paulo, como parte da reforma geral da escola, ocorrida entre 1943 e 1945. Embora o projeto da construção fosse de valor elevado, o discurso do professor Mello Moraes legitimava a grandeza da obra tomando como referencial os prédios das uni-versidades norte americanas. Essa inspiração pode ser notada nos aspectos arquitetônicos

da fachada frontal do edifício, que nos reme-tem à arquitetura colonial das fazendas no sul dos EUA. O prédio deixou de ser utilizado como casa do diretor na gestão do professor João Lucio de Azevedo, que abdica em 1991 do direito de usar o espaço e fi ca a favor do museu, que desde sua fundação, em 1984, procurava espaço para abrigar seu acervo.

Fonte: Jornal de Piracicaba

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110 anos de liderança e reconhecimento social

O reconhecimento social e o con-ceito de excelência de um ente apoiam-se não apenas em um momento brilhante de sua exis-tência. É preciso conhecer sua

história e revisitar a linha do tempo para se aquilatar sua devida importância no contexto do ambiente social.

A Esalq chega aos 110 anos. O ano de 1892 foi o marco inicial, quando Luiz Vicente de Souza Queiroz doou ao governo do Estado de São Paulo a fazenda São João da Montanha “com a obrigação de, no máximo em dez anos, ali instalar uma escola pratica de agri-cultura”. Em 29 de dezembro de 1900, o de-creto nº 863 criava, em Piracicaba, a Escola Agrícola Prática Luiz de Queiroz, e, em 3 de junho de 1901, o secretário da Agricultura,

Antonio Candido Rodrigues, iniciou solene-mente as aulas.

Sob o manto da Secretaria da Agricultura, foi se desenvolvendo e crescendo, formando pesquisadores e extensionistas que se es-palharam pelo Estado de São Paulo. Diversos deles se alojaram nos institutos de pesquisa (Instituto Agronômico de Campinas, Instituto Biológico e outros) e em estações experimen-tais, alçando o Estado paulista à hegemonia da agricultura brasileira e a disseminador de conquistas biológicas e tecnológicas em di-versas culturas comerciais, mormente o café, o algodão e a laranja. É tão significativa essa importância, que a Escola Agrícola Prática, em 1931, recebe a denominação de Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Em 1934, criada a Universidade de São Paulo, a

João Grandino Rodas Reitor da Universidade de São Paulo

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Barjas Negri - Prefeito de Piracicaba

“Este é, sem dúvida, um grande marco que a cidade comemora e festeja. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz é reconhecida e referenciada in-ternacionalmente pela qualidade de en-sino, pesquisa e extensão universitária que desenvolve, e contribui sobremaneira com a projeção piracicabana.

O que comemoramos este ano é o início de suas atividades de ensino em 1901, mas a história começou antes, quando em sua lúcida visão de futuro, Luiz Vicente de Souza Queiroz, em 1892, doou ao Es-tado a área de sua propriedade, chamada Fazenda São João da Montanha.

Era seu sonho ver ali instalada uma “Escola Agrícola”.

E o sonho não só tornou-se realidade, mas superou as expectativas iniciais e hoje abriga mais de 3.000 alunos em seus cur-sos de graduação e pós-graduação, for-mando profissionais de qualidade, mas principalmente, homens que contribuem com o desenvolvimento do país e com o avanço científico e tecnológico de todo o mundo.

Parabéns a todos os esalqueanos pela história que ajudam a construir!”

Esalq foi a única escola do interior a compor a Universidade, junto com outras sete institu-ições sediadas na capital. A Esalq continuou a crescer e a se desenvolver. Os egressos do curso de agronomia estão por todo o Brasil e também no exterior. Essa escola é pioneira, tanto no tocante à pós-graduação, quanto na internacionalização. Na década de 1960, foi a primeira unidade da USP a iniciar a pós-gradu-ação, bem como a enviar, sistematicamente, seus docentes para obterem títulos de mestre e doutor em universidades estrangeiras, mor-mente norte-americanas.

A Esalq não para e se ajusta às demandas so-ciais. À frente de seu tempo cria, em fins de 1900 e inícios deste século, novos cursos de graduação e de pós-graduação, fortalecendo a indissociabilidade ensino-pesquisa-exten-são e a inter e multidisciplinaridade.

Continuando a crescer e a se desenvolver, chega aos 110 anos. Hodiernamente admi-nistra 3.825,4 hectares (48,85% da área to-tal da USP) e 231 mil metros quadrados de área construída, seis cursos de graduação e duas licenciaturas (12.788 alunos formados), 16 programas de pós-graduação e um de pós-graduação internacional (7.250 mestres e doutores titulados), 65 grupos de extensão, 43 convênios internacionais e programas de dupla diplomação. É uma universidade dentro da Universidade de São Paulo.

E, crescendo e desenvolvendo, não para no tempo! Não “fica deitada em berço esplên-dido” Seus cursos caracterizados pela inter e multidisciplinaridade associam e harmonizam a tríade sócio-econômico-ambiental, na busca de reconhecimento como centro de excelên-cia no ensino nas áreas de ciências agrárias, ambientais e sociais aplicadas; buscando ser instituição formadora de opinião e de tomada de decisão no agronegócio e no desenvolvi-mento sustentável.

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Temos muito a comemorar nestes 110 anos da Esalq. A Escola Superior de Agri-cultura nasceu do desejo de um sonhador, o produtor rural Luiz de Queiroz, que doou a sua fazenda para os primeiros campos de experimento, a mesma área onde atu-almente funciona o campus que leva o seu nome em Piracicaba.

Hoje, a Esalq é uma referência para a agri-cultura brasileira e mundial. De lá saíram alguns dos profissionais mais respeitados do país, entre eles dezenas de secretários e ministros. É uma instituição que forma pensadores para agricultura brasileira. Sua excelência se reflete também no de-sempenho do agronegócio brasileiro, fun-damental para a geração de emprego e renda em todo o Brasil.

Parabéns à USP, aos diretores, professo-res, alunos, a todos aqueles que fazem da Esalq um verdadeiro orgulho para São Paulo.

Como que para coroar o início das comemo-rações dos 110 anos, a Esalq lançará o Nú-cleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade, com linhas de pesquisa in-seridas em contexto institucional único, apto a permitir integração de esforços na busca de desenvolvimento coordenado de relevân-cia científica e econômica, além de maior transferência de conhecimentos para o setor produtivo.A Universidade não pode deixar de premiar a trajetória vitoriosa da Esalq, bem como os esforços que vem fazendo para atingir futuro brilhante. A reitoria acaba de autorizar os fundos para duas importantes obras. A con-secução de moderníssimo projeto de ilumina-ção do campus Luiz de Queiroz (nos mesmos moldes prestes a ser implantadona Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na capital); bem como a construção de amplo e moderno Centro de Convenções, em área de mais de duzentos mil metros quadrados, que possibilitará locus que contri-buirá para fortalecer apresença e a integração da Esalq em sua região. A linha do tempo da Esalq demon-stra invejável trajetória ao longo de seus 110 anos, sendo motivo de orgulho para toda a Universidade de São Paulo.

Prof. João Grandino Rodas Reitor da Universi-dade de São Paulo. Fonte Jornal de Piracicaba

Geraldo Alckmin Governador do Estado de São Paulo

A Esalq - É uma universidade dentro da Universidade de São Paulo,

crescendo e desenvolvendo, não parou no tempo! Não

“ficou deitada em berço esplêndido”Prof. João Grandino Rodas

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ESALQ Forma profissionais de destaque

A Esalq (Escola Superior de Agri-cultura Luiz de Queiroz) em seus 110 anos de história sempre manteve e até mesmo supera a cada ano o nível de excelência

de seus cursos. Quem estuda na Esalq en-tende ao longo dos anos a importância dessa querida instituição e fala com orgulho que é um “esalqueano”. O diploma da famosa es-cola agrícola é o acesso mais rápido para o mercado de trabalho. Muitos são os ex-alu-nos que tiveram destaque em suas carreiras, muitos são os profissionais que fizeram e fa-zem história no país e até mesmo no mundo. Nesses 110 anos de Esalq, o depoimento de alguns deles: “Fiz agronomia por pura paixão, pois quase pendi para o racional fazendo engenharia ci-vil, e troquei minha inscrição na Fuvest no últi-mo minuto”, lembra Antonio Carlos Ortiz, dire-tor rural do Rabobank, que é líder mundial em agribusiness. “Sem uma formação analítica, quantitativa, e uma formação em fundamen-tos agroeconômicos fortes que tive na Esalq e na Purdue University (EUA), não teria tido base para desenvolver o trabalho nesses anos todos, abrir frentes num negócio muito con-corrido. A Esalq está muito bem posicionada para manter a liderança que teve nesses 110 anos, mas precisa evoluir rapidamente para mantê-la, precisa estar adiante do mercado. Afinal de contas, é supridora nessa cadeia agro, fornecendo talentos, tecnologia, ideias, genética”, disse.

“Estudei na Esalq de 1961 a 1965 e estes foram os anos mais deliciosos de toda a minha vida. O ex-ministro da Agricultura, Roberto

Rodrigues, e o presidente da Unica (União da Indústria de cana-de-açúcar), Marcos Jank, estão entre os ex-alunos da instituição em Piracicaba construí as amizades definitivas que até hoje seguem inabaláveis e encontrei os amores mais genuínos. E na gloriosa Luiz de Queiroz, templo formidável da melhor tec-nologia agrícola do país, aprendi não apenas a última palavra em agronomia, mas tam-bém quais os corretos caminhos da vida. Os mestres, funcionários e colegas esalqueanos, com seus valores e princípios estruturados na honestidade, na solidariedade, na democra-cia, no patriotismo e na lealdade, mostraram sempre o formidável compromisso que os filhos da Esalq devem ter com a justiça e o desenvolvimento sustentável do Brasil. Este grande farol voltado para o futuro iluminou meus passos e os de outros milhares de grad-uados na Esalq, definindo nossa vida profis-sional para todo o sempre” disse o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

“A Esalq foi absolutamente fundamental para

Antonio Carlos Ortiz, diretor rural do Rabobank,

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a minha vida pessoal e a minha carreira. Foi nela que eu descobri que a agronomia, na qual me formei em 1984, é uma profissão multidis-ciplinar maravilhosa, capaz de abrir inúmeras frentes de atuação para os profissionais que a ela se dedicam, nas áreas das ciências exatas, humanas e biológicas.

Sou exemplo disso. Cheguei à escola disposto a seguir uma carreira tradicional de agrônomo de campo, seguindo a bela trajetória do meu pai, que é agrônomo formado na Esalq (vai comple-tar 50 anos de formatura em outubro desse ano) e conhecido produtor de leite e laranja. A Esalq me abriu os olhos para a área de economia e administração dos agronegócios, nas quais fiz mestrado (economia agrícola), doutorado (ad-ministração) e livre docência. Fui professor da escola durante 13 anos, ajudando a montar o bacharelado em economia.

Acredito que ela não é única apenas na sua lon-ga história, tradição e qualidade de ensino e ex-tensão, mas também na sua capacidade de ofe-recer aos estudantes que nela aportam valores fundamentais para a futura vida profissional e familiar, como espírito crítico, discernimen-to, formação de personalidade e bom senso, além de amizade, alegria, vida em comunidade nessa cidade tão generosa que é Piracicaba,

e saudades, muitas saudades”, disse Marcos Jank, presidente da Única (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

“A Esalq proporcionou uma intensa vivência uni-versitária em suas diferentes dimensões: cultu-ral, afetiva, política, esportiva e acadêmica. En-trei na Esalq com 19 anos em um momento no qual estava construindo grande parte da minha visão do mundo. Destaco as experiências que tive no movimento estudantil como presidente do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (Calq) e representante discente nos órgãos colegiados da Esalq. Estas experiências foram essenciais na definição dos meus valores, rumos profis-sionais e representam uma grande parcela da minha formação. Mais do que a marca em um diploma, a Esalq representa um dos momentos mais importantes da minha vida”, disse Renato Morgado, do Imaflora (Instituto de Manejo e Cer-tificação Florestal e Agrícola).

Formado em 2007 em gestão ambiental, Mor-gado realiza projetos e ações em Piracicaba que buscam fortalecer a capacidade de participação da sociedade civil local na gestão de políticas públicas e criar instrumentos de transparência e controle social e presido o Conselho Munici-pal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, órgão responsável por analisar e propor as di-retrizes das políticas ambientais do município.Fonte: Jornal de Piracicaba

Marcos Jank, presidente da Única (União da Indústria da Cana-de-Açúcar)

Renato Morgado, do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação

Florestal e Agrícola)

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ESALQ - Uma das primeiras faculdades do Brasil

Desafio da escola é acompanhar as mudanças e necessidades dos profissionais formados pela instituição

No mês de junho a Escola Superi-or de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) comemora 110 anos de fundação. A instituição, que nasceu da transformação de

uma fazenda em uma escola agrícola, já for-mou mais de 12 mil profissionais.

A história da escola começou em novembro de 1892 quando seu idealista, Luiz Vicente de Souza Queiroz, um homem de posses, resolveu doar ao governo do Estado de São Paulo a sua fazenda para que fosse instalada uma escola agrícola, que foi aberta em 1901.

Seis anos depois foi construída a sede. O edi-fício, em estilo neoclássico, foi projetado por um arquiteto inglês, onde atualmente funcio-na o gabinete do diretor, José Vicente Caixeta Filho, e a sede administrativa da Esalq. O pré-dio tem quase cinco mil metros quadrados. Fica de frente para um grande parque, onde estão os restos mortais do fundador da escola e da esposa dele, Ermelinda Queiroz. No inte-rior do prédio há quadros das primeiras tur-mas de agrônomos formados pela instituição. O professor Evaristo Marzabal, que foi diplo-mado em 1966, entrou na Esalq com 20 anos de idade e não saiu mais.

– Quando eu entrei, fiquei maravilhado com este parque, com tudo. Vi o prédio, com sua imponência. O bonde chegou, desci e falei, é aqui que eu vou me formar.

O aluno Evaristo virou professor e diretor da Esalq, estando à frente da instituição de 1995 a 1999. Uma das primeiras faculdades do Brasil, a instituição já formou 12,7 mil profis-sionais. A Universidade de São Paulo (USP) surgiu a partir desta instituição e de outras sete que já existiam no Estado. Por ano, a es-cola recebe quase 400 alunos matriculados em 21 cursos de graduação e pós-graduação. –Todas áreas são compreendidas pelas ciên-cias agrárias. São departamentos, ou mais de um departamento que se encarrega da forma-ção deste profissional. Do cerne deste profis-sional que poderá também adicionar as disci-plinas oferecidas por outros cursos – explica a vice-diretora da Esalq, Marisa Regina d’Arce.

O perfil dos alunos nas salas de aula hoje é diferente de 50 anos atrás. A maioria mora nas cidades. O perfil dos profissionais tam-bém é outro, lembra a vice-diretora, que as-sumiu a função há pouco mais de quatro me-ses. O desafio da escola é acompanhar estas mudanças. – Nós temos que formar profissionais que, conforme as suas habilidades, o seu perfil pessoal, possa se dirigir tanto pra academia como instituição de pesquisa , como também ir direto ao campo, direto ao setor comercial.

No terceiro ano do curso de agronomia, Fer-nando Uchiyama é um dos poucos alunos que

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tem origem no campo (seu pai é fazen-deiro em Mato Grosso do Sul) e diz que não foi por acaso que ele escolheu este lugar pra estudar. – Só pelo nome da es-cola já é diferenciado. É orgulho para mim e para todo mundo que faz Esalq estar aqui, estudar e honrar este nome.

Roberto Rodrigues, que já foi secretário de agricultura no Estado de São Paulo e ministro do governo Lula, é um engen-heiro agrônomo formado na Esalq. Ele é da turma de ouro, como faz questão de dizer. Hoje trabalhando como coordena-dor do Centro de Agronegócio da Funda-ção Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, lembra os tempos de faculdade e fala da

Esalq com orgulho e gratidão. O ministro, como muita gente ainda o chama, diz que a decisão de estudar na instituição deu a ele mais que uma for-mação profissional.

– Ela é a continuação do lar. No lar a gente recebe as informações básicas, dos pais da gente. Do pai e da mãe a gente recebe a informação básica so-bre a vida, caráter, personalidade, honestidade, transparência. Isso a gente aprende em casa. Mas a escola consolida isso e transforma estas características no horizonte do compromisso com o coletivo. Então a escola de Piracicaba é muito mais do que uma universidade com a formação acadêmica. É uma escola de vida extraordinária – declara Ro-drigues.

A ESALQ é muito mais do que uma universidade com a

formação acadêmica. É uma escola de vida extraordinária

Roberto Rodrigues.

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A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Uni-versidade de São Paulo (ESALQ-USP), comemora 110 anos como uma das mais importantes instituições de pesquisa e ensino agrícola no país. Além de sua excelên-cia na formação de profissionais para o segmento agro-

pecuário brasileiro, a ESALQ se destaca pelo comprometimento com a sociedade.

Estes são motivos mais do que suficientes para que a Dow AgroSci-ences se orgulhe por manter uma relação de parceria tão próxima e repleta de sucessos com esta instituição.

“Um dos pilares da Dow AgroSciences é a busca constante por produ-tos, tecnologias e soluções que auxiliem o homem do campo. Ter a ES-ALQ como parceira em muitos dos nosso projetos gera mais resulta-dos relevantes para o departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa, além de ratificar nosso papel de instituição referência”, conta Mario Von Zuben, diretor de Registros e Relações Institucionais da Dow AgroSciences.

“Além do fato de muitos funcionários da Dow AgroSciences terem se formado nesta importante e mundialmente reconhecida Instituição de Ensino e Pesquisa, temos importantes projetos desenvolvidos em parceria. Os resultados oriundos de projetos de pesquisa de novas tecnologias e de ações de sustentabilidade corroboram a relevância da parceria da Dow AgroSciences com a ESALQ”, comenta Ildo Pedro Mengarda, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa. Um bom exemplo disso é o projeto das Olimpíadas USP de Inovação, em que a Dow AgroSciences e a Agência USP de Inovação estimulam alunos, docentes e funcionários desta Universidade a desenvolverem projetos inovadores associados à ciência, tecnologia e sustentabili-dade.

“A Dow AgroSciences enxerga nessa parceria um estímulo à criativi-dade e ao desenvolvimento de ideias inovadores, que podem parecer espontâneas depois de concluídas, mas que sempre precisam de apoio para a sua concretização”, diz Ildo

Escrevendo a história do agronegócio brasileiro

Mario Von Zuben

Ildo Pedro Mengarda

Capa - Especial 110 anos Esalq

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Tal Projeto apresenta as melhores oportuni-dades negociais e para investimentos que surgirão nas Regiões Centro-Norte e Nor-

deste do Brasil após as conclusões das 04 novas ferrovias, 04 novas hidrovias e 03 grandes usinas hidroelétricas – em cons-trução acelerada através do PAC ou em fase de projetos e/ou liberações ambientais – e ainda com a nossa auto-suficiên-cia em fertilizantes até 2020. E isto sem contar as 2 usinas em construção na Bolívia e as mais 6 planejadas nos rios Tapajós/Jamanxim (com po-tencial igual a Itaipu). Teremos ainda a hidroelé-trica gigante em Belo Monte-PA no Rio Xingu e já em construção.

Com acessos aos portos do Peru ou via o novo Canal do Panamá, teremos como exportar muito mais commodities e produtos processados para países da Ásia – ou importar de forma muito bara-

tas as matérias-primas e máquinas - e utilizando navios gigantes e que ainda não chegam aos nos-sos portos. Também, teremos melhor acesso aos países da América Latina, dinamizando as corren-tes de comércio e de onde poderemos trazer ferti-lizantes das minas de Bayovar (Peru), pertencen-tes a Vale, e outros itens. Nossa competitividade no Pacífico aumentará muito, tanto na produção e exportação, em parcerias, para abastecer a Ásia, Caribe, Costa pacífica da América Latina mais oeste dos EUA, como para importações desses países. Com distâncias e custos muito menores, a tendência é de suplantar rapidamente a nossa atual corrente de comércio ape-nas com o Atlân-tico Norte e a Ásia, via sul da África ou por ou-tras rotas muito mais longes e com portos rasos e navios velhos.

Com as novas ferrovias e hidrovias, e muito mais

Pojeto Agrovision: “Novo Brasil 2020”

“Potencial para Melhores Negócios e Investimentos no Centro-Norte e Nordeste do Brasil após as ferrovias, hidrovias, rodovias, novos portos profundos e usinas gigantes, em construção acelerada até 2019” –

“UM FUTURO SEGURO E MUITO PROMISSOR”Prof. Clímaco Cezar de Souza

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energia disponível, nossa logística exportadora melhorará bastante, reduzindo os custos diretos, indiretos e de transação e possibilitando a instala-ção de grandes agroindústrias, empresas de min-eração, siderúrgicas, metalúrgicas etc., além de empresários rurais arrojados e ambientalmente conscientes, e produtores familiares bem orienta-dos (com renda liquida sustentável e bem maior). Os escoamentos e as entradas de insumos e de “bens de capital” ocorrerão através dos portos do Peru, de Itacoatiara (AM), Espadarte, Santarém e Barcarena (PA), Itaqui (MA), Pecém (CE), Suape (PE) e do programado porto offshore de Ilhéus-Aritaguá (BA).

Além dos fertilizantes provindos do Peru e de outros países – via nova Ferrovia de Integração Oeste-Leste –, teremos diversas minas de fosfato e até de potássio em franca produção no Brasil em 2020, possibilitando não só nossa auto-su-ficiência, como até exportações. Nossos custos de produção agrícola e todos os custos industriais devem cair bastante, também com os menores custos dos fretes e que serão mais pelas ferrovias e hidrovias, rápidas, automáticas e confiáveis (in-clusive de retorno).

Este Projeto teórico “Novo Brasil 2020” contem-pla 02 pólos gigantes para atração de negócios e de investimentos: a) Centro-Nordeste ou “fora da Floresta Amazônica” e b) Norte ou “Amazônico Florestal = dentro da floresta”. Ambos terão eleva-do desenvolvimento e com atração de muitos imi-grantes internos, ou seja, muito mais consumos e desenvolvimentos sócio-ambientalmente susten-táveis. A área total nos 02 pólos corresponde hoje a cerca de 60% do Brasil, mas somente detêm 42% da população atual, embora esses pólos se-jam muito mais próximos dos grandes consumi-dores dos países ricos do Norte do Mundo, inclu-sive da Ásia.

O Pólo Centro-Oeste/Nordeste – atualmente com cerca de 200 milhões de hectares ou 24% do País - está contido no heptágono partindo de Goiâ-nia (GO) direto até Ilhéus (BA); de lá para Suape (PE), Pecém (CE) e Itaqui (MA); voltando para o Acre e de lá para Bayovar no Peru (via centro de TO e centro-norte de GO, norte de MT, sul de RO e sul do AC); retornando para Cuiabá-MT e de lá

alcançando Goiânia (GO). Nesta área haverá mui-tos grandes projetos, sócio-ambientalmente sus-tentáveis, de grãos; bioenergias (etanol de cana e biodiesel de grãos, palmáceas e outros); carnes; lácteos; madeiras processadas; reflorestamentos para celulose, carvão e chips; minérios; pedras preciosas; fertilizantes e, em especial, alimentos processados. Este Pólo exclui as áreas da Floresta Amazônica.

Já o Pólo Norte do “Novo Brasil 2020” – hoje com cerca de 300,0 milhões de hectares ou 35% do País – representa a área da Floresta Amazônica onde, legalmente e de formas sócio-ambiental-mente corretas, serão explorados madeiras pro-cessadas em Projetos de Manejo Florestal Susten-tável; reflorestamentos; biodiesel de palmáceas; seringueiras para borracha; plantas medicinais e aromáticas; turismo rural e ambiental; frutas exóti-cas e suas polpas/sucos e ainda minérios e fertili-zantes etc..

O melhor é que dos 851,0 milhões de hectares totais, o Brasil ainda tem cerca de 206,0 milhões de há disponíveis para muito bem explorar sócio-economicamente e fora da Floresta Amazônica, seja em novos projetos e/ou recuperando áreas degradadas, e onde poderemos produzir até 1,0 bilhão de toneladas de grãos/ano até 2050, se-gundo alguns estudos. Atualmente, só cultivamos o total de 80,0 milhões de há, sendo 49,2 milhões de há na produção de 151,0 milhões de t de grãos + algodão, e cerca de 30,0 milhões de hectares com cultivos permanentes (cana, café, frutas, flo-restas etc..).

Com tanta atratividade negocial esperam-se mui-tos novos investimentos e progressiva migração de até 30,0 milhões de pessoas das capitais e grandes cidades do Sul/Sudeste para aqueles no-vos pólos com previsto forte desenvolvimento até 2050 (que já iniciou e está ampliando). Nos dois pólos certamente haverá significativos aumentos das rendas “per capita”, maiores consumos, in-clusões sociais/cidadanias, tecnologias/capacita-ções, desenvolvimentos e divisas. Isso ocorrerá com as maiores proximidades desses 02 pólos com os grandes compradores mundiais e fornecedores de matérias-primas, grãos e fertilizantes e as maiores facilidades futuras de escoamentos e de acessos e por custos bem menores.

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PORTOS: a) O Porto offshore de Açu-RJ (Eike Bastista) está 80% pronto (+2 siderúrgicas + 2 fábricas de cimentos) e a inaugurar no inicio de 2012; b) O Porto offshore de Ilhéus/Aritaguá-BA deve entrar em concorrência em setembro/2011 (pela Pres. Dilma). Está em fase de licenciamento ambiental; c) A VALE comprou, em leilão, grande área no futuro Porto offshore de Espadarte, um dos mais profundos do Mundo. Com 25 metros de profundidade, ele receberá navios de até 500 mil t e a VALE já recebeu 01 navio para 400 mil dos 19 encomendados da China;HIDROVIAS: Concluída a eclusa de Tucurui-PA (Rio Tocantins) e iniciando as eclusas nas grandes barragens de Estreito-MA (em conclusão) e de Lageado-TO (em conclusão). Em Estudos ambien-tais 6 usinas e a hidrovia do Teles Pires-Tapajós (MT e PA); Transposição do Rio São Francisco (fornecimen-to de água do Leste para Nordeste do País). Com custo de apenas R$ 4,5 bilhões (diante de R$ 34,6 bi do TAV do RJ a SP, R$ 19,0 bi de Belo Monte e de R$ 5,4 bi da Transnordestina), beneficiará 12,0 milhões de pessoas muito pobres do nordeste semi-árido, elevando muito a demanda. Eixo Leste deve ser inaugurado em Set./2012 e Eixo Norte em Set./2013;FERROVIAS: a) FNS – A Norte Sul está 95% pronta e a inaugurar em setembro/2011; b) O prolongamento da FNS de Anápolis-GO a Estrela D’Oeste-SP - com destino final Santos-SP via Fer-rovia Vicente Vuolo - teve as obras iniciadas, a inaugurar em 2014, e com trilhos todos pagos e chegando do exterior; c) na FIOL – De Ilhéus-BA a Figueirópolis-TO (encontrando a FNS), as obras do 1º trecho até Caitité-BA foram iniciadas, a inaugu-rar em 2013 e com todos os trilhos já comprados e em transporte; d) A FICO – de Campinorte-GO (iniciando na FNS perto de Uruaçu-GO e Brasília-

DF) a Vilhena–RO e com destino final ao Peru está em inicio de construção; e) Na FTN-Transnordesti-na, as obras foram iniciadas de Eliseu Martins-PI ao Porto de Pecém-CE e de Salgueiro-PE ao porto de Suape-PE; f) A Ferrovia Vicente Vuolo, ex Fer-ronorte teve as obras reiniciadas e aceleradas de Alto Araguaia-MT a Rondonópolis-MT e a inaugu-rar em 2012;RODOVIAS: a) BR 364 do interior do Acre a divisa com o Peru está 100% concluída. Ao lado de parte desta rodovia será construída a Ferrovia Transcon-tinental ou Inter-oceânica (FICO + FIOL + ferrovia no Peru) até o porto de Bayovar e outros no Peru; b) BR 163 de Cuiabá-MT a Santarém-PA: em obras aceleradas pelo Exercito e a inaugurar em dezem-bro de 2012; HIDROELÉTRICAS: a) Iniciadas as obras de Belo Monte-PA; b) As obras estão aceleradas e antes das datas previstas em Jirau-RO e Santo Antônio-RO; c) Em final de estudos, a usina binacional de Guarajá-Mirim-RO na divisa com a Bolívia;Novas Minas De Ferro descobertas ou revela-das (todas em regiões muito pobres e ainda com baixíssimas demandas): a) Salinas-MG, no Vale do Jequitinhonha e a 600 km do Porto de Ilhéus pela futura ferrovia FIOL (minas já com alta disputa pela VALE, Anglo-American, BHP Billiton, BAMIN Mineração etc.. e com visível e estratégico apoio do Governo de Minas Gerais); b) Paulistana-PI, próxima a Ferrovia Transnordestina; c) Coração de Maria-BA a 160 km do Porto de Cotegipe/Aratu-BA; d) Mirassol D’Oeste na divisa Bolívia com MT e perto da Ferrovia Vicente Vuolo e da FICO; e) Inhamuns-CE, Pentencoste-CE e Ina-CE, perto do porto de Pecem-CE, via Nova Transnordestina e antiga Cia Ferroviária do Nordeste; e) Cruzeta-RN e Jucurutu-RN, perto da Nova Transnordestina e do Porto de Pecem-CE. Atualizado em junho/2011

“UM FUTURO SEGURO E MUITO PROMISSOR”Agronegócio

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Como entrar nesse mercado, qual a for-mação específica necessária e qual o tamanho do mercado de agronegó-cios no Brasil são informações que o profissional iniciante precisa obter

logo de início. A boa notícia é que a expansão deste mercado tem sido tão boa que gerou uma série de efeitos colaterais positivos para quem está na área.

"O mercado está em transformação, exige a par-ticipação de outras áreas que antes não tinham tanto interesse por agronegócios", conta o profes-sor da FGV-PR, Robson Gonçalves. Além de agrôno-mos e veterinários, o mercado de agronegócios têm se voltado cada vez mais para profissionais envolvidos no processamento de alimentos, setor industrial.

"Profissionais na área de planejamento logístico, marketing e comércio exterior são cada vez mais necessários para agronegócios", conta o professor da FGV. O aumento das exportações determinou o perfil do novo profissional, que deve entender bastante de mercados financeiros e dominar a transação em moeda estrangeira, além de fluên-cia em idiomas.

O mais interessante na expansão do mercado é a atração que os jovens urbanos sentem agora pelo mercado. "Estamos chegando a uma época em que as propriedades agrícolas, principalmente no centro-sul, estão chegando à terceira geração de proprietários. Estes, não se acham muito mo-tivados para manter o negócio, então preferem migrar para os centros urbanos. Já os jovens urba-nos, deixam as metrópoles para substituir esses proprietários, em uma nova era de gerenciamen-to", conta o professor da FGV-PR.

A indústria da alimentação é a maior responsável pelo novo paradigma de gerenciamento. Tradi-cionalmente, a indústria de processamento de

alimentos tinha uma pequena participação no PIB brasileiro. É grande a produção in natura mas mu-danças já estão sendo apontadas. "Os recém-for-mados em carreiras como engenharia de alimen-tos, têm papel importante tanto no campo quanto nas grandes cidades no crescimento destas indús-trias", afirma o professor.

Carências significativas

As áreas de maior carência de profissionais no mercado de agronegócios não são difíceis de iden-tificar. Os especialistas concordam com a falta de dois profissionais com perfil definido: gestão am-biental e TI aplicada aos agronegócios.

"A área de gestão ambiental é aquela que, origi-nalmente, era ocupada por formados em engen-haria florestal ou ambiental, responsável por via-bilizar uma série de certificações necessárias para exportar produtos para países desenvolvidos, prin-cipalmente nos setores de papel e móveis", conta o professor.

Agronegócio:

Expansão do mercado atrai cada vez mais profissionais

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A procedência certificada é essencial para a produção brasileira. A preocupação com o desen-volvimento sustentável aumenta e a exploração dos recursos naturais é bastante diferenciada hoje.

A segunda grande carência é na área de TI (Tec-nologia da Informação). "A necessidade de pro-fissionais de TI com capacitação específica para prestar suporte ao mercado de agronegócios é muito grande", conta o professor da FGV-PR.

Dicas para recém-formados: busca de emprego e especialização

O recém-formado que quer entrar na área de agronegócios deve começar por valorizar seu desempenho na universidade. Para o professor Aécio Flávio Lemos, diretor da Faculdade de Ad-ministração da Universidade de Franca-UNIFRAN, "ter sido um ótimo estudante com alto aproveita-mento é a principal dica".

O professor da Unifran lembra ainda que "toda e qualquer área exige especialização" e que o recém-formado com interesse em agronegócios deve procurar "ser generalista e especialista".

O professor Marcelo Farid, da UEM, afirma que a melhor dica para o recém-formado é "conhecer a sua área". Nada melhor, portanto, do que "fazer um curso de especialização, que estão mais com-pletos e podem suprir as deficiências da gradu-ação". Ter um bom desempenho na universidade e ter feito um bom curso de graduação também são dicas importantes. "A inscrição em congres-sos como o da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural também deve ser interesse do profissional da área", completa o professor.

Para o professor Écio Costa, da Universidade Fed-eral de Pernambuco (UFPE), "o recém-formado pode procurar entrar no mercado de agronegó-cios tanto no campo quanto nas cidades.

No campo, as pessoas podem trabalhar junto aos empreendimentos agrícolas, na parte de orga-nização da produção,comercializaçãoo interna e externa, levantamento e aplicação de tecnologias na empresa etc.".

"Já nas cidades", completa o professor, "o em-prego divide-se no setor industrial e de serviços. No primeiro, o emprego pode~ser alocado para pes-soas que venham trabalhar tanto com insumos técnicos voltados à produção no campo, como com desenvolvimento de maquinas e equipamentos de plantio e colheita, por exemplo". A área de serviços é outro destaque, de acordo com o professor.

A dica é "aliar conhecimentos específicos aos diver-sos segmentos possíveis, até porque o agronegócio engloba diversos estágios de produção e agregação de valor até que o produto final chegue às mãos do consumidor", diz o professor Costa.

Tamanho do mercado e média salarial

Para o professor Aécio Flávio Lemos, diretor da Faculdade de Administração da Universidade de Franca-UNIFRAN, o tamanho do mercado de agronegócios é "um dado com uma enormidade de variáveis". A média salarial dos recém-formados, por exemplo, muda muito "entre o Sul e o Acre, as diferenças são substanciais, todavia, os salários iniciam, para os estagiários, giram em torno de R$1.000,00 mensais".

O professor Marcelo Farid do Departamento de Eco-nomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), concorda com a dimensão variável do mercado de agronegócios. "O agronegócio não está só no cam-po mas também na produção de insumos, transfor-mação de todos os produtos do agronegócios, está em cooperativas, usinas, fábricas de processamen-to de alimentos, parte administrativa, contábil, TI etc.". O que se pode dizer, de acordo com o profes-sor, "é que o PIB do Agronegócio cresceu em 2003 mais do que outros setores da economia".

O professor Guilherme Cunha Malafaia, do MBA em Gestão de Agronegócios da UCS (Universidade de Caxias do Sul), dimensiona o agronegócio den-tro de um contexto nacional. "O agronegócio gera 17,7 milhões de empregos, 37% do total nacional", afirma o professor.

O professor da ESALQ/USP e pesquisador do CE-PEA, Sérgio de Zen, também situa o mercado de agronegócios no contexto nacional, "o número de

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pessoas envolvidas direta ou indiretamente no agronegócio corresponde a um universo de 20 a 30% dos empregos, dependendo de como se de-fine a amplitude do agronegócio na economia".

A média salarial para o recém-formado, para o professor Marcelo Farid da UEM, "depende da fun-ção desenvolvida, as áreas que mais prometem são o processamento de cana de açúcar, com a necessidade crescente do álcool como combustí-vel alternativo".

O tamanho do mercado, de acordo com o profes-sor Écio Costa da UFPE, é "difícil de ser apontado, pois engloba não somente o setor agrícola, mas também todos aqueles outros setores que estão conectados a ele por meio das cadeias produti-vas". A média salarial para um recém-formado nesse mercado, de acordo com o professor, "pode girar em torno de R$ 1.000, podendo chegar até a R$ 30.000 reais no auge da carreira, principal-mente nas áreas que são voltadas à exportação de commodities".

Tendências para o futuro

Apesar de ter vivido uma grande expansão nos úl-timos dois anos, o mercado de agronegócios ain-da requer, como qualquer outra área, cautela por conta do profissional. "É possível que aconteça um prolongamento da situação atual mas continua positiva a perspectiva do mercado de agronegó-cios", diz o professor da UFPE, Écio Costa. "Depois de tanto tempo de expansão, é previdente pensar que pode vir um tempo de vacas magras à frente

e preparar-se para ele", diz o professor da FGV-PR, Robson Gonçalves.

"O mercado de agronegócios ainda será um mer-cado interessantíssimo por muitos anos", diz o professor Écio Costa, da UFPE. "No entanto, tem que ser pensado em conjunto com as perspectivas para o comércio exterior", diz o professor. "As ne-gociações intensas do Ministério de Relações Ex-teriores deverão fazer com que o mercado tenha possibilidades de crescimento ainda maiores".

O desempenho dos índices do mercado de agronegócios é muito influenciado pela economia dos maiores clientes do Brasil: Estados Unidos e Europa. "No caso do Nordeste, 98% da produção de camarão do Brasil é da região, 65% é exporta-da; o preço do camarão é determinado direta-mente por mudanças na exportação", diz o profes-sor da UFPE.

O crescimento do número de profissionais com pós-graduação também deve ser esperado na área. "È muito interessante buscar formação na área pois o leque de opções têm aumentado cada vez mais, tanto no âmbito das instituições privadas como particulares", afirma o professor.

Para se ter uma idéia do crescimento do mercado, basta ver o aumento das exportações nos últimos cinco anos, soja chegou a 18,5% a mais, carne bo-vina teve aumento de 660%, aves mais de 200% e suínos ficou também com mais de 200% de au-mentos. E só o leite, aumentou em 100% a quanti-dade de exportações no último ano apenas.

O mercado de agronegócios não é a primeira idéia no horizonte de profissões de um vestibulando. No entanto, o mercado é um dos que mais cresce no Brasil e a absorção de profissionais de novas áreas torna o mercado de

agronegócios cada vez mais interessante como perspectiva de longo prazo.

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