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Publicação sobre as ações da Embrapa Agroindústria Tropical.
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Conheça o novo clone de acerola da Embrapa Agroindústria Tropical, gerado em parceria com a Nutrilite, que deverá
melhorar a produtividade do fruto no campo
CULTIVAR ACERoLA BRS 366 JABURU: MAIS
VITAMINA C PoR HECTARE
T R o P I C A LRevista editada pelo Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical
Fortaleza (Ceará) Setembro-Novembro| 2012 | Nº 143
AGRoINDÚSTRIA
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Agroindústria Tropical É uma revista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Elaborada pela Embrapa Agroindústria Tropical, situada na Rua Dra. Sara Mesquita 2270 - Pici CEP 60511-110 - Fortaleza, CE. Contato Telefone: (85) 3391.7100 E-mail: [email protected]: www.cnpat.embrapa.brtwitter: @embrapacnpat
Jornalistas ResponsáveisRicardo Moura (DRTCE1681jp) Verônica Freire (MTB 01225jp) DiagramaçãoRaissa Alves | Ricardo Moura
Revisor Marcos Antonio Nakayama
EstagiárioÍtalo Marciel
Impressão | TiragemGráfica Ronda | 4.000 exemplares
FotoCláudio NorõesRicardo Moura
Chefe-GeralVitor Hugo de Oliveira
Chefe-Adjunta de P&DAndréia Hansen Oster
Chefe-Adjunto de Administração Cláudio Rogério Bezerra Torres
Chefe-Adjunto de Transferência de TecnologiaLucas Antonio de Sousa Leite
Supervisor do Núcleo de Comunicação organizacionalNicodemos Moreira
Expediente
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FRASES E NÚMERoS
RADARREPoRTAGEM DE CAPA
ACoNTECE
Sumário
Apresentação
UNIDADE INAUGURA LABoRATóRIoS
A Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com a empresa Nutrilite, está lançando o clone de aceroleira BRS 366 Jaburu. A variedade possui diversas vantagens aos produtores, como a safra distribuída ao longo de todo o ano. Estima-se que as árvores proporcionem sete safras anuais, em média. Além disso, a estrutura da árvore permite que a colheita manual seja feita com menos riscos e ainda abre a possibilidade para a colheita mecanizada.
No entanto, mais que apresentar os indicadores de produtividade, é importante mostrar os impactos que essa tecnologia tem no cotidiano de quem produz. Esta edição da Revista Agroindústria Tropical traz um apanhado de trajetórias de vida que se modificaram a partir da produção de acerola na Serra da Ibiapaba, no Ceará, e que agora veem as possibilidades de aumento nos ganhos com a chegada do novo clone. Notícias como essas dão sentido ao trabalho da Unidade.
INDICADoRES DE qUALIDADEBURU: MAIS
VITAMINA CULTIVAR ACERoLA BRS 366 JABURU: MAIS VITAMINA C PoR HECTARE
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Frases&Números
R$ 10 bilhõesÉ o valor a ser investido pelo Governo Federal no Programa Mais Irrigação, que pretende apoiar projetos de irrigação na agricultura familiar.
Irrigação permanente e terras bem aproveitadas são a melhor resposta para a seca. O Semiárido deixará de depender de programas do governo e passará a ser um produtor de alimentos. Queremos que as vítimas da seca deixem de ser os flagelados de todos os anos e passem a ser os produtores de sempre.
Presidenta Dilma Rousseff, sobre os impactos previstos para o Semiárido a partir da criação do Programa Mais Irrigação.
Estamos antecipando que vem aí a revolução das biorrefinarias com o uso de biomassa para as mais variadas finalidades, e o setor sucroenergético é o candidato principal a ajudar o Brasil a estruturar essa estratégia com foco na economia verde, na química verde.
Maurício Lopes, diretor-presidente da Embrapa, sobre os próximos rumos da pesquisa agropecuária.
Quando a pessoa tem mais renda, fica mais exigente. As preocupações com a saúde, alimentação saudável e livre de agrotóxicos se intensificam na sociedade. Isso acaba sendo uma boa oportunidade para os agricultores familiares, que têm mais vocação para esse tipo de sistema produtivo.Diretor de Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Arnaldo de Campos.
20,2% É o número de brasileiros que ingerem cinco
ou mais porções de frutas e hortaliças por dia, quantidade recomendada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
87%Percentual de perdas na safra de grãos
do Ceará em 2012 por causa da estiagem histórica que se abateu sobre a região.
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REPoRTAGEM DE CAPA
5
Por Ricardo Moura
O
brs 366: mais prOdutividade,
mais vitamina c
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REPoRTAGEM DE CAPA
município cearense de Ubajara, a 340 km
de Fortaleza, é muito conhecido pelo seu
Parque Nacional, cuja atração principal é uma gruta
de rara beleza. O que pouca gente sabe, no entan-
to, é que a cidade abriga uma expressiva produção
de acerola destinada à exportação. A atividade, em
parceria com a empresa Nutrilite, mobiliza dezenas
de pequenos produtores que agora conseguem um
rendimento superior ao que obtinham com a agri-
cultura de subsistência.
A Embrapa Agroindústria Tropical possui importante papel na
História ao gerar os primeiros clones de aceroleira plantados na
região de Ubajara
Este ano, uma nova variedade está sendo lançada.
Além de possuir intervalo menor de um ciclo de pro-
dução para o outro, ela se destaca pela geração de
grande quantidade de frutos. Trata-se do clone de
acerola BRS 366 Jaburu, homenagem ao açude e à lo-
calidade onde essa cultivar foi desenvolvida.
Bons negócios
Nos últimos 30 anos, a acerola passou de desco-
nhecida a uma fruta bastante valorizada pelo mercado.
Isso se deve, principalmente, às descobertas de que
o fruto é riquíssimo em vitamina C, componente
essencial para uma vida saudável. Essa característica
fez com que a acerola fosse introduzida na mesa das
famílias brasileiras, principalmente sob a forma de
suco.
A Nutrilite notou, na produção da fruta, a
oportunidade de atender uma demanda mundial
por vitamina C. Com esse objetivo, foi instalada uma
fábrica e uma fazenda na localidade de Jaburu, em
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REPoRTAGEM DE CAPA
Ubajara, CE. Cerca de 60 produtos são fabricados a partir
da acerola produzida no município e em seu entorno. O
sistema de produção utilizado é o orgânico, garantindo
assim menos riscos à natureza por não usar agrotóxicos.
A colheita é feita antes do amadurecimento do fruto,
pois estima-se que a acerola madura tenha 50% menos
vitamina C que a acerola ainda verde. A matéria-
-prima é então exportada, sob as formas de líquido
concentrado e em pó, principalmente para os Estados
Unidos, Japão e China.
De acordo com o gerente agrícola da Nutrilite em
Ubajara, Joaquim Duran, 5 mil empregos diretos e 15
mil indiretos são gerados a partir dessa cadeia que
engloba a empresa e 130 agricultores familiares de
Pernambuco, Piauí, Ceará e Bahia, que fornecem o fruto in natura para o processamento agroindustrial.
A produção de acerola na região alcançou a cifra de
R$ 42 milhões em 2011.
Melhoramento
O lançamento da BRS 366 Jaburu dá continuidade ao programa de melhoramento genético da aceroleira desenvolvido pela Embrapa Agrindústria Tropical há vários anos. Os clones BRS originaram-se da seleção de plantas individuais em progênies de polinização aberta de aceroleira. As progênies foram resultantes do trabalho de seleção de plantas, realizado no pomar comercial da empresa Frutas do Ceará S.A. (Frucesa), localizada no Município de Jaguaruana, CE.Os clones lançados anteriormente pela Unidade foram avaliados em cultivo irrigado na região da Chapada do Apodi, no Município de Limoeiro do Norte, CE, sendo recomendados para plantio comercial naquela região. A expectativa, no entanto, é que as variedades tenham boa adaptação em regiões similares. Em 2003, a Embrapa Agroindústria Tropical pôs no mercado quatro clones: BRS 235 Apodi, BRS 236 Cereja, BRS 237 Roxinha e BRS 238 Frutacor. A coordenação do trabalho coube ao pesquisador João Rodrigues de Paiva. Mais informações sobre esses clones podem ser obtidos no site da Embrapa Agroindústria Tropical (http://www.cnpat.embrapa.br).
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REPoRTAGEM DE CAPA
raiO -Xbrs 366 Jaburu
A cultivar BRS 366 Jaburu originou-se de uma seleção
de plantas individuais seguida de seleção clonal.
A planta foi então avaliada em um experimento da
Fazenda Amway Nutrilite do Brasil, em Ubajara, CE,
sob cultivo orgânico em condições irrigadas.
CaracterísticasAs plantas possuem porte de baixo a médio, com
altura em torno de 1,87 m e diâmetro da copa de
2,18 m, no terceiro ano de idade, em cultivo orgânico
irrigado. A produção distribui-se por quase todo o
ano, favorecendo a colheita manual. As folhas são
pequenas, de cor verde, opostas e com poucos pelos,
favorecendo a colheita manual.
As flores são de coloração rosa, ao abrir. Os frutos são
brilhosos, sem formação de sulcos, de cor vermelho
vivo, quando maduros, e com peso médio de 4 g a 5
g quando ainda verdes, fase ideal para a obtenção de
vitamina C.
Vantagens competitivasEm condições irrigadas, o clone BRS 366 é
caracterizado por sua precocidade de produção e
ciclos produtivos contínuos durante quase todo o
ano, necessitando, portanto, de uso intensivo de
mão de obra nas fases de colheita e classificação dos
frutos, embora esteja se adaptando bem à colheita
mecanizada. Por essas peculiaridades, o fruto é
bastante adaptado à pequena produção familiar,
proporcionando uma boa distribuição da renda ao
longo do ano.
EqUIPE TÉCNICA
Embrapa Agroindústria Tropical
Raimundo Braga Sobrinho Entomologia
Carlos Farley Herbster Moura Pós-colheita
Francisco das Chagas Vidal Neto Melhoramento genético Francisco das Chagas Oliveira FreireFitopatologia
João Rodrigues de Paiva Melhoramento genético
José Jaime Vasconcelos Cavalcanti Melhoramento genético
Levi de Moura Barros Melhoramento genético
Lindbergue Araújo CrisóstomoSolos e nutrição de plantas
Ricardo Elesbão Alves Pós-colheita
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Amway Nutrilite do Brasil
Cícero DinizSupervisor de tecnologia agrícola
Joaquim DuranGerente agrícola
José Vieira DinizCoordenador de operações agrícolas
Talita AdeodatoPesquisadora agrícola
Wagner LimaSupervisor de colheita
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REPoRTAGEM DE CAPA
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Histórias de fartura
Q uando jovem, o produtor José Maria da Silva,
45, trabalhava com o pai plantando milho,
feijão e mandioca. Eles, no entanto, sofriam com
a estiagem, e os rendimentos eram poucos. “Meu
objetivo era trabalhar em uma área irrigada”, relembra.
Em busca de melhores condições de vida, José Maria
e mais 88 famílias se instalaram às margens do açude
Jaburu, ocupando um terreno pertencente à Igreja
Católica.
O assentamento, assim como todas as propriedades
visitadas pela reportagem, localiza-se em uma área
conhecida pelos moradores como Carrasco, onde
a terra é pobre em nutrientes e as chuvas são muito
escassas. O cenário amarelado típico da caatinga e
o barro vermelho da estrada que dá acesso ao local
contrastam fortemente com o verde da Serra da
Ibiapaba. A sensação é de estar em meio ao sertão
cearense.
Em um ano, a cooperativa atingiu a marca de 300 toneladas de acerola. Com o dinheiro da venda, foi possível construir um galpão para armazenamento dos frutos, erguer a sede da entidade e ampliar a área produtiva, passando 10 ha para os 20 ha atuais.
Com a desapropriação feita pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), os assentados
formalizaram a posse de um espaço próprio para
produzir, chamado de Valparaíso. Ainda assim, os
problemas persistiram. A agricultura de subsistência
não foi capaz de dar conta das necessidades dos
produtores. “Não estávamos conseguindo viver só com
o milho e o feijão. Só colhíamos o suficiente para nos
alimentarmos”, revela José Maria.
A vida dos agricultores só começou a melhorar a partir
da instalação de dutos que ligavam a água do Jaburu
ao assentamento. O fornecimento regular de água
permitiu o plantio de verduras para comercialização.
Por mês, contudo, a renda não passava de um salário
mínimo e meio.
Parceria bem-sucedida
Os ganhos só se tornaram mais expressivos a partir
da parceria na produção de acerola. José Maria revela
que soube da chegada da Nutrilite por meio de um
empregado da empresa. A proposta de cultivar acerola
orgânica, contudo, não convenceu os agricultores de
imediato. Dos 60 agricultores que se reuniram para
montar a cooperativa, apenas 19 levaram a ideia até
o fim. “O pessoal achava que o alimento orgânico
era muito difícil de produzir”, explica o produtor,
que também é vice-presidente da Cooperativa do
Valparaíso, nome dado à organização criada.
Passados dois anos, os pés cultivados já estavam no auge
de sua produção. O quilo da acerola verde começou a
ser vendido por R$ 0,57. Em pouco tempo, no entanto,
esse valor chegou a R$ 1,60. Embora tenham de dividir
tudo o que ganham e mesmo sofrendo com a estiagem,
os ganhos são bem superiores às atividades realizadas
anteriormente. “Se tivesse de continuar somente com a
cultura do milho e feijão, eu já teria ido embora daqui.
Isso é certeza”, afirma.
Em um ano, segundo o agricultor, a cooperativa atingiu
a marca de 300 toneladas de acerola. Com o dinheiro
da venda, foi possível construir um galpão para
armazenamento dos frutos, erguer a sede da entidade
e ampliar a área produtiva, passando de 10 ha para os
20 ha atuais.
REPoRTAGEM DE CAPA
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Alexsander Fernandes, ela decidiu reativar uma an-
tiga propriedade pertencente à família. O trabalho
no campo, mais que uma fonte alternativa de renda,
representa, para a agricultora, uma melhoria na quali-
dade de vida. “Passei a lidar mais com a natureza. Isso
me dá uma paz espiritual muito grande. Aqui é um
pedacinho do céu”, afirma.
Quem vê as melhorias promovidas na estrutura do sí-
tio, como a reforma do prédio principal, não imagina
as dificuldades iniciais enfrentadas pela produtora. O
marido de Perpétua, já falecido, tentou produzir ace-
rola anteriormente, mas sem obter muito sucesso.
As perspectivas em relação à retomada da atividade
não eram promissoras. “Na época do meu marido, não
tinha mercado para a acerola. Com a vinda da empresa
(Nutrilite), nós passamos a atuar como parceiros deles.
Quando começamos, as pessoas não acreditavam que
isso iria dar certo. Como eu era iniciante, elas achavam
que o negócio não iria pra frente”, relembra. Com 2 ha
de área plantada, a agricultora espera obter uma ex-
pressiva melhora na produtividade com a introdução
da cultivar BRS 366.
REPoRTAGEM DE CAPA
A atividade beneficia até mesmo quem não faz parte
da cooperativa. A entidade estima que 80% dos
assentados não cooperados são contratados para
atuar na colheita dos frutos ainda verdes. Este ano, em
que a região Nordeste enfrenta uma de suas maiores
secas, os agricultores estão colhendo menos. A
produção atual gira em torno de mil quilos por hectare
semanalmente.
O próximo passo da cooperativa é construir um galpão
no interior da área de produção a fim de reduzir a
exposição dos frutos ao sol. A BRS 366 Jaburu passou
por testes em Valparaíso. José Maria afirma que uma das
vantagens do clone é o fato de ele produzir de maneira
incessante, enquanto há espécies que necessitam de
até 2 meses de descanso entre uma safra e outra.
Mudança de vida
Após aposentar-se como diretora em uma escola
municipal, Perpétua Almeida de Souza passou a se
dedicar à produção de acerola. Com a ajuda do filho,
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A intenção é aumentar o espaço cultivado tendo em
vista novos compradores. Cerca de 20 famílias traba-
lham no sítio: 5 de forma permanente e 15 durante a
colheita. Perpétua agora investe na criação de gado.
Os animais têm papel importante no processo de
compostagem, um conjunto de técnicas usadas para
nutrir o solo a partir do reaproveitamento de matéria
orgânica, como estrume e restos de alimentos e folhas.
A medida é bastante recomendada para quem produz
por meio do sistema orgânico.
Entre uma tarefa e outra, Perpétua vai registrando
suas memórias no computador. A agricultura dá vez
à escritora. Assim como muitos produtores da região,
ela está ajudando a construir uma nova história na
produção de acerola.
De PM a produtor
A propriedade de Geraldo Mapurunga é bastante co-
nhecida na região por sua produtividade. O agricultor
fez parte da validação da cultivar, com uma unidade
demonstrativa instalada em sua fazenda. No experi-
mento, ele colhe cerca de 7 toneladas mensais de
REPoRTAGEM DE CAPA
fazendeiro por vocaçãoO engenheiro agrônomo Joaquin Duran é um
apaixonado pelo trabalho no campo. Assim como os
pequenos produtores que viram sua renda aumentar
com a fruticultura, ele é mais um dos beneficiados
diretos pela produção de acerola na Serra da
Ibiapaba. Em Goiás, trabalhava com gerenciamento
de transporte de cargas, o que lhe deixava insatisfeito.
Quando surgiu a oportunidade de mudar de estado
para cuidar de uma propriedade rural, Joaquin Duran
aceitou o desafio de imediato.
As atividades em uma fazenda do porte da Nutrilite
são incessantes. É preciso dar conta diariamente do
plantio, do manejo de milhares de plantas e da colhei-
ta sem que o fluxo de produção seja interrompido. A
cada hectare, trabalham cerca de sete empregados.
Mesmo com tanto esforço, o agrônomo não se arre-
pende: “Gerenciar uma fazenda é meu grande prazer”,
afirma, pouco antes de partir para uma nova tarefa.
acerola verde por hectare, número considerado
elevado. Por seu conhecimento sobre o campo, e pe-
los bons resultados, passa-se a impressão de que o
agricultor nasceu e se criou em uma fazenda. Não foi
bem assim. A agricultura entrou na vida de Mapurunga
quando ele passou a ajudar o sogro no plantio de ma-
racujá, pimentão e tomate. Antes de ser produtor rural,
no entanto, ele trabalhou durante 18 anos como poli-
cial militar.
Um dos segredos para o bom desempenho é o cuidado
no manejo das plantas e a constante busca de infor-
mações sobre a cultura. Mapurunga foi um dos primei-
ros produtores a comprovar as características promis-
soras do novo clone.
O principal desafio agora, assim como ocorre com ou-
tros produtores, é solucionar o problema da falta de
mão de obra. A fartura obtida com a acerola fez com
que o fluxo de pessoas se invertesse: em vez de sair da
zona rural para tentar melhorar de vida na zona urbana,
muitas pessoas estão fazendo o caminho contrário.
Quem diria que isso iria acontecer em pleno século
XXI?
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O
Acontece
Chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Vitor Hugo de Oliveira, discursa na solenidade de inauguração.
embrapa agroindústria tropical inaugura
labOratóriOscomplexo laboratorial que reúne o Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais (LMQPN), o Laboratório de Tecnologia da
Biomassa e o Laboratório de Biologia Molecular foi inaugurado em setembro pela diretora-executiva da Embrapa, Vânia Castiglioni. De acordo com o chefe- -geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Vitor Hugo de Oliveira, os novos equipamentos servirão como fundamento para a realização de pesquisas sobre aproveitamento integral e valorização de matérias- -primas de interesse da agroindústria tropical, tendo em vista a sustentabilidade social, econômica e ambiental.A solenidade de inauguração contou com a presença do deputado federal José Guimarães (PT-CE), coordenador da bancada parlamentar do Nordeste no Congresso Nacional; do deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados; do secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, e da superintendente federal de Agricultura no Ceará, Maria Luisa Silva Rufino.
O chefe-geral relembrou o esforço conjunto feito em prol da construção dos laboratórios. “Toda a infraestrutura colocada hoje à disposição da sociedade brasileira foi sonhada em 2008, com base nas diretrizes do nosso Plano Diretor. Promovemos articulações com a comissão executiva do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa), com parlamentares da bancada cearense no Congresso Nacional e com a presidência da Embrapa. Sensibilizados com a importância dos investimentos, eles se posicionaram a favor do projeto de construção dos laboratórios”, afirmou Vitor Hugo de Oliveira.No que diz respeito ao trabalho a ser desenvolvido pelo complexo laboratorial, o chefe-geral considera que as novas estruturas elevam ainda mais a responsabilidade do Centro devido à necessidade de “potencializar respostas consequentes para a sociedade brasileira”. Vânia Castiglioni, diretora-executiva da Embrapa, afirmou que os resultados obtidos pelo Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais, pela sua constituição, deverão ser compartilhados.
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Ela também destacou o fato de o complexo laboratorial ser mais uma obra concluída com recursos do PAC Embrapa, programa coordenado à época pela própria diretora.
Química de produtos naturais
As novas estruturas, orçadas em R$ 13,4 milhões, contaram com recursos do PAC Embrapa, de emendas parlamentares e do tesouro nacional. O Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais é um laboratório de referência na área para todas as unidades da Embrapa no País e para instituições parceiras. É o segundo laboratório multiusuário de referência da Empresa, ao lado do Laboratório de Bioinformática, na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).O objetivo do novo laboratório é utilizar as ferramentas da química para aproveitar os recursos naturais brasileiros no desenvolvimento de produtos como fitoterápicos, fármacos, pesticidas, fragrâncias, aromas, cosméticos, pigmentos naturais, embalagens biodegradáveis, entre outros.
biologia molecular
O novo laboratório de Biologia Molecular realizará a caracterização molecular de espécies vegetais e de microrganismos, de forma a atender demandas dos
demais grupos de pesquisa da Embrapa Agroindústria Tropical. As análises serão empregadas em programas de melhoramento genético e em pesquisas que requeiram a identificação ou a avaliação da variabilidade genética de plantas e microrganismos.Uma das atividades desenvolvidas será a comprovação, por meio de marcadores moleculares, da autenticidade de espécies vegetais utilizadas para diferentes finalidades. Entre as espécies, estarão plantas medicinais, cuja identificação de forma precisa evitará o consumo de plantas tóxicas que podem ser comercializadas como fitoterápicos.
tecnologia da biomassa
Desenvolver materiais, produtos e processos focados no uso sustentável e integral dos resíduos agrícolas e agroindustriais e da biomassa brasileira é o objetivo do Laboratório de Tecnologia da Biomassa. A intenção é agregar valor aos recursos renováveis provenientes da biodiversidade, de forma sustentável.O Laboratório atuará em três linhas diferentes. Na plataforma de processos biotecnológicos, será estudada a produção de compostos bioquímicos (ácidos orgânicos, álcoois), energias renováveis (biogás, etanol e hidrogênio) e tratamento de resíduos da agroindústria.
1 2
3 4A diretora-executiva da Embrapa, Vânia Castiglioni, e autoridades políticas descerram a placa e conhecem as instalações (1, 2 e 3).
Detalhe do Laboratório de Tecnologia da Biomassa ( 4 ).
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indicadores de qualidade:desafiO aOs prOdutOres rurais
Radar
uando compramos frutas nas feiras e supermercados, não imaginamos a estrutura existente ao longo da cadeia produtiva e os
esforços dos diversos agentes envolvidos para garantir sua qualidade e disponibilidade aos consumidores. Mas o que é qualidade? Esse termo, amplamente difundido, muitas vezes é empregado para representar perspectivas bastante distintas. São numerosas as definições para “qualidade”, que, em termos genéricos, pode ser tratada como uma propriedade, atributo ou condição de um produto que permite caracterizá-lo e/ou distingui-lo dos demais. Duas derivações dessa definição são de grande importância. A primeira é a perspectiva da qualidade como o conjunto de características de um produto. Assim, aos olhos do cliente, quanto melhores forem as características, mais alta será a qualidade do produto. Sob outro prisma, encontramos a perspectiva da ausência de defeitos. Ou seja, quanto menos deficiências, mais alta a qualidade. Sob o ponto de vista de negócios, tanto as características quanto as deficiências afetam as transações entre compradores e fornecedores. Se, por um lado, frutas, legumes e verduras (FLVs) com características diferenciais e com reduzidos níveis de defeitos podem ser disputadas por empresas compradoras, o oposto pode também ser um fator de exclusão de produtores de determinados canais de distribuição.
Controle e garantia da qualidade
Há empresas que atuam apenas no controle da qualidade, avaliando o produto no recebimento, assim como existem empresas que avançam para formas mais abrangentes de garantia da qualidade, monitorando as características das FLVs desde a origem. A captação de informações objetivas sobre qualidade e desempenho
são os principais alicerces das duas, da mesma forma que cresce a atenção dada às inovações tecnológicas e organizacionais que vão garantir que essa informação circule entre os agentes. Em razão disso, é esperado um aumento no uso de indicadores de desempenho de fornecedores, por parte de empresas compradoras, que estejam incorporados a sistemas de informação e programas de melhoria da qualidade. A qualidade de frutas, legumes e verduras é consequência direta do modo pelo qual esses alimentos são produzidos e dos cuidados na manipulação e transporte. É indispensável, para programas de melhoria das FLVs, que essa qualidade seja monitorada, e que, para isso, sejam utilizados indicadores objetivos e mensuráveis.
Indicadores de desempenho
Ferramentas de controle de avaliação da qualidade e desempenho de fornecedores passaram a monitorar escala de fornecimento, horários de entrega e identificação do produto, associados aos indicadores de qualidade e de preço. E qual a importância fundamental desses indicadores para os produtores rurais que se dispõem a fornecer para grandes redes? A resposta é simples. O que se observa é que esses fatores têm se tornado requisitos mínimos necessários para os atuais fornecedores se manterem na relação e para os novos produtores acessarem determinados mercados.Nos modelos de avaliação adotados por empresas de distribuição para avaliar produtos e fornecedores, os indicadores de desempenho são construídos como instrumentos de monitoramento do produto e do desempenho dos fornecedores. Para compô- -los, as empresas adotam indicadores que possam ser
q
Dando continuidade ao artigo da edição passada, o pesquisador Renato Manzini, da Embrapa Agroindústria Tropical, apresenta uma análise dos indicadores de desempenho usados pelos atacadistas e como os produtores devem se preparar para atender às exigências.
15
mensurados, dentro de sua capacidade, em termos de processos e informatização, e que tenham relação direta com o que querem avaliar. A incorporação do monitoramento de resíduos de defensivos agrícolas nas frutas e legumes e a análise microbiológica nas verduras são crescentes pela preocupação de oferecer aos consumidores produtos que atendam à legislação para segurança do alimento. Da mesma forma, já é possível encontrarmos cadeias onde fornecedores passam por auditorias em suas propriedades, avaliando-se a infraestrutura e os sistemasde produção. A partir dos resultados, algumas empresas orientam tecnicamente o produtor em direção aos padrões de qualidade e desempenho estabelecidos pela empresa compradora. Ainda assim, alguns pontos importantes merecem ser destacados:
1. O uso de indicadores reduz a subjetividade das avaliações e permite ao produtor conhecer tanto os objetivos da avaliação quanto obter informações sobre as exigências dos mercados consumidores.2. A construção de uma linguagem comum entre compradores e fornecedores é favorecida, facilitando a comunicação nas negociações e a resolução de conflitos por problemas de qualidade.3. Uma vez que o produtor esteja apto a atender aos elevados padrões de qualidade do grande varejo, seus produtos passam a ser cobiçados por empresas compradoras concorrentes, diminuindo sua dependência de um único canal de distribuição e aumentando seu poder de negociação. Essa é uma vantagem importante que pode garantir seu acesso a novos mercados, além de ampliar suas oportunidades de negócios, promovendo o aumento da renda e a continuidade da atividade rural.
Publicações
Na figura ao lado, trouxemos um exemplo de um grupo de indicadores adotados por empresas varejistas para avaliação das FLVs que recebem e dos produtores rurais que as fornecem.Numa análise da figura, percebemos que os indicadores de 1 a 4 focam elementos de qualidade e identificação do produto, além da logística de entrega. O 5° e o 7º indicadores lidam com a segurança do alimento. Finalmente, o último indicador corresponde à nota das auditorias de campo e packing house, relacionando--se com a adequação dos sistemas produtivos.
Grupos de indicadores
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Clique Tropical
A
Rua Dra. Sara Mesquita, 2270, Pici, CEP 60511 - 110, Fortaleza - CE, Caixa Postal 3761, Fone (85) 3391- 7100, FAX (85) 3391 - 7109Home Page: www.cnpat.embrapa.br | Twitter: www.twitter.com/embrapacnpat
Foto: Lúcia Sabóia, secretária da Chefia de Transferência de Tecnologia e Chefia de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Agroindústria Tropical
Texto: Ricardo Moura
s curvas ao longo do tronco do coqueiro da imagem acima chamam atenção de todos os que conhecem a Praia do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, CE. Essa é uma mostra da variedade de formas que as plantas podem tomar durante seu desenvolvimento.
As curvas do coqueiro