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design | arquitetura | inovação | sustentabilidade N.º 79 2014/2015 R$ 24,50 + + Marcelo Rosenbaum Rafic Farah Ronaldo Fraga Gustavo Greco Camila Fix Jorge Lopes Dijon de Moraes Tom Dixon no Brasil WDCD, HOLANDA. SEMANAS DO DESIGN VOCÊ CONHECE?

Revista Arc Edicao 79

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Revista Arc Edicao 79

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Page 1: Revista Arc Edicao 79

design | arquitetura | inovação | sustentabilidade

N.º 792014/2015 R$ 24,50

+ + Marcelo RosenbaumRafic FarahRonaldo FragaGustavo GrecoCamila FixJorge LopesDijon de Moraes

Tom Dixon no Brasil

WDCD, HOLANDA.

SEMANAS DO DESIGN

VOCÊ CONHECE?

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2www.firmacasa.com.br Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1487 - São Paulo - SP | Tel. (55) 11 3385 9595

CLAUDIA MOREIRA SALLESJACQUELINE TERPINSLEO CAPOTE ZANINI DE ZANINE

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COLEÇÃO CAPACHO | F + H CAMPANA

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Design para Todos é o tema da Bienal Brasileira de Design 2015. E nós

acrescentaríamos: trata-se de um design que se expande por todos os

campos do fazer e do pensar, como demonstram as ideias e conceitos

da plataforma holandesa “What Design Can Do”. E que nós, em 2015, veremos

acontecer no Brasil.

O bimestre foi rico em lançamentos e manifestações. A Semana do Design,

comemorada em três capitais do Brasil, mostrou aspectos bem-distintos de como

abordar o tema e suas especificidades.

No Brasil – aleluia! – designers e empresas assumem as multifacetas do projeto, como

vemos nos depoimentos de Marcelo Rosenbaum, Rafic Farah, Gustavo

Greco, e o irreverente Ronaldo Fraga. E ainda: novos designers e novas promessas

do mercado com a coleção de Luminárias Assinadas e a Vira e Mexe, na Tok&Stok.

Tecnologia avançada com Jorge Lopes; o ensino para um novo design, com

Dijon de Moraes. E um assunto urgente no Brasil, hoje: a água e umas soluções

criativas para enfrentar a escassez.

Da Itália, claro, a beleza plástica de um designer artista, Tarshito, com nova mostra

na Trienal de Milão. E na outra ponta da linha, o desenho industrial do estúdio italiano

MM, além de uma notícia alvissareira: o Prêmio Compasso d’Oro, só concedido a

italianos, agora é internacional. Animem-se, designers e empresas, é o mais respeitado

prêmio do design!

Tom Dixon, elétrico e eclético designer inglês, fez um giro relâmpago pela América

do Sul e deixou para os brasileiros duas grandes coleções – móveis e luminárias – na

Firma Casa e na Lumini, respectivamente.

Por fim, voltamos à Holanda, este país que, com suas ideias, antecipa o futuro.

A plataforma WDCD, traduz o que esta edição de ARC DESIGN quer mostrar: as

forças conectoras do design e seu potencial, útil e necessário, belo, amigo do

homem e do planeta.

Uma edição boa para os olhos, melhor para a imaginação, acreditamos.

Maria Helena EstradaEditora

editorial

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Unitè - Projeto desenvolvido por

Marcus Arnhold, aluno do 2º ano

do curso de Arquitetura e Urbanismo

da Unisinos (RS), vencedor da

etapa nacional do Concurso de

Design Masisa para Estudantes 2014.

Apoio

foto: Daniel Katz

A Masisa se orgulha em organizar um

evento que não apenas valoriza futuros

arquitetos e designers, mas os aproxima

do mercado.

Foi justamente com o intuito de

encontrar novos talentos e promover

inovação tecnológica através do design,

que o Concurso de Design Masisa para

Estudantes foi criado no Chile e vem,

ao longo de suas edições, unindo meio

acadêmico e indústria, na América Latina.

Os móveis dizem tudo sobre quem os fez.

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Unitè - Projeto desenvolvido por

Marcus Arnhold, aluno do 2º ano

do curso de Arquitetura e Urbanismo

da Unisinos (RS), vencedor da

etapa nacional do Concurso de

Design Masisa para Estudantes 2014.

Apoio

foto: Daniel Katz

A Masisa se orgulha em organizar um

evento que não apenas valoriza futuros

arquitetos e designers, mas os aproxima

do mercado.

Foi justamente com o intuito de

encontrar novos talentos e promover

inovação tecnológica através do design,

que o Concurso de Design Masisa para

Estudantes foi criado no Chile e vem,

ao longo de suas edições, unindo meio

acadêmico e indústria, na América Latina.

Os móveis dizem tudo sobre quem os fez.

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transmais

pira

inspiração

ção

PRÊMIO SEBRAE MINAS DESIGN

A INSPIRAÇÃO QUE SUA EMPRESA PRECISA PARA CRESCER ESTÁ AQUI.

O 4º PRÊMIO SEBRAE MINAS DESIGN JÁ ESCOLHEU SEUS FINALISTAS.ACESSE SEBRAEMINASDESIGN.COM.BR E CONHEÇA OS PROJETOS

QUE JÁ GANHARAM DESTAQUE PELO DIFERENCIAL COMPETITIVO E

PELA INOVAÇÃO NOS PROCESSOS PRODUTIVOS. O RESULTADO DOS

VENCEDORES SERÁ PUBLICADO NA PRÓXIMA EDIÇÃO DA ARC DESIGN.

EE-0200-14BD-AD FINALISTAS SEBRAE MINAS DESIGN .indd 1 11/7/14 7:00 PM

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ÍNDice nov/dez/jan | 2014/2015 | Nº 79

38. ÁGUA: COMO ENCONTRAR?Uma visão de algumas soluções criativas, de diversas partes do mundo, para enfrentar a escassez de água. Como transformar águas poluídas, ou salgadas, em água potável

34. FUTURO? NÃO. UM INOVADOR PRESENTEEscaneiam-se pernas e rostos de atletas para produzir exatos equipamentos de proteção. Geologia, paleontologia, arqueologia, são campos afins da tecnologia 3D. E você já pensou em submeter um cupinzeiro a uma tomografia computadorizada para aplicação em projetos de biomimética? Nossos pesquisadores já.

DESIGN EM 3 VERSÕESSemana do Design. Em cada cidade, um enfoque: designers, galerias, instalações, conferências e uma homenagem a Lina Bardi, em São Paulo; temáticas diversas discutidas no Rio e a mostra Rio + Design; design e indústria em Curitiba

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32. LUMINÁRIAS ASSINADASCresce a importância e o apreço pelo design original, aquele com nome e sobrenome. É o que demonstra essa coleção, já em seu nome, e que convocou oito criadores, uma boa direção de arte e uma produção cuidadosa. Veja o que um time é capaz de fazer

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48. MM DESIGNDesenho industrial e tipologias diversificadas. Este é o cartão de visita da MM Design, que acrescenta em seu catálogo uma citação do filósofo Julius Lengert: “A utopia de ontem é a realidade de hoje”. A empresa começa agora a atuar no Brasil

03. Editorial

73. Endereços

52. Novo design, novo ensino

57. COMO ELES ESTÃO PENSANDO O QUE ELES ESTÃO FAZENDO?Design de móveis, de moda, design gráfico e o que poderíamos chamar de design social, ou artesanal, ou de raiz. Rafic Farah, Ronaldo Fraga, Gustavo Greco e Marcelo Rosenbaum falam do que os move, do que os inspira para suas criações atuais

67. O QUE É WDCD?What Design Can Do, fundado na Holanda, é um evento internacional que investiga o poder do design como agente para a renovação do social. Estética sem conteúdo não é temática recorrente em seus seminários

42. TOM DIXON: DE A A ZArc Design entrevista Tom Dixon, que chega ao Brasil como um mensageiro do “British way of life” e nos fala por que decidiu abrir uma empresa que controla todos os passos, da criação de seus produtos à comercialização. Veja toda a coleção de móveis, luminárias e objetos lançados pelo designer

74. Última página

72. Colaboradores

10. News

50. Compasso D’oro

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Melissa em LondresDepois de abrir um espaço inusitado em São Paulo e conquistar o território nova-iorquino, a empresa finalmente finca os pés em um edifício tombado da capital inglesa. A Galeria Melissa é a terceira Concept Store da marca e ocupa um edifício antigo no descolado Covent Garden. A concepção é assinada pelo artista multimídia carioca, Muti Randolph. Enquanto a arquitetura georgiana é preservada, seu interior reproduz as cores intensas dos calçados, com uma cenografia que é puro design.

www.melissa.com.br

A Galeria ganhourecursos tecnológicos quevalorizam seu interior e não poluem os espaços expositivos. O projeto luminotécnico revitalizou a fachada georgiana, que já abrigou a aristocracia britânica

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Na rota certaOito endereços e muitos designers – dos mais conhecidos aos novos talentos – marcaram um encontro para apresentar seus lançamentos. O design de mobiliário é o mote central e nomes como Paulo Alves, Pedro Useche, Llussá Marcenaria, Carbono, Estudiobola e Marton, contribuem para o sucesso da temporada criativa. É a 6ª edição do Circuito Design OK, que aproveita o coletivo para expor seus lançamentos. www.designok.com.br

Poltrona gaya, de isabela túbero e Mesa trio, de luisa Moyses

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Tecnologia no banhoEm tempos de poucas águas, um chuveiro autolimpante é bem-vindo.

É o que promete o Technoshower. O lançamento da Docol possui tecnologia que evita o acúmulo de sujeira nas saídas d’água, impedindo o indesejável desvio de jatos. A cabeça articulável favorece o direcionamento dos mesmos e o acabamento do produto, cromado biníquel, garante durabilidade. Além do formato redondo tradicional, o Quadrado sugere modernidade.

www.docol.com.br

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Satyendra PakhaléFamoso designer indiano, hoje em Amsterdam, já esteve no Brasil para uma conferência na Casa Brasil, em Bento Gonçalves. Na próxima Art Basel Miami e Design Miami, ele apresentará, por iniciativa de Giulio Cappellini, sua poltrona Fish, em versão violeta e edição limitada para o Fairchild Tropical Botanic Garden em Coral Gables, Miami e a Galeria Ammann, Colônia, Alemanha.

Pakhalé, que tem peças nas coleções permanentes de diversos museus, como o victoria & albert, londres; o Stedelijk, em Amsterdam; o Centro Pompidou, Paris; e o Montreal fine arts, considera o design “uma expressão do verdadeiro otimismo humano motivado por parâmetros sociais, tecnológicos, industriais e, sobretudo culturais – tanto quanto por uma pura visão criativa”.www.satyendra-pakhale.com

design | arquitetura | inovação | sustentabilidade

| N.º 78 | 2014 | R$ 24,50 |

OURIVES DA MADEIRA

I SALONIUM NOVO OLHAR

O QUE ELES ESTÃO FAZENDO?

Heloísa Crocco

Domingos Tótora

Guto Requena

Crama

Fred Gelli

QuesttoINó

Campana

Design Brasil Ideias e ações

Lina

Arc Design. Obrigado!O design, premiado a partir de diversas óticas, chegou às páginas da revista Arc Design – ou melhor, suas páginas é que atraíram a atenção dos organizadores do Brasil Design Award. Na edição 2014, a Associação Brasileira de Empresas de Design (ABEDESIGN) escolheu a revista como “Veículo Editorial” do ano, “por ser inovadora e se destacar pelo design”. uma justa homenagem que envaidece todos os integrantes da equipe!

www.arcdesign.com.br

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ÂmagoO designer, um apaixonado pelas formas, tem nos materiais um dos mais sinceros aliados. ao lançar em São Paulo sua coleção Âmago, os criadores do EM2 propuseram uma mistura entre o maciço e o etéreo. Madeira, concreto, couro, metal e fibra de vidro parecem compartilhar este universo, ora com leveza, ora com brutalidade, mas sempre em obediência a uma plasticidade nada convencional. A mesa para hall da foto é a Átomo, que intriga pelo jogo de apoios com diâmetros diferentes, propondo o forte e o fraco juntos para o total equilíbrio da peça.

www.em2design.com.br/

Desafio de Design Odebrecht Braskem Foi realizada, em novembro, a cerimônia de premiação da 2ª edição do Desafio de Design Odebrecht Braskem. Duas foram as equipes vencedoras com o tema Mobiliário Escolar de Plástico: a universidade faaP, com o projeto Meta, na categoria ensino Infantil e a universidade UNIP, com o projeto Átomo, elaborado para a categoria Fundamental/Médio. O Desafio é uma realização da Odebrecht Properties e Braskem, em parceria com a Tramontina e coordenação da agência de design Mais Packing, tendo como objetivo estimular novos talentos a desenvolver aplicações inovadoras com plástico, atendendo aos conceitos de sustentabilidade, praticidade e inovação.

Cada equipe recebeu um prêmio no valor de R$ 15 mil e poderão ter suas peças produzidas pela Tramontina.

Durante a cerimônia de premiação foi lançado o livro “O Desafio do Design Sustentável Brasileiro”, com curadoria de Waldick Jatobá e prefácio de Maria Helena Estrada.

news& happenings

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Você muda, tudo muda com você“Tenho grande prazer em ver esta coleção na Tok&Stok”, comenta Regis Dubrule, fundador da empresa, “pois foi com a madeira clara que iniciamos nossas coleções”.

Vira e Mexe, projeto da arquiteta e designer Bel Lobo, tem seu conceito definido pelo nome da coleção. Versátil e simples, alegre, com toques coloridos, ela dobra, empilha, pendura. As estantes, modulares, serão do tamanho de sua necessidade, e os elementos avulsos são aqueles que, juntos, cumprem todas as funções de um pequeno escritório ou de um quarto. Prateleiras, nichos, caixa para arquivo ou porta-revistas, porta papel triplo de mesa, cadeiras, banquinhos e o Anda Luz, extensão elétrica multifuncional, completam o sistema. em todos os elementos, um toque de cor. Produto exclusivo da t&S, sua produção é impecável.

Dizer que é um mobiliário para jovens? Seria ignorar a capacidade lúdica dos mais velhos...

www.tokstok.com.br

Os pequeninosPara despertar o gosto pelo design desde pequenininhos, a Conceito: Firma Casa traz a linha “Me too”, com peças da Magis assinadas por ex-celentes designers. Marcel Wanders, Philippe Starck e outros grandes do setor criaram mesas, bancos, poltronas e cadeiras, dentre outros objetos, dando às crianças um entorno adequado, lúdico e com tons vibrantes. O banco “Puppy” tem a forma de um cachorro, com tamanhos e cores varia-das. Outro banco que recria as formas animais, “Le Chien Savant” é ideal para atividades que envolvam desenho, pois integra uma prancha. “Little Flare” é uma mesa indicada para estudos ou jogos, com diversos tama-nhos e desenhos. Ela pode ser conjugada à cadeira empilhável “Alma”. “Julian” é o sapo, outra versão divertida de cadeira.

www.conceitofirmacasa.com.br

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Mergulho interior Maria Cândida Machado assina a cadeira Aziz, para a marca Schuster, dentro da grade de produtos da coleção 2015, batizada de Origo como referência ao mergulho que a marca dá em si mesma: a vocação agrícola de sua região de origem, as memórias afetivas e, claro, o olhar atento da curadora Mila Rodrigues, que selecionou as 74 peças desenvolvidas por 16 estúdios. todos, indistintamente, registram o preciosismo germânico de Wilson Schuster, criador da marca.www.moveis-schuster.com.br

Futuros Designers e a MasisaSelecionado o projeto vencedor do Concurso Masisa 2014, em São Paulo, com o Unité, este seguiu para a votação internacional no México, com seu autor, o estudante brasileiro, Marcus Vinicius Arnhold, aluno do 2º ano de arquitetura e urbanismo da unisinos, RS. Premiação já tradicional, uma das poucas dedicadas apenas a estudantes, teve como tema, este ano, Módulos Contemporâneos. E boa notícia! A finalíssima teve como vencedor nosso futuro profissional brasileiro! A votação aconteceu durante o aberto Mexicano de Desenho, de 12 a 16 de novembro, o qual reuniu, além do Brasil, projetos da Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela e do México. Ao todo, a Masisa nos diversos países recebeu mais de mil projetos.www.masisa.com

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Um novo tempoQual é o novo olhar do design para os espaços corporativos? Foi para ter uma (ou mais!) resposta que a Herman Miller propôs um desafio mundial: Designing for the New Office Nomads. Os designers inscritos deveriam fornecer soluções criativas para os problemas desafiadores do segmento. A marca fez parceria com a Unbranded Designs, plataforma que dá mais maleabilidade ao processo de seleção e inclui etapas de feedback. Além de prêmio em dinheiro, o primeiro colocado poderá ser produzido e comercializado pela Herman Miller e receberá royalties com a venda de seu produto!

Para conhecer os vencedores, acesse: www.unbrandeddesigns.com/challenges/Office-Nomads

News Studio JobUma viagem pelo fantástico universo para-lelo e pelos monumentos do mundo. Burj Khalifa em Dubai, o Big Ben de Londres, a catedral de Chartres, França, e a Torre Eiffel, com sua luminária que, embora produzida em bronze pintado, parece se dobrar como se fosse de borracha.

São obras do Studio Job, instalado na Bélgica e na Holanda, de Job Smeets e Nynke Tynagel para a Carpenters Workshop Gallery, que as levará para um pavilhão exclusivo no evento Design Miami, de três a sete de dezembro. E então, mais uma vez nos perguntamos: qual design?www.studiojob.be

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Renata Mellão, como toda boa sonhadora, sonha bonito. A Casa, Museu do Objeto Brasileiro continua com seu acervo virtual, mas torna--se muito real na bela e ousada arquitetura de Luiz Fernando Rocco para a nova sede. um generoso presente para São Paulo. Nela, Renata amplia e dá continuidade a seu trabalho de descobrir e estimular designers e artesãos que, aos poucos, vão delineando o mapa do fazer manual no Brasil. Um concurso, o Prêmio Objeto Brasileiro, agora em sua 4ª edição, honra o melhor da safra anual. A exposição permanece até 30 de janeiro.

Vale a visita! À arquitetura e ao Museu e suas mostras.Av. Pedroso de Morais, 1.216/1.234 www.acasa.org.br

ao lado, tijelas Catarina, em rolinhos

de papel, do grupo Das Catarinas Brazil

+ Design inverso, de Joinville, SC; colheres

de pau esculpidas, associação dos Jovens

da Juréia

A CASA... E QUE CASA!

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Alimento fresco Estima-se que até 50% da oferta de

alimentos se perde por deterioração. Fresh Paper promete contribuir para mudar

este quadro. O produto, desenvolvido por Fenugreen, pode manter frutas e verduras

frescos por 2 a 4 vezes mais tempo. Material biodegradável, compostável e reciclável, o “papel” propõe uma nova

forma para conservar nossa comida.

www.fenugreen.com

Paredes de espumaUma casa na Malásia já atrai atenções por sua singular aparência: as paredes são compostas por tecido e espuma de poliuretano. A novidade é um protótipo de casa pré-fabricada, criação da Bayer Material Science. As paredes convencionais foram substituídas por um enchimento de espuma de poliuretano envolto em uma malha têxtil rígida. O material, autossustentável, pode ser personalizado graças às propriedades de variação de sua dureza, rigidez e flexibilidade. A casa foi contruída para acomodação temporária em situações emergenciais ou como componente de estruturas modulares.www.materialscience.bayer.com

O protótipo construído na Malásia: paredes de espuma entremeadas por malha rígida

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made

DESIGN EM três temposÉ

verdade que o dia 5 de novembro é, desde longa data, o dia do designer. Mas nunca foi tão comemorado!

São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba ofereceram temáticas para todas as vertentes. A escolha desta data? Co-memora-se o nascimento de Aloizio Magalhães, um dos mais importantes designers gráficos brasileiros.

Jockey Club de São Paulo, Jockey Club do Rio, foram sedes dos even-tos MADE, Mercado, Arte, Design, e da semana do Design Rio. E termina aqui a semelhança entre os dois eventos, fora a centralidade do tema – design. Na mesma data, mas outra vez com perspectiva diversa, Curiti-ba recebeu a Semana D, promovida

pelo Centro Brasil Design.Foram três eventos com o

mesmo tema que, por esta mesma razão, deixaram clara a amplitude das abordagens contemporâneas sobre o design. O MADE teve como tema uma homenagem à Lina Bardi. O evento trouxe instalações criadas por nomes internacionais, muitas mostras de design e design arte, privilegiando galerias consa-gradas e jovens designers, em um espetáculo ao mesmo tempo culto e festivo; a Semana Design Rio mostrou toda a seriedade do tema em suas diversas manifestações. Curitiba, por sua vez, dirigiu seu foco aos designers e à indústria, forte presença no Estado.

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MADE. ONDE DESIGN E ARTE SE ENCONTRAM

A MADE surgiu como uma brisa de ar fresco no universo de eventos de design, das mostras coletivas às feiras, em

São Paulo. Idealizada e promovida por Waldick Jatobá, associado a Katia Avillez como produtora executiva e a preciosa colaboração do arquiteto Marko Brajovic na cenografia, sua segunda edição acaba de ser realiza-da, entre os dias 5 e 9 de novembro.

Os grandes sucessos? O inglês Jason Klimoski e a novidade: o Erê Lab, parque infantil de Ron Hirsch; Sou Fujimoto, prêmio Pritzker, com seu “tapete voador”. Merecem ser citados o design belga, as galerias de design e design arte, com destaque para os lançamentos dos irmãos Campana e a apresentação de novos ou conhecidos jovens talentos. Assis-timos também à palestra da exótica e até então desconhecida no Brasil, Bethan Laura Wood, designer inglesa.

Em sua segunda edição, o MADE 2014 uniu-se às comemorações do centenário de nascimento da arquiteta modernista Lina Bo Bardi. Foi a admiração e reconhecimento do papel de Lina em nossa cultura que fez com que Jatobá a escolhesse como tema central do evento deste ano. “A clareza e coerência da Lina em seu pensamento e nas escolhas arquitetônicas inspiram ainda nossa geração”, afirma. Homenageado também, com seu lounge no Espaço Bardi, o Bradesco Private - principal apoiador – e o cito aqui porque em-presas que apoiam a cultura merecem nossa admiração.

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Cadeira Flama, design Fernando e Humberto Campana, revestida com fragmentos de couro, remete à memória da primeira coleção dos designers, as desconfortáveis. exclusiva da Firma Casa

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made

Instalação do americano Jason Klimoski, drop, montada com garrafas PeT e líquido azul, dominava os jardins do Jockey. acima, bicicleta Pé+dá+Lá&aqui (Cycling Here and There), criação conjunta de designers holandeses e brasileiros. ao lado, Bethan Laura Wood, designer inglesa, exótica, coerente com sua obra e incrível colorista

Por outro lado, o arquiteto e cenógrafo Marko Brajovic nos fala que, “partindo de algumas das crenças, conceitos e entendimentos da Bo Bardi, a cenografia proposta para o MADE buscava reinterpretar de forma contemporânea sua visão so-bre o fazer design”, e conclui: “muito utilizadas por Lina, as cores primárias setorizarão o evento. A atmosfera naïf dialogará com públicos de dife-rentes idades”.

Elemento de força, uma insta-lação da artista Marcia Benevento reinterpretava Lina Bardi: pendurada

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no teto, à entrada, uma enorme cobra sucuri (mostra “Entreato para Crianças”, LBB, 1985) desenrolava-se pelo hall. No acesso às galerias uma instalação desenvolvida pelo Atelier Marko Brajovic servia de referência e leitura contemporânea de uma obra de Lina, “Caipiras, Capiaus: Pau a Pique”, de 1984.

Nos espaços cobertos, mas integrando-se com o “jardim de instalações”, 28 coletivos expunham seus trabalhos.

As grandes instalações? Drop, criação do Studio KCA, N. York e a magia de 10 mil garrafas de plástico, obtendo efeitos surpreendentes em dégradés de azul; The Neon Traffic Dealer, de Alê Jordão; Erê-Lab, o parque infantil do Estúdio Roni Hirsh, construído com material de reaproveitamento.

O design que se refere ao habitat, temos visto, anula tabus e fronteiras e se expande, sempre que carregue consigo um conceito, uma ideia criativa – e útil, não repetitiva – pe-de-se hoje. Assim, vemos no desfile das galerias, desde a reedição do

acima, vaso em feltro de rahyja afrange na coleção LaB. À esquer-da, Peteca, cadeira do grupo mineiro Cultivado em Casa

abaixo, cadeira M4r em madeira cumarú com assento/encosto em cabos náuticos. design rahyja afrange

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“pé palito” dos anos 1950, até as ousadias do design arte. Brilhavam o design brasileiro contemporâneo da Dpot e as belas peças da Firma Casa. Os coletivos de jovens designers foram outro destaque. Arc Design elegeu o Grupo Estúdio, Outra Oficina, Carol Gay, ThinkDo, de São Paulo; Rodrigo Ambrosio de Alagoas. Holanda e Bélgica marcaram presença com tecnologia e vanguarda.

“Conceitos e Verdades”, mesa- -redonda sobre Lina Bo, teve a par-ticipação de Sergio Campos, curador da mostra; Anna Carboncini, diretora do Instituto Lina e Pietro M. Bardi; Giancarlo Latorraca, diretor técnico do Museu da Casa Brasileira e Maria Helena Estrada, crítica e curadora de design, consultora do MADE 2014. A mediadora foi a jornalista Regina Gal-vão, editora da revista Casa Claudia. E para coroar, aconteceu um diálogo entre Fernando Campana e Waldick Jatobá, com participação da plateia.

Poltrona docol, criação de Leo Capote utilizando apenas peças da empresa, todas com acabamento dourado

nY Lamp Kinetura, luminária belga que se abre quando você se aproxima e permanece fechada quando sozinha. Produto da Beleza design

acima, leque-espelho Metro, da coleção descontraídos. usa o metro, a fita métrica e inox polido cortado em faixas, que servem como espelho. Carol Gay

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acima, armário dos irmãos Campana na série Capacho. Produção primorosa, faz com que a fibra se asse-melhe a uma textura da madeira. Puxadores em mármore apresentação da Firma Casa. abaixo, cadeira da Thinkdo, na coleção naif, “tem a cara do acaso”, diz seu autor, Leo de Brito

O intuito deste evento que toma corpo e ganha importância em sua segunda edição? Como afirma Waldick Jatobá, “o MADE tem como objetivo disseminar a educação e a cultura nos segmentos mercado, arte e design. Um campo de atuação em crescente expansão pelo Brasil. Lina Bardi, eterna sensibilidade inspiradora, absurdamente contemporânea, foi o tema de todo o evento”.

E é neste ponto, pelo formato e temática escolhidos, que residiram as fundamentais diferenças entre as Semanas de São Paulo e do Rio. Se o MADE enfatizou mostras e instalações privilegiando os aspectos sensoriais do design, a Semana Design Rio, trazendo como destaque a mostra Rio+Design, dirigiu seu foco para o Desenho Industrial e implicações com os temas Comunicação, Inovação, Estratégia, Cidades e Sociedade.

acima, chaise longue Cinto com edição em 3 exemplares nesta versão de inspiração indígena nas cores dos “cintos”, em poliéster. Carol Gay

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SEMANA DESIGN RIO: AS QUESTÕESCONTEMPORÂNEAS

Acima de tudo, a cidade. O Rio de Janeiro é a própria afirma-tiva do design: forma e função, que definia o projeto a partir

dos anos 1920, agora acrescidos de cenários espetaculares e de muita pro-dutividade bem-orientada no campo do projeto. Um exemplo incrível? O novo Porto Maravilha, que além de ver sua maravilha redescoberta, abriga os enormes galpões da finada Behring, fábrica de chocolates, e hoje revive com cerca de 50 ateliês.

O desejo – e necessidade – de ver as novas temáticas do design serem discutidas orientou a escolha dos diversos painéis da Semana do Design carioca, promovida pelo jor-nal O Globo. Ao público foi dada a oportunidade de tomar conhecimento de novas ideias, conhecer produtos, trocar experiências e participar de diversas atrações em um dos maiores eventos do setor no País. Uma opor-tunidade, também, de estar mais uma vez em contato com grandes profis-sionais nacionais e internacionais do segmento. Entre as principais ativi-dades citamos workshops, estudos de casos, palestras e mesas-redondas, que apresentaram o design de forma transversal, mostrando sua relação com ideias e projetos inovadores. A coordenação de conteúdo foi reali-zada por Daniel Kraichete. Além dos temas escolhidos, dentre o enorme painel que o design oferece, aconte-ceram os workshops que discutiram

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questões como “Procura-se – o de-signer dentro de você”; “Movimento Maker”, sobre a Cocriação; “Design Estratégico; Marca e Negócio: que relação é essa?”. Também foi realizado um workshop dirigido ao público infantil: a “Internet das Coisas”. No campo do design estratégico tivemos a palestra de Job Rodrigues, do BNDES, que ressaltou a importância da disciplina como fator de inovação, diferenciação, agregação de valor e competitividade. Ricardo Leite, diretor de criação da Crama Design Estraté-gico, falou sobre a criação da marca “Rio 450 anos” e Bel Lobo, arquiteta que comanda o programa “Decora”, do GNT, lançou uma linha de móveis em parceria com a Tok&Stok.

Entre os palestrantes inter-nacionais, Claire Warnier e Drier Verbruggen, da Unfold, falaram sobre inovação, criação e manufatura digi-tal. Chris Moody e Neil Cummings, da Inglaterra, abordaram os impactos dos novos processos colaborativos; o Estúdio Cabeza, Argentina, mostrou o design aplicado ao espaço público; a

Holanda, falou sobre Design Por To-dos, Para Todos; o italiano Giacomo Bracci, abordou o tema Inovação e Negócios pelo Design.

Retornamos aqui, falando de outra, enorme diferença entre Rio e São Paulo. A ausência de qualquer patrocínio ou interesse do governo do Estado e da Cidade, em São Paulo, e o desejo e ação efetiva de autorida-des do Rio, como a Secretaria de De-senvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado – SE-DEEIS, em apoiar o design, tornando a cidade um dos mais importantes polos criativos do País.

Como parte da Semana Design Rio, foi também realizada no Jockey a 7ª edição da mostra “Rio + Design”, com a coordenação e o entusiasmo de Dulce Ângela Procópio, Subsecretária de Comércio e Serviços, responsável pelos programas de fomento ao design no Estado. Contou, ainda, com o apoio de parceiros como a Firjan, o Sebrae e a Sigraf. Na exposição, os trabalhos e estudos inéditos de mais de 60 escritórios e profissionais da área. Entre

relógio Camará, folheado em madeiras brasileiras certificadas, de Felipe Piragibe, João Victor azevedo e ren Horokoski

na página anterior, aspectos do projeto cenográfico de Guto Indio da Costa para as instalações no Jockey Clube

em sentido horário a partir da foto aci-ma: Projeto experimental com conceito inovador para exploração de hidrocar-bonetos no fundo do mar, realizado pelo neXT PuC – rio e FMC Technologies; sistema Crocline, cabideiro iluminado e que se adapta em qualquer vão, projeto de dirk Peter; colar em borracha com efeito visual metálico, de Marzio Fiorini

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no alto, à esquerda, instalação da Tok&stok para lançamento da nova linhadesenhada por Bel Lobo; à direita, Clever Pack, tampas reaproveitáveis como blocos de montar, compatíveis com Lego – proposta divertida e sustentável. Mostra rio + design, com projeto e execução da Boldº_a design company

os nomes, Eduardo Baroni, Bernardo Senna, Indio da Costa, EM2 Design, Lattoog Design, Studio Zanini, Oficina Ethos, Angela Carvalho, Ana Couto Branding, e outros.

Além do Jockey, sua sede oficial, a programação do evento invadiu a cidade, espalhando-se por diversos pontos do Rio de Janeiro. Mais de 90 lojas, galerias, escritórios de design e ateliês promoveram atividades como palestras, exposições, lança-mento de novas coleções e oficinas. O projeto apresentou os Distritos Criativos, que têm como inspiração o movimento espontâneo, como o que ocorre na Semana de Design de Mi-lão, quando artistas e designers locais promovem atividades paralelas ao evento. Os distritos são formados por regiões onde há grande concentração de atividades relacionadas à econo-mia criativa: o Porto Maravilha, o bairro de Ipanema e a Rua do Lavra-dio até a Praça Tiradentes, também fizeram parte dos quatro Distritos Criativos que hoje são referência de design e arte para a cidade.

Uma ode ao design se confundia com o orgulho de “possuir” uma ci-dade como o Rio de Janeiro. E, como foi possível concluir, nem um curso universitário traria tantas informações de vital importância para o design contemporâneo!

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curitiba

O terceiro polo de valorização do design foi Curitiba, que realizou a quarta edição da Semana D – Festival de De-

sign, “evento que busca desmistificar o design”, segundo seus organizadores, e mostrar que ele está presente no co-tidiano de todos. Apostando no con-ceito “o design transforma”, o festival apresentou diversas atividades, como palestras nacionais e internacionais, exposições e workshops.

Não apenas Rio e São Paulo ti-veram recortes diversos. Curitiba, se-guindo uma trajetória já reconhecida, focou suas atividades no design e sua relação com a indústria. Como bons exemplos citamos Fabio Haag, Diretor da “foundry” inglesa Dalton Maag, que esteve presente no Papo D sobre Tipografia e Negócio; o mexicano Luiz

Herrera, diretor criativo e sócio da MBLM; Wagner Dias, Diretor Técnico de Design da GM no Brasil; e Thiago Colares, mestre em Design e Direção de Arte, que falou sobre o Case Imaginarium. Além destes, a Semana D também teve a colaboração de Tatiana Viana, gerente de design da Farm; o diretor da Narita Design, Mario Narita; o designer e calígrafo Claudio Gil e o gerente de design da Chilli Beans, Marcel Gignon. Uma bela oportunidade para a indústria paranaense e brasileira mostrar que não está dissociada do design.

Mas não havia apenas a pro-gramação oficial. Na paralela, teve lugar a Semana D+, promovida pela comunidade acadêmica, instituições, indústrias e lojas intensificando, ainda mais, a vivência do tema na cidade.

Ideia original e bem-vinda, a Semana D%esconto que reuniu pro-moções em lojas físicas e virtuais.

Realizada pelo Centro Brasil Design e pela ProDesign>PR, (Asso-ciação das Empresas e Profissionais do Design), a Semana D contou com patrocínio do Sebrae, da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil) e do Centro Universitário Curitiba (UNI-CURITIBA), além do apoio institucio-nal da Prefeitura de Curitiba.

As principais atividades do evento foram realizadas no Museu Oscar Niemeyer (MON), além de ações em pontos variados da cidade, “reforçan-do assim a ideia de mergulhar a capital paranaense no design”, nas palavras de suas idealizadoras, Letícia Castro e Ana Brum, do Centro Brasil Design.

CURITIBA VALORIZA A INDÚSTRIA

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as ações da semana d mobilizaram os profissionais, indústrias e a população

de Curitiba em atividades ligadas às várias áreas de ação do design. de

fato, um festival na cidade!

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Dentre muitas outras tarefas, do que é capaz uma boa curadoria? O olhar aguçado de um experiente diretor de arte e a vontade das empresas em nos presentear com bons produtos? Uma resposta possível está na nova coleção de luminárias da Tok&Stok

Da redação

design brasileiro

Acima, Farol, criação Fetiche Design, em acrílico e alumínio. Abaixo, detalhe da Cipó, do catarinense Bruno Faucz; Gram-pho, de Maneco Quinderê, possui LED3 âmbar e emite luz para o alto e para baixo; Twiggy, design Bruno Falcz

LUMINÁRIAS ASSINADAS

Bruno FAuCz

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Em uma ação, me parece, pioneira na empresa, vemos a valorização do design bra-sileiro assinado. Afirmado no

título da coleção, enfatiza o projeto original, assinado.

Oito designers soltaram a criati-vidade, de forma leve, algumas vezes lúdica, outras para “criar benefícios materiais, físicos ou emocionais”, como afirma Bruno Faucz, autor da Cipó.

Na coleção, os “partidos” são os mais diversos. Efeitos de luz e sombra, vistos na Muxarabi, de Carlos Fortes; um foco de luz deslocável, em lumi-nárias piso/teto, como na Fidalga, que une um voluntário minimalismo ao olhar retrô da cúpula utilizada. Se os pontos de partida são múltiplos, as referências também são variáveis. A EM2 Design, de Roberto Hercowitz e Mariana Ferrarezi, com sua Carry On, nos remete a um canteiro de obras ou a uma vida nômade, graças à estrutura em aço que a envolve e à sua portabilidade.

No capítulo do Lúdico e Irreverente temos a Nódesign com a luminária #prontofalei: uma pessoinha em alumínio levanta uma placa acrílica que reflete a luz e pode receber recados removíveis de efeitos surpreendentes ao se acender a luz. Um sino ou um farol de navegação? Farol e Farolete nos passam essas duas ideias, na concepção do Estúdio Fetiche Design. Paulo Biacchi e Caro-lina Armellini usaram o acrílico e o alumínio trazendo leveza ao produto.

Maneco Quinderé. Quem não conhece o mestre da iluminação cenográfica? A inspiração para a Grampho? O gramofone utilizado pela família nos anos 1970! Luminária de piso ou de teto, com um foco de luz duplo, tem um LED âmbar insta-lado no alto da cúpula que, quando acesa, transforma imediatamente uma simples sala em ambiente cenográfico.

Prazer em conhecê-los, produtos com nome e sobrenome; ou seja, originais.

no alto, EM2 Design, de roberto Hercowitz e Maria-na Betting, e sua Carry on.Ao lado, #Prontofalei, da nó Design. sua chapa acrí-lica pode receber recados com tinta removível

Bruno FAuCz

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design e tecnologia

Jorge Lopes

FUTURO? NÃO. UM INOVADOR PRESENTE

Escaneamento 3D do automóvel OBVIO, design de Anísio Campos, sendo escaneado com tecnologia laser portátil no INT – Instituto Nacional de Tecnologia – orgão do MCTI e imagens resultantes do escaneamento onde é possível utilizar técnicas de espelhamento de metades simétricas e ajuste de superfícies a partir do arquivo 3D obtido com o scanner 3D

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Conheça o “estado da arte”, o que já temos disponível na tecnologia 3D, nas palavras de um dos nossos mais importantes pesquisadores. Você já pensou em submeter um cupinzeiro a uma tomografia computadorizada para aplicação em projetos de biomimética? Nossos pesquisadores já a realizam

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projeto escaneamento 3D de atletas para desenvolvi-mento de artigos esportivos digitalmente customizados – caneleira impressa em 3D a partir de arquivo obtido pelo escaneamento da perna do atleta – projeto Tecnologia Humana 3D e NEXT – Núcleo de Experimentação Tridimensional da pUC rio

Atualmente vemos uma grande quantidade de ferramentas digitais, dispo-níveis para potencializar a

criatividade de designers, artistas, arquitetos e qualquer um que queira representar e materializar ideias inovadoras. Uma dessas novas tecnologias é conhecida como escaneamento 3D.

Técnica já utilizada com fre-quência em áreas como engenharia reversa, games, animação e cinema, esta tecnologia tem sido cada vez mais difundida, tornando-se acessível para qualquer pessoa que queira obter dados de superfícies 3D em dimensões que variam de uma peça pequena, como um anel; até volumes maiores, como um carro; e temáticas que variam de obras de arte a corpos humanos.

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Os sistemas mais utilizados atualmente são os scanners 3D de luz branca ou a laser, que são tecnologias consideradas não destrutivas, pois conseguem obter dados de uma superfície sem o necessário contato físico com o modelo a ser escaneado. Também existem sistemas que utilizam imagens fotográficas e possi-bilitam obter arquivos 3D a partir de fotos digitais. A qualidade da imagem e do software de processamento são variáveis que influenciam diretamente no resultado a qualidade final do arquivo 3D obtido.

Nesse processo, as fotos podem até mesmo ser tiradas com telefones celulares, como ensina o catálogo distribuído pelo Metropolitan Museum de N. York, que, cansados de proibir fotos de obras de arte – tarefa muito difícil, uma vez que todos usam smartphones hoje em dia - apostaram na ideia de visitantes tirarem fotos com seus celulares de forma a gerar um arquivo virtual que possa, depois, ser impresso em 3D! Eles sugerem até mesmo a criação de um jogo de xadrez onde as peças serão impressas com figuras da cole-ção do museu! Quem desejar baixar o livreto de orientação é só acessar o link indicado ao final desta matéria.

A ideia de captura de superfícies e medidas de volumes 3D tem suas raízes em culturas antigas, como as

Acima, tomografia computadorizada para

análise de estruturas naturais para aplicação em projetos de biomi-mética – Cupinzeiro e

Tatu-Bola

Acima e ao lado, tomografia computadorizada onde é possível verificação interna de estrutura de uma escultura egípcia de gato. Acervo perma-nente da Fundação Eva Klabin

egípcias e gregas, especialmente na obtenção de dimensões e geometria de obras de escultura por meio de dispositivos convencionais e mecâ-nicos, métodos que ainda podem ser vistos em alguns contextos, sendo, porém, cada vez maior sua substitui-ção por tecnologias digitais devido à rápida evolução computacional, acompanhada da redução de preços das modernas tecnologias oferecidas.

Embora estas tecnologias sejam muito precisas, algumas dificuldades ainda estão presentes, como a aqui-sição de superfícies muito brilhantes onde é necessário aplicar uma leve camada de pó fino, a fim de refletir a luz, processo que, por vezes, de-pendendo da peça a ser digitalizada, pode não ser permitido.

Tecnologias de imagens não invasi-vas, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada também podem ser consideradas como sistemas de escaneamento 3D, com seu uso difundido para diferentes áreas da ciência, além da medicina, como geo-logia, arqueologia, paleontologia, res-tauração e especificamente em design, onde vemos uma área bem promissora ligada a estudos em biomimética.

http://www.metmuseum.org/~/media/Files/Blogs/Digital%20Media/3DPrintingBookletforBeginners.pdf

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Exemplo de escane-amento de mão em 3D com scanner de luz branca de alta precisão dimensional – NEXT – Núcleo de Experimentação Tri-dimensional pUC rio. Abaixo, funcionário da ron Arad & Associates obtendo dimensões da cadeira “Big Easy” através de sistema convencional

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design e inovação

ÁGUA: COMO ENCONTRAR?

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Á gua. Já foi um problema longínquo. Agora, pre-sente e perene – por um longo tempo?

O que aconteceu com a água, todos sabemos. Lixo, pesticidas e outros químicos. Seca e catástro-

fes climáticas. Desperdício em alto grau. Falta de previsão e de planejamento. Muitas pessoas conhecem os proble-mas, mas não sabem como resolvê-los ou contribuir para a melhor administração desta hoje gravíssima situação que nos ameaça de perto.

É certo que soluções de um único tipo não resolverão problemas tão complexos. Esperamos contribuir, trazendo algumas ideias vindas de diversas partes do mundo, que também podem nos servir ou indicar caminhos.

Muitas iniciativas foram desenvolvidas ao longo dos anos. Projetos com soluções simples, inusitadas e inteli-gentes para lidar com o problema da falta de água, em diferentes situações, da escassez do recurso à carência de oferta de água potável para a maioria da população.

Designers, engenheiros, técnicos, inventores capazes de formar equipes interdisciplinares, não acham que este seria um bom campo de atuação?

A designer Camila Fix retornou há pouco ao Brasil, depois de morar por dois anos na Holanda. Uma nova realidade, ou um novo problema encontrado, despertou sua atenção e direcionou esta pesquisa.

Camila Fix

RaindRop. Projeto do holandês Bas van der Veer, é um “barril” com um recipiente a ele acoplado: o conjunto é integrado à tubulação de água pluvial e o recipiente enche, de forma automática, cada vez que chove. Uma vez cheio, a água desce para o barril e fica disponível para ser utilizada para jardinagem ou outros fins. Projeto de graduação na Design Academy Eindhoven, foi in-corporado pela indústria, que hoje produz também a versão Mini-Raindrop. O produto já recebeu três prêmios e foi indicado para outros três

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SolaRball. Projeto do estudante Jonathan Liow, premiado na Austrália. É uma solução para uso individual que produz até 3 litros de água potável por dia e utiliza a luz solar para purificar a água

painel. No Peru, um painel de publicidade funciona como um gerador de água potável a partir da captação de água da atmosfera.Este é um ótimo exemplo de um bom uso do que está disponível no ambiente. O painel, desenvolvido pela UTEC – Universidade de Tec-nologia e Engenharia do Peru, foi instalado em Lima. A cidade, situada em um deserto costeiro, recebe pouca chuva, mas por nove meses ao ano é coberta por um nevoeiro denso com alta umidade atmosférica. O painel capta partículas de água do ar e transforma em água potável para o uso da comunidade local. É capaz de produzir até 96 litros de água por dia

aquamate SolaR Still. Criado durante a Segunda Guerra Mundial, para o abastecimento de água em caso de algum desastre, é uma pequena boia inflável que trabalha sem o uso de energia, de qualquer tipo. É o método mais barato que existe para transformar água do mar ou contaminada, em água potável. Pode ser usada em terra ou no mar. Infla-se a boia com a boca e deixa-se o Sol fazer o trabalho

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Roundabout ou playpump. Solução que une o útil ao lúdico, vem da ONG Roundabout Water Solutions, dedicada a levar água potável para as escolas primárias rurais na África do Sul. Com o slogan “Todas as crianças têm direito à água potável e o direito de brincar”, a Roundabout sintetiza como a ONG resolveu essa questão ao criar o “PlayPump”, projeto patenteado, que converte o movimento de rotação em movimento linear. É um gira-gira colocado sobre um poço convencional: enquanto as crianças giram e se divertem, a água é testada e bombeada do subsolo

ooho. É uma “garrafa” comestível para água, o que faz com que não deixe lixo espalhado. Consiste em uma membrana barata e biodegradável, feita de ingre-dientes naturais: cálcio e alga marrom. Criada por Rodrigo Gonzalez, Pierre Paslier e Guillaume Couche, ela retém a água dentro de uma membrana transparente que pode ser produzida em diferentes tamanhos. A técnica usada é a da esferificação, um método para dar forma a líquidos. Criada em 1946, causou sensação quando usada em receitas por Ferran Adrià, na Espanha

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design internacional

TOM DIXON: DE A a Z

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Luminárias da coleção Beat, produzidas no norte da Índia, contou com a competência secular de seus artesãos

Tapete Stripe, em lã, tramado à mão. Versão em preto, e há também variantes em amarelo ou branco

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Tom Dixon, o mais famoso designer inglês da atualidade, acaba de fazer um tour relâmpago pela América do Sul, promovido pelo British Council e finalizado com belas mostras em São Paulo e Rio.

Maria Helena Estrada

Poltrona Wingback, o próprio retrato do Club inglês, tem também versão para dois lugares

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Pioneiro no uso da extrusão com um novo plástico – semelhante ao vidro, quando seco-, Tom Dixon

realizou uma belíssima instalação e demonstração, durante o Salão do Móvel de 2000, em uma igreja dessacralizada de Milão (veja Arc Design ed. 19). Em 2002, na feira 100% Design, em Londres, apresen-tou a Fresh Flat Plastic, primeira cadeira neste material, utilizando a mesma tecnologia (capa da Arc Design ed. 28). Por alguns anos o plástico, em suas diversas fórmulas, foi seu material de preferência. Neste mesmo ano, 2002, ele tam-bém cria sua própria empresa.

Novo lançamento, as luminárias Trace Pendant, em diversas versões

A nova Y responde aos três principais requisitos de um produto “contract”: durabilidade, uma insinuante silhueta e formas ergonômicas. Estrutura reforçada com nova fórmula de nylon reciclável

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Hoje esse universo “dixiano” sofreu radical transformação. Firma Casa, Conceito e Lumini acolheram a vastíssima coleção na qual brilhavam metais e vidros, junto à madeira e à cerâmica, em um “pot-pourri” de tipologias, dos móveis às luminárias, passando por pequenos objetos, perfumes e sapatos banhados em bronze. Na ocasião, conversamos sobre os rumos de suas escolhas e seu trabalho como “one man show” da empresa. Tom Dixon.

ARC DESIGN – Você tem sua própria marca e desenha para ela, além de produzir e comercializar sua coleção. Isto significa que você se encarrega de toda a cadeia “Tom Dixon design”. Qual a razão desta escolha? A intenção é a de controlar a qualidade total da marca?TOM DIXON – Sim, sem dúvida. Principalmente toda a fidelidade à criação. Para a maioria dos designers, jornalistas ou criadores em geral, nem sempre é fácil desenhar, terminar a sua criação e depois se livrar dela. Então, para mim, trabalhar desta forma é agir como uma pessoa que faz bolos; ou seja, ter a satisfação de completar aquela obra e depois se afastar do que você criou.

Mesas Trace, uma coleção gráfica, em vidro. Seus grafismos criam um etéreo “moiré”

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AD – Não é um desejo meio estranho?TD – Não para mim. Vejo outros designers, já trabalhei com empresas italianas, grandes corporações e de-pois resolvi tentar um novo modelo que talvez seja melhor do que traba-lhar para uma empresa, com uma só tarefa: desenhar.

AD – Você empreendeu uma viagem pela América do Sul mostrando não apenas produtos de sua autoria, mas o “British way of life”. CluB foi o nome escolhido. Você acredita que a ideia do tradicional clube inglês ainda traduza um modo de vida? Eles ainda se conservam no mesmo e antigo modelo ou incorporam novas atitudes e, com isto, um novo design?TD - Essa ideia de chamar CLUB veio da tarefa de fazer o design de interiores de um clube britânico, em Londres. Após esse processo criei a cadeira CLUB, que é uma versão mais atualizada da poltrona tradicional. E é esta a nova realidade. Os clubes, que tinham apenas membros tradicionais, acabaram aderindo à moda. Hoje as

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Cadeiras Y, empilhadas

Luminárias Flask Pendant, em vidro transparente

Cadeiras Y, empilhadas

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pessoas entram e podem se divertir à noite, cria-se uma distinção muito tênue entre trabalhar e se divertir. Foi muito interessante ver como o mobiliário em Lima, por exemplo, – estive em uma mansão neoclássica, e o ambiente parecia muito tradicional, antiquado –, e aqui, nesta loja, você parece que está em um “warehouse club”, e os móveis se dão muito bem nesse ambiente. Então, com meus produtos, quando tenho um mó-vel ou luminária de sucesso, um diferen-te designer, arquiteto ou decorador talvez possa usar essas peças de maneiras di-ferentes e enxergar múltiplas inspirações, que nem sempre correspondem à criação original. Foi muito interessante observar a distinção entre a interpretação que foi feita no Peru e no Brasil.

Mente aberta, olhar livre de precon-ceitos, Dixon já inaugurou tendências, influenciou o design do final do século XX até hoje. Sua trajetória no design nos faz lembrar uma frase de Achille Castiglio-ni endereçada a jovens designers: “se non sei curioso, lascia perdere”, que podemos traduzir livremente como “se você não é curioso, procure outra profissão.”

Scent Air, perfumadores de ambientes, brancos, vermelhos e pretos, ou

seja, ar, fogo e água Detalhes da instalação na inauguração da mostra, na Firma Casa

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Batizar com algarismos romanos o estúdio MM Design, ou seja, Mil + Mil foi uma antevisão das propostas de seus designers fundadores. O ano – 1991 – tornava 2000 um objetivo quase inalcançável para os projetos por eles desejados, mas possível .....

Maria Helena Estrada

O estúdio ainda não é muito conhecido pelo grande públi-co brasileiro. Razão provável? Não projeta móveis!

Formado em Milão, colaborador do estúdio de Rodolfo Bonetto, Alex Terzariol, junto a alguns colegas, cria, na região do Alto Adige, um estúdio de desenho industrial independente, ideia até então nem sequer imaginada

nesta região da Itália. Mas graças à sua posição geográfica e, sobretudo, à vivência com a língua e a cultura alemãs, o estúdio surge com a ideia de colaborar com empresas não só da Itália, mas também da Áustria, Suíça e Alemanha. A diversificação de países e culturas gerou também um maior repertório de tipologias – hoje um dos principais atributos do

estúdio que, cada vez mais, cresce e ganha projeção. Alguns anos mais tarde a MM introduz um setor responsável pelo desenvolvimento de produtos, do projeto até a produção. Completa-se o círculo.

Na virada do milênio, o conhe-cimento dos materiais e tecnologias se tornava, de forma definitiva, um fator da maior importância, assim

MM: Projeto e Indústria

Maçaneta Ellypse

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design internacional

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como a necessidade de trabalhar em aderência com sociólogos e antropólogos visando criar produtos que fossem realmente inovadores e úteis para quem os utilizasse. O “mais do mesmo” começava a decair na preferência de criadores e usuários.

Assim, ampliam-se os setores nos quais o estúdio ganha expertise: do esportivo ao médico hospitalar; dos equipamentos para a casa aos instru-mentos e máquinas para o trabalho.

Caminho natural, a equipe se torna cada vez maior e crescem as competências; junto ao time interno, surge a colaboração de uma rede externa de especialistas capazes de dar inputs importantes aos projetos.

Muda a abrangência do estúdio, que se torna também um consultor estratégico para o design de produ-tos, no intuito de ajudar as empresas a entender as mudanças da sociedade e antecipá-las. Novos cenários pedem novos conceitos e, partindo de uma base analítica, se tornam a fotografia de um mundo em progresso.

Hoje o estúdio colabora com em-presas no Japão e nos Estados Unidos e conta com uma ramificação na cidade de São Paulo, que atua, sobre-tudo, no setor médico e tem direção e coordenação da Arq. Cristine Stuermer.

“Nos projetos, procuramos sem-pre fundir a alma humanística àquela científica e tecnológica, com grande atenção às pessoas que usarão os objetos, bem como aos materiais e às tecnologias mais adequadas em função de uma melhor usabilidade

do produto em base aos custos de produção”, afirma Alex Terzario, que conclui, “não é sempre fácil con-vencer a direção e os proprietários de uma empresa de que uma ideia inovadora pode ser uma ideia vence-dora. E o único modo para alcançar um bom resultado é experimentar e colaborar, o mais estreitamente pos-sível, com os profissionais de uma empresa em uma contínua troca de informações e ideias”.

Estamos muito atentos aos fenô-menos da sociedade, desenvolvendo pesquisas sobre, por exemplo, o aumento da população idosa e os cuidados a serem considerados ao desenvolver novos produtos facil-mente utilizáveis por aqueles acima dos 60 anos. Também analisamos fenômenos ligados à mobilidade nas cidades e como ajudar as pessoas a se deslocarem com os meios públi-cos ou com os meios privados em compartilhamento como car ou bike sharing. Ou ainda, estudando problemas relacionados ao social design, onde os espaços comuns das cidades tornam-se zonas de integração entre as pessoas, seguindo o conceito da cidade do renascimento italiano que tinha na praça, a ágora dos gregos, o ponto de convergência, de troca e de encontro.

O design é, no nosso entendimen-to, um modo para modificar os com-portamentos das pessoas e, assim, contribuir para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, das cidades e do meio ambiente.

Profiline. Faca para agricultores e guardas florestais. Empunhadura em poliuretano “soft touch”. Ergonomia: forma que permi-te inclinação necessária para uso. Lâmina protegida por dispositivo de fácil extração

Masterlite. Botas para ski na neve. Primeiro requisito: ser muito leve e comunicar leveza. Anatomia: Pebax, material reciclável, forma resistente e moldável malha anatômica. Resultado: leveza e performance, que recebeu o Red Dot por seu caráter inovador

Gioel. Sistema de limpeza para a casa. Projetado por um network de espe-cialistas. Características: portabilidade e facilidade de uso; multiplicidade. Aspira a sujeira e expira vapor, funções utilizáveis unidas ou separadas. Prêmio Red Dot e indicação ao Compasso d’Oro

Metodo, para Illy. Máquina doméstica para café. Requi-sitos: pequena, baixo custo, alta qualidade, diversa das

existentes. Objeto amigável, de gestualidade facilitada. Uso do alumínio e vidro e

mudança de paradigma. Recebeu o prêmio “best of

the best” no Red Dot

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design internacional

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COMPASSO D,ORO, AGORA

INTERNACIONAL

Ao lado, Poltrona Proust, design Mendini, agora na versão em plástico, produzida pela Magis; e calendário permanente, design Enzo Mari para a Danese

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O início? 1954! Ideia de Gio Ponti para agregar valor à in-cipiente produção italiana de desenho industrial. O prêmio

Compasso d’Oro é hoje promovido pela ADI, Associação de Desenho Industrial, e pela Fundação ADI. A Associação reúne todas as categorias envolvidas no processo de design da Itália: designers, distribuidores, es-colas, instituições e toda a cadeia de negócios. A boa nova? A premiação mais prestigiada no setor passa a ser internacional.

A edição de 2015 marca esta nova fase e, em concordância com a Expo Internacional, a ser realizada a partir de maio 2015 em Milão, ele terá um tema bastante atual: “Design for Food and Nutrition”, que na acepção de seus idealizadores traduz o conceito do design como ferra-menta para a inovação sustentável e o desenvolvimento (em um contexto econômico, social, ambiental e cul-tural), da produção de alimentos e sistemas de comunicação visual, à distribuição e consumo. O tema es-colhido é propositadamente amplo, com a intenção de convidar parti-cipantes de diversas especialidades, tanto na prática quanto em reflexões concernentes ao design.

A premiação é aberta a empresas e designers que aplicaram a cultura do design na produção de métodos avançados e, ao mesmo tempo, culturalmente conscientes das qua-lidades materiais e imateriais dos produtos. O Prêmio, que tem como tema – “food” – alimentação, se dirige a produtos e sistemas de produto; comunicação; serviços; produtos de design social; pesquisas para negó-cios e comunidades.

As inscrições se destinam a produtos já existentes, nas seguintes categorias: design para a agricultura

e a pesca; design para a qualidade dos processos na alimentação; design para embalagem de alimentos; design para a distribuição de alimentos; comunicação visual para alimentação e nutrição; design para a preparação do alimento e seus instrumentos; design para o consumo; design para a alimentação e heranças locais. Como vemos, todas as propostas transversais são bem-vindas e serão selecionadas por um júri internacio-nal. Os produtos premiados serão expostos na EXPO 2015, em Milão.

Mas a ADI, na Itália, cresce ainda mais com a premiação da “Interna-tional Targa Giovani”, direcionada ao melhor projeto universitário, individual ou em grupo, que receberá um prêmio de 30 mil euros!

As inscrições para todos os prêmios estão aber-tas até 28 de fevereiro de 2015 e informações detalhadas podem ser obtidas com a ADI. www.adi-design.org

e-mail: [email protected]

No alto, Mezzadro, design Achille Castiglioni para a Zanotta; o famoso macaquinho Zizi, articulável, em espuma de poliuretano, design Bruno Munari para a Alessi. Ao lado, luminária Parentesi, de Achille Castiglioni; e Rocking Chair de Ron Arad, na coleção Driade

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Novo design novo ensino

opinião

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As escolas, através da revisão dos seus ensinamentos e dos dogmas instituídos para o mundo Moderno, têm papel determinante para o “novo desenho do futuro”... e “uma das possíveis atuações dos designers é o desenho de novos cenários e o projeto de novos estilos de vida”

Dijon de Moraes

Em um passado remoto, mais precisamente nos anos oi-tenta do século XX, o design ainda era praticado seguindo

os velhos dogmas concebidos para o mundo Moderno. Neste período, a racionalidade predominava como modelo único, seguindo uma lógica objetiva e linear em busca da promoção das benesses do mundo industrial a um número cada vez maior de pessoas ao redor do planeta. Esse teorema, aparentemente simples, norteou por décadas o desenvolvimento dos países, promo-vendo por consequência, o dualismo entre aqueles industrializados e desenvolvidos, em contraste com os não industrializados e em via de desenvolvimento. Na verdade, no projeto Moderno, industrializar tornou-se sinônimo de desenvol-ver-se e, a consequência desta lógica foi um significativo aumento de cerca de dez países industrializados na década de oitenta, para cerca de trinta e cinco no final da década de noventa do século XX.

A indústria nos deu mais coisas e menos ser.

Octavio Paz

“”

Este processo de aceleração industrial ocorrido no final do século da era Moderna, trouxe também, em consequência, efeitos colaterais nocivos à qualidade da vida humana. O rápido processo de industrialização mundial não chamou em causa o impacto ambiental, bem como a utilização sem regras definidas de materiais e insumos que manteriam a “engrenagem produ-tiva” em constante funcionamento. É curioso notar que, de igual forma, não veio considerado no modelo Moderno de industrialização, o descarte dos resí-duos da indústria e, de forma especial, no que nos toca como designers, os

descartes dos próprios produtos indus-trializados, destinados a um crescente bem-estar social.

Mas o planeta começa a nos dar sinais de fadiga através do desequilíbrio climático, desertificações territoriais, escassez de água potável e aquecimento global. Todas estas realidades, surgidas de maneira mais sistematizada e concisa a partir da década de noventa, trazem para a cena e abrem espaço para o debate sobre as novas demandas e compro-missos dos designers e produtores no século XXI. Neste sentido, vem dada ênfase a novos modelos projetuais e a novas práticas de consumo que busquem alternativas de desenvol-vimento, que sejam compatíveis social e economicamente com o meio ambiente e com o futuro sustentável do planeta.

É interessante notar que o complexo projeto de um futuro ecologicamente sustentável, almejado inicialmente por filósofos, sociólogos, biólogos, geógrafos, ecologistas e outros pensadores de áreas afins

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Tenho migrado o olhar do design de produtos para o design do design.

Dijon de Moraes

“”

às questões humanistas e sociais, somente alcançaria sucesso se tivesse, de igual forma, o envolvimento de profissionais e estudiosos de outras áreas do conhecimento que com-põem a cadeia produtiva industrial, como economistas, engenheiros e designers. Seria preciso, portanto, ser repensado todo o ciclo do processo produtivo e de consumo que, ao nosso entender, envolve também as nossas escolas de design. As escolas, através da revisão dos seus ensina-mentos e dos dogmas instituídos para o mundo Moderno, têm papel deter-minante para o “desenho do futuro”.

Novos cenários, propostas e teorias começam a ser consideradas em diversas escolas de design pelo mundo afora. Vem à luz, dentre ou-tros, o conceito do design sustentável e ecoeficiente, o design de serviços e a desmaterialização dos produtos, que culminam por trazer novas possibilidades estéticas, alinhadas a uma nova ética que passa a nortear a produção e o consumo no mundo contemporâneo. Na verdade, atrás de novas propostas, devem também surgir novas experiências de consu-mo que considerem, por exemplo, a minimização de materiais não renováveis e o equilíbrio do impacto produtivo. Seria uma nova estética seguindo novas condições éticas.

Tudo isso fez com que o design contemporâneo tirasse o foco do indivíduo, deslocando-o para o coletivo, buscando, por fim, atender “um maior número de pessoas com um menor número de produtos”. Experiências neste sentido já foram aplicadas, como: car sharing, public bikes, collective laundry, co-produc-tion, co-creation e educational games, são exemplos possíveis que devem ser contemplados nos programas das escolas de design na era atual, pois uma das possíveis atuações dos desig-ners contemporâneos é o desenho de

novos cenários e o projeto de novos estilos de vida. Entenda-se como novos cenários, a promoção de novos comportamentos sociais futuros, que valorizam a consciência e o respeito ambiental, e por novos estilos de vida, o alcance da felicidade através de me-nos consumo. Como bem nos recorda Octavio Paz: “a indústria nos deu mais coisas e menos ser”.

Por isso mesmo, cabe às escolas de design na era contemporânea, al-çar a produção à condição de Cultura Produtiva, a tecnologia à de Cultura Tecnológica e o design à de Cultura do Design. Por tudo isso, de forma bastante particular, tenho migrado o olhar do design de produtos para o design do design.

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Design de produtos, gráfico, moda e o design alimentado por fontes primitivas. Rafic Farah, inovador em produtos, fala de memória e inspiração; Gustavo Greco, designer gráfico, cria o próprio jornal com olhar poético; Ronaldo Fraga, fashion designer, inventa a moda e conta histórias; Marcelo Rosenbaum e seus mil instrumentos, dá vida ao design em outras dimensões

como ELES ESTÃO PENSANDO?O QUE ELES ESTÃO FAZENDO?

Marcelo Rosenbaum

Ronaldo Fraga

Rafic Farah

Gustavo Greco

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O design que tem o objetivo no desenho, na autoria, na ideia ou no objeto fica, em si, vazio. O design que é desígnio, articulador de um propósito e agente de outra dimensão de relacionamento e ferramenta para desenhar e sonhar com um novo mundo é uma ponte dentro da interdependência de todos. Ganha outra dimensão. É conexão da economia criativa a serviço das pessoas. Uma coleção de produtos é resultado de um processo de estímulo para que as pessoas, a partir de seus mais autênticos conhecimentos, vejam oportunidades de estabelecer novas alianças, novos arranjos de inclusão produtiva e de expressão criativa.

Em 2012, o A Gente Transforma, na edição Várzea Queimada, usou a carnaúba e a borracha de pneu de caminhão na trama e na escultura de duas coleções inspiradas na paisagem e nas tradições que expõem a vida e as relações no sertão. Em 2013, o A Gente Transforma no coração da Floresta Amazônica, dentro do Acre, transcreveu mitos em luminárias. Grafismos indígenas que contam lendas, cosmologias e sabedorias, em símbolos da floresta e da cultura Yawanawá.

SER HUMANO + POTENCIALPoder criativo Saberes

Como o design pode servir à humanida-de? Pode orientar ideias que transformam o mundo? Como, no Brasil, pode ainda haver contextos de miséria, mesmo com tanta riqueza cultural e criativa? Como não ver no Brasil afora beleza em tudo? Marcelo Rosenbaum sempre viu beleza e riqueza potencial na diversidade, saberes e expressões das comunidades do Brasil profundo. Ao mesmo tempo que via matérias-primas, técnicas e talento como peças desencaixadas de um fluxo ideal de abundância para as pessoas. Em 2014, depois de duas edições realizadas, o A Gente Transforma foi certificado como Negócio Social pela Yunus Business Centre do Brasil.

Marcelo Rosenbaum

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Usa o design para expor a alma brasileira= A GENTE TRANSFORMA

www.rosenbaum.com.br

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Ronaldo Fraga

“Gente, é só colocar o pé para fora de casa que ela já pula em você” - Assim o mineiro Ronaldo Fraga reage quando as pessoas dizem que estão sem inspiração. Estilista, grande contador de histórias e com talento especial para o desenho, suas coleções narram ricas biografias, questões culturais ou tradições regionais, com temas como Zuzu Angel, Carlos Drummond, Guimarães Rosa, Pina Bausch, o Jequitinhonha e o rio São Francisco.

“A moda é técnica, construção, cor, tecido e negócio. Mas é, antes de tudo, a transformação da música, da literatura, da cultura contemporânea no desenho de roupas, capaz de narrar o presente e as memórias locais”, elucida Ronaldo.

Um ser que influencia a forma como consumimos, comemos, vestimos e nos relacionamos, um ser que guarda em suas pedras e ruas a escrita da memória dos nossos fantasmas. Dentro de nós, reproduzimos a cidade que nos habita, impávida e implacável. Assistimos ao movimento “Ocupe Estelita”, quando pessoas ocuparam o velho cais na cidade do Recife na tentativa de defender um fragmento da história de Pernambuco contra a fome das incorporadoras. Viajei no tempo até 1982, quando parte da população de Belo Horizonte tentou em vão embargar a demolição do cine Metrópole, antigo Teatro Municipal. Fui levado a pensar nas cidades que estamos a plantar no Brasil. Torres de concreto áspero em uma sala de espelhos de imagens distorcidas, plantadas num jardim de afetos e memórias evaporantes. Nessa nova estética desenvolvimentista de faces áridas, a cidade do Recife é irmã siamesa da cidade de Fortaleza, que se confunde com o paredão de prédios de Salvador, que não tem mais áreas livres para os circos desavisados que ali chegavam, e que, como Belo Horizonte, tenta se parecer com São Paulo. Todas vestidas com texturas impermeáveis adornadas com árvores de plástico de maquetes de arquitetura. Fingindo nunca dormir, são cidades sonâmbulas, em meio às casas verticalizadas tento achar vestígios de memória inventada e poesia insuspeita.

Toda cidade é um ser vivo

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www.ronaldofraga.com.br

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Rafic Farah é arquiteto, diretor artístico, designer gráfico e de produtos, fotógrafo, cenarista. Um dos fundadores da Escola da Ci-dade, criou o estúdio Design São Paulo Criação. Foi figura influente no Movimento Tropicalista nos anos 1960 e 70. Recebeu o Prêmio Museu da Casa Brasileira para mobiliário em 2013.

Rafic Farah

“Era feliz e não sabia? Errado.

Scheherazade é o nome da moça que encantou o sultão. Desde criança conhecia essas histórias. O alaúde de meu pai e Scheherazade, o violino de meu avô, sempre estiveram associados em minha mente desde a infância. Instrumentos de madeira e as mil e uma noites de Scheherazade, a música romântica de Rimsky-Kor-sakov. Quando Otavio Coelho e eu nos reencontramos, no Museu da Casa Brasileira, ficamos a imaginar que objeto poderia causar uma sensação de familiaridade e, ao mesmo tempo, estranheza. Além de uma boa ami-zade, temos a mesma inquietude, a mesma busca pelas formas que estariam num lugar além de nossa própria imaginação. O Otávio tem uma inteligência rara, bem temperada com um humor esperto e sonho. Quando desenhamos essa linha de móveis, algumas vezes as formas pareciam adquirir destino próprio. Eu trabalho melhor em parcerias, e nosso encontro é algo inusitado. Ele estava fazendo um trabalho na FAU sobre barcos de madeira; depois, fez uma cadeira. Eu, há muitos anos sem desenhar. Barcos de madeira e, alaúde, igual a Scheherazade, banco Osso, mesa K2...Só numa coisa sou melhor que o Otávio: dar nomes aos personagens quando conto histórias. Scheherazade é o nome da grande mesa que estamos criando.

NA REAL, SOMOS FELIZES E SABEMOS”

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saopaulocriacao.com.br

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Gustavo Greco

O design vem sofrendo e provocando mudanças no mundo. Empresas dos mais diversos segmentos, atentas a esses novos movimentos, passam a reconhecer o design como parte cru-cial de sua existência. A criatividade, matéria-prima inesgotável é finalmen-te vista como de grande relevância para o desenvolvimento da economia. O design avança de uma posição ligada a valores puramente estéticos epassa a ter um caráter estratégico. Os designers ganham mais espaço e são chamados mais cedo pelas empresas, participando da concepção do projeto e não somente de sua solução formal.

No cenário global, os designers brasileiros conquistam seu espaço ao refletir as questões culturais e sociais

do País nas soluções de projeto. Multiculturalidade, diversidade como identidade, uso expressivo de cores e certo deslocamento semântico se apresentam como pilares para a qualidade e a inovação dos projetos brasileiros. Ao apelar para os senti-dos, deixam evidentes as diferenças entre as marcas e materializam o seu propósito. Esse ofício torna-se um exercício cotidiano e contínuo de compartilhamento, renovação e ressignificação por meio de projetos que utilizam a informação como principal insumo. Vejo que o design, no Brasil e em quase todo o mundo, se consolida como uma disciplina capaz de projetar um futuro melhor – e para todos.

A Greco Design, empresa de comunicação, vive um momento de expansão: de fronteiras, habilidades e representatividade.Esse movimento para fora nos obriga a outro, no sentido contrário. Precisamos manter atento nosso olhar para dentro e permanecer cada vez mais fiéis à nossa essência. Fizemos, então, nosso jornal: um veículo semestral que publica pensa-mentos e projetos do estúdio, e também nossa intimidade.

de compartilhamento, renovação e resignificação

Um exercício cotidiano

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[email protected]

O QUE AS VANDAS NãO CONTAMO título foi inspirado numa espécie de orquídea (Vanda Curuleae), das muitas que temos na Greco e que fica em nosso jardim de entrada, bem em frente à sala de reunião. Ali, como espectadoras silenciosas, elas observam passiva-mente tudo o que acontece aqui dentro: as conversas com os clientes, como nossas ideias são geradas e a maneira peculiar de nos relacionarmos em equi-pe – fraterna, intensa e compartilhada. De tempos em tempos nos dão a honra de se abrir em flor, mostrando suas texturas e cores absurdamente vibrantes.

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20 a 23 de fevereiro de 2015novo local: Bienal do Ibirapuera

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Page 67: Revista Arc Edicao 79

Maria Helena Estrada

design internacional

O Que

WDCDé

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Page 68: Revista Arc Edicao 79

What Design Can Do ou, resumindo, WDCD, é um festival internacional que mostra o poder do design

como catalizador da renovação social. O coração do festival está nos dois dias de conferências com designers e especialistas na matéria, vindos de diversas disciplinas e países. Complementando as confe-rências, acontecem eventos paralelos como exibições, workshops e filmes, em colaboração com organizações parceiras, ativas no campo do design. WDCD tem por objetivo apresentar as melhores práticas e visões, provocar discussões e facilitar o intercâmbio entre disciplinas.

Uma conversa com o fundador e diretor criativo Richard van der Laken:Com qual objetivo foi criado What Design Can Do?Para deixar o público descobrir do que o design é capaz. Para chamar os designers a se colocarem, assumi-rem responsabilidades e combaterem as pressões e questões de nosso tempo. Para colocarem o foco na benéfica contribuição que os desig-ners podem dar à sociedade.

Em anos recentes, a profissão – designer – se expandiu enorme-mente. WDCD quer separar o joio do trigo, sublinhando a convicção de que o design não diz respeito a tornar os objetos mais bonitinhos, mas resolver problemas e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

São Paulo, novembro de 2015 WDCD promoveu, em Amsterdam, quatro eventos com grande sucesso e comparecimento de público. No entanto, não pretende ficar “amarrado” à sua cidade de origem, pois o evento tem potencial para se tornar um festival pop-up em cidades por todo o mundo. Seu conteúdo, audiência e pontos de vista sempre foram internacionais. É tempo de colocar o show na es-trada. Primeira parada: São Paulo, novembro de 2015.

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design internacional

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Como você iniciou o WHAT DESIGN CAN DO?A ideia nasceu depois de partici-par de um bom número de im-portantes eventos internacionais, entre os quais DesignYatra, na Índia; e Design Indaba, em Cape Town. Foi quando vi o quanto era inspirador e importante comparti-lhar visões, atravessando frontei-ras, com outras partes do mundo e com suas disciplinas. E vimos como pessoas, com backgrounds totalmente diversos, trabalhavam, em muitos casos, na base de atitu-des similares e fundamentais. Um arquiteto da América do Sul, um fashion designer da África e um designer de produtos da Europa têm mais em comum do que você possa imaginar. Eles falam a mesma língua, adotam atitudes similares em relação ao mundo. Apresentar, uns aos outros, suas histórias e visões, tem um enorme efeito de corroboração. Isto demonstra, explicitamente, o que o design, em todas as suas mani-festações, é capaz de realizar.

Compreendemos, então, que necessitávamos de um evento amplo e “cross-disciplinary”, um lugar de encontro onde arquitetos, designers gráficos, designers de produtos, “inte-raction designers”, designers de moda e profissionais “design related”, de casa ou de fora, pudessem se reunir uma vez por ano. WDCD é um festi-val internacional que une as partes e, genuinamente, faz a diferença.

Do que trata What Design Can Do?WDCD se coloca como um amplo evento e, como o nome afirma, tra-ta do impacto do design. Nós mos-tramos que a noção de design não deveria estar apenas associada aos produtos de luxo para um público que já tem de tudo. Em vez disso, WDCD fala sobre o design que realmente faz a diferença, que traz as pessoas para a ação, que oferece soluções e fala de mudanças.

Richard van der laken

“WDCD fala sObre O Design Que

realmente faz a Diferença,

Que traz as pessOas para a açãO, Que

OfereCe sOluçõese fala De muDanças

a partir de cima: super k sonic Boooomm, instalação de Nelly Ben Hayoun, conhecida como a “Willy Wonka do design e da ciên-cia”. de Ben landau, da série conceitual Bioacessórios, que “mascara as vistas desagradáveis, sons e aromas da cidade”. No foguete soyuz, cosmódromo de Baikonur, cazaquistão, “fumaça Humana”, também de Nelly Ben Hayoun

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Page 70: Revista Arc Edicao 79

WDCD se estende para São Paulo. Qual o objetivo desta ação?Para WDCD:SãoPaulo temos um duplo objetivo. Queremos mostrar que o design pode contribuir para resolver problemas, pode oferecer soluções, quebrar tabus. Em resumo, que ele pode provocar mudanças nas empre-sas, organizações, cidades e sociedade. Outro objetivo é chamar à responsa-bilidade a comunidade do design para que considere as questões sociais como componentes do próprio trabalho. Não falamos apenas sobre design social. Bons designers se comprometem com clientes, usuários e a sociedade. WDCD:São Paulo se propõe a fornecer estímulos recíprocos pela comunhão de visões, ideias e melhores práticas.

Qual é o grupo-alvo do WDCD:São Paulo?O target primário é o setor criativo, em particular o segmento design. Focamos em designers, arquitetos, sem esquecer os críticos, estudantes e jornalistas. Além do mais, em empre-sas, organizações e agências públicas que usam o design ou dele precisam. O evento é pensado como um local de encontro para criativos e clientes, do Brasil e de outros lugares.

O grupo secundário é o público em geral. Mostramos que o design significa mais do que cadeiras e mesas criativas.

“planejamOs fazer DeWDCD: sãO paulO umeventO Que marQue suapresença na CiDaDe”

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Como está sendo organizado o WDCD:São Paulo?WDCD:SãoPaulo consistirá em um programa principal e um paralelo, com workshops e discussões entre grupos menores. Também planejamos fazer de WDCD:São Paulo um evento que marque sua presença na cidade, como tem acontecido em outros anos e lugares. Por isto planejamos nos unir, formar equipe com partners como ARC DESIGN e o MADE, além instituições como o Museu da Casa Brasileira e Itaú Cultural, por exem-plo, todos muito entusiasmados com essa perspectiva.

“O Design pODeCOntribuir para resOlver prOblemas, pODe OfereCer sOluções, Quebrar tabus. ele pODe prOvOCar muDanças nas empresas, Organizações, CiDaDes e sOCieDaDe”

Na página ao lado, de Pete Hellicar & Joelgethin lewis, projeto selfridges, instalaçãona tate gallery. google glass uX, projetocreative lab. uma casa está sendo construída por impressão 3d em amsterdam, com paredes em plástico biofundido, projeto dus architects

acima, Projeto da sagmeister inc., com stefan sagmeister, loe shouldice e vários voluntários, em colaboração com urban Play, experimenta design e droog

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Page 72: Revista Arc Edicao 79

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cOlAborAdorescamila fix

Camila Fix, designer de produto com formação

internacional na Holanda, experiência no mercado,

premiações e exposições no Brasil como a Bienal

brasileira de Design; e no exterior, a Bienal

Internacional de Design em Saint Ettiene na

França. Seus trabalhos foram publicados no

livro Spoon, uma seleção global de designers

contemporâneos que se destacaram na cena

internacional.

Jorge lopesDesigner e pesquisador, especializado em manufatura digital. É professor de pós-graduação da PUC-RJ e também coordenador do Núcleo de Experimentação Tridimensional – NEXT, além de pesquisador no INT – Instituto Nacional de Tecnologia. É PhD em Design Products pelo Royal College of Arts, Londres, tornando--se assistente de Ron Arad, encarregado de desenvolver suas peças de série única.

diJon de moraesPh.D em design pelo Instituto

Politécnico de Milão, é designer, professor, escritor

e conferencista. Reitor da Universidade Estadual de

Minas Gerais pelo segundo quatriênio consecutivo, já

recebeu vários prêmios, no Brasil e no exterior e

publicou inúmeros livros, obras práticas e teóricas. É editor dos Cadernos de

Estudos Avançados em Design e Coautor dos Anais do Congresso “Design plus

Research”, entre outras. Professor visitante da

Universidade de Aveiro, Portugal e do Instituto

Politécnico de Milão e de Turim, Itália. Exerce inúmeras

atividades ligadas à disciplina, nas quais é muito atuante.

Vanda mendonçaJornalista especializada

em design, arquitetura e interiores. Profissional com

grande experiência, atuou nos principais veículos do setor

e também como docente. Nesta edição, respondeu

por pesquisas e textos para enriquecer a seção

News&Happenings.

luciane stocco é designer gráfica, ilustradora e fotógrafa. Pós-graduada em Comunicação Audiovisual pela PUC/PR com tese em semiótica da imagem. Cursou “Teorias da História da Arte” do programa de Pós-Graduação em Artes Visuais/Mestrado do Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. Nesta edição, desenhou várias matérias reforçando a equipe de arte.

Page 73: Revista Arc Edicao 79

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ARC DESIGN Roma Editora, Projetos de Marketing

DiretoresCristiano S BarataMaria Helena Estrada

Diretora/EditoraMaria Helena Estrada

PublisherCristiano S Barata

Roma Editora, Projetos de Marketing Ltda.

www.arcdesign.com.br

roMA editorA, Proj de MArketiNGRua Barão de Capanema 343, 6º andar, CEP: 01411-011, São Paulo, SP

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia da ARC DESIGN, não serão devolvidos.

TextosCamila Fix, Dijon de Moraes, Jorge Lopes, Maria Helena Estrada e Vanda Mendonça Revisão Colmeia [email protected]

Projeto GráficoFogo Design

Edição de arte e design Cibele Cipola e Luciane Stocco

Circulação e AssinaturasRita Cuzzuol DistribuiçãoDinap Ltda. - Distrib. Nac. de Publicações

[email protected]

Redaçã[email protected]

Comercial e [email protected]

Assinaturas [email protected]

Telefone55 (11) 3061-5778

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últiMA pÁgina

TARSHITO

É o nome que seu guia espiritual, Osho, deu a este

designer artista e músico. Tarshito, palavra sânscrita,

que significa Sede de Conhecimento Interior.

Seu trabalho é uma união entre oriente e ocidente. Já participou de duas Bienais

de Arte em Veneza e leciona na Academia de Belas Artes.

Nas palavras de Silvana Annicchiarico, curadora da atual mostra na Trienal de

Milão, “projetar um vaso significa traçar limites

ao vazio. Um vaso é uma oferta de recolhimento (...) ontologicamente vazio, se

oferece para acolher alguma coisa diversa de si.”

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