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Revista Arnaldo Danemberg

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30 Anos Arnaldo Danemberg Antiquário

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R

EDITORAKathia [email protected] Responsável (17812-81)

EDITOR DE FOTOGRAFIAMarco Antônio [email protected]

PROJETO GRÁFICOConceito A

DIREÇÃO DE ARTECristiana [email protected]

REVISÃOAna Grillo

IMPRESSÃOBURTI Grá� ca

Reunir trinta anos de uma história carregada de muitas outras his-

tórias define o desafio de editar a trajetória profissional de Arnaldo

Danemberg. Personalidade de biografia talhada em inúmeros relevos

e que o tempo só fez aprimorar.

Uma tarefa estimulante, grati� cante em toda a sua dimensão, que resul-

tou da con� ança mútua e de pontos em comum que interligam nossos

trabalhos. “Nada é por acaso” é uma frase recorrente de Arnaldo, e esta

publicação se enquadra no conceito.

Tenho o mesmo tempo de profissão de Arnaldo Danemberg, e sou pu-

blisher de uma revista carioca que me levou a conhecer mais de perto

o universo de excelência construído com o selo AD. Escrever sobre o

antiquário cujo nome é referência no mercado sempre esteve na mi-

nha pauta. E, de matéria em matéria, chegamos aqui. O convite para

compor a edição foi uma honra, na mesma proporção da responsabili-

dade que a função requereu.

Foram meses ao lado de Arnaldo selecionando textos, fotos, memórias...

Um trabalho minucioso, conduzido por ele com o mesmo rigor pela qua-

lidade que aplica às peças de antiquariato que compõem seu rico acervo.

Percorri de forma imaginária seu Le Grand Tour, revivendo passagens me-

moráveis pelo mundo em busca da matéria-prima essencial ao seu trabalho.

Observei o arquivo bem organizado de seus muitos projetos, mostras,

exposições. Presenciei seus amigos e parceiros receberem esta publica-

ção de braços abertos, contribuindo com generosidade e talento para o

enriquecimento do conteúdo.

Da mesma forma, compartilhei seu entusiasmo e sua emoção diante

deste mosaico autobiográ� co que ganhou forma nas 112 páginas que

compõem a revista. Resumo de três décadas de conquistas, mas que cer-

tamente renderiam outros inúmeros volumes.

Começa, então, a viagem de volta ao passado de Arnaldo Danemberg,

que re� ete na expertise do seu tempo presente. Parabéns pelo trintená-

rio, e que façamos juntos os próximos capítulos de uma longa trajetória.

Kathia Pompeu, editora

Foto

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arco

An

ton

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ezen

de

editorial

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30anos

antiquariatode

“Que sorte você teve!”, exclamou minha mestra, a pes-

quisadora e autora Tilde Canti, papisa do mobiliário bra-

sileiro, ao ver as duas cadeiras Sheraton Brasileiro, pe-

ríodo Dona Maria I, em jacarandá, recém-adquiridas por

mim e uma delas capa desta revista. Tais quais aqueles

exemplares a que meses antes eu havia sido apresenta-

do por Tilde nos museus das Minas Gerais. E ainda por

cima o par! Sorte dupla.

Neste ano em que festejo trinta anos de antiquariato, meu

trintenário, celebro aqueles que me ajudaram a percorrer

este caminho. Levado pelas mãos de meu pai, lembro-me

perfeitamente do que senti em um leilão no Cosme Velho,

realizado por A� onso Nunes Leiloeiro, amigo da família,

quando constatei que poderia adquirir as toalhas de mesa

em linho com o dinheiro da minha mesada.

Lembro-me também de quando, ainda bem pequeno, em

outro leilão, sugeri a meu pai a compra de um conjunto de

sala estofado e em alguns dias estava em nossa casa o mo-

biliário Leandro Martins. Recordo ainda o acervo do Lloyd

Brasileiro, arrematado por meu pai e por ele revendido; as

faianças; o chute de bola que dei, não a gol, mas direto num

prato de parede francês da nossa casa... e meu pai me ensi-

nando o caminho, desde cedo, pela convivência.

Quando muito mais tarde ele me convidou para juntar-

me a ele na futura Antigualha, na hoje famosa Rua do

Lavradio, jamais imaginei que o que inicialmente seria

apenas uma alternativa à advocacia – da qual eu gostava

mas não amava – iria se tornar não apenas uma pro� ssão

como outra qualquer, uma compra e venda, mas sim um

caminho a seguir, um norte de vida.

Daí para o aprendizado técnico foi um pulo, depois as aulas com

minha mestra, a pesquisa. “Vá aos museus...”, aconselhou-me

ela. E assim � z, sempre aos sábados. Mais tarde, pesquisando

o móvel brasileiro do século XIX, percorremos juntos o Vale

do Paraíba, as Minas Gerais, nossos museus cariocas. E dali a

Salvador, onde pesquisei o acervo de toda a arquidiocese.

Contando com o apoio do nosso então cardeal primaz, Dom

Lucas Moreira Neves (“só pode ser paixão o que move esse

rapaz”, a� rmou), percorri conventos, igrejas, mosteiros;

enriqueci-me de informação e experiência. O gosto pela

pesquisa já estava impregnado em mim. Mais tarde a pes-

quisa se estendeu a Portugal, nossa pátria mãe. E não pa-

rei mais. A cada aula, a cada curso, em palestras diversas,

nas exposições realizadas, continuo mostrando a todos o

resultado de minhas buscas – os móveis históricos. É como

falar dos � lhos... sempre um motivo de júbilo e orgulho.

Mais tarde, a mudança para o AD/Chopin. Meu pai pen-

durando as chuteiras, se recolhendo e, em sua quietude

e discrição, colecionando recortes de jornais sobre a vida

pro� ssional do � lho, que ali no Chopin trocou a Antigua-

lha por Arnaldo Danemberg Antiquário, numa merecida

homenagem a ele – o Arnaldo original, já que sou o � lho.

Filho que se fazia maduro, adulto e pai. Tornei-me então,

sem perceber a princípio, o Arnaldo Danemberg. Prazer!

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Impossível festejar o antiquariato e o mobiliário sem

mencionar e louvar o trabalho de nossos restaurado-

res. Sempre acompanhei de perto, com grande alegria e

prazer, essa tão nobre arte, assim como a habilidade, o

esmero e a paciência de nossos humildes mestres. Agra-

deço a eles por estarem comigo neste caminho. Restau-

rando nossos móveis, nosso pequeno jardim, a gente se

restaura junto. Acreditem.

Na foto que ilustra este texto, volto à Bica da Rainha,

no Rio de Janeiro, onde, no início do século XIX, Dona

Maria I ia “com as outras” beber em sua fonte... passan-

do pelo histórico bairro das Laranjeiras, onde nasci e

estudei, onde minha família sempre esteve. Pois bem

ali, na mesma fonte, já no início do século XX, um imi-

grante português, Sr. Antônio Gomes, homem de bra-

ço forte, aguadeiro, com sua pipa puxada a burrico, se

abastecia daquela água e a distribuía nas residências

do Cosme Velho. Esse homem mal podia imaginar que

seu neto, o “homem de estudo”, sonhado e educado

por sua filha Alzira, minha mãe, justamente um século

depois, percorreria seu país de origem e boa parte da

Europa num caminhão – não distribuindo, mas em bus-

ca de tesouros... – com o mesmo braço forte e valente

herdado do avô português e extremamente feliz.

Assim inicio a revisão dos meus trinta anos de ofício.

Compartilhei excelentes momentos com nossa editoria, a

quem agradeço de coração pelo trabalho realizado.

Recebi com grande alegria os textos dos meus convi-

dados – amigos queridos e parceiros de trabalho, de

trajetória –, que muito me emocionaram. A eles, meu

profundo agradecimento.

Passamos pelo Profissionalizando o Futuro, gratíssima

experiência; pelo meu Le Grand Tour; pelas exposições

realizadas – uma mostra dos trabalhos de meus queri-

dos parceiros arquitetos e decoradores, aos quais sem-

pre agradeço a distinção.

Estou agora no AD/Chopin, bem ao lado do Copacabana

Palace, onde meu outro avô, Henrique Danemberg, tra-

balhou durante muitos anos como gerente-geral. Homem

elegante, de seriedade extrema e discrição ímpar, exem-

plo para os netos Danemberg, agora homens feitos.

De um lado, a família de Antônio, Maria da Conceição, Ma-

rio, Manoel, Antoninho, João e Alzira. De outro, a família

de Henrique, Deína, Teócrito, Teophilo, Auristela, Osíria,

Sidney, Oswaldo, Henrique e Arnaldo.

E hoje Katia, minha grande companheira e incentivado-

ra nesta caminhada e também coautora desta história;

Paloma e André; Nicole, Gabrielle (de saudosa memória),

Oncle Marcel, Tante Fernande, Claire, Celine e quem mais

o futuro nos trouxer. Que sejam todos bem-vindos.

E vamos em frente. Temos certamente mais trinta

anos para viver, trabalhar e festejar. Mais trinta anos

para ficar na memória.

Com a minha alegria.

Arnaldo Danemberg

Rio de Janeiro, agosto de 2011

De um lado, a família de Antônio, Maria da Conceição, Ma-

rio, Manoel, Antoninho, João e Alzira. De outro, a família

de Henrique, Deína, Teócrito, Teophilo, Auristela, Osíria,

Sidney, Oswaldo, Henrique e Arnaldo.

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perfil // arnaldo danemberg

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Devoção explícita em seu escritório, através da tela sacra

de procedência espanhola evocando a imagem do santo:

“Identi�co na fé uma beleza tão intensa quanto a que

contemplo na arte”.

É nesse espaço que Arnaldo Danemberg administra ne-

gócios com zelo admirável, o que só justi�ca seu prestígio

no mercado. A começar pelo endereço elegante do anti-

quário, há 18 anos instalado na galeria do Edifício Chopin,

na Avenida Atlântica, vizinho do Copacabana Palace.

Lá, em 300 metros quadrados, tudo corresponde a bom

gosto, em apresentação pensada em detalhes para reite-

rar o valor artístico e estético das peças com a chancela

AD. São móveis e objetos originais de época dispostos com

estilo pelo interior da loja, formando vitrines dinâmicas,

em constante mutação, conforme o entra e sai do acervo.

Uma das estratégias adotadas por Arnaldo nessa

configuração é convidar arquitetos ou decoradores

parceiros para assinarem as ambientações. Nomes ta-

rimbados como Paola Ribeiro, Márcia Müller, Dado Cas-

tello Branco e Lia Siqueira já exploraram o potencial

da grandiosa coleção de cadeiras brasileiras do sécu-

lo XIX, exemplares ingleses do Arts & Crafts, clássi-

cos austríacos com assinatura Thonet, mobiliário em

ELE NASCEU EM UM 19 DE MARÇO – MESMO DIA EM QUE CATÓLICOS FIÉIS CELEBRAM SÃO JOSÉ, O SANTO CARPINTEIRO E PADROEIRO DOS TRABALHADORES. DATA QUE ARNALDO DANEMBERG ENCARA COMO BÊNÇÃO PROTETORA AO SEU TRABALHO COMO ANTIQUÁRIO, QUE ALCANÇA TRINTA ANOS MUITO BEM-SUCEDIDOS

POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

DA FORMAESTÉTICA

D evoto

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É um exercício do olhar reconhecer a nobreza e o valor de uma peça através de suas características materiais.

Arnaldo Danemberg

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Identifico na fé uma beleza tão intensa quanto a que contemplo na arte.“ “

Arnaldo Danemberg

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interpretações campesinas ou citadinas francesas e

seus “Luíses”, entre muitos itens catalogados com cri-

tério, compondo interessantes arranjos visuais.

Complementando essas cenas, nunca faltam �ores na-

turais, especialmente lírios, cujo simbolismo remete à

monarquia francesa, impregnando toda a loja de um per-

fume adocicado e marcante.

Ares de Europa que faz rima com as relíquias garimpa-

das graças ao faro experiente do antiquário, que viaja

em média quatro vezes ao ano para o Velho Continente

com fins de pesquisas e estocagem, na maioria das ve-

zes por pequenas cidades interioranas. “É um exercício

do olhar, identificar a nobreza e o valor de uma peça

através de suas características materiais”.

Habilidades do ofício passado de pai para �lho. Foi com o

patriarca Danemberg que o caçula Arnaldo aprendeu desde

muito garoto a traduzir o belo em madeiras, formas e cores,

frequentando leilões ou no exercício prático de apuração

artística na loja da família, na antiga Rua do Lavradio.

Percurso sólido que lhe confere excelência em nicho

seleto, no qual cada peça disponibilizada com seu aval

reitera o conceito de ser um dos mais credenciados an-

tiquários do país. t

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convidados // hildegard angel

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JJá lá se vão 25 anos. Na Rua do Lavradio não tinha samba,

havia lojas com móveis velhos, numa sucessão de porti-

nhas e portonas, que, se garimpadas direitinho, escon-

diam alguns tesouros fabulosos. Mas tinha que procurar

mesmo, muito, olhar debaixo dos tampos das mesas, abrir,

fuçar e até cheirar as gavetas, pra não levar gato por lebre,

as habituais "antiguidades" saídas de fábrica. Nesse con-

texto, uma loja com fachada estreita, onde se lia, com le-

tras brancas, na placa azul esmaltada, o nome Antigualha,

era praticamente um oásis. Nem acreditei quando entrei

naquela loja profunda e encontrei tudo arrumado, móveis

lustrados e limpos, diferente de todo o comércio da rua,

que praticava a �loso�a do "quanto mais bagunçado me-

lhor". Sabia, por uma das "antiquárias" da região, que aquela

bagunça era uma tática comercial para dar ao cliente a im-

pressão de que ali ele poderia fazer grandes descobertas,

que sequer os donos haviam percebido. Mas na Antigualha

era diferente. Além do bom estado de todos os móveis, o

atendimento era especial. Um senhor, senhor Danemberg,

muito educado, gentil, estava pronto a conversar e dar

informações sobre as peças, enquanto seu �lho, Arnaldo,

mais do que isso, des�ava conhecimento sobre estilo, épo-

ca, origem de cada um dos móveis à venda.

A sala de jantar pela qual me encantei, ele informou, era

da primeira metade do século XX, estilo art déco; e o ve-

ludo velho cor de mostarda que estofava as cadeiras de-

veria ser mantido, caso eu a adquirisse, aconselhava, pois

conferia antiguidade à peça. O quarto, com direito a pen-

teadeira e muitos metais dourados como detalhes, era do

mesmo período, e esta era uma boa oportunidade, pois os

móveis daquela época estavam com ótimos preços, já que

havia grande oferta. O armário inglês tinha um restauro

no �orão (praticamente imperceptível), porém as prate-

leiras eram novas, envelhecidas. En�m, um comerciante,

além de expert, honesto. Que preciosidade!

Tornei-me cliente. E quando eu desejava algum móvel

que ele não tinha, levava-me à loja próxima, onde eu po-

deria encontrá-lo, ou simplesmente me indicava o ende-

reço. Durante muito tempo namorei uma cadeira antiga

de barbeiro da loja ao lado, contando até com o empenho

de meu recente amigo Arnaldo para me ajudar a pechin-

char e chegar ao preço desejado. Mesmo assim, bobeei,

não comprei a cadeira, e até hoje me arrependo, apesar de

não ter a mínima ideia de onde iria colocá-la.

A cada ida minha à Antigualha, novas descobertas. Lá

no fundo, ele mantinha um marceneiro, para pequenos

reparos. Mas o grande achado foi o segundo andar, onde

havia praticamente uma o�cina de restauro e uma pare-

de que era um verdadeiro mostruário de cadeiras, todas

lindas, das mais variadas épocas. Ah, teve uma vez que

eu também descobri a Katia, aquela que, com Arnaldo,

forma um par adorável...

Não demorou para aquele jovem sabe-tudo alçar outros

voos. Em pouco tempo estava na mídia. Em alguns anos

trocou a Lavradio pelo mais nobre dos endereços: a gale-

ria do Edifício Chopin. Vieram as mostras Casa Cor, com

os móveis de Arnaldo sempre se destacando de modo

admirável. Vieram os projetos desenvolvidos por ele,

formando jovens restauradores. No contexto do Pro�s-

sionalizando o Futuro, houve até uma exposição inacre-

ditável, no BNDES, em que o curador Arnaldo Danemberg

ilustrava com um mobiliário precioso as maravilhas que

um trabalho criterioso de restauro pode produzir. Havia

um espaço para a restauração de tecidos, que exibia al-

guns clássicos da Coleção de Moda Zuzu Angel, inclusi-

ve os vestidos do famoso des�le de protesto político, de

1971, que emprestei com prazer.

O projeto foi depois levado até Brasília, com a bênção da pri-

meira-dama Marisa Letícia, não tivesse sido também o Ar-

naldo quem expertisou os móveis do Palácio da Alvorada!...

Somos amigos, e é com alegria que, a cada dia, vejo o nome

Arnaldo Danemberg consolidar-se na primeira linha do

antiquariato brasileiro, respeitado, elogiado e aplaudido

pelos colecionadores, decoradores, arquitetos de interio-

res. Prova de que a soma do trabalho com o conhecimen-

to, o empenho e os princípios éticos também dá certo em

nosso país. Do Arnaldo só reclamo de uma coisa: não ter

guardado a antiga placa esmaltada da Antigualha, como

um recuerdo de seus primeiros passos nesse mundo de

madeiras nobres, porcelanas e cristais delicados... t

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Hild

egar

d A

ngel

do antiquariato brasileiroPrimeira linha

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convidados // maurício nóbrega

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Page 15: Revista Arnaldo Danemberg

QQuando eu mando um “Fala, Arnaldão” e a resposta

“Fala, bacana” aparece no visor do celular é como uma

senha para o início de uma conversa franca e cheia de

humor. Certamente observações irônicas e pertinen-

tes, comentários engraçados e piadas vão me fazer rir

por alguns bons momentos no meio da minha rotina

de visitas a obras, reuniões de apresentação de proje-

tos e filas na ponte aérea. Este “Fala, bacana” mostra

bem quem é o Arnaldão.

O Danemberg que agora comemora trinta anos de anti-

quariato todos conhecem: profissional sério, competen-

te, capaz de descobrir tesouros a cada viagem à Europa.

Volta com peças únicas, lindas, todas com uma história

para contar. São todas peças e móveis de trabalho, de

ofício, peças fortes e com alma, porque o Arnaldo não

perde tempo com móveis sem vida. Dono de um olhar

preciso, busca e encontra raridades que fazem de seu

negócio o mais bacana do gênero no Rio.

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Mau

ríci

o N

óbre

ga

ArnaldãoFala,

Mas coube a mim a feliz incumbência de comentar seu

lado amigo e brincalhão. Todos sabem do patrão exigen-

te que ele é, mas poucos sabem do zelo e da preocupa-

ção que ele tem pelo José, pelo Ribamar, pelo Nilton, pelo

Chiquinho, pelo Leandro, pela Monica, pela Claudia, pelos

dois Rodrigos, pelos dois Jorges e agora, por sua �lha Pa-

loma. Todos conhecem sua capacidade de explicar didati-

camente cada detalhe de cada um dos móveis que possui,

mas poucos veem sua vibração interna ao fazê-lo.

Todos sabem o valor de cada expertise que assina de suas peças

ao mandá-las para a casa de mais um felizardo, mas poucos per-

cebem a perda que ele sente ao preencher aquele certi�cado.

O convívio com o lado íntimo, pessoal, do pai de Paloma

e André, marido de Katia, amigo dos amigos, poucos têm

a felicidade de privar. Incrível é que esta faceta é bem

parecida com suas descobertas: homem do trabalho, do

ofício, da labuta, forte, com alma e histórias para contar.

Parabéns, Danemberg! t

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Vitrine por Samira Leal, AD / Chopin

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convidados // samira leal

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Page 17: Revista Arnaldo Danemberg

AAlgumas das catedrais mais antigas do mundo levaram

séculos para serem concluídas. Quando as contempla-

mos, mal nos damos conta de que, por terem atravessado

muitas épocas, acabaram combinando partes de diferen-

tes estilos. E o mais impressionante é que nelas podemos

apreciar um conjunto inteiro, acabado.

Talvez por isso alguns estudiosos digam que uma obra de

arte é boa quando a ela não se pode acrescentar nem tirar

nada: é digna de ser apreciada do jeito que é, sem mais

nem menos. Boa sobretudo quando sentimos o ar mais

cheio de oxigênio ao contemplá-la.

O que se percebe com muita clareza em todas as magní-

�cas peças do antiquário, além de todo o conhecimento

e cultura que o Arnaldo possui, é a elegância do olhar,

do escolher. Sua sensibilidade e intuição. Procura justa-

mente a arte de combinar o passado com o presente. E

o resultado são ambientes aconchegantes. Já com uma

atmosfera de vivência. De paz.

O verdadeiro e o moderno são decididamente a melhor

forma de como o passado chegou até nós. Passado e pre-

sente têm muito a nos dizer.

Quando olhamos para as melhores expressões de cada

cultura, vemos que nativos asiáticos ou índios da Ama-

zônia possuem verdadeiros artistas do design. No Bra-

sil colonial existia uma palavra com o mesmo significa-

do: dizia-se que tal arquitetura de igreja ou escultura

era do risco do Mestre tal. Do risco, não do rabisco.

Se f izer mos uma pesquisa pa ra ver como um jo-

vem, um casa l ou uma pessoa que mora sozinha

dispõem a a rquitet ura e o mobi l iá r io e exa mi-

na r mos seus a mbientes, sem que conheça mos os

usuá r ios, é ma is do que cer to logo adiv inha r mos

quem habita o quê. É isso mesmo; aqueles que se

per mitem a r r uma r suas casas, mesmo sendo de

poucos recursos, sempre encontra rão um meio de

ex ter ior iza r seu mundo inter ior.

Encontrei no Antiquário AD o que buscava para transmi-

tir essa leveza de formas, relações, cores, conforto e luz

que dá vontade de simplesmente “estar”.

E que pertence a um público habituado a certo tipo

de lapidação do gosto, cujas ambiências causam um

conforto muito especial – mesmo pessoas que nunca

refletiram sobre a importância da arquitetura de in-

teriores percebem que nela existe qualquer coisa de

admiravelmente universal.

As peças do Arnaldo Danemberg ficam bem de qual-

quer ângulo, porque é esta coisa intangível que nos

transmite alma e vida. t

Sensibilidade

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Sam

ira

Lea

l

intuição&

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convidados // patricia mayer

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Page 19: Revista Arnaldo Danemberg

OO Le Grand Tour de Arnaldo Danemberg vai mais longe do

que ele mesmo planeja. Além de suas incontáveis viagens

mundo afora – de onde saem garimpos fascinantes – e das

ambientações criadas por pro�ssionais parceiros divulgadas

à exaustão em belos postais colocados em redes sociais, esse

tour passa a ser quilométrico de verdade quando se conta-

biliza o impacto dessas ações nos leitores de revistas e jor-

nais onde Arnaldo comumente é citado e fotografado, nos

visitantes dos eventos em que ele participa com cuidadosa

seleção de peças, nos ouvintes de suas palestras e, last but

not least, nos seus alunos, os aprendizes de restauração.

Arnaldo sabe ir longe. É um andarilho inquieto e sagaz. E

tem a plena noção de que não basta ser um (bom!) comer-

ciante – é preciso cultura e conhecimento, curiosidade e

empenho, amizades e boas parcerias para percorrer esse

Grand Tour, seu projeto de vida.

Particularmente acho que Arnaldo, nessa sua trajetória

que começou há trinta anos, vai se realizando a cada eta-

pa. Dele emana uma tranquilidade típica de quem ama o

que faz. Estar em sua presença é motivo de alegria para

quem a compartilha. Está sempre de bom humor. E trans-

mite o muito que sabe com segurança, mas com sutileza

e discrição. A qualquer hora, receber no antiquário do Edi-

fício Chopin é motivo de satisfação para ele, oferecer um

café e mostrar uma peça surpreendente, peculiar, que ele

descobriu numa viagem tal, restaurou... Sabe vender, mas

às vezes nem parece que quer vender de tanto que ele

gosta e se apega ao seu acervo.

Suas mesas, cadeiras, cômodas, baús, caixas, estantes,

de procedências variadas, em geral de madeiras nobres e

com interessantes formatos e detalhes, têm a rara quali-

dade de – apesar de complementar com leveza qualquer

ambiente, do mais clássico ao supercontemporâneo –

conseguir dar peso, conteúdo e referência ao espaço. Pa-

recem até livros.

Não é à toa que Arnaldo tem, entre seus muitos arquite-

tos parceiros, pro�ssionais com trabalhos arrojados e de

vanguarda, além dos mais tradicionais. E uma clientela

no eixo Rio-São Paulo da elite cultural brasileira.

Acaba sempre agradando a todos. Isso se torna mais �a-

grante numa Casa Cor, por exemplo. Nas edições cariocas,

não é exagero a�rmar que seus móveis e objetos, presen-

tes em muitos espaços, sempre são dos mais comentados

pelos visitantes da mostra, e também pelos pro�ssionais

e pela imprensa. É sempre um prazer, numa visita aos am-

bientes decorados do evento, poder mostrar e comentar

as mesas de ofício, os armários de farmácia, os bancos de

carteiro, as escadas e chaises de barcos, os antigos berços

de ninar... en�m, das “descobertas” de Arnaldo pelo seu

Grand Tour pelo mundo.

Vá, amigo, siga em frente. Mas mantenha esse dom que

lhe permite enxergar nos seus achados muito mais do

que os olhos podem ver, e depois ainda nos encantar com

uma mágica interferência, seja esta apenas um polimen-

to ou uma informação relevante sobre a peça. t

Andarilho

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Patr

icia

May

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inquietosagaz&

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acervo // le grand tour

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Page 21: Revista Arnaldo Danemberg

POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

ENTREMEADO ÀS PEÇAS QUE ATRAVESSAM SÉCULOS DA HISTÓRIA DO MOBILIÁRIO, O SELO DA MARCA AD AGRUPA VIVÊNCIAS NO ACERVO OBTIDO EM MUITAS VIAGENS PELO TEMPO E PELO MUNDO

Tudo é informação no espaço capitaneado por Arnaldo

Danemberg. Loja com alinho parisiense, envolvida pela

atmosfera copacabanense da galeria no Edifício Chopin,

é endereço chancelado no mercado de antiguidades. O

que não impede o investimento em novidades, mesmo

que apoiadas na passagem dos séculos. Assim surgiu a

coleção denominada Le Grand Tour.

São objetos inusitados recolhidos ao longo de três décadas

de antiquariato, comemoradas este ano por Arnaldo. O

olhar maturado, somado a muitas idas e vindas – especial-

mente pelo território europeu –, recolheu caixas, baús, bi-

cas de barris de vinho, azulejos pintados à mão... Bagagens

que ocupam os dois andares da loja e que, agrupadas com

estilo, formam instalações carregadas de valor histórico,

combinando tamanhos, funções e procedências.

Apreciar os pedaços de mundo trazidos por Arnaldo é, de

fato, uma viagem de ricas percepções. Apresentados por

ele, então, ganham ainda mais interesse. Impossível não

se deixar levar pela narrativa empolgante quando conta,

por exemplo, sua disposição em percorrer quilômetros

conduzindo um caminhão em busca do pitoresco pelo

interior da França; ou a vibração de identi�car no burbu-

rinho de feiras e empórios, que visita por ofício acrescido

da curiosidade pessoal, a diferença entre o raro e o banal.

Com retórica embasada, os contornos materiais do mais

simples objeto são conduzidos ao status da arte quando

descritos pelo antiquário.

Faz todo o sentido. Afinal, a grife AD é a exata ex-

tensão da personalidade de seu criador – um gentle-

man ao modo antigo, com a permissão do trocadilho

– em que o requinte flui com a descontração inerente

ao que é autêntico.

Não à toa, itens do seu acervo, em constante movimento

com o entra e sai das peças, certi�cadas na autenticidade,

comparecem na maioria dos projetos de interiores com

autorias consagradas.

2011 21

!AD.indb 21 27.07.12 18:55:49

Page 22: Revista Arnaldo Danemberg

Ambientação com caixas de correio fran-cesas, em carvalho, Paris, cerca de 1900. Trio de panteras em faiança francesa, Paris, cerca 1930. Em destaque, os vasos em opalina francesa, anos 1940/50

22 2011

!AD.indb 22 27.07.12 18:55:54

Page 23: Revista Arnaldo Danemberg

Ao lado coleção de miniaturas francesas em “bois fruitier”, França, cerca de 1900. Acima, braseiro francês, século XIX. Abaixo, baú francês em pinho acetinado e couro – móvel campesino, cerca de 1900, e, vaso em opalina francesa translúcida, Paris, cerca de 1900

!AD.indb 23 27.07.12 18:56:11

Page 24: Revista Arnaldo Danemberg

Ao lado, caixa francesa em thuya, “bois fruitier”, metal e mar� m, e tampo com centro em embutidos de ins-piração � tomorfa. Interior original. França, Napoleão III, século XIX

À direita, boucheuse

francesa em madeira torneada

– utensílio relacionado ao vinho, França,

Bordeaux, cerca de 1900

Acima, escritório francês, em “bois fruitier”, com tampo em esteira rolante, escaninhos e gavetinhas – espelho de fechadura em me-tal, é móvel citadino, França, cerca de 1900

À direita, azulejos portugueses e

caixa de chá in-glesa neoclássica, em marchetarias

diversas, Londres, século XIX

24 2011

!AD.indb 24 27.07.12 18:56:20

Page 25: Revista Arnaldo Danemberg

Prestígio apoiado na seriedade com que conduz seu tra-

balho. O zelo no tratamento prestado aos produtos sob a

sua chancela, o que inclui técnicas de restauração e ma-

nutenção, é uma das características marcantes do selo.

E como dita a linguagem contemporânea, que funde épo-

cas e estilos, Le Grand Tour evoca memórias nas ambien-

tações, sugerindo novas funcionalidades para antigos

objetos. Nada mais atual. t

Prestígio apoiado na seriedade com que conduz seu tra-

balho. O zelo no tratamento prestado aos produtos sob a

sua chancela, o que inclui técnicas de restauração e ma-

nutenção, é uma das características marcantes do selo.

E como dita a linguagem contemporânea, que funde épo-

cas e estilos, Le Grand Tour evoca memórias nas ambien-

tações, sugerindo novas funcionalidades para antigos

objetos. Nada mais atual.

Caixa francesa em palissandre e marchetarias di-

versas, em deco-ração romântica,

França, Napoleão III, do século XIX

segunda metade

Bonbonnes francesas em

vidro, utilitário de vinhedo,

Bordeaux

2011 25

!AD.indb 25 27.07.12 18:56:29

Page 26: Revista Arnaldo Danemberg

antiquárioÁLBUM doantiquárioantiquárioantiquário

À la route, na

Aquitânia,

França.

antiquárioCelebrando vinte anos de antiquariato, com os Danemberg.

Embaixador e Sra. De Vicenzi, RJ.

Maitê Proença, Lais Gouthier e o casal Danemberg.

Dom Antônio e dona Christine de Orleans e Bragança e o casal Danemberg.

26 2011

fotos // meu trabalho

!AD.indb 26 27.07.12 18:56:49

Page 27: Revista Arnaldo Danemberg

“Alguns dos bons momentos ao longo dos meus trinta anos de profi ssão, que incluem grandes parcerias e eventos marcantes.”

Palestra na Embaixada do Brasil, em Paris.

Salão do Antiquário, RJ, com Patricia Mayer.

Fazenda São

Fernando, inte-

rior do Rio, em

entrevista para

TV local.

Exposição

“A Restaura-

ção no Brasil”,

BNDES, RJ.

2011 27

!AD.indb 27 27.07.12 18:57:04

Page 28: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // lia siqueira

!AD.indb 28 27.07.12 18:57:09

Page 29: Revista Arnaldo Danemberg

GGosto do olhar do Arnaldo na madeira, admiro a manei-

ra didática e vigorosa como ele fala de cada encaixe,

cada entalhe. As mãos explicativas deslizam sobre as

curvas trabalhadas do mobiliário como se revelando a

metodologia construtiva.

Arnaldo associa as características de cada móvel às

épocas, aos costumes, às culturas. Nos faz perceber

que esses elementos juntos, traduzidos na execução,

tornam as peças – através das mãos dos artífices, dos

artesãos – únicas. Nos ensina que o mobiliário conta a

nossa história e nos permite perceber e compartilhar

dela através do seu conhecimento. Nos revela que as

madeiras frutadas, utilizadas nos móveis campesinos,

são trabalhadas e entalhadas naturalmente e com sim-

plicidade, como na arte naïf. Coleciona ferramentas que

permitiram o desenvolvimento e evolução de técnicas

mais sofisticadas e transformaram o ofício da arte do

mobiliário na arte da perfeição.

Lembro-me da alegria com que compartilhou sua con-

quista quando se tornou responsável pela classi�cação do

mobiliário do Palácio da Alvorada a convite do Iphan. Com

a mesma alegria e entusiasmo criou o curso Pro�ssionali-

zando o Futuro, formando jovens nas o�cinas de marce-

naria, viabilizando o ofício e o conhecimento da história do

mobiliário através da conservação e do restauro.

Um mestre para todos nós. t

Um

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Lia

Siq

ueir

a

mestre

2011 29

!AD.indb 29 27.07.12 18:57:10

Page 30: Revista Arnaldo Danemberg

acervo // cadeiras

!AD.indb 30 27.07.12 18:57:14

Page 31: Revista Arnaldo Danemberg

SENTE-SE, FIQUE À VONTADE. CONFORTO, BEM-ESTAR, DESCANSO. ASSIM VIVENCIAMOS A CADEIRA, MÓVEL ONIPRESENTE EM TODOS OS ESTILOS E ÉPOCAS, TRADUZINDO SUAS CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS, ESTRUTURAIS E DECORATIVAS. ANTERIORMENTE SÍMBOLO DE EXCLUSIVIDADE E PODER – VIDE O TRONO COM SEU IMPONENTE ESPALDAR (AS “COSTAS LARGAS” DE CADA UM...) –, O TEMPO FEZ COM QUE A CADEIRA SE DEMOCRATIZASSE, ATINGINDO TODAS AS CLASSES, DIVERSIFICANDO SEU USO.

cadeirasAS

Cadeira francesa em madeira clara, “faux bambou”, palhinha no assento. França, século XIX.

!AD.indb 31 27.07.12 18:57:16

Page 32: Revista Arnaldo Danemberg

Cadeira brasileira em jacarandá e palhinha, Hibridismo Brasileiro, dita “Mineira”. Móvel citadino. Brasil, Rio de Janeiro, terceiro quarto do século XIX.

Cadeira francesa em “bois fruitier/cerejeira” e palha rústica. Manufa-tura campesina, numa interpreta-

ção rural do estilo Diretório. França, primeira metade do século XIX.

32 2011

!AD.indb 32 27.07.12 18:57:24

Page 33: Revista Arnaldo Danemberg

Cadeira francesa em “bois fruitier/nogueira” e palhinha, espaldar curvilíneo, pernas torneadas. Manufatura campesina, período Luiz Felipe. França, meados a terceiro quarto do século XIX.

Cadeira francesa em “bois fruitier/nogueira” e palhinha, espaldar em forma de violão,

pernas curvilíneas. Manufatura campesina, período Luiz Felipe.

França, meados do século XIX.

!AD.indb 33 27.07.12 18:57:30

Page 34: Revista Arnaldo Danemberg

Cadeira francesa “bois fruitier/merisier” (árvore da cereja selvagem) e palhinha, espaldar em violão, pernas curvilíneas. Móvel campesino. França, período Luiz Felipe, meados do século XIX.

Cadeira brasileira em vinhático e palhinha.

Hibridismo Brasileiro, Escola Pernambucana,

Beranger. Entalhes °to-morfos. Móvel citadino.

Brasil, terceiro quarto do século XIX.

!AD.indb 34 27.07.12 18:57:36

Page 35: Revista Arnaldo Danemberg

Cadeira francesa em “bois fruitier/cerisier/cerejeira” e palha rústica, espaldar em arcos, dita “Catedral”. Móvel campesino. França, primei-ra metade do século XIX.

Cadeira brasileira em jacarandá e palhinha, neoclássica, Império Brasileiro, estrutura curvilínea. Móvel citadino. Brasil, primeira

metade do século XIX.

2011 35

!AD.indb 35 27.07.12 18:57:44

Page 36: Revista Arnaldo Danemberg

OFÍCIO FUNDAMENTAL À HISTÓRIA, A RESTAURAÇÃO PRESERVA MEMÓRIAS E TRANSPORTA A NOBREZA DAS PEÇAS ATRAVÉS DO TEMPOOr estaurador

Como antiquário e pesquisador, o mobiliário sempre foi

minha paixão, meu norte de estudos e pesquisas. Ex-

pressão direta da vida cotidiana, dos hábitos de cada

povo, o móvel re�ete a sua maneira de ser e se exprimir

através de seus mestres artesãos. Conserva em si a his-

tória, transmite memória, já que vivemos nossas vidas

rodeados por ele: mesas, cadeiras, berços, camas etc.

Para manter viva a memória histórica, precisamos

trabalhar na conservação do mobiliário assim como

em todos os nossos demais bens artísticos. E, quando

POR ARNALDO DANEMBERGFOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

necessário, restaurá-los. Importante perenizar nos-

sos bens e transmitir tais conhecimentos e técnicas

às novas gerações.

Ao me deparar com cada móvel tratado em nosso estú-

dio de restauração, lembro-me de quando, no primeiro

dia de aula do Profissionalizando o Futuro, mostrei aos

jovens um antigo baú em três fases diferentes: como

eu o encontrei, bastante castigado por sinal; numa fase

intermediária de restauração; e finalmente já restau-

rado. Tudo na mesma peça.

36 2011

restauração // ofício

!AD.indb 36 27.07.12 18:57:51

Page 37: Revista Arnaldo Danemberg

Mostrei a eles que o tempo não fora favorável àquele móvel,

que ele havia sido negligenciado, mas que, daquele momen-

to em diante, um novo tempo começava para ele, uma nova

experiência, um tempo de restauração e futura conserva-

ção, e não mais o tempo que negligencia e destrói. E pouco a

pouco, passo a passo, à medida que móveis são restaurados

e o bom tempo passa, restauramos a nós mesmos.

Ao �nal do curso, recebi de um dos alunos uma carta rela-

tando que, depois da primeira aula, foi dormir “pensando

no amanhã”. Este jovem hoje está estabelecido no Espíri-

to Santo, trabalhando numa marcenaria e se aperfeiço-

ando em restauração.

Ele, como outros jovens aprendizes, vive agora esse

“amanhã”, esse futuro já presente, inserido no mercado

de trabalho e ajudando na preservação de nossos valores,

de nossa história, de nossa memória. É esse pensamento

que norteia a restauração. O sentimento de aproximação

com o passado, no presente, visando o futuro. t

2011 37

!AD.indb 37 27.07.12 18:57:59

Page 38: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // mary del priore

!AD.indb 38 27.07.12 18:58:03

Page 39: Revista Arnaldo Danemberg

AArnaldo Danemberg tem dois compromissos: valorizar

o mobiliário brasileiro e tudo o que ele significa como

história e memória de nosso passado, e o compromisso

com o Brasil, na forma de responsabilidade social. Em

ambos os casos, ele é um exemplo incomparável de

como articular centros de interesse até então desco-

nectados: a atenção ao detalhe e às situações concre-

tas do cotidiano, o interesse pelas questões humanitá-

rias e humanísticas, a exigência ética.

Sua coragem em propor soluções individuais a problemas co-

letivos, sua disposição em reunir pessoas em torno de inte-

resses comuns, sua generosidade em oferecer, permanente-

mente, igualdade de oportunidades àqueles que lhe solicitam,

fazem dele um amigo, cidadão e pro�ssional incomparável.

Seu trabalho à frente do projeto Pro�ssionalizando o Fu-

turo é uma resposta ao desa�o lançado pelo poeta fran-

cês, Rimbaud, quando nos propôs “Mudar a vida!”. Longe

de diagnósticos céticos frente a um mundo em plena

transformação, Danemberg nos convida a amar a vida, a

amar o belo, amar a história, pois esses sentimentos são

uma força vital que nos regenera.

E tudo o que não se regenera, degenera. A lição que ele

nos passa é que são necessários novos encontros com o

passado (o mobiliário) e o futuro (os jovens artesãos) para

nos iluminarmos e nos revigorarmos. Vida longa a tão

bom mestre e amigo! t

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Mar

y D

el P

rior

e

futuropresente

O

2011 39

!AD.indb 39 27.07.12 18:58:04

Page 40: Revista Arnaldo Danemberg

40 2011futuro

ação social // profissionalizando o futuro

Pro�ssionalizando o Futuro é um projeto que se destina a

promover cursos de auxiliar de restauração e de conser-

vação de bens artísticos nacionais, através da capacita-

ção de jovens de baixa renda, de 15 a 19 anos, de ambos

os sexos, em o�cinas técnicas com professores e mestres

artesãos especializados, gerando, desta forma, a recupe-

ração de valores históricos e a formação de restaurado-

res-cidadãos para o mercado de trabalho.

A restauração e a conservação do mobiliário histórico,

inclusive molduras, são objeto de aprendizado, através

de o�cinas de marcenaria, lustração, empalhação e esto-

faria. Além da transferência de conhecimentos técnicos

especí�cos da área de restauro, também são ministradas

aulas de conteúdos complementares, tais como inglês e

francês técnicos, postura pro�ssional, ética, informática,

história da arte, contabilidade, direito e cidadania.

futuroprofissionalizando

oPROJETO DE INCLUSÃO SOCIAL, CAPITANEADO PELO SELO AD, DESENVOLVIDO EM BRASÍLIA E NO RIO DE JANEIRO

Turma de Brasília, 2009

Foto

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berg

!AD.indb 40 27.07.12 18:58:05

Page 41: Revista Arnaldo Danemberg

2011 41futuroRecebendo dona Marisa Letícia, madrinha da turma de Brasília, 2009.Abaixo, a turma de 2005, no Rio

Os alunos recebem acompanhamento psicológico

pontual , como forma de proporcionar o suporte indispen-

sável de integração, tanto ao ambiente quanto ao grupo

de trabalho de que farão parte, pela coordenação psico-

lógica do projeto. Participam também de palestras sobre

diversos temas, dentro da necessidade cultural do curso

dos jovens aprendizes, ministradas por pro�ssionais no-

táveis em suas áreas de atuação.

Os alunos fazem, ainda, visitas técnicas ilustrativas a di-

versas entidades culturais do Rio de Janeiro, tais como:

Museu Casa do Pontal, Museu Internacional de Arte Naïf

do Brasil, Museu Nacional de Belas Artes, Museu Históri-

co Nacional, Museus Castro Maya, Museu de Arte Moder-

na do Rio de Janeiro e Sítio Burle Marx. Nos meses �nais

do curso os alunos, orientados por seus professores, par-

ticipam de restauração de mobiliário histórico do acer-

vo de notória entidade pública a ser escolhida. No curso

ministrado no Rio de Janeiro em 2005, patrocinado pela

Prefeitura da Cidade, através da Secretaria de Desenvol-

vimento Social, o Convento de Santo Antonio teve signi-

�cativos itens de seu acervo histórico restaurados pelos

alunos. Nessa época o curso teve o seu mérito reconhe-

cido pela Unesco, órgão das Nações Unidas responsável

pela Educação, Ciência e Cultura, passando assim a ser

chancelado por essa organização.

!AD.indb 41 27.07.12 18:58:08

Page 42: Revista Arnaldo Danemberg

42 2011futuroEm 2009, o Pro�ssionalizando o Futuro desenvolveu em

Brasília o Projeto Alvorada, patrocinado e chancelado

pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-

nal/Superintendência do Distrito Federal, onde trinta jo-

vens aprendizes entraram em contato com técnicas em

restauração de mobiliário, sobretudo o mobiliário moder-

nista da época da inauguração da Capital Federal. Para

exames de avaliação, móveis da Câmara dos Deputados

e do Palácio da Alvorada foram restaurados com o auxílio

dos jovens aprendizes. Como madrinha do curso tivemos

a primeira-dama da República, Sra. Marisa Letícia Lula da

Silva. Formatura o�cializada em agosto de 2009.

O Pro�ssionalizando o Futuro também tem por �nalidade

gerar novas oportunidades, acompanhando o desenvol-

vimento dos jovens no mercado de trabalho, buscando

a sua inclusão efetiva, resgatando e valorizando pro-

�ssões quase extintas, ligadas às artes e ofícios, dando

aos aprendizes a oportunidade de entrar em contato com

técnicas preciosas no exercício de seu aprendizado, ele-

vando, desta forma, sua autoestima, fazendo deles cida-

dãos e contribuindo, simultaneamente, para o bem-estar

da comunidade e de sua própria cidade. Ao aprender o uso

adequado de técnicas de conservação e de restauração

de objetos, o jovem aprendiz estará preservando o patri-

mônio histórico do país e sua própria memória, intrínseca

em tais manifestações artísticas. t

Diplomação da turma de esto-faria, em 2005,

no Rio. O�cina de tra-

balho, praticado por alunos de

Brasília, em 2009

!AD.indb 42 27.07.12 18:58:09

Page 43: Revista Arnaldo Danemberg

2011 43futuro

Aprendizcarta ao jovem

Aqui está você, jovem aprendiz, diante de um novo caminho,

para um encontro com a História – o passado histórico, hoje

lembrado, revivido, restaurado.

Os móveis que lhe são con�ados dão testemunho do cotidiano

de cada família, cada povo, cidade, região, país.

Agora, jovem aprendiz, você passa a fazer parte do mundo da-

queles que conhecem o tempo, que acreditam nele; o tempo

que se restaura, o tempo restaurado.

Seja valente: persevere, aplique-se, dê ao tempo o seu tempo.

Conheça seus deveres e direitos, reconheça seus limites. Seja

�el aos compromissos assumidos.

Seu empenho e sua fé hão de levá-lo a um bom porto.

A você, jovem aprendiz, nossos votos de êxito e nossa melhor

acolhida a todos os seus sonhos.

Arnaldo Danemberg e companheiros

!AD.indb 43 27.07.12 18:58:09

Page 44: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // maria josé de queiroz

!AD.indb 44 27.07.12 18:58:12

Page 45: Revista Arnaldo Danemberg

DDiante das mil e uma sutilezas que envolvem a amizade,

nada mais inapreensível que sua de�nição, justamente

porque obriga a situar e conceituar, na trivialidade do co-

tidiano, o enigma do afeto.

Buscar nas palavras toda uma coletânea de gestos, de ca-

ráter e sensibilidade do amigo, ou de um amigo, signi�ca

sacri�car o inefável à rotina social e às convenções que

regem, à luz da necessidade, o comportamento humano.

É, pois, à revelia dos riscos que tal desa�o implica que ten-

tarei escrever sobre Arnaldo Danemberg, meu amigo, que

comemora, neste ano, o trintenário de seu empenho na

defesa e preservação da memória.

Entenda-se: intimamente associado aos usos e costumes,

o mobiliário integra a essência mesma da vida doméstica,

na dimensão das relações do homem com o meio e com o

Outro, sublimadas no convívio e na partilha.

Eis, portanto, a hora e a vez do antiquário.

Infatigável, Arnaldo converte em vocação o domínio do

marketing, juntando as astúcias do garimpeiro ao olhar

do especialista, e, à paixão do colecionador, a perspicácia

e a competência do marceneiro... Tudo isso passado a lim-

po no repertório do memorialista.

E dizer que essa minuciosa metamorfose teve início em

meados da década de 80, no século passado, quando nos

mudamos — minha mãe e eu — para o Rio de Janeiro: pre-

tendíamos, mineiras que somos, dar à nossa casa um toque

carioca, elegante e, se possível, muito antigo e moderno...

Não, não era pedir demais.

Amadora de antiguidades, minha mãe logo rumou à

Rua do Lavradio.

da memóriaFOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Mar

ia J

osé

de Q

ueir

oz

defesaA Ao divisar o vulto de um jovem no fundo de um cor-

redor, decidimos entrar para ver o que havia na loja:

sua pronta e amável acolhida nos levou a descobrir

seu inato don de gentes do fidalgo, apenas iniciado

no mercado da arte. . .

Assim é que, uma semana depois, minha mãe via realiza-

do o seu maior desejo: ter em casa a bela imagem da “tan-

to gentile e tanto onesta” Beatrice, musa e inspiradora da

Divina Commedia.

O tempo, que de si mesmo faz mudança, ir ia permitir

que melhor conhecêssemos o bacharel de Direito, e

pude então solicitar ao estudioso do móvel brasilei-

ro que me enviasse colaboração para o Suplemento

do Minas Gerais .

Isso, já em 1990. Não tivemos a ocasião de lê-lo em nos-

sas páginas. Mas o correr dos anos viria a emendar essa

falha: pude convidá-lo a ministrar, em Paris e adjacências,

uma série de conferências sobre o mobiliário brasileiro.

E agora? O trintenário.

Num constante ir e vir do transitório ao permanente,

Arnaldo capta no que busca, vê e descobre, no baú do

passado como no living da casa modernista, o código de

costumes, tempo em devenir, contra o efêmero do ser e

do estar, de herdeiros do factício e do perene...

Pouco a pouco, em suas “expôs” e “instalações”, nos ofe-

rece o quadro visível e palpável do gosto, do conforto e

do progresso, que se desvelam no espelho cambiante de

modas e modus vivendi.

Arnaldo Danemberg. Bacharel? Decorador? Antiquário?

Ou garimpeiro do raro, reinventor do espaço e do habitat

com uma mesa, uma cadeira, uma caixa... t

2011 45

!AD.indb 45 27.07.12 18:58:13

Page 46: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // ivan rezende

!AD.indb 46 27.07.12 18:58:22

Page 47: Revista Arnaldo Danemberg

UUm convite, a princípio simples, me faz �car olhando para

a tela em branco: escrever um texto sobre o projeto de-

senvolvido para Katia e Arnaldo Danemberg.

Tantos projetos e tantos memoriais descritivos, justi�cativos

ou conceituais escritos e eu aqui, diante da tela, um branco.

Nosso envolvimento para elaboração e execução do pro-

jeto foi sedimentado em muitos valores aprimorados por

anos de amizade, sendo que a sutileza, a discrição, o re�-

namento do menos foram normas naturais, e eu aqui, a

ponto de macular a tela branca.

Porém, por esses cruzamentos que a vida nos propõe,

eu iniciava o texto quando meus olhos esbarraram em

um livro de Louis Kahn, arquiteto nascido na Estônia,

naturalizado americano.

Minhas primeiras palavras − casa, abrigo, sonho − vagas

como ideias que vão se construindo, concretas como pre-

missas urgentes para uma vida, encontraram substância

neste texto de 1960, “Forma e design”:

Sentimento e sonho não têm medida, não têm lingua-

gem, e o sonho de cada um é único.

Tudo que é feito, no entanto, obedece à lei da natureza. O

homem é sempre maior do que seu trabalho, porque ele

nunca pode expressar completamente suas aspirações.

casa, abrigo,

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Ivan

Rez

ende

sonhos

2011 47

!AD.indb 47 27.07.12 18:58:28

Page 48: Revista Arnaldo Danemberg

Estava tudo ali. Já havia sido escrito. A con�ança não fora

traída. A tela toda escrita relatava nosso processo.

Dura nte nossos dias de projeto, trata mos do men-

surável e do imensurável . Tatea mos entre pro-

gra mas a rquitetônicos e configurações espacia is .

Pat ina mos em meio a croquis e projeções pa ra ,

enf im, chega r à mater ia l ização das possibi l idades.

Simples assim, como simples na sua ma ior d imen-

são é a casa .

(...) é bom para a mente voltar ao começo, porque o co-

meço de qualquer atividade estabelecida do homem é

o seu melhor momento.

48 2011

!AD.indb 48 27.07.12 18:58:38

Page 49: Revista Arnaldo Danemberg

2011 49

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Page 50: Revista Arnaldo Danemberg

50 2011

!AD.indb 50 27.07.12 18:58:53

Page 51: Revista Arnaldo Danemberg

Então fomos para a essência e encontramos convívio. Abri-

go para quem está, para quem chega e para quem vai.

Afastamo-nos da sedução, trazer do antiquário o lírico empi-

lhar de anos, a ampulheta revertida que não esvai o tempo,

mas acumula e sobrepõe épocas anarquicamente poéticas.

Lá (ou aqui?), o tempo passa; porque o tempo, vive-se.

Aproximamo-nos das vontades e das diferenças, porque

esta casa não é de um, ampla e generosamente preten-

siosa como os cimos do céu de Paul Éluard; é, para além

da forma e do design, o Lar segundo Kahn: "O Lar é a casa

e seus ocupantes. O Lar se torna diferente com cada pes-

soa que nele vive."

Gra�te, tijolo, papel, concreto, borracha, paisagem. De que

matéria são feitos os sonhos? A resposta eu agradeço a

Katia e Arnaldo Danemberg. t

2011 51

!AD.indb 51 27.07.12 18:59:03

Page 52: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // paloma e andré danemberg

!AD.indb 52 27.07.12 18:59:11

Page 53: Revista Arnaldo Danemberg

FFomos educados ao som de uma canção rara e nobre.

As notas vinham do palpável, do concreto, da matéria-

-prima mais pura: a madeira.

A melodia, resultado da união de sabedoria, bom gosto e

zelo, foi cuidadosamente composta por um maestro úni-

co, que descobriu na história um ofício.

O carvalho claro ecoava notas em “lá”; o mogno, madeira es-

cura, em “dó”; a peroba, em “si”; e a madeira frutífera, em “sol”.

Essa combinação de sons, além de compor uma belíssima

música, conta a trajetória de quem chegou primeiro. Aquilo

que se passou e que se mantém presente até hoje, na vida

de cada um de nós, através dos móveis de nossa casa.

A história europeia e a história brasileira sempre nos

acompanharam; na hora do almoço, nos momentos de lei-

tura nas aconchegantes espreguiçadeiras, nas caixas de

charuto onde colocamos nossas miudezas, nos baús – lu-

gar perfeito para guardar casacos de inverno – e em tan-

tos outros móveis que fazem parte de nosso ambiente.

Aplaudimos de pé a orquestra que o nosso Pai Maestro

vem regendo durante esses trinta anos. Música para os

nossos ouvidos, para os nossos olhos; música que envol-

ve nossos sentidos. t

maestroFOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

O

Palo

ma

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Page 54: Revista Arnaldo Danemberg

ÁLBUM defamíliaOs primos Danem-berg e Serzedelo Correia, no baile de carnaval do Copa, década de 1960.

Almoço de

domingo, ao

lado da minha

sogra Nicole.

Buenos Aires, com meu ° lho André.

década de 1960.

Casamento,

em 1984.

54 2011

fotos // minha família

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Page 55: Revista Arnaldo Danemberg

Graduação no Co-

légio São Vicente

de Paulo, RJ, com

minha mãe Alzira,

década de 1960

“Lembranças de vida e pessoas queridas fundamentais a minha plena felicidade”

Minha ° lha

Paloma, recém-nascida.

Família Danem-berg, na casa dos meus pais. MInha mãe grá-vida de mim.

Em Bordeaux,

cidade que

amamos.

Eu e minha

mulher Katia.

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Page 56: Revista Arnaldo Danemberg

56 2011

projeto // fazenda são sebastião

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Page 57: Revista Arnaldo Danemberg

século XIX

Vai-se o tempo, �cam as memórias. Erguida na segunda

metade do século XIX, época ascendente da aristocracia

do café no país, a propriedade resgata um modo de viver

no passado através da ambientação reconstruída com re-

quinte e respeito histórico.

Imponente testemunha do passar dos anos, a sede de

1.200 metros quadrados passou por algumas restaura-

ções, revivendo todo o seu esplendor. Adquirida pelos

atuais proprietários na década de 1980, da arquitetura e

paisagismo à concepção de seus interiores, o projeto de

reforma buscou conservar ao máximo a linguagem do

período monárquico. E o resultado é admirável.

Na entrada da fazenda, dezenas de palmeiras-imperiais

foram replantadas, propiciando um cenário de beleza exu-

berante. Da mesma forma, na parte interna da casa, cuja

planta original foi mantida, apesar de alguns cômodos re-

ceberem novas funções − como os quartos frontais, trans-

formados em convidativas salas de convivência social −, a

atmosfera nostálgica domina em toda a sua concepção.

PRESERVADA NO INTERIOR PAULISTA, A FAZENDA SÃO SEBASTIÃO É CONSTRUÇÃO HISTÓRICA QUE ABRIGA UM ACERVO EM SINTONIA COM O BRASIL CAFEEIRO, ONDE PREDOMINA O MOBILIÁRIO DE ESTIRPE COM CHANCELA ARNALDO DANEMBERG

POR KATHIA POMPEU

Umaviagem ao

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Page 58: Revista Arnaldo Danemberg

Um resgate de memórias que recebeu a curadoria de Ar-

naldo Danemberg na reconstrução dos ambientes, atra-

vés de mobiliário datado em acordo com a época de cons-

trução da casa: “Todas as peças são relacionadas ao ciclo

do café.” Preciosismo do antiquário e historiador, que fez

o caminho de volta ao período monárquico para imprimir

com autenticidade o estilo da, então, casa brasileira.

Entre as peças selecionadas impera o estilo neoclássico

− um modismo em ascensão naquele período dentro das

moradas de estirpe, iniciado com a chegada da corte por

estas terras, em 1808.

Sobre o piso antigo de tábuas de peroba, que predomina

na sede, a linhagem e o apuro podem ser identi�cados,

por exemplo, nas cadeiras neoclássicas Dona Maria I/

Sheraton Brasileiro, nos canapés Império Brasileiro, nas

mesas Regência Inglesa no Brasil, nos louceiros ecléticos

de �nal do século XIX, nas cadeiras de balanço em jaca-

randá... “Elementos vividos que enriquecem a cena, ao

mesmo tempo que reiteram a personalidade de uma era

de grande importância na trajetória cultural-econômica

do país”, sublinha o antiquário.

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Page 59: Revista Arnaldo Danemberg

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Page 61: Revista Arnaldo Danemberg

Deferência também encontrada nos painéis pintados

sobre as paredes internas do casarão, assinados por

Lelli de Orleans e Bragança, Pimpa e Gogó Alcantara.

Com técnica de trompe l’oeil, recurso artístico que no

século XIX conquistou o gosto da elite, na fazenda São

Sebastião retrata os ciclos econômicos do Brasil, em

traços infundidos na obra do pintor alemão Rugendas e

suas famosas paisagens. Entre as imagens, a chegada

dos portugueses percorre o longilíneo corredor da casa,

onde baús de vários formatos compõem a decoração –

afinal, foi o primeiro móvel multiuso trazido com a ba-

gagem dos viajantes lusitanos. “Preciosismo estético na

reconstrução dos ambientes, tal e qual foi nos primór-

dios da fazenda, que gratifica o meu ofício no antiqua-

riato, resultado de um vasto trabalho de pesquisa e es-

pecialização”, encerra Arnaldo Danemberg. t

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Page 62: Revista Arnaldo Danemberg

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exposições // móvel brasileiro

Aquarela de Dom Antônio

João de Orleans e Bragança

ilustrando o convite.

Produção Suraya Burlamaqui

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Page 63: Revista Arnaldo Danemberg

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O estudo do móvel brasileiro reserva para cada um de

nós, eternos e persistentes observadores, uma série

de gratas surpresas e constantes desa�os. Híbrido por si

só, vindo ao Brasil pelo colo de nossa pátria mãe Portugal,

daí a princípio luso-brasileiro, passa a ter feições próprias,

incorpora em si características ímpares que o distinguirão

para sempre. Re�exo do cuidadoso trabalho de artí�ces

em nossa terra continental, o móvel brasileiro sintetiza em

si toda a mescla de etnias que compõem nosso país, resul-

tando em um conjunto de extrema peculiaridade, além dos

naturais regionalismos.

Pesquisar tão instigante arte tem sido motivo de imen-

sas alegrias. Nessa inesgotável empreitada vejo agora,

com entusiasmo, concretizada nesta exposição que ora

lhes apresento, a oportunidade de mostrar a todos os

estudiosos e atentos interessados a história do móvel no

Brasil. Os móveis objeto da presente mostra abrangem os

estilos havidos neste país, obedecendo a sua cronologia e

tendo sempre como meta mostrar ao público exemplares

que melhor exprimam os estilos abordados.

O móvel no Brasil tornou-se arte decorativa independen-

te, com características próprias e marcantes. Um estudo

apurado e paciente nos leva a rea�rmar cada vez mais a

sua irreverência, a sua força instigadora. O móvel brasi-

leiro surpreende, desa�a.

Neste agradável passeio pela evolução do nosso móvel,

dos seus primórdios indígenas ao ecletismo do final do

século XIX, constatamos a sempre presente exube-

rância de nossas riquezas naturais aliada ao talento

de nossos artífices. O móvel brasileiro reflete em si

valores fundamentais do homem desta terra brasilis : a

liberdade e a alegria.

Arnaldo Danemberg Filho

Curador

Museu Histórico Nacional / Iphan / MinC – Rio de Janeiro, RJ•

Museu Nacional de Belas Artes / Iphan / MinC – •Rio de Janeiro, RJ

Museu da Cidade / Secretaria Municipal de Cultura / •Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, RJ

Museu do Índio – Funai – Rio de Janeiro, RJ•

Museu Imperial / Iphan / MinC – Petrópolis, RJ•

Museu da República / Iphan / MinC – Rio de Janeiro, RJ•

Museus Castro Maya / Iphan / MinC – Rio de Janeiro, RJ•

Irmandade do Divino Espírito Santo da Matriz de Santo •Antonio Além do Carmo, Salvador, BA

Palácio Episcopal da Arquidiocese de São Salvador, BA •

Irmandade da Conceição da Praia, Salvador, BA•

Móvel brasileiroS É C U L O S X V I A X I X

Esta exposição conta com peças do acervo das seguintes instituições:

Ana Heloisa Pascoli e Augusto Pascoli•

Constança Burity de Carvalho•

Cristina Burlamaqui•

Lily de Carvalho Marinho•

Arnaldo Danemberg Filho•

entre outros•

Coleções particulares:

BNDES, RIO DE JANEIRO, 1998

Dom Lucas Moreira Neves•

Srª Lily de Carvalho Marinho•

Dom Antônio João de Orleans e Bragança•

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro•

Agradecimentos especiais:

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Page 64: Revista Arnaldo Danemberg

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exposições // paralelos

Um paralelo entre o móvel histórico

brasileiro (séculos XVII a XIX) e o

mobiliário do século XX

“O resultado dessa exposição foi tão bom e importante, que sinto não termos feito um livro. Seria muito útil para todos os que gostam do mobiliário brasileiro.”

Chicô Gouvêa

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Page 65: Revista Arnaldo Danemberg

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ParalelosA R N A L D O D A N E M B E R GC H I C Ô G O U V Ê A

O encantamento, a paixão

pelo mobiliário, feliz parceria, em torno de tão

instigante arte decorativa –

o móvel brasileiro.

Híbrido por si só, de

profunda personalidade

e apuro, austero e exuberante,

o móvel histórico brasileiro

vem agora, nesta exposição,

ao encontro de seu par, o

moderno século XX, cuja

história começa a se esboçar,

indo um pouco além do

nosso tempo, através da arte

de nossos designers de

agora, os quais escreverão a

história do século XXI.

RIO DESIGN CENTER,RJ, 1999

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Page 66: Revista Arnaldo Danemberg

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exposições // a restauração no brasil

Produção Paluana Comunicação.

Uma homena-gem de Arnaldo Danemberg aos

nossos restaura-dores. BNDES, Rio

de Janeiro, 2002

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Page 67: Revista Arnaldo Danemberg

2011 67

A cultura brasileira muito tem a dever aos nossos

conservadores e restauradores que, incansáveis, vêm

realizando, silenciosa e prosseguidamente, o trabalho

de conservação e restauração do nosso patrimônio.

Num desvelo aturado e discreto, jamais pouparam

sacrifícios para transmitir às gerações futuras o rico

legado dos nossos antepassados.

Mercê desta rara e tão propícia ocasião, empenhei-me,

por isso, em apresentá-los ao público. No exercício do

antiquariato, tenho tido a alegria, e mesmo a surpresa,

de acompanhar, na sua áspera rotina, o renascimento

de peças fadadas à destruição, não fossem a habilidade

e a sensibilidade dos artistas, artífices e artesãos anô-

nimos, os nossos Josés e Marias.

Visto que a preservação do patrimônio passa, necessa-

riamente, pela pesquisa, cabe ao pesquisador informar

ao conservador e ao restaurador, ou ao conservador-res-

taurador, que por obra e graça das artes da restauração

se incumbem da difícil tarefa de resgatar o passado no

presente, afeiçoando ao meio e à circunstância de origem

os bens fadados à ruína. Nesta exposição alinham-se, em

diversos módulos, os bens móveis que são parte inte-

grante do acervo de respeitadas instituições brasileiras,

às quais agradeço a fé nesta iniciativa de vasta abran-

gência interdisciplinar.

A Imaginária, a Talha, a Indumentária, as Coleções

Etnográ�cas, o Papel – Obras Raras, Gravuras e Desenhos,

Manuscritos e Álbuns –, a Fotogra�a, a Pintura, a Cerâmi-

ca, o Gesso, as Molduras e o Mobiliário foram os módulos

escolhidos para divulgar e suscitar a conservação e a res-

tauração do nosso patrimônio cultural. Para completar a

mostra, um ateliê de conservação e restauração é teste-

munho atual de nosso passado recente.

Durante a preparação deste projeto presenciei, com cres-

cente apreço, o trabalho solitário, abnegado, e nem sempre

reconhecido, dos nossos mestres humildes. Dedico-lhes

esta exposição, na esperança de que recebam o merecido

reconhecimento de quantos hoje podem recuperar, num

olhar retrospectivo, este passeio pela nossa História.

Arnaldo Danemberg

Curador

Arquivo Nacional / Presidência da República / Casa Civil •– Rio de Janeiro, RJ

Centro de Conservação e Preservação Fotográ�ca / •Funarte / MinC – Rio de Janeiro, RJ

Fundação Casa de Rui Barbosa / MinC – Rio de Janeiro, RJ •

Instituto Feminino da Bahia – Salvador, BA •

Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Paço – •Salvador, BA

Instituto Zuzu Angel de Moda – Rio de Janeiro, RJ •

Irmandade da Ordem Terceira do Carmo da Cachoeira – •Cachoeira, BA

Ordem de Malta de Brasília e Brasil Setentrional – •Salvador, BA

Museu Casa de Benjamin Constant / Iphan / MinC – •Rio de Janeiro, RJ

Museu Bispo do Rosário – Rio de Janeiro, RJ •

Museus Castro Maya / Iphan / MinC – Rio de Janeiro, RJ •

Museu Histórico Nacional / Iphan / MinC – •Rio de Janeiro, RJ

Museu do Índio / Funai – Rio de Janeiro, RJ •

Museu Nacional de Belas Artes / Iphan / MinC – •Rio de Janeiro, RJ

Museu Zuzu Angel de Moda – Rio de Janeiro, RJ •

Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco •de Paula / Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ

A Restauração no BrasilA R T I S T A S , A R T Í F I C E S , A R T E S Ã O S

Esta exposição conta com peças do acervo das seguintes instituições:

BNDES, RIO DE JANEIRO, 2002

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Page 68: Revista Arnaldo Danemberg

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“Quando Arnaldo nos convidou para trabalharmos nesta exposição, percebemos imediatamente que tínhamos em mãos um grande projeto. Um tema que foi se revelando abrangente e confirmando a sua importância tanto na área social quanto na cultural.

Antes de mais nada, foi um aprendizado que envolveu os aspectos mais profundos da compreensão da arte dos artífices e artesãos.

Artistas silenciosos que, através de seu talento e técnica, dedicam seu tempo à preservação de obras que falam da nossa memória cultural.

Esse cuidado e respeito foram a base por onde nosso trabalho se desenvolveu, numa tentativa de retribuir este aprendizado e dar visibilidade a esses artistas profissionais.

O trabalho de Arnaldo Danemberg, amigo e parceiro, é exatamente assim, um profissional repleto de talento e conhecimento, responsável fundamental pelo sucesso deste projeto.

Tínhamos a tarefa de criar a forma de uma exposição que representasse essa grande diversidade de técnicas e materiais utilizados. Foram muitos desafios, mas, talvez, criar a unidade que estivesse à altura dos produtos expostos tenha sido o maior. ‘A Restauração no Brasil’ apresentou ao público a riqueza das diferentes formas e técnicas do restauro, integrada à valorização dos artistas, artífices e artesãos.”

Por Patricia Sobral e Roberto Lacerda / Paluana ComunicaçãoA R

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Page 69: Revista Arnaldo Danemberg

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Page 70: Revista Arnaldo Danemberg

convidados // clarissa schneider

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Page 71: Revista Arnaldo Danemberg

AAlgumas pessoas surgem na vida da gente e, assim como

vêm, vão sem deixar vestígios. Outras �cam uma tempo-

rada e, de repente, sem aviso prévio, desaparecem. Mas

há aquelas �guras que um dia conhecemos e sentimos

imediatamente uma a�nidade de energia e de gosto, um

olhar parecido que vibra numa certa direção, o sentimen-

to por alguma coisa em comum e, assim, sem programa-

ção, uma amizade afável e natural vai se desenvolvendo,

um carinho bonito vai surgindo e os caminhos andam

paralelos, repletos de trocas intelectuais e uma cumplici-

dade na aventura que o trabalho vai desenhando.

Assim foi o encontro com Arnaldo Danemberg. A prin-

cípio eu o conhecia de nome, sempre com ótimas refe-

rências. Não lembro o que veio primeiro, se a troca de

e-mails ou os papos nos eventos de decoração. Mas lem-

bro perfeitamente a primeira vez que entrei em seu an-

tiquário no Rio de Janeiro. Minha reação foi instantânea:

“Nossa, aqui tem tudo o que eu gosto!” A madeira lavada

pelo tempo, a cor de mel em todos os móveis, cadeirinhas

de todos os tamanhos sempre com aquele ar de vividas,

texturas cruas transformadas em almofadas e forro

para poltronas despretensiosas e lindas. Muito lindas! E

um excesso de conforto provocado por um colecionismo

rico de histórias de bom gosto.

Peças que cruzaram a história do mobiliário, objetos re-

colhidos de muitas andanças pelo mundo, o olhar so�sti-

cado e despretensioso, a verdade de um amor maduro por

um ofício exercido ao longo de três décadas de antiqua-

riato em território europeu. “Este Arnaldo Danemberg é

um luxo!”, pensei eu, já refeita, tocando, sentando e ex-

perimentando cada objeto escolhido a dedo por este mes-

tre do garimpo. Associado a tudo isso, a �gura amável,

elegante e generosa de Arnaldo, um amigo muito querido

que veio para �car na vida daqueles que, como eu, conhe-

cem as seduções dos caminhos da estética. t

Histórias

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

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Page 72: Revista Arnaldo Danemberg

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arquitetos // design de interiores

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residência | SP

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“““A simplicidade e a sofisticação dos móveis do Antiquário Arnaldo Danemberg são complementos naturais e indispensáveis aos interiores da nossa arquitetura.

Eza Viegas, designer de interiores

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Page 74: Revista Arnaldo Danemberg

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arquitetos // design de interiores

abranchescadas

residência | RJ

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Page 75: Revista Arnaldo Danemberg

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“““Ter um antiquariato com o nível do Arnaldo Danemberg é uma honra para qualquer arquiteto. Além de ser um homem superengajado no que faz, tem talento de sobra para a escolha dos inúmeros itens que vende em seu antiquário no Rio. São peças que ele garimpa cuidadosamente por aí, mundo afora, contribuindo de uma forma singular para o enriquecimento do meu projeto!

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arquitetos // design de interiores

castello brancoresidência | SPdadoFo

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“““Ele é o melhor do Brasil. O Arnaldo faz viagens pelo interior da França e compra móveis que ninguém viu e jamais achou que poderia ter alguma utilidade. Ele restaura, traz de volta essa madeira linda e as coisas ganham vida.

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arquitetos // design de interiores

figueira de mellosala do viajante | casa cor, RJ

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“““Certa vez, ao ler o livro do marchand europeu Joseph Duveen, percebi que ele não citava os quadros pelo nome dos artistas, que logo iam formando as mais belas coleções dos Estados Unidos, mas sim como ‘Duveen’s’: este Duveen aqui, aquele Duveen ali, e por aí ia. O mesmo digo dos móveis do Arnaldo: um Arnaldo ali, um Arnaldo aqui... A seleção é fantástica e o olhar do Arnaldo ao garimpar verdadeiras joias é como o olhar de um marchand!

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arquitetos // design de interiores

pessoa de queirozsuíte do hotel | casa cor, RJ

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Page 81: Revista Arnaldo Danemberg

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“““É uma honra conhecer e conviver com o antiquário Arnaldo Danemberg. Estar ao seu lado é viajar no tempo... Conseguimos sentir o sabor, o cheiro, a cultura e a história de cada cantinho por onde ele passa nos seus garimpos...

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arquitetos // design de interiores

tarantogiseleresidência | RJ

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“““Trabalhar com Arnaldo Danemberg é certeza de profissionalismo e parceria de sucesso. Especialmente em peças de antiquário, pois cada uma tem sua história e Arnaldo consegue transmiti-la de forma encantadora, envolvendo cliente e profissional.

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arquitetos // design de interiores

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rezendeestufa | casa cor, RJivan

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“““Trabalhar com

antiquariato é usar a minha história dentro de um projeto.

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arquitetos // design de interiores

garridojoyfamily room | casa cor, RJ

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Page 87: Revista Arnaldo Danemberg

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“““Para ambientar meus projetos, procuro mostrar aos clientes o grande valor de colocar peças de antiquário. No caso dele, então, ficam claras a categoria e a autenticidade que sua expertise dá ao móvel. Solidez e garantia de investimento certo.

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arquitetos // design de interiores

siqueiraresidência | RJ

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Page 89: Revista Arnaldo Danemberg

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“““Um móvel com

história nos faz lembrar e perceber a nossa história.

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arquitetos // design de interiores

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hall de entrada | casa cor, RJ

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Page 91: Revista Arnaldo Danemberg

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““Em decoração, a peça antiga de boa qualidade funciona como um bom vinho na gastronomia: ela empresta qualidade, elegância e sabor ao ambiente. A meu ver, fica faltando substância ao espaço onde não exista ao menos um toque de antiquariato.

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Page 92: Revista Arnaldo Danemberg

arquitetos // design de interiores

kreimercasamento | parque lage, RJluciana

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Page 93: Revista Arnaldo Danemberg

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“““Trabalhar com o bom

antiquariato cobre de elegância e prestígio meus projetos de decoração.

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Page 94: Revista Arnaldo Danemberg

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arquitetos // design de interiores

márciamüllerestúdio sustentável | casa cor, RJ

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Page 95: Revista Arnaldo Danemberg

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“““A finalização de um bom

trabalho de arquitetura é a escolha de objetos e móveis. O acervo do Arnaldo Danemberg dá a seriedade e a certeza dessa escolha correta e sofisticada!

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arquitetos // design de interiores

maurícionóbrega

lounge | casa cor, RJ

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Page 97: Revista Arnaldo Danemberg

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“““As peças de

antiquariato têm sempre uma história para contar.

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ribeiropaolaestúdio de um casal | casa cor, RJ

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Page 99: Revista Arnaldo Danemberg

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“““História, charme e personalidade são ingredientes que se tornam presentes através do uso de peças de antiquariato. O espaço ‘vivido’ traz em si essas características, que, acredito, fazem toda a diferença na decoração.

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arquitetos // design de interiores

&carvalhopatrícia

valleadriana

varanda do casal | casa cor, RJ

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Page 101: Revista Arnaldo Danemberg

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“““Há alguns anos, chegamos pela primeira vez ao antiquário AD. Procurávamos peças especiais, únicas, para um projeto. Mais do que objetos de sonhos ou a sensação de estarmos na Provence do fim do século XIX, saímos de lá impressionadas com a gentileza, a elegância, o savoir-vivre de uma pessoa muito especial, que, a partir daquele momento, passou a nos acompanhar em todos os nossos passos. Arnaldo é um luxo!

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arquitetos // design de interiores

&laurentmarinhopatrícia

sala de leitura | casa cor, RJ

croissandeau

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Page 103: Revista Arnaldo Danemberg

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“““A peça de antiquário, sempre única e especial, embeleza o espaço de arquitetura criando a atmosfera perfeita que imaginamos em nossos projetos.

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Page 104: Revista Arnaldo Danemberg

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arquitetos // design de interiores

&figueiredoroberto

almeidaluiz eduardocorredor chopin | galeria tempo

OURIÇO ARQUITETURA

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Page 105: Revista Arnaldo Danemberg

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“““O trabalho de Arnaldo vai além da curadoria. Ele restaura e resgata o espírito das peças que seleciona, trazendo história para a casa da gente.

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arquitetos // design de interiores

lealsamiraAD | chopin

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Page 107: Revista Arnaldo Danemberg

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“Formas, cores, luzes e um não sei quê que é só dele.

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convidados // andrea natal

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Page 109: Revista Arnaldo Danemberg

CCopacabana é um bairro cheio de histórias, onde sempre tem

algo interessante acontecendo. Algumas dessas histórias

ocorreram bem perto do Copacabana Palace, contribuindo

para a fama de pedaço de Rio chique que cerca o hotel onde

trabalho. Temos vizinhos dos bons, e nós do Copa sempre

mantivemos uma ótima relação com todos eles.

É o caso da galeria do Edifício Chopin, walking distance

que abriga um comércio voltado para a arte e a história,

e destaca o trabalho requintado de Arnaldo Danemberg,

instalado numa loja que é pura elegância. Quando pre-

ciso reciclar o foco do pensamento, dar uma volta não

muito longe, fujo até o antiquário ao lado. Só de olhar a

vitrine já fico encantada.

Tudo está sempre impecavelmente arrumado, com os

aromas do verniz que lustra as peças e dos lírios que or-

namentam os espaços, formando uma provocante sen-

sação olfativa. Uma delícia! O mobiliário de estirpe brilha,

seduz, e consigo sempre arrumar um local, mesmo que no

meu imaginário, para uma peça ou outra na ambientação

da minha casa. Quanto bom gosto!

Endereço onde todos os objetos têm uma história própria,

uma identidade agregada ao seu valor material. Ao entrar

na loja me sinto numa viagem pela França através do tem-

po. E se o Arnaldo estiver por lá, com seu cavalheirismo e

embasamento característicos, a visita se torna ainda mais

compensadora. Volto ao trabalho renovada, inspirada pela

beleza secular contida naquele mundo de memórias pre-

servado, e permaneço sonhando por algum tempo, com

aquelas reminiscências de Napoleão, Luíses e Marias...

Mas o carinho pela vizinhança é recíproco. Arnaldo é um

grande frequentador da Pérgula. Um hábito que, assim

como seu acervo, também vem do passado. Há pouco

tempo � quei sabendo que o avô dele trabalhou com o Dr.

Octávio Guinle nos anos 1950 e, como gerente-geral do

Vizinho

FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

chique

Henrique Danemberg, recebendo, década de 1950, o presidente de Portugal, General Craveiro Lopes, no Copacabana. Meus avós, Henrique e Deina, e meus pais, Arnaldo e Alzira

hotel, circulava pelos salões do Copacabana Palace dos

anos dourados recepcionando as personalidades inter-

nacionais que já � zeram check-in no hotel.

A� nidade que justi� ca, quem sabe, a escolha de Danemberg

pelo endereço – onde história e glamour traçam parceria –

para instalar sua loja admirável. t And

rea

Nat

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obrigadoO

meu

W W

Quero agradecer à minha família, aos amigos e parceiros com quem

convivi e aprendi ao longo desta caminhada que agora festejo. Foi

uma sorte poder contar com todos vocês.

Em primeiro lugar a meus pais, Arnaldo e Alzira, pela educação que

me deram, pela formação do meu caráter, e sobretudo por incutirem

em mim o desejo de sempre ir além. Meu carinho a ambos, assim

como à minha querida irmã Deina. Saudade de vocês.

À minha mestre, Tilde Canti, por tudo que me ensinou, por me con-

vidar e me acolher em sua pesquisa.

À editora desta revista, Kathia Pompeu, pela agradável convivên-

cia, pelas experiências trocadas, pelo bom tempo juntos. Ela e Marco

Antonio Rezende, com suas fotos e olhar apurado, vieram para acres-

centar e juntos temos caminhado.

Com o mesmo carinho agradeço a todos os meus convidados, pela

pronta resposta ao nosso pedido para participar desta edição. Vocês

me emocionaram.

Hildegard Angel, amiga de primeira hora, pelas referências presti-

giosas e constantes, pela publicidade e pelo incentivo. Merci!

Patricia Mayer e sua xará Quentel; vocês fazem um trabalho primo-

roso pela arquitetura de interiores no Rio de Janeiro. A amizade de

vocês, consolidada a cada parceria de sucesso, a cada empreitada,

muito me alegra e honra.

Maria José de Queiroz, que me levou para Paris. Lá, divulgando o mó-

vel brasileiro, descobri um novo ângulo da França, encantei-me, e ali

me estabeleci.

Clarissa Schneider, minha talentosa amiga, pela cumplicidade de

olhar, pelos ensinamentos que transmite com seu trabalho de su-

cesso e por toda a torcida, mútua.

Mary Del Priore, que me honrou com sua abordagem sobre o

Profissionalizando o Futuro, e também pelo interesse comum,

reforçado e renovado a cada dia: nossa memória, nossa história.

Obrigado, Mary, meu carinho sempre.

Lia Siqueira, por seu amor à madeira, à família, pelo carinho, por sua

letra incrível, sua amizade. Tudo isso me enche de alegria e satisfa-

ção. Amei o seu texto, obrigado.

Maurício Nóbrega, amigo, parceiro, nosso carioca da gema, mestre

do humor. Meu carinho a você e a sua suave Cecília. Obrigado.

Samira Leal: o tempo só solidi� ca nossa amizade, assim como minha

admiração por você. “Sensibilidade e intuição” é o título do seu texto

e, sem dúvida, da nossa convivência.

Ivan Rezende, arquiteto escolhido por mim e por Katia para o pro-

jeto de nossa casa. Nossa amizade a cada dia � ca mais fortalecida.

Nosso primeiro jantar deste ano foi em sua casa, onde fomos recebi-

dos pela querida Victoria, uma verdadeira consulesa do bem viver,

da boa conversa, da boa amizade. Obrigado aos dois.

Andrea Natal, de gratas vivências e recordações. Aquela que, com

charme, verve e competência, capitaneia o Copacabana Palace.

Obrigado por sua sempre gentil acolhida!

Aos arquitetos aqui retratados, e a todos aqueles com quem durante

esses anos convivi. Àqueles que me deram a chance de ser ouvido,

assim como aos que virão. Muitíssimo obrigado.

Meus queridos � lhos, Paloma e André, que tanto me alegram, com-

pletam e enchem de orgulho. Amo muito vocês.

Meus funcionários, restauradores, equipe administrativa. Fiquem

certos de que continuarei não apenas com a mesma exigência, mas

admirando-os cada vez mais.

E para fechar estes agradecimentos com chave de ouro, meu reconhe-

cimento àquela que junto comigo sonhou, perseverou e certamente

colheu frutos. Continuaremos colhendo cada vez mais. Obrigado, Katia,

por sempre estar ao meu lado. Para você, meu amor e meu carinho.

A todos aqueles que comigo estiveram e aos que virão, pela preser-

vação da memória. Com a minha alegria.

Arnaldo Danemberg

Agosto de 2011.

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W2011 111Arnaldo Danemberg | Chopin | Avenida Atlântica, 1782 Lojas G/H | Copacabana | Rio de Janeiro | 22021.001 | Telefax [21] 2255.0325

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