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Revista Bem Estar 12-02-12 "Pensar e Agir"

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Editorial

Toda mudança de hábito implica em compromisso edeterminação de não esmorecer depois de tomada adecisão. É virar para si mesmo, dizer “É agora!” e manter apalavra. A reportagem de capa deste domingo tem a vercom mudança. A mudança na sua forma de pensar, quedetermina o seu modo de agir. Especialmente se essespensamentos limitarem sua evolução como ser humano eatrasarem o encontro com a felicidade. Um sistema decrenças doente faz com que você enxergue tudo por umprisma de medo, insegurança, com “certeza” de que ascoisas não vão dar certo. É preciso corrigir. Por isso atéque o título desta reportagem, nas páginas 4 e 5, servetambém como um convite: “Desafie suas crenças”.

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ConheçaGiverny, a 45 minutosdo centrodeParis, e deleite-secomo paraísocriadoporMonet; um roteiro de arte, história e cultura

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No ar com o personagem Jonas em “AVida da Gente”, Paulo Betti faz balançode seus mais de 30 anos de carreira

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Psicóloga escreve sobre a melhormaneira de superar o sofrimento -sentimento que todas as pessoas, emalgum momento, têm de encarar

Pensamentos

Poesia

“Os pequenos atos que se executam são melhores que todos aquelesgrandes que se planejam.”

(George C. Marshall)“No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade éa suprema virtude.”

(Henry Wadsworth)“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não háninguém que explique e ninguém que não entenda.”

(Cecília Meireles)

ParceriaO amor a passos lentos...Chega bem devagarzinho;Pouco a pouco e de mansinho...Vindo só pra me alegrar!Segue comigoNuma grande parceria!Se faz pronto do meu lado,Como grande companhia!Deu-me coragem,Deu-me força e alegria.Fagulhas de tristezasDe mim, veio anular.Por isso é, que no compassoEm harmonia,Solfejando a melodia,Esse amor quero cantar...

Genoveva Tavares, em “Narrando... com Rimas”

Cecília Demian

Luiza Dantas/Divulgação

Turismo

Edvaldo Santos

Televisão

Como ‘curar’ aforma de pensar

Vera ParáboliMilanesiDIÁRIO DA REGIÃO

Editor-chefeFabrício [email protected]

Editora-executivaRita Magalhã[email protected]

CoordenaçãoLigia [email protected]

Editor de Bem-Estar e TVIgor [email protected]

Editora de TurismoCecília [email protected]

Editor de ArteCésar A. Belisá[email protected]

Diretora SuperintendenteRosana [email protected]

Pesquisa de fotosMara Lúcia de Sousa

DiagramaçãoCristiane Magalhães

Tratamento de ImagensArthur Miglionni, HumbertoPereira e Yan Desidério

Matérias:Agência EstadoAgência O GloboTV Press

2 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Estabelecer um ritmo harmonioso em nosso dia a dia nos fará menos ansiosospara que as coisas comecem ou terminem segundo nossas expectativas

José Trigueirinho Netto

No decorrer da vida, podemosperceber que para estarmos sa-dios é importante cultivar a sere-nidade. Mas como conseguir is-so? Como não nos deixarmos afe-tar pelo que sucede à nossa volta?

Primeiro temos de tomar cons-ciência de que a serenidade é umestado interno e, portanto, nadaque esteja fora de nós deve ser em-pecilho para o manifestarmos. Omundo é o nosso campo de traba-lho para testar o grau de serenida-de que podemos atingir e, ao mes-mo tempo, um estímulo pararobustecê-la. Quando adquirimosneutralidade diante dos aconteci-mentos e seguimos nosso cami-nho sem dispersão nem desor-dem, não nos abalamos com cir-cunstâncias.

Vários fatores podem contri-buir para nos tornarmos serenos,e um deles é a superação do medo.Compreendemos que a chamada“morte” é apenas o despojamentodos corpos materiais que usamosem nossa passagem pelo mundo fí-sico, o medo vai desaparecendo ea serenidade pode instalar-se.

Outro fator que nos ajuda a de-senvolver a serenidade é estabele-cermos um ritmo ordenado e har-

monioso em nosso dia a dia. Issonos fará menos ansiosos para queas coisas comecem ou terminemsegundo nossas expectativas, qua-se sempre sem fundamento real.Assim, podemos canalizar a aten-ção, o pensamento e o sentimentopara o momento presente e nãopara um futuro que imaginamos.É a partir daí que a rotina diárianão mais nos incomodará, e final-mente poderemos perceber que avida jamais termina.

O modo mais seguro de alcan-çarmos a serenidade é pelo alinha-mento da nossa consciência hu-mana, exterior, com nossos níveisespirituais, nossa alma. Condi-ções propícias para isso são cria-das quando aperfeiçoamos o nos-so caráter, até mesmo no que dizrespeito a certos costumes. Nossocérebro precisa tornar-se adequa-do para esse alinhamento. Pode-mos prepará-lo ao retirar de nos-sos hábitos o uso do álcool e do fu-mo, e ao levar em conta que a ali-mentação gordurosa e o excessode açúcar também prejudicam oseu funcionamento. Também de-vemos prover ao corpo suficienterepouso, pois períodos de esforçoprolongado impedem que o cére-bro tenha a prontidão necessáriapara registrar o que a alma tem adizer. Se reservarmos um momen-

to durante o dia para estar emquietude e praticarmos esseaquietamento sem nenhumabusca de resultados, um dia nosdaremos conta de que nossamente ficou mais calma, maisconcentrada e por fim nos en-contraremos serenos.

Devemos saber que a com-preensão do sentido da imortali-dade, a vida ritmada, o alinha-mento com a alma, tudo isso ocor-re conforme o serviço que presta-mos neste mundo. Mantermo-nos conscientes de que nossa voca-ção mais íntima e profunda é ser-vir desinteressadamente predis-põe-nos à serenidade. Reconhece-mos que não estamos no mundosimplesmente para fazer as coisasda forma egoísta como quase to-dos fazem nem para fazê-las me-lhor que nossos semelhantes.

Esse serviço é um portal paraa serenidade. É que, quando te-mos uma meta espiritual e al-truísta - uma meta evolutiva - equando nos dispomos com todoo nosso ser a cumpri-la, a vidadiária se torna prolongamentoda calma interior. ■

Extraído da Série “Sínteses de palestras”(Irdin Editora), de Trigueirinho(www.trigueirinho.org.br). Palestras doautor poderão ser ouvidas, gratuitamente,no site: www.irdin.org.br

Esoterismo

A BUSCA DASERENIDADE

José Trigueirinho Netto éfilósofo espiritualista, autor de77 livros, com cerca de 2,5milhões de exemplarespublicados até o momento emais de 1,7 mil palestrasgravadas ao vivo

Quem é

Divulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 3

O modo como pensamos determina nossa maneira de agir.Se suas ideias estão fazendo você patinar na vida, mude e deslanche

Gisele [email protected]

Járeparouquemuitasvezesdesejamosfa-zer algumas coisas diferentes, começamos eacabamos desistindo, voltando ao comporta-mento antigo? O que nos impede de fazer oque queremos, de mudar nossa vida, nossasações, nossas atitudes? A razão é simples: so-mos movidos por ideias. Mas o grande pro-blemaéqueas ideiastantopodemserbenéfi-cas e geradoras de benefícios quando perigo-sas e capazes de fazer mal não só a nós, mas atodos que nos cercam. E nem sempre temosconsciência de que lado elas estão. Grandeparte não resiste a uma análise lógica, masmesmo assim, com frequência, costumamosabraçá-las como verdades absolutas e as de-fendemos até a morte. São as nossas crenças.

Em filosofia, crença é uma condição psi-cológicaquesedefinepelasensaçãodeveraci-dade relativa a uma determinada ideia a des-peito de sua procedência ou possibilidade deverificação objetiva. Logo, pode não ser fide-digna à realidade e representa o elementosubjetivo do conhecimento. “Uma crençafortedemonstraapenasasuaforça,nãoaver-dade daquilo que se acredita”, costumava di-zer o filósofo alemão Friedrich WilhelmNietzsche (1844-1900).

Começa lá atrás. Hábitos que adotamos eacreditamos como nossos originam-se noscondicionamentos infantis. Até os sete anosde vida, absorvemos as crenças de familiarese pessoas de nosso convívio. “Após essa ida-de, formamosnossasprópriascrenças,quese-rão próximas às de anteriormente”, afirma apsicoterapeuta comportamental MarcelleVecchi, especialista em neurolinguística. Éem função dessas crenças que temos o que écerto ou errado, bom ou mal.

“As crenças se iniciam mesmo na infân-cia, a partir do modo como a pessoa entendea si, aos outros e a realidade à sua volta”, res-salta a psicóloga cognitivo-comportamentalMara Lúcia Madureira.

Segundo ela, se não conseguimos mudarcertos comportamentos, atitudes, formas depensar e agir, isso se deve às velhas crenças,decisões e limitações que nos impedem demudar. “Pare para analisar por um momen-to e de maneira objetiva se existe algo que oimpeça de mudar. Você pode até procurar

desculpas para justificar que não pode ounão consegue. Mas lá no fundo sabe que nãoexiste nada que o impeça. Só não faz nadaporque continua acreditando que é incapaz,acreditando nas velhas limitações, nos ve-lhos condicionamentos.”

Masporquetemosatendênciadeacredi-tar que nossas crenças são corretas?

As crenças agem como profecias autor-realizáveis. Isso quer dizer que sempre agi-mos de acordo com elas, sendo boas ou máspara o nosso desenvolvimento. “As crençasficam registradas em nosso interior comoverdades absolutas e agimos de acordo comelas o tempo todo”¸ diz Marcelle.

Podemos identificar nossas crenças apartir dos resultados que elas produzem.Uma pessoa bem adaptada tem maisqualidadede vida, e seudesempenhopessoal e suas relações com as ou-tras pessoas atingem níveis satis-fatórios. As crenças disfuncio-nais aniquilam o potencial

criativo, desencorajam as conquistas, com-prometem o bem-estar pessoal e as relaçõesinterpessoais, geram medos desnecessários.“Todas as certezas que você tem com relaçãoavocêeaosoutrossãocrençasadquiridas.Pa-ra observar se elas estão ajudando ou atrapa-lhando, avalie os resultados que está conse-guindonavida”,sugereMarcelle.Seessesre-sultados estão aquém de suas potencialida-des, então as crenças limitantes devem estarpreponderando, e se seus resultados estão deacordo com suas potencialidades, então ascrenças fortalecedoras (aquelas que nos dãoforças para ultrapassar obstáculos) é que vãose sobrepor, melhorando nossas vidas.

Ideologia

Desafie suas crenças

4 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Ajuste a lenteda percepçãoparaa realidade. Apermanêncianopapel de vítima impossibilitaosucesso

Encare asadversidades comodesafios, nãocomo tragédias.Lamentemenos, enfrente maisedesenvolvaa gratidão.Pense naspossibilidades futurassem fazerprediçõessinistras

Elimine aexpectativa deviversemdor, sem perdase frustrações,

porém,nãoantecipe catástrofes.

Muitasexperiências desagradáveissão inevitáveisedevem serpercebidascom normalidadeetratadascom bom senso, semdramasou escândalos

Amplie ohorizonte dapercepçãoparaalémde sipróprioe considere quecoisas ruins nãoacontecemapenascomvocê. Osofrimentoéparte davida edo

crescimento, deveser tratado comoumaexperiência transitória, nãocomoumapuniçãoperpétua

Admitasuasconquistascomo resultadode seuempenho,não comosorteou generosidadealheia ■

Fonte: Mara Lúcia Madureira

Para pensar diferente

Como desafiar as crenças nega-tivas e até mesmoconseguir desati-vá-las? Identificando as dificulda-des, estabelecendo metas para mo-dificá-las e se comprometendocom a mudança. “Isso é feito demodo contrário à formação dascrenças, isto é, do nível mais su-perficial para o mais profundo,começando pela compreensãodos pensamentos automáticos,crenças intermediárias ou supo-sições e, por fim, a modificaçãodas crenças centrais”, diz a psi-cóloga Mara Lúcia Madureira.

Por exemplo, diante de umapropostadifícil,apessoasesentein-seguraeapresentamedoenervosis-mo. Ela deve tomar consciência de

suas reações e tentar identificar ospensamentosenvolvidosnaprodu-ção das emoções negativas e suasreaçõesfisiológicas.Oprimeiropas-soéadmitirparasias ideiasdeinca-pacidade e alterá-las para uma afir-maçãomais positivae persistir nes-taopção.Vocênãopodeseconside-rar incapaz antes de tentar.

“Se você realmente quer se li-bertardasuaprogramaçãopassada,ou seja, de seu sistema de crenças, énecessário reconhecer o seu ser co-mo o conjunto de suas interaçõescom o mundo que o cerca, colocardeladosuaresistênciaemverosas-pectosnegativosdeseucondiciona-mento infantil e aceitar suas carac-terísticas emocionais e intelec-

tuais”, afirma o psicólogo Fernan-do Costa Corrêa.

As habilidades são desenvolvi-das a partir da aprendizagem e doreconhecimento de suas qualida-des e talentos. Vivemos o momen-to presente com a bagagem quetrouxemos do passado, mas sem-pre “arrumando as malas” para ofuturo. Muitas vezes, fazemos asmalas de qualquer jeito, abarrotan-do-as de coisas inúteis, e assim elaacaba ficando pesada, dificultandonosso percurso na vida. Por isso,preste atenção no que você andaacumulando no seu sistema decrenças, pois sua vida terá a cargadas suas escolhas. (GB)

Desative o negativismo DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 5

Transforme ascarências do fundoda alma em motivaçãopara a conquista denovos objetivos

Gisele [email protected]

“Sinto uma sensação de va-zio dentro de mim que não seidescrever ou dizer o que é.” Quan-tas vezes ouvimos essa frase? Aspessoas costumam falar desse va-zio, dessa carência, como se den-tro delas houvesse um lugar den-tro do qual todos caíssemos emdeterminado momento da vidapara não sair mais de lá, um espa-ço mal assombrado. Mas que va-zio é esse, afinal?

A sensação de necessidade ecarência já foi descrita pela filoso-fia, pela psicologia, pela literatu-ra, e é a busca pelo preenchimen-to desse vazio que impulsiona ohomem a procurar a razão de suaexistência desde os primeirostempos da humanidade. O pro-blema é que, enquanto não desco-brimos o que é, pensamos que es-se “vazio” deve ser preenchidorapidamente.

É nessa hora que estamos sus-cetíveis a provocar um rombo nonosso cartão de crédito compran-

do coisas que não precisamos,nos envolver em relacionamen-tos com pessoas com as quais nãotemos nenhuma afinidade, mer-gulharmos de cabeça na barra dechocolate, bebermos mais do quedevemos, convivermos com pes-soas que nos fazem mal e andar-mos de um lado para o outro, semrumo, à procura de algo que nãosabemos o que é, sempre com a in-tenção de preencher o vazio.

“Na verdade, criamos falsasmáscaras para fingir que não so-mos ocos e nos envolvemos ematividades frenéticas para não selembrar que o buraco na nossa au-toestima continua lá”, diz em umtexto a psicóloga e escritora Patrí-cia Gebrim.

Mas qual a verdadeira dimen-são das nossas faltas e carências?Por que as coisas materiais, nos-sos objetivos de vida ou as pes-soas a nossa volta nem sempre po-dem preencher esse vazio da al-ma? Uma promoção no trabalho,um carro, uma casa, um desejo,um relacionamento surgem co-mo promessas de felicidade no

preenchimento de vazios existen-ciais. Mas diferente de uma pes-soa que faz uma longa caminhadano sol e anseia por um copo deágua, a carência da nossa almanão é por algo físico, pois toda vezque optamos por essas respostassurge a frustração. Somos leva-dos a reconhecer que o preen-chimento do vazio da alma nãodeve estar em algo palpável,mas faz parte do universo dascoisas que não podemos expri-mir por palavras.

Não há nada errado com asensação de que falta algo, desentir-se incompleto. A respos-ta, garante Patrícia Gebrim, ésimples. Falta algo dentro denós e sempre irá faltar. Não hácomo nos livrar desse vazio,mas podemos escolher o que fa-zer com ele. Podemos transfor-m á - l o e m u m m a r d elamentações, e navegar por elepor toda uma vida, ou pode-mos criar. “Essa é a palavra-chave para transformar o vazioque existe dentro de nós no es-paço mais sagrado que um dia

seremos capazes de adentrar”,complementa.

Lao Tse, um importante fi-lósofo da China antiga, o pai dotaoísmo, já falava sobre o vaziono ano 99 a.C em seu tratado, oTao Te Ching: “Trinta raiosconvergem para o meio de umaroda. Mas é o buraco em quevai entrar o eixo que a tornaútil. Molda-se o barro para fa-zer um vaso; é o espaço dentrodele que o torna útil. Fazem-seportas e janelas para um quar-to; são os buracos que o tornamútil. Por isso, a vantagem doque está lá assenta exclusiva-mente na utilidade do que lánão está”, deixou escrito.

“Acredito que exista um la-do bem positivo na chamada‘carência’, que é o de identifi-car o que nos falta e assim bata-lharmos para atingir nossos ob-jetivos”, diz a psicóloga clínicaCláudia Ribeiro Rodrigues. Po-rém, muitas pessoas acabamsentindo-se mal com esse vazioe tentam supri-lo antes mesmode decifrá-lo. Estamos vivos pa-

Superação

PREENCHAESSE VAZIO

Acredito que exista um ladobem positivo na carência,que é identificar o que nosfalta e assim batalhar paraatingir os objetivos Cláudia Ribeiro Rodrigues, psicóloga

6 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

ra evoluir e atingir sempre me-tas. Esses vazios, esse sentimen-to de carência, não são portan-to necessariamente ruins. Elessó se tornam ruins quando nãosabemos lidar com eles. Não po-demos nos esquecer que temosa nosso lado a pessoa mais im-portante das nossas vidas: nósmesmos. Quando nos descobri-mos uma boa companhia paranós mesmos, deixamos de nossentir carentes afetivamente.Esses vazios só se tornam pato-lógicos quando se transformamem meio de vida, em muro delamentações, podendo vir a setornar uma obsessão e nuncanos deixar satisfeitos.“Lidarcom a carência é simplesmenterespeitar nossos limites e acei-tar até onde podemos ir parasaná-la ou usá-la em benefíciopróprio”, diz Cláudia.

O psicanalista francês Jac-ques Lacan afirmava que o va-zio primordial alimenta a procu-ra do homem por sua própriaverdade. Para ele, a falta não é,em si, negativa ou indesejável,

mas o poderoso estopim de umabusca interna que pode se tor-nar reveladora. É mais ou me-nos assim: se espero conseguiralgo, é porque me falta algumacoisa. Isso significa que a espe-rança primordial, aquela que ali-cerça todas as outras esperançasque habitam nosso coração, é anossa vontade de preencher es-se vazio que nos consome. Masviver entre a esperança e o me-do pode se transformar em umforma de tortura. Isso significaque, para não sofrer tanto comas expectativas, é preciso aceitara vida como ela é se reconciliarconsigo mesmo.

“Desenvolvemos todas ascapacidades e habilidades pa-ra viver sozinhos. Aconteceque, no meio disso, existemas questões emocionais queprovocam essa carência”, dizo psiquiatra e psicanalistaLuiz Alberto Py. Como supe-rar isso? Cultivar a autoesti-ma mais uma vez é a respos-ta. É preciso aprender a gos-tar de si mesmo, porque asrespostas, na maioria das ve-zes, estão dentro de nós. ■

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 7

Uma relação amorosa estável é resultado de um processo deconstrução que leva em conta o cumprimento de algumas etapas

Gisele [email protected]

De repente, no meio de um montede gente, o olhar de vocês dois se cruzae você perde o fôlego. A partir de agora,se tudo der certo, podem estar começan-do os anos mais excitantes da sua vida.E, se tudo der mais certo ainda, daqui apouco, olha que delícia, vocês estarãomorando juntos e felizes enquanto du-rar a relação. Parece bom demais paraser verdade? Bem, então, se você quergarantir que seu romance vá adiante eque o príncipe que você conheceu se tor-ne um rei e governe o país dos seus con-tos de fada para sempre, vá com calma.Segure o entusiasmo por alguns instan-tes antes de se atirar de cabeça e mudarcorrendo para a casa dele com medo de

que não apareça uma nova oportunida-de. Especialistas esclarecem que, paraque esse relacionamento chegue a um fi-nal feliz, tudo depende de como vocêsdois se comportam, da paixão até às cri-ses que irão surgir.

Para isso, se acreditam se amar, tra-tem de construir esse relacionamentodevagar. É preciso se conhecer, se adap-tar um ao outro. Isso aumentará muitoas chances de vocês estarem prontos pa-ra enfrentar as dificuldades que virão econseguir realmente cumprir a promes-sa do “até que a morte nos separe”. Am-bos terão uma base relacional mais sóli-da, que correrá menos riscos no futuro edará a vocês mais força para os inevitá-veis momentos de crise e acontecimen-tos inusitados que podem surgir na vidade qualquer casal.

Nos dias de hoje, ao contrário de anti-gamente, já não é mais comum que umcasal passe pelas fases de paquera, namo-ro e noivado antes de partir para o casa-mento, e isso pode criar dificuldades senão houver maturidade por parte do ca-sal. No passado, as etapas de um relacio-namento eram muito bem definidas ecumpridas antes do “sim”. Todos passa-vam pelo flerte ou pela paquera, pelo na-moro sério e pelo noivado, para, final-mente, chegar ao casamento. Hoje não émais assim. As pessoas se conhecem equeimam etapas importantes da relação,períodos que, se ambos tivessem um pou-co mais de paciência, poderiam garantirum relacionamento saudável e duradou-ro. Elas se casam já com a ideia de que senão der certo poderão se separar.

A psicóloga e terapeuta relacional So-

lange Rosset, de Curitiba, explica quenas últimas décadas as etapas relacionaissofreram mudanças - resultado de trans-formações na sociedade e nas famílias,mas também do desejo das pessoas de sesentirem mais livres para agir “do seupróprio jeito”, e as fases de avaliação eaprendizagem do relacionamento, consi-deradas rígidas e antiquadas, foram dei-xadas de lado. Ela garante que a práticano consultório tem mostrado que essasetapas fazem falta sim. “Cada etapa temuma função e uma tarefa específica. Euma após a outra, vão construindo a es-trutura do relacionamento, a forma e oconteúdo do que vai acontecer entreeles”, diz. Quando um casal pula essasetapas, assuntos não resolvidos e aprendi-zagens não vividas vão se avolumando epodem criar muitas dificuldades.

Relacionamentos

LAÇO FIRME

Etapas são importantes,pois estabelecem asafinidades, o compromisso,o companheirismoe a proximidade Irene Araújo Corrêa, psicóloga

8 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

“Etapas são importantes, pois estabe-lecem as afinidades, o compromisso, ocompanheirismo e a proximidade”, diz apsicóloga cognitivo-comportamental Ire-ne Araújo Corrêa. São oportunidades naconstrução da percepção sobre os limitesdo relacionamento, além de viabilizar gra-dativamente a comunicação em que as ex-pectativas se alinham. Hoje, as pessoas sãomais ansiosas para resolver condições quejulgam falhas em suas vidas e o relaciona-mento é uma possibilidade de mu-dança. Mas a pressa em experimen-tar e viver intensamente algo dife-rente, pulando etapas de crescimen-to na relação, pode gerar conflitos.

As chances do relacionamentonão dar certo são grandes quandodeixamos de lado algumas etapasimportantes para conhecer o par-ceiro, principalmente se existi-rem muitas idealizações e ex-pectativas sobre a outra pessoa.“As etapas que propiciariam aproximidade não devem ser ne-gligenciadas por medo de quenão haja outra oportunidade”,diz Irene. Tudo tem um ritmo eum tempo que, segundo ela, con-solida a confiança e a entrega ao re-lacionamento.

Afinidades

Para que duas pessoas funcionembem como casal, é necessário que ambos

estejam prontos para interagir de manei-ra adulta e sincera. Isso pode acontecerem maior ou menor grau de afinidade etempo. A afinidade, que só se obtémcom o tempo e serve de mediadora, po-de, segundo Irene Corrêa, ser afetada demaneira a gerar frustração e cobrançasexacerbadas. Há também casos em queuma das partes se acomoda demais à pre-

disposição do outro em ceder,chegando a criar umbloqueio na capacida-

de de entender umsimples ponto devista.

Outro risconocivo ao rela-

cionamento éa tentativade encai-xar o par-ceiro au m aidealização. Éprecisoperder omedo deperder apessoa eter comofoco um co-nhecimen-to autênti-co do outro.A vida é defi-

nida por escolhas e ambos precisam detempo e segurança para se posicionar ese expressar.

Mas calma. O importante nisso tudonão são os nomes das fases do relaciona-mento, nem a rigidez ou a duração delas.O que importa, segundo Solange Rosset,é a compreensão de que o relacionamentoamoroso estável é resultado de um proces-so de construção que deve ser levado a ca-bo pelas duas pessoas que se amam, e quesó se concretiza se passar pelos momentosde aproximação, avaliação e escolha, quepermitem ir ajustando aos poucos, atéque os laços que os unem fiquem firmes.

“Não podemos generalizar e afirmarcomo verdade absoluta que o relaciona-mento não dará certo se as etapas não fo-rem cumpridas”, diz Irene Corrêa. Exis-

tem casais que, mesmo pulando etapas,por característica de comportamento en-contram pontos em comum e afinidadeo bastante para manter um bom relacio-namento. Estas características estão liga-das à maturidade e entrega do casal. Sãofatores específicos da relação. O que po-demos afirmar, diz ela, é que a possibili-dade de um relacionamento que passapor todas as etapas dar certo é maior. Damesma maneira, as etapas permitemidentificar com mais clareza se a relaçãotem futuro.

“Para um relacionamento dar certo,passando pelas etapas ou não, é necessá-rio que o casal tenha sempre no dia a diauma boa comunicação, respeito, fidelida-de, sinceridade, alegria, amor e paixão”,diz a psicóloga Silvana Parreira de Jesus.

Para o amor dar certoPermita-se viver cada etapa do

relacionamento, conhecendobem o outro

Nutra a relação com amizade,romantismo, companheirismo,admiração e atenção. Todorelacionamento precisa dessesingredientes

Zele pelo espaço a dois.Respeite o espaço individual

Cultive o bom humor

Compartilhe as vitórias e osbons momentos

Fale sobre seus sentimentos

Comunique-se. Não espere queo outro adivinhe o quequer dizer

Mantenha a proximidade semsufocar ou exigir comportamentosbaseados em seus medos ■

Fonte: Irene Araújo Corrêa, psicólogaw

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ivulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 9

Homens que traem namoradas e esposas têm menorcoeficiente intelectual, aponta estudo inglês.Segundo especialistas, fidelidade masculinaé maior na faixa dos 20 aos 40 anos

Gisele [email protected]

Ainda que durante muitotempo cientistas de todo o mun-do tivessem sustentado que aolongo da história o sexo mascu-lino tenha sido relativamentepolígamo - e até algumas déca-das atrás a traição masculina te-nha sido até incentivada combase na argumentação genética-, hoje, especialistas asseguramque essa condição está mudan-do e, na atualidade, homenstêm menor propensão a ser in-fiéis. O argumento é de quenão faz mais sentido recorrerà genética para justificar al-gumas “escapadas”, porquevivemos numa sociedade me-nos homogênea e mais aber-ta para que cada homem te-nha condições de escolher co-

mo realmente quer agir.Especialistas em psicologia

evolutiva do London School ofEconomics vão mais além. Elesafirmam que os homens que enga-nam as namoradas ou esposas cos-tumam ter menor coeficiente in-telectual e os homens inteligen-tes são mais propensos a valorizara exclusividade sexual.

Para os cientistas, um com-portamento “fiel” nos homensseria um sinal de maior inteli-gência e, portanto, um traço in-confundível de evolução da es-pécie. Desde o ponto de vistacientífico, uma relaçãomonogâmica supõe uma novi-dade evolutiva, em oposição aohomem primitivo, que era pro-penso à promiscuidade.

Independentemente da era,modelo econômico e social, oassunto da traição nos relacio-

namentos acompanha a pró-pria história afetiva e sexual doser humano. É claro que, porseu caráter de extremo sofri-mento e dor, a matéria é sem-pre atual, mesmo que determi-nados modismos tentem se im-por no padrão cultural de deter-minada época.

“O homem sempre pode ar-bitrar sobre seus comportamen-tos, porém, a influência do am-biente é um fator de inegável re-levância na formação de valo-res, estruturação do pensamen-to, motivação para as escolhas etomadas de decisão”, diz a psi-cóloga cognitivo-comporta-mental Mara Lúcia Madureira.

O impacto das mudanças so-ciais sobre a questão da fidelida-de masculina ainda é discreto,mas já é possível perceber algu-mas alterações de conduta no

sentido de valorização da fideli-dade como diferencial dos no-vos tempos.

“Sem qualquer embasamentocientífico, apenas pela observa-ção empírica, nota-se um aumen-to no número de homens jovense adultos na faixa dos 20 aos 40anos que se declaram fiéis nas re-lações amorosas”, diz Mara Lú-cia. Em contrapartida, entre o pú-blico mais velho, parece haverum aumento da tolerância e do in-teresse pela promiscuidade e li-bertinagem.

A recente transformaçãodos comportamentos sexuaispermite supor que as mulheresmais velhas estão tentando seequiparar aos homens de suageração, numa tentativa incons-ciente de compensar a históriamarcada pela repressão à liber-dade sexual feminina e o culto

à promiscuidade sexual mascu-lina vivida por seus pais e avós.

Para os mais jovens, liber-tos da cultura sexual de proibi-ções e pecados, imersos numuniverso de absoluta permissi-vidade, a transgressão perde osentido de autoafirmação e fa-vorece o desenvolvimento deoutra consciência, na qual o no-vo consiste na formação espon-tânea de casais pautadas noamor, respeito e na fidelidade,sem imposições, cobranças, jul-gamentos e controles sociais ereligiosos.

“O instinto humano tornou-se o bode expiatório da trai-ção”, diz Alexandre Cáprio, psi-cólogo cognitivo-comporta-mental. Muitas gerações aceita-ram a promiscuidade masculi-na como característica inata etransmitiram isso para outras

Desejo

TRAIR É ‘BURRICE’10 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

gerações como uma verdade ab-soluta. A infidelidade do ho-mem foi, ao longo da históriada humanidade, associada à vi-rilidade, fertilidade e força.

“Em minha observação clí-nica, pude notar que a cultura éfator determinante, mas estáacompanhada de elementos di-ferentes”, explica Cáprio. Ho-mens com baixa autoestima po-dem ter necessidade de se afir-mar através de diferentes rela-cionamentos. Esse tipo de ho-mem possui crenças negativassobre si mesmo e, por isso, bus-ca a aceitação do maior númerode mulheres possível.

Outros casos observados,ressalta o terapeuta, possuem amesma base como problema(baixa autoestima), mas apre-sentam comportamentos dife-renciados. Tratam-se de ho-

mens com baixo nível de asserti-vidade (habilidade em expressarpensamentos, emoções e crençasde forma clara, honesta e apro-priada). A característica mais visí-vel é a dificuldade em dizer“não”. Por não ter habilidade dese afirmar na relação, começa a sesentir sufocado ou insatisfeito.Sem assertividade para discutiros problemas ou terminar a rela-ção, recorre à traição.

“O homem que possui umaautoestima razoável não preci-sa ceder a pressões e tendênciassociais para obter um rótulo demasculinidade”, garante Cá-prio. Quando tem convicção desuas qualidades (quando sabequem realmente é), desvincula-se da necessidade de se afirmarperante os outros constante-mente. Liberta-se do fardo deangariar respeito de colegas

através delistas e mais listas deconquistas, passando a concen-trar seus interesses em uma re-lação verdadeira e duradoura.Deixa de viver o desconfortode um vício para atingir as eta-pas naturais da vida, procuran-do uma mulher com quem pos-sa constituir uma família. Maspara que tal sonho se torne rea-lidade, é necessário que ambasas partes desenvolvam habilida-des em expressar ideias, dese-jos, sentimentos e opiniões,sempre pautados em respeito eseriedade. Dessa receita, surgi-rá o embrião do amor (a cumpli-cidade), que crescerá e ajudaráa construir uma bela história.

Maria Rita D’Ângelo Sei-xas, psicoterapeuta de casais,

defende que, apesar de o ho-mem ser muito mais visual eter a sexualidade movida peloimpulso de hormônios - en-quanto a mulher faz suas esco-lhas por ligações mais afetiva -,hoje ele tem possibilidademaior de escolha do que quan-do o sexo era mais restrito a al-gumas pessoas, principalmenteàs mulheres, e não é mais leva-do pela impulsividade. “Issotalvez diminua ou iguale a si-tuação de traição, porque osdois têm mais liberdade de es-colha. Se um se interessar pelooutro, eles podem sim tentar vi-

ver uma relação sem necessi-dade de traições”, explica.

“O fato das pessoas se senti-rem mais livres e, junto com is-so, responsáveis por seus atos,só ajuda a humanidade”, dizSuely Gevertz, psicóloga clíni-ca e psicanalista. “Não existemmais desculpas para seus atos evemos a liberdade ser exercidac o m t o d a s a s s u a sconsequências, de poder fazero que se quer, mas com respon-sabilidade sobre os atos.” ■

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 11

Ter inteligência emocional é peça-chave para desenvolver relações maissaudáveis em grupo e ser bem-sucedido na vida pessoal e profissional

Elen [email protected]

Vivendo a era da inteligência emo-cional, em que os sentimentos passam aser observados e compreendidos paraum desenvolvimento melhor de si mes-mo, é importante dar atenção também àinteligência social. É a partir dela quesão criadas as possibilidades para criarelos de destaque e desenvolver relaçõesem grupo mais saudáveis.

A arte de se relacionar é saber seexpressar bem com as pessoas, aju-dando a melhorar o convívio e o rela-cionamento em grupos. É uma espé-cie de marketing pessoal, que tem deser praticado e exercitado com natura-lidade para não somente favorecer ocontato entre os indivíduos, mas ofe-recer a quem mais domina essa “técni-ca” um salto sobre os demais.

Uma pessoa que domina as habilida-des de convivência e sabe se fazer enten-der sem provocar inconvenientes conse-gue ser mais bem-sucedida, construin-do relações duradouras e de respeito. Apartir dessa articulação de atitudes, éimportante observar e treinar as expres-sões verbais e corporais.

Uma frase mal colocada ou uma ex-pressão involuntária pode determinar aconquista ou não da simpatia das pes-soas. Ter inteligência social não sig-nifica agir com falsas impressões,mas “domar” ações que poderiam cau-sar estragos se fossem praticadas comimpulsos.

A impulsividade, aliás, é a princi-pal inimiga do bom senso, tanto nainteligência emocional como social, edeve ser controlada. “É importantecontrolar suas emoções e reagir aoque não o agrada de forma equilibra-da e saudável”, diz a psicóloga clínicaSumaia Cabrera.

Claro que isso não significa que asopiniões tenham de ser suprimidas,pelo contrário. Elas devem ser expos-tas, mas desde que sejam feitas de for-ma amigável, sem discussões ou impo-sições ao posicionamento alheio.

As ações costumam ditar muito nãosomente os vínculos com as pessoas,mas aonde elas podem chegar e as opor-tunidades que pode encontrar ao culti-var comportamentos mais compatíveiscom a vivência em sociedade. Todos sãoatraídos e querem estar juntos de pes-soas confiáveis, que não julgam e estão

sempre prontas para ajudar.Por isso, a sinceridade e a disposição

de ouvir o outro são duas das caracterís-ticas de quem está desenvolvendo comlouvor sua inteligência social. Atitudesde generosidade e consideração pelaspessoas também ajudam a traçar o cami-nho ao êxito de se relacionar bem emgrupo, afirma a educadora e coach exe-cutiva Ada Assis e Silva.

“Colocar-se no lugar do outro eevitar julgamentos, assim comoaprender a expressar seus sentimen-tos e vontades de maneira correta aju-dará muito a conseguir uma boa re-ceptividade das pessoas.”

Colocar em prática

Saber conviver em espaços coletivoscom habilidades sociáveis exige tam-bém manutenção e aprimoramento. Denada adianta entender o que pode e nãopode ser feito, mas deixar de colocar es-sas ações em prática em troca de favore-cimento próprio e impondo a qualquercusto os interesses particulares.

É necessário valorizar a capacidadede ser gentil com as pessoas, elogiar asqualidades, ter boa vontade a uma con-

vivência harmoniosa, e estar disposto aenfrentar momentos de frustração –sem transformar isso em um problema.“Conviver com pessoas significa que se-remos frustrados ou até afrontados emmuitas de nossas ‘verdades absolutas’, elidar com isso com tranquilidade é umsinal de maturidade emocional e psico-lógica”, analisa Sumaia.

Mas aqueles que não conseguem ex-pressar suas opiniões e vontades adequa-damente acabam construindo imagensdestorcidas de si para o seu círculo deconvivência. Ou seja, mesmo quandohá boa vontade, mas dificuldades deagir, não há como evitar um afastamen-to e aversão das pessoas que mantêmum contato mais próximo.

Esses problemas costumam ser maisperceptíveis nos ambientes de trabalhoe centros acadêmicos devido à proximi-dade diária entre os indivíduos. E as ati-tudes de cada um serão responsáveispor definir como serão classificados evistos perante esses grupos, desde al-guém querido a indivíduo que ninguémquer por perto.

“Aqueles que não têm boa aptidãopara criar bons relacionamentos aca-bam tendo menos chances de alcançar

Coletivo

A ARTE DESE RELACIONAR

12 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

sucesso, mesmo que tenham talentos eboa capacitação”, alerta a educadora ecoach executiva.

Há situações também em que pro-blemas de relacionamento são causa-dos por dificuldades emocionais nãosuperadas. Para Sumaia, embora a so-cialização seja natural do ser huma-no, pode encontrar obstáculos na fra-gilidade emocional, como em sinto-mas de depressão, ansiedade, síndro-me do pânico ou paranoias.

Se algumas características, como sin-ceridade e respeito, são desenvolvidas,o primeiro passo já está dado para cres-cerem as chances de se relacionar bemem grupo. Assim, também fica clara asensação de pertencer realmente a umaequipe, explica Ada. O bem-estar refleti-do é sinal de que opiniões são comparti-lhadas com aquelas pessoas.

Valorização

Quando nos sentimos integrados aum grupo ou conquistamos mais aten-ção e somos ouvidos, é notável o senti-mento de valorização. E é exatamente avalorização às demais pessoas que estáfaltando, afirma o escritor Dale Carne-

gie em seu li-vro “Como fazeramigos e influenciarpessoas” (Companhia Edi-tora Nacional).

Ele narra em uma das passa-gens do livro que a valorização estásendo negligenciada, pois tem se torna-do comum esquecer de agradecer ou pa-rabenizar o que o outro fez. Quando is-so acontece, é feito com a sensação deobrigação e recebido com dúvidas.

A educadora e coach executiva orien-ta que quando se trata de posições dife-rentes em ambientes de trabalho, o lí-der precisa aproximar sua equipe. Paraagregar e estimular o grupo, a pessoaem posição superior às demais precisater um histórico de credibilidade, firme-za e segurança, pois começa a estimularcondições de aceitação e compreensão eafastar a pré-indisposição.

Essa dificuldade de se relacionartambém pode estar ligada à falta de hu-mildade, o que pode estimular as críti-cas e os julgamentos, dificultando aindamais a aproximação de outras pessoas.Isso porque tudo o que é conquistado éresultado da forma como a interação hu-mana e a comunicação entre as pessoas

é feita, sejabom ou ruim,atraindo sempre oque é produzido.

É notável que essa lei daatração vai reinar nos contatosentre as pessoas. Interagir de formasaudável na coletividade é buscar rela-cionamentos dos quais possa retirar ati-vidades positivas para todos e para simesmo, até mesmo ao ponto de alcan-çar funções e cargos mais altos e commaior exigência.

A psicóloga Sumaia confirma:“Quem sabe viver em paz, sem exi-gir das pessoas o que não podem darou fazer, com certeza chegará maislonge que aquelas que param o tem-po todo a caminhada para brigar comalguém.” ■

Seis maneiras de fazer com que aspessoas gostem de você

1 - Interesse-se sinceramentepelas outras pessoas

2 - Sorria

3 - Lembre-se de que o nome deum homem é, para ele, o som maisdoce e mais importante que existe emqualquer idioma

4 - Seja um bom ouvinte. Incentiveos outros a falar sobre eles mesmos

5 - Fale sobre assuntos queinteressem a outra pessoa

6 - Faça a outra pessoa sentir-seimportante, mas faça-o sinceramente

Fonte: Livro “Como fazer amigos e influenciarpessoas” (Companhia Editora Nacional), deDale Carnegie

Saiba mais

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 13

Exames e acompanhamento médico feitos com rotina ajudam a ficar de olho nasaúde, agir com mais rapidez quando necessário e manter a qualidade de vida

Elen [email protected]

Não basta começar 2012com a alma e as energias reno-vadas. É preciso também ficarde olho na saúde física. Paraque os próximos meses sejammarcados por vitalidade, é ne-cessário cuidar corpo, valori-zando a medicina preventiva.

O check-up pode envolvernão somente uma “bateria deexames” - como é popularmen-te conhecido -, mas tambémuma avaliação médica que in-vestigue o estilo de vida, as va-cinas tomadas, o sono, a saú-de mental, o histórico fami-liar do paciente. E não é pre-ciso envelhecer para estar ap-to a fazê-los.

Os cuidados com a saúdesão voltados para todas as ida-des e começam já no primeirodia de vida, com o teste do pezi-nho. Os exames e as observa-ções indicadas podem modifi-car durante cada fase da vida,mas o que importa é ficar aten-to para evitar doenças ou desco-bri-las logo no início, a fim de

aumentar as chances de cura eo sucesso do tratamento.

“A ideia é ter um diagnósti-co precoce para alguma doençaou problema que não tenha ma-nifestação clínica clara”, afir-ma o clínico-geral José CarlosAquino de Campos Velho,membro do Departamento deClínica Médica, da AssociaçãoPaulista de Medicina (APM).

A boa notícia, segundo omédico, é que cuidar da saúdepreventivamente e ter bons há-bitos é uma prática que está co-meçando a estar mais presentena consciência dos brasileiros.Por isso, doenças silenciosas,graves ou não, que não costu-mam apresentar sintomas, po-dem ser detectadas e trata-das, como a pressão alta e odiabetes.

“Com testes e acompanha-mento em consultas, é possívelavaliar se existe algo que possacomprometer a saúde ou deixaro corpo vulnerável. O simplesato de se preocupar a investigare analisar a saúde já permite to-mar uma série de atitudes queajudarão no controle ou preven-ção”, afirma o clínico-geral.ar

Prevenção

HORA DO CHECK-UP

Comofuncionaumcheck-up?

Cuidados paratodas as idadesCRIANÇAS

O primeiro check-up dequalquer pessoaaconteceassimqueelanasce, como testedopezinho. A criança começaentão areceberacompanhamento periódicocomopediatraepassa a tomarvacinaspara aprevençãodedoenças.Oscuidados também têmdeser voltados àprevençãodeacidentesdomésticos, queda,nutriçãoecrescimento adequadoà idade

ADOLESCENTES

A saúde dos jovens tambémmereceatenção, pois nessa fasepodemsurgir problemascomdistúrbiodealimentação, reclusãosocial, álcool, drogas, iniciaçãodousodo tabaco esexosemprevenção. Alguns vacinassãoindicadaspara esse período da vida.Paraosmeninos, nessa faixa etária,atéos35anos, podeocorrer otumorde testículo. A doença é rara,masgeralmenteédiagnosticadatardiamentedevido àdificuldadedojovemem contar para ospais sobreapresençade umcaroçono localoudor

ADULTOS

Assim comocrianças e jovens,osadultos tambémdevemacompanhar corretamenteacarteirinhade vacinação. Oscuidadoscomadoença coronariana

deveser iniciado jáa partir dos35anoseoestilo de vidadeve respeitaros limitesdecadacorpo. Cigarro,bebidasalcoólicas ealimentaçãodesregradapodemser o começodegravesproblemasà saúde, tantoparahomensquanto para mulheres.Ogrupo feminino,por exemplo, éoquemais marcapresença nosconsultórios, principalmenteosginecológicos, paraavaliaçõesperiódicasdesaúde. Emalgunscasos, deacordocomohistóricofamiliar ouos hábitos, os check-upsdevem iniciar antes dos20anos.Sãoexamespara ocolo doútero,atravésdoPapanicolau, edamama,comamamografia ouultrassonografia. A análise em casatambémnãopodeser esquecida: aautopalpação temdeser feita todososmesespara verificar oaparecimento repentinode tumores.Quantoaos homens,a visita aourologista devecomeçar apartir dos45anos, paraque omédicoespecialista façaavaliações napróstata. E assimcomoas

mulheres,dependendodohistórico clínico familiar, a

primeira consulta deveserantecipadapara os40anos

IDOSOS

Oscuidados tomadosdurantetodaa vida vão refletir noenvelhecimento.Quanto mais oestilo de vida (alimentação saudável,práticadeatividade física, evitar ocigarro ebebidas alcoólicas, entreoutros) for regrado ecomacompanhamentomédico, melhorseráessa faseque inicia-se aos 60anos. Por isso a importânciadamedicinapreventiva, quebuscamaisqualidade de vida. Mas aatençãopara essegrupo deveserredobrada,principalmente comoriscodequedas. A regularidadeaomédicopara realizar o check-up podeincluir avaliação dememória,incontinênciaurinária, densitometriaóssea (para descartar oudiagnosticar osteoporose),audiometria (ouvidos), avaliaçãocardíaca, além devacinas paragripe, comum nessa fase ■

Fonte: Danielli Haddad Syllos Dezen,coordenadora do Centro deAcompanhamento da Saúde eCheck-up do Hospital Sírio-Libanês,em São Paulo

1ºO médico faz umquestionamentosobre sintomas atuais,doenças jáapresentadaspelo paciente, levantamento dohistóricofamiliar, vacinas, sono, saúde mental e o estilo de vida

2º É feito um exame físico completo, que inclui a palpaçãode tireoide, das axilas e região inguinal, de mama (até mesmopara homens), medida da pressão arterial nos dois braços,peso, medida da cintura abdominal, palpação de pulsos nosquatro membros e ausculta da região cervical. Esse exametambém contempla a avaliação da saúde bucal

3ºA partir dos20anos, háalguns examesmínimosquedevemsersolicitados. São eles: hemograma, função renal ehepática,pesquisadehepatites, pesquisadediabetes ecolesterol total efrações.Se houver relatode roncosnoturnos ousonolência diurna, porexemplo, omédicopode solicitar umapolissonografia para avaliar seháapneiadosono, além deanalisar outros casosmais específicos

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Divulgação

14 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Talvez, nos momentos de dor, o melhor seja assumir o sofrimentocomo consequência inevitável do fato de estarmos vivos

Vera Paráboli MilanesiPsicóloga

Se ficarmos atentos aos apelos davida atual, veremos que tudo apontapara um caminho de alegrias infin-dáveis, como se a vida devesse ser, in-variavelmente, uma festa sem horapra terminar. Quem não concorda,que ligue a TV, folheie uma revistade amenidades, demore algum tem-po observando outdoors de marke-ting de qualquer marca conhecida,passeie pelas páginas do Facebook.Mas, ao lado de todo esse esforço nosentido de só se mostrar o lado festi-vo da vida - que é maravilhoso e mui-to bem-vindo, mas não é o único – arealidade está aí para nos mostrarque qualquer ser humano inevitavel-mente enfrentará, mais cedo oumais tarde, certa dose de sofrimen-to. Embora o tempo dos santos e san-tas que padeciam privações e dorescomo forma de ascese espiritual te-nha passado (ufa!), e embora pareçafora de moda falar em sofrimento,nós, seres infinitamente limitados,não temos como não passar por ele.Seja no campo material, físico ou afe-tivo, parece que uma das marcas denossa humanidade é justamente es-sa, tão temida e evitada, mas semprepresente. Embora de formas diferen-tes, um dia, por algum motivo, todossofrem: o pobre, o rico, a celebrida-de, o desconhecido, o homem, a mu-lher, o branco, o negro, o amarelo...

Tenho cá comigo uma teoriamuito tímida, particular e empíricade que cada um sofre sempre comaquilo em que é mais apegado. As-sim, parece-me que aqueles que valo-

rizam muito o aspecto financeiro davida têm maiores dificuldades nessecampo; os que se voltam para o físi-co idem e os que só se sentem felizesem relacionamentos amorosos, en-contrarão aí a fonte de muitas dores.Coincidência? Lição de casa paraque nós, eternos aprendizes da artede viver, aprendamos a grande liçãodo desapego? Ninguém sabe respon-der, mas parece que esta “coincidên-cia” persegue a todos como sina,benção ou maldição, dependendo danossa atitude em reação a ela.

Uma frase de Jesus Cristo bastan-te conhecida, mas não muito lembra-da até mesmo por seus seguidores, éa seguinte: “No mundo, terei afli-ções, mas tende bom ânimo, eu ven-ci o mundo”. Essas palavras, quenão afirmam que “poderemos teraflições”, mas sim que “teremos afli-ções”, nos lembram o que todas as re-ligiões abordam de forma incisiva: ainevitabilidade do sofrimento na vi-da humana. Então, fico aqui me per-guntando: quando o sofrimento ba-te à nossa porta, o que devemos fa-zer? Fechá-la correndo com medode que ele nos roube as forças? Dei-xá-lo instalar-se comodamente nonosso mais confortável sofá da sala?

Penso que nem uma coisa nemoutra nos levarão a uma atitude sá-bia. Talvez, nos momentos de dor, omelhor seja assumir o sofrimento co-mo consequência inevitável do fatode estarmos vivos. E que bom que es-tejamos vivos, não? Tentar olhar nofundo dos olhos deste gigante para

extrair daí estratégias para vencê-lo.Essa etapa, de olhar de frente para osofrimento sem negá-lo pode durarum tempo consideravelmente longoe pode requerer acompanhamentoprofissional, mas ela é de suma im-portância para que não se passe parauma negação maníaca que nos afastade nossa verdade.

Após enxergar que se está sofren-do e porque se está sofrendo, deve-se, primeiro, tentar distinguir o quepode e o que não pode ser mudado.A partir disso, deve-se tentar mudaro que pode ser mudado e, depois,partir-se para estratégias de enfrenta-mento e aceitação do que não é passí-vel de mudança. Nessa jornada, queàs vezes parece interminável, parauns é importante voltar-se para umaespiritualidade mais ativa, que os le-ve a embrenhar-se por uma busca desentido e um encontro genuíno con-sigo mesmos e com um Ser Superior- Deus - que está no comando de to-das as coisas. Para outros, é impor-tante também lutar contra sua ten-dência egocêntrica e buscar formasde se solidarizar com o sofrimentode outros. Assim, poderão desco-brir que a solidariedade com os se-melhantes traz uma grande dosede realização e alívio da própriador. Em ambas as situações, funda-mental é não negar o próprio sofri-mento, mas também não se deixarsucumbir por ele, pois afinal decontas a vida é o que mais importae ela é breve e linda, apesar de to-das as nossas dores. ■

SOFREROUNÃOSOFRERNÃOÉAQUESTÃO

Edvaldo Santos

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 15

Rayana Carvalho sedivide entre o bem emal como a Pilar de“Rebelde”

TV Press

Para dar vida a Pilar da no-vela “Rebelde”, exibida pela Re-cord, Rayana Carvalho teveque buscar uma certa dubieda-de dentro de si. Inicialmente, apersonagem era a principal vilãdo Colégio Elite Way. “Por tersido criada isolada, sem mãe ecom um pai extremamente ocu-pado, Pilar foi se tornandouma pessoa egoísta e invejosa,que fazia de tudo para acabarcom a alegria dos rebeldes”, ex-plica. Mas, recentemente, avilãzinha começou a se aproxi-mar dos heróis e ser a grandecompanheira da turma. Até aju-da Roberta, vivida por LuaBlanco, a se livrar das chanta-gens de Binho, interpretadopor Pedro Cassiano. Rayana en-cara essa virada da personagemcomo uma forma de aprofun-dar a sua versatilidade. Mas elachegou a desconfiar se essa mu-dança de caráter seria bem acei-ta pelo público. “Estou muitofeliz com essas nuances da Pi-lar. Não dá pra agradar todomundo. Há muitas controvér-sias dentro da Record, se ela de-ve continuar boa ou voltar a sermá. Eu sou um pau mandado efaço apenas o que tem que serfeito”, brinca.

Apesar do receio inicial derepresentar uma vilã, Rayanapercebeu que, ao longo trama,a personagem caiu no gosto dopúblico. “Acabou que as crian-ças adoravam aquela maldadetoda. Cheguei a ouvir nas ruas:‘Você é do mal, mas eu teamo’”, lembra aos risos. A expe-riência de vilã proporciona aatriz uma maior riqueza de de-talhes na composição do papel,como brincar com os diferen-tes tons e insinuações. Entre-tanto, é o lado boazinha e com-panheira de Pilar que exigemaior esforço de Rayana paraque a atuação não caia na mes-mice. “É difícil evitar a chatice,antes eu não precisava florear

tanto. Agora eu tenho que meempenhar mais ainda para quetenha um brilho especial. Senão, fica muito água com açú-car”, ressalta.

Rayana ainda encontra pon-tos em comum entre ela e a per-sonagem, como o grau de deter-minação. Ambas não param atéterem seus objetivos alcança-dos por completo. “Quando eudecido, vou fundo que nem aPilar. Mas a minha energia e de-terminação são canalizadas deformas diferentes da dela”, ana-lisa. Enquanto Pilar não deixade acompanhar uma fofoca se-quer no colégio, Rayana evita

ao máximo opinar na vida dosoutros. “Eu levo uma vidamais tranquila. Cuido da mi-nha vida e não me importocom relação à vida alheia”,afirma. Para a atriz, Pilar pro-cura muito mais do que se in-formar sobre os outros. Elaquer modificar, interferir esempre estar por cima.

A veia artística é algo que arecifense Rayana considera defamília. Formada em balé clás-sico, a atriz é filha de bailarinae produtora de eventos de dan-ça. “Eu nasci dançando. Minhamãe tinha academia de dança eeu a acompanhava nos eventos.

Ela sempre estava dançando co-migo e me incentivando”, con-ta. Aos 10 anos, Rayana come-çou a fazer aulas de balé e dan-ça de salão, mas também já fa-zia alguns trabalhos como mo-delo. Porém, a idéia de ser atrizera apenas uma possibilidaderemota na cabeça da pernambu-cana. Após dois anos cursandoEducação Física, Rayana deci-diu abandonar a faculdade paraestudar teatro no Rio de Janei-ro, na Casa das Artes de Laran-jeiras, a CAL. “Só aos 20 anos,com muito incentivo da minhamãe, é que eu decidi sair de Re-cife. Foi um giro de 180 grausna minha vida. Foi um momen-to de repensar e saber se eu esta-va realmente fazendo a esco-lha certa”, relembra. Já no co-meço do curso, surgiu a opor-tunidade de fazer a sua pri-meira novela, “Água na Bo-ca”, de 2008, na Band. “Fuifazendo cursos e me especiali-zando. Até que surgiu a opor-tunidade de fazer o teste para‘Rebelde’, que é, até a agora,a maior que tive”, ressalta.

Em nome da carreira deatriz, Rayana precisou abdicardo balé profissionalmente. Masa paixão pelas sapatilhas não fi-cou esquecida. Ela até chegou aprocurar academias de dançapróximas a sua casa, mas o rit-mo intenso das gravações nãopermitiu conciliar as duas ativi-dades. “A dança é um sonho decriança e adolescente. Ela meauxilia muito artisticamente. Éuma grande ferramenta, pois te-nho uma percepção muitomaior dos movimentos domeu corpo”, explica. Aindase considerando novata nomeio artístico, Rayana temmuita ambição e determina-ção quanto a sua carreira nofuturo. “Quero muito fazeroutras produções na Record etrabalhar com mais afinco nocinema e no teatro”, planeja.

“Rebelde” – Record – Segunda asexta, às 19h30.

Perfil

Apesar de ter sido eleitaMiss Pernambuco em 2006,Rayana garante que o máximode vaidade em seu dia a dia écuidar da saúde. Segundo aatriz, manter cuidados básicoscom a alimentação é o mínimoque todos devem seguir. “Be-ber bastante água é fundamen-tal. Sempre procuro os melho-re alimentos. Adoro todos os ti-pos de legumes e verduras e evi-to carne vermelha. Prefiro pei-xe ou frango, que são mais le-ves”, afirma.

Rayana assegura que a bele-za e boa forma não são o focode sua rotina de exercícios.Apesar de detestar academia, aatriz malha, pelo menos, umavez por semana. “Quando a gen-te cuida da saúde há um brilhomaior, esteticamente falando”,recomenda. Além disso, Raya-na acredita na máxima “mentesã, corpo são” e é acompanhadaregularmente por um terapeuta enão dispensa as oito horas diáriasde sono, no mínimo. “A terapia éuma válvula de escape. Adoroconversar e é muito bom ter umapessoa inteiramente para te escu-tar”, afirma. ■

DUPLA FACERayana possui apenas

uma experiênciacinematográfica com ofilme “Lula, O Filho doBrasil”

A atriz não possuinenhuma experiênciaprofissional no teatro

“Rebelde” não é oprimeiro trabalho deRayana na Record. Em2009, ela participou danovela “Mutantes:Promessas de Amor”

Saúdeno topo

Rayana diz terRayana diz terpontos empontos em

comum com suacomum com suapersonagem,personagem,

como o grau decomo o grau dedeterminaçãodeterminação

Instantâneas

Jorge Rodrigues Jorge/Divulgação

TV - 16 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Questão de tempoEm breve, Guilherme Winter retorna à tevê. O ator,que está distante dos estúdios desde o fim de “Ti-Ti-Ti”, está no elenco do episódio “A Reacionária doPantanal”, protagonizado por Sandy, na série “AsBrasileiras”, da Globo. Na produção, Winter inter-preta Hugo, um médico do Exército que apoia amãe, que assumiu sua homossexualidade. “Emboraseja um militar, ele não é machista. Isso acaba amole-cendo a cabeça da personagem da Sandy, que se apai-xonará por ele”, revela. O episódio foi gravado em ju-lho e dirigido por Tizuka Yamasaki. Sobre novosprojetos na tevê, como uma novela, o ator opta pelomistério. “Logo estarei de volta”, desconversa, entrerisos.

Vida difícilWalcyr Carrasco já escolheu qual será a personagemde Claudia Raia em “Gabriela”, próxima novela das23h, da Globo. Na trama, Claudia deve interpretarZarolha, uma das prostitutas do cabaré Bataclan,que é liderado por Maria Machadão, cuja atriz aindanão foi escolhida. Anteriormente, Claudia estava co-tada para fazer “Guerra dos Sexos”, “remake” da fai-xa das 19h. Mas, por conta de compromissos profis-sionas, ela prefiriu uma produção de menor tempode duração, como “Gabriela”. As gravações estão pre-vistas para começar a partir de março. A estreia é emjunho.

Delicada relaçãoDado Dolabella começou a gravar suas primeiras ce-nas en “Máscaras”, novela substituta de “Vidas emJogo”, que estreia em abril na Record. Para o novotrabalho, Dado mudou o visual. Abandonou o cabe-lo grande e a barba. No folhetim de Lauro César Mu-niz, o ator será Eduardo, um jovem rico e mimadoque se envolverá com as irmãs Tônia e Luma, inter-

pretadas por Daniela Galli e Karen Junqueira. Quan-do elas decidem que Luma deve ser mãe, Eduardo éo escolhido para ser o pai dessa reprodução indepen-dente. Contudo, aos poucos, Tônia se apaixona pelorapaz e isso complica a relação entre o trio.

Está combinadoAté segunda ordem, a novela “Aquele Beijo” termi-na no dia 13 de abril. A ideia da Globo é que o folhe-tim de Miguel Falabella fosse mesmo curto. Ao to-do, serão 155 capítulos. Nesta segunda, dia 13, vai aoar o capítulo de número 103.

Em breveGlória Pires já acertou seu próximo trabalho na te-vê. Ela está no elenco de “Guerra dos Sexos”, próxi-mo “remake” para a faixa das 19h. Na novela, Glóriainterpretará Roberta Leone, que, na versão de 1983,foi vivida por Glória Menezes. Ainda no texto de Sil-vio de Abreu, Roberta se verá envolvida em umtriângulo amoroso ao se apaixonar por Nando, perso-nagem de Reynaldo Gianecchini, que será par ro-mântico de Juliana, vivida por Mariana Ximenes. Ofolhetim tem previsão de estreia para outubro.

Pesquisa de campoA preparação de Ísis Valverde para “Avenida Bra-sil”, substituta de “Fina Estampa”, vai além das au-las de musculação. A atriz resolveu visitar bailes dosubúrbio do Rio de Janeiro para viver uma sensualmoçambicana periguete. O ator Marcello Novaes,que será um gigolô na trama de João Emanuel Car-neiro, já se prontificou a acompanhar a jovem atriz.“Avenida Brasil” estreia em março.

Voo soloFelipe Andreoli, integrante do “CQC”, da Band, pa-rece seguir os passos de alguns dos seus colegas deprodução. O repórter enviou um projeto de progra-ma solo para a direção da emissora. A ideia de An-dreoli é comandar um programa com foco em espor-tes e entretenimento. Enquanto a Band não decidese aposta na produção, o repórter segue com sua roti-na de matérias para o “CQC”, que volta ao ar no dia12 de março.

Sem descansoDepois de terminar a novela “Amor e Revolução”,no SBT, Tiago Santiago já está em novo trabalho. Oautor começou a escrever sua próxima novela para aemissora. A expectativa é de que a trama ronde o uni-verso juvenil com abordagens de vampiros. A metado autor é entregar os 180 capítulos da novela atéagosto.

Época da ‘LaGarçonne’A Globo volta a apostar em novelas de época para afaixa das 18 h. A próxima produção será “Lado a La-do”, título provisório da substituta de “Amor, Eter-no Amor”, que estreia em março. “Lado a Lado” éescrita por Claudia Lage e João Ximenes Braga e se-rá ambientada no Rio de Janeiro em pleno início doSéculo XX. A previsão de estreia é para o segundosemestre.

Outra identidadeA participação de Heitor Martinez na novela “Más-caras”, da Record, será curta. No texto de Lauro Cé-sar Muniz, o ator interpretará Martin, trambiqueiroque morre nos primeiros capítulos da história. Essamorte será o álibi perfeito para que Otávio, vividopor Fernando Pavão, assuma a identidade do estelio-natário e inicie uma busca incessante pelo paradeirode sua mulher e do filho que foram sequestrados.

Para reverOs shows que Chico Buarque e João Bosco promo-vem no Rio, em fevereiro, serão gravados pelo CanalBrasil. A ideia da emissora é exibir os espetáculos, apartir de junho, no programa “Faixa Musical”, co-mandado por Roberta Sá.

Força do bemRosi Campos não vê problemas em viver, consecuti-vamente, outra personagem batalhadora e de boa ín-dole. “Nós sempre queremos de tudo um pouco”,brinca, sobre os diferentes tipos de papeis que gosta-ria de fazer, como uma vilã. Mas, no caso de “Amor,Eterno Amor”, próxima novela das seis da Globo, aatriz interpretará a fiel Teresa, melhor amiga de Ver-bena, papel de Ana Lúcia Torre. “A minha persona-gem trabalha para a Verbena e quase faz parte da fa-mília dela. É aquela amiga de todas as horas”, conta.Ainda na trama, é das mãos de Teresa que o peque-no Carlos, filho de Verbena, é sequestrado. “Serãomomentos delicados”, adianta.

ZappingTV Press

Luiza Dantas/Divulgação

Luiza Dantas/Divulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 17 - TV

Em “A Vida da Gente”, Paulo Betti exalta seu personagem Jonas e relembra sua longa trajetória na tevê

TV Press

A obstinação de Paulo Bettié contagiante. Com um gestualpolido e compenetrado, o ator,nascido na pequena Rafard ecriado em Sorocaba, ambas nointerior de São Paulo, lembracom orgulho de sua trajetóriadestemida na atuação. Após ainfância pobre, mas rica em ex-periências educacionais e no la-tente fascínio pela dramatur-gia, o ator começou a interpre-tar em cirquinhos montadosnos fundos do quintal de sua ca-sa, até se tornar professor da es-cola de teatro da Unicamp. Noentanto, sua estreia na tevê foianos depois, na novela “ComoSalvar Meu Casamento”, quenão chegou ao fim devido ao fe-chamento da extinta Tupi, em1979. Daí em diante, Paulo –hoje com 59 anos – compôs ti-pos que se tornaram conheci-dos na história da teledramatur-gia. Como o divertido Timó-teo, de “Tieta”, que tem umperfil cômico bem parecidocom Jonas, seu atual persona-gem em “A Vida da Gente”.Egoísta, caretão e de hábitosmedíocres, o personagem é umdos tipos mais interessantesque interpretou nos últimosanos, segundo o ator. Semprecom um discurso otimista e po-litizado, Paulo classifica Jonascomo um de seus melhores pa-péis na tevê. “O personagem émuito rico, é um sujeito patéti-co que quer rejuvenescer. Ele éfeito de gato e sapato pela mu-lher (Cris, vivida por RegianeAlves), que é muito mais novae só se interessa pelo dinheirodele”, diverte-se.

Pergunta - Na tevê, partedos seus personagens demaior destaque, como o Timó-teo, de “Tieta”, e o Ypiranga,de “A Indomada”, tinha umacomicidade, assim como o Jo-nas. Você se sente mais à von-tade no gênero?

Paulo Betti - Gosto muitode fazer esse tipo de comédia,de pensar na possibilidade dohumor ser da situação, queacontece sem que eu precise fa-zer graça. A aflição e o desespe-ro do Jonas é engraçado. Outrodia, fiz uma cena em que ele foiclarear os dentes e perguntoupara o dentista: “Se eu fizer es-se clareamento químico, quan-tos anos você acha que vai sub-trair da minha aparência?”. Eletem esse tipo patético de ques-tionamento. Tinge o cabelo pa-ra parecer mais jovem. Essascoisas são ridículas. É um per-sonagem muito rico, que provo-ca humor. As pessoas gostamde rir da desgraça dele. A Cristrai ele, muda tudo na casa de-le. O povo gosta de ver situa-ções simuladas da vida cotidia-na. Ao mesmo tempo, acreditoque todo mundo conheça al-

guém como o Jonas, um ho-mem que é feito de gato e sapa-to pela mulher. Ele tambémtem algo do juiz Odorico, quefiz na (minissérie) “Engraçadi-nha... Seus Amores e Seus Peca-dos”. Ele tinha uma paixão pe-la Engraçadinha.

Pergunta - Apesar do hu-mor, o Jonas tem atitudesfrias e calculistas. Ele podeenveredar para a vilania nes-sa reta final da história?

Betti - Ele é um homem du-ro, muito egoísta, voltado paraele mesmo. Ao mesmo tempo,é patético demais. Muitas ques-tões dele poderiam ser resolvi-das com um analista. Ele é umhomem que acredita no poder,na grana que tem. É um ho-mem determinado, que fez su-cesso na vida, uma pessoa quenão tem dúvidas. Ao mesmotempo, é afetivamente frágil

porque acaba não percebendoque a mulher é uma carreirista.Isso o transforma em um ho-mem ridículo. Acho muito bo-nito o personagem porque ele écheio de vontades e defeitos.Faz tempo que eu não tinhaum personagem assim, que eugostasse tanto de fazer, comum texto muito bem escrito.

Pergunta - O texto é da Lí-cia Manzo, uma autora es-treante em novelas. Houve al-guma apreensão em fazer es-se papel por ser a primeira no-vela dela?

Betti - Não. Tem aparecidobons autores na tevê. A Lícia éexcelente. Fico feliz de partici-par desse nascimento dela na te-vê porque ela também foi atriz,tem uma equipe que funcionamuito bem. Acho que é uma au-tora que vai ficar. O texto delaconseguiu algo diferente em

mim: passei a prestar atençãonos outros personagens. Costu-mo ser muito objetivo no meutrabalho na televisão. Só leio asminhas cenas. Nessa novela, es-tá acontecendo algo novo: es-tou lendo minhas cenas e acabolendo o capítulo inteiro semperceber. O assunto me interes-sa, a novela é muito bem escri-ta. Foi bom ter entrado no lu-gar de “Cordel Encantado”,que era uma fábula, uma tramacompletamente diferente. Essaé realista, com jeitão de noveladas oito.

Pergunta - Como tem sidoa repercussão do Jonas nasruas?

Betti - Ouço mais coisas re-lacionadas com a Cris, persona-gem da Regiane Alves. Os ho-mens me parabenizam por eleestar pegando uma moça baca-na e as mulheres acham elemeio estressado e preveem umcastigo para ele. Elas não per-doam o fato de ele ter traído apersonagem da Ana Beatriz No-gueira no primeiro capítulo, nacasa do casal.

Pergunta - Seu persona-gem também levantou umapolêmica ao comprar o sê-men do irmão, vivido pelo Leo-nardo Medeiros, para insemi-nar a Cris no início da histó-ria. Como foi a abordagemdesse assunto sob o pontode vista ético?

Betti - Ele é muito machis-ta, né? É um cara que tem umcerto orgulho de estar em for-ma, de ser um homem viril. Eleficou muito chateado com acompra do sêmen porque ficouparecendo que ele era impoten-te. Mas, como ele é muito care-ta, comprando do irmão, pelomenos achou que ficaria no âm-bito da genética familiar.

Pergunta - Esse ano vocêcompleta 32 anos de carreirana tevê, desde “Como SalvarMeu Casamento?”, na extin-ta Tupi. Como você avalia es-se período?

Entrevista

CORAÇÃO VALENTE“Tenho“Tenho

um caminho deum caminho desorte, de papéissorte, de papéis

bacanas,bacanas,marcantes”, dizmarcantes”, diz

Paulo BettiPaulo Betti

Luiza Dantas/Divulgação

TV - 18 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Betti - Nossa! Nem sabiaque fazia tanto tempo (risos).Acho que estreei no momentocerto na tevê. Já tinha uma car-reira no teatro, estava bem ma-duro e preparado. Naquele mo-mento, a tevê não era o princi-pal na minha carreira. Achoque tive muita sorte na minhatrajetória, mesmo em São Pau-lo, fazendo trabalhos na Tupi,na Bandeirantes, depois na Glo-bo. Tenho um caminho de sor-te, de papéis bacanas, marcan-tes. Não tracei uma carreira co-mo galã. Foram personagenscom características fortes. Ago-ra, nesse momento, por exem-plo, estava a fim de fazer nove-la. A rotina é meio cansativa,mas faz falta, perdemos o trei-no quando ficamos um tempodistantes.

Pergunta - Você vem deuma família de 14 irmãos. Emque momento surgiu a atua-ção e como ela se manifestouna sua vida em Sorocaba?

Betti - Tive a facilidade deser temporão. Estudei em esco-las públicas muito boas. Foino ginásio que comecei a fazerumas pecinhas. Já fazia coisasem casa, no quintal, como umcirquinho. Tinha uns 10, 12anos. Comecei a brincar com aimaginação. Cobrava ingressopara entrarem no fundo doquintal da minha casa. De-pois, fiz teatro amador em So-rocaba e ganhei um prêmioque me incentivou a ir para aEscola de Arte Dramática daUSP. Dois anos depois que meformei, fui dar aula de Teatrona Unicamp.

Pergunta - Você sempreteve uma visão politizada co-mo ator. Ela começou emque momento?

Betti - Quando eu tinha uns16 anos de idade, da observa-ção do meu contexto familiar.Vim de uma família de lavrado-res, de gente que trabalhavacom a terra. Tinha muito essanoção política, era influencia-do pelo Cinema Novo, peloTeatro de Arena, por um movi-mento de resistência epolitização. Venho de um meiomuito pobre, de um bairro denegros em Sorocaba. Em mea-dos dos anos 50, aquilo era qua-se um quilombo, com ruas deterra e casinhas geminadas. Meformei no período da ditaduramilitar. Havia uma rejeição atudo que era bacana. Era proibi-do deixar o cabelo comprido naescola. Tudo era restrito e du-ro, com falta de liberdade indi-vidual. Minha perspectiva erade libertação desse contexto. Is-so teria de desembocar na polí-tica. Gosto de me mover politi-camente e tomar posições quenem sempre são muito confor-táveis. Às vezes até atrapalhamum pouco.

Pergunta - De que forma?Betti - De várias maneiras.

Sempre lutei para fornecer umpouco das boas condições quetive mesmo estudando em colé-gio público. Sinto que devo re-tribuir à sociedade aquilo queela me deu. Tive uma educaçãomuito rica do ponto de vistaformal. Estudei em escolas gra-tuitas muito boas. Isso é um pri-

vilégio. Meus pais eram analfa-betos e consegui ter uma exce-lente educação. Fora o que eufaço para ganhar dinheiro, ten-to retribuir.

Pergunta - Como? Atravésdos cursos na Casa da Gávea(Paulo é diretor da instituiçãocarioca que fornece bolsasem cursos de teatro, cinemae tevê)?

Betti - Isso. Há 20 anos te-mos um trabalho com quase50% de bolsas de estudo. Pro-curamos juntar quem pode pa-gar com quem não pode. Bata-lho patrocínio para ter formasde remunerar os professoressem abrir mão das bolsas. Sem-pre acreditei que eu deveria fa-zer um trabalho extra, em prolda educação. Participar politi-camente é uma obrigação do ci-dadão. Porém, mais do que is-so, vivemos em um país queprecisa de um trabalho volun-tário, de apoio. Em Sorocaba,o Quilombinho, a casa que fuicriado, hoje tem um projeto so-cial muito bonito. Cedo a mi-nha casa para que ele aconteça.Apoio de longe. O Quilombi-nho tem mais de 70 criançasque entram de manhã, se ali-mentam e estudam.

Pergunta - Você já pensouem se candidatar?

Betti - Não. Não sou tão or-ganizado assim. Tenho pique,interesse, mas acho que sou in-gênuo para a política. Ela neces-sita de uma certa frieza, umpragmatismo. Acho a políticachata para exercitar como polí-tico, ir para Brasília, usar ter-no. Nunca pensei nisso.

Trajetória televisiva

Com mais de 30 filmes nocurrículo, Paulo Betti se orgu-lha de sua extensa carreira nocinema. Sempre com projetosde longas, o ator protagonizoudiversas produções nacionaisem personagens-título, como“Lamarca”, de Sérgio Rezende,“Mauá - O Imperador e o Rei”,do mesmo cineasta, e seu proje-t o m a i s e n v o l v e n t e :“Cafundó”, que ele mesmo diri-giu e produziu em 2005, ao la-do de Clóvis Bueno. O filmeconta a história de João Camar-go, um ex-escravo e milagreirode Sorocaba e ganhou três prê-mios no Festival de Gramado,no mesmo ano. Atualmente,

Paulo se prepara para rodar “ACanção Brasileira”, produçãoque pretende ser filmada noPiauí e falar sobre a história damúsica brasileira. Ainda esteano, o ator começa a filmar “ACasa da Mãe Joana 2”, de HugoCarvana, continuação do longaque teve uma satisfatória bilhe-teria em 2008. “O meu persona-gem continua o mesmo, é oPaulo Renato, uma figuraça.Mas também tenho ainda maisprojetos no cinema para bre-ve”, avisa o ator.

Até o começo de 2013,Paulo pretende levar para o ci-nema uma adaptação da peça“A Fera na Selva”, baseada na

novela do escritor Henry Ja-mes e protagonizada por ele epela atriz Eliane Giardini, ex-mulher do ator. “Vamos atuare dirigir juntos. Fizemos essapeça há anos e a Eliane semprequis montar no cinema”, expli-ca Paulo, que por pouco tam-bém não chegou a virar diretorde tevê no início de sua carrei-ra na Globo. “Na época de‘Armação Ilimitada’, o Guel(Arraes) queria que eu dirigis-se o seriado. Mas gosto mes-mo é de atuar. Prefiro o rotei-ro que o plano de gravação.Me atrai mais o trabalho deator”, ressalta.

O ator emseus primeiros

trabalhos natevê: acima, em

“Tieta”, de1989, e ao lado,

em “VeredaTropical”,de 1984

“Como Salvar MeuCasamento” (Tupi, 1979)

“Os Imigrantes” (Band,1981) - André

“Transas e Caretas”(Globo, 1984) - Dirceu

“Vereda Tropical” (Globo,1984) - Marco

“De Quina Para a Lua”(Globo, 1985) - Bruno Scapelli

“Hipertensão” (Globo,1986) - Laerte

“Carmem” (Manchete,1987) - Ciro

“Colônia Cecília” (Band,1989) - Giovani

“Tieta” (Globo, 1989) -Timóteo

“Pedra Sobre Pedra”(Globo, 1992) - Carlão Batista

“Mulheres de Areia”(Globo, 1993) - Wanderley

“Incidente em Antares”(Globo, 1994) - Cícero

“Engraçadinha... SeusAmores e Seus Pecados”(Globo, 1995) - Odorico

“A Próxima Vítima”(Globo, 1995) - Detetive Olavo

“O Fim do Mundo” (Globo,1996) - Joãozinho de Dagmar

“A Indomada” (Globo,1997) - Ypiranga

“Chiquinha Gonzaga”(Globo, 1999) - Carlos Gomes

“Força de Um Desejo”(Globo, 1999) - Higino Ventura

“Luna Caliente” (Globo,1999) - Ramiro

“Os Maias” (Globo, 2001)- Joaquim

“O Clone” (Globo, 2001) -Armando

“Desejos de Mulher”(Globo, 2002) - Alex Miller

“Kubanacan” (Globo,2003) - Chacon

“Metamorphoses”(Record, 2004) - MarcosVentura

“Malhação” (Globo,2005) - Miguel

“JK” (Globo, 2006) - JoséMaria Alkmin.

“Paraíso Tropical” (Globo,2007) - Lucena

“Amazônia - De Galvez aChico Mendes” (Globo, 2007) -Gomes

“Sete Pecados” (Globo,2007) - Flávio

“Tempos Modernos”(Globo, 2010) - JP

“A Vida da Gente” (Globo,2011) - Jonas ■

Fotos: Divulgação

Cinéfilo atuante

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 19 - TV

Os dramas cotidianos e os conflitos realistas se destacam em “A Vida da Gente”

TV Press

“A Vida da Gente” temocupado o espaço destinado àdelicadeza na tevê. Depois deuma sucessão de tramas derealismo fantástico, excessi-vas cenas de ação, vilões de-testáveis, produções com rit-mo de “cartoon” ou mesmocom um apelo cômico, a his-tória de Lícia Manzo é umaespécie de oásis na programa-ção da teledramaturgia. Semvilões, efeitos especiais, nú-cleo cômico ou enxurradasde intrigas, a trama conseguese sobressair diante da mes-mice das produções atuais.Depois da virtuosa fábula“Cordel Encantado”, a atualnovela das seis conseguiumanter a atenção voltada pa-ra o horário em um cenárioainda mais difícil: falandoapenas de dramas familiarescom personagens absoluta-mente humanizados.

Essa sensibilidade extrema-da, que mantém a audiência dohorário com 19 pontos de mé-dia, prova que o público aindaacredita e necessita de produ-tos que ofereçam mais verossi-milhança. O intenso naturalis-mo da produção e o desfechoimprovável da história, que sedivide entre a visceral relaçãoentre as irmãs Manu e Ana, deMarjorie Estiano e da surpreen-dente Fernanda Vasconcellos,consegue interessar o públicopor causar identificação comdramas do cotidiano.

Nessa teia fraterna de res-sentimento, culpa e afinidades,não é tão óbvio analisar erros eacertos ou quem deve ou não fi-car com Júlia, a filha biológicade Ana, vivida por Jesuela Mo-ro. Muito menos qual das ir-mãs deve terminar a história aolado de Rodrigo, do protagonis-

ta Rafael Cardoso. Tanto que aentrada de Gabriel, persona-gem de Eriberto Leão, como na-morado de Manu, surge comouma alternativa para o impasseemocional da história.

Essa ausência de firulasno desenrolar das cenas e o

seu naturalismo explícitoaproximam o telespectadordas emoções mais pueris.Principalmente pela bem es-colhida trilha sonora da his-tória, que conta com interpre-tações comoventes de GalCosta, Chico Buarque, Elis

Regina e Corine Bailey Rae.Essa afetividade presente nosdetalhes fica ainda mais evi-dente com o enquadramentoe a duração das cenas do dire-tor Jayme Monjardim. A so-fisticação do olhar de Jaymeestá sempre presente. Seja

nas externas com paisagensdevastadoras ou mesmo emtomadas rápidas de estúdio,onde simples detalhes fazemtoda a diferença. ■

“A Vida da Gente” – Globo –Segunda a sábado, às 18h.

Opinião

A forçadasuavidade

Marjorie Estiano, Jesuela Moro e Rafael Cardoso: naturalismo da trama desperta interesse no público pela identificação com dramas do dia a dia

Divulgação

TV - 20 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

“As Brasileiras” ampliamuniverso de “As Cariocas”, masapelam para a vulgaridade

TV Press

Uma coisa sempre surge de outra. É assim com asideias, com a história dos homens e com a própriahistória natural. Até, pelo menos, o “Big Bang”. En-tão nada mais coerente que “As Brasileiras”, nova sé-rie da Globo, seja uma espécie de sequência de “AsCariocas”, por sua vez, inspirada no livro de contoshomônimo de Sérgio Porto. Nesta nova fornada, são22 episódios que mantêm a estrutura que o escritorcarioca deu ao seu livro, com histórias curtas protago-nizadas por mulheres inteiramente diferentes umasdas outras.

Na tevê, “As Cariocas” terminaram aproximandodois universos particulares que convivem na mesmageografia carioca. Primeiro, a crônica sociológica deSérgio Porto, na qual, através das mulheres de dife-rentes bairros do Rio de Janeiro, ele construía situa-ções e personalidades distintas que refletiam o “avan-ço” ou o “atraso” destas regiões da Zona Sul e da Zo-na Norte da cidade. E, em segundo lugar, a literaturade Nelson Rodrigues, com suas obsessões, delírios edesejos que se encaminham para um destino trágicoe fatalista. Como Dainel Filho, produtor tanto de“As Cariocas” quanto de “As Brasileiras”, já tinha di-rigido na Globo “A Vida Como Ela É”, do mesmoNelson, em 1996, a aproximação destas histórias cur-tas é bastante natural.

Pena que o episódio de estreia - “A Justiceira deOlinda”, com Juliana Paes e Marcos Palmeira - nãotenha nada a ver nem com um escritor nem com o ou-tro. Não sobrou nada aqui do texto elegante e da nar-rativa fluente de Sérgio Porto em uma história de umhomem que tem o pênis cortado por uma mulher ciu-menta. E muitíssimo menos a ver com o moralismotorcido de Nelson. Expressões como “cuidar da ecolo-gia do seu passarinho e de sua periquita” ou “o troçovai levantar?” se mostram distante do estilo dos origi-nais. Claro, “As Brasileiras” não tem obrigação de se-guir nem um nem outro autor. Mas como foi apresen-tada como uma continuação de “As Cariocas”, a dife-rença se torna gritante.

Como a nova série estreou com bom ibope de vin-te pontos, certamente o tom escandaloso deve se man-ter em muitas histórias. Pena. Mais uma vez a ideiade popularização passa pelo grotesco, solução maisque previsível. As brasileiras merecem mais.

“As Brasileiras” - Globo - Quinta, às 23h10.

Crítica

FORA DO TOM

Juliana Paes e Marcos Palmeira protagonizaram o episódio de estreia da série, “A Justiceira de Olinda”: distorções

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DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 21 - TV

MALHAÇÃO - 17H50

Segunda-feira - Maruschka diz aMirta que vai procurar Regina. Fe-lizardo pergunta a Iara se ele es-tá sendo traído por Locanda. Jo-selito vê um espírito ao lado deFelizardo e diz que é Damiana.Maruschka procura Regina e Clau-dia conta que Alberto e Sarita vãose casar. Rubinho sai com GraceKelly. Bernadete fica com ciúmeao ver Camila, Ricardo e Flavinho

juntos. Agenor se assusta quan-do Brigitte diz que quer ter um fi-lho. Vicente procura Claudia.Terça-feira - Claudia fica mexidacom a visita de Vicente. Raíssadiz a Sebastião que vai contratarum detetive para investigar Da-miana. Maruschka pede a GraceKelly para esconder Marisol nodesfile. Alberto convida Rubinhopara o seu casamento. Vera diz a

Vicente que Lucena pode ter seunido a Henrique para prejudicá-lo. Marisol tenta assistir ao desfi-le e Grace Kelly a humilha. Marus-chka recebe uma ilustre convida-da para o desfile e Ticiano armaa maior confusão com ela.Quarta-feira - Regina confirmaque conheceu o filho de Marus-chka e elas marcam um encon-tro. Marisol faz os últimos ajus-

tes no vestido de noiva de Sari-ta. Rubinho convida Grace Kellypara acompanhá-lo ao casamen-to de seu pai no Covil do Bagre,mas ela recusa. Raíssa confir-ma que está disposta a investirna coleção da Shunel e Marisolse anima. Alberto e Sarita se ca-sam no cartório, e Rubinho nãoaparece. Maruschka descobreque a herança de Deusa não se-

rá liberada na França e ameaçaGrace Kelly.Quinta-feira - Até o fechamentodesta edição, a emissora não di-vulgou o resumo deste capítulo.Sexta-feira - Até o fechamentodesta edição, a emissora não di-vulgou o resumo deste capítulo.Sábado - Até o fechamento destaedição, a emissora não divulgouo resumo deste capítulo.

FINA ESTAMPA - 21H00

A VIDA DA GENTE - 18H15

Segunda-feira - Teodora é obriga-da a andar com os segurançascontratados por Griselda. Celinagarante que Beatriz ficará com Vi-tória. Esther pede à caseira deItaipava que não conte a ninguémsobre sua presença. Paulo rece-be os croquis da próxima coleçãoenviados por Esther. É reveladoque Anjo, Joe Maluco, Juan, Vic-tor, Reinaldo e outros jogadoresde vôlei possuem uma tatuagemde escorpião no tornozelo.Terça-feira - Griselda mostra paraGuaracy as notícias sobre Esther.Celina tenta convencer Beatriz aprestar queixa contra Esther. Va-

nessa é recontratada por Renê.Tereza Cristina nega a Patríciaque esteja envolvida com os aten-tados contra a família de Grisel-da. Paulo procura Esther. Joanarevela para o delegado Paredesque a loura misteriosa e TerezaCristina são a mesma pessoa.Quarta-feira - Crô convence Celes-te a deixá-lo fazer sua maquia-gem. Teodora sugere que Daniel-le enfrente os jornalistas. Pereiri-nha reclama dos seguranças deQuinzinho. Henrique marca um en-contro com Danielle para que elaconverse com Pedro Jorge. A mé-dica avisa aos jornalistas que fará

uma coletiva de imprensa. Joanafala para Álvaro que denunciou Te-reza Cristina à polícia. Griseldavai até sua antiga casa. Paulo che-ga à casa onde Esther está comVitória.Quinta-feira - Paulo aconselha Es-ther a voltar e lutar para ficar comVitória. Beatriz ouve Celina afir-mar que seu maior interesse édestruir Danielle. Patrícia procuraAntenor na mansão de Griselda.Tereza Cristina pede para Crô con-firmar o álibi que Álvaro inventoupara ela. Esther volta para o Rioenquanto Paulo dorme. Zuleikaestranha a proximidade entre

Wallace e Dagmar. Paulo se de-sespera ao ler o bilhete de Estheravisando que deixou Vitória aosseus cuidados.Sexta-feira - Pereirinha desconfiade que Enzo esteja realmente gos-tando de Danielle. A diretora docolégio de Pedro Jorge pede paraconversar com Celina. Álvaro, Írise Alice chegam à casa de TerezaCristina. Letícia vê Juan Guilher-me chegar com Chiara após osexames. Pedro Jorge pede paraDanielle levá-lo para conhecersua irmã. Crô fica nervoso com achegada do delegado Paredes.Paulo fica fascinado ao ver Vitória

mamando. Esther se assusta aover Danielle na televisão.Sábado - O delegado Paredes ga-rante a Joana que não descansa-rá enquanto não provar que Tere-za Cristina é a assassina de Mar-cela. Patrícia se surpreende aover que Alexandre e Ellen estãonamorando. Paulo fica orgulhosopor conseguir cuidar de Vitória.Danielle conta sua versão para osjornalistas, mas é constantemen-te interrompida por Celina. BetoJunior pergunta à arquiteta se elafoi induzida por Danielle a doarseus óvulos e Celina tenta mani-pular sua resposta.

Segunda-feira - Ana tenta tranqui-lizar Sofia antes de sua partidade tênis. Cecília vence o primeiroset do jogo. Iná e Moema torcempor Sofia. Sofia ganha o jogo e Ce-cília sai da quadra vaiada por suaatitude contra a rival. Eva provocaVitória. Nanda se surpreendecom o cuidado que Francisco temcom ela. Renato pede para con-versar com Suzana sobre a rela-ção dos dois. Francisco cuida deNanda. Alice ouve a conversa de

Renato e Suzana.Terça-feira - Júlia fala para Anaque Manuela não irá a seu casa-mento. Olívia fica enciumadacom a atenção de todos a Sofia.Lúcio aconselha Ana a procurarManuela. Lourenço chama Rodri-go para visitar Tiago. Alice ques-tiona Suzana sobre sua conversacom Renato. Olívia pega o anelque Sofia ganhou de Miguel parair a uma festa. Lourenço se emo-ciona ao se despedir de Tiago. So-

fia descobre que seu anel sumiu,e Marcos e Dora ficam chocados.Quarta-feira - Nanda conversacom Manuela. Eva se preocupacom a demora de Ana em voltarpara casa. Suzana avisa a Rena-to que tentará salvar seu casa-mento com Cícero. Nanda contapara Rodrigo sobre a discussãoentre Manuela e Ana. Manuelaafirma a Iná que Ana a odeia. Re-nato pede para falar com Alice.Olívia conta para Dora que pegou

o anel de Sofia e o perdeu. Rodri-go implora que Ana desista de secasar com Lúcio.Quinta-feira - Ana pede para Rodri-go ir embora de sua casa e pas-seia pela rua, lembrando da dis-cussão que teve com a irmã. Anaobserva Lúcio em um café comCelina e não atende o celularquando ele liga. Sofia flagra Olí-via devolvendo o seu anel, e Mar-cos e Dora acabam entrando emuma grande discussão. Eva fica

impactada ao ver o vestido de noi-va da filha jogado no chão. Ana re-vela para Alice que decidiu não secasar com Lúcio. Dora tenta dis-cutir sua relação com Marcos,mas ele se recusa a ouvi-la. Anaprocura Lúcio.Sexta-feira - Até o fechamentodesta edição, a emissora não di-vulgou o resumo deste capítulo.Sábado - Até o fechamento destaedição, a emissora não divulgouo resumo deste capítulo.

Segunda-feira - Gabriel confrontaTomás para defender Cristal e Ba-bi leva a amiga para a enferma-ria, preocupada com o bebê. To-más é preso por sua atitude comCristal. O reitor da universidadecoloca Cristal como monitora detodos os programas da rádio.Charlene avisa a Débora que Viní-cius foi atropelado e que está in-do com ele para o hospital. Guidodiz a Laura que não pode ficarcom ela. Cristal fala para Gabrielque o filho que ela está esperan-do não é dele.

Terça-feira - Guido diz para Lauraque, até que se torne o homemque ela merece, eles devem ficarseparados. Babi fala a Gabrielque ele é o pai do filho que Cristalestá esperando e ele dá a notíciaa Alexia. Nelson aproveita a via-gem de Helena para marcar umafesta em seu apartamento e lan-çar o bloco de Carnaval de Betão.Moisés pergunta a Carcará se elese livrou da moto que usou paraatropelar Vinícius. Débora e Lau-ra veem Vinícius beijar Charlene.

Quarta-feira - Alexia sofre pensan-do em Gabriel. Betão decide colo-car seu bloco de Carnaval narua, mesmo sem as devidas au-torizações. Moisés faz ameaçasa Natália depois de ouvir insinua-ções sobre o atropelamento deVinícius. Guido procura Laura epede para esclarecer a conversaque tiveram. Gabriel reage a umassalto com um golpe de kungfu. Alexia afirma para Cristal queela não conseguirá afastá-la deGabriel.

Quinta-feira - Alexia e Cristal seencaram. Laura não consegue seentender com Guido. Gabriel cha-ma Tiziu, o menino que tentou oassaltar, para participar de suaaula de kung fu. Betão repreendeZiggy por comentar sobre a festade pré-Carnaval na casa de Babi.Cristal finge passar mal e deixatodo trabalho da rádio nas mãosde Alexia. Alexia flagra Cristal eGabriel na lanchonete e questio-na o mal estar que a menina dis-se estar sentindo.

Sexta-feira - Cristal é dissimula-da ao falar com Gabriel e ele a de-fende com Alexia. Moisés contapara Carcará sua ideia para con-seguir dinheiro no Carnaval. Ale-xia avisa a Laura que viajará comGabriel. Cristal vai para o blocode Betão e Babi a recrimina. Cris-tal liga para Gabriel na hora emque a polícia chega para impediro bloco de Betão de desfilar. Ale-xia afirma a Beatriz que provaráque Cristal está mentindo paraGabriel.

Resumo das novelas

AQUELE BEIJO - 19H15

GLOBO

TV - 22 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Segunda-feira - Vitor se levantano meio da cerimônia de casa-mento de Amanda e Eduardo e saida igreja. O padre segue com a ce-rimônia. Amanda e Eduardo se ca-sam. Aline diz a Vitor que ele podecontar sempre com ela. Vitor vaiao quarto de Amanda e volta a di-zer que a ama. Vitor pergunta aAmanda o que Eduardo tem queele não tem. Amanda o expulsade seu quarto. Olavo acha estra-nho o fato de Amanda e Eduardonão irem para a lua de mel.Terça-feira - Eduardo apresenta

Amanda aos empregados da fa-zenda. Depois de trocar de roupa,Amanda diz a Eduardo que quer irconhecer a fazenda. Eduardo a tra-ta com indiferença. Vera comentacom Aline que a casa está maiscalma sem a presença de Aman-da. Amanda abre os armários doquarto e estranha o fato de nãover as roupas de Eduardo. Numtom frio, Eduardo comunica Aman-da que eles irão dormir em quar-tos separados.Quarta-feira - Amanda não enten-de o que Eduardo diz e pergunta

por que eles irão dormir em quar-tos separados. Gélido, Eduardofala que precisa de sua privacida-de e também que sabe o que émelhor para os dois. Amanda ficaaos prantos no quarto, pois elanão sabe o que fez para Eduar-do tratá-la mal. Lucy e Olavo es-tão aflitos, pois não conse-guem fazer contato com Aman-da. No restaurante, Aline diz aVitor que está disposta a fazê-lo esquecer Amanda.Quinta-feira - Amanda pergunta aGlauco como ele conheceu Olavo.

Glauco conta que foi amigo deAloisio. Amanda revela que Aloi-sio era seu pai. Eduardo fica per-plexo com a coincidência. Ao verAmanda triste, Maria lhe dá con-selhos e diz para ela não desistirdo casamento. Galanteador, Glau-co confessa a Amanda que nuncateve a oportunidade de conheceruma mulher graciosa como ela.Eduardo ouve. Deprimida, Aman-da conta a Maria que as atitudesde Eduardo mudam de uma horapara outra. Maria revela a Aman-da que Rodrigo se suicidou.

Sexta-feira - Amanda fica aterrori-zada com o que ouve de Maria. Ja-naina se recusa a receber ordensde Amanda e diz que só obedeceEduardo. Durante discussão comEduardo, Amanda diz que está sesentindo em cárcere privado.Amanda pergunta a Eduardo seele quer que ela vá embora. Frio,Eduardo diz que tudo o que acon-teceu entre os dois foi um grandeerro. Decidida, Amanda fala aEduardo que graças ao recadoque recebeu, ela vai arrumar suasmalas para ir embora.

Terça-feira - Davi quer saber porque Eliabe o odeia tanto. Com aespada no pescoço do irmão, elechama por Abner e os outros. Mi-cal conta a Merabe como ficou sa-bendo que Abner e Doegue iriammatar Davi e como ela o ajudou a

fugir. Davi chega à Giloh e cami-nha com cautela, olhando paratrás. Virando uma rua, Davi trom-ba com Bate-Seba, mas a seguraantes que caia. Ela o reconhece,mas ele não. Davi a admira en-quanto a segura sem perceber.

Ela se solta e sai correndo. Davi fi-ca parado, encantado, observan-do Bate-Seba se afastar.Quinta-feira - Davi relembra apai-xonado do seu ultimo encontrocom Bate-Seba. O profeta aconse-lha Davi a seguir o caminho de

Deus e não se corromper comofez Saul. Merabe diz a Adriel queseu pai não tem mais condiçõesde reinar o povo de Israel. Ele aca-ba lhe dando um tapa no rosto.Saul diz para Mical que ela irá secasar com Paltiel. Mical diz que

não ira se casar e grita com Saul.Ele lhe dá dois tapas no rosto. Umpríncipe traz um prisioneiro enca-puzado para Aquis e a espada deGolias. Um soldado tira o capuz etodos reconhecem Davi, que ficaacuado.

Segunda-feira - Raimundo entra emchoque ao se deparar com Augustamorta. Ao vê-lo junto ao corpo, Adal-bertoacusa Raimundo de ter assas-sinado a própria mãe. Raimundoafirma que se trata de uma armadi-lha, mas Adalberto liga para a polí-cia. Raimundo foge descontrolado.Adalberto falapara Carlosque preci-sa contar para Zizi sobre a morte deAugusta. Guilherme diz que podeter sido qualquer um que sabia doencontro entre Raimundo e Augus-

ta. Raimundo aparece no enterro eZizi o acusa de ser assassino.Terça-feira - Todos se voltam contraRaimundo, mas ele insiste que nãomatou Augusta. Carlos sugere queeledeixeoenterro. Marialice tenta ex-pulsarRaimundoelhedáumtapa.De-sesperado, Raimundo diz que ama amãe e precisa se despedir dela. Lu-cas pressiona Elton para admitir quematou Andrea. Regina telefona paraEltoneLucasoobrigaaatender.Eltoncomeça a chorar e Regina fica horrori-zadaaoouvir a voz deLucas.

Quarta-feira - Regina percebe que Lu-casseguraumaarma.Elaolhanopor-ta-luvasdeseucarroepegasuapisto-la.Protegidaatrásdaportadoveículo,a empresária grita para Lucas que sóvai se aproximar quando ele largar aarma. O ex-motorista de van joga suapistola para Regina. A empresária selevanta e aponta a arma para Lucas.Antes que ela consiga atirar, o ex-mo-torista de van saca outra arma e osdois trocam tiros.Quinta-feira - O olheiro fica impressio-

nado com o talento de Daniel eWellington,porém,pode levarapenasum deles. Francisco explica que foiatéacasadeNelizenodiadoassassi-natoeo investigador decideaveriguare pede que um ajudante levante infor-mações.PatríciachamaapolíciaparaprocurarRegina.O investigadorgaran-te que Elton não é o assassino por-que,atravésdasplacas,seucarroeode Regina foram localizados no esta-cionamentodeumrestaurante.Sexta-feira - Valdisnei questiona Mar-garida sobre os enchimentos sob a

roupa. Ela admite estar fingindo conti-nuargordaparaquenãotentemmatá-la ao descobrirem que cumpriu suamissão. Valdisnei a acusa de ter feitolipoaspiraçãoduranteaviagemaBolí-viaeMargaridapedequeelenãoreve-le a ninguém. Jorge se encontra comBruno,queafirmaqueMarcolinoeNe-lizenãovoltarãoparaoRiodeJaneiro.LucasdizaElton,ReginaeCleberquedesejaqueelessoframantesdemor-rer. Lucas eos refénssão surpreendi-dos por batidas na porta. Juliana pro-curapor Lucas.

Segunda-feira - Jonas exigeque Pilar explique o beijo em Bi-nho. Binho diz a Jonas que gos-ta de Pilar e que está dispostoa mudar por ela. O diretor ficadesconfiado, mas Leila fala pa-ra Jonas dar uma chance aosdois. Alice e Pedro decidemsair sozinhos para conhecer acidade. Pilar garante que Die-go não ficará com Roberta pormuito tempo. Franco e os rebel-des procuram Eva sem suces-so. O empresário decide cha-mar a polícia.Terça-feira - Os rebeldes con-

vencem Franco a não chamar apolícia. Eles encontram Evaapreciando um prédio projeta-do por Oscar Niemeyer e Francofica pasmo. Binho tenta beijarPilar, mas ela se afasta. Marce-lo aconselha Artur a fazer umamassagem para liberar a ten-são. Artur faz com que Marceloe Vicente deixem o loft para re-ceber a massagem de Becky.Márcia encontra uma carta den-tro de seu armário. De volta,Maria comemora o sucesso demais uma armação.Quarta-feira - Ofélia confronta

Mayara, que admite estar commedo da gravidez. Os rebeldescomentam sobre o nervosismoque antecede o dia do show.Franco se oferece para levá-losao local de ensaio. Diego contapara os rebeldes que Márcialhe falou sobre as cartas anôni-mas no colégio. Pilar afirmaque descobrirá quem é o res-ponsável pelas cartas. Binhobeija Pilar na frente de Maria,que garante saber que eles es-tão fingindo. Eva aparece semvoz momentos antes do show.Quinta-feira - Pilar pergunta a

Maria como ela sabe que seunamoro com Binho é uma menti-ra. Os rebeldes consideram apossibilidade de serem a atra-ção principal do show. Os alu-nos colocam Maria contra a pa-rede e a questionam sobre ascartas anônimas. Franco dizaos rebeldes que Eva não estábem. Pilar fala para Binho queestá com ele por conveniência.Binho garante a Pilar que con-quistará Alice. Binho agarra Pi-lar e a beija. Os rebeldes ficamansiosos ao saber que se apre-sentarão sozinhos.

Sexta-feira - Pilar sai do beijocom Binho e diz a ele que nãoserá seu passatempo. Binho aassegura de que nunca se apai-xonará por ela, deixando Pilarsentida. Os rebeldes comemo-ram o sucesso do show. Lupicomunica a Alceu e Bia que elee Luli decidiram adotar umacriança. Maria ameaça des-mascarar o namoro falso de Bi-nho e Pilar e afirma que partici-pará do plano deles. Após faze-rem compras, Roberta, Alice eCarla são abordadas por um ra-paz que as manda entregarsuas sacolas.

Resumo das novelas

CORAÇÕES FERIDOS - 20H30

REI DAVI - 23H00

VIDAS EM JOGO - 22H15

REBELDE - 20H30

RECORD

SBT

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 23 - TV

TurismoTurismo

MONETMONETVIVE!VIVE!

Casa de Monet, entre jardins elagos, impacta pela beleza econservação; o complexo foi doadoà Academia de Belas Artes pelofilho do pintor, Michel, em 1966

TURISMO - 24 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Nesta edição, o leitor(goste ou não de arte)vai se maravilhar com acasa do pintor ClaudeMonet, os jardins comlagos que ele criou e omuseu impressionista.Ele passou lá os últimos43 anos de sua vida

Cecilia [email protected]

A 90 quilômetros de Paris, fica Gi-verny, na região administrativa da Alta-Normandia, no departamento Eure. De-liciosa comuna, com 550 habitantes dis-tribuídos numa área de 6,45 km². Parachegar lá, a paisagem também colaborapara o encantamento. Monet se apaixo-nou pelo lugar e para lá se mudou, em1883, criando o que se pode chamar deparaíso. Prepare-se: você vai entrar nouniverso de Claude Oscar Monet, o paido impressionismo.

Atravessam-se vilarejos de aspectomedieval, vicinais forradas de maciei-ras em pencas, ruelas estreitas, casas depedra com flores na janela e riozinhosgraciosos. Parecem cenas desenhadasna natureza, a arquitetura medieval ur-bana convivendo com flores e frutas.

O complexo inclui a casa e os jar-dins floridos ao redor de lagos, um riozi-nho cortado por pontes, além do museue três lojas que vendem de reproduçõesdo artista a écharpes, flores, toalhas, li-vros, gravuras, com motivos que inspi-raram o grande Claude.

Cecília

Dem

ian/Divulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 25 - TURISMO

Os jardins têm belezaOs jardins têm belezadiferente a cada estação;diferente a cada estação;no inverno, o complexo éno inverno, o complexo é

fechado ao públicofechado ao público

França

GIVERNY ATEMPORALGIVERNY ATEMPORAL

Cecilia [email protected]

Partindo de Paris, é tranquilo ir à terrade Monet. Uma opção cômoda é contrataro passeio de van com guia que pega o turis-ta na porta do hotel. Ou tomar um ônibusaté Giverny. Outra opção: tomar o metrôna Estação Saint Lazare, mais um trem atéVernon e de lá o ônibus até Giverny. To-

das as alternativas são confortáveis. Se vocêtiver a sorte de pegar um guia interessante,vai falar de arte durante 45 minutos.

Pelo caminho, placas pintadas comnenúfares (ou ninféias) preparam o es-pírito do turista.

Monet fez lá sua residência predileta.Moldou a natureza conforme sua inspira-ção. Fantástica inspiração. O lugar refletepaz embora apinhado de turista. Não dá

para dizer qual a maior característica doconjunto. Tudo se equipara em beleza,cultura e história.

É impossível um dia sem muito mo-vimento. Hordas quase frenéticas de vi-sitantes sobem escadas, vasculham sa-las e quartos (a intimidade do artista édevassada), deleitam-se com as telas eperdem-se nas alamedas floridas ounas pontezinhas sombreadas. O am-

biente é de paz e acolhimento. As pes-soas andam numa grande e ordenada‘fila’, perdendo-se em contemplaçãodos jardins. Canteiros de gerânios e tu-lipas, floridos em abundância. Rosasantigas despencam em cacho decaramanchões e estruturas de ferro. Gi-verny muda conforme a estação do ano,porque o jardim se transforma com as dife-rentes floradas nas várias épocas.

TURISMO - 26 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Os nenúfaresDesde 1980, o complexo

Monet foi aberto paravisitação pública, depois depassar por grandes restaura-ções. Hoje é uma das princi-pais atrações turísticas daFrança, procurado por pes-soas interessadas na arte e nacultura.

O jardim das ninféias, ounenúfares, eternizado em te-lasnosmuseus franceses,abri-gaespécies da família dasnin-feáceas, que inclui plantasaquáticas perenes, com gran-des raízes e folhas.

São plantas flutuantes, deflores perfumadas, com qua-tro sépalas verdes e numero-sas pétalas, de igual tamanhodas sépalas. As cores domi-nantes são branca, verde,azul, amarela, além de nuan-ces do rosa ao vermelho.

O lago das ninféias e a

ponte japonesa, exaustiva-mente pintados por Monet,estão hoje espalhados pelosmuseus do mundo e comple-tam o cenário onde o pintorpassouasúltimasquatrodéca-das de vida. Grande parte dastelas estánoMuseu D´ Oran-gerie, D´Orsay, Louvre, Mu-seu Marmottan Monet e nomuseu de Giverny.

Monet gostava de estudaroefeitodaluznomundonatu-ral, por isso pintava o mesmoobjetoemmomentosvariadosdodia,ouao longodo ano,emdiferentesestações.Comoasé-riede23telasretratandomon-tes de feno, pintados entre1890e 1891, e que figuram en-treasmais importantesdahis-tória da arte moderna.

Monet morreu aos 86anos e foi enterrado no cemi-tério da igreja de Giverny.

Como chegar

Os jardineiros da casa transitamcom carriolas cheias de bulbos. Ajoe-lham-se na terra para ver o desabro-char de uma planta. Muito visitante securva respeitoso para observar de per-to aquela florzinha misteriosa que nãoconsta de nenhuma floricultura comer-cial. Não se arrancam uma folha ouflor. O trajeto tem trechos de silêncio, ospés batendo na madeira da ponte, à som-

bra de grandes moitas. No inverno, ocomplexo é fechado ao público. As noi-tes em Giverny são quietas e escuras, reve-lando um céu profusamente estrelado.Os dias são movimentados.

Claude Monet escolheu a cidade pa-ra morar em 1883. Depois de seteanos, já afamado, ele decidiu construira casa e jardins. Parece que ele vive láaté hoje.

1)Aponte japonesa foipintadaemtodas asestaçõesdoanoesobdiferentesefeitos de luz;2) naexuberância do jardim,asimplicidadedeuma flor;3) a jornalistaCeciliaDemian (ao fundo)e suairmã IvoneDemian, emGiverny (2011)

Contrateuma van, quepassano seuhotel, já comoutrospassageiros; informe-sena recepçãosobre asempresas; preço96euros, comingresso incluído

Vádeônibus comempresasque fazermParis/Giverny, comsaída na ruedeRivoli; preço75euros

Váde trem: naestaçãoSaint Lazare, compre passagemparao trajeto Paris/Rouen (22euros); descer emVernon, queficaa7 kmde Giverny; emseguida,pode-sepegar umônibusacada15minutos deVernonpara Giverny; oualugueumbicicletanaestação por 12euros

Fotos: Cecília Demian/Divulgação

Está tudo comoMonet deixou: acama arrumada,a copa emamarelo-cromo,a cozinha azul,panelas e louças

Cecilia [email protected]

Respire e entre na grande egenerosa casa. Sabe-se que hácasas com alma. Com aura. Eidentidade própria. Tudo issoestá concentrado na mansão deGiverny, pintada de rosa, comjanelas em verde-escuro.

Monet parece esperar ládentro também. Bom anfitriãoque foi, ele gostava de grandesalmoços e jantares, com produ-tos exclusivamente da horta edo galinheiro. Os cogumeloseram colhidos ao amanhecer,antes do sol brabo.

Era apaixonado pour finesherbes (ervas finas), tudo culti-vado debaixo de seus olhos.Não raro, ele se sentava numbanco para conferir a azáfamados jardineiros.

A entrada da casa é pelapequena sala azul, estantebranca colada à parede, umalareira apagada. Outra sala,quase igual, destinada à lei-tura, nos leva à terceira,grande e envidraçada, quefuncionava como ateliê.

É lá que Monet gostava deficar, pintando ou sentado à es-crivaninha ou recostado empoltronas de vime, sempre comalmofadas florais.

Nessa sala, as telas (semmoldura) são espalhadas pelaparede, como se ele tivesse da-do um tempo para um cafézi-nho e voltasse já para maisumas pinceladas. O grande ta-

pete está meio gasto, mas temhistória. Uma foto, em pretoe branco, mostra um Monetvelhinho e barbudo, semprede casaco pesado de lã.

Subimos. À frente no corre-dor, o quarto dele, a cama de ca-sal coberta com uma colcha derenda antiga, outra escrivani-nha. Sobre a cômoda com espe-lho, uma bacia e jarro de louçapara se lavar, como era costu-me. Cortinas de renda grossanas janelas, todas com vista glo-riosa para os jardins.

Mais à frente, o closed comum móvel de tampo de mármo-re a servir de pia.

Pelos corredores e escadas,a sequência de pinturas japone-sas revela uma fase criativa doautor. Monet foi pintor de sé-ries. Gostava de pintar o mes-mo objeto ou cena ou local,conforme a luz do dia. Só um

monte de feno ele retratouem 23 telas.

Descemos para a copa, vivae acolhedora, toda em amarelo-cromo, armários, cadeiras, agrande mesa de refeição. A lou-ça estampada (pratos, traves-sas, xícaras) está lá, perfeita erestaurada.

Em seguida, a cozinha todaem azul, da parede de azulejosaos armários e às cortinas xa-drezes. Os utensílios domésti-cos, de cobre, estão enfileira-dos e brilhando. Fogão a car-vão, impecável.

Monet era um bom gour-met também. Suas receitas fo-ram reunidas em ‘Cadernos deCozinha de Monet’, que resul-tou no livro ‘À mesa com Mo-net’, de Joël Robuchon, chef decuisine renomado que se encan-tou com o pintor, sua obra, suacasa e seu estilo de vida.

Saímos para o jardim. Sãoduas partes distintas: uma so-mente de flores, chamadaClos Normand, em frente àcasa, numa profusão de can-teiros; e a segunda, um jar-dim com inspiração japonesa,com a famosa ponte, lagos eum riozinho tranquilo. Asduas partes do jardim são in-terligadas.

O paisagismo é o mesmocriado por Monet, com cama-das de flores de diferentes co-res, tamanho e altura. Ele mis-turou as flores mais simples, co-mo margaridas, com varieda-des raras.

A alameda central é cobertapor arcos de ferro que sustentamroseiras, enroscadas na estruturae de floração abundante.

A segunda parte da proprie-dade é ocupada pelo jardim ja-ponês (olha a ponte aí), sobre

um riacho. Outras pequenaspontes dão um ar idílico à natu-reza. Os nenúfares estão por to-da parte, perfumando tudo.

A propriedade foi doada pe-lo filho Michel à Academia deBelas Artes da França, abrindoao público desde 1980. É umdos pontos turísticos mais visi-tados do país.

No Complexo Monet, hálanchonetes, sorveteria e três lo-jas, que vendem reproduçõesdas obras (a partir de 1,6 euro)a sementes de flores, echarpes,flores artificiais, toalhas, almo-fadas, louça doméstica e obje-tos de decoração. E ainda o Mu-seu Impressionista, com obrasde Renoir, Cézanne, Monet,Edouard Manet, Sisley, Degas,entre outros.

A entrada custa 6 euros pa-ra todo o conjunto (casa, jar-dins e museu).

França

UMA CASA COM ALMA

Cozinha de Monet inspirou caderno de receitas do chef Joël Robuchon, com os ingredientes prediletos do pintor; está tudo no lugar, como ele gostava

TURISMO - 28 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Le Déjeuner (1874) : essas cenas, pintadas por Monet, eram reais; a família adorava grandes reuniões ao ar livre

Osnenúfares (ou ninféias)permeiama obradeMonet; eles florescem duranteoverão inteiro

Nascimento:Paris, 14/11/1840

Naescola:era aluno inquieto, sógostavadedesenhar; fazia caricaturasdosprofessores

Ganhando dinheiro: aos15anos cobrava10 francospordesenho

Amigode: pintorBoudin, que oensinou apintar aoar livre

Estudos:Pintura, naAcadémieSuisse,Paris

Novosamigos: Pissaro,Coubert, Bazille,Renoir, Sisley, Manet,Degas eMorisot, quesetornariamexpoentes napintura, além doescritor ÉmileZola

Casamento: com CamilleDoncieux

Filhos: Jean eMichel

Londres:mora algum tempo láe volta àFrança

1874: Monet e seus amigos fazemuma exposição que marca o início domovimento impressionista, mas anovidade não é bem recebida

1876: Monet conhece ErnestHoschedé esuamulher Alice, que se tornamseusadmiradorese patrocinadores

1877: Hoschedévai à falência emuda-separaBélgica

1879: morreCamille

1880: sucessona exposiçãode Moneteoutros impressionistas emNovaYork

1883: alugacasa emGiverny

1887: novaexposição emNovaYork

1890: compraacasaem Giverny

1891:morreErnestHoschedé

1892: Monete a viúvaAlice secasam;o

casal contrata seis jardineiros paraajudar acuidar do jardim

1893: Monet compra terreno vizinho econstrói o jardimaquático, queseria suagrande fontede inspiraçãonos anosseguintes

1894: ele conclui a série daCatedral deRouen

1896-97: duranteo verão pintapaisagensdo rio Sena, retomando umtema doinício dacarreira

Início doséculo:Monet visita váriospaísesdaEuropa; pinta umasérie depaisagensdo rio Tâmisa, Inglaterra

Apartir de1907: problemasde cataratainfluemnasua pintura

1911: morreAlice;Monet dedica-seexclusivamenteàpintura; o tema preferidopassaa sero jardim

1916: constrói estúdioe começaapintarasninféias

1918: Monetdoa as telas aogovernofrancêscomo fim daPrimeiraGuerra, hojeexpostasnoMuseu des Orangeries, emParis,especialmenteconstruídopara isso

1923: Monetestá quase cego, éoperadodacatarataeusaóculos

5/12/1926:Monet morreemGiverny,onde foi enterrado

O gênio Monet

No alto, asala-ateliê

com vista parao jardim

japonês: aocentro, a copaamarela, coma louça do diaa dia; em azul,

a saleta deleitura

Fotos: Reprodução

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 29 - TURISMO

Pelasveredasfloridas

França

Cecilia [email protected]

Monet nasceu em 1840 emorreu em 1926, deixando o le-gado imorredouro de sua obra,exposta nos melhores museusdo mundo. Enfrentou dificul-dades financeiras no começoda carreira, mas sobreviveu.

O complexo casa-jardins-museu, administrado pela Fon-dation Claude Monet, da Aca-démie des Beaux Arts, é umdos espaços mais bonitos doplaneta, sacudindo o nosso co-ração. Um passeio de cinco ho-

ras por lá (o mais procurado) éum mergulho no que a Françaculta tem de mais significativoem termos artísticos.

Se quiser pernoitar para absor-ver mais essa maravilha, Givernytem hotéis e pousadas gostosas,com diárias de R$ 182 a R$ 366.Se tudo estiver lotado, procure re-servas nas cidades do entorno, co-mo Saint Marcel, Rolleboise, Epo-ne, Gaillon, entre outras. Nossopercurso foi feito de van, a 96 eu-ros por pessoa. O ingresso ao con-junto custa 6 euros. Vale cadamoeda.E ainda você faz compri-nhas que só existem lá. ■

O passeio é disponível de abril a outubro,todos os dias da semana, menos 2ª feira

De longe, vê-se a casa, instalada em uma colina; ali, o pintor recebiacelebridades da literatura e pintura, além de amigos fiéis

Detalhe do jardim da casa, nos fundos, com as flores de agosto (verão francês); a melhor época paravisitas a Giverny é entre abril e outubro e, com sorte, você verá cerejeiras floridas no quintal

TURISMO - 30 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO

Cada canteiro, um encanto diferente, principalmente pelas roseiras ao fundo ; Monet gostava decamadas e camadas de flores, das simples às raridades, com florações alternadas

Canteiros voluptuosos fazem o turista parar para apreciar e aindacomprar sementes de cléome de cuba, nigelle de damas e mini rosier

Os jardineiros têm uma dedicação quase religiosa às plantas; écomum vê-los de joelhos, revolvendo a terra e plantando bulbos

Pelas vicinais até chegar a Giverny, seguindo o rio Sena, asmacieiras se enfileiram, carregadas em pencas

Fotos: Andrea Demian/Divulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 / 31 - TURISMO

Paulo Coelho

COMO SE FOSSEA PRIMEIRA VEZ

Escritor

Mesmo as coisas com as quais estou habituado serão revestidasdo mistério da descoberta. Assim, elas manifestarão o milagre doreencontro com emoções que já tinham sido desgastadas pela rotina

Eu quero acreditar que vou olhar ca-da dia como se fosse a primeira vez. Veras pessoas que me cercam com surpresa eespanto, alegre por descobrir que estãoao meu lado dividindo algo chamadoamor, muito falado, pouco entendido.

Entrarei no primeiro ônibus que pas-sar, sem perguntar em que direção está in-do, e saltarei assim que olhar algo que mechame atenção. Passarei por um mendigoque me pedirá uma esmola. Talvez eu dê,talvez eu ache que irá gastar em bebida esiga adiante, escutando seus insultos, eentendendo que esta é sua forma de co-municar-se comigo. Passarei por alguémque está tentando destruir uma cabine te-lefônica. Talvez eu tente impedi-lo, tal-vez eu entenda que faz isso porque nãotem ninguém com quem conversar do ou-tro lado da linha, e desta maneira procu-ra espantar sua solidão.

Eu olharei tudo e todos como se fossea primeira vez – principalmente as peque-nas coisas, com as quais já estou habitua-do, e esqueci-me da magia que me cerca.As teclas do meu computador, por exem-plo, que se movem com uma energia queeu não compreendo. O papel que aparecena tela, e que há muito tempo não se ma-nifesta de maneira física, embora eu acre-dite que esteja escrevendo em uma folhabranca, onde é fácil corrigir apertandoapenas uma tecla. Ao lado da tela do com-putador acumulam-se alguns papéis que

não tenho paciência de colocar em or-dem, mas se eu achar que escondem novi-dades, todas estas cartas, lembretes, recor-tes, recibos ganharão vida própria e terãohistórias curiosas – do passado e do futu-ro – para me contar. Tantas coisas nomundo, tantos caminhos percorridos,tantas entradas e saídas na minha vida.

Vou colocar uma camisa que costumousar sempre, e pela primeira vez vou pres-tar atenção à sua etiqueta, a maneira co-mo foi costurada, e vou procurar imagi-nar as mãos que a desenharam, e as má-quinas que transformaram este desenhoem algo material, visível.

E mesmo as coisas com as quais estouhabituado – como o arco e as flechas, a xí-cara de café da manhã, as botas que setransformaram em uma extensão demeus pés depois de muito uso – serão re-vestidas do mistério da descoberta. Quetudo que minha mão tocar, meus olhos vi-rem, minha boca provar, seja diferenteagora, embora tenha sido igual por mui-tos anos. Assim, elas deixarão de ser natu-reza morta e passarão a me transmitir osegredo de estarem comigo por tanto tem-po, e manifestarão o milagre do reencon-tro com emoções que já tinham sido des-gastadas pela rotina.

Quero olhar pela primeira vez o sol,se amanhã fizer sol; o tempo nublado, seamanhã estiver nublado. Acima de mi-nha cabeça existe um céu que a humani-dade inteira, em milhares de anos de ob-

servação, já deu uma série de explica-ções razoáveis. Pois eu esquecerei to-das as coisas que aprendi a respeitodas estrelas, e elas se transformarão denovo em anjos, ou em crianças, ou emqualquer coisa que eu sentir vontadede acreditar no momento.

O tempo e a vida foram transforman-do tudo em algo perfeitamente compreen-sível – e eu preciso do mistério, do trovãoque é a voz de um deus enraivecido, e nãouma simples descarga elétrica que provo-ca vibrações na atmosfera. Eu quero en-cher de novo minha vida de fantasia, por-que um deus enraivecido é muito maiscurioso, aterrador e interessante que umfenômeno físico.

E, finalmente, que eu olhe a mim mes-mo como se fosse a primeira vez que esti-vesse em contato com meu corpo e mi-nha alma. Que eu olhe esta pessoa que ca-minha, que sente, que fala como qual-quer outra, que eu fique admirado comseus gestos mais simples, como conversarcom o carteiro, abrir a correspondência,contemplar sua mulher dormindo ao la-do, perguntando a si mesmo com o queela estará sonhando.

E assim, permanecerei o que sou e o quegosto de ser, uma constante surpresa paramim mesmo. Este eu que não foi criadonem por meu pai, nem por minha mãe, nempela minha escola, mas por tudo aquilo quevivi até hoje, que esqueci de repente, e estoudescobrindo de novo. ■

32 / São José do Rio Preto, 12 de fevereiro de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO