64
Revista Capital 1 Nº 23 . Ano 02 Publicação mensal da S.A. Media Holding . Novembro de 2009 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR SEGUNDO ANIVERSÁRIO Colaboradores e parceiros pronunciam-se MELHORES MARCAS Cahora Bassa: melhor marca moçambicana TURISMO Gorongoza reafirma-se Eleições em Moçambique O voto na estabilidade Eleições em Moçambique O voto na estabilidade The vote on the stability The vote on the stability

Revista Capital 23

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Revista Capital 23

Revista Capital 1

23

. Ano

02

Publicação mensal da S.A. Media Holding . Novembro de 2009 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR

Segundo aniverSárioColaboradores e parceiros pronunciam-se

MelhoreS MarcaSCahora Bassa: melhor marca moçambicana

TuriSMoGorongoza reafirma-se

Eleições em Moçambique

O voto na estabilidadeEleições em Moçambique

O voto na estabilidadeThe vote on the stabilityThe vote on the stability

Page 2: Revista Capital 23

OPINÃO

Revista Capital2

PUB TDM

Page 3: Revista Capital 23

OPINÃO

PUB Suritel

Page 4: Revista Capital 23

Revista Capital4

PUB VOdacom

Page 5: Revista Capital 23

Revista Capital 5

Editorial

Propriedade e Edição: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Rua da Sé, 114 – 3.º andar, 311 / 312 – Telefone/Fax +258 21 329337 – Tel. +258 21 329 338 – [email protected] – Director Geral: Ricardo Botas – [email protected] – Directora Editorial: Helga Neida Nunes – [email protected] – Redacção: Sérgio Mabombo – Sé[email protected]; Stélvio Mate – [email protected] Secretariado Administrativo: Márcia Cruz – [email protected] ; Coop-eração: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers – Colaboradores: Benjamim Bene, Ednilson Jorge; Fátima Mimbire; Filipe Ribas; Leonardo Júnior; Luís Muianga – Colunistas: E. Vasques; Edgar Baloi; Federico Vignati; Hermes Sueia; José V. Claro; Levi Muthemba; Nelson Saúte; Rolando Wane; Samuel Zita – Fotografia: Luís Muianga; Sara Diva – Ilustrações: SA Media Holding; Marta Batista; Miguel Semente, Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. – Design e Grafismo: SA Media Holding – Departamento Comercial: Neusa Simbine – [email protected]; Márcia Naene – [email protected] – Impressão: Magic Print Pty, Jhb – Distribuição: Ana Cláudia Machava - [email protected]; Nito Machaiana – [email protected] ; SA Media Holding; Mabuko, Lda. – Registo: n.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

Ficha Técnica

Ricardo [email protected]

730 dias depoisPor mais longa que seja a caminhada, ela começa sempre com um primeiro passo.

Confesso que desconheço a quem é atribuída esta frase mas considero-a prenhe de ensinamentos. Define perfeitamente a filosofia dos maiores empreendimentos da

humanidade assim como se ajusta a todos os outros e ensina-nos que, dos pequenos ges-tos se parte para os grandes cometimentos. Basta para tal que não nos falte engenho nem arte.Este mês de Novembro de 2009 assinala a passagem do segundo aniversário da Revista CAPITAL e, para os que a vivem a todo o instante, já parece longínqua a data do primeiro passo. A equipa que iniciou o projecto evoluiu, refez-se, metamorfoseou-se, mas os que saíram souberam guardar o contacto e os que entraram beberam da experiência dos inicia-dores e continuadores e sabem que ainda estamos no início da nossa vida editorial.O trabalho feito com humildade, conhecimento, seriedade e profissionalismo acaba por compensar, a médio e longo prazo, mesmo se, no início, nem tudo corre bem e os obstácu-los aparentam ser intransponíveis.Sabemos que ainda estamos longe de realizar um trabalho perfeito, no entanto, em cada dia que passa procuramos fazer melhor que no dia anterior, evitamos cometer o mesmo erro duas vezes e colocamo-nos em causa sempre que necessário.Para atingirmos as 23 edições e os dois anos de existência, tivemos a sorte de ter parceiros excelentes que nos ampararam nos tempos difíceis e nos incentivaram a ir em frente.Às agências de publicidade aos anunciantes individuais, ao tecido empresarial, cumpre nesta altura uma palavra de agradecimento pela confiança demonstrada, pelos incentivos e conselhos que nos prodigalizaram. Continuem a apostar em nós, contamos convosco.Às instituições, às empresas de consultoria, gabinetes especializados, estruturas oficiais, que connosco assinaram acordos de parceria e colaboram mensalmente com os seus co-nhecimentos, o nosso muito obrigado.Aos leitores, que já se habituaram a este produto diferente e que esperam a saída de cada número com expectativa, a nossa afirmação que tudo faremos para que continuem a inte-grar o núcleo duro desta equipa.E, olhando também para dentro da estrutura, é forçoso salientar a confiança do Conselho de Administração ao longo de todo o processo e que, apesar das vicissitudes, apostou na continuidade, empenhou-se e permitiu que hoje estejamos a festejar o 2º aniversário.Uma palavra de apreço para os dois primeiros directores da CAPITAL, Ilídio Bila e Luís Mucave, que souberam trazer o barco a porto seguro, evitar os escolhos e nunca perderam o contacto com a “sua” revista apesar dos múltiplos afazeres.E, como os últimos são sempre os primeiros, obrigado à vasta equipa de colaboradores, à Helga Nunes, inexcedível directora editorial desde a primeira hora, aos jornalistas, comer-ciais, administrativos, designers, pessoal de apoio, cujos nomes constam na ficha técnica e a outros que já nos deixaram mas cujo convívio não esquecemos. Graças a todos os esforços conjugados poderemos não fazer a melhor revista do mundo, mas a que mensalmente chega às vossas mãos não nos envergonha.Voltamos no próximo mês.

Page 6: Revista Capital 23

Revista Capital6

Sumário

12DESTAQUE

17 ENTREVISTA

25MARKETING

Segundo aniversário

Dois anos depois, alguns colaboradores e parceiros pronunciam-se sobre sobre o papel dos média no mundo dos negócios e sobre a sua experiência no caminho que nos trouxe até Novembro de 2009.

Moçambicanos votam na auto-estima

A vitória de Armando Guebuza e da Frelimo, apresentada por Ricardo Botas também como o voto na estabilidade, na auto-estima e no desenvolvimento económico

a era do conhecimento

O professor Idalberto Chiavenato esteve no I Con-gresso Internacional de Recursos Humanos, em Maputo e Sérgio Mabombo foi falar com alguns dos participantes.

32NACIONAL

Melhores Marcas de Moçambique

Hidroeléctrica de Cahora Bassa foi eleita a MMM num estudo que envolveu 14.000 inquiridos.

novembro de 2007

Parece que foi ontem mas já lá vão mais de 700 dias. A capa era sóbria, uma fotografia em tons escuros com a imagem do troféu da Ernst & Young nas mãos de um vencedor de que só se via o tronco, vestido com uma in-dumentária de cerimónia. Uma mensagem subliminar como que a dizer que daríamos prioridade ao essencial, sem esquecer tudo o que o rodeia. Um primeiro número com 32 páginas, já com muitas das secções que ainda existem e a pre-ocupação de seguir de perto o acontecimento, numa perspectiva analítica.O fio condutor do primeiro contacto com a sociedade moçambicana era o empreendedo-rismo e considerava-se no Editorial que não existia motor melhor para dar o arranque a qualquer projecto.Entre os temas abordados destacavam-se o fim dos Transportes Oliveira, um ex-libris de Moçambique e um repositório de recor-dações, a exploração de areias pesadas em Moma e a Refinaria de Petróleo de Nacala-a-velha com arranque previsto para 2015. Claro que a entrega de prémios “empreende-dor do ano 2007”, promovido pela multina-cional Ernst & Young também pontuava nes-ta primeira edição, assim como uma análise sobre os acordos de parceria económica da SADC, a denotar as preocupações interna-cionais da equipa editorial e a sua intenção de estar atenta ao pulsar económico também dos países vizinhos.Os artigos de opinião estiveram presentes no número 1, através da pena de Edgar Balói, Jaime Langa, J. LaFleur da CTA e Manuel Relvas, da Ernst & Young.

anunciantes no nº 1aP capital; ernst & Young; cTa – 10ª conferência anual do Sector Privado; Mozlog; Kulunga e elo-Sociedade de investimentos, lda.

1

Page 7: Revista Capital 23

Revista Capital 7

58 ESTILOS DE VIDA

41TURISMO

39EMPRESASOs desafios da Petromoc

A escassez de combustíveis fósseis, as alternativas que se colocam à empresa nacional dos petróleos moçambicanos e os grandes desafios de contribuir para um ambiente de melhor qualidade, são alguns dos temas abordadas numa conversa com o administrador Eduardo Magalhães

PNG já figura no “top ten” dos destinos safaris

Sérgio Mabombo dissecou o Parque Nacional da Gorongoza, desde a glória passada aos nossos dias, passando pelos anos de guerra que quase o fizeram desaparecer.

Neste número de aniversário até os Estilos comemoram e têm dire-ito, excepcionalmente, a mais uma página. Aí se fala do Regresso da Economia da Depressão, à mistura com um Clube de Golf que desponta na Costa do Sol, dois restaurantes completamente difer-entes e um filme épico sobre o Profeta Maomé que será inteira-mente rodado no Qatar.

48FISCALIDADEas alterações ao acordo de dupla tributação

Malaika Ribeiro, Senior Manager da PricewaterhouseCoopers, retoma o tema da dupla tributação, desta vez entre Portugal e Moçambique. Dos conceitos essenciais, até às formas de atenu-ação ou eliminação da dupla tributação, a análise preocupa-se em desvendar os pequenos mistérios dos grandes temas fiscais.

Fevereiro de 2008

Um hiato de 2 meses, como para tomar ba-lanço e afinar estratégias, e eis que é dado à estampa o nº 2 da Revista CAPITAL. Moçambique como destino turístico de elei-ção, com uma fotografia de praia e água azul, faziam a capa que noticiava ainda a nomea-ção do empresário Noor Momade, proprie-tário da Agência de Viagens COTUR como Cônsul Honorário da República da Tailândia em Moçambique.No interior o destaque ia para a cimeira de Lisboa que juntara 80 países da União Euro-peia e de África e para a 10ª edição das 100 maiores empresas moçambicanas, da res-ponsabilidade da KPMG e onde a Mozal, sem surpresas, ocupava o primeiro lugar, como aliás aconteceria nos anos seguintes. Mas isso, naquele momento, ainda era futuro.Samuel Zita escrevia sobre os acordos de parceria económica África – União Europeia e contrapunha-os à integração regional, en-quanto Mário Sitoe falava da Responsabilida-de Social enquanto Estratégia de Sustentabi-lidade.O ambiente de negócios em Moçambique era também factor de preocupação da equipa re-dactorial e analisava-se a evolução da Banca em Angola, assim como as marcas que usa-mos todos os dias e que constituem apenas a ponta do iceberg dos negócios de franchising e outras concessões.Manuel Relvas, da Ernst & Young, aborda as normas internacionais de Relato Financei-ro, centrando-as no processo de convergên-cia em Moçambique e Nelson Saúte escreve também sobre a responsabilidade social das empresas ao abrigo do título: A ética da res-ponsabilidade colectiva.

anunciantes no nº 2ernst & Young; TvSd _ Teleco-municações e electrónica, lda.; Top Tours; Mozlog e aP capital

2

Page 8: Revista Capital 23

Revista Capital8

BOLSA DE VALORES

Capitoon

Coisas que se dizemEu quero, posso e mando!«É infeliz escolher um país tão pobre como Moçambique para destino de férias, especialmente se se faz isso por razões de privacidade», Michiel Zonevyle, presidente da Bond van Oranjeverenigingen, que coor-dena as festas da monarquia holandesa, a propósito do herdeiro do trono ter sido acusado de se portar como uma criança mimada por insistir na construção de uma mansão na região pobre do sul de Moçambique

Mais vale prevenir…«Já tivemos este ano em Madagáscar o primeiro golpe de Estado da histó-ria provocado por insegurança alimentar e os países desérticos do Médio Oriente, que estão em pânico, multiplicaram compras de terra arável em todo o mundo»,António Costa Silva, docente do IST (Portugal), dissertando sobre econo-mia e gestão de recursos

Transparentes, mas nem tanto«Não é claro que os bancos estejam limpos. Faz-se essa crítica aos norte-americanos, mas na Europa ainda há mais razões para suspeitarmos de problemas. Não se sabe que resultados deram os stress tests, não há a mes-ma transparência, e sabe-se que continuam activos os mesmos sistemas de bónus que incentivaram que se assumissem riscos desproporcionados»,Mira Amaral, presidente do Banco BIC, a propósito dos bancos retorna-rem à normalidade.

EM ALTA

agriculTura. Moçambique perspec-tiva bons resultados na campanha agrícola 2009/2010. O país projecta produzir 2.9 mi-lhões de toneladas de cereais, o que representa um aumento de 11 % em relação à anterior e 9.9 milhões de toneladas de mandioca, equivalente a uma evolução de 8%.

elecTricidade. Machanga (Sofala) já se econtra ligada à Rede Nacional de Energia Eléc-trica pertencente à empresa pública Electrici-dade de Moçambique (EDM). O fornecimento é feito a partir de um dos quatro geradores ad-quiridos pela EDM e instalado na vila sede de Nova Mambone, na província de Inhambane.

auToridade TriBuTária. A Autorida-de Tributária de Moçambique encontra-se a 1% da meta da receita prevista. A AT afirma que a cobrança de impostos internos, de Janeiro a Setembro deste ano, resultou na angariação de 22,5 milhões de meticais, valor que constitui 99% da meta prevista.

governo. Num momento em que se intensi-fica a actividade geológica-mineira no país, com o investimento directo o sector a passar de 101 milhões de dólares norte-americanos, em 2004, para 804 milhões, em 2008, o Governo propõe-se a reforçar a fiscalização da desta actividade para minimizar possíveis danos ambientais re-sultantes desta prospecção.

SOMA E SEGUE

dePendÊncia eXTerna. Os africanos devem imaginar um mundo africano não defi-nido pelo Banco Mundial nem pelo FMI, mas que seja proveniente da própria Africa. Esta é a posição defendida pelo director executivo da organização moçambicana Fundação para o De-senvolvimento da Comunidade (FDC), Narciso Matos, que considera essa medida necessária para os africanos saírem da dependência ex-terna e se tornarem nos agentes do seu próprio desenvolvimento.

EM BAIXA

SeguranÇa aliMenTar. Mais de 260 mil pessoas enfrentam uma situação de inse-gurança alimentar aguda em razão de bolsas de fome que afectam determinadas regiões do país. As vítimas vão precisar de assistência alimentar até às próximas colheitas em Março/Abril pró-ximo, segundo dados divulgados pelo Conselho Técnico de Gestão de Calamidades.

áFrica do Sul. O país vizinho vai falhar as metas para a implementação do programa de reforma agrária, cuja conclusão havia sido estabelecida para o ano de 2014, e que previa a redistribuição de um terço das terras aráveis de uma minoria branca pela maioria negra sem terra, disse o director geral do departamento de desenvolvimento rural e reforma agrária.

Page 9: Revista Capital 23

Revista Capital 9

Page 10: Revista Capital 23

Revista Capital10

BREVES

MinaSMina de Marrupino retoma actividades

A mina de Marrupino, concessionada à Highland African Mining e subsidiária da empresa Noventa, retoma a exploração das minas de tântalo em Março de 2010, se-gundo o Ministério dos Recursos Minerais (MIREM).

A empresa Noventa foi afectada pela crise financeira internacional e, como resultado, a Highland African Mining paralisou as opera-ções de produção na província da Zambézia e reduziu a força de trabalho.

O MIREM refere que vem trabalhando com a empresa Noventa tendo em vista estabele-cer novas parcerias comerciais, facto que permitiu resolver o problema financeiro.

A empresa Noventa possui direitos de ex-ploração de outras minas na província da Zambézia, nomeadamente as de Mutala e Murrua. A sua operação de exploração con-siste na extracção e processamento de con-centrado de tântalo, com uma capacidade instalada de produção de 441.000 libras de tântalo (por ano) para exportação, tendo já sido assegurados mercados internacionais para fornecimento do produto e garantidos mais de 350 postos de trabalho para nacio-nais na sua fase de produção.

MinaS iinovo jazigo de carvão para riversdale

A Riversdale Mining anunciou a desco-berta de um segundo maior jazigo de car-vão mineral na bacia de Moatize, num local adjacente ao projecto de carvão mineral de Benga, na província de Tete.

Trata-se do já chamado “Projecto Zam-beze”, que constitui o segundo jazigo de grande porte controlado totalmente pela Ri-versdale em Tete. Estima-se que este novo recurso tenha 1,7 mil milhões de toneladas de carvão, quantidade que se adiciona aos quatro mil milhões de toneladas de carvão do Projecto de Benga.

Segundo a Riversdale Mining, esta estima-tiva baseia-se em 120 perfurações realizadas nos últimos 12 meses. A área da licença de prospecção e pesquisa cobre um espaço de 24.740 hectares e, até ao momento, concen-trou-se na zona abrangida pela licença.

O presidente executivo da Riversdale, Mi-chael O’Keeffe, disse que o esforço da equi-pa desta empresa em Moçambique resultou num projecto de «primeira classe» seme-lhante ao de Benga, mas que pode vir a ser uma operação de «escala ainda maior».

Descoberto este projecto, a empresa diz que irá avançar intensivamente com as per-furações, bem como com os estudos do mer-cado e de qualidade do carvão para «deter-minar a viabilidade do desenvolvimento de uma mina a céu aberto de grande escala».

TelecoMunicaÇÕeSvodacom investe 15,2 milhões e compensa clientes por avaria

A Vodacom Moçambique investiu 15,2 milhões de dólares em promoções visando beneficiar os seus clientes, como recom-pensa pelos danos causados na sequência da avaria da central da sua rede nacional. Avaria essa que deixou os seus clientes dois dias sem efectuar qualquer tipo de comu-nicação.

Nesse sentido, a Vodacom, além de regu-larizar os benefícios das recargas promo-cionais, ofereceu aos actuais clientes do serviço pré-pago minutos grátis no valor de 200 meticais (7,2 dólares), a serem usados na rede Vodacom até ao final de Outubro. Aos actuais clientes do serviço pós-pago foi oferecido um desconto de 30% na próxima subscrição mensal.

A avaria da Vodacom surgiu quando uma equipa técnica efectuava uma manutenção de rotina na rede da empresa, tendo-se verificado uma anomalia dos sistemas de energia que alimentam a central telefóni-ca. Os técnicos tentaram reactivar a central telefónica, mas o seu esforço revelava-se em vão porque se havia registado uma cor-rupção dos ficheiros na base de dados. Para reparar o problema, a Vodacom teve de mobilizar um grupo de técnicos da África do Sul que trabalharam em conjunto com os seus pares moçambicanos. Entretanto, a solução do problema passou pela instala-

ção de uma nova central telefónica.

Março de 2008

Como num eco às manifestações do mês de Fevereiro de 2008, de protesto contra o aumento das tarifas dos cha-pas, a capa da edição de Março desse ano perguntava: que solução para a cri-se nos transportes? Mas a pergunta era dupla pois a cobertura da revista inqui-ria ainda se estaríamos subjugados pela dependência do petróleo importado.Uma chamada na parte superior da capa, a fundo negro, logo acima do tí-tulo, inaugurava um novo grafismo e anunciava uma entrevista com o Minis-tro do Turismo Fernando Sumbana.A importância da Bolsa de Valores no Sistema Financeiro era analisada por Cláudio Banze e a CTA pronunciava-se sobre a facilitação do comércio para concorrência fortalecida nos países da Commonwealth.Na grande entrevista, Helga Nunes tentava saber quem eram os principais investidores no sector turístico mo-çambicano enquanto Fernando Sum-bana garantia que “no turismo temos de enterrar o dinheiro”. E a edição nº 3 terminava com a habitual crónica da Ernst & Young, neste número sobre o plano geral de contabilidade e acentu-ando as principais diferenças para as IFRS, enquanto Nelson Saúte “dese-nhava” a nova geografia do capitalis-mo.

anunciantes no nº 3ernst & Young; Maputo Shopping centre; cotur – Travel & Tours; dcc – digital connection con-sulting; amecon – associação Moçambicana de economistas; aeroportos de Moçambique e.P.; aP capital e Banco Socremo.

3

Page 11: Revista Capital 23

Revista Capital 11

FNB

Page 12: Revista Capital 23

DESTAQUE

12 Revista Capital

Muitas vezes tenho reflectido so-bre o papel dos média no mun-do dos negócios, serão eles os

influenciadores ou meros veículos de trans-missão de informação dos mercados?

Hoje em dia fala-se muito da informação e do poder desta sobre os decisores políti-cos, acontece que a informação na verdade é um modelo para a comunicação e essa é que importa estabelecer e reforçar. Pode parecer académico distinguir comunicação de infor-mação, mas é muito mais importante do que parece.

Os jornalistas e analistas trabalham o pro-cesso de comunicação – que flui entre um emissor e um receptor – obviamente este “canal” é afectado de ruído ambiente. Deste modo, o jornalista terá de separar a mensa-gem de entre um conjunto delas, fruto de todo o ruído e das suas convicções pessoais.

É neste último ponto que reside o grande problema do jornalismo – a sua isenção pe-rante os diferentes factos e diversos poderes.

Serão os jornalistas isentos?Vou abordar apenas dois aspectos.Na generalidade diria que os jornalistas

são ingénuos e deste modo ficam à mer-cê dos grandes comunicadores e analistas que moldam a realidade, que criam reali-dades puramente virtuais onde se movem e manipulam. Neste caso o jornalista como operador no processo de comunicação li-mita-se a transmitir e emitir a sua opi-nião sobre factos irreais.

Um outro aspecto tem que ver com a concentração das empresas em grandes grupos económicos. Estes grupos que dominam o jornalismo, colocam os seus quadros em situações absolutamente ir-responsáveis. No mesmo dia um jornalista

escreve sobre um assassinato, ou sobre um aspecto dos estatutos de uma universidade e termina no final da noite a escrever um artigo sobre a economia local. A falta de especialização, com erros constantes tan-to de forma como de conteúdo leva ao de-sinteresse dos leitores e ao descrédito dos meios de informação.

A bem da informação especializada, sé-ria e responsável, estes assuntos devem ser abordados e discutidos com todos – políticos, homens de negócios, jornalistas, académicos e o público em geral. É assim que se constrói a Democracia.

Neste aniversário da revista Capital desejo-lhe muitos anos de vida com bom jornalismo.

Jornalismo e comunicação

– uma relação em construção

Dois anos. Ao fim de três comprova-se ou não a viabilidade de uma empresa. A Capital parece provar (se é que fosse pre-ciso) antes do tempo a sua importância. Sim, porque a viabilidade acho que não está em causa. Estará portanto antes do tempo, à frente do tempo… a marcar o tempo. Tal como um metrónomo, que facilita a vida a quem o segue.

Vivemos num tempo em que, às vezes, não temos tempo de ter tempo. Para nada. É louvável que nesse tempo haja alguém “Capital” a fazer-nos uma triagem do im-portante ao acessório. Mais um mérito.

Na Europa, em concreto, em Portugal, a Imprensa económica é a única que ain-da cresce após anos e anos de descida nas vendas comparativamente com a restante. Provavelmente, a Imprensa desportiva terá melhorado os resultados com os resultados do… Benfica. Quando o Benfica ganha, este

país… anima-se. Parece. Mas a Imprensa económica é cada vez mais determinante. Mais do que a política. E talvez, também, do que a Política.

O desenvolvimento económico terá sem-pre a ver com uma visão. Uma perspectiva. Não resisto e vou mesmo contar uma es-tória que ouvi um dia destes: O patrão de uma fábrica de sapatos mandou dois fun-cionários comerciais para a Índia. Ao fim de um dia, um deles telefonou e disse: “Chefe, diminua já a produção de sapatos para metade! Eles aqui na Índia não calçam sapatos!”. Pouco depois, telefona o outro funcionário: “Chefe, duplique a produção! Eles aqui andam descalços! Temos mui-to mercado para vender!”. É sempre a tal questão se encaramos o copo como estando “meio-cheio” ou “meio-vazio”.

Antes de terminar, gostaria apenas de deixar uns números que até há bem pouco tempo duvidaria. Em Portugal o golfe (sim, aquele desporto) já representa 1,25% do PIB, 2 mil milhões de euros de receitas di-rectas e indirectas, 1,1 milhões de dormidas

À frente do tempo… a marcar o tempo

Fernando Ferreira

Jornalista, licenciado em Comunicação e Relações Económicas (Portugal)

e por média, um turista de golfe gasta dia-riamente 250 euros. Portugal agora parece que dá para o golfe. E África dá para quê?... Para tudo.

Hoje não é somenete “bem-vindo aos seus ouvidos” mas sim “bem-vindo ao futuro Capital”.

Longa vida!

(*) Professor da Universidade de Aveiro e Coordena-dor Geral do Projecto Pensas@moz

Anónio Batel Anjo (*)

Page 13: Revista Capital 23

Pede-nos a Editora para exprimirmos (jornalistas e colaboradores) uma opinião, nesta edição que marca o aniversário da revista.

Para tal, parece-me útil colocar esta pu-blicação na faixa de leitores a que se desti-na, assim como inseri-la no quadrante dos “media” a que pertence.

Não é uma revista para o grande público, considerando a sua especificidade econó-mica e financeira, com as consequentes co-notações sociopolíticas, que requerem um leitor mais informado.

Não é também uma revista académica onde se debatem teorias científicas, res-peitantes às áreas que cobre, nem tem in-tenções polémicas, ideológicas ou não, pois

pretende ser mais “terra à terra” sem, con-tudo, enveredar pela mediocridade.

Toda a comunicação tem uma função in-formativa ou formativa, ou ambas, como é o caso presente.

Olhando de fora e revendo as várias edi-ções surgidas até agora, devo dizer que às boas intenções que motivam a sua publica-ção não correspondeu, ainda, uma adesão de leitores que, como sempre acontece, são mais que os compradores.

Com as limitações que as circunstâncias impõem, a revista tem sido informativa den-tro dos parâmetros que lhe estão designados e, com a sua periodicidade (mensal), não é um instrumento de noticiário, como os jor-nais, mas informa mercê de um conteúdo in-temporal: não é o acontecimento de ontem, mas um fenómeno continuado que perma-nece e se repercute na maneira de viver e de

estar das pessoas e das instituições.Tem procurado também ser formativa,

pondo em letra de forma fenómenos, mais do que acontecimentos, (mas por vezes ba-seados nestes), que permitam aos leitores uma interpretação e um entendimento das marés e dos ventos em que o “barco social” navega. Procura, muitas vezes, colocar fa-róis que permitam aos leitores encontrar um rumo para as suas opiniões, sem querer ser um barco piloto.

Talvez, por isso, alguns “iluminados” não tenham percebido (ou não queiram perce-ber – têm luz suficiente ou pensam que es-tão fundeados em porto seguro e não que-rem saber dos que se iluminam com velas ou candeias), que a revista não é um rumo, mas apenas um astrolábio. Os leitores têm de ler os astros e escolher o rumo.

É apenas uma opinião.

DESTAQUE

13Revista Capital

E. Vasques

Consultor em Direito Internacional

Por razões profissionais, sou um obser-vador do panorama das publicações, pro-venientes de diversos países. Estou liga-do, há alguns anos, ao mundo dos média impressos e já vi surgir alguns projectos fantásticos no mercado. Projectos esses orientados por critérios de qualidade edi-torial e gráfica que garantem a coerência suficiente para fidelizar um público cada vez mais exigente.

No que diz respeito à revista “Capital”, devo sublinhar a importância evidenciada na abordagem gráfica. O seu design é con-temporâneo e cuidado, sem deixar de ser divertido e sem retirar importância a uma temática que deve espelhar a seriedade dos meios económicos. No fundo, facilita a leitura e remete o leitor para o carácter essencial da informação.

Desde o início que acompanho os nú-meros da "Capital", e com agrado verifico um crescendo na qualidade da revista. Um país que revela um crescimento econó-mico, com elevado potencial em diversas áreas, necessita de uma publicação que re-flicta sobre os caminhos a trilhar; que for-neça informação relevante para a geração

de riqueza; que ajude a identificar as boas práticas necessárias para vencer os desa-fios de um mundo cada vez mais global e exigente.

O caminho percorrido em dois anos deixa antever a procura constante de um produto editorial cada vez melhor, possível através do estabelecimento de elevados padrões de

qualidade e da adequação do conteúdo ao pulsar do público e do mercado.

Em suma, a equipa que permite que a revista esteja nas bancas todos os meses, tem procurado vencer todos estes desafios e penso que a “Capital” poderá vir a ser uma montra para a actividade económica do país lá fora.

uma montra para a actividade económica

Rui BatistaDesigner de Comunicação

uma opinião a propósito do aniversário

Page 14: Revista Capital 23

Revista Capital14

DESTAQUE DESTAQUE

E. Vasques,

Rui Batista, Designer de Comunicação

Não pude deixar de me sentir lisonjeado quando recebi o convite para me pronun-ciar acerca dos dois anos de vida da Revista Capital. No entanto, e paralelamente, senti subitamente o peso de tamanha responsa-bilidade. Não porque não tivesse opinião formada sobre esta, mas porque temia não encontrar adjectivos apropriados para ex-primir essa opinião e, sobretudo, porque percebi que a minha opinião, quer eu qui-sesse quer não, confundir-se-ia automati-camente com a opinião do sector empresa-rial privado, no seu todo.

Olhando para os dois anos de existência desta Revista, notam-se, claramente algu-mas características próprias e inconfundí-veis: seriedade, conteúdo rico, informação actual e importante e, acima de tudo, qua-lidade.

Como sector privado sentimo-nos bastan-te honrados e orgulhosos por termos sido, ao longo deste período, um dos parceiros privilegiados da “Capital” e, como tal, fa-zemos votos para que tenha longa vida e muitos sucessos. Sucessos esses que, espe-ramos, se traduzam em ganhos para os seus leitores dentre os quais, diga-se, contam-se muitos empresários.

A importância da “Capital” no mercado, não deve ser vista de um modo isolado. Ela enquadra-se na importância que os Me-dia, no geral, desempenham na economia

nacional. Eles são, por excelência, um ele-mento dinamizador da economia. Quer sob ponto de vista de informação sobre merca-dos, preços, bolsa, taxas de câmbios e, so-bretudo, oportunidades de negócios, bem como do conhecimento que transmitem.

Estes aspectos, contribuem, ainda que indirectamente, para o desenvolvimento económico do País, o que acresce a respon-sabilidade destes.

A informação pode influenciar, positiva ou negativamente, o posicionamento ou deci-sões do investidor, pode ajudar a atrair ou re-trair o investimento, contribuir para a criação de mais postos de trabalho, ou para a perda destes, daí a responsabilidade cada vez maior que os seus fazedores devem assumir.

Aos Media do sector privado, apelamos para que sejam mais arrojados, mais cria-tivos, mais dinâmicos, mais nacionalistas, não que para os outros não o façamos, mas o sector privado, nos seus mais diversos factores, tem vindo a assumir-se, a cada dia que passa, como a força motriz para o cres-cimento de Moçambique.

Portanto estas são as palavras que me apraz dizer nesta ocasião importante. Não terminaria sem antes reiterar o nosso com-promisso, entanto que representantes do sector privado, em continuar a privilegiar o nosso apoio a todas as iniciativas que visem o crescimento das empresas moçambica-nas, no geral, e da Revista Capital, no caso em apreço.

Por um Melhor Ambiente de Negócios!

os média como elemento dinamizador da economia

Salimo Abdula

Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA)

abril de 2008

Uma cobertura incandescente neste número, com carvões a arder e o títu-lo: Minérios e biocombustíveis contra crise energética, assim como uma cha-mada de atenção de primeira página, acima do título e já na versão preto e fotos, para a escassez de alimentos que preocupava o Mundo, e para a Ministra dos Recursos Minerais que comparava Moçambique à bacia do Níger. A secção das notícias breves era inau-gurada nesta edição, assim como os Es-tilos de Vida e abordava-se a realização do VII Encontro de Economistas de Países de Língua Oficial Portuguesa.A Ministra Esperança Bias afirmava que existia já uma corrida ao minério moçambicano e Amina Bacar, também moçambicana, 33 anos, empresária, falava da sua vida enquanto mulher e empreendedora.A visita oficial do Presidente da Repú-blica Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, a Moçambique era também assunto de destaque com o lamento do estadista luso que o investimento português em Moçambique era baixo naquela altura e poderia ser muito mais elevado.Samuel Zita constatava que a reforma do sector do açúcar na União Europeia colocava novos desafios a Moçambique, enquanto corrupção e burocracia mere-ciam a análise de Cremildo Maculuve.

anunciantes no nº 4ernst & Young; Panorama – mcel; Maputo Shopping centre; ae-roportos de Moçambique, e.P.; aJ&c, Moçambique, lda.; voda-com; dcc – digital connection consulting; aP capital; Banco Socremo.

4

Page 15: Revista Capital 23

15Revista Capital 15Revista Capital

PUB ABC

Page 16: Revista Capital 23

Revista Capital16

A Revista Capital é uma referência actual da liberdade de expressão no que diz respeito ao jornalismo económico especializado. Trata-se de uma publicação que oferece ao leitor temas actualizados sobre o presente e que oferece pistas sobre o futuro da econo-mia no mercado moçambicano.Torna-se importante, face ao panorama dos média, realçar igualmente que a Capital possui uma perspectiva crítica e positiva. À partida, interessei-me pela revista Capital como leitor. A qualidade do trabalho desen-volvido neste órgão de informação chamou-me a atenção, facto que, sem dúvida, veio a determinar a minha decisão de abraçá-lo como parceiro.

uma perspectiva crítica e positiva

Federico Vignati Assessor Sénior da SNV

Dr. Jorge Ferrão Reitor da Unilúrio (Universidade Lúrio)

Os Média estão a assumir neste século XXI um papel preponderante. A nova indústria da comunicação pode ser um grande factor de desenvolvimento. No meio da revolução tecnológica constante em que vivemos e da crise económica que nos assola, poderão surgir novas oportunidades. A era da glo-balização económica, onde a economia real é dominada pela esfera financeira parece ter os dias contados.

Uma nova ordem terá necessariamente que surgir, suportada nas auto-estradas da infor-mação e nas mudanças dos paradigmas eco-nómicos e financeiros que se avizinham. Se não nos esquecermos que tanto nos Media como em qualquer outra actividade econó-mica o objectivo é sempre a produtividade, então compreendemos que nesta nova or-dem, o poder dos Media continuará a existir apesar de se preverem grandes alterações na sua forma de actuação. A informação conti-nuará certamente a ser um produto de pri-meira necessidade.

Nesse sentido, cabem às publicações es-pecializadas como a Capital Magazine a responsabilidade de informar com objectivi-dade, rigor e credibilidade. Nestes dois anos de existência, a Capital tem demonstrado, ao longo das suas páginas, a preocupação em fazê-lo, estimulando, ao mesmo tempo, a re-flexão e o debate público sobre determinadas temáticas de índole económica. Para regiões remotas como o norte de Moçambique, a Ca-

pital Magazine é um pouco mais do que uma revista, é uma escola de economia portátil.

A toda a equipa endereço as minhas fe-licitações e votos de continuação de bom trabalho.

economia portátil

DESTAQUE

Maio de 2008

A revolução ainda está verde. Foi este o trocadilho utilizado na capa da edição de Maio de 2008 para abordar a ques-tão da Revolução Verde em Moçambi-que. No interior fala-se do triângulo apai-xonante que une petróleo, alimentos e biocombustíveis e da necessidade duma verdadeira Revolução Verde em África. Merece ainda uma atenção es-pecial a 43ª Conferência Anual do BAD realizada em Moçambique, onde a sua liderança defende uma solução global para a África se livrar da crise alimen-tar mundial.A agricultura acaba por marcar este número já que Custódio Mucavele, es-pecialista em desenvolvimento agrário tece algumas reflexões sobre a sua es-pecialidade.Angola também marca presença com um artigo sobre o petróleo que atingia na altura os 120 dólares por barril e ou-tro que aborda o crescimento do país, graças, precisamente, aos petrodólares. O potencial hidrográfico moçambicano e a segunda edição do prémio empre-endedor da Ernst & Young precedem os Estilos de Vida.Finalmente, a explo-são demográfica das cidades periféricas dá o mote para a crónica de opinião de Nelson Saúte.

anunciantes no nº 5ernst & Young; Panorama – mcel, Maputo Shopping center; aJ&c Moçambique, lda.; digital con-nection consulting; vodacom; aeroportos de Moçambique, e.P.; Panorama – Samsung; aP capital e Banco Socremo.

5

Page 17: Revista Capital 23

ENTREVISTA

Sérgio Mabombo (texto) Luis Muianga (foto)

As empresas moçambicanas encon-tram-se preparadas para a Era do Conhecimento, fase que se avizinha

no actual processo evolutivo da área dos Recursos Humanos.

De acordo com o posicionamento unâni-me dos 18 oradores do 1.° Congresso Inter-nacional de Recursos Humanos, realizado em Outubro na cidade de Maputo, «há uma necessidade urgente de actualizar as em-presas com os conceitos que vêm da Era de informação (que se vive actualmente), e prepará-las para a Era do Conhecimento (que se aproxima)”.

idalberto chiavenato, especialista na área de Administração de Empresas e de Re-cursos Humanos e orador principal da Con-ferência, afirma que se a Google for avaliada pelo seu capital financeiro, ou material, seria considerada pequena ou média, contudo a mesma vale mais de 100 biliões de dólares porque possui capital intelectual.

Por sua vez, os representantes das empre-sas nacionais, presentes no Congresso, re-velaram que os empregadores nacionais já têm consciência de que o capital intelectual é o factor que deve ser mais focalizado, por ser gerador do capital financeiro.

Segundo rui Mbatsana, director dos recursos humanos da Petromoc, o presente debate não é apenas uma questão de empresa. «Veja só a evolução tecnológi-ca. O que você pode gerar hoje sem utilizar a informática, sem usar a tecnologia, que são ferramentas que requerem necessa-riamente o conhecimento?», questiona Rui Mbatsana.

«Não há nehuma empresa nacional que vai cruzar os braços e ver o comboio a pas-sar», rematou. Segundo o mesmo, indepen-dentemente do nível de escolarização, pode verificar-se que no país já se vai caminhan-do para o conhecimento. “O próprio apare-lho do Estado, hoje está com instrumentos

de gestão bastante avançados que, por sua vez, exigem conhecimento e as empresas moçambicanas estão a incorporar-se nes-te ritmo, concluiu.

rafael chavanguane, da Mozal, con-sidera que hoje em dia pode verificar-se que muitas empresas moçambicanas de-monstram estar preparadas para a Era do Conhecimento, por apostarem no desen-volvimento do seu capital humano.

«Outras, até exportam alguns dos seus cérebros para empresas estrangeiras que operam no Qatar, Yemen, Angola, e outros», acrescentou. Para Rafael Cha-vanguane, o facto constitui uma prova da importância do conhecimento que essas empresas conferem aos seus recursos hu-manos.

Soraya Macie, directora de recur-sos humanos da BP Moçambique, é da opinião de que no actual contexto da globalização, as empresas moçambicanas investem no aspecto intelectual dos seus recursos humanos.

O facto da 1.ª Conferência Internacio-nal ter sido extremamente concorrida de-monstra que existe uma vontade clara em potencializar os recursos humanos. Para exemplificar o seu posicionamento, Soraya Macie apontou as acções de formação do Ministério da Função Pública, da Multina-cional BP, onde o training e formação são uma constante.

Por último, eusébio constantino, funcionário da Função Pública, refere que os esforços em curso nas empresas mo-çambicanas na criação de escolas médias e superiores revela a preocupação das mes-mas em valorizar o seu pesssoal.

Os esforços do Ministério da Função Pú-blica, que vem formando os seus recursos humanos através do Instituto Superior de Administração Pública constituem um exemplo, de acordo com Eusébio Constan-tino, que consubstancia a tendência actual das organizações públicas moçambicanas.

empresas preparadas para a era do conhecimento

Quem é chiavenato?

Idalberto Chiavenato nasceu, em 1936, no interior do Estado de São Paulo (Brasil). É autor brasileiro na área de Administra-ção de Empresas e de Recursos Huma-nos, tendo os seus livros (considerados autênticos best sellers) sido consultados por administradores no Brasil, países da América Latina, Portugal, Espanha e paí-ses africanos de língua portuguesa.Actualmente, o Professor (consultor e conferencista) Chiavenato actua como conselheiro no Conselho Regional de Administração do Estado de São Pau-lo (CRA-SP) e é presidente do Instituto Chiavenato de Educação. Possui dois títulos Doutor Honoris Causa pela sua contribuição na área de Administração de Empresas e Recursos Humanos. Chiavenato é um dos autores mais conhe-cidos e respeitados. Já escreveu mais de 40 livros em língua portuguesa e, prova-velmente, é o único autor brasileiro com 17 obras publicadas sobre Administração e Recursos Humanos, traduzidos para a língua espanhola e adoptados na maioria das universidades latino-americanas, es-panholas e portuguesas.

17Revista Capital 17Revista Capital

Page 18: Revista Capital 23

DOT COM

Revista Capital18

Page 19: Revista Capital 23

19Revista Capital

EMPRESAS

Agradeça a quem lhe passa bem a bola!

Mário Henriques

Managing Partner da High Play, [email protected]

A maioria de nós gosta muito do resultado final, principalmente quando não ficamos agarrados a

empates ou decisões que têm de ser dividi-dos. É mais interessante olhar para um ce-nário definitivo onde uma equipa ganha e a outra perde (se formos nós os vencedores, melhor ainda!). Isto também é verdade no desporto em geral. Todos gostamos daque-les que aparecem e dão nas vistas nos epi-sódios de sucesso das suas equipas. É ha-bitual ganharmos afectos à volta de quem marca mais golos, ou daqueles que marcam mais pontos, etc.. No final comentamos: “ele marcou dois golos… ele marcou mais de trinta pontos, foi bestial…”. Mas, para eles o terem feito, alguém teve de colocar lá a bola! Alguém teve de a recuperar na defe-sa! Alguém teve de atrapalhar, ou provocar problemas, ao ataque do adversário! Ele marcou, mas alguém fez com que isso fos-se possível! Será que perguntamos, tantas vezes quanto as necessárias, quem foram essas pessoas? Será que as reconhecemos o suficiente?

O treinador Dean Smith tornou a equipa de Norte Carolina famosa no basquetebol Universitário dos EUA, não só pelos resul-tados que alcançou mas pelos comporta-mentos que os jogadores exibiam enquan-to jogavam. A sua filosofia apoiava-se na máxima: “PLay Smart; Play Hard and Play Together”! Porém, reconhecia, tal como muitos de nós, que esta frase para além de ser bonita quando é escrita ou lida, ganha uma beleza que a diferencia se for torna-da real. Isto é, se deixar de estar limitada àquilo que se diz, para estar expressa nos comportamentos e atitudes dos jogadores marcando, com clareza, que é uma men-sagem cultural sentida e vivida por todos. Um dos sinais que era importante dar para que todos sentissem que estavam juntos (together) era agradecer ao colega sempre que ele fazia um bom passe. Segundo Deam Smith, esta ideia deveria ser visível a todos os que apoiavam a equipa, e à própria im-prensa, ao ponto deste agradecimento se revelar num acto público de apreciação. Era uma regra, tal como qualquer outra. Começou por ser praticada nos primeiros

anos dentro das sessões de treino, até ao momento em que deixou de ser necessária porque já fazia parte da filosofia de jogo da equipa de Carolina do Norte. Este treinador ia ao ponto de dizer que: “mesmo quando falhamos uma bola fácil debaixo do ces-to deveremos dizer obrigado, ou até pedir desculpa, ao colega que passou a bola. Ele cumpriu o seu trabalho, nós é que não…”.

As pessoas gostam de ser reconhecidas. Nesse sentido, esta regra ía ao ponto de per-mitir que o jogador que passa a bola apare-cesse associado às imagens mais marcantes do jogo. Sempre que um jogador marca um golo, ou um cesto, o que acontece? O públi-co olha para ele, os fotógrafos, os jornalis-tas que relatam o jogo e as câmaras de te-levisão ficam, na maioria das vezes, presos a este jogador. Dean Smith conhecia bem este tipo de hábitos que caracterizam os es-pectáculos desportivos. Aproveitando esta realidade, conseguiu que os jogadores que passam bem a bola aparecessem a festejar, ou a serem cumprimentados, pelos colegas. Isto, porque o jogador que marcava o ces-

«Quando o contexto, ou ambiente vivido, não faz com que as pessoas se sintam bem, é frequente ver as empresas a gastarem muito dinheiro em formação, em estudos de consultoria, em reuniões e projectos inovadores com uma máquina de comunica-ção montada somente com esse propósito. Contudo, tem sido muito discutível, e pouco palpável, até que ponto existe um retorno à volta desses investimentos. »

Page 20: Revista Capital 23

Revista Capital20

EMPRESAS

to corria de imediato ao seu encontro num gesto que sendo simples, ou exuberante, dizia: “Obrigado, este cesto devo-o a ti. Ou, desculpa, falhei o cesto… não cumpri com a minha parte.” Este foi um hábito que todos os que jogaram nas equipas de Dean Smith interiorizaram. Não só enquanto jogadores, mas enquanto pessoas, para o resto das suas vidas.

Nem sempre aqueles que ajudam as equi-pas nos pequenos detalhes, nas tarefas mais complicadas e menos visíveis, têm o devido reconhecimento. Admito, que a minha opi-nião é um pouco mais forte. É muito difícil estas pessoas conseguirem um reconhe-cimento à medida das suas contribuições. Isso acontece um pouco no desporto, mas, essencialmente, nas empresas, onde a cul-tura de jogar em equipa oferece fortes opor-tunidades de melhoria nem sempre apro-veitadas face à pressão e à competitividade acrescida dos mercados. Quando uma equi-pa de vendas alcança os seus objectivos, ou até os ultrapassa, quem tradicionalmente ganha viagens de incentivo e prémios so-bre o valor facturado? Se fosse na equipa de Dean Smith, depois de atingirem o objec-tivo de vendas (aquilo a que no basquete-bol chamamos - marcar o cesto da vitória), certamente teríamos os vendedores e o seu principal responsável a abdicarem dos seus egos, enquanto corriam para o armazém, para a área de desenvolvimento de produto, do Marketing, ou da facturação, para sau-darem os colegas dizendo: “Obrigado, pelas boas bolas que vocês passaram! Esta vitória só foi possível com a vossa contribuição.”

Lembro-me de um treinador norte-ame-ricano, com quem tive o privilégio de tra-balhar, dizer-me: “Mário, é fundamental encontrarmos razões para premiar aqueles que jamais terão oportunidade para ganhar algum tipo de prémio.” Nessa altura, com 23 anos de idade, esta expressão teve pouco impacto em mim. O facto, é que não a es-queci. Ao longo do tempo fui aprendendo até que ponto aquilo que ele dizia era im-portante. Principalmente, quando passa-mos a maior parte do tempo nas empresas a falar de motivação, empenho e resultados. E quando gastamos muito pouco tempo a per-ceber, ou a mudar o que for necessário, para ganharmos essa mesma motivação, capaci-dade de entrega e performance. Quando o contexto, ou ambiente vivido, não faz com que as pessoas se sintam bem, é frequente ver as empresas a gastarem muito dinheiro em formação, em estudos de consultoria, em reuniões e projectos inovadores com uma máquina de comunicação montada somente com esse propósito. Contudo, tem sido muito discutível, e pouco palpável, até que ponto existe um retorno à volta desses investimentos. Com honestidade, sinto que

tentam resolver o problema da maneira er-rada. Isto é, teimam em encontrar soluções para problemas que sentem sem determi-narem, de uma forma concreta, e estrutu-rada, as causas que verdadeiramente con-dicionam estes reflexos. E, principalmente, quando nem sequer tentam, não conseguem mudar, ou não têm força para influenciar, a força política instalada na organização.

Dean Smith percebeu, desde muito cedo, que o desempenho da sua equipa seria tan-to melhor quanto mais identificação cultu-ral existisse entre os jogadores enquanto jogavam. Sendo claro que ele, como líder da equipa, se recusava a falar de palavras bonitas que não tivessem um efeito prático sobre a disciplina colectiva.

Pois bem, falar de trabalho em equipa numa organização exige regras muito cla-ras que todos devem praticar. Falar do con-ceito em si só parece-me pouco. Tal como este treinador fez, é importante que nas empresas as suas lideranças sejam capazes de ajudar, suportar, e treinar as pessoas a praticarem aquilo que se diz. Together na equipa de Carolina do Norte tinha uma de-terminada expressão. Numa outra equipa pode ter expressões diferentes. Seja como for, uma coisa é certa - uma empresa, onde as pessoas que a gerem e os seus colabora-dores não têm os mesmos valores, jamais funcionará bem!

«Quando uma equipa de vendas alcança os seus ob-jectivos, ou até os ultrapassa, quem tradicionalmente ganha viagens de incentivo e prémios sobre o valor facturado? Se fosse na equipa de Dean Smith, depois de atingirem o objectivo de vendas (aquilo a que no basquetebol chamamos - mar-car o cesto da vitória), certa-mente teríamos os vendedores e o seu principal responsável a abdicarem dos seus egos, enquanto corriam para o armazém, para a área de desenvolvimento de produto, do Marketing, ou da factura-ção, para saudarem os colegas (…)»

Junho de 2008

Uma capa em tons de negro com mo-edas em primeiro plano e a afirmação: África atrai mais de 300 biliões de dó-lares assinalou a nossa sexta aparição. A chegada ao mercado moçambicano do Moza Banco estava em foco no inte-rior, assim como o investimento e o de-senvolvimento em Angola, onde o sec-tor petrolífero concentrava as atenções do articulista. Um artigo de Fátima Mimbire justifica-va o título de capa e reforçava que Mo-çambique era atraente para investidores estrangeiros, enquanto noticiávamos ainda que homens de negócios de Mo-çambique e Holanda uniam sinergias no âmbito do Doing Business in Mozambi-que. Divulgávamos também que a com-panhia indiana Sadbhav Engineering tinha comprado uma empresa mineira de Hong-Kong para entrar no mercado Moçambicano.A participação em 40% das exportações mundiais por parte dos países em vias de desenvolvimento merecia a aten-ção da revista, assim como ainda havia tempo para um olhar às causas e conse-quências dos ataques xenófobos no país do arco-íris. Nos Estilos de Vida desta-cava-se o livro “A era da turbulência” de Alan Greenspan, presidente da Federal Reserve Board, de 1987 a 2006.

anunciantes no nº 6ernst & Young; Panorama-mcel; Kulani, investimentos, lda.; Ma-puto Shopping centre; digital connection consulting; união de Gráfica e Serigrafia; AJ&C, Mo-çambique, lda.; aeroportos de Moçambique, e.P.; Panorama-Samsung; Banco Socremo; aPca-pital

6

Page 21: Revista Capital 23

PUB dalMA

21Revista Capital

Page 22: Revista Capital 23

22 Revista Capital

Arsénia Sithoye (texto)

A Prodígio - Gestão de Projectos de Responsabilidade Social, juntamente com os seus parceiros, irá promover a

2.a edição da Feira de Responsabilidade So-cial Empresarial (RSE), de 17 a 19 de Novem-bro. Sob o lema «Parcerias valorizam acções das empresas», o evento envolve empresas do mercado moçambicano e decorrerá no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo.

Exigência, ética, defesa do meio-ambiente, inovação, qualidade, e produtividade são um conjunto de preocupações que, de uma for-ma geral, a Prodígio irá levar para esta nova edição da feira de responsabilidade social.

Dirigida a empresas públicas e privadas, instituições do Governo, executivos, Organi-zações Não Governamentais (ONGs), estu-dantes, académicos e o público em geral, a II Feira de Responsabilidade Social propõe-se contribuir para a discussão e disseminação de conceitos, indicadores e acções de RSE junto às empresas e outras organizações que actuam no mercado moçambicano; tornar disponíveis informações importantes sobre a responsabilidade social; aproximar em-presas interessadas em desenvolver acções de RSE e ONGs que possuam projectos nes-ta área, viabilizando a concretização dessas mesmas acções, e, por último, dar visibilida-de às empresas que actuam na área de RSE através da exposição e da apresentação de suas acções, servindo de exemplo para as demais.

Segundo Eulália Nhatitima, directora-geral da Prodígio, existem dificuldades em discernir a responsabilidade social do inves-timento social. Para aquela empresária, ser responsavelmente social relaciona-se com a forma como a empresa ganha e gasta o seu dinheiro, bem como se relaciona com os seus parceiros, colaboradores e trabalhadores.

“Ao adoptarem políticas de Responsabili-dade Social, as empresas estão preocupadas não só com os lucros, mas também com os seus parceiros, com os compromissos eco-nómicos, sociais e ambientais”, referiu Eulá-lia Nhatitima.

Num evento a decorrer ao longo de três dias de debates, apresentações, trocas de experiências e muita interacção em torno do tema responsabilidade social, o certame conta com novos parceiros, nomeadamente: o Ministério da Mulher e Acção Social, o Mi-nistério da Coordenação e Acção Ambiental,

e ainda a Organização Nacional dos Tra-balhadores e irá possuir um vasto leque de programas como plenárias, mesas redondas, painéis temáticos, palestras e workshops.

Em paralelo, irá decorrer um fórum para o qual serão convidadas como palestrantes personalidades que se têm destacado na realização de acções de RSE, incluíndo aca-démicos e empresários que se encontram directamente ligados à temática.

Eulália Nhatitima revelou alguns orado-res que já confirmaram a presença na feira, como é o caso do Procurador Geral da Repú-blica, Dr. Augusto Paulino, que irá abordar o tema «Práticas de Integridade e Combate à Corrupção para um mercado socialmente responsável»; o Instituto Nacional de Pe-quenas e Médias Empresas que se debruçará sobre «Práticas de Responsabilidade Social nas pequenas e médias empresas»; a Water Aid que irá dissertar sobre «Como garantir a sustentabilidade no abastecimento de água» e a Petromoc que irá falar sobre «Como a Responsabilidade Social Empresarial pode contribuir para o desenvolvimento susten-tável».

O tema de abertura do evento será «O Pa-pel das Universidades na Consolidação dos Conceitos e Práticas de Responsabilidade Social», a ser apresentado pela Universida-de Politécnica. Para além dos temas acima mencionados serão debatidos outros consi-derados de interesse empresarial e geral.

ii Feira de responsabilidade Social empresarialpromove parcerias

EVENTOS

Julho de 2008

O ambiente bucólico de um lago, à pri-meira vista, esconde a realidade das inundações em Moçambique, um dos factores que justifica a economia em ris-co, derivado dos constrangimentos ao desenvolvimento. É o assunto de capa, mais detalhado no interior por Fátima Mimbire. Em foco nesta edição encontram-se 4 empresárias moçambicanas selecciona-das pela ONG “Femmes Africa Solidari-té” como exemplo a seguir de desenvol-vimento sustentável dos seus empreen-dimentos.O problema cultural do constrangimen-to e a informalização do país constituem outras tantas direcções de análise, a par com a dúvida sobre qual será o futuro do dólar, lançada por Samuel Zita, en-quanto Nelson Saúte se interrompe a meio caminho analítico “entre o cenário do cabrito e a estratégia da abelha.”Regista-se ainda que Angola é priori-dade económica para Portugal e Ana Aniceto, da Ernst & Young, questiona, com toda a oportunidade, se a impari-dade de activos será um novo conceito ou apenas uma reformulação.No capítulo turístico as atenções cen-tram-se na ilha de Santa Carolina, par-te integrante do Arquipélago de Baza-ruto e na elevação da Reserva da Ponta de Ouro a Património da Humanidade até finais de 2008.

anunciantes no nº 7ernst & Young; vodacom; Pano-rama-mcel; aeroportos de Mo-çambique; Mozlog; delta connec-tion consulting-dcc; Panorama-Samsung; visabeira; aPcapital; Banco Socremo.

7

Page 23: Revista Capital 23

Revista Capital 23

tiga

Page 24: Revista Capital 23

24 Revista Capital

TURISMO

Page 25: Revista Capital 23

Revista Capital 25

MARKETING

Arsénia Shitoye e Helga Nunes (texto e fotos)

Melhores Marcas de Moçambique, ou MMM, é um projecto inovador, cujo objectivo é apurar quais as

melhores marcas existentes no país, levado a cabo pela empresa de estudos de merca-do Intercampus. A firma pertence ao grupo alemão GFK e tem como finalidade infor-mar ao mercado e seus potenciais consumi-dores acerca das novidades existentes em termos de marcas, marketing, estratégias e principais ferramentas necessárias para tornar uma marca credível e, sobretudo, bem sucedida.

Segundo o director executivo da Inter-campus, Luís Couto, o projecto MMM não se restringe apenas a avaliar marcas mo-çambicanas, sendo por isso um projecto ili-mitado em termos do espectro de alvos de estudo, uma vez que o Conceito de Marca não tem necessariamente uma componen-te geográfica. “Existem marcas estrangei-ras que estão em Moçambique, há muitos anos, e que nos parecem moçambicanas quando na realidade não o são e têm uma origem fora daqui”, afirmou. Como tal, e ressalva, a Intercampus está a avaliar as melhores marcas em Moçambique e não necessariamente de Moçambique.

Foram abrangidos na avaliação em causa os sectores de telecomunicações, banca e seguros, energia e combustíveis, bebidas, FMCG (bens de consumo imediato), bens duráveis, automóveis, desporto e eventos, tendo ficado de fora alguns sectores. A quantidade de marcas de Moçambique, na ordem das milhares, é de acordo com Luís Couto a razão pela qual o estudo não conse-guiu abranger mais sectores. “Infelizmente, tivemos de seleccionar 100 marcas que agrupamos em sectores”, justificou aquele responsável.

Contudo, Luis Couto deixou no ar a hi-pótese de virem a ser incluídos mais sec-tores na iniciativa MMM, como o turismo, a construção, bem como marcas ligadas à intervenção social, como as da FDC, do Parque Nacional da Gorongosa, Fundação Lurdes Mutola, entre outras. “Faz todo o sentido essas marcas serem avaliadas e

em Moçambique essa componente seria mais interessante do que a de outros sec-tores como o automóvel”, frisou o director executivo da Intercampus, salientando a li-mitação de recursos visto o projecto não ser financiado por nenhum cliente. “Ninguém paga para entrar nesta avaliação. Por isso é que tivemos de limitar, e ao limitar surge a questão do universo ser reduzido”.

Pesquisa e avaliação

Questionado sobre como decorre a avalia-ção nos sectores em que existem empresas monopolistas, o director da Intercampus referiu não existirem grandes problemas, uma vez que o que se está a avaliar é a qua-lidade da marca. “Pode ser uma marca mo-nopolista e ter uma péssima avaliação na imagem da sua marca. Ou pode, em con-trapartida, ser uma marca monopolista e obter uma óptima avaliação em compara-ção com todas as outras. Não é o facto de

ser monopolista ou não que vai interferir na avaliação da marca”.

Quanto ao universo estatístico em ter-mos de estudo, Luís Couto considerou esta uma das melhores amostras que se fazem em termos deste tipo de estudo a nível na-cional. Aliás, nunca se fez um estudo tão abrangente das marcas em Moçambique, pois foram feitos quase 14 mil questioná-rios no total, cobrindo todas as capitais provinciais.

Em termos de critério de selecção das marcas, foram usadas diversas estratégias e no caso de bebidas, dos FMCG, dos elec-trodomésticos e das telecomunicações foi feito um estudo aberto - anterior ao início da análise propriamente dita - para selec-cionar as marcas. Nesse estudo, os inqui-ridos referiam (no caso, por exemplo, dos electrodomésticos) quais são as marcas que conhecem. “De todas as marcas refe-ridas pelo menos 10% foram top-of-mind, adiantou Luís Couto, esclarecendo que

MMM escolhe hcB e prima pela inovaçãoMelhores Marcas de Moçambique (MMM) já elegeu a melhor de todas: a Hidroeléctrica de Cahora Bassa. A HCB foi a marca que sobressaiu num estudo de mercado, levado a cabo pela Intercampus, que envolveu cerca de 14 mil inquiridos das capitais provinciais do país. Um estu-do que envolveu o uso da inovação tecnológica na captação, selecção e tratamento de dados.

Page 26: Revista Capital 23

26 Revista Capital

em nenhum ponto foi dada uma lista de marcas para que os consumidores reco-

nhecessem, o que siginifca que a referência foi expontânea.

Os bens de consumo imediato, ou FMCG, foram divididos em três grupos, nomeada-mente: produtos alimentares; produtos de limpeza e produtos de higine. “Na realida-de, tivemos este cuidado porque para selec-cionar as marcas de produtos alimentares é extremamente complicado, pois existem milhares de marcas em Moçambique e um grande número de marcas já está na parte dos produtos alimentares”.

Em relação à Marca Moçambique e ao selo Made in Mozambique, o responsável pela MMM defende que quem poderá fazer a avaliação é quem se encontra fora de Mo-çambique, pois o objectivo destas marcas é promover o país em termos turísticos e co-merciais sobretudo no estrangeiro.

Ao todo, são 10 as variáveis que a Inter-campus se encontra a avaliar em cada uma das marcas, e encontram-se divididas em três dimensões, nomeadamente a dimensão racional, comportamental e emocional. O estudo de notoriedade de todas as marcas já foi realizado e o Brand Potential Index (BPI), que é o cálculo do valor da marca, também já se encontra determinado.

as melhores marcas

Utilizando o Brand Potential Index, foram identificadas as 8 Melhores Marcas de Mo-çambique por sector.

As melhores marcas não têm necessaria-mente de ter as notoriedades mais elevadas, nem de ter relações emocionais fortes com os inquiridos, de acordo com os resultados do estudo. Aparentemente, o mais impor-tante é ter uma boa imagem junto de quem conhece a marca e de prestar um bom servi-ço junto dos seus clientes.

Observa-se também que a atractividade das marcas é sempre mais elevada junto dos atributos que compõem o vector comporta-mental do BPI. Tal significa que a valoriza-ção, intenção de compra e recomendação apresentam-se mais vezes como os aspectos mais atractivos.

Em termos de sectores, são os bens de con-sumo imediato que melhor se posicionam, seguido do sector dos electrodomésticos e do sector dos eventos. Os sectores com as marcas menos atractivas são o das bebidas e o da banca e seguros (o Ranking das Melho-res Marcas será revelado a 26 de Novembro, no decurso de uma cerimónia).

Da análise profunda das «Melhores Mar-cas de Moçambique», observa-se que exis-tem diversos aspectos comuns a estas. Mais precisamente, temos que, de uma forma geral, a confiança, a qualidade e a boa rela-ção entre qualidade e preço são os aspectos cruciais, pois são importantes consciente e inconscientemente para a atractividade das

MARKETING

marcas. Assim, mesmo nos casos em que estes são muito bem avaliados, não devem de todo ser descurados.

O topo do ranking pertence à HCB (indica-dor de atractividade: 82,9), cuja atractivida-de é reforçada pelos aspectos de intenção de compra (numa clara referência à passagem para o domínio moçambicano da sua ges-tão), lealdade, identificação, singularidade e qualidade. O atributo que mais contri-bui para a atractividade da marca HCB é a qualidade, seguida da confiança, das pro-moções interessantes (entenda-se que este aspecto está ligado a actividades realizadas pela HCB visto que esta marca não possui produtos ou serviços específicos para o con-sumidor final), da boa relação qualidade-preço.

De acrescentar que o BPI da marca com a avaliação mais baixa foi de 52,6 e a média das avaliações foi de 68,3. Paralelamente ao BPI, foi também analisada a notoriedade e a qualidade da notoriedade para cada uma das marcas em avaliação.

agosto de 2008

Como vestir a camisola da SADC? É a interrogação deixada pela capa do 1º número de a Capital, do segundo se-mestre de 2008. A foto central indicia a espera numa fronteira, enquanto os destaques de capa privilegiam a edição 2008 da Facim e afirmam que o dragão chinês mostra a sua raça.A concentração das instituições finan-ceiras na cidade de Maputo é esmiuçada nesta edição e Leonardo Júnior recorda os 28 anos da SADCC, precursora da ac-tual SADC. Aliás a integração regional está também na linha da frente deste número da CAPITAL já que se dedica também uma atenção especial ao lan-çamento da Zona de Comércio Livre, entendida por Fátima Mimbire como materialização do Projecto de Integra-ção Regional e se questiona se a União Aduaneira da SADC ainda é possível.Em três páginas desta edição Nelson Saúte realiza um périplo pela China e conclui que este será o século da Pérola do Oriente, depois do século XX ter vis-to a hegemonia norte americana.Ainda houve espaço para colocar em foco o processo de harmonização conta-bilística da União Europeia e para con-cluir o trabalho de Ana Aniceto da Ernst & Young sobre a imparidade de activos, com um saltinho à Gorongoza onde se constatou que a gestão conjunta do Par-que Nacional já foi formalizada.

anunciantes no nº 8TdM; Kulani investimentos, lda.; aeroportos de Moçambi-que; aJ&c, Moçambique, lda.; ernst & Young; Mozlog; digital connection consulting –dcc; Panorama-Samsung; visabeira; Banco Socremo; aPcapital

8

Inovação tecnológica destaca Moçambique em África e no Mundo

uma curiosidade interessante alia-da ao MMM é que os questionários foram todos realizados através do uso de um Pda e não através do nor-mal preenchimento das respostas em papel impresso. aliás, a intercampus recorreu a uma tecnologia que foi usada pela primeira vez em áfrica, e que apenas foi implementada pelo grupo gFK (sociedade europeia a que pertence) na ucrânia, França, Bélgica, estados unidos da américa, alemanha e itália.a solução implementada pela inter-campus decorre do uso de um soft-ware de nome askia que é instalado em qualquer tipo de Smartphone com um touch screen, que por sua vez é utilizado pelo entrevistador enquanto faz o questionário. o ques-tionário é programado num servidor central e sincronizado com o peque-no aparelho via gPrS, edge ou 3g. depois, o entrevistador faz o ques-tionário normalmente, registando as respostas no aparelho.após a realização do questionário, o entrevistador liga o Smartphone à internet, permitindo o envio imedia-to das respostas para o servidor cen-tral da intercampus. desse modo, a intercampus pode garantir a quali-dade dos dados. Primeiro, se o ques-tionário foi efectivamente feito e, de-pois, se as respostas coincidem com a verdade confrontando o inquirido telefonicamente.

Page 27: Revista Capital 23

academica

Page 28: Revista Capital 23

28 Revista Capital

AGRICULTURA

Pub.MOTRA-CO

Page 29: Revista Capital 23

Muxanga, de seu nome próprio Justino, conhece como ninguém os segredos do fabrico do pão. Iniciou-se em 1981, na padaria do irmão mais ve-

lho, paredes meias com o aeroporto de Mavalane “Era uma estrutura muito pequena, incipiente. Todo o trabalho era exe-cutado manualmente.” Há pouco mais de 12 anos, resolveu tomar o seu destino em mãos, tornou-se empresário por sua conta e risco. “Na época foi um passo muito importante e ar-riscado”. No bairro do Bagamoio arrendou um espaço, alugou um pequeno e velho forno de lenha e apalavrou 8 emprega-dos. Era tudo o que, na altura, precisava para abrir o seu pró-prio negócio. Amassadeiras nem vê-las “Era tudo amassado à mão.” O pão era, logicamente, muito pesado, rijo, massudo, adequado a um povo que saíra há pouco duma guerra que o deixara faminto.

Nessa época, a pequena padaria produzia em média oito sa-cas de pão – cada uma com 280 pães – por dia, o que totaliza-va 2240 pães/dia. A receita andaria pelos 3360 meticais.

Com o dinheiro aforrado e decidido a não pagar mais ren-das, Justino resolveu construir as suas próprias instalações, junto ao bairro de Benfica, que dotou de um forno tradicio-nal mas com uma capacidade bem maior que o anterior. Da-qui saíam diariamente 22 sacas de pão. Os principais clien-tes eram os revendedores que estacionavam na praça de S. Roque vendendo pão aos viajantes dos chapas. Há mais de 3 anos que neste local já não se produz pão, funcionando apenas como depósito e centro de venda.

Mas foi necessário esperar por 2002 para que Justino desse o salto em frente no negócio da panificação “ Numa conversa de café, uns amigos do meu irmão falaram-me das vantagens do recurso ao crédito bancário como a melhor

forma de alargar o negócio. Disseram-me ainda que o banco que estava a praticar um crédito mais vantajoso era o SO-CREMO. Foi assim que resolvi pedir financiamento.”

Justino dirigiu-se ao balcão do SOCREMO, ainda na 24 de Julho, onde hoje funciona a sede. Deu como garantia umas velhas máquinas, alguns electrodomésticos e uns móveis que tinha em casa e pediu 50.000 meticais. O banco deu-lhe metade: 25.000. Com esse dinheiro comprou uma enorme quantidade de farinha que lhe saiu muito mais em conta, uma vez que até aí costumava comprá-la a crédito, a pre-ços mais elevados. Volvidos 6 meses já tinha o empréstimo liquidado. Honrado este primeiro compromisso bancário, outros lhe sucederam. “Fui subindo a parada: 40, 50, 100… até hoje. O último foi há menos de um ano, 900 mil”, refe-re com a satisfação de quem tem sucessivamente honrado os seus compromissos. Aliás, no entender de Justino Mu-xanga, esse é o grande segredo quando se contrai um em-préstimo. “Nunca se pode falhar com o que está acordado, nem que nesse mês o lucro vá todo para o banco. Os des-vios na aplicação dos capitais são os principais responsá-veis pelos incumprimentos bancários. O mal é que muita gente pede dinheiro para uma coisa e gasta noutra.”

O empresário de panificação Justino Muxanga dispõe hoje de três locais de negócio, Maotas, Ndlavela e Makha-zine a que deu o nome de Xinkwa I, II e III, respectiva-mente. Paga salários a mais de 100 trabalhadores e jun-tou a família directa à gestão da actividade, o primeiro filho é um dos colaboradores mais chegados.

Mas este avolumar de compromissos e responsabilida-des não o assustam. Afinal, como gosta de afirmar “have-rá sempre clientes para comprar pão.”

Revista Capital 29

EMPRESAS

O pão que o Justino amassou

Page 30: Revista Capital 23

30 Revista Capital

Helga Neida (texto e fotos)

O grupo Insitec, o maior accionista no Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), assinou com a mine-

radora brasileira Vale um acordo destinado à reabilitação e modernização da estratégi-ca linha-férrea entre Moatize e Nacala.

O empreendimento envolve um inves-timento orçado em cerca de 1,6 biliões de dólares americanos, e prevê, além da cons-trução da linha de comboio, a reabilitação total dos portos de Nacala-a-Velha e Na-cala-Porto, num prazo estimado de quatro anos.

Um projecto que já tem levantado inclu-sivamente a curiosidade por parte de ana-listas e investidores externos. Uma recente notícia, publicada na página do Club of Mozambique, obtida através da Bloom-berg, citava o ministro dos Transportes, Paulo Zucula, como tendo afirmado que a Vale SA, a maior produtora mundial de minério de ferro (iron ore), iria ajudar a financiar os 1,6 biliões dólares americanos para o Aeroporto de Nacala.

O que se sabe ao certo, através do proto-colo de intenções assinado, é que a Vale se compromete a escoar o carvão extraído em Moatize através da futura rota Moatize-Nacala, daqui a quatro anos.

O Acordo foi assinado por Celso Correia, PCA do CDN e da INSITEC; Roger Agnelli, presidente da Vale SA; e pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zu-cula. E em concreto, a Insitec, a Vale e o Governo irão injectar 1,6 biliões de dólares americanos no CDN, visando a reabilitação

de todas as infraestruturas associadas, in-cluindo a construção de um novo porto, em Nacala-a-Velha.

Em termos estratégicos, o Corredor de Desenvolvimento do Norte trata-se de um projecto que compreende a região norte do País, o Malawi e a Zâmbia, bem como a re-abilitação e exploração comercial do Porto de Nacala, do sistema ferroviário do norte de Moçambique e do Malawi.

A linha de Moatize-Nacala representa, assim, o maior investimento em infraes-truturas ferroviárias realizado no país e é considerada a alternativa à linha de Sena, cuja capacidade de carga (oito milhões de toneladas por ano), se encontra muito aquém dos projectos da Vale (11 milhões de toneladas) e da Riversdale (20 milhões de toneladas), entre os demais concessio-nários. Com a reabilitação em causa, esti-ma-se que a capacidade da linha Moatize-Nacala consiga dar resposta aos projectos das mineradoras brasileira e australiana.

Ao mesmo tempo, o porto de Nacala - o maior porto de águas profundas a nível da África Oriental - oferece à partida melho-res condições de navegabilidade, compara-tivamente ao porto da Beira, que apresenta graves problemas de assoreamento e cuja profundidade atinge apenas os 12 metros.

A médio e longo prazos, a Vale pretende extrair 40 milhões de toneladas de carvão das minas de Moatize, e a exportação da maior parte destas quantidades depende doravante do Corredor do Norte. E se, até ao momento, o transporte de carvão decor-ria na Linha de Sena e pelo Porto da Beira, a partir de 2015 (data em que se prevê que

acabem as obras), o mesmo irá passar pela linha entre Moatize-Nacala. Antes disso, a mineradora brasileira irá exportar seis milhões de toneladas de carvão, através da Linha de Sena, no Corredor da Beira, que se espera começar a funcionar em pleno ainda este ano.

Com esta viragem, espera-se que muita coisa mude em Nacala, principalmente em termos de desenvolvimento sócio-econó-mico. Aguarda-se uma maior circulação de transportes marítimos, um maior número de empregos, um maior incremento do co-mércio local, da formação e infraestruturas de apoio. A aposta revela-se forte em Na-cala, e, ao que parece, o motivo não será apenas a comercialização e o transporte dos minérios. Nacala aguarda a implemen-tação de projectos de envergadura como o da refinaria de Nacala, que envolve um investimento de 5 biliões de dólares ame-ricanos. E o Corredor de Nacala é alvo, na África Austral, dum plano ambicioso que pretende, no futuro, ligar Nacala Porto (na costa Oriental) ao porto do Lobito (na cos-ta Ocidental) – numa ‘cintura’ monumen-tal que pode vir a revolucionar as relações comerciais no continente.

vale aposta forte em nacala

REGIÃO

Participações na Sdcn e na cdn

A mineradora Vale, que possui licença para explorar as minas de carvão de Mo-atize, na província de Tete, passará a de-ter 49% da Sociedade para o Desenvol-vimento do Corredor do Norte (SDCN), empresa que detém 51% do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN). Nesse âmbito, a Vale passa a gerir os destinos do CDN, sendo que os restantes 51% da SDCN serão distribuídos por accionistas nacionais, como a INSITEC.

O Corredor de Desenvolvimento do Norte é gerido por duas empresas, a SDCN (51%) e os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) como representante do Estado, que controla 49% .

Actualmente, a estrutura accionista do SDCN encontra-se dividida da seguin-te forma: INSITEC, firma liderada por Celso Correia (51%); Nacala Comércio Internacional, gerida por Fernando Cou-to (16%) e os restantes 33% pertencem à GEDNA (Parreira Amade); GESTRA (Manuel Ratanjú); MG Consultores (Ca-simiro Francisco); Sociedade e Tecnolo-gias (Daniel Comé), Consórcio Cabo Del-gado (Alberto Chipande) e à Sociedade de Desenvolvimento do Niassa (Manuel Alima).

Page 31: Revista Capital 23

REGIÃO

Revista Capital 31

Page 32: Revista Capital 23

32 Revista Capital

NACIONAL

Setembro de 2008

Um tractor que se afasta no entardecer suporta a dúvida sobre se os sete mi-lhões investidos nos distritos, já há 3 anos, ajudam mesmo a combater a po-breza. Os destaques de capa centram-se no Brasil, considerada a nova fron-teira petrolífera e cujo modelo inspira a crónica de opinião de Nelson Saúte.Em foco estão também as empresas Texmoque, Texlom, Vidreira e Cifel cuja recuperação se afigurava prestes, no final do terceiro trimestre de 2009. O investimento de iniciativa local é considerado por Adenilson Jorge como levedura para o desenvolvimento rural, enquanto Filipe Ribas defende que se trata dum fundo para boi dormir, e es-tava lançado o debate.A edição da Facim 2008 ainda merece análise nesta edição, com a afirmação que se tratou dum certame com inova-ções e anuncia-se a realização em Outu-bro duma conferência sobre Corporate Governance, subordinada à temática Probidade e Integridade na Nascença do Milénio.Anuncia-se que o Banco Terra investe 16 milhões de dólares na criação de 20 balcões e espera-se que Moçambique consiga arrecadar um bilião e cem mil dólares com o Turismo na zona norte.Nos Estilos de Vida apresentam-se no-vas tendências em termos de hotelaria, fala-se do restaurante do Clube Naval e destaca-se o livro “Novo paradigma”.

anunciantes no nº 9TdM; Kulani investimentos, lda.; aeroportos de Moçambi-que; aJ&c, Moçambique, lda.; ernst & Young; Mozlog; dSTv Multichoice; Sala ciP; electrotec; Smart living Banco Socremo.

9 Outubro foi mês de eleições em Mo-çambique e Novembro é altura de anúncio oficial dos resultados elei-

torais. De facto o país envolveu-se bastante na pré-campanha e na campanha eleitoral, propriamente dita. A expectativa era grande em relação aos novos dados do xadrez polí-tico e os percalços que, aqui e ali, se verifi-caram, contribuíram também para aguçar a curiosidade dos observadores oficiais e dos outros, aqueles que se preocupam com a “coisa pública” e dela esperam um percurso escorreito e em linha recta.

Neste caso encontra-se, evidentemente, o tecido empresarial do país, grande parte dos que decidem, dos que geram riqueza e criam postos de trabalho que lá vão afastando o espectro da pobreza absoluta. Também os que vendem a sua força produtiva aguarda-vam os resultados eleitorais, talvez com as mesmas apreensões, quiçá com preocupa-ções mais terra a terra, ligadas à garantia de emprego, ao aumento do salário mínimo, às flutuações da inflação.

Da conjugação destas duas componen-tes da sociedade, a que emprega e a que é empregada, resulta a estabilidade social, o equilíbrio entre o papel dos que integram o aparelho produtivo e os que detêm os meios de produção. Nos últimos anos, Moçambi-que tem vivido um período de acalmia social e sentiu-se um novo fôlego em diversos sec-tores de actividade.

Talvez por isso se aguardavam, com uma certa ansiedade, os resultados oficiais das eleições. A confirmação da continuidade ou o prenúncio de mudanças, eram as incógni-tas que muitas vezes se colocavam nas con-versas onde se faz e desfaz o mundo, entre um olhar e um silêncio.

Afinal Moçambique votou na estabilidade, auto-estima e no desenvolvimento econó-mico, na segurança dum sistema que já é conhecido, no reforço da luta contra o empo-brecimento público, na moralização dos usos e costumes oficiais.

Nos últimos cinco anos registaram-se avan-ços prometedores na sociedade, porventura com uma velocidade que ainda está longe de ser a desejada, mas que será a possível. O Estado reforçou a vigilância e o controle sobre a sua própria instituição. Lançaram-se campanhas contra a corrupção e os primei-ros resultados aparecem, como num pressá-gio de que outros hão-de vir. Nunca existiu

tanta preocupação com a boa governação e organização interna, sucedem-se as acções, lançam-se campanhas com a colaboração entre entidades públicas e privadas e o pró-prio Ministério das Finanças criou o imposto para os pequenos contribuintes. Ainda será cedo para avaliar resultados mas tem o méri-to de existir, vê-se a preocupação de discipli-nar, de incutir o sentido de responsabilidade em cada um. Outros ministérios reforçam o seu poder interventivo e criam bases para um trabalho continuado e apoiado, tal como o Ministério da Educação e Cultura que, no quinquénio 2004/2009, construiu mais de 4.000 novas salas de aulas, além de outras infra-estruturas escolares, lançou o desafio da edificação de Bibliotecas Provinciais e reforçou o papel do ensino técnico junto da população escolar, como incremento da for-mação nas classes mais jovens.

Os projectos de grande envergadura tam-bém batem à porta. É a actividade mineira, com as empresas Vale e Riversdale à cabeça; O Corredor do Norte, que começa a ser uma realidade cada vez mais séria e cria outra di-nâmica nos sectores a montante e a jusante; O turismo que cria a sua própria marca, vê o Parque da Gorongoza imprimir mais veloci-dade ao crescimento sustentado e festeja o aumento do número de visitantes da gama alta, nas praias e zonas costeiras; é o papel de Moçambique na comunidade emergente de países da África Austral que procuram cimentar uma zona comum de actividades económicas; é a reversão de Cahora Bassa para o Estado Moçambicano, os benefícios que daí advêm e os projectos de uma nova barragem que contribuirá para levar a elec-tricidade onde ela é mais necessária; a ponte sobre o Zambeze, que aproxima o Norte e o Sul e contribui para a diminuição dos cus-tos de produtos essenciais; é o projecto de refinaria em Nacala que volta à ordem do dia e parece estar mais próximo do que se previa; a grande dinâmica da reabilitação de estradas e rompimento de outras vias de co-municação, com o apoio de parceiros inter-nacionais e com grande envolvimento dos municípios; é, na sequência lógica, o reforço do sector de transportes de mercadorias e passageiros ajudado também pela política de subvenção ao preço dos combustíveis; o papel dos municípios como factor de desen-volvimento na actividade económica local e a criação de milhares de postos de trabalho; é o anúncio que, a breve trecho, Moçambi-

Moçambicanos votam na auto-estima e no desenvolvimento económico

Ricardop Botas

Page 33: Revista Capital 23

NACIONAL

Revista Capital 33

que disporá de uma linha férrea que ligará as duas extremidades do país no sentido do comprimento; o crescimento da LAM, companhia aérea nacional que figura entre as melhores do continente e reforça os seus trajectos internacionais; a revitalização e de-senvolvimento de projectos agrícolas de en-vergadura, nos vales dos principais rios que correm em Moçambique e que contribuirão para fixar as populações rurais e afastá-las da tentação das grandes urbes; é também o papel dos doadores que, apesar das críticas, mantêm e até reforçam a sua contribuição anual para os grandes projectos de desen-volvimento e é, por último, mas não menos importante, o factor “7 milhões” que, a nível dos distritos, constituiu uma alavancagem decisiva para a formação profissional e para a luta contra a pobreza, isto, mau grado al-gumas situações menos claras mas que as populações não se coibiram de denunciar no decurso das presidências abertas.

Estes, entre alguns outros, poderão ser considerados os principais estaleiros que ajudarão a reforçar os alicerces deste grande país. No entanto, existem milhares de outros projectos e empresas que só conseguiram desenvolver-se graças à estabilidade econó-mica que se viveu. São mais pequenos, serão os tijolos, os grãos de areia Incomate, os pós de cimento Portland, os centímetros de ferro de 6 e de 8, mas também contribuem para garantir a estrutura, para assegurar que a obra não pára.

Moçambicanos votam na auto-estima e no desenvolvimento económico

2009eleições Presidenciais

Armando Guebuza - 75,46% Afonso Dhlakama - 16,51%

Daviz Simango - 8,64%

eleições legislativas

FRELIMO - 191 deputadosRENAMO - 51 deputadosMDM - 8 deputados

Page 34: Revista Capital 23

NACIONAL

34 Revista Capital

Outubro de 2008 – nº 10

Onde nos leva a crise, é a pergunta que se destaca por entre uma espiral de di-nheiro e bens de todo o mundo numa alegoria à crise financeira que despon-tava nos mercados internacionais. Ali-ás os próprios destaques falam também da instabilidade económica na África do Sul e do mercado de câmbios.No interior a Capital tenta identificar os constrangimentos que inviabilizam os mecanismos de gestão de recursos públicos, com a ajuda do Grupo Mo-çambicano da Dívida e afirma-se que o turismo pode render muito mais, de molde a reduzir a dependência do país em relação ao exterior.A crescente agiotização da economia moçambicana merece uma reflexão aprofundada de Filipe Ribas, enquan-to Leonardo Júnior se socorre do caso do governo português para afirmar: Bendita crise e bendito euro. O exem-plo nórdico e a situação no Japão e nos Estados Unidos ajudam o economista Levi-Sérgio Muthemba a constatar que a história de salvação das bolsas mos-tra que a convalescença será longa.Nesta edição conhecemos também o homem que previu a crise nos Estados Unidos, enquanto Edgar Baloi con-sidera que Wall Street está envolvida em eutanásia por pressuposto legal e Samuel Zita explica como a crise finan-ceira mundial irá afectar a economia moçambicana.

anunciantes no nº 10TdM; electrotec; aJ&c, Moçam-bique, lda.; Sala ciP; aeroportos de Moçambique; Standard Bank; Smart living; ernst & Young; vi-sabeira; Bci Fomento; Banco So-cremo; cFM.

10

Por isso mesmo, a reeleição de Armando Guebuza como Presidente da República e o reforço do partido Frelimo na Assembleia da República, podem também ser considerados como resultantes do voto na estabilidade económica que souberam conferir ao país.

Mas, se os resultados podem ser festejados pelos vencedores, não é menos verdade que tal lhes acarreta uma maior responsabilida-de no futuro. Foi um voto de confiança no sa-ber que demonstraram, na seriedade que se impuseram, no cumprimento das promessas efectuadas.

Na área económica existem indicadores de confiança no governo e na sua política.

Todavia, é imperioso que nunca se esqueça que, a quem vence sempre se exige que dê o melhor de si, mas que esteja atento a quem o aplaude ou assobia. Afinal os vencedores só o são porque houve disputa, competição, e outros interlocutores, adversários, que, em-bora derrotados, também fazem parte do te-cido social que, no caso, constitui esta nação à beira Índico.

Na sociedade moçambicana parte-se agora para mais um período de maioria absoluta na governação do país. O Presidente reeleito soube granjear, no seu primeiro mandato, o apreço internacional e o respeito dentro do país que governa. Os próximos cinco anos serão cruciais para consolidar as conquis-tas resultantes duma política que contribuiu para o reforço da auto-estima das moçambi-canas e dos moçambicanos e onde o desen-volvimento económico se acentuou.

O país, embora lograsse avanços signifi-cativos no panorama económico mundial e melhorasse a sua posição nos rankings inter-nacionais de boa governação e oportunida-des de negócio, continua a integrar o pelotão dos países em vias de desenvolvimento e a necessitar de apoio financeiro exterior signi-ficativo.

Armando Emílio Guebuza e o partido que formará governo, possuem um conheci-mento profundo dessa realidade, sabem que só o envolvimento de vastas camadas da população e das forças da sociedade civil, lhes permitirá governar com estabilidade e

ultrapassar, paulatina mas decididamente, as várias etapas da próxima legislatura. Por outro lado, o Presidente, neste seu segundo mandato, considerará que o momento é ide-al para preparar e consolidar o legado que deixará na história do seu país, na história do continente e na história universal.

A força, a argúcia, a inteligência e o sentido de Estado dos homens públicos aquilatam-se, não apenas por aquilo que fizeram duran-te o período em que detiveram o poder, mas também pela maneira como souberam pre-parar a governação do seu país nos tempos que a si seguirão.

O legado que as gerações vindouras irão receber não integra apenas a legislação assi-nada ou os discursos pronunciados. Os gran-des objectivos que nortearam a governação, as medidas tomadas, a acção continuada, a definição de “bandeiras” que indicaram o rumo a tomar, o respeito dos seus pares, constituem outras tantas preocupações de quem dirige.

Mas são inquietações naturais, saídas, afi-nal, duma prática de boa governação já ini-ciada neste primeiro mandato e que o tempo poderá consolidar no que agora se inicia, a exemplo da luta contra a pobreza, que se transformou num ícone moçambicano e ul-trapassou a esfera presidencial.

A responsabilização de cada cidadão pelo seu papel no todo que constitui o país onde nasceu, ou que escolheu para viver, tem sido um dos desafios do Presidente Guebuza nas suas intervenções e na política do seu gover-no. Esse mesmo sentido de responsabilidade que é transmitido do topo da pirâmide para a base, numa demonstração de reciprocidade entre governantes e governados, uma sim-biose que encontra eco na acção de outros grandes estadistas deste mundo.

Afinal, foi John Fitzgerald Kennedy, presidente dos Estados Unidos da Améri-ca do Norte, no início da segunda metade do século passado, quem disse um dia: Não perguntem o que o vosso país vai fazer por vós, interroguem-se, acima de tudo, sobre aquilo que podem fazer pelo vosso país!

Page 35: Revista Capital 23

Revista Capital 35

PubGolden

Page 36: Revista Capital 23

Revista Capital36

NATIONAL

11Setembro de 2008

Barack Obama! Pela primeira vez a re-vista CAPITAL coloca uma figura pú-blica a ocupar toda a sua capa. O presi-dente eleito dos Estados Unidos mere-ceu a distinção acompanhado do título revelador: A esperança vence.Os destaques, além de se perguntar quais as perspectivas para África com a eleição de Obama, vão para os ciclos do capitalismo no Brasil e para as galinhas dos ovos de ouro em Moçambique.À parte os ovos, os produtores moçam-bicanos querem estar entre os maiores produtores mundiais de coco, com o apoio do Millennium Challenge Ac-count e confiaram as suas esperanças a Fátima Mimbire.A Capital noticiava que nos parques, reservas e coutadas, tinham-se arreca-dado 54 biliões de meticais em 7 anos e o governo e IFC desenhavam projectos de mais de um bilião de dólares que ge-rariam 26 mil novos postos de trabalho, no âmbito do Programa Âncora de In-vestimento em Turismo.Apesar das boas perspectivas a crise continua no horizonte e Levi-Sérgio Mutemba refere que o Franco Suíço tem um estatuto de valor refúgio a preser-var, Samuel Zita deixa alguns conselhos para o Acordo de Parceria Económica SADC – União Europeia e Edgar Baloi tenta identificar os beneficiários da crise financeira. A partir deste número os Es-tilos de Vida instalam-se em 3 páginas.

anunciantes do nº 11TdM; electrotec; aJ&c Mo-çambique, lda.; autovisa; Sala ciP; mcel; laM; nokia; Smart living; Bci Fomento; ernst & Young;Banco Socremo; cFM.

Elections in Mozambique took place in October, and November is the time to officially announce the electoral re-

sults. In fact the country was very involved both in the pre-campaign and in the elector-al campaign. The expectation in regard to the new political “chess pieces” were enor-mous, and the drawbacks found here and there, also contributed to instigate the cu-riosity of the official observers and others, those who care about the “public thing” and expect a sound and healthy course in a straight road.

In this case we find, obviously, the coun-try’s business related plots, great part of which decide, and manage the wealth and create employment which in some way di-verts the some of the poverty spectrum . Those who sell their productive force also await, as apprehensively, the electoral re-sults, perhaps with more “down to earth “ worries, relating to the job guarantee, raise of minimum wages, and inflations fluctua-tions.

These two components of society together, those who employ and those who are em-ployed, result in the social stability , the

balance between the role of those who inte-grate the productive system and those who detain the means of production. In the last few years Mozambique has livid in a period of social lull and a new breath in various ac-tivity sectors was felt.

This could be the reason for the expecta-tion of the official election results The con-firmation of the continuity or the prediction of changes, were unknown in the conver-sations where the world is created and an-nulled , between a look and a silence.

Mozambique voted for the continuity and the safety of a well known system, for the strengthening of the war against public poverty, for the moralization of official hab-its and practices.

There were promising developments in society in the past five years, in a much lesser speed than that which is expected, but which will be possible. The State inten-sified the vigilance and the control over its own institution. Campaigns against cor-ruptions were launched and the results turn up as an omen that others will come. There was never so much worry regarding the good governing and internal organization, the actions follow, campaigns are launched

Mozambican vote for self-esteem and economic development

Ricardop Botas

Page 37: Revista Capital 23

Revista Capital 37

NATIONAL

dezembro de 2008 – Janeiro de 2009

Primeiro número duplo da Revista CA-PITAL, a entrada no seu segundo ano de publicação e o símbolo moçambica-no de Cahora Bassa na capa, enquanto os destaques vão para a gestão ruino-sa que mata a TAAG em Angola, para o corredor de Nacala em Moçambique e para a complexa teia que envolve um corredor económico em África.Nas 100 maiores empresas de Moçam-bique, ranking organizado pela KPMG, a Mozal ficou outra vez em primeiro lu-gar. Fernando Couto, um dos rostos do Corredor de Nacala concede uma gran-de entrevista a Ednilson Jorge. Ainda nesta edição da Capital um estudo de-senvolvido pelo Instituto de Promoções e Exportações (IPEX) revela que poten-cial comercial é prejudicado por fragili-dades fronteiriças.No aspecto financeiro avança-se que Moçambique é o maior beneficiário da ajuda nórdica e que o financiamen-to está assegurado para que papeleiras finlandesas possam operar no território nacional.E temos ainda tempo para descobrir a experiência do este asiático no capítulo do desenvolvimento rural.Finalmente foram entregues os prémios da Ernst & Young e o empreendedor de 2008 foi Lourenço do Rosário, reitor da primeira universidade privada de Mo-çambique.

anunciantes no nº 12/13TdM; Sala ciP; autovisa; mcel; Mo-çambique Fashion Week; Mozlog; Smart living; Bci Fomento; laM; Banco Socremo; aJ&c Moçambi-que, lda.; ernst & Young; cFM.

12 13

Mozambican vote for self-esteem and economic development

with the cooperation between the public and private sectors, and the very Ministry of Finance created a tax for the small tax-payers. While it is still early to evaluate any results they are certainly worthy. We can see the preoccupation to discipline, to in-stil the sense of responsibility in each and everyone. Other ministries are strengthen-ing their interceptive power and are creat-ing the basis for continuous and supported work. Such as the Ministry of Education and Culture which, in the five-year period ( 2004/2009) , built approximately 4.000 new classrooms, launched the Construc-tion of Provincial Libraries’ Project and strengthen the duty of technical education to the school population, as an extension of the training of youngsters .

Projects of great competence are also showing up. The mining activity, with Vale and Riversdale are the leaders; The North corridor, which is becoming more and more a serious reality and creates other dynam-ics in the sectors up and downstream; The tourism which creates its own brand sees the Gorongoza Park set in motion more speed to the sustainable growth and cel-ebrates the increase in the number of visi-

tors in great scale, at the beaches and in the costal areas; its Mozambique’s role in the .emerging community of southern African countries who are looking to consolidate a common area of economic activities; it’s the reversal of Cahora Bassa to the Mozambi-can State, the benefits derived thereof and the projects for a new dam that will con-tribute to taking electricity to wherever it’s mostly needed; the bridge over the Zam-beze which draws the North nearer to the South and which contributes to the cutback of costs of essential products; It is Nacala’s Refinery Project which appears to be much closer than it was anticipated; the great dynamics of restoring of roads and of the rupture in other means of communication , with the support of international parties and with profound involvement of the mu-nicipalities; it is, in its logic sequence, the reinforcement of the transport of goods and passengers sector, assisted also by the poli-cy of subsidizing fuel prices; the role of the municipalities as a development factor in the local economic activity, and the creation of thousand of jobs; it’s the announcement that soon Mozambique will have a railway line which will connect the two extremes of the country in length.; the development of LAM, the national airline company which appears amongst the best in the continent and reinforces its international flights; the strengthening and development of impor-tant agricultural projects in the valleys of the main rivers which run in Mozambique which will contribute to settle the rural pop-ulation and keep them away from the cities; it is also the role of the donors who, despite the criticism, maintain and have also rein-forced their annual contribution towards the big development projects and, last but not least, the “7 million ” factor which, at district level, constitute a decisive lever-age for the professional training and for the struggle against poverty, this, despite some less transparent situations which the population exposed without restraint in the course of open presidencies..

These, inter alia, may be considered the main yards which will contribute to rein-force the foundation of this great country. In the meantime, there are a thousand of other projects and companies which only manage to develop thanks to the economic stability in which we lived. They are smaller, they will be the bricks, the Incomate sand particle, the Portland cement dusts, the 6 and 8 fire centimetres, but they also con-tribute to guarantee the structure, and to

Page 38: Revista Capital 23

Revista Capital38

NATIONAL

Fevereiro de 2009

A energia eólica em destaque na capa desta edição e o pedido de chegada rá-pida do sopro energético, com desta-ques diversificados, desde o projecto de fronteira única, à subida do com-bustível, passando pela negociação dos créditos de carbono.No interior anuncia-se que a LAM vai baixar os seus preços e desenvolve-se a notícia sobre a abertura nesse mês do projecto de fronteira única com a África do Sul, assim como a iminência da reactivação das minas de grafite de Ancuabe.Fátima Mimbire foi investigar e afirma que Moçambique é país abençoado em termos de energia enquanto Hermes Sueia ajuda a repensar o papel do Esta-do no desenvolvimento rural e se cons-tata noutro artigo que os investimentos no sector turístico reduziram.Francisco Fonte da Ernst & Young ana-lisa, um ano depois, o Plano Geral de Contabilidade e nas notícias do mundo verifica-se que o crescimento chinês no último trimestre de 2008 caiu para 6,8%, número que muitos países gos-tariam de ter como índice normal de evolução.Nos Estilos de Vida fala-se de Charlie Parker, “Bird”, o saxofonista que voa-va alto e poder-se-á aterrar nos divinos néctares, separando os brancos dos tin-tos, e estes dos rosés, iniciando talvez um périplo que nos leve à descoberta de castas nobres e de métodos de vini-ficação ainda pouco conhecidos.

anunciantes no nº 14TdM; aJ&c, Moçambique, lda; autovisa; mcel; Mozlog; Sala ciP; Bci; electrotec; ernst & Young; Banco Socremo; cFM.

14

ensure that the work does not stop. Therefore, the re-election of Armando

Guebuza as President of the Republic and the reinforcement of the Frelimo Party in the Republic Assembly, can also be considered a result of the vote on the economic stability which they were able to grant the country .

But if the results may be celebrated by the winners, it’s also true that this entails more responsibility in the future. It was a vote of confidence in the wisdom showed by them, in the integrity which they imposed, in the fulfilment of their promises .

There are also reliable indicators in the government and its policies in the economic arena.

However, it is imperative never to forget that, it is always required the best from those who win, but be ware of those who applaud them. There are only winners because there was a dispute, competition, and other in-terlocutors, adversaries, who, despite being defeated are also part of the social material which, in this case, constitute this nation on the skirts of the Indian ocean.

The Mozambican society is taking a step further into a new era of absolute majority of the country’s governing. The re-elected President managed to obtain, in his first mandate, the international esteem and re-spect within the country which he governs, but the next five years will be crutial in the consolidation the conquests which resulted from a policy which contricbuted to reinforce the self-esteem of the mozambican people and where the economic development was emphasized.

Despite the fact that the country benefited from significant promotions in the global economic scene and enhanced its position in the international rakings for good governing and good business opportunities, it is still among the groups of countries under de-velopment and needing significant external financial support.

Armando Emilio Guebuza and the party which will form the government, are abso-lutely aware of this reality, they know that only with the involvement of certain layers of

the society as well as the civil society forces will alow them to govern with stability and to overtake, slowly but surely, the several stages of the next legislature. On the other hand, the President, in this second mandate of his, will consider that the moment is ideal to prepare and consolidate the legacy which he will be-quest to his country’s history, to the conti-nent’s history and to the universal history.

The strength, the astuteness, the intelli-gence and the sense of Estate of public men are valued, not only for what they did during the period in which they were in power, but also for the manner in which they knew how to prepare the governing of their country for the times to come.

The inheritance which the new generation will bequest will not only integrate the leg-islation signed or the speaches made. The major objectives which surround the gover-ment, the measures taken, the continued ac-tions, the definition of the “flags/standards” which indicate the course to follow, the re-spect of their peers, constitute so many other worries of those who govern.

These are all natural concerns which derive from good governing practice which started with the first mandate and which will be con-solidated by time, example of which is the fight against poverty which became a mo-zambican icon and went beyond the presi-dential scope.

One of President Guebuza’s challenge in his interventions and the country’s policies has been to get all mozambican citizens or all those who chose to make mozambique their country to take responsiblity for the country in a whole. This same sense of responsibil-ity which is transmitted from the peak of the pyramid all the way to the bottom, and in this way demonstrating reciprocity between government and the people a symiosis which is echoed by all great statesmen.

It was after all Johan F. Kennedy, presi-dent of the United States of America, in the beginning of the second part of last centurty who said:” Don’t ask what your country can do for you, but what you can do for your country.”!

Page 39: Revista Capital 23

Revista Capital 39

EMPRESAS

A previsível escassez de combustíveis fósseis, a poluição, as preocupações com energias cada vez mais amigas

do ambiente e o próprio aquecimento glo-bal, constituem razões mais que suficientes para justificarem uma abordagem, ainda que sucinta, do papel da maior companhia petrolífera moçambicana nesta conjuntu-ra.

O administrador da Petromoc, Engº Edu-ardo Magalhães, responde a perguntas li-gadas com a problemática dos biocombus-tíveis, traça as grandes linhas de actuação da companhia para o futuro e aborda as-suntos cruciais ligados ao desenvolvimen-to económico de Moçambique.

Quando se fala em energias alter-nativas ao petróleo, pensa-se no fim das reservas naturais de combustí-veis fósseis. Será uma realidade, e a que distância?

Muitos estudos e publicações são unâni-mes quanto ao fim dos combustíveis fós-seis, divergindo no entanto em termos de escala de tempo e outros parâmetros rele-vantes.

Na nossa opinião, a médio prazo pode-mos estar de facto numa situação de enor-me déficit da oferta em relação à procura.

É obviamente muito difícil fazer projecções consistentes sobre o que se pode ainda des-cobrir na natureza.

Os combustíveis fósseis continuarão cer-tamente e desempenhar um grande papel nas economias do mundo, mas avizinha-se um período de transição onde algum vo-lume daqueles será substituído pelos bio-combustíveis.

Poderá a diminuição significativa do uso de combustíveis fósseis reali-zar-se através da introdução dos bio-combustíveis? Que efeito terá sobre a agricultura essa medida?

Os biocombustíveis têm sem dúvida a possibilidade de dispensar enormes quan-tidades de combustíveis fósseis, principal-mente na área automóvel.

Sobre os seus efeitos na agricultura, muito se tem dito e escrito a este respeito, numa discussão que está longe de conclu-ída. De qualquer forma muito do discurso dantesco sobre a escassez de alimentos a ser provocada pelos biocombustíveis vem sendo desfeito pela observação prática das dinâmicas dos mercados.

Os biocombustíveis podem, ao invés de ameaçar a produção de alimentos, ser exactamente o seu elemento propulsor

constituindo os factores infra-estruturais para o seu desenvolvimento e incentivan-do, de passagem, a produção de alimentos e outras mercadorias agrícolas.

como está a Petromoc a lidar com a questão dos biocombustíveis e qual o estado actual dos estudos e projec-tos nesta área?

A Petromoc é parte integrante do Grupo de Trabalho para os Biocombustíveis, um fórum multidisciplinar e multisectorial, que engloba técnicos de vários ministérios, para a preparação de condições para o apa-recimento de legislação e regulamentação adequados à indústria de biocombustível.

Dispomos, em todo o país, de uma enor-me capacidade instalada de armazenagem, a maior parte da qual se situa junto aos portos, propiciando a exportação, além de possuirmos profunda experiência na área da distribuição.

Só quem tem controlo de uma rede de infra-estruturas apropriada e possui com-petência e experiência como provedor de serviços logísticos aliada à vocação de dis-tribuidor é que pode preencher satisfato-riamente o papel de aglutinador dos diver-sos projectos, constituindo uma base fun-cional e competitiva e acrescentando-lhe

Energias alternativas

Os desafios da Petromoc

Page 40: Revista Capital 23

EMPRESAS

Revista Capital40

a possibilidade de adequação planificada e contínua do sistema.

Será o recurso a biocombustíveis a melhor solução para fazer face à anunciada diminuição dos combus-tíveis fósseis?

Além da necessidade de encontrar solu-ções alternativas, existe vontade política e clara potencialidade e possibilidade de produzir grandes quantidades de biocom-bustíveis para a substituição progressiva dos combustíveis fósseis, principalmente na área automóvel.

Foram feitos muitos estudos sobre a matéria e as indicações apontam para ní-veis de rentabilidade a partir de determi-nados preços base do petróleo, biodiesel e bioetanol. Com efeito, para lá de cerca de US$ 60 por barril de petróleo, come-ça a viabilidade do biodiesel, havendo indicações apontando para cerca de US$ 55 o barril. Quanto ao etanol temos para níveis liminares de rentabilidade, preços do petróleo em cerca de US40 o barril. Tudo depende, no entanto, de outros factores também importantes, como a matéria-prima em causa, as condições agroclimáticas e infra-estruturais além do regime fiscal.

como se perspectiva a aderência da sociedade a esta nova fórmula e o que mudar para receber condigna-mente os biocombustíveis no sector automóvel?

Toda a mudança provoca suspeitas, inér-cia a até mesmo resistência activa nos acto-res directa ou indirectamente afectados.

Uma das questões a ser resolvida para determinados níveis de mistura de bio-combustíveis com combustíveis fósseis é a aceitação da indústria automobilística.

Resolvidas as questões relacionadas com a infra-estrutura e sistema global de dis-tribuição e retalho, espera-se uma fácil aceitação por parte dos consumidores, sem

deixarem de ocorrer os habituais pronun-ciamentos mais ou menos antagónicos ou pelo menos de grande reserva e algum te-mor.

O preço terá um papel fundamental nesta questão, não sendo pacífico repassar al-gum agravamento ao consumidor pela in-trodução dos biocombustíveis. Aí o regime fiscal aplicável pode ser determinante, pelo menos na fase inicial de introdução.

É claro que têm de ser cuidadas e monito-rizadas todas as questões relacionadas com as especificações técnicas dos biocombus-tíveis e respectiva consistência.

Qual o estado actual do envolvi-mento da Petromoc nos biocombus-tíveis? Qual a consistência e conti-nuidade dos projectos?

A Petromoc, pelas razões que já abor-dámos, é quase sempre, potencial par-ceiro de projectos de biocombustíveis em Moçambique. Estes são normalmente da iniciativa de outras entidades, que vêm oportunidade e utilidade no envolvimento da Petromoc nos seus empreendimentos.

A crise económica e baixo preço do pe-tróleo arrefeceram o entusiasmo e a dis-ponibilidade em investir nos biocombus-tíveis, o que deverá seguramente sofrer alteração.

A Petromoc é sócia maioritária da em-presa Ecomoz Energias Renováveis e Al-ternativas, que conta com uma instalação piloto na Matola para o processamento de biodiesel. Como matéria-prima a ecomoz vem utilizando óleo de copra, óleo usado (reciclado) de cozinhas e algum óleo de palma importado, sendo esta situação apenas transitória.

A Ecomoz conta com parcerias estra-tégicas para o desenvolvimento agrícola tendente ao controlo das matérias-primas para produção dos biocombustíveis.

A Petromoc tem ainda parcerias em grandes projectos, em fase de desenvolvi-mento.

Março de 2009

O Turismo vai marcar pontos? Pergun-tava-se na cobertura da Capital nº 15 e reproduzia-se o logótipo da marca Mo-çambique que o Ministério do Turismo tinha lançado há poucos dias. A partir desta edição o editorial pas-sava para a quinta página e o sumário ocuparia duas páginas, com destaque para os principais artigos. Iniciava-se também a utilização da cor salmão na margem exterior de cada página.No corpo desta edição o grande desta-que vai para o turismo com saliência para a VIII edição da Bolsa de Turismo de Maputo, para a Cimeira Africana de Investimento Turístico e para o Cam-peonato Mundial de Futebol, edição 2010, a realizar-se na vizinha África do Sul.Ednilson Jorge fez turismo interno e foi ver as obras da ponte sobre o rio Zambeze tendo descoberto que o custo directo do empreendimento é de 81 mi-lhões de euros e este seria inaugurado ainda no ano em curso.Na parceria mantida com a empresa Ernst & Young, abordou-se nesta edi-ção a questão ambiental no mundo dos negócios, tanto em Moçambique como no resto do Mundo e Samuel Zita, a propósito de crise económica, afirma que se anda apagando o fogo com com-bustível.A rubrica Pena Capital estreia-se nes-te número, logo a seguir aos Estilos e pretende ser uma análise politico-eco-nomicamente incorrecta da situação nacional e internacional.

anunciantes no nº 15TdM; hollard Seguros; autovisa; electrotec; Bci; ernst & Young; Banco Socremo.

15

Page 41: Revista Capital 23

Revista Capital 41

TURISMO

Sérgio Mabombo (Texto)

O Parque Nacional de Gorongosa (PNG) já figura no “Top Dez” dos maiores destinos de safari em Áfri-

ca, segundo um estudo internacional re-centemente divulgado.

A lista compreende ainda mega-parques africanos como Masai Mara (Quénia); Mana Pools Etosha Pan (Namíbia); Nor-thern Circuit (Tanzânia), Khalaghadi transfrontier Conservation área e Kruger Park (África do Sul), W-National Park (Ní-ger); South Luangwa (Zambia) e Mana Po-ols (Zimbabué).

O PNG pode vir a ser o número um, se-gundo acredita Vasco Galante, director de Comunicação daquela estância turística. Aliás, a ideia que persiste, e segundo Vasco Galante, se a Gorongosa não tivesse passa-do pela fase conturbada da guerra, na qual foi severamente destruída, “muito prova-velmente hoje seria o melhor Parque do Mundo”.

Actualmente, o PNG é visitado por cerca de 6 mil turistas por ano, número que cres-ce a uma velocidade superior à capacidade de resposta em termos de alojamento. O contingente de turistas que visitam o PNG cresce na ordem dos 40 por cento anuais, mas a capacidade de resposta em número de camas ainda não é suficiente. A limita-ção só conhecerá uma solução, com o Pro-

cesso (ainda em curso) de Candidaturas de Operadores Nacionais e Internacionais para a exploração de actividades turísti-cas dentro dos limites do parque, iniciati-va que já obteve candidaturas em todas as áreas.

É expectável que a procura dos turistas pelo PNG conheça o seu cume no âmbito

da onda de actividades de turismo e lazer associadas ao Mundial de Futebol 2010, a ter lugar na vizinha África do Sul.

Nos últimos anos, o PNG vem conhecen-do um programa de restruturação, durante o qual houve o estabelecimento de um acor-do de gestão conjunta entre o Governo mo-çambicano e a Fundação Carr (pertencente ao milionário e filantropo norte-americano Greg Carr). No âmbito da restruturação, este já desembolsou 40 milhões de dólares norte-americanos e acredita que se o Par-que alcançar cerca de 40 mil turistas por ano, e melhorar a actual capacidade logís-tica virá a ser auto-sustentável.

O montante disponibilizado foi aplicado também no repovoamento das espécies, facto que permitiu a introdução de novas espécies animais de modo a superar o défi-ce criado ao longo da guerra civil - período em que praticamente se extinguiu a biodi-versidade do Parque Nacional da Goron-gosa.

De acordo com Greg Carr, as acções em curso desde a assinatura do acordo entre a sua Fundação e o Governo moçambicano, no sentido de tornar o parque auto-sus-tentável, já permitiu que em cinco anos se criassem mais de 500 postos de trabalho, nomeadamente nas áreas da educação, pesca, guias turísticos, restauração, entre demais áreas associadas.

Não obstante, Greg Carr reconhece um

PNG já figura no “top ten”dos destinos safaris em áfrica

...o Zoo Boise da África do Sul lançou, recente-mente, a sua parceria com a Fundação Carr, no intuito de apoiar a deslocação de elefantes para o PNG. Aquele zoo-lógico sul-africano ven-deu elefantes de peluche a 10 dólares americanos cada, e angariou 7.000 dólares americanos para o programa de reintrodução de animais selvagens na Gorongosa.

Page 42: Revista Capital 23

Revista Capital42

TURISMO

enorme trabalho a ser realizado a nível do Parque de forma a torná-lo ainda mais competitivo: “Precisamos de mui-tos voos, de modo a aumentar o número de visitas dos turistas e a rentabilidade do PNG”, explicou Greg Carr.

A Co-Gestão do PNG tem apostado na restruturação e na construção de novas estradas, de bungalows, de restaurantes

e na aquisição de equipamento de fisca-lização, redes de água e demais infraes-truturas. O projecto é, segundo Carr, a combinação do desenvolvimento huma-no com a recuperação da natureza, via através da qual se atrai os turistas que, por sua vez, geram postos de trabalho nas comunidades locais.

Por outro lado, o Zoo Boise da África do Sul lançou, recentemente, a sua par-ceria com a Fundação Carr, no intuito de apoiar a deslocação de elefantes para o PNG. Aquele zoológico sul-africano vendeu elefantes de peluche a 10 dóla-res americanos cada, e angariou 7.000 dólares americanos para o programa de reintrodução de animais selvagens na Gorongosa.

O Parque Nacional da Gorongosa está cada vez mais na moda. Para tal, têm contribuído as reportagens e artigos publicados nos media impressos e na World Wide Web bem como as reporta-gens televisivas. Actualmente, órgãos de comunicação de prestígio mundial como os jornais Finantial Times e Expresso, as revistas Getaway, África 21, Sawubona, Travel Africa, Marketeer, Visão e Outsi-de, e os canais televisivos RTP e SIC, en-tre outros, têm-se mostrado interessados em explorar o PNG em termos jornalísti-cos, facto que constitui, sem dúvida, uma mais-valia para a projecção internacional deste ex-libris moçambicano.

rapidez na emissão de vistos ainda é uma intenção

A emissão de vistos para a entrada de turistas no território nacional continua demorada, facto que deixa os operadores turísticos amuados. A demora contraria o objectivo inicial do Ministério do Turis-mo que já tomou algumas medidas para maximizar o crescimento dos índices de Turismo através da facilitação da entrada de turistas no País, concedendo vistos nas fronteiras. Segundo o director de Comunicação do PNG, Vasco Galante, “a iniciativa é exce-lente mas sente-se a necessidade de mais trabalho para que o sector desfrute dos resultados práticos.” Numerosos turistas que obtêm vistos de fronteira na cidade da Beira ficam reféns do facto. Por vezes, acontece que um turista que faz a viagem entre Joanesburgo e Beira leva 1 hora e 40 minutos de viagem para depois ter de fi-car mais 40 minutos à espera de um visto. “Este procedimento não faz muito senti-do,” desabafa Vasco Galante.O sector turístico tem envidado esforços para que os turistas cheguem às estân-cias turísticas o mais depressa possível, mas a lentidão na emissão dos vistos é um grande detractor. Galante defende que o turismo é a grande indústria do futuro para Moçambique. O mesmo responsável acrescenta que o País possui potencial tu-rístico suficiente para vir a ser um caso de sucesso a nível mundial. Mas, para se che-gar a esse nível, defende a necessidade de muito trabalhalho e esforço de formação, sobretudo na questão do atendimento ao turista. É preciso criar-se uma mentalida-de que promova a vontade do turista em gastar o máximo, adquirindo os serviços que o país oferece.

O PNG pode vir a ser o número um, segundo acredita Vasco Galante, director de Comunicação daquela estância turís-tica. Aliás, a ideia que persiste, e segundo Vas-co Galante, se a Goron-gosa não tivesse passado pela fase conturbada da guerra, na qual foi severamente destruída, “muito provavelmente hoje seria o melhor Par-que do Mundo”.

Page 43: Revista Capital 23

Revista Capital 43

Page 44: Revista Capital 23

EMPRESAS

Revista Capital44

Decorreu, entre 4 e 5 de Novembro, o III Ciclo de Conferências de Con-tabilidade e Auditoria de Moçam-

bique (3ECAM) organizadas pelo Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique, em colaboração com a Uni-versidade de Aveiro, este ano com o mote “Contabilidade para uma Gestão Eficaz”.

O encontro foi dominado pela palavra mu-dança, já que com as mudanças das normas constantes do plano geral de contabilidade para as normas internacionais muitos as-pectos contabilísticos e de relato financei-ro terão de ser alterados em Moçambique, bem como em grande parte do Mundo.

A conferência foi aberta pelo ministro da Educação e Cultura, Dr. Aires Aly, que tes-temunhou a assinatura de dois protocolos assinados entre o ISCAM e o Instituto Po-litécnico de Leiria, que permitirão desde já ter mais uma Licenciatura em Marketing a funcionar em Moçambique e estabelecer um programa de apoio docente às áreas ca-renciadas desta instituição moçambicana.

As conferências iniciaram-se com a pales-tra do Prof. Doutor Joaquim Cunha, funda-dor do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro. Seguiu-se a apre-sentação do Juiz Conselheiro do Tribunal Administrativo, Dr. Aboobacar Changa, que trouxe à discussão a temática do procedi-mento e processo tributário. Uma exposição clara e exaustiva do enquadramento legis-lativo actual com comentários e propostas de alterações que o legislador moçambica-no terá de equacionar no futuro próximo. Ainda no domínio das leis mais recentes foi apresentado o novo Imposto simplificado e uma exortação a todos os presentes que colaborem na divulgação deste imposto, que trará para a legalidade um conjunto de

negócios informais. A apresentação foi da responsabilidade da Dra. Otília Santos, Di-rectora Geral dos Impostos.

O Dr. Ismael Faquir, da consultora Ernest & Young, trouxe à conferência um extenso e bem organizado conjunto alterações que irão ser introduzidas no ordenamento jurí-dico, no quadro da reforma fiscal necessária face à adopção das já referidas normas in-ternacionais de contabilidade.

A primeira parte do III Ciclo de Confe-rências de Contabilidade e Auditoria de Moçambique terminou com um debate que sempre surpreende pela qualidade e co-ragem das perguntas e obviamente que os esclarecimentos chegariam para outra con-ferência. A segunda tarde de intervenções começou com o tema da Justiça Fiscal pelo Dr. Teodoro Waty. Este distinto professor e advogado discorreu sobre esta temática para a construção de um mundo mais jus-to e solidário.

A apresentação seguinte, proferida pela Prof. Doutora Natália Canadas do Ins-tituto Politécnico de Leiria, passou em revista de uma forma clara e bem apre-sentada a questão da informação e comu-nicação do relato contabilístico.

Para fechar o Encontro com chave de ouro ficou um dos responsáveis por estes encontros, que participou em todas as edições, o Prof. Doutor Domingos Cravo, da Universidade de Aveiro e agora pre-sidente da Comissão de Normalização Contabilística em Portugal. Domingos Cravo que abordou as alterações induzi-das pela aprovação do PGC – NIRF, e, em especial, das mudanças conceptuais que o mesmo implica, e ainda dos efeitos que as alterações aprovadas terão ao nível de outras disciplinas.

3ecaM: contabilidade para uma gestão eficaz

abril de 2009

A título experimental iniciámos nesta edição o bilinguismo na CAPITAL. A versão em inglês do tema de capa pas-sará a ser oferecida a todos os leitores, tal como mais uma inovação no grafis-mo no que concerne o espaço de gran-de entrevista. O presidente do IGEPE é o primeiro entrevistado desta série para falar sobre o papel do Instituto de Gestão das Participações do Estado, e é também com a sua foto que se faz a cobertura. Nos destaques, África do Sul e Moçambique.As eleições na África do Sul e a vitória do ANC, assim como uma viagem ao Qué-nia constituem as matérias de abertura que fazem agulhagem para uma análi-se aos ecos da crise internacional e das suas repercussões em Moçambique.O turismo, sempre presente na área económica, merece uma análise de Fe-derico Vignati e Luís Sarmento sob o lema: superando desafios, inovando e construindo um modelo nacional. Mas também o Norte está em evidência, através do projecto Arco Norte que pre-tende desenvolver um programa que visa atrair para a região investimentos na ordem dos 5 biliões de dólares. Os Estilos de Vida foram em busca dos Masai, no Quénia e ainda se atardam sobre o livro “Reflecting on Economic Questions”, editado pelo Instituto de estudos Sociais Económicos.

anunciantes no nº 16TdM; vodacom; hollard Segu-ros; electrotec; Móveis Suíça; aMeP; Suretel; Moçambique Se-guros; Bci; golden Travel; digi-tal connection consulting-dcc; Banco Socremo;

16

Page 45: Revista Capital 23

Revista Capital 45

Pub.Afritool

Page 46: Revista Capital 23

Revista Capital46

Um empreendedor é um visionário, um criativo por excelência, pronto a arriscar para, ultrapassando os seus

próprios limites, ir mais longe. No entanto, a visão e a criatividade não

são factores suficientes para a obtenção do sucesso. O facto do indivíduo possuir um horizonte intelectual não espartilhado, de estar predisposto a correr riscos pessoais e profissionais, alicerçados no sonho, na criatividade e na ambição não são garantes da obtenção do sucesso e, muito menos, da sua manutenção.

Esta garantia é dada pela formação a nível médio e, principalmente, a nível superior.

É a formação que permite ao indivíduo adquirir e desenvolver as competências gerais e específicas essenciais para alcan-çar e manter o sucesso, possibilitando ain-da um crescimento pessoal e profissional, sustentado e alicerçado. Pessoal, no senti-do em que actualmente é essencial que o indivíduo seja capaz de se auto-organizar, de perceber que é imprescindível investir no conhecimento e que o seu crescimento pessoal é essencial para o seu crescimento noutros domínios. Profissional, no sentido em que o seu crescimento neste âmbito é imprescindível, não só para o seu desen-volvimento pessoal, mas também para o da comunidade em que se insere, reflec-tindo-se, por sua vez, no desenvolvimento do país, verificando-se, deste modo, uma cadeia de valor acrescentado.

A formação é, por isso, um catalisador do empreendedorismo, facilitadora do suces-so e da sua manutenção, motivando o es-tabelecimento de objectivos cada vez mais exigentes, mas cada vez mais alicerçados. Tal é possível, uma vez que o empreende-dor aprendeu a delinear objectivos, a pla-nificar e a hierarquizar as suas acções, a calendarizá-las, a prever cenários, a tomar atempadamente as decisões e a solucio-nar os problemas de forma criativa e efi-caz. Mas aprendeu sobretudo a avaliar os processos e o seu próprio desempenho, a corrigir procedimentos, a reformular, colo-cando a criatividade e a inovação ao servi-ço do sucesso.

O empreendedor moderno, da era do co-nhecimento, por estar em constante for-mação, consegue adaptar-se a contextos diversos, analisando-os, identificando as oportunidades e assumindo riscos, contro-láveis, por estar de posse das competências e dos instrumentos para tal necessários. O empreendedor moderno é aquele que tem uma visão multidisciplinar, que interage e lidera, que aprende fazendo, que tira di-videndos do saber pragmático de modo a potenciar o conhecimento adquirido e as competências desenvolvidas no âmbito da sua formação. É aquele que aprendeu e põe em prática o seu conhecimento, aquele que nas dificuldades consegue ver oportunida-des, que representa uma mais-valia para a

organização. Sendo respeitado, é tido como um exemplo pela sua competência e não temido pelo facto de ser “líder”, levando os outros a ambicionarem fazer, a quererem fazer parte da organização e não apenas a ser mais um a trabalhar para ela.

O líder é um empreendedor. Sendo um decisor, é também aquele que lidera pelo exemplo, um “fazedor”, que privilegia a heterogeneidade nas suas equipas, colo-cando em interacção competências e co-nhecimentos diversos, de modo a que estes sejam mais-valias para o sucesso do pro-jecto.

Num país como Moçambique, de grande crescimento económico e disponível para o desenvolvimento de áreas estratégicas e inovadoras, o mercado de trabalho exige quadros, eticamente responsáveis, alta-mente qualificados com competências no âmbito da liderança e do empreendedoris-mo que estejam dispostos a uma formação contínua sistemática e coerente. Esta é , essencial para o crescimento de um país que é, hoje, já uma referência em termos internacionais.

No âmbito deste contexto, e na tentativa de dar respostas às solicitações do merca-do, têm surgido alguns estabelecimentos de ensino superior dos quais se destaca o Instituto Superior de Comunicação e Ima-gem de Moçambique (ISCIM), não só pelo facto de proporcionar licenciaturas, com grande componente prática, em áreas até agora deficitárias no país, mas também por permitir o acesso dos futuros quadros moçambicanos, ou dos quadros que já se encontram no mercado, a mestrados e doutoramentos através da Líder, entidade constituída pelo ISCIM em parceria com a Formédia, permitindo deste modo que estes graus sejam reconhecidos nacional e internacionalmente. Situação esta que representa uma mais-valia para os seus graduados e para as organizações em que estes se inserem, uma vez que a colabora-ção de quadros altamente qualificados é propiciadora de novas sinergias que con-tribuem decisivamente para o crescimento do tecido empresarial.

EMPRESAS

O empreendedor e a formação

Por Ana Paula Relvas, Coordfenadora do ISCIM

“Um dos grandes ensinamentos da minha vida é este: qual-quer nova contribuição que se quer dar à sociedade requer

uma preparação prévia e profunda.”Stephen R. Covey

«(…) o empreendedor aprendeu a delinear objec-tivos, a planificar e a hie-rarquizar as suas acções, a calendarizá-las, a prever cenários, a tomar atem-padamente as decisões e a solucionar os problemas de forma criativa e eficaz. Mas aprendeu sobretudo a avaliar os processos e o seu próprio desempenho, a corrigir procedimentos, a reformular, colocando a criatividade e a inovação ao serviço do sucesso»

Page 47: Revista Capital 23

Revista Capital 47

Pub.PWC

Page 48: Revista Capital 23

Revista Capital48

FISCALIDADE

A Convenção para evitar a Dupla Tri-butação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o

Rendimento, assinada entre Moçambique e Portugal a 21 de Março de 1991, foi re-vista através do Protocolo rubricado em Maputo, a 24 de Junho de 2007, o qual foi recentemente ratificado pela Resolução n.º 34/2008, de 16 de Outubro.No presente texto abordaremos as altera-ções à Convenção e as respectivas implica-ções no ambiente de negócios.A Convenção constitui um elemento essen-cial na mitigação e/ou eliminação da dupla tributação de pessoas (individuais ou co-lectivas), capitais, bens e serviços entre os dois países e promove o investimento por parte de um dos grandes parceiros econó-micos de Moçambique.O presente texto cobre somente a tributa-ção do rendimento das pessoas colectivas, incluindo alguns conceitos relevantes como o de residência e estabelecimento estável.

conceitos essenciais

residência

A Convenção inicialmente assinada de-finia residente como “qualquer pessoa (singular ou colectiva) que, por virtude da legislação desse Estado, está aí sujei-ta a imposto em virtude do seu domicílio, residência, local de direcção ou qualquer outro critério de natureza similar”.Com as alterações recentemente ratifica-das, o conceito supra é alargado às subdi-visões políticas ou administrativas ou au-tarquias locais do Estado em causa.

estabelecimento estável

Definido como uma instalação fixa através da qual uma empresa exerce a sua activi-dade, compreendendo, entre outros, uma fábrica, uma sucursal, um escritório, um local ou estaleiro de construção ou de mon-tagem com duração superior a 6 meses.As alterações à Convenção têm um impacto substancial no conceito de estabelecimen-to estável, no tocante, em específico, ao fornecimento de serviços. Efectivamente, passam a constituir estabelecimento está-vel os serviços prestados por uma empresa de um Estado através de empregados ou

outro pessoal contratado no outro Estado, desde que totalizem mais de 6 meses em qualquer período de 12 meses.Se, até à data, os serviços prestados por uma empresa de Portugal só criariam es-tabelecimento estável em Moçambique (e vice-versa) quando efectuados através de uma instalação fixa (e.g. sucursal, es-critório, fábrica, etc.), hoje em dia a mera prestação de serviços de assistência técnica mediante a colocação de pessoal à dispo-sição de uma entidade Moçambicana por período superior a 6 meses num ano civil implica a criação de um estabelecimento estável da empresa Portuguesa.Ora, o alargamento do âmbito deste con-ceito tem implicações graves em deter-minadas estruturas de investimento que dependem, grandemente, do apoio de téc-nicos estrangeiros e especializados para o desenvolvimento dos projectos em curso.De facto, o novo conceito de estabeleci-mento estável implica uma série de pro-cedimentos inerentes à implementação e registo de representações comerciais de empresas portuguesas que se encontrem actualmente a prestar serviços a entidades moçambicanas nas condições acima men-cionadas.De salientar que, nos termos da legislação relevante em vigor, uma representação co-mercial está adstrita ao cumprimento das mesmas obrigações (e.g. fiscais, laborais, de segurança social) que uma sociedade comercial, daí que a criação de um esta-belecimento estável acarrete um elenco significativo de procedimentos e encargos administrativos e financeiros tendentes ao seu registo, regularização e operação.

Formas de Tributação

lucros das empresas

A convenção prevê que os lucros de uma empresa de um Estado só podem ser tri-butados nesse mesmo Estado, excepto se a empresa exercer a actividade no outro Es-tado contratante através de um estabeleci-mento estável. Neste último caso, os lucros podem ser tributados no Estado em que se situar o estabelecimento, mas apenas em relação aos rendimentos que lhe sejam im-putáveis.Em virtude do alargamento do conceito de

As alterações ao Acordo de Dupla Tributação entre Moçambique e Portugal

Malaika Ribeiro

Senior ManagerTax and Legal Services

PricewaterhouseCoopers, [email protected]

Page 49: Revista Capital 23

Revista Capital 49

FISCALIDADE

estabelecimento estável, os lucros de uma empresa que preste serviços em Moçam-bique e que configurem estabelecimento estável, serão tributados no país, mas so-mente na porção imputável ao estabeleci-mento estável.Importa, em todo o caso, realçar que, em termos práticos, sobre o conceito de lucro recaem interpretações distintas, consoante se analise a questão da retenção na fonte na perspectiva do contribuinte ou do “fis-cum”.

dividendos

Os dividendos distribuídos por uma em-presa moçambicana a um sócio com re-sidência fiscal em Portugal podem ser tributados em Portugal. No entanto, tais dividendos podem ainda ser tributados em Moçambique, à taxa de 10% sobre o mon-tante bruto dos dividendos efectivamente pagos ou colocados à disposição do sócio português, contrariamente aos 15% inicial-mente estipulados.

Juros

A tributação dos juros não foi alterada, mantendo-se o regime inicialmente esta-belecido - podem ser tributados nos dois Estados, mas no de residência da empresa que paga a taxa máxima é de 10% do mon-tante bruto dos juros.

royalties

Os rendimentos provenientes de royalties podem ser tributados no Estado de resi-dência da empresa que os recebe podendo, igualmente, ser tributados no Estado de residência da empresa que os paga, se o beneficiário efectivo for residente do outro Estado, à taxa máxima de 10% do montan-te bruto das royalties.Tal como no tocante ao estabelecimento estável, o conceito de royalties foi alte-rado, por forma a incluir os pagamentos efectuados a título de remuneração por as-sistência técnica prestada em conexão com o uso ou a concessão do uso dos direitos, bens ou informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico.

Mais valias

A convenção fixa princípios diversos de tri-butação, consoante os tipos de ganhos que originem mais valias. A principal alteração prende-se com os ganhos da alienação de partes sociais de sociedades de um Estado: Na convenção inicial estes podiam ser tributados nesse Estado, mas o imposto não podia exceder 10% do saldo das mais-valias dadas pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição das partes sociais. Com as alterações ora em análise, este parágra-fo foi revogado, ficando estabelecido que os ganhos auferidos da alienação de parti-cipações sociais que retirem mais de 50% do valor de bens imobiliários situados no outro Estado são tributados nesse outro Estado.

Formas de atenuação e/ou eli-minação da dupla Tributação

Nos termos supra explanados, tratando-

se de dividendos, juros e royalties o efeito da dupla tributação é atenuado pela redu-ção da taxa de retenção na fonte aplicável. De facto, esta atenuação é clara e eviden-te pois, sem a aplicação da convenção, os rendimentos em causa seriam tributados à taxa geral de 20%, fixada pelo Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRPC).De realçar que, em termos práticos, sem-pre que se proceda à retenção na fonte des-tes rendimentos pagos a uma entidade re-sidente fiscal em Portugal, as taxas aplicá-veis serão as estabelecidas na Convenção, inferiores às gerais fixadas pelo CIRPC.Por outro lado, a dupla tributação é ainda mitigada pela possibilidade de dedução, nos respectivos Estados de residência das entidades titulares dos rendimentos, dos valores pagos a título de tributação na fon-te.No entanto, a dedução do imposto pagável em Moçambique será efectuada até à con-corrência do imposto que deveria ter sido pago, de acordo com a Convenção. Com a recente alteração, esta disposição perma-necerá em vigor somente por um período de 5 anos, renovável automaticamente por períodos iguais e sucessivos, a não ser que um dos Estados se manifeste em contrário com uma antecedência de 6 meses.

conclusão

A convenção com Portugal segue a mesma estrutura que as remanescentes para Evi-tar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal celebradas por Moçambique com África do Sul, Região Administrativa Espe-cial de Macau, Itália, Maurícias e Emiratos Árabes Unidos, divergindo, genericamen-te, no tocante às taxas e definições de de-terminados conceitos;As alterações recentemente ratificadas alargam drasticamente determinados con-ceitos-chave, como residência, estabeleci-mento estável e royalties;A entrada em vigor dos novos conceitos po-derá criar alguns problemas de interpreta-ção e criação de representações comerciais de empresas portuguesas e, quiçá, afectar determinadas estruturas de investimento previamente estabelecidas por acarretar encargos financeiros e administrativos adicionais.

As alterações ao Acordo de Dupla Tributação entre Moçambique e Portugal

Em virtude do alarga-mento do conceito de estabelecimento estável, os lucros de uma empre-sa que preste serviços em Moçambique e que configurem estabele-cimento estável, serão tributados no país, mas somente na porção im-putável ao estabeleci-mento estável.

Page 50: Revista Capital 23

Revista Capital50

BCI inaugura novo espaço para Clientes Private, em Maputo

O BCI inaugurou no passado dia 6 de No-

vembro um novo espaço dedicado aos Clientes

Private.

Trata-se de uma mora-dia totalmente reabili-

tada na Av Armando Tivane, n.º 971, com

lugares de estaciona-mento privado.

A Cerimónia de Inaugu-ração foi presidida pelo

Dr. Ernesto Gouveia Gove, Governador do

Banco de Moçambique.

O BCI inaugurou no dia 6 de Novembro um novo espaço dedicado aos clientes do serviço BCI Private, em Maputo. Trata-se de uma moradia na Avenida Armando Tivane, n.º 971, totalmente reabilitada e revalorizada, com um traçado arquitectónico muito particular e característico. O resul-tado é um espaço moderno, acolhedor e com estacionamento privativo para as viaturas dos clientes BCI Private.

O BCI tem mais de 1.000 clientes BCI Private, aos quais oferece um serviço especializado, com gestores dedicados e especialmente habilita-dos ao aconselhamento de clientes com elevado envolvimento comercial. Com o novo espaço, o BCI pretende vir a poder oferecer a mais clientes as melhores condições de atendimento a este importante segmento de clientes particulares.

Sendo o BCI um Banco Universal, reconhece todos os segmentos como prioritários, sem excepção, e tem para com cada um deles preocupações específicas, a todos os níveis, incluindo a garantia de ampla acessibilidade aos produtos e serviços do Banco, e de condições de atendimento adequa-das às suas necessidades e expectativas.

Este novo espaço enquadra-se também na estratégia de expansão da Rede Comercial, que registará em cerca de um ano um crescimento na ordem dos 50%, o que reflecte o forte investimento e comprometimento do BCI na promoção do desenvolvimento económico do país, através do apoio à bancarização das pessoas, das famílias e das empresas.

O novo espaço BCI Private abriu no dia 11 de Novembro. As actuais insta-lações da Avenida 24 de Julho, nº 1177, irão reabrir em breve como um Centro BCI Corporate, vocacionado para o atendimento personalizado às Grandes e Médias Empresas.

Page 51: Revista Capital 23

Revista Capital 51

Pub.BCI

Page 52: Revista Capital 23

Revista Capital52

ERNST & yOUNG

Conforme prometido, vimos desta fei-ta terminar a nossa exposição sobre os aspectos relacionados com o Cor-

porate Governance, ou Governo das Socie-dades, com breves reflexões sobre a reali-dade da economia e sistema empresarial Moçambicano, nesta vertente.

Antes de mais, importa atentar no am-biente empresarial e nas práticas já obser-vadas em Moçambique.

Em Moçambique, a prática de apresen-tação de contas, em especial pelas empre-sas mais relevantes do tecido empresarial, desde há muito se encontra consolidada. A certificação das demonstrações finan-ceiras por uma auditoria externa é, tam-bém, uma realidade ao nível daquelas entidades.

No que aos aspectos de Corporate Governance concerne, no entanto, a lei nada especifica, pelo que a divulgação de aspectos relevantes desta matéria tem vindo a ficar à consideração dos Gestores.

É, no entanto, inegável, que grandes empresas, em especial do sector finan-ceiro (e, aqui, em particular, a banca), já traduzem, na informação publicada, alguns aspectos da área do governo das sociedades em causa, em especial vertidos ao nível do Relatório Anual do Conselho de Administração, que acompanha as de-monstrações financeiras. Por outro lado, essas instituições já incluem na sua estru-tura órgãos independentes de supervisão da gestão, nomeadamente e por exemplo, comissões/comités de auditoria.

Parece-nos, no entanto, que esta prática já existente carece de formalização e de-senvolvimento.

Repare-se que não mantemos que esta é a prioridade principal das empresas mo-çambicanas. Há, sem dúvida, uma quan-tidade de outros aspectos de gestão mais relevantes, ou prioritários, a desenvolver e consolidar.

Por outro lado, a existência de um merca-do de capitais que ainda se encontra numa fase emergente, poderá reduzir, à partida, o número de stakeholders eventualmente interessados nestes aspectos, bem como a exposição pública dos mesmos.

Finalmente, parece-nos inegável que é

necessária uma reflexão inicial aprofun-dada sobre eventuais modelos que se ve-nham a estabelecer. Conforme referimos anteriormente, um sistema de Corporate Governance é altamente interactivo não só com os stakeholders, mas também com o próprio meio-ambiente em que a em-presa interage. Não há modelos fechados. Assim, qualquer modelo que venha a ser definido para Moçambique, tem obrigato-riamente que atender à realidade macro-

económica local, aos mercados onde as

e m p r e s a s m o -

Corporate Governance – Breve reflexão sobre a realidade em Moçambique

Paulo Reis,

Senior Manager

Maio de 2009

Miquelina Menezes, presidente do FU-NAE e da Associação Moçambicana de Economistas, está na capa desta edição onde se destaca a afirmação que a pro-priedade privada da terra é um direito do cidadão. A carreira académica de Helga Nunes, Directora Editorial da Re-vista CAPITAL, força-a a abrandar a sua presença na edição e, também a partir deste número, é Ricardo Botas, quem assume a responsabilidade do editorial mensal, até maior disponibilidade da editora desde o primeiro número.Nas páginas interiores fala-se da indús-tria têxtil moçambicana e da reactivação da Texlom e Texmoque. Dá-se também início a uma nova parceria, esta com a PricewaterhouseCoopers que, mensal-mente, se ocupará da problemática da fiscalidade nas páginas da CAPITAL.Outra parceria, mais virada para os as-suntos jurídicos vê a luz do dia neste número. A sociedade de advogados Fer-reira Rocha & Associados dá o pontapé de saída numa colaboração mensal que começa com uma análise sobre o capital social das empresas.Quanto aos Estilos de Vida, apresentam o livro “A chave do sucesso” de Malcolm Gladwel, uma investigação sobre a ra-zão pela qual as grandes mudanças na sociedade acontecem inesperadamente. O jazz também é incontornável nesta rubrica e esta é a vez de Chet Baker su-bir à ribalta.

anunciantes do nº 17TdM; Suretel; hollard Seguros; electrotec; vodacom; Sala ciP; Tiga – lenovo; Moçambique Se-guros; Bci; amep; ernst & Young; Banco Socremo.

17

Page 53: Revista Capital 23

Revista Capital 53

ERNST & yOUNG

çambicanas se movimentam, às caracte-rísticas específicas dos stakeholders actu-ais e futuros.

Não se pretende, de forma alguma, de-fender uma evolução em ruptura nesta área, mas sim uma transição que permita uma evolução sólida e consistente, alicer-çada nas boas práticas já existentes no país.

Agora, se não existem “receitas” pré-definidas, existem sim, tal como apresen-tado anteriormente, um conjunto de princípios básicos que qualquer sistema deve respeitar. Ou seja, i m -

porta reflectir sobre esses princípios e qual a forma em que os mesmos se reflec-tem para o nosso caso moçambicano.

Importará reflectir, antes de prosseguir, que, parte significativa das empresas em Moçambique, ou são multinacionais em que o accionista único é a casa-mãe, ou são detidas por privados, cuja posição se con-funde com a do gestor, ou, e esta é a franja que nos interessa tratar, são detidas, direc-ta ou indirectamente, pelo Estado moçam-bicano.

1) respeito pelos direitos dos accio-nistas

O Estado, no seu papel de accionista, é o principal interessado na boa gestão dos negócios e nos comportamentos e de-sempenho dos gestores que ele próprio terá nomeado para exercerem as suas funções com profissionalismo e diligên-cia.

Ou seja, têm que existir mecanismos que garantam uma adequada comunica-ção, tomada de decisões de investimento (que é investimento público, neste caso) e a adequada participação na vida socie-tária.

Não é também de desprezar nesta aná-lise o facto dos interesses do Estado se confundirem, necessariamente, com os dos cidadãos que o formam.

2) Tratamento equitativo dos ac-cionistas

Nesta vertente, importa garantir espe-cialmente os direitos de eventuais accio-nistas minoritários que venham a inte-grar o capital das empresas. Só com este

tipo de garantias poderemos esperar uma verdadeira abertura a novos investidores, que possam garantir o reforço da posição concorrencial das empresas moçambica-nas.

3) Papel dos stakeholders no siste-ma de corporate governance

O estabelecimento de canais de comuni-cação que fortaleçam uma perspectiva bi-unívoca, que permita que não só a empresa dê conta aos seus stakeholders daquilo que se passa e como se passa, mas também per-mita que os stakeholders dêem conta das suas preocupações a aspirações é, também,

fundamental, para assegurar a adequada articulação entre os organismos estatais e as empresas que tutelam e, ao mesmo tempo, garantir a coerência de estratégias, onde essa coerência se tornar necessária.

4) divulgação e transparênciaEstes são conceitos universais e ligados à

necessidade do accionista Estado receber atempadamente informação transparen-te, fiável, completa e certificada, que lhe permita uma actuação célere na tomada de decisões.

5) responsabilidade da gestão de topo

À gestão de topo cabe-lhe a condução estratégica da empresa. Mas cabe-lhe tam-bém o papel de responsável máximo pelos negócios, perante o accionista. Assim, à gestão nomeada pelo Estado, este exige-lhe a efectiva monitorização dos negócios e comportamentos económico-sociais, bem como a responsabilização dessa mesma gestão de topo pela forma como o faz.

A gestão deve actuar na plena posse de informação adequada, de boa fé, com di-ligência e zelo profissional, pautando a sua actuação por elevados sentidos éticos, no melhor interesse da empresa e seus accio-nistas.

Resumindo, pretendemos demonstrar que os princípios básicos de Corporate Go-vernance constituem uma “declaração de princípio” assente em conceitos universais, que têm aplicação a qualquer economia ou espaço económico, Moçambique obvia-mente incluído.

Terminando, reafirmamos que, podendo não ser uma prioridade imediata, a questão do Governo das Sociedades em Moçambi-que virá, inequivocamente, a colocar-se, pelos menos num horizonte temporal de médio prazo.

O que se espera é que as decisões que venham a ser tomadas nesta área possam produzir um modelo adequado, devida-mente adaptado à realidade moçambicana e que possa contribuir decisivamente para a consolidação das boas práticas já obser-vadas e auxiliar as empresas moçambica-nas no trilhar do caminho do sucesso já iniciado.

Corporate Governance – Breve reflexão sobre a realidade em Moçambique

Page 54: Revista Capital 23

Revista Capital54

RESPONSABILIDADE SOCIAL

A responsabilidade social corporativa, um desafio

“O desempenho económico não é a única responsabilidade de uma empresa. Uma organização tem plena responsabilidade pelo seu impacto sobre a comunidade e a sociedade”

Peter F. Druker1

Com o desenvolvimento das tecno-logias de comunicação e informa-ção e o perpetuar do fenómeno da

globalização, caracterizado por diferenças politicas sociais e económicas acentuadas, cresce a cada dia que passa, a discussão re-lacionada com o envolvimento das empre-sas na construção de uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.

Com o aparecimento de novas demandas orientadas para maior pressão na trans-parência nos negócios das empresas e na forma como se relacionam com os seus diferentes stackholders, elas vêem-se forçadas a adoptar uma postura mais res-ponsável nas suas acções.

A discussão sobre a responsabilidade so-cial corporativa não é recente. Contudo o tema é polémico e altamente dinâmico, na medida em que os interesses e as neces-sidades dos envolvidos são antagónicos e estão em constante mutação. Por isso, são várias a definições que podemos encontrar sobre este assunto.

Segundo Karkotli1 e Aragão (2005), os primeiros sinais da responsabilidade so-cial das empresas surgiram na Europa em 1899, mais precisamente na França, quando Andrew Carnegie fundador do Conglomerado U.S. Steel Corporation pu-blicou um livro intitulado ‘O Evangelho da Riqueza’, que estabelecia uma abordagem clássica da responsabilidade social das grandes empresas.

Para Carnegie, a responsabilidade social baseava-se em dois princípios: o da carida-de, que exigia que os membros mais afor-tunados da sociedade ajudassem os grupos de excluídos, enquanto o outro princípio era o da custódia, em que as empresas de-

veriam cuidar e multiplicar a riqueza da sociedade.

Henry Ford, ao reverter parte dos lucros da empresa, na capacidade produtiva, au-mentando os salários dos trabalhadores, contra a vontade dos accionistas da empre-sa, no ano de 1919, constitui uma das pri-meiras manifestações da responsabilidade social empresarial nos EUA.

Na década de 1950, a compreensão do termo estava relacionada basicamente com a geração de lucros, oferta de empregos e cumprimento com as obrigações legais vi-gentes. Com o passar dos anos, essa visão começou a ter um significado muito limi-tado para uma sociedade que construía e se fortalecia cada vez mais em valores dire-cionados à qualidade de vida e bem estar.

Ao longo dos anos, as enormes carências e desigualdades existentes, aliadas às defi-ciências crónicas do Estado no atendimen-to das demandas sociais, conferem maior importância à discussão da inserção das empresas na sociedade e motivam uma série de teorias e abordagens sobre este assunto.

Hoje, a responsabilidade Social Corpora-tiva, assume um aspecto ético – empresa-rial bastante forte, ao ponto de ser aborda-da como uma estratégia empresarial, para obtenção de vantagens competitivas.

Assim, o Instituto Ethos2 de Empresas e Responsabilidade Social, define a Res-ponsabilidade Social e Corporativa, como a “forma de gestão que se define pela re-lação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desen-volvimento sustentável da sociedade, pre-

servando recursos ambientais e culturas, para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução de desigualdades sociais”.

Num país como Moçambique em que as carências sociais são inúmeras, em que a pressão sobre o Estado é imensa, a dis-cussão sobre o papel e a intervenção das empresas na construção de uma sociedade mais igualitária apresenta-se como um de-safio importante.

Apesar de haver empresas que já avan-çaram no sentido de contribuir para este ideário de sociedade mais justa e iguali-tária, através da implantação de práticas socialmente responsáveis, o conceito de responsabilidade social corporativa, sua aplicação, ferramentas e vantagens para as empresas, ainda é bastante recente no nosso mercado.

A partir desta edição a Prodígio, Gestão de Responsabilidade Social, em colabora-ção com a Revista CAPITAL, irá trazer à discussão o conceito de responsabilidade social e suas práticas. O objectivo é contri-buir para promoção de práticas socialmen-te responsáveis no mercado moçambicano, através de uma discussão teórica/prática de conceitos e referências internacionais na área.

3. RESPONSABILIDADE SOCAIL : Primeiros Passos em RSE, Instituto Ethos, 2001

2. KARKOTLI, G.R.: Importância da Res-ponsabilidade Social para Implantação de Marketing Social nas Organizações, 2002.

1 - DRUKER, Peter. Sociedades Pós – Capitalistas

Page 55: Revista Capital 23

Revista Capital 55

RESENhA jURíDICA

*Por Magide Murgy

Na Segunda Sessão extraordinária do Conselho de Ministros, o Governo deliberou a criação de uma entida-

de que engloba serviços de inspecção de di-ferentes sectores económicos, com objec-tivo de reduzir a carga de inspecções que actualmente caem sobre os agentes econó-micos. Actualmente existe uma potenciali-dade de um elevado número de inspecções a serem levadas a cabo pela Administração Estatal perante Agentes Económicos, que não raras vezes afectam o normal proces-so produtivo ou mesmo a actividade diária dos mesmos agentes. Englobando todas as potenciais inspecções num único ór-gão, pretende-se, em nosso entendimento, harmonizar os critérios a serem adoptados por tais inspecções, reduzindo (espera-se) o número de acções inspectivas a ocorre-rem perante os Agentes Económicos.

Um dos objectivos estratégicos no de-senvolvimento da actividade económica no nosso País é a melhoria do ambiente de negócios. Para se atingir este objecti-vo, é necessário assegurar uma actuação uniforme ao nível da mitigação dos riscos que podem advir de uma intervenção de-sarticulada dos intervenientes no processo de acompanhamento, controlo e avaliação das actividades económicas. As constantes alterações da vida económica e as exigên-cias legais condicionadas pelos mercados obrigam a uma fiscalização cada vez mais intensa como forma de garantir a legalida-de de actuação dos Agentes Económicos e da defesa da saúde pública e da segurança dos consumidores.

Nesse âmbito e com vista a garantir uma actuação uniforme, concebeu-se uma ins-pecção única para as actividades económi-cas, denominada Inspecção Nacional das Actividades Económicas(“INAE”).

A INAE é uma entidade pública, tutelada pelo Ministério da Indústria e Comércio, dotada de personalidade jurídica para fazer cumprir todas as normas que disciplinam a actividade económica, gozando de autono-mia e independência técnica no exercício das suas competências. Engloba 9 serviços de inspecção, nomeadamente, Indústria e Comércio, Saúde, Pescas, Ambiente, Ener-gia, Transportes e Comunicações, Educa-ção Cultura, Recursos Minerais e Turismo.

O Decreto n.º 46/2009 define como competências da inae as seguintes:

l Fiscalizar todos os locais onde se proce-da qualquer actividade industrial, Co-mercial, ou de prestação de serviços de-signadamente de produtos acabados e ou intermédios, armazéns, escritórios, cargas transportadas ou em trânsito em território nacional, entrepostos fri-goríficos, empreendimentos turísticos, agências de viagens, estabelecimentos de restauração, empresas de animação turística, estabelecimento de bebidas, cantinas, refeitórios, armazéns portuá-rios e terminais de carga, recintos de di-versão, estabelecimentos de produção e realização de espectáculos desportivos e/ ou recreativos estabelecimentos de produção desportiva e de publicidade;

l Promover acções de natureza preventiva em matéria de natureza preventiva em matéria de infracções contra a quali-dade, genuidade, composição, aditivos alimentares e outras substâncias e de rotulagem dos géneros alimentícios para consumo humano e dos alimentos para animais;

l Fiscalizar a legalidade do exercício da actividade de abate, preparação, trata-mento e armazenamento de produtos de origem animal;

l Fiscalizar, em coordenação com outros organismos competentes a oferta de produtos e serviços, prevenir acções de açambarcamento em bens considera-dos essenciais ao abastecimento;

l Verificar a legalidade dos empreendi-mentos susceptíveis de causar danos ao meio ambiente e zelar pela observância das leis, normas e regulamentos relati-vos ao ambiente;

l Fiscalizar a legalidade da exploração da energia em instalações eléctricas e em postos de abastecimento de combustí-veis e embargar actividades ilegais;

l Fiscalizar a legalidade de exercício da actividade mineira e a comercialização dos produtos mineiros;

l Fiscalizar a conservação e venda dos pro-dutos de pesca no mercado Nacional;

l Combater a produção e venda de produ-

tos pirateados ou contrafeitos;

l Velar pelo cumprimento das leis, regu-lamentos, despachos e demais normas que disciplinam a actividade económi-ca;

Promover, junto dos interessados acções de divulgação de legislação sobre o exercí-cio das actividades económicas cuja fiscali-zação lhe esteja atribuída.

A introdução desta entidade na vida da economia e do mercado da nossa pra-ça nunca poderá ser visto, pelos Agentes Económicos como um entrave ao desen-volvimento das suas actividades. Aliás, se as acções inspectivas levadas a cabo pelo INAE forem efectuadas com responsabili-dade por parte do quadro de inspectores de tal instituição, os Agentes Económicos só beneficiarão pois, o objectivo final tra-duzir-se-á num equilíbrio dos produtos e serviços trazidos pelos mesmos Agentes Económicos e mesmo numa igualdade de armas com que os Agentes Económicos de-verão munir-se em cada sector.

Não podemos deixar, contudo, de criticar a não inclusão de outros serviços inspec-tivos no âmbito as atribuições do INAE, tais como os actualmente preconizados pela Administração do Trabalho, através da Inspecção Geral do Trabalho. Quer do ponto de vista da racionalidade de meios (que em nosso entender deveria reger toda a despesa pública), quer mesmo do pon-to de vista da salvaguarda da actividade desenvolvida pelos Agentes Económicos, consideramos que sincronizar a Inspecção do Trabalho juntamente com as inspecções desenvolvidas no âmbito de atribuições do INAE traria uma confiança adicional a todo o processo inspectivo.

Este tema voltará a ser abordado, de for-ma mais aprofundada, aquando da publi-cação do Regulamento Interno do INAE, que deverá ocorrer até finais de Janeiro próximo, tal como referido no Artigo 10.º do Decreto que cria o INAE.

*Colaborador da Ferreira Rocha &

Associados – Sociedade de Advogados

Limitada

[email protected]

Inspecção das actividades económicas

Page 56: Revista Capital 23

Revista Capital56

MUNDO

BraSil

Troca de experiências sobre zoneamento agroecológico

Técnicos brasileiros da área de produção de biocombustíveis estiveram em Maputo com o objectivo de partilhar as suas expe-riências sobre zoneamento agroecológico com os seus pares moçambicanos.

Daniel Fonseca, do Departamento de Energia no Ministério brasileiro das Rela-ções Exteriores, considera o zoneamento agroecológico como um instrumento de políticas públicas importante para a pro-dução sustentável de biocombustíveis.

“O zoneamento agroecológico permite identificar as regiões com maior aptidão para a produção da cana-de-açúcar, a exclusão de biomas sensíveis (florestas e reservas naturais), de terras muito íngre-mes, de áreas onde não se faça a produção de alimentos, de locais onde não haja ne-cessidade de corte manual”, disse.

Todas essas medidas, no fundo, visam produzir biocombustíveis de forma sus-tentável, evitando actos de desflorestação e sem prejudicar a produção de comida.

No evento, representantes da Direcção Nacional de Energias Novas e Renováveis apresentaram a política e estratégia de Moçambique de biocombustiveis, que tam-bém possui a componente de promoção da segurança alimentar e nutricional.Em Moçambique já existem alguns projec-tos de produção de biocombustiveis, estan-do em curso nas províncias de Gaza (Sul do país), Manica e Sofala (no Centro).

uganda

líder na produção de café em áfrica

O Uganda ocupa agora o primeiro lu-gar entre os países africanos produtores de café, destinado ao abastecimento dos mercados europeus. A informação foi dada pelo Director da Good African Coffee (So-ciedade Nacional de Produção de Café no Uganda), Andrez Rugasiram, pouco depois da inauguração de uma fábrica estimada em um milhão de dólares americanos.

Com uma capacidade de produção anual de três milhões de toneladas, a Good Afri-can Coffee permitirá ao Uganda arrecadar 45 % do valor por quilo de café exportado para a Europa.

“Estamos a demonstrar hoje aos nossos detractores que estamos em condições de produzir um café de qualidade e abastecer o mercado europeu”, declarou Rugasiram, para quem se trata de “um momento histó-rico não só para a sociedade mas também para toda a África”.

“Estamos a participar no reforço de ca-pacidades dos camponeses africanos. É pela primeira vez que uma sociedade afri-cana domina a cadeia de valores e expor-ta para a Europa”, salientou Rugasiram.A Good African Coffee, com cerca de 14 mil pequenos produtores no oeste do Ugan-da, compreende um processo completo de produção que vai da plantação ao acondi-cionamento para exportação.

Fundada em 2003, a sociedade já inves-tiu mais de dois milhões e 500 mil dólares americanos na construção de infra-estru-turas agrícolas no oeste do Uganda e no desenvolvimento do sector em geral.

JaPÃo

30 mil toneladas de trigo para Moçambique

A Embaixada do Japão em Moçambique procedeu na província de Maputo à entre-ga de cerca de 30 mil toneladas de trigo, avaliadas em 8.9 milhões de dólares. Este donativo, que se enquadra no âmbito do programa japonês de ajuda alimentar a Moçambique, foi entregue ao governo moçambicano, através do ministro da In-dústria e Comércio, António Fernando e da governadora da província de Maputo, Telmina Pereira.

A distribuição deste apoio, que foi en-tregue pelo embaixador do Japão em Mo-çambique, Susumu Segawa, será da res-ponsabilidade do Ministério da Indústria e Comércio.

Refira-se que o Governo japonês tem vin-do a disponibilizar assistência alimentar a Moçambique desde 1977. O valor total acu-mulado já ascende a 144 milhões de dóla-res americanos, segundo informações da Embaixada do Japão.

Page 57: Revista Capital 23
Page 58: Revista Capital 23

Revista Capital58

ESTILOS DE VIDA

o regresso da economia da depressão e a crise actual, de Paul Krugman

LEITURAS CAPITAIS

«O Regresso da Economia da Depressão e a Crise Actual» é a edição actualizada de um clássico da Economia, The Return of Depres-sion Economics, da autoria de Paul Krugman, laureado com o Nobel da Economia em 2008. Nessa obra, publicada no ano de 1999, Krugman analisa a crise eco-nómica que assolou a Ásia e a América Latina e alerta para o facto de constituírem avi-sos à economia ocidental.

Esta nova edição inclui reflexões sobre a crise actual e salienta o pa-ralelo que é possível traçar entre ela e os acontecimentos que estive-ram na origem da Grande Depres-são. No seu estilo lúcido, claro e extre-mamente informativo, Krugman revela-nos de que forma a incapacidade dos reguladores para acompanhar as evoluções de um siste-ma financeiro cada vez mais incontrolável

lançou os Estados Unidos da América e o mundo na maior crise financei-

ra desde a década de 1930 e aponta as soluções

i n d i s p e n s á ve i s para conter a crise

e resgatar a econo-mia mundial de uma

recessão de resultados imprevisíveis. Krugman dá uma

explicação clara de como as economias

funcionam, crescem, têm problemas e, espe-

ra-se, como os resolvem. Krugman consegue isto

com uma graciosidade e um estilo naturais. De acordo com

a crítica veiculada pelo New York Times Book Review: «Excelen-

te… ler o que Krugman escreve acerca da história da economia

das últimas décadas. É intrigante e agradável ao mesmo tempo.»

O qUE Há DE NOVO

O Clube de Golfe, na Costa do Sol, já exis-te há algum tempo. É um facto. Mas o que é notícia é que a infraestrutura está, neste momento, a ser alvo de reabilitação, e que, muito em breve, irá poder fazer as delícias de todos os apreciadores desta modalida-de desportiva com um campo de qualidade excepcional, e de acordo com os requisitos internacionais.

Para concretizar a reabilitação (de acor-do com as condições naturais existentes), que durará entre três a quatro anos na to-talidade, a Direcção do Clube precisará de uma verba orçada entre 800 mil a 1 milhão de dólares americanos. Nesse sentido, o Clube socorreu-se da ajuda do sponsoring para concretizar o objectivo, e a listagem de patrocinadores engloba, até ao momento, marcas como o BCI, o Barcklays, a Global Alliance, entre outros, sendo que o maior sponsor é a Mcel, com um contrato já assi-nado por cinco anos. Uns patrocinam um dos buracos do campo, dando-lhe o nome, outros dão o apoio financeiro possível e há a Mcel que, pelo valor que investe na infra-estrutura, ficará com o nome do campo.

A direcção já possui dois terços das neces-sidades cobertas para finalizar o projecto e com o kick off do projecto de reabilitação, dentro de seis meses a Costa do Sol irá pos-suir um campo de Golfe com 18 buracos (funcionando actualmente 15) devidamen-te vedado e protegido. Contudo, ainda irão ser reabilitados o campo de squash, a pisci-

na, o restaurante e aguardam-se outras no-vidades em termos de ocupação de tempos livres para as famílias dos adeptos.

Todos os grandes sponsors vão ter a hipó-tese de organizar um torneio de golfe anual e além disso poderão fazer golf days e usar o campo para outras actividades. Por outro lado, e como os hotéis da cidade de Maputo podem atrair muitos visitantes do segmen-to médio-alto para praticar esta modali-dade, então o Clube pensa vir a atingir o sucesso.

Um dos desafios mais importantes será organizar o torneio da Zona 6, onde Mo-çambique se encontra integrado na Áfri-ca Austral e que segundo o Calendário o Clube de Golfe terá de organizar em 2011. Outro aspecto não menos importante é que o Clube também pretende vir a ser uma mais-valia para todos os visitantes do país no âmbito do Mundial de Futebol 2010.

HNN

clube de golfe dá boas tacadas

Junho de 2009

Crise abala economia. É o título único da capa desta edição, uma frase impu-tada a Salimo Abdula, presidente da CTA, que responde às perguntas de Helga Nunes. Nos destaques de primei-ra página a saliência vai para a palavra crise que está presente em todos eles.No miolo da CAPITAL destaca-se uma grande entrevista a Florentino Rodri-gues, presidente do conselho de admi-nistração do grupo Pestana Hotels & Resorts, a par com um trabalho sobre o Corredor do Norte e o depoimento do seu administrador, Fernando Couto.Benjamim Nene, turismólogo, escreve sobre turismo e revolução verde e na rubrica empresas anuncia-se que com a criação do Instituto Superior de Co-municação e Imagem de Moçambique, a formação superior em comunicação e imagem já é possível.No capítulo das parcerias, João Mar-tins, Partner da PWC, esmiúça o acordo sobre dupla tributação entre Moçambi-que e África do Sul, enquanto Rodrigo Ferreira Rocha conclui a sua explicação sobre a razão do capital social das em-presas.Um hotel especial no Dubai, o super Cristiano Ronaldo e o livro “O econo-mista natural” de Robert Frank, preen-chem a quase totalidade dos Estilos de Vida de Junho. Finalmente, José V. Cla-ro, na sua Pena Capital, descobre com um humor ácido a origem da crise.

anunciantes no nº 18TdM; Suretel; nokia; hollard Se-guros; electrotec; vodacom;mcel; golden Travel; Sala ciP; Tiga – lenovo; Moçambique Seguros; Bci; Safaritel; PWc; Banco So-cremo.

18

Page 59: Revista Capital 23

Revista Capital 59

ESTILOS DE VIDA

O artista plástico Felisberto Amós Tlhe-mo, Famós, expõe no Instituto Camões da cidade de Maputo, “Penumbras da Vida”, a sua primeira exposição individual. Em 19 quadros a preto e branco, a exposição re-flecte a prostituição no país, sendo fruto de um intenso trabalho de pesquisa realizado pelo autor ao longo de dois anos.

Partindo do registo desta realidade em poemas, Famós tradu-los posteriormente para a linguagem do desenho, produzin-do as obras que integram “Penumbras da Vida”. Estes poemas, escritos no decurso da preparação do projecto e que integram o catálogo da exposição, complementam assim a ilustração que Famós pretende tra-zer ao público das questões e inquietações

relacionadas com a prostituição feminina. Famós nasceu na cidade de Maputo em

1978. Formado em Electrotecnia pelo Ins-tituto Industrial de Maputo, recebe forma-ção em desenho artístico e pintura com o artista Sengo na Casa de Cultura do Alto-Maé. Tem representação em diversas co-lecções, nacionais e internacionais, tendo participado em numerosas exposições co-lectivas.

“Penumbras da Vida”, que conta com a curadoria de Jorge Dias, director do Mu-seu Nacional de Arte, está patente até 14 de Novembro na sala de exposições do Ins-tituto Camões.

Rita Neves, Fundação PLMJ

LEITURAS CAPITAIS

“Penumbras da Vida”, de Famós

Esta semana estive num seminário, na Universidade de Aveiro, sobre o relacio-namento do design com o corpo e com a comunidade. Uma entusiasmante aborda-gem feita pelo professor e designer Henri-que Cayatte sobre o afastamento na prática do design da dimensão do corpo humano. Cada vez mais se criam objectos que fazem com que nos movamos cada vez menos, criando problemas de obesidade… Um dos exemplos: a evolução do comando da TV - hoje em dia é impensável ter um aparelho de televisão sem comando à distância, para mudar de canal umas 150 vezes por noite…

e aqui permitam-me fazer um pequeno desvio: recordo a surpresa que tive quando cheguei um dia a uma terra a 400 Km de Maputo, onde um aglomerado de crianças e adultos, na rua, se apinhava para ver a te-lenovela numa dessas caixas mágicas… ali o comando remoto não fazia falta.

Debateram-se os valores que fazem mo-ver os designers: a responsabilidade com a sociedade, o ambiente, o mercado sem esquecer as eternas questões da forma, da função e poética dos objectos. Tornando-se cada vez mais evidente que os designers têm de se preocupar com questões como o crescente envelhecimento da população ocidental e a consequente necessidade dos objectos se adequarem às pessoas… Por exemplo: como abre uma garrafa de água uma pessoa com artrose nas mãos? Ou ain-da, como, através do design, se pode con-tribuir para o desenvolvimento sustentado das comunidades ou resolver a escassez de água? Ou como comunicar questões sani-tárias a pessoas que não sabem ler?… Num mundo cada vez mais globalizado procura-se a identidade baseada na bagagem cultu-ral de cada designer para a resolução da-quelas e outras questões.

Para terminar, como venho constatan-do com outras pessoas que se cruzam co-migo… Henrique Cayatte também esteve em Moçambique, isto a propósito de um exemplo de design traído pela economia: não conseguia localizar no seu iPhone uma morada em Maputo, pois o software do aparelho não contemplava a sua exis-tência… um problema, ao que consta, já solucionado.

Rui Batista

LEITURAS CAPITAIS

comando remoto desnessessário

Julho de 2009

O banqueiro Ibraimo Ibraimo faz a capa da edição nº 19 e aconselha a in-vestir em tempo de crise, enquanto os destaques vão para a cidade de Maputo que pretende contrariar a crise no turis-mo e para a agricultura de resistência.É Federico Vignati quem aconselha agências e hoteleiros a explorarem mais e melhor os atractivos históricos da ca-pital moçambicana, enquanto Mehboob Azady fala da revolução verde na Índia e da complexidade do mercado e da pro-dução agrícola.Nesta edição inicia-se mais uma parce-ria, desta vez sobre “liderança” e com a empresa High Play. Mário Henriques, seu managing partner fala, precisamen-te, de liderança em tempos de vacas magras.O parceiro PricewaterhouseCoopers analisa o impacto do novo imposto sim-plificado para pequenos contribuintes no sector privado e a sociedade de advo-gados Ferreira Rocha & Associados in-cumbe a sua colaboradora Lucília Sousa de se debruçar sobre o novo regime de contratação de trabalhadores estrangei-ros.Na rubrica empresas assinala-se o nas-cimento de LIDER, um centro interna-cional de liderança, surgido da iniciativa conjunta do Instituto Superior de Co-municação e Imagem de Moçambique e do Instituto Europeu de Empresários e Gestores.

anunciantes no nº 19TdM; Suretel; vodacom; Tiga-le-novo; Sala ciP; dotcom, soluções de internet e intranet; Motraco; TaTa Xenon; Standard Bank; Sa-faritel; BancaBc; Bci; Mozre, Mo-çambique resseguros, Sa; PWc ; Banco Socremo.

19

Page 60: Revista Capital 23

Revista Capital60

ESTILOS DE VIDA

O restaurante Mundo´s, que faz esquina com a Av. Julius Nyerere, foi um dos spots que mais frequentei em Moçambique, em 2004.

Nunca mais me esqueço do que comi no primeiro dia em que lá fui: entrecosto com batatas fritas e salada, ou tão somente «O Piano» como lhe chamávamos. «O Piano», pela configuração dos ossos que, inusitada-mente, se assemelham a teclas, era servido com o não menos famoso molho agridoce sul-africano. Um acompanhamento que não gera consenso em termos de gosto, mas que não deixa de ser saboroso. Nesse ano, o que vigorava nas imensas telas do Mundo’s era o fascínio pelo futebol. Den-tro e fora delas, diga-se.

O acesso ao restaurante era de tal modo disputado que se alguém queria seguir os jogos numa mesa com os amigos, teria de se sentar à mesa por volta das 18h30, pois o sistema das reservas nem sempre era fiá-

vel. Pizzas, massas, grelhados e afins, entre outras propostas da ementa conveniente-mente ombreados pela cerveja em versão draft ou pelo vinho branco fresco ou pela Savana... faziam parte do hábito de nacio-nais e estrangeiros que se uniam ao som do relato e diante do cheiro das delícias…

Os anos passaram, o Mundo’s abriu um novo estabelecimento na Matola. E penso que a ideia teve o timing perfeito, tendo em conta que o tecido urbano vai dilatando a olhos vistos naquelas ‘bandas’. Contudo, fica neste espaço uma questão pertinen-te. O cliente que encomenda um prato de bacon com ovos estrelados, pelo pequeno-almoço, na Julius Nyerere não devia ser servido da mesma forma que na Matola, e vice-versa? Por que é que o prato vem mais bem servido (e não estou a falar de quanti-dade) num sítio do que no outro? Por que é que num estabelecimento trazem todos os molhos, a manteiga, os doces e a mistura de pimenta em recipientes próprios para o cliente e no outro apenas servem meta-de e o que chega vem ‘a cavalo’ no prato? Julgo que situações destas deviam ser re-vistas, independentemente do Mundo’s ser um franchising ou não, pois a sua marca valoriza e desvaloriza à medida em que as expectativas dos clientes são mais ou me-nos satisfeitas.

Mas como nem tudo são espinhos, nota 10 para a cerveja a copo que chega sempre fresquinha para a mesa em dias de intensa canícula.

HNN

LUGARES PARA ESTAR

Mundo’S avessus

FOTOLEGENDA

novos alimentos Recentemente, a FAO reuniu

os seus quadros para discutir a problemática da falta de alimentos.

Certamente que não lhes passava pela cabeça que existe gente criativa

mesmo em casos de sobrevivência. O painel publicitário em questão

anuncia a venda de novos alimentos até aqui desconhecidos.

A ‘Capital’ sugere-lhe vivamente os “pedanços”. Talvez seja carne de um

animal resultante do cruzamento de galinha com peixe. E se depois dos “pedanços”, o comensal ficar com sede, ainda pode refrescar a garganta com uma “prenta”. Na

revista Capital ainda ninguém bebeu “prenta” mas... se não é

algo doce... só pode ser amargo. De qualquer forma, se depois do almoço o leitor continuar vivo... uma coisa é certa, irá engordar.

agosto/Setembro de 2009 A quadragésima quinta edição da Fa-cim é o tema de capa, com uma foto do certame em plena actividade e a per-gunta: E depois do adeus? Uma clara referência ao anúncio da deslocaliza-ção das actuais instalações para a zona de Marracuene.Este número é duplo e pretende esta-bilizar a data de saída da Revista CAPI-TAL na primeira quinzena do mês indi-cado na capa. deixando assim a prática que vinha da Nos temas abordados no interior E. Vasques fala já da situação depois da crise e dedica-se uma aten-ção especial à comercialização dos pro-dutos agrícolas.Aliás a agricultura continua a estar em foco com o prosseguimento da análise de Mehboob Azady sobre a agricultu-ra de resistência e ainda sobra espaço para António Batel Anjo dissertar so-bre a ligação entre as novas tecnologias e os negócios.Assinala-se também nesta edição o re-gresso, da Ernst & Young à colabora-ção especializada e é Paulo Reis, Senior Manager, quem traça o historial e con-ceitos da fórmula: Corporate Gover-nance, enquanto Lucília Sousa, da so-ciedade de advogados Ferreira Rocha & Associados conclui a análise iniciada no número anterior.

anunciantes no nº 20-21TdM; Suretel; móveis dalmann; vodacom; electrotec; Moçam-bique seguros; golden Travel; galileo; Tiga-lenovo; BancaBc; ernst & Young; Motraco; Bci; Pri-cewaterhousecoopers; dotcom, soluções internet & intranet; Sala ciP; Safaritel; Banco Socremo.

20 21

Page 61: Revista Capital 23

Revista Capital 61

ESTILOS DE VIDA

Um “épico internacional” sobre Maomé destinado a “aproximar culturas”. É este o ambicioso objectivo do Fundo Alnoor, se-diado no Qatar, e do produtor norte-ame-ricano Barrie Osborne, por trás de filmes como “Matrix” ou “O Senhor dos Anéis”. Ainda não há realizador nem actores mas há a certeza de que nenhum desempenhará o papel do Profeta, cuja representação está proíbida pelas interpretações mais rigoro-sas do Islão.

“O filme vai educar as pessoas sobre o verdadeiro Islão”, disse Osborne à Reuters. A produção já fez uma contratação impor-tante: o xeque Yusuf al-Qaradawi, egípcio

que estudou na prestigiada Universidade Al-Azhar, será conselheiro para as questões islâmicas. Para além dos créditos religiosos, Qaradawi tem a particularidade de apre-sentar um programa semanal na Al-Jazira com grandes audiências em todo o mundo muçulmano.

Caberá ao xeque ajudar a produção a rea-lizar um filme que escape às polémicas pro-vocadas pela obra “Os Versículos Satâni-cos”, de Salman Rushdie, ou pelos cartoons de Maomé, publicados num jornal dina-marquês e depois em vários países. Contra Rushdie foi emitida uma fatwa (édito reli-gioso) com ameaças de morte; os cartoons provocaram protestos, alguns violentos.

Esta não será a primeira tentativa de fil-mar o nascimento do Islão. O diário Wall Street Journal lembrava ontem o filme “A Mensagem”, de 1976. Anthony Quinn in-terpretava o protagonista, mas este não era Maomé e sim o seu tio, Hamza. O realiza-dor Moustapha Akkad usou o som de órgão para sinalizar a presença do Profeta.

O Fundo Alnoor é parte de uma nova em-presa de média do Qatar, o país que lançou a Al-Jazira e que quer tornar-se num cen-tro cultural regional. O fundo visa angariar capital junto de privados no Médio Oriente para financiar filmes em língua inglesa.

Para filmar a vida de Maomé já existem 50 milhões de dólares. O objectivo é chegar aos 150 milhões (100 milhões de euros) e come-çar a produção em 2011.

Qatar vai filmar épico

sobre Maomé

Revejo o mundo caídoNesta nova perspectiva

Como quem foge da chuvaComo quem se esconde do sol

Debaixo de uma árvore perdida,

No chão que me acolhe.Vê comigo este novo ponto de

vista,Não é o fim que me consome.

INSTANTâNEO

22outubro de 2009

Uma panorâmica da capital moçambi-cana obtida a partir do edifício de 33 andares ilustra a capa deste número da CAPITAL e justifica o título: Negó-cios e eventos atraem turistas a Mapu-to. Os destaques estão na rubrica com este nome, no interior da publicação, e pode descobrir-se que o Fundo de Investimento de Iniciativas Locais, (o famoso 7 milhões) promove cursos e gera empregos. Mais, fica também a saber-se que a Vodacom constrói o seu edifício sede de raiz e que uma linha férrea ligará todo o país até 2023.Arsénia Sithoye escreve sobre o pro-cesso de integração regional e revisão da política comercial, enquanto Mário Henriques da High Play Consultores pergunta se o Team Building será um luxo desnecessário.O impacto do turismo na cidade de Ma-puto também integra as preocupações tratadas nesta edição onde se dão ain-da à estampa as colaborações da PWC, Ernst & Young e do gabinete de advoga-dos Ferreira Rocha & Associados, sem esquecer os Estilos de Vida com uma componente cinematográfica evidente e uma atenção especial para Marge Simp-son que salta da série televisiva anima-da para a capa da edição de Novembro da Playboy norte-americana.

anunciantes no nº 22TdM; Suretel; vodacom; Tiga-lenovo; Móveis dalmann; gol-den Travel; FnB Moçambique; Mozre, Moçambique resseguros, Sa; TaTa Xenon; Motraco; Ban-caBc; dotcom, soluções de in-ternet e intranet; Pricewaterhou-secoopers; Bci; ernst & Young; Safaritel; cdn, corredor de de-senvolvimento do norte.

Page 62: Revista Capital 23

Revista Capital62

PENA CAPITAL

José V. Claro

Gostam de fábulas? Das de Esopo ou das de La Fontaine? Não se preocupem com a resposta, são afinal as mesmas, pois o segundo mais não fez que adaptar as criadas pelo primeiro,

e tão bom trabalho fez que se lhe atribui o dom da criação no lugar do da adaptação. Afinal a vida tem mesmo destas coisas.As fábulas contêm sempre uma grande dose de ingenuidade, de generalização e, acima de tudo, servem para educar, para que delas se tirem en-sinamentos morais e de vida que nos hão-de servir nas horas de maior angústia ou incerteza.Neste número de aniversário convida-ram-me a debruçar sobre a importância da comunicação no desenvolvimento económico. Imaginem, logo isso, comuni-cação, desenvolvimento, economia.Um triunvirato de se lhe tirar o chapéu, um tríptico digno de João Vaz, Malan-gatana ou Matisse, uma “troika” mais imponente que se juntássemos “liberté, égalité, fraternité”!Foi assim que, perante tal desafio, resolvi contar-vos a fábula da rã que queria igua-lar o tamanho da vaca, mas numa versão revista, corrigida e de adaptação livre.Vão descobrir que tem tudo a ver com o tema proposto e não darão o vosso tempo por mal empregue.Era uma vez uma rã que da beira do seu charco, rodeada de ne-núfares e atordoada com o voar incessante das libélulas, contem-plava uma pachorrenta vaca que, agitando a cauda a intermitências para afastar as moscas atrevidas, mordiscava os frescos rebentos de capim, na manhã orvalhada.Fosse do capim, do orvalho ou do odor almiscarado dos nenúfares, a verdade é que o batráquio deu por si a pensar que poderia, se qui-sesse, ser tão grande como o corpulento quadrúpede.E se bem o pensou, melhor o fez.Encheu o peito de ar e inchou. Reteve o oxigénio, inspirou de novo e inchou mais ainda. A pele rugosa começou a ficar esticada, a rã olhou-se de soslaio, a custo, e pensou: já estou maior e mais bonita, isto vai, isto vai.E como, no seu entender, aquilo ia, ela continuou. Repetiu o gesto, inspirava, retinha, inspirava, e lá foi aumentando de volume. Ainda estaria muito longe da corpulência da vaca mas, para si, já se afigu-rava como se a estivesse quase a ultrapassar.

A vaca, essa, continuava a pastar tranquilamente, indiferente ao es-pectáculo que se desenrolava a poucos metros de si enquanto, no charco, os outros bichos se afastavam discretamente da rã, a sso-biar e olhando para o lado, pois ela começava a assemelhar-se a um balão. Já quase se lhe não viam as patas e os olhos estavam esbugal-hados, vítreos, prestes a saltar das órbitas glaucas.

Os pulgões, gafanhotos, besouros, um ou outro “passarouco”, toda a trupe se colo-cava a resguardo enquanto o batráquio inchava e tornava a inchar.E o que tinha de dar-se, deu-se! PUM! E houve estilhaços de rã pelos arredores. Poupar-vos-ei os detalhes da cena e a-penas me deterei na pacata vaca que, ao ouvir o estrondo, levantou a cabeça, lan-çou um olhar de esguelha e virou costas à tragédia que, apenas pela sua presença, originara, sem que o mínimo resquício de culpa lhe pudesse ser imputado.E assim termina a fábula a que, para ter um final feliz, só lhe faltaria a moral da estória.Cada leitor tirará a sua lição, se dela necessitar, mas não me esqueci da cor-respondência entre o tema proposto e a fábula contada.

Para evitar o estouro final, também qualquer órgão de comunica-ção não deve tentar comparar-se aos que maiores se tornaram, por natureza própria e porque assim foram nados e criados, ou porque cresceram naturalmente e sem queimar etapas.Tal como tem sido a nossa prática, aceite-se cada qual como é e tente-se sempre ir mais além, não inchados como bolas de vento, mas com um crescimento sustentado, faseado e assente num pro-gresso contínuo que os levará aos objectivos delineados.E cá está a moral da estória que justifica: A importância da econo-mia no desenvolvimento da comunicação. Ah não era isto!? Então será assim: O desenvolvimento da comuni-cação importante na economia.Também não!? Mais uma tentativa?A importância da economia de comunicação no desenvolvimento.Outra vez!? Têm a certeza?A importância desenvolvida pela comunicação económica.Nada disto!? Pronto, fiquemos por aqui. Já chega.E como somos bilingues: Happy Birthday!

a importância da vaca, na vida da rã

Page 63: Revista Capital 23

Revista Capital 63

Pub.LAM

Page 64: Revista Capital 23

Revista Capital64

Pub.TDM