Revista CEPAL

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REVISTACOMISSO ECONMICAPARA A AMRICA LATINAE O CARIbEOsvaldo SunkelPresidente do Conselho EditorialAndr HofmanDiretorMiguel TorresEditor Tcnico2010Alicia BrcenaSecretria-ExecutivaAntonio PradoSecretrio-Executivo AdjuntoREVISTACOMISSO ECONMICAPARA A AMRICA LATINAE O CARIbEA Revista cepal assim como sua verso em ingls, cepal Review foi fundada em 1976 e uma publicao quadrimestral da Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe, das Naes Unidas, com sede em Santiago do Chile. No obstante, dispedecompletaindependnciaeditorialeadotaosprocedimentosecritriosacadmicoshabituais,incluindoarevisode seus artigos por juzes externos independentes. O objetivo da Revista contribuir ao exame dos problemas do desenvolvimento socioeconmicodaregio,comenfoquesanalticosedepolticas,emartigosdeespecialistasemeconomiaeoutrascincias sociais, tanto das Naes Unidas quanto alheios a ela. A Revista distribuda em universidades, institutos de pesquisa e outras organizaes internacionais, assim como a subscritores individuais.As opinies expressadas nos artigos assinados so dos autores e no necessariamente refetem os pontos de vista da organizao. Asdenominaesempregadaseaformaemqueaparecemapresentadososdadosnoimplicam,porpartedaSecretaria, opinioalgumasobreacondiojurdicadepases,territrios,cidadesouzonas,oudesuasautoridades,nememrelao delimitaode suas fronteiras ou limites.A subscrio anual (trs nmeros) da Revista cepal em espanhol custa 30 dlares e a subscrio por dois anos, 50 dlares. Os preosdaRevistaeminglssode35e60dlares,respectivamente.Opreodoexemplaravulsoemespanholouinglsde 15dlares, includos os gastos de envio.O texto completo da Revista pode ser tambm obtido na pgina web da cepal, (www.cepal.org) em forma gratuita.Publicaodas NaesUnidasISSN impresso 0252-0257 ISSN eletrnico 1682-0908ISBN 978-92-1-323417-4LC/G. 2444-PCopyright Naes Unidas, maio 2010. Todososdireitos reservados.Impresso emSantiago do ChileA autorizao para a reproduo total ou parcial desta obra deve ser solicitada ao Secretrio do Conselho de Publicaes. Os Estadosmembrosesuasinstituiesgovernamentaispodemreproduzirestaobrasemprviaautorizao.Solicita-seapenas quemencionemafonteeinformemsNaesUnidasdetalreproduo.Emtodososcasos,asNaesUnidascontinuaro sendotitulardosdireitosdeautoreassimdeverconstarnasreproduespormeiodaexpressoNaesUnidas2008, ouoano correspondente.Parasubscrio,enviesuasolicitaoaPublicacionesdeLa cepal,Casilla179-D,SantiagodeChile,ouaofax(562)[email protected] podesersolicitadoporcorreiopostaloueletrnicooubaixado da pgina web da Revista:HTTP://WWW.cepal.org/revista/noticias/paginas/5/20365/suscripcion.pdf. Esta Revista,em sua verso em ingls cepal Review, indexadano Social Sciences Citation Index (ssci)publicado por Thompson isie no Journal of Economic Literature (jel),publicado pelaAmerican Economic AssociationREVI STACEPALNMEROESPECI ALEMPORTUGUSJ UNHO2 0 1 0ndicePrlogo7AliciaBrcena e Antonio PradoCemnmerosdaRevistadacepal: milolharessobreodesenvolvimentodaAmricaLatinaedoCaribe9AndrHofmaneMiguelTorresPolticasdediversifcaoeconmica27DaniRodrikOpapeldoEstadoeosparadigmaseconmicosnaAmricaLatina45EnriqueV.IglesiasAcepalemseucontextohistrico55TulioHalperinAmacroeconomiadabonanaeconmicalatino-americana77JosAntonioOcampoAcrisefnanceirainternacional:suanaturezaeosdesafosda polticaeconmica101JosLuisMachineaProgramasdetransfernciasmonetriascondicionadas: experinciasnaAmricaLatina127PabloVillatoroChile:paraumdesenvolvimentoinclusivo143RicardoInfanteB.eOsvaldoSunkelMigraesinternacionaisedesenvolvimento:oimpacto socioeconmicodasremessasnaColmbia163DavidKhoudour-CastrasVignciadascontribuiesdeCelsoFurtadoaoestruturalismo183RicardoBielschowskyPolticaindustrialedesenvolvimento193WilsonSuziganeJooFurtadoDesigualdadesderemuneraesnoBrasil:regressesquantlicasedecomposiesdasbrechas209SandroEduardoMonsueto,AnaFlviaMachadoeAndrBrazGolgherAsubstituiodeimportaesnoBrasilentre1995e2000229RenatoBaumanneAnaMariadePaivaFrancoGestodadvidapblica:aexperinciadoBrasil245HelderFerreiradeMendonaeVivianeSantosVivianNotas explicativasNosquadrosdesta publicao foramempregados osseguintessmbolos:...Trs pontos indicamquefaltamos dadosounoesto disponveispor separado.O trao indicaqueaquantidade nulaoudesprezvel.Umespao embrancoemumquadro indicaqueoconceito quese trata no aplicvel.Umsinal menosindicadfcit oudiminuio, salvooutraespecifcao. ,A vrgula usadaparaseparar osdecimais./A barra inclinada indica umanoagrcolaoufscal, por ex., 2006/2007.-Ohfencolocadoentrecifrasqueexpressamanos,porex.,2006-2007,indicaquesetratadetodooperodoconsiderado, ambos anos inclusive.Salvoindicaocontrria,apalavratoneladasrefere-seatoneladasmtricas,eapalavradlares,adlaresdosEstados Unidos.Astaxasanuaisdecrescimentoouvariaocorrespondemataxasanuaiscompostas.Comosvezesascifrasso arredondadas,os dadosparciais easporcentagens apresentadasnos quadrosnem sempre somam o total correspondente.REVI STACEPALNMEROESPECI ALEMPORTUGUS 7J UNHO2 0 1 0PrlogoEmabrildesteanofoipublicadoonmero100da Revista cepal, comemorando 34 anos de presena contnua.Desde1976,anoemquefoifundada porRalPrebisch,suaspginasderamacolhidaa quase mil artigos relacionados com a problemtica dedesenvolvimentoeconmico,social,polticoe ambientaldaseconomiasdaAmricaLatinaedo Caribe, sob o prisma de uma absoluta independncia editorialerigorososcritriosacadmicos.Atravs destescemnmeros,aRevistatemsidoveculode debatessobreosproblemas,polticaseestratgias de desenvolvimento e de numerosas anlises sobre a realidade econmica e social da Amrica Latina e do Caribe. Esses debates e anlises foram amplamente difundidos dentro e fora da regio. Desde o seu primeiro nmero, a Revista cepal publicada tanto em espanhol como em ingls, e esta ltima verso est presente no Social Sciences Citation Index (ssci), publicado por Thomson Reuters, e no Journal of Economic Literature (jel), publicado pela American Economic Association; deste modo, nossa publicao se converteu em uma das mais importantes revistas acadmicas para centos de pesquisadores e intelectuaisdediversasreasdascinciassociais, tantodaAmricaLatinaedoCaribequantode outrasregies.AmbasversesdaRevistacepal estodisponveisnapginawebdaorganizaoe despertaram,durante2009,ointeressedecercade nada menos que 340.000 leitores.Estatribunadedifusodasrealidadesedo pensamentolatino-americanoecaribenhofoi notavelmenteenriquecidapelascontribuiesde numerososedistinguidoseconomistasecientistas sociais do Brasil, com autores da envergadura de Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso, Jos Serra, Renato Baumann, Ricardo Bielschowsky, Maria da Conceio Tavares, Paulo Renato de Souza, Edmar Bacha e Antonio Barros de Castro, entre outros. Os estreitos vnculos de colaborao intelectual entre o Brasil e a cepal, que se estabeleceram desde a criao desta instituio, com a eminente presena de Celso Furtado entre seus primeiros pesquisadores, no se manifestou s na valiosa e numerosa contribuio depesquisadoresbrasileirosspginasdenossa revista,mastambmemtodasasmltiplasreas de trabalho da cepal. Por isso, pensamos que so muitaseboasasrazesparacelebrarestescem nmeros de existncia da Revista com um gesto aos nossos leitores de lingua portuguesa, brindando-lhes a presente edio especial neste belo idioma, na qual se apresenta uma seleo de quinze dos artigos mais destacados da Revista cepal publicados entre 2005 e2009,incluindocincotrabalhosdedistinguidos autores brasileiros.A apresentao desta edio em Braslia ocorre tambm em um contexto muito especial marcado por dois acontecimentos de grande signifcado. Emprimeirolugar,estenmeroespecialem portugus coincide com a comemorao dos cinquenta anos da instalao do Escritrio da cepal no Brasil, o que permitiu reforar nossa presena neste pas e favorecercadavezmaisaestreitacolaboraonas tarefas em comum de pesquisa, assessoria e formao, entre outras.Em segundo lugar, a apresentao deste nmero se realiza no contexto do trigsimo terceiro perodo de sesses da cepal, celebrado nesta oportunidade emBraslia.Coincide,assim,comaapresentao porpartedaSecretariaExecutivadaComissodo documentoAhoradaigualdade:brechasporselar, caminhos por abrir. Trata-se da nova proposta da cepal para os governos da regio, que surge, por um lado, do contexto imediato da profunda crise econmica mundialquesedesencadeouafnsde2008,e,por outro, da generalizada insatisfao com os resultados das polticas econmicas e sociais adotadas na regio durante as ltimas duas dcadas. Porm, alm da crise e da necessidade de reformular as polticas implementadas nos ltimos anos, este trabalho constitui um esforo para contribuir anlise das principais restries e atrasos que a regio tem historicamente enfrentado para alcanar o desenvolvimento. REVI STACEPALNMEROESPECI ALEMPORTUGUS 8J UNHO2 0 1 0Para isso insiste-se na necessidade de superar a persistenteheterogeneidadedaestruturaprodutiva quecaracterizanossaseconomiasesociedades, comofmdeavanarnofechamentodasbrechas deprodutividadeinternaseexternas,condies imprescindveis para gerar oportunidades (equidade) e garantir direitos (igualdade). Requerem-se polticas macroeconmicas e microeconmicas que promovam umelevadonveldeinvestimentosprodutivos,que aumentemocrescimentopotencialealcancemum alto e sustentado nvel de emprego, que promovam a inovao tecnolgica e a produtividade especialmente nos sectores, empresas e regies mais atrasados, e para a indispensvel insero dinmica na economia global. Demaneiramuitoespecial,odocumentoaborda orenovadopapeldesenvolvimentistaquecabeao Estado, procurando a colaborao e a coordenao pblico-privadaedasociedadeemseuconjunto naformulaoeimplementaodeestratgiase polticasparaalcanarumcrescimentoinclusivoe sustentvel que contribua superao da pobreza e da desigualdade. O Perodo de Sesses da cepal constitui, assim, uma instncia especialmente pertinente para apresentar esta seleo de artigos da Revista cepal, dado que as temticas tratadas em nossa publicao ao longo de seus cem nmeros constituem de fato antecedentes valiosos para apreciar a nova proposta da cepal.Esperamos que esta edio especial da Revista cepalemportuguscontribuaaestreitarainda mais os laos de cooperao com o Brasil e ajude a promover e difundir o pensamento latino-americano ecaribenhosobreodesenvolvimentodaAmrica Latina e do Caribe.Alicia BrcenaSecretria-Executivada Comisso Econmicapara a Amrica Latina e o Caribe (cepal)Antonio PradoSecretrio-Executivo AdjuntoComisso Econmicapara a Amrica Latina e o Caribe (cepal)R E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U S9Cem nmeros daRevista cepal:Mil olhares sobre o desenvolvimento da Amrica Latina e do CaribeAndrHofmaneMiguel TorresAps34anosdetrabalhoininterrupto,aRevistacepal,fundada em1976sobadi reodeRal Prebi sch,al canousuacentsi ma edio,gerandoassimumacervodequasemilartigosqueanalisamo desenvolvimento da Amrica Latina e do Caribe. O presente trabalho analisa opapeldesempenhadoporessapublicaonadifusodopensamento cepalino e de outras correntes de pensamento desenvolvimentista. Trata-se deumarevisodepartedosartigosdessescemnmeros,emespecial daquelesatinentesapreocupaesconstantesdacepal(crescimento eprogressotcnico,pobrezaedesigualdadesocial,desenvolvimento sustentvel, democracia e cidadania), aqui agrupados segundo a diretoria sob cuja gide os artigos foram publicados: Prebisch-Gurrieri, Pinto-Lahera eAltimir-Bajraj. AndrHofmanDiretor,[email protected],Revistacepal [email protected]:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U SEm seus 60 anos de existncia, a cepal logrou difundir seupensamentoeodeseusintelectuaisdemaior destaque atravs de um grande nmero de publicaes peridicas e extraordinrias. Na primeira categoria vamosencontraroEstudioeconmicodeAmrica Latina y el Caribe, a mais antiga publicao anual da cepal que j conta com 60 nmeros publicados1 e cujo nascimentopraticamentecoincidecomafundao de nossa casa. Como no mencionar, por exemplo, a edio de 1948, onde se apresenta o panorama global da economia regional segundo uma perspectiva de longo prazo, ou a de 1949, j sob a direo de Prebisch, que apresenta a viso pessoal deste e aquelas da cepal acerca da evoluo tecnolgica, a relao de preos de intercmbio e, num enfoque mais genrico, os fatores determinantes do lento desenvolvimento da regio2. No obstante o anterior, dada a tendncia crescente do Estudio econmico de especializar-se em macroeconomia conjunturaledelongoprazo3,acepalproduziu outras publicaes peridicas, incumbidas de cobrir situaes e perspectivas intrnsecas a outros aspectos igualmentecarosaodesenvolvimentoeconmico esocialdaregio.ocasodePanoramasocialde Amrica Latina, Panorama de la insercin internacional de Amrica Latina y el Caribe, La inversin extranjera en Amrica Latina y el Caribe e o Anuario estadstico de Amrica Latina y el Caribe. Elaborado a partir de um artigo anterior dos autores, publicado no nmero 96 da Revista da cepal (ver Hofman e Torres, 2008).1Para um exame mais detalhado da trajetria da publicao em referncia ver cepal (2008, cap. V).2Ver cepal (1949) e cepal (1951), respectivamente.3Os relatrios conjunturais emitidos em meados de cada ano pelo Estudioeconmicosocomplementadosanualmentenomsde dezembro pelas anlises conjunturais contidas no Balance preliminar de las economas de Amrica Latina y el Caribe.Contudo,almdessavariadagamade relatrios institucionais sobre distintos aspectos do desenvolvimentoregional,grandepartedosquais de ndole conjuntural, durante os ltimos 32 anos a Comisso pde disseminar uma rica produo de ideias e mensagens de carter mais acadmico, com especial nfase nos aspectos estruturais do desenvolvimento, refletidosemartigospublicadospelaRevistada cepal. Ora surgidos do seio da prpria instituio, oradandoespaoaautoresindependentesoude outras organizaes internas ou externas regio, os artigos da revista exploraram, graas a uma rigorosa independncia editorial, um amplo espectro de temas, realidadesregionaisenacionais,enfoquestericos emetodolgicos,espelhandoariquezadavasta diversidade latino-americana e caribenha. luz do enorme acervo intelectual acumulado por nossa revista, o presente artigo pretende fazer um apanhado dos fatos que marcaram sua existncia e resenhar suas principais contribuies aos pensamentos da cepal. Para tanto, as sees II, III e IV apresentam um extenso exame, decerto nada exaustivo, dos artigos mais representativos do pensamento de nossa casa, comrefernciasocasionaisaautoresecorrentes independentesoudeoutrasinstituiesque abordam os problemas do desenvolvimento a partir deposiesnemsempresemelhantesoudetodo coincidentes com os da cepal. Astrsseesreferidasacimaabarcamtrs etapasbemdiferenciadasdahistriadaRevistada cepal, marcadas respectivamente pelos trs binmios diretivos que a conduziram desde sua fundao. Assim, aseoIIexaminaosartigosdemaiordestaque publicadossobaconduodeRalPrebischeseu editor, Adolfo Gurrieri. A seo III faz o mesmo com respeito administrao Anbal Pinto Santa Cruz e conduo tcnica de Eugenio Lahera. A seo IV considera contribuies mais recentes, publicadas sob adireodeOscarAltimir,tendoReynaldoBajraj como subdiretor. IIntroduo11CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U SARevistadacepalfoiinauguradaem1976.Com uma periodicidade inicial de dois nmeros por ano, a primeira edio foi lanada no primeiro semestre daquele mesmo ano4. A publicao veio substituir o Boletn econmico de Amrica Latina, que circulou de 1956 at a primeira metade dos anos 705. Segundo sntese de Bielschowsky (1998), a cepal da dcada de 70 est tematicamente circunscrita aos chamados estilos de desenvolvimento, em um contexto internacionalcaracterizadopeladependncia,o perigoso e excessivo endividamento e a insufciente capacidade exportadora da regio. As anlises desses anos tomam forma por meio de ideias centradas nas estratgias de crescimento, seus vnculos com a estrutura produtiva,ospadresdistributivoseasestruturas depoder.Almdisso,insistemenfaticamentena necessidade de as economias regionais avanarem rumo a um esquema de industrializao que compatibilize o mercado interno com o esforo exportador. No plano das implicaes de poltica, as principais mensagens soviabilizaroestiloquelevehomogeneidade socialefortalecerasexportaesindustriais (Bielschowsky, 1998, p. 23). Dosanos70,portanto,pode-sedizerquedo testemunho da profundidade das ideias cepalinas de meados da dcada de 60, orientadas a incorporar com maior mpeto a dimenso social do desenvolvimento e sua estreita vinculao com os aspectos econmicos, e nas quais os problemas da pobreza e a distribuio das receitas adquirem maior relevncia. A tais esforos comeam a somarem-se as primeiras vises da cepal sobre o desenvolvimento e o meio ambiente. no contexto dessas ideias-fora, portanto, que tem incio o perodo de fundao da Revista da cepal. Seu primeiro diretor foi Ral Prebisch, que contou com o valoroso apoio do socilogo argentino Adolfo Gurrieri, na qualidade de Secretrio Tcnico. Em seu memorvel 4Posteriormente, a partir de 1979, a Revista da cepal se transformou em publicao quadrimestral e at hoje publicada com regularidade nos meses de abril, agosto e dezembro de cada ano.5O Boletn era uma publicao semestral. Oferecia uma resenha da conjuntura latino-americana para complementao e atualizao dos estudos econmicos anuais da Comisso. Alm disso, publicava artigos especiais sobre distintos temas relacionados economia regional, de carter mais estrutural, bem como notas informativas e metodolgicas (ver cepal, 1974, pgina legal).artigo Cinco etapas de mi pensamiento sobre el desarrollo, Prebisch (1983), falando a respeito da quinta de tais etapas, dizia que esta em verdade se iniciou quando, apsmuitosanosdefrutferoserviointernacional, pude liberar-me de minhas responsabilidades e a pedido da cepal encarregar-me de sua revista, onde resumi minhas ideias em uma srie de artigos que me serviram de base para produzir Capitalismo perifrico - crisis y transformacin. Foi essa a quinta etapa, e provavelmente a ltima, de meu pensamento sobre os problemas do desenvolvimento econmico6.Ral Prebisch assumiu a direo da revista em 1976,permanecendonocargoatosltimosdias de sua vida, em 1986. Nesses dez anos, a revista no publicouapenasasideiasfnaisdePrebischsobre anaturezadocapitalismoperifricoouosseus diversosartigossobreestilosdedesenvolvimento, que dominaram o debate cepalino na segunda metade da dcada de 70. A esse respeito deve-se assinalar, a princpio, que na primeira metade dos anos 80 a regio ressentia-se dos efeitos da crise da dvida que levariam chamadadcadaperdidadaAmricaLatina. Nesse contexto, as prioridades da cepal voltaram-se maisaaspectosconjunturaise,porconseguinte,o ajuste e seus choques, a retomada do crescimento e o custo social da estabilizao macroeconmica se transformaram nos principais focos analticos e de poltica para a instituio.ARevistadacepalnoestevealheiaaesses debates. Publicou uma grande quantidade de estudos relacionados crise fnanceira da dcada de 80 e at mesmo outros anteriores crise, buscando advertir-nos de sua iminncia. Em um importante trabalho, Devlin(1979)apontaospontosdeconvergnciae divergncia entre os objetivos dos bancos comerciais e os pases em desenvolvimento. Ao contexto regional deendividamentobarato,Devlinaduzumanota deceticismoacercadosincentivosdasinstituies prestamistasepasescredores,questionandoo 6 Ral Prebisch contribuiu com uma srie de artigos publicados naRevistadacepal,destinadosaapresentaroseuconceitode capitalismo perifrico (ver a respeito Prebisch 1976, 1978, 1979 e 1980). Conforme explicita a citao, esses trabalhos constituram a base de sua ltima obra Capitalismo perifrico. Crisis y transformacin (Prebisch, 1981).IIA diretoria Prebisch-Gurrieri (1976-1986)12CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Salinhamento dos interesses de ambos e dando relevo, implicitamente,aosriscosdapotencialinsolvncia da regio. Apartirdesseartigo,eumavezdetonadaa crise, anlises e perspectivas passaram a ser presena constantenaspginasdapublicao.Destacam-se osartigosdeIglesias(1983)eMassad(1983).No primeiro deles, o ento Secretrio Executivo da cepal propugnavaqueem1982aAmricaLatinahavia sofrido a crise econmica mais profunda de todo o perodops-guerrae,provavelmente,amaisgrave desde a experincia amarga da Grande Depresso. Mediante anlise de variveis macroeconmicas-chave (crescimento, desemprego, infao e desequilbrios dosetorexterno),agregavaqueosfatossucedidos naquele ano nas economias da Amrica Latina () resultavam particularmente teis para compreender a natureza da grave crise econmica que afeta a regio e suas causas, o que constitui, por sua vez, conhecimento imprescindvelparaaproposiodemedidasque permitam enfrent-la com sucesso. Seguindo linha similar de Devlin (1979), o artigo deMassad(1983)examinaocustorealdoservio da dvida externa, demonstrando a existncia de um diferencial de custos entre credores e devedores. Prope ainda um mtodo alternativo para a mensurao do custo real do servio da dvida e esboa uma anlise de seus fatores determinantes. Contudo, alm dos numerosos artigos publicados na revista sobre a crise da dvida, a publicao, nessa primeira etapa a exemplo do que aconteceria nas fases seguintes sempre se mostrou preocupada em ideias centradas nos debates sobre o desenvolvimento nolongoprazo,muitasdasquaisserelacionavam tambm com o pensamento da cepal. Sobre a difuso do pensamento cepalino atravs da revista, cabe mencionar que durante essa primeira etapa, em 1978, a cepal comemorou seu trigsimo aniversrio.Antecipando-secelebrao,arevista publicou um ano antes um artigo sobre a evoluo das ideias da cepal e seu vnculo com outras correntes de pensamento: o clssico texto de Cardoso (1977), intitulado La originalidad de la copia: la cepal y la idea del desarrollo. Nessaobra,FernandoHenriqueCardoso examina primeiramente as ideias originais de Prebisch e da cepal sobre o desenvolvimento e o porqu de terem gerado tanto alvoroo (Cardoso, 1977, p.12), numa resenha dos principais aspectos relacionados nooprebischianadosistemacentro-periferia. Emseguida,oautorasvinculaaoutrasposies doutrinrias e acadmicas que tambm geraram certa ressonncia na regio. O artigo analisa, alm disso, a forma em que tais ideias moldaram polticas de desenvolvimento e se adaptaram a situaes novas. O texto ainda relaciona o pensamento cepalino a novas correntes surgidas nos anos 60 e 70, referentes ao estilo de desenvolvimento maligno, dependncia estruturaleaooutrodesenvolvimento(Cardoso, 1977, p. 7). A concluso de Cardoso de que alm dastransformaesporquepassouopensamento da casa ao considerar as novas alteraes globais, conhecer outros aportes tericos e alimentar-se deles a cepal teve a capacidade de preservar e demonstrar avignciadeseuncleoessencialdepensamento: osfatoresestruturaisdosubdesenvolvimento,a importnciadeincrementaraprodutividadepara elevar a taxa de crescimento de longo prazo atravs do progresso tecnolgico e a possibilidade de gerar, assim, maiores e melhores condies de bem-estar na periferia latino-americana. Paraostemasespecficosdodebatesobre desenvolvimento de longo prazo, a revista constituiu verdadeira incubadora de ideias, abrigando artigos dosmaisreconhecidosintelectuaiseeconomistas daregio,osquaismarcariamoinciodeobras importantes e ideias potentes de grande ressonncia nodebateacadmicoepoltico.SegundoTorres Olivos(2006),essesforamanos,porexemplo,nos quais Fernando Fajnzylber se dedicou anlise das experinciasdecrescimentodelongoprazoes estratgiasdeindustrializaodeeconomiasextra-regionais, buscando estabelecer um paralelo com os processos da Amrica Latina. Foi precisamente nas pginas da Revista da cepal, em seu nmero 15, que se apresentaram refexes acerca da industrializao exportadora do sudeste asitico (Fajnzylber, 1981). Esse artigo, junto a outros que analisavam a situao das economias capitalistas avanadas, constituram importantesinsumosparadoisdosconceitosmais relevantesdoautor,asaber,aindustrializao truncada e a caixa postal vazia (Fajnzylber, 1983 e 1990).Namesmapoca,tambmCelsoFurtadose dedicavaaestabelecerasdimensesculturaisdo desenvolvimento. Sua proposta inicial concebia a cultura como um conjunto de partes cujas interaes guardam certo grau de coerncia. Alm dessa noo, sustentava queaculturaumsistemadinmicoe,portanto, sujeito a mudanas contnuas que por sua vez alteram a ordem social em todas as suas dimenses, a includa a econmica. O desenvolvimento deve conceber-se, 13CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Sento, como um enriquecimento do sistema cultural. Em outras palavras, desenvolvimento e cultura esto intrinsecamenterelacionados.Odesenvolvimento consisteempotencializarascapacidadescriativas dohomem,gerandoassiminovaesculturais. Noobstanteoanterior,Furtadodistinguedois processosdecriatividade.Deumdelesderivam inovaes no mbito do que ele denomina cultura material,representadapeloprogressotcnicoea acumulao. De outro derivam inovaes que se do nombitodaculturano-material,relativaao conjunto de ideias e valores que uma sociedade vai construindo. O desenvolvimento pela via da cultura material se logra atravs dos excedentes econmicos adicionais que ampliam as opes para os membros dacomunidade.Asideiassobreculturamaterial, relativasacumulaoeinovao,especialmente quanto ao papel do excedente, contidas em seu livro de1978,intituladoCriatividadeeDependnciana Civilizao Industrial, foram sintetizadas no nmero 6 da Revista da cepal. Nessaprimeirafasedarevistatampouco estiveram ausentes contribuies cepalinas oriundas dasociologiadodesenvolvimento.Emtempos agitados e complexos em termos polticos para a regio (especialmente no Cone Sul e em especial no Chile), a cepal e sua revista abordaram as contingncias da poltica internacional e analisaram em profundidade, apartirdeumcontextomarcadopelaguerrafria, ovnculoentredesenvolvimentoedemocracia. SegundoRodrguez(2006),essaspreocupaes estiveram presentes nas refexes de Prebisch sobre capitalismo perifrico, que insistiam em novas bases para a consolidao democrtica nas sociedades da periferia, nas elucubraes de Cardoso relativamente reivindicao democrtica e aos movimentos sociais e,demodoespecial,emMedinaEcheverraesua visorenovadoradademocraciaeseuselementos integrantes. Este ltimo teve a oportunidade de expor tais ideias em dois artigos de sua autoria na Revista da cepal. No primeiro deles, o socilogo espanhol projetava os distintos cenrios polticos pelos quais seria possvel conduzira regio anteumaiminente diminuio da tenso existente entre as duas grandes potncias hegemnicas de ento (Medina Echeverra, 1976),eosegundoindagavaquantoaofuturodas democraciasocidentais,especialmentenaAmrica Latina (Medina Echeverra, 1977).Conformeditonaaberturadestaseo,essa fase da revista foi marcada pelo debate em torno dos estilosdedesenvolvimento,conceitocepalinoque encontra dois enfoques complementares: o econmico e o sociolgico. assim que no nmero inaugural da revista, Anbal Pinto publicou suas Notas Sobre os Estilos de Desenvolvimento, abordando o tema surgido no decnio de 1970 e que mantm plena validade na fase atual da globalizao (Pinto, 1976). O trabalho indicaosaspectoseconmicosqueconfguramum estilo de desenvolvimento. Pinto defne logo de incio o conceito de estilo, que basicamente se refere ao modo deorganizaodeumasociedade,estruturadoem umdeterminadosistemaeconmico,comofmde resolver trs questes essenciais: o que, como e para quem produzir. Na ideia de estilo de desenvolvimento conjugam-se ento dois conjuntos de traos-chave. Em primeiro lugar esto os fatores de tipo estrutural, como i) a organizao da produo, ii) a estrutura setorial doprodutoedoemprego,iii)oprogressotcnico incorporado e iv) o modelo de insero internacional. Os trs primeiros componentes dos fatores estruturais frmam o seu apoio, sem dvida, em uma contribuio conceitual prvia do mesmo autor, e uma das mais importantes de sua obra, a chamada heterogeneidade estrutural(Pinto,1970).Emsegundolugar,se encontram os fatores dinmicos que conformam um estilo de desenvolvimento, relacionados principalmente com as caractersticas prprias da demanda, ou seja, seu nvel, composio e, como antecedente de ambos estes aspectos, a distribuio da renda. Foinesseprimeironmerodarevistaquese apresentaram os aspectos sociolgicos dos estilos de desenvolvimento atravs dos trabalhos de Graciarena (1976)eWolfe(1976).OtrabalhodeGraciarena introduzumaanlisecrticadasdiversasacepes deestilosdedesenvolvimento,comnfasemaior snoesorientadasaenfoquesunifcadoresdo desenvolvimento.Resgatatambmaabordagem social para enriquecimento do conceito de estilo de desenvolvimento,considerandoaspectoscomoa educao, a sade, seguridade social e outros. O artigo de Wolfe, por sua vez, aborda os diversos enfoques do desenvolvimento, examinando e questionando os objetivos e os meios utilizados com frequncia no debate. O autor busca sugerir uma concepo existencial do desenvolvimento como esforo incessante para impor uma racionalidade de valor a uma realidade rebelde. Comesseobjetivo,oartigofnalmentedistingue os principais critrios usados na defnio dos fns e dos meios do desenvolvimento (utpico-normativo, tecnocrtico-racionalista e sociopoltico), culminando com uma anlise crtica da conduta dos agentes de desenvolvimento. 14CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U SE muito embora esses autores tenham contribudo apartirdosocialparaumconceitointegrale multidisciplinarsobreodesenvolvimentoeseus estilos,importanteconsiderartambmosesforos orientados a incorporar ao debate o meio ambiente e o desenvolvimento sustentvel. A contribuio a esse debatenaRevistadacepalsematerializouemum artigo de Osvaldo Sunkel cujo propsito era explorar os vnculos entre os estilos de desenvolvimento e o meio ambiente na Amrica Latina (Sunkel, 1980). O artigo oferece uma descrio e uma interpretao sistmica dos fenmenos surgidos em nvel regional na relao com o meio ambiente e o processo de desenvolvimento. Desse modo, em um mbito conceitual amplo, Sunkel analisa as transformaes globais das ltimas dcadas, comparticularatenosvariadasconsequncias daindustrializao,damodernizaoagrcolaeda urbanizao sobre os fatores ambientais e o modo como estes, por sua vez, repercutiram sobre as possibilidades e limites do desenvolvimento. (Sunkel, 1980, p. 17).IIIA diretoria Pinto-Lahera (1987-1995)A partir da edio de nmero 33, lanada em dezembro de1987,adireodaRevistadacepalpassous mosdoeconomistachilenoAnbalPinto,quese fezacompanhardurantetodoseumandatopelo cientistapolticoecompatriotaEugenioLahera, aquemcoubeaediotcnica7.Depoisdedirigir osonzeprimeirosnmerosdarevistaPensamiento Iberoamericano,PintoassumiuaRevistadacepal na reta fnal da dcada de 80. Em nvel regional, o processo poltico vinha com a marca da recuperao do sistema democrtico, especialmente na Amrica do Sul. Na esfera econmica, os efeitos da crise ainda afetavam os pases latino-americanos, especialmente quanto ao custo social do ajuste derivado de polticas de estabilizao macroeconmica e da renegociao da dvida (Bielschowsky, 1998). No plano global, os eventos se sucediam em meio ao eplogo da guerra fria e luz de uma nova ordem internacional, crescentemente dominada pelo neoliberalismo como doutrina e prxis das reformas estruturais que teriam lugar nos anos 90 em todas as economias da regio. Em tal contexto regional e internacional, o debate interno da cepal secentrounosprocessosdeajusteeseusimpactos sociaisenareformulaodesuapropostaparao desenvolvimentoregional,orientadonodizerde Rosenthalporumalgicadecontinuidadee transformao. (Rosenthal, 1988). Ao fnal da dcada de 80, graas a tais processos e a vises renovadoras do desenvolvimento, inicia-se 7 A ltima edio dirigida por Prebisch foi a de nmero 28, de abril de1986.Asedies29a33estiveramacargodeGurrieri,que permaneceu na direo da revista nessa fase de transio. a gestao da primeira ideia-fora que dominaria o pensamentoeaaodacepaldosanos90ata atualidade.Trata-sedapropostadetransformao produtiva com equidade e do surgimento do chamado enfoque neo-estruturalista no debate de intelectuais cepalinos e latino-americanos. Tambm se verifca a anlise de temas mais especfcos de desenvolvimento, como a pobreza e a distribuio da renda, a dimenso degnero,omeioambienteeodesenvolvimento sustentvel.Tudoissosomadoaosaspectosmais clssicos do pensamento econmico da casa, vinculados ao crescimento de longo prazo, porm com esforo crescenteemfavordaconcentraodeanlises micro-setoriais. Todosostemasassinalados,emuitosdos intelectuais que os desenvolveram, fcaram registrados na Revista da cepal. Sobre os temas macroeconmicos, especialmenteaquelesrelacionadosaosefeitos dacriseesperspectivasfuturas,cabemencionar emprimeirolugarotrabalhodeGonzlez(1988), queabordaapolticamacroeconmicaparao desenvolvimento no contexto do ajuste. Aprofundando-sequantoaaspectosedesafiosmaisespecficos dacrisedadvida,Eyzaguirre(1989)analisao comportamento da poupana e do investimento em um ambiente de restrio externa e fscal. Por outro lado, Mortimore (1989), a partir de uma perspectiva mais microeconmica, estuda o comportamento dos bancos credores na regio, ao passo que Devlin (1989), namesmaediodarevista,esboaatravsdeum enfoque mais global as dicotomias enfrentadas pela regio em consequncia do endividamento externo. Osplanosdeajustecomcrescimento,intentados pelaseconomiasregionaisnoesforodesuperara 15CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Scrise, mostravam-se duplamente condicionados pelas principaisinstituiesfnanceirasinternacionais,a saber,oFundoMonetrioInternacional(fmi)eo BancoMundial(1989).Meller(1989)analisaessa duplacondicionalidadeepropeanecessidadede maior coordenao dos programas auspiciados por esses organismos. Ramos (1989), no entanto, examina as novas correntes acadmicas surgidas do Norte em matria de teoria macroeconmica, insistindo no debate entre neoclssicos e neokeinesianos. No que se refere a anlises microsetoriais, neste perodo se os artigos publicados no perodo quanto aos problemas do setor agroalimentar. Temas como os impactos do ajuste no setor, polticas setoriais e planejamentomacroeconmico,anlisesetorialda prpriacepal,seguranaalimentaredimenses sociaisdaproduoruralestoentreosaspectos abundantemente abordados por diversos autores em nossas pginas8.Com o surgimento da proposta de transformao produtiva com equidade, baseada em parte nas anlises preliminaresdeFajnzylber(1983e1990),osetor industrial, considerado o principal motor de progresso tcnico, readquiriu no debate cepalino a importncia perdidaporocasiodascrticasneoliberaisnos anos mais duros da crise da dvida. No obstante o anterior, a nova industrializao como apresentada nessapropostareconheciaemprimeirolugara necessidade de uma abertura comercial competitiva eodesenvolvimentodecomplementaridadesentre ossetoresprimrioedeservios.Nosurpreende saberqueaRevistadacepaltenharegistradotais ideiasemartigoscomoodeFajnzylber(1988), queanalisavaaevoluoeasliesaprendidas emmatriadecompetitividadeinternacionale reestruturao produtiva, bem como a incorporao doprogressotcnico,atravsdeumparaleloentre naesindustrializadaseemdesenvolvimento. Tampoucodeixamlugaradvidas,nessatemtica detransformaoprodutivaemudanatcnica,os trabalhos de Lahera (1988) e Willmore (1989). Nessa mesma linha, embora em referncia ao caso do Equador, cabe destacar o artigo de Hofman e Buitelaar (1994), que analisa as vantagens competitivas desse pas e suas perspectivas de crescimento de longo prazo. Por sua vez, no que tange s complementaridades setoriais, Kuwayama (1989) aborda o potencial tecnolgico do setor primrio exportador. Destacam-se tambm no 8A respeito ver Lpez Cordovez (1987), Harker (1987), Ortega (1988), Schejtman (1988) e Dirven (1993).mesmo perodo os trabalhos de Peres (1993 e 1994) e Rosales (1994), autores que abordam polticas de competitividade e polticas industriais. Outra ideia-fora surgida a partir da proposta de transformao produtiva com equidade o conceito de regionalismo aberto,comoalternativadeintegraocomercial, explorado por Fuentes (1994). Tratando sempre do tema da integrao, Rosenthal (1993) busca responder, entre vrias, uma pergunta de grande relevncia: O que diferencia os esquemas de integrao dos pases da regio daqueles que se intentaram nas dcadas de 60 e 70? Quais so os instrumentos indicados para promover uma robusta integrao inter-regional? Outroselementos-chavedapropostaforam amudanainstitucionaleavalorizaodo sistemademocrticocomohabitatessencialparao desenvolvimentodeumatransformaoprodutiva e social efcaz. No primeiro caso, Fajnzylber (1991) agregourefexesemtornodopapeldamudana institucional na transformao produtiva com equidade e, em sentido semelhante, Lahera (1990) explorou a relao entre o Estado e a transformao aqui referida. J no segundo caso, verifcou-se um nmero importante de artigos que aprofundaram o papel desempenhado pelo sistema democrtico na transformao produtiva com equidade. Merece meno um trabalho de Enzo Faletto,orientadoexploraodosvnculosentre cultura e conscincia democrtica, alm de outro que aborda as especifcidades dos Estados latino-americanos (Faletto,1988e1989).Destaquecabetambmao trabalho de Graciarena (1988), sobre democracia e desenvolvimento, e a outro de Wolfe (1990), sobre as estruturas sociais e o fortalecimento democrtico s portas da dcada de 1990. Outro aspecto importante da democracia, e que na dcada de 90 e na iniciada em 2000 adquiriria grande signifcncia, a cidadania. Emumartigomarcantesobreotema,Caldern, HopenhayneOttone(1994)sintetizamaproposta cepalina de transformao produtiva com equidade a partir de uma perspectiva cultural. A proposta da cepal para os anos 90 considerava apromoodaequidadenoapenascomoum imperativo tico do desenvolvimento, mas tambm comovarivel-chaveparaocrescimento,oquea tornadistintadavisoneoclssicaquepropea contraposioentrecrescimentoeequidade.O surgimentoclaroepotentedotemadistributivo atravs da proposta de transformao produtiva com equidade permitiu um fortalecimento mais slido do social na viso cepalina de desenvolvimento. Nessa plataformaampliadadepensamento,adquiriram 16CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Smaiorpreponderncianoapenasasquestes associadas distribuio da renda, mas tambm o enfoque integral da pobreza. Alm disso, do enfoque fundado nesses dois temas estreitamente vinculados histria socioeconmica da regio emergiram novos temasdemaiorespecifcidadeeprofundidade,os quais enriqueceram, nos ltimos vinte anos, as ideias e propostas da cepal. Falamos, entre outras coisas, da preocupao por polticas sociais, da precariedade e disparidade dos mercados de trabalho da regio, dadimensodegnero(fortementevinculada desigualdade e precariedade no mundo do trabalho) e da juventude, como sujeito de poltica social. Nessa sua segunda etapa e de modo ainda mais pronunciado na terceira, como veremos a Revista da cepal publicou grande quantidade de artigos sobre temas dessa natureza. Entre os trabalhos orientados a apresentar e medir a magnitude da desigualdade e da pobreza como fatores estruturais do subdesenvolvimento regional destacam-se os de Altimir (1990 e 1994), Feres eLen(1990)eWolfe(1991).Quantoadimenses ecritriosgeraisdaspolticassociaiscabedestacar osdeDurston(1988),Franco(1989),Sojo(1990), RodrguezNoboa(1991),CoheneFranco(1992)e Hopenhayn(1992).Entreosestudossobregnero, juventudeeetnia,merecemrelevoostrabalhosde Krawczyk(1990e1993),LpezePollack(1989), Arriagada (1990 e 1994), Almeras (1994) e Durston (1992 e 1993). Finalmente, entre os artigos relativos aotrabalhoemercadodetrabalhocabemencionar osdeTokman(1988),Guerguil(1988),Infantee Klein (1991), Caldern (1993) e Rosenbluth (1994). Publicou-se tambm um trabalho pioneiro quanto ao tema abordado, dada a signifcncia que adquiriu no presentedecnio.Referimo-nosaotextodeUthoff (1995), sobre proteo social na Amrica Latina e as reformas do sistema previdencirio na regio.Umaextensoimportantedapropostade transformao produtiva com equidade seu vnculo comomeioambiente,osrecursosnaturaiseo desenvolvimento sustentvel em geral, temas que por certo j haviam sidointroduzidoseminvestigaes anteriores de Sunkel e outros intelectuais da cepal nosanos70.Comrespeitoaomeioambientee aodesenvolvimentosustentvel,cabemencionar aanlisesobredesastresnaturaiseseusimpactos socioeconmicos, da lavra de Jovel (1989); os esboos deBustamenteeTorres(1990)paraumapoltica ambientalefcaz;oenfoquedecontasambientais de Gligo (1990); as opes de poltica orientadas a abrandar a poluio urbana (Durn, 1991); o trabalho de Valenzuela (1991), sob o sugestivo ttulo de El que contamina, paga relacionado aplicao de impostos pigouvianos como instrumento de poltica ambiental; oartigoParticipacinymedioambiente(Tomic, 1992) e o trabalho de Gligo (1995) sobre a situao e as perspectivas do desenvolvimento sustentvel na regio. Em relao ao problema dos recursos naturais na regio, destaca-se o artigo de Dourojeanni (1994) sobrerecursoshdricoseostrabalhosdeSnchez Albavera (1993 e 1995), o primeiro dos quais pe em debate a situao dos recursos naturais na regio no incio dos anos 90, deixando ao segundo a abordagem dovnculoentreaglobalizaoeareestruturao energtica na Amrica Latina. Finalmente, preciso fazer meno a um debate gerado entre o fnal da dcada de 80 e o incio dos anos90,quedeuazoaosurgimentodochamado neo-estruturalismo. O debate associado a tal conceito tem por base os aportes de Fernando Fajnzylber e a proposta cepalina de transformao produtiva com equidade.Asideiasdetalpropostaincentivaram vrios intelectuais e estudiosos do pensamento da cepal a integrar ideias clssicas e novas ao chamado enfoqueanalticoneoestruturalista.Essembito agrega temas emergentes que marcaram o pensamento e o modo de ao da instituio nos ltimos vinte anos. Assim, no chamado neoestruturalismo cepalino, moldam-semaisnitidamenteasrefexessobreo meioambienteeodesenvolvimentosustentvel, adesigualdadeeapobrezacomanlisesmais enfocadas, a integrao comercial, a competitividade e o desenvolvimento produtivo. Emtornodoneoestruturalismo,aRevistada cepal publicou uma grande quantidade de artigos. Emprimeirolugar,cabemencionarotrabalhode Ffrench-Davis (1988), no qual se contrastam a proposta neo-estruturalista e a doutrina neoliberal, tanto em suas dimenses tericas quanto em sua aplicao elaborao de polticas pblicas. Nessa mesma lgica de paralelos, Sunkel (1989) apresenta uma comparao entre o neo-estruturalismo e o institucionalismo, com opropsitodeexploraroenriquecimentomtuo entreambascorrentesdepensamento.Porltimo, SunkeleZuleta(1990)fazemoutracomparao entreneoliberalismoeoenfoqueneoestruturalista, dessa vez apontando desafos oriundos dos anos 90 e indagando se as polticas recomendadas por uma ou outra doutrina contribuiriam ou no retomada da via de crescimento e desenvolvimento na regio. Nessa fase da revista, seu diretor, Anbal Pinto, recebeu homenagens e reconhecimento, em vida, por 17CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Ssua enorme contribuio intelectual ao longo de uma dilatada trajetria profssional. Entre os ttulos que se lhe outorgaram fguram os de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Campinas (Brasil, 1989) e pela Universidad Nacional Autnoma de Mxico (1991), alm do Premio Nacional de Humanidades y Ciencias Sociales, concedido pelo governo chileno em setembro de 1995, meses antes de sua morte. Junto a todos esses reconhecimentos, cabe-nos reiterar tambm a grande contribuio de Pinto direo da Revista da cepal, na promoo do pensamento cepalino sobre o qual tambm teve grande infuncia. IVA diretoria Altimir-Bajraj (1996-agosto de 2008)Com a morte de Pinto, e logo aps a publicao do nmero 58, em abril de 1996, que esteve a cargo do Secretrio Executivo da cepal, Gert Rosenthal, tendo a Eugenio Lahera como Secretrio Tcnico, assumiu a direo da revista o economista argentino Oscar Altimir, que permaneceu no cargo at agosto de 2008. Nesse perodo, a publicao alcanou conquistas importantes, lograndonoapenasmaiordifuso,mastambm maior aproximao ao mundo acadmico extracepalino mediante a ampliao de sua linha editorial. A partir de 2003, o trabalho de Altimir benefciou-se tambm da colaborao do argentino Reynaldo Bajraj como DiretorAdjuntodarevista.TantoAltimirquanto Bajraj desenvolveram uma frutfera carreira funcional, com substantivos servios prestados cepal, o que os levou a ocupar, cada qual a seu turno, o cargo de Secretrio Executivo Adjunto. Toda essa experincia contribuiu signifcativamente para o xito da Revista da cepal nos ltimos anos9.Muitosdosartigospublicadosnessaetapa incorporaram ferramentas analticas da fronteira do conhecimento(anliseseconomtricas,modelosde equilbrio geral computveis, anlises setoriais mais refnadaseoutras),oquepermitiuqueapartirde 9OscarAltimiresteveligadocepaldesdemeadosdosanos 60 e ocupou altos cargos na organizao: Diretor da Diviso de Estatstica e Anlise Quantitativa (1976-1983), da Diviso Conjunta cepal/onudi de Indstria e Tecnologia (1984-1988) e da Diviso de Desenvolvimento Econmico (1989-1993); entre 1994 e 1996, foi Secretrio Executivo Adjunto da Comisso. Reynaldo Bajraj se associou cepal em 1976 e ocupou diversos cargos no ilpes: EspecialistaemPolticaEconmica,DiretordoProgramade Pesquisa e Diretor do Programa de Assessoria. Em 1987, foi nomeado Diretor do Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografa das Naes Unidas (celade) e entre 1997 e 2003 desempenhou as funes de Secretrio Executivo Adjunto da cepal. dezembro de 2007 nossa publicao fosse incorporada ao ndice Social Sciences Citation Index (ssci) publicado pela Thomson isi. Essesimportantesavanossetraduziramem aumentodaqualidadedomaterialpublicadoeno reforo da linha editorial da revista, tendo por base uma irrestrita independncia acadmica e intelectual. Quanto aos assuntos cobertos pela publicao, manteve-se um adequado equilbrio entre temas econmicos, visododesenvolvimentodelongoprazoetemas sociopolticos. Antesdenosreferirmosaostrabalhosde maiordestaqueemtornodessaslinhasrecorrentes depesquisa,parece-senosapropriadodarrelevoa quatro marcos importantes dessa fase da Revista da cepal: a publicao, em outubro de 1998, da Edio Extraordinria comemorativa do cinquentenrio da casa;acelebraodocentenriodenascimentode Ral Prebisch, no nmero 75; a publicao a partir de 2002 de palestras de renomados intelectuais, nas edies anuais da Ctedra Ral Prebisch; e, em 2005, uma edio extraordinria da Revista da cepal com artigos publicados entre 1995 e 2004, com traduo para o francs. Como j mencionado, a cepal comemorou seu quinquagsimoaniversrioem1998.Porocasio dessacelebrao,arevistapublicouumaedio extraordinria no ms de outubro, composta de trinta artigosdosmaisprestigiososprofssionaisinterna ouexternamentevinculadostrajetriadeaoe aopensamentodacepal.Umartigoimportante dessa edio foi o trabalho de Bielschowsky (1998), referncia recorrente na evoluo desse pensamento. Por sua vez, Katz (1998) aborda as lies e desafos da aprendizagem tcnica, no contexto de uma rea clssicadasideiascepalinas:odesenvolvimento 18CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Sindustrial da regio. Por outro lado, a importncia dadapelaComissoaofenmenodaglobalizao desdeofnaldosanos90ouseja,apartirdo mandato de Jos Antonio Ocampo como Secretrio Executivo se fez evidente nessa edio especial por meio dos artigos La globalizacin y la gobernabilidad de los pases en desarrollo, de Bouzas e Ffrench-Davis (1998),AmricaLatinaylaglobalizacin,deAldo Ferrer (1998) e em um estudo de Di Filippo (1998) queanalisaanoocentro-periferianosanos90. Destacam-se tambm o ensaio de Assael (1998), em torno do desafo da equidade na regio, e dois outros estudossobreosobstculosintegraoregional. Oprimeiro,deautoriadeSunkel(1998),prope um questionamento: a integrao concorre para os objetivos do desenvolvimento? O segundo, da lavra de Urquidi (1998), aborda de um ponto de vista histrico os incidentes de integrao na Amrica Central e no Panam durante os anos 50. O ano de 2001 foi signifcativo para a cepal e sua revista, porquanto correspondesse ao centenrio de natalcio de Ral Prebisch. Homenage-lo e ressaltar suas contribuies ao pensamento desenvolvimentista afgurava-se oportuno, e para tanto o nmero 75 da Revista dedicou uma seo de mais de cem pginas sua obra. Abrindo essa homenagem, uma entrevista at ento indita de Prebisch, apresentada por Pollock, Kerner e Love (2001), e, em seguida, um ensaio no qual Ocampo (2001) vincula algumas ideias relevantes do pensamento prebischiano agenda de desenvolvimento da Amrica Latina para o novo sculo. A homenagem tambmincluiostrabalhosdeRodrguez(2001), OConnell (2001), Gurrieri (2001), tendo este ltimo se incumbido de resenhar as ideias do jovem Prebisch. Contou, tambm, com um ensaio histrico de Corts Conde (2001), sobre os anos em que Prebisch ocupou diversos cargos no governo argentino, especialmente no Banco Central. A seo conclui com dois trabalhos de Dosman (2001) e Gonzlez (2001), o primeiro dos quaisversasobreasrelaesEstado-mercadosob a tica da evoluo do manifesto de Prebisch. O segundoanalisaoprocessodeindustrializaoda Amrica Latina a partir da concepo de Prebisch e da cepal, em contraste a processos equivalentes dos EstadosUnidos(segundooenfoquedeAlexander Hamilton) e da Alemanha (sob a tica de Frederick List). Aborda tambm um caso mais genrico, sob o prisma neoclssico de John Stuart Mill.Em agosto de 2001, no marco das comemoraes do centenrio de Prebisch, a cepal fundou a ctedra que leva seu nome e cujo primeiro ocupante foi Celso Furtado. Em 2002, coube ao professor e Prmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, a Ctedra Prebisch, ento orientada evoluo e aos impactos das reformas na Amrica Latina. A partir desse momento, a Revista da cepal publicou uma srie ininterrupta de artigos com a ntegra das palestras associadas a tal ctedra em 2007. Merece destaque, a propsito, o artigo de Stiglitz (2003); o de Cardoso (2004), que analisa as interaes entre poltica e desenvolvimento econmico; odeRicpero(2004),esuasreflexesemtorno davignciadasideiasprebischianas;odeRodrick (2005), que aborda a diversifcao econmica; o de Iglesias (2006), que explora o papel do Estado e os paradigmas econmicos na Amrica Latina, e o de Halperin(2008),quereneospontosaltosdesua palestra apresentada sob a Ctedra Prebisch de 2007, sobre o contexto histrico da cepal.Em2005,aRevistadacepalcelebrouum marco de grande importncia, ao lanar uma edio especial com uma compilao de artigos publicados entre1995e2004,dessavezcomtraduoparao francs. O fato teve enorme signifcao, porquanto permitiurevistamostraraomundoacadmico epolticofrancshistoricamentevinculado origem e misso da cepal uma ampla gama de trabalhos de grande qualidade e que at aquela data s se haviam difundido em meios de lngua inglesa eibero-americanos.Esseprojetodacepalcontou comorespaldodeinstituiesdecooperaoe acadmicas da Frana, como o Ministrio de Relaes Exteriores desse pas e o Institut des Hautes Etudes pour lAmrique Latine. A edio especial em francs rene uma coletnea de dez artigos publicados na Revista da cepal e na cepal Review durante o perodo indicado, alm de dois ensaios dos acadmicos franceses David Dumoulin KervaneJean-FranoisDeluchey.Umdelestrata das polticas de conservao do meio ambiente em nossaregioemsituaesdeinternacionalizaoe convergncia de estilos polticos (Kervan, 2005), e o outro analisa o passado e as perspectivas dos esquemas de segurana interna dos pases da Amrica Latina (Deluchey, 2005).Naturalmente,osoutrosdezensaiosguardam relaocomasprincipaislinhasdepesquisada cepal e sua revista, a includos aspectos atinentes macroeconomia do desenvolvimento, transformao tecnolgica e crescimento de longo prazo, aspectos sociodemogrfcosdodesenvolvimentoetpicos diversos centrados nas fnanas pblicas e na integrao e no comrcio. 19CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U SH que mencionar tambm alguns dos artigos includosnaediofrancesa,pormsempreem refernciaversooriginal,emespanhol.Merece destaquenesseconjuntoumensaiodeOcampo (1999), no qual se argumenta que a agenda da reforma fnanceira internacional deveria ampliar-se pelo menos em dois sentidos: indo alm da preveno e soluo das crises e tendo em conta no apenas o papel das instituies globais, mas tambm aquele de organismos regionaiseadefnioexplcitadasreasemque conviria preservar autonomia nacional. OutroensaioaressaltarodeTokmane Klein(2000),queobjetivaanalisarosimpactosda globalizao no mercado de trabalho e na estratifcao social. Reconhecendo o consenso existente acerca dos benefcios oriundos da globalizao para as naes do mundo, os autores manifestam certa dvida quanto aosbenefcioslquidospotenciaisdofenmeno, especialmente no que refere a sua distribuio. Sempre em torno da globalizao, Frenkel (2003) analisa as crises fnanceiras e cambiais que afetaram a Amrica Latina no contexto da globalizao do capital. Por sua vez, Escaith (2001) examina, sob a tica da globalizao e considerando a estrutura analtica dasteoriasendgenasdocrescimento,ocasodas economiasdemenorescalanaAmricaLatinae no Caribe. De uma perspectiva do desenvolvimento setorial produtivo, Katz (2000) estuda as mudanas estruturaiseaprodutividadedosetorindustrial daregioduranteoperodode1970a1996.Em direo similar, porm mais genrica e transversal aos diferentes setores produtivos, Prez (2001) prope uma interpretao do desenvolvimento como processo de acumulao de capacidades tecnolgicas e sociais, em funo do aproveitamento de janelas de oportunidade sucessivas e distintas, e que, em sua opinio, estariam determinadas pelas revolues tecnolgicas provenientes das economias avanadas. Uma proposta sugestiva dessa vez surgida de umacombinaoentreanlisemacroeconmicae aspectos sociais do desenvolvimento apresentada no artigo de Stallings e Weller (2001), que aborda a evoluo dos mercados de trabalho latino-americanos ecaribenhosduranteadcadade1990ereiteraa importncia do emprego como principal elemento de coeso da poltica social nos pases da regio. Comoacimamencionado,apropostade transformao produtiva com equidade se estendeu a mltiplas reas temticas. Quando ainda se contava comaorientaodeFernandoFajnzylber,foram abordados precisamente a educao e o conhecimento como eixos dessa transformao (cepal/unesco, 1992). Esse trabalho teve a colaborao do especialista em educao Juan Carlos Tedesco e outros profssionais. Dezanosdepoisdetalpropostainterinstitucional, TedescoeLpez(2002)examinaramosdesafios enfrentadospelaeducaosecundrianaAmrica Latina, insistindo na cobertura e na qualidade desse nvel educacional.partedessesartigos,incorporadosedio especialemfrancs,aRevistadacepalpublicou tambm, nessa terceira etapa de sua evoluo, outros trabalhosinteressantesrefetindoopensamentoda casa e refexes de outros cientistas sociais da regio. No mbito do pensamento cepalino surge o ensaio de Ocampo e Parra (2003), que analisa a evoluo dos termos de intercmbio entre produtos bsicos e bens manufaturados. Tomando por base a tese fundamental de Prebisch e Singer sobre a deteriorao secular da relao de preos do intercmbio (ideia que constituiu elemento-chavenopensamentodePrebischeda cepal na dcada de 50) e fazendo uso do instrumental analtico da econometria de sries temporais, Ocampo eParradeterminaramatendnciade24produtos bsicos, concluindo que as profundas transformaes enfrentadaspelaeconomiamundialporvoltade 1920 e de 1980 traduziram-se em uma deteriorao escalonada, que no longo prazo se refetiu em uma queda de cerca de 1% ao ano nos ndices agregados de preo relativo das matrias primas.Nesseperodo,ostemasmacroeconmicos tiveram presena marcante na revista, tanto do ponto de vista fscal como dos ciclos fnanceiros e reais e do crescimento de longo prazo. Mencionaremos apenas alguns desses trabalhos, uma vez que abrang-los em sua totalidade fugiria ao escopo deste documento. Em primeiro lugar, cabe citar Heymann (2000), que analisa asrelaesentreoschoquesmacroeconmicos,as expectativas e as respostas de poltica. Martner (2000), por sua vez, analisa o papel dos estabilizadores fscais. Morley (2000) d seguimento com a explorao dos efeitosdistributivosdocrescimentoedasreformas estruturaisdaAmricaLatinanadcadade1990. Moguillansky(2002)analisaoinvestimentoea volatilidade fnanceira na regio no decnio de 1990. Usando anlises economtricas, a autora conclui que seporumladoaentradadecapitalnospasesda regioteveefeitospositivos,estesforamatenuados por efeitos negativos da volatilidade associada a tais fuxos fnanceiros. Por sua vez, Ibarra (2004) questiona, apartirdeumaperspectivahistrica,aadoode reformas importadas no mbito dos distintos fatores 20CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Snorteadores da ordem econmica internacional. Sob essa perspectiva macro, as ltimas anlises da cepal sobre a sustentabilidade do crescimento econmico vm apontando a necessidade de reduo da volatilidade real, o que refora a importncia do papel que podem desempenharasinstituiesfnanceirasregionais. Essesvnculossoexatamenteaquelesanalisados em Machinea e Titelman (2007).Nostrsltimosanos,asanlisesdepoltica fscal voltaram s pginas da revista. Paunovic (2005) abordou a sustentabilidade da dvida pblica na regio. Jimnez e Tromben (2006) estudaram o pico nos preos e no uso de recursos naturais no renovveis (entre 2003 e 2007), a bonana gerada nas fnanas pblicas apartirdesseaugeesuasimplicaesemtermos de poltica fscal. J Ocampo (2007) versou sobre a macroeconomiadabonanaeconmica,deixando para Aldunate e Martner (2006) o exame da proteo social sob a tica das polticas fazendrias. No que se refere aos aspectos polticos, sociais edemogrfcosdodesenvolvimento,Hopenhayn (2001)tratadasformastradicionaiseemergentes decidadania.Sojo(2001)analisaasreformasda gestodasadenaregio;SchkolnikeChackiel (2004)relacionamossetoresmaisesquecidosda regioeatransiodafecundidade.Sarav(2004) abordaa segregao urbanaeoespaopblicona Argentina posteriormente crise de 2001, apontando em especial para os segmentos juvenis dos enclaves de pobreza estrutural. Dirven (2004), ainda a partir de uma perspectiva demogrfca, explora a dinmica do emprego rural no-agrcola (erna) desde os anos 90 e os vrios fatores que o determinam, postulando que a localizao e as diversas distncias que a acompanham constituem um elemento central do erna. O ensaio de Rodrguez (2005), em referncia ao Chile e com contribuiesdeordemdemogrfca,apresentou umtemadegrandeimportnciaquefoiretomado emtrabalhosposterioresdacepal:areproduo naadolescncia.Outrotemasocial,especialmente relevanteporsuasimplicaesdepolticapblica, tratadoporVillatoro(2005).Oautorabordaos programasdetransfernciacondicionalderendae faz um resumo dos casos da Amrica Latina. O aspecto trabalhista sempre foi objeto de estudo e anlise de poltica social. Seja pelo enfoque da demanda oupeloenfoquedaoferta,comofatorprodutivoe fonte de crescimento de longo prazo, bem como por sua natureza dual ao tratar da ao transformadora do homem no processo de produo e do direito dos indivduos a essa via de subsistncia e bem-estar, oemprego,omercadodetrabalhoeespecialmente os seus vnculos com a proteo social foram temas permanentemente tratados na Revista da cepal. Essa linha de pesquisa adotada no ensaio de Vergara (2005), que analisa a dinmica do trabalho em instalaes industriais do Chile, com nfase nos processos de criao e destruio de empregos. Trata-se de um enfoque de demanda de trabalho que recorre a tcnicas economtricas de painel, especifcamente de mtodos generalizado dos momentos (mgm). Em tal contexto terico e metodolgico, o autor encontra evidnciasdanaturezapr-cclicadageraode empregos e da natureza anticclica de sua destruio. Os resultados demonstram, ademais, que a liberalizao comercial aumenta a rotatividade no trabalho. Comumenfoquemaiscentradonaoferta, Carlson(2002)analisaovnculoentreconquistas educacionais e a possibilidade de obteno de emprego (empregabilidade) e renda do trabalho em alguns pases da regio. Recorrendo metodologia de clculo da rentabilidadedoinvestimentoemcapitalhumano, diferenciadopornveleducacionaleporgnero,a autora encontra, como era de se esperar, rentabilidade positiva nesse investimento, o que lhe permite concluir necessria a conduo de polticas pblicas com vistas gerao de uma fora de trabalho mais competitiva emvirtudedemaioremelhordotaodecapital humanomaisaptoaresistirforteconcorrncia imposta pelo processo de globalizao.Uma aresta peculiar das falhas dos mercados de trabalho da Amrica Latina e do Caribe tem sido a complexa insero dos jovens. Weller (2007) analisa precisamente as debilidades da empregabilidade juvenil, argumentando que o desemprego da juventude afeta no apenas o bem-estar desse segmento demogrfco, mas tambm alguns fatores-chave de desenvolvimento longo prazo. Por fm, ainda tratando do tema do trabalho, a Revista da cepal logrou, nessa terceira etapa, difundir as principais mensagens e propostas da Comisso em matria de proteo social e sistema de penses. Cabe destacar dois trabalhos de Mesa-Lago (1996 e 2004). O primeiro analisa a posio dos organismos internacionaiseregionaisfrenteaoprocessode reformas previdencirias em vrios pases da Amrica Latinaduranteosanos90,eosegundoavalia,a partir de uma perspectiva temporal mais ampla, as reformasestruturaisdetaissistemas,comparando trs tipos de reformas aplicadas em doze pases da regio.JimnezeCuadros(2003),poroutrolado, analisaram a cobertura dos sistemas previdencirios, 21CEMNMEROSDAREVISTACEPAL:MILOLHARESSOBREODESENVOLVIMENTOdAAMRICALATINAEdOCARIbEANdRHOfMANEMIGUELTORRESR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U Spropondoanecessidadedesuaampliao.Dois trabalhosdeUthoff (2002e2006)sobasilares quanto proposta da cepal sobre proteo social. O primeiro deles aborda o vnculo essencial entre os mercados de trabalho e os sistemas previdencirios, ao passo que o artigo de 2006 analisa as reformas de tais sistemas emrelaoa lacunasprevidencirias. TitelmaneUthoff (2003)examinamopapelda seguridade para a proteo social. Tendo em conta que os sistemas e polticas de sade sempre estiveram vinculadosaosistemaprevidencirio,Titelman (1999) estuda as reformas do fnanciamento da sade noChileedescreveomodelodefnanciamento chileno, propondo a necessidade de redefnir a atual confgurao pblico-privada no setor sade a fm depermitirmaissolidariedadenofnanciamento, reduziroproblemadaseleoadversaepermitir melhorarticulaoentreosubsetorprivadoeo subsetor pblico, tanto no mbito fnanceiro quanto no mbito da prestao de servios de sade.Emconcluso,essaterceiraetapadaRevistada cepalseencerracomumamploespectrodetemas dedesenvolvimento,osque,apartirdevisesmais generalistasforamseaprofundandoavisesmais especfcas, enriquecendo assim as anlises de enfoque einstrumentosanalticosmaisrefnadosepautando amaioriadosartigospublicadosnafronteirado conhecimento, com rigor e independncia intelectuais. 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Da que haja um espao para polticas de estmulos, acompanhadas dacapacidadegovernamentaldereconhecertentativasfracassadase cessar de subsidi-las. Pelo aludido carter idiossincrsico do fenmeno, nopossveldarreceitasuniversais,masexploramosalgunsprincpios quedevemserconsideradosnaformulaodapolticadecadapas. DaniRodrik, ProfessordeEconomiaPoltica Internacional, CtedraRafikHariri, JohnF.KennedySchoolof Government, UniversidadedeHarvard [email protected] 28POLTICASdEdIVERSIfICAOECONMICAdANIROdRIkR E V I S T A C E P A L N M E R O E S P E C I A L E M P O R T U G U SEste artigo corresponde a uma conferncia magistral apresentada peloautornaComissoEconmicaparaaAmricaLatinaeo Caribe (Santiago do Chile, 31 de agosto de 2005), no mbito da Quinta Ctedra Ral Prebisch.As grandes ideias nunca morrem e, em muitos sentidos, algumas das ideias mais importantes propulsadas por Ral Prebisch, um dos mais destacados economistas latino-americanos,voltaramaadquirirrelevncia. Prebisch dizia que a estrutura econmica importante; que o que os pases produzem, seja que se especializem emindstriasprimriasouemmanufaturas,um fatorqueinfuinotadamenteemseudesempenho econmico.Eudiriaqueestaideia,queemcerto sentido muito plausvel, desapareceu da mente da maioria dos economistas graduados de universidades norte-americanas nas ltimas dcadas. Mas justo reconhecer que est ressurgindo. De fato, este artigo gira em torno dessa ideia que o que um pas produz importante e a partir dela trata de extrair algumas concluses sobre polticas. Insisto na importncia do que um pas produz porque esta ideia se contrape a muitos dos conceitos de flosofa econmica que serviram de guia s autoridades nas dcadas de 1980 e 1990, no s na Amrica Latina e no Caribe, mas em todo o mundo. Aideiaforadasreformasmicroeconmicas dessasdcadasfoiqueasautoridadessdevem preocupar-se com o contexto mais amplo; quer dizer, umavezqueseconsigaestabeleceraestabilidade macroeconmica e defnir os parmetros fundamentais de uma economia de mercado funcional com uma estrutura reguladora adequada, pode-se orientar a economia de maneira que funcione independentemente edistribuaosrecursoscomefcincia,nosem termosestticos,mastambmdinmicos.Isto porquesesupequeaeconomiaimpulsionao crescimento econmico por si s e que este processo tem incio automaticamente quando h estabilidade macroeconmica e comeam a operar as variveis econmicas fundamentais.Atualmente, estamos comprovando que muitas das reformas da dcada de 1990, sobretudo as realizadas nas frentes macroeconmica, fscal e monetria, eram imprescindveis,masemcertosentidopossvel quealgumasdasdemaisreformasnotenhamse concentradobemnosfatoresqueefetivamente produzemcrescimentoeconmico.Aesserespeito, importanteentendermelhoracontribuioda estruturaprodutivaaoprocessodecrescimento, emqueconsisteessaestruturaequesignifcapara aformulaodepolticas,tantomacroeconmicas como microeconmicas. I Introduo IIA estrutura produtiva e a qualidadeda cesta de exportaes Em seguida, tratarei de demonstrar que a estrutura produtivaimportanteemtermosdecrescimento econmico, que o tipo de bens produzidos tambm importanteequeasvariveiseconmicaseas vantagens comparativas por si ss no determinam aestruturaprodutiva.Humcertoelementode arbitrariedade,umacertaidiossincrasiaarespeito doqueumpasacabaproduzindo,eafunodas estratgias pblicas consiste em assegurar no melhor dosmundospossveisquenosepredetermineo queumpasdeveproduzir,masquefinalmente seacabeproduzindooquemaiscontribuapara oseucrescimento.Defato,quandoanalisamos minuciosamenteosurgimentodasempresasbem-sucedidas,quedeslancharam,chegamos conclusodequeemquasetodososcasosa intervenoestatalfoisignifcativ