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Junho de 2010 Educação Profissional Fortaleza amplia estrutura Distribuiç o gratuita. proibida a comercializaç o Capacitação Sebrae coloca programas à disposição do Ronda Social TI Universidade do Trabalho Digital (UTD) Aluna do CITS do Conjunto Ceará FOTO FLAMÍNIO ARARIPE

Revista Ciência, Tecnologia & Inovação

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Suplemento da revista Nordeste Vinte Um

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Junho de 2010

Educação ProfissionalFortaleza amplia

estrutura

Distribuição gratuita. proibida a comercialização &Inovação

Capacitação Sebrae coloca programas à disposição do Ronda Social

TIUniversidade do Trabalho Digital (UTD)

Aluna do CITS do Conjunto Ceará

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Ciência Tecnologia&Inovação

A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico (Funcap) produziu o primeiro DVD da série Imortais da Ciência - Einstein, o reformulador do universo. O DVD, que tem a parceria da Seara da Ciência da UFC e Sociedade Brasileira de Física, foi dirigido pela cineasta Dulcinea Gil, com relato do jornalista Cássio Vieira Leite, da revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O DVD de divulgação científica enriquece a biblioteca de qualquer escola do ensino médio ou cursos de graduação.

IFCE seleciona tutores para cursos técnicos a distânciaO Instituto Federal de Educação (Ifce) selecionou 165 tutores que vão trabalhar nos cursos técnicos em Segurança do Traba-lho, Eletrotécnica e Informática em Aracati, Crateús, Horizonte, Caucaia, Mauriti, Quixeramobim e Tauá. A seleção foi feita pela pró-reitoria de Ensino do IFCE, por meio da Diretoria de Educa-ção a Distância (DEAD), sendo 10 vagas para tutores presenciais e 155 para tutores a distância.

Tecnologia que vem do coco

CITS vão receber incubadora de empresas

Einstein abre Imortais da Ciência

As empresas FiberCoco, de produtos de fibras de coco e a Nutaco-cos, que engarrafa a água de coco natural, vão ingressar na incubadora do Instituto Centec (Intece). A adesão se deu pelo edital da parceria Centec e Embrapa. As empresas vão receber tecnologia do setor do agronegócio da Embrapa, além de consultoria nas áreas de treinamen-to, gestão, marketing, design, de participação em feiras e na prospecção de editais para busca de recursos na Finep, Funcap, CNPq e Bndes.

A Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) entregou ao Instituto Centec a tarefa de tocar as incubadoras dos sete Centros Inclusão Tecnológica e Social (CITS) em Fortaleza. A incubação se dará no modo descentralizado, que permite atender empresas que não estão no processo de incubação, informa a diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica do Centec, Desirée Rolim Bezerra.

Por FLAMÍNIO [email protected]

TOME SCIENTIA

Municípios pobres têm bom desempenho no Ideb

Parceria da educação profissional com a educação básica

Sobral é o terceiro no Ceará no Índice de Desenvol-vimento Municipal (IDM-Ipece), que mede a riqueza. O município lidera o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no estado com índice de 6,6 em 2009 – a média estadual é 4,4. No ranking dos melhores no Ideb vem em segundo lugar Abaiara, 117º no IDM; Groaíras, 111º IDM e Itaiçaba, 144º no IDM. O IDM agrega indicadores sociais, econômicos, fisiográficos e de infra-estrutura. Municípios po-bres podem fazer muito pele educação fundamental – 1ª a 4ª séries. Basta querer. Em Itaiçaba, a Prefeitura paga R$ 1.940 para o professor de 200 horas, diz o prefeito Frank Gomes.

O diretor do campus de Acaraú do IFCE, Amilton Nogueira, assinou com os prefeitos de Acaraú, Pedro Fonteles e de Itarema, Robério Monteiro, e a reitoria do IFCE, parceria para implantação do programa nacional de integração da educação profissional com a educação básica nos dois municípios. A ação se dá na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Formação Inicial e Continuada (PROEJA-FIC), política do MEC para oferta de educação profissional integrada à educação básica, para jovens e adultos que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos na idade própria. Serão dados cursos nas áreas de aquicultura e pesca, de forma integrada ao ensino fundamental, para jovens com até 18 anos. As prefeituras serão responsáveis pela oferta do ensino fundamental e o campus de Acaraú pela formação profissional, que começa no início de 2011.

Germana Conrado de Souza e Rejane Maria Maia Moises, ambas tecnólogas com mestrado, foram aprovadas em primeiro lugar no concurso do Instituto Federal de Educação (IFCE), em Tecnologia de Alimentos, campus Limoeiro do Norte. Concorreram com doutores e ficaram na liderança nas duas áreas de Alimentos.

Maio de 20102 Maio de 2010

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estrutura de educação profissional e tecnológica de Fortaleza re-cebeu reforço em junho com a inauguração de sete Centros de In-clusão Tecnológica e Social (CITS) e o início da construção de seis Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs). Os CITS foram inaugurados pelo governador Cid Gomes na unidade do Conjunto

Ceará que, por videoconferência, inaugurou também os do Conjunto José Walter, Parque São José, Messejana, Jangurussu, Lagamar e Vicente Pinzon/Mucuripe.

Os CITS oferecem ensino profissional na modalidade básica – educação inicial e continuada – com cursos de curta duração, de 50 a 200 horas de aula. As EEEPs, por sua vez, proporcionam o Ensino Médio Integrado com turno integral em curso de três anos, que alia o conteúdo curricular do grau com a formação técnica de nível médio em diversas áreas.

A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social investiu R$ 3,8 milhões nos CITS. Dos recursos, R$ 2 milhões foram destinados à reforma e ampliação das es-truturas dos antigos projetos Aprender, Brincar e Crescer (ABC) criados em 1994 e R$ 1,8 milhão para equipamentos, de emenda do deputado Ariosto Holanda, que propôs o programa, chamado por ele de Ronda Social.

Serão investidos R$ 33 milhões nas seis EEEP, cada uma com capacidade para 840 alunos. Das 59 EEEP que já funcionam no Ceará e hoje atendem a 19 mil alunos, 17 estão implantadas em Fortaleza. Desde 2008 já foram investidos R$ 380 milhões no programa: R$ 270 milhões do governo do Estado e R$ 113 milhões do Fundo Na-cional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Educação.

Os cursos técnicos de nível médio são oferecidos pelas EEEPs nas áreas de in-formática, enfermagem, turismo, segurança do trabalho, comércio, edificações, es-tética, finanças, produção de moda, massoterapia, agroindústria, meio ambiente, aqüicultura, contabilidade, secretariado, administração, hospedagem e vestuário.

Fortaleza amplia estrutura com 7 CITS e mais 6 EEEP

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Ação nos Centros de Inclusão Tecnológica e Social reúne STDS, IFCE, Instituto Centec, Sebrae e Sine

O projeto arquitetônico das EEEPs foi feito por técnicos do Estado e Ministério e adotado como referência para o país, disse o governador Cid Gomes.

Segundo ele, os CITS atuam com programas de educação profissional para os jovens que não têm mais tempo de esperar concluir um curso na escola formal mas precisam ter uma formação mais curta. Há uma população que pre-cisa ainda mais de oportunidade, que se-rão atendidas nos CITS pela STDS com os cursos de capacitação do Ministério do Trabalho como Primeiro Passo e Pró Jovem, informou.

Cid Gomes destacou os parceiros que na solenidade assinaram convênio para a manutenção dos CITS. Citou o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), Cláudio Ri-cardo Gomes de Lima, o presidente do Instituto Centec, Odorico Monteiro, o coordenador do Sine-CE, Ari Célio Men-des e o superintendente do Sebrae, Car-los Cruz. De Ariosto Holanda, ele disse: “é uma pessoa que na vida pública, na

Ciência Tecnologia&Inovação

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

FÁTIMA CATUNDA, Secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social

Aluna do Centro de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) do Conjunto Ceará

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Tem muita gente procurando emprego

e muitas empresas procurando profissional

qualificado. Para pobre, não deve ter política pobre, mas

política com dignidade

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O CITS do Conjunto Ceará começou com cursos de manutenção de hardware, eletricista predial, infor-

mática básica, assistente administrativo/contabilidade e do Pró Jovem Trabalhador - Juventude Cidadã. O IFCE oferecerá cur-so de Inglês Básico semi-presencial com tutores e conteúdo de educação à dis-tância para os 7 CITS, que terão também turmas presenciais do curso de fotografia e vídeo. Os outros seis CITS iniciam os cursos em agosto. As sete unidades terão cursos do Instituto Centec por meio de convênio com a STDS.

O presidente do Centec, Odorico Monteiro, assinala que a ressignificação do ABC para CITS atende ao desafio da formação profissional e tecnológica. A parceria com o IFCE e Centec, para ele, se dá no âmbito da política integrada de

educação profissional e tecnológica do Ceará que inclui também o Ensino Médio Integrado das EEEPs. São parceiros na ação o Sebrae, CNPq e o Sine, que irá en-caminhar o jovem egresso dos cursos ao mercado de trabalho. O Centec e STDS pretendem implantar incubadora de em-presa nos CITS.

“O CITS é uma escola de cunho es-sencialmente prático, voltada para quem não tem mais tempo de ir à escola, ao trabalhador, ao homem que quer en-trar no mercado de trabalho que exige conhecimento”, disse Ariosto Holanda. Conforme o deputado, o CITS é também uma faculdade, uma universidade, pois tem sala de videoconferência equipada para ensino a distância. “O IFCE assumiu compromisso de dar curso a distância no CITS”, disse ele, ao pedir para identifi-

LABORATÓRIO TEMÁTICO EM C ADA CITS CITS LABORATÓRIOLagamar Alimentos Mucuripe Turismo e LínguasParque São José TelemarketingMessejana Confecção e ModaConjunto Ceará Manutenção de HardwareConjunto José Walter Manutenção de Hardware Jangurussu Serviços Domésticos

Escolas de cunho prático para quem não tem tempo de ir à escola

CLÁUDIO RICARDO, JOSÉ DE FREITAS, ARIOSTO HOLANDA, FÁTIMA CATUNDA, RENÉ BARREIRA, ODORICO MONTEIRO e CARLOS CRUZ

car demandas sobretudo nas licenciaturas para professores do ensino fundamental.

O parlamentar observou que há dois governos tentou viabilizar o projeto de im-plantar um programa de educação tecno-lógica de nível básico para a população de Fortaleza, e que somente conseguiu a rea-lização com a secretária Fátima Catunda. “O compromisso do governo não é só com a infraestrutura, mas investe na formação do homem, onde faz a diferença, e não é só com o ensino formal”.

Ariosto Holanda destacou a impor-tância do Sebrae ter um agente em cada CITS para orientação para o empreende-dorismo, e fez um desafio ao secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, René Barreira, para trazer cursos da Uni-versidade Aberta do Brasil para as unida-des. Segundo o deputado, está em cogita-ção a realização de cursinho pré-vestibular a distância nos CITS.

O deputado informou que conseguiu dois Arranjos Produtivos Locais (APL), um na área de calçados para fabricar artefatos com mercado garantido e outro de biodie-sel com óleo de fritura, a ser implantado no CITS do Mucuripe. Ariosto propôs ao deputado Eunício Oliveira, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câ-mara, recursos de emenda no Ministério da Ciência e Tecnologia para dois APLs para os CITS, e o parlamentar garantiu o atendimento, desde que elaborassem o projeto a tempo. A STDS identifica poten-cial do Conjunto José Walter para um APL de móveis.

política do Ceará, se preocupa com a questão da educação e merece gratidão por ter colocado R$ 1,8 milhão de emenda pessoal que per-mitiram a compra de equipamentos para os CITS”.

A secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fátima Catunda, explica que a reinauguração do ABC, agora como CITS, vem com uma nova proposta de trabalho do capital humano. “Tem muita gente procurando emprego e muitas empresas procurando profissional qualificado”, disse ela, ao destacar a importância da qualificação para competir no mercado de trabalho. “Para pobre, não deve ter política pobre, mas política com dig-nidade”, afirmou, com relação à qualidade dos equipamentos e instalações dos CITS com salas climatizadas e videoconferência.

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CAPACITAÇÃO

superintendente do Sebrae, Carlos Cruz, anunciou que está engajado na ação dos sete Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) de Fortaleza, que iniciaram os cursos no dia 1º de julho. “Vamos colocar à disposição dos CITS todos os programas

que o Sebrae tem para os técnicos que estão saindo dos cursos”, afirmou. Após receber o deputado Ariosto Holanda e a responsável pela ação de Apoio às Micro e Pequenas Empresa da STDS, Evelynne Tabosa dos Santos, ele informou que será treinada uma pessoa de cada CITS para o atendimento na unidade como ponta de lança do Sebrae.

Os CITS são os antigos projetos Aprender, Brincar e Crescer (ABC) que foram reformados e ampliados com investimento de R$ 3,8milhões – dos quais R$ 1,8 milhão de emenda do deputado Ariosto Holanda, que propôs a ação, e R$ 2 milhões da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS). Cada unidade tem como foco a capacitação e conta com laboratório de informática, laboratório de eletromecânica, auditório, sala de videoconferência para ensino a distância, duas salas de aula, biblioteca multimídia e laboratório vocacional.

Sete bairros de Fortaleza abrigam os CITS, que vão realizar o programa Ronda Social, numa ação complementar ao Ronda do Quarteirão: Conjunto Ceará, Lagamar, Messejana, Conjunto José Walter, Mucuripe/Vicente Pinzon, Jangurussu e Parque São José. Carlos Cruz propôs ainda a criação de um site para divulgar os servi-ços dos profissionais capacitados pelos CITS, com link nos portais de todas as instituições parceiras da ação para contratação dos serviços de pessoal certificado como eletricista, bombeiros e outros ofícios. O superintendente do Sebrae defendeu o ingresso de quem conclui o curso no CITS no Empreendedor Individual, mesmo que não tenha vocação empresarial, para que se formalize e abra portas de crédito, da participação em compras governamentais e dos benefícios da Previdência.

O acesso ao mercado via internet no site do Sebrae e do gover-no, segundo ele, pode constituir um mercado significativo para que aqueles que vão se formando, e poderão estar à disposição da socie-dade. Em reunião com o diretor de Negócios do BNB, Paulo Ferraro, Cruz propôs que o Banco do Nordeste financie as ferramentas para o profissional que concluir cursos de eletricista, bombeiro hidráuli-co e outros na área de serviços e não puder adquirir o equipamento para atuar no mercado. Na reunião, ele defendeu ainda a extensão dos mecanismos do CrediAmigo - sistema de microcrédito a pessoa física - também às micro e pequenas empresas.

O Sebrae definiu ainda que dará um curso de empreendedo-rismo – Iniciando um Pequeno Negócio – por videoconferência para todos os CITS. Evelynne Tabosa sugeriu a realização de consultorias coletivas por videoconferência. Ariosto Holanda e a representante

Sebrae coloca programas à disposição do Ronda Social

da STDS conversaram também com o diretor técnico do Sebrae, Alci Porto, que colocou-se à disposição do convênio com os CITS e deu ideias para a ação.

Por ideia de Carlos Cruz, será assinado protocolo do Sebrae com as instituições parceiras no programa dos CITS com o Ronda do Quarteirão para encaminhamento dos jovens às sete unidades. Convênio neste sentido já foi firmado pelo Sebrae e o comando do Ronda do Quarteirão. Em todas as 219 viaturas do Ronda na Região Metropolitana de Fortaleza o policial que pertence ao Conselhos Co-munitários de Defesa Social (CCDS) será treinado pelo Sebrae para ser agente de empreendedorismo.

“É a primeira vez que é feito um trabalho com a Polícia Militar sendo agente portador do empreendedorismo nos bairros”, disse o superintendente. A parceria do convênio inicial cobre os bairros João XXIII e Bom Jardim, mas, com o protocolo assinado no dia 1º de ju-lho, estenderá a ação às regiões de todos os sete CITS.

O SebraeTec, cujo orçamento para este ano, conforme Carlos Cruz, é de R$ 900 mil, pode apoiar a ação nos CITS e garantir 50% do custo das ações de consultoria para empresas prestadas pelo Institu-to Centec, IFCE e Universidades. Seria necessário assegurar a outra metade dos recursos, lembra Herbart Melo, assessor do Sebrae.

HERBART MELO, ARIOSTO HOLANDA, CARLOS CRUZ e EVELYNN TABOSA

Policiais do Ronda do Quarteirão serão capacitados para atuar como agentes de empreendedorismo

Ciência Tecnologia&Inovação

CARLOS CRUZ, superintendente do Sebrae

Vamos colocar à disposição dos CITS todos os programas que o

Sebrae tem para os técnicos que estão saindo dos cursos

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ENTREVISTA

FÁTIMA CATUNDA

s Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) representam uma inovação na política da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social. Criados para atender às necessidades de emprego e geração de trabalho nos sete bairros onde estão in-seridos, os CITS são uma evolução no modelo das unidades do projeto Aprender, Brincar e Crescer (ABC) que agora adotam a capacitação como foco da ação.

A secretária de Trabalho e Desenvolvimento Social, Fátima Catunda, justifica a reforma e ampliação do Projeto ABC para o novo formato de CITS diante da neces-

sidade urgente da criação de mecanismos ágeis e flexíveis de transferência de co-nhecimentos à população. “Há uma grande massa de jovens e trabalhadores sem esperança de emprego, por total desqualificação profissional que precisam ser atendidos. Daí a oportunidade dos CITS”, ela afirma.

Na entrevista a seguir, Fátima Catunda descreve a estrutura e a ação dos CITS, que agora visam o atendimento da população como um todo, e não mais apenas a faixa etária dos 7 até 17 anos do Projeto ABC. A secretária destaca o modelo de gestão dos CITS, em regime de cogestão coordenada pela STDS com a partici-pação do IFCE (ex-Cefet), do Instituto Centec, Sebrae, Sine e IDT. Cada CITS terá uma coordenação social e uma coordenação tecnológica e equipe de 22 pessoas.

NORDESTE VINTEUM. Como se dará a conexão do novo modelo dos CITs com a política de ação social adotada?FÁTIMA CATUNDA. A opção de utilizar as estruturas do Pro-jeto ABC para implantação dos CITS tem o intuito de ampliar e estender o atendimento de crianças e jovens, com idades entre 07 a 17 anos, à comunidade como um todo, na formação profissional e na inclusão tecnológica. A sua implantação tem por finalidade reduzir o analfabe-tismo tecnológico da população jovem, em situação de risco, reduzir a enorme distância entre o ensino funda-mental e médio e a graduação, evidenciado pela ausência de escolas técnicas profissionalizantes. Tal situação tem aumentado o número de analfabetos tecnológicos. A Lei de Diretrizes e Bases – LDB, na área do ensino profissio-nalizante, contempla três formações: a básica, a técnica e tecnológica. A formação básica diz respeito a cursos de curta duração, não legalizados, na sua maioria patrocina-dos pelo Fundo de Apoio ao

Trabalhador (FAT). A formação técnica é inerente às escolas técnicas, e a formação tecnológica aos centros de ensino tecnológico de nível superior.

O ensino tecnológico moderno deve ser ministrado com forte embasamento em ciências e domínio das lin-guagens: matemática, informática, português e inglês. O domínio de conhecimento e a velocidade na sua aqui-

sição constituem hoje um novo paradigma para a edu-cação. O mundo globalizado elimina as barreiras do co-nhecimento e exige a formação de profissionais cada vez mais capazes de dominar os diversos níveis dos conheci-mentos de sua área.

Há diante desse quadro, a urgência na criação de mecanismos ágeis e flexíveis de transferência de conheci-mentos à população. Assistimos ainda uma grande massa de jovens e trabalhadores sem esperança de emprego, por total desqualificação profissional que precisam ser aten-didos; daí a oportunidade dos CITS.

NE21. Em que a nova estrutura inova no atendimento aos jovens e às comunidades?FC. Os CITS constituirão um Centro de Excelência, irra-diadores do conhecimento, voltados para a capacitação tecnológica da população observando-se, sobretudo, a vocação da região. Os Centros serão assistidos por pro-fessores e profissionais de alto nível e têm, na sua estrutu-ra, laboratórios temáticos, informática e eletromecânica, biblioteca multimídia, salas profissionalizantes, auditório com vídeoconferência e salão de jogos educativos.

Os laboratórios de informática dos CITS estarão liga-dos à internet, e as salas de Videoconferência se interliga-rão às dos outros Centros, formando uma Rede de Tele-

Do ABC à profissionalização

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CITS amplia atendimento com ações de capacitação tecnológica

Secretária de Trabalho e Desenvolvimento Social

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comunicação, fornecendo suporte básico para o projeto de Ensino a Distância. Os auditórios com videoconferência proporcionarão a transmissão e recepção de cursos, pales-tras e seminários, potencializando a educação a distância através da interatividade, em tempo real.

Através dessa técnica, populações carentes, margina-lizadas do saber, poderão ter em seus bairros cursos novos e melhores, nas áreas do ensino básico, técnico, profis-sionalizante em diferentes níveis: extensão, especialização, graduação, seqüencial e outros, de modo a atender uma demanda educacional, hoje reprimida, em vários estágios de aprendizagem.

Certamente, a geração de emprego e a distribuição de renda só acontecerão quando investirmos no capital hu-mano e procedermos a uma profunda transformação na lógica do desenvolvimento. O investimento no capital hu-mano deve ser feito por meio de um sistema educativo eficiente, de qualidade e que envolva toda a sociedade.

Para tanto, a implantação dos CITS está localizada em bairros estratégicos da nossa Capital, com vistas a promo-ver e a dar continuidade aos trabalhos de inserção e apro-fundamento do conhecimento técnico das populações da região, bem como ofertar assistência tecnológica necessá-ria ao meio empresarial e produtivo.

NE21. Como se dará essa inovação?FC. A proposta de inovação não se resume aos cursos oferecidos, nem à estrutura física proposta, mas sobre-tudo se consolida na forma integrada de atuação. Cada CITS, além da estrutura já citada, será dotado de um laboratório temático (vocacional). Por exemplo o CITS Conjunto Ceará terá um laboratório de hardware, mas que será aberto aos jovens de toda a cidade. Dessa for-ma, um morador do Mucuripe pode se matricular no Conjunto Ceará, que terá seu deslocamento garantido. como também o morador do Conjunto Ceará poderá cursar uma capacitação na área de turismo no Mucuri-pe, e assim em todas as unidades.

NE21. Quais os novos serviços, cursos que serão prestados e o público alvo?FC. Os Centros de Inclusão Tecnológica e Social - CITS serão unidades de ensino profissionalizante voltadas para a difusão de conhecimentos práticos na área de serviços técnicos e para a transferência de conhecimentos tecnoló-gicos na área de processos produtivos, como também um ponto de convergência dos projetos coordenados pela Se-cretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS, beneficiando comunidades em várias vertentes.

São cursos de iniciação e avançados nas áreas de in-formática, turismo, línguas e telemarketing, têxtil, prepa-ração de alimentos, eletromecânica, serviços domiciliares, hardware. Cursos que possibilitarão atender a população em vários níveis de educação formal.

NE21. Quantos jovens serão beneficiados? De que idade e grau de es-colaridade?FC. Quando falamos de formação profissional, o universo

do atendimento nos limita a jovens a partir de 16 anos. Porém não teremos idade limite, abrangendo toda a popu-lação que busca a formação e qualificação para o mercado de trabalho. Quanto à escolaridade, já que formamos para o mercado, teremos a formação para o mercado formal, bem como para o informal, o que assegura maior flexibi-lidade ao grau de escolaridade. Para tanto, teremos uma triagem no sentido de encaminhar o público a formações que se adeque ao perfil à capacidade e vocação de cada jo-vem. A meta para em 2010 é atendermos a 3.500 pessoas diretamente nos cursos de formação social e profissional.

NE21. Como se dará a co-gestão entre as entidades (STDS, Centec, IFCE, Sebrae, etc) para a administração dos novos CITS?FC. Está sendo formatado junto às entidades um modelo de gestão que constará de um comitê gestor onde todas as en-tidades participarão de forma igualitária. Na gestão direta das unidades, teremos duas coordenações, sendo uma de atendimento social e outra coordenação tecnológica, que trabalharão em parceria, sob a coordenação da STDS.

NE21. Qual a estrutura funcional do novo Centro?FC. Serão duas coordenações em cada CITS, uma social e uma tecnológica, que atuarão de forma integrada, com uma equipe média de 22 pessoas, entre instrutores, pro-fessores, monitores, auxiliares, secretárias e profissionais de atendimento ao educando e serviços gerais

NE21. Quais as perspectivas de expansão do projeto para novas uni-dades?FC. Como todo novo desafio, faz-se necessário a execução da plataforma inicial, para avaliação posterior e adequa-ção na busca da qualidade. O projeto CITS será implan-tado, inicialmente, em sete bairros de Fortaleza, com a perspectiva de ampliação em outras áreas da Região Metropolitana, Como um projeto inovador, sua implan-tação será monitorada e avaliada permanentemente por uma equipe da STDS, com o objetivo de garantir padrões de excelência e formatar um modelos próprios e eficazes para que seja replicado.

NE21. Quais as entidades envolvidas?FC. A STDS, na coordenação geral e monitoramento e ava-liação, o Instituto Centec e o IFCE na formação social e profissional, e Sebrae no apoio e assistência ao pequeno empreendedor dos bairros e entornos. Certamente, a ge-ração de emprego e a distribuição de renda só acontecerão quando investirmos no capital humano e procedermos a uma profunda transformação na lógica do desenvolvimen-to. O investimento no capital humano deve ser feito atra-vés de um sistema educativo eficiente, de qualidade e que envolva toda a sociedade.

Torna-se, assim, essencial, a implantação dos CITS localizados em bairros estratégicos da nossa Capital, com vistas a promover e a dar continuidade aos trabalhos de inserção e aprofundamento do conhecimento técnico das populações da região, bem como ofertar assistência tec-nológica necessária ao meio empresarial e produtivo.

Ciência Tecnologia&Inovação

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Ciência Tecnologia&Inovação

MARIA DO SOCORRO FERREIRA FIRMO, coordenadora do CITS Messejana e do CITS do Conjunto CearáA comunidade dos dois bairros tem gran-

de expectativa de cursos profissionalizantes para os jovens. Lá existem crianças que usam

drogas, filhos de famílias desestruturadas, criadas só pelas mães. As mães querem que eles saiam da rua. Espera-mos que contribua para mudar esse quadro. O CITS vai melho-rar o que era o ABC, que não tinha cursos profissionalizantes. É muito importante a criação de empresas, assistência do Sebrae, financiamento do BNB e do Banco Palmas porque são jovens pobres e não têm como iniciar esse trabalho depois que vão fi-car aptos a exercer profissão, iniciar pequenos negócios.

LUCIMAR VIEIRA MARTINS, coordenadora dos CITS do Parque São José e JangurussuTemos famílias carentes que precisam des-ses cursos para que arranjem o primeiro

emprego. Porque muita gente está desem-pregada por falta desses cursos que vão acon-

tecer nos CITS. Capacitação é a grande necessidade, porque mesmo que a pessoa não tenha o grau superior, não seja formada, mas tendo a capacitação vai conseguir trabalho ou emprego, principalmente se for enviado logo para o mercado de trabalho. Pelo que tenho conhecimento, a demanda do Jangurussu é maior do que a do Parque São José. Mais pobre-za, muita carência, muita droga.

SIMONE FERNANDES OLIVEIRA, coordenadora o CITS do LagamarO CITS é um projeto que vai fazer uma dife-rença muito grande na comunidade local,

porque antes não se tinha a condição, o local e o equipamento. Somos favoráveis a todas

ações que estão sendo desenvolvida por conta das instituições envolvidas. Todas as escolas, bares do entorno, tudo é pichado. O CITS, pelo grande valor – você pode ir ver – não tem um risco na parede e nunca terá. Já em resposta ao nível de sa-tisfação da comunidade.

MARIA LIDUÍNA FERREIRA LOBO, coordenadora do CITS de Messejana (São Bernando)O jovem – isso é muito importante - vai es-

tar se profissionalizando para o mercado de trabalho, para uma proposta de emprego. É uma comunidade sofrida, mui-to violenta. O jovem que está na rua, sem emprego, sem profissão, vai ter oportunidade de estar dentro do CITS bus-cando a profissionalização e aumentando a sua capacidade para o mercado de trabalho. As instalações com a reforma ficaram muito boas. As salas foram ampliadas. Está próprio para receber a comunidade. Desde o ABC os pais estavam sempre buscando cursos profissionalizantes para os jovens que passaram dos 16 anos, sempre nos perguntando.

MARCOS AURÉLIO PINHEIRO MENEZES, coordenador do CITS do Conjunto José Walter Esta ressignificação do projeto ABC para CITS trouxe um grande ganho social, ao

trazer para os jovens uma oportunidade. Cursos profissionalizantes tecnológicos antes

eram vistos como distantes para jovens oriundos de famílias pobres. Hoje a área tecnológica, os códigos da modernidade estão chegando para a vida destes adolescen-tes. Vai ter uma história antes e depois de ter o contato com a unidade, com essa gama de cursos que vão vir na área tec-nológica. O mercado hoje exige profissionais qualificados.

MARIA VILANI DO NASCIMENTO, coordenadora do CITS do Mucuripe/Vicente Pinzon A ideia de transformar o ABC em CITS foi maravilhosa. Com certeza vai melhorar, porque a coisa mais difícil do mundo é um rapaz da periferia, um filho de pobre, entrar para o Ce-fet. Agora ele vai ter mais uma oportunidade dentro de casa, perto de casa, com toda regalia que ele tem direito.

WALBERTO PORTO DE SOUSA, gerenciador do CITS do Conjunto José WalterUma grande melhoria, porque vamos ter cursos profis-sionalizantes. Os jovens vão poder se especializar, se profissionalizar e já garantir emprego e renda. Antes, o jovem fazia os cursos e guardava o certificado. Tem a pro-fissionalização, mas não tem o emprego. Com o IFCE e o Centec, hoje, o jovem vai não só fazer o curso como se especializar e ter a garantia do emprego. Solicitei o curso de manutenção de computadores para o Conjunto José Walter, onde o jovem vai ter garantia do emprego e renda para ajudar também a família dele.

m braço da comunidade participa da gerência dos Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS). São os coordenadores das unidades do Projeto ABC, que continuam na função de gerentes sociais após a reforma e ampliação que redireciona as ações dos equipamentos para a capacitação tecnológica. Eles presidem associações e coordenavam os antigos ABC, agora CITS. A seguir, os seus depoimentos registram a

avaliação do novo equipamento e o impacto positivo que terá a capacitação dos jovens nos bairros.

CITS

Comunidade avalia chegada de cursos profissionalizantes

UCITS amplia atendimento com ações de capacitação tecnológica

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Por ARI CÉLIO REGES MENDESCoordenador de Promoção do Trabalho e Renda da STDSCoordenador Estadual do SINE/CE

Lei 9.394, de 20/12/96, que dispõe sobre as diretrizes e bases da educação brasileira, co-nhecida como LDB, ou Lei Darcy Ribeiro, es-tabelece a educação profissional como mo-dalidade complementar à educação básica,

podendo ser desenvolvida em diferentes níveis para jovens e adultos, com escolaridades diversas. A educação profissio-nal, que tem como objetivos a qualificação, a requalificação e a profissionalização de trabalhadores com qualquer nível de escolaridade, bem como a atualização tecnológica per-manente e a habilitação nos níveis médio e superior, deve levar em conta o permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.

Na formação da pessoa para sua integração no mundo do trabalho faz-se necessário romper os paradigmas tradi-cionais e buscar aprimoramento constante e multifuncional. Aprender a aprender é a questão fundamental à (re) inser-ção laboral no atual contexto. Educação se faz com aprendi-zagem permanente, com formação continuada, que permi-ta a construção da cidadania.

A definição das competências e habilidades e as bases

Formação Profissional: Importância e Competências

A

tecnológicas necessárias para a formação de um profissio-nal devem estar embasadas em uma análise do processo produtivo de cada área profissional. O desenho deste qua-dro permitirá, então, que se estabeleçam as habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos estudantes, numa ótica que possa incorporar novos saberes e viabilizar a requali-ficação e a reprofissionalização, em função das mudanças tecnológicas e econômicas em curso.

No estágio atual do capitalismo flexível observa-se um progressivo deslocamento do conceito chave da sociologia do trabalho – a qualificação profissional –, para a noção de competências profissionais. Antes, o tradicional conceito de qualificação estava relacionado aos componentes orga-nizados e explícitos da qualificação do trabalhador: educa-ção escolar, formação técnica e experiência profissional. Relacionava-se, no plano educacional, à escolarização for-mal e aos seus diplomas correspondentes e, no mundo do trabalho, à grade de salários, aos cargos e à hierarquia das profissões, sendo expressão histórica das relações sociais di-versas e contraditórias estabelecidas no processo produtivo.

Agora, a adoção do modelo das competências no mun-do do trabalho traz, no entanto, implicações contraditórias para o trabalhador. Por um lado, pode-se apontar como as-pecto positivo a valorização do trabalho, que assume um caráter mais intelectualizado, menos prescritivo, exigindo a mobilização de competências que envolvem domínios cog-nitivos mais complexos e que vão além da dimensão técnica. O mercado “moderno” demanda novas exigências de quali-ficação do trabalhador e a elevação dos níveis de escolarida-de. Ressalta-se, também, positivamente, a valorização dos saberes em ação, da inteligência prática dos trabalhadores, independente de títulos ou diplomas; uma maior poliva-lência do trabalhador, que lhe permite lidar com diferentes processos e equipamentos e assumir diferentes funções e tornar-se multiqualificado.

Diante das várias concepções de competências, cabe enfatizar que as escolhas em educação não são neutras e que os conceitos expressam as características e os interes-ses dos grupos e das forças sociais que as elaboram. A noção de competência é, assim, uma construção social, e, por isso, alvo de disputas políticas em torno do seu significado social.

Dessa forma, torna-se imprescindível enfrentar o de-safio de propor alternativas ao modelo de educação profis-sional vigente, calcado na noção de competências, em suas concepções não-críticas, que enfrentem e dêem respostas à dinâmica e às transformações do mundo do trabalho, na perspectiva dos interesses dos protagonistas sociais, nota-damente os trabalhadores. A ressignificação da noção de competências é, portanto, uma tarefa válida e urgente.

A educação profissional, que tem como objetivos a qualificação, a

requalificação e a profissionalização de trabalhadores com qualquer nível

de escolaridade

Ciência Tecnologia&Inovação

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UTD recebe jovens egressos da escola pública e do e-Jovem - 20% das vagas são para alunos de cursos da graduação de cursos de tecnologia da informação

Ciência Tecnologia&Inovação

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Instituto Centec abre inscrições para 325 vagas de alunos e seleciona professores

UNIVERSIDADE DO TRABALHO DIGITAL

prédio do Cine Ceará vai iniciar em agosto as atividades da Universidade do Trabalho Digital (UTD) nos andares 10º, 11º e 12º. O imóvel teve 13 andares acima do cinema - 4.845 m² de área - desapropriados pelo governo do Ceará em 1992

para instalação do projeto Centro Digital. Depois de reformado na atual gestão, três andares do prédio vão abrigar o projeto da UTD, elaborado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educa-ção Superior (Secitece) com empresas de software do Instituto Titan, e que será executado pelo Instituto Centec. Outros anda-res foram destinados à secretaria da Cultura.

As empresas indicaram as demandas do mercado regional de tecnologia da informação e escolheram os cursos – todos gratuitos - de nível avançado. A UTD oferecerá capacitação nas linguagens de programação de software para estudantes e egressos do ensino profissionalizante das escolas públicas com o objetivo de construir uma base sólida de formação nesta área que habilite a concorrer no mercado de trabalho.

A Universidade do Trabalho digital ofertará formações em três escalas - de iniciação, uma qualificação especializada

Prédio do Cine São Luís vai abrigar cursos de tecnologia da informação

e apoio o desenvolvimento de projetos que visem o empreen-dedorismo em TI. As inscrições para as primeiras turmas foram abertas em julho (nos dias 12 a 13 de julho de 2010), pelo Institu-to Centec, com a oferta de 325 vagas oferecidas para os cursos de PHP avançado, Linux avançado, Java avançado, design grá-fico, suporte e banco de dados, conectividade e segurança da informação e design de jogos (games).

A UTD foi criada pela Secitece para realizar qualificação profissional na área de tecnologia da informação, promover inserção no mercado de trabalho e apoiar empreendimentos e idéias criativas para gerar negócios e dinamizar a economia. Por meio de convênio, o projeto é gerenciado pelo Instituto Centec.

O secretário da Secitece, René Barreira, e o presidente do Instituto Centec, Odorico Monteiro, que coordena o Projeto, fi-zeram a instalação da Universidade do Trabalho Digital dia 16 de julho. Foram selecionados 12 professores para a etapa inicial. A UTD conta com assessoria de Mauro Oliveira em equipe com Viviani de Avelar, coordenadora pedagógica; Chayanne Matos de Souza, coordenadora de planejamento e Joviniano Júnior, coordenador técnico

FOTO

FLAM

ÍNIO

ARA

RIPE

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A realidade brasileira revela grandes desigualdades so-ciais, principalmente quanto à garantia dos direitos de acesso e permanência na escola e preparação do jovem

para o trabalho. A falta de investimento na juventude, principalmente no que se refere à educação, acarre-ta um grande prejuízo para o país. Segundo relatório do Banco Mundial, o Brasil deixará de ganhar R$ 300 bi-lhões nos próximos 40 anos, valor correspondente ao que a juventude poderia produ-zir no país se não deixasse de estudar e de ingressar no mercado de trabalho. Tal realidade expõe a juventu-de a uma situação de risco constante, afetando drasti-camente a economia e a sus-tentabilidade do país.

De acordo com relatório do Instituto de Desenvol-vimento do Trabalho (IDT), de 1995 a 2005 a população jovem do Ceará passou de 1.274.965 para 1.637.986 pessoas. Sua participação na população do estado cres-ceu de 18,93% para 20,21%, um adicional de 363.021 jovens. Isso equivale a um crescimento de 36.302 jo-vens/ano, na década. Em 1995 eles representavam 48,56% dos desempregados cearenses, e até 2005 chega-ram a 52,16%.

Diz o IDT: “No Estado do Ceará, os jovens de 15 a 24 anos de idade são mais pe-nalizados pelo desemprego e se deparam com maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho por mo-tivos diversos: falta de expe-riência de trabalho anterior, qualificação inadequada ou inexistente, baixa escolari-dade, falta de informação para o mercado de trabalho, e falta de experiência na bus-ca por trabalho”.

Formação em três níveis

A formação de iniciação digital tem um mó-dulo com conteúdos básicos de Linux, Wri-

ter, Calc, Impress e Internet, e outro com noções básicas de empreendedorismo de 20h para esti-mular o comportamento empreendedor e fazer com que novos conhecimentos cheguem à so-ciedade na forma de produtos, serviços e pro-cessos com qualidade. As aulas começam em setembro.

A formação de qualificação especializada em TI tem no primeiro módulo sete cursos de qualificação avançada em TI - PHP, design de jogos, design gráfico, Java, Linux, suporte e banco de dados e conectividade e segurança da informação. O módulo é considerado a es-pinha dorsal da UTD, por ofertar uma comple-mentação para uma formação específica, prin-cipalmente dos jovens oriundos do Programa E-jovem e alunos das Escolas Estaduais de En-sino Profissional (EEEP). As aulas do módulo I iniciarão no dia 2 de agosto e as do Módulo II no dia 9 de dezembro.

A formação para o desenvolvimento de projetos que visem o empreendedorismo em TI prevê a seleção e o apoio a dez projetos de-senvolvidos por equipes com 3 (três) alunos, orientados e encaminhados por professores de instituições de ensino médio e superior, com o intuito de propiciar o surgimento de empreen-dimentos criativos, potencializando os sistemas produtivos. Os projetos deverão passar por um

processo de preparação e orientações para estarem aptos a uma possível incubação, de-pendendo do avanço.

As orientações e a preparação dos projetos acontecerão uma vez por semana, no período integral, com o apoio de um professor orienta-dor, que estará disponível para realizar orien-tações e para receber os relatórios de ativida-des produzidos pelas equipes. De acordo com a concepção estratégica da UTD, esta formação também contará com um módulo de empreen-dedorismo de 60 h, que possibilitará o

aprimoramento das pesquisas básicas já existentes alimentando a criação de tecnologia, que por sua vez alimenta a geração de inova-ções em produtos e processos.TELEFONE DA COORDENAÇÃO DA UTD: (85) 3253.5997

Desemprego e baixa qualificação

Ciência Tecnologia&Inovação

Objetivos do e-JovemColaborar com o desenvolvimento sustentável dos Municípios que apresentam menores Índices de Desenvolvimento Municipal – IDM;

• Ofertar cursos para os jovens dos municípios com menor IDM;

• Oferecer, para os estudantes de universidades públicas e particulares, estágios de monitoria nas turmas do Projeto e-Jovem;

• Instalar centros produtores de software nas comunidades atendidas, distribuídos nos municípios, em articulação com empresas cearenses de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC;

• Oferecer uma formação para o trabalho e o empreendedorismo;

• Desenvolver projetos de inserção social nas comunidades das escolas inseridas no e-Jovem, criando uma cultura de responsabilidade social através do envolvimento dos jovens com os problemas das suas comunidades;

• Oferecer uma formação de característica tecnológica e profissional que possibilite a inserção do jovem no mercado de trabalho nas áreas de web, rede, hardware e programação, observando as políticas de softwares livres.

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Cícero Calou, do IFCE, coordenador do módulo de tecnologia da informação do e-Jovem e sua equipe no CPQT.

Ciência Tecnologia&Inovação

os 940 alunos que receberam formação complementar em Tecnologias da Informa-ção e Comunicação nos cursos da primeira turma do projeto e-Jovem, 20% já foram ab-sorvidos pelas empresas, antes da conclu-

são, ocorrida em julho. O programa da secretaria de Edu-cação é executado em 72 escolas de Fortaleza e 41 cidades do Interior para jovens egressos e concluintes do Ensino Médio regular das escolas públicas estaduais.

O e-Jovem é realizado em convênio com o Instituto Federal do Ceará (IFCE) por meio do Centro de Pesquisa e Qualificação Tecnológica (CPQT) no módulo II, de tec-nologia da informação. O Instituto Centec é parceiro no módulo inicial nas linguagens básicas e a Ashoka com o programa Geração Mudamundo cuida da parte de empre-endedorismo social após as duas etapas.

O coordenador do módulo II do programa, Cícero Ca-lou, do CPQT e responsável pela área de estágio e empre-go nas turmas de Telemática do IFCE, atribui a absorção dos alunos pelo mercado de trabalho ao fato do e-Jovem ter sido credenciado pelo Ministério do Trabalho na Lei do Menor Aprendiz. Segundo ele, cerca de 10% dos alunos já foram contratados e 10% participam de estágios.

O módulo II oferece 880 horas de formação em infor-mática básica, Linux, inglês técnico, webdesign, progra-mação, hardware, redes de computadores e empreende-dorismo, ministradas por professores do CPQT-IFCE. “Não dá para o aluno ter sucesso se a capacitação no ensino de tecnologia da informação não for realizada dentro do que o empresário quer, para atender à necessidade da empre-sa na sua evolução tecnológica”, disse Cícero Calou.

Segundo o coordenador, os alunos egressos do e-Jo-vem são muito bons para o empresário porque não têm vício de trabalho anterior e lutam para se agarrar a uma oportunidade de emprego. O programa fará uma aliança com o Instituto Titan para a realização de workshop das empresas para que escolham os alunos.

O coordenador observa que a empresa que já era obrigada a contratar um percentual de jovens para aten-der à Lei do Menor Aprendiz, fica duplamente atendida

Flamínio Araripe Editor Executivo de Ciência e Tecnologia n [email protected] Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE) / Banco do Nordeste do Brasil (BNB)

Apoio Técnico Centro de Pesquisa e Qualificação Tecnológica (CPQT) n Diretor-Executivo Edson da Silva AlmeidaColaboração Assessoria de Comunicação Social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) / Jornalista Marlen Danúsia

TODOS OS DIREITOS SÃO RESERVADOS. É proibida a reprodução total ou parcial, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos e videográficos ou qualquer outro meio ou processo existente ou que venha a ser criado. O CADERNO DE CIÊNCIA &TECNOLOGIA É UMA PARTE INTEGRANTE DA REVISTA NORDESTE VINTEUM E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Editora Assaré Ltda ME. Rua Waldery Uchôa, 567 A n Benfica, Fortaleza, Ceará n CEP: 60020-110 n e-mail: [email protected]. Fone/fax: (85) 3254.4469

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Secretaria de Educação tem a parceria do IFCE/CPQT, Instituto Centec e Ashoka Geração Mudamundo

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

-Jovem coloca primeira turma de 940 no mercado

ao absorver os egressos do e-Jovem, pela qualidade da formação. Para este ano, foram oferecidas 104 bolsas de R$ 250 para o estagiário do programa, mas a empresa que absorve o jovem assume o compromisso de pagar a outro estagiário o mesmo valor.

Para as próximas turmas serão oferecidas 250 bol-sas. A partir de agosto de 2010 módulo II do programa será estendido para 135 escolas de 74 municípios com 2.500 jovens. No módulo I, a cargo do Instituto Centec, são dadas 400 horas nas linguagens básicas: matemáti-ca, português, inglês instrumental, informática básica, raciocínio lógico; empreendedorismo social (Ashoka Ge-ração Mudamundo).

Na parte de empreendedorismo social, a parceira Ashoka Geração Mudamundo visa estimular o espírito empreendedor e desenvolver habilidades e competências para seus projetos de vida e preparação para o mercado de trabalho. Cerca de 400 projetos sociais são registrados. A Seduc oferece ainda suporte pedagógico e financeiro para que os jovens criem e implementem seus próprios empreendimentos socioeconômicos, e atua a partir da ar-ticulação com cerca de mil organizações de base comuni-tária (escolas e ONGs) que trabalham com juventude.