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Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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Volume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010

movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR

Revista Eletrônica Inspirar [recurso eletrônico] - Curitiba:R454 Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde,

2009-

Bimestral, v. 2, n. 4, supl. 1 jan/fev 2010-ISSN 2175-537XModo de acesso: www.inspirar.com.br

1. Saúde - Periódicos.CDD 610CDU 614

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REVISTAINSPIRAR • movimento & saúdeVolume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010

A REVISTA

A Revista Eletrônica da Inspirar é um periódico de acesso aberto, gratuito e bimestral,destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências daSaúde, de autores brasileiros e de outros, contribuindo, desta forma, para o cresci-mento e desenvolvimento da produção científica.

MISSÃO

Publicação de artigos científicos que contribuam para a expansão do conhecimentoda área da saúde, baseados em princípios éticos.

OBJETIVO

Propiciar meios de socialização do conhecimento construído, tendo em vista o esti-mulo à investigação científica e ao debate acadêmico.

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Volume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010

movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR

I.P. (Informação Publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.

© Inspirar - Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida,arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprie-tário do copyright Inspirar. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou proprieda-des ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostas no material publicado. Apesar de todo omaterial publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantiaou endosso da qualidade ou valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Alfredo Florencio Cuello - ARGProf. Alonso Romero Fuentes Filho - SC

Prof. MSc. Álvaro Luiz Perseke Wolff - PRProf. MSc. Antônio Carlos Magalhães Duarte - BA

Prof. MSc. César Antônio Luchesa – PRProf. MSc. Cynthia M. Zilli - PRProf. Denise Dias Xavier - PR

Prof. MSc. Elisiê Rossi Ribeiro Costa - PRProf. Francimar Ferrari - PE

Prof. Dr. Gustavo Alfredo Cuello - ARGProf. MSc. José Roberto Prado Junior - RJ

Prof. MSc. Manoel Luiz de Cerqueira Neto - SEProf. MSc. Marcelo Zager - SC

Prof. Dr. Marcos Antonio Tedeschi - PRProf. Maria Ayrtes Ximenes Ponte da Silveira - CE

Prof. Dra. Silvia Valderramas - BAProf. MSc. Telma Cristina Fontes Cerqueira - SE

Prof. Dra. Maria de Fátima Fernandes Vara Sípoli - PRProf. Dra. Lidiane Isabel Filippin - RS

EDITORES

Prof. Dr. Esperidião Elias Aquim - PRProf. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Prof. Dra. Denise V. Ricieri - [email protected]

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Marcos Leandro Cachinski - [email protected]

INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

Todo o material a ser publicado, deve ser enviado para o seguinteendereço eletrônico, aos cuidados da Prof. Dra. Denise V. Ricieri

[email protected]

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1

MENSAGEM DA COMISSÃO CIENTÍFICA

Caros Colegas,

É com satisfação que realizamos o IV Simpósio Sulbrasileiro em Fisioterapia e I Congresso

Brasileiro de Fisioterapia na Atenção Integral à Saúde sediado pela Universidade Comunitária da

Região de Chapecó em parceria com a Faculdade de Pato Branco e Universidade Regional do Alto

Uruguai e das Missões.

Neste processo foram aprovados 15 artigos completos e 22 resumos oriundos de pesquisas e

relatos de experiência, produções científicas com foco na saúde coletiva e atenção integral nas

disfunções do movimento humano. Agradecemos aqueles que submeteram os trabalhos a esta

comissão e, aos avaliadores de ambas as instituições. Salienta-se que neste processo a Revista

Eletrônica INSPIRAR teve um papel importante no que tange a disponibilização de um suplemento

para divulgar os trabalhos aprovados.

Esperamos que as publicações nas áreas temáticas estimulem o debate acadêmico em torno

do fazer profissional e das inovações tecnológicas que permitam aos profissionais Fisioterapeutas

intervir priorizando a atenção integral a saúde das populações.

Comissão Científica

Page 6: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

2

COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO

PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO

Profª Fátima Ferretti – UNOCHAPECÓ (SC)

Profª Márcia Regina da Silva – UNOCHAPECÓ (SC)

COMISSÃO DE PATROCÍNIO

Profª Indiamara de Oliveira Flores Dal Magro Silvani (SC)

Profª. Michele Cristina Minozzo dos Anjos (SC)

Profª Tahiana Cadore Lorenzet Zorzi (SC)

COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO

Profª Franciane Barbieri Fiório (SC)

COMISSÃO DE RECEPÇÃO

Prof. Mark Andrey Mazaro (SC)

Prof. Vinícius Brandalise (SC)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Profª Fátima Ferretti (SC)

Prof.ª Fernanda Dal Maso Camera (RS)

Profª Franciane Barbieri Fiório (SC)

Profª Janesca Mansur Guedes (RS)

Prof. Leanderson Franco de Meira (PR)

Profª Márcia Regina da Silva (SC)

Prof. Mark Andrey Mazaro (SC)

Prof. Michel Henrique Baumer (PR)

Profª Mirian Salete Wilk Wisniewski (RS)

Profª Rubia do Nascimento (SC)

Prof. Vinícius Brandalise (SC)

COMISSÃO ARTÍSTICO CULTURAL

Prof. Ana Lucia Carvalho (RS)

Profª. Adriane Pérpetuo (PR)

Profª Lilian Marin (SC)

Profª. Paula Zeni (SC)

SECRETARIA

Ariel Cristiano Martins (SC)

Douglas Gonçalves Azevedo (SC)

Daiana Rehben (SC)

Anais:

Suplemento Especial Revista Eletrônica INSPIRAR

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3

PALESTRANTES

André Luiz Hoffman (PR)

Dayane Montemezzo (RS)

Eduardo Gallas Leivas (PR)

Eduardo Santana de Araújo (SP)

Ênio Funchal (PR)

Fábio Navarro Cyrillo (SP)

Helenara Salvati Bertolossi Moreira (PR)

José Roberto Prado Junior (RJ)

Katia da Rocha Sonsin (SP)

Keila Cristine Silveira Cardozo Alves (SC)

Lia Mara Wibelinger (RS)

Luciana Trompowsky Ávila (SC)

Miquela Marcuzzo (SC)

Naudimar Di Pietro Simões (PR)

Nelson Shirabe (PR)

Raul Furlani (PR)

Ricardo Hoffmann (PR)

Roberto Mattar Cepeda (SP)

Vitor de Oliveira Carvalho (SP)

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4

APOIADORES

UNOCHAPECÓ

URI

FADEP

INSPIRAR

INVIOLAVEL

FLORESPONTOCOM

BRANCO STORE

SPETTUS

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

UNICRED

UNIMED

COFFITO

CREFITO

SICOOB

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5

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA

TEMAS DO DIA 07 DE ABRIL DE 2010

Perspectivas da Inserção do Profissional Fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família –

PSF - Me Roberto Mattar Cepeda (Presidente COFFITO)

Ginástica Holística no atendimento coletivo - Esp Katia da Rocha Sonsin

Realidade Virtual na atenção integral à saúde das populações - Me Fabio Navarro Cyrillo

Possibilidades e limitações da inserção do Fisioterapeuta na Saúde Pública - Me Roberto

Mattar Cepeda (Presidente COFFITO)

Prevenção de lesões X treinamento precoce - Esp Raul Rafael Furlani

O Exercício Físico e a Saúde Cardiovascular - Me Vitor Oliveira Carvalho

Microfisioterapia - Esp Ricardo Hoffmann

TEMAS DO DIA 08 DE ABRIL DE 2010

Realidade Virtual na Reabilitação - Me Fabio Navarro Cyrillo

Ginástica Holística na Terceira Idade - Esp Katia da Rocha Sonsin

Resistência Elástica Progressiva - Esp José Roberto Prado Jr

Terapia Manual - Esp Raul Rafael Furlani

Método Kabatt - Me Ênio Funchal

CIF – Abordagem em Neuropediatria - Me Eduardo Santana de Araújo

Reabilitação na Síndrome da Insuficiência Cardíaca - Me Vitor Oliveira Carvalho

Reeducação na Bola Suíça - Me Lia Mara Wibelinger

Abordagem Fisioterapêutica em Neonatologia e Pediatria - Me Dayane Montemezzo

TEMAS DO DIA 09 DE ABRIL DE 2010

Exercícios Resistidos – Prevenção e Reabilitação - Me Vitor Oliveira Carvalho

Ginástica Holística - Esp Katia da Rocha Sonsin

Suporte básico de vida para Fisioterapeutas - Me André Luiz Hofmann

Bandagem Funcional - Esp Nelson Shirabe

Drenagem Linfática Manual - Esp Miquela Marcuzzo

Pilates – Esp Luciana Trompowsky Ávila, Esp Keila Cristine Silveira Cardozo Alves

Avanços em Fisioterapia neuropediátrica nas alterações do movimento - Me Helenara Salvati

Bertolossi Moreira

Fisioterapia do trabalho: enfoque preventivo - Esp Eduardo Gallas Leivas

Fisioterapia Dermatofuncional X Fisioterapia Estética - Esp Naudimar Di Pietro Simões

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SUMÁRIO

Editorial......................................................................................................................10

Análise do Pico de Fluxo Expiratório de Mulheres com Obesidade grau III do

Serviço Municipal de Fisioterapia de Chapecó – SC..............................................11 Cássia C. Braghini, Elisângela Cristofoli, Lilian Marin

Atuação da fisioterapia sobre a capacidade funcional em uma criança portadora

de artrogripose múltipla congênita..........................................................................19 Giovany Baldissera Bordin, Sandra Prigol, Lucila Schobert

Avaliação do equilíbrio e lateralidade em crianças pré-escolares.........................24 Kélin Thomé, Jean Pierre Alonso, Karla Monego, Filipe Carnauba Fogaça, Fátima Ferretti, Rubia

do Nascimento

Concepção de saúde e qualidade de vida para idosos

institucionalizados.....................................................................................................34 Caroline Pansera, Camila Aparecida de Campos Pinto, Elisa Zanella, Kéuri Dalmoro, Victor

Bernardi, Fátima Ferretti Tombini

Desenvolvimento nas áreas de motricidade global, esquema corporal e da

organização temporal de crianças no Centro Educacional Infantil Municipal

Criança é Esperança de Chapecó – SC....................................................................42 Aline Andressa Zenatti, Ana Paula Weber, Fabio Pereira, Fátima Ferretti, Rubia do Nascimento

Efetividade de um plano de intervenção das ações de promoção da saúde na

qualidade de vida em mulheres mastectomizadas..................................................50 Aline Dupont Menegazzo, Andressa Alba, Débora Daiana Schacht, Janiel Marcos Schwerz,

Marcieli Sonda, Silvana Boza, Mark Andrey Mazaro

Efetividade de um programa de educação e promoção em saúde no período peri

gestacional de um grupo de gestantes participantes de uma entidade

filantrópica.................................................................................................................56 Mark Andrey Mazaro, Aline Galli, Aline Werlang, Aline Zuffo, Talita L. Castelli, Vanessa de

Souza, Fátima Ferretti Tombini

Estudo comparativo da reabilitação na reconstrução do ligamento cruzado

anterior, entre enxerto de tendão patelar e enxerto de tendões

flexores........................................................................................................................64 Tiago Golo, Rafael Mazuco, Marlon F. Vidmar, Carlos Rafael de Almeida, Alexandre Michelin,

Rodrigo Algarve, Gilnei Pimentel

Influência da fotobiomodulação por LED na microcirculação e edema

experimental Induzido..............................................................................................72 Vinicius Brandalise, Tádia Fernanda Lapinski, Franciane Barbieri Fiório

Page 11: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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Influência do sapato de salto alto na cintura pélvica.............................................79 Mariane Bortoli, Manuela Souto, Deise Rigon, Graciele Sbruzzi, Gilnei Lopes Pimentel, Carlos

Rafael de Almeida

Percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas realizadas num estágio de

promoção da saúde na área da fisioterapia.............................................................87 Rosane Paula Nierotka, Fátima Ferretti, Bruna Fernanda Soccol, Marieli Loeblein, Débora

Albrecht, Jéssica Röhrs, Mariádine Lílian Fanticelli

Prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em

universitários..............................................................................................................95 Douglas Gonçalves de Azevedo, Márcia Regina da Silva

Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o pico de torque dos

inversores e eversores de tornozelo em usuárias de sapatos de salto

alto.............................................................................................................................104 Caroline Artusi, Vanessa Piovesan, Marice Regina Menta, Lisiane Piazza, Gilnei Lopes Pimentel,

Carlos Rafael de Almeida

Risco de quedas em mulheres idosas......................................................................114

Fabiane Feula, Juliana Padilha de Souza, Marlon Francys Vidmar, Lia Mara Wibelinger

Toxicidade em ratos Wistar após 90 dias de exposição ao Formaldeideo e

Complucad®............................................................................................................122 Dechristian França Barbieri, Elvis Wisniewski, Miriam Salete Wilk Wisniewski, Silvana Souza

Roman, Luiz Carlos Cichota, Rogério Marcos Dallago, Simone Maffini Cerezer

Resumos

Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades especiais da APAE de

Chapecó – SC: Relato da experiência em visita domiciliar.................................130 Soraia Bonissoni, Danieli Michelli Seidel, Franciane Barbieri Fiório, Rubia do Nascimento

Atividade física e qualidade de vida em pacientes submetidas à cirurgia de

mama.........................................................................................................................131 Rafaela Casagrande, Daniele Rossato

Atuação fisioterapêutica na segmentectomia pulmonar: Um estudo de

caso............................................................................................................................132 Priscila Fontana, Lilian Marin

Avaliação e intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de neoplasia maligna

de mama em pacientes da Rede Feminina de Combate ao Câncer – Chapecó –

SC..............................................................................................................................133 Mark Andrey Mazaro, Ana Paula Bordignon, Daniela Pramio Rossetto

Page 12: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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Comportamento do Duplo Produto em Intensidades Submáximas de Pacientes

Obesos do Setor Público de Chapecó-SC..............................................................134 Lílian Marin

Educação em saúde na atenção a gestantes de baixa

renda.........................................................................................................................135 Tâmara Pauletto, Marciele Rossato, Marília Meneguzzi, Gabriela Varnier, Fátima Ferretti, Carla

Stefanello Zanon.

Efeito da terapia física complexa no linfedema idiopático de membro inferior:

relato de caso............................................................................................................136 Manira Schmitz, Vinícius Brandalise

Efeitos das ações de promoção da saúde no desenvolvimento motor de pré-

escolares....................................................................................................................137 Soraia Bonissoni, Danieli Michelli Seidel, Fátima Ferretti, Rubia do Nascimento

Efeitos de um programa de alongamento e relaxamento para dependentes

químicos....................................................................................................................138 Elisa Zanella, Caroline Pansera, Camila Ap. de Campos Pinto, Márcia Regina da Silva, Fátima

Ferretti

Fisioterapia domiciliar no contexto da família.....................................................139 Camila A. de Campos Pinto, Caroline Pansera, Elisa Zanella, Fátima Ferretti

Ginástica/cinesioterapia laboral na unochapecó: um relato de experiência......140 Débora C. Albrecht, Mirian C. Assmann, Leda C. Segalin, Tamara Pauletto, Tahiana C. Lorenzet

Zorzi

Influência da pressão expiratória positiva na força muscular expiratória em

paciente com lesão medular traumática: um estudo de caso...............................141 Larissa Gasperin, Daniele Rossato

Intervenção fisioterapêutica em síndrome de Williams – relato de caso............142 Chaiane Spassin, Janaína Dalla Costa Zaions

Intervenção fisioterapêutica na bexiga neurogênica relato de caso

clínico........................................................................................................................143 Klein Taísi Pansera, Marciane Flores, Pâmela Luana Lubian, Emanuel Sebben, Vanessa Piccoli,

Caren Tais

Intervenção fisioterapêutica no carcinoma epidermoide in situ – p.o.t de enxerto

de tecido muscular...................................................................................................144 Klein Taísi Pansera, Marciane Flores, Pâmela Luana Lubian, Emanuel Sebben, Vanessa Russi

Zequiela

Page 13: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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Mobilidade Torácica de Pacientes Portadores de Obesidade Mórbida do Serviço

Municipal de Fisioterapia de Chapecó- SC...........................................................145 Priscila Fontana, Lilian Marin, Indiamara Dal Magro

Percepção de mulheres mastectomizadas sobre ações de autocuidado

promovidas pela fisioterapia...................................................................................146 Ana Paula Gauer, Anieli da Costa, Bárbara Zanchet, Jardel Cristiano Ecco, Larissa Dal Paz, Fátima

Ferretti Tombini, Mark Andrey Mazaro

Percepções do processo de envelhecer no ambiente rural e urbano segundo os

idosos.........................................................................................................................147 Marciele Rossato, Marília Meneguzzi, Simone Marlise Becker, Kelen Daiane Orso, Fátima Ferretti

Prevalência de quedas em idosos residentes no ambiente rural e urbano no

município de Chapecó – SC....................................................................................148 Márcia Regina da Silva, Fátima Ferretti, Bárbara Zanchet, Clarice Maria Peripolli

Resultados da fisioterapia e intervenção motora no atraso inespecífico do

desenvolvimento neuropsicomotor.........................................................................149 Lucila Schobert

Saúde na percepção de idosos residentes na zona urbana do município de

Chapecó – SC...........................................................................................................150 Emanuela Cerutti Gallo, Cristina Giaretta, Gabriela Varnier, Tamata Pauletto, Fátima Ferretti

Vivências VI - atendimento domiciliar na atenção básica de saúde: relato de

experiência................................................................................................................151 Emanuela Cerutti Gallo, Kelen Daiane Orso, Lusana Passin, Franciane Fiório, Rubia do

Nascimento

Page 14: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

10

EDITORIAL

O conceito de saúde e a doença envolvem uma complexa interação entre os aspectos

biológicos, culturais, psicológicos, sociais, ambientais e históricos da condição humana e de

atribuição de significados que cada um estabelece para a fase que está. Considerando estes fatores,

saúde e doença, passam a expressar uma relação que perpassa o corpo individual e social

confrontando percepções, vivências e os conflitos do exercício de viver a vida neste corpo. A nós

cabe-nos algumas perguntas: Qual nosso papel enquanto profissionais da área da saúde na atenção

integral a saúde das populações? Como reagir aos desafios que o contexto impõe, considerando a

dinamicidade dos problemas de saúde da população?

Refletir é importante e, a partir deste exercício algumas luzes e, possibilidades despontam no

sentido de inserir a área da Fisioterapia com mais efetividade nas ações de saúde coletiva. Talvez

um destes esteja concentrado na necessidade de mantermos o exercício constante de analisar,

questionar e de sugerir novos rumos a seguir. Desta forma, a relação de cada curso de graduação

com a sociedade no qual está inserido, é elemento fundamental, visto que, os temas ali estudados e

desenvolvidos estão voltados para a realidade da região e, desta forma o ato de pesquisar, configura-

se como um constante exercício de construção e reconstrução de conhecimento, que deve, voltar-se

para a interdisciplinaridade e a busca da integração do Fisioterapeuta em um novo paradigma

científico, voltado para a construção de uma sociedade mais solidária, fundamentada em novas

práticas e na construção de uma Ciência que, tendo em mente as conseqüências da sua ação,

produza um conhecimento que possa favorecer a coletividade.

Ao fomentarmos esse processo de produção de conhecimento, preocupados em construir e

sistematizar conceitos elaborados sob uma ótica dinâmica, de construir e reconstruir, subsidiados

em pesquisas, superar-se-á a lógica de aplicar técnicas repetitivas, que rapidamente tornam-se

ultrapassadas e insuficientes e, passaremos a assumir um fazer mais focado nos problemas

vivenciados pela população, que não são estáticos e alteram-se de acordo com as mudanças sociais

e as relações estabelecidas entre os homens.

Neste contexto social atual, marcado por inúmeras e rápidas transformações, seja no âmbito

do conhecimento, seja no âmbito das necessidades advindas dos processos produtivos, do

reordenamento das estratégias de mercado e das conseqüências que este impõe à população, torna-

se urgente buscar novas alternativas para garantir uma atenção integral à saúde e, desta forma a área

da saúde tem dialogado e se defrontado com novas demandas. Esse processo de transformação

também atinge a fisioterapia, com uma necessidade de competências e habilidades diversas

daquelas com as quais a profissão se consolidou, conseqüentemente, exigindo a formação de um

fisioterapeuta com perfil para se inserir nas equipes de saúde multiprofissionais e interdisciplinares,

com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção científica, contribuindo

para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade,

considerando suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas.

Para tanto o “como” fazer perpassa pela responsabilidade e ação de todos os profissionais

fisioterapeutas, pesquisadores e docentes da área, pois, o reconhecimento da profissão enquanto

necessária nas ações coletivas dar-se-á, possivelmente, por intervenções que prevejam o

desenvolvimento de novas formas de conscientizar os demais profissionais da área da saúde sobre o

papel do fisioterapeuta na equipe; fortalecer os trabalhos interdisciplinares baseados em pesquisa;

ampliar o exercício profissional focando nas ações de promoção da saúde e prevenção de

enfermidades e estimular a divulgação dos resultados alcançados pela área por meio de eventos

científicos como estes e, revistas. Para tanto, somos os maiores responsáveis pela caminhada

necessária na área da Fisioterapia para superarmos, definitivamente, o estigma de profissional da

reabilitação.

Fátima Ferretti

Page 15: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

11

Análise do Pico de Fluxo Expiratório de Mulheres com

Obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia de

Chapecó – SC

Cássia C. Braghini1, Elisângela Cristofoli

1Lilian Marin

22

Resumo

Introdução: A obesidade é considerada um problema de saúde pública e sua prevalência tem

aumentado principalmente no sexo feminino. No sistema respiratório, pode alterar os volumes e

capacidades pulmonares, especialmente na obesidade grau III. Objetivos: Verificar o pico de fluxo

expiratório de mulheres com obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde

Funcional de Chapecó-SC. Métodos: Foram avaliadas 12 mulheres com obesidade grau III em

atendimento fisioterapêutico. Realizou-se uma avaliação contendo dados pessoais, HDP, IMC,

RCQ, sinais vitais, hábitos de vida, doenças associadas, uso de medicamentos, expansibilidade

torácica, dispnéia, padrão respiratório e PFE. Resultados: A média de idade foi 43,45 ± 6,84 anos,

IMC 46,47 ± 9,38 kg/m2, RCQ de 0,79 ± 0,4 cm

2. A média da PA das hipertensas foi 138,33/91,61

mmHg e das não hipertensas 105/80 mmHg. Duas das participantes (18,18%) eram ex-tabagistas e

nenhuma sedentária ou etilista. As doenças associadas mais observadas foram a HAS (54,54%) e

DVP (54,54%). Medicamentos anti-hipertensivos estavam sendo administrados por 54,54% e

fármacos inibidores de apetite por 18,18% delas. A expansibilidade torácica mostrou-se diminuída

em todas as participantes com média de 1,54 ± 0,68 cm na região axilar, 1,40 ± 0,83 cm na região

xifóide e 1,86 ± 0,97 cm na região abdominal. Apenas uma (9,09%) das participantes referiu

dispnéia (grau 5). A maioria (72,72%) apresentou padrão respiratório diafragmático. A variação da

melhor prova do PFE foi de 310 a 500 l/min e a média 407 ± 67,68 l/min. Apenas 3 (27,27%)

atingiram o valor estimado pelo manual do peak flow Assess®, 2 (18,18%) próximo do esperado e

54,54% valores significativamente abaixo do estimado. Conclusão: As mulheres com obesidade

grau III avaliadas apresentaram a HAS e DVP como co-morbidades associadas e valores

significativamente diminuídos de expansibilidade torácica e PFE.

Palavras-chaves: Obesidade, Pico de Fluxo Expiratório, Fisioterapia

INTRODUÇÃO

A obesidade é o excesso de tecido adiposo que resulta em prejuízos para a saúde (SILVA,

2005). O Consenso Latino Americano de Obesidade (1998), considera o indivíduo obeso quando

seu IMC (índice de massa corporal) está acima de 30 kg/m2. A obesidade grau III compreende o

IMC acima de 40 kg/m (CONSENSO LATINO AMERICANO DE OBESIDADE, 1998; GUERRA

et al., 2001)

A região Sul do Brasil é destacada por apresentar maior prevalência de obesidade, sendo que

34% dos homens e 43% das mulheres apresentam algum grau de excesso de peso (PINHEIRO,

2004; FREITAS e CORSO, 2004). No caso das mulheres, as estatísticas mostram que elas

correspondem a 12,5% das pessoas com IMC maior que 30 kg/m2

(FERNANDES, LEME,

1Fisioterapeuta, Graduada pela Universidade Comunitária da região de Chapecó – Unochapecó.

2Docente do curso de graduação de Fisioterapia da Universidade Comunitária da região de Chapecó – Unochapecó,

Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Especialista em Acupuntura,Graduada pela

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

Page 16: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

12

YAMANDA, 2005).

As condições clínicas e cirúrgicas associadas a obesidade são as cardiovasculopatias,

doenças respiratórias, gastrointestinal, endocrinopatias, músculoesqueléticas, neoplasias,

genitourinária, entre outras. (MANCINI, HALPERN, 2003).

A obesidade grau III pode gerar uma síndrome restritiva em função do acúmulo de gordura

peritorácica e abdominal, com diminuição dos volumes pulmonares, do volume de reserva

expiratório, capacidade residual funcional, alteração da ventilação/perfusão pela hipoxemia de

repouso e de decúbito dorsal (pelo fechamento das pequenas vias aéreas). (SILVA, FLEXA,

ZANELLA, 2007).

O pico de fluxo expiratório (PFE) pode ser avaliado através do peak flow, que é um

instrumento de avaliação respiratória simples e portátil. A medida é dada em litro/minuto (l/min.)

(RAIMUNDO, 2007). Por ser um aparelho de fácil aplicação, baixo custo e de pouca investigação

sobre seu uso na avaliação respiratória de obesas, esse estudo tem como objetivo verificar o pico de

fluxo expiratório de mulheres com obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde

Funcional de Chapecó-sc (SMFSF).

MÉTODOS

A população de estudo foi formada por 25 obesos (5 homens e 20 mulheres) atendidos na

rede publica de saúde de Chapecó-SC, SMFSF. Nesse local, os indivíduos são atendidos duas vezes

por semana por estagiários de Fisioterapia (onde estes elaboram um plano de intervenção especifico

para cada paciente, ressaltando principalmente a cinesioterapia com exercícios cardiorrrespiratórios

de intensidades leve à moderada ).

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNOCHAPECÓ (registro 209/08) e

da assinatura da Declaração de Ciência e Concordância da Instituição foi realizada a análise dos

prontuários dos obesos em atendimento no SMFSF no primeiro semestre de 2009.

A amostra foi definida baseada nos critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos no

estudo os sujeitos que estavam frequentando o SMFsSF no primeiro semestre de 2009, do sexo

feminino, com obesidade moderada ou mórbida (IMC maior ou igual a 35 kg/m2) e que assinaram o

termo de consentimento livre e esclarecido baseado no Modelo proposto pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da UNOCHAPECÓ e de acordo com as orientações da Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde.

Os critérios de exclusão foram: sexo masculino, tabagismo, diagnóstico de DPOC e

alterações respiratórias das vias aéreas superiores (gripe, resfriado, congestão nasal, faringite,

laringite, amigdalite, sinusite e rinite).

Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido foi realizada uma avaliação

observando o padrão respiratório, o pico de fluxo expiratório, histórico de co-morbidades e

dispnéia.

Foi considerado o padrão torácico ou costal, abdominal ou diafragmático, misto e paradoxal.

A respiração torácica ou costal foi determinada quando o sujeito apresentava predomínio da

elevação do tórax sobre o abdômen. A abdominal ou diafragmática, na ocorrência de predomínio da

elevação do abdômen em relação ao tórax. A respiração mista foi considerada, quando o abdômen e

o tórax se movimentaram com a mesma amplitude. E a paradoxal, na existência de assincronismo

entre tórax e abdômen (VASSOLER, SARMENTO, 2007).

A mensuração do pico de fluxo expiratório foi realizada em posição ortostática, sendo

previamente explicada e orientada por apenas um pesquisador e considerada a melhor prova de três

(NEPPELENBROEK et al., 2005). O indivíduo foi orientado a fazer uma inspiração máxima,

acoplar a boca no bocal do aparelho e em seguida realizar uma expiração forçada e rápida

(CÁSECA, ANDRADE, BRITTO, 2006). Como valores de referência para o PFE foi utilizada a

tabela do manual do peak flow Assess® para mulheres.

A dispnéia foi avaliada através da escala visual analógica que possibilita a informação sobre

os níveis absolutos de dispnéia. É um sistema de medida simples, confiável e sensível de dispnéia,

Page 17: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

13

conferindo maior precisão as medidas, se comparada a outras escalas 12

. (VELLOSO, COSTA,

OZEKI, 20--).

A avaliação da dispnéia foi realizada em repouso, demonstrando a participante a escala de

zero à dez (a graduação zero indica nenhuma dispnéia e conforme os valores aumentam,

consequentemente indicam maior grau de dispnéia, sendo dez o maior valor). Após a demonstração

e explicação, a paciente graduou a sua dispnéia naquele momento.

Após a coleta de dados, esses foram registrados e decodificados em uma planilha do

Microsoft Excel Versão 2000, utilizando média, desvio padrão e percentual. A Correlação de

Pearson para dados paramétricos foi utilizada para verificar a correlação entre o PFE e o IMC, com

o software SPSS versão 11.5 (CALLEGARI, 2003). Todos os resultados foram armazenados em

arquivo de computador, em folha de papel impresso, representados sob a forma de gráficos e

tabelas, correlacionados e discutidos com a literatura.

RESULTADOS

Foram avaliadas 11 mulheres com obesidade grau III, com média de idade de 43,45 ± 6,84

anos e de IMC 46,47 ± 9,38 kg/m2.

Observou-se que 54% das mulheres avaliadas apresentavam Hipertensão arterial sistêmica

(HAS) e a mesma porcentagem de Doença vascular periférica (DVP) como co-morbidades. Apenas

duas participantes, ou seja, 18,18% não apresentaram co-morbidades associadas à obesidade.

Os valores do padrão respiratório estão demonstrados no gráfico 1.

Gráfico 1: Padrão Respiratório

Aproximadamente 72% das mulheres apresentaram padrão respiratório diafragmático ou

abdominal, 18,18% misto, 9,09% paradoxal e o padrão torácico ou costal não foi visualizado em

nenhuma participante.

O grau de dispnéia de 10 participantes ao repouso foi graduada em zero e apenas uma

pessoa graduou em 5 pontos. É importante ressaltar que a participante que relatou dispnéia possui

diagnóstico médico e faz tratamento para asma brônquica.

Os valores de altura, idade, IMC e melhor prova de PFE estão expressos na tabela 1.

Tabela 1: Idade, altura, IMC e melhor prova de PFE

Participante Idade Altura IMC Melhor prova de

PFE

1 50 anos 1,55 m 42,52 kg/m2 340 l/min

2 52 anos 1,55 m 43,31 kg/m2 370 l/min

3 39 anos 1,48 m 45,86 kg/m2 330 l/min

4 44 anos 1,56 m 52,51 kg/m2 370 l/min

5 34 anos 1,63 m 41,13 kg/m2 450 l/min

18,18%

0%

72,72%

9,09% misto

torácico

diafragmático

paradoxal

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14

6 36 anos 1,56 m 72,96 kg/m2 310 l/min

7 42 anos 1,63 m 41,49 kg/m2 410 l/min

8 35 anos 1,67 m 41,02 kg/m2 490 l/min

9 51 anos 1,65 m 41,47 kg/m2 430 l/min

10 51 anos 1,50 m 44,22 kg/m2 500 l/min

11 44 anos 1,62 m 44,77 kg/m2 480 l/min

Média 43,45 anos 1,58 m 46,47 kg/m2 407 ± 67,68 l/min

Pode-se visualizar que a variação da melhor prova do PFE das mulheres avaliadas foi entre

310 e 500 l/min. Das 11 participantes apenas 3 (participantes número 8,10 e 11), ou seja, 27,27%

atingiram o valor estimado pelo manual do aparelho, no entanto duas tiveram valores próximos aos

estabelecidos pelo mesmo (participantes 5 e 9). Contudo, 6 participantes (54,54%) obtiveram

valores do PFE bem abaixo do estimado. É importante ressaltar que observando a tabela de

referência do manual do peak flow Assess® não existem valores específicos para cada idade e

altura, dessa forma, tiveram de ser considerados os valores aproximados. Sendo assim, os valores

apresentados podem não ser tão fidedignos.

A média da melhor prova do PFE das 11 participantes foi de 407 ± 67,68 l/min.

Quanto aos IMC, o da participante 10 foi de 44,22 kg/m2 e da participante 6 foi 72,96 kg/m

2,

analisando esses dados isoladamente, pode-se sugerir que o IMC interfere negativamente no PFE. A

Correlação de Pearson, analisando o IMC e o PFE (p = 0,078), obteve o seguinte valor de r (-0,55).

Tabela 2: Correlação entre IMC e PFE

IMC PFE Correlação*

46.5 ± 9.4 407.3 ± 67.7 -0.55

* Correlação de Pearson.

DISCUSSÃO

A média de idade das mulheres avaliadas por esse estudo foi de 43,45 ± 6,84 anos

corroborando com outros estudos que verificaram que as mulheres entre 40 e 59 anos representam

64% das obesas 5

e que as que estavam entre os 20 e 49 anos, apenas 2% estavam com peso abaixo

do normal 14

. Um estudo com 6 mulheres com obesidade grau III, a média de idade foi 42 anos e a

do IMC foi 43,64 ± 1,76 (TREVIZOLLI, 2006).

A média de IMC encontrada nessa análise foi de 46,47 ± 9,38 kg/m2. Freitas, Haddad e

Velásquez-Meléndez (2009), observaram valores maiores de IMC em mulheres quando comparados

a homens. Em outro estudo de Brito, Lopes e Araújo (2001), a média de IMC nas mulheres foi de

40,4 ± 6,4 kg/m2. Outros pesquisadores averiguaram que 15,1% das mulheres estavam com

obesidade, enquanto que apenas 8,4% dos homens 18

.(OLIVEIRA, et al., 2009).

Em relação as co-morbidades associadas, os dados encontrados nessa pesquisa são

semelhantes aos da literatura que relatam frequência de 50% de HAS em obesos mórbidos e 52,5%

de hipertensão arterial sistólica e 58,9% de hipertensão arterial diastólica em obesos (OLIVEIRA,

2002; PORTO et al., 2002). A obesidade também foi considerada fator de risco para trombose

venosa profunda em 5,8% (CAIAFA, BASTO, 2002). Os autores Mancini e Halpern (2003)

destacam que, o risco de desenvolver complicações e morbi-mortalidade em indivíduos com

obesidade grau II é de moderado a alto, já para a obesidade grau III é altíssimo.

Foi verificado que a maioria das mulheres analisadas possuía padrão diafragmático ou

abdominal. Na literatura não foram encontrados registros sobre o padrão respiratório de obesos, no

entanto, há a constatação de que a obesidade reduz a força muscular respiratória e que o depósito de

gordura abdominal afeta a dinâmica diafragmática (CASTELLO et al. 2007). Com base em tais

afirmações, esperar-se-ia que o padrão respiratório dos indivíduos obesos, não fosse o

diafragmático, contrariando os achados desta pesquisa, que encontrou predominância deste padrão.

Page 19: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

15

Vale ressaltar que as participantes realizavam fisioterapia semanalmente, com reeducação

respiratória e treino da respiração diafragmática, o que pode configurar uma possível explicação

para tal resultado.

A dispnéia é um sintoma freqüente em obesos grau II e III (TEIXEIRA et al., 2007). Esse

sintoma, em indivíduos obesos, pode ser justificado, em partes, pelo aumento do drive respiratório e

pela redução nos volumes pulmonares estáticos (EL GAMA et al., 2005). Um estudo com 33

mulheres com obesidade grau II e III em pré operatório de gastroplastia redutora observou que

78,7% queixavam-se de dispnéia aos médios esforços (CARDODO, 2005). Os dados encontrados

pela presente pesquisa não condizem com a literatura, talvez pela amostra ser pequena e por ter sido

avaliada em repouso.

A média da melhor prova do PFE das 11 participantes foi de 407 ± 67,68 l/min. No estudo

de Paes et al. (2009), que coletaram o PFE de 123 mulheres, a média encontrada para a faixa etária

dos 41 aos 50 anos, com altura média de 176 cm ± 0,1 e peso 81,7 ± 12,3 foi de 536,8 ± 49,7 l/min.

Para mulheres entre 20 e 85 anos e altura entre 137 a 181 cm foram encontrados média de PFE de

396 ± 64 l/min (RODRIGUES, SATO, PEREITA, 2006). A literatura também apresenta, que o PFE

decresce constantemente dos 40 aos 80 anos em mulheres e a medida que a idade aumenta, o PFE

diminui e a altura e PFE tem relação proporcional (MENEZES et al., 1995; TEYMENY et al.,

2008).

Os pacientes obesos apresentaram redução da VVM, resultando na redução dos fluxos e

volumes expiratórios, sugerindo que a principal conseqüência do aumento da massa adiposa sobre o

tórax, é a redução na complacência, fazendo com que a inspiração fique mais dificultosa e

consequentemente reduzindo os volumes e fluxos (LADOSKI, BOTELHO, ALBUQUERQUE,

2001).

Os resultados desse estudo permitiram observar que as mulheres com obesidade grau III

possuíam co-morbidades associadas e valores de PFE abaixo do esperado, sendo que apenas 3

(27,27%) atingiram o valo estimado pelo manual do aparelho.

Considerando que todas as mulheres avaliadas realizavam sessões de fisioterapia duas vezes

na semana, por aproximadamente uma hora cada, com exercícios voltados a função respiratória e ao

condicionamento cardiorrespiratório, pode-se sugerir que isso possa ter influenciado positivamente

o padrão respiratório (diafragmático) e até mesmo os valores do PFE.

A amostra foi restrita, porém de acordo com o relato subjetivo das participantes a realização

da fisioterapia contribuiu para a tolerância ao exercício, melhora da respiração e disposição física.

Mesmo que os resultados encontrados foram de restrita significância e subjetivos, a atuação da

fisioterapia em pessoas com obesidade grau III e que tenham déficits da função respiratória é

relevante. Atuando também nos grau I e II de forma preventiva e educativa.

Uma limitação do estudo foi a ausência de padronização e especificidade dos valores de

referencia para o PFE.

Sugerem-se novos estudos com uma amostra maior, relacionados ao PFE e padrão

respiratório especificamente de obesos, ressaltando a atuação fisioterapêutica não somente no pré e

pós operatório de cirurgia bariátrica.

CONCLUSÃO

Com a análise dos dados foi possível verificar que as mulheres da amostra possuíam valores

elevados de IMC. Tomando como referência a população de obesos atendida no Serviço Municipal

de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó-SC (25 sujeitos), 80% correspondiam a mulheres e

20% homens, salientando a maior prevalência da obesidade no sexo feminino.

A média do IMC das 11 participantes foi de 46,47 ± 9,38 kg/m2, a circunferência abdominal

de 111,90 ± 9,16 cm e RCQ 0,79 ± 0,04 cm2. Quanto aos hábitos de vida, nenhuma era tabagista,

etilista ou sedentária.

Concordando com os dados da literatura, a idade média da amostra foi de 43,45 ± 6,84 anos,

demonstrando assim que, no decorrer da vida, aumentam as chances das pessoas tornarem-se

Page 20: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

16

obesas.

Em relação ao PFE a variação da melhor prova foi de 310 a 500 l/min, sendo que apenas 3

(27,27%) participantes atingiram o valor esperado baseado no manual do aparelho peak flow marca

Assess®. A participante com maior IMC obteve o menor valor de PFE, sugerindo que o IMC pode

influenciar negativamente o PFE.

Foi observado também que a maior parte das participantes apresentava co-morbidades

associadas, especialmente a HAS e DVP (54,54% e 54,54%) e apenas 18,18 % não possuíam co-

morbidades.

A maioria das mulheres avaliadas possuía companheiro fixo, escolaridade média de 11 anos,

do lar e da cor não-branca. E referiram que o início da obesidade se deu principalmente na infância

e após as gestações.

O antecedente pessoal mais relatado foi o parto cesáreo (45,45%), relacionando com vários

autores que observaram que a paridade é um fator de risco para a obesidade.

Os sinais vitais das participantes no momento da avaliação estavam dentro dos valores

normais (FC, Fr e Sat. O2), isso pode ser justificado pelo fato da avaliação ter sido feita ao repouso.

A maioria das mulheres estava com a PA sem alterações, fato que pode ser explicado pela o uso da

medicação anti-hipertensiva. Duas das participantes tomavam medicamentos para a obesidade

(18,18%) como a sibutramina, que é capaz de reduzir a ingestão alimentar.

Os valores da expansibilidade torácica mostraram-se abaixo do esperado, com variações de

amplitude mínimas (1,54 ± 0,68 cm na região axilar, 1,4 ± 0,83 cm na região xifóide e 1,86 ± 0,97

cm na abdominal).

Apenas uma participante referiu dispnéia ao repouso (grau 5), podendo ser atribuída ao seu

histórico de asma brônquica e as demais graduaram em zero. Quanto ao padrão respiratório o mais

evidenciado foi o diafragmático (72,72%).

Considerando que todas as mulheres avaliadas realizavam sessões de fisioterapia duas vezes

na semana, por aproximadamente uma hora cada, com exercícios voltados a função respiratória e ao

condicionamento cardiorrespiratório, pode-se sugerir que isso possa ter influenciado positivamente

o padrão respiratório (diafragmático) e até mesmo os valores da expansibilidade torácica e do PFE.

De acordo com o relato subjetivo das participantes desde que iniciaram a fisioterapia,

perceberam melhoras na tolerância ao exercício, melhora da respiração e disposição física.

Melhores resultados poderiam ter sido observados se o acompanhamento fisioterapêutico tivesse

sido maior. Contudo, mesmo que os resultados encontrados foram de restrita significância e

subjetivos, a atuação da fisioterapia em pessoas com obesidade grau III e que tenham déficits da

função respiratória é relevante. Atuando também nos grau I e II de forma preventiva e educativa.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional, aos seus

funcionários pelo auxílio e por nos ceder o espaço para a coleta, aos pacientes que aceitaram

submeter-se à pesquisa e a todos os colegas que de alguma forma colaboram para a realização deste

estudo.

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Page 23: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

19

Atuação da fisioterapia sobre a capacidade funcional em uma

criança portadora de artrogripose múltipla congênita

Giovany Baldissera Bordin1, Sandra Prigol

1, Lucila Schobert

2

Resumo

Introdução: A Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) é uma síndrome rara presente desde o

nascimento, que consiste de graves contraturas articulares não progressivas e atrofia muscular

(SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN, 2002.). Objetivo: O objetivo do estudo é

verificar os resultados da fisioterapia sobre a capacidade funcional e o grau de independência da

criança portadora de AMC, através do teste PEDI. Ainda, observar se este mostra-se adequado para

avaliar a capacidade funcional, o grau de independência e os efeitos da fisioterapia em crianças com

AMC. Metodologia: A pesquisa do tipo relato de caso de caráter quantitativo, com delineamento

transversal e comparativo com amostra intencional contou com uma participante do sexo feminino,

4 anos de idade, tendo como critério de inclusão o diagnóstico de AMC e a aceitação do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos responsáveis da criança. O tratamento ocorreu

duas vezes por semana, com duração de aproximadamente cinquenta minutos, e totalizou 15

atendimentos. Como instrumento de avaliação funcional foi utilizado o teste PEDI (Pediatric

Evaluation of Disability Inventoryo) o qual consta de três partes que avaliam as habilidades

funcionais, a assistência do cuidador e as modificações do ambiente, sendo este realizado pré e pós

intervenção fisioterapêutica. Resultados: Os resultados obtidos na pós intervenção fisioterapêutica

foram todos positivos ficando entre a faixa de 30 a 70 pontos, representando assim a normalidade

do desenvolvimento desta criança conforme sua faixa etária. Conclusão: o estudo verificou uma

melhora após intervenção fisioterapêutica na capacidade referente ao autocuidado, mobilidade e

função social da criança, o que confere a importância da fisioterapia no tratamento da AMC e

comprova a eficiência do teste PEDI para a avaliação.

Palavras-chave: Artrogripose Múltipla Congênita, Fisioterapia, Capacidade Funcional.

INTRODUÇÃO

Primeiramente descrita por Otto, no ano de 1841, como miodistrofia congênita, somente em

1923, Stern a definiu como Artrogripose Múltipla Congênita (AMC). O nome deriva do grego e

significa articulação encurvada, torta ou em gancho. É uma síndrome rara, e sua incidência é de 1 a

cada 3000 nascimentos podendo apresentar-se mais elevada nos países subdesenvolvidos do que

nos países europeus e da América do Norte (HALL, 1992 apud RATLIFFE, 2002; SACCANI,

2008).

Esta síndrome não é progressiva e é caracterizada principalmente por múltiplas contraturas

articulares que geram limitação da mobilidade, rigidez e espessamento das estruturas

periarticulares, luxação das articulações principalmente de joelho e quadril, atrofia muscular,

ausência de alguns grupos musculares, substituição dos músculos por tecido fibrogorduroso,

ausência das pregas cutâneas articulares e membros com forma cilíndrica. Os portadores de AMC

1Graduando do 7º semestre do curso de Fisioterapia da URI – Campus de Erechim

2Mestre em Ciências do Movimento Humano, professora do curso de Fisioterapia da URI – Campus

de Erechim

Page 24: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

20

apresentam sensibilidade intacta e na maioria dos casos inteligência e longevidade normais

(SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN, 2002.).

Segundo Bruschini (2002) aproximadamente 40% dos pacientes têm comprometimento dos

quatro membros, enquanto 20% são acometidos predominantemente nos membros inferiores e

apenas 10% são acometidos predominantemente nos membros superiores.

Para Moura (2005), a limitação do movimento articular do feto pode ocorrer por causas

maternas ou fetais. Dentre as causas fetais podemos citar anormalidades da estrutura ou função

muscular, alterações da inervação muscular e alterações do tecido conjuntivo. Já as causas

maternas incluem restrições do espaço intra-uterino, doenças sistêmicas e comprometimento

vascular da placenta.

O tratamento é precoce, iniciado logo após o nascimento, com o uso de órteses, splints e

intervenção fisioterápica, visando corrigir e evitar o desenvolvimento de deformidades e amplitude

de movimento ativa e passiva, força adequada para atingir habilidades funcionais, transição e

mobilidade e capacidade para participar em atividades em casa e na escola assim como na

comunidade. O tratamento cirúrgico é indicado quando o tratamento convencional não é mais eficaz

(RATLIFFE, 2002; SACCANI, 2008; SHEPHERD, 1995).

Desta forma, o estudo justifica-se pela raridade dessa síndrome bem como a escassez de

estudos na literatura. Ademais as grandes limitações na capacidade funcional imposta ao portador

de AMC somada a falta de acessibilidade impingida pela sociedade são fatores que geram exclusão

social.

Assim, o objetivo desse estudo é verificar os resultados da fisioterapia sobre a capacidade

funcional e o grau de independência da criança portadora de AMC, através do teste PEDI. Ainda,

observar se este mostra-se adequado para avaliar a capacidade funcional, o grau de independência e

os efeitos da fisioterapia em crianças com AMC.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa de caráter quantitativo do tipo relato de caso, com delineamento transversal e

comparativo com amostra intencional, ocorreu no Centro de Estágios e Práticas Profissionais da

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Erechim (URICEPP) na

rua Maranhão, 560, nas dependências da Clinica Escola de Fisioterapia – URI-Campus de Erechim.

A amostra foi composta de uma voluntária do sexo feminino, com idade de 4 anos, tendo

como critério de inclusão o diagnóstico de AMC e a aceitação do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) pelos responsáveis da criança. O tratamento ocorreu duas vezes por semana,

com duração de aproximadamente cinquenta minutos, e totalizou 15 atendimentos.

Inicialmente aplicou-se o teste PEDI aos responsáveis da criança, o qual é constituído por

três partes as quais apresentam formas diferentes de pontuação. A primeira parte avalia as

habilidades funcionais para o desempenho nas AVD´s sendo pontuado com escore de 0 (não

desempenha atividade funcional) e 1 (desempenha atividade funcional). A segunda parte informa

sobre a quantidade de assistência que é oferecida pelo cuidador no desempenho das tarefas

funcionais de autocuidado e é graduada de 0 a 5, sendo 0 dependência total do cuidador e 5 criança

completamente independente para tarefas funcionais. A terceira parte do teste disponibiliza uma

lista de diferentes tipos de modificações ambientais, utensílios, ou adaptações, que são utilizados

para potencializar o desempenho funcional da criança em cada área avaliada pelo teste. Os valores

de cada área são somados individualmente obtendo o escore bruto o qual é transformado em escore

normativo. Em cada grupo etário, um escore de magnitude entre 30 e 70 é considerado normativo

para crianças com desenvolvimento normal, caso o valor adquirido for inferior a 30 indica atraso no

desenvolvimento da criança. Caso o escore for acima de 70 sugere uma criança com

desenvolvimento significativamente superior às crianças da mesma faixa etária com

desenvolvimento normal. Em cada grupo o escore 50 corresponde ao valor médio esperado para

cada grupo. O teste foi aplicado pré e pós intervenção fisioterapêutica com o objetivo de avaliar se

houve ou não melhoras da capacidade funcional.

Page 25: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

21

A intervenção fisioterapêutica foi realizada através de tratamento conservador com técnicas

de mobilização passiva, alongamentos, enfaixamento funcional, treino de habilidade funcional

através de atividades lúdicas e uso de dispositivos auxiliares, como extensoras de membros

inferiores e faixa abdominal, com objetivo de diminuir e prevenir contraturas articulares

melhorando a qualidade de vida e ampliando seu grau de independência nas AVD's.

RESULTADOS

O escore normativo obtido na pré intervenção fisioterapêutica referente à parte I habilidades

funcionais do teste PEDI apresentou para a área de autocuidado o valor 21,2 (+/- 4,4) pontos, o que

ilustra um desenvolvimento abaixo do normal esperado para uma criança desta faixa etária, que

conforme protocolado pelo teste PEDI deve ser pontuado entre 30 e 70 pontos para representar a

normalidade do desenvolvimento (MANCINI, 2005). Os valores adquiridos pós intervenção

atingiram 34,3 (+/-4,0) pontos o que representa um valor dentro do índice de normalidade

estabelecido pelo teste PEDI, porém abaixo do valor considerado adequado que corresponde ao

escore médio de 50 pontos.

O valor pré intervenção fisioterapêutica para a área de mobilidade foi de 48,1 (+/-3,7)

pontos o que indica normalidade e o caracteriza limítrofe em relação ao escore médio. Na

reavaliação o valor obtido de 55,8 (+/-4,8) pontos revela que a criança apresenta desenvolvimento

normal para sua faixa etária.

Obteve-se como resultado na área de função social no pré tratamento o valor de 53 (+/-3,3)

pontos, enquanto no pós tratamento tem-se um valor correspondente a 57 (+/-3,7) pontos, sendo que

ambos indicam normalidade estando dentro do escore médio. O gráfico a seguir ilustra os resultados

descritos anteriormente referentes à parte I do teste PEDI.

0

10

20

30

40

50

60

Autocuidado Mobilidade Função Social

Áreas Avaliadas

Po

ntu

ação

Pré

Pós

Gráfico 1 - Escore Normativo da Área I do Teste PEDI

A análise da parte II referente à assistência do cuidador na área de autocuidado apresentou

no pré e pós intervenção fisioterapêutica, os valores respectivos 39,8 (+/-2,5) e 43,4 (+/-2,7) pontos,

o que classifica a criança como normal. Na área de mobilidade o valor obtido 25,5 (+/-2,8) pontos

no pré tratamento indica parâmetros inferiores ao da normalidade, no entanto no pós tratamento

obteve-se nota 33,7 (+/-3,8) pontos o que a classifica dentro dos valores de referência do teste

PEDI. Os valores encontrados na aplicação do teste na área de função social são 33,5 (+/-2,4) e

44(+/-15,2) pontos no pré e pós tratamento respectivamente. O gráfico abaixo corresponde aos

valores acima citados.

Page 26: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

22

0

10

20

30

40

50

Autocuidade Mobilidade Função Social

Áreas Avaliadas

Po

ntu

ação

Pré

Pós

Gráfico 2 – Escore Normativo da Área II do Teste PEDI

Na parte III do teste PEDI, que diz respeito às modificações do ambiente domiciliar,

segundo o responsável da criança em momento algum houve alterações no ambiente físico e nos

objetos de uso da criança.

DISCUSSÃO

Tendo como referência os valores protocolados pelo teste PEDI, após a intervenção

fisioterapêutica e a análise dos dados, constatou-se ganho clinicamente significativo em todas as

áreas avaliadas com valores entre 30 e 70 pontos. No entanto, segundo Mancini (2005), o esperado

é que as crianças brasileiras atinjam um escore médio de 50 pontos para caracterizar um

desenvolvimento significativo.

Na parte de habilidades funcionais referente à capacidade de autocuidado da criança houve

um aumento de 21,2 pontos para 34,3 pontos obtendo-se um aumento de 13,1 pontos, o que

clinicamente foi considerado bom, entretanto baseando-se no escore médio padronizado pelo teste

PEDI, de 50 pontos, esta pontuação é considerada insuficiente para proporcionar um

desenvolvimento significativo a criança.

Na área de mobilidade obteve-se um valor limítrofe ao escore médio de 48,1 pontos antes do

início tratamento, com aumento de 7,7 pontos após a intervenção somando 55,8 pontos. Com isso a

melhora além de clinicamente significativa atende aos padrões do escore médio do teste PEDI,

caracterizando um desenvolvimento adequado para essa área em relação a sua faixa etária.

O escore obtido na área função social, revelou-se satisfatório, pois além de já apresentar

valor acima de 50 pontos na pré intervenção fisioterapêutica, ainda teve um aumento de 4 pontos

com o término do tratamento.

Quanto ao aspecto autocuidado da parte II referente a assistência do cuidador a pontuação

foi de 39,8 pontos pré intervenção e 43,4 pontos pós intervenção, o que indica necessidade de uma

assistência moderada por parte do cuidador para tarefas como alimentar-se, higiene pessoal, vestir-

se entre outros.

No quesito mobilidade os valores aumentaram 7,8 pontos, indo de 25,5 pontos para 33,7

pontos, o que revela um aumento da sua independência para locomoção, facilitando a exploração do

meio, o que gera um melhor desenvolvimento neuropsicomotor mesmo sem atingir a média padrão

de 50 pontos.

Relacionado a área de função social podemos observar um aumento de 10,4 pontos entre o

período das avaliações. Essa diferença pode estar interligada ao aumento da mobilidade, pois com a

maior exploração dos ambientes sociais a criança necessita de uma maior comunicação perante a

Page 27: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

23

sociedade.

CONCLUSÃO

Esta síndrome não progressiva é caracterizada principalmente por múltiplas contraturas

articulares que geram limitação da mobilidade e rigidez. A mesma caracteriza-se por ser

multifatorial, podendo ser causada por vários motivos incluindo fatores genéticos, ambientais e

desconhecidos. O tratamento deve ser iniciado logo após o nascimento e estender-se por toda a vida

para prevenir e evitar o agravo das contraturas e compensações, afim de retardar ao máximo a

realização de cirurgias e oferecer independência, melhora na capacidade funcional e

consequentemente melhor qualidade de vida (SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN,

2002.).

Por ser uma síndrome rara há ausência de relatos na literatura torna trabalhoso o

desenvolvimento dos estudos sobre a AMC. Em contrapartida é um campo aberto para novas

investigações, sendo que se realizado de forma multidisciplinar e não limitado apenas à fisioterapia,

pode-se potencializar os ganhos neuropsicomotores.

Assim, o tratamento conservador objetivou avaliar o quanto a criança beneficiou-se com a

intervenção fisioterapêutica, mensurando através do teste PEDI as melhoras na área de autocuidado,

mobilidade e função social, sendo que os resultados obtidos pós tratamento foram todos

clinicamente significativos e dentro do intervalo de normalidade de magnitude entre 30 e 70 pontos,

o que confere a importância da fisioterapia no tratamento da AMC.

Ademais avaliamos o teste PEDI uma ferramenta eficaz no que se propõem. No entanto

julgamos que alguns itens da avaliação não são fidedignos, pois não caracterizam as diversas

situações clínicas, além de apresentar um erro padrão com variação elevada em alguns quesitos o

que torna discutível o resultado do teste.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUSCHINI, S.; CASTELO FILHO, A.; ISHIDA, A.;CHUEIRI, A. G. Ortopedia pediátrica. 2.

ed. São Paulo: Atheneu, 1998. 683 p.

MANCINI, M. C. Inventário de Avaliacao Pediátrica de Incapacidade (PEDI): Manual da

Versão Brasileira Adaptada. 1. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 193 p.

MOURA, E. W.; SILVA, P. A. C. Fisioterapia: aspectos práticos e clínicos da reabilitação. São

Paulo: Artes Médicas, 2005.

RATLIFFE, K. T.; OPPIDO, T. Fisioterapia: clínica pediátrica: guia para a equipe de

fisioterapeutas. São Paulo: Santos, 2002.

SACCANI, R.; UMPIERRES, C. S.; BASEGIO, C. Artrogripose Múltipla Congênita: um relato de

caso. Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, nº 116, jan. 2008.

SHEPHERD, R. B.; BUCKUP, H. T. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Santos, 2002.

SVARTMAN, C.; FUCS, P. M. M. B.; KERTZMAN, P. F.; KAMPE, P. A.; ROSSETI, F.

Artrogripose Múltipla Congênita: Revisão de 56 pacientes. Revista Brasileira de Ortopedia. vol.

30, p.1-2, 1995.

TECKLIN, J. S.; ALVES, A. M. B. Fisioterapia pediátrica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Page 28: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

24

Avaliação do equilíbrio e lateralidade em crianças pré-

escolares

Kélin Thomé1, Jean Pierre Alonso

1, Karla Monego

1, Filipe Carnauba Fogaça

1, Fátima Ferretti

2,

Rubia do Nascimento3.1

Resumo

O desenvolvimento motor (DM) é um processo de mudanças no nível de funcionamento de um

indivíduo, onde uma maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. O

objetivo deste estudo foi avaliar o DM de pré-escolares nas áreas de equilíbrio e lateralidade. A

amostra foi formada por 14 crianças entre 4 anos e 5 anos e 9 meses, sendo 09 do sexo masculino e

5 do sexo feminino, do Centro Educacional Mário Quintana do município de Chapecó, SC.

Utilizou-se para tanto da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto, cujos

testes de equilíbrio possuem ordem de apresentação crescente, partindo da idade cronológica da

criança. A idade motora baseia-se no sucesso ou no fracasso de cada tarefa. O teste de lateralidade

das mãos, olhos e pés permitem identificar se as crianças apresentam lateralidade destra, cruzada,

indefinida ou sinistra. Os resultados indicam que a média da Idade Cronológica (IC) e da Idade

Motora (IM) das crianças com 4 anos ficou em 56,4 e 60,0 meses, enquanto que as crianças com 5

anos a média ficou em 64,7 e 65,3 meses respectivamente. A média dos quocientes motores das

crianças com 4 anos ficou acima da média das crianças de 5 anos. A média da IC, IM e Quociente

Motor (QM) das 14 crianças do estudo ficou em 61,7, 63,4 e 102,9 meses respectivamente, sendo

que 42,8% das crianças obtiveram o QM identificado como Normal Médio e, deste percentual,

35,65% estão entre as crianças com 5 anos de idade. Com relação à lateralidade, a condição destra

foi a mais incidente, representada por 7 crianças (50%), enquanto que nenhuma criança apresentou

a condição sinistro completo. Neste contexto, destaca-se a importância deste instrumento de

avaliação do desenvolvimento de pré-escolares, para planejar intervenções com finalidade de

descobrir as reais necessidades das crianças em fase pré-escolar.

Palavras-chave: desenvolvimento motor, avaliação motora, pré-escolares.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor (DM) é considerado como um processo seqüencial, contínuo e

relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de

habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução

de habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH et alli, 2008).

A atividade motora é de suma importância no desenvolvimento global da criança. Através da

exploração motriz, ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. Um bom

controle motor permite a criança explorar o mundo exterior, justificando as experiências concretas

sobre as quais se constroem as noções básicas para o seu desenvolvimento. As possibilidades

motoras da criança evoluem amplamente de acordo com sua idade e chegam a ser cada vez mais

variadas, completas e complexas (AMATRUDA et al., 1999).

1Acadêmicos do curso de graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ.

2 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Unochapecó, Doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP,

Mestre em Educação na Ciências pela Unijuí. 3 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Unochapecó, Mestre em Ciências da Saúde Humana

Page 29: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

25

No DM há uma variabilidade individual entre as crianças e idades diferentes, bem como

entre crianças de uma mesma idade, entretanto existem características particulares que permitem

uma avaliação grosseira do nível e da qualidade do desenvolvimento. Com base nisso podemos

comparar o desenvolvimento de determinado lactente ou de determinada criança com aquele de

outras crianças da mesma idade ou em relação a certos critérios (MONDADORI, 2006).

Na infância o desenvolvimento motor se caracteriza por ampla aquisição de habilidades

motoras, que possibilita a criança a ter um domínio do seu corpo em diferentes posturas, se

locomover no ambiente de várias formas e também interagir com objetos de várias formas

(SANTOS et al, 2004).

A idade pré-escolar é uma fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras,

formas de movimento e primeiras combinações de movimento, que possibilitam a criança dominar

seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover-se pelo meio ambiente de

variadas formas (andar, correr, saltar, etc.). A base para habilidades motoras globais e finas é

estabelecida neste período, sendo que as crianças aumentam consideravelmente seu repertório

motor e adquirem os modelos de coordenação do movimento essenciais para posteriores

performances habilidosas (CAETANO et alli, 2005).

A aquisição de novas habilidades, conforme Biscegli (2007), relaciona-se à faixa etária e às

interações vividas com os outros indivíduos do seu grupo. A avaliação do desenvolvimento é,

portanto um processo individualizado, dinâmico e compartilhado com cada criança.

Segundo Gallahue et al. (2003), tais habilidades podem ser classificadas de acordo com sua

intenção nas quais todas as tarefas motoras envolvam o elemento equilíbrio. “Equilíbrio” é a

habilidade de um individuo manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando este é

colocado em várias posições. O equilíbrio é básico para todo movimento e é influenciado por

estímulos visuais, táteis, cinéticos e vestibulares.

Segundo Rosa Neto (2002), o equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos

segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome; tal gasto

energético poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares.

A lateralização, cujo termo vem do latim e quer dizer “lado”, tem sido tema para muitos

autores que se dedicam ao estudo da psicomotricidade, da linguagem e das dificuldades de

aprendizagem. É durante o crescimento que a lateralidade da criança se define naturalmente,

podendo, também, ser determinada por fatores sociais ainda muito marcantes nos dias de hoje em

nossa sociedade (PACHER et al., 2003).

A lateralidade constitui um processo essencial às relações entre a motricidade e a

organização intersensorial e representa a conscientização integrada e simbólica dos dois lados do

corpo, esquerdo e direito, pressupondo a noção de linha média. Dessa conscientização decorrerão as

relações de orientação frente aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela qual a lateralidade

vai interferir na aprendizagem escolar de maneira decisiva (BOBBIO et alli, 2006).

A importância do presente estudo justifica-se pelo fato de que o equilíbrio e a lateralidade

estão inclusos nos fatores psicomotores do desenvolvimento da criança, sendo de fundamental

relevância a avaliação dos mesmos para identificação de possíveis atrasos no DM de cada criança.

O objetivo deste trabalho é avaliar o DM de pré-escolares, com idade entre 4 e 5 anos nas

áreas de equilíbrio e lateralidade.

MATERIAL E MÉTODO

O presente estudo é caracterizado como uma pesquisa transversal. A amostra foi formada

por 14 crianças entre 4 anos (48 meses) e 5 anos e 9 meses, 09 do sexo masculino e 5 do sexo

feminino, sendo 5 crianças com 4 anos e 9 crianças com 5 anos, do Centro Educacional Mário

Quintana do município de Chapecó, SC. Para a avaliação do equilíbrio e da lateralidade das

crianças, utilizou-se a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002).

A EDM proposta por Rosa Neto (2002) e objeto deste estudo, foi estruturada com base no

DM de crianças de 2 a 11 anos. Para tanto, cada teste possui graus de dificuldade distintos entre si e

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26

que são apresentados em ordem de aumento progressivo, sendo a tarefa de 2 anos a mais simples e a

tarefa de 11 anos a mais complexa. Estes conjuntos de tarefas e/ou provas são muito diversificados

e têm o propósito de avaliar crianças com dificuldades na aprendizagem escolar, atrasos no

desenvolvimento neuropsicomotor, problemas de conduta, na fala, na escrita e em cálculo, e

alterações neurológicas, mentais e sensoriais. Esta escala é de fácil manejo para o examinador, já

que as provas são extremamente estimulantes para a criança e permitem avaliar a Idade Motora

(IM) e o quociente motor (QM) de cada criança, bem como a idade motora geral e o quociente

motor geral de um grupo de crianças.

Para dar início a coleta de dados, entrou-se em contato com a diretora do Centro

Educacional Mário Quintana no município de Chapecó-SC, para apresentar os procedimentos da

pesquisa e solicitar autorização. Posteriormente, foram agendados com as educadoras das crianças

os dias e horários para o início das avaliações. Em seguida foram entregues os Termos de

Consentimento Livre e Esclarecido às educadoras com o propósito das mesmas repassarem aos pais

das crianças.

As crianças cujos pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

participaram do estudo. Os termos seguiram a Regulamentação 196/96 do Conselho Nacional de

saúde.

A avaliação de cada criança realizou-se em uma sala de aula do Centro Educacional. Após,

explicava-se para cada criança o que seria feito para orientá-la e satisfazer sua curiosidade. Em

seguida, registravam-se os dados de identificação (nome, idade, sexo) e dava-se seqüência a

avaliação motora.

Para a avaliação do componente equilíbrio, foi utilizado como material um banco de 15 cm

de altura e um cronômetro sexagesimal. Cada prova foi iniciada com o teste correspondente à sua

Idade Cronológica (IC). Caso sucesso fosse obtido na tarefa, o teste da idade mais avançada era

apresentado. Se a criança não conseguisse realizar a prova referente à sua IC, a prova correlativa à

idade anterior era apresentada. Em caso de reprovação, o teste para este componente era finalizado

e iniciado o teste de lateralidade. Para o componente da lateralidade, foi usado uma bola, tesoura,

cartão de 15 cm x 25 cm com um furo no centro de 0,5 cm de diâmetro, folha de ofício, caneta e um

tubo de cartão. A seqüência do teste partiu da lateralidade das mãos, em seguida dos olhos e depois

dos pés.

Segue uma breve descrição dos testes por componente da motricidade:

Equilíbrio: equilíbrio com ambos os pés sobre um banco (2 anos), equilíbrio com um joelho no

chão e a outra perna flexionada à frente (3 anos), equilíbrio com o tronco flexionado (4 anos),

equilíbrio nas pontas dos pés com os olhos abertos (5 anos), equilíbrio com pé manco estático com

olhos abertos (6 anos), equilíbrio de cócoras (7 anos), equilíbrio com o tronco flexionado sobre as

pontas dos pés (8 anos), equilíbrio em um pé fazendo um quatro (9 anos), equilíbrio nas pontas dos

pés com os olhos fechados (10 anos), equilíbrio com pé manco estático com olhos fechados (11

anos). Somente a prova de 3 anos não foi realizada em cima do banco.

Lateralidade: lateralidade das mãos (3 provas – lançar uma bola, utilizar um objeto e

escrever, pintar ou desenhar), lateralidade dos olhos (2 provas – cartão furado e telescópio: sustentar

o cartão e o telescópio pelo braço estendido e aproximá-los lentamente do rosto em direção a um

dos olhos), lateralidade dos pés (1 prova – chutar uma bola: segurar a bola com umas das mãos,

depois soltá-la e chutá-la sem deixá-la tocar no chão).

O tempo em que às crianças deveriam permanecer em cada postura e o número permitido de

tentativas variou de teste para teste, seguindo o protocolo proposto por Rosa Neto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados em termos de média da Idade Cronológica (IC) e Idade Motora (IM), para o

componente de equilíbrio, expressos em meses, são encontrados na figura 1.

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27

52

54

56

58

60

62

64

66

4 anos 5 anos

IDADE CRONOLÓGICA

IDAD

E M

OTO

RA

Figura 1. Médias da Idade Cronológica e Idade Motora expressas em meses das crianças com 4 e 5

anos.

Os resultados apresentados na figura 1 para o componente de equilíbrio indicam que com o

aumento da IC da amostra ocorre um aumento da IM, demonstrando que as crianças do estudo com

IC maior foram capazes de desenvolver habilidades motoras mais significativas.

Em termos de média, observa-se que as crianças avaliadas estão se desenvolvendo dentro da

normalidade, pois o escore obtido em relação à IM do componente equilíbrio das crianças com 4

anos ficou em 60,0 meses, sendo 56,4 meses o escore da IC; e das crianças com 5 anos a média da

IM ficou em 65,3 meses e a IC em 64,7 meses. Gallahue e Ozmun (2002) destacam que as crianças

nesta idade (4 - 5 anos) devem receber estímulos no sentido de desenvolver ao máximo suas

habilidades básicas. Crippa (2003) refere que a infância é um período com necessidade de

socialização. Propõe ainda que não só o ambiente externo é importante para o desenvolvimento da

criança, mas principalmente o ambiente interno (família), pois é nele que se adquire estrutura

suficiente para outros ambientes.

De acordo com Caetano et alli (2005), com o avanço da idade, as proporções corporais

mudam, requerendo reorganização de todo o sistema, influenciando o desenvolvimento das

habilidades motoras e do comportamento motor. Além dos fatores de crescimento e maturação, a

experiência também contribui no processo de desenvolvimento.

Os testes de equilíbrio apresentados na Escala de Desenvolvimento Motor requerem

movimentos do corpo e/ou dos membros para atingir as metas da tarefa. Essa característica indica

que estamos nos referindo a um determinado grau de dificuldade na execução dos testes propostos.

Neste contexto, destaca-se que as crianças conseguiram atingir uma média da IM maior que a média

da IC, apesar do grau de dificuldade dos testes propostos.

Na tabela 1, apresentada a seguir, demonstram-se os resultados em termos de média da IC,

IM e Quociente Motor (QM), além dos valores mínimos e máximos, do grupo das 14 crianças da

amostra.

Tabela 1 – Média, Mínima e Máxima da IC, IM e QM das crianças do estudo.

Média Mínimo Máximo

Idade Cronológica em meses 61,7 54 69

Idades Motoras

Equilíbrio 63,4 48 108

Quocientes Motores

Equilíbrio 102,9 69,5 163,6

Observando os resultados apresentados para o componente equilíbrio, referente às 14

crianças do grupo, verifica-se que a média da IM (63,4 meses) ficou 1,7 meses acima da média da

IC (61,7), permitindo destacar, em termos de média, um desempenho dentro da normalidade quanto

Page 32: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

28

ao equilíbrio das crianças.

Rosa Neto (2002) quando realizou sua pesquisa com pré-escolares de 4 e 5 anos de idade

verificou que, somente em relação ao equilíbrio, as crianças ficaram abaixo do esperado, pois

apresentaram média de 51,75 meses para IM e média de 56,56 para a IC. Comparando os resultados

desta pesquisa com os da pesquisa de Rosa Neto, verifica-se que as crianças deste estudo

apresentaram possivelmente melhor desempenho na área de equilíbrio.

Um estudo sobre avaliação do equilíbrio em pré-escolares da mesma faixa etária desta

pesquisa que praticam atividades recreativas nas aulas de Educação Física, constatou que as

crianças também estão se desenvolvendo dentro da normalidade, já que os resultados da IC e da IM

ficaram em 57,21 e 60,0 respectivamente. Segundo Rodrigues (2000), as crianças nesta idade (4-5

anos) devem vivenciar atividades que contenham brincadeiras envolvendo aspectos ligados à

coordenação do movimento e do equilíbrio corporal. Com relação à média do QM, as crianças

apresentaram escore de 102,9; o que permite classificar o grupo no perfil motor Normal Médio.

Tanto as crianças com 4 anos como as de 5 anos, obtiveram a mesma classificação para perfil motor

(Normal Médio).

Entretanto, a média dos quocientes motores das crianças com 4 anos ficou acima da média

das crianças de 5 anos (106,7 e 100,9 respectivamente). Esta constatação pode estar relacionada ao

fato de que, por volta dos 5 e 6 anos de idade, a criança passa por instabilidades no desempenho de

tarefas do equilíbrio. Por outro lado, sabe-se da importância da quantidade e da qualidade das

experiências motoras, pois as oportunidades que a criança tem para explorar o ambiente e suas

próprias potencialidades geram experiências, que podem afetar a aquisição e o aprimoramento de

habilidades motoras (GALLAHUE et al., 2003).

Conforme Silveira et al (2005), o ritmo de aquisição de habilidades motoras nas idades de 2

a 6 anos difere de criança para criança, permitindo que o início do DM não se deva apenas à

maturação neurológica, mas também a um sistema auto-organizado que envolve a tarefa, o

ambiente e o indivíduo.

Sendo assim, sugere-se que as crianças com 5 anos podem não ter vivenciado experiências

motoras suficientes que permitissem alcançar um quociente maior que as crianças de 4 anos nos

testes de equilíbrio.

A média do QM das 14 crianças do estudo, apresentada na tabela 2 contempla o alto índice

de crianças que obtiveram o QM dentro do padrão Normal Médio, conforme a classificação.

Esta classificação sugere que há uma variabilidade manifestada pela distribuição dos

quocientes motores em relação ao nível do componente equilíbrio apresentado por cada criança.

Ao analisar os dados apresentados pela tabela 2, constata-se que o maior percentual (42,8%)

de pré-escolares encontra-se no nível de DM classificado como Normal Médio. Constata-se também

que, em se tratando das outras 8 crianças do estudo, 4 obtiveram desempenho classificado entre

Normal Baixo a Inferior e 4 entre Normal Alto a Muito Superior.

Tabela 2 - Classificação dos quocientes motores em relação ao equilíbrio das 14 crianças.

Classificação Freqüência Percentual

Muito Superior 2 14,2%

Superior 1 7,1%

Normal Alto 1 7,1%

Normal Médio 6 42,8%

Normal Baixo 2 14,2%

Inferior 2 14,2%

Muito Inferior - -

As diferenças de desenvolvimento no comportamento motor são provocadas por fatores

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29

próprios do indivíduo, ambiente e da tarefa em si. Assim, um meio primário pelo qual esse processo

pode ser observado é o estudo das alterações no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida

(GALLAHUE et al., 2003).

A exploração do ambiente e das próprias potencialidades da criança gera experiências, que

podem afetar o índice de aparecimento de certos padrões de comportamento, privilegiando mais um

componente da motricidade do que outro (CAETANO et alli, 2005).

Comparando as crianças de 4 anos com as de 5 anos, percebe-se que as primeiras

apresentam uma distribuição variável quanto à classificação do QM, enquanto as segundas

obtiveram a mesma distribuição, porém, com um alto índice do QM classificado como Normal

Médio, visto na tabela 3.

A tabela 3 apresenta os índices referentes aos quocientes motores das crianças de 4 e 5 anos.

Percebe-se nesta divisão que as duas crianças com classificação mais baixa (Inferior) estão entre as

crianças com 5 anos. Estas crianças, nos testes propostos para o componente de equilíbrio, não

conseguiram realizar a prova referente à sua IC, revelando atraso para este componente.

Tabela 3 – Classificação dos quocientes motores referentes às crianças de 4 e 5 anos em relação ao

equilíbrio.

Classificação Crianças (4 ANOS) Crianças (5 ANOS)

Muito Superior 1 1

Superior 1 -

Normal Alto - 1

Normal Médio 1 5

Normal Baixo 2 -

Inferior - 2

Muito Inferior - -

Na execução dos testes para estas duas crianças, pode-se observar possibilidade de fraqueza

muscular em membros inferiores, pois as mesmas necessitavam de um maior tempo de recuperação

entre um teste e outro ou entre uma tentativa e outra (em caso de precisar de mais de uma tentativa),

sendo que uma delas apresentava também tremores em membros inferiores, demonstrando fadiga

muscular, o que dificultou ainda mais a prova por se tratar de testes de equilíbrio.

Com o avanço da idade, as proporções corporais mudam, requerendo reorganização de todo

o sistema, influenciando o desenvolvimento das habilidades motoras e do comportamento motor

(CAETANO et alli, 2005).

Segundo Willrich (2008), o desenvolvimento motor atípico, não se vincula, obrigatoriamente

a alterações neurológicas e estruturais. Nesse sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico,

ou que se apresentam com riscos de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os

problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase adulta. Além

disso, atrasos motores freqüentemente associam-se a prejuízos secundários de ordem psicológica e

social, como baixa auto-estima, isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultam a

socialização de crianças e o seu desempenho escolar.

Segundo Fonseca (1998) a criança manifesta um estado dialético de hipertonia com grande

importância nas aquisições motoras, sendo que uma forte tonicidade das pernas favorece a aquisição

do equilíbrio na posição de pé, enquanto que a fraca tonicidade favorece aquisições de outra ordem.

Em relação à lateralidade dos pré-escolares (figura 2), verificou-se que a condição destra

(DDD) é a mais incidente, representada por um percentual de 50% (7 crianças) para as crianças que

realizaram os testes das mãos, dos olhos e dos pés. Um percentual de 35,7% (5 crianças) aponta

para lateralidade cruzada (DED/EDE/DDE) e 14,3% (2 crianças) para lateralidade indefinida

(DDI/EEI/EID). Por outro lado, nenhuma criança demonstrou apresentar lateralidade sinistro

Page 34: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

30

completo (EEE).

Figura 2 – Lateralidade das crianças que realizaram o teste das mãos, dos olhos e dos pés.

Rosa Neto et alli (2007), em estudo com 31 crianças entre 6 e 13 anos de idade, encontrou

os seguintes resultados com relação à lateralidade: 51,6% dos escolares foram identificados como

“destro completo” e 38,7% das crianças apresentaram lateralidade “cruzada”. Lateralidade

“indefinida” foi identificada em 3 crianças do sexo feminino, 2 das quais com 11 anos de idade, fato

que merece atenção devido ao atraso na definição de sua lateralidade.

Os achados na pesquisa de Rosa Neto et alli (2007) confirmam os resultados desta pesquisa

onde prevaleceu a lateralidade destra, seguida da lateralidade cruzada e por último a lateralidade

indefinida. A avaliação da lateralidade das crianças desta pesquisa não aponta para nenhum caso de

sinistro completo. A literatura encontrada para discussão dos outros tipos de lateralidade explica o

resultado encontrado para lateralidade sinistra.

Segundo Oliveira (1997) a supremacia da destralidade pode ser explicada por alguns fatores

tais como: transmissão hereditária, hipótese da dominância cerebral e influência do meio

educacional. Na hereditariedade, a destralidade tem um caráter dominante; a dominância cerebral

funciona de forma cruzada isto quer dizer que no destro encontramos uma dominância do córtex

cerebral esquerdo e no canhoto uma dominância do córtex cerebral direito, existindo, portanto uma

correlação entre a preferência lateral e o domínio hemisférico com prevalência do hemisfério

esquerdo. Já a influência do meio educacional sugere que a lateralidade se dá através do

aprendizado, o qual também favorece o destro.

Pesquisas apontam que, aproximadamente, 98% da população têm dominância do

hemisfério esquerdo. Como conseqüência, são poucos os casos de sinistros ou de dominância

cerebral direita. Segundo o que a literatura científica tem mostrado, o sinistro tem, nos movimentos

habitualmente coordenados, uma função de apoio no jogo complementar de ambas. O predomínio

motor pode mudar de acordo com a atividade a ser desempenhada. O destro bem lateralizado

apresenta dominância no hemisfério esquerdo, o que parece não ser totalmente aceito para o caso

oposto (PACHER et al., 2003).

Outra hipótese para a prevalência de destros é citada por Oliveira (1997). O meio ambiente

em que vivemos foi feito pelo e para o destro, desde objetos mais simples como tesoura, régua,

cartas de baralho, algumas espécies de carteiras em sala de aula, até mesmo a escrita. Ela é realizada

da esquerda para a direita e de cima para baixo e isto favorece o destro.

De acordo com Oliveira (1997), estudos apontam que a dificuldade em aprender os

conceitos de direita e esquerda, o não conhecimento de sua dominância cerebral e o

comprometimento na leitura e na escrita são fatores para a criança apresentar lateralidade cruzada.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

DDD DED/EDE/DDE DDI/EEI/EID

de

cri

an

ça

s

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31

A lateralidade cruzada indica que muitas crianças podem apresentar destralidade contrariada (um

destro usando a mão esquerda) e sinistralidade contrariada (um sinistro usando a mão direita). Do

mesmo modo, a pressão exercida sobre as crianças representada pelos pais para a destralidade,

acaba direcionando a criança a utilizar a mão direita. Isto se verifica também na escola, onde muitos

professores também tendem a dirigir a mão de seus alunos. Assim, essa criança, que tem potencial

para ser sinistro, acaba tendo lateralidade cruzada.

O baixo índice de crianças para lateralidade indefinida apresentada nos resultados contradiz

a afirmação de Crippa (2003) apud Zazzo e Rodrigues (2000). O cérebro se desenvolve no sentido

de direcionalidade e lateralidade a partir dos 6 anos quando os hemisférios esquerdo e direito

passam a ocupar-se de funções diferentes e bem-definidas e elas aprendem a usar os conceitos de

direita e esquerda, em cima e embaixo, para um lado ou para o outro. De acordo com tais autores, as

crianças abaixo de 6 anos, deveriam apresentar na sua maioria lateralidade indefinida, pois elas

ainda não tem desenvolvido o sentido de direcionalidade e lateralidade pelo cérebro. O resultado

para lateralidade indefinida nesta pesquisa, não foi maioria, apenas duas crianças (5 anos)

apresentaram lateralidade indefinida (tabela 4).

Segundo Crippa (2003) apud Le Boulch e Carilho (2002), a lateralidade normalmente

consolida-se através da prática de atividades globais e jogos. Como existe uma variabilidade

individual de criança para criança e entre idades diferentes, sugere-se que as crianças com 5 anos

que apresentaram lateralidade indefinida praticam menos atividades deste tipo, comparadas com as

outras crianças do estudo.

A tabela 4 indica a distribuição dos tipos de lateralidade em relação à idade das crianças que

participaram da pesquisa. Comparando os resultados de uma idade com a outra, percebe-se que

apenas na lateralidade indefinida há níveis de significância para análise e discussão.

Tabela 4 - Classificação dos tipos de lateralidade referente às crianças de 4 e 5 anos em relação ao

equilíbrio.

Classificação Crianças (4 ANOS) Crianças (5 ANOS)

DESTRA 3 4

CRUZADA 2 3

INDEFINIDA - 2

SINISTRA - -

Tal resultado apresentado na tabela 4 para lateralidade indefinida sugere que as duas

crianças de 5 anos ainda não desenvolveram o sentido de direcionalidade e lateralidade do cérebro

ao qual se estabelece a partir dos 6 anos (GALLAHUE et al., 2003). Da mesma maneira, seria

incorreto afirmar que todas as outras crianças já apresentam tal sentido. As próprias potencialidades

e a personalidade de cada criança parece ser a explicação mais cabível para justificar tal fato.

Esta indefinição quanto ao tipo de lateralidade ou a distribuição entre destralidade,

lateralidade cruzada, indefinida e sinistralidade nas crianças de 4 e 5 anos, mostrada na tabela 4, é

compreendida por meio da afirmação de Oliveira (1997), o qual propõe que a dominância

propriamente dita e a conseqüente definição por este ou aquele tipo de lateralidade se encontra entre

os cinco e sete anos de idade. Sendo assim, é normal haver uma distribuição da lateralidade entre as

crianças com idade inferior a 5 anos.

CONCLUSÃO

Os resultados em relação ao componente da motricidade equilíbrio, no que diz respeito às

idades motoras apresentaram-se dentro da normalidade para ambas as idades das crianças. Quanto

ao perfil motor, podê-se verificar que a grande maioria das crianças encontra-se na classificação

normal médio. Nos resultados para a lateralidade, conclui-se que, independente da idade ao qual a

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32

lateralidade começa a se estabelecer e os fatores influenciadores para a definição por esta ou aquela

lateralidade, a prevalência pela destralidade foi encontrada no presente estudo.

Sobre a comparação entre as idades, percebeu-se que a aquisição de habilidades motoras

está relacionada com a quantidade e a qualidade de experiências motoras as quais cada criança,

individualmente, vivencia.

A presente avaliação pode favorecer o entendimento do processo de desenvolvimento motor das

crianças, permitindo que os profissionais envolvidos com a educação infantil consigam avaliar e

intervir neste por meio de atividades que dêem conta das necessidades dos alunos no que tange ao

desenvolvimento motor.

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Page 38: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

34

Concepção de saúde e qualidade de vida para idosos

institucionalizados

Caroline Pansera1; Camila Aparecida de Campos Pinto

1; Elisa Zanella

1; Kéuri Dalmoro

1; Victor

Bernardi1; Fátima Ferretti

2.

Resumo

Introdução: O envelhecimento populacional tem aumentado consideravelmente, não só nos países

desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento. Objetivo: Analisar os significados de

saúde e qualidade de vida (vida boa para idosos) em uma Instituição de Longa Permanência (ILP)

do município de Chapecó – SC. Metodologia: A Pesquisa foi qualitativa e descritiva. Para a coleta

dos dados foram aplicados o Mini-Exame de Estado Mental (MEEM), um questionário com

perguntas abertas contendo dados pessoais e perguntas sobre o que significa saúde e qualidade de

vida (vida boa para o grupo e a análise de dados através de categorias analíticas. A amostra foi 07

idosos com idades entre 73 e 93 anos. Resultados: Quanto à concepção de saúde os idosos

estabeleceram as seguintes categorias analíticas, estar saudável é ter bem-estar físico, ter atitude de

prevenção e cuidado consigo mesmo e não ter doença e, destacaram a espiritualidade como um fator

fundamental e, no que tange a qualidade de vida as categorias estabelecidas foi ter saúde para

afirmar uma vida boa, manter os relacionamentos interpessoais e realizar atividades de lazer.

Conclusão: A partir dos resultados obtidos nesse estudo foi possível identificar que o entendimento

dos idosos institucionalizados sobre saúde e qualidade de vida está centrado num conceito focado

na necessidade de se manter autônomo e independente, para tanto considerando que estão reclusos

no ambiente institucionalizados, vivem sem sentir-se saudáveis.

Palavras Chaves: Envelhecimento, Institucionalização, Saúde do Idoso e Qualidade de Vida.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional tem aumentado consideravelmente, não só nos países

desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento. No Brasil, o número de idosos com 60

anos ou mais era de 17 milhões em 2006 e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020 (VERAS,

2007; LIMA-COSTA E VERAS, 2003; CARVALHO E GARCIA, 2005; DARVIN et al., 2004;

SOUSA et al., 2007) sendo o 6º país em número de idosos6. Além de investigar e determinar o

ritmo desta tendência populacional há também uma preocupação de estudar a qualidade do

envelhecimento, para que se projetem intervenções efetivas no processo de envelhecimento

saudável (FLECK et al, 2006)

A situação familiar do idoso no Brasil sofre os efeitos deste processo cumulativo, tanto nas

questões socioeconômicas, demográficos e de saúde ao longo dos anos e, observa-se que o tamanho

da prole, as separações, o celibato, a mortalidade, a viuvez, os recasamentos e as migrações, vão

originando, no desenvolver das décadas, tipos de arranjos familiares e domésticos, onde o morar

sozinho, com parentes ou em asilos, pode ser o resultado desses desenlaces (SOUZA, GALANTE E

FIGUEIREDO, 2003).

1Acadêmicos do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó. Av. Senador Attílio Fontana, 591E. 89809-000

Chapecó – SC 2 Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Cruz Alta, pós-graduada em Metodologias de ensino na área da Saúde,

pela FEEVALE, em Novo Hamburgo RS, mestre em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul e doutoranda pela UNIFESP, no programa de Saúde Coletiva

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35

As instituições de longa permanência surgem neste contexto como uma possibilidade de

cuidado aos idosos, porém o que acontece é que o idoso institucionalizado constitui, quase sempre,

um grupo privado de seus projetos, pois se encontra afastado da família, da casa, dos amigos, das

relações nas quais sua história de vida foi construída

(FREIRE E TAVARES, 2005). Os

determinantes sócio-econômicos e afetivos desempenham um papel central na determinação da

saúde de indivíduos e população (LIMA-COSTA et al., 2003).

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde é definido como um

completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença10

. Neste

contexto, saúde e doença configuram processos compreendidos como um continuum, relacionados

aos aspectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida (SEIDL E

ZANNON, 2004). Portanto, saúde é a capacidade de um indivíduo ou de um grupo de continuar

exercendo funções em seu meio físico e social, contribuindo para a sociedade e interagindo com ela

(PAPALÉO, 2005).

Já a definição de qualidade de vida (QV) está relacionada com a busca contínua de uma vida

saudável, e abrange diferentes componentes como capacidade funcional, estado emocional,

atividade intelectual, interação social, situação econômica, autoproteção de saúde (SANTOS et al.,

2002), bem-estar, felicidade, satisfação com a vida e auto-estima (BOWLING et al., 2003). Trata-se

de um conceito subjetivo que depende das experiências vividas e sentidas por cada indivíduo.

O termo QV relacionada à saúde é muito freqüente na literatura e tem sido usado com

objetivos semelhantes à conceituação mais geral (SEIDL E ZANNON, 2004). Porém os

instrumentos utilizados para avaliar a QV de um modo geral não se adaptam aos idosos, muitas

vezes porque têm um caráter unidimensional (VECCHIA et al., 2006), contradizendo o

entendimento sobre o idoso como um ser humano único de características multidimensionais

(MONTEIRO, 2001; VIEIRA, 1996; JACOB FILHO E AMARAL, 2005).

Compreendendo a saúde e QV como conceitos subjetivos, torna-se importante conhecê-los

sob o olhar do idoso, para nortear intervenções e políticas em saúde que interfiram no processo de

envelhecimento bem sucedido.

Neste sentido, o objetivo deste estudo foi conhecer a concepção de saúde e qualidade de

vida para idosos institucionalizados de um município de Santa Catarina.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado em um Centro de Convivência

Integral (CCI) no município de Chapecó/SC. Participaram deste estudo 16 sujeitos de ambos os

sexos, residentes do CCI, com idade igual ou superior de 70 anos.

Foram incluídos ao estudo apenas os sujeitos que apresentavam no Mini-Exame de Estado

Mental (MEEM) (VIEIRA, 1996) escore superior a 18 para analfabetos e 21 para indivíduos com

um a três anos de escolaridade e 24 para indivíduos com quatro a sete anos de escolaridade,

assegurando-se que os participantes do estudo não apresentassem comprometimento cognitivo,

facilitando no desenvolvimento das entrevistas.

Pós avaliação do cognitivo e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido para

pesquisa foi realizada uma entrevista semi-estruturada com 10 questões norteadoras quanto ao viver

na instituição e o entendimento de saúde e qualidade de vida. As entrevistas foram gravadas e,

posteriormente, transcritas de forma literal. Durante as entrevistas, observaram-se os aspectos éticos

e legais segundo a Resolução n° 196/96 na realização de pesquisa com seres humanos.

Foram estudados os significados de saúde e qualidade de vida segundo as respostas obtidas

dos idosos institucionalizados, mediante as perguntas: “Na opinião do (a) senhor (a) o que é ter

saúde e para ter saúde a pessoa precisa de quê, e o senhor (a) se sente com saúde? Por quê?”; e “O

que é para o senhor (a) uma vida boa? E o que mais contribui para que sua vida seja boa?”.

A análise e interpretação dos resultados foram realizadas de forma descritiva, de acordo com

uma abordagem dialética que atua em nível dos significados e das estruturas, entendendo como

ações humanas objetivadas e, logo, portadoras de significado. Depois, dividiram-se as unidades de

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36

análises em categorias de temas afins (MINAYO E SANCHES, 1993).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados sete idosos institucionalizados, de ambos os sexos, os quais obtiveram

escores adequados quanto ao MEEM. Quanto ao gênero quatro homens e três mulheres, com idade

média de 79,5 anos de idade, variando entre 73 e 93 anos.

Quanto a escolaridade, três eram analfabetos, dois até 3 anos de escolaridade e dois com até

6 anos de escolaridade. Para o tempo de institucionalização, três com 3 anos, dois com 4 anos, um

com 8 anos e um com 1 mês de permanência na instituição. A respeito do estado marital, quatro são

solteiros, dois são viúvos e um é separado.

Estes dados condizem com a amostragem na faixa etária longeva e também com números

característicos da instituição asilar que é receber idosos com idade cronológica igual e/ou acima de

70 anos, solteiros ou viúvos, com baixo grau de escolaridade (MARIN E ANGERAMI, 2002)

Foram entrevistados mais idosos do sexo masculino do que feminino, contradizendo os

dados do IBGE (2007) onde a expectativa de vida das mulheres é de 76 anos e dos homens 69 anos

(IBGE, 2009).

O que pode justificar este achado é que o processo de industrialização, a mulher que antes

desempenhava papéis definidos dentro do grupo doméstico, começa a exercer funções externas que

a deslocam desse grupo e a obrigam a acumular outras atividades, o fato de ingressar no mundo do

trabalho não isenta a mulher de seus antigos papéis, já que ela acaba acumulando funções para

manter e reproduzir o núcleo familiar (MOURA, 2007). O que ocorre atualmente é uma inversão de

papéis sociais nas famílias brasileiras, já que os filhos adultos dependem mais dos seus velhos pais

para várias tarefas principalmente, da mulher para cuidar dos netos e manter a casa (PEIXOTO,

2007). Uma das causas mais freqüentes de institucionalização do sexo masculino é o abandono

familiar pelo alcoolismo (MOURA, 2007).

Nos últimos anos várias pesquisas sobre a satisfação do idoso estão associadas à perda do

controle emocional, sentimentos de solidão, sejam pela perda do cônjuge ou a partida dos filhos,

percepção de afastamento e desamparo, incerteza em relação ao futuro, auto-exclusão, por não se

achar apto a participar da sociedade moderna, e o cotidiano imerso nos conflitos familiares,

situações características da mudança do seu estado anterior, decorrente da perda da sua autonomia e

independência (RIBEIRO E SCHUTZ, 2007).

Para a pergunta referente à saúde, emergiram as seguintes categorias analíticas, expostas em

ordem decrescente quanto à presença nos relatos dos indivíduos:

Categoria 1 – Bem-estar físico (cinco idosos): significa ter autonomia, independência,

capacidade funcional; ter habilidade necessária para realizar determinadas atividades sozinho como:

higiene pessoal, deambulação, trabalhos domésticos. “Saúde é tudo. Se não tem saúde não se faz

nada. Se tem saúde... aonde tu qué tu vai. Também o cara quanto mais trabalha mais feliz fica

porque tem saúde” (V.F., 73 anos). “Pra ter saúde precisa ter forca, caminhar, tomar banho

sozinha.” (M.N., 82 anos). “Pra mim saúde é tudo, é poder andar, sair e não precisar dos outros...

aqui eu varro a calçada toda manhã, faço o que eu posso.” ( O.R.A., 76 anos).

Ribeiro e Schutz (2007) explicam que para os idosos sentirem-se realizados e valorizados

pessoal e socialmente, é fundamental que estejam inerentes ao sentimento de ser útil, para poderem

construir uma auto-imagem positiva de si mesmos. O valor socialmente reconhecido do trabalho

garante aos idosos um lugar de destaque na vida do indivíduo. Para alguns autores (VELOZ et al.,

1999) o trabalho aparece como aquilo que foi uma das principais habilidades que devido à

diminuição das capacidades físicas, à conseqüente lentidão na execução das atividades diárias,

coloca o idoso num segundo plano quanto à vida social. Alves (2007)

destaca que o

comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para a família, a

comunidade, para o sistema de saúde e para a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade

ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para a diminuição do bem-

estar e da qualidade de vida dos idosos.

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37

Categoria 2 – Prevenção e cuidados (quatro idosos): significa adotar hábitos saudáveis

(não fumar, não beber, não usar drogas, alimentação balanceada). “Para ter saúde tem que se

cuidar. Tenho saúde porque me cuido e me sinto bem.” (V.F., 73 anos). “Sempre me senti bem, com

saúde... me alimento bem, tomo meu chimarrão” (I.C., 74 anos). “... não sô de come muito, tem

gente que come muito e fica muito gordo e não faz bem” (L.D., 93 anos).

Aguiar e Nascimento (2005) descrevem a saúde como uma condição decorrente do estilo de

vida de cada um, reduzida à responsabilidade individual no seguimento de hábitos que garantiriam

uma vida com saúde, na medida em que esta é mantida por um estilo certo de viver, considerado

saudável, que o modelo biomédico enfatiza como sendo capaz de proteger a saúde e prolongar a

vida das pessoas. No estudo de Ramos (2002), são citadas informações que explicam que as pessoas

vivendo sob a pobreza estão mais expostas que os grupos de alto status sócio-econômico, para

riscos físicos, químicos e bioquímicos, biológicos e psicológicos que afetam a saúde e que s estilos

de vida que promovem uma existência sadia são mais típicos em classes altas, pois desfrutam de

recursos para manter um estilo de vida saudável.

Categoria 3 – Ausência de doença (três idosos): significa que saúde é não estar com

alguma patologia instalada; não apresentar dor e outros sintomas. “Sempre me senti bem, com

saúde, só quando coloquei os dentes doeu um pouco, ai não tava bem.” (I.C., 74 anos). “Saúde é a

gente se sentir bem, não ter dor nenhuma... pra ter saúde não tem que ter nada de mal, nada de

ruim, nada doendo.” (A.S., 81 anos).

Outro estudo (FREIRE E TAVARES, 2005) também encontrou este conceito de saúde para

idosos institucionalizados, ressaltando que muitos desses idosos são portadores de doenças crônicas

incapacitantes e apresentam sintomas álgicos com freqüência. Por outro lado, Ramos (2003) ressalta

que nem todos os idosos ficam limitados por essas doenças, e muitos levam vida perfeitamente

normal, com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação na vida, sendo considerado um

idoso saudável.

Categoria 4 – Espiritualidade (dois idosos): aspectos referentes à religião e fé. “Saúde é ta

tudo perfeito e que Deus me ajudou a ter...” (M.N., 82 anos). “Ter saúde é viver bem em primeiro

com Deus.” (O.R.A., 76 anos).

Para Freire e Tavares (2005) é inegável o papel desempenhado pela religião no

enfrentamento das exigências da velhice, facilitando a aceitação das perdas, sendo, por isso, um dos

recursos utilizados em situações difíceis. Mynaio (1998) afirma que a religião está presente nas

explicações sobre saúde/doença, onde a característica fundamental é a relação intrínseca entre a fé e

a graça. A relação religiosa está referenciada nas dificuldades do cotidiano e visa a prática, o

resultado concreto: ela traz para perto o milagre e o torna parte do cotidiano, como solução, às

vezes única, para as agruras do dia-a-dia.

Para a pergunta referente à qualidade de vida, surgiram as seguintes categorias analíticas,

também expostas em ordem decrescente quanto à ocorrência nos relatos dos indivíduos:

Categoria 1 – Ter saúde (cinco idosos): aspectos relativos ao conceito de saúde (bem-estar

físico, social e psicológico), adotar hábitos saudáveis. “É ter saúde, não ter nada de ruim.” (A.S.,

81 anos). “É te saúde né. Tenho uma vida boa porque tenho saúde. Nunca fui de come muito, tomo

chimarrão, dizem que tem que toma muita água, dae eu tomo chimarrão né que é bom também”

(L.D., 93 anos). “É ter saúde, porque sem saúde tu não pode fazer nada... comer bem...” (O.R.A.,

76 anos).

A QV foi definida como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto

da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações” (SKEVIGTON et al., 2004). Por outro lado, muitas pessoas procuram

associar qualidade de vida com o fator saúde. Nesse sentido, saúde, independente de qualquer

definição idealista que lhe possa ser atribuída, é produto das condições objetivas de existência.

Diferente deste resultado, em outro estudo (VECCHIA et al., 2004) obteu-se um maior número de

respostas relacionando a qualidade de vida com situações referentes a relações interpessoais.

Categoria 2 – Manter os relacionamentos interpessoais (três idosos): ter um bom

convívio com todos (vizinhos, amigos e família); fazer novas amizades. “Viver entre amigos,

Page 42: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

38

receber visitas... estar entre os amigos e entre as pessoas que me cuidam, enfermeiros e médicos.”

(G.R.). “... viver de bem com as pessoas, sem brigas, porque pra que brigar né, a gente não pode

brigar com as pessoas, não precisa.” (O.R.A.).

A amizade é algo de muito valor dentro da instituição. Acostumados à distância da família,

os idosos se adaptaram e fomentaram uma nova concepção de família, muito mais que laços

sanguíneos, os novos laços de afetividade são provas de que o carinho e o respeito estão próximos

(SOMCHINDA E FERNANDES, 2003). Viver em um ambiente acolhedor, muito mais que a

própria família, os amigos são tão importantes para a continuidade da vida, tornando-a mais

prazerosa (SALGADO, 1982).

Categoria 3 – Atividade de lazer (dois idosos): entretenimento, atividades de diversão:

jogar baralho, encontrar amigos, sair e passear. “Jogar baralho, estar fazendo alguma coisa, sair

com os meus parentes quando pode né, que moram aqui pertinho.” (I.C.). “Vida boa é sair um

pouco, passear pra cá e pra lá, eu acho que é isso ai porque fica amarrado como um cachorro não

é vida.” (M.N.).

O estudo de Gáspari e Schwartz (2005) que identificou aspectos emocionais na percepção de

idosos, durante vivências no lazer, concluiu-se que experiências emocionais significativas no

âmbito do lazer, contribuem para o processo de desenvolvimento humano, ao longo de todo seu

período vital, bem como, para a elevação dos patamares qualitativos de vida da população.

De acordo com os resultados apresentados e discutidos com a literatura, as concepções de

saúde e QV para os idosos institucionalizados consistem numa associação destes dois conceitos,

pois consideram que o conceito QV está relacionado com ter saúde, e a concepção de saúde para a

maioria dos idosos é o bem-estar físico, ter autonomia e independência para realizar sua atividades

de vida diária (AVD´s) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD´s) mesmo tendo alguma

patologia instalada. Isso mostra que o Segundo conceito de saúde preconizado pela OMS mostra-se

inadequado para descrever o universo de saúde dos idosos, já que a ausência de doenças é privilégio

de poucos, e o completo bem-estar pode ser atingido por muitos, independentemente da presença ou

não de doenças (RAMOS et al., 1993).

Na verdade, o que está em jogo na velhice é a autonomia, ou seja, a capacidade de

determinar e executar seus próprios desígnios. Qualquer pessoa que chegue aos oitenta anos capaz

de gerir sua própria vida e determinar quando, onde e como se darão suas as atividades de lazer,

convívio social e trabalho (produção em algum nível), certamente será considerada uma pessoa

saudável. Pouco importa saber que essa mesma pessoa é hipertensa, diabética, cardíaca e que toma

remédio para depressão infelizmente uma combinação bastante freqüente nessa idade. O

importante é que, como resultante de um tratamento bem-sucedido, ela mantém sua autonomia, é

feliz, integrada socialmente e, para todos os efeitos, uma pessoa idosa saudável (RAMOS, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o resultado obtido nesta pesquisa é importante salientar que os profissionais

da saúde envolvidos com idosos institucionalizados precisam utilizar propostas metodológicas de

intervenção voltadas para a manutenção da capacidade funcional desses indivíduos, que trará mais

independência nas atividades de vida diária e, consequentemente melhorará a qualidade de vida e a

saúde destes idosos, pois se considerarmos o contexto no qual vivem reclusos nas casas de longa

permanência, não se sentem autônomos e livres, nem sentem saudáveis.

O profissional fisioterapeuta juntamente com uma equipe, tem um papel de grande

relevância em todos os níveis de atenção a saúde, mas principalmente na prevenção, trabalhando

com estratégias de prevenção, mantendo a autonomia e independência dessa parcela da população

que a cada dia que passa aumenta.

É de grande importância realizar estudos com idosos, principalmente institucionalizados,

pois esta parcela de população já figura como um grupo excluído e, portanto permitir que estes

tenham um espaço para socializar como vivem nestes ambientes torna-se relevante para o

planejament de estratégias que melhorem a condição de vida destas populações.

Page 43: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

39

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Desenvolvimento nas áreas de motricidade global,

esquema corporal e da organização temporal de crianças do

Centro Educacional Infantil Municipal Criança é Esperança

de Chapecó – SC

Aline Andressa Zenatti 1; Ana Paula Weber

1; Fabio Pereira

1; Fátima Ferretti

2; Rubia do

Nascimento3.

Resumo

Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar as idades motoras de crianças freqüentadoras de um

Centro Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da motricidade global, do esquema corporal e da

organização temporal, para então determinar os quocientes motores e classificar os escores obtidos.

A amostra compreendeu 12 crianças, com 03 anos de idade, sendo uma delas com 04 anos, de

ambos os gêneros. Para a coleta dos dados, foi utilizado a Escala de Desenvolvimento Motor de

Francisco Rosa Neto (2002), onde foram realizados testes para avaliar a Motricidade Global, o

Esquema Corporal e a Organização Temporal. Resultados: Os resultados encontrados demonstram

que a maioria das crianças da amostra apresentou Idade Motora superior à sua Idade Cronológica e

classificação Normal Médio a Muito Superior nas áreas avaliadas. Na área da motricidade global, a

totalidade da amostra encontrou-se dentro dos parâmetros da normalidade. Em se tratando do

esquema corporal, 16,66% da amostra apresentaram classificação Inferior e Muito Inferior. Na área

da organização temporal, os resultados apontaram classificação Inferior e Muito Inferior para um

percentual de 33,33% da amostra, demonstrando a necessidade de estimulação para estas crianças.

Acredita-se ser de suma importância um programa de avaliação, acompanhamento e intervenção do

desenvolvimento infantil nos Centros Educacionais Infantis com vistas à promoção da saúde

infantil e à prevenção dos agravos do desenvolvimento.

Palavras-chaves: Motricidade Global, Esquema Corporal, Organização Temporal.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento é definido como mudanças nas estruturas físicas e neurológicas,

cognitivas e comportamentais que emergem de maneira ordenada e são relativamente duradouras

(MUSSEN et al., 1995).

O processo de desenvolvimento e, mais especificamente, o processo de desenvolvimento

motor, deveria lembrar-nos constantemente da individualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem

época peculiar para aquisição e para o desenvolvimento de habilidades motoras. Embora o “relógio

biológico” seja bastante específico quando se trata da sequência de aquisição de habilidades

motoras, o nível e a extensão do desenvolvimento são determinados individual e dramaticamente

pela exigência da tarefa em si. Faixas etárias típicas do desenvolvimento são apenas típicas e nada

mais. As faixas etárias meramente representam escalas de tempo aproximadas nas quais certos

comportamentos podem ser observados. O excesso de confiança nesses períodos de tempo negaria

1Acadêmicos do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó –

UNOCHAPECÓ – SC. 2Docente do curso de graduação em fisioterapia da Unochapecó, Doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP, Mestre

em Educação na Ciências pela Unijuí 3Docente do curso de graduação em fisioterapia da Unochapecó, Mestre em Ciências da Saúde Humana

Page 47: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

43

os conceitos de continuidade, especificidade e a individualidade do processo desenvolvimentista

(GALLAHUE e OZMUN, 2001).

Desenvolvimento está relacionado à idade. À medida que o desenvolvimento acontece, a

idade avança. Todavia, ele pode ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos, e suas taxas

podem diferir entre indivíduos cuja idade e desenvolvimento não necessariamente avançam na

mesma proporção (HAYWOOD e GETCHELL, 2004).

Observa-se que o desenvolvimento vai transcorrendo por etapas ou fases, que correspondem

a determinados períodos da vida. Cada um desses períodos tem suas próprias características e seus

ritmos (BRANT e CALDEIRA, 2001).

De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), as “diferenças entre crianças” fazem-nos lembrar

do princípio de individualidade de todo aprendizado. A sequência de progressão ao longo dos

estágios iniciais, elementar e amadurecido é a mesma para a maioria das crianças. O ritmo,

entretanto variará dependendo tanto dos fatores ambientais quanto dos fatores hereditários. O fato

de uma criança atingir ou não estágio amadurecido depende basicamente do ensino, do

encorajamento e das oportunidades para prática. Quando esses elementos estão ausentes, as

diferenças normais entre crianças serão aumentadas. O ambiente positivo age como facilitador do

desenvolvimento normal, pois possibilita a exploração e interação com o meio. Entretanto, o

ambiente desfavorável lentifica o ritmo de desenvolvimento e restringe as possibilidades de

aprendizado da criança. Paralelamente aos fatores de risco biológicos, as desvantagens ambientais

podem influenciar negativamente a evolução do desenvolvimento das crianças (SILVA; SANTOS e

GONÇALVES, 2006)

Nas últimas décadas o interesse pelo desenvolvimento integral da criança tem crescido em

todo o mundo como resultado do aumento constante da sobrevivência infantil e do reconhecimento

de que a prevenção de problemas ou patologias neste período exerce efeitos duradouros na

constituição do ser humano (BRANT e CALDEIRA, 2001).

Os estudos sobre a motricidade infantil, em geral, são realizados com intuito de conhecer

melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos para avaliar, analisar e estudar o

desenvolvimento em diferentes etapas evolutivas. As formas de avaliar o desenvolvimento motor de

uma criança podem ser diversas, no entanto, nenhuma é perfeita nem engloba holisticamente todos

os aspectos do desenvolvimento (SILVEIRA et al., 2005).

O presente estudo utilizou-se de três testes motores propostos por Rosa Neto (2002), que

são: motricidade global, esquema corporal e organização espacial.

Segundo Silveira et al. (2005,) motricidade global constitui-se de destrezas que envolvem

contrações dos grandes músculos corporais quando estes estão normalmente em movimento. O

movimento global é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim

por diante. Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos

comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções (ROSA NETO, 2002).

O esquema corporal refere-se à capacidade de discriminar com exatidão as partes corporais,

sustentar ativamente todos os gestos que o corpo realiza sobre si mesmo e sobre os objetos

exteriores, à habilidade de organizar as partes do corpo na execução de uma tarefa (SILVEIRA et

al., 2005). A construção do esquema corporal, isto é, a organização das sensações relativas ao seu

próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior exerce um papel fundamental no

desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de partida de suas diversas

possibilidades de ação (ROSA NETO, 2002).

A organização espacial está relacionada ao conhecimento das dimensões corporais, tanto o

espaço do corpo como o espaço circundante, e à habilidade de avaliar com precisão a relação entre

corpo e o ambiente (SILVEIRA et al., 2005). A evolução da noção espacial destaca a existência de

duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente, caracterizada pelo espaço perceptivo ou

sensório-motor; outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e

intelectual (ROSA NETO, 2002).

O presente estudo foi desenvolvido a partir da disciplina de Promoção da saúde II do 5º

período do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó

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44

– UNOCHAPECÓ. A disciplina foi responsável pela inclusão dos acadêmicos em determinados

locais para a realização de atividades visando à promoção da saúde da população, ao mesmo tempo

em que era realizada a coleta de dados para a conclusão da pesquisa.

A ação educativa em saúde é um processo dinâmico que tem como objetivo a capacitação

dos indivíduos e/ou grupos em busca da melhoria das condições de saúde da população. Ressalta-se

que nesse processo a população tem a opção de aceitar ou rejeitar as novas informações, podendo

também, adotar ou não novos comportamentos frente aos problemas de saúde (MARTINS et al.,

2007).

Diante do exposto este estudo, através de pesquisa quantitativa, objetiva identificar as idades

motoras de crianças frequentadoras de um Centro Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da

motricidade global, do esquema corporal e da organização temporal, para então determinar os

quocientes motores e classificar os escores obtidos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Primeiramente contatou-se a direção do Centro Educacional Infantil Municipal (CEIM)

Criança é Esperança para o agendamento das intervenções em promoção da saúde que seriam

realizadas ao longo do primeiro semestre de 2008. Na sequência foi possível conhecer a professora

e a respectiva turma onde seriam realizadas as intervenções. Com a autorização da direção, iniciou-

se a coleta de dados do presente estudo.

A amostra da pesquisa foi constituída por 12 crianças que frequentam o Maternal II do

CEIM Criança é Esperança, no município de Chapecó-SC. Compuseram o estudo crianças de 03

anos, sendo uma delas com 04 anos, de ambos os gêneros, cujos pais assinaram um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, seguindo a Regulamentação 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde.

Os Termos foram encaminhados aos pais pela professora da turma juntamente com um

questionário breve com perguntas sobre a história da criança. O questionário consistiu de perguntas

abertas envolvendo: o nome da criança, a idade, a data de nascimento, se a criança já frequentou

outro centro educacional, se esse centro educacional era particular ou público, o tempo em que

frequentou o Centro Educacional, o tempo em que à criança frequenta o CEIM Criança é

Esperança, o período (horas) que frequenta o CEIM (manhã ou tarde, manhã e tarde), o período

(horas) que permanece com a sua família e as atividades que costuma realizar no tempo em que não

está no Centro Educacional.

O estudo foi realizado no período de abril a maio de 2008. As crianças foram avaliadas

individualmente, num amplo local nas dependências do próprio CEIM. Seguindo a Escala de

Desenvolvimento Motor de Francisco Rosa Neto (2002), os testes foram realizados em uma ordem

pré-estabelecida, começando por Motricidade Global, seguido por Esquema Corporal e

Organização Temporal, e o tempo de duração média para cada criança, variou de 20 a 30 minutos.

Cada componente da avaliação apresenta várias tarefas motoras, sendo cada uma delas específicas a

uma idade cronológica, ou seja, com o avanço da idade aumenta o grau de dificuldade das tarefas

(ROSA, 2008).

Para a aplicação dos testes foram utilizados os seguintes materiais: um banco de 20 cm de

altura, uma corda e elástico.

Os testes para cada componente da motricidade são descritos a seguir:

Motricidade Global: Para a idade de 02 anos a criança deveria subir sobre um banco de 20

cm de altura que permanecia encostado na parede. Para 03 anos, saltar sobre uma corda estendida

sobre o solo com os dois pés juntos. Para 04 anos, saltar 08 vezes no mesmo lugar com os pés

unidos. Para 05 anos, saltar uma fita elástica na altura de 20 cm com os pés juntos. Com 06 anos,

caminhar sobre uma linha reta, colocando um pé na frente do outro. Para 07 anos, saltar numa linha

reta com um pé só (primeiro com uma perna e depois com a outra), percorrendo uma distância de

05m. Com 08 anos, saltar uma fita elástica na altura de 40 cm com os pés juntos.

Esquema Corporal: Para a idade de 02 a 05 anos imitação de gestos simples. O examinador

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realiza movimentos com as mãos e braços e a criança têm que repeti-los. De 06 a 11 anos prova de

rapidez, marcar o máximo de riscos dentro de uma folha quadriculada, quadrado por quadrado.

Organização Temporal: Para idade de 02 a 05 anos frases pré-estabelecidas. As crianças

eram orientadas a repetir frases ditas pelo examinador, como: “Eu tenho um cachorrinho pequeno”,

onde, para cada idade o nível de dificuldade das frases aumentava.

Independente do componente avaliado, cada modalidade foi iniciada com o teste

correspondente à idade cronológica da criança. Se a criança obtivesse sucesso era proposto o teste

para a idade mais avançada, da mesma forma em caso de fracasso era proposta a tarefa

correspondente à idade anterior (Rosa Neto, 2002). Os resultados foram avaliados por meio da

idade motora obtida em cada prova. Os quocientes motores alcançados nas provas são calculados

dividindo-se a idade motora global pela idade cronológica e multiplicando-se o resultado por 100,

onde a classificação desses resultados fica entre níveis que vão de Muito Inferior (69 pontos ou

menos), Inferior (70-79), Normal Baixo (80-89), Normal Médio (90-109), Normal Alto (110-119),

Superior (120-129) até Muito Superior (130 pontos ou mais).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo seguem os resultados obtidos na avaliação individual das crianças por meio da

Escala de Desenvolvimento Motor de Francisco Rosa Neto (2002).

Na tabela I apresentam-se os resultados referentes à idade cronológica (IC) média da

amostra, às médias da idade motora (IM) nas áreas da Motricidade Global, do Esquema Corporal e

da Organização Temporal, às médias dos quocientes motores, além dos valores mínimos e máximos

de cada variável.

Tabela I – Classificação da média, mínima e máxima e do quociente motor em relação à idade

cronológica, idade motora da motricidade global, idade motora do esquema corporal e organização

temporal.

Média Mínimo Máximo

Idade Cronológica (em meses) 43 38 49

Idades Motoras (em meses)

Motricidade Global 53,5 36 78

Esquema Corporal 51 24 60

Organização Temporal 42,5 0 60

Quocientes Motores (em pontos)

Motricidade Global 124,5 82 181

Esquema Corporal 118,4 60 146

Organização Temporal 100 0 142

Dos resultados encontrados percebe-se que a média das idades motoras nas áreas da

Motricidade Global e do Esquema Corporal está acima da média das idades cronológicas, sendo que

a maior média encontrada é a da área da Motricidade Global.

Por outro lado, observa-se que a média das idades motoras da Organização Temporal

encontra-se levemente abaixo da média das idades cronológicas, resultado este que pode indicar a

necessidade de estímulos para algumas crianças nesta área do desenvolvimento, pois na análise do

valor mínimo, observa-se que pelo menos uma criança da amostra não obteve resultado satisfatório

Em um estudo visando avaliar o desenvolvimento motor de pré-escolares (CAETANO;

SILVEIRA e GOBBI, 2005), numa primeira avaliação, antes de um trabalho específico, os autores

verificaram uma média de 37,7 meses para a idade cronológica das crianças com 03 anos de idade,

estando acima dessa média à Motricidade Global (42 meses) e a Organização Temporal (40 meses).

Já o Esquema Corporal foi à área que ficou abaixo da média da idade cronológica (34 meses),

diferindo dos dados encontrados na presente pesquisa.

Observando as médias dos quocientes motores (tabela II) percebe-se que a Motricidade

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46

Global apresenta o maior valor dentre esses quocientes. O resultado encontrado (124,5) remete esta

área à classificação Superior, conforme a Escala de Desenvolvimento Motor utilizada. Neste

sentido, pode-se supor haver uma estimulação adequada nesta área do desenvolvimento. A

Motricidade Global é lapidada entre os cinco e seis anos de idade, visto que é nessa época que a

criança inicia a coordenação óculo-manual e óculo-pedal, bem como a integração harmônica dos

movimentos (NUCCI, 2007).

Tabela II - Classificação dos quocientes motores em relação à motricidade global

Classificação Frequência Percentual

Muito Superior 04 33,33%

Superior 03 25%

Normal Alto 01 8,33%

Normal Médio 03 25%

Normal Baixo 01 8,33%

Inferior 0 0%

Muito Inferior 0 0%

Já a média dos Quocientes Motores da Organização Temporal retrata um valor mais baixo

(100), recebendo classificação Normal Médio, mostrando assim normalidade nesta área de

desenvolvimento, em termos de média.

Em relação à classificação obtida a partir dos Quocientes Motores na área da Motricidade

Global (tabela II) observa-se que sete das doze crianças encontram-se em níveis acima do nível

Normal Alto, o que corresponde a mais de 50% da amostra. E também nota-se que, para esta área,

nenhuma criança ficou abaixo do nível Normal Baixo.

O desenvolvimento dessas habilidades básicas requer uma porção mínima de prática apenas

para manter o sistema funcionando como deveria. As crianças privadas dessa prática normal

desenvolvem habilidades motoras muito mais lentamente, e não na sequência normal (BEE, 2003).

Considerando a importância da prática em uma determinada área do desenvolvimento, os resultados

encontrados sugerem que maiores oportunidades podem estar sendo vivenciadas pelas crianças

avaliadas em relação à motricidade global, sendo possivelmente experimentadas e vivenciadas no

ambiente do Centro Educacional Infantil, já que apresenta amplo espaço para atividades motoras

amplas e acompanhamento de profissionais da área.

Já em relação ao Esquema Corporal (tabela III) verifica-se que nos níveis Superior e Muito

Superior encontram-se oito crianças, sendo mais de 60% da amostra, enquanto apenas duas entre as

doze crianças ficaram classificadas nos níveis Inferior, e Muito Inferior, vale ressaltar que esse dado

é importante e torna-se preocupante quando encontrado em valores tão baixos, pois, segundo

(VAYER apud ROSA, 2008), um esquema corporal mal estruturado acarreta transtornos nas áreas

motoras, perceptiva e social. Assim, é possível que o atraso no desenvolvimento do Esquema

Corporal possa ser responsável pelo déficit da organização espacial (item não avaliado). Alterações

na percepção espacial acarretam dificuldades desde a movimentação da criança até problemas na

aprendizagem escolar (ROSA NETO, 2002).

Tabela III - Classificação dos quocientes motores em relação ao esquema corporal

Classificação Frequência Percentual

Muito Superior 04 33,33%

Superior 04 33,33%

Normal Alto 01 8,33%

Normal Médio 01 8,33%

Normal Baixo 0 0%

Inferior 01 8,33%

Muito Inferior 01 8,33%

Page 51: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

47

É interessante apontar que nos estudos de CRIPPA et al, (2003), com crianças de 04 a 05

anos, de acordo com a avaliação, as áreas de maior déficit foram a Motricidade Fina (item não

avaliado no presente estudo) e o Esquema Corporal, em que as crianças apresentaram idades

motoras com médias de 47,37 meses e 36,0 meses respectivamente. Pode-se verificar, desta forma,

um atraso de 21,21 meses para e Esquema Corporal em relação à idade cronológica média das

crianças que foi de 57,21 meses. Aqui se evidencia que as crianças da amostra encontram-se num

nível muito bom, já que na comparação dos estudos a amostra com 04 e 05 anos de idade mostrou

um atraso muito grande nesta área do desenvolvimento.

Na organização temporal (tabela IV) ficou caracterizado um déficit importante, já que no

percentual para os níveis Inferior e Muito Inferior mais de 30% (04 crianças) da amostra ficou

classificada, reforçando a necessidade de estimulação nessa área.

Tabela IV - Classificação dos quocientes motores em relação à organização temporal

Classificação Frequência Percentual

Muito Superior 02 16,66%

Superior 04 33,33%

Normal Alto 01 8,33%

Normal Médio 01 8,33%

Normal Baixo 0 0%

Inferior 01 8,33%

Muito Inferior 03 25%

Em estudos realizados com trinta crianças na faixa etária de oito a dez anos de idade com

dificuldades de aprendizagem escolar, corrobora tais argumentos, pois se observou que as IM das

crianças nas áreas de organização espacial e organização temporal foram inferiores a IC,

apresentando visivelmente déficit motor, cujo quociente motor foi classificado como “normal

baixo” e “normal médio”. Esses resultados sugerem que os atrasos motores apresentados nos

componentes de esquema corporal, organização espacial e organização temporal podem ter ligação

com a dificuldade de aprendizagem apresentada pela criança (ROSA, 2008).

Para verificar, particularmente, o desenvolvimento da organização temporal em crianças

com dificuldades de aprendizagem escolar, Medina; Rosa e Marques (2006), analisaram o

desempenho dessas crianças nas tarefas que compõem a área de organização temporal, golpes,

desenho, leitura e ditado. Verificaram-se diferenças nos resultados entre as crianças de 8 à 10 anos.

Sugerindo que as crianças mais novas têm maiores dificuldades na transposição da leitura para a

reprodução dos sons, demonstrando maior êxito na tarefa de ditado, enquanto que as crianças de 10

anos de idade apresentaram comportamento inverso, com maior dificuldade na tarefa de ditado,

demonstrando maiores déficits. Dessa forma, sugere-se o fato de que, com o aumento da idade as

dificuldades em tarefas que exigem a percepção do som e noção de tempo para a transposição na

forma escrita, como em tarefas de ditado, tende a se agravar.

Os maiores déficits foram nas áreas de esquema corporal, e principalmente organização

temporal. Comparativamente a outros estudos, observamos que é comum associar o déficit motor

com a dificuldade escolar. Estudo avaliando o perfil motor de escolares de 6 e 7 anos de idade, sem

dificuldades de aprendizagem, demonstrou resultados do desenvolvimento motor classificado pela

EDM como “normal médio”. No estudo, a organização espacial e a organização temporal foram as

áreas que apresentaram os menores coeficientes, sendo classificados como “normal baixo”

(ALMEIDA et al., 2007).

CONCLUSÃO

Tendo como objetivo identificar as idades motoras de crianças frequentadoras de um Centro

Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da Motricidade Global, do Esquema Corporal e da

Organização Temporal e, a partir dos quocientes motores, classificar os escores obtidos, as

Page 52: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

48

seguintes conclusões foram evidenciadas:

A maioria das crianças da amostra apresentou Idade Motora superior à sua Idade

Cronológica e classificação Normal Médio a Muito Superior nas áreas avaliadas;

A área da Motricidade Global foi a que apresentou o maior valor em termos de média das

Idades Motoras. Por outro lado, a Organização Temporal foi representada pelo menor valor,

encontrando-se levemente abaixo da média das Idades Cronológicas;

Na área da Motricidade Global, nenhuma criança apresentou classificação Inferior ou Muito

Inferior, demonstrando que a totalidade da amostra encontra-se dentro dos parâmetros da

normalidade. Cabe ressaltar que uma criança apresentou classificação Normal Baixo, demonstrando

que estímulos nesta área podem ser potencializados para esta criança;

Em se tratando do esquema corporal, duas crianças apresentaram classificação Inferior e

Muito Inferior, porém a maioria encontrou-se dentro dos parâmetros da normalidade, recebendo

classificação de Normal Médio a Muito Superior;

Na área da Organização Temporal, um número maior de crianças apresentou dificuldade

para completar os testes referentes às suas Idades Cronológicas, e os resultados apontaram

classificação Inferior e Muito Inferior para quatro crianças do estudo, ou seja, um percentual de

33,33% da amostra;

Diante disto, acredita-se ser de suma importância a inserção de um programa de intervenção

no Centro Educacional Infantil, para estimulação do desenvolvimento, dando ênfase na

Organização Temporal, que foi evidenciada com valores menores não apenas nesse estudo como em

outros, porém não deixando de lado a estimulação nas outras áreas de desenvolvimento. Também,

considera-se importante a realização de frequentes avaliações para acompanhar o processo de

desenvolvimento e evolução das crianças, com vistas à promoção da saúde infantil e à prevenção

dos agravos do desenvolvimento.

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Page 54: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

50

Efetividade de um plano de intervenção das ações de

promoção da saúde na qualidade de vida em mulheres

mastectomizadas

Aline Dupont Menegazzo

1; Andressa Alba

1, Débora Daiana Schacht

1, Janiel Marcos Schwerz

1;

Marcieli Sonda1; Silvana Boza

1; Mark Andrey Mazaro2;

Resumo

Introdução: O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais

comum entre as mulheres. A identificação dos fatores relacionados à qualidade de vida e a

compreensão da forma como esses fatores contribuem para a percepção da qualidade de vida são

motivos de discussão, uma vez que o conceito de qualidade de vida está diretamente relacionado ao

contexto sociocultural em que o indivíduo está inserido. Metodologia: O estudo é um ensaio do

tipo “antes e depois”. A coleta de dados foi realizada em dois momentos t0= pré intervenções e t1=

pós intervenções. Para avaliar a qualidade de vida foi e utilizado o questionário FACT-B versão 4,

em português, validado por BRADY apud VERDE (1997), para pacientes com câncer de mama.

Resultados: Após a aplicação do questionário pós-intervenção em relação ao pré-intervenção, e

analise dos dados obtidos, observou-se um aumento significativo na qualidade de vida dessas

mulheres mastectomizadas (p=0.0165). Isso se deve a efetividade das intervenções realizadas ao

longo dos três meses.

Palavras-chave: qualidade de vida, mastectomizadas, promoção da saúde.

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre

as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de

mama.(MINISTERIO DA SAÚDE,2008). O câncer de mama é a segunda neoplasia maligna mais

freqüente na população feminina, com uma estimativa de 48.930 casos novos para o ano de 2006 no

Brasil. (INCA,2006).

O diagnóstico precoce do câncer de mama é um importante fator na escolha do tratamento

adequado, na mortalidade e na expectativa de vida da paciente (INCA,2001). Mesmo detendo esse

conhecimento, em alguns locais do país, aproximadamente dois terços dos casos de cânceres da

mama são diagnosticados nos estádios avançados da doença e a principal causa deste quadro parece

ser a desinformação da população frente ao problema. (SEIDL e ZANNON, 2004).

Segundo o Ministério da Saúde, (2008) recomenda como principais estratégias de rastreamento

populacional um exame mamográfico, pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos

e o exame clínico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos. O exame clínico da mama

deve ser realizado em todas as mulheres que procuram o serviço de saúde, independente da faixa

etária, como parte do atendimento à saúde da mulher. Para mulheres de grupos populacionais

considerados de risco elevado para câncer de mama (com história familiar de câncer de mama em

parentes de primeiro grau) recomenda-se o exame clinico da mama e a mamografia, anualmente, a

partir de 35 anos. 1Acadêmicos de Fisioterapia-UNOCHAPECÒ

2Especialista em Saúde Pública

Page 55: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

51

Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce,

nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais,

menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão bem estabelecidos em relação ao

desenvolvimento do câncer de mama. Além desses, a idade continua sendo um dos mais

importantes fatores de risco. As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50 anos, e

posteriormente o mesmo se dá de forma mais lenta. Essa mudança no comportamento da taxa é

conhecida na literatura como "Clemmesen´s hook", e tem sido atribuída à menopausa.

(MINISTERIO DA SAÚDE,2008).

A Organização Mundial de Saúde define Qualidade de Vida como “a percepção do indivíduo

de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação

aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Porém, outros autores entendem que

Qualidade de Vida é “a satisfação geral do indivíduo com a vida e sua percepção pessoal de bem-

estar”. (SCHUMACHER, OLSCHEWESKI e SCHULGEN, 1991). Depreende-se que o conceito

de Qualidade de Vida é subjetivo e multidimensional, e que a Qualidade de Vida é influenciada por

fatores socioculturais.

Foram descritos quadros de depressão, ansiedade, insônia e medo, que inclui desde o

abandono pela família e amigos até o de recidiva e morte. Esse quadro pode contribuir para uma

percepção negativa da qualidade de vida. (FREITAS et all, 1997).

Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e

tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil,

muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população

mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. (MINISTERIO DA SAÚDE,2008 e INCA,

2006).

Outros aspectos que podem comprometer a Qualidade de Vida de mulheres com câncer de

mama relacionam-se à diminuição da mobilidade e linfedema do membro superior, uso de

quimioterapia, sintomas vasomotores, secura vaginal, disfunções sexuais e dificuldades

econômicas. (GANZ et all, 2002)

Diante disso, podemos enfatizar a idéia de promoção da saúde, que se apresenta como uma

forma moderna e eficaz de enfrentar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida, oferecendo

condições e instrumentos para uma ação integrada e multidisciplinar que inclui as diferentes

dimensões da experiência humana que pode ser expressa pelos diferentes campos do conhecimento.

(SPEER et all, 2005).

Segundo Minayo, Hartz e Buss, (2000) a qualidade de vida, é entendida enquanto fenômeno

que se inter-relaciona com as diversas dimensões do ser humano, e tem sido objeto de estudo na

comunidade científica.

A sobrevida livre de doença e a sobrevida global são os principais parâmetros empregados

na avaliação dos resultados do tratamento oncológico. Porém, tornou-se evidente que eles são

insuficientes. Na comparação de diferentes opções terapêuticas, a Qualidade de Vida é um

importante parâmetro a ser considerado, auxiliando médicos e pacientes a decidir com relação à

terapia mais adequada. (SEIDL e ZANNON, 2004).

No Brasil e no mundo cresce o interesse pelo estudo da Qualidade de Vida. Em recente

revisão da literatura foram identificados trabalhos em língua portuguesa sobre Qualidade de Vida,

abrangendo diversas áreas. (MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000). Considerando os vários aspectos

que podem influenciar a Qualidade de Vida de mulheres com câncer de mama, este artigo revisa a

literatura e discute o objetivo geral no qual se baseia em verificar a efetividade de um plano de

intervenção das ações de promoção da saúde na qualidade de vida das mulheres mastectomizadas

participantes do grupo PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer do município de

Chapecó – SC.

METODOLOGIA

Participaram do estudo treze mulheres residentes do município de Chapecó-SC, integrantes

Page 56: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

52

do grupo de mastectomizadas PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Chapecó-SC,

com média de idade de 58 anos, sendo oito casadas, quatro viúvas e uma solteira.

O estudo foi um ensaio do tipo “antes e depois”, segundo FLETCHER et al. (1996). A coleta

de dados foi realizada em dois momentos t0= antes das intervenções e t1= ao final das intervenções

com intervalo médio de três meses entre os dois momentos.

Critérios de Inclusão e Exclusão. A amostra foi definida de maneira não probabilística

seguindo critérios de inclusão e exclusão. Inclusão: sexo feminino, mastectomizadas participantes

do grupo PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer do município de Chapecó – SC, idade

entre 18 e 70 anos, aceitar participar do estudo e assinar o termo de consentimento livre e

esclarecido (CNS196/96). Exclusão: não participar do grupo PROVIM da Rede Feminina de

Combate ao Câncer do município de Chapecó – SC, não aceitar participar ou recusar a assinar o

termo de consentimento livre e esclarecido, apresentar doença osteomuscular, neurológica ou

psiquiátrica que contra-indique a participação nas intervenções comprovadas por laudo médico.

Uma vez selecionadas, as participantes foram convidadas a participar do estudo. A coleta

teve início após as participantes serem esclarecidas dos objetivos da pesquisa e assinarem o termo

de consentimento livre e esclarecido elaborado conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde (BRASIL, 1996), seguindo o modelo do Comitê de Ética em Pesquisa da

UNOCHAPECÓ.

Análise da Qualidade de Vida. Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o questionário

FACT-B, versão 4, em português, validado por BRADY apud VERDE (1997), para pacientes com

câncer de mama.

Esse questionário foi auto administrado após as participantes terem sido esclarecidas sobre

como funciona a ferramenta. Os pesquisadores explicaram que se tratava de um formulário que

deveria ser preenchido pelas participantes, considerando os últimos 7 dias e que aborda diversos

aspectos relacionados ao bem estar físico, bem estar emocional, relacionamento, bem estar

funcional, bem estar social e familiar e questões de interesse adicional, específicas para pacientes

com câncer de mama.

As pacientes foram orientadas a responder cada item de acordo com as opções no questionário: não,

pouco, às vezes, muito e sempre; escolhendo sempre a que mais se aplica a sua situação atual.

Os pesquisadores estavam sempre ao lado das pacientes para o esclarecimento de qualquer

dúvida.

As variáveis de qualidade de vida abordadas no FACT-B, foram organizadas com a ajuda do

programa Microsoft Excel.

Análise e interpretação dos resultados. A análise do total de escores se deu através da soma

de todos os escores que indica o nível de qualidade de vida, ou seja, para cada escore foi analisado

um número correspondente a melhor qualidade de vida e consideramos o total da soma dos escores

que foi de 68 constituindo a média da população para melhor qualidade de vida.

Foram considerados na análise estatística os escores obtidos na somatória dos escores de

todos os blocos. Estas variáveis quantitativas foram comparadas entre os dois momentos pareados

através do teste t Student para amostras únicas considerando a média da população e o teste “t”

Student para amostras dependentes pareando os resultados pré e pós intervenção com significância

estatística considerada valores de p<0,05, para ambos os testes e foram discutidos com a literatura

atual. (AYRES et all,2007).

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O questionário foi realizado com 13 mulheres mastectomizadas da Rede Feminina de

Combate o Câncer. A média de idade das mulheres que realizaram o questionário é de 58 anos, com

média de tempo de mastectomia de 7,46 anos.

Os dados obtidos a partir das somatórias dos escores considerando a media dos escores para

a melhor qualidade de vida frente ao questionário em 68 para o momento pré intervenções nos

mostrou escores maiores que a média da população (t=6.4637 e p < 0.0001) e na pós intervenção

Page 57: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

53

após a realização de novo questionamento obtivemos escores maiores porem mais próximos da

média da população (t=2.3930 e p= 0.0169) o que nos indica melhora na qualidade de vida destas

mulheres e nos remeteu a fazer a analise pareada sem considerar a média da população.

Os resultados observados neste estudo sugerem que as qualidades de vida de mulheres

mastectomizadas estão associados a vários fatores como bem estar físico, bem estar sócio familiar,

relacionamento com o médico, bem estar emocional, bem estar funcional, alterações do sono, renda

familiar, e percepção de saúde nos dois momentos da entrevista. (VERDE, 2007).

Após a realização da mastectomia, as mulheres que não possuem apoio familiar

apresentaram mais problemas a nível bio-psico-social. (FIALHO e SILVA, 1993). O apoio social e

familiar tem sido identificado como um importante fator de adaptação emocional a doença e bem

estar, contribuindo conseqüentemente, para uma melhor qualidade de vida. (SILVA, RIBEIRO e

CARDOSO, 2003).

Tabela 1. Amostras pareadas pré e pós intervenção

Indivíduos 13

Desv. Padrão da Diferença 10.8255

Média das diferenças 7.2308

(t)= 2.4083

(p) unilateral = 0.0165

Os escores estão apresentados no gráfico 1 e a analise dependente pareada esta apresentada

na tabela 1 e nos mostrou significância estatística nos momentos pré e pós intervenção para a

melhora da qualidade de vida (t=2.4083 e p=0.0165), uma vez que o teste „t‟ teve resultado positivo

indicando que os escores pós intervenção foram melhores que os escores obtidos na pré intervenção

que corrobora com as definições de que a qualidade de vida está diretamente ligada a fatores de

percepção, conhecimento e ação do corpo sobre o corpo e sobre os fatores relacionados ao contexto

do meio ambiente como um todo.

Gráfico 1 – Escores Pré e Pós Intervenções

A qualidade de vida esta diretamente ligada com fatores que influenciam na vida das

mulheres mastectomizadas. Quanto à satisfação de vida, a atividade física induz um número de

benefícios psicológicos: melhora o afeto positivo, aumenta a imagem corporal, auto-estima, auto

eficácia e satisfação com a vida. (VITTA e NERI,2000). A melhora na estética corporal, a melhora

Page 58: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

54

da integração e socialização, a diminuição da ansiedade, a diminuição de alguns casos de depressão

e a melhora de alguns aspectos cognitivos fazem parte também dos benefícios relacionados ao

aspecto psicológico. (CAMARGO, 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo observou-se uma melhora na qualidade de vida das mulheres mastectomizadas

comprovado com a aplicação do questionário pós-intervenção em relação ao o pré-intervenção. Isso

se deve ao fato de que as intenções realizadas ao longo dos três meses, obtiveram um aumento

significativo na qualidade de vida dessas mulheres.

As atividades aplicadas para a melhora da qualidade de vida, não são apenas importantes

para a realização de estudos como este, mas também para promover a saúde e prevenir futuras

alterações que possam comprometer a qualidade de vida das mesmas.

Este resultado contribui para complementar o conhecimento sobre aspectos relacionados à

vida de mulheres mastectomizadas, auxiliando os profissionais da saúde no tratamento de pacientes

e de familiares que compreendem dificuldades após a mastectomia.

Sugerem-se ainda futuros estudos que venham a complementar essa pesquisa e que possam

auxiliar no que se refere à qualidade de vida de mulheres acometidas pelo câncer de mama e

submetidas à mastectomia.

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56

Efetividade de um programa de educação e promoção em

saúde no período peri gestacional de um grupo de gestantes

participantes de uma entidade filantrópica 1Mark Andrey Mazaro,

2Aline Galli,

2Aline Werlang,

2Aline Zuffo,

2Talita L. Castelli,

2Vanessa de

Souza, 3 Fátima Ferretti Tombini

Resumo

Introdução: O periodo peri gestacional compreende os três trimestres da gestação e muitas vezes

vem acompanhado de dúvidas e saberes que populares que transformam a fase num momento de

ansiedade, quando deveria ser vivido com tranqüilidade, para tanto projetos de educação em saúde

nesta fase são importantes para dissipar dúvidas e anseios. Objetivo: Analisar a efetividade de um

programa com ações focadas na prevenção de enfermidades, na promoção e educação em saúde

durante o período peri gestacional. Metodologia: Participaram da pesquisa oito mulheres. Como

instrumento de avaliação foi utilizado um questionário com perguntas abertas e fechadas sobre

aleitamento materno, cuidados com o bebê, nutrição, dicas de posturas, pré-natal e pós-natal,

aplicado pré e pós intervenções sendo classificadas as acertivas nas respostas do instrumento sendo

insuficiente-até 8; regular-9 a 17; bom-18 a 26 e ótimo 27 a 36 e os dados pré e pós intervenção

foram analisados pelo teste t para amostras pareadas. As intervenções constaram de explanações

educativas para a conscientização e aprendizagem das gestantes sobre os temas citados,

promovendo influências positivas nas condições de saúde e na qualidade de vida. Resultados: Ao

avaliarmos o instrumento pré-intervenção constatamos que em relação às três etapas do

questionário, obteve-se um resultado de 05 (62,5%) gestantes que apresentaram conhecimento

“Bom” e 03(37,5%) gestantes que apresentaram conhecimento “Ótimo”. Na avaliação pós-

intervenção obteve-se um resultado das 08 (100%) gestantes com conhecimento considerado

“Ótimo”. Os resultados estatísticos mostraram significância no teste t para as respostas certas

(p=0,05) e erradas (p=0,05). Conclusão: Conclui-se que o programa de educação em saúde focado

na assistência integral, humanizada e criativa foi efetivo no sentido de construir conhecimentos com

gestantes e fortalecer os saberes em relação ao aleitamento materno, cuidados com o bebê e sobre

assuntos gerais relacionados a esse período, entre eles nutrição, dicas de posturas, pré-natal, pós-

natal, entre outros.

Palavras Chaves: Gestação – Educação em Saúde – Promoção em Saúde

INTRODUÇÃO

Segundo Nóbrega et al (2005), a “gestação é um período de transição que faz parte do

processo normal do desenvolvimento humano. Há grandes transformações, não só no organismo da

mulher, mas no seu bem-estar, alterando seu psiquismo e o seu papel sócio-familiar”. Ao realizar

este projeto entende-se que, os futuros e/ou profissionais da área da saúde, devem agir como

mediadores para que as gestantes desenvolvam autonomia, capacidade de enfrentar situações

distintas relacionadas com a gestação e obstáculos diários.

1Especialista em Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em Saúde Pública com concentração

em PSF – UnC Concórdia 2Acadêmicas de Fisioterapia-UNOCHAPECÒ

3Mestre em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noreste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI;

doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Page 61: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

57

O Ministério da saúde enfatiza que a gestação caracteriza-se por ser um período de

mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do acompanhamento pré-

natal seja o acolhimento à mulher, o oferecimento de respostas e de apoio aos sentimentos de medo,

dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com o

seu corpo (Brasil, 2000).

A gestante, “ensinada” a se cuidar e a vir a ter conhecimentos de como cuidar seu filho após

o nascimento e a satisfazer suas necessidades integrais, torna-se um agente multiplicador da saúde

em âmbito individual, familiar, social e ecológico. Isto tudo pode ser adquirido na prática cotidiana,

através de cuidados disponibilizados pela equipe de saúde no geral, onde há espaço para

desenvolvimento de atividades criativas, visando à melhoria da qualidade de vida.

Entende-se que o termo Promoção da Saúde refere-se ao envolvimento entre os diversos

setores da sociedade, os quais devem realizar parcerias na tentativa de buscar resoluções para os

problemas de saúde da comunidade. A Carta de Ottawa indica que promover a saúde significa

fornecer às populações condições para que estas sejam capazes de melhorar sua saúde e exercer

controle sobre a mesma (FONSECA, et al, 2002).

Dessa forma o projeto teve como meta, saciar as dúvidas e ansiedades com relação às

modificações do período gestacional e também sobre os sentimentos comuns que surgem durante

esta fase vivida pela mulher.

A intervenção educacional, na maioria das vezes, apóia-se na idéia de que se pode educar

para saúde, a julgar pela forma como os projetos na área são concebidos. O princípio de se educar

para saúde e para o ambiente parte da hipótese de que vários problemas de saúde são resultantes da

precária situação educacional da população, carecendo, portanto, de medidas "corretivas" e/ou

educativas."(GAZZINELLI et al, 2005)

Nesse contexto, a saúde é concebida de uma forma que esse grupo de gestantes possa

aproveitar o momento gestacional de forma positiva, no sentido do uso de recursos pessoais e

sociais, além da capacidade física. Sendo que a busca por tornar-se ou manter-se saudável não seja

um objetivo central e único na vida das mesmas, mas sim um recurso para fornecer qualidade de

vida durante e após esse período.

Nessa perspectiva é que nos sentimos estimuladas a desenvolver estratégias criativas na

educação em saúde, focando na promoção desta e na prevenção de enfermidades. Enfatizando uma

possibilidade de construir junto ao grupo de gestantes um novo conhecimento sobre a saúde e

proporcionando a elas uma melhor qualidade de vida. Para tanto o objetivo do estudo foi verificar a

efetividade de um programa de educação e promoção em saúde no período peri gestacional para um

grupo de gestantes participantes de uma entidade filantrópica.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na Associação Espírita Nosso Lar, no município de Chapecó - Santa

Catarina, a qual possui 22 gestantes das quais 8 constituíram a amostra, sendo estas gestantes de

baixa renda. Foram realizados onze encontros junto ao grupo de gestantes ao longo do primeiro

semestre do ano de 2009, sendo que a primeira e última foram utilizadas para a aplicação do

instrumento avaliativo. Para avaliar a aquisição de conhecimentos adquiridos com o passar das

intervenções, foi criado um questionário, com bases teóricas (MENDOZA-SASSI, RAÚL A. et al,

2007), o qual foi aplicado em duas etapas, pré e pós-intervenções. O questionário é composto por

36 perguntas, sendo estas categorizadas com opções de certo e errado, sendo o conhecimento geral

de cada gestante classificado em “insuficiente”, “regular”, “bom” e “ótimo” ao apresentar respostas

corretas com os seguintes intervalos: até 8 considerado “insuficiente”, e 9 a 17 considerado

“regular”, de 18 a 26 considerado “bom” e de 27 a 36 considerado “ótimo”.

Dentre estas 36 perguntas, 13 perguntas estão voltadas ao Aleitamento Materno, 09 estão

voltadas aos Cuidados com o Bebê e 14 perguntas estão voltadas aos Conhecimentos Gerais. As

intervenções foram realizadas de forma lúdico-pedagógica, abordando todas as temáticas de uma

maneira dinâmica. O número da amostra foi de 22 gestantes, na faixa etária de 12 a 35 anos, sendo

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58

que a moda é 17, e o número de filhos variou desde o primeiro ao quinto filho.

As entrevistas com as gestantes foram realizadas após um esclarecimento do objetivo da

pesquisa e, solicitação para a participação e consentimento, garantindo total sigilo dos dados, e que

se fosse de sua vontade recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa, poderia fazê-lo sem penalização. Após pleno conhecimento da pesquisa puderam optar em

participar ou não, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e, as adolescentes um

termo para os responsáveis.

A análise dos resultados ocorreu de forma qualitativa mostrando as inferências positivas das

palestras e de forma quantitativa agrupando-se as respostas certas e erradas do questionário no pré e

no pós intervenção e aplicando o teste “t” Student para amostras pareadas com intervalo de

confiança de 95% considerando p= ou < 0,05, apresentando a média e o desvio padrão das

diferenças, e o resultado do teste “t”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atividade lúdico-pedagógica foi desenvolvida com o objetivo de repassar para as gestantes

as temáticas de forma dinâmica, para que elas pudessem de uma forma efetiva construir seus

conhecimentos sobre as questões. Essas atividades foram coordenadas pelo grupo de acadêmicas do

quinto período do curso de graduação em fisioterapia (01/2009), sendo que a duração média destas

intervenções foi de uma hora por intervenção, totalizando onze ao final.

Com bases em referenciais teóricos pode-se observar a importância de uma educação em

saúde no período gestacional de modo criativo e descontraído, com a utilização de recursos

diferenciados, para assim estimular a participação efetiva das gestantes para esta prática. As

intervenções foram importantes para a aquisição de conhecimentos por parte das gestantes. Durante

o nosso estudo constatamos que a atividade mediada por intervenções criativas e descontraída

contribui para uma melhor aquisição de conhecimentos sobre os conteúdos programados.

Ao participar de um grupo de gestante cada mulher tem a possibilidade de expressar seu

pensamento, dar sua opinião, seu ponto de vista sobre os temas abordados ou até mesmo seu

silêncio.

O trabalho na comunidade permite ao profissional da saúde conhecer a realidade e as

potencialidades do meio, o que deve facilitar o trabalho no campo da educação em saúde. Nesta

perspectiva, acreditamos que este trabalho deve visar um atendimento coletivo às gestantes e não a

atendimentos individuais. Ao desenvolver o trabalho com grupos, o profissional tem a oportunidade

de relacionar-se com a comunidade, tendo contato com experiências diversas e criando assim novas

formas de aprendizado. Assim cria-se uma oportunidade de estimular as gestantes a aderirem

estratégias coletivas de enfrentamento dos problemas vividos no dia a dia por uma mulher, no

período em que se encontra.

Através do nosso estudo, contatamos que a atividade educativa por meio de palestra, mesa-

redonda de uma forma criativa e diversificada contribuiu para uma aquisição de conhecimentos

sobre diversos temas abordados nas intervenções, como por exemplo, amamentação, cuidados com

a mãe e com o recém-nascido, parto, nutrição, postura, sexualidade na gestação, pré-natal e entre

outros. Com base nesse contexto nos detemos em assuntos sobre aleitamento materno, cuidados

com o bebê e perguntas gerais em relação a exercícios físicos durante a gestação, alimentação

saudável, higiene entre outros.

Sabe-se que a importância do aleitamento materno para a criança e a mulher é muito grande,

mas o sucesso da promoção da amamentação, também está relacionado a programas educativos de

diversas naturezas, de fato fica claro a valorização do hábito cultural ligado a esta prática, pois uma

conscientização quanto à importância da amamentação é de grande valia para que isso ocorra de

forma saudável e bem sucedida.

A questão do aleitamento materno, não é somente biológica, mas é histórica, social e

psicologicamente delineada. A cultura, a crença e os tabus têm influenciando de forma crucial a sua

prática (ICHISATO et al, 2001).

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59

O sistema de crenças de uma pessoa, sua visão de mundo ou sua espiritualidade também

pode ter efeito positivo ou negativo sobre sua saúde. Os seres humanos em geral precisam encontrar

um sentido e explicar suas experiências de vida, especialmente quando se encontram em momentos

de fragilização e dificuldades com a saúde (VAUCHER et al, 2005).

Para Rezende, et al (2002), a vivência da amamentação é fortemente mediada pelas próprias

experiências da mulher. Quando falamos dessas experiências, estamos nos referindo não somente ao

fato de ela própria ter sido amamentada ou não, mas também às situações que essa mulher

presenciou ao longo de sua vida.

“Minha mãe não tinha leite e eu tomava o suco de refrigerante fervido.” (E. A. 15 anos).

O aleitamento materno exclusivo é recomendado por um período de seis meses,

posteriormente, a criança deve receber alimentos complementares, estendendo a amamentação por

pelo menos dois anos, desde que a mãe e a criança o desejem. Apesar dos benefícios do aleitamento,

deve-se aceitar a escolha, informada e consciente da mãe pela não amamentação. (VAUCHER et al,

2005).

O ato de amamentar envolve não apenas o instinto materno e do recém-nascido, mas

também toda uma questão cultural, em relação a conhecimentos prévios sobre a amamentação,

cuidados que se deve ter para que os seios não fiquem feridos ou rachados, possíveis patologias que

possam surgir, ou até mesmo o tabu da questão estética, de que depois de amamentar no peito os

seios possam ficar caídos. Tudo isso influência na decisão de uma mãe na hora de dar de mamar.

“Meu seio rachou, saia pus, então tive que parar de amamentar” (G. S. 20 anos).

Quando falamos em cuidados com os bebês, logo se percebe que está é uma das grandes

dúvidas das „mães de primeira viajem‟. De fato as construções culturais sobre os cuidados com as

crianças influenciam nos diversos aspectos que determinam a vida humana. Tais informações são

passadas de gerações em gerações, por isso diferentes formas de cuidados com os bebês estão

diretamente ligados a padrões culturais. Com isso sabe-se que essas informações trazidas por elas

não devem ser descartadas, mas sim analisadas para ver até que ponto isso tem coerência para que a

partir daí possa se dispor de informações para auxiliá-las e conduzi-las a melhores

cuidados com seus filhos.

Apesar de diversos programas e ações voltadas para gestação terem sido implementados no

Brasil nas últimas décadas, a redução dos riscos à gravidez com conseqüente melhoria nos

indicadores de saúde materna está longe de ser realidade. Entre essas implementações, destacam-se

programas de aconselhamento à gravidez, com destaque para nutrição adequada, melhora da auto-

estima, apoio social e redução de potenciais fatores de risco, como tabagismo, alcoolismo e drogas

(SASSI et alli, 2007).

Vários fatores influenciam numa gestação saudável, inclusive a importância do vínculo pai-

lactente nos primeiros meses de vida e, a presença do pai é cada vez mais valorizada na sociedade.

Como o vínculo mãe-lactente, os primeiros meses de convivência são cruciais no estabelecimento

da função paterna (FALCETO et alii, 2008).

“Já mandei ele procurar outra, mas ele não quer, diz que assim eu to mais bonita, e que

assim ele tem mais lugar pra pegar”(A.S, 22).

A tabela 1 mostra a distribuição de conhecimentos de cada gestante na avaliação pré-

intervenção, em relação aos assuntos presentes no questionário, já citado anteriormente.

Tabela 1 – Conhecimentos individuais das gestantes na avaliação pré-intervenção

Gestante/

Idade

Aleitamento

Materno

Cuidados

Bebê

Cuidados

Gerais TOTAL

P.A.S (23) C = 11 / E = 2 C = 9 / E = 0 C = 9 / E = 5 C = 29 / E = 7

S. S (17) C = 10 / E = 3 C = 5 / E = 4 C = 9 / E = 5 C= 24 / E = 12

E. A (15) C = 9 / E = 4 C = 5 / E = 4 C = 11 / E =3 C = 25 / E =11

K. M (20) C = 10 / E = 3 C = 7 / E = 2 C = 8 / E = 6 C= 25 / E = 11

P. F.S (26) C = 10 / E = 3 C = 9 / E = 0 C = 11 / E = 3 C = 30 / E = 6

E.C.G. (17) C = 6 / E = 7 C = 8 / E = 1 C = 10 / E = 4 C= 24 / E = 12

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60

D.G.P (24) C = 10 / E = 3 C = 8 / E =1 C = 10 / E = 4 C = 28 / E = 8

T.S.K.M(29) C = 9 / E = 4 C = 5 / E = 4 C = 11 / E = 3 C= 25 / E = 11

TOTAL C = 75 /E = 29 C = 56/E = 16 C =79 / E = 33 C= 210 E = 78 Legenda= C (certo); E (errado)

A tabela 2 apresenta a distribuição de conhecimentos de cada gestante na avaliação pós-

intervenção, em relação aos assuntos presentes no questionário, já citado anteriormente.

Tabela 2 - Conhecimentos individuais das gestantes na avaliação pós-intervenção

Gestante/

Idade

Aleitamento

Materno

Cuidados

Bebê

Cuidados

Gerais TOTAL

P.A.S (23) C = 12 / E = 1 C = 8 / E = 1 C = 11 / E = 3 C = 31 / E = 5

S. S (17) C =9 / E = 4 C = 6 / E= 3 C = 12 / E = 2 C = 27 / E = 9

E. A (15) C = 12 / E = 1 C = 6 / E = 3 C = 11 / E = 3 C = 29 / E = 7

K. M (20) C = 11 / E = 2 C = 8 / E = 1 C = 9 / E = 5 C = 28 /E = 8

P. F .S (26) C = 12 / E = 1 C = 9 / E = 0 C = 13 / E = 1 C = 34 / E = 2

E. C. G. (17) C = 11 / E = 2 C = 9 / E = 0 C = 13 / E = 1 C = 33 / E = 3

D. G. P (24) C = 11 / E = 2 C = 8 / E = 1 C = 12 / E = 2 C = 31 / E = 5

T. T.S.K.M (29) C = 10 / E = 3 C = 8 / E = 1 C = 12 / E = 2 C = 30 / E = 6

TOTAL C = 88 /E = 16 C=62 /E = 10 C= 93 / E = 19 C= 243/E= 45 Legenda= C (certo); E (errado)

A tabela 3 apresenta a análise estatística das respostas certas e erradas pré e pós intervenções

aplicando-se o teste “t” de student para amostras pequenas e pareadas com intervalo de confiança

de 95% considerando p= ou < 0,05, apresentando a média e o desvio padrão das diferenças, e o

resultado do teste “t”.

Tabela 3 - Respostas certas e erradas pré e pós intervenções aplicando-se o teste “t” de

student

Acertos Erros

MÉDIA DAS

DIFERENÇAS

-4.1250 MÉDIA DAS

DIFERENÇAS

2.1671

DESVIO PADRÃO 2.1671 DESVIO PADRÃO 4.1250

TESTE “t” -5.3838 TESTE “t” 5.3838

(p) unilateral = 0.0005 (p) unilateral = 0.0005

Houve significância estatística nas respostas certas e erradas uma vez que “t” apresentou-se

negativo o que significa que as respostas certas pós intervenção foram maiores que as respostas

certas no pré intervenção enquanto as erradas foram maiores no pré intervenção e menores no pós

intervenção

Através da análise das respostas pré-intervenção, obteve-se um resultado de 05 (62,5%)

gestantes que apresentaram conhecimento “Bom” e 03(37,5%) gestantes que apresentaram

conhecimento “Ótimo”. Na avaliação pós-intervenção obteve-se um resultado das 08 (100%)

gestantes com conhecimento considerado “Ótimo”.

Ao realizar a análise dos acertos e erros obtidos pelas gestantes chegamos à conclusão de

que nenhuma apresentou nível de conhecimento “Insuficiente” e nem “Regular”.

Algumas gestantes durante a participação das atividades e ao terem acesso a diversos

saberes e aos “porquês” em relação a diversos temas, expressaram que quando os profissionais da

área da saúde informavam-lhes sobre a gestação, muitas não perguntavam o “por que” de

determinadas orientações e situações de risco, mas apenas as aderiam, quando compreendiam a

informação. Neste projeto prioritariamente valorizamos sua vivências e, trabalhamos estimulando o

diálogo e os relatos, para que assim pudessem expressar suas dúvida e perguntar sobre diversos

Page 65: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

61

temas que a gestação aborda sem medo e receio.

Através das intervenções pode-se notar a grande importância de realizar intervenções

focadas no pré-natal, pois este é de suma importância para a saúde da gestante e também do bebê. O

controle pré-natal, segundo recomendações de organismos oficiais de saúde, deve ter início

precoce, ter cobertura universal, ser realizado de forma periódica, estar integrado com as demais

ações preventivas e curativas, e deve ser observado um número mínimo de consultas. Seu sucesso

depende, em grande parte, do momento em que ele se inicia e do número de consultas realizadas.

Este número varia de acordo com o mês de início e as intercorrências durante a gravidez.

(COIMBRA et al, 2003)

A alimentação saudável foi outro ponto de debate, onde procurou-se demostrar a

importância de se ter uma boa alimentação, sendo que este é um período onde ocorrem inúmeras

mudanças fisiológicas e as necessidades da ingestão de nutrientes esta alterada. (CORRÊA DE

FREITAS et al, 2007)

Durante a gestação o aumento do aporte de energia materna é necessário para satisfazer as

necessidades da mãe e do feto, caso contrário pode ocorrer um estado de competição

biologicamente comprometendo o bem estar de ambos. (ANDRETO et alii, 2006)

A postura adotada pelas gestantes foi tema de suma importância, onde foi mostrado para as

gestantes que a atuação da fisioterapia na saúde da mulher permite intervir sobre vários aspectos da

função e do movimento humano. À medida que o bebê se desenvolve ele cresce e aumenta o peso,

assim como, há uma alteração hormonal importante que em associação com o crescimento das

mamas é capaz de causar uma série de modificações posturais e todas essas alterações ocorrem na

tentativa de compensar o novo centro de gravidade assumido pelo corpo (STRASSBURGER et al,

2006). Para tanto as orientações posturais quanto as atividades de vida diária, posicionamento para

dormir, elevação de membros inferiores e outras orientações foram demonstradas para qualificar o

dia a dia da gestante, minimizando as queixas.

Dentre as intervenções realizadas destacou-se a importância do exercício físico durante a

gestação e também as vantagens que estes trazem quando acompanhados por profissional da saúde.

Sendo que estas vantagens estendem-se ainda aos aspectos emocionais, contribuindo para que a

gestante torne-se mais auto confiante e satisfeita com a aparência, eleve a auto estima e apresente

maior satisfação na prática dos exercícios. (BATISTA et al, 2003)

Foi ressaltado também que alguns sinais e sintomas representam sinal de perigo de

complicação na gestação durante a prática de atividade física e indicam que esses devem ser

monitorados ou imediatamente interrompidos por constituírem grande risco para a saúde tanto da

gestante quanto do feto. (BATISTA et al, 2003)

Durante a execução das intervenções pode-se dizer que houve uma grande troca de

experiências acerca dos temas das intervenções em discussão e, foi necessário atender a todas as

necessidades de aprendizagem das gestantes, dando ênfase à participação destas e ao envolvimento

ativo para que sanassem suas dúvidas e conseguissem ter o desempenho de 100% de acertos no pós

intervenção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos resultados obtidos ficam claras as possibilidades que temos como futuros

profissionais de saúde, de promover a conscientização dos indivíduos sobre a sua realidade e os

aspectos desta que podem ser transformados para favorecer escolhas saudáveis, trabalhando através

de estratégias educacionais.

Na promoção da saúde, o trabalho com grupos possibilita a quebra da relação vertical que,

tradicionalmente, existe entre os futuros e/ou profissionais da saúde e o sujeito da sua ação, sendo

esta uma estratégia facilitadora da expressão das necessidades, expectativas, angústias e

circunstâncias de vida que tem algum impacto na saúde de indivíduos e de grupos. E, dessa forma

foi possível através da assistência integral, humanizada e criativa produzir conhecimento junto ao

grupo de gestantes superando saberes populares em relação ao aleitamento materno, cuidados com o

Page 66: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

62

bebê, nutrição, dicas de posturas, pré-natal, pós-natal, entre outros.

Ressaltamos que as atividades de comunicação juntamente com a informação em saúde

devem ser priorizadas no transcurso da assistência pré-natal, uma vez que o intercâmbio de

informações e experiências pode ser a melhor forma de promover a compreensão do processo da

gestação. A aproximação com o grupo das gestantes é um elemento facilitador à adequada

compreensão da realidade e identificação dos traços culturais dessas mulheres.

Com a realização das palestras educativas e aplicação do instrumento avaliativo no

momento pré e pós intervenção junto ao grupo de gestantes notificamos que, o mais importante para

quem presta cuidado às gestantes no pré-natal, é conhecer o que está acontecendo com elas e saber

que, por trás de toda pergunta aparentemente ingênua, feita por uma gestante, podem existir

importantes demandas emocionais latentes. Infere-se, portanto, a necessidade de uma escuta ativa,

aliada a uma prática de comunicação e informação adequada às gestantes, para contribuir no

processo de garantia da autonomia destas mulheres, permitindo-lhes participar ativamente das

opções em relação a sua saúde e a do concepto.

As atividades focadas na educação em saúde com o grupo das gestantes, vêm a

complementar o atendimento realizado durante a gestação com o acompanhamento médico,

melhorando assim a aderência por parte das gestantes em relação às indicações médicas,

diminuindo também as ansiedades e medos gerados em relação à este período e puerpério. Pois é

um evento complexo, com mudanças de diversas ordens, sendo uma experiência repleta de

sentimentos intensos que podem dar vazão a conteúdos inconscientes da mãe.

Cabe salientarmos que o nosso estudo foi válido, pois permitiu argumentarmos sobre a

pertinência do trabalho educativo em saúde desenvolvido com um grupo de gestantes. Mas

destacamos que a análise traria resultados estatísticos mais convenientes se fosse realizado com

número de amostras maiores, sendo esta possível através da realização do instrumento avaliativo

pós-intervenção com o mesmo número de entrevistadas qual foi executado no momento de pré-

intervenção, sendo que isto não foi possível devido a motivos de forças maiores.

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Page 68: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

64

Estudo comparativo da reabilitação na reconstrução do

ligamento cruzado anterior entre enxerto de tendão patelar e

enxerto de tendões flexores

Tiago Golo1, Rafael Mazuco

1, Marlon F. Vidmar

2, Carlos Rafael de Almeida

3,

Alexandre Michelin4, Rodrigo Algarve

4, Gilnei Pimentel

5.1

Resumo

Introdução: O ligamento cruzado anterior (LCA) é o mais acometido nas lesões do joelho e sua

reconstrução com auto-enxerto é um consenso no momento atual, porém ainda não se tem uma

definição do enxerto ideal, tendão patelar (TP) ou tendões flexores (TF). Objetivo: O objetivo deste

estudo foi comparar no período de dois meses a evolução dos pacientes submetidos à reconstrução

do LCA com enxerto patelar ou flexores. Metodologia: Foram avaliados cinco indivíduos

randomizados, no pré e pós-operatório (60 dias), através de goniometria, testes funcionais,

questionário funcional de Noyes e dinamometria computadorizada. Os indivíduos foram divididos

em dois grupos: TP (n=2) e TF (n=3). Na reabilitação foi utilizado o protocolo acelerado

modificado de Shelbourne e Nitz. Resultados: Em relação aos resultados, os testes funcionais e

subjetivos nos dois grupos apresentaram melhora; na amplitude de movimento (ADM) nenhum dos

grupos alcançou o resultado previsto no protocolo; na avaliação do pico de torque o grupo TP

apresentou déficit maior na musculatura extensora em todas as velocidades avaliadas e o grupo TF

déficit maior na musculatura flexora apenas na velocidade de 60º/s, quando comparados ao membro

contralateral. Outro achado importante foi dor anterior no grupo TP, confirmando a literatura. À

exceção da ADM, os resultados encontrados para o intervalo avaliado estão de acordo com os

mencionados na literatura, para os dois enxertos selecionados. Considerações Finais: Sugere-se o

acompanhamento dos casos aqui descritos por um período maior, bem como a ampliação da

amostra, para confirmar ou não as tendências aqui descritas.

Palavras-chave: ligamento cruzado anterior, dinamômetro de força muscular, terapia por

exercício.

INTRODUÇÃO

Tendo como fator inicial do estudo os resultados mostrados pela literatura com relação à

reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) utilizando enxertos autólogos patelares e

isquiotibiais, os autores buscaram fatores indicativos da reabilitação protocolar com maior eficácia

utilizando um ou outro enxerto.

A lesão do ligamento cruzado anterior é responsável por 50% de todas as lesões

ligamentares (BOLLEN, 1998), desta forma demonstra a necessidade de reunir maiores

informações sobre seu tratamento.

A lesão e a reconstrução do LCA do joelho têm sido associadas a mudanças

neuromusculares, como por exemplo, diminuição da propriocepção, alteração nos reflexos

1 1Fisioterapeuta.

2Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo.

3Fisioterapeuta, Mestre em Terapia Manual Ortopédica, docente do Curso de Fisioterapia da UPF.

4Médico ortopedista, Grupo do Joelho, Hospital Ortopédico de Passo Fundo.

5Fisioterapeuta, Mestre em Ciências do Movimento Humano, docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de

Passo Fundo.

Page 69: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

65

musculares iniciados pelo LCA, diminuição da força muscular do quadríceps e alterações da marcha

(BONFIM & BARELA, 2005). Por isso a preocupação em melhor entender as adaptações

neuromusculares pós-reconstrução de ligamento cruzado anterior, para favorecer uma conduta

fisioterapêutica de melhor qualidade, comparando o pré e o pós-operatório, analisando sua evolução

durante os 60 dias iniciais de tratamento, permitindo concomitantemente avaliar o torque e

amplitude de movimento (ADM) de forma mais exata, podendo reproduzir funcionalmente as

atividades habituais.

O estudo objetivou relacionar quantitativa e qualitativamente a evolução dos resultados

provenientes da aplicação do protocolo pós-reconstrução de LCA em indivíduos com reconstrução

do ligamento cruzado anterior com tendão patelar (TP) ou tendões flexores (TF), em momentos

distintos, sendo eles o pré e pós-operatório. Sendo assim, foram utilizados instrumentos de medida

universalmente aceitos, como a Dinamometria Computadorizada, o Questionário Funcional de

Noyes, Testes Funcionais e Goniometria.

MATERIAL E MÉTODOS

Este é um estudo observacional randomizado cego, aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade de Passo Fundo. Participaram da pesquisa indivíduos randomizados

previamente, com diagnóstico de ruptura total do ligamento cruzado anterior e que se submeteram à

intervenção cirúrgica para a reconstrução (ligamentoplastia), no intervalo de 01/02/08 a 01/04/08,

usando como procedimento o terço médio do tendão patelar ou tendões dos músculos isquiotibiais,

ambos autólogos. A inclusão dos indivíduos também segue outros critérios: tempo de lesão menor

que doze meses; sem sintomas ou qualquer lesão no joelho contralateral; sem história de lesão

prévia no joelho comprometido; não apresentar história de doença neurológica ou outra a qual

poderia interferir na reabilitação ou na própria cirurgia (reumática, metabólica, cardiovascular); ter

no mínimo três dias disponíveis por semana durante dois meses para realização da fisioterapia e das

avaliações; não possuir qualquer deformidade ou lesão não tratada nas articulações do quadril.

Durante o período proposto, cinco sujeitos enquadraram-se nos critérios pré-determinados,

sendo então alocados aleatoriamente, através de sorteio, dois no grupo A (reconstrução com tendão

patelar) e três no grupo B (reconstrução com tendões flexores). A técnica cirúrgica para ambos os

grupos foi via artroscópica, sendo todos os procedimentos realizados com o mesmo cirurgião.

O grupo A foi composto por um indivíduo do sexo masculino e um do sexo feminino, com

idades de 27 e 46 anos, respectivamente (média de 36,5 anos), o primeiro com o lado não-

dominante comprometido, e o segundo o lado dominante; do grupo B fizeram parte dois indivíduos

do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades entre 27 e 45 anos (média de 34,3 anos),

todos com o lado dominante comprometido. Todos os voluntários apresentavam lesão meniscal

associada, sendo submetidos a meniscectomia parcial concomitante.

Para as avaliações foram selecionados métodos de mensuração utilizados e aceitos

universalmente: goniometria, dinamometria computadorizada, questionário funcional de Noyes e

testes funcionais.

Os indivíduos receberam esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos ou qualquer

outra dúvida pendente sobre o estudo. Posteriormente houve preenchimento de uma ficha com

dados dos indivíduos e inspeção. Ao final deste procedimento foram realizadas as avaliações pré-

operatórias, sendo padrão a semana anterior à intervenção. Pós-operatório, determinou-se o período

de 60 dias para as reavaliações, acompanhados de reabilitação estabelecendo o protocolo acelerado

modificado de Shelbourne e Nitz (1990), o qual preconiza mobilização precoce e exercícios de

CCF, como princípio básico de tratamento. A reabilitação foi desenvolvida nas clínicas de

fisioterapia da UPF, que seguem como conduta para tal lesão este protocolo, chegando a mesma

conformidade ou aceitação dos autores da pesquisa.

Para a avaliação do pico de torque dos músculos extensores e flexores do joelho, foi

utilizado um dinamômetro computadorizado da marca Biodex™ Multi Joint System 3 Pro, no

Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de

Page 70: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

66

Passo Fundo. O experimento foi iniciado com o indivíduo posicionado de acordo com a

recomendação do manual do fabricante (BIODEX™, 2002), com o encosto inclinado a 85º e com as

costas bem suportadas pelo aparelho, com cintos posicionados no tronco superior, na região da

pelve cruzando nas espinhas ilíacas ântero-superiores, em volta de uma das coxas e no tornozelo do

membro a ser testado a 2cm acima do maléolo medial. O eixo de rotação do dinamômetro foi

alinhado com o eixo da articulação do joelho. Foram utilizadas velocidades angulares de 60º/s,

180º/s e 300º/s para ambos os grupos, tanto nas avaliações pré-operatórias como nas pós-

operatórias. Para verificar a amplitude de movimento em flexão e extensão do joelho, o sujeito foi

colocado em posição pronada, estabilizando o fêmur para manter o quadril em abdução, adução,

flexão, extensão e rotação de 0 graus. O alinhamento do goniômetro foi realizado centrando o eixo

do mesmo sobre o epicôndilo lateral do fêmur; seu braço proximal foi alinhado com a linha média

lateral do fêmur, usando como referência o trocânter maior; o braço distal foi alinhado com a linha

média lateral da fíbula, usando como referência o maléolo lateral e a cabeça da fíbula.

Para os testes funcionais foram utilizados de acordo com Prentice (2002), os seguintes

testes:

Sprint em “W”: o paciente realiza um sprint para frente, até o primeiro marcador, em

seguida move-se para trás até o segundo e, depois, para frente até o terceiro, e assim por diante. O

percurso foi realizado três vezes, sendo cronometrado em todas elas, e calculado o tempo médio

gasto para percorrê-lo.

Corrida quadrangular (Box Run): o paciente é orientado a contornar quatro cones dispostos

de forma a constituir um quadrado. Também neste teste o trajeto foi percorrido três vezes, sendo

cronometrado e calculado o tempo médio.

Para avaliação subjetiva foi utilizado o Questionário Funcional de Noyes, que consiste em

um formulário a ser respondido pelo voluntário, de forma espontânea e não induzida, onde são

avaliadas através de conceitos numéricos a dor e suas principais variáveis como a intensidade,

freqüência e localização, o edema, a estabilidade, a rigidez, a crepitação e sensação de bloqueio,

nível de atividade geral, marcha, atividades tais como subir e descer escadas, correr, pular e girar,

nível de atividade comparado com ao anterior à lesão, expectativa da recuperação, uso de órtese e

nota geral (de 0 – 100) para a situação do joelho, podendo atingir um escore máximo de 100 pontos.

RESULTADOS

Grupo A - Tendão Patelar (TP)

Nas avaliações subjetivas, que implicava em responder o Questionário Funcional de Noyes,

houve melhora nos dois indivíduos do grupo, tanto na pontuação atingida no questionário quanto na

nota atribuída pelo paciente ao seu joelho. O indivíduo 1 evoluiu de 22 pontos e nota 30 na

avaliação pré – operatória para 55 pontos e nota 70 na avaliação pós – operatória de 60 dias, o que

significa ganho de 150% e 133,33% respectivamente. Enquanto o indivíduo 2 partiu de 73 pontos e

nota 50 para 80 pontos e nota 80 (9,58% e 60% respectivamente). Na média do grupo houve

aumento de 79,79% na pontuação do questionário e 96,65% na nota atribuída.

Os resultados da avaliação funcional vêm ao encontro dos dados acima citados, pois

apresentaram melhora em ambos os indivíduos. O indivíduo 1 estabeleceu médias de 14,55s no pré

– operatório e 7,24s no pós – operatório no teste de Sprint em W, e 17,83s contra 8,30s no teste de

Box Run tendo um ganho de 50,24% e 53,44% de funcionalidade nos respectivos testes. O

indivíduo 2 obteve médias de 5,53s e 4,62s (melhora de 16,45%) no teste de Sprint em W, já no Box

Run passou de 4,86s para 3,85s (aumento de 20,78% na funcionalidade). Com isso fica estabelecida

uma melhora dentro do grupo TP de 33,34% no Sprint em W e 37,11% no Box Run.

Na avaliação do pico de torque o grupo TP apresentou déficit maior na musculatura

extensora nas velocidades de 60º/s, 180º/s e 300º/s quando comparado ao membro contralateral. Já

o grupo TF apresentou déficit maior na musculatura flexora na velocidade de 60º/s e déficit menor

nas velocidades de 180º/s e 300º/s quando comparado ao membro contralateral. O que pode ser

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67

verificado nas tabelas 1 e 2 respectivamente.

Tabela 1: Média da relação do pico de torque (%) da musculatura extensora entre o membro

operado e o contralateral.

60º/s 180º/s 300º/s

Pré Pós Pré Pós Pré Pós

TP - 46,15 - 63,15 - 39,15 - 49,65 - 32,5 - 36,5

TF - 31,95 - 44,05 - 20,5 - 32,65 - 18,6 - 16,1

Fonte: Dados coletados no Laboratório II de Biomecânica da FEFF - UPF, pelos pesquisadores, no período entre

fevereiro e junho de 2008.

Tabela 2: Relação média do pico de torque (%) da musculatura flexora entre o membro operado e o

contralateral.

60º/s 180º/s 300º/s

Pré Pós Pré Pós Pré Pós

TP - 40,65 - 30,5 - 35,15 - 20,2 -38,35 - 17,5

TF - 40,4 - 37,95 - 40,2 - 17,9 - 38,2 -5,4

Fonte: Dados coletados no Laboratório II de Biomecânica da FEFF - UPF, pelos pesquisadores, no período entre

fevereiro e junho de 2008.

Em relação à ADM nenhum dos pacientes apresentou déficit de flexão ativa, mas o

indivíduo 2 apresentou restrição de 5º na flexão passiva em relação ao joelho contralateral. Na

avaliação da extensão total observou-se que todos os integrantes do grupo apresentaram restrição

(2º no indivíduo 1 e 5º no indivíduo 2), média de 3,5º.

Grupo B – Tendões Flexores (TF)

Um dos pacientes foi excluído do estudo, pois apresentou intercorrências como dor

significativa na região póstero-lateral, restrição acentuada da ADM e “estalidos” na articulação

acometida. Foi assim orientado pelos pesquisadores a retornar ao cirurgião responsável.

Na avaliação subjetiva todos os integrantes do grupo TF elevaram a pontuação e a nota, na

comparação das avaliações pré e pós – operatória. O indivíduo 1 obteve uma evolução de 34 pontos

e nota 30 para 67 pontos e nota 65 (melhora de 97,05% e 116,66%). Já o indivíduo 2 progrediu de

25 pontos e nota 30 para 74 pontos e nota 70 (evolução de 196% e 133,33%). Este grupo apresentou

ganho médio de 146,52% na pontuação e 124,99% na nota.

Nos testes funcionais, o indivíduo 1 obteve no Sprint em W médias de 9,24s no pré –

operatório e 6,38s no pós – operatório, o que gerou ganho médio de 30,95%, já no teste de Box Run

obteve médias de 8,11s e 6,47s, ganho de 20,22% na sua funcionalidade. O indivíduo 2 estabeleceu

médias de 6,45s e 5,73s no teste de Sprint em W, e para o teste de Box Run médias de 6,13s e 5,35s

aumentando em 11,16% e 12,72% respectivamente sua funcionalidade. O que estabeleceu a

evolução média de 21,05% no Sprint em W e 16,47% no Box Run dentro do grupo.

Na avaliação da ADM 100% dos indivíduos apresentaram comprometimento tanto na flexão

ativa quanto na passiva. O indivíduo 1 apresentou déficit de 14º e 13º respectivamente. No

indivíduo 2 a restrição ficou em 11º na flexão ativa e 9º na passiva. Média de 12,5º de perda na

flexão ativa e 11º na flexão passiva.

Na extensão total houve restrição de 6º no indivíduo 1. Já o indivíduo 2 apresentou a mesma

extensão comparado ao membro não afetado, atingindo assim o objetivo estabelecido pelo

protocolo acelerado.

Page 72: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

68

DISCUSSÃO

A restrição de ADM é tida como complicação freqüente da reconstrução do LCA

(GUIMARÃES, 2004). Sachs et al (1990), reportaram em seu estudo 24% de joelhos com

contratura em flexão maior que 5º após reconstrução do LCA.

Neste estudo houve um maior comprometimento na avaliação de ADM de flexão de joelho

no grupo TF quando comparados ao grupo TP. O que também foi verificado no estudo de Siegel e

Barber-Westin (1998), que descreveram 6% de limitação na flexão, o que retardou o programa de

reabilitação, nos 82 pacientes submetidos à reconstrução com tendões de semitendíneo e grácil.

Aglietti et al (1992), verificaram que a perda de extensão final é mais freqüente nos

pacientes submetidos à reconstrução com a técnica TP. Relatam que essa limitação ocorreu, em

diversos graus de gravidade, em 47% dos pacientes submetidos à técnica TP, e em apenas 3%

daqueles submetidos à técnica TF. Balsini et al (2000), observaram em seu estudo que a limitação

da extensão final ficou evidente em 16% dos casos na série do TP contra 2% do grupo TF. O que

vem ao encontro dos resultados obtidos nesse estudo. Já para Marder et al (1991) a amplitude final

de movimento foi similar em ambos os grupos.

No presente estudo ambos os grupos apresentaram uma evolução na avaliação subjetiva e

funcional, porém não podemos afirmar se a diferença entre grupos é ou não significativa, por ser

uma amostra pequena.

Pinczewski et al (2007), num estudo de 180 pacientes compararam os resultados de

reconstituições do LCA com TP e TF, com acompanhamento de até 10 anos e demonstraram que as

avaliações subjetiva e funcional não revelaram diferenças significativas entre os dois grupos. O que

é confirmado no estudo de Iorio et al. (2005), que ao acompanhar 60 casos por 74 meses não achou

diferença significativa na avaliação subjetiva entre grupos de enxerto patelar e flexores.

Xu et al (2007), em estudo comparativo entre tendão flexor e tendão patelar com

acompanhamento de até 36 meses também não perceberam diferença significativa entre os grupos

nas avaliações subjetivas. Sajovic et al (2006), num estudo comparativo entre enxertos patelar e

flexores com 64 pacientes, não observaram diferenças significativas com relação ao escore na

avaliação subjetiva e funcional. Com isso concluem que ambos os enxertos mostram bons

resultados subjetivos e objetivos após cinco anos.

Hernandez et al (1996), concluíram que a reconstrução do LCA com terço central do tendão

patelar autólogo permite retorno à atividade física em níveis semelhantes aos níveis pré-lesão. O

que vem ao encontro de Isberg et al. (2006), que em pesquisa feita com 22 pacientes com

reconstituição de LCA com tendão patelar, não encontraram diferenças significativas nos resultados

de ADM, testes funcionais e avaliação subjetiva em dois anos após a realização da cirurgia.

Em estudo feito por Aglietti et al (1992), em 69 pacientes submetidos à reconstrução do

LCA com tendão patelar, a pontuação média atingida na avaliação subjetiva foi de 63 pontos, antes,

para 92 pontos após a cirurgia. Vindo ao encontro de Buss et al (1993), que utilizaram o mesmo tipo

de enxerto, obtendo aumento da pontuação média de 55 para 93 pontos.

Corroborando com os achados desta pesquisa em relação à avaliação do pico de torque,

Dauty et al (2005) realizaram uma análise da literatura publicada em 2005, onde selecionaram 53

relatos de avaliação isocinética após reconstrução do LCA com os mesmos enxertos do presente

estudo. Após 24 meses não foi encontrada diferença entre os enxertos, porém os dados descritos nos

primeiros meses apontam para um menor déficit flexor (1% – 15% contra 5% - 17%) com uso de

tendão patelar, e nos casos em que foram usados tendões flexores a relação é oposta, com menor

déficit extensor (6% - 19% contra 5% - 21%).

Em estudo de Carter e Edinger (1999) foi comparada a força dos músculos quadríceps e

flexores do joelho, após cirurgia reparadora do LCA com TP ou TF. A maioria dos pacientes não

apresentava força muscular normal após seis meses.

Dentre os estudos isolados sobre a reconstrução do LCA com um único tipo de enxerto

(patelar) pode-se mencionar o de Keays et al (2000), que avaliaram 31 indivíduos que após a

cirurgia realizaram a reabilitação acelerada com ênfase na ADM precoce. Na avaliação isocinética

Page 73: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

69

pré-operatória foi detectado um déficit de 12% no quadríceps, na velocidade de 60º/s, sendo que aos

seis meses este valor aumentou para 28%. Cabe ressaltar que a musculatura flexora não apresentou

diferença nestes dois momentos.

Em estudo de Kobayashi et al. (2004), foi avaliada a performance muscular após a

reconstrução ligamentar com TP em 36 sujeitos. A musculatura extensora e flexora foi mensurada

em 60 e 180º/s em diferentes momentos da recuperação, mais especificamente com um mês, seis,

doze e 24 meses após. Na avaliação final foi encontrada uma recuperação de 90% do quadríceps,

sendo que para os isquiotibiais esta porcentagem foi atingida aos seis meses. Destaca-se que os

pacientes com dor anterior no joelho demoraram mais tempo para recuperar a força.

Olivier et al. (2007), analisaram a evolução da performance isocinética dos músculos

flexores e extensores de joelho, em jogadores de futebol antes e depois da reconstrução do LCA

com o uso de TP. Duas avaliações foram realizadas em 18 atletas, antes e quatro meses após a

cirurgia. A avaliação inicial mostrou que a performance dos extensores no lado lesado foi

significativamente menor quando comparada com o lado saudável, e os resultados de quatro meses

depois demonstraram que esse déficit foi acentuado.

Chama atenção o relato de dor anterior no joelho em todos os indivíduos do grupo TP do

presente estudo. O que segundo Balsini et al (2000), poderia ser explicado em parte pela maior

agressão cirúrgica a essa região, e pela possibilidade de cicatrização com fibrose e conseqüente

encurtamento do TP, aumentando a pressão na articulação femoropatelar.

A musculatura isquiotibial é um componente vital na intrincada dinâmica do mecanismo do

joelho. No entanto, há evidência baseada em pesquisas sugerindo déficits potenciais devido à

morbidade do sítio doador (VAIRO et al. 2008).

Em uma publicação Keays et al. (2001), avaliaram isocineticamente o pré e o pós-operatório

de seis meses de 31 indivíduos submetidos à reconstrução com TF e posteriormente a um programa

de fisioterapia. Comparado ao joelho contralateral encontrou-se um déficit de 7,3% na musculatura

extensora antes da cirurgia, na velocidade angular de 60º/s, não tendo sido encontrado déficit de

flexores. Aos seis meses o déficit dos extensores aumentou para 12%, e o déficit dos flexores

aumentou para 10%.

Já Coombs e Cochrane (2001), estudaram a recuperação da força dos flexores do joelho após

a reconstrução com TF. Os resultados mostraram que há déficit de força nos flexores do joelho até

12 meses de pós-operatório.

Do ponto de vista econômico Forssblad et al. (2006), ao compararem os custos do uso dos

dois enxertos estudados, incluindo diferentes métodos de fixação demonstraram que a media do

custo com TP foi €197, comparados com €436 para TF, recomendando, desta forma, o uso do

primeiro. Com relação ao tempo médio de cirurgia os mesmo autores demonstraram que o

procedimento com TP foi 11,5 minutos menor (71,3 ± 31 min.) que TF (83,2 ± 27).

Este estudo fortalece a evidência da redução da morbidade usando enxerto de tendões

flexores, concordando com os achados de Poolman et al. (2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda há controvérsias sobre a seleção do enxerto para reconstrução primária do LCA. São

necessários estudos prospectivos randomizados de longo tempo para determinar as diferenças entre

os materiais.

Entende-se que o período de 60 dias P.O. parece curto para entender-se qualquer resultado

com razoável grau de confiabilidade, porém é um bom indicativo, através das diferentes formas de

avaliar a evolução de cada caso, da aplicabilidade do protocolo proposto.

Seis meses é um período quase que consensual na avaliação dos pacientes submetidos à

reconstrução do LCA com auto-enxerto, pois é o momento em que a maioria dos pacientes retorna

as atividades que antecederam as lesões.

Com isso os autores recomendam o acompanhamento dos casos aqui descritos por um

período maior, bem como a ampliação da amostra, para confirmar ou não as tendências aqui

Page 74: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

70

descritas.

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Page 76: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

72

Influência da fotobiomodulação por LED na microcirculação e

edema experimental induzido

Vinicius Brandalise1; Tádia Fernanda Lapinski

2; Franciane Barbieri Fiório

1.

Resumo

Introdução: Os efeitos da fotobiomodulação consistem da utilização de luz, para modular várias

funções celulares, tendo como principais, os efeitos antiálgicos, antiinflamatórios e antiedematoso e

os efeitos sobre o aumento da microcirculação local e trofismo celular, os quais favorecem o

processo de reparação tecidual. A fototerapia com diodos emissores de luz (LEDs) tem atraído a

atenção na fotobiomodulação tecidual, tendo em vista serem uma alternativa de baixo custo para as

terapias que utilizam laser de baixa potência. Objetivos: Analisar a interação do LED no vermelho

e no infravermelho (635 e 973 nm) sobre a microcirculação auricular de ratos e sobre o edema

inflamatório induzido em pata de ratos. Metodologia: Para avaliar os efeitos sobre a

microcirculação e sobre o edema, foram utilizados ratos wistar, os quais foram: grupo A - controle;

grupo B - irradiado com LED infravermelho (973nm) e grupo C - irradiado com LED vermelho

(635nm), Para verificar os efeitos sobre a microcirculação, os animais receberam apenas 1

irradiação sobre a orelha direita e esses efeitos foram avaliados através da variação da temperatura

auricular. Para avaliação dos efeitos do LED sobre o edema inflamatório, este foi induzido com

injeção de carragenina na pata do rato e após foi realizada somente 1 irradiação com LED na pata e

os efeitos foram verificados a través da variação do volume em coluna de água e da medição da

temperatura da pata. Conclusão: A interação LED-tecido biológico, independente do comprimento

de onda, possibilita: 1) variação no diâmetro dos vasos e na temperatura auricular; 2) a irradiação

por LED, na faixa do vermelho (635nm), demonstra maior viabilidade de diminuição do quadro

edematoso.

Palavras-chave: LED, temperatura, edema

INTRODUÇÃO

Numa lesão tecidual, existe inicialmente uma resposta vascular onde ocorre um processo de

vasoconstricção (por ação da noradrenalina e contração do endotélio) e conseqüente vasodilatação.

Durante este processo, células inflamatórias (neutrófilos e leucócitos) são atraídas para a área de

lesão. A permeabilidade vascular, alterada pela ação da histamina, faz com que haja a formação de

edema (BAXTER, 1998).

A inflamação é um processo dinâmico, como resposta de defesa biológica do corpo a

inúmeras e distintas injúrias e é essencial à resposta de proteção do corpo no reparo de tecido

(ALBERTINI, 2004).

Durante a resposta inflamatória ocorre aumento da pressão hidrostática na microcirculação e

passagem dos fluidos através dos pequenos vasos tornando-os mais permeáveis às proteínas

plasmáticas. Quando estas proteínas deixam os vasos e entram no interstício, a pressão osmótica

amenta e provoca a saída de mais fluido para o interstício, originando o edema e aumentando a

1 Fisioterapeuta graduado pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Emgenharia Biomédica

pela Universidade do Vale da Paraíba - UNIVAP; docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade

Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ 2 Bióloga graduada pela Universidade da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, Mestre em Emgenharia Biomédica

pela Universidade do Vale da Paraíba - UNIVAP; docente da Área da Ciencia da Saúde da Universidade Comunitária

Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ

Page 77: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

73

viscosidade sanguinea que tende a desacelerar o fluxo (estase sanguinea) (MARTINS, et al, 2007).

A Terapia Laser em Baixa Intensidade tem sido recomendada no período pós-operatório pela

habilidade em acelerar o reparo de feridas.

Segundo Buso (2006), a laserterapia produz diversos efeitos, sendo eles: antiálgicos,

bioestimulantes de trofismo celular, antiinflamatório, antiedematoso e normalizador circulatório.

Assim, esta terapia pode ser empregada, como coadjuvante em tratamentos variados.

Os efeitos da fotobiomodulação, consistem da utilização de luz na faixa do vermelho e

infravermelho próximo (600 a 1000 nm), para modular várias funções celulares (CALIFANO, 2006

cita Desmet, 2006); uma vez que corantes endógenos, principalmente hemoglobina, absorvem

fortemente luz abaixo de 600 nm, e comprimentos de onda maiores são energeticamente efetivos na

produção de O2 ( MEIRA, 2007 cita Nowis et al, 2005)

O efeito da TLBI no processo inflamatório foi estudado por Albertini et al (2004) em

modelo experimental de ratos. Induziu-se edema na pata com injeção sub-plantar de 1 ml de

carraginina e o volume da pata medido 1, 2, 3, e 4 horas após a injeção usando um

hidropletismomêtro. Os animais foram irradiados com GaAlAs durante 80 segundos, com D.E = 1 a

5 J cm. Os autores concluíram que a TLBI tem possível efeito antiinflamatório através da

estimulação de hormônios adrenais corticosteróide.

Honmura (1992) utilizou modelos inflamatórios com carragenina no dorso e na pata dos

ratos Wistar comparando os efeitos do tratamento da droga indometacina e laser diodo de Ga-Al-As

com potência de 10mW (31 J/sec/cm2) durante sete dias consecutivos. Realizou análise da

permeabilidade vascular da proteína do plasma e verificou que a irradiação laser inibe a

permeabilidade vascular no estágio agudo e a formação de granuloma no estágio crônico e que a

droga indometacina era superior ao laser.

Um fator importante para a rápida recuperação de uma ferida é por intermédio do estímulo

do sistema linfático. O efeito antiedematoso ou o aumento de drenagem da superfície irradiada é

somente evidente se ocorrer estase venoso-linfática. Esse efeito é notório em edema de síndrome

varicosa, linfedema e outras situações clínicas (CORAZZA, 2005). ÖZKAN (2004) utilizou um

laser diodo infravermelho (904 nm) pulsado em pós-operatório de tendões digital flexores de

humanos, apresentando um significativo efeito positivo na redução do edema, através da

mensuração do volume de água.

A luz coerente e não coerente (Laser e LED - diodos emissores de luz), possuindo mesmos

parâmetros (comprimento de onda, intensidade e dose) fornecem a mesma resposta biológica em

nível celular (FARIA, 2006 cita Karu, 2006).

Considerando-se as propriedades de biomodulação descritas para lasers de baixa potência e

admitindo-se que LED podem demonstrar atividades semelhantes, o objetivo deste trabalho foi

analisar a interação do LED 635 e 973 nm sobre a microcirculação e sobre o edema de pata de rato,

induzido por carragenina.

METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se pelo método qualitativo e quantitativo - híbrido onde destaca-se a

utilização das técnicas de levantamento de dados através da observação e analise documental de

exames laboratoriais, onde são identificadas as características peculiares e universais de grupos de

indivíduos com uma ou mais características em comum, propondo uma ação de intervenção e

condução da pesquisa através da imersão do pesquisador (GOLDIM, 2000).

Neste estudo foram seguidas as premissas da COBEA (Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal), tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Vale do

Paraíba (CEP – UNIVAP), sob protocolo número: A107/CEP/2007.

Amostra

Para a realização do experimento foram utilizados ratos da linhagem wistar, com peso médio

Page 78: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

74

de 250gr (±20gr), provenientes do biotério da UNOCHAPECÓ-SC, segundo os Princípios Éticos

na Experimentação Animal (COBEA, 1991), Os animais foram mantidos em temperatura ambiente,

ciclo claro/escuro de 12/12h, com comida e água a vontade; foram alojados em gaiola coletiva,

providas de cama de maravalha, mamadeira para água e cocho de alimentação.

Os animais foram separados em 3 grupos (A, B e C), sendo: o grupo A, denominou-se

controle; o grupo B, irradiado com LED infravermelho (973nm); o grupo C, irradiado com LED

vermelho (635nm).

Para a verificação de cada efeito foram utilizados 3 ratos.

Procedimento Anestésico

A anestesia foi realizada, em ambos os ratos, empregando-se 0,15 mL de Xilazina e 0,15 mL

de Ketamina por via intraperitoneal, através de associação anestésica entre um agente dissociativo e

um fármaco de ação miorrelaxante, analgésico e sedativo. A dose de ketamina e xilazina

recomendada é de 0,1 ml para cada 100g do rato da mistura de 1 ml de ketamina a 10% (50mg) e 1

ml de xilazina a 2% (20mg); permitindo um período de latência de cinco a sete minutos e uma

anestesia que varia de 50 a 80 minutos, sem alteração drástica dos parâmetros fisiológicos e demais

funções gerais; esta técnica dispensa qualquer atenção pós-anestésica (MASSONE, 2003;

BOJRAD, 1996).

Mensuração da Temperatura

Foi realizada a medida da temperatura, com os ratos já anestesiados, empregando-se um

termômetro infravermelho MT-360, marca Minipa® com mira laser, portátil, classificação de

segurança do Laser: Classe II; comprimento de onda: vermelho (630~670 nm), potência de saída :

<1mW (Classe II). A distância para realização da medida de temperatura foi padronizada em 25 cm.

Especificações Técnicas do Diodo Emissor de Luz (LED)

Foram realizados dois protocolos distintos de irradiação com LED, operando nos

comprimentos de onda de 635 e 973 nm. Os parâmetros utilizados na terapia estão especificados na

tabela 1.

Tabela 01 - Descrição Técnica dos LED´s.

Valências Físicas LED (V) LED (IV)

Comprimento de onda 635 nm 973 nm

Potência 15 mW 104 mW

Tempo de exposição 20 segundos 22 segundos

Diámetro do feixe 1 cm 1 cm

Densidade de energia 3 J/cm2

3 J/cm2

Preparação das amostras para verificação dos efeitos do LED sobre a microcirculação

Após o procedimento anestésico, seguiu-se tricotomia na orelha direita dos animais com

gilete (Gilete®), evitando lesionar a pele do animal. Procedeu-se a limpeza do tecido com algodão

embebido em álcool 99.5% e a fixação do tecido auricular com fita em tubo de ensaio para este

ficar plano.

Após a preparação da amostra, foi realizada a medida da temperatura auricular e realizada a

primeira irradiação. Logo após a irradiação, foi realizada a medida da temperatura e esta foi

retomada no 3°, 6°, 9°, 12°, 15° e 18° minuto após a irradiação.

Preparação das amostras para verificação dos efeitos do LED sobre o edema induzido

Page 79: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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Após o procedimento anestésico, foi realizada a mensuração do volume da pata de cada rato

através de um becker com régua milimetrada, o qual estava continha solução aquosa e da

temperatura através do termómetro infravermelho.

O edema de pata foi induzido com um volume de 0,1 ml de solução composta por

carragenina (0,1 mg/ml) diluída em soro fisiológico, que foi injetado da região plantar da pata

posterior esquerda.

Após 1 hora da indução do edema, foi realizada a mensuração do volume e da temperatura

novamente, e logo após realizou-se a irradiação com LED no vermelho e infravermelho. Novas

mediadas da temperatura e volume da pata foram realizadas a cada 30 minutos, totalizando 5

medidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O gráfico 1 demonstra a relação entre os distintos tempos de mensuração e a variação de

temperatura dos grupo A, B e C. Os tempos de mensuração foram respectivamente: 1 – pré

irradiação; 2- 3 minutos pós irradiação 4- 9 minutos pós irradiação; 5-12 minutos pós irradiação; 6-

15 minutos pós irradiação; 7- 18 minutos pós irradiação. Observa-se uma temperatura basal

próxima do de 31,5 ºC. Não foi observado variações significantes na mensuração da temperatura ao

longo do experimento independente do grupo analisado.

Relação temperatura auricular

0

10

20

30

40

Tempos de mensuração (minutos)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Grupo A - Controle 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5

Grupo B - LED 973nm 31 33 32 31,5 31 31,5 32

Grupo C - LED 635nm 32 30,5 28,5 25 30 29,5 28

1 2 3 4 5 6 7

Gráfico 1 - Avaliação seriada da temperatura auricular dos distintos grupos.

Em relação à temperatura, verificou-se neste estudo que houve uma pequena variação da

temperatura inicial para a temperatura final; inicialmente a temperatura aumentou em 3°C

imediatamente após a irradiação em relação a temperatura pré irradiação, caindo para valores

próximos ao inicial nos 9 minutos subseqüentes, voltando a aumentar nos próximos minutos. De

acordo com Martins et al (2007) a terapia com Laser de Baixa Intensidade com baixa densidade de

energia de 1 a 10 J/cm², produz um pequeno e não significante aumento da temperatura, o qual não

ultrapassa 1°C, o que está em acordo com o resultado encontrado nesse estudo, tendo em vista que o

tecido auricular não foi lesado, o qual não estaria sob um processo inflamatório.

O gráfico 2 mostra a variação da temperatura da pata dos animais.

Page 80: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

76

Relação temperatura da pata

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5

Tempos de mensuração (minutos)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Grupo A - Controle

Grupo B - LED 973nm

Grupo C - LED 635nm

Gráfico 2. Avaliação seriada da temperatura da pata dos diferentes grupos.

Como se pode observar, o rato que recebeu a irradiação com LED teve um leve aumento na

temperatura no momento logo após a irradiação, comparado com antes da irradiação, porém nos

próximos 30 e 60 minutos após a irradiação, houve uma diminuição da temperatura. Isso pode ser

explicado pelo efeito antiinflamatório do LED. Já no rato que não recebeu irradiação com LED, a

temperatura aumentou nos minutos após a administração da solução de carragenina.

O gráfico 3 mostra a variação do volume do edema da pata dos animais.

Variação volume edema

0

1

2

3

4

5

1 2 3 4 5

Tempos de mensuração (minutos)

Vo

lum

e (

ml)

Grupo A - Controle

Grupo B - LED 973nm

Grupo C - LED 635nm

Gráfico 3. Demonstração da variação do volume da pata (ml), ao longo dos

tempos de mensuração, nos três grupos.

Como pode-se observar, no rato que recebeu a irradiação com LED, houve manutenção do

volume de água após 1 hora de administração da solução de carragenina, no entanto, no rato que

não recebeu irradiação, esse aumento foi de 0,5 ml, indicando que houve um edema em ambos os

ratos, porém no rato não irradiado, o edema foi menor. Após 30 minutos da irradiação, houve uma

diminuição do volume da coluna de água em ambos os ratos. A diminuição do edema no rato

irradiado é explicada pelos efeitos antiinflamatórios do LED, o que está de acordo com Albertini

(2007), que em seu estudo, usando o mesmo protocolo, também conseguiu uma redução do edema

após irradiação com Laser, no entanto, no rato não irradiado, também houve uma diminuição do

edema, o que soa estranho, tendo em vista que foi realizado nenhum tipo de terapia neste animal.

O efeito da TLBI no processo inflamatório foi estudado também por Albertini et al (2004)

Page 81: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

77

em modelo experimental de ratos. Induziu-se edema na pata com injeção sub-plantar de 1 ml de

carraginina e o volume da pata medido 1, 2, 3, e 4 horas após a injeção usando um

hidropletismomêtro. Os animais foram irradiados com GaAlAs durante 80 segundos, com D.E = 1 a

5 J cm. Os autores concluíram que a TLBI tem possível efeito antiinflamatório através da

estimulação de hormônios adrenais corticosteróide.

Segundo Campana et al. (1998), a ação do laser de baixa potência sobre o tecido está

relacionado à possibilidade de inibir o aparecimento de fatores quimiotáxicos nos estágios iniciais

da inflamação; de interferir com os efeitos dos mediadores químicos induzidos pela inflamação e de

inibir a síntese de prostaglandinas, que são mediadores inflamatórios e desempenham importantes

papéis no processo inflamatório.

Özkan (2004) utilizou um laser diodo infravermelho (904 nm) pulsado em pós-operatório de

tendões digital flexores de humanos, apresentando um significativo efeito positivo na redução do

edema, através da mensuração do volume de água.

Sugere-se que a TLBI pode modular o processo inflamatório. Albertini e cols (2007)

estudaram os efeitos da TLBI na expressão da COX-2 mRNA em tecido subplantar edemaciado

através de injeção de carraginina. O edema foi medido por pletismômetro e a expressão da COX-2

mRNA por RT-PCR, após irradiação com 660 e 684 nm de luz laser no vermelho. Os resultados

sugerem a diminuição do edema e da COX-2 mRNA, conclui-se que a TLBI reduz a expressão da

COX-2 mRNA, consequentemente diminuindo o edema inflamatório.

CONCLUSÃO

Apesar da riqueza literária e estudos a respeito da aplicação do laser, ainda são escassos os

estudos utilizando o LED, encontrando-se em processo de avaliação seus reais efeitos,

principalmente no que concerne a coerência, necessitando de estudos mais detalhados,

determinando parâmetros ideais de aplicação para confirmação de seu mecanismo de ação.

Os efeitos da terapia com laser de baixa intensidade sobre a diminuição do edema e sobre a

microcirculação são descritos na maioria com experimentos feitos com laser, não sendo encontrado

um número significante de literatura descrevendo os efeitos do LED.

No entanto, com os resultados obtidos nesse estudo conclui-se que a interação LED-tecido

biológico não promove incremento na temperatura tecidual possibilitando uma forma de terapia

atérmica, independente do comprimento de onda. No entanto em relação à diminuição do edema, a

irradiação por LED, na faixa do vermelho (635nm), demonstra maior viabilidade na diminuição do

quadro edematoso.

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79

Influência do sapato de salto alto na cintura pélvica

Mariane Bortoli1,Manuela Souto

2 ,Deise Rigon

2, Graciele Sbruzzi

3, Gilnei Lopes Pimentel

4

Carlos Rafael de Almeida4

Resumo

Introdução: A utilização de sapatos de salto alto coloca o corpo sob condições não fisiológicas

demandando alterações posturais a fim de manter o equilíbrio postural. Objetivo: O objetivo deste

estudo foi identificar as alterações que ocorrem na cintura pélvica decorrentes do uso do sapato de

salto alto na postura estática. Metodologia: Participaram do estudo 25 mulheres, acadêmicas do

curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, maiores que 18 anos de idade, usuárias de

sapatos tamanhos 36/37 que foram fotografadas na vista anterior, perfil direito e esquerdo,

primeiramente descalças, e após com sapato de salto alto de 3 e de 10 cm e analisadas através do

Software de Avaliação Postural. A análise estatística foi realizada através do pacote estatístico SPSS

15.0 e o p ≤ 0,05. Foi utilizado o Teste de Pearson onde não se verificou correlação entre lordose,

hemipelves e flexibilidade. Resultados: A cintura pélvica e lordose das acadêmicas não sofreram

diferenças significativas independentemente da altura de salto alto, analisado através do MANOVA

one way e não houve associação entre altura do salto com flexibilidade e curvatura lombar

verificado pelo teste x2.Verificou-se maior freqüência de anteversão e desalinhamento horizontal

pélvico, porém, não pode-se associar as alterações da pelve com as diferentes alturas de salto.

Considerações: Sugerem-se novas pesquisas para elucidar as divergências sobre os efeitos do salto

alto na pelve.

Palavras-chaves: Pelve, lordose, flexibilidade, sapatos

INTRODUÇÃO

Atualmente já é consenso entre as mulheres que usar sapato de salto alto propicia uma

sensação de auto-estima e bem estar psíquico. Devido a este fato, o uso desse calçado tem

aumentado consideravelmente nos últimos anos. Por esta razão, muitas teorias e divergências vêm

sendo criadas acerca dos benefícios e malefícios causados à saúde de suas usuárias pelo uso

contínuo desse calçado durante o andar (SANTOS et al, 2007).

Há séculos que as mulheres “perdem a cabeça” por causa dos sapatos, havendo relatos de

estudos que mostram pinturas em cavernas da França e da Espanha indicando a existência de

calçados já em 10.000 a.C. (CALDEIRA, 2006).

A cintura pélvica é freqüentemente comparada com o ombro por ser uma articulação tri-

axial possuindo três planos de movimento, porém estável, feita para sustentação de peso. A pelve

pode se movimentar em três planos: Sagital (anteversão e retroversão); Frontal (inclinação pélvica

lateral direita e esquerda); e Horizontal (rotação para a direita e para a esquerda).Os movimentos da

pelve são administrados pelos músculos abdominais, paravertebrais e do quadril (RODRIGUES et

al, 2003).

Segundo Amado-João (2006), qualquer inclinação na pelve subentende movimentos

1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

2Fisioterapeuta egressa da Universidade de Passo Fundo

3Fisioterapeuta, Mestrado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia

4Fisioterapeuta, Mestre,

Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

Page 84: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

80

simultâneos da região lombar e articulações dos quadris. Na inclinação pélvica anterior a pelve

inclina-se para frente aumentando a lordose da coluna lombar, já na inclinação pélvica posterior a

pelve inclina-se para trás determinando uma retificação da coluna lombar, porém há diversas

controvérsias com relação ao movimento da cintura pélvica com o uso do sapato de salto alto.

De acordo com Sacco et al (2007), com o advento da tecnologia, a fotogrametria digital vem

sendo considerada uma alternativa para a avaliação quantitativa das assimetrias posturais na

avaliação postural, podendo ser utilizada para efetuar medidas lineares e angulares sendo utilizado o

Software para Avaliação Postural (SAPO) para coleta dos dados.

Os isquiotibiais (IT), grupo muscular composto pelos músculos semitendíneo,

semimembranoso e bíceps da coxa, formam uma grande massa muscular que está envolvida

diretamente nos movimentos do quadril e joelho. Esse grupo desempenha importante influência na

inclinação antero-posterior da pelve, afetando indiretamente a lordose lombar. Portanto, a

flexibilidade alterada dos isquiotibiais pode ocasionar desvios posturais significativos e afetar a

funcionalidade da articulação do quadril e coluna lombar (CARREGARO et al, 2007).

Devido ao uso do sapato de salto alto ter aumentado consideravelmente entre as mulheres e

que as alterações causadas na pelve modificam a biomecânica da postura, objetivou-se identificar a

relação entre as alterações que ocorrem na cintura pélvica e o uso do sapato de salto alto na postura

estática.

MATERIAS E MÉTODOS

O estudo caracteriza-se por ser do tipo transversal observacional, foi submetido e aprovado

pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Passo Fundo (CEP-UPF), sob registro

0112.0.398.000-09.

Foram selecionados três semestres do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

totalizando 68 acadêmicas. Destas, 25 participaram do estudo, voluntárias por conveniência,

maiores que 18 anos de idade, usuárias de sapato tamanho 36/37, que não apresentavam disfunção

musculoesquelética nos membros inferiores e coluna. Foram utilizados dois sapatos de salto alto

tamanhos 36/37: um de 3 cm com salto cone, e outro de 10 cm com salto prisma.

Obtenção de dados

Os dados foram coletados nas dependências da Clínica de Fisioterapia da Faculdade de

Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, onde foi realizado um questionário

contendo dados pessoais das acadêmicas e avaliação da musculatura posterior da coxa por meio do

Banco de Wells, instrumento que apresenta alta confiabilidade segundo estudo realizado por

Cardoso et al (2007). O banco de Wells consiste de uma caixa de madeira medindo 30,5 cm x 30,5

cm x 30,5 cm, com um prolongamento para o apoio dos membros superiores e uma escala métrica

de 50 cm que permite determinar quantos centímetros foram alcançados.

Logo após foi realizado a palpação das EIAS (Espinhas Ilíacas Ântero Superiores) e EIPS

(Espinhas Ilíacas Póstero Superiores), procedimento que apresenta alta confiabilidade intra-

examinadora segundo Moriguchi et al (2009) e análise através do SAPO, instrumento que

demonstrando alta confiabilidade inter e intra-examinadores segundo Zonnenberg et al (1996).

Procedimentos

Após o preenchimento dos dados pessoais a acadêmica foi orientada a usar a vestimenta

adequada (top e short) fornecidos pelas pesquisadoras e foi encaminhada para mensuração dos

dados antropométricos e flexibilidade da musculatura posterior da coxa (IT). Para isso, utilizou-se o

banco de Wells, orientando a acadêmica a sentar no chão com os joelhos estendidos e pés apoiados

na caixa de madeira e tentar alcançar os pés com as duas mãos. Três movimentos foram feitos como

aquecimento e no quarto movimento foi mantida a posição e os centímetros alcançados foram

Page 85: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

81

anotados. A classificação utilizada dos resultados foi até 11 cm = fraco, de 12 a 13 cm = regular, de

14 a 18 cm = médio, de 19 a 21 cm = bom, 22 cm ou mais = excelente (POLLOCK & WILMORE,

1993)..

Após, a acadêmica foi marcada com etiquetas da marca Polifix auto-adesivas cor laranja

diâmetro 13 nos seguintes pontos anatômicos: EIAS direita e esquerda e EIPS direita e esquerda. A

palpação foi executada segundo Field (2001), sempre executada pela avaliadora A.

Em seguida foi posicionada no local previamente marcado, que consiste em um espaço

mínimo com cerca de 4 m x 1 m, com um tapete de 50cmx40cm e marcação de 1 metro na parede

para calibração da foto. Utilizou-se uma máquina digital Samsung (6.0 megapixels) posicionada

paralelamente ao chão sobre um tripé da marca Vanguard MK-1 nivelado e ajustado na altura do

umbigo da acadêmica com zoom inalterado sob responsabilidade da avaliadora B.

Com os pés descalços, a acadêmica ficou em cima do tapete e foi marcada a posição com

fita crepe para padronizar o posicionamento na vista anterior, perfil esquerdo e direito para

aquisição dos dados através da fotografia. Por último em perfil direito tirou-se uma foto utilizando o

fio de prumo. O fio de prumo é uma linha com um peso na ponta utilizado para medir desvios. Ele

foi usado como referência para mensurar o aumento ou a diminuição da curvatura lombar. O peso na

ponta serve para prover uma linha absolutamente vertical-padrão (KENDALL et al, 1995). Na vista

posterior, a linha de referência representa uma projeção da linha da gravidade no plano sagital

médio. A acadêmica manteve-se em vista lateral D e a avaliadora A posicionou o fio de prumo no

osso occipital mantendo o fio de prumo suspenso no ar. Para melhor visualização dos pontos

anatômicos foi orientado colocar a mão no ombro contralateral.

A seguir foi repetido o procedimento supracitado, porém com o sapato de salto de 3 e 10 cm.

Foram reavaliados e remarcados os pontos anatômicos para ambas as alturas de salto.

RESULTADOS

No presente estudo, a amostra foi constituída por 25 acadêmicas, com idade média de 22,2 ±

2,46 anos, peso 56,8 ± 7,39 Kg e altura 1,62 ± 0,05 cm.A distribuição da normalidade das variáveis

foi testada através dos testes de Kolmogorov=Smirnov e Shapiro-Wilk. Foi utilizado o teste de

MANOVA one way para a comparação entre as médias e os testes de Coeficiente de Correlação de

Pearson e o teste x2

para avaliar possíveis correlações entre as variáveis. Foi utilizado o software

SPSS 15.0 para análise dos dados e considerado um nível de significância p ≤ 0,05.

Tabela 1 – Média e Desvio Padrão do perfil da amostra.

TOTAL 25

IDADE (anos) 22,2 ± 2,46

PESO (Kg) 56,8 ± 7,39

ALTURA (cm) 1,62 ± 0,05

A amostra apresentou idade média baixa, acarretando um tempo de uso não prolongado em

anos de vida. No programa SAPO não há valores de referência para o alinhamento da pelve,

portanto, foi utilizado como referência 0° para alinhamento horizontal da pelve na vista anterior e

perfil. Os resultados expressos são positivos quando o movimento for anti-horário, representando

retroversão; e valores negativos representando anteversão.

Apenas 3 acadêmicas apresentaram nivelamento horizontal das EIAS direita e esquerda em

vista anterior e 22 com desalinhamento das mesmas sem uso de salto (média 0,74° e desvio padrão

de 1,6°).

Page 86: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

82

Conforme demonstra a tabela 2, a média da anteversão da hemipelve direita foi -12,9° ± 5,2

graus e da hemipelve esquerda foi -13,1° ± 4,7 graus. Quando utilizado salto de 3 cm, a hemipelve

direita foi – 11,8° ± 5,6 e a hemipelve esquerda foi -12,7° ± 4,0. E quando utilizado salto de 10 cm,

a hemipelve direita foi -11,4° ± 5,1 e hemipelve E foi 11,7° ± 4,7.

Em relação à lordose os valores encontrados para sem salto, salto 3 cm e salto 10 cm foram

respectivamente 6,4 ± 1,4, 6,4 ± 1,2 e 5,9 ± 1,0. Observando-se os valores contínuos ocorreu uma

diminuição da lordose lombar e da anteversão da pelve conforme o aumento do salto. Entretanto,

através de MANOVA one way, demonstrou não haver diferenças significativas na cintura pélvica e

lordose das acadêmicas avaliadas independentemente da altura de salto alto (p=0,43).

Através do Coeficiente de Correlação de Pearson, não foi encontrado correlação

estatisticamente significativa entre as variáveis lordose e perfil direito e esquerdo nas diferentes

alturas, conforme demonstra a tabela 3.

Nesta pesquisa, as alterações encontradas não possuem significância estatística, porém na

literatura pesquisada foram encontradas pesquisas divergentes sobre a influência do sapato de salto

alto na pelve, bem como, na coluna lombar.

Tabela 4 -Correlação entre flexibilidade e lordose em diferentes alturas

VARIÁVEIS r p

FLEXIBILIDADE x LORDOSE 0,187 0,371

FLEXIBILIDADE x LORDOSE 3cm 0,336 0,101

FLEXIBILIDADE x LORDOSE 10cm 0,132 0,528

A flexibilidade pode influenciar no alinhamento da pelve, portanto buscou-se verificar a

flexibilidade posterior da coxa, que não se correlacionou com nenhum dos parâmetros medidos

Tabela 2 – Média e desvio padrão da cintura pélvica (°) e da lordose (cm) nas diferentes

alturas de salto em perfil

Hemipelve Direita Hemipelve Esquerda Lordose

Sem salto - 12,9° ± 5,2 -13,1° ± 4,7 6,4 ± 1,4

Salto de 3 cm - 11,8°± 5,6 -12,7° ± 4,0 6,4 ± 1,2

Salto de 10 cm - 11,4° ± 5,1 - 11,7° ± 4,7 5,9 ± 1,0

TABELA 3 - Correlação entre lordose e perfil direito e esquerdo em diferentes alturas

Variáveis Perfil

direito

Perfil

esquerdo

Perfil D

3cm

Perfil E

3cm

Perfil D

10cm

Perfil E

10cm

Lordose r -0,189 -0,237 -0,111 -0,171 -0,192 -0,228

p 0,366 0,255 0,596 0,414 0,358 0,273

Lordose

3cm

r -0,359 -0,322 -0,367 -0,281 -0,288 -0,286

p 0,078 0,117 0,071 0,173 0,163 0,165

Lordose

10cm

r 0,024 0,051 -0,013 0,042 0,086 -0,003

p 0,91 0,808 0,952 0,841 0,681 0,987

* p≤0,05

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(perfil direito e esquerdo, alinhamento horizontal e lordose) no presente estudo. A tabela 4

demonstra a correlação entre flexibilidade e a lordose nas diferentes alturas de salto.

Aplicando o teste x2, buscou-se relacionar o grau de flexibilidade da musculatura posterior

da coxa com a lordose lombar fisiológica e hiperlodose lombar sem salto, salto 3 cm e 10 cm não

havendo diferença estatisticamente significativa apresentando respectivamente p=0,79, p=5,6,

p=0,79. Inclusive, não houve relação entre lordose fisiológica e a hiperlordose com diferentes

alturas de salto p= 0,68.

DISCUSSÃO

Vários autores relatam que o salto alto interfere diretamente na biomecânica postural e na

marcha, sendo que, as repercussões variam de intensidade entre indivíduos jovens e idosos, assim

como entre usuárias experientes e inexperientes (OPILA-CORREIA, 1990; SANTOS, et al, 2008;

ALBUQUERQUE & SILVA, 2003; SACCO et al, 2003).

Iunes et al (2008) relatam que não houve interação entre a frequência do uso de salto e o

tipo de sapato com alterações no posicionamento da pelve e coluna lombar.

No estudo de Manfio et al (2003), foi encontrado um aumento da anteversão pélvica durante

a marcha com sapato sem salto (5 mm) e salto 25 mm quando comparada com a situação descalça,

ou seja, o salto baixo provocou um aumento da anteversão e o salto alto provocou uma diminuição

da anteversão pélvica comparada com a situação descalça.

O presente estudo vai ao encontro com De Lateur et al (1991) que mostraram a partir de

hastes montadas sobre uma base fixa através de adesivos em T12 e S2 que o uso de salto alto

provoca uma diminuição não significativa da lordose lombar em um grupo de mulheres. Porém, de

acordo com o estudo de Iunes et al (2008) não foi observado nenhuma alteração do posicionamento

da pelve e nenhuma modificação da lordose lombar.

Snow e Williams (1994) realizaram um estudo com 11 mulheres na postura estática e

durante a caminhada sob a influência de três saltos de diferentes alturas (19.1, 38.1 e 76.2 mm).

Durante a postura estática calcularam a média do ângulo de curvatura lombar a partir de marcadores

sobre a pele em L1 e S2. Para o cálculo do ângulo lombar foi utilizada uma régua flexível que

reproduz a curva entre L1 e S2. Neste cálculo não encontraram diferenças significativas na curva da

região lombar e nas inclinações pélvicas com as diferentes alturas de salto.

O estudo realizado por Kroll et al (2000) encontrou uma fraca correlação entre a posição

neutra da cintura pélvica e a posição da coluna lombar.

Em relação à pelve, a literatura afirma que o salto produz uma anteversão pélvica e um

aumento da lordose lombar (MANFIO et al, 2003; SNOW & WILLIANS, 1994; KROLL et al,

2000). De acordo com Amado-João (2006) qualquer inclinação na pelve subentende movimentos

simultâneos da região lombar e articulações dos quadris. Se os paravertebrais lombares predominam

sobre os retroversores, a pelve será levada a anteversão, auxiliada pelos músculos flexores dos

quadris.

Kulthanan et al (2004) desenvolveram um estudo de pegadas em atletas e em pessoas não

atletas e em relação à báscula de pelve, onde afirmou-se que o salto produz uma anteversão pélvica

e um aumento da lordose lombar.

De acordo com Nasser et al (1999) que analisaram o impulso em calçados femininos nas

diferentes alturas de salto, o aumento da altura do calcanhar provoca modificações no padrão do

caminhar, além de uma instabilidade do pé.

No estudo Sacco et al (2003) foi analisada a postura de um indivíduo em bipedestação

descalço e com sapato de salto alto do tipo agulha (10cm) nos planos frontal e sagital. Foram

observados anteversão da pelve e aumento da curvatura de lordose lombar.

No entanto, alguns autores (SANTOS et al, 2008; BENDIX et al, 1984; OPILA-CORREIA,

1988) concluíram com seus estudos que o salto alto provoca uma retroversão da pelve e uma

retificação lombar. No estudo de Snow e Williams (1994), foi realizado uma avaliação postural e

testes específicos de encurtamentos musculares, mobilidade da pelve e membros inferiores em 20

Page 88: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

84

mulheres que usavam salto alto e baixo. As voluntárias que usavam salto alto freqüentemente

relataram apresentar mais retroversão pélvica.

Segundo Opila-Correia (1988), o uso do salto alto na postura ortostática implica em

retroversão pélvica, aproximação dos joelhos e tornozelos em relação à linha de gravidade,

deslocamento posterior da cabeça e da coluna torácica.

No estudo de Albuquerque e Silva (2003), a análise postural, com diferentes alturas de saltos

mostrou que em saltos elevados a pelve tende a retroverter, causando retificação da coluna lombar.

Isso, provavelmente, é uma tentativa de superar a inclinação anterior do tronco que está associada

ao uso de sapatos altos. Para reposicionar o centro de gravidade do corpo mais posteriormente e

aliviar a sensação de cair para frente, os músculos abdominais e paraespinhais contraem. Com a

retroversão pélvica, os músculos ísquiotibiais se tornam relaxados.

Bendix et al (1984) avaliaram 18 mulheres que utilizavam diferentes tipos de salto e

verificaram a lordose lombar com o uso de um inclinômetro, concluindo que, com o aumento do

salto ocorreu a diminuição da lordose lombar e da retroversão pélvica. De acordo com o estudo de

Opila-Correia (1988) que mostrou a comparação entre o uso de sapato de salto e a condição

descalça ocorreu uma diminuição da curvatura da região lombar no uso do salto.

Franklin et al (1995) relataram que as dores nas costas podem ser provocadas pelo salto alto,

pois o salto causa a diminuição da curva normal da lordose lombar e uma retroversão pélvica. A

diminuição da lordose lombar foi calculada no plano sagital entre a linha sagital de orientação e L1

e L5.

Segundo Bricot (1999) no adulto a postura lombar fisiológica deve estar entre 4 a 6 cm

(largura de 3 dedos).O aumento dessa largura (maior que 6 cm) é considerada uma hiperlordose.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos no presente estudo concluiu-se que anterversão e

desalinhamento horizontal pélvico em vista anterior e perfil são achados frequentes, não havendo

correlação significativa entre as hemipelves e a lordose lombar, bem como, a flexibilidade da

musculatura posterior da coxa com estas variáveis.

As variáveis, cintura pélvica e lordose não sofreram diferenças significativas

independentemente da altura de salto alto. Não ocorreu associação entre altura do salto do sapato e

flexibilidade da musculatura posterior da coxa com a curvatura adotada pela coluna lombar.

Sugerem-se novos estudos a respeito das possíveis alterações causadas na cintura pélvica

pelo uso do salto alto em diferentes faixas etárias e levando em consideração a frequência de uso do

sapato.

Ao final deste estudo, não pode-se afirmar uma explicação conclusiva dos efeitos do sapato

de salto alto na cintura pélvica.

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Page 91: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

87

Percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas

realizadas num estágio de promoção da saúde na área da

fisioterapia

Rosane Paula Nierotka1; Fátima Ferretti

2; Bruna Fernanda Soccol

1; Marieli Loeblein

1; Débora

Albrecht1; Jéssica Röhrs

1; Mariádine Lilian Fanticelli

1.1

Resumo

Introdução: O crescimento da população idosa está acelerado e o processo de envelhecimento vem

sendo acompanhado por uma variedade de mudanças biopsicossociais, desta forma muitas

profissões vem se inserindo em equipes multiprofissionais para contribuir na atenção a saúde desta

população, a fisioterapia tem se colocado como aquela que trabalha com a capacidade funcional,

mantendo a independência do idoso, fator primordial para sua saúde. Objetivo: Verificar as

percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas realizados num estágio de promoção da saúde

na área de fisioterapia. Metodologia: O estudo foi do tipo qualitativo e descritivo, a população e

amostra da pesquisa foram de 11 idosos que participavam de Estágio de Fisioterapia na Promoção

de Saúde. Para participar da pesquisa os idosos deveriam assinaram o termo de consentimento livre

e esclarecido; apresentar bom parecer cognitivo e corresponder a uma faixa etária acima de 60 anos.

Na realização da pesquisa foi utilizada a entrevista percepções dos idosos sobre o atendimento

coletivo na área da fisioterapia; com questões norteadoras sobre os significados das atividades

realizadas nestas intervenções, quais os sentimentos vivenciados durante as intervenções e como

avaliavam a experiência. A coleta de dados por realizada no domicílio do idoso, de forma pré-

agendada. A análise e a interpretação dos dados foram por análise de conteúdo segundo proposição

de Minayo (2004). Resultados: A percepção dos idosos quanto ao atendimento coletivo foi que este

proporcionou sensação de bem-estar, melhora na mobilidade/equilíbrio e independência nas

Atividades de vida diária (AVD‟s), aprendizado, entrosamento e convívio. Considerações Finais:

Destaca-se que a Fisioterapia tem um papel importante na atenção primária a saúde do idoso,

principalmente considerando o papel desta na manutenção de independência e autonomia, fatores

essenciais para que o idoso envelheça com saúde e feliz.

PALAVRAS CHAVES: fisioterapia, idoso e promoção da saúde.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é vitalício. Não começa num tempo específico tal como 60 ou 70 anos. Ao

invés disso é um processo cujo inicio se dá mesmo no momento do primeiro sinal de vida do ser

humano. (VERDERI, 2004). Fonseca et al. (2008), ainda acrescenta que envelhecer pode ser

definido como um processo de desgaste cumulativo, universal e não patológico, que provoca a

deterioração do organismo, tornando-o progressivamente incapaz de cumprir com as funções

fisiológicas básicas, levando o indivíduo à morte. Embora este processo seja comum a todos os

seres, a forma como ocorre é diferente para cada um, depende das características individuais, de

como produzem e reproduzem a sua vida material e espiritual, e se modifica de acordo com a

1Universitários do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó

(UNOCHAPECÓ), Campus Chapecó, Santa Catarina, Brasil. 2Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ; Mestre em Educação nas Ciências pela

Universidade Regional do Noreste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI; doutoranda em Saúde Coletiva pela

Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade

Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ

Page 92: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

88

cultura e os valores de cada sociedade concreta. O idoso, por exemplo, é uma categoria socialmente

construída que ajuda a dar conformação e a traduzir uma forma específica de inserção, na sociedade

moderna, de uma parcela da população em idade avançada.

Segundo Papaleo (2002), o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, onde uma

série de fatores conjugados, entre os quais o melhor controle das doenças, a melhora da qualidade

de vida , tem favorecido o aumento das expectativas de vida das populaçُ es. Estes fatores têm

influenciado o aumento quantitativo e proporcional de idosos na sociedade. Sendo assim, é

possível pensar que o processo do envelhecer, embora comum a todos, não ocorre de maneira

uniforme, nem entre indivíduos oriundos de diferentes culturas, nem entre pessoas de uma mesma

cidade ou núcleo familiar (Duarte, 2004). Desta forma já que os indivíduos são uma construção

sócio-histórico-cultural as ações de promoção da saúde se colocam como uma estratégia

fundamental para intervir contextualizando e respeitando a diversidade, pois não individualiza nem

fragmenta o sujeito.

Segundo o autor Buss ( 2000, p.170):

A Carta de Ottawa define promoção da saúde como processo de capacitação da

comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior

participação no controle deste processo. Subjacente a este conceito, o documento assume

que saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim

como uma importante dimensão da qualidade de vida. A saúde é entendida, assim, não

como um objetivo em si, senão como um recurso fundamental para a vida cotidiana.

Proporcionar saúde significa, além de evitar doenças e prolongar a vida, assegurar meios e

situações que ampliem a qualidade da vida "vivida", ou seja, ampliem a capacidade de

autonomia e o padrão de bem-estar que, por sua vez, são valores socialmente definidos,

importando em valores e escolhas.

A questão autonomia aparece como um fator importante para promover saúde, da mesma

forma que é um dos principais determinantes de saúde para o idoso, portanto ações da Fisioterapia

na atenção primária com o foco na manutenção da independência são essenciais a saúdedo idoso.

Czeresnia (1999) destaca que a idéia da promoção envolve o reforço da capacidade individual e

coletiva para lidar com a multiplicidade de fatores que determinam as condições de saúde de uma

população e vai além da aplicação de técnicas e normas, tem a ver com o reforço de saúde através

da construção de uma capacidade de escolha, usando o conhecimento para discernir as diferenças

entre eventos.

Os profissionais da área da saúde têm grande influência no aumento da expectativa de vida

das populações, dentre eles destaca-se o fisioterapeuta, que alem de reabilitar também proporciona a

prevenção de doenças e a promoção da saúde e considera o atendimento do individuo na sua

globalidade. Motta (2002) explica em seu estudo que a abordagem terapêutica das síndromes

geriátricas objetiva preservar a capacidade funcional, portanto a formação de recursos humanos

deve pautar-se na compreensão do modelo biopsicossocial aplicado ao envelhecimento e na

necessidade do trabalho interdisciplinar e multiprofissional.

Como expões Schwingel (2002), o fisioterapeuta é um profissional com habilidades para

estabelecer as relações interpessoais no convencimento da necessidade de adequação de

comportamentos da população. As possibilidades de atuação do fisioterapeuta em saúde coletiva

maximizam o seu trabalho, alcançando grupos de pessoas e influenciando positivamente na

melhoria das condições de vida desses grupos.

O Fisioterapeuta encontra-se, atualmente, reorientando a sua formação, para o atendimento

às demandas prioritárias em saúde da nossa população. Os recursos deste profissional são as

próprias mãos, a inteligência, a emoção e a natureza, que se completam e se apóiam em estratégias

técnico-científicas de educação, participação popular, prevenção, tratamento, desenvolvimento e

recuperação da saúde através de diagnósticos funcionais, diagnósticos coletivos e sociais,

abordagens corporais entre outras (BARROS, 2002).

Para tanto, deve-se buscar avaliar a satisfação do paciente com as intervenções coletivas

realizadas na área da Fisioterapia com pesquisas sociais e qualitativas, observando se estamos

Page 93: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

89

utilizando os recursos adequados para melhorar as condições de saúde das populações. Portanto este

estudo teve como objetivo verificar as percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas

realizadas num estágio de promoção da saúde na área de fisioterapia.

METODOLOGIA

Tipo de pesquisa

O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa. Pesquisa Qualitativa em Saúde

segundo Minayo (2004, p. 22):

Trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e

atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variável.

Um pressuposto que fundamenta o uso de metodologia qualitativa na pesquisa é o fato de que

cada pesquisa e cada sujeito participante esta no modo singular, e conhecê-lo significa ouvi-lo,

escutá-lo, dialogar e permitir-lhe que se revele. Os fenômenos que norteiam a entrevista qualitativa

devem ser compreendidos de uma perspectiva histórica e holística, e o pesquisador deve ter um

olhar investigador e total interação com o pesquisado ( MARTINELLI, 1999, pág. 22).

População e amostra

A população e amostra da pesquisa foi composta por 11 idosos do oeste catarinense que

participavam de intervenções coletivas num estágio de Fisioterapia na promoção da saúde, 02 vezes

por semana, 01 hora a cada dia, com o objetivo de promover a saúde e prevenir a instalação das

síndromes geriátricas. As atividades realizadas eram centradas no treino do equilíbrio, ganho de

força muscular, treino do cognitivo, técnicas de relaxamentos e, dinâmicas para debater os temas

considerados importantes para esta fase da vida, entre elas a incontinência urinária, perdas auditivas

e visuais, medicalização, alimentação saudável, casa segura, cuidados no domicílio e outros.

Critérios de inclusão

Para os idosos participarem da pesquisa deveriam atender aos seguintes critérios de

inclusão: Estar freqüentando o estágio de fisioterapia na promoção da saúde; Ter mais de 60 anos; -

Apresentar bom parecer cognitivo segundo o Mini-exame do estado mental adaptado de Crum R.

M. et al., 1993.

Instrumentos de coleta

Na realização da pesquisa foi utilizada a entrevista: Percepções dos idosos sobre o

atendimento coletivo na área da fisioterapia; com questões norteadoras sobre significado das

atividades realizadas nestas intervenções, quais os sentimentos vivenciados durante as intervenções

e como avaliavam a experiência.

Procedimentos de coleta dos dados

Primeiramente foi solicitada a autorização da clínica escola de fisioterapia da Unochapecó

para acessar os dados quanto ao número de idosos que participavam do estágio de fisioterapia na

promoção da saúde e endereço para contato. Após foi realizada uma visita no domicílio dos idosos

para convidá-los e informá-los sobre as finalidades da pesquisa, bem como sobre sua relevância,

objetivos, métodos, benefícios previstos e potenciais incômodos que esta poderia acarretar. Ao

Page 94: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

90

concordarem em participar do estudo, os idosos assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido de participação na pesquisa e a entrevista foi gravada e após transcrita.

Análise dos dados

Os dados da pesquisa foram analisados de acordo com a proposição de Minayo (2004)

preconiza os seguintes passos: -Ordenação dos dados: transcrição das observações, releitura do

material e organização dos relatos; 2- Classificação dos dados: leitura exaustiva e repetida dos

textos, constituição de um “corpus” de comunicação, leitura transversal de cada corpo como recorte

de “unidade de registro”, enxugamento dos dados mais relevantes; 3- Análise final: levando em

conta os objetivos da pesquisa e os temas que emergem das observações, articulando os dados e os

referenciais teóricos definem-se as categorias analíticas. ós análise dos resultados, segue a discussão

a respeito de cada item pesquisado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa realizada teve a participação de 11 idosos, residentes em diferentes bairros de um

município no oeste de Santa Catarina com faixa etária que variou entre 60 a 80 anos, todos casados,

sendo 6 do sexo feminino e 5 masculino, observando então a prevalência do sexo feminino.

Quanto à percepção dos idosos sobre o atendimento coletivo na área da fisioterapia algumas

categorias analíticas emergiram e encontram-se descritas abaixo:

1ª Categoria: Bem estar

Segundo Santana e Santos (2005), o bem-estar representa uma atitude quanto à saúde, e

implica uma relação estreita entre as dimensões humanas: físicas, emotivas, mentais, espirituais,

sociais ou culturais. O termo bem-estar corresponde à realidade do viver das pessoas. Portanto, o

entendimento de bem-estar no cuidado de seres humanos implica a mudança das profissões da área

da saúde para o modelo de cuidar humanístico e a sua conseqüente saída do modelo biomédico de

classificação de doença e saúde. Tal entendimento caracterizanovos conceitos e práticas de cuidar.

Ainda para mesmo autor, a saúde não representa senão um dos fatores que permite garantir o

bem-estar, no qual a saúde se une aos elementos de bem-estar: a atividade, a família, a presença de

bons sentimentos, a aceitação da velhice, a continuidade da vida e a espiritualidade para

promoverem o bem-estar global da pessoa idosa.

O atendimento coletivo permitiu que a sensação de bem-estar fluísse, contribuindo com a

saúde do grupo, veja o seguinte relato: Eu me sinto uma criança, fico feliz com tudo. Antes eu sentia

dor agora não mais (, 73 anos). A participação de idosos em atividades em grupo representa um

aspecto diferencial, no rumo de suas histórias de vida, pois favorece a vivência de um estado de

plenitude e bem-estar, que possibilita um reforço em seu sentido existencial, ajudando a perceber

seu futuro como uma história em construção ( VICTOR et al. 2007).

Observou-se nesta categoria que o bem estar para o idoso, não significa só a ausência de

doença e, sim uma união de vários fatores. A fisioterapia através das intervenções oportunizou ao

idoso sentir bem estar, motivação, alegria e capacidade física para realizar suas atividades, veja o

seguinte relato: Eu depois que faço a fisioterapia, me sinto assim bem melhor sabe, parece que com

mais saúde até, tenho disposição p muitas coisa que antes não tinha, me sinto muito bem (PA, 80

anos). Fator que ressalta a importância da atenção e apoio ao idoso, para que sinta-se ativo e capaz

de participar dos programas disponíveis para sua faixa etária, qualificando os aspectos do viver

bem.

2ª Categoria: Melhora na mobilidade/equilíbrio e independência nas Atividades de vida diária

(AVD’s)

Page 95: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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O processo de envelhecimento provoca uma série de alterações biológicas, psicológicas e

sociais que aumentam a susceptibilidade às doenças e provocam incapacidades. Contudo mesmo

acometidos por doenças, podem ter boa qualidade de vida, que geralmente é expressa pela

funcionalidade positiva no desempenho de tarefas e/ou papéis sociais e na capacidade de executar

atividades do cotidiano, sem a necessidade de auxílio de outras pessoas (FONSECA e RIZZOTTO,

2008).

Segundo Oliveira; Goretti e Pereira (2006), a mobilidade, capacidade de deslocamento do

indivíduo pelo ambiente, é um componente da função física extremamente importante; constituindo

um pré-requisito para a execução das atividades de vida diária (AVDs) e a manutenção da

independência. Seu prejuízo pode gerar dependência e incapacidades.

A mobilidade e o deslocamento no ambiente são elementos essenciais para que as AVDs

sejam realizadas com independência. Conforme relatos dos idosos o atendimento coletivo, com a

previsão de exercícios físicos e alongamentos influenciaram diretamente na melhora da

mobilidade, veja relato a seguir: Oh quando eu cheguei que eu fui faze a primeira vez, eu não

conseguia sentar na cadeira sem ter que por primeiro as mãos pra depois senta, e hoje eu chego e

sento sem me segura... ajudou bastante... (, 73 anos).

O equilíbrio, segundo Winter (1995), pode ser definido como a dinâmica da postura corporal

para prevenir quedas. Segundo Ruwer, Rossi e Simon (2005, p. 299), “As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para os idosos,

podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam reduzindo suas

atividades de vida diária, pela predisposição a quedas e fraturas, trazendo sofrimento,

imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde”.

Ao envelhecer os distúrbios de equilíbrio são mais freqüentes, e com ele a presença de

insegurança para se deslocar, o que pode deprimir o idoso. A fisioterapia prioriza em suas

intervenções a melhora e manutenção do equilíbrio como se observa no relato da idosa: Olha lá na

fisioterapia a gente faz ginásticas com um pouco de tudo, alongamos, dançamos, brincamos a tem

uma coisa que a gente fica de pé em cima, tipo um balanço, e tem que fica, não pode cai... o difícil

é quando só com um pé, mas dá (PA, 80 anos).

Essa categoria mostrou que para o idoso sentir-se dependente de outras pessoas ao realizar

qualquer AVD‟s é muito debilitante e acarreta sensação de invalidez, inclusive com percepção

subjetiva de saúde negativa. A fisioterapia desta forma tem um papel importante na saúde do idoso,

pois trabalha com programas diferenciados de atendimento, onde as atividades realizadas são

voltadas para o treino do equilíbrio e das AVD‟s, onde os ganhos de independência aumentam a

auto-estima do idoso.

A seguir um relato que mostra o quanto foi importante a fisioterapia para as AVD‟s: Esse

meu braço não erguia, minha dificuldade era lava minhas roupa, mas la a gente treinou e agora

consigo já, para mim era o que mais queria, por que tinha que pedi p irmã ou p vizinha faze isso e

era triste demais (JM, 71 anos).

Capacidade funcional surge, portanto, como um novo paradigma de saúde, particularmente

relevante para o idoso. Envelhecimento saudável, dentro dessa nova ótica, passa a ser a resultante

da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária,

integração social, suporte familiar e independência econômica. A perda de um ente querido, a

falência econômica, uma doença incapacitante, um distúrbio mental, um acidente, são eventos

cotidianos que podem juntos ou isoladamente, comprometer a capacidade funcional de um

indivíduo. O bem-estar na velhice, ou saúde num sentido amplo, seria o resultado do equilíbrio

entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente significar

ausência de problemas em todas as dimensões. ( RAMOS, 2003). Portanto o atendimento coletivo

na Fisioterapia permite aos idosos perceberem que as dificuldades vivenciadas são parte integrante

da coletividade, não estou só nem nas debilidades, nem nas conquistas e, este fator os motiva a se

manterem no programa e a buscar dia após dia sua independência e autonomia.

Page 96: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

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3ª Categoria: Aprendizado, entrosamento e convívio

A educação para a saúde, como instrumento a serviço da saúde, comporta duas subdivisões:

a prevenção das doenças e a promoção da saúde. Ao caminho de prevenção da patologia associa-se,

no eixo da doença, a educação terapêutica do paciente. A promoção da saúde sugere também, mas

no eixo da saúde, uma educação postulando que a manutenção de uma boa saúde não é uma coisa

que ocorre por si só (PAUL, 2005).

Evidenciam-se aqui as possibilidades de aprendizado e de incorporação de práticas e

atitudes saudáveis que garantem as pessoas que envelhecem maiores chances não só de uma maior

longevidade, mas também, de terem uma velhice com mais qualidade de vida. No sentido de romper

com os padrões e valores determinados os idosos surpreendem, pois estão buscando mais

informações e participam em diferentes espaços públicos, desenvolvendo relações interpessoais e

incorporando conhecimentos que são fundamentais para o aprendizado capaz de levá-las a práticas

do autocuidado, e assim promover a saúde e prevenir doenças. Os depoimentos que se seguem

revelam que o aprendizado nas práticas realizadas, mostrou-se eficiente com vistas à promoção da

saúde e a prevenção de doenças: Assim la é bom, muito bom... alem de eu ter doença no joelho, eles

me explicam sobre o joelho, e por que tenho a dor, por que a gente nunca viu nada né, nem sabia

que meu joelho era daquele jeito (, 67 anos.

Já em relação ao entrosamento vivenciado no atendimento coletivo, os autores Leite et al.

(2008), destacam que o grupo familiar e a comunidade são espaços naturais de proteção e inclusão

social e, possibilitam a conservação dos vínculos relacionais e a inclusão em projetos coletivos,

garantindo melhoria na qualidade de vida. E quando se trata do contingente populacional formado

por idosos observa-se que na participação destes nos grupos de terceira idade, os mesmos estreitam

vínculos de amizade e afetividade. Os grupos facilitam o exercício da autodeterminação e da

independência, pois podem funcionar como rede de apoio que mobiliza as pessoas na busca de

autonomia e sentido para a vida, na auto-estima e, até mesmo, na melhora do senso de humor,

aspectos essenciais para ampliar a resiliência e diminuir a vulnerabilidade (ALVES e RABELO,

1995).

O prazer e o entrosamento estão presentes no relato de (MEI,60 anos): “Quando to lá com

meus amigos, me sinto bem, a gente se diverte as vezes, por que tens uns que não conseguem faze

todos os exercícios, a gente pensa que é toda dura e chega la e vê que tem gente mais dura que eu,

ai anima também, mas parece que é minha família todo mundo..”

Segundo Victor et al. (2007), um dos problemas percebidos em idosos é o risco para a

solidão, pois muitos perderam seu núcleo social de trabalho. Ao se aposentarem, alguns deles ficam

viúvos, perdendo seus entes queridos e geralmente seus filhos já saíram de casa. Neste contexto, as

atividades em grupo podem ajudar a superar esses problemas, já que o grupo permite atividades

sociais, relacionais e de movimentos.

Os grupos representam tanto um espaço de educação em saúde como uma fonte de estímulo

à organização local, pois facilitam o exercício da cidadania, através de projetos comunitários.

Constituem-se em alternativa para que as pessoas retomem papéis sociais e/ou outras atividades de

ocupação do tempo livre (físicas, de lazer, culturais ou de cuidado com o corpo e a mente) e o

relacionamento interpessoal e social. Agregam pessoas com dificuldades semelhantes e possibilita o

convívio, fato de grande importância visto que a solidão é uma queixa freqüente entre idosos

(ALVES e RABELO, 1995).

Para os idosos, em particular, a convivência em grupo é importante para um perfeito

equilíbrio biopsicossocial, reduzindo ou removendo conflitos pessoais e ambientais, facilitando a

socialização e oferecendo suporte social para enfrentar as dificuldades que surgem com o

envelhecimento. relação às mudanças ocorridas na vida dos idosos segue a seguir alguns relatos:

Mudou tudo, tudo porque, desde a mente, o espírito, o corpo mais disposto, mais agilidade, mais

fácil pra tudo, para trabalhar, pra andar, mais leve (, 73 anos). Outro relato: Me sinto bem com

tudo o que fazem lá, muitas coisas a gente aprende, e elas fazem muitas coisas, se não fosse a

Fisioterapia não tava aqui (, 64 anos)

Page 97: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

93

Em relaçمo à importância da fisioterapia na vida dos idosos, observou-se que o atendimento

da fisioterapia trouxe mudanças significativas em suas vidas e, que o atendimento coletivo figurou

como indispensلvel, pois trouxe momentos ْ nicos de entrosamento, trocas de experiências,

aprendizado, descontraçمo e, novos saberes que permitirمo a eles viver com mais independência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste estudo percebeu-se que a fisioterapia na percepção do idoso tem

uma importância significativa em sua vida, pois contribuiu diretamente para que este vivencie o

processo de envelhecimento com mais qualidade, bem estar, melhorando a mobilidade, o equilíbrio

e, consequentemente a independência e autonomia, bem como oportunizou um espaço de

aprendizado e convívio.

O estudo concluiu que o profissional da área da saúde deve agir na tentativa de atender as

expectativas do idoso, proporcionando-lhe atenção, carinho e espaço de escuta e, ainda, que a

interação profissional-paciente deve transcorrer em um espaço em que atitudes e gestos promovam

a auto-estima e melhorem a autonomia do idoso. A pesquisa demonstrou que a fisioterapia vive um

momento histórico da quebra do paradigma de profissional reabilitador e passa a ser percebida pelos

usuários como uma profissão que tem o foco na atenção integral a saúde da população quando

desenvolve ações onde o promover a saúde e o prevenir acometimentos são os objetivos centrais da

intervenção. Ainda que os Cursos de Graduação em Fisioterapia precisam garantir na formação dos

novos fisioterapeutas os estágios de fisioterapia em saúde coletiva, garantindo ao universitário a

ampliação do foco da atenção e, a possibilidade ao acesso da comunidade mais carente ao serviço

de fisioterapia na atenção primária à saúde.

Sugere-se a realização de outros estudos em relação ao fazer da fisioterapia na área da

Promoção da saúde para idosos, pois estudos com este foco de investigação podem contribuir para

ressignificar os olhares direcionados a fisioterapia, demonstrando que temos um papel importante

na saúde coletiva das populações e principalmente na garantia do envelhecimento bem sucedido.

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95

Prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em

universitários

Douglas Gonçalves Azevedo1, Márcia Regina da Silva².

Resumo

Introdução: O indivíduo que apresenta uma boa flexibilidade muscular realiza movimentos mais

rápidos, corretos e precisos, além de evitar encurtamento muscular, resultante da diminuição do

comprimento das unidades músculo-tendíneas. Através do ingresso na universidade, estudantes

interrompem a prática de exercícios físicos, além de permanecem um considerado tempo diário na

posição sentada (estática), podendo acarretar na diminuição da flexibilidade e consequentemente

ocasionar alterações posturais ou lesões osteomioarticulares. Objetivo: Identificar a prevalência de

encurtamento dos músculos isquiotibiais em universitários. Métodos: Foram avaliados 59

universitários com freqüência regular à universidade. Realizou-se inicialmente anamnese buscando

dados como idade, peso, altura, IMC, horas na posição sentada e prática de exercício físico.

Posteriormente foram realizados o Teste de Ângulo Poplíteo e o Teste de Elevação da Perna

Retificada, usando método goniométrico. Resultados: A prevalência de encurtamento muscular nos

sujeitos pesquisados foi de 79,66%, sendo 80,85% no gênero feminino e 75% no masculino. Entre

toda amostra, 76,27% dos sujeitos permanecem na posição sentada entre 10 e 14 horas. Em relação

ao exercício físico, apenas 38,9% foram caracterizados como praticantes regulares. Apesar de haver

predomínio de encurtamento nos universitários que não praticam exercício físico com 86,11%, o

percentual de encurtamento dos que praticam algum exercício também foi elevado, sendo 60,87%.

Conclusão: Constatou-se alta prevalência de encurtamento muscular, independente da quantidade

de horas na posição sentada, onde o gênero feminino apresentou melhores valores médios nas

mensurações. Percebe-se a necessidade de padronização dos testes de mensuração e, quanto aos

dados de encurtamento, estratégias de intervenção preventivas para minimizar os efeitos do

encurtamento muscular no sistema musculoesquelético em universitários.

Palavras Chave: Amplitude de Movimento Articular – Articulação do Quadril – Articulação do

joelho

INTRODUÇÃO

A execução de gestos motores durante a vida cotidiana é realizada de maneira mais eficaz

quando se tem uma boa flexibilidade, pois permite a realização de arcos articulares mais amplos

facilitando a precisão e o rendimento muscular (DANTAS, 2005; HOLLMANN e HETTINGER,

2005; COELHO e ARAÚJO, 2000).

Além de contribuir para execução correta do movimento esquelético, o músculo tem outras

funções como estabilizar as articulações, suportar e proteger órgãos viscerais e tecidos internos e,

manter posturas e posições (HAMILL, KNUTZEN, 1999).

A flexibilidade é definida como a capacidade de uma unidade músculo tendínea alongar-se

enquanto uma articulação move-se em toda sua amplitude, para tanto, o indivíduo que apresenta

uma boa flexibilidade muscular será capaz de realizar um movimento com maior facilidade, rapidez

¹Pós-Graduando em Osteopatia pelo Instituto Brasileiro de Osteopatia – IBO;Graduado em Fisioterapia pela

Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ,

²Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó –

UNOCHAPECÓ; Pós graduada em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino –

ACE; Graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

Page 100: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

96

e eficácia (TRITSCHLER, 2003; AQUINO et al., 2006; POLACHINI et al., 2005; GHORAYEB e

BARROS, 1999; BERTOLLA et al., 2007).

O desenvolvimento da flexibilidade pode ser incentivado através de um treinamento

apropriado, em qualquer idade, porém, a velocidade com que esse desenvolvimento acontecerá não

será o mesmo. Em uma seqüência simples, a flexibilidade diminui até a puberdade (10 a 12 anos) e

aumenta durante toda a adolescência até atingir um platô, de maneira que na fase adulta, passa a

diminuir (ALTER, 1999; POLLOCK et al., 1993).

A inatividade ou o desuso muscular facilita um acúmulo de gordura e conseqüente aumento

da massa corporal e/ou tecido adiposo, além de causar uma redução da elasticidade e flexibilidade

do tecido muscular e do tecido conjuntivo, levando ao encurtamento muscular, tornando-se um fator

que predispõe a diminuição da amplitude de movimento (DANTAS, 2005).

O encurtamento muscular é definido por Gama et al. (2007) e Polachini et al. (2005), como

uma redução do comprimento muscular ou de uma unidade musculotendínea resultando na

diminuição e limitação da mobilidade articular, sendo considerado fator contribuinte para as lesões

musculares, principalmente ao nível dos músculos isquiotibiais.

Devido a sua posição anatômica, o encurtamento muscular dos isquiotibiais pode acarretar

alterações posturais de grande importância, como a limitação da flexão do tronco,

comprometimento na articulação do quadril, levando-o a uma inclinação posterior (retroversão) e,

consequentemente, afeta a marcha podendo gerar dores musculares ou articulares nos membros

inferiores (POLACHINI et al, 2005; GHORAYEB & BARROS, 1999; HAMILL, KNUTZEN,

1999).

Em conseqüência do ingresso na universidade, muitos acadêmicos interrompem a prática

esportiva ou exercício físico passando a adotar a postura sentada por períodos prolongados e,

geralmente numa posição inadequada.

Na posição sentada os músculos posteriores da coxa apresentam menor comprimento

muscular e, se permanecerem nessa posição por longo período, levam a diminuição da ação

muscular, favorecendo o encurtamento das fibras musculares dos isquiotibiais (CALAIS-

GERMAIN e LAMOOTE, 1991; KENDALL, McCREARY e PROVANCE, 1995;

PALASTANGA, FIELD, SOAMES, 2000).

Desta forma percebe-se a necessidade de avaliar o encurtamento muscular dos músculos

isquiotibiais, que tem papel importante na movimentação dos membros inferiores, tronco e,

associados a outros músculos, são responsáveis pela estabilização da postura.

A partir dos elementos supra-citados torna-se relevante a pesquisa em torno da população

acadêmica que está suscetível às características que pré-dispõem o encurtamento muscular, pelo

aumento do tempo que o músculo permanece na posição encurtada e por ser uma população jovem,

o diagnóstico precoce pode favorecer a adoção de medidas e estratégias preventivas e reabilitadoras.

O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em

universitários, bem como comparar o encurtamento muscular entre gêneros, verificar a relação entre

o tempo diário de permanência na posição sentada e o encurtamento muscular e comparar o

encurtamento entre praticantes e não praticantes de exercício físico;

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo quantitativo transversal com 59 universitários, de ambos os sexos,

matriculados no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Comunitária Regional de

Chapecó – UNOCHAPECÓ – SC.

Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada uma ficha de avaliação baseada em

Magee (2005) e Kendall, McCreary e Provance (1995) e um goniômetro da marca Carci, da

Indústria e Comércio de Aparelhos Cirúrgicos e Ortopédicos Ltda.

Inicialmente foi realizado o questionário para buscar dados de anamnese dos participantes,

como idade, gênero, massa corporal, estatura, saúde geral, prática e intensidade de exercício físico,

bem como o tempo de permanência na posição sentado.

Page 101: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

97

Após, foi realizado o Teste de Thomas, identificando a presença de encurtamento ou

contratura dos flexores de quadril (quadríceps e iliopsoas), pois estes interferem no posicionamento

correto para a realização do Teste de Elevação da Perna Estendida, sendo assim, quando positivo

para o encurtamento de flexores do quadril, o participante foi excluído do teste de elevação, sendo

aplicado somente o teste de medida do ângulo poplíteo (KENDALL, McCREARY, PROVANCE,

1995).

Posteriormente, foram realizados os testes de avaliação do comprimento muscular. O

método goniométrico foi utilizado para mensuração do comprimento muscular de isquiotibiais,

aplicando a medida do ângulo poplíteo, de acordo com a descrição de Affonso Filho e Navarro

(2002), onde o paciente se posicionou em decúbito dorsal horizontal, o quadril do membro inferior

a ser testado estava fletido a 90º, o membro inferior contralateral em extensão completa sobre a

mesa de exame, não sendo permitida a flexão de joelho e quadril. A seguir o joelho do membro a

ser testado foi estendido ativamente, com o pé em abandono, até o ponto em que o paciente estendia

sem apresentar compensações com a coluna ou membro contralateral. A medida foi realizada 3

vezes, sendo obtida a média final das 3. O teste era considerado normal, ou com flexibilidade

normal se mantivesse o ângulo entre 165º e 180º, baseada em Porter (2005).

O Teste de Elevação da Perna Estendida, descrito por Kendall, McCreary e Provance (1995),

onde o paciente se posicionava em decúbito dorsal, com membros inferiores estendidos, pés em

abandono e a coluna lombar e o sacro contra a mesa ou maca. Mantendo a posição inicial, o

participante realizava uma flexão de quadril ao seu máximo com extensão de joelho e tornozelo e pé

em abandono ao seu máximo, sem haver compensações. Um ângulo entre 80º e 90° de flexão do

quadril foi considerado como amplitude normal.

Este trabalho foi realizado em conformidade com os princípios contidos na Declaração de

Helsinque da Associação Médica Mundial, respeitando as normas de pesquisa envolvendo seres

humanos do Conselho Nacional de Saúde (Res. CNS 196/96) tendo aprovação no comitê de ética

em pesquisa da instituição sob protocolo 038/2009.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a população estudada, apresentam-se as características de gênero, idade,

massa corporal, estatura e IMC através da tabela 1. Um dado de destaque da tabela é a idade média

de 20,64 anos, sendo este período considerado por Alter (1999) o platô fisiológico máximo de

flexibilidade, onde a tendência passa a ser a diminuição dessa qualidade física, se não treinada

adequadamente.

Tabela 1 – Caracterização da Amostra

N* (DP)** Masculino (DP) Feminino (DP)

Amostra 59 12 47

Idade Média (anos) 20,64 ±2,51 21,83 ±2,24 20,34 ±2,51

Massa Corporal Média (kg) 60,17 ±7,73 68,91 ±8,23 57,94 ±5,58

Estatura Média (m) 1,68 ±0,06 1,76 ±0,05 1,65 ±0,05

IMC Médio (kg/m²) 21,28 ±1,76 22,05 ±1,87 21,08 ±1,7 *N = Número total de universitários **DP = Desvio Padrão;

Com base nos dados goniométricos obtidos através dos testes de mensuração, a tabela 2

representa o teste de Mensuração do Ângulo Poplíteo ilustrando os valores encontrados na amostra

em geral e divididos de acordo com o gênero. Destacam-se as diferenças encontradas de 4,5º no

valor médio entre o membro inferior direito (MID) (154,16º) e membro inferior esquerdo (MIE)

(149,66º) e, 16º no valor mínimo entre o MID (140º) e o MIE (124º), ambos no grupo do gênero

masculino. Em relação aos outros valores, observam-se resultados próximos ao da amostra geral.

Page 102: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

98

Tabela 2 – Valores médio, mínimo e máximo da mensuração do Ângulo Poplíteo

Gênero Membro Média (DP*) Mínimo Máximo

Total MID 156,27º ±11,56º 136º 180º

MIE 153,96º ±12,55º 124º 180º

Masculino MID 154,16º ±11,48º 140º 170º

MIE 149,66º ±13,34º 124º 168º

Feminino MID 156,80º ±11,65º 136º 180º

MIE 155,06º ±12,25º 132º 180º *DP = Desvio Padrão.

Na pesquisa realizada por Affonso Filho e Navarro (2002), que avaliou o ângulo poplíteo de

500 adolescentes com joelho assintomático, sendo 133 com idade entre 18 e 20 anos, dos quais

apresentaram ângulo poplíteo com média de 160º no sexo masculino e 167º no sexo feminino.

Valores superiores aos encontrados no estudo em ambos os gêneros.

Já na pesquisa realizada por Polachini et al. (2005), que mensurou o ângulo poplíteo em 60

indivíduos, sendo 30 masculino e 30 feminino, com idade entre 18 e 30 anos, apresentou valores

médios para o gênero masculino de 156º no MID e 151º no MIE; já o gênero feminino com 164º no

MID e 162º no MIE. O estudo atual demonstrou valores mais próximos aos do estudo de Polachini

et al, principalmente no gênero masculino.

Apesar de ser um teste conhecido e frequentemente utilizado na fisioterapia, a mensuração

do ângulo poplíteo pode ter variáveis que interferem nessas medidas. Uma delas é a extensão de

joelho, ativa ou passiva, que é pouco discutida na literatura, havendo poucas referências. Outra

característica muito discutida é a posição do tornozelo, em abandono, dorsi ou plantiflexão. Para

Polachini et al (2005), a posição do tornozelo pode apresentar diferenças devido à tensão passiva

determinada pela contração do tríceps sural ou terminações nervosas. Affonso Filho e Navarro

(2002) observaram diferença em relação ao teste com o tornozelo em dorsiflexão e em repouso,

onde o primeiro resultou em medidas angulares menores, sugerindo o encurtamento de tríceps sural.

No presente estudo, utilizou-se o tornozelo na posição de repouso, objetivando evitar a

interferência, existente ou não, do tríceps sural.

A tabela 3 apresenta os valores referentes às mensurações do teste de elevação da perna

retificada, sendo que a média para o MID foi de 72,33º ±10,99º e para o MIE foi de 72,52º ±11,17º.

Em relação ao gênero masculino, a média caiu para 68,9º ±12,69º no MID e 67,81º ±13,63º. Já no

gênero feminino, o MID foi de 73,23º ±10,49º e o MIE 73,76º ±10,26º. Destaca-se a diferença da

média entre os gêneros, sendo que para o MID foi de 4,33º e o MIE 5,95º, onde ambos os resultados

foram encontrados em maior valor no sexo feminino.

Tabela 3- Valores médio, mínimo e máximo da Mensuração da Elevação da Perna Retificada

Gênero Membro Média (DP*) Mínimo Máximo

Total MID 72,33º ±10,99º 46º 96º

MIE 72,52º ±11,17º 46º 92º

Masculino MID 68,90º ±12,69º 46º 88º

MIE 67,81º ±13,63º 46º 88º

Feminino MID 73,23º ±10,49º 50º 96º

MIE 73,76º ±10,26º 50º 92º *DP = Desvio Padrão.

Page 103: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

99

No estudo realizado por Polachini (2005), em indivíduos sadios, os resultados foram

superiores aos encontrados no presente estudo, sendo no gênero masculino: MID: 75° e MIE: 74°; e

no gênero feminino: MID: 87° e MIE: 86°. Em sua discussão, os próprios autores relataram ser

valores altos quando comparados com outras pesquisas, justificando estes à interferência do

movimento pélvico, movimentação associada de coxa e pelve, além da posição do tornozelo.

Assim como na mensuração do ângulo poplíteo, há dificuldades na comparação de dados em

pesquisas sobre o teste de elevação da perna retificada, devido às divergências quanto à mensuração

do encurtamento dos isquiotibiais através da articulação do quadril, distinguindo da mensuração

através do banco de Wells por haver conflitos quanto à compensação da coluna lombar e da pelve

ao realizar o movimento de flexão anterior de tronco (CARREGARO, SILVA e GIL COURY;

2007).

Outros fatores que impedem saber tal padronização ao teste são quanto a posição do

tornozelo, assim como a realização ativa ou passiva, fadiga muscular, repetições, padronização de

materiais e técnicas. Um método, percebido como fidedigno quando comparado aos demais, foi

utilizado por Carregaro, Silva e Gil Coury (2007), através do teste de elevação da perna estendida,

passivamente, com membro testado em repouso, sendo totalmente estabilizado pelo pesquisador.

Baseado nos dados goniométricos colhidos durante a pesquisa, o gráfico 1 demonstra a

prevalência de encurtamento muscular dos isquiotibiais, ilustrando ao número de praticantes com

encurtamento em cada teste realizado.

4 3

32

12

26

0

10

20

30

40

50

60

Teste de Mensuração

Inte

gra

nte

s

Ângulo Poplíteo

Ângulo Poplíteo com

Thomas Positivo

Elevação da Perna

Retificada

Ambas Medições

Não Apresentam

Encurtamento

Outros

Gráfico 1 – Prevalência de Encurtamento Muscular em cada teste realizado.

Obs.:No grupo Outros, foram inclusos 2 universitários que apresentaram

encurtamento muscular em ambos os testes somente no MIE.

Destaca-se o número de universitários que apresentaram encurtamento muscular,

correspondendo 79,66% da população, sendo que de toda a amostra, 54,25% apresentou

encurtamento muscular em ambos os testes.

No presente estudo houve diferença significativa na quantidade da amostra quanto aos

gêneros, correspondendo a 12 homens e 47 mulheres. O gênero feminino apresentou 53,19% com

encurtamento em ambos os testes e 19,15% da amostra sem encurtamento, já o gênero masculino

58,3% com encurtamento e 25% sem encurtamento em ambos os testes. Entretanto quando

analisado em relação ao percentual de universitários com encurtamento de isquiotibiais, somando-se

os universitários com encurtamento em apenas um dos testes, o predomínio de encurtamento foi

maior no gênero feminino, com 80,85% em relação ao masculino, 75%.

Em relação ao maior percentual de encurtamento no gênero feminino, leva-se em

consideração a diferença da amostra entre os gêneros, além de, como citado anteriormente, os

valores médios de mensuração dos testes, conforme as tabelas 3 e 4, onde foram maiores no gênero

feminino em relação ao masculino, dados que corroboram com os encontrados na literatura (Forlin,

Page 104: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

100

Andújar e Alessi, 1994; Cardoso et al., 2007; Polachini, 2005). Este último justifica o achado

através dos fatores genéticos, modificação anatômica da pelve, onde as mulheres apresentam

quadris mais largos e mais rasos, facilitando assim maiores graus de ADM devido a maior grau de

jogo articular.

O gráfico 2, esboça a prevalência de encurtamento muscular relacionando a posição sentada,

separando os participantes de acordo com as horas na posição sentada e o número respectivo de

avaliados que apresentaram encurtamento dentro dos determinados grupos de horas na posição

sentada.

39

2520

2 027

2115

2 00

10

2030

40

50

60

Até 8

horas

8-10h 10-12h 12-14h 14-16h Acima

de 16h

Carga Horária

Participantes

Participantes

Encurtados

Gráfico 2 – Prevalência de Encurtamento Muscular de Isquiotibiais de Acordo

com a Carga Horária Diária na Posição Sentada.

Destaca-se o maior grupo, de 10-12 horas, com 25 universitários, sendo que destes, 21

apresentaram encurtamento muscular e os grupos de menor (até 8horas) e maior (14-16 horas) carga

horária, representados respectivamente por 3 e 2 participantes, sendo que em ambos grupos, 2

avaliados apresentaram encurtamento muscular. Percebe-se assim que o encurtamento muscular

prevaleceu nessa população universitária, independente das horas diárias na posição sentada.

De acordo com Reis, Moro e Contijo (2003), a posição sentada, principalmente somada a

falta de exercício físico, é um fator predisponente a redução da flexibilidade muscular,

principalmente ao encurtamento dos músculos isquiotibiais e iliopsoas, o que pode ocasionar um

aumento da curvatura lombar e consequentemente provocar o surgimento de dor nessa região da

coluna.

Desta maneira, ressalta-se a importância da inserção de atividades que visem prevenir ou

minimizar as predisposições vindas da permanência prolongada na posição sentada, como o

encurtamento muscular, observado na população estudada.

Ao analisar o gráfico 3, que ilustra a prevalência de encurtamento muscular dos isquiotibiais

separando entre praticantes e não praticantes de exercício físico destaca-se a alta porcentagem de

encurtados em ambos os testes, principalmente no grupo de não praticantes, representando 68,58%

dos resultados (24 universitários). Já no grupo de praticantes, esse percentual diminui para 34,78%

(8 universitários).

Page 105: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

101

2 4 2 2 30

24

85 7

0 2

36

23

0

10

20

30

40

50

60

Ângulo

Poplí teo

Poplí teo com

Thomas +

Elevação da

Perna

Retif icada

Ambos os

Testes

Sem

Encurtamento

Outros Total

Não Praticantes Praticantes

Gráfico 3 – Prevalência de Encurtamento Muscular em Praticantes e Não

Praticantes de Exercício Físico

A alta prevalência de encurtamento em indivíduos praticantes de exercício físico corrobora

com o estudo realizado por Carregaro, Silva e Gil Coury (2007), onde encontraram prevalência de

65,71% de encurtamento muscular, em indivíduos praticantes de exercício físico entre duas e três

vezes semanais.

De acordo com Cyrino et al. (2004), a prática regular de exercício físico, seja ela voltada ou

não para flexibilidade, consegue intervir positivamente nessa qualidade física, seja melhorando

como mantendo determinado nível de flexibilidade muscular.

Já Santos e Domingues (2008), citam que não só a falta de exercício físico, como a não

realização de exercícios de alongamento, são uma das principais causas de encurtamento muscular,

principalmente do grupo dos isquiotibiais.

Baseando-se nos resultados, pode-se indagar quanto à educação sobre o exercício de

alongamento, levantando questões como freqüência, intensidade, posicionamento adequado, entre

outros. De acordo com Kisner e Colby (2005), o alongamento de isquiotibiais se torna mais efetivo

com duração entre 30 e 60 segundos em relação a 15 segundos, mesmo sendo este último realizado

em um número maior de séries. Outra interferência citada pelo autor é a permanência do

alinhamento do tronco e das articulações adjacentes, sendo que essas alterações podem influenciar

na quantidade da tensão presente nos tecidos moles e consequentemente pode afetar a ADM das

articulações.

CONCLUSÃO

Com essa pesquisa, pode-se concluir em relação ao encurtamento muscular, uma

significativa prevalência de universitários com encurtamento de isquiotibiais, correspondendo a

79,66% da amostra, sendo que a prevalência de encurtamento em ambos os testes foi maior no

gênero masculino com 58,3% feminino em relação ao gênero feminino, 53,19%. No entanto quando

somado ao percentual de universitários com encurtamento de isquiotibiais, somente no teste do

ângulo poplíteo ou na elevação da perna retificada, o predomínio foi maior no gênero feminino,

com 80,85% em relação ao masculino, 75%. O encurtamento muscular demonstrou ser

independente da quantidade de horas na posição sentada. Destacou-se que 76,27% dos integrantes

permanecem de 10 a 14 horas diárias na posição sentada e destes, 82,22% apresentam encurtamento

muscular de isquiotibiais. Justifica-se o alto percentual de universitários que relatam maior tempo

na posição sentada em virtude de que mais de 50% dos cursos inseridos no Centro de Ciências da

Saúde apresentam formas diurnas e integrais de grade curricular, favorecendo esta posição.

A prática de exercício físico dentro dessa população é de pequena freqüência (38,98%), com

preferência para o futsal e a academia. Apesar de haver predomínio de encurtamento nos

Page 106: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

102

universitários que não praticam exercício físico com 86,11%, o percentual de encurtamento dos que

praticam algum exercício também foi elevado, sendo 60,87%.

Percebe-se a necessidade de realizar estudos longitudinais acompanhando desde o momento

de ingresso na vida acadêmica ao término, podendo relacionar se a rotina universitária apresenta

diferenças significativas na flexibilidade muscular, assim como, em alterações posturais e algias.

Além disso, sugerem-se pesquisas comparativas entre as diversas áreas de estudo existentes na

universidade, como de tecnologia, humanas, ambientais e da saúde para ver se existe relações ou

diferenças entre elas.

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Page 108: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

104

Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o

pico de torque dos inversores e eversores de tornozelo em

usuárias de sapatos de salto alto

Caroline Artusi 1

, Vanessa Piovesan2, Marice Regina Menta

2 ,Lisiane Piazza

3, Gilnei Lopes

Pimentel4,Carlos Rafael de Almeida

4

Resumo

Introdução: O uso de calçados de salto alto vem se tornando cada vez mais freqüente entre as

mulheres, acarretando diversas alterações biomecânicas no corpo humano. O pé é considerado a

região que mais sofre mudanças anatômicas em todo corpo e uma das características mais

importantes e de maior variabilidade é o arco longitudinal, sendo que o uso precoce de calçados

pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento. Objetivo: Este estudo teve por objetivo avaliar a

relação entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de torque dos inversores e eversores de

tornozelo em usuárias de sapatos de salto alto, bem como verificar as implicações do uso contínuo

do salto alto no formato deste arco. Metodologia: A amostra foi constituída por 49 usuárias de salto

alto divididas em três grupos de acordo com a altura de salto mais utilizada no seu dia-a-dia. Foi

mensurado o pico de torque da musculatura inversora e eversora do tornozelo a 30°/s e 60°/s através

do dinamômetro isocinético e avaliado o formato do arco longitudinal medial pela Linha de Feiss.

Resultados: Não ocorreram relações estatisticamente significativas entre o formato do arco

longitudinal medial e o pico de torque da musculatura avaliada, nem associações entre as diferentes

alturas de salto e o formato deste arco. Considerações: Ao final deste estudo, não se pode firmar

uma explicação conclusiva dos efeitos dos sapatos de salto sobre o arco plantar.

Palavras-chave: Deformidades do pé, Torque, Sapatos

INTRODUÇÃO

Muitas foram as mudanças que ocorreram no comportamento social da mulher nas últimas

décadas. Acompanham esse fato, mudanças de hábitos e de seus vestuários, onde se destaca o seu

calçado, geralmente alto, caracterizando beleza, altivez e elegância. Porém, a manutenção do corpo

sobre uma base de sustentação modificada, em termos físicos (diâmetro e altura), pressupõe

modificações nas informações sensoriais necessárias para manutenção do equilíbrio estático (SILVA

& SANCHES, 2006).

As articulações do pé são responsáveis pela orientação do mesmo em relação aos eixos da

perna para que esse possa orientar-se corretamente no chão, seja qual for a posição da perna e a

inclinação do terreno e também modificam tanto a forma quanto a curvatura da abóboda plantar

permitindo uma melhor adaptação às desigualdades do terreno, concedendo elasticidade e

flexibilidade ao passo (KAPANDJI, 2000).

De acordo com McPoil et al (1993), as articulações dos tornozelos e pés são afetadas

diretamente com a alteração da biomecânica exercida pelo uso de sapato de salto alto, dentre elas

estão as articulações talocrural, subtalar e de Chopart (MCPOIL JR., THOMAS G; RONALD S.,

1

Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo 2Fisioterapeuta, Egressa curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

3Fisioterapeuta, Mestranda Ciências do Movimento Humano-UDESC

4 Fisioterapeuta, mestre, docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

Page 109: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

105

1993). A talocrural possui apenas um grau de liberdade realizando o movimento de dorsiflexão e

plantiflexão (CASTRO, 1985; HALL, 2000; KAPANDJI, 2000; SIZÍNIO, 2003). Na subtalar

ocorrem o movimento de pronação e supinação sendo a pronação resultante de uma combinação de

eversão, abdução e dorsiflexão, e a supinação de uma combinação de inversão, adução e flexão

plantar (HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).

Segundo Hislop et al (2007), o tornozelo e o pé são constituídos pelos músculos

gastrocnêmio, sóleo, flexor longo dos dedos, flexor curto dos dedos, flexor curto do hálux, flexor

longo do hálux, flexor do dedo mínimo, fibular curto, fibular longo, tibial posterior, tibial anterior,

extensor longo dos dedos, extensor curto dos dedos, extensor longo do hálux e fibular terceiro.

Hislop et al (2007) e Hall (2000) afirmam que o movimento de inversão resulta principalmente da

ação muscular do tibial posterior e tibial anterior, enquanto que no movimento de eversão, os

músculos responsáveis são o fibular longo e o fibular curto, auxiliados pelo fibular terceiro.

Beloto et al (2004) apontaram que a arquitetura do pé é baseada na disposição de três arcos

imaginários localizados em estruturas ósseas nele existentes: o arco anterior, o arco externo ou

lateral e o arco interno ou medial ou longitudinal plantar. O arco longitudinal plantar é de

fundamental importância às qualidades do ortostatismo estático e dinâmico, ou seja, a marcha,

tornando-os perfeitos biomecânica e funcionalmente.

Segundo Headlee et al (2008), a manutenção do arco longitudinal medial é feita pela

estrutura óssea, ligamentar e pela musculatura intrínseca e extrínsica do pé, tendo uma função

importante no controle da pronação durante a marcha. Se uma dessas estruturas falharem, pode

ocorrer uma pronação excessiva do pé, resultando em uma disfunção, sendo, de acordo com

Hernandez et al (2007), o uso precoce de calçados potencialmente prejudicial ao desenvolvimento

do arco longitudinal.

De acordo com os estudos de Magee (2005), o pé cavo caracteriza-se pelos arcos

longitudinais acentuados e as cabeças dos metatarsos mais baixas em relação ao retropé, de modo

que ocorre uma queda do antepé sobre o retropé no nível das articulações tarsometatarsais. Os

tecidos moles da planta do pé são anormalmente curtos, o que confere ao pé um aspecto encurtado.

Pé plano é um termo que descreve qualquer condição em que o arco longitudinal medial está

rebaixado, de modo que, na posição em pé, suas bordas ficam próximas ou em contato com o solo

(WEINSTEIN, 1994; MAGEE, 2005).

Alonso et al (2003) e Vilarrasa et al (2004) lembram que a dinamometria isocinética surgiu

nos anos 60, sendo amplamente utilizada na atualidade, como um recurso de medida objetiva da

função muscular, permitindo formatar dados normativos sobre diferentes populações. O torque ou

momento de força resulta da força aplicada num ponto multiplicada pela distância do ponto de

aplicação dessa força ao centro de rotação do eixo de movimento (T=F×d), medida em newton-

metro (Nm) (TERRERI et al, 2001). Dvir (2002) prescreve as velocidades de teste para a inversão e

eversão em uma amplitude de 30° a 120°/s.

Existe uma lacuna na literatura em relação a dados normativos sobre a função muscular do

tornozelo em diferentes populações, entre elas, a de usuárias de sapatos de salto alto,

Diante do contexto, o presente estudo teve por objetivo avaliar a relação entre o formato do

arco longitudinal medial do pé e o pico de torque dos inversores e eversores de tornozelo em

usuárias de sapatos de salto alto, bem como verificar as implicações do uso contínuo do salto alto

no formato deste arco.

MATERIAIS E MÉTODOS

O atual estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade

de Passo Fundo CEP - UPF, sob registro CEP 046/2008 e caracteriza-se por ser transversal

observacional.

Dentre as 311 acadêmicas matriculadas no curso de Fisioterapia da Universidade de Passo

Fundo no ano de dois mil e oito, foram selecionados 55 indivíduos, todos do sexo feminino e

voluntários, sendo divididos em três grupos, constituídos de 18 usuárias de sapatos com alturas

Page 110: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

106

entre 0 e 3 cm, 18 usuárias de sapatos com alturas entre 3 e 7 cm e 19 usuárias de sapatos com

alturas entre 7 e 10 cm.

Foram critérios de inclusão deste estudo: aquelas que aceitaram voluntariamente participar

da pesquisa, idade mínima de 18 anos, do sexo feminino e usassem sapato de salto de 0 a 3 cm, 3 a

7 cm ou 7 a 10 cm, no mínimo seis horas por dia, quatro vezes por semana. Como critérios de

exclusão foram consideradas aquelas que apresentaram alguma disfunção músculo-esquelética no

tornozelo no momento da avaliação, que não concordaram em assinar o termo de consentimento

livre e esclarecido ou que em algum momento tomaram a decisão de desistir de participar deste

estudo. Desta forma foram excluídas do estudo cinco (5) voluntárias por não apresentarem tempo de

uso mínimo de sapatos de salto alto e uma (1) por imprecisão nas respostas do questionário, sendo a

amostra final de 49 sujeitos.

Os dados foram coletados no Laboratório de Biomecânica II da Faculdade de Educação

Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, onde foi realizada a avaliação isocinética dos

músculos eversores e inversores de tornozelo por meio do equipamento Biodex™ Multi Joint

System 3 Pro, módulo “Ankle: inversion /eversion”, utilizando o modo isocinético concêntrico para

ambos os grupos musculares, nas velocidades angulares de 30° e 60°/ segundo e também realizou-

se a avaliação do arco plantar através da Linha de Feiss e a aplicação de um questionário específico.

Procedimentos

As participantes foram informadas e orientadas sobre os procedimentos da avaliação. Antes

do início das avaliações, essas responderam a um questionário específico e foram familiarizadas

com o aparelho. Os dados antropométricos, peso e altura, foram coletados pelas informações

fornecidas pelas acadêmicas da amostra e utilizados pelo aparelho isocinético para obtenção dos

valores de pico de torque.

Após responder o questionário, cada participante foi encaminhada para a avaliação do seu

arco longitudinal medial, através da Linha de Feiss, onde foi examinada a posição relativa da

tuberosidade do osso navicular, tanto na posição de suporte do peso corporal, ou seja, em pé e sem

suporte corporal, com a participante sentada (PALMER & EPLER, 2002). Inicialmente, foi

marcado com uma caneta o ápice do maléolo medial e a face plantar da primeira articulação

metatarsofalângica com a participante não sustentando peso e fez-se uma linha unindo estes dois

pontos. A seguir, foi palpada a tuberosidade do navicular na face medial do pé e feita uma

marcação na mesma, observando sua posição em relação à linha que unia os dois pontos

previamente marcados. Em seguida, a participante posicionou-se em pé com os pés afastados 8 a

15 cm. Os dois pontos foram verificados para certificar que eles ainda representavam o ápice do

maléolo medial e da face plantar da articulação metatarsofalângica. A tuberosidade do navicular foi

novamente palpada. Normalmente, a tuberosidade do navicular localiza-se na linha que une os dois

pontos ou muito próximo da mesma. Quando ocorresse queda da tuberosidade era representativo de

um pé plano (MAGEE, 2005). A linha permitiu referência para diagnosticar um pé cavo, quando a

mesma se localizasse abaixo da tuberosidade do navicular (PALMER & EPLER, 2002).

Após, cada participante foi encaminhada para um aquecimento da musculatura a ser avaliada

através de três séries de dez repetições, dos movimentos de eversão e inversão do tornozelo,

bilateralmente, na posição sentada, com o joelho flexionado a 90°, a fim de familiarizá-la com os

movimentos que foram exigidos durante o teste.

Antes de iniciar as avaliações, o equipamento passou por um processo de calibragem, para

que os resultados pudessem ser fidedignos, além de ter sido realizado um projeto piloto com duas

voluntárias, buscando-se a reprodutibilidade das avaliações com a menor margem de erro,

seguindo-se as instruções gerais de operação recomendadas pelo fabricante (Biodex™ System).

Através das referências e orientações do fabricante do equipamento, orientou-se o

dinamômetro a 0° (orientação neutra), com uma inclinação do mesmo entre 50 e 70°, com o assento

orientado a 90°, com inclinação do encosto a 70°. Todas as participantes foram orientadas a

sentarem-se na cadeira, onde a articulação do joelho permaneceu fletida entre 30° e 45° (40°),

Page 111: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

107

Arco Longitudinal Medial

62%

8%

6%

12%12%

Normal bilateral

Plano bilateral

Cavo Bilateral

Um normal e outro

plano

Um normal e outro

cavo

apoiada no coxim para suporte do membro a ser testado, fixado à cadeira por meio da haste T, com

o eixo de rotação em um ângulo de 35°, passando pela sindesmose e pelo corpo do talo. Para todas

as participantes a posição inicial partiu da inversão total do tornozelo, que permaneceu fixo ao

acessório correspondente, por meio de uma faixa de velcro que envolvia o antepé, tendo um apoio

próprio para a região do calcâneo e baseando-se nas orientações do fabricante, para maior conforto

e estabilidade, as participantes não usaram calçados durante o teste.

O teste foi realizado no modo concêntrico para inversores e eversores com estabilização do

tronco e coxa contralateral a testada, nas velocidades de 30°/s, cinco repetições e 60°/s, cinco

repetições, com 10 segundos de intervalo entre elas com estímulo verbal e visual (DVIR, 2002) .

Análise Estatística

Foi realizada a Análise de Variância através do teste ANOVA-One Way e Teste Chi-

Quadrado (x2) com o programa Statistic 6.0

® com grau de significância de p≤0,05.

RESULTADOS

Foram avaliadas 55 acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

matriculadas no ano de 2008.

Foram excluídas do estudo cinco voluntárias por não apresentarem tempo de uso mínimo de

sapatos de salto alto e uma por imprecisão nas respostas do questionário.

Conforme demonstra a Tabela 1, através da análise de variância, verificou-se não haver

diferença significativa entre os grupos em relação à idade, peso e altura, demonstrando uma

homogeneidade da amostra nos três grupos avaliados.

Tabela 1 – Média e desvio-padrão do perfil da amostra

G1 G2 G3 p

IDADE 22,4 ± 2,7 21,5 ± 3,2 21,3 ± 1,8 0,45

ALTURA 1,63± 5 1,63 ± 6,1 1,62 ± 5,6 0,84

PESO 59,4 ± 11 55 ± 4,9 54,1 ± 8,9 0,20

N 17 14 18 LEGENDA: G1 – SALTO BAIXO; G2 – SALTO MÉDIO; G3- SALTO ALTO * p≤ 0,05.

Em relação ao formato do arco longitudinal medial, avaliado através da Linha de Feiss,

conforme pode-se observar no Gráfico 1, 30 participantes (62%) apresentaram pé normal

bilateralmente, 4 participantes (8%) apresentaram ambos os pés planos, 3 participantes (6%) ambos

os pés cavos, 6 participantes (12%) um pé normal e outro plano e 6 participantes (12%)

apresentaram um pé normal e outro cavo.

Gráfico 1 – Dados referentes ao formato do arco longitudinal medial

da amostra avaliada

Page 112: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

108

Conforme demonstra a tabela 2, através da análise de variância, não ocorreram relações

estatisticamente significativas entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de torque da

musculatura inversora e eversora do tornozelo nas velocidades angulares de 30°/s e 60°/s, porém,

ocorreu uma tendência positiva de um maior pico de torque da musculatura inversora na velocidade

angular de 60°/s nas participantes que possuíam pé plano.

Tabela 2 - Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o pico de torque

dos inversores e eversores de tornozelo a 30º/s e 60º/s

MOVIMENTO

VELOCIDADE

ANGULAR PLANO NORMAL CAVO p-value

EVERSÃO

30º/s

17,6 ± 6,7 15,9 ± 4,6 16,4 ± 3,3 0,46

INVERSÃO 18,5 ± 9,2 15,1± 5,8 15 ± 4,2 0,16

EVERSÃO

60º/s

15,6 ± 7,3 13,2 ± 4,2 13,8 ± 2,8 0,21

INVERSÃO 16,3 ± 9,6 13 ± 4,9 12,4 ± 4,2 0,06

N 14 72 12

O gráfico 2 demonstra os dados referentes ao formato do arco longitudinal medial nas

diferentes alturas de salto. No grupo que utilizava salto baixo, foram encontrados 22 pés normais, 9

planos e 3 cavos, no grupo com salto médio, observou-se 22 pés normais, 2 planos e 4 cavos e nas

usuárias de salto alto foram encontrados 28 pés normais, 3 planos e 5 cavos. Através do teste Chi-

quadrado, não ocorreram associações estatisticamente significativas (p=0,16) entre as diferentes

alturas de salto e o formato do arco longitudinal medial do pé.

Gráfico 2- Dados referentes ao formato do arco longitudinal medial nas

diferentes alturas de salto

DISCUSSÃO

O pé é a região que mais sofre variações anatômicas em todo o corpo humano e uma das

características mais importantes e de maior variabilidade é o arco longitudinal medial

(HERNANDEZ et al, 2007). De acordo com Beloto et al (2004), esse arco plantar se constitui

realmente em torno dos 2 ou 3 anos, porém, de acordo com Hernadez et al (2007), esse desenvolve-

se muito até os 6 anos, aumentando pouco após essa idade. A prevalência do pé plano declina com a

idade, e é maior em crianças com frouxidão ligamentar, sendo que o uso precoce de calçados

0

10

20

30

Salto Baixo Salto Médio Salto Alto

Altura do Salto X Formato do Arco

Longitudinal Medial

PÉ NORMAL

PÉ PLANO

PÉ CAVO

p=0,16

Page 113: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

109

prejudica o desenvolvimento do arco longitudinal (HERNANDEZ et al, 2007). Weinstein et al

(1994) estimaram que, por volta dos 10 anos de idade, apenas 4% da população apresentará pé

chato persistente. .

O arco longitudinal normal do pé é determinado pela manutenção das relações normais entre

os ossos do pé. Essas relações são mantidas pelas estruturas ligamentares e capsulares de

sustentação, e podem ser afetadas pelos estresses funcionais aplicados ao pé durante a sustentação

de peso e pela contração dos músculos (WEINSTEIN et al, 1994).

De acordo com Magee, (2005), os arcos do pé são mantidos por três mecanismos: o

encunhamento dos ossos do tarso e do metatarso interconectados, a contração dos ligamentos da

face plantar do pé e os músculos intrínsecos e extrínsecos do pé e seus tendões, os quais ajudam a

sustentar os arcos.

Autores como Beloto et al (2004) e Lapierre (1982), além de poder ser ou tornar-se

doloroso, o pé plano perturba gravemente o equilíbrio do corpo. O arco plantar constitui um sistema

amortecedor indispensável e, se está ausente, constitui-se uma compensação superior ao nível do

joelho, da coxofemoral, da sacro-ilíaca ou da coluna vertebral. Quando, por uma razão qualquer, um

dos membros inferiores está sobrecarregado e outro aliviado, o pé que suporta mais peso pode

afundar em pé plano, caracterizando pé plano unilateral. Este, ou até mesmo o pé plano bilateral

mais acentuado de um lado, pode ser a causa de uma atitude escoliótica. No presente estudo, 12%

das participantes apresentaram pé plano unilateralmente.

Em sua pesquisa, Aydog et al (2005), afirmam que, apesar dos principais parâmetros que

causam mudanças no arco plantar não serem claramente identificados, a musculatura do pé pode

afetar a progressão deste arco. É também provável que o exercício dos músculos relacionados com a

articulação do tornozelo afeta a arcada do pé.

Os principais músculos envolvidos na manutenção do arco longitudinal plantar são os

músculos extrínsecos e intrínsecos do pé. Os primeiros são representados pelo tibial anterior, que

fornece suporte superior e eleva o arco; tibial posterior e flexor longo dos dedos, que fornecem

suporte medial e inferior e elevam o arco plantar; e fibular longo. A musculatura intrínseca

constituída por vários músculos com origem e inserção podálicas, tensiona de forma longitudinal

todo arco interno, sendo empenhada na manutenção da convexidade (BELOTO et al, 2004).

Jonson e Gross (1997), avaliaram a confiabilidade da avaliação do arco longitudinal medial

através da Linha de Feiss, método utilizado neste estudo, observando uma concordância intrateste

de 0.90 e interteste de 0.81, demonstrando que a avaliação através deste método mostra-se

confiável.

Segundo Kapandji (2000), o pé plano se deve principalmente a uma insuficiência muscular,

insuficiência do tibial posterior ou, mais freqüentemente, do fibular lateral longo. Um ruptura do

tendão tibial posterior ou uma tenossinovite também podem resultar nesta alteração do arco

longitudinal medial (AYDOG et al, 2005). Sem apoio, o pé adota uma atitude em varo, posto que o

fibular lateral longo é abdutor. Porém, segundo Kapandj (2000), no momento em que o peso do

corpo se descarrega sobre a abóboda, o arco interno se afunda e o pé gira em valgo. No presente

estudo, observou-se um maior pico de torque da musculatura inversora nas participantes que

possuíam pé plano, contrariando o que nos fala Kapandji (2000), indo, porém, ao encontro do que

nos fala Sizínio (2003), que afirma que o arco plantar não depende só dos músculos para sua

formação, que está ligada à forma do osso e tensão dos ligamentos, sendo a musculatura envolvida

no arco uma estabilizadora dinâmica.

Supõe-se que a falha no sistema estabilizador estático possa contribuir para o desabamento

do osso navicular propiciando uma vantagem mecânica para o tibial posterior que na tentativa de

manter o formato do arco desenvolve um pico de torque maior, porém não suficiente para conseguir

mantê-lo.

Contudo, segundo Kapandji (2000), uma insuficiência no fibular longo pode levar ao

desabamento do arco plantar. Logo, o pico de força menor dos eversores encontrado na amostra

pode estar relacionado com esse achado.

Page 114: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

110

Foram encontradas divergências na literatura a respeito da função do músculo tibial anterior

na manutenção do arco longitudinal medial. De acordo com Aydog et al (2005), o tibial anterior

tem efeito depressivo sobre o arco, já para Beloto et al (2004) este músculo fornece suporte

superior e eleva o arco.

No estudo proposto por Aydog et al (2005), no qual analisou-se a relação entre o índice do

arco plantar e a força da musculatura do tornozelo em ginastas de elite observou-se uma diminuição

da força da musculatura dorsiflexora do tornozelo dos ginastas associada a um aumento do índice

do arco plantar caracterizando um pé plano, bem como uma correlação entre o índice do arco

plantar e a força da musculatura eversora do tornozelo, sendo esta musculatura, responsável pelo

suporte do arco plantar, também mais fraca no grupo estudado quando comparado ao grupo

controle. Esses dados vêm ao encontro dos achados no presente estudo, onde verificou-se também

um menor pico de torque da musculatura eversora nas participantes com pé plano.

O desabamento do arco longitudinal medial pode ocasionar alterações importantes, pois a

descarga de peso no pé se altera e muda os eixos das articulações, ocasionando desequilíbrios

articulares e musculares em todo membro inferior (BRICOT, 2001).

De acordo com Munho et al (2007), que realizou uma análise eletromiográfica da influência

do recrutamento muscular do fibular longo no arco longitudinal medial, o músculo fibular longo

pode auxiliar no aumento do arco longitudinal medial, mesmo sabendo que esse músculo não é o

principal responsável por esta atividade.

Kapandji (2000) descreve que existem quatro músculos responsáveis pelo aumento do arco

plantar, o tibial posterior, que é o principal, auxiliado pelo fibular longo, flexor do hálux e adutor do

hálux e que estes músculos são os responsáveis pela sustentação prolongada do arco plantar. Já

Bienfait (1995) segue uma linha de raciocínio contrária, dizendo que o arco plantar é sustentado

pela aponeurose plantar e seus ligamentos e músculos apenas amortecem as pressões impostas ao

arco. Ambos concordam que o músculo tibial posterior é um músculo que age diretamente na

elevação do arco plantar, contudo Bienfait (1995) acredita que somente os músculos quadrado

plantar, flexor curto dos dedos e flexor curto do halux auxiliam o tibial posterior.

Sendo o músculo tibial posterior o principal responsável pelo movimento de inversão do

tornozelo, esse encontrou-se mais forte no presente estudo na amostra com arco longitudinal plano,

discordando do que nas falam Kapandji (2000) e Bienfait (1995) a respeito da função deste músculo

na elevação do arco plantar, porém, apoiando ao mesmo tempo a teoria proposta por Bienfait (1995)

a respeito da manutenção do arco ser feita pela aponeurose plantar e seus ligamentos.

Em estudos realizados por Headlee et al (2008) e Fiolkowski et al (2003), observou-se que a

musculatura intrínseca do pé desempenha um papel de apoio medial no arco longitudinal na postura

estática e uma fadiga dessa musculatura resulta em um aumento da pronação e queda do navicular.

O arco longitudinal interno também pode se modificar em função do uso incorreto de

calçados, bem como através da realização de exercícios para musculatura intrínseca e extrínseca dos

pés (BELOTO et al, 2004).

O uso regular de salto alto leva ao aprendizado motor da mulher que usa esse calçado com

maior freqüência, pois a repetição de uma tarefa é um fator determinante para plasticidade cortical

que, por sua vez, gera automatismo do gesto e, conseqüentemente, menor recrutamento de fibras

para realizar uma tarefa, com conseqüente gasto energético diminuído (GEFEN et al, 2002).

O uso do salto alto altera o perfil normal de pressão no pé, com uma menor pressão na

lateral e na região medial do pé, além do aumento da altura do arco plantar (NASSER & VARGAS,

1997)

Uma causa muito freqüente do pé cavo é o calçado apertado ou o salto alto: os dedos

tropeçam com a ponta do sapato e se hiperestendem, fazendo com que as cabeças metatarsianas

baixem, sob a influência do peso do corpo o pé desliza sobre o plano inclinado e o calcanhar se

aproxima dos dedos, acentuando a curvatura da abóboda (KAPANDJI, 2000).

Contrapondo-se ao que nos falam os autores citados acima, no presente estudo, não foi

encontrada associação significativa entre o uso de sapatos de salto alto e alterações no formato do

arco longitudinal medial, o que pode ser explicado pela amostra constituir-se de mulheres jovens

Page 115: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

111

com início do uso deste calçado no período da adolescência totalizando poucos anos de uso. Porém,

observa-se atualmente que a utilização desse acessório vem se tornando cada vez mais precoce,

sendo comum também entre as crianças, o que segundo Hernandez et al (2007) pode prejudicar o

desenvolvimento do arco longitudinal medial.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos,pode-se constatar ao final deste estudo, que não ocorreram

relações estatisticamente significativas entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de

torque da musculatura inversora e eversora do tornozelo em usuárias de sapatos de salto alto, no

entanto, ocorreu uma tendência positiva de um maior pico de torque da musculatura inversora do

tornozelo, na velocidade angular de 60°/s nas participantes que possuíam pé plano. Além disso, não

observou-se associação significativa entre o formato do arco longitudinal medial e o uso de sapatos

de salto alto.

Consideram-se limitações do presente estudo o fato de não ter-se verificado o tempo em

anos de uso de sapatos de salto e o formato do salto (agulha ou plataforma) utilizado pela amostra,

dados estes que podem interferir nos resultados desta pesquisa.

Existe escassez e divergências na literatura a respeito das estruturas responsáveis pela

formação e manutenção do arco longitudinal medial, bem como pesquisas relacionadas ao uso de

sapatos de salto alto e a avaliação isocinética do tornozelo, tornando escassas as referências pra

comparação e discussão, portanto, sugerem-se novos estudos a respeito das possíveis alterações

causadas no formato do arco longitudinal medial pelo uso de sapatos de salto alto em diferentes

populações, faixas etárias e implicações da musculatura do tornozelo no arco plantar.

Ao final deste estudo, não se pode então firmar uma explicação conclusiva dos efeitos dos

sapatos de salto sobre o arco plantar.

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114

Risco de Quedas em Mulheres Idosas

Fabiane Feula1, Juliana Padilha de Souza

2, Marlon Francys Vidmar

3,

Lia Mara Wibelinger2.1

Resumo

Introdução: O envelhecimento traz alterações como a diminuição da visão, da audição e distúrbios

músculo-esqueléticos, proprioceptivos e vestibulares, podendo resultar em quedas. A queda pode

ser definida como a perda total do equilíbrio postural, a qual está relacionada à insuficiência súbita

dos mecanismos neurais e osteo-articulares envolvidos na manutenção da postura. Objetivo: O

objetivo do presente estudo foi avaliar o risco de quedas em mulheres idosas. Metodologia: A

amostra foi composta por 147 indivíduos, do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60 anos,

que freqüentam o Centro Regional de Atividades para a Terceira Idade (CREATI) da Universidade

de Passo Fundo. A coleta de dados foi realizada através da aplicação da Escala de Avaliação de

Risco de Quedas de Dowton. Resultados: Das 147 mulheres entrevistadas (51%) encontravam-se

na faixa etária dos 60-69 anos, (38,8%) entre 70-79 anos e (10,2%) mais de 80 anos, (99,3%)

praticavam atividade física, (24,5%) relataram ter osteoporose e (20,4%) osteoartrose, destas 68

(43,3%) apresentaram risco de quedas, tendo como principais causas as alterações visuais e o uso de

medicamentos. Conclusão: Com o aumento abrangente da população idosa é de extrema

importância o conhecimento da prevalência de quedas, pois os resultados podem servir para que

ocorram ações preventivas e reabilitadoras com o objetivo de aumentar ou manter a qualidade de

vida destes indivíduos.

Palavras-chave: Envelhecimento, Equilíbrio Postural, Instabilidade Articular.

INTRODUÇÃO

A população idosa no Brasil vem crescendo de forma abrangente, segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população com mais de 60 anos de idade

seja aproximadamente 11% da população geral até o ano de 2020 (SIQUEIRA et al, 2007).

Dentre as alterações decorrentes do envelhecimento estão: a diminuição da visão (redução

da percepção de distância), diminuição da audição (não ouve sinais de alarme), distúrbios

musculoesquelético (degeneração articulares, fraqueza muscular, diminuição da massa muscular),

distúrbios proprioceptivos (alteração na marcha e equilíbrio), distúrbios vestibulares (vertigens,

tonturas) (PEREIRA et al, 2001).

A perda da força muscular em idosos afeta o equilíbrio, a postura e o desempenho funcional,

aumentam o risco de quedas e problemas respiratórios, diminui a velocidade da marcha e dificulta

atividades da rotina diária (CANDELORO E CAROMANO, 2007).

Queda pode ser definida como um evento não intencional que tem como resultado a

mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua posição inicial"

(SIQUEIRA F. V. et al , 2007).

Pode ser considerado um evento sentinela na vida de uma pessoa idosa, um marcador

potencial do início de um importante declínio da função ou um sintoma de uma patologia nova. Seu

1 1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo-UPF.

1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo -UPF.

1Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo -UPF.

2Fisioterapeuta, Mestre e Doutoranda em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

do Sul- PUCRS.

Page 119: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

115

número aumenta progressivamente com a idade em ambos os sexos, em todos grupos étnicos e

raciais. (CORRÊA, 2008).

Duas condições devem existir para que ocorra uma queda: perturbação do equilíbrio e

também uma falência do sistema de controle postural em compensar essa perturbação, ocorre

quando uma perturbação interna fisiológica interrompe momentaneamente a operação do sistema de

controle postural (FREITAS, 2002).

As quedas são resultado de um grande número de fatores extrínsecos e intrínsecos

relacionados à vítima. Os fatores de risco intrínsecos estão relacionados com a saúde do idoso:

fatores hemodinâmicos, doenças neurológicas, doenças osteomusculares, desordens neurosensoriais

e uso de medicamentos. Os fatores de risco extrínsecos estão relacionados com problemas

ambientais (BARBOSA, 2001).

As quedas são um problema complexo e debilitante, que causa enormes cmplicações

funcionais aos idosos podendo trazer conseqüências graves a saúde desses indivíduos como por

exemplo fraturas, restrição das atividades e até mesmo risco de morte, além de afetar o lado

psicológico. O presente estudo teve como objetivo avaliar o risco de quedas em idosas com idade

igual ou maior que 60 anos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo retrospectivo quantitativo, em uma população de 1000 idosos, cuja

amostra foi de 147 indivíduos, do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60 anos,

participantes do Centro Regional de Estudos e Atividades da Terceira Idade (CREATI) de Passo

Fundo.

A coleta foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2009, após autorização do Comitê

de Ética e Pesquisa da Universidade de Passo Fundo- UPF, com registro número 182/2008.

Os critérios de inclusão para o trabalho foram: indivíduos idosos , do sexo feminino , com

idade igual ou superior a 60 anos, ser participante do grupo CREATI e concordar em participar do

presente estudo após leitura do termo de consentimento livre e esclarecido.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a Escala de Avaliação de Risco de Quedas

de Dowton, que é constituída por uma pontuação onde três pontos ou mais indica o risco de quedas.

As variáveis estudadas envolvem presença de quedas anteriores, uso de medicamentos, déficit

sensorial, estado mental e marcha.

RESULTADOS

A amostra foi composta por indivíduos do sexo feminino, com idade média de 70,14 anos e

desvio-padrão de 6,94 anos. A tabela 1 apresenta os dados referentes ao risco de quedas nas

diferentes faixas etárias onde é possível observar que o maior risco está nos indivíduos que estão na

faixa dos 60-69 anos, destes 44,1% já sofreram quedas anteriores.

Tabela 1: Faixa etária das participantes.

A tabela 2 apresenta dados referentes às variáveis do grupo de mulheres idosas com risco de

quedas e sem risco de quedas, onde as variáveis mais citadas pelo grupo com risco de quedas foram:

osteoporose, alteração visual e auditiva.

Faixa etária Com risco de queda Sem risco de queda

60-69 anos 44,1% 57%

70-79 anos 41,2% 36,7%

Mais de 80 anos 14,7% 6,3%

Total 100% 100%

Page 120: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

116

Tabela 2: Variáveis apresentadas pelo grupo com risco de quedas e sem risco de quedas.

A tabela 3 apresenta os dados referentes a idade, prática de atividade física, doenças

osteoarticulares, onde é possível observar que a maioria dos indivíduos estava na faixa etária dos

60-69 anos, a prática de atividade física foi relatada pela maioria dos indivíduos (99,3%), sendo que

36 (24,5%) pessoas relataram ter osteoporose e 30 (20,4%) osteoartrose.

Tabela 3: Percentual da idade, prática de atividade física e doenças osteoarticulares.

A tabela 4 apresenta os dados referentes aos tipos de medicamentos usados pelo grupo com

risco de quedas, onde é possível observar que o uso de diuréticos foi o mais citado pelas idosas.

Tabela 4: Prevalência do uso de medicamentos pelo grupo com risco de quedas.

Medicamentos Faixa etária

60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos

Nenhum - - -

Tranq/sedativos 43,3% 17,9% 20%

Diuréticos 56,7% 53,6% 40%

Hipotensores 33,3% 32,1% 20%

Antiparkinsonianos - - -

Antidepressivos 46,7% 25% 20%

Outros medicam. 26,7% 10% 50%

Idade Porcentagem

60-69 anos

70-79 anos

+ de 80 anos

51%

38,8%

10,2%

Atividade Física 99,3%

Osteoporose 24,5%

Osteoartrose 20,4%

Faixa Etária

60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos

Risco de quedas n=30 (44,1%) n=28 (41,2%) n=10 (14,7%)

Praticam Atividade Física 96,7% 100% 100%

Osteoporose (26,7%) (46,4%) (50%)

Osteoartrose (16,7%) (14,3%) (20%)

Alteração Visual (96,7%) (85,7%) (100%)

Alteração Auditiva (36,7%) (28,6%) (70%)

Alteração Membros (20%) (17,9%) (0%)

Alteração da Marcha (16,7%) (7,1%) (10,0%)

Sem risco de quedas 45 (57%) 29 (36,7%) 5 (6,3%)

Praticam Atividade Física 100% 100% 100%

Osteoporose 13,3% 31,0% 20%

Osteoartrose 13,3% 13,8% 40%

Alteração Visual 80% 65,5% 80%

Alteração Auditiva 6,7% 13,8% 20%

Alteração Membros 4,4% 6,9% 0%

Alteração da Marcha (0%) (0%) (0%)

Page 121: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

117

A tabela 5 apresenta os dados referentes aos tipos de medicamentos usados pelo grupo sem

risco de quedas, onde é possível observar que o uso de outros medicamentos foram os mais citados.

Tabela 5: Prevalência do uso de medicamentos pelo grupo sem risco de quedas.

Medicamentos Faixa etária

60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos

Nenhum - - 20%

Tranq/sedativos 2,2% 10,3% -

Diuréticos 17,8% 17,2% 60%

Hipotensores 11,1% 24,1% -

Antiparkinsonianos - - -

Antidepressivos - - -

Outros medicam. 40% 24,1% -

DISCUSSÃO

A amostra foi composta somente por mulheres com idade entre 60 -87 anos. Em todas as

literaturas pesquisadas o número de risco de quedas nas mulheres foi sempre superior aos que

incluíam também homens na amostra. Nascimento et al. 2009, quando avaliou o número de quedas

de acordo com o sexo, observou que os idosos do sexo feminino tinham freqüência de quedas de

39,3%, superior aos homens que apresentavam 25% de risco de quedas.

Biazus et al , 2008 avaliou 68 indivíduos idosos destes 31 (45,5%) apresentaram risco de

quedas, dos que apresentaram risco de quedas (31), 24 (77,4%) já haviam caído anteriormente.

Tanto no grupo que apresentava risco de quedas como no grupo que não apresentava risco

de quedas a maioria das mulheres encontrava-se na faixa etária entre os 60-69 anos. No estudo

realizado por Correa et al (2007), que avaliou a força e o equilíbrio em idosas praticantes de

atividade física regular correlacionando com o histórico de quedas, a idade média dos indivíduos

com risco de quedas foi de 72,6 anos e dos indivíduos sem risco de quedas foi 69,7 anos.

No estudo de Ribeiro et al. (2008) dos 72 idosos participantes, 51,4% eram do sexo

feminino, e a faixa etária de 60- 69 anos compreendia 41,7% dos sujeitos, de 70 a 79 anos, outros

41,7% e a faixa de 80 a 91 anos de 16,6% dos idosos. Para Aikawa (2006), existe um aumento

linear na freqüência de quedas entre os 60-65 anos e 80- 85 anos de idade.

Em relação a prática de atividade física estudos demonstraram ser eficaz para melhora da

mobilidade e equilíbrio. A atividade física é uma modalidade terapêutica que melhora a mobilidade

física e estabilidade postural, as quais estão diretamente relacionadas com a diminuição de quedas

(MAZZEO et al,1998). Programas de exercícios físicos melhoram a força muscular, a marcha e o

equilíbrio entre as pessoas idosas, há evidências que diminui o número de quedas (MORGAN et

al,2004). Para Gimarães et al. (2004), que avaliou a propensão de quedas em idosos que praticam

atividade física e idosos sedentários, ele observou um maior nível de mobilidade e uma menor

propensão a quedas em idosos que praticavam atividade física.

Na revisão sistemática feita por Rogatto et al.(2009), houve uma associação entre o nível de

atividade física e fatores associados a ocorrência de quedas. Dentre esses fatores estão a melhora da

capacidade funcional, da qualidade de vida, independência nas atividades de vida diária e redução

do medo de cair.

Em relação a presença de doenças osteoarticulares, 36 (24,5%) as idosas relataram

presença de osteoporose e 30 (20,4%) osteoartrose. No estudo de Jahana et al (2007) , houve um

aumento das afecções osteoarticulares de 4,1% para 13,7% dos entrevistados após ter sofrido

quedas. Vieira et al. (2002), em seu estudo utilizou um programa de cinesioterapia na prevenção de

quedas em pacientes com osteoporose senil, e obteve uma resposta positiva em 93,3% dos

indivíduos submetidos ao treinamento , pois tiveram uma melhora de equilíbrio, força muscular,

coordenação motora, propriocepção, marcha e tônus muscular.

Page 122: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

118

Neste estudo, o uso de medicamentos foi citado nos dois grupos, ocorrendo muitas vezes uso

de mais de um tipo de medicamento. No grupo com risco de quedas os medicamentos mais citados

foram os diuréticos, seguido dos antidepressivos e hipotensores, já no grupo das que não

apresentaram risco de quedas o uso de outros medicamentos foi o mais citado. Moura et al (1999).

Em seu estudo associou as quedas ao uso de diuréticos devido a depleção de volume e

hipocalcemia, que podem causar hipotensão ortostática e arritmias.

O número de pacientes idosos que dependem de algum tipo de droga para doenças crônicas

e/ou para melhora da qualidade de vida de maneira geral cresce a cada dia. Verifica-se, em

atendimentos em pronto-socorros, que grande parte dos pacientes acima de 60 anos de idade, que

tiveram algum tipo de fratura, usavam medicamentos de forma crônica. (Hamra, A. et al, 2007).

No estudo realizado por Siqueira et al. (2007) houve relação direta entre o número de medicamentos

referidos para o uso contínuo e a ocorrência de quedas entre idosos , os que utilizavam mais

medicamentos estavam submetidos a maior possibilidade de quedas.

As alterações visuais são indicadores de risco de quedas e foi citada por 64 idosas (94,1%)

do grupo de risco de quedas. Em vários estudos esse fator esteve presente. Segundo Menezes et al

(2008), a população estudada apresentou um significativo número de idosos com déficit visual não

corrigido com órtese, sendo este fato um alerta para o risco eminente para futuros episódios de

quedas. Gimarães et al. (2005), questionou em seu estudo a influência da visão,78% dos indivíduos

responderam negativamente e 22% reconheceram limitações. No estudo de Maciel et al. (2005), dos

310 idosos participantes do estudo 243 apresentaram déficit visual. Macedo et al. (2008), em sua

revisão de literatura concluiu que a visão apresenta importante papel no controle postural, e

conseqüentemente, na manutenção do equilíbrio em idosos, sobretudo quando associada a outras

alterações dos sistemas somato-sensoriais e vestibular.

As alterações auditivas foram citadas por 26 pessoas (38,2%) no grupo das pessoas que

apresentaram risco de quedas, sendo considerado um fator intrínseco para as quedas. Segundo

Maciel et al (2005), a presença de déficit auditivo está associada com o sistema vestibular, que

fornece dados sensoriais importantes para o controle do equilíbrio. Para Fabrício et al (2004), as

doenças sensoriais também foram relatadas, sendo 36% relacionadas com problemas visuais e 14%

com problemas auditivo. No estudo de George et al (2000), é citado a diminuição da audição como

um dos fatores de risco para quedas. Marin et al (2004), identificou que 11,46% dos entrevistados

consideravam a acuidade auditiva ruim. O envelhecimento é acompanhado de perda da audição em

quase todas as freqüências e reduz a habilidade de detectar ruídos de fundo.

As alterações nos membros foram detectadas em 11 (16,1%) mulheres que apresentaram

risco de quedas. George et al (2000), cita como déficits físicos os problemas nos pés, as

deformidades nas articulações e diferença no comprimento dos membros como alterações que

servem como fatores para causar quedas. Menezes et al (2008), relatou a dificuldade motora em

membros inferiores sendo manifestado por 86 (90%) dos idosos participantes. Isso se explica pelo

fato da maioria dos entrevistados desse estudo ser institucionalizados o que se difere do nosso

estudo onde todas as participantes eram independentes e praticavam atividade física. Marin et al

(2004), as alterações funcionais que interferem na deambulação também foram encontradas entre os

idosos entrevistados as quais se justificaram entre as pessoas de idade avançada pela baixa reserva

funcional, 19,6% deles referiram dificuldades de movimentação em braços e pernas

Em nosso estudo a alteração da marcha foi citada apenas por oito mulheres (11,7%) do

grupo com risco de quedas. Estudos revelaram correlação entre a utilização de dispositivos para

auxílio de marcha e a presença de quedas. Para Santiago et al (2004), a variável marcha, foi

verificada uma diferença estatisticamente significante entre idosos que sofreram quedas e os que

não sofreram quedas, sendo que a diferença parece ter decorrido das alterações fisiológicas do

envelhecimento.

No estudo de Dyer et al.(2004), através de um programa de prevenção de quedas que

incluía 3 meses de treinamento de marcha e equilíbrio, houve uma modesta redução no número de

quedas.

Page 123: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

119

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado na análise dos dados é possível concluir que as participantes eram totalmente ativas

e praticantes de atividade física regular, com idade média de 70,14 anos, dentre as variáveis com

maior ocorrência na população com risco de quedas estão as alterações visuais e auditivas e o uso

de medicamentos.

A importância do tema baseia-se no fato de que a população idosa vem crescendo de forma

abrangente, e deve existir uma preocupação maior com as incapacidades decorrentes deste processo,

sendo assim os resultados devem servir para que ocorram ações preventivas e reabilitadoras com o

objetivo de aumentar ou manter a qualidade de vida destes indivíduos.

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Page 126: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

122

Toxicidade em ratos Wistar após 90 dias de exposição ao

formaldeideo e complucad®

1Dechristian França Barbieri,

2 Elvis Wisniewski,

3 Miriam Salete Wilk Wisniewski,

4 Silvana Souza Roman

5 Luiz Carlos Cichota,

6 Rogério Marcos Dallago, 7 Simone Maffini Cerezer

Resumo

Objetivo: Este estudo objetivou verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às soluções de

formol a 10% e Complucad® através da análise das enzimas hepáticas alaninaaminotransferase e

aspartatoaminotransferase, bem como a análise histológica dos tecidos pulmonar, renal e hepático.

Metodologia: Utilizou-se 24 ratos machos adultos da linhagem Wistar-Tecpar, divididos

aleatoriamente em três grupos amostrais, com oito animais cada, expostos às substâncias, durante

noventa dias. Os grupos foram divididos em Controle Negativo (não expostos a substâncias),

Controle Positivo (expostos ao formaldeído a 10%) e Experimental (ao complucad®), mantidos em

gaiolas com quatro animais, sob condições de temperatura ambiente, com fotoperíodo de 12h

claro/escuro, alimentados com ração balanceada para roedores e água ad libitum. Os animais (60 a

90 dias/idade e 200/350gr) foram expostos às substâncias, durante 8 horas/dia, de segunda a sexta.

Após este período, foram anestesiados para coleta sanguínea e de tecidos: rins, fígado e pulmão.

Resultados: Pela coleta sanguínea analisaram-se as enzimas alanina e aspartato e os resultados

demonstraram o valor de p=0,002 para o aspartato através do teste ANOVA a 5% e diferença

estatisticamente significativa entre o grupo controle e complucad® quando aplicado o teste TUKEY;

e, p=0,006 para alanina com diferença entre grupo controle e exposto ao formol pelos mesmos

testes. A coleta dos órgãos demonstrou para tecido hepático (p=0,0029), renal (p>0,05) e pulmonar

(p=0,0002), mediante o teste do Qui-Quadrado. A análise do consumo de água e ração demonstrou

alteração significativa (p<0,05), na diminuição da ingesta de água dos animais do grupo formol e

complucad® quando comparado ao controle, não havendo diferença no consumo de ração. A análise

de peso dos animais identificou uma diminuição estatisticamente significativa nos índices de peso

dos animais do grupo formol e complucad®, quando comparado ao grupo controle. Conclusão:

Com esta exposição pode-se perceber um determinado grau de toxicidade dos referidos

xenobióticos.

Palavras-Chaves: Toxicidade; Formoldeídeo; Complucad®

1Acadêmico/Bolsista de Iniciação Científica do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada do Alto

Uruguai e das Missões – URI – Campus de Erechim

2Mestre em Fisioterapia pela UFSCar. Professor-Pesquisador do Departamento de Ciências da Saúde – Curso de

Fisioterapia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 3Mestre em Fisioterapia pela UFSCar. Chefe do Departamento de Ciências da Saúde. Professora-Pesquisadora do Curso

de Fisioterapia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 4Mestre em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual de Campinas. Professora-Pesquisadora do

Departamento de Ciências da Saúde - Curso de Farmácia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – URI-Campus de Erechim 5Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Santa Maria. Professor do Curso de Farmácia.

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 6Doutor em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor titular de Química. Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 7Doutora em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do

Sul. Professora do Departamento de Ciências Exatas e da Terra. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – URI-Campus de Erechim

Page 127: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

123

INTRODUÇÃO

Vários métodos de conservação de peças anatômicas são utilizados, dentre os mais

conhecidos estão os métodos de glicerinação de Giacomini, a plastinação e o formaldeídeo. O

laboratório de anatomia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Campus de Erechim além da solução a base de formol, adota uma solução de conservação

denominada Complucad®, sendo esta solução a base de peróxidos.

A toxicologia é uma ciência ampla, multidisciplinar cujo objetivo é determinar os efeitos

deletérios dos agentes químicos sobre os seres, sendo dividida em toxicologia ambiental,

ocupacional, clínica e forense. Desta maneira, a toxicologia clínica trata da análise à exposição

aguda ou crônica a agentes químicos, bem como a verificação de sinais e sintomas característicos

decorrentes da exposição significativa (MOTTA, 2000; KATZUNG, 2003).

Sabe-se que o formol é um produto amplamente utilizado na conservação de peças se

comparado ao complucad®, uma vez que é de fácil obtenção, sem embargos, e de baixo custo.

Porém sabe-se também que ele é agressivo ao ser humano quando em contato. Pode causar diversos

danos aos tecidos principalmente ao nível do sistema respiratório, e ainda apresenta um efeito

secundário, quando sofre uma reação com oxigênio e a luz, se transformando em ácido fórmico,

muito mais danoso, e menos eficiente na conservação das peças anatômicas se comparado ao

complucad®, que não sofre esta reação, não causando problemas secundários (ÁLVARES, 1999).

É considerado como um potente irritante nasal, citotóxico em doses elevadas, é um produto

carcinógeno nasal em ratos expostos ás altas concentrações transportadas por via aérea (CANTOX

INC, 1988).

O formaldeído é um metabólico intermediário essencial em todas as células. É produzido

durante o metabolismo normal da serina, da glicina, da metionina e da colina, também pela

demetilação de compostos com N, S, e os Omethil (xenobióticos) (FORMALDEHYDE [4], 2008).

O formol como solução a 37%, é um composto líquido claro usado normalmente como

conservador, desinfetante e anti-séptico. Também é usado para embalsamar e conservar peças

anatômicas, mas é útil ainda na confecção de seda artificial, celulose, tintas, corantes, vidros,

espelhos e explosivos. Também pode ser utilizado para a firmeza nos tecidos, na confecção de

germicidas, fungicidas agrícolas, na contenção de borracha sintética e na coagulação de borracha

natural. É empregado no endurecimento de gelatinas, albuminas e caseínas, ainda é usado na

fabricação de drogas e pesticidas.

O formol é tóxico quando ingerido, inalado ou quando entra em contato com a pele, por via

intravenosa, intraperitoneal ou subcutânea. Em concentrações elevadas causa irritações. Conforme o

Instituto Nacional do Câncer o formaldeídeo é classificado como carcinogênico.

A solução a base de peróxidos denominada Complucad®

tem como principal componente

peróxido de metiletilcetona, solução em ftalato de dimetilo, ainda contém álcool 70º, glicerina e

aromatizante. Em um estudo realizado por Álvares et. al. (1999), comparando o complucad com o

formol na conservação de peças anatômicas, perceberam que este produto pode ser usado da mesma

forma ao formol, pois tem propriedade de conservar as peças com a mesma qualidade, e/ou em

alguns casos superior (técnicas histoquímicas, microscopia eletrônica, imunohistoquímica,

biomolecular etc), ao passo que possui poder bactericida, trombolítico e lipolítico.

Segundo Motta (2000) as enzimas aminotransferases estão amplamente distribuídas nos

tecidos humanos e seus níveis aumentam consideravelmente nas lesões ou processos infecciosos no

miocárdio, fígado, músculo esquelético, rins, pâncreas, baço, cérebro, pulmões, etc. Nas desordens

hepatocelulares causadas por intoxicações, viroses, também há o aumento das enzimas

alaninaaminotransaminase (ALT-TGP) e a aspartatoaminotransaminase (AST-TGO).

Estudos indicam a toxicidade do formaldeídeo solução a 37%, porém o seu uso para a

conservação de peças humanas no laboratório de anatomia tem como concentração a 10% desta

solução. Portanto justifica-se este estudo, uma vez que não há maiores dados referentes à toxicidade

da solução de formol a 10%, bem como da toxicidade da solução Complucad®.

Page 128: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

124

O presente estudo tem como objetivo verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às

soluções de formol a 10% e Complucad® através da análise das enzimas hepáticas alanina

transferase (ALT) e aspartato transferase (ASP), bem como análise histológica dos tecidos

pulmonar, renal e hepático.

METODOLOGIA

Neste trabalho realizaram-se além da busca incessante de artigos e/ou estudos semelhantes

ao proposto, em base de dados virtuais como Bireme, Scielo, Chrochane e Medline, a exposição dos

ratos às devidas substâncias por um período de noventa (90) dias.

Utilizando-se 24 ratos machos da linhagem Wistar-Tecpar, adultos, com 60 a 90 dias de

idade com peso aproximado de 250 a 350 gramas, fornecidos pelo Biotério Central da URI -

Campus de Erechim. Os animais foram mantidos em gaiolas, cada qual com quatro animais por

caixa, sob condições de temperatura ambiente de (22 ±4ºC), com fotoperíodo de 12 horas/claro e 12

horas/escuro, alimentados com ração balanceada padrão para roedores e água ad libitum.

Os animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos amostrais, contendo cada

grupo oito animais, sendo identificados da seguinte forma: Controle Negativo (CN): animais que

não foram expostos a nenhum tipo de solução de conservação. Controle Positivo (CP): animais

expostos à solução de formaldeídeo a 10%. Experimental (CE) animais expostos à solução

Complucad®.

Os animais foram mantidos em exposição às substâncias, durante 90 dias por 8hs diárias de

segunda a sexta-feira. Para exposição foram confeccionadas três caixas em madeira, de proporções

iguais (largura 53 cm, comprimento 1 m e altura 27 cm), cada qual correspondente a um grupo.

Estas foram isoladas por uma placa de vidro, com apenas um orifício para entrada da substância

desejada e outro para saída de ar (1 mm de diâmetro). Cada caixa foi equipada com um cooler para

homogeneização do ar e uma bomba de aquário para infusão de aproximadamente 2l de ar p/min,

direcionado ao recipiente que continha a solução a ser infundida (formol a 10% e/ou complucad®) e

liberado através de cânulas ao interior do caixote.

Após o período de exposição, os animais foram anestesiados com Zoletil 50 para coleta de

sangue através da punção da artéria aorta abdominal, após laparotomia abdominal. Após a coleta, o

sangue foi processado, extraindo-se o plasma e acondicionado-o em eppendorf para futura análise

das enzimas aspartato transferase (AST) e alanina transferase (ALT), no Laboratório da Clínica

Escola de Farmácia.

Os animais foram então eutanasiados visando a retirada dos órgãos: pulmões, rins e fígado,

finalizando-se como a análise histológica destes tecidos. Realizada no Laboratório de Histologia da

URI – Campus de Erechim.

RESULTADOS

O presente estudo teve como objetivo verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às

soluções de formol a 10% e Complucad®

através da análise das enzimas hepáticas alanina e

aspartatoaminotransaminasa, bem como análise histológica do tecido pulmonar, renal e hepático.

Após a aquisição dos dados referentes a exposição de (90 dias) ao formol a 10% e

complucad, procedeu-se a análise estatística conforme tabela 1.

Tabela 1 – Resultados da análise das enzimas aminotransferases (TGO e TGP) de Ratos Wistar,

após 90 dias de exposição às substâncias Formol a 10% e Complucad®

Substância

Parâmetro

CONTROLE FORMOL COMPLUCAD® p*

n X Desvio

padrã

o

n X Desvio

padrão

n X Desvio

padrão

Page 129: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

125

ASPARTATO 7 92,42 16,78 7 112,71 24,81 8 141,12 25,58 0,002*

ALANINA 8 64,37 17,83 7 39,00 6,68 8 50,50 13,12 0,006*

* Teste Anova a 5% seguido do teste de Tukey.

Para os dados de Aspartato, o teste ANOVA a um critério, indicou diferença

estatisticamente significativa (p=0,002). Já, com a aplicação do teste de Tukey, observou-se que

existe diferença entre os grupos controle negativo (não exposto a substâncias tóxicas) e

experimental (exposto ao complucad), para o grupo controle positivo (exposto ao formol) não

houve diferença quando comparado aos demais grupos.

Para os dados de Alanina, o teste ANOVA a um critério, indicou diferença estatisticamente

significativa (p=0,006). Com a aplicação do teste de Tukey, observou-se que existe diferença entre

o grupo controle negativo e o grupo controle positivo (exposto ao formol).

Os dados identificados na avaliação dos tecidos hepático, renal e pulmonar foram tratados

estatisticamente, utilizando o teste Kruskal-Wallis ao nível de significância de 5%.

A análise histológica do tecido hepático indicou para os três grupos características

semelhantes. A única variável que se apresentou alterada microscopicamente foi a “dilatação

sinosoidal” do grupo exposto ao formol quando comparado aos demais grupos. De maneira geral

percebe-se que apesar de os danos serem leves ao tecido hepático após um período longo de

exposição, o grupo exposto ao formol ainda é mais lesado. Para esta análise foram consideradas

onze variáveis apresentadas na tabela 2, bem como sua forma de quantificação.

Tabela 2 – Demonstrando as variáveis avaliadas no tecido hepático de Ratos Wistar, expostos às

substâncias Formol a 10% e Complucad®, após 90 dias.

Alterações Observadas Grupo

Controle

Grupo

Controle

Positivo

- Formol -

Grupo

Experimental

- Complucad -

Valor

de

h

Valor

de

p

INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3

Infiltração de Célula 5 5 1 8 2,6115 0,2710

Vacuolização

Citoplasmática/hepatócitos

5 1 3 1 1 3,3345 0,1888

Células Eosinofílicas - -

Hipercromatismo 1 0,2400 0,8869

Tumefação celular (perda de

bordadura celular)

1 0,2400 0,8869

Degeneração balanhosa 1 0,2400 0,8869

Congestão Vascular 1 0,2400 0,8869

Dilatação sinusoidal 8 4 4 6 1 5,9298 0,0516

Megalocitose - -

Perda da arquitetura e

necrose celular

1 3 1,6873 0,4301

Dilatação de Veia

Centrolobular

3 2 1,6947 0,4285

TOTAL DOS ESCORES 18 0 0 14 12 0 23 8 3 - -

ESCORES POR GRUPO Escore = 18 Escore = 26 Escore = 34 - -

ESCORES: POUCO PRESENTE (+1), MODERADO (+2), INTENSO (+3).

A análise do tecido renal também mostrou características uniformes para os três grupos,

porém percebeu-se um pequeno início de vacuolização dos túbulos contorcidos distais e

Page 130: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

126

desestruturação tubular dos animais III, V, VI, do grupo exposto ao formol. Nesta exposição não foi

observada a presença de células inflamatórias em nenhum dos grupos.

Tabela 3 – Demonstrando as variáveis avaliadas no tecido renal de ratos Wistar expostos às

substâncias: Formol a 10% e Complucad®

, após 90 dias

Alterações Observadas Grupo

Controle

Grupo

Controle

Positivo

- Formol -

Grupo

Experimental

- Complucad -

Valor

de

h

Valor

de

p

INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3

Espaço de Filtração - -

Tumefação Celular

cortical

3 3 2,1934 0,3340

Congestão Vascular

Cortical

- -

Vacuolização

citoplasmática

(degeneração hidrópica)

1 3 1,5139 0,4691

Células Inflamatórias - -

Dilatação do Tubulo

Contorcido distal.

4 2 2,4919 0,2877

TOTAL DOS ESCORES 0 0 0 7 2 0 6 4 0 2,4000 0,3012

ESCORES POR GRUPO Escore = 0 Escore = 9 Escore = 10

Na análise do tecido pulmonar destaca-se o animal V do grupo exposto ao formol, com

elevada vascularização no espaço interalveolar, vasos sanguíneos bem nítidos e congestão vascular.

No animal IV e V do grupo exposto ao complucad nota-se tecido adiposo ao redor de vasos

sanguíneos e do bronquíolo terminal.

Ainda percebe-se em alguns animais do grupo exposto ao formol a presença de zonas

atelectásicas no pulmão, o que não foi identificado nos demais grupos. A variável leucocitose

alveolar tem seu discreto aumento no grupo exposto ao formol e complucad. Assim, em termos

gerais, apesar de discretas as alterações encontradas no tecido pulmonar destes animais após

exposição, pode-se inferir que o grupo exposto ao formol ainda apresenta maiores danos que o

grupo exposto ao complucad.

Tabela 4 – Demonstrando os parâmetros mais comuns avaliados no tecido pulmonar de Ratos

Wistar expostos a 90 dias às substâncias de Formol a 10% e Complucad®

Alterações

Observadas

Grupo

Controle

Grupo Controle

Positivo

- Formol -

Grupo

Experimental

- Complucad -

Valor

de

h

Valor

de

p

INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3

Broncopneumonia - -

Pneumonia - -

Leucocitose alveolar - -

Leucocitose

intersticial

8 7 1 6 1 0.6402 0.7261

Atelectasia 1 1 2 0.8417 0.1465

Hemorragia

Alveolar.

- -

Page 131: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

127

Dilatação Alveolar 2 3 3 5.2561 0.0722

Leucocitose

Bronquilar

8 7 1 2 5 5.0972 0.0782

TOTAL DOS

ESCORES

16 0 0 17 12 6 8 12 0 1.4118 0.4937

ESCORES POR

GRUPO

Escore = 16 Escore =35 Escore = 20 - -

ESCORES: POUCO PRESENTE (+1), MODERADO (+2), INTENSO (+3).

Após a avaliação histológica dos tecidos hepático, renal e pulmonar demonstrados os seus

valores nas tabelas 2, 3 e 4, aplicou-se o teste estatístico do Qui-Quadrado de Partição, no qual

obtiveram-se valores estatisticamente significativos (p<0,05) para fígado e pulmão, entre os grupos

expostos, sendo (p=0,0029) para o tecido hepático, e (p=0,00) para o tecido pulmonar. Apenas o

tecido renal não mostrou valor estatisticamente significativo (p>0,05).

Tabela 5 – Demonstrando a análise histológica dos tecidos hepático, pulmonar e renal de Ratos

Wistar expostos durante 90 dias às substâncias, grupos controle, formol e complucad

Tecidos X2

(partição)

Valor de

p

Fígado 16.1070 0,0029*

Pulmão 22.1906 0,0002*

Rim 0.7010 0,7043

Tabela 6 – Demonstrando o consumo de água e ração, entre os grupos de Ratos Wistar expostos às

substâncias

Consumo G. Controle G. Formol G. Complucad Valor de

p<0,05

Água 32,93 ± 2,30 29,00 ± 2,96 29,39 ± 2,89 0,01*

Ração 21,86 ± 2,53 22,27 ± 2,09 21,11 ± 1,85 0,05

Teste Anova 5%, seguido do Teste de Tukey

Na avaliação do consumo de água e ração dos animais durante os 90 dias de exposição

percebeu-se uma diminuição estatisticamente significativa na ingesta de água para os animais dos

grupos expostos ao complucad e formol quando comparado ao grupo controle.

Para análise estatística do peso, os valores utilizados foram a diferença entre o peso inicial

e final dos animais de cada grupo, submetidos ao teste estatístico Anova a 5%, que demonstrou

significância estatística, pois p=0,004. Na seqüência, o teste Tukey foi aplicado, identificando

significância entre os grupos controle e formol (p<0,05) e entre o grupo controle e complucad

(p<0,01), não havendo porém diferença entre o grupo formol e complucad. Genericamente, os ratos

dos grupos expostos aos xenobióticos tiveram um menor ganho de peso, quando comparados ao

grupo controle.

CONCLUSÃO

Após a efetivação da exposição dos animais aos xenobióticos, por um período de 90 dias,

pôde-se identificar toxicidade através da análise de enzimas, a qual foi demonstrada pelo teste

ANOVA, a um critério, que indicou diferença estatisticamente significativa (p < 0,05). Com a

aplicação do teste de Tukey, verificou-se diferença entre o grupo controle e o grupo exposto ao

formol para enzima alanina, e diferença estatisticamente significativa para a enzima aspartato para o

grupo controle e complucad.

Page 132: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

128

A análise histológica do tecido hepático demonstrou algumas alterações, porém, com

destaque apenas para dilatação sinosoidal do grupo exposto ao formol. Estas alterações são

consideradas a nível microscópico, mas não chegam a ser estatisticamente significativas. No tecido

renal foi identificado um pequeno início de vacuolização dos túbulos contorcidos distais e

desestruturação tubular nos animais expostos ao formol. Na análise do tecido pulmonar as

alterações encontradas são discretas, não chegando a ser significativas, mas pode-se destacar o

aparecimento de zonas de atelectasias nos animais expostos ao formol. Para complementação dos

achados, foi utilizado o teste estatístico do Qui-Quadrado de Partição o qual demonstrou alterações

estatisticamente significativas (p<0,05), para o tecido pulmonar e hepático, com exceção do tecido

renal.

Nesta exposição (90 dias) houve alterações estatisticamente significativas na avaliação

sangüínea tanto para enzima aspartato como para a alanina, bem como alteração significativa no

consumo de água dos animais. Quanto ao ganho de peso, igualmente os valores foram

significativamente menores para os grupos expostos quando comparados ao controle. Assim pode-

se dizer que os valores encontrados demonstram grau de toxicidade nos animais quando expostos

aos referidos xenobióticos, demonstrando a necessidade de continuidade do estudo em períodos

diferenciados de exposição.

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Page 134: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

130

Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades

especiais da apae de Chapecó, SC: relato da experiência em

visita domiciliar

Soraia Bonissoni1, Danieli Michelli Seidel¹, Franciane Barbieri Fiório², Rubia do Nascimento

2.

Introdução: A paralisia cerebral pode ocorrer no período em que a criança apresenta um ritmo

acelerado de desenvolvimento, podendo comprometer o processo de aquisição de habilidades. Desta

forma, o diagnóstico precoce dos distúrbios de seu desenvolvimento permite o encaminhamento

para o tratamento mais indicado. Visando uma maior atuação da área da fisioterapia para esta

população, o projeto de extensão “Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades especiais

da APAE de Chapecó”, financiado pela FAPEX e vinculado ao curso de Graduação em Fisioterapia

da Unochapecó, desenvolveu visitas domiciliares junto aos educandos da APAE assistidos pelo

mesmo. Objetivo: Relatar a experiência em visita domiciliar desenvolvida junto a um educando

com diagnóstico de paralisia cerebral. Metodologia: O educando de 23 anos e quadro de paralisia

cerebral do tipo quadriplegia distônica apresenta espasmos musculares intensos e freqüentes que

contribuíram com o desenvolvimento de graves contraturas musculares, deformidades ósseas e

articulares, além de comprometimentos respiratórios. As visitas ocorreram em duas tardes, sendo

que a primeira teve como prioridade a observação do local onde o paciente reside, bem como a

realização da anamnese. Esta se constituiu de uma conversa com o cuidador e demais pessoas da

família. As observações foram voltadas para as atividades de vida diária do educando e para

aspectos posturais deste e do cuidador. A segunda visita ocorreu no intervalo de uma semana e

abordou orientações fisioterapêuticas relacionadas à funcionalidade, à realização de transferências e

ao posicionamento ao dormir, na cadeira-de-rodas, nas atividades de higiene, alimentação e

vestuário. Resultados: Os esclarecimentos, demonstrações e orientações fisioterapêuticas passadas

à família foram importantes para a rotina diária do educando, pois, de acordo com o relato do

cuidador, facilitaram o manuseio, as transferências e o posicionamento adequado. Cuidados simples

com a postura e movimentação no âmbito domiciliar do educando contribuem com a prevenção de

complicações músculo-esqueléticas, tanto para o cuidador como principalmente para o educando.

Considerações Finais: Perceber as dificuldades que cada família enfrenta em seu dia-a-dia no

cuidado com os portadores de paralisia cerebral reforça a idéia de que os fisioterapeutas devem

trabalhar focados na saúde integral, buscando a prevenção das complicações secundárias. Esta

certeza se acentua quando temos a oportunidade de conhecer a realidade de cada paciente além do

âmbito escolar e clínico.

Palavras-chave: Paralisia cerebral, Prevenção, Orientação domiciliar.

1 Acadêmicas do 7º período do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ

2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ e coordenadora do Projeto de Extensão

“Atenção Fisioterapêutica aos Portadores de Necessidades Especiais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

(APAE) de Chapecó-SC”

Page 135: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

131

Atividade física e qualidade de vida em pacientes submetidas à

cirurgia de mama

Rafaela Casagrande1, Daniele Rossato

2

Introdução: Segundo o Instituto Nacional do Câncer, no Brasil o câncer de mama é o mais

frequente entre as mulheres e constitui-se na primeira causa de morte entre o sexo feminino. A

prática de exercícios físicos relacionados com a reabilitação pós-mastectomia, bem como a

orientação destes, são intervenções importantes na assistência pós-operatória à mulher, pois têm

como finalidade prevenir ou minimizar o linfedema ou perda de mobilidade no ombro. Objetivo:

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo verificar se a realização de atividade física em

grupo melhora a qualidade de vida das pacientes submetidas à cirurgia de mama. Metodologia: A

estratégia metodológica deste estudo é quase experimental de caráter quantitativo, sendo realizado

com 20 pacientes submetidas à qualquer tipo de cirurgia de mama há mais de 6 meses. Para a coleta

dos dados, as pacientes responderão à um questionário que será dividido em 2 sub-itens. O primeiro

constará de dados gerais sobre a paciente, como idade, sexo, profissão, escolaridade, estado civil e

se pratica ou não alguma atividade física. O segundo constará perguntas acerca do câncer de mama

e o tratamento realizado pela paciente. Em seguida, as pacientes responderão à um questionário

denominado Short-Form Health Survery (SF-36), o qual é utilizado para a avaliação da qualidade

de vida. Após o preenchimento dos questionários, as pacientes irão se submeter a um programa de

atividade física orientada. Os encontros serão realizados uma vez por semana, por 45 minutos,

durante 2 meses, no quinto andar do Centro de Estágios e Práticas Profissionais da Uri-Campus

Erechim, totalizando 8 encontros. As atividades, realizadas em grupo, incluirão exercícios de

flexibilidade, força, coordenação e consciência corporal, sendo sempre orientadas pela estagiária.

Ainda, no primeiro dia de atendimento, as pacientes receberão uma cartilha contendo orientações de

exercícios que deverão ser realizados em seus domicílios duas vezes por semana. Todas as pacientes

serão orientadas a realizar, tanto as atividades em grupo quanto as atividades domiciliares, dentro

dos seus limites de dor e de amplitude de movimento. Ao final das 8 semanas as pacientes

responderão novamente o questionário SF-36. Considerações finais: Sendo assim, ressalta-se a

importância deste estudo, uma vez que a prática de exercícios físicos têm como finalidade prevenir

ou minimizar as complicações geradas pelas cirurgias da mama.

Palavras-chave: câncer de mama, fisioterapia, reabilitação

1 Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Campus

Erechim 2 Professora do curso de Fisioterapia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Campus

Erechim

Page 136: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

132

Atuação fisioterapêutica na segmentectomia pulmonar: um

estudo de caso

Priscila Fontana1, Lilian Marin

2

Introdução: A segmentectomia pulmonar é um procedimento cirúrgico indicado em casos de

comprometimento do parênquima pulmonar de pequena extensão, que gera uma perda funcional

com prejuízo da função cardiorrespiratória e requer tratamento especializado. Programas de

reabilitação pulmonar têm revelado impacto positivo na função do indivíduo e influenciado na

qualidade de vida. O presente estudo apresenta o caso do paciente, sexo masculino, 79 anos,

submetido à segmentectomia pulmonar e atendido no estágio supervisionado de fisioterapia da

Unochapecó. Objetivos: Verificar a influência do tratamento fisioterapêutico com ênfase a

reabilitação cardiorrespiratória de um indivíduo pós-segmentectomia pulmonar esquerda.

Metodologia: Foram avaliados parâmetros da função cardiorrespiratória do paciente, objetiva e

subjetivamente (PImáx, PEmáx, Pico de Fluxo Expiratório/PFE, Sat02, FC, índice de esforço

percebido IEP com a escala de Borg para Dispnéia e Cansaço e Tolerância ao Exercício Aeróbio),

pré, peri e pós-tratamento. Após a avaliação inicial, paciente realizou 20 sessões de fisioterapia, 2

vezes por semana, com duração de uma hora, que englobavam alongamentos passivos e ativos de

MMSS e MMII, exercícios respiratórios de reexpansão, resistência e força muscular, e, exercício

aeróbio submáximos de 60 a 75 % da freqüência cardíaca de treinamento em esteira rolante.

Resultados: Paciente apresentou melhoria em todos os parâmetros avaliados, com valores pré e

pós-tratamento alocados respectivamente: PImáx (40 – 110 cmH20), PEmáx (50 – 120cmH20),

PFE (200 – 620 L/min), FC repouso (80 – 70bpm), Sat02 Repouso (89 – 97%), IEP Dispnéia

Repouso (5 – 2), IEP Cansaço Repouso (5 – 3). Também se observou incremento na função, quando

analisados os parâmetros durante o exercício, comparando valores pré-exercício na primeira e

última sessão, respectivamente: IEP Dispnéia (2 – 2), IEP Cansaço (5 – 3), FC (78 – 95bpm), Sat02

(90 – 98%); e valores imediatamente pós-exercício na primeira e última sessão, respectivamente:

IEP Dispnéia (7 – 3), IEP Cansaço (7 – 3), FC (78 – 100bpm), Sat02 (86 – 96%). Somados a esses

resultados, paciente incrementou seu tempo de tolerância ao exercício em velocidade constante,

entre a primeira e última sessão: (10 – 40min.); bem como, a freqüência cardíaca de treinamento:

(60 – 75%). Considerações Finais: O tratamento fisioterapêutico com ênfase na reabilitação

cardiorrespiratória é eficaz no incremento das funções cardiorrespiratórias analisadas, bem como

em relação aos parâmetros subjetivos descritos pelo paciente.

Palavras-chave: Fisioterapia, Segmentectomia, Reabilitação Cardiorrespiratória.

1 Fisioterapeuta Graduada pela Unochapecó, Fisioterapia, Universidade Comunitária Regional de Chapecó

2 Docente Unochapecó, Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Universidade Comunitária

Regional de Chapecó

Page 137: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

133

Avaliação e intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de

neoplasia maligna de mama em pacientes da Rede Feminina

de Combate ao Câncer – Chapecó – SC.

1Mark Andrey Mazaro,

2Ana Paula Bordignon,

2 Daniela Pramio Rossetto

Introdução: O Câncer de Mama vem apresentando altos índices entre a população feminina, sendo

a mastectomia a principal conduta terapêutica utilizada. Dentre as principais seqüelas pós-cirúrgicas

encontra-se a diminuição da amplitude de movimento no ombro homolateral a cirurgia, que acaba

interferindo no status funcional dos membros superiores na execução das atividades de vida diárias,

bem como na qualidade de vida destas mulheres, sendo que a intervenção fisioterapêutica permite

que as mesmas retornem mais rapidamente possível às suas atividades cotidianas. Objetivo:

Verificar os efeitos da cinesioterapia na amplitude de movimento do ombro e na funcionalidade dos

membros superiores nas mulheres mastectomizadas da Rede Feminina de Combate ao Câncer de

Chapecó, SC. Metodologia: Este estudo teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Unochapecó sob registro 017/09 de 01 de abril de 2009 e avaliou três mulheres submetidas à

mastectomia com pós-operatório tardio, sendo as mesmas avaliadas pré e pós realização de

protocolo cinesioterapêutico, aplicando questionário relativo à saúde geral da mulher e aspectos

relacionados à cirurgia, assim como questões referentes a capacidade funcional dos membros

superiores nas AVD‟s e método goniometria para os movimentos de flexão, abdução, extensão,

adução, rotação interna e externa do ombro homolateral e contralateral a mastectomia. Resultados:

Analisadas pré e pós intervenção cinesioterapêutica tanto para amplitude de movimento, quanto

para a funcionalidade, foram tratados estatisticamente através de análise descritiva quantitativa e

teste “t” de student com finalidades paramétricas para amostras pequenas, utilizando software

BioEstat 5.0..As pacientes avaliadas apresentaram melhora significativa da ADM em flexão do

ombro homolateral (p=0,03) e contralateral (p= 0,0065) à cirurgia e melhora das amplitudes de

movimento do ombro para os demais graus de liberdade desta articulação, assim como melhora

funcional dos membros superiores passando de 33,3% para 62,22% da amostra que não mais

apresentava difuculdades na execução das AVD‟s. Conclusão: O protocolo cinesioterapêutico

apresentado e aplicado na presente pesquisa se traduz em resultados significativos no ganho do arco

de movimento do ombro ipsilateral e contralateral a mastectomia e também na melhora da

funcionalidade.

Palavras-Chave: Mastectomia. Fisioterapia. Funcionalidade.

1Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ, Especialista em fisioterapia oncológica pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em

Saúde Pública com concentração em PSF – UnC Concórdia.

2 Fisioterapeutas graduadas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de

Chapecó UNOCHAPECÓ.

Page 138: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

134

Comportamento do Duplo Produto em Intensidades

Submáximas de Pacientes Obesos do Setor Público de

Chapecó-SC Lilian Marin

1

Introdução: A obesidade é um dos problemas mais grave de saúde pública. Sua prevalência cresceu

acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em vias de desenvolvimento, o que

elevou estas doenças a uma condição de epidemia global. No sistema cardiovascular pode alterar

tanto a freqüência cardíaca (FC) quanto a pressão arterial (PA). A relação da FC e da pressão arterial

sistólica (PAS), o duplo produto (DP = PASXFC) é uma medida indireta da demanda de oxigênio

pelo miorcárdio. A resposta do DP tem-se demonstrado importante para avaliar o risco e o

desempenho cardiovascular. Objetivo Geral: Verificar os valores do DP, em pacientes com

obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó-SC

(SMFSF), submetidos a exercícios fisicos em intensidades submáximas. Material e Métodos: A

população em estudo foram os pacientes do SMFSF, a amostra foi composta pela análise de 26

prontuários, 21 mulheres e 05 homens, sedentários, com diagnóstico clínico de obesidade grau III,

que administravam anti-hipertensivos e recebiam atendimento fisioterapêutico. Foram coletados

dados como: idade, IMC, FC, PA e DP, pré e pós 8 meses de tratamento fisioterapêutico. Os sujeitos

realizaram exercícios de alongamentos de MMSS, MMII, músculos respiratórios, exercícios

respiratórios e treinamento aeróbio em esteira ergométrica (Advanced 400) e cicloergômetro

(Inbrasport Millenium Super) com intensidade submáximas de 70 a 85% da FCT e PAST

(freqüência cardíaca de treinamento e pressão arterial sistólica de treinamento, obtidas por fórmula

derivada de Karvonen), com duração de 1hora, 2 vezes por semana. Resultados: Os dados foram

tabulados e submetidos a análise de Média de Desvio Padrão. Os valores de idade foram de 43,81 ±

10,26 anos, IMC 41,0 ± 4,29 kg/m2 e os valores de PAS, FC e DP pré-tratamento foram

respectivamente de: 41,0 ± 4,29 kg/m2, 139 ± 12,94mmHg, 85± 15, 23bpm, 12025±3095,25 e pós-

tratamento: PAS, FC e DP, 125 ±8,11 mmHg, 81 ±8,45 bpm, 9705± 1382,09. Conclusão:

Observou-se nos pacientes com Obesidade Grau III que após 8 meses tratamento fisioterapêutico,

ocorreu diminuição na PAS e FC, consequentemente no DP. Estes dados sugerem que o exercício

físico em intensidades submáximas pode ser de capaz melhorar o desempenho cardiovascular.

Palavras-chave: Obesidade, Duplo Produto, Fisioterapia

1 Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Docente da Universidade Comunitária Unochapecó -

Chapecó-SC. Docente do Curso de Fisioterapia da UNOCHAPECÓ

Page 139: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

135

Educação em saúde na atenção a gestantes de baixa renda

Tamara Pauletto1*, Marciele Rossato

1, Marília Meneguzzi

1, Gabriela Varnier

1, Fátima Ferretti

2.

Carla Stefanello Zanon3

Introdução: A gestação, parto e puerpério constituem uma experiência humana significativa, de

grande importância e forte potencial positivo para todos que dela participam. Para uma gestação

saudável a gestante deve estar informada sobre as alterações que ocorrem no período e da

importância do pré-natal, por isso salienta-se a relevância dos profissionais da saúde na realização

de ações de educação e promoção da saúde neste período. Dentre esses profissionais o

fisioterapeuta obstétrico assume um papel importante quanto às adaptações necessárias e a

minimização das complicações garantindo mais autonomia na vivência desta fase. Objetivo: O

estudo teve como objetivo desenvolver ações educativas na atenção às gestantes esclarecendo-as

sobre as alterações anatomo-fisiológicas e psicossociais da gravidez normal, possibilitando a

interação entre o conhecimento técnico e o popular através do diálogo, respeitando a realidade das

gestantes de baixa renda. Metodologia: O estudo foi uma pesquisa qualitativa e descritiva com uma

amostra de nove gestantes de baixa renda, com idade entre 14 a 28 anos e período gestacional entre

o 2°e 4° mês. A coleta de dados foi realizada inicialmente por meio de questionário com perguntas

fechadas sobre os conhecimentos que estas possuíam a cerca das alterações anatomo-fisiológicas e

psicossociais vivenciadas no período da gravidez, após avaliação foram realizadas 10 intervenções

semanais, de 1 hora cada, com dinâmicas e roda de diálogo. Ao final das atividades as gestantes

foram reavaliadas. Resultados: Observou-se que na pré-avaliação as gestantes creditaram 56% de

importância a atuação do fisioterapeuta no período gestacional, pós-intervenção 100%; o

conhecimento em relação ao edema e cuidados necessários, antes da intervenção foi de 67%, pós

89%; quanto ao conhecimento sobre azia/enjôo antes 44%, pós 89%; quanto à importância do pré-

natal e amamentação 100% conheciam e valorizavam, antes e após; quanto a respiração adequada

para hora do parto, antes 56%, após 100%, melhor posição para dormir antes 33%, pós 100%,

quanto a postura adequada para realizar as atividades de vida diária antes 64%, pós 78%; e, quanto

a massagem Shantala nenhuma tinha conhecimento antes da intervenção e após 100% utilizaria com

os filhos. Conclusão: Concluiu-se que estratégias de educação em saúde são efetivas para orientar

as gestantes quanto suas dúvidas e anseios nesta fase e, ainda que a fisioterapia tem um papel

relevante no período gestacional e, para tanto precisa sair dos muros de suas clínicas e avançar em

ações coletivas nos diversos territórios.

Palavras-chave: Gestação, promoção de saúde, fisioterapia.

1 Acadêmicas do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó,

UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.

Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP 3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó -

UNOCHAPECÓ

Page 140: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

136

Efeito da terapia fisica complexa no linfedema idiopático de

membro inferior: relato de caso

Manira Schmitz11

, Vinícius Brandalise2

Introdução: O linfedema é um quadro patológico resultante de uma sobrecarga funcional do

sistema linfático, onde o volume de linfa excede o seu transporte pelos capilares e coletores(Rett,

2002). Na intervenção do linfedema, a terapia física complexa (TFC) ocupa lugar de destaque e

inclui procedimentos de drenagem linfática manual (DLM), contenção elástica, cinesioterapia e os

cuidados com a pele (Oliveira, 2008). Objetivo: O estudo teve como objetivo avaliar a eficácia do

uso da TFC em uma paciente com diagnóstico clínico de linfedema idiopático, com exames

complementares inespecíficos. Metodologia: Utilizou-se da DLM, do posicionamento de drenagem

associado a exercícios miolinfocinéticos e meias de média compressão, além de orientações à

higiene da pele; foi realizada a cirtometria e dos membros, pré e pós atendimentos, durante 10

atendimentos. Resultados: A intervenção fisioterapêutica no linfedema gerou uma redução da

medida da circunferência dos membros afetados, variando de 16,09% nas medidas da perna e de

4,62% na coxa. Demonstrando uma alteração mais significativa na perna quando comparada a coxa.

Conclusão: Foi possível perceber a redução da cirtometria ao término dos atendimentos realizados;

reafirmando a necessidade de uma abordagem precoce da fisioterapia, afim de melhorar a resolução

do linfedema idiopático de membro inferior.

Palavras-chave: Linfedema, fisioterapia, tratamento

1 Fisioterapeuta Graduada pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó

2 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universitária Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó

Page 141: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

137

Efeitos das ações de promoção da saúde no desenvolvimento

motor de pré-escolares

Soraia Bonissoni1, Danieli Michelli Seidel¹, Fátima Ferretti

2; Rubia do Nascimento

3.

Introdução: A promoção da saúde da criança e o desenvolvimento das ações de prevenção de

agravos são objetivos que apontam para o compromisso de se prover qualidade de vida para a

criança e, a assistência integral, contribuindo para que esta possa crescer e desenvolver todo o seu

potencial. Sabe-se que os primeiros anos de vida são cruciais para a aquisição de conhecimentos e

habilidades, motivos pelos quais é importante promover o desenvolvimento em instituições de

ensino infantil. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos das ações de

promoção da saúde no desenvolvimento motor de pré-escolares, nas áreas da motricidade fina, da

motricidade ampla e do equilíbrio. Metodologia: A amostra do estudo constituiu-se de 24 crianças,

com média de idade cronológica de 45,5 meses, frequentadoras de um centro de educação infantil,

das quais 11 eram do sexo masculino e 13 do sexo feminino. As crianças foram avaliadas

individualmente por meio da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, utilizando-se dos

testes referentes à motricidade fina, motricidade ampla e equilíbrio. Após as avaliações, as crianças

participaram de uma proposta de 11 intervenções em grupo, de freqüência semanal, que envolveram

atividades lúdicas e educativas focadas na motricidade fina e ampla e no equilíbrio, como pinturas,

colagem de papel, circuitos com obstáculos, jogos corporais e danças. Com o término das

intervenções, todas as crianças foram reavaliadas e os dados obtidos foram comparados e analisados

de forma descritiva, adotando média, percentual e estatística inferencial. Resultados: Verificou-se

que, na área da motricidade fina, 41,7% das crianças apresentou classificação normal médio na

avaliação pré-intervenção e 66,8% na avaliação pós-intervenção. A soma dos percentuais das

classificações normal baixo, inferior e muito-inferior nesta área passou de 12,5% para 8,2% na

avaliação pós-intervenção. Na motricidade ampla todas as crianças do estudo apresentaram

classificações de normal alto a muito superior após as intervenções, inclusive as que apresentaram

classificação como normal baixo e inferior antes das intervenções (16,8%). No equilíbrio, o

percentual da classificação normal médio passou de 33,3% para 58,3% e o percentual da

classificação normal baixo passou de 12,5% para 4,2%. Conclusão: A motricidade ampla foi o

componente que apresentou resultados significativos com as intervenções realizadas. O

desempenho positivo da maioria das crianças nas três áreas avaliadas expressa que as atividades

realizadas contribuíram para o seu desenvolvimento motor, demonstrando a importância de

estratégias para a promoção da saúde infantil em pré-escolares.

Palavras-chave: Promoção da saúde, desenvolvimento motor, pré-escolares.

1 Acadêmicas do 7º período do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ

2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências

3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ. Mestre em Ciências da Saúde Humana e

Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ

Page 142: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

138

Efeitos de um programa de alongamento e relaxamento para

dependentes químicos

Elisa Zanella1, Caroline Pansera¹, Camila Ap. de Campos Pinto¹, Márcia Regina da

Silva2, Fátima Ferretti

3

Introdução: As ações fisioterapêuticas em saúde não envolvem somente a utilização do diagnóstico

e a prescrição do plano de tratamento, estão inseridas num contexto mais amplo que inclui ações de

prevenção, avaliação, tratamento e reabilitação, usando nessas ações programas de orientações e

promoção da saúde. Ao se envolver com drogas o indivíduo corrompe a sua própria identidade,

refletindo em danos que interferem e prejudicam seu modo de viver, perdendo em qualidade de vida

e saúde, a capacidade de enfrentar problemas, a auto-estima e a eficiência pessoal. O estado de

saúde é influenciado por diferentes fatores como físicos, psicológicos, socioculturais e históricos

que precisam ser levados em consideração para desenvolver uma compreensão do fenômeno do uso

de drogas. Objetivo: Avaliar o efeito de um programa de alongamento e relaxamento para

dependentes químicos de um centro de recuperação do município de Chapecó – SC. Metodologia:

Participaram da pesquisa 6 internos, sendo quatro dependentes de álcool, dois de maconha e um de

crack com idade média de 39,5 anos. O programa de intervenção foi realizado no período de março

a junho de 2008 com sessões semanais de alongamento global e técnicas de relaxamento

quinzenais. Para verificar a efetividade do programa foi aplicado o Índice de Qualidade do Sono de

Pittsburgh, Inventário de Depressão de Beck e testes de comprimento muscular de isquiotibiais

biarticulares e cadeia posterior antes e após um programa. Resultados: Melhora de 53% na

qualidade do sono, 66,6% nos níveis de depressão, diminuição do encurtamento muscular em

5,56% para o membro inferior direito, 11% para o esquerdo e 36,8%, de encurtamento de cadeia

posterior. Conclusão: Há efetividade no programa de relaxamento e alongamento para dependentes

químicos em recuperação sobre a qualidade do sono, grau de depressão e grau de flexibilidade

muscular dos dependentes químicos.

Palavras-chave: Saúde, Fisioterapia, dependência

1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ. Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino-

ACE 3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP

Page 143: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

139

Fisioterapia domiciliar no contexto da família

Camila Ap. de Campos Pinto1, Caroline Pansera¹, Elisa Zanella¹, Fátima Ferretti

2

Introdução: O trabalho multiprofissional na Estratégia de Saúde da Família (ESF) é fundamental

para a abordagem do grupo familiar atendendo as necessidades de acordo com a realidade vivida,

em especial na assistência domiciliar. Desta forma a assistência domiciliar pelos profissionais da

ESF deve ocorrer por meio de um planejamento coletivo onde a complementaridade de saberes

propicie uma prática profissional focada na atenção integral à saúde das populações. Poucos

conhecem o papel da fisioterapia no domicílio e no atendimento às famílias, o que impede uma ação

eficiente da ampliação desse tipo de intervenção. Novos estudos e inserções neste campo permitirão

criar novos modelos assistenciais ou de prevenção que favoreçam a melhora das condições de saúde

das famílias. Objetivo: Analisar as possibilidades de intervenção domiciliar por meio de um

diagnóstico de saúde das famílias, entendendo o indivíduo e/ou coletividade inseridos num

território, com aspectos políticos, sociais e culturais. Metodologia: O estudo teve o recorte de uma

pesquisa qualitativa e descritiva onde as famílias foram visitadas no domicílio e após concordarem

em participar e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, os pesquisadores com um

roteiro previamente elaborado observavam as condições de vida do local, registravam no diário de

campo e faziam a coleta de dados sócio-demográficos e epidemiológicos por meio de um

questionário aplicado. Resultados: Observou-se que a maioria das famílias possui renda de um

salário mínimo, não possuem ensino fundamental completo, são sedentários e possuem diagnóstico

de hipertensão arterial, necessitando de uma ação domiciliar fisioterapêutica focada nas situações de

riscos encontradas. Conclusão: A vivência demonstrou que o papel da fisioterapia no domicílio

deve-se voltar para uma estratégia de intervenção integral que enfatize as necessidades da família e

que supere as ações fisioterapêuticas voltadas apenas para a reabilitação.

Palavras-chave: Fisioterapia domiciliar, Saúde, Família.

1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -

UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -

UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP

Page 144: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

140

Ginástica/cinesioterapia laboral na unochapecó: um relato de

experiência

Débora C. Albrecht1, Mirian C. Assmann

1, Leda C. Segalin

1, Tamara Pauletto

1, Tahiana C.

Lorenzet Zorzi2

Introdução: O projeto de ginástica laboral/Cinesioterapia Laboral na Unochapecó iniciou suas

atividades em fevereiro de 2003, sendo iniciado pelo curso de Educação Física. Buscando a

aproximação das duas áreas, em 2008, o curso de Fisioterapia foi inserido no projeto, tendo uma

abordagem multidisciplinar. Essa nova formação beneficiou tanto aos funcionários quanto aos

bolsistas do projeto, vivenciando experiências de ambas as áreas de atuação. Objetivos:

Proporcionar um espaço para a formação acadêmica dos alunos, além de melhorar a qualidade de

vida dos funcionários da Universidade, através da prática da ginástica/ cinesioterapia laboral.

Metodologia: Foram realizadas quatro inserções semanais durante os meses de abril a dezembro de

2009, com aproximadamente 12 minutos de duração, nos 34 setores da universidade.

Quinzenalmente eram realizadas reuniões com a equipe da ginástica/ cinesioterapia laboral, onde as

coordenadoras do projeto acrescentavam atividades para serem realizadas nas inserções e

atualizavam as informações sobre a forma de atuação dentro do projeto. Resultados: A participação

dos acadêmicos da Fisioterapia no projeto de ginástica/cinesioterapia laboral na Unochapecó em

2009, proporcionou uma inserção dos alunos nos setores da Universidade, vivenciando o dia-a- dia

dos funcionários da instituição, aplicando o conhecimento adquirido dentro da área da Fisioterapia

do Trabalho. Através desse conhecimento o aluno compreende a atuação das duas profissões,

trabalhando em conjunto, buscando sempre restabelecer a capacidade funcional dos trabalhadores e

promovendo a melhoria no ambiente de trabalho. Conclusão: As atividades de vivências na

Universidade tem proporcionado aos alunos/bolsistas uma integração entre colaboradores e alunos

da Universidade, criando um ambiente de aprendizado e de integração entre as duas áreas,

desenvolvendo-se ao longo da formação acadêmica e na vida profissional após a formação.

Palavras-chave: Ginástica Laboral, Projeto de Extensão, Multidisciplinariedade.

1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó

2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó

Page 145: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

141

Influência da pressão expiratória positiva na força muscular

expiratória em paciente com lesão medular traumática: um

estudo de caso

Larissa Gasperin1, Daniele Rossato

2

Introdução: As lesões medulares são cada vez mais freqüentes devido principalmente ao aumento

da violência urbana. Dentre as causas, o acidente de trânsito e a agressão por arma de fogo são as

mais comuns. Dependendo do nível da lesão, o paciente poderá apresentar além de perda da

motricidade e/ou sensibilidade, uma redução dos volumes e capacidades pulmonares, bem como a

perda da efetividade da tosse. Objetivo: o estudo tem como objetivo verificar se o uso da terapia

com Pressão Expitratória Positiva (PEP) auxilia no fortalecimento da musculatura expiratória de um

paciente com lesão medular completa a nível de T5, além de observar se a aplicação da terapia com

PEP altera os volumes ventilatórios e pico de fluxo expiratório deste paciente na posição sentada e

supino. Metodologia: A estratégia metodológica deste estudo é experimental, de caráter

quantitativo, sendo realizado em um indivíduo com traumatismo raquimedular completo ( Frankel

A) a nível de T5, selecionado através de escolha intencional entre os pacientes com lesão medular

atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da URI – Campus Erechim. Para a coleta de dados,

serão realizados inicialmente os testes de manovacuometria para verificação das pressões

respiratórias máximas, com a utilização de um manovacuômetro digital (MVD 30-Globalmed).

Após será realizado o teste espirométrico para avaliação da capacidade pulmonar, com auxilio de

um espirômetro (Micromedical, modelo Espirolab II) contendo os valores de CVF, VEF1,

CVF/VEF1, PEF e por fim será realizado o teste de pico de fluxo expiratório, com a utilização de

um medidor de fluxo portátil da marca Peak Flow Meter. Todos os testes serão realizados em

decúbito dorsal e sentado. Em seguida, o paciente será submetido ao treinamento da musculatura

expiratória através do aparelho Threshold PEP® (RESPIRONICS), utilizando-se uma carga 30% da

Pemax verificada através da manovacuometria. A técnica será realizada em três tempos de 5

minutos com intervalos de 5 min entre os exercícios para descanso. O acompanhamento será

realizado durante três vezes por semana, por 3 meses. Após a conclusão do treinamento, serão

coletados novamente os valores da manovacuometria, espirometria e pico de fluxo expiratório

sendo que os mesmos serão novamente coletados três meses após o término dos atendimentos.

Conclusão: Ressalta-se a realização deste trabalho para avaliar a eficácia da terapia com PEP no

fortalecimento muscular expiratório deste indivíduo, contribuindo assim para redução das

complicações pulmonares geradas pela tosse ineficaz causada pela redução da força muscular

expiratória.

Palavras chave: Fisioterapia, Lesão medular, Treinamento muscular respiratório.

1 Acadêmica do curso de Fisioterapia,

2 Professora do curso de Fisioterapia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus

Erechim

Page 146: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

142

Intervenção fisioterapêutica em síndrome de williams – relato

de caso

Chaiane Spassin1, Janaína Dalla Costa Zaions

1

Introdução: O fisioterapeuta, quando aborda crianças, deve ir além de seus conhecimentos técnicos

específicos, e, algumas vezes, pode sentir dificuldade em executar suas técnicas e atingir seus

objetivos terapêuticos pela própria resistência da criança. No caso de uma criança com Síndrome de

Williams, o desenvolvimento cognitivo, comportamental e motor estão comprometidos. Apresentam

aspecto facial típico (face de duende), personalidade amigável, retardo mental de leve a moderado,

hipercalcemia na lactência, cardiopatia congênita, hiperatividade, hiperacusia e dificuldades na

aprendizagem que vão de leves a moderadas. Desta maneira, é fundamental, para a criança que

apresente atraso de desenvolvimento motor e cognitivo, receber experiências adequadas e

estimulatórias, visando facilitar o desenvolvimento motor e global do individuo. Objetivo: O

objetivo principal deste relato é descrever o atendimento fisioterapêutico realizado a uma criança

portadora da síndrome de Williams, .incluindo sua evolução neuromotora e demonstrando os

resultados e as dificuldades terapêuticas encontradas. Metodologia: Relato de experiência do tipo

descritiva-interpretativa, de caráter qualitativo. Realizada no ano de 2009, amostra intencional,

conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma criança de 6 anos de idade, sexo

M, com diagnóstico clínico de Síndrome de Williams. A criança freqüentou o programa de

atendimento a pacientes da Disciplina de Neuropediatria do curso de Fisioterapia da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missoes – URI - Campus de Erechim. Para avaliação e

reavaliação final foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Neurológica Infantil da disciplina.

As intervenções foram realizadas na freqüência de uma vez por semana, com 60 minutos de

duração, através de técnicas de estimulação de motricidade fina e habilidades motoras

fundamentais, alongamentos e fortalecimentos de MMSS e MMII alem técnicas de reeducação

postural. O paciente recebeu, um total de 10 atendimentos. Resultados: Os resultados obtidos

foram restritos, já que a criança apresentava resistência em executar atividades as quais, apresentava

alguma dificuldade. A resistência e a rejeição foram fatores limitantes para resultados mais

efetivos. Entretanto observou-se discreta melhora no aspecto postural e no movimento de pronação.

Conclusão: Apesar de não ser possível obter os resultados esperados, pode-se observar, através

desta experiência, que as atividades terapêuticas devem, primeiramente, motivar a criança,

independentemente do distúrbio que ela possua. Este estudo reforça que a fisioterapia na Síndrome

de Williams, pode ser eficaz, mas sua eficácia dependerá da motivação da criança.

Palavras-chave: Fisioterapia, Síndrome de Williams, intervenção motora

1 Acadêmicas, curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim

Page 147: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

143

Intervenção fisioterapêutica na bexiga neurogênica: relato de

caso clínico

Taísi Klein1, Marciane Pansera

1, Pâmela Luana Flores

1, Emanuel Lubian

1, Vanessa Sebben

2,

Caren Tais Piccoli3

Introdução: Bexiga neurogênica é uma disfunção de origem neurológica, onde possui alterações no

músculo da bexiga (detrusor ou enfíncter externo). A fisioterapia uroginecológica dispõe de técnicas

e recursos sofisticados que restabelecem ou melhoram o controle da bexiga (atua na musculatura e

inervação da bexiga e uretra) e as qualidades da musculatura do assoalho pélvico, entre eles a

reeducação manual; terapia comportamental; cinesioterapia perineal; cones vaginais;

eletroestimulação; biofeedback; treino para esforço; reintegração às atividades de vida diária.

Objetivos: O objetivo principal deste relato é avaliar os efeitos da fisioterapia uroginecológica na

bexiga neurogênica, realizando um estudo focado em técnicas para estimular contrações do músculo

detrusor e observar sua evolução. Metodologia: Realizada no ano de 2010, amostra intencional,

conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma pessoa adulta, sexo feminino,

57 anos de idade, com diagnóstico clínico de bexiga neurogênica devido a um tumor no canal

medular (L1-L2). A mesma frequentou o programa de atendimento a pacientes no Estágio de

Ginecologia do curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – URI – Campos de

Erechim. Para avaliação foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Uroginecológica do Estágio.

As intervenções foram realizadas na frequência de três vezes por semana, com 50 minutos de

duração cada, através de exercícios de Kegel - cinesioterapia, treinos de caminhada, treinos de subir

e descer escadas, eletroestimulação paravertebral, eletroestimulação intravaginal e cones vaginais.

Recebeu um total de seis atendimentos até o momento. Considerações finais: Considera-se a

pesquisa extremamente importante para o caso da paciente, pois, já obteve resultados satisfatórios,

porém o tratamento encontra-se em andamento.

Palavras-chave: Fisioterapia, bexiga neurogênica.

1 Acadêmicos do 9º semestre de Fisioterapia pela Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim

2 Fisioterapeuta – Especialista em Fisioterapia Uroginecológica e Mestranda em Envelhecimento Humano – Professora

da URI - Campus de Erechim 3 Fisioterapeuta – Especialização em andamento em Fisioterapia Uroginecológica e Oncológica URI - Campus Erechim

Page 148: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

144

Intervenção fisioterapêutica no carcinoma epidermoide in situ

– p.o.t de enxerto de tecido muscular

Klein, Taísi1,Pansera, Marciane

Flores

1, Pâmela Luana

1, Lubian, Emanuel Sebben

1,

Vanessa Russi2, Zequiela

3

Introdução: O câncer de pele se caracteriza pela presença de células que crescem e se multiplicam

de uma maneira anormal e descontrolada. É um tipo de câncer cada vez mais frequente e que afeta

um grande número de pessoas. A pele é formada por diversas camadas e, de acordo com a camada

acometida por esse crescimento anormal das células, teremos os diferentes tipos de tumor. Os mais

comuns são: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. Objetivos: O objetivo

principal deste relato é realizar um estudo retrospectivo da cicatrização de enxerto de tecido

muscular após extração de câncer de pele na região do gastrocnêmico, demonstrando resultados da

intervenção da fisioterapia. Metodologia: Relato de experiência do tipo descritivo-interpretativa, de

caráter qualitativo. Realizando-se no ano de 2010, amostra intencional, conforme a da

disponibilidade do participante, constituindo-se de um paciente de 59 anos, sexo masculino, com

diagnóstico clínico de câncer de pele com enxerto. O paciente realizou a cirurgia em novembro de

2009 e somente agora em março 2010 começou a frequentar o programa de atendimento a pacientes

do Estágio Curricular de Fisioterapia em Oncologia da Universidade Regional Integrada – URI -

Campus de Erechim. Para avaliação foi utilizado um protocolo padrão de avaliação a pacientes

oncológicos, as intervenções são realizadas na frequência de duas vezes por semana, com 50

minutos de duração, através de técnicas de laser, drenagem linfática, alongamentos passivos

prevenindo ainda mais encurtamentos. Até o momento o paciente recebeu, um total de 5

atendimentos. Resultados: A evolução do paciente esta sendo satisfatório, o mesmo está

colaborando com o tratamento, perdendo o medo conforme o tratamento vai progredindo.

Conclusão: Apesar de não sabermos se os resultados e objetivos serão alcançados, em um número

restrito de sessões, eles reforçarão a base teórica sobre a eficácia da fisioterapia em pacientes

oncológicos.

Palavras-Chave: Fisioterapia, câncer de pele, enxerto.

1Acadêmicos do 9º semestre de Fisioterapia pela Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim.

2Fisioterapeuta – Especialista em Fisioterapia Uroginecológica e Mestranda em Envelhecimento Humano – Professora

da URI - Campus de Erechim. 3Fisioterapeuta – Especialização em andamento em Fisioterapia em Oncologia URI - Campus Erechim.

Page 149: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

145

Mobilidade torácica de pacientes portadores de obesidade

mórbida do serviço municipal de fisioterapia de Chapecó-SC

Priscila Fontana1, Lilian Marin

2, Indiamara Dal Magro²

Introdução: A obesidade caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo que

corresponde a um percentual de gordura na constituição corporal acima de 20% nos homens e 27%

nas mulheres. O índice de massa corporal (IMC) é uma medida que relaciona peso e altura, que tem

excelente correlação com a quantidade de gordura corporal. A partir do IMC de 30 kg/m existe

obesidade propriamente dita e a morbidade e a mortalidade aumentam exponencialmente, sendo a

obesidade com IMC>40 kg/m2 denominada obesidade grave, mórbida ou grau III. A obesidade não

leva apenas à obstrução das vias aéreas superiores, mas também acrescenta uma carga restritiva ao

sistema respiratório, que aumenta o trabalho da ventilação necessitando um trabalho extra dos

movimentos do tórax. Objetivo: Avaliar a mobilidade torácica de obesos mórbidos do Serviço

Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó- SC (SMSF). Metodologia: Foram

avaliados 27 indivíduos obesos mórbidos em atendimento fisioterapêutico do SMSF, que

realizavam reabilitação cardiorrespiratória. A cirtometria tóraco-abdominal foi realizada por meio

das medidas dos perímetros torácicos, nos níveis axilar, xifoidiano e abdominal, sendo realizadas

três vezes em cada nível, com o auxílio de uma fita métrica, medindo-se as circunferências torácica

e abdominal, ao repouso (rep), após uma inspiração máxima (insp. max.) e após uma expiração

máxima (exp. max.), estando os indivíduos na posição ortostática. Resultados: Os valores médios

encontrados da mobilidade torácica aos níveis: axilar ao rep. foi de (117, 4 ± 8,5), insp. max.

(119,2 ± 8,4), exp. max.(117,1 ± 8,8); xifoidiano ao rep. (118,4 ± 8,7), insp. max. (119,4 ± 9,5),

exp. max. (117,6 ± 9,9), abdominal ao rep. (126,6 ± 13,8), insp. max, (126,0 ± 14,0), exp. max.

(126,3 ± 14,0). Considerações Finais: Com base nesses dados observou-se pequena variação na

mobilidade torácica dos indivíduos avaliados, em todos os níveis, demonstrando que a obesidade

mórbida pode diminuir a mobilidade torácica, consequentemente alterar a função pulmonar. Tais

achados remetem a importância da atuação fisioterapêutica para melhoria da mobilidade e função

pulmonar em obesos mórbidos.

Palavras-chave: Obesidade, Mobilidade Torácica, Fisioterapia

1 Fisioterapeuta Graduada pela Unochapecó, Fisioterapia, Universidade Comunitária Regional de Chapecó

2 Docente Unochapecó, Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Universidade Comunitária

Regional de Chapecó

Page 150: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

146

Percepção de mulheres mastectomizadas sobre ações de

autocuidado promovidas pela fisioterapia

1Ana Paula Gauer, ¹Anieli da Costa, ¹Bárbara Zanchet, ¹Jardel Cristiano Ecco, ¹Larissa Dal Paz,

2Fátima Ferretti Tombini,

3Mark Andrey Mazaro

Introdução: O câncer de mama compõe a classe de doenças de ordem multifatorial onde fatores

genéticos e ambientais criam condições para o aparecimento da doença, o diagnóstico geralmente

tem efeito devastador na vida da mulher, devido ao temor da mutilação e morte. Os tratamentos

utilizados acarretam sérias conseqüências no organismo, interferindo nas AVDs, impossibilitando-as

geralmente de realizar as tarefas simples do dia-a-dia, surgindo o sentimento de incapacidade. A

fisioterapia busca a recuperação funcional, mas, para além de cuidado meramente técnico da

restauração e reabilitação deve incluir intervenções que promovam o auto cuidado, com o objetivo

de recuperar, desenvolver ou reforçar as capacidades físicas, mentais e sociais, melhorando a saúde

e promovendo a reinserção social das mulheres mastectomizadas. Objetivo: Promover estratégias

de promoção da saúde que evidenciem o autocuidado com mulheres mastectomizadas da Rede

Feminina de Combate ao Câncer do município de Chapecó/SC. Metodologia O projeto de

intervenção foi desenvolvido na Rede Feminina de combate ao Câncer do município de Chapecó –

SC com uma população de 45 mulheres mastectomizadas, com média de 59 anos. Foram realizadas

quatro intervenções no período de novembro a dezembro de 2009, com duração de uma hora cada

intervenção. A metodologia foi estabelecida primando pelo estímulo à participação com dinâmicas

que promoviam o debate sobre assuntos como o cuidado com a saúde, como usar técnicas de

relaxamento, alongamento, o canto e a encenação para melhorar a sensação de bem estar e, outras

estratégias para valorar o grupo e o sujeito que o compõe, fortalecendo os vínculos e estimulando as

ações de auto cuidado. O acompanhamento das atividades foi realizado por meio do diário de

campo, com registro dos relatos, impressões e avaliação da atividade diária, posteriormente os

dados foram categorizados. Resultados: Constatou-se que o público em questão percebia a

fisioterapia como uma profissão voltada apenas à reabilitação e surpreendeu-se com a forma lúdica

e diferenciada com que eram propostas as atividades referentes ao autocuidado que enfatizaram a

mulher como um ser global e não a doença que possuem. Conclusão: A fisioterapia é importante na

recuperação dos indivíduos com câncer, não apenas na capacidade funcional, mas também na

promoção do autocuidado, porém deve-se planejar as ações com a compreensão que promover

saúde focado no auto cuidado é mais do que troca de informações, é também um processo que exige

conhecimentos, inovação, doação pessoal e ludicidade para alcançar os objetivos.

Palavras chave: Fisioterapia, promoção de saúde, autocuidado

1Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ. 2

Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP. 3

Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ, Especialista em fisioterapia oncológica pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em

Saúde Pública com concentração em PSF – UnC Concórdia

Page 151: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

147

Percepções do processo de envelhecer no ambiente rural e

urbano segundo os idosos

Marciele Rossato1*, Marília Meneguzzi

1, Simone Marlise Becker

1, Kelen Daiane Orso

1, Fátima

Ferretti2

Introdução: Apesar do envelhecimento se constituir num processo natural, não ocorre de forma

homogênea. Cada idoso é um ser único que ao longo de sua trajetória de vida, foi influenciado por

eventos de natureza fisiológica, patológica, psicológica, social, cultural e econômica. O

envelhecimento traz usualmente as marcas da pessoa ao longo da vida. Reconhecê-lo é algo

extremamente necessário para a adequada compreensão do que é viver esta fase da vida. Objetivo:

Conhecer a percepção de idosos sobre o processo de envelhecimento no meio rural e urbano do

município de Chapecó. Métodos: Participaram da pesquisa 33 idosos do ambiente rural e urbano do

município de Chapecó - Santa Catarina. As entrevistas foram realizadas no período de 25 de

fevereiro a 04 de março de 2009, por acadêmicos do 7º período do curso de graduação de

fisioterapia da UNOCHAPECÓ. As questões norteadoras da entrevistas estavam relacionadas com

o processo de viver, de envelhecer, da saúde e dos problemas enfrentados pelo idoso. A análise dos

dados ocorreu através da história oral por meio de transcrição e interpretação das falas

correspondentes a trajetória de vida dos entrevistados. Resultados: Foi realizado um estudo com os

idosos do ambiente rural e urbano, do município de Chapecó - Santa Catarina, sendo 16 idosos do

ambiente rural e 17 do ambiente urbano, totalizando uma população 33 entrevistados, a faixa etária

dos idosos do meio rural é de 65 a 92 anos com média de idade 66,54 anos. Já entre os entrevistados

do meio urbano, a faixa etária varia de 61 a 85 anos com média de idade de 72 anos. Nesse estudo

os idosos foram questionados a respeito de onde vivem, se gostam de viver neste local, como foi

constituir uma família e envelhecer nesse meio. A partir da historia oral esses assuntos foram

abordados e discutidos, através de categorias analíticas, onde foram divididas em quatro categorias:

Qualidade de vida X Limitações; Inclusão; Mudanças Corporais; Moradia X Acessibilidade.

Considerações Finais: Por meio da história oral percebe-se que o envelhecimento não difere, em

grande âmbito do meio urbano para o meio rural, a não ser em questões como o fácil acesso a saúde

e lazer. No meio rural é facilitada a convivência entre gerações, onde os filhos crescem, casam,

constituem suas famílias e ficam morando nas proximidades da casa dos pais, o que não ocorre no

meio urbano.

Palavras-chave: Envelhecimento, ambiente urbano, ambiente rural, história oral.

1 Acadêmicas do curso graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó, UNOCHAPECÓ

2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.

Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP

Page 152: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

148

Prevalência de quedas em idosos residentes no ambiente rural

e urbano no município de Chapecó, SC

Márcia Regina da Silva1, Fátima Ferretti

2, Barbara Zanchet

3, Clarice Maria Peripolli

3

Introdução: O processo de envelhecimento contribui para que o idoso sofra perdas funcionais e desenvolva

alterações, como a instabilidade postural, o que pode predispor o indivíduo à ocorrência de quedas, sendo atualmente

um dos desafios para a manutenção da saúde do idoso. As quedas e suas conseqüências se fazem presentes

em todas as épocas da vida, porém ocorrem com mais freqüência na idade mais avançada, sendo um

evento limitante, um marcador de fragilidade, morte, institucionalização e declínio na saúde de

idosos. Objetivo: O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de quedas em idosos residentes

no ambiente rural e urbano no município de Chapecó, SC. Metodologia: Foi realizada uma

pesquisa quantitativa transversal com 116 idosos, sendo 58 residentes no ambiente rural e 58 no

urbano. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado de Morais (2007), com

questões referentes a presença de quedas nos últimos 12 meses; se houveram quedas, quais as

conseqüências e o medo de novos episódios. Resultados: No ambiente urbano constatou-se que

27,58% dos idosos relataram ter sofrido pelo menos uma queda no último ano, enquanto no rural,

20,68% relataram queda nesse período. O número de quedas por indivíduo variou de 1 a 5 quedas

no rural e 1 a 2 no urbano, sendo que o total de episódios de quedas foi semelhante para os dois

grupos, 18 para o rural e 19 para o urbano. Daqueles que sofreram quedas, no ambiente rural, 9

sentem medo de cair novamente; já no urbano 10 relataram medo de novas quedas. Em relação às

conseqüências dos ferimentos no urbano, 7 apresentaram pequenos ferimentos, 5 apresentaram

fraturas fechadas, 1 apresentou fratura exposta e 1, ferimento com ponta. Já no ambiente rural, 5

apresentaram pequenos ferimentos, 1 apresentou fratura fechada e 1, fratura exposta. Conclusão: A

prevalência de quedas nos idosos foi de 27,58% no ambiente urbano e, 20,68% no rural. Os idosos

que sofreram ferimentos no ambiente urbano foram 14 e no rural, 7. O medo de novos episódios de

queda foi maior nos idosos residentes em ambiente rural do que no urbano. Baseando-se nestes

achados constata-se que apesar dos episódios de quedas e suas conseqüências terem sido menores

no ambiente rural, o medo de cair prevaleceu em relação ao urbano. Este fator chama atenção para a

necessidade de se pensar estratégias de prevenção de quedas no ambiente rural considerando as

particularidades deste contexto.

Palavras chave: envelhecimento, quedas, ambiente rural e urbano.

1 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó,

UNOCHAPECÓ. Pós graduada em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino,

ACE 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.

Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP 3 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ

Page 153: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

149

Resultados da fisioterapia e intervenção motora no atraso

inespecífico do desenvolvimento neuropsicomotor

Lucila Schobert 1

Introdução: O desenvolvimento neuropsicomotor é a base do desenvolvimento global infantil. O

primeiro ano de vida é considerado um dos mais críticos no desenvolvimento infantil: apresenta

ritmo acelerado de mudanças para que sejam obtidas as funções de mobilidade, rumo a

independência física. Então, o desenvolvimento motor está interligado, impactando e sendo

impactado, a outras esferas do desenvolvimento humano: cognitiva, afetiva e social. Atrasos,

desvios, alterações na aquisição das habilidades motoras rudimentares de estabilização, locomoção

e manipulação, levam a déficits nas demais esferas. Desta maneira, é fundamental, para a criança

que apresente atraso de desenvolvimento motor, receber experiências adequadas e estimulatórias, na

seqüência normal visando facilitar o desenvolvimento motor e global. Objetivos: O objetivo

principal deste relato é realizar um estudo retrospectivo do desenvolvimento de uma criança com

atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, e descrever sua evolução neuromotora, demonstrando

os resultados da intervenção motora e da fisioterapia. Metodologia: relato de experiência do tipo

descritiva-interpretativa, de caráter qualitativo. Realizada no ano de 2009, amostra intencional,

conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma criança de 10 meses, sexo M,

10 meses de idade, com diagnóstico clínico de atraso no desenvolvimento motor. A criança

freqüentou o programa de atendimento a pacientes da Disciplina de Neuropediatria do curso de

Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – URI - Campus de Erechim. Para avaliação e

reavaliação final foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Neurológica Infantil da disciplina.

As intervenções foram realizadas na freqüência de uma vez por semana, com 50 minutos de

duração, através de técnicas de estimulação habilidades rudimentares de estabilização, locomoção e

manipulação, bem como os principais marcos motores. Recebeu, um total de 9 atendimentos.

Resultados: A evolução da criança foi satisfatória: atingiu as habilidades motoras adequadas e de

modo seqüencial. aquisição do controle cervical, manutenção na postura sentada sem apoio e início

das rotações corporais, adotou balconeio e gatas, foi capaz de manter-se em pé e respondeu ao

estímulo de marcha. Conclusões: Apesar de não ser possível afirmar que os resultados alcançados

se devem apenas à intervenção e não ao próprio desenvolvimento da criança, eles reforçam a base

teórica sobre a eficácia da fisioterapia e intervenção motora no processo de desenvolvimento.

Palavras-Chave: Fisioterapia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, intervenção motora

1 Fisioterapeuta e Professora de Fisioterapia, Mestre em Ciências do Movimento Humano, curso de Fisioterapia da

Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim

Page 154: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

150

Saúde na percepção de idosos residentes na zona urbana do

município de Chapecó – SC

Emanuela Cerutti Gallo1, Cristina Giaretta

1, Gabriela Varnier,

1 Tamara Pauletto

1, Fátima

Ferretti2

Introdução: O envelhecimento é um fenômeno do processo da vida que, assim como a infância, a

adolescência e a maturidade é marcado por mudanças biopsicossociais específicas, associadas à

passagem do tempo. O crescimento da população idosa no Brasil vem ocorrendo de forma bastante

acelerada, as projeções indicam que a proporção de idosos passará de 8,6 % em 2000 para quase

15% em 2020. Em termos absolutos seremos, em 2025, a sexta população de idosos no mundo, isto

é, com mais de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos. Como prova do crescimento da população

idosa no Brasil, o município de Chapecó apresenta uma população total de 174.185 habitantes,

destes, 14.686 são pessoas com idade superior aos 60 anos, residentes em sua grande maioria no

ambiente urbano. Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção de saúde dos

idosos residentes há mais de 20 anos no ambiente urbano do município de Chapecó – SC.

Metodologia: Caracterizou-se como uma pesquisa de ordem qualitativa e descritiva. A coleta de

dados foi realizada por uma entrevista contendo 10 perguntas relacionadas ao envelhecimento,

saúde, estilo de vida, lazer, trabalho, problemas enfrentados no dia a dia e características do

ambiente em que vivem. A amostra constituiu-se por 14 idosos. A análise e a interpretação dos

dados foram por análise de conteúdo segundo proposição de Minayo (2004) que preconiza os

seguintes passos: ordenação dos dados; classificação dos dados e análise final, após a elaboração de

categorias analíticas. Resultados: Quando questionados sobre o que é ter saúde, os mesmo

afirmaram as seguintes categorias analíticas: primeiramente, ser independente, ter bom convívio

com a família e amigos, ausência de doenças e uma boa renda. Os resultados do estudo demonstram

que ter saúde para o idoso representa um bom convívio com a família e amigos, sentir-se feliz, não

tomar remédios e não ter doenças, possuir uma boa renda, ser independente e possuir hábitos

saudáveis. Considerações Finais: A partir das entrevistas realizadas pode-se perceber que os

indivíduos idosos possuem uma percepção de saúde voltada para os aspectos biopsicossocial, onde

estar de bem consigo mesmo e com a sociedade e rede de apoio são fundamentais. Sugere-se que

novos estudos sejam elaborados a fim de conhecer a percepção de saúde dos idosos de outras

regiões, com a finalidade de comparar os fatores determinantes de uma boa saúde segundo relato

dos idosos.

Palavras-chave: Percepção de saúde, idoso, ambiente urbano.

1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó

UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP

Page 155: Revista Cientifica Inspirar Edicao 4 Supl Unochapeco 2010

151

Vivências VI - atendimento domiciliar na atenção básica de

saúde: relato de experiência

Emanuela Cerutti Gallo1, Kelen Daiane Orso

1, Lusana Passin

1, Franciane Fiório

2, Rubia do

Nascimento2

Introdução: O fisioterapeuta, até pouco tempo apresentava pouco destaque profissional na atenção

primária à saúde. Os currículos dos cursos de fisioterapia existentes no Brasil priorizavam a ação

curativa em detrimento do modelo assistencial vigente, dificultando de sobremaneira a inserção do

fisioterapeuta na Saúde Pública. É pensando neste contexto que surge a temática do Vivências VI,

onde os acadêmicos do 6º período do curso de graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ,

realizaram Atendimento Domiciliar na Atenção Básica de Saúde. Objetivo: Relatar a experiência

de visitas domiciliares no contexto da Atenção Básica de Saúde. Metodologia: Os acadêmicos

interviram junto ao grupo de Hipertensão da unidade básica de saúde do Bairro Eldorado –

Chapecó-SC, realizando visitas domiciliares, investigando a situação de saúde de cada família e

traçando um perfil das necessidades das mesmas. Foram realizadas duas visitas domiciliares, onde

na primeira a família foi entrevistada sobre questões referentes à saúde dos moradores da

residência. A segunda visita, que ocorreu no intervalo de uma semana, constou de orientações em

relação à postura correta para a realização das atividades de vida diária e à alimentação saudável,

abordando principalmente a orientação em relação à hipertensão arterial. Resultados: As

orientações advindas das acadêmicas contribuíram para a promoção da saúde da família, reforçando

a importância dos hábitos saudáveis de vida. Considerações finais: Consideramos que o Vivências

VI – Atendimento Domiciliar na Atenção Básica de Saúde – foi de suma importância para nossa

formação acadêmica, onde observamos a realidade e as necessidades em saúde no âmbito

domiciliar. Conclui-se que se faz necessária a Fisioterapia Domiciliar a fins de prevenir e promover

a saúde desta população, demonstrando a importância da inserção do fisioterapeuta na atenção

básica em saúde.

Palavras-chave: Atendimento domiciliar, atenção a saúde, fisioterapia.

1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -

UNOCHAPECÓ, Chapecó – SC 2 Docentes do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -

UNOCHAPECÓ, Chapecó – SC

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