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C NT REVISTA ESTE IMPOSTO PODE SALVAR AS ESTRADAS CIDE CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO VIII | NÚMERO 91 | JANEIRO 2003

Revista CNT Transporte Atual-JAN/2003

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O objetivo é unir, cada vez mais, os diferentes modais, discutir seus problemas e fazer avançar sempre o setor, na busca da qualidade e produtividade, caminhando para a redução do chamado custo brasil.

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CNTREVIS

TA

ESTE IMPOSTO PODE SALVAR AS ESTRADASCIDE

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO VIII | NÚMERO 91 | JANEIRO 2003

Aprimeira edição da RevistaCNT de 2003 marca uma mu-dança em nosso principal veí-culo de comunicação que vaialém de avanços gráficos, que

poderão ser vistos a cada página.Estamos abrindo novas expectativas edi-

toriais, ampliando nosso leque de cola-boradores, o que por si só fará da RevistaCNT um espaço ainda mais democrático,um fórum mensal de debates que per-mita ao setor de transporte contribuir pa-ra a construção de um país melhor.As manifestações populares ocorridas

no dia 1º de janeiro de 2003, que encan-taram e surpreenderam o mundo, são osprimeiros sinalizadores de novos tempos,de um Brasil se afinando cada vez maiscom sua história.Participar deste momento histórico é

inadiável para um veículo que se preten-de plural e democrático.Desde que criou a Revista CNT – há

pouco mais de sete anos –, o objetivo daConfederação Nacional do Transporte foilançar idéias, discutir problemas e buscarsoluções para o setor transportador bra-sileiro. É a nossa maneira de, mensal-mente, ajudar a passar o país a limpo.Através de nossas páginas, estamos

promovendo um jornalismo democrático,

com articulistas conceituados e indepen-dentes, em reportagens isentas e objeti-vas. É nossa missão abordar não apenas

questões ligadas diretamente aos trans-portes, mas, também, economia, finan-ças, negócios, política, meio-ambiente eoutros assuntos atuais. É a nossa colaboração ao grande diálo-

go nacional e às reformas estruturais queo Brasil precisa enfrentar.A Revista CNT é, cada vez mais, um

fórum permanente de debate das novasrealidades e necessidades brasileiras.É através dela que demonstramos que

os transportadores estão integrados a es-se novo país e querem participar da cons-trução de uma sociedade melhor, maisdesenvolvida, moderna e socialmentejusta. É nosso objetivo unir, cada vez mais,

os diferentes modais de transporte, dis-cutir seus problemas e fazer avançar sem-pre o setor, na busca da qualidade, pro-dutividade e caminhando para a intermo-dalidade e para a redução do chamadoCusto Brasil.Temos a certeza de estar participando

de um momento histórico brasileiro, cujoalicerce foi fincado na vontade da imen-sa maioria de brasileiros.

O OBJETIVO ÉUNIR, CADA VEZMAIS, OS DIFERENTESMODAIS,DISCUTIR SEUSPROBLEMAS EFAZER AVANÇARSEMPRE OSETOR, NA BUSCA DA QUALIDADE EPRODUTIVIDADE,CAMINHANDOPARA A REDUÇÃODO CHAMADOCUSTO BRASIL

Em busca de um novo tempo

EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADEPRESIDENTE DA CNT

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PAREEducação para o trânsito obtém resultadoscom crianças.

PRESIDENTEClésio Soares de Andrade

VICE-PRESIDENTES SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Benedicto Dario FerrazSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOSEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho e Ilso Pedro MentaSEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti e Antônio Pereira de SiqueiraSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes e Mariano CostaSEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Renato César Ferreira Bittencourt (vice-presidenteno exercício da presidência) e Cláudio Roberto Fernandes DeCourt (vice-presidente em exercício) SEÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira e Nélio Celso Carneiro TavaresSEÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO

Wolner José Pereira de Aguiar (vice-presidente no exercício da presidência)

CONSELHO FISCALTITULARES Waldemar Araújo, David Lopes de Oliveira, Éder Dal’Lago e René Adão Alves PintoSUPLENTES Getúlio Vargas de Moura Braatz, Robert Cyrill Higgins e José Hélio Fernandes

DIRETORIASEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Denisar de Almeida Arneiro, Eduardo FerreiraRebuzzi, Francisco Pelucio, Irani Bertolini, Jésu Ignácio de Araújo, Jorge Marques Trilha,Oswaldo Dias de Castro, Romeu Natal Panzan,Romeu Nerci Luft, Tânia Drumond, Augusto Dalçoquio Neto, Valmor Weiss, Paulo Vicente Caleffi e José Hélio Fernandes;

SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Aylmer Chieppe, Alfredo José Bezerra Leite, Narciso Gonçalves dos Santos, José Augusto Pinheiro, Marcus Vinícius Gravina, Oscar Comnte,Tarcísio Schettino Ribeiro, Marco Antônio Gulin,Eudo Laranjeiras Costa, Antônio Carlos MelgaçoKnitell, Abrão Abdo Izacc, João de Campos Palma,Francisco Saldanha Bezerra e Jerson Antonio Picoli

SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa, José Alexandrino Ferreira Neto, José Percides Rodrigues, Luiz Maldonado Marthos, Sandoval Geraldino dos Santos, José Veronez, Waldemar Stimamilio, André Luiz Costa, Armando Brocco, Heraldo GomesAndrade, Claudinei Natal Pelegrini, Getúlio Vargasde Moura Braatz, Celso Fernandes Neto e NeirmanMoreira da Silva

SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Cláudio Roberto Fernandes Decourt, Antônio CarlosRodrigues Branco, Luiz Rebelo Neto, Moacyr Bonelli, Alcy Hagge Cavalcante, Carlos AffonsoCerveira, Marcelino José Lobato Nascimento, Maurício Mockel Paschoal, Milton Ferreira Tito,Sílvio Vasco Campos Jorge, Cláudio Martins Marote,Jorge Leônidas Mello Pinho, Ronaldo Mattos deOliveira Lima e Bruno Bastos Lima Rocha

CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim, Etevaldo Dias, Márcio Tadeudos Santos, Tereza Pantoja e Vanêssa Palhares

REDAÇÃOEDITOR RESPONSÁVEL

Almerindo Camilo (MG2709JP)EDITORES EXECUTIVOS

Ricardo Ballarine e Antonio Seara (Arte)REPÓRTERES

Eulene Hemétrio, Katja Polisseni e Ronaldo AlmeidaFOTOGRAFIA

Paulo Fonseca, Júlio Fernandes/CNT, BG Press,Agência O Globo e Agência EstadoINFOGRAFIA

GraffoPRODUÇÃO

Rafael Melgaço Alvim

ENDEREÇO

Rua Monteiro Lobato, 123/102 CEP 31.310-530 Belo Horizonte MGTELEFONES

(31) 3498-2931 e (31) 3498-3694 (Fax) E-MAIL

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PUBLICIDADE Marcelo Fontana (11) [email protected]

Publicação mensal da Confederação Nacional doTransporte (CNT), registrada no Cartório do 1º Ofíciode Registro Civil das Pessoas Jurídicas do DistritoFederal sob o número 053, editada sob responsabi-lidade da AC&S Comunicação e Serviços Ltda.

IMPRESSÃO Plural TIRAGEM 40.000 exemplares

CNT Confederação Nacional do Transporte

Revista CNT

CNTREVIS

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SEST/SENAT: SISTEMA QUE DÁ CERTO 26

CNT RECEBE RELATÓRIO DA CPI DO ROUBO DE CARGAS 36

PAINEL 42

CONAMA EXIGE TROCA DE TANQUES EM POSTOS 48

CNT PREMIA MELHORES DO JORNALISMO 52

CIDEConfira reportagem que conta como até R$ 8 bilhões podem ser usados na melhoriados transportes no paísnos próximos anos.

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ENTREVISTA

O novo ministro dos Transportes, Anderson Adauto, revela, em entrevista exclusiva, os seus planos para o setor no governo Lula.

CIT

O órgão criado há um ano já tem resultados positivos a apresentar.

DACOs aeroportos centrais de SãoPaulo, Rio de Janeiro e BeloHorizonte podem perder vôos, segundo a Aeronáutica. Confira a polêmica da transferência na reportagem.

ANO VIII | NÚMERO 91 | JANEIRO 2003

CAPA FOTO PAULO FONSECA

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 9

NOVASIGLAPARA SALVARASESTRADAS

TRIBUTAÇÃO

GOVERNO

A CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO SOBRE O DOMÍNIO ECONÔMICO PODE GERAR ATÉ R$ 8 BILHÕES

PARA INVESTIMENTO NOS TRANSPORTES, ALÉM DE AJUDAR

NO CAIXA DOS ESTADOS

CIDEFOTO PAULO FONSECA

10 CNTREVISTA JANEIRO 2003

Achuva e o sol dividem, maisuma vez, o mesmo tempo nes-te verão tropical. E com eles che-gam as mazelas tão conheci-das do povo, sendo os buracosnas rodovias a mais comum

delas. Entre as discussões acaloradas comtrocas de acusações sobre a quem cabe aculpa e de quem é a responsabilidade derecuperá-las, o brasileiro viaja, a passeio ou atrabalho, sem olhar para mais nada a não serpara a estrada. Afinal, um buraco traiçoeiroestá sempre à espreita.A novidade no verão 2002/2003 é uma

sigla, e atende pelo apelido de Cide (Contri-buição de Intervenção sobre o Domínio Eco-nômico), palavra que invadiu o noticiário na-cional desde que Anthony Garotinho, numdebate entre os candidatos a presidente, dei-xou Luiz Inácio Lula da Silva em saia justa aoquestioná-lo sobre sua utilização. Lula engas-gou, respondeu mal e poucos meses depoisassumia a Presidência do Brasil, aí sim, sa-bendo exatamente o que é, quanto arrecadae qual sua destinação. Sua aprovação final sedeu no apagar das luzes da legislatura pas-sada, quando o Congresso discutia, num pa-cote Frankenstein, o foro especial para agen-tes políticos (ex-presidentes, em particular),a minirreforma tributária tão ansiada pelo PT,então prestes a assumir o poder, e a dívidados Estados, esta sim, intrinsecamente ligadaà Cide.A contribuição nasceu como forma de ar-

recadar recursos para investir na infra-estru-tura nacional. É um imposto embutido no pre-ço dos combustíveis destinado aos trans-portes, em todos os seus modais, e à indús-tria de petróleo e álcool. A polêmica em tornode sua aplicação virou notícia depois que al-guns governadores gritaram ao se verem semcaixa para pagar salários ao funcionalismo.Foram à União pedir o reembolso do dinheiro

aplicado em estradas federais e receberamum sonoro “não”. Da discussão resultaramduas MPs, manobras de bastidores entre ogoverno FHC e a equipe de transição do en-tão presidente eleito, governadores e futurosmandatários, todos em busca de uma saídapara o impasse e, é claro, de recursos paraseus cofres.O risco que passou a preocupar particu-

larmente quem utiliza as estradas e vê na Ci-de a possibilidade de fortalecimento do trans-porte rodoviário é que o imposto se trans-forme numa nova CPMF, criada com o pro-pósito original de socorrer a saúde, mas hojeincorporada ao caixa único do governo. Otemor não é sem fundamento. No decorrerde 2002, primeiro ano de sua vigência,quando foi arrecadada por força de medidaprovisória, a Cide ajudou a engordar o caixado Estado, contribuindo não para reduzir osinúmeras problemas das rodovias nacionais,mas para fazer frente a uma exigência desuperávit primário, acordado com o FundoMonetário Internacional. E foi um excelentereforço de caixa. Só para se ter uma idéia,em 2003 a expectativa é que o novo tributogere uma arrecadação de até R$ 8 bilhões. Portanto, em se concretizando o que to-

dos esperam, as mal-tratadas estradas bra-sileiras poderão receber um senhor reforçode caixa nos próximos anos. Se tudo der cer-to, não será apenas mais um remendo as-fáltico, entre os muitos já feitos ao longo dosanos. Desta vez, até R$ 8 bilhões podem serdesembolsados para investir em melhoria ouconservação de rodovias, valor também co-memorado por alguns Estados brasileiros,que podem ver seus caixas ressarcidos apósterem investido nas rodovias federais.Entenda, a seguir, como foram os dois últi-

mos meses de 2002, um período de negocia-ções tensas, e o que resultou dessa disputa,traduzida em números e declarações.

A RESISTÊNCIAOCORREUPORQUE UMACORDO COMUM OU DOISESTADOSABRIRIA APORTEIRA DO TESOURO PARA OUTROSGOVERNOSDEFICITÁRIOS,QUE PODERIAMEXIGIRRESSARCIMEN-TOS DE ATÉ R$ 10 BILHÕES

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 11

“Pirão pouco, primeiro o meu”

A máxima é conhecida nointerior do Brasil. Se o recurso éescasso, vale a astúcia de quemconsegue pegar o maior boca-do. A falta de recursos que limi-ta as ações administrativas dagrande maioria dos Estados le-vou, nos últimos anos, muitos go-vernadores a tentarem renego-ciar as dívidas e reaver créditosestaduais junto ao governo fede-ral. Os entendimentos não avan-çaram na maioria dos Estados,que, por consequência, manti-veram a sangria mensal de par-cela significativa de suas re-ceitas. Nos últimos anos, diante dos

problemas de caixa, governa-dores como Itamar Franco, deMinas Gerais, e José Orcílio Mi-randa dos Santos, o Zeca do PT,do Mato Grosso do Sul, bus-caram reduzir o déficit de seusEstados ao exigirem o ressarci-mento de investimentos estadu-ais feitos em rodovias federaisdelegadas. No final do ano passado, es-

sa pretensão esbarrou, no en-tanto, na necessidade de o go-verno Fernando Henrique Cardo-so e também da equipe de tran-sição do presidente eleito, LuizInácio Lula da Silva, garantiremrecursos para o Orçamento Ge-ral da União (OGU) de 2003.A resistência se deu porque

um acordo com um ou dois Es-tados abriria a porteira do Te-souro Nacional para outros go-

vernos deficitários, pois a esti-mativa do Ministério da Fazen-da era que o ressarcimento dosinvestimentos rodoviários paraos Estados chegaria a R$ 10 bi-lhões.O Mato Grosso do Sul foi o pri-

meiro a ter reconhecidas, em2000, pelo Ministério dos Trans-portes, as despesas atualizadasde R$ 721 milhões, gastas coma recuperação de 600 quilôme-tros das BRs 163, 060, 267 e262 – algumas obras contaramcom empréstimos internacionaiscontraídos nos últimos três go-vernos. A entrada do pedido deressarcimento no Ministério dosTransportes se deu em 1997,no mandato de Wilson Martins.No entanto, mesmo com a co-brança feita por Zeca do PT, oressarcimento foi postergadopelo governo federal desde1999, segundo a assessoria de

imprensa do governo do MS. Para tentar solucionar o im-

passe, criou-se a MP 82, umaalternativa viável para o gover-no, mas que teria que ser nego-ciada com os Estados. A medi-da provisória permitiria à Uniãotransferir o domínio de até 18mil quilômetros da malha rodo-viária federal para os Estados,com o pagamento de R$ 130 milpor quilômetro. E de onde viriamos recursos? Da Cide. Para teracesso ao montante, o Estado in-teressado deveria desistir do res-sarcimento das despesas feitasnos últimos anos em rodoviasfederais em seus domínios, in-clusive dos processos judiciais. A proposta expressa na MP

82 para Mato Grosso do Sul nãointeressou a Zeca do PT. “Paranossa surpresa, o Ministério dosTransportes disponibilizou na me-dida provisória a BR-359, que é

“ACREDITA-MOS QUE OSCRITÉRIOSUTILIZADOSFORAMESSENCIAL-MENTEPOLÍTICOS E NÃO TÉCNICOS”

Para o governadordo Mato Grosso doSul, Zeca do PT, as estradas repas-sadas não são deinteresse do Estado

PROTESTO

FOTO AGÊNCIA ESTADO

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 13

praticamente toda de terra, poissomente 10 dos 214 quilôme-tros são asfaltados. Rejeitamos atransferência porque teríamos anecessidade de pavimentar a es-trada e também porque o Es-tado receberia apenas R$ 27,8milhões, 3,8% do ressarcimen-to pleiteado”, explica o secretá-rio de Estado dos Transportes,Maurício Arruda.Segundo ele, mesmo sendo,

a princípio, contrário às diretri-zes básicas da medida provi-sória de pagar R$ 130 mil porquilômetro transferido, caso fos-sem oferecidos trechos de ou-tras estradas federais, como asBRs 163, 262 ou 267, o gover-no analisaria a proposta e pode-ria concordar com a metade dovalor dos investimentos realiza-dos com recursos estaduais.“A julgar pelas rodovias dis-

ponibilizadas a Estados comoMinas Gerais e Rio Grande do

Sul, acreditamos que os crité-rios utilizados foram essencial-mente políticos e não técnicos”,afirma Arruda. Mesmo assim, aprivatização de rodovias fede-rais no Estado não compensariaos recursos da MP 82, por cau-sa do pequeno fluxo de veículosnas principais trechos das BRs163, 262 e 267. “O tráfegoreduzido poderia não interessarà iniciativa privada”, diz Arruda.Dessa forma, a decisão do go-vernador Zeca do PT é insistirno ressarcimento dos investimen-tos totais.

Itamar assinou primeiro

Se por um lado o governadordo Mato Grosso do Sul foi oprimeiro e reivindicar o crédito etambém a rejeitar o convênio, amovimentação política iniciadapelo ex-governador de Minas,Itamar Franco, em setembro doano passado, abriu o verdadeiroembate com o governo federal,que culminou com a possibili-dade de vingarem os acordos járealizados. Nesse caso, em muito con-

tribuiu o empenho do atual gov-ernador mineiro, Aécio Neves.Afinal, se Itamar não desejavadeixar o governo com o pesadoônus político de dever o 13ºsalário aos funcionários públi-cos mineiros, Aécio tampoucodesejava iniciar seu governocom esse compromisso decaixa. O déficit do Estado é deR$ 100 milhões por mês, valorincrementado, em grande

parte, pelo aumento de 7%para 13% do percentual men-sal da dívida mineira com aUnião assumida no governo deEduardo Azeredo (1995-1998). O resultado da movimen-

tação de Itamar Franco e doatual governador mineiro foi oesperado: pires na mão, váriosEstados engrossaram a fileirados pedintes, o que gerou umanegociação por demais arrasta-da e que envolveu diretamentetanto o governo de FHC comomembros da então equipe detransição, passando por parla-mentares do PFL e do PSDB,estes já no período de votaçãoda medida provisória 66, achamada minirreforma trib-utária. Dentro dos Ministérios da

Fazenda e do Planejamento,era forte a resistência emressarcir o governo de Minasem R$ 1,2 bilhão, valor investi-do entre 1987 e 2000 emrodovias federais, e ter de tratarda mesma forma os demaisEstados. Diante da negativa de

ressarcimento puro e simples,tomou corpo a proposta deestadualização das rodovias,como uma contrapartida aorepasse de recursos federaisaos Estados. Entretanto, outroimpasse foi criado com a obri-gação de os governos estaduaisassumirem o pesado ônus de“manter, recuperar, conservar,restaurar, melhorar e pavimen-tar”, nos próximos quatro anos,as rodovias transferidas. A saída

O ex-governadorde Minas GeraisItamar Franco,que abriu negociações para poder pagar o 13º

CAIXA ALTA

FOTO AGÊNCIA ESTADO

14 CNTREVISTA JANEIRO 2003

encontrada foi a autorizaçãopara que os Estados concedamà iniciativa privada as estradasque receberem do governo fed-eral, um processo que pode le-var um novo alento de recursospara os cofres estaduais. Tanto Itamar Franco como Aé-

cio Neves (PSDB) se interessa-ram pela proposta, mas a edi-ção da MP ainda esbarrou naoposição do então coordenadorda equipe de transição e atualministro da Fazenda, AntonioPalocci, temeroso da responsa-bilidade de o governo Lula as-sumir uma dívida de R$ 2,16bilhões nos próximos quatro anospara o pagamento aos Estados,de 16.633 quilômetros de rodo-vias a R$ 130 mil por quilô-metro. Essa resistência levou Aécio

Neves, então presidente da Câ-mara dos Deputados, com a aju-da direta do PFL, a retirar devotação a MP 66, que continhavários projetos do interesse deLula para o aumento da receitaem seu governo. Dentre eles, oque regulamentaria a Cide, jus-tamente a que garantiria recur-sos para investimentos em infra-estrutura de transportes com apossibilidade de arrecadaçãode até R$ 8 bilhões por ano, de-vido ao aumento da alíquota dotributo que incide sobre a com-ercialização de combustíveis.O impasse foi contornado

nos bastidores do Congresso,quando a bancada do PT con-cordou com a publicação daMP 82 e em retirar recurso que

travava a votação de projetos deinteresse do governo FHC, co-mo a concessão de foro privile-giado para julgamento de ocu-pantes de cargos públicos.Assim, no final de 2002, a

publicação da MP 82, em 13 dedezembro, definiu as condiçõesdo então governo federal para orepasse de recursos aos Esta-dos – R$ 130 mil por quilô-metro de estradas federais, queserão definidas junto a técnicosdo Ministério dos Transportes.As rodovias serão transferidasaté 2006, em blocos anuais deaté 25% da quilometragem totalacordada. O prazo para os Esta-dos decidirem a adesão à MPexpiraria em 27 de janeiro. Apesar da negativa do Mato

Grosso do Sul, até a primeira se-mana de janeiro, 14 Estados ha-viam assinado convênio com aUnião, o que resultou num totalde 13.486,30 quilômetros. Rio

Grande do Sul, Minas Gerais, Ron-dônia, Piauí, Pará, Paraná, Ro-raima, Pernambuco, Tocantins,Amazonas, Goiás, Espírito San-to, Bahia e Maranhão já concor-daram com as bases acertadasentre Congresso e governo. Aquilometragem disponibilizadaatravés da MP 82 para outros no-ve Estados – Ceará, Rio Grandedo Norte, Paraíba, Alagoas, Riode Janeiro, São Paulo, Mato Gros-so, Mato Grosso do Sul e SantaCatarina – é de apenas 3.146,8quilômetros.Itamar Franco foi o primeiro

a assinar, no dia 18 de dezem-bro, o convênio com o então mi-nistro dos Transportes, João Hen-rique Souza. Ao todo, 6.000 qui-lômetros de estradas foram de-legados ao governo mineiro, oque deu um total de R$ 780milhões, R$ 557 milhões delesjá antecipados, dos quais R$ 490milhões gastos com o pagamen-

“ PAGAMOSO 13º E CONSE-GUIMOSREGULA-MENTAR ACIDE, QUEVAI ASSE-GURARRECURSOSPARA ASRODOVIAS”

Para Aécio, aaprovação daCide foi umavitória para Minas

PIONEIRO

FOTO AGÊNCIA ESTADO

to do 13º salário do funcionalis-mo estadual – e os restantes,quase R$ 240 milhões, repas-sados neste início de ano aonovo governador, Aécio Neves.“Fizemos um grande negócio.

Pagamos o 13º salário do fun-cionalismo e conseguimos regu-lamentar a Cide, que vai asse-gurar recursos para a manuten-ção futura das rodovias”, disseAécio Neves. Já Itamar Francoafirmou que poderia ter “lavadoas mãos, como os outros”, di-ante do impasse com o governofederal para o ressarcimento derecursos, mas “entendia que anegociação era uma obrigaçãoe que o 13º é muito emblemáti-co” para um governador.

Trincheira gaúcha

Ao contrário do que ocorreuem Minas Gerais, o atual gover-nador do Rio Grande do Sul,Germano Rigotto (PMDB), pro-mete recorrer ao Senado para al-terar pontos básicos da MP 82,a fim de receber a totalidadedos recursos gastos nas estra-das federais do Estado nos últi-mos 20 anos.O governo do PMDB gaúcho

tentará envolver toda a bancadaestadual no Congresso para al-terar dois pontos da medida pro-visória, ainda não votada pelossenadores. O mais polêmico de-les é o compromisso de os Esta-dos abrirem mão da diferençaentre o repasse definido pelaMP 82 e os investimentos reali-zados. O outro busca manter a

OBrasil possui 1.724.929 quilômetros de rodovias, dosquais 1.559.941 não são pavimentados – 90,4% do total.As rodovias federais somam 70.621 quilômetros, com56.097 asfaltados. Os restantes 1.654.308 são estradas

estaduais e municipais, dos quais apenas 108.900 quilômetros sãopavimentados.O principal problema das estradas é a falta de manutenção, que

gerou um quadro de abandono em todas as regiões e provoca mi-lhares de acidentes todos os anos. Além disso, gera transtorno paraos transportadores, pois causa atraso nos fretes e perda de mer-cadorias. A radiografia das estradas brasileiras, mostrada pelas pesquisas

anuais da CNT, apresenta rodovias com buracos, sem acostamentoe sinalização vertical e horizontal, o que acarreta viagens mais pro-longadas e o aumento do número de acidentes. De 1996 a 2002,ocorreram 587.025 acidentes nas rodovias federais policiadas, como envolvimento de 2,93 mi-lhões de pessoas, das quais 35.066 mor-reram.Dois tipos de transporte têm ligação direta com a necessidade de

conservação das rodovias: o de carga e o de passageiros. A frotanacional do setor de transporte de carga cadastrada no Renavan éde 1.836.203 veículos. Esse setor movimenta nas rodovias bra-sileiras 60% de todas as cargas transportadas no país, o que repre-senta 451 bilhões de toneladas x km/ano, num valor igual a 1,8%do Produto Interno Bruto nacional. Já o transporte de passageirosmovimenta, em recursos, 4,2% do PIB nacional. A frota de ônibus,incluindo os segmentos interestadual, internacional, intermunicipale urbano, é hoje de cerca de 200 mil veículos. Os segmentos inter-municipal, interestadual e internacional operam 50 mil veículos, fro-ta que percorre cerca de 2 bilhões de quilômetros por ano.

ESTRADAS PAVIMENTADASSÃO APENAS 10% NO BRASIL

BR 101

“NÃOFOMOS CONSULTA-DOS PELOANTIGOGOVERNOSOBRE OASSUNTO.POR ISSO,IREMOS AOMINISTÉRIOSABERQUAISESTRADASFORAMDISPONIBI-LIZADAS”

Trecho da rodoviado Mercosul, quedeverá ser estadua-lizada e passar por reformas

FOTO AGÊNCIA ESTADO

16 CNTREVISTA JANEIRO 2003

responsabilidade de os Estadosassumirem somente as despe-sas de manutenção e não de re-forma das estradas, mais dispen-diosas. “No Rio Grande do Sul,as estradas oferecidas pelo Mi-nistério dos Transportes encon-tram-se em péssimo estado deconservação. Por isso, seriam ne-cessários R$ 300 milhões pararecuperar os 1.987,8 quilôme-tros da MP”, avalia o atual se-cretário de Transportes do RS,Jair Foscarini. Segundo ele, o acordo deu ao

Estado somente R$ 258,4 mi-lhões, já gastos pelo governoanterior, no final do ano passa-do com o 13º salário do funcio-nalismo. O atual governo não con-corda em ter de abrir mão deR$ 666,6 milhões, quase doisterços do investimento de R$925 milhões que teriam sido fei-tos pelos cofres gaúchos em es-tradas sob responsabilidade deBrasília. De acordo com Fosca-rini, caso a tentativa no Senado

não tenha resultado, a Justiça po-derá ser o recurso seguintepara tentar reaver a diferençados in-vestimentos.A transferência de rodovias

federais foi a solução encontra-da pelo governo de Olívio Dutra(PT) para cumprir compromis-sos como o 13º do funcionalis-mo, que desde 1999 vinha sen-do pago em dia, mas com difi-culdades, segundo a assessoriade imprensa do ex-governador.Em 2002, o único problema foia oposição inicial de Rigotto aoconvênio e à antecipação do re-colhimento do ICMS, resolvidocom a assinatura da MP. Antesde deixar o cargo de secretáriodo Rio Grande do Sul, Guilher-me Cassel disse considerar “boa”a MP, diante de um repasse quecobriria mais da metade dasdespesas com o 13º salário dofuncionalismo e não geraria no-vos comprometimentos. A aceitação da MP 82 pelo

ex-governador da Bahia, Oto

ACide recai sobre a im-portação e comerciali-zação de petróleo e

gás natural e derivados, alémdo álcool etílico combustível. A arrecadação financiará

programas de infra-estruturade transportes e de projetosambientais relacionados àindústria do petróleo e gás,além do pagamento de sub-sídios a preços ou transportede álcool combustível, gás ederivados de petróleo. A aplicação dos recursos

para os transportes abran-gerá a infra-estrutura aqua-viária, ferroviária, portuária,rodoviária e multimodal.A área de transportes de-

verá receber, no mínimo, 75%do total arrecadado. Os re-cursos serão aplicados emprogramas de infra-estrutura,no pagamento de despesasde investimentos, juros e a-mortização da dívida. Pelomenos 25% dessa parcelapoderão complementar inves-timentos em projetos detransporte urbano. As alíquotas máximas do

tributo são: para gasolina,R$ 0,86 por litro; para álcoolcombustível, R$ 0,372 porlitro; para diesel, R$ 0,39por litro; e para GLP, R$ 250por tonelada.

O GOVERNO GAÚCHOQUERENVOLVERA BANCADAPARAALTERARPONTOS DA MEDIDAAINDA NÃOVOTADA NOSENADO

O QUE É A CIDE

O governador doRio Grande doSul, GermanoRigotto, que seopôs ao convêniocom a União

RESISTÊNCIA

FOTO AGÊNCIA ESTADO

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 17

Alencar, não implicou conflito po-lítico já que seu sucessor eleito,Paulo Souto, também pertenceao PFL e ao mesmo grupo po-lítico comandado por Antônio Car-los Magalhães. O repasse de R$181,83 milhões ficou, no entan-to, R$ 418,17 milhões abaixodo total do crédito de R$ 600milhões referentes aos investi-mentos em rodovias federais emsolo baiano entre 1992 e 2002.“Não tínhamos opção, pois se-ria muito difícil receber todo odinheiro no governo Lula”, diz oex-secretário da Fazenda da Ba-hia, Albérico Mascarenhas.No Espírito Santo, antes de

terminar o mandato, o ex-gover-nador José Ignácio Ferreira de-cidiu assinar acordo com o Min-istério dos Transportes para atransferência de 292,8 quilô-metros de rodovias federais. OsR$ 38 milhões recebidos apon-tam para uma diferença negati-va de R$ 62 milhões, diante degastos de R$ 125,7 milhões efe-tuados na pavimentação e re-cuperação de 272 quilômetrosde estradas federais no Estadoa partir da metade da décadade 80. O ex-secretário dos Transpor-

tes, João Luis Tovar afirma queo pedido de ressarcimento da dí-vida foi protocolado nos Minis-térios dos Transportes e da Fa-zenda no ano passado. No en-tanto, o governo optou por assi-nar o convênio através da MP82, pois precisava captar recur-sos necessários ao caixa do go-verno no final de mandato, ba-

sicamente em função do déficitcausado pela Lei Kandir.“Não fomos consultados por

membros do antigo governo so-bre o assunto. Por isso, iremosao Ministério dos Transportes pa-ra conhecer o teor da medidaprovisória e saber quais estra-das foram disponibilizadas pelogoverno federal”, salienta o se-cretário da Fazenda capixaba,José Teófilo, para quem qualquerdecisão dependerá de uma ava-liação sobre as rodovias ofereci-das pelo governo federal para oEstado.O atual secretário de Trans-

portes de São Paulo, Dario RaisLopes, diz que a MP 82 aindaestá em estudo pelo governo, etambém pela Advocacia Geraldo Estado, pois a dívida daUnião com o governo é de R$ 1bilhão, gasto em rodovias fede-rais no Estado. A proposta do Ministério dos

Transportes foi repassar apenas35,4 quilômetros de rodovias –2,9 km da BR-488, entre Apa-recida e a Via Dutra, e 32,5 kmda BR-459, entre Piquete, divi-sa com Minas, e Lorena, junçãocom a BR-116.Lopes afirma que o Estado se

interessa em assumir também aBR-153, de Ourinhos, divisa como Paraná, até Icém, divisa comMinas, com 321,51 quilômetros,e ainda a BR-101, entre Ubatu-ba (litoral norte) e Rio de Ja-neiro, com 44,06 km. Nesse ca-so, a idéia é delegar toda essarodovia em território paulista,pois o trecho de 56 km entre a

capital e Ubatuba da SP-55, no-me da BR-101 dentro do Esta-do, já está nas mãos do governode São Paulo. Portanto, segun-do Lopes, seria uma incoerên-cia o Ministério dos Transportesnão repassar o restante. O se-cretário disse que esse pedidojá foi feito pelo governador Ger-aldo Alckmin (PSDB) em de-zembro e que agora São Paulobuscará o governo Lula para con-tinuar a negociação.Um dos maiores entendidos

em transportes no CongressoNacional é o deputado federaldo PFL mineiro, Eliseu Rezen-de, ex-ministro dos Transportes,ex-presidente do extinto DNERe um parlamentares responsá-veis pela elaboração da MP 82.Para ele, os pedidos de ressar-cimento feitos por diversos go-vernos estaduais não procedemporque muitos dos gastos nãoforam conveniados e, por isso,estavam fora do Orçamento de2003. “Os pedidos de ressarci-mento ficaram sem base legal.Até mesmo a Advocacia Geralda União concluiu que muitosrecursos gastos não estavam ca-rimbados.”Segundo Resende, a medida

provisória baseou-se no projetode lei sobre o Sistema Nacionalde Viação, que tramita no Con-gresso. Segundo ele, as rodoviasserão reclassificadas por cate-gorias – troncais, internacionais,estaduais e complementares – oque permitirá efetuar a descen-tralização ao estadualizar rodo-vias federais complementares.

“OS PEDI-DOS DERESSARCI-MENTOFICARAMSEM BASELEGAL. ATÉMESMO AADVOCACIAGERAL DAUNIÃO CONCLUIUQUE MUITOSRECURSOSGASTOSNÃOESTAVAMCARIMBA-DOS”

UM ANOQUE APONTAPARAOFUTURO

PERSPECTIVAS

2003

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 19

Se o ano de 2002 terminou com um misto de preocupação,

devido à crise econômica, e esperança, com vistas ao novo

governo, para o setor de transporte o período foi de resul-

tados importantes e de conquistas, o que gerou, para 2003,

uma expectativa de crescimento. A Confederação Nacional

dos Transportes (CNT) pôde ver duas de suas iniciativas

tomarem corpo e provarem que, com trabalho, criatividade

e empenho, os problemas brasileiros têm solução. O ano foi particularmente

especial para o sistema Sest/Senat, com inaugurações e ampliações no seu pro-

jeto social junto às comunidades carentes. Cursos de qualificação profissional,

ação comunitária na saúde e atendimento a pessoas especiais fizeram com que

o sistema consolidasse ainda mais a sua marca como um dos grandes agentes

sociais do país. Confira o trabalho do Sest/Senat em 2002 nas páginas 26 a 29.

Se olhou para dentro, a CNT também teve vistas para o exterior. A Câmara Inter-

americana de Transporte (CIT) tem apenas 1 ano, mas já largou como um dos

expoentes de integração da América Latina. Além dos essenciais cursos de

aprendizagem, a CIT tem a projeção de criar um central de informação que una

todo o continente, item fundamental para a melhoria e crescimento do transporte.

Para tal, 16 países, num primeiro momento, trabalham juntos para ver esse son-

ho realizado. O primeiro ano da CIT está registrado nas páginas 30 a 33.

De positivo ainda, 2002 viu uma CPI investigar o roubo de cargas nas estradas

brasileiras e indicar caminhos para que esse crime termine de vez. É o que apon-

ta a reportagem nas páginas 36 e 37.

E 2003 começa com mais projetos novos e audaciosos, como prevê o ministro

dos Transportes, Anderson Adauto. Em entrevista exclusiva, Adauto revela seus

planos para buscar soluções e melhorias no setor. Leia a entrevista completa nas

páginas 20 a 25, a seguir.

20 CNTREVISTA JANEIRO 2003

“ESPERAMOS QUE TODA A CIDE VÁ PARA RECUPERAÇÃO DERODOVIAS”

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 21

“ESPEROQUETODAACIDEVÁPARA AS

RODOVIAS”EM ENTREVISTA EXCLUSIVA, O MINISTRO

DOS TRANSPORTES FALA SOBRE O DESAFIO DE CUIDAR DAS ESTRADAS BRASILEIRAS E

DOS INVESTIMENTOS QUE PRETENDE FAZER NOS DIVERSOS MODAIS DO SETOR

ANDERSON ADAUTO

ENTREVISTAFOTOS BGPRESS

Mal tomou posse, o novo mi-nistro dos Transportes, odeputado federal mineiro An-derson Adauto, do PL, viu-se no olho do furacão. Foio primeiro membro da

equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va a ser chamado ao Palácio do Planalto paraum despacho de emergência – a situaçãodas estradas. Entrou numa roda-viva comuma todos que o antecederam no cargo, quan-do os meses do verão costumam ser o demais trabalho, em consequência das chuvase dos estragos que elas provocam nas es-tradas. Adauto chegou propondo inovações.A principal delas é a interatividade entre ór-gãos do governo, principalmente o Exército,para uma ação que está chamando de “cru-zada nacional em favor da conservação dasrodovias”. E espera contar com a Cide, con-tribuição embutida no preço dos combus-tíveis, para recuperar a malha viária nacional,com valores que podem chegar a R$ 8 bi-lhões nos próximos anos. Entre uma viagem e outra, e sem perder

um minuto sequer nas negociações determi-nadas pelo presidente, o ministro concedeu

esta entrevista à Revista CNT, a primeira ex-clusiva desde que assumiu o cargo. Aqui ele fala de suas propostas para os

diversos modais de transporte, excluído osetor aéreo, subordinado ao Ministério da De-fesa. Para os portuários, Anderson Adautofaz uma promessa: “Vamos fomentar esse mo-dal para que ele possa dar um salto de qua-lidade nos próximos quatro anos”. Ele promete também priorizar a multimo-

dalidade, por concordar que, usando melhoras potencialidades nacionais de interação en-tre os diversos modais, pode fazer cair o Cus-to Brasil e colocar os produtos brasileiroscom mais competitividade no mercado inter-nacional e também no mercado interno. O ministro evitou dar detalhes de como

será a atuação das agências reguladoras du-rante sua gestão. “Com a reestruturação pre-vista pela Lei, o Ministério dos Transportespassará, aos poucos, a ter uma estruturamais enxuta e assumir de forma mais incisi-va o papel de estabelecer a política do setore supervisionar as ações da nova estrutura”,diz Adauto, lembrando que cada uma dasagências reguladoras será alvo de estudo dogoverno.

O ministro com Lula: ordem para suspender investimentos e priorizar arecuperação de estradas

MISSÃO

“FAÇO UM APELO AOSMOTORISTASPARA QUEEVITEM TRAFEGAR NOPERÍODONOTURNO E QUETENHAMPACIÊNCIA”

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 23

REVISTA CNT - Qual o montante previsto noorçamento geral da União de 2003 para suapasta? Como o senhor pretende dividir essemontante entre os diversos modais de trans-portes no país?

MINISTRO ANDERSON ADAUTO - O orçamento,ainda não foi sancionado pelo presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva. Ovalor a ser aplicado em cada um dosmodais estará definido no Orçamen-to, mas poderá ter um acréscimo,no decorrer do ano, em função derecursos suplementares. As priori-dades serão definidas pela minhaequipe de colaboradores do Minis-tério dos Transportes. Naturalmente,dentro daquilo que está previsto noprograma do atual governo.

Qual será o programa de investimen-to do governo na área de infra-estru-tura em transporte, a partir dos re-cursos já orçamentados e os que po-derão advir da eventual destinaçãode verbas arrecadadas com a Cide(Contribuição de Intervenção no Do-mínio Econômico), matéria recentemente apro-vada pelo Congresso?

O Orçamento não foi sancionado. A Cide é,na composição do Orçamento, uma fonte derecursos para o Ministério dos Transportes.Nossa expectativa é que a Cide possa ser uti-lizada em quase sua totalidade na recupe-ração de nossa malha rodoviária federal.

A Pesquisa Rodoviária 2002 da CNT, um com-pleto levantamento da situação da rodoviasbrasileiras, apontou para a necessidade demaciços investimentos em infra-estrutura ro-doviária para recuperação da malha viáriabrasileira. Qual o plano de investimentos do

Ministério especificamente para o setor ro-doviário, lembrando que até hoje o setor égerido com base no Plano Nacional de Viação,que data de 1964?

Primeiramente, gostaria de parabenizar a Con-federação Nacional do Transporte por esse

levantamento anual, que é um im-portante instrumento para a avalia-ção da malha viária brasileira. Quan-to à restauração das rodovias, esseitem já foi colocado entre as priori-dades desta pasta. E é nesse intuitode melhorar as condições de tráfegoque estamos estudando, juntamentecom o Ministério da Defesa, o esta-belecimento de uma cooperaçãotécnica entre os dois Ministérios(Transportes e Defesa) para que arecuperação, restauração e cons-trução de rodovias passem a serexecutadas, em parte, pelo ExércitoBrasileiro. Os termos desse convêniojá estão sendo discutidos. Até queesse acordo de cooperação sejaimplementado, faço um apelo aosmotoristas para que evitem trafegarpelas rodovias no período noturno e

que tenham um pouco de paciência, pois onovo governo sabe da situação precária emque se encontra a malha e vamos trabalharpara que dentro do menor espaço de tempopossível essa situação seja normalizada.

Até o momento, pelo menos para o grande pú-blico, não está muito clara a definição do pa-pel e da forma de atuação das agências regu-ladoras. Qual será, no novo governo, o papeldo DNIT, da Antaq e da ANTT?

A Lei n° 10.233, de julho de 2001, criou no-vos órgãos que passaram a desempenharparte das tarefas de outros que foram extin-tos, a exemplo do DNER. Entraram em pro-

“VAMOSFOMENTAR OSETOR POR-TUÁRIO PARAQUE POSSA DARUM SALTO DEQUALIDADE NOS

PRÓXIMOS QUATRO ANOS”

24 CNTREVISTA JANEIRO 2003

cessos de extinção ou dissolução o DNER(Departamento Nacional de Estradas deRodagem) e o GEIPOT (Empresa Brasileirade Planejamento de Transportes). Já em2003, com as novas mudanças no atual go-verno, a CBTU (Companhia Brasileira deTrens Urbanos) e a TRENSURB (Empresa deTransportes Urbanos de Porto Ale-gre S.A) passaram a integrar a estru-tura do novo Ministério das Cidades. Mas voltando à Lei de 2001. Asnovas entidades criadas foram oConit (Conselho Nacional de Inte-gração de Políticas de Transportes),a ANTT (Agência Nacional de Trans-portes Terrestres), a Antaq (AgênciaNacional de Transportes Aqua-viários) e o DNIT (DepartamentoNacional de Infra-Estrutura deTransportes). O Conit não foi efetiva-mente implantado no governo pas-sado. Pela Lei, o órgão estará vincu-lado à Presidência da República eterá como atribuição propor ao pres-idente políticas nacionais de inte-gração dos diferentes modos detransporte de pessoas e bens. Coma reestruturação prevista pela Lei, oMinistério dos Transportes passará, aospoucos, a ter uma estrutura mais enxuta eassumir de forma mais incisiva o papel deestabelecer a política do setor e supervision-ar as ações da nova estrutura. A ANTT é oórgão que implementa as políticas formu-ladas pelo Ministério para o setor ferroviário erodoviário sob concessão, além do transporteinterestadual e internacional de passageiros.Hoje, ela faz a regulação da prestação deserviços e exploração da infra-estrutura pelainiciativa privada. A Antaq desempenha omesmo papel de regulador e fiscalizador daANTT, só que com relação ao transporteaquaviário, naturalmente, dividido em doissetores: a permissão para a navegação e o

arrendamento de portos. O DNIT é a novaautarquia vinculada ao Ministério dos Trans-portes que passou a executar construção,manutenção e operação da infra-estrutura.Ou seja, é o órgão responsável pelo investi-mento e execução de obras em todos osmodais. Em tese, o que estamos assumindo

agora é mais ou menos essa estru-tura. Uma coisa, porém, é certa: odestino de cada um desses órgãosainda será objeto de estudo do novogoverno. A partir de então, natural-mente, poderão vir modificações emsuas estruturas.

Que propostas sua pasta vai apresen-tar para intensificar a multimodali-dade no transporte como forma dereduzir custos e incentivar a expor-tação – um dos pilares da políticaeconômica do governo Lula?

As propostas estão sendo estudadase definidas. Depois, serão encamin-hadas ao presidente Lula. Sabemos,no entanto, que a multimodalidadeé prioridade, temos de maximizar ouso de nossas potencialidades de

interação entre os diversos modais. Isso fazcair o Custo Brasil, os produtos brasileiroschegam mais competitivos aos mercadosexternos e também aos internos, tendo emvista as dimensões do nosso país.

Uma proposta do governo FHC previa aredução do tempo das concessões das linhasrodoviárias no transporte de passageiros.Os empresários manifestaram preocupaçãopelo fato de que o volume de investimentoexigido pelo setor é muito grande, e qualquerredução no prazo de concessão pode implicarprejuízos. O novo governo vai rever essa pro-posta? Vai discutir o tema antes com osempresários do setor?

“TEMOS QUEMAXIMIZAR OUSO DE NOSSASPOTENCIALI-DADES DEINTERAÇÃOPARA FAZERCAIR O CUSTO

BRASIL”

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 25

Tudo estará sendo analisado emseu devido momento. Nessa nossaanálise, pretendemos ouvir todosos segmentos envolvidos:empresários, sociedade e par-ceiros do governo.

O senhor naturalmente teve conhec-imento do relatório da CPI queinvestigou o roubo de cargas noBrasil. Qual sua opinião a respeito eque medidas entende que sua pastapode tomar para diminuir o proble-ma que atinge hoje empresários etrabalhadores do transporte em todoo Brasil?

A segurança nas rodovias federaisé uma competência da Polícia RodoviáriaFederal, vinculada ao Ministério da Justiça.No Ministério dos Transportes, estaremos àdisposição para ajudar no que for possível,dentro dos limites de nossas competências eatribuições. O relatório mostra uma tristerealidade em nossas estradas, não só nasfederais, mas também nas estaduais, que sereflete ainda nos centros urbanos e zonasrurais. O problema da criminalidade é desegurança pública, mas estamos, como jádisse, dispostos a contribuir. Esse é umproblema de todo o país, uma herançainglória à qual não devemos, comobrasileiros, ficar alheios. Cada um de nósdeve colaborar dentro de suas possibili-dades.

Até hoje, o governo brasileiro agiu comomera “autoridade portuária”, cuidando docontrole e, principalmente, da arrecadação.A operação dos portos, propriamente dita, aparte penosa da atividade, está totalmenteentregue à iniciativa privada, sem qualquerapoio do Estado, em que pese o fato de osportos serem uma das principais ferramentas

do país para o crescimento do comér-cio exterior. Qual a visão do novo gov-erno sobre esse setor? A prática usa-da até agora vai ser mantida ou onovo governo pretende promovermudanças na administração e geren-ciamento do setor portuário? Valelembrar que o setor portuário é omaior arrecadador de impostos e omaior gerador de receitas do Brasil.

O Ministério dos Transportes temconsciência da tamanha importânciaque o setor portuário representa parao desenvolvimento do nosso país. OBrasil possui um extraordináriopotencial nesse modal de transporte,com uma costa navegável de 8.000

km de extensão. Essa potencialidade deveráser extremamente explorada nos próximosanos de governo, no intuito de aumentarmosas exportações, proporcionando a geração denovos empregos e o desenvolvimento daeconomia brasileira. Neste primeiro momen-to, estamos recolhendo todas as informaçõessobre cada um dos setores do Ministério,para que possamos definir as novas priori-dades da pasta. No caso específico do setorportuário, iremos deliberar sobre o fomentodesse modal para que ele possa dar um saltode qualidade nos próximos quatro anos.

Ainda sobre o setor portuário: no final do anopassado o governo encampou a CompanhiaDocas do Pará, ao fim de um processo que foiprecedido pela estadualização da empresa. Onovo governo tem plano de estatizar outrascompanhias desse setor no país?

Esta será uma definição do governo. Há Esta-dos querendo que portos voltem a ser fede-ralizados e outros preferindo a estadualiza-ção. Entendo que para isso deverá ser adota-do um critério.

26 CNTREVISTA JANEIRO 2003

Oano de 2002 foi decisi-vo para o Serviço Nacio-nal de Aprendizagemdo Transporte (Senat)

e Serviço Social do Transporte(Sest). O período teve como mar-ca a inauguração de novas uni-dades operacionais e o aumen-to da capacidade de atendi-mento aos trabalhadores do se-tor, familiares e comunidadesdos locais onde o sistema Sest/Senat está inserido. A expectati-va da Confederação Nacional deTransportes (CNT), administra-dora do sistema, é que em2003, décimo ano desses ser-

SEST/SENATCRESCE EM TODO O PAÍS,E AJUDA A TREINAR,E A LEVARSAÚDE,EDUCAÇÃOE LAZER AMILHARESDE PESSOAS

viços, seja ampliada a capaci-dade de atendimento e que es-se atendimento se torne com-pleto à comunidade de traba-lhadores do setor de transporte.Os números comparativos

entre os anos de 2001 e 2002comprovam o crescimento dosistema. O Senat treinou 407mil trabalhadores em 2001, en-quanto no ano passado, só en-tre janeiro e setembro, o de-sempenho foi superior em 90%,com a marca de 769 mil treina-mentos – os números fechadosde 2002 sairão no final de ja-neiro. O ritmo de atendimento a

trabalhadores nas 47 unidadesdo Centro Assistencial e Profis-sional Integrado do Trabalhadorem Transporte (Capit) e 44 doPosto de Atendimento ao Tra-balhador do Transporte na Es-trada (Pate) deve manter amédia registrada em 2001, cer-ca de 2,9 milhões de pessoas.Até setembro do ano passado,em torno de 2,3 milhões de tra-balhadores foram consultadosnos dois centros, que oferecematendimento médico e odonto-lógico e também promovemações de esporte, lazer e edu-cação para a saúde.

SISTEMAQUE DÁCPERSPECTIVAS

2003

FOTO ARQUIVO CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 27

Entre fevereiro e novembro de2002, foram inaugurados noveunidades do Capit em Estadosdas regiões Norte, Sul e Sudes-te. Para janeiro de 2003, estãoconfirmados mais quatro novoscentros . Serão duas unidades,no Espírito Santo e em Pernam-buco, e duas do Pate, em Ser-gipe e em Minas Gerais. Outrasunidades devem ser abertas,

sempre tendo em conta asdemandas identificadas em pes-quisas junto às comunida-des eaos trabalhadores do transporte.Criado em 1994 para pro-

mover a melhoria da qualidadede vida e o aprimoramento pro-fissional dos trabalhadores emtransporte, transportadores autô-nomos e seus dependentes, osistema Sest/Senat está pre-

sente em diversas cidades detodas as regiões do país e empontos operacionais integradosao longo do sistema rodoviáriobrasileiro. As unidades do Capitestão implantadas em cidadescom grande concentração deempresas, profissionais e ser-viços de transporte. Já o Patemarca presença em pontosestratégicos nas estradas, le-vando em conta a marca do sis-tema, integração e participaçãoem comunidades.As 91 unidades do Sest/Se-

nat espalhadas pelo país bene-ficiam não apenas o trabalha-dor do setor de transporte, masa comunidade onde estão inse-ridas. Capit, Pate, Centros de For-mação de Condutores do tipo A(teórico-técnico), credenciadospelos Departamentos de Trânsi-to dos Estados, e ações educa-tivas e de prevenção atendem atoda a comunidade. Desse mo-do, a população dispõe de as-sistência médica, odontológicae oftalmológica básica, ativida-des de cultura, lazer e esporte edesenvolvimento profissional pormeio de cursos presenciais evídeo-aulas.Por todo o Brasil, o sistema

Sest/Senat recebeu no ano pas-sado inúmeras menções hon-rosas e títulos que reconhecer-am seus trabalhos. Em Arara-quara (interior de São Paulo), aCâmara Municipal elogiou a ini-ciativa da “Semana de Educa-ção no Trânsito - Valorize a Vi-da”. Na mesma cidade, a Polí-cia Militar agradeceu ao curso

DÁCERTO

NA SAÚDE,409 MILMULHERESFORAMATENDIDASNA PRE-VENÇÃO AO CÂNCERDE MAMA E DE COLODO ÚTERO

28 CNTREVISTA JANEIRO 2003

“Condutores de Veículos Rodo-viários Transportadores de Pro-dutos Perigosos”. Outras atividades, sempre

interagindo com os municípiose Estados, também foram pre-miadas como o projeto “Redes-cobrindo o Rio Uberaba”, home-nageado pelo comitê de segu-rança no trânsito da cidade deUberaba (interior de Minas Ge-rais). Em Divinópolis, tambémem Minas, a Campanha Nacio-nal de Multivacinação realizadaem agosto pelo Sest/Senat ob-teve grande sucesso. Segundoa Secretaria de Saúde, o mu-nicípio conseguiu imunizar con-tra a paralisia infantil 100% dascrianças menores de 5 anos,índice superior aos 95% re-comendados pelo Ministério daSaúde.Em Rondônia, o trabalho

realizado em Porto Velho mere-ceu destaque pela recuperaçãoe reintegração à sociedade demilhares de presidiários da ci-dade. O projeto recebeu moçãode aplausos da Câmara Munic-ipal, que também reconheceu aimportância do projeto junto aadolescentes infratores e adul-tos, através da arte e capaci-tação profissional.No Paraná, o Conselho Mu-

nicipal do Trabalhador em Arau-cária deu o título Destaque2002 ao Sest/Senat por reco-nhecer os trabalhos em prol dostrabalhadores do município epela visão empresarial, gerandooportunidade de emprego paraos profissionais da cidade.

EM VÁRIOSESTADOS, OSEST/SENATDESTACOU-SE PELOS TRABALHOSEM PROL DA POPULAÇÃODOS SEUSMUNICÍPIOSGERANDOOPORTU-NIDADES DEEMPREGO

OPrograma de Ensino a Distância (Pead) do Sest/Senat, cria-do em 1995, passou por uma avaliação em 2002, atravésde um estudo do setor e de uma avaliação dos programasdisponíveis. O resultado foi o lançamento de novos cursos

e a reformulação dos que estão em andamento. No último trimestre,o Pead passou a oferecer os cursos “Transportando Cargas Frigorífi-cas”, “Meio Ambiente e Cidadania no Transporte” e “TransportandoCargas e Encomendas Rápidas”. Foram também lançadas novasversões dos cursos “Telefonista” e “Conferente de Cargas”.Em janeiro, o Pead lança a versão atualizada do curso “Sistema

de Informações Gerenciais e Sistema de Apoio à Decisão” e, emfevereiro, a nova versão de “Ajudante de Motorista de Caminhão /Ajudante de Coleta e Entrega”. Um dos cursos que serão lançados em 2003 é “Distúrbio do

Sono: Diagnóstico, Avaliação e Tratamento”. Preparado durante o anopassado, ele é destinado a profissionais da área de saúde dasunidades do Capit e Pate e das empresas do setor de transporte. Oobjetivo do curso é mobilizar as equipes de saúde em defesa dahigiene do sono, da qualidade de vida e da queda dos índices deacidentes nas estradas. O conteúdo é de responsabilidade do médi-co José Antônio Pinto, especialista em otorrinolaringologia e cirurgiade cabeça e pescoço, que participará também de duas teleconfe-rências ao vivo, na Rede Transporte.Formulado para levar o conhecimento e o aperfeiçoamento profis-

sional a trabalhadores em transporte em todo o país, o Pead chega a1.500 pontos através da Rede Transporte (em canal a cabo), comdois horários diários para cada um dos cerca de 50 programas ofe-recidos. Além dos programas na TV, são disponibilizadas fitas devídeo, aulas e material didático em disquetes.

ENSINO A DISTÂNCIA SERÁIMPULSIONADO EM 2003

DE LONGEO Pead atingecerca de 1.500em todo o Brasilatravés da RedeTransporte

FOTO ARQUIVO CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 29

Em nível nacional, destaca-sea participação no Programa deArtesanato Brasileiro do Minis-tério do Desenvolvimento emmodalidades diversas.No campo da saúde, ações

de educação e prevenção bene-ficiaram, entre janeiro e setem-bro de 2002, 409 mil pessoasnos postos de atendimento. Asatuações abrangeram a preven-ção ao câncer de mama e de co-lo do útero, realizada em uni-dades de São Paulo, Maranhão,Piauí, Bahia e Rio Grande do Nor-te. A perspectiva para 2003 éatingir todo o território nacional.Outra frente de atuação na

saúde é a prevenção de doen-ças sexualmente transmissíveise Aids, cujas campanhas, em2002, atingiram cerca de 120mil pessoas. No combate à den-gue e febre amarela, destaca-seo treinamento de 25 mil moto-ristas, que funcionam como agen-tes de informação e distribuembonés, camisetas, bottons, car-tilhas e cartazes da campanha.O Sest ingressou também, em

2002, no combate ao uso dedrogas ao firmar, em março, con-

vênio com a Secretaria Nacio-nal Antidrogas (Senad) paraque, através de cooperaçãomútua, fossem intensificadasações contra narcóticos. Em ou-tubro, o sistema esteve presenteno 1º Fórum Bilateral para Re-dução da Demanda de DrogasArgentina-Brasil. O grupo deestudos do Sest/Senat participoudas discussões sobre o alcoolis-mo. Várias sugestões foram le-vadas ao grupo como a cobran-ça ao poder público, no cumpri-mento da lei que proíbe a ven-da de drogas lícitas (como bebi-das) a menores.Outra parceria importante do

sistema em 2002 beneficiou780 pessoas portadoras de ne-cessidades especiais. Elas par-ticiparam de cursos de qualifi-cação profissional, como arte-sanato, informática e culinária.A demanda foi identificada jun-to às entidades Associação dosAmigos dos Autistas (AMA), As-sociação dos Pais e Amigos dosExcepcionais (Apae), Associa-ção dos Deficientes Físicos (ADEFT)e Sociedade dos Amigos dosDeficientes Físicos (SOADF).

O SISTEMABENEFICIOUPESSOASCOMNECESSI-DADESESPECIAIS,QUE PARTI-CIPARAM DE CURSOSCOMO ARTESANA-TO, INFOR-MÁTICA ECULINÁRIA

Aestudante Mônica Lei-te da Silva, aluna doprograma Serviço Civil

Voluntário no Capit de Manaus,foi a vencedora do ConcursoNacional de Redação sobreDireitos Humanos, promovi-do anualmente, pelo Minis-tério da Justiça. A jovem de18 anos, que sempre gostoude escrever e ler poemas,interrompeu os estudos aos15 anos, em função de difi-culdades da família. Agoraquer fazer o ensino médio eo vestibular para medicina.Em seu texto, a menina re-

vela o temor dos jovens emsituação de risco com relaçãoàs injustiças. “É mais decep-cionante saber ainda quemuitas vezes somos injus-tiçados pela própria justiça”,escreveu. O tema da reda-ção foi “Gênero, Idade, Ra-ça, Orientação Sexual e Por-tador de Deficiência: Respei-tando as Diferenças e Com-batendo a Intolerância”. Mô-nica e o Capit-Manaus ga-nharam como prêmio doiscomputadores.Segundo o diretor do Sest /

Senat em Manaus, CarlosCosta, Mônica deu tambémum grande prêmio ao presi-dente do Sest/ Senat noAmazonas, Francisco Salda-nha Bezerra. “Como o presi-dente Clésio Andrade, ele(Bezerra) sempre acreditounesta idéia”.

ALUNA DO CAPITVENCECONCURSO

REVELAÇÃOMônica relata os temores dajuventude

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30 CNTREVISTA JANEIRO 2003

Apropalada – e polêmica – inte-gração continental, que prometeunificar interesses e ações dospaíses das três Américas, não serátão complicada no que depender

do setor de transporte. Na prática, as empre-sas e entidades do setor de 16 nações ameri-canas estão integradas desde 25 de maio de2002, quando foi criada a Câmara Interamer-icana de Transportes (CIT), uma integraçãoque tende a se solidificar e estender os raiosde atuação no decorrer de 2003. A entidadereúne representações dos setores de trans-porte do continente e é presidida peloempresário brasileiro Paulo Vicente Caleffi,também presidente da Federação dasEmpresas de Transportes de Cargas do RioGrande do Sul (Fetransul). O objetivo do foro

AMÉRICAUNIDAATRAVÉSDACITENTIDADE CRIADA EM 2002 CONTA COM 16 PAÍSES E COMEÇA A CELEBRAR CONQUISTAS NA EDUCAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOSETOR NO CONTINENTE

PERSPECTIVAS

2003

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 31

não-governamental, multimodal e multilateralé identificar e discutir os interesses dos oper-adores de cada país e buscar soluções paraproblemas comuns, além de promover inter-câmbio de experiências e influir nas políticaspúblicas dos diversos países.A idéia de se criar a CIT surgiu em 2000

em uma reunião do presidente da Confedera-ção Nacional dos Transportes (CNT), Clésio An-drade, com empresários brasileiros. “As ne-gociações para a implantação da Alca (Áreade Livre Comércio das Américas) estão emandamento e o setor tem que estar prepara-do para atuar de forma integrada”, afirmou Ca-leffi, que assumiu em agosto um mandato dedois anos. A CIT tem uma sede permanenteem Brasília e outra itinerante – atualmente,com funcionamento em São Paulo.

Os 16 fundadores da CIT são Bolívia, Bra-sil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador,Equador, Guatemala, Honduras, México, Ni-carágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai eVenezuela, mas a partir de 2003 outros paí-ses podem aderir à CIT. As principais frentesde atuação da CIT são imprensa, governos,apoio jurídico, profissionalização, segurança,legislação, entidades, sinalização de trânsito,seguro de responsabilidade civil, habilitaçãoprofissional, mapa viário e tributação.Desde a reunião ordinária de outubro de

2001, em que Clésio Andrade propôs oficial-mente a formação da CIT, foram visitados 25países e diversos organismos oficiais. Após aimplantação da CIT, foi iniciado o processode apresentação e formalização da entidadejunto a organismos internacionais, como oBanco Interamericano de Desenvolvimento(BID), Comissão Econômica para a AméricaLatina e Caribe (Cepal), Comunidade Eu-ropéia (CE), Organização das Nações Unidas(ONU), Organização dos Estados Americanos(OEA), Organização Internacional do Traba-lho (OIT) e Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD).Com o objetivo de registrar as tendências

relacionadas a todos os meios de transportedo continente e padronizar as políticas pelosetor, a CIT, nos últimos sete meses, está en-volvida no desenvolvimento dos bancos dedados dos modais do setor (rodoviário, aqua-viário, aeroviário, ferroviário, ductuviário,especiais e terminais), nomeação dos vice-presidentes de cada país e no fechamento deconvênios para ações educativas.A primeira vitória celebrada é o convênio

com a Universidade de Miami, que irá minis-trar o curso de pós-graduação em gerênciade logística e transporte, em espanhol, oidioma oficial da CIT. Já está firmado, tam-bém, convênio com a Federação de Trans-porte do Equador, que irá implementar cur-sos de formação e assistência social nos

CONTINENTALO transporte de cargas pelas Américas é o foco de atenção da CIT, entidade criada há menos de um ano

FOTO LA NACIÓN

32 CNTREVISTA JANEIRO 2003

moldes dos desenvolvidos pelo Serviço Socialdo Transporte (Sest) e Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte (Senat). Caleffidestaca a importância dos focos de ação daCIT, principalmente do banco de dados, queserá disponibilizado para pesquisadores eveículos de imprensa de todo o continente.Está sendo preparado um cadastro de jorna-listas especializados para receberem mate-rial sobre o setor de transporte em todos ospaíses. No campo de governos, a idéia é es-timular a boa relação entre empreendedorese governantes, garantindo o bom desempe-nho das atividades de transporte. No setorjurídico, a meta é que seja consolidada umarede de escritórios especializados nos assun-tos e questões que interessem aos diversosmodais de transporte. O item profissionaliza-

ção é o que está mais adiantado com os con-vênios já firmados. A idéia é desenvolver emanter atualizados os métodos de ensinodireto e à distância para o setor, e estabele-cer ações pontuais a partir da demanda iden-tificada em cada um dos países membros.Nos campos de segurança e legislação, alémdo levantamento de dados sobre a situaçãoem cada um dos 16 países será propor-cionada a troca de experiência entre osempresários e governos dessas nações.Nos dias 24 e 25 de abril de 2003, será

realizada a primeira reunião ordinária daCâmara e terá como pauta a análise dosresultados do ano de 2002 e o estabeleci-mento das prioridades das diversas ações aserem realizadas durante 2003, nas difer-entes frentes de atuação da CIT. Para 2003,

“A IMPLANTAÇÃODA ALCA ESTÁEM ANDAMENTOE O SETOR TEM QUE ESTARPREPARADOPARA ATUAR DE FORMAINTEGRADA”

SEM FRONTEIRAS

Representantes dos paísesda CIT durante a primeirareunião da entidade

FOTO JÚLIO FERNANDES/CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 33

um dos planos é o convênio com o ExércitoBrasileiro para a realização de acordo decooperação técnica. O primeiro passo será ocurso de pós-graduação em Gerência Execu-tiva de Transporte e Mobilização (Getram),que acontecerá entre março e setembro de2003 em Brasília, para civis e militares.O Getram é destinado ao público que bus-

ca conhecimentos técnicos específicos daatividade transportadora, com o intuito de ob-ter a excelência em ações que tenham o trans-porte como condição fundamental de exe-cução. Para o Exército Brasileiro, o novo cur-

so substituirá o atual Estágio de Transportes(ETRANS), até então ministrado à distância,desde 1948.O presidente da CIT explica que a aproxi-

mação entre entidades públicas e privadascaminha no sentido de unificar linguagem eações do setor. Para Caleffi, a CIT contribuirápara o fortalecimento do setor em todo o con-tinente, na medida em que se desenvol-verem mecanismos como carteira de habili-tação única, certificação de motorista de car-ga perigosa única e políticas e legislaçõesque “falem a mesma língua”.

PARA CALEFFI, A APROXIMAÇÃOENTRE AS ENTIDADESPÚBLICAS E PRIVADAS CAMINHA NOSENTIDO DEUNIFICAR LINGUAGEM E AÇÕES DO SETOR

CALEFFIBusca de atuação integra-da nas três Américas

Um importante docu-mento para o trans-porte de carga foi di-vulgado no final do

ano passado. Em 12 de dezem-bro, o relatório final da Comis-são Parlamentar Mista de Inqué-rito (CPMI) que investigou o rou-bo de carga no Brasil foi apre-sentado pelo relator, deputadoOscar Andrade (PL-RO). Apósdois anos e meio de trabalho, osparlamentares sugerem a apro-vação, em caráter de urgência,do Sistema Nacional de Preven-ção, Fiscalização e Repressãoao Furto e Roubo de Veículos eCargas, a aprovação de legis-lação federal específica para re-

gulamentar o desmanche de veí-culos, a implantação do Bancode Dados Nacional para Delitos deCarga e a ampliação, em recur-sos da atual infra-estrutura de de-partamento da Polícia Federalpara possibilitar ao órgão cum-prir suas atribuições definidas.Até o final de janeiro, a CPMIiria apresentar o relatório final aoMinistro dos Transportes, An-derson Adauto. “Esperamosque venham soluções duradou-ras para conter o crime organi-zado”, afirmou Oscar Andrade.O roubo de cargas no Brasil

levou as empresas que atuamno setor a um prejuízo de R$700 milhões em 2001 – os valo-

res de 2002 ainda não estãoconsolidados, mas a estimativados empresários do setor é quetenham aumentado. Isso por-que em 2001 foram registradasmais de 6.000 ocorrências deroubo, e os sindicatos da cate-goria empresarial estimam quetais ocorrências tenham passa-do de 9.000 em 2002.A expectativa do relator da

comissão é que as quatro pro-postas de aperfeiçoamento delei sejam implementadas, bemcomo outras soluções aponta-das. “O trabalho da comissãofoi profícuo porque consegui-mos levantar e entender a ques-tão. Se forem cumpridas nossaspropostas, o caminho é a solu-ção do problema.” Andrade des-tacou a importância de punir,sobretudo, o receptador, “ogrande vilão da indústria de rou-bo de cargas”. “Hoje, em qua-tro, cinco dias a carga está como receptador”, afirmou o depu-tado, ao lembrar que nomes degrandes redes de varejo e ata-cado foram identificadas nas di-ligências e investigações dacomissão.Segundo o relator, na recep-

ção de mercadorias roubadasfoi identificada a participaçãode gerentes de grandes redesde supermercados, especial-mente aqueles que adotammodelos descentralizados, emque o gerente tem poderes decompra para a unidade queadministra.Andrade ressaltou a impor-

tância de outros pontos sugeri-

À VISTASOLUÇÕES

RELATÓRIODA CPMI DEROUBO DECARGAS SUGEREQUATROMEDIDASURGENTESPARA

RESOLVER OPROBLEMA

PERSPECTIVAS

2003

CPI Clésio recebe relatório do senador Tuma e do deputado Oscar Andrade

FOTO JÚLIO FERNANDES/CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 37

dos pelo documento, como oen-gajamento da Receita Fed-eral e dos Ministérios PúblicosFede-ral e Estadual no combateao roubo de carga, o apoio àcria-ção de Delegacias Espe-cializa-das no combate aoroubo e furto de cargas emtodos os Estados e a prioridadeabsoluta à investigação e aocombate à re-ceptação. “Paraisso, é neces-sário uma ‘força-tarefa’ que in-tegre os difer-entes órgãos, conforme suascompetências e as necessi-dades de cada operação.”A comissão também sugere

que se firme obrigações e res-ponsabilidades ao setor indus-trial de identificação de seusprodutos e o estabelecimento demecanismos legais ou contra-tuais que obriguem as conces-sionárias de rodovias de todo opaís a colocarem à disposiçãodas autoridades policiais com-petentes as imagens obtidas pe-las suas câmaras.Outro ponto levantado pela

CPMI foi o aumento no custoanual do seguro de cargas noBrasil, em média de 40%, quetem afetado diretamente as em-presas de transporte. Das 130seguradoras que operam noBrasil, apenas dez fazem se-guro de cargas e acabam porimpor condições quase impos-síveis de serem pagas. Na avali-ação da comissão, a falta de con-dições das empresas de bancaros prejuízos decorrentes doroubo de cargas pode compro-meter seriamente o abasteci-

mento no país, uma vez queaproximadamente 80% do trans-porte de cargas são feitos porcaminhões. Outro efeito da faltade segurança foi o fechamentode mais de 200 empresas nosúltimos dois anos.

Quebra de sigilo

Instalada em maio de 2000,a CPMI foi criada graças ao re-querimento do deputado OscarAndrade, que é empresário dosetor de transporte e apontou anecessidade de se apurar em to-do o país o crescimento de rou-bo de cargas. A comissão foi res-ponsável pela quebra dos sigi-los fiscal, telefônico e bancáriode 130 pessoas e empresas, fez85 requerimentos e 54 reuniõesque contaram com a participa-ção de parlamentares integran-tes da CPMI, além da colabo-ração de vários depoentes inte-ressados na apuração dos fa-tos. Tais depoentes falaram so-bre suas experiências e conhe-cimento na área e sugeriram me-didas para coibir o roubo de car-gas no Brasil. No total, foram con-vidados 65 depoentes e convo-cados 167 pessoas suspeitasou testemunhas de casos.A comissão realizou 16 via-

gens aos Estados do Maranhão,São Paulo, Paraíba, Santa Catari-na, Rio Grande do Sul, Minas Ge-rais, Pernambuco, Espírito San-to, Rio de Janeiro, Rondônia eAmazonas. Durante as investi-gações, constatou-se o envolvi-mento de policiais com ladrões

e receptadores de cargas, e po-liciais chegaram a ser presosem audiências realizadas na ca-pital paulista. Foi através de in-formações e ocorrências refe-rentes a esses fatos que a CPMIconstatou a forte ligação entreorganizações criminosas e o rou-bo de cargas. Ficou evidencia-do ainda tratar-se de organiza-ções apoiadas por uma logísticaquase sempre acima da capaci-dade preventiva e repressiva dopoder constituído.No decorrer das investiga-

ção, a pedido da CPMI, a Polí-cia Federal prendeu CléversonPereira da Cruz, ligado ao roubode cargas no eixo São Paulo, Mi-nas e Goiás e que esteve en-volvido também com o roubo deouro no avião da Vasp em 2000,no aeroporto de Brasília. O pre-so apontou 67 nomes de pes-soas e empresas ligadas aoroubo de cargas nessas regiões.Um dos momentos importantesda CPMI foi o da investigaçãodo empresário Ari Natalino daSilva da rede Petroforte Brasi-leira de Petróleo. O empresáriojá foi investigado pela CPI doNarcotráfico por uma eventualligação com o tráfico internacio-nal de entorpecentes. O grupoempresarial também é conheci-do da Comissão de Defesa doConsumidor, por práticas de adul-teração de gasolina, álcool eóleo diesel, assunto que igual-mente acabou por motivar in-vestigações específicas por par-te de outra CPI, na AssembléiaLegislativa de São Paulo.

“ESPERAMOSQUE VENHAMSOLUÇÕES

DURADOURASPARA CONTERO CRIME

ORGANIZADO”

“SE FOREMCUMPRIDASNOSSAS

PROPOSTAS,O CAMINHO SERÁ A

SOLUÇÃO DO PROBLEMA”

TURBULÊNCIAAEROPORTOSNOS

AERONÁUTICA QUER TRANSFERIR VÔOS DE CONGONHAS,PAMPULHA E SANTOS DUMONT, MAS EMPRESAS

ARGUMENTAM QUE A MEDIDA NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 39

Numa época em queotimizar o tempo é pa-lavra de ordem, os res-ponsáveis pelo setor

de transportes do país são pres-sionados, cada vez mais, a apri-morar a eficiência desse servi-ço. Afinal, o cumprimento decompromissos nas grandes ci-dades pode significar manuten-ção do emprego e concretiza-ção de grandes negócios.

Rio de Janeiro, São Paulo e Be-lo Horizonte, respectivamenteSantos Dumont, Congonhas ePampulha, para o Galeão, Gua-rulhos e Confins. Pela medida,os aeroportos centrais passariama operar somente vôos regula-res entre si e Brasília, além de Cu-ritiba, no caso de São Paulo.As mudanças também per-

mitiriam reduzir a ociosidade doGaleão e, principalmente, de Con-fins, mas a justificativa oficialdo Comando da Aeronáutica,ao qual o DAC é subordinado,trata da necessidade de maior se-gurança no espaço aéreo dastrês capitais. A intenção da Aeronáutica é

evitar o congestionamento devôos dos aeroportos centrais, asaturação do espaço físico dosterminais de passageiros e osefeitos do espaço reduzidopara circulação de aeronavesnos pátios – todos esses itenspesam mais sobre as condi-ções atuais do espaço aéreo deSão Paulo, mais saturado doque o do Rio e o de Belo Hori-zonte nos momentos de pico. Passados oito meses da pu-

blicação da portaria, o impassecontinua, devido à discordân-cia das quatro principais com-panhias aéreas do país – Varig/

PORTOSAssim, neste mundo que exi-

ge agilidade de ações, uma po-lêmica envolve, há um ano, asautoridades da Aeronáutica, res-ponsáveis pelo controle do espa-ço aéreo nacional, e as princi-pais empresas aéreas brasileiras.O motivo inicial foi a Portaria

282 do Departamento de Avia-ção Civil (DAC), de abril do anopassado, criada para transferirvôos dos aeroportos centrais do

POLÊMICA

AVIAÇÃO

FOTO AGÊNCIA ESTADO

40 CNTREVISTA JANEIRO 2003

RioSul, Tam, Gol e Vasp – emrelação à proposta do comandoda Aeronáutica. As empresasquestionam as justificativas dasautoridades militares em rela-ção ao tráfego aéreo, alegamdificuldades de ordem prática efinanceira para as transferên-cias e, também, alertam paraos transtornos dos passageiroscom deslocamentos até os ae-roportos de maior porte, que,no caso de Confins, envolvem42 km desde o centro de BeloHorizonte.Essa polêmica ganhou ainda

mais corpo em julho do anopassado, quando, na contra-mãoda portaria, as companhias so-licitaram e tiveram negados pe-lo DAC novos horários na Pam-pulha. A intenção era acabarcom os horários em Confins,sob a alegação de que os vôosdesse aeroporto são deficitários– o DAC tem somente o poderde conceder ou não pedidos de

pelo comandante da Aeronáuti-ca, brigadeiro Carlos de Almei-da Baptista, em novembro pas-sado. A segunda delas incluipropostas como o estabeleci-mento de um limite de 20% de“slots” (vôos/ hora) para cadacompanhia aérea nos aeropor-tos centrais, a proibição de vô-os regulares para cidades commais de 1 milhão de habitantese também para Estados limítro-fes.“Essa portaria proibiria vôos

de Congonhas, Santos Dumonte Pampulha para Curitiba e Vi-tória, percursos que têm bas-tante demanda comercial”, dizo coordenador da Comissão deSegurança de Vôo do SindicatoNacional das Empresas Aéreas(SNEA), Ronaldo Jenkins.Em reunião realizada em

Brasília, no início de dezembro,com o brigadeiro Carlos de Al-meida Baptista e o então chefedo Estado Maior da Aeronáuti-ca, brigadeiro Marcos Antôniode Oliveira, o presidente doSNEA, George Ermakoff, e Jen-kins apresentaram os argumen-tos técnicos das companhiasaéreas, contrários à medida docomando da Aeronáutica. Apartir desse encontro, o setorpassou a integrar o grupo detrabalho, através de represen-tantes dos sindicatos nacionaisdas empresas aeroviárias, oSNEA, e de táxi aéreo, o SNE-TA, além da Associação Bra-sileira de Aviação Geral. Outradecisão: um novo prazo, que ex-pira em janeiro, para nova

EMPRESASBUSCAMARGUMEN-TO TÉCNI-CO PARADISCUTIRCOM AAERONÁU-TICA

novos horários, mas não de exi-gir transferência de vôos.Para discutir o assunto foi

criado pelo Comando da Aero-náutica um grupo de trabalhointegrado pelo DAC, pela Em-presa Brasileira de Infra-estru-tura Aeroportuária (Infraero), epelo Departamento de Controledo Espaço Aéreo (DCEA). Asempresas ficaram de fora. Asprimeiras reuniões do grupo re-sultaram na redação de umaportaria que altera a nomen-clatura do sistema de vôo regu-lar do país e de outra que, aoestabelecer novas diretrizes pa-ra o tráfego aéreo regular nosaeroportos centrais, derrubouas medidas da Portaria 282,assinada pelo diretor-geral doDAC, major-brigadeiro-do-ar,Venâncio Grossi. Essas duasportarias não foram publicadasno Diário Oficial da União, masforam apresentadas aos repre-sentantes das empresas aéreas

JENKINSCoordenador do SNEA

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 41

reunião do grupo para avançarna busca de uma saída para oimpasse. “É um absurdo inter-ferir no mercado por decreto.As portarias do DAC são umamontoado de absurdos”, dizErmakoff. O presidente doSNEA afirma que Congonhasestá subutilizado, pois operacom 48 slots/ hora nos momen-tos de pico, diante de um limitepermitido de 51. A capacidade,no entanto, segundo ele, pode-ria ser aumentada para 65slots/hora com a implantaçãode alterações técnicas reco-mendadas pela empresa norte-americana de consultoria MitreCorporation. A empresa foicontratada, há dois anos, peloComando Geral da Aeronáuticapara realizar um estudo sobre ofluxo de tráfego aéreo nacionale detectou congestionamentono tráfego aéreo paulista. O mes-mo não foi constatado no Rio eem Belo Horizonte. O aeroportocentral de São Paulo receberáo equipamento ILS, para opera-ções de pouso e decolagem porinstrumentos, como resultado

das sugestões da Mitre. Assim,poderá aumentar o limite deslots/hora.“As atuais operações aéreas

nas três cidades são seguras.Rio e Belo Horizonte não têm con-gestionamento, mas não adian-ta levar vôos de Congonhas pa-ra Guarulhos, pois o problemaé que o tráfego aéreo paulistaestá todo congestionado com ademanda de Guarulhos, Con-gonhas, Campo de Marte e, tam-bém, Viracopos, em Campi-nas, que também integra o sis-tema”, diz o coordenador doSNEA, Ronaldo Jenkins.Segundo ele, a mudança

proposta pelo comando da Ae-ronáutica para São Paulo redu-ziria pela metade o número depassageiros de Congonhas, poislevaria 6 milhões de usuários/ano para Guarulhos. O SNEA,no entanto, segundo ele, fezprojeções e detectou que asmudanças poderiam conges-tionar Guarulhos. “O autor daportaria não tem a dimensão daproposta, pois não trabalhoucom números”, diz Jenkins.

Em Belo Horizonte, as alte-rações implicariam a transferên-cia de 30% dos passageiros doaeroporto da Pampulha, quetem 28 slots/hora, mas limitede 34. No Rio, o Santos Du-mont transferiria 750 mil pas-sageiros a cada ano para o Ga-leão. Jenkins questiona ainda oDAC sobre a saturação dos ter-minais de passageiros dosaeroportos centrais. “O termi-nal de passageiros da Pampu-lha já recebeu obras de amplia-ção há dois anos, o SantosDumont terá expansão e Con-gonhas tem espaço suficientepara aumentar a área de circu-lação dos passageiros”, diz ocoordenador do SNEA.Diante do impasse, Jenkins

diz que a disposição das em-presas é discutir com as autori-dades da Aeronáutica as pro-postas de mudanças, mas sobargumentos puramente técni-cos. “Não vamos nos opor radi-calmente. Podemos ceder emalguns pontos, mesmo na trans-ferência de alguns vôos. No en-tanto, as justificativas do DACnão procedem, pois parecerestécnicos permitem até mesmonovos horários nos aeroportoscentrais.” O Comando da Aeronáutica,

através de seu Centro de Co-municação Social, limitou-se ainformar que somente se pro-nunciará após o término das ne-gociações com as companhiasaéreas. O DAC e a Infraero tam-bém não se pronunciaram so-bre o assunto.

“É UMABSURDOINTERFERIRNO MERCA-DO PORDECRETO.AS POR-TARIAS DODAC SÃOUM AMON-TOADO DEABSURDOS”

CONGONHASAeroporto deSão Paulopode ter vôostransferidos pelaAeronáutica

FOTO AGÊNCIA ESTADO

42 CNTREVISTA JANEIRO 2003

PAINEL

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP) irá concluir em março de 2003 as obras de duplicaçãoda rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55), que liga as cidades do litoral sul. Os serviços que estão sendo executados referem-seao trecho entre os quilômetros 323 e 344. A obra está dividida em três lotes, a um custo total de R$ 37,7 milhões. Os trabalhos foram iniciadosem agosto de 2001.

Foi aprovado em dezembro de2002 pela Comissão de Consti-tuição e Justiça e de Redaçãoda Câmara e pela Comissão de Trabalho, Administração eServiço Público o substitutivodo Senado ao Projeto de Lei2660/96, que trata do períodode trabalho de motoristasprofissionais. Pela nova versão,o tempo máximo de direçãodos motoristas passa de quatro para cinco horas ininterruptas e o tempo dedescanso é reduzido de

Os recursos orçamentários previstos para o Ministério dos Transportes em 2003 tiveram uma redução de cerca de 30% em relação a 2002. O orçamento deste ano prevê a liberação de apenas 6,3 bilhões para osetor, que enfrenta problemassérios, principalmente emdecorrência do aumento de preço dos combustíveis. No setor rodoviário, a situação é tão crítica que a União deve transferir grande parte de sua malha para os Estados e para o Distrito Federal.

CAMINHONEIROS

uma hora para 30 minutos. O descanso diário ininterruptodos motoristas também foi diminuído de 12 para dezhoras. O não-cumprimento dos prazos estabelecidos passa a ser consideradoinfração gravíssima, sendo a multa aplicada proporcional-mente a cada hora ou fração de descanso que omotorista deixar de cumprir.Até o fechamento destaedição, o projeto não haviasido votado pelo Plenário.

DUPLICAÇÃO

ORÇAMENTO 2003

Os caminhoneirosterão que se ajustar à nova jornada de trabalho aprovadapelo Senado

FOTO PAULO FONSECA

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 43

Está tramitando no Congresso a proposta de que sejam instalados pára-choques traseiros e barras laterais em caminhõesde grande porte como partedos equipamentos de segurança obrigatórios doveículo. De acordo com o projeto, as barras lateraisdevem ser colocadas entre oseixos dos caminhões com pesobruto total superior a 10toneladas, sendo que os veículos novos, nacionais ouimportados, terão o prazo deum ano para se adaptar à nova regra. As alterações no pára-choque traseiro deverão ser obrigatórias apenas para veículos novos, fabricados no país, importados ou encarroçados a partir do dia 1º de março do anoseguinte, e com peso brutototal (PBT) superior a 4.600kg. A resolução também inclui os veículos de carga em circulação, com PBT superior a 4.600 kg, quevierem a sofrer alterações em suas características originais. Esses equipamentospodem evitar que os acidentes com carros de pas-seio, motos ou bicicletas tenham consequências graves como a destruição total dos veículos pequenos e a mortede seus ocupantes. A nova lei pode entrar em vigor no prazo de dois anos para não gerar prejuízos aos fabricantes.

Projetos de Lei que tramitamna Câmara dos Deputadospodem alterar o Código deTrânsito Brasileiro. Uma daspropostas (PL 7336/02) étornar indispensável a presença da autoridade detrânsito no local da infração,quando for utilizado aparelhoeletrônico ou equipamentoaudiovisual móvel ou portátil. A autenticidade desse procedi-mento estava sendo questiona-da, já que alguns contratos dosdepartamentos de trânsito dos

Passou a vigorar em 15 dedezembro de 2002 o forneci-mento obrigatório do vale-pe-dágio ao transporte rodoviáriode cargas. Através desse recurso, os donos das cargas eos embarcadores serão os

CÓDIGO DE TRÂNSITO

VALE-PEDÁGIO

SEGURANÇA

O transporterodoviário de cargas já contacom o vale-pedá-gio nas estradasfederais e estaduais

Estados prevêem o pagamentode um percentual sobre asmultas arrecadadas para asempresas proprietárias dessesaparelhos. Outro projeto (PL 6145/02) visa alterar a Lei5970/73 para permitir queagente de trânsito autorize, em caso de acidente, a imediata remoção das pessoasferidas e dos veículos envolvi-dos que estejam prejudicandoo tráfego. Atualmente, a legis-lação confere essa competên-cia apenas ao agente policial.

responsáveis pelo pagamento do pedágio nasrodovias estaduais e federais.O comprovante entregue aos caminhoneiros deve ser aceito por todas as concessionárias do país.

FOTO AGÊNCIA ESTADO

44 CNTREVISTA JANEIRO 2003

Se a máxima prega que educação éponto primordial para a civilidade ebem-estar social, um projeto está le-vando ao pé da letra e colocando cri-

anças e adolescentes na linha. Com o objeti-vo de combater os altos índices de acidentesde trânsito do Brasil, o Programa de Reduçãode Acidentes no Trânsito (PARE) de MinasGerais está tentando integrar o tema "Edu-cação para o Trânsito" aos conteúdos já exis-tentes nas escolas estaduais de ensino fun-damental e médio do Estado. É uma das for-mas encontradas para orientar sobre uma

das causas de morte mais frequentes no paíse que pode ser reduzida com educação, jádesde os primeiros contatos que as criançastêm com o trânsito. Em parceria com a Secretaria de Estado

da Educação (SEE), a proposta, pioneira nopaís, pretende atingir os 2,7 milhões de alu-nos das 3.905 escolas estaduais de Minas. Instituído em 1993 pelo Ministério dos

Transportes, o PARE tem como base o res-gate da postura de cidadania no trânsito. A co-ordenadora de educação do projeto, RoselyFantoni Silva, conta que já existem algumas

TRÂNSITOE

EM MINASO PARE VAI ENSINARBOASMANEIRAS A MILHÕES DE ALUNOS DAS ESCOLASPÚBLICAS

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 45

iniciativas municipais que trabalham a edu-cação para o trânsito, “mas um movimentodessa dimensão, com uma estratégia em ní-vel de Estado, é única”.Em abril deste ano foi realizado o 1º

encontro “Educação: O Caminho para a Pazno Trânsito”, destinado a técnicos das esco-las estaduais de Belo Horizonte, com repre-sentantes de cerca de 150 escolas. Depois,em outubro, as escolas do interior tambémforam mobilizadas. O objetivo foi orientar di-retores, supervisores, orientadores e profes-sores sobre a importância do tema no dia-a-dia da criança e discutir parcerias para aimplantação da proposta nas escolas.“Estes encontros foram importantes

porque os professores não sabiam a quemrecorrer e não conheciam os livros que po-diam utilizar como subsídio para o trabalhoem sala de aula”, diz Rosely. Para reforçar oapoio às escolas, foi distribuída relação dosórgãos parceiros do programa e suas respec-tivas atividades disponíveis aos professores.Representantes de movimentos de vítimas

de trânsito também foram convidados a falarpara os participantes dos encontros. MariaBeatriz Costa Pereira, do projeto “Viva e Dei-xe Viver”, reforçou a importância de se tra-balhar pontos como prudência, temperança,tolerância, responsabilidade e humildade nasescolas para ajudar a levar o aluno a uma re-flexão crítica, provocando, assim, transfor-mações no seu agir, pensar e conviver.

O consultor do MEC, Vinícius Ítalo Signo-relli, disse que, a partir dos anos 60, as esco-las de ensino fundamental e médio passarama tratar de questões tais como meio ambi-ente, orientação sexual, cultura e ética. Fo-ram criados, então, os temas transversais –assuntos abordados em todas as matérias deforma interdisciplinar.Signorelli ressalta que são vários os mo-

tivos que justificam a inclusão do tema trans-versal “trânsito” nas escolas, pois as princi-pais causas de doença ou morte entre cri-anças e adolescentes são as chamadas cau-sas externas, em que os acidentes de trânsi-to aparecem com destaque nas estatísticas.São mais de 1 milhão de vítimas fatais porano em todo o mundo, sendo que, dessenúmero, apenas 100 mil ocorrem em paísesdesenvolvidos.Signorelli afirma que a educação deve

proporcionar às crianças e jovens um con-junto de valores e de princípios éticos quepossibilitem compreender o significado e aimportância das leis e regras de trânsito.“Além da diminuição da quantidade e dagravidade dos acidentes, a educação para otrânsito pode colaborar para a atuação ade-quada diante de seu acontecimento. A soli-dariedade e as iniciativas a serem tomadasdiante de um acidente, os primeiros socorrose a imediata sinalização do local são algunsdos conteúdos que devem estar presentes nocurrículo”, comentou.

EDUCAÇÃO

PELA PAZA coordenadora do PARE,Rosely Fantoni Silva,responsável pelo desenvolvimento do projeto em Minas Gerais

FOTO PAULO FONSECA

46 CNTREVISTA JANEIRO 2003

AVolvo e a Fiat são exemplos de empresasque se preocupam em oferecer alternativaspara reduzir os índices de acidentes. Atra-

vés de programas de educação, muitas criançasestão aprendendo normas de segurança e soli-dariedade no trânsito.O projeto “Transitando”, desenvolvido pela

Volvo, é uma proposta na área da educaçãotransversal aplicado na grade curricular dasescolas. Através da participação ativa dos alunos,o projeto visa preparar professores e alunos doensino médio e contribuir para tornar o trânsitobrasileiro mais humano. Em seu desenvolvimen-to, busca competências no domínio das infor-mações e no aprimoramento de habilidadesnecessárias para comportamentos adequados nosistema de trânsito. Um kit de material didáticodistribuído pelo programa prepara professores dediversas disciplinas que compõem o currículo doensino médio.Na mesma linha, o projeto “Você Apita”, da

Fiat, é uma ação educativa que valoriza a capaci-dade dos estudantes de pensar e agir de formaresponsável. Ele também pretende ultrapassar oslimites da escola e ganhar a comunidade para dis-cutir os temas da mobilidade e segurança no trân-sito. A iniciativa da Fiat conta com o apoio daUnesco e é liderada pelos próprios alunos, que sãoos principais agentes da ação. A partir de um es-tudo do meio em que vivem, eles propõem eimplantam soluções criativas para melhorar a vidada comunidade. Cerca de 40 mil estudantes jáparticiparam do programa em 274 escolas de SãoPaulo, Santos, Sorocaba, Belo Horizonte, Uber-lândia, Betim, Juiz de Fora, Curitiba, Londrina eCaxias do Sul.

EMPRESAS INVESTEMEM AÇÕES SOCIAIS

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 47

Além das escolas estaduais, a coorde-nação do PARE está tentando mobilizar tam-bém as particulares através do Sindicato dasEscolas Particulares de Belo Horizonte (Si-nepe). O ideal é que todas as escolas desen-volvam sua grade curricular em sintonia como programa de educação para o trânsito. “Aproposta de trabalhar o tema dentro dasescolas traz resultados mais concretos, poisprepara a criança para uma postura cidadã.Com os adultos, é muito mais difícil trabalharessa formação, pois eles cresceram com umacultura diferente. Para educá-los, é precisopunir com multas, apreensão do veículo, cas-sação da carteira etc. Com as crianças, tra-balhamos a formação da consciência desdecedo e elas absorvem muito bem o conteúdo,pois isso faz parte do seu cotidiano.”Cada região do Estado está atuando num

ritmo diferente, de acordo com a realidadelocal. Técnicos que participaram dos encon-tros já elaboraram propostas e, aos poucos,estão colocando em prática nas suascidades. Por isso, não há uma previsão deimplantação do projeto em todas as escolas.Apesar de tantas boas intenções, o proje-

to de educação para o trânsito desenvolvido

pelo PARE ainda enfrenta dificuldades quelhe entravam o desenvolvimento. “Não sabe-mos o tamanho do nosso inimigo”, reclamouRosely, ao afirmar que não existem dadosseguros sobre o número de mortos e feridosem acidentes de trânsito. “As estatísticas sãomuito falhas e consideram apenas as pes-soas que morrem no local do acidente.”Segundo Rosely, outro grave problema

enfrentado pelo PARE é a falta de recursospara execução das propostas. Apesar de oCódigo de Trânsito Brasileiro determinar adestinação de recursos para programas desegurança e educação, a verba não está sen-do repassada. Pela lei, 10% dos valoresarrecadados destinados à Previdência Sociale ao Prêmio do Seguro Obrigatório de DanosPessoais Causados por Veículos Automotoresde Via Terrestre (DPVAT) deveriam ser repas-sados mensalmente ao coordenador do Sis-tema Nacional de Trânsito, para aplicaçãoexclusiva em programas de educação para otrânsito. Além disso, 5% das multas de trân-sito arrecadadas deveriam ser depositadas,mensalmente, na conta de fundo de âmbitonacional destinado à segurança e educaçãode trânsito.

“ALÉM DADIMINUIÇÃO DA QUANTIDADEE DA GRAVIDADE DOS ACIDENTES,A EDUCAÇÃOCOLABORA PARA A ATUAÇÃO ADEQUADADIANTE DOACONTECIDO”

TRANSITANDOA educação do trânsito resulta em uma postura mais cidadã

FOTO DIVULGAÇÃO

48 CNTREVISTA JANEIRO 2003

Os combustíveis que sa-em das bombas dospostos direto para ostanques dos carros po-

luem não apenas o ar que ohomem respira. Gasolina, óleodiesel e álcool, no caso de vaza-mentos provocados pela corro-

são de tanques subterrâneosdesses estabelecimentos, tam-bém podem contaminar de for-ma irreversível o subsolo e len-çóis freáticos, fornecedores deágua para a população de umacidade. Como o vazamento nãoé percebido no dia a dia, na

maioria das vezes somente édetectado num estágio avança-do de contaminação do meioambiente ou do comprometi-mento da prestação de serviçosessenciais, ao inundar galeriassubterrâneas pluviais e de esgo-to, além daquelas utilizadas pe-

UMAMEDIDA PAMBIENTE

CONAMA

CIDADESOs postos perto de residências preocupam o Conama

FOTO PAULO FONSECA

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 49

las empresas de telefonia, ener-gia elétrica, gás etc. Isso semfalar dos riscos de incêndios eexplosões em áreas densamen-te povoadas.Devido a inúmeros casos de

vazamento no país nos últimosanos e pelo fato de uma parcelasignificativa dos mais de 28 milpostos de venda de combus-tí-veis a varejo do país terem en-tre 15 e 20 anos de funciona-mento – a sobrevida desse equi-pamento é de 10 a 15 anos,mas existem tanques instaladoshá 50 anos –, a proposta para aprevenção e correção desse pro-blema surgiu através da Reso-lução 273, de novembro de2000, do Conselho Nacional doMeio Ambiente (Conama), queintegra a estrutura do Ministériodo Meio Ambiente.A medida exige licença am-

biental, tanto para a instalaçãocomo para a continuidade defuncionamento dos estabeleci-mentos comerciais de com-bustíveis no país. Assim, foramenquadrados desde os postosde varejo, como os de proprie-dade de empresas para abas-tecimento da frota própria de veí-culos, a exemplo das transpor-tadoras de carga e passageiros;

o transportador e revendedorretalhista e os postos flutuantes,que abastecem embarcações.Dentre as exigências da res-

olução do Conama estão o testede “tanqueidade”, a instalaçãode equipamentos e sistemas demonitoramento, proteção e detec-ção de vazamentos, informa-ções sobre localização do em-preendimento em relação acursos d’água, tipo de vegeta-ção e edificações da região, aná-lises hidrogeológicas e do solo,localização em relação a poçosde captação de água para abas-tecimento da população, treina-mento de funcionários para açõesde prevenção e de emergênciae tratamento de resíduos.Desde janeiro do ano passa-

do, cada Estado passou a apli-car a resolução e incluir exigên-cias técnicas específicas permi-tidas pela medida. Os primeirosseis meses foram para o cadas-tramento dos estabelecimentosjunto às secretarias estaduaisou municipais do Meio Ambi-ente. Os seis seguintes servirampara os órgãos ambientais envol-vidos validarem ou não os ca-dastros e autuarem aqueles queignoraram a exigência do Cona-ma. A próxima fase será a con-

ferência das informações cadas-trais no local e autuação dos pos-tos que ignoraram o cadastro. Dados da Companhia de Tec-

nologia de Saneamento Ambi-ental do Estado de São Paulo(Cetesb) indicam que, nos últi-mos cinco anos, ocorreu um nú-mero significativo de vazamentosde combustíveis, resultantes dafalta de manutenção de equipa-mentos, deterioração de tan-ques e tubulações, e de falhasoperacionais decorrentes do des-preparo dos profissionais dos es-tabelecimentos.Para a Divisão de Tecnologia

de Riscos Ambientais da compa-nhia, os vazamentos em postosde gasolina têm sido respon-sáveis por cerca de 10% de to-das as emergências atendidasno Estado – foram registrados 33casos em 1997, 69 em 1998,67 em 1999, 54 em 2000 e 38casos em 2001.“A obrigatoriedade do licen-

ciamento é necessária porquegrande parte dos estabeleci-mentos localiza-se em áreas den-samente povoadas, o que sujei-ta a população a riscos em ca-sos de vazamentos de tanques,que podem provocar a contami-nação do solo e das águas sub-

PARAOBEMDECISÃODO CONAMAEXIGENOVOSTANQUESPARA EVITARRISCOSPARA OUSUÁRIO,MAS GERAPOLÊMICACOM OSDONOS DEPOSTOS

50 CNTREVISTA JANEIRO 2003

terrâneas, além de incêndios eexplosões”, diz o gerente da Co-ordenadoria de LicenciamentoIntegrado da Cetesb, Mauro Sato.A Cetesb espera enquadrar

todos os estabelecimentos numprazo de cinco anos. Por isso, ini-ciou em maio do ano passadoos procedimentos para adequa-ção dos postos revendedores,de abastecimento e flutuantes eos sistemas retalhistas de com-bustíveis. Em novembro, con-cluiu o cadastramento de 8.000postos paulistas, 3.000 dosquais na Grande São Paulo. Jáem julho, passou a convocar oprimeiro lote de estabelecimen-tos sob cadastro para repassaras exigências de enquadramen-to ambiental em seis meses – aconvocação ocorreu em funçãode um ranqueamento feito combase nas informações de cadas-tro como localização, idade dos

Em Minas Gerais, a Funda-ção Estadual do Meio Ambiente(Feam) firmou uma parceria como Conselho Regional de Engen-haria e Arquitetura (Crea-MG)para a vistoria dos 5.500 postosdos 853 municípios do Estado –dos 14 mil postos tanques ins-talados nos 5.500 postos deMinas, 1.850 têm mais de 20anos de uso, enquanto o res-tante tem até dez anos. ApenasBelo Horizonte e Contagem rea-lizam por conta própria a fisca-lização ambiental desses estabe-lecimentos, devido a convêniocom a Secretaria Estadual doMeio Ambiente.O cadastramento foi todo in-

formatizado, uma novidade quedeve ser copiada por outrosEstados, e permitiu o registro de3.520 postos, através de infor-mações recebidas pela Internetentre novembro e dezembro de2001. “A partir desse relatório,emitimos formulários com as ori-entações específicas para cadaposto cadastrado se enquadrarna legislação ambiental. Assim,pudemos checar os postos quenão se cadastraram e que serãoautuados entre 379,12 a 7.000UFIRs”, diz Eduardo Luis de Al-meida Bacelar, gerente da Di-visão de Postos de Combus-tíveis da Feam. As informaçõesdo cadastro geraram um impor-tante banco de dados com operfil dos postos, e a etapa se-guinte será a checagem, pelostécnicos do Crea-MG, do aten-dimento das exigências dentrodo prazo estabelecido.

tanques e histórico de proble-mas como vazamentos.“Os postos com mais de 15

anos terão de fazer uma refor-ma completa das instalações, oque inclui a troca dos tanques.Os com menos de 15 anos de-verão se adequar a uma série demedidas, sem, necessariamen-te, ter de trocar os reserva-tórios”, diz Kazuo Sato. Já o es-tudo de passivo ambiental é obri-gatório para todos, o que incluiperfurações no solo para detec-tar possíveis contaminações domeio ambiente.“Essas medidas são impor-

tantes porque a contaminaçãodo solo é um caso gritante, só évista quando atinge o vizinho.Os estabelecimentos são um so-matório potencial de uma po-luição silenciosa”, diz o gerenteda Coordenadoria de Licencia-mento Integrado da Cetesb.

“TODOSESTÃOSUJEITOS ARISCOS EMCASOS DEVAZAMEN-TOS, QUEPODEMPROVOCARA CONTA-MINAÇÃODO SOLOALÉM DEINCÊNDIOS”

FOTO PAULO FONSECA

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 51

Para Bacelar, as medidas ori-ginárias da resolução do Cona-ma “não têm volta” e buscamevitar a contaminação de len-çóis freáticos por combustíveis,como o registrado em um postono município de Martinho Cam-pos, no Oeste do Estado, emconsequência de um vazamen-to de diesel.Para o coordenador de meio

ambiente da Federação Nacio-nal do Comércio Varejista deCombustíveis e Lubrificantes,Roberto Roche, o mérito da reso-lução do Conama é inques-tionável, mas algumas distor-ções têm de ser corrigidas. En-tre elas, a “brecha” que permitea cada Estado acrescentar exi-gências que, em muitos casos,têm um custo muito alto paraos empresários do setor. “AFeema (no Rio) exige dez exa-mes de níveis de hidrocarbone-tos poliaromáticos, que têm umcusto de R$ 10 mil, valor que odono de posto com duas bom-bas não pode pagar”, diz Ro-che. Ainda de acordo com o coor-

denador, a Cetesb exige a insta-lação de uma válvula de re-tenção de vapor nas bombas,enquanto a Feam (em Minas)pede uma série de análisesquímicas, “todas de alto custo”.Segundo ele, a solução para es-sas “distorções” da Resolução273 em vários Estados poderásair das discussões do grupo detrabalho criado pelo Ministériodo Meio Ambiente e que terácontinuidade em janeiro.

No Rio de Janeiro, os técnicos da Fundação Estadual deEngenharia e Meio Ambiente (Feema) começaram a se pre-ocupar com o vazamento de combustíveis em postos desde1986, a partir de problemas registrados em galerias subter-râneas da Cedae, Telerj e Light. “Na época, começamos aatender a demanda e passamos a regulamentar ações e ela-borar normas técnicas e diretrizes para o licenciamento depostos”, diz a chefe da Divisão de Operação de Campo daFeema, Vilma Cardoso.Segundo ela, dentre as medidas destacaram-se as exigên-

cias para a limpeza do solo e de toda a área sob vazamentoe a realização de teste periódico de “tanqueidade” comomedida preventiva, que confirmaram a necessidade de trocade cerca de cem desses equipamentos no Rio, a maioria nacapital – hoje existem 2.300 postos de venda de combustíveisno Estado, 80% deles no município do Rio. Para reforçar o trabalho da Feema, uma lei estadual

aprovada em 1997 exige a troca, até janeiro de 2003, detodos os tanques de combustíveis com mais de 15 anos deinstalação. “Essa lei é importante porque existem muitos pos-tos antigos no município do Rio, e a maioria deles ainda usatanques velhos”, diz Vilma Cardoso.A chefe de Operação de Campo da Feema ressalta que, se

por um lado já é pequena a resistência dos donos de postosna hora de atender à legislação ambiental, por outro a fiscali-zação se depara com as dificuldades financeiras de estabe-lecimentos sem bandeira e menores para arcar com investi-mentos que podem chegar a R$ 30 mil na troca de tanques.“Mesmo assim, o processo de recuperação de área degrada-da por vazamento pode ser dez vezes mais oneroso do que oatendimento da legislação.”

RIO CRIA LEI PARATROCA DE TANQUES

“ESSASMEDIDASSÃOIMPOR-TANTESPORQUE A CONTA-MINAÇÃODO SOLO ÉUM CASOGRITANTE,SÓ VISTAQUANDOATINGE OVIZINHO.”

REGULAMENTOOs postos têm que adequar suasinstalações

FOTO AGÊNCIA ESTADO

MELHORESDEM SUA 9ª EDIÇÃO PRÊMIO CNT DE JORNALISMO CONSAGRA

PRÊMIO CNT Cid Martins, Carmélio Dias, Marcelo Sayão, Clésio Andrade, Edmílson Ávila, Ricardo Azeredo e Edson de Castro

FOTO JÚLIO FERNANDES/CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 53

Anona edição do Prêmio CNTde Jornalismo foi comemo-rada com festa de gala emBrasília, em 3 de dezem-bro de 2002. Mais de 1.700

pessoas, entre empresários, políticos,jornalistas e convidados prestigiaramo evento, que aconteceu no Clube doExército e teve apresentação do jor-nalista Pedro Bial.Criado para estimular e divulgar

trabalhos jornalísticos que contribuampara um melhor entendimento pela so-ciedade e poder público da importân-cia do transporte na vida econômicado país, o Prêmio CNT reuniu, nesteano, 147 reportagens de profissionaisde todas as regiões brasileiras, 17,8%delas de material publicado em veícu-los impressos e os demais na mídiaeletrônica (rádio e TV) e em fotojor-nalismo. Os grandes vencedores foram os

jornalistas Edmilson Ávila e Ricardo Aze-redo, da Rede Globo, pela série dereportagens “Estrada”. Além do reco-nhecimento de seu trabalho, a duplarecebeu um troféu e R$ 15 mil – osganhadores das categorias mídia im-pressa, rádio, televisão e fotografiaganharam um prêmio de R$ 5 mil. O Grande Prêmio foi entregue pelo

presidente da CNT, Clésio Andrade, epelo deputado federal Oscar Andrade(PFL-RO), relator da CPI de roubo decargas. Clésio Andrade destacou queo objetivo do prêmio é contribuir coma sociedade. “O (Prêmio) CNT de jor-nalismo mostra sua independência.Não estamos preocupados aqui se écontra ou a favor da empresa de trans-portes. Buscamos ressaltar o papel ea importância do transporte para a eco-nomia do país”, afirmou.

DOANOE DUPLA DE REPÓRTERES DA REDE GLOBO

54 CNTREVISTA JANEIRO 2003

O repórter Cid Martins, da Rádio Gaúcha,de Porto Alegre, venceu na categoria rádiocom a série de reportagens “Viagem sem Re-torno - Famílias ainda aguardam pela voltade 10 caminhoneiros”. O empresário GeraldoViana, presidente da Associação Nacional dasEmpresas Transporte Rodoviário de Cargas(NTC) entregou o troféu e o cheque ao re-pórter de 31 anos e cinco de profissão.Na categoria fotojornalismo, o primeiro

colocado foi Marcelo Sayão Fernandes, queconcorreu com a foto “Voadeira do Rio Ne-gro”, produzida para uma série especial darevista “Planeta Terra”. O fotógrafo do jornal“O Globo” recebeu o troféu e o prêmio doempresário Newton Gibson, presidente daAssociação Brasileira de Transportadores deCarga (ABTC). O jornalista Edson de Castro, da TV Cul-

tura (emissora educativa de São Paulo), foi ovencedor, com a série de matérias “Guerrano Asfalto”, na categoria telejornalismo. O re-pórter recebeu o prêmio do empresário Otá-vio Cunha, presidente da Associação Na-cional das Empresas de Transportes Urbanos(NTU).O presidente de honra da CNT, Thiers Fat-

tori da Costa, entregou o prêmio ao jornalistaCarmélio Dias, vencedor da categoria mídiaimpressa com a matéria “Freada Brusca naVerdade”, publicada no jornal “O Dia”, do Riode Janeiro.

Show

Depois das homenagens e entregas dosprêmios, um os convidados foram brindadoscom um show em tributo a Tim Maia ao somda banda Vitória Régia, que acompanhava ocantor. As canções de Tim Maia foram lem-bradas e interpretadas por músicos de váriasgerações, como Luciana Melo, Roberto Fre-jat, Fernanda Abreu, Ed Motta e Jorge BenJor.

MÍDIA IMPRESSAFREADA BRUSCA NA VERDADECarmélio DiasO DIA (RIO DE JANEIRO)

Há três anos no jornal “O Dia” e há cincoanos no mercado, Carmélio Dias, 31, não ti-nha idéia de que a cobertura de um aci-dente, ocorrido em setembro de 2000, fosserender um prêmio e também mobilizar fami-liares de vítimas de acidentes descrentescom a justiça. O pai de Alan Fernandes daSilva Mello, estudante morto em um acidentede trânsito em Ipanema (zona sul do Rio deJaneiro), foi procurado pelo motorista Gonça-lo Felipe de Moraes, que revelou ter sidoobrigado pela empresa de ônibus AmigosUnidos a adulterar dados registrados pelotacógrafo, porque no momento do acidenteo veículo havia ultrapassado o limite de 60km/h. A reportagem traz o depoimento domotorista e também revela as evidências defraude no equipamento. “O mais importantefoi dar voz ao pai do garoto. Tudo o que elequer é justiça. Perdeu o que tem de maisprecioso na vida, que é um filho”, disse o jor-nalista.

PREMIADOS F “O PRÊMIO CNTMOSTRA SUAINDEPENDÊNCIA.NÃO ESTAMOSPREOCUPADOSSE É CONTRA OU A FAVOR DA EMPRESA DETRANSPORTE.BUSCAMOSRESSALTAR OPAPEL DOTRANSPORTEPARA A ECONOMIA DO PAÍS”

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 55

FOTOJORNALISMOVOADEIRA NO RIO NEGROMarcelo SayãoO GLOBO (RIO DE JANEIRO)

O repórter fotográfico Marcelo Sayão, 37,escolheu a foto premiada em uma séria real-izada para um especial em quatro edições darevista “Planeta Terra”, com várias viagensna região Amazônica. Há 13 anos como fotó-grafo, Sayão iniciou sua carreira no “Diáriode Natal”, do Rio Grande do Norte. e está hácinco anos em “O Globo”.

A escolha pelo transporte ribeirinho sedeveu à plasticidade da foto aérea, tiradacom um filme de 200 asas. Na imagem,observa-se a trilha formada por um barco,como se fosse uma espécie de rodovia. ParaSayão, “um prêmio de abrangência nacionale com a credibilidade da CNT é importantepara a carreira e currículo de todo jornalista”.

RÁDIOVIAGEM SEM RETORNO Cid MartinsRÁDIO GAÚCHA (PORTO ALEGRE)

Quando saiu da redação, para cobrir amissa de um padre ex-caminhoneiro do Pa-raná, Cid Martins, não imaginava iria produziruma série de reportagens sobre os prejuízosprovocados pelo roubo de cargas e relatosemocionados de familiares e amigos de cami-nhoneiros que nunca mais voltaram paracasa.A reportagem deveria mostrar uma missa

de domingo em que estavam presentes par-entes de caminhoneiros desaparecidos. “Ini-cialmente, vi de perto o drama de famílias queaguardam a volta de caminhoneiros seqües-trados. A seguir, descobri que o prejuízo dosetor de transportes, por ano, chega a R$ 80milhões, em função de assaltos a caminhões.”

FALAM SOBRE AS REPORTAGENS

CRIADO PARAESTIMULAR UM MELHORENTENDIMENTODO TRANSPORTENO PAÍS, OPRÊMIO CNTRECEBEU, EM2002, 147INSCRIÇÕES

“Voadeira do Rio Negro”,de Marcelo Sayão, vencedor do Prêmio CNTde fotojornalismo

56 CNTREVISTA JANEIRO 2003

GRANDE PRÊMIOESTRADASEdmilson Ávilla e Ricardo AzeredoREDE GLOBO DE TELEVISÃO

O Grande Prêmio de 2002 foi concedido aEdmilson Ávila e Ricardo Azeredo, pela série“Estradas”, com nove reportagens veiculadaspelo “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Elespercorreram simultaneamente mais de 4.200km, entre Porto Alegre e Fortaleza (pela BR-101) e Fortaleza e Porto Alegre (pela BR-416), para mostrar aos telespectadores ascondições de conservação e os principais pro-blemas enfrentados pelos motoristas nasestradas do país. Ávila, que trabalha há sete anos na Globo

e atua há 13 anos como jornalista, destacacomo mérito da série a sintonia com a popu-lação. “Muita gente ligava para comentar asmatérias, dar sugestões”. No trajeto entre For-taleza e Porto Alegre, Ávila disse ter ficadoapreensivo ao atravessar a região conhecidacomo Polígono da Maconha, entre Pernambu-co e Bahia. “Tivemos que viajar em comboio,com escolta da polícia. Uma grande tensão”,recordou.Para Ricardo Azeredo, 40 anos, 18 de jor-

nalismo e 12 na RBS, afiliada da Globo emPorto Alegre, o mais interessante e, ao mes-mo tempo, difícil foi atravessar o país e ver deperto as diferentes realidades de cada cantodo Brasil. Com a mesma série, ele venceueste ano o prêmio regional do Sindicato deEmpresas de Transporte de Carga do RioGrande do Sul.

TELEJORNALISMOGUERRA NO ASFALTOEdson de CastroTV CULTURA (SÃO PAULO)

A série de cinco reportagens do jornalistaEdson de Castro fez um diagnóstico sobre osacidentes de trânsito na cidade de São Pau-lo, as crianças vítimas de lesões, os serviçosde resgate, o atendimento de emergência noposto de saúde de um hospital público, alémdas ações que tentam reduzir o número des-tes acidentes.“Tive contato com dados surpreendentes,

como a morte de 1.200 crianças por ano, víti-mas do trânsito”, disse. Emocionado, Castroconta que a Associação de Assistência à Cri-ança Deficiente (AACD) elogiou a abordagemdas reportagens sobre a questão e está uti-lizando trechos em campanhas da entidade.“Na TV pública, apesar da falta de recursos,é possível fazer muito. Ela não está preocu-pada com o show, com o espetáculo. Mostraproblemas, mas apresenta alternativas”.

A comissão julgadora do Prêmio CNT de Jornalismo foi composta por trêsjornalistas, Fábio Panuzio (TV Bandeirantes de Brasília), Marilena Chia-relli (diretora da TV Senado) e Luiz Cláudio Cunha (da sucursal de

Brasília da revista “IstoÉ”) e dois professores, João José Curvello (Comuni-cação Social/Universidade Católica de Brasília) e Adelaide Figueiredo (UCB),especializada em transporte. Durante 25 dias, os jurados se reuniram para ler,assistir, escutar e avaliar as 147 matérias inscritas no concurso. Cada matériafoi avaliada e pontuada com notas de zero a 10 para cinco itens: criatividade,esforço, impacto, oportunidade e alcance. Marilena Chiarelli, que representouos jurados na entrega do prêmio, disse que foi difícil escolher, num universotão grande de matérias, as melhores. “Tivemos que ler, assistir e escutar 147trabalhos de qualidade em menos de um mês”, afirmou ao destacar a im-portância do prêmio para o estímulo à prática de jornalismo de qualidade.

JÚRI DESTACA A QUALIDADEDOS TRABALHOS INSCRITOS

RECONHECIMENTOClésio Andrade, Edmílson Ávila e Ricardo Azeredo

FOTO JÚLIO FERNANDES/CNT

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 57

Apesquisa de cons-trução do Índice deDesempenho Econô-mico do Transporte(Idet), desenvolvida

há seis anos em parceria com aFundação Instituto de PesquisaEconômica da Universidade deSão Paulo (Fipe/ USP), mudoude metodologia. O novo índiceleva em conta os registros men-sais por unidade da federação eem todos os modais de trans-porte: a) tonelagem transportadab) tonelagem/quilômetro trans-portada

c) passageiro transportadod) passageiro/quilômetro trans-portado

e) índice de empregoA técnica de estatística de

amostragem estratificada alea-

tória foi usada para a obtençãodas informações nos modaisque não apresentavam dados pri-mários. Para estratificar a popu-lação foi necessário um cadas-tro que descrevesse a popula-ção das empresas de transporteno Brasil.Foi utilizado o cadastro da

Relação Anual das InformaçõesSociais (Rais), de 1992, do Min-istério do Trabalho, completadopelos cadastros da AssociaçãoBrasileira das Empresas deTransporte Rodoviário Intermu-nicipal, Interestadual e Interna-cional de Passageiros (Abrati),Associação Nacional das Em-presas de Transportes Urbanos(NTU), Associação Nacional dasEmpresas de Transporte Rodo-viário de Carga (NTC), Sindicatodas Empresas de Transporte de

Passageiros do Estado de SãoPaulo (SETPESP), Sindicato dasEmpresas de Transporte de Car-ga de São Paulo e Região(SETCESP), Departamentos deEstradas de Rodagem dos Esta-dos, Departamento Nacional deEstradas de Rodagem (DNER),federações e sindicatos de pas-sageiros e de cargas.As empresas que na Rais

declararam pertencer ao setortransporte foram estratificadasem três modais: rodoviário decarga, rodoviário de passageirose urbano de passageiros, e cadamodal por unidade da feder-ação. Para o modal urbano depassageiros também foram es-tratificadas as empresas con-forme estavam situadas no inte-rior e nas capitais ou regiõesmetropolitanas.

PESQUISATEM NOVOMÉTODO

IDET

ESTATÍSTICA

ÍNDICEAGORAANALISAREGISTROMENSALPOR ESTADO EM TODOSOSMODAIS

ÍNDICE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DO TRANSPORTE (IDET/FIPE/CNT)MODAL RODOVIÁRIO DE CARGA TRANSPORTADA

DESTINO AL BA CE DF ES GO MA MG MS MT NOORIGEM

AL - 71,19 12,90 - - - - 54,00 - - - 3

BA 165,04 1.992.585,45 94,90 - - - - 31,15 - - - 3

CE 60,18 541,64 85,97 2,41 7,24 14,48 98,87 33,27 - - 15.951,47

DF - - - 67.864,51 - 89.457,76 - - - 27.762,75 71.490,01

ES - - - - 184.220,80 - - 49,17 - - - - - - - 2

GO 12,72 1.137,05 4.437,84 26.495,81 1.364,80 981,19 9,66 1.719,68 694,14 375,99 632,20

MA - - - - - - - 2,41 - - - - - - - 2

MG 9.885,12 122.583,15 16.407,06 72.573,12 3.366,59 22.097,01 3.632,81 431.463,37 140,31 92,88 2.681,70

MS - - - - - 176,03 - 2,41 79.571,48 1.637,44 -

MT - - - - - 68,82 - - 841,33 6.166,20 67.085,27

RO - 158,32 388,86 3.462,27 11,35 538,74 3.044,99 5.372,24 - 56,77 14.338,91

PB 44,78 170,56 187,44 - - - 94,23 294,97 - - 130,64

PE 385,89 1.027,03 353,78 2.370,43 - 84,49 100,69 2.421,09 10,86 7,24 4.873,40

PI - - - - - - 17,19 - - - 8,60

PR 24,14 183,46 72,42 1.027,76 16,96 1.507,91 48,28 11.445,93 2.264,23 10.906,57 106,78

RJ 357,72 2.044,18 535,14 5.067,92 11.351,58 6.662,09 251,01 252.968,21 16.389,19 13.473,74 724,90

RN - 28,21 158,75 - - - - 347,04 - - - 7

RS 90,50 35.143,51 344,75 703,58 19,31 1.186,15 80,85 6.651,05 7,24 67.592,52 155,13

SC 7,24 258,32 12,07 9,66 7,24 5,02 24,14 171.412,11 - 13.924,32 28,97

SE 4,30 213,21 62,60 4,83 - - 73,08 82,73 - - 22,55

SP 314,15 55.313,88 17.459,32 165.414,55 24.591,10 72.947,15 590,45 560.068,43 43.650,80 156.388,19 357.396,12

TOTAL 11.351,79 2.211.459,14 40.613,80 344.996,85 224.956,97 195.726,84 8.066,25 1.444.419,24 143.569,59 298.384,63 535.626,63

Observação: Posição de novembro de 2002 Diretoria Executiva - DIEX/CNT Coordenação de Economia, Estatística e Pesquisa - CEEP/DIEX.

PB PE PI PR RJ RN RS SC SE SP TOTAL

329,76 201,73 - - 17,72 - - - - 1.395,36 2.082,66

375,54 1.066,48 4,30 702,45 13.538,61 21,49 50,16 8.392,85 233,29 868.819,34 2.886.081,06

64,48 262,00 123,99 - 323,89 120,36 38,92 7,24 42,99 2.332,28 20.111,68

- - - - - - - - - - 256.575,04

- - - - 23.523,34 - - - - 75.702,55 283.495,86

1.527,24 14.158,87 9,66 172,88 22.928,33 2.232,66 86,44 - 4,83 44.359,35 123.341,33

- - - - 29,79 - - - - 4,83 37,04

6.045,84 34.766,52 5.715,60 1.864,68 102.780,40 4.764,10 27.470,22 4,51 5.992,06 474.580,57 1.348.907,62

- - - 90,58 647,03 - - - - 5.299,61 87.424,59

- - - 3.807,79 72.510,74 - 31.286,74 3.438,10 - 71.591,86 256.796,85

42,85 2.871,85 118,99 119,97 3.563,70 50,23 41,13 2,41 - 251.554,07 285.737,64

17.209,70 30.927,10 442,75 2,41 271,45 81,37 99,10 - 18,13 547,57 50.522,20

43.364,94 171.539,60 154,69 43,11 313,79 1.107,25 138,32 12,07 328,75 2.323,76 230.961,18

8,60 - 4,30 - 18,25 - - - - 26,70 83,65

26,55 67,24 28,97 116.308,37 77.054,50 16,90 74.778,46 18.727,84 26,55 285.984,30 600.624,11

649,34 1.833,02 192,78 285.062,07 133.291,26 222,64 69.908,27 355.497,90 186,13 1.232.206,86 2.388.875,97

73,08 49.170,38 8,60 - 375,61 30,09 7,24 12,07 38,69 1.298,18 51.547,93

243,31 465,25 75,19 49.363,08 81.465,48 171,82 1.109.841,58 204.185,58 74,37 896.620,24 2.454.480,51

7,24 194,35 14,48 197.030,47 57.682,75 7,24 271.196,60 20.470,60 9,66 241.566,60 973.869,08

- 125,72 79,79 - 110,94 22,02 4,83 19,31 51,58 1.583,75 2.461,24

1.699,12 47.599,01 741,64 978.413,68 1.366.652,10 1.587,38 1.877.769,75 249.871,45 890,41 18.764.348,63 24.743.707,31

71.667,58 355.249,13 7.715,72 1.632.981,55 1.957.099,69 10.435,56 3.462.717,78 860.641,96 7.897,44 23.222.146,39 37.047.724,53

DESTINO AL BA CE DF ES GO MA MG MS MT PAORIGEM

AL - 11.548 1.203 658 261 216 - 1.055 - - 805

BA 11.548 - 4.203 3.372 14.653 2.985 - 9.980 - - 1.032

CE 1.203 4.203 - 1.114 592 236 5.598 2.620 - - 7.734

DF 658 3.372 1.114 - 2.963 - 3.075 36.707 1.236 6.460 2.102

ES 261 14.653 592 2.963 - - - 44.191 - 19 -

GO 216 2.985 236 - - 90 3.353 31.738 4.100 9.445 1.621

MA - - 5.598 3.075 - 3.353 - 408 - - 4.372

MG 1.055 9.980 2.620 36.707 44.191 31.738 408 - 5.406 3.109 660

MS - - - 1.236 - 4.100 - 5.406 - 14.341 -

MT - - - 6.460 19 9.445 - 3.109 14.341 - - - - - 6

PA 805 1.032 7.734 2.102 - 1.621 4.372 660 - - - 2

PB 1.664 2.472 6.968 605 - - 223 - - - 298

PE 31.691 146.622 14.965 2.237 - 848 2.967 1.039 - - 1.422

PI 185 1.495 12.692 3.094 53 99 7.238 - - - 4.669

PR 198 1.092 148 4.012 - 3.148 - 10.973 11.462 6.768 -

RJ 2.555 10.563 6.797 23.115 46.654 4.581 3.623 205.290 5.023 352 2.668

RN 5.092 1.349 24.670 558 - 131 224 2.773 - - 997

RO - - - 122 129 226 - 268 311 1.984 -

RS - - 140 3.358 - 459 - 21 168 193 -

SC - - 73 1.773 - 436 - 191 643 - - - - - 8

SE 9.834 37.321 - 649 441 156 - 673 - - 81

SP 8.914 46.061 21.646 33.839 8.862 37.684 4.532 211.023 32.536 19.238 2.647

TOTAL 75.878 294.748 111.399 131.050 118.818 101.552 35.612 568.125 75.226 61.910 31.107

ÍNDICE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DO TRANSPORTE (IDET/FIPE/CNT)MODAL RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS - INTERESTADUAL

PB PE PI PR RJ RN RO RS SC SE SP TOTAL

1.664 31.691 185 198 2.555 5.092 - - - 9.834 8.914 75.878

2.472 146.622 1.495 1.092 10.563 1.349 - - - 37.321 46.061 294.748

6.968 14.965 12.692 148 6.797 24.670 - 140 73 - 21.646 111.399

605 2.237 3.094 4.012 23.115 558 122 3.358 1.773 649 33.839 131.050

- - 53 - 46.654 - 129 - - 441 8.862 118.818

- 848 99 3.148 4.581 131 226 459 436 156 37.684 101.552

223 2.967 7.238 - 3.623 224 - - - - 4.532 35.612

- 1.039 - 10.973 205.290 2.773 268 21 191 673 211.023 568.125

- - - 11.462 5.023 - 311 168 643 - 32.536 75.226

- - - 6.768 352 - 1.984 193 - - 19.238 61.910

298 1.422 4.669 - 2.668 997 - - - 81 2.647 31.107

- 95.103 141 - 14.181 27.144 - - - 2.230 11.994 163.021

95.103 - 3.586 - 8.171 30.097 - - - 9.337 24.636 372.722

141 3.586 - - 2.375 77 - - - - 8.501 44.208

- - - - 24.844 - 289 25.603 84.853 140 252.981 426.512

14.181 8.171 2.375 24.844 - 6.814 - 6.973 6.540 3.279 277.826 662.225

27.144 30.097 77 - 6.814 - - - - 2.398 10.109 112.431

- - - 289 - - - 21 - - 2.120 5.468

- - - 25.603 6.973 - 21 199 55.051 - 20.544 112.730

- - - 84.853 6.540 - - 55.051 9.202 - 22.472 181.235

2.230 9.337 - 140 3.279 2.398 - - - - 5.799 72.337

11.994 24.636 8.501 252.981 277.826 10.109 2.120 20.544 22.472 5.799 32.058 1.096.020

163.021 372.722 44.208 426.512 662.225 112.431 5.468 112.730 181.235 72.337 1.096.020 4.854.334

62 CNTREVISTA JANEIRO 2003

NEGÓCIOSTRANSPORTE AÉREO

ALTA EM ITAJAÍ

O porto de Itajaí movimentou, entre janeiro e novembro de 2002, mais de 3 milhões detoneladas de cargas em seu cais comercial,uma alta de 36% no comparativo com o mesmoperíodo de 2001. Apenas em novembroforam movimentadas 313 mil toneladas, 6,28% a mais que no mesmo mês do ano passado. De acordo com o diretor de Logística doporto, Luiz Antônio Martins, as cargas em contêineres representaram85% do total no mês passado.

A TAM resolveu investirtambém no transporte decargas. A oferta de espaçoda categoria foi multiplica-da por dez, o suficientepara triplicar o movimentocargueiro atual. O novo sistema exigiu investimentode aproximadamente US$2 milhões e permite o rastreamento, em temporeal, de todos os volumestransportados em qualqueretapa do processo. A partirde janeiro, os clientes da

empresa fazem consultason-line sobre suasencomendas. Atualmente,cerca de 20% da cargatransportada é captada nobalcão e 80% vêm deagentes. A maior parte dofaturamento da empresavem do serviço conven-cional. Os serviços Expressrepresentam apenas 22%desse montante e os outros23% são provenientes dosprodutos “TAM 18 horas” e“12 horas”.

CRESCIMENTOO porto catarinensecresceu quase40% em 2002

FOTO AGÊNCIA ESTADO

JANEIRO 2003 CNTREVISTA 63

O Ministério dos Trans-portes terá crédito extra deR$ 165 milhões para asse-gurar o orçamentonecessário para a transfer-ência das estradas federaisaos Estados. A Medida Pro-visória 93/02 foi publicadano “Diário Oficial” em 26de dezembro.

CRÉDITO

EXPORTAÇÃO

TARIFA MOTO-TÁXI PORTENHOSGol do ABCpaulista volta aser vendido naArgentina

Tramita no CongressoNacional o Projeto de Lei7199/02, do Senado Federal, que cria adicionaltarifário de 1% sobre o valor dos bilhetes de passagem das linhasaéreas regulares domésticas, com o objetivode custear linhas aéreasregionais de baixo potencialde tráfego dentro daAmazônia Legal. A fiscalização da arrecadaçãoe da aplicação dos recursos provenientes doadicional tarifário, assimcomo as punições cabíveis em caso de descumprimento do dispositivo, caberão aoDepartamento de AviaçãoCivil (DAC).

O plenário do STF julgouprocedente a ação direta de inconstitucionalidade,proposta pela CNT, que contesta lei do Estadode Santa Catarina, que permitia o licenciamento e emplaca-mento de motocicletas destinadas ao transporteremunerado de pas-sageiros, o moto-táxi, que não estão previstos no Código Nacional deTrânsito e infringem resoluções Contran. A legislação prevê que trânsi-to e transporte, incluído o de passageiros, são decompetência exclusiva daUnião, cabendo aos Esta-dos somente a regulamen-tação regional.

O mercado de exportaçõesde veículos para a Argenti-na começa a dar novossinais de vida com o fim do“corralito” (congelamentoparcial dos depósitosbancários). Em 2003, aVolkswagen vai exportarcerca de 5.000 automóveispara o país, dos quais3.000 devem ser modelosdo Gol. A fábrica da empre-sa em Buenos Aires vaiparar de produzir esse car-ro e o mercado argentinovoltará a ser abastecidopelo Brasil. Em 2002,foram exportados apenas700 veículos da Volks paraa Argentina. Só de veículospesados, a empresa járecebeu 200 encomendaspara este ano, contra 40unidades exportadas aotodo em 2002.

FOTO AGÊNCIA ESTADO

64 CNTREVISTA JANEIRO 2003

O PROCESSO DEMELHORIA DAQUALIDADEDia 3 | 10h10 e 16h30

Mostra o Processode Melhoria daQualidade implantado naFlorida Power and Light.

MELHORANDO ODESEMPENHO DEVEÍCULOSDias 20 e 21 | 10h10e 16h30

Analisa o rendimento dosmodernos motores de combustão e seu uso eficiente.

CONTROLE DADEMANDA X OFERTA NO TRANSPORTERODOVIÁRIODia 31 | 10h10 e 16h30

Mostra como fazer de maneiramoderna a alocação de mão-de-obra deacordo com a programação deviagens.

REDE TRANSPORTEDESTAQUES • MARÇO 2003

GESTÃO DE CUSTOS EPREÇOS DE FRETESDias 10 e 11 | 10h10 e 16h30

O vídeo aborda estruturade custos; importância dedefinição de umametodologia para aquestão orçamentária decustos; as diferençasentre os custos opera-cionais de alguns tipos deempresas e autônomos;as diferenças entre opreço justo do frete para omercado e para a empre-sa; compara o comporta-mento das estruturas decustos e políticas de for-mulação de preços; aimportância da empresaem assumir sua função decliente do mercadofornecedor de insumos dosetor para induzir preçose tecnologia quefavoreçam o controle deseus custos; classifica ediscute os custos: diretos(fixos e variáveis) e indire-tos ou administrativos.

QUALIDADE ORIENTADA AO CLIENTEDia 19 | 10h10 e 16h30

Richard Whiteley apresen-ta este vídeo-semináriobaseado em seu livro “AEmpresa Totalmente Volta-da para o Cliente”. Emcada segmento do progra-ma, Whiteley explora umaspecto da empresa volta-do para o cliente.

SEST/SENATIDAQ

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Seis vídeo-aulascom os temasÁrea de Operação,O Cliente e aTransportadora,Etapas do Trans-porte de Cargas I,Etapas do Trans-porte de Cargas II,Administração daFrota e do Pessoale Tecnologias parao Transporte deCargas.

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Este novo cursotem o objetivo deproporcionar con-hecimentos atodos os profis-sionais de transporte envolvidos noprocesso de cole-ta, transferência eentrega de cargase encomendasrápidas.

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O Programa de Ensino a Distância (PEAD) doSEST/SENAT lança mais um curso novo este mês. “Segurança eSaúde nas Empresas deTransporte” possui cincovídeo-aulas. Visa a consci-entização do trabalhadorpara a prevenção de aci-dentes no trabalho e apreservação de suasaúde. Cada aula trata deum ambiente da empresae aborda as medidas desegurança e o uso correto de materiais,equipamentos e ferramentas, além dosaspectos ergonômicosenvolvidos em cada ativi-dade. O curso conta também com materialdidático objetivo e dinâmico.

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JANEIRO 2003 CNTREVISTA 65

CHARGEMAURÍCIO RICARDO