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Rio de Janeiro, setembro de 2010 Ano XVII – Nº 147 Rimini discute futuro da Itália em meio a homenagens ao samba www.comunitaitaliana.com GASTRONOMIA Nicola Finamore é o novo chef do Cipriani do Rio de Janeiro FUTEBOL O jogador Amauri veste Azzurra e dá adeus à seleção canarinho Ser feliz Italianos fazem pesquisa para entender a cabeça do consumidor brasileiro e divulgam o resultado em seminário no Rio de Janeiro LIVRO Claudia Matarazzo dá dicas de beleza para jovens www.comunitaitaliana.com ISSN 1676-3220 R$ 11,90

Revista Comunità Italiana Edição 147

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Edição Completa Número 147 para leitura online. Revista Comunità Italiana, a maior mídia da comunidade ítalo-brasileira.

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Rio de Janeiro, setembro de 2010 Ano XVII – Nº 147

Rimini discute futuro da Itália em meio a homenagens ao samba

www.comunitaitaliana.com

GastRonomIanicola Finamore é o novo chef do Cipriani do Rio de Janeiro

Futebolo jogador amauri veste azzurra e dá adeus à seleção canarinho

ser felizItalianos fazem pesquisa para entender a

cabeça do consumidor brasileiro e divulgam o resultado em seminário no Rio de Janeiro

lIvRoClaudia matarazzo dá dicas de beleza para jovens

www.comunitaitaliana.com

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N 1

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CAPA Em busca do que desejam os consumidores, Senai-Cetiqt e Future Concept Lab, de Milão, incrementam parceria e pesquisam o conceito de felicidade na vida dos brasileiros

EditorialFelicidade e perda .........................................................................06

Cose NostreUm condutor de bigas analfabeto foi o atleta mais bem pago de todos os tempos, na Itália .................................07

AviaçãoAlitalia amplia operações no Brasil com a volta do voo direto Rio-Roma, em 2011 ........................................ 24

AtualidadeEvento em Rimini discute o futuro da Itália e homenageia o samba brasileiro ...................................................26

Meio AmbienteColonizada por italianos, Porto Real será a sede da primeira fábrica de biodiesel no Rio de Janeiro ...........................28

ProfiloItaliano ex alunno di Ivo Pitanguy segue i passi del celebre chirurgo tanto in Brasile quanto nel suo Paese ...................39

CulturaPor amor à cultura brasileira, o produtor italiano Gianni Ciuffini promove a bossa nova no seu país ...........................48

FutebolO jogador brasileiro Amauri é a grande aposta da nova seleção italiana .....................................................51

47 584418PolíticaFrancesco CossigaMorte de ex-presidente italiano força trégua na crise política do país por conta de sua fama de incorrúptivel

TurismoTermalismoEmpresários brasileiros observam práticas adotadas na Itália para incrementar segmento no país

ExposiçãoOs 70’sMostra apresenta um olhar especial sobre a produção artística dos anos de chumbo brasileiro

Gastronomia Hotel CiprianiA mudança de comando de um dos mais festejados restaurantes italianos do Rio de Janeiro

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Entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR: Julio Cezar Vanni

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

tIRAgEM: 40.000 exemplares

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:13/09/2010 às 15:30h

DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

E-MAIl: [email protected]

sUbEDItORA: sônia Apoliná[email protected]

REDAÇãO: guilherme Aquino; Nayra garofle; sarah Castro; sílvia souza;

Janaína Cesar; lisomar silva

REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJEtO gRáFICO E DIAgRAMAÇãO:Alberto Carvalho

[email protected]

AssIstENtE DE ARtE:Wilson Rodrigues

[email protected]

CAPA: Photostogo.com

COlAbORADOREs: Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi; Domenico De

Masi; Fernanda Maranesi; beatriz Rassele; giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline buaes

CORREsPONDENtEs: guilherme Aquino (Milão);Janaína Cesar (treviso);leandro Demori (Roma)lisomar silva (Roma);

Quintino Di Vona (salerno)Robson bertolino (são Paulo)

PUblICIDADE: Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) 2722-2555

[email protected]

REPREsENtANtEs: Minas gerais - gC Comunicação & Marketing

geraldo Cocolo Jr. tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636

[email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Há tempos existe a máxima de que felicidade não se compra. Mas a cultura yuppie dos anos 1990 parecia ter conseguido jogar essa afirmação por ter-ra. Durante muito tempo, o ato de comprar passou a ser a própria felicida-de. Agora, uma pesquisa feita pelo Future Concept Lab, de Milão, avisa que

isso não vale mais, pelo menos entre os brasileiros.Nossa reportagem de capa dá detalhes a respeito dessa investigação. Em um se-

minário realizado no Rio de Janeiro, os pesquisadores italianos deixaram bem claro que as marcas terão que mudar suas estratégias, já que, para muitos brasileiros, a feli-cidade pode estar nas pequenas coisas do cotidiano.

Isso não significa que o brasileiro não quer mais entrar em um shopping. Ao con-trário. A mesma reportagem mostra que, como o país sentiu menos o efeito da recente crise econômica mundial, sua população não precisou fazer cortes drásticos no con-sumo, como os europeus. Como bem explicaram os pesquisadores italianos, para o brasileiro abrir sua bolsa ele vai precisar de motivação.

Dentro do espírito do tipo de consumo que pode vir a dar mais felicidade, de acordo com a pesquisa, é possível que o turismo seja uma área bastante beneficiada. Sendo assim, esta edição traz boas notícias. A principal delas é que a Alitalia confirmou, para 2011, a volta do voo diretor Rio-Roma. Essa era uma antiga reivindicação do Estado do Rio de Janeiro. Tanto que o próprio governador Sergio Cabral já se ocupou do assunto.

Se felicidade não se compra, seria possível comê-la? Para radicais amantes da gastronomia, talvez a resposta seja sim. Mas não é preciso ser radical para sentir um grande pra-zer quando se passa algumas horas em um bom restaurante. No Rio de Janeiro, o Hotel Copacabana Palace, onde funcio-na o mítico Cipriani, é um dos mais prestigiados restaurantes italianos da cidade. Pois o local está de chef novo.

Comunitá reuniu os italianos Francesco Carli e Nicola Finamore para uma conversa sobre a passagem do comando da cozinha do estrelado Cipriani. Carli foi quem estruturou o restaurante, há 17 anos. Ele mesmo se encarregou de convidar Finamore para ser seu substituto, já que assumiu a função de chef executivo de todo o Copacabana Palace.

Ainda nesta edição, mais alguns exemplos de felicidade surgem da área esporti-va. Na Itália, entrevistamos o jogador de futebol brasileiro Amauri que, agora, defende a camisa Azzurra. No Brasil, a conversa foi com o técnico da seleção brasileira de vô-lei masculino Bernardinho que se sagrou eneacampeã da Liga Mundial.

Há, porém, nesta edição duas passagens que contrastam com a felicidade. Regis-tramos as mortes do ex-Presidente italiano Francesco Cossiga e do primeiro Conselhei-ro da Embaixada da Itália no Brasil, Mario Trampetti. O primeiro é uma unanimidade na Itália a ponto de unificar o discurso de políticos das mais diversas correntes que re-conhecem a sua honestidade e dedicação ao país. O segundo foi um estudioso da cul-tura brasileira e contribuiu muito para unificar ainda mais os laços entre Brasil e Itália.

Trampetti era conhecido pela sua vitalidade e pelo seu jeito extrovertido e prag-mático de conduzir o trabalho. A notícia de sua morte repentina causou grande como-ção entre todos os que o conheciam. No Rio de Janeiro, estivemos juntos para um café no início do mês, em que ele falava com grande entusiasmo do programa de Momen-to Itália para 2011 e da possibilidade de um desfile italiano para o carnaval de 2012. Cinco dias depois, em 9 de setembro, recebi um telefonema de Nápoles que informa-va que naquele mesmo dia Mário havia sofrido um infarto fulminante. Aos 51 anos, deixou sua mulher Lenora e o filho João Pedro.

Esta é uma grande perda para a diplomacia italiana e para todos nós.

Boa leitura

Pietro Petraglia Editor

Felicidade e perda

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Julio Vanni

COSE NOSTRE

GeneQuatorze cientistas italianos

iniciaram viagem pela Rota da seda em busca dos genes que “co-mandam” os cinco sentidos. A ex-pedição Marco Polo 2010, patroci-nada pelo Instituto burlo garofolo, a Universidade sissa Medialab e a Fundação terra Madre, tem por ob-jetivo recolher amostras biológicas para extrair o DNA e descobrir a ge-nética dos sentidos. O grupo saiu de trieste rumo à China, para analisar as características genéticas e cultu-rais das populações encontradas.

energia eólicaA Enel green Power obteve 90 megawatts (MW) no leilão

público dedicado à energia eólica no brasil. A empresa italiana vai participar, com três projetos, da construção dos parques eólicos da bahia. batizados de Cristal, Primavera e são Judas, os projetos têm capacidade instalada de 30 MW cada e poderão produzir mais de 390 mil MWh por ano, equi-valente ao consumo de cerca de 245 mil famílias brasileiras. O trabalho evita a emissão atmosférica de cerca de 270 mil toneladas de CO2.

o mais caroNada de Kaká ou Valetino Rossi. O atleta mais bem pago da história

foi gaius Appuleius Diocles, que viveu de 104 a 146 d.C. Analfabeto, ele foi um condutor de bigas e acumulou cerca de 35 milhões de sestér-cios (antigas moeda romanas) em prêmios, um valor que equivale hoje a 15 bilhões de dólares. Diocles competiu em mais de 4 mil corridas, dos 18 aos 42 anos, segundo pesquisa publicada na revista de história Lapham’s Quarterly. sua fortuna seria suficiente para alimentar toda a população de Roma por um ano ou financiar por mais de dois meses o exército ro-mano em seu auge.

vegetalNo Ano Internacional da biodiversidade, bergamo inaugurou

uma Catedral Vegetal, aos pés do Monte Arera. O projeto é de giuliano Mauri, artista que morreu em 2009. Com cinco naves e 42 colunas, a catedral foi construída com 1.800 troncos de abeto, 600 de castanheiro e 6 mil metros de troncos de aveleira, unidos entre si por madeiras flexíveis, estacas, pregos e cordas segundo uma antiga arte de entrelaçamento. Ao longo dos anos, o projeto prevê que, em seu interior, crescerão 42 mudas de faia (da mesma família que os álamos) e a natureza conseguirá se impor em toda sua exuberância.

Rapidinhas● O publicitário paulista Washington Olivetto re-cebeu o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro. ● O Conselho Estadual Parlamentar das Comuni-dades de Raízes e Culturas Estrangeiras conferiu prêmio a personalidades de comunidades estran-geiras que residem em são Paulo e se destaca-

ram em 2009. luigi bauducco foi o eleito dentre os italianos.● A Rete Italia - America latina (Rial) e a Empre-sa Especial da Câmara de Comércio de Milão para a internacionalização (Promos) realizaram no Pa-lazzo turati, em Milão, o seminário “brasil-Itália: turismo e Infraestrutura”.

Cremação estilizadaUma empresa de crema-

ção do norte da Itália lançou uma urna fúnebre em formato de bola de futebol para que os torcedores levem consigo “o time do coração” mesmo após a morte. Criada por luigi Cassiano, a urna cinerária é comercializada por uma associação local. As primeiras peças foram feitas nas cores dos times Parma, lazio e sampdoria. Ainda sem um patrocinador, a urna custa 260 euros (equivalen-te a 584 reais).

Game A Ferrari lançou um ga-

me que irá premiar jo-gadores com produtos da escuderia e visitas à fábri-ca, na Itália. O “Ferrari Vir-tual Academy” é um simu-lador online desenvolvido pelos engenheiros do time de Felipe Massa e Fernan-do Alonso. Nele, os joga-dores terão a oportunidade de conduzir virtualmente um carro pelos circuitos de Fiorano, Mugello e Nürbur-gring. Apenas para Fiorano, a brincadeira custa 15 euros (33 reais). A cada semana, o detentor da melhor volta de cada pista receberá um kit com brindes da Ferra-ri. No fim do ano, os cinco mais rápidos receberão uma viagem para visitar o pro-grama de desenvolvimento de jovens pilotos da equipe.

Denúncia Dois turistas italianos de-

nunciaram um papagaio por insultos que sistematica-mente proferia quando saíam e entravam na casa que ti-nham alugado em tarquinia, no centro da Itália, para pas-sar suas férias. Os turistas, um romano e outro napolitano, se apresentaram em uma delega-cia de Roma e acusaram a ave de assédio constante devido a insultos como “gordo” (di-recionado ao romano) e “ter-rone” - um adjetivo utilizado pelos habitantes do norte da Itália para denegrir os do sul. segundo os turistas, a dona do papagaio foi quem instruiu a ave a fazer os insultos.

Uma publicidade com a atriz norte-americana Julianne Moore pa-ra uma grife italiana apimentou a previa do 67º Festival de Ci-

nema de Veneza. O anúncio para a bulgari foi considerado “obsceno” pelo prefeito da localidade, giorgio Orsoni, que ordenou a retirada do material que havia sido posto na Piazza san Marco, no centro da cidade. A grife de acessórios de luxo, que pagou 2,8 milhões de euros (cerca de 6,2 milhões de reais) pela publicidade, acatou a decisão do município que pedia a troca da peça por outra com mais recato.

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opinião

enquete

Não - 37,5%Não – 25% Não - 33,3%

Sim - 62,5%Sim – 75%Sim - 66,7%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 6 a 10 de agosto.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 20 a 24 de agosto.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 27 de agosto.

Fini diz que apoiará governo. Você acha uma atitude coerente?

turistas europeus elegem italiano como língua mais sexy.

Você concorda?

Para revista católica italiana,o único quem manda na Itália é

belusconi. Você concorda?

frases“Estou feliz aqui. Só dinheiro não

traz felicidade”,

Neymar, jogador de futebol, ao anunciar sua permanência no Santos, apesar das propostas milionárias que

recebeu de times europeus

“Mio marito, il presidente Nicolas Sarkozy,

difenderà il suo caso con tenacia e la Francia non

l’abbandonerà”,

Carla Bruni, moglie del presidente francese in una lettera aperta a Sakineh Mohammadi Ashtiani,

iraniana condannata a morte per adulterio

“L’Islam dovrebbe diventare

la religione dell’Europa”,

Muammar Kadafi, leader libico in visita

in Italia

“Spero di formare insieme a Ibrahimovic, l’attacco più forte

d’Europa. Farò di tutto per raggiungere questo obiettivo”,

Robinho, calciatore contrattato dal Milan

“Sempre me localizam quando precisam de

depoimento para livros. Por que não me encontram na hora de um convite para

um bom papel?”,

Sonia Braga, atriz, reclamando da falta

de trabalho

Errata: Ao contrário do que informamos na reportagem “traços abstratos”, publicada no mês passado, Ciccillo Matarazzo não fundou o MAsP (Museu de Arte de são Paulo) e sim o MAM (Museu de Arte Moderna).

cartas“Gostei muito da matéria sobre as cantoras Ana Carolina e

Chiara Civello. Já estava mesmo curiosa para saber um pouco mais a respeito de Chiara. gosto muito da música que elas cantam juntas que costumo ouvir no rádio”.

LauRa de SaNtINo – Rio de Janeiro, RJ – por e-mail

“Há muitos anos estive em Capri. Ver uma foto dessa linda ilha na capa da revista de agosto me deixou com mui-

tas saudades dessa viagem maravilhosa que fiz. Parabéns pela matéria”.

GLauCe PeReIRa MatoSo – Vitória, ES - por e-mail

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“No ano passado, meu marido e eu viajamos em segunda lua de mel

pela Europa. Na Itália, passamos somen-te por Roma e Veneza, mas valeu a pena. Não poderia deixar de tirar essa foto em um dos pontos turísticos mais famosos de Roma, a bocca della Verità. gostamos tanto que pretendemos voltar”.

JuLIaNa MoNteIRoNiterói - RJ

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uivo

pes

soal

Itajaí trade SummIt (SC)O segundo maior evento do setor de logística, transporte e Comércio Internacional, no brasil, acontece entre os dias 15 e 17 de setem-bro, em Itajaí (sC). Para este ano, a expectativa é atrair cerca de 10 mil visitantes. A Câmara ítalo-bra-sileira de Comércio e Indústria do estado aproveita esta edição para

divulgar o projeto Portos: Aspectos de Infraestrutura e Logística: Uma oportunidade para as empresas ita-lianas. A iniciativa reúne câmaras de outros lugares da América La-tina. Em 2009, a feira levou mais de sete mil visitantes e 60 exposi-tores à cidade portuária de Itajaí. Contato: (48) 3321-0249.

Boat Show 2010 (SP)Ciceroneadas pela Promos, em-presas italianas da indústria na-val participam do são Paulo boat show. Além de visitar o salão de exposição, de 14 a 19 de outu-bro, o grupo fará encontros de negócios com operadores locais. Os empresários italianos chegam de olho na baixa relação popula-ção/embarcações que, no brasil, é de 1/1.500 e sabedores de que cerca de 70% do mercado es-tá concentrado entre São Paulo e Rio de Janeiro. Local: transa-mérica Expo Center (Rua Dr. Má-rio Villas boas Rodrigues, 387 – santo Amaro). Mais informações em [email protected]

PetróPolIS Gourmet (rj)Criado com o intuito de oferecer o que a cidade tem de melhor e incrementar a atividade turísti-ca na região, o Petrópolis gour-met comemora 10 anos. Além de

reunir chefs da gastronomia local, nacional e internacional, a cidade serrana fluminense será palco de diversas manifestações artísticas, como artes plásticas e cênicas, música, mostra de cinema e arte-sanato dos dias 28 de outubro a 27 de novembro. A tenda armada ao lado do Hortomercado Munici-pal recebe as principais atrações. Para comemorar o aniversário, o tema do evento versa sobre os pratos executados nas edições an-teriores o que sugere aos partici-pantes fazerem uma releitura des-ses cardápios ou elaborarem uma nova receita, utilizando obriga-toriamente alimentos orgânicos, por serem produtos cada vez mais presentes na mesa do brasileiro.

exPoSIção (SP)O Palácio dos bandeirantes revi-sita o salão Paulista de belas Ar-tes, evento realizado entre 1934 e 2003 em que anualmente eram

expostas grandes obras de arte fi-nanciadas pelo governo do Estado. A retrospectiva Um Percurso, Uma História, traz tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Vic-tor brecheret, Oscar Campiglia, en-tre outros. Dentre as 66 obras ex-postas estão a tela “Operários”, de tarsila, e a escultura “Daisy”, de brecheret. Além de mostrar a im-portância do salão para a história da ar-te paulista, o evento tam-bém tem o ob-jetivo de pro-vocar uma re-flexão sobre as formas de incenti-vo às artes praticada pelo governo entre as décadas de 1930 e 2000, com alguns períodos de interrup-ção e discussão dessa forma de in-vestimento público. Local: Av. Mo-rumbi, 4.500, portão 2, Morumbi – são Paulo. Até 15 de novembro.

na estante click do leitor

agenda

serviço

A águia da nona. Na luta pela sobrevivência no Império Ro-mano, um ex-soldado do exército de Roma descobre que a águia da Nona, um símbolo de seu sacrifício pelo Imperador, está perdido com guerreiros inimigos. Com ajuda de seu fiel escravo, o soldado partirá em uma busca para recuperar seu orgulho e o símbolo das gloriosas vitórias do seu exército. Romance épico de amizade e de desafio, ambientado no ápice do Império Romano, a história já ganhou as telas de cinema sob a direção de Kevin Macdonald. A obra de Rosemary sutcli-ff retrata de forma brilhante os modos de vida e os costumes das províncias bretãs e sua relação com os conquistadores ro-manos. galera Record, 336 páginas, 36,90 reais.

Moda - Uma filosofia. A escolha das roupas transmite uma mensagem sobre quem somos? De Coco Chanel a Rei Kawakubo, de Dior ao estilo das ruas, o fio condutor des-se livro é o princípio fundamental da moda – a busca pelo novo. A moda permeia diversos níveis da nossa existên-cia, mas foi pouco estudada pelos filósofos. Concentran-do-se no vestuário, faz um apanhado histórico e analisa a relação da moda com o corpo, a linguagem, a arte e o consumo. Assim, lars svendsen resume o que a filoso-fia e a sociologia têm a dizer sobre o assunto. Com uma prosa ágil e irônica, o autor reúne referências que vão da música pop e da arte contemporânea a pensadores como Kant, Adorno, barthes, benjamin e giddens. Zahar, 224 páginas, 29 reais.

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Fabio Porta

[email protected]

Dopo la pausa estiva un quadro politico mutato compromette la stabilità del governo Berlusconi e dipinge nuovi scenari imprevedibili fino a poche settimane fa

2010: elezioni in brasile… o in Italia?la riapertura del Parlamento

italiano, dopo la tradizio-nale pausa estiva, si pre-annuncia particolarmente

‘calda’ a causa delle turbolen-ze interne alla maggioranza che sostiene il governo presiedu-to da silvio berlusconi. Un go-verno che dal 2008, grazie alla vittoria elettorale e ad un’am-pia maggioranza parlamentare assicuratagli da una nuova leg-ge elettorale (fortemente voluta proprio da berlusconi, sia detto per inciso), poteva contare alla Camera e al senato su un soste-gno di dimensioni inedite per la storia repubblicana italiana. Co-sa è successo allora per rendere improvvisamente instabile una maggioranza fortissima, almeno numericamente? E’ successo che pochi giorni prima della pausa estiva il Presidente in Consiglio in persona ha di fatto collocato fuori dal “Popolo della libertà”, il partito di centrodestra che in-sieme alla “lega Nord” governa il Paese, il Presidente della Ca-mera gianfranco Fini, che del partito è co-fondatore insieme a silvio berlusconi. Motivo della grave decisione, secondo il capo del governo italiano, le continue prese di posizione del Presidente della Camera spesso non in sin-tonia con la linea dell’esecutivo, soprattutto in materia di giusti-zia, immigrazione e democrazia interna al partito.

la reazione da parte di Fini è stata immediata: un gruppo di trentaquattro deputati e di dieci senatori, solidali con il Presiden-te della Camera e d’accordo con le sue posizioni politiche, hanno

costituito due gruppi parlamen-tari autonomi alla Camera e al senato, confermando l’adesione alla maggioranza di governo, ma riservandosi di votare in maniera anche difforme dal governo nelle materie non esplicitamente men-zionate dal programma di gover-no del PDl.

Nel corso dell’estate italiana si sono così susseguite dichiara-zioni, spesso difformi e antiteti-che, da parte di importanti espo-nenti dei partiti che sostengono il governo. I più agguerriti sono apparsi i “leghisti”, ossia gli ap-partenenti alla “lega Nord”, se-condo i quali non ci sarebbero più le condizioni politiche che caratterizzavano la coalizione all’indomani delle elezioni e che per questo sarebbe meglio anda-re a votare, anche subito. Come sempre accade in questi casi nei due gruppi si sono distinti volta per volta i ‘falchi’ e le ‘colombe’: i primi esasperando le polemiche e chiedendo una immediata re-sa dei conti (compreso il ricorso immediato alle urne), le seconde diminuendo i toni della discus-

sione nel tentativo di ricucire i sottili fili del dialogo e della ri-appacificazione.

Qualsiasi sia l’esito di que-sta paradossale situazione biso-gna ricordare che essendo l’Ita-lia una democrazia parlamentare sarà il Presidente della Repubbli-ca a decidere, in caso di crisi di governo, se si renderà necessaria la convocazione di elezioni anti-cipate o se nel Parlamento esi-stono ancora le condizioni per la formazione di un nuovo governo.

A mio parere, e senza entrare nel merito di una polemica che – lo ripeto – è nata all’interno della maggioranza di centrodestra, la ‘crisi’ di fatto già esiste e ci porta a fare alcune considerazioni:

a) Il PDl ha confermato di non essere un partito ma un enorme “comitato elettorale” or-ganizzato intorno alla figura ca-rismatica e alla leadership indi-scussa e indiscutibile di silvio berlusconi; b) la legge elettorale voluta dal centrodestra con l’in-tenzione di dare maggiore stabi-lità al governo non si è rivelata efficace, proprio perché costringe coalizioni eterogenee ad allearsi solo per scopi elettorali e non in base ad un programma politico condiviso; c) Nel centrodestra è già iniziata una accesissima lotta per raccogliere l’eredità politica di berlusconi, della quale ancora non si intravede l’esito finale, ma rispetto alla quale si evidenziano già i contraccolpi negativi sulla stabilità dell’attuale governo.

Fuori dallo scenario appena descritto, i partiti di opposizio-ne stanno preparando un autun-no di grande iniziativa politica

per incalzare l’esecutivo sui pro-blemi reali di un Paese alle prese con una gravissima crisi econo-mica e con problemi drammatici che dovrebbero essere affronta-ti in maniera seria e decisa da un governo forte, credibile e so-prattutto stabile.

Intorno all’UDC dell’ex Presi-dente della Camera Casini si po-trebbe costituire un nuovo par-tito di centro che godrebbe del-la simpatia di imprenditori del calibro dell’ex Presidente della Confindustria luca Cordero di Montezemolo e al quale la stes-sa nuova formazione politica del Presidente Fini potrebbe guarda-re con interesse.

Il Partito Democratico, prin-cipale forza di opposizione, dopo il suo primo Congresso e sotto la guida del nuovo segretario Pier-luigi bersani ha lanciato una sfi-da a tutte le forze che si oppon-gono al governo berlusconi per la costruzione di un’alternativa democratica credibile e in grado di fare uscire l’Italia da una crisi che – come ha scritto “Famiglia Cristiana”, il principale giorna-le del mondo cattolico italiano – non è soltanto economica ma anche di valori e princìpi morali.

sono convinto che anche il resto del mondo guarda all’Ita-lia con speranza e fiducia; in quel mondo vivono milioni di italia-ni, tanti quanto quelli che vivo-no dentro i confini del Paese, che senza dubbio fanno il tifo perché la terra che ha dato i natali a Co-lombo, Dante, Michelangelo e ga-lilei ritorni ad essere un faro di civiltà al quale guardare ancora con ammirazione e orgoglio.

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Ezio Maranesi

[email protected]

Tirannia da pannolone: in Italia più forte che altrove

Gerontocrazia“Chi vuole esser lieto,

sia, del doman non v’è certezza” dice il ritornello della

poesia di lorenzo il Magnifico. E’ purtroppo maledettamente vero, ma si può cercare di am-morbidire il tragico impatto di questa legge universale. la vi-ta si è allungata: oggi si muore mediamente a 80 anni. Chi so-pravvive all’età della pensione, diciamo ai 65 anni, invece di la-sciare spazio ai giovani si difen-de come può. Cerca cioè di man-tenere il potere, la seggiola, lo stipendio, le prebende, ecc., e darsi quindi un poco della cer-tezza che il Magnifico non gli vuol dare, anche se la prontez-za, i riflessi, la lucidità di razio-cinio, la decisione non sono gli stessi di quando viveva i suoi 40/50 anni. Con gli anni au-menta l’esperienza, cioè l’inse-gnamento impartito dalle fesse-rie fatte, e quindi la prudenza, la ponderazione, l’esitazione, la lentezza di pensiero e di azio-ne. E anche la presunzione, per-ché nessuno ammetterà di sta-re perdendo la vivacità del suo cervello, quando per altre par-ti del corpo la realtà, eviden-te quanto spietata, può essere in parte nascosta. Quindi ci si

difende, e in Italia sembra che chi entra nella terza (o quar-ta) età sia capace di difendersi più che altrove. si parla aper-tamente di gerontocrazia, cioè del governo dei vecchietti, co-me uno dei motivi per cui l’Ita-lia non corre quanto i concor-renti. Ovvio che non sia sempre cosí: chi appartiene a categorie indifese tira la cinghia ma, co-me dicevo, molte sono le cate-gorie capaci di costruire barrie-re efficacissime al più o meno meritato riposo dei suoi membri pensionabili. E’ recentissima la legge sulla riforma dell’Univer-sità, che stabilisce che i pro-fessori vadano in pensione a 70 anni. Fino ad ora il cattedrati-co restava inchiodato alla sedia fino a quando Parkinson glie-lo permetteva e, naturalmente, facilitava l’accesso alle catte-dre alla sua corte fatta di figli, parenti, amici degli amici, ecc. anche quando emeriti coglioni. Con la nuova legge, l’uscita di scena anticipata e l’introduzio-ne di principi di meritocrazia nella valutazione delle carriere dovrebbe attenuare queste abi-tudini nefaste. lo stesso prin-cipio vale per i medici primari degli ospedali, i “baroni”: vere e proprie dinastie familiari fan-

no carriera negli ospedali e non importa quanto siano asini. Cosí il giovane brillante senza baroni se ne va all’estero. Il sistema si difende: la tV di stato conferma i contratti delle sue vetuste co-lonne, come baudo, al quale va riconosciuta la professionalità o Costanzo che, quando presenta, bofonchia, dorme e fa dormire. Alla guida di molte grandi or-ganizzazioni ci sono vecchietti: geronzi, grande capo delle ge-nerali, cioè del più importante gruppo finanziario italiano, ha 75 anni. Il presidente Napolita-no ha 85 anni, certamente ben portati ma, a quell’età, i verbi innovare e osare non si decli-nano più. berlusconi ne ha 74, è ben vivo, ma gli anni l’hanno fatto diventare prudente, altri-menti avrebbe preso Fini a calci da molto tempo. I politici ita-liani non sono molto più vec-chi dei colleghi di altri paesi; il loro problema non è l’età me-dia, ma la logorrea. Producono chiacchiere inutili e dannose, a fiumi. tuttavia è curioso vede-re come il passato governo Pro-di dipendeva, e forse anche il governo berlusconi nel prossi-mo autunno dipenderà, dai voti dei senatori a vita, età media 90 anni. la nostra Magna Char-

ta non è vecchia, ha 62 anni, ma accusa il logorio del tempo. Esprime la volontà di quegli an-ni di dare all’Italia le garanzie che la dittatura fascista aveva abolito; oggi la democrazia è ben salda e alcune parti della Costituzione dovrebbero essere aggiornate per dare ai gover-ni, non importa di quale colo-re, la possibilità di governare con efficenza. Ma gli italiani sono conservatori sempre e co-munque, quindi la Costituzione non si tocca, e chi la vuole toc-care cerca il golpe. Noi, italia-ni nel mondo, siamo i campioni del conservatorismo. Ed è com-prensibile: noi emigrati amiamo l’Italia che abbiamo lasciato e vorremmo che non fosse cam-biata. Ci “stringiamo a coorte” e tessiamo legami con la terra patria: centinaia di enti e as-sociazioni. Ne scorrevo le varie liste tra le pieghe del web: as-sociazioni e enti regionali, cul-turali, commerciali, d’arma, ecc. Ho notato che tra i loro rappre-sentanti, presidenti e consiglie-ri pochi sono quelli di mezza età: la gerontocrazia è impe-rante. l’attenuante purtroppo vera: i giovani hanno altri inte-ressi e il canto della sirena ita-lica giunge affievolito. Per dir-la in forma rude ma efficace: se ne fregano. Ma i capi, quelli che sono al vertice, fanno ben poco per favorire il ricambio genera-zionale. l’importante è conser-vare la sedia, spesso solo uno sgabello, il viaggetto gratis ed essere chiamati presidenti.

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Paride Vallarelli

OpiNiONE

nella politica italiana la parola tradimento ricor-re spesso soprattutto di questi tempi. le vicende

politiche che nelle ultime setti-mane caratterizzano la dura con-trapposizione tra i due presiden-ti, uno del Consiglio e l’altro del-la Camera, hanno come filo co-mune il tradimento del secondo nei confronti del primo. Insom-ma, vi è stato un atto di sfida incomprensibile ed inaccettabile secondo una parte non indiffe-rente dell’opinione pubblica ita-liana: la lesa maestà!

Vabbè, evitiamo di entrare nell’agone politico e lasciamo volentieri ad altri valutare l’op-portunità politica di tale gesto, che potremmo definire eroico e patetico al tempo stesso poiché l’uno è Davide e l’altro è golia, almeno a considerare i numeri e, di conseguenza, i rapporti di for-za. Piace, piuttosto, capire che cosa realmente significa in poli-tica, in quella italiana, perlome-no il tradimento, malgrado non sia facile spiegarlo perché è pri-ma necessario capirlo.

Il tradimento è il venire me-no ad un atto di fedeltà piuttosto che di lealtà. Difatti, giurare fe-deltà alla Costituzione è un conto, mentre l’asservire il proprio capo politico è un altro. Nella politica italiana, in genere, maggioranze e schieramenti sono fluidi e posso-no mutare con celerità, quindi è sempre cosa saggia prepararsi al peggio, ossia ad una nuova chia-mata alle urne. Ciò è stato spes-so frutto di un fenomeno mai del tutto morto che, dal dopoguerra in poi, ha condizionato la vita po-litica del nostro paese. Il “trasfor-mismo”, cioè il cambio di casac-ca da un giorno all’altro, è stato tipico di parecchie stagioni poli-tiche senza avere realmente fine neppure ai giorni nostri.

Il tradimento

tuttavia, se al trasformi-smo soprattutto di marca de-mocristiana vogliamo sostituire un atto sostanziale, e per certi versi formale, di fedeltà al capo in quanto vige il principio del-la sudditanza dei più deboli nei confronti dei più forti, credo si sovrapponga contraddizione a contraddizione. Nel puro spirito italico, d’altra parte, assisterem-mo ad una dinamica tipica del belpaese, ossia quella di passare da un estremo all’altro…

Non esisterebbe più il leader di partito autorevole e rispettato (anche se nei giochi di potere è assolutamente legittimo pensa-re di farlo fuori politicamente), bensì saremmo al cospetto di un capo cui solo obbedire. Ciò rap-presenterebbe una svolta (!!!) nella nostra politica perché tutto ciò non si era mai visto.

In definitiva, lealtà e fedeltà politiche non sono concetti iden-tici e il sottoscritto rimane sem-pre scettico verso chi sostiene

che l’impegno preso con gli elet-tori debba essere portato a ter-mine in ogni caso. Anch’io penso che i governi debbano avere lun-ga vita, ma i tanti che ripetono che “il governo deve durare per il bene dell’Italia” mi fanno ride-re. già, mi fanno ridere perché la stabilità di governo si assicura non solo andando a votare ogni 5 anni, ossia al naturale deca-dere della legislatura, bensì con una coalizione stabile e… soli-da! In questo non c’è mai stato governo, a mia memoria, che ab-bia effettivamente garantito tale condizione, nemmeno berlusco-ni, checché se ne dica.

sono convinto, perciò, che non è con gli atti di fedeltà che si tengono in vita i morti, ma piuttosto con lo spirito di lealtà e rispetto (anche per l’avversa-rio… interno), che dovrebbe con-traddistinguere un leader politico che mira ad entrare nella storia come grande statista. (beh, pro-prio giuliano Ferrara che è uno

dei pochi tra i berluscones a man-tenere autonomia di pensiero ha rimarcato più volte che quello dello statista è un miraggio cui nemmeno silvio crede più).

Risulta difficile, perciò, an-che per chi sta scrivendo que-sto pezzo, credere che con la fi-ne dell’estate italiana e la ripresa dell’attività politica non ci trove-remo nuovamente nel bel mezzo di un marasma globale, che co-munque mi farà pensare che la situazione “è grave ma non se-ria”… Uhm, o forse no, perché per una volta potrei dire che la situazione italiana è grave e an-che seria dovuto alla crisi econo-mica che continua ad attanaglia-re l’Europa intera ed altre impor-tanti economie del mondo. già, finora siamo riusciti a fare meno peggio di alcuni nostri vicini eu-ropei, ma l’ottimismo di facciata che contraddistingue chi va rac-contando storie da tempo non serve a far sorridere un paese che, comunque vada, continua a fare la sua parte. Abbandonando-mi anch’io ad un luogo comune, voglio sostenere con forza che comunque l’Italia è meglio di chi la governa e questo, forse, lo sco-pro proprio vivendo in brasile.

In conclusione, sono diver-se settimane che si urla al tradi-mento e forse non si coglie che qualcosa, malgrado tutto, sta cambiando anche in un paese che si sta chiudendo sempre più ed è profondamente disilluso. lo spauracchio del traditore da agi-tare davanti al popolo come un feticcio, ricorda la caduta degli dèi e denota soprattutto un pro-fondo scollamento tra la mesta realtà del quotidiano ed il chias-soso “casino” politico a cui sem-pre più flebili giungono le grida di chi chiede il pane e gli si ri-sponde che possono mangiare cioccolatini se quello manca.

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notizie

su internetLa Fiat ha annunciato il mese scorso che presenterà il proto-

tipo Fiat Concept Car III (FCC III) al salão do Automóvel de são Paulo il prossimo ottobre. l’automobile è risultato delle idee inviate sul sito esclusivo Fiat Mio dai navigatori di internet di tut-to il mondo. le prime immagini in 3D del modello sono state fat-te dalla équipe di design virtuale del Centro Estilo Fiat per l’Ame-rica latina. “Il lavoro virtuale ci aiuta a guadagnare tempo nella confezione del prototipo. I no-stri designer grazie a questa tec-nologia hanno acquistato molta agilità nel dare vita alle idee dei navigatori”, afferma Peter Fas-sbender, gestore del Centro Estilo Fiat per l’America latina. Prima di entrare nel salone i navigatori possono seguire le fasi di fab-bricazione dell’auto concettuale seguendo il making off del sito. sono già sette gli episodi in video che mostrano tutte le tappe di produzione del prototipo della Fiat.

alberghiL’Associação brasileira da Indústria de Hotéis ha indetto in-

sieme al sebrae un programma per qualificare locande e alberghi di medio livello (con capacità massima di 50 apparta-menti), programma che prevede una spesa di 3,3 milioni di reais. l’obiettivo è di migliorare i servizi prima della Copa-2014. Il pro-gramma tende a stimolare la competitività del settore, miglioran-do la gestione e la manodopera. secondo il presidente della AbIH álvaro bezerra de Mello il 70% del settore alberghiero del paese è di livello medio. Il programma funzionerà nelle 12 città sede dei Mondiali e in altre 20 città turistiche che si trovano nei comu-ni vicini ai luoghi delle partite, per un totale di 1.280 imprese.

aereeLa commissione tematica speciale della Câmara dos Deputados

a brasília ha approvato un emendamento del deputato Rocha loures (PMDb-PR) che porta dall’attuale 20% al 49% il limite per la partecipazione del capitale straniero nelle compagnie aeree bra-siliane. Questa misura stabilisce che il controllo azionario delle im-prese rimarrà nelle mani del capitale nazionale, ma con una maggior partecipazione straniera; ci si aspetta che gli investimenti vengano triplicati. Il testo cambia anche circa 50 articoli del Código brasilei-ro de Aeronáutica. la proposta poi deve essere votata alla Câmara.

aeree 1In agosto la compagnia aerea cilena lAN e la brasiliana tAM han-

no reso pubbliche le trattative per creare la latam, impresa forma-ta dalla fusione delle due compagnie. la nuova compagnia aerea sa-rà quella col piú alto valore di mercato nelle due Americhe, secondo gli studi fatti dall’agenzia di consulenza Economática, studio che non comprende il mercato canadese. l’impresa varrà 12,26 miliardi di dol-lari, confrontandosi con giganti americani dell’aviazione civile come la Delta, la Continental e la American Airlines. secondo il presidente della tAM líbano barroso il valore di mercato della “neonata” latam è già il terzo maggiore del mondo, dietro soltanto alle statali Air China e singapore Airlines. Quando vengono prese in considerazione le impre-se delle due Americhe separatamente, la lAN già starebbe al primo po-sto con 9,2 miliardi di dollari, seguita a poca distanza dalla Delta (9,1 miliardi di dollari) e dalla southwest (8,5 miliardi di dollari). la tAM starebbe in 7ª posição, con poco più di 3 miliardi di dollari, valore di mercato, dietro alla rivale brasiliana gol che starebbe al 4º posto con quasi 4 miliardi di dollari. la latam sarà leader nel trasporto aereo di passeggeri sul mercato sudamericano con il 17,6% di partecipazione.

CarneLa Cremonini, la maggior azienda di lavorazione della carne in

Italia, dice che sta prendendo in considerazione la possibilità di comprare parte della Jbs alla Inalca Jbs (joint-venture tra le due compagnie). l’annuncio è stato fatto il mese scorso, dopo che l’azien-da brasiliana si era dichiarata “disponibile” a ricevere offerte formali per la sua partecipazione alla Inalca, acquisita nel 2008. Inoltre apre la possibilità di comprare il 50% dell’azienda italiana o di divisione di attivi. le due aziende sono in lotta dovuto al controllo corporati-vo della Inalca, ha dichiarato la Cremonini. sempre il mese scorso la Jbs ha presentato un provvedimento cautelare in Italia contro la Cre-monini, proprio per problemi di controllo corporativo: il gruppo brasi-liano afferma che certe clausole di contratto non vengono osservate.

Gas naturaleL’imprenditore Eike batista ha fatto sapere in agosto che la

OgX, impresa del suo gruppo EbX, ha incontrato “mezza boli-via” in gas naturale nel bacino del Parnaíba nel Maranhão. secondo lui il potenziale delle riserve può arrivare a 15 milioni di miliardi di piedi cubici, il che porterebbe a produrre 15 milioni di metri cubi al giorno per 40 anni. Il volume equivale al 25% della produzione quo-tidiana brasiliana. “E’ la metà di quanto la bolivia consegna al brasi-le attraverso il gasbol” ha detto, riferendosi al gasdotto che traspor-ta quotidianamente 30 milioni di metri cubi di gas. batista ha fatto notare tuttavia che queste valutazioni “sono personali” e non dei tecnici dell’impresa. l’annuncio fatto dall’uomo più ricco del brasi-le ha generato dei dubbi e perfino una certa diffidenza nel mercado sul potenziale reale delle riserve, dato che è stata fatta soltanto una perforazione nel pozzo OgX-16, il primo dell’area ad essere testato.

Porto meravigliaLa zona portuale di Rio de Janeiro avrà un centro tecnologico.

Il Parque tecnológico barão de Mauá sarà installato nel vec-chio palazzo della Companhia de gás di stato. Il preventivo per la ristrutturazione è di 6 milioni di reais. l’Instituto gênesis, incuba-tore d’imprese della Pontifícia Universidade Católica (PUC-RIO), oc-cuperà una parte dell’edificio.

RisoLo stato di Mato grosso è in condizione di aumentare la

sua produzione di riso fino al 60% entro il 2020, passan-do dalle attuali 800 mila tonnelate a 1,3 milioni di tonnellate. la stima della realizzabile possibilità è stata fatta dalla Federação da Agricultura e Pecuária de Mt (Famato), e si basa su fattori come la migliore qualità dei grani e l’uso della coltivazione in sistema di rota-zione. Intanto, secondo l’ente, la crescita dipende dalla creazione di un fondo privato per finanziare l’investimento di nuove tecnologie di produzione, e dare appoggio alla commercializzazione. Il Fundarroz, come è stato chiamato, è stato discusso a Cuiabá durante un evento che ha riunito ricercatori, produttori e analisti della Embrapa.

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política

Uma das propostas do candidato ao governo do Estado de São Paulo, Paulo Skaf (PSB) é oferecer ensino em tempo integral aos alunos do nível fundamental na rede pública estadual e levar os cursos profissionalizantes para estudantes do ensino médio. Promessa de político? Pode até ser. Mas

antes dele se filar ao Partido Socialista Brasileiro, no ano passado, para disputar pela primeira vez um cargo público, ele já colocou essas mesmas ideias em prática.

No caso, a rede de ensino fazia parte do sistema SESI e SENAI – SP da qual se ocupava por ser sido, por mais de seis anos, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Sob sua gestão, o SESI-SP passou a oferecer o ensino médio, promoveu sua articulação com os cursos técnicos do SENAI-SP e implantou o período integral no nível fundamental. Das 178 escolas da rede SESI no Estado, 62 já cuidam das crianças o dia inteiro. No ano passado, o SESI-SP teve 120 mil matrículas, enquanto o SENAI-SP chegou a quase 1,1 milhão.

Em maio passado, Skaf se licenciou do cargo que o levou também à presidência do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), cujo orçamento anual supera 1,2 bilhão de reais. Pesquisa do Datafolha feita em agosto, após o início da propaganda política na TV, indicou 3% de intenção de voto para Skaf.

Aos 55 anos, pai de cinco rapazes, esse filho de imigrante libanês com uma carioca explica, em entrevista exclusiva à Comunitá porque resolveu disputar um cargo no poder Executivo:

— Não podemos continuar só reclamando dos políticos. É hora de participar e promover mudanças de interesse da sociedade. Isso é o exercício pleno da cidadania.

Hora de participar

Robson beRtolinoCorrespondente • são paulo

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ComunitàItaliana - Quais são as prioridades de seu plano de governo?

Paulo skaf - As prioridades do meu governo são educação, saúde e segurança. Nas três áre-as, o parâmetro é a qualidade e o respeito às pessoas. Na edu-cação, quero oferecer ensino em tempo integral a todos os alu-nos do nível fundamental na re-de pública estadual e a possibi-lidade de que os estudantes do ensino médio façam ao mesmo tempo um curso profissionali-zante. Foi o que fiz nas redes do sEsI-sP e do sENAI-sP. se elei-to, vou acabar com a progressão continuada, porque escola não é depósito de crianças e adoles-centes. Do jeito que está os alu-nos não aprendem.CI – De que forma o senhor acha que pode melhorar a área de saúde?Ps - Minhas propostas priorizam a integração entre os serviços mu-nicipais e estadual, com a criação do “sistema de Atendimento bá-sico de saúde”, uma metodologia unificada desenvolvida por es-pecialistas contratados pelo go-verno do Estado. O médico é um profissional escasso que deve ser utilizado com a máxima eficiên-cia. Assim, atividades de prepara-ção do paciente e preenchimento de formulários deverão ser feitas por enfermeiros e auxiliares, de maneira que os médicos possam atender vários pacientes por ho-ra, com a devida atenção. CI – Quais seus projetos para a segurança?Ps - Vou transferir a secretaria de segurança Pública para o Palácio dos bandeirantes. O governo es-tadual é que vai controlar a po-lícia, não serão nem a Polícia Ci-vil nem a Polícia Militar. Para os maiores municípios do Estado, vou implantar um plano de cida-des seguras, como foi feito em Nova York, em bogotá e na Cida-de do México. Isso será feito com o aumento do planejamento e a utilização de tecnologia. também vou colocar mais policiais nas ru-as, porque, hoje, muitos estão em atividades administrativas, além de valorizar a carreira policial, adotando os parâmetros salariais da PEC 300, independentemen-te da aprovação no Congresso, e unificando o piso salarial para R$ 3.500 nas duas forças.CI - Porque apoiar Dilma para su-cessão?

Ps - O governo lula tem conquis-tas que ficarão marcadas, como as da melhor distribuição de ren-da e a migração de classes so-ciais com a inclusão no merca-do de consumo. É preciso tam-bém ressaltar que meu partido, o Psb, apoia e faz parte do gover-no federal, por isso defende a su-cessão da candidata petista. Fui um dos primeiros empresários do país a apoiar abertamente lula na campanha que o levou à Pre-sidência pela primeira vez, em 2002, e acredito em seus ideais e no governo que irá sucedê-lo.CI - Como ex-presidente da FIesP e um grande conhecedor do ce-nário de negócios brasileiro, como atrair mais empresas pa-ra o estado, gerar mais receita e manter são Paulo entre os esta-dos mais desenvolvidos do país?Ps - Como presidente da FIEsP, já recebi muitas missões estrangei-ras que vieram conhecer a pujan-ça industrial de são Paulo e ini-ciativas sociais das entidades da indústria paulista. seguindo a li-nha do desenvolvimento descen-tralizado, pretendo estimular em todo o estado a inovação e de-senvolvimento tecnológico, den-tro de um modelo de gestão mais próximo ao que conhecemos no setor privado. Destaco a realiza-

ção de uma ampla reforma insti-tucional do sistema estadual de política industrial e tecnológica que permita a maior interação entre os institutos, a universida-de e a empresa; e também uma consolidação do sistema Paulis-ta de Parques tecnológicos (em-bora haja oito parques autori-zados, apenas três estão opera-cionais), devendo também atrair empresas do exterior. Quero ain-da dar apoio à inovação tecnoló-gica através de programas espe-cíficos - FAPEsP e FUNCEt (Fun-do Estadual de Desenvolvimento Científico e tecnológico); além de criar de um Programa Estadual de Apoio à Inovação nas Empresas, mobilizando empresas, lideranças empresarias, associações do setor privado e as instituições do siste-ma de C&t para atendimento de demandas do setor privado e pa-ra difundir a cultura de inovação nas empresas, com ações de ben-chmarking, prêmios, feiras etc. CI - Qual a mensagem que o se-nhor gostaria de passar a comu-nidade de ítalo-brasileiros no estado de são Paulo? Ps - O compromisso com o cida-dão paulista e com os que mo-ram em são Paulo é o princípio de fundamento do meu gover-no. E não estou falando apenas dos brasileiros aqui nascidos, mas também dos imigrantes, tão importantes para a histó-ria e formação desse estado, à luz de nossa própria trajetória familiar. Eu mesmo sou filho de imigrante. todas as ações e ati-vidades do Plano de governo de-verão incorporá-lo. A natureza e a essência das propostas seto-riais são aderentes a este prin-cípio que também está refleti-

do nas Diretrizes do governo. A Ação Regional e as parcerias com os municípios e com o go-verno Federal aderem também a este princípio. A forma de dialo-gar com todos os cidadãos que nascem, vivem ou moram em são Paulo é a adoção de todo o ter-ritório paulista como elemento.CI – Porque o senhor quis entrar para o cenário político e no que a sua experiência de empresá-rio pode ajudar no exercício do poder executivo?Ps - O exercício da política é um meio de ampliar a contribuição à solução dos problemas brasilei-ros e para o desenvolvimento do país. Fiquei honrado com o con-vite que o Psb me fez para con-correr ao governo do meu Estado. Não podemos continuar só recla-mando dos políticos. É hora de participar e promover mudanças de interesse da sociedade. Isso é o exercício pleno da cidadania. tem uma frase que ouvi há tem-pos e que me marcou: “o destino de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”. Então é preciso participar.CI – Qual sua expectativa?Ps - Os problemas de são Paulo são conhecidos já, de longa da-ta. tenho ideias novas para cada um deles. sou novo na política, mas nem por isso inexperiente. É só ver o que conseguimos fazer na FIEsP, no sEsI e no sENAI. Quero lembrar que criei na FIEsP o con-selho superior do meio ambiente com a participação de ambienta-listas, que foi uma grande quebra de paradigmas na entidade. tenho consciência das dificuldades e do tamanho do desafio em adminis-trar são Paulo. Por isso mesmo, sei que há muito por se fazer.

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política

Para não enxugar gelo

sônia apolináRio

Depois de dois mandatos como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Alessandro Molon (PT) quer tomar o rumo de Brasília. Nas eleições que serão realizadas em outubro, ele deixará o conforto de quem praticamente dobrou seu número de eleitores no estado, desde sua estreia na política, para disputar uma cadeira de deputado federal. Aos 39 anos, esse ex-professor e radialista diz

estar interessado em ir para o Congresso Nacional porque acredita que existem “questões urgentes” a serem discutidas por lá. A principal delas, na sua avaliação, é a reforma política.

Descendente de italianos, Molon tem dupla cidadania. Pai de dois filhos, ele se destacou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro por exercer grande fiscalização do executivo e também da própria Alerj.

— A eficácia do combate à corrupção eleitoral e parlamentar depende de uma nova normatização da vida político-partidária em nosso país. Caso contrário, qualquer iniciativa contra a corrupção na política – mesmo que louvável – será enxugar gelo — afirma o deputado em entrevista à Comunitá.

ComunitàItaliana - Depois de dois mandatos como deputado estadual, por que o senhor tenta, agora, se ele-

ger deputado federal?alessandro molon - Decidi me candida-tar a deputado federal por estar certo de que temos que enfrentar algumas questões urgentes para construirmos um sistema político-partidário que nos permita viver plenamente a democracia. A mais urgente delas é a Reforma Política que trará ao de-bate no Congresso Nacional e na sociedade temas como financiamento de campanha,

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proporcionalidade da representa-ção por Estados na Câmara Fede-ral e sistema eleitoral. Depois de oito anos como deputado esta-dual, estou certo de que a eficá-cia do combate à corrupção elei-toral e parlamentar depende de uma nova normatização da vida político-partidária em nosso pa-ís, que só pode ser feita no Con-gresso Nacional. Caso contrário, qualquer iniciativa contra a cor-rupção na política – mesmo que louvável – será enxugar gelo. CI - Que interesses do Rio de Ja-neiro espera poder defender em brasília?am - Rio está carente de quem de-fenda seus interesses no Congres-so Nacional. temos que ter uma bancada mais comprometida com as questões de nosso estado, co-mo, por exemplo, os royalties do petróleo. Outra questão que me motiva a disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados é fiscalizar os gastos a serem realizados com dinheiro federal nas obras para as Olimpíadas de 2016 e a Copa de 2014. Esta é uma atribuição dos deputados federais e deve ser uma obrigação deles com a popu-lação, que tanta esperança depo-sita nestes eventos para a recu-peração do Rio.CI - Que balanço o senhor faz de seus dois mandatos?am - Deixo a Alerj com a certe-za de que minha atuação sem-pre esteve comprometida com a ética na política, a transparência do exercício parlamentar e com os setores progressistas de nos-so estado. Além disso, levo al-gumas vitórias que me orgulham, como ter contribuído para prote-ger, como presidente da Comis-são de Cultura da Alerj, o the-atro Municipal da tentativa do governo Estadual de entregá-lo a uma entidade privada. A retirada do Municipal da lei das Organi-zações sociais foi a garantia que a sociedade e os artistas da casa precisavam, no ano de seu cente-nário, de que o Rio continuaria a ter um grande palco.CI - o atual período eleitoral es-tá sendo marcado pelas discus-sões em torno do Ficha limpa. Ter a ficha limpa não é uma obri-gação de todo político?am - Claro que é. O desejo maior de todo eleitor é votar em al-guém que vá usar este mandato para defender sua visão de mun-do e não para fazer negócios es-

cusos. O movimento em torno do Ficha limpa coloca a política em seu devido lugar e mostra que a sociedade organizada pode mui-to no cenário político. Além de cumprir minha obrigação de agir com ética, luto para que a po-lítica no brasil resgate a nobre-za desta atividade que organiza a disputa dos homens em defesa de suas visões de mundo e inte-resses legítimos. CI - o que o levou a optar pela carreira política?am - A vontade de poder fazer mais para a construção de uma sociedade mais justa em que to-dos os cidadãos, independente de classe social, cor ou religião, possam viver dignamente. E esta luta se dá no campo da política. CI - em comparação à época em que o senhor era professor, co-mo está a atual situação das sa-las de aula no Rio de Janeiro?am – Infelizmente, o Rio de Ja-neiro, na contramão do brasil, que está investindo em políticas de melhoria da educação públi-ca, não tem tido progressos. Po-demos dizer com pesar que, pe-lo contrário, temos andado pa-ra trás. basta vermos os últimos dados que mostram que o ensi-no médio público de nosso esta-do está em penúltimo lugar no ranking nacional e que o número matrículas neste segmento só faz diminuir. são dados lamentáveis que mostram a decadência de nossa educação pública. CI - Qual é o maior problema re-lacionado à educação que é pre-ciso resolver?am - Nosso maior problema é a falta de planejamento e a des-

continuidade das políticas edu-cacionais. Cada secretário que assume, e foram muitos ao longo dos últimos anos, quer imprimir a sua marca, quase sempre pro-pondo políticas inadequadas que nem tem tempo de implementar. A falta de investimentos no pro-fessor e os baixos salários tam-bém são entraves para os avan-ços na área. CI - Como parlamentar o senhor já tomou algum tipo de provi-dência no sentido de resolver esse problema que o senhor apontou? am - A educação sempre foi uma bandeira de meus mandatos. lu-tei desde o início para que o Es-tado do Rio tivesse um Plano Es-tadual de Educação, como manda a lei de Diretrizes e bases. Por isso, representei ao Ministério Público Federal denunciando a omissão do governo do Rio em relação à determinação da lDb. O Ministério Público cobrou a elaboração do plano, que, enfim, com um atraso de quase 10 anos, foi enviado para a Alerj. Na Alerj, participei ativamente dos deba-tes da elaboração do plano, que deu ao Rio uma política de Esta-do de educação. Onde quer que esteja, vou acompanhar e cobrar a implementação de ações que visem atingir as metas do PEE. Além disso, sempre estive ao la-do do professor na luta por me-lhoria salarial nos debates sobre as mensagens do Executivo ou apresentando projetos de lei, co-mo o do Vale Cultura. CI - em 2006, o senhor se reele-geu tendo sido o candidato do Pt mais votado. Como avalia isso?

am - Recebi este resultado com alegria por me indicar que esta-va no caminho certo. Minha vo-tação em 2006 foi quase o do-bro da votação de 2002, que me deu meu primeiro mandato e me colocou em segundo lugar na bancada do meu partido, mesmo sendo um novato. CI - O presidente Lula, no final de seu segundo mandato, apresen-ta 79% de aprovação, segundo último levantamento do Datafo-lha. Como o senhor avalia o fe-nômeno lula?am - A impressionante aprova-ção do presidente lula é resul-tado dos acertos de seu governo, que conquistou excelentes resul-tados na economia e avanços na área social, com a diminuição da desigualdade social, além de ter recuperado a auto-estima do bra-sileiro com uma política interna de valorização de nosso povo e externa de afirmação do país. Ao aprovar o presidente, o brasileiro está reconhecendo os avanços do governo do Pt. CI - o senhor nasceu em belo Horizonte Que tipo de infância e adolescência teve?am - Eu nasci em belo Horizonte porque minha mãe foi buscar na sua cidade natal apoio para cui-dar do filho recém-nascido. Vim para o Rio, onde meus pais mo-ravam, com apenas dois meses de idade. Fui criado aqui, como qualquer jovem de classe média, aproveitando as inúmeras possi-bilidades de lazer que a natureza de nossa cidade proporciona. CI - sua família tem descendên-cia italiana? am - Minha mãe é filha de um italiano casado com uma filha de italianos, que constituíram famí-lia em belo Horizonte. A família de meu pai também descende de italianos vênetos, que se radica-ram no Rio grande do sul. CI - o senhor tem grande ligação com a Itália? am - sim, ainda mantemos conta-to com nossos parentes italianos por parte de mãe, que vivem na região do lazio. Além disso, me formei em italiano no Istituto Ita-liano di Cultura e tive a honra de ganhar, como prêmio do Concurso America latinissima, uma viagem para estudar italiano e História da Arte em Florença. Foi uma viagem inesquecível, mesmo tendo viaja-do pela Itália antes e depois desta ocasião, com meus familiares.

No consulado italiano do Rio de Janeiro, o deputado Alessandro Molon entre Massimo Cabiati, da Obbietivo Lavoro, e o Secretário

Geral da Ordem dos Jornalistas da Região da Campagna, Gianfranco Coppola, acompanhado do cônsul Umberto Malnati. O parlamentar brasileiro prestou homenagem aos visitantes italianos

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la più recente crisi politica che coinvolge l’Italia ha potuto avere una piccola pausa non tanto a causa delle ferie, ma per un fatto accaduto: la morte dell’ex presidente italiano Francesco Cossiga. Il suo nome è stato sempre accettato quasi all’unanimità da po-

litici delle varie correnti, tanto che non hanno risparmiato parole di elogio per il senatore a vita, che era stato Capo del governo e Ministro degli Interni nella sua carriera politica durata 50 anni.

Nato in sardegna, Cossiga è stato il più giovane Capo di stato ita-liano, alla Presidenza dal 1985 al 1992. A 82 anni, con problemi re-spiratori, è stato ricoverato per parecchi giorni nel reparto di terapia intensiva di un ospedale romano dove è morto il mese scorso. Il suo corpo è stato sepolto a sassari, la sua città natale.

— Con Francesco Cossiga se ne va una delle figure politiche più complesse e contraddittorie della storia d’Italia del dopoguerra — af-ferma il deputato Fábio Porta.

Delle diverse fasi politiche di Cossiga, il parlamentare elet-to per le circoscrizioni all’estero ne mette in risalto

due in particolare: il Cossiga Ministro degli Interni degli anni´70 e il Cossiga Presiden-te della Repubblica.

Figura di spicco del Partito della Demo-crazia Cristiana, che ha governato l’Italia dal dopoguerra per molti anni, Cossiga è stato Ministro degli Interni nel terzo go-

verno di giulio Andreotti (1976 -1978), quando le brigate Rosse hanno seque-strato e poi ucciso il leader democri-stiano Aldo Moro, nel 1978. Cossiga aveva dato le dimissioni quando era

stato ritrovato il corpo di Moro.secondo la valutazione di

Porta il Cossiga Ministro degli Interni era “duro e inflessi-bile, e forse contribuì diret-tamente, con il suo atteg-giamento irriducibile con-tro il negoziato, alla tragica conclusione del rapimento di Aldo Moro, allora Presi-dente del Consiglio e del-la Democrazia Cristiana”.

Invece parlandone come Presidente, il depu-

tato crede che sia stato “sui generis” e che si sia distinto

“per le sue frequenti esternazio-ni, o picconate, dirette alla clas-se politica italiana e in generale al paese”.

Finedi un’era

Morte dell’ex presidente Francesco Cossiga costringe a una tregua la politica italiana in crisi

sônia apolináRio*

politica

18 C o m u n i t à i t a l i a n a / S e t e m b r o 2 0 1 0

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Dal 1979 al 1980 Cossiga è stato Presidente del Consiglio dei Ministri, incarico attualmente oc-cupato da silvio berlusconi. Fra il 1983 e il 1985 è stato Presiden-te del senato fino all’elezione a Presidente della Repubblica. Nel 1992 è stato nominato senatore a vita nella qualità di ex Presidente della Repubblica Italiana. Con un decreto gli è stato assegnato an-che il titolo di Presidente Emerito della Repubblica Italiana.

— In me resta il ricordo di un uomo politico preparato e com-petente; religioso ma al tempo stesso fortemente leale ai prin-cipi di laicità della Repubblica. Uno degli ultimi grandi politici della cosiddetta Prima Repub-blica; l´Italia - per intenderci - della DC, del PCI e del PsI. tanto maltrattata allora e adesso quasi rimpianta di fronte alla degene-razione della seconda, segnata dagli eccessi del berlusconismo — afferma Porta.

Considerato onesto e in-corruttibile durante tutti i suoi mandati, Cossiga è stato sempre rispettato, anche dai suoi oppo-sitori politici. Aveva provocato l’ostilità dell’establishment po-litico e della Organizzazione del trattato dell’Atlantico settentrio-nale (NAtO) nel rivelare pubblica-mente l’esistenza dell’Operazione gladio e il suo ruolo nell’orga-nizzazione. gladio era una orga-nizzazione clandestina costituita dai servizi d’informazione italia-ni e dalla NAtO all’epoca della guerra Fredda, per difendersi da un’eventuale invasione in Italia da parte dell’Unione sovietica.

Durante la guerra Fredda qua-si tutti i paesi dell’Europa Occi-dentale avevano organizzato reti di questo genere sotto il control-lo della NAtO. gladio era stata accusata di aver tentato d’influ-ire sulla politica interna italiana usando la strategia della tensio-ne. Prima che Cossiga confer-masse l’esistenza di gladio, il 24 ottobre 1990, c’erano solo sup-

posizioni che questo tipo di rete potesse esistere e agire in Italia.

le rivelazioni di Cossiga ave-vano provocato nel 2000 l’aper-tura di un’inchiesta parlamentare sulle attività di gladio in Italia. Era stato appurato che i servi-zi segreti nordamericani e della NAtO avevano realizzato attività terroristiche “sotto falsa bandie-ra”, causando numerose vittime fra la popolazione civile. si mi-rava a gettare la colpa degli at-ti terroristici sui gruppi della si-nistra, con lo scopo di incitare l’opinione pubblica contro i sim-patizzanti del comunismo e così giustificare le misure eccezionali prese dallo stato italiano.

Cossiga ha lasciato scritte quattro lettere che, come da lui richiesto, dovevano essere con-segnate ai destinatari solo dopo la sua morte. Questi piccoli testi erano diretti al Presidente del-la Repubblica (giorgio Napolita-no), al Presidente del Consiglio dei Ministri (silvio berlusconi) e ai presidenti di Camera e sena-to, rispettivamente gianfranco Fini e Renato schifani. I testi, resi pubblici (eccetto la lettera per berlusconi), riaffermavano la fede e fiducia che Cossiga ri-

poneva nelle istituzioni che for-mano il pilastro della democra-zia italiana.

— Forse la pagina più bel-la Cossiga l´ha scritta con la sua morte silenziosa e dignitosa e con le sue lettere; in particola-re quella al Presidente della Ca-mera gianfranco Fini, nella qua-le ribadisce con forza e orgoglio l’attaccamento e il rispetto alle nostre istituzioni e al Parlamento in primo luogo — osserva Porta.

RipercussioniIl Presidente del Consiglio silvio berlusconi si è manifestato sulla morte dell’ex presidente italiano attraverso un comunicato diretto alla famiglia del politico:

— Ho perso un amico caris-simo, affettuoso, generoso. Mi mancheranno il suo affetto, la sua intelligenza, la sua ironia, il suo sostegno. Ai suoi figli l’impe-gno della mia vicinanza.

Il Ministro Franco Frattini si è dichiarato “profondamente af-flitto e triste” per la perdita di un “tenace protagonista politico”. Ha messo in evidenza che il “cat-tolicesimo liberale” di Cossiga “ha accompagnato e illuminato” in Italia anni “tormentati e bui

dall’estremismo”. secondo lui il politico è stato un “punto di rife-rimento” per tutti i rappresentan-ti della vita pubblica del paese:

— la sua voce e le sue parole, che spesso hanno accompagnato ed incoraggiato la mia esperien-za istituzionale, mi mancheranno.

Per Pier luigi bersani, se-gretario del Partito Democrati-co (PD) attualmente la maggiore forza d’opposizione al governo, la morte di Cossiga è una “no-tizia molto triste” per essere lui stato una “persona singolare e straordinaria”. Invece il vice-presidente della Camera dei De-putati Maurizio lupi, del partito di governo Popolo delle libertà (PDl), ha messo in risalto che Cossiga, “con il suo impegno è stato un esempio per i cattolici che hanno deciso di impegnarsi responsabilmente nelle istituzio-ni pubbliche”.

Italo bocchino, leader alla Camera del nuovo partito Futuro e libertà per l’Italia (FlI) – for-mato da dissidenti del PDl favo-revoli al Presidente della Camera gianfranco Fini – ha affermato che la morte di Cossiga rappre-senta un “momento di lutto per tutta la politica italiana”.

Il senatore del partito all’op-posizione Italia dei Valori (IDV) stefano Pedica ha detto di consi-derare l’ex presidente un “profes-sore”. secondo lui Cossiga è sta-to “uno dei maggiori interpreti del nostro tempo”. Per cui pensa che tutti gli italiani sentiranno la mancanza “della sua analisi lu-cida e della sua azione politica”.

l’ex premier Massimo D’Alema (1998-2000) ha dichiarato che Cossiga “è stato un grande pro-tagonista della vita democratica in Italia”:

— Con lui abbiamo avuto momenti d’incontro così come di aspri conflitti, vissuti sem-pre con rispetto reciproco e leal-tà. Negli ultimi anni siamo stati uniti da un’intensa amicizia della quale gli resterò grato.

Il Ministro della giustizia An-gelino Alfano ha messo in risal-to che l’ex presidente era “l’uo-mo delle istituzioni ancor prima che un politico” e che Cossiga “ha saputo dare personalità, co-me forse nessuno prima di lui, ai ruoli e alle cariche che ha svolto per il paese”.

*Con agenzie internazionali

Francesco Cossiga è stato il più giovane Capo di Stato italiano, alla Presidenza dal 1985 al 1992. Considerato onesto e incorruttibile durante tutti i suoi

mandati, è stato sempre rispettato, anche dai suoi oppositori politici

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após o mês de férias, o verão que se despede lentamente dos italianos não esfria a política. sob inversão térmica, o outono deve elevar os termômetros e pode derrubar o governo.

A última reunião da Câmara dos Deputados em Roma, antes das férias de agosto, foi emblemática. sentado na cadei-ra de presidente da Casa, gianfranco Fini aguardou até que o pai-nel de votação se iluminasse por completo e abriu o microfone: “229 votos a favor, 299 votos contra e 75 abstenções”. Os núme-ros diziam respeito ao voto de confiança medido na Câmara que analisava a possível exoneração de giacomo Caliendo, vice-mi-nistro citado recentemente em uma investigação sobre suposta organização secreta da qual participaria e que teria como objetivo manipular decisões judiciais em troca de favores.

Caliendo manteve o cargo; o governo berlusconi, a maio-ria, mas a leitura atenta dos nú-meros gerou o maior choque de forças políticas do governo: as 75 abstenções são de um gru-po de parlamentares liderados por Fini, ex-aliado de berlusconi e co-fundador de seu partido, o Po-pollo della libertà. somados, os votos dos partidários de Fini e os da oposição (que junta 229 cadeiras) podem derrubar o governo a qualquer momento.

Após declarar os números, Fini bateu o martelo da última sessão do parlamen-to. Estavam todos liberados para o gozo das férias de agosto.

O início do fim do verão significa a volta para Roma dos parla-mentares. Com eles, che-ga também a turbulência política. Analistas acredi-tam que sejam quatro os cenários possíveis para os próximos meses:

1) sem o voto de confiança da maioria dos parlamentares, o presidente da República, giorgio Napolitano, buscará cos-turar um governo de transição com líderes da si-tuação, da oposição e dos grupos dissidentes; 2) pela falta da maioria, Napolitano dissolve o governo e convo-ca eleições; 3) o grupo de Fini fecha um acordo com ber-lusconi para tocar o governo até o fim, com supres-sões de projetos sensíveis aos humores do presi-dente da Câmara; 4) berlusconi consegue tra-zer de volta alguns rebeldes de Fini e leva adiante seu projeto de governo.

— A situação está subvalorizan-do o outono — avalia um deputado

de um grupo dissidente do Parti-do Democrático (oposição), para o qual a única saída é dissolver o governo e partir para novas eleições.

Os quatro cenários são pos-síveis e seria difícil prever, hoje, qual deles parece mais factível pa-ra o futuro próximo. Entre encon-tros e desencontros mais ou menos secretos durante o verão, o pre-mier buscou contra-atacar: amea-

çou adversários publicamente, sondou parlamentares do grupo de Fini sobre possíveis voltas ao berço do governo em troca de papéis importantes e comandou uma campanha de descrédito po-pular contra o ex-aliado nos jornais, rádios e televisões da família.

berlusconi usou como munição acusar a mulher do presidente da Câmara de enrique-

cimento duvidoso com foco na compra de um apartamento no Principado de Mô-

naco, onde o marido aparece bron-zeando-se sob o sol em fotos ampla-mente divulgadas. Antes das férias, Fini tinha apoio popular na casa dos 50% após seu enfrentamento con-tra o premier. Hoje, após um mês

estampando a capa dos noticiários, sua aprovação caiu para 30%, segun-

do o instituto Eurostat.Caia ou não caia o governo, o que

parece mais inevitável é a mudança drástica na lei Eleitoral italiana,

sobretudo para derrubar o “prê-mio de maioria”. Pela lei, a co-

alizão que soma mais votos em uma eleição recebe a

maior parte das cadei-ras no parlamen-

to. significa di-zer que, em uma suposta eleição

onde a coalizão vencedora faça, por exem-

plo, somente 20% dos votos, deve rece-ber 50% + 1 dos assentos como “prêmio

de maioria”. O sistema, criado para, teoricamen-te, facilitar a vida de quem governa, acaba criando um bipartidarismo forçado e instável, como bem demonstra o atual momento político do país.

— Qualquer coisa é melhor do que a lei atual — defende o deputado do PD.

Nem o fim do verão e do calor brutal de Ro-ma pode garantir temperaturas amenas nos salões da política. Promessas de um ou-

tono quente.

outono quenteQuatro opções políticas se esboçam para o futuro próximo da Itália

leandRo demoRiespeCial de roma

política

Giorgio Napolitano

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— As máquinas que utiliza-mos foram construídas especial-mente para nós, para atender nossas necessidades e alguns de nossos funcionários foram treina-dos por especialistas italianos — informa Nevini cujo concorrente no brasil é uma empresa alemã.

Depois de trabalhar com ca-tálogos de cores durante 15 anos na Itália, atendendo inclusive marcas brasileiras na sua outra empresa, a Mastergraph, sediada em Milão, Nevini acreditou que seria mais apropriado levar o ne-gócio para o brasil.

— O custo para a importação estava ficando alto para os clien-tes brasileiros e achamos melhor vir para cá, que é um país que está se desenvolvendo cada vez mais. Nós estamos em crescimento. to-dos os nossos clientes estavam no Rio e, por isso, optamos por nos estabelecer aqui — explica o em-presário, ressaltando que o ponto positivo de atuar diretamente no mercado brasileiro é não ter tan-tos problemas burocráticos com importações — Como somos uma empresa brasileira tudo é feito de acordo com a legislação brasileira e não temos problema algum com relação aos impostos.

O processo de produção, se-gundo Nevini começa a partir do pedido do cliente que envia uma

pequena amostra das cores dese-jadas para a sua cartela. A par-tir daí, a “colorista” da empresa, que foi treinada durante dois me-ses por um especialista italiano, é quem tem a missão de obter a cor desejada pelo cliente. Feito isso, ela prepara uma mostra pa-ra aprovação e posterior produ-ção dos fios coloridos. O pedido mínimo de mil catálogos. Cada

catálogo custa, em média, para o cliente, cerca de 15 reais.

Mesmo com a crise econômica mundial no fim de 2008 até a me-tade de 2009, o empresário garan-te que a Cartacor não sentiu di-ferença nos rendimentos. No ano passado, a empresa faturou cer-ca de 7 milhões de reais. Nevini, que tem como sócio luigi Carmi-nati, não informou o montante do seu investimento para montar sua empresa brasileira. A Cartacor tem como clientes 80 marcas produto-ras de tinturas para cabelos, entre elas, Alfaparph, loreal e Vitaderm.

— O mercado da beleza é um dos que mais crescem no momen-to. Nossa meta é dobrar o fatura-mento em 2011 — afirma Nevini que também levou sua Cartacor para o México e a Romênia.

Empresário italiano atua no Brasil e faz de sua empresa um exemplo de transferência de tecnologia

escolha a sua cor

nayRa GaRofle

negócios

a mulher quando quer mudar de visual, geralmente, co-meça pelos cabelos. E para muitas delas, essa mudan-

ça significa trocar a cor das ma-deixas. A tarefa de escolher a cor, na maioria das vezes, começa na perfumaria ou no salão de beleza. É com a ajuda dos catálogos de cores das marcas que elas conse-guem escolher a cor desejada. Ao abri-los, ela não faz ideia do tra-balho que existe por trás daque-las pequenas mechas coloridas ordenadamente expostas.

No brasil, um dos responsá-veis pela existência desses catá-logos é a Cartacor, uma empresa ítalo-brasileira, que chegou ao país em 2004 e está instalada em Olaria, bairro da zona Nor-te da cidade do Rio de Janeiro. Conta com 65 funcionários, sen-do 60 somente na área de produ-ção. toda a tecnologia utilizada para a fabricação das cartelas de cores é italiana – do maquinário aos fios sintéticos. Por mês, a empresa importa da Itália cerca de 1,5 tonelada de fios de nylon nas mais diversas cores. A quan-tidade de catálogos produzidos não foi revelada porque, de acor-do como um dos sócios da fábri-ca, o italiano leonardo Nevini, o número pode variar conforme a solicitação dos clientes.

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negócios

Gelato buonoFondata da italiani, marca di gelato diventata famosa a Rio de Janeiro compie 35 anni

sílvia souza

tutto è cominciato sul-le spiagge della zona sud carioca. tra un bagno di sole, un tuffo in mare o

una semplice passeggiata, ci si imbatteva nei venditori ambu-lanti con i loro bicchierini colo-rati pieni di un gelato che finì per diventare sensazionale. tren-tacinque anni dopo, con 20 ne-gozi sparsi nella città fluminense ed uno a búzios, città di mare, la marca sorvete Itália festeggia il suo consolidamento sul merca-to e investe nel franchising. In-sieme ai festeggiamenti arrivano due sapori nuovi – melone e aba-caxi con cocco – che si aggiun-gono agli oltre 50 sapori che la fabbrica di gelati già produce.

— Celebrare i 35 anni di at-tività è senza dubbio un fatto importantissimo per l’impresa. Adesso ci godiamo questo mo-mento e prepariamo le genera-zioni future a diventare un riferi-mento sul mercato nazionale. la realizzazione e formattazione di società come Fashion Rio, Casa Cor, e la più recente con la marca di vestiti Farm, è un fatto molto importante vissuto dall’impresa con orgoglio — dichiara simone Vianna, direttrice della rete.

Con il franchising che già esi-ste con 20 negozi, adesso la me-ta dell’impresa è di aprirne altri

cinque fuori dello stato di Rio de Janeiro entro il 2010. secondo la direttrice le zone su cui puntare sono são Paulo, belo Horizonte e Distrito Federal, trattandosi di grandi centri.

la storia della gelateria co-mincia nel 1975, circa 20 anni do-po l’arrivo dei fratelli salvatore e Orazio Rametta in brasile. Nel ba-gaglio, oltre ai ricordi del loro pa-ese, che aveva vissuto il dramma della seconda guerra Mondiale, c’erano ricette tipiche della sici-lia, regione in cui erano nati. Ora-zio era tecnico in refrigerazione e salvatore si era incaricato di pre-parare i gelati senza aggiunta di conservanti e usando ingredienti freschi e naturali. la squisitez-za, che fece epoca, era prodotta e venduta nel bar 20 nella via Vi-

sconde de Pirajá a Ipanema, con l’aiuto di un solo impiegato.

Oggi un locale in franchi-sing deve avere un’area minima di 25 metri quadrati e in media otto impiegati, oltre ad un in-vestimento iniziale di 155 mila reais per i negozi e di 105 mi-la reais per i chioschi (oltre al punto commerciale). secondo i dati dell’impresa il negozio è co-sì in grado di servire 300 clienti al giorno e il ritorno dell’investi-mento si ha all’incirca in 20 mesi.

Niente male se il settore del franchising chiude il 2010 con una crescita del 15%, secondo le stime della Associação brasileira de Fran-chising (AbF). Nel 2009 il settore è cresciuto del 14,7% in rapporto al 2008, passando da 55 miliardi a 63 miliardi di reais. secondo il pre-sidente della AbF Ricardo bomeny il settore di franchising è uno di quelli che cresce di più in brasile, dato che ha avuto negli ultimi tre anni un incremento del 50%.

Anche così la direttrice della sorvete Itália tifa contro l’inver-no brasiliano, epoca in cui nor-malmente cadono i consumi. se-condo simone:

— Il gelato in brasile non è ancora visto come un alimento, ma penso che questo concetto cambierà col tempo, è questione di abitudine.

Dalla spiaggia alla stradaIl prodotto dei Rametta, all’inizio in commercio solo a Ipanema, non ha impiegato molto tempo ad ar-rivare ai quartieri leblon, Copaca-bana, são Conrado e barra da tiju-ca. tre anni dopo aver dato inizio all’affare il libanese tannous Alo-uf, conosciuto come toni, è diven-tato socio dei due fratelli italiani. lo stesso anno la sorvete Itália ha aperto una fabbrica nella Estrada da gávea, alla Rocinha. Nel 1984 l’impresa si è diversificata produ-cendo ghiaccioli cremosi di frutta.

Nel 1996 i fratelli Ramet-ta hanno venduto la loro parte nell’impresa ad Alouf e questa è passata per una fase di ristruttu-razione con l’apertura a Vargem grande di una nuova fabbrica di 400 metri quadrati. Attualmente il locale è di mille metri quadrati e con una capacità di produzione di mille tonnellate al mese.

— Con la nuova gestione c’è stata una ristrutturazione, ma la volontà di dare incentivo allo sviluppo è sempre lo stesso. Ab-biamo mantenuto le ricette ori-ginali e ancora oggi i nostri fio-ri all’occhiello sono il gelato di manga, cocco e pistacchio. Fan-no parte della lista dei gelati più venduti e della cosiddetta linea Italia, in omaggio al paese dei due fondatori.

Con il marchio consolidato nel mercato gli investimenti ora sono in

acquisti di franchising

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o grupo Azimut-benetti, com matriz em turim, na Itália, especializada na fabricação de iates de alto padrão, vai

investir em uma unidade de fabri-cação de embarcações no brasil. O pólo náutico será instalado em uma área de 200 mil m² em Itajaí, no litoral norte de santa Catarina. No entanto, a companhia come-ça, já em agosto, as operações em uma área provisória com a produ-ção de iates.

De acordo com o CEO da Azimut no brasil, luca Morano, a produção estimada em Itajaí será de 100 ia-tes por ano. O valor total da ope-ração está estimado em 80 milhões de euros (200 milhões de reais) ao longo dos próximos cinco anos. O presidente da Azimut-benetti, Pau-lo Vitelli, apresentou os planos da empresa para a nova planta indus-

trial de Itajaí, durante uma coletiva de imprensa, em são Paulo.

— Estamos orgulhosos em re-alizar uma operação em área tão importante que, graças às suas ca-racterísticas específicas, à vocação náutica, à qualidade da mão de obra, e à segurança, se adequou

negócios

luxo na águaSanta Catarina terá fábrica de iates da italiana Azimut-Benetti

Robson beRtolinoCorrespondente • são paulo

perfeitamente ao desenvolvimento de nosso projeto — afirma Vitelli.

Em abril deste ano, a Azimut fechou parceria com a Yacht brasil, que se tornou a importadora ofi-cial dos iates no País.

— Queríamos preparar a nossa chegada ao brasil — con-

ta luca Morando, comemorando as novas operações do grupo na América do sul.

A companhia também in-vestiu em pesquisa de mercado para mapear o potencial dos consumidores brasileiros. No segmento que a Azimut atua, de embarcações com mais de 40 pés (cerca de 12 metros) e acima de 1 milhão de reais, estima-se que o brasil consuma 150 unidades por ano.

Fundada em 1969, o grupo Azimut-benetti e está presente em 67 países, com 138 sedes ao redor do mundo. Além do brasil, a Azimut tem seis fábricas na Itália e uma na turquia. No bra-sil, serão produzidos quatro mo-delos de embarcações de até 80 pés e outros dois modelos acima de 80 pés (de 24 metros).

Em junho passado, aportou no mercado brasileiro a sua principal concorrente, a também italiana Ferretti, do grupo Ferretti, que fez um acordo com a spirit, sociedade brasileira com sede em são Paulo, que agora se ocupa da produção e comercialização de embarcações novas e usadas no brasil. A empre-sa abriu um showroom no shop-ping Cidade Jardim.

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uma antiga reivindicação do Rio de Janeiro será, enfim, atendida. A par-tir do dia 1˚ de julho de

2011, volta a sair da cidade voos diretos para a Itália. Quem infor-ma é o vice-presidente regional da Alitalia para as Américas do sul e Central, Alessandro Inno-cenzi. segundo ele, a venda de passagens para essa nova rota deve começar já este mês.

O trajeto será feito por um Air-bus 330, com capacidade para 224 passageiros e 11 funcionários de bordo. Atualmente, a Alitalia ope-ra somente uma rota entre brasil e Itália partindo de são Paulo.

— No brasil o potencial de consumo é grande. O novo voo partindo do Rio faz parte das co-memorações do Ano da Itália no brasil em 2011 — afirma Inno-cenzi, em entrevista exclusiva à Comunitá, feita em são Paulo.

sem voo direto para a Itália, o carioca pode levar até 24 horas para chegar a Roma, a partir do Aeroporto Internacional tom Jo-bim. O próprio governador sérgio Cabral se mexeu para reverter esse quadro. Em missão comercial na Itália, em setembro de 2007, ele

analisou com o governo italiano e a Alitalia a volta da linha direta que a empresa manteve por algum tempo no Rio. A questão vem sen-do discutida desde aquela época.

A nova rota nasce com quatro voos semanais podendo chegar a cinco. O executivo explica que o voo foi “desenhado para atender viagens de lazer e negócios”. se-gundo ele, o bom momento econô-mico pelo qual passa o brasil colo-ca o país entre os mercados mun-diais da companhia para expansão, sendo que já desponta como um dos principais da América do sul.

Innocenzi observa que o aquecimento da economia do brasil favorece não apenas o tu-rismo, como também gera mais negócios entre os empresários dos dois países. A previsão, se-gundo a companhia, é de fechar 2010 com um total de 150 mil pessoas transportadas entre bra-sil e Itália. No ano passado, esse total foi de 100 mil pessoas:

— Para decidir sobre a nova rota foi realizada uma pesquisa que apontou que o Rio de Janei-ro tem potencial. O brasil ajudou a elevar os resultados da empre-sa na América latina. O resultado

foi no primeiro semestre foi maior que o mesmo período de 2009.

Outra novidade da Alitalia é a entrada em funcionamento, em belo Horizonte (Mg), de um no-vo call center para as operações da América do sul. A decisão de trazer para o país a central de atendimento que ficava em bue-nos Aires, na Argentina, segundo Innocenzi, se deu por conta da demanda da cidade mineira que abriga a sede da Fiat.

Na América do sul, a Alitalia mantém frequência diária entre buenos Aires e Roma e outra a partir de Caracas, na Venezuela. O executivo informa que, também em 2011, a companhia terá uma rota para Pequim, na China, por-

que a empresa está “de olho nos países que compõem os bric’s”.

nova alitaliaA nova Alitalia é formada por um grupo de 16 investidores mais a Air France. A companhia concentrou seus voos no hub de Roma, deixan-do para Malpensa (Milão), os voos da Air One, também parte da nova Alitalia. A Air One opera ainda ro-tas para países europeus e segue o conceito ‘smart carrie’, que é o seg-mento médio da aviação.

A Alitalia foi criada em 1947 e em 2008 passou por uma reestrutu-ração após cerca de 15 anos amar-gando resultados abaixo do espe-rado. De acordo com Innocenzi, o primeiro ministro italiano, silvio berlusconi, tomou a dianteira nas negociações junto com um grupo de empresários italianos em prol da Companhia Aérea Italiana (CAI).

A nova Alitalia surgiu mais enxuta, com 13 mil funcionários, 13 rotas internacionais e aerona-ves para médio e longo curso.

— Manter a presença de voos internacionais era manter a mar-ca Alitalia no mundo. O primeiro voo da nova companhia foi jus-tamente para são Paulo — afir-ma o executivo.

Alitalia amplia operações no Brasil com a volta do voo direto Rio-Roma

tom Jobim agradece

Robson beRtolinoCorrespondente • são paulo

Parceria transatlânticaDesde junho estão em operação novas conexões da Alitalia

para os Estados Unidos: Milão-Miami e Roma-los Angeles. Este último marca o retorno da Alitalia à capital californiana, com operação pela empresa e comercialização em codeshare com a Delta Airlines. Em abril deste ano a Alitalia efetivou a sua pre-sença em uma joint venture formada com o grupo Air France-KlM e Delta Airlines. lançada em 2009, essa parceria possibilita aos passageiros o acesso a quase 250 voos diários em 55 mil assen-tos. Com a junção da Alitalia, a joint venture representa 26% da capacidade total de voos transatlânticos, com receitas anuais estimadas em 10 bilhões de dólares. Com a parceira, os destinos entre Europa e América do Norte podem chegar a 500.

Alessandro Innocenzi, vice-presidente da Alitalia

para a América do Sul

aviação

24 C o m u n i t à i t a l i a n a / S e t e m b r o 2 0 1 0

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o desenvolvimento brasi-leiro passa pelo mar. Im-pulsionadas pela renova-ção da frota, descobertas

do pré-sal e o aquecimento na exploração offshore de petróleo e gás, empresas nacionais e es-trangeiras abriram seu leque de ofertas no país. Foi o que de-monstrou a 7ª Navalshore – feira e conferência da indústria naval e offshore – realizada no Rio de Janeiro. O evento reuniu, duran-te três dias, mais de 13 mil pro-fissionais e 320 empresas, um aumento de mais de 30% em re-lação a 2009.

segundo o sindicato Nacio-nal da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (si-naval), o brasil possui a quarta maior carteira de encomendas de navios petroleiros no mundo (atrás de Coréia, China e Japão). Até abril de 2010, as encomendas somavam 132 projetos. Esses da-dos atraíram países como Argen-tina, Finlândia, Estados Unidos e Itália, dentre outros, ao evento.

Da parte italiana, três empre-sas aproveitaram para se lançar em águas brasileiras. A maior delas, o grupo Rodriquez-Cantieri Navalli já opera no país em parceria com a barcas s.A, empresa que adminis-tra o transporte marítimo de pas-sageiros na baía de guanabara.

— Estamos produzindo uma nova barca para a família atual na travessia Rio-Niterói que de-ve entrar em circulação em 2011. O novo projeto comportará mais

passageiros e faz parte das me-lhorias para o transporte em vis-ta dos grandes eventos que o Rio sediará nos próximos anos — ex-plica a diretora da empresa no brasil, Maria baldon.

Além disso, a Rodriquez-Can-tieri escolheu o Rio de Janeiro para lançar seu mais novo produ-to, o FsFH 37. Feito para nave-gar em mar aberto e “enfrentar” ondas, o barco leva até 250 pas-sageiros e atinge uma velocidade de 43 nós (cerca de 80 km/h). Curiosamente, há alguns anos, a empresa foi procurada pelo go-verno do estado para desenvol-ver um projeto similar que seria utilizado para o trajeto barra da tijuca-Praça XV. No entanto, a

iniciativa defendida por comer-ciantes e moradores do bairro da zona Oeste não foi adiante.

— Esse produto é posterior à pesquisa feita para a barra-Praça XV, mas atenderia a essa intenção. A embarcação foi pensada como meio ecologicamente correto. A barca funciona como uma aero-

nave por conta da propulsão de sua turbina. Ela não tem leme e funciona como se houvesse dife-rentes pedais — assinala o enge-nheiro giovanni Cavallo, da divi-são militar da Rodriquez-Cantieri.

Outro ponto que une a em-presa ao país é a área militar. A Rodriquez-Cantieri prevê que o acordo assinado em junho entre o primeiro ministro italiano sil-vio berlusconi e o presidente lu-la, de apoio e cooperação militar deve gerar contratos para produ-ção de barcas militares, caças e venda de fibra marinha.

Pelo mesmo motivo Rizzio e Zavero, representadas no brasil pela Valexport, decidiram expor seu trabalho na Navalshore pela primeira vez e apostam nas vál-vulas para compor as produções do país. Com sistema de contro-le remoto, a Rizzio, que está há 86 anos no mercado, apresentou a união entre tradição e inovação. A empresa está em navios para cruzeiros que operam na ásia, Eu-ropa e Estados Unidos e seu sis-tema substitui o uso das válvulas antigas com menos desgaste físi-co, além de ocupar menos espaço.

Já a Zavero exibiu como no-vidade a válvula criogênica para sistemas de alta pressão. segun-do a representante das marcas Ana Valdeger, o modelo é ideal para operações que precisam de rápido resfriamento e garante alta segurança em necessidades espe-cíficas para transporte de gás ou trabalhos em profundidade, como o que é feito em plataformas.

— O brasil tem um merca-do novo, mas já muito especia-lizado. temos que aproveitar que a divulgação na Itália ainda é pouca e trazer para cá peças que atendam às especificidades do negócio. Não adianta entrar com o que já não se usa nem na Itália. A tradição italiana no se-tor e essa parceria firmada entre os governantes podem nos abrir portas frente aos demais concor-

rentes — estima.

maré altaSétima Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore debate setor com participação de empresas italianas

sílvia souza

No estande da Rodriquez-Cantieri, a diretora Maria Baldon apresenta as embarcações da empresa. Abaixo,

a barca mais veloz, feita para o alto mar, e lançada na feira brasileira

náutica

25S e t e m b r o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a

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o carnaval do poder marcou a cidade de Rimini, no mês passado. Em ritmo de samba - por conta de

uma grande mostra sobre a músi-ca brasileira nascida na favela - o encontro de personalidades do mundo das empresas, da políti-ca e da Igreja Católica aconteceu durante sete dias de debates so-bre os destinos da Itália e as su-as influências em diferentes se-tores espalhados pela vasta co-munidade internacional.

tudo em nome da Comunio-ne e Liberazione (Cl), poderosa organização italiana com inte-resses sociais e econômicos nos quatro continentes, uma espécie de farol de ideias e braço operati-vo para aplicação dessas próprias ideias. Com 34 mil empresas as-sociadas, congrega banqueiros, industriais, artesãos, intelectu-ais, artistas, jovens e religiosos rigorosamente enquadrados nas

pilastras do poder de transformar e moldar realidades próximas ou distantes. Não por acaso, o XXXI Meeting de Cl deste ano contou com a participação de 800 mil pessoas, dentre italianos e es-trangeiros. todos atenderam ao chamado do tema: “Aquela natu-reza que nos empurra a desejar coisas grandes é o coração”.

Os debates, as mostras, os en-contros, as conferências se mul-tiplicam a olhos vistos dentro de uma vasta área coberta por stands, salas e auditórios. O vai e vem de personagens importantes demons-tra a relevância dos participantes. O cardeal Angelo scola, o minis-tro da Economia, giulio tremonti; o administrador-delegado da Fiat, sergio Marchionne; o administra-dor-delegado do banco Intesa, Conrado Passera; a presidente da Confindustria, Emma Marcegaglia; o presidente da região da lombar-dia, Roberto Formigoni; o presi-

dente da Companhia delle Opere, bernhard scholz, foram alguns dos que participaram do evento.

Os pesos pesados da velha guarda do poder estavam todos lá e dividiram espaços com a no-va geração. Jovens católicos par-ticiparam ativamente do Meeting apresentando ideias, reivindica-ções e propostas.

— Me impressionou muito a organização feita por cerca de três mil voluntários. se respira um clima muito cordial e aberto para novas ideias. Aqui se discutem e se aprofundam temas de atualida-de política, social e econômico, num momento de grande reflexão — afirma o ex-cônsul italiano no Rio de Janeiro, Massimo bellelli.

Das oito mostras apresenta-das no evento, a que mais toca-va diretamente o tema central e nevrálgico da economia foi a ex-posição de um grupo de estudan-tes das universidades bocconi e

Cattolica, ambas de Milão. “Um emprego para cada um. Cada um com o seu trabalho. Dentro da crise, além da crise”, foi o mote do trabalho preparado pela elite dirigente do amanhã, ainda em formação. A exibição tenta expli-car os motivos da crise econômi-ca de efeito dominó que varreu os quatro cantos do planeta e gri-tar ao mundo o desejo de mudan-ças, em todos os sentidos, para a

Chamado do coração

Evento em Rimini discute o futuro da Itália, marcado pela cadência do samba

GuilheRme aquinoCorrespondente • milão

coração

O diplomata Massimo Bellelli participou do evento

atualidade

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salvação do homem. Os estudan-tes recorreram a Albert Einstein para expressar seus sentimentos: “Falar de crise significa promovê-la, não falar é exaltar o confor-mismo, melhor trabalhar duro”.

Dentro desse espírito empre-endedor, os alunos lembram que toda crise gera a possibilidade de retomar um progresso de forma mais inteligente, deixando para trás o canibalismo econômico ca-paz de degenerar situações de pre-cário equilíbrio em sérias crises so-ciais. É o velho lema que prega que a criatividade nasce da dificuldade.

De todos os participantes do Meeting, sergio Marchionne foi quem mais deixou pegadas pelo caminho, a serem seguidas pe-los que ousam modificar as en-gessadas relações entre operários e patrões, questão mais do que principal num momento de gran-de crise no mercado do trabalho.

A revolução iniciada por ele na fábrica de Pomigliano, o braço de ferro com os sindicatos, o res-peito às determinações da justi-ça trabalhista aos olhos da juris-prudência que tenta acompanhar os novos tempos enquanto a re-visão do código é uma distante utopia, coloca no olho do fura-cão toda uma nova definição do que são direitos e deveres. O ad-ministrador-delegado, o primeiro a pregar a necessidade de novas regras e a passar da intenção pa-ra a ação, foi visto como um mo-delo dentro do Meeting.

— Ele é fora dos esquemas. Conversa com todas as partes

sociais para que seja superado o conceito de que o aumento da produtividade é algo contrário à dignidade humana. Ele coloca uma questão muito difícil, mas que acho plausível de ser realizada — afirma o alemão bernhard scholz.

A revisão sobre a flexibilida-de do horário de trabalho, sobre o recurso à greve e a necessidade de novas estruturas contratuais - temas sagrados do operariado - são debates que estão na ordem do dia. A classe operária está bem longe de ir ao paraíso, mas, se continuar amarrada em anti-gos dogmas trabalhistas, corre o risco de afundar no inferno – é o que parece pregar Marchionne.

O delicado momento atual exige o bom senso e o conforto espiritual. O presidente do Ponti-fício Conselho para o Diálogo Re-ligioso, cardeal Jean-louis tau-ran, lançou o slogan “Não tenham medo de serem cristãos, ousem”. A mensagem, inspirada no ensi-namento do papa João Paulo II em um contexto de luta contra a máfia, convida a todos a uma re-flexão sobre a união das forças do bem para derrotar o mal.

Ao longo de sua apresenta-ção, ele revelou os cinco pon-tos de apoio para incrementar a melhoria das relações sociais, tecido primordial de cobertu-ra e de proteção das comunida-des, a partir da convivência en-

tre os religiosos: “pedagogia do viver junto, paixão pelo serviço do próximo, testemunhos reli-giosos, distinção entre o bem e o mal, responsabilidade pesso-al”. tauran declarou uma cruza-da contra os guetos nas cidades, para promover a hospitalidade, a integração e o respeito às dife-renças. Os princípios do cristia-nismo de amor ao próximo, mais do que nunca, devem fazer mol-dar os encontros de pessoas de todos os credos, sem distinção - é o que ele preconiza.

E é na rede da solidariedade de uma favela brasileira que estes princípios são elevados ao sétimo céu, como regras de sobrevivên-cia. A mostra “O céu na terra. O samba do morro” nasce do dese-jo de apresentar a todos o verda-deiro coração que pulsa dentro de uma comunidade carente.

— Como todos os anos, o Meeting tem uma página dedica-da ao brasil. Desta vez, os gran-des problemas da vida são espe-lhados nas favelas. Comunione e Liberazione tem muitos seguido-res no brasil, principalmente em são Paulo — informa bellelli.

A partir de uma exposição so-bre o samba, através da revela-ção mais detalhada das letras das canções, o visitante pode desco-brir um mundo de sofrimento, esperança, valores e beleza, em forma de poesia. Pela primei-ra vez, o olhar do italiano para o samba não cai sobre a nudez

das passistas, mas, sim, sobre as mensagens das musicas.

— Esta é uma mostra muito interessante, pois mostra a ori-gem do samba e leva o brasil pa-ra dentro do Meeting com grande força, ao propor discussões sobre diferentes problemas — afirma o diplomata italiano.

O concerto e a exposição ca-minham juntos para mostrar ao mundo do Meeting o samba como força motriz de mudanças dentro da sociedade. Músicos brasileiros e dois italianos - Pigi bemaregi e Rosetta brambilla - quarenta anos vividos em belo Horizonte, fazem a diferença e dão um toque de le-veza a temas tão pesados. Na rea-lidade difícil de mulheres, crianças e jovens sem maiores perspectivas de vida, o trabalho social é inten-so e a música do samba entra co-mo ingrediente fundamental.

“sei lá, Mangueira”, samba escrito por Paulinho da Viola, re-vela todo o otimismo de quem vive numa das mais conhecidas favelas cariocas, localizada no morro da Mangueira. A apresen-tação do grupo Essência bH trou-xe no repertório cerca de 20 mú-sicas que desenham um mosaico sonoro sobre a vida nos barracos e vielas, trazem letras que mais parecem orações ao divino, as-sim como os mantras decantados pelos pensadores famosos e anô-nimos que encontram no Meeting a chance de anunciar ao mundo um novo dia, uma nova era.

No sentido horário, Scholz, Marchionne, Scola e Marcegaglia: presenças marcantes de Comunione e Libertazione

Debates sobre o destino da Itália reuniram autoridades Roberto

Formigoni ,Giulio Tremonti e Conrado Passera

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o Rio de Janeiro caminha em busca da sustenta-bilidade. O estado que consome dois bilhões de

diesel por ano, sendo que 100 milhões são de biodiesel, não vai precisar mais gastar dinhei-ro com o produto produzido fora do Rio. Isso porque está previs-to para ser inaugurada no fim de outubro, em Porto Real, no sul fluminense, a primeira fábrica de biodiesel do estado. Depois de 10 anos de pesquisa da se-cretaria de Ciência e tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Coppe/UFRJ, no programa biodiesel, o resultado surgiu através da gran Valle In-dústrias Químicas.

— A atividade de exploração de petróleo e gás na plataforma continental abriu uma nova pers-pectiva econômica para todo o Rio de Janeiro estabelecendo-se em torno dela um colar de em-presas de equipamentos, peças e acessórios, além de serviços de apoio, formando uma matriz eco-nômica integrada. Neste sentido, o biodiesel participa deste gran-de Projeto Nacional a exemplo do que foi o Projeto Nacional Petro-químico, Projeto Nacional do ál-cool, entre outros — afirma Nel-son Furtado, coordenador do Pro-grama Rio biodiesel, da secretaria de Estado de Ciência e tecnologia, e pesquisador do Centro brasileiro de Pesquisas Físicas (CbPF), ins-tituição vinculada ao ministério da Ciência e tecnologia (MCt).

A fábrica, que terá a supervi-são do Programa Rio biodiesel e da Escola de Química da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai produzir 100 bilhões de litros por ano, o que dará au-tossuficiência ao estado. Além disso, vai contribuir, no futuro, com a agricultura familiar, pois

o Programa Nacional de biocom-bustíveis (PNb) obriga todos os produtores a adquirirem 30% de sua matéria prima (óleo vegetal) da agricultura familiar.

Desde janeiro deste ano, a adi-ção de 5% de biodiesel nos com-bustíveis é obrigatória em todo o país e a empresa vai cumprir a exi-gência a partir do óleo de pinhão manso. A oleaginosa vem sendo estudada como matéria-prima pa-ra o biodiesel e tem potencial pa-ra recuperar solos degradados com baixa quantidade de água. Para is-so, serão necessários 10 mil hecta-res, considerando que a produção média é de três mil litros de óleo vegetal por hectare ao ano. Para cada hectare, precisa-se de pelo menos um agricultor para realizar o plantio, cuidar da conservação do solo e fazer a colheita.

– Esta iniciativa deverá vir de assentamentos de pequenos agricultores de ONgs e OsCIPs (Organizações da sociedade Civil de Interesse Público), além das prefeituras de vários municípios, que já demonstram grande inte-resse – informa Furtado.

segundo ele, graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Faperj), entre outros, o Rio foi fundamental para que o país tivesse o maior conhecimento sobre o tema. O estado possui o maior número de engenheiros quí-micos, mestres e PhDs nessa área e o maior laboratório da América do sul. Já são 19 projetos finan-

meio ambiente

Riquezas do pinhão

Colonizada por italiano, Porto Real, no sul fluminense, será a sede da primeira fábrica de biodiesel do Rio de Janeiro

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O pesquisador Nelson Furtado

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ciados pela Faperj no estado em várias universidades, entre elas a UFRJ, que mantém uma linha de pesquisa inovadora.

— Hoje o Rio de Janeiro con-ta com o maior numero de traba-lhos publicados, teses de Mestrado e Doutorado e o primeiro Centro de Excelência em biocombustíveis do país. Apesar de termos ajuda-do o brasil na construção de usinas em vários estados, paradoxalmente não tínhamos uma usina de biodie-sel — diz o coordenador que, du-rante os 10 anos de pesquisa, te-ve o apoio do pesquisador da UFRJ Donato Aranda, que já recebeu condecoração do presidente luiz Inácio lula da silva por seus traba-lhos relacionados ao biodiesel.

Atualmente, no brasil, há 110 fábricas de biodiesel e a principal oleaginosa utilizada é a soja, que responde por 85% da produção. Para Furtado, raras vezes em sua história, o Rio de Janeiro esteve tão bem representado na esfera política e nos órgãos de poder Federais, Municipais e Estaduais. Ele afirma que, pela primeira vez em décadas, foi traçada uma es-tratégia de desenvolvimento, a partir dos centros de poder do Estado, abrindo novas perspecti-vas e novas fronteiras de ativida-de pública e privada.

— O empresariado acreditou nesta mudança que vínhamos mostrando há dez anos, uma lo-gística estratégica que nos une a Petrobrás, a Refinaria Duque de Caxias que, a partir de agora, não precisará comprar biodiesel a centenas ou milhares de qui-lômetros de distância — conta.

Furtado afirma que “já esta-va mais do que na hora” de o Rio mostrar o seu potencial produtivo. Para ele, o que ocorre no estado é reflexo de uma política nacional “e é o que ocorre no brasil”, já que há avanços notáveis na ciência básica, mas que na hora da tecno-logia, “compramos tudo de fora e pagamos os royalties”.

— Não é mais possível nos darmos ao luxo de fornecer de graça os frutos de nossos es-forços de pesquisa, na forma de artigos científicos envolven-do pesquisa básica, e não ser-mos capazes de produzir sequer a tecnologia de insumos quími-cos de boa qualidade. Para desa-tar este nó, não basta uma opção singela pela prioridade ao inves-timento em pesquisa aplicada. É

preciso fazer com que as univer-sidades e institutos de pesquisa concentrem esforços em tecnolo-gias que interessem ao brasil. O caso do biodiesel é a nossa res-posta — afirma.

Porto RealFurtado explica que a escolha da cidade fluminense se deu pela boa posição geográfica de Porto Real, que se encontra no caminho entre são Paulo, Espírito santo e Minas gerais. Além, de se apresentar co-mo um potente parque industrial a 200 quilômetros do Rio de Ja-neiro. Com cerca de 15 mil habi-tantes, Porto Real já abriga as fá-bricas da Peugeot-Citroën, Coca-Cola, guardian e galvasud, entre outras que se instalaram na cida-de nos últimos 10 anos.

A origem do nome Porto Re-al, em especial, está na constan-te presença da Família Real, que costumava fazer uma parada no lugarejo nos períodos de vera-neio, quando vinha da cidade ser-rana de Petrópolis. O imperador D. Pedro II, por sua vez, passou a utilizar Porto Real como pon-to de parada e descanso durante suas viagens, onde mantinha du-as casas e um pequeno balneário.

Porém, as terras que hoje perten-cem a Porto Real tiveram sua co-lonização efetivamente iniciada no final do século 19, em princí-pios de 1875, quando chegaram ao brasil, a convite de D. Pedro II, os primeiros imigrantes italia-nos, vindos das cidades de Novi di Modena e Concordia sulla sec-chia, província de Modena.

As 50 famílias de colonos ita-lianos tinham como destino san-ta Catarina, mas uma epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro obrigou-as a permanecerem em quarentena em Porto Real. Pas-sado esse período, foi requisitada ao governo a permanência dessas famílias na região, dando início à primeira colônia italiana do brasil.

De origem católica, os ita-lianos trouxeram para o brasil a imagem de Nossa senhora das Dores (Madonna Adolarata), que se tornou padroeira do município e que ganhou uma igreja cons-truída em estilo gótico bizanti-no. A principal atividade econô-mica da época da colonização era a agricultura, sendo a cana-de-açúcar o principal produto culti-vado. Para beneficiar a cana pro-duzida, foi construída uma usina açucareira, a primeira indústria de Porto Real e que se tornou o ponto de partida para sua atual tradição industrial.

A colônia continuou crescen-do, tornando-se Porto Real o dis-trito mais importante do municí-pio de Resende. surgiu então a ne-cessidade de uma autonomia polí-tico-administrativa, que fez surgir o movimento pró-emancipação. Em 5 de outubro de 1995, foi re-alizado um plebiscito, onde a po-pulação decidiu pela emancipação do município. A criação da cidade foi oficializada em 28 de dezem-bro do mesmo ano pelo então go-vernador do Rio, Marcello Alencar. Em 3 de outubro de 1996 ocorreu a primeira eleição municipal e, em 1º de janeiro de 1997, o município foi instalado com a posse do então prefeito e seu vice.

A fábrica vai produzir 100 bilhões de litros de biodiesel por ano. Abaixo, Nelson Furtado entre o subsecretário e o secretário de Ciência e Tecnologia

do Rio de Janeiro Julio Lagun e Luiz Edmundo Costa, respectivamente

O pinhão manso, matéria-prima que será utilizada para o biodiesel, tem potencial para recuperar solos degradados com baixa quantidade de água

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Con gli occhi puntati sui principali eventi che avranno sede in brasile nel prossimo decennio e sulle

prospettive di sviluppo del paese, il Conselho Euro-brasileiro de De-senvolvimento sustentável (Eu-bra) realizzerà ad aprile del 2011 a Rio de Janeiro la bright green Cities (bgC) – Mostra Internacio-nal de sustentabilidade Urbana. l’evento, che punta sull’energia, le tecnologie e le attività econo-miche, è stato presentato in ago-sto e conta sull’appoggio del go-verno dello stato, del Ministério das Relações Exteriores, del banco do Nordeste do brasil, dell’Agencia para o Desenvolvimento do Estado do Ceará, dell’Agência de Coope-ração Alemã e della Camera Italo brasiliana di Commercio e Indu-stria di Rio de Janeiro.

Come dichiarato dagli orga-nizzatori, per tre giorni la città sarà sede delle principali discus-sioni sull’energia pulita, sulla co-struzione e mobilità urbana, oltre ad accogliere incontri con banche

nazionali e internazionali interes-sate agli investimenti sostenibili. secondo il rilevamento dell’Eubra questo tipo di mercato movimen-terà circa due miliardi di miliardi di dollari all’anno a partire dal 2012.

Durante la bgC sarà mostrato il successo di esperienze fatte nell’in-dustria pulita. scoperte come aereo e barca mossi dall’energia solare, auto sportive con motore elettrico e uffici virtuali sono alcuni esempi di ciò che potrà essere visto.

Una delle cose più importanti della bgC in brasile sarà il Bright Green Book, una pubblicazione che riunisce le 100 azioni umane più intelligenti di questo secolo, storie di persone, imprese e orga-nizzazioni che si sono distinte per le idee innovatrici.

— Il Bright Green Book sarà un Guinness Book della sostenibi-lità. Il libro mostrerà alcuni pro-getti ancora sconosciuti che stan-no trasformando la concezione dell’economia e della preservazio-ne ambientale— spiega il presi-dente dell’Eubra, Robson Oliveira.

specialisti e ricercatori parte-cipano alla creazione del progetto e il lavoro è coordinato dal consi-glio consultivo del bgC. la prese-lezione degli indicati, come risul-ta dal libro, sarà fatta per internet attraverso reti sociali ed e-mail. l’Italia ha già tre indicazioni: Pro-mos Milano, Comtur e Ducati.

la Promos, agenzia di promo-zioni di Milano, svolge una politi-ca verso l’estero con programmi di sviluppo che danno impulso all’im-piego e alla produzione italiana, e promuovono lo scambio di società e sviluppo economico in città non italiane. Invece la Comtur, agen-zia di Napoli rivolta allo sviluppo, è stata indicata per le sue attività nella sicurezza alimentare e svilup-po agricolo, nel sistema di produ-zione alimentare e di artigianato di alto valore complessivo. Per ulti-mo, la Ducati è quotata per inte-grare gli eletti dalla pubblicazione grazie alla bicicletta elettrocineti-ca che ha prodotto in società con l’americana MIt. secondo Olivei-ra la bicicletta inaugura un nuovo modello nel settore del trasporto

strategico. Questo prodotto, dota-to di forte propulsione in salita, è economico e resistente se parago-nato ad altri mezzi di locomozione.

— l’Italia ha una tradizione nel campo delle tecnologie pulite e so-stenibili. tuttavia la mancanza di una politica per il settore e le cri-si continue per le quali è passata hanno lasciato il paese in ritardo ri-spetto allo sviluppo. speriamo che nel bgC l’Italia abbia l’opportunità di inaugurare un nuovo momento per la sua economia. Oggi gli sta-ti Uniti e la germania sono le na-zioni che investono di più, e avan-zano appoggiando e aprendo fondi per creare e fare ricerche in questo mercato — analizza Oliveira.

Realizzato a Copenhagen per la prima volta, in occasione della COP15, il bgC ha riunito 170 im-prese. In grado di raggruppare di-rigenti privati e pubblici, l’evento include il green Port Cities (pro-gramma di rivitalizzazione urba-na e riduzione delle emissioni nelle città portuarie); il bright green games (progetti e tecnolo-gie internazionali con imprese e città partecipanti ai giochi Olim-pici e alla Coppa del Mondo) e il Pós COP15/Pré Rio 2010 (propo-ste del settore imprenditoriale e istituzioni finanziarie per il rin-novo del protocollo di Kyoto du-rante la Rio 2012).

mercato pulitoRio de Janeiro sarà sede di una mostra internazionale sulla sostenibilità urbana e le tecnologie verdi

sílvia souza

Da sinistra verso destra: il direttore-presidente di Comunità, Pietro Petraglia; il coordinatore di Pubbliche Relazioni del Comune di Rio de Janeiro, ambasciatore Stelio Amarante; il console d’Italia a Rio

de Janeiro, Umberto Malnati e il presidente della Eubra, Robson Oliveira. Sotto, il direttore della International Emissions Trade

Association (IETA), Paulo Protazio difende o Bright Green Cities

ambiente

30 C o m u n i t à i t a l i a n a / S e t e m b r o 2 0 1 0

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Lisomar Silva

ROMA

CoresA Unificação ganha cores especiais

nas modernas obras artísticas que autores nacionais e estrangeiros realiza-ram para registrar fatos e acontecimen-tos importantes daquele período histó-rico em Roma. A mostra se localiza no Palazzo braschi, situado entre Corso Vit-torio Emanuele II e Praça Navona, nas proximidades da Embaixada brasileira. Vale a pena ver também como a alta bur-guesia e a aristocracia decoravam suas habitações com belíssimos afrescos e móveis de acabamento refinado. (Quasi) tutti i colori del Risorgimento - Museo di Roma - Palazzo braschi, Piazza san Pan-taleo, 10. Até de 9 de janeiro de 2011. Ingressos a partir de 8 euros.

HistóriaO Ressurgimento se liga em modo indissolú-

vel ao período napoleônico e à Revolução Francesa de 1789. Aproveite sua visita a Roma e entre no Museu do Ressurgimento para conhe-cer e aprofundar alguns dos principais aspectos que ligam fatos e eventos relativos à França e à Itália. A sede do Museu e do Instituto de Es-tudos sobre o Ressurgimento se encontra nas salas internas do majestoso Altar da Pátria, mo-numento construído em mármore branco após a Primeira guerra, na Praça Veneza. Além da ex-posição permanente de documentos, objetos e indumentárias pertencentes a protagonistas da Unificação italiana, o museu organiza mostras especialmente dedicadas a protagonistas e a anônimos defensores dos ideais republicanos. Collezioni d’arte e fotografia artistica nell’Italia del Risorgimento - Museo Vittoriano e Istituto per la storia del Risorgimento Italiano - sala giubileo, Piazza Venezia - Entrada pela Via san Pietro in Carcere. Ingressos a partir de 8 euros.

FotosCerca de 100 fotografias de época, reuni-

das no Museu de Roma, no antigo bair-ro de trastevere, revelam hábitos e costumes cotidianos do século 19, bem no período da unificação da Itália. Personagens e cidadãos comuns, paisagens que até hoje são parte vi-va do atual cenário urbanístico romano, mas que no passado foram cenas de momentos e gestos históricos marcantes no processo de unificação do território italiano. A mostra é realizada aos cuidados de Maria Elisa tittoni, Anita Margiotta e Fabio betti. Il Risorgimento dei Romani. luoghi e Personaggi Fotografie 1849 – 1870 - Museo di Roma in trastevere, Piazza sant’Egidio, 1b. Até 28 de novembro. Ingressos a partir de 5,50 euros.

UnificaçãoA note esta data em sua agenda: 17

de março 2011. Nesse dia, a Itália e seus cidadãos festejarão o ses-

quicentenário da Unificação. Os festejos parecem ligados a um futuro distante, mas a data é tão importante que tornou-se te-ma de mostras e eventos culturais progra-mados a partir deste semestre em todo o país. No passado, o território italiano, que era dividido em reinos (lombardo-vêneto,

sardo-piemontês e das duas sicílias, in-cluindo a ilha do mesmo nome mas com sua capital em Nápoles), ducados (de Parma, Módena e toscana) além do Estado Pontifí-cio, cuja capital era Roma. A primeira sede de governo no período da Itália Unificada foi turim, seguida de Florença, até a con-quista de Roma em 1870. Assim, a partir de setembro, a Cidade Eterna festeja tam-bém 140 anos como capital da Itália.

GaribaldiA conquista da liberdade, da independência

e da unificação nacional, é tema de ins-piraçao artística e de pesquisa histórica sobre os episódios da vida política e militar italiana. giuseppe garibaldi, popularmente denomina-do “Herói dos Dois Mundos” é uma das figuras centrais do processo que abriu a fase republi-cana do país. Faça um percurso interessante: ao caminhar pelos jardins do Parque gianícolo, visite os monumentos dedicados a Anita e giu-seppe garibaldi; em seguida, entre no Museu garibaldino, localizado em Porta san Pancra-zio, um dos antigos pontos de acesso à cidade de Roma e também cenário histórico de violen-tas lutas dos soldados garibaldinos em defesa da nova República Romana. As mostras e expo-sições do Museu abragem a temática da unifi-cação partindo da segunda metade do século 19 até a Primeira guerra. Museo garibaldino di Roma, Porta di san Pancrazio, 9. grátis.

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La felicità si compra?sílvia souza

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Em busca do que desejam os consumidores, Senai-Cetiqt e Future Concept Lab, de Milão, incrementam parceria e pesquisam o conceito de felicidade na vida dos brasileiros

Alla ricerca dei desideri dei consumatori la Senai-Cetiqt e il Future Concept Lab di Milano incrementano l’alleanza e indagano sul concetto di felicità nella vita dei brasiliani

“viver e não ter a vergonha de ser feliz...” Quem nunca en-toou o verso da canção O que é o que é?, de gonzaguinha, aproveitando para exorcizar os infortúnios da vida que ati-re a primeira pedra. Mas o que torna uma pessoa feliz?

Que elementos contribuem para que as pessoas cheguem a esse sen-timento? Em busca dessas e outras respostas, um grupo de especialis-tas em consumo, tendência, comportamento, além de profissionais de ciências sociais, se reuniram no início de setembro no Rio de Janeiro para um mergulho no tema da felicidade e sua relação com o consumo.

Promovido pelo senai-Cetiqt, centro de formação profissional, prestação de serviços e consultorias para a cadeia produtiva têxtil no brasil e no mundo, o seminário Internacional de Comportamento e Consumo chegou à sua quinta edição e revela: felicidade está na mo-da, mas não é fixando-se em estilos exclusivos de vida que as pessoas a alcançam. A indicação é um alerta para as empresas e um dos re-sultados de uma pesquisa com consumidores brasileiros. Intitulado “A Cultura material da felicidade”, o trabalho consolida uma parceria de cinco anos entre senai e Future Concept lab (FCl), instituto italiano de pesquisa e análise de comportamento do consumidor.

“V iver e não ter a vergonha de ser feliz...” Chi non ha mai canticchiato il verso della canzone O que é o que é? di Gonzaguinha, approfittandone per scongiurare le cose sfortunate che capitano nella vita, lanci la prima pietra.

Ma che cos’è che rende felice una persona? Quali sono i fattori che con-tribuiscono affinché le persone raggiungano questo sentimento? Alla ricerca di questa ed altre risposte un gruppo di specialisti in consumo, tendenze, comportamento, oltre a professionisti di scienze sociali, si sono riuniti all’inizio di settembre a Rio de Janeiro per fare un’immer-sione nel tema della felicità e la sua relazione con il consumo.

Promosso dal Senai-Cetiqt, centro di formazione professionale, di erogazione di servizi e consulenze per la filiera produttiva tessile in Brasile e nel mondo, il ‘Seminário Internacional de Comportamento e Consumo’ è giunto alla sua quinta edizione e rivela: la felicità è di mo-da, ma non è fissandosi sugli stili esclusivi di vita che viene raggiun-ta dalla gente. L’indicazione è un avviso per le imprese e il risultato di una ricerca fatta coi consumatori brasiliani. Intitolato “A Cultura material da felicidade”, il lavoro consolida un’alleanza di cinque anni tra il Senai e il Future Concept Lab (FCL), istituto italiano di ricerca e analisi di comportamento dei consumatori.

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— Podemos dizer que exis-te uma tendência universal pe-la busca de qualidade de vida e a máxima de que felicidade não se compra é real. Existem ocasi-ões em que se tem felicidade na vida e as pessoas não assumem estilos únicos de definição, ora são clássicas, ora esportivas ou básicas. Ocorre que elas sabem que não estarão 100% felizes o tempo todo e então buscam sa-tisfação, bem-estar e prazer em suas atividades. Na maioria das vezes, isso é alcançado nas pe-quenas coisas. Não pensamos em produtos específicos ou marcas, mas sim na motivação — descre-ve a pesquisadora Nicoletta Vai-ra, do Future Concept lab.

A pesquisa apresentada no seminário ouviu um total de 320 pessoas, homens e mulheres di-vididos em quatro faixas etárias dos 15 aos 65 anos. Foi aplica-da em belém, Recife, Curitiba, brasília, Porto Alegre, são Pau-lo, goiânia e no Rio de Janeiro a um grupo que tem renda mensal igual ou superior a dois mil reais por pontuar questões como grau de instrução e acesso à cultura e lazer. O objetivo era identificar práticas, representações, desejos, expectativas e valores do grupo que chamaram de “vanguarda fe-liz”. O desenvolvimento consistia no registro diário do participante de três momentos em que, na sua opinião, teria obtido prazer, bem estar ou felicidade.

— Interessante que quan-do apresentávamos a proposta, grande parte das pessoas dizia que seria difícil haver três situa-ções diárias de felicidade em su-

as vidas. Mas na medida em que foram cumprindo o exercício, o volume de informações também aumentou e isso permitiu uma reflexão sobre a forma de vida que levavam e seu entendimento sobre o tema analisado — expli-ca o pesquisador Marcelo Ramos, do senai-Cetiqt.

A rotina, que levou os pes-quisadores ao total de sete mil registros de felicidade, foi base-ada no modelo aplicado em pa-íses europeus em 2003. Naquela época, o FCl esteve na Espanha, Alemanha, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Rússia, França e, cla-ro, Itália. E se, apesar das dife-renças culturais encontradas nas diferentes regiões, nos diários brasileiros foi possível encontrar pontos de convergência entre os pesquisados, em comparação com os registros europeus, existem planos e preferências distintas.

— A Itália é mais homo-gênea. No quesito religião, por exemplo, há quase que uma to-talidade. Já o brasil, tem contor-nos diferentes, uma mistura mais estimulante — destaca Nicoletta.

Presidente do FCl, o soció-logo Francesco Morace vai além. segundo ele, enquanto na Euro-pa a cultura é um elemento mais importante para se alcançar a felicidade, no brasil, o cuidado com o corpo aparece na primeira posição. Em outro ponto, se no brasil é comum o compartilhar de experiências com os amigos e num ambiente exterior à residên-cia; na Itália, esses momentos são divididos em família e, nos demais países europeus, é mar-cante o individualismo:

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— Possiamo dire che esiste una tendenza universale a cerca-re una migliore qualità di vita, e la massima secondo cui la felici-tà non si compra è vera. Esistono situazioni nella vita in cui si è felici, e le persone non assumono stili unici definiti, ora sono clas-siche, ora sportive ora basiche. Succede che sanno che non sa-ranno felici al 100% tutto il tem-po, perciò cercano soddisfazione, benessere e piacere nelle attività personali. La maggior parte del-le volte questi traguardi si rag-giungono nelle piccole cose. Non stiamo pensando a marche o pro-dotti specifici, ma piuttosto alle motivazioni — descrive la ricer-catrice Nicoletta Vaira del Future Concept Lab.

La ricerca presentata nel se-minario è stata fatta con 320 persone, uomini e donne, divisi in quattro fasce d’età, dai 15 ai 65 anni. E’ stata fatta a Belém, Recife, Curitiba, Brasília, Por-to Alegre, São Paulo, Goiânia e a Rio de Janeiro, rivolta a per-

sone con reddito mensile uguale o superiore a duemila reais, per rilevare questioni come il grado d’istruzione e il loro accesso alla cultura e al divertimento. Si mi-rava ad identificare pratiche, rap-presentazioni, desideri, speranze e valori di un gruppo che hanno chiamato “avanguardia felice”. La dinamica era quella di far anno-tare su un diario dal partecipante i tre momenti giornalieri in cui, secondo lui, aveva provato pia-cere, benessere o felicità.

— [Era] interessante che quando presentavamo la proposta una gran parte delle persone diceva che sarebbe sta-to difficile provare tre momenti felici nel-la vita di tutti i giorni. Ma a ma-no a mano che svolgevano il loro compito aumentava la quantità delle informazioni, e ciò ha permesso di riflettere sul tipo di vita che facevano e la loro capacità d’intendere il tema ana-lizzato — spiega il ricercatore Marcelo Ramos del Senai-Cetiqt.

La pratica, che ha fornito ai ricercatori un totale di settemi-la atti registrati di felicità, si è basata sul modello applicato nei paesi europei nel 2003. In quell’occasione il FCL ha agito in Spagna, in Germania, Finlandia, Olanda, Inghilterra, Russia, Fran-cia e, ovviamente, in Italia. E se, nonostante le differenze cultura-li incontrate nelle differenti re-gioni, nei diari brasiliani è stato possibile trovare punti di conver-genza fra i ricercatori in parago-ne con i registri europei, esisto-no piani e preferenze distinte.

— L’Italia è più omogenea. Sul quesito religione, per esem-pio, c’è una risposta quasi unica. Invece il Brasile ha contorni dif-ferenti, una mescolanza più sti-molante — rileva Nicoletta.

Il presidente del FCL, il socio-logo Francesco Morace va oltre. Secondo lui mentre in Europa la cultura è un elemento molto im-portante per raggiungere la feli-cità, in Brasile la cura del proprio corpo appare in prima posizione. Su un altro punto, se in Brasile è comune il dividere esperienze con gli amici e in un ambiente fuori dalla propria casa, in Italia questi momenti sono vissuti in famiglia e, negli altri paesi eu-ropei, c’è molto individualismo:

Realizado no Rio de Janeiro, Seminário Internacional de Comportamento e Consumo divulga pesquisa feita por instituto italiano sobre a busca da felicidade pelo brasileiro. Para a pesquisadora italiana

Nicoletta Vaira, do Future Concept Lab, a máxima de que felicidade não se compra é realRealizzato a Rio de Janeiro, il Seminário Internacional de Comportamento e Consumo ha reso nota una

ricerca fatta da un ente italiano sulla ricerca di felicità dei brasiliani. Secondo la ricercatrice Nicoletta Vaira, del Future Concept Lab, la massima secondo la quale la felicità non si compra è vera

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— Isso nos aponta algumas escolhas, mas queremos ir ao por-quê delas e às redes que formam. Mas sem implicar em rótulos.

Apesar de a pesquisa estar baseada em impressões da classe média e do tema ser tratado em um seminário sobre comporta-mento e consumo, Morace recusa a pressão sobre um possível in-centivo a uma “ingestão desen-freada” de produtos ou marcas.

— Interessa-nos as boas sen-sações, o sentimento de satisfação e nós estamos saindo de um mo-delo em que consumir ou simples-mente gastar era a felicidade. Hoje você fala em cultura, em gostar de música, e há os downloads dispo-níveis gratuitamente. Então, não existe essa ideia de que a felici-dade existe apenas para quem tem poder aquisitivo. se pesquisásse-mos fora da classe A e b, ainda que com certas diferenças, também encontraríamos as ocasiões des-critas. As pessoas querem ser feli-zes independentemente do dinhei-ro que têm em mãos atualmente. Cabe às empresas lançar mãos de meios para isso — analisa. o consumo da felicidadeA narrativa do consumo segue a ordem de nossos desejos, neces-sidades, expectativas e da capa-

cidade/possibi-lidade de agir e interagir

com o mundo ao nosso re-dor. Não à toa, os momen-tos de crise econômica in-terferem na oferta feita a

essa busca, mas não em sua determinação, e o indivíduo

tem domínio sobre os elementos básicos para sua felicidade.

— Na Itália, por exemplo, atu-almente, a gastronomia e a tecno-logia ocupam um grande espaço na

preferência dos consumidores, posto que o sistema Moda

Itália já teve. Mas se essa é uma realidade interna, para o exterior, o Made in Italy ainda atrai por um

histórico de qualidade e ex-celência — pondera Morace.Porém, como equacionar os

anseios de um público e levar em conta os universos em que es-tão inseridos e que contribuem na formação de sua identidade? O economista Eduardo giannetti avalia que a proposta para a feli-cidade passa pelo crivo da obje-tividade e da subjetividade.

Ao tomar por base dados de pesquisas nos Estados Unidos e mesmo no brasil, o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa de são Paulo (Insper) salienta a dife-rença entre ser feliz e estar feliz:

— Estar feliz requer um nível de contentamento local, próximo, enquanto ser feliz pressupõe uma avaliação de trajetória, algo fei-to com distanciamento. No plano objetivo, a felicidade é medida por circunstancias materiais, indi-cadores de bem estar. Já o subje-tivo traz as realizações, os com-ponentes que nos colocam em zo-na de conforto. A questão é saber se nós estamos sabendo nos auto-avaliar? Que parâmetros usamos?

O questionamento do econo-mista reflete o resultado das pes-

— Questo ci mette di fronte a certe scelte, ma noi vogliamo arrivare ai motivi di queste scelte e alle reti che le formano. Senza però attaccarci a delle etichette.

Nonostante la ricerca sia ba-sata su impressioni della classe media e il tema sia trattato in un seminario su comportamento e consumo, Morace rifiuta la pres-sione circa un possibile incentivo a un “ingerire sfrenato” di pro-dotti o di marche.

— Ci interessano le sensazio-ni positive, il sentimento di sod-disfazione e noi stiamo uscen-do da un modello secondo cui il consumare o semplicemente lo spendere era la felicità. Oggi si parla di cultura, del piacere di ascoltare la musica, e abbiamo i downloads disponibili gratuita-mente. Per cui non esiste questa idea secondo la quale la felicità è soltanto per chi ha potere d’ac-quisto. Se facessimo delle inda-gini al di fuori delle classi A e B, anche se con qualche differenza, troveremmo comunque le occa-sioni descritte. Le persone vo-gliono essere felici indipenden-temente dal denaro che hanno in mano adesso. Tocca alle impre-se trovare mezzi per farlo — è la sua analisi. Il consumo della felicitàLa storia del consumo segue l’or-dine dei nostri desideri, delle no-stre necessità, delle aspettati-ve, e della capacità/possibilità di agir e interagire con il mon-do intorno a noi. Non è per caso che i momenti di crisi economi-ca interferiscono nell’offerta per

questa ricerca, ma non nella sua determinazione, e l’individuo de-tiene il dominio sugli elementi basilari per la sua felicità.

— In Italia per esempio at-tualmente la gastronomia e la tecnologia occupano un posto importante nelle preferenze dei consumatori, posto che il siste-ma Moda Italia ha occupato in passato. Ma se questa è una re-altà interna, per quanto riguar-da l’estero il Made in Italy attrae ancora per la sua storia di eccel-lente qualità— è la valutazione di Morace.

Tuttavia come calcolare i de-sideri di un pubblico e considera-re i mondi in cui si trovano e che contribuiscono a formare la loro identità? L’economista Eduardo Giannetti stima che la proposta per essere felici deve passare at-traverso una valutazione obietti-va e soggettiva.

Basandosi su dati di ricerche fatte negli Stati Uniti e anche in Brasile, il professore dell’Institu-to de Ensino e Pesquisa de São Paulo (Insper) mette in risalto la differenza fra l’essere felici e il sentirsi felici:

— Sentirsi felici richiede un livello di soddisfazione locale, prossimo, mentre essere felici presuppone una valutazione della propria traiettoria, cosa che vie-ne fatta con distacco. Sul piano obiettivo la felicità viene misu-rata attraverso circostanze mate-riali, indicatrici di benessere. In-vece il piano soggettivo trae le realizzazioni, i fattori che ci col-locano in una zona di conforto. La questione è sapere se siamo capaci di valutare noi stessi. Che parametri usiamo?

Il problema posto dall’econo-mista riflette il risultato delle ri-cerche fatte recentemente con brasiliani: in seguito a doman-da sulla situazione individuale il 70% si dichiara felice, ma quando la domanda è sulla situazione del popolo, della nazione, solo il 25% afferma che i brasiliani sono felici.

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quisas feitas recentemente com brasileiros: quando pergunta-dos sobre sua situação individu-al, 70% se declaram felizes, mas quando a pergunta é sobre o po-vo, a nação, apenas 25% afirmam que os brasileiros são felizes.

— É o mesmo que ocorre quando o tema é preconceito ra-cial. Em geral, as pessoas decla-ram que não possuem, mas ao avaliar o seu entorno, diz que o preconceito existe. Quando olha para si, o brasileiro tem em men-te sua subjetividade e o seu modo de encarar a vida. Além disso, ao se declarar infeliz, a pessoa reco-nhece uma derrota pessoal e assu-me uma condição que não deseja tornar conhecida publicamente. Em relação aos demais, e sobre o país, o brasileiro olha para condi-ções objetivas, para a precarieda-de da vida material, para a falta de segurança e emprego — discorre giannetti, autor de Auto-engano, Felicidade e O valor do amanhã – ensaio sobre a natureza dos juros.

Ainda segundo o professor, a ideia de que o aumento da ren-da significa maior felicidade tam-bém é equivocada. baseando-se em pesquisas norte-americanas e japonesas sobre crescimen-to econômico na década de 20, giannetti avalia que a relação renda versus felicidade só au-menta quando o crescimento sa-larial é significativo. Já quando a renda anual média por habitante atinge os 10 mil dólares, a pro-porção entre os que se declaram felizes não aumenta.

Outra situação para o estudo do economista é a relação en-tre o indivíduo e um bem posi-cional. segundo ele, o efeito de

possuir determinada coisa sobre os demais produz uma verdadeira “corrida armamentista” e lembra o escritor romano Petrônio, que em Satyricon cita um milionário da Roma antiga que afirma: “só me interessam os bens que des-pertam no populacho a inveja de mim por possuí-los”.

— A desigualdade reforça no brasil o poder do dinheiro e dos bens posicionais. Para quem falta tanto, o apelo é maior e fanta-sioso — conclui.

nova chanceNuma escala menos perversa que a descrita por giannetti, um italia-no consagrado pelo apelo de seus produtos foi Elio Fiorucci. Convi-dado especial do seminário, o de-signer de moda, cujo sobrenome batizou a marca que popularizou o jeans, acredita que a revolução cultural na década de 1970, “onde se podia tudo e a proposta de vida incluía combater a hipocrisia” foi determinante para o que a moda produziu a partir de então.

— Era uma geração em busca da felicidade, algo que do ponto de vista coletivo é complexo e di-fícil de ser atendido. Creio que dei

sorte. Ve-jo o bra-

sil hoje e percebo essa mes-

ma caminhada, querendo resolver seus problemas e com qualidades e características que países ditos mais evoluídos se esqueceram de manter, como a gentileza e a edu-cação, que são primordiais para essa aquisição do bem estar, da felicidade — comenta com a ex-

periência de quem tem 75 anos e teve lojas em cidades co-

mo londres, Nova Iorque e Rio de Janeiro.

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— La stessa cosa succede quando il tema è il preconcetto razziale. In generale le persone dichiarano che non ce l’hanno, ma se si guardano intorno di-cono che il preconcetto esiste. Quando volge lo sguardo verso se stesso il brasiliano ha in mente la sua soggettività e il suo mo-do di affrontare la vita. All’oppo-sto quando si dichiara infelice la persona riconosce una sconfitta personale e assume una posizio-ne che non vuole ch sia di pub-blico dominio. In rapporto ad altre questioni e il paese i bra-siliani guardano alle condizioni obiettive, alla precarietà della vita materiale, alla mancanza di sicurezza e d’impiego— riflette Giannetti, autore di ‘Auto-enga-no, Felicidade e O valor do aman-hã – ensaio sobre a natureza dos juros’.

Sempre secondo il professo-re, anche l’idea che l’aumento del

reddito significhi una maggior felicità è un equivoco. Basan-dosi su ricerche nordamericane e giapponesi sulla crescita eco-nomica negli anni ‘20, Giannet-ti valuta che il rapporto reddito versus felicità aumenta soltanto quando l’aumento dello stipendio è significativo. Mentre quando il reddito annuale medio per capite arriva ai 10 mila dollari, la pro-porzione fra coloro che si dichia-rano felici non aumenta.

Un’altra situazione di stu-dio per l’economista è il rappor-to tra l’individuo e un bene che gli assicuri una posizione socia-le. Secondo lui l’effetto di pos-sedere una determinata cosa in più rispetto agli altri produce una reale “corsa agli armamen-ti”, e ricorda lo scrittore romano Petronio, che nel Satyricon cita un milionario di Roma antica che afferma: “Mi interessano solo i beni che provocano nel popolo un sentimento d’invidia nei miei confronti “.

— La disuguaglianza rafforza in Brasile il potere del denaro e dei beni posizionali. Para quem falta tanto il richiamo è più gran-de e fantasioso — conclude.

Nuova opportunitàIn una scala meno perversa di quella descritta da Giannetti, un italiano consacrato per il fascino dei suoi prodotti è Elio Fiorucci. Invitato speciale del seminario, il designer di moda, il cui co-gnome è stato usato per la mar-ca che ha reso i jeans popolari, crede che la rivoluzione culturale

Elio Fiorucci: “gentileza e educação” como requisitos para se alcançar a felicidadeElio Fiorucci: “gentilezza ed educazione” come requisiti per raggiungere la felicità

Riflessi della crisiI l cambiamento del modello di mercato indicato da Frances-

co Morace può essere intrepretato anche come un riflesso dell’ultima crisi economica mondiale. L’istituto tedesco GfK ha va-lutato l’impatto di questa congiuntura nella vita di tutti i giorni dei consumatori europei. L’impresa ha sondato 10.200 persone con più di 14 anni in nove paesi d’Europa e ha constatato che, mirando al risparmio domestico, questi hanno alterato gli standard di consu-mo. Più di quattro su dieci consumatori italiani, tedeschi, olandesi e austriaci hanno cercato di comprare prodotti alimentari e bevan-de a prezzi più modici. Per il 43% degli italiani sondati i tagli prio-ritari sono stati abbigliamento e calzature. Al secondo posto nella lista dei tagli, gli italiani hanno citato le spese di svago (42%). Invece in Brasile, sempre nello stesso anno di crisi economica, ri-cerche hanno indicato la formazione di un nuovo profilo di consu-matori perché un gran numero di persone è migrata dal ceto D/E verso quello C. Secondo il sondaggio O Observador Brasil 2008, co-ordinato dall’istituto di ricerche Ipsos Public Affairs, “il benessere della società brasiliana sta attraversando una piccola rivoluzione”.

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avvenuta negli anni ‘70 “quando tutto era possibile e la proposta di vita comprendeva il combat-tere l’ipocrisia” è stato determi-nante per quello che la moda ha prodotto a partire da allora.

— Era una generazione in cerca della felicità, una cosa che dal punto di vista collettivo è complesso e difficile da seguire. Credo di essere stato fortunato. Vedo il Brasile oggi e percepisco lo stesso percorso, vuole risolve-re i suoi problemi con le quali-tà e le caratteristiche che i i co-siddetti paesi più evoluti si so-no scordati di conservare, come la gentilezza e l’educazione, che sono importantissimi per l’acqui-sizione del benessere, della feli-cità — commenta con l’esperien-za di chi ha 75 anni ed ha avuto negozi in città come Londra, New York e Rio de Janeiro.

Da bambino Fiorucci si con-siderava il peggior alunno dei cinque fratelli. Il suo “percorso naturale” allora è stato quello di lavorare col padre nel negozio di scarpe della famiglia. E co-sí, vendendo alle persone e portan-do avanti il negozio, ha capito cosa vole-va fare della sua vita. Dopo un po’ ha corso il rischio ed ha aperto un negozio suo di ab-bigliamento ed accessori. Dopo un viaggio a Londra per andare a trovare la sorel-la che studiava a Cambridge, lo stilista ha trovato l’ispirazione per quello che sarebbe divenuto una pietra miliare di Milano per il mondo.

— Gucci e Ferragamo erano i due marchi italiani in enfasi a New York a quell’epoca e non c’era il prêt-à-porter naziona-

le. Prima di Fiorucci c’erano tre grandi marche di jeans, ma la stoffa era considerata solo per i fine settimana. Allora, con i no-stri pantaloni, i jeans hanno oc-cupato le strade, alle donne pia-cevano perché valorizzavano le forme — ricorda lo stilista.

A New York, nella famosa di-scoteca Studio 54, Fiorucci ha organizzato varie feste ed ha co-minciato a ricevere star del cine-ma, fotografi di nome, critici e personalità famose. Andy Warhol nel 1976 ci ha fatto il lancio mondiale della rivista Interview. Nel 1983 una Madonna agli ini-zi di carriera è stata la star della festa per i 15 anni del marchio.

Ma una crisi alla fine degli anni ’80 ha obbligato l’imprendi-tore a vendere il marchio ad un gruppo giapponese. Tredici anni dopo è ritornato sul mercato con una nuova griffe, la Love The-rapy, a Milano. L’attuale lavoro del designer l’ha portato in Bra-sile. Il marchio vende t-shirts, jeans e accessori colorati, su li-nee basate su romanticismo, sen-sualità, libertà e fantasia.

— Sono un ottimista e dob-biamo desistere di cercare il no-stro spazio. Love Therapy esiste per trasbordare amore e senza amore la felicità non è possibile — ha detto.

Criança, Fiorucci se conside-rava o pior aluno entre cinco ir-mãos. seu “caminho natural” foi, então, trabalhar com o pai na lo-ja de sapatos da família. Aten-dendo às pessoas e tocando o ne-gócio, entendeu o que pretendia fazer de sua vida. Depois de um tempo, arriscou abrir a própria loja de roupas e acessórios. Após uma viagem à londres, para visi-tar a irmã que estudava em Cam-bridge, o estilista se inspirou pa-ra o que se tornaria um marco de Milão para o mundo.

— gucci e Ferragamo eram as duas marcas italianas que tinham destaque em Nova Iorque naquela época e não havia o pret-à-porter nacional. Antes da Fiorucci, ha-via três grandes marcas de jeans, mas o tecido era considerado peça para fim de semana. Então, com nossas calças, o jeans tomou as ruas, as mulheres gostavam por-que valorizava as formas — recor-da o estilista.

Uma vez em Nova Iorque, na famosa boate studio 54, Fiorucci passou a receber estrelas de cine-ma, fotógrafos conceituados, crí-ticos e personalidades de desta-que. Andy Warhol lançou na loja,

em 1976, a revista Interview. Em 1983, uma Madonna em inicio de carreira foi a estrela da festa pelos 15 anos da marca da boate.

Uma crise no fim dos anos 1980, no entanto, levou o em-presário a vender a etiqueta pa-ra um grupo japonês. treze anos depois, ele voltou ao mercado com uma nova grife, a love the-rapy, em Milão. O atual trabalho do designer o trouxe ao brasil. O negócio oferece t-shirts, jeans e acessórios coloridos, em linhas baseadas em romantismo, sensu-alidade, liberdade e fantasia.

— sou um otimista e não deve-mos desistir de buscar nosso espa-ço. love therapy existe para trans-bordar amor e sem amor a felicida-de não é possível — afirma.

Reflexos da criseA mudança no modelo de mercado apontada por Francesco Mo-

race pode ser entendida também como reflexo da última cri-se econômica mundial. O instituto alemão gfK avaliou o impacto dessa conjuntura no cotidiano do consumidor europeu. A empresa ouviu 10.200 pessoas com mais de 14 anos em nove países da Europa e constatou que, com o objetivo de economizar no orça-mento familiar, eles alteraram seus padrões de consumo. Mais de quatro em cada dez consumidores da Itália, Alemanha, Holanda e áustria buscaram comprar produtos alimentares e bebidas a pre-ços mais baixos. Para 43% dos italianos entrevistados, os cortes prioritários foram com roupas e calçados. Em segundo lugar na lista de cortes, os italianos citaram as despesas com lazer (42%). Já no brasil, no mesmo ano do abalo econômico, pesquisas in-dicaram a formação de um novo perfil do consumidor porque um grande número de pessoas migrou da classe D/E para a classe C. De acordo com a pesquisa O Observador brasil 2008, coordenada pelo instituto de pesquisas Ipsos Public Affairs, “o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”.

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Tecnimontdo Brasil

ENGENHARIA CONSTRUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE PROJETOS

INFRASTRUCTURE POWER PLANT OIL, GAS & PETROCHEMICALS

Sede Av. Bias fortes 382 - 14°

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un legame in meno

Studioso della realtà brasiliana, il diplomatico Mario Trampetti muore a Napoli

da Redação

diplomazia

a 51 anni, è deceduto il primo Consigliere presso l’Ambasciata d’Italia in brasile, Mario trampetti.

Ha subito un infarto all’alba del 9 settembre a Napoli, sua terra natale, dove hanno avuto luogo i suoi funerali.

Ex console generale d’Italia a Curitiba, trampetti ha lavorato presso l’Ambasciata nella fase di transizione tra l’uscita di Michele Valensise e l’arrivo dell’attuale am-basciatore, gherardo la Francesca.

Quelli tra trampetti e il bra-sile erano legami molto stretti. E’ stato proprio lui che, a nome del ministero degli Affari Esteri ita-liano, ha dato notizia dell’inizio

della task force della cittadinan-za, nel maggio 2008.

si è dedicato con interesse a studi sulla realtà brasiliana:

— Un brillante diplomati-co, profondo conoscitore delle tematiche brasiliane e dell’Ame-rica latina. E’ infatti autore di alcune pubblicazioni specialisti-che, in particolare sul processo di integrazione del continente sudamericano — dice il console d’Italia a Rio de Janeiro, Umber-to Malnati.

laureato in scienze Politi-che presso l’Università di Napoli, ha cominciato la sua carriera di-plomatica nel 1984. E’arrivato la prima volta in brasile nel 1987,

per assumere l’incarico di Primo segretario all’Ambasciata d’Ita-lia a brasília. Ci è rimasto fino al 1992, quando è stato trasferito a berna (svizzera), dove è sta-to Consigliere per l’emigrazione e gli affari sociali all’Ambascia-ta italiana. E’ ritornato in brasile nel 2001, quando è stato a capo del Consolato generale a Curiti-ba, incarico che ha occupato per quattro anni. Dal 2008 era Pri-mo consiglie-re all’Amba-sciata italiana a brasília.

C a v a l i e -re Ufficiale dell’Ordine al Merito del-la Repubblica dal 2005, in gennaio tram-petti aveva ri-cevuto, a Re-cife (PE), la comitiva militare italiana scelta per andare insieme ai brasiliani in aiuto alle vittime del terremo-to in Haiti. Allora la nave italiana Conte di Cavour era stata man-data al paese dei Caraibi con il gruppo italo-brasiliano a bordo.

— A nome di tutto il per-sonale dell’Ambasciata d’Italia a brasilia e della rete consolare italiana in brasile vorrei espri-mere le mie più sentite e sincere condoglianze per l’improvvisa e prematura scomparsa del colle-ga e amico Mario trampetti, che svolgeva con competenza e im-pegno straordinari le funzioni di mio vice. tutti noi abbiamo po-tuto apprezzare moltissimo non

solo le stra-ordinarie ca-pacità profes-sionali di Ma-rio trampetti, ma anche la sua giovia-le sensibilità e la sua sem-pre premuro-sa attenzio-ne ai rappor-ti umani. la sua scompar-

sa lascia un vuoto enorme. Al-la moglie, al figlio e ai familiari vanno in questo momento il no-stro pensiero e il nostro affetto — ha dichiarato l’ambasciatore d’Italia in brasile, gherardo la Francesca.

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profilo

F iglio di un medico, è cresciu-to sentendosi dire che non poteva scegliere una profes-sione che non fosse legata

alla medicina. Ma è stato a Rio de Janeiro, più esattamente nell’in-fermeria 38 della santa Casa de Mi-sericórdia, otto anni dopo essersi laureato, che il chirurgo plastico Fabio Fantozzi ha assunto piena consapevolezza della sua scelta.

Il fatto che l’ha convinto di essere sulla strada giusta è dipe-so dall’incontro con il celebre chi-rurgo brasiliano Ivo Pitanguy. E’ per questo che, undici anni dopo essere venuto in brasile la prima volta, Fantozzi è adesso uno dei direttori della Associação Cirúrgi-ca Europeia Pitanguy (Aceip), e gli piace moltissimo tornare sem-pre a Rio – sia per approfittare di quanto offre la città, sia per eser-citare la sua professione.

— Posso dire che io qua mi offro totalmente, perché posso lavorare con persone che real-mente non hanno le condizioni [finanziarie] per affrontare cure così accessibili. Venire in brasile

per operare significa entrare in un nuovo sistema. In tutto il perio-do passato qua ho acquisito co-gnizioni professionali e personali, e da luglio a settembre io ritrovo me stesso. Il brasile rappresenta il 20% del mio lavoro — commen-ta il chirurgo che ha .... anni.

la relazione di Fantozzi con Rio è cominciata nel 1999. Cer-cando di perfezionare la tecnica e il lavoro delle visite, il medico, laureatosi alla scuola di Medicina in Italia, si era candidato a un po-sto di postlaurea nella Pontifícia Universidade Católica RJ, il cui professore titolare era Pitanguy. Approvato, ha vissuto tre anni in terra fluminense. Oltre a “fre-quentare” la santa Casa Fantoz-zi ha fatto tirocinio nell’Hospital

dos servidores e dell’Andaraí. E fa parte del 15% degli ex alunni di Pitanguy di nazionalità italiana.

Fantozzi, che ha il titolo di studio riconosciuto dalla socie-dade brasileira de Cirurgia Plá-stica, sostiene che Pitanguy è in Italia, Francia e Inghilterra il “nome più importante” in que-sto campo. Ma, oltre al campo dell’estetica nella chirurgia pla-stica, quello che l’ha attratto,

come avvenuto ad altri seguaci del brasiliano, è stata l’esperien-za nel campo riparatorio.

— In brasile le malformazio-ni congenite sono più comuni e spesso dipendono dalla mancan-za di accompagnamento duran-te la gravidanza. Poi ci sono i problemi delle ustioni e di altri traumi in maggior numero che in Europa. Qui sono frequenti i casi da ustioni per elettricità, che sono peggiori di quelli cau-sati dal fuoco. E’ per tutti que-sti motivi che il lavoro di ria-bilitazione sociale e psicologica attraverso cui passa il paziente è fondamentale e la scuola di Pitanguy possiede tutto questo bagaglio— analizza il medico, che è anche membro della Asso-

ciação dos Ex-alunos de Ivo Pi-tanguy (Aexpi).

Nel 2010 la cattedra di chi-rurgia plastica nella Escola Médi-ca de Pós-graduação della PUC-RJ (integrata all’Hospital geral da santa Casa da Misericórdia at-traverso l’infermeria 38) compie 50 anni. E’qui che viene assistita anche la parte povera della po-polazione e viene offerta l’oppor-tunità di ottenere assistenza fi-sica e psicosociale. si stima che in questi anni siano stati operati 50 mila pazienti e che, in media, vengano realizzate 1.800 opera-zioni chirurgiche all’anno nelle tre sale del centro chirurgico.

la scuola di Pitanguy è diven-tata famosa in seguito all’incen-dio, avvenuto a Niterói nel dicem-bre 1961, del gran Circo Nord-ame-ricano, durante il quale sono morte 500 persone e altre 120 sono rima-ste mutilate. All’epoca il professo-re aveva sfidato l’equipe di medici all’opera e aveva organizzato il re-parto ustioni dell’Hospital Univer-sitário Antônio Pedro. Pitanguy, promotore nella ricerca e sempre in cerca di nuove cognizioni, ha ricevuto vari premi, fra cui quel-lo della Cultura per la Pace, con-feritogli da Papa giovanni Paolo II nel 1989 per il lavoro svolto nella santa Casa. Proprio per questo ti-po di etica nella pratica medica i suoi alunni, oltre alle varie tecni-che, apprendono la carità.

la preoccupazione di aiutare gli altri e di dare continuità alla formazione avuta dal maestro ha acquistato forza durante un con-vegno con la Aexpi e la Università Cattolica Albanese, durante il qua-le l’ente ha offerto appoggio didat-tico e tecnico al corso di Medicina. Comunque alcuni chirurghi hanno già operato nell’ospedale centrale dell’Albania che, data la vicinanza con l’Italia, accoglie molti degli ex alunni italiani di Pitanguy.

Dei tempi in cui era alun-no Fantozzi ricorda che divideva l’appartamento con un collega del gruppo. Abitavano a botafogo, a poca distanza dalla clinica di Pi-tanguy. lontano da casa, i pa-zienti e gli impiegati dell’ospeda-le erano diventati la sua famiglia:

— Dei giorni arrivavo alle 7.00 e alle 23.00 stavo ancora all’ospedale. Il gruppo era sem-pre unito e una volta la madre di un bambino che era stato opera-to ci ha invitati tutti alla festa di compleanno del figlio.

Profondo rispetto per il maestro

Italiano ex alunno di Ivo Pitanguy segue i passi del celebre chirurgo tanto in Brasile quanto nel suo Paese

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Dados do governo italiano afirmam que 22,7% dos jovens do país abusam do consumo de bebidas

alcoólicas. Para mudar esse qua-dro, a associação Tutti Più Edu-cati desenvolveu um projeto de prevenção. lançado há três anos, o “Bevi giusto, Basta il gusto” sai do terreno da polêmica para co-lher os primeiros frutos. Inicial-mente restrito a Milão, começa a ser solicitado por escolas e pre-feituras de toda a Itália.

A polêmica surgiu pelo pró-prio formato do projeto que tem por objetivo ensinar o jovem a beber. Ou melhor, degustar. No caso, o vinho, bebida italiana por excelência. Com o apoio da Associação Italiana dos somme-liers, Bevi giusto ensina para os jovens noções de cultura, histó-ria e características físicas do vi-nho. E o mais importante: os be-nefícios do consumo moderado.

O enólogo Piero solci, um dos principais colaboradores do projeto e renomado sommelier da lombar-dia, é o responsável por apresentar os componentes do vinho através de um teste sobre as capacidades sensoriais. Os estudantes são con-vidados à degustação de sete co-pos com ingredientes como açúcar, glicerina e tanino, a fim de compreender na prática como se origina o sabor do vinho.

— Os cinco sentidos, en-tre eles o paladar, não ser-vem apenas para perceber-mos fenômenos físicos, mas podem também garantir a transmissão de valores cultu-rais — defende solci.

O alvo do projeto são os estudantes dos últimos anos da escola secundária italiana, com idades entre 16 e 18 anos. Criadora, em 2006, da Tutti Più Educati, laura Caradonna ex-

plica que esse grupo foi o esco-lhido para participar do projeto por estar “próximo à maioridade” e por ser formado por “jovens que não saboreiam uma bebida porque querem apenas se embriagar”.

Ela lembra que a implantação do projeto foi difícil porque as autoridades educacionais se as-sustavam com a ideia:

— Pensavam que nós querí-amos ensinar os adolescentes a beber, quando, na realidade, nos-sa missão é ensiná-los a beber corretamente — explica laura.

A segunda dificuldade foi o próprio conhecimento que os alunos tinham sobre vinho – mas desconheciam. Afinal, a bebida faz parte do cotidiano de qual-quer família italiana. Isso impli-cou na reformulação do material de avaliação.

Agora, o projeto já se insere no âmbito de uma campanha in-formativa promovida pelo próprio ministério da saúde italiano pa-ra combater o abuso e o consumo exagerado de álcool entre jovens. também conta com a colaboração

de grandes especialistas como a nutricionista Eve-lina Flachi, o jornalista e sociólogo pesquisador de fenomenologias sociais ju-venis Roberto Piccinelli, a psicoterapeuta e consul-tora jurídica de casos de alcoolismo Elsa selis e o educador Roberto stranie-ro, que possui experiência de quase 30 anos à fren-te de uma das maiores es-colas de Milão. todos se alternam nas apresenta-ções aos estudantes.

Os encontros são realizados enquanto atividades extracurri-culares e, portanto, fora do am-biente escolar. Normalmente, a prefeitura local cede um espaço para a realização do encontro e as escolas da região são convida-das a participar.

O último laboratório do pro-jeto ocorreu no final de abril em Melegnano, na província de Mi-lão. Na ocasião, cerca de 200 es-tudantes escutaram atentamen-te, durante duas horas, as lições do mestre solci.

— Uma coisa é o gosto, o sa-bor, o aroma e a cor de um bom vinho. Outra coisa é acordar com dor de cabeça, no dia seguinte a uma bebedeira — costuma dizer solci aos alunos no início de su-as palestras.

Para o próximo ano letivo, os organizadores prevêem a realiza-ção de laboratórios de formação voltados para professores e fami-liares dos alunos, “pois a educa-ção começa dentro de casa”, co-mo observa laura que abandonou a carreira de jornalista científica para se dedicar à associação.

Um dos outros projetos de-senvolvidos pela Tutti più Educati é sobre o ensino da importância para uma criança do consumo de água, ou do consumo correto de leite para adolescentes. Um dos mais ambiciosos é o Cultura Iti-nerante, aberto a todas as idades. Propõe percursos formativos de história da arte a fim de ensinar os cidadãos a apreciarem correta-mente as obras de arte. No total, a organização possui mais de 100 profissionais de diversos setores que apóiam os projetos operando como consultores e educadores.

— A educação está na cons-ciência, na liberdade interior pa-ra realizar as próprias escolhas — resume laura.

Degustação se aprende na escola

Projeto quer prevenir alcoolismo juvenil ensinando estudantes a apreciar corretamente um vinho

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O projeto já começou a ser solicitado por escolas de toda a Itália

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SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

HipertensãoUm projeto brasileiro envolvendo 29

hospitais-escola investigará a ra-zão pela qual muitos hipertensos, mes-mo usando a medicação, não conseguem controlar a pressão. Mais da metade dos hipertensos têm a doença descontrolada - a maioria, por falta de adesão ao tra-tamento. Financiado pelo Ministério da saúde, o estudo vai mapear pacientes re-sistentes ao tratamento. Enquadram-se nesse critério os que já tenham tentando usar três classes de drogas. O cardiolo-gista José Eduardo Krieger, professor da UsP que dirige o laboratório de genética do InCor, diz que os pesquisadores vão tentar correlacionar dados sobre a resis-tência aos medicamentos com as varian-tes genéticas de cada pessoa. “Hoje, com os chips de DNA, a gente pode fazer um milhão de indagações para cada amostra de sangue”, afirma.

transplante renalA Fiocruz, vinculada ao Ministério da

saúde, assinou acordos para reduzir a dependência do brasil em relação à tecno-logia estrangeira na área de saúde. segun-do o ministro José gomes temporão, 80% dos insumos necessários para produzir os medicamentos consumidos pela população brasileira são importados. Um dos acordos, entre o laboratório de Farmanguinhos, da Fiocruz, e a libbs, de são Paulo, prevê a produção nacional do tacrolimo, imunos-supressor usado por transplantados renais. só no primeiro semestre deste ano, 1.486 pessoas passaram por essa cirurgia. O go-verno gasta hoje 87 milhões de reais/ano com o remédio, que é importado. De acor-do com o ministério, a economia com a substituição da importação será de 240 milhões de reais em cinco anos.

CervejaA s mulheres que bebem cerveja têm mais

chances de desenvolver psoríase – uma doença de pele crônica – do que aquelas que não bebem. É o que aponta um estudo da Harvard Medical school, em boston (EUA), segundo o qual mulheres que bebem cinco cervejas por semana correm um risco 130% maior do que as abstêmias. As que bebem a média de 2,3 cervejas têm um risco 72% maior. segundo o autor da pesquisa, Abrar Qureshi, a psoríase estaria ligada a compo-nentes não alcoólicos da cerveja. O estudo sugere que a doença pode estar relacionada ao glúten, usado na fermentação da cerveja. A psoríase é uma doença crônica de pele ca-racterizada por escamações com coceira que normalmente aparecem nos joelhos, nos co-tovelos e no coro cabeludo.

vasectomiaO brasileiro perdeu o medo da vasectomia.

O número de procedimentos feitos pelo sistema Único de saúde (sUs) cresceu quase 80% em seis anos no país, saltando de 19,1 mil em 2003 para 34,1 mil em 2009. Consul-tórios particulares também registram aumen-to da procura. Para especialistas, esse aumen-to é atribuído à política de saúde do homem do Ministério da saúde, que passou a oferecer o tratamento na rede pública, e à cobertura dos planos de saúde. “Além disso, as pessoas estão mais informadas, sabem que não tem nada a ver com perda de masculinidade. Os mitos estão caindo”, diz o urologista Joaquim Claro, do Hospital das Clínicas de são Paulo e coordenador do Hospital do Homem.

FarinhaElas passam quase despercebidas, mas são

tão importantes quanto as proteínas, os carboidratos e as gorduras na dieta. As fibras, encontradas em cereais, legumes, hortaliças e frutas, mantêm o equilíbrio da flora intes-tinal, protegem contra câncer, reduzem o co-lesterol e a glicose. E agora há uma maneira mais fácil e saborosa de consumi-las: nas fa-rinhas feitas a partir de casca de frutas como maracujá, banana, laranja e de uva verme-lha. Além de melhorar a saúde, elas ajudam a emagrecer sem remédio.

Farinha 1O consumo médio diário de fibras reco-

mendado é de 25g e, nesse total, tem espaço para as farinhas. Elas vão bem com sa-ladas de frutas, verduras, sucos, nas sopas, ou em receitas de bolos, biscoitos, tortas, mas-sas de panquecas e mingaus substituindo a farinha de trigo, ensina a nutricionista Isabel Jereissati, do Núcleo Integrado de Atenção à saúde da Mulher da santa Casa de Misericórdia

do Rio. “As farinhas de frutas são ótimas para os intestinos, que também produ-

zem células do sistema imune. E quan-do eles funcionam bem, nossas defe-sas se reforçam”, diz a nutricionista.

Farinha 2A farinha de casca de maracujá é rica em

pectina, fibra boa para o controle do diabetes, e que forma um gel que reduz a ab-sorção de gordura no intestino, protegendo as artérias e o coração. Além disso, aumenta a saciedade. A de uva vermelha contém resve-ratrol (encontrado principalmente nas semen-tes, na película e no vinho), antioxidante que previne entupimento de vasos ao estimular a produção, pelo fígado, de HDl (colesterol bom) e reduzindo o lDl (o ruim).

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ConcorsoLa Federação das Entidades Culturais ítalo brasileiras do Esta-

do de são Paulo (FECIbEsP) realizza il IV Concorso di reda-zione in lingua italiana. Possono parteciparvi tutti coloro che frequentano i corsi di lingua italiana presso enti della comunità italiana della Circoscrizione Consolare di são Paulo. I partecipan-ti saranno divisi in 3 categorie a seconda dei limiti di età: a) dai 12 ai 17 anni; b) dai 18 ai 39 anni; c) al di sopra dei 40 anni. Per tutti il tema sarà “2011/2012: Momento brasile/Italia”. I lavori, anonimi, dovranno essere inoltrati alla segreteria con il modulo di iscrizione allegato entro il 15 ottobre prossimo. Per ulteriori informazioni, telefonare allo 011-3259-6272.

UfficialeIl guarani è la seconda lingua ufficiale del comune di tacuru,

al sud dello stato di Mato grosso do sul, vicino al Paraguay. Ciò perché in quella località la maggior parte dei 3.245 abitanti indigeni non è bilingue, parlano solo guarani e questo rende lo-ro difficoltoso il poter usare i servizi pubblici essenziali. tacuru è il secondo comune del paese ad adottare un idioma indigeno come lingua ufficiale – il primo è stato são gabriel da Cachoeira all’estremo nord dell’Amazonas. Con la nuova legge in questo co-mune i servizi pubblici di base nell’area della salute e le campa-gne di prevenzione di malattie dovranno, a partire da subito, da-re informazioni in guarani e in portoghese. Viene inoltre stabilito che nessuno potrà essere discriminato dovuto alla lingua ufficiale parlata e che dovranno essere rispettate e valorizzate le variazio-ni della lingua guarani, come il dialetto kaiowá, ñandeva e mbya.

Quanto valeL’Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(Iphan) di Rio de Janeiro vuole sapere quanto vale la pre-servazione del patrimonio storico sotto il profilo economico. Ha perciò ordinato all’economista Edmar santos uno studio per va-lutare gli impatti di beni preservati in attività nel campo indu-striale e nel commercio delle vicinanze. Il lavoro comincerà col delineare gli effetti del restauro del theatro Municipal e degli Ar-cos da lapa nella produzione di prodotti, vendite commerciali, generazione di impieghi e rendita alla città. Il Municipal è stato il progetto più importante dell’Iphan/RJ: ha ottenuto 48 milioni di reais attraverso la lei Rouanet e ha dato lavoro a 300 profes-sionisti. Per gli archi saranno spesi 1,2 milioni di reais e, nel pro-getto, saranno coinvolte 30 persone tra architetti, ingegneri ed operai. Dal 2006 al 2010 l’Iphan/RJ ha reso disponibili per lavori pubblici 150 milioni di reais.

CachaçaE’ depositato nel Congresso brasiliano un progetto di legge

per istituire la data del 13 settembre come il Dia Nacio-nal da Cachaça. l’autore del progetto, il deputato Valdir Colatto (PMDb-sC), afferma che l’obiettivo della legge è quello di far co-noscere la bibita sul mercato internazionale come prodotto le-gittimo brasiliano. E’ stata scelta questa data perché nel 1661, in questo giorno, è avvenuta la Revolta da Cachaça: produttori della canna da zucchero di Rio de Janeiro si erano ribellati contro un de-creto della Corte portoghese che proibiva il commercio della bibita nella colonia. Attualmente il brasile produce 1 miliardo di litri di cachaça all’anno e meno dell’1% è esportata.

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o início da queda da tem-peratura e a volta dos ro-manos à cidade após as férias de agosto trazem

também a redescoberta de pe-quenos prazeres que Roma pro-porciona longe de museus e mo-numentos. Um deles é o piqueni-que em parques públicos, sobre-tudo na Villa borghese, imensa área verde permeada por obras de arte ao ar livre localizada ao lado da Piazza del Popolo, região central da capital italiana.

Para preparar a cesta, não há lugar mais adequado e tipica-

mente romano do que o Mercato di testaccio, uma feira de frutas, verduras, legumes, embutidos, queijos, peixes, azeitonas e pre-ciosidades italianas concentra-das em poucos metros quadrados em um dos bairros mais tradicio-nais da cidade.

Fundado ainda no século 19, o Mercato é o sucessor de diver-sas outras feiras livres e mantém uma tradição secular do bairro de testaccio. Na área, durante o Império Romano, ficava o anti-go Emporium, ponto de desem-barque das mercadorias que che-

gavam pelo rio tibre após serem desembarcadas na costa italiana vindas pelo mar de várias partes do mundo. Não por acaso, o sím-bolo do bairro é, até hoje, um jarro feito de cerâmica, modela-do como as antigas ânforas que serviam para transportar as pre-ciosas especiarias.

Convém chegar cedo para preparar a cesta do piquenique com os produtos mais frescos do dia. Muitas bancas já estão abertas antes mesmo das 7h da manhã. Comece o giro por uma das esquinas da Piazzale tes-taccio (que abriga o mercado) e penetre pouco a pouco pelas bancas de produtos alimentares que permeiam o interior da pra-ça coberta. Não faça pouco ca-so da arquitetura e organização simples: a qualidade dos produ-tos impressiona além do que os olhos podem ver.

Aproveite para comprar frutas da estação trazidas normalmente de pequenas propriedades dos arredores de Roma e do lazio. O mesmo vale para queijos, salames, azeitonas e presuntos crus. No Mercato se pode encontrar, ain-da, uma raridade um tanto exóti-ca para brasileiros e latino-ame-ricanos: um açougue que vende exclusivamente carne de cavalo.

Ali, se pode comprar a típi-ca bresaola equina, uma espécie de salame de textura mais tenra e sem gordura. Feito também de carne bovina, a bresaola de cava-lo é de um vermelho mais escuro e tem sabor um tanto adocica-do. Peça para o açougueiro (ma-cellaio) cortá-la em fatias bem fi-nas (Sotille).

Em frente à banca de carne equina há um vendedor de vinhos. Você pode comprar uma garrafa ou até mesmo encher um reci-

piente trazido de casa (uma gar-rafa d’água comprada na rua, por exemplo). Como pede a estação, prefira um vinho branco – ainda mais se for fazer piquenique. Um trebbiano é uma boa pedida.

Não há mercado com mais senso de comunidade em Roma do que o Mercato di testaccio. Mesmo sem falar italiano, peça conselhos do que comprar e de como servir à mesa. Os donos das bancas são quase sempre muito disponíveis, mas a experiência verdadeira es-tá em pedir ajuda às senhoras ro-manas que cotidianamente fazem compras no local. Não raro, um grupelho de algumas delas se re-úne em torno de alguém com dú-vidas do que comprar ou de como preparar. Cada uma, é claro, for-nece a sua receita.

Outra peculiaridade da fei-ra é a paixão pelo futebol. tes-taccio é o centro nevrálgico da A.s. Roma, principal time de cal-cio da cidade e rival histórico da lazio. Muitas bancas exibem, or-gulhas, camisetas do histórico capitão e número 10 do time, o romano Francesco totti – to-das devidamente autografadas. Enquanto as senhoras discutem a mesa, os homens (comercian-tes e clientes) comentam o últi-mo gol perdido ou a última gran-de apresentação do time atual dos jogadores brasileiros Adria-no, tadei e Doni.

O próprio deslocamento pa-ra chegar ao Mercato faz a fes-ta de muitos turistas. Da estação termini, pegue o ônibus 170. O trajeto proporciona boas fotos do Coliseu e da Igreja de santa Maria in Cosmedim – onde está a famosa bocca della Verità. Pe-ça para descer na Via Marmora-ta, esquina com a Via giovanni branca e boas compras.

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Mercato di Testaccio reúne romanos e turistas em busca de produtos frescos tipicamente italianos

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Faz tempo que a divisão do dia em períodos de oito horas – para trabalho/es-tudo, lazer e sono - ficou

só na teoria. Mas se não dá para fugir de uma sociedade em que as obrigações e compromissos se acumulam rotineiramente, ter um lugar para relaxar e cuidar da saúde de um modo alterna-tivo pode ser um destino turís-tico cada vez mais próximo dos brasileiros. Pelo menos na visão do Ministério do turismo (Mtur), da Agência brasileira dos Agen-tes de Viagens (Abav), do sebrae Nacional e da Empresa brasilei-ra de turismo (Embratur). Numa ação conjunta que culminou com uma visita técnica à Itália, es-sas entidades pretendem dar um novo impulso ao turismo termal no brasil.

Os resultados desse novo po-sicionamento poderão ser con-feridos em uma publicação a ser lançada em outubro, durante o Congresso anual dos agentes, no Rio de Janeiro. Principal destino de termalismo do mundo, a re-gião da toscana foi o alvo da ob-servação brasileira. No período de uma semana, no mês de ju-nho, cerca de dez empresários de estados como são Paulo, goiás, Rio grande do Norte, Rio grande do sul, Paraná e Minas gerais es-tiveram em hotéis, spas e resorts

instalados nas cidades de Mon-summano, Montecatini, san Cas-ciano dei bagni, bagno Vignoni, Chianciano e Florença.

Voltaram certos de que a es-tratégia de associar atividades de bem-estar a outros atrativos da região, como a enogastrono-mia, produção artesanal e cultu-ral, como é feito na toscana, é uma ótima opção para superar a mudança do perfil dos seus fre-quentadores e os efeitos da crise mundial, que provocou redução de visitantes.

— No brasil não temos dados consolidados sobre esse segmen-to, como fizemos com o turismo cultural, o ecoturismo ou turis-mo de aventura. Estamos inician-do um trabalho de forma a divul-gar nossos destinos e estimular o desenvolvimento de um novo nicho, por isso a passagem pela Itália, que tem tradição neste se-tor foi tão importante — analisa a coordenadora geral de segmen-tação do Mtur, sáskia lima.

segundo ela, dados de 2009 da Embratur, apontam que, den-

tro do turismo doméstico, 9,9% das pessoas realizaram viagens por motivo de saúde e outros 3,5% procuraram estâncias cli-máticas. Apesar de o brasil pos-suir destinos bem visitados no interior de são Paulo e Minas ge-rais, sáskia comenta que a esco-lha destes locais esteve, durante os últimos anos, atrelada a indi-cações médico-hospitalares:

— Insistimos em fazer circui-tos de bem-estar e ligar o tema à saúde como forma de prevenção. Até porque para que o turismo como saúde ocorresse precisarí-amos de um amadurecimento in-tegrado com o sistema Único de saúde (sUs).

A visita do grupo brasileiro ocorreu no âmbito do progra-ma “benchmarking 2010 - Exce-lência em turismo, aprendendo com as melhores práticas inter-nacionais” cujo objetivo é qua-lificar agentes e operadores atra-vés da análise e incorporação de modelos eficientes identificadas em destinos referência. No bra-sil, além dos circuitos mineiro e paulista de águas, outros lo-cais em que o turismo termal po-de ser encontrado são Mossoró (RN), Caldas Novas (gO) e Pontal do Paraná (PR). Consultora téc-nica do projeto, Karla buzzi ava-lia que a toscana soube renovar a atividade termal para se manter no mercado.

— Em therme di Chianciano, por exemplo, eles desenvolveram uma moderna estrutura chamada terme sensoriali, que é um cen-tro de bem-estar com base nos cinco sentidos e nos cinco ele-mentos da natureza. É templo termal de 1.300 m² a 90 km de Florença. Alguns empresários manifestaram interesse em im-plantar estrutura semelhante em seus negócios no brasil propor-cionando inovação ao setor —

enfatiza.Datam do século 3, a descoberta de fontes de águas quentes em Ro-ma e na toscana. Nes-

bebendo da fonte

Empresários brasileiros observam práticas de termalismo na Itália para incrementar segmento no Brasil

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turismo

Terme Sensoriali, em Therme dei Chianciano chamou a atenção do grupo

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ses locais se formaram grandes termas públicas ou privadas, que comportavam até 6 mil pessoas. Mas foi só no século 17 que o conceito de termalismo moderno passou a existir, com a constru-ção de grandes hotéis e até cida-des em volta das termas.

Hoje, a toscana recebe anu-almente 42 milhões de turistas. As termas representam cerca de 10% desse movimento, empre-gando 120 mil pessoas direta ou indiretamente.

— É um turismo reservado a uma classe econômica eleva-da, que permanece por um tem-po maior no destino — disse o diretor geral de desenvolvimen-to econômico da Regione tosca-na, Paolo bondini, que recebeu o grupo.

segundo ele, na tentativa de superar a crise do setor, o gover-no privatizou a administração de algumas termas, mobilizou 30% dos recursos destinados à promo-ção turística para o setor termal e abriu linhas de financiamento aos empresários interessados em aprimorar sua estrutura.

Pela primeira vez a Itá-lia integrou uma etapa do benchmarking e um retorno do programa ao país não está des-cartado. segundo a coordena-dora geral de serviços turísticos do Mtur, Rosiane Rockenbach, o país europeu tem boas experiên-cias no tratamento do turismo cultural que podem agregar va-lor ao tema no brasil.

— A Itália desenvolve com sucesso o associativismo. Ve-mos a comercialização de desti-nos e as APl funcionando. Eles

têm uma parceria muito boa para um portifólio de pacotes. Aqui as coisas ainda acontecem de modo independente — analisa.

Em sua quarta edição, o pro-jeto do benchmarking foi ideali-zado em 2005. Desde então, fo-ram capacitados 163 operadores que, após as viagens, promove-ram ações de multiplicação em suas respectivas localidades, fa-vorecendo indiretamente cerca de 6.300 outros empresários e profissionais do turismo.

— Pensar turismo implica desenvolver uma rede com gera-ção de renda, postos de traba-lho, divisas e contribuir de for-ma decisiva na preservação e exploração sustentável dos pa-trimônios naturais e culturais do brasil — ressalta a gerente de Acompanhamento e Estrutu-ração de Produtos da Embratur Karem basulto.

Águas do brasilApesar de possuir destinos que exploram o termalismo de nor-te a sul no país, as opções mais famosas ficam nos municípios da serra da Mantiqueira, com-partilhada por são Paulo e Mi-nas gerais. Das oito cidades que formam o circuito paulista das águas, seis são consideradas Es-tâncias Hidrominerais - devido às suas fontes naturais de água mineral. têm em comum o clima ameno de montanha, com tem-peratura média que varia de 20º C a 25º C, ar puro e tranqüilidade necessários ao relaxamento.

A mais conhecida dentre elas, águas de lindóia, teve os efeitos medicinais de suas águas des-

cobertos pelo italiano Francisco tozzi, em 1916. Médico, ele fun-dou a cidade, que passou a ser procurada por turistas do mundo inteiro para se curarem de certas doenças do aparelho digestivo. O município possui uma das mais belas obras vivas do paisagis-ta moderno burle Marx, a praça Adhemar de barros, e o balneário Municipal assinado por Osvaldo Arthur brakthe.

Capital da água mineral, a vi-zinha lindóia, alcançou o índice de 40% da produção da água mi-neral em todo país e abriga, no Museu Centro de Memória, uma sala que conta a história da água mineral e mantém um documen-to de compra de águas que foram enviadas à lua na expedição da Apollo 11.

Além de desfrutar de fon-tes, rios e cachoeiras, o turista que visita esse circuito tem op-ções que vão além da sombra e da água fresca. É possível radi-calizar com 22 modalidades de esportes de aventura; aprender

sobre a história do brasil nas fa-zendas que no passado abriga-vam sinhás e escravos; além de acompanhar a produção artesa-nal de queijos, vinhos e cachaças da região.

Pelo lado mineiro, o bem es-tar associado a práticas termais e uso da água pode ser encon-trado em dez municípios. Caxam-bu – cujo significado em tupi é uma tradução próxima à “água que borbulha” – tem o tradicio-nal Parque das águas, com doze fontes, cada uma com proprieda-des químicas diferentes, tendo a maior concentração de águas car-bogasosa do planeta. Já lambari é considerada um paraíso para os místicos por conta das paisagens e locais próprios para medita-ção e integração com a natureza. Concentra piscinas, fontes e du-chas de águas minerais com pro-priedades terapêuticas, em fontes de água que dividem-se em ga-sosa, alcalina, magnesiana, ligei-ramente gasosa (para crianças), ferruginosa e até picante.

O centro de bem estar funciona com base nos cinco sentidos e cinco elementos da natureza

A consultora do projeto, Karla Buzzi, fala aos empresários brasileiros que visitaram o Fonte Verde Spa Resort, em San Casciano dei Bagni

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Quer ser elegante? Vista-se de acordo com o seu temperamento e não sim-plesmente com o que es-

tá na moda. Quem aconselha é Claudia Matarazzo. sobrinha ne-ta de Ciccillo Matarazzo - o íta-lo-brasileiro que se tornou um dos ícones da industrialização do brasil no início do século 20 – a jornalista sabe o que fala. Des-de 2006 como chefe do cerimo-nial do governo do estado de são Paulo, ela lançou dois livros: Su-perdicas de moda e beleza e Su-perdicas de etiqueta.

Em formato de bolso, as pu-blicações têm como público-alvo os jovens que estão em busca de uma colocação no mercado de trabalho. A pró-pria Claudia avisa que não fez um “tratado” sobre os assun-tos. seu objetivo era dar dicas rápidas e objetivas:

— sou muito convidada pa-ra dar palestras, principalmente por empresas. Há uma reclama-

ção geral a respeito de como os jovens estão se vestindo. A moda ficou muito trapinho. tudo é pe-queno, apertado, decotado. Esse exagero não é sensual e causa muitos problemas em ambiente de trabalho — alerta.

Com a experiência de quem já foi editora de moda de revistas como Casa Claudia, Manequim e Playboy, Claudia é da opinião que a moda, atualmente, está “precá-ria”. segundo ela, a globalização e a necessidade de se trocar as ditas tendências a cada dois me-ses criaram um “vale tudo” cujo

objetivo é apenas a “venda rápi-da”. Isso, na sua opinião, acon-tece em todo o mundo. De acor-do com sua avaliação, mesmo lu-gares ícones fashion como Itália e França, “que continuam dando as cartas” não apresentam mais, em suas ruas, pessoas tão ele-gantes como em tempos atrás.

Nas palestras, Claudia conta que os rapazes fazem muitas per-guntas e aceitam as dicas melhor do que as mulheres. Isso porque elas acham que já sabem tudo sobre moda e só querem usar o que está na vitrine.

— Há um conceito de elegân-cia que é universal. E para não se

tornar uma vítima da moda é preciso ter au-toconhecimento. É pre-ciso se olhar muito no espelho do banheiro e no seu próprio espelho inte-rior — afirma Claudia.

Mas se o espelho esti-ver embaçado, a jornalista dá uma mãozinha. Vai fazer

uma entrevista de emprego? En-tão, não use uma roupa nova nem corte o cabelo na véspera. Essas novidades no visual geram ansie-dade. A melhor opção é usar aque-la “roupa coringa” com a qual se está acostumada. Além disso, o que tem que chamar a atenção é você e não a roupa. Quer usar es-malte cor de laranja? Claudia afir-ma que até pode, desde que o es-malte e as unham estejam “impe-cáveis”. Na dúvida, esmaltes cla-ros. Pretos? Nunca.

Em relação a questões rela-cionadas com etiqueta, também são vistas atualmente como ferra-mentas no mundo profissional. Ela explica que entre os anos 70/90, com a revolução dos costumes, muita coisa foi “deletada”. O resul-tado disso foi que os filhos dessas gerações não sabem mais as regras básicas ligadas à hierarquia.

Aos 52 anos, mãe de Valenti-na de 13 anos, Claudia admite que precisou rever conceitos particu-lares para falar sobre o assunto. Hoje, ela já aceita que se man-de um convite de casamento por e-mail. Na sua opinião, listas ou perfil de casamentos em redes sociais “são de mau gosto, mas aceitáveis”. O que, para ela, “não é legal” é a nova “moda” de o ca-sal pedir, por e-mail, dinheiro ao invés de presente:

— sei que isso já é uma prá-tica, mas transforma o casamen-to em um balcão de negócios. Ainda não me convenci que isso é uma boa coisa a se fazer. No máximo, aconselho o casal pedir dinheiro somente para os mais íntimos e os padrinhos.

sobre seu próprio estilo, a jornalista afirma que tende para o clássico com muitas doses de praticidade e conforto. Claudia confessa que, atualmente, seu visual causa espanto na sua fa-mília. Afinal, ela não esconde o seu passado de “porra-louca”:

— Eu cantava, atuava, apre-sentei programas de tV. Eu vivi todo o auge da década de 70, tive essa satisfação. Eu era muito hi-ppie. Minha família faz piada com isso até hoje. Em 1993, quando me pediram para escrever o pri-meiro livro sobre etiqueta, até eu achei estranho. Aos poucos fui mudando — conta ela que é ir-mã de Andrea Matarazzo, secretá-rio de cultura do governo de são Paulo e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.

Claudia Matarazzo lança livros com dicas de beleza e etiqueta voltados para o público jovem

Distância dos trapinhos

sônia apolináRio

livro

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em época de eleição no bra-sil e, consequentemente, de voltar a atenção para o panorama político do país,

a galeria Progetti exibe até o fi-nal de outubro, mais de 50 obras de artistas que com suas telas, imagens e expressões incitaram o debate político. Intitulada Os 70’s, a mostra traz a público pe-ças inéditas ou que fizeram par-te de exibições antológicas para mostrar, como nos conturbados anos de chumbo, seus autores viam questões que passavam pe-lo social e as relações humanas. Essa produção sustentava um di-álogo por mudanças e experiên-cias que levassem à transforma-ção da sociedade.

Amélia toledo, Anna bella geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Artur barrio, Carlos Fa-jardo, Carlos Zílio, Carlos Verga-ra, Carmela gross, Cildo Meireles, Ivens Machado, José Resende, Nelson leirner, Paulo bruscky, Regina silveira, tunga, Walter-cio Caldas, Wanda Pimentel e a italiana - naturalizada brasilei-ra em 1968 - Anna Maria Maio-lino fazem parte dos eleitos pelo

curador Paulo Reis para exibir es-se período da arte brasileira. Um tempo que, segundo ele, ainda inspira a geração que faz a arte contemporânea no país.

— Acho que existe uma con-juntura internacional que volta o olhar para os anos 1970 e a produção atual é próxima daque-la arte sociológica e conceitual. Vemos referências históricas em peças e artistas daquela época. A bienal de são Paulo vai resgatar isso e nós teremos a oportunida-

de aqui de conferir esses pontos de ligação — analisa.

Para não rivalizar com a ex-posição paulista, o curador esco-lheu diferentes obras dos partici-pantes e optou por uma lista de artistas vivos. Dessa forma, ligia Clark, lygia Pape, Hélio Oiticica, geraldo de barros, Waldemar Cor-deiro, Paulo Roberto leal, entre outros, que marcaram as expe-riências plásticas radicais e são significativos desse período, fi-caram de fora do trabalho.

De acordo com Reis, os ar-tistas escolhidos mantêm ainda sua produção e diálogo com o público. Muitos são professores,

arte nos anos de chumbo

Exposição no Rio de Janeiro apresenta olhar sobre produção artística dos anos 70sílvia souza

O curador Paulo Reis optou por obras de artistas ainda vivos

“Record, The Space Between”, o recado do artista Antonio Dias

fazem parte de grupo de análise, o que demonstra o estreitamen-to com a nova geração de artis-tas ou pessoas que pensam a ar-te brasileira:

— Estamos falando de uma arte que chegou aos 40 anos. Hoje, pessoas com essa idade já são avós. Ou seja, a mostra tem também a leveza de confrontar a maturidade da própria produção desses artistas. Muitas das obras eram mal vistas e num período de grande escassez (de liberda-de, de informação, de materiais)eles responderam com uma gran-de profusão de ideias.

Materiais como cadernos es-colares, papelão, madeira reuti-lizadas, refugos industriais, brin-quedos, letreiros de rua, carim-bos, notas de dinheiro e bilhetes de loteria, papéis carbono, en-velopes de carta se misturavam e ganhavam forma, conteúdo e volume pelas mãos desses artis-tas. Foi nesta fase que explodiu a reprografia (xerox), o correio ar-te (mail art), os desenhos, a gra-vura e os múltiplos. Como ocorre no registro “O buraco”, de Ana Maria Maiolino: a superfície ne-gra cortada à mão aponta o traço feminino e a sutileza da critica em carga poética.

— A partir dos movimentos Concreto e Neoconcreto, a arte brasileira irá vivenciar sua pró-pria história como motor de exis-tência. Esgotadas as possibilida-des da arte social das décadas de 1940/50, os artistas brasilei-ros fizeram uma transformação no pensamento social da arte. É neste momento que nasce a no-va figuração brasileira, propondo uma revolução artística.

A política, o social e a sexu-alidade tornam-se pano de fun-do para o grupo que pretendia fazer uma arte verdadeiramen-te popular, que existisse para um contato com o mundo real e respondesse aos apelos de uma postura revolucionária. E olhar a arte atual é ou não um retorno a essa origem primária? Além de expor as características daque-la fase, essa é uma das reflexões que a mostra quer permitir aos seus visitantes.

ServIço:Os 70’s. Até 23 de OutubrO. GAleriA PrOGetti – trAvessA dO COmérCiO, 22. ArCO dO telles, CentrO, rJ.

exposição

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to a Chico buarque. Não foi um show “fácil” e mesmo assim, foi muito bem recebido — afirma Ciuffini informando que o evento marcou a estreia de leila Pinhei-ro na Itália.

mercado fechado As dificuldades de entrada de ar-tistas brasileiros no mercado ita-liano atual são muitas, segundo o produtor. Ele lista desde as-pectos relacionados à crise inter-nacional até à falta de interesse e informação como fatores que contribuem para a ausência de referências da música brasileira entre o grande público italiano.

Como exemplo deste cenário, Ciuffini cita o fato que ao longo de 2009 nenhum grande artista brasileiro se apresentou em pal-cos italianos. Este ano, o único show realizado por Caetano Ve-loso em Roma, em julho, no Hi-pódromo de Capannelle, reuniu em torno de 200 pessoas em um

local com capacidade para cerca de cinco mil pessoas. A cantora Ana Carolina, por sua vez, que realizou seu primeiro tour italia-no neste ano, também teve pou-co público em sua apresentação, em Roma.

— O mercado italiano se tor-nou muito difícil para os artistas brasileiros. Na maioria das vezes, a plateia desse tipo de evento é formada por brasileiros residen-tes na Itália. Caetano Veloso, que é sempre uma referência e normalmente reúne pelo menos 2 mil pessoas por show, já está com a imagem saturada e o pú-blico italiano já se cansou.

Ciuffini começou a traba-lhar com o mercado televisivo e cinematográfico nos anos 60. Atuou como assistente de dire-ção dos maiores cineastas italia-nos do período, como Elio Petri, Mario Monicelli, Vittorio De sica e Ettore scola, entre outros. Foi através deste meio que conhe-

Produtor que levou as novelas brasileiras para a Itália agora se volta para a bossa nova

Cultura brazuca

aline buaesespeCial para Comunità

Em 2005, ele criou a Asso-ciação brasil Memórias. Desde então, organizou diversos even-tos de música brasileira na Itá-lia, entre eles, o show batizado com o nome da associação que reuniu, em novembro de 2007, no teatro Il sistina, um dos mais importantes de Roma, artistas como toquinho, Miúcha e Elza soares. seu mais recente evento foi realizado em julho de 2010. “Vento do Mar” reuniu na ilha de Capri artistas como as cantoras Fafá de belém, leila Pinheiro e Felicidade suzy, o pianista Jim Porto e o contrabaixista america-no bruce Henry para homenage-ar o Rio de Janeiro e os maiores personagens da música brasilei-ra, como Chico buarque, Villa lo-bos, baden Powell e Vinícius de Moraes. Os shows duraram uma semana e aconteceram na praça central de Anacapri.

— Fafá de belém fez um show de piano e voz, um tribu-

Para a maioria dos italianos, atualmente, música brasi-leira é o axé music. MPb? bossa Nova? Poucos sabem

o que isso significa. Quem faz o alerta é o produtor cinematográ-fico italiano gianni Ciuffini. Apai-xonado pela cultura brasileira, ele está à frente de uma associação cultural que tem como objetivo, justamente, promover a bossa no-va na Itália, “a fim de recuperar as referências do principal movimen-to da música brasileira”.

— Em Roma, mais de 90% das pessoas identificam a músi-ca brasileira com a música baia-na. se perderam, na Itália, as referências daquele movimento musical histórico que foi a bos-sa nova — afirma Ciuffini, presi-dente do gruppo Image, holding do setor de entretenimento que entre as décadas de 70 e 90 foi a responsável pela importação de dezenas de novelas e seriados brasileiros para a Itália.

cultura

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ceu os maiores nomes da músi-ca brasileira, que começavam a conquistar o mundo naque-la época, como João gilberto e stan getz, baden Powell e Viní-cius de Moraes. Com muitos de-les manteve contatos pessoais, tendo, por exemplo, participado da produção do famoso comer-cial televisivo de 1969 do qual Chico buarque foi o responsável pela trilha sonora, quando com-pôs ao lado de sergio bardotti a música Far niente.

Casado há 12 anos com a carioca Janete Chagas, Ciuffini adianta que para 2011, no âm-bito do evento Ano da Itália no brasil, a Associação brasil Memó-rias planeja produzir um grande evento para levar a cultura ita-liana aos cariocas, sob a temá-tica “Roma-Rio”. Já o “Vento do Mar” deve se repetir em Capri em 2011, mantendo o padrão de pro-mover o samba e a bossa-nova. No próximo ano, ele pretende le-

var para a ilha italiana toquinho, gal Costa, Maria betânia, gilber-to gil, Martinho da Vila e Pauli-nho da Viola.

novelas históricasNa sua bagagem histórica, o gruppo Image carrega a respon-sabilidade pela importação de

boa parte das mais de 50 novelas e seriados brasileiros transmiti-dos em televisões italianas en-tre as décadas de 70 e 90. Em 1978, Ciuffini, em meio a uma negociação sem grandes preten-sões, comprou da Rede globo no brasil e vendeu ao canal italiano Rete 4 a célebre telenovela Es-crava Isaura, com a atriz lucélia santos no papel principal.

— Foi um sucesso extraor-dinário e abriu o caminho para outras novelas de sucesso, co-mo Dancing Days (1978), com sônia braga, e Ciranda de Pedra (1981). Era uma novidade abso-luta na televisão italiana, este gênero melodramático com um formato que todo dia trazia uma tensão diferente.

A “moda” das novelas na Itá-lia durou de até 1995. segun-do ele, neste momento, “não há mais espaço para as novelas bra-sileiras”. Ciuffini observa que a última novela transmitida na te-levisão italiana foi Terra Nostra, reprisada no turno da tarde pelo canal Rai tre em meados de 2009.

— Quando eu comecei, em 1978, era tudo completamente diferente, era um mercado vir-gem. Entre 1994 e 1995, houve uma quebra total do mercado. O público italiano é muito volúvel, segue muito as modas e depois esquece. Mas, em todo caso, es-sa moda durou 15 anos — afir-ma, salientando que também houve o fato da entrada no mer-cado das novelas da holding Me-diaset, controladora de diversos canais televisivos, e que com-prava diretamente das tevês sul-americanas quase todas as suas produções de gênero melodra-mático, saturando rapidamente o mercado.

Na opinião de Ciuffini, o pú-blico italiano, diferentemente do brasileiro, não é dependente das novelas. Ele cita, por exemplo, as diferenças de audiências entre os filmes que costumam passar no horário nobre (20h30/22h30), um costume absoluto das famí-lias italianas, que giram em tor-no de 30%, e a novela mais po-pular da Itália, Un posto al so-le, transmitida pelo canal Rai tre desde 1996, que atinge, no má-ximo, 10% da audiência.

Quando as novelas e séries brasileiras estavam no auge, na Itália, também foram exibidas com sucesso Malu Mulher (1979), com Regina Duarte; Selva de Pe-dra (1986), com Fernanda tor-res e Cristiane torloni; Pantanal (1990), com Cristiana Oliveira e Felicidade (1991), com tony Ra-mos e Maitê Proença. segundo Ciuffini, sônia braga ainda hoje é a atriz brasileira mais conheci-da na Itália.

O produtor observa que to-da essa movimentação artística “não ajudou a construir ou modi-ficar a imagem da cultura brasi-leira na Itália”:

— As novelas brasileiras, cul-turalmente, não trouxeram nada para a Itália. Nem uma imagem negativa nem positiva do brasil. Houve um momento em que o público italiano não era capaz de diferenciar uma novela brasileira de uma argentina ou colombia-na. Eram apenas novelas. Quan-do viam as cenas externas, não eram capazes de distinguir se era ambientada no Rio de Janeiro ou são Paulo, ou mesmo em Carta-gena ou buenos Aires.

A cantora Fafá de Belém foi uma das atrações do Vento do Mar, evento que deve voltar a Capri em 2011

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Andrea Ciprandi Ratto

CAlCiO

sos italianonon sono soltanto i talen-

ti italiani a scarseggiare. Parallelamente alla loro paventata estinzione, dal

mondo del calcio nostrano sta scomparendo anche l’italiano. E se tante responsabilità circa il te-nore dell’informazione si possono addossare ai troppi giornalisti che cavalcano ogni polemica quando addirittura non la innescano, la colpa della morte della nostra lin-gua quando si tratta di commen-tare il calcio, sempre a questi as-crivibile, è ancora più grave.

Parto dalla sensazione che la maggior parte dei cronisti si sia adagiata, incapace di proporre i servizi di un tempo, difficili da confezionare ma decisamente in-teressanti; d’altra parte può far conto sulla contemporanea as-suefazione del più dei lettori a notizie scontate, omologate e ripetitive. Al punto che non è chiaro se quel che ci è propos-to sia la causa o la conseguenza di un andazzo generale. E’ vero, poi, che su internet si può acce-dere con la stessa facilità ai siti stranieri e a quelli di casa nostra. Ma non è questo un buon motivo per affidarsi esclusivamente a un improvvisato slang internaziona-le, sia perché ne va dell’italiano, sia perché il rischio di prende-re una cantonata è altissimo. Mi viene il sospetto che, un po’ per adeguarsi al dilagante impo-verimento culturale e un po’ per sopperire a una scarsità di con-tenuti, si sia puntato sulla mera spettacolarizzazione espositiva.

gli obbrobri che segnalerò sono tutti collegati fra loro per-ché figli dello stesso approccio superficiale alle cose, ma de-sidero comunque partire dalle basi, evidenziando innanzitut-to come non si stia più onoran-do l’italiano, lingua che resta la nostra e oltretutto, notoriamen-te, basta a se stessa. senza ti-

rare in ballo Dante, i toscani, la Crusca, il latino e il greco, bas-terebbe ricordare l’eleganza es-positiva di giuseppe Albertini, esiliato nella televisione svizze-ra, per capire come il lessico cor-rente sia invece misero e stram-palato, in ogni caso inadeguato. Non pretendo che come lui si parli ancora di casacche invece che di maglie, soprattutto quan-do queste ultime hanno più ca-ratteristiche tecniche di un’auto fuoriserie; sarebbe sufficiente che si parlasse di rimessa late-rale e non di ‘touche’. Anche so-lo perché quest’ultima, nel cal-cio, non esiste. Non se ne parla nei regolamenti, non somiglia a quella del rugby nell’esecuzione e prima ancora nelle modalità di assegnazione. Questo scempio linguistico apparentemente risi-bile a confronto di quelli più re-centi è stato capace di resistere per anni, come un mangiadischi nell’era del blu-ray, al punto che quando lo sentiamo ormai sorri-diamo compiaciuti come davanti a un oggetto vintage che ci ri-corda i bei, per quanto kitsch, tempi andati. C’è da spaventarsi, quindi, a immaginare cosa parto-riranno le menti indebitamente globalizzate di chi decide come si debba parlare (anche) di cal-cio oggi. Oggi che l’uscita spet-tacolare è la base di ogni conver-sazione. Oggi che i più si espri-mono citando chi fa monologhi al cabaret, consapevoli di poter essere capiti al volo. Ma ignari del fatto che chi fa cabaret mira a mettere in ridicolo le mostruo-sità dei nostri abiti.

Con la prospettiva di una Fi-nale del Mondiale FIFA per Club fra l’Inter di Milano e quello di Porto Alegre, mi viene subito in mente il famoso triplete di cui tutti, in Italia, hanno iniziato a parlare non appena si è avuto il sentore che i nerazzurri avrebbe-

ro potuto vincere tutte e tre le competizioni cui partecipavano la scorsa stagione, come il bar-cellona aveva fatto l’anno prima. In Inghilterra, per esempio, di-cono treble, e in Italia esiste la parola ‘tripletta’. Perché non utili-zzarla? già che ci siamo, cosa di-re poi della ‘remontada’ preferita all’italiana ‘rimonta’, o ‘rincorsa’? Arriveremo a parlare di ‘rally’ co-me negli stati Uniti se una delle nostre squadre dovrà recuperare in classifica rispetto a una ameri-cana? Ma che provincialismo!

Penso anche ai ‘playmaker’ e ‘pivot’ del basket, che indicano rispettivamente colui che impos-ta il gioco e il centro che di nor-ma è anche il giocatore più alto, spesso preferiti nel corso di tele e radiocronache calcistiche a ‘re-gista’ e, che so, ‘torre’. Anche la famosa ‘giostra dei rigori’ ha fatto il suo tempo, oggi c’è lo ‘shoot-out’. Il risultato, parziale o finale che sia, è diventato lo ‘score’. E da quando le partite di Real Madrid e Manchester United sono trasmes-se in Italia tanto quanto quelle di casa nostra, il vivaio, fosse an-che dell’Atalanta, è la ‘cantera’, più raramente l’Academy. Forse per non essere ripetitivi, pesanti nella narrazione. sarà…

Il rischio, però, è che si fi-nisca anche per fare un grande pasticcio, mischiando e frainten-dendo discipline, ruoli e com-petizioni che non sono chiari ai giornalisti per primi. A tutto svantaggio di chi ascolta, per-ché alcuni si aspettano anco-ra di essere bene informati da chi dell’informazione ha fatto una professione. Un esempio. l’inglese Community shield, par-tita non ufficiale che si gioca da più di cent’anni, viene regolar-mente paragonata alla superco-ppa italiana istituita giusto alla fine degli anni Ottanta del No-vecento… E che ha regole diver-

se. In questo caso l’imprecisione è davvero grave e si fa pessima informazione: per semplificare, si travisa completamente lo spiri-to di questo trofeo straniero e si trattano gli ascoltatori da beoti incapaci di andare oltre.

la facilità con cui si sta li-quidando la nostra bella lin-gua in favore di un’esterofilia esasperata fa coppia anche con un’approssimazione grottesca. Mai sazi di citazioni, molti giornalisti finiscono per fare traduzioni im-proprie. “Al campione!”, esclamò uno di questi provando a rendere in italiano ‘a lo campeón’, titolo del Mundo Deportivo che invece indicava come il barcellona aves-se giocato ‘da campione’. Durante i Mondiali del sud Africa, poi, ho ri-so tantissimo sentendo che un te-lecronista di punta parlava di luis Fabiano, l’ex san Paolo e attuale nazionale verdeoro, come di ‘el Fabuloso’, del tutto incurante del fatto che questo giocatore è brasi-liano e che quindi è e va chiamato ‘o Fabuloso’… Ma questo giorna-lista è lo stesso che parimenti a milioni di italiani pronuncia alla spagnola Juan e Julio Cesar, gli ex Flamengo ora rispettivamente alla Roma e all’Inter, altri brasiliani.

si può concludere che non è solo una questione di lingua, ma piuttosto di marasma totale da cui non si sa più come uscire. sa-rà che c’è la convinzione che si debba stupire a ogni costo e che tutto passa rapidamente di moda, come l’ultima suoneria per telefo-nini, ma non sanno più come rac-contarci cosa. sempre più spes-so si sentono dire cose del tipo ‘come si direbbe nel…’ e giù con una sfilza di sport che non somi-gliano minimamente al calcio. Per far contento qualche funambolo della globalizzazione linguistica, mi verrebbe da dire che i giorna-listi hanno per lo più perso il sen-so della loro ‘mission’…

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em fevereiro de 2009, na ca-sa de Amauri Carvalho de Oliveira, em turim, na Itá-lia, ecoou a notícia mais

importante do mundo para um jogador de futebol: o atacante havia sido convocado para a se-leção brasileira. O jogo seria em londres, um amistoso contra a Itália naquele mesmo mês.

A felicidade de Amauri durou pouco. Ao consultar seu clube, a Juventus, soube que a direção não o liberaria para a viagem. Mal no campeonato, a Juve pre-cisava de seu goleador. Naquele dia, entre a euforia do anúncio e a decepção do corte imposto pelo time, Amauri viu seu mun-do girar – achava que a decisão do seu clube poderia fechar para sempre as portas da seleção ver-

de e amarela. E estava certo, só não sabia ainda o motivo.

Em agosto de 2010, a casa de Amauri Carvalho de Oliveira foi novamente sacudida por um anúncio de convocação. Desta vez, no entanto, a camiseta tinha outra cor: era azul – Amauri ha-via sido convocado pela seleção italiana de futebol, que disputa-ria no dia 10 do mesmo mês um amistoso contra a Costa do Mar-fim, na mesma londres apagada de seus sonhos no ano anterior.

— Foi o dia mais feliz da mi-nha vida — conta à Comunitá, em entrevista exclusiva feita na concentração pré-jogo em Cover-ciano, espécie de granja Comary italiana, localizada em Florença.

Amauri sofreu críticas desde a primeira vez que seu nome apa-

receu como possível convocado para a Azzurra, há dois anos. Ca-sado com uma ítalo-brasileira, já tinha encaminhado a documen-tação para obter cidadania italia-na. técnico à época, Marcello li-ppi levantou o nome do atacante da Juventus como possível solu-ção para a falta de gols da nacio-nal italiana. A possibilidade sus-citou críticas de jogadores como gillardino e Pazzini, que prefe-riam ver somente “italianos” no time. Naquele momento, Amauri ignorou o falatório e, hoje, jura não guardar mágoas.

— Cada um expressa a sua opinião. Eles, naquele momento, pensavam daquela forma. Eu res-peito, assim como espero que me respeitem. Uma hora se diz uma coisa, outra hora, outra. Não me

importo — diz o jogador que é da opinião que o momento não é de vingança pessoal.— As crí-ticas dos colegas são normais, a vida é assim. Existem coisas boas e coisas ruins em tudo. Eu procu-ro dar sempre o melhor de mim. Não tenho nada contra ninguém.

saído do brasil com 19 anos, o atacante nascido em Carapicuí-ba (sP), em 1980, pouco se des-tacou no santa Catarina Clube, de blumenau (sC), e no tradicio-nal Palmeiras, de são Paulo, onde mal atuou. Para ele, isso é positi-vo na atual situação:

— Cresci futebolisticamente aqui na Itália. tenho essa iden-tificação com o futebol do país e com o torcedor — afirma ele que passou pela suíça antes de che-gar à Itália.

Convocado pelo recém chega-do técnico Cesare Prandelli, Amau-ri foi titular na partida contra a Costa do Marfim. Apesar da derrota por 1x0, o jogador fez boa apre-sentação e parece ter ganhando a confiança do novo comandante. tanto que ele foi o primeiro a sair em sua defesa quando um político do partido lega Nord, foi a público para dizer que discordava da con-vocação do “brasileiro”.

— Não dou ouvidos a quem critica. Polêmicas existem sem-pre, se queremos criá-las, cria-mos. Vou avante pela minha es-trada — desconversa Prandelli, que costuma chamar Amauri, e outros possíveis convocados oriundi, carinhosamente, de “no-vos italianos”.

Ao aceitar o convite da se-leção italiana, Amauri sabe que jamais poderá atuar pelo brasil, barrado pelo regulamento da Fi-fa que proíbe a dupla filiação. Ou seja, não repetirá o feito de Mazzola, que vestiu as duas ca-misas. Ciente disso, o jogador se diz feliz pelo momento e fecha de vez as portas do time canarinho.

— É a última vez que falo da seleção brasileira. Hoje sou um jo-gador da seleção italiana. Falaram de mim na seleção brasileira mas, antes disso, a Itália me escolheu. E eu, já dois anos atrás, escolhi a Itália. E estou feliz.

Perguntado por um jornalis-ta italiano se conhece o hino da Itália, Amauri sente a provoca-ção e rebate: “conheço, mas não vou cantar agora”. Arranca sorri-sos. O futebol é italiano, mas o bom humor saiu à brasileira.

Camisa azulJogador brasileiro naturalizado italiano é a aposta da Azzurra para encontrar o caminho do gol

leandRo demoRiespeCial de roma

futebol

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Dizem que a vida é movi-da por desafios. Para doze guerreiros da seleção bra-sileira de voleibol man-

tê-los parece ser a chave para o sucesso. Depois de conquistar o eneacampeonato da liga Mundial, a equipe comandada por bernar-dinho desembarca na Itália em busca do primeiro lugar no pódio do Campeonato Mundial. se ven-cer, levantará o troféu pela ter-ceira vez consecutiva – feito só conseguido pelos donos da casa. Ironia do destino ou não, a com-petição pode coroar a década de ouro vivida pelo esporte no brasil. Altamente competitiva, a seleção esteve nas finais de todos os cam-peonatos que disputou neste pe-ríodo. Uma hegemonia que a Itá-lia experimentou nos anos 1990.

sob comando de bernardinho, a equipe comemorou a 300ª vitó-ria em um total de 331 partidas disputadas. Para quem aprecia uma estatística: o número apon-ta para uma média de 90,85% de aproveitamento do time brasilei-ro. Meticuloso, o técnico diz que o segredo é não se acomodar.

— Isso é bacana. É resultado do empenho de um grupo de atle-tas que também iniciou um tra-balho e que contribuiu para uma série de conquistas. Mas para al-cançarmos esta marca, temos que ganhar — diz bernardinho.

Armado para a batalha, como em outras competições, o técni-co rechaça o puro favoritismo e aponta o espírito de grupo como o diferencial na “família” que criou. Para ele, não há fórmulas prontas. bernardinho credita os bons re-sultados aos treinamentos. Para o técnico, o Mundial será uma com-petição ainda mais difícil, pois a equipe conta com a experiência de jogadores que estão acostumados a ganhar e a cada nova vitória au-

menta a cobrança. Ele, no entan-to, não está preocupado com uma disputa direta com a Itália, pelo número de títulos:

— tenho certeza que o foco, tanto da nossa equipe quanto da Itália, é ganhar o campeonato. É tentar da melhor maneira possí-vel ganhar o Mundial. Mas, infe-lizmente, não somos só nós que queremos. A Itália tem grandes chances — pondera, citando tam-bém Rússia, Polônia, bulgária, Es-tados Unidos, sérvia e Cuba como os principais rivais brasileiros.

Com uma equipe em que to-dos os jogadores podem ser ti-tulares, a seleção de bernardi-nho mantém a sede por vitórias depois de consolidar uma reno-vação em seu elenco. Em meio a jovens ponteiros, atacantes, meios-de-rede e opostos, da for-mação antiga, permanecem giba, Murilo, Rodrigão e Dante.

Curiosamente, os quatro são os últimos remanescentes de uma ge-ração em que era comum os me-lhores jogadores da seleção atua-rem em times europeus, especial-mente os italianos, cujo campeo-nato nacional é considerado por especialistas o melhor do mundo. Atualmente, apenas um dos 12 re-crutados por bernardinho defende um clube italiano: João Paulo bra-vo, ponteiro do Piacenza. Para gio-vane gávio, ex-atleta e atual téc-nico do sesi (sP) essa mudança no perfil dos convocados reflete o ní-vel a que o vôlei nacional chegou.

— Ainda hoje o campeonato italiano é muito forte, tem quali-dade técnica e financeiramente é compensador para qualquer joga-dor. Na minha época, era o ápice jogar fora e nós não voltávamos para o brasil porque sabíamos que quando isso acontecesse não terí-amos equipes em condições seme-lhantes. Hoje, é diferente. temos, no brasil, oito times bem estrutu-rados e uma liga competitiva — avalia o descendente de italianos

que tem em seu currículo passa-gem por Padova, Cuneo e Ravenna.

Ex-integrante da “Família ber-nardinho”, giovane acredita que a história do esporte no brasil te-nha começado a mudar nos anos 80. Na época, os feitos da “gera-ção de prata” formada por Renan, Montanaro, Willian e companhia abriram as portas para a necessi-dade de se estabelecer uma con-federação, investimentos em ca-tegorias de base e o sonho de um centro de treinamento (transfor-mado em realidade em saquarema, Rio de Janeiro). O ouro olímpico em barcelona (1992) catapultou a modalidade para o sucesso.

— Creio que houve um pro-cesso e os que vieram de 2001 para cá são privilegiados nesse sentido do incentivo, da respon-sabilidade. logo depois do ouro em barcelona nos vimos imersos em assédio, fama, propostas di-versas e não sabíamos lidar com isso. Acho o trabalho do bernar-do fantástico e a gente fica até mal acostumado porque ganha-mos tudo — brinca o atleta, que passou pela batuta do técnico de 2001 a 2004 — Me encontro muito no giba de hoje, pois o pa-pel que ele exerce de dar força aos mais novos que chegavam, eu também cumpri.

máquina de vitóriasRenovada e com o título de eneacampeã da Liga Mundial na bagagem, seleção brasileira masculina de voleibol busca na Itália título que só a Azzurra tem

vôlei

O vitorioso técnico Bernardinho credita os bons resultados aos treinamentos

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na outra ponta O Campeonato Mundial Masculino de Voleibol reunirá as 24 melho-res seleções do planeta na Itália. Na primeira fase, as partidas se-rão disputadas em Milão, Verona, Modena, turim, Reggio Calábria e trieste. A final está marcada para o dia 10 de outubro, em Roma. Para bernardinho, apesar de ter perdido a hegemonia dos anos 90, a Itália sempre será uma po-tência e a “rivalidade sadia” en-tre as equipes é o elemento mo-tivador nesses encontros:

— sempre que duas equipes de tradição como brasil e Itália jogam existe uma rivalidade es-

portiva, muito sadia e motivante para todos nós e para o público, que quer ver um grande jogo. bra-sil e Itália em qualquer esporte, vôlei, futebol, basquete, são du-as grandes potências. A Itália foi vice-campeã olímpica em 2004, quarto lugar em 2008, sempre é muito competitiva. Ela não tem mais a hegemonia dos anos 90, mas continua competitiva.

A diferença entre quem acer-ta mais nesta concorrência po-de ser comprovada pelo ranking masculino da Federação Inter-nacional de Voleibol (FIVb). Es-tados Unidos, Rússia, bulgária e servia separam a Itália (sexta

colocada) do brasil (primeiro lu-gar), o que significa que a experi-ência da Azzurra no esporte tam-bém foi observada por outros pa-íses. Quando são as mulheres que entram em quadra, a supremacia brasileira se mantém, mas as ita-lianas ocupam o segundo lugar na lista das melhores seleções.

Pelo lado masculino, os “no-vos” defensores do império bra-sileiro começam a se destacar. O ponteiro Murilo Endres foi eleito melhor jogador da liga Mundial e Mario Junior, o melhor líbero. Já segundo bernardinho, a seleção italiana inscreveu entre os gran-des nomes do vôlei masculino na atualidade Alessandro Fei, luigi Mastrangelo e Valerio Vermiglio. Este último, na opinião do téc-nico brasileiro “amadureceu bas-tante e se transformou em um excelente levantador”.

Ainda assim, para muitos co-mentaristas e ex-jogadores, a seleção italiana estacionou no tempo. sem grandes ídolos nos últimos anos, uma das princi-pais dificuldades do grupo de eli-te seria a falta de planejamento. Na contramão do que prega ber-nardinho, se acomodaram depois de tantos títulos conquistados. Comandada pelo técnico Andrea Anastasi, a seleção treina de du-as a três vezes menos que a sele-ção brasileira – uma semana de-pois de vencerem a liga Mundial, os jogadores de bernardinho já estavam concentrados em prepa-ração para o Mundial.

Com isso, não é difícil ob-servar diferença de mentalidade entre a liga, dos clubes, e a fe-deração, que gerencia a seleção. Em frentes de trabalho com ob-jetivos distintos, enquanto a li-ga quer os melhores jogadores do mundo em seu campeonato, a federação quer os jovens talen-tos atuando nas principais equi-pes do campeonato. Resultado: a liga continua a ser a melhor do

máquina de vitóriasRenovada e com o título de eneacampeã da Liga Mundial na bagagem, seleção brasileira masculina de voleibol busca na Itália título que só a Azzurra tem

sílvia souza

planeta, mas, sem espaço, jovens que poderiam dar um novo gás à seleção não conseguem chegar ao time principal. Resta, então, congregar os interesses dos en-volvidos e iniciar a mudança.

Com a experiência de quem morou cinco anos na Itália e até poderia se candidatar à cidada-nia italiana, giovane sabe o que o país tem a oferecer ao vôlei. Depois de encerrar a carreira de jogador e há quatro anos dedi-cando-se a treinar equipes, ele espera poder voltar à Itália na posição que ocupa:

— Estar do outro lado traz uma nova complexidade, mas você fica com uma sensibilidade mais aguçada. Eu adorei as temporadas que vivi na Itália, então, quem sa-be, não chega a oportunidade pa-ra trabalhar lá outra vez?

as principais conquistas da era bernardinho

2001liga Mundial Copa América sul-Americano

2002Campeonato Mundial

2003liga Mundial

sul-Americano Copa do Mundo

2004liga Mundial

Jogos Olímpicos de Atenas 2005

liga Mundial sul-Americano

Copa dos Campeões 2006

liga Mundial Campeonato Mundial

2007liga Mundial

Jogos Pan-Americanos Copa América sul-Americano Copa do Mundo

2009liga Mundial

sul-Americano Copa dos Campeões

2010liga Mundial

*Em 2008, a seleção foi vice-campeã dos Jogos

Olímpicos de Pequim e da Copa América.

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Guilherme Aquino

MilãO

Conta salgadaA s multas para o comune de Milão repre-

sentam a galinha dos ovos de ouro. so-mente neste ano, deverão entrar no caixa al-go como 154 milhões de euros. E para não deixar um centavo de fora, a administração pública decidiu correr atrás, para valer, das multas que ainda não foram pagas. A partir deste mês, 66 mil multas de trânsito aplica-das em 2007 e 600 mil registradas em 2008 irão chegar às casas dos motoristas infratores que, a esta altura, nem mais se lembram da dívida a ser quitada. Em um ano, o total de multas chega a 3.167.221, um recorde que inclui as 1.260.320 multas registradas pelas câmeras que monitoram a circulação de car-ros no centro histórico e nas faixas reserva-das aos meios públicos.

trensA ferrovia italiana comemora o aumento de

passes vendidos no exterior. O maior re-sultado desta política mais agressiva de con-quistar novos clientes chega dos turistas asi-áticos, responsáveis pelo incremento de 70% das vendas das passagens no trecho Roma-Ná-poles. Os americanos gastam 18% a mais do que já gastaram no passado e os jovens que compram o Pass Interrail adquiram 5% a mais o que demonstra uma opção que concorre com as ofertas das companhias aéreas low cost. to-dos os dias, 20 mil lugares são vendidos para trens, no exterior.

Se você não pode contra o inimigo, una-se a ele, pelo menos por um tem-po. seguindo esta máxima, dez muros

espalhados pela cidade vão ser liberados pa-ra que os grafiteiros de plantão, os artistas da modalidade street Art, possam dar asas à criatividade sem medo de serem presos pela

polícia. O projeto Walls of Fame de Milão de-veria ter partido durante o verão, mas a bu-rocracia italiana, principalmente no que se refere ao seguro de vida dos artistas, acabou atrasando o ponta pé inicial. O que antes era ilegal, agora vai virar obra pública com o beneplácito das autoridades.

Grafiteiros legais

Cinema ParadisoA magia do cinema toma conta de tu-

rim. Durante o mês de setembro, as praças Foroni, bottesini, Crispi, além do largo saluzzo, vão servir de telão para a exibição de filmes do festival Cinemains-trada. Os locais foram escolhidos a de-do porque pertencem a bairros com for-te densidade demográfica de imigrantes. três filmes foram feitos no Marrocos, Ar-gélia e Peru e salvam a pátria da sétima edição do festival sempre lutando contra a dificuldade de patrocínio. O evento é uma grande oportunidade de viver a in-tegração entre imigrantes, com direito a picnic coletivo, ou seja, cada espectador traz algo para ser dividido à mesa com o próximo, tudo ao ar livre. A festa fi-ca distante de Milão, em trem, menos de duas horas.

DalìO pintor espanhol salvador Dalì vai ter as

obras expostas na sala Cariatidi, no Pala-zzo Reale, quase 50 anos depois da sua primei-ra mostra individual, em Milão. O tema é sobre sonhos, desejos e paisagens. O lugar não foi escolhido por acaso. A sala serviu de inspira-ção para Dalì realizar a sua casa de Figueiras, hoje, sede da Fundação gala-salvador Dalì pro-prietária das obras em exposição. Os quadros serão exibidos sem nenhuma ordem cronológi-ca, como gostaria o próprio Dalì. E, pela pri-meira vez na Itália, vai ser projetado o curta de animação Destino que ele fez em colabora-ção com a Walt Disney, entre 1945-46 e lan-çado postumamente em 2003. A mostra abre no dia 22 de setembro e vai até 30 de janeiro.

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Chi ha avuto l’opportunità di conoscerlo garantisce: il Frate Rovílio Costa è stato un religioso molto

devoto, capace di dare impulso all’educazione e alla cultura do-vunque sia passato. Il suo lavo-ro viene riconosciuto dalla gente dello stato di Rio grande do sul, specialmente da quella di origi-ne italiana e un anno dopo la sua morte continua a ricevere omaggi e menzioni per quanto ha fatto. E se un disegno di legge presentato dal deputato Francisco Appio sa-rà approvato dalla Assembleia le-gislativa dello stato, chi passerà per la strada statale Rs-437 avrà un motivo in più per ricordarlo.

Il progetto stabilisce che il tratto di statale che collega i co-muni di Vila Flores e Antônio Pra-do, lungo 30 km, porterà il suo nome. la proposta deve essere vo-tata questo mese. secondo il de-putato la statale Rs-437 (che pri-ma si chiamava Ernesto Alves) è stata aperta nel 1890 con l’arrivo dei primi immigranti in quella che era la Colônia Antônio Prado. I pionieri – polacchi, russi e svedesi – si erano stabiliti a Capela san-tana che era lungo la strada. Poi, con l’arrivo di duemila famiglie italiane, erano tutti emigrati ver-

so l’Alto Uruguai per la via aperta fino a Alfredo Chaves, ora comu-ne di Veranópolis, passando con le zattere sul Rio da Prata:

— la strada, pur essendo precaria, è sempre servita per collegare i comuni della regione, tutti di origine italiana, nelle co-munità dove il Frate Rovílio Cos-ta è stato fortemente presente sia religiosamente, sia cultural-mente — spiega Appio.

laureato in Filosofia e Peda-gogia, post laureato in Educazio-ne e libero Docente in Antropo-

logia Culturale, il frate è morto a Porto Alegre in seguito ad un collasso cardiaco fulminante il 13 giugno 2009. Aveva 74 anni e si era dedicato per gran parte della sua vita alla ricerca e alla pubblicazione di libri. sul feno-meno dell’immigrazione aveva scritto più di 20 libri. A capo della Est Edições il Frate delle lettere [era chiamato Frade das letras] aveva promosso la pub-blicazione di più di 2 mila ope-re che narrano la storia di immi-granti italiani, tedeschi ed ebrei.

sulla scia della nostalgia che Costa ha lasciato dietro di sé, il

Museu dos Capuchinhos di Rio grande do sul, con sede a Caxias do sul, espone fino a novembre la mostra “Frei Rovílio – Herança Cultural Viva”. Fanno parte della mostra lettere, libri ed articoli di giornali firmati da lui, oltre a fo-tografie ed oggetti personali.

— la vita di Frate Rovílio è stata molto più piena di quan-to noi mostriamo, ma chi viene a visitare può farsi un’idea di quanto lui si adoprava in attivi-tà a favore dello sviluppo socio-culturale delle comunità dove era presente— commenta il diretto-re del Museo, Frate Celso bordig-non, che ha vissuto accanto a Costa negli anni ‘80.

storiaFiglio di Amilcare Costa e Maria Moretti, il frate era il minore di sette fratelli, di cui sopravvive solo Antonio. Era nato a Vera-nópolis nel 1934 ed entrato in seminario a 11 anni. Nel 1960 era stato ordinato sacerdote a Vila Flores. Nello stesso decen-nio aveva cominciato le ricerche sulla storia dell’immigrazione ed era parroco ad Antônio Prado e ad Ipê prima di stabilirsi a Por-to Alegre dove aveva fondato la Editora Est.

In Povoadores de Antônio Prado (2007) per esempio Cos-ta fa un viaggio nel tempo, alla ricerca della storia degli immi-granti italiani nella città che conserva il maggiore complesso di architettura italiana dello sta-to: 49 case preservate dal Patri-mônio Histórico.

Il suo impegno era così im-portante che, oltre a far parte del Conselho Estadual de Cultura di Rs, è stato promotore della Feira do livro in varie città dello sta-to. Fra le funzioni esercitate ha fatto lezione presso la Faculdade de Educação da UFRgs (dove ha fondato la rivista Educação e Re-alidade) ed è stato agente peni-tenziario nella Penitenciária Es-tadual di Jacuí.

— Cosa più importante di tutto, è stato un padre comple-tamente dedito alla gente. Non potete immaginare quanti malati riceveva ogni giorno. Il suo la-voro consisteva nel donarsi alla vita religiosa. Una persona unica fra i cappuccini e nel nostro am-biente culturale — fa risaltare il dottore in teologia luis Alberto De boni.

Un anno dopo la sua morte il ricercatore che ha dedicato la sua vita a studiare l’immigrazione e le iniziative per la crescita dell’educazione viene festeggiato nello stato di Rio Grande do Sul

Il percorso del Frate delle lettere

silvia souza

immigrazione

Frate Rovílio in una delle celebrazioni presiedute da lui e, accanto, registro nella sua casa

In famiglia, è il secondo in piedi da sinistra verso destra

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nAsCidO em PAssAGem de

mAriAnA, em minAs GerAis,

O enGenheirO JOãO PiGnAtArO

PereirA nOs COntA COmO O

desenvOlvimentO dO brAsil e O

sOnhO dA PrOsPeridAde trOuxe

A PArte itAliAnA de suA fAmíliA

AO estAdO dO OurO. AtuAlmente

mOrAndO em brAsíliA, ele fAz seu

relAtO à rePórter silviA sOuzA

Meu avô materno, Agosti-no Angelo Pignataro, nascido em 1871, emi-grou da Itália, mais

precisamente, de Vacarizzo Albanese, na época, Município de Rosano, Calá-bria, (costa jônica), quando completou dezenove anos. Veio sozinho para o Bra-sil, lá deixando a mãe viúva, Marian-tonia - que viria a se casar com um italiano de sobrenome Candreva - e uma irmã, Verônica.

Agostino Angelo, depois de uma curta temporada nos cafezais de São Carlos do Pinhal (SP), veio para Minas Gerais, por volta de 1891. Foi trabalhar como empregado da The Ouro Pre-to Gold Mines of Brazil, Limited, de capital inglês, em Passagem de Mariana, considerada a mais impor-tante empresa de mineração de ouro no Brasil de então. O feito era devi-do à produção e principalmente pela tecnologia de mineração subterrânea, trazida pelos ingleses, que por sua vez, demandava mão de obra mais qualifi-cada, encontrada nas correntes de imigração européia, principalmente, italiana, alemã e espanhola.

A Companhia da Passagem, quan-do do esgotamento da mina de ouro, a partir dos anos 1950, foi celeiro de excelentes profissionais (mecânicos, fundidores, marceneiros) para muitas

il lettore racconta

empresas dos estados de Minas e São Paulo, naquele momento, em ace-lerado processo de industrialização. Muitas dessas famílias descenden-tes de imigrantes, em Passagem de Mariana, partiram em busca de novas oportunidades. E, pelo que sei, todas venceram.

Minha avó materna, Marieta Pignataro, nascida em 1878, Maria Fortunata Santoro Scarpelli, veio da Itália com quatorze anos, prove-niente de Célico, Cosenza, Calábria, (costa mediterrânea), acompanha-da da mãe viúva, Cecília, três ir-mãs, Carmella, Rosa, Conchetta e dois irmãos, Cármine e Antonio.

Estabeleceram-se, também, em Passa-gem de Mariana, trazidos pelo irmão Cármine, que foi buscá-los, na Itália, uma vez que tinha vindo primeiro pa-ra o Brasil e consolidara um comércio junto à colônia italiana da Passagem.

Foi assim que minha avó veio a co-nhecer meu avô. Casaram-se em Passa-gem de Mariana, em agosto de 1899, e decidiram estabelecer-se em Ouro Preto, a 6 km dali, com um pequeno comércio, no bairro do Antônio Dias. Meu avô, figura afável e respeitável, revelou-se bom comerciante. Honesto, cumpridor do dever e infatigável no atendimento de seus fregueses, seu es-tabelecimento ficou conhecido em Ouro Preto como o “Armazém do Sô Ângelo”.

Prosperaram. Tiveram 11 filhos. Em-bora não pudessem ser considerados ricos, sempre viveram em casa pró-pria, de boa qualidade, com fartura e alegria. Minha mãe contava que, em

sua adolescência, se encantava com os saraus musicais, organizados pelos ir-mãos, em casa. Cada um em seu ins-trumento. Ela mesma tocava piano e pintava muito bem.

Meus avós puderam, assim, prepa-rar os filhos para integrarem uma classe social mais culta, já que, eles mesmos, pouca oportunidade tiveram de educação escolar, na Itália. Dos 11 filhos, dois se formaram engenheiros (Francisco e Agostinho), dois médi-cos (José e Antônio), um farmacêutico (Hélio), quatro comerciantes (Miguel, Martinelli, Vitorino e Pedro), duas normalistas (Anita, hoje com 98 anos, e Antonieta Pignataro Pereira, mi-nha mãe, já falecida).

Os contatos de meus avós e tios com seus consanguíneos que permaneceram na Itália nunca cessaram neste pe-ríodo de mais de um século. Foram, é verdade, tornando-se mais escassos e tênues, com o passar do tempo.

Em março de 2002, tive a oportu-nidade de conhecer estes dois lugares na Itália, Célico e Vacarizzo, onde encontrei referências desses meus avós. Seus registros de nascimento. Casas em que presumivelmente viveram. Paren-tes distantes que conheciam a histó-ria da emigração para o Brasil. Foi um mergulho em minhas raízes, de grande conteúdo emocional, tal qual a narrativa do livro Paisagens da Pas-sagem, que meu irmão publicou em 1998. Senti-me mais próximo de todos meus parentes, daqui e de lá. Em suma, uma história de família, igual a muitas ou-tras, é verdade, mas onde testemu-nhei gestos de dedicação, desprendi-mento, coragem e calor humano.

João Pignataro Pereira, 64 anos, Brasília.

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Giordano Iapalucci

FiRENzE

“anbb” in concertoGiovedì 16 settembre presso il rinnova-

to spazio espositivo e musicale dell’Ex-stazione leopolda si esibiranno Alva Noto e blixa bargeld, il cui gruppo, l’ANbb, non è altro che il loro acronimo. I due artisti, di cui Alva Noto è l’appellativo sotto cui si cela l’artista visivo Carsten Nicolai, presenteranno il progetto musicale che sarà poi presentato in via definitiva ad ottobre come vero e pro-prio album. la musicalità di blixa bargeld si fonderà alle modulazioni di frequenza di Alva Noto in un mix di musica elettronica da far rimanere davvero a bocca aperta.

scultura al femminileCon la scusa di conoscere la costa

tirrenica della toscana, passate an-che da Campiglia Marittima, in provin-cia di livorno. l’affascinante borgo fino al 5 settembre presenta le opere di Eli-sa lorenzelli. la giovane artista, classe ’83, presenta le sue sculture di marmo e metalli in una mostra dal titolo “scul-tura al femminile” in cui la figura fem-minile viene mostrata nelle sue più va-rie sfaccettature riuscendo in un lavoro di sintesi artistica nella sua dimensio-ne forte e fragile, materna e sensuale. Presso l’ex-cinema Mannelli in Via b. buozzi,11/a. Ingresso gratuito. Orario 17-20 e 21.30-23.30

bolgheri JazzNella medievale cittadina di bolgheri, re-

sa famosa anche dai versi di giosuè Car-ducci nella poesia “Davanti a San Guido”, si svolgerà dal 3 al 5 settembre l’ “Enojazzamo-re”, una degustazione in musica, come vie-ne chiamata, in cui si abbina lo swing ac-cogliente del jazz e i grandi sapori dei vini di questa parte della toscana, così unici co-me quelli della famosa Fattoria dell’Ornellaia. Con 12 euro è possibile acquistare un calice da degustazione, una sacca a tracolla e tre buoni per degustazione vini. l’evento inizia alle ore 21.00.

arte digitaleFino al 25 settembre il Museo d’Arte di

Chianciano terme (siena) cambia pelle e le opere del tiepolo, di Magritte e di Munch lasce-ranno il posto al Premio Internazionale dell’Ar-te Digitale e della Fotografia. Un evento stra-ordinario per la presenza di grandi artisti della fotografia come lonnie schlein, Chris Warde-Jones, gerard bruneau, Marcello Mencarini e Zoltan Nagy, professionisti che lavorano per ri-viste e grandi giornali italiani ed internaziona-li come Corriere della sera, times, Washington Post, New York times, Forbes, ecc. Parallela-mente alla mostra si potrà assistere a diver-si workshop tenuti dagli stessi partecipanti al concorso fotografico. Ingresso gratuito.

La mostra presente a Palazzo Pitti “Fi-renze e gli antichi Paesi bassi (1430-1530). Dialoghi tra artisti da Jan van

Eyck a ghirlandaio, da Memling a Raffael-lo” nasce dall’idea di mettere a confronto i grandi capolavori delle due grandi scuo-le pittoriche quale la fiorentina e quella dei Paesi bassi in pieno periodo rinascimentale.

Una curiosità: può sembrare particolare, ma alcuni degli elementi decisivi al fine della conoscenza reciproca tra queste due culture artistiche furono proprio i mercanti. I quadri dell’esposizione provengono dai più grandi musei al mondo come il louvre, la National gallery, il Metropolitan e il getty Museum. Aperta fino al 26 ottobre. Ingresso 10 euro.

Firenze e gli antichi Paesi bassi

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um dos restaurantes ita-lianos mais aplaudidos e concorridos do Rio de Ja-neiro está sob novo co-

mando. Depois de quase 20 anos à frente do Hotel Cipriani, Fran-cesco Carli passou o chapéu, ou melhor, o toque blanche, para Ni-cola Finamore. sai um vêneto, entra um abruzzese para cuidar da cozinha desse restaurante que funciona em um dos hotéis mais aplaudidos e concorridos do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace.

Finamore foi escolhido a dedo pelo próprio Carli, que se afastou do Cipriani, mas non trop-po. supervisionar os trabalhos do restaurante é, agora, apenas mais uma de suas atribui-ções, como chef executi-vo de todo o

Copacabana Palace. No novo pos-to, Carli é o responsável por ab-solutamente tudo o que o hotel serve – do pedido de cada hóspe-de ao que é oferecido em eventos, sem contar a supervisão do outro restaurante do hotel, o Pérgula.

Para encontrar seu substitu-to, Carli voltou ao Cipriani origi-nal. Na verdade, a cozinha do res-taurante do mítico Hotel Cipriani, em Veneza, de onde o próprio chef partiu rumo ao brasil. Carli, de 49 anos, acionou seus antigos amigos italianos em busca de indicações e recebeu vários currículos. Ao se deparar com o de Finamore, não

teve dúvidas de que ele se-ria a melhor opção por ter justamente experiência em restaurantes de hotéis.

— A minha família in-teira, meu avô e meu pai, sempre trabalharam com gastronomia. sentia que precisava seguir o mesmo caminho — explica Finamo-re, de 43 anos, que ao re-ceber o convite para traba-lhar no brasil se encontrava

na bolonha, na região da Emília-Romanha, onde vivia há cerca de 20 anos.

Ao assumir o Cipriani, Fina-more mexeu no cardápio. Fez al-gumas alterações e continua uti-lizando alguns ingredientes bra-sileiros com técnicas italianas. Para se ter uma ideia básica do rojão que o chef enfrenta, ele e sua equipe de 15 pessoas lidam, por mês, com 250 quilos de ba-tata, 200 de tomate, 650 de fa-rinha e 90 de queijo de 15 tipos diferentes. Cerca de 70% dos produtos são importados, mas alguns pratos são adaptados.

Carli afirma que Finamore “teve e tem” total autonomia pa-ra mudar o cardápio do Cipriani:

— É claro que dou orienta-ções porque, pela experiência, sei o que costuma ter mais acei-tação dos clientes. Mas ele tem total liberdade para criar — diz o extrovertido Carli que fala português ainda carrega-do de sotaque.

Já o tímido Finamore co-meça, agora, a “arranhar”

novo temperoMudanças para manter o restaurante Hotel Cipriani como um dos melhores italianos do Rio de Janeiro

nayRa GaRofle

o português. sorte sua que po-de contar com a ajuda do amigo Carli que, por sua vez, teve que aprender uma nova língua, “na marra”, já com a mão na massa, à frente de sua equipe brasileira.

Quando chegou ao Rio, no fim de 1993, com a missão de im-plantar o Cipriani no Copa, Car-li não falava uma única palavra de português. Mesmo assim, era ele, de fato, quem tinha que or-ganizar todo o restaurante desde a área administrativa à cozinha.

— Foi muito difícil me fazer entender no começo. Eu não falava português e ainda tinha que ensi-nar para uma equipe que não tinha noção de gastronomia italiana — revela ele que conta ter aprendi-

gastronomia

Depois de quase 20 anos no comando do Hotel Cipriani,

Francesco Carli passa a responsabilidade do restaurante

para o chef Nicola Finamore

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do a nova língua com os próprios funcionários e “alguns namoricos”.

CebolaCozinha e hotel são duas pala-vras que sempre andaram juntas na vida de Carli. Quando crian-ça, seu pai tinha um hotel na comuna de Asiago, sua cidade natal localizada na província de Vicenza, na região do Vêne-to. Com sete anos, ele “brinca-va” de descascar cebolas na co-zinha. sua primeira paixão “sé-ria” pela gastronomia foi aos 12 anos, quando caiu de amores pe-la arte da confeitaria.

Aos 15 anos, Carli passou a frequentar a Escola de Hotelaria Pellegrino Artusi. Foram três anos de dedicação. Depois de formado, o jovem rodou a Itália e viajou para a Polônia e Inglaterra. Em 1981, retornou a Asiago para tra-balhar na confeitaria Vecchia Mi-lano, conhecida pela alta quali-dade e longa tradição. logo de-pois, foi convidado a abrir o res-taurante da confeitaria.

De lá, assumiu a cozinha do Hotel Europa, na região do Vêne-to. logo após, chegou ao reno-mado restaurante lepre bianca, em Vicenza. Em 1993, Carli che-ga ao Hotel Cipriani, em Veneza. Após alguns meses de trabalho, aceitou o convite de passar uma temporada no brasil - e não vol-tou mais para a Itália. Carli acei-tou o desafio de implantar o Ci-priani no Copacabana Palace, com “direito” a um período de apenas três meses de adaptação no Rio de Janeiro antes da aber-tura do restaurante:

Ele veio para o brasil, mas dei-xou a mulher e os dois filhos na Itá-lia. Isso é, para Finamore, a parte mais difícil do desafio de suceder Carli no Cipriani. Morando no hotel desde que chegou, o único dia da semana tranquilo para o italiano é o domingo, quando o restaurante não abre. Na sua folga, ele gosta de caminhar. Assim, ele aproveita para conhecer a cidade, suas feiras livres e os produtos brasileiros que usa, sem culpa, da mesma forma que Carli costumava usar.

Para os dois chefs, o uso do produto nacional é feito na mes-ma medida: ou porque o similar italiano não está disponível no mercado brasileiro ou para dar

uma inovada em algum prato. Carli, porém, afirma que para se ter um prato veramente italiano é preciso importar alguns produtos.

— Imagina você fazer uma fei-joada nos Estados Unidos. Ela será brasileira se você comprar os ingre-dientes disponíveis no mercado de lá? Não, porque lá não tem o mes-mo feijão daqui — explica o chef executivo do Copa que importou o que sentiu necessário para fazer do Cipriani um vero restaurante italia-no, sem abrir mão de experimentar receitas com toques brasileiros.

A mistura agradou em cheio e o “seu” Cipriani virou uma len-da na cidade. Uma lenda que nin-guém duvida que tem sabor ita-liano. Apesar do sucesso, Carli tem os dois pés bem fincados no chão. brincalhão, durante todo o tempo da entrevista à Comunità, fez o possível para que Finamore se sentisse “em casa”. se a hie-rarquia existe, é apenas para o bom andamento dos trabalhos na cozinha. Fora de lá, porém, pare-ce não ter muita serventia.

Carli admite que, no novo cargo, só respirou de alívio após a chegada de Finamore porque estava certo de que o Cipriani estaria em “boas mãos”. Ele, que afirma se considerar mais cario-ca do que italiano, aproveita pa-ra dar uma dica preciosa: na sua avaliação, o fundamental para se obter sucesso profissional é a disponibilidade para aprender:

— Por aqui, já passaram pes-soas com formação nas melhores escolas internacionais de gastro-nomia. Porém, na hora em que era preciso descascar uma bata-ta, diziam que isso não era tarefa para elas. É preciso ter humilda-de para aprender. tenho muitos funcionários nordestinos e eles são ótimos para trabalhar por-que não fogem do serviço e es-tão sempre dispostos a aprender — diz Carli que, atualmente, su-pervisiona 75 funcionários.

— trabalhar aqui no hotel é uma experiência extremamente importante e um grande desafio para mim. sempre tive curiosida-de pelo brasil e não sabia nada sobre o país e a sua cultura quan-do cheguei aqui. Obviamente, vai demorar um pouco para eu ter a experiência do Francesco, mas estou aprendendo bastante com ele — afirma Finamore que, pelo visto, já aprendeu a lição básica do seu antecessor no cargo.

no CardápioUma das assinaturas de Carli no Cipriani é o talharim verde gra-tinado ao presunto que Nicola manteve “em cartaz”. O novo chef introduziu no restaurante o tagliolini de açafrão com pinoli italia-no e vôngole, uma tradicional receita da família Finamore. todas as massas são caseiras. Qual a sua preferida?

Finamore garante: “trabalhar aqui é um grande desafio, mas estou aprendendo bastante com o Francesco”

— Foi uma grande experiên-cia. O proprietário do Hotel Ci-priani soube que o restaurante do Copacabana Palace, o antigo bife de Ouro, estava desativado e teve a ideia de trazer o restau-rante do Hotel Cipriani para cá.

DesafioNascido na pequena Villa san-ta Maria, na província de Chieti, na região de Abruzzo, Finamore afirma estar vivendo um gran-de momento de sua carreira. Do currículo que tanto agradou Carli constam passagens por casas co-mo o Harry’s Cipriani (Nova Ior-que), Harry´s bar (Veneza), la Pernice e la gallina (bolonha).

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italian style

na praia Na onda das bolsas de praia, também a Prada lançou a sua versão. Em nylon estampado em diversas cores, seguindo as tendências da estação, com estampas em temas festivos, étnicos ou clássicos, mas sempre perfeitamente recicláveis e ecológicas. Modelos a partir de € 200.www.prada.com

Gladiador sandálias que parecem botas

invadiram as ruas italianas. Os modelos da bata são feitos

em couro e lona, nas versões cano baixo

ou cano alto. Preço: € 380 www.bata.it

silicone colorido As pulseiras coloridas estiveram por toda parte neste verão. Os modelos da too late (€ 2,50 euros cada), disponíveis em mais de 50 cores e em dois tamanhos (Médio e grande), são perfeitos para ir à praia e também para sair à noite. Já as carteiras

de silicone ganharam uma versão especial: além do espaço para levar dinheiro e cartões, há também um compartimento especial para as camisinhas, para não pegar ninguém desprevenido. Oferecido em 10 cores, o modelo da too late vem com uma capa de tecido jeans com fecho (€ 19 cada). www.too2late.com

maiôs Os modelos estilo “engana mamãe” viveram sua temporada de glória este ano e ganharam versões bem sensuais com ombro único, tomara-que-caia, pedras e lacinhos. Os modelos da Calzedonia custam € 69,50www.calzedonia.it

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estate 2010 Em todo o mundo, o verão é a época

dos modismos. Confira abaixo al-guns dos acessórios que se tornaram o “must have” dessa temporada de sol e calor na Itália:

Óculos O modelo les biches, criado exclusivamente para John galliano pela Marcolin Eyewear, foi eleito pelas principais revistas de moda europeias como os óculos de sol do verão 2010. grandes, misteriosos, com lentes escuras e hastes em degradê preto e rosa, conferem uma pitada fashion a qualquer visual. Preço: € 250www.johngalliano.com

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Sapori d’ItalianayRa GaRofle

serviçO: AlessAndrO e frederiCO – Av. AtAulfO de PAivA, 270 riO desiGn leblOn - lOJA 112/113 – leblOn - rJ – telefOne: (21) 2512-8921

Rio de Janeiro - O amor pelos filhos e pela gastronomia fez o ita-liano Fabrizio giuliadori homenageá-los com um restaurante que leva o nome dos rebentos: Alessandro e Frederico, hoje com 12 e 10 anos, respectivamente. Milanês, giuliadori se estabeleceu

no Rio de Janeiro em 1998, depois de conhecer a sua esposa brasileira. três anos depois, começou a carreira no ramo de restaurantes, abrindo um café para 60 pessoas. Foi ele quem inovou o visual dos restaurantes da zona sul da cidade ao abrir uma ampla varanda.

Depois do café na badalada esquina das ruas garcia D’ávila e barão da torre, em Ipanema, giuliadori inaugurou, em 2004, uma pizzaria na mesma rua. A paixão pela cidade e pela gastronomia fez o empresário abrir, logo depois, a terceira unidade num shopping em outro bairro, são Conrado. Desta vez, a casa é uma mistura das duas fórmulas ante-riores (café e pizzaria). O sucesso continuou e em maio deste ano foi inaugurado, no Rio Design leblon, mais um restaurante. A cadeia em-prega mais de 220 funcionários.

Filho de um bem sucedido restaurateur italiano que tinha “negócios” no brasil, além de ser proprietário de 12 estabelecimentos em Milão e ar-redores, o empresário cresceu observando o funcionamento das casas. Para se estabelecer no brasil, foram 10 anos indo e vindo até ele conhecer a esposa, com quem teve três filhos - a mais nova é a pequena Valentina, de três meses. Para se manter antenado às novidades, e matar a saudade da terra natal, todo ano vai à Itália. Porém, giuliadori não está sozinho no comando das quatro casas. Há sete anos, seu braço direito é o chef italiano gennaro Cannone, oriundo da província de Potenza, região de basilicata.

Ele estudou por 20 anos em Paris e veio para o brasil em 1998 a convite de um amigo. Hoje, ele afirma que “gastronomicamente o brasil é atrasado”. Há muitas variedades de matérias-primas que, segundo o chef, não são tão bem aproveitadas.

— O carioca, por exemplo, tem uma cultura de comer em lugares famosos. Ele não sabe o que está comendo. O nordeste tem uma varie-dade de peixes que não são aceitos por aqui. Mas acho que isso está mudando — acredita.

A pizza do Alessandro e Frederico respeita as “denominações de origem controlada” (Doc) da pizza napolitana. De massa fina, borda grossa e crocante, em tamanho individual, as redondas ganham coberturas gourmet. Cannone ressalta o preconceito que ainda existe dos italianos quanto à for-ma de se comer pizza.

— O italiano se incomoda quando vê alguém colocando ke-

Origem mais do que controlada

Famoso pela originalidade de suas pizzas, restaurante italiano prova aos cariocas que tem muito além da ‘redonda’ para oferecer

Linguini Porto Cervo com camarão

Ingredientes 150 g linguini; 1 dente de alho; 2 colheres (sopa) de azeite extra-virgem; 5 camarões VM; 1 copo de vinho branco seco; brócolis frescos; champignon Paris frescos; 3 tomates cereja- sal e pimenta a gosto; salsinha.

Modo de fazer: Cozinhar a massa até que esteja macia. temperar os camarões com alho e azeite. Flambar com o vinho branco seco. Juntar brócolis, champignon, tomate cereja, sal e pimenta. Enfei-tar com salsinha fresca.

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tchup na pizza. Eu costumo dizer que não importa a forma como se co-me, o que importa é estar comendo um produto da nossa tradição — diz.

Depois da primeira casa aberta, que sustenta as demais com os verdadeiros pães italianos, na mais recente unidade também é pos-sível saborear um café da manhã aos sábados e domingos e degustar as famosas pizzas. Porém, no menu da casa, outras iguarias fazem su-cesso. Os carpaccios são um deles. O torrone traz lâminas de salmão defumado, amarradinho de rúcula, tomate-cereja e gotas de limão, e o clássico vitello tonnato, finas fatias de vitela cobertas com leve creme de maionese, atum e alcaparras. Com a primavera se aproximando, Can-none gosta de preparar o colorido linguini Porto Cervo com camarão.

— A massa deve ser cozida até que esteja macia. O brasileiro não gosta de massa al dente. Para conseguirmos o verdadeiro sabor italiano importamos o azeite extra-virgem, alguns queijos como o grana padano, o tomate pelati e as massas — revela o chef.

Cannone: massa mais cozida para o brasileiro

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Claudia Monteiro de Castro

lA gENTE, il pOSTO

FrontoniPizza é uma das paixões que

unem brasileiros e italianos. Os italianos, além da pizza, ado-

ram a pizza ripiena, ou seja, rechea-da. É simples: entre duas fatias de fo-caccia, um pão quadrado que lembra a pizza, colocam-se os mais diversos ingredientes: mortadela, mozzarella, verduras, escolhendo o que bem en-tender. Durante a estação dos figos, que começa entre o final da primave-ra e o início do verão, a pizza ripiena também existe na versão presunto cru com figos: uma das coisas mais deli-ciosas na face da terra.

Um dos lugares para se saborear esta delícia é no bar-restaurante Fron-toni, no bairro de trastevere, na Via

san Francesco a Ripa 28, aberto há 90 ani-nhos. Mas no Frontoni, eles não se limitam a fazer pizza e pizza recheada. Eles também ser-vem saladas, pratos de verdura, pratos de mas-sa e de carnes. Um ótimo lugar para almoçar em meio a romanos e turistas.

la morte suaOs italianos têm uma linguagem colorida, engraçada, cheia de

expressões divertidas. Uma delas, muito usada, é a expressão “la morte sua”. Diz-se quando uma combinação é fatal, a me-

lhor possível, o crème de la crème, o auge do sublime. Usa-se principalmente o termo para combinações culinárias. Por

exemplo, morango é bom, mas morango com chantilly (fragole con la panna) é …la morte sua. O molho amatriciana, feito com tomate, pancetta (espécie de bacon) e queijo pecorino é saboroso, mas se co-locado sobre a massa bucatini, pasta longa gordinha com o furinho dentro é la morte sua.

Em junho, começa o período dos figos. Fruto delicioso. Mas figo com presunto cru o que é, o que é? Ora, la morte sua! Em al-gumas lanchonetes de Roma, eles colocam num pão com focaccia umas fatias de presun-to cru e espalmam uma camada de figos maduros, docinhos. bom de-mais, pena que por pouco tempo durante o ano, somente durante a temporada dos figos…

E a expressão continua, va-le para as mais diversas com-binações, como por exemplo, queijo e pera (diz outro di-tado italiano: “al contadino non far sapere quanto è buo-no il formaggio con le pere”). Outra combinação de lamber os beiços: radicchio (chicó-ria vermelha) com gorgonzola, usado como molho de massa, ou como tipo de pizza.

Vinho na Itália é bom demais - mesmo uma garrafa de cinco euros pode ser excelente, de ótima qualidade. Mas se o jantar em questão é uma pizza, então, deixe de lado o vinho e peça uma cervejinha gelada para acompanhar, afinal, pizza com cerveja é …la morte sua!

Perguntando aos italianos sobre a origem da expressão, as versões são parecidas, divergindo ligeiramente. Alguns dizem que deriva da “melhor morte possível”, como morrer dormindo, a morte ideal. Ou-tros dizem que “a morte sua” vem como situação definitiva, além da qual não dá para ultrapassar, como a morte. Outra explicação é que a combinação é tão gostosa, que é destinada a acabar depressa, de tão boa! Ou seja, destinada a morrer, se extinguir. Etimologia à par-

te, a expressão é tão popular que não dá para pensar em falar sobre “casamentos” de ingredientes culinários sem usá-la.

Podemos transferir a expressão e sua ideia

para terra brasilis e pensar quais com-

binações são fa-tais, sublimes na culinária no bra-

sil. A primeira que me vem em mente, eu

que estou há um ano e meio sem visitar a terrinha e, portanto, com saudade exacerbada, é goiabada com requeijão! Quer coisa melhor para representar “la morte sua” brasileira?

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