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Publicação da AssociaçãoPaulista de Medicina
Edição nº 572 – Outubro de 2006
REDAÇÃOAv. Brigadeiro Luís Antônio, 278
Cep 01318-901 – São Paulo – SPFones: (11) 3188-4200/3188-4300
Fax: (11) 3188-4279E-mail: [email protected]
Diretores ResponsáveisNicolau D’Amico Filho
Roberto Lotfi Junior
Editor ResponsávelUlisses de Souza – MTb 11.459–SP
EditoraLuciana Oncken – MTb 46.219–SP
RepórteresAdriana Reis
Carla NogueiraLeandro de Godoi
Ricardo BalegoPriscilla Ferreira
ColaboradorJorge Taciba (ilustrações)
Editor de ArteLeandro Deltrejo
Projeto e Produção GráficaCubo Editorial e Notí[email protected]
Fotos: Osmar BustosRevisora: Thais Oncken
Secretaria: Rosenaide da SilvaAssistente de Comunicação:
Fernanda de Oliveira
ComercializaçãoDepartamento de Captação
e Marketing da APMFones: (11) 3188-4200/3188-4300
Fax: (11) 3188-4293
Periodicidade: mensalTiragem: 30 mil exemplares
Circulação: Estado de São Paulo(Inclui Suplemento Cultural)
Portal da APMwww.apm.org.br
APRESENTAÇÃORoberto Lotfi Jr.Nicolau D’Amico Filho
Fazer esta edição foi uma satisfação muito grande para toda a equipe daRevista da APM. A nossa intenção, ao escolher a pauta, foi mostrar o médicona sua essência, o que está além do profissional. Nada melhor do que retratarsuas histórias de vida por meio de perfis. A nossa produção acabou indo alémdo espaço que temos aqui. Mas nos comprometemos a publicar, nas próximasedições, as matérias que preparamos com tanta dedicação para você, nossoleitor, em comemoração ao Dia do Médico. Aliás, parabéns pelo seu dia!
A nossa peregrinação começou com o professor Dr. Darcy Villela Itibe-rê que, aos cem anos, nos recebeu com muita simpatia, abrindo sua casa eexpondo sua memória, por meio da qual resgatamos um pouco mais dahistória da Associação Paulista de Medicina que, neste mês de novembro,encerra as comemorações de seus 75 anos.
Continuando o nosso passeio, fomos até as Minas Gerais para falar dePedro Nava, símbolo da memorialística brasileira, o escritor mineiro de-dicou boa parte de sua vida à medicina.
Voltando a São Paulo, apresentamos a trajetória do médico Daniel deMiranda, que está entre os poucos médicos negros do País.
O Monte Everest seria nosso próximo ponto de parada. Fomos até ocume com a médica Ana Elisa Boscariolli e ficamos diante do rosto do céu,juntamente com ela, que foi a primeira mulher a chegar lá.
Deixamo-nos envolver pela música e pela simpatia do médico e maestroSamir Rahme, que se apresenta todos os meses nos hospitais de São Paulo,levando um pouco de alegria aos médicos e pacientes.
Aproveitamos para voltar aos duros tempos da ditadura, numa tentativade reencontrar Boanerges de Souza Massa. Onde está o Boanerges? Suabiografia como “desaparecido político” é baseada em dados da repressão.
Chegou a sua vez de embarcar nesta viagem. Você pode começar quandoquiser, por onde quiser, é só folhear as páginas a seguir.
Nicolau D’Amico Filho e Roberto Lotfi Jr.Diretores de Comunicação
Uma viagem
3 Apresentação
4 Editorial
6 DIA DO MÉDICO - ESPECIAL
Boanerges de Souza Massa
12 Darcy Villela Itiberê
16 Benefícios da fé
20 Ana Elisa Boscarioli
28 Família Hungria
30 Serviços da APM
40 Francesco Antonio Viscomi
42 Samir Rahme
46 Orquestra do Hospital
Albert Einstein
50 Pedro Nava
54 Daniel de Miranda
58 Agenda Cultural
60 Agenda Científica
62 Produtos & Serviços
64 Classificados
CONTEÚDO
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Comemoramos, em 18 de outubro, mais um Dia do Médico. Trata-se deuma data emblemática que, por seu sentido especial, sempre nos leva àreflexão, nos estimula a fazer um balanço do que somos e do que almejamos.
Ser médico é muito mais do que uma profissão, é uma missão. Talvezaté mais do que uma missão...É um compromisso de amor à vida,particularmente à vida dos nossos pacientes.
Porém, muitos são os problemas que enfrentamos no cotidiano dosistema de saúde, seja na área pública ou no segmento privado. Remune-ração vil, falta de condição adequada para o exercício da profissão,formação insuficiente e tantos outros. Revertê-los com brevidade é o desa-fio. Mas qual seria o caminho mais curto para atingir tal objetivo?
Infelizmente, está se confundindo quantidade com qualidade e, hoje,somos campeões mundiais em número de faculdades de medicina. Esteano, ultrapassamos a China! Na contramão, encontramos uma incríveldificuldade para novas vagas de residência médica e para qualificação evalorização das faculdades já abertas.
Felizmente, temos reconhecido nosso valor por aqueles que mais importan-tes são para nós, os pacientes. Recente pesquisa do Ibope atesta que somosconsiderados, pela população, a instituição de mais credibilidade no Brasil.
Há cerca de quatro anos, nesta mesma publicação, neste mesmo espa-ço, o então presidente da Associação Médica Brasileira, meu amigo JoséLuiz Gomes do Amaral, escreveu um artigo que até hoje simboliza muitobem aquilo que nós sentimos a esse respeito. Dizia ele, logo de saída:“Vemos que não somos poucos, porém, poderíamos ser muito mais. E sefôssemos muitos, tanto poderia ser alcançado. E muito mais cedo”.
Zé Luiz, como carinhosamente o chamamos, nos conclama a falar altopara chegar aos que se negam a escutar, a mostrar a luz aos que pouco querem
Dias melhores para os médicos epara os pacientes
enxergar, a trabalhar para mudar a postura dos insensíveis e a jamais desistir.A oferecer ao coletivo, sempre, a nossa contribuição individual.
Realmente, o caminho para um presente e para um futuro melhorespassa por nossa união, por nossa capacidade de arregimentar novos solda-dos para enfrentar os desafios diários da medicina. Não podemos ficartransferindo para colegas ou para entidades uma tarefa que é, em primeirainstância, de nossa total responsabilidade: a de brigar por dias melhores.
Temos de trabalhar ininterruptamente, para mostrar aos incrédulos eindiferentes que é possível mudar. Precisamos provar aos insatisfeitos que,se as coisas não vão bem, eles também são co-responsáveis quando dei-xam de participar, de lutar, para ficar apenas criticando.
O mundo moderno exige de todos uma intensa qualificação individu-al, mas também uma grande capacidade de interação com a sociedade etrabalho em grupo. Exemplos na história antiga e recente nos mostramclaramente a capacidade que muitos líderes tiveram de mudar situaçõesdesfavoráveis com a obstinação de lutar por grandes ideais.
Temos um grande ideal, isto é, mudar o perfil da saúde no nosso paíse, com isso, exercer nossa cidadania. Contribuir decididamente parainiciar um ciclo de maior desenvolvimento, no qual princípios reais dosbrasileiros têm de ser contemplados: valores éticos morais da sociedadeatual e um atendimento à saúde equânime e integral.
Ser médico é intervir também socialmente. E, de forma cirúrgica, quandonecessário, para extirpar da vida pública, do meio privado, o tecidoruim. Agora, num momento em que podemos definir os rumos do Brasil,por intermédio do voto, é uma boa hora para assumir essa responsabili-dade. Esse é o ideal do associativismo médico e todos necessitamos serlíderes desta grande empreitada.
DIRETORIA ELEITA - DIRETORIA 2005-2008Presidente: Jorge Carlos Machado Curi1º Vice-presidente: Florisval Meinão2º Vice-presidente: Paulo De Conti3º Vice-presidente: Donaldo Cerci Da Cunha4º Vice-presidente: Luís Fernando PeixeSecretário Geral: Ruy Y. Tanigawa1º Secretário: Renato Françoso Filho
DIRETORESAdministrativo: Akira Ishida; AdministrativoAdjunto: Roberto de Mello; 1o Patrimônio eFinanças: Lacildes Rovella Júnior; 2o
Patrimônio e Finanças: Murilo RezendeMelo; Científico: Alvaro Nagib Atallah;Científico Adjunto: Joaquim Edson Vieira;Defesa Profissional: Tomás Patrício Smith-Howard; Defesa Profissional Adjunto:Jarbas Simas; Comunicações: NicolauD´Amico Filho; Comunicações Adjunto:Roberto Lotfi Júnior; Marketing: RonaldoPerches Queiroz; Marketing Adjunto: ClóvisFrancisco Constantino; Eventos: Hélio Alvesde Souza Lima; Eventos Adjunto: FredericoCarbone Filho; Tecnologia da Informação:Renato Azevedo Júnior; Tecnologia da
Silvana Maria Figueiredo Morandini; 4o
Diretor Distrital Sorocaba: Wilson OlegárioCampagnone; 5o Diretor DistritalCampinas: João Luiz Kobel; 6o DiretorDistrital Ribeirão Preto: João CarlosSanches Anéas; 7o Diretor DistritalBotucatu: Noé Luiz Mendes de Marchi; 8o
Diretor Distrital São José do Rio Preto:Pedro Teixeira Neto; 9o Diretor DistritalAraçatuba: Margarete de Assis Lemos; 10o
Diretor Distrital Presidente Prudente: EnioLuiz Tenório Perrone; 11o Diretor DistritalAssis: Carlos Chadi; 12o Diretor DistritalSão Carlos: Luís Eduardo Andreossi; 13o
Diretor Distrital Barretos: Marco AntônioTeixeira Corrêa; 14o Diretor DistritalPiracicaba: Antonio Amauri Groppo
CONSELHO FISCALTitulares: Antonio Diniz Torres, Braulio deSouza Lessa, Carlos Alberto Monte Gobbo,José Carlos Lorenzato, Tarcísio Eloy Pessoade Barros Filho. Suplentes: KrikorBoyaciyan, Nelson Hamerschlak, ReinaldoAntonio Monteiro Barbosa, João Sampaio deAlmeida Prado.
Informação Adjunto: Antonio Ismar Marçal Menezes;Previdência e Mutualismo: Alfredo de Freitas SantosFilho; Previdência e Mutualismo Adjunto: Maria dasGraças Souto; Social: Nelson Álvares Cruz Filho; SocialAdjunto: Paulo Cezar Mariani; Ações Comunitárias:Yvonne Capuano; Ações Comunitárias Adjunto:Mara Edwirges Rocha Gândara; Cultural: Ivan de MeloAraújo; Cultural Adjunto: Guido Arturo Palomba;Serviços Gerais: Paulo Tadeu Falanghe; ServiçosGerais Adjunto: Cristião Fernando Rosas; EconomiaMédica: Caio Fabio Camara Figliuolo; EconomiaMédica Adjunto: Helder de Rizzo da Matta; 1o DiretorDistrital São Caetano do Sul: Delcides Zucon; 2o
Diretor Distrital Santos: Percio Ramon Birilo BeckerBenitez; 3o Diretor Distrital São José dos Campos:
Associação Paulista de MedicinaFiliada à Associação Médica Brasileira
SEDE SOCIAL:Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – CEP 01318-901
São Paulo – SP – Fones: (011) 3188-4200/3188-4300
EDITORIAL
Jorge Carlos Machado CuriPRESIDENTE DA APM
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Onde estáBoanerges?
ona Laura Massa e seu marido,Francisco de Souza Massa, to-
cavam um bar na pequenina Ajicê, dis-trito de Rancharia com pouco mais demil habitantes, e acalentavam um so-nho. Ver o filho Boanerges retornar aolugarejo, em um carrão, devido à bem-sucedida profissão de médico.
O filho havia saído de perto deles ain-da garoto. Foi para Avaré, cidade ondenasceu, morar com parentes e fazer ocurso de admissão. Formou-se profes-sor e contador. Passou a pagar seus es-tudos trabalhando. Entrou em duas dasmais famosas e exigentes faculdadesbrasileiras: Medicina da USP e Direitoda USP. Cursou as duas ao mesmo tem-po. Colou grau como médico em de-zembro de 1965, e como advogado, emjunho do ano seguinte.
Francisco de Souza Massa morreu em1966, ano seguinte ao da formatura deBoanerges como médico. Dona Lauramorreu seis anos depois, mas não viu ofilho chegar com o carrão sonhado. Naúltima vez que esteve em Ajicê, che-gou de ônibus e carregava apenas umamaleta. Era o ano de 1968. Voltou paraSão Paulo. Foi também a última vez quedona Laura viu o filho e, provavelmen-te, muitos dos amigos.
Hoje, Boanerges de Souza Massa é ape-nas um nome na lista dos formados de
1965 da Faculdade de Medicina da USPe do arquivo do terceiro andar das Arca-das do Largo de São Francisco, a maisfamosa faculdade de Direito do país. NoConselho Regional de Medicina (Cre-mesp), a sua matrícula, a de número132.390, nunca mais foi atualizada.
O decreto 2.318, assinado em setembro
de 1997 pelo então presidente da Repú-blica, Fernando Henrique Cardoso, re-conheceu o médico como “desaparecidoou morto em razão de participação ematividades políticas, no período de 1961a 15 de agosto de 1979”.
Boanerges de Souza Massa é umnome hoje, sem muita referência, na
Na Medicina da USP, o nome de Boanerges é encontrado apenas em arquivo de ex-alunos
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Foto: Arquivo pessoal / Osmar Bustos
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7lista de “desaparecidos políticos”, massua história, pinçada aqui e ali é, comcerteza, enredo para livros e filmes.
Aluno prodígioFreqüentar os cursos de medicina e
de direito ao mesmo tempo na USP nãoé para qualquer um. Mas Boanerges feztudo isso, além de, na época de estu-dante, participar de movimentos polí-ticos, até ser militante da AçãoLibertadora Nacional (ALN), a maisexpressiva organização de luta armadaque atuou no período de 1960 a 1970,em combate ao regime militar instala-do no Brasil em 1964.
Visado pelo governo militar e pelaReitoria da USP, Boanerges, escolhidoorador da turma de medicina, teve odiscurso censurado. Com cópias do tex-to, posicionou-se na entrada do TeatroMunicipal de São Paulo, local da cola-ção de grau, e deu conhecimento a to-dos os convidados sobre o que haviapreparado para o discurso vetado, que
tinha como título: “Um copo d’água eum prato de comida”.
Anos antes, participou de uma dele-gação de estudantes que foi aos EstadosUnidos se encontrar com o presidenteJohn Kennedy, por meio de um pro-grama que visava divulgar a “Aliançapara o Progresso”, projeto norte-ame-ricano de ajuda aos países da AméricaLatina. Os jornais divulgaram. “Dededo em riste, estudante de Avaré ques-tiona o presidente dos Estados Unidossobre sua ingerência em países pobres”.Era Boanerges, e o estudante de Avaréera uma alusão ao período em que fez osecundário naquela cidade.
O discurso de Boanerges, censuradopela USP, fez parte de uma tese de dou-torado apresentada ao curso de Lingüís-tica da Unicamp, que tem como título“O sujeito subversivo: uma leitura datragicidade”. A autora analisa três tre-chos do discurso escrito em 26 de de-zembro de 1965. São os seguintes: 1)“Nós sabemos, tranqüilamente, que oBrasil não é um país rico. Poderá vir aser isso; tem tudo para ser isso; mas nãoé”. 2) “...do inimigo mais cruel que pos-samos conceber: A MISÉRIA. E esteinimigo existe e todos sabem que eleexiste. E todos sabem que o dia em queele for exterminado, cessa essa guerraimpiedosa”. 3) “Este potencial resultan-te (da somatória das contradições) vaiaumentando dia a dia, até que um dia,que esperamos não esteja muito distan-te, seja tão forte, ao ponto de poder cor-tar os pulsos do gigante (sic) que sufocao nosso país, e então podemos dizer emvoz alta e para que todos ouçam: O Bra-sil é um país rico. O Brasil é um paíslivre. O Brasil vive em paz”.
Boanerges chegou a exercer a medi-cina por cerca de seis anos até desapa-recer na clandestinidade. Trabalhou e
fez residência no Hospital das Clínicas.
Médico dos terroristasBoanerges é considerado, ainda hoje,
por grupos de direita com sites na In-ternet, como “o médico da ALN”. Onome dele é citado na morte, em 8 demaio de 1969, do investigador de polí-cia de São Paulo, José de Carvalho, atin-gido com um tiro em assalto à União deBancos Brasileiros, em Suzano. TakaoAmano, um dos militantes da ALN,responsável pelo assalto, foi baleado nacoxa. Ele foi levado a um hospital deSão Paulo, onde foi operado por Boa-nerges. A ação, considerada na épocaespetaculosa pela imprensa, rendeu aomédico uma notoriedade nacional. Umcartaz com 11 pessoas, consideradas
O bar dos pais de Boanerges, em Ajicê,em 1951
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Boanerges, à direita, ao lado do paiFrancisco e do irmão Ciro, em 1951
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“terroristas” pelo governo, foi distri-buído em todo o país com o título “Pro-cura-se”. Para operar Takano,integrantes da ALN fizeram prisionei-ros todos os funcionários do hospital(médicos, enfermeiros, administrati-vos etc) até terminar a cirurgia.
A biografia de Bonaerges como “desa-parecido político” é baseada em dadosda repressão. Não há foto. Diz, no início,que ele vivia na clandestinidade desdeque prestou socorro a Francisco Gomes,irmão de Virgílio Gomes da Silva, inte-grante da ALN, que comandou o grupoque seqüestrou o embaixador americanono Brasil, Charles Elbrick.
Há ainda uma citação de uma proezade Boanerges no livro “Casa das Meni-nas”, romance de Inácio Araújo. Dizum trecho, segundo crítica publicada
na Folha de S. Paulo pelo jornalistaNelson de Sá. “O capitão Lamarca fezuma operação plástica, foi num hospi-tal aqui no largo Marechal Deodoro,em Santa Cecília. Ainda lembro o nometodo do médico, era Boanerges de Sou-za Massa. O Lamarca era um persona-gem fascinante, naquele momento: acensura aos jornais ainda não era com-pleta, e ele era percebido como umaespécie de Robin Hood. Essa operaçãoplástica foi feita ali, debaixo do narizda repressão. Logo depois, a coisa fica-ria bem mais brava”.
Treinamento de guerrilhaRelato em livros e entrevistas de mi-
litantes da ALN que sobreviverammostram que Boanerges foi, com com-panheiros de organização, fazer treina-mento em Cuba, em 1971. Ele saiu doBrasil como um dos “Sete do GrupoMarighella”, o mais perseguido pelarepressão. O grupo tinha esse nome emalusão a Carlos Marighella, fundador eprincipal dirigente da ALN.
Em Cuba, Boanerges uniu-se a ou-tros 27 militantes da ALN, em umaação de dissidência que culminou coma fundação do Movimento de Liberta-ção Popular (Molipo). O médico teriasido um dos principais articuladoresda idéia de dissidência.
Consta que a maioria dos militantesdo Molipo morreu ou desapareceu aochegar ao Brasil. Onze deles teriam sidoexecutados seqüencialmente, o que le-vou órgãos de segurança e até entida-des ligadas à esquerda a acatarem a teseque havia um informante entre eles.Como ninguém nunca mais teve notí-cias de Boanerges, ele chegou a ser osuspeito de delatar os companheiros.Essa tese nunca foi comprovada.
Entrevista feita pela professora daUniversidade Federal Fluminense, De-nise Rollemberg, com o ex-militante daALN, Domingos Fernandes, pôs maislenha na fogueira. Em certo trecho daentrevista, Domingos diz: “É. Tantoque eles em Cuba...Eu fui me encon-trar com eles num quartel do exércitocubano, porque eles já estavam saindodo treinamento...um médico, que di-zem que está vivo até hoje...” - a entre-vistadora interrompe e pergunta. “OBoanerges?”. E Domingos confirma.“O Boanerges. Eu fui me encontrar...”
Herói, traidor, terrorista? A história de Boanerges não tem fi-
nal. A própria Comissão de Familia-
res de Mortos e Desaparecidos
Políticos diz, em dossiê feito em 1996,
que a situação de Boanerges não havia
sido esclarecida. Consta que estava
preso, em 21 de junho de 1972. A Co-
missão afirma que ele “estava preso,
chegou a ser visto por outros presos
políticos, mas a sua prisão nunca foi
assumida pelos órgãos repressivos e
nem saiu versão oficial. Não se for-
mou convicção no grupo sobre o que
de fato ocorreu com ele”.
Mas é na pequenina Ajicê que nasce o
repúdio a essa interpretação, que macu-
la o nome do garoto prodígio, que saiu
do lugarejo à procura de novos horizon-
tes para a sua admirável inteligência.
O jornalista José Maria de Lima, da
Folha de S.Paulo, foi um dos mais ar-
dorosos defensores da versão heróica
de Boanerges (leia à página 10). Não
admitia a acusação feita ao amigo de
infância. Lima morreu sem conseguir
descobrir o que aconteceu com o médi-
co Boanerges de Souza Massa. �
Parte do livro de formados daFaculdade de Direito da USP. Únicareferência a Boanerges na escola. Elecolou grau em 1966
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Conheci José Maria de Lima, “Zé”, quan-do fui trabalhar na Folha de S.Paulo. Tínha-mos muita coisa em comum. Eu nasci emRancharia, São Paulo, e ele morou muitotempo em Ajicê, distrito de Rancharia.Nossas histórias, portanto, tinham perso-nagens comuns. Mutuávamos as particula-ridades da vida no bar “Sujinho”, que ficavano prédio ao lado do jornal, na Barão deLimeira. Quando chegávamos, o “Portu-ga”, dono do boteco, estendia uma canetae guardanapos de papel. Ele sabia que issoera necessário para “conversar” com oJosé Maria, que, acometido de cisticerco-se, fez uma cirurgia na cabeça e ganhouuma surdez precoce antes dos 30 anos.
Ele me chamava de boiadeiro. Mas tam-bém era um bom caipira, pois sua irmã,casada com fazendeiro, sempre morou emAjicê. Era neste paraíso rural, ao lado debois, galinhas e vacas, que ele arrumavafatos que compunham seus causos. E ar-rumou também uma cisticercose, que tan-to mal lhe causou.
Às vezes, ele se mostrava impotente di-ante dos fatos que o rodeavam. Conside-rava-se frustrado por não conseguir, devidoa sua surdez, investigar o paradeiro de umamigo, de Ajicê, que, ainda adolescente,saiu do distrito para estudar em São Paulo.Esse amigo, médico e advogado, foi dura-mente perseguido pelo governo militar nos“anos de chumbo” e desapareceu. Cha-mava-se Boanerges de Souza Massa.
O “Zé” me convenceu de uma coisa.Boanerges era um gênio. Cursou ao mes-mo tempo a Medicina na USP (períodointegral) e Direito na USP (Largo de SãoFrancisco). Ou seja, duas das mais exigen-tes escolas do país.
Quando o José Maria teve o problemada cisticercose, foi levado ao Hospital dasClínicas, a fim de fazer a cirurgia na cabeça.
Ele estava na maca, no corredor, aguardandooportunidade para ser operado, quando foireconhecido por Boanerges, que fazia resi-dência naquele local. Diante do estado deses-perador do amigo, que corria risco de morte,Boanerges levou a maca até o centro cirúrgicoe fez com que ele fosse operado. Sobroupara o jornalista, além da surdez e dificuldadena postura do corpo, a gratidão eterna ao mé-dico amigo que salvou a sua vida.
José Maria dizia que a última informaçãoque a família teve de Boanerges foi a de queele estava na França. Depois, ninguém maissoube nada. Um fato intrigava o jornalista. Eleafirmava que o médico nunca mais deu notí-cias à mãe, dona Laura, que, antes de mor-rer, ficou seis anos aguardando umamanifestação do filho. “Se ele estivesse vivo,com certeza teria ligado para saber da mãe.Ele dava muito valor para essas coisas e paraa família”, dizia José Maria, ao me convencera tentar investigar o paradeiro de Boanerges.
Eu sabia o quanto era importante para oJosé Maria ter notícias do amigo. Por isso, fuiatrás de informações. Uma delas dizia queBoanerges teria voltado ao Brasil e estariaclinicando em Taubaté. Fiz um rastreamentonos consultórios da cidade e nada do Boa-nerges. Fui até o pessoal do Comitê Brasilei-ro pela Anistia, que costumava terinformações sobre presos políticos e mili-tantes que haviam desaparecido na luta con-tra o regime militar.
A informação que me deram foi angustian-te: “Ulisses, esqueça esse caso, pois Boa-nerges esteve em Cuba e voltou ao país comum grupo do Movimento de Libertação Po-pular (Molipo). Todos do grupo foram mor-tos, menos ele, e isso leva a crer que eledelatou os companheiros em troca da sualiberdade”, explicou o advogado da Anistia.Ponderei que achava isso muito fantasioso,pois o José Maria, amigo de Boanerges, teria“n” razões para duvidar dessa acusação.
Quando narrei isso ao “Zé”, sua fisionomia
foi do estupefato ao raivoso em uma únicafeição. “Você acreditou nisso?”, perguntou-me cerrando os dentes e bamboleante(devido ao seu problema de postura). Aslágrimas vieram do fundo da alma. “Zé”era, apesar de tanto sofrimento, uma pes-soa dócil, solidária e amiga.
José Maria de Lima aposentou-se naFolha de S.Paulo e morreu anos depois.Voltei para Rancharia, mas acompanhei asua desditosa luta contra doenças, que in-sistiam em amargar a sua vida. Teve câncerno intestino. Foi operado. Os rins nãoagüentaram tanta adversidade e pifaram. Ahemodiálise judiou muito. Para limpar osangue, ele atravessava São Paulo três ve-zes por semana no carro da Irene, suadedicada esposa, ou até num táxi. Fez trans-plante. Houve rejeição. “Zé” suportou tudoisso com heroísmo.
Quando José Maria padecia de vilãs en-fermidades, li em uma matéria de páginainteira no Jornal da Tarde, que havia chega-do ao Brasil o francês Olivier Ledoit, quese dizia filho de Bonaerges de Souza Mas-sa. Na reportagem, ele afirmava ter certe-za que o pai estava morto, mas que gostariade obter informações sobre o seu passa-do. Não conseguiu nada.
José Maria e Boanerges já devem tercolocado em dia essa história que ficoumal contada aqui na Terra.
O JORNALISTA E O MÉDICO
Jornalistas Ulisses de Souza e JoséMaria Lima (à dir.), em Ajicê, em 1981
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DEPOIMENTOS DE EX-COLEGAS
A Revista da APM obteve tardia-mente as listas das turmas de 1965 dasFaculdades de Medicina e de Direitoda USP. Só foi possível contatar umpequeno número de ex-colegas da Me-dicina. Por isso, publicamos apenas trêsdepoimentos. A pergunta era a mesmapara todos: Como era o Boanerges naépoca de estudante?
“Homem das viagens”“Talvez seja esta a oportunidade de
enaltecer o nome de um caipirinha, hu-milde, que se formou em medicina edireito no mesmo ano, ambos pela USP,e que adorava as poesias de Augustodos Anjos. Foi por sua causa que nossaturma viajou à Europa (90 dias) nas fé-rias do 5º ano e no ano seguinte aosEstados Unidos (60 dias), completa-mente sem custos. Graças ao seu espí-rito empreendedor, estendeu essapossibilidade a outras escolas, ficandoconhecido como o “homem dasviagens”. Como tinha ideais políticos di-vergentes do governo da época, teve oseu discurso de formatura censuradopela Reitoria”.
Iglair PinhoIglair PinhoIglair PinhoIglair PinhoIglair Pinho, anestesiologista, pro-fessor titular da FMABC, 69 anos
“Boanerges pode ser definido comouma pessoa, no mínimo, contraditória. Deum lado bastante inteligente, de outro, umpouco desajeitado e aparentemente comdificuldades de lidar com algumas coisas prá-ticas da vida. Ele se lançou na políticaestudantil como candidato a presidente doCentro Acadêmico Oswaldo Cruz(CAOC). Os alunos do 5º ano eram tradi-cionalmente os candidatos a este cargo. Suaexperiência até então tinha sidoorganizar uma excursão com os colegasde classe para os Estados Unidos, junta-mente com vários professores que foramconvidados para dar um aspecto mais oficiale formal à excursão, para que não se pen-sasse que fosse apenas turismo. De ma-neira surpreendente, ele conseguiu apoiode um grande número de grandes compa-nhias farmacêuticas americanas, que paga-ram a viagem aérea, alugaram carros paragrupos de 5 e 6 alunos e estadia. Foi umaexcelente oportunidade para nós, certa-mente a primeira viagem para fora do país ea primeira de avião para a maioria dos estu-dantes. Organizou também uma viagem comseus colegas a diversos países da Europa,de navio e na Europa, de carro ou ônibus.Não participei, mas soube que também foibem sucedida.
Sua campanha eleitoral foi feita principal-mente nos corredores do CAOC, com a
“Boanerges de Souza Massa era uma pes-soa muito inteligente, acima da média, idea-lista, comunista declarado, era umrevolucionário e um poeta. Na fase de estu-dante, era uma boa pessoa, um batalhador,trabalhava para sobreviver e estudar. A meta
colaboração de seus colegas de chapa e sim-patizantes. Seu oponente era Eduardo Man-zano, também da mesma turma. Manzano(com sua namorada e futura esposa Helo-ísa) era reconhecidamente um ativista soci-al, com grandes preocupações em relaçãoao desenvolvimento e bem estar das pes-soas desamparadas, tanto do ponto de vis-ta médico, como social. De Boanerges,não fiquei sabendo muito em relação a suasposições naquele momento.
Um episódio muito marcante e até pito-resco foi o desfecho desta disputa. Tendoperdido a eleição para Manzano, Boaner-ges, da mesma maneira que Lutero, publi-cou no mural do CAOC uma carta, na qual,entre outras coisas, se confessava marxistae pedia desculpas a uma colega por tê-laenganado e não ter mencionado sua ten-dência política.
Boanerges saiu de evidência e só ouvi-mos falar dele bem mais tarde quando trou-xe uma pessoa ferida a um hospital eobrigou outro colega a operá-lo.
Depois disso entrou para a clandestini-dade e muito pouco se ouviu falar dele. Nãosoube como e quando desapareceu.
Era muito inteligente, provavelmente deorigem humilde, mantinha ótimas relaçõescom os demais colegas, com os quais man-tinha boa convivência”.
PPPPPaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohn
dele sempre foi a política, a revolução mar-xista. Na nossa formatura fizemos uma via-gem à Europa, organizada e liderada peloBoanerges, que conseguiu patrocínio comlaboratórios farmacêuticos”.
YYYYYoji Koji Koji Koji Koji Kashiwagiashiwagiashiwagiashiwagiashiwagi, cirurgia geral, 66 anos
Meta: a política
CAOC
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Memória Viva
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ra uma tarde quente e ensolara-da, aquela terça-feira, 19 de se-
tembro de 2006, quando batemos àporta de uma casa no Jardim Europa,zona sul de São Paulo, com a missão deresgatarmos parte importante da histó-ria da Associação Paulista de Medici-na (APM). Quase cinqüenta anos antes,em 1956, Darcy Villela Itiberê estavaprestes a assumir a presidência desta as-sociação para o biênio 1957-1958. Suacampanha estava a pleno vapor e eranotícia nos jornais da época, em espe-cial no periódico A Gazeta. Seu oposi-tor era Mario Degni.
Ao chegarmos, na hora marcada, o fi-lho de Darcy, José Luiz, de 71 anos, jáestava a nos esperar. Com cordialidade,
Darcy Villela Itiberê conta um pouco das memórias quemarcam seus 100 anos de vida
apresentou-se e nos convidou a entrar.Parecia que estávamos voltando no tem-po. A casa antiga não tem muros altoscomo as vizinhas, é acolhedora e nemprecisaria quem nos convidasse a entrar.Uma sala espaçosa, cheia de móveis eobjetos antigos, fotos de todas as épo-cas. Não há sinal de tecnologia ou mo-dernidade por ali, nem mesmo umatelevisão. A decoração guarda, com ele-gância, um tempo que se foi.
Somos convidados a entrar mais umpouco. Passamos por uma longa escadaque leva até o andar de cima do sobra-do. De um lado, a porta da cozinha; deoutro, a que leva à biblioteca. Sentadoem uma poltrona, ali está ele: DarcyVillela Itiberê, do alto dos seus 100
anos. Simpático, ele se levanta com umpouco de dificuldade para nos cumpri-mentar. Estende as mãos e lança umolhar curioso. Senta-se.
Sabe que somos da Associação Pau-lista de Medicina. Nem preciso fazer aprimeira pergunta e ele já está respon-dendo. “A Associação estava sendo fun-dada quando eu entrei”, recorda-se. Naépoca, em 1932, voltava a São Paulo,depois de estudar Medicina na Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, ondese formou. Depois, especializou-se emurologia lá mesmo, trabalhando comoassistente do professor Jorge Gouveia.“Ele era um grande cirurgião”, faz ques-tão de dizer.
Quando chegou a São Paulo, foi tra-balhar para o serviço do professorBenedito Montenegro, no SanatórioSanta Catarina e na Santa Casa de SãoPaulo. Era ano da Revolução, 1932,e Darcy foi combatente médico naregião de Barretos.
Com uma memória espetacular, lem-bra que não havia especialistas em uro-logia na época em que chegou a São Paulo.As pessoas procuravam tratamento no
O médico foi combatente naRevolução de 32
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LEANDRO DE GODOI
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Rio de Janeiro, com seu professor, queacabou indicando o aluno para váriosde seus pacientes paulistas. Darcy aten-dia a uma clientela selecionada. Até re-centemente, guardava os prontuários dosmilhares de pacientes que atendeu du-rante 60 anos. Durante seu período deatividade, atuou na clínica urológica doHospital Santa Catarina.
A partir de sua associação à APM,passou a se envolver cada vez mais nasatividades da entidade, onde ocupou di-versos cargos, nas gestões de Jairo Ra-mos e de Benedito Montenegro, comquem trabalhava no Santa Catarina. “Eutinha muita paixão pela associação. Che-guei a ocupar todos os cargos e sempreprocurei dar o melhor desempenho”.
Na APMEm 1936, ele ocupou seu primeiro
cargo na instituição, como 2o secretá-rio na presidência de Enjolras Vampré.A partir daí, foi vice-presidente, presi-dente do Conselho Deliberativo doDepartamento de Previdência, presi-dente da diretoria executiva deste mes-mo departamento, presidente, por trêsvezes, do departamento de Urologia,delegado das assembléias da APM e daAMB e, na segunda gestão de Jairo Ra-mos, secretário geral.
O auge veio de 1956, quando foi con-vidado a suceder Jairo Ramos, que jáhavia sido presidente por duas vezescom desempenho destacado. Sua res-ponsabilidade era grande como candi-dato da situação. E a disputa foi acirradacom o cirurgião vascular Mario Deg-ni, que acabou assumindo a gestão pos-terior, de 1959 a 1960.
O periódico A Gazeta, de 27 de no-vembro de 1956, uma terça-feira, pu-blicou entrevista com o candidato DarcyVillela Itiberê, então com 50 anos. No
dia anterior, havia publicado a entrevis-ta de seu oponente. O jornal dedicaraquase meia página a cada um deles.
“Por aí, os meus colegas podem verque é respeitável a minha folha de ser-viços à Associação e à classe”, diziaDarcy na reportagem, após apresentaros cargos que já havia ocupado na enti-dade. “Esta é a minha credencial maisimportante para merecer os votos cons-cientes dos médicos do Estado de SãoPaulo. Quero prometer pouco, para re-alizar muito. Nada de promessas aci-ma das minhas possibilidades”.
Viver mais de cem anos talvez não es-tivesse em suas promessas. Mas Darcyvem vivendo e realizando muito, tantona vida profissional, como na associati-va, e na vida familiar. Tem dois filhos,José Luiz, médico que não exerce a pro-fissão, preferiu se dedicar à fazenda dafamília, e Maria Cecília, que se dedica àmúsica como docente da Escola de Mú-sica da Fundação Magda Tagliaferro.Tem seis netos e 13 bisnetos.
Sobre um dos móveis da biblioteca,um álbum de fotografia de seu aniver-sário de 100 anos, comemorado em
A história de vida de Darcy Itiberê já foi contada em livro
A Gazeta, de 1956, entrevista o médico sobre eleições na APM
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junho deste ano. Com as mãos frágeis,mostra com orgulho as fotos dele po-sando com as netas. Sorri. O filho JoséLuiz abre uma gaveta, onde cuidadosa-mente estão guardados os recortes dejornal dos tempos em que ele presidiu aentidade. Darcy pega um recorte, lêsem óculos a manchete de A Gazeta:“Vence as eleições por 290 votos o pro-fessor Darcy Villela Itiberê”. E soltanovamente uma risada.
Ainda na reportagem de A Gazeta, Iti-berê fala sobre suas propostas para a ges-tão. Entre elas, ações junto à Previdência,uma preocupação também de MarioDegni. Havia necessidade de aumentaros benefícios aos médicos junto ao ór-gão, como aumento no auxílio-doença eauxílio-hospilar, buscando melhorar aassistência à saúde dos médicos. Na épo-ca, só havia convênios com o Hospitaldas Clínicas. Os dois candidatos preten-diam trabalhar nesta frente.
Um dia após as eleições, em 29 de
novembro, exatamen-te na data em que aAPM comemorava 26anos, saiu o resultadoque apontava a vitóriado urologista sobre ocirurgião vascular. Amatéria da qual o dou-tor Darcy leu a man-chete dizia da suavantagem sobre Deg-ni: “O pleito decorreudentro da máxima cor-dialidade, em ambien-te acadêmico. Com avotação total da capi-tal já apurada, esta ma-drugada, e comvotação de 1.046 mé-dicos do interior doEstado, pode-se adian-tar que o professorDarcy Villela Itiberê venceu o pleitopor uma diferença de mais ou menos300 votos”.
O médico enfrentaria, em sua gestão,uma situação financeira complicada.Houve um aumento de despesas, semaumento correspondente de receita. Foifeita uma campanha entre os sócios,intitulada “Campanha da redenção eco-nômica da APM”, com o objetivo deangariar fundos.
O seu programa contava com outraspropostas, como fomentar a cultura eas atividades sociais. Sua intenção eracriar programas que fizessem com queo sócio freqüentasse a sede da entida-de. A questão científica também erauma de suas preocupações. Para ele, eraimportante criar condições para a edu-cação continuada e para que os profis-sionais da época tirassem o título deespecialista. E, por fim, Darcy lutavapela socialização da medicina. Para ele,os médicos estavam perdendo espaço esendo marginalizados nas instituições
governamentais. Sendo assim, eramnecessárias ações que coibissem esseprocesso, como projetos para regula-mentação da atividade, da carga horá-ria e salários dos profissionais.
Na visita daquela terça-feira, o mé-dico ancião lembra da sua atividadeprofissional. Foi professor titular dacadeira de Cirurgia Urológica da Fa-culdade de Medicina de Sorocaba, ati-vidade que exerceu por muitos anos.Também foi médico do serviço de uro-logia da caixa da Light, depois do IA-PFESP. Recebeu o título delivre-docente pela Faculdade de Medi-cina do Rio de Janeiro, com distinçãoem todas as provas, em 1937. Foi mem-bro de bancas examinadoras de concur-sos da Cadeira de Clínica Urológica daFaculdade de Medicina da Universida-de de São Paulo (FMUSP).
O decano da medicina recebeu vári-os prêmios na APM por seus trabalhospublicados. Recebeu os prêmios ACCamargo e Honório Líbero. Em 1999,
José Luíz, filho de Darcy
Jornal da época cobre eleição na APM, vencida por Itiberê
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aos 93 anos, foi homenageado pela So-ciedade Brasileira de Urologia do Riode Janeiro, por sua atuação em prol daespecialidade.
FamíliaDarcy Villela Itiberê é paulistano de
origem portuguesa. Conta que o avô erafundador de uma fábrica de chapéus. Avontade de ser médico surgiu ainda nainfância. Não era um esportista. Sem-pre gostou de estudar, ler, especialmen-te Machado de Assis, de sair com amulher e a família em encontros socais.“Eu gostava mesmo era de ganhar prê-mios”, revela. A sua biblioteca ocupaduas enormes estantes. Há coleções emcapa dura. E muitas edições de Macha-do e de Jorge Amado.
Apesar da dedicação à vida profissi-onal e associativa, Darcy dedicava-semuito à família. Casou aos 27 anos,cedo para um médico. “Minha vidasocial e médica foi um sucesso absolu-to”, garante. Lembra com carinho daesposa, Aida, com quem viveu mais de50 anos. Foi aos 84 anos que ela partiu.Isso, no início dos anos 1980.
Durante a visita a sua casa, o médicofaz questão de que a enfermeira nosacompanhasse até o andar de cima do
sobrado. Toda a casa, especialmente asparedes da biblioteca, é forrada de lem-branças. São fotos da família. Uma telacom seu retrato pintado. Outra, comAida. Diplomas, certificados, prêmi-os. No andar de cima, em sua homena-gem, a enfermeira Lúcia, que oacompanha há quase 15 anos, fez de umquarto uma espécie de Museu, ondependurou todas as homenagens nas pa-redes. Entre as relíquias, móveis doséculo XIX e do início do século XX.
A tradição é algo que tem peso para afamília Villela Itiberê.
Na casa, mora só Darcy e Lúcia. Nosturnos, também se revesam Isaías eCristiano. Lúcia conta que, todos osdias, Itiberê sobe e desce a escada dosobrado. Sempre arrumado. Tambémtodos os dias, atravessa a rua para ir àIgreja São José. Os filhos o cercam comcarinho. José Luiz acompanhou toda aentrevista, sempre auxiliando o pai alembrar suas histórias. Já a filha MariaCecília chegou ao final da entrevista,feliz por estarmos ali prestando umahomenagem ao seu pai.
No dia da visita, Darcy Villela Itibe-rê havia acabado de receber o convitepara a homenagem na Associação Pau-lista de Medicina. Disse que não sabese vai. “Ele sempre diz isso, mas acabaindo”, entrega o filho.
Enquanto conversávamos, de vez emquando o nosso ancião parava, sorria,como quem lembra de outras passagensde sua vida. O olhar se perdia no espaço.Parecia olhar ao longe, certamente ondenão podemos enxergar. Era um riso gos-
toso, terno, de boas lembranças. �
O médico sempre foi fã dos escritores Jorge Amado e Machado de Assis
Darcy Itiberê recebeu várias homenagens em sua carreira médica
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HADRIANA REIS
Benefíciosda fé
ouve um tempo, na história da
humanidade, em que os fenô-
menos eram explicados exclusivamen-
te sob o aspecto mágico. Tudo aquilo
que o homem via, mas não conseguia
compreender, era justificado como algo
transcendental. Isso incluía a busca por
respostas a nossas doenças. A religião
foi, portanto, importante para que o
homem desse seus primeiros passos no
entendimento sobre o mundo. A huma-
nidade se transformou e, com o passar
do tempo, experimentou, fez descober-
tas e criou técnicas. Aprendeu a reali-
zar as pesquisas que trouxeram
explicações racionais para nossas dú-
vidas. Pouco a pouco, deixou de lado o
conhecimento que não pudesse ser
comprovado cientificamente. A Medi-
cina também evoluiu, ficou mais pre-
cisa e pôde salvar mais vidas.
Afastou-se daquilo que não provinha
da Ciência. Alguns profissionais come-
çam, agora, a refazer este caminho. Não
Profissionais da Medicinaelaboram estudos paracomprovar a influência daespiritualidade na saúde docorpo e da alma Sérgio Oliveira: “paciente que acredita em algo maior reage melhor à doença”
mais para obter uma explicação dos fe-
nômenos, já que isso os métodos cien-
tíficos se incumbiram de fazer. A
intenção é perceber o homem em sua
dimensão integral, ou seja, o lado fisio-
lógico e também o espiritual. Esses
médicos se dedicam a estudar de que
forma a relação de seus pacientes com
o transcendental tem influenciado sua
saúde. Em outras palavras, eles procu-
ram responder para si mesmos: a fé in-
terfere na saúde da pessoa?
O surpreendente, segundo estes pro-
fissionais, é que a resposta tem sido
positiva, nos mais diferentes tratamen-
tos e até mesmo na prevenção. O pri-
meiro ponto foi constatar que a pessoa
ligada a uma religião leva, geralmente,
uma vida mais saudável, porque os pre-
ceitos e dogmas acabam a afastando de
certos vícios, como o cigarro e a bebi-
da alcoólica. “Ao seguir uma religião,
essa pessoa não fuma nem bebe exage-
radamente. Sabemos, por exemplo, que
o cigarro é o principal causador de
morte por problemas do coração”, afir-
ma o cardiologista Edmar Santos, da
Sociedade Brasileira de Cardiologia.
“Isso”, destaca o médico, “vale não
somente para quem segue uma religião,
mas para qualquer um que adote um
comportamento semelhante”. “É que,
normalmente, estes hábitos mais sau-
dáveis acabam vindo a quem vive sob
os preceitos de uma religião”, explica.
Sinal de esperançaMas não é apenas uma vida mais sau-
dável que a ligação com o espiritual pro-
porciona. Outro ponto fundamental é a
Tema é pesquisa em projeto
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relação que a pessoa com fé desenvol-
ve com a própria vida e o modo como
encara a morte. “O paciente que acre-
dita em algo maior reage melhor à do-
ença, porque sua postura é de
esperança. Emocionalmente, a pessoa
fica mais tranqüilizada e isso acaba fa-
vorecendo o tratamento”, defende o
médico neurocientista Sérgio Felipe de
Oliveira, que desenvolveu estudos
nessa área. Ele também idealizou o
projeto UniEspírito – Universidade
Internacional de Ciências do Espírito,
que pretende unir os profissionais de
diferentes localidades, interessados
em realizar pesquisas e estudos sobre
o tema.
Oliveira já palestrou em inúmeros
cursos a médicos interessados no assun-
to – inclusive para a APM, na regional
de Araçatuba, em 2004 – e acredita que
a Medicina caminha para esse entendi-
mento multilateral do ser humano, in-
cluindo o lado espiritual. “A própria
OMS (Organização Mundial da Saúde)
já incluiu a espiritualidade entre os as-
pectos que determinam a qualidade de
vida. O médico que ignorar isso ficará
desatualizado”, afirma.
Nos Estados Unidos, onde essa dis-
cussão é mais antiga, já existem cursos
de Medicina e Espiritualidade em qua-
se todas as universidades. Grande par-
te das pesquisas realizadas naquele país
mostra a influência da religião: 95% da
população crê em Deus e 57% reza ao
menos uma vez por dia. Segundo esses
estudos, os médicos norte-americanos
são menos religiosos que a população
em geral. Outro dado foi constatar, num
grupo de 272 pacientes da terceira ida-
de, que aqueles que iam às igrejas pelo
menos uma vez por semana tinham 50%
menos falecimentos por doenças coro-
nárias, enfisema e suicídio e 75% me-
nos de morte por cirrose.
No Brasil, ainda não há dados tão
precisos, mas algumas pesquisas já co-
meçam a surgir. Uma delas foi a disser-
tação de mestrado do psiquiatra
Frederico Carneiro Leão, que verificou
a influência da espiritualidade no tra-
tamento de pessoas com deficiências
mentais. Ao acompanhar um grupo de
pacientes assistidos pela instituição
Casas André Luiz, Leão comprovou o
efeito positivo das práticas espirituais
como terapia complementar. “Essas
práticas não competem com a ação
médica e o tratamento convencional, é
bom mencionar, mas caminham em
harmonia”, explica.
Vida em grupoAlém dos benefícios no tratamento
Projeto inclui espiritualidade entre aspectos que determinam a qualidade de vida
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de doenças, os médicos têm identifica-
do que o envolvimento espiritual tam-
bém tem resultados positivos na
prevenção. O fato é que, segundo eles,
normalmente a pessoa que segue uma
religião adquire uma motivação psíqui-
ca e uma interação social que levam ao
bem-estar. “Esse comportamento, a
possibilidade de conviver com um gru-
po e de se sentir acolhido por ele dimi-
nui a chance de depressão”, aponta o
cardiologista Edmar Santos. Em casos
mais extremos, pode-se dizer que a es-
piritualidade diminui as chances de um
suicídio, porque a crença em algo mai-
or deixa as pessoas mais preparadas
para as adversidades da vida, que cer-
tamente virão.
No Hospital das Clínicas de São Pau-
lo, por exemplo, a capela recebe paci-
entes, médicos, enfermeiros e
familiares diariamente. Aos fins de se-
mana, são celebrados cultos ecumêni-
cos e missas e há sempre um padre de
plantão para confortar e dar apoio a
quem procura. “Nossa atuação não é
puramente religiosa. Damos um apoio
humano, psico-religioso, procuramos
prestar assistência aos enfermos e a to-
dos os que cuidam do paciente”, afir-
ma padre Anísio Baldessin, que faz este
trabalho no hospital há 14 anos, desde
que foi ordenado.
Segundo o neurocientista Oliveira,
para que a fé tenha efeito real sob o
indivíduo, é necessário que seu envol-
vimento com a espiritualidade não
seja “um processo de barganha”. “É
preciso que a pessoa busque alicerces
existenciais que permitam o autoco-
nhecimento”, acredita. Ele também
destaca o papel do médico em fazer
com que a pessoa não abandone o tra-
tamento. “A espiritualidade deve es-
tar agregada a outros itens. É uma
integração de sistemas”.
Estudiosos do tema concordam que
os médicos, de modo geral, estão mais
abertos hoje para entender a formação
integral de seus pacientes, respeitando
O neurocientista Sérgio Felipe
de Oliveira defende que o médico
valorize a fé de seu paciente. “A
população brasileira não dissocia
Ciência de religião. Basta a pessoa
enfrentar uma doença que ela pro-
cura um hospital e uma igreja. É
da cultura do brasileiro. O fato de
haver capelas dentro dos hospitais
é mais uma mostra disso”, afirma.
e lidando melhor com seus aspectos
religiosos, o que é considerado um avan-
ço. Esses profissionais reconhecem
também a dificuldade em ultrapassar
os preconceitos gerados pelo assunto,
até mesmo por conta de algumas tenta-
tivas de se descobrir, com pesquisas, a
eficácia da oração sobre os pacientes.
“O problema é que essas pesquisas que
se pretendiam científicas tinham sérios
problemas de premissas. Queriam pro-
var que a pessoa reagia melhor ao tra-
tamento quando alguém orava por ela.
O que podemos dizer é que, talvez, o
fato de essa pessoa saber que rezavam
pela sua recuperação trouxesse mais
tranqüilidade”, afirma Santos. E é exa-
tamente para evitar que profissionais
mal-intencionados se apropriem desse
trabalho, que Santos defende maior
envolvimento dos médicos com o as-
sunto. “Há um vasto campo a ser pes-
quisado e é preciso desenvolver mais
estudos sobre a medicina e a espiritua-
lidade. Não podemos nos negar a pes-
quisar isso”.
A questão, para eles, não é provar a
existência de algo maior que interfira
na vida humana, nem defender que to-
dos têm o destino traçado. O que im-
porta, mais uma vez, é promover a
saúde e prolongar a vida. E se, para isso,
a espiritualidade surge como um bene-
fício extra, ela não deve ser ignorada.
Como resume o cardiologista Santos,
“para nós, médicos, o milagre é a pró-
pria vida. Lidar com isso é maravilho-
so. Não preciso ver mais do que já vejo:
ajudar uma criança a nascer, ver o sor-
riso do idoso. Trabalhar diretamente
com isso já é o milagre em si”. �
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6 No rosto do céu
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CARLA NOGUEIRA
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stou aqui.
Foi com esta frase curta
que a cirurgiã plástica Ana Elisa Bos-
carioli, 40 anos, premiou sua longa jor-
nada até o “rosto do Céu”, como é
conhecido, no Tibete, o Monte Everest,
situado na Cordilheira do Himalaia (en-
tre o Nepal e o Tibete - China).
Cerca de onze horas antes, havia se
iniciado o ataque ao cume (como é
chamada a caminhada final até o pon-
to mais alto da montanha). Era noite
de 18 de maio deste ano, por volta de
23 horas. A lua cheia fazia o cenário
na “morada das neves”. Seu brilho
Ana Elisa Boscarioli, especialista em cirurgia plástica,consegue ampliar seu limite e chega ao cume do Everest, omonte mais alto do planeta
clareava o caminhar daqueles peque-
nos grandes heróis.
O percurso, feito pela face sul da
montanha, o lado do Nepal, parecia
sem fim. Para quem estava ali, cada
passo já era uma vitória. Ventos de alta
velocidade passavam de 100 km/h, a
temperatura média era de 60o C negati-
vos. Faltavam lugares seguros para hi-
dratação, alimentação e descanso.
Obstáculos mínimos diante do objeti-
vo maior: suplantar o desafio de chegar
ao pico da montanha mais alta do pla-
neta, a 8.850 metros de altitude. “A sen-
sação térmica era de muito frio.
Ficamos horas sem comer e sem beber
água. A falta de oxigênio durante a es-
calada dificulta o raciocínio, tudo é
muito difícil. Não pensei em desistir
em momento algum”, relata Ana, a pri-
meira mulher brasileira a chegar lá.
Os montanhistas contam com uma
proteção extra. A religiosidade da mon-
tanha é algo latente. Os sherpas (guias),
antes de iniciarem a expedição com os
montanhistas, vão ao monastério onde
o Dalai Lama ora pela segurança e pro-
teção do ataque ao cume e pede licença
O Everest tem 8.850 metros de altitude
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à montanha. Mas também é preciso
uma boa dose de determinação. E isso
não faltou para Ana Elisa. “Lá era pre-
ciso muita força de vontade para não se
deixar abater. O tempo “mina” muito
a resistência física e psicológica da pes-
soa. Vi muitos homens fortes indo em-
bora chorando porque não agüentaram
o dia-a-dia da montanha”.
Entre as dificuldades apontadas pela
médica estão, dividir a barraca com
mais duas pessoas, homem ou mulher,
e as necessidades fisiológicas que mui-
tas vezes tinham de ser feitas dentro das
barracas por causa das condições cli-
máticas. Eles tinham de fazer água, des-
congelando o gelo, cozinhar em
fogareiro. “Acabamos nos adaptando à
falta de banho, privacidade e descon-
forto. Afinal, estamos ali para cumprir
um objetivo.”
- Estou aqui.Frase curta que precisava ser dita para
se acreditar naqueles 15 minutos que
ela permaneceria ali sentada. Tempo
para se recompor do cansaço físico e
emocional. Ana Elisa estava lá, mas
para chegar lá foram anos de preparo,
dias de caminhada, ausência de vida
pessoal e profissional. Todo o preparo
físico e psicológico, o sacrifício pesso-
al, para apenas alguns minutos de gló-
ria. É o preço do sonho. Do desafio
alcançado. Da meta atingida.
Mas não é hoje que ela se aventura
por aí. Ana Elisa é daquele tipo de pes-
soa que precisa de adrenalina. Que tem
não só espírito de aventura, mas que se
joga de corpo e alma nos desafios que o
esporte impõe. Esportista desde criança,
Para escalar e tocar o “rosto do céu”, a médica preparou-se durante seis anos
A “morada das neves” abriga os visitantes do monte Everest
Suplantando obstáculos
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já praticou natação, ginástica olímpica,
atletismo, corridas de aventura, ciclis-
mo e triatlon. Nem é preciso muita pers-
picácia para perceber isso em seu tipo
físico, em seu jeito agitado.
Para estar ali, Ana Elisa demorou seis
anos até escalar o seu sonho. Passou por
outros treinamentos, como o curso re-
alizado na companhia do amigo mon-
tanhista, Vitor Negrete (veja BOX),
com a Grade VI. Estudou fisiologia em
altitude. Participou do curso de escala-
da em rocha. Para ganhar experiência
em alta montanha, começou a ir às
montanhas da América do Sul, na Bolí-
via e Argentina. Em 2003, guiada por
Negrete, conquistou o primeiro grande
marco, ao chegar ao topo do Monte
Aconcágua, por meio da Via Direta da
Rota dos Polacos. Ali, também deixou
a sua marca de primeira brasileira a
conquistar o feito.
Os montanhistas têm que vencer o cansaço e o silêncio da montanha
Já com o Everest, o primeiro encon-
tro foi em 1999, quando participou de
um trekking e viu o monte do acam-
pamento base. “Foi paixão à primeira
vista. Olhei para cima e vi o cume, não
resisti à tamanha beleza. A partir daí,
escalá-lo passou a ser o sonho da minha
vida”, dispara, entusiasmada.
- Estou aqui.Sim, Ana estava lá. Mas chegar lá sig-
nifica ter de voltar. E aí é que o cuida-
do tem de ser redobrado, já que os
grandes acidentes acontecem na desci-
da. Era preciso retornar com seguran-
ça. Vencer o cansaço e o silêncio (a falta
de oxigênio impede que os montanhis-
tas conversem entre si). “Os sherpas (os
guias) estavam preocupados com a pos-
sibilidade do tempo piorar e pegarmos
alguma tempestade na volta”, relata.
Era preciso voltar carregando tudo,
os equipamentos, a alimentação, o ci-
lindro, a roupa. Enfrentar o frio. “Por
uma defesa psicológica, procurava não
saber muito qual era a temperatura. Só
Ana Elisa mostra fotos de montanhas que já escalou
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sabia que estava muito frio. O proble-
ma é a sensação térmica provocada pe-
los ventos que passam de 100km/h”.
Frio que as várias camadas de roupas,
tentam segurar. A mochila que Ana
Elisa carregava pesava 18 quilos. Era
preciso levar tudo de volta e mais a ex-
periência daquela manhã. Só que, ao
contrário dos equipamentos, a alegria
de chegar ao cume do Monte Everest
parecia deixar tudo mais leve.
- Estou aqui.E para estar ali, Ana Elisa teve de
deixar a rotina profissional e familiar.
Teve de ficar ausente da sua vida ao lado
do marido, Lamberto, e da filha, Fran-
cesa. Teve de se ausentar de seu con-
sultório, da vida de seus pacientes. E
nessa história, foram 60 dias.
Ela garante que tem o apoio da famí-
lia e dos amigos. “Meu marido é meu
apoio sempre e cuida da nossa filha
quando estou nas atividades de esporte
e ação. Ele fica orgulhoso com tudo o
que tenho conseguido, tanto na área
profissional, como na esportiva”, des-
taca com alegria, mas deixa escapar a
preocupação e o receio que marido tem
quando ela está fora.
Do lado profissional, Ana Elisa
programou todas as consultas e cirur-
gias para serem realizadas antes da sua
partida. Além de contar com o apoio
constante da assessora de imprensa
Sueli Rumi, grande amiga, com quem
mantém comunicação direta pelo te-
lefone satelital, inclusive para saber
de seus pacientes.
“Ser médica sempre, em qualquer
lugar, em qualquer momento. Mas tam-
bém somos seres humanos e merece-
mos, como todos, fazermos aquilo que
nos dá prazer. O esporte de ação, para
mim, é uma válvula de escape, onde
posso descarregar o estresse, ter adre-
nalina e enfrentar muitos desafios. Es-
tes fatores fazem parte da minha vida.
Gosto muito disso tudo”, evidencia
com garra.
Ventos que passam de 100 km/h são um dos principais obstáculos
O peso dos equipamentos e das roupas é compensado pela alegria de subir ao topo
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- Estou aqui.Ana Elisa esta lá, mas muito antes
disso, esteve em Igarapava, cidade do
interior de São Paulo, onde nasceu.
Morou em Juquiá. Aos dois anos, com
os pais João e Terezinha, com os irmãos
Ana Paula, Sérgio e José Pedro, mu-
dou para Campinas. Passou lá a infân-
cia e adolescência e a juventude e
estudou medicina, na Faculdade de Me-
dicina da Universidade de Campinas
(Unicamp). “Desde pequena desejei ser
médica”, faz questão de declarar. Com
habilidade manual, interessou-se pela
cirurgia plástica.
Atualmente, Ana divide-de entre São
Paulo, Americana e Campinas, nas dez
horas diárias de dedicação à profissão,
mas ainda encontra tempo para admi-
nistrar a casa e cuidar da filha. “O fato
de você lidar com vários assuntos ao
mesmo tempo acaba sendo um preparo
psicológico para a montanha. Assim
como ir até a montanha também faz
com que o meu lado psicológico se for-
taleça para a medicina”, filosofa.
- Estou aqui.Ana Elisa podia ter dito qualquer
outra frase: “Eu consegui”, “Cheguei”.
Mas nenhuma melhor do que “estou
aqui” para definir aquele momento da
sua vida. “Estou aqui” é simples e não
encerra nada. Dizer “estou aqui”, foi
como dizer “estou viva”. É pensar:
“hoje estou aqui, mas quero estar em
tantos outros lugares”.
Sim, Ana Elisa estava lá, mas este é
só o segundo dos sete marcos que ela
quer atingir. Ana Elisa tem uma meta,
chegar aos sete cumes das sete mais al-
tas montanhas dos sete continentes.
“Estou super feliz e orgulhosa de reali-
zar o meu sonho. Não acho que o ser
humano seja ilimitado, mas nós conse-
guimos ampliar os limites”. Qual o li-
mite de Ana Elisa Boscarioli? “O limite
só acontece quando a coisa passa de
desafio para um risco incontrolável.
Acho que todos temos, sim, um limite,
seja ele físico ou psicológico. Mas se eu
disser que eu não quero mais, estou
mentindo”, confessa.
Ana Elisa continua querendo, até di-
zer pelo menos mais cinco vezes, no
topo do mundo, esta curta e simples frase:
- Estou aqui. �
Ana Elisa dedica dez horas diárias à profissão
A médica foi a primeira brasileira a chegar ao topo do Everest
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Osmar Bustos
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Tributo a Vitor Negrete
com seu amigo e parceiro de montanhismo,Rodrigo Raineri”, conta Sueli. Mas Vitor nãoseguiria o conselho da assessora.
O brasileiro pediu ao sherpa que o aguar-dasse no acampamento, a 8.300 metros dealtitude, e seguiu sozinho, como havia pla-nejado. Cansado, pediu ajuda ao guia. De-pois de atingir o cume, Vitor levou seis horaspara descer cerca de 200 metros. Foi, en-tão, resgatado pelo sherpa Ang Dawa, comajuda de Pechumbi, o outro sherpa da ex-pedição brasileira. Conseguiram retornar aoacampamento 3. Foi hidratado, recebeuoxigênio, foi aquecido com suco morno.Conversou com os sherpas. O montanhistaestava extremamente cansado e não resis-tiu. Morreu no dia seguinte, 19 de maio,mesmo dia em que Ana atingiria o cume.
Sueli recebeu a notícia da morte de Vitorpor meio de Rodrigo. “Tive de ser forte.Segurar para não comentar com Ana queestava descendo o Everest”. A segurança daatleta era prioridade.
“Quando soube do Vitor, liguei pro mari-do de Ana e combinamos de não comentarnada até que ela estivesse numa altitudesegura. Mas a Ana percebeu que tinha algode errado e me ligou no dia seguinte, doacampamento 4 (a cerca de 8 mil metros) ede cara perguntou do Vitor. Eu apenas dis-se: não tenho notícias boas”.
- Você está enganada. Ele não morreu. OVitor é imortal – respondeu à amiga.
Vitor está lá, no colo do Everest, chama-do no Nepal de Sagamartha, ou Deusa Mãedo Universo. É lá que ele repousa.
O Brasil perdeu, este ano, mais precisa-mente em maio, o montanhista Vitor Ne-grete. Amigo e guia da médica montanhistaAna Elisa Boscarioli
Os dois tiveram uma relação forte de ami-zade. Ana aprendeu com Vitor a desafiar omedo e conquistar o pico do Monte Everest.Vitor era o ídolo de Ana. Sua maior inspiração.
Naquele 18 de maio, enquanto Ana faziao seu trajeto de ataque ao cume pela facesul da montanha, Vitor estava do outro lado,na face norte, “despedindo-se” do seu mai-or prazer na vida: o montanhismo. Ana, noNepal. Vitor, no Tibet. Ana, a caminho derealizar o seu grande sonho. Vitor, a cami-nho de eternizar o seu legado.
No Brasil, a assessora de imprensa eamiga de Vitor e Ana, Sueli Rumi, acompa-nhava as duas expedições dos dois brasilei-ros, via telefone satelital, e recebeu as últimaspalavras do brasileiro. Sueli estava divididaentre a alegria de ver Ana atingir seu objeti-vo e a sensação de que havia alguma coisade errado com Vitor.
- Daqui a pouco vou sair – comunicouà assessora.
“Falei com ele mais ou menos uma horaantes dele atacar o cume. Ele ainda estavano acampamento 3 (onde morreria no diaseguinte)”, relembra emocionada.
O montanhista brasileiro ainda avisou àamiga que atacaria o cume sem sherpa (guia)e sem oxigênio de emergência. “Falou tam-bém que estaria sem telefone porque suabateria estava acabando. Perguntei a ele arazão desta decisão e aconse-lhei que ele comentasse isso
Ana Elisa no Dedo de Deus:um tributo a Vitor Negrete
Foto: Arquivo pessoal
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6 ADRIANA REIS
- O que você quer ser quan-
do crescer?
- Médico.
A convicção pela escolha da ativida-
de profissional chega cedo aos médicos
da família Hungria. Eles são fisgados
pela paixão que tem atravessado gera-
ções, há quase cem anos. Medicina cor-
re no sangue deles. É como se fizesse
parte da herança genética. A profissão
tem seduzido a família desde o começo
do século passado. O primeiro médico
da família Hungria formou-se em 1912.
O mais novo, concluiu o curso em
2002. São quatro gerações de médicos,
que aprendem com seus antecessores a
admirar o ofício como a uma arte.
O primeiro a se tornar médico na fa-
mília foi José Soares Hungria, em 1912.
Mas, para entender sua história, é pre-
ciso antes voltar no tempo, para os anos
de 1820, quando dois irmãos húngaros
decidiram deixar seu país – que ainda
vivia sob domínio do império Austro-
Para a família Hungria,escolha pela Medicina é umapaixão que passa de avô parapai, de pai para filho...háquatro gerações
Húngaro – e vieram para Brasil. Foram,
provavelmente, dos primeiros húnga-
ros a se estabelecer por aqui. Um deles
foi para Minas Gerais e o outro, para o
interior de São Paulo, onde constituiu
família e adotou o novo sobrenome que
lembrava sua terra natal. É dele que des-
cende José Soares Hungria.
Sua habilidade com trabalhos manu-
ais e sua criatividade para inventar en-
genhocas fizeram com que os colegas,
ainda na infância, o apelidassem de “en-
genheiro”. Mas, assim que chegou à
idade adulta, escolheu outra profissão
para seguir, a Medicina.
Hungria se formou em 1912, casou-
se com uma bela moça, por quem se
apaixonara, e foi morar na cidade dela,
Tietê, no interior de São Paulo. Era um
respeitado cirurgião geral e atendia a
todas as vilas e comunidades da região.
Quatro anos mais tarde, decidiu mudar-
se para a capital e passou a trabalhar na
Santa Casa de Misericórdia, onde per-
maneceu até o fim de sua vida. Uma
placa num dos corredores do hospital
homenageia sua memória e explicita os
anos de dedicação ao ofício: 1912-1962.
Hungria teve seis filhos, quatro deles
homens. Aquele que carregava o nome
do pai também se sensibilizou com a
causa e, no final da década de 1930, in-
gressou na Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. Formou-se
em 1943 e, assim como seu pai, tam-
bém se tornou cirurgião geral. Após
oito anos, José Soares Hungria Filho
decidiu especializar-se em ortopedia,
o que mudaria a trajetória profissional
da família dali por diante. A exemplo
de seu progenitor, dedicou-se até o fim
da vida à Santa Casa de Misericórdia,
aposentando-se em 1998.
A essa altura, Hungria Filho já havia
prosseguido a história da família, dei-
xando um herdeiro na Medicina para
seguir os seus passos. Mais velho de
oito irmãos, José Soares Hungria Neto
também se descobriu apaixonado pela
profissão do pai e do avô. Ele lembra
que, em 1965, quando começou na
Medicina, não havia muitas possibili-
dades de profissão. “Tínhamos de es-
colher entre essa, o Direito e a
Engenharia. Era por eliminação”, diz.
Mas não foi uma decisão forçada nem
Está nosangue
José Otavio, José Soares Filho e Mauricio Hungria
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pressionada. “Fui amadurecendo aos
poucos, nunca me senti na obrigação
de escolher a Medicina, porque era tra-
dição entre nós”, afirma.
Se o caminho como médico ele já ha-
via traçado, mais difícil foi decidir pela
especialização. “O que me chamou a
atenção na Ortopedia era saber que es-
tava consertando, refazendo e devolven-
do a função. Cada fratura é diferente. A
rotina não é tão freqüente”. Ele chegou
a questionar se era mesmo apto para a
profissão, especialmente no primeiro dia
em que se deparou com sangue. “Não
podia ver, até desmaiei”, confessa, di-
vertindo-se. “Hoje é quase o contrário,
não posso passar sem ver”, exagera.
Hungria Neto relembra com carinho
o modo como todos na casa de seu pai e
avô falavam da Medicina. Passavam a
idéia de que é prazeroso, nunca um far-
do. Foi por isso, na opinião dele, que a
decisão de seguir o mesmo caminho foi
algo natural. Hungria Neto foi traba-
lhar no mesmo hospital do pai e eram
comuns as confusões envolvendo os
dois médicos. “Era um tal de procurar
pelo meu pai, quando era comigo, ou
vinha paciente dele para eu atender. O
mais confuso era o fato de ele ter Filho
no nome, mas eu ser o filho dele”, con-
ta. Ainda hoje, ele diz que aparecem
pacientes que se lembram de seu pai e
até de se avô ali, na mesma Santa Casa.
De seu primeiro casamento, por si-
nal, com uma médica, Hungria Neto
teve dois filhos: José Otávio Hungria e
Maurício Soares Hungria. Mais uma
vez, a saga se repetia. Ao chegar o perí-
odo de vestibular, o mais velho, Otá-
vio, hoje com 35 anos, decidiu que
queria seguir os passos do pai. “Foi fá-
cil escolher, era o assunto da minha
casa, da casa do meu avô. Fluía”, resu-
me. Também pesou na decisão a certe-
za que ele tinha de não querer ser
advogado nem engenheiro. “Ainda no
ginásio, procurei olhar outros exemplos
de profissões, a partir dos pais dos
meus colegas, o que só me deu certeza
de que era a Medicina que eu queria”.
Otávio formou-se na USP, em 1995, e
também copiou do pai a dedicação à
Ortopedia. E, claro, a escolha pela Santa
Casa como local de trabalho.
A tradição já estaria mantida nessa
geração, mas coube ao caçula, Maurí-
cio, hoje com 30 anos, interromper o
ciclo de passar a Medicina de pai para
um filho apenas. Por que não acompa-
nhar os passos do irmão? Sim, nesse
caso, o fascínio pela profissão não se-
duziria apenas o mais velho. Ele bem
que tentou seguir uma nova estrada.
“Na adolescência, comecei a procurar
outras possibilidades dentro da área de
biológicas. Cheguei a cogitar química
e até engenharia genética. Mas não teve
jeito”, relembra.
Não foi um caminho fácil, reconhece.
Foram três tentativas até conseguir uma
vaga na universidade. Novos tempos, a
Medicina é cortejada por muitos e seu
acesso é cada vez mais difícil. “Um dia,
meu pai chegou e me perguntou: ‘você
realmente gosta disso ou está sendo in-
fluenciado por mim e por seu irmão?’
Confirmei que era isso que eu queria e
então ele me deu todo o apoio”, afirma.
Hungria Neto e seus filhos são unâni-
mes em reconhecer o peso que carre-
gam por continuar uma carreira que
começou há tantos anos, com seus an-
tepassados. “Levar este sobrenome é
uma grande responsabilidade. Às vezes,
na faculdade, algum colega me pergun-
tava o que meu pai ou meu avô fariam
pra resolver determinado caso. É como
se também carregássemos todo o conhe-
cimento acumulado deles”, desabafa
Maurício. Mas eles também têm, de
sobra, um orgulho estampado no rosto
por dar continuidade a isso. De que-
bra, ainda podem partilhar experiênci-
as, operar juntos, trocar informações
sobre os casos, pedir conselhos...Tudo
em família, e dando o exemplo para,
quem sabe, uma nova geração não re-
comece a história toda, mais uma vez.
Ao construir a trajetória de sua família,
esses profissionais ajudam a escrever
também um pouco da história da pró-
pria Medicina no Brasil. �
O avô, Dr. José Soares Hungria
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as edições números 566 (abril/
2006) e 568 (junho/2006) da
Revista da APM, o leitor pôde conhe-
cer um pouco mais dos trabalhos de-
senvolvidos pelos departamentos de
Serviços e de Previdência & Mutualis-
mo da entidade. Nas reportagens, que
falaram da importância dos serviços
prestados pela Associação Paulista de
Medicina (APM), ficou claro que, para
o associado, os funcionários desta Casa
são verdadeiros anjos que agilizam e
facilitam a vida do médico.
São muitos os procedimentos, mais
de 160, entre trâmites burocráticos jun-
to aos órgãos públicos, serviços de re-
cursos humanos no consultório, defesa
profissional, seguros, planos de saúde,
parcerias. Tudo com a intenção de evi-
tar que o sócio se depare com filas in-
termináveis e burocracias que o façam
perder o seu precioso tempo. Nesta re-
portagem, descrevemos boa parte des-
ses serviços prestados pela APM. E,
cá entre nós, caro leitor, você acredita
que tudo isto custa apenas R$ 50 por
mês para quem é associado?
Assessoria contábil eadministrativa
Um dos mais recentes serviços pres-
tados pela entidade é o de Contabilida-
de. Com valores consideravelmente
APM oferece maisde 160 serviços
N abaixo da média praticada no merca-
do, a APM passa a disponibilizar servi-
ços como:
• Aberturas e alterações de empresas
• Encerramentos e legalizações de
empresas
• Escrituração fiscal
• Apuração de impostos e consulto-
ria tributária
• Assessoria fiscal e trabalhista com
todas as rotinas de folha de pagamento
(pessoa física e jurídica)
• Escrituração e elaboração da conta-
bilidade fiscal e gerencial
• Planejamento tributário
• Análise econômico-financeira,
entre outros.
Biblioteca e DVDtecaTotalmente informatizada, com aces-
so à Internet, pesquisa on-line na Bire-
me, Medline e Lilacs, a Biblioteca da
APM congrega mais de 40 mil títulos
disponíveis para consulta. Livros raros,
literatura médica, romances, jornais
médicos antigos, enfim, tudo o que pro-
fissional precisa para executar estudos
aprofundados. Além disso, conta ainda
com uma admirável DVDteca, com
vários clássicos do cinema mundial.
ClassificadosClassificados on-line é um espaço
reservado aos associados da APM para
divulgar e consultar, gratuitamente,
anúncios em diversas categorias: alu-
guel de salas, casas, apartamentos, com-
pra e venda de imóveis e equipamentos,
entre outros. Para participar, basta pre-
encher um formulário no Portal da
APM. Os anúncios estarão no ar den-
tro de 48 horas. Já na Revista da APM,
o médico tem direito a um anúncio clas-
sificado por edição, de acordo com a
disponibilidade de espaço.
CertidõesAgiliza a retirada de diversos tipos
de certidões. Entre os serviços da área
estão: Atestado de Antecedentes; Cer-
tidões de Exercício Profissional, de
Protestos (10 cartórios), Negativa da
Justiça do Trabalho, Negativa da Re-
ceita Federal e Quinzenária e Vintená-
ria; Distribuidor Cível - Executivos
Fiscais, Municipais e Estaduais, Cíveis
e de Família e Distribuidor Criminal;
Justiça Federal.
Cadastro Nacional dosEstabelecimentos deSaúde (CNES)
Desde 2000, o Ministério da Saúde
vem formando um banco de dados dos
estabelecimentos de saúde atuantes no
país, o CNES. A partir de novembro
de 2003, a pasta tornou obrigatória a
inclusão deste número no contrato fir-
mado entre os profissionais da saúde e
as operadoras. A APM realiza este ca-
dastro com valores muito aquém do
mercado, além de dar toda orientação
necessária. De 2005 até hoje, a entida-
de já efetuou mais de 900 cadastros. O
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serviço está disponível, tanto para mé-
dicos da capital, como para os profissi-
onais do interior.
Departamento de Trânsito(DETRAN)
Este é um dos conjuntos de serviços
mais solicitados pelos associados da
APM. Inclui todos os processos junto
ao órgão. Estão inclusos:
• 1º emplacamento - auto e moto (in-
clusive para deficiente físico)
• 2as vias da Carteira Nacional de
Habilitação - São Paulo – Capital (in-
cluindo registro e renovação) do Certi-
ficado de Registro de Veículo (CRV),
do Certificado de Registro e Licencia-
mento de Veículo (CRLV), do DPVAT
- Seguro Obrigatório (incluindo resti-
tuição), de Placas por furto ou perda e
do IPVA
• Alteração de dados no DETRAN
• Baixa de veículo
• Bloqueio de CRV
• Carta Internacional de Habilitação
• Certidão Negativa de Furto
• Desbloqueio de CRV e de IPVA (in-
cluindo pagamento, retificação de pla-
cas ou códigos de município e
restituição em caso de duplicidade)
• Extrato e recurso de multa
• Isenção de IPVA para deficiente físico
• Levantamento de multa
• Licenciamento de veículo, reboque,
moto e camioneta
• Mudança de combustível e de nome
na C.N.H
• Projeto Polvo
• Quitação de veículo
• Regularização de veículo furtado ou
localizado sem placa
• Remarcação de chassi (furto ou co-
lisão)
• Restituição de multa; solicitação de
fotograma
• Transferência de outro Estado ou
Município e de proprietário (auto e moto)
• Cópia autenticada do CRLV pelo
DETRAN
Defesa profissionalA Assistência Jurídica é um impor-
tante serviço para o médico. Lá, ele
conta com diversos advogados que tra-
balham na prevenção, orientação e de-
fesa dos associados da APM, quando
acusados de má prática da medicina no
exercício profissional.
Quem tem direito à Assistência
Jurídica?
Todos os associados da entidade em
dia com as suas trimestralidades.
Qual é a abrangência do serviço?
Defesa do associado, quando citado
judicialmente em processo civil de ca-
ráter indenizatório, envolvendo dano
moral e/ou material; quando estiver na
condição de réu em processo criminal;
quando notificado sobre a abertura de
sindicância e/ou processo ético-profis-
sional pelo Conselho Regional de Me-
dicina do Estado de São Paulo. Aí estão
inclusas, ainda, orientações jurídica e
verbal nas áreas cível, criminal e ética,
além de medidas preventivas por meio
de artigos, fóruns e palestras. Em casos
específicos, há a possibilidade de ser
acompanhado por advogado, quando
convocado para depor.
Existe alguma restrição?
O atendimento estará sempre vincu-
lado ao exercício da profissão, quando
apontada a má prática da medicina.
Qual o prazo para procurar o serviço?
O tempo determinado nunca deve ser
superior à metade do prazo para apre-
sentação da defesa. Por exemplo, se ele
tiver 15 dias para apresentar a defesa,
deverá procurar a assistência num pra-
zo nunca superior a 07 dias.
Quem arca com as despesas e custas
processuais?
O associado. A APM o auxiliará, ar-
cando única e exclusivamente com os
honorários advocatícios.
Na APM, qual área deve ser
procurada?
O Departamento de Defesa Profissi-
onal, no 3º andar da entidade.
Eventos científicosA APM realiza eventos em diver-
sas áreas de atuação científica, visan-
do à atualização profissional do
médico associado, que participa das
atividades gratuitamente e recebe cer-
tificado de participação. Na agenda
mensal, estão listados, em média, 25
atividades, nas mais diversas especi-
alidades e sub-especialidades médi-
cas. Todos os eventos são realizados
pelos departamentos científicos e co-
mitês multidisciplinares da APM,
com o respaldo das sociedades de es-
pecialidades vinculadas à entidade.
PrefeituraA APM disponibiliza aos associados
diversos serviços ligados à Prefeitura
de São Paulo. São eles:
• 2ª via de Inscrição do Imposto So-
bre Serviço (ISS)
• 2ª via de IPTU
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• Alteração de dados do ISS
• Cancelamento do ISS
• Certidão negativa de ISS/IPTU
• Correção de DARM; inscrição do ISS
• Levantamento de débito ISS/IPTU;
mudança de dados no IPTU
• Pagamento de TRSD (taxa do lixo
residencial e não-residencial)
• Pagamento do ISS e IPTU (atrasados)
PublicaçõesA APM edita diversas publicações
para seus associados. São elas:
• Revista da APM: com periodicida-
de mensal, registra as principais ações
da entidade, traz informações sobre
política médica, cobertura dos princi-
pais eventos da área de saúde, perfis,
entrevistas com personalidades do se-
tor, atualidades, além de divulgar agen-
das científica e cultural da APM e
classificados dos médicos associados.
• Suplemento Cultural: mensal, é en-
cartado na Revista da APM e traz o
que há de melhor na literatura brasilei-
ra escrita por profissionais médicos. São
poesias, crônicas, contos, perfis, ilus-
trações e muita arte.
• São Paulo Medical Journal: bimestral,
publica, em inglês, artigos de renoma-
dos profissionais. É abrangente e
congrega artigos de todas as especia-
lidades médicas. É indexada nas bases
de dados Lilacs (www.bireme.br),
Medline e SciELO e proporciona di-
vulgação imediata dos textos, contri-
buindo para o desenvolvimento da
pesquisa cientifica.
• Diagnóstico & Tratamento: trimes-
tral, publica artigos escritos, baseados
nas melhores evidências científicas,
todos devidamente indexados nas ba-
ses de dados Lilacs.
Serviços de recursoshumanos
Inscrições, alterações, cálculo, folha
de pagamento, registros são alguns dos
serviços de Recursos Humanos que a
APM disponibiliza aos associados:
• Alteração no CEI/CMA
• Atualização de livro e carteira
• Cadastro no PIS
• Calculo de INSS/FGTS
• Férias (documentação e cálculo)
• Inscrição no CEI/CMA
• Registro de Empregados
• Folha de Pagamento
Vigilância sanitáriaAlvarás, receituários e termos de con-
sulta são alguns dos serviços sobre Vi-
gilância Sanitária que a APM presta.
Confira:
• Alvará de Funcionamento Invasi-
vo e Não-Invasivo
• Receituário amarelo
• Receituário azul
• Receituário retinóides
• Receituário talidomida
• Renovação de alvará de funciona-
mento invasivo
• Renovação de alvará de funciona-
mento não-invasivo
• Termo de consulta
• Vigilância Sanitária (bairros corres-
pondentes).
Visto consular epassaporte
Visando facilitar a vida do associado
que pretende viajar ao exterior, a APM
cuida de todo o processo de obtenção
de visto para países como México, Ca-
nadá, República Tcheca e Rússia. A
entidade solicita, ainda, passaportes
junto à Polícia Federal.
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ParceriasSempre pensando no melhor para seus
associados, a APM tem buscado parce-
rias à altura do que os médicos do Esta-
do de São Paulo merecem. Confira!
1 - American Express - Cartão de cré-
dito business APM
O que é?
O Cartão exclusivo para Associados
APM, além de servir como carteirinha
de identificação da APM, oferece como-
didade ao Associado APM, permitindo
que as parcelas da contribuição associa-
tiva sejam quitadas nesse novo cartão.
Ele é exclusivo para os Associados
APM e é isento de taxa de anuidade
por toda a vida, oferece encargos de fi-
nanciamento reduzidos, ferramentas de
controle de gastos, promoções exclusi-
vas com parceiros em serviços e equi-
pamentos, além de toda a credibilidade
de uma marca de prestígio.
Benefícios:
- Anuidade gratuita por toda a vida
Este é um benefício muito especial,
válido também para os cartões adicionais.
- Dining Program
Jantares-cortesia em restaurantes se-
lecionados de São Paulo, quantas vezes
desejar, basta estar acompanhado de
uma pessoa pagante e fazer sua reserva.
- Entretenimento Express
Com um simples telefonema, ou aces-
sando a um site, você adquire ingressos
dos melhores espetáculos, shows e teatros
em sua casa, com toda a comodidade.
- Membership Rewards®
Suas compras valem pontos que po-
dem ser trocados por recompensas, de
assinaturas de revistas a milhas em
companhias parceiras. Os pontos acu-
mulados no programa nunca expiram e
você pode acumular para resgatá-los
por uma infinidade de recompensas.
Para Associados APM, a primeira anui-
dade desse programa é gratuita.
- Assistência Emergencial Gratuita
Em situações de emergência, os car-
tões American Express® disponibili-
zam gratuitamente profissionais para
efetuar reparos hidráulicos, elétricos e
serviços de chaveiro, dentro do limite
de cobertura, além de outros serviços a
preços tabelados.
2 - Brastemp / Cônsul
Quais são os benefícios?
Descontos especiais e pagamento em
até 10x sem juros, frete grátis para todo
Brasil, comodidade e segurança para
comprar e ótimas condições de paga-
mento. Código da campanha: APM01.
Outras informações:
(11) 2121-0099
www.brastemp.com.br/apm ou
www.consul.com.br/apm
3 - Bradescovida - seguro de vida (se-
guro de vida básico e assistência funeral)
O que é?
Este serviço possibilita aos associados
a contratação de benefícios complemen-
tares com desconto especial e com taxas
inferiores às taxas de mercado.
Quem tem direito?
Todo associado com até 65 anos pos-
sui automaticamente seguro no valor
R$ R$ 2.500,00 para morte natural,
mais assistência funeral (sem custo).
Associados acima de 65 anos têm segu-
ro de R$ 500,00 para acidentes pesso-
ais mais assistência funeral.
Assistência Funeral: tem por objeti-
vo amparar a família do segurado, or-
ganizando totalmente o funeral
(padrão luxo).
Reembolso Funeral: para os casos em
que os beneficiários não utilizam o ser-
viço no ato do falecimento do segura-
do, a família recebe reembolso de até
R$1.500,00. O pedido pode ser feito
até seis meses depois do óbito.
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O perfil do cálculo considerou uma
pessoa com idade de até 55 anos. Os
custos, apresentados pelas seguradoras
Porto Seguro e Itaú, são relacionados
ao produto individual, portanto, estão
sujeitos a re-enquadramentos de custos
por faixa etária. No caso do produto
oferecido pela APM, não existe re-en-
quadramento por faixa etária.
4 - Drograria Onofre
O que é?
Os associados recebem, sem custo, o
Cartão APM - Onofre personalizado,
que pode ser usado em qualquer filial
da rede. Além do cartão, o médico re-
Outras coberturas e valores para associados com até 65 anos:
Valores de Coberturas (Importância Segurada) Prêmio Mensal
R$ 50.000,00 R$ 43,07
R$ 70.000,00 R$ 60,29
R$ 100.000,00 R$ 86,15
R$ 150.000,00 R$ 129,22
R$ 200.000,00 R$ 172,30
O prêmio mensal será cobrado junto à trimestralidade da APM.
Confira os dados comparativos entre custos para seguro de vida:
Capital Custos Mensais
Imp. Segurada APM Porto Seguro Itaú
R$ 50.000,00 R$ 43,08 R$ 80,31 R$ 79,15
R$ 70.000,00 R$ 60,30 R$ 111,89 R$ 109,27
R$ 100.000,00 R$ 86,15 R$ 159,26 R$ 154,45
R$ 150.000,00 R$ 129,22 R$ 238,20 R$ 229,76
R$ 200.000,00 R$ 172,30 R$ 317,15 R$ 305,07
aos associados da APM (plano especial
Safira), com preço bem abaixo do mer-
cado. Além disso, os associados con-
tam com uma equipe de gerentes de
previdência privada específica, que
prestam atendimento personalizado. O
associado pode escolher pelo plano de
Renda Fixa ou pelo plano Multi 20. Veja
o quadro comparativo e as vantagens:
6 - Semp Toshiba
O que é?
O objetivo deste convênio com a
APM é a implantação de um programa de
venda de todos os produtos da SEMP
TOSHIBA em condições especiais para
os associados, com redução no preço, que
pode variar de 8% a 15% sobre
os valores de mercado divulgados na pá-
gina www.semptoshiba.com.br/
apm, focado nos seguintes diferenciais:
• Configurações e preços promocionais
• Formas de pagamentos com finan-
ciamento próprio ou cartão AMEX
• Variedade de ofertas
• Loja virtual com tabela de preços
atualizada
• Entrega do produto em até 20 dias
cebe selos adesivos, que podem ser co-
lados nas receitas, estendendo o bene-
fício para familiares.
Quais são os benefícios
• Desconto mínimo de 30% na com-
pra de qualquer medicamento
• Cheques pré-datados para 30 dias
• Parcelamento, em todos os cartões
de créditos, em 3x sem juros, nas com-
pras acima de R$ 90,00
• As compras na perfumaria valem pon-
tos que podem ser trocados por prêmios
5 - Santander Banespa - previdência
privada
O que é?
O Santander oferece plano exclusivo
Pela APM
Taxa de carregamento: 0,5%
Taxa de administração do fundo: 2%
Plano único mínimo: R$ 1.000,00
Plano mensal: R$ 100,00
Direto no Santander
Taxa de carregamento: no mínimo 3%
Taxa de administração do fundo: 3,2%
Plano único mínimo: R$ 50.00,00
Plano mensal: R$ 100,0036
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• Transporte do produto para o ende-
reço indicado pelo consumidor sob res-
ponsabilidade da Semp Toshiba Info.
7 - Sul América - Seguros Saúde
O que é?
Trata-se de uma apólice coletiva por
adesão, administrada pelo Access Clu-
be de Benefícios junto à Sul América,
em convênio com a APM, que dá di-
reito, ao associado, a um seguro-saúde
diferenciado.
Garante muito mais tranqüilidade
aos momentos de lazer e descanso,
como em viagens pelo Brasil (em todos
os planos) e pelo exterior (no plano
Executivo). Inclui serviços diversos
como: remoção inter-hospitalar do se-
gurado, transporte e retorno de acom-
panhantes, recuperação de bagagens e
motorista substituto (conforme condi-
ções contratuais).
Benefícios:
Valores até 40% abaixo dos pratica-
dos no mercado.
8 - Unimed Paulistana
O que é?
O acordo com a Unimed Paulistana
oferece aos associados a chance de fe-
char contratos coletivos por adesão.
Benefícios:
São cobertos, sem limites, consultas
e tratamentos, exames complementa-
res, atendimento em Prontos-Socorros
(urgência e emergência) e internações
hospitalares. O associado conta com
cinco tipos de planos diferentes: refe-
rência, padrão, integral, supremo e ab-
soluto. Sãp mãos de 50 hospitais
credenciados, espalhados por diversas
regiões da cidade de São Paulo. Para o
médico do interior são oferecidos dois
planos, um básico e outro, especial.
9 - Playtech - consultório musical
O que é?
Os médicos associados à APM têm
um tratamento diferencial na PlayTe-
ch, uma das maiores lojas de instru-
mentos musicais de São Paulo. A
PlayTech acredita que quem cuida com
tanta dedicação da saúde das pessoas,
merece atenção especial na hora de es-
colher instrumentos musicais. Confi-
ra as vantagens exclusivas:
• Visita Programada: o associado en-
tra em contato com a PlayTech e marca
a data e o horário mais convenientes
para visitar as lojas.
• Experimentação de instrumentos:
showroom especial para os associados,
segundo as suas preferências de instru-
mentos, para que possam, assim, expe-
rimentar à vontade.
• Acompanhamento: para tornar a
visita mais agradável e proveitosa, o
associado será acompanhado durante
todo o tempo.
Endereços das Lojas:
• Rua Teodoro Sampaio, 912
Pinheiros – São Paulo – SP
Fone: (11) 3088-0006
• Av. Engenheiro George Corbisier, 100
Metrô Consolação – São Paulo – SP
Fone: (11) 5012-2039
• Rua Santa Efigênia, 250
Centro – São Paulo
Fone: (11) 3225-0505
Mais informações:
www.playtech.com.br/abzc/apm.htm
Parcerias em negociação1 - Intel
A APM e a Intel estão assinando um
acordo de cooperação que possibilita-
rá obter o apoio desta empresa, que é
uma das maiores empresas de tecnolo-
gia no mundo em ações que objetivam
maior adequação de produtos e servi-
ços de informática ao perfil do associa-
do APM. Benefícios possíveis:
• Aumentar o poder de influencia da
APM junto a fabricantes de computado-
res para obter produtos e condições dife-
renciados para a comunidade médica
• Trabalhar em conjunto para estru-
turar ofertas mais completas para os
associados, que podem incluir outros
fornecedores com produtos relaciona-
dos ao uso de computadores como, por
exemplo, conexão de acesso à internet,
portais de conteúdo e financiamento de
equipamentos.
• Utilizar a equipe Intel - seu ‘know-
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how’ e contatos - em projetos da APM
que visam maior e melhor uso da tecno-
logia na área de saúde, tanto no estado de
São Paulo quanto no âmbito nacional.
• Participação da Intel em eventos da
Associação.
• Ter acesso às novas plataformas de
tecnologia da Intel em primeira mão,
trabalhando em conjunto em valida-
ções e provas de conceito de novos equi-
pamentos voltados para a área médica.
Nota: Este acordo está em vias de ser
formalizado e as equipes das duas orga-
nizações já estão trabalhando juntas em
atividades que, dentro em breve, terão
seus resultados transformados em be-
nefícios que serão disponibilizados aos
nossos associados.
2 - Central X
Oferta especial do HiDoctor para asso-
ciado. Software exclusivo para a APM,
que inclui, além dos benefícios de um pro-
grama médico, guidlines, acesso a progra-
mas médicos via site linkados em todas as
sociedades de especialidade, com desen-
volvimento constante dentro das necessi-
dades dos associados. Os benefícios deste
software serão oferecidos exclusivamen-
Para outras informações, entre em contato:
- Departamento de Comunicações: (11) 3188.4278 ou [email protected]
- Departamento de Serviços: (11) 3188.4272/4273/4274 ou [email protected]
- Defesa Profissional: (11) 3188.4207 ou [email protected]
- Unidade de Publicações: (11) 3188.4211 ou [email protected]
- Departamento de Marketing: (11) 3188.4258 ou [email protected]
Fique sócio:Apresentamos aqui apenas alguns dosserviços e parcerias que a APM ofere-ce para seus associados. O que vocêestá esperando para economizar tem-po e dinheiro? Ligue para: 3188-4224,ou entre em nosso site:www.apm.org.br
te aos associados. Haverá ainda um des-
conto médico de 15% no preço de licenci-
amento de versão do produto. �
SERVIÇO
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erca de dois meses. É um tempoainda muito pequeno para se ava-
liar como preencher o hiato criado namedicina brasileira com a ausência domédico Francesco Antonio Viscomi.
Vítima de um acidente vascular cere-bral, ocorrido no dia 14 de agosto, o gine-cologista permaneceu internado em estadograve no Hospital Sírio Libanês por umasemana. Na madrugada do dia 21 de agos-to, aos 57 anos, acabou não resistindo.
Nascido em Cantazarro, região itali-ana da Calábria, em 1949, veio com ospais para o Brasil ainda pequeno, aosquase seis anos de idade. Em São Paulopassaria o resto de sua vida.
Formou-se em medicina pela Univer-sidade Estadual Paulista Júlio de Mes-quita Filho – Unesp, em Botucatu, e seespecializou em Ginecologia e Obste-trícia na residência médica, realizadano Hospital do Servidor Público de SãoPaulo (Iamspe). Durante esse período,em plena década de 1980, apaixonou-se pela Endoscopia Ginecológica.
A pós-graduação, realizada na Europa,em 1989, proporcionou o conhecimentoque o tornaria um dos pioneiros da vide-ocirurgia no Brasil. De lá, trouxe aindaum dos primeiros equipamentos para serealizar o procedimento no país.
Anos mais tarde, pela mesma Unesp,viria a se tornar doutor em Ginecolo-gia, defendendo com maestria a tese“Correlação dos achados laparoscópicos
e histológicos na endometriose”.Durante sua carreira, ministrou e su-
pervisionou cursos da área em diver-sos locais do país, entre hospitais einstituições de ensino, da simples atua-lização à pós-graduação. Atualmente,coordenava o curso de GinecologiaMinimamente Invasiva no Instituto deEnsino e Pesquisa do Hospital SírioLibanês, na capital paulista.
Suas técnicas contribuíram de formadecisiva para o aprimoramento e utili-zação dos conceitos onde a intervençãoé feita com maior precisão no diagnósti-co e o mínimo de seqüela no tratamen-to. Também foi um dos primeiros a fazeruso da cirurgia laparoscópica e do laserpara tratamento da endometriose.
Havia assumido, neste ano, a presi-dência da Sociedade Brasileira de Vi-deocirurgia (Sobracil), cargo que jáocupara antes na Sociedade Brasileirade Endoscopia Ginecológica e Endo-metriose (Sobenge). Era, ainda, mem-bro da Sociedade Mundial deEndometriose, Sociedade Internacio-nal de Endoscopia Ginecológica e daAssociação Americana de Ginecologis-tas Laparoscopistas.
Militância pela saúdeSempre envolvido com a saúde das
mulheres, Francesco tinha como bandei-ra o estudo e combate à endometriose,problema ainda pouco divulgado e queacomete cada vez mais mulheres no país.
A partir disso, criou o Instituto Vis-comi, centro dedicado especialmenteà pesquisa, ensino e atendimento a es-sas pacientes; idealizou também o ser-viço Endometriose Consultoria eOrientação (ECO).
O “Tchesco”, tratamento carinhoso
dispensado pelos amigos, era aindaconsiderado pelos mesmos “um lídernato, mestre por natureza, carismáti-co e empreendedor”.
A Sobenge prestou homenagem pós-tuma ao seu ex-presidente no dia 28 desetembro, durante seu IV Congresso Bra-sileiro, realizado no Rio de Janeiro. Ahomenagem se estendeu também ao úl-timo Congresso Paulista de Cirurgia,realizado na primeira semana de outu-bro, onde, inclusive, o médico Antoniode Giovanni fez questão de lembrar doamigo que partiu. “Ele foi um estudio-so contumaz, dono de invejável didáti-ca, e ao mesmo tempo dono de nada,pois tudo que sabia passava adiante”,disse aos presentes, emocionado.
Francesco Viscomi foi um daquelespioneiros que, mesmo tendo sua cami-nhada interrompida, deixaram um ca-minho a ser trilhado. Um dos motivospelos quais ele sempre será lembrado. �
Morre Francesco AntonioViscomi, pioneiro da vídeo-cirurgia no Brasil
Antes da ida,a missão cumprida
CRICARDO BALEGO
DIADOMÉDICO-ESPECIAL
EDITAL DE CONVOCAÇÃO(05/10/2006)
Ficam convocados os senhores membrose sócios da Sociedade Paulista dePneumologia e Tisiologia para se reunirem,no próximo dia 25 de novembro de 2006,na SPPT (R. Machado Bittencourt, 205 -térreo - Vila Clementino - São Paulo/SP) para:
1 - Assembléia Geral Ordinária, às 9h30,em primeira convocação, e às 10h, emsegunda convocação, com a seguinte pauta:
a) Relatório das Atividades da Diretoriado ano de 2006;
b) Aprovação das alterações estatutáriase regulamentos da SPPT.
São Paulo, 5 de outubro de 2006.
Rafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachPresidente da Sociedade Paulista de
Pneumologia e Tisiologia
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uase ninguém estranhou quan-
do, em 1995, Samir Rahme
teve uma conversa séria com a profes-
sora de piano de sua filha. Precisava de
umas aulas de harmonia, contraponto
e percepção musical. Queria estar pre-
parado para o vestibular do final da-
quele ano. Enfrentaria a concorrência
de candidatos bem mais jovens, muitos
deles com ampla formação teórica e
prática. Era difícil o desafio, mas Sa-
mir decidiu encarar. Afinal, estudar
música sempre esteve em seus planos
e, desde muito novo, já era uma de suas
paixões. A família teve um certo receio,
embora não lhe negasse apoio. Isso por-
que Samir, naquele momento, já era um
clínico geral com certa estabilidade na
profissão. O consultório ia muito bem,
obrigado, e a vida financeira já estava,
de certo modo, equilibrada. Passado o
sufoco do período de provas, parentes
e amigos comemoraram: Samir con-
quistara o último lugar para o curso de
Regência e Composição da Unesp. Era
dele a derradeira das 20 disputadas vagas.
Para Samir, era o recomeço de uma vida
acadêmica, 15 anos depois de concluir
os longos seis anos do curso de Medicina
na Universidade Federal de Juiz de
Fora. Não importava, estava feliz.
O que ninguém imaginava naquele
momento – mas que logo pôde notar –
era o modo como a música faria dele
um médico ainda mais sensível. E como
Samir faria uso dessa música para pro-
porcionar o bem-estar a médicos, paci-
entes e todos os profissionais dentro dos
QADRIANA REIS
Samir Rahme buscou na música o aprimoramento da sensibilidade que o trabalhode médico exige
Samir estudou música sem deixar o consultório médico
Entre oestetoscópioe as partituras
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hospitais. Como poucos, Samir conse-
guiu unir suas duas vocações em prol
do mesmo objetivo: promover a saúde,
do corpo e do espírito. Ele criou e co-
ordena a Orquestra do Limiar, forma-
da por um grupo de 12 jovens
instrumentistas de cordas que, junto de
seu regente, apresenta um repertório de
compositores consagrados pelos hospi-
tais de São Paulo. É o conhecido pro-
grama Música nos Hospitais, da
Associação Paulista de Medicina.
Sensibilidade de médicoNão foi fácil a vida de estudante de
música para alguém que já carregava as
responsabilidades de um médico com
consultório próprio. O curso era feito à
tarde, entre as duas e as seis horas. En-
tão, logo cedo ele já estava no trabalho,
para atender os primeiros pacientes. À
noite, depois da aula, costumava retor-
nar para mais algumas consultas. O tra-
jeto entre a faculdade e o trabalho era
feito de moto, único meio de transporte
que lhe garantia agilidade para fugir do
trânsito sempre caótico da cidade.
A vontade de estudar música Samir
carregava desde os 14 anos. “Fui o
sócio-fundador mais jovem do Pró-
música de Juiz de Fora, um projeto
que levava concertos de câmara à ci-
dade e que era coordenado por Ar-
naldo Estrela”, conta este mineiro,
filho de árabes. Foi em sua cidade
natal que Samir teve contato com ins-
trumentos diversos, dentre os quais a
flauta transversal, que ele tomou
como companheira. A convivência
com os músicos despertou nele a von-
tade de seguir carreira, mas, como não
havia curso superior para música em
Juiz de Fora, acabou optando por ou-
tra profissão que também lhe saltava
aos olhos: a Medicina. O estetoscó-
pio, dado de presente pelo médico da
família quando ainda tinha dez anos
de idade, foi o incentivo simbólico
que ele precisava para ingressar na
carreira de doutor.
Tratamento humanizadoDurante os 15 primeiros anos da pro-
fissão, Samir procurou aplicar, na prá-
tica, um tratamento mais pessoal com
seus pacientes. Ele é seguidor da Medi-
cina Antroposófica – que tem por prin-
cípio a busca por uma atuação mais
viva, artística e integrada, que atenda
ao homem nas dimensões do corpo,
mente e espírito. Samir buscou, na
música, o aprimoramento da sensibili-
dade que seu trabalho exige. “Gostaria
de falar ao pé do ouvido do médico:
nossa profissão exige que se aumente a
capacidade de percepção. Precisamos
perceber o outro não apenas no diag-
nóstico clínico, corpóreo, mas também
no anímico e no espiritual”, defende
Samir. “E nós só conseguimos esse apri-
moramento se tivermos ligação com
algum tipo de arte. Pode ser a música, a
pintura, a literatura. O importante é que
seja de forma ativa”, acredita.
Para Samir, a música funciona para
dar suporte em sua profissão, como
uma espécie de alimento, e para expan-
dir sua capacidade de se relacionar com
o outro. “Vejo a arte como principal
meio para nutrir a alma”, afirma. Samir
Samir coordena a Orquestra do Limiar, que se apresenta em hospitais
“Para meu pai, que era imigran-
te e que chegou ao Brasil sem nada,
para fazer a vida aqui, foi uma gran-
de alegria ver o filho formado mé-
dico”, emociona-se Samir. A festa
de formatura foi um evento ines-
quecível para todos: na cerimônia,
foram os pais que subiram ao palco
para entregar aos filhos o merecido
diploma.
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sente que o engajamento artístico é que
lhe dá forças para que continue defen-
dendo os ideais como médico. “Dei-
xar-se envolver pela arte é um conselho
que dou. Tenho muitos amigos que pin-
tam ou escrevem. A arte, assim como a
Medicina, é muitas vezes um caminho
solitário, mas que deve ser seguido.
Falo por mim: hoje sou muito menos
rabugento por causa da música”, rele-
va, com o permanente sorriso estam-
pado no rosto.
Num mundo de informações em ex-
cesso, mas de pouca formação, como
ele mesmo diz, cabe muitas vezes ao
médico levar conforto à população, que
sofre com tantas carências. “Vivemos
tempos difíceis. Nós, médicos, somos,
em muitas situações, o ponto final de
busca de significados. É uma grande
responsabilidade. E é fácil enxergar
isso: basta olhar para uma fila de aten-
dimentos do Hospital das Clínicas, por
exemplo, para perceber essa carência e
ter uma idéia da grandiosidade deste
trabalho”, observa Samir.
Apesar de conhecer bem todos os efei-
incluir composições que agradem e que
gerem uma identificação do público.
“Tocamos sempre para um grupo hete-
rogêneo, com profissionais mais velhos
e mais novos. E sei o quanto é dura a
vida dos meus colegas, então, faço ques-
tão de os vê-los relaxados”, diz.
O concerto começa com uma música
do movimento barroco. Depois, segue
por algum clássico, normalmente mais
conhecido do público. Em seguida, a
apresentação atravessa o limiar do eru-
dito e vai para o popular. “É o que cha-
mo de geografia musical. Tocamos algo
mais próximo, como um baião, que leva
à aproximação do público”, explica
Samir. Há ainda canções imortais,
como Yesterday, dos Beatles, que sem-
pre emociona.
A certa altura da apresentação, Samir
pede licença ao público para apresen-
tar Miguilim, composição própria ins-
pirada no personagem clássico de João
Guimarães Rosa, o escritor mineiro de
incontestável talento e que, por sinal,
também era médico. Pensando bem, há
muito em comum entre Samir e o per-
sonagem Miguilim, que vai além da
mineirice. A curiosidade em conhecer
o outro, a mente aberta para descobrir
o novo e, acima de tudo, a sensibilida-
de os aproxima. Samir leva a música a
sério e a transforma em fonte de inspi-
ração para cumprir sua sina como mé-
dico. Não importa em qual profissão,
se na Medicina ou na regência da or-
questra, procura afastar a doença e le-
var o bem-estar. Cumpre, desta forma,
sua saga nesta eterna busca dele – e de
toda a humanidade – por uma vida de
saúde plena. �
Samir: “quero que a orquestra seja um momento especial em hospitais”
E por que tocar nos hospitais?
“A música tem a capacidade de
fazer as pessoas mergulharem
dentro de si mesmas e de olharem
em volta. Ela permite essas via-
gens e proporciona esses momen-
tos de relaxamento aos médicos,
pacientes e profissionais da saú-
de”, diz Samir.
tos positivos da música, Samir não en-
cara essas apresentações como um tra-
tamento complementar. “Não tenho
nenhuma ambição terapêutica com a
orquestra. Apenas quero que seja um
momento especial para o público”.
A poesia de MiguilimA escolha do repertório é sempre
muito cuidadosa. Durante os 60 minu-
tos de apresentação, Samir procura
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ito e meia da noite em ponto.
Problemas deixados de lado, é
hora de se concentrar. Enquanto o ma-
estro acerta as partituras do repertório
a ser ensaiado, os músicos fazem o que
deve ser feito: preparam seus instru-
mentos, ajeitam a cadeira, relaxam o
corpo jogando os ombros para trás, sol-
tando o maxilar e o pescoço. O som dos
instrumentos mistura-se, provocando
um ruído agradável, uma espécie de
pré-música. O leve toque da batuta na
estante é o sinal para que todos fiquem
em silêncio. A atenção, agora, está nas
mãos do regente, que passa a comandar
a entrada dos músicos. E assim, os sons
se completam de forma harmoniosa, le-
vando aos ouvidos uma música que
envolve, emociona, surpreende.
Toda semana, desde 1989, o ritual se
repete: 54 músicos reúnem-se para os
ensaios regulares. O repertório, eclético,
Há Música na MedicinaCordas, sopro, metais. Uma sala de cirurgia? Um hospital? Ou uma orquestra? Mudam-seos instrumentos, mantém-se a paixão
O
ADRIANA REIS começa com compositores clássicos,
como Mozart, passa pelos musicais
da Broadway e vai até representan-
tes da MPB contemporânea. Tudo
seria parecido com o trabalho de
qualquer outro grupo, não fosse um
detalhe: a Orquestra Experimental
do Hospital Israelita Albert Einstein
é formada, exclusivamente, por pro-
fissionais da área da saúde – a maior
parte deles, médicos.
Mais do que passatempoO trabalho surgiu quase por acaso, a
princípio, sem a intenção de se tornar
profissional. Era o fim da década de
1980 quando o cirurgião pediatra, Jac-
ques Pinus, percebeu que muitos de seus
colegas eram apaixonados por música,
como ele. E mais: que passavam as ho-
ras livres dedicando-se a tocar algum
instrumento. Por que não juntar esses
médicos para que mostrem seus talentos?
Orquestra do Einstein é formada por profissionais da área da saúdeFo
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Foi o que ele se perguntou. O interesse
foi imediato e a festa de fim de ano do
Albert Einstein passou a ficar concor-
rida: um número grande de médicos
queria se apresentar.
Jacques Pinus era um deles. A músi-
ca, de certa forma, sempre esteve pre-
sente na vida deste médico. Ainda
moleque, estudou piano e violão. Ler
partitura tornou-se algo natural para ele.
Na juventude, foi tomado pela vocação
da Medicina e o gosto pela música fi-
cou adormecido. Ingressou na faculda-
de e estudou até se tornar um pediatra.
A habilidade com as mãos fez dele um
cirurgião de renome. A vida corrida na
profissão levou Jacques Pinus a esco-
lher um instrumento portátil, que ele
pudesse carregar consigo sem grandes
dificuldades. Foi assim que decidiu es-
tudar flauta transversal. Naquele mo-
mento, ele ainda não imaginava que o
som doce e delicado de sua flauta inte-
graria uma orquestra. Menos ainda que
ele seria o responsável por idealizar
este projeto.
O fato de descobrir tantos talentos
entre seus colegas o instigou e ele deci-
diu procurar por um maestro que pu-
desse organizá-los em forma de uma
orquestra. Fez o convite a Nasari Cam-
pos, um experiente profissional, que
rapidamente aceitou a missão. Seu pri-
meiro grande desafio foi criar um gru-
po uniforme a partir de instrumentos
tão diversificados. “O início era muito
complicado. Havia médicos tocando
diferentes instrumentos, como violão,
sax, acordeom. Não era o ideal para
formarmos uma orquestra tradicio-
nal”, relembra Jacques Pinus. Nasari
Campos teve de usar sua habilidade
para iniciar o projeto. “Acabei orques-
trando duas músicas com dificuldades
diferentes. Uma orquestração bem fá-
cil para aqueles instrumentos, e outra
de dificuldade média para fazer um tes-
te. É experimental em razão do instru-
mental nada acadêmico ou regular de
uso de uma orquestra sinfônica”, con-
tou o maestro, naquela ocasião.
E já que não seria possível criar uma
orquestra convencional, o jeito foi
adaptar o repertório para a formação
de músicos que estavam no grupo. “O
impressionante foi descobrir tanta gen-
te boa. O nível dos nossos músicos era
realmente alto. E tem ficado cada vez
melhor”, elogia Jacques Pinus. Outro
fato que surpreendeu foi o modo como
todos os médicos-músicos encararam
o trabalho da Orquestra. Em nenhum
momento a tarefa foi vista como um
simples passatempo. “Eles levaram
para a Orquestra o mesmo profissiona-
lismo que já tinham em seus trabalhos
como médicos”, afirma Pinus.
Sinfonia de bips e celularesCom essa dedicação, o resultado não
demorou a aparecer. A cada apresentação,
A maioria dos músicos é formada por médicos
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47Médicos-músicos encaram o trabaçhocom seriedade
Foto: Assessoria de Imprensa / Hospital Israelita Albert Einstein
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os aplausos eram intensos e calorosos.
O repertório podia ser algo erudito e
complexo como Mozart ou algum co-
nhecido musical da Broadway. Até
mesmo uma canção de Tom Jobim. O
público se emocionava e, na propagan-
da boca a boca, não parava de aumen-
tar. Logo, a Orquestra passou a tocar
em locais maiores, como o Teatro Mu-
nicipal, a Sala São Paulo, o Teatro São
Pedro, o Sérgio Cardoso e o Teatro do
clube A Hebraica. Seus músicos tam-
bém começaram a viajar para divulgar
o projeto em outras cidades, como a
inesquecível participação no Teatro
Municipal de Pouso Alegre, Minas
Gerais. Depois de tantas apresenta-
ções, o amadurecimento do trabalho
da Orquestra resultou na gravação de
um CD, ao vivo, durante um show re-
alizado no Atrium do Hospital Israe-
lita Albert Einstein. O grupo também
tem dois DVDs gravados ao vivo no
Teatro Municipal de São Paulo e na
Sala São Paulo. Cresceu a responsabi-
lidade, mas também a satisfação de
cada um dos envolvidos.
E como médico é médico 24 horas
por dia, o maestro Nasari Campos logo
teve de se acostumar com um som nada
convencional para uma orquestra: o
toque dos bips, avisando que o dever
chama. “Durante os ensaios, é comum
o barulho dos bips e celulares, que são
instrumentos extras de nossa orques-
tra”, brinca o maestro. Ele já constatou
que não há ensaio em que algum médi-
co não precise deixar a Orquestra para
atender um paciente. Faz parte do ofí-
cio. Mesmo assim, é comum que o pro-
fissional retome seu lugar na Orquestra
assim que a urgência é atendida.
Tamanho comprometimento com
este trabalho musical impressiona,
ainda mais, quando se sabe que a Or-
questra de Médicos do Einstein tem
caráter beneficente. Ou seja, nenhum
de seus integrantes recebe para se apre-
sentar. E, de tanto tocar por aí, muitos
dos médicos começam a ser reconhe-
cidos e, às vezes, durante uma consul-
ta, o paciente não resiste e pergunta
sobre o repertório ou a agenda de shows.
Jacques Pinus lembra que, após uma
entrevista dada ao programa do Jô So-
ares, ganhou popularidade entre seus
pacientes. “Uma de minhas pacientes,
certa vez, perguntou se eu estudava
flauta para melhorar meu trabalho
como cirurgião. Disse a ela que era o
contrário”, diverte-se.
Os benefícios da música na Medici-
na e vice-versa são, aliás, uma unani-
midade na opinião dos participantes.
“A música é um complemento para a
Medicina”, confirma Pinus. Ele desta-
ca a capacidade de abstrair e relaxar por
meio da música, algo extremamente
necessário para um profissional com
tantas responsabilidades e atribulações,
como o médico. “A Medicina é uma
profissão massacrante. Por isso, é im-
portante manter uma atividade comple-
mentar como essa. Mesmo com tanto
trabalho, conseqüência do profissiona-
lismo da Orquestra, digo que é a reali-
zação de um sonho”, declara Pinus.
“Hoje, sempre que ouço uma música,
já me imagino tocando. Recomendo a
todos os colegas”, completa. A Orques-
tra está aberta a novos participantes.
Basta resgatar aquele velho instrumen-
to no fundo do armário, desenferrujar
as técnicas musicais adquiridas no pas-
sado e retomar o fôlego para muitas
apresentações. �
Para Pinus, “a música é um complemento da medicina”
SERVIÇO
Orquestra Experimental de Músicos
do Hospital Israelita Albert Einstein
Ensaios: quartas-feiras, às 20h30
Contato: Cirurgião pediatra
Jacques Pinus
Tel.: (11) 3747-3007
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RICARDO BALEGO
“E
O médico queressuscitavaos mortos
ste médico tem o dom esté-
tico de, pela escrita, ressus-
citar os mortos”. Assim Carlos
Drummond de Andrade apresentou aos
leitores brasileiros aquele que, prova-
velmente, tenha sido o maior memori-
alista deste país: Pedro Nava.
Homem com intensa produção poé-
tica, literária e médica, teve sua exis-
tência esvaída por decisão própria
numa noite de 1984. Embora existam
muitas especulações, não é possível afir-
mar sua real motivação.
Quase 81 anos antes, vinha ao
mundo no dia 5 de junho de 1903,
devidamente amparado no número
179 da rua Direita, em Juiz de Fora,
Minas Gerais.
Em 1910, junto com os pais José Pe-
dro da Silva Nava, médico cearense, e
a mineira Diva Mariana Jaguaribe da
Símbolo da memorialística brasileira, o mineiro PedroNava também dedicou boa parte de sua vida à medicina
Silva – a Sinhá Pequena –, segue pela
primeira vez para o Rio de Janeiro. No
ano seguinte, no entanto, a morte do
patriarca obriga a mãe grávida e os fi-
lhos a voltarem para a cidade natal.
O pequeno Nava logo retornaria ao
Rio, ficando com os tios até concluir o
internato no colégio Pedro II, em 1920.
No ano seguinte, vai para a capital
mineira ingressar na Faculdade de Me-
dicina de Belo Horizonte – atual Facul-
dade de Medicina da UFMG.
Na mesma época, conhece seu ami-
go Carlos Drummond e passa a inte-
grar o Grupo Estrela, que também
reunia intelectuais como Ciro dos An-
jos, Gregoriano Canedo e João Alphon-
sus. Não demora a colaborar com seus
poemas em “A Revista”, ícone do mo-
vimento modernista mineiro.
Nas artes gráficas, ilustrou a obra
“Macunaíma”, de Mário de Andrade,
e “Roteiro Lírico de Ouro Preto”, de
Afonso Arinos, além das capas de seus
próprios livros.
Uma década depois, escreve “O de-
funto”, poema que, mais tarde, seria pu-
blicado na antologia “Poetas Brasileiros
Bissextos Contemporâneos”, organiza-
da por Manuel Bandeira, arrancando
elogios do escritor Pablo Neruda.
Em 29 de junho de 1943, casa-se com
Antonieta Penido e o casal vai morar
na rua da Glória, 190, local onde Pe-
dro se manteve até o dia de sua morte.
Somente em fevereiro de 1968 come-
çou a redigir suas memórias, aos 64
anos. Até 1972 só havia publicado poe-
mas esparsos – a chamada poesia bis-
sexta –, ano em que foi lançado “Baú
de Ossos”, seu primeiro volume me-
morial. Vieram depois mais cinco vo-
lumes publicados em vida: “Balão
Cativo” (73), “Chão de Ferro” (76),
“Beira-mar” (78), “Galo-das-trevas”
(81) e “O Círio Perfeito” (83). O séti-
mo, “Cera das Almas”, estava pratica-
mente acabado quando morreu e seria
publicado de maneira póstuma.
Por suas obras, Nava recebeu diversos
Foto: Ateliê EditorialDIADOMÉDICO-ESPECIAL
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prêmios, entre eles o da Câmara Brasi-
leira do Livro, da União Brasileira de
Escritores e da Associação Paulista dos
Críticos de Arte.
Chegou a pintar quadros, “uns seis
ou sete”, segundo ele próprio. Assumi-
damente, seu estilo emprestava traços
de outros artistas, motivo pelo qual se
autodenominava um “ótimo plagiário”.
Van Gogh, Tarsila do Amaral e Cândi-
do Portinari teriam sido algumas de
suas “vítimas”.
No entanto, a originalidade Nava
guardou para seu particular processo de
criação literária: em folhas duplas, de
um lado datilografava suas anotações,
e do outro desenhava bonecos e anota-
va as eventuais correções. Esses escri-
tos viriam servir de inspiração para a
produção, mais tarde, de seus livros.
Sua obra memorialística reconstituiu,
de forma minuciosa, aspectos familia-
res e de sua ascendência familiar, resga-
tando ainda passagens vividas por conta
da medicina e das artes; conseqüente-
mente, acabou por reproduzir um retra-
to fiel da sociedade brasileira da época.
Poucos anos antes de encerrar sua
vida, confinado em seu apartamento no
Rio, justificou a opção pela tardia pro-
dução textual. “Essa minha entrada na
velhice, o meu isolamento progressi-
vo, em parte criado por mim mesmo,
porque cada vez menos gosto da com-
panhia dos outros, implica numa intros-
pecção que resultou nessa necessidade
de escrever memórias”.
Vocação médicaNava se formou na saudosa turma
de 1927 da Faculdade de Medicina
da UFMG, da qual também fez parte
o jovem Juscelino Kubitscheck, gran-
de amigo do poeta e futuro presidente
da República.
A fim de custear seus estudos, já no
primeiro ano conseguiu um emprego
na Secretaria de Higiene e Saúde Pú-
blica de Minas Gerais. Ali, não era
muito bem visto pelo fato de freqüen-
tar lugares como o Bar Estrela e Bar
do Ponto, onde se concentravam poe-
tas e boêmios.
Após sua colação de grau – a cuja
cerimônia faltou por não ter um terno
apropriado –, foi designado para com-
bater uma epidemia de tifo que aco-
metia a população de Taquaraçu, na
época ainda distrito da cidade mineira
de Caeté. Na volta dessa viagem, teve
a certeza de que aqueles dias sob o sol
forte, a cavalo e a base de comida indi-
gesta lhe renderam mais do que todos
os anos de faculdade. Agora era real-
mente um médico.
Experiência semelhante teve quando
atuou em Monte Aprazível, noroeste
paulista. Assumiu o controle sanitário
da cidade, zona endêmica de malária, e
trabalhou como parteiro, clínico-geral
e em pequenas cirurgias.
Foi outro período de muito traba-
lho, mas também de muito aprendi-
zado para Nava. Em meio à falta de
recursos, foi ali que descobriu o quan-
to uma conversa com os pacientes
pode ser reveladora.
Embora sua atuação na medicina te-
nha se dado por décadas na área sanitá-
ria, colaborou também de forma
decisiva para o desenvolvimento da
Reumatologia no país. Ajudou a fundar
Fotos: Ateliê Editorial
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e presidiu a sociedade brasileira da
especialidade.
Na Policlínica Geral do Rio de Ja-
neiro, montou seu ambulatório na área,
ao mesmo tempo em que promoveu os
encontros no histórico anfiteatro, espa-
ço para discussão e atualização médi-
ca, que contava com profissionais de
diversas escolas e serviços.
Em sua volta definitiva ao Rio de
Janeiro, tornou-se chefe do serviço
de hospitais da municipalidade, di-
rigindo o Hospital Carlos Chagas e o
Departamento de Assistência
Hospitalar. Tornou-se livre-docente
em Clínica Médica e recebeu o títu-
lo de “honoris causa” da Faculdade
de Medicina de Barbacena (MG).
Em seus mais de 50 anos de profis-
são, o médico Pedro Nava teve uma atu-
ação profissional incontestável,
obtendo por isso reconhecimento e tí-
tulos em diversas partes do mundo.
Última noiteNa noite de um domingo, 13 de maio
de 1984, uma bala calibre 32, dispara-
da por ele próprio, dissipou as idéias
do médico-escritor.
Terminava de escrever um discurso
que pronunciaria ao receber o título de
Cidadão Fluminense, em 23 daquele
mês. Mostrou-o à Antonieta e jantou.
Logo depois, a esposa passou-lhe um
estranho telefonema, que o deixou ca-
lado e pensativo – acredita-se que te-
nha ouvido obscenidades vindas de uma
voz masculina.
Por volta das 22h, Nava saiu sem avi-
sar à mulher e foi visto na rua, próxi-
mo ao seu apartamento, aparentemente
abatido. Às 23h30, ouviu-se o disparo
do seu velho revólver.
Coincidentemente – ou não –, em
1975, durante a feitura de seu terceiro
livro, redigiu uma carta-testamento,
que foi enviada aos amigos Carlos
Drummond, Plínio Doyle, José Na-
buco e Afonso Arinos, além de seus
dois médicos.
Sua única exigência era que o docu-
mento fosse guardado e lido somente
após sua morte, trato que perdurou
pelos próximos nove anos. Entre os
pedidos, estavam o de um funeral sim-
ples e sem flores, a recusa de qual-
quer tipo de homenagem da
Policlínica do Rio de Janeiro, de onde
acabou saindo de forma desafeta, e a
maneira exata como seu corpo deve-
ria estar disposto no caixão.
O fato é que Pedro Nava decretou
seu próprio fim e, a partir daquele
momento, não mais poderia ressusci-
tar os mortos. �
Pedro Nava, quando jovem, à sombra de bananeiras
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m homem negro, de jaleco
branco, segue pelos corredo-
res da Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo, entra no centro cirúrgico.
Alguém o interpela:
- O senhor sabe a que horas o mé-
dico chega?
A pergunta é rotineira na vida do
Caminhando paraa igualdade
O médico Daniel de Miranda faz parte das estatísticas querevelam pouco espaço para as pessoas negras e de baixarenda no ensino superior no Brasil, em especial, na Medicina
PRISCILLA FERREIRA
U
médico Daniel de Miranda, já habitua-
do ao estranhamento dos pacientes que,
em geral, não estão acostumados a se-
rem atendidos por médicos negros. E
isso acontece porque menos de 1% dos
estudantes de medicina no Brasil são ne-
gros. Menor ainda é a porcentagem dos
que conseguem o diploma. Daniel era o
único na turma de formandos de 2003,
da Faculdade de Medicina da Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo.
E foi também o único médico negro
que vi transitando pelo hospital en-
quanto aguardava pela entrevista. Mar-
camos para as 13 horas. Iríamos
aproveitar o horário de almoço, único
tempo livre na agenda do residente em
passagem pelo Pronto Socorro. Cin-
qüenta minutos depois, reconheci Da-
niel vindo em minha direção. Um rapaz
de 27 anos, pele negra, sorriso amigo.
Calmamente, se aproxima, pede descul-
pas e explica o motivo do atraso: uma
paciente com trauma grave.
TrajetóriaDaniel nasceu no bairro do Jabaqua-
ra, na zona Sul de São Paulo. Foi cria-
do por uma tia, Maria da Silva de
Miranda, que o adotou junto com o ir-
mão mais novo e, até hoje, supre a au-
sência dos pais biológicos. Foi ela quem
primeiro reconheceu sua vocação.
“Eu sempre quis ser médico. Nun-
ca me imaginei fazendo outra coisa na
vida. Desde pequeno tive certeza de que
era isso. Minha mãe fez um curso técni-
co de enfermagem e, às vezes, precisava
me levar ao hospital com ela. Eu adora-
va! Acho que isso ajudou a estimular em
mim o desejo de ser médico”, revela.
Apesar da vocação, faltava dinheiro.
A mãe adotiva sabia que o sonho do
filho custaria caro e que seria impor-
tante ele estudar em escola particular
para, no futuro, enfrentar o concorrido
vestibular. Com o salário de auxiliar
de enfermagem, passou a custear os pri-
meiros anos de estudo do garoto. Mas,
na quinta série de ensino fundamental,
Maria teve que tirá-lo do colégio. A
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escola pública seria a única opção. Os
sonhos do menino poderiam terminar
ali. Mas Daniel conseguiu uma bolsa
de estudos integral mediante um acor-
do fechado com a escola: estudaria pela
manhã e trabalharia no período da tar-
de, na própria escola.
A estratégia deu tão certo que ele ape-
lou para o mesmo argumento quando
ingressou no ensino médio, convencen-
do o diretor da escola de que era mere-
cedor de uma bolsa de estudos. Apesar
da bolsa – motivo de imensa alegria sua
mãe – foi nessa época que o então garo-
to de 15 anos sofreu, pela primeira vez,
o preconceito racial.
A história, apesar de inocente, revela
um racismo velado. Na sala de aula,
um colega branco chegou a questionar
o professor sobre suas notas, indignado
com o fato de Daniel ter tirado notas
melhores que as dele.
- Como um moleque como ele pode ti-
rar notas melhores – questionou o garoto.
O médico se lembra do episódio com
tristeza. “Pelo jeito que ele falou, era
como se fosse inadmissível que eu ti-
vesse mais êxito do que ele. Mas essa é
a única recordação que eu tenho de dis-
criminação explícita”, recorda-se.
Início de outra jornadaCom o fim dos estudos regulares,
Daniel foi em busca de um cursinho
preparatório. Mais uma vez, não tinha
dinheiro para pagar o curso e candida-
tou-se às provas de conhecimento para
tentar uma bolsa. Estudou com afinco
e se preparou para o grande momento.
Só que, às vésperas do vestibular, sen-
tiu medo e quase desistiu. “Cheguei a
pensar em prestar para engenharia quí-
mica. Estava inseguro, com medo de
não conseguir passar, como se a medi-
cina não fosse pra mim”, relembra.
Mas, hoje, Daniel sabe que estava
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Daniel Miranda faz atendimento naSanta Casa / SP
enganado. Tomou coragem e prestou
duas provas: da Faculdade de Medicina
da Universidade de Campinas (Uni-
camp) e Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo. A primeira notícia foi a
aprovação na Santa Casa, que deixou o
futuro médico felicíssimo. A falta de di-
nheiro, dessa vez, foi resolvida com um
empréstimo da avó para fazer a matrí-
cula e dar entrada no pedido de bolsas
de estudos. Anualmente, a Santa Casa
oferece uma cota de suas vagas para es-
tudantes de baixa renda. E Daniel ficou
com uma delas. Só mais tarde o jovem
ficou sabendo que havia passado tam-
bém na Unicamp, na terceira lista. A
notícia tardia acabou decidindo o seu
futuro. Hoje é formado pela Santa Casa
e residente da mesma instituição.
Logo nos primeiros dias de aula, Da-
niel percebeu que só a bolsa não seria
suficiente. Era preciso custear o curso,
que exigia livros e materiais caros –
além, é claro, da dedicação exclusiva aos
estudos. Virou plantonista de cursinho
e se dividia entre as aulas de Medicina e
os plantões de dúvidas dos vestibulan-
dos de química, durante três horas por
dia, de segunda a sábado. Com o tempo,
foi promovido a professor e deu aula até
o início do sexto ano da faculdade.
Após a formatura, serviu o Exército
durante um ano, como médico da Ma-
rinha, em São Paulo. A residência em
Cirurgia Vascular representa a concre-
tização de um sonho de criança. Mas
não é a reta final. Daniel ainda preten-
de fazer mestrado e doutorado para le-
cionar em Universidade. “Quero
incentivar a paixão dos médicos pelo
ofício em si, e não apenas pelo confor-
to financeiro que a profissão pode tra-
zer”. No mundo real e com os pés
fincados no chão, Daniel vive agora
outra realidade, não menos dura, mas
com perspectivas melhores: sobrevive
com o salário de R$ 1.400,00 pago aos
residentes, e faz plantões para comple-
mentar a renda.
Primeiro membro da família a con-
cluir um curso superior, o jovem sabe
que é exceção e agradece as oportuni-
dades que recebeu. Sabe que a dificul-
dade dos negros e dos pobres de viver
plenamente sua vocação profissional –
seja medicina, engenharia, direito, ar-
tes etc - tem raiz na história do Brasil.
“Não dá pra negar que existe uma desi-
gualdade social muito grande no país e
que isso se reflete na distribuição das
oportunidades profissionais”, conside-
ra o médico.
Apesar disso, Daniel é contra a polí-
tica de cotas para minorias no vestibu-
lar. Para ele, o único jeito de o governo
interferir nessa trajetória injusta é in-
vestindo na educação fundamental. Ele
acredita que se brancos, negros e índi-
os tivessem uma boa formação desde
cedo, chegariam ao vestibular em pé de
igualdade. O futuro cirurgião defende,
ainda, que nada se conquista sem uma
boa dose de empenho pessoal de cada
cidadão. “Minha mãe sempre me disse
que eu teria que ser o melhor em tudo o
que fizesse para que ninguém jamais
duvidasse da minha capacidade. Tudo
o que eu consegui foi com muita luta.
Estou cansado de ver pessoas acomo-
dadas que passam a vida culpando o
mundo pelo fracasso pessoal”, alfineta.
Fim da entrevista. Daniel tem pres-
sa. Lá vai ele, pelos corredores do hos-
pital. Homem negro, jaleco branco, leva
um sorriso nos lábios e um estetoscó-
pio no peito, além do coração de mais
um médico brasileiro. �
Nota: Daniel de Miranda foi en-
trevistado em 2004 quando era R1
de Cirurgia Vascular na Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo.
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TTTTTango Argentinoango Argentinoango Argentinoango Argentinoango Argentino
Prof. Carlos Trajano
3a feira: 17h às 18h30
Valor mensal: R$ 20,00 (casal) e R$ 10,00
(individual) para sócios da APM e R$ 70,00
(casal) e R$ 40,00 (individual) para não sócios.
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Prof. Carlos Trajano
2ª feira: 10h às 11h30.
Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da
APM e R$ 35,00 para não sócios
Dança terap iaDança terap iaDança terap iaDança terap iaDança terap ia
Prof. Carlos Trajano
4ª feira: 10h às 11h30.
Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da
APM e R$ 35,00 para não sócios
PPPPPiano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Popularopularopularopularopular
(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)
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APM e R$ 150,00 para não sócios.
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5ª feira: 10h às 13h, 14h às 17h
Valor mensal: R$ 45,00 para sócios da
APM e R$ 140,00 para não sócios.
ESCOLADEARTES CHÁ COM CINEMA
Desde 1997, a APM promove des-
contração, cultura e lazer nas tardes
de quinta-feira. Exibições de fil-
mes, seguidas de chá da tarde com
sorteio e música ao vivo. Auditório
da APM. Ingressos: alimentos
não-perecíveis doados a entida-
des assistenciais. Reservas de
lugares devem ser feitas às segun-
das-feiras que antecedem ao evento.
CLÁSSICOS DO CINEMA
16/11– quinta - 14h
Tarde Demais para esquecer
114min., EUA, 1957.
Direção: Leo Maccarey, com
Cary Grant.
30/11 – quinta - 14h
Como era verde o meu vale
119 min., EUA, 1941.
Direção: John Ford.
CINE-DEBATEProjeção mensal de um filme temá-
tico relacionado ao cotidiano das
pessoas. Após a exibição do filme,
especialistas convidados analisam
e debatem com a platéia. Entrada
franca. Coordenação: Wimer Bo-
tura Júnior (psiquiatra).
24/11 – sexta - 20h
Nosso Querido Bob
100 min., EUA, 1991.
Direção: Frank Oz., com Bill Mur-
ray, Richard Dreyfuss e elenco.
Debate: o ingresso de uma pessoa
em uma família fatalmente gera al-
terações no sistema. Como evitar
que o inevitável desequilíbrio ini-
cial cause danos irreversíveis?
Grandes nomes da música erudita,
nacional e internacional, apresentam-
se na APM toda última quarta-feira
do mês.
25/10 - quarta - 20h30
Orquestra Antunes Câmara
MÚSICA EM PAUTA
AGENDA CULTURAL
Paulo Autran completa sua nona-
gésima montagem teatral com:
O AVARENTO, de Moliére
Trata-se de uma das últimas e geni-
ais comédias desse incrível autor.
Conta de forma hilariante a tragé-
dia de Harpagon, personagem ob-
cecada por valores superficiais. Em
uma caixa enterrada no jardim,
além das suas adoradas moedas,
Harpagon sufocou também todos
os seus valores e princípios éticos
perdidos. Não consegue enxergar
a felicidade tão próxima dele no
amor dos filhos e respeito dos ami-
gos, parentes e empregados. É uma
triste figura dominada pelo medo e
por uma ambição vazia que o leva-
rá à infelicidade e à solidão.
Teatro Cultura Artística - Sala Es-
ther Mesquita (1150 lugares) - Rua
Nestor Pestana, 196, Consolação.
Fone: (11) 3258-3344. Horário:
Quinta / Sexta / Sábado às
21h e Domingo às 18h. Tempora-
da: até 26 de novembro de 2006.
Preço Normal: de R$ 30,00 a R$
80,00 - Desconto de 20% para mé-
dicos associados, com direito
a um acompanhante.
TEATRO COM DESCONTO
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AGENDA CIENTÍFICA
NOVEMBRO • Qual a formação necessária parao médico da aviação segundo aAgência Nacional de AviaçãoCivil
Mesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosaeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Por quê?or quê?or quê?or quê?or quê?• Barotraumatismo – Helena
Peixoto• Cardiovascular - Vânia Melhado• Osteomuscular - João Castro• Psiquiátrica - Fábio Goffi• A Medicina de Aviação segundo
a União Européia - Francisco deOliveira
10/11 – sexta – 9hMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina dov ia j an tev i a j an tev i a j an tev i a j an tev i a j an te• Gripe aviária e o risco de
pandemia - Marcos Boulos• Gripe aviária - impacto na
aviação – Paulo Magalhães• Risco de pandemia - plano
brasileiro – Dirciara GarciaMesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Aconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicopara o viajantepara o viajantepara o viajantepara o viajantepara o viajante• Destino Brasil - Marcos Boulos• Destino Europa - Helena
BarriosMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: Diminuindoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordo• Hipóxia e baixa umidade - João
Castro• Baixa umidade - Paulo
DemenatoMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: Programasde segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool eoutras drogasoutras drogasoutras drogasoutras drogasoutras drogas• Palestra: Álcool e outras drogas -
Melchor Antunano• Programa da Embraer para
álcool e drogas - Carlos Santos• Programa da FRB para álcool e
drogas - Heber MathiasMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerpara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador daempresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?• Acidentes de trabalho no
pessoal aeronáutico de terra noreduto – Ana Hall
• Motivos de incapacidadedefinitiva no aeronauta – HelenaPeixoto
• Protocolos de admissão deaeronauta e de pessoal de terra– Margarida Lima
• Assembléia da SociedadeBrasileira de MedicinaAeroespacial
11/11 – sábado – 9hFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoPalestra: O Ensino da Medicina
Departamento de Acupuntura21/11 – terça – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Qi gong - meditação e
exercícios para a saúde - Dr. RuyTanigawa/ Dr. Luiz Sampaio
Departamento de Cancerologia23/11 – quinta – 19h111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada deCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCâncer GástricoOrganização: Agliberto Oliveira/Célia Oliveira/ Alice Garcia/Renato Samea• Epidemiologia do câncer gástrico
nas diversas regiões do mundo edo Brasil. Epidemiologia, fatorese comportamentos
• Diagnóstico das lesões iniciais: háindicações de rastreamentopopulacional e de gruposindividualizados?
• Novos métodos de diagnóstico• Tratamento cirúrgico: indicações
específicas das diversasmodalidades
• Tratamento sistêmico: o que háde novo?
• Discussão
Comitê Multidisciplinar deCitopatologiaCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer Vulvoulvoulvoulvoulvo-----VVVVVag ina lag ina lag ina lag ina lag ina lOrganização/ Coordenação: Profa.Dra. Suely Alperovitch/ Profa. Dra.Lúcia Carvalho/ Profa. Dra. KarlaDantas31/11 – quinta - 19h• Generalidades - Dra. Elizabeth
Leão• Exame cito-histopatológico -
Dra. Carla Kemp• Conduta atual - Dr. Ronaldo
Costa
Departamento de Coloproctologia06/11 – segunda – 9hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Atualização no tratamento da
constipação idiopática
Controle de Qualidade Hospitalar– CQH09 e 10/11 – quinta e sexta - 8h30Curso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de Processos(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)• Análise e transformação
organizacional• A organização e as partes
interessadas
• Mapa de relacionamento:compreendendo as questõescríticas do hospital
• Identificando e desenhando osprocessos-chave do hospital
Comitê Multidisciplinar de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorOrganização: Dr. Rubens Bergel08/11 – quarta – 20hModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaCoordenação: Joannis Liontakis• Equipe multidisciplinar em
fibromialgia - Dra Thais Pato• Medicina ou medicinas?
Concepção bio-médica e bio-psico-social - Dr. Rubens Bergel
• Avanços recentes em recursosmedicamentosos - Dr. Luiz Valle
23/11 - quinta – 20hLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaCoordenação: Dr. Valter Cescato• Fibromialgia: concepção e
terapêutica - Dr. Sidarta Dias• Visão do ortopedista - Dr. José
Forni• Lombalgia, lombociatalgia e
síndrome pós-laminectomia:visão do neurocirurgião - Dr.Arthur Poetscher
• Lombalgia, lombociatalgia esíndrome pós-laminectomia: umasomatização? implicaçõesterapêuticas - Dr. Rubens Bergel
Sociedade Brasileira de MedicinaAeroespacialI I I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leirode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de AviaçãoOrganização: Paulo Magalhães/Vânia Melhado/ Carlos Gerk Fº/Paulo Demenato/ Luiz Demenato09/11 – quinta – 9h• Palestra: Capacitação médica
especial para piloto - MelchorAntunano
• Aspectos fisiológicos doorganismo humano no espaço -Farhad Sahiar
• Teleconferência – A realidade damedicina espacial no dia-a-dia domédico brasileiro - ThaisRussomano
Mesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osrequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários paraformar o médico emformar o médico emformar o médico emformar o médico emformar o médico emexaminador?examinador?examinador?examinador?examinador?• Aspectos aero-médicos da
aviação comercial - MelchorAntunano
Aeroespacial na Wright StateUniversity - Farhad Sahiar• Novas especialidades - Ernani
Rolim• Realidades do ensino na
Universidade Gama Filho -Carlos Gerk • Laboratóriode microgravidade PUC-RS -Thaís Russomano
• Necessidade da formação - JorgeCuri
Departamento de Medicina deFamília e Comunidade14/11 – terça – 19h30Reunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaModerador: Dr. Marcelo LevitesVia WEBCAM: Prof. Wes Fabb -Austrália• Foco no aprendizado, a
contribuição da Medicina deFamília
Departamento de Medicina Físicae Reabilitação25/11 – sábado – 8h30Jornada PJornada PJornada PJornada PJornada Paul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de MedicinaFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t ação
Departamento de NeurologiaXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deSonoSonoSonoSonoSonoVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso Paulista deaulista deaulista deaulista deaulista deSonoSonoSonoSonoSonoV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deSonoSonoSonoSonoSono17/11 – sexta – 8h30Coordenação: José Mol, SueliRossini• Obesidade e bruxismo – Vera
Kogler e Maria de Luca• Obesidade e sono – Marlene
Monteiro• Insônia e transtornos alimentares
- Kátia LoureiroCoordenação: Sandro BlasiEspósito, Maria Lúcia Bulgari• Trabalho e distúrbios do sono -
Nancy Inocente• Sono e acidentes: o papel das
ONGs - Salomão Rabinovich• Sono e trabalho em turno -
Daniela UgaCoordenação: Jolene Oliveira,Nancy Julieta Inocente• Conseqüências crônicas da
insônia - Nely De Marchi• Estresse e sono - Maria Moreira• Insônia: visão psicossomática –
José RiechelmannCoordenação: José CarlosRiechelmann, Milene Bertolini• Mães de bebês com insônia –
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Programação para LeigosPrograma Educação para SaúdeCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: Dr. Severiano. Severiano. Severiano. Severiano. Severiano Atanes Atanes Atanes Atanes AtanesNettoNettoNettoNettoNetto08/11 – quarta – 14h22/11 – quarta – 14h
Narcolepsia para PacientesCoordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Eduardina TEduardina TEduardina TEduardina TEduardina Tenenbojmenenbojmenenbojmenenbojmenenbojm18/11 – sábado – 8h30• Aspectos neuropsicológicos nanarcolepsia – Mirleny Moraes• Atividade física como promotora de bem-estar – Ana Coelho e Luciana Lorenzini• Mecanismos de enfrentamento nanarcolepsia – Heloísa Rovere• Tratamento: papel da farmácia hospitalar– Auricélia Silva
Programa para Portadores de Insônia eFamiliaresCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaC o e l h oC o e l h oC o e l h oC o e l h oC o e l h o18/11 – sábado – 14h• Causas da insônia – Priscila Junqueira• Mudança de hábitos e insônia – JoleneOliveira• Orientações para controlar a insônia –Célia Rocha
OBSERVAÇÕES1 .1 .1 .1 .1 . Os sócios, estudantes, residentes e
outros prof iss ionais deverãoapresentar comprovante de categoriana Secretaria do Evento, a cadaparticipação em reuniões e/ou cursos.
2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real izaçãodo Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .
3 .3 .3 .3 .3 . As programações estão sujeitas aalterações.
INFORMAÇÕES/INSCRIÇÕES/LOCAL:Associação Paulista de MedicinaAv. Brigadeiro Luís Antônio, 278Tel.: (11) 3188-4252 –Departamento de EventosE-mail: [email protected]: www.apm.org.br
ESTACIONAMENTOS:Rua Francisca Miquelina, 67(exclusivo para sócios da APM)Rua Genebra, 296(Astra Park – 25% de desconto)Av. Brig. Luís Antonio, 436(Paramount – 20% de desconto)Av. Brig. Luís Antonio, 289 (OriginalPark)
PPPPProfrofrofrofrof. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza LimaDiretor de Eventos
PPPPProfrofrofrofrof. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lahDiretor Científico
Eduardina Tenenbojm• Aspectos moleculares da relação
entre epilepsia e sono - MarlyRosinha
• Aparelhos orais no respiradorbucal – Rosana Albertini
Mesa RMesa RMesa RMesa RMesa Redonda – Pedonda – Pedonda – Pedonda – Pedonda – PesquisaesquisaesquisaesquisaesquisaCoordenação: Sérgio Nolasco,Sueli Rossini• Sono do trabalhador na
entressafra – Joseane Lima• Distúrbios do sono em
drogadictos – Adriana Peraro• Distúrbios em doenças crônicas
– Cristiana Corrêa• Sono do adolescente – Gema
de Mesquita• Sono e transtornos psiquiátricos
- Geisa de Angelis• Sono e deficiência mental –
Célia RochaWWWWWorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandosobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre NarcolepsiaCoordenação: Carmen Proença,Heloísa Dal RovereCoordenação: Michele Dominici,Sylvia Joffily• Transtorno do déficit de atenção
e hiperatividade: avanços –Wimer Bottura Jr
• Epilepsia e sono – SandroEsposito
• Epilepsia durante o sono esonambulismo: como diferenciar?- Atíllio Melluso
Coordenação: Carlos Bein, LilianeLacerda• Fibromialgia e insônia – Bianca
Nazário• Dor e sono: contribuições
psicanalíticas - Sueli Rossini• Sono em nonagenários
institucionalizados – Ana CoelhoCoordenação: Daniela Uga, NelyDe Marchi• Qualidade de vida e de sono –
Carlos de Andrade• Epidemiologia dos distúrbios do
sono – Cláudia Hara• Polissonografia da doença de
Parkinson – Mônica de SouzaMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosCoordenação: Adriana Peraro,Maria Nilza Moreira• Cognição e sonho - Sylvia Joffily• Grupos de sonhos – Marion
Gallbach• O tempo e os sonhos –
Therezinha Leite• Neurofisiologia do sono –
Agostinho RosaDebatedores: Joaquim Alho Fº eSueli RossiniCoordenação: Maria de Luca,
Luciana Lorenzini• Memória e atenção em
narcolepsia - Mirleny de Moraes• Narcolepsia - modelo canino -
Clara Inocente• Sonolência excessiva,
produtividade e impacto social -Heloísa Rovere
• Sonolência excessiva na clínica –José Mól
Coordenação: Joseane de Lima,Carlos Laganá de Andrade• Orientação de pacientes com
insônia - Lys Boas• Sonhos na atividade clínica –
Carlos Bein• Jung, sono e sonhos – Cecília
Grandke
18/11 – sábado – 8h30Coordenação: Gema de Mesquita,Kátia Loureiro• Distúrbios do sono na terceira
idade – Jolene Oliveira• Sono no idoso institucionalizado
– Maria Lucia Bulgari• A insônia no idoso - Joaquim
Alho FºMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoCoordenação: Sung Joo,Therezinha Leite• Experiência no Instituto do Sono
de Belo Horizonte – DirceuCampos
• O ensino da Medicina do Sonona Universidade - RubensReimão
• Minha experiência em Medicinado Sono - Paulo Vaz de Arruda
Composição da Mesa: José Mól,Therezinha Leite, RubensReimão, Sueli Rossini, PauloArruda• Prêmio J.J. Barros e Prêmio
Marco Elizabetsky• Avanços em Polissonografia -
Agostinho Rosa• Doenças Neurológicas e
Compromentimento do Sono -Michele Dominici
Mesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoCoordenação: Cristiana Corrêa,Mônica de Souza• Parassonias e epilepsias –
Michele Dominici• Polissonografia e distúrbios do
sono - Agostinho RosaDebatedores: Paulo Vaz de Arrudae Attílio MellusoCoordenação: Nancy JulietaInocente, Gema de Mesquita• Privação do Sono no
Adolescente - Maria Bulgari• Depressão no Idoso - Maria
Moreira• Distúrbios do Sono na Mulher –
Carmen ProençaCoordenação: Lys Boas, Geisa deAngelis• A polissonografia neonatal –
Kátia Schmutzler• Psicologia da cirurgia bariátrica –
Marlene Monteiro• O sono nas doenças de
Parkinson e Alzheimer – RubensReimão
• Distúrbios do sono no TDAH –Sérgio Nolasco
Apresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosClínicos/TClínicos/TClínicos/TClínicos/TClínicos/Temas Livresemas Livresemas Livresemas Livresemas LivresCoordenação: Nely De Marchi eWimer Bottura Jr.Coordenação: Reinaldo Gusmão,Vera Kogler• SAOS em crianças: como eu
trato – Reinaldo Gusmão• Respiração oral e SAOS:
prevenção e reabilitação –Milene Bertolini
• Papel do ORL na apnéia dosono – Sung Joo
Departamento de Nutrologia16/11 – quinta – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Aspectos gerais da terapia
nutrológica enteral e parenteral -Dra. Eline Soriano
Departamento de PatologiaClínica30/11 - quinta – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Antifungigrama: quando solicitar
e como interpretar - Dra.Angélica Schreiber
Comitê Multidisciplinar dePsicologia Médica25/11 – sábado – 8h30Jornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaO Profissional de Saúde: Bem-Estar na Atividade Pessoal,Profissional, Cultural, Social eEspiritualCoordenação: Dra. Vânia deCastro Moreira• Estratégias de enfrentamento da
morte e do morrer – Dr. MarcoFigueiredo
• O caminho para atransformação: espiritualidade –Dr. Décio Natrielli
• Debate
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Produtos&
Serviços
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AVISO: Quando não consta,o prefixo do telefone é 11.
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Salas e/ou períodos em centro médico de altopadrão nos Jardins, próx. HC. Salas equipadasc/ toda IE. Funcionam de segunda a sábado.Fones 3064-4011 e 3082-0466 (Valdira/Daniel)
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Sala em clinica de alto padrão, c/ infra-estrutura completa, no Jardim Paulista. Av.Brig. Luiz Antônio, 4277. Fones 3052-3377ou 3887-6831
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Sala para consultório por período à r. Vergueiro,próxima à estação Vila Mariana do metrô. Fones5049-1031 e 5087-4311
Sala ou período p/ cons. médico equipado,clínica c/ IE compl. Prédio comercial, c/segurança e estac. R. Vergueiro, próx. metrôVila Mariana. Fones 5575-7646 e 5575-3085(Denise)
Sala no Morumbi Medical Center. Próx. aoHosp. Albert Eintein, São Luiz, Darcy Vargas,Iguatemi. Prédio c/ segurança, ar cond.,laboratório, estacion. c/ manobrista. Fone3721-5666 (Esther)
Sala em Moema, com médica, preferencial-mente, psicólogo ou psiquiatra, das 8h às 15h.Fone 8131-7795 (Maurício)
Salas em consultório de alto padrão c/ infra-estrutura completa, na Aclimação. Fone3208-5546 (Cléo)
Salas para consultório, com IE montada, arcondicionado, recepcionista, som ambiente efácil acesso. Rua Estela, 471 Paraíso. Fones5571-0789 e 5575-3031 (Eunice)
Salas ou períodos em clínica de alto padrão,com toda IE. Próximas ao Hospital BeneficênciaPortuguesa. Fone 3284-8742
Salas p/ médicos e áreas afins, mensal ou p/período de 6h. Clínica de alto padrão, comtoda IE , próx. metrô Paraíso, Central Park e23 de maio. R. Estela, 455. Fones 5571-0190,5083-9468 e 5083-9469
Salas ou períodos, consult. alto padrão p/médicos e afins. R. Luiz Coelho, 308, entrePaulista e Augusta, c/ estac., próx. metrôConsolação. Fones 3256-8541 e 3259-9433
Salas, consult. médico c/ toda IE. R. Pio XI, Lapa.Integral, períodos, p/ horas. Inclusive p/psicólogas, fonoaudiólogas, nutricionistas.Fones 3644-4043 ou 3644-3274
Salas, clínica c/ infra-estrutura completa. Ótimopadrão, prédio novo. Períodos/integral,Aclimação, 20m do metrô Vergueiro. Fone3271-7007 (Elizabeth)
Vila Mariana, sala p/ médicos, dentistas,psicólogos. Período ou integral. Consultório c/toda infra-estrutura. Próximo ao metrô AnaRosa. Fones 5575-5170 e 9980-6436(Cristina)
Vila Mariana. Sala por período. Rua SenaMadureira, 80. Próxima à estação do metrôVila Mariana. Ótimo ambiente e estacionamentopara 10 carros. Fone 5083-6881
Terreno à av. Giovanni Gronchi, 6.800 (emfrente ao Shopping Jd. Sul), 20m de frente. Preçoa combinar. Fones 9593-3004 e 5533-0990(dr. José)
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Aptº à r. Mateus Grou, no bairro de Pinheiros,em SP, c/ 01 dormitório, suíte, 02 varandas,terraço, cozinha, banheiro, garagem, piscina.R$ 130 mil. Fones 3666-9301 e 3662-0935(Tiana ou dr. Estevam)
Aptº Guarujá/Enseada. Cobertura p/ temporadase fins de semana. 02 quartos, c/ piscina,churrasqueira e 01 vaga gar. Fones 5573-9478e 9529-1968 (Sun)
Sala para prof iss ional de saúde, comsecretária e telefone, próxima ao metrôRepública. Fones 3338-0033 e 3361-8283(Mª Lucia ou Mª Julia)
Salas com toda IE no Tatuapé, ótimalocalização. Fone 8397-8470 (dra. Cristiane)
Salas por hora, mobiliadas. R$ 12,00 p/ hora.Clínica c/ 15 anos de funcionamento, com todaIE, atendimento, secretária, fone, fax etc. A partirde R$ 60,00 mensais. Fones 6236-7432 e9746-4928
Consultório Paraíso. Próximo ao metrô. 04 salasc/ ar condic., 03 banheiros, 02 vagas degaragem, fino acabamento. Ótima infra-estrutura. R. Maestro Cardim, 407, cj. 902. Fone3105-3038 (sr. Cláudio)
Consultório por período, dias, estacionamentopara médicos. Atende-se das 9h às 19h. Altopadrão. R. João Cachoeira. Fone 3168-8609(Sheila)
Clínica de alto padrão, com toda IE, no CampoBelo. R. Zacarias de Góis. Sala por período ouintegral. Horário das 9h às 18h. Já funciona comdermato, cirurgiões dentistas e psicóloga. Fone9996-3821 (Deise)
Sala ou períodos para consultório médicoequipado. Clínica de alto padrão, com IEcompleta, prédio comercial com segurança eestacionamento. R. Vergueiro. Próxima aometrô Vila Mariana. Fones 5575-3085 e5575-7646 (Denise)
Casa térrea c/ estacionamento, metrô Paraíso.Linda clínica, alto padrão. Recepcionista das 8hàs 20h. Toda IE, internet, recepção ampla c/jardim. Salas ou períodos para médicos. Fone5572-0299
Consultório com instalações amplas e modernas.Todo mobil iado (completo). 03 l inhastelefônicas, fax, todo informatizado, comestacionamento. Aluga-se por período. Fones3078-9057 e 3078-0078
Sala de 30m², à r. Itapeva, 366, cj. 44, emconsultório montado c/ toda IE, sala de esperae garagem privativa. Fones 3288-8180
Sala ou períodos em consultório para médicosou profissionais da saúde, à r. Alexandre Dumas(Chácara Sto Antônio). Fone 5183-7319 comSandra (3ª à 6ª, das 8h30 às 12h e das 13h30às 19h)
Sala p/ médicos e afins em sobrado na VilaMariana (r. Pedro de Toledo), com toda IE eamplo estacionamento. Fone 5579-3561
Sala p/ médicos ou psicólogos, período ouintegral, c/ toda IE, em rua tranqüila em Moema.Fone 5044-7147 (Ana Paula)
Salas p/ pediatria e especialidades da área, emfrente ao Hospital Samaritano. Fone 3667-5412/3826.2847 (Patrícia ou Francisca)
Sala de alto padrão em consultório no JardimPaulista. Fone 3887-6717 (Paula ou Rosely)
Casa nas imediações do Hospital São Paulo, àr. Napoleão de Barros. Já adaptado para clínicaou consultórios. Fone 3338-1825
Clínica médica em Santana, período ou mensal,c/ infra-estrutura completa para médicos epsicólogos. Fone 6979-7004 (Vânia)
Conjunto em centro comercial. R. PeixotoGomide, 515, cj. 152. Fone 3287-6103
Conjuntos 114/115, comercial no Itaim OfficeBuilding, à r. Bandeira Paulista, 662. Fones3253-8712 e 3284-0437
CLASSIFICADOS
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Aptº tipo flat com quarto, sala, cozinhaamericana, lavanderia, varanda e garagem, p/residente ou médico sozinho, ao lado do Hosp.São Camilo. Av. Pompéia. Condomínio R$120,00. Fones 3277-4299, 3277-8077 e2157-0048
Casa, Praia da Baleia – Litoral Norte, p/ 10pessoas, condomínio fechado. Férias e feriados.Fone: 9178-6473 ou 5181-9042
Sobrado c/ 04 salas amplas p/ consultóriomédico ou p/ psicólogos, edícula completa c/sala ampla, banheiro, cozinha etc. Vaga p/ 02carros. Fone 5571-9092 (Regina)
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Revista da APM Outubro de 2006
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