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Prezados Associados da SBNp,
Nesta nova edio do Boletim de Abril, temos o texto do Prof. Guilherme Me-
nezes Lage, intitulado Dimenses da impulsividade: o bom, o mau e o feio no
controle motor, no qual discorre sobre um belssimo trabalho sobre neuropsi-
cologia, impulsividade e controle motor, com resultados interessantes para a
literatura sobre funes executivas.
Na edio deste ms ainda temos a entrevista do Prof. Dr. Rohde relatando o
papel essencial da neuropsicologia no contexto clnico para diagnstico e es-
tudo do Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade.
Na sesso de relatos, temos o relato de pesquisa I Funes executivas em
crianas de 3 a 7 anos: Jogo das Cartas Mgicas doutoranda Emmy Ueha-
ra. J o relato de pesquisa II Funes Executivas e Transtornos Emocionais
em Populaes Clnicas escrito pela Profa. Da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul Rosa Maria Martins de Almeida que aborda resultados sobre a
relao entre as funes executivas e pacientes com Parkinson.
Ainda nesta edio inauguramos uma nova sesso chamada perspectivas
profissionais em neuropsicologia. O objetivo poder discutir a respeito da
prtica do neuropsiclogo, mostrando a diversidade de atuaes e o campo de
atuao da rea. Iniciamos nossa sesso com o relato do Alexandre Ferreira
Campos, que Psiclogo e atua na Secretaria da Educao do Estado de Mi-
nas Gerais.
Temos tambm na sesso de eventos, a notcia sobre o I Congresso Mineiro
de Neuropsicologia, bem como informaes para o prximo evento da rea, o
8 Congresso Brasileiro de Crebro Comportamento e Emoes, que ter
sua edio realizada em So Paulo-SP no prximo ms.
Desejamos a todos uma excelente leitura!
Equipe Boletim da SBNp
Editorial
Nesta edio:
BOLETIM SBNp
Gesto 2011-2013 -Edio Abril - 2012
Dimenses da impulsivida-
de: o bom, o mau e o feio
no controle motor
Relato de pesquisa I
Projees metonmicas em
afsicos de Broca
Relato de pesquisa II
Funes Executivas e
Transtornos Emocionais
em Populaes Clnicas
Entrevista do ms
Lus Augusto Paim Rohde
Perspectivas profissionais
em neuropsicologia
Alexandre Ferreira Campos
NEUROeventos
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impulsividade. Em inmeros contextos
observa-se uma alta demanda temporal
e/ou espacial sobre o controle motor,
exigindo assim diferentes nveis de
compromisso (trade-off) entre velocida-
de e acurcia. Alguns estudos tm sido
conduzidos nesse sentido. Lage et al.
(2012a) observaram que em uma tarefa
de deslocamento rpido da mo a um
alvo (tarefa de apontamento), a impulsi-
vidade motora (caracterizada por dfi-
cits no controle inibitrio) est mais
associada ao controle motor do que a
impulsividade por falta de planejamen-
to.
As associaes encontradas entre a
impulsividade motora e o controle motor
em uma populao no-clnica (Lage et
al., 2012a) podem ser em parte inferi-
das a partir de anlises antomo-
funcionais do crebro. reas crticas
para o controle inibitrio como o crtex
pr-frontal dorsolateral (CPFD) esto
interconectadas tanto no sentido funcio-
nal como anatmico com reas associ-
adas ao controle motor, tais como o
crtex pr-motor e a rea motora suple-
mentar (Tanji, 1994). Por outro lado, a
impulsividade por falta de planejamento
parece no estar diretamente associa-
da ao controle motor tanto no aspecto
A impulsividade pode ser entendida como um fentipo composto por do-
mnios relativamente independentes.
Por exemplo, Barrat e colegas
(Patton, Stanford e Barrat, 1995) pro-
pem a existncia de trs diferentes
dimenses da impulsividade: (1) a
impulsividade atencional caracteriza-
da pela emisso de comportamentos
inadequados, descontextualizados
devido a dficits na capacidade de
ateno sustentada, (2) a impulsivida-
de motora revelada pela emisso de
comportamentos de rompante, moti-
vados pelo calor do momento e (3) a
impulsividade por falta de planeja-
mento observada na tomada de deci-
so pautada nas recompensas mo-
mentneas sem um julgamento ade-
quado das possveis consequncias
negativas a longo prazo.
A maioria dos estudos aborda a im-
pulsividade como algo negativo, dis-
funcional, independente do contexto
ou do domnio humano em que est
sendo analisada. Quando aes rpi-
das, automticas, apresentam resulta-
dos positivos, as pessoas tendem a
classific-las no como sinal de impul-
sividade, mas como um indicativo de
espontaneidade, rapidez, coragem ou
criatividade. Uma exceo observada
na literatura o modelo de Dickman
(1990), o qual prope a existncia de
dois tipos de impulsividade. A impulsi-
vidade disfuncional est associada ao
conceito clssico de impulsividade.
Por outro lado, tambm proposto o
conceito de impulsividade funcional, o
qual relaciona-se tendncia que o
sujeito tem para pensar, agir e falar
rapidamente sem perdas consistentes
na acurcia. Nesse modelo, assume-
se que diferenas individuais no trao
de personalidade impulsivo esto
associadas a diferentes nveis de
comprometimento entre acurcia e
velocidade de resposta.
O domnio motor parece ser um inte-
ressante campo para a avaliao das
possveis propriedades adaptativas da
estrutural quanto funcional. No aspecto
funcional, por exemplo, parece que a
habilidade para postergar gratificao
no uma varivel de influncia no de-
sempenho de tarefas de apontamento
rpido.
Mas o achado mais interessante que a
demanda percepto-motora da tarefa pode
influenciar a emergncia de aspectos
funcionais ou disfuncionais da impulsivi-
dade motora. Como esperado, sujeitos
mais impulsivos apresentaram pior de-
sempenho comparado a sujeitos menos
impulsivos em condies de execuo
que demandavam inibio de resposta e
preciso espacial no acerto ao alvo. En-
tretanto, foi observado que em uma situa-
o experimental especfica, na qual os
sujeitos deveriam executar o movimento
sobre uma maior presso de espao e
tempo, os sujeitos mais impulsivos apre-
sentaram melhor desempenho. Em con-
dies onde a demanda espacial e tem-
poral alta, provvel que o processa-
mento implcito/automtico observado
nos sujeitos mais impulsivos seja mais
efetivo, ou seja, apresente uma caracte-
rstica funcional, adaptativa. Por outro
lado, o planejamento controlado e refleti-
do de sujeitos menos impulsivos, que
envolve conscincia e lentido, pode ser
contraprodutivo (Lage et al., 2012a).
Esses achados devem ter um impacto
interessante em determinados esportes,
j que em determinadas situaes a de-
manda espacial e temporal sobre a ao
do atleta extremamente alta. Um pri-
meiro passo na investigao sobre o pa-
pel da impulsividade no desempenho
tcnico de atletas foi dado em um estudo
exploratrio (Lage et al., 2011). Nesse
estudo realizado com atletas de hande-
bol, foi correlacionado o desempenho
motor avaliado durante partidas de um
campeonato com os nveis de impulsivi-
dade atencional, motora e por falta de
planejamento avaliados atravs de testes
neuropsicolgicos. A impulsividade aten-
cional e motora .
Dimenses da impulsividade: o bom, o mau e o feio no controle motor
Guilherme Menezes Lage
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Referncias
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dysfunctional impulsivity: personality
and cognitive correlates. Journal of
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Lage, G.M.; Malloy-Diniz, L.F.; Moraes,
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association between impulsivity and
manual aiming control. Human
Movement Science.
Lage, G.M.; Malloy-Diniz, L.F.; Fialho,
J.V.A.; Gomes, C.M.; Albuquerque,
M.R.; Corra, H. (2012b). Correla-
o entre as dimenses da impulsi-
vidade e o controle em uma tarefa
motora de timing. Brazilian Journal
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Patton, J.H.; Stanford, M.S.; Barrat, E.S.
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Tanji, J. (1994). The supplementary motor
area in the cerebral cortex. Neuro-
science Research, 19, 251-268.
estiveram associadas a compor-
tamentos disfuncionais, enquan-
to a impulsividade por falta de
planejamento associada a com-
portamentos funcionais. Os re-
sultados divergentes que foram
encontrados entre um estudo
com tarefa motora de laborat-
rio (Lage et al., 2012a) e um
estudo com tarefas mais ecol-
gicas (Lage et al., 2011) refor-
am a noo de que a impulsivi-
dade funcional est associada
demanda percepto-motora da
tarefa avaliada. No caso do han-
debol, o arremesso ao gol sob
forte marcao da defesa, por
exemplo, apresenta diferentes
demandas cognitivas quando
comparado ao deslocamento da
mo a um simples alvo. No pri-
meiro caso, aspectos como a
escolha pela recompensa imedi-
ata (ex. arremessar e tentar fa-
zer o gol) ou pela postergao
da gratificao (ex. passar a
bola a um companheiro melhor
posicionado, para que ele faa
o gol) so fatores que parecem
influenciar a qualidade da res-
posta, j esse tipo de tomada
de deciso no parece ter im-
pacto direto no caso da tarefa
de apontamento manual.
Parece que um fator-chave para
a emergncia da impulsividade
funcional a forte demanda por
tempo e espao. Quando a tare-
fa motora no requer velocida-
de, mas sim a execuo em um
tempo-alvo (tarefa de timing
coincidente) a impulsividade
funcional no emerge em ne-
nhuma das possveis dimen-
ses (Lage et al., 2012b). Ao
menos no domnio motor, pos-
svel que passemos a observar
a impulsividade no s sob a
perspectiva do mau e do feio,
mas tambm a do bom.
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Guilherme Menezes Lage
Bacharel em Educao Fsica (1999),
especialista em Treinamento Esportivo
(2001), mestre em Educao Fsica
(2005) e doutor em Neurocincias pela
UFMG (2010). professor Assistente III
da Universidade FUMEC. pesquisa-
dor do: 1) Grupo de Estudos em Desen-
volvimento e Aprendizagem Motora
(GEDAM) da UFMG; 2) Grupo de Pes-
quisa em Ensino, Controle e Aprendiza-
gem na Performance Musical da UFMG
(ECAPMUS); (3) Laboratrios Integra-
dos de Neurospicologia (LINEU) (UFMG
Na compreenso da patofisiologia do
transtorno, portanto, a Neuropsicologia
uma ferramenta fundamental e acre-
dito que com a evoluo de determina-
es fenotpicas mais homogneas
poderemos trabalhar com a Neuropsi-
cologia como uma ferramenta que atin-
ja, assim como a neuroimagem, um
status clnico importante. Isso na medi-
da em que ela possa sair dos estudos
que avaliam indivduos afetados versus
controles com desenvolvimento tpico e
possa auxiliar a definir fronteiras entre o
t ranstorno e as d iversas co -
morbidades. Nesse ponto, ser impor-
tante associar elementos da Neuropsi-
cologia que nos indiquem qual o trata-
mento mais indicado e qual a probabili-
dade de resposta. A evoluo do co-
nhecimento cada vez mais vai torn-la
prxima no sentido de nos ajudar a
entender a clnica do TDAH, sendo uma
ferramenta de diagnstico e de determi-
nao de qual conduta clnica a ser
tomada. Ento, nesse momento, a Neu-
ropsicologia importante no entendi-
mento da fisiopatologia. Em relao
Psiquiatria do Desenvolvimento, ns
estivemos trabalhando com diversas
baterias neuropsicolgicas a fim de
compreender melhor quais fatores do
processamento neuropsicolgico colo-
cam o indivduo em risco para que um
transtorno mental progrida at o trans-
torno mental completo. Ento ns esta-
mos preocupados com marcadores
genticos, marcadores neuropsicolgi-
cos e marcadores de neuroimagem
para entender as trajetrias dos trans-
Atualmente, qual o seu contato
com a Neuropsicologia?
O meu contato com a Neuropsicologia
se d em dois campos. Em primeiro
lugar, no campo de pesquisa. As mi-
nhas reas principais de pesquisa
hoje se relacionam com o Transtorno
de Dficit de Ateno e Hiperatividade
(TDAH), que o meu foco principal h
mais de 15 anos. Em segundo lugar,
tenho trabalhado, nos ltimos cinco
anos, com a perspectiva da Psiquiatri-
a do Desenvolvimento com a criao,
atravs do suporte do CNPq e da
FAPESP, do Instituto Nacional de
Psiquiatria do Desenvolvimento, onde
atuo como vice-lder com o Prof. Eur-
pedes Miguel Filho. Tambm tenho
trabalho em funo das minhas cone-
xes com os sistemas classificatrios
internacionais, principalmente o DSM-
V, nas questes de diagnstico psi-
quitrico com enfoque maior na infn-
cia e na adolescncia. Em qualquer
dessas reas, a Neuropsicologia tem
um papel essencial. No caso do
TDAH, embora os testes neuropsico-
lgicos no tenham um valor preditivo
positivo e negativo suficiente a ponto
de serem incorporados como ferra-
mentas diagnsticas, eles so de ex-
trema importncia para que possamos
compreender os processos fisiopato-
lgicos que esto determinando o
TDAH. Hoje sabemos, por exemplo,
que os aspectos genticos tm uma
relevncia muito grande na etiologia
do TDAH, s que devido heteroge-
neidade clnica do transtorno, muito
difcil encontrar associaes, ento
buscamos endofentipos intermedi-
rios e, nesta definio, as avaliaes
neuropsicolgicas so fundamentais.
Por exemplo, sabemos que uma ca-
racterstica clara de crianas, adoles-
centes e adultos com TDAH uma
variabilidade no tempo de reao (TR)
em diversos testes neuropsicolgicos.
As pesquisas genticas correlacio-
nando essas variaes de TR so
muito mais promissoras que quando
se analisa fentipos como um todo.
tornos mentais na infncia e adolescn-
cia. No mbito do diagnstico psiquitri-
co, vale a mesma coisa que para o
TDAH, ou seja, a Neuropsicologia cola-
bora no sentido de ser uma ferramenta
diagnstica auxiliar, aumentando sua
validade preditiva negativa e positiva
para que vrios transtornos faam parte
dos sistemas classificatrios. No mbito
do atendimento clnico, utilizo a Neurop-
sicologia em todas as minhas avalia-
es, pois faz parte da avaliao padro
a solicitao de uma avaliao para um
neuropsiclogo, seja para ter uma infor-
mao do desenvolvimento cognitivo
atravs do WISC e do WAIS ou outros
testes neuropsicolgicos, seja para ter
uma ideia do desenvolvimento cognitivo,
que fundamental quando se faz um
fechamento do caso e para poder enten-
der quais so as dificuldades e potenciali-
dades daquele indivduo e fazer um pla-
nejamento. claro que, dependendo da
patologia em questo, os testes nos auxi-
liam tambm na compreenso e podem
nos dar ainda uma informao que auxilia
no entendimento completo do indivduo
que tem a doena.
Quais so as mudanas previstas para
os critrios diagnsticos do TDAH no
DSM-V?
O DSM-V ser publicado em maio de
2013. Avanos em termos de pesquisas
de neuroimagem, genticas e neuropsi-
colgicas em todos os transtornos, com
exceo da Doena de Alzheimer, no
esto ainda suficientemente maduras
para serem incorporadas como parte do
sistema classificatrio. Ento vamos ter
um DSM-V com melhoras em relao a
aspectos inadequados da descrio feno-
tpica dos transtornos mentais, mas que
ainda vai estar longe de aproximar o di-
agnstico em Psiquiatria e aspectos fisio-
patolgicos. Precisamos avanar muito
na pesquisa para poder incorporar mar-
cadores biolgicos advindos da neuroi-
magem, neuropsicologia e gentica no
diagnstico psiquitrico.
Lus Augusto Paim Rohde Por: Juliana Sbicigo
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permitam colocar uma ferramenta que
inequvoca na eficcia. Posso dizer que
o treinamento atencional e de memria
de trabalho uma rea que ns temos
nos interessado em trabalhar na pes-
quisa, pois achamos que pode ter um
espao como ferramentas de tratamen-
to. Contudo, ainda precisam de evidn-
cias cientficas para que possamos
determinar seu lugar no tratamento do
TDAH.
Em sua equipe, quais especialidades
esto envolvidas no estudo do
TDAH?
Nossa equipe conta com psiquiatras,
alunos do mestrado e doutorado em
Psiquiatria, Neuropsicologia e Psicolo-
gia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), geneticistas,
alunos do Departamento de Gentica e
Biologia Molecular da UFRGS, profis-
sionais que trabalham com neuroima-
gem, pedagogos, psicoterapeutas cog-
nitivo-comportamentais, profissionais
mais voltados a elementos educacio-
nais e auxiliares de pesquisa. Ento
uma equipe interdisciplinar estudando o
TDAH. O dilogo entre eles ocorre a
partir de pontos de aproximao no
estudo do transtorno.
Quais so os desafios para quem
pretende trabalhar com o TDAH?
O primeiro conselho se aproximar de
grupos produtivos na rea de TDAH no
pas. Existem vrios grupos produtivos
bem estabelecidos como o grupo do
Prof. Paulo Mattos, no Rio de Janeiro, o
grupo do professor Guilherme Po-
lanczyk, na Universidade de So Paulo,
e o nosso grupo, na UFRGS, dentre
outros grupos que so produtivos. O
primeiro passo se apropriar do que
est sendo discutido a respeito do as-
sunto. reas de desafio ou reas novas
em termos de TDAH consistem na ava-
liao de determinantes genticas que
chamamos de variantes raras do
TDAH. Essa uma rea promissora, na
qual se busca associaes entre altera-
es de neuroimagem, genticas e
neuropsicolgicas, como dito antes,
para que possamos entender a fisiopa-
tologia do transtorno. Estamos em um
momento de renovao dos critrios
No DSM-V haver melhoras no caso
do TDAH, pois h uma proposta de
adequao dos critrios para idade
adulta e de reviso do critrio de ida-
de de incio dos sintomas antes dos
sete anos buscando expandir at 12
anos. Isso porque a pesquisa mostra
que no h justificativa para determi-
nar a presena de sintomas causan-
do prejuzos antes dos sete anos.
Alm disso, haver eliminao do
critrio de excluso da possibilidade
do diagnstico na presena de qua-
dros de Transtorno Global do Desen-
volvimento. Ento haver uma srie
de melhoras quanto ao ajuste dos
critrios fenotpicos baseados nas
evidncias disponveis atualmente.
Como se configura o tratamento
do TDAH? H alguma proposta de
interveno direcionada s habili-
dades cognitivas?
O tratamento do TDAH deve ser indi-
vidualizado, depender do estgio do
desenvolvimento em que o indivduo
est para que se possa ter uma idia
baseada em evidncias sobre qual
a interveno mais adequada. Para
uma criana em idade escolar, antes
dos seis anos, provavelmente a pri-
meira indicao o treinamento de
pais, uma tcnica comportamental de
treino parental. No caso de uma cri-
ana em idade escolar, dependendo
das co-morbidades, a primeira indica-
o pode ser o uso de medicao ou
pode ser uma indicao de tratamen-
to combinado. Um adulto pode ter
uma indicao de tratamento psicote-
rpico cognitivo-comportamental, j
que existem ensaios clnicos rando-
mizados demonstrando a eficcia da
combinao de terapia junto medi-
cao. Quanto a intervenes especi-
ficamente neuropsicolgicas, o que
temos de mais recente o treinamen-
to atencional. Existem programas
como o Cognitive Plus, alguns pro-
gramas de treinamento cognitivo que
visam a trabalhar aspectos atencio-
nais e aspectos de memria de traba-
lho para ajudar no TDAH. As pesqui-
sas iniciais com essas tcnicas tem
sido promissoras, mais ainda no
temos uma quantidade de estudos
randomizados controlados que nos
diagnsticos da Associao Americana
e da Organizao Mundial da Sade,
ento determinaes fenotpicas, por
exemplo, do diagnstico em adultos
uma rea bastante promissora, j que
o diagnstico foi sempre estabelecido
com base na discusso dos achados
fenotpicos em crianas e adolescen-
tes. Ento precisamos evoluir para
verificar como so essas manifesta-
es, se elas se modificam em adul-
tos. Ento penso que a rea mais de-
safiadora a do diagnstico fenotpico
na idade adulta.
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Prof. Dr. Lus Augusto Paim Rohde
Professor Associado de Psiquiatria da
Infncia e da Adolescncia do Depar-
tamento de Psiquiatria da Universida-
de Federal do Rio Grande do Sul e
diretor do Programa de Dficit de
Ateno/Hiperatividade no Hospital
de Clnicas de Porto Alegre
Os seres humanos so capazes de lidar com novas situaes e se adaptar s
mudanas de forma rpida e flexvel. As
habilidades cognitivas que permitem ao
indivduo controlar e regular seus pensa-
mentos e comportamentos so denomi-
nadas funes executivas FE (Zelazo,
Muller, Frye e Marcovitch, 2003). As FE
englobam um conjunto altamente com-
plexo de habilidades inter-relacionadas
tais como flexibilidade cognitiva, controle
inibitrio e memria de trabalho(Garon,
Bryson e Smith, 2008).
A flexibilidade cognitiva diz respeito
capacidade de alternar o curso das a-
es ou dos pensamentos de acordo
com as exigncias do ambiente
(Diamond, 2006). considerada um dos
principais componentes de controle cog-
nitivo juntamente com a capacidade de
atualizao da memria de trabalho
(manipulao e utilizao de informa-
es retidas na mente) e inibio
(supresso de estmulos irrelevantes ou
respostas inapropriadas)(Huizinga, Do-
lan e van der Molen, 2007).
Uma srie de paradigmas foi desenvolvi-
do para investigar a flexibilidade cogniti-
va em crianas e adultos, onde a medida
mais conhecida o Teste Wisconsin de
Classificao de Cartas WCST (Grant
e Berg, 1948). J em pr-escolares, a
flexibilidade tem sido investigada usando
tarefas parecidas com o WCST, em que
as crianas devem ordenar os cartes
(Frye, Zelazo e Palfai, 1995; Zelazo,
Mller, Frye e Marcovitch, 2003) ou es-
colher os itens com base em vrias ca-
ractersticas perceptivas, normalmente
cor e forma(Chevalier e Blaye, 2008;
Deak, 2000). A tarefa mais difundida em
pr-escolares o Dimensional Change-
CardSort (DCCS), infelizmente, ainda sem
traduo para o portugus(Frye et al,
1995).
Portanto, com base nessa ltima tarefa,
nosso objetivo foi desenvolver um teste
computadorizado para avaliar habilidades
executivas em crianas de 3 a 7 anos
intitulado "Jogo das Cartas Mgicas
(JCM)". O teste uma verso adaptada e
computadorizada do DCCS tendo como a
temtica: o circo. Ele dividido em seis
partes: dados de identificao da criana,
treinamento da tarefa, trs fases do jogo,
resultado geral, feedback da criana e
feedback do comportamento da mesma
enviado pelo avaliador e dados brutos tais
como tempo de durao e de reao.
O Jogo das Cartas Mgicas pode ser exe-
cutado em qualquer navegador e sistema
operacional com os programas Adobe
Flash Player 9 e Adobe AIR 2.3 instala-
dos. Os dados de input podem ser inseri-
dos por mouse ou teclado, dependendo
da faixa etria ou acurcia que o exami-
nador necessitar. Com o layout dinmico
e colorido, o JCM oferece elementos atra-
tivos para crianas nessa faixa etria, o
que auxilia na motivao e no interesse
na tarefa. Ao mesmo tempo, o teste em
formato de jogo, mantm as medidas de
confiabilidade e validade psicomtricas do
presente instrumento.
Referncias
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Funes executivas em crianas de 3 a 7 anos: Jogo das Cartas Mgicas Emmy Uehara
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Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br
Emmy Uehara
Psicloga formada pela UFRJ. Doutoranda e
Mestre em Psicologia Clnica e Neurocincias
pela PUC-Rio.
Figuras: 1) Tela inicial com as instrues do jogo; 2) incio do jogo e 3) tela do jogo
al., 2008). Estes pacientes, apesar
de apresentarem a maior parte das
funes cognitivas preservadas, no
so capazes de desempenhar ativi-
dades que envolvam iniciativa ou
planejamento, resultando em auto-
cuidado insatisfatrio, dificuldades
em realizar um trabalho de forma
independente e de sustentar relacio-
namentos sociais. Na pesquisa da
Mestranda Greici Rssler Macuglia
foram avaliadas FE e alteraes de
humor em Pacientes com doena de
Parkinson. Para a avaliao das FE
foi feita primeiramente a adaptao e
validao do instrumento Behavioural
Assessment of Dysexecutive Syndro-
me (BADS), que apresentou validade
de contedo aceitvel (> 0,80) para
todos os subtestes e questionrio
disexecutivo (DEX). No estudo emp-
rico, foi comparado o desempenho
nas FE e alteraes do humor em
um grupo de pacientes com doena
de Parkinson (n= 40) e num grupo
controle (n= 30). Os resultados evi-
denciaram um percentual elevado de
indivduos com ansiedade e depres-
so. 72,5% de pacientes apresenta-
ram disfuno executiva (DE), os
quais tiveram tambm uma associa-
o significativa com o sexo e esco-
laridade, mas no com o comprome-
timento motor e o estgio da doena.
O estudo concluiu que DE e as alte-
raes de humor esto presentes
desde os primeiros estgios da doen-
a de Parkinson, independentemente
do comprometimento motor e estgio
da doena, com pacientes do sexo
feminino e com baixa escolaridade
sendo os mais afetados.
O Laboratrio de Psicologia Ex-perimental, Neurocincias e Com-
portamento (LPNeC- https://
sites.google.com/site/lpneclab/) e
mais, recentemente, o Ncleo de
Pesquisas em Neurocincia Clni-
ca NUPENC da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) coordenado por mim,
Profa. Dra Rosa Maria Martins de
Almeida, tm investigado Funes
Executivas (FE) em diversas popu-
laes clnicas e no clnicas. As
FE so atividades complexas que
resultam diretamente da atividade
desempenhada pelas reas pr-
frontais do crebro (Barkley, 2001;
Goldberg, 2002), constituindo habi-
lidades que permitem a um indiv-
duo direcionar seu funcionamento
cognitivo, comportamental e emo-
cional a metas (Rzezak, 2009). O
conjunto de prejuzos das FE
denominado sndrome disexecuti-
va (Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes,
& Leite, 2008; Zinn, Bosworth, Ho-
ening, & Swartzwelder, 2007). Esta
sndrome pode estar presente em
diversos quadros psicopatolgicos
e neurolgicos (Verfaellie & Heil-
man, 2006). Pacientes com um
quadro de sndrome disexecutiva
podem apresentar dificuldades na
tomada de deciso, impulsividade,
desateno, insens ib i l idade,
traam metas irrealistas, no avali-
am as consequncias de seus atos
e procuram solucionar seus pro-
blemas atravs de tentativa e erro.
Alteraes de humor como apatia,
euforia, sintomas depressivos e
afeto descontextualizado tambm
podem ser comuns (Malloy-Diniz et
Referncias:
Barkley, R. (2001). The executive functions and self-regulation: an evolutionary neuropsychologi-cal perspective. Neuropsychol-ogy Review, 11(1), 1-29.
Goldberg, E. (2002). O crebro exe-cutivo: lobos frontais e a mente civilizada. Rio de Janeiro: Imago.
Malloy-Diniz, L. F., Sedo, M., Fuen-tes, D., & Leite, W. B. (2008). Neuropsicologia das funes executivas. In D. Fuentes, L. F. Malloy-Diniz, C. H. P. Camargo, & R. M. Cosenza (Eds.). Neuropsi-cologia: teoria e prtica (pp. 187-206). Porto Alegre: Artmed.
Rzezak, P. (2009). Avaliao das fun-es executivas e mnsticas de crianas e adolescentes com epi-lepsia do lobo temporal. Tese de doutorado, Programa de Ps-Graduao em Medicina, Universi-dade de So Paulo, So Paulo.
Verfaellie, M., & Heilman, K.M. (2006).
Neglect syndromes. In P.J.
Snyder, P.D. Nussbaum, & D.L.
Robins (Eds.). Clinical
Neuropsychology (pp. 489-507).
Washington: APA.
Zinn, S., Bosworth, H. B., Hoening, H.
M., & Swartzwelder, S. (2007).
Executive function deficits in acute
stroke. Archives of Physical Medi-
cine and Rehabilitation, 88, 173-
180.
Funes Executivas e Transtornos Emocionais em Populaes Clnicas
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Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br
Rosa Maria Martins de Almeida
Professora da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS). Atua principalmente, nos temas
comportamento, agressividade, impulsividade e
ansiedade; ateno e memria; e uso de drogas.
Seguindo o compromisso da
SBNp de discutir o campo da
atuao da neuropsicologia
tanto teoricamente quanto na
prtica profissional, estreamos
hoje uma nova coluna
perspectivas profissionais em
neuropsicologia, que tem por
objetivo trazer profissionais do
campo da neuropsicologia que
atuam em diversas prticas
tanto consagradas quanto ino-
vadoras. Iniciamos nossa ses-
so entrevistando Alexandre
Ferreira Campos, que Psic-
logo e atua na Secretaria da
Educao do Estado de Minas
Gerais.
Alexandre, tendo em vista seu
papel dentro da educao, qual
sua atuao nessa interface neu-
ropsicologia x educao?
A minha atuao em Neuropsicolo-
gia concentra-se basicamente no
desenvolvimento infantil. Traba-
lho na rea educacional e coor-
deno, desde 2006, juntamente
com o Dr. Leandro Fernandes
Malloy-Diniz (UFMG), o servio
de Neuropsicologia do Ambula-
trio da Criana de Risco do
Hospital das Clnicas da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais
(ACRIAR/UFMG), que acompa-
nha, longitudinalmente, crianas
nascidas prematuras e com
baixo peso.
Qual sua formao e seu percur-
so dentro da neuropsicologia?
Formei-me em Psicologia pela
Universidade FUMEC (2005) e,
durante a graduao, sempre tive
interesse em desenvolvimento
infantil. Ainda na graduao fui
monitor do Ncleo de Intervenes
Clnicas e bolsista de iniciao
cientfica em uma pesquisa na rea
da Neuropsicologia. Depois de
formado, tive a oportunidade de me
vincular a uma conceituada clnica
de avaliao neuropsicolgica em
Belo Horizonte/MG. A experincia
e contatos estabelecidos nessa
clnica abriram as portas para o
servio de Neuropsicologia do
ACRIAR/UFMG e para atuar como
psiclogo na rea educacional.
Ao mesmo tempo em que procura-
va me estabelecer profissionalmen-
te, fui dando continuidade minha
formao. Cursei um Mestrado
(2007-2009) em Cincias da Sade
rea de concentrao em Sade
da Criana e do Adolescente pela
Faculdade de Medicina da UFMG e,
atualmente, estou no ltimo ano do
Doutorado em Psicologia do Desen-
volvimento (UFMG). Tanto no mes-
trado, quanto no doutorado, meu
interesse foi avaliar o possvel im-
pacto da prematuridade sobre o
desenvolvimento cognitivo, neurop-
sicolgico e acadmico das crian-
as.
Atualmente qual sua linha de
pesquisa?
Como j comentei, minha linha de
pesquisa principal o desenvolvi-
mento cognitivo de crianas de
risco ao nascimento. O alto ndice
de prematuridade constatado nos
ltimos anos identifica uma popula-
o de recm-nascidos com condi-
es desfavorveis de sade. Por
isso, no Mestrado enfatizei os as-
pectos neurolgico e neuropsicol-
gico das crianas nascidas prema-
turas e no Doutorado estou avalian-
do, por meio de um estudo longitu-
dinal, o processo de aquisio das
habilidades de leitura e escrita nes-
sa populao. Minha questo norte-
adora entender quais aspectos
especficos dificultam a aprendiza-
gem dos prematuros, mesmo quan-
do estes apresentam desenvolvi-
mento tpico para a idade e tiveram
a oportunidade de serem acompa-
nhados por um programa de follow-
up desde a alta neonatal. Alm do
ACRIAR/UFMG e da Secretaria da
Educao do Estado de Minas Ge-
rais, tambm estou vinculado ao
Laboratrio de Investigaes Neu-
ropsicolgicas (LIN), coordenado
pelo Prof. Leandro Fernandes Mal-
loy-Diniz, e ao Laboratrio de De-
senvolvimento Cognitivo e Lingua-
gem, conduzido pela Profa. Cludia
Cardoso-Martins.
Como voc percebe a neuropsico-
logia brasileira hoje e suas pers-
pectivas dentro do contexto esco-
lar?
Percebo a Neuropsicologia em fran-
ca expanso no Brasil. A cada dia
aumenta o nmero de pessoas inte-
ressadas e o volume de pesquisas
acadmicas envolvendo a Neuropsi-
cologia. Alm disso, h nomes e
grupos importantes se consolidando
na rea. Em relao ao contexto
escolar a situao bem diferente.
H tempos a Psicologia estabelece
um importante dilogo com a educa-
o. Essa relao vem sendo re-
forada pelos conhecimentos atu-
ais trazidos pela Neurocincia, no
entanto, a presena do psiclogo
no contexto escolar ainda pouco
frequente. Na verdade, as Escolas
pblicas de educao regular de
Minas Gerais ainda no contam
com psiclogos no seu quadro de
funcionrios. Meu caso, portanto,
bastante atpico! Apesar de nortear
minha atuao pela Neuropsicolo-
gia, enquanto Psiclogo, atuando
dentro de uma instituio escolar,
tenho que estar pronto para atender
distintas demandas (dificuldades de
aprendizagem e comportamentais;
indisciplina; orientao aos alunos,
familiares e professores; incluso;
encaminhamentos; relatrios; reuni-
es pedaggicas; busca de parceri-
as com outros profissionais da edu-
cao e sade etc.).
Existem muitas pesquisas envolven-
do Neuropsicologia e Educao,
mas acredito que uma participao
regular da Neuropsicologia direta-
mente dentro no contexto escolar
poderia contribuir para a transforma-
o do cenrio que encontramos
nas escolas.
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2012
Perspectivas profissionais em neuropsicologia
Alexandre Ferreira Campos
Por: Cristina Yumi N. Sediyama
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br
Alexandre Ferreira
Campos Psiclogo da
Secretaria da Educao
do Estado de Minas
Gerais e doutorando em
P s i c o l o g i a d o
Desenvolvimento pela
Faculdade de Filosofia e
Cincias Humanas da
Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
Continua
Como voc concilia sua -
rea de formao com a pr-
tica clnica e acadmica em
neuropsicologia?
Considero que meu trabalho
como um todo (pesquisa-
clnica-educao) esteja bem
entrelaado. Tenho grande
preocupao que minhas pes-
quisas tenham relevncia so-
cial e que tragam implicao
direta para minha rea de atu-
ao. A melhor forma de auxi-
liar no desenvolvimento da
criana, as variveis interveni-
entes no processo de aprendi-
zagem, as intervenes psico-
pedaggicas mais adequadas,
como orientar a famlia quanto
ao processo de aprendiza-
gem, dentre outras, so ques-
tes que me interessam.
O que voc considera ser o
diferencial de sua rea de
formao para a sua prtica
clnica?
A nfase na Neuropsicologia
infantil o diferencial na mi-
nha formao, principalmente
considerando minha tentativa
de direcionar esse conheci-
mento para dentro do contex-
to escolar. A possibilidade de
identificar precocemente difi-
culdades nos alunos pode
favorecer medidas pedaggi-
cas mais aptas a potencializar
a s o p o r t u n i d a d e s
de aprendizagem durante os
primeiros anos escolares. Em
relao ao ACRIAR/UFMG a
resposta similar. Apesar do
enfoque preventivo do ACRI-
AR/UFMG e das inmeras
evidncias de problemas cog-
nitivos associados s crianas
nascidas prematuras, o ambu-
latrio ainda no contava com
o trabalho de um Neuropsiclo-
go na equipe multidisciplinar.
Qual a sua opinio sobre a
neuropsicologia no contexto
multidisciplinar e a utilizao
de testes neuropsicolgicos
por esses profissionais?
Vejo o carter multidisciplinar
da Neuropsicologia como algo
positivo. Profissionais de reas
distintas falando a mesma ln-
gua podem ajudar muito na
compreenso de determinado
fenmeno. Concordo com o
fato de que um profissional ca-
pacitado poderia aplicar, corri-
gir e interpretar um teste sem
maiores dificuldades. Entretan-
to, considero importante que as
particularidades de cada profis-
so sejam respeitadas. A op-
o por uma formao em
Neuropsicologia deveria tocar
cada profissional naquilo que
especfico de sua rea de atua-
o. Ser psiclogo direciona
meu foco para determinados
processos, eleitos em virtude
de minha formao. Um Fono-
audilogo, por exemplo, elege-
ria outros processos. Apesar de
formaes distintas, a opo
por Neuropsicologia estaria
como pano de fundo para o
entendimento desses pro-
cessos. isso que torna a
multidisciplinaridade pro-
posta pela Neuropsicologia
algo diferenciado. Portanto,
como a atuao em Neu-
ropsicologia extrapola o uso
de testes, no vejo muito
problema nessa questo.
Qual conselho voc daria
para algum que est ini-
ciando na neuropsicologi-
a?
Se existisse uma frmula
mgica, creio que seria:
teoria, prtica, superviso e
atualizao. Para mim, es-
tudar profundamente o de-
senvolvimento humano tpi-
co e os processos patolgi-
cos o incio de tudo. Aliar
o conhecimento terico s
atividades clnicas, ao con-
tato direto com as pessoas,
procurando perceber sem-
pre as especificidades de
cada caso outro ponto de
investimento essencial. A-
lm disso, a possibilidade
de participar de um grupo
de discusso e/ou supervi-
so tambm traz um grande
diferencial para o profissio-
nal. Trocas com profissio-
nais de diferentes reas de
formao e contato direto
com profissionais mais ex-
perientes fazem toda a dife-
rena. Claro que tudo isso
apoiado atualizao conti-
nuada...
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Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br
Se existisse uma fr-
mula mgica, creio
que seria: teoria, prti-
ca, superviso e atua-
lizao.
A neuropsicologia tem ganhado
fora em todo o Brasil e no poderia
ser diferente em Minas Gerais. Para
tanto, o I Congresso Mineiro de Neu-
ropsicologia III Carl Wernicke, que
ocorreu no Colgio Salesiano nos
dias 29, 30 e 31 deste ano, serviu
como mais um marco da importncia
e do crescimento do trabalho realiza-
do nesta rea no estado. O Congres-
so foi organizado pelo Laboratrio de
Neuropsicologia do Desenvolvimento
e pelo Laboratrio de Investigaes
Neuropsicolgicas, coordenados,
respectivamente, pelo Prof. Dr. Vitor
Haase e pelo Prof. Dr. Leandro Mal-
loy-Diniz, ambos da Universidade
Federal de Minas Gerais.
O Congresso contou com cerca de
400 participantes, sendo quase um
tero deste pblico formado por parti-
cipantes advindos, dentre outros, de
So Paulo, Rio de Janeiro, Pernam-
buco, Rio Grande do Sul e Paran,
mostrando a difuso e o interesse na
Neuropsicologia em todo o Brasil e a
oportunidade de interao e parceri-
as entre os laboratrios destas regies.
Os participantes ainda participaram em
massa no envio de trabalhos. No total,
94 psteres foram apresentados.
Demarcado por uma variedade de te-
mas e por um pblico amplo de diferen-
tes reas acadmicas, o Congresso
contou com a interdisciplinaridade to
caracterstica da Neuropsicologia. O
Congresso foi precedido por oficinas
que abordaram o tema de Avaliao
Neuropsicolgica na Infncia, Avaliao
Neuropsicolgica em Idosos e Treina-
mento de Pais. Alm disso, ao longo
dos trs dias, foram abordados os te-
mas de Avaliao Neuropsicolgica,
Linguagem, Intervenes e Interfaces
da Neuropsicologia com a Psiquiatria e
com a Educao, com palestras que
conseguiram se aprofundar na teoria e
na prtica dos temas abordados.
Dentre as palestras, destaca-se a Con-
ferncia Magna, ministrada ao final do
primeiro dia do Congresso pelo Deputa-
do Eduardo Barbosa e pelo Prof. Dr.
Paulo Eduardo Luiz de Mattos. O Dep.
Eduardo Barbosa versou sobre a impor-
tncia de se utilizar o conhecimento e
os avanos cientficos, e no apenas
posies filosficas, para o desenvolvi-
mento de Polticas Pblicas nas reas
da Educao e da Sade. J o Prof. Dr.
Paulo Mattos discursou sobre a avalia-
o neuropsicolgica na prtica clnica,
seus potenciais e seus limites.
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2012
8 Congresso Brasileiro de Crebro Compor-
tamento e Emoes
O Congresso Brasileiro de Crebro Comportamento e
emoes chega em sua oitava edio! Nesse ano, o
evento ao invs de ser sediado em GramadoRS,
ocorrer no prximo ms, dos dias 02 a 05 de maio,
no Centro de Convenes frei CanecaSo Paulo-SP! Vale a
pena conferir!!!
Para mais informaes:
http://www.cbcce.com.br/
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br
Notcia: I Congresso Mineiro de Neuropsicologia
Isabela Sallum Guimares
Abertura do I Congresso Mineiro de Neuropsicologia
Vitor Geraldi Haase (MG-UFMG)
Conselho Fiscal:
Carina Chaubet DAlcante (SP-USP)
Gabriel C. Coutinho (RJ Instituto D`OR)
Neander Abreu (BA-UFBA)
Representaes Regionais:
Alagoas: Katiscia Karine Martins da Silva
Bahia: Tuti Cabuu
Cear: Silviane Pinheiro de Andrade
Centro Oeste: Leonardo Caixeta
Minas Gerais: Jonas Jardim de Paula
Paran: Amer Cavalheiro Handan
Pernambuco: Lara S Leito
Rio de Janeiro: Flvia Miele
Rio Grande do Norte: Katie Almondes
Rio Grande do Sul: Rochele Paz Fonse-ca
Presidente:
Leandro Fernandes Malloy-Diniz (MG-UFMG)
Vice-Presidente:
Lcia Iracema Zanotto Mendona (SP-PUC-SP;USP)
Secretrio:
Thiago S. Rivero (SP-UNIFESP)
Tesoureira:
Deborah Azambuja (SP)
Secretria Geral:
Camila Santos Batista (SP)
Tesoureira Geral:
Eliane Fazion dos Santos (SP)
Conselho Deliberativo:
Daniel Fuentes (SP-USP)
Jerusa Fumagalli de Salles (RS-UFRGS)
Paulo Mattos (RJ-UFRJ)
Santa Catarina: Rachel Schlindwein-Zanini.
So Paulo: Juliana Gis
Equipe do Boletim SBNp:
Coordenadora:
Cristina Yumi N. Sediyama (MGCoordenadora)
Alexandre Nobre (RS)
Carina Chaubet DAlcante (SP)
Gabriel Coutinho (RH)
Giuliano Ginani (York-UK)
Jessica Fernanda (RO)
Jonas Jardim de Paula (MG)
Juliana Burges Sbicigo (RS)
Maicon Albuquerque (MG)
Marcus Vinicius Costa Alves (SP)
Ricardo Franco de Lima (SP)
Sabrina Magalhes (PR)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOLOGIA (SBNp)
GESTO 2011-2013
TORNE-SE SCIO DA SBNp!
Para voc que quer se tornar scio da SBNp,
confira algumas das vantagens:
Desconto no Congresso Brasileiro de Neuroposicologia
Acesso ao contedo em udio e vdeo do XI Congresso Bra-
sileiro de Neuropsicologia
Desconto de 20% em livros sobre neuropsicologia da editora
Artmed
E muito mais!
Para maiores informaes, consulte:
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