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Fiscal Associação dos Fiscais de Tributos Estaduais do Rio Grande do Sul - Afisvec | Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Tributária do RS - Sindifisco-RS Nº 02 DEZEMBRO 2011 Revista Tarso Genro fala sobre atração de investimentos Alexandre Postal: o que pensa o futuro presidente da Assembleia Legislativa Dívida dos Estados: agente fiscal analisa polêmica em estudo técnico Perspectivas econômicas do RS

Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

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Publicação conjunta do SINFISCO-RS e da AFISVEC

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Page 1: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

FiscalAssociação dos Fiscais de Tributos Estaduais do Rio Grande do Sul - Afisvec | Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Tributária do RS - Sindifisco-RSNº 02 DEZEMBRO 2011

Revista

Tarso Genro fala sobreatração de investimentos

Alexandre Postal: o que pensa o futuropresidente da Assembleia Legislativa

Dívida dos Estados: agente fiscalanalisa polêmica em estudo técnico

Perspectivaseconômicas do RS

Page 2: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

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40

24

A Dívida dos Estados com a União

Tarso Genro: “A guerra fiscal é um

jogo de soma zero, um ganha o que

o outro perde”

FPE – novos critérios de repartição

Postal defende a busca contínua

pela eficiência do Parlamento

Abrindo portas para o desenvolvimento

Teto de Vencimentos

Educação Fiscal

Administração Tributária “no rumo da

modernização” e receita em crescimento

Tarso Genro - Entrevista

Marcelo Mello

Alexandre Postal - Entrevista

João Motta - Entrevista

Abel Henrique Ferreira

Alexandre Bortolini, Edemar Castaman,Jeanéte Scherer e Silvia Grewe

31 Breves notas sobre a transação

no Direito Tributário

Humberto Ávila

EXPEDIENTE

AFISVEC - Associação dos Fiscais deTributos Estaduais do Rio Grande do Sul

SINDIFISCO-RS - Sindicato dos ServidoresPúblicos da Administração Tributáriado Estado do RS

Rua Uruguai, 155/1010CEP: 90010-140 - Porto Alegre - RSFone/Fax: (51) 3224.4922www.afisvec.org.br

Área Eventos, Caco Argemi, Edison Castêncio,

Rua dos Andradas, 1091 - 91/94Fone/Fax: (51) 3226.7300CEP: 90020-007 - Porto Alegre - RSwww.sindifisco-rs.org.br

Eduardo Müller - Reg. Prof. DRT - 8934

Ilza Brambila Lumertz, Eduardo Müller e

Eduardo Müller, Eduardo Seidl e Micheli Karoly

Solo Editoração e Design Gráfico

Os artigos publicados são de inteiraresponsabilidade dos autores.

Ideograf

2011

Jornalista Responsável

Revisão

Fotos

Projeto gráfico e editoração

Impressão:Tiragem 4.000 exemplaresDezembro

Silvia Grewe

ÍNDICEAfisvec

Sindifisco-RS

Presidente

Vice-Presidente

Diretora de Comunicação

Diretor Administrativo

Diretor Financeiro

Diretor de Patrimônio

Diretor Social e de Eventos

Diretor de Previdência

Presidente

Vice-presidente

Diretora de Comunicação e Integração Social

Diretor Administrativo

Diretora Financeira

Diretor de RelaçõesParlamentares e Institucionais

Diretor de AssuntosJurídicos e Previdenciários

Diretor de Assuntos Técnicos

Diretora de Aposentados e Pensionistas

Abel Henrique Ferreira

Enio Julio Pereira Nallem

Ilza Brambila Lumertz

Jaime João Schorr

José de Souza Lourenzi

Gilberto Neves de Souza

Édison Zart

Inácio Maggi

Luiz Antônio Bins

Celso Malhani de Souza

Silvia Grewe

Eroni Izaias Numer

Carmen Zoraida Costa

Édison Zart

Fábio Weber Nowaczyk

Getúlio Lago

Virginia Cano

João Pedro Casarotto

Ricardo Neves Pereira

44 Prêmio Gestor Público

Page 3: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

revista Enfoque Fiscal não pode deixar de falar da boa

notícia vinda da Receita Estadual, que encerrou o ano com

motivos de sobra para comemorar. A supermeta de

arrecadação do ICMS, fixada em R$ 500 milhões acima do

orçamento previsto inicialmente, foi atingida e o montante

arrecadado ficará bem acima dos 19,3 bilhões de reais. O recorde na

arrecadação de ICMS no estado comprova que com a Lei Orgânica da

Administração Tributária, aprovada em abril de 2010, o grupo Fisco

ficou mais forte e eficiente. A arrecadação excepcional do ano é

resultado direto do trabalho dos Agentes Fiscais do Tesouro do Estado,

que atenderam à solicitação do governador Tarso Genro e do

Secretário Odir Tonollier, ainda no início do atual governo.

E por falar no governador, Tarso Genro participa desta segunda

edição da publicação conjunta da Associação dos Fiscais de Tributos

Estaduais do RS (Afisvec) e do Sindicato dos Servidores Públicos da

Administração Tributária do Estado do RS (Sindifisco-RS) respondendo

a perguntas sobre incentivos fiscais, mudanças no Fundopem, guerra

fiscal e Lei Kandir.

Além do governador, o futuro presidente da Assembleia

Legislativa, deputado Alexandre Postal, também participa da revista

Enfoque Fiscal, adiantando aos nossos leitores qual será o perfil do seu

mandato frente à Assembleia Legislativa, que terá início em 1º de

fevereiro. Postal também responde a questões ligadas à Administração

Tributária e sua relação com a sociedade. O mesmo tema é avaliado

pelo secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João

Motta.

A revista Enfoque Fiscal completa sua edição na linha da própria

razão de sua existência: a publicação de artigos técnicos elaborados

por nossos colaboradores para propiciar a reflexão sobre importantes

temas ligados à tributação, à administração tributária e às finanças

públicas em geral. Para isso, convidamos um time de especialistas que

emprestaram seus nomes e conhecimentos para abrilhantar nossa

segunda edição.

O Agente Fiscal aposentado João Pedro Casarotto assina o artigo

'A dívida dos estados com a União: refazimento do programa e

aspectos inconstitucionais da Lei nº 9.496/97'. Para o autor “as

autoridades da República ao editarem esta lei foram induzidas ao erro

pela visão mercantilista que ainda contamina importantes setores

financistas da União e que, absolutamente, não condiz com o sistema

federativo de organização do Estado”.

Outro artigo, intitulado 'Administração Tributária no rumo da

modernização e receita em crescimento' cujo autor é o atual

subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, analisa o

desempenho da Receita do ICMS no acumulado até outubro de 2011.

Para o subsecretário, o diferencial em relação à gestão anterior é “fazer

o uso massivo da tecnologia, que permita extrair e produzir

informação sistematizada e não apenas dados brutos, e a implantação

de melhoria e de integração dos processos de gestão, contribuindo

assim para um avanço expressivo na modernização tributária”.

Marcelo Mello, Agente Fiscal do Tesouro do Estado, analisa, no

artigo 'FPE – novos critérios de repartição' - o Fundo de Participação

dos Estados, cujo objetivo é promover o equilíbrio socioeconômico

entre as unidades federadas. Recentemente o Supremo Tribunal

Federal julgou inconstitucional a atual distribuição estipulada pela LC

62/89, devido a existência de reservas regionais fixas, o que no

entendimento da Corte foge do objetivo principal que é diminuir as

diferenças entre os estados.

O advogado tributarista Humberto Ávila, em seu artigo 'Breves

notas sobre a transação em Direito Tributário' propõem-se a responder

duas “singelas indagações”: A idéia de transação é compatível com os

princípios fundamentais do Direito Tributário? É conveniente e

oportuno instituir uma lei sobre esse assunto no Brasil neste

momento?

A educação fiscal também é tema de nossa revista, com o artigo

assinado por quatro colegas de Secretaria da Fazenda: Alexandre

Bortolini, Edemar Castaman, Jeanéte Scherer e Silvia Grewe –

Integrantes do Grupo de Educação Fiscal Estadual (GEFE-RS).

O presidente da Afisvec, Abel Henrique Ferreira, retoma tema

que gerou polêmica durante o ano de 2011: o teto salarial do serviço

público. Em estudo, ele analisa o artigo 17 dos Atos das Disposições

Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, e conclui

que o artigo 46 dos ADCT da Constituição Estadual anulou o efeito do

artigo 17 dos ADCT da Constituição Federal. Da mesma forma, com a

aprovação da Lei Complementar 10.098/94 o artigo 17 dos ADCT da

CF perdem sua aplicabilidade, tendo em vista que as normas agora

vigentes são permanentes e não permitem a redução de vencimentos.

Ainda nesta edição a cobertura completa da décima edição do

Prêmio Gestor Público, o cognominado “Oscar das Prefeituras”, que

teve a prefeitura de Marau como principal vencedora. A distinção aos

municípios foi entregue no dia 7 de novembro, em disputada

cerimônia no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.

Uma ótima e profícua leitura.

– presidente da Afisvec

– presidente do Sindifisco-RS

Abel Henrique Ferreira

Luiz Antônio Bins

EDITORIAL

3

Em tempos de LOAT, receita

com o ICMS bate recorde

de arrecadações em 2011

A

Page 4: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

REFAZIMENTO DO PROGRAMA E ASPECTOSINCONSTITUCIONAIS DA LEI Nº 9.496/97

A Dívida dos

João Pedro Casarotto – Fiscal de Tributos Estaduais do RS, aposentado.

Ex-Presidente da Afisvec e fundador do Sindifisco-RS

INTRODUÇÃO

OS FATOS

As opiniões aqui expostas decorrem do ponto de

observação do “cobrador de impostos estaduais” que, no

diálogo diário, nem sempre harmonioso, com os

contribuintes, tem que enfrentar, recorrentemente, a pergunta

sobre o destino dos valores cobrados.

Neste artigo defendo a posição de que é imperiosa,

inadiável, oportuna e obrigatória a alteração da Lei Federal nº

9.496, de 11 de setembro de 1997, que estabeleceu critérios

para a consolidação, a assunção e o refinanciamento, pela

União, da dívida pública mobiliária e outras que especificou,

de responsabilidade dos Estados e do Distrito Federal;

programa doravante chamado simplesmente de empréstimo.

A alteração visaria à eliminação das inconstitucio-

nalidades tanto da Lei quanto dos contratos e a obriga-

toriedade do refazimento destes contratos, com base em novas

diretrizes.

As autoridades da República ao editarem esta lei foram

induzidas ao erro pela visão mercantilista

que ainda contamina importantes setores

financistas da União e que, absolutamente,

não condiz com o sistema federativo de

organização do Estado.

Este artigo resume estudo que

computou os

v a l o r e s d o

período inicia-

do em 1999 e

encerrado em

2010; os valores

dos anos de

1997 e 1998 não

foram considerados por não estarem disponíveis e/ou

consolidados quando da elaboração do estudo, mas mesmo

que fossem incluídos não alterariam a substância da análise.

O valor do empréstimo da União para os Estados que era,

segundo o Balanço Geral da União de 1998, de R$ 93,24

bilhões, gerou, apesar de mais de doze anos de pagamento de

prestações mensais, um saldo devedor, em dezembro de 2010,

de R$ 350,11 bilhões.

Se atualizarmos o valor do emprés-

timo R$ 93,24 bilhões) pelo índice oficial da

inflação (IPCA), capitalizado no período em

exame, teremos o valor de R$ 204,35 bilhões.

Atualizando-se, também pelos mesmos

período e índice, o valor de R$ 135,21

Estados com a União

Nem renegociar,nem repactuar.Refazer!

DÍVIDA

4 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

Page 5: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

bilhões, que é a soma dos pagamentos

dos Estados nos doze anos analisados,

teremos o valor de R$ 171,68 bilhões.

Assim, a valores de dezembro de

2010, os Estados receberam R$ 204,35

bilhões, pagaram R$ 171,68 bilhões e

ainda estão devendo R$ 350,11

bilhões.

Um formidável subsídio dos

Estados para a União de R$ 317,44

bilhões.

Em números relativos: os Estados

pagaram 84,01% e ainda estão

devendo 171,33% do valor recebido.

A seguir, demonstro com outros

dados a existência do subsídio dos

Estados para a União, subsídio este

que tem uma explicação bastante

simples: o empréstimo foi negociado

como se fosse uma reles operação bancária comercial.

As similitudes que colocam o empréstimo em um mesmo

patamar de empréstimos comuns concedidos por bancos

comerciais são as seguintes:

a) cobrança de juros (que a União cobrou muito acima de

outras operações, como as do BNDES);

b) adoção da tabela Price (que a União não poderia ter

adotado por ser ilegal, conforme a súmula 121 do STF);

c) adoção de índice de correção dos valores muito acima da

inflação real;

d) exigência de robustas garantias (que a União estabeleceu

como sendo as suas transferências constitucionais para os

Estados);

e) ausência de cláusula previsora do equilíbrio econômico-

financeiro do contrato (que a União também não

estabeleceu, ao contrário do que faz nos contratos

administrativos); e

f ) alguma autonomia para o gestor negociar (a União

negociou, caso a caso, a taxa de

juros, que variou de 6% a 7,5%, e

o comprometimento da receita

dos Estados, que variou de 11,5%

a 15%).

Sem dúvida, uma típica operação

bancária comercial!

Mas as semelhanças com

operações bancárias comerciais não

param por ai, pois elas ficam ainda

mais visíveis quando comparamos

números.

Vejamos:

Tomando-se como exemplo os

contratos menos onerosos que

estabeleceram a correção pelo IGP/DI

acrescida do juro de 6% a.a., verifica-se

que, enquanto a soma destes dois valores teve uma variação de

471,67%, as aplicações financeiras tradicionais tiveram os

seguintes rendimentos líquidos de Imposto de Renda mínimo:

a) aplicação com base na SELIC: 443,73%;

b) aplicação em CDB/PRÉ: 391,21%; e

c) aplicação na Poupança: 172,09%.

Neste momento, é preciso fazer um retrospecto do

ambiente existente na época em que o empréstimo se impôs.

Objetivamente temos os seguintes fatos:

1. a União havia implementado importantes medidas

econômicas, como a edição do Plano Real e a adoção de

altíssimas taxas de juros básicas;

2. estas medidas provocaram a instabilidade financeira dos

Estados pela eliminação das receitas inflacionárias (efeito

do Plano Real) e pelo aumento explosivo das dívidas

mobiliárias (efeito da política de taxas básicas);

Na segunda metade dadécada de 90, ficouevidenciada anecessidade deequacionar asdificuldades financeirasenfrentadas pelosestados, em razãodas mudançaseconômicas ocorridasnos últimos anos

ARTIGO

5

Page 6: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

3. esta situação levou muitos Estados à beira da insolvência,

o que colocava em risco as próprias medidas econômicas

implementadas pela União, principalmente o Plano Real;

4. como a União precisava defender a sua política eco-

nômica, a solução do problema dos Estados era

imprescindível;

5. esta solução veio em forma de oferecimento do

empréstimo;

6. como a situação era de urgência e os Estados não

vislumbravam alternativas tiveram que aceitar a solução

oferecida, mesmo sabendo que ela somente amenizaria

momentaneamente as suas debilidades financeiras, para

as quais, frisa-se, não tinham concorrido;

7. celebrados os contratos, a União teve sua política

econômica preservada; e

8. no entanto, o empréstimo não resolveu a debilidade

financeira dos Estados Federados que além de

permanecer até hoje trouxe um sério agravante, que é a

exagerada dependência da União.

A dependência daí decorrente somada ao fato de a União

arrecadar grande parte da renda nacional está ferindo de morte

a Federação Brasileira e, por vias transversas, está burlando o

dispositivo constitucional que estabelece que não será objeto

de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma

federativa de Estado.

Este caminho leva para a reinstalação do estado unitário e

do totalitarismo no Brasil o que seria um retrocesso histórico

lastimável, pois foi quando foram abolidos os partidos

políticos e a representação federativa no Congresso Nacional,

bem como, em nome das rivalidades regionais, os hinos, os

escudos e as bandeiras dos Estados Federados.

Esta situação é politicamente explosiva já que cada vez

mais toma vulto o espírito subnacionalista dos brasileiros, o

que, definitivamente, não combina com as restrições

orçamentárias a que estão expostos os Estados Federados e

muito menos com a desproporcional concentração de poder

nas mãos da União.

Enquanto que o valor IGP/DI+6 teve uma variação de

471,67%:

a) a variação da arrecadação do ICMS foi de 312,64% (uma

diferença de 159,03%);

b) a variação do IGP/DI – sem juros – foi de 201,24% (uma

diferença de 270,44%, de exclusiva responsabilidade dos

juros de 6% a.a. – os juros superam o próprio índice);

c) a variação da TJLP foi de 178,66% (uma diferença de

293,01%); e

d) a inflação medida pelo IPCA foi de 119,17% (uma

diferença de 352,50%).

a) o IGP/DI, largamente utilizado pelos bancos comerciais, é

apurado pelo IBRE, da FGV, ambas instituições privadas,

que põe e dispõe sobre as variáveis deste índice;

b) existe um sério agravante que é o fato de a União poder

direcionar via formulação da política econômica – que, é

necessário salientar, tem suas linhas traçadas com

antecedência –, o comportamento do índice de correção

pactuado, o IGP/DI;

c) o IPCA é o índice utilizado pelo Banco Central para a

Retomando

Mais alguns números

É bom lembrar que:

O subsídio dos Estados para aUnião tem uma explicação

bastante simples: o empréstimofoi negociado como se fosse uma

reles operação bancária comercial

6 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

DÍVIDA

Page 7: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

fixação das metas de inflação e é o índice que se reflete na

arrecadação do ICMS, imposto que dá condições para

que os Estados cumpram com suas obrigações

constitucionais; e

d) a TJLP é um dos maiores índices utilizados pelo BNDES

em seus empréstimos, onde encontramos alguns com

custos nulos e outros praticamente nulos, como os

cobrados no programa de inovação tecnológica têm uma

taxa fixa de 4% a.a. e o programa de capital inovador tem

uma taxa fixa de 5% a.a.; taxa fixa, sem qualquer correção,

sem qualquer indexador.

Ora, como a TJLP também é utilizada pela União para

programas como o de recuperação fiscal – Refis – somos

defrontados com o seguinte paradoxo institucional:

• para o contribuinte sonegador, classificado pela

legislação pátria como criminoso, cobrança de valores

bem inferiores aos da inflação; e

• para os Estados Federados, formadores da União e que

não concorreram para o agravamento de suas finanças,

cobrança de valores e condições de reles operação

bancária comercial.

A Lei nº 9.496/97, inconstitucionalissimamente, ofendeu

os princípios da igualdade e da impessoalidade em três

momentos: 1) na fixação do juro mínimo de 6% a.a.; 2) na

permissão para ser estabelecido um limite para o

comprometimento da receita com o pagamento do

empréstimo; e 3) na utilização do IGP/DI como índice de

atualização monetária dos valores emprestados.

A Lei, ao autorizar o

Governo Federal a negociar,

caso a caso, tanto a taxa de juros

quanto o limite do compro-

metimento da receita, tratou os

Estados Federados, que tinham

a mesma situação fiscal e

aderiram a um mesmo pro-

grama, de forma diferente, pois

houve mais complacência com

um de que com outro, violando

os princípios da igualdade e da

impessoalidade. Com efeito, ao

fixar a taxa mínima de 6% a.a, autorizou que o Governo

Federal estabelecesse, por seu livre arbítrio, qualquer outra

taxa de juros por mais absurda que pudesse ser e ao permitir

que fosse estabelecido um indefinido limite, autorizou que o

Governo Federal, também por seu livre arbítrio: a) fixasse

diferentes limites para cada uma das Unidades Federativas; ou,

ainda pior, b) não fixasse qualquer tipo de limite para o

comprometimento da receita para o pagamento do

empréstimo.

Da mesma forma, a Lei, ao estabelecer que a atualização

monetária do empréstimo se efetivasse por meio da utilização

do IGP/DI, também violou, de forma ainda mais clara, o

princípio constitucional da impessoalidade, pois visou fim

pessoal e beneficiou terceiro ao se transformar em agente

de publicidade de uma instituição privada, o IBRE da FGV,

pois empresta credibilidade a esta instituição que, como

todo empreendimento privado, tem a sua sobrevivência

dependente justamente de credibilidade.Mas existem fatos ainda mais graves

A Lei n. 9.496/97, inconstitucionalissimamente, ofendeu osprincípios da igualdade e da impessoalidade em trêsmomentos: 1) na fixação do juro mínimo de 6% a.a.; 2) napermissão para ser estabelecido um limite para ocomprometimento da receita com o pagamento doempréstimo; e 3) na utilização do IGP/DI como índice deatualização monetária dos valores emprestados

ARTIGO

7

Page 8: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Ora, ter seu produto citado e utilizado por uma Lei da

magnitude da 9.496/97 e tê-lo, ainda, como sendo um dos

elementos mais importantes do cálculo não só da dívida dos

Estados Federados, mas também destes respectivos haveres da

União, sem a menor sombra de dúvida é uma incrível

oportunidade para fomentar negócios.

Todo o exposto demonstra, de maneira insofismável, que

a União transformou a sua imprescindível decisão de política

econômica em uma lucrativa aplicação financeira que

exacerbou, inconstitucionalmente, a dependência dos Estados

Federados; parte de um astuto plano de aprofundamento de

seu poder hegemônico, pois dívida impagável é dívida

supressora de autonomia.

Registre-se que no ano de 2010, a Câmara Federal

concluiu a CPI da Dívida Pública e

do relatório final aprovado

constou a essência do diag-

nóstico feito na primeira edição

do estudo base deste artigo, que

foi originalmente apresentado a

esta CPI.

No final desta mesma CPI foi

apresentado um voto em

separado que foi encaminhado

para o Ministério Público Federal,

o qual abriu um expediente onde

consta cópia integral tanto da

primeira quanto da segunda edição do referido estudo, ambas

editadas pela FEBRAFITE – Federação Brasileira de

Associações de Fiscais de Tributos Estaduais.

Assim, fica claro que é imperiosa, inadiável, oportuna e

obrigatória a alteração da Lei nº 9.496/97, com vistas a

viabilizar o refazimento dos contratos com obediência às

seguintes diretrizes mínimas:

a) proibição da cobrança de juros;

b) proibição de qualquer indexação, ou de, no máximo, a

adoção do IPCA;

c) definição de um único percentual de comprometimento

da Receita Líquida Real para efeito de atendimento das

obrigações decorrentes do programa, que proponho seja

de cinco por cento;

d) obrigação de recalcular o plano de amortização com a

incorporação destas novas diretrizes desde a data do

recebimento do empréstimo; e

e) determinação da inclusão da cláusula do equilíbrio

econômico-financeiro do contrato a fim de que se possa

corrigir eventuais futuras distorções que venham a

prejudicar as finanças dos Estados Federados.

Em isto acontecendo, a União assumiria na prática e

concretamente a responsabilidade que já assumiu ao afirmar,

nos relatórios presidenciais que apresentou as contas de 2008,

2009 e 2010 ao Congresso Nacional, em relação ao Programa

de Ajuste Fiscal dos Estados e do Distrito Federal:

“Na segunda metade da década de 90 ficou evidenciada a

necessidade de equacionar as dificuldades financeiras enfren-

tadas pelos estados, em razão das mudanças econômicas

ocorridas nos últimos anos.”

Assim, o proposto refazimento consolidaria politica-

mente a posição da União como a comandante, no sentido

amplo, geral e irrestrito, da economia nacional.

Este caminho leva para a reinstalação do estadounitário e do totalitarismo no Brasil o que seria um

retrocesso histórico lastimável, pois foi quando foramabolidos os partidos políticos e a representação

federativa no Congresso Nacional, bem como, em nome dasrivalidades regionais, os hinos, os escudos e as bandeiras

dos Estados Federados

8 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

DÍVIDA

Page 9: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Diga não sonegação concorrência deslealà e à .

Valorizar administração tributáriaa

Uma administração tributária autônoma permite a

arrecadação de mais recursos para a sociedade gaúcha.

Afisvec e Sindifisco-RSAgentes Fiscais trabalhando unidospor uma sociedade melhor.

Diga sim tributação justa pagamentode impostos previstos em lei

à e ao

.

é valorizar a , a e asaúde segurançaeducação em nosso Estado.

Page 10: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

TARSO GENROTARSO GENRO

10 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

1) O STF julgou como inconstitucional diversas ações

contra leis estaduais que concediam reduções e

isenções fiscais a empresas e setores econômicos.

Como o senhor avalia a postura da

Corte no que diz respeito ao

enfrentamento da chamada guerra

fiscal?

2) Como está se desenvolvendo a

política de atração de investimentos

para o RS no seu governo? O RS já

esteve entre as principais econo-

mias do país e sofre nos últimos

anos com a fuga de empresas, como

é o caso do setor calçadista. O que

fazer para retomar o crescimento?

A guerra fiscal é um jogo de soma zero,

um ganha o que o outro perde. Isso

acaba prejudicando todos os estados.

Enquanto não se opera a reforma

tributária, acreditamos que as políticas

de incentivo devem ser consertadas,

ainda que minimamente, pelos

estados. O Confaz já faz, em parte, tal

mediação de acordo com o marco legal

vigente. O STF cumpre seu papel ao

resguardar isso. De qualquer forma,

desde o começo da nossa gestão, estamos em contato com o

Ministério da Fazenda para ver se avançamos em alguns

pontos.

Nosso projeto de desenvolvimento

econômico centra-se na criação das

condições para o desenvolvimento

competitivo e socialmente equilibrado

através da retomada da ação estatal e

do fortalecimento da estrutura

Tarso Genro:

“A guerra fiscal é um

jogo de soma zero, um

ganha o que o outro perde”

Governador do RS acredita que os estados devem realizar

consertos, mesmo que mínimos, em suas políticas de incentivos

fiscais enquanto a esperada reforma tributária não avança no

Congresso Nacional. Tarso genro respondeu a perguntas sobre

atração de investimentos, Fundopem e Lei Kandir. Leia abaixo as

respostas do governador.

As mudanças noFundopem já ocorreram.Entre outras, elasfacilitam o acesso decooperativas, pequenas emédias empresas,diminuindo, assim, agrande concentração dosbenefícios em poucasgrandes empresas

Page 11: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

11

ENTREVISTA

econômica. Para tanto o governo reformulou o Fundopem,

criou o PGPIN (Polo Naval) e está finalizando uma série de

incentivos setoriais, com destaque para os calçados. O novo

modelo de incentivos fiscais e concessão de estímulos atraiu

investimentos internacionais e fortaleceu a nossa base

produtiva histórica.

As mudanças no Fundopem já

ocorreram. Entre outras, elas facilitam

o acesso de cooperativas, pequenas e médias empresas,

diminuindo, assim, a grande concentração dos benefícios

em poucas grandes empresas. As concessões já são

concedidas e fiscalizadas no Conselho Diretor do

Fundopem, com representação social por nós ampliada,

com a inclusão da OCERGS. Nesse caso, existem as regras

para manutenção do sigilo fiscal, mas mesmo assim estamos

sempre dispostos a discutir medidas que aumentem a

transparência da ação pública.

Deve ser de total respeito do Estado para com os cidadãos.

Os vários mecanismos de controle são uma conquista da

cidadania que deve ser continuamente aprimorada,

especialmente com a utilização das

novas tecnologias de informação.

Fomos profundamente críticos quando da implantação da

Lei Kandir. Entretanto os seus incentivos já foram

incorporados à estrutura produtiva e macroecônomica

nacional. Ao invés de penalizarmos as exportações

primárias, devemos é incentivar ainda mais as exportações

de produtos com maior valor agregado associadas a

políticas de desenvolvimento industrial.

3) Desde o início do seu governo,

uma das bandeiras é a mudança no

sistema de concessão do Fundo-

pem? Qual sua opinião sobre este

Fundo? O que deve ser melhorado?

Também em 2011, a Ajuris liderou

uma campanha pela maior trans-

parência nas concessões e resul-

tados obtidos pelas empresas que se

beneficiam do Fundopem, o senhor

concorda que há pouca transpa-

rência na sua adoção?

4) Como deve ser a relação entre administração

tributária e o contribuinte? Hoje essa relação é

saudável? O que pode melhorar?

5) A Lei Kandir, quando da sua

aprovação, pretendia a busca de

divisas, a qualquer custo, devido às

dificuldades financeiras porque

passava o País à época, concedendo

imunidade tributária nas saídas de

produtos primários. Hoje, obser-

vamos que tal imunidade deveria

ser revista de modo que só fossem

imunes as saídas de produtos

industrializados, os quais agregam

principalmente a mão de obra e o

lucro da empresa em diversas operações. Como o

senhor avalia tal mudança?

Fomos profundamentecríticos quando daimplantação da LeiKandir. Entretanto osseus incentivos já foramincorporados àestrutura produtiva emacroecônomicanacional

Page 12: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

12 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

FPE

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa à análise

do Fundo de Participação dos Estados

(FPE), de forma a proporcionar um

melhor entendimento sobre a matéria,

possibilitando e estimulando o surgi-

mento de ideias que possam auxiliar na

discussão para o estabelecimento de

uma nova sistemática de redistribuição

do fundo.

O FPE é um fundo constitucional

formado por 21,5% das receitas do Im-

posto de Renda (IR) e do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) , repas-

sado mensalmente pela União aos Esta-

dos e ao Distrito Federal (DF), de

acordo com o que dispõe a Lei Com-

plementar (LC). O objetivo do FPE é

promover o equilíbrio socioeconômico

entre as unidades federadas (UFs), de

acordo com o artigo 161, II da Cons-

tituição. Pela distribuição atual, fixada

há mais de 20 anos pela LC 62/89

(Anexo Único), o Rio Grande do Sul

(RS) recebe 2,3548% dos recursos do

fundo, o que representou em 2010 um

total de R$ 1,148 bilhões .

A motivação para o trabalho veio

da necessidade de elaboração de nova

Lei Complementar para regulamentar a

distribuição dos recursos do FPE,

depois da decisão do Supremo Tribunal

Federal (STF) que julgou Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) interposta

pelo Governador do Estado do Rio

Grande do Sul (além de outras ADIs que

foram simultaneamente julgadas), a

qual declarou a inconstitucionalidade

da atual distribuição estipulada pela LC

62/89. A decisão do STF, que teve como

Ministro relator o Sr. Gilmar Mendes,

julgou inconstitucional o artigo 2º, in-

cisos I e II, além dos §§ 1º, 2º e 3º e o

Anexo Único da LC 62/89.

A inconstitucionalidade foi decla-

rada pela existência de reservas

1

2

3

FPE

NOVOS

CRITÉRIOS

DE REPARTIÇÃO

1

2

3

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 159, I, “a”.

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

ADI 875/DF, acórdão de 24/02/2010.

A inconstitucionalidadefoi declarada pelaexistência de reservasregionais fixas (de 85%para as regiões norte,nordeste e centro-oestee 15% para as regiões sule sudeste) e porque ospróprios coeficientesestão fixos desde 1989,não atendendo aocomando constitucional depromover o equilíbriosocioeconômico entreas unidades federadas

Marcelo MelloAgente Fiscal do Tesouro do Estado

Page 13: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

ARTIGO

13

regionais fixas (de 85% para as regiões norte, nordeste e

centro-oeste e 15% para as regiões sul e sudeste) e porque os

próprios coeficientes estão fixos desde 1989, não atendendo

ao comando constitucional de promover o equilíbrio

socioeconômico entre as unidades federadas . Segundo

afirmou o Ministro Gilmar Mendes, em

Seminário realizado na Escola de

Administração Fazendária (ESAF), em

25/05/2011 , a distribuição deve ter

critérios dinâmicos, recalculáveis perio-

dicamente. Da mesma forma, entende

que um único critério para a distri-

buição, em tese, não atenderia ao

dispositivo constitucional.

A mesma decisão do STF também

determinou a ultratividade da LC 62/89

até 31 de dezembro de 2012. Ou seja: a

nova LC deve estar aprovada antes desta

data, para que os novos critérios de dis-

tribuição dos recursos sejam aplicados

em 2013. Segundo o Ministro Gilmar

Mendes, no citado seminário, não have-

ria repristinação automática dos

critérios do Código Tributário Nacional

(CTN) e, caso não seja aprovada a nova

LC até dezembro de 2012, os recursos

podem não ser repassados às UFs, ou ainda, o STF teria que

ser provocado novamente para se pronunciar sobre a

extensão do prazo de ultratividade da LC 62/89.

Em função da necessidade de serem estipulados novos

critérios e metodologia de cálculo para a distribuição dos

recursos do FPE, foi criado um grupo de trabalho junto à

Comissão Técnica Permanente (Cotepe) para estudar a

matéria. Os estudos do denominado Grupo de Estudos do

FPE (GEFPE) ainda não foram concluídos, mas já foram

produzidas diversas simulações.

O presente trabalho foi dividido em cinco itens, para

melhor compreensão, tratando as principais propostas exis-

tentes no Congresso Nacional e os diversos modelos

existentes (CTN, equalização de

receitas, redistributivo e misto). Final-

mente, são apresentadas conclusões

sobre o tema e gráfico ilustrativo.

Em 2010, havia em torno de 16

propostas tramitando no Congresso

Nacional, a grande maioria delas com a

inconstitucionalidade de estabele-

cimento de reservas regionais fixas

(85% para as regiões Norte, Nordeste e

Centro-Oeste e 15% para as regiões Sul

e Sudeste), por terem sido elaboradas

antes da decisão do STF. Com o encer-

ramento da legislatura em 2010, prati-

camente todas as propostas restaram

arquivadas. Uma proposta foi reaberta,

de autoria da Senadora Vanessa

Grazziotin , do PC do B do Amazonas, e

uma nova proposta surgiu em 2011, de autoria dos

Senadores Randolfe Rodrigues , do PSOL do Amapá, e

Romero Jucá do PMDB de Roraima.

Quanto à proposta da Senadora Vanessa Grazziotin, o

principal critério utilizado (98%) é o da renda per capita

(RPC). Os 2% restantes comporiam um fundo para distribuir

aos estados com áreas de conservação da natureza e/ou áreas

indígenas, vinculando o uso dos recursos a projetos de

4

5

6

7

1. PROPOSTAS TRAMITANDO

NO CONGRESSO NACIONAL

4

5

6

7

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Arts. 159, I, “a” e 161, II.

Palestra do Ministro Gilmar Mendes em Seminário sobre o FPE, na ESAF, em 25/05/2011.

Projeto de Lei do Senado (PLS) 192/2011.

PLS 289/2011.

Em função danecessidade de seremestipulados novoscritérios e metodologiade cálculo para adistribuição dosrecursos do FPE, foicriado um grupo detrabalho junto àComissão TécnicaPermanente (Cotepe)para estudar a matéria

Page 14: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

14 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

FPE

desenvolvimento sustentável. Esta vinculação de recursos

pode vir a ser declarada inconstitucional, devido à vedação

de vinculação existente no artigo 167, IV da Constituição. Em

tese, o uso de um critério “praticamente” único (reserva de

98% em função da RPC) pode vir a ser declarado

inconstitucional, por não atender ao disposto no artigo 161,

II da carta magna. Por outro lado, a reserva de 80% dos

recursos para as UFs com RPC abaixo da média nacional e

apenas 10% para as UFs com RPC acima da média, sem uma

justificativa específica, também poderia vir a ser questionada

sobre sua constitucionalidade. Além disso, mais grave é a

fixação de 8% dos recursos do fundo a serem distribuídos

igualmente entre as 5 UFs com maior população, dentre

aquelas que possuem RPC abaixo da média, sem qualquer

justificativa. Por esta proposta, o RS ficaria com apenas 1,32%

dos recursos, amargando perda de mais de R$ 500 milhões

em relação à distribuição atual (2010) . Falando de regiões, o

Sul e Sudeste, com mais de 56% da população do país ,

ficariam com apenas pouco mais de 10% dos recursos .

Quanto ao projeto do Senador Randolfe, são utilizados

diversos critérios ou variáveis para o cálculo dos coeficientes.

Trata-se de um modelo redistributivo, conforme será visto no

item 4. Pode-se dizer que o Senador utilizou como base uma

das simulações produzidas pelo GEFPE, com alterações. Um

dos principais problemas desta proposta é a manutenção das

reservas regionais fixas (de 85% para N, NE e CO e de 15%

para S e SE), as quais foram declaradas inconstitucionais pela

decisão do STF supracitada. Outra dificuldade do projeto é a

existência de um número elevado de variáveis a serem

consideradas no cálculo:

I. 25% de acordo com a distância existente entre o maior

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado

por uma UF brasileira e o IDH da própria UF;

II. 10% de acordo com a evolução decenal do IDH de cada

UF;

III. 13% de acordo com o inverso da RPC de cada UF;

IV. 22% de acordo com a população;

V. 5% de acordo com a superfície territorial de cada UF;

VI. 5% de acordo com o atendimento domiciliar de água

tratada;

VII. 5% de acordo com o coeficiente de cobertura de esgoto

domiciliar;

VIII. 5% de acordo com as unidades de conservação e áreas

indígenas;

IX. 10% de acordo com o inverso do Produto Interno Bruto

(PIB) de cada Unidade da Federação, sendo obedecido

o limite máximo de 10%.

A existência de um número elevado de variáveis torna o

modelo mais complexo, além de ocorrer o efeito de uma

variável anular a outra. Outra dificuldade é a difícil aceitação

pela maioria das UFs de utilização de critérios como água

tratada, esgoto e unidades de conservação e áreas indígenas

no cálculo. Outro ponto questionável é a utilização do IDH,

que é calculado por órgão não oficial, além de o Governo

brasileiro estar questionando a nova metodologia empre-

gada pelo Programa das Nações Unidas para o Desen-

volvimento (PNUD, que é órgão das Nações Unidas). Por este

projeto, o RS ficaria com 1,87% dos recursos, com uma perda

estimada em mais de R$ 230 milhões (base 2010) .

8

9

10

11

8

9

10

11

Fonte: Divisão de Estudos Econômicos (DEE/RE) da Receita Estadual do RS.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

A existência de um númeroelevado de variáveis torna omodelo mais complexo, além de ocorrer oefeito de uma variável anular a outra

Page 15: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

15

ARTIGO

2. MODELO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

(CTN)

3. MODELO DE EQUALIZAÇÃO DE RECEITAS

O CTN determinou, por seus artigos 88, 89 e 90, a

metodologia e os critérios de cálculo para a distribuição do

FPE. Basicamente, o CTN utiliza três parâmetros ou variáveis:

a área, a população e a RPC. O coeficiente da variável área é

calculado proporcionalmente à superfície total do Brasil,

sem faixas ou limites. Já a população possui limite mínimo de

2% e máximo de 10%, além de faixas para o cálculo dos

coeficientes correspondentes. Da mesma forma, a RPC

possui limite mínimo de 0,4% e máximo de 2,5%, além das

faixas para determinação dos coefi-

cientes.

Em virtude da utilização de limites

mínimos e máximos, além do uso de

faixas, o CTN, em tese, também poderia

ter a constitucionalidade arguida com

relação a isso. Os pesos correspon-

dentes das variáveis são de 5% para a

área e 95% para a população e RPC (os

índices são multiplicados). Com este

método do CTN, o RS ficaria com 3,81%

dos recursos, com ganho de R$ 700

milhões em relação ao coeficiente atual

(base 2010) . Já a distribuição entre

regiões, ficaria em 72,7% para Norte,

Nordeste e Centro-Oeste e 27,3% para Sul e Sudeste.

O modelo de equalização de receitas tem como objetivo

principal alcançar níveis mais semelhantes de receita per

capita entre as UFs. Cada UF, com um melhor nível de receita

per capita, colocaria em prática as suas políticas públicas

visando a melhorar o desenvolvimento socioeconômico.

A primeira dificuldade do modelo é a de determinar

qual a receita a ser utilizada no cálculo. O ideal seria a

utilização de uma receita potencial, pois a receita efetiva

arrecadada tem o reflexo dos benefícios fiscais e de eventuais

deficiências na administração tributária local. Entretanto, o

cálculo de uma receita potencial mostra-se difícil e os

modelos normalmente utilizam a arrecadação efetiva. Outra

questão é a utilização da receita total ou apenas de uma

receita “livre”, expurgadas as vinculações. Por outro lado, o

modelo de equalização puro trata igualmente as UFs, não

levando em consideração as diferenças históricas nos níveis

sociais e de desenvolvimento, além de não considerar as

diferenças de gastos para a realização do mesmo serviço à

população, como é o caso dos estados

com grande extensão territorial.

Finalmente, os modelos de

equalização podem realizar o cálculo

de máxima redistributividade numa

etapa (distribuindo recursos apenas

para os estados com menor receita per

capita) e numa segunda etapa,

distribuir recursos também para os

estados com maior receita per capita.

Admitindo-se um modelo que distribui

60% dos recursos na primeira etapa

(máxima redistributividade) e 40% dos

recursos na segunda etapa (com valor

de referência fixado na receita per

capita média nacional + um desvio padrão), o RS ficaria com

um coeficiente de 2,67% , com ganho em torno de R$ 150

milhões (base 2010).

Outra crítica a este modelo seria o fato de que algumas

UFs não teriam repasse algum. É o caso do Espírito Santo, Rio

de Janeiro e Distrito Federal, nesta simulação. Por outro lado,

algumas UFs são bastante beneficiadas por este modelo,

como é o caso da Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco, as

quais, juntas, receberiam 50% dos valores do fundo, o que

não seria politicamente possível de aprovação no Congresso.

12

13

12

13

Fonte: DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

O modelo deequalização de receitastem como objetivoprincipal alcançar níveismais semelhantes dereceita per capita entreas UFs

Page 16: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Ao mesmo tempo, algumas UFs teriam os recursos bastante

reduzidos, como é o caso dos ex-territórios, o que inviabi-

lizaria as suas finanças.

Uma tentativa de ajustar o modelo poderia ser o uso de

travas e limites mínimos e máximos, entretanto, tal hipótese

seria facilmente questionada judicialmente quanto à sua

constitucionalidade.

O modelo redistributivo utiliza

variáveis com o objetivo de medir a

situação socioeconômica das UFs e suas

necessidades para, então, fazer o

cálculo dos índices. O grande desafio é

a escolha das variáveis a serem

utilizadas e os critérios de cálculo.

Uma vez escolhidas as variáveis,

uma dificuldade é a estipulação dos

pesos correspondentes, o que é

determinante no cálculo. Uma das

possibilidades é a utilização de pesos e

variáveis que minimizem as “perdas”

em relação à distribuição atual congelada. Aqui se tem outra

dificuldade, posto que a distribuição atual foi congelada há

mais de 20 anos e teve apenas por base o CTN, entretanto,

além das reservas regionais, foram feitas “concessões” das

UFs do Sul e Sudeste para a composição do acordo. Além

disso, São Paulo, por exemplo, está fixado em 1% e Espírito

Santo em 1,5%. Em tese, querer alcançar um resultado

parecido com o atual, é, ao menos, “esdrúxulo”, mas é o que

politicamente pode ser mais viável.

Admitindo-se um modelo simples, no sentido de não

utilizar muitas variáveis, poderiam ser consideradas as

seguintes variáveis: área, população, RPC e PIB. Tomando-se

as variáveis com os seguintes pesos: 5% para área, 25% para

RPC, 50% para RPC e 20% para PIB, o RS teria um coeficiente

de 2,73%, com um ganho de R$ 430 milhões (base 2010) .

Alguns estados teriam perda excessiva por este modelo,

como é o caso da Bahia, que seria o maior perdedor, de certa

forma, inviabilizando eventual acordo entre os estados. Cabe

salientar um ponto positivo do modelo que é a não utilização

de quaisquer reservas, limites ou faixas.

Como se pode inferir, alguns esta-

dos ganham excessivamente no modelo

de equalização de receitas e outros

perdem muito no seu coeficiente. De

forma diametralmente oposta, no mo-

delo redistributivo, os “ganhadores” do

modelo de equalização tornam-se

“perdedores” e os “perdedores”, “ga-

nhadores”, mas também com grandes

“variações” em relação à distribuição

atual, com a ressalva que já fizemos an-

teriormente da distorção desta distri-

buição que está fixada há muitos anos.

Por esta razão, um modelo misto

entre o de equalização de receitas e o redistributivo poderia

chegar a um resultado mais próximo da distribuição atual.

Embora tecnicamente possa ser questionável, é uma

possibilidade a ser estudada. Levando-se em consideração as

variáveis elencadas para o modelo redistributivo (área,

população, RPC e PIB), pode-se acrescentar ao modelo uma

quinta variável de equalização de receitas (utilizamos os

mesmos critérios do item 3).

Utilizando-se a função “solver” do Excel para a

minimização das “perdas” globais (somatório das perdas em

relação à distribuição atual), chega-se ao seguinte resultado

para os pesos a serem aplicados a cada variável : 5,50% para a

área, 6,18% para a população, 10,05% para o PIB, 41,59%

para a RPC e 36,69% para a equalização de receitas

4. MODELO REDISTRIBUTIVO

5. MODELO MISTO

14

15

14

15

Fonte: DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

FPE

16

um modelo mistoentre o de equalizaçãode receitas e oredistributivo poderiachegar a um resultadomais próximo dadistribuição atual

Page 17: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Com estas variáveis e com estes pesos, o RS ficaria com

2,43% dos recursos do FPE, ou seja, com acréscimo de R$ 86

milhões (base 2010) . Entretanto, algumas UFs ainda teriam

um decréscimo elevado no coeficiente, como seria o caso de

Sergipe, Tocantins e Rio Grande do Norte. De positivo, o fato

de que o modelo misto reduz as “perdas” e “ganhos”

excessivos, gerando um resultado mais próximo da

distribuição atual. O somatório das “perdas” ficaria em

apenas R$ 3,4 bilhões. Outro ponto positivo é a não

utilização de quaisquer reservas, travas ou limites.

CONCLUSÕES

Em virtude da decisão do STF, julgando inconstitu-

cional a distribuição atual, pela fixação de índices e pela

utilização de reservas regionais fixas, surgiu a necessidade de

estudar o tema com vistas à elaboração de nova LC para a

repartição dos recursos do FPE.

Tecnicamente, o ideal seria a utilização de um modelo

puro, seja redistributivo, seja de equalização de receitas.

Entretanto, por tudo o que foi exposto, os modelos puros

impõem variações significativas nos coeficientes para deter-

minadas UFs, podendo comprometer suas receitas futuras,

sobretudo naquelas mais dependentes do repasse, como é o

caso dos ex-territórios.

Assim sendo, um modelo misto com redução das

“perdas” como foi apresentado no item 5 seria de mais fácil

aprovação no Congresso Nacional. Eventualmente, o

modelo misto pode ser aperfeiçoado, reduzindo-se as

“perdas” para os estados com maior dependência dos

repasses. Por outro lado, o problema poderia ser resolvido

por um período longo de transição. Admitindo-se um

período de transição de no mínimo 10 anos e um

crescimento médio do FPE em torno de 15% , pode-se

garantir que não haverá perdas financeiras para nenhuma UF.

Também é possível negociar um aporte extra da União

para compor as “perdas”. No caso do modelo misto apre-

sentado, seriam suficientes R$ 3,4 bilhões de aporte extra

para cobrir as “perdas”. Uma Proposta de Emenda Consti-

tucional (PEC) para alterar a composição do fundo, garan-

tindo mais recursos às UFs. Além disso, a base do fundo

poderia ser alterada para a receita total administrada, exceto

as receitas previdenciárias, fixando-se o coeficiente de 11%

do total para formar o FPE, em vez dos atuais 21,5% sobre o IR

e IPI. Isto preveniria eventuais mudanças na composição das

receitas da União, como aconteceu após a Constituição da

República. O FPE era em torno de 16% das receitas da União

em 1988 e em 2010 ficou em torno de 10% .

De outro norte, o FPE pode vir a ser utilizado como

parâmetro geral para a distribuição de outros recursos, como

os royalties do Pré-Sal. Já existem propostas tramitando no

Congresso Nacional neste sentido. Por isso cresce a impor-

tância dos novos coeficientes, inclusive sendo necessária

uma rediscussão mais ampla, dentro de todo o contexto,

envolvendo a reforma tributária, dívida, fundos constitu-

cionais, além de outros repasses.

Como pode ser visto, a questão não é fácil e há grandes

dificuldades para que se chegue a um acordo entre as UFs.

Talvez fosse melhor fazer a composição dos diversos temas,

compensando eventuais “perdas” com outros repasses ou

alterações tributárias.

16

17

18

FPE – de 2005 a 2011 – Participação do Rio Grande do

Sul

16

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18

19

Fonte: DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

Fonte: DEE/RE.

Simulação da evolução do FPE pelos diversos modelos apresentados

em comparação à situação atual. 2011 com valores até outubro .19

ARTIGO

17

Page 18: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Postal defende

18 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ALEXANDRE POSTAL

pela eficiência do Parlamento

Eleito para o seu quinto mandato com 45.631

votos, o deputado Alexandre Postal assumirá em

1º de fevereiro, pela primeira vez, a presidência

da Assembleia Legislativa. O parlamentar

respondeu a perguntas da revista Enfoque Fiscal,

abordando temas como administração tributária,

serviço público, relação entre os Poderes do

Estado e Prêmio Gestor Público. Confira abaixo a

íntegra da entrevista.

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

- O senhor assumirá a presidência

da Assembleia em 2012. Qual será o seu projeto como

presidente do Legislativo estadual?

- O Parlamento rio-grandense é

um dos mais destacados do país, reconhecido

nacionalmente por suas iniciativas em especial no campo

da transparência e controle dos gastos das verbas

públicas. Integramos a gestão que decidiu por inédito

compartilhamento nas ações administrativas, como

forma de permitir continuidade e mais eficiência na

condução do funcionamento da Casa. Daremos

continuidade ao processo.

O Parlamento não pode, a cada ano, em decorrência

de nova Mesa Diretora, sofrer mudanças impactantes de

condução. Estas alterações interrompem projetos,

impedem planejamentos de médio e longo prazos,

tornam efêmeras atividades importantes para o

andamento do Legislativo e, especialmente, impossi-

bilitam condutas de gestão que os momentos atuais

exigem e que a Constituição estabelece.

- Qual, no seu entender, o papel

principal do Poder Legislativo?

- Além daqueles preconizados

pela Constituição Estadual, de fiscalizar o Executivo e de

elaborar e votar leis, há um outro papel que precisa ser

desempenhado cada vez com mais atenção por parte do

Parlamento, o de estar ainda mais atento às

reivindicações da sociedade. A Carta de 1988, realmente a

Constituição Cidadã, uma vez que definiu direitos e

avanços sociais, limitou, infelizmente, a participação dos

legislativos estaduais em relação ao centralismo da União.

Assim, deveremos executar iniciativas que agre-

guem, cada vez mais, todos os partidos em defesa da

representatividade que a população, por meio do voto,

concede aos eleitos, para que respondam, mais e melhor,

a busca contínua

Page 19: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

19

ENTREVISTA

às crescentes demandas da sociedade. No que depender

da nossa vontade, nos aproximaremos ainda mais dos

segmentos representativos da sociedade, ouvindo as

demandas que possibilitem desenvolvimento e bem-

estar.

- Quais serão seus principais

desafios?

- Cumpriremos a função de

presidente da Casa por um ano, como resultado de

acordo entre as maiores bancadas. Neste contexto,

existem naturais desafios administrativos e políti-

cos, e será nossa responsabilidade

executar avanços em ambos os

campos.

O Palácio Farroupilha está

instalado em prédio com mais de 40

anos, com as carências naturais

resultantes do seu funcionamento e

tempo de existência. De outra

parte, a Assembleia é um Poder que

tem no seu Regimento Interno

aspectos que já estão em dissintonia

em relação a novas realidades, os quais precisam adequar-

se à realidade atual. Para tanto, igualmente necessita-se

de aprimoramentos em situações de suporte, como a

informática.

E deveremos ter, com a sociedade (este também não

deixa de ser um desafio), um diálogo franco,

transparente, sem que venhamos a nos omitir quando

chamados para opinar, bem como deveremos estar ao

lado do Executivo e Judiciário quando solicitados, como

deve ser o papel de uma organização atuante em defesas

dos interesses de todos os gaúchos.

No campo político seremos, por exemplo, uma

instância de oposição ao Executivo, mesmo sendo um

deputado oriundo e representante da minoria, levando-

se em conta a base de apoio parlamentar ao governo do

Estado. O desafio aqui, e deveremos exercitá-lo com

sabedoria, é manter a independência do Poder sem que

ocorram prejuízos de qualquer ordem ao Rio Grande do

Sul. Em um Estado tão dicotômico, a busca da harmonia é

essencial.

- O senhor apresentará algum

grande projeto de debate, como, por exemplo, o

“Destino e ações para o RS”, do seu antecessor, deputado

Villaverde?

- Este não é um projeto somente

do atual presidente. É um projeto

dos quatro deputados que passarão

pela presidência, tendo em vista

plano compartilhado de ações.

Definimos de comum acordo que

não teríamos um projeto distinto

em cada ano, até porque esta não é

uma conduta produtiva: a cada

gestão, a cada ano legislativo, uma

proposta diferenciada, zerando-se o

processo.

Vejo isso como algo do passado. Respeito os que

assim procederam, mas devemos pensar o todo da

Assembleia e este é o momento dos quatro parlamentares

que presidirão a Casa trabalharem em uma mesma

direção, olhando não apenas um período, uma gestão,

mas os próximos anos, em uma construção salutar e

eficaz.

- Como Vossa Excelência avalia o

tema teto remuneratório do servidor público?

- A questão do teto remune-

ratório é matéria de legislação constitucional federal (art.

37, XI, CF/88), não cabendo ao Parlamento gaúcho outra

atitude senão cumpri-la. Assim, a menos que haja uma

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

O Parlamento nãopode, a cada ano, emdecorrência de novaMesa Diretora, sofrermudanças impactantesde condução

Page 20: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

20 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ALEXANDRE POSTAL

movimentação conjunta de mais da metade das

Assembleias Legislativas Estaduais, com proposta apro-

vada pela maioria relativa de seus membros, onde seja

novamente questionada a eficácia da manutenção deste

dispositivo constitucional – e não vejo espaço para uma

manobra neste sentido – cabe a Assembleia apenas a

fiscalização de sua aplicação, no âmbito do Estado.

- O senhor é favorável a um teto

único para todos os servidores públicos, como é o do RS

atualmente, ou o senhor entende

que é preciso haver um teto

remuneratório para cada Poder

do Estado?

- Sim!

Entendo que o Constituinte,

quando pensou na figura do teto

remuneratório, não partiu da

premissa que poderia haver

categorias funcionais que não

estivessem albergadas nesse con-

ceito, nem tampouco consi-

derou que, no futuro, se pudesse

criar outra figura decorrente, que

é a das subcategorias funcionais

de Estado. Admitir isso seria

admitir que o Estado não é um

todo, único, e os três poderes constituídos não seriam

harmônicos, ou mesmo que a verba não é única para

todas as espécies de gastos, seja nas áreas afetas ao

Executivo, Legislativo ou mesmo em relação ao

Judiciário.

Como admitir que um servidor, de mesma categoria

funcional, lotado num desses poderes, possa não ter a

mesma condição de remuneração mínima e máxima em

relação aos seus pares, somente em função de estar

vinculado a uma das pontas do tripé que sustenta o

Estado? A Constituição Federal no artigo 37, XII

estabelece que os vencimentos dos cargos do Poder

Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser

superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Ou seja, o

Estado,por ser um Ente único, não pode admitir

desigualdades, tanto de direitos quanto de obrigações.

- Como se darão as relações do

Poder Legislativo com o Poder Executivo?

- Se depender das minhas ações

como presidente, as melhores

possíveis, no mais alto grau de

cordialidade, do interesse pú-

blico. Quero ser um presidente

do Legislativo que esteja ao

lado do governador Tarso em

tudo aquilo que seja interesse

do Rio Grande. Quando entrar-

mos no campo político ou

ideológico aí teremos um qua-

dro com questões partidárias. O

Rio Grande, porém, está acima

dos nossos partidos.

- Em 2011,

quando da votação do pacote

do Executivo, que aumentou a

alíquota de desconto do IPE de 11% para 14%, a maioria

dos deputados estaduais e dos servidores públicos

colocaram-se de lados opostos: os primeiros achando

necessário o aumento da tributação sobre os servido-

res públicos e os outros se achando mais uma vez

prejudicados pelas decisões do Executivo e do

Legislativo. Como Vossa Excelência analisa as cons-

tantes perdas dos servidores públicos no transcorrer dos

anos?

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Como admitir que umservidor, de mesma categoriafuncional, lotado num dessespoderes, possa não ter amesma condição deremuneração mínima e máximaem relação aos seus pares,somente em função de estarvinculado a uma das pontas dotripé que sustenta o Estado?

Page 21: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

21

ENTREVISTA

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

- A questão da alíquota mais ade-

quada à contribuição previdenciária dos servidores é

antiga e recorrente. Porém, sempre me manifestei con-

trário a qualquer aumento que onere ainda mais os

servidores do Estado. Este foi o meu voto assim como de

toda a Bancada do PMDB.

De outra parte, tenho lembrança de que o próprio

ministro Gilmar Mendes, se não me engano, em seu

pronunciamento no Supremo

Tribunal Federal, alertou que a

Constituição Federal não dispõe de

forma que obrigue um escalona-

mento nas contribuições previden-

ciárias na área pública, depen-

dendo do valor dos salários. De

qualquer forma, independen-

temente das discussões e teses

jurídicas, sou contrário a qualquer

aumento neste sentido.

- Quais seus

projetos políticos para o ano de

2012?

- Dias atrás

realizamos, no período legal, a transferência do nosso

domicílio eleitoral para Bento Gonçalves, a convite do

diretório municipal do PMDB. O objetivo é agregarmos

força à sigla na cidade, para que tenha bom desempenho

nas eleições de outubro. Além disso, Bento Gonçalves,

importante município serrano, estava sem representação

no Parlamento. Correligionários expuseram sua

expectativa de que eu venha a concorrer a prefeito, mas

meu projeto prioritário, para o qual me preparei, é o de

presidir a Assembleia em 2012.

- Como o senhor avalia a Admi-

nistração Tributária?

- Entendo que seja necessário

repensar o atual sistema de trabalho, para não perma-

necermos no conceito de que somos a administração

mais conservadora dentre todas as demais secretarias

fazendárias da Federação. A Secretaria da Fazenda conta

com técnicos preparados e dedicados. A própria Assem-

bleia sempre se valeu de técnicos fazendários para que

dessem sua importante contribuição aos trabalhos

legislativos. Poderíamos avançar

um pouco mais, em vários quesitos

de tributação. Mas há toda uma

discussão a ser feita e encami-

nhada. Reitero que o quadro é

competente, mas é necessário este

aprimoramento para que não

sejamos rotulados negativamente.

- Em 2010,

Assembleia Legislativa aprovou Lei

Orgânica da Administração Tribu-

tária, o que o senhor pensa a

respeito da autonomia do fisco

estadual?

- A Admi-

nistração Tributária é uma função relevante de Estado, e

por esse motivo conta com dispositivo constitucional

próprio que é o art. 37, XXII. Nele, está previsto que suas

atividades serão exercidas por servidores de carreira

específica, que terão recursos prioritários para a

realização de suas atividades e atuarão de forma integrada

nas três esferas de Poder, qual sejam a Federal, Municipal

e Estadual.

Outro dispositivo constitucional do mesmo artigo

37 já citado, no caso o inciso XVIII, diz que a admi-

nistração fazendária e seus servidores fiscais terão,

dentro de suas áreas de competência e jurisdição,

precedência sobre os demais setores administrativos, na

A Secretaria da Fazendaconta com técnicospreparados e dedicados. Aprópria Assem-bleia sempre se valeu detécnicos fazendários paraque dessem suaimportante contribuiçãoaos trabalhos legislativos

Page 22: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

22 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ALEXANDRE POSTAL

forma da lei. Em ambos dispositivos há nítida prevalência

dessas funções de gênero e espécie, tanto no aspecto da

percepção prioritária de recursos quanto na necessidade

de carreira específica, diferente das demais funções

administrativas de Estado.

Neste sentido, é preciso uma distinção entre

independência funcional e autonomia administrativa. A

independência funcional se refere à existência de um

cargo próprio e que suas atividades não ficam

subordinadas a pessoas estranhas à carreira própria. Ou

seja, nenhum governante pode dizer o que deve ou não

deve fazer o titular do respectivo

cargo, que tem independência

funcional nesse sentido. Por outro

lado, Autonomia Administrativa é

coisa distinta, pois é própria de

órgão. E se aplica, portanto, aos

órgãos que a própria Constituição

assim os institui, como Ministério

Público, Defensoria Pública e

outros.

Assim, não havendo um ór-

gão definido autônomo, pela Lei,

nestes termos, muito menos uma

carreira, de per si e de forma iso-

lada, pode ser considerada autô-

noma, uma vez que poderia ferir a

diplomacia do Estado com suas hierarquias próprias.

Desta forma, respeitadas suas competências, à

Administração Tributária, pela Lei, não é conferida a

existência de órgão próprio contemplado nas três esferas

de poder, a exemplo dos demais órgãos instituídos pela

Constituição Federal. Como parte integrante da admi-

nistração pública e sujeita ao mandamus do Chefe do

Poder Executivo, no que se refere a definições das

políticas públicas mais adequadas ao momento, penso

que a Administração Tributária possui extrema relevância

na formação das políticas públicas e na consecução dos

objetivos do Estado, assim delineados pelo projeto de um

governo eleito pelo povo.

- A administração tributária deve ser

independente e distante de interesses políticos?

- Entendo que esta discussão não

está madura o suficiente na sociedade e, por isso, a

Assembleia Legislativa e a maioria de seus deputados

ainda não tem uma posição formada a este respeito.

- Como deve ser a relação entre

administração tributária e o contri-

buinte?

- A relação

deve ser a mais harmoniosa

possível; e sempre no sentido de,

primeiro, buscar ao máximo

orientar, pois as legislações

tributárias, em geral, contém certo

grau de complexidade. Por isso

fica difícil, às vezes, para o micro,

pequeno ou médio contribuinte

realizar o acompanhamento

permanente das atualizações e

modificações que a todo momento

são implementadas pelas áreas

fazendárias dos governos nas três

esferas de Poder, dentro das respectivas competências

tributárias.

Isto é sentido e reconhecido tanto por empresários

como também por aqueles profissionais que prestam

assessoria tributária, os quais muitas vezes estão distantes

dos grandes centros e capitais, onde as coisas são

delineadas e decididas.

O grau de acesso às informações, esclarecimentos e

soluções que são disponibilizados quando se está

estabelecido nos grandes centros é bem diferente

daquele que se dispõe quando a atividade empresarial é

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre PostalPenso que aAdministração Tributáriapossui extrema relevânciana formação das políticaspúblicas e na consecuçãodos objetivos do Estado,assim delineados peloprojeto de um governoeleito pelo povo

Page 23: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

23

ENTREVISTA

exercida no interior do Estado. E isso é uma desvantagem

competitiva, que contribui para o êxodo econômico e,

salvo melhor entendimento, não é levada em conta pelo

Fisco na sua relação com a sociedade.

- Hoje essa relação é saudável?

- Penso que sim, mas sempre

poderá haver avanços.

- O que pode melhorar?

- Em vários aspectos, como por

exemplo, aprimorar os mecanismos de controle sobre o

instituto da Substituição Tributária, especialmente no

sentido de melhorar a fiscalização das entradas de

produtos provenientes de outros entes federados, de

modo a não prejudicar o empresariado e a indústria local.

- Como o senhor avalia a

competência do Estado com relação às questões

tributárias?

- Esta é outra questão impor-

tantíssima, pois atualmente esta competência é muito

restrita, ao meu ver. Este, inclusive, é um dos motivos

pelo qual estamos debatendo sobre a necessidade de

uma reforma tributária que redefina as competências de

cada ente federado. De certa forma, a União tem um

poder de legislar sobre todos os impostos, seja os seus

diretamente ou mesmo, de forma indireta, em relação

àqueles afetos aos Estados.

Vale lembrar que a possibilidade de mudanças em

relação ao ICMS precisa de acordo dos demais entes via

Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o que

torna qualquer proposta de benefício ou incentivo

regional a determinado segmento econômico (que por

ventura esteja em dificuldade momentânea) como

alguma coisa próxima ao inviável.

De certa maneira, sou aliado da tese de que

precisamos de um direcionamento único, permitindo

que a competição entre os estados não dependa do grau

de incentivo concedido, mas, sim, de outros fatores,

como a qualidade da mão de obra e a logística em relação

ao mercado, entre outros. Por outro lado, também é

importante que um Estado tenha a possibilidade de

flexibilizar situações que lhe são típicas. Daí a dificuldade

de equacionar todas estas questões que envolvem o

poder de tributar do Estado e a dificuldade do trato deste

tema via Reforma Tributária.

- Desde a sua primeira edição, o

Prêmio Gestor Público, instrumento de promoção das

atividades e projetos municipais, conta com o

fundamental apoio da Assembleia Legislativa. O que o

senhor pensa sobre essa parceria e sobre o Prêmio?

- Tem meu total apoio e incentivo,

inclusive agregando divulgação, para que os municípios

construam e desenvolvam, cada vez mais, projetos que

possam dinamizar a administração pública e serem

reconhecidos. Hoje, este é o maior prêmio concedido ao

administrador público, aquele que todo prefeito gostaria

de receber, de poder exibí-lo com orgulho em seu

gabinete. Esta foi uma das grandes conquistas do

municipalismo e tem toda a nossa solidariedade. E cito

aqui, como motivo de orgulho, o prêmio Gestor Público

recebido pelo meu irmão Fernando Postal, em razão da

sua administração à frente da prefeitura de Guaporé.

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Enfoque Fiscal

Alexandre Postal

Hoje, este é o maior prêmio (Prêmio GestorPúblico) concedido ao administrador

público, aquele que todo prefeito gostariade receber, de poder exibí-lo com orgulho

em seu gabinete

Page 24: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

24 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

ADMINISTRAÇÃO

TRIBUTÁRIA

Pouco a pouco, começam a ser sentidas as

mudanças promovidas pela atual gestão no campo da

administração tributária com vistas à do

aparelho fiscal. Alterações em processos e modos de

trabalho e de ação, o uso intensivo de Tecnologia

(software e hardware) e a obtenção de bases de dados

que produzem informações sistemáticas e gerenciais

sobre os contribuintes para a análise e implementação

de políticas específicas, começam a ser efetivadas na

busca de uma melhor posição entre as práticas de gestão

fiscal no País.

Os indicadores de da Receita Estadual

já refletem em parte as mudanças que estão sendo

realizadas, muitas delas como consequência de ideias e

de propostas anteriores do grupo Fisco.

Na avaliação de informações de arrecadação, é

muito importante saber o que se está analisando e não

só usar a comparação matemática pura e simples, para

não se incorrer em erros de avaliação ou impro-

priedades técnicas. Um exemplo disto seria tomarmos a

arrecadação do ICMS do mês de março de 2010 e a

compararmos com o mesmo mês de 2011, sem observar

que no ano de 2010 a arrecadação do dia 27 do mês de

fevereiro, de mais de R$ 100 milhões, foi contabilizada

em março, em função de que aquele dia ter sido um

sábado.

modernização

performance

O Desempenho da Receita do ICMS no

acumulado até outubro de 2011:

NO RUMO DA MODERNIZAÇÃO

E RECEITA EM CRESCIMENTO

Ricardo Neves PereiraSubsecretário da Receita Estadual

Page 25: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

O desempenho do ICMS gaúcho em 2011 pode ser

aferido em termos nominais, isto é, a preços correntes,

ou reais, com a utilização de um deflator para expurgar a

influência do processo inflacionário. Neste sentido, são

utilizados índices de preços, como o IGP-DI (FGV) e o

IPCA (IBGE). Na avaliação da área econômica da Receita

Estadual, temos:

Utilizando-se o IGP-DI, deflator tradicionalmente

utilizado pela Receita Estadual, verifica-se que, no

acumulado até outubro, o imposto teve o segundo

maior valor da história, resultado que se repete mesmo

considerando a série desde 1989 (ano da implantação

do ICMS) ou desde 1967 (quando foi criado o ICM),

perdendo apenas para o acumulado até outubro de

2010.

Se considerarmos que em 2010 houve recuperação

de créditos através de programa especial de

parcelamento (AJUSTAR), podemos concluir que,

mesmo comparada à de 2010, a arrecadação dos dez

primeiros meses deste ano teve desempenho positivo.

De fato, ao realizarmos os ajustes, a queda de 0,94% do

acumulado até outubro de 2011 em relação ao

acumulado até outubro de 2010, se transforma em

crescimento real de 1,30%. Dessa forma, a receita de

2011 passa a ser a recorde da série histórica que se

iniciou em 1989.

A arrecadação final do exercício de 2011 pode ter

uma prévia extraída através do valor acumulado em “12

meses”. A arrecadação de ICMS, prevista para novembro,

está em torno de R$ 1,788 bilhão, o que, em termos

reais, projeta um crescimento de 0,03% do exercício de

2011 em relação a 2010, isto sem efetuar qualquer ajuste

relativo aos programas de recuperação de crédito

verificados em 2010. Isto significa que, mesmo não

tendo as receitas adicionais atípicas de 2010, o ano de

2011 registrará - é quase certo - a maior receita da

história do imposto.

Se utilizarmos o IPCA, a arrecadação do ICMS já

está, no acumulado até outubro de 2011, com o recorde

a) desempenho pelo IGP-DI (a preços de

outubro de 2011):

b) desempenho pelo IPCA (a preços de outubro

de 2011):

10º

11º

12º

13º

14º

15º

16º

17º

18º

19º

20º

21º

22º

23º

2010

2011

2008

2009

2006

2007

2005

2001

2002

2000

2003

2004

1996

1990

1995

1998

1997

1999

1991

1989

1994

1992

1993

16.301.735.722

16.148.830.365

14.580.322.783

14.202.416.127

13.595.521.378

13.156.625.031

13.046.687.095

12.523.350.780

12.110.853.149

11.632.279.624

11.596.129.088

11.571.934.300

11.552.621.790

11.309.695.043

11.169.999.385

11.079.261.164

11.026.907.788

10.982.667.899

10.746.291.193

10.558.786.523

10.339.373.100

9.885.473.133

9.766.697.960

Rank Acum. Out. ICMS /RS ( Valores reais, IGP/DI)

Fonte: DEE. IGP-DI de outubro de 2011.

25

ARTIGO

Se considerarmos que em 2010 houverecuperação de créditos através deprograma especial de parcelamento

(AJUSTAR), podemos concluir que, mesmocomparada à de 2010, a arrecadação dos

dez primeiros meses deste ano tevedesempenho positivo

Page 26: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

26 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

de receita na história do imposto, com um acréscimo

real de 1,4%. Para o exercício cheio, a projeção é de um

crescimento ainda maior, de 2,3%, representando quase

meio bilhão a mais do que foi obtido em 2010.

ICMS acumulado até outubro (valores reais pelo IPCA)

O Desempenho da Receita do ICMS:

Retrospectiva Histórica e comparações

Num período mais longo, é necessário ter

precaução na análise em função de arrecadações

extraordinárias decorrentes de aumentos temporários

de alíquotas (como nos exercícios de 2005 e 2006) ou de

programas especiais de parcelamento (REFAZ em 2003,

Programa de Recuperação de Créditos em 2005 e o já

citado AJUSTAR em 2010) ou ainda de fatores que não se

repetem corriqueiramente.

Na mesma esteira, no ano de 2003, escolhido em

alguns estudos, como ano inicial da série de dados,

temos fatores que alteraram significativamente a

arrecadação do ICMS, gerando distorções na base de

comparação. Um deles, motivo de grande orgulho para

o fisco gaúcho, foi o pagamento excepcional referente a

uma autuação fiscal no setor de combustíveis, que fez

ingressar, de uma só vez, grande soma de valores (mais

de 120 milhões), distorcendo, não só a base de

comparação do setor, como a do total do imposto, tendo

em vista ainda o recolhimento adicional de mais R$ 240

milhões também pelo REFAZ.

Muito tem se falado, também, da participação

relativa do imposto sobre bens e serviços em relação ao

quadro nacional. A utilização desse indicador, sem fazer

referência ao contexto econômico no qual está inserido

o tributo, gera distorções. Ao se analisar as participações

do ICMS-RS no ICMS nacional e a do PIB gaúcho no PIB

nacional, verifica-se que a evolução da participação do

imposto guarda estreita relação com a queda da

participação da atividade econômica do Estado.

De fato, de 2003 para 2010, também houve queda

do PIB gaúcho no “bolo” nacional (-15,3%), maior do

que a queda relativa do ICMS gaúcho (-12,2%). Deve-se

levar em conta ainda a melhoria da performance do im-

posto em estados com menor grau de desenvolvimento

econômico e com administrações tributárias que ainda

tem alto potencial de desenvolvimento por estarem num

estágio menos desenvolvido que a do RS e a de outros

grandes estados, onde também se verificaram perdas

relativas.

A curva de decréscimo da participação relativa do

PIB explica, portanto, em grande parte, a tendência

declinante do tributo gaúcho no contexto nacional e

refuta, de plano, a hipótese de mau desempenho

administrativo.

Ao contrário, o que ocorreu foi a elevação da

efetividade do ICMS gaúcho em relação a sua base

teórica (o VAF) ou em relação a sua base aproximada (o

PIB). Essa recuperação deve ser destacada como fato

positivo relevante.

10º

11º

12º

13º

14º

15º

16º

17º

18º

19º

20º

21º

22º

23º

2011

2010

2008

2009

2006

2005

2007

2004

2003

2001

2002

2000

1999

1995

1996

1998

1997

1994

1990

1989

1993

1991

1992

16.186.044.613

15.959.024.501

14.677.418.463

13.955.075.735

12.828.244.696

12.663.325.039

12.548.035.624

11.262.295.794

11.036.044.726

10.602.722.735

10.566.897.571

9.528.680.268

8.418.530.822

8.410.225.155

8.285.909.378

8.066.565.280

7.960.717.685

7.353.722.508

6.811.261.886

6.651.946.745

6.060.136.460

6.044.750.605

5.750.726.998

Fonte: DEE. IPCA de outubro de 2011.

Page 27: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Com efeito, se tomarmos ainda o ano de 2003 como

referência, verificaremos uma expansão relativa do

ICMS. A “alíquota efetiva” em relação ao PIB cresceu 9%,

passando de 7,22% em 2003 para 7,84% em 2010,

estabelecendo o recorde da história recente do imposto

(desde 1995), desconsiderando o ano de 2005, quando

houve aumento de alíquotas seletivas. Além disso, a

efetividade do ICMS, de 7,84%, ficou bem acima da

média nacional, de 7,36%. De 2003 a 2010, a expansão

da alíquota efetiva do imposto em relação ao PIB no RS

foi quase o dobro da nacional (crescimento de 8,6% no

RS contra 4,9% no plano nacional).

Desde 2005, a arrecadação de ICMS em nosso

Estado experimentou forte recuperação vis-à-vis o

desempenho do PIB. Isso fica estampado no gráfico

abaixo, que compara a evolução do PIB gaúcho com a da

arrecadação de ICMS, tomando como base (1,00) o ano

de 2004.

Em conclusão, o ICMS gaúcho tem mantido uma

performance superior ao aumento do PIB, impedindo

até uma queda maior no contexto nacional, cuja

explicação está ligada essencialmente à queda relativa da

economia gaúcha. Este quadro de aumento da

efetividade do ICMS do RS também pode ser visto pela

evolução do imposto em relação a sua base teórica – o

VAF. Neste caso, o aproveitamento da base teórica foi

ampliada em mais de 8% no período de 2003 a 2010,

passando a alíquota efetiva de 10,54% para 11,39%.

Em termos setoriais, a queda no acumulado até

outubro de 2011 (pelo IGP-DI) relativamente ao mesmo

período de 2010, é justificada pelo desempenho

insuficiente dos segmentos (agregados) de

comunicações, ferros, supermercados, arroz e carnes

(maiores contribuições negativas para a taxa final de

variação do imposto). Produtos petroquímicos, veículos

e calçados foram os agregados de maior contribuição

positiva.

O trabalho da Receita Estadual gaúcha constitui-se

num processo de aprimoramento contínuo ao longo

dos anos, mesmo lutando com dificuldades em termos

de recursos financeiros, humanos, tecnológicos e

materiais para a execução de sua atividade. Na presente

gestão, nas duas áreas básicas de atuação do fisco, ou

seja, na “política” e na “administração” tributárias,

trabalha-se com a possibilidade de se avançar

efetivamente no processo de modernização fiscal, o que

se refletirá, por consequência, numa melhoria nos níveis

ICMS/PIB BR6,69%6,60%6,34%6,22%6,37%6,98%7,24%7,13%

7,12%7,23%7,26%7,05%7,34%7,20%

4,9%

7,02%

7,36%

ICMS/PIB RS7,04%6,83%6,17%6,25%6,30%6,90%7,27%7,05%

6,99%7,89%7,53%6,94%7,43%7,30%

8,6%

7,22%

7,84%

ANO

Var. 10/03

19951996199719981999200020012002

200420052006200720082009

2003

2010

Fonte dos dados brutos: DEE/RE, FEE e IBGE.

27

ARTIGO

Page 28: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

28 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

da receita pública e nos indicadores de desenvolvimento

do Estado.

A recente aprovação de uma Lei Orgânica da

Administração Tributária (LOAT) e a expectativa de sua

implementação plena, sem sobressaltos ou fatores

externos prejudiciais, é uma esperança do fisco gaúcho

em poder ampliar a sua contribuição como provedor de

recursos ao Estado. A Administração Tributária gaúcha

também conta com o chamado “PROFISCO” (Projeto de

Fortalecimento da Gestão Fiscal do Estado do Rio

Grande do Sul), que prevê empréstimo do BID para

investimentos que visam ao fortalecimento da estrutura

tributária estadual. A ideia é desenvolver uma Gestão

Integrada da Receita Estadual, cujo passo inicial será

dado através do mapeamento de todos os processos que

envolvem a Organização. Isso permitirá criar subsídios

necessários para execução de projetos seletivos.

Outra linha de trabalho tem sido a de estreitar a

relação com a Receita Federal. Recentemente, firmou-se

protocolo para a realização de ações conjuntas para o

combate à evasão fiscal. Dentre as atividades previstas

pelo Protocolo, está o desenvolvimento de programas

de cooperação técnico-fiscais, a constituição de grupos

de trabalho e o intercâmbio de informações cadastrais.

Trabalho semelhante de integração fiscal está se fazendo

com os Fiscos Estaduais. A integração entre os fiscos

representa um passo importante no combate à evasão

fiscal, com ganhos para os cofres públicos e para a

sociedade em geral.

Entre as ações da Administração Tributária neste

início de gestão, podem-se destacar as seguintes

medidas e projetos que contribuíram ou contribuirão

seja para o avanço na modernização fiscal, seja para a

manutenção e expansão dos níveis de Receita. Os

projetos que estão em desenvolvimento são:

Estruturação da Delegacia Especializada; Criação do

Posto Fiscal Virtual; Implantação do Programa de

Qualidade 5S; Melhoria da Gestão; Estruturação do

Escritório de Projetos; Modernização da Legislação;

Criação de Banco de Ideias; Ação Fiscal; Auditoria

Contínua; Autorregularização; Sistema de Informações

Gerenciais da Receita / DW – Datawarehouse; Nova

Cobrança; Carta Compromisso; Domicílio Tributário

Eletrônico; Vinculação Débito/Crédito da Nota Fiscal

Eletrônica; SIRE - Sistema Integrado da Receita Estadual;

Qualificação do Auto de Lançamento; Identidade RE;

Transparência – Informacões Econômico-Fiscais; Matriz

tributária das cadeias produtivas; Educação Fiscal;

Política de Benefícios Fiscais; Informática Forense;

INFOVIA; Matriz de Capacitação; Gestão por

Indicadores – RE; Revisão dos Macroprocessos RE; Uso

do software Statistica.

Destacamos o projeto de implantação da Delegacia

Especializada que se insere no contexto de reestru-

turação das atividades dos grupos setoriais de fisca-

lização, os quais passarão gradualmente por processo de

institucionalização. Nesta Delegacia, além da Substi-

tuição Tributária Interestadual e da Coordenação de

Comércio Exterior, serão acompanhados os setores mais

representativos da arrecadação estadual e que exigem

alta especialização, como os setores de combustíveis,

bebidas, comunicações e energia elétrica.

A recente aprovação de uma Lei Orgânicada Administração Tributária (LOAT) e aexpectativa de sua implementação plena,sem sobressaltos ou fatores externosprejudiciais, é uma esperança do fiscogaúcho em poder ampliar a sua contribuiçãocomo provedor de recursos ao Estado

Page 29: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Outro projeto que podemos enfatizar é o do Posto

Fiscal Virtual, o qual será responsável por mu-

danças significativas na forma de atuação do Trânsito de

Mercadorias, integrando-o mais fortemente com as

atividades de Auditoria realizadas pelas Delegacias,

buscando direcionar, também, as abordagens realizadas

tanto pelos Postos fixos quanto pelas Turmas Volantes

para operações que apresentem maior grau de risco de

sonegação.

Todos os projetos serão acompanhados pelo

Escritório de Projeto que estamos estruturando na

APLAN (Assessoria de Planejamento da Receita Esta-

dual), o qual tem como missão dar apoio aos vários

gerentes de projeto, além de garantir uma visão e

integração entre as diferentes iniciativas, garantindo a

integração entre os projetos.

Ainda no campo da Administração Tributária, pode-

se realçar o balanço das autuações relativas ao ICMS,

ocorridas no primeiro semestre do ano de 2011. Foram

mais de 26 mil autuações, totalizando R$ 626,77 milhões

entre ICMS e multa. Apesar da ênfase da gestão fiscal

gaúcha estar calcada no enfoque preventivo, de

propiciar, inclusive, a auto-regularização da escrita

fiscal, o Estado alcançou bons níveis de produção fiscal

repressiva. Os maiores valores autuados foram nos

setores de Indústria de Transformação, com R$ 276

milhões; Comércio Varejista, com R$ 123 milhões e o

Comércio Atacadista, com R$ 95 milhões. A projeção

para o ano de 2011 é de obtenção de R$ 1,5 bilhão em

lançamentos fiscais por evasão.

No campo da política tributária, a Receita Estadual

tem pautado sua atuação e seus estudos, dentro dos

ditames básicos estabelecidos pelas políticas de

governo, no sentido de assegurar a competitividade dos

setores econômicos gaúchos vis a vis aos demais Esta-

dos. Além disso, foca sua atenção para poder oferecer

estímulos para a expansão de setores tradicionais ou

para segmentos com dificuldades conjunturais, cola-

borar nas políticas públicas sociais e assistenciais, viabi-

lizar o preenchimento de espaços vazios de sua eco-

nomia, bem como atrair setores ligados às áreas em que

as novas tecnologias poderão ser destaques no futuro.

No âmbito nacional, a Receita Estadual participa de

fóruns, colegiados, em que são discutidas e analisadas

várias proposições que afetam a tributação e o equilíbrio

federativo no Brasil. Neste sentido, a Administração

Tributária acompanha com muito interesse os

desdobramentos de assuntos como: a definição dos

critérios que formarão os novos índices de distribuição

do FPE; a discussão e quantificação do impacto de

propostas de reforma tributária; e os efeitos nas finanças

dos Estados e na competitividade da economia gaúcha

em função das propostas de convalidação ampla de

benefícios fiscais, bem como da redução das alíquotas

interestaduais, com migração para o princípio de

tributação no “destino”.

a) prorrogação da isenção de ICMS

sobre a comercialização de suínos vivos para outros

Estados e operações com carne suína in natura no

mercado interno; b) nos recebimentos de mercadorias

destinadas ao ativo permanente de empresa objetivando

a implantação, neste Estado, de usina termelétrica a

carvão mineral. Referem-se à isenção decorrente de

A política estadual de incentivos em 2011 tem

priorizado os seguintes segmentos, de acordo como

o tipo de instrumento tributário:

1) Isenções:

29

ARTIGO

Ainda no campo da Administração Tributária,pode-se realçar o balanço das autuações

relativas ao ICMS, ocorridas no primeirosemestre do ano de 2011. Foram mais de 26

mil autuações, totalizando R$ 626,77milhões entre ICMS e multa

Page 30: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

30 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

importação do exterior e à isenção do diferencial de

alíquotas nas aquisições interestaduais; c) nos

recebimentos decorrentes de importação do exterior de

bens ou mercadorias, importados sob o amparo do

Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária,

para aplicação nas instalações de exploração de petróleo

e gás natural (nos termos do REPETRO); d) saídas

internas de gêneros alimentícios regionais destinados à

merenda escolar da rede pública de ensino, promovidas

por produtores rurais, por cooperativas de produtores

ou por associações que as representem, enquadrados no

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar – Pronaf; e) nas operações com fosfato de

oseltamivir, vinculadas ao Programa “Farmácia Popular

do Brasil” e destinadas ao tratamento dos portadores da

Gripe A (H1N1);

a) manutenção

da redução da base de cálculo do ICMS, em valor que

resulte em carga tributária equivalente a 7%, nas saídas

de mercadorias da indústria têxtil. Com a medida, o

Governo do Estado equipara a carga tributária aplicada

no Rio Grande do Sul com a aplicada em outros Estados,

melhorando as condições de competitividade das em-

presas têxteis situadas no Estado; b) redução no valor

que resulte em carga tributária equivalente a 7% (sete

por cento), nas saídas de máquinas e equipamentos

classificados no código 8705.10.10 da NBM/SH-NCM,

produzidos neste Estado ou importados do exterior ao

abrigo do diferimento do pagamento do imposto, por

estabelecimentos de empresas que tenham firmado

Termo de Acordo com o Estado do Rio Grande do Sul; c)

para as indústrias da cadeia produtiva da reciclagem de

papel, estimulando a industrialização de papel reciclado

e também as atividades relacionadas à cadeia produtiva

de coleta de sucatas, uma vez que a reutilização de papel

tem reflexos positivos nos aspectos ecológicos e sociais;

a) manutenção de crédito

presumido de 4% na compra de leite para a produção de

der i vados no Es tado , a s segurando maior

competitividade a produtos do Estado que tem o leite

como matéria-prima; b) assegura crédito presumido a

fabricantes e importadores de pneumáticos.

Em resumo, a Receita Estadual tem desempenhado

tanto nesta como nas gestões anteriores um papel

fundamental, seja como provedor do Estado ou como

garantidor do equilíbrio concorrencial entre os

contribuintes, por inibir a evasão, sem falar na sua

intervenção no processo de desenvolvimento do

Estado. O que se busca como diferencial desta vez é fazer

o uso massivo da tecnologia, que permita extrair e

produzir informação sistematizada e não apenas dados

brutos, e a implantação de melhoria e de integração dos

processos de gestão, contribuindo assim para um

avanço expressivo na modernização tributária.

2) Redução de Base de Cálculo:

3) Crédito Presumido:

A Receita Estadual tem desempenhadotanto nesta como nas gestões anteriores umpapel fundamental, seja como provedor doEstado ou como garantidor do equilíbrioconcorrencial entre os contribuintes, por inibira evasão, sem falar na sua intervenção noprocesso de desenvolvimento do Estado

Page 31: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Não irei tecer considerações sobre

um projeto específico de lei de

transação no Direito Tributário. Minhas

observações se restringem à própria

ideia geral de transação nesse âmbito do

Direito, especialmente com base na sua

compatibilidade com os seus princípios

fundamentais. Nesse desiderato, cum-

pre responder a duas singelas inda-

gações: A ideia de transação é com-

patível com os princípios fundamentais

do Direito Tributário? É conveniente e

oportuno instituir uma lei sobre esse

assunto no Brasil neste momento? São

essas as perguntas a serem respondidas,

de modo bastante abreviado.

Com relação à primeira indagação,

cumpre dizer que tão antiga quanto a

própria ideia de tributo é a noção de que

ele não nasce da vontade do destina-

tário, mas da vontade objetivada na

própria lei que o institui. A compreen-

são de que somente a lei pode instituir

ou aumentar tributos foi positivada no

ordenamento brasileiro pela Consti-

tuição (art. 150, I). Mas, se apenas a lei

pode instituir ou aumentar tributos, a

vontade do contribuinte é juridicamente

irrelevante para esse efeito. Em razão

disso, a sua deliberação com relação à

existência ou inexistência de um tributo,

isoladamente considerada, ou à sua

dimensão, não produz qualquer efeito.

Não apenas a vontade do contri-

buinte é irrelevante. Também a vontade

da autoridade fiscal é impertinente. Essa

compreensão decorre do denominado

princípio da legalidade da administra-

ção (art. 37), do qual decorre o

consectário de que o interesse público

objetivado na lei é indisponível para a

administração e para o agente e, por tal

razão, não se submete à sua autonomia

negocial.

Por trás dessa ideia de que os

tributos devem ser instituídos em lei e

que só podem ser exigidos se nela

estiverem previstos está a noção de

igualdade: os tributos só podem ser

instituídos em norma geral e abstrata, de

tal sorte que o gravame seja rigoro-

samente igual para todos os cidadãos-

contribuintes que se encontrarem na

mesma situação. Daí o dizer de MAIOR

BORGES, no sentido de que a legalidade

e a isonomia são como princípios irmãos

- um não existe sem o outro e o outro

sem o um. Legalidade é, no fundo e

sempre, legalidade-isonômica.

Sendo assim, toda a ideia de que os

tributos podem ser objeto de um acordo

se torna incompatível tanto com a noção

de legalidade quanto com a de

Breves notas

sobre a

transação

no Direito

Tributário

Humberto Ávila

Professor Associado da Faculdade de Direito da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DIREITO TRIBUTÁRIO

31

Page 32: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

igualdade: com a de legalidade, porque

o tributo, se puder ser objeto de uma

transação, não nascerá da vontade

objetivada na lei, mas na vontade

daqueles que participarem do acordo de

vontades; com a igualdade, porque o

tributo, se puder ser capaz de um

acordo, não será igual para todos,

mesmo que os contribuintes estejam na

mesma situação diante da lei e apre-

sentem, conforme aos seus critérios, a

mesma capacidade contributiva. Como a

transação, ainda que feita com base em

critérios legais, será realizada caso a

caso, a sua solução tenderá a um

casuísmo suficiente para criar decisões

circunstanciais incapazes de universa-

lização para todos os contribuintes.

A ideia de transação, portanto, não

é compatível com os princípios

fundamentais do Direito Tributário,

especialmente os da legalidade, da

igualdade e da capacidade contributiva.

Independente disso, cumpre

indagar se é conveniente a instituição de

uma lei de transação no âmbito do

Direito Tributário. Claro que a resposta a

essa pergunta depende de numerosos

fatores que não podem, aqui, ser

aprofundados. Mesmo assim, pode-se

afirmar que, em face de todas as forças

econômicas e políticas que podem,

ainda que em tese, estar presentes no

âmbito de uma negociação, a aceitação

da transação de tributos é pelo menos

questionável.

De um lado, porque poderá trazer

desequilíbrios concorrenciais graves, na

medida em que alguns contribuintes

pagarão um tributo que outros,

abrangidos por transações não esten-

didas a outros, não irão suportar. Tal

desequilíbrio é incompatível com o

princípio da igualdade e com o seu

consectário da neutralidade fiscal.

De outro, porque haverá, em tese,

o uso de fatores econômicos e políticos

que não mantêm relação com os

critérios de tributação, como é o caso da

capacidade contributiva. Pagar-se-á mais

ou menos não em razão da lei, medida

pela capacidade contributiva, mas em

função de outros fatores alheios aos

princípios constitucionais aplicáveis. A

própria transparência desse procedi-

mento poderia ser questionada.

Claro que, tirantes os argumentos

constitucionais, a opção por instituir ou

não uma lei de transação é uma decisão

política que cabe ao Congresso Nacional

adotar. O que definitivamente não pode

justificar a sua imediata aceitação é o fato

de que há muitos débitos a cobrar que

não são satisfeitos pelos caminhos

normais da execução fiscal e que, do

ponto de vista da eficiência adminis-

trativa, seria mais produtivo negociar os

débitos tributários.

Ora, a eficiência administrativa é

apenas um critério para calibrar o

exercício da competência prevista em

regras constitucionais, mas não um

critério para criar competência onde

não haja poder atribuído por regras. Se

há algo errado com a cobrança de

créditos tributários, devem ser encon-

tradas explicações adequadas, que

podem ter muitas causas, como a

ausência de legitimidade dos créditos, a

falta de um devido processo legal para

discutí-las, entre tantas outras.

Com isso não se quer dizer que a

transação seja, em todas e quaisquer

circunstâncias, tanto inconstitucional

quanto inoportuna. O que se pretende

afirmar é que ela colide com os

princípios fundamentais do Direito

Tributário e que, por essa razão, deve ser

objeto de uma parcimoniosa e neutra

discussão, por muitos anos. A sábia

lentidão do legislador, tão presente na

história, deveria ser lembrada neste

momento tão crucial de flexibilização de

princípios tributários conquistados

durantes os últimos duzentos anos.

32 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ARTIGO

A ideia de transação,portanto, não écompatível com osprincípios fundamentaisdo Direito Tributário,especialmente os dalegalidade, da igualdadee da capacidadecontributiva

Page 33: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

JOÃO MOTTA

33

Enfoque fiscal:

João Motta:

Quais são as

prioridades da sua pasta?

A equipe da Secretaria

do Planejamento, Gestão e Participação

Cidadã concentra esforços na direção

daquela que é a visão do Governo do

Estado estabelecida em nosso mapa

estratégico: buscar a retomada do

desenvolvimento sustentável do Rio

Grande do Sul, com equidade e

participação. Para isso estamos trabalhando nas atribuições

que já eram tradicionais ao Planejamento, como a

elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes

Orçamentárias e do Orçamento Anual, agora agregadas ao

perfil de um estado que busca um resgate do seu potencial

de gerar desenvolvimento social e econômico, com

aprofundamento democrático e

controle público, caracterizados pela

participação popular e cidadã. Nosso

PPA 2012-2015 foi elaborado de forma

participativa, com a colaboração de seis

mil lideranças do Estado e 350

instituições, que apresentaram 12 mil

manifestações, traduzidas nas 23 áreas e

67 programas do PPA. O Orçamento

Estadual para 2012 foi produzido com a

participação de 60 mil pessoas nas três primeiras etapas –

audiências públicas regionais, assembleias municipais e

microrregionais e fóruns regionais – e a participação de

1.134.141 votantes, na Votação das Prioridades. A captação

de recursos através das Cartas-Consulta com o Banco

Mundial (Bird) e BNDES, que somam R$ 2 bilhões, junto a

Abrindo

portas

para o

desenvolvimentoCom o pensamento cotidiano focado na busca da retomada do desenvolvimento

sustentável do Rio Grande do Sul, o secretário de Planejamento, Gestão e Participação

Cidadã, João Motta, prioriza duas palavras que servem como linha de condução para

cumprir o desafio a ele e a sua equipe imposto: equidade e participação. Motta atendeu à

solicitação de entrevista da revista Enfoque Fiscal e abordou diversos temas como

retomada de desenvolvimento, parcerias público-privadas, relação com a Sefaz-RS e zonas

livres de comércio. Leia abaixo a íntegra das respostas do secretário.

Buscar a retomadado desenvolvimentosustentável do RioGrande do Sul, comequidade eparticipação

Page 34: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

uma relação de parceria e proximidade com o Governo

Federal, também são processos estratégicos que estamos

coordenando para a garantia de recursos que financiarão a

retomada do desenvolvimento em nosso estado.

Divergências políticas na política

gaúcha emperram o desenvolvimento do RS, que já esteve

entre os mais ricos estados brasileiros? O

que pode ser feito para o RS voltar a

crescer?

Esse é o pensamento

que nos move cotidianamente: buscar a

retomada do desenvolvimento do Rio

Grande do Sul, através da lógica da

concertação política e social, defendida

e praticada pelo nosso governo.

Acreditamos que a relação de sintonia

com o Governo Federal, que há muitas

gestões não era vivida pelo nosso estado,

já está trazendo resultados importantes.

Há pouco mais de um mês, obtivemos o

aval da União para a ampliação dos

limites para novas operações de crédito, o que dará ainda

mais fôlego para novos investimentos. A garantia da

construção do Metrô, uma obra aguardada há décadas pelos

gaúchos, só foi possível em função de uma negociação

direta do Governo do Estado com o Governo Federal. A

recente negociação das emendas parlamentares da bancada

gaúcha ao PPA Federal e ao Orçamento da União também

demonstrou um entendimento da necessidade de conjugar

esforços para não fragmentar as demandas, assim teremos

mais chances de garantir os recursos. Esse é um resultado de

uma compreensão da dimensão de unidade da força política

do nosso estado.

Nossa economia é forte, todos os indicadores atuais

divulgados pela Fundação de Economia e Estatística

demonstram isso: o Rio Grande do Sul cresce a taxas

superiores à média brasileira, e ingressará 2012 com

crescimento superior ao do Brasil, o que atesta o acerto do

Governo do Estado nas políticas de indução ao

desenvolvimento e de apoio aos setores produtivos.

Entretanto, em áreas como Educação e

Saúde, onde tínhamos excelentes

indicadores, perdemos posições, e

tivemos redução no percentual da

receita líquida para investimentos na

última década, enquanto os demais

estados expandem o investimento,

principalmente em modernização da

infraestrutura e logística, área onde

precisamos avançar muito. Por esse

motivo, buscamos fontes externas, como

as Cartas Consulta e os recursos da

União, que podem viabilizar um novo

ciclo para o Rio Grande do Sul.

Existe parceria entre Fazenda e

Planejamento? Como ela acontece? O que trouxe de

beneficio para o RS e a sociedade?

Existe uma sintonia de trabalho, traduzida

em uma relação estreita pautada pelo zelo na gestão do

Orçamento, nos processos de captação de recursos e no

acompanhamento das contas do Estado, especialmente

através do trabalho integrado na Junta Financeira. Todo este

trabalho demonstra, além do bom nível de entendimento, o

compromisso com os interesses do Estado.

Qual sua opinião sobre benefícios

Enfoque fiscal:

João Motta:

Enfoque fiscal:

João Motta:

Enfoque fiscal:

34 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ENTREVISTA

A garantia daconstrução do Metrô,uma obra aguardada hádécadas pelos gaúchos,só foi possível emfunção de umanegociação direta doGoverno do Estado como Governo Federal

Page 35: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

JOÃO MOTTA

35

fiscais? Há campanhas públicas a favor de uma maior

transparência, o modelo adotado hoje é correto?

Acreditamos na importância de inovar nas

modelagens de captação de recursos para resgatar a

capacidade do Estado de indução do desenvolvimento. Já

formalizamos uma série de programas de incentivo ao

empreendedorismo, com medidas de favorecimento à

desconcentração regional, uma das nossas preocupações. O

novo Fundopem, por exemplo, vai subsidiar a instalação de

centros de inovação e desenvolvimento tecnológico em

empresas da Metade Sul. E o Integrar/RS, Programa de

Harmonização do Desenvolvimento

Industrial do RS, favorece a ampliação

das atividades das cooperativas. Temos a

convicção de que estas ações são

estratégicas para impulsionar setores e

regiões que não encontravam apoio

efetivo do Estado para expansão. Ainda

usamos o modelo atual de benefícios

fiscais, mas somos favoráveis a uma

legislação que reduza a guerra fiscal

entre os estados e inove, a exemplo do

que propomos com o Badesul, a AGDI

(Agência Gaúcha de Desenvolvimento e

Promoção do Investimento), além de

fortalecer nossas tradicionais instituições fomentadoras de

investimento, como o Banrisul e o BRDE.

O Governo do Estado do já instituiu um Sistema de

Incentivos, através da Secretaria de Desenvolvimento e

Promoção do Investimento, que compreende, além dos

incentivos fiscais, outros fatores como localização e

formação geográfica, indicadores sociais e o atendimento

eficaz, com a Sala do Investidor. Com este trabalho já

garantimos em 2011 mais de R$ 10 bilhões em novas

empresas no estado com destaque para os setores de

energia eólica e para a estrutura complementar ao Porto de

Rio Grande.

Como o senhor e o governo avaliam as

tão comentadas parcerias pública/privada (PPPs)? Tais

parcerias se adequariam às propostas do atual governo?

Quais os benefícios ou os prejuízos que tais parcerias

poderiam trazer à administração estadual?

Entendemos que é um instrumento que

pode vir a ser utilizado para viabilizar obras em áreas como a

infraestrutura de malha viária, sanea-

mento e irrigação, em situações onde o

Estado muitas vezes atinge limites que

impedem algumas ações de avançar.

Nesses casos, vamos procurar parcerias

buscando modelagens que viabilizem

projetos importantes para o desenvolvi-

mento, que possam garantir a prestação

de serviços públicos de qualidade,

resguardando sempre a preservação do

interesse público.

Como o governo

estadual vê a criação de zonas de livre

comércio no Estado, objetivando a comercialização de

produtos nacionais aos países vizinhos, sem o pagamento

de tributos? O governo apoiará essa iniciativa ou é contrário?

Trata-se de uma iniciativa contextualizada

no processo recente que passa a considerar as fronteiras

internacionais com mais ênfase. São inegáveis os efeitos

positivos do comércio de fronteira para a renda e o emprego

das suas regiões, estão relacionados também ao turismo e a

outros segmentos associados. As faixas de fronteira

João Motta:

Enfoque fiscal:

João Motta:

Enfoque fiscal:

João Motta:

Acreditamos naimportância de inovarnas modelagens decaptação de recursospara resgatar acapacidade do Estadode indução dodesenvolvimento

Page 36: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

36 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

ENTREVISTA

possuem diversos elementos que podem colocá-las em uma

nova perspectiva de desenvolvimento.

Em 2010, a Assembleia Legislativa

aprovou Lei Orgânica da Administração Tributária, o que o

senhor pensa a respeito da autonomia do fisco estadual? A

administração tributária deve ser independente e distante

de interesses políticos?

A profissionalização é uma característica

fundamental de vários dos setores estratégicos para o

Estado. Acredito que devamos buscar um modelo ideal para

áreas de peso estratégico, em que a atuação seja o mais

técnica possível, com um padrão de competência e

eficiência adequado ao perfil de gestão pública definido

pelo Estado para essas áreas.

Como deve ser a relação entre admi-

nistração tributária e o contribuinte? Hoje essa relação é

saudável? O que pode melhorar?

Deve ser uma relação respeitosa, centrada

em resguardar os direitos do contribuinte e o interesse

público. A condução da Secretaria da Fazenda tem sido

adequada, na medida em que conseguimos proporcionar

mecanismos de arrecadação eficiente e controle rigoroso,

através de várias instâncias como a Auditoria Geral do

Estado e o Portal da Transparência. São mecanismos que

precisam estar sob constante avaliação e aperfeiçoamento.

O cidadão pode e deve exercer seu papel de fiscalização e

controle. Estamos ampliando estas possibilidades

oferecendo uma diversidade de novas formas de inserção

na gestão das políticas públicas, com o Sistema de

Participação Popular e Cidadã.

Como o senhor avalia a competência

do Estado com relação às questões tributárias?

O objetivo e a busca constante do Estado

devem ser otimizar a receita pública, considerando os

compromissos legais, expandindo o investimento nas áreas

de serviços sociais prioritários e mantendo o desafio

permanente de ampliar nossas margens para financiar o

desenvolvimento. Conseguimos um número recorde de

arrecadação tributária neste ano, estamos honrando nossos

compromissos, valorizando os servidores com reajustes e

diálogo permanente, mas sempre mirando um desafio

maior, de ampliar nossa capacidade de gerar desenvol-

vimento. Se conseguirmos gerar um novo ciclo de

desenvolvimento econômico no Rio Grande do Sul, isso

permitirá que ampliemos nossa competência em gerir e

gerar riquezas. Por consequência, teremos benefícios para

todos os gaúchos e gaúchas na melhoria dos serviços

públicos e na construção de um novo ambiente para avançar

com democracia na gestão e inclusão social .

Enfoque fiscal:

João Motta:

Enfoque fiscal:

João Motta:

Enfoque fiscal:

João Motta:

O objetivo e a busca constante doEstado devem ser otimizar a receitapública, considerando os compromissoslegais, expandindo o investimento nasáreas de serviços sociais prioritários, emantendo o desafio permanente deampliar nossas margens para financiar odesenvolvimento

Page 37: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02
Page 38: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

TETO

– interpretação do artigo 17 dos Atos das Disposições ConstitucionaisTransitórias – ADCT, da Constituição Federal de 1988.

Teto de Vencimentos

Abel Henrique Ferreira – Presidente da Afisvec

O artigo 17 dos ADCT da CF diz

que: “Os vencimentos, a remune-

ração, as vantagens e os adicionais,

bem como os proventos da aposen-

tadoria que estejam sendo percebidos

em desacordo com a Constituição

serão imediatamente reduzidos aos

limites dela decorrentes, não se

admitindo, neste caso, invocação de

direito adquirido ou percepção de

excesso a qualquer título”.

Entenda-se que a permissão

constitucional, constante do artigo 17

dos ADCT da CF, foi dada para sanar

alguma irregularidade no recebimento de

vencimentos e de vantagens, em que a cons-

tituição Federal fosse auto-aplicável, o que

não é o caso do teto de vencimentos, o qual

de acordo com a Constituição Federal deverá

ser criado com base em lei (art. 37, XI, CF).

Interpretando-se o artigo 17 dos ADCT

da CF de forma favorável à administração

pública, pode-se concluir que a primeira lei

(Lei Complementar nº 10.098/94) – que esta-

beleceu o teto de vencimentos – tivesse po-

deres para ignorar os direitos adquiridos ou a

percepção de excesso a qualquer título, mas

não as leis posteriores a essa, cujas

alterações estão regradas pelas Dis-

posições Constitucionais Perma-

nentes e não pelas Transitórias.

Dessa interpretação benigna

para a Administração Pública, conclui-

se que após a edição da Lei Com-

plementar nº 10.098/94 – que fixou o

Teto de Vencimentos do Servidor

Público, no § 2º do artigo 79, esse

dispositivo (art. 17 dos ADCT da CF)

deixou de vigorar, passando a valer os

artigos permanentes constantes da

Constituição.

38 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

Salvo melhor juízo,entendo que os defensoresdo Executivo estãodefendendo erroneamentea tese de que o artigo 17das ADCT permite aqualquer momento aredução dos vencimentos evantagens dos servidores

Page 39: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

ARTIGO

Salvo melhor juízo, entendo que os defensores do

Executivo estão defendendo erroneamente a tese de que o

artigo 17 dos ADCT da CF permite a qualquer momento a

redução dos vencimentos e vantagens dos servidores.

Coitados dos servidores públicos se tal tese vier a ser

vencedora, pois, a partir daí, não teriam mais nenhum dos

seus direitos constitucionais preser-

vados, apesar dos artigos constantes nas

Constituições Federal e Estadual, tais

como direito adquirido, irredutibilidade

de vencimentos e outros, pois a adminis-

tração estadual poderia a qualquer

momento encaminhar projetos de lei ao

Poder Legislativo, que se aprovados,

lhes tirariam quaisquer vantagens

remuneratórias que estivessem perce-

bendo, ao bel prazer da Administração.

A Constituição Estadual, promul-

gada em 1989, não absorveu o men-

cionado artigo 17 dos ADCT, constante

na Constituição Federal de 1988 e, além

disso, colocou o artigo 46 do ADCT da

CE, que preserva direitos adquiridos e as

situações juridicamente consolidadas.

Desta análise sobre o artigo 17 dos ADCT da Cons-

tituição Federal, chega-se a duas conclusões: a primeira é

que o artigo 46 dos ADCT da Constituição Estadual que diz o

seguinte: “Toda restrição, limitação, vedação ou redução de

direitos, prerrogativas e vantagens estabelecida nesta

Constituição vigorará respeitado os direitos reconhecidos

pela legislação vigente à data de sua promulgação e as

situações juridicamente consolidadas”, anulou os efeitos

permitidos pelo artigo 17 dos ADCT

da CF, ou seja, a Constituição

Estadual, através dos seus deputados

constituintes, optou por manter os

direitos adquiridos do Servidor

Público Estadual. A segunda, igno-

rando-se a existência do artigo 46 dos

ADCT da CE, é que após a edição da

Lei Complementar n° 10.098/94, que

estabeleceu os direitos e deveres dos

servidores públicos estaduais, inclu-

sive o teto de vencimentos, o artigo

17 dos ADCT da CF não mais poderá

ser aplicado, pois as normas agora

vigentes e aplicáveis são os artigos

permanentes da Constituição, e

estes não mais permitem a redu-

ção de vencimentos (Art. 5º, inciso XXXVI, da CF) e,

também, mantém os direitos adquiridos (Art. 37, inciso XV,

da CF).

39

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A Constituição Estadual,promulgada em 1989, nãoabsorveu o mencionadoartigo 17 dos ADCT,constante da ConstituiçãoFederal de 1988 e, alémdisso, colocou o artigo 46do ADCT, que preservadireitos adquiridos e assituações juridicamenteconsolidadas

Page 40: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Educação

40 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

EDUCAÇÃO FISCAL

FiscalAlexandre Bortolini, Edemar Castaman,

Jeanéte Scherer e Silvia Grewe –

Integrantes do GEFE-RS.

Segundo Pereira (2002, p.4):

A Educação Fiscal pode ser entendida como os

processos mediante os quais o individuo e a

coletividade constroem valores, conheci-

mentos, atitudes, habilidades, interesse ativo e

competência voltados para o planejamento, a

gestão e o controle dos recursos públicos, de

forma responsável, com base no exercício da

cidadania e da corresponsabilidade, visando o

bem comum, a melhoria da qualidade de vida e

a sustentabilidade social.

A reforma administrativa que se iniciou no Brasil, a

partir da segunda metade da década de 90, foi orientada

para uma administração pública gerencial, influenciada

pelas reformas ocorridas no Reino Unido, Nova Zelândia,

Canadá e Estados Unidos. A crise fiscal foi o principal

motivo para a implementação da reforma. Sem dúvida, o

Estado, durante vários governos, não primou pelo

equilíbrio fiscal, muito menos pela transparência de seus

atos.

Hoje a sociedade está mais atenta à gestão pública. A

democracia permite que o cidadão discuta os atos

administrativos em qualquer nível. A liberdade de

imprensa permite que os meios de comunicação levem às

comunidades mais distantes as informações sobre o

desempenho e, principalmente, dos deslizes dos agentes

públicos. Nesse novo cenário surge um ambiente propício

para desenvolver programas e ações que incentivem e

desenvolvam a cidadania.

A ideia de implementar um Programa de Educação

Fiscal surgiu na reunião do CONFAZ em maio de 1996, em

Fortaleza-CE, quando o tema Educação Tributária foi

inserido nas discussões. No mesmo ano, celebrou-se o

Convênio de Cooperação Técnica entre a União, os

Estados e o Distrito Federal no qual, entre outras

providências, constava a elaboração de um programa

nacional permanente de conscientização tributária para

ser desenvolvido nas unidades da Federação. Nesta mesma

época, foi criado o Programa Nacional de Apoio à

Administração Fiscal para os Estados Brasileiros – PNAFE,

que estabeleceu: “o objetivo geral do programa consiste

em melhorar a eficiência administrativa, a racionalização e

a transparência na gestão dos recursos públicos estaduais”.

Entre os projetos de modernização fiscal foi incluída a

previsão de elaboração e implementação de um programa

Page 41: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

41

ARTIGO

nacional permanente de educação

tributária para ser desenvolvido pelos

estados. Somente em 1999 foi ampliada

a abrangência do programa, que

deixava de se restringir apenas aos

tributos, para abordar também as

questões de gestão e alocação de

recursos públicos, passando a

denominar-se Programa Nacional de

Educação Fiscal – PNEF.

Efetivamente a Educação Fiscal é

ainda um tema novo e por isso um

campo de investigação a ser explorado

e construído, carente de muitas experiências e discussões.

Talvez aí resida o aspecto mais fascinante desta experiência

inovadora: o esforço coletivo, envolvendo os educadores,

os alunos, as universidades, a sociedade civil, o setor

público, o setor privado, o terceiro setor, enfim, a

integração entre todos os setores, a reflexão, a

sistematização, as experiências e, acima de tudo, o próprio

tempo, poderão proporcionar as condições para o

amadurecimento e a consolidação desta nova área temática

da educação. Sua função é a de contribuir para a formação

do cidadão e o exercício da cidadania, mediante a

construção de propostas que resultem na intervenção ou

na modificação da realidade social, por meio de um

programa de educação fiscal permanente. Este caráter de

permanência, sem dúvida nenhuma, é uma das grandes

virtudes desse programa, ou seja, não é um programa de

governo com inicio e fim, mas sim um programa de Estado

que deverá ter continuidade no tempo independen-

temente dos governos que se sucederem. Além disso, o

programa não deverá ser vinculado a campanhas de

qualquer espécie (aumento de arrecadação, premiações,

etc.), preservando assim seu caráter

estritamente educativo. Envolve, pre-

dominantemente mudanças culturais e

comportamentais.

A educação fiscal não se reduz a

uma concepção contemplativa da

realidade social, política e econômica.

A prática educacional deve preparar e

promover a participação dos indiví-

duos nesse ambiente de modo que

possam interagir positivamente, vi-

sando ao equacionamento dos pro-

blemas que assolam as sociedades

complexas. Contudo, não basta promover os processos

participativos sem que ocorra, de maneira concomitante, o

exercício da corresponsabilidade. A educação fiscal para a

cidadania pressupõe esta prática comprometida com a

modificação da realidade, em benefício da sociedade e da

qualidade de vida da população. O objetivo terá sido

alcançado se o individuo tiver passado de um estágio de

mero assistente da realidade que o cerca, para a

intervenção direta nesta mesma realidade com a finalidade

de modificá-la.

No Rio Grande do Sul, a Lei nº 11.930, de 23/06/2003,

criou o Programa Estadual de Educação Fiscal– PEF/RS

com o objetivo de levar ao cidadão informação simplificada

da origem e destino dos recursos públicos, visando à

transparência de todas as ações do governo. Essa Lei cria

condições para estabelecer parcerias entre o governo

estadual, municípios, organizações públicas, órgãos da

administração pública estadual, associações e outras

entidades, para a inclusão e disseminação deste tema em

todos os segmentos da sociedade. Uma das principais

ações ocorre basicamente por meio dos professores com a

Efetivamente aEducação Fiscal é aindaum tema novo e porisso um campo deinvestigação a serexplorado e construído,carente de muitasexperiências ediscussões

Page 42: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

42 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

EDUCAÇÃO FISCAL

inserção da temática da Educação Fiscal em todas as

disciplinas escolares para formação de jovens e adultos. O

PEF/RS está sendo desenvolvido pelas Secretarias da

Fazenda e da Educação, integrado com o Programa

Nacional de Educação Fiscal, com a coordenação do Grupo

de Educação Fiscal Estadual - GEFE.

A Constituição Federal de 1988 e a nova Lei de

Diretrizes e Bases proporcionaram as condições formais

para a construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais –

PCNs, que enfatizam a educação para a cidadania,

mediante a inserção das questões sociais nos currículos.

Desde as propostas iniciais do

Programa Nacional de Educação Fiscal

até as atuais, desenvolvidas no âmbito

do Programa de Educação Fiscal do

Estado do Rio Grande do Sul, a

educação fiscal deve ser abordada e

inserida nos currículos escolares como

tema transversal e não como disciplina

isolada.

O PEF/RS está alcançando os

objetivos na construção da cidadania

fiscal com grande aceitabilidade junto

ao público onde é inserido e na

sociedade. Desde a implementação do

programa no Estado, em 2004, já foram

realizados mais de 40 seminários

levando a temática da educação fiscal a mais de 10.000

cidadãos, especialmente educadores, alunos e

funcionários públicos. Com relação à capacitação de

multiplicadores em cursos presenciais e a distância, já

foram formados, com a parceira da Escola de

Administração Fazendária do Ministério da Fazenda –

ESAF, em torno de 5.200 disseminadores. Essas formações

abordam os principais temas da educação fiscal, em

especial os ligados a tributação, orçamento, controle social

e cidadania, e também ocorre a formação em metodologia

de projetos que capacita e orienta os interessados na

elaboração de projetos ligados aos assuntos da educação

fiscal.

Importante também destacar as ações junto aos

municípios no assessoramento e orientação na instituição

de programas municipais de educação fiscal, tornando-se

parceiros do programa estadual e nacional de educação

fiscal, potencializando assim as ações. Essas ações junto aos

municípios são complementadas e ampliadas com outro

programa desenvolvido pela Receita

Estadual com a adesão dos municípios,

o Programa de Integração Tributária –

PIT. Hoje a totalidade dos municípios já

teve contato com a educação fiscal,

sendo que 67 já aprovaram legislação

específica de implantação do seu

Programa Municipal de Educação Fiscal

e trabalham em parceria com o Estado.

O PEF/RS também participa de

inúmeros eventos e feiras realizadas no

Estado, levando a proposta e o material

da educação fiscal e formando novas

parcerias: Feira do Livro, Expointer,

Fenadoce, Expofeira, Dia da Solida-

riedade, Rua da Cidadania, Congressos

do CRCRS, Feira do Empreendedor do SEBRAE, dentre

outras.

Para auxiliar na divulgação e implementação do

programa no Estado, o GEFE/RS, elaborou material como:

cartilhas, folders, vídeo institucional, vídeos temáticos, CD

com músicas, GIBI e a Trilha da Cidadania.

Maiores informações sobre o programa podem ser

obtidas no site www.educacaofiscal.rs.gov.br

Hoje a totalidade dosmunicípios já tevecontato com aeducação fiscal sendoque 67 já aprovaramlegislação específica deimplantação do seuPrograma Municipal deEducação Fiscal etrabalham em parceriacom o Estado

Page 43: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

PLANO COMPLEMENTAR AO IPE

Autogestão

Convênio de Reciprocidade

Sistema de rateio das despesas

Convênio Afisvec-Saúde Unimed

O Afisvec-Saúde é um Plano para Assitência Médico-Hospitalar e Laboratorial, de

rateio compartilhado, complementar ao atendimento prestado pelo IPERGS.

Gerenciado pela Afisvec, o Afisvec-Saúde é regido por seu regulamento, aprovado

pelos mutuários-associados, em assembleia geral. Não possui personalidade

jurídica própria, não visa lucro e funciona no sistema de autogestão

compartilhada.

Atendimentos de urgência e emergência em 14 estados através de convênio de

reciprocidade com as associações do fisco estadual brasileiro.

Para cada beneficiário participante são atribuídas quotas, por faixa etária, de

acordo com o estabelecido no Regulamento do Plano.

O total das despesas médico-hospitalares e laboratoriais apuradas no período de

referência, acrescidos da taxa de administração e das despesas de expediente é

dividido pelo total de quotas, determinando o valor unitário da quota do mês.

Os beneficiários do Afisvec-Saúde podem realizar consultas com os médicos

credenciados da Unimed em todo território nacional.

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Page 44: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

44 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

vai para MARAU

Prêmio Gestor Público

Prefeito de Marau, Vilmar Perin Zanchin, recebe o troféu 10 anos PGP

C om objetivo de atender, até o final de 2012, toda a

demanda de creche e pré-escola que está em lista de

espera das escolas de educação infantil do

município de Marau, o projeto Criança na Escola, Educação

para a Vida ganhou o troféu especial 10 anos de Prêmio

Gestor Público.

Além do troféu especial, outras modalidades de

premiações foram entregues aos 30 municípios finalistas do

Prêmio Gestor Público. Nesta edição comemorativa, 170

projetos foram inscritos por 70 municípios.

O presidente do Sindifisco-RS, Luiz Antônio Bins,

lembrou – em seu discurso de abertura da solenidade de

entrega do Prêmio Gestor Público. que «o Prêmio Gestor

Público tem como condão reconhecer e distinguir as ações

desenvolvidas pela administração pública municipal gaúcha

que, incentivando a melhoria da gestão e estimulando os

gestores em iniciativas inovadoras, criativas e que utilizem

metodologias de projetos, apresentem resultados positivos

para as suas comunidades”.

Nesta décima edição, a Afisvec participou como co-

realizadora da premiação. Seu presidente, Abel Henrique

Ferreira comemorou a nova parceria. “É com muita

satisfação e orgulho que a Afisvec participa em parceria com

o Sindifisco-RS na organização e realização do 10º Prêmio

Gestor Público”.

Page 45: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

45

Conheça os Vencedores

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

Troféu 35 anos Famurs

GAP – Grupo de Apoio Psicossocial

a Crianças e Adolescentes (Giruá)

Troféu Prêmio Gestor Público

Troféu destaque administração

tributária

Contribuinte Consciente

Transforma a Cidade (Pelotas)

Troféu Tecnologia da Informação

Município Digital (Bento

Gonçalves)

Criação da Secretaria de Tecnologia

da Informação (Novo Hamburgo)

Prefeitura de Lajeado e

Modernização da Gestão (Lajeado)

Menção Honrosa

Certificado de Reconhecimento

• Comissões Internas de Prevenção

de Acidentes e Violência Escolar –

Cipave (Caxias do Sul)

• Unidades Móveis de Apoio

Pedagógico (Rio Grande)

• Cidade das Flores: a Vocação para

Florir como Ferramenta para

Promoção do Desenvolvimento

Socioeconômico (Ivoti)

• Resgatando a Cidadania (Guaporé)

• Escola de Talentos (Panambi)

• Inclusão Digital Agropecuária –

Aprendendo a Controlar a

Propriedade (Fagundes Varela)

• Recreio – Sem Pedras no Caminho

(Montenegro)

• Revitalizando a Educação no

Interior (Cachoeira do Sul)

• Alimentação 10, Resto Zero (Flores

da Cunha)

• Distribuição do Valor Adiconado

(Erechim)

• Centro de Atividades Crescer –

Centrinho (São Vendelino)

• Caminhos para o Saber (Guaporé)

• Programa de Correção de Fluxo

Rumo Certo (Farroupilha)

• Ações Estratégicas na Gestão

Ambiental (Ivoti)

• Modernização da Gestão: Um

Novo Horizonte para o Cidadão e

a Sociedade (Lajeado)

• Wireless Educação (Porto Alegre)

• PGP Municipal em Educação (Mato

Queimado)

• Educação Integral: Um Olhar para

Além da Escola (Osório)

• Regras, Por Que Não? (Lajeado)

• Acelerando o Saber (Guaporé)

• Férias em Movimento (Giruá)

• Projeto Curso Preparatório para o

ENEM – Pré-ENEM (Erechim)

• Lei de Incentivo ao Produtor Rural

(Arroio do Padre)

• Valorização e Formação de

Professores (Farroupilha)

• Vigilantes da Saúde (Mato

O Prêmio Gestor Público conta, desde sua primeira

edição, com o patrocínio do Banrisul. Uma parceria,

renovada há dez anos, e que novamente foi mantida pelo seu

atual presidente Túlio Zamin.

Túlio Zamin, presidente do Banrisul

Page 46: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Queimado)

• Reciclando a Vida: Por um

Ambiente Melhor (Três Coroas)

• Telemedicina (Porto Alegre)

• Conhecer para Amar e Preservar

(Pelotas)

• Agentes de Educação e Cidadania

(Giruá)

• Estação Cultura: Lugar de Arte,

Cultura e Lazer para a

Comunidade (Montenegro)

• Diário Oficial Eletrônico de Porto

Alegre – DOPA On Line (Porto

Alegre)

• Páginas do Saber (Guaporé)

• Da Vulnerabilidade à Recuperação

com Dignidade (Encantado)

• Programa de Vigilância ao Câncer

de Mama – Vigimama (Caxias do

Sul)

• Troca Solidária (Caxias do Sul)

• Programa Escola Empreendedora

(Santa Clara do Sul)

• Melhor Ação (Arroio do Meio)

• Repensando a Alimentação Escolar

nas Escolas de Ensino

Fundamental do Município de

Santa Cruz do Sul (Santa Cruz do

Sul)

• Gestão Ambiental na Escola:

Práticas Cotidianas para

Sustentabilidade (Parobé)

• Catavida (Novo Hamburgo)

• PIM Canguru: Levando

Aprendizagem com Carinho (Santa

Cruz do Sul)

• Retratando o Município e

Contando Histórias da

Comunidade (Encantado)

• Chave na Mão (Tapejara)

• Programa Habitacional: Não se

Muda Só de Casa, Muda-se de Vida

(Osório)

• Núcleo de Tecnologia Educacional

(Santo Antônio da Patrulha)

46 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

Troféu destaca os melhores projetos em gestão pública municipal

Page 47: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Premiar as boas iniciativas de gestão pública municipal

em todos os estados brasileiros é o objetivo do convênio

firmado entre Febrafite, Fenafisco, Sindifisco-RS e Afisvec,

durante a cerimônia de entrega do Prêmio Gestor Público,

que aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do

Sul, em Porto Alegre, no dia 7 de novembro de 2011. “O

Prêmio Gestor Público não pode continuar restrito somente

ao Rio Grande e ao povo gaúcho! É mister que seja

difundido e replicado por este imenso Brasil afora,

estimulando e reproduzindo as boas práticas administrativas

nos nossos mais de 5.500 municípios. As nossas Federações

podem, e devem, contribuir para a efetividade desta

relevante missão”, afirmou o presidente do Sindifisco-RS.

Há 10 anos valorizando a gestão pública municipal

gaúcha, o Prêmio Gestor Público foi criado pelo antigo

Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do RS (Sindaf ),

hoje transformado em Sindifisco-RS. Neste ano de 2011, a

Associação dos Fiscais de Tributos Estaduais do RS (Afisvec)

juntou-se ao sindicato como realizadora da premiação.

O Prêmio Gestor Público é reconhecido hoje como uma

das principais iniciativas de valorização da gestão pública no

país, tendo recebido em 2006 a Comenda Municipalista da

Associação Brasileira de Municípios. No RS, ele é conhecido

como o 'Oscar das Prefeituras'.

Nestes dez anos de existência, o Prêmio Gestor Público

acumula, em seu banco de dados, informações referentes a

1.938 projetos concorrentes. Destes, 592 foram agraciados

com alguma das modalidades de premiação.

Pelo acordo assinado, a Febrafite e a Fenafisco

comprometem-se em difundir e estimular a instituição e a

promoção do Prêmio Gestor Público nos demais estados da

Federação, incluindo o Distrito Federal. O acordo prevê

ainda a divulgação da premiação às entidades filiadas às

federações para que sejam promotoras de edições regionais

do Prêmio Gestor Público. A instituição e a promoção do

Prêmio Gestor Público, por qualquer dos sindicatos ou

associações do fisco estadual brasileiro, ficam condicionadas

à celebração de convênio específico com o Sindifisco-RS,

com a interveniência da Afisvec, da Fenafisco ou da Febrafite.

O convênio firmado disciplina ainda as condições para

a transferência do conhecimento, da metodologia e da

experiência acumulada pelo Sindifisco-RS ao logo dos dez

anos de premiação, abrangendo os direitos e obrigações das

partes conveniadas, inclusive no tocante ao direito de

propriedade da marca Prêmio Gestor Público.

Sobre o Prêmio Gestor Público

Prêmio Gestor Público nacional

47

Prêmio Gestor Público Nacionalcomeça a tomar forma

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

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48 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

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52 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

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53

PRÊMIO GESTOR PÚBLICO

Page 54: Revista ENFOQUE FISCAL_dezembro 2011_ nº 02

Natal é tempo de...Esperança,

Fé,Paz e União.

Abra o seu coraçãopara o aniversariante.

Feliz Natal e umPróspero 2012

Feliz Natal

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