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Publicação conjunta do SINFISCO-RS e da AFISVEC
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FiscalAssociação dos Fiscais de Tributos Estaduais do Rio Grande do Sul - Afisvec | Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Tributária do RS - Sindifisco-RSNº 02 DEZEMBRO 2011
Revista
Tarso Genro fala sobreatração de investimentos
Alexandre Postal: o que pensa o futuropresidente da Assembleia Legislativa
Dívida dos Estados: agente fiscalanalisa polêmica em estudo técnico
Perspectivaseconômicas do RS
4
10
12
18
33
38
40
24
A Dívida dos Estados com a União
Tarso Genro: “A guerra fiscal é um
jogo de soma zero, um ganha o que
o outro perde”
FPE – novos critérios de repartição
Postal defende a busca contínua
pela eficiência do Parlamento
Abrindo portas para o desenvolvimento
Teto de Vencimentos
Educação Fiscal
Administração Tributária “no rumo da
modernização” e receita em crescimento
Tarso Genro - Entrevista
Marcelo Mello
Alexandre Postal - Entrevista
João Motta - Entrevista
Abel Henrique Ferreira
Alexandre Bortolini, Edemar Castaman,Jeanéte Scherer e Silvia Grewe
31 Breves notas sobre a transação
no Direito Tributário
Humberto Ávila
EXPEDIENTE
AFISVEC - Associação dos Fiscais deTributos Estaduais do Rio Grande do Sul
SINDIFISCO-RS - Sindicato dos ServidoresPúblicos da Administração Tributáriado Estado do RS
Rua Uruguai, 155/1010CEP: 90010-140 - Porto Alegre - RSFone/Fax: (51) 3224.4922www.afisvec.org.br
Área Eventos, Caco Argemi, Edison Castêncio,
Rua dos Andradas, 1091 - 91/94Fone/Fax: (51) 3226.7300CEP: 90020-007 - Porto Alegre - RSwww.sindifisco-rs.org.br
Eduardo Müller - Reg. Prof. DRT - 8934
Ilza Brambila Lumertz, Eduardo Müller e
Eduardo Müller, Eduardo Seidl e Micheli Karoly
Solo Editoração e Design Gráfico
Os artigos publicados são de inteiraresponsabilidade dos autores.
Ideograf
2011
Jornalista Responsável
Revisão
Fotos
Projeto gráfico e editoração
Impressão:Tiragem 4.000 exemplaresDezembro
Silvia Grewe
ÍNDICEAfisvec
Sindifisco-RS
Presidente
Vice-Presidente
Diretora de Comunicação
Diretor Administrativo
Diretor Financeiro
Diretor de Patrimônio
Diretor Social e de Eventos
Diretor de Previdência
Presidente
Vice-presidente
Diretora de Comunicação e Integração Social
Diretor Administrativo
Diretora Financeira
Diretor de RelaçõesParlamentares e Institucionais
Diretor de AssuntosJurídicos e Previdenciários
Diretor de Assuntos Técnicos
Diretora de Aposentados e Pensionistas
Abel Henrique Ferreira
Enio Julio Pereira Nallem
Ilza Brambila Lumertz
Jaime João Schorr
José de Souza Lourenzi
Gilberto Neves de Souza
Édison Zart
Inácio Maggi
Luiz Antônio Bins
Celso Malhani de Souza
Silvia Grewe
Eroni Izaias Numer
Carmen Zoraida Costa
Édison Zart
Fábio Weber Nowaczyk
Getúlio Lago
Virginia Cano
João Pedro Casarotto
Ricardo Neves Pereira
44 Prêmio Gestor Público
revista Enfoque Fiscal não pode deixar de falar da boa
notícia vinda da Receita Estadual, que encerrou o ano com
motivos de sobra para comemorar. A supermeta de
arrecadação do ICMS, fixada em R$ 500 milhões acima do
orçamento previsto inicialmente, foi atingida e o montante
arrecadado ficará bem acima dos 19,3 bilhões de reais. O recorde na
arrecadação de ICMS no estado comprova que com a Lei Orgânica da
Administração Tributária, aprovada em abril de 2010, o grupo Fisco
ficou mais forte e eficiente. A arrecadação excepcional do ano é
resultado direto do trabalho dos Agentes Fiscais do Tesouro do Estado,
que atenderam à solicitação do governador Tarso Genro e do
Secretário Odir Tonollier, ainda no início do atual governo.
E por falar no governador, Tarso Genro participa desta segunda
edição da publicação conjunta da Associação dos Fiscais de Tributos
Estaduais do RS (Afisvec) e do Sindicato dos Servidores Públicos da
Administração Tributária do Estado do RS (Sindifisco-RS) respondendo
a perguntas sobre incentivos fiscais, mudanças no Fundopem, guerra
fiscal e Lei Kandir.
Além do governador, o futuro presidente da Assembleia
Legislativa, deputado Alexandre Postal, também participa da revista
Enfoque Fiscal, adiantando aos nossos leitores qual será o perfil do seu
mandato frente à Assembleia Legislativa, que terá início em 1º de
fevereiro. Postal também responde a questões ligadas à Administração
Tributária e sua relação com a sociedade. O mesmo tema é avaliado
pelo secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João
Motta.
A revista Enfoque Fiscal completa sua edição na linha da própria
razão de sua existência: a publicação de artigos técnicos elaborados
por nossos colaboradores para propiciar a reflexão sobre importantes
temas ligados à tributação, à administração tributária e às finanças
públicas em geral. Para isso, convidamos um time de especialistas que
emprestaram seus nomes e conhecimentos para abrilhantar nossa
segunda edição.
O Agente Fiscal aposentado João Pedro Casarotto assina o artigo
'A dívida dos estados com a União: refazimento do programa e
aspectos inconstitucionais da Lei nº 9.496/97'. Para o autor “as
autoridades da República ao editarem esta lei foram induzidas ao erro
pela visão mercantilista que ainda contamina importantes setores
financistas da União e que, absolutamente, não condiz com o sistema
federativo de organização do Estado”.
Outro artigo, intitulado 'Administração Tributária no rumo da
modernização e receita em crescimento' cujo autor é o atual
subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, analisa o
desempenho da Receita do ICMS no acumulado até outubro de 2011.
Para o subsecretário, o diferencial em relação à gestão anterior é “fazer
o uso massivo da tecnologia, que permita extrair e produzir
informação sistematizada e não apenas dados brutos, e a implantação
de melhoria e de integração dos processos de gestão, contribuindo
assim para um avanço expressivo na modernização tributária”.
Marcelo Mello, Agente Fiscal do Tesouro do Estado, analisa, no
artigo 'FPE – novos critérios de repartição' - o Fundo de Participação
dos Estados, cujo objetivo é promover o equilíbrio socioeconômico
entre as unidades federadas. Recentemente o Supremo Tribunal
Federal julgou inconstitucional a atual distribuição estipulada pela LC
62/89, devido a existência de reservas regionais fixas, o que no
entendimento da Corte foge do objetivo principal que é diminuir as
diferenças entre os estados.
O advogado tributarista Humberto Ávila, em seu artigo 'Breves
notas sobre a transação em Direito Tributário' propõem-se a responder
duas “singelas indagações”: A idéia de transação é compatível com os
princípios fundamentais do Direito Tributário? É conveniente e
oportuno instituir uma lei sobre esse assunto no Brasil neste
momento?
A educação fiscal também é tema de nossa revista, com o artigo
assinado por quatro colegas de Secretaria da Fazenda: Alexandre
Bortolini, Edemar Castaman, Jeanéte Scherer e Silvia Grewe –
Integrantes do Grupo de Educação Fiscal Estadual (GEFE-RS).
O presidente da Afisvec, Abel Henrique Ferreira, retoma tema
que gerou polêmica durante o ano de 2011: o teto salarial do serviço
público. Em estudo, ele analisa o artigo 17 dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, e conclui
que o artigo 46 dos ADCT da Constituição Estadual anulou o efeito do
artigo 17 dos ADCT da Constituição Federal. Da mesma forma, com a
aprovação da Lei Complementar 10.098/94 o artigo 17 dos ADCT da
CF perdem sua aplicabilidade, tendo em vista que as normas agora
vigentes são permanentes e não permitem a redução de vencimentos.
Ainda nesta edição a cobertura completa da décima edição do
Prêmio Gestor Público, o cognominado “Oscar das Prefeituras”, que
teve a prefeitura de Marau como principal vencedora. A distinção aos
municípios foi entregue no dia 7 de novembro, em disputada
cerimônia no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.
Uma ótima e profícua leitura.
– presidente da Afisvec
– presidente do Sindifisco-RS
Abel Henrique Ferreira
Luiz Antônio Bins
EDITORIAL
3
Em tempos de LOAT, receita
com o ICMS bate recorde
de arrecadações em 2011
A
REFAZIMENTO DO PROGRAMA E ASPECTOSINCONSTITUCIONAIS DA LEI Nº 9.496/97
A Dívida dos
João Pedro Casarotto – Fiscal de Tributos Estaduais do RS, aposentado.
Ex-Presidente da Afisvec e fundador do Sindifisco-RS
INTRODUÇÃO
OS FATOS
As opiniões aqui expostas decorrem do ponto de
observação do “cobrador de impostos estaduais” que, no
diálogo diário, nem sempre harmonioso, com os
contribuintes, tem que enfrentar, recorrentemente, a pergunta
sobre o destino dos valores cobrados.
Neste artigo defendo a posição de que é imperiosa,
inadiável, oportuna e obrigatória a alteração da Lei Federal nº
9.496, de 11 de setembro de 1997, que estabeleceu critérios
para a consolidação, a assunção e o refinanciamento, pela
União, da dívida pública mobiliária e outras que especificou,
de responsabilidade dos Estados e do Distrito Federal;
programa doravante chamado simplesmente de empréstimo.
A alteração visaria à eliminação das inconstitucio-
nalidades tanto da Lei quanto dos contratos e a obriga-
toriedade do refazimento destes contratos, com base em novas
diretrizes.
As autoridades da República ao editarem esta lei foram
induzidas ao erro pela visão mercantilista
que ainda contamina importantes setores
financistas da União e que, absolutamente,
não condiz com o sistema federativo de
organização do Estado.
Este artigo resume estudo que
computou os
v a l o r e s d o
período inicia-
do em 1999 e
encerrado em
2010; os valores
dos anos de
1997 e 1998 não
foram considerados por não estarem disponíveis e/ou
consolidados quando da elaboração do estudo, mas mesmo
que fossem incluídos não alterariam a substância da análise.
O valor do empréstimo da União para os Estados que era,
segundo o Balanço Geral da União de 1998, de R$ 93,24
bilhões, gerou, apesar de mais de doze anos de pagamento de
prestações mensais, um saldo devedor, em dezembro de 2010,
de R$ 350,11 bilhões.
Se atualizarmos o valor do emprés-
timo R$ 93,24 bilhões) pelo índice oficial da
inflação (IPCA), capitalizado no período em
exame, teremos o valor de R$ 204,35 bilhões.
Atualizando-se, também pelos mesmos
período e índice, o valor de R$ 135,21
Estados com a União
Nem renegociar,nem repactuar.Refazer!
DÍVIDA
4 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
bilhões, que é a soma dos pagamentos
dos Estados nos doze anos analisados,
teremos o valor de R$ 171,68 bilhões.
Assim, a valores de dezembro de
2010, os Estados receberam R$ 204,35
bilhões, pagaram R$ 171,68 bilhões e
ainda estão devendo R$ 350,11
bilhões.
Um formidável subsídio dos
Estados para a União de R$ 317,44
bilhões.
Em números relativos: os Estados
pagaram 84,01% e ainda estão
devendo 171,33% do valor recebido.
A seguir, demonstro com outros
dados a existência do subsídio dos
Estados para a União, subsídio este
que tem uma explicação bastante
simples: o empréstimo foi negociado
como se fosse uma reles operação bancária comercial.
As similitudes que colocam o empréstimo em um mesmo
patamar de empréstimos comuns concedidos por bancos
comerciais são as seguintes:
a) cobrança de juros (que a União cobrou muito acima de
outras operações, como as do BNDES);
b) adoção da tabela Price (que a União não poderia ter
adotado por ser ilegal, conforme a súmula 121 do STF);
c) adoção de índice de correção dos valores muito acima da
inflação real;
d) exigência de robustas garantias (que a União estabeleceu
como sendo as suas transferências constitucionais para os
Estados);
e) ausência de cláusula previsora do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato (que a União também não
estabeleceu, ao contrário do que faz nos contratos
administrativos); e
f ) alguma autonomia para o gestor negociar (a União
negociou, caso a caso, a taxa de
juros, que variou de 6% a 7,5%, e
o comprometimento da receita
dos Estados, que variou de 11,5%
a 15%).
Sem dúvida, uma típica operação
bancária comercial!
Mas as semelhanças com
operações bancárias comerciais não
param por ai, pois elas ficam ainda
mais visíveis quando comparamos
números.
Vejamos:
Tomando-se como exemplo os
contratos menos onerosos que
estabeleceram a correção pelo IGP/DI
acrescida do juro de 6% a.a., verifica-se
que, enquanto a soma destes dois valores teve uma variação de
471,67%, as aplicações financeiras tradicionais tiveram os
seguintes rendimentos líquidos de Imposto de Renda mínimo:
a) aplicação com base na SELIC: 443,73%;
b) aplicação em CDB/PRÉ: 391,21%; e
c) aplicação na Poupança: 172,09%.
Neste momento, é preciso fazer um retrospecto do
ambiente existente na época em que o empréstimo se impôs.
Objetivamente temos os seguintes fatos:
1. a União havia implementado importantes medidas
econômicas, como a edição do Plano Real e a adoção de
altíssimas taxas de juros básicas;
2. estas medidas provocaram a instabilidade financeira dos
Estados pela eliminação das receitas inflacionárias (efeito
do Plano Real) e pelo aumento explosivo das dívidas
mobiliárias (efeito da política de taxas básicas);
Na segunda metade dadécada de 90, ficouevidenciada anecessidade deequacionar asdificuldades financeirasenfrentadas pelosestados, em razãodas mudançaseconômicas ocorridasnos últimos anos
ARTIGO
5
3. esta situação levou muitos Estados à beira da insolvência,
o que colocava em risco as próprias medidas econômicas
implementadas pela União, principalmente o Plano Real;
4. como a União precisava defender a sua política eco-
nômica, a solução do problema dos Estados era
imprescindível;
5. esta solução veio em forma de oferecimento do
empréstimo;
6. como a situação era de urgência e os Estados não
vislumbravam alternativas tiveram que aceitar a solução
oferecida, mesmo sabendo que ela somente amenizaria
momentaneamente as suas debilidades financeiras, para
as quais, frisa-se, não tinham concorrido;
7. celebrados os contratos, a União teve sua política
econômica preservada; e
8. no entanto, o empréstimo não resolveu a debilidade
financeira dos Estados Federados que além de
permanecer até hoje trouxe um sério agravante, que é a
exagerada dependência da União.
A dependência daí decorrente somada ao fato de a União
arrecadar grande parte da renda nacional está ferindo de morte
a Federação Brasileira e, por vias transversas, está burlando o
dispositivo constitucional que estabelece que não será objeto
de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma
federativa de Estado.
Este caminho leva para a reinstalação do estado unitário e
do totalitarismo no Brasil o que seria um retrocesso histórico
lastimável, pois foi quando foram abolidos os partidos
políticos e a representação federativa no Congresso Nacional,
bem como, em nome das rivalidades regionais, os hinos, os
escudos e as bandeiras dos Estados Federados.
Esta situação é politicamente explosiva já que cada vez
mais toma vulto o espírito subnacionalista dos brasileiros, o
que, definitivamente, não combina com as restrições
orçamentárias a que estão expostos os Estados Federados e
muito menos com a desproporcional concentração de poder
nas mãos da União.
Enquanto que o valor IGP/DI+6 teve uma variação de
471,67%:
a) a variação da arrecadação do ICMS foi de 312,64% (uma
diferença de 159,03%);
b) a variação do IGP/DI – sem juros – foi de 201,24% (uma
diferença de 270,44%, de exclusiva responsabilidade dos
juros de 6% a.a. – os juros superam o próprio índice);
c) a variação da TJLP foi de 178,66% (uma diferença de
293,01%); e
d) a inflação medida pelo IPCA foi de 119,17% (uma
diferença de 352,50%).
a) o IGP/DI, largamente utilizado pelos bancos comerciais, é
apurado pelo IBRE, da FGV, ambas instituições privadas,
que põe e dispõe sobre as variáveis deste índice;
b) existe um sério agravante que é o fato de a União poder
direcionar via formulação da política econômica – que, é
necessário salientar, tem suas linhas traçadas com
antecedência –, o comportamento do índice de correção
pactuado, o IGP/DI;
c) o IPCA é o índice utilizado pelo Banco Central para a
Retomando
Mais alguns números
É bom lembrar que:
O subsídio dos Estados para aUnião tem uma explicação
bastante simples: o empréstimofoi negociado como se fosse uma
reles operação bancária comercial
6 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
DÍVIDA
fixação das metas de inflação e é o índice que se reflete na
arrecadação do ICMS, imposto que dá condições para
que os Estados cumpram com suas obrigações
constitucionais; e
d) a TJLP é um dos maiores índices utilizados pelo BNDES
em seus empréstimos, onde encontramos alguns com
custos nulos e outros praticamente nulos, como os
cobrados no programa de inovação tecnológica têm uma
taxa fixa de 4% a.a. e o programa de capital inovador tem
uma taxa fixa de 5% a.a.; taxa fixa, sem qualquer correção,
sem qualquer indexador.
Ora, como a TJLP também é utilizada pela União para
programas como o de recuperação fiscal – Refis – somos
defrontados com o seguinte paradoxo institucional:
• para o contribuinte sonegador, classificado pela
legislação pátria como criminoso, cobrança de valores
bem inferiores aos da inflação; e
• para os Estados Federados, formadores da União e que
não concorreram para o agravamento de suas finanças,
cobrança de valores e condições de reles operação
bancária comercial.
A Lei nº 9.496/97, inconstitucionalissimamente, ofendeu
os princípios da igualdade e da impessoalidade em três
momentos: 1) na fixação do juro mínimo de 6% a.a.; 2) na
permissão para ser estabelecido um limite para o
comprometimento da receita com o pagamento do
empréstimo; e 3) na utilização do IGP/DI como índice de
atualização monetária dos valores emprestados.
A Lei, ao autorizar o
Governo Federal a negociar,
caso a caso, tanto a taxa de juros
quanto o limite do compro-
metimento da receita, tratou os
Estados Federados, que tinham
a mesma situação fiscal e
aderiram a um mesmo pro-
grama, de forma diferente, pois
houve mais complacência com
um de que com outro, violando
os princípios da igualdade e da
impessoalidade. Com efeito, ao
fixar a taxa mínima de 6% a.a, autorizou que o Governo
Federal estabelecesse, por seu livre arbítrio, qualquer outra
taxa de juros por mais absurda que pudesse ser e ao permitir
que fosse estabelecido um indefinido limite, autorizou que o
Governo Federal, também por seu livre arbítrio: a) fixasse
diferentes limites para cada uma das Unidades Federativas; ou,
ainda pior, b) não fixasse qualquer tipo de limite para o
comprometimento da receita para o pagamento do
empréstimo.
Da mesma forma, a Lei, ao estabelecer que a atualização
monetária do empréstimo se efetivasse por meio da utilização
do IGP/DI, também violou, de forma ainda mais clara, o
princípio constitucional da impessoalidade, pois visou fim
pessoal e beneficiou terceiro ao se transformar em agente
de publicidade de uma instituição privada, o IBRE da FGV,
pois empresta credibilidade a esta instituição que, como
todo empreendimento privado, tem a sua sobrevivência
dependente justamente de credibilidade.Mas existem fatos ainda mais graves
A Lei n. 9.496/97, inconstitucionalissimamente, ofendeu osprincípios da igualdade e da impessoalidade em trêsmomentos: 1) na fixação do juro mínimo de 6% a.a.; 2) napermissão para ser estabelecido um limite para ocomprometimento da receita com o pagamento doempréstimo; e 3) na utilização do IGP/DI como índice deatualização monetária dos valores emprestados
ARTIGO
7
Ora, ter seu produto citado e utilizado por uma Lei da
magnitude da 9.496/97 e tê-lo, ainda, como sendo um dos
elementos mais importantes do cálculo não só da dívida dos
Estados Federados, mas também destes respectivos haveres da
União, sem a menor sombra de dúvida é uma incrível
oportunidade para fomentar negócios.
Todo o exposto demonstra, de maneira insofismável, que
a União transformou a sua imprescindível decisão de política
econômica em uma lucrativa aplicação financeira que
exacerbou, inconstitucionalmente, a dependência dos Estados
Federados; parte de um astuto plano de aprofundamento de
seu poder hegemônico, pois dívida impagável é dívida
supressora de autonomia.
Registre-se que no ano de 2010, a Câmara Federal
concluiu a CPI da Dívida Pública e
do relatório final aprovado
constou a essência do diag-
nóstico feito na primeira edição
do estudo base deste artigo, que
foi originalmente apresentado a
esta CPI.
No final desta mesma CPI foi
apresentado um voto em
separado que foi encaminhado
para o Ministério Público Federal,
o qual abriu um expediente onde
consta cópia integral tanto da
primeira quanto da segunda edição do referido estudo, ambas
editadas pela FEBRAFITE – Federação Brasileira de
Associações de Fiscais de Tributos Estaduais.
Assim, fica claro que é imperiosa, inadiável, oportuna e
obrigatória a alteração da Lei nº 9.496/97, com vistas a
viabilizar o refazimento dos contratos com obediência às
seguintes diretrizes mínimas:
a) proibição da cobrança de juros;
b) proibição de qualquer indexação, ou de, no máximo, a
adoção do IPCA;
c) definição de um único percentual de comprometimento
da Receita Líquida Real para efeito de atendimento das
obrigações decorrentes do programa, que proponho seja
de cinco por cento;
d) obrigação de recalcular o plano de amortização com a
incorporação destas novas diretrizes desde a data do
recebimento do empréstimo; e
e) determinação da inclusão da cláusula do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato a fim de que se possa
corrigir eventuais futuras distorções que venham a
prejudicar as finanças dos Estados Federados.
Em isto acontecendo, a União assumiria na prática e
concretamente a responsabilidade que já assumiu ao afirmar,
nos relatórios presidenciais que apresentou as contas de 2008,
2009 e 2010 ao Congresso Nacional, em relação ao Programa
de Ajuste Fiscal dos Estados e do Distrito Federal:
“Na segunda metade da década de 90 ficou evidenciada a
necessidade de equacionar as dificuldades financeiras enfren-
tadas pelos estados, em razão das mudanças econômicas
ocorridas nos últimos anos.”
Assim, o proposto refazimento consolidaria politica-
mente a posição da União como a comandante, no sentido
amplo, geral e irrestrito, da economia nacional.
Este caminho leva para a reinstalação do estadounitário e do totalitarismo no Brasil o que seria um
retrocesso histórico lastimável, pois foi quando foramabolidos os partidos políticos e a representação
federativa no Congresso Nacional, bem como, em nome dasrivalidades regionais, os hinos, os escudos e as bandeiras
dos Estados Federados
8 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
DÍVIDA
Diga não sonegação concorrência deslealà e à .
Valorizar administração tributáriaa
Uma administração tributária autônoma permite a
arrecadação de mais recursos para a sociedade gaúcha.
Afisvec e Sindifisco-RSAgentes Fiscais trabalhando unidospor uma sociedade melhor.
Diga sim tributação justa pagamentode impostos previstos em lei
à e ao
.
é valorizar a , a e asaúde segurançaeducação em nosso Estado.
TARSO GENROTARSO GENRO
10 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
1) O STF julgou como inconstitucional diversas ações
contra leis estaduais que concediam reduções e
isenções fiscais a empresas e setores econômicos.
Como o senhor avalia a postura da
Corte no que diz respeito ao
enfrentamento da chamada guerra
fiscal?
2) Como está se desenvolvendo a
política de atração de investimentos
para o RS no seu governo? O RS já
esteve entre as principais econo-
mias do país e sofre nos últimos
anos com a fuga de empresas, como
é o caso do setor calçadista. O que
fazer para retomar o crescimento?
A guerra fiscal é um jogo de soma zero,
um ganha o que o outro perde. Isso
acaba prejudicando todos os estados.
Enquanto não se opera a reforma
tributária, acreditamos que as políticas
de incentivo devem ser consertadas,
ainda que minimamente, pelos
estados. O Confaz já faz, em parte, tal
mediação de acordo com o marco legal
vigente. O STF cumpre seu papel ao
resguardar isso. De qualquer forma,
desde o começo da nossa gestão, estamos em contato com o
Ministério da Fazenda para ver se avançamos em alguns
pontos.
Nosso projeto de desenvolvimento
econômico centra-se na criação das
condições para o desenvolvimento
competitivo e socialmente equilibrado
através da retomada da ação estatal e
do fortalecimento da estrutura
Tarso Genro:
“A guerra fiscal é um
jogo de soma zero, um
ganha o que o outro perde”
Governador do RS acredita que os estados devem realizar
consertos, mesmo que mínimos, em suas políticas de incentivos
fiscais enquanto a esperada reforma tributária não avança no
Congresso Nacional. Tarso genro respondeu a perguntas sobre
atração de investimentos, Fundopem e Lei Kandir. Leia abaixo as
respostas do governador.
As mudanças noFundopem já ocorreram.Entre outras, elasfacilitam o acesso decooperativas, pequenas emédias empresas,diminuindo, assim, agrande concentração dosbenefícios em poucasgrandes empresas
11
ENTREVISTA
econômica. Para tanto o governo reformulou o Fundopem,
criou o PGPIN (Polo Naval) e está finalizando uma série de
incentivos setoriais, com destaque para os calçados. O novo
modelo de incentivos fiscais e concessão de estímulos atraiu
investimentos internacionais e fortaleceu a nossa base
produtiva histórica.
As mudanças no Fundopem já
ocorreram. Entre outras, elas facilitam
o acesso de cooperativas, pequenas e médias empresas,
diminuindo, assim, a grande concentração dos benefícios
em poucas grandes empresas. As concessões já são
concedidas e fiscalizadas no Conselho Diretor do
Fundopem, com representação social por nós ampliada,
com a inclusão da OCERGS. Nesse caso, existem as regras
para manutenção do sigilo fiscal, mas mesmo assim estamos
sempre dispostos a discutir medidas que aumentem a
transparência da ação pública.
Deve ser de total respeito do Estado para com os cidadãos.
Os vários mecanismos de controle são uma conquista da
cidadania que deve ser continuamente aprimorada,
especialmente com a utilização das
novas tecnologias de informação.
Fomos profundamente críticos quando da implantação da
Lei Kandir. Entretanto os seus incentivos já foram
incorporados à estrutura produtiva e macroecônomica
nacional. Ao invés de penalizarmos as exportações
primárias, devemos é incentivar ainda mais as exportações
de produtos com maior valor agregado associadas a
políticas de desenvolvimento industrial.
3) Desde o início do seu governo,
uma das bandeiras é a mudança no
sistema de concessão do Fundo-
pem? Qual sua opinião sobre este
Fundo? O que deve ser melhorado?
Também em 2011, a Ajuris liderou
uma campanha pela maior trans-
parência nas concessões e resul-
tados obtidos pelas empresas que se
beneficiam do Fundopem, o senhor
concorda que há pouca transpa-
rência na sua adoção?
4) Como deve ser a relação entre administração
tributária e o contribuinte? Hoje essa relação é
saudável? O que pode melhorar?
5) A Lei Kandir, quando da sua
aprovação, pretendia a busca de
divisas, a qualquer custo, devido às
dificuldades financeiras porque
passava o País à época, concedendo
imunidade tributária nas saídas de
produtos primários. Hoje, obser-
vamos que tal imunidade deveria
ser revista de modo que só fossem
imunes as saídas de produtos
industrializados, os quais agregam
principalmente a mão de obra e o
lucro da empresa em diversas operações. Como o
senhor avalia tal mudança?
Fomos profundamentecríticos quando daimplantação da LeiKandir. Entretanto osseus incentivos já foramincorporados àestrutura produtiva emacroecônomicanacional
12 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
FPE
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa à análise
do Fundo de Participação dos Estados
(FPE), de forma a proporcionar um
melhor entendimento sobre a matéria,
possibilitando e estimulando o surgi-
mento de ideias que possam auxiliar na
discussão para o estabelecimento de
uma nova sistemática de redistribuição
do fundo.
O FPE é um fundo constitucional
formado por 21,5% das receitas do Im-
posto de Renda (IR) e do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) , repas-
sado mensalmente pela União aos Esta-
dos e ao Distrito Federal (DF), de
acordo com o que dispõe a Lei Com-
plementar (LC). O objetivo do FPE é
promover o equilíbrio socioeconômico
entre as unidades federadas (UFs), de
acordo com o artigo 161, II da Cons-
tituição. Pela distribuição atual, fixada
há mais de 20 anos pela LC 62/89
(Anexo Único), o Rio Grande do Sul
(RS) recebe 2,3548% dos recursos do
fundo, o que representou em 2010 um
total de R$ 1,148 bilhões .
A motivação para o trabalho veio
da necessidade de elaboração de nova
Lei Complementar para regulamentar a
distribuição dos recursos do FPE,
depois da decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) que julgou Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) interposta
pelo Governador do Estado do Rio
Grande do Sul (além de outras ADIs que
foram simultaneamente julgadas), a
qual declarou a inconstitucionalidade
da atual distribuição estipulada pela LC
62/89. A decisão do STF, que teve como
Ministro relator o Sr. Gilmar Mendes,
julgou inconstitucional o artigo 2º, in-
cisos I e II, além dos §§ 1º, 2º e 3º e o
Anexo Único da LC 62/89.
A inconstitucionalidade foi decla-
rada pela existência de reservas
1
2
3
FPE
NOVOS
CRITÉRIOS
DE REPARTIÇÃO
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2
3
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 159, I, “a”.
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
ADI 875/DF, acórdão de 24/02/2010.
A inconstitucionalidadefoi declarada pelaexistência de reservasregionais fixas (de 85%para as regiões norte,nordeste e centro-oestee 15% para as regiões sule sudeste) e porque ospróprios coeficientesestão fixos desde 1989,não atendendo aocomando constitucional depromover o equilíbriosocioeconômico entreas unidades federadas
Marcelo MelloAgente Fiscal do Tesouro do Estado
ARTIGO
13
regionais fixas (de 85% para as regiões norte, nordeste e
centro-oeste e 15% para as regiões sul e sudeste) e porque os
próprios coeficientes estão fixos desde 1989, não atendendo
ao comando constitucional de promover o equilíbrio
socioeconômico entre as unidades federadas . Segundo
afirmou o Ministro Gilmar Mendes, em
Seminário realizado na Escola de
Administração Fazendária (ESAF), em
25/05/2011 , a distribuição deve ter
critérios dinâmicos, recalculáveis perio-
dicamente. Da mesma forma, entende
que um único critério para a distri-
buição, em tese, não atenderia ao
dispositivo constitucional.
A mesma decisão do STF também
determinou a ultratividade da LC 62/89
até 31 de dezembro de 2012. Ou seja: a
nova LC deve estar aprovada antes desta
data, para que os novos critérios de dis-
tribuição dos recursos sejam aplicados
em 2013. Segundo o Ministro Gilmar
Mendes, no citado seminário, não have-
ria repristinação automática dos
critérios do Código Tributário Nacional
(CTN) e, caso não seja aprovada a nova
LC até dezembro de 2012, os recursos
podem não ser repassados às UFs, ou ainda, o STF teria que
ser provocado novamente para se pronunciar sobre a
extensão do prazo de ultratividade da LC 62/89.
Em função da necessidade de serem estipulados novos
critérios e metodologia de cálculo para a distribuição dos
recursos do FPE, foi criado um grupo de trabalho junto à
Comissão Técnica Permanente (Cotepe) para estudar a
matéria. Os estudos do denominado Grupo de Estudos do
FPE (GEFPE) ainda não foram concluídos, mas já foram
produzidas diversas simulações.
O presente trabalho foi dividido em cinco itens, para
melhor compreensão, tratando as principais propostas exis-
tentes no Congresso Nacional e os diversos modelos
existentes (CTN, equalização de
receitas, redistributivo e misto). Final-
mente, são apresentadas conclusões
sobre o tema e gráfico ilustrativo.
Em 2010, havia em torno de 16
propostas tramitando no Congresso
Nacional, a grande maioria delas com a
inconstitucionalidade de estabele-
cimento de reservas regionais fixas
(85% para as regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste e 15% para as regiões Sul
e Sudeste), por terem sido elaboradas
antes da decisão do STF. Com o encer-
ramento da legislatura em 2010, prati-
camente todas as propostas restaram
arquivadas. Uma proposta foi reaberta,
de autoria da Senadora Vanessa
Grazziotin , do PC do B do Amazonas, e
uma nova proposta surgiu em 2011, de autoria dos
Senadores Randolfe Rodrigues , do PSOL do Amapá, e
Romero Jucá do PMDB de Roraima.
Quanto à proposta da Senadora Vanessa Grazziotin, o
principal critério utilizado (98%) é o da renda per capita
(RPC). Os 2% restantes comporiam um fundo para distribuir
aos estados com áreas de conservação da natureza e/ou áreas
indígenas, vinculando o uso dos recursos a projetos de
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7
1. PROPOSTAS TRAMITANDO
NO CONGRESSO NACIONAL
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Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Arts. 159, I, “a” e 161, II.
Palestra do Ministro Gilmar Mendes em Seminário sobre o FPE, na ESAF, em 25/05/2011.
Projeto de Lei do Senado (PLS) 192/2011.
PLS 289/2011.
Em função danecessidade de seremestipulados novoscritérios e metodologiade cálculo para adistribuição dosrecursos do FPE, foicriado um grupo detrabalho junto àComissão TécnicaPermanente (Cotepe)para estudar a matéria
14 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
FPE
desenvolvimento sustentável. Esta vinculação de recursos
pode vir a ser declarada inconstitucional, devido à vedação
de vinculação existente no artigo 167, IV da Constituição. Em
tese, o uso de um critério “praticamente” único (reserva de
98% em função da RPC) pode vir a ser declarado
inconstitucional, por não atender ao disposto no artigo 161,
II da carta magna. Por outro lado, a reserva de 80% dos
recursos para as UFs com RPC abaixo da média nacional e
apenas 10% para as UFs com RPC acima da média, sem uma
justificativa específica, também poderia vir a ser questionada
sobre sua constitucionalidade. Além disso, mais grave é a
fixação de 8% dos recursos do fundo a serem distribuídos
igualmente entre as 5 UFs com maior população, dentre
aquelas que possuem RPC abaixo da média, sem qualquer
justificativa. Por esta proposta, o RS ficaria com apenas 1,32%
dos recursos, amargando perda de mais de R$ 500 milhões
em relação à distribuição atual (2010) . Falando de regiões, o
Sul e Sudeste, com mais de 56% da população do país ,
ficariam com apenas pouco mais de 10% dos recursos .
Quanto ao projeto do Senador Randolfe, são utilizados
diversos critérios ou variáveis para o cálculo dos coeficientes.
Trata-se de um modelo redistributivo, conforme será visto no
item 4. Pode-se dizer que o Senador utilizou como base uma
das simulações produzidas pelo GEFPE, com alterações. Um
dos principais problemas desta proposta é a manutenção das
reservas regionais fixas (de 85% para N, NE e CO e de 15%
para S e SE), as quais foram declaradas inconstitucionais pela
decisão do STF supracitada. Outra dificuldade do projeto é a
existência de um número elevado de variáveis a serem
consideradas no cálculo:
I. 25% de acordo com a distância existente entre o maior
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado
por uma UF brasileira e o IDH da própria UF;
II. 10% de acordo com a evolução decenal do IDH de cada
UF;
III. 13% de acordo com o inverso da RPC de cada UF;
IV. 22% de acordo com a população;
V. 5% de acordo com a superfície territorial de cada UF;
VI. 5% de acordo com o atendimento domiciliar de água
tratada;
VII. 5% de acordo com o coeficiente de cobertura de esgoto
domiciliar;
VIII. 5% de acordo com as unidades de conservação e áreas
indígenas;
IX. 10% de acordo com o inverso do Produto Interno Bruto
(PIB) de cada Unidade da Federação, sendo obedecido
o limite máximo de 10%.
A existência de um número elevado de variáveis torna o
modelo mais complexo, além de ocorrer o efeito de uma
variável anular a outra. Outra dificuldade é a difícil aceitação
pela maioria das UFs de utilização de critérios como água
tratada, esgoto e unidades de conservação e áreas indígenas
no cálculo. Outro ponto questionável é a utilização do IDH,
que é calculado por órgão não oficial, além de o Governo
brasileiro estar questionando a nova metodologia empre-
gada pelo Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento (PNUD, que é órgão das Nações Unidas). Por este
projeto, o RS ficaria com 1,87% dos recursos, com uma perda
estimada em mais de R$ 230 milhões (base 2010) .
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Fonte: Divisão de Estudos Econômicos (DEE/RE) da Receita Estadual do RS.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
A existência de um númeroelevado de variáveis torna omodelo mais complexo, além de ocorrer oefeito de uma variável anular a outra
15
ARTIGO
2. MODELO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
(CTN)
3. MODELO DE EQUALIZAÇÃO DE RECEITAS
O CTN determinou, por seus artigos 88, 89 e 90, a
metodologia e os critérios de cálculo para a distribuição do
FPE. Basicamente, o CTN utiliza três parâmetros ou variáveis:
a área, a população e a RPC. O coeficiente da variável área é
calculado proporcionalmente à superfície total do Brasil,
sem faixas ou limites. Já a população possui limite mínimo de
2% e máximo de 10%, além de faixas para o cálculo dos
coeficientes correspondentes. Da mesma forma, a RPC
possui limite mínimo de 0,4% e máximo de 2,5%, além das
faixas para determinação dos coefi-
cientes.
Em virtude da utilização de limites
mínimos e máximos, além do uso de
faixas, o CTN, em tese, também poderia
ter a constitucionalidade arguida com
relação a isso. Os pesos correspon-
dentes das variáveis são de 5% para a
área e 95% para a população e RPC (os
índices são multiplicados). Com este
método do CTN, o RS ficaria com 3,81%
dos recursos, com ganho de R$ 700
milhões em relação ao coeficiente atual
(base 2010) . Já a distribuição entre
regiões, ficaria em 72,7% para Norte,
Nordeste e Centro-Oeste e 27,3% para Sul e Sudeste.
O modelo de equalização de receitas tem como objetivo
principal alcançar níveis mais semelhantes de receita per
capita entre as UFs. Cada UF, com um melhor nível de receita
per capita, colocaria em prática as suas políticas públicas
visando a melhorar o desenvolvimento socioeconômico.
A primeira dificuldade do modelo é a de determinar
qual a receita a ser utilizada no cálculo. O ideal seria a
utilização de uma receita potencial, pois a receita efetiva
arrecadada tem o reflexo dos benefícios fiscais e de eventuais
deficiências na administração tributária local. Entretanto, o
cálculo de uma receita potencial mostra-se difícil e os
modelos normalmente utilizam a arrecadação efetiva. Outra
questão é a utilização da receita total ou apenas de uma
receita “livre”, expurgadas as vinculações. Por outro lado, o
modelo de equalização puro trata igualmente as UFs, não
levando em consideração as diferenças históricas nos níveis
sociais e de desenvolvimento, além de não considerar as
diferenças de gastos para a realização do mesmo serviço à
população, como é o caso dos estados
com grande extensão territorial.
Finalmente, os modelos de
equalização podem realizar o cálculo
de máxima redistributividade numa
etapa (distribuindo recursos apenas
para os estados com menor receita per
capita) e numa segunda etapa,
distribuir recursos também para os
estados com maior receita per capita.
Admitindo-se um modelo que distribui
60% dos recursos na primeira etapa
(máxima redistributividade) e 40% dos
recursos na segunda etapa (com valor
de referência fixado na receita per
capita média nacional + um desvio padrão), o RS ficaria com
um coeficiente de 2,67% , com ganho em torno de R$ 150
milhões (base 2010).
Outra crítica a este modelo seria o fato de que algumas
UFs não teriam repasse algum. É o caso do Espírito Santo, Rio
de Janeiro e Distrito Federal, nesta simulação. Por outro lado,
algumas UFs são bastante beneficiadas por este modelo,
como é o caso da Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco, as
quais, juntas, receberiam 50% dos valores do fundo, o que
não seria politicamente possível de aprovação no Congresso.
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Fonte: DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
O modelo deequalização de receitastem como objetivoprincipal alcançar níveismais semelhantes dereceita per capita entreas UFs
Ao mesmo tempo, algumas UFs teriam os recursos bastante
reduzidos, como é o caso dos ex-territórios, o que inviabi-
lizaria as suas finanças.
Uma tentativa de ajustar o modelo poderia ser o uso de
travas e limites mínimos e máximos, entretanto, tal hipótese
seria facilmente questionada judicialmente quanto à sua
constitucionalidade.
O modelo redistributivo utiliza
variáveis com o objetivo de medir a
situação socioeconômica das UFs e suas
necessidades para, então, fazer o
cálculo dos índices. O grande desafio é
a escolha das variáveis a serem
utilizadas e os critérios de cálculo.
Uma vez escolhidas as variáveis,
uma dificuldade é a estipulação dos
pesos correspondentes, o que é
determinante no cálculo. Uma das
possibilidades é a utilização de pesos e
variáveis que minimizem as “perdas”
em relação à distribuição atual congelada. Aqui se tem outra
dificuldade, posto que a distribuição atual foi congelada há
mais de 20 anos e teve apenas por base o CTN, entretanto,
além das reservas regionais, foram feitas “concessões” das
UFs do Sul e Sudeste para a composição do acordo. Além
disso, São Paulo, por exemplo, está fixado em 1% e Espírito
Santo em 1,5%. Em tese, querer alcançar um resultado
parecido com o atual, é, ao menos, “esdrúxulo”, mas é o que
politicamente pode ser mais viável.
Admitindo-se um modelo simples, no sentido de não
utilizar muitas variáveis, poderiam ser consideradas as
seguintes variáveis: área, população, RPC e PIB. Tomando-se
as variáveis com os seguintes pesos: 5% para área, 25% para
RPC, 50% para RPC e 20% para PIB, o RS teria um coeficiente
de 2,73%, com um ganho de R$ 430 milhões (base 2010) .
Alguns estados teriam perda excessiva por este modelo,
como é o caso da Bahia, que seria o maior perdedor, de certa
forma, inviabilizando eventual acordo entre os estados. Cabe
salientar um ponto positivo do modelo que é a não utilização
de quaisquer reservas, limites ou faixas.
Como se pode inferir, alguns esta-
dos ganham excessivamente no modelo
de equalização de receitas e outros
perdem muito no seu coeficiente. De
forma diametralmente oposta, no mo-
delo redistributivo, os “ganhadores” do
modelo de equalização tornam-se
“perdedores” e os “perdedores”, “ga-
nhadores”, mas também com grandes
“variações” em relação à distribuição
atual, com a ressalva que já fizemos an-
teriormente da distorção desta distri-
buição que está fixada há muitos anos.
Por esta razão, um modelo misto
entre o de equalização de receitas e o redistributivo poderia
chegar a um resultado mais próximo da distribuição atual.
Embora tecnicamente possa ser questionável, é uma
possibilidade a ser estudada. Levando-se em consideração as
variáveis elencadas para o modelo redistributivo (área,
população, RPC e PIB), pode-se acrescentar ao modelo uma
quinta variável de equalização de receitas (utilizamos os
mesmos critérios do item 3).
Utilizando-se a função “solver” do Excel para a
minimização das “perdas” globais (somatório das perdas em
relação à distribuição atual), chega-se ao seguinte resultado
para os pesos a serem aplicados a cada variável : 5,50% para a
área, 6,18% para a população, 10,05% para o PIB, 41,59%
para a RPC e 36,69% para a equalização de receitas
4. MODELO REDISTRIBUTIVO
5. MODELO MISTO
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Fonte: DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
FPE
16
um modelo mistoentre o de equalizaçãode receitas e oredistributivo poderiachegar a um resultadomais próximo dadistribuição atual
Com estas variáveis e com estes pesos, o RS ficaria com
2,43% dos recursos do FPE, ou seja, com acréscimo de R$ 86
milhões (base 2010) . Entretanto, algumas UFs ainda teriam
um decréscimo elevado no coeficiente, como seria o caso de
Sergipe, Tocantins e Rio Grande do Norte. De positivo, o fato
de que o modelo misto reduz as “perdas” e “ganhos”
excessivos, gerando um resultado mais próximo da
distribuição atual. O somatório das “perdas” ficaria em
apenas R$ 3,4 bilhões. Outro ponto positivo é a não
utilização de quaisquer reservas, travas ou limites.
CONCLUSÕES
Em virtude da decisão do STF, julgando inconstitu-
cional a distribuição atual, pela fixação de índices e pela
utilização de reservas regionais fixas, surgiu a necessidade de
estudar o tema com vistas à elaboração de nova LC para a
repartição dos recursos do FPE.
Tecnicamente, o ideal seria a utilização de um modelo
puro, seja redistributivo, seja de equalização de receitas.
Entretanto, por tudo o que foi exposto, os modelos puros
impõem variações significativas nos coeficientes para deter-
minadas UFs, podendo comprometer suas receitas futuras,
sobretudo naquelas mais dependentes do repasse, como é o
caso dos ex-territórios.
Assim sendo, um modelo misto com redução das
“perdas” como foi apresentado no item 5 seria de mais fácil
aprovação no Congresso Nacional. Eventualmente, o
modelo misto pode ser aperfeiçoado, reduzindo-se as
“perdas” para os estados com maior dependência dos
repasses. Por outro lado, o problema poderia ser resolvido
por um período longo de transição. Admitindo-se um
período de transição de no mínimo 10 anos e um
crescimento médio do FPE em torno de 15% , pode-se
garantir que não haverá perdas financeiras para nenhuma UF.
Também é possível negociar um aporte extra da União
para compor as “perdas”. No caso do modelo misto apre-
sentado, seriam suficientes R$ 3,4 bilhões de aporte extra
para cobrir as “perdas”. Uma Proposta de Emenda Consti-
tucional (PEC) para alterar a composição do fundo, garan-
tindo mais recursos às UFs. Além disso, a base do fundo
poderia ser alterada para a receita total administrada, exceto
as receitas previdenciárias, fixando-se o coeficiente de 11%
do total para formar o FPE, em vez dos atuais 21,5% sobre o IR
e IPI. Isto preveniria eventuais mudanças na composição das
receitas da União, como aconteceu após a Constituição da
República. O FPE era em torno de 16% das receitas da União
em 1988 e em 2010 ficou em torno de 10% .
De outro norte, o FPE pode vir a ser utilizado como
parâmetro geral para a distribuição de outros recursos, como
os royalties do Pré-Sal. Já existem propostas tramitando no
Congresso Nacional neste sentido. Por isso cresce a impor-
tância dos novos coeficientes, inclusive sendo necessária
uma rediscussão mais ampla, dentro de todo o contexto,
envolvendo a reforma tributária, dívida, fundos constitu-
cionais, além de outros repasses.
Como pode ser visto, a questão não é fácil e há grandes
dificuldades para que se chegue a um acordo entre as UFs.
Talvez fosse melhor fazer a composição dos diversos temas,
compensando eventuais “perdas” com outros repasses ou
alterações tributárias.
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FPE – de 2005 a 2011 – Participação do Rio Grande do
Sul
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Fonte: DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
Fonte: DEE/RE.
Simulação da evolução do FPE pelos diversos modelos apresentados
em comparação à situação atual. 2011 com valores até outubro .19
ARTIGO
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Postal defende
18 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ALEXANDRE POSTAL
pela eficiência do Parlamento
Eleito para o seu quinto mandato com 45.631
votos, o deputado Alexandre Postal assumirá em
1º de fevereiro, pela primeira vez, a presidência
da Assembleia Legislativa. O parlamentar
respondeu a perguntas da revista Enfoque Fiscal,
abordando temas como administração tributária,
serviço público, relação entre os Poderes do
Estado e Prêmio Gestor Público. Confira abaixo a
íntegra da entrevista.
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
- O senhor assumirá a presidência
da Assembleia em 2012. Qual será o seu projeto como
presidente do Legislativo estadual?
- O Parlamento rio-grandense é
um dos mais destacados do país, reconhecido
nacionalmente por suas iniciativas em especial no campo
da transparência e controle dos gastos das verbas
públicas. Integramos a gestão que decidiu por inédito
compartilhamento nas ações administrativas, como
forma de permitir continuidade e mais eficiência na
condução do funcionamento da Casa. Daremos
continuidade ao processo.
O Parlamento não pode, a cada ano, em decorrência
de nova Mesa Diretora, sofrer mudanças impactantes de
condução. Estas alterações interrompem projetos,
impedem planejamentos de médio e longo prazos,
tornam efêmeras atividades importantes para o
andamento do Legislativo e, especialmente, impossi-
bilitam condutas de gestão que os momentos atuais
exigem e que a Constituição estabelece.
- Qual, no seu entender, o papel
principal do Poder Legislativo?
- Além daqueles preconizados
pela Constituição Estadual, de fiscalizar o Executivo e de
elaborar e votar leis, há um outro papel que precisa ser
desempenhado cada vez com mais atenção por parte do
Parlamento, o de estar ainda mais atento às
reivindicações da sociedade. A Carta de 1988, realmente a
Constituição Cidadã, uma vez que definiu direitos e
avanços sociais, limitou, infelizmente, a participação dos
legislativos estaduais em relação ao centralismo da União.
Assim, deveremos executar iniciativas que agre-
guem, cada vez mais, todos os partidos em defesa da
representatividade que a população, por meio do voto,
concede aos eleitos, para que respondam, mais e melhor,
a busca contínua
19
ENTREVISTA
às crescentes demandas da sociedade. No que depender
da nossa vontade, nos aproximaremos ainda mais dos
segmentos representativos da sociedade, ouvindo as
demandas que possibilitem desenvolvimento e bem-
estar.
- Quais serão seus principais
desafios?
- Cumpriremos a função de
presidente da Casa por um ano, como resultado de
acordo entre as maiores bancadas. Neste contexto,
existem naturais desafios administrativos e políti-
cos, e será nossa responsabilidade
executar avanços em ambos os
campos.
O Palácio Farroupilha está
instalado em prédio com mais de 40
anos, com as carências naturais
resultantes do seu funcionamento e
tempo de existência. De outra
parte, a Assembleia é um Poder que
tem no seu Regimento Interno
aspectos que já estão em dissintonia
em relação a novas realidades, os quais precisam adequar-
se à realidade atual. Para tanto, igualmente necessita-se
de aprimoramentos em situações de suporte, como a
informática.
E deveremos ter, com a sociedade (este também não
deixa de ser um desafio), um diálogo franco,
transparente, sem que venhamos a nos omitir quando
chamados para opinar, bem como deveremos estar ao
lado do Executivo e Judiciário quando solicitados, como
deve ser o papel de uma organização atuante em defesas
dos interesses de todos os gaúchos.
No campo político seremos, por exemplo, uma
instância de oposição ao Executivo, mesmo sendo um
deputado oriundo e representante da minoria, levando-
se em conta a base de apoio parlamentar ao governo do
Estado. O desafio aqui, e deveremos exercitá-lo com
sabedoria, é manter a independência do Poder sem que
ocorram prejuízos de qualquer ordem ao Rio Grande do
Sul. Em um Estado tão dicotômico, a busca da harmonia é
essencial.
- O senhor apresentará algum
grande projeto de debate, como, por exemplo, o
“Destino e ações para o RS”, do seu antecessor, deputado
Villaverde?
- Este não é um projeto somente
do atual presidente. É um projeto
dos quatro deputados que passarão
pela presidência, tendo em vista
plano compartilhado de ações.
Definimos de comum acordo que
não teríamos um projeto distinto
em cada ano, até porque esta não é
uma conduta produtiva: a cada
gestão, a cada ano legislativo, uma
proposta diferenciada, zerando-se o
processo.
Vejo isso como algo do passado. Respeito os que
assim procederam, mas devemos pensar o todo da
Assembleia e este é o momento dos quatro parlamentares
que presidirão a Casa trabalharem em uma mesma
direção, olhando não apenas um período, uma gestão,
mas os próximos anos, em uma construção salutar e
eficaz.
- Como Vossa Excelência avalia o
tema teto remuneratório do servidor público?
- A questão do teto remune-
ratório é matéria de legislação constitucional federal (art.
37, XI, CF/88), não cabendo ao Parlamento gaúcho outra
atitude senão cumpri-la. Assim, a menos que haja uma
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
O Parlamento nãopode, a cada ano, emdecorrência de novaMesa Diretora, sofrermudanças impactantesde condução
20 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ALEXANDRE POSTAL
movimentação conjunta de mais da metade das
Assembleias Legislativas Estaduais, com proposta apro-
vada pela maioria relativa de seus membros, onde seja
novamente questionada a eficácia da manutenção deste
dispositivo constitucional – e não vejo espaço para uma
manobra neste sentido – cabe a Assembleia apenas a
fiscalização de sua aplicação, no âmbito do Estado.
- O senhor é favorável a um teto
único para todos os servidores públicos, como é o do RS
atualmente, ou o senhor entende
que é preciso haver um teto
remuneratório para cada Poder
do Estado?
- Sim!
Entendo que o Constituinte,
quando pensou na figura do teto
remuneratório, não partiu da
premissa que poderia haver
categorias funcionais que não
estivessem albergadas nesse con-
ceito, nem tampouco consi-
derou que, no futuro, se pudesse
criar outra figura decorrente, que
é a das subcategorias funcionais
de Estado. Admitir isso seria
admitir que o Estado não é um
todo, único, e os três poderes constituídos não seriam
harmônicos, ou mesmo que a verba não é única para
todas as espécies de gastos, seja nas áreas afetas ao
Executivo, Legislativo ou mesmo em relação ao
Judiciário.
Como admitir que um servidor, de mesma categoria
funcional, lotado num desses poderes, possa não ter a
mesma condição de remuneração mínima e máxima em
relação aos seus pares, somente em função de estar
vinculado a uma das pontas do tripé que sustenta o
Estado? A Constituição Federal no artigo 37, XII
estabelece que os vencimentos dos cargos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Ou seja, o
Estado,por ser um Ente único, não pode admitir
desigualdades, tanto de direitos quanto de obrigações.
- Como se darão as relações do
Poder Legislativo com o Poder Executivo?
- Se depender das minhas ações
como presidente, as melhores
possíveis, no mais alto grau de
cordialidade, do interesse pú-
blico. Quero ser um presidente
do Legislativo que esteja ao
lado do governador Tarso em
tudo aquilo que seja interesse
do Rio Grande. Quando entrar-
mos no campo político ou
ideológico aí teremos um qua-
dro com questões partidárias. O
Rio Grande, porém, está acima
dos nossos partidos.
- Em 2011,
quando da votação do pacote
do Executivo, que aumentou a
alíquota de desconto do IPE de 11% para 14%, a maioria
dos deputados estaduais e dos servidores públicos
colocaram-se de lados opostos: os primeiros achando
necessário o aumento da tributação sobre os servido-
res públicos e os outros se achando mais uma vez
prejudicados pelas decisões do Executivo e do
Legislativo. Como Vossa Excelência analisa as cons-
tantes perdas dos servidores públicos no transcorrer dos
anos?
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Como admitir que umservidor, de mesma categoriafuncional, lotado num dessespoderes, possa não ter amesma condição deremuneração mínima e máximaem relação aos seus pares,somente em função de estarvinculado a uma das pontas dotripé que sustenta o Estado?
21
ENTREVISTA
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
- A questão da alíquota mais ade-
quada à contribuição previdenciária dos servidores é
antiga e recorrente. Porém, sempre me manifestei con-
trário a qualquer aumento que onere ainda mais os
servidores do Estado. Este foi o meu voto assim como de
toda a Bancada do PMDB.
De outra parte, tenho lembrança de que o próprio
ministro Gilmar Mendes, se não me engano, em seu
pronunciamento no Supremo
Tribunal Federal, alertou que a
Constituição Federal não dispõe de
forma que obrigue um escalona-
mento nas contribuições previden-
ciárias na área pública, depen-
dendo do valor dos salários. De
qualquer forma, independen-
temente das discussões e teses
jurídicas, sou contrário a qualquer
aumento neste sentido.
- Quais seus
projetos políticos para o ano de
2012?
- Dias atrás
realizamos, no período legal, a transferência do nosso
domicílio eleitoral para Bento Gonçalves, a convite do
diretório municipal do PMDB. O objetivo é agregarmos
força à sigla na cidade, para que tenha bom desempenho
nas eleições de outubro. Além disso, Bento Gonçalves,
importante município serrano, estava sem representação
no Parlamento. Correligionários expuseram sua
expectativa de que eu venha a concorrer a prefeito, mas
meu projeto prioritário, para o qual me preparei, é o de
presidir a Assembleia em 2012.
- Como o senhor avalia a Admi-
nistração Tributária?
- Entendo que seja necessário
repensar o atual sistema de trabalho, para não perma-
necermos no conceito de que somos a administração
mais conservadora dentre todas as demais secretarias
fazendárias da Federação. A Secretaria da Fazenda conta
com técnicos preparados e dedicados. A própria Assem-
bleia sempre se valeu de técnicos fazendários para que
dessem sua importante contribuição aos trabalhos
legislativos. Poderíamos avançar
um pouco mais, em vários quesitos
de tributação. Mas há toda uma
discussão a ser feita e encami-
nhada. Reitero que o quadro é
competente, mas é necessário este
aprimoramento para que não
sejamos rotulados negativamente.
- Em 2010,
Assembleia Legislativa aprovou Lei
Orgânica da Administração Tribu-
tária, o que o senhor pensa a
respeito da autonomia do fisco
estadual?
- A Admi-
nistração Tributária é uma função relevante de Estado, e
por esse motivo conta com dispositivo constitucional
próprio que é o art. 37, XXII. Nele, está previsto que suas
atividades serão exercidas por servidores de carreira
específica, que terão recursos prioritários para a
realização de suas atividades e atuarão de forma integrada
nas três esferas de Poder, qual sejam a Federal, Municipal
e Estadual.
Outro dispositivo constitucional do mesmo artigo
37 já citado, no caso o inciso XVIII, diz que a admi-
nistração fazendária e seus servidores fiscais terão,
dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
precedência sobre os demais setores administrativos, na
A Secretaria da Fazendaconta com técnicospreparados e dedicados. Aprópria Assem-bleia sempre se valeu detécnicos fazendários paraque dessem suaimportante contribuiçãoaos trabalhos legislativos
22 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ALEXANDRE POSTAL
forma da lei. Em ambos dispositivos há nítida prevalência
dessas funções de gênero e espécie, tanto no aspecto da
percepção prioritária de recursos quanto na necessidade
de carreira específica, diferente das demais funções
administrativas de Estado.
Neste sentido, é preciso uma distinção entre
independência funcional e autonomia administrativa. A
independência funcional se refere à existência de um
cargo próprio e que suas atividades não ficam
subordinadas a pessoas estranhas à carreira própria. Ou
seja, nenhum governante pode dizer o que deve ou não
deve fazer o titular do respectivo
cargo, que tem independência
funcional nesse sentido. Por outro
lado, Autonomia Administrativa é
coisa distinta, pois é própria de
órgão. E se aplica, portanto, aos
órgãos que a própria Constituição
assim os institui, como Ministério
Público, Defensoria Pública e
outros.
Assim, não havendo um ór-
gão definido autônomo, pela Lei,
nestes termos, muito menos uma
carreira, de per si e de forma iso-
lada, pode ser considerada autô-
noma, uma vez que poderia ferir a
diplomacia do Estado com suas hierarquias próprias.
Desta forma, respeitadas suas competências, à
Administração Tributária, pela Lei, não é conferida a
existência de órgão próprio contemplado nas três esferas
de poder, a exemplo dos demais órgãos instituídos pela
Constituição Federal. Como parte integrante da admi-
nistração pública e sujeita ao mandamus do Chefe do
Poder Executivo, no que se refere a definições das
políticas públicas mais adequadas ao momento, penso
que a Administração Tributária possui extrema relevância
na formação das políticas públicas e na consecução dos
objetivos do Estado, assim delineados pelo projeto de um
governo eleito pelo povo.
- A administração tributária deve ser
independente e distante de interesses políticos?
- Entendo que esta discussão não
está madura o suficiente na sociedade e, por isso, a
Assembleia Legislativa e a maioria de seus deputados
ainda não tem uma posição formada a este respeito.
- Como deve ser a relação entre
administração tributária e o contri-
buinte?
- A relação
deve ser a mais harmoniosa
possível; e sempre no sentido de,
primeiro, buscar ao máximo
orientar, pois as legislações
tributárias, em geral, contém certo
grau de complexidade. Por isso
fica difícil, às vezes, para o micro,
pequeno ou médio contribuinte
realizar o acompanhamento
permanente das atualizações e
modificações que a todo momento
são implementadas pelas áreas
fazendárias dos governos nas três
esferas de Poder, dentro das respectivas competências
tributárias.
Isto é sentido e reconhecido tanto por empresários
como também por aqueles profissionais que prestam
assessoria tributária, os quais muitas vezes estão distantes
dos grandes centros e capitais, onde as coisas são
delineadas e decididas.
O grau de acesso às informações, esclarecimentos e
soluções que são disponibilizados quando se está
estabelecido nos grandes centros é bem diferente
daquele que se dispõe quando a atividade empresarial é
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre PostalPenso que aAdministração Tributáriapossui extrema relevânciana formação das políticaspúblicas e na consecuçãodos objetivos do Estado,assim delineados peloprojeto de um governoeleito pelo povo
23
ENTREVISTA
exercida no interior do Estado. E isso é uma desvantagem
competitiva, que contribui para o êxodo econômico e,
salvo melhor entendimento, não é levada em conta pelo
Fisco na sua relação com a sociedade.
- Hoje essa relação é saudável?
- Penso que sim, mas sempre
poderá haver avanços.
- O que pode melhorar?
- Em vários aspectos, como por
exemplo, aprimorar os mecanismos de controle sobre o
instituto da Substituição Tributária, especialmente no
sentido de melhorar a fiscalização das entradas de
produtos provenientes de outros entes federados, de
modo a não prejudicar o empresariado e a indústria local.
- Como o senhor avalia a
competência do Estado com relação às questões
tributárias?
- Esta é outra questão impor-
tantíssima, pois atualmente esta competência é muito
restrita, ao meu ver. Este, inclusive, é um dos motivos
pelo qual estamos debatendo sobre a necessidade de
uma reforma tributária que redefina as competências de
cada ente federado. De certa forma, a União tem um
poder de legislar sobre todos os impostos, seja os seus
diretamente ou mesmo, de forma indireta, em relação
àqueles afetos aos Estados.
Vale lembrar que a possibilidade de mudanças em
relação ao ICMS precisa de acordo dos demais entes via
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o que
torna qualquer proposta de benefício ou incentivo
regional a determinado segmento econômico (que por
ventura esteja em dificuldade momentânea) como
alguma coisa próxima ao inviável.
De certa maneira, sou aliado da tese de que
precisamos de um direcionamento único, permitindo
que a competição entre os estados não dependa do grau
de incentivo concedido, mas, sim, de outros fatores,
como a qualidade da mão de obra e a logística em relação
ao mercado, entre outros. Por outro lado, também é
importante que um Estado tenha a possibilidade de
flexibilizar situações que lhe são típicas. Daí a dificuldade
de equacionar todas estas questões que envolvem o
poder de tributar do Estado e a dificuldade do trato deste
tema via Reforma Tributária.
- Desde a sua primeira edição, o
Prêmio Gestor Público, instrumento de promoção das
atividades e projetos municipais, conta com o
fundamental apoio da Assembleia Legislativa. O que o
senhor pensa sobre essa parceria e sobre o Prêmio?
- Tem meu total apoio e incentivo,
inclusive agregando divulgação, para que os municípios
construam e desenvolvam, cada vez mais, projetos que
possam dinamizar a administração pública e serem
reconhecidos. Hoje, este é o maior prêmio concedido ao
administrador público, aquele que todo prefeito gostaria
de receber, de poder exibí-lo com orgulho em seu
gabinete. Esta foi uma das grandes conquistas do
municipalismo e tem toda a nossa solidariedade. E cito
aqui, como motivo de orgulho, o prêmio Gestor Público
recebido pelo meu irmão Fernando Postal, em razão da
sua administração à frente da prefeitura de Guaporé.
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Enfoque Fiscal
Alexandre Postal
Hoje, este é o maior prêmio (Prêmio GestorPúblico) concedido ao administrador
público, aquele que todo prefeito gostariade receber, de poder exibí-lo com orgulho
em seu gabinete
24 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA
Pouco a pouco, começam a ser sentidas as
mudanças promovidas pela atual gestão no campo da
administração tributária com vistas à do
aparelho fiscal. Alterações em processos e modos de
trabalho e de ação, o uso intensivo de Tecnologia
(software e hardware) e a obtenção de bases de dados
que produzem informações sistemáticas e gerenciais
sobre os contribuintes para a análise e implementação
de políticas específicas, começam a ser efetivadas na
busca de uma melhor posição entre as práticas de gestão
fiscal no País.
Os indicadores de da Receita Estadual
já refletem em parte as mudanças que estão sendo
realizadas, muitas delas como consequência de ideias e
de propostas anteriores do grupo Fisco.
Na avaliação de informações de arrecadação, é
muito importante saber o que se está analisando e não
só usar a comparação matemática pura e simples, para
não se incorrer em erros de avaliação ou impro-
priedades técnicas. Um exemplo disto seria tomarmos a
arrecadação do ICMS do mês de março de 2010 e a
compararmos com o mesmo mês de 2011, sem observar
que no ano de 2010 a arrecadação do dia 27 do mês de
fevereiro, de mais de R$ 100 milhões, foi contabilizada
em março, em função de que aquele dia ter sido um
sábado.
modernização
performance
O Desempenho da Receita do ICMS no
acumulado até outubro de 2011:
NO RUMO DA MODERNIZAÇÃO
E RECEITA EM CRESCIMENTO
Ricardo Neves PereiraSubsecretário da Receita Estadual
O desempenho do ICMS gaúcho em 2011 pode ser
aferido em termos nominais, isto é, a preços correntes,
ou reais, com a utilização de um deflator para expurgar a
influência do processo inflacionário. Neste sentido, são
utilizados índices de preços, como o IGP-DI (FGV) e o
IPCA (IBGE). Na avaliação da área econômica da Receita
Estadual, temos:
Utilizando-se o IGP-DI, deflator tradicionalmente
utilizado pela Receita Estadual, verifica-se que, no
acumulado até outubro, o imposto teve o segundo
maior valor da história, resultado que se repete mesmo
considerando a série desde 1989 (ano da implantação
do ICMS) ou desde 1967 (quando foi criado o ICM),
perdendo apenas para o acumulado até outubro de
2010.
Se considerarmos que em 2010 houve recuperação
de créditos através de programa especial de
parcelamento (AJUSTAR), podemos concluir que,
mesmo comparada à de 2010, a arrecadação dos dez
primeiros meses deste ano teve desempenho positivo.
De fato, ao realizarmos os ajustes, a queda de 0,94% do
acumulado até outubro de 2011 em relação ao
acumulado até outubro de 2010, se transforma em
crescimento real de 1,30%. Dessa forma, a receita de
2011 passa a ser a recorde da série histórica que se
iniciou em 1989.
A arrecadação final do exercício de 2011 pode ter
uma prévia extraída através do valor acumulado em “12
meses”. A arrecadação de ICMS, prevista para novembro,
está em torno de R$ 1,788 bilhão, o que, em termos
reais, projeta um crescimento de 0,03% do exercício de
2011 em relação a 2010, isto sem efetuar qualquer ajuste
relativo aos programas de recuperação de crédito
verificados em 2010. Isto significa que, mesmo não
tendo as receitas adicionais atípicas de 2010, o ano de
2011 registrará - é quase certo - a maior receita da
história do imposto.
Se utilizarmos o IPCA, a arrecadação do ICMS já
está, no acumulado até outubro de 2011, com o recorde
a) desempenho pelo IGP-DI (a preços de
outubro de 2011):
b) desempenho pelo IPCA (a preços de outubro
de 2011):
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16.301.735.722
16.148.830.365
14.580.322.783
14.202.416.127
13.595.521.378
13.156.625.031
13.046.687.095
12.523.350.780
12.110.853.149
11.632.279.624
11.596.129.088
11.571.934.300
11.552.621.790
11.309.695.043
11.169.999.385
11.079.261.164
11.026.907.788
10.982.667.899
10.746.291.193
10.558.786.523
10.339.373.100
9.885.473.133
9.766.697.960
Rank Acum. Out. ICMS /RS ( Valores reais, IGP/DI)
Fonte: DEE. IGP-DI de outubro de 2011.
25
ARTIGO
Se considerarmos que em 2010 houverecuperação de créditos através deprograma especial de parcelamento
(AJUSTAR), podemos concluir que, mesmocomparada à de 2010, a arrecadação dos
dez primeiros meses deste ano tevedesempenho positivo
26 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
de receita na história do imposto, com um acréscimo
real de 1,4%. Para o exercício cheio, a projeção é de um
crescimento ainda maior, de 2,3%, representando quase
meio bilhão a mais do que foi obtido em 2010.
ICMS acumulado até outubro (valores reais pelo IPCA)
O Desempenho da Receita do ICMS:
Retrospectiva Histórica e comparações
Num período mais longo, é necessário ter
precaução na análise em função de arrecadações
extraordinárias decorrentes de aumentos temporários
de alíquotas (como nos exercícios de 2005 e 2006) ou de
programas especiais de parcelamento (REFAZ em 2003,
Programa de Recuperação de Créditos em 2005 e o já
citado AJUSTAR em 2010) ou ainda de fatores que não se
repetem corriqueiramente.
Na mesma esteira, no ano de 2003, escolhido em
alguns estudos, como ano inicial da série de dados,
temos fatores que alteraram significativamente a
arrecadação do ICMS, gerando distorções na base de
comparação. Um deles, motivo de grande orgulho para
o fisco gaúcho, foi o pagamento excepcional referente a
uma autuação fiscal no setor de combustíveis, que fez
ingressar, de uma só vez, grande soma de valores (mais
de 120 milhões), distorcendo, não só a base de
comparação do setor, como a do total do imposto, tendo
em vista ainda o recolhimento adicional de mais R$ 240
milhões também pelo REFAZ.
Muito tem se falado, também, da participação
relativa do imposto sobre bens e serviços em relação ao
quadro nacional. A utilização desse indicador, sem fazer
referência ao contexto econômico no qual está inserido
o tributo, gera distorções. Ao se analisar as participações
do ICMS-RS no ICMS nacional e a do PIB gaúcho no PIB
nacional, verifica-se que a evolução da participação do
imposto guarda estreita relação com a queda da
participação da atividade econômica do Estado.
De fato, de 2003 para 2010, também houve queda
do PIB gaúcho no “bolo” nacional (-15,3%), maior do
que a queda relativa do ICMS gaúcho (-12,2%). Deve-se
levar em conta ainda a melhoria da performance do im-
posto em estados com menor grau de desenvolvimento
econômico e com administrações tributárias que ainda
tem alto potencial de desenvolvimento por estarem num
estágio menos desenvolvido que a do RS e a de outros
grandes estados, onde também se verificaram perdas
relativas.
A curva de decréscimo da participação relativa do
PIB explica, portanto, em grande parte, a tendência
declinante do tributo gaúcho no contexto nacional e
refuta, de plano, a hipótese de mau desempenho
administrativo.
Ao contrário, o que ocorreu foi a elevação da
efetividade do ICMS gaúcho em relação a sua base
teórica (o VAF) ou em relação a sua base aproximada (o
PIB). Essa recuperação deve ser destacada como fato
positivo relevante.
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14.677.418.463
13.955.075.735
12.828.244.696
12.663.325.039
12.548.035.624
11.262.295.794
11.036.044.726
10.602.722.735
10.566.897.571
9.528.680.268
8.418.530.822
8.410.225.155
8.285.909.378
8.066.565.280
7.960.717.685
7.353.722.508
6.811.261.886
6.651.946.745
6.060.136.460
6.044.750.605
5.750.726.998
Fonte: DEE. IPCA de outubro de 2011.
Com efeito, se tomarmos ainda o ano de 2003 como
referência, verificaremos uma expansão relativa do
ICMS. A “alíquota efetiva” em relação ao PIB cresceu 9%,
passando de 7,22% em 2003 para 7,84% em 2010,
estabelecendo o recorde da história recente do imposto
(desde 1995), desconsiderando o ano de 2005, quando
houve aumento de alíquotas seletivas. Além disso, a
efetividade do ICMS, de 7,84%, ficou bem acima da
média nacional, de 7,36%. De 2003 a 2010, a expansão
da alíquota efetiva do imposto em relação ao PIB no RS
foi quase o dobro da nacional (crescimento de 8,6% no
RS contra 4,9% no plano nacional).
Desde 2005, a arrecadação de ICMS em nosso
Estado experimentou forte recuperação vis-à-vis o
desempenho do PIB. Isso fica estampado no gráfico
abaixo, que compara a evolução do PIB gaúcho com a da
arrecadação de ICMS, tomando como base (1,00) o ano
de 2004.
Em conclusão, o ICMS gaúcho tem mantido uma
performance superior ao aumento do PIB, impedindo
até uma queda maior no contexto nacional, cuja
explicação está ligada essencialmente à queda relativa da
economia gaúcha. Este quadro de aumento da
efetividade do ICMS do RS também pode ser visto pela
evolução do imposto em relação a sua base teórica – o
VAF. Neste caso, o aproveitamento da base teórica foi
ampliada em mais de 8% no período de 2003 a 2010,
passando a alíquota efetiva de 10,54% para 11,39%.
Em termos setoriais, a queda no acumulado até
outubro de 2011 (pelo IGP-DI) relativamente ao mesmo
período de 2010, é justificada pelo desempenho
insuficiente dos segmentos (agregados) de
comunicações, ferros, supermercados, arroz e carnes
(maiores contribuições negativas para a taxa final de
variação do imposto). Produtos petroquímicos, veículos
e calçados foram os agregados de maior contribuição
positiva.
O trabalho da Receita Estadual gaúcha constitui-se
num processo de aprimoramento contínuo ao longo
dos anos, mesmo lutando com dificuldades em termos
de recursos financeiros, humanos, tecnológicos e
materiais para a execução de sua atividade. Na presente
gestão, nas duas áreas básicas de atuação do fisco, ou
seja, na “política” e na “administração” tributárias,
trabalha-se com a possibilidade de se avançar
efetivamente no processo de modernização fiscal, o que
se refletirá, por consequência, numa melhoria nos níveis
ICMS/PIB BR6,69%6,60%6,34%6,22%6,37%6,98%7,24%7,13%
7,12%7,23%7,26%7,05%7,34%7,20%
4,9%
7,02%
7,36%
ICMS/PIB RS7,04%6,83%6,17%6,25%6,30%6,90%7,27%7,05%
6,99%7,89%7,53%6,94%7,43%7,30%
8,6%
7,22%
7,84%
ANO
Var. 10/03
19951996199719981999200020012002
200420052006200720082009
2003
2010
Fonte dos dados brutos: DEE/RE, FEE e IBGE.
27
ARTIGO
28 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
da receita pública e nos indicadores de desenvolvimento
do Estado.
A recente aprovação de uma Lei Orgânica da
Administração Tributária (LOAT) e a expectativa de sua
implementação plena, sem sobressaltos ou fatores
externos prejudiciais, é uma esperança do fisco gaúcho
em poder ampliar a sua contribuição como provedor de
recursos ao Estado. A Administração Tributária gaúcha
também conta com o chamado “PROFISCO” (Projeto de
Fortalecimento da Gestão Fiscal do Estado do Rio
Grande do Sul), que prevê empréstimo do BID para
investimentos que visam ao fortalecimento da estrutura
tributária estadual. A ideia é desenvolver uma Gestão
Integrada da Receita Estadual, cujo passo inicial será
dado através do mapeamento de todos os processos que
envolvem a Organização. Isso permitirá criar subsídios
necessários para execução de projetos seletivos.
Outra linha de trabalho tem sido a de estreitar a
relação com a Receita Federal. Recentemente, firmou-se
protocolo para a realização de ações conjuntas para o
combate à evasão fiscal. Dentre as atividades previstas
pelo Protocolo, está o desenvolvimento de programas
de cooperação técnico-fiscais, a constituição de grupos
de trabalho e o intercâmbio de informações cadastrais.
Trabalho semelhante de integração fiscal está se fazendo
com os Fiscos Estaduais. A integração entre os fiscos
representa um passo importante no combate à evasão
fiscal, com ganhos para os cofres públicos e para a
sociedade em geral.
Entre as ações da Administração Tributária neste
início de gestão, podem-se destacar as seguintes
medidas e projetos que contribuíram ou contribuirão
seja para o avanço na modernização fiscal, seja para a
manutenção e expansão dos níveis de Receita. Os
projetos que estão em desenvolvimento são:
Estruturação da Delegacia Especializada; Criação do
Posto Fiscal Virtual; Implantação do Programa de
Qualidade 5S; Melhoria da Gestão; Estruturação do
Escritório de Projetos; Modernização da Legislação;
Criação de Banco de Ideias; Ação Fiscal; Auditoria
Contínua; Autorregularização; Sistema de Informações
Gerenciais da Receita / DW – Datawarehouse; Nova
Cobrança; Carta Compromisso; Domicílio Tributário
Eletrônico; Vinculação Débito/Crédito da Nota Fiscal
Eletrônica; SIRE - Sistema Integrado da Receita Estadual;
Qualificação do Auto de Lançamento; Identidade RE;
Transparência – Informacões Econômico-Fiscais; Matriz
tributária das cadeias produtivas; Educação Fiscal;
Política de Benefícios Fiscais; Informática Forense;
INFOVIA; Matriz de Capacitação; Gestão por
Indicadores – RE; Revisão dos Macroprocessos RE; Uso
do software Statistica.
Destacamos o projeto de implantação da Delegacia
Especializada que se insere no contexto de reestru-
turação das atividades dos grupos setoriais de fisca-
lização, os quais passarão gradualmente por processo de
institucionalização. Nesta Delegacia, além da Substi-
tuição Tributária Interestadual e da Coordenação de
Comércio Exterior, serão acompanhados os setores mais
representativos da arrecadação estadual e que exigem
alta especialização, como os setores de combustíveis,
bebidas, comunicações e energia elétrica.
A recente aprovação de uma Lei Orgânicada Administração Tributária (LOAT) e aexpectativa de sua implementação plena,sem sobressaltos ou fatores externosprejudiciais, é uma esperança do fiscogaúcho em poder ampliar a sua contribuiçãocomo provedor de recursos ao Estado
Outro projeto que podemos enfatizar é o do Posto
Fiscal Virtual, o qual será responsável por mu-
danças significativas na forma de atuação do Trânsito de
Mercadorias, integrando-o mais fortemente com as
atividades de Auditoria realizadas pelas Delegacias,
buscando direcionar, também, as abordagens realizadas
tanto pelos Postos fixos quanto pelas Turmas Volantes
para operações que apresentem maior grau de risco de
sonegação.
Todos os projetos serão acompanhados pelo
Escritório de Projeto que estamos estruturando na
APLAN (Assessoria de Planejamento da Receita Esta-
dual), o qual tem como missão dar apoio aos vários
gerentes de projeto, além de garantir uma visão e
integração entre as diferentes iniciativas, garantindo a
integração entre os projetos.
Ainda no campo da Administração Tributária, pode-
se realçar o balanço das autuações relativas ao ICMS,
ocorridas no primeiro semestre do ano de 2011. Foram
mais de 26 mil autuações, totalizando R$ 626,77 milhões
entre ICMS e multa. Apesar da ênfase da gestão fiscal
gaúcha estar calcada no enfoque preventivo, de
propiciar, inclusive, a auto-regularização da escrita
fiscal, o Estado alcançou bons níveis de produção fiscal
repressiva. Os maiores valores autuados foram nos
setores de Indústria de Transformação, com R$ 276
milhões; Comércio Varejista, com R$ 123 milhões e o
Comércio Atacadista, com R$ 95 milhões. A projeção
para o ano de 2011 é de obtenção de R$ 1,5 bilhão em
lançamentos fiscais por evasão.
No campo da política tributária, a Receita Estadual
tem pautado sua atuação e seus estudos, dentro dos
ditames básicos estabelecidos pelas políticas de
governo, no sentido de assegurar a competitividade dos
setores econômicos gaúchos vis a vis aos demais Esta-
dos. Além disso, foca sua atenção para poder oferecer
estímulos para a expansão de setores tradicionais ou
para segmentos com dificuldades conjunturais, cola-
borar nas políticas públicas sociais e assistenciais, viabi-
lizar o preenchimento de espaços vazios de sua eco-
nomia, bem como atrair setores ligados às áreas em que
as novas tecnologias poderão ser destaques no futuro.
No âmbito nacional, a Receita Estadual participa de
fóruns, colegiados, em que são discutidas e analisadas
várias proposições que afetam a tributação e o equilíbrio
federativo no Brasil. Neste sentido, a Administração
Tributária acompanha com muito interesse os
desdobramentos de assuntos como: a definição dos
critérios que formarão os novos índices de distribuição
do FPE; a discussão e quantificação do impacto de
propostas de reforma tributária; e os efeitos nas finanças
dos Estados e na competitividade da economia gaúcha
em função das propostas de convalidação ampla de
benefícios fiscais, bem como da redução das alíquotas
interestaduais, com migração para o princípio de
tributação no “destino”.
a) prorrogação da isenção de ICMS
sobre a comercialização de suínos vivos para outros
Estados e operações com carne suína in natura no
mercado interno; b) nos recebimentos de mercadorias
destinadas ao ativo permanente de empresa objetivando
a implantação, neste Estado, de usina termelétrica a
carvão mineral. Referem-se à isenção decorrente de
A política estadual de incentivos em 2011 tem
priorizado os seguintes segmentos, de acordo como
o tipo de instrumento tributário:
1) Isenções:
29
ARTIGO
Ainda no campo da Administração Tributária,pode-se realçar o balanço das autuações
relativas ao ICMS, ocorridas no primeirosemestre do ano de 2011. Foram mais de 26
mil autuações, totalizando R$ 626,77milhões entre ICMS e multa
30 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
importação do exterior e à isenção do diferencial de
alíquotas nas aquisições interestaduais; c) nos
recebimentos decorrentes de importação do exterior de
bens ou mercadorias, importados sob o amparo do
Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária,
para aplicação nas instalações de exploração de petróleo
e gás natural (nos termos do REPETRO); d) saídas
internas de gêneros alimentícios regionais destinados à
merenda escolar da rede pública de ensino, promovidas
por produtores rurais, por cooperativas de produtores
ou por associações que as representem, enquadrados no
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar – Pronaf; e) nas operações com fosfato de
oseltamivir, vinculadas ao Programa “Farmácia Popular
do Brasil” e destinadas ao tratamento dos portadores da
Gripe A (H1N1);
a) manutenção
da redução da base de cálculo do ICMS, em valor que
resulte em carga tributária equivalente a 7%, nas saídas
de mercadorias da indústria têxtil. Com a medida, o
Governo do Estado equipara a carga tributária aplicada
no Rio Grande do Sul com a aplicada em outros Estados,
melhorando as condições de competitividade das em-
presas têxteis situadas no Estado; b) redução no valor
que resulte em carga tributária equivalente a 7% (sete
por cento), nas saídas de máquinas e equipamentos
classificados no código 8705.10.10 da NBM/SH-NCM,
produzidos neste Estado ou importados do exterior ao
abrigo do diferimento do pagamento do imposto, por
estabelecimentos de empresas que tenham firmado
Termo de Acordo com o Estado do Rio Grande do Sul; c)
para as indústrias da cadeia produtiva da reciclagem de
papel, estimulando a industrialização de papel reciclado
e também as atividades relacionadas à cadeia produtiva
de coleta de sucatas, uma vez que a reutilização de papel
tem reflexos positivos nos aspectos ecológicos e sociais;
a) manutenção de crédito
presumido de 4% na compra de leite para a produção de
der i vados no Es tado , a s segurando maior
competitividade a produtos do Estado que tem o leite
como matéria-prima; b) assegura crédito presumido a
fabricantes e importadores de pneumáticos.
Em resumo, a Receita Estadual tem desempenhado
tanto nesta como nas gestões anteriores um papel
fundamental, seja como provedor do Estado ou como
garantidor do equilíbrio concorrencial entre os
contribuintes, por inibir a evasão, sem falar na sua
intervenção no processo de desenvolvimento do
Estado. O que se busca como diferencial desta vez é fazer
o uso massivo da tecnologia, que permita extrair e
produzir informação sistematizada e não apenas dados
brutos, e a implantação de melhoria e de integração dos
processos de gestão, contribuindo assim para um
avanço expressivo na modernização tributária.
2) Redução de Base de Cálculo:
3) Crédito Presumido:
A Receita Estadual tem desempenhadotanto nesta como nas gestões anteriores umpapel fundamental, seja como provedor doEstado ou como garantidor do equilíbrioconcorrencial entre os contribuintes, por inibira evasão, sem falar na sua intervenção noprocesso de desenvolvimento do Estado
Não irei tecer considerações sobre
um projeto específico de lei de
transação no Direito Tributário. Minhas
observações se restringem à própria
ideia geral de transação nesse âmbito do
Direito, especialmente com base na sua
compatibilidade com os seus princípios
fundamentais. Nesse desiderato, cum-
pre responder a duas singelas inda-
gações: A ideia de transação é com-
patível com os princípios fundamentais
do Direito Tributário? É conveniente e
oportuno instituir uma lei sobre esse
assunto no Brasil neste momento? São
essas as perguntas a serem respondidas,
de modo bastante abreviado.
Com relação à primeira indagação,
cumpre dizer que tão antiga quanto a
própria ideia de tributo é a noção de que
ele não nasce da vontade do destina-
tário, mas da vontade objetivada na
própria lei que o institui. A compreen-
são de que somente a lei pode instituir
ou aumentar tributos foi positivada no
ordenamento brasileiro pela Consti-
tuição (art. 150, I). Mas, se apenas a lei
pode instituir ou aumentar tributos, a
vontade do contribuinte é juridicamente
irrelevante para esse efeito. Em razão
disso, a sua deliberação com relação à
existência ou inexistência de um tributo,
isoladamente considerada, ou à sua
dimensão, não produz qualquer efeito.
Não apenas a vontade do contri-
buinte é irrelevante. Também a vontade
da autoridade fiscal é impertinente. Essa
compreensão decorre do denominado
princípio da legalidade da administra-
ção (art. 37), do qual decorre o
consectário de que o interesse público
objetivado na lei é indisponível para a
administração e para o agente e, por tal
razão, não se submete à sua autonomia
negocial.
Por trás dessa ideia de que os
tributos devem ser instituídos em lei e
que só podem ser exigidos se nela
estiverem previstos está a noção de
igualdade: os tributos só podem ser
instituídos em norma geral e abstrata, de
tal sorte que o gravame seja rigoro-
samente igual para todos os cidadãos-
contribuintes que se encontrarem na
mesma situação. Daí o dizer de MAIOR
BORGES, no sentido de que a legalidade
e a isonomia são como princípios irmãos
- um não existe sem o outro e o outro
sem o um. Legalidade é, no fundo e
sempre, legalidade-isonômica.
Sendo assim, toda a ideia de que os
tributos podem ser objeto de um acordo
se torna incompatível tanto com a noção
de legalidade quanto com a de
Breves notas
sobre a
transação
no Direito
Tributário
Humberto Ávila
Professor Associado da Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
DIREITO TRIBUTÁRIO
31
igualdade: com a de legalidade, porque
o tributo, se puder ser objeto de uma
transação, não nascerá da vontade
objetivada na lei, mas na vontade
daqueles que participarem do acordo de
vontades; com a igualdade, porque o
tributo, se puder ser capaz de um
acordo, não será igual para todos,
mesmo que os contribuintes estejam na
mesma situação diante da lei e apre-
sentem, conforme aos seus critérios, a
mesma capacidade contributiva. Como a
transação, ainda que feita com base em
critérios legais, será realizada caso a
caso, a sua solução tenderá a um
casuísmo suficiente para criar decisões
circunstanciais incapazes de universa-
lização para todos os contribuintes.
A ideia de transação, portanto, não
é compatível com os princípios
fundamentais do Direito Tributário,
especialmente os da legalidade, da
igualdade e da capacidade contributiva.
Independente disso, cumpre
indagar se é conveniente a instituição de
uma lei de transação no âmbito do
Direito Tributário. Claro que a resposta a
essa pergunta depende de numerosos
fatores que não podem, aqui, ser
aprofundados. Mesmo assim, pode-se
afirmar que, em face de todas as forças
econômicas e políticas que podem,
ainda que em tese, estar presentes no
âmbito de uma negociação, a aceitação
da transação de tributos é pelo menos
questionável.
De um lado, porque poderá trazer
desequilíbrios concorrenciais graves, na
medida em que alguns contribuintes
pagarão um tributo que outros,
abrangidos por transações não esten-
didas a outros, não irão suportar. Tal
desequilíbrio é incompatível com o
princípio da igualdade e com o seu
consectário da neutralidade fiscal.
De outro, porque haverá, em tese,
o uso de fatores econômicos e políticos
que não mantêm relação com os
critérios de tributação, como é o caso da
capacidade contributiva. Pagar-se-á mais
ou menos não em razão da lei, medida
pela capacidade contributiva, mas em
função de outros fatores alheios aos
princípios constitucionais aplicáveis. A
própria transparência desse procedi-
mento poderia ser questionada.
Claro que, tirantes os argumentos
constitucionais, a opção por instituir ou
não uma lei de transação é uma decisão
política que cabe ao Congresso Nacional
adotar. O que definitivamente não pode
justificar a sua imediata aceitação é o fato
de que há muitos débitos a cobrar que
não são satisfeitos pelos caminhos
normais da execução fiscal e que, do
ponto de vista da eficiência adminis-
trativa, seria mais produtivo negociar os
débitos tributários.
Ora, a eficiência administrativa é
apenas um critério para calibrar o
exercício da competência prevista em
regras constitucionais, mas não um
critério para criar competência onde
não haja poder atribuído por regras. Se
há algo errado com a cobrança de
créditos tributários, devem ser encon-
tradas explicações adequadas, que
podem ter muitas causas, como a
ausência de legitimidade dos créditos, a
falta de um devido processo legal para
discutí-las, entre tantas outras.
Com isso não se quer dizer que a
transação seja, em todas e quaisquer
circunstâncias, tanto inconstitucional
quanto inoportuna. O que se pretende
afirmar é que ela colide com os
princípios fundamentais do Direito
Tributário e que, por essa razão, deve ser
objeto de uma parcimoniosa e neutra
discussão, por muitos anos. A sábia
lentidão do legislador, tão presente na
história, deveria ser lembrada neste
momento tão crucial de flexibilização de
princípios tributários conquistados
durantes os últimos duzentos anos.
32 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ARTIGO
A ideia de transação,portanto, não écompatível com osprincípios fundamentaisdo Direito Tributário,especialmente os dalegalidade, da igualdadee da capacidadecontributiva
JOÃO MOTTA
33
Enfoque fiscal:
João Motta:
Quais são as
prioridades da sua pasta?
A equipe da Secretaria
do Planejamento, Gestão e Participação
Cidadã concentra esforços na direção
daquela que é a visão do Governo do
Estado estabelecida em nosso mapa
estratégico: buscar a retomada do
desenvolvimento sustentável do Rio
Grande do Sul, com equidade e
participação. Para isso estamos trabalhando nas atribuições
que já eram tradicionais ao Planejamento, como a
elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes
Orçamentárias e do Orçamento Anual, agora agregadas ao
perfil de um estado que busca um resgate do seu potencial
de gerar desenvolvimento social e econômico, com
aprofundamento democrático e
controle público, caracterizados pela
participação popular e cidadã. Nosso
PPA 2012-2015 foi elaborado de forma
participativa, com a colaboração de seis
mil lideranças do Estado e 350
instituições, que apresentaram 12 mil
manifestações, traduzidas nas 23 áreas e
67 programas do PPA. O Orçamento
Estadual para 2012 foi produzido com a
participação de 60 mil pessoas nas três primeiras etapas –
audiências públicas regionais, assembleias municipais e
microrregionais e fóruns regionais – e a participação de
1.134.141 votantes, na Votação das Prioridades. A captação
de recursos através das Cartas-Consulta com o Banco
Mundial (Bird) e BNDES, que somam R$ 2 bilhões, junto a
Abrindo
portas
para o
desenvolvimentoCom o pensamento cotidiano focado na busca da retomada do desenvolvimento
sustentável do Rio Grande do Sul, o secretário de Planejamento, Gestão e Participação
Cidadã, João Motta, prioriza duas palavras que servem como linha de condução para
cumprir o desafio a ele e a sua equipe imposto: equidade e participação. Motta atendeu à
solicitação de entrevista da revista Enfoque Fiscal e abordou diversos temas como
retomada de desenvolvimento, parcerias público-privadas, relação com a Sefaz-RS e zonas
livres de comércio. Leia abaixo a íntegra das respostas do secretário.
Buscar a retomadado desenvolvimentosustentável do RioGrande do Sul, comequidade eparticipação
uma relação de parceria e proximidade com o Governo
Federal, também são processos estratégicos que estamos
coordenando para a garantia de recursos que financiarão a
retomada do desenvolvimento em nosso estado.
Divergências políticas na política
gaúcha emperram o desenvolvimento do RS, que já esteve
entre os mais ricos estados brasileiros? O
que pode ser feito para o RS voltar a
crescer?
Esse é o pensamento
que nos move cotidianamente: buscar a
retomada do desenvolvimento do Rio
Grande do Sul, através da lógica da
concertação política e social, defendida
e praticada pelo nosso governo.
Acreditamos que a relação de sintonia
com o Governo Federal, que há muitas
gestões não era vivida pelo nosso estado,
já está trazendo resultados importantes.
Há pouco mais de um mês, obtivemos o
aval da União para a ampliação dos
limites para novas operações de crédito, o que dará ainda
mais fôlego para novos investimentos. A garantia da
construção do Metrô, uma obra aguardada há décadas pelos
gaúchos, só foi possível em função de uma negociação
direta do Governo do Estado com o Governo Federal. A
recente negociação das emendas parlamentares da bancada
gaúcha ao PPA Federal e ao Orçamento da União também
demonstrou um entendimento da necessidade de conjugar
esforços para não fragmentar as demandas, assim teremos
mais chances de garantir os recursos. Esse é um resultado de
uma compreensão da dimensão de unidade da força política
do nosso estado.
Nossa economia é forte, todos os indicadores atuais
divulgados pela Fundação de Economia e Estatística
demonstram isso: o Rio Grande do Sul cresce a taxas
superiores à média brasileira, e ingressará 2012 com
crescimento superior ao do Brasil, o que atesta o acerto do
Governo do Estado nas políticas de indução ao
desenvolvimento e de apoio aos setores produtivos.
Entretanto, em áreas como Educação e
Saúde, onde tínhamos excelentes
indicadores, perdemos posições, e
tivemos redução no percentual da
receita líquida para investimentos na
última década, enquanto os demais
estados expandem o investimento,
principalmente em modernização da
infraestrutura e logística, área onde
precisamos avançar muito. Por esse
motivo, buscamos fontes externas, como
as Cartas Consulta e os recursos da
União, que podem viabilizar um novo
ciclo para o Rio Grande do Sul.
Existe parceria entre Fazenda e
Planejamento? Como ela acontece? O que trouxe de
beneficio para o RS e a sociedade?
Existe uma sintonia de trabalho, traduzida
em uma relação estreita pautada pelo zelo na gestão do
Orçamento, nos processos de captação de recursos e no
acompanhamento das contas do Estado, especialmente
através do trabalho integrado na Junta Financeira. Todo este
trabalho demonstra, além do bom nível de entendimento, o
compromisso com os interesses do Estado.
Qual sua opinião sobre benefícios
Enfoque fiscal:
João Motta:
Enfoque fiscal:
João Motta:
Enfoque fiscal:
34 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ENTREVISTA
A garantia daconstrução do Metrô,uma obra aguardada hádécadas pelos gaúchos,só foi possível emfunção de umanegociação direta doGoverno do Estado como Governo Federal
JOÃO MOTTA
35
fiscais? Há campanhas públicas a favor de uma maior
transparência, o modelo adotado hoje é correto?
Acreditamos na importância de inovar nas
modelagens de captação de recursos para resgatar a
capacidade do Estado de indução do desenvolvimento. Já
formalizamos uma série de programas de incentivo ao
empreendedorismo, com medidas de favorecimento à
desconcentração regional, uma das nossas preocupações. O
novo Fundopem, por exemplo, vai subsidiar a instalação de
centros de inovação e desenvolvimento tecnológico em
empresas da Metade Sul. E o Integrar/RS, Programa de
Harmonização do Desenvolvimento
Industrial do RS, favorece a ampliação
das atividades das cooperativas. Temos a
convicção de que estas ações são
estratégicas para impulsionar setores e
regiões que não encontravam apoio
efetivo do Estado para expansão. Ainda
usamos o modelo atual de benefícios
fiscais, mas somos favoráveis a uma
legislação que reduza a guerra fiscal
entre os estados e inove, a exemplo do
que propomos com o Badesul, a AGDI
(Agência Gaúcha de Desenvolvimento e
Promoção do Investimento), além de
fortalecer nossas tradicionais instituições fomentadoras de
investimento, como o Banrisul e o BRDE.
O Governo do Estado do já instituiu um Sistema de
Incentivos, através da Secretaria de Desenvolvimento e
Promoção do Investimento, que compreende, além dos
incentivos fiscais, outros fatores como localização e
formação geográfica, indicadores sociais e o atendimento
eficaz, com a Sala do Investidor. Com este trabalho já
garantimos em 2011 mais de R$ 10 bilhões em novas
empresas no estado com destaque para os setores de
energia eólica e para a estrutura complementar ao Porto de
Rio Grande.
Como o senhor e o governo avaliam as
tão comentadas parcerias pública/privada (PPPs)? Tais
parcerias se adequariam às propostas do atual governo?
Quais os benefícios ou os prejuízos que tais parcerias
poderiam trazer à administração estadual?
Entendemos que é um instrumento que
pode vir a ser utilizado para viabilizar obras em áreas como a
infraestrutura de malha viária, sanea-
mento e irrigação, em situações onde o
Estado muitas vezes atinge limites que
impedem algumas ações de avançar.
Nesses casos, vamos procurar parcerias
buscando modelagens que viabilizem
projetos importantes para o desenvolvi-
mento, que possam garantir a prestação
de serviços públicos de qualidade,
resguardando sempre a preservação do
interesse público.
Como o governo
estadual vê a criação de zonas de livre
comércio no Estado, objetivando a comercialização de
produtos nacionais aos países vizinhos, sem o pagamento
de tributos? O governo apoiará essa iniciativa ou é contrário?
Trata-se de uma iniciativa contextualizada
no processo recente que passa a considerar as fronteiras
internacionais com mais ênfase. São inegáveis os efeitos
positivos do comércio de fronteira para a renda e o emprego
das suas regiões, estão relacionados também ao turismo e a
outros segmentos associados. As faixas de fronteira
João Motta:
Enfoque fiscal:
João Motta:
Enfoque fiscal:
João Motta:
Acreditamos naimportância de inovarnas modelagens decaptação de recursospara resgatar acapacidade do Estadode indução dodesenvolvimento
36 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
ENTREVISTA
possuem diversos elementos que podem colocá-las em uma
nova perspectiva de desenvolvimento.
Em 2010, a Assembleia Legislativa
aprovou Lei Orgânica da Administração Tributária, o que o
senhor pensa a respeito da autonomia do fisco estadual? A
administração tributária deve ser independente e distante
de interesses políticos?
A profissionalização é uma característica
fundamental de vários dos setores estratégicos para o
Estado. Acredito que devamos buscar um modelo ideal para
áreas de peso estratégico, em que a atuação seja o mais
técnica possível, com um padrão de competência e
eficiência adequado ao perfil de gestão pública definido
pelo Estado para essas áreas.
Como deve ser a relação entre admi-
nistração tributária e o contribuinte? Hoje essa relação é
saudável? O que pode melhorar?
Deve ser uma relação respeitosa, centrada
em resguardar os direitos do contribuinte e o interesse
público. A condução da Secretaria da Fazenda tem sido
adequada, na medida em que conseguimos proporcionar
mecanismos de arrecadação eficiente e controle rigoroso,
através de várias instâncias como a Auditoria Geral do
Estado e o Portal da Transparência. São mecanismos que
precisam estar sob constante avaliação e aperfeiçoamento.
O cidadão pode e deve exercer seu papel de fiscalização e
controle. Estamos ampliando estas possibilidades
oferecendo uma diversidade de novas formas de inserção
na gestão das políticas públicas, com o Sistema de
Participação Popular e Cidadã.
Como o senhor avalia a competência
do Estado com relação às questões tributárias?
O objetivo e a busca constante do Estado
devem ser otimizar a receita pública, considerando os
compromissos legais, expandindo o investimento nas áreas
de serviços sociais prioritários e mantendo o desafio
permanente de ampliar nossas margens para financiar o
desenvolvimento. Conseguimos um número recorde de
arrecadação tributária neste ano, estamos honrando nossos
compromissos, valorizando os servidores com reajustes e
diálogo permanente, mas sempre mirando um desafio
maior, de ampliar nossa capacidade de gerar desenvol-
vimento. Se conseguirmos gerar um novo ciclo de
desenvolvimento econômico no Rio Grande do Sul, isso
permitirá que ampliemos nossa competência em gerir e
gerar riquezas. Por consequência, teremos benefícios para
todos os gaúchos e gaúchas na melhoria dos serviços
públicos e na construção de um novo ambiente para avançar
com democracia na gestão e inclusão social .
Enfoque fiscal:
João Motta:
Enfoque fiscal:
João Motta:
Enfoque fiscal:
João Motta:
O objetivo e a busca constante doEstado devem ser otimizar a receitapública, considerando os compromissoslegais, expandindo o investimento nasáreas de serviços sociais prioritários, emantendo o desafio permanente deampliar nossas margens para financiar odesenvolvimento
TETO
– interpretação do artigo 17 dos Atos das Disposições ConstitucionaisTransitórias – ADCT, da Constituição Federal de 1988.
Teto de Vencimentos
Abel Henrique Ferreira – Presidente da Afisvec
O artigo 17 dos ADCT da CF diz
que: “Os vencimentos, a remune-
ração, as vantagens e os adicionais,
bem como os proventos da aposen-
tadoria que estejam sendo percebidos
em desacordo com a Constituição
serão imediatamente reduzidos aos
limites dela decorrentes, não se
admitindo, neste caso, invocação de
direito adquirido ou percepção de
excesso a qualquer título”.
Entenda-se que a permissão
constitucional, constante do artigo 17
dos ADCT da CF, foi dada para sanar
alguma irregularidade no recebimento de
vencimentos e de vantagens, em que a cons-
tituição Federal fosse auto-aplicável, o que
não é o caso do teto de vencimentos, o qual
de acordo com a Constituição Federal deverá
ser criado com base em lei (art. 37, XI, CF).
Interpretando-se o artigo 17 dos ADCT
da CF de forma favorável à administração
pública, pode-se concluir que a primeira lei
(Lei Complementar nº 10.098/94) – que esta-
beleceu o teto de vencimentos – tivesse po-
deres para ignorar os direitos adquiridos ou a
percepção de excesso a qualquer título, mas
não as leis posteriores a essa, cujas
alterações estão regradas pelas Dis-
posições Constitucionais Perma-
nentes e não pelas Transitórias.
Dessa interpretação benigna
para a Administração Pública, conclui-
se que após a edição da Lei Com-
plementar nº 10.098/94 – que fixou o
Teto de Vencimentos do Servidor
Público, no § 2º do artigo 79, esse
dispositivo (art. 17 dos ADCT da CF)
deixou de vigorar, passando a valer os
artigos permanentes constantes da
Constituição.
38 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
Salvo melhor juízo,entendo que os defensoresdo Executivo estãodefendendo erroneamentea tese de que o artigo 17das ADCT permite aqualquer momento aredução dos vencimentos evantagens dos servidores
ARTIGO
Salvo melhor juízo, entendo que os defensores do
Executivo estão defendendo erroneamente a tese de que o
artigo 17 dos ADCT da CF permite a qualquer momento a
redução dos vencimentos e vantagens dos servidores.
Coitados dos servidores públicos se tal tese vier a ser
vencedora, pois, a partir daí, não teriam mais nenhum dos
seus direitos constitucionais preser-
vados, apesar dos artigos constantes nas
Constituições Federal e Estadual, tais
como direito adquirido, irredutibilidade
de vencimentos e outros, pois a adminis-
tração estadual poderia a qualquer
momento encaminhar projetos de lei ao
Poder Legislativo, que se aprovados,
lhes tirariam quaisquer vantagens
remuneratórias que estivessem perce-
bendo, ao bel prazer da Administração.
A Constituição Estadual, promul-
gada em 1989, não absorveu o men-
cionado artigo 17 dos ADCT, constante
na Constituição Federal de 1988 e, além
disso, colocou o artigo 46 do ADCT da
CE, que preserva direitos adquiridos e as
situações juridicamente consolidadas.
Desta análise sobre o artigo 17 dos ADCT da Cons-
tituição Federal, chega-se a duas conclusões: a primeira é
que o artigo 46 dos ADCT da Constituição Estadual que diz o
seguinte: “Toda restrição, limitação, vedação ou redução de
direitos, prerrogativas e vantagens estabelecida nesta
Constituição vigorará respeitado os direitos reconhecidos
pela legislação vigente à data de sua promulgação e as
situações juridicamente consolidadas”, anulou os efeitos
permitidos pelo artigo 17 dos ADCT
da CF, ou seja, a Constituição
Estadual, através dos seus deputados
constituintes, optou por manter os
direitos adquiridos do Servidor
Público Estadual. A segunda, igno-
rando-se a existência do artigo 46 dos
ADCT da CE, é que após a edição da
Lei Complementar n° 10.098/94, que
estabeleceu os direitos e deveres dos
servidores públicos estaduais, inclu-
sive o teto de vencimentos, o artigo
17 dos ADCT da CF não mais poderá
ser aplicado, pois as normas agora
vigentes e aplicáveis são os artigos
permanentes da Constituição, e
estes não mais permitem a redu-
ção de vencimentos (Art. 5º, inciso XXXVI, da CF) e,
também, mantém os direitos adquiridos (Art. 37, inciso XV,
da CF).
39
Especialização em é com quem sabe.Direito Tributário
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A Constituição Estadual,promulgada em 1989, nãoabsorveu o mencionadoartigo 17 dos ADCT,constante da ConstituiçãoFederal de 1988 e, alémdisso, colocou o artigo 46do ADCT, que preservadireitos adquiridos e assituações juridicamenteconsolidadas
Educação
40 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
EDUCAÇÃO FISCAL
FiscalAlexandre Bortolini, Edemar Castaman,
Jeanéte Scherer e Silvia Grewe –
Integrantes do GEFE-RS.
Segundo Pereira (2002, p.4):
A Educação Fiscal pode ser entendida como os
processos mediante os quais o individuo e a
coletividade constroem valores, conheci-
mentos, atitudes, habilidades, interesse ativo e
competência voltados para o planejamento, a
gestão e o controle dos recursos públicos, de
forma responsável, com base no exercício da
cidadania e da corresponsabilidade, visando o
bem comum, a melhoria da qualidade de vida e
a sustentabilidade social.
A reforma administrativa que se iniciou no Brasil, a
partir da segunda metade da década de 90, foi orientada
para uma administração pública gerencial, influenciada
pelas reformas ocorridas no Reino Unido, Nova Zelândia,
Canadá e Estados Unidos. A crise fiscal foi o principal
motivo para a implementação da reforma. Sem dúvida, o
Estado, durante vários governos, não primou pelo
equilíbrio fiscal, muito menos pela transparência de seus
atos.
Hoje a sociedade está mais atenta à gestão pública. A
democracia permite que o cidadão discuta os atos
administrativos em qualquer nível. A liberdade de
imprensa permite que os meios de comunicação levem às
comunidades mais distantes as informações sobre o
desempenho e, principalmente, dos deslizes dos agentes
públicos. Nesse novo cenário surge um ambiente propício
para desenvolver programas e ações que incentivem e
desenvolvam a cidadania.
A ideia de implementar um Programa de Educação
Fiscal surgiu na reunião do CONFAZ em maio de 1996, em
Fortaleza-CE, quando o tema Educação Tributária foi
inserido nas discussões. No mesmo ano, celebrou-se o
Convênio de Cooperação Técnica entre a União, os
Estados e o Distrito Federal no qual, entre outras
providências, constava a elaboração de um programa
nacional permanente de conscientização tributária para
ser desenvolvido nas unidades da Federação. Nesta mesma
época, foi criado o Programa Nacional de Apoio à
Administração Fiscal para os Estados Brasileiros – PNAFE,
que estabeleceu: “o objetivo geral do programa consiste
em melhorar a eficiência administrativa, a racionalização e
a transparência na gestão dos recursos públicos estaduais”.
Entre os projetos de modernização fiscal foi incluída a
previsão de elaboração e implementação de um programa
41
ARTIGO
nacional permanente de educação
tributária para ser desenvolvido pelos
estados. Somente em 1999 foi ampliada
a abrangência do programa, que
deixava de se restringir apenas aos
tributos, para abordar também as
questões de gestão e alocação de
recursos públicos, passando a
denominar-se Programa Nacional de
Educação Fiscal – PNEF.
Efetivamente a Educação Fiscal é
ainda um tema novo e por isso um
campo de investigação a ser explorado
e construído, carente de muitas experiências e discussões.
Talvez aí resida o aspecto mais fascinante desta experiência
inovadora: o esforço coletivo, envolvendo os educadores,
os alunos, as universidades, a sociedade civil, o setor
público, o setor privado, o terceiro setor, enfim, a
integração entre todos os setores, a reflexão, a
sistematização, as experiências e, acima de tudo, o próprio
tempo, poderão proporcionar as condições para o
amadurecimento e a consolidação desta nova área temática
da educação. Sua função é a de contribuir para a formação
do cidadão e o exercício da cidadania, mediante a
construção de propostas que resultem na intervenção ou
na modificação da realidade social, por meio de um
programa de educação fiscal permanente. Este caráter de
permanência, sem dúvida nenhuma, é uma das grandes
virtudes desse programa, ou seja, não é um programa de
governo com inicio e fim, mas sim um programa de Estado
que deverá ter continuidade no tempo independen-
temente dos governos que se sucederem. Além disso, o
programa não deverá ser vinculado a campanhas de
qualquer espécie (aumento de arrecadação, premiações,
etc.), preservando assim seu caráter
estritamente educativo. Envolve, pre-
dominantemente mudanças culturais e
comportamentais.
A educação fiscal não se reduz a
uma concepção contemplativa da
realidade social, política e econômica.
A prática educacional deve preparar e
promover a participação dos indiví-
duos nesse ambiente de modo que
possam interagir positivamente, vi-
sando ao equacionamento dos pro-
blemas que assolam as sociedades
complexas. Contudo, não basta promover os processos
participativos sem que ocorra, de maneira concomitante, o
exercício da corresponsabilidade. A educação fiscal para a
cidadania pressupõe esta prática comprometida com a
modificação da realidade, em benefício da sociedade e da
qualidade de vida da população. O objetivo terá sido
alcançado se o individuo tiver passado de um estágio de
mero assistente da realidade que o cerca, para a
intervenção direta nesta mesma realidade com a finalidade
de modificá-la.
No Rio Grande do Sul, a Lei nº 11.930, de 23/06/2003,
criou o Programa Estadual de Educação Fiscal– PEF/RS
com o objetivo de levar ao cidadão informação simplificada
da origem e destino dos recursos públicos, visando à
transparência de todas as ações do governo. Essa Lei cria
condições para estabelecer parcerias entre o governo
estadual, municípios, organizações públicas, órgãos da
administração pública estadual, associações e outras
entidades, para a inclusão e disseminação deste tema em
todos os segmentos da sociedade. Uma das principais
ações ocorre basicamente por meio dos professores com a
Efetivamente aEducação Fiscal é aindaum tema novo e porisso um campo deinvestigação a serexplorado e construído,carente de muitasexperiências ediscussões
42 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
EDUCAÇÃO FISCAL
inserção da temática da Educação Fiscal em todas as
disciplinas escolares para formação de jovens e adultos. O
PEF/RS está sendo desenvolvido pelas Secretarias da
Fazenda e da Educação, integrado com o Programa
Nacional de Educação Fiscal, com a coordenação do Grupo
de Educação Fiscal Estadual - GEFE.
A Constituição Federal de 1988 e a nova Lei de
Diretrizes e Bases proporcionaram as condições formais
para a construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCNs, que enfatizam a educação para a cidadania,
mediante a inserção das questões sociais nos currículos.
Desde as propostas iniciais do
Programa Nacional de Educação Fiscal
até as atuais, desenvolvidas no âmbito
do Programa de Educação Fiscal do
Estado do Rio Grande do Sul, a
educação fiscal deve ser abordada e
inserida nos currículos escolares como
tema transversal e não como disciplina
isolada.
O PEF/RS está alcançando os
objetivos na construção da cidadania
fiscal com grande aceitabilidade junto
ao público onde é inserido e na
sociedade. Desde a implementação do
programa no Estado, em 2004, já foram
realizados mais de 40 seminários
levando a temática da educação fiscal a mais de 10.000
cidadãos, especialmente educadores, alunos e
funcionários públicos. Com relação à capacitação de
multiplicadores em cursos presenciais e a distância, já
foram formados, com a parceira da Escola de
Administração Fazendária do Ministério da Fazenda –
ESAF, em torno de 5.200 disseminadores. Essas formações
abordam os principais temas da educação fiscal, em
especial os ligados a tributação, orçamento, controle social
e cidadania, e também ocorre a formação em metodologia
de projetos que capacita e orienta os interessados na
elaboração de projetos ligados aos assuntos da educação
fiscal.
Importante também destacar as ações junto aos
municípios no assessoramento e orientação na instituição
de programas municipais de educação fiscal, tornando-se
parceiros do programa estadual e nacional de educação
fiscal, potencializando assim as ações. Essas ações junto aos
municípios são complementadas e ampliadas com outro
programa desenvolvido pela Receita
Estadual com a adesão dos municípios,
o Programa de Integração Tributária –
PIT. Hoje a totalidade dos municípios já
teve contato com a educação fiscal,
sendo que 67 já aprovaram legislação
específica de implantação do seu
Programa Municipal de Educação Fiscal
e trabalham em parceria com o Estado.
O PEF/RS também participa de
inúmeros eventos e feiras realizadas no
Estado, levando a proposta e o material
da educação fiscal e formando novas
parcerias: Feira do Livro, Expointer,
Fenadoce, Expofeira, Dia da Solida-
riedade, Rua da Cidadania, Congressos
do CRCRS, Feira do Empreendedor do SEBRAE, dentre
outras.
Para auxiliar na divulgação e implementação do
programa no Estado, o GEFE/RS, elaborou material como:
cartilhas, folders, vídeo institucional, vídeos temáticos, CD
com músicas, GIBI e a Trilha da Cidadania.
Maiores informações sobre o programa podem ser
obtidas no site www.educacaofiscal.rs.gov.br
Hoje a totalidade dosmunicípios já tevecontato com aeducação fiscal sendoque 67 já aprovaramlegislação específica deimplantação do seuPrograma Municipal deEducação Fiscal etrabalham em parceriacom o Estado
PLANO COMPLEMENTAR AO IPE
Autogestão
Convênio de Reciprocidade
Sistema de rateio das despesas
Convênio Afisvec-Saúde Unimed
O Afisvec-Saúde é um Plano para Assitência Médico-Hospitalar e Laboratorial, de
rateio compartilhado, complementar ao atendimento prestado pelo IPERGS.
Gerenciado pela Afisvec, o Afisvec-Saúde é regido por seu regulamento, aprovado
pelos mutuários-associados, em assembleia geral. Não possui personalidade
jurídica própria, não visa lucro e funciona no sistema de autogestão
compartilhada.
Atendimentos de urgência e emergência em 14 estados através de convênio de
reciprocidade com as associações do fisco estadual brasileiro.
Para cada beneficiário participante são atribuídas quotas, por faixa etária, de
acordo com o estabelecido no Regulamento do Plano.
O total das despesas médico-hospitalares e laboratoriais apuradas no período de
referência, acrescidos da taxa de administração e das despesas de expediente é
dividido pelo total de quotas, determinando o valor unitário da quota do mês.
Os beneficiários do Afisvec-Saúde podem realizar consultas com os médicos
credenciados da Unimed em todo território nacional.
cuidando de você e de sua família
AFISVEC-SAÚDE
ASSOCIE-SE AO AFISVEC-SAÚDEO PLANO DE SAÚDE DO AGENTE FISCAL
3224.4922
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
44 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
vai para MARAU
Prêmio Gestor Público
Prefeito de Marau, Vilmar Perin Zanchin, recebe o troféu 10 anos PGP
C om objetivo de atender, até o final de 2012, toda a
demanda de creche e pré-escola que está em lista de
espera das escolas de educação infantil do
município de Marau, o projeto Criança na Escola, Educação
para a Vida ganhou o troféu especial 10 anos de Prêmio
Gestor Público.
Além do troféu especial, outras modalidades de
premiações foram entregues aos 30 municípios finalistas do
Prêmio Gestor Público. Nesta edição comemorativa, 170
projetos foram inscritos por 70 municípios.
O presidente do Sindifisco-RS, Luiz Antônio Bins,
lembrou – em seu discurso de abertura da solenidade de
entrega do Prêmio Gestor Público. que «o Prêmio Gestor
Público tem como condão reconhecer e distinguir as ações
desenvolvidas pela administração pública municipal gaúcha
que, incentivando a melhoria da gestão e estimulando os
gestores em iniciativas inovadoras, criativas e que utilizem
metodologias de projetos, apresentem resultados positivos
para as suas comunidades”.
Nesta décima edição, a Afisvec participou como co-
realizadora da premiação. Seu presidente, Abel Henrique
Ferreira comemorou a nova parceria. “É com muita
satisfação e orgulho que a Afisvec participa em parceria com
o Sindifisco-RS na organização e realização do 10º Prêmio
Gestor Público”.
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Conheça os Vencedores
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
Troféu 35 anos Famurs
GAP – Grupo de Apoio Psicossocial
a Crianças e Adolescentes (Giruá)
Troféu Prêmio Gestor Público
Troféu destaque administração
tributária
Contribuinte Consciente
Transforma a Cidade (Pelotas)
Troféu Tecnologia da Informação
Município Digital (Bento
Gonçalves)
Criação da Secretaria de Tecnologia
da Informação (Novo Hamburgo)
Prefeitura de Lajeado e
Modernização da Gestão (Lajeado)
Menção Honrosa
Certificado de Reconhecimento
• Comissões Internas de Prevenção
de Acidentes e Violência Escolar –
Cipave (Caxias do Sul)
• Unidades Móveis de Apoio
Pedagógico (Rio Grande)
• Cidade das Flores: a Vocação para
Florir como Ferramenta para
Promoção do Desenvolvimento
Socioeconômico (Ivoti)
• Resgatando a Cidadania (Guaporé)
• Escola de Talentos (Panambi)
• Inclusão Digital Agropecuária –
Aprendendo a Controlar a
Propriedade (Fagundes Varela)
• Recreio – Sem Pedras no Caminho
(Montenegro)
• Revitalizando a Educação no
Interior (Cachoeira do Sul)
• Alimentação 10, Resto Zero (Flores
da Cunha)
• Distribuição do Valor Adiconado
(Erechim)
• Centro de Atividades Crescer –
Centrinho (São Vendelino)
• Caminhos para o Saber (Guaporé)
• Programa de Correção de Fluxo
Rumo Certo (Farroupilha)
• Ações Estratégicas na Gestão
Ambiental (Ivoti)
• Modernização da Gestão: Um
Novo Horizonte para o Cidadão e
a Sociedade (Lajeado)
• Wireless Educação (Porto Alegre)
• PGP Municipal em Educação (Mato
Queimado)
• Educação Integral: Um Olhar para
Além da Escola (Osório)
• Regras, Por Que Não? (Lajeado)
• Acelerando o Saber (Guaporé)
• Férias em Movimento (Giruá)
• Projeto Curso Preparatório para o
ENEM – Pré-ENEM (Erechim)
• Lei de Incentivo ao Produtor Rural
(Arroio do Padre)
• Valorização e Formação de
Professores (Farroupilha)
• Vigilantes da Saúde (Mato
O Prêmio Gestor Público conta, desde sua primeira
edição, com o patrocínio do Banrisul. Uma parceria,
renovada há dez anos, e que novamente foi mantida pelo seu
atual presidente Túlio Zamin.
Túlio Zamin, presidente do Banrisul
Queimado)
• Reciclando a Vida: Por um
Ambiente Melhor (Três Coroas)
• Telemedicina (Porto Alegre)
• Conhecer para Amar e Preservar
(Pelotas)
• Agentes de Educação e Cidadania
(Giruá)
• Estação Cultura: Lugar de Arte,
Cultura e Lazer para a
Comunidade (Montenegro)
• Diário Oficial Eletrônico de Porto
Alegre – DOPA On Line (Porto
Alegre)
• Páginas do Saber (Guaporé)
• Da Vulnerabilidade à Recuperação
com Dignidade (Encantado)
• Programa de Vigilância ao Câncer
de Mama – Vigimama (Caxias do
Sul)
• Troca Solidária (Caxias do Sul)
• Programa Escola Empreendedora
(Santa Clara do Sul)
• Melhor Ação (Arroio do Meio)
• Repensando a Alimentação Escolar
nas Escolas de Ensino
Fundamental do Município de
Santa Cruz do Sul (Santa Cruz do
Sul)
• Gestão Ambiental na Escola:
Práticas Cotidianas para
Sustentabilidade (Parobé)
• Catavida (Novo Hamburgo)
• PIM Canguru: Levando
Aprendizagem com Carinho (Santa
Cruz do Sul)
• Retratando o Município e
Contando Histórias da
Comunidade (Encantado)
• Chave na Mão (Tapejara)
• Programa Habitacional: Não se
Muda Só de Casa, Muda-se de Vida
(Osório)
• Núcleo de Tecnologia Educacional
(Santo Antônio da Patrulha)
46 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
Troféu destaca os melhores projetos em gestão pública municipal
Premiar as boas iniciativas de gestão pública municipal
em todos os estados brasileiros é o objetivo do convênio
firmado entre Febrafite, Fenafisco, Sindifisco-RS e Afisvec,
durante a cerimônia de entrega do Prêmio Gestor Público,
que aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do
Sul, em Porto Alegre, no dia 7 de novembro de 2011. “O
Prêmio Gestor Público não pode continuar restrito somente
ao Rio Grande e ao povo gaúcho! É mister que seja
difundido e replicado por este imenso Brasil afora,
estimulando e reproduzindo as boas práticas administrativas
nos nossos mais de 5.500 municípios. As nossas Federações
podem, e devem, contribuir para a efetividade desta
relevante missão”, afirmou o presidente do Sindifisco-RS.
Há 10 anos valorizando a gestão pública municipal
gaúcha, o Prêmio Gestor Público foi criado pelo antigo
Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do RS (Sindaf ),
hoje transformado em Sindifisco-RS. Neste ano de 2011, a
Associação dos Fiscais de Tributos Estaduais do RS (Afisvec)
juntou-se ao sindicato como realizadora da premiação.
O Prêmio Gestor Público é reconhecido hoje como uma
das principais iniciativas de valorização da gestão pública no
país, tendo recebido em 2006 a Comenda Municipalista da
Associação Brasileira de Municípios. No RS, ele é conhecido
como o 'Oscar das Prefeituras'.
Nestes dez anos de existência, o Prêmio Gestor Público
acumula, em seu banco de dados, informações referentes a
1.938 projetos concorrentes. Destes, 592 foram agraciados
com alguma das modalidades de premiação.
Pelo acordo assinado, a Febrafite e a Fenafisco
comprometem-se em difundir e estimular a instituição e a
promoção do Prêmio Gestor Público nos demais estados da
Federação, incluindo o Distrito Federal. O acordo prevê
ainda a divulgação da premiação às entidades filiadas às
federações para que sejam promotoras de edições regionais
do Prêmio Gestor Público. A instituição e a promoção do
Prêmio Gestor Público, por qualquer dos sindicatos ou
associações do fisco estadual brasileiro, ficam condicionadas
à celebração de convênio específico com o Sindifisco-RS,
com a interveniência da Afisvec, da Fenafisco ou da Febrafite.
O convênio firmado disciplina ainda as condições para
a transferência do conhecimento, da metodologia e da
experiência acumulada pelo Sindifisco-RS ao logo dos dez
anos de premiação, abrangendo os direitos e obrigações das
partes conveniadas, inclusive no tocante ao direito de
propriedade da marca Prêmio Gestor Público.
Sobre o Prêmio Gestor Público
Prêmio Gestor Público nacional
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Prêmio Gestor Público Nacionalcomeça a tomar forma
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
48 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
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PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
50 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
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52 Enfoque Fiscal - Dezembro 2011
PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
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PRÊMIO GESTOR PÚBLICO
Natal é tempo de...Esperança,
Fé,Paz e União.
Abra o seu coraçãopara o aniversariante.
Feliz Natal e umPróspero 2012
Feliz Natal