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“TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS - CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”. Falando de Axé ANO 1 Edição 05 Outubro de 2011 Òrìs à do Mês - Òs un, a Divina Rainha das águas doces e protetora de todas as crianças Santo do Mês - Nossa Senhora de Aparecida, A Mãe Padroeira do Brasil Folha do Mês - Àbámo dá, Aquela que faz você realizar o que deseja Quem são os Bantus? Parte I Casa onde foi fundada a Umbanda é demolida, Intole- rância Religiosa? Falando de Axé com o Bàbáló òrìs à Alexandre T’Lògùn E de

Revista Falando de Axé - 5ª Edição

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“TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS - CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”.

Falando de Axé ANO 1 — Edição 05 Outubro de 2011

Òrìsà do Mês -

Òsun, a Divina

Rainha das águas

doces e protetora de

todas as crianças

Santo do Mês -

Nossa Senhora de

Aparecida, A Mãe

Padroeira do Brasil

Folha do Mês -

Àbámodá, Aquela

que faz você realizar

o que deseja

Quem são os

Bantus?

Parte I

Casa onde foi

fundada a Umbanda

é demolida, Intole-

rância Religiosa?

Falando de

Axé com o

Bàbálóòrìsà

Alexandre

T’Lògùn Ede

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EDITORIAL Chegamos com mais uma edição de nossa Revista Online, a edição de outubro, que está um pouquinho atrasada, rsrsrsrsrs, mas prontinha para ser apreciada por nossos amigos leitores e esperamos de todo coração, que gostem, já que, o nosso intento é sempre trazer o que há de melhor dentro da Cultura Afro e Afro-brasileira. Esta nossa edição ficou quase um Especial em homenagem à Òsun, hehehe. Pois, nela falaremos quem é Òsun, seu sincretismo religioso Afro-católico com Nossa Senhora de Aparecida, o toque de tambor que lhe é peculiar - O Ìjèsà, etc. Mas, inúmeros outros assuntos também serão abordados, como o culto aos Ancestrais Ciganos dentro da Umbanda e muito mais... Uma ótima leitura!!!

No mundo, sem-pre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é e ou-tras, que vão te odiar pelo mes-mo motivo, por isso, seja sempre você mesmo!!!

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ÍNDICE Quem são os Bantus? Parte I Pág. 04 Òrìsà do Mês: Òsun, a Divina Rainha das águas doces e protetora de todas as crianças Pág. 08 Odù do Mês: Òkànràn Méjì, o Odù da Fala Pág. 13 Ìjèsà de Lògùn Ede não é o mesmo Ìjèsà de Òsun? Pág. 16

Entrevista do Mês: Bàbá Alexandre T’Lògùn Ede Pág. 20 Folha do Mês: Àbámodá, Aquela que faz você realizar o que deseja Pág. 24 Os Ciganos na Umbanda Pág. 26 Casa onde foi fundada a Umbanda é demolida, Intolerância Religiosa? Pág. 30 Santo do Mês: Nossa Senhora de Aparecida, a Mãe Padroeira do Brasil Pág. 34 Personalidades Negras: Lima Barreto Pág. 38 Livro do Mês: Ifá Divination Poetry Pág. 41

Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O meu Criador.

Ilè Ògéré Ìbà - Terra, cujo poder se espalha por todo o Uni-verso,

Saudações. Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente saúdo

Èsù, o Poderoso Venerável. Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!!

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QUEM SÃO OS BANTUS? Parte I

O termo bantu foi utilizado pela primeira vez por Willelm Bleek, um filólogo alemão, para caracterizar e definir as línguas africanas que utili-zam a palavra um-ntu (pl. ba-ntu) pa-ra designar a pessoa humana. Nes-sas línguas, agrupadas sob o termo genérico ba-ntu o radical é ntu e o prefixo plural ba.

São cerca de 500 línguas apa-

rentadas, como demonstrou Mei-nhof, um dos estudiosos que confir-maram a hipótese levantada por Ble-ek, línguas essas faladas por povos negros que vivem na África sub-saariana, e que teriam um tronco lin-güístico comum, o proto-bantu. Por-tanto, quando falamos em bantu es-tamos nos referindo a povos e etni-as cujas línguas têm um tronco co-mum e não a povos com traços raci-ais próximos. O que liga os bantu entre si é uma língua oriunda do mesmo tronco e que são gramatica-mente aparentadas, pois, em todas elas as palavras são agrupadas por classes em função de seu uso e na-tureza.

O universo lingüístico bantu,

ou seja, os povos de língua comum do tronco bantu ocupam grande por-ção do continente africano, do cen-tro em direção ao sul, sendo milha-res de falantes, compondo numero-sos países.

Entre os bantu foram os Ba-

kongos e os Ambundos os dois po-vos que vieram em número mais ex-pressivo para o Brasil na condição de escravizados e, conseqüente-mente aqui deixaram sua marca, as-sim como em toda a América, conti-nente que ajudaram a construir. Co-mo eram numericamente superiores imprimiram também suas línguas e suas características culturais a ou-tros povos bantu que chegavam em menor número.

Quando os portugueses chega-

ram à África, (COSTA E SILVA: 2002)

na condição de comerciantes, em

1483, foi com os Bantu do Reino do

Congo, os bakongo, que eles tive-

ram os primeiros contatos, àquela

altura comerciais e amigáveis. Os

bantu de então, ao verem chegar as

naus portuguesas e delas descerem

homens brancos, acreditaram num

primeiro momento que seus ante-

passados estavam retornando. De

acordo com suas crenças, as pesso-

as depois de mortas são levadas pa-

ra um local com um rio muito gran-

de, e após se lavarem na água desse

rio, ganham morada eterna no seu

leito, em meio à lama branca, tor-

nando-se dessa forma brancos e pu-

rificados. Os portugueses foram re-

cebidos pelo Rei do Congo, em sua

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Mbanza Congo e com ele fize-ram aliança de amizade, como em-baixadores do Rei Português, D. Jo-ão II. Na partida das terras congole-sas, levaram com eles alguns repre-sentantes do Rei, que iriam a Portu-gal conhecer outra civilização e tam-bém a religião cristã. De igual ma-neira, deixaram alguns homens em terras de África para ensinar aos congoleses e aprender com eles sua língua e alguns de seus costumes.

O princípio das relações entre portugueses e congoleses foi inicial-mente de respeito mútuo e amizade, o que, infelizmente, não durou muito tempo. Logo, os portugueses passa-ram a participar de maneira ativa no comércio do tráfico de escravos de forma bilateral com o soberano do Congo, e aquelas relações iniciais que eram apenas de comércio de mercadorias e outros bens, deterio-ram-se em razão disso.

Os povos bantu fazem uso das

línguas bantu que são aproximada-

mente em número de duzentos e

cinqüenta afora variantes e dialetos.

Entre essas tantas línguas há duas

que nos interessam mais de perto,

que é o Kikongo e o Kimbundo, fala-

das respectivamente, pelos bakon-

gos e pelos ambundos.

No Brasil, principalmente no

candomblé congo-angola se faz ain-

da uso dessas línguas que vieram

com os africanos que foram obriga-

dos a emigrar. O kikongo e o Kim-

bundo são as duas línguas mais u-

sadas nos rituais e no cotidiano das

casas de santo de raiz congo ango-

la, ainda que alguns tenham o mau

hábito de chamar essas línguas de

dialetos. Na verdade, essas línguas

não são dialetos, e, sim, línguas ple-

nas e autônomas tais como o portu-

guês, o inglês e outras línguas euro-

péias.

Atualmente, essas línguas, que

para nós funcionam apenas como

línguas rituais, são utilizadas como

veículo de comunicação em Angola,

nos dois Congos, e em países limí-

trofes, faladas por milhares de pes-

soas.

Como já observamos, entre os

vários povos bantu chegados ao

Brasil na condição de escravizados

a maior afluência se dá de dois po-

vos, os Ambundos, de fala kimbun-

do e os Bacongos de fala kikongo,

sem deixar de mencionar outros po-

vos que também contribuíram em

escala menor.

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Esses dois grupos lingüísticos, ambundos e bakongos estão pre-sentes na vida brasileira de maneira uterina através de danças, cantos, linguagens, modos de ser, religiões. É preciso destacar também que es-tes povos quando aqui chegaram já vinham cristianizados, pois o conta-to deles com os portugueses acon-teceu ainda no século XV. Por essa razão estes homens e mulheres ban-tu escravizados eram chamados de negros ladinos pelos escravocratas porque geralmente já se comunica-vam em português, conheciam a cul-tura européia e eram católicos. Al-guns eram realmente convertidos, diferentemente de outros que eram católicos apenas por batismo obri-gatório – prática usada pelos navios negreiros com anuência da igreja - mas muitos por devoção por terem se convertido ou pelo menos tido al-gum contato com o cristianismo em suas terras de origem. A devoção a N.Sra. do Rosário já vinha enraizada nos seus espíritos, principalmente daqueles oriundos da área cultural bakongo.

Os estudiosos concordam que

o número de homens e mulheres bantu que vieram como escravos para o Brasil e para as Américas é muito superior ao número de escra-vizados de outras etnias e procedên-cias. Como resultado, temos o fato de que a cultura brasileira recebeu maior aporte dos elementos cultu-rais bantu que dos demais povos da emigração forçada. De origem bantu é nosso samba, nossa capoeira, nossos Reisados e Congadas, além de uma língua portuguesa adocica-da – no dizer de Gilberto Freire – no contato com as línguas bantu.

Os bantu escravizados, que chegaram ao Brasil, mesmo perten-cendo a etnias diferentes, acabaram ao longo do tempo sendo denomina-dos de angola ou congo. As demais etnias foram pouco registradas e com o passar do tempo outras deno-minações acabaram sendo incorpo-radas a essa nomenclatura redutora - escravo congo ou escravo angola - independente do local de origem dessas pessoas. Os grandes portos de embarque sempre foram Luanda, capital de Angola, ou Benguela, tam-bém em Angola e os portos de Ca-binda, e Loango, no Congo. Os euro-peus encarregados do tráfico dos escravizados conheciam toda a li-nha costeira litorânea desde a foz do Zaire até o Cabo Lopes como Ango-la, e denominavam todos os escravi-zados embarcados nessa região co-mo Angolas. Os embarcados na foz do rio Zaire, ou no porto Mpinda em Loango eram conhecidos como Congos ou Cabindas.

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O candomblé de congo-angola é resultado da vinda de homens e mu-lheres bantu pertencentes a duas etnias bem marcadas; os bakongos e os ambundos. Os primeiros habitam no nordeste do país de Angola e parte dos dois Congos e adjacências e os Ambundos ocupam parte do território do oeste litorâneo do mesmo país.

Porque afirmamos que o candomblé de congo-angola foi formado a

partir da contribuição desses dois povos? Porque a língua ritual utilizada nas cerimônias, rezas e louvações são o Kikongo e o Kimbundo, idioma praticado por esses dois povos, além de que, as divindades cultuadas nas casas de congo-angola têm procedência congolesa, em sua maioria, ou procedência ambundo. Evidentemente estamos cientes de estar sendo um pouco reducionistas, pois temos ciência de que outros povos bantu de-ram sua parcela de contribuição e por essa razão vamos encontrar uma ou outra divindade com característica de outro povo bantu. No entanto, gros-so modo, a predominância é dos congos seguida dos ambundos, até por-que outros povos aqui chegados, dada a predominância numérica desses dois grupos, acabavam se adaptando a maneira de ser, à língua e à religio-sidade dominante.

Por Dr. Sérgio Paulo Adolfo (Tata Kiundudulu)

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ÒRÌSÀ DO MÊS

Òsun, a Divina Rainha das águas doces

e protetora de todas as crianças

Oxum, senhora das águas que fluem suavemente. Oxum, graciosa mãe, plena de sabedoria! Que enfeita seus filhos com bronze. Que fica muito tempo no fundo das águas gerando riquezas. Que se recolhe ao rio para cuidar das crianças. Que cava e cava a areia e nela enterra dinheiro. Mulher poderosa que não pode ser atacada.

É na Nigéria, mais precisamente em Òsogbo, no Estado de Òsun, que corre o Rio Òsun,

lugar de origem, culto e homenagem a Grande Divindade (Irúnmolè) regente das águas doces e dos nascimentos (Crianças). Filha de Yèmoja (Nasce no Odù Òsér’ogbè) é Òsén’ibùomi (Òsun), Aquele que nasce da profundeza das águas, Aquela que flui com as águas.

Òsun foi rainha (Ìyába) em Òsogbo e em algumas outras cidades Iorubá, onde em cada

uma recebeu um título e passou a ser cultuada de uma forma. Foi esposa de diversas divinda-des, dentre elas Sàngó, Ògún, Òsóòsì, Òrúnmìlà e segundo algumas fontes, até do próprio O-bàtálá (Òsàlá). É considerada Mãe de Ológùn Ede, o Poderoso Feiticeiro de Ede, filho que teve com Ode Òsóòsì segundo alguns e com Ode Erínlè, segundo outros.

Seu culto veio para o Brasil através de escravos Ìjèsà, e no Brasil, Òsun passou a ser

cultuada como a Senhora de todas as águas doces, rios e cachoeiras. Deusa do amor e do ou-ro.

Uma das divindades mais cultuadas na Umbanda, no Candomblé e até mesmo na San-

teria (em Cuba).

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No Brasil, a mesma tem seu sincretismo afro-católico com diversas santas como: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Conceição entre outras.

Muito cultuada por Mães que desejam ter

filhos e por pessoas que buscam um amor, a faceira Òsun é cultuada com muitas oferendas e presentes.

É também grande musa inspiradora de

inúmeros cantores e compositores brasileiros, a Vênus Africana.

Teve seu culto miscigenado ao das Min-

kisi Ndandalunda e Kisimbi e também com as Vodùn Azili e Tobosi.

Contando no Brasil com respeitosas sa-

cerdotisas, como a saudosa Ìyá Menininha – Àse Gantois, a saudosa Mãe Senhora – Àse Òpó Àfònjá e a Saudosa Ìyá Nitinha – Àse Casa Branca. Òsun é a deusa coquete amada por to-dos, assim como foram suas filhas. Seu mais célebre Sacerdote foi o Africano Òsunt’adé (José Firmino dos Santos), Bàbálawo fundador da Casa Matriz de Candomblé Nação Èfòn no Brasil.

É no Odù Òsér’ogbè que encontramos o Ìtàn que fala do nascimento de Òsun: Yèmoja desejosa de ter filhos, consulta Òrúnmìlà para saber como proceder, já que não conseguia en-gravidar, Òrúnmìlà consulta Ifá (o oráculo sa-grado) e determina que a cada cinco dias ela deviria dirigir-se ao rio próximo a sua casa, car-regando sobre a cabeça um pote pintado de branco. Deveria preparar ègbo (milho branco cozido), yánrin (refogado de uma determinada folha), èkuru (de inhame com dendê) e èko (pudim de milho branco). Juntar a essas comi-das obì e orógbó e, antes da alvorada, levar tu-do ao rio, acompanhado por um grupo de crian-ças cantando em coro. Ao chegarem, deveria encher o pote branco com água do rio e retor-nar cantando. A água seria então despejada num pote chama Àwè e, nos cinco dias subse-qüentes, deveria ser usada para banhos diários e também para beber. Isso tornou-se um hábito e, ao chegar o dia marcado, bem cedo pela ma-nhã, as crianças esperavam por ela à porta. Yèmoja repetiu incansavelmente essa caminha-da, por longo tempo. Finalmente engravidou e mesmo assim prosseguiu com os rituais prescri-tos por Òrúnmìlà, sendo que tornaram-se mui-tos cansativos à medida que a gestação progre-diu. Em uma dessas manhãs, logo após entre-gar as oferendas no rio, sentiu uma forte dor. Chamou as crianças e disse-lhes que esperas-sem um pouco e então recolheu-se a um lugar escondido e ali dar a luz. Assim que ficou de cócoras, ouviu o choro de uma criança. Não precisou usar medicamento nenhum, além da água vinda do rio. E então nasce Òsén’ibùomi (Aquela que nasce da profundeza das águas), que passa a ser conhecida como Òsun (síntese do termo Òsén’ibùomi).

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Diversos são os títulos (chamados de qualidade no Brasil) de Òsun, ou seja, os nomes

pelo qual ela é conhecida e saudade, chamados pelos Iorubá de Oríkì. Ìyánlá (Grande Mãe), Rora Yèyé (Mãe Graciosa), Ìyámi Àkókó (Minha Mãe Ancestral Suprema, título que a mesma recebe na Egbé Òsòròngà), Olùtójú àwon omo (Aquela que vela pelas crianças), Aláwòyè omo (Aquela que cura crianças), Ìjùmú, Ìpòndá, Òpàrà, Lògùn e inúmeros outros.

Òsun é saudada por seus devotos com as expressões Yèyé mi (Minha Mãezinha) ou Káre ó

(Você que nos proporciona felicidade). Diversos são os ìtàn que explicam como Òsun transformou-se no rio Òsun (Odo Òsun), na

Nigéria, mas o mais conhecido é o que fala que ela ao descobrir que seu marido (Sàngó) morreu, desesperada transforma-se em um rio.

Sua ligação com Ológùn Ede é mostrada em diversos ìtàn (relatos antigos sagrados), seja

como seu filho, seja apenas como seu mensageiro. São duas divindades que são cultuadas juntas.

Foi Òsun a criadora do oráculo Mérìndínlogún Ifá (Jogo de búzios), na época em que era

Apetebí (Esposa) Òrúnmìlà e foi a mesma quem ensinou as suas sacerdotisas e depois a sacerdotisa de outras divindades.

Foi Òsun também, aquela que preparou o primeiro Iniciado (Awòrìsà) em òrìsà. E é da responsabilidade desta Deidade a vida das crianças enquanto ainda encontram-se

no ventre de suas mães. Por todas essas situações fica clara a importância de Òsun na Terra (Àiyé) e no Culto a

Òrìsà.

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Seu dia de culto na Nigéria é o Ojó Awo

(Dia do Segredo, primeiro dia da semana ioru-ba de quatro dias), no Brasil a mesma passou a ser cultuada no Ojó Àbáméta (Sábado), dia em que é cultuada junto a sua mãe, Yèmoja.

A Òsun é oferecido Otí sèkété (cerveja

de milho), que no Brasil passou a ser substitu-ído pelo vinho branco suave, Obì (nós de co-la), Èko (pudim de milho branco), Yánrin (refogado de uma determinada folha), Iyán (inhame pilado), Carne de cabra e frangas.

Senhora do cobre (ide), ouro (ìwóòrò) e

bronze (àdàlú bàbà àti tánganran), é uma exí-mia apreciadora de jóias de cobre, ouro e bronze, foi a divindade que descobriu o cobre e o ouro na Terra, encavando rios.

Seus símbolos ritualísticos de culto são:

Eta (pedras de rio), owó eyo (búzios), àwè (pote de cerâmica para água), aso funfun (pano branco), ide wéwé (pulseiras de cobre), Òòyà (pentes de madeira, cobre, etc), Abèbè (leques), Ìrùkèrè (elemento símbolo de reale-za), etc.

Na Umbanda é festejada nos meses de

outubro (12/10) ou dezembro (08/12). Algu-mas casas de Candomblé a festejam em Maio (o mês das mães). O principal festejo de Òsun, nas casas de Candomblé Kétu do Brasil é o Ìpètè, que deu origem a uma conhecida oferenda realizada a ela a base de inhame.

Òsun é cultuada e festejada para que

propicie saúde, paz e muita prosperidade a

seus devotos, é também cultuada para propor-cionar filhos a todos aqueles que desejam es-sa segunda maior riqueza do mundo.

Sua ligação com Ìyámi Òsòròngà, faz de

Òsun uma divindade qual devemos ter cautela ao manipular energeticamente, é aquela que dá e assegura a vida, mas também é aquela capaz de matar, até mesmo com um copo de água (engasgado).

Òsun como Òrìsà funfun, veste-se de

branco, mas no Brasil, criou-se o hábito de vestir seus iniciados de amarelo, dourado e rosa.

Òsun é aquela que pode proporcionar à

um apaixonado devoto uma vida repleta de riquezas!

Òóré Yèyé o (Mãe da Bondade)!

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

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“O correr das águas, a passagem das nuvens, o brincar das crianças, o sangue nas veias. Esta é

a música de Deus.” Hermann Hesse

Características dos filhos de Oxum Dão muito valor à opinião pública, fazem

qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar com suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na busca de seus objetivos.

Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem suas finalidades, atrás de sua imagem doce se esconde uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.

Têm uma certa tendência à gordura, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, badalações e de outros prazeres que a vida possa lhes oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.

Não se desesperam por paixões

impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.

Graça, vaidade, elegância, uma certa

preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.

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ODÙ DO MÊS

Õkàràn méjì - O Odù da Fala

Õkàràn méjì é o oitavo (8º)

Odù na ordem do Ifá, fala no

mërìndínlógún Ifá com um (1) bú-

zio aberto e quinze (15) fechados.

É um odù de natureza feminina,

ligado ao elemento fogo.

Õkàràn méjì é o principal Odù

(signo) de Ìbejì (gêmeos), chegan-

do a simbolizá-los, sendo um dos odù’s responsáveis pela vinda dos mesmos a Terra (àiyé). A fala hu-

mana, assim como todas as lín-

guas (idiomas) do Mundo, foi in-troduzida neste através do signo de Õkàràn méjì.

O Çbôrí feito às pessoas des-

te signo (odù), será sempre bem

recompensado...

Ele ensinou as pessoas que

ninguém poderia unir a água com uma corda...

Está ligado a todos os sons e

barulhos, acidentes explosivos, explosões, guerras, brigas e inten-sas discussões. Protetor da orató-ria, também é regente dos exces-sos de fala.

- Àwon Òrìÿà que falam neste Odù = Èÿù, Ìbejì, Ôya, Õránmíyàn e Sàngó. - Suas cores = São o vermelho, preto, branco e azul. - Suas folhas = As principais são

o àgogó (Datura stramonium = es-

tramônio, figueira do inferno, trombeteira, erva do diabo, pomo espinhoso), igún, ogbó. - Corpo Humano = Rege a boca, a língua e a garganta.

- Os filhos deste Odù = As pes-soas nascida sob este odù (signo)

são pessoas bastante negativas, ruins, geniosas, maquiavélicas, chegando a serem muitas vezes diabólicas. Falantes, gostam de se meter em confusão, prepotentes, muitas vezes fofoqueiras. Se vie-rem a ser iniciadas no culto a

Òrìÿà, deve ser verificado se não

são filhas de Èÿù, Ôya ou Sàngó, caso não sejam, devem mesmo assim cultuar estas divindades de maneira positiva, para que sejam apalaçadas estas energias em sua vida.

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Dificilmente devem ser iniciadas em Òrìÿà, pois, são pessoas que dão

muito trabalho. Deve procurar se manterem afastadas de sujeiras. Quando gêmeas, devem cultuar Ìbejì... - Èwò’s deste Odù = Os gêmeos não podem comer carne de maca-co, cachorro (ajá) e juntar feixes de madeira. Os nativos deste odù não

podem comer àkàsà (èko enrolado em folha), quiabo, não podem quei-

mar galhos da árvore Ìrókò, não podem amarrar feixe de lenha, não

devem chegar perto e nem tocar em cipós, pedir dinheiro emprestado, devem evitar ir a hospitais, não devem ser infiéis e não devem ser

vingativos. Não devem pegar em inhame ìgangán, comer carne de galo (akúko),

leopardo, abutre, búfalo e feijão pàkálà. - Odù em Ire – Positivo Pessoa com grande vocação religiosa, bom orador. Pessoa capaz de solucionar os problemas através de muito pouco. Alguém que será

muito valorizado por suas idéias e planos. Receberá a ajuda de uma pessoa próspera (rica). Se há problemas, serão resolvidos através de simples entendimento entre os envolvidos... *Saúde = Mostra virilidade para os homens e forte sexualidade para as mulheres... *Financeiro = Mostra caminhos de enriquecimento repentino, dinhei-ro e prosperidade, será uma pessoa bastante procurada, ganhará bas-

tante dinheiro. Será reconhecido por suas idéias e planos... Profissão ideal relacionada à oralidade, comerciante, político, etc... *Amoroso = Mostra um relacionamento onde impera a paixão e o se-xo, pessoas que se completam na cama... *Família = Mostra caminhos de prosperidade para a família, tendên-cia a nascimento de gêmeos.

*Religiosidade = Pessoa com grande tendência a religiosidade. Deve cultuar Èsù, Oya e Sàngó... Se for ìbejè (gêmeos), é a bênção da casa e da família, deve cultuar Ìbejì... *Inimigos = Vitórias sobre os inimigos com a ajuda de Sàngó e Oya. Será ajudado por pessoas poderosas.

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- Odù em Ibi – Negativo

Fala de fanatismo religioso. Pessoa medrosa, tímida, que está sofren-do de complexo de inferioridade e isto tem atrapalhado suas coisas. Confusões, brigas, acidentes com fogo, explosões. *Saúde = Mostra problemas na boca, língua e garganta (faringe). Cuidado com acidentes com fogo e explosões... *Financeiro = Mostra dificuldade financeira, roubo, percas, prisões,

traição em ambiente de trabalho por pessoas falantes, desespero por dinheiro, ruína por orgulho e prepotência... *Amoroso = Mostra abandono, confusões, separação, paixão passa-geira, incertezas, traição... *Família = Mostra problemas em casa, problemas com filhos, filho que faz coisa errada, filha leviana, brigas, filhos ingratos...

*Religiosidade = Pessoa fanática, que mesmo tendo uma forte reli-giosidade, está padecendo por fanatismo. Aplacar Èsù, Oya ou Sàn-gó... *Inimigos = Falsos amigos, inimigos oculto, inimigos poderosos, traições, falsidade, injustiças. Vitória de inimigos (falso amigos)...

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

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Ìjèsà de Lògùn Ede não é o mesmo Ìjèsà de Òsun?

Hoje vou comentar um pouco sobre esse que é, sem dúvidas, o toque

mais popular do Candomblé, o Ìjèsà. Digo mais, esse toque extrapolou os limi-tes da religião africana, tomando espaço também no cenário musical brasileiro. Prova disso, são os chamados Grupos Carnavalescos de Afoxé, que possuem em sua estrutura rítmica o Ìjèsà (Filhos de Gandhi, Korin Efan, etc.).

Ademais, há ainda, diversas músicas de conhecimento público cuja base é

o Ìjèsà, como exemplo, menciono o quase hino “É D’Oxum” de Gerônimo (imortalizado por Gal Costa, Jauperi e, tantos outros) e “Muito Obrigado Axé”, interpretada por Ivete Sangalo e Maria Bethânia. Sobre a última, é importante frisar que, a marcação rítmica do Ìjèsà realizada por Márcio Brasil, percussio-nista de Ivete é primorosa, invejando a muitos Ogans (vejam vídeo abaixo e comprovem um verdadeiro Ìjèsà Nàgó).

http://www.youtube.com/watch?v=S-

bEwxtBFBw&feature=player_embedded No entanto, a ampla divulgação do toque, associada às suas diversas in-

terpretações, a depender do segmento religioso ou na música profana, não foi somente benéfico ao mesmo. Hoje, deparamo-nos com alguns ―Ditos Ijexás‖, que em nada nos faz lembrar o toque como originalmente era executado. Em suma, esse ritmo é mais utilizado para Òsun, a grande Deusa das Águas Doces, mas há, também, uma infinidade de cânticos em Ìjèsà para Èsù, Ògún, Lògùn Ede, Yánsàn, Òsanyìn, Òsàlá, dentre outros.

Muito embora, seja comum nos tradicionais Candomblés Kétu, ouvir um

representativo número de cânticos em Ìjèsà, eu estaria sendo leviano se olvida-se a origem deste toque, o identificando como Kétu.

A origem desse ritmo no Brasil remete-nos à Nação de nome análogo, que

teve seu prestígio alavancado pelo patriarca Eduardo Ìjèsà, dito detentor supre-mos do Culto a Òsun e Lògùn Ede no Brasil. Na casa de Pai Eduardo, contam os antigos que o único toque executado era o Ìjèsà, à exceção de uma cantiga, que por motivos óbvios não cabe mencionar aqui. Essa cantiga, não louvava nem Òsun, nem Lògùn Ede, mas sim, o povo de Ede, uma antiga província afri-cana. Há também o Ilé Àse Kalè Bókun, da célebre Mãe Estelita do Ìjèsà.

Além do Candomblé de Seu Eduardo e o Kalè Bókun, havia o Candomblé

do Olóòròkè. Meu Pai Tarrafa, venerável Ògán baiano, um dos meus Mestres, que fora suspenso no Olóòròkè,

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certa vez me disse que na Casa de Dona Matilde (assim que ele chamava a

casa), tocava-se somente Ìjèsà. Narrou-me que, a própria Divindade de Dona Matilde quando chegava a terra, entoava certos cânticos no ritmo ìjèsà, tal como ―Olóòròkè Olóòròkè‖. Comentava que era algo muito bonito, pois ao som do Ìjèsà (tocava-se somente Ìjèsà) as pessoas dançavam em homenagem à Divindade da Casa.

Outra importante casa, cujo toque era o Ìjèsà, era a de Júlia Bugan, na Lín-

gua de Vaca. Na casa de Mãe Júlia Bugan, o ritmo do Ìjèsà era tocado por mu-lheres, nos tambores chamados ―Ilú Bata Demi‖. Essas mulheres à época das fes-tividades de Òsun iam até o Gantois, tocando nestes tambores, onde eram rece-bidas por Mãe Menininha.

Achei oportuno esse intróito, ante a importância deste toque para o Can-

domblé e, sobretudo, por Ìjèsà não ser somente um ritmo, mas também uma Nação. Mas, como enuncia o título: Ìjèsà de Lògùn Ede não é o mes-mo Ìjèsà de Òsun?

Não! Não é o mesmo! Há uma confusão generalizada no que diz respeito ao Toque

de Ìjèsà de Lògùn Ede. Nesse sentido, não preciso discorrer muito, basta obser-var a dança. Vejamos, se os toques do Candomblé estão com consonância com a dança dos Orixás, como fica a dança de Lògùn Ede, com o Ìjèsà de Òsun?

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Bom, vou procurar mostrar essa diferença, fundamentando-me em 4 dis-

cos, todos realizados por renomados membros do Candomblé. São eles: Ìjèsà de Òsun: Cinqüentenário de Mãe Menininha; Ìjèsà de Òsun: Odún Orin; Ìjèsà de Lògùn Ede: Candomblé da Casa de Òsùmàrè; Ìjèsà de Lògùn Ede: Luiz da Muriçoca. O Ìjèsà de Òsun: Antes do que vou dizer, é importante frisar que, há diferenças entre casas,

mas vou falar sobre o modo o qual aprendi e da forma que está registrada nos Discos de Mãe Menininha e no Disco Odún Orin.

Assim sendo, é importante saber que em nenhum dos três atabaques, o to-

que de Ìjèsà é executado da mesma forma. Ou seja, a marcação no Hunlé (o menor dos atabaques) é distinta do Hunpi (médio) e, obviamente do Hun (o mai-or dos três e que faz as variações). Além disso, há a importante marcação do Agogo. Como sei que muitos vão indagar: ―O Hunpi é diferente do Hunlé‖? Peço que escutem atentamente a faixa de Òsun, do disco Odún Orin (pode ser o de Mãe Menininha também, mas pelo fato da gravação ser antiga, o ouvido tem que estar bem apurado, razão pela qual peço que escutem o Odún Orin. Está bem mais fácil de identificar a diferença).

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Bom, peço que vejam (com atenção) a marcação básica do Hunlé, iniciada aos 23 segundos (slep, "slep, open, slep" – 1, 2, 3). Aos 25 segundos, entra o Hunpi, com uma marcação de 4 batidas invertidas (totalmente distintas do Hun-lé, identificaram?). Esse é o chamado Ìjèsà de Òsun.

E o Ìjèsà de Lògùn Ede? Bom, valho-me do antológico disco de Seu Luiz da Muriçoca e do Disco de

Meu Tio Erenilton: CLIQUE AQUI (SEU LUIZ DA MURIÇOCA) CLIQUE AQUI (OGAN ERENILTON)

Aqui não há muito que dizer, basta ouvir a diferença des-te Ìjèsà (de Lògùn Ede) nestes dois Discos, para o Ìjèsà de Òsun, cons-tantes nas outras gravações. Basta falar que, no Ìjèsà de Lògùn, diferente do Ìjèsà de Òsun, o Hunpi e Hunlé começam com batidas e tempos di-ferentes. Vejamos: Vamos tentar ilustrar da seguinte forma: Open (batida aberta) e Slap (a ba-

tida seca – fechada). Hunlé do Ìjèsà de Òsun: Slap – Open – Slap Hunlé do Ìjèsà de Lògùn Ede: Open – Open – Slap – Open – Slap – Slap – Slap – Open – Open Bom, nesse sentido, acho que a diferença é notória. Vale destacar, também

que, no Ìjèsà de Òsun, há casas (das três principais escolas) que a marcação no Hunpi e no Hunlé é a mesma. Mas em todas, o Ìjèsà de Lògùn Ede é dis-tinto do Ìjèsà de Òsun. Parece algo simples, mas há uma diferença significativa. Muitos almejam as ―17 passagens da Hamunya‖ ou ―Toque Daju-a‖, mas há ain-da, uma profusão de toques que devemos nos atentar e que estão sendo esque-cidos.

Espero, uma vez mais, ter esclarecido um pouco sobre mais um dos impor-

tantes toques do chamado Candomblé Nàgó-Kétu, o qual pertenço.

Por Ògán Carlos Vinícius (Òpotún do Ilé Àse Ibùalámo – SP)

http://www.opotunvinicius.com/2011/08/ijesa-de-logun-ede-nao-e-o-mesmo-ijesa.html

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Falando de Axé com Bàbá Alexandre

T’Lògùn Ede A Falando de Axé tem o prazer de entrevistar e homenagear nesta edi-

ção, o Bàbálóòrìsà Alexandre Cheuen T’Lògùn Ede Falando de Axé Bàbá Alexandre, com que idade você começou a se envolver com o Can-

domblé? Na sua época, candomblé já era “coisa pra criança” ou ainda existia um preconceito em cima disso?

Bàbá Alexandre Candomblé naquela época era tabu. Na rua onde nasci tinha um can-

domblé, do falecido Sr. Marinho de Ogun Ayres. Cresci indo escondido da mi-nha mãe no candomblé do seu Marinho. Aquilo tudo já me fascinava!

Falando de Axé Sua família já era do candomblé? Se sim, desde quando? Se não, como

foi a aceitação deles? Bàbá Alexandre Minha avó carnal era iniciada à Nàná. Mas minha mãe mantinha certa

distância do candomblé. Fui uma criança muito doente. Minha mãe levava ao médico que não me achava nenhuma doença. Um dia ela me levou no Seu Ma-rinho que disse a ela que eu tinha que me iniciar, porém, ela se negou permitir a minha iniciação. Vim a me iniciar já com 21 anos, fui com minhas próprias pernas. Minha família foi na minha saída. A aceitação foi difícil.

Falando de Axé Você é um sacerdote que possui uma casa com um número considerá-vel de filhos e amigos, como é a convivência com o ser humano no meio reli-gioso, você acha fácil?

ENTREVISTA DO MÊS

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Bàbá Alexandre Convivência humana é difícil em qualquer grupo, principalmente no re-ligioso. O sacerdote precisa ser imparcial, olhar todos os filhos com os mes-mos olhos. O que serve pra um servirá para o outro. Assim tenho feito. Falando de Axé Sua comunidade no Orkut – Candomblé Aqui Eu Sou Feliz, é muito con-ceituada pelos temas brilhantes que são abordados e também pela postura da mesma, desde sempre foi assim? Bàbá Alexandre Sim, o objetivo da comunidade sempre foi exaltar a religião. Quando criei o espaço foi numa época onde existia uma comunidade que falava mal de todo mundo, principalmente de mim. Creio que ferramentas como o Orkut não pode servir de denúncia, pois é um prato cheio para os católicos e pro-testantes. Existem outras formas de protesto ou denúncia. Até porque nas comunidades o negócio toma outra proporção, vira mais para o lado pessoal, ridicularização. Conto com um grupo de moderadores que são atentos. Não adicionamos qualquer um e nem aceitamos temas que exponham o sagrado. Falando de Axé A Internet tem o seu lado bom e ruim, em sua opinião no que a internet fez bem à você? E mal, fez algum? Qual? Bàbá Alexandre A internet é uma ferramenta positiva para quem faz dela bom uso. Pra mim faz bem porque nela procuro entretenimento. Acho que religião deve ser buscada em templos da religião. Por isso evito certos temas lá na comunida-de.

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Através da Net conheci pessoas maravilhosas como Ìyá Valéria, que se tornou minha amiga pessoal. Falando de Axé Você tem um conhecimento bem interessante, nos diga: Você já bebeu de outras fontes, ou se mantém fiel aos ensinamentos de seus mais velhos? Bàbá Alexandre Beber de fontes variadas é uma faca de dois gumes. Me considero muito novo ainda, tenho apenas 23 anos de iniciado e 13 de sacerdócio. Sou um e-terno aprendiz! Ainda falta muita coisa para eu aprender dentro da minha fa-mília de orixá. Talvez no futuro eu me interesse por outras culturas, de outras nações. Falando de Axé Como o irmão explica essa grande diferença de conhecimento entre os sacerdotes do candomblé de uma mesma nação, ou seja, porque há uns que fazem coisas tão coerentes e outros que fazem tantas loucuras? Bàbá Alexandre Antigamente a transmissão de cargo era coisa respeitada. Só abria casa quem realmente tinha caminhos pra isso. Hoje em dia todo mundo quer ser sacerdote. Brigam com seus antecessores e abrem suas casas sem vínculo com ninguém. Catam aqui, ali, inventam um bocado e o resultado está no Youtube da vida. Falando de Axé Você já sentiu vontade de sair do Rio de Janeiro para outro estado da federação?

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Se sim, qual? Se não, o que lhe prende ao RJ? Bàbá Alexandre Sou feliz no Rio de Janeiro. Sinto falta de viver o candomblé da Bahia apenas. Falando de Axé Olóògùn-ede é seu òrìsà, o que você pode nos falar dele? E o que o mesmo representa em sua vida, tanto material, quanto espiritual? Bàbá Alexandre Fiz santo numa época que o Àbían ia pra roça apenas com o enxoval e um monte de incertezas. Quase fui iniciado a Oxalá. Logunedé é minha existência. O que sei de Logun é o básico, trivial nas casas antigas: Pequeno caçador/pescador, filho de Ipondá e Erinlé/Ibualamo mas que também é um grande feiticeiro. Não consigo me ver sem meu orixá. Falando de Axé Para finalizar essa nossa espetacular entrevista, a qual tivemos grande prazer de realizar, deixe uma mensagem para todos os nossos leitores: Bàbá Alexandre Tratem o candomblé como RELIGIÃO e seremos mais felizes! Obrigado pela oportunidade e até a próxima!

AXÉ!!!

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Àbámodá, Aquela que faz você realizar o que deseja

FOLHA DO MÊS

Nome Yorùbá = Àbámodá, Erú òdúndún, Kantí-kantí e Kóropòn. Nomes Populares = Folha da fortu-na, fortuna, folha grossa, milagre de São Joaquim. Nome Científico = Bryophyllum pin-natum. Àbámoda é uma folha bastante conhecida e utilizada no culto a Òrìsà, Nkisi e Vodùn. De origem asiática, foi introdu-zida há muito nas Américas, hoje en-contrada em todo o território nacio-nal. Uma planta de fácil cultivo, já que, brota com grande facilidade, principalmente em lugares e terras úmidas. Muito confundida com a Folha da costa (Òdúndun) e com uma flor ornamental conhecida como Kalan-

choe. Mesmo a folha da fortuna (Àbámodá) sendo uma substituta da folha da costa, são duas folhas dis-tintas. Àbámoda é uma folha feminina, de Èrò (calma). Regida pelas divin-dades Èsù, Òrúnmìlà e Obàtálá. Com diversas utilizações, tanto me-dicinal, quanto litúrgica. Seu nome (Àbámodá) signifi-ca: “O que você deseja, você faz”. Pelo seu uso em substituição ao Òdúndun, também é chamada de E-rú Òdúndun – Escravo de Òdúndun.

Na Nigéria, mais precisamente em Ilé Ifè, Àbámodá faz parte de u-ma ritualística mistura de ervas que serve para banhar as estatuetas de Obàtálá e sua esposa Yèmowó, a-pós os sacrifícios rituais.

Como folha de Èsù, representa a multiplicação e a prosperidade, ca-paz de multiplicar qualquer Àse, tra-zer prosperidade, afastar coisas ne-fastas e trazer muitas realizações. Uma folha que não pode faltar no Àgbo que sacraliza o Yangí de Èsù.

É considerada por muitos Bà-

bálawo (Sacerdote de Òrúnmìlà) co-mo uma folha de Ifá e bastante

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utilizada dentro do culto ao mesmo.

Os Olóòsanyìn (Sacerdote de

Òsanyìn) utilizam-se da mesma em oògùn (magias) para prosperidade, afastar a inveja e a obtenção de rea-lizações.

Já os Onísegùn (Médicos her-

balistas) a usam para a cura de do-enças de pele, como feridas, furún-culos, úlceras e dermatoses em ge-ral.

No Candomblé (Religião afro-

brasileira), ela é utilizada em rituais de iniciação, através do Àgbo (preparado utilizado para banhar ou beber), na sacralização de objetos

ritualísticos das divindades, para as-sentar “Èsù do Mercado”, para lavar os búzios (owó eyo) do oráculo e em muitas outras magias para prosperi-dade.

Medicinalmente a folha da for-

tuna (àbámodá) funciona como diu-rético, combate encefalias, nevralgi-as, dores de dente, coqueluche e a-fecções das vias respiratórias. E também é bastante utilizada no com-bate a diabetes.

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

ọfò Àbámọdá - Encantamento da Folha da Fortuna

Em Ejìogbè:

Àbámọdá àbá mi kò ṣe àìṣẹ Àbá ti alágẹmọ bá dá, l'Òrìṣà Òkè ngbà Mo dá àbá owó

Àbámọdá, que a minha aspi-ração será realizada. Òrìṣà Òkè aceita o aspiração do camaleão. Que eu aspire o dinheiro. Para receber dinheiro.

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Os Ciganos na Umbanda

Falar sobre o denso universo cigano é tratar de um assunto bastante com-plexo. Talvez muitos ainda não conheçam a fundo esse povo que prima pela in-teligência, pela luz, inspiração, magia, energia, o amor e a força que cada um tem dentro de si. O grande universo cigano é riquíssimo em magias de todas as finalidades, principalmente na Grande Magia de viver. Irmãos do Sol e da Lua, utilizam a natureza para fazer seus feitiços e magias, filhos dos ventos e das es-trelas são um povo sofrido, sem nenhum apoio governamental, estão espalha-dos pelo mundo inteiro, levam uma vida sofrida e dura sem nenhum conforto ou moleza. Trabalham intensamente a cada dia, enfrentam preconceitos, dificulda-des de todo o tipo, mas ainda assim são um povo que onde passam deixam ale-gria, religiosidade, ética, conhecimentos esotéricos e deixam sobre tudo o gran-de valor do amor e da vida como ela simplesmente é.

Existe uma legião de espíritos ciganos que viveram entre nós, que ainda

em sua vida terrena, já eram mestres, de grande entendimento sobre o mundo espiritual. Já buscavam luz como forma de atenuar os problemas de ordem físi-ca, moral e astral. Fazendo desta forma um trabalho que emana amor. Os Espíri-tos Ciganos são como todos os outros espíritos e também dispõe da liberdade do livre arbítrio. Hoje existe uma discussão muito grande sobre o trabalho des-tes amigos astrais em linhas não apropriadas para Ciganos, como a Umbanda, por exemplo, torno a dizer que o livre arbítrio é dádiva de Deus, e assim sendo, podem estes espíritos entrar em qualquer linha espiritual que lhe convenha.

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Os ditos Exú Wladimir, Exú Cigano, Pombagira Cigana, Ciganinha da Estra-da, e muitos outros, são espíritos que por vezes assim se apresentam para a melhor identificação de seus médiuns e clientes, trabalhando com o mesmo pa-drão apresentado e conhecido. A denominação destes espíritos para os próprios pouco importa, se é para fazer o trabalho para o qual se tem permissão de Deus, não irá fazer diferença.

Os Espíritos Ciganos de outras linhas, são espíritos tão ciganos quanto os

de linha mais pura, somente ainda não tiveram oportunidade de integrar seu protegido para que os trabalhos sejam feitos numa linha Romaí (Cigana). A influ-ência destes espíritos em distintos setores de nossa vida terrena e espiritual é permitida por Duvéli (Deus), e conforme o problema que passamos, podemos evocar os Ciganos e pedir por sua ajuda. Estes grandes amigos são bastante co-nhecidos e vibram geralmente pelo domínio do Mestre do Clã que pertencem, no entanto cada um deles tem as suas próprias especialidades mágicas, e caracte-rísticas próprias advindas de sua vida terrena. São inúmeros os espíritos ciganos, sendo impossível citar todos.

Saudação: Salve os Ciganos! A corrente astral de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram

praticar a caridade, independentemente de suas origens terrenas e encarnações, e que os acolhe em suas linhas de ação.

Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em

seus trabalhos. Eles incorporavam, então, disfarçados, nas linhas dos Baianos, dos Exus e Pombogiras.

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O Oriente luminoso que organizou a Umbanda, antes das décadas de 1950 e 1960, integrou os espíritos ciganos à Linha do Oriente. A Umbanda acolhe to-dos os filhos de Deus em suas linhas, e tamanha foi a simpatia do povo umban-dista por essas entidades e a seriedade de seu trabalho, orientando com sabedo-ria, ensinando a beleza da criação e a alegria de viver, que foi criada uma linha ou corrente independente, específica para eles, com sua própria hierarquia, ma-gia e ensinamentos.

Seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos con-

sulentes, e hoje, a influência do povo cigano na Umbanda cresce cada vez mais. Na linha dos Ciganos, encontramos espíritos que tiveram encarnações co-

mo ciganos e também os que foram atraídos para essa linha por afinidade a ma-gia cigana. Por isso, os ciganos na umbanda não têm a obrigatoriedade de falar espanhol ou romanês (Dialeto Cigano), ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados e outros não.

A linha dos Ciganos tem seus rituais e fundamentos adaptados à Umbanda.

É uma linha espiritual especial, hoje em expansão, cujas entidades trabalham na irradiação dos Orixás, mas louvam sua Padroeira Santa Sara Kali.

A influencia das entidades ciganas se fez presente desde a metade do sé-

culo XX, no culto Jurema ou Catimbó, com o determinado chefe Kalon, Mestre João Cigano. Ponto do Mestre João Cigano:

“Sou eu rei dos ciganos, Sou eu rei dos ciganos, Trabalho em poço fundo, Vim procurar meus mestres, Que curam no outro mundo!”

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Os ciganos são desprendidos das coisas materiais e exemplo de liberdade, de amor à natureza e a Deus. São monoteístas, conhecem o livre-arbítrio, a lei de causa e efeito, acreditam na reencarnação e são austeros e severos do ponto de vista religioso.

São profundos conhecedores das magias e das essências e dos elementos

água, terra, fogo e ar, das ervas e das pedras, reconhecendo todas as dádivas da natureza como bens divinos.

Na Umbanda, atuam como guias espirituais de maneira extremamente res-

peitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu res-peito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umban-dista, como meio evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus cantos e danças.

São bastante conhecidos na Umbanda os ciganos Wladimir, Juan, Igor, Ia-

go, Ramiro, Pablo, Juanito, entre outros e as ciganas Sara, Najara, Carmem, Su-lamita, Sunakana, Sarita, Ilarim, Madalena, Rosita, Esmeralda e muitas outras. As entidades ciganas atuam nas irradiações dos diversos Orixás.

Quando estamos em processo de desenvolvimento da incorporação para

receber em nossa aura os Mestres Ciganos Astrais, teremos pontos comuns a se-rem observados no trabalho astral destes espíritos, levando em consideração o Grupo ao qual pertencem, e também pontos comuns a todos os espíritos ciga-nos. Quanto maior for o abandono e a concentração nesta hora, os sentidos fica-rão mais aguçados e o trabalho astral fluirá com mais facilidade. Pontos comuns a todos os espíritos ciganos são: Sensação de frio e calor ao mesmo tempo na altura do umbigo, sensação de peso na nuca, alegria, sensação de ser outra pes-soa, incomodo na garganta/laringe, desequilibro, sensação de flutuação, formica-ção em todo o corpo, pontas dos dedos sensíveis, olhos pesados, sensação de energia sobre posta, região lombar sensível em toda extensão (coluna).

Por Jéssycka Rayanna (Lhaer Kalinata ki Ritj Shuvanji em Kumpania Kaló de Ramona

Torres) Fonte: O aprendizado a mim pas-sado por minha Bibi, Shuvani Ra-mona Torres e o Livro “A linha do Oriente na Umbanda” de Alberto Marsicano e Lurdes de Campos

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Casa onde foi fundada a Umbanda é demolida,

Intolerância Religiosa?

Falando de Axé este mês publica dois artigos, artigos esses já publicados em outros meios de comunicação, para que nossos leitores possam tirar suas próprias conclusões a respeito da demolição da Casa, onde foi fundado o pri-meiro TEMPLO de UMBANDA do BRASIL - A Tenda Espí-rita Nossa Senhora da Piedade (1908). Com o acontecido, podemos concluir com certeza, a necessidade da União por parte dos adeptos da Umbanda e a necessidade de darmos o nosso melhor em prol dessa religião tão magnífica, que a cada dia cresce mais, mas que ainda está em busca do respeito que deve ser dado à mesma por direito.

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―Umbandistas pedem tombamento de imóvel para barrar demolição de berço da religião‖

Fabíola Ortiz Especial para o UOL Notícias No Rio de Janeiro Com o berço da umbanda prestes a ser demolido, lideranças religiosas en-traram com pedido de tombamento para salvar a primeira casa da religião no Estado do Rio de Janeiro. A casa onde viveu o fundador da umbanda, Zélio de Moraes, onde foi fun-dada a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fica na rua Floriano Peixoto de número 30, localizada no bairro de Neves, no município de São Gonçalo (RJ). Já muito desgastada pelo tempo e sem preservação, o imóvel dará lugar a um gal-pão. ―Estamos fazendo agora um movimento para ver se conseguimos tombar a casa, impedir que seja destruída e recuperá-la. A obra é particular de uma pessoa que comprou o imóvel e lá existe a casa muito antiga que ele pretende demolir. Queremos primeiro tentar conversar com o comprador do terreno onde está o imóvel para chegarmos a uma solução amigável e conciliar os interesses‖, disse ao UOL Notícias Pedro Miranda, presidente da União Espiritista de Um-banda do Brasil. A casa pertencia aos familiares do fundador da religião de matriz afro-brasileira e a sua venda é recente, estima a liderança religiosa, pois só agora a notícia da provável demolição veio a público. Segundo Pedro Miranda, a comunidade umbandista foi ―pega de surpresa‖ quando soube da venda do imóvel. A demolição está prevista para esta semana, mas ainda não está definida a data. Mas as lideranças umbandistas já se articu-laram numa reunião marcada para esta quinta-feira (dia 06/10/11) em frente à casa em Neves para liderar um movimento de proteção e preservação ao berço da umbanda. ―Naquela casa, em 15 de novembro de 1908, um jovem de 17 anos cha-mado Zélio de Moraes teve uma manifestação espiritual que lhe teria revelado o início de um movimento espiritualista chamado umbanda. Ali nasceu a primeira tenda Nossa Senhora da Piedade. A casa era de propriedade da família do Zélio, mas parte dos descendentes não seguiu a linha da umbanda e resolveu vender o imóvel‖, conta Miranda.

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A liderança ainda desconhece quem foi o comprador do terreno e disse ser um comerciante de origem portuguesa. ―O que se pretende é a preservação histórica desse patrimônio espiritual e também do imóvel onde esse fenômeno ocorreu. Ali nasceu a tenda de umbanda sob a orientação de Caboclo das Sete Encruzilhadas‖, explicou. A União Espiritista de Umbanda do Brasil já enviou, nesta segunda-feira (03/10/11), ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) um pedido de tombamento da casa e também está em contato com a prefeitura de São Gonçalo em busca de apoio para impedir que ocorra a demolição. Para ganhar tempo, as lideranças religiosas estudam ainda entrar com uma ação na Justiça para pedir a suspensão das obras no terreno até que o tomba-mento seja avaliado pelo Iphan. ―Mas primeiro queremos ter uma conversa direta com o proprietário‖, diz Miranda.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/10/04/umbandistas-pedem-tombamento-de-imovel-para-barrar-demolicao-de-berco-da-religiao-no-rio.jhtm

―Casa onde nasceu a umbanda, em São Gonçalo, começa a ser demolida‖

A história do surgimento da umbanda, que começou a ser escrita numa ca-sa centenária na Rua Floriano Peixoto, em Neves, São Gonçalo, está reduzida a escombros. O antigo terreiro de Zélio de Moraes, que abrigou as primeiras ses-sões da única manifestação religiosa 100% brasileira, em 1908, começou a ser destruído nesta segunda-feira. O berço da religião poderia ter sido salvo por um decreto da prefeita Aparecida Panisset — que é evangélica. Mas a prefeitura dei-xou que o imóvel fosse degradado pelo tempo, vendido e, finalmente, posto a-baixo. A fachada e a parte lateral do imóvel já foram derrubadas. A casa deve ser totalmente demolida até sexta-feira, segundo o mestre de obras Gilson Derbui, de 54 anos. Ele coordena a equipe de oito trabalhadores, entre pedreiros e aju-dantes, que trabalha há quatro meses na obra. — Essa casa está em ruínas. A madeira está cheia de cupim, e poderia o-correr um desabamento a qualquer momento — afirma. O terreno, que pertencia à família do fundador da umbanda, foi vendido no fim de 2010 ao militar Wanderley da Silva, de 65 anos, que irá transformar o lo-cal numa loja de alumínio. O novo proprietário não foi encontrado.

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As paredes da sala, que já serviram de abrigo às manifestações religiosas, exibem contas de material de construção, rabiscadas a lápis pelos pedreiros que trabalham lá. Um dos quartos virou depósito, com sacos de cimento empilhados. Na área, um fogão aquece a marmita, o café e a comida para o cachorro Leão, que protege a obra nas madrugadas. Até a reportagem do último domingo do EXTRA, o berço da umbanda era um patrimônio desconhecido por moradores e pedreiros. — Fui criado aqui e nunca ouvi falar disso — garante o comerciante Antoni-o Almeida Ferreira, de 43 anos, que mora em frente ao local desde a infância. O pedreiro Edno Correia da Silva, o Neneco, de 48 anos, é umbandista. E se surpreende quando é informado que estava colocando abaixo o local onde a sua religião foi criada: — Cheguei a me arrepiar http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/casa-onde-nasceu-umbanda-em-sao

-goncalo-comeca-ser-demolida-2722887.html

Intolerância Religiosa ou Não?

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SANTO DO MÊS

Nossa Senhora de

Aparecida, A Mãe

Padroeira do

Brasil

A Falando de Axé esse mês, atra-vés da coluna Santo do Mês, homenageia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Santa Padroeira do nosso Brasil, sin-cretizada com a Orixá Oxum em alguns Templos de Umbanda, é a protetora das Crianças e também padroeira de todos os Ciganos Brasileiros.

A história de Nossa Senhora da Concei-

ção Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Con-de de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portu-gal , Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratin-guetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.

Convocado pela Câmara de Guaratin-guetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram a procura de pei-xes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.

João Alves lançou a rede nas águas e

apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes che-garam em abundância para os três humildes pescadores.

Durante 15 anos seguidos, a imagem

ficou com a família de Felipe Pedroso, que a levou para casa, onde as pessoas da vizinhan-ça se reuniam para rezar. A devoção foi cres-cendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem.

A fama dos poderes extraordinários de

Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família construiu um oratório, que logo tornou-se pequeno. Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Cape-la no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).

No ano de 1894, chegou a Aparecida

um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Se-nhora "Aparecida" das águas.

A 8 de setembro de 1904, a Imagem de

Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi co-roada, solenemente, por D. José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor.

Vinte anos depois, a 17 de dezembro de

1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Mu-nicípio. E, em 1929, nossa Senhora foi procla-mada:

SANTO DO MÊS

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RAINHA DO BRASIL E SUA PADROEIRA OFICIAL, por determinação do Papa Pio XI.

Com o passar do tempo, a devoção a

Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumen-tando cada vez mais. A primeira Basílica tor-nou-se pequena.

Era necessário a construção de outro

templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve iní-cio em 11 de Novembro de 1955 a construção de uma outra igreja, atual Basílica Nova.

Em 1980, ainda em construção, foi con-

sagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de-clarou oficialmente a Basílica de Aparecida: Santuário Nacional; "maior Santuário Mariano do mundo".

O Padre Francisco da Silveira, que es-

creveu a crônica de uma Missão realizada em Aparecida em 1748, qualificou a imagem da Virgem Aparecida como ―famosa pelos muitos milagres realizados‖. E acrescentava que nu-merosos eram os peregrinos que vinham de longas distâncias para agradecer os favores recebidos. Mencionamos aqui três grandes prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

O primeiro prodígio, sem dúvida algu-

ma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro da imagem. Não há outras referên-cias sobre o fato a não ser aquela da narrativa do achado da imagem: ―E, continuando a pes-caria, não tendo até então pego peixe algum, dali por diante foi tão abundante a pesca, que receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, os pescadores se reti-raram as suas casas, admirados com o que ocorrera.‖

Entretanto, o mais simbólico e rico de

significativo, sem dúvida, foi o milagre das ve-las pela sua íntima relação com a fé. Aconte-ceu no primitivo oratório do Itaguaçu, quando o povo se encontrava em oração diante da i-

magem. Numa noite, durante a reza do terço, as

velas apagaram-se repentinamente e sem mo-tivo, pois não ventava na ocasião. Houve es-panto entre os devotos e, quando Silvana da Rocha procurou acendê-las novamente, elas se acenderam por si, prodigiosamente.

Significativo também é o prodígio das

correntes que se soltaram das mãos de um escravo, quando este implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem muitas versões orais sobre o fato. Algumas são ricas em por-menores. O primeiro a mencioná-lo por escrito foi o Padre Claro Francisco de Vasconcelos, em 1828.

A Pesca Milagrosa

A Câmara Administrativa de Guaratin-guetá decidiu e pronto. A época não era favo-rável à pescaria, mas os pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba.

E a convocação foi lida em toda a re-

dondeza. João Alves, Domingos Garcia e Feli-pe Pedroso, moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difí-cil tarefa. Remaram a noite toda sem nada pescar.

No Porto de Itaguaçu, lançaram mais

uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas e a cabeça, onde estava? Guardou o a-chado no fundo do barco. Continuaram ten-tando achar peixes.

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De repente, na rede do mesmo pesca-dor, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves pegou o corpo do fundo do barco e a-proximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescari-a. Agora os peixes sabiam direitinho o endere-ço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade dos barcos...

O milagre das velas

Depois que chegaram da pescaria onde

encontraram a Senhora, Felipe Pedroso levou a imagem para sua casa conservando-a duran-te 5 anos.

Quando de sua mudança para o bairro

da Ponte Alta deu a imagem a seu filho Atha-násio Pedroso que morava no Porto de Itagua-çu bem perto de onde seu pai Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia haviam encon-trado a imagem.

Athanásio fez um altar de madeira e

colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Apa-recida. Aos sábados seus vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua devoção. Em cer-ta ocasião, ao rezar o terço, 2 velas se apaga-ram no altar de Nossa Senhora, o que era muito estranho, pois aquela noite estava mui-to calma e não havia motivo para o aconteci-mento.

Silvana da Rocha, que no dia acompa-

nhava o terço, quiz acender as velas, porém, as mesmas se acenderam sem que ninguém as tocasse, como um perfeito milagre. Desta data em diante a Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida deixou de pertencer à fa-mília de Felipe Pedroso para ficar pertencendo a todos nós, devotos da Santa Milagrosa.

Romeiros de Nossa Senhora Apare-

cida Dos milhões de romeiros que visitam o

Santuário Nacional de Aparecida, muitos são portadores de angústia, outros tantos, da es-perança. Esperança de cura, de emprego, de melhores dias, de paz.

Eles chegam de ônibus, de carro, de trem (em tempo passado), de moto, de bici-cleta, a cavalo e a pé. São pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são homens públicos e cidadãos comuns. Aqui estiveram o Papa, prín-cipes, princesas, presidentes, poetas, padres, bispos, prioras, patrões e empregados. Vieram os pescadores.

Muitos cumprem um ritual que começou

com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm pela primeira vez. Ficam perplexos diante do tamanho do Santuário e de sua beleza. A Ima-gem os extasia.

A fé traz o romeiro a Aparecida leva-o a

comportamentos de pincéis famosos, câmaras e versos imortais. Olhos que buscam, vascu-lham ou se fecham para ler as mensagens se-cretas que trazem na alma. Lábios que balbu-ciam ave-marias, atropeladas pela pressa das muitas intenções.

Mãos que seguram as contas do rosá-

rio, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joe-lho que se dobram e se arrastam, em atitude de total despojamento. Pés cansados pela pro-cura de suas certezas. Coração nas mãos em forma de oferenda. Na alma, profundo senso do sagrado.

O chão que pisam, a porta que trans-

põem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles significado transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora Aparecida. Alma pura, simples, do devoto que acredita, que se entrega à proteção dos céus, sem dúvidas ou restrições.

Por Pe. Antonio Queiroz dos Santos, C.Ss.R.

Fonte: http://www.santuarionacional.com

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Oração à Nossa Senhora de Aparecida, A Padroeira do Brasil -

(12 de outubro)

Ó incomparável Senhora da Conceição Aparecida. Mãe de meu Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos pecadores, Refúgio e Con-solação dos aflitos e atribulados, ó Virgem Santíssima; cheia de poder e bondade, lançai sobre nós um olhar favorável, para que

sejamos socorridos em todas as necessidades. Lembrai-vos, clementíssima Mãe Aparecida, que não se consta que de todos os que têm a vós recorrido, invocado vosso santíssimo nome e implorado vossa singular proteção, fosse por vós algum

abandonado. Animado com esta confiança a vós recorro: tomo-vos de hoje para sempre por minha mãe, minha protetora, minha consolação e gui-

a, minha esperança e minha luz na hora da morte. Assim pois, Senhora, livrai-me de tudo o que possa ofender-vos e a vosso Filho meu Redentor e Senhor Jesus Cristo. Virgem bendi-ta, preservai este vosso indigno servo, esta casa e seus habitantes, da peste, fome, guerra, raios, tempestades e outros perigos e ma-les que nos possam flagelar. Soberana Senhora, dignai-vos dirigir-nos em todos os negócios espirituais e temporais; livrai-nos da tentação do demônio, para que, trilhando o caminho da virtude,

pelos merecimentos da vossa puríssima Virgindade e do preciosís-simo Sangue de vosso Filho, vos possamos ver, amar e gozar na

eterna glória, por todos os séculos dos séculos. Amém.

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PERSONALINADES NEGRAS

Lima Barreto Afonso Henriques de Lima Barreto

era mestiço, filho de um tipógrafo e de uma professora, que morreu quando ele tinha apenas sete anos. Estudou no Co-légio Pedro 2

o e depois cursou engenha-

ria na Escola Politécnica. Ainda estu-dante, começou a publicar seus textos em pequenos jornais e revistas estudan-tis.

Com o agravamento do estado de

saúde de seu pai, que sofria de proble-mas mentais, abandonou a faculdade e passou a trabalhar na Secretaria de Guerra, ocupando um cargo burocráti-co.

Grande cronista de costumes do Rio de Janeiro, Lima Barreto pas-

sou a colaborar para diversas revistas literárias como "Careta", "Fon-Fon" e "O Malho".

Seu primeiro romance, "Recordações do Escrivão Isaías Caminha",

foi parcialmente publicado em 1907, na Revista Floreal, que ele mesmo ha-via fundado. Dois anos depois, o romance foi editado pela Livraria Clássi-ca Editora. Em 1911, Lima Barreto publicou um de seus melhores roman-ces, "Triste Fim de Policarpo Quaresma", e em 1915, a sátira política "Numa e a Ninfa".

Lima Barreto militou na imprensa, durante este período, lutando con-tra as injustiças sociais e os preconceitos de raça, de que ele próprio era vítima. Em 1914 passou dois meses internado no Hospício Nacional, para tratamento do alcoolismo. Neste mesmo ano foi aposentado do serviço público por um decreto presidencial.

Em 1919 o escritor foi internado novamente num sanatório. As expe-riências deste período foram narradas pelo próprio Lima Barreto no livro "Cemitério dos Vivos". Nesse mesmo ano publicou a sátira "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá", inspirada no Barão do Rio Branco, e ambientada no Rio de Janeiro.

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Lima Barreto candidatou-se em duas ocasiões à Academia Brasileira de Letras. Não obteve a vaga, mas chegou a receber uma menção honrosa. Em 1922 o estado de saúde de Lima Barreto deteriorou-se rapidamente, culminando com um ataque cardíaco. O escritor morreu aos 41 anos, dei-xando uma obra de dezessete volumes, entre contos, crônicas e ensaios, além de crítica literária, memórias e uma vasta correspondência. Grande parte de seus escritos foi publicada postumamente.

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Ifá Divination Poetry

Profº Dr. Wande Àbímbolá

Livro do Mês Dr. Wande Àbímbolá é Phd e ocupa

a posição de Àwíse Awo Àgbàyé of Ilé Ifè – Òsun state/Nigéria ("porta-voz e embaixador do Ifá e da cultura Yorubá no mundo"), um Olóyè Ifá de Ilé Ifè. Dr Àbímbolá é conselheiro especial do presidente da República da Nigéria sobre assuntos culturais e questões tradicionais.

Sabemos da importância de uma

orientação, para uma melhor compreensão dos poemas de Ifá. É através dos Versos que sabemos o que deve e o que não se deve ser feito e dito. Portanto, saber interpretar é fundamental. E é este o objetivo de Wande Àbímbolá neste livro: ensinar a interpretar os versos de Ifá.

Boa Leitura. Wúre fún à.

Altera a Lei no 9.394, de 20

de dezembro de 1996,

modificada pela Lei . 10.639,

de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional,

para incluir no currículo

oficial da rede de ensino a

obrigatoriedade da temática

“História e Cultura Afro-

Brasileira e Indígena”.

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A Revista Falando de Axé está fazendo uma promo-ção de divulgação, faça suas divulgações na Revista, nos próximos meses: Outubro, Novembro e Dezem-bro, GRATUITAMENTE!!! É só entrar em contato conosco, mandando sua di-vulgação pelo e-mail: [email protected] Ou nos contatando pelos telefones: 41 8469-1985 (OI) – 41 9805-9770(TIM), Hérick Lechinski.

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