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PELA UNIãO A nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, eleita através de processo eleitoral inovador, inicia um novo modelo de gestão Revista de informação ANO X — Nº 77 OMNI EDITORA www.revistafale.com.br IDEIAS O QUE QUEREM OS CANDIDATOS NO 2° TURNO R$ 9,00

Revista Fale! 77

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Edição de número 77 da revista Fale!, um produto da Omni Editora.

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p e l a u n i ã oa nova diretoria da Federação das indústrias do estado do Ceará, eleita através de processo eleitoral inovador, inicia um novo modelo de gestão

Revista de informaçãoANO X — Nº 77OMNI EDITORAwww.revistafale.com.br

ideias o que querem os candidatos no 2° turno

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uma revista de informação.Política, economia e negócios com um olhar especial. Há 10 anos no ar.

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R E V I S T A D E I N F O R M A Ç Ã O

editor&PuBLisHer LuíS-SéRgIO SANTOS

editor senior ISAbELA MARTIN

editor associado Luís Carlos Martins editor de arte Jon Romano redaÇÃo Cinara Sá, Liana Costa, Carlos Mazza e Camila Torres coLaBoradores Fernando Maia, Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa

editor de arte Eduardo Vasconcelos desiGner GrÁFico assistente breno Aôr

Gerente comerciaL Dena de Marchi n e-mail: [email protected] marKetinG Mirza Xenofonte JurÍdico Mauro Sales BrasÍLia (61) 8188.8873

sÃo PauLo (11) 6497.0424

imaGem Agência brasil, AE, Reuters Financeiro Fátima Souza redaÇÃo e PuBLicidade Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 n Fones: (85) 3247.6101 n CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza,

Ceará n e-mail: [email protected] n home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Ltda. Preço da assinatura anual no brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com

desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos

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TIRAgEM DESTA EDIÇÃO: 11.000 EXEMPLARES

diretor editor LuíS-SéRgIO SANTOS

ISSN 1519-9533

arenaPolíticatalkingHeadsonlinePeriscópio

Lixo eLeitoraLUm garoto brinca em meio às propagandas eleitorais de candidatos espalhadas em frente às zonas eleitorais do Distrito Federal. A sujeira deixada pelo período eleitoral foi concentrada, principalmente, nas proximidades dos locais de votação.

“pesquisa não é urna. Ulysses GUimarães, já alertando para a falibilidade das pesquisas eleitorais que medem a intenção de voto e que, no Brasil, se reproduzem como baratas

S e Ç Õ e S10 Talking Heads12 Online13 Arena Política

14 Periscópio61 Consumo63 Persona

48Vôos da embraer Saiba como a terceira

maior fabricante de aviões se recuperou da crise financeira mundial vendendo um dos mais odiados símbolos de gastança e excesso: os jatinhos executivos. A repórter Liana Costa viu in loco os planos da Embraer para o Brasil e para o mundo

38Fiec se renovaRepresentatividade e

integração das forças são os pilares da nova gestão da FIEC, eleita neste ano em um processo eleitoral inovador para a instituição.

CAPA: eduArdO vAsCOnCelOs

fOTO

AnT

OniO

Cru

z_Ag

ênCi

A br

Asil

28 senado conciliador Sem nomes como

Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Mão Santa a nova composição do Senado Federal ganha um tom alinhado ao Executivo, como defendeu o presidente Lula mas recebe novos membros, como Aécio Neves e Itamar Franco

economia

||PausePoLÍtica

PrÊmio

Entre políticos, empresários, artistas e profissionais liberais, a revista Fale! elaborou, com a ajuda de seus leitores, a lista dos 30 cearenses mais influentes. No site, o internauta encontra a edição especial dedicada aos homenageados e acompanha a cobertura da cerimônia de entrega dos prêmios com fotos e vídeos. Toda a cobertura em vídeo da premiação está no site

navegue no site da revista Fale! e acesse reportagens, entrevistas, vídeos, blogs, edições anteriores e suas versões digitais. todo conteúdo é livre e na íntegra

O site reserva um espaço para a rede social, onde cada tweet novo é exposto. As atualizações estão na página principal. Siga a revista em www.twitter.com/revistafale

os 30 Cearenses Mais influentes

VÍdeo

a corrida eleitoralO candidato tucano à Presidência da República, José Serra, esteve em Fortaleza em maio. Na visita, Serra participou de uma palestra, que contou com a presença do senador Tasso Jereissati, e concedeu entrevista coletiva à imprensa local. Fale! acompanhou e registrou a vinda do presidenciável ao estado. Confira os vídeos no site.

tWitter

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Além de se informar, que tal ouvir uma boa música? A Fale! Fm oferece músicas dos anos 80 ao Jazz, incluindo clássicos e novidades do cenário musical. O internauta pode conferir a programação em www.revistafale.com.br/falefm

FaLe! Fm

o melhor dos anos 80 e jazz

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ediÇÕes anteriores

Conteúdo livre

||Pau

se

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uma revista com a cara de Brasília.

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B BSe d i t o r a

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fOTO WilsOn diAs_Abr

na política, não há espaço para mágoas.

ciro Gomes, deputado federal (PSB), ao ser questionado sobre a crítica de seu ex-padrinho político Tasso Jereissati. O parlamentar lamentou a derrota de Tasso e afirmou que foi “uma perda política muito grave”

fOTO AnTOniO Cruz_Abr

Vou me dedicar aos meus netos.

tasso jereissati, senador (PSDB), derrotado ao tentar a reeleição

as pessoas mudam com o tempo. o poder é encantador. ele não é, nem de longe, aquele jovem idealista de 25 anos atrás.

idem, sobre o deputado federal Ciro Gomes (PSB), de quem foi aliado por mais de 20 anos e rompeu as relações políticas nestas eleições

a não eleição do senador Tasso [Jereissati] e do senador arthur Virgilio também sinaliza algo. as pessoas não querem mais saber da velha política.

marina silva, candidata do PV e terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, sobre a também derrota dos senadores tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgilio (AM)

||Pau

se

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talkingHeads

S e Ç ã o

pior do que ser jornalista parcial (todos somos) é ser passional ou, pior que isso, irracional e irascivel.

cláUdio Barros, jornalista, pelo endereço twitter/cbthe

não sinto saudade dos tucanos no poder. Sinto falta de um país com oposição para nos defender.

carmen PomPeU, jornalista, pelo endereço twitter/carmenpompeu

o Serra disse que é ambientalista desde criancinha. Quando tinha 5 anos, plantou feijão no algodão.

GaBriel ramalho, publicitário, pelo endereço twitter/gabsramalho

acho natural ganhar parabéns hoje pelo Dia do professor. os jogadores me chamam assim e as mulheres também.

renato Gaúcho, técnico do Grêmio, pelo endereço twitter/renato_gaucho

Dilma Rousseff é a candidata para os pobres, a classe trabalhista e a juventude. eu tenho esperança de que a juventude do Brasil a apóie.

tom morello, guitarrista do Rage Against the Machine, pelo endereço twitter/tmorello

“Serra é mais preparado do que a Dilma.”ciro Gomes, deputado federal (PSB), em entrevista a um programa da RedeTV, em abril passado. O parlamentar é agora um dos novos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República

“O PMDB é um ajuntamento de assaltantes. Eu acho que o Michel Temer hoje é o chefe dessa turma.”

idem

i R o n i a ?

eu tenho currículo em matéria ambiental muito bom. De maneira que a proximidade com o pV nesse aspecto é absolutamente natural.

josé serra, candidato do PSDB à Presidência, visando o apoio do Partido Verde no 2º turno das eleições. Apesar de não garantir mudanças em sua plataforma política para incluir as propostas do partido, o tucano declarou ser um “ambientalista convicto”

Quarenta e sete pontos percentuais. Faltam apenas três. portanto, seria muita incompetência da nossa parte.

josé Pimentel, senador (PT) eleito pelo Ceará, sobre os números do desempenho de Dilma no primeiro turno, descartando uma derrota petista no segundo turno.

eu não quero ser o candidato da prefeita. eu não quero ser o candidato da prefeitura. Quero ser o candidato dos vereadores.

salmito Filho, presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, dispensando o possível apoio da prefeita Luizianne Lins na tentativa de reeleição para o biênio 2011-2012.

“Se quiserem, podem continuar ganhando de mim desse jeito.”

hUGo chávez, presidente da Venezuela, ironizando o discurso de vitória dos partidos de oposição nas eleições parlamentares realizadas no mês passado. A oposição comemorava ter tirado do governo chavista a maioria de dois terços na Assembleia Nacional que permitia aprovar a maior parte das mudanças no país

ela [Marina] é uma extraordinária companheira. ela sabe do carinho que tenho por ela. Temos 30 anos de convivência. ela saiu do governo porque ela quis. na época, compreendi.

Presidente lUla, elogiando Marina Silva (PV), que recebeu 20% dos votos, o que provocou o segundo turno. O presidente admitiu a possibilidade da ex-companheira de partido manter-se neutra na segunda fase da disputa.

fOTO AgênCiA brAsil

||Pause

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Gaga e BieberOs fenômenos pops Lady Gaga

e Justin Bieber estão prestes a alcançar um número bem atraente para incrementar seus currículos arstísticos. Segundo David Birch, diretor de comunicações da TubeMogul, eles devem ultrapassar 1 bilhão de acessos no YouTube ainda neste ano. Gaga, se continuar no atual ritmo, deverá ser a primeira a alcançar o feito, por volta do dia 20 de outubro. Já o cantor adolescente deverá alcançá-la em novembro.

As projeções são feitas a partir de dados que apontam Bieber como sendo o mais acessado do mundo: entre 1° de julho e 28 de setembro, ele teve a média de 3,98 milhões de acessos diários, contra 2,04 milhões de Lady Gaga.

Mp3 ReTRÔ. Tecnologia moderna com design retro. Assim é o MP3 Walkman, player com formato de fita cassete e equipado com cartão de memória Sd, clipe para cinto e botões falsos de stop, pause, forward e rewind. ele custa 45 euros no site Urban Outfitters. Os saudosistas vão gostar.

nova conjuntura midiáticaO futuro dos jornais impressos nunca foi tão

discutido. Com o surgimento de novas mídias — mais adequadas às necessidades da nova geração —, talvez seja difícil fazê-los sobreviver. Os esperançosos sempre se remetem à época em que o rádio resistiu à chegada da televisão e continua forte até hoje. É aquela velha história de que “uma tecnologia não substitui a outra”.

Em contraponto a esse otimismo está o analista de negócios e escritor Ross Dawson, afirmando em seu blog que, sim, os jornais impressos podem perder a força e se tornarem irrelevantes. Essa “previsão” já seria para a próxima década e foi bem defendida no blog do analista com base em argumentos coerentes. Ele cita, por exemplo, que as pessoas consumirão notícias em dispositivos móveis, e o iPad será considerado o precussor.

Além disso, os leitores de notícias digitais custarão menos de 10 dólares e, em 2020 deverão ser distribuídos e cada vez mais sofisticados, dobráveis, roláveis e totalmente interativos. Ele acredita que,

portátil sustentávelA Nokia está desenvolvendo

um aparelho celular que é capaz de recarregar sua bateria com o calor do bolso. É ainda um conceito, mas a ideia poderia facilitar a vida de muita gente, pois manteria o celular carregado ao longo do dia. Além de dar uma ajudinha para o meio ambiente, pois evitaria o gasto de energia com o carregador.

.br em altaO número de sites que surgem

todos os dias é assustador: somente no segundo trimestre desse ano, o número de domínios na Internet cresceu cerca de 12,3 milhões em todo o mundo, uma expansão de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. e o Brasil ocupa uma posição de destaque nesse cenário. de acordo com o estudo publicado pela VeriSign, o número de domínios “.br” subiu 5% no último ano. O Brasil foi o sétimo país que mais registrou novos sites entre abril e junho passados. A Alemanha ficou em primeiro, seguida pelo Reino Unido e China.

O QUE É NOVO

apesar da mídia aumentar suas receitas, elas serão mal distribuídas e as empresas da mídia precisarão inovar e se reinventar para se encaixar nesse novo contexto/cenário.

Entre outros argumentos, ele embasa sua opinião, mas é mais otimista quanto ao futuro dos jornalistas ao afirmar que os profissionais competentes não perderão seus empregos e com boa reputação, ele deverá atrair mais credibilidade para o meio. Lembre-se que são apenas tendências e previsões, nada confirmado. Assim, só o tempo pode dizer se são verdades ou não. n

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online

O PV decidiu, em plenária, ficar neutro no segundo turno das eleições. Havia cerca de 120 votantes na reunião e apenas

quatro levantaram a mão pela defesa de definir qual dos dois candidatos apoiariam no segundo turno. “Estamos definidos nestas eleições como indepen-dentes”, disse o presidente do partido, José Luiz de França Penna.

A senadora Marina Silva, candidata do PV à Presidência no primeiro turno, leu uma carta endereçada aos candida-tos Dilma Rousseff e José Serra, em que se declara neutra quanto aos rumos da campanha. Ela, no entanto, evitou ma-nifestar sua opinião sobre o apoio para o segundo turno.

Marina reclamou do embate que vem se travando entre o PSDB e o PT na reta final de campanha e lamentou que os dois partidos que “nasceram inovadores, hoje se mostram conservadores”. Para ela, o segundo turno seria um pragmatismo sem limites.

A senadora disse ainda que já convi-veu com os dois candidatos e que são pes-soas dignas. Com Dilma, Marina relem-brou que teve cinco anos de convivência, quando ambas eram ministras do gover-no Lula, e disse que a convivência foi boa

apesar das divergências. Já com Serra, ela relembrou ocasiões em que convergiram na opinião sobre determinados projetos quando ele também era senador.

Marina admitiu que dos cerca de 20 milhões de votos que teve no primeiro turno, havia uma parte considerável de votos de evangélicos e alfinetou o teor religioso que a campanha do segundo turno recebeu. “Professei minha fé sem fazer dela uma arma eleitoral”. Agora, a candidata do PV disse que o partido quer ser um “veículo mediador de propostas” e que vai cobrar de quem for eleito a execu-ção das promessas de campanha.

Antes da votação, Alfredo Sirkis, vice-presidente do PV, enumerou várias propostas do partido sobre temas como educação, segurança pública, seguridade social e meio ambiente. Essas propostas foram apresentadas às candidaturas de Dilma e Serra anteriormente e os dois candidatos se posicionaram sobre cada uma dessas questões. Segundo Marina, o PT acolheu a maior parte das propostas.

O PV continua cobrando os demais partidos programaticamente, posicio-nando-se sempre sobre as propostas. “A agenda de um partido como o nosso não se prende à eleição”, disse o presidente do partido José Luiz de França Penna. n

Verdes se dividem no segundo turnoJustiÇa caraO Ceará é o estado que tem

o custo mais alto para o acesso à Justiça em causas que não ultrapassam o valor de R$ 2 mil, as mais comuns entre as pessoas de menor renda. Segundo levantamento inédito feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Judiciário do estado cobra cerca de R$ 600 em taxas para julgar essas causas. O valor difere das demais unidades da Federação: em 63% dos estados, o valor de custas cobrado não ultrapassa os R$ 200.

O segundo colocado é Mato Grosso, cujo valor é de R$ 400, seguido pela Bahia, em que a cobrança está na faixa dos R$ 300.

As menores taxas para essas causas de pequeno valor são cobradas em Rondônia, Santa Catarina e no Distrito Federal, nesta ordem, com valores que não ultrapassam os R$ 50.

dÍVida PúBLicaAs privatizações feitas desde

o início da década de 1990 sob o pretexto de fornecer dinheiro para o Estado e equilibrar as contas públicas reduziram o endividamento do governo, mas em condições insuficientes para pagar os juros da dívida pública. Segundo dados do Relatório de Política Fiscal, divulgado mensalmente pelo Banco Central, o governo gastou cerca de 20 vezes mais com os juros nos últimos 19 anos do que economizou com a venda de empresas ao setor privado.

De acordo com os dados mais recentes, o setor público pagou, de janeiro de 1991 a agosto deste ano, R$ 1,810 trilhão em juros da dívida pública. Em contrapartida, os ajustes de privatização somavam R$ 75,476 bilhões em agosto, 4,1% dos gastos com os juros em quase 20 anos.

Na opinião do economista João Paulo dos reis Velloso, ex-ministro do Planejamento por dez anos (1969-1979), o próximo presidente deve retomar urgentemente a agenda de reformas, em especial a reforma política. “Para poder ter taxas de crescimento maior temos que aproveitar oportunidades, para aproveitar oportunidades nós temos que fazer as reformas necessárias.”

Reis Velloso foi ministro na época da ditadura militar (1964-1985), durante os governos dos generais Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, e estava no poder durante o “milagre brasileiro” e as crises do petróleo em 1973

e em 1979. Daquele tempo, o economista faz uma auto-crítica: “nos anos 1970, o nosso concorrente era a Coreia do Sul. A Coreia hoje está quilômetros a nossa frente porque fez reformas que nós não fizemos, porque tomou decisões e fez opções que nós não fizemos”.

Atualmente Reis Velloso, com 79 anos, participa do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão” ligado à Presidência da República e coordena na Fundação Getulio Vargas, o prestigiado Fórum Nacional, que reúne os principais economistas do país e do exterior e costuma ser aberto pelo presidente da República.

Futuro presidente deve se preocupar com a reforma política

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arenaPolítica

ainda VaLeGenecias Noronha, ex-prefeito de

Parambú — conhece ou já ouviu falar? — coisinha de nada no Sertão dos Inhamuns, foi eleito com 176 mil votos deputado fe-deral. Ninguém acreditava na sua eleição, mas foi o terceiro mais votado da nossa representação com a moral de ficha limpa. Isso vale, sim. Ainda vale muito.

LÍder roberto cláudio, guardem bem

esse nome, será o futuro líder do governo na Assembléia Legislativa, se quiser. Se depender dele disputará a presidência da Mesa Diretora com poucas chances de ven-cer. Quer mesmo é a primeira secretaria.

no PÁreoNo páreo com RC para a primeira se-

cretaria estão os deputados Sérgio Aguiar, uma legenda de tradição na política estadual, e Patrícia Saboya, que dispen-sa comentários. Já foi tudo no Ceará: vereadora, deputada estadual e senadora da República, um currículo de fazer inveja. Mas prefeita que gostaria de ser foi 4 vezes candidata derrotada. Apesar de ser subproduto do ex-marido, trata-se de uma pessoa de muito valor que não evoluiu por aceitar a condição de dependente.

mais VotosWelington Landin está com a maioria

dos votos para presidir a Assembléia Le-gislativa. E ainda tem o compromisso pes-soal do vicegovernador Domingos Filho, a quem caberá a condução do processo, segundo asseguram fontes palacianas.

QueM SeRá QueM aManhã

QUEM SERÁ QUEM NO PRóXIMO CONSULADO PRESIDEN-cial? Não será difícil responder a pergunta levando-se em conta o histórico de acontecimentos dos dois candidatos que chegaram ao segundo turno. Uma vitória de dilma deixará em situação privilegiada a “famiglia” Ferreira

Gomes, muito mais o governador do que o primogênito. Por mais incrível que possa parecer, “the broders” conseguiram a extra-ordinária façanha de liderar a campanha no Ceará passando por cima do PT. Cid fez barba cabelo e bigode. Elegeu-se no primeiro turno e fez os dois senadores, derrubando Tasso para satisfazer pedido do presidente. Ciro foi nomeado coordenador geral do NE, suplantando o lugar de consolo dado a Luizianne, - coordenadora de Fortaleza (?), e também o banco da cozinha onde ficou José Guimarães, o mais votado federal do PT no ultimo pleito, maior cacique do partido entre nós, único que tem acento na “Taba” consensual de Lula.

O Ciro teve leve recuperação ao entregar os pontos, mas levou azar com a extraordinária votação do presidente do PSB e go-vernador Eduardo Campos, de Pernambuco. O homem exagerou com 80% dos votos do seu estado. Coisa nunca vista. Isso signi-fica que ele será o primeiro a ser consultado pelo Planalto, e que qualquer analise do nome de Ciro passará pelas mãos do Dudu do seu Miguel, como ele era chamado pelos amigos de Miguel Arra-es, quando menino. Mas o Ceará parece propenso a aplicar a lei da compensação no segundo turno votando em Serra e pedindo a Deus que ele vença para não deixar o domínio absoluto da política estadual nas mãos de uma família mandando aqui e em Brasília.

O governador fermentou o bolo e sua turma tem crescido bastante. Segurou Eunicio (PMDB), matou Lucio Alcântara (PR) e Tasso Jereissati (PSDB), constituindo-se, por ultimo, uma ameaça ao próprio PT. Sabedoria demais vira bicho e come o dono. Não dá encosto a ninguém. Mas se Serra vencer a eleição a coisa será diferente. Vão subir os que estavam na bacia das almas imploran-do perdão pelas besteiras que fizeram no passado. Tasso, Lucio e Roberto Pessoa assumem a liderança das ações político-adminis-trativas do governo federal para o Ceará, fechando o poder dos “broders” aos limites territoriais do Ceará.

Quer dizer: a coisa vai ficar dividida. O BNB, não será mais do Guimarães, o DNOCS não será mais do RGN e o Denit poderá con-tinuar com o Dr. Lucio e Roberto Pessoa, que terão direito também a nomear diretores do Banco do Nordeste. Com José Serra, dois outros políticos concorrem em faixa própria e são considerados fortes vetores de influencia: o deputado Rai-mundo Gomes de Matos, cuja força se nivela a de Tasso pela forte amizade entre ele e Serra, — vem de muito antes de candidaturas,— e Ale-xandre Pereira, sim, ele mesmo, o “boulan-ger” que foi candidato ao senado pelo PR, circunstante sempre próximo de notáveis e poderosos que pode ter encontrado a sua sorte desta vez. n

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PeriscópioFernAnDo mAiA

Periscópio FernAnDo mAiA

mania de GrandezaDeusinho Filho, vereador

presidente da União dos Vereadores do Ceará (UVC), amargou fragorosa derrota na sua postulação de deputado estadual. Com a sua mania de grandeza, — come panelada e arrota lagosta — faz oposição inconseqüente ao Dr. Washington, e sempre dizia que seria o próximo prefeito de Caucaia. Está as moscas, a beira de um abismo, sem amigos e cercado de credores.

mostraA 12a. edição da Mostra SESC

Cariri de Cultura acontece de 12 a 17 de novembro no Cariri e de 19 a 21 do mesmo mês em Fortaleza, reunindo grupos culturais que representam a memória cultural das regiões. Seis países e doze estados farão parte do contexto abrangente do evento, que teve no presidente Luis Gastão, o principal incentivador.

meLHor esquecerDe experiente raposa da

Câmara Municipal de Fortaleza. Se a prefeita Luizianne insistir com Acrisio Sena para a presidência da Casa, vai apanhar de lavagem. Será um desastre total. Se apoiar outro nome, também perderá feio. Se ela quiser um bom conselho, é melhor esquecer ranços e apoiar Salmito Filho.

surPresaEleição traz sempre alguma

surpresa, e desagradável às vezes. A derrota de Tasso foi uma delas. A outra, também de enormes prejuízos para o nosso estado, foi a derrota nas urnas do empresário Mário Feitosa. Não só pelo castigo de não ter a sua capacidade no Congresso a nosso favor, mas pelo seu substituto, o indefectível deputado Manuel Salviano, de Juazeiro, nulidade absoluta que ocupa mandatos políticos sem nada construir a favor do estado.

o DeMoliDoR Varrição geral na política de Caucaia. O prefeito Washington Góes venceu as eleições derrotando todos os seus adversários. Acabou com o domínio político do deputado José Gerardo Arruda que vinha administrando um feudo iniciado em l950 pelo seu sogro, tenente Edson da Mota Correia. Não ficou nem a semente da família Arruda. Inês, ex-prefeita e esposa de Zegerardo, perdeu pra deputada estadual, e o seu filho, José Gerardo não se elegeu deputado federal para ocupar em Brasília, o lugar do pai.

serra e a ‘tHe economist’ Para a vetusta revista britânica The Economist, o Brasil se

beneficiaria de mudança no governo após oito anos de governo do PT. Sob um título que pode ser traduzido como “Segundo round, novos pensamentos?”, o texto diz que José Serra (PSDB) “seria um presidente melhor” que Dilma Rousseff (PT). Segundo a revista, Serra “tem sorte de ter tido uma segunda chance, pois sua campa-nha fora azarada” e deve o adiamento da decisão à votação de Ma-rina Silva (PV) e à influência de líderes religiosos. Afirmando que o Brasil agora “tem escolha” e que Serra “é mais persuasivo.” O texto diz que Serra, apesar de defeitos como querer gerenciar “tudo”, se-ria “mais rápido em cortar gastos públicos e eliminar déficit fiscal”, e em “mobilizar capital privado para infraestrutura”.

Enquanto Dilma “não é Lula, não tem suas habilidades po-líticas e pragmatismo”, Serra, apesar de ter sido “um oponente pobre”, foi um “ministro, prefeito e governador eficiente”.

Todo mundo quer que a economia americana se recupere, porém não adianta ficar jogando dólar de helicóptero.

GUido manteGa, ministro da Fazenda

enquanto o mundo não exercer restrição à emissão de moedas de reserva como o dólar -- e isso não é fácil -, a ocorrência de outra crise é inevitável.

Xia Bin, assessor do banco central da China

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O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 15www.revistafale.com.br

o futuro é verde?O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasí lia, afirma que o Partido Verde, a partir do desempenho eleitoral de Marina Silva, se consolida a longo prazo como alternativa de poder Por Marcos Chagas

Política

o PARTIDO VERDE SE CONSOLIDA, A LONGO PRAzO, COMO alternativa de poder no Brasil. Esta é a tese de David Fleis-cher, cientista político e professor da Universidade de Brasí-lia (UnB), que tem como base a análise de dados estatísticos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a tendência do crescimento partidário ao longo do período de redemocra-tização do Brasil. Mas Fleischer pondera que, para isso se

efetivar, o Partido Verde deve adotar posturas semelhantes às adotadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) a partir da década de 1980.

Uma delas, lembra Fleischer, é os verdes adotarem a estratégia de crescer “com as próprias pernas”, evitando alianças que possam com-prometer essa trajetória. “Isso terá que ser feito mesmo que traga ônus, como o assumido pelo PT, em 1989, de não referendar a Constituição Cidadã.”

A candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva obteve 19,33% dos votos na eleição de 3 de outubro e foi a candidata mais votada no Dis-trito Federal e a segunda mais vota-da em cinco estados.

David Fleischer entende que Marina levantou nesta campanha a bandeira de um novo modelo de desenvolvimento social atrelado à preservação do meio ambiente. Analisando o cenário das pesquisas de intenção de votos aos candidatos presidenciais, o cientista político destacou que os cerca de 10% das

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intenções de votos à candidata ori-ginam-se da elite mais esclarecida do país – que já teria entendido o discurso da candidata. A arrancada de Marina ocorreu nos últimos 15 dias de campanha.

“Um dia essas bandeiras chega-rão à base da pirâmide do eleitora-do brasileiros, mas isso demanda tempo e paciência”, disse Fleischer. Para ele, o processo de crescimento do PV pode ocorrer em uma veloci-dade mais acelerada que a do Parti-do dos Trabalhadores uma vez que os potenciais doadores fazem parte de uma elite, na sua avaliação, mais esclarecida sobre a necessidade de buscar o crescimento econômico e social em conformidade com a pre-servação do meio ambiente.

Outro fator que ajuda o PV nes-te processo seria os verdes já terem consolidado uma liderança para o público, no caso Marina, como foi Lula para o PT. Se quiser ser uma alternativa viável de poder, o parti-do tem o desafio, agora, de encon-trar um líder voltado para dentro que seja capaz de construir um pro-grama claro e capaz de controlar eventuais facções que porventura venham a existir.

João Paulo Peixoto, cientista po-lítico e também professor da Uni-versidade de Brasília, avalia que os processos históricos de criação e crescimento do PT e, agora, do PV são antagônicos, uma vez que o Par-tido dos Trabalhadores teve como base para seu crescimento os movi-mentos sindicais e sociais. Por isso, ele não acredita que a médio prazo os verdes tenham a capacidade de chegar à Presidência da Republica.

“Não existe similaridade entre o PT e o PV como alternativa de po-der”, diz Peixoto. Ele acentua que a campanha de Marina Silva foi fun-damental para consolidar o proces-so de crescimento do PV a partir de agora. Isso fará com que o partido ganhe densidade e peso para cons-truir alianças políticas que sejam capazes de chegar ao Poder.

João Paulo Peixoto afirmou ain-da que os verdes se consolidam como uma “nova força” que tem de ser considerada no processo políti-co a partir destas eleições. “Eu diria até que esse crescimento dos verdes não se dá apenas no Brasil, mas em todo o mundo.” n

Terceira mais votada, com 19,33% dos votos válidos na corrida presidencial, marina Silva entende que sua candidatura foi a primeira colocada da “nova po-lítica brasileira”. “estamos felizes e vitoriosos, porque, ainda que não tenhamos ido para o segun-do turno, o Brasil tem o segundo turno para pensar duas vezes”, celebra marina. “Quem sair deste processo sairá mais fortalecido, sairá mais legitimado.”

“os brasileiros, mesmo reconhecendo que estão vivendo melhor, deram uma clara sinali-zação de que nem só de pão vive o homem”, argumenta. “A gente vive também de verbo. A gente também vive da política.”

Sobre um eventual apoio aos que disputam o segundo turno: “Vamos ter que estabelecer um processo de discussão nas instân-cias do partido e buscar estimular

um especie de plenária com os núcleos vivos que colaboraram”, disse marina. “A nossa decisão será uma decisão que, no meu entendimento, não tem nada a ver com a velha politica, que se apressa em manifestar uma po-sição só para vislumbrar pontos lá na frente.”

marina revelou-se satisfeita por ter conseguido comprovar que o melhor caminho para sua candidatura foi o de não ter ido para o vale-tudo eleitoral, com o uso de denúncias para tentar tirar votos dos adversários. “Foi acertado não termos ido para o vale-tudo eleitoral. Só nos dispomos a ganhar ganhando, e de perder ganhando. Aliás, não tem perda, só tem ganho. Se não fomos para segundo turno, estamos em primeiro lugar de uma nova política que se inau-gura no Brasil.”

m a r i n a s i L V a“estamos em primeiro lugar de uma nova política que se inaugura no Brasil”

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iDeiaS De DilMa18 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

PoLÍtica

iDeiaS De DilMa

a ex-ministra da Casa Civil do Governo lula disputa o segundo turno estimulada pelo seu principal cabo eleitoral, o presidente da República, numa campanha que tem como grande desafio fortalecer o discurso de continuidade e ampliar o número de eleitores

C OM 46,91% DOS VOTOS VÁLIDOS na eleição presidencial do dia 3 de outubro de 2010, a mineira Dilma Rousseff, candidata do PT à pre-sidência da República, disputa o segundo turno com o tucano José Serra. Dilma tem uma trajetória política marcada pela militância contra o regime autoritário e por sua atuação no serviço público. Na juventude, foi presa e tortu-rada por fazer oposição à ditadu-ra militar. Depois de passar três anos na prisão, mudou-se para o Rio Grande do Sul. Lá, chegou ao

primeiro escalão da administração estadual, coman-dando a Secretaria de Minas e Energia nos governos de Alceu Collares (PDT) e de Olívio Dutra (PT). Devido ao seu conhecimento na área, foi convidada pelo presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Minis-tério de Minas e Energia, em 2003. Dois anos depois, passou a comandar a Casa Civil, tornando-se uma das principais executivas da gestão Lula. Seu desempenho levou Lula e o PT a lançá-la para presidente. Essa é a primeira vez que Dilma disputa uma eleição.

Filha de um empresário búlgaro e uma brasileira, a uni-versitária Dilma deixou a família de classe média em Minas Gerais para ingressar na luta contra a ditadura militar, como militante do Comando de Libertação Nacional (Colina) e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palma-res). Foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e torturada na cadeia.

Na década de 70, depois de quase três anos presa, passou a viver no Rio Grande do Sul, onde engajou-se na campanha

S u C e S S ã o p R e S i D e n C i a l2 o T u R n o

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pela anistia e ajudou a fundar o PDT.Em 1986, foi nomeada secretária

da Fazenda de Porto Alegre, na admi-nistração de Alceu Collares. Depois, comandou a Secretaria Estadual de Minas e Energia. Em 2001, integrou o grupo que saiu do PDT para se filiar ao PT, partido pelo qual disputará, em outubro, a Presidência da República.

Dilma ingressou no governo Lula no primeiro mandato, quando assu-miu o Ministério de Minas e Energia. Dois anos depois, passou a chefiar a Casa Civil. No comando da pasta, ge-renciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - o que lhe rendeu o título de “mãe do PAC” - e se tornou uma das ministras mais importantes do governo Lula.

Em abril deste ano, saiu da Casa Civil para tentar ser a sucessora de Lula no Palácio do Planalto. Antes disso, em 2009, passou por um tra-tamento para câncer no sistema lin-fático. Dilma é economista e tem uma filha e um neto.

Educação é a prioridade das prioridades

A educação é a prioridade das

prioridades no eventual governo da candidata do PT à Presidência da república, Dilma rousseff. em entrevista à repórter Luciana Lima, da Agência Brasil, Dilma afirma que “nem agora, e nem no futuro, é possível imaginar um Brasil real-mente desenvolvido se a prioridade das prioridades não for a educação”. Dilma também falou sobre saúde, destacando que a principal tare-fa será a de construir a estrutura definitiva do Sistema Único de Saúde (SUS), observando os princípios de “universalização, equidade e melho-ria na qualidade”. A candidata res-saltou ainda suas propostas para as áreas de segurança, meio ambiente e transportes.

Por que a senhora quer ser presi-dente da República?Dilma Rousseff. Para o Brasil seguir mudando. meu sonho de Brasil é o mesmo sonho que embalou o atual governo: um país para 190 milhões

de brasileiros, e não para poucos. Tiramos 24 milhões de brasileiros da miséria e elevamos 31 milhões de pessoas para a classe média. Que-remos um país de classe média, com a pobreza erradicada, crescimento elevado e oportunidades para todos. Um país que ingresse em definitivo no clube das nações desenvolvidas.

Quais as demandas da sociedade a que a senhora dará tratamento prioritário em seu governo?Dilma Rousseff. A educação, a saúde e a segurança pública serão prioridades. mas nem agora, nem no futuro, é possível imaginar um Brasil realmente desenvolvido se a prioridade das prioridades não for a educação. Vamos começar com a atenção à criação e aos investimen-tos em creches. Vamos chegar em 2014 com as crianças atendidas por creches de qualidade. Vamos expan-dir o ProUni e valorizar os professo-res. Vamos criar escolas técnicas e torná-las cada vez mais modernas e eficientes. Além da educação de qualidade, nos próximos dez anos o Brasil precisa universalizar serviços básicos, como o saneamento, redu-zir ainda mais o déficit habitacional e eliminar a pobreza extrema.

O que a senhora pensa em fazer para reduzir a tributação sobre quem ganha menos?Dilma Rousseff. Vejo com atenção especial a necessidade de uma reforma tributária capaz de fazer o Brasil prosseguir nesse caminho do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, num cenário de maior sustentabilidade e compe-titividade. nas mudanças, considero fundamentais a desoneração dos in-vestimentos, a devolução automática dos créditos aos quais as empresas têm direito, a desoneração da folha e dos preços dos remédios.

Qual o tratamento dado em seu plano de concessão de subsídios tributários e de estímulo a determi-nados segmentos da economia?Dilma Rousseff. Além do estímulo ao crédito, olhamos para aqueles segmentos capazes de permitir ao Brasil uma robustez em seu merca-do interno, maior geração de empre-gos, expansão da renda e do con-sumo. nosso plano para o próximo governo é trabalhar para a desone-ração total dos investimentos.

Que medidas a senhora pretende

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adotar para erradicar o analfabe-tismo e melhorar a qualidade do ensino médio e universitário?Dilma Rousseff. Vamos dar atenção a uma visão integrada da educação – da creche à pós-graduação. não imagino que seja possível educação de qualidade sem professor bem pago e com uma formação continua-da garantida. Vamos construir esco-las técnicas federais em municípios com mais de 50 mil habitantes e em cidades polos. Faremos ainda uma ampla estrutura de banda larga de fácil acesso e baixo custo. Também vamos investir na qualificação do ensino universitário, com ênfase na pós-graduação para formar pesqui-sadores e tornar muitas de nossas universidades, centros de excelên-cia. implantarei o Promédio, para ampliar a oferta de ensino médio integrado ao profissionalizante, essencial para que nossos jovens obtenham, ao final do ensino médio, emprego de qualidade. Vou manter o enem e ampliar o ProUni.

O que o seu governo poderá fazer para que o pagamento do piso se torne uma realidade no Brasil?Dilma Rousseff. nossa meta é ga-rantir remuneração digna, progres-são salarial, melhores condições de trabalho dos educadores e formação dos profissionais da educação. Uma vez definido o piso nacional para o magistério, a lei tem de ser cumpri-da. Contamos com a Justiça e com o diálogo com governadores e prefei-tos. É fundamental uma redefinição das prioridades do gasto público de cada estado e cada município para que isso se torne realidade.

O que a senhora pretende fazer para preservar os recursos natu-rais e reduzir o desmatamento?Dilma Rousseff. É preciso recusar qualquer conivência com desma-tamento e qualquer leniência e flexibilidade com desmatadores. A vinculação da questão ambiental com a questão social, que foi um grande avanço no governo Lula, continuará sendo marca das políticas nesta área. neste sentido, permanecerão ações voltadas para os milhões de brasilei-ros que vivem na Amazônia, na Caa-tinga, no Pantanal. Todos os nossos esforços se darão em busca de uma

economia de baixo carbono, planejan-do a predominância da energia reno-vável em nossa matriz, incentivando projetos de reflorestamento em áreas degradadas, cumprindo as metas de redução de desmatamento e de modernização dos processos produti-vos na agricultura que levamos a CoP 15 [15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima, em Copenha-gue, na Dinamarca, em dezembro de 2009] e incentivando a pesquisa e inovação de materiais e produtos modernos de baixo carbono e de baixo consumo de energia.

Como colocar em prática a Política Nacional de Resíduos Sólidos?Dilma Rousseff. Será apoiada e estimulada a formação de consór-cios municipais para modelos mais eficientes de destinação de resíduos sólidos, avançando na construção de soluções permanentes em torno da eliminação dos “lixões”, do reapro-veitamento e da reciclagem dos resíduos sólidos, da consolidação de cooperativas de catadores e da ado-ção da responsabilidade comparti-lhada pelo ciclo de vida dos produtos. Também será estimulada a consti-tuição de cooperativas de catadores em todo o Brasil, de forma a permitir a profissionalização e o aumento de

renda. É essencial que a reciclagem seja elo estratégico da economia dos resíduos sólidos, com financiamento aos municípios que façam coleta seletiva com catadores, conforme a nova lei estabelece. A ênfase na redução, no reuso e no reaproveita-mento de resíduos sólidos estabele-ce um desafio de mudança de com-portamento da sociedade brasileira e do governo. Hoje, no Brasil, somente 12% dos resíduos sólidos urbanos e industriais são reciclados.

O que a senhora está propondo para garantir os direitos dos povos indígenas?Dilma Rousseff. o desempenho ambiental do Brasil deve muito ao Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal que, entre outras coisas, tem titula-do terras indígenas. no fim do ano passado, o presidente Lula assinou vários decretos demarcando nove reservas indígenas, que somam mais de 5 milhões de hectares. A homologação transformou as áreas em posse permanente dos grupos indígenas que nelas vivem. minha proposta é dar continuidade a mes-ma preocupação que pontuou nossa ação no governo do presidente Lula.

O que a senhora pretende fazer para garantir a oferta de alimentos saudáveis à população?Dilma Rousseff. Vamos avançar para termos uma produção mais sustentável, para continuar implan-tando melhores práticas no campo, para usar a ciência e a tecnologia, para ampliar a produção. o meio rural reflete hoje uma diversidade grande e continuaremos no meu governo, se eleita, a incentivar essa diversidade. não falamos mais ape-nas em latifundiários e sem-terras. Falamos em agronegócio dinâmico, bem posicionado na produção de commodities, em uma agricultu-ra familiar moderna e produtiva, em pescadores e ribeirinhos, em extrativistas, em médios produto-res. As dificuldades de reposição de estoques mundiais, o aumento do consumo de grãos como milho, soja e trigo, e o processo de produção sustentável criam condições favorá-veis a países como o Brasil. Portan-to, daremos continuidade à política

ninguém sai, só entra. A gente não diminui. nós estamos na fase de somar. O processo hoje é de adição. Agora, a campanha conta com uma porção de lideranças que são eleitas, que antes estavam dedicadas às outras campanhas.

diLma rousseFF

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externa iniciada no governo Lula de diversificação dos destinos das exportações, com o fortalecimento das relações com países da África, Ásia e América Latina. Vamos incre-mentar as medidas de incentivo às exportações, melhorando a compe-titividade da produção brasileira.

Qual a sua estratégia de desenvol-vimento econômico para que o país possa continuar criando empregos?Dilma Rousseff. o caminho é a educação. Sublinhei essa questão da qualificação da mão de obra e das oportunidades de trabalho daí surgidas na discussão do papel da educação, e em especial na educa-ção profissionalizante. o caminho é criar mais escolas técnicas e ofere-cer mais vagas. Ao mesmo tempo, vamos apostar decididamente na formação de engenheiros, matemá-ticos e físicos, porque não há ino-vação sem eles. o ensino superior brasileiro é um elemento essencial para que institutos de pesquisa se associem a empresas e projetos e criem tecnologias capazes de serem utilizadas nos processos industriais do país. A articulação do estado, das instituições de pesquisa e da aca-demia com o setor privado nacional é crucial para o processo. Fortale-ceremos os processos de qualifi-cação de mão de obra, oferecendo cursos de qualidade, articulados com as demandas dos empresários. o acordo entre o meC e o Sistema S será mantido e fortalecido, para que os trabalhadores brasileiros que precisam se capacitar e os estudantes de ensino médio possam ter acesso aos cursos de qualidade oferecidos por este sistema. Para incentivar a geração de emprego de qualidade, continuaremos incenti-vando a formalização de empresá-rios individuais e daremos reforço ao crédito e apoio técnico e de gestão para as micro e pequenas empre-sas. Criaremos um ministério para apoiar o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas. essa é uma questão fundamental.

Que medidas a senhora pretende adotar para melhorar o sistema de Saúde?Dilma Rousseff. A principal tarefa é construir a estrutura definiti-

va do Sistema Único de Saúde, o SUS, considerando os princípios de universalização, equidade e melho-ria na qualidade da saúde. Temos de melhorar a gestão na área da saúde, integrar mais os programas e melhorar os serviços. na tarefa de completar o SUS, colocaremos em prática um audacioso projeto. Vamos elevar a qualidade da atenção básica de saúde, garantindo o Programa de Saúde da Família em todos os muni-cípios brasileiros, implantando 8.694 Unidades Básicas de Saúde (UBS), porta de entrada no sistema de saú-de e universalizando o Brasil Sorri-dente. Para enfrentar a questão das emergências, vamos universalizar o Samu e instalar mais 500 Unida-des de Pronto Atendimento (UPAs). Vou criar a rede Cegonha, uma linha de cuidado qualificada para as gestantes e puérperas e para os

recém nascidos. Com a implanta-ção do Samu Cegonha e a expansão dos Samu neonatais reduziremos a desigualdade na oferta de leitos em UTi neonatal. Garantiremos a oferta de consultas com especialistas e exames, pelo estabelecimento de mecanismos de gestão compartilha-da e expansão de policlínicas onde a presença pública for necessária. e vamos ampliar o Programa Aqui tem Farmácia Popular e garantir oferta gratuita de medicamentos de diabetes e hipertensão.

O que a senhora pretende fazer para melhorar o sistema prisional brasileiro?Dilma Rousseff. Daremos continui-dade à ampliação dos investimentos em penitenciárias estaduais, apoian-

do a construção de mais presídios, para diminuir o déficit de vagas hoje existente, e melhorar a gestão do sistema nos estados, assegurando melhores condições de ressocializa-ção, mas garantindo que os presos não sigam comandando o crime de dentro das cadeias.

Que medidas a senhora adotaria para reduzir o consumo de drogas entre os jovens e adultos, especial-mente do crack?Dilma Rousseff. o combate ao crack será feito em três frentes funda-mentais: primeiro, no apoio e na prevenção para impedir que mais pessoas caiam nessa armadilha, que é fatal. Segundo, na atenção e no tratamento, para cuidar dos que precisam se libertar do vício. e, ter-ceiro, na questão da repressão e da autoridade para combater e derrotar os traficantes. Simultaneamente, o maciço investimento em infraestru-tura em áreas expostas à ação do crime – o que tem sido feito com o PAC em todo o Brasil e as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no rio, por exemplo – além do esporte e da educação que são ações fun-damentais para evitar que os jovens e as crianças sejam submetidos a situações de risco.

O que a senhora pretende fazer para melhorar o atual sistema de transporte coletivo?Dilma Rousseff. o grande princípio a nortear estas ações é a melhoria da mobilidade urbana, articulando o ordenamento territorial com o de transporte e de acessibilidade. não há como suportar a escalada do uso do transporte individual motorizado em detrimento de soluções cole-tivas, que sejam economicamente mais igualitárias. essa é uma lógica a ser alterada em pouco tempo. Um grande estímulo para resolver em definitivo o problema do transporte público nas grandes cidades será a realização da Copa do mundo de 2014. As conquistas vão muito além do futebol, elas serão muito intensas para as cidades brasileiras. inves-timentos em infraestrutura estão entre os maiores legados que a Copa deixará para o Brasil. Além dos aeroportos, são obras de transporte urbano como trens, metrôs, veículos

liberdade de imprensa, de opinião, de expressão e de organização. essas quatro liberdades são muito preciosas.

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leves sobre trilho, corredores de ônibus e os próprios terminais.

O governo deve dispor de algum ins-trumento para garantir ao cidadão a plena liberdade de informação?Dilma Rousseff. Liberdades de todas as formas. Liberdade de im-prensa, de opinião, de expressão e de organização. essas quatro liber-dades são muito preciosas. São um bem da sociedade. A consolidação do estado democrático de direito passa, igualmente, pela garantia e pela manutenção da liberdade de imprensa e da livre circulação e difusão de ideias. exige, cada vez mais, a ampliação do direito à in-formação da população, que passa também pelas fantásticas possibi-lidades abertas pelo mundo digital e pela internet. o acesso à banda larga é uma questão central da de-mocratização, que será respondida por iniciativas importantes, com destaque para o Plano nacional de Banda Larga, que permitirá garan-tir o acesso à internet, de forma mais barata, para toda população brasileira.

Como deve ser a política externa do Brasil?Dilma Rousseff. os princípios do relacionamento internacional do Brasil são – e devem continuar a ser – os mesmos. estão presentes na Constituição: autodeterminação dos

povos, não intervenção, integração latino-americana, respeito à sobera-nia dos estados e a prevalência dos direitos humanos. Uma política ex-terna correta e efetiva para um país com a projeção internacional que o Brasil tem hoje deve ser marcada tanto pelo sentido de solidariedade e cooperação com outros países como também pela audácia. Temos capacidade e relevância para tomar atitudes sem pedir licença.

Que tipo de projeto a senhora tem para modernizar a Previdência Social para melhorar os benefícios daqueles que ganham apenas um salário mínimo?Dilma Rousseff. Defendo ajustes sis-temáticos na Previdência, mas sem reformas grandes como as realiza-das no passado. A reforma na Previ-dência pode resultar em armadilhas, como ocorreu em alguns países onde houve uma corrida para aposenta-doria precoce, produzindo um efeito contrário ao que se imaginava.

Quanto ao fator previdenciário, a senhora teria um modelo melhor que substituísse o fator previdenci-ário sem comprometer as contas da Previdência?Dilma Rousseff. Acho que o gover-no agiu corretamente ao manter a aplicação do fator previdenciário no cálculo das aposentadorias. evita--se, assim uma pressão adicional na

conta da Previdência, por desesti-mular as aposentadorias precoces. Ao mesmo tempo em que o pre-sidente Lula manteve a aplicação do fator previdenciário no cálculo das aposentadorias, garantiu um reajuste de 7,7% para aposentados que ganham acima de um salário mínimo. A questão da robustez fiscal e a situação dos aposentados foram igualmente respeitadas. É assim que eu imagino agir.

Qual seria a melhor solução para garantir a governabilidade?Dilma Rousseff. ninguém governa sozinho. nenhum governo pode ser governo de um partido. Ainda mais num país como o Brasil, marcado pela grande diversidade. Democra-cia exige esforço, diálogo, negocia-ção e uma base no Congresso capaz de dar sustentação aos grandes projetos de mudança.

Qual é a sua proposta para a divisão da riqueza pelo pré-sal?Dilma Rousseff. A Constituição determina que os estados produ-tores, que tenham equipamentos na área de petróleo e gás, tenham tratamento especial em matéria de royalties. É justo que o Brasil inteiro receba pelo benefício. Agora, é justo também que os estados produtores e os estados que tenham essas ins-talações tenham tratamento dife-renciado, porque eles têm seu meio ambiente mais afetado.

Que espaço a mulher terá no seu governo caso seja eleita?Dilma Rousseff. Continuaremos a implementar políticas que pro-movam a autonomia econômica e financeira das mulheres. no caso das mulheres trabalhadoras com filhos, por exemplo, a construção de creches é um programa muito im-portante. nós sabemos que mulher que trabalha quer ter onde deixar seu filho, onde sejam cuidados com toda atenção necessária. As mu-lheres chefiam 35% das famílias brasileiras. meu propósito é continu-ar apoiando a implementação do 2º Plano nacional de Políticas para as mulheres, que tem um de seus capí-tulos dedicado justamente à amplia-ção da participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. n

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iDeiaS De SeRRa24 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

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iDeiaS De SeRRa

Com 32,61% dos votos válidos e ajudado pela expressiva votação de Marina Silva, 19,33%, José Serra, ex-governador de São paulo e ex-ministro da Saúde no Governo FhC, disputa o segundo turno das eleições presidenciais de 2010 com a candidata da situação Dilma Rousseff

o EX-GOVERNADOR DE SãO PAU-LO, José Serra, 68 anos, entra na corrida pela presidência da República nas eleições de 2010 como candidato do PSDB, partido do qual é um dos fun-dadores. A carreira política de Serra começou na militância estudantil nos anos 60, quan-do estava na universidade e foi eleito presidente da união na-cional dos estudantes (UNE). Com o golpe militar, foi exilado no Chile e nos Estados Unidos, onde lecionou na Princeton

University, New Jersey.Depois de 14 anos no exílio, Serra retornou ao

Brasil e passou a lecionar no curso de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Nos anos 80, tornou-se secretário estadual de Planejamento no go-verno do peemedebista Franco Montoro, falecido em 1999. Em 1986, ele foi eleito deputado federal por São Paulo pelo PMDB e participou da Assembleia Nacio-nal Constituinte.

Dois anos depois, ajudou a fundar o PSDB. Em 1990, conquistou o segundo mandato na Câmara dos Deputa-dos. Na eleição seguinte, assumiu a vaga de senador.

Licenciado do Senado, José Serra comandou os Mi-nistérios do Planejamento (em 1995 e 1996) e da Saúde (de 1998 a 2002) na gestão do então presidente Fernan-do Henrique Cardoso. Na primeira pasta, desenvolveu programa de execução de obras do Governo Federal em parceria com estados e prefeituras. Na saúde, a adminis-tração dele foi marcada pela implantação do programa

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de combate à Aids – que serviu de modelo para outros países e teve re-conhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 2002, concorreu ao posto mais alto do país, o de presidente da República. Porém, perdeu a disputa para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. Após dois anos, foi eleito prefeito de São Paulo.

Em 2006, assumiu o governo estadual, eleito em primeiro turno. No início deste ano, renunciou ao posto para ser o pré-candidato dos tucanos à Presidência da República nas eleições de outubro.

Filho de imigrantes italianos, Serra nasceu em 19 de março de 1945 na capital paulista. É econo-mista e casado. Tem filhos e netos.

Ele promete fortalecer Bolsa Família

o candidato José Serra vai pela segunda vez para uma final de campanha presidencial. em 2002, ele perdeu para o presidente Luiz inácio Lula da Silva. Agora ele foca seu discurso na defesa da qualida-de da saúde e da educação pública e defende a também a redução da carga tributária.

nesta entrevista à TV Brasil, Serra diz que uma base aliada frágil, nomeações políticas e falhas em programas sociais são pontos baixos do Governo. “o governo Lula é forte pelo prestígio do presidente, mas no Congresso é fraco. o governo é po-pular por causa do presidente, não é porque tem uma base no Congres-so”, disse o candidato. “em geral, a projeção do Brasil [no exterior] foi positiva por causa dos ‘bolsas’ [alguns programas sociais cujos no-mes nomes começam com a palavra bolsa]. [Se eleito] eu fortalecerei o Bolsa Família e o Saúde da Família, que eu implantei, [e que] não estão coordenados.”

Por que o senhor é candidato a presidente da República?José Serra. Sou candidato porque

creio que estou estou preparado. Porque creio que o Brasil pode mais em várias áreas, como saúde, educação e segurança. Pode mais em áreas como infraestrutura. Diante de muitas manifestações de pessoas e do partido, eu acreditei que poderia oferecer com legitimi-dade meu nome.

Se eleito presidente, o que o senhor pretende fazer de diferente em relação aos antecessores?José Serra. não faria loteamentos. [Por exemplo, o que ocorreu com o caso da analista da receita Federal suspeita de violar o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, eduardo Jorge] A receita Federal cometeu

um crime: quebrou sigilo [do eduar-do Jorge]. isso depende da gula dos partidos. o PT tem uma gula infinita. eu acho que todos os presidentes, sem exceção, subestimaram sua força no Congresso. Quando estive no executivo, eu não fiz isso.

Muitos pensam que os adversários torcem uns contra os outros. Isso é real?José Serra. eu sou candidato para governar o Brasil no futuro. não fico jogando no “quanto pior melhor”. no Brasil, tem uma doença que é o pa-trimonialismo. Por exemplo, o [atual] governo aparelha as agências. Há uma série de loteamentos. Politizou-

-se [a relação dentro do governo]. A Fundação nacional de Saúde [Funasa], que cuida de epidemias, foi posta de joelhos e destruída.

Na sua opinião, como é possível mudar este comportamento?José Serra. É um comportamento do governo. eu governei São Paulo com maioria [na Assembleia Le-gislativa] e ninguém nomeou [para cargos em setores públicos]. isso significa não ter gente competente? não. eu acho que [ a relação esta-do-Governo] deixa muito a desejar. A questão é da instituição, o Brasil tem um sistema eleitoral inteira-mente obsoleto e malfeito principal-mente no que se refere às eleições legislativas.

Por que o senhor fala tanto em en-sino profissionalizante e mudanças na educação?José Serra. meu avô nasceu e mor-reu analfabeto, meu pai ficou anal-fabeto até os 20 anos. no Brasil, não tem mais espaço para isso. outro dia conversei com uma mulher, que tem uma filha, que ia fazer 18 anos, e ia perder a Bolsa Família e não tinha emprego. então vamos dar uma profissão [aos jovens]. Vamos criar 1 milhão de vagas técnicas, vamos fazer cursos [profissionalizantes].

A Argentina sancionou lei autori-zando o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o senhor defende que o Brasil siga este exemplo?José Serra. Acho que não é uma questão do estado. Virou uma questão ‘xodó’ das entrevistas. É um problema das pessoas. Cada crença entra na questão. Se uma igreja não quer casar, o estado não intromete.

E, no caso de mudanças na lei que autoriza o procedimento do aborto, o Estado deve interferir?José Serra. no que depender de ini-ciativa do executivo, eu não procura-rei mudança na lei atual.

Pelos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve uma redução de 26,65% do interesse dos eleito-res de 16 a 17 anos em relação às eleições presidenciais de 2006. O que o senhor tem a dizer a esses eleitores?

eu sou candidato para governar o brasil no futuro. não fico jogando no “quanto pior melhor”. no brasil, tem uma doença que é o patrimonialismo. Por exemplo, o governo aparelha as agências.

JosÉ serra

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José Serra. Pensem, por favor, que seu voto pode ajudar a mudar. Procura ver em quem você vai votar. não votar ajuda os piores. Vamos fazer um esforço importante. Vamos comparar. Sou um otimista em relação ao Brasil. o Brasil avançou muito. A gente tem de pegar o bas-tão de onde está e dá para melhorar. o Brasil pode mais. Sou candidato do “pode mais e dá para fazer”.

O que o senhor considera urgen-te na reforma política e o que é sagrado?José Serra. meu principal objetivo com a reforma política é diminuir os custos de campanha e em segundo [lugar], aumentar o controle do elei-tor sobre o político [que ele ajudou a eleger]. Tem de ter um mecanis-mo para esse controle. Há sempre coisas sagradas [para os políticos]. É o velhinho, a mulher, as crianci-nhas e os municípios. mas tem uma que está por trás que é maior que é a reeleição.

O senhor fala muito em combate à droga e tratamento aos depen-dentes químicos. Para o senhor é necessário ter mudança na política pública relacionada ao assunto?José Serra. A questão da droga é gravíssima. o preço da cocaína baixou 50 vezes, então isso aumenta o consumo. [mas para combater são necessárias] cinco etapas [de ação]. A Bolívia expandiu tanto sua produ-ção que é impossível que seja usada para consumo interno. [o governo] deveria pressionar o governo boli-viano a ‘não ser frouxo’. A base do crime organizado é o contrabando de armas e drogas. Por isso, quero criar o ministério da Segurança. Se a segurança vai mal, o governo se des-gasta com os governadores. o crime organizado é um crime nacional.

Como o senhor explica suas críticas ao presidente Lula e ele mantém uma das avaliações positivas mais elevadas da história política do país?José Serra. o governo Lula é forte pelo prestígio do presidente, mas no Congresso é fraco. o governo é po-pular por causa do presidente, não é porque tem uma base no Congresso. no Congresso é fraco. em geral a projeção do Brasil [no exterior]

foi positiva por causa dos ‘bolsas’ [alguns programas sociais cujos no-mes nomes começam com a palavra bolsa]. [Se eleito] eu fortalecerei o Bolsa Família e o Saúde da Família, que eu implantei, [e que]não estão coordenados.

Há uma queixa geral do brasileiro sobre o peso dos impostos. Qual a maior discrepância?José Serra. Pobre no país paga o dobro em impostos em relação ao rico. isso proporcionalmente. Por exemplo, a manteiga e uma série de produtos da alimentação têm impostos embutidos. [A carga tribu-tária] poderia ser reduzida. isso não precisa de Constituição. não precisa onerar os investimentos. Vou criar a nota fiscal brasileira. o consumi-dor vai comprar no varejo e ter de volta 30% do imposto que o varejista pagou. eu fiz isso em São Paulo e diminuiu a sonegação.

Uma das reclamações, no Brasil, é que existe sonegação de impostos enquanto muitos pagam bastante. Como resolver isso?José Serra. Quem sonega não paga nada, quem não sonega paga o dobro. Supomos que sejam donos de quatro empresas: duas pagam e as outras não. então tem de arrecadar mais de quem paga. A sonegação é uma coisa injusta. isso dá para fazer só mexendo nesta estrutura aí.

É possível solucionar a questão da

carga tributária elevada sem one-rar os investimentos?José Serra. A maior taxa de juros do mundo nós [é que] somos recor-distas. Temos o menor investimento governamental do mundo e ainda a carga tributária entre os países desenvolvidos. este tripé é perver-so. É preciso que o gasto público cresça menos. Dá para cortar gastos? Dá. Dá para cortar desper-dício. É importante não onerar os investimentos. Pode arrecadar na produção. Tem uma série de coisas que se pode fazer.

Mas será que é possível, por exem-plo, evitar que crises econômicas externas atinjam o Brasil?José Serra. Acho que a gente tem o dever de antecipar os problemas. Para continuar crescendo no futuro, é preciso ter mais investimentos. no Brasil está se importando de-mais e exportando de menos. Tem gente dentro do governo em nível de ministério que pensa como nós. não é uma coisa isolada. É preciso fazer uma equipe homogênea. Hoje há diferenças entre o Banco Central e [os ministérios do] Planejamento e da Fazenda. É preciso ter um time harmônico.

O senhor costuma criticar a política cambial...José Serra. não, não faço crítica alguma à situação atual. Acho que o momento é bom. o instantâ-neo é bom. n

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 27www.revistafale.com.br

TUDO ACONTECEU COMO O presidente Lula queria. O Senado Federal, o foco de oposição ao seu gover-no no Congresso Nacional, mudou de configuração. As bancadas do PMDB e PT

cresceram e o perfil mais moderado é o que passa a prevalecer a partir

uM SenaDo ConCiliaDoRSem nomes como Tasso Jereissati, arthur Virgílio e Mão Santa a nova composição do Senado Federal ganha um tom alinhado ao executivo, como defendeu o presidente lula mas recebe novos membros, como aécio neves e itamar Franco

de 2011. A bancada do PT no Sena-do sobe de 8 para 14 senadores. A bancada do PMDB foi de 17 para 19 senadores. No item renovaçãao 33 das 54 vagas passam a ser ocupadas por estreantes no Senado embora, a maioria, não seja neófita em gestão pública. Dos alinhados ao PT estão a ex-prefeita de São Paulo Marta

Suplicy (SP), o ex-governador do Acre Jorge Viana e o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa (PE)., o ex-ministro da Previdência Soc ial, José Pimentel (CE) e o ex-ministro das Comunicações, Eunício Oli-veira (PMDB-CE), Walter Pinheiro (BA), Eduardo Braga (PMDB-AM)

No Senado, agora serão três os ex-presidentes da República com assento, José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco, reste eleito sob os auspícios do ex-governador de Minas Aécio Neves, também se-nador estreante em 2011.

Baixas marcaram a não eleição de senadores, como Tasso Jereis-

28 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

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sati (PSDB-CE), Arthur Virgílio Netto (PSDB-AM), Marco Maciel (DEM-PE), Heráclito Fortes (DEM--PI) e Efraim Moraes (DEM-PB). Eles eram críticos do governo fe-deral dentro do plenário e tiveram participação importante na votação que derrubou a prorrogação da co-brança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Enfrentaram, durante a campanha, a oposição direta do presidente Lula.

Dois senadores de tom modera-do também comporão a nova ban-cada no Senado, também se acen-tuou. Pelo PTB o presidente da Confederação Nacional da Indús-tria, Armando Monteiro, o mais votado em Pernambuco. No Distri-to Federal, o PSB elegeu Rodrigo Rollemberg um dos principais arti-culadores governista nas votações da Câmara. Ciro Nogueira (PP-PI) também se elegeu para o Senado. Ele ocupou, como deputado fede-ral, vários cargos na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

Outra estréia importante é o tu-cano Aloysio Nunes Ferreira, eleito em São Paulo com a maior votação para o Senado. “Eu acho que vou ga-nhar”, comentava Aloysio, antes do final da apuração. “É importante ter um senador aqui de São Paulo para ajudar o governador Alckmin em Brasília e dar suporte ao presidente Serra.” O PMDB é o maior partido no Senado e o PT ganhou a maior bancada na Câmara dos Deputa-dos. É provável que cada um desses

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o dia seguinte. o residente Lula recebe os governadores e senadores eleitos no Palácio da alvoradafOTO AnTOniO Cruz _ 5 de OuTubrO de 2010

PmDB pode ganhar dois enadores (uma vaga do PSDBe outra do PSoL) e o PT pode ganhar uma vaga do PP

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 29www.revistafale.com.br

partidos passe a presidir uma das Casas. Hoje, o PMDB ocupa os dois cargos, mas, com certeza, o PT deve-rá mudar esta condição.

A Câmara passou por uma re-novação menor que a média das últimas eleições. Nos cálculos do Departamento Intersindical de As-sessoria Parlamentar (Diap), a reno-vação ficou em 44,25%: 286 depu-tados não se reelegeram e 227 serão novos na Casa.

Na Câmara, os partidos que mais cresceram foram os da atual base governista, capitaneados por PMDB e PT. Eles tinham juntos 357 dos 513 deputados e somarão 372 na próxima legislatura. O atual governo conta potencialmente com 69,5% da Câmara. Dilma Rousseff contará com 72,5% de apoio parla-mentar — é quase uma sucursal do Executivo. No Senado, a base gover-nista, teoricamente, controlava 59% das cadeiras. Agora, o bloco gover-natista irá a 72% da Casa. Se eleita, Dilma terá uma situação folgada também no Senado, inclusive para aprovar emendas constitucionais.

A ser confirmada a hipótese de José Serra presidente, a negociação permeará a relação com o Legislati-vo, já que PSDB e DEM têm nas duas casas cerca de 27% das cadeiras.

o dia seguinte. geraldo alckmin, José serra e aloysio nunes — que desautorizou as pesquisas — juntos em carreata de campanha em araraquara, são Paulo. ao lado, o fenômeno eleitoral tiririca, em sPfOTO: CieTe silvériO_ 24_08_2010 e deTAlHe de PrOPAgAndA nA Tv

Não estarão no Senado políticos de índole mais combativa, como Tarso Jereissati, Arthur Virgílio e Heráclito Fortes, que teriam ten-tado, juntamente com Jorge Bor-nhausen, articular o impeachment em 2005 em decorrência do escân-dalo do mensalão que derrubou al-guns petistas notórios, dentre eles o então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.

No Rio Grande do Norte, o sena-dor José Agripino Maia, do DEM, foi reeleito com o apoio de peeme-debistas. Marco Maciel (DEM-PE), um intelectual conciliador não con-segiu a reeleição.

A nova Câmara perdeu no-mes importantes, alguns porque

não quiseram concorrer, como o secretário-geral do PT, José Edu-ardo Cardozo e Ciro Gomes, do PSB, outros porque foram derrota-dos, como José Genoino e Antonio Carlos Biscaia, ambos do PT. Não se elegeram ainda tucanos de alta plumagem como Arnaldo Madeira, João Almeida, atual líder, e Antonio Carlos Pannuzio. Antonio Palocci, do PT, também não voltará porque não concorreu, optando por coorde-nar a campanha de Dilma Rousseff.

Em compensação entra o de-putado como Tiririca (PR-SP) com 1.353.820 de votos. Ele se elegeu envergando o slogan “pior que está não fica.” Pior de tudo é que pode ficar pior, Tiririca. n

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pROVAVELMENTE NINGUÉM DUVIDA QUE A PESQUISA DE opinião seja uma das principais armas de conquista eleitoral. O problema é quando ela não cumpre o seu papel elementar de expor a opinião de toda população por meio de uma amostragem. Os erros cometidos pe-las pesquisas de intenção de voto nas últimas eleições chamaram a atenção dos eleitores e de especialistas so-

bre o assunto. Até que ponto é benéfico para o processo eleitoral

peSQuiSaS eM XeQueerros coletivos nas pesquisas de intenção de voto do ibope e Datafolha, extrapolando abruptamente a margem de erro, descredibilizam a eficácia da metodologia desses institutos, que ficaram reticentes em divulgar a boca de urna

valorizar tanto, até sacralizar, as sondagens eleitorais dos institu-tos de pesquisa? Na maioria dos jornais, as pesquisas são tratadas como a principal manchete de primeira página.

Todos os institutos erraram o resultado final das eleições 2010 no País. Datafolha, Ibope, Vox Po-pulli e CNT/Sensus mostraram re-sultados díspares entre as últimas pesquisas, inclusive a pesquisa de boca de urna e o resultado final das eleições. Os institutos extrapola-

ilusTrAçãO: rOWd HugH MACleOd

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 31www.revistafale.com.br

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1 Margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.2 Margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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ram num ponto em que as pesquisas não podem descuidar: a margem de erro. Os resultados divulgados nos últimos dias antes das eleições con-tinham uma diferença de 4 a 7 pon-tos do resultado final da candidata Dilma Rousseff. Pontuação decisi-va, pois negava a ocorrência de um segundo turno.

No caso do Ibope, o erro foi mais grave. Eles erraram na pesquisa em que a população tradicional-mente mais confia: a boca de urna, que entrevista os eleitores no dia da votação e, preventivamente, tem amostra maior. Ainda que o insti-tuto apresentasse a possibilidade de haver segundo turno, o resultado da pesquisa apontou 5 pontos a mais do que a realidade para a candidata Dil-ma Roussef. Detalhe: foram ouvidas 4.300 pessoas e a margem de erro era de apenas 2 pontos. Além disso, a pesquisa de boca de urna, tradicio-

nalmente divulgada pela Rede Globo às 18 horas, logo após o encerramen-to da votação, foi levada ao ar mais de uma hora depois do habitual, quan-do a apuração oficial já ultrapassava mais de 40% das urnas apuradas.

Tendências. De acordo com o resultado das pesquisas, fica claro que os institutos superestimaram o desempenho da candidata Dilma Roussef e subestimaram a candi-data Marina Silva. Em entrevista concedida ao programa Roda Viva da TV Cultura, em 4 de outubro de 2010, Márcia Cavallari, diretora do Ibope Inteligência, defende as pes-quisas e afirma que os institutos não erraram. “Ao longo da cam-panha, todas as tendências foram apontadas”, disse. Como saber? A única pesquisa aferível é mesmo a de boca de urna e, mesmo aqui, os

institutos erraram. Márcia explicou que Marina Silva teve um cresci-mento mais lento em relação a Serra e Dilma, mas que avançou de forma acentuada na última semana.

Rachel Meneguello, diretora do Centro de Estudos de Opinião Pú-blica da Unicamp, afirma que exis-tem questões imponderáveis que as pesquisas sempre terão dificuldade para captar. Para ela, não se deve culpar totalmente os institutos por certos erros, mas sim a pressa na captação das opiniões. “Há tendên-cias que surgem no eleitorado de última hora, que os institutos não conseguem captar com precisão. Se as pesquisas de campo tivessem tempo para serem feitas, com o de-vido cálculo das probabilidades nas amostras, os erros seriam diminuí-dos, mas há pesquisas sendo divul-gadas todos os dias”, disse.

Segundo Jairo Nicolau, cientista

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político e professor visitante do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, este foi o maior erro coletivo já cometido pelos institutos do Brasil. “Todos os institutos erraram o resultado final”, lembra. O professor também afirmou que em 1992 aconteceu na Inglaterra o mesmo tipo de erro com os institutos de pesquisa do País. “Após as eleições, os institutos montaram uma força-tarefa de sociólogos, cientistas políticos e estatísticos para analisar cuidadosamente o que havia acontecido. O relatório dos pesquisadores apontou uma série de fatores: desde o ‘voto envergonhado’, que não se declarava sinceramente ao entrevistador, aos efeitos da abstenção”, disse.

Segundo Nicolau, outra causa apontada foi o uso da pesquisa por quota, utilizada por todos os insti-tutos de pesquisa do Brasil. O pro-fessor afirmou que os institutos

ingleses abandonaram esse tipo de pesquisa desde então. “Minha su-gestão é que os institutos brasileiros façam o mesmo. Convoquem pesqui-sadores, estudiosos da opinião pú-blica e estatísticos para um estudo detalhado sobre as razões dos erros desta eleição”, disse. Nicolau afirma que as imprecisões das pesquisas de eleições passadas sempre são justi-ficadas com a frase “tivemos mais acertos do que erros”.

No Ceará, nem Ibope nem Data-folha apontaram que o candidato do PSDB, César Cals Neto, seria o se-gundo colocado com 19,51% dos vo-tos válidos. Lucio Alcântara, do PR, acabou chegando com 16,44% dos votos válidos e, Cid Gomes, sempre favorito nas pesquisas, ficou com 61,27% dos votos válidos.

Na boca de urna do Ibope, Cid apareceu cm 64%, Marcos Cals com 15% e Lúcio com 19% dos votos váli-

dos. Margem de erro: 3% para mais ou para menos.

Em artigo sob o titulo “Um pre-sidente, não um santo”, o jornalista Sandro Vaia, autor do livro “A Ilha Roubada” (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez, iro-niza: “As ‘margens de erro’ dos insti-tutos de pesquisa viraram motivo de chacota, e os mais esquentados saíram a colocar em dúvida a existência real daquela multidão de 80% de brasilei-ros que aprovam o presidente Lula.”

Para o sócio da Statistika Consul-toria, José Ferreira de Carvalho, as pesquisas de amostragem por quota não podem conter margem de erro. “A margem de erro se coloca numa pesquisa de amostragem estatística, isto é, quando as pessoas são sor-teadas e não escolhidas para entrar num determinado perfil de renda, cor da pele e sexo, como ocorre coma amostragem por quota”, diz. n

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Os equívocos das pesquisas do Ibope e Datafolha no Ceará

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em ano de eleição, as pesqui-sas de intenção de voto orientam estratégias partidárias, determi-nam os rumos das campanhas políticas e despertam grande interesse no eleitor. São uma es-pécie de bússola para políticos e eleitorado, capazes de influenciar diretamente a opinião pública e, portanto, o voto. mas geralmente estão erradas.

Deslizes como o ocorrido na disputa presidencial, onde as pesquisas superestimaram o desempenho de Dilma roussef e subestimaram especialmente a candidata marina Silva, que termi-nou as eleições com 20% do elei-torando quando, nas pesquisas, nunca havia ultrapassado a marca de 16%, também se estenderam ao âmbito estadual.

no Ceará, por exemplo, en-quanto a pesquisa ibope falhou em medir a verdadeira força do governador Cid Gomes, o Data-folha o colocou quatro pontos percentuais acima do resulta-

do final. Ao comparar as duas pesquisas entre si, a discrepância é gritante: uma diferença de dez pontos percentuais. A surpresa no estado, no entato, ficou por conta do segundo lugar. Lúcio Alcântara, que permaneceu na vice lideran-ça em todo o período eleitoral, acabou amargando uma terceira colocação nas urnas. o tucano marcos Cals, que oscilava nas pesquisas entre os dez e catorze pontos percentuais, ultrapassou Lúcio, contabilizando, no final das contas, 19,51% do eleitorado.

Para o historiador marco Anto-nio Villa, é necessário ter cautela com os números divulgados nas pesquisas, pois pesquisas erradas podem alterar os resultados de uma disputa apertada. “É preciso discutir a oportunidade de divul-gação de pesquisas com erros graves de metodologia, porque as campanhas, os eleitores e a própria mídia se pautam por elas, o que pode influenciar artificial-mente o voto”, explica.

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 33www.revistafale.com.br

o CeaRáDe CiDCom 61,3% dos votos, o governador Cid Gomes se reelege e confirma sua hegemonia no estado com mais quatro anos de mandato

DEPOIS DE UMA CAMPANHA CONTURBADA, MAR-CADA por duras críticas de seus adversários após uma acusação de corrupção divulgada pela Revista Veja, Cid Gomes (PSB) foi reeleito, logo no primei-ro turno, governador do Ceará. Segundo dados da Justiça Eleitoral, Cid recebeu 2.463.940 votos dos cearenses, equivalentes a 61,3% dos votos válidos do estado. Quem conquistou o segundo lugar nas

urnas foi o candidato Marcos Cals (PSDB), que recebeu 775.852 votos, ou 19,83% do total.

A vitória de Cid dá espaço para que o governador dê continuação a obras de sua gestão atual, como a conclusão da linha sul do metrô de Fortaleza e a quadruplicação do Por-to do Pecém, além da inauguração de aeroportos no interior do estado. Entre as promessas que nortearam sua campanha e garantiram a supre-macia de Gomes no Ceará, tiveram destaque as na área de segurança,

como a contratação, por concurso público, de mais 3 mil policiais mi-litares. Outras promessas de Cid são a construção de 240 centros de edu-cação infantil e 100 escolas de nível médio, a entrega de cinco hospitais – um em Fortaleza, outro na Região Metropolitana e três no interior – e a instalação de scanners com raio X nas estradas do Estado, para comba-ter o tráfico de armas e drogas.

Repetindo o que ocorreu em 2006, quando bateu Lúcio Alcantra (ex-PSDB, atual PR) com votação quase idêntica a obtida no pleito desse ano, Cid conquistou a eleição logo no primeiro turno. Apesar das acusações de suposto envolvimen-to em um esquema de corrupção que envolvia prefeituras do estado e um desvio de R$ 300 milhões em licitações fraudulentas, a corrida eleitoral não teve grandes revira-voltas, mantendo a ampla lideran-ça de Cid sobre os adversários, já antecipada nas pesquisas eleito-rais. A surpresa dessas eleições no estado ficou por conta do can-didato do PSDB, Marcos Cals, que superou o principal adversário de Cid, Lúcio Alcantra, e conquistou o segundo lugar na disputa pelo go-verno cearense. n

Leia o gráfico nas páginas 36 e 37

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O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 37www.revistafale.com.br

a novafase

na fiec

Representatividade e integração das forças são os pilares da nova

gestão da federação das indústrias do ceará , eleita neste ano em um processo eleitoral inovador

conduzido por Roberto Macêdo

Gestão

38 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

nova gestão. o empresário

Roberto Proença de Macêdo, reeleito

para nova mandato na Federação das

indústriasFOTO JARBAS OLIVEIRA

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 39www.revistafale.com.br

Ge stÃo

Depois de um período marcado por disputas internas, a federação das indústrias do estado do ceará vivencia uma fase de apaziguamento conduzida pelo empresário Roberto Macêdo que, em outrubro, iniciou seu segundo mandato como presidente da entidade. e o fato mais inovador nesta nova fase foi o modelo do novo processo eleitoral que rompeu com o formato histórico das federações. a eleição de Macêdo, no dia 19 de agosto de 2010, aconteceu pelo voto direto dos industriais. eles escolheram a nova

diretoria da federação das indústrias do estado do ceará para o quadriênio 2010-2014. “o empolgante percentual de 67,2% de votantes, do total de 1.046 credenciados, já na primeira experiência de um novo processo eleitoral, demonstrou o quanto os industriais estão desejosos de participar diretamente da sua instituição maior”, comemora Roberto Macêdo.

40 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

diRetoRes a Postos. Compõem a foto, entre outros, Roberto Proença de Macêdo, ivan Rodrigues Bezerra, Carlos Prado, Jorge alberto vieira studart gomes, Roberto sérgio oliveira Ferreira, Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Ricardo Montenegro Cavalcante, José Carlos Braide nogueira da gama, edgar gadelha Pereira Filho, antonio Lucio Carneiro, Fernando antonio ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, geraldo Bastos osterno Júnior, Hélio Perdigão vasconcelos, Hercílio Helton e silva, ivan José Bezerra de Menezes, José agostinho Carneiro de alcântara, José alberto Costa Bessa Júnior, José dias de vasconcelos Filho, Lauro Martins de oliveira Filho, Marcos augusto nogueira de albuquerque, Marcus venicius Rocha silva, Ricardo Pereira silveira, Roseane oliveira de Medeiros, Fernando Cirino gurgel, Jorge Parente Frota Júnior, verônica Maria Rocha Perdigão, Álvaro de Castro Correia neto, Jocely dantas de andrade Filho, Marco aurélio norões tavares, Frederico Hosanan Pinto de Castro, Marcos silva Montenegro e vanildo Lima

Agora, o desafio é implantar um novo modelo de gestão, que já tem até um documento “Pilares para 2010-2014” que prevê “o Fortaleci-mento da representação empresa-rial, com intensificação do associa-tivismo e ações compartilhadas com a sociedade e com as diversas áreas dos diferentes níveis governamen-tais”, uma das principais formula-ções identificadas no Planejamento Estratégico da Federação.

Desde 1950, as indústrias cea-renses são representadas pela Fe-deração das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que, atualmente, congrega 39 sindicatos ligados ao

setor. A entidade é integrada ao Sis-tema Confederativo da Representa-ção Sindical da Indústria — que, por sua vez, é liderado pela Confedera-ção Nacional da Indústria (CNI). a Fiec foi constituída com o intuito de defender e coordenar os interesses dos industriais do Estado. Com 60 anos de trajetória, completos neste ano, a Fiec é consolidada como um espaço de discussões sobre questões industriais — dos âmbitos nacional e regional — e como uma impulsiona-dora de negócios, o que amplia e for-talece sua interferência na conjuntu-ra social e econômica do Ceará.

Em 2010, a entidade segue com essa postura, mas acrescentou ele-mentos inovadores em sua política interna. A começar pelas eleições para a nova diretoria que foram marcadas por um intenso processo participativo. Os industriais esco-lheram pelo voto direto os futuros dirigentes da Federação. Eram 1.046 credenciados para votar em 39 zonas eleitorais. Estiveram presentes em seus respectivos sindicatos, no dia 19 de agosto, 703 empresários inte-ressados em moldar, com o voto, a instituição que representa sua clas-se. “Tem empresário que nunca foi à Federação e não tem o menor inte-resse. Isso fez com que o empresá-rio comparecesse à Federação. Cada presidente de sindicato, cada direto-ria se empenhou em trazer seus elei-tores”, afirma o presidente reeleito da entidade, o empresário Roberto Macêdo, sobre o que chamou de “a festa da eleição”. Processo democrático. A democratização do processo elei-

toral foi implantada pela atual ges-tão através de uma reforma no Es-tatuto e Regulamento Eleitoral. A partir dessa reforma, a Comissão Eleitoral passou a ser escolhida pelo Conselho de Representantes e não mais indicada pelo próprio pre-sidente da instituição, como era até então. Segundo Macêdo, o lança-mento do novo processo causou es-panto na CNI. “Alguns diziam que a federação ia perder o controle. Acho que não. Acho que a partir de agora está no controle de quem merece e dos que são os donos do negócio: os empresários”, diz.

Outros enxergaram as mudanças como grandes avanços, que servirão de inspiração para as federações de outros estados brasileiros. A expec-tativa, segundo o presidente, é que em pouco tempo (não de imediato) metade das federações adotem esse mesmo sistema eleitoral.

Pilaresda nova etapa. A gestão do último quadriênio ti-nha como pilares a reunificação da instituição, a dinamização dos sindicatos, a renovação de suas di-retorias, a modernização da gestão – através de planejamento e mapa estratégicos –, início da implan-tação do Movimento Empresarial para Inovação (MEI) - que busca consolidar uma cultura de inovação – e o fortalecimento da governança sindical. Para esta última platafor-ma, a mudança no processo eletivo e o aumento da representatividade foram conquistas festejadas.

Para o segundo mandato, a di-retoria pretende ampliar a sua re-presentatividade político-social,

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 41www.revistafale.com.br

[ B R a s i L ] a Cni colocou nas mãos dos candidatos em questão um plano da agenda da indústria para o próximo governo, que passa

pelas reformas tributária, trabalhista, política e por todas as reformas que se tem falado e desejado. Mas nós não sabemos exatamente o que vai ser possível fazer. em campanhas se promete tudo, mas na hora que senta da cadeira diz que não dá pra fazer. tudo por conta do desgaste político para o próximo manda-to e para fazer seu sucessor. o que é desejado colo-camos no papel e foi entregue formalmente aos can-didatos através da Cni. eu não sei o que o próximo governo vai fazer. Como a gente pode pressionar pra que isso aconteça? se for dilma, vai ser uma caracte-rística. se for serra, vai ser outra. a minha análise po-

eu não quero fazer história. eu não quero, em nenhum momento,

que prevaleça a minha vontade e, sim, aquilo que é possível.

RobeRto MacêDo

PReMissas e PRojeções

algumas expectativas de Macêdo e do setor industrial para 2011

uma das principais formulações do Planejamento Estratégico da gestão. Para isso, irá fortalecer sua imagem empresarial, com a intensificação do associativismo e ações com-partilhadas com a sociedade e com as diversas áreas dos diferen-tes níveis governamentais.

A nova gestão também quer consolidar a cultura de inovação através do já implantado MEI, que deve assumir a mesma dimen-são e importância do Programa Brasileiro da Qualidade e Produ-tividade (PBQP), que deu peso à economia brasileira, colocando-a em nível competitivo no mercado mundial. Consolidará também a cultura da exportação, visando exportar mais de US$ 2 bilhões em 2014.

Para os próximos quatro anos será fundamen-

tal a implan-tação de um s i s t e m a de marke-ting, de comunica-ção interna e externa,

para ex-

Ge stÃo

por aos empresários e à sociedade o diferencial e a excelência dos ser-viços prestados pela Senai, Sesi, IEL e pela Confederação Nacional da Indústria, promovendo uma in-tegração interna e o alinhamento com as demandas dos sindicatos e das empresas. Com o marketing interno, a entidade vende seus ser-

viços e mostra aos empresários as atividades disponíveis, pois, mui-tas vezes, eles contribuem, mas não sabem o que está ao seu dis-por. E o marketing externo ajuda a criar a imagem da Federação junto à sociedade, a outras instituições e ao governo; além de criar o clima de atração para os associados que ainda não se aproximaram. “Os empresários vêm nesse processo de acomodação e não procuram seus sindicatos. Se associam, mas não participam”, diz o presidente. Esse trabalho de marketing corpo-rativo ajudará também a entidade a mudar sua imagem de espaço apenas para os “grandes”.

O comprometimento com a re-presentatividade também inclui o empenho em fortalecer as ca-deias produtivas. Dar continui-dade a um trabalho que passa por essas cadeias será um dos obje-tivos da gestão, já que a comple-mentaridade entre as indústrias de transformação pode ser uma grande oportunidade de atrair no-vos investimentos, o que dá mais competitividade para as indús-trias locais. Nessa mesma linha, a diretoria pretende, por exemplo,

42 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

agrupar os sindicatos da indústria têxtil, do algodão e da confecção, no sentido de uni-los em torno de interesses comuns. “Melhor é reu-nir todo mundo em um sindicato, pois os empresários vêm aqui, dis-cutem um assunto geral e quando sair alguma coisa para melhor é bom para todo mundo. Se for o contrário, você se enfraquece”, afirma Roberto Macêdo.

novos líderes. A valorização de novas lideran-

ças também está entre as priori-dades dessa gestão. Identificar e desenvolver líderes emergentes faz parte de um processo renova-dor fundamental para o fortaleci-mento dos sindicatos e da Fede-ração. “Tenho certeza que no dia seguinte em que houve a eleição, o pessoal já começou a querer se movimentar para saber quem vai substituir o Roberto”, afirma o presidente. Ele diz que é preci-so saber quem são as lideranças e formar novas opções para que, assim, a instituição continue se renovando.

lítica é muito superficial, porque não me aprofundo. não é que eu não goste, eu acompanho dentro daquilo que para o meu consumo é necessário, como empresário. Mas politicamente eu não sou partidário, não me atrai. eu sou pelo país, não sou pelo partido. eu me baseio mais pelo perfil dos candidatos.”

[ C e a R Á] o nosso de-sejo é que a gente possa ter o desenvolvimento

que o Ceará merece e precisa ter, apesar de não ter o apoio do governo de Brasília na propor-ção que merecemos. o Ceará, pelo que tem feito, pelo apoio que tem dado e pela votação que deu ao presidente Lula, merecia ter tido mais. Mas, infelizmente, Pernambuco levou muito mais. temos a refinaria que está acatada há décadas,

mas ouvimos tasso Jereissati dizendo que a refinaria do Ceará não consta no orçamento da Petrobrás. ele quis dizer que isso é uma enganação. se for verdade, eu lamento muito, mas espero que ela venha realmente. Pernambuco não é nem mais uma refinaria, é um pólo petro-químico. a nossa siderúrgica está para vim e as obras estão em andamento. estivemos lá e ficamos encantados com o que vimos. a pujança do Porto do Pe-cém faz parte da modernização ao longo do tempo. então, com essa infraestrutura, o estado tem condições de atrair projetos estruturantes. a criação da ZPe (Zona Processamento de ex-portação) foi consolidada neste ano e a gente tem que continuar atraindo as empresas para virem se instalar nela. de tudo isso o Ceará precisa para que continue

com essa atratividade.”

[ g o v e R n o ] temos um contato permanente com a adece (agência

de desenvolvimento do estado do Ceará) e com todas as áreas. Participamos de todos os con-selhos do estado, de todas as câmaras setoriais, criadas pelo governo de uma forma muito oportuna. e isso faz com que cada setor da economia possa ter seus assuntos discutidos com todos os membros e protagonis-tas do setor. assim, as decisões saem de forma mais rápida e compartilhada por todos. “Co-locamos sempre a Fiec à dispo-sição dos governos para que a gente possa juntos desenvolver e somar os esforços na melhor direção possível. então, estamos abertos para isso.” n

tenho certeza que no dia seguinte em que houve a eleição, o pessoal

já começou a querer se movimentar para saber quem vai substituir o Roberto.

RobeRto MacêDo

Sendo uma entidade represen-tativa, a FIEC deverá enfrentar novos desafios — além de conti-nuar a encarar os antigos. Um dos temas mais discutidos e que estão na zona de interesse da instituição é a redução da jornada de traba-lho. Roberto Macêdo afirma que essa já é uma realidade no Brasil.

A redução, segundo ele, já existe de forma negociada, variando de acordo com as necessidades e a capacidade de cada empresa e de cada setor da economia. Mas ele ressalva que reduzir a jornada de trabalho para 4 horas, por exem-plo, não garante mais emprego, como alguns acreditam. Pode até mesmo desempregar, pois o em-pregador tem de respeitar a força do mercado. “Tem outras coisas que a gente precisa fazer para me-lhorar. Reduzir os impostos e a ineficiência do Estado, por exem-plo. Isso é que precisa ser traba-lhado”, sugere.

Encerrando o mandato com ações inovadoras, pulverizando o poder de decisões da instituição — sem enfraquecê-la, é preciso dizer — e lançando propostas consisten-tes que darão continuidade ao tra-balho que está sendo realizado, a atual gestão legitimou seu esforço ao ser reeleita, democraticamen-te, pelo voto dos próprios empre-sários. “Eu não quero fazer his-tória. Eu não quero, em nenhum momento, que prevaleça a minha vontade e, sim, aquilo que é possí-vel”, palavras do presidente. n

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 43www.revistafale.com.br

1º vice-Presidente da FiecIvan Rodrigues Bezerra

diretor administrativoCarlos Roberto Carvalho Fujita

diretor administrativo-adjuntoJosé Ricardo Montenegro Cavalcante

Conselho Fiscal - efetivosFrederico Hosanan Pinto de Castro

Marcos Silva MontenegroVanildo Lima Marcelo

Conselho Fiscal - suplentesFernando Antonio de Assis Esteves

José Fernando Castelo Branco PonteVerônica Maria Rocha Perdigão

delegados Representantes junto à Cni - efetivos

Fernando Cirino GurgelJorge Parente Frota Júnior

delegados Representantes junto à Cni - suplentesRoberto Proença De Macêdo

Carlos Roberto Carvalho Fujita

diretor Regional de Maracanaú Álvaro De Castro Correia Neto

diretor Regional de sobral Jocely Dantas De Andrade Filho

diretor Regional do CaririMarco Aurélio Norões Tavares

diretora Regional de Horizonte/PacajusVerônica Maria Rocha Perdigão

diretor FinanceiroJosé Carlos Braide Nogueira

da Gamadiretor Financeiro-adjunto

Edgar Gadelha Pereira Filho

diretoresAntonio Lucio Carneiro

Fernando Antonio Ibiapina CunhaFrancisco José Lima Matos

Frederico Ricardo Costa FernandesGeraldo Bastos Osterno JúniorHélio Perdigão Vasconcelos

Hercílio Helton e SilvaIvan José Bezerra de Menezes

José Agostinho Carneiro de AlcântaraJosé Alberto Costa Bessa JúniorJosé Dias de Vasconcelos FilhoLauro Martins de Oliveira FilhoMarcos Augusto Nogueira de

AlbuquerqueMarcus Venicius Rocha Silva

Ricard Pereira SilveiraRoseane Oliveira de Medeiros

vice-Presidente da FiecCarlos Prado

vice-Presidente da FiedJorge Alberto Vieira Studart Gomes

vice-Presidente da FiecRoberto Sérgio Oliveira Ferreira

Presidente da Federação das indústrias do estado do CearáRoberto Proença De Macêdo

evento. acima, Roberto Macêdo tem em mão os arquivos de prestação de contas da última gestão. abaixo, o público no evento que ocorreu no dia 20 de setembro com a posse formal da nova diretoria

Ge stÃo

UMa fRente aMPLaa nova diretoria da federação das indústrias do estado do ceará (23ª Gestão) para 2010-2014

44 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

[PeRsPeCtivas exCeLentes] Roberto Macêdo conseguiu o que parecia impossível: pacificar o conjunto

da Federação das indústrias do estado do Ceará. ele está fazendo um trabalho muito bom e a entidade vai ficar devendo muito a ele. nós defendemos as grandes bandeiras da indústria nacional. o que está em jogo é o interesse da indústria como um todo. É fundamental que o próximo presidente assegure a estabilidade política. a questão cambial é muito preocupante. se cada país não tomar sua providência fica difícil. se os governantes não atrapalharem, as perspectivas para 2011 são excelentes.”

Fernando cirino Gurgel, diretor presidente da Durametal e delegado representante da FIEC junto à Confederação Nacional da Indústria

[setoRes CoMPLeMentaRes]Prosseguir com

propostas positivas em prol do desenvolvimento do estado do Ceará. É com esse conceito que sinalizo para a reeleição do empresário Roberto Macêdo, ao cargo de presidente da Fiec. o comércio e a indústria são setores complementares e estamos em uma aliança forte para animar e fortalecer esse mercado. nos últimos anos, temos defendido, conjuntamente, a diminuição de impostos, entre outras ações.”

honório Pinheiro, presidente da Federação das CDLs do Ceará

[ e s t R e i ta R R e L a C i o n a M e n t o ] É função primordial da

universidade formar profissionais de alta qualificação para atuar nos mais diferentes setores da sociedade. esta missão a universidade Federal do Ceará tem cumprido há mais de 50 anos e, hoje, mantém exatos 100 cursos de graduação, encaminhando-se para abrir mais três no próximo semestre letivo.

ao mesmo tempo, a instituição acadêmica trabalha para ampliar e fortalecer suas conexões com o meio onde atua, sendo imprescindível um estreito relacionamento com o setor empresarial. atenta ao rápido processo de transformação por que passa o

Ceará, e que deverá acentuar-se nos próximos anos, com a ampliação das atividades no complexo portuário e industrial do Pecém, a uFC vem preparando profissionais e pesquisadores para atuar nos novos empreendimentos, que incluem as áreas de siderurgia, metalurgia, refinaria de petróleo e produção de energia a partir de fontes alternativas, dentre outras.

Fundamental, nesse projeto institucional, é o estabelecimento de parcerias duradouras, capazes de resistirem ao tempo e às mudanças administrativas. estou certo de que nossa aproximação com a Fiec, que vem de longa data, tem-se constituído em fator decisivo para alavancar o desenvolvimento tecnológico do parque industrial e de outras empresas existentes no Ceará. ao mesmo tempo, posso garantir que o potencial da academia está longe de esgotar-se. de mãos dadas com o setor empresarial, repassando para a sociedade o conhecimento e a tecnologia desenvolvida na universidade, muito ainda poderemos fazer pelo Ceará, o nordeste e o Brasil inteiro.”

jesualdo Pereira Farias, reitor da Universidade Federal do Ceará

os DePoiMentosjesualdo farias, Honório Pinheiro e fernando cirino opinam sobre parcerias e perspectivas

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 45www.revistafale.com.br

Por roberto Proença de macêdo, ensaio publicado na revista FieC – edição de fevereiro de 2008menSAGem DA PreSiDÊnCiA

GoveRnança sinDicaL

o tema da Governança Corporativa tem per-meado o mundo dos negócios. Sob este

conceito, as grandes empre-sas mundiais vêm trabal-hando diferentes formas de gerar valor, acessar capitais, assegurar a transparência e construir sua perenidade.

Com a devida adequação às peculiaridades inerentes à na-tureza das entidades representa-tivas do empresariado, a idéia de Governança pode ser útil também ao bom funcionamento dos nossos sindicatos.

nesse sentido, a Governança Sindical é um sistema no qual as instituições são dirigidas e monito-radas, articulando e dinamizando todos os relacionamentos entre seus diversos públicos de interes-se. nas nossas entidades, as boas práticas de Governança podem também agregar valor, aumentar a transparência e garantir a sua sustentabilidade e perenidade.

Pensando na aplicação do conceito de Governança no nosso dia-a-dia, organizei alguns enun-ciados, em forma de decálogo, com a intenção de instigar o debate sobre como deve ser um sindicato da nossa Federação:

1 representativo. o sindi-cato deve ter uma representação mínima que expresse significati-vamente, em termos quantitativos e qualitativos, a dimensão do seu setor.

2 Profissionalizado.o sindi-cato não tem dono. É administrado por uma diretoria que atua res-peitando a sua natureza pública e aplicando as melhores práticas de gestão empresarial.

3 Ético. o sindicato somente deve praticar ações que sejam reconhecidas pela sociedade, com base em valores norteadores do bem-comum.

4 Gestor de demanda. o sin-dicato deve gerir a demanda das empresas do seu setor para o bom uso de toda a estrutura do Sistema FieC, em benefício dos seus as-sociados.

5 alavancador. o sindicato deve induzir e facilitar a monta-gem de sistemas consorciados capazes de congregar pequenas empresas para atender demandas que extrapolem suas capacidades individuais.

6 modernizador. o sindicato deve incentivar e prover os meios para a gestão profissionalizada das empresas, aplicando as melhores e mais atuais práticas administrativas.

7 motivador. o sindicato deve estimular e facilitar a capacitação continuada de pessoas em todos os seus níveis, de forma a atender as necessidades sempre crescentes da nova indústria.

8 inovador. o sindicato deve difundir e apoiar programas volta-dos para inovações tecnológicas e de produtos e processos, bem como contribuir para o acesso às fontes de recursos existentes para a realização de pesquisas e desen-volvimento.

9 integrador. o sindicato deve integrar as ações do seu setor nas cadeias produtivas afins, visando a obtenção de vantagens competi-tivas (fiscais, tributárias, volumé-tricas etc.) para a inserção compe-tente das empresas na economia nacional e global.

10 responsável. o sindicato deve ser o guardião da prática da responsabilidade social e ambi-ental dos seus associados, contri-buindo para o fortalecimento da imagem institucional do empre-sariado industrial.

Fazendo uso de atributos desse tipo, entendo que fortaleceremos as entidades que constituem a base do sistema representativo do empresariado industrial do Ceará e, com isso, contribuíremos para o aumento da competitividade das empresas cearenses. n

os documentos a seguir são marcos das gestões de Macêdo frente à federação das indústrias. o primeiro, Governança sindical, de 2008 e, agora, Pilares

Ge stÃo

46 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

Por roberto Proença de macêdo, ensaio publicado na revista da FieC — edição de setembro de 2010menSAGem DA PreSiDÊnCiA

PiLaRes PaRa 2010-2014

a natureza participa-tiva das eleições da FieC, com 703 em-presários votando,

conferiu maior legitimidade e responsabilidade à equipe que vai conduzir a Federação no próximo período.

Dentre as várias ações que tenho pensado para o novo mandato, pro-curei priorizar algumas que entendo como os pilares conceituais para a gestão 2010-2014:

1 representatividade político-social. Fortalecimento da repre-sentação empresarial, com inten-sificação do associativismo e ações compartilhadas com a sociedade e com as diversas áreas dos dife-rentes níveis governamentais. esta foi uma das principais formulações identificadas no nosso Planejamento estratégico.

2 Fortalecimento das cadeias produtivas. A complementaridade entre as indústrias de transfor-mação se apresenta como uma grande oportunidade de atração de novos investimentos, melhorando a competitidade das indústrias locais e contribuindo para o desenvolvimento do setor industrial e do estado.

3 consolidação da cultura da inovação. o movimento empresariai pela inovação (mei) deve assumir a mesma dimensão e importância

que teve o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP), quando colocou a indústria brasileira no nível de competitividade mundial, no que se refere a qualidade.

4 consolidação da cultura da exportação. Para estarmos expor-tando em 2014 mais de dois bilhões de dólares, independentemente da siderúrgica, temos que adotar um novo comportamento no meio em-presarial para a atuação no mercado internacional.

5 marketing corporativo. É fundamental que implantemos um sistema de marketing e comunica-ção interna e externa para mostrar aos empresários e à sociedade o diferencial e a excelência dos nossos serviços oferecidos pelo Senai, Sesi, ieL e Cin. Para isso, temos que nos adequar para atender as demandas de qualificação de mão de obra e de gestão, necessárias para o novo pa-tamar de desenvolvimento industrial do Ceará.

6 marketing institucional. A força, a importância e o poder de influência da Federação das indús-trias do Ceará têm que ser percebi-das e reconhecidas pela sociedade e por todas as áreas dos diferentes níveis governamentais. Precisamos desenvolver uma metodologia de marketing e o envolvimento de todos os associados da nossa Federação para, pela força do conjunto, con-

solidar uma imagem que traduza o reconhecimento pelo que somos.

7 atuação nos polos industriais. melhoria da mão de obra e gestão da indústria das diversas regiões do Ceará, apoiando a expansão indus-trial, por meio da estruturação e ampliação das Diretorias regionais.

8 melhoria da atuação no plano temático. Aumentar a contribuição ao desenvolvimento estadual, re-gional e nacional, por meio de uma maior integração com a Cni através da participação efetiva nos Consel-hos Temáticos comuns, dando aos presidentes dos nossos Conselhos Temáticos o status de Diretor.

9 Visão conjuntural e de longo prazo. o Conselho estraté-gico deverá atuar como orientador da gestão numa visão de longo prazo, levando em consideração as questões conjunturais e estruturais do Ceará, do Brasil e do mundo.

10 identificação e desenvolvi-mento de novas lideranças. Te-mos que alinhar os estatutos dos nossos Sindicatos com o espírito democrático adotado pela FieC. o fortalecimento dos Sindicatos e da Federação passa pela renovação permanente de suas lideranças. Devemos também voltar a contribuir, principalmente através do CiC, para a renovação das lideranças públicas.

Tenho certeza de que todos os que fomos eleitos para conduzir a nossa FieC no período de 2010 a 2014 asseguraremos a sua renovação aos 60 anos. mãos à obra! n

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O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 47www.revistafale.com.br

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VÔoSaiba como a terceira maior fabricante de aviões se recuperou da crise financeira mundial vendendo um dos mais odiados símbolos de gastança e excesso: os jatinhos executivos Por Liana Costa, enviada a São José dos Campos, SP

a AVIAÇãO EXECUTIVA VIROU SÍMBOLO DA GASTANÇA das corporações depois que os presidentes das três maiores montadoras dos Estados Unidos — General Motors, Ford e Chrysler – embarcaram em seus jatos particulares para viajar de Detroit, onde estão instala-das, para Washington, capital federal, para pedir um empréstimo de US$ 15 bilhões que evitaria a falência das empresas. A crise teve impacto distinto nas fabri-

cantes de jatos particulares. Algumas cancelaram o lançamento de novos aviões, como a Cessna, que deixou de lado o projeto do Columbus, e a Hawker Beechcraft, que abortou o H450XP. Outras, como a Embraer mantiveram seu cronograma de lança-mento como estratégia de recuperação e apostaram no segmento de luxo como alternativa à crise.

O plano deu certo. Mesmo durante a recessão, a Embraer cresceu 11 pon-tos percentuais e passou a responder por 14,1% do mercado de aviação exe-cutiva. “Tivemos que fazer ajustes, mas mantivemos as nossas estratégias de longo prazo. Os aviões que estavam em desenvolvimento não foram cance-

lados, como alguns dos nossos con-correntes fizeram. Isso nos ajudou a ganhar mercado com a chegada de novos produtos”, diz Luís Carlos Affonso, vice-presidente da divisão de aviação executiva da Embraer. “Por não termos alterado nossas es-tratégias durante a crise, acredito que estamos bem posicionados. No primeiro semestre de 2008 lança-mos o Legacy 450, o Legacy 500 e o Lineage 1000. Naquele momento, estávamos desenvolvendo o Phenom 100 e o 300 e pensando no Legacy 650. No começo de 2008, apenas um dos nossos sete aviões estava sendo entregue. Em 2011, quando o merca-do estiver crescendo de novo, apenas dois dos nossos sete aviões estarão em desenvolvimento”, explica.

economia

48 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

paRTiCipaÇão no MeRCaDo De aViaÇão eXeCuTiVa %

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fOnTe: gAMA rePOrTs — eMbrAer AnAlYsis — fev/2010

2004

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31%

11%

13%

2,2%

20%

1%

2005

25%

33%

7%

12%

2,7%

19%

2%

2006

24%

35%

7%

13%

3,1%

16%

3%

2007

22%

37%

7%

13%

3,5%

16%

2%

2008

21%

40%

6%

14%

3,3%

14%

1%

2009

20%

33%

9%

11%

2%

582 749 885 1.040 1.154 870

E o Brasil é um dos principais responsáveis pelo crescimento da aviação executiva da Embraer. Íco-nes dos excessos que levaram à crise financeira global, a aviação executiva encolheu em 2009 – a receita mundial caiu de US$ 23 bi-lhões para US$ 17 bilhões. “Os jatos executivos passaram a ser vistos como um brinquedo extravagante nos Estados Unidos”, afirma Ernest Edwards, vice-presidente de vendas da Embraer Executive Aircraft. No Brasil, ao contrário, o setor cres-ceu. No segundo trimestre de 2010, as vendas chegaram a US$ 9,4 bi-lhões – o equivalente a pouco mais de R$ 16 bilhões, em valores de hoje –, aumento de 0,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Se o crescimento não pode ser consi-derado expressivo, ele serviu para interromper dois anos consecutivos de queda, que culminaram com a maior crise da história do setor.

A evolução nas vendas foi acom-panhada pelo aumento na entrega de unidades. No segundo trimestre de 2010, as fabricantes entregaram

547 aeronaves. É um número 40% maior em relação aos três meses anteriores. Apesar da recuperação, o saldo no ano ainda é negativo: queda de quase 10% quando com-parado a 2009. Entre as unidades entregues, a Embraer ganhou lu-gar de destaque. O jato executivo com maior saída no período foi o Phenom 100, lançado pela fabri-cante brasileira em 2009. Um de-talhe interessante sobre o jato: há dez anos, a aeronave não poderia ser produzida. Naquela época, não existia tecnologia para fazer uma turbina tão pequena para a catego-ria de aviões ultra leves, da qual o modelo faz parte. O motor PW617F, da Pratt & Whitney, tem um venti-lador – as pás que captam o vento – de 40 centímetros de diâmetro. É quase do tamanho da cabeça de um adulto e chama a atenção pelo tamanho reduzido. Ao todo, foram entregues 35 unidades do modelo de US$ 4 milhões, fazendo da fro-ta dos Phenom 100 a maior de jatos executivos do Brasil.

Essa demanda aquecida no mer-

cado pôde ser percebida na Latin American Business Aviation Con-ference and Exhibition. Conhecida apenas como Labace, a feira – uma das mais badaladas do mundo da aviação – ocupa o hangar da extin-ta Vasp no aeroporto de Congonhas, São Paulo, e é utilizada pelos fabri-cantes de aviões e helicópteros para apresentar ao público as melhores e mais modernas aeronaves. Em 2010, a Embraer lançou na Labace o mais novo integrante da família Legacy, o Legacy 650. Também fo-ram expostos os dois modelos de Phenom, o 100 e o 300, responsá-veis pelo bom desempenho da em-presa no primeiro semestre deste ano. O sucesso contribuiu para que a Embraer reafirmasse a previsão de receita da divisão de aviões exe-cutivos, que até o final do ano deve faturar US$ 1,1 bilhão – equivalen-te a 20% do total da empresa. E as expectativas são de um crescimen-to ainda maior no setor em 2011. “Nossa visão é ter uma participação de 20% a 25%,” diz Affonso. “Este ano devemos chegar nisso”. n

11%11%

14%

núMeRo De uniDaDeS enTReGueS

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 49www.revistafale.com.br

a FoRÇa Da CRiaTiViDaDeMuito mais do que apenas uma atividade economicamente viável — com várias formas de organização e que gera mais oportunidades de emprego e renda — a economia Criativa oferece uma alternativa de desenvolvimento sustentável que promove a diversificação cultural e intensifica a integração entre setores econômicos e variadas dimensões da sociedade Por Carlos Mazza

É INEGÁVEL QUE QUA-SE toda atividade humana utiliza-se de alguma forma da criatividade. Desde o trabalho dos ar-quitetos e designers

até o fazer jornalístico, nos-sas ações — inseridas em um mercado exigente e altamente competitivo — são marcadas pela necessidade de desen-volver novas ideias e modelos criativos. Na sociedade da in-formação, que privilegia de forma inédita o surgimento de novas ideias, acompanhamos a franca expansão de uma economia que não tem freios, nem limites. E é nessa capaci-dade do ser humano de criar e

se renovar que se baseia a cha-mada Indústria Criativa, um novo setor da economia que já mobiliza mais de US$ 424 bilhões anualmente, segun-do um relatório da Conferên-cia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento — UNCTAD. Essa nova e pro-missora indústria é definida pelo órgão das Nações Unidas como o conjunto de atividades, baseadas no conhecimento, que produzem bens — tangí-veis e intangíveis, intelectuais ou artísticos — com conteúdo criativo e valor econômico vol-tado para o mercado.

As atividades agregadas à indús-tria criativa são as mais variadas, incluindo desde artesanato e dança aos grandes grupos de distribuição

de c i -

n e m a e música.

Unindo o uso do conhecimen-

to e técnicas tradi-cionais a perspectivas

contemporâneas, essas atividades vivem um mo-

mento de constante expansão. Elas representaram no ano de 2008

3,4% de todo o comércio mundial, e alcançaram níveis de crescimento de 8,7% entre 2000 e 2008, ainda se-gundo o relatório da UNCTAD. Essa realidade também se aplica ao Bra-sil, onde, segundo estudo realizado pela Federação das Indústrias do Es-tado do Rio de Janeiro — FIRJAN — essas atividades movimentam todo ano mais de R$ 381 bilhões — repre-sentando 16,4% do PIB nacional — e ocupam 21,8% da força de trabalho formal do país, com mais de sete mi-lhões de brasileiros empregados for-malmente no setor.

A delimitação da área é recente, com o conceito de “Economia Cria-tiva” aparecendo pela primeira vez em 1994, no relatório Creative Na-tion — Nação Criativa, em portu-guês — uma iniciativa do Ministério da Cultura da Austrália. A inovadora definição australiana obteve grande repercussão entre os meios acadê-micos e econômicos do mundo, se estendendo em 1997 para os países do Reino Unido. Hoje ela funciona como modelo de educação, expor-tado e seguido internacionalmente. Um exemplo de país que segue esse modelo australiano é a China, que assumiu o posto de maior produtor e exportador de produtos criativos do mundo no ano de 2005.

A experiência australiana não parou no relatório de 1994. Em asso-ciação com empresas, universidades

1994

Austrá

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o Cria

tiva”

1997

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2000

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2006

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2000

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2008

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50 | Fale! | O U T U B R O d e 2 0 1 0 www.revistafale.com.br

economi a& neGÓcios

e governos local e estadual, o gover-no australiano promoveu a criação do Creative Industries Precint, um distrito dedicado à experimentação e ao desenvolvimento comercial de novas indústrias criativas. Esse dis-trito fica situado em Brisbane, ca-pital do estado do Queensland, no nordeste da Austrália. Funcionan-do como um bairro criativo a mais de dez anos, a Kelvin Grove Urban Village já se consolidou na socieda-de australiana como um celeiro de novas ideias, atraindo todos os anos centenas de empreendedores, pes-quisadores, designers e artistas de todas as regiões do globo.

O Creative Industries Precint é um exemplo de organização cria-tiva para o desenvolvimento. O distrito é munido de aparelhos governamentais para a difusão e o desenvolvimento de novos negó-cios criativos, além de contar com centros de pesquisa técnica e aca-dêmica. Outro destaque é o Crea-tive Enterprise Austrália, projeto mantido pela Queensland Univer-sity of Technology que funciona como uma incubadora de empre-sas — fornecendo consultoria em negócios criativos, fomentando empresas em estágios iniciais e realizando a capacitação de profis-sionais para o mercado, entre ou-

tros eventos que envolvem a trans-ferência de conhecimentos.

Sucesso. A experiência australia-na chamou a atenção de outros pa-íses. No Brasil, a economia criativa foi tema do XX Fórum Nacional, realizado em São Paulo no ano de 2008. Os projetos apresentados no evento centraram-se no futuro des-sa atividade e visavam um enfoque na inovação, para superar as taxas de crescimento de outros países emergentes. No Ceará, um grupo de pesquisadores liderados pela Dra. Cláudia Leitão, ex-Secretária de Cultura do estado do Ceará, e pelo professor Luiz Antônio Gouveia, pesquisador do Grupo de Pesquisa sobre Políticas Públicas e Indús-trias Criativas da Universidade Es-tadual do Ceará, busca a realização de um congresso internacional, marcado para ocorrer entre os dias 8 e 10 de dezembro, sobre o tema, com enfoque no uso da Economia Criativa como alternativa de desen-volvimento para o nordeste.

Entre os maiores obstáculos para esse desenvolvimento maior da indústria criativa do Brasil está, segundo a Dra. Cláudia Leitão, a dificuldade de se vencer os fortes índices de exclusão cultural que

existem no país. “O preço médio do livro de leitura corrente é de R$ 25, elevadíssimo quando se compara com a renda do brasileiro nas clas-ses C, D e E”, diz a pesquisadora. O grupo tem como objetivo maior re-alizar a construção de um projeto governamental, baseado no mode-lo de desenvolvimento australiano, que possua políticas públicas para efetivar o crescimento da econo-mia criativa no país.

As razões para o desenvolvi-mento de uma economia criativa no Brasil são as mais diversas, e os benefícios seriam imediatos. Para Cláudia Leitão, o crescimento das indústrias criativas no país promo-veria uma redução da desigualdade, o que seria, na opinião da pesquisa-dora, muito melhor para a redução da pobreza do que apenas o desen-volvimento econômico. A economia criativa também tem ligações dire-tas com o desenvolvimento susten-tável, atual palavra-chave da eco-nomia mundial. “A economia deve ser repensada. Vivemos em uma economia que se baseia em recur-sos não-renováveis, e a criatividade humana é infinita”, diz Luciana Gui-lherme, pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Políticas Públicas e Indústrias Criativas. nfOnTe: ibge, 2006

64,3 56,1 53,2 43,8 47,2 47,2 44,9 39,9 34,2 25,3 22,2 11,5 11,4 9,4 4,2 2,9 7,5

ArtesanatoDançaBanda

CapoeiraManifestação

tradicional popularMusical

CoralTeatro

Bloco CarnavalescoDesenho e Pintura

Artes Plásticas e Visuais

OrquestraEscola de Samba

Associação LiteráriaCineclube

CircoOutros

Setores líderes de atividade na indústria Criativa no Brasil

onDe FiCa a CRiaTiViDaDe?

Renda do setor (em milhões)

fOnTe: firJAn, 2008 Total 6.720,8

2.642,3

1.513,8

812,1695,3

408,8

210,0

107,8132,2

71,183,032,7

11,6

ArquiteturaModaDesignSoftwareMercado EditorialTelevisãoFilme e vídeoArtes VisuaisMúsicaPublicidadeExpressões CulturaisArtes Cênicas

percentual de municípios com grupos artísticos, por tipo, no Brasil

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 51www.revistafale.com.br

uMA BREVE PASSAGEM PELA SEDE DO MUNICÍPIO É UMA amostra disso. O comércio é efervescente, a circulação de pessoas não para e a instalação de indústrias na região é crescente (ver o mapa na página 4). Mas tal observação não é suficiente para conhecer a verdadeira força que Cau-caia exerce na economia do Estado.

Com mais de 300 mil habitantes, Caucaia é constituída pelos distritos de Catuana, Tucunduba, Mirambé, Sítios Novos, Guararú, Bom Princípio e Jurema, além da sede. Do seu litoral fazem parte as praias do Cumbuco, Barra do Cauipe, Parazinho, Barra Nova, Icaraí, Pacheco, Embuaca, Tabuba e Barra do Ceará. A imensa área territorial, aliada à sua riqueza natural, faz com que a região seja alvo frequente de grandes investimentos, privados e estatais, tornando-se um verdadeiro canteiro de grandes obras e referência em desenvolvimento industrial.

A posição geográfica torna Caucaia um ponto estratégico para receber investi-mentos de diversas naturezas. Suas praias são atraentes – está sendo finalizado o Vila Galé Cumbuco Golf Resort -, sua topografia é de boa qualidade e a região tem bom acesso a rodovias e ferrovias, o que a torna atrativa do ponto de vista logís-

situado na região metropolitana de fortaleza, o município de Caucaia, com área de 1.300 km², poderia abrigar várias “fortalezas”, como afirma eliseu souza dos santos, titular da secretaria de desenvolvimento econômico municipal. A força da expressão não se limita às dimensões geográficas, mas se refere também ao potencial econômico do município conectado ao Porto do Pecém, à refinaria, à siderúrgica e abriga o maior centro de distribuição do Ceará

tico. Mas o grande trunfo de Caucaia não está em suas “dependências”: é sua proximidade com o Complexo Indus-trial e Portuário do Pecém (CIPP), lo-calizado no município vizinho de São Gonçalo do Amarante.

O Porto do Pecém, menina dos olhos do governo estadual, abre as portas para vários empreendimentos chegarem até aqui. Desde novembro de 2008, o porto está em obras para ampliar a sua estrutura e facilitar as operações de embarque e desembar-que, com vistas a atender a crescente movimentação de cargas. A intenção do governo é consolidar o porto como o maior exportador de frutas e de cal-çados no Brasil. As obras constam de três etapas principais - que serão fina-

c a u c a i a

uM NOVO POLO DE DESENVOLViMENTO

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economi a& neGÓcios

atRação. eliseu santos, secretário de desenvolvimento de Caucaia, cuida de captar novos negócios

e pode acontecer de o Ceará se tornar, por força

das circunstâncias, um entreposto internacional. o depósito de grandes empresas – como Motorola, hyundai, honda.

eliseU santos, sobre o desenvolvimento industrial em Caucaia.

c a u c a i a

uM NOVO POLO DE DESENVOLViMENTO

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Catuana

Sítios Novos

Pentec

oste

Pentec

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São Go

nçalo

do Am

arante

Maranguape

Marangu

ape

Maracan

Fortale

za

Oceano Atlântico

Bom Princípio

Tucunduba

Mirambé

Praia de Icaraí

Praia Parazinho

Praia do Cumbuco

Guararu

Rede Ferroviária

Cerâmica

Cerâmica

ZPE 1

Jtadois

WLBBEN

Nacional Gás Butano Petrobrás

Pecém

City Gate

Vila Galé

Coelce

Tortuga

Projeto Ceará Portos

USC Usina Ceará

Steel CSP Companhia Siderúrgica do

Pecém

4

Cerâmica

Cerâmica

Cerâmica

Cerâmica

Cerâmica

Aço Cearense

Britap Aeroporto de

cargas

Área Industrial

City Gate

Votorantim

Petrobras Refinaria ZPE 2

Pyla

City Gate Tecbrita

4

4

56

6 Inter Modal

1. D.I. POTIRA Polo Setorial de Confecção e Afins

2. D.I. JUREMA Polo Setorial de Rochas e Afins

3. D.I. CAMPO GRANDE Polo Setorial de Logística Polo Setorial de Metalmecânica Polo Setorial Central de Atacadistas Polo Setorial de Serviços e Const. e Afins Polo Setorial de Alimentos Moda Center (Atacadão da Confecção) Empresas X-Gratual e Suzlon

4. MARGENS DIR e ESQ DAS BRs 222 E 020 (faixa de 500m a 1000m)

Empresas diversas (Indústria, Comércio e Serviço)

5. ÁREAS D.I. PRIMAVERA Polo Setorial de Eletro Eletrôni-co e Afins

6. ÁREAS ENTRE AS CEs 421 e 422 E ADJACÊNCIAS

Polo Industrial de Empresas Estruturantes Intermodal Polo Setorial Automotivo Complexo Empresarial Cialne Fábrica de Cimento Apodi Polo Setorial de Granito / Rochas e Diver

7. D.I. ALTO DO GARROTE Setor de Indústrias de Informática Setor de Indústrias Químicas Setor de Indústrias de Embalagens Setor de Indústrias Pesadas Setor de Indústrias Têxteis Setor de Indústrias de Alimentos Setor de Serviços Setor de Apoio à Infreaestrutura e Outros

COrredOr indusTriAl Área reservada à implantação de Indústria, Comércio e Serviço ao longo das rodovias BR-222, CE-020 e 4º Anel Viário de 500m a 1000m de largura dos seus eixos (esquerda e/ou direita)

ÁreA indusTriAl eXisTenTe

ÁreAs fOrA dO COrredOr indusTriAl

os negócios em caucaiaRegião ocupa a maior área anexa ao complexo industrial do Pecém e potencializa e amplia a cadeia produtiva

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Catuana

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arante

Maranguape

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Maracan

Fortale

za

Oceano Atlântico

Bom Princípio

Tucunduba

Mirambé

Praia de Icaraí

Praia Parazinho

Praia do Cumbuco

Guararu

Rede Ferroviária

Vila Galé

Cerâmica

Cerâmica

Aço Cearense

Metalçone Roguimo

Pyla

City Gate

Potira

Diaga

1

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4

3

4

4

7

Fazenda S.Carlos

IMARF Granos

lizadas até março de 2016 - e somam um investimento de R$ 2,2 bilhões. Segundo a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), não está definido se esses recur-sos serão levantados somente pelo governo estadual.

Dentro da primeira etapa estão as obras do Terminal de Múltipla Utilidade (TMUT), que deverão, entre outras coi-sas, prolongar em 1000 metros o quebra-mar já existente, implantar linha de guindaste para os (des) carregamentos de containeres e ampliar em 363 metros a ponte de aces-so ao terminal. A capacidade de movimentação de cargas do porto será quintuplicada. As operações comerciais do TMUT terão início em abril de 2011.

Essas obras de ampliação do porto são fundamentais para atender a futuros empreendimentos, como a Compa-nhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que será viabilizada por conta do TMUT, pois, no projeto, um dos píeres irá operar exclusivamente para importação de matéria-prima e ex-portação de chapas de aço produzidas pela futura indús-tria. As obras iniciaram em janeiro de 2010 e deverão ser finalizadas em agosto de 2014. São US$ 5,4 bilhões inves-tidos no projeto, que tem como sócios a Companhia Vale do Rio Doce – com 50% de participação - e as sul-coreanas Dongkuk e Posco, com 30% e 20% de participação, respec-tivamente.

Quando iniciar suas operações, a CSP deverá fornecer mais de 4 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos. Sem contar com os 23 mil - diretos e indiretos - já gera-dos durante as obras. É aqui onde mora um dos grandes benefícios para a população da região: as contratações para os postos de trabalho que serão abertos durante a fase operacional irão priorizar a mão-de-obra local. Foi a partir daí que surgiu outro projeto resultante da parceria da CSP com instituições de ensino, que deverá oferecer cursos de capacitação técnica para a população se quali-ficar profissionalmente e atender à demanda de empregos que surgirá. Nessa mesma linha, está sendo construído o Centro de Treinamento Técnico Corporativo (CTTC), um empreendimento do governo estadual - com investimento em torno de R$ 26 milhões - que pretende formar profis-sionais para suprir a demanda de empresas instaladas no Complexo Portuário. A expectativa é de que o centro fique pronto dentro de 10 meses e que seus cursos formem em torno de 12 mil pessoas por ano.

Outro projeto que foi atraído e que será beneficiado pela ampliação do Porto do Pecém é a refinaria de pe-tróleo Premium II, que está inserida na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal. Maior projeto estruturante do estado, a refi-naria é classificada pelo governador Cid Gomes como o mais importante empreendimento dos últimos 40 anos, perdendo apenas para a chegada da energia vinda da hi-

nossa maior deficiência é no setor de emprego, e estamos

começando a mudar esse rumo. WashinGton Góes, prefeito do município de Caucaia

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 55www.revistafale.com.br

drelétrica de Paulo Afonso.Desde 2008 está decidido que a re-

finaria será implantada no Ceará. Na ocasião, foi decisivo o projeto de am-pliação do porto. Foi garantido que as obras teriam início em dezembro de 2009, com planos de que a refinaria começasse a operar em 2014, mas dois entraves impedem o início das inter-venções no local.

A área escolhida pela Petrobrás, estatal responsável pelo projeto, para

ser construída a refinaria foi reivindi-cada por índios como sendo terras da tribo Anacé. O impasse ainda está em fase de negociação entre o governo, a comunidade indígena e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Outra pen-dência é a licença ambiental que deve ser expedida pela Secretaria do Meio Ambiente (Semace). O documento só pode ser emitido depois que o ór-gão avaliar o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da

Premium II que ainda está sendo con-cluído por empresas contratadas pela Petrobras.

Enquanto isso, a previsão é de que a primeira fase da Premium II entre em operação em 2013 — com capacidade para 150 mil barris por dia. Na segun-da fase, em 2016, serão 300 mil barris por dia. A expectativa é de que a refi-naria fature anualmente o que repre-senta 45% do PIB cearense.

A revista Fale! entrou em contato

caucaia e Pecém em númeroscidade do atacado• 189 hectares é a área destinada ao empreendimento• us$ 250 milhões é quanto

será investido• r$ 1,2 bilhão é a expectativa de faturamento por mês• 300 pessoas ou mais serão empregadas diretamente ainda na primeira fase do projeto

• 7 mil empregos diretos serão gerados quando o projeto estiver em funcionamento• mais de 40 empresas associadas à Acad pretendem instalar escritórios no Centro

do espaçoA região que inclui os municípios de Caucaia e de

São Gonçalo do Amarante a oeste de Fortaleza

Pecém

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economi a& neGÓcios

com a Petrobrás, mas não obteve in-formações sobre os números do inves-timento por conta da sua operação de capitalização, período que exige silên-cio sobre as operações da companhia.

Porém, o Porto do Pecém também receberá benefícios de um empreen-dimento que está fora da sua zona portuária: o alargamento do Canal do Panamá. Com a reforma, navios de última geração com 300 toneladas que antes contornavam a região sul--americana para chegar ao Ceará, vão poder atravessar o canal do Panamá, tendo o Porto do Pecém como o pri-meiro ponto de parada. Segundo Eli-seu dos Santos, essa mudança na rota internacional de cargueiros tornará o Ceará, com a estrutura de Caucaia, o local de redistribuição de toda impor-tação que chegar no Brasil. “E pode acontecer de o Ceará se tornar, por for-ça das circunstâncias, um entreposto internacional. O depósito de grandes empresas – como Motorola, Hyundai, Honda.”, afirma Eliseu. Ele arrisca di-zer que isso não está longe de se con-cretizar, faltando talvez 5 ou 6 anos, já que dentro de 4 anos o alargamento do canal deverá estar concluído.

Para incrementar a lista de atrati-vos para a região está a zona de Pro-cessamento de Exportação (zPE) do Pecém. No último mês de junho, o presidente Lula assinou o decreto de criação da zPE aqui no Estado. zPE’s são distritos industriais, onde as empresas neles localizadas rece-bem incentivos fiscais com a condi-ção de destinarem a maior parte de sua produção ao mercado externo. As empresas beneficiadas operam com isenção de impostos estaduais, federais e municipais e com liberda-de cambial. Assim, o objetivo maior é atrair investimentos estrangeiros voltados para as exportações e dar competitividade às empresas brasi-

leiras em relação às concorrentes em outros países.

atacado. O Governo do Estado pre-tende instalar também em Caucaia o maior polo atacadista da América La-tina. Para isso, atraiu o investimento de US$ 250 milhões da Varicred – em parceria com a Associação Cearense dos Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados do Estado do Ceará (ACAD) - e lançou em maio passado a Pedra Fundamental da Ci-dade do Atacado, que abrigará galpões de armazenamento, prédios para es-critórios de grandes empresas, ban-cos, hotel, heliporto, restaurante, entre outros espaços.

O complexo terá uma área de 189 hectares e pretende disponibilizar uma infraestrutura completa para atrair atacadistas e tornar-se referên-cia em comercialização de produtos em grandes quantidades. Funcionan-do, o centro deverá faturar R$ 1,2 bi-lhão por mês.

Segundo Michel Amim Jereissati, diretor da Varicred do Nordeste, mais uma vez a localização estratégica de Caucaia foi fundamental para tornar viável o projeto. O primeiro galpão deve ser inaugurado em janeiro de 2011. Na primeira etapa do próprio projeto, serão gerados mais de 300 empregos. Na segunda etapa, quando estiver funcionando, esse número pas-sa para 7 mil.

Outra pretensão do governo é de construir em Caucaia o Centro de Co-mercialização de Rochas Ornamen-tais. Com investimentos na ordem de R$ 1,5 milhão, liberados pelo governo estadual, o projeto se dará em duas etapas. Na primeira, o espaço irá fun-cionar como um grande mostruário, permitindo o corte de rochas para a formação de blocos e a exportação

do produto. Na segunda, o objetivo é atrair grandes empresas com tecnolo-gia e equipamentos capazes de realizar a fase de beneficiamento, ou seja, de corte e polimento da matéria-prima. A intenção é conquistar os mercados americano e europeu, já que hoje o maior mercado para o produto é a Chi-na.

Um terreno de 30 hectares, doado pela prefeitura de Caucaia, está desti-nado ao empreendimento, que se reali-zará em uma parceria entre o governo de Caucaia, o Sindicato das Indústrias de Mármore e Granito do Estado do Ceará (Simagran) e o governo estadual através da Agência de Desenvolvimen-to do Estado do Ceará (Adece).

Com tantos números, talvez não fi-quem claramente identificáveis os ver-dadeiros benefícios que o Estado – não só os entornos do Porto do Pecém e Caucaia – ganhará a partir disso tudo. São empreendimentos ambiciosos que tentarão elevar a participação do Cea-rá na economia brasileira e dar peso ao seu nome nos âmbitos nacional e inter-nacional. A visibilidade e o diferencial competitivo que o estado irá adquirir se todos esses projetos se concretiza-rem não serão mais importantes que os ganhos diretos para a comunidade local por conta dessa sacudida na eco-nomia. Em outras palavras, empregos.

“Nossa maior deficiência é no setor de emprego e renda, e agora estamos começando a mudar esse rumo”, dis-se o prefeito do município de Caucaia, Washington Góes, durante o evento que marcou o início das obras da Cida-de do Atacado. Esbanjando tanta atra-ção aos mais diversos investimentos e vislumbrando tanto desenvolvimento, cabe reforçar o que foi dito anterior-mente: o potencial econômico de Cau-caia está à altura de suas dimensões geográficas. Quem sabe, nesse ritmo, mais “Fortalezas” caberão ali. n

Porto do PecÉm• r$ 2,2 bilhões é o investimento para a ampliação do Porto

comPanHia siderúrGica do PecÉm

• us$ 5,4 bilhões serão investidos no projetoreFinaria• 45% é quanto irá representar para o PIB cearense

centro de

comerciaLizaÇÃo de rocHas ornamentais• r$ 1,5 milhão é aproximadamente quanto se investirá• 30 hectares é a área do terreno destinado ao empreendimento

O U T U B R O d e 2 0 1 0 | Fale! | 57www.revistafale.com.br

ças opcionais, chega a 280 km/h. Para tracionar tanta potência, foi preciso desenvolver um câmbio automático Tiptronic de seis ve-locidades, que pode ser acionado manualmente por borboletas loca-lizadas atrás do volante que, uni-do a tração integral permanente nas quatro rodas, evita perda de desempenho ou dirigibilidade. O CDR — Controle Dinâmico de Ro-dagem — foi criado para reduzir as oscilações longitudinais e trans-versais, mantendo o centro de gra-vidade praticamente fixo e trans-mitindo segurança sem prejudicar o conforto, podendo, a critério do motorista/piloto, ser regulado em três posições que são esportivo, di-nâmico e confort. Toda esta tecno-logia está apoiada em rodas de liga leve de 19x 9 polegadas, podendo opcionalmente receber outras de 20 polegadas. Acelerar é impor-tante, mas parar com segurança pode ser mais ainda — o que é feito por discos de 390mm da dianteira e 356mm na traseira, com um sis-tema especial de refrigeração para evitar que um possível aquecimen-to provoque qualquer tipo de falha.

Visualmente o station-wagon mais potente do mundo pode até tentar se esconder na multidão com seus apêndices aerodinâmi-cos, com destaque para o difusor de ar traseiro que traz os dois esca-

Por roberto Costa

Autos&Máquinas

audi RS6 avantlobo em pele de cordeiro

PARA O DESATENTO senhor que acabou de parar seu comportado sedan no estacionamento de um shopping, o seu vizinho de vaga normalmente pode até ser encarado como um sation-wagon de luxo, mas, para um apaixonado por carros, a definição é

completamente diferente. O novo Audi RS6 Avant é um verdadeiro bólido travestido de “perua” e

disposto a encarar o dia-a-dia das cidades ou as fantásticas autobahns tão comuns em seu país de origem onde velocidade não é motivo para multa. Este verdadeiro bólido urbano tranquilamente estacionado esconde tecno-logias desenvolvidas pela Audi para seus sofisticados modelos de competi-ção, a começar por um poderoso motor V10 de 4.991 cilindradas com inje-ção de combustível estratificada e dois turbocompressores, que geram 580 hps, tornando-a não só o seu modelo de série mais potente, como também a station-wagon de maior cavalaria do mundo. Com tanta potência e um fator peso/potência de apenas 3,5 quilos por cavalo, o RS6 Avant rivaliza com a elite mundial dos carros esporte ao acelerar de 0 a 100 km/h em míseros 4,6 segundos, atingindo os 200 km/h em apenas 14,9 segundos, tendo veloci-dade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h que, com leves mudan-

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pamentos e as grandes e largas rodas com pneus de perfil baixo, mas vai ser difícil. Se por fora sua aparência esportiva vai surgindo aos poucos, no interior que tudo muda radical-mente. Sentar nos bancos dianteiros tipo concha que “abraçam” condutor e acompanhante, pode até requerer algum cuidado, mas logo sente-se que sua dureza está longe de gerar qualquer desconforto, dada sua per-feição ergonômica, volante ovaliza-do na parte inferior, painel analógi-co de fácil leitura, GPS, sistema de som multimídia Bose, iluminação interna que se adapta (dia e noite) são alguns dos itens de segurança, conforto e conveniência.

Avaliamos o veículo nas boas ro-dovias do interior do estado de São Paulo por 400 quilômetros e, dadas as limitações legais, tivemos que nos policiar para evitar alguma infração, ficando até difícil sentir todo o po-tencial do carro, já que apenas em uma ou outra arrancada foi possível colocar toda a cavalaria para traba-lhar e esta é uma situação que os educados alemães jamais passarão em suas rodovias seguras, com velo-cidade liberada, e, principalmente, sem pagamento de pedágio.

Finalizando, posso afirmar que o Audi RS6 Avant, apesar de ser um station-wagon super-esporti-vo, oferece como poucos a possi-bilidade de utilização no dia-a-dia, aceitando tranquilamente uma condução pacata sem qualquer artifício ou orientação especial, como em muitos esportivos até menos potentes, ou seja, até o tio-zinho do comportado sedan pode utilizar tranquilamente. n

pit-stop fiat . CSergio Marchionne,presidente mundial do grupo Fiat, em recente viagem ao Brasil eleogiou à operação brasileira que é hoje a maior da organização no mundo e se prepara para comercializar um milhão de veículos-ano já em 2014. A produção nacional somada a das demais unidades do grupo deverá totalizar 6 milhões de unidades no mesmo período. Outra notícia dada pelo pelo executivo número um da montadota Italiana é que em 2012 a marca Alfa Romeo estará de volta ao Brasil além dos novos modelos da Chysler. De 2008 a 2010 a montadora investiu R$ 6 bilhões no País, dos quais R$ 5 bilhões foram destinados às unidades de automóveis e veículos pesados e o total poderá saltar para R$ 7 bilhões. fiesta 1.000.000. A Ford atingiu a produção de 1.000.000 de unidades do Novo Fiesta em oito anos, das versões Hatch e Sedan, na fábrica de Camaçari, na Bahia.Desde

o lançamento, já foram exportados mais de 230 mil unidades do modelo para países como Argentina e México, representando 35% do volume total exportado pela Ford Brasil desde 2003. vendas. O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge declarou na abertura do congresso anual da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que o total de veículos vendidos no país deve dobrar em 15 anos.Segundo ele um estudo encomendado pelo seu Ministério aponta para uma venda anual de 6,8 milhões de veículos por volta de 2025 mas para isto é vital uma redução da carga tributária que no Brasil chega a 30% do valor total do veículo representando em média o dobro do que é pago no exterior. “Nós aumentaríamos as vendas em cerca de 1,8 milhão de unidades se os impostos fossem reduzidos para algo como 16% e se os juros dos financiamentos caíssem de 24% para 16% ao ano.” finalizou Miguel Jorge.

uma proposta coerenteA HONDA, MESMO DIANTE

da possibilidade de canibalizar ven-das do seu carro chefe no Brasil, o Civic, ousou ao lançar o City, com uma proposta esteticamente mais comportada, porém sem prejuízo em conforto ou desempenho, e posi-cionando-o entre seu modelo Top e o Fit que dominavam respectivamente

seus nichos de marcado.Com linhas que insinuam mais

robustez e até um tamanho maior do que realmente tem, o Honda City traz um frontal em cunha com a gran-de tela ladeada por faróis trapezoidais se juntando ao pára-choque, forman-do uma única peça. No perfil notam--se as grandes portas, onde o grande ângulo de abertura facilita a entrada de passageiros. Na traseira, grandes lanternas facilitam sua identificação, com a tampa do porta-malas abrindo desde o pára-choque, para a entrada de grandes volumes no bom porta--malas. Internamente, o Honda City tem espaço de sobra para até cinco ocupantes, bem acomodados e que desfrutam de diversos itens de con-forto e segurança, tais como volante revestido em couro — com controles de áudio e de velocidade —, coluna de direção ajustável em altura e profun-didade, ar condicionado automático e digital, bancos traseiros reclináveis e bi-partidos, encosto de cabeça para todos os ocupantes, rádio AM/FM CD MP3/WMA integrado no painel e airbag frontal para motorista e passa-

geiro, além de freios a disco nas qua-tro rodas com ABS e EBD. Na versão ELX, avaliada por Autos&Máquinas, são de série bancos com revestimento em couro com múltiplas regulagens e motorização 1.5 SOHC i-VTEC 16V Flex de 116 cv, quando movido a eta-nol.

O “nosso” Honda City estava equi-pado ainda com câmbio automático de cinco velocidades, com possibi-lidade de acionamento manual por borboletas colocadas atrás do volan-te (opcional), e mostrou um desem-penho excelente nos quase dois mil quilômetros rodados sem quaisquer dificuldades para encarar o trânsito congestionado das grandes cidades ou enfrentar estradas onde na hora de uma ultrapassem mais difícil câm-bio na posição Sport fazia a diferença.

O City traz uma proposta mais comportada que o Civic e lhe tomou clientes, mas, por suas característi-cas, representa uma decisão acertada da Honda para concorrer em uma das mais difíceis faixas do mercado nacional, que é a dos sedans Pre-mium. n

honDa CiTY

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consumo

La Dolce Vita!Confira os principais lançamentos no mercado do luxo e tecnologia e saiba quais empresas estão apostando no mercado brasileiro como estratégia de venda

SonY Vaio VpC-p110 R$ 3999

o vaio vPC-P110 possui mouse integrado e tela com sensor de movimento, que permite mudar a orientação da imagem de acordo com a posição do aparelho. a base externa está disponível nas cores verde limão, laranja e preto e branco. Há também uma versão do notebook em rosa e preto com textura que imita a pele de crocodilo. MileSTone 2

R$ 3999

top de linha da Motorola, o Milestone 2 chegará ao Brasil com uma novidade: o sistema operacional

android 2.2 Froyo, desenvolvido pelo google. o aparelho foi lançado no Brasil já com a nova versão do android, que permite abrir sites com Flash 10.1, algo que o iPhone, por exemplo, não é capaz de fazer.

FiaT 500C ‘la DolCe ViTa’ o Fiat 500C ganhou pelas mão da Fenice Milão detalhes em ouro 24K e revestimento em materi-ais mais nobres. a versão, batizada de ‘La dolce vita’ possui ouro de 24K no contorno dos para-choques, nas molduras das soleiras, nos faróis e lanternas traseiras, nas maçanetas, nos retrovisores, nas rodas de 17 polegadas, na ponta do escape e em detalhes no teto e na lateral da carroceria.

RaChel RoY us$ 48

tem como não sorrir ao ver este anel, cujo aro é a tromba do

elefante?

SKeleTon a380 a caneta especial

da Montblanc, batizada de skeleton a380, é feita com ouro

branco maciço, detalhes em platina, 12 diamantes no corpo da carga e 15

diamantes na tampa.

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ChaMpanhe le FRiDG R$ 250

o champanhe veuve Clicquot foi lançado em uma embalagem que homenageia as geladeiras da década de 50. dentro da geladeirinha amarela, a bebida fica gelada por no mínimo 2 horas e com certeza será a sensação da festa.

SonY CYBeR-ShoT DeSiRe R$ 1199

a sony lançou no Brasil a Cyber-shot desire, ou dsC-W350d, repaginação da dsC-W350 com um toque feminino e luxuoso. a câmera cor-de-rosa vem adornada com arabescos e pedras brilhantes.

MaRTini, poR DolCe&GaBannao mix da união desses dois luxos resultou numa bebida feita de refinadas especiarias: bergamota da Calábria, limão siciliano, laranja, açafrão espanhol, mirra da etiópia, gengibre da Índia, pimenta de cubeba da indonésia.

TuTTi luCKY Batizada de tutti

Lucky, o acessório da marca Louis

vuitton tenta trazer toda a boa sorte possível: tem

um trevo de quatro folhas, um elefantinho, uma ficha de

pôquer, um fim de arco íris.

RelÓGio De pulSo Da MB&F us$ 158 mil

Modelo é uma obra de arte para ser vestida. o HM4 thunderbolt é um relógio de pulso inspirado nos aviões a jato. os mostradores, um para o tempo e outro para a reserva de energia, possuem o formato de uma turbina. ele também vem com um case de titânio e uma pulseira de couro com fivela de titânio e ouro branco.

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Política Economia Mundo Adeus Imagens Frases Esportes Tecnologia Artes Cenários

O Livro do Ano 2010-2011. A história é de quem faz.

Pelo sexto ano consecutivo a Omni Editora lança O Livro do Ano, que documenta os fatos marcantes de 2010, no Brasil e no mundo, e faz projeções para 2011. Por isso, quem é formador de opinião, quem é decisor ou quem está ligado nos eventos futuros

faz parte da audiência do Livro do Ano, a mais completa publicação documentada com apoio das maiores agências de notícias nacionais e internacionais.

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[ Persona ]

Dentre os tantos persona-gens que Wagner moura já in-terpretou, nenhum marcou tanto os brasileiros quanto o Capitão nascimento da franquia Tropa de elite. Herói para alguns, anti-herói para outros, Capitão nascimento encheu de jargões a boca dos espectadores, a exem-plo da frase “pede pra sair”. A aguardada continuação da série, Tropa de elite 2, estreou no dia 8 deste mês e, já na primeira se-mana de exibição, foi vista por 3 milhões de pessoas: um número espetacular para o cinema na-cional. Será se Tropa de elite 2 baterá o inquebrável recorde de bilheteria nacional de Dona flor e seus dois maridos (1976), de Bruno Barreto, com 11 milhões

de espectadores? Do primeiro para o segundo

Tropa de elite, a narrativa dá um salto de treze anos. Agora, nascimento está mais experi-ente, divorciado e com um filho adolescente. os espectadores verão o Capitão do Bope largar a farda: na continuação, nasci-mento usa terno e gravata e lida com os verdadeiros criminosos do País. o ator Wagner moura declara que Tropa de elite 2 é melhor do que o primeiro em todos os aspectos. Segundo Wagner, “tudo foi mais pensado e culmina com a maturidade de nascimento. A grande diferença é que ele é um personagem muito mais consciente do que está acontecendo”.

Wagner Moura,sinônimo de competência

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René Barreira e um dos homenageados da noite, Gilmário Mourão Maria e Eymard Amoreira Mirian e João Batista Holanda

Arízio Lopes, René Barreira, Hélio Macedo, César Asfor, Yolanda Queiroz, ao lado dos agraciados: José Augusto Bezerra, Estrigas, Gilmário Mourão e Regina Passos José Augusto Bezerra recebendo o troféu das mãos do general Hélio Macedo

Aramicy e Maria de Lourdes Pinto Paes de Andrade e Zildinha Edson Queiroz Neto e Ticiana

Suely e Leorne Belém com Kaia Catunda Bernadete e José Augusto Bezerra com Yolanda, Airton e Celina Queiroz

TAlenTO CeArense. Quatro personalidades foram agraciadas com o Troféu Sereia de Ouro, durante cerimônia realizada no Theatro José de Alencar Fotos Iratuã Freitas

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Manoela e Ricardo Bacellar

Lenise e Cláudio Rocha

Mário e Selma Pagnerette

Silvio e Paula Frota Edilmar e Lucila Norões

Jorio e Maria Theresa da Escóssia

Julinha e Alfredo Gurjão com Beatriz Philomeno

Viviane e Paulo Quezado

Roberto Macedo e Tânia com Lêda Maria e Souto Paulino

Margarida Borges, Nestor Chaves e Ângela

Alysson e Alessandra Aragão

Jamile e Salmito Filho

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Fernando Nogueira e Nailde Pinheiro

Gervásio e Branca Pegado

Jorge e Nadja Parente Artur Bruno e Natércia Gaída e Victor Valim

Adriana e Otávio Queiroz

Érika e Assis Martins

Regina Marshall, Vivian e Fred Albuquerque

Homero e Mayara Silva

Jeanice e Célio Fontenelle

Tânzia e Gerard Wichmann

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Assis Machado, Ivan Bezerra, Roberto Macedo e Ivan Bezerra Filho

Ligia Fontenele e Maria José Moreira

Wagner Crivelari, Ivan Bezerra, Kelly Whitehusrt, Germano Maia e Leandro Pereira

Leuda Moreira e Mônica Arruda

Fábio Caracas e Gisele David

José Moreira Sobrinho, Paulo Studart e Francisco Magalhães

Clea Petrelli e Maryanne Machado

Linda Tavares, Roberta Fontelles, Francisco Magalhães e Maria Tereza Ramos

Carlucio Pereira, Vilalba, Sabino e Franzé Fontenelle

dATA MArCAnTe. Os 75 anos do Sinditêxtil foram comemorados com palestra de Lino Villaventura e lançamento do Guia Têxtil do Ceará, na FIEC. Fotos Iratuã Freitas

Edilene Borges e Marinês Isoppo

Júlio Macedo e Dia Brasil

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Stela Rodrigues, Freitas Cordeiro, Pio Rodrigues e Fernando Cirino Gurgel

Álvaro de Paula, representando o grupo M. Dias Branco, recebe a placa de Leonardo Morais e Sérgio Melo Empresário Beto Studart exibe o prêmio O Equilibrista ao lado de Leonardo Morais e Sérgio Melo

Economista Paulo Rabello de Castro fala sobre Economia Brasileira

Rômulo Soares e Gonzaga Vale Paulo Rabello de Castro, Beto Studart, Sérgio Melo e Álvaro de Paula

Cláudio e Renata Vale

Daniele Vasconcelos, Raquel Botelho e Ana Villar

Paulo Lustosa , Ismael Vasconcelos e Marta Campelo Beto Studart agradece a honraria

PreMiAçãO. O empresário Beto Studart e o grupo M. Dias Branco receberam o prêmio O Equilibrista, outorgado pelo IBEF, no Gran Marquise Fotos Iratuã Freitas

Zena e Cláudio Targino

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Paulo Pinheiro e Karol Ximenes

Alexandre Cialdini, Denise e Luciano Cavalcante Waldyr Diogo

Freitas Cordeiro e Honório Pinheiro Gonzaga Vale e Deusmar Queiroz Fernanda e Lima Matos

Regina Fiúza e Roseane Medeiros Roberto Pessoa e Antônio Barbosa

Vera Albuquerque, Renata Vale, Stela e Pio Rodrigues Fernando e Patrícia Novais

Beto, Ana e Deda Studart

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Ana Marta, Lucy Coutinho e Gláucia Andrade Erika e Assis Martins

Chico Esteves, Fred Fernandes, Miguel Guiter — expositor —, Pedro Jorge, Fábio Brasil e Francisco Dourado

Edilene Borges e Marinês Isoppo

Gláucia Andrade e Wilson Loureiro

Helena Demes, Heloisa Helena Rodrigues e Mariah Frota Nilda Andarde, Karisia Pontes e Venúsia Ribeiro

Regina e Gilberto do Egypto

filigrAnAs. Os trabalhos de Miguel Guiter estarão em exposição até o dia 28 de novembro, no Espaço Multiuso do Centro Dragão do Mar Fotos Iratuã Freitas

Zé Tarcisio, Mônica Arruda e Leuda Moreira

Solange Palhano, Chico Esteves e Silvana Reis

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

José Waldo Silva e Moema Guilhon

Álvaro Andrade, Renato e Marta Bonfim

Márcio Rezende e Zezé Jereissati

Vera Simões e Daniela Castelan Luis Carlos de Lima e Lucile Nóbrega

Flávia e Carlos Castelo Tarcísio Parente, Madalena Rêgo e Vitória Parente

Victor Trintadue, José Jorge Vieira, José Waldo Silva, Humberto Camurça, Luiz Carlos Martins e Paulo Almeida Vera e Alfeu Simões

Marcos e Stela Salles João e Conceição Guimarães

benQuerençA. Vera e Alfeu Simões anfitrionaram movimentada noitada em volta de Luiz Carlos Martins e Daniela Castelan, aniversariantes da temporada. Fotos Iratuã Freitas

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Raimundinha Menezes, Auxiliadora Menezes, Socorro Macedo e Ivanildes Feitosa

Cibelle, André, Francisco, Socorro e Núbia Macedo

Célia Macena, Ellis Mário, Rian Fontenelle, Vando Figueiredo, Rogers Taboza e Airton Barbosa

ArTe eM fOCO. Artista plástica Socorro Macedo promoveu exposição de seus inéditos trabalhos na Galeria Casa D’arte. Fotos Iratuã Freitas

Catharina De Papas e Roberta Macedo

Marcus Bessa, Rita Bastos, Ellen Sá e Alexandre Santos

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

uniãO A dOis. Bonita e prestigiada a cerimônia de casamento de Andréa Campelo Bezerra e Marcelo Campelo Feitosa, realizada em Brasília

Marcelo e Andréa com os pais dele: Emília e Gutemberg Mourão Campelo Eliane e ministro Cláudio Santos

Noivos Andréa Bezerra e Marcelo Feitosa na hora do “sim” Noivos entre Marizalva e ministro Valmir Campelo Guiomar e ministro Gilmar Mendes

Entrada na capela N.S. Aparecida no Recanto das Águas, em Brasília

Fernando Ferrer, Paulo Régis, Emmanuel Furtado e Estenio Campelo Bezerra Nubentes entre Leila e ministro Brito Pereira

Henrique e Regina Machado

Paulo Régis e Patrícia Botelho

Flávia Falcão e Liduina Feitosa

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[ Persona | Luiz Carlos martins ]

Notícia boa também vendePor rogério christofoletti

a extensa cobertura do resgate dos mineiros no Chile tem permitido observar o jornalismo e o consumo de informações

sob uma perspectiva levemente diferenciada da convencional. Entre os profissionais, uma certeza ajuda a orientar o noticiário:”bad news, good news”, conforme costumam dizer os americanos. Quer dizer, acon-tecimentos ruins têm mais espaço nas redações porque rendem mais notícias, porque atraem interesses primitivos do público, porque alcan-çam uma amplitude que extrapola as expectativas. Catástrofes ambientais ou acidentes com grande número de vítimas geralmente são mais “atra-entes” para os jornalistas que uma descoberta científica positiva, por exemplo. Comumente é assim.

é por isso que o episódio da semana passada trouxe elementos interessantes. Os principais veículos de comunicação do mundo manda-ram seus contingentes para a mina de San José, fazendo com que mais de 1,5 mil jornalistas se acotovelas-sem para transmitir ao vivo o resga-te. Emissoras de TV estenderam-se em intermináveis plantões e os meios impressos se esforçaram para expli-car os detalhes do salvamento, abu-sando de infográficos e ilustrações. O resultado foi praticamente uma vigília do público por horas e horas. Ao final da operação exitosa, os re-sultados – além do alívio generaliza-do – estão bastante equilibrados num bom nível jornalístico. Isto é: a cober-tura de um resgate chamou tanto a atenção do cidadão comum quanto a de uma tragédia. um exemplo crista-lino de que notícia boa também rende um jornalismo sintonizado com os interesses do público, e apoiado num conjunto de valores positivos.

é claro que ninguém tinha certeza de que a história terminaria bem e que o suspense e a dúvida ajudaram a temperar as reportagens. Por outro

lado, de maneira ampla, a mídia não escondia sua torcida pelo sucesso da operação, sentimento que era comungado com o público. Esta sintonia, esta partilha de sentimentos é um ingrediente que não pode ser desprezado numa rápida análise do episódio. Afinal, é esta conexão que ajuda a caracterizar o jornalismo como um importante elo social, uma fundamental força na constituição do imaginário contemporâneo comum. A sensação que se teve é de que todos estavam do mesmo lado: torcendo pelos mineiros, mostrando seus dra-mas, vivendo as mesmas angústias, ligados à mesma corrente narrativa.

Parece banal, em se tratando de jornalismo, mas não é. Como um tipo específico de comunicação, o jornalismo se caracteriza por uma série de elementos que nem sempre contribui para uma apresentação afirmativa desta atividade. Isto é, o jornalismo às vezes é incômodo, agressivo, intrusivo, indelicado. O jornalismo também causa mal-estar e revela aspectos repulsivos da vida.

A cobertura do resgate dos minei-ros posicionou o jornalismo ao lado do público, estreitando seus laços e, em algumas situações, até borran-do as fronteiras entre o jornalista e o cidadão comum. Como quando a repórter não contém as lágrimas ou quando o jornalista abraça o minei-ro recém-resgatado – sua fonte na

entrevista. Isso é ruim? Não neces-sariamente. Jornalistas também são pessoas e podem ser tomados por seus sentimentos em situações limítrofes. Mas é preciso manter o equilíbrio, a plena consciência do que se está fazendo por lá e do que o público espera colher com aquilo.

Houve exageros na cobertura? Talvez. As emissoras de TV trans-formaram o episódio num espetá-culo? De alguma maneira, sim, mas o fato em si é bastante inusitado, forte, espetacular. Afinal, são 33 homens enterrados vivos por 69 dias com perigos reais de não so-breviverem. Afinal, não se tem ideia de fato semelhante tão fartamente documentado. Afinal, são pessoas, seres humanos iguais a cada um de nós, que estão ali, e o interesse é amplo e universal.

Daqui pra frente, como ficamos? é necessário observar se os meios de comunicação vão manter uma distância saudável dos resgata-dos, respeitando sua privacidade, compreendendo sua fragilidade pós-traumática. Certamente, haverá assédio para entrevistas exclusivas, para fotos inéditas, para depoimen-tos originais. Certamente, cada um dos 33 homens será disputado para ser fonte de informações para uma exploração inesgotável desse dra-ma. Ainda resta interesse e curio-sidade do público, mas isso tende a diminuir rapidamente, até porque o ápice da narrativa já se deu.

Os jornalistas vão continuar a correr atrás das notícias. Os veícu-los manterão a ânsia por oferecer isso ao público. Resta saber se uma certa ressaca da cobertura não vai acometer a mídia, turvando sua visão e permitindo um novo afasta-mento seu do público. nRogério Christofoletti é professor da Univer-sidade Federal de Santa Catarina e pesqui-sador do Observatório da Ética (objETHOS).Artigo retirado do site Observatório da Im-prensa (www.observatoriodaimprensa.com.br)

isto é: a cobertura de um resgate chamou tanto a atenção do cidadão comum quanto a de uma tragédia.

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