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MOSTRA DE ANDY WARHOL NO BRASIL Revista de informação ANO II — Nº 11-B OMNI EDITORA www.revistafale.com.br R$ 9,00 A G UERRA DO A LGODÃO Por que o Brasil sobretaxou produtos americanos e exclui bens de capital ou insumos para a indústria B RASÍLIA

Revista Fale! Brasília 11-B

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Revista de informação com ênfase em Política, Economia, Sociedade e Tecnologia

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MOSTRA DE ANDY WARHOL NO BRASILRevista de informaçãoANO II — Nº 11-BOMNI EDITORAwww.revistafale.com.br

R$

9,0

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A GUERRA DO ALGODÃOPor que o Brasil sobretaxou produtos americanos e exclui bens de capital ou insumos para a indústria

BRASÍLIA

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Os 30 Cearenses mais InfluentesEm abril de 2010 a revista Fale! vai publicar o ranking dos Cearenses mais Influentes, edição 2010. Trata-se de um levantamento feito pela nossa equipe com o apoio de leitores via Internet. Você pode votar pela

Internet no site www.revistafale.com.br

1.Políticos3. Empresários&Empreendedores

4.Artistas&Intelectuais2.ProfissionaisLiberais

5.Esportes

Vote no site www.revistafale.com.br

Objetivo: A lista Os 30 Cearenses Mais Influentes, versão 2010, da revista Fale!, coloca em evidência e celebra a atuação de cidadãos que, de maneira significativa, contribuem para o crescimento do estado do Ceará e do Brasil. Os cearenses mais influentes se destacam não só pelo poder que ocasionalmente possuem, mas por ações transformadoras na sociedade. Essas personalidades, com suas realizações refletidas na vida pública, impactam, como formadores de opinião, a população cearense e merecem ser celebrados pela mídia. As 5 categorias da lista contemplam

várias facetas da vida pública cearense: 1. Políticos 2. Profissionais Liberais 3. Empresários & Empreendedores 4. Artistas & Intelectuais 5. Esportes. Escolhidos pela redação, os cearenses prestigiados formam um retalho peculiar que contribui para as qualidades excepcionais do estado do Ceará.

Processo de seleção: A lista será elaborada pela redação da revista Fale! e se orientará pela votação aberta no site da revista www.revistafale.com.br. Cada eleitor informará o seu e-mail para rechecagem e poderá

votar somente em uma pessoa , comentar e justificar seu voto com depoimento comentário. Não é necessário indicar a categoria do escolhido.

Divulgação da lista: Os nomes serão divulgados na edição de abril de 2010 da revista Fale! Cada um dos 30 Cearenses Mais Influentes terá seu perfil publicado pela revista e uma fotografia com alta qualidade gráfica. A promoção será de responsabilidade da Omni Editora que edita a revista Fale!

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Sem t’tulo-1 1 22/03/10 17:55

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R E V I S T A D E I N F O R M A Ç Ã O

EDITOR&PUBLISHER LUÍS-SÉRGIO SANTOS

EDITOR SENIOR ISABELA MARTIN

EDITOR ASSOCIADO Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Jon Romano DESIGN GRÁFICO Bruno Aôr EDITORES DE ARTE ASSISTENTES Eduardo, Cinara Sá e Lívia Pontes WEBDESIGNER Germano Hissa REDAÇÃO Adriano

Queiroz COLABORADORES Fernando Maia, Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil, AE, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 n

Fones: (85) 3247.6101 e 3091.3966 n CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará n e-mail: [email protected] n home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Ltda. Preço

da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos

assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de

Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é marca registrada da Omni Editora Associados Ltda. Fale! é marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Copyright © 2010 Omni Editora Associados Ltda. Todos os direitos reservados. IMPRESSÃO Gráfica Cearense n Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale! is published

monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: [email protected]

ISSN 1519-9533

Vem aí O Livro do Ano 2009-2010. A história é de quem faz.

O mais completo documento de 2009 e os cenários para 2010.Mais um lançamento da Omni Editora. www.omnieditora.com.br

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UMA NOVA GALÁXIAUm grupo internacional de astrônomos descobriu uma galáxia que

há 10 bilhões de anos produzia estrelas numa velocidade 100 vezes mais rápida do que a da Via Láctea atualmente. Pesquisadores liderados pela Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, informaram que a galáxia conhecida como SMM J2135-0102 produzia aproximadamente 250 sóis por ano. Quatro regiões da galáxia SMM J2135-0102 eram 100 vezes mais brilhantes do que atuais áreas formadoras de estrelas da Via Láctea, como a Nebulosa de Órion, indicando uma maior produção de estrelas.

IMAGEM

FOTO © ESO

“Sou grato, também, a Sua Exa o Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e ao seu governo, sem cujo apoio não

teríamos feito tudo que fizemos. JOSÉ ROBERTO ARRUDA

ArenaPolíticaTalkingHeadsOnlineBrasíliaOffBlogosfera

S E Ç Õ E S8 Talking Heads10 Arena Política

11 Online12 Periscópio43 Persona

ECONOMIA

16O efeito Ciro Ele pode até terminar

o primeiro turno das eleições presidenciais — a ser realizado no dia 3 de outubro deste ano — bem longe do Palácio do Planalto, mas sua participação ou ausência no pleito terá grande peso na definição do trigésimo sexto presidente da República

33Mulher no CIC Pela primeira vez, em

90 anos, uma mulher assume a presidência do Centro Industrial do Ceará, a industrial Roseane Medeiros, numa posse concorrida

POLÍTICA

28A crise ao largo Se o Brasil amargou, em

2009, o primeiro resultado negativo do PIB – Produto Interno Bruto – após 17 anos, o Ceará registrou mais uma vez um crescimento bem superior aos índices nacionais

27Desiguais No Dia Internacional da

Mulher, um estudo Ipea mostra agravada e recorrente desigualdade de gênero no mercado e no emprego doméstico no Brasil

CAPA: FOTO ROBSON MELO

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Estamos vivendo um novo Brasil.Feito por você. Respeitado pelo mundo.Feito por você.

Respeitado pelo mundo.Feito por você.

Nós brasilienses estamos vivendo um novo Brasil.O Governo Federal investe em programas sociais e obras de infraestrutura que geram mais oportunidades, fortalecem a economia e melhoram a vida no Distrito Federal.

Escola Técnica - Planaltina Vila Estrutural Farmácia Popular - Sobradinho

• A Escola Técnica de Planaltina prepara jovens para o mercado de trabalho. Até o fi nal do ano, mais 4 serão inauguradas.

• Educação Superior: acesso ampliado com 3 novos campi da UnB.

• SAMU: atendimento de urgência para mais de 2,6 milhões de brasilienses.

• Farmácia Popular: medicamentos com até 90% de desconto.

• Bolsa Família: alimentação, frequência escolar e acompanhamento da saúde de mais de 71 mil famílias.

• Saneamento e Habitação: melhoram a qualidade de vida dos brasilienses, como na Vila Estrutural.

• Com a duplicação da BR-060, ir de Brasília a Goiânia fi cou mais rápido e seguro. E o trânsito vai melhorar com as obras da BR-020, que liga Planaltina a Sobradinho.

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Estamos vivendo um novo Brasil.Feito por você. Respeitado pelo mundo.Feito por você.

Respeitado pelo mundo.Feito por você.

Nós brasilienses estamos vivendo um novo Brasil.O Governo Federal investe em programas sociais e obras de infraestrutura que geram mais oportunidades, fortalecem a economia e melhoram a vida no Distrito Federal.

Escola Técnica - Planaltina Vila Estrutural Farmácia Popular - Sobradinho

• A Escola Técnica de Planaltina prepara jovens para o mercado de trabalho. Até o fi nal do ano, mais 4 serão inauguradas.

• Educação Superior: acesso ampliado com 3 novos campi da UnB.

• SAMU: atendimento de urgência para mais de 2,6 milhões de brasilienses.

• Farmácia Popular: medicamentos com até 90% de desconto.

• Bolsa Família: alimentação, frequência escolar e acompanhamento da saúde de mais de 71 mil famílias.

• Saneamento e Habitação: melhoram a qualidade de vida dos brasilienses, como na Vila Estrutural.

• Com a duplicação da BR-060, ir de Brasília a Goiânia fi cou mais rápido e seguro. E o trânsito vai melhorar com as obras da BR-020, que liga Planaltina a Sobradinho.

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Eu sou uma das pessoas, acho pelo menos, que têm uma das melhores relações com o TCU.

DILMA ROUSSEFF, ministra-chefe da Casa Civil , em meio as investigações do Tribunal de Contas da União, que suspeita de irregularidades nas obras da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná

TalkingHeads

O Brasil é um país muito importante e pode vir a ter uma função no processo de paz.

MARK REGEV, porta-voz do premiê israelense Binyamin Netanyahu, às vésperas da visita do presidente Lula à região.

Consideramos que o Brasil pode ser um mediador honesto no conflito. GHASSAN HATIB, porta-voz do governo palestino, sobre a possível participação do governo brasileiro no processo de paz do Oriente Médio

B R A S I L E O R I E N T E M É D I O FOTO PAULO H. CARVALHO_CASA CIVIL_PR

Eu penso que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem liberdade.

PRESIDENTE LULA, comparando dissidentes cubanos a criminosos brasileiros

O Brasil é um parceiro valioso, mas estamos observando que o Irã vai ao Brasil, à China, à Turquia e conta histórias diferentes para cada um.

HILLARY CLINTON, secretária de Estado dos Estados Unidos, em sua visita ao Brasil, defendendo a tese de que o Irã engana quem o apóia.

Não há divergência entre nossos (EUA e Brasil) objetivos. Só que o momento é de uma ação internacional. O Brasil pensa que há possibilidade de negociação, mas até agora não vimos um único esforço e boa fé a favor das negociações da parte do Irã.

Idem

FOT

O RI

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UCKE

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S E Ç Ã O

Estou convencido, pelos vários estudos e análises que fiz, que o Titanzinho não é o local ideal para a instalação do estaleiro

ARTUR BRUNO, deputado estadual (PT-CE), pelo endereço twitter/ arturbruno

O mensalão nunca acabou. Do outro lado, as denúncias que estão na Veja são estarrecedoras. Vamos ver qual será o fim dessa novela

SÉRGIO GUERRA, senador pelo PSDB de Pernambuco e presidente nacional do partido, pelo endereço twitter/Sergio_Guerra

Chegam ao meu site novas ameaças a minha integridade física em razão da lei do paredão, que pretendo votar esse semestre.

GUILHERME SAMPAIO, vereador (PT) de Fortaleza, pelo endereço twitter/VerGuilherme

Não conheço o verbo desistir na minha luta política.ganhar ou perder.desistir jamais!

CIRO GOMES, deputado federal (PSB-CE) pelo endereço twitter/CiroFGomes

Quando eu entregar a presidência, gostaria de entregar a uma mulher. Perdoem-me os cavalheiros.

HUGO CHÁVEZ, presidente da Venezuela, expressando sua vontade de ter uma sucessora mulher. Só não adiantou quando.

FOTO IVALDO CAVALCANTI_AG. CÂMARA

C I R O E P TEm entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o deputado federal Ciro Gomes (PTB-CE), fez

declarações que causaram incômodo ao PT paulista

Como o PT é um desastre, lá em São Paulo especialmente, eles têm essa eficiência medíocre posta em relevo.

Estou falando do desastre de confiabilidade, de confiança da população a ponto de o próprio PT, na minha opinião corretamente, pretender lançar um candidato jovem lá, para fazer nome.

A minha candidatura [em SP] naturalmente é artificial.

R E A Ç Ã O Não faz sentido

uma declaração agressiva como essa, justamente quando construímos um processo alternativo para São Paulo, do qual ele era o líder e um nome apoiado pelo PT.

EDINHO SILVA, presidente do Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo

Eu sempre frequentei, sempre fui e não vejo problema nenhum isso. Eu costumo ir a alguns lugares, tenho alguns trabalhos sociais em alguns lugares desses e, por isso, frequento.

VAGNER LOVE, jogador do Flamengo, em entrevista ao programa Fantástico, depois de ter sido visto escoltado por traficantes armados em uma festa na Rocinha. Uma das armas identificadas, um tipo de bazuca, é usada pelo Exército americano nas guerras do Iraque e do Afeganistão

Eu não sei se é namoro ou se é casamento, se é simpatia ou se é paquera.

LUIZIANNE LINS, prefeita de Fortaleza (PT), sobre a relação entre Cid Gomes (PSB), governador do Ceará e o senador Tasso Jereissati (PSDB)

“O momento de Aécio passou.”ROBERTO FREIRE, presidente nacional do PPS, à respeito da insistência na candidatura de Aécio Neves, governador de Minas Gerais (PSDB) em uma eventual chapa com José Serra (PSDB)

FOTO VALTER CAMPANATO_ABR

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F ORTALEZA, GOIÂNIA, BELO HOri-zonte e Brasília lideram o ranking das cidades mais desiguais do Brasil, revela o relatório da Orga-

nização das Nações Unidas (ONU). Em comparação às cidades no mundo, só perdem para três cidades sul-africanas, que lideram a lista de desigualdade: Bu-ffalo City, Johannesburgo e Ekurhuleni.

Esse dado foi apresentado no V Fo-rum Urbano Mundial da ONU, no Rio de Janeiro, que debateu o crescimen-to das cidades e as políticas públicas que precisam ser implementadas para o cidadão ter seus direitos garantidos, como o acesso à moradia. Segundo a ONU, mais da metade da humanidade hoje vive em cidades.

As cidades citadas apontaram um va-lor de Gini, baseado na renda, superior a 0,60. Esse índice varia de 0 a 1 (quan-to mais próximo de 1, maior a desigual-dade entre o que as pessoas ganham).

No documento, a ONU ressalta que quando o índice de Gini tem como base o gasto em consumo, reflete menos de-sigualdade do que quando se baseia em

ArenaPolíticaSERRA ABRE A GUARDA EM PROGRAMA POPULARESCO

No programa de Luiz Datena “Acontece São Paulo”, da Rede Bandeirantes de Televisão, pela primeira vez o governador José Serra (PSDB), de São Paulo, falou como candidato a presidente da República.

Datena tratou Serra como candidato — e Serra abandonou as ressalvas e os cuidados habituais e respondeu às perguntas como candidato.

Datena citou Lula, Serra respondeu: “Lula não é candidato. Somos eu e Dilma. O eleitor fará a comparação entre nós dois”.

Serra admitiu com todas as letras que a estratégia dele de campanha repousará na comparação com Dilma. E citou todos os cargos que ocupou até hoje: deputado, senador, ministro duas vezes, prefeito de São Paulo e finalmente governador.

Já está acertado: na propaganda eleitoral gratuita do deputado federal Fernando Gabeira (PV) ao governo do Rio em 2010 aparecerão dois candidatos à Presidência: Marina Silva (PV) e José Serra, do PSDB, de quem Gabeira é amigo pessoal. Esse entendimento foi feito antes mesmo que Serra falasse pela primeira vez como postulante à Presidência.

Nas ruas, Gabeira fará campanha primordialmente ao lado de Marina, enquanto seu candidato a vice, provavelmente o também deputado federal Márcio Fortes (PSDB), apoiará

Serra. “No programa eleitoral gratuito, tanto Marina quanto Serra vão aparecer. Mas [na imagem da TV] haverá sempre um registro da Marina como candidata a presidente pelo PV”, explica Gabeira que mostra que em 2010 a salada de apoios nos estados pode fundir a cabeça do eleitor menos avisado. Isso deve se repetir em Minas Gerais, na Bahia e no Ceará.

Os candidatos a deputado dos outros partidos da coligação no Rio, o DEM e o PPS, além do próprio PSDB, darão apoio a Serra. Num segundo turmo, Marina pode apoiar Serra.

Serra, Gabeira e Marina, no Rio

DILMA FAZ A CONTA RÁPIDO: 12 MILHÕES DE EMPREGOS

Em visita na segunda semana de março a Santa Catarina, a candidata Dilma Rousseff foi em cima de José Serra. “Foram 12 milhões de empregos gerados diante da inexistência disso na gestão anterior”, disse.

Dilma enumera os “benefícios” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o programa “Bolsa Família”, o “Minha Casa, Minha Vida” e os “milhões de empregos gerados no período” e tenta criar um contraponto com as gestões do tucano Fernando Henrique Cardoso. Esse, por sinal, deve ser o tom da campanha, que o PT de Lula pretende ser plebiscitária.

renda. Isso significa que, mesmo que as cidades brasileiras apresentem um alto índice de desigualdade de renda, o acesso à água potável e ao saneamento básico, obtiveram um resultado melhor do que as cidades altamente desiguais dos países pobres africanos.

Um exemplo, segundo a ONU, é que em Brasília, apesar do alto valor de Gini, 90% da população tem acesso à água corrente e 85%, a saneamento.

De acordo com o relatório, 227 milhões de pessoas em todo o mundo deixaram as favelas na última década.

FORTALEZA, LÍDER NA DESIGUALDADE

Turista estrangeira posa tendo ao fundo a favela da Rocinha, no Rio

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Online

Valores na redeA campanha Mostre seu Valor do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD - pretende identificar quais são os valores humanos que estão em falta no Brasil e que podem melhorar a vida dos brasileiros. Com a ideia de que com pequenas atitudes cada pessoa pode ajudar o mundo, a campanha busca um “Brasil de valor”.

Para ter maior alcance, o programa está presente nas redes sociais Twitter, Facebook e Orkut. Os perfis são atualizados diariamente com tópicos de interesse público e com assuntos sobre a campanha e desenvolvimento.

No site www.mostreseuvalor.org.br há mais informações sobre a campanha e várias textos de acadêmicos e gestores de projetos do país que participam da elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro.

Celular para Facebook, Twitter, Orkut... Que as redes sociais estão em alta, todo mundo sabe. Que o espaço

dedicado à elas é crescente, também. Então, um celular que tenha como foco facilitar o acesso dos usuários de Facebook e Twitter, por exemplo, é uma boa ideia. O Nokia C5, pertecente a nova família de smartphones da empresa - a C Series - foi lançado com esse intuito.

O aparelho vem com suporte ao Live Hotmail, Gmail e Yahoo! Mail, uma câmera com 3.2 megapixels, 50MB de memória interna e um cartão microSD de 2GB. Sua tela tem 2,2 polegadas com resolução de 320 x 240 pixels. A espessura é de 12mm e bastante leve - pesa menos de 90 gramas. O aparelho é revestido com aço inoxidável, elegante e resistente. Além disso, apresenta conectividade 3G, Bluetooth e conexão por GPS. A duração da bateria chama a atenção: pode durar até 12 horas de conversação e até 630 horas em standby. Nessa febre de redes sociais, a bateria será bem-vinda. Inclusive, sua agenda de endereços será integrada com os contatos do Facebook.

No segundo trimestre desse ano o Nokia C5 será lançado na Europa e na Ásia por cerca de 183 euros, um dos mais baratos entre os smartphones da empresa.

O QUE É NOVO

HD iPhone?Depois de semanas com o

iPad no centro das atenções e cercado de boatos antes de seu lançamento, o mundo da tecnologia se volta, agora, para especular sobre o iPhone 4G. Velocidade superior a 2GHz, capacidade de armazenamento dobrada, câmera frontal para realização de videoconferências, nova tela de alta resolução e uso dos novos chips da Apple — os mesmos do iPad — são algumas das características possíveis.

Um vídeo conceito, descoberto por um internauta, acalmou em parte a curiosidade dos fãs de tecnologias. O vídeo apresenta o smartphone com o chassis renovado e fez surgir boatos de que o telefone poderia se chamar HD iPhone e ser lançado ainda neste ano. É esperar, mais uma vez.

Mp3 para pequenos. Em tempos de tantas inovações, um mp3 player para bebês e crianças pequenas era de se esperar. O Baby Bidou é desenhado em formato de ursinho, tem caixa de som embutida — pois fone de ouvido pode não ser muito saudável para os ouvidos dos pequenos -

controlador de volume e gravador de voz — os pais podem gravar suas vozes para os filhos escutarem. O material utilizado é atóxico, leve e resistente. Ele vem nas cores azul ou rosa e está disponível no site www.brainybaby.com por US$59,98.

Como estou dirigindo?A empresa Mobilecomm oferece

um serviço de rastreamento chamado de telemetria e logística para empresas que querem evitar desperdícios nas suas frotas e, portanto, melhorar seus lucros.

Funciona assim: um software é instalado nos veículos da frota detectando informações, como velocidade e percurso, e as envia para a empresa - por satélite, celular ou rádio. Dependendo do que o cliente desejar, o serviço pode gerar relatórios minuciosos, informando, por exemplo, o consumo do ar-condicionado e de combustível, se a rota foi desviada ou se o veículo está parado com a ignição ligada.

A instalação do equipamento custa entre R$ 700 e R$ 800.Já a mensalidade do serviço varia entre R$ 89 e R$ 130, de acordo com as ferramentas desejadas.

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Ele pode até terminar o primeiro turno das eleições presidenciais — a ser realizado no dia 3 de outubro deste ano — bem longe do Palácio do Planalto, mas sua participação ou ausência no pleito terá grande peso na definição do trigésimo sexto presidente da República Federativa do Brasil. Isso porque o deputado federal — pelo PSB-CE — Ciro Gomes vive a situação paradoxal de ser um dos maiores defensores do governo Lula e de ter parte do seu eleitorado mais alinhado à linha ideológica de seu principal inimigo político, o também presidenciável tucano José Serra. Por Adriano Queiroz

2010Política

e o fator

CIRO GOMES

ELE NASCEU NO INTERIOR DE SÃO PAULO – em Pindamonhangaba, no dia 6 de novembro de 1957 – mas tem grande parte de sua história de vida ligada ao Ceará. Do alto de seus 52 anos de vida, ele passou os primeiros sete como um paulista, uns 29 anos como legítimo cearense e pelo menos há 16 anos é também um verdadeiro cidadão do Brasil – sem perder a extrema iden-

tificação com o estado natal de seus pais. Ciro Ferreira Gomes é filho do ex-prefeito de Sobral, José Euclides Ferreira Gomes, com Maria José Santos Ferreira Gomes. Herdeiro da mais tradi-cional família daquela cidade, Ciro tem em sua parentela nomes de grande expressão na política cearense, tais como o primo e

vice-prefeito de Fortaleza Tin Gomes, o irmão e deputado estadual Ivo Gomes, e o gover-nador Cid Gomes, também seu irmão.

Casou-se, primeiramente, com Patrícia Saboya – que depois veio a adotar o sobrenome Gomes e retirá-lo após a separação do casal, motiva-da pelo romance de Ciro com a atriz Patrícia Pillar, que resultou, depois, no segundo casamento do político. A ex-esposa de Ciro é hoje senadora pelo Partido Democrático Brasileiro – PDT-CE. Cercado de política por

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16 | Fale! | MARÇO DE 2010 www.revistafale.com.br

POLÍTICApraticamente todos os lados, – em-bora muitas vezes tenha sido ele o impulsionador de carreiras – Ciro é hoje deputado federal, pelo Partido Socialista Brasileiro, e pré-candidato à presidência da República. Nas mais recentes pesquisas de intenção de votos, ele figura na terceira posição, mas aparece com considerável dis-tância para os melhores colocados: a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do PT, e o governador pau-lista José Serra, do PSDB.

Mesmo assim, na visão do próprio Ciro e de muitos analistas políticos, a

presença ou a ausência dele no plei-to, em outubro deste ano, pode ser determinante para definir o sucessor do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. De um lado, Ciro é visto como uma dor de cabeça para Dilma, pois, na visão dos governistas, ele confunde o eleitor da base de Lula, favorecendo Serra, indiretamente. Do outro lado, o go-vernador de São Paulo e o deputado federal já trocam farpas frequente-mente, às vezes com certa virulência, e é provável que isso se intensifique caso se tornem adversários diretos.

Mas para o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ, os movimentos do pré-candidato pessebista favoreceram o

crescimento ou a manutenção do cacife político de seus concorren-tes mais diretos.

Ismael acredita que, no fi-nal das contas, Ciro vai aca-bar desistindo de qualquer disputa, mas, mesmo assim, suas movimentações até uma eventual desistência ainda terão consequências difíceis de determinar. “Ninguém sabe ao certo se os votos do Ciro migram para Dil-ma ou Serra”, pondera o cientista político, acredi-tando, no entanto, que o deputado pode mesmo ser uma alternativa inte-ressante para o campo do governo. “Ciro tem uma experiência que Dilma não tem. Isso em campanha precisa ser considerado”, ressalta. Além da sucessão na-cional, Ciro deve jogar um papel de destaque nas discussões sobre o

futuro do governo paulista e na re-eleição do irmão Cid, no Ceará. No primeiro caso, o fato decorre de o deputado ser o preferido do presi-dente Lula para disputar a sucessão em São Paulo e tentar desbancar a hegemonia tucana por lá — que vai completar dezesseis anos, ao fim de 2010.

Atendendo exatamente a um pedido do presidente, Ciro Gomes mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo, no dia 2 de outubro de 2009. No entanto, até o fecha-mento desta edição, ele não havia desistido de sua caminhada rumo ao Palácio do Planalto. Em certos momentos, chegou a ser enfático em sua determinação a não con-correr ao governo paulista, mas em outros buscou atenuar um possível mal-estar com o eleitorado daque-le estado e com a base governista federal. A indefinição do futuro político de Ciro está levando tanto petistas quanto tucanos a adiarem a confirmação de seus respectivos candidatos ao Palácio dos Bandei-rantes. Os favoritos são: o senador Aloísio Mercadante e Geraldo Alck-min, respectivamente. No caso do Ceará, a contribuição de Ciro será um pouco mais indireta, mas pode, por exemplo, determinar se o PT local vai ou não apoiar a reeleição do irmão Cid Gomes.

Influência.Aliados de primeira hora de Cid, os petistas cearenses podem até mesmo lançar candida-tura própria para que Dilma tenha palanque no estado, caso Ciro saia mesmo candidato à presidência. Ou-tra movimentação do partido, no es-tado, que pode sofrer consequências diretas ou indiretas da decisão de Ciro Gomes é a disputa pelo Senado. Não é segredo para ninguém que o PT quer indicar José Pimentel, mi-nistro da Previdência, para pleitear uma vaga no órgão, mas o nome “nú-mero um” da aliança governista local é o do deputado federal peemedebis-ta Eunício Oliveira. A manutenção dos entendimentos entre petistas e o governo Cid pode facilitar as coisas para Eunício, mas um eventual rom-pimento, causado pela insistência do irmão do governador em disputar a presidência, impulsionaria ainda mais as intenções de Pimentel.

Tudo que sair na Veja envolvendo meu nome é sempre para você pensar logo de primeira que não é verdade ou que está sendo manipulado.

CIRO GOMES, deputado federal FOTO JOSÉ CRUZ_ABR

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 17www.revistafale.com.br

* A última pesquisa de intenções de voto do Instituto Datafolha, antes da publicação da edição 70 da Revista Fale! e após a entrevista com Ciro Gomes, apontou o crescimento da preferência do eleitorado pela pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, para 28%. José Serra seguiu na liderança com 32%, apesar de ter caído cinco pontos percentuais, e Ciro caiu um ponto percentual, indo para 12%.

FOTO MARCELLO CASAL JR_ABR

Destino político de Ciro Gomes em 2010.Ciro Gomes. Sou candidato à presidência da República.

Resultados de pesquisas e perspectivas iniciais para a campanha.Ciro Gomes. Pesquisa, na atual distância até o processo eleitoral, deve sempre ser vista com muita moderação, com muito cuidado, com muita atenção. O que eu acho, no caso, é que as indicações estão se aproximando daquilo que parece ser a realidade da largada. Eu acre-dito que o governador de São Paulo – com toda a estrutura que ele tem – parte na frente, mas já acho que ele não é candidato. Para a Dilma basta fazer o cruzamento da infor-mação de que ela tem o apoio do Lula e do PT que vai a 25% ou 26% das intenções de votos, tão logo

essa informação circule na televi-são. E eu tenho uma faixa de 13% a 15% das intenções de votos para começar.* Na medida em que a mi-nha candidatura se defina, ou seja, que se esclareça que o meu parti-do me apóia e que a gente supere o isolamento partidário, ficará es-clarecido que eu sou um candidato também do arco de forças de sus-tentação do presidente Lula.

Aposta na desistência de Serra para a presidência da República.Ciro Gomes. O Serra deve de-sistir da candidatura à presidên-cia, porque está se incrementando claramente o risco de ele perder a eleição nacional e aí ele tem um escape, uma fuga, que é a reeleição em excelentes condições no estado de São Paulo. E se eu conheço bem, como eu conheço, há mais de vinte

anos, a natureza dele, não vai cor-rer esse risco.

Crescimento de Dilma Rousseff e reação dele nesse contexto.Ciro Gomes. Se a Dilma, repre-sentando as nossas forças, dispa-rar, a ponto de ter uma chance de ganhar no primeiro turno, a minha responsabilidade muda. A minha responsabilidade passa a ser não di-vidir e sim garantir a vitória. Desta feita, o que está acontecendo não é isso e o que vai acontecer também acho que não seja isso. Acredito que a minha candidatura será essencial, seja para os valores que esse proje-to representa ganharem, seja para dar garantias de um segundo turno, para o que ficar no segundo lugar ter o apoio do terceiro.

Aécio Neves na disputa pela

Sou candidato à presidência da República.

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POLÍTICAsucessão presidencial.Ciro Gomes. Eu acho, e tenho conversado muito com o governa-dor de Minas, que a presença dele seria muito boa para o processo político brasileiro. Se fosse, por exemplo, uma disputa, ele, a Dil-ma, eu e a Marina, nós teríamos a garantia de uma disputa estabeleci-da em bases fraternas, respeitosas. De maneira que aquele que tivesse o privilégio de ganhar as eleições, pelas mãos generosas do povo, po-deria contar com o diálogo e a cola-boração dos outros, livrando o Bra-sil dessa crônica em que o PSDB vai ao poder, o PT radicaliza, não tem diálogo. Obriga o PSDB a se atracar com tudo o que não presta na vida pública brasileira. Roda a roda da história, o PT vai ao poder com o Lula (essa grande figura extraordi-nária, que está fazendo um grande bem ao Brasil). O PSDB, por con-ta da paróquia de São Paulo, briga com o PT, não conversa, não dia-loga. Obriga o PT a se atracar com quem? Justo com a mesma turma da safadeza política, da promis-cuidade, da corrupção, do clien-telismo. E é preciso encerrar isso. Essa é a razão pela qual eu luto há tantos anos. O Aécio não é da tur-ma do Fernando Henrique, não faz parte dessa briguinha de São Pau-lo, como a Dilma também não faz, nem eu faço e nem a Marina faz. Veja bem, que coisa boa seria para o Brasil!

Dilma e Lula fizeram campanha antecipada?Todo mundo fez. Eu fiz, a Dilma fez, o Serra fez, o Aécio fez. É normal que se faça. Nós temos de supor (e eu tenho certeza, mas a elite tem de nos dar pelo menos o benefício da dúvida) de que o nosso povo é in-teligente. E eu sei que o nosso povo é inteligente. Ele tem direito de sa-ber das coisas, olhar tudo, ver tudo e depois decidir — com as bênçãos de Deus — o que é melhor para nós.

Sucessão estadual e Tasso Jereissati.Ciro Gomes. Sobre a sucessão estadual do Ceará quem vai con-duzir é o governador Cid. A maior responsabilidade é a dele, ele é quem tem as negociações, os en-tendimentos, que está na presen-ça mais cotidiana aqui e o que ele

decidir eu apóio. O que eu posso repetir é aquilo que todos no Ce-ará já sabem há muitos anos: que eu gostaria muito de, em qualquer que fosse a eleição daqui até o fim da minha vida e em que estivesse o Tasso Jereissati, dar a ele o meu voto. Dar o meu voto só não, gos-taria de ajudá-lo no que estivesse ao meu alcance. O Tasso tem for-ça e liderança no estado do Ceará para disputar qualquer eleição com

grandes chances de ganhar. Evi-dentemente, como eu tenho muito interesse na reeleição do Cid, se ele for candidato a governador, isso me obrigaria a arregaçar as mangas muito pesadamente, porque seria um cenário onde nós teríamos ex-trema dificuldade. Mas eu sonho e peço a Deus que jamais isso aconte-ça, para eu não ter que escolher en-tre dois irmãos: um que a vida me deu e outro que nasceu do mesmo ventre que eu.

Governo Cid.Ciro Gomes. Nós estamos ven-cendo. O governador Cid está en-tregando um sonho do cearense de cinquenta anos. E agora se trata de preparar o jovem cearense para se qualificar, se treinar. Mais de 120 escolas profissionalizantes estão sendo direcionadas para qualificar o nosso jovem, de maneira que ele aproveite esse mega-empreendi-mento. A siderúrgica, mais a re-finaria, mais a mina de urânio de Itataia tem a força de dobrar a ri-queza do Ceará. Dobrar no gover-no do Cid, o que seria uma coisa histórica. Vamos lutar muito. Está sendo um governo extraordinário o que não quer dizer que está tudo resolvido e tudo entregue, mas o

Ceará está dando um grande salto.

Governo de São Paulo.Ciro Gomes. Eu não devo dis-putar o governo de São Paulo. Já repeti isso muitas vezes. Eu aceitei esse desafio que me fez o presiden-te Lula, porque é meu dever com o meu partido, com um presidente da República que está fazendo tan-to pelo país e pelo Ceará. Mas ele tem a informação de que não é meu desejo. Só numa situação de extre-ma necessidade para o país (que eu não vejo se desenhar) é que eu teria de aceitar esse desafio. Mas volto a dizer: meu plano é ser candidato a presidente.

Ciro na presidência: o que continuaria e o que avançaria em relação à Lula.Ciro Gomes. Na minha mente dessa vez eu vou ganhar. Acho que eu tenho duas responsabilidades. Uma é institucionalizar, colocar nas regras do país, esse avanço im-portante que o governo Lula repre-senta. O Brasil está melhorando. O desemprego já caiu de 8% e nós precisamos trazer pelo menos aos 4,5% de quando eu era Ministro da Fazenda. O salário mínimo va-lia US$ 76 dólares quando o Lula tomou posse e passou de US$ 255 dólares. Só para se ter uma idéia de cada cem cearenses que trabalham, setenta ganham o salário mínimo e que hoje estão levando remédio, comida e passagem de ônibus, com o equivalente a 255 dólares e não 76 dólares. O crédito no Brasil era uma coisa que só existia para mui-tos poucos barões e hoje o crédito passou de 13% do PIB para quase 50%. É a maior proporção da his-tória. Então emprego, salário, ren-da, crédito, são todos avanços im-portantes. Sem falar no programa Bolsa-Família, no Pronaf e em uma série de questões que se amanhã a gente perder as eleições, se der um vento ruim aí, tudo isso vai para trás. Então a primeira grande tare-fa é botar isso nas regras do país. Virar uma regra, um compromisso legal, de maneira que independen-te de entrar Chico, Manuel ou Te-resa o povo fique protegido e lute por mais coisas e não para proteger aquilo que já conquistou. A segun-da tarefa é projetar o futuro do Bra-

Eu não devo disputar o governo de São Paulo. Já repeti isso muitas vezes. Só numa situação de extrema necessidade para o país.

CIRO GOMES

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 19www.revistafale.com.br

sil. Se nós sentirmos a vida do povo hoje e olharmos para o futuro e compararmos o Brasil, mesmo com a renda que tem, com outros países do mundo, como eu tenho feito, é uma tragédia a vida do nosso povo. É muito ruim. O Brasil está em último lugar entre 134 países, em matéria de Educação Superior. O Brasil está perdendo proporção nas suas exportações. A gente exporta minério de ferro, a China compra o minério de ferro por nada e produz aço, gerando emprego lá. Daqui a pouco o Brasil vai ter de comprar aço feito com o nosso minério de ferro como a gente já compra remé-dio feito com os princípios ativos da nossa biodiversidade. Então, se tem um universo em ciência e tecnologia, em educação, em infra-estrutura, em segurança pública, em saúde, nos problemas essen-ciais da vida do povo que precisam ser resolvidos. O programa Minha Casa Minha Vida saiu, finalmente,

depois de anos de luta dentro do governo, e eu participei disso. O Brasil tem oito milhões de famílias sem moradia. E o país que tem os recursos que o Brasil tem não pode mais adiar essa conquista. Esse é o meu sonho, eu me preparei a vida inteira para isso.

Não ao comodismo na política brasileira.Ciro Gomes. O Brasil não precisa também só sentar em cima. É mui-to importante a gente ter clareza de que não devemos voltar atrás, mas sentar em cima também seria um erro grave. Então o Brasil precisa manter o que está bom e avançar. Botar os olhos no futuro. Porque a nossa vida está boa, mas a vida de mais de 50 milhões de brasileiros ainda é uma vida muito dura e mui-to difícil.

O Brasil, o Bric, e a necessidade de se

popularizar a idéia da globalização.Ciro Gomes. O brasileiro médio, assim como o chinês médio, como o indiano médio, como o russo mé-dio, esses nacionais de grandes pa-íses tem um problema muito grave de não perceber a importância da relação de seus países, de seus Es-tados, com o resto do mundo. Isso porque nós somos um universo muito grande. Se você sai de Portu-gal por Berlim é a mesma coisa que sair de Fortaleza para Salvador, dentro da mesma região política do Brasil. De Portugal para Berlim, você conhece de seis a oito países, dependendo do caminho que você seguir. Em cima disso, nós somos muitas vezes assustados, prejudi-cados e gravemente perseguidos. Mas tudo da nossa vida prática, tudo, estejamos nós onde esteja-mos, sofre uma influência central, não é lateral, da forma como o Bra-sil se relaciona com o mundo. Um

FOTO WILSON DIAS_ABR

China compra o minério de ferro por nada.

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POLÍTICAexemplo disso é a questão da taxa de câmbio, que deveria ser um as-sunto dramaticamente popular, porque tem a ver com preços e sa-lários, tem a ver com carga tributá-ria, tem a ver com competitividade sistêmica da economia, tem a ver com a sobrevivência individual de cada empresa. Dou outro exemplo da questão estratégica dessa glo-balização, o Ceará tinha produzido 120 mil toneladas de algodão, na década de 1960 e 1970, pois bem, assumi o governo e disse o Ceará vai recuperar sua cultura do algodão. Aí alguém disse que o problema era o imposto, outro disse que era o bicudo. Tudo que podia ser feito e que foi sugerido foi feito. O Ceará saiu de oito mil toneladas para 12 mil toneladas. Um fracasso espeta-cular do meu governo. Não conse-gui recuperar a cultura do algodão. Depois virei Ministro da Fazenda, comecei a traquejar com essas coi-sas da economia e depois fui para o exterior estudar. Não precisou pas-sar um mês estudando a realidade brasileira no estrangeiro para eu perceber o que estava no meu nariz e eu não via por conta dessa falta de percepção da relação do Brasil com o mundo. Naquela data, a taxa de juros do Brasil era a maior do mun-do e a inflação a 25% a 35% ao mês. E o Paquistão vendia algodão para o mundo com o governo de lá fi-nanciando as exportações, com 360 dias de prazo e juros de 3% ao ano. Resultado, o pólo têxtil do Ceará comprava o algodão do Paquistão, faturava o fio em 90 dias e pegava o dinheiro e botava no juro brasilei-ro de 90 a 360 dias. Provavelmente só na diferença financeira ganhava o algodão de graça. Portanto, glo-balização não é um tema opcional. Isso tem a ver com a vida e a morte da nossa comunidade e de nossos interesses econômicos.

Comunicação, globalização, consumo e o Brasil.Ciro Gomes. Pela primeira vez na história humana algo se globalizou 100%, e isso não foi a economia, foi a comunicação. A única coisa que de fato está globalizada é a comu-nicação e suas consequências. Pro-va disso, além do nosso povo estar ligado globalmente na televisão é o fato de que o Brasil já tem quase

setenta milhões de conexões com a Internet. Isso é o novo: comunica-ção está globalizada e tudo que for consequência disso está globaliza-do. Aí é que fazemos a ligação com a economia. A única coisa que está globalizada, sob o ponto de vista econômico, é o padrão de consumo que a comunicação globalizada es-palha pelo mundo. Esse standard de consumo nós brasileiros preci-samos dominar.

Consumismo, novos padrões de felicidades e violência pública.Ciro Gomes. Mais ou menos conscientemente todos nós esta-mos buscando a felicidade. As no-vas gerações e com elas nós também parecem ter mudado o método de ser feliz. Hoje em dia ser feliz não é mais buscar um ambiente espiri-tual, subjetivo. É crescentemente um elemento objetivo, materialis-ta, referido ao consumo. Quanto da minha expectativa de consumo, excitado por uma oferta global que me entra por todos os sentidos, por meio da televisão e da internet, to-

das as horas, eu dou conta de pra-ticar com minha renda apertada. Isso não é trivial, é um símbolo de aceitação social, o tipo de tênis, o tipo de calça, o tipo de aparelho, o tipo de bolsa, etc. Isso explica, em minha opinião, a violência urbana. Miséria por si só não gera violên-cia. Salitre aqui na esquina do Cea-rá, com o Piauí e com Pernambuco, tem uma renda per capita inferior a um quarto da média brasileira e passa até dois anos sem homicí-dios. Enquanto isso, num morro do Rio de Janeiro, um brasileirinho que nascer ali e for rapaz e negro vai morrer até os vinte anos. Por-que isso acontece? Na minha men-te, um jovem induzido a referir sua felicidade existencial e sua aceita-ção pelo grupo ao consumo, sem renda e justaposto à opulência, ao luxo, ao consumismo desvairado e ao exibicionismo materialista, ele vai tomar dos outros. E daí por diante, quebrou a moral, quebrou a ética, quebrou a espiritualidade e se tornou uma besta selvagem, mas evidentemente mais difícil de tra-tar que um animal porque é nosso semelhante.

Taxa de juros no Brasil baixou, mas ainda é altíssima.Ciro Gomes. O Brasil está me-lhorando em tudo. Tem hoje a me-nor taxa real de juros dos últimos 25 anos. Pois bem, melhorando como está, vejam a realidade glo-bal como é. A taxa básica de juros nos Estados Unidos é zero e a in-flação norte-americana é mais alta que a brasileira: 6% ao ano. O que quer dizer que com uma taxa de juros zero, com inflação 6%, qual-quer pessoa que tomar dinheiro emprestado nos Estados Unidos, no final do ano estará pagando 6% a menos do valor que pediu em-prestado. No Brasil, mesmo com a menor taxa de juros dos últimos 25 anos, você desconta uma duplicata a um valor entre 0,9% e 1,2%, ao mês, quanto isso dá capitalizado ao ano? Vamos aos outros juros: cré-dito pessoal sai a 150% ao ano, no Brasil, na América do Norte: zero. Hipoteca: no Brasil nem tem.

Brasil precisa acordar para a corrida tecnológica.

Eu gostaria muito de, em qualquer que fosse a eleição daqui até o fim da minha vida e em que estivesse o Tasso Jereissati, dar a ele o meu voto. [...] Mas eu sonho e peço a Deus que jamais isso aconteça, para eu não ter que escolher entre dois irmãos: um que a vida me deu e outro que nasceu do mesmo ventre que eu.

CIRO GOMES

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Ciro Gomes. Nós ainda não acordamos, porque o ritmo é mui-to frenético, é muito veloz, para a essencialidade do domínio tecnoló-gico, na construção de um padrão excelente de consumo de bens e serviços. Hoje, a tecnologia tem um impacto central em produtivida-de, em preço, etc. A Coréia do Sul há trinta anos tinha a metade da participação do Brasil no comércio global, registrava muito menos pa-tentes e publicava muito menos tra-balhos científicos que o Brasil. Hoje a Coréia do Sul tem 4% do comér-cio global e o Brasil está há trinta anos atolado na faixa de 1,8% dessa participação. A Coréia do Sul regis-tra o dobro de patentes e publica o dobro de trabalhos científicos em relação ao Brasil. Isso a gente vê na rua, nos LGs, Samsungs e Hyun-dais. Há meros vinte anos, o Bra-sil era a sexta potência global em atualidade tecnológica de foguetes para a indústria civil de satélites, já

que é 37% mais barato lançar um foguete da base de Alcântara, pela proximidade do Equador, que do Hemisfério Norte. Pois bem, nesse momento o Brasil está no 27º lugar em relação a essa tecnologia. Per-demos o 26º lugar para a Coréia do Norte. Na média, o Brasil está três gerações tecnológicas defasadas. Somos muito bons em perfuração de petróleo em águas profundas, agri-cultura tropical e aço plano, mas, na média, o Brasil está retardado em três gerações com relação à corrida tecnológica global.

O Brasil e a superação da crise econômica mundial de 2008/2009.Ciro Gomes. No dia simbólico da quebra do banco Lehman Brothers, dos Estados Unidos, o sistema fi-nanceiro brasileiro, que não tinha nada a ver com a crise mundial por-que ela foi detonada pelo mercado subprime, desfinanciou o interban-

cário para quebrar os pequenos e médios bancos, para obrigá-los a vender suas carteiras de créditos consignados, disso e daquilo outro, para apertar o cerco do oligopólio. Como é que nós saímos dessa? Atra-vés dos bancos estatais: Caixa Eco-nômica Federal, Banco do Brasil e BNDES. O mundo inteiro retraiu o crédito, o sistema financeiro do Bra-sil, na minha opinião, por canalhice, também contraiu o crédito, mas nós tínhamos a ferramenta de meter os bancos estatais para garantir liqui-dez no mercado. Mesmo assim, esse movimento negativo do sistema fi-nanceiro brasileiro era tão violento que o presidente do Banco do Brasil resistiu à ordem do presidente da República e nós tivemos que demiti-lo. Botamos para fora o camarada para que o Banco do Brasil pudesse voltar a irrigar o mercado e depois o Banco Central teve de abrir linhas de redesconto para os médios e pe-quenos bancos. n

FOTO WILSON DIAS_ABR

O Brasil está melhorando em tudo.

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POLÍTICA

A trajetória política de Ciro Gomes6 de novembro de 1957. Ciro Ferreira Gomes nasce em Pindamonhangaba, estado de São Paulo.1964. Muda-se com a família para Sobral, na região Norte do Ceará, a 240 km de Fortaleza. A cidade já era, nessa época, reduto político de seu pai.1979. Cursando Direito na Universidade Federal do Ceará, disputa as eleições da União Nacional dos Estudantes, a Une, como candidato à vice-presidência pela chapa Maioria. Após a formatura e até 1982 atua como advogado, professor de Direito da Unifor e procurador da prefeitura de Sobral. 1982. Filia-se ao PDS, sucedâneo da Arena – partido de sustentação do regime militar – para disputar uma vaga na Assembléia Legislativa do Ceará, no que obtém êxito. Ciro, diz hoje que só entrou no partido para não contrariar o pai, José Euclides Ferreira Gomes, então prefeito de Sobral e que pertencia aos quadros conservadores da política nacional. No parlamento estadual presidiu a Comissão de Meio Ambiente.1983. Deixa o PDS e filia-se ao PMDB.1986. Reelege-se deputado estadual, agora pelo PMDB. Torna-se líder do governo Tasso Jereissati na Assembléia. 1988. Migra para o recém-fundado PSDB e elege-se, ao fim do ano, prefeito de Fortaleza.1989. Apóia Mário Covas, do PSDB, no primeiro turno, e Lula, no segundo turno.1990. Já gozando da amizade do então governador Tasso Jereissati, tem o apoio dele para se eleger o sucessor no governo do Ceará. É o primeiro governador eleito pelo PSDB. Deixa a prefeitura para o vice Juraci Magalhães.

6 de setembro de 1994. Deixa o governo do estado para assumir o Ministério da Fazenda do governo Itamar Franco, em pleno processo de consolidação do Plano Real e logo após o escândalo Rubens Ricupero que deixou vazar para a televisão problemas da equipe econômica do governo.1996. Após uma temporada de estudos no exterior retorna ao Brasil com novas idéias econômicas e sociais e passa a tecer fortes críticas aos rumos que o governo Fernando Henrique e o PSDB tomam em termos político-econômicos. Também nessa época tem fortes atritos com José Serra, de

quem é desafeto até hoje. Por conta disso, filia-se ao PPS, de Roberto Freire.1998. Disputa pela primeira vez a presidência da República, mas termina a disputa na terceira colocação, atrás do reeleito FHC e de Lula.2002. Disputa a presidência da República, novamente pelo PPS, mas termina na quarta posição. No segundo turno apóia Lula contra José Serra. Antes, em um debate entre os candidatos, havia criado a expressão “Lulinha, paz e amor” para definir a mudança no perfil da campanha do petista em

relação às eleições anteriores.2003. Filia-se ao PSB, por discordar da postura do antigo partido PPS de fazer oposição ao governo Lula e por atritos com o líder da legenda, Roberto Freire. Nesse mesmo ano assume o Ministério da Integração Nacional.2006. Disputa pelo PSB uma vaga na Câmara dos Deputados Federais. É o mais votado no estado e, proporcionalmente, o mais votado no país, com 16% dos votos. A eleição de Ciro Gomes evita problemas de seu partido com a chamada “cláusula de barreira”, lei que estabelecia restrições a partidos com baixa representatividade no Congresso, mas que não vingou.

Apóia a eleição, como governador do Ceará, de seu irmão e então prefeito de Sobral, Cid Gomes. No plano nacional apóia a reeleição do presidente Lula.2008. Apóia a candidatura de sua ex-esposa Patrícia Saboya, do PDT, à prefeitura de

Fortaleza, a despeito do apoio que o irmão Cid Gomes e seu próprio partido dispensaram à reeleição de da prefeita fe Fortaleza Luizianne Lins, do PT.2010. Mesmo registrando queda — a maior parte de seu eleitorado pareceu migrar para Dilma Roussef, do PT – nas primeiras pesquisas do ano e recebendo pressão do governo Lula para concorrer ao governo de São Paulo, mantém intenção de disputar a presidência da República. Intenção é reforçada no programa do PSB, exibido no dia 18 de fevereiro.

ORIGEM. Ciro com Tasso nos anos 90 FOTO ARQUIVO

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O governo Lula possui méritos inegáveis na questão social. Mas, na questão ambiental, é de uma inconsciência e

de um atraso palmar. Ao analisar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) temos a impressão de sermos devolvidos ao século XIX.

É a mesma mentalidade que vê a natureza como mera reserva de recursos, base para alavancar projetos faraônicos, levados avante a ferro e fogo, dentro de um modelo de crescimento ultrapassado que favorece as grandes empresas à custa da depredação da natureza e da criação de muita pobreza.

Este modelo está sendo questionado no mundo inteiro por desestabilizar o planeta Terra como um todo e mesmo assim é assumido pelo PAC sem qualquer escrúpulo. A discussão com as populações afetadas e com a sociedade foi pífia. impera a lógica autoritária: primeiro decide-se, depois convoca-se a audiência pública. Pois é exatamente isto que está ocorrendo com o projeto da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará.

Tudo está sendo levado aos trambolhões, atropelando processos, ocultando o importante parecer 114/09 de dezembro de 2009, emitido pelo IBAMA (órgão que cuida das questões ambientais) contrário à construção da usina, a opinião da maioria dos Ambientalistas nacionais e internacionais que dizem ser este projeto um grave equívoco com consequências ambientais imprevisíveis.

O Ministério Público Federal, que encaminhou processos de embargo, eventualmente levando a questão a foros internacionais, sofreu coação da Advocacia Geral da União (AGU), com o apoio público do presidente,

Depredador da AmazôniaPor Leonardo Boff

Se houvesse um Tribunal Mundial de Crimes contra a Terra, como está sendo projetado por um grupo

altamente qualificado que estuda a reinvenção da ONU, seguramente os promotores

da hidrelétrica de Belo Monte estariam na mira

deste tribunal.

menores, valorizando matrizes energéticas alternativas, baseadas na água, no vento, no sol e na Biomassa. E tudo isso nós temos em abundância. Considerando as opiniões dos especialistas, podemos dizer: a usina hidrelétrica de Belo Monte é tecnicamente desaconselhável, exageradamente cara, ecologicamente desastrosa, socialmente perversa, perturbadora da Floresta amazônica e uma grave agressão ao sistema-Terra.

Este projeto se caracteriza pelo desrespeito: às dezenas de etnias indígenas que lá vivem há milhares de anos e que sequer foram ouvidas; à Floresta Amazônica cuja vocação não é produzir energia elétrica, mas bens e serviços naturais de grande valor econômico; aos técnicos do IBAMA e a outras autoridades científicas contrárias a esse empreendimento; à consciência ecológica, que devido às ameaças que pesam sobre o sistema da vida, pedem extremo cuidado com as Florestas; desrespeito ao bem comum da Terra e da Humanidade, a nova centralidade das políticas mundiais.

Se houvesse um Tribunal Mundial de Crimes contra a Terra, como está sendo projetado por um grupo altamente qualificado que estuda a reinvenção da ONU, seguramente os promotores da hidrelétrica de Belo Monte estariam na mira deste tribunal.

Ainda há tempo de frear a construção desta monstruosidade, porque há alternativas melhores. Não queremos que se realizem as palavras do bispo dom Erwin Kräutler, defensor dos indígenas e contra Belo Monte: “Lula entrará na história como o grande depredador da Amazônia e o coveiro dos povos indígenas e ribeirinhos do Xingu”.

Leonardo Boff é teólogo.

de processar os procuradores e promotores destas ações por abuso de poder.

Esse projeto vem da ditadura militar dos anos 70. Sob pressão dos indígenas apoiados pelo cantor Sting, em parceria com o cacique Raoni, foi engavetado em 1989. Agora, com a licença prévia concedida no dia 1º de fevereiro, o projeto da ditadura pôde voltar triunfalmente, apresentado pelo governo como a maior obra do PAC.

Neste projeto tudo é megalômano: inundação de 51.600 hectares de Floresta, com um espelho d’água de 516 quilômetros quadrados, desvio do rio com a construção de dois canais de 500m de largura e 30 km de comprimento, deixando 100 km de leito seco, submergindo a parte mais bela do Xingu, a Volta Grande e um terço de Altamira, com um custo entre R$ 17 e R$ 30 bilhões, desalojando cerca de 20 mil pessoas e atraindo para as obras cerca de 80 mil trabalhadores, para produzir 11.233 MW de energia no tempo das cheias (4 meses) e somente 4 mil MW no resto do ano, para, por fim, transportá-la até 5 mil km de distância.

Esse gigantismo, típico de mentes tecnocráticas, beira a insensatez, pois, dada a crise ambiental global, todos recomendam obras

Artigo

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Economia

No Dia Internacional da Mulher, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômoica Aplicada — Ipea mostra a desigualdade de gênero no mercado e no emprego doméstico no Brasil

Dois pesos, duas medidas

A PERSISTENTE RESPONSABILIZAÇÃO DAS MULHERES pelos trabalhos domésticos não remunerados é apontada como fa-tor preponderante na desigualdade entre homens e mulhe-res no mercado de trabalho. Essa é uma das conclusões do Comunicado do Ipea n° 40, Mulheres e trabalhos: avanços e continuidades, que o Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada (Ipea) divulgado no Dia Internacional da Mulher.

Apesar de ocuparem cada vez mais postos no mercado de trabalho, 86% das mulheres ainda são responsáveis pelos trabalhos em casa, enquanto os homens são 45%, segundo dados de 2008 do IBGE. Elas dedicam em média quase 24 horas por semana aos afazeres do-mésticos. E os homens, apenas 9,7 horas.

O estudo trata, ainda, das consequências dessa naturalidade em atribuir às mulheres os afazeres domésticos. Os efeitos vão desde a me-nor disponibilidade da mulher às jornadas de trabalho que exijam mais tempo, à ação dos estereótipos e a ocupação de 42% das mulheres em posições precárias, em comparação com 26% dos homens.

A coordenadora de Igualdade e Gênero do Ipea, Natália Fontoura, afirmou que, se de um lado há muitas trabalhadoras precarizadas, no outro extremo há um crescente grupo de profissionais liberais mais escolarizadas e bem re-muneradas que podem se lançar no mercado de trabalho porque delegam as responsabilidades familiares a outras mulheres, as empregadas domésticas. “Isso cria um encadeamento perverso de mulheres ligadas às atribuições que deveriam ser de todos, independentemente de ser homem ou mulher”, disse a técnica.

Políticas públicasAs mudanças nos arranjos familiares, com quase 35% de mulheres chefes

de família, o tempo médio de estudo das mulheres de 7,6 anos — que já é superior ao dos homens (7,2 anos) —, e o percentual crescente de mulheres que entram no mercado de trabalho são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008 no Brasil. Apesar disso, o Comunicado mostra que praticamente nada mudou com relação ao trabalho doméstico no que diz respeito à distribuição dos afazeres entre homens e mulheres.

Natália Fontoura alertou para o papel das políticas públicas e das instituições no sentido de promover uma mudança cultural e estimular o compartilhamento de atividades domésticas. A pesquisadora suge-riu uma licença paternidade maior e também licenças paternais que tanto mulheres quanto homens poderiam usar para resolver emergências dos filhos. “Isso muda a visão do em-pregador. Se qualquer um pode ti-rar essa licença, na hora de escolher entre uma mulher ou um homem, a mulher não será mais discriminada, além de o pai ganhar mais tempo para a família”, concluiu.

Avanço precarizadoO estudo mostra uma acebtua-

da mudança de perfil. Se, em 1998, 52,8% das brasileiras com 15 anos ou mais estavamocupadas ou à procura de emprego, em 2008 já eram 57,6% as que participavam do mercado de trabalho. No mesmo período, a taxa de participação dos homens flutua de 81,0% para 80,5%. Ou seja, como um reflexo das demais transforma-ções, as mulheres vêm ganhando o mercado de trabalho, o que repre-senta um avanço importante, tendo em vista as possibilidades que isto traz para a conquista da autonomia e para a realização pessoal.

No entanto, alerta o Ipea, há de ressaltar duas questões fundamen-tais: a inserção das mulheres tende a ser mais precarizada e a entrada no mercado de trabalho não faz com que as mulheres se desobriguem dos afazeres domésticos.

Natália Fontroura lembra que apesar das transformações ocorridas nas famílias e do maior acesso das mulheres aos bancos escolares, às universidades e ao mercado de tra-balho, persiste praticamente intocá-vel a responsabilidade feminina pelo chamado trabalho doméstico.

“Responder pelo cuidado de fi-lhos e filhas, idosos, pessoas com deficiência e familiares doentes, além de cuidar de todas as tarefas

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DESIGUAIS. Entrevista com a coordenadora pesquisa do Ipea, Natália Fontoura, sobre ocupações precárias de homens e mulheres FOTO ©ANTONIO CRUZ_ABR

r e l a c i o n a d a s à limpeza da casa, higiene e à alimenta-ção constitui trabalho coti-diano e indis-pensável para a reprodução da sociedade”,

acentua o estudo. Este trabalho cultural e historicamente ainda é atribuído às mulheres. A exclusi-vidade feminina de gestar, parir e amamentar se estende, portan-to, a todas as demais tarefas para as quais não importaria o sexo de quem as realiza. Cabe lembrar, ain-da, que nem todas as mulheres vi-vem a maternidade e que, no caso das famílias com filhos, essas tare-fas exclusivamente femininas aca-bam por não tomar tanto do decur-so do tempo das famílias hoje em dia, especialmente com a redução do número de filhos.

Perfis diferenciadosEm 2008, 86,3% das brasileiras

com 10 anos ou mais afirmaram re-alizar afazeres domésticos, contra-postos a 45,3% dos homens. Além desta diferença, enquanto as mu-lheres despendiam em média 23,9 horas por semana, os homens gasta-vam 9,7horas. No caso das mulheres em famílias com rendas inferiores a ½ salário mínimo per capita e tam-bém às mulheres na posição de côn-juge, o tempo dedicado aos afazeres domésticos quase alcança 30 horas semanais. Há indícios de que o tipo de trabalho também é diferenciado entre homens e mulheres. Eles em geral tendem a realizar mais tarefas externas (como cuidar do jardim ou do carro) e esporádicas (pequenos consertos, por exemplo), enquanto elas se incumbem das tarefas mais internas e cotidianas, como cuida-dos com os filhos, limpeza da casa, lavar e passar roupa etc

Para o Ipea pode-se, concluir, portanto, que apesar de não se com-patibilizarem com alguns impor-tantes aspectos da realidade social, muitas convenções sociais de gênero no Brasil permanecem inalteradas.

Continua a contradição entre a crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho e a permanên-cia da responsabilização feminina pelas atividades domésticas. Como pôde ser visto, esta contradição aca-ba sendo resolvida no mais das ve-zes não pelo compartilhamento ou pela reconstrução da divisão sexual do trabalho, mas pela delegação do trabalho doméstico a outras mulhe-res, profissionais remuneradas, que, por sua vez, são desvalorizadas e se encontram numa posição de grande precariedade. A a feminização das atividades domésticas e dos cuidados também impõe custos às mulheres ocupadas no mercado de trabalho, este também permeado de desigual-dades de gênero persistentes. n

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A LISTA FINAL DE BENS IMPORTADOS DOS ESTADOS UNIDOS QUE Poderão ter aumento do Imposto de Importação — por causa da retaliação comercial que a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a aplicar em virtude do contencioso do algodão —, já teve sua listagem prévia de produtos aprovada pelo Conselho de Ministros da Camex, durante a primeira reunião do ano, em Brasília.

Os cosméticos importados dos Estados Unidos estão entre os produtos punidos com aumento de tarifa de importação. O aumento acentua a retaliação aos subsídios ilegais mantidos pelos americanos para os produtores locais de algodão. A decisão de evi-tar aumento de custo de importação em máquinas ou componentes americanos usados por indústrias brasileiras concentrou a lista de mercadorias sujeitas a retaliação em 102 itens, na maioria de luxo, como os cosméticos e os barcos de lazer importados dos EUA. O go-verno também aumentará, de 35% para 50%, a alíquota do imposto de importação de carros americanos.

“Mantivemos a preocupação de não incluir na lista bens de capital ou in-sumos para a indústria, para não prejudicar o setor produtivo nacional”, ex-plicou a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola, durante entrevista coletiva concedida após a reunião. Segundo ela, novos ajustes técnicos serão feitos para adequar a lista inicial de 222 produtos, no valor de US$ 2,7 bilhões de dólares, para aproximadamente US$ 560 milhões.

De acordo com o diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Cosendey, em tese, a retaliação em bens não deve ultrapassar esse valor porque será reservado espaço para uma possível retalia-ção em serviços e propriedade intelectual, a chamada retaliação cruzada. Se-gundo ele, as definições técnicas e legais de como isso seria feito estão sendo analisadas pela Presidência da República. Na avaliação do governo brasileiro, a retaliação total que o Brasil poderia aplicar contra os Estados Unidos pode-ria chegar a US$ 830 milhões por ano.

EtanolUm dos principais temas previstos para a reunião de hoje, a possível inclu-

são do etanol na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul - com a redução do Imposto de Importação - não foi avaliada e deve ser discutida no encontro da Camex que será realizado em junho. “Como a solicitação do se-

A lista de produtos americanos sobretaxados exclui bens de capital ou insumos para a indústria, “para não prejudicar o setor produtivo nacional”, explica a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola. Novos ajustes técnicos serão feitos

ECONOMI A& NEGÓCIOS

A GUERRA DO ALGODÃO

tor privado era para que essa medida passasse a valer em junho, decidimos deixar a decisão para a reunião que será realizada nesse mês”, explicou Lytha.

Porém, oito produtos foram in-cluídos na lista. Três tiveram au-mento do Imposto de Importação: cogumelos do gênero Agaricus (NCM 0711.51.00), de 10% para 35%; co-gumelos do gênero Agaricus, pre-parados ou conservados, exceto em vinagre ou ácido acético (NCM 2003.10.00), de 14% para 35%; e borracha de acrilonitrila-butadieno (NBR), NCM 4002.59.00, também chamada de borracha nítrica - uti-lizada na fabricação de produtos de borracha com alta resistência a óleos, solventes e combustíveis para usos como peças automobilísticas. Nesse caso, a alíquota aumentou de 12% para 25%.

Os outros cinco produtos tive-ram redução da alíquota: dicroma-to de sódio, matéria-prima de pro-duto utilizado nos curtumes (NCM 2841.30.00), de 10% para 2%; dois tipos de vacinas contra a Influen-za A (H1N1), NCM 3002.20.11 e 3002.20.21, de 2% para 0%; pigmen-tos tipo rutilo com dióxido titânio, principal pigmento empregado na fabricação da tinta branca utilizada na construção civil, indústria au-tomotiva e de linha branca (NCM 3206.11.19), que teve redução de alí-quota de 12 para 0%, limitada a uma quota anual de 95 mil toneladas; e o inseticida à base de acefato ou de Bacillus thuringiensis var. Kustaki e var. Aizawai (NCM 3808.91.91), com redução de alíquota de 14% para 0%, já que não há produção na-cional desse inseticida com formula-ção biológica.

Com as alterações, a Lista de Ex-ceções à TEC passa a ter 88 itens de um total de 100 posições possíveis.

CubaNa reunião ainda foram aprova-

dos financiamentos analisados pelo Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig), órgão inte-grante da Camex, a empresas brasi-leiras que querem investir na Bolí-via e em Cuba. Para o primeiro país, serão vendidos tratores, máquinas e

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 27www.revistafale.com.br

DESIGUAIS. A secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior, Lytha Spíndola: produtos importados dos EUA serão sobretaxadosFOTO ©ANTONIO CRUZ_ABR

equipamentos agrícolas. Para Cuba, foram aprovados fi-nanciamentos para a exporta-ção de equipa-mentos agríco-las destinados aos setores açu-careiro (Projeto

de Açúcar) e arrozeiro (Projeto de Arroz).

O MRE ainda fez relatos sobre o Programa Brasileiro de Concessão de Preferências para Países de Me-nor Desenvolvimento Econômico, citando a iniciativa Brasileira para o Haiti no Setor Têxtil. Também fo-ram aprovadas as Resoluções nº 2, nº 3 e nº 4, relativas à concessão de Ex-Tarifários, aprovadas ad referen-dum pelo Conselho de Ministros da Camex e publicadas no DOU dia 5 de fevereiro.

RepercussãoO jornal inglês FINANCIAL TI-

MES observou que o imbróglio Brasil x EUA deverá ser objeto de discussões entre as autoridades brasileiras e o secretário de Co-mércio americano, Gary Locke, e o assessor adjunto de segurança na-cional para assuntos econômicos, Michael Froman, que viajarão ao Brasil.

“O Brasil deixou claro que está aberto a um acordo antes de as no-vas tarifas entrarem em vigor, mas as autoridades enfatizaram que qualquer acordo deverá ser apli-cado especificamente ao algodão. Uma possibilidade pode envolver transferência de tecnologia dos Es-tados Unidos para os produtores de algodão brasileiros”, diz o jornal.

Mas a reportagem observa que é incerta a margem de manobra do governo americano para negocia-

ções, já que alterações significativas no programa de subsídios ao algodão demandariam mudanças na legisla-ção agrícola. “Conseguir a aprovação do Congresso poderia ser difícil”, diz o jornal.

Em outro texto, o Financial Ti-mes comenta que “cada vez mais os parceiros comerciais dos Estados Unidos reagem à pressão”.

Apesar disso, o jornal observa que as economias dos Estados Unidos e do Brasil “são menos dependentes do comércio do que os investidores podem temer”.

A reportagem cita um levanta-mento da ECONOMIST Intelligence Unit segundo o qual as exportações de bens e serviços do Brasil repre-sentam apenas 14% do PIB, em comparação com 40% no Chile e na China e 30% no México. A proporção das importações, mesmo tendo do-brado desde 1990, ainda é de apenas 13% do PIB. n

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28 | Fale! | MARÇO DE 2010 www.revistafale.com.br

Se o Brasil amargou, em 2009, o primeiro resultado negativo do PIB – Produto Interno Bruto – após 17 anos, o Ceará registrou mais uma vez um crescimento bem superior aos índices nacionais. No ano passado, o conjunto de riquezas produzidas no Estado foi 3,1% maior que em 2008 e chegou muito próximo de atingir a marca simbólica de 2% de participação no PIB brasileiro. Ainda assim, a renda per capita cearense foi mais de duas vezes menor que a média nacional. P o r Ad r i ano Que i r o z

Ceará, longe da crise em 2009

A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL, QUE ENCOLHEU o PIB de 15 das 20 maiores economias do mundo, incluindo o do Brasil, passou longe do Ceará em 2009. Foi o que revelou o estudo do IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – anunciado no último dia 11 de março. Enquanto o país registrou retração de 0,2% no conjunto de riquezas produzidas ao longo de um ano, o PIB do Estado cresceu 3,1%, fortemente influenciado pelo

resultado do setor de serviços. No total, o PIB cearense somou R$ 60,79 bilhões, o que cor-responde a 1,96% do PIB brasileiro, que foi de 3,143 trilhões. Esses valores significaram que o cearense médio teve uma renda per capita anual de R$ 7.385,00 – ou R$ 615,41 mensais – e o brasileiro médio teve

rendimentos anuais no va-lor de R$ 16.417,00 – ou R$ 1.368,08.

Os resultados de 2009 mostram que, apesar da eco-nomia cearense ter obtido um desempenho melhor que o da economia brasileira, o cearense médio ganhou ape-nas 44,98% do que ganhou o brasileiro médio. Ainda as-

sim, houve mais a comemorar que a lamentar, segundo a economista do Ipece, Eloísa Bezerra. “O ano de 2009 vai ficar marcado na histó-ria econômica do Estado do Ceará por conseguir resultados positivos, mesmo com a crise internacional e uma frustração na produção agrí-cola, registrando crescimento no PIB, expansão no volume de vendas varejistas, construção civil em alta, recorde na geração de emprego, novos investimentos”, destacou. De fato, com exceção do setor agrope-cuário, que apresentou retração de 9%, os demais setores econômicos tiveram crescimento.

A indústria cresceu 1,1% e o setor de serviços cresceu 5,6%. No ano anterior, os resultados foram in-versos, tendo a agropecuária apre-sentado o estratosférico índice de 24,6% de crescimento, a indústria

registrado a significativa marca de 5,5% de ex-pansão e o setor de ser-viços crescido menos que em 2009, a 5,1%. O crescimento do PIB em 2008 foi maior que o de 2009, ten-

do alcançado a marca positi-va de 6,5%. Já

ECONOMI A& NEGÓCIOS

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 29www.revistafale.com.br JANEIRO DE 2010 | Fale! | 29www.revistafale.com.br

0

10

-10

7,5

5

2,5

-7,5

-5

-2,5

Rússia

-7,9

ReinoUnido

-5

Alemanha

-5

Japão

-5

UniãoEuropeia

-4,1

Espanha

-3,6

EUA

-2,4

Grécia

-1,1

Brasil

-0,2

China

8,7

FONTE: OCDE — ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Índia

5,6

Indonésia

4,5

Austrália

2,7

O PIB em 2009China e Índia lideram o ranking de melhor desempenho

no cálculo do PIB cearense de 2009 é importante destacar que cerca de 70%, enquanto a agropecuária cola-borou com cerca de 6% na compo-sição do índice. A indústria por sua vez respondeu, em média, por 24% do total das riquezas produzidas no Ceará. Em termos de Brasil, apenas o setor de serviços apresentou cres-cimento, de 2,6%. Agropecuária e indústria caíram, respectivamente 5,2% e 5,5%.

O crescimento expressivo do se-tor de serviços, falando especifica-mente do Ceará, foi consequência do bom desempenho de todos os seus índices secundários. O maior destaque foi o comércio que cresceu em ritmo chinês, a 10,9%. Também cresceram acima do PIB cearense as atividades imobiliárias (+5,8%), o segmento de transportes (+5,6%), as instituições financeiras (+3,5%) e o segmento de alojamento e ali-mentação (+3,4%). No caso do PIB industrial, apenas um índice ficou negativo, o da indústria de transfor-mação, que teve queda de 3,6%. O extrativismo mineral teve leve alta de 0,8%. A construção civil e o seg-mento energético — que inclui ele-tricidade, gás, água e esgoto – tive-ram crescimentos acima da média

cearense, de respectivamente 4,4% e 7,7%. Por fim, com relação ao mau resultado da agropecuária, as prin-cipais causas foram as perdas nas safras de grãos e na produção de carne bovina e seus derivados.

Os bons números gerais do PIB cearense foram ratificados também pela expansão no mer-cado de trabalho. Em 2009 foram admitidos 379,2 mil trabalhado-

res e demitidos 314,7 mil o que dá um saldo aproximado de 64,4 mil postos de trabalho adicionais criados. O setor de serviços foi o que mais contribuiu com esses índices de ocupação tendo gera-do 21,4 mil postos, dos quais 12,6 mil foram para o comércio e 7,5 mil para alojamento e alimenta-ção. No caso da indústria, os ramos que mais empregaram foram a cons-

CAIXA-ALTA. O secretário da Fazenda do Ceará, Mauro Filho FOTO DÁRIO

GABRIEL

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30 | Fale! | MARÇO DE 2010 www.revistafale.com.br

trução civil e a indústria de transfor-mação que responderam por 9,8 e 21,1 mil postos de trabalho, res-pectivamente.

O Ceará vem apresentando, nos últimos três anos, resultados sempre positivos nesse quesito e, por isso, tem um saldo positivo de 145,6 mil postos de trabalho no

período 2007-2009. O último trimestre do ano

passado apresentou números si-milares aos resultados gerais de 2009. A agropecuária apresentou o segundo pior desempenho tri-mestral do ano com retração de 10,1%. A indústria teve crescimen-to de 1,3% - com destaque para

os ramos da construção civil e de energia, que cresceram respecti-vamente 9,1% e 9,8% - e o setor de serviços teve desempenho 5,8% superior ao do terceiro trimestre – com destaques para o comércio e para as atividades imobiliárias, que tiveram crescimento de res-pectivamente 14,8% e 5,8%.n

ECONOMI A& NEGÓCIOS

10

-10

5

0

-5

FONTES: INSTITUO DE PESQUISA E ESTATÍSTICA ECONÔMICA DO CEARÁ — IPECE E IBGE

Agropecuária-9,0

-5,2

Indústria

1,1

-5

Serviços

5,6

2,6

Valor adicionado básico

3,6

-0,1

Imposto sobre produto

0,1

-0,8

PIB a preço de mercado (referência)

3,0

-0,2

PIB, Ceará e BrasilDesempenho do Ceará supera a média nacional no PIB de 2009

CEARÁ BRASIL

Meta é crescer mais que o Brasil

Os resultados apresentados no último mês de março sobre o Produto Interno Bruto cearense em 2009 foram muito comemorados pelo governo do Estado do Ceará. O governador Cid Gomes destacou a necessidade de se “buscar obstinadamente um crescimento sempre maior que o do Brasil. Isso porque contamos com cerca de 4% da população brasileira e o PIB ainda está aquém do que deveria ser. Mas,

felizmente, graças aos investimentos que visam o desenvolvimento do Ceará, conseguimos ampliar o PIB do Estado para 1,96% em relação ao PIB nacional”. Cid acrescentou ser o resultado um “avanço que demonstra que estamos indo no caminho certo para reduzir diferenças econômicas e sociais históricas”. Para a secretária de Planejamento e Gestão, Desirée Mota, “o resultado alcançado em 2009 revela que o Ceará vem mantendo um crescimento sustentável nos últimos

anos, puxado pelo consumo interno”.

Já o secretário da Fazenda, Mauro Filho, acrescentou que entre outras razões para esse aumento do consumo e, por consequência, para os bons números da economia cearense esteve a desoneração de impostos, tanto na esfera federal, quanto na esfera estadual. Mauro Filho lembrou, no entanto, que a política tributária cearense vem sendo conduzida de forma agressiva mesmo antes da crise mundial, ao contrário do que ocorreu no caso da redução do

IPI pela União. “Desde 2007, nós estamos reduzindo impostos. O que potencializa esse resultado. Ao mesmo tempo, parcelamos também o ICMS para as empresas, melhorando seu fluxo de caixa”, explicou. Entre os produtos que tiveram desoneração de impostos pelo governo estadual, destacaram-se os medicamentos, os gêneros alimentícios, incluindo as bebidas quentes, além de material escolar, de higiene pessoal e de limpeza, bem como a agricultura familiar.

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 31www.revistafale.com.br

Taxa de crescimento (%) por setorTRIMESTRE A TRIMESTRE

PERÍODO AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS

4º Trimestre -9,0 1,3 5,83º Trimestre -10,1 2,6 5,62º Trimestre -9,3 0,0 5,91º Trimestre 3,7 0,3 5,0

FONTE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da agropecuária ANO A ANO

ATIVIDADE 2007 2008 2009

Agropecuária -11,7 24,6 -9,0FONTE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da indústria por segmento ANO A ANO

ATIVIDADE 2007 2008 2009

Indústria 5,2 5,5 1,1Extrato Mineral 13,3 -4,5 0,8Transformação 1,1 3,9 -3,6

Construção 10,1 7,8 4,4Energia (eletricidade,

água, gás, etc.) 8,7 8,5 7,7FONTE: IPECE

Taxa de crescimento (%) do setor de serviços por segmento

ANO A ANO

ATIVIDADE 2007 2008 2009

Serviços 5,8 5,1 5,6Comércio 15,7 9,6 10,9

Alimentação e Alojamento 1,2 11,8 3,4

Transporte 4,4 6,4 5,6Instituições financeiras 4,3 6,5 5,6

Atividades imobiliárias 6,0 5,0 5,8

Administração pública 1,6 1,6 1,6

Outros 3,3 3,7 5,7FONTE: IPECE

Taxa de crescimento (%) por setorTRIMESTRE A TRIMESTRE

2007 2008 2009 2007-2009

Admitidos 295.833 345.458 379.204 1.020.495Desligados 259.111 304.017 314.768 874.896

Saldo 39.722 41.441 64.436 145.599FONTE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da agropecuária por produção

vegetal e animal (2009) PRODUTO CRESCIMENTO

Abacaxi -82,6Feijão -48,6Milho -29,0

Mandioca -25,1Melão -19,1

Castanha -13,7Melancia -11,9

Arroz -4,5Manga 0,6Banana 1,5

Côco 2,1

Cana de açúcar 2,3Tomate 5,4

Maracujá 14,6Leite 22,3

Bovino -15,7Suíno 1,4Aves 2,9Ovos 21,0

FONTE: IBGE

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32 | Fale! | MARÇO DE 2010 www.revistafale.com.br

ECONOMI A& NEGÓCIOS

Pela primeira vez, em 90 anos, uma mulher assume a presidência do Centro Industrial do Ceará, a industrial Roseane Medeiros, numa posse concorrida. O CIC é uma entidade fundada em 27 de julho de 1919 que vem cumprindo um papel de estimular o jogo de ideias

CIC, uma mulher na gestão

EM UMA NOITE HISTÓRICA, MARCADA PELA PRE-SENÇA DE algumas das maiores autoridades políticas e empresariais do Estado, o Centro Industrial do Ceará – CIC – deu posse à sua nova diretoria. O grande destaque do novo corpo dirigente da entidade foi, sem dúvi-da, o início da gestão Roseane Medeiros, a

primeira mulher no comando do CIC em 90 anos de história. A nova presidente promete foco nas demandas do setor produtivo cearense, é contra a

redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a alta carga tributá-ria e a burocracia e a favor do envolvi-mento empresarial com a melhoria na qualidade da edu-cação, com a sus-tentabilidade e com o debate político.

Foram precisos quase noventa anos e sete meses para elas alcançarem o topo. Roseane Oliveira de Medeiros tomou pos-se, no último dia 25 de fevereiro, de um dos últimos postos até então não ocupa-dos por mulheres no

Estado, a presidência do Centro Industrial do Ceará – CIC — entidade classista, sem fins lucrativos, fundada em 27 de julho de 1919. O fato se revestiu de maior importância

Na questão da educação, a sociedade tem consciência de que precisa melhorar. É só olharmos o desempenho muito fraco do Ceará em todos os índices de medição de conhecimento.

ROSEANE MEDEIROS

ainda ao se considerar o papel político que a entidade desempenhou nos últimos trinta anos. Vale lembrar que, entre outras lideranças da esfera política, o hoje senador e três vezes governador do Ceará, Tasso Je-reissati, do PSDB, começou sua vida de homem públi-co a partir do engajamento nas lutas do CIC. Diga-se de passagem, não só o tucano, mas também muitos outros líderes políticos cearenses em destaque pres-tigiaram a cerimônia que marcou o início da gestão Roseane Medeiros, realizada no auditório da Fede-

A nova diretoria do Centro Industrial do Ceará

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 33www.revistafale.com.br

ração das Indústrias do Estado do Ceará — Fiec.

Nesse quesito, o grande desta-que foi a presença do vice-governa-dor do Ceará, Francisco Pinheiro, do PT, que surpreendeu a todos ao elogiar a postura oposicionista do senador Tasso Jereissati. Tam-bém renderam homenagens à nova presidente do CIC, a senadora Pa-trícia Saboya, do PDT, o deputado federal Raimundo Gomes de Ma-tos, do PSDB, o vice-presidente da Assembléia Legislativa do Ceará, Gony Arruda, do PSDB, os depu-tados estaduais Heitor Férrer, do PDT, e Artur Bruno, do PT, a pre-feita Luizianne Lins, também do PT, o vice-prefeito de Fortaleza, Tin Gomes, do PHS, e o presidente da Câmara Municipal de Fortale-za, Salmito Filho, do PT, além dos ex-governadores Adauto Bezerra e Lúcio Alcântara, do PR. Represen-

tando a classe empresarial, estive-ram presentes o presidente da Fiec, Roberto Macêdo, o presidente do Conselho de Administração do Se-brae, Jorge Parente, e o empresário e ex-candidato a vice-governador Beto Studart, além do mandatário da gestão anterior do próprio CIC, Robinson Passos de Castro e Silva, que, como é de praxe, fez o discurso de boas vindas e cedeu seu lugar na mesa à Roseane.

Atual presidente do SindiCou-ros, Roseane Medeiros é filha de Mariléa Ponte de Oliveira e Mar-cílio Browne de Oliveira – que também já presidiu o CIC – e irmã do nove vezes campeão brasilei-ro de windsurf, Marcílio Browne de Oliveira Filho. Tem formação como engenheira civil e é mestre em Engenharia Estrutural. Rose-ane é ainda diretora-presidente e diretora comercial da CV Couros

e Peles, empresa fundada pelo pai em 1980. Em seu discurso de pos-se, a nova presidente do CIC falou do desafio de ser uma pioneira no comando da entidade, mas não es-queceu de referir-se ao legado dos pais na formação que teve como profissional e empreendedora. En-tre as bandeiras defendidas para os próximos dois anos, a empresária prometeu um maior apoio do CIC à educação, à sustentabilidade e ao aperfeiçoamento da democracia, mas mostrou-se preocupada com as dificuldades enfrentadas pelo se-tor produtivo no Ceará, tais como a burocracia, a alta carga tributária e o próprio pequeno porte das empre-sas. Roseane Medeiros também elo-giou a base deixada pelo antigo pre-sidente, mas propôs um pacto pelo futuro, inspirado no que o líder sul-africano Nelson Mandela pregou ao assumir a presidência daquele país.

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34 | Fale! | MARÇO DE 2010 www.revistafale.com.br

O que pensa a nova presidente do CICPrimeiras ações

Reunir a minha diretoria, os nossos associados e fazer um detalhamento do nosso plano de ação. Claro que eu espero compartilhar essa gestão com a minha diretoria – uma diretoria eclética, jovem, disposta e alinhada com as propostas do CIC. Então, nós queremos nos reunir e com eles tratar o detalhamento de nossas ações. Porque não é uma gestão da Roseane, é a gestão de toda uma diretoria. Eu estou aqui por um mero acaso, mas qualquer membro da nossa diretoria poderia, perfeitamente, estar assumindo essa presidência também.

Como o Ceará pode reduzir o déficit de desenvolvimento em relação à média do país

Nós temos de conscientizar a sociedade de que é preciso um esforço grande. Não é

só um esforço local. Não só depende do nosso governo local. Nós temos que envolver também a nossa representação federal porque, com certeza, o nosso desenvolvimento passa por um esforço federal.

Papel dos governos, da socie-dade e da mídia no desenvolvi-mento do Ceará

O nosso governo já vem fazendo muito para desenvolver o Ceará. O nosso governador realmente tem feito muitas obras de infraestrutura e são ações que dependem também do apoio da sociedade. A questão da educação, por exemplo, é um item que a sociedade de uma forma geral tem consciência de que precisa melhorar, haja vista o desempenho muito fraco do Ceará em todos os índices de medição de conhecimento. Eu quero dizer também que ações transformadoras dependem de governo, da sociedade e de vocês da mídia. Porque, às

vezes, o governo tem de tomar atitudes que, no primeiro momento, vão de encontro às corporações e aqui nós tivemos diversos segmentos de atividade que são bastante corporativos. Então, qualquer coisa que mude, que faça eles saírem da zona de conforto, é sempre traumático. Nisso aí o papel da mídia é muito importante porque vocês têm de esclarecer para a sociedade que determinados avanços dependem de algumas coisas e de quebrar determinadas estruturas.

Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais

Eu acho que isso aí para a competitividade das empresas do Ceará é muito ruim. Aqui nós não temos condições de aumentar o nosso custo. O Ceará é um estado muito pobre. Noventa e nove por cento das empresas do Ceará são micro e pequenas empresas. Nessas empresas, normalmente,

os empresários, os empreendedores, trabalham muito mais do que 44 horas semanais porque a carga tributária é muito alta e então o esforço é muito grande para quebrar a barreira do subdesenvolvimento também em relação às empresas, porque pequenas empresas lidam com uma dificuldade muito grande. A grande maioria da população do Ceará é de microempresários. É a pequena padaria, todo esse tipo de atividade de periferia ou mesmo de fora dela, é o pequeno salão de beleza em que a proprietária tem três ou quatro funcionários e, realmente, ela não tem condição de aumentar o seu custo trabalhista. Então, isso é uma coisa que tem de ser questionada, porque, no primeiro momento, como é que se poderia dizer que não é justo. Claro que todo mundo quer trabalhar menos, dedicar mais tempo ao lazer, dedicar mais tempo

Robinson Passos de Castro e Silva, ex-presidente do CIC Eu entrego o CIC com envolvimento de muitas pessoas, com a chegada de novos associados, com os profissionais liberais se aproximando e os professores da academia também. Ela terá, evidentemente, a missão de dar continuidade àquilo que a gente fez, prin-cipalmente, na área de educação, mas certamente, como ela vai ser a primeira mulher a presidir o CIC, deverá ter um toque todo especial, feminino. Vai fazer a diferença e, com certeza, vai fazer muito mais do que nós pudemos fazer.

Francisco Pinheiro, vice-governador do Ceará Eu acho que há uma transformação importante das mulheres no Brasil e no mundo, que assumem cada vez mais os postos importantes tanto nas empresas, quanto nos governos, como nos parlamentos. É impor-tante inclusive para democratizar um pouco as relações de gênero, porque nós temos um mundo muito machista, então é muito importante para as mulheres terem também o seu espaço e que elas construam e conquistem esse espaço.

O que pensam da nova presidente do CIC

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MARÇO DE 2010 | Fale! | 35www.revistafale.com.br

Diretoria do CICBiênio 2010 - 2012PresidenteRoseane Oliveira de MedeirosVice-PresidentesFrancisco de Queiroz Maia JúniorFrancisco Régis Cavalcante DiasIvo Jucá MachadoRicardo Pereira SalesRuth Maria de Mattos CunhaDiretor AdministrativoJúlio Cavalcante NetoDiretor Administrativo AdjuntoMarcelo Jorge Borges PinheiroDiretora FinanceiraVivian Nicolle Barbosa de AlcântaraDiretor Financeiro AdjuntoMarcos de Souza NaspoliniDiretoria ExecutivaDemócrito Rocha Dummar FilhoHenrique Colin de SoárezJoão Teixeira JúniorRégis Nogueira de MedeirosRicardo Bacelar PaivaTales de Sá CavalcanteVerônica Maria Rocha PerdigãoVitor Bruno Machado GirãoDiretoria Executiva AdjuntaAntônio Marcos Ribeiro do PradoGermano Botelho BelchiorIsabela Lopes MartinJoão Eduardo Arraes de AlencarJosé Walter MannarinoLenardo José Saraiva de CastroRicard Pereira SilveiraRonaldo Cabral NogueiraRepresentante na Zona NorteFernando Antônio Ibiapina CunhaConselho FiscalLavanery Campos WanderleyLuis Eduardo Fontenelle BarrosUmehara Lopes ParenteConselho Fiscal AdjuntoAlfredo Dias da Cruz NetoHerbert Pessoa LoboGerardo Sérgio ResendeConselho Fiscal SuplenteJoão Eduardo Arraes de AlencarSimone Melo FridschteinVerônica Maria Rocha PerdigãoConselho EstratégicoFernando Cirino GurgelJosé Sergio de Oliveira MachadoMarcos Flávio Borges PinheiroRoberto Proença de MacêdoRobinson Passos de Castro e Silva

até a adquirir novos conhecimentos. Isso é incontestável. Mas nós temos que ver o que a sociedade pode assumir. Você não pode comparar, por exemplo, um funcionário do comércio em São Paulo, capital, que gasta várias horas no deslocamento. Além disso, o comércio em São Paulo pode bancar a redução para 40 horas semanais, o que não necessariamente precisa ser através de uma mudança constitucional. Se você comparar com uma pessoa que trabalha numa agroindústria no interior do Ceará não tem sentido falar em redução de jornada. A nossa agroindústria também é muito pobre. Então se nós aumentarmos a carga, com certeza, nós teremos problemas de competitividade. A

negociação é sempre o melhor princípio.

Maiores dificuldades do empresariado cearense

A carga tributária muito alta, a burocracia imensa. Tudo aqui é muito complicado. O tempo para se abrir uma empresa é enorme. Se você pegar todos os relatórios do Banco Mundial e de entidades globais, em relação às dificuldades de se fazer negócio aqui no Brasil, você vai ver que o país está sempre lá nas piores classificações. Então abrir uma empresa no Brasil é muito difícil. Você admitir ou demitir funcionários é muito complicado. Você tirar uma licença de qualquer coisa para ter seu negócio regularizado é difícil também. Tudo isso aí complica a atividade produtiva e uma coisa é certa: as pessoas querem

empreender, querem ter seu negócio. Mas querem também ter um retorno financeiro. Ninguém vai investir dinheiro para ter prejuízo.

Participação do CIC nos de-bates eleitorais em 2010

Estamos abertos a ouvir os candidatos e a levar nossas propostas. Queremos, principalmente, discutir as propostas que sejam voltadas para o setor produtivo. Provavelmente, traremos como fizemos na última eleição para a prefeitura, especialistas de diversas áreas para debater com os candidatos porque o que nós queremos é objetividade. Queremos que nossos candidatos se comprometam com ações concretas que possam impactar no nosso desenvolvimento.

Roseane Medeiros, presidente do Centro Industrial do Ceará

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CAR AVAGG IOPUROBarrocoUma vida atormentada, refletida em um conjunto de obra com excepcional primazia estética, se tornou, mais uma vez, o centro das atenções do mundo da arte esse ano, mesmo após 400 anos da morte de seu autor

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Cultura

DE 18 DE FEVEREIRO A 13 DE JUNHO, Roma estará tomada por uma mostra de arte já aclamada como a maior do ano. Uma exibição inédita da maioria das obras-primas do gênio barroco Caravaggio, no museu Scuderie del Quirinale, oferece uma oportunidade única para ver obras sem paralelo, que quebraram paradigmas e iniciaram uma nova era da arte clássica, tudo na cidade onde foram concebidas, por um personagem de vida curta e agitada. A partir de uma iniciativa ambiciosa, que envolveu dezenas de museus da Europa e dos Estados Unidos, fãs da arte e turistas

do mundo todo poderão ver algumas peças que nunca saíram de seus museus de origem, e, por isso, devem ser devolvidas antes do fim da exibi-

ção. Aos inte-ressados, mais um motivo para se apres-sar e conferir um evento sem precedentes.

Luz na es-curidão. É assim que se reconhece o trabalho de um dos maio-res talentos da arte. Após 400 anos, Mi-c h e l a n g e l o Merisi, mais c o n h e c i d o

como Caravaggio, volta ao centro das atenções com uma mostra úni-ca de seu magnifíco e escasso tra-balho. Para comemorar o aniversá-rio de sua morte, 24 das 40 obras certificadas como sendo de sua au-toria estarão em Roma, em um es-forço para dar nova interpretação às peças do chamado gênio lombar-do. O motivo para a grandeza deste feito está na dificuldade histórica de se identificar Caravaggios ori-ginais. Muitos outros quadros já foram atribuídos, ao longo dos sé-culos, a ele, mas só quarenta atual-mente possuem o selo de autenti-cidade. Alguns trabalhos ainda são alvo de divergências entre críticos, e em exibições passadas, trabalhos de sua escola, o Barroco, e de auto-ria questionável, foram incluídas. Na Scuderie del Quirinale, não há

OS TRAPACEIROS, 1594. Retratando a vida cotidiana com personagens em um bar, a peça foi cedida pelo Kimbell Arte Museum em Fort Worth, EUA.

DAVI COM A CABEÇA DE GOLIAS, 1606-1610. Ao lado, uma pintura de seu período mais tenebroso. Com tom autobiográfico, a cabeça de Golias se assemelha ao autor, que era procurado pela polícia depois de assassinar um rapaz em 1606 em Roma.

dúvida sobre as 24 peças exibidas, algumas nunca retratadas até nos livros mais completos sobre o as-sunto.

A vida atormentada de um far-rista inconseqüente dera espaço, em alguns momentos, para uma arte transformadora no século XVII. Assim era o trabalho de Ca-ravaggio, que só durante 18 anos pintou, com longos intervalos para bebedeiras e festas, além de muitas brigas que o fizeram fugir de três cidades italianas, procurado pela polícia. O caso desse infant terri-

ble não é como o de muitos artis-tas hoje renomados, mas comple-tamente ignorados em seu tempo. Desde o início de sua carreira ele foi reconhecido por suas linhas e um impressionante trabalho com luz. Isso, no entanto, não estimu-lou a criação do artista de tempe-ramento violento, que geralmente produzia por necessidade, durante seus curtos 39 anos de vida.

Apreciador de temas religiosos, foi também o autor da primeira natureza morta italiana. Na mos-tra, seu único trabalho que restou

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Michelangelo Merisi da Caravaggio (Milão, 29 de Setembro de 1571 – Porto Ercole, comuna de Monte Argentario, 18 de Julho de 1610) foi um pintor Italiano atuante em

Roma, Nápoles, Malta e Sicília, entre 1593 e 1610. É normalmente identificado como um artista Barroco, estilo do qual ele é o primeiro grande representante. Caravaggio era o nome da aldeia natal de sua família, que ele adotou como nome artístico. Durante sua vida, Caravaggio era considerado enigmático, fascinante e perigoso. Nascido no Ducado de Milão, onde seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio, Michelangelo Merisi surgiu na cena artística romana em 1600 e, desde então, nunca lhe faltaram comissões ou patronos.

Considerado um farrista inconseqüente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Nápoles, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, como: A ressureição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado.No ano seguinte, após uma carreira de pouco mais do que uma década, Caravaggio estava morto, aos 38 anos. n

SANTOS. Invocação de São Mateus (1599-1600), na Igreja de São Luís dos Franceses, Roma

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no gênero está presente, o “Cesto de Frutas”, que nunca havia saído de seu local de origem em Milão, quando foi comprada quatro sécu-los atrás. Os eventos bíblicos, com seu hábil pincel, adquiriam um as-pecto mundano. Personagens po-pulares das ruas eram escolhidos pelo mestre para serem retratados como Jesus, Maria ou os apóstolos. A vulgarização desses personagens, em momentos lhe rendeu proble-mas com a Igreja, na época no auge da Contra-Reforma. Cenas da vida cotidiana também foram repre-sentadas em meio ao naturalismo atormentador que consumiu gran-de parte do conjunto de sua obra. Exemplo disso está em uma de suas mais conhecidas pinturas, “Os Mú-sicos”, emprestado pelo Metropoli-tan Museum of Art, em Nova York.

A abordagem da exibição busca um caráter comparativo inédito. Ao

CULTUR A

invés de possuírem ordem cronoló-gica, quadros de épocas distintas são colocados lado a lado em com-paração, pela semelhança do as-sunto, como os três quadros de São João Batista. São essas compara-ções que unem toda a composição. A organização da mostra idealizou expor o público a uma experiên-cia intensa, adentrando a essência do trabalho desse artista “terrivel-mente natural”.

Solitária grandeza. Roma, reunindo a maioria da produção artística de Caravaggio através da Scuderie, aumenta a profundidade desse fato singular com suas igrejas com trabalhos comissionados por ele, a mais famosa delas, a capela San Luigi dei Francesi, da série de São Mateus. Roma, tão barroca em suas construções, se tornou, assim, um museu a céu aberto do precursor

dessa escola. Um verdadeiro paraíso para amantes do artista e da arte em geral.

Pela maneira como viveu, e pin-tou, não é de admirar que o inte-resse pelas obras de Caravaggio nos últimos anos tenha crescido, o que contribuiu para o desenvolvimento da exibição, que conta com o patro-nato do presidente da Itália, e tota-liza mais de 2 milhões de euros em investimentos. Na estréia do evento, já se contabilizava mais de 50,000 ingressos vendidos em antecedên-cia. Pelo tamanho da colaboração entre museus internacionais, e pela própria grandeza dessas obras - reu-nidas numa cidade que foi essencial para o desenvolvimento do trabalho em si - é provável que esse seja um acontecimento que não deverá se re-petir no futuro próximo, exacerban-do a maestria da condição humana representada nessas obras-primas.n

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Arte sem barreirasA internet universalizou a

informação de muitas maneiras, e um dos maiores beneficiados foram os amantes das artes. Se antes era preciso viajar milhares de quilômetros para conferir de perto os trabalhos de mestres que transformaram a arte com suas visões vanguardistas, hoje, com os sites interativos dos grandes museus, tudo isso pode ser visto de casa. Exemplo disso é o site do tradicional Museo Nacional Del Prado, o maior museu da Espanha e um dos mais importantes do mundo. Em sua galeria online em expansão, 1000 obras do museu já podem ser conferidas pelo internauta. O conteúdo da galeria pretende se igualar ao do acervo original do museu, democratizando a arte para os usuários. Nela, os mais interessados poderão ver alguns detalhes das obras em profundidade.

O museu conta também com o tour virtual das exposições em cartaz. A mostra “A Arte do Poder: Armaduras reais e retratos da corte” tem extenso tour virtual por cada cômodo da exposição, proporcionando ao internauta uma experiência incrivelmente próxima da possível em uma visita normal ao museu.

Além disso, o site oferece jogos infantis, tornando o contato das crianças com a arte prazeroso e estimulando o interesse de futuros admiradores das obras. Os pequenos podem colorir obras lendárias de Goya, montar quebra-cabeças das obras ou distinguir suas diferenças no jogo de sete erros. n

Tocador de Alaúde, 1594.Cedida pelo State Hermitage Museum, em São Petersburgo. Em razão do aniversário da morte de Caravaggio, o museu pediu a devolução antecipada da obra, um mês antes do fim da exposição

Baco, 1597.Cedida pelo museu

de Uffizi, em Firenze. Essa obra causou escândalo

à época em que foi concebida pelos

traços femininos de Baco, deus do

vinho e das orgias para os romanos

Coroação com

Espinhos, 1605.

Cedida pelo Kunsthistorisches

Museum, em Viena. Uma raridade,

impressiona pelos detalhes de seus traços realistas

www.museodelprado.es

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CULTUR A

Andy Warhol no BrasilEle foi mito e mitificou. Andy Warhol vislumbrou tendências da cultura pop como ninguém. Warhol imaginou que o culto à celebridade e a exibição pública da vida pessoal seriam marcas do nosso tempo. E chocou na

sua época, mas hoje traduz um sentimento muito comum de busca à fama e daqueles quinze minutinhos de exposição. O maior nome da Arte Pop mitificou em suas obras personagens como Marilyn Monroe e Jackie Kennedy. Ao mesmo tempo, objetos ordinários de nosso

dia-a-dia se tornaram foco de seu trabalho em uma referência ao consumismo que, à época, só começava a se instalar e iria assolar os Estados Unidos e o mundo. Hoje, o apelo de suas obras parece óbvio. Mas na metade dos anos 60, chocou a arte norte-americana.

É tendo em vista

essa atualidade que a Pinacoteca de São Paulo traz a partir de 20 de março a mostra Andy Warhol, Mr. America, a maior exposição já feita do artista no Brasil, com peças oriundas do Andy Warhol Museum em Pittsburgh, EUA. Ao todo 169 obras poderão ser contempladas pelos fanáticos de Warhol – que

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não são poucos -, e por curiosos e pesquisadores desse conjunto versátil de trabalhos. 26 pinturas, incluindo a icônica lata de sopas Campbell’s e a série de silk-screens de Marilyn Monroe, 58 gravuras, 39 fotografias, duas instalações e 44 filmes produzidos por ele irão dar ao visitante uma forte dose de Warhol,

mais do que merecida. A exposição, que já passou por Bogotá, na Colômbia, e Buenos Aires, Argentina, tem atraído milhares de pessoas por onde passou, e não deve ser diferente no Brasil.

As peças foram feitas entre 1961 e 1968, seu período mais produtivo. A morte repentina de Warhol em 1987 só contribuiu

para seu mito. O adorador das celebridades tinha se tornado uma delas, seu nome virou marca e seu trabalho tão identificado por ela. Em cartaz por tempo limitado, até 23 de maio, com visitas guiadas e encontros especiais para professores, certamente, o visitante dessa exposição única irá se deparar com uma profunda reflexão

de nosso tempo, mas produzida 40 anos atrás. Warhol poderia ser fã das celebridades e da fama sem conteúdo. Suas obras, porém, vão muito além da superfície, questionando um estilo de vida onde estava imerso e ajudou a propagar em vida e como ícone. n

NA WEB. Andy Warhol está nos sites www.warhol.org e no www.warholfoundation.org

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Mulher de cinema A cineasta Kathryn Bigelow quebrou um dos mais controversos tabus na história da premiação de cinema norte-americana. Em 82 anos de história, nenhuma mulher foi agraciada com um Oscar por melhor direção. Kathryn foi somente a quarta mulher nomeada à categoria, e em uma vitória supreendente, levou o prêmio no dia 7 de março e fez história, com seu

filme sobre a guerra do Iraque, The Hurt Locker (no Brasil, Guerra ao Terror, em cartaz). Formada na prestigiada escola de cinema da Universidade de Columbia, Bigelow, 58, só dirigiu 9 filmes até agora, mas tem talento suficiente para ter derrotado seu ex-marido, James Cameron, na disputa pela estatueta, quando se esperava que ele ganhasse por seu filme Avatar.

Conhecida por fazer filmes

com temas associados ao universo masculino, Kathryn começou sua carreira como pintora, e trouxe esse caráter artístico para seus filmes. Depois de seu breve casamento com James Cameron, foi também modelo de um anúncio da marca americana de roupas Gap.

persona

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Uma recente pesquisa realizada pela Sophia Mind, empresa especializada em comportamento e

tendências no universo feminino, revelou que as mulheres estão à frente de 52% das micro e pequenas empresas, representando 41% da força de trabalho no Brasil.

Dessa forma, os indicadores só aumentam e comprovam que elas atingiram seus sonhos sem perder a sua essência. Essa particularidade, por sua vez, é adotada pelos homens no ambiente profissional e usada como qualidade fundamental para um líder. A competência feminina se mantém valorizada por atributos que podem aperfeiçoar o trabalho dentro de uma instituição, como a sensibilidade, a intuição, a compreensão, a paciência, o dinamismo, a inteligência emocional, a facilidade de trabalhar em equipe e o cumprimento de prazos.

O estudo ainda revela que 35% das mulheres assumiram a administração da casa, o que pode não ser um dado tão empolgante. A figura da mulher foi culturalmente moldada como aquela que cuida dos filhos, do marido e dos afazeres domésticos. Mas lembre-se, a

Ela líder: o novo perfil de gestãoPor Eduardo Shinyashiki

Lady Diana é um exemplo de líder que se destacou mundialmente

pelo seu trabalho humanitário

mulheres demonstraram o quanto é importante manter o caráter feminino para otimizar a gestão de pessoas e alcançar metas.

Assim, não podemos esquecer o quanto a mulher contribuiu para as modificações no ambiente corporativo, tornando-o mais harmonioso e didático. Vale ressaltar que, quando citamos características femininas ou masculinas, não é o mesmo que falar dos sexos. Uma mulher pode ter aspectos masculinos na liderança de uma empresa, como ser mais racional e focada. O mesmo pode acontecer com o homem, que pode assumir qualidades como compreensão e apoio, provenientes do sexo oposto.

É importante lembrar que o modelo de liderança ideal tende a ser aquele misto, com ambas personificações. É preciso que as habilidades de ambos os sexos se unam para gerar um único modo de liderar, muito mais eficaz e que englobe todas as características exigidas pelas grandes corporações. n

Eduardo Shinyashiki é consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser Treinamentos. Autor do livro Viva Como Você quer Viver, da Editora Gente — www.edushin.com.br.

mulher representa muito mais para o país, ela é uma líder e educadora nata. É ela quem ensina as primeiras palavras ao filho, e é ela que aconselha o marido nos problemas do dia a dia.

Lady Diana é um exemplo de líder que se destacou mundialmente pelo seu trabalho humanitário. Dentre algumas de suas qualidades, a simpatia, simplicidade e sensibilidade são características que fizeram dela a princesa mais querida de todos os tempos. Diana quebrou regras antes jamais ultrapassadas e levou a realeza aos subúrbios do Reino Unido. Conhecida como a Princesa do Povo, Lady Di liderou o envolvimento do Governo britânico ao combate à AIDS. Assim como Diana, muitas

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CEARÁ: MODA PRAIA E SURF, UM SUCESSO

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