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Revista Revista Revista Revista Revista FEBASE FEBASE FEBASE FEBASE FEBASE 13 de maio 2014 1

revista febase 43 - Sindicato dos Bancários do Norte · Desde acordeonistas à Filarmó-nica de Figueiró dos Vinhos passando pela tuna "Os Agosti-nhos da Roseta" ou o Rancho Folclórico

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Correio eletrónico:[email protected]

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Ficha Técnica

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SINDICAL l 1.º de MaioContra o esbulho de direitos 4O sindicalismo é parte do futuro 6

INQUÉRITO l O 25 de Abril e os sindicatosCarlos Silva: "Sem sindicatos plurais o regime ficaria amputado" 8Luís Gonçalves da Silva: "Atores principais do palco democrático" 9

QUESTÕES l JurídicasHorário flexível de trabalhador com responsabilidades familiares 10

ATUALIDADE l Parlamento EuropeuFazer ouvir a voz do trabalho em Bruxelas 13

DOSSIÊ l Modelo Social EuropeuQuer a Europa salvar o seu modelo social? 14O que é o MSE 14Ataque aos direitos laborais 15O caso português 16

Visto de fora l Daniel Vaughan-WhiteheadPor que o Modelo Social Europeu continua a ser relevante 18

l Bancários Norte23

l STAS ActividadeSeguradora

l Bancários Sule Ilhas

l Bancários Centro

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l EDITORIAL

Quarenta anos depois daquele que ficou conhecidocomo o "dia da Liberdade", os ideais permanecem,mas será que podemos acreditar que continuam a

ser defendidos?Perante um Governo que baixa salários e pensões, acaba

com direitos sociais e tudo faz para destruir a negociaçãocoletiva; um Governo trapalhão que tem como aliado umPresidente da República sem perfil para fazer cumprir aConstituição; perante um País com dois milhões de pobres,dois milhões a viverem com a reforma mínima e quase ummilhão a viver do salário mínimo nacional, será que osideais do 25 de Abril estão a ser defendidos?

Hoje assistimos impotentes a um presente que nada tema ver com o que festejámos em Abril de 74.

O Movimento das Forças Armadas, em Abril de 74, assumiutrês princípios: Descolonizar, Desenvolver e Democratizar.

Descolonizar era o principal propósito revolucionáriodos capitães de Abril, cansados da guerra nas colónias.Descolonizar foi, obviamente, o princípio mais fácil erápido a ser implementado, sem delineação estratégica norepatriamento de centenas de milhar de portugueses, quedepois de espoliados de tudo protagonizaram aquele quefoi considerado um dos maiores movimentos migratóriosda humanidade.

TEXTO: ANÍBAL RIBEIRO

Num período de dúvidas e dissabores,de impasse e sacrifícios em que tantos

se insurgem contra as políticasque nos diminuem as grandes

conquistas de valores adquiridoscom a Democracia, temos

que dizer basta!

Vamos fazer cumprir Abril!

Desenvolver era a promessa dos elementos da Revolu-ção, conscientes de que tinham no progresso e bem-estarsocial a missão que merecia o apoio popular.

Se até ao verão de 75 as dúvidas sobre o regime e asopções governativas podiam pôr em causa a ambição dedesenvolver o País, a democracia em Portugal conquistoua alteração política, permitindo iniciar grandes transfor-mações sociais e económicas. A pobreza e a miséria emque vivia a maioria dos portugueses foram drasticamentereduzidas ao longo destes 40 anos.

Em 74, a Democracia era um destino longínquo para amaioria. Foi com a Revolução que se instaurou o regimedemocrático. Foi graças à coragem dos capitães de Abrilque se construiu a Revolução e hoje vivemos numa demo-cracia representativa, em que cada cidadão tem direitos,liberdades e garantias. E às conquistas políticas devemossempre associar as conquistas sociais.

Num período de dúvidas e dissabores, de impasse esacrifícios em que tantos se insurgem contra as políticasque nos diminuem as grandes conquistas de valores adqui-ridos com a Democracia, temos de dizer basta! Temos dedizer-lhes que nós, trabalhadores, pugnamos pelos ideaisde Abril: Liberdade, Democracia e Desenvolvimento.

Só desta forma se cumpre o desígnio do 25 de Abril!

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SINDICAL l Atualidade

Contra o esbulho de direitosA UGT regressou às origens

e comemorou o Diado Trabalhador junto à Torre de

Belém. Carlos Silva voltou a apelar aoaumento do salário mínimo

e condenou as subidas do IVA e da TSU

TEXTO: PEDRO GABRIEL

AUGT regressou ao modelo antigo etrocou o desfile na Avenida da Li-berdade pelos jardins junto à Torre

de Belém. Este ano, o Dia do Trabalhadorrevestiu-se de um significado especial,passados que estão 40 anos da Revoluçãodos Cravos.

As conquistas laborais e sociais entre-tanto alcançadas contribuíram para umamelhoria das condições de vida e detrabalho dos portugueses embora este-jam, nos dias que correm, seriamenteameaçadas.

O dia começou cedo com os váriossindicatos representados a abrirem osseus expositores ao público. Pouco de-pois deu-se início ao colóquio "Novosdesafios, novas lutas", onde foi abordadoo futuro do mundo sindical com especialênfase, naturalmente, no papel da cen-tral sindical.

E como o 1.º de maio é um dia de lutamas também de comemoração e confra-ternização, ao mesmo tempo que a fomeera combatida por todos quantos quise-ram comparecer, a animação musicalsurgia em palco, sofrendo apenas umainterrupção para os habituais discursos,onde se defendeu o aumento do saláriomínimo, condições de trabalho dignas emais oportunidades para os jovens, entreoutras reivindicações.

Aposta na juventude

Um a um foram chamados ao palcotodos os elementos afetos à direção daUGT. Os ex-secretários-gerais Torres Cou-to e João Proença e os ex-presidentes

Pereira Lopes e João Dias da Silva tam-bém marcaram presença.

O primeiro a discursar foi Bruno Teixei-ra, presidente da Comissão de Juventude,afirmando que a sua geração muito devea quem ajudou a conquistar a liberdadee permitiu aos jovens nascidos no pós-25de abril poder crescer, estudar e traba-lhar em liberdade.

"Se passados 40 anos podemos afir-mar que a ditadura política é algo dopassado, sofremos hoje, no entanto, asconsequências de outro tipo de ditadu-ra que, porventura, é tão ou mais difícilde combater porque é uma ditadurasem rosto, sem ideologia política e semfronteiras", continuou o presidente daComissão de Juventude, lembrando quea nova geração, a mais qualificada desempre, apenas pede uma oportunida-de para retribuir o investimento feitonela.

Bruno Teixeira deixou a garantia de quea juventude sindical da UGT "estará emtodas as frentes na defesa dos interessesdos jovens portugueses".

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1.º de Maio l SINDICAL

Garantir o futuro

Lina Lopes começou a sua intervençãoreferindo que tem uma enorme dívida degratidão para com quem libertou Portugalda ditadura e que o melhor agradecimentoé continuar a lutar para garantir que "osfrutos da liberdade chegam a todos".

A presidente da Comissão de Mulheresnão compreende o porquê de se focalizaras reformas da flexibilização do mercadode trabalho, na redução dos salários e nadificuldade no acesso à saúde e à educa-ção. "Não é uma contradição tentar al-

Ao longo do dia foram muitas as animações que ajudarama comemorar o 1.º de maio. Desde acordeonistas à Filarmó-nica de Figueiró dos Vinhos passando pela tuna "Os Agosti-nhos da Roseta" ou o Rancho Folclórico da Nazaré. O diaterminou em beleza com a voz de Carlos Alberto Moniz, cujoreportório de músicas relacionadas com a liberdade animouos muitos presentes que resistiram até final.

cançar mais competitividade com medi-das que minam a competitividade?".

Para Lina Lopes é urgente criar condi-ções favoráveis ao investimento e àcriação de emprego. "Rejeitamos que arecuperação da economia seja feita àcusta dos mais fracos e vulneráveis. Ca-minhemos juntos em liberdade por umfuturo de maior igualdade de oportunida-de entre homens e mulheres, justiça esolidariedade", concluiu.

Apelo à luta

"Temos de continuar a lutar por mais emelhor qualidade de trabalho e emprego".O apelo foi deixado pela presidente da UGT,que não esqueceu as origens do 1.º demaio, referindo que há 128 anos trabalha-dores norte-americanos conseguirammelhores condições de trabalho mercê deuma luta que consideravam justa.

Lucinda Dâmaso afirmou ainda que aforça da UGT conseguirá melhores diaspara todos, deixando uma palavra aosjovens que procuram o primeiro empre-go, aos milhares de desempregados quenão encontram trabalho e aos reforma-dos e pensionistas cujo objetivo de umfinal de vida com dignidade está seria-mente ameaçado.

"Hoje, como sempre, a UGT não deixaráde lutar por uma vida digna para todos os

vimento dos Capitães de Abril "para quea democracia e a liberdade fossem hojeum património quotidiano de todos".

Carlos Silva afirmou que a UGT estáorgulhosa do seu passado, dos acordosque celebrou, das greves que convocou eda disponibilidade para a concertaçãosocial.

Para o secretário-geral, será a deter-minação da central que poderá conduzirao aumento do salário mínimo após aseleições europeias, e manifestou-se es-tupefacto com a decisão do Governo deaumentar o IVA e a TSU. "Será que é paradar a machadada final no setor da restau-ração e lançar para o desemprego maisalguns milhares de trabalhadores? A su-bida da TSU, anunciada em vésperas do1.º de maio, como poderá ser entendidapelos trabalhadores?".

Ainda em relação ao salário mínimo,Carlos Silva não compreende por que oGoverno ainda não se decidiu pelo au-mento, apesar do acordo existente hámuito tempo entre os parceiros sociais.

"Havemos de vencer"

Carlos Silva não desacelerou no discur-so, afirmando que a enorme massa hu-mana presente em Belém é a prova deque a UGT continua unida. O secretário-geral referiu que a central continua dispo-nível para o diálogo mas também para amobilização dos trabalhadores contra o"esbulho de direitos".

"Não deixaremos morrer Abril nemMaio. Porque a nossa força é a força dosindicalismo livre, responsável e luta-dor", prosseguiu antes de deixar um apeloa todos os portugueses: "Não se demitamdas vossas responsabilidades. A mudan-ça de políticas só pode ser conseguidamediante a exigência dos povos. Votemno dia 25 de maio!", exortou.

Música marcou Dia do Trabalhador

portugueses. Um país só é livre se tratarbem os trabalhadores, os pensionistas eos reformados, se der aos jovens espe-rança num futuro melhor".

Contra aumento de impostos

O discurso do secretário-geral da UGTfoi o mais aguardado da tarde e aqueleque acolheu mais ovações. Carlos Silvacomeçou por lembrar todos os que "tom-baram numa guerra injusta e cruel", queconheceu o fim com a Revolução dosCravos, e enalteceu o contributo do Mo-

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SINDICAL l 1.º de Maio

O sindicalismo é parte do futuroEsta é a principal conclusão

a que se chegou na manhã dodia 1 de maio, no colóquio

organizado pela UGT e que abriuas comemorações do Dia

do Trabalhador em Belém

Amanhã do primeiro dia de maioficou marcada pela realização docolóquio "Novos desafios, novas

lutas", que pretendeu fazer uma refle-xão acerca do papel do sindicalismo nospróximos anos.

A moderação do debate esteve acargo de Luís Correia, secretário-geraladjunto da UGT, e contou com um painelde oradores composto por Rui Riso,vice-presidente da central e presidentedo SBSI, João Dias da Silva, secretário--geral da FNE, Lina Lopes e Bruno Teixei-ra, presidentes da Comissão de Mulhe-res e da Comissão de Juventude, respe-tivamente.

Uma plateia bem composta, que nãose coibiu de contribuir para o debatecom opiniões importantes e válidas,ouviu atentamente os oradores.

Na sua introdução, Luís Correia fezquestão de referir que uma central sin-dical é "a principal força de qualquerpaís" sem a qual "nenhum governo con-segue implementar medidas".

"Não há democracia sem sindicatos"

O presidente do SBSI foi o primeiro adar opinião sobre esta temática. ParaRui Riso, o "ataque cerrado" que temsido feito ao movimento sindical, comconsequências na contratação coleti-va, é algo que preocupa e que deve sertido em conta no futuro.

Na opinião do vice-presidente dacentral, ser sindicalizado não é apenaso ato de adesão a um sindicato, masuma franca necessidade. "O sindicalis-mo, nomeadamente o da UGT, faz-secom todos os setores e trabalhadores.A UGT é uma central interventiva e

respeitada, porque a grande verdade éque os acordos com a troika só se fazemse houver representatividade dos tra-balhadores".

Rui Riso referiu que o Governo nãopode reconhecer a central como parcei-ro fundamental para subscrever acor-dos apenas quando mais lhe convém.

Perspetivando o futuro, Riso chamoua atenção para a necessidade de haversindicatos, pois só assim poderá haverjustiça nas relações de trabalho. "Se ostrabalhadores se unirem em Portugalnão há governo que resista sem o seuapoio e é isso que procuraremos fazernos próximos anos", concluiu.

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1.º de Maio l SINDICAL

Continuar a lutarpela igualdade

Lina Lopes optou por fazer uma com-paração entre a situação laboral dasmulheres desde a década de 70 e ostempos atuais. A presidente da Comis-são de Mulheres da UGT considerou terhavido uma grande evolução após o 25de abril, com a entrada em vigor dosalário mínimo para as mulheres, dosubsídio de desemprego, do aumentoda licença de maternidade para 90dias, bem como de outros direitos nagravidez, maternidade e assistênciafamiliar.

"Estas medidas levaram a que hou-vesse um aumento do emprego femini-no em Portugal", prosseguiu Lina Lo-pes, atribuindo também uma fatia daresponsabilidade ao setor público, quefacilitou o acesso das mulheres a em-pregos bem remunerados e qualifica-dos. No privado, foi o setor financeiroquem mais contribuiu para a entradadas mulheres no mercado de trabalho.

No entanto, tal como agora, as mu-lheres eram as mais afetadas, comatraso no pagamento dos salários eempregos a tempo parcial, entre ou-tros. "Existe uma desregulação do mer-cado de trabalho em que as mulherescontinuam a ter os salários mais bai-xos", explicou.

Lina Lopes referiu que Portugal con-tinua a ser um País com uma elevada

desigualdade salarial, onde as mulhe-res "servem para trabalhar mas não emcargos de gestão e de topo".

A presidente da Comissão de Mulhe-res referiu que Portugal tem a menortaxa de natalidade da União Europeia,precisamente o oposto de há 40 anos,e apelou a uma concertação entre po-líticas de natalidade e políticas de ju-ventude.

Sindicalismo fundamental

Para João Dias da Silva, o papel dossindicatos sempre teve extrema im-portância, uma vez que foi a sua inter-venção que permitiu aos trabalhadoresuma melhoria das condições de vida."Tem sido por intervenção dos sindica-tos que temos evitado muitas situa-ções de descalabro social".

O secretário-geral da FNE referiu que,apesar de haver a convicção generaliza-da da importância do papel dos sindica-tos junto das entidades patronais e dosgovernos, a percentagem de pessoas quenunca se sindicalizaram é enorme. "Comofazemos para que as pessoas sejam nãoapenas reconhecedoras da importância eda necessidade dos sindicatos mas tam-bém participem nos sindicatos?", questio-nou João Dias da Silva respondendo que osvalores da intervenção sindical têm deser consolidados, embora uma crescenteindividualização no mercado de trabalhodificulte este processo.

"A existência da perspetiva comumda intervenção sindical tem muito a vercom o olhar para o lado e ter outros nasmesmas condições", explicou o ex-pre-sidente da UGT.

João Dias da Silva considerou que asorganizações sindicais têm de saberadaptar-se à utilização das novas tec-nologias, embora continue a achar que"o sindicalismo tem de ser de presençae de proximidade e não pode ter líderesafastados da realidade".

A terminar, o sindicalista afirmouque a formação de ativistas e dirigen-tes sindicais é estratégico para a mobi-lização das pessoas. "Têm de sentir osindicato presente e próximo".

Novos desafios, lutas antigas

O presidente da Comissão de Juventu-de foi o último a intervir. Bruno Teixeiraconsiderou que os desafios são novospara as mesmas lutas de sempre: com-bate ao desemprego, à emigração, àprecariedade e aos baixos salários.

"O clima de austeridade transformoua nossa ação. No início lutávamos pormelhores condições de vida, agora onosso trabalho é tentar atenuar o ata-que que é feito diariamente a todos osportugueses", referiu.

Falando especificamente dos jovens,Bruno Teixeira considerou que a sua ge-ração tem sido a mais fustigada de todosos tempos e revelou que desde a entradada troika em Portugal 87% dos empregosdestruídos são de jovens até aos 35 anos.

Para o presidente da Comissão deJuventude, é necessário ter noção dosnúmeros da emigração e das implica-ções no desenvolvimento de Portugal."Nos últimos três anos, 246 mil jovensabandonaram o País. A maioria é alta-mente qualificada e vai contribuir paraa melhoria das economias dos paísesque ainda os conseguem absorver. Osjovens apenas pedem uma oportunida-de para darem o seu contributo e retri-buírem o investimento feito neles".

Para Bruno Teixeira, um dos grandesdesafios do sindicalismo passa por con-trariar a desregulação da legislaçãolaboral em Portugal praticada peloGoverno.

A baixa taxa de sindicalização jovemé igualmente uma preocupação e, naopinião de Bruno Teixeira, é urgentediscutir novos mecanismos de filiação."A juventude mobiliza-se mais pelamilitância sindical do que pela contra-partida que o sindicato tem para ofere-cer. Porque não pensarmos numa quotasimbólica para jovens trabalhadorespara fidelizá-los e envolvê-los no movi-mento sindical?", desafiou.

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INQUÉRITO l O 25 de Abril e os sindicatos

40 anos de

Com o propósitode comemorar

o 40.º aniversárioda Revolução,

a revista Febaseinquiriu um conjunto

de personalidadessobre a democracia

e os sindicatos

1 – Qual a maior conquista dossindicatos com o 25 de Abril?

2 – A criação de novas estrutu-ras de diálogo social, como a con-certação social, são reflexo daconsolidação democrática?

3 – A negociação coletiva estáa ser ultrapassada por normaslegais imperativas. De que formaafeta uma das funções primordiaisdos sindicatos? Estará em causa alivre negociação?

4 – Face aos condicionalismoseconómico-financeiros do País,qual deverá/poderá ser o papeldos sindicatos nos próximos anos?

Carlos SilvaSecretário-geral da UGT"Sem sindicatos plurais o regime ficariaamputado"

1 – A liberdade sindical instituída naConstituição de 1976 e a possibilidade de,no seio do movimento sindical, os traba-lhadores poderem rejeitar as tentativasde imposição da unicidade sindical, comoâncora de apoio às tentativas de hegemo-nização do PCP na sociedade portuguesa.

Sem sindicatos livres e plurais o regi-me democrático ficaria amputado da

As perguntas

Entre as instituições que tiveramum papel decisivo na consolidaçãoda democracia em Portugal con-

tam-se os sindicatos.Estruturas representativas dos traba-

lhadores, os sindicatos têm desempe-nhado um importante papel na luta pormelhores condições de trabalho, no com-bate às desigualdades sociais e na cons-trução de uma sociedade mais justa.

Quando se comemoram os 40 anos do25 de Abril, a revista Febase quis sabercomo a sociedade vê os sindicatos,lançando um inquérito a um conjuntode personalidades.

Mas quis ir mais longe. Pondo osolhos no futuro, pretendeu tambémsaber como perspetivam o futuro dosindicalismo em Portugal.

Quatro questões foram colocadas.Neste número iniciamos a publicaçãodas respostas, que continuará nas pró-ximas edições.

componente laboral, daí que esta con-quista seja, na minha visão, a mais im-portante decorrente do 25 de Abril de 74.

2 – Naturalmente. E aqui se insere aUGT, com um papel fundamental nessaconsolidação, face à sua disponibilidadepara o sindicalismo de proposição, ondea prioridade da sua intervenção sindicalassenta na negociação, no diálogo comos parceiros sociais e o Governo, na he-gemonização das virtualidades do tripar-tismo como decorre das convenções in-ternacionais decorrentes da OIT.

3 – Afeta do ponto de vista do respeitoe credibilidade institucional dos sindica-tos perante os trabalhadores e a opiniãopública. O facto de a imperatividade dasnormas legais bloquearem a livre nego-ciação entre trabalhadores e empresáriosatravés da contratação coletiva dissuadea sindicalização e diminui a defesa dosdireitos dos trabalhadores, sobrepondo-seas questões económicas às sociais.

4 – Continuarão a assumir-se como osinterlocutores privilegiados dos traba-lhadores perante as empresas e os go-vernos. Nada substitui o papel do movi-mento sindical em democracia.

A crescente individualização das rela-ções de trabalho obriga o movimentosindical a ser inovador perante os desa-fios e as formas de luta a encetar, como

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O 25 de Abril e os sindicatos l INQUÉRITO

sindicalismo livre

únicas formas de reagir às ofensivas dopoder económico e financeiro que têmcomo objetivo a desvalorização constan-te do fator trabalho nas economias e nassociedades.

tico e, portanto, têm também responsa-bilidade nos destinos do País, não sepodendo ignorar os seus importantescontributos. Naturalmente que esta res-ponsabilidade não pode deixar de rele-var nas suas decisões.

2 – São seguramente um reflexo dessaconsolidação, mas ainda há um longocaminho a percorrer. A concertação socialtem sido um importante instrumento paraa prevenção da conflitualidade no nossoPaís. Numa época de crise, a sua relevân-cia é ainda maior; e temos de reconhecerque os parceiros sociais em geral têmestado à altura das exigências, ainda quese possa fazer diversas críticas às opçõestomadas e aos métodos utilizados.

Mas não podemos ignorar: sem eles, oPaís estaria provavelmente num quadrode conflitualidade que o tornaria efetiva-mente ingovernável.

É, no entanto, preciso assegurar que ademocracia participativa, da qual a con-certação é um dos vetores essenciais,não é um mero ritual e, muito menos, ummecanismo que possa ser utilizado emvirtude de pequenas táticas políticas ouexigências circunstanciais.

Sublinharia ainda que em matéria deconcertação social é para mim muitoimportante, e a Organização Internacio-nal do Trabalho já o exigiu, que sejamintroduzidos, desde logo, critérios objeti-vos e transparentes de representativida-

de no quadro da Comissão Permanentede Concertação Social.

3 – Na verdade, o legislador tem tidoum comportamento contraditório, orainstigando à negociação, ora afetandoindelevelmente o seu resultado. O pro-blema não está na existência de normasimperativas, que terão sempre de existir,mas na forma como se decide que deter-minadas matérias ficam excluídas dacontratação coletiva, sem uma reflexãodos efeitos das decisões.

Por outro lado, sem estabilidade míni-ma do quadro laboral não é possívelnegociar com segurança; continua a con-siderar-se que a lei é o remédio de todosos males, ignorando-se que há cada vezmaior distância entre as normas do Diárioda República e a vida quotidiana dostrabalhadores e das empresas.

4 – As associações sindicais – nas suasdiferentes dimensões – têm de se forta-lecer, pois a abrupta diminuição de filia-dos constitui um problema que têm deenfrentar e identificar soluções.

Considero que é essencial – e os estu-dos demonstram-no – um maior distan-ciamento dos partidos políticos, bemcomo maior capacidade de atração dediversos tipos de trabalhadores (por exem-plo, mais jovens, trabalhadores tempo-rários, trabalhadores a termo, a tempoparcial, mais qualificados).

Por outro lado, um sindicalismo fortetem de ter capacidade de criar novasformas de entendimento, adequando-seà situação económica e aos novos desa-fios de gestão.

Acresce que as associações sindicaisdeverão também, para além da clássicafunção de assistência, de assumir umpapel importante em termos de forma-ção, pois esta será a melhor forma deassegurar maior autonomia aos traba-lhadores.

Em suma: maior disponibilidade paranegociar e criatividade nas diferentesmesas, seja a concertação social, seja anegociação coletiva, apostando numa vi-são de médio e longo prazo, não deixandoobviamente de denunciar as medidasgravosas para os trabalhadores, de pre-ferência sem uma lógica de mera luta declasses.

Luís Gonçalves da SilvaDocente da Faculdade de Direito de Lisboa"Atores principais do palco democrático"

1 – Sem qualquer dúvida a liberdadesindical plena, que é hoje um pilar es-sencial do Estado de Direito democráti-co. Essa liberdade conferiu também àsassociações sindicais uma maior res-ponsabilidade no desenvolvimento eaprofundamento da democracia. Hojesão atores principais do palco democrá-

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Horário flexível de trabalhador com Nos dias de hoje, e porse assistir a uma maior

competitividade e acrescidaexigência nas relações

laborais, bem comoa alterações estruturaisna organização de cada

família, torna-se por vezesdifícil conciliar a vida

profissional com a familiar

TEXTO: CARLA MIRRA*

No Código do Trabalho, aprovadopela Lei n.º 7/2009, de 12 defevereiro, e por constituírem

valores sociais eminentes, constamdiversas normas que visam proteger a

QUESTÕES l Jurídicas

maternidade e a paternidade, nomea-damente nos artigos 33.º e seguintes(Subsecção IV - Parentalidade).

A proteção da parentalidade concre-tiza-se através da atribuição dos se-guintes direitos: licença em situaçãode risco clínico durante a gravidez;licença por interrupção de gravidez;licença parental, em qualquer das mo-dalidades; licença por adoção; licençaparental complementar em qualquerdas modalidades; dispensa da presta-ção de trabalho por parte de trabalha-dora grávida, puérpera ou lactante,por motivo de proteção da sua segu-rança e saúde; dispensa para consultapré-natal; dispensa para avaliação paraadoção; dispensa para amamentaçãoou aleitação; faltas para assistência afilho; faltas para assistência a neto;licença para assistência a filho; licençapara assistência a filho com deficiên-cia ou doença crónica; trabalho a tem-

po parcial de trabalhador com respon-sabilidades familiares; horário flexí-vel de trabalhador com responsabili-dades familiares; dispensa de presta-ção de trabalho em regime de adapta-bilidade, banco de horas ou horárioconcentrado; dispensa de prestaçãode trabalho suplementar; dispensa deprestação de trabalho no período no-turno.

Estão previstas ainda outras garan-tias, como sejam a proteção em casode despedimento de trabalhadora grá-vida, puérpera ou lactante ou de traba-lhador no gozo de licença parental.

Não podendo explorar-se cada umdos direitos enunciados, opta-se pordesenvolver um tema de relevo e des-conhecido de alguns trabalhadores: ohorário flexível de trabalhador comresponsabilidades familiares, previs-to nos artigos 56.º e 57.º do Código doTrabalho.

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responsabilidades familiares

Questões l JURÍDICAS

Recentemente, a Diretiva 2010/18/EU do Conselho, de 8 de março de2010, que aplica o Acordo – Quadrorevisto sobre licença parental, reto-mou a necessidade de garantir que "oacesso a disposições flexíveis de traba-lho facilita aos progenitores a conjuga-ção das responsabilidades profissionaise parentais e a sua reintegração nomercado de trabalho, especialmentequando regressam do período de licen-ça parental".

No âmbito da legislação nacional,tanto a Constituição da República Por-tuguesa (CRP) como o Código do Traba-lho (CT) preconizam o dever de o em-pregador proporcionar aos trabalhado-res as condições de trabalho que favo-reçam a conciliação da atividade pro-fissional com a vida familiar e pessoal(artigo 59.º, n.º 1 alínea b) e artigo 68.ºda CRP e n.º 3 do artigo 127.º do CT),sendo igualmente definido como deverdo empregador a elaboração de horáriosque facilitem essa conciliação, nostermos do artigo 212.º, n.º 2, alínea b)do CT.

Para concretização destes princípios,o CT prevê, no seu artigo 56.º, o direitodo trabalhador com filho menor de dozeanos, a trabalhar em regime de horárioflexível.

Para o efeito, o(a) trabalhador(a) deveobservar os seguintes requisitos, quan-do formula o pedido de horário flexível:

solicitar o horário ao empregador coma antecedência de 30 dias; indicar oprazo previsto, dentro do limite aplicá-vel; apresentar declaração conformeo(s) menor(es) vive(m) com o/atrabalhador(a) em comunhão de mesae habitação.

Feito o requerimento, o empregadorapenas pode recusar o pedido com funda-mento em exigências imperiosas do fun-cionamento da empresa ou na impossibi-lidade de substituir o(a) trabalhador(a) seeste(a) for indispensável, dispondo, parao efeito, do prazo de vinte dias, contadosa partir da receção do pedido do(a)trabalhador(a), para lhe comunicar porescrito a sua decisão. Se o empregador nãocumprir o prazo referido para comunicar aintenção de recusa, considera-se aceite opedido efetuado do(a) trabalhador(a), nostermos da alínea a) do n.º 8 do artigo 57.ºdo CT.

Em caso de recusa, é obrigatório opedido de parecer prévio à CITE (Comis-são para a Igualdade no Trabalho e noEmprego), nos cinco dias subsequentesao fim do prazo estabelecido para apre-ciação pelo(a) trabalhador(a), impli-cando a sua falta, de igual modo, aaceitação do pedido.

Ainda assim, mesmo em presença dopedido de emissão de parecer prévio noprazo indicado na lei, caso a intenção derecusa da entidade empregadora não

mereça parecer favorável da CITE, taisefeitos só poderão ser concretizadosatravés de decisão judicial que reco-nheça a existência de motivo justifica-tivo.

Tal como tem vindo a ser referido nospareceres emitidos pela CITE, subja-cente às exigências sobre a fundamen-tação apresentada para a recusa, en-contra-se a preocupação já referida naConvenção da OIT n.º 156 referente àigualdade de oportunidades e de trata-mento para trabalhadores de ambos ossexos: os problemas dos trabalhadorescom responsabilidades familiares sãoquestões mais vastas relativas à famí-lia e à sociedade, sendo importante enecessário instaurar a igualdade efeti-va de oportunidades de tratamentoentre trabalhadores de ambos os sexoscom responsabilidades familiares eentre estes e outros trabalhadores.

Tal como refere a CITE num dosmuitos pareceres emitidos (disponí-veis em www.cite.gov.pt/pt/parece-res) "Esclareça-se que, sendo concedi-do aos/às pais/mães trabalhadorescom filhos menores de 12 anos umenquadramento legal de horários espe-ciais, designadamente através da pos-sibilidade de solicitar horários que lhespermitam atender às responsabilida-des familiares, ou através do direito abeneficiar do dever que impende sobre

o empregador de lhes facilitar a conci-liação da atividade profissional com avida familiar, as entidades empregado-ras deverão desenvolver métodos deorganização dos tempos de trabalhoque respeitem tais desígnios e quegarantam o princípio da igualdade dostrabalhadores, tratando situaçõesiguais de forma igual e situações dife-rentes de forma diferente".

Grande número de empresas aindanão se encontra recetiva à aplicaçãodeste tipo de soluções, mas há umamudança de mentalidades e de posturaque urge ocorrer.

O seu Sindicato mantém-se, comosempre, disponível para o apoiar emqualquer destas situações, sendo certoque um trabalhador informado, conhe-cedor dos seus direitos, poderá melhordefender os seus interesses.

*Advogada do STAS

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Parlamento Europeu l ATUALIDADE

Fazer ouvir a voz do trabalho em BruxelasLevar a voz dos

trabalhadores atéBruxelas… a partir

de Estrasburgo. Esseé um dos motivos por

que é importante votarnas eleições europeias.Um voto que pode fazer

a diferença na adoçãode diretivas e de

regulamentos com impactona vida dos cidadãos

TEXTO: ELSA ANDRADE

Com os sucessivos Tratados, o Parlamento Eu-ropeu viu o seu poder reforçado e atualmentelegisla em pé de igualdade com o Conselho deMinistros dos 27 governos da UE numa vasta áreade matérias.

A eurocâmara assume três funções principais:a adoção dos atos legislativos europeus, emconjunto com o Conselho; o exercício de umcontrolo democrático sobre as outras instituiçõesda UE, tendo poderes para aprovar ou rejeitar adesignação do presidente da CE e dos restantesmembros, realizando audições aos comissáriosantes de votar sobre o órgão no seu conjunto(bem como ao presidente do BCE e aos candidatospara o Tribunal de Contas) e o direito do adotaruma moção de censura contra toda a Comissão;tem ainda poder orçamental, partilhando com oConselho a autoridade sobre o orçamento da UE,podendo influenciar as despesas da União. In-cumbe-lhe ainda adotar ou rejeitar a totalidadedo orçamento.

Oraciocínio é claro: sendo o Parla-mento Europeu (PE) o único ór-gão comunitário eleito por sufrá-

gio direto, o voto de todos é importantepara garantir que nos momentos dedecisão a eurocâmara pronunciar-se-áa favor de uma Europa mais justa e maissolidária.

É nesse sentido que os sindicatos eu-ropeus apelam à participação dos cida-dãos no próximo ato eleitoral, que de-correrá nos 27 Estados-membros entre22 e 25 deste mês – em Portugal é nodomingo, dia 25.

Num momento de convulsão como oatual, com a Europa mergulhada numagrave crise económica e social em queé difícil perceber para que lado, no final,cairá a vontade política quanto ao Mo-delo Social Europeu cada vez mais ide-ologicamente questionado, todos osesforços são considerados válidos paratentar sentar em Estrasburgo quem semostre disponível a ouvir a voz dostrabalhadores e dos seus sindicatos - ea pronunciar-se em consonância.

O movimento sindical europeu não setem dado mal quando as suas lutas che-gam ao PE, cada vez mais a última espe-rança face a uma Comissão e a um Con-selho com forte pendor neoliberal e a umquadro legal comunitário que privilegia omercado face aos direitos fundamentais.

Marcar a diferença

Este ano serão eleitos 751 eurodepu-tados, 21 dos quais portugueses. Osmembros do PE representam a voz doscidadãos europeus no quadro do siste-ma institucional comunitário e orien-

tam as políticas da UE, tanto a nívellegislativo como orçamental.

Embora nos últimos anos se verifiqueuma decadência na regulação laboraleuropeia, marcada por uma legislaçãopontual e dispersa, a Europa adotoumais de seis dezenas de leis sociais embenefício dos trabalhadores, sobretudoem questões como saúde e segurança,trabalho a tempo parcial e temporário,contratação a termo, licença parental,despedimento coletivo, igualdade,transmissão de empresas e informaçãoe consulta aos trabalhadores.

No entanto, outras decisões de insti-tuições da UE têm sido penalizadoras. Éo caso das decisões do Tribunal de Jus-tiça Europeu sobre a livre circulação deserviços ou o "colete-de-forças" impos-to pelo tratado orçamental.

Por isso o Parlamento Europeu podefazer a diferença - porque tem apoiadoalgumas das reivindicações sindicais.E, dada a cada vez maior influênciapolítica deste órgão, a ConfederaçãoEuropeia de Sindicatos (CES) tem de-senvolvido uma atividade constantejunto ao PE, o que passa por contactospermanentes com eurodeputados e aorganização de um intergrupo sindicalno seio da instituição.

Grupo de pressão

Criado em 1979, o intergrupo sindicalcoordenado pela CES tem como objeti-vo primordial apresentar aos deputa-dos europeus, de forma regular, as po-sições do movimento sindical sobre asquestões que estão na ordem do dia dassessões parlamentares.

Aberto aos deputados das grandesfamílias políticas (socialistas, demo-cratas-cristãos, verdes, esquerda e li-berais), o intergrupo sindical combinauma atividade de informação e de con-tactos diretos dos membros da CES nointerior do Parlamento.

A composição do hemiciclo não éindiferente para os interesses dos tra-balhadores, conforme defende a CES.Naturalmente, o jogo de forças políti-cas em Estrasburgo ditará a maior oumenor sensibilidade face às reivindica-ções sindicais.

Como funciona o PE

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SINDICAL l Atualidadedossiê

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OModelo Social Europeu (MSE) foiuma das principais construçõesda União Europeia e elemento

identitário de um espaço empenhado najustiça social. Agora está em causa, nãoapenas pela despesa que acarreta, massobretudo por estratégias de desregula-ção ditadas por interesses económicos eideológicos.

Fruto da cooperação com a ComissãoEuropeia, a Organização Internacional doTrabalho (OIT) tem desenvolvido um con-junto de estudos para compreender asmudanças empreendidas nas políticassociais. Insere-se nesse âmbito o projetosobre o MSE, que decorreu entre 2013 eeste ano. As conclusões foram apresen-tadas numa conferência realizada no fi-nal de fevereiro, por um conjunto deespecialistas da Organização e peritosnacionais de 12 países, responsáveis pela

implementam de diversas formas, con-forme as circunstâncias nacionais. Asdiferenças entre países são enormes, mastodos têm tentado respeitar os princípiosdos seis pilares fundamentais do MSE (vercaixa). Comparativamente a outros paí-ses e regiões, os Estados-membros da UE,por força do seu modelo social, são tam-bém dos que apresentam uma mais ele-vada despesa pública com a proteçãosocial dos cidadãos, considerada a baseda solidariedade, da igualdade e da coe-são social.

A diversidade de situações e a magni-tude das mudanças operadas foi uma dasprimeiras constatações do estudo.

Segundo os especialistas, as alteraçõesintroduzidas têm afetado todos os pilaresdo MSE. E embora algumas reformas te-nham sido iniciadas antes do estalar dacrise – nomeadamente nas pensões dereforma e no mercado de trabalho, devidoà pressão de fatores como a demografia, aglobalização e o desemprego estrutural – oproblema orçamental acelerou essas ten-dências e colocou novas medidas na agen-da política, que recaíram especialmentesobre os salários e a negociação coletiva.

Se nuns casos o modelo tem sido resi-liente, noutros os governantes optarampaulatinamente pelo desmantelamentogradual.

Dos estabilizadores automáticos…

A importância do Modelo Social Euro-peu ficou bem patente na primeira faseda crise, quando funcionou como estabi-lizador automático, pondo travão às con-sequências mais gravosas.

Embora não exista uma definição oficial, o Modelo Social Europeu (MSE) pode ser visto nãosó como o conjunto de regulações legais da União Europeia e dos seus Estados-membros, mastambém de uma série de práticas que visam promover uma política social abrangente naUE. Representa também a partilha de valores e princípios em diferentes questões sociais(solidariedade, igualdade de oportunidades, coesão social, diálogo social, etc.) e a suaimportância na construção da comunidade europeia.

São seis os principais pilares do MSE:– Aumento dos direitos mínimos sobre condições de trabalho;– Sistemas de proteção social universais e sustentáveis;– Serviços públicos e serviços de interesse geral;– Mercados de trabalho inclusivos, com mais e melhores empregos, salários decentes e

condições de vida dignas;– Diálogo social forte e democracia nos locais de trabalho;– Sociedade inclusiva; incremento da inclusão através de instrumentos comunitários.

Quer a Europa salvaro seu modelo social?

Durante décadas persistentementemelhorado e cartão-de-visita

da democracia solidária, o ModeloSocial Europeu está a ser desmantelado sob

o pretexto da crise. A OrganizaçãoInternacional do Trabalho alerta para o risco

do seu fim, mas quererá a Europapagar o preço de uma sociedade

inclusiva, de trabalhadores com direitose cidadãos com proteção social?

TEXTO: ELSA ANDRADE

apresentação de estudo de caso sobrealterações no MSE. Os resultados foramextensivos a 30 países europeus. A CEesteve presente, representada por An-drew Chapman, vice-diretor da Direção--Geral de Emprego e Assuntos Sociais.

O objetivo era responder a três ques-tões: qual o MSE prevalecente no paísantes da crise? Que mudanças sofreu omodelo antes da crise e desde então?Quais os efeitos dessas mudanças? Namaioria dos casos, as alterações foramno sentido do desmantelamento. Portu-gal não foge à regra.

Múltiplos modelos,múltiplas mudanças

O MSE está consagrado nos Tratados eos seus elementos fazem parte do acervosocial da UE, que os Estados-membros

O que é o MSE

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Ou seja, o aumento da despesa socialamorteceu as implicações sociais do cho-que económico, como o aumento do de-semprego, a precariedade laboral ou aexclusão. Em alguns países, como a Ale-manha ou a Bélgica, foi possível conter a

onda de despedimentos através, por exem-plo, de regimes de trabalho de curta dura-ção, com apoio social e em diálogo com osparceiros sociais para encontrar alternati-vas. Pelo contrário, nos Estados com umMSE menos desenvolvido, como alguns

dos mais recentes membros da UE, odesemprego maciço, os layoffs e os cortessalariais foram uma realidade desde oinício da crise.

… aos pacotes de austeridade

A forma de abordagem política à segun-da fase da crise, a partir de 2010, foi bastan-te diferente. Apesar de constatada a utili-dade da proteção social face à recessão,quando confrontados com as dívidas públi-cas – originadas, em grande medida, peloapoio aos bancos –, os governos adotarammedidas de austeridade, com cortes signi-ficativos na despesa pública social.

Embora seja reconhecido que o MSE nãoestá entre as causas da crise, a opçãopolítica da maioria dos estados foi des-truir os seus pilares fundamentais.

Mesmo países com orçamentos esta-bilizados, como os escandinavos, nãoresistiram à tentação dos cortes.

As reformas não se limitaram a acertosquantitativos – em particular no setorpúblico – mas, na sua maioria, as mudan-ças estruturais em áreas como o acesso aosubsídio de desemprego, pensões, prote-ção social, serviços públicos, regulação domercado de trabalho e diálogo social.

Modelo Social Europeu

Direito de ação coletiva

Infrações repetidas:Grécia

Mudanças na lei:Hungria

Direitos no saláriomínimo (SM)

Diálogo social e SMinterrompidos:Grécia, Portugal, Polónia,Roménia

Cortes no SM:Grécia, Eslovénia,Irlanda, Chipre

Congelamento do SM:República Checa, França,Letónia, Portugal,Reino Unido, Espanha,Luxemburgo

Desenvolvimentosbenéficos:Alemanha(SM em 12 setores)

Direitos no horáriode trabalho

Redução de horário detrabalho: Bélgica, Itália,Alemanha, Letónia,Estónia, Lituânia, Grécia,Chipre, Hungria

Extensão de horáriosreduzidos (durante a crise):Alemanha, Suécia, Áustria,Holanda, Itália,Luxemburgo, França

Aumento do horário detrabalho: Grécia, Espanha,Portugal, Eslováquia

Outras tendências:Eslováquia (váriostrabalhadores a tempoparcial partilham o postode trabalho); Reino Unido(proliferação dos contratosde zero horas)

Saúde e segurança

Vantagens dos funcionáriospúblicos retiradas oulimitadas:Espanha, Bulgária,Eslovénia, Chipre

Aumento de doençasrelacionados com trabalho(stresse, depressão):Croácia, Portugal, Estónia

Outras tendências:Grécia (aumento detrabalhadores sem seguro)

Desenvolvimentosbenéficos:Dinamarca (governoplaneia acabar comduração limitada dosubsídio de doença)

Outros direitosdos trabalhadores

Intervenção do Estado:Grécia (intervenção legislativana liberdade de associação ena negociação coletiva)

Arbitragem limitada:Grécia, Reino Unido

Redução do valor do trabalhoextraordinário:Chipre, Hungria, Eslovénia,Reino Unido, Portugal, GréciaNão pago: Croácia, Estónia,Letónia, Lituânia, Roménia

Dias de férias retirados:Eslovénia, Chipre, Portugal

Alterações unilaterais doempregador: Espanha,Roménia, Reino Unido

O estudo da OIT mostra quais os vetores que em cada um dos seis pilares do Modelo Social Europeu (MSE) foram mais enfraquecidos pelasmedidas de austeridade e em que países. No primeiro pilar – direitos mínimos e condições de trabalho – as alterações foram as seguintes:

Ataque aos direitos laborais

O diálogo social e a negociação coletiva estão sob ameaça

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dossiê

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Portugal foi um dos dez "estudos decaso" em debate na conferência daOrganização Internacional do Tra-

balho (OIT) sobre o Modelo Social Europeuem tempos de crise económica e políti-cas de austeridade, que decorreu no finalde fevereiro.

Nos Estados sob auxílio externo, comoPortugal, as alterações foram mais radi-cais. A junção de vontades de governos etroika ditou um corte em todas as despe-sas sociais, em simultâneo com medidaspara reduzir os custos do trabalho – alcan-çado especialmente através de cortessalariais e restrições à negociação cole-tiva.

Matar ou salvar

A extensão das mudanças executadasno MSE pela maioria dos Estados-mem-bros está a alterar profundamente a na-tureza social da Europa. Até agora omodelo tem dependido de valores e prin-cípios comuns, que são cada vez maisatacados por estratégias e políticas neo-liberais. Sob o objetivo de corrigir déficese melhorar a competitividade individualdos países, está a ser posta em causa asobrevivência do modelo social europeu,alertam os peritos da OIT.

O desmantelamento em curso temprovocado um forte impacto social:baixos salários, mais pobreza, maio-res desigualdades, aumento dos con-flitos sociais, capital humano desapro-veitado (incluindo pela emigração),coesão social em risco. Por toda aEuropa a classe média tem sofrido umaerosão, pondo em questão a viabilida-

O caso português

Classe média em retração

Crescimento real anual dos gastos sociais públicos nos países da UE27, entre2001 e 2011.

Gasto real em despesa social pública

de das políticas implementadas. Emcontrapartida, as expectativas econó-micas iniciais saíram defraudadas, faceao crescimento do desemprego, à que-da do consumo interno e à sempreadiada recuperação.

Para os especialistas da OIT não hádúvida de que é obrigatório a UE mudarde rumo e promover políticas económi-cas mais equilibradas.

A persistir no paradigma atual, o queestá em causa no longo prazo é a nãoassunção da despesa social pelo Esta-do, com evidentes consequências na

saúde, educação, proteção social e ou-tros serviços públicos básicos. Algu-mas das reformas efetuadas poderãoser já irreversíveis.

"Estará a Europa disposta a perder oseu modelo social, que é a inveja deoutros países e regiões do mundo?",questiona a OIT.

Manter o MSE, frisa a Organização,exige que os países da UE discutam acombinação entre políticas alternati-vas e as reformas de algumas das atuais,sem perder os principais elementos ecaracterísticas do modelo social.

Desemprego estrutural,salários em queda,

desinvestimento dasfamílias na educação,

coesão social enfraquecida,concertação social em risco,democracia em perigo – são

as principais ameaças quependem sobre Portugal se

forem mantidas as políticasde austeridade

Pilar González e António Figueiredoapresentaram o seu estudo "Reforma doEstado social em Portugal: que efeitos naclasse média?" no segundo painel de dis-cussão, dedicado ao tema "Tendências daproteção social e do mercado de traba-lho: que efeitos na coesão social, no

emprego e no crescimento económico?".O diagnóstico é por demais conhecido dosportugueses, o prognóstico vai ao encon-tro dos nossos maiores pesadelos.

Os investigadores traçam um brevepercurso histórico do estado social portu-guês para contextualizar a atual situação

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Modelo Social Europeu

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e explicarem os efeitos negativos da di-nâmica em curso. O modelo social nasceucomo resultado da Revolução, plasmadona Constituição de 1976 numa misturacomplexa das influências sociais e políti-cas da época. Desenvolveu-se de formadesequilibrada, num compromisso entreas políticas sociais do anterior regime eas aspirações surgidas com a consolida-ção da democracia e a adesão do País àUnião Europeia, em 1986.

É, assim, um modelo incompleto, as-sente em três pilares fundamentais: sis-temas públicos de educação e de saúde,modelo de proteção social que combinaum sistema não-contributivo (social) eoutro contributivo e regulação do merca-do de trabalho.

Mudanças estruturais

Antes da crise financeira mundial de2008, Portugal estava já a passar por umprocesso de mudança estrutural, carate-rizado pela adaptação do seu perfil deespecialização produtiva motivado pelaglobalização dos mercados e por um eurosobrevalorizado.

Pilar González e António Figueiredo sali-entam a transição dolorosa de um períodode forte criação de emprego – não qualifi-cado e de baixos salários – para empregosmais qualificados, possível devido aosprogressos no ensino secundário. Ao mes-mo tempo, verificou-se a necessidade deparar, ou pelo menos reduzir, a alocaçãode recursos públicos e privados nos seto-res não transacionáveis.

No que diz respeito ao modelo social, oPaís encetou na década de 2000 um con-junto de reformas importantes, tanto naregulação do mercado de trabalho comona segurança social (especialmente naspensões), negociado com os parceirossociais. Na saúde e na educação foramtomadas medidas de racionalização. Asmudanças tiveram aval positivo das ins-tâncias internacionais, designadamenteda OCDE, FMI e Comissão Europeia.

Bater no fundo

Quando a crise financeira se transformana crise das dívidas públicas e Portugal éobrigado a recorrer à ajuda da troika, todosos pilares do modelo social são afetados –e consequentemente a população. As ta-xas de crescimento do PIB e do desempre-go são dois indicadores que mostram cla-ramente a dimensão do desastre. Se em1999 ambas rondavam os 4%, em 2012divergem profundamente, afastando-seno pior sentido: -3% do PIB, contra umdesemprego da ordem dos 16%.

vimento da economia portuguesa: o des-mantelamento das recentes e vulnerá-veis dimensões do modelo social euro-peu num contexto de forte procura deproteção social "teve altos custos, nãorecuperáveis". Até porque, consideram,a consolidação orçamental de uma pe-quena economia da zona euro "não éviável sem uma solução para a zonaeuro como um todo".

Os investigadores alertam para osefeitos negativos que Portugal enfrentae o cenário que perspetivam é assusta-dor.

A ausência de retorno do investimentofeito em educação (os jovens licenciadosnão encontram emprego) pode levar auma inversão do comportamento dasfamílias, que resultará num retrocessosocial e económico. Por outro lado, aquebra dos salários são um mau incen-tivo à inovação, penalizando a eficiên-cia. O desemprego de longo prazo correo risco de transformar-se em desempre-go estrutural e permanente, minando acoesão social.

Ao nível do diálogo e da paz social, osespecialistas salientam a perda de visi-bilidade da concertação social, poderáredundar no desmantelamento do capi-tal de confiança acumulado. Agravadopela falta de confiança nas instituiçõespúblicas nacionais e europeias, é a pró-pria democracia que ficará em perigo.

A conjugação destes riscos latentesameaça fortemente o potencial de cres-cimento do País – resultando num Portu-gal mais pobre, desigual e injusto.

Os autores salientam que o rendimen-to nacional diminuiu, mas afetou de for-ma diferente os vários grupos sociais.Num País já de si social e economicamen-te desequilibrado, as desigualdades au-mentam face às políticas de austeridade:cortes nos salários, nas pensões e nasprestações sociais.

O desemprego aumentou exponencial-mente, mesmo entre os trabalhadoresaltamente qualificados.

A classe média é profundamente atin-gida e os cortes salariais dos funcionáriospúblicos foi uma das principais causas.

À redução de vencimentos e à quebra deprestígio somam-se a incerteza e a inse-gurança, o congelamento das carreiras eum discurso político enfatizando umadualidade entre funcionários públicos pro-tegidos e os restantes trabalhadores. Oresultado é um ciclo vicioso de deteriora-ção de carreiras e desmotivação.

Outras consequências das políticas deausteridade, salientam os investigado-res, é o aumento da homogeneidadedentro dos grupos de rendimentos e umaqueda significativa da mobilidade socialascendente.

Sinais de alarme

Face aos dados, Pilar González e Antó-nio Figueiredo não hesitam em afirmarque "as políticas de austeridade aumen-taram negativamente os efeitos penali-zadores da crise financeira internacio-nal". As medidas de resgate não deve-riam ter ignorado o estádio de desenvol-

Os reformados estão entre os mais penalizados

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Visto de fora

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Por que o Modelo Social Europeucontinua a ser relevante

Depois da adoçãode políticas de consolidação

orçamental durante a criseeconómica e financeira,o Modelo Social Europeu

(MSE) enfrenta uma situaçãodifícil em alguns países.Neste artigo de opinião,

o economista-chefeda Organização

Internacional do Trabalho(OIT) explica porquê

OModelo Social Europeu (MSE) –constituído por uma série de po-líticas sociais destinadas a pro-

mover o crescimento económico, umelevado nível de vida e condições detrabalho dignas – desempenhou umpapel fundamental na configuraçãoda sociedade europeia dos anos dopós-guerra.

A importância destas políticas foi cla-ramente demonstrada na primeira faseda crise, quando fatores como a prote-ção social permitiram amortizar o im-pacto social da crise em termos decrescimento, desemprego e pobreza.

Em diversos países europeus os in-terlocutores sociais, através do diálogosocial, conseguiram estabelecer siste-

mas de distribuição do trabalho quereduziram os despedimentos, com fre-quência com a ajuda do governo. Foi ocaso da Alemanha, da Bélgica, do Lu-xemburgo e da Áustria, entre outros.

No entanto, a partir de 2010 a preo-cupação crescente com os níveis dadívida soberana e o défice orçamentallevou muitos países a introduzirempolíticas de consolidação.

Ainda que a despesa social públicatenha atuado como um estabilizadorautomático, e o seu aumento em 2009tenha limitado a queda do poder decompra dos cidadãos e a procura inter-na, a situação reverteu-se em 2011,quando a despesa social pública real daUnião Europeia diminuiu cerca de 1,5%relativamente ao ano anterior. Algunspaíses reduziram a despesa pública aníveis inferiores aos de antes da crise.

Mudanças rápidas e radicais**

Esta mudança nas políticas públicasteve consequências evidentes no MSE.

Daniel Vaughan-Whitehead

A saúde é um dossetores afetados

pelos cortes

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l Daniel Vaughan-Whitehead*

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Os dados mostram que para além dadiversidade de situações nacionais –em alguns países o MSE resistiu, nou-tros foi muito enfraquecido – as altera-ções observadas foram significativas eafetaram os principais pilares do mo-delo.

Embora estas mudanças tenham sus-citado inquietação entre os cidadãos eos trabalhadores da Europa, tambémestá amplamente reconhecido que oMSE, no seu formato atual, não estálivre de defeitos.

Tanto a OIT como a Comissão Euro-peia reconheceram que certos elemen-tos do MSE necessitam de ser reforma-dos, face a desafios como o aumento dacompetitividade entre os mercadosmundiais e o envelhecimento das so-ciedades europeias.

A questão que se põe é se, em algunspaíses, as políticas de consolidação fis-cal na Europa impulsionaram mudan-ças demasiado rápidas ou se, noutroscasos, as reformas introduzidas não sedesviaram dos seus objetivos iniciaisde garantir uma maior eficácia e sus-tentabilidade das políticas sociais.

Em certos países, os elementos fun-damentais do MSE foram transforma-dos de maneira radical, e algumas ve-zes foram desmantelados, mesmo quan-do era evidente que não eram a causada crise ou dos défices orçamentais.

Influência da troika

Os países sob influência direta datroika tiveram de reduzir custos sala-riais unitários, diminuindo os salários eos direitos de negociação coletiva.

Os sistemas de proteção social pas-saram, com frequência, a ser menos

generosos e algumas vezes menos uni-versais, ao reduzir o acesso às presta-ções de desemprego e aos benefíciosuniversais como subsídios por filhos,habitação ou doença.

As reformas dos mercados laboraisaceleraram, com o objetivo de melho-rar as taxas de emprego, em particularmodificando as normas de contrataçãoe despedimento para incrementar aflexibilidade que, como era de esperar,reduziram a segurança no emprego dostrabalhadores.

Em muitos locais, a redução da des-pesa pública também afetou a qualida-de e alcance dos serviços públicos.

Uma maior flexibilidade nos merca-dos laborais, associada a uma reduçãodo nível e cobertura da proteção social,pode ter um impacto negativo em ter-mos de pobreza, capital humano e igual-dade. É preciso ter presente que a per-

centagem de trabalhadores pobres naEuropa atingiu 9,1% em 2012.

Negociação coletivasob ataque

Se a negociação coletiva e o diálogosocial demonstraram ser recursos po-derosos para mitigar e superar a crise,é preocupante constatar que as medi-das adotadas por diversos países tive-ram repercussões negativas sobre es-tas instituições.

Em certos países, a eficácia das polí-ticas destinadas a incrementar a com-petitividade só através da redução doscustos laborais deveria ser questiona-da. O desafio da competitividade naEuropa meridional está estreitamenterelacionado com a redução da brechatecnológica.

Estas são algumas das questões queestiveram no centro de uma reunião emBruxelas sobre o futuro do MSE. A reuniãoincluiu um debate sobre o livro The Euro-pean Social Model in times of economiccrisis and austerity policies ("O ModeloSocial Europeu em tempos de crise econó-mica e políticas de austeridade"), queserá publicado brevemente.

O MSE é uma fonte de inspiração paradiversas economias emergentes comoa China, Brasil, Indonésia e Marrocos. Écrucial que a União Europeia se pronun-cie com firmeza e adote as decisõesnecessárias para preservar o modelosocial que desempenhou um papel de-terminante da sua história.

*Economista-chefe da OIT**Subtítulos da responsabilidade

da RedaçãoA reforma dos mercados laborais incrementou a insegurança no emprego

O poder de compra das famílias diminuiu drasticamente

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sTEXTO: PEDRO GABRIEL

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Escolha a forma de ler!Revistas do Sindicato

O SBSI continua a apostarna informação,

disponibilizando aosassociados as revistas

"O Bancário", "Febase"e "Tempos Livres"

em múltiplos formatos.Além da tradicional ediçãoimpressa, dos formatos pdf

e interativo, agora temtambém a possibilidade de

escolher o que quer ler

As novas tecnologias estão cadavez mais enraizadas no nossodia-a-dia. Atualmente viver sem

computador e Internet é quase umautopia e impede-nos de aceder a todoum manancial de informação disponí-vel online.

Consciente dessa realidade e tendopor objetivo estar cada vez mais próxi-mo dos sócios, o SBSI criou mais umaforma de consulta das revistas "O Ban-cário", "Febase" e "Tempos Livres", atra-vés das quais divulga a sua atividademais relevante nos diversos domíniosem que atua.

Caso pretenda consultar um artigoespecífico e imprimi-lo sem ter a revis-ta completa, já pode fazê-lo. Para talbasta aceder à página das publicaçõesno s í t io do SBSI , em http://www.sbsi.pt/atividadesindical/infor-m a c a o / p u b l i c a c o e s / P a g e s /default1.aspx e clicar na palavra "onli-ne" para ter acesso a todos os artigosque saem na revista impressa. Poderáguardar, imprimir ou simplesmente leraquilo que mais lhe interessa.

No entanto, as outras formas de lei-tura continuam acessíveis. O sócio podeoptar por consultar a versão interativa,folheando página a página como seestivesse com a revista na mão. Estafuncionalidade permite inclusive a par-tilha pelas várias redes sociais, paraque assim possa dar a conhecer aosamigos os artigos que lhe suscitarammais interesse. Recorde-se que paraconsultar esta versão é necessário terinstalado no computador o Adobe FlashPlayer.

O sítio do SBSI tem um espaço dedicado a galerias de imagens de algunsdos eventos que organiza. Desde ações de formação a provas de temposlivres, existe uma panóplia de imagens que complementam as váriasnotícias. Pode aceder através do seguinte link: http://www.sbsi.pt/ativi-dadesindical/galeriadeimagens/Pages/default.aspx

Para quem está mais habituado a lera revista em formato pdf, o sítio onlinetambém oferece essa possibilidade,basta clicar no símbolo respetivo. Tan-to a versão interativa como em pdfpodem facilmente ser guardadas nocomputador pessoal, para memóriafutura ou para colecionar todos os nú-meros da revista.

Arquivo também disponível

Caso tenha perdido alguma edição deuma das revistas e queira reler umartigo, tem agora a possibilidade de

recuperar esse número em formato pdf.Na página http://www.sbsi.pt/ativi-dadesindical/informacao/publicaco-es/Pages/Arquivo-Revistas.aspx podeconsultar e guardar edições anteriores.

Apesar de todas as funcionalidadesdo sítio online, as revistas continuam aestar disponíveis para receção em for-mato impresso ou via correio eletróni-co, chegando aos sócios na configura-ção solicitada.

Agora já não há desculpas para a faltade informação. Basta ler as publicaçõesdo Sindicato, no formato que mais lheconvier. É só escolher!

Consulte a galeria de imagens

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TEXTOS: PEDRO GABRIEL

Está em marcha mais umaedição do Torneio da Ordem

de Mérito. Para já, doisconcorrentes destacam-se na

frente da classificação

O11.º Torneio de Golfe da Ordem deMérito é composto por três provasque antecedem a final do Sul e

Ilhas, no dia 7 de junho, no Lisbon Club, e afinal nacional, a 25 de outubro, no Montado.

A primeira prova realizou-se em Riba-golfe II, no dia 29 de março, e contou coma participação de 27 concorrentes navertente Stableford Gross e 25 na Stable-ford Net.

Em Gross, a vitória sorriu a João Sá(BdP), que alcançou 24 pontos, apenasmais um que o segundo classificado, JoséMendes (Ilha Terceira). Na terceira posi-ção terminou Juvenal Candeias (prof. Ed.Física), com 21 pontos.

Já na categoria Net, Jaime Rolão (BES)foi o mais forte ao conquistar 38 pontos,contra os 36 de Juvenal Candeias e os 35de Vasco Valente (Santander Totta).

A Quinta do Perú acolheu a segundaprova do torneio, a 12 de abril. PedroTaborda (Beloura) conquistou o primeirolugar na vertente Gross, com 29 pontos.Seguiu-se-lhe João Sá, com 25, enquantoNoé Fontes (Santander Totta) terminouna terceira posição, com 23 pontos.

A categoria Net foi mais proveitosapara Noé Fontes, que conseguiu o primei-ro lugar mercê dos 40 pontos conquista-dos. João Cano (BdP) foi segundo, com 39,e Pedro Taborda terceiro, com 36 pontos.

Equilíbrio abre apetitepara última prova

Com a realização destas duas provas,a classificação geral na categoria Gross éliderada por João Sá, com 37 pontos,seguido de Pedro Taborda, com 32, e JoséMendes, com 30 pontos.

Na categoria Net, o líder é Noé Fontes,com um total de 31 pontos. Jaime Rolãosurge no segundo posto, com 27. João Sá

João Sá e Noé Fontes na frenteGolfe

Bowling

Pinos derrubados com bola cor-de-rosaNa terceira jornada

do Campeonato Interbancáriode Bowling, Olinda Bettencourt

superou a concorrênciae finalizou no primeiro posto

completa o top-3, com 24 pontos, osmesmo que Vasco Valente.

A proximidade entre os concorrentesabre assim apetite para a última prova,que se realiza no último dia de maio, naAroeira. Daremos conta destes resulta-dos em futuras publicações.

A Comissão Organizadora é compostapor Manuel Camacho, António Ramos,Vítor Soares, Nélson Neto e Manuel Fi-gueiredo.

OBowling da Beloura acolheu mais uma rondada área de Lisboa do 7.º Campeonato Inter-bancário, no dia 12 de abril. Vinte e seis

concorrentes apresentaram-se para discutir amelhor classificação possível.

No total dos quatro jogos realizados, OlindaBettencourt, da Unicre, foi quem mais se destacou,ao conquistar 684 pontos (164-169-171-180). Mui-to próximo ficou Rui Duque (BPI), com apenasmenos um (202-171-151-159). Jerónimo Fernan-des (BdP) alcançou a terceira posição, com 673pontos (210-137-137-189). Mário Batista (Banif) eJorge Teixeira (BPI) completam o lote dos cincoprimeiros, com 664 (197-176-139-152) e 651 pon-tos (178-161-158-154), respetivamente.

A quarta e última jornada está agendada para dia17 de maio, novamente no Bowling da Beloura. Osresultados serão dados em futuras publicações.

A final do Sul e Ilhas decorrerá no dia 14 de junho,na cidade alentejana de Évora.

A jogadora da Unicre lideraa classificação

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Ao fim de quase 40 anos

Coopbancários fecha portasA histórica instituição não

resistiu à complicadasituação financeira e foideclarada insolvente noinício do mês. Perda de

clientela e forteconcorrência também

ajudaram a este desfecho

ACoopbancários nasceu oficialmen-te no dia 22 de setembro de 1975,por iniciativa de um grupo de ban-

cários ligados ao Sindicato dos Bancáriosdo Sul e Ilhas. Um dos principais motivosque mais justificou a sua constituição foia de satisfazer necessidades comuns dosseus membros e produzir ou adquirir bense serviços nas melhores condições dequalidade e preço.

Quase 40 anos depois, a histórica coo-perativa vê-se forçada a encerrar as por-tas. Na origem deste desfecho estão osprejuízos acumulados alicerçados pelagrave crise económica que afetou o con-sumo das famílias portuguesas, bem comoa forte concorrência de grandes cadeiasde distribuição, com meios e recursos queultrapassavam os da Coopbancários.

O fim da cooperativa dos bancários foio pretexto para uma conversa com oúltimo presidente da Direção. AntónioCampos assumiu funções em junho de2012, na esperança de conseguir invertero ciclo negativo da instituição. Um mêsdepois da insolvência, a tristeza aindaestá bem espelhada na sua face.

P – O que levou à decisão de encerrar aCoopbancários?

R – Foi um conjunto de resultados nega-tivos somados desde 2010. Estávamos àespera de financiamento, mas não acei-támos porque era um valor baixo e oimóvel valia bastante em comparaçãocom o que nos queriam conceder. Chegá-mos a um ponto em que era impossívelcontinuar.

P – Foi a partir daí que a decisão defechar se tornou irreversível?

R - Sim, era irreversível. Apresentámosuma moção à Mesa da Assembleia Geral,que foi aprovada, e a seguir avançámoscom o processo.

P – Além da situação económica, queoutros fatores contribuíram para estedesfecho?

R – A clientela foi-se reduzindo. Asgrandes cadeias estão constantemente aoferecer coisas e isso entusiasma as pes-soas a encaminharem-se para outrospontos de venda. A presença de grandescadeias à volta foi fazendo com que todaa atividade que tínhamos se fosse redu-zindo.

P – Quantas pessoas foram afetadaspelo encerramento?

R – Quarenta empregados. Era umaestrutura muito pesada para o volume denegócios que estava a ter. Se houvessefinanciamento tínhamos que fazer uma

reestruturação, inclusive dispensar tra-balhadores.

Sem esperança

P – Existe ainda alguma esperança desalvar a Coopbancários?

R – Neste momento não. Só se apareceralguém que queira reestruturar e apro-veitar aqueles dois imóveis, que valemmuito dinheiro. Tivemos negociações comuma cadeia de distribuição e estavammuito bem encaminhadas, mas desliga-ram-se de uma forma inexplicável. Nãovejo que possa haver uma inversão nestamarcha da insolvência.

P – O que sente ao ver uma instituiçãoencerrar após tantos anos?

R – Magoa-me muito. Sabia que haviadívidas à banca, empréstimos contraídospela outra direção e que ia ter pela frenteuma situação muito complicada, maspensei no pessoal. O objetivo era conse-guir um volte-face. Ainda conseguimosvender um imóvel em Camarate…

P – Olhando para trás: ficou algumacoisa por fazer?

R – Comigo nada, não tinha hipótese defazer mais nada. Instalámos ali váriasunidades, entre elas um balcão dos CTT.Entrava cada vez mais clientela, masservia-se dos correios e saía. Pensámosque iria atrair mais gente para fazercompras, mas não conseguimos.

António Campos: "Chegámos a umponto em que era impossívelcontinuar"

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"Em abril, águas mil", diz o provérbiopopular bem conhecido de todos. Contudo,não foi neste dizer que me inspirei para otítulo da crónica, mas sim no filme estreadoem 1976 sobre o golpe militar no Chile, emsetembro de 1973. Allende tinha ganho aseleições presidenciais em 1970 e a UnidadePopular assumia o governo, mas não con-seguiu dominar o aparelho de Estado e aorganização político-militar. As forças maisreacionárias e conservadoras do Chile, como apoio de diversos países e das multina-cionais americanas, lideraram, através daoperação militar "Chove Sobre Santiago", ogolpe sangrento do dia 11 setembro.

Nos dias que Portugal vive, as armasestão nos quartéis, adormecidas, e asbotas cardadas do exército e da polícianão compassam nas ruas vazias, nem oscampos desportivos estão cheios de pri-sioneiros e de gente assassinada, mas ossulcos do nosso futuro que abril abriu nãopassam de um rio de sombras, tingidopelo sangue do desemprego, da emigra-ção, da pobreza, da retirada de direitos,da redução das reformas e pensões, dacada vez maior desigualdade entre ricose pobres, da miséria de sempre.

Os que nesta data nos governam (im-preparados, incompetentes e que desco-nhecem o povo de que fazem parte),desbarataram completamente o melhor

TEXTO: ÂNGELO HENRIQUES*

dos portugueses, a sua generosidade e asua disponibilidade para fazer sacrifíciosem prol do seu País. A crise grave quevivemos deveria ter sido a grande oportu-nidade para fazer a reforma do Estado ecorrigir os desequilíbrios reinantes que aentrada do euro potenciou, reforçando ademocracia, libertando o Estado do contro-lo das cliques, das agendas partidárias, dospoderosos lóbis que vivem à sombra dopoder e da corrupção crescente.

Nos tempos que correm – caracterizadospelo triunfo do capitalismo selvagem e dopoder financeiro internacional, pelo delíriopolítico em que entrou a União Europeia,que esqueceu totalmente os seus princípiosfundadores, nomeadamente o da coesão,pela mediocridade política reinante, a parde erros próprios de quem vem governandoeste país (e por cores diferentes nos últimosanos) – estamos a iniciar um longo ciclo deempobrecimento e, pior ainda, sem perspe-tivas de futuro. A troika, ao fazer entrarmilhões, oferece-nos apenas um presentepobre, minado, e hipoteca-nos o futuro.

A receita da austeridade, tal como foiaplicada, nem numa folha de excel conse-guirá dar saldo positivo daqui a umavintena de anos. As saídas "limpas" e"sujas" que se aproximam não escondema lógica "troikiana" que, infelizmente, osnossos governantes subscrevem: isolar edepauperar o País, pagando juros choru-dos aos credores, não tendo capacidadenem vontade de renegociar a dívida nemde encetar uma política patriótica e sobe-rana de crescimento e de saída da crise.Bem-vindo o "Manifesto dos Setenta".

O 25 de abril foi há 40 anos e nestetempo que nos separa dessa data convémrelembrar o seguinte:

– Não podem esquecer-se as lutas e asprivações de todos aqueles sem as quais

não haveria 25 de abril nem democraciaem Portugal;

– Os militares fizeram um golpe deestado que levou à conquista da liberdade,ao fim da censura, da polícia política e daguerra colonial;

– Foi posto fim a um regime autoritárioe indigno;

– A soberania foi devolvida ao povoatravés de eleições livres e democráticas.Com todos os defeitos, vivemos num Paíslivre e tem sido em liberdade que temosfeito as nossas escolhas e, como em tudona vida, arcamos com as respetivas con-sequências.

Há 40 anos foi a festa, foi a explosão dealegria, foi riso, foi lágrimas, foi o estadopuro da política, da generosidade, do en-tusiasmo. Estávamos felizes, de coraçãoaberto e a querer abraçar este mundo e ooutro… Estávamos lá.

Mas a esperança, por si só, não basta.Falhou muita coisa. O retrocesso económi-co e social que o país tem vivido nos últimosanos não pode fazer esquecer que "Asportas que abril abriu nunca mais ninguémas encerra", como escreveu Ary dos Santos.

Hoje, o meu 25 de abril não deixa de terlágrimas de raiva, de impotência e dealguma resignação. Mas nunca de rendi-ção. E é esta atitude de acreditar que nosoferece o Evangelho nesta passagem:"Havemos de encontrar terra boa e aque-les que com coração bom e generoso,conservam a Palavra, dão fruto com a suaperseverança." (Lc 8,4-15).

Vai continuar a chover sobre Portugal,mas quem acende uma candeia, crê, hojee amanhã, que uma réstia de sol voltaráa brilhar sobre os cravos murchos deabril.

*Sócio do SBN

Chove sobre PortugalEstamos a iniciar um longo

ciclo de empobrecimento e,pior ainda, sem perspetivas defuturo. A troika, ao fazer entrar

milhões, oferece-nos apenasum presente pobre, minado,

e hipoteca-nos o futuro

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Além de visita a Óbidos e caminhada em Tongóbriga

GRAM promove curso de suporte básico de vidaO Grupo de Ação

de Mulheres (GRAM) do SBN,na concretização

do programa para 2014,vai promover este mêsdiversas iniciativas, em

colaboração com a Direção

TEXTO: FIRMINO MARQUES

Considerando que a paragem cardía-ca súbita representa a principal cau-sa de morbilidade e mortalidade nos

países desenvolvidos, acontecendo qua-se sempre fora do meio hospitalar, oGRAM vai levar a efeito uma ação deformação relativa ao tema "Suporte Bá-sico de Vida", com início em 17 de maio.

O curso decorre nas instalações dosBombeiros Voluntários da Areosa, em RioTinto, e envolve uma série de procedi-mentos e técnicas visando garantir queas funções vitais se mantenham estáveisou que pelo menos atrasem o tempo emque os danos se tornem irreversíveis.

As manobras básicas de socorro sãouma "arma" para a nossa sobrevivência,ao alcance de todos, pretendendo o GRAM,com esta ação, desenvolver uma cultura

séria de emergência médica, destinada asalvar vidas e a reduzir fatores de morta-lidade e de morbilidade.

No final da sessão será entregue umcertificado de participação.

Visita a Óbidos,Alcobaça e Fátima…

Já no dia 24 de maio, o GRAM promo-verá um convívio destinado às sóciasdo SBN e respetivo agregado familiar,que contempla uma visita a Óbidos,Caldas da Rainha, Alcobaça e Fátima,com o seguinte programa:

Partida dos autocarros às 8h00 juntoà Câmara Municipal do Porto, com visi-ta livre a Óbidos, seguindo para Caldasda Rainha, onde será servido um almo-

ço regional, depois do qual continua aviagem, com visita livre a Alcobaça.

Segue-se uma visita ao santuário deFátima, com tempo livre para assistir acerimónias religiosas. O regresso ao Portoiniciar-se-á em hora a designar.

Entende-se por agregado familiar,única e exclusivamente os familiaresdo sócio, devidamente registados noSAMS.

…e caminhada a Tongóbriga

Destinada também aos sócios do SBNe familiares, o GRAM promoveu a XXICaminhada do SBN, no dia 10 de maio,em Tongóbriga, Marco de Canaveses.Subordinada ao tema "Põe-te a andar,pela tua saúde…", decorreu sob o mote"Cantos e recantos, contos e encantos".

A atividade constou de uma caminha-da média, acessível a quem tivesse umaprática desportiva normal, com cerca de12 quilómetros por caminhos naturais eancestrais feitos por romanos, percorri-dos por peregrinos e romeiros, por gen-tes de trabalho árduo que durante séculosse deslocou por entre rochas, cursos deágua e carvalhos.

A mistura de cores e cheiros, aliadaao misticismo de Tongóbriga, faz da-quele percurso um roteiro obrigatóriopara os amantes da história e da natu-reza.

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Notícias l Bancários NorteTEXTOS: FIRMINO MARQUES

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"Caminhos" é o novo ciclo de exposições que oNúcleo de Fotografia do SBN vai levar a cabo.

Será iniciado com o tema "Graffitis", da autoria deJúlio Pereira, que estará patente na galeria doSindicato - Rua Conde de Vizela, 145 -, de 4 de junhoa 2 de julho, às quartas e quintas-feiras, das 15h00às 17h30.

Xadrez

Mário Massenavence torneio regional

O jogador do BST foi o líderincontestado, sem qualquer

derrota

O30.º torneio regional de xadrezrealizou-se no Hotel Axis, de Ofir,com excelentes condições para o

evento, no decorrer de um fim de semanade sol e com magnífica temperatura ex-terior. Com a participação de doze con-correntes, que deram tudo de si próprios

nos seis jogos que disputaram, dado,além do mais, o aliciante de poderemapurar-se para em outubro representa-rem o SBN na final nacional, que reuniráno Vimeiro representantes dos três Sin-dicatos.

Tratou-se, como vem sendo hábito,de uma magnífica jornada desportiva ede convívio entre os participantes, al-guns dos quais não deixaram de se fazeracompanhar, naqueles agradáveis dias,pelos cônjuges.

O lugar mais elevado do pódio aca-bou ocupado pelo vencedor incontesta-do, Mário Massena Machado, do BST,que totalizou 5 pontos, corresponden-tes a 4 triunfos e 2 empates, seguidopelo reformado Álvaro Brandão (BPI),que totalizou 4,5 pontos em 4 vitórias,1 empate e 1 derrota (com o campeão),e por Joaquim Pinho (BdP), tambémcom 4,5 pontos, mas que não consentiuqualquer derrota (3 triunfos e 3 empa-tes).

Campeão (à esquerda) e vice-campeãodefrontam-se

1.º passeio todo-o-terreno

Do Porto a Caminha...por maus caminhos

ADireção do Sindicato dos Bancá-rios do Norte, em colaboraçãocom o Núcleo TT do SBN, vai levar

a efeito um passeio todo-o-terreno no

Núcleo de Fotografiaexpõe "Graffitis"

Castelo do Neivarecebe Dia do BancárioReformado

A Comissão Sindical de Reforma-dos, em colaboração com a Direçãodo SBN, vai comemorar o Dia doBancário Reformado no dia 17 demaio, em Castelo do Neiva, com umevento aliciante dirigido aos asso-ciados e respetivos cônjuges oucompanheiras(os). O passeio inicia-secom a partida dos autocarros daCâmara Municipal do Porto, junto aoCapitólio, em direção a Ponte deLima, seguindo para Castelo do Nei-va, onde será servido um almoço.

O preço por pessoa é de 27,50€,incluindo transporte, para sócios, côn-juge ou companheira(o) e de 25€

sem transporte.O pagamento poderá ser efetuado

em duas prestações mensais, em che-ques pré-datados para os dias 26 demaio e 26 de junho.

dia 24 de maio, destinado a sócios efamiliares possuidores de viaturas 4x4e subs, que gostam de passear com assuas máquinas, mas sem andarem porcaminhos que sejam suscetíveis de ris-car ou de "atascar".

A partida será logo de manhã, compassagem por Ponte de Lima e chegadaa Caminha.

O almoço será um piquenique e ojantar de confraternização será servidoem Caminha, no restaurante "Muralhade Caminha".

O passeio não terá caráter competiti-vo, seguindo obrigatoriamente o Códi-go da Estrada.

A organização não se responsabilizapor qualquer dano ou acidente que ocor-ra durante o evento.

Bancários Norte

Além destes três xadrezistas, a repre-sentação do SBN fica completa com os4.º, 5.º e 6.º classificados, respetivamen-te Carlos Soares (BPI – Vila Verde), ArturAlmeida (MBCP) e José Lino (Santander –Ílhavo).

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Conselho Geral aprovaRelatório e Contas de 2013

O documento sobre a vidado Sindicato mereceu o voto

unânime dos conselheiros

TEXTO: SEQUEIRA MENDES

OConselho Geral do Sindicato dosBancários do Centro, reunido nodia 15 de abril, aprovou por una-

nimidade o Relatório e Contas de 2013,encerrando-se assim mais um ano na vidado Sindicato, no contexto de um período deprofunda crise económica, caracterizadapela estagnação e pelo desemprego, porum lado, e pelo défice das contas públicase endividamento externo, por outro.

Com as medidas drásticas que penali-zaram fortemente os cidadãos em gerale os trabalhadores em particular, com oagravamento da crise social, resultanteda desorçamentação levada a cabo paracom este sensível setor, com o agrava-mento fiscal, com a redução dos saláriosna Administração Pública e nas empre-sas da esfera do Estado e com a fortíssimapenalização das pensões dos reforma-dos, o ano de 2013 caracterizou-se porum forte descontentamento e por muitasmanifestações de desagrado, que culmi-naram com a greve geral de 27 de junhoe que a Febase deu pleno apoio.

No plano interno e do ponto de vistapolítico-sindical, é de salientar a suaparticipação na elaboração do Acordo,vulgo "Memorando de Entendimento" como BCP e a eleição do seu presidente parasecretário-geral da UGT.

Situação financeira confortável

Apesar de a crise económica tambémse repercutir no SBC, não estando imuneao que se passa no País, nomeadamenteem termos de desemprego, do ponto devista patrimonial assinale-se a solidezdas contas apresentadas, pois a situa-ção financeira do SBC, no final do ano,continua a apresentar-se confortável,oferecendo garantias de poder suportaro impacto dos tempos difíceis que seanunciam.

Sindicato único

No período fora da ordem de trabalhosfoi aprovado por unanimidade um voto

de pesar pelo falecimento do conselheiroAlberto Santos Silva, bem como do traba-lhador do sindicato Jorge Alves.

No plano político, o sindicato único ea sua criação dominaram as atençõesdos conselheiros, tendo a questão sidoinicialmente abordada por Aníbal Ribei-ro, que fez o ponto da situação, nomea-damente o que se tem passado nas reu-niões preparativas da elaboração dosEstatutos da futura organização.

O vice-presidente do SBC colocou àconsideração dos conselheiros a manu-tenção do desejo de constituição do sin-dicato único, o que mereceu a manifesta-ção favorável unânime dos presentes.

Freitas Simões, representante do SBCna Comissão de Redação dos Estatutosfez uma explanação mais alongada epormenorizada de como estas reuniõestêm decorrido.

Carlos Silva fez também a apologia e apedagogia do sindicato único, não vendonele uma única coisa que seja desfavorá-vel à sua constituição. Completou a suaintervenção com a abordagem de duasdatas tão caras aos trabalhadores portu-gueses – a Festa UGT em Santarém, come-morativa do 25 de abril, e o 1.º de maio.

O ponto 2 da ordem de trabalhos –Apresentação, discussão e votação doRelatório e Contas do Exercício de 2013 daAção Sindical, SAMS/Regime Geral e SAMS/Regime Especial –, foi apresentado e de-senvolvido pela Tesoureira, Helena Carva-lheiro, que fez uma explanação concluden-te da execução orçamental. Submetido àvotação, o Relatório e Contas de 2013 foiaprovado por unanimidade.

Os conselheirosdebateram aindaa constituiçãodo sindicatoúnico

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TEXTOS: ANTÓNIO PIMENTEL / PEDRO VEIGA

Futsal

Egitanienses na final nacionalA equipa "Educadores doXuto" sagrou-se campeã

regional e vai representar oSBC em Coimbra

OTorneio de Futsal do SBC tevelugar em duas mãos, encontran-do-se inscritas três equipas: os

"Educadores do Xuto", da Secção Regio-nal da Guarda; "Os Viriatos", da Secção

Pesca de Mar

Mau tempo dificulta provas

Mar revolto não ajudou ospescadores, embora tenha

sido possível capturar algunsbons exemplares

Regional de Viseu, e "BCP MG Foot", daSecção Regional de Leiria.

A primeira jornada disputou-se noPavilhão do Instituto Politécnico de Vi-seu, colocando frente a frente o "BCPFoot" e os "Educadores do Xuto", com oresultado favorável à equipa da Guardapor 2-4, ficando Viseu isento.

A segunda jornada teve lugar no Pa-vilhão da Palheira/Assafarge, colocan-do em disputa Viseu e Guarda, com oresultado final de 0-3 favorável aos"Educadores do Xuto", sagrando-se,assim, os egitanienses representantesdo SBC à final nacional, a disputar emCoimbra a 7 e 8 de junho.

BCP MG Foot

Os Viriatos

Das três provas que o SBC vai levara efeito para apuramentos dosseus atletas à final nacional, duas

já decorreram. A primeira teve lugar naFigueira da Foz, no dia 29 de março.

Embora as condições climatéricasnão fossem desagradáveis, o mar apre-sentou-se extremamente agreste erevolto, obrigando à alteração da pro-va e originando peixe escasso, muitoembora tivessem lugar algumas pro-vas individuais razoáveis. Nesta pro-va, António Cascão obteve o primeirolugar, seguindo-se Vítor Malheiros e,em terceiro, Rogério Silva.

A segunda prova realizou-se emPeniche, no dia 26 de abril, sob pés-simas condições atmosféricas, apre-sentando-se o mar com vagas de trêsmetros. Ainda assim foi possível cap-turar alguns bons exemplares. VítorMalheiros alcançou o primeiro lugar,seguindo-se António Cascão e PedroVeiga.

Para definição da classificação fi-nal, os 15 pescadores inscritos reali-zaram a terceira e última prova nodia 3 de maio, na Nazaré, e do resul-tado daremos conta em próximasedições.

Peniche recebeuos pescadores

com vagas de trêsmetros

Educadores do Xuto

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Bancários destacam-se

Francisco Monteiro, entre a escrita e a rádio"Postigos da Memória",

livro do bancário reformadoe sócio do SBC, é uma obra

etnográfica sobre Portode Ovelha

Natural de Porto de Ovelha, doconcelho de Almeida, na Guar-da, Francisco Monteiro, reforma-

do do BCP, trabalhou em Pinhel, é osócio n.º 5575 do SBC e vive atualmenteem Lisboa.

Apresentamo-lo hoje como escritor eautodidata de grande vocação para ascoisas da cultura, onde pontuam as suascrónicas na rádio local e as suas interven-ções na imprensa escrita. Falamos de"Postigos da Memória", um seu livro de

A vida a bordo na carreira da Índia

Numa iniciativa conjunta do SBC, da UGT de Leiria e do Jornal das Cortes e ainda coma colaboração da Casa Museu João Soares, vai ter lugar naquele espaço, pelas 21h00 dodia 6 de junho, uma comunicação subordinada ao tema "A vida a bordo na carreira daÍndia". O conferencista é o historiador José Manuel Azevedo e Silva, professor jubiladoda universidade de Coimbra que anteriormente foi bancário, dirigente sindical, e nosbiénios de 1976 a 1980 presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sindicato dosBancários do Centro. A entrada é livre.

Coimbra do Mondego

Coimbra do Mondego é o nome dado à visita que um grupo de reformados doSantander Totta vai fazer a esta cidade e à sua região, nos dias 21, 22, 23 e 24 de junho,após o convívio nacional que terá lugar na Ortigosa - Leiria e que contará mais de mile quinhentos participantes. Esta iniciativa deve-se ao núcleo de reformados do Oestee conta com a participação das subcomissões da Madeira e dos Açores. A Direcção doSBC disponibilizou-se para viabilizar o acompanhamento guiado que o programacontempla.

Iniciativas culturais

TEXTO: A. CASTELO BRANCO

referência, um precioso trabalho de in-ventariação e reposição do que de maissagrado pode guardar a alma de quemfala da sua terra: (…) As suas águas, (…)eram (…) o espelho ondulante do sol e oleito tranquilo do brilho da lua. (…)

Numa linguagem descritiva, simplese particularmente percetível, plena desabor e de autenticidade, FranciscoMonteiro leva-nos pela mão até aomundo da sua infância, com um saber euma subtileza tais que não nos dá tré-guas antes que conheçamos Porto deOvelha, que foi quem o viu nascer.

É isso que vai acontecendo no virar demais uma página, na contemplação demais uma fotografia e em leituras as-sim, que falam deste lugar: (…) A fomematava-se com caldo, batatas e umaborda de pão. O corpo alindava-se comcotins, panas e chitas. As feridas cura-vam-se com malvas. A untura corrigiaas entorses e os ares atalhavam-secom responsos e defumadoiros. (…)

"Postigos da Memória" diz da vida edas vivências das suas gentes, dos seususos, costumes e tradições, inventariao seu património material e embala oespiritual. É um repositório com alma:

(…) Cães, gatos, porcos e galinhas,vagueavam pelas ruas e toda a gentesabia a quem pertenciam. (…)

Considero esta obra um hino à etno-grafia, onde falta apenas uma planta delocalização – tal o seu interesse – quepermita a quem a leia, logo poder visi-tar sem dificuldade este santuário, queum filho da sua terra imortalizou.

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Conselheiros unânimes na aprovação das ContasA estratégia de rigor financeiro

da Direção, mantendoa política de contenção dedespesas mas executando

todas as rubricas orçamentadas,mereceu o apoio do órgão

máximo do Sindicato

TEXTO: JOSÉ LUÍS PAIS*

OConselho Geral aprovou por una-nimidade, na sessão de 10 deabril, o Relatório de Atividades e

Contas de 2013.

do sempre constituírem um grupo pro-fissional capaz.

Na reunião, foi ainda apreciada aopção da Direção relativa à estratégiaassente no rigor financeiro, tendo-semantido a política de contenção dedespesas a todos os níveis, mas quepermitiu executar todas as rubricasorçamentadas, não as excedendo.

Mantiveram-se os valores de quoti-zação previstos, embora afetados emparte pela quebra de quotização pelanão atribuição do 13.º e 14.º mês aossócios do setor empresarial do Estado.

No que respeitou às atividades desen-volvidas, merecem realce: campanhade sindicalização; reuniões de esclareci-mento do CCT em diversas seguradorase contactos com trabalhadores de dele-gações; reuniões com algumas adminis-trações para clarificação de aspetos la-borais; intervenção em diversas reuni-ões, seminários e conferências, de acor-do com a representatividade do STAS emvárias estruturas; apoio jurídico das maisdiversas formas aos associados; açõesde formação gratuita; realização de ati-vidades culturais e desportivas e inau-guração da Universidade Sénior Pedrode Santarém.

Destacado o agradecimento aos mi-lhares de associados, que não obstanteterem vivido um ano particularmentedifícil, souberam escolher a via da so-lidariedade e da responsabilidade.

*Vice-Presidente do STAS

Esta deliberação do órgão máximodo sindicato representa, em primeirainstância, a visão que a liderança doSTAS tem sobre os percursos sindicais,com vista à melhor resposta às neces-sidades dos associados, por um lado,e aos desafios que se afiguram nofuturo, por outro. Neste sentido, aorgânica de recursos humanos procuroutornar mais leve e flexível a arquitetu-ra dos serviços, para melhor servir emelhor vencer os desafios que surgi-ram.

Ao longo de 2013, os colaboradoresdo Sindicato foram dando provas do seumérito, abnegação e capacidade detrabalho e de realização, demonstran-

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Todos os anos o Sindicato tem leva-do a cabo uma iniciativa que per-mite reforçar o laço com os asso-

ciados, através de deslocações a nívelnacional. O esclarecimento de ques-tões, dúvidas, a informação sobre asnovidades para os sócios, entre outros,são os objetivos a que nos propomoscom estas visitas personalizadas aempresas e balcões de todo o País.

É também o momento em que a Dire-ção do STAS procura angariar mais só-cios, pretendendo desta forma demons-trar a importância de ser sindicalizado

e quais os benefícios para os trabalha-dores em pertencer a esta família.

O mote para este ano será o PIR -Plano Individual de Reforma, entre ou-tros direitos que os trabalhadores daatividade seguradora podem usufruircom o atual CCT.

Além das questões relativas à nego-ciação coletiva, é nossa pretensão re-forçar a importância dos serviços que oSindicato pode prestar aos seus associa-

O STAS considera queé importante o contacto

de proximidade com os seusassociados

TEXTO: PATRÍCIA CAIXINHA*

dos e que, em diversos casos aindadesconhece, nomeadamente:

Aceder a um equipa especializadaem Direito do Trabalho e aconselha-mento jurídico pessoal extralaboral;

Apoio fiscal;

Protocolos com Universidades –acesso preferencial ao ensino superiorcom descontos significativos;

Protocolos com entidades de saúde,desporto, turismo e lazer, entre outras,com condições muito vantajosas e faci-lidades de pagamento;

Campos de férias para descenden-tes dos sócios (Jovens Seguros), comdescontos para as férias de 2014;

Eventos desportivos, lúdicos e delazer organizados pelo STAS e pela FE-BASE;

Torneios "in-door" e "out-door", con-cursos fotográficos, passeios lúdicos,exploração da Natureza;

Condições especiais de acesso aoSAMS (Serviço de Assistência Médico--Social dos Sindicatos dos Bancários);

Bolsa de emprego permanente STAS;

Universidade Sénior Pedro Santa-rém (ocupação diurna de tempos livrespara sócios com 50 anos ou mais).

Entre os maiores benefícios de sersindicalizado no STAS realçamos o apoioe acompanhamento jurídico preventi-vo e de contencioso laboral; a obtençãode consulta em todos os ramos e disci-plinas do Direito; o apoio, aconselha-mento e patrocínio cada vez mais rele-vantes no contexto laboral, sem qual-quer custo adicional.

O STAS ao serviço dos seus associa-dos, hoje e sempre.

*Vogal da Direção do STAS

Campanha de Sindicalizaçãocom deslocação às empresas

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