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Revista Festival

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Fiz o projeto gráfico, edição de arte e parte da diagramação da Revista Festival, acerca do Festival de Inverno Ouro Preto e Mariana 2011. Formato 265 x 348 mm

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  • 1711 2011. Trezentos anos de arte

    e cultura. Esta foi a homenagem que

    o Festival de Inverno de Ouro Preto e

    Mariana Frum das Artes 2011,

    promovido pela UFOP, prestou s

    cidades coloniais mineiras, ao adotar

    como tema a criao das primeiras

    vilas de Minas, que formaram o

    eldorado brasileiro no alvorecer do

    sculo XVIII.

    Descoberto o ouro, embora a

    regio tenha crescido rapidamente,

    com o afluxo de gente vinda de vrias

    partes, o processo de urbanizao da

    regio, mais tarde conhecida como

    Minas Gerais, foi lento, precrio e

    conturbado, marcado por conflitos

    contra a administrao portuguesa,

    especialmente nas duas primeiras

    dcadas do sculo XVIII. E mesmo

    quando a Coroa se mobiliza, com a

    criao das chamadas Vilas do Ouro,

    em 1711, resultantes dos primeiros

    arraiais mineradores nascidos no

    entorno do Ribeiro do Carmo e das

    serras do Ouro Preto e do Sabara-

    buu, formando, respectivamente, a

    Vila de Nossa Senhora do Carmo

    (Mariana), a Vila Rica de Nossa

    Senhora do Pilar (Ouro Preto) e a Vila

    de Nossa Senhora da Conceio

    (Sabar), estes ncleos mineradores

    vo se transformar em povoaes

    com forte sentimento de perten-

    cimento, que se traduzir em

    ideologia poltica, culminando na

    Inconfidncia Mineira.

    Vista como tentativa de organi-

    zao administrativa pelo governo

    portugus, a criao das Vilas parece

    ter contribudo para o fortalecimento

    do sentimento patritico, que

    moldar uma sociedade singular,

    com maneiras prprias de pensar,

    agir e se informar, capaz de forjar

    uma conscincia de si mesma, a

    despeito do controle e da explorao

    Ao comemorar 300 anos das Vilas do Ouro, o Festival props um dilogo frtil e intenso com o

    legado setecentista das Minas Gerais, componente da identidade brasileira.

    comercial, quase sempre espoliativa,

    mantidos por Portugal. Apesar de

    nascer e sub-existir da transplan-

    tao de cdigos e valores lusitanos,

    esta sociedade faz af lorar uma

    cultura de base humanstica, com

    feies prprias e alcance amplo da

    esfera poltica social e notadamen-

    te pela artstica , curiosamente, a

    partir de 1750, quando se verifica a

    exausto das jazidas de ouro.

    Da opresso criao

    Possivelmente em consequncia

    da poltica coercitiva praticada pela

    Coroa Portuguesa, que, alm da

    cobrana do Quinto do Ouro, lanava

    mo da Derrama, as Vilas de Minas

    experimentam surto de genialidade

    artstica e intelectual, imprimindo as

    bases de uma autntica cultura

    brasileira. Bem formada e dotada de

    g o s t o r e f i n a d o , a s o c i e d a d e

    mineradora vai se expressar pela

    criatividade, seja na msica, na

    literatura, na arquitetura ou na arte

    rel igiosa bar roca. Trazido da

    metrpole para a Bahia e principais

    povoaes do litoral, o barroco

    europeu alcana autonomia criativa

    em Minas, embora persista at finais

    do sculo XVIII e incio do XIX.

    Com caractersticas peculiares, a

    sociedade que se forma pela primeira

    vez nos r inces interiores da

    possesso portuguesa surpreen-de.

    Mostra um conjunto de homens

    abastados, cultos e sintonizados com

    seu tempo (sobretudo com as ideias

    iluministas que circulavam na

    Europa) e uma classe mdia de

    feies urbanas, formada por artistas

    e artesos, unidos pelo sentimento de

    emancipao e apreo arte. Basta

    citar dois dos melhores artistas da

    poca. Antnio Francisco Lisboa, o

    Aleijadinho, e seu contemporneo, o

    pintor Manoel da Costa Atade que

    trabalharam na construo da igreja

    So Francisco de Assis, de Ouro

    Preto, considerada obra-prima do

    rococ mineiro. Despontam tam-

    bm os letrados inconfidentes

    Manoel Incio da Silva Alvarenga,

    Cludio Manoel da Costa e Toms

    Antnio Gonzaga, cujas obras

    dominam a temtica nacionalista e o

    canto exaltador terra natal.

    Esse perodo de efervescncia

    cultural, vislumbrado por meio do

    patrimnio cultural formado por

    obras plsticas e arquitetnicas de

    vinculao Barroco-Rococ e por

    iderio l iber tador, representa

    componente fundamenta l da

    identidade brasileira. E, como

    manifestao artstica genuna,

    traduz-se em espao propcio a novos

    modos de se pensar e fazer arte.

    Passados 300 anos, mais que a

    celebrao de uma data redonda, o

    Festival de Inverno props dilogo

    frtil e intenso com o legado artstico

    e cultural das Minas Gerais.

    Povoaes com forte

    sentimento de

    pertencimento, que

    se traduzir em

    ideologia poltica,

    culminando na

    Inconfidncia

    Mineira.

    Por Patrcia Lapertosa

    5

    Vilas de arte e culturaApresentao

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO5 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    papel de parceria da Universidade

    com a comunidade.

    O Circuito Festival, que reuniu

    de trilhas ambientais gastrono-

    mia, passando por exposies e

    abertura de atelis, foi um desses

    tantos festivais do Festival. O

    mesmo acontecendo com os

    encontros musicais Tirando o

    Mofo e Fora do Eixo, e com a

    Caravana nos Distritos. O que

    dizer ento da reunio de peas

    teatrais estreantes ou premiadas,

    das mostras de cinema e de fotogra-

    fia e da programao de oficinas?

    No foi por acaso que as cidades

    receberam mais de 250 mil turistas

    em 17 dias.

    Por tudo isto, o Festival lanou,

    este ano, sua prpria revista, que

    passa a ser a memria do evento e da

    integrao entre artistas, educado-

    res, alunos, turistas, instituies e

    empresas que ajudam a construir a

    histria do evento e a contar a

    prpria evoluo da arte. Como diz

    o compositor Renato Teixeira em

    uma de suas obras-primas, lem-

    bre-se sempre que, mesmo modes-

    ta, minha casa ser sempre sua,

    amigo. Seja bem-vindo.

    Editorial

    Por definies de dicionrios, a

    palavra festival significa, em

    resumo, uma grande festa, uma

    celebrao ou mesmo uma competi-

    o ar tstica de deter minada

    espcie. Em 2011, Ouro Preto e

    Mariana sediaram um evento

    especializado em reunir todas estas

    caractersticas, mas ainda capaz de

    se reinventar. No foi apenas um e

    sim vrios festivais simultneos,

    tendo como referncia a consagrada

    marca Festival de Inverno/Frum

    das Artes, desta vez com estrutura e

    conceitos recuperados e renovados.

    Ao mesmo tempo em que

    manteve suas razes, por meio do

    tema escolhido - o tricentenrio das

    trs primeiras vilas de Minas -, o

    evento superou a proteo e o

    conforto das montanhas gerais e foi

    lanado tambm em So Paulo, com

    receptividade e resultados surpre-

    endentes. Da mesma forma que

    recuperou o Frum das Artes, em

    seus objetivos originais, fortalecen-

    do espaos de imerso, de debates e

    de aes efetivas nas reas de arte,

    cultura, educao e patrimnio,

    fortaleceu, por meio de projetos

    como o Festival com a Escola, o

  • 1711 2011. Trezentos anos de arte

    e cultura. Esta foi a homenagem que

    o Festival de Inverno de Ouro Preto e

    Mariana Frum das Artes 2011,

    promovido pela UFOP, prestou s

    cidades coloniais mineiras, ao adotar

    como tema a criao das primeiras

    vilas de Minas, que formaram o

    eldorado brasileiro no alvorecer do

    sculo XVIII.

    Descoberto o ouro, embora a

    regio tenha crescido rapidamente,

    com o afluxo de gente vinda de vrias

    partes, o processo de urbanizao da

    regio, mais tarde conhecida como

    Minas Gerais, foi lento, precrio e

    conturbado, marcado por conflitos

    contra a administrao portuguesa,

    especialmente nas duas primeiras

    dcadas do sculo XVIII. E mesmo

    quando a Coroa se mobiliza, com a

    criao das chamadas Vilas do Ouro,

    em 1711, resultantes dos primeiros

    arraiais mineradores nascidos no

    entorno do Ribeiro do Carmo e das

    serras do Ouro Preto e do Sabara-

    buu, formando, respectivamente, a

    Vila de Nossa Senhora do Carmo

    (Mariana), a Vila Rica de Nossa

    Senhora do Pilar (Ouro Preto) e a Vila

    de Nossa Senhora da Conceio

    (Sabar), estes ncleos mineradores

    vo se transformar em povoaes

    com forte sentimento de perten-

    cimento, que se traduzir em

    ideologia poltica, culminando na

    Inconfidncia Mineira.

    Vista como tentativa de organi-

    zao administrativa pelo governo

    portugus, a criao das Vilas parece

    ter contribudo para o fortalecimento

    do sentimento patritico, que

    moldar uma sociedade singular,

    com maneiras prprias de pensar,

    agir e se informar, capaz de forjar

    uma conscincia de si mesma, a

    despeito do controle e da explorao

    Ao comemorar 300 anos das Vilas do Ouro, o Festival props um dilogo frtil e intenso com o

    legado setecentista das Minas Gerais, componente da identidade brasileira.

    comercial, quase sempre espoliativa,

    mantidos por Portugal. Apesar de

    nascer e sub-existir da transplan-

    tao de cdigos e valores lusitanos,

    esta sociedade faz af lorar uma

    cultura de base humanstica, com

    feies prprias e alcance amplo da

    esfera poltica social e notadamen-

    te pela artstica , curiosamente, a

    partir de 1750, quando se verifica a

    exausto das jazidas de ouro.

    Da opresso criao

    Possivelmente em consequncia

    da poltica coercitiva praticada pela

    Coroa Portuguesa, que, alm da

    cobrana do Quinto do Ouro, lanava

    mo da Derrama, as Vilas de Minas

    experimentam surto de genialidade

    artstica e intelectual, imprimindo as

    bases de uma autntica cultura

    brasileira. Bem formada e dotada de

    g o s t o r e f i n a d o , a s o c i e d a d e

    mineradora vai se expressar pela

    criatividade, seja na msica, na

    literatura, na arquitetura ou na arte

    rel igiosa bar roca. Trazido da

    metrpole para a Bahia e principais

    povoaes do litoral, o barroco

    europeu alcana autonomia criativa

    em Minas, embora persista at finais

    do sculo XVIII e incio do XIX.

    Com caractersticas peculiares, a

    sociedade que se forma pela primeira

    vez nos r inces interiores da

    possesso portuguesa surpreen-de.

    Mostra um conjunto de homens

    abastados, cultos e sintonizados com

    seu tempo (sobretudo com as ideias

    iluministas que circulavam na

    Europa) e uma classe mdia de

    feies urbanas, formada por artistas

    e artesos, unidos pelo sentimento de

    emancipao e apreo arte. Basta

    citar dois dos melhores artistas da

    poca. Antnio Francisco Lisboa, o

    Aleijadinho, e seu contemporneo, o

    pintor Manoel da Costa Atade que

    trabalharam na construo da igreja

    So Francisco de Assis, de Ouro

    Preto, considerada obra-prima do

    rococ mineiro. Despontam tam-

    bm os letrados inconfidentes

    Manoel Incio da Silva Alvarenga,

    Cludio Manoel da Costa e Toms

    Antnio Gonzaga, cujas obras

    dominam a temtica nacionalista e o

    canto exaltador terra natal.

    Esse perodo de efervescncia

    cultural, vislumbrado por meio do

    patrimnio cultural formado por

    obras plsticas e arquitetnicas de

    vinculao Barroco-Rococ e por

    iderio l iber tador, representa

    componente fundamenta l da

    identidade brasileira. E, como

    manifestao artstica genuna,

    traduz-se em espao propcio a novos

    modos de se pensar e fazer arte.

    Passados 300 anos, mais que a

    celebrao de uma data redonda, o

    Festival de Inverno props dilogo

    frtil e intenso com o legado artstico

    e cultural das Minas Gerais.

    Povoaes com forte

    sentimento de

    pertencimento, que

    se traduzir em

    ideologia poltica,

    culminando na

    Inconfidncia

    Mineira.

    Por Patrcia Lapertosa

    5

    Vilas de arte e culturaApresentao

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO5 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    papel de parceria da Universidade

    com a comunidade.

    O Circuito Festival, que reuniu

    de trilhas ambientais gastrono-

    mia, passando por exposies e

    abertura de atelis, foi um desses

    tantos festivais do Festival. O

    mesmo acontecendo com os

    encontros musicais Tirando o

    Mofo e Fora do Eixo, e com a

    Caravana nos Distritos. O que

    dizer ento da reunio de peas

    teatrais estreantes ou premiadas,

    das mostras de cinema e de fotogra-

    fia e da programao de oficinas?

    No foi por acaso que as cidades

    receberam mais de 250 mil turistas

    em 17 dias.

    Por tudo isto, o Festival lanou,

    este ano, sua prpria revista, que

    passa a ser a memria do evento e da

    integrao entre artistas, educado-

    res, alunos, turistas, instituies e

    empresas que ajudam a construir a

    histria do evento e a contar a

    prpria evoluo da arte. Como diz

    o compositor Renato Teixeira em

    uma de suas obras-primas, lem-

    bre-se sempre que, mesmo modes-

    ta, minha casa ser sempre sua,

    amigo. Seja bem-vindo.

    Editorial

    Por definies de dicionrios, a

    palavra festival significa, em

    resumo, uma grande festa, uma

    celebrao ou mesmo uma competi-

    o ar tstica de deter minada

    espcie. Em 2011, Ouro Preto e

    Mariana sediaram um evento

    especializado em reunir todas estas

    caractersticas, mas ainda capaz de

    se reinventar. No foi apenas um e

    sim vrios festivais simultneos,

    tendo como referncia a consagrada

    marca Festival de Inverno/Frum

    das Artes, desta vez com estrutura e

    conceitos recuperados e renovados.

    Ao mesmo tempo em que

    manteve suas razes, por meio do

    tema escolhido - o tricentenrio das

    trs primeiras vilas de Minas -, o

    evento superou a proteo e o

    conforto das montanhas gerais e foi

    lanado tambm em So Paulo, com

    receptividade e resultados surpre-

    endentes. Da mesma forma que

    recuperou o Frum das Artes, em

    seus objetivos originais, fortalecen-

    do espaos de imerso, de debates e

    de aes efetivas nas reas de arte,

    cultura, educao e patrimnio,

    fortaleceu, por meio de projetos

    como o Festival com a Escola, o

  • 76

    Artes Cnicas

    Reflexo e fruio estticaA Curadoria de Artes Cnicas convidou para o Festival deste ano grupos nacionais e do exterior. A companhia italiana Academia della Follia inaugurou a

    programao com a pea Stravaganza. A partir da, foram duas semanas de espetculos que levaram reflexo e fruio esttica, culminando com a apresentao de

    O Crculo do Ouro, do Grupo Ponto de Partida, em homenagem ao tricentenrio das trs vilas mineiras.

    Por Gustavo Moreira Alves

    Fausto(s!)

    Quem s imaginava o Centro Acadmico da Escola de Minas (CAEM) como

    espao para shows e baladas ficou surpreso com a Cia Preqaria, e o espetculo

    Fausto(s!). A pea comeou na rua, por alguns segundos parando o trnsito da Praa

    Tiradentes. Foram diversas mudanas de cenrio num itinerrio labirntico dentro

    do CAEM. A cada cenrio, uma surpresa. Os atores saam do texto tenso para as

    piadas intermitentes, levando o pblico da tenso s gargalhadas e vice-versa.

    Prometeus Nostos

    Prometeus Nostos, sobre Prometeu, tit que roubou o fogo e deu aos homens,

    impressionou na releitura das obras da antiguidade com longas falas em grego

    arcaico, conciliadas ao texto em portugus. A pea, da Cia de Teatro Balagan, de So

    Paulo, arrepiou os espectadores com, por exemplo, a originalidade da traduo da

    Caixa de Pandora. O palco se dividia em quatro e exibia ao pblico, tambm

    dividido, encenaes simultneas. Tudo intercalado. A sonoridade da pea foi outro

    ponto forte da apresentao: pedra e pau manipulados pelos prprios atores.

    Tio Vnia

    O Grupo Galpo levou o pblico s lgrimas com a paisagem de frustrao e

    tdio do texto de Tio Vnia, de Tchekhov, do sculo XIX. Com cuidado especial no

    cenrio e performance de cair o queixo no momento de troc-lo, o espetculo ainda

    entrou numa questo cara ao Festival deste ano: a necessidade de cuidado com o

    patrimnio natural.

    Por Elise

    Meu corao parece um cavalo novo com fogo nas patas, correndo em direo

    ao mar. A vencedora dos prmios APCA e Shell de melhor dramaturgia em 2005,

    Por Elise, do grupo belo-horizontino Espanca!, utilizou-se de uma metfora

    engraada para alertar para o cuidado que se deve ter com o que se semeia. A cada

    fruto que caa do abacateiro, causando medo na personagem que o plantou, o

    pblico era levado s gargalhadas. No final, quem assistia aplaudiu de forma nada

    convencional.

    Stravanganza

    To loucos que a dvida quanto sanidade dos atores pairou no ar. Este foi o

    grupo italiano Academia della Follia, que se apresentou em portugus com o

    espetculo Stravaganza. Bem humorados, mostraram os conflitos que surgiram

    quando uma lei os obrigou a deixar o hospital psiquitrico de Trieste. Um dos

    loucos, a certa altura, enlouqueceu os espectadores de agonia ao desenvolver um

    monlogo enquanto costurava um pedao de pele que puxou da prpria barriga.

    Mais alto que a lua

    Mais alto que a lua a stima montagem do Cine Horto P na Rua, projeto de

    criao de espetculos do Centro Cultural Galpo Cine Horto. Na Praa Tiradentes

    viu-se o resultado da pesquisa sobre a relao do homem com o ambiente urbano,

    inspirada na obra Marcovaldo ou as estaes na cidade, de talo Calvino. Uma

    reflexo sobre a relao entre o homem, a cidade e a natureza comprometida com a

    vida artificial, feita pelo olhar de um trabalhador ingnuo e sua famlia numerosa.

    Bartolomeu o que ser que nele deu?

    O teatro Hip Hop Bartolomeu: o que ser que nele deu? trata da trajetria de um

    funcionrio de escritrio de advocacia que, de repente, confina-se dentro de si

    mesmo, recusando a participar do mundo e de tudo o que implica no convvio

    social. O Ncleo Bartolomeu inspirou-se no romance Barterbly: o escriturio, de

    Herman Melville. O objetivo mostrar a rotina do tpico assalariado que trabalha

    em escritrio. Alheio realidade, repete mecanicamente: prefiro no fazer.

    O Reino do Mar Sem Fim

    Concebido a partir do romance de cordel, O Reino do Mar Sem Fim narra a histria

    de amor entre Adriano e Elisabete. O espetculo do Grupo Pedras destaca a estreita

    relao entre narradores e narrativas com o personagem Severino da Cocada,

    replicado em quatro pelos atores. As questes julgadas do domnio pessoal como

    fenmeno psquico intransfervel so reconhecidas e compartilhadas por meio da

    linguagem potica, inventividade que devemos tradio oral.

    O Crculo do Ouro

    Mais dentro do tema do Festival impossvel: O Crculo do Ouro, do Grupo Ponto

    de Partida, de Barbacena, contou parte da histria dos 300 anos das vilas mineiras. O

    espetculo colocou no palco um dos momentos mais fortes para a histria de Minas

    Gerais e do Pas, quando as minas so descobertas e o ouro atrai para o serto o

    maior contingente de habitantes jamais visto no Brasil-Colnia. A apresentao

    ainda fez meno s igrejas e casares e a personalidades como Cludio Manoel da

    Costa, Toms Antnio Gonzaga e Maria Dorotia, a Marlia de Dirceu.

    Andarilho dos Sonhos

    Andarilho dos Sonhos levou ao pblico a histria de Agapito, um campons sem

    terra, pastor de ovelha sem ovelhas. Com a simplicidade de um peo roda peo,

    bambeia peo Agapito se envolveu numa fantstica aventura, em busca do amor

    de sua Panchita voc gosta de mim, maninha, eu tambm de voc e da

    prosperidade de seu povo. Do Grupo Virundanga, a pea vencedora do Prmio

    FUNARTE 2009 Artes Cnicas na Rua.

    Das lgrimas s gargalhadas, peas premiadas em todo o Brasil fizeram do teatro o ponto alto do Festival.

    Iza Campos Cesar Tropia

    Naty Trres

    Cesar Tropia

    Naty Trres

    Naty Trres

    Cesar Tropia

    Naty Trres

    Naty Trres

    Lucas de Godoy

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • 76

    Artes Cnicas

    Reflexo e fruio estticaA Curadoria de Artes Cnicas convidou para o Festival deste ano grupos nacionais e do exterior. A companhia italiana Academia della Follia inaugurou a

    programao com a pea Stravaganza. A partir da, foram duas semanas de espetculos que levaram reflexo e fruio esttica, culminando com a apresentao de

    O Crculo do Ouro, do Grupo Ponto de Partida, em homenagem ao tricentenrio das trs vilas mineiras.

    Por Gustavo Moreira Alves

    Fausto(s!)

    Quem s imaginava o Centro Acadmico da Escola de Minas (CAEM) como

    espao para shows e baladas ficou surpreso com a Cia Preqaria, e o espetculo

    Fausto(s!). A pea comeou na rua, por alguns segundos parando o trnsito da Praa

    Tiradentes. Foram diversas mudanas de cenrio num itinerrio labirntico dentro

    do CAEM. A cada cenrio, uma surpresa. Os atores saam do texto tenso para as

    piadas intermitentes, levando o pblico da tenso s gargalhadas e vice-versa.

    Prometeus Nostos

    Prometeus Nostos, sobre Prometeu, tit que roubou o fogo e deu aos homens,

    impressionou na releitura das obras da antiguidade com longas falas em grego

    arcaico, conciliadas ao texto em portugus. A pea, da Cia de Teatro Balagan, de So

    Paulo, arrepiou os espectadores com, por exemplo, a originalidade da traduo da

    Caixa de Pandora. O palco se dividia em quatro e exibia ao pblico, tambm

    dividido, encenaes simultneas. Tudo intercalado. A sonoridade da pea foi outro

    ponto forte da apresentao: pedra e pau manipulados pelos prprios atores.

    Tio Vnia

    O Grupo Galpo levou o pblico s lgrimas com a paisagem de frustrao e

    tdio do texto de Tio Vnia, de Tchekhov, do sculo XIX. Com cuidado especial no

    cenrio e performance de cair o queixo no momento de troc-lo, o espetculo ainda

    entrou numa questo cara ao Festival deste ano: a necessidade de cuidado com o

    patrimnio natural.

    Por Elise

    Meu corao parece um cavalo novo com fogo nas patas, correndo em direo

    ao mar. A vencedora dos prmios APCA e Shell de melhor dramaturgia em 2005,

    Por Elise, do grupo belo-horizontino Espanca!, utilizou-se de uma metfora

    engraada para alertar para o cuidado que se deve ter com o que se semeia. A cada

    fruto que caa do abacateiro, causando medo na personagem que o plantou, o

    pblico era levado s gargalhadas. No final, quem assistia aplaudiu de forma nada

    convencional.

    Stravanganza

    To loucos que a dvida quanto sanidade dos atores pairou no ar. Este foi o

    grupo italiano Academia della Follia, que se apresentou em portugus com o

    espetculo Stravaganza. Bem humorados, mostraram os conflitos que surgiram

    quando uma lei os obrigou a deixar o hospital psiquitrico de Trieste. Um dos

    loucos, a certa altura, enlouqueceu os espectadores de agonia ao desenvolver um

    monlogo enquanto costurava um pedao de pele que puxou da prpria barriga.

    Mais alto que a lua

    Mais alto que a lua a stima montagem do Cine Horto P na Rua, projeto de

    criao de espetculos do Centro Cultural Galpo Cine Horto. Na Praa Tiradentes

    viu-se o resultado da pesquisa sobre a relao do homem com o ambiente urbano,

    inspirada na obra Marcovaldo ou as estaes na cidade, de talo Calvino. Uma

    reflexo sobre a relao entre o homem, a cidade e a natureza comprometida com a

    vida artificial, feita pelo olhar de um trabalhador ingnuo e sua famlia numerosa.

    Bartolomeu o que ser que nele deu?

    O teatro Hip Hop Bartolomeu: o que ser que nele deu? trata da trajetria de um

    funcionrio de escritrio de advocacia que, de repente, confina-se dentro de si

    mesmo, recusando a participar do mundo e de tudo o que implica no convvio

    social. O Ncleo Bartolomeu inspirou-se no romance Barterbly: o escriturio, de

    Herman Melville. O objetivo mostrar a rotina do tpico assalariado que trabalha

    em escritrio. Alheio realidade, repete mecanicamente: prefiro no fazer.

    O Reino do Mar Sem Fim

    Concebido a partir do romance de cordel, O Reino do Mar Sem Fim narra a histria

    de amor entre Adriano e Elisabete. O espetculo do Grupo Pedras destaca a estreita

    relao entre narradores e narrativas com o personagem Severino da Cocada,

    replicado em quatro pelos atores. As questes julgadas do domnio pessoal como

    fenmeno psquico intransfervel so reconhecidas e compartilhadas por meio da

    linguagem potica, inventividade que devemos tradio oral.

    O Crculo do Ouro

    Mais dentro do tema do Festival impossvel: O Crculo do Ouro, do Grupo Ponto

    de Partida, de Barbacena, contou parte da histria dos 300 anos das vilas mineiras. O

    espetculo colocou no palco um dos momentos mais fortes para a histria de Minas

    Gerais e do Pas, quando as minas so descobertas e o ouro atrai para o serto o

    maior contingente de habitantes jamais visto no Brasil-Colnia. A apresentao

    ainda fez meno s igrejas e casares e a personalidades como Cludio Manoel da

    Costa, Toms Antnio Gonzaga e Maria Dorotia, a Marlia de Dirceu.

    Andarilho dos Sonhos

    Andarilho dos Sonhos levou ao pblico a histria de Agapito, um campons sem

    terra, pastor de ovelha sem ovelhas. Com a simplicidade de um peo roda peo,

    bambeia peo Agapito se envolveu numa fantstica aventura, em busca do amor

    de sua Panchita voc gosta de mim, maninha, eu tambm de voc e da

    prosperidade de seu povo. Do Grupo Virundanga, a pea vencedora do Prmio

    FUNARTE 2009 Artes Cnicas na Rua.

    Das lgrimas s gargalhadas, peas premiadas em todo o Brasil fizeram do teatro o ponto alto do Festival.

    Iza Campos Cesar Tropia

    Naty Trres

    Cesar Tropia

    Naty Trres

    Naty Trres

    Cesar Tropia

    Naty Trres

    Naty Trres

    Lucas de Godoy

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • O Minto das Labdcias -

    Antgona

    Unindo o trgico ao cmico, como

    numa tpica tragdia grega, o espetculo

    O Minto das Labdcias Antgona

    colocou no palco os anseios que

    atingem todos os mbitos do mundo

    contemporneo, com influncia de

    elementos do circo, incluindo um coro

    de seres humanos monstruosos. Aqui,

    numa nova leitura da terceira parte da

    trilogia tebana, as Labdcias Antgona e

    sua irm Ismnia no contrariam

    Tirsias para enterrar os dois irmos,

    mas para desenterr-los. Quem pegou

    bolinha no comeo da pea pde se

    divertir com uma interao pra l de

    inusitada.

    dipo em 4 estaes

    Na pea dipo em 4 Estaes, livre

    adaptao de dipo Rei, de Sfocles, as

    estaes do ano conduziram tragdia

    grega que inspirou Freud. Na histria

    do dramaturgo grego, dipo mata o pai

    e desposa-se da prpria me, o que

    depois iluminou o pai da psicanlise

    para a ideia do Complexo de dipo. Na

    Mostra, o protagonista tampouco foge

    de seu destino trgico. Entretanto, a

    trama comea a ser contada a partir de

    seu nascimento, com uma referncia ao

    Homem Vitruviano, de Leonardo da

    Vinci. Depois, a presena da esfinge

    diverte a plateia, e a narradora com sua

    bicicleta, de visual inspirado na atriz

    Audrey Hepburn, encanta o pblico. As

    msicas so um show parte. No ters escolha, no ters sada, se a mentira

    verdade, se a verdade mentira, azar sorte e a

    morte vida

    09

    Aquitecncia de Alice

    Inspirada nos livros Alice no Pas

    das Maravilhas e Alice Atravs do

    Espelho, de Lewis Carroll, Aquitecncia

    de Alice explora a adolescncia da

    personagem-ttulo. Em cena, h duas

    Alices, a do presente e a do passado,

    aquela relembrando o que esta reviveu.

    Alm disso, cada personagem contm

    em sua representao uma virtude e um

    pecado. O espetculo ainda puxa o

    pblico para o mesmo buraco onde caiu

    Alice, deixando-o livre para transitar no

    palco e interagir com os atores.

    O Cavaleiro Inexistente

    A Praa Tiradentes contou com o

    espetculo de rua O Cavaleiro Inexistente,

    transcriao cnico-musical da obra

    homnima de talo Calvino. O

    romance, imaginativo e fantstico,

    g a n h a b e l e z a a c u a b e r t o ,

    principalmente porque conta com ares

    de realidade. A apropriao do espao

    fez com que se substitusse o andaime

    das outras apresentaes. Os atores se

    misturaram com os espectadores,

    dando a eles sensao de igualdade,

    fazendo-os se sentirem representados.

    O espetculo mais um fruto do

    Grupo Mambembe Msica e Teatro,

    projeto de extenso dos cursos de Artes

    Cnicas e Msica da UFOP.

    Limiar

    Limiar contou a histria de trs

    vampiros que se encontram de tempos

    em tempos para tentarem descobrir

    como suportaro a imortalidade. A

    pea teve origem durante uma pesquisa

    de linguagem que buscou estudar a arte

    gtica e aconteceu em cima de um

    tablado circular com o desenho do

    labirinto da Catedral de Chartres, na

    Frana.

    08

    Por Gustavo Moreira Alves

    Artes Cnicas - Mostra DEART

    O Departamento de Artes Cnicas (DEART)

    promoveu no Festival 2011 a Mostra DEART,

    com espetculos que so objeto de Trabalho de

    Concluso de Curso (TCC) e ainda esto em

    processo pelos estudantes. E estar em

    processo no significa que no tenham sido

    aplaudidos de p. Se o Festival fosse uma pea

    do Juliano Mendes, dramaturgo que escreveu

    dipo em 4 Estaes, pediria para ser reescrito.

    No que acabe mal, porque acaba muito bem,

    mas acaba, e todo esse espetculo pede para

    viver de novo, reviver sempre. uma tragdia

    quando acaba. Ainda bem que ano que vem

    ganha novos traados.

    Espetculos

    em processo

    recebem

    aplausos de p

    Iza Campos Naty Torres Naty TorresCesar Tropia Lucas de Godoy Lucas de Godoy

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • O Minto das Labdcias -

    Antgona

    Unindo o trgico ao cmico, como

    numa tpica tragdia grega, o espetculo

    O Minto das Labdcias Antgona

    colocou no palco os anseios que

    atingem todos os mbitos do mundo

    contemporneo, com influncia de

    elementos do circo, incluindo um coro

    de seres humanos monstruosos. Aqui,

    numa nova leitura da terceira parte da

    trilogia tebana, as Labdcias Antgona e

    sua irm Ismnia no contrariam

    Tirsias para enterrar os dois irmos,

    mas para desenterr-los. Quem pegou

    bolinha no comeo da pea pde se

    divertir com uma interao pra l de

    inusitada.

    dipo em 4 estaes

    Na pea dipo em 4 Estaes, livre

    adaptao de dipo Rei, de Sfocles, as

    estaes do ano conduziram tragdia

    grega que inspirou Freud. Na histria

    do dramaturgo grego, dipo mata o pai

    e desposa-se da prpria me, o que

    depois iluminou o pai da psicanlise

    para a ideia do Complexo de dipo. Na

    Mostra, o protagonista tampouco foge

    de seu destino trgico. Entretanto, a

    trama comea a ser contada a partir de

    seu nascimento, com uma referncia ao

    Homem Vitruviano, de Leonardo da

    Vinci. Depois, a presena da esfinge

    diverte a plateia, e a narradora com sua

    bicicleta, de visual inspirado na atriz

    Audrey Hepburn, encanta o pblico. As

    msicas so um show parte. No ters escolha, no ters sada, se a mentira

    verdade, se a verdade mentira, azar sorte e a

    morte vida

    09

    Aquitecncia de Alice

    Inspirada nos livros Alice no Pas

    das Maravilhas e Alice Atravs do

    Espelho, de Lewis Carroll, Aquitecncia

    de Alice explora a adolescncia da

    personagem-ttulo. Em cena, h duas

    Alices, a do presente e a do passado,

    aquela relembrando o que esta reviveu.

    Alm disso, cada personagem contm

    em sua representao uma virtude e um

    pecado. O espetculo ainda puxa o

    pblico para o mesmo buraco onde caiu

    Alice, deixando-o livre para transitar no

    palco e interagir com os atores.

    O Cavaleiro Inexistente

    A Praa Tiradentes contou com o

    espetculo de rua O Cavaleiro Inexistente,

    transcriao cnico-musical da obra

    homnima de talo Calvino. O

    romance, imaginativo e fantstico,

    g a n h a b e l e z a a c u a b e r t o ,

    principalmente porque conta com ares

    de realidade. A apropriao do espao

    fez com que se substitusse o andaime

    das outras apresentaes. Os atores se

    misturaram com os espectadores,

    dando a eles sensao de igualdade,

    fazendo-os se sentirem representados.

    O espetculo mais um fruto do

    Grupo Mambembe Msica e Teatro,

    projeto de extenso dos cursos de Artes

    Cnicas e Msica da UFOP.

    Limiar

    Limiar contou a histria de trs

    vampiros que se encontram de tempos

    em tempos para tentarem descobrir

    como suportaro a imortalidade. A

    pea teve origem durante uma pesquisa

    de linguagem que buscou estudar a arte

    gtica e aconteceu em cima de um

    tablado circular com o desenho do

    labirinto da Catedral de Chartres, na

    Frana.

    08

    Por Gustavo Moreira Alves

    Artes Cnicas - Mostra DEART

    O Departamento de Artes Cnicas (DEART)

    promoveu no Festival 2011 a Mostra DEART,

    com espetculos que so objeto de Trabalho de

    Concluso de Curso (TCC) e ainda esto em

    processo pelos estudantes. E estar em

    processo no significa que no tenham sido

    aplaudidos de p. Se o Festival fosse uma pea

    do Juliano Mendes, dramaturgo que escreveu

    dipo em 4 Estaes, pediria para ser reescrito.

    No que acabe mal, porque acaba muito bem,

    mas acaba, e todo esse espetculo pede para

    viver de novo, reviver sempre. uma tragdia

    quando acaba. Ainda bem que ano que vem

    ganha novos traados.

    Espetculos

    em processo

    recebem

    aplausos de p

    Iza Campos Naty Torres Naty TorresCesar Tropia Lucas de Godoy Lucas de Godoy

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • desmistifica a ideia de que a msica de

    concerto de difcil compreenso,

    explica.

    Levando a MPB para os entusiastas

    do Festival, a Orquestra Cabar,

    formada por 22 artistas mineiros,

    tambm contagiou e aqueceu. O frio de

    13 graus no desanimou as cerca de

    1500 pessoas na Praa Tiradentes, em

    apresentao nica. Formada em 2010,

    em comemorao aos 25 anos da

    criao do Cabar Mineiro, a banda

    apresentou canes brasileiras do lado

    B dos anos 70, em arranjos inditos. A

    orquestra busca resgatar parte da rica

    produo artstica nacional e unir

    clssicos composies de novos

    artistas. Para as amigas de Ponte Nova,

    Dbora Sanches, 28 anos e Juliana

    Machado, 22, as canes animadas

    espantam qualquer energia negativa.

    um alento para a alma, afirmou

    Dbora.

    Os bailes a cu aberto ainda

    contaram com o Circuito P de Valsa,

    que aconteceu com a apresentao da

    Orquestra Anos Dourados, no Largo

    Marlia de Dirceu. O circuito, idealizado

    pela Prefeitura de Ouro Preto, conta

    com um pblico formado, em sua

    maioria, por pessoas da terceira idade.

    Segundo Andr Simes, diretor de

    como voltar no tempo; aos anos

    80, em que freqentvamos os bailes e

    danvamos at o sol nascer, declara o

    casal ouropretano Maria Bencia e

    Sebas t i o Fer nandes, a s s duo

    espectador das apresentaes das

    orquestras e bandas dos eventos do

    Festival. Embalados pelos acordes de

    orquestras e retretas, crianas se

    d ive r t i r am , i dosos r ev ive r am

    momentos guardados com carinho em

    algum cantinho da memria e centenas

    de casais puderam danar nas ladeiras e

    nos d i s t r i to s de s t a t e r r a de

    desbravadores. Por algum tempo, a vida

    docemente parou.

    Na edio de 2011, a curadoria de

    Msica resolveu dar ateno especial

    difuso das composies tanto clssicas

    como populares, promovendo

    interessante dilogo entre elas e

    a t r a i n d o, a s s i m , a i n d a m a i s

    espectadores. De acordo com o regente

    da Orquestra Ouro Preto, Rodrigo

    Toffolo, outro fator que contribuiu para

    esse sucesso foram as apresentaes em

    todos os distritos ouropretanos. Ao

    levar a msica de concerto aos

    inmeros distritos, no nosso caso, com

    as composies dos Beatles, a

    Orquestra contribui para a formao de

    um novo pblico e, consequentemente,

    eventos da Secretaria de Cultura e

    Turismo da cidade, a terceira vez que o

    projeto acontece no municpio. O

    objetivo levar os bailes nas noites de

    lua cheia para os espaos pblicos,

    como as praas. Essa iniciativa

    comeou em maio e foi at setembro do

    ano passado. Agora, ela voltou para o

    Festival, explica.

    Ao som de Somewhere Over The

    Rainbow (Em algum lugar alm do

    arco-ris), a orquestra comeou o seu

    repertrio e, entre uma dana e outra, l

    estava o mesmo casal encontrado em

    outros bailes: Dona Maria Bencia e Seu

    Sebastio Salgado, danando e

    trocando carcias. Faltam eventos

    como estes. Ainda bem que o Festival se

    encarrega de preencher esse espao,

    analisou Sebastio, em mais uma noite

    na cidade enfeitada.

    Msica

    Pra ver a banda passar

    Por Jssica Michellin

    Orquestras revivem bailes de gala nas ladeiras e distritos

    12

    Iza Campos

    13

    Projetos Especiais levaram o ar do Festival para o trem e para as ruas

    Ouro Preto e Mariana inspiram e

    expiram arte durante o ms de julho;

    como um sistema respiratrio, tendo a

    arte como fonte essencial para o

    funcionamento de tudo o que ocorre

    nesta poca, em ambas as cidades. Esse

    cenrio infunde artistas que vo para as

    ruas, teatros, palcos e praas para levar a

    milhares de pessoas o ar do Festival.

    O espao pode variar, mas o propsito

    sempre o mesmo: preencher cada

    artria com as mais diferentes formas

    da cultura.

    Nesta edio, alguns

    eventos ganharam destaque,

    no s por sua proposta, mas

    tambm por conseguirem

    atingir o pblico com extrema

    facilidade. Afinal, por que no

    uma interveno artstica

    durante uma viagem de Ouro

    Preto a Mariana, no trem

    turstico da Vale? Poesia nos

    Trilhos, da Cia. Trem que Pula,

    formada por alunos da UFOP,

    surpreendeu os passageiros da

    locomotiva com poesia e

    msica popular brasileira.

    Uma apresentao em um

    local como esse bem

    diferente, mais intimista, j

    que voc est muito prximo das

    pessoas. Mas o retorno foi muito

    bom., destaca a integrante do grupo,

    Daniela Fontana.

    A rua tambm pode servir de palco

    para muitas outras manifestaes. Por

    seu carter democrtico, possibilita

    contato direto com o pblico, que se

    aproxima, interage e, por vezes, at

    participa da interveno. Durante o

    Festival, a arte pde ser distribuda em

    sua extenso, transformando este

    espao em um verdadeiro Corredor

    Cultural, que reuniu espetculos, peas

    de teatro, exposies e dana.

    Baile a cu aberto e declamaes de

    poesia tambm marcaram esta edio.

    Com o Circuito P de Valsa e o Sarau de

    poca, o Festival possibilitou o contato

    do pblico com a dana e a prtica da

    leitura. Em um dos saraus, poesias de

    Ceclia Meireles, Toms Antnio

    Gonzaga e Alvarenga Peixoto, que

    contemplam parte da histria de Ouro

    Preto, foram interpretadas, valorizando

    o patrimnio cultural da regio.

    Segundo a coordenadora do evento,

    Marilene Marinho, o sarau integra o

    plano de incentivo leitura das

    bibliotecas infanto-juvenis

    das estaes ferrovirias de

    Ouro Preto e Mariana. O

    objetivo criar um espao de

    cultura, lazer, apreciao

    musical e incentivo leitura,

    diz.

    O que respiramos durante

    o ms de julho em cada

    pedao de Ouro Preto e

    Mariana o que engrandece a

    histria das antigas Vila Rica e

    Vila do Carmo. o que faz a

    regio se tornar um dos

    principais roteiros culturais do

    Brasil nessa poca. E o mais

    importante, o que une pessoas

    dos mais diferentes lugares e

    estilos numa intensa troca de

    conhecimento e experincias, no ar

    puro de um inverno acolhedor e

    democrtico.

    Uma apresentao em

    um local como esse bem

    diferente, mais intimista,

    j que voc est muito

    prximo das pessoas.

    O retorno foi muito bom.

    Daniela Fontana

    por Lorena Silva

    Ma

    rce

    loT

    ho

    led

    o

    Cesar Tropia

    Marcelo Tholedo

    Naty Torres

    Cesar Tropia

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    Mistura Cultural

  • desmistifica a ideia de que a msica de

    concerto de difcil compreenso,

    explica.

    Levando a MPB para os entusiastas

    do Festival, a Orquestra Cabar,

    formada por 22 artistas mineiros,

    tambm contagiou e aqueceu. O frio de

    13 graus no desanimou as cerca de

    1500 pessoas na Praa Tiradentes, em

    apresentao nica. Formada em 2010,

    em comemorao aos 25 anos da

    criao do Cabar Mineiro, a banda

    apresentou canes brasileiras do lado

    B dos anos 70, em arranjos inditos. A

    orquestra busca resgatar parte da rica

    produo artstica nacional e unir

    clssicos composies de novos

    artistas. Para as amigas de Ponte Nova,

    Dbora Sanches, 28 anos e Juliana

    Machado, 22, as canes animadas

    espantam qualquer energia negativa.

    um alento para a alma, afirmou

    Dbora.

    Os bailes a cu aberto ainda

    contaram com o Circuito P de Valsa,

    que aconteceu com a apresentao da

    Orquestra Anos Dourados, no Largo

    Marlia de Dirceu. O circuito, idealizado

    pela Prefeitura de Ouro Preto, conta

    com um pblico formado, em sua

    maioria, por pessoas da terceira idade.

    Segundo Andr Simes, diretor de

    como voltar no tempo; aos anos

    80, em que freqentvamos os bailes e

    danvamos at o sol nascer, declara o

    casal ouropretano Maria Bencia e

    Sebas t i o Fer nandes, a s s duo

    espectador das apresentaes das

    orquestras e bandas dos eventos do

    Festival. Embalados pelos acordes de

    orquestras e retretas, crianas se

    d ive r t i r am , i dosos r ev ive r am

    momentos guardados com carinho em

    algum cantinho da memria e centenas

    de casais puderam danar nas ladeiras e

    nos d i s t r i to s de s t a t e r r a de

    desbravadores. Por algum tempo, a vida

    docemente parou.

    Na edio de 2011, a curadoria de

    Msica resolveu dar ateno especial

    difuso das composies tanto clssicas

    como populares, promovendo

    interessante dilogo entre elas e

    a t r a i n d o, a s s i m , a i n d a m a i s

    espectadores. De acordo com o regente

    da Orquestra Ouro Preto, Rodrigo

    Toffolo, outro fator que contribuiu para

    esse sucesso foram as apresentaes em

    todos os distritos ouropretanos. Ao

    levar a msica de concerto aos

    inmeros distritos, no nosso caso, com

    as composies dos Beatles, a

    Orquestra contribui para a formao de

    um novo pblico e, consequentemente,

    eventos da Secretaria de Cultura e

    Turismo da cidade, a terceira vez que o

    projeto acontece no municpio. O

    objetivo levar os bailes nas noites de

    lua cheia para os espaos pblicos,

    como as praas. Essa iniciativa

    comeou em maio e foi at setembro do

    ano passado. Agora, ela voltou para o

    Festival, explica.

    Ao som de Somewhere Over The

    Rainbow (Em algum lugar alm do

    arco-ris), a orquestra comeou o seu

    repertrio e, entre uma dana e outra, l

    estava o mesmo casal encontrado em

    outros bailes: Dona Maria Bencia e Seu

    Sebastio Salgado, danando e

    trocando carcias. Faltam eventos

    como estes. Ainda bem que o Festival se

    encarrega de preencher esse espao,

    analisou Sebastio, em mais uma noite

    na cidade enfeitada.

    Msica

    Pra ver a banda passar

    Por Jssica Michellin

    Orquestras revivem bailes de gala nas ladeiras e distritos

    12

    Iza Campos

    13

    Projetos Especiais levaram o ar do Festival para o trem e para as ruas

    Ouro Preto e Mariana inspiram e

    expiram arte durante o ms de julho;

    como um sistema respiratrio, tendo a

    arte como fonte essencial para o

    funcionamento de tudo o que ocorre

    nesta poca, em ambas as cidades. Esse

    cenrio infunde artistas que vo para as

    ruas, teatros, palcos e praas para levar a

    milhares de pessoas o ar do Festival.

    O espao pode variar, mas o propsito

    sempre o mesmo: preencher cada

    artria com as mais diferentes formas

    da cultura.

    Nesta edio, alguns

    eventos ganharam destaque,

    no s por sua proposta, mas

    tambm por conseguirem

    atingir o pblico com extrema

    facilidade. Afinal, por que no

    uma interveno artstica

    durante uma viagem de Ouro

    Preto a Mariana, no trem

    turstico da Vale? Poesia nos

    Trilhos, da Cia. Trem que Pula,

    formada por alunos da UFOP,

    surpreendeu os passageiros da

    locomotiva com poesia e

    msica popular brasileira.

    Uma apresentao em um

    local como esse bem

    diferente, mais intimista, j

    que voc est muito prximo das

    pessoas. Mas o retorno foi muito

    bom., destaca a integrante do grupo,

    Daniela Fontana.

    A rua tambm pode servir de palco

    para muitas outras manifestaes. Por

    seu carter democrtico, possibilita

    contato direto com o pblico, que se

    aproxima, interage e, por vezes, at

    participa da interveno. Durante o

    Festival, a arte pde ser distribuda em

    sua extenso, transformando este

    espao em um verdadeiro Corredor

    Cultural, que reuniu espetculos, peas

    de teatro, exposies e dana.

    Baile a cu aberto e declamaes de

    poesia tambm marcaram esta edio.

    Com o Circuito P de Valsa e o Sarau de

    poca, o Festival possibilitou o contato

    do pblico com a dana e a prtica da

    leitura. Em um dos saraus, poesias de

    Ceclia Meireles, Toms Antnio

    Gonzaga e Alvarenga Peixoto, que

    contemplam parte da histria de Ouro

    Preto, foram interpretadas, valorizando

    o patrimnio cultural da regio.

    Segundo a coordenadora do evento,

    Marilene Marinho, o sarau integra o

    plano de incentivo leitura das

    bibliotecas infanto-juvenis

    das estaes ferrovirias de

    Ouro Preto e Mariana. O

    objetivo criar um espao de

    cultura, lazer, apreciao

    musical e incentivo leitura,

    diz.

    O que respiramos durante

    o ms de julho em cada

    pedao de Ouro Preto e

    Mariana o que engrandece a

    histria das antigas Vila Rica e

    Vila do Carmo. o que faz a

    regio se tornar um dos

    principais roteiros culturais do

    Brasil nessa poca. E o mais

    importante, o que une pessoas

    dos mais diferentes lugares e

    estilos numa intensa troca de

    conhecimento e experincias, no ar

    puro de um inverno acolhedor e

    democrtico.

    Uma apresentao em

    um local como esse bem

    diferente, mais intimista,

    j que voc est muito

    prximo das pessoas.

    O retorno foi muito bom.

    Daniela Fontana

    por Lorena Silva

    Ma

    rce

    loT

    ho

    led

    o

    Cesar Tropia

    Marcelo Tholedo

    Naty Torres

    Cesar Tropia

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    Mistura Cultural

  • Mariana, e Sarravulho, de Campo

    Grande (MS), foram algumas das

    atraes da msica independente.

    Do forr ao rock, passando pelo

    samba e pelos covers de bandas

    internacionais, participaram do

    Conexo, em Ouro Preto, bandas

    como Tianastcia, Demnios da

    Garoa, Hocus Pocus (cover do

    Beatles) e Hanoi Hanoi. Nosso

    objetivo era transformar esses

    espaos em ambientes de qualidade

    musical. Lugares que geralmente

    so frequentados por estudantes

    tiveram, com o Conexo, a presena

    de famlias, pessoas de mais idade e

    muitos turistas, analisa PC.

    de Poos de Caldas (MG), Madame

    Saatan, de Belm (PA) e Apolnio,

    de So Paulo (SP).

    Joo Volpi, baixista da banda

    Tereza, enfatizou a importncia do

    evento. bom nos apresentarmos

    numa estrutura fsica como a do

    Festival, alm de tudo, pela sua

    projeo. J Pedro Czar Moraes,

    vocalista da K2, lembrou que a

    msica est tomando rumos

    diferentes, onde cada banda

    responsvel pela sua prpria

    divulgao, e precisa de eventos

    como estes. Temos o mesmo

    intuito, que mostrar o som,

    divulgar e fortalecer a circulao.

    por Joo Felipe Lolli

    SAGARANACAEMOs centros acadmicos so, por

    d e f i n i o , e n t i d a d e s q u e

    representam, normalmente, os

    estudantes de um curso de nvel

    superior. J um caf-teatro um

    espao para debates, discusses e

    a p o n t a m e n t o s n o c a m p o

    intelectual. Mas, no Festival, estes

    locais foram aproveitados para

    incluir em sua programao os mais

    diversos eventos. Isso aconteceu

    com o Centro Acadmico da Escola

    de Minas (CAEM), em Ouro Preto,

    e com o Sagarana Caf-Teatro, em

    Mariana.

    O projeto Conexo Festival

    CAEM-Sagarana brindou as duas

    Viver da msica no tarefa fcil.

    Mais complicado quando ela

    autoral. A maioria das bandas no

    consegue fazer seu som chegar ao

    pblico. Na tentativa de valorizar

    este trabalho, foram incorporados

    programao o Circuito Fora do

    Eixo e o Encontro Tirando o Mofo.

    Com o incentivo, o Festival buscou

    fortalecer o trabalho autoral e a

    identidade musical destas bandas.

    Fora do Eixo e Tirando o Mofo

    reuniram formaes de todo o pas.

    O Tirando o Mofo, que teve sua

    segunda edio em Ouro Preto,

    reuniu grupos de rock alternativo.

    Levou para os palcos bandas de

    cidades com grandes atraes.

    Esses locais receberam, nos trs

    finais de semana do evento, seis

    shows cada um. Alm disso, a

    Conexo abriu os palcos para a

    msica independente e bandas

    menos conhecidas no cenrio

    nacional.

    um trabalho desenvolvido

    para trazer novas referncias

    musicais de outras cidades e estados

    e, principalmente, fomentar a cena

    local, oferecendo oportunidade para

    as bandas da nossa regio, explica

    PC Belchior, produtor musical e

    coordenador do Conexo Festival.

    As bandas Quadrado Fino, de

    garagens, formadas, em geral, nos

    tempos do colgio, para mostrarem

    suas boas novidades. O evento

    contou com as mineiras Selvagens e

    Seu Juvenal, de Ouro Preto, Rotten

    Hell, de Uberlndia, O Melda, de

    Belo Horizonte e 4 instrumental, de

    Sabar. Alm delas, John no Arms,

    de Braslia (DF), e Elma, de So

    Paulo (SP).

    J o Fora do Eixo levou para

    Mariana sete grupos. A cidade pde

    conhecer o trabalho das bandas

    Sarravulho, de Campo Grande (MS),

    Tereza, de Niteri (RJ), Os Barcos,

    de Vitria da Conquista (BA), 4

    Instrumental, de Sabar (MG), K2,

    pequ

    eno

    doB

    rasi

    l

    retrato das bandas

    independentes

    por Isabela Azzi

    Msica

    14 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 15REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    MELHOR SOBREMESA EM MARIANAMELHOR PRATO EM MARIANA

    MELHOR PRATO EM OURO PRETO MELHOR SOBREMESA EM OURO PRETO

    Culinria e Arte - Premiados

    1 LUA CHEIA BAR E RESTAURANTE

    Endereo: Rua Dom Vioso, 58 Centro

    Contato: (31) 3557-3232

    Sobremesa Mineirinho Lua Cheia: sorvete de queijo

    caseiro com calda de goiaba quente.

    1 - LUA CHEIA BAR E RESTAURANTE

    Endereo: Rua Dom Vioso, 58 Centro

    Contato: (31) 3557-3232

    Prato Canjiquinha Lua Cheia da Vila: canjiquinha

    com costelinha defumada, ora-pro-nobilis e arroz.

    3 RESTAURANTE SABOR DAS GERAES

    Endereo: Rua Joo Batista Fortes, 09, Pilar.

    Contato: (31) 3551-1074

    Sobremesa Amor em Pedaos: doce assado feito

    com coco, margarina, acar, farinha de trigo.

    1 - O PASSO PIZZA JAZZ

    Endereo: Rua So Jos 56, Centro.

    Contato: (31) 35525089

    Prato Bacalhau da Vila: posta de bacalhau do porto

    confinado no azeite extra virgem com batatas ao

    murro, lingia picante, azeitonas azapa, passas, alho,

    cebola e salsinha acompanhados de arroz branco.

    Na

    ty T

    rr

    es

    Na

    ty T

    rr

    es

  • Mariana, e Sarravulho, de Campo

    Grande (MS), foram algumas das

    atraes da msica independente.

    Do forr ao rock, passando pelo

    samba e pelos covers de bandas

    internacionais, participaram do

    Conexo, em Ouro Preto, bandas

    como Tianastcia, Demnios da

    Garoa, Hocus Pocus (cover do

    Beatles) e Hanoi Hanoi. Nosso

    objetivo era transformar esses

    espaos em ambientes de qualidade

    musical. Lugares que geralmente

    so frequentados por estudantes

    tiveram, com o Conexo, a presena

    de famlias, pessoas de mais idade e

    muitos turistas, analisa PC.

    de Poos de Caldas (MG), Madame

    Saatan, de Belm (PA) e Apolnio,

    de So Paulo (SP).

    Joo Volpi, baixista da banda

    Tereza, enfatizou a importncia do

    evento. bom nos apresentarmos

    numa estrutura fsica como a do

    Festival, alm de tudo, pela sua

    projeo. J Pedro Czar Moraes,

    vocalista da K2, lembrou que a

    msica est tomando rumos

    diferentes, onde cada banda

    responsvel pela sua prpria

    divulgao, e precisa de eventos

    como estes. Temos o mesmo

    intuito, que mostrar o som,

    divulgar e fortalecer a circulao.

    por Joo Felipe Lolli

    SAGARANACAEMOs centros acadmicos so, por

    d e f i n i o , e n t i d a d e s q u e

    representam, normalmente, os

    estudantes de um curso de nvel

    superior. J um caf-teatro um

    espao para debates, discusses e

    a p o n t a m e n t o s n o c a m p o

    intelectual. Mas, no Festival, estes

    locais foram aproveitados para

    incluir em sua programao os mais

    diversos eventos. Isso aconteceu

    com o Centro Acadmico da Escola

    de Minas (CAEM), em Ouro Preto,

    e com o Sagarana Caf-Teatro, em

    Mariana.

    O projeto Conexo Festival

    CAEM-Sagarana brindou as duas

    Viver da msica no tarefa fcil.

    Mais complicado quando ela

    autoral. A maioria das bandas no

    consegue fazer seu som chegar ao

    pblico. Na tentativa de valorizar

    este trabalho, foram incorporados

    programao o Circuito Fora do

    Eixo e o Encontro Tirando o Mofo.

    Com o incentivo, o Festival buscou

    fortalecer o trabalho autoral e a

    identidade musical destas bandas.

    Fora do Eixo e Tirando o Mofo

    reuniram formaes de todo o pas.

    O Tirando o Mofo, que teve sua

    segunda edio em Ouro Preto,

    reuniu grupos de rock alternativo.

    Levou para os palcos bandas de

    cidades com grandes atraes.

    Esses locais receberam, nos trs

    finais de semana do evento, seis

    shows cada um. Alm disso, a

    Conexo abriu os palcos para a

    msica independente e bandas

    menos conhecidas no cenrio

    nacional.

    um trabalho desenvolvido

    para trazer novas referncias

    musicais de outras cidades e estados

    e, principalmente, fomentar a cena

    local, oferecendo oportunidade para

    as bandas da nossa regio, explica

    PC Belchior, produtor musical e

    coordenador do Conexo Festival.

    As bandas Quadrado Fino, de

    garagens, formadas, em geral, nos

    tempos do colgio, para mostrarem

    suas boas novidades. O evento

    contou com as mineiras Selvagens e

    Seu Juvenal, de Ouro Preto, Rotten

    Hell, de Uberlndia, O Melda, de

    Belo Horizonte e 4 instrumental, de

    Sabar. Alm delas, John no Arms,

    de Braslia (DF), e Elma, de So

    Paulo (SP).

    J o Fora do Eixo levou para

    Mariana sete grupos. A cidade pde

    conhecer o trabalho das bandas

    Sarravulho, de Campo Grande (MS),

    Tereza, de Niteri (RJ), Os Barcos,

    de Vitria da Conquista (BA), 4

    Instrumental, de Sabar (MG), K2,

    pequ

    eno

    doB

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    retrato das bandas

    independentes

    por Isabela Azzi

    Msica

    14 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 15REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    MELHOR SOBREMESA EM MARIANAMELHOR PRATO EM MARIANA

    MELHOR PRATO EM OURO PRETO MELHOR SOBREMESA EM OURO PRETO

    Culinria e Arte - Premiados

    1 LUA CHEIA BAR E RESTAURANTE

    Endereo: Rua Dom Vioso, 58 Centro

    Contato: (31) 3557-3232

    Sobremesa Mineirinho Lua Cheia: sorvete de queijo

    caseiro com calda de goiaba quente.

    1 - LUA CHEIA BAR E RESTAURANTE

    Endereo: Rua Dom Vioso, 58 Centro

    Contato: (31) 3557-3232

    Prato Canjiquinha Lua Cheia da Vila: canjiquinha

    com costelinha defumada, ora-pro-nobilis e arroz.

    3 RESTAURANTE SABOR DAS GERAES

    Endereo: Rua Joo Batista Fortes, 09, Pilar.

    Contato: (31) 3551-1074

    Sobremesa Amor em Pedaos: doce assado feito

    com coco, margarina, acar, farinha de trigo.

    1 - O PASSO PIZZA JAZZ

    Endereo: Rua So Jos 56, Centro.

    Contato: (31) 35525089

    Prato Bacalhau da Vila: posta de bacalhau do porto

    confinado no azeite extra virgem com batatas ao

    murro, lingia picante, azeitonas azapa, passas, alho,

    cebola e salsinha acompanhados de arroz branco.

    Na

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    es

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    rr

    es

  • 17

    Culinria e Arte

    Por Douglas Couto

    O resgate da tradicional culinria mineira

    comidas secas ( base de farinha) dos

    antigos tropeiros. Pde-se apreciar

    ainda o inusitado Pudim Real

    Brasileiro, o tradicional pudim de leite

    misturado a folhas de ora-pro-nobis e

    servido com calda de maracuj.

    Segundo o chef Adriano Martins, o

    efeito visual uma manifestao

    singular de patriotismo, j que rene

    ingredientes tpicos e o verde e o

    amarelo da bandeira do Brasil.

    Chefs buscaram informaes

    histrico-culturais

    Para a coordenadora do Circuito

    Festival, Eliane Sandi, o fato de os chefs e

    donos de restaurantes terem buscado

    informaes histrico-culturais para a

    escolha dos ingredientes dos pratos

    concorrentes deu um charme especial

    ao circuito. Alm do pblico, um corpo

    de jurados convidado pela coordenao

    do Festival teve a tarefa de julgar

    tecnicamente os pratos. O jri foi

    composto por professores do curso de

    gastronomia a ser implantado pelo

    Instituto Federal de Minas Gerais, em

    Ouro Preto, por representantes da

    UFOP, das secretarias municipais de

    Turismo e de Cultura e pelas

    associaes comerciais das duas

    cidades.

    Circuito Culinria e Arte reuniu 31 restaurantes que aceitaram o desafio de criar pratos utilizando ingredientes tpicos da histria secular da cozinha de Minas Gerais

    Ora-pro-nobis com costelinha de

    porco, feijo tropeiro, vaca atolada,

    angu com quiabo e torresmo crocante.

    Os fs de comida mineira certamente

    conhecem o significado dessas palavras.

    O que nem todo mundo sabe que a

    origem desses pratos, geralmente

    preparados com ingredientes da roa,

    confunde-se com a prpria histria de

    Minas Gerais, como uma clssica

    herana da poca colonial e com o

    aroma do fogo lenha.

    Alm de oficinas e do rico e variado

    roteiro artstico-cultural, uma das

    atraes de 2011 foi o cardpio de

    sabores. O Circuito Culinria e Arte,

    uma das cinco atraes do Circuito

    Festival, ofereceu ao pblico um roteiro

    gastronmico com a cara do Festival de

    Inverno. Trinta e um restaurantes (18

    em Mariana e 13 em Ouro Preto)

    aceitaram o desafio e elaboraram

    receitas e cardpios com o tema do

    evento: os 300 anos das Vilas de Minas.

    Foi justamente no sculo XVIII que a

    cozinha tradicional ou tpica mineira

    foi forjada em dois momentos distintos:

    o de escassez, no auge da minerao do

    ouro, e o de fartura, com a ruralizao

    da economia regional.

    Atravessando sculos, chegaram at

    ns alguns dos mais saborosos pratos

    da culinria regional mineira, como o

    feijo tropeiro e o angu de milho, ou de

    fub, com frango. Para o Festival, os

    estilos diferentes foram adotados na

    maioria dos restaurantes que criaram

    novas delcias utilizando ingredientes

    das razes da culinria regional. Os

    pratos mais famosos da cozinha mineira

    originaram-se no nosso passado.

    Muitos so feitos base de milho,

    utilizando principalmente o fub e o

    feijo nas receitas.

    Sabores temperados

    com sculos de histria

    Nessa linha, o Feijo das Vilas do

    Ouro, criao do chef Zezinho, foi a

    atrao servida no restaurante e

    choperia Casaro, em Mariana. Em

    homenagem ao tricentenrio, o chef

    elaborou o prato base de feijo

    vermelho. A receita uma combinao

    de sabores temperados com sculos de

    histria. Ingredientes simples, sabo-

    rosos e ricos. Mostarda, carne de porco,

    costelinha de porco, linguia e toucinho

    de barriga defumados, arroz e cuscuz de

    torresmo deram origem ao prato,

    servido em tigelas de barro, que passou

    a fazer parte do cardpio do restaurante.

    A Matula de Tropeiros foi outra

    delcia revelada pelo Festival. A criao

    do Bonser Caf Mineiro base de

    carne de frango assada com molho de

    jabuticaba servido com arroz branco e

    farinha de milho. Assim como

    antigamente, o prato servido na cuia e

    no coit, moda das negras de tabuleiro

    na Vila Rica setecentista. O aperitivo

    fica por conta do Crambambuli,

    bebida servida em canequinhas de

    bambu. De sobremesa, pedaos de

    rapadurinha.

    Para se ter ideia da riqueza do

    Culinria e Arte, o restaurante A Vila

    preparou o Sabores da Vila, prato

    base de lombo empanado na farinha de

    torresmo pururuca, acompanhado de

    cuscuz mineiro (uma variao do

    cuscuz paulista com farinha de

    mandioca) e couve, inspirado nas

    16 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • 17

    Culinria e Arte

    Por Douglas Couto

    O resgate da tradicional culinria mineira

    comidas secas ( base de farinha) dos

    antigos tropeiros. Pde-se apreciar

    ainda o inusitado Pudim Real

    Brasileiro, o tradicional pudim de leite

    misturado a folhas de ora-pro-nobis e

    servido com calda de maracuj.

    Segundo o chef Adriano Martins, o

    efeito visual uma manifestao

    singular de patriotismo, j que rene

    ingredientes tpicos e o verde e o

    amarelo da bandeira do Brasil.

    Chefs buscaram informaes

    histrico-culturais

    Para a coordenadora do Circuito

    Festival, Eliane Sandi, o fato de os chefs e

    donos de restaurantes terem buscado

    informaes histrico-culturais para a

    escolha dos ingredientes dos pratos

    concorrentes deu um charme especial

    ao circuito. Alm do pblico, um corpo

    de jurados convidado pela coordenao

    do Festival teve a tarefa de julgar

    tecnicamente os pratos. O jri foi

    composto por professores do curso de

    gastronomia a ser implantado pelo

    Instituto Federal de Minas Gerais, em

    Ouro Preto, por representantes da

    UFOP, das secretarias municipais de

    Turismo e de Cultura e pelas

    associaes comerciais das duas

    cidades.

    Circuito Culinria e Arte reuniu 31 restaurantes que aceitaram o desafio de criar pratos utilizando ingredientes tpicos da histria secular da cozinha de Minas Gerais

    Ora-pro-nobis com costelinha de

    porco, feijo tropeiro, vaca atolada,

    angu com quiabo e torresmo crocante.

    Os fs de comida mineira certamente

    conhecem o significado dessas palavras.

    O que nem todo mundo sabe que a

    origem desses pratos, geralmente

    preparados com ingredientes da roa,

    confunde-se com a prpria histria de

    Minas Gerais, como uma clssica

    herana da poca colonial e com o

    aroma do fogo lenha.

    Alm de oficinas e do rico e variado

    roteiro artstico-cultural, uma das

    atraes de 2011 foi o cardpio de

    sabores. O Circuito Culinria e Arte,

    uma das cinco atraes do Circuito

    Festival, ofereceu ao pblico um roteiro

    gastronmico com a cara do Festival de

    Inverno. Trinta e um restaurantes (18

    em Mariana e 13 em Ouro Preto)

    aceitaram o desafio e elaboraram

    receitas e cardpios com o tema do

    evento: os 300 anos das Vilas de Minas.

    Foi justamente no sculo XVIII que a

    cozinha tradicional ou tpica mineira

    foi forjada em dois momentos distintos:

    o de escassez, no auge da minerao do

    ouro, e o de fartura, com a ruralizao

    da economia regional.

    Atravessando sculos, chegaram at

    ns alguns dos mais saborosos pratos

    da culinria regional mineira, como o

    feijo tropeiro e o angu de milho, ou de

    fub, com frango. Para o Festival, os

    estilos diferentes foram adotados na

    maioria dos restaurantes que criaram

    novas delcias utilizando ingredientes

    das razes da culinria regional. Os

    pratos mais famosos da cozinha mineira

    originaram-se no nosso passado.

    Muitos so feitos base de milho,

    utilizando principalmente o fub e o

    feijo nas receitas.

    Sabores temperados

    com sculos de histria

    Nessa linha, o Feijo das Vilas do

    Ouro, criao do chef Zezinho, foi a

    atrao servida no restaurante e

    choperia Casaro, em Mariana. Em

    homenagem ao tricentenrio, o chef

    elaborou o prato base de feijo

    vermelho. A receita uma combinao

    de sabores temperados com sculos de

    histria. Ingredientes simples, sabo-

    rosos e ricos. Mostarda, carne de porco,

    costelinha de porco, linguia e toucinho

    de barriga defumados, arroz e cuscuz de

    torresmo deram origem ao prato,

    servido em tigelas de barro, que passou

    a fazer parte do cardpio do restaurante.

    A Matula de Tropeiros foi outra

    delcia revelada pelo Festival. A criao

    do Bonser Caf Mineiro base de

    carne de frango assada com molho de

    jabuticaba servido com arroz branco e

    farinha de milho. Assim como

    antigamente, o prato servido na cuia e

    no coit, moda das negras de tabuleiro

    na Vila Rica setecentista. O aperitivo

    fica por conta do Crambambuli,

    bebida servida em canequinhas de

    bambu. De sobremesa, pedaos de

    rapadurinha.

    Para se ter ideia da riqueza do

    Culinria e Arte, o restaurante A Vila

    preparou o Sabores da Vila, prato

    base de lombo empanado na farinha de

    torresmo pururuca, acompanhado de

    cuscuz mineiro (uma variao do

    cuscuz paulista com farinha de

    mandioca) e couve, inspirado nas

    16 REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOREVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

  • 18

    Circuito Trilheiros

    Desvendando a biodiversidade e a histria preservada em povoados e parques ecolgicos

    por Jssica Michellin

    Sete trilhas para a

    conscientizao ambiental

    Includo pela primeira vez no

    Festival, o Circuito Trilheiros buscou

    valorizar as belas paisagens de Mata

    Atlntica e de Cerrado por meio de

    passeios aos parques ecolgicos da

    regio, entre eles o Parque Horto dos

    Contos, o Parque Arqueolgico do

    Gogo e o Parque Estadual do

    Itacolomi. De acordo com os

    organizadores, todas as 215 vagas

    oferecidas esgotaram e, em alguns

    casos, foram abertas mais vagas, devido

    alta procura.

    O objetivo foi conscientizar turistas

    e a comunidade local da importncia

    histrica e ambiental desses espaos a

    partir de passeios ciclsticos, expedies

    e at mesmo oficinas, alm de fortalecer

    o envolvimento da populao

    ouropretana e marianense com o

    Festival.

    Ao todo, o Circuito contou com sete

    trilhas, montadas por especialistas em

    ecoturismo. A Trilha Mariana-Ouro

    Preto, com in c io no Parque

    Arqueolgico do Gogo, em Mariana, e

    chegada no Parque Natural das

    Andorinhas, passando antes pelo stio

    arqueolgico do Morro da Queimada,

    ambos em Ouro Preto, promoveu a

    integrao com a histria antiga de

    Minas. O percurso considerado

    marco inicial da colonizao das duas

    cidades.

    Trs outras tr i lhas duas

    caminhadas e um passeio ciclstico

    levaram os participantes a distritos de

    Ouro Preto e Mariana. Bento

    Rodrigues-Camargos prestigiou um

    dos mais antigos distritos marianenses:

    Camargos, endereo da antiga fazenda

    Tesoureiro, onde, no sculo XVIII, se

    recolhia o Quinto do Ouro. J os

    participantes que optaram pelo

    caminho Ouro Preto-So Bartolomeu

    percorreram o cume da Serra de Ouro

    Preto, que divide a Bacia do Rio das

    Velhas e do Rio Doce. A trilha passou

    pela estrada imperial, chegando a uma

    das primeiras regies habitadas na

    explorao do ouro, o distrito de So

    Bartolomeu.

    O percurso Ouro Preto-Lavras

    Novas, passou pelo Parque Estadual do

    Itacolomi, por trechos da Estrada Real

    e pela Bacia do Custdio, at chegar em

    Lavras Novas, povoado ouropretano

    que teria sido reduto de escravos no

    sculo XIX.

    J na antiga Vila Rica, a Trilha

    Parque Horto dos Contos, a mais

    amena de todas, explorou a riqueza das

    espcies nat ivas, enfocando a

    preservao e a integrao ambiental

    rea urbana. O roteiro ecolgico

    plantado no centro histrico, ligando a

    Igreja So Francisco de Paula Matriz

    de Nossa Senhora do Pilar.

    O Circuito contou ainda com a

    expedio ao Pico do Itacolomi e a

    Oficina Plantas: Objeto de Curiosidade

    e Estudo em 300 Anos das Vilas do

    Ouro, que buscou despertar o interesse

    pela biodiversidade da flora da regio.

    A comunidade elogiou bastante a

    iniciativa, afirma Eliane Sandi,

    coordenadora do Circuito Festival. Para

    o aluno de Jornalismo da UFOP, Flvio

    Ulha, as atividades conscientizaram os

    participantes para questes como o

    desperdcio de materiais e a utilizao

    dos combustveis fsseis. As pessoas

    devem pensar duas vezes antes de jogar

    uma lata fora ou desperdiar algum tipo

    de material, comenta.

    Aventura, superao e o privilgio de uma vista extasiante

    Seis horas de expedio

    ao Parque do

    Itacolomi

    19

    A nvoa encobria os horizontes e

    no se podia enxergar o Pico do

    Itacolomi da Praa Tiradentes, ponto

    de encontro do Circuito Trilheiros.

    Nem a sensao trmica de 15 graus,

    nem o horrio de sada da expedio,

    marcada para s 8h, desanimaram os 50

    participantes da expedio ao Parque

    Estadual do Itacolomi, incluindo eu,

    uma aspirante a jornalista, no

    praticante de esportes comuns e muito

    menos de esportes radicais.

    Atraindo turistas do Esprito Santo,

    So Paulo, Rio de Janeiro e Minas

    Gerais, o grupo comeou o seu

    percurso com o aval do guia do parque,

    Joo Paulo Carvalho Ribeiro. Os

    monitores entregaram o mini kit de

    sobrevivncia para as seis horas

    seguintes, composto por uma barrinha

    de cereais e uma garrafa dgua. Tudo

    bem, pode ter sido exagero o adjetivo

    sobrevivncia, mas a questo que

    muitos ali e eu me enquadro nesse

    grupo no estavam preparados

    fisicamente para os 22 quilmetros de

    caminhada e uma cansativa subida em

    direo ao Pico. A atividade era um

    teste para os nossos limites.

    De cara, uma moa desistiu. Mas o

    resto do grupo estava obstinado a ter o

    privilgio da vista de Ouro Preto e das

    redondezas sob a tica de um dos

    pontos mais altos da regio, o Itacolomi

    na lngua tupi, filhote da

    montanha, pedra menina ou pedra

    me em seus altivos 1.772 metros de

    altitude.

    O frio e a umidade eram meros

    coadjuvantes, j que o foco de nossas

    atenes era a paisagem exuberante da

    Mata Atlntica, na qual se destacam as

    quaresmeiras e as candeias, rvores

    tpicas dessa regio, ambas de um tom

    verde bem forte. Trazendo coloraes

    mais quentes e vibrantes paisagem, as

    sempre vivas, plantas raras de tons

    vermelho, laranja e violeta, ofuscaram o

    ve rde do cen r io, a t en t o

    predominante. Essas plantas tm esse

    nome, porque suas flores demoram

    para murchar, conservando sua

    aparncia por muito tempo.

    Conforme subamos, o terreno ia

    ficando mais ngreme e os campos de

    afloramentos rochosos tornavam

    nosso caminho mais tortuoso e a

    expedio mais cansativa. Quando

    pensava em desistir, era s olhar para o

    lado e observar a matriarca de uma

    famlia, no auge dos seus 50 anos: No

    desiste, no, minha filha!. Dava at

    vergonha de encostar numa pedra para

    descansar.

    Firmes e fortes, uns mais cansados,

    outros menos, chegamos ao Pico do

    Itacolomi. Depois de duas horas e meia,

    tive a oportunidade de avistar a minha

    cidade atual sob um ngulo plong

    (fazendo jus s aulas de fotojornalismo)

    e conseguir imagens incrveis.

    Mais do que patrimnio natural, a

    rea do parque foi importante na

    histria da ocupao da regio e no

    descobrimento do ouro, j que o pico

    foi referncia para os desbravadores, no

    sculo XVIII. L de cima, com muito

    frio, intensificado pela chuva fina e

    gelada, refleti sobre os fatores

    positivos dessa cobertura: o contato

    com a natureza e com a histria da

    regio, alm da superao dos meus

    prprios limites fsicos. Ponto para o

    Festival, que conseguiu incluir, em um

    evento de arte e cultura, aventura

    ecolgica aliada reverncia a um

    smbolo, testemunha de tantas

    expedies de heris, viles, cobia e

    encantamento: pedra me, pedra

    menina, filhote da montanha.

    Em seus altivos

    1.772 metros de

    altitude, o Pico do

    Itacolomi na

    lngua tupi, filhote

    da montanha,

    foi referncia para

    os desbravadores

    da regio dos

    Inconfidentes.

    Estagiria de Jornalismo acompanha circuito e conta sua experincia

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    Lucas de Godoy

    Arq

    uiv

    o p

    esso

    al

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  • 18

    Circuito Trilheiros

    Desvendando a biodiversidade e a histria preservada em povoados e parques ecolgicos

    por Jssica Michellin

    Sete trilhas para a

    conscientizao ambiental

    Includo pela primeira vez no

    Festival, o Circuito Trilheiros buscou

    valorizar as belas paisagens de Mata

    Atlntica e de Cerrado por meio de

    passeios aos parques ecolgicos da

    regio, entre eles o Parque Horto dos

    Contos, o Parque Arqueolgico do

    Gogo e o Parque Estadual do

    Itacolomi. De acordo com os

    organizadores, todas as 215 vagas

    oferecidas esgotaram e, em alguns

    casos, foram abertas mais vagas, devido

    alta procura.

    O objetivo foi conscientizar turistas

    e a comunidade local da importncia

    histrica e ambiental desses espaos a

    partir de passeios ciclsticos, expedies

    e at mesmo oficinas, alm de fortalecer

    o envolvimento da populao

    ouropretana e marianense com o

    Festival.

    Ao todo, o Circuito contou com sete

    trilhas, montadas por especialistas em

    ecoturismo. A Trilha Mariana-Ouro

    Preto, com in c io no Parque

    Arqueolgico do Gogo, em Mariana, e

    chegada no Parque Natural das

    Andorinhas, passando antes pelo stio

    arqueolgico do Morro da Queimada,

    ambos em Ouro Preto, promoveu a

    integrao com a histria antiga de

    Minas. O percurso considerado

    marco inicial da colonizao das duas

    cidades.

    Trs outras tr i lhas duas

    caminhadas e um passeio ciclstico

    levaram os participantes a distritos de

    Ouro Preto e Mariana. Bento

    Rodrigues-Camargos prestigiou um

    dos mais antigos distritos marianenses:

    Camargos, endereo da antiga fazenda

    Tesoureiro, onde, no sculo XVIII, se

    recolhia o Quinto do Ouro. J os

    participantes que optaram pelo

    caminho Ouro Preto-So Bartolomeu

    percorreram o cume da Serra de Ouro

    Preto, que divide a Bacia do Rio das

    Velhas e do Rio Doce. A trilha passou

    pela estrada imperial, chegando a uma

    das primeiras regies habitadas na

    explorao do ouro, o distrito de So

    Bartolomeu.

    O percurso Ouro Preto-Lavras

    Novas, passou pelo Parque Estadual do

    Itacolomi, por trechos da Estrada Real

    e pela Bacia do Custdio, at chegar em

    Lavras Novas, povoado ouropretano

    que teria sido reduto de escravos no

    sculo XIX.

    J na antiga Vila Rica, a Trilha

    Parque Horto dos Contos, a mais

    amena de todas, explorou a riqueza das

    espcies nat ivas, enfocando a

    preservao e a integrao ambiental

    rea urbana. O roteiro ecolgico

    plantado no centro histrico, ligando a

    Igreja So Francisco de Paula Matriz

    de Nossa Senhora do Pilar.

    O Circuito contou ainda com a

    expedio ao Pico do Itacolomi e a

    Oficina Plantas: Objeto de Curiosidade

    e Estudo em 300 Anos das Vilas do

    Ouro, que buscou despertar o interesse

    pela biodiversidade da flora da regio.

    A comunidade elogiou bastante a

    iniciativa, afirma Eliane Sandi,

    coordenadora do Circuito Festival. Para

    o aluno de Jornalismo da UFOP, Flvio

    Ulha, as atividades conscientizaram os

    participantes para questes como o

    desperdcio de materiais e a utilizao

    dos combustveis fsseis. As pessoas

    devem pensar duas vezes antes de jogar

    uma lata fora ou desperdiar algum tipo

    de material, comenta.

    Aventura, superao e o privilgio de uma vista extasiante

    Seis horas de expedio

    ao Parque do

    Itacolomi

    19

    A nvoa encobria os horizontes e

    no se podia enxergar o Pico do

    Itacolomi da Praa Tiradentes, ponto

    de encontro do Circuito Trilheiros.

    Nem a sensao trmica de 15 graus,

    nem o horrio de sada da expedio,

    marcada para s 8h, desanimaram os 50

    participantes da expedio ao Parque

    Estadual do Itacolomi, incluindo eu,

    uma aspirante a jornalista, no

    praticante de esportes comuns e muito

    menos de esportes radicais.

    Atraindo turistas do Esprito Santo,

    So Paulo, Rio de Janeiro e Minas

    Gerais, o grupo comeou o seu

    percurso com o aval do guia do parque,

    Joo Paulo Carvalho Ribeiro. Os

    monitores entregaram o mini kit de

    sobrevivncia para as seis horas

    seguintes, composto por uma barrinha

    de cereais e uma garrafa dgua. Tudo

    bem, pode ter sido exagero o adjetivo

    sobrevivncia, mas a questo que

    muitos ali e eu me enquadro nesse

    grupo no estavam preparados

    fisicamente para os 22 quilmetros de

    caminhada e uma cansativa subida em

    direo ao Pico. A atividade era um

    teste para os nossos limites.

    De cara, uma moa desistiu. Mas o

    resto do grupo estava obstinado a ter o

    privilgio da vista de Ouro Preto e das

    redondezas sob a tica de um dos

    pontos mais altos da regio, o Itacolomi

    na lngua tupi, filhote da

    montanha, pedra menina ou pedra

    me em seus altivos 1.772 metros de

    altitude.

    O frio e a umidade eram meros

    coadjuvantes, j que o foco de nossas

    atenes era a paisagem exuberante da

    Mata Atlntica, na qual se destacam as

    quaresmeiras e as candeias, rvores

    tpicas dessa regio, ambas de um tom

    verde bem forte. Trazendo coloraes

    mais quentes e vibrantes paisagem, as

    sempre vivas, plantas raras de tons

    vermelho, laranja e violeta, ofuscaram o

    ve rde do cen r io, a t en t o

    predominante. Essas plantas tm esse

    nome, porque suas flores demoram

    para murchar, conservando sua

    aparncia por muito tempo.

    Conforme subamos, o terreno ia

    ficando mais ngreme e os campos de

    afloramentos rochosos tornavam

    nosso caminho mais tortuoso e a

    expedio mais cansativa. Quando

    pensava em desistir, era s olhar para o

    lado e observar a matriarca de uma

    famlia, no auge dos seus 50 anos: No

    desiste, no, minha filha!. Dava at

    vergonha de encostar numa pedra para

    descansar.

    Firmes e fortes, uns mais cansados,

    outros menos, chegamos ao Pico do

    Itacolomi. Depois de duas horas e meia,

    tive a oportunidade de avistar a minha

    cidade atual sob um ngulo plong

    (fazendo jus s aulas de fotojornalismo)

    e conseguir imagens incrveis.

    Mais do que patrimnio natural, a

    rea do parque foi importante na

    histria da ocupao da regio e no

    descobrimento do ouro, j que o pico

    foi referncia para os desbravadores, no

    sculo XVIII. L de cima, com muito

    frio, intensificado pela chuva fina e

    gelada, refleti sobre os fatores

    positivos dessa cobertura: o contato

    com a natureza e com a histria da

    regio, alm da superao dos meus

    prprios limites fsicos. Ponto para o

    Festival, que conseguiu incluir, em um

    evento de arte e cultura, aventura

    ecolgica aliada reverncia a um

    smbolo, testemunha de tantas

    expedies de heris, viles, cobia e

    encantamento: pedra me, pedra

    menina, filhote da montanha.

    Em seus altivos

    1.772 metros de

    altitude, o Pico do

    Itacolomi na

    lngua tupi, filhote

    da montanha,

    foi referncia para

    os desbravadores

    da regio dos

    Inconfidentes.

    Estagiria de Jornalismo acompanha circuito e conta sua experincia

    REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO REVISTA FESTIVAL | 2011 | UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    Lucas de Godoy

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  • Exposies em museus e atelis de artistas locais homenagearam a produo intelectual das trs primeiras Vilas de Minas

    20

    cidade, ngelo Oswaldo de Arajo

    Santos, que mapeou um passeio

    histria cultural da regio.

    J o Circuito Atelis Abertos

    contou com a participao de

    aproximadamente 70 artistas plsticos,

    de Ouro Preto e de Mariana. Eles

    abriram as portas dos 55 atelis para a

    comunidade conhecer o manuseio das

    matrias-primas que compem as obras

    de arte. Segundo a produtora do

    Circuito Festival Eliane Sandi, a ideia

    foi criar um dilogo ainda maior com as

    pessoas das duas cidades: O Circuito

    foi o lugar em que o Festival pde

    dialogar ainda mais com a comunidade.

    Para isso, chamamos os artistas locais

    para abrirem os atelis e mostrarem

    seus trabalhos, ressaltou.

    Em Mariana, no Museu da Msica, a

    exposio Trs Vilas, Trs Senhoras e

    Trs Museus reuniu imagens das

    Nossas Senhoras padroeiras das antigas

    vilas: Nossa Senhora do Pilar, de Vila

    Rica do Pilar (Ouro Preto), Nossa

    Senhora do Carmo e Nossa Senhora da

    Conceio, das vilas de mesmos

    nomes, hoje Mariana e Sabar,

    respectivamente. As imagens foram

    cedidas pelo Museu Arquidiocesano de

    O Circuito Expositivo, que

    compreendeu aes das curadorias de

    Artes Plsticas, Visuais e de Patrimnio,

    teve o intuito de apresentar uma

    programao de exposies artsticas

    ligadas ao tema dos 300 anos das Vilas

    de Minas. Entre fotografias, pinturas,

    poesias e esculturas, distribudas em 18

    espaos nas cidades de Ouro Preto e

    Mariana, o pblico pde conhecer a

    produo intelectual dos artistas locais

    ao longo dos ltimos trs sculos.

    E n t r e o s t e m a s e s t a v a m

    homenagens s Nossas Senhoras

    padroeiras das trs vilas tricentenrias,

    aos artistas locais e s prprias vilas. Ao

    todo, foram 11 atividades, que iam

    desde mostras e exposies at

    intervenes urbanas, como a

    ocupao da rea externa da Casa da

    Baronesa, revestida