48
1 Mais uma vez as FIC elevam seus conceitos na avaliação do MEC em foco Revista Ano 6 Nº 23 dezembro de 2015 www.feuc.br/revista RESULTADOS DO ENADE 2014

Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

RESULTADOS DO ENADE 2014: Mais uma vez as FIC elevam seus conceitos na avaliação do MEC | Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista

Citation preview

Page 1: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

1

Mais uma vez as FIC elevam seus conceitos na avaliação do MEC

em focoRe

vist

aAno 6 • Nº 23 • dezembro de 2015 • www.feuc.br/revista

RESULTADOS DO ENADE 2014

Page 2: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

2

CapaNotícias fresquinhas chegadas do Ministério da Educação informam que as FIC elevaram seu conceito como instituição no Enade 2014 e também nove de nossos dez cursos tiveram notas superiores na avaliação em comparação com as de 2011. Ciências Sociais e História obtiveram conceito 4, e todos os demais ficaram com 3.

Antropóloga fez palestra e lembrou professor Choeri

Emoção e bons resultados no Pibid em Movimento II

Educação a Distância se apresenta aos professores

Evento na FEUC reuniuprofissionais da Zona Oeste

Encontro cresceu este ano, agregando outros eventos

DCE faz debate sobre “Juventude negra e acesso à cidade”

Um conto de aluna inspirado na África

Luitgarde Barros

Colhendo frutos

FEUC Online

Psicopedagogia

Fórum de Educação

Roda de Conversa

Literatura

31

08

26

12

10

14

44

46

ÍndiceFoto: Gian Cornachini

Page 3: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

3

O ano de 2015 se encerra para a FEUC com boas notícias vindas do Ministério da Educação (MEC): de nossos dez cursos avaliados no Enade 2014, nove tiveram resultados me-lhores do que em 2011, confirmando a crescente elevação da qualidade do ensino aqui oferecido. O curso de Ciências Sociais manteve a nota 4 conquistada no Enade anterior e o de História passou de 3 para 4. E todos os demais cursos ficaram com nota 3, alguns muito pertinho do 4! Um resultado que reflete o compro-misso da instituição, a dedicação dos professores e o empenho dos alunos, como você poderá ler com detalhes na nossa matéria de capa.

E por falar em resultados positi-vos, foi também comemorando esse marco que alguns subprojetos do Pi-bid realizaram, em novembro, even-tos para apresentar suas realizações em 2015, como os de Letras, História e Ciências Sociais. E a presente edi-ção tem ainda um apanhado do que foi apresentado na ExpoX do CAEL, cobertura das semanas acadêmicas de Matemática, Informática e His-tória, o lançamento do site da FEUC Online – nossa estreia na Educação a Distância – e muito mais.

Por fim, dando continuidade ao que já está se tornando uma tradi-ção aqui na revista, nossa última página traz novamente um texto escrito por aluno, mas desta vez é um conto! Bolsista do Pibid Inter-disciplinar, sob coordenação das professoras Norma Jacinto e Janice Souza, a graduanda Natácia Araújo inspirou-se nas aulas sobre Litera-turas Africanas para dar forma a um texto belíssimo. Leia, comente!

E um bom fim de ano a todos.

FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense.

Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino:

Arlene da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Equipe: Tania

Neves (Edição e texto), Gian Cornachini (Texto, foto e diagramação), Pollyana Lopes (estagiária); Periodicidade:

trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: [email protected]

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade

de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

CAPA: Foto: Gian Cornachini

Editorial

Tania NevesEditora

Estudantes do Fundamental e do Ensino Médio exibiram suas pesquisas científicas e inovações na feira de ciências que agitou a FEUC no final de outubro.

18 Expo X

Foto: Gian Cornachini

Page 4: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

4

MUNDO

Esta é uma convocação para pes-soas que gostam de cantar, têm mais de 15 anos, boa percepção musical e disponibilidade de ensaiar uma vez por semana, sempre entre 18h e 19h, e eventualmente aos sábados. E quem convoca é o mastro David de Souza, regente do Coral Ecos Sonoros, que prepara uma recomposição do grupo após a saída de alguns alunos e alunas que se formam neste semestre e es-tão se despedindo também do Coral. Os candidatos podem ser alunos ou alunas do CAEL ou das FIC, professo-res e funcionários. No caso dos alunos – tanto das FIC quanto do CAEL – a instituição oferece uma contraparti-da pela participação: descontos nas mensalidades, que começam com

15% e podem subir nos anos seguin-tes. E os alunos da faculdade ganham também horas de atividades comple-mentares a cada vez que participarem de uma apresentação oficial com o Coral. Essas apresentações aconte-cem na própria FEUC, em datas co-memorativas e eventos acadêmicos, e também a convite de outras institui-ções da Zona Oeste. Vale lembrar que

o Ecos Sonoros volta e meia participa de festivais de canto aqui no Rio e em outros estados, e já se apresentou até fora do país. “É uma oportunidade para quem quer se integrar num gru-po realmente unido e que ama a mú-sica. E também para se aprimorar no canto, pois oferecemos aulas de técni-cas vocais, notação musical, solfejo e leitura métrica”, diz o maestro. ■

O curso de Geografia escolheu o tema e o convidado que ministrará sua aula inaugural do primeiro se-mestre de 2016, em março: o pro-fessor da UERJ Floriano Godinho de Oliveira, que falará sobre “Território, desenvolvimento e ação política na metrópole fluminense”. Floriano é doutor em Geografia Humana pela USP e pós-doutor pela Universidade de Barcelona. Suas pesquisas aca-

dêmicas são nas áreas de Geografia Urbana e Geografia Econômica, com foco nas políticas territoriais e o orde-namento do território em áreas me-tropolitanas, e na expansão industrial e suas implicações na estrutura terri-torial no Estado do Rio de Janeiro. En-tre os muitos livros que o professor já lançou, o mais recente é “Metrópole: governo, sociedade e território”, do qual é um dos organizadores. ■

Aula inaugural de Geografia já decidida

Vagas abertas para soltar a voz no coralEcos Sonoros

O Coral em ação: grupo já cantou em festivais aqui e no exterior

Foto: Gian Cornachini

Foto: Divulgação

Page 5: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

5

O resultado do Enade 2014 que acabamos de receber confirma o teor de nossa campanha publicitária para o Vestibular 2016: a FEUC tem mais! Num momento em que diversas ins-tituições promovem uma verdadeira guerra de preços de mensalidades, alardeando valores mais baixos como único atrativo para fisgar novos alu-nos, decidimos mostrar nosso com-promisso com a formação de bons profissionais, sobretudo para o Ma-gistério, pois a melhora da educação básica é o que elevará o país. Nosso custo é mais alto porque efetivamen-te gastamos as receitas com a contra-tação de bons professores e os insu-mos necessários para a realização de um Projeto Pedagógico sério, e não vamos abrir mão disso em nome de nos tornar mais atrativos.

Por exemplo, a FEUC é a única fa-culdade particular do Rio, além da PUC, participante do Pibid (Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), do Governo Federal, que concede bolsas de R$ 400 para os graduandos desenvolverem projetos pedagógicos em escolas públicas da região. É quase unanimidade entre os relatos dos bolsistas participantes o quanto essa experiência tem sido im-portante em sua formação. A dupla da foto acima, Rodrigo Azevedo, do 2º período de História, e Ana Cristina Ca-valcante, do 3º período de Pedagogia, são dois desses que desabrocharam com o Pibid: “É algo que reflete dire-tamente na carreira docente, tornan-do os participantes profissionais mais qualificados e que buscam sempre o novo, a mudança”, disse Ana.

A instituição mantém também um programa próprio de Iniciação Cientí-fica, em que concede bolsas em forma de desconto a alunos que se qualifi-cam para participar de pesquisas junto a seus professores. Também auxilia os

graduandos na inserção em progra-mas de estágios remunerados, por meio de um setor voltado para isso, o CEMT. E, pensando também em faci-litar a vida dos que têm pouco tempo para frequentar a biblioteca física da instituição, firmou convênio com bi-bliotecas digitais: o estudante pode, as-sim, consultar a maior parte dos livros recomendados por seus professores em computadores fora da faculdade ou mesmo em tablets e smartphones.

Esses são apenas alguns aspectos que destacam a FEUC entre as Insti-tuições de Ensino Superior de nossa região. Aqui os alunos iniciam e ter-minam seus cursos, pois somos edu-cadores e não empresários da área da educação. Não por acaso tivemos re-corde de participação no Enade 2014, pois aqui os alunos chegam ao fim do curso. Sim, a FEUC tem mais.

Siga nossa campanha no Facebook (www.facebook.com/feuc.rio). ■

A FEUC tem mais a oferecer em educação

Ana e Rodrigo: atividades do Pibid são diferencial na formação

Foto: Gian Cornachini

Page 6: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

6

MUNDO

2016 com roupa nova para os estudantes do CAELOs uniformes do CAEL irão mudar

para o próximo ano, de acordo com as necessidades apresentadas pelos inte-ressados. E as novidades não se restrin-gem apenas à substituição dos antigos modelos de roupas: o espaço de co-mercialização e a gestão na confecção das peças também foram renovados. Totalmente reformado pelos funcioná-rios da instituição, o ponto está sendo gerido por uma empresa parceira da FEUC, que vende as roupas e também alguns artigos de papelaria. A princi-pal diferença será a disponibilidade de uniformes para pronta entrega a partir do ano que vem, uma antiga demanda dos alunos e dos pais. A nova empresa também será responsável por produzir as camisas personalizadas de semanas acadêmicas, grupos de estudo etc. Ou-tra ideia que começa a ser mais bem elaborada com a parceria é a criação de uniformes para funcionários. ■

Espaço da loja foi totalmente reformado para a nova etapa

Foto: Pollyana Lopes

Page 7: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

7

Graduação

Interdisciplinaridade casada com incentivo à docência

Victor Ramos, professor do curso de Letras, fez de modo totalmente informal em novembro passa-do algo que o Pibid vem realizando programati-

camente nas FIC: levou um aluno do 2º período de Inglês para experimentar a iniciação à docência interagindo com estudantes do Colégio Estadual Amazonas, onde ele também leciona. Diego Gomes, que atua na área de de-sign gráfico voltado para o cinema de animação, ofere-ceu aos jovens alunos da segunda série do Ensino Médio uma oficina de produção de filmes de curta-metragem.

“Falei um pouco sobre as etapas de produção nessa área, dando o passo a passo de um curta desde o roteiro, a estrutura do filme, efeitos especiais, edição etc.”, con-ta Diego, que no passado cursou alguns semestres da graduação em Cinema, mas não concluiu o curso. Jus-tamente por seu interesse em escrever roteiros, ele de-cidiu se graduar em Letras e posteriormente tentar um mestrado na área de cinema. E ficou feliz com o resulta-do de sua primeira incursão como professor: “As turmas interagiram bastante, e eu me senti bem à vontade ex-plicando o tema, tirando dúvidas. Foi muito bom”.

A atividade, segundo Victor, explorou o tema de gê-nero textual, que faz parte do currículo mínimo. E foi possível ainda integrar na conversa temas transversais como mercado de trabalho e cultura popular. E – o mais importante – passar a mensagem de que todo caminho profissional é possível de ser trilhado, quando se tem um objetivo de vida e disposição para trabalhar por ele.

Victor festejou o sucesso da iniciativa: “Sou filho da escola pública, estando nela desde os sete anos. Apesar de certas vezes ter penado pelas 'falhas do sistema', tive alguns ótimos modelos que me fizeram crer na qualida-de do trabalho pedagógico e no quanto podemos contri-buir para vida de nossos alunos”, disse o professor, sen-tindo-se também agradecido pelo brilho nos olhos que Diego foi capaz de despertar em “sua garotada”.

E o professor não tem dúvidas de que bons frutos brotarão a partir daí: “Depois da oficina, estou certo dos excelentes filmes que estão por vir de meus 'alunos ci-neastas'!”, completou. ■

Graduando de Letras oferece

oficina sobre cinema a estudantes

do Ensino Médio na rede pública,

levado por professor de seu curso

Fotos: Arquivo Pessoal e Gian Cornachini

... e ao lado de Victor: aprendendo com quem é fera!

Diego em ação em sua primeira incursão como professor ...

Por Tania Neves

Page 8: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

8

Palestra

Luitgarde: muita História para contarAntropóloga citou figuras importantes para o país, entre elas o ex-presidente e um dos fundadores da FEUC, professor Wilson Choeri

Auditório cheio e ouvidos atentos para ouvir uma intelectual res-peitável. Foi assim que perma-

neceu o público até o fim da palestra, quase às 22h da noite de 21 de outubro, para escutar Luitgarde Barros. Aposen-tada por duas universidades públicas, com dois pós-doutorados e mais de 15 livros publicados, entre autorias e or-ganização, a alagoana veio à FEUC para falar de uma de suas especialidades: a obra de Nelson Werneck Sodré, histo-riador marxista que se notabilizou tam-bém como escritor e professor, além de ter sido militar, e que morreu em 1999.

O arquivo de Sodré foi doado, pelo próprio, à Biblioteca Nacional. No en-tanto, os documentos relacionados à sua trajetória militar foram guardados. Até que sua filha, Olga Sodré, entregou-os à pesquisadora, que produziu pro-fícua pesquisa com o material. A obra mais importante foi o catálogo “Ar-quivo Nelson Werneck Sodré: Catálo-go da obra jornalística”, publicado em 2011 pela Editora do Senado Federal, na ocasião do centenário do militar, que passou à reserva do Exército em 1961, como general de brigada, e então dedi-cou-se aos trabalhos no Instituto Supe-rior de Estudos Brasileiros (Iseb) .

Mas Luitgarde, que faz parte da ge-ração que se formou na universidade em plena ditadura militar, tem muito a dizer para além de Nelson Werneck So-dré e de suas pesquisas. Extremamen-te crítica, não economizou censuras à postura política e às ações de diversas entidades. Não foram poupados, por exemplo, os partidos políticos de es-

querda e de direita; a ONU; a Revolução Francesa; as ideias do pensador Marx nem a democracia grega. Entretanto, na mesma medida, elogios e exaltações foram feitas às figuras consideradas por ela como sérias, honradas, com retidão de caráter e íntegras. Algumas citadas foram Nise da Silveira, Apo-lônio de Carvalho, Joaquim Campelo e Audálio Dantas. Também marcou presença na lista de elogios rasgados o Professor Wilson Choeri, ex-presidente e um dos fundadores da FEUC.

Por Pollyana Lopes

"O que faz o

ser humano é a

reflexão sobre o

seu trabalho, sobre

a sua vida e as

escolhas que ele faz"

Page 9: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

9

Luitgarde: muita História para contarAntropóloga citou figuras importantes para o país, entre elas o ex-presidente e um dos fundadores da FEUC, professor Wilson Choeri

"Conheci ele na UERJ. Eu fui a pri-meira concursada de lá e ele já não ti-nha mais poder nenhum. Eu gostei do modo sui generis e da grandeza daque-le homem. Eu não conheço ninguém que fez pelo ensino desse país o que ele fez", contou Luitgarde.

A iniciativa do evento surgiu a partir das atividades dos bolsistas do PIBID da FEUC no Colégio Estadual Profes-sor Fernando Antônio Raja Gabaglia. O professor de sociologia do Raja e supervisor na escola do subprojeto de

História, José Geraldo do Santos, foi orientando de Luitgarde na década de 90 e sugeriu a palestra: “Nelson Wer-neck Sodré é um grande historiador brasileiro, muito injustiçado. E ela es-creveu dois livros sobre ele. Eu achei interessante trazê-la para falar sobre ele porque é importante desconstruir um pouco dessa visão da historiografia atual que procura desqualificar a obra do Nelson Werneck Sodré".

E Luitgarde destacou que o general foi sempre combativo politicamente, além de um importante historiador e intelectual. "Nelson Werneck Sodré morreu combatendo FHC diariamente, combatendo a globalização e mostran-do que a globalização significa uni-camente um novo sistema escravista onde o trabalhador será destruído para a riqueza dos banqueiros, das multina-cionais e dos donos das fábricas de ar-mas. Não existe felicidade maior para um homem digno do que morrer sem ninguém calar. Ele não calou por bur-rice, não calou por conveniência, não calou para ficar rico, não calou com medo da prisão, e ele não calaria com medo de morrer. Ele é um exemplo de dignidade humana".

Entre histórias, críticas e elogios, ela explicou o que considera ser dignidade humana: "A vida intelectual não faz o ser humano, a vida prática do trabalho não faz o ser humano. O que faz o ser huma-no é a reflexão sobre o seu trabalho, so-bre a sua vida e as escolhas que ele faz".

Quem teve a oportunidade e esco-lheu ouvi-la, numa noite de quarta-fei-ra, pôde refletir um pouco sobre tantas questões pertinentes e, quem sabe, se tornar ainda mais humano. ■

Fotos: Pollyana Lopes

Luitgarde conheceu grandes figuras da história do Brasil e

compartilhou experiências

Page 10: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

10

Pós-Graduação

‘Psico’ oquê?

A pergunta, comumente ouvida por quem trabalha na

área, esconde a ciência importantíssima para o processo de

ensino-aprendizagem

Você sabe o que é a Psicopedagogia? Onde atua o profissional formado nessa área e qual a função social dele? Essencial para

uma educação mais inclusiva, que atenda crian-ças e jovens com dificuldades de aprendiza-gem e/ou síndromes genéticas que impedem o acompanhamento natural na educação formal, o psicopedagogo pode atuar tanto no ambiente institucional, em escolas e empresas, quanto em atendimentos particulares, clínicos.

É da interseção da Pedagogia com a Psicologia que surge essa área do saber que se dispõe a identi-ficar e tratar a não-aprendizagem. A profissão ain-da aguarda regulamentação, mas, em geral, o psi-copedagogo tem formação em Pedagogia ou em Psicologia, e agrega ao currículo uma pós-gradu-ação especializada, como as oferecidas pela FEUC.

No curso estão incluídas disciplinas como Pe-dagogia como Ciência da Formação Humana; Dinâmica de Grupo e Jogos; A Psicopedagogia e a Neurociência; Introdução à Psicopedagogia: a

Epistemologia Convergente; Educação Inclusiva; além de estágios e seminários para produção do Trabalho de Conclusão do Curso.

“O psicopedagogo aprende um procedimento de trabalho. Quando chega uma pessoa com dificulda-de, nós temos que diagnosticar onde está a dificul-dade dela, se é da leitura, se é da escrita, se é algo orgânico, se é uma questão emocional, se é uma questão familiar, se é algo mental, psicológico, ou se tem algum comprometimento no cérebro. E aí então se desenvolve alguma estratégia para mudar esse quadro”, explica a professora Leila Queiroz Eva-risto da Silva, que leciona nos cursos de Psicopeda-gogia Clínica e Psicopedagogia Institucional da FEUC.

A atuação do profissional só não tem mais no-toriedade e reconhecimento devido à ausência de regulamentação. É o que busca a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e os sindica-tos recém-criados. Por outro lado, a perspectiva é ampla, pois a necessidade de normatizar a ativi-dade é pungente e, com isso, virão os concursos públicos, como os que já aconteceram em várias cidades, que incluem São Paulo e Nova Iguaçu.

Por Pollyana Lopes

Page 11: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

1111

Com o intuito de reforçar a importância do pro-fissional da área e capacitá-lo ainda mais com deba-tes atuais ligados ao tema, a FEUC promoveu, no dia 14 de novembro, o I Encontro Psicopedagógico, pio-neiro na Zona Oeste. O evento trouxe profissionais da região e atraiu estudantes de outras instituições, debateu métodos, apresentou casos de sucesso e aproveitou para celebrar o Dia do Psicopedagogo, oficialmente comemorado em 12 de novembro.

“Esse encontro foi organizado pensando na nossa região, a Zona Oeste, Campo Grande, Santa Cruz, Mangaratiba, Seropédica, Itaguaí. Porque o psicopedagogo de Copacabana, Botafogo, da Zona Sul em geral, já tem um nome, é reconhecido, é procurado. Nossa região também tem esses pro-

fissionais, mas eles estão quietinhos, escondidos, enquanto fazem um trabalho belíssimo. Nós que-remos que vocês conheçam esses trabalhos, para a gente partilhar e crescer”, explicou a professora Leila, que foi uma das organizadoras do evento.

Dentre as atividades, é possível destacar a par-ticipação das alunas do curso de Psicopedagogia Clínica, Isabela Carvalho Costa, Patrícia Bárbara Dias Duarte e Simone Otaviano, que estiveram presentes no X Congresso Brasileiro de Psicopeda-gogia, realizado em São Paulo, e trouxeram para o evento da FEUC os principais temas lá apresen-tados. Você pode ler mais sobre isso na cobertura feita pela FEUC em Foco, no link http://www.feuc.br/revista/?s=psicopedagogia. ■

Fotos: Pollyana Lopes

Leila: "Quando chega uma pessoa com dificuldades, nós

temos que diagnosticar "

Isabela contou como foi uma das palestras do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia

A Psicopedagogia em debate

Page 12: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

12

EaD

A distância cadavez mais perto

Flexibilizar o horário e ganhar tempo para os estudos. Parece quase impossível levando em conta a rotina exaustiva de grandes centros

urbanos, com engarrafamentos quilométricos e horas perdidas. Mas uma solução para quem não pode ou não quer se deslocar rotineiramente para instituições de ensino tem ganhado mais adeptos. A Educação a Distância (EaD), que hoje representa 15% das matrículas de graduação (de acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2013), só cresceu. Em dez anos, o número de cursos aumen-

tou 25 vezes. E a FEUC vem se preparando para também contribuir com a sua qualidade neste ce-nário. "Levar a nossa educação a distância é levar a mesma educação de 55 anos de tradição, mas de maneira diferente", destacou Vladimir Gonçal-ves, coordenador do Núcleo Integrado de Educa-ção a Distância (NIEAD) da FEUC, durante evento realizado em 7 de dezembro para celebrar o Dia Nacional da Educação a Distância (que acontece em 27 de novembro) e, também, apresentar aos professores da casa o processo de implementação da modalidade de ensino na instituição.

Segundo o professor, que também é coorde-

Núcleo de Educação a Distância da FEUC se apresenta e

convida professores a elaborar cursos especializados

Por Gian Cornachini

Coordenador do NIEAD, Vladimir quer levar a qualidade dos 55 anos da FEUC à EaD

Foto: Gian Cornachini

Page 13: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

13

nador do bacharelado em Administração das FIC, as vantagens de ingressar em um curso a distân-cia são muitas: mobilidade, aprendizagem cola-borativa, flexibilidade de horário, a mesma certi-ficação dos cursos presenciais... Ou seja, o aluno consegue gerenciar seu tempo de aplicação aos estudos, aproveitando-se da facilidade em aces-sar os conteúdos de qualquer computador ou ta-blet conectado à internet, em qualquer lugar do mundo, garantindo ainda um certificado igual ao de quem frequentou as aulas presencialmente.

Outra vantagem apresentada por Vladimir é a de poder fazer cursos de extensão a distância – que geralmente têm carga horária pequena. Ele apontou que é possível que qualquer professor, com um conteúdo específico que domina, desen-volva um curso de extensão a fim de aprofundar

conhecimentos específicos com os estudantes. E, no momento, são nesses cursos que a EaD da FEUC tem focado, enquanto aguarda liberação do MEC para começar a ofertar pós-graduações a distân-cia. "O professor sempre tem uma ideia na mente que ele pode trabalhar, e a ideia é que ele possa pensar num curso e ser tutor dele. E a gente topa fazer essa ideia acontecer", convidou Vladimir.

Aline Rosa, professora do curso de Sistemas de In-formação, fez uma pós-graduação a distância na UFF e incentivou os docentes a também adentrarem neste novo campo que está por vir na FEUC: "Os professo-res que nunca fizeram um curso a distância, passem por isso. Muitos alunos não podem estar presentes, e a gente precisa conquistá-los, porque o sucesso de um curso está em cativar o aluno, com o material, atenção e retorno do que está sendo feito." ■

Professora Aline Rosa, que já cursou EaD, incentiva os docentes

Foto: Gian Cornachini

Page 14: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

14

Dois dias de intensa atividade aca-dêmica, entre palestras, comuni-cações de trabalhos científicos,

oficinas e sessões culturais. Assim foi o XVIII Fórum de Educação, Ciência e Cul-tura, realizado em 13 e 14 de outubro, e que este ano incorporou não apenas o II Seminário Institucional de Iniciação à Docência (PIBID-FIC), como ano passa-do, mas também o VII Encontro de Pós-Graduação e o III Encontro de Iniciação à Pesquisa. Reunir os quatro eventos na mesma ocasião, segundo a professora

Célia Neves, uma das coordenadoras da programação, teve o objetivo de es-treitar o diálogo entre os vários cursos e as produções científicas dos diversos programas, como PIBID e PIC. “Há uma efervescência muito grande de projetos e discussões que estão sendo feitas em cada área, cada curso, sobretudo os gru-pos do PIBID, que fazem um trabalho espetacular nas escolas de ensino fun-damental. E mais os trabalhos da pós, as pesquisas para monografias. Enfim, consideramos que costurar um diálo-

go entre todos esses atores, inspirados em Paulo Freire e a dialogicidade como princípio educativo, traria grandes re-sultados”, diz Célia.

De fato, a mistura foi boa. Porém, como toda experiência inovadora, teve alguns problemas, como remaneja-mentos de última hora que provoca-ram mudança de salas e alguns contra-tempos para aqueles que procuravam as atividades em que se inscreveram. Nada que a atuante equipe de monito-res não resolvesse com presteza.

Ensino em pauta

Fórum de Educação:Diversidade Acadêmica

Com o tema “Não há docência sem discência", evento reuniu

graduação e pós-graduação em torno de pesquisas e debates

Parte do grupo de monitores posa para foto, minutos antes

de se espalhar para seus postos

Foto: Tania Neves

Page 15: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

15

Uma nota à parte – dez, nota dez! – tem que ser dada a esse grupo que cuidou da parte operacional do even-to. Desde a preparação das pastas até a orientação dos inscritos para acharem as salas onde estavam acontecendo as atividades, os monitores estiveram sempre atentos aos detalhes. “É natural haver mudanças de última hora num evento tão amplo. A gente está aqui com a listagem atualizada orientando todo mundo. A maioria compreende, apesar da chateação”, disse a aluna Ana Paula de Souza Matos, do 3º período de Matemática, que atuava com os cole-

gas na entrada do auditório – todos com sorriso no rosto.

Ana Cristina Cavalcante, do 3º perío-do de Pedagogia, estava entusiasmada com sua segunda experiência na moni-toria. O único ponto negativo, segundo ela, foi não poder acompanhar todas as atividades que queria, mas a vivên-cia adquirida compensou. “Tive con-tato com professores de todas as áreas de ensino da instituição e absorvi tudo que pude no tempo que tive”, afirmou a aluna, completando: “Ressalto a impor-tância desses fóruns na vida acadêmica dos alunos. Além de desenvolver com-

petências necessárias no meio escolar, nos torna ativos e responsáveis dentro dos eventos propostos pela academia”.

Maria Francicleide, do 4º período de Pedagogia, fez monitoria de ma-nhã e participou dos eventos da noi-te. Como aluna e tiete! “Eu amo meus professores! Eles abrem leques de pos-sibilidades para a gente pensar”, disse ela, durante a palestra sobre Práticas de Letramento, da professora Rosana Benatti: “Ela não é sensacional?”, der-reteu-se a aluna. Lá na frente, Rosana encantava a plateia com seus exemplos sobre o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. “Eu preciso gostar de ler, se quero que meus alu-nos leiam. A mesma coisa vale para a família: se a criança vê o pai e a mãe lendo, ela será uma leitora”, pontuava a professora, compartilhando com os alunos a experiência acumulada em seus muitos anos de prática: “Não cabe ao professor ditar o que a criança deve fazer e puni-la se fizer errado. Você pri-meiro permite que ela produza, para então intervir. Se ela escreve cachorro com x, está no processo de aprender. Você reconhece isso e então explica que na nossa língua se escreve de ou-tro modo, por tal e tal motivo, e assim vai monitorando o aprendizado dela”.

Monitores: fundamentais para o sucesso evento

Bolsistas do PIBID revelam seu diálogo com asescolas de ensino fundamental

Com a finalidade de mostrar um pouco dos projetos que os bolsistas têm desenvolvido em escolas públicas da região, o II Seminário Institucional de Iniciação à Docência foi além: re-velou o quão importante é o progra-ma para o desenvolvimento do aluno, como conta a coordenadora do PIBID/FIC, professora Maria Licia Torres: “O Governo está cortando verba e bolsas

do PIBID, e a gente está mostrando que aqui na FEUC o trabalho está sendo fei-to, está dando certo. Os alunos ama-dureceram e estão colocando a mão na massa, aplicando jogos, praticando a teoria. É de um enriquecimento ma-ravilhoso”, destacou a professora.

Durante os dois dias do evento, es-tudantes de diversos subprojetos apre-sentaram suas ideias, metodologias e

resultados dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano. O bolsista Allan Fe-lipe Santana Fernandes, do 6º período de História, apontou uma constatação com a experiência no colégio Raja Ga-baglia: “O PIBID tanto beneficia os bol-sistas quanto os professores, que mui-tas vezes não têm oportunidade de dar uma aula diferenciada por estarem há tanto tempo no colégio e longe do am-

Na entrada do auditório, sorrisos no atendimento e na solução de problemas

Foto: Nome e Sobrenome

Page 16: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

16

Ensino em pauta

VII Encontro de Pós-Graduação foca na didática do ensino superior

Além de contribuir com um peso a mais no currículo do pós-graduan-do, o VII Encontro de Pós-Graduação foi aberto também aos graduandos e permitiu que os alunos das faculdades conhecessem os temas e metodologias dos cursos da Pós — que, inclusive, têm uma disciplina comum: “Didática do Ensino Superior”. Foi com o intuito de esclarecer a importância desta cadeira que o evento foi planejado, levantan-

do a importância da didática no ensino superior em áreas específicas, como a formação continuada de gestores, pe-dagogos, pscicopedagogos e professo-res da educação básica.

A coordenadora de Extensão, Pós-Graduação e Pesquisa das FIC, pro-fessora Gabriela Barbosa, explica a relevância do tema para os futuros pós-graduados: “Muitas vezes o indi-víduo entra para dar aula porque ele

biente acadêmico”, relatou Allan.Thiago da Silva Rodrigues, do 5º

período de Letras-Inglês e bolsista do subprojeto Interdisciplinar, expôs com seu grupo a criatividade com que tem disseminado as literaturas africanas e afrodescendentes. Eles apresentaram uma fotonovela sobre o conto “Meu toque”, do escritor angolano Boaven-tura Cardoso, e um teatro com fanto-ches e cenários montados na própria roupa dos narradores sobre o livro “As tranças de Bintou”, da autora Sylviane

Anna Diouf, oferecendo ao público a oportunidade de intervir no desfecho da história. “O mesmo processo que a gente sofreu com a colonização, a Áfri-ca também sofreu. Nós tratamos isso através da Literatura, com os contos sobre as histórias e tradições africa-nas, até para desmistificar o ideal que temos da África, aquele de pobreza, ebola, criança com fome e morte”, ex-plicou Thiago.

Já o bolsista Willyan Peterson Bor-ges Bispo, do 4º período de Matemá-

tica e recém-integrante do subprojeto de seu curso, testou com os estudantes um jogo de dominó matemático que será aplicado em breve nas séries ini-ciais do Ensino Fundamental, no colé-gio Baltazar Lisboa. “Eu quero mostrar que é possível adaptar qualquer tipo de jogo para ensinar as operações mate-máticas de um modo mais divertido, para estimular a atenção da criança e fazer com que ela aprenda ao mesmo tempo em que se diverte”.

é especialista naquele assunto, mas não tem noção de didática, e ele, mui-tas vezes, acaba afastando o aluno de graduação do curso”, aponta ela, que tem uma preocupação particular com o assunto: “Sou oriunda de um curso que tem especificamente essas carac-terísticas, no caso, a Matemática. Os cursos de Matemática começam com turmas enormes e chegam ao fim com pouquíssimos alunos concluindo, mas por quê? Porque falta aos professores o entendimento de uma didática do en-sino superior”, avalia.

A aplicabilidade da didática não se restringe à sala de aula, como explica a professora Célia Maria Pacheco Cruz,

Grupo trabalha com literaturas africanas e afrodescendentes

Bolsista acredita que PIBID benefica alunos e professores

Foto: Nome e Sobrenome

Page 17: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

17

III Encontro de Iniciação à Pesquisa mostroutrabalhos realizados na Zona Oeste

Também integrado ao Fórum de Edu-cação, Ciência e Cultura, o III Encontro de Iniciação Científica proporcionou aos bolsistas a oportunidade de apre-sentarem suas pesquisas. Atualmente há três projetos em andamento, sendo dois deles com um bolsista cada, e o terceiro com quatro bolsistas. Um deles é o “Rural-Urbano no entorno do Par-que Estadual do Mendanha”, que tem orientação da professora Rosilaine Silva e o objetivo de buscar compreender o modo como se dá a ocupação do parque por moradores e agricultores, e a relação que eles mantêm com o território e com os aparatos estatais, além da história de ocupação da área, a agricultura familiar em vigor e a questão agrária envolvida.

A pesquisa foi apresentada por três dos quatro bolsistas do projeto, e o aluno Luiz Alexandre Monteiro Alves, do 4º pe-ríodo de Geografia, resumiu o trabalho: “Lemos artigos e livros sobre agricultura familiar, questões agrárias e a urbani-zação na Zona Oeste. Depois entramos na parte da história oral, das entrevis-tas, e entrevistamos o gestor do parque para saber o lado do ambientalista; e também os moradores, para conhecer melhor o lado deles”, conta Luiz. “Eles estão tendo problemas na área porque, antigamente, quando as famílias deles foram pra lá, o parque ainda não havia sido implantado e eles podiam plantar qualquer cultivo, podiam ter suas cria-ções, o que se tornou um problema com

a institucionalização do Parque Estadual do Mendanha, em 2013”, relata.

A apresentação das pesquisas de-monstrou a importância do PIC-FIC para a comunidade acadêmica. “Exis-tem alunos que, por questões de tra-balho, ou por outras questões pesso-ais, não podem ser contemplados com bolsas do governo. Então, aquela bolsa de 20% da FEUC, que parece tão pou-co se comparada ao PIBID, para algu-mas pessoas tem uma função. Além do mais, os projetos que a gente tem hoje são mais de pesquisa específica em de-terminada área do conhecimento, e já fogem um pouco da discussão da do-cência”, explica a professora Gabriela Barbosa, que coordena o PIC-FIC. ■

que ministrou palestra voltada para os profissionais ligados à gestão de pes-soas, de negócios, sistema de infor-mação e gestão educacional: “Eu tento mostrar às pessoas que, se tem alguém ensinando e tem alguém aprendendo, há didática! Isso acontece em qualquer nível, em qualquer segmento, em qual-quer profissão desse mundo. Então,

por que não perceber e usar a didática na gestão? Na parte administrativa de uma empresa? Por que acreditar que didática é algo acadêmico e não está em outros segmentos?”, questiona.

Já a professora Sônia Ferreira Folena, que falou sobre o papel da didática no ensino superior na formação de pro-fessores da educação básica, destacou

a necessidade de não se perder seu uso quando se ensina a jovens ou adultos: “A minha discussão, hoje, é no sentido de reforçar a preocupação que a gen-te precisa ter, em todas as esferas da educação, com o processo de ensino e aprendizagem. Porque se o processo de ensino não desembocar num processo de aprendizagem, ele se torna vazio”.

Luiz Alexandre, Raquel e Cesar apresentaram o trabalho sobre o Parque Estadual do Mendanha

Foto: Nome e Sobrenome

Page 18: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

18

Química e Publicidade estãona Febrace e Mostratec 2016

Há 16 anos, estudantes do CAEL se encontram assiduamente em uma grande feira no Colégio,

com suas tecnologias, projetos e ideias criativas para facilitar a vida das pessoas, reduzir custos de processos ou promo-ver cultura e ações sociais que impactam positivamente na sociedade. De quebra, dois trabalhos são classificados para a

Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Mostra Técnica de Novo Hamburgo (Mostratec) — prestigiados eventos nacionais de ciência e pesquisa. Entre os dias 26 e 30 de outubro, divi-didos em dezenas de estandes, os alu-nos puderam mostrar ao público seus trabalhos. E no último dia do encontro, uma grande surpresa: a presença do curso de Publicidade representando o Colégio na Mostratec de 2016.

Administrações do CAEL edas FIC incentivam os alunos

Na abertura oficial da Expo X, esti-veram presentes a diretora do CAEL, Regina Sélia Iápeter; a diretora adjun-ta, Jane Innocencio da Silva; o coor-denador do turno da noite da escola, Paulo Accioly; o coordenador do en-sino técnico do CAEL, Carlos Vinícius Nascimento; o diretor das FIC, Hélio

Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

Expo X

Gabriella e suas amigas do projeto de Química comemoram classificação para Febrace

Page 19: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

19

Química e Publicidade estãona Febrace e Mostratec 2016

Feira científica do CAEL reuniu

trabalhos de todos os cursos técnicos

do Colégio com o objetivo de

promover a pesquisa e demonstrar o

desenvolvimento dos alunos

Rosa de Araujo; o coordenador acadê-mico das FIC, Valdemar Ferreira da Sil-va; e a represente da Stylus formatura, a maior patrocinadora da feira, Márcia Cristina. Em comum, todos disseram palavras de incentivo e parabenizaram os jovens cientistas.

A professora Regina destacou o em-penho dos estudantes nos trabalhos desenvolvidos: ”Eu tenho certeza que vocês colocaram a alma no trabalho

de vocês. A gente pode ver isso na pro-dução de vocês”. Jane reforçou que os frutos do empenho são colhidos ano após ano: “Nós, alunos, professores e coordenadores, formamos uma equi-pe de muito sucesso. Esse sucesso é tão grande que, a cada ano que passa, a gente tem mais pessoas querendo se juntar a nós. Este ano, talvez, seja o ano em que nós contamos com mais patro-cinadores. Isso faz parte do sucesso do trabalho de vocês”.

Como coordenador acadêmico das FIC, Valdemar igualou positivamente a dedicação e o empenho dos estudantes de graduação com o que viu dos alunos do Ensino Básico. “Vocês não deixam nada a desejar a qualquer aluno do ní-vel superior. Eu acompanho a Expo faz algum tempo e percebo que vocês têm pesquisa, têm estudo. Essa rotina de vo-cês já é uma vida acadêmica, de alunos que já se apropriam da pesquisa, da in-vestigação, das descobertas”.

Já o coordenador do Ensino Técnico, professor Carlos Vinícius, explicou que a Expo X é filiada a outras feiras téc-nicas com visibilidade internacional: a Feira Brasileira de Ciências e Enge-nharia (Febrace) e a Mostra Técnica de Novo Hamburgo (Mostratec): “A nossa feira tem tanta relevância no mercado científico no Brasil que nós fomos es-colhidos, entre várias instituições, para ser uma feira afiliada. Essas instituições estão dizendo para nós que os nossos trabalhos têm relevância e que eles querem a gente como parceiros. Isso, mais uma vez, é fruto do trabalho de vocês. Muito obrigado”.

Exposição

Com tantos estandes, a diversidade de trabalhos apresentados foi grande: cerveja artesanal à base de gengibre e hortelã, produzida por estudantes do técnico em Química; robôs de ba-talha projetados por integrantes de Automação; uma viagem sensorial de alunos de Turismo; além da história do cinema de animação, feita por estu-dantes do 3º ano de Publicidade. Nes-te trabalho, Ana Karolyne Cunha dos Santos, Antônio Pereira da Silva, Laris-sa Timóteo de Menezes, Letícia Ramos Pereira de Almeida, Luzia Costa Correa e Marcele Santos Bittencourt, fizeram uma pesquisa com crianças da família, comparando versões antigas e atuais de filmes animados como “A Fantás-tica Fábrica de Chocolate” e “Alice no País das Maravilhas”. Para a feira, eles prepararam o ambiente para uma ses-são, com direito a pipoca, na qual eram apresentadas montagens das duas ver-sões dos filmes.

“Primeiro nós pensamos em falar sobre a história do cinema, mas como é muita coisa, nós resolvemos focar na história do cinema para crianças. Em como eles tiveram criatividade para reinventar e continuar prendendo a atenção das crianças assistindo e assis-tindo. E também tem outras questões, por exemplo, como eles inserem o pa-triotismo estadunidense, sempre tem uma bandeira dos Estados Unidos nos filmes; e o consumismo: sai um filme novo e já tem vários bonecos persona-gens para vender”, explica Luzia. “Assis-

Page 20: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

20

tindo o dia todo”, reforça Letícia.Além de críticos, alguns trabalhos

também manifestaram interesse no bem-estar social. Como o apresentado por Thalya Fidalgo e Maressa Almeida, que estão no 1º ano do Técnico em En-fermagem. O objetivo do projeto foi o de esclarecer todos os aspectos re-lacionados à doação de sangue. “Nós resolvemos fazer sobre isso, mesmo parecendo ser algo batido, porque a gente quer incentivar as pessoas a doa-rem. Esse é o nosso objetivo, incentivar, mostrar que não precisa ter medo, que doar sangue é um ato de salvar vidas”, explica Thalya.

Febrace e Mostratec

Os melhores trabalhos apresen-tados em cada edição da Expo X po-dem ser avaliados e classificados para a Febrace e a Mostratec. As vagas são poucas — apenas uma para cada fei-ra — mas a criatividade é grande. As alunas Gabriella Lucena, Ana Paula Oliveira Lopes Inacio e Beatriz Farias Costa de Brito, ainda no 2º ano de Química, conquistaram a tão disputa-da vaga para a Febrace com o projeto “Obtenção de insumos industriais a partir de alumínio reciclado: economia e sustentabilidade”. O objetivo do tra-balho foi extrair um sal inorgânico (o aluminato de sódio) de embalagens de alumínio descartadas com a finalidade de utilizá-lo como um coagulante em estações de tratamento de água. Isso significa obter um material mais ba-rato para ser utilizado no processo de decantação — fase em que as partícu-las orgânicas se agrupam e se separam da água para deixá-la mais pura. “Além de o nosso produto ser extraído de um material que é descartado incorreta-mente, como latas de bebidas e emba-lagens à base de alumínio — que levam 100 anos para se decompor — estamos barateando o custo com a obtenção de um aglutinador em aproximadamente 90%”, destacou Gabriella, contente por prosseguir com a tradição do curso de Química de sempre ter um trabalho selecionado para uma feira externa:

“Desde que entramos no Colégio, escu-tamos o nome Febrace e vemos como um desafio a ser ultrapassado. Além de honrarmos o nome do curso, batalha-mos muito para descobrir soluções e desenvolver um projeto sustentável e barato”.

Mas a grande surpresa desta edição da Expo X foi o trabalho selecionado para a Mostratec. Fugindo de tradi-ções, a estudante Thaís Paixão de Fran-ça, do 3º ano de Publicidade, mostrou que seu curso tem potencial para for-mar alunos capazes de dar asas a gran-des ideias. Com o projeto “Educomídia — Desenvolvimento Midiático de In-clusão Cultural e Educacional”, a aluna encantou os professores avaliadores devido ao viés social de sua proposta, que é criar uma rede colaborativa de voluntários da área de educação e arte com o intuito de levar conhecimento e diversidade cultural a regiões peri-féricas das cidades, disponibilizando, também, esses conteúdos em um por-tal para estarem acessíveis e gratuitos para qualquer pessoa.

“Os programas educacionais, cultu-rais e exposições são concentrados na área do Centro, da Zona Sul e da Bar-ra da Tijuca, e muita gente não tem condições financeiras ou tempo para ir a esses lugares. A minha iniciativa é de ajudar as pessoas a terem acesso a esses programas através das mídias e por voluntários, que se inscrevem no portal e a gente seleciona as áre-as onde eles podem atuar”, explicou Thaís, que contou como a ideia surgiu: “Fui ao evento Hack Day, no Centro, em um programa que ensinava ciência da computação para meninas, e vi que várias garotas eram de comunidade ou da Zona Sul. Só tinha eu da Zona Oes-te. Perguntei para as pessoas aqui se sabiam do evento. Ninguém conhecia e disseram que se soubessem, iriam. Então eu quero que essas coisas acon-teçam aqui”, ressaltou ela.

O professor Carlos Vinicius Nasci-mento, coordenador do ensino técni-co do CAEL, comentou a aprovação do projeto de Publicidade que, segundo ele, é algo inédito até o momento: “O

Expo X

curso de Publicidade nunca participou de uma avaliação da Febrace e Mostra-tec. É uma grande surpresa e, sem dúvi-da, gratificante. Esse projeto é relevante e muda esse conceito de que tem que ter protótipo para ganhar. A Thaís mostrou que não fez protótipo e levou”, observou.

A mostra de trabalhos finalistas da Febrace acontece entre 15 e 17 de março de 2016, em São Paulo, e a Mostratec no segundo semestre do próximo ano, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. ■

"Batalhamos muito

para descobrir

soluções e desenvolver

um projeto sustentável

e barato”

Page 21: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

21

Thaís, finalista da Mostratec, apresenta seu trabalho de

Publicidade aos avaliadores

Alunos de Publicidade montaram uma pequena sala de cinema

Thalya e Maressa apresentaram projeto sobre doação de sangue

Foto: Gian Cornachini

Foto: Pollyana LopesFoto: Pollyana Lopes

Page 22: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

22

FEUCTEC

Tecnologia Webno centro do debate

A 15ª FEUCTEC, semana acadêmica dos cursos de com-putação das FIC, foi realizada entre os dias 26 e 30 de outubro, e abordou nesta edição a “Tecnologia Web”.

Entre palestras, oficinas e workshops, os estudantes pude-ram ouvir de profissionais atuantes no mercado dicas e es-tratégias, além de terem contato com ferramentas diversas para produzir tecnologia para a internet.

Tratamento de Dados Geográficos com Banco de Dados

Ocasionalmente você abre um site de determinada mar-ca, empresa ou instituição, para saber onde encontrar ende-reços físicos, e depara-se com um mapa interativo no qual

estão marcados os lugares que você procura. Essas informa-ções geográficas foram empregadas e manipuladas pelos programadores para servirem a determinados interesses da empresa. Foi a partir dessa necessidade que a palestra “Tratamento de Dados Geográficos com Banco de Dados”, ministrada pelo diretor de informática na empresa Rádio Melodia FM 97,5 e diretor executivo na Larsoft Informágica, Luciano de Almeida Reis, abriu a FEUCTEC.

Ele explicou, em linhas gerais, como funciona a linguagem dos programas que fazem esse tipo de trabalho e destacou o uso das informações geográficas em aplicativos para dispo-sitivos móveis do cotidiano, como Foursquare, Facebook e Google Maps: “O mercado para essa área de georreferencia-mento está crescendo muito no nível de interesse pela infor-mação geográfica como um adendo a um produto principal.

Por Gian Cornachini e Pollyana Lopes

Tiago apresentou a IoT e incitou os estudantes a

pensarem aplicações possíveis

Foto: Pollyana Lopes

Page 23: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

23

Estudantes de Bacharelado em

Sistemas de Informação e Licenciatura

em Computação se reúnem com

profissionais do mercado em evento

sobre programação para a internet

O meu conselho é que programadores, da área de progra-mação ou área de dados, não precisam saber o conceito des-sas informações, mas devem saber o básico porque, se um cliente demandar, ele precisa estar preparado para fazer”.

Internet das Coisas

Já na palestra “Internet das Coisas: Integrando o mun-do digital e físico”, o professor da UFRRJ e doutorando em Informática pela UFRJ Tiago Cruz de França falou sobre os desafios e possibilidades de conectar os objetos físicos ao ambiente virtual: “Tudo pode estar conectado. Sua imagi-nação sobre as possibilidades é o que define o limite”, co-mentou ele, explicando que a grande expectativa em torno do tema e as inúmeras possibilidades são alguns dos desa-fios da Internet of Things (IoT — sigla em inglês para “In-ternet das Coisas”): “Antes de pensar no volume de dados, quantidade de dispositivos, ainda falta criar mais aplica-ções concretas. Vocês aqui têm alguma ideia de aplicação? Como seria a interface?” provocou.

Tiago também comentou sobre as dificuldades técnicas envolvendo IoT: “Os desafios vão desde o nível técnico, o desenvolvimento de hardwares para diferentes aplicações, passam pela comunicação, quanto mais objetos diferentes você quiser conectar, mais protocolos de interconexão vão existir. São muitos dispositivos com poucos recursos com-putacionais, um chuveiro, por exemplo, entre outros”.

Dicas para uma carreira de sucesso

Representante de uma das empresas mais prestigiadas na área de tecnologia, Wellington Agapto, Most Valuable Professional (MVP) na Microsoft — profissional ‘expert’ em determinada área da Microsoft, no caso, no Office 365 —, veio à FEUC para compartilhar dicas de como se tornar um profissional de TI de sucesso.

Em linhas gerais, ele explicou alguns passos para o êxito no trabalho: “O sucesso é relativo, e você precisa identifi-car o que te satisfaz, saber onde quer chegar e cumprir as

metas. Trabalhar em equipe, ser autoditada e colaborativo são habilidades mínimas e essenciais. Não procrastinar, fa-zer um planejamento de carreira e aceitar novos desafios, que significam trazer novidades para a sua vida, e fugir dos ladrões de motivação”, disse. Sobre os ladrões de motivação, Wellington esclareceu: “São aquelas pessoas que insistem que você não é capaz, dizem que outras pessoas tentaram e não conseguiram. Elas são negativistas”.

Wellington também apontou que a área de TI é muito di-nâmica, e por isso as dicas são muito bem-vindas para focar em uma carreira promissora: “O mercado espera que o profis-sional tenha todas essas habilidades e uma visão do que a em-presa entrega para o mercado. Tem que entender do negócio e agregar valor à organização como um todo, não sendo limita-do a conhecer apenas a tecnologia ou produto”, recomendou.

Wellington Agapto, da Microsoft, falou sobre êxito em T.I.

Foto: Gian Cornachini

Page 24: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

24

Linguagem cinematográfica

Uma das oficinas mais procurados foi a de “Cinema e Animação – Linguagem Cinematográfica na Realização de Curtas-metragens Animados”, oferecida por Bruno Nasci-mento, mestre e doutorando em informática pela UFRJ e professor das FIC. Na atividade, Bruno explicou, entre outras coisas, que animação é movimento, e que essa ideia é an-terior aos programas/softwares modernos. Para exemplifi-car, ele apresentou e orientou os estudantes a fazerem uma dobradinha — técnica que utiliza apenas papel e caneta, ou lápis. “A animação já era utilizada muitos anos atrás. Quan-do você queria registrar alguma coisa que aconteceu com movimento, utilizava-se animação, obviamente, a partir dos meios tecnológicos da época. Por exemplo, o homem das cavernas utilizava animação quando desenhava, quadro a quadro, determinadas cenas que narravam uma história”.

Em um segundo momento, Bruno estimulou os estudan-tes a pensarem outras aplicações para a animação, e tam-bém apresentou os comandos básicos do programa Muan, Manipulador Universal de Animações, que é gratuito e pode ser baixado no site www.muan.org.br. “Eu estimulo vocês a pensarem em uma sala de aula, por exemplo, porque esse

software e essas técnicas não servem apenas para cinema ou entretenimento. Elas também podem ser utilizadas em outros espaços, com outros propósitos, e um deles é a sala de aula. A animação é um processo criativo que envolve pes-soas, é um processo social”, encorajou.

Criação de sites com o Materialize Tiago Luiz Ribeiro, desenvolvedor e designer gráfico na

Somar Comunicação, ministrou um workshop sobre cons-trução de sites de forma rápida e prática. O objetivo, com a atividade, foi mostrar possibilidades de agilizar a criação de páginas na internet com o auxílio de tecnologias prontas, como o framework.

“Framework é quando uma pessoa de Deus acorda e re-solve ajudar vidas no mundo. Ela cria regras no HTML, no CSS e compartilha com você”, explicou Tiago. “Se você leva três dias para fazer um site, você vai levar três horas”, com-pletou ele, destacando que o indicado hoje é pensar um site primeiramente para dispositivos móveis: “As pessoas passam mais tempo no celular do que no computador. E se você apresentar um layout com a cara do que o Google faz, você está no caminho do sucesso. Por isso estou aqui

FEUCTEC

Estudantes produziram, em pequenos grupos, dobradinhas: técnica de animação feita a mão

Foto: Pollyana Lopes

Page 25: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

25

ensinando o conceito do Materialize”.O Materialize (http://materializecss.com) é um fra-

mework baseado no que há de mais recente em termos de design para smartphones desenvolvido pelo Google — o Material Design. É possível copiar códigos prontos para inserir na página que você pretende criar. Assim, segundo Tiago, ela terá um layout responsivo (que se adapta às dife-rentes resoluções das telas) e moderno. Porém, é necessário ter conhecimentos de programação para realizar a tarefa.

Sábado de arte

Para encerrar a semana de tecnologia das FIC, no sábado, dia 31, aconteceu o Arte Total — evento da área de criação que contou com a participação de profissionais de altíssimo nível na área de marketing, fotografia, design, além de oficinas de tatuagem, escultura, desenho, silk, pintura, violão e VFX.

Nas palestras, temas e perguntas diversas como os efeitos da crise no mercado e a importância de cultivar o networking. Fernando Mendonça, da Combo Estúdio, vê o momento de aperto econômico que o Brasil passa como uma maneira de inovar: “A gente está bem melhor do que estivemos tempos atrás. E uma característica interessante do brasileiro é a cria-

tividade. Diante de um problema, temos que criar uma alter-nativa diferente de trabalho. A gente usa um aspecto negativo para aprender com ele”, ressaltou Fernando.

á o dublador Lucas Gama, também da Combo Estúdio, chamou a atenção para criar uma rede de contatos e cultivá-la de maneira sincera: “Acho que você não precisa criar um personagem. Você pode ser você mesmo, só não pode ser aquela pessoa que não passa verdade, porque a pior coisa é forçar a barra”, afirmou.

Coordenador avalia FEUCTEC

O professor Rodrigo Neves, coordenador dos cursos de computação da FEUC, comparou a edição deste ano da FEUCTEC com a anterior (em que foi abordada a temática dos jogos eletrônicos), e ressaltou ser um evento proposital-mente voltado para quem é mais avançado na área de T.I.: “É um tema bem técnico, menos aberto ao público e mais voltado para os alunos complementarem a formação. Foi uma maneira de trazer profissionais externos para que os estudantes pudessem ter contato com ferramentas atuais do mercado de desenvolvimento web, que é uma área que tem absorvido muita gente”, destacou Rodrigo. ■

Tiago Luiz Ribeiro coordenou oficina de criação de site

Arte Total reuniu convidados de diferentes áreas de criação

Foto: Gian Cornachini

Foto: Gian Cornachini

Page 26: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

26

'No Pibid eu descobri o queeu queria fazer da minha vida'

Pibid

É de Raissa Lima a fala que dá título a esta matéria. As palavras foram pronunciadas no lançamento do

CD produzido pelo subprojeto de Le-tras, com gravações das crianças da Escola Municipal Euclides da Cunha, em Guaratiba, lendo textos clássicos. Depois de um ano inteiro de ativida-des desenvolvidas nas escolas públicas da região, os subprojetos de História, Ciências Sociais e Letras do Pibid pro-moveram em novembro eventos para apresentar à comunidade os resul-tados das atividades. O Pibid Letras reuniu toda a comunidade escolar em torno de uma grande cerimônia, já os estudantes das escolas estaduais Irineu

José Ferreira e Fernando Antônio Raja Gabaglia lotaram o auditório da FEUC para debater a questão de gênero jun-to de bolsistas, coordenadores e super-visores dos subprojetos de Ciências So-ciais e História. Em agosto, os bolsistas de Geografia já haviam apresentado, no Centro Interescolar Miécimo da Sil-va, os documentários realizados com os estudantes de lá em seu subprojeto.

II Pibid em Movimento

O debate “Violações e violência de gênero: processo histórico e resistên-cias” contou com a participação da professora do curso de História Marcia Vasconcellos e a advogada, assisten-te social, teóloga e pastora da Igreja

Metodista Rute Noemi da Silva Souza. Mas o destaque da conversa foi a ma-dura participação dos estudantes, que fizeram intervenções com falas empo-deradas, contaram vivências particula-res e casos de violências sofridas.

Marcia buscou mostrar, em sua fala, que o machismo que perpassa as rela-ções sociais atualmente é herança dire-ta do sistema patriarcal, que colocava apenas os homens como autoridade legítima das famílias. Para isso, ela apre-sentou casos de mulheres que, duran-te o período da escravidão no Brasil, romperam essa mentalidade. Entre os casos documentados que a professora apresentou destacam-se o da mulher branca, oriunda de um grupo da elite, que geria o patrimônio da família, mes-

A fala emocionada de uma das bolsistas do Pibid Letras demonstra um

pouco a importância do Programa de Iniciação à Docência

Por Pollyana Lopes

Auditório lotado durante um dos debates da segunda edição do Pibid em Movimento

Foto: Pollyana Lopes

Page 27: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

27

mo com a repreensão dos filhos; e o das negras escravas que, com trabalho lícito de venda de tabuleiros, compravam a li-berdade e se tornavam arrimos de famí-lia, com posses registradas e casamen-tos em regime de separação de bens.

“O que eu quero mostrar para você é que as mulheres sempre resistiram ao patriarcalismo. Não eram todas as mu-lheres ricas que viviam sob a égide dos maridos, e as mulheres negras escravas utilizavam meios lícitos, e não apenas o roubo e a prostituição, para compra-rem a própria liberdade e se tornarem pessoas autônomas”, explicou Marcia.

Já Rute Noemi da Silva Souza utili-zou sua formação multidisciplinar para instigar os estudantes a pensarem o quanto são atingidos, cotidianamen-te, por diversas formas de violência, e como também podem ser reproduto-res dessa lógica. Ela utilizou a definição de palavras como violência, gênero, agressividade, machismo e espirituali-dade para levar os estudantes a refle-xões e atuação por uma cultura de paz.

“Como eu faço para ter essa cultu-ra de paz? Primeiro você precisa ficar inquieta, inquieto com tudo isso que está sendo dito para você. Para meni-nas: não tenham medo de namorado! Não tenham medo de usar a roupa que

vocês usam, porque a culpa do estupro não é da sua roupa, a culpa do estupro é do estuprador. Ele que está pratican-do um crime. E, olha, eu sou uma pas-tora. A gente tem que se libertar dessas amarras que fazem com que a gente só reforce a violência”, reiterou Rute.

Depois da longa apresentação das palestrantes, os estudantes ocuparam o microfone com questionamentos e proposições. A colocação de mulheres transgênero no mercado de trabalho; gordofobia na escola; o papel da mulher negra na sociedade, ainda mais margi-nalizado que das mulheres brancas, e a fetichização por elas sofridas; a violên-cia sofrida por homens pobres, que re-produzem essa lógica, foram alguns dos temas trazidos pelos alunos, junto de exemplos e experiências pessoais.

“O discurso do feminismo é impor-tante para todas, mas é mais impor-tante para as mulheres negras como eu. Quando eu vejo feministas como Clarice Falcão e Emma Watson rece-bendo total apoio da população porque batem na tecla do feminismo, eu repa-ro que o que elas falam já foi dito por pessoas negras há muito mais tempo. As blogueiras negras, Malcon X, Martin Luther King, os Panteras Negras, todos figuras negras que estão batendo na

tecla do machismo e da opressão mui-to antes de Clarice Falcão e afins. Mas ainda assim, porque ela é branca, bo-nita, classe média, tem toda a atenção da sociedade. Legal, mas pessoas da minha cor estão morrendo muito mais do que pessoas da cor dela”, provocou Marcele Lopes, estudante do 3°ano do Colégio Estadual Irineu José Ferreira.

Clássicos da literatura paraquem não pode ler

No subprojeto de Letras do Pibid FIC, os bolsistas promovem oficinas de leitura com estudantes do primeiro segmento da Escola Municipal Euclides da Cunha, em Guratiba. O objetivo é desenvolver a capacidade de interpreta-ção e compreensão na leitura, o que já é uma causa nobre, mas os exercícios são gravados e o produto dos áudios tam-bém tem finalidade generosa: CDs com as gravações serão distribuídos para es-colas e institutos que orientam cegos.

No evento de lançamento do volume I do audiolivro “No caminho das Letras”, o pátio da escola recebeu bolsistas, estu-dantes, pais e professores. Foi com grande alegria e orgulho que todo o grupo apre-sentou o resultado dos trabalhos desen-

Rute Noemi: pastora ressaltou a necessidade de se

quebrar o ciclo da violência

Foto: Pollyana Lopes

Page 28: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

28

volvidos dentro da escola desde março deste ano. Foram oficinas diárias, com leituras de textos clássicos de domínio pú-blico, que incluíam autores como Casimi-ro de Abreu, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, além do poeta per-nambucano, radicado em Campo Grande e frequentador das atividades da FEUC nos últimos anos de vida, Primitivo Paes.

Dentre os alunos mais assíduos nas oficinas está Ingryd Estefane Ferreira de Campos, de 11 anos. A estudante do 6°ano estava acompanhada da mãe, Gleicy Ellen Ferreira de Jesus, no lançamento do au-diolivro. “Ela agora está bem melhor, pe-

gando mais livros para ler na biblioteca e também na igreja. E na leitura, em vista do que ela era, está bem melhor”, conta a mãe, que acrescenta que o desenvolvi-mento de Ingryd ultrapassa a leitura: “Ela também está até se expressando melhor. Às vezes, conversando, ela consegue en-caixar melhor algumas palavras, se ex-pressar melhor”, conta.

Elo entre os graduandos e os estudan-tes, as professoras supervisoras perce-beram os resultados dos trabalhos para além das leituras que eram gravadas, como comentou Joice Mara Gonçalves de Souza, uma das supervisoras. “Foi

muito bom ver os alunos participando das oficinas e melhorando o desempe-nho nas outras matérias, se prontificando para fazer as leituras”, disse.

O progresso e o crescimento inte-lectual também afeta os bolsistas que, depois de uma série de orientações e discussões internas em coletivo para preparar as oficinas, encontram na escola espaço para o exercício da do-cência. Joyce Silva dos Santos, do 6º período, está no projeto desde o início, ainda no segundo semestre de 2014. Ela conta como amadureceu sua atuação enquanto professora no programa: “O

Os professores Erivelto e Arlene palestram em evento

do subprojeto de Letras

Pibid

Foto: Pollyana Lopes

Page 29: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

29

crescimento que eu pude obter a partir das pesquisas e do trabalho diretamente com eles foi espetacular. Nós desenvol-vemos pesquisa na área de letramento, relacionadas à produção do audiolivro e, principalmente, nós desenvolvemos essa prática pedagógica que é o que a gente mais estuda, a mediação literária”.

As possibilidades enriquecedoras do programa também foram colocadas por outros bolsistas em declarações emo-cionadas. Isadora Lins contou que foi chamada de professora, pela primeira vez, no projeto; Andreia da Silva Neto Passos falou sobre a relação entre teoria

e prática que o Pibid possibilita; e numa das falas mais comoventes, que dá título a esta matéria, Raissa Caroline da Silva Lima contou que se descobriu na profis-são: “Eu entrei no projeto esse ano e não esperava que seria uma experiência tão maravilhosa. Fiz amigos e cresci como ser humano. Eu vou sentir muita sauda-de, porque antes do projeto eu não sabia que eu queria ser professora e foi uma experiência maravilhosa, porque no Pi-bid eu descobri o que eu queria fazer da minha vida”, contou, entre um soluço e outro, a estudante.

Como a atividade foi realizada du-

rante o dia, os estudantes do EJA (Edu-cação de Jovens e Adultos) participan-tes não puderam estar presentes, pois só frequentam a escola à noite. Vendo a quase decepção deles, a bolsista Flávia Daiana, do 6º período de Literaturas, não pensou duas vezes: providenciou para o horário noturno uma cerimô-nia quase igual, com entrega de certi-ficados e muita emoção. “È bacana ver nossos bolsistas tomando iniciativas e acolhendo os alunos como um verda-deiro educador deve fazer”, comentou a professora Arlene Figueira, coorde-nadora do subprojeto de Letras. ■

Alunos da escola Euclidesda Cunha no lançamento do

CD "Caminho das Letras"

Foto: Pollyana Lopes

Page 30: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

30

Premiado

Projeto de monografia de aluno das FIC ganha edital de financiamento

Fernando da Silva Peres terminou o quarto período do curso de Geografia nas FIC e recebeu uma ótima notí-cia para começar 2016 com o pé direito e muito traba-

lho: seu projeto de monografia foi contemplado pelo edital do Comitê Guandu e receberá um financiamento para ser executado no decorrer do próximo ano. Assim que soube da oportunidade de se inscrever no edital, o estudante procurou a orientação do professor Alexandre José Almeida Teixeira, que prontamente atendeu a demanda. Eles prepararam, jun-tos, o projeto “Análise Espaço-temporal da Bacia Hidrográfica do Rio Mazomba através do geoprocessamento”.

“Nós elaboramos um projeto cujo objetivo é fazer o ma-peamento de uma sub-bacia hidrográfica do Rio Guandu, que é o Rio Mazomba. A ideia do projeto é, através do uso de imagem de satélites antigas e recentes, fazer um estudo temporal, ao longo de vários anos, de como essa paisagem foi se transformando ao longo desse tempo”, explica o professor.

A FEUC foi a única universidade particular contemplada pelo edital, e ficará a cargo do orientador a gestão do dinhei-ro do projeto, que poderá ser utilizado para locação de equi-pamentos, compra de dados, mapas, contratação de serviços para atividades de campo, combustível, inscrição e viagens a congressos etc. “São custos às vezes elevados que podem im-pedir o aluno de fazer a monografia”, exemplifica Alexandre.

Para concorrer no processo era necessário que as propos-tas estivessem relacionadas à gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente das Bacias Hidrográficas dos Rios Guan-du, Guarda e Guandu Mirim. Dentre as várias possibilida-des, Fernando explica por que eles decidiram pesquisar o Rio

Mazomba, um afluente do Guandu:“A escolha do Rio Mazomba é porque ele está próximo,

ele é um rio que faz parte do lazer de muitas pessoas da-qui, principalmente nessa época de verão. É uma área de lazer muito explorada na Zona Oeste, é de fácil acesso até um bom trecho. E também porque é um rio que tem uma grande importância, ele é responsável pelo abastecimento de água potável de boa parte da cidade de Itaguaí”, disse.

Enquanto o professor, que aguarda a convocação para a primeira reunião em janeiro, espera que o trabalho de Fer-nando seja um incentivo aos outros estudantes, o aluno re-força a necessidade de iniciativa e ressalta a qualificação dos mestres: “Os professores estão aí para ajudar, para montar o projeto, para orientar. A gente tem que mostrar para a gale-ra que é possível, porque a coisa acaba acontecendo, já que a gente tem qualidade”. ■

A proposta de trabalho de

pesquisa sobre o Rio Mazomba,

concebida por aluno e professor

do curso de Geografia, receberá

verba para ser executado

Foto: Gian Cornachini

O professor Alexandre e seu aluno Fernando: projeto premiado

Por Pollyana Lopes

Page 31: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

31

Capa

Sempreem frente!

Com a habitual dedicação de seus professores e o compromisso

dos alunos, as FIC seguem com desempenho em alta no Enade

2014: dois cursos receberam nota 4 e os demais ficaram com 3

O Ministério da Educação (MEC) divulgou fi-nalmente o resultado do Enade 2014, e as FIC confirmaram sua melhora no Índice

Geral de Cursos (IGC) – a nota média de todas as suas graduações – passando de 2,278 em 2011 para 2,702 em 2014. Portanto, um Conceito Enade 3 já muito próximo de um 4! Individualmente, nossos cursos também alcançaram excelentes resultados, com Ciências Sociais confirmando o 4 que já tinha e História também passando para este patamar. To-dos os demais cursos ficaram com nota 3, também elevando o fluxo contínuo do Conceito Preliminar

de Curso (CPC) na direção da nota 4 (a exceção foi Licenciatura em Computação, que caiu de 4 para 3, mas mantendo o CPC Contínuo bem perto de 4).

Para o coordenador Acadêmico da instituição, professor Valdemar Ferreira da Silva, os resulta-dos coroam os esforços de toda a comunidade acadêmica: “Nos últimos tempos nós refizemos nosso Projeto Pedagógico, cumprimos e fomos além de todas as exigências feitas nas últimas visi-tas do MEC e passamos a trabalhar o Enade como componente curricular com os alunos, como de-termina o MEC. E nossos graduandos correspon-deram a esses esforços e foram muito bem nas provas”, elogia o coordenador.

Por Tania Neves

31

Page 32: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

32

AVALIAÇÃO DOS CURSOS DAS FIC NO ENADE DE 2014 CURSO CPC CONTÍNUO CONCEITO Ciências Sociais 3,470 4

Computação 2,814 3

Geografia 2,747 3

História 2,975 4

Português/Inglês 2,790 3

Português/Literaturas 2,882 3

Português/Espanhol 2,645 3

Matemática 2,446 3

Pedagogia 2,777 3

Sistemas de Informação 2,161 3

Capa

O curso de Ciências Sociais, que já havia al-cançado a nota 4 no Enade de 2011, manteve o mesmo conceito, mas subiu um pouquinho mais na nota contínua do CPC, passando de 3,318 para 3,470. “Estamos a caminho do conceito 5, e é para isso que trabalhamos. Embora seja muito difícil para uma instituição particular alcançar a nota máxima, devido aos critérios oficiais de cálculo adotados, o que temos feito aqui – instituição, professores e alunos – é digno do conceito máxi-mo, sim”, avalia a professora Célia Neves, coorde-nadora do curso de Ciências Sociais.

A dificuldade a que a professora se refere tem a ver com o peso dado pela avaliação do MEC ao percentual de mestres e doutores e de professores com dedicação exclusiva na composição da nota (30% do componente da nota final têm a ver com isso). As universidades públicas conseguem ter alto percentual de doutores e de professores com dedi-cação exclusiva, mas para acompanhar isso as par-ticulares teriam que elevar as mensalidades a valo-res incompatíveis com o poder aquisitivo da maior parte de seu público. As FIC, dentro da realidade de suas receitas, estão entre as particulares com maior percentual de mestres e doutores em seu quadro de professores, e buscam alocar esses espe-cialistas de forma a atender todos os seus cursos, focando na elevação da qualidade dos mesmos.

História é a outra de nossas graduações com nota 4: passou de 2,944 em 2011 para 2,975 em 2014. A

coordenadora do curso, professora Vivian Zampa, também destaca a dedicação dos professores e o compromisso assumido pelas turmas que se subme-teram ao Enade 2014: “Foi um trabalho realmente de equipe, por isso esse sucesso é de todos nós”, disse.

Integrantes do grupo que fez as provas de His-tória no Enade em 2014, Marcus Vinícius Bezerra de Almeida, João Carlos Diniz, Leonardo Dias e Artur José da Silva se reencontraram na pós-gra-duação em História Social e Cultural do Brasil, aqui na FEUC. Eles confirmam que levaram muito a sé-rio a participação no Enade, mas esperavam uma prova mais calcada em historiografia e menos em didática, como acabou sendo. Luana Alencar, que também fez a prova, teve a mesma impressão, e acrescenta que a didática cobrada na prova foi muito mais voltada para legislação e menos para a prática de sala de aula. “A História na FEUC é muito boa, o curso não perde em nada para os melhores que existem por aí”, completou Leonardo.

Já Patrick Silva dos Santos, que fez a prova de Ci-ências Sociais, afirma que esperava algo bem mais difícil. O estudante, que atualmente cursa o mes-trado em Sociologia na UFF, conta que na seleção para a pós-graduação pôde confirmar o quanto o conteúdo de seu curso foi especial: “Fui o primeiro egresso de faculdade particular a conquistar uma vaga no mestrado em Sociologia da UFF. Nas aulas, vejo que os colegas de outras faculdades públicas sequer chegaram a ter o conteúdo que eu tive”.

Cursos cada vez melhores, pelo MEC

Fonte: INEP

Page 33: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

33

PARÂMETROS DE CONVERSÃO DO CPC CONTÍNUO EM CONCEITO CPC CONTÍNUO CONCEITO De 0 a 0,945 1

De 0,945 a 1,945 2

De 1,945 a 2,945 3

De 2,945 a 3,945 4

De 3,945 a 5 5

PESO DAS DIMENSÕES E COMPONENTES DO CPC

DIMENSÃO COMPONENTES PESOS

Desempenho dos Estudantes

Nota dos Concluintes no Enade 20,0%55,0%Nota do Indicador da Diferença entre os

Desempenhos Observado e Esperado35,0%

Corpo Docente

Nota de Proporção de Mestres 7,5%

30,0%Nota de proporção de Doutores 15,0%

Nota de Regime de Trabalho 7,5%

Percepção Discente sobre as Condições do Processo Formativoo

Nota referente à organização didático-pedagógica 7,5%

15,0%Nota referente à infraestrutura e instalações físicas 5,0%

Nota referente às oportunidades de ampliação da formação acadêmica e profissional

2,5%

Grupo de ex-alunos de História entre as professoras Vivian Zampa e Nathália Faria

Foto: Gian Cornachini

Fonte: INEP

Page 34: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

34

Entendendo o Enade, CPC, IGC...

Capa

O professor Valdemar explica que o Conceito Ena-de é um indicador de qualidade da educação supe-rior que avalia o desempenho dos estudantes a partir dos resultados obtidos no Enade. Já o Índice Geral de Cursos (IGC) é uma média ponderada envolvendo as notas contínuas dos Conceitos Preliminares de Cur-sos (CPCs). Todas essas notas e conceitos são compa-rativos entre todos os cursos e instituições avaliados. Portanto, ainda que uma instituição e seus cursos melhorem seus próprios resultados com relação a anos anteriores, elas também precisam superar os resultados de outras instituições para efetivamente subirem nas avaliações. O que significa que as FIC melhoram internamente e no cenário geral.

Desde o começo do ano de 2014, coordenadores e professores iniciaram um trabalho intensivo para preparar os alunos para a avaliação. A maioria dos cursos abriu disciplinas específicas para tratar do

Enade como componente curricular obrigatório, com aulões de revisão de conteúdos e aplicação de provas simuladas. O curso de Matemática chegou a lançar, no YouTube, o canal FEUCMAT, onde eram postados vídeos com a resolução comentada de questões de provas anteriores.

Os professores também orientaram os alunos sobre as dúvidas mais frequentes no preenchimen-to do questionário, o que em anos anteriores havia se mostrado um ponto problemático, já que muitas vezes o enunciado das perguntas deixa os alunos em dúvida quanto à resposta que deve ser dada. “Se o aluno não tem o hábito de usar os laboratórios de informática ou de seus cursos específicos, por exem-plo, pode erradamente responder no questionário que a instituição não disponibiliza esses ambientes”, exemplificou a professora Arlene Figueira, coorde-nadora de Letras e diretora de Ensino da FEUC. O

Patrick e a professora Célia: o aluno de Ciências Sociais exalta

o forte conteúdo do curso

Foto: Gian Cornachini

Page 35: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

35

professor Alzir Fourny Marinhos, coordenador do curso de Matemática, é um dos que não dispensa as aulas mais interativas no laboratório, o que dá mais “realidade” aos estudos de Matemática.

E a atenção da instituição com a avaliação do MEC se refletiu ainda na logística montada para facilitar a ida dos alunos aos locais de prova: a FEUC provi-denciou 18 ônibus para levá-los aos endereços na Ilha do Governador, Centro, Copacabana e Tijuca. E um grupo de professores e funcionários os acompa-nhou, dando total apoio. O resultado foi que a qua-se totalidade dos inscritos fez a prova, o que torna a avaliação das FIC verdadeiramente ampla.

Uma vez que a prova do Enade é considerada um componente curricular obrigatório dos cursos no ano em que é realizada, estão obrigadas a fazê-la os formandos do semestre em que a prova é aplicada e também os do semestre seguinte. Caso não o faça, o aluno não poderá colar grau ao fim do curso. E terá que se inscrever novamente no ano seguinte, como aluno irregular, solicitando dispensa e apresentan-do algum documento oficial (atestado médico, bo-letim de ocorrência policial etc.) que justifique por

que faltou à prova. Somente após obter a dispensa é que ele poderá colar grau e obter o diploma.

Na reunião em que apresentou aos coordenado-res o resultado do Enade 2014, o professor Valdemar frisou que a elevação dos CPCs dos cursos evidenciam a ampliação do nível de conhecimento dos alunos e reflete o trabalho realizado pela instituição e os pro-fessores. “Vocês conseguiram sensibilizar os alunos para a importância de fazer um bom Enade, de se empenhar em mostrar no preenchimento do ques-tionário e nas provas o que de fato a instituição tem e oferece”, disse Valdemar. E chamou a atenção para a necessidade de se começar logo a preparação da comunidade acadêmica para a próxima avaliação: “É importante lembrar que os dados referentes ao nos-so próximo ano letivo, de 2016, é que serão utilizados para alimentar os insumos do Enade 2017”, salientou.

Pelas regras do MEC, terão que se submeter ao Enade 2017 os alunos que se formam no fim da-quele ano e no primeiro semestre de 2018 – por-tanto, os alunos de licenciaturas que em 2016.1 es-tarão no 3º e 4º períodos e os de bacharelado que estarão no 4º e 5º períodos. ■

Professor Alzir e os alunos Ana Carla Pimentel e Rubens Caio no

laboratório de Matemática

Foto: Gian Cornachini

Page 36: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

36

Mais uma semana de debates, oficinas e apresentação de trabalhos agitou as FIC em setembro. O 17º Encontro de História

teve como tema “Os excluídos da História: À mar-gem da Sociedade e da História” e contou com pa-lestras sobre intolerância religiosa, a questão indí-gena, movimentos sociais do campo, mulheres e as UPPs nas favelas cariocas. O evento contou ainda com apresentações musical e teatral desenvolvidas pelos próprios estudantes, ambas com a finalidade de também contar uma história oculta.

A coordenadora do curso e uma das organiza-doras do evento, Vivian Zampa, destaca a relevân-cia do assunto que liga os debates: “A gente sabe que o sujeito da história deve ser o mais plural e diversificado possível, e isso é fazer uma his-tória comprometida com a sociedade. Para esse encontro nós resolvemos trazes essas figuras que muitas vezes nem estão nos livros didáticos ou, se estão, têm suas questões simplificadas”.

Intolerância religiosa

Logo na palestra de abertura, na parte da ma-nhã, o professor Janderson Bax Carneiro trouxe à tona a intolerância religiosa sofrida por adeptos de religiões de matrizes africanas. Em sua fala in-titulada “As faces da intolerância religiosa no Bra-sil Contemporâneo: considerações em torno da perseguição às religiões de matrizes africanas”, o

professor explicou que “A história pensa sobre os problemas do presente à luz do passado, e como o Ocidente é marcado pela perseguição ao pensa-mento diferente, a inquisição é um exemplo, nós vamos falar de um tipo de perseguição que não tem um aparato institucional, mas que sobrevive em uma sociedade que se pretende democrática”.

Escravidão indígena

Outro tema que suscitou a participação dos estudantes com muitas perguntas foi a palestra “De Tibiriçá à Martim Afonso de Sousa. A nobre-za indígena nos Campos de Piratininga”, profe-rida pela professora da UNIABEU e doutoranda pela UFRJ, Silvana Godoi. Ela explicou que a es-cravidão indígena não era permitida, de acordo com as leis da metrópole, Portugal, mas que, mesmo assim, os testamentos dos colonos con-tinham uma série de indicações sobre os índios que podiam ser posse, ou o reconhecimento de filhos bastardos: “Em uma sociedade na qual o além é mais importante que a vida, é preciso sal-var a alma dos pecados terrenos. O testamento era o momento de fazer um acerto de contas com Deus, no qual você revela aquilo do passa-do que ficou mal resolvido”, contou a professora, acrescentando: “A gente percebe que, apesar da ideia de superioridade dos colonos sobre os indí-genas marcar os lugares sociais dos membros da sociedade paulista colonial, assim como a explo-ração da mão de obra, isso não impediu a ocor-

Com palestras e arte, ahistória dos excluídos

Evento acadêmico

XVII Encontro de História abordou personagens e momentos

que tradicionalmente não são foco de discussão nas escolas

Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

Page 37: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

37

rência de relacionamentos econômicos, afetivos e sexuais entre colonos e indígenas”.

Oficinas

Entre as oficinas realizadas, havia opções di-versas abordando temas como o conteúdo e a narrativa do diário de guerra de Anne Frank (com o professor Erivelto Reis), os sentidos sobre a co-lonização que transbordam das cartas do Padre Manuel da Nóbrega (com o egresso José Delfim) e os mortos vivos da história a partir de uma aná-lise do seriado “The Walking Dead” (com a pro-fessora Fabiana Júlio), entre outros. À frente de uma das oficinas mais concorridas, sobre o Diário de Anne Frank, Erivelto chamava a atenção so-bre como, ao verter um olhar histórico sobre os acontecimentos passados, vemos coisas que, no momento mesmo em que tudo transcorria, não era possível observar. Ele sugeriu aos estudantes que, se eles começassem a escrever todos os dias alguma coisa sobre sua vida acadêmica, ao ler isso no futuro se surpreenderiam ao ver que a ideali-zavam de um modo diferente do qual ela terá se concretizado, de fato.

“Por exemplo, vocês escreveriam lá: ‘de novo aula do Erivelto. Mais uma vez ele fala da importância de o aluno ter uma postura acadêmica. Que chato, não aguento mais’. Mas no final terminariam com: ‘Agora que estou às portas de me formar percebo a importância daquilo que o Erivelto sempre disse’”, completou o professor, divertindo a plateia.

Monografias: Lima Barreto, João Goulart e as Assembleias de Deus

O evento também contou com uma breve apre-sentação de pesquisas monográficas. Na noite do último encontro, os ex-alunos Luana Alencar, João Carlos Diniz e Leonardo Dias, formados no segun-do semestre de 2014, deram uma palinha ao públi-co das descobertas em seus trabalhos.

Luana estudou o modo como o escritor Lima Barreto (1881-1922) retratava as mulheres em sua obra. De acordo com licenciada em História, as diversas personagens femininas eram dotadas de poder de decisão, apesar do contexto histórico em que viviam: “Lima Barreto entende a mulher como atuante de sua história, podendo mudar seu próprio contexto social”, explicou ela.

O governo de João Goulart, que antecedeu a Ditadura Militar, foi objeto de estudos de João Carlos, que tentou abordar de maneira diferente o conceito de populismo frequentemente atribuído ao ex-presidente: “A gente vê muito falar que Gou-lart era considerado ignóbil, um idiota, sem senso político. Ao seu governo é usado o termo ‘popu-lismo’, que dá a entender que é algo pejorativo à massa, como se não soubessem escolher. Mas exis-te um pacto. A gente está lidando com pessoas”, contextualizou João Carlos. “Eu uso o termo ‘tra-balhismo’, porque a política de Goulart e de Vargas está muito ligada ao trabalhador, aos sindicatos”.

Para fechar a apresentação de monografias, Leonardo trouxe uma pesquisa sobre a relação

Com palestras e arte, ahistória dos excluídos

Page 38: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

38

entre as Assembleias de Deus a vitória do ex-pre-sidente Fernando Collor contra o então candida-to Lula em 1989. De acordo com Leonardo, Collor conseguiu forte adesão de evangélicos devido a boatos sobre uma suposta implantação do comu-nismo se Lula vencesse as eleições: “As pessoas de esquerda eram consideradas ateus e comunis-tas. Uma calúnia foi levantada, e a Assembleia de Deus divulgou no periódico ‘Mensageiro da Paz’ que Lula tiraria o direito de fazer culto, as igrejas seriam fechadas e transformadas em repartições públicas. Sem o voto das igrejas pentecostais, comprovadamente Collor não conseguiria se ele-ger”, afirmou Leonardo.

Música e arte para fechar o Encontro

Ainda na noite de encerramento, estudantes do 4º período entoaram uma canção compos-

ta pelo aluno Mateus dos Santos Costa exclusi-vamente para o evento. “Vozes aos excluídos” é uma belíssima letra sobre a tentativa de apagar a história de vítimas do racismo, da intolerância religiosa e cultural. A canção está disponível na internet, e você pode ouvi-la por meio do link http://migre.me/sptM0.

Uma belíssima apresentação teatral foi ence-nada para fechar o Encontro com chave de ouro. De autoria e direção de Ciro Gallo, pós-graduan-do em História Social e Cultural do Brasil nas FIC, a peça “Doces Lembranças”, com participação do Grupo Teatral MOA, reuniu musical, humor e muita emoção para narrar o período cultural da década de 1940 e a inserção da Força Expedicioná-ria Brasileira na II Guerra Mundial. Um dos per-sonagens principais representados no enredo foi o próprio pai de Ciro, ex-combatente na Guerra, homenageado na peça. ■

Evento acadêmico

João Carlos Diniz, Leonardo Dias e Luana Alencar apresentaram suas pesquisas monográficas

Peça teatral retratou o cenário cultural e de guerra dos anos 1940

Fotos: Gian Cornachini

Page 39: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

39

Eu comecei a estudar música a partir dos 11 anos de idade.

Hoje, aos 75, descubro que tenho muita coisa para aprender... Difícil é encontrar tempo e disposição, esses dois grandes nossos inimigos.

O estudo musical implica em aquisição de conhe-cimentos teóricos e exercícios práticos para aprimora-mento técnico do instrumento ao qual nos dedicamos. Na terceira idade, tais exercícios tendem a se tornar mais raros, seja por problemas nas articulações, cansa-ço físico e mental ou até por preguiça mesmo.

Mas, com o passar dos anos, vamos adquirindo expe-riência e aprendendo a conviver com essas deficiências.

E, por falar em experiência, uma das mais gratifican-tes é essa de poder trabalhar com um grupo de terceira idade aqui na UNATIL, onde, embora não tenha forma-ção em canto-coral, procuro passar um pouco do que aprendi para essas pessoas maravilhosas.

E qual é a importância da música na vida dessas pessoas? Eu acho que a música é importante e salutar

Primeirapessoa

Música na terceira idadeMaestro Enéas RomanoResponsável pelo Coral da UNATIL desde a sua criação

para o bem-estar na terceira idade. Não estou falan-do da musicoterapia, que é um procedimento médico usado no tratamento e prevenção de vários tipos de doenças. Refiro-me à atividade de cantar ou tocar al-gum tipo de instrumento. Eu acredito que os nossos ensaios podem ajudar a manter o nosso cérebro sau-dável, fazendo com que estejamos mais aptos e capa-zes para enfrentarmos o desafio do envelhecimento.

Por isso eu acho que a música tem, sim, um papel fun-damental na nossa faixa etária, pois proporciona, com toda certeza, bem-estar e melhor qualidade de vida.

Fotos: Gian Cornachini

Page 40: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

40

Jogos, números eaprendizados

Octobermática

Os alunos fazem quase tudo: organizam as pa-lestras, ministram oficinas, preparam mate-riais para serem apresentados nos estandes,

enchem bolas de ar e coordenam as presenças. A XXII Octobermática ofereceu aos estudantes de Ma-temática não apenas palestras com profissionais de renome e temas relevantes, mas também um exer-cício de protagonismo na própria formação.

Na divisão das tarefas, os afazeres são claros e envolvem os estudantes de todos as turmas: os mais experientes, do 7º período, definem o tema, delegam as funções e controlam a presença dos alunos; os estudantes do 6º período preparam e ministram oficinas; quem está no 5º período

fica incumbido de encenar uma peça teatral; e os demais são responsáveis pelos estandes. Com o trabalho partilhado, a participação e a presença de todos se torna ainda mais importante, como ressalta Ana Carla Pimentel de Albuquerque: “Nós, do 7º período, temos o privilégio de estar à frente organizando, mas isso é um trabalho em equipe que envolve todos, porque se um perío-do não compartilhar da mesma ideia, da mesma vontade, já não sai da mesma forma, não sai com aquele brilho”.

Pois foi com brilho e muita alegria que tudo transcorreu. O lúdico não esteve presente apenas nos temas, mas também na descontração dos pa-lestrantes e no trato entre alunos e professores, que se misturavam e se confundiam, todos com

Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

Grupo de Felipe Braga propôs jogo matemático de cartas

Foto: Gian Cornachini

Page 41: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

41

a camisa azul do evento deste ano. Um exemplo foi a professora Aline de Queiroz, que é formada em Tecnologia em Processamento de Dados e em Matemática, e dá aulas de Informática Educativa e Educação, Comunicação e Tecnologia. Interes-sada pelo tema, ela ouvia atentamente as expli-cações dos alunos sobre os jogos criados por eles: “Eu gosto muito de tudo o que tem a ver com jogo e Matemática, e acho muito interessante porque é esse tema que eu pesquiso no mestra-do. Eu criei um jogo de tabuleiro virtual chama-do ‘Avançando na Matemática’ – que tem foco nas operações multiplicativas – e apliquei aqui no CAEL. Você pode construir o conhecimento do aluno pelos jogos. O lúdico é prazeroso e é co-nhecimento!”, reforçou.

Palestras

O tema da palestra era sisudo, o nome da pales-trante inspirava respeito e seu currículo é de refe-rência, mas a descontração de Lúcia Maria Aversa Villela, professora na UERJ, demonstrou, assim como o tema do evento, que é possível aprender matemática com diversão. Em meio a trocadilhos como “a ordem dos tratores não altera o viaduto”, ela falou sobre “História da Educação Matemática na formação de um professor: para que serve?!”, na qual diferenciou a história da Matemática e a his-tória da educação matemática para apresentar aos futuros professores questões que problematizam o conteúdo que eles ensinarão em sala de aula.

Ela, que se define como Chacrinha – “o que eu quero é levantar questões, e não responder” – reforçou a necessidade de se pensar sobre a própria atuação a partir da história da Matemá-tica: “O que é história da Matemática e como nós

podemos utilizá-la? Apenas como alegoria, dando exemplos de tempos remotos, ou como curiosi-dade? Ou como mote de reflexões sobre a sua prática docente? Quem sabe, ainda, como dispa-radora para perceber o seu papel na profissão?”. A partir disso, ela explicou que “é importante efe-tuar um trabalho que atribua sentidos ao passado e ao presente, transformando esses materiais em reflexões sobre muitos aspectos”.

Matemática além do espaço físico da escola foi assunto central da palestra de Rafael Procópio, criador do canal de vídeos no YouTube “Matemá-tico Rio”, onde posta aulas divertidas e com a fi-nalidade de despertar o interesse do público pela área. Atualmente, o canal conta com cerca de 200 mil seguidores, e os passos para o sucesso foram revelados ao público da Octobermática. Segundo Rafael, o que conta em um canal educacional é o conteúdo: “Se você tem um conteúdo bom e atra-ente, o canal vai dar certo. Outra coisa é a consis-tência e a periodicidade das postagens”, atentou Rafael, que também deu dicas sobre técnicas de filmagem: “A primeira coisa é comprar um micro-fone, e não uma câmera. Você pode usar a câme-ra que tiver, mas áudio ruim cria incômodo e a galera vai sair do vídeo. Conforme o seu canal for crescendo, você vai investindo em equipamento”.

Mostra de trabalhos

A programação da XXII Octobermática mante-ve reservadas a manhã e a noite de um dia ex-clusivamente para os estudantes mostrarem, na prática, como é possível aprender brincando. Na apresentação de trabalhos nos estandes, turmas do 1º, 2º, 3º e 4º períodos exibiram os jogos que eles mesmos produziram. Teve versão fracionada

A XXII edição do evento mais

tradicional do curso de Matemática trouxe o

lúdico para o centro do debate sobre novas

metodologias no ensino da disciplina

Page 42: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

42

de sudoku, espécie de quebra-cabeça baseado na colocação lógica dos números; explicações sobre o sorobán, ábaco que funciona na base cinco; e até pegadinhas, como na mágica dos números, em que o participante mentaliza um número ale-atório, faz um determinado cálculo e o resultado da conta tem um símbolo que é adivinhado.

O estudante Felipe Braga, do 2º período, pro-pôs com seu grupo um jogo matemático de cartas com a finalidade de ajudar estudantes a assimilarem os conceitos da aritmética básica: “A gente trabalhou conhecimentos sobre adição com alunos do primeiro segmento pelo método da diversão, e foi uma experiência enriquecedo-ra, no sentindo de que eu, como futuro professor, aprendi mais um método de transmitir o conhe-cimento que eu adquiri”, destacou ele.

Já a aluna Caroline Santana Ferreira, do 4º pe-ríodo, levou com sua equipe tabuleiros de xadrez

e dama para extrair desafios e cálculos matemá-ticos desses jogos: “O tabuleiro é uma forma ge-ométrica dividida em outras formas geométricas. Cada peça se move de maneira diferente, e essas formas se relacionam com fórmulas matemáti-cas. Isso estimula o aluno e ele aprende a se con-centrar com o jogo e aplicar a matemática sem se dar conta”, notou ela.

Amanda Silva, estudante do 1º ano do técnico em Química do CAEL, visitou os estandes e participou de algumas brincadeiras: “Achei legal, raciocinei bastante. Sempre fui meio lerda para a Matemática, e aqui foi legal. São técnicas que podem ajudar”.

Professor do curso de Matemática das FIC, Le-andro Silva Dias explica que o debate sobre os jo-gos na Matemática é importante por dois motivos: “O tema é relevante porque na educação básica não basta para o aluno ter aula teórica de Mate-mática, ele tem que ter algo que tenha significado

Octobermática

Segundo Caroline Santana, os alunos aprendem matemática com o xadrez sem perceberem

Com diversão, Rafael Procópio ensina matemátia no YouTube

Fotos: Gian Cornachini

Page 43: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

43

para que ele aprenda as operações matemáticas de forma completa”, afirma o professor. “E para os alunos daqui é importante eles aprenderem sobre isso, porque eles vão ser futuros professores de Matemática, terão que lidar com essas dificul-dades e poderão criar os seus próprios jogos que tragam ganho na educação desse aluno”.

Teatro revelou ator inusitado

Como de costume, o público da Octobermáti-ca sempre pode contar com uma belíssima peça teatral encenada no encerramento do evento. Os estudantes do 5º período é que ficam responsá-veis por criar a história e dar um show de talen-tos. Este ano, a peça apresentada foi “A Liga da Justiça Matemática”, com um enredo marcado por super-heróis das operações matemáticas em busca da real identidade por trás do vilão

que roubou as tabuadas impressas – considera-das relíquias hoje em dia. Como o teatro já foi encenado, e no ano que vem uma nova história irá abrilhantar o palco do Auditório da FEUC, não considere a revelação como “spoiler”: Alzir Fourny, coordenador do curso, foi o culpado pelo sumiço das tabuadas! Estreando nos palcos, o querido professor se emocionou ao fim da peça e revelou a satisfação pelos estudantes darem a oportunidade de ele fazer algo novo em sua vida: “Estou com 63 anos e nunca fiz uma peça. Mas é um aprendizado. E quem proporcionou isso? Vocês, a Octobermática. Foi difícil me empenhar aqui na frente e decorar o texto. Mas vocês e todos que estão aqui vão ficar para sempre na minha mente. E sempre vou lembrar dessa opor-tunidade de participar desse momento. É o pri-meiro, e quero estar em todas as peças. Obrigado por tudo, a semana foi maravilhosa!” ■

Em sua primeira peça de teatro, professor Alzir, coordenador de

Matemática, estreou como vilão

Foto: Gian Cornachini

Page 44: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

44

DCE

Movimento estudantil mostra a que veioGrupo mantém diálogo com administração da FEUC e quer consolidar o movimento estudantil na instituição de ensino

Representantes do DCE com o ministro Aloízio Mercadante

Flávio está se formando e se preocupa com a continuidade do DCE

Estudantes participaram do debate sobre juventude negra

Foto: Pollyana Lopes

Foto: Pollyana LopesFoto: Arquivo Pessoal/DCE

Page 45: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

45

Movimento estudantil mostra a que veioGrupo mantém diálogo com administração da FEUC e quer consolidar o movimento estudantil na instituição de ensino

Desde que foi formado, o DCE da FEUC vem participando de diversos movimentos em defe-

sa da Educação, como o Congresso da UNE, realizado em Goiânia, de onde partiram em caravana para se mani-festar contra o projeto de redução da maioridade penal. “Foi um momento muito único para a gente, porque nós debatemos os rumos que a educação está tomando, falamos sobre o corte de verbas que a educação está sofren-do e tiramos qual seria a nossa pauta, nossa agenda de lutas”, explica Flávio Santana, presidente do DCE da FEUC.

Na ocasião, os estudantes foram recebidos pelo então ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, e defen-deram a manutenção do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). “A gente acredita que o PIBID, aqui na faculdade, é uma forma de assistência estudantil e isso comprova que o governo pode investir em assistência estudantil em universi-dade privadas. Essa é uma das nossas principais bandeiras”, ressalta.

Mas o DCE não está ligado apenas nas questões macro do movimento estudantil, e também fomenta ativi-dades e coletivos dentro da universi-dade. O grupo promoveu, em parceria com a União Estadual dos Estudantes, a roda de conversa “Juventude Negra e acesso à cidade”, que contou com a participação de estudantes de dife-rentes instituições, além dos alunos das FIC. O debate acalorado foi facili-tado pela educadora do Departamen-to Geral de Ações Socioeducativas

(Degase) Tania Mara Menezes e por TR, integrante do coletivo Embaixada Hip Hop da Cidade de Deus.

O evento foi o primeiro de um ci-clo de debates sobre o assunto, e se realizou aqui não por acaso. “O nosso primeiro encontro desta série aconte-ce aqui na Zona Oeste porque a juven-tude negra daqui é um dos principais alvos de ações que restringem o aces-so à cidade como, por exemplo, a reti-rada de linhas de ônibus que vão para a Zona Sul”, explica Flávio.

O tema era o acesso à cidade por parte dos jovens negros, mas a discus-são não se restringiu somente a este ponto, e percorreu assuntos como a redução da maioridade penal, a invisi-bilidade da mulher negra na socieda-de, políticas afirmativas, a formação de professores, o preconceito e a dis-criminação sofridos pelas religiões de matrizes africanas, entre outros.

A próxima atividade será mais um debate, desta vez sobre feminismo. Os próximos passos do grupo são fo-mentar grupos permanentes, como o feminista e um ligado à questão racial, além dos centros acadêmicos dos cursos. “O nosso principal obje-tivo nesse início é estruturar o movi-mento estudantil aqui na faculdade, fazer a cultura de movimento estu-dantil”, explica Flávio, que ressalta que o grupo tem tido boa receptivi-dade na FEUC: "A universidade tem sido muito receptiva com a gente. Nós decidimos ter esse diálogo por-que precisamos de conquistas, mas a gente vê que em outras universi-dades, principalmente nas privadas, não existe essa receptividade”. ■

Por Pollyana Lopes

Page 46: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

46

Artigo

Natácia Evilen Queiroz Araújo Graduanda do 6º período de Letras/Literaturas

e bolsista do Pibid/FIC

Era uma vez um menino chamado Masala. Ele era pretinho da cor do café. Ele se achava diferen-te porque os meninos de sua escola eram bran-quinhos da cor do leite. O cabelo de Masala era duro que nem água entrava, e os dos outros me-ninos eram molinhos que da água escorria.

Um dia, vó Antônia, sentada na sala, mostrava toda orgulhosa as fotos de família.

— Quem é essa gente toda vestindo esquisito, vó?Vó Antônia riu e pôs-se a explicar:— Essa gente pretinha e bonita é nossa família.

Todos de um país muito lindo na África: Guiné-Bissau. Sua velha vó aqui veio de lá, sabia?

Masala olhou... Olhou... Olhou...Até que o olho parou pra olhar um menino na

fotografia. O menino que ele via tinha seu tama-nho e era tão pretinho como ele, da cor do café. Masala o achou risonho e até parecido. Ele ficou curioso pra saber mais:

— Vó Antônia... E esse aqui?— Ah, meu brotinho... Esse? Esse é Masala,

meu irmão e seu tio-avô.Masala ficou mais abismado ainda: que diabo!

Como podia aquele menino tão pretinho da cor do café ser tão parecido com ele e ainda ter seu nome?

Vó Antônia, que não era boba, percebeu o es-tranhamento e os dois olhos arregalados do mo-leque, e começou a contar:

— Seu tio-avô foi um menino muito corajoso como você. Ele era da tribo Fula, toda nossa famí-lia veio de lá.

E continuou:

— A noite da África é a mais bonita do mundo, sabia? E veja bem que o mundo é bem grande! Os nossos dentes são brancos como as estrelas e nosso cabelo é forte como as árvores de nossa terra! Um dia, tivemos de sair de lá, viemos para o Brasil, e muitos de nós para outros países para que o nosso povo colorisse os outros povos.

— Igual no arco-íris, vó?— Sim, filho. Tem um bocadinho da tinta que

pintou nossa cor em cada pedacinho desse mun-dão. Tem fruta nossa, tem músicas, instrumen-tos, histórias, brincadeiras e muito mais! Até coi-sa que a gente nem imagina que é, é.

— Vó... Meu cabelo é forte igual de árvore?— Sim, filho.— Minha cor é cor da noite?— Sim, filho. É sim.— E meus dentes, vó? São as estrelas da minha

noite?— Sim, meu pequeno. E da minha noite também.

Seu sorriso “alumeia” que chega a arrepiar minha noite — disse vó Antônia, apontando pra pele.

— Vó...— Diga, meu pequeno...— A água que sai do olho da gente é igual à dos

brancos porque a gente chora amor, né?!— Sim, meu filho... É sim. (A essa altura, vó An-

tônia era puro orgulho).— E o amor não tem cor, né vó?!E vó Antônia, emocionada, lavou a noite dela

de amor enquanto Masala brincava feliz exibindo suas estrelas branquinhas.

Coisa que a gentenem imagina que é, é

Page 47: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

47

Page 48: Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

48