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Revista Geração Sustentável

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Sustentabilidade no setor financeiro brasileiro

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06 Editorial

08 Sustentando

48 Vitrine Sustentável

29 Gestão Sustentável

33 Responsabilidade Social

43 Ser Sustentável

50 Meio Ambiente

Ano 5 • edição 25

A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista.Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Colu

nas

Mat

éria

s

14 Entrevista Manfred Alfonso Dasenbrock Presidente da Central Sicredi PR-SP

18 Capa Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiro

26 Visão Sustentável Novas profissões ajudam a melhorar vidas, carreiras e a sociedade

30 Desenvolvimento Local Iniciativa sustentável inova modelo de entregas

36 Gestão de Resíduos Iniciativas privadas buscam educar a sociedade a reduzir, reutilizar e reciclar o lixo

40 Educação e Sustentabilidade Abrindo o silêncio para o mundo

44 Responsabilidade Social Corporativa Sustentabilidade: da teoria à prática

Anu

ncia

ntes

e Pa

rcer

ias02 e 03 Simple Clean

05 Paraná Metrologia

11 EBS

12 e 13 Junior Achivement

17 Consult

25 DFD

36 e 37 Parque Carambeí

39 Civitas

47 Unimed/PR

51 Agronégócio

52 IBPEX

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 4

18Capa

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Editorial

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho ([email protected]) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula ([email protected]) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR ([email protected]) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck ([email protected]) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas:

Aline Presa, Letícia Ferreira e Lyane Martinelli ([email protected]) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas [email protected] • Fale conosco [email protected] • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 25ª Edição • setembro/outubro • Ano 5 • 2011

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.brA revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opini-ões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminante-mente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

Porque escutamos falar tanto em sustentabilidade no setor financeiro?

O setor financeiro é um dos que mais investem na publicidade em sustentabilidade no Brasil. Mas o que os ban-cos realmente impactam no meio ambiente e na sociedade para toda essa divulgação? Em um primeiro momento, podemos dizer que usando papel e gastando energia em suas agências...

Esse posicionamento como instituição sustentável é entendida de forma muito mais ampla e também estraté-gica, ficando dois fatores muito evidentes. O primeiro diz respeito a um novo formato de gerar visibilidade de seus ativos intangíveis, ampliar a credibilidade da sua marca e atrair os clientes que se identificam com as causas socio-ambientais. O segundo está relacionado a um posicionamento de ecoeficiência, reduzindo custos operacionais em suas agências e, de certa forma, induzindo a comunidade para esses novos hábitos de consumo e novas práticas.

Por outro lado, esse é o setor que financia os outros negócios (indústrias, comércios e serviços) em que muitos são poluentes e grandes geradores de resíduos. Além disso, os bancos possuem influência no consumo e, em se tra-tando de Brasil, forte influência também na economia. São os bancos que disponibilizam, em conjunto com as políti-cas governamentais, o volume de crédito para financiamentos e investimentos. Nesse sentido, como esse setor tem lidado com o financiamento e os impactos socioambientais, principalmente aqueles causados pelas indústrias? O Bacen (Banco Central) determina essas regras? Fica como resposta o Protocolo Verde, que foi uma carta de intenções em que os bancos aderiram há 16 anos, na qual se comprometiam a incorporar a dimensão ambiental na avaliação de projetos, além de priorizar ações de apoio ao desenvolvimento sustentável, porém pouco se evoluiu nesse sentido.

Ainda com relação ao crédito, como funcionam os financiamentos para projetos inovadores? Valem aquelas mes-mas práticas tradicionais de mercado? É um projeto novo, incerto e com alto risco. Então, em se tratando de alto risco... Vale a regra geral do menor crédito e do maior juro?

Sem dúvida, o setor financeiro é um dos que mais divulgam e nos levam a refletir sobre nossos hábitos e costu-mes, porém é o setor que concentra o crédito e ainda cobra muito caro por isso. Será que a sociedade brasileira um dia cobrará essa conta?

Boa Leitura!Pedro Salanek Filho

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Revista Digital

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Fazendo as contas do carbonoO BNDES e a BM&F Bovespa anunciaram a montagem da carteira teórica do Índice Carbono Eficiente, válida de setembro a dezembro de 2011. Esse índice, que atende pelo nome do ICO², faz um compilado das ações das companhias participantes do IBrX-50, que aceitaram divulgar a adoção de práticas transparentes relacionadas às suas emissões de gases de efeito estufa. As ações nessa carteira levam em consideração o grau de eficiência de emissões dos gases de efeito estufa das empresas. Esse é o segundo ano em que é feita a carteira ICO², e em 2011 foi obrigatória a inserção dos escopos de emissões diretas e emissões indiretas relacionadas ao consumo de energia elétrica. O portfólio ™da carteira inclui 38 ações e 37 companhias, entre elas ALL, Ambev, Banco do Brasil, BM&FBOVESPA, BR MALLS, Bradesco, BRF FOODS, CCR SA, CEMIG, Cielo, Copel, Eletrobras, Gol, Itaú S.A, Itaú Unibanco, Lojas Americanas, Lojas Renner, MARFRIG, MRV, Natura, OGX Petróleo, Grupo Pão de Açúcar, PDG Reality, Telemar, TIM e Vale.

Formação de talentos verdesA ONG curitibana OpenLab está investindo em um novo conceito de formação de pessoas: os talentos verdes. O programa “Open Dojô” é voltado para jovens de qualquer área de formação, com o objetivo de torná-los capazes de exercer suas funções sob a influência do conceito de sustentabilidade. Os jovens passam duas semanas em atividades presenciais, onde realizam dinâmicas com grandes empresas, empreendedores de sucesso e profissionais de destaque, discutindo questões como competências duráveis de natureza humana e empreendedora, pensamento estratégico, resultados

sustentáveis, iniciativa e tomada de decisões. No decorrer do curso, desenvolvem “ecoprotótipos”, projetos com potencial de transformação que consideram o conceito de sustentabilidade. Quem finaliza o curso, com a apresentação do ecoprotótipo, recebe um certificado e é cadastrado automaticamente no primeiro Banco de Talentos Verdes do Brasil, reconhecidos pelas Nações Unidas.

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divulgação

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Sustentando

Copa do Mundo sustentávelA Copa de 2014, que será realizada no Brasil, terá exemplos para o mundo quando se trata de sustentabilidade. Um dos estádios que irá receber o treino das seleções no estado da Bahia será o primeiro da América Latina a ser totalmente alimentado por energia solar. Com o sistema que será implantado, a geração de energia será em torno de 630 MW/h e vai economizar cerca de R$ 200 mil por ano. O projeto, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), será acompanhado pela Aneel nos primeiros cinco anos de funcionamento, analisando os resultados do investimento.

Floresta sobe pelas paredesMilão, na Itália, é a cidade que abriga a primeira floresta vertical do mundo. O prédio “Bosco Verticale” vai abrigar o projeto, que tem duas torres residenciais, de 110 e 70 metros cada uma, que terão as fachadas cobertas por 900 árvores e diversos tipos de plantas. O conceito do prédio foi criado pelo arquiteto Stefano Boeri, para construir em uma das cidades mais poluídas do mundo um prédio “produtor de oxigênio”, além de consumidor de gás carbônico e que vai servir de proteção da radiação solar para os moradores. Além da questão ambiental, o prédio procura trazer o verde de volta a grandes metrópoles de concreto. A vegetação que o Bosco Verticale vai abrigar ocuparia uma área de 10 mil metros quadrados, equivalente a um campo de futebol repleto de floresta. O projeto, no entanto, também já tem seu exemplar no Brasil. Em São Paulo, o “Harmonia 57” é o exemplar tupiniquim das construções que cedem espaço ao verde.

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divulgação

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Sustentando

De olho na pegada hídricaJá ouviu falar em pegada hídrica? Sim, você também tem uma! A pegada hídrica, conceito criado em 2002, serve como um indicador de água consumida pelas pessoas, não só de forma direta (quando abrimos o chuveiro), mas também de forma indireta (quando tomamos um refrigerante ou compramos uma roupa). A conta considera todo o volume de água usado para produzir algo desde a extração da matéria-prima até as mãos do consumidor. Além da conta para os produtos, é possível também levar o conceito para os países e indústrias. Na média anual, os norte-americanos têm uma pegada de 2.482 m3. Já a média global é de 1.243 m3 de do Brasil é de 1.381 m3. Aqui, 5% vêm do consumo doméstico, em atividades cotidianas. A maior parte (95%) corresponde ao consumo de produtos industriais e agrícolas. A ideia do conceito é criar um novo olhar sobre o consumo, trazendo informações desconhecidas ao consumidor. Para descobrir a sua pegada hídrica basta visitar o site Water Footprint e responder a um questionário (em inglês) com perguntas como quantas xícaras de café você toma. O site leva em conta o país de origem e dá o resultado em metros cúbicos por ano e por categorias – assim dá para saber onde se desperdiça mais água. Que tal fazer a sua?

Coco para limpar a águaMuitas vezes inimigo da limpeza das praias brasileira, o coco está perto de se tornar um aliado em prol da despoluição das águas. Em um estudo realizado pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, descobriu-se que o mesocarpo, aquela parte mais carnuda do fruto, desprezadas com as cascas após o consumo da água do coco, é capaz de remover da água poluentes como pesticidas, corantes, fármacos e até metais. A pesquisa também está fazendo estudos com bagaço de cana para identificar quais produtos as fibras dessa planta são capazes de filtrar. Os pesquisadores já estão recolhendo resíduos de coco nas praias capixabas para testar em larga escala o uso do coco como filtro, em substituição ao carvão ativado, usado hoje na limpeza das águas.

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“Para todo problema econômico há uma solução cooperativa”. Não tinha outra forma de destacar a abertura desta entre-vista se não utilizando essa celebre frase de um dos maiores pensadores do cooperativismo, o professor francês Charles Gide. Na atual conjuntura do setor financeiro brasileiro, com a concentração do crédito nos grandes bancos privados, esse modelo de organização é muito atual e ganhará novos adeptos nos próximos anos.

O cooperativismo de crédito existe há mais de um século no Brasil, mas nos últimos cinco anos o segmento vem se consoli-dando e experimentando um crescimento expressivo, praticamente dobrando de tamanho. Segundo dados do Banco Central, no fim do ano passado as cooperativas representaram 2% da participação no mercado financeiro no país. O objetivo das co-operativas de crédito é conquistar uma fatia de 10% do mercado bancário em dez anos, realidade que existe em países como Holanda, Alemanha, Estados Unidos, entre outros. As cooperativas de crédito fazem parte do sistema financeiro nacional, como qualquer banco, e estão submetidas à regulação e supervisão do Banco Central, mas nessas instituições financeiras existem diferenças significativas na atuação, que as tornam um dos melhores modelos para o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Para explicar mais sobre esse modelo de negócio que atua baseado em princípios fundamentados em prol do desenvolvi-mento e com projetos sociais voltados à educação, consistindo assim, na sua essência, um caráter sustentável, conversamos com Manfred Alfonso Dasenbrock, presidente da holding Sicredi Participações S.A, e presidente da Central Sicredi PR/SP. Manfred é Administrador de Empresas pela UNIOESTE e pós-graduado em Marketing pela FAE e Gestão Executiva pela FGV/SP, além de ser o único brasileiro na diretoria do Conselho Mundial do Cooperativismo – Woccu.

Entrevista

Manfred Alfonso DasenbrockPresidente da Central Sicredi PR-SP

Cooperativismo de crédito:

Promovendo o equilíbrio social e

econômico

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divulgação

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a solução de problemas econômicos, como uma cooperativa pode contribuir também para minimizar os impactos ambientais? É necessário repensar o modelo?Investindo em educação ambiental, na formação dos cidadãos do futuro, nas crianças e nos ado-lescentes. O Sicredi tem um programa A União Faz a Força, que estimula a elaboração de cente-nas de projetos de cunho socioambiental, desen-volvidos nas escolas pelas próprias crianças, em prol das comunidades e envolvendo toda a socie-dade. O Programa A União Faz a Vida é desenvol-vido nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e engloba 144 municípios, abrangendo 1.221 escolas, 179.175 alunos e 14.579 educadores.

Os Programas de educação cooperativa como o “A União faz a Vida” reforçam conceitos de sustentabilidade e comprometimento da co-operativa com a comunidade?Perfeito. O Programa “A União Faz a Vida” está embasado no princípio cooperativista de edu-cação, formação e informação, mas atinge sua plenitude quando integrado a outro princípio, o de interesse pela comunidade. Porém, a gestão integrada desse Programa por parte dos agentes

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Traçando um paralelo entre cooperativas de créditos e bancos, qual seria a maior dife-rença na atuação e nos objetivos?A maior diferença é que, quanto mais serviços os associados de uma cooperativa de crédito utilizam mais a cooperativa cresce e mais os próprios asso-ciados se beneficiam, pois a regra é que o dinheiro aplicado na cooperativa só pode ser reinvestido na própria região. Além disso, o resultado positivo do ano é distribuído entre os associados, proporcio-nais às operações realizadas por cada um.Ao traçarmos um paralelo comparativo entre as cooperativas de crédito e os bancos, é fundamen-tal lembrar que as cooperativas são sociedades de pessoas, elas são a alma do empreendimento. Os associados são donos e usuários ao mesmo tempo, e fazem parte de uma comunidade ou de um segmento específico.

Dessa forma, as cooperativas de crédito re-direcionam os recursos para o desenvolvi-mento das comunidades onde atuam. Como são determinadas essas estratégias de in-vestimentos locais?Cada unidade da cooperativa tem o seu plane-jamento anual, que é baseado em estratégias e demandas locais e pontuais. A cooperativa existe para satisfazer à necessidade dos sócios. Mane-jar a distribuição destes cabe à administração da cooperativa, que ainda deve aliar as necessida-des de captação e capital necessárias.

O compromisso com as dimensões econômica e social faz parte da modelo cooperativista, isso, por si só, é um exemplo de maturidade em re-lação aos princípios de sustentabilidade?Sim. A cooperativa, em especial a de crédito, é um movimento de comunidade. E quando eu afir-mo que o recurso captado na comunidade fica na comunidade para gerar melhorias financeiras, desenvolvimento e geração de riquezas, estou promovendo esse princípio. A lógica da coope-rativa é outra, ela é um empreendimento coletivo que visa ao crescimento econômico de todos os associados.

Considerando que o cooperativismo surgiu como uma forma de organização social para

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Quanto mais serviços os associados de uma cooperativa de crédito utilizam, mais a cooperativa cresce e mais os próprios associados se beneficiam, pois a regra é que o dinheiro aplicado na cooperativa só pode ser reinvestido na própria região

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é fundamental para a eficiência desse processo nas comunidades, sendo eles a prefeitura por meio da secretaria de educação e coordenação local; as assessorias pedagógicas; os apoiadores e a própria sociedade, tanto nas cidades onde eles estão inseridos e naqueles que estão se pre-parando para implantar o Programa no futuro.

Como desenvolver uma gestão sustentável dentro de uma organização financeira, con-siderando as dimensões social, econômica e ambiental?Direcionando as ações e esforços na formação de crianças e adolescentes com espírito de cidada-nia. Promovendo a cooperação e a ajuda mútua, mas com forte apelo comunitário. As comunida-des são o motor de toda a sociedade, e nosso ob-jetivo é deixar um legado para as gerações futu-ras. A própria atuação das cooperativas baseada nos valores de ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade equidade e solidariedade reforça o objetivo de promover o desenvolvimen-to da comunidade abrangendo as três dimensões da sustentabilidade.

O segmento crédito é o que mais cresce den-tro do sistema cooperativista brasileiro. Quais são os índices de crescimento e quais são os fatores que mais contribuem para essa evolução?Os índices de crescimento são muito positivos e o crescimento é percentualmente acima da mé-dia do mercado competidor, exceto o resultado,

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

pois as cooperativas visam agregar renda às pes-soas na comunidade. Um dos motivos para esse crescimento é a gestão eficaz com transparência, bem como o atendimento mais humano na pres-tação de serviços financeiros. Acreditamos forte-mente que o relacionamento faz toda a diferença.

As cooperativas de crédito estão moderni-zando seus modelos de gestão dentro dos conceitos de governança corporativa, in-clusive o Banco Central já utiliza o conceito de governança cooperativa? Como funciona esse conceito na prática? A organização do quadro social é que inicia esse processo. No Sicredi, por meio dos Programas Crescer e Pertencer, que visam ampliar a parti-cipação dos associados na tomada de decisões dos negócios da sua cooperativa, é que se alcan-ça essa dimensão, pois eles geram sustentação e transparência à gestão. Além disso, o investimento e capacitação de di-rigentes, executivos e colaboradores também re-forçam essa sustentação, aliado às boas práticas de governança que, por exemplo, o Instituto Bra-sileiro de Governança Corporativa (IBGC) divulga.

Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da revista Geração SustentávelO nome da revista é fantástico e tem tudo a ver com o investimento em educação ambiental, ou seja, na formação de uma consciência, de uma vontade voltada para o presente e o futuro, onde vivemos e onde viveremos.

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A atuação das cooperativas baseada nos valores de ajuda mútua, responsabilidade,

democracia, igualdade equidade e solidariedade reforça o objetivo de promover

o desenvolvimento da comunidade abrangendo as três dimensões da

sustentabilidade

Entrevista

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Capa

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiros

Em meio a juros altos, os bancos seguem crescendo em lucratividade e, segundo declaram, também em sustentabilidade socioambiental

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letícia Ferreira

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s maiores bancos no Brasil baseiam sua publicidade em slogans que transmi-tem proximidade, amizade e até cum-plicidade com o cliente: há o banco

“todo seu”, o “feito para você”, o do “vamos fazer juntos”, o da “presença lado a lado com você”, aquele “que acredita nas pessoas” e até o que afirma que, para seus clientes, “o mundo não tem limites”.

Tanto em peças publicitárias como em longos relatórios em seus sites, não cansam de exaltar suas práticas sustentáveis tanto financeiramen-te, quanto social e ambientalmente.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgou, em junho deste ano, um informe a res-peito de responsabilidade social e sustentabili-dade do setor financeiro em relação ao Protocolo Verde: assinado em 1995, é uma carta de inten-ções dos cinco bancos controlados pelo Gover-no Federal que se comprometem a incorporar a dimensão ambiental no seu sistema de análise e avaliação de projetos, e a priorizar ações de apoio ao desenvolvimento sustentável. São ade-rentes ao protocolo os bancos Bradesco, Banco do Brasil, HSBC e Santander que, procurados pela GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, preferiram não co-mentar o assunto além das informações que se encontram em seus websites. A Caixa Econômica Federal, que, segundo o relatório da Febraban, é respondente à Matriz de Indicadores do Protocolo Verde, também não deu retorno até o fechamento desta edição.

O informativo destaca algumas ações que ain-da precisam ser tomadas por esses bancos e pe-los outros listados como aderentes ao protocolo ou respondentes à matriz (Amazônia, BANCOOB, Banrisul, BIC, BPN, Cacique, Citi, Nordeste, Nossa Caixa Desenvolvimento, Rabobank, Safra, Sicre-di, Sofisa, Tribanco e Votorantim): padronização dos procedimentos nos âmbitos federal, estadual e municipal; definição do conteúdo mínimo das licenças; disponibilização das informações por meio do PNLA – Portal Nacional de Licenciamento Ambiental, ajustado às esferas de governo; e re-lação de órgãos autorizados a emitir licenças am-bientais de modo que todos os agentes de merca-do reconheçam a legitimidade das licenças.

O informativo destaca, ainda, as principais ações alcançadas pelo sistema financeiro brasi-leiro nas dimensões econômica (serviços bancá-rios setoriais “verdes”), social e educativa (pro-gramas setoriais).

A preocupação das grandes instituições fi-nanceiras com essas áreas não é nova, nem se re-sume ao Brasil. Ainda em 2008, uma publicação

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“o déficit público no conceito nominal (que inclui o pagamento de

juros) é crônico. apesar de tudo isso, os bancos não são culpados pela

dependência do governo do setor financeiro. É o governo que tem de

mudar a maneira da gestão pública”, Judas

Tadeu Grassi Mendes

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do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Sustentabilidade Financeira no Setor Financeiro: um Caso Prático (escrita por Victorio Mattarozzi e Cássio Trunkl) dizia, nas pa-lavras do então chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, que essas iniciativas já eram bastante oportunas, ocorrendo em um momento em que os bancos no mundo estavam adaptando suas práti-cas e políticas no sentido de reforçarem seu com-promisso com o meio ambiente. “Esse movimento não se dá por acaso. Além da importância crescen-te do risco ambiental e de sua consideração nas políticas bancárias de crédito, há que se ressaltar a crescente pressão de investidores, acionistas, fornecedores e clientes em geral no sentido de tor-nar as instituições financeiras efetivamente com-prometidas com o desenvolvimento sustentável”.

Não ria • Um anúncio publicitário do banco ho-landês Triodos (com filiais em várias cidades da Europa), publicado em 22 de setembro de 2007 em três grandes jornais ingleses diz: “Ethical Banking. (Don’t laugh)” ou, em tradução livre, “Banco Ético (Não ria)”.

Para explicar melhor a aparente contradição e trazê-la à realidade brasileira, os pesquisado-res Clarissa Lins e Daniel Wajnberg afirmam, na pesquisa Sustentabilidade Corporativa no Setor Financeiro Brasileiro, publicada em agosto de 2007 pela FBDS (Fundação Brasileira para o De-senvolvimento Sustentável): “No Brasil, as altas taxas de juros e a má situação financeira de gran-de parte da população configuram um cenário onde esse tópico ganha especial relevância. O setor financeiro brasileiro possui uma imagem bastante negativa diante dos consumidores, mui-to associada aos vultosos lucros, aos níveis de spreads bancários praticados muito acima de pa-drões internacionais, além do fato de continua-mente constar no topo das listas de reclamações de clientes por atendimento pouco satisfatório ou cobrança de taxas desconhecidas”.

Para a pesquisa, foram realizadas 67 entrevis-tas com altos executivos dos 10 maiores bancos do país, juntamente com a aplicação de 126 ques-tionários direcionados aos entrevistados e ao ní-vel gerencial médio. Foram analisados também os relatórios e sites das instituições pesquisadas, de forma a entender como as práticas de sustentabi-lidade estão sendo implementadas e reportadas.

Oligopólio e concentração de riqueza • Con-tudo, depois de quatro anos da publicação dessa pesquisa, como avaliar o papel do setor financei-

ro brasileiro? O Ph.D. em Economia - e autor de seis livros sobre o assunto - Judas Tadeu Grassi Mendes, fundador, diretor-presidente e professor da Estação Business School, em Curitiba (PR), não poupa críticas: “nunca antes na história des-te país houve tanta concentração de riqueza nas mãos dos bancos quanto nos últimos dez anos, apesar de as classes de rendas mais baixas te-rem ascendido à classe média por conta, princi-palmente, do controle da inflação”, afirma.

Para ele, o setor financeiro brasileiro é oligo-polizado: “os dez principais bancos controlam mais de 80% de todo o crédito no Brasil”. Men-des vê nas altas taxas de juros - spreads bancá-rios - um dos principais problemas. Ele explica que os bancos captam a uma taxa próxima a 12% ao ano e emprestam a uma taxa média próxima a 50%, o que é fruto da combinação dos seguin-tes fatores: muitos impostos na intermediação financeira; recolhimento compulsório elevado; inadimplência elevada; alto custo operacional dos bancos no Brasil (o dobro da média mundial) e a rentabilidade exacerbada dos bancos (média acima de 20% ao ano). Além disso, metade do lucro das empresas se destina a despesas finan-ceiras, ou seja, os juros consomem boa parte dos lucros corporativos.

Outra questão levantada por Mendes é a da dependência do governo brasileiro em relação aos bancos, na compra de títulos públicos: “O dé-ficit público no conceito nominal (que inclui o pa-gamento de juros) é crônico. Apesar de tudo isso, os bancos não são culpados pela dependência do governo do setor financeiro. É o governo que tem de mudar a maneira da gestão pública”.

Crédito e consumo • Uma perspectiva mais ampla é a que sugere o psicólogo e mestre em Sustentabilidade, Marcelo Michelson. Ele coor-dena o projeto do Centro Nacional de Inteligên-cia Organizacional a ser desenvolvido dentro do IBPEX, além de ser consultor associado da Reos Partners no Brasil, organização que trabalha com problemas sociais complexos envolvendo múlti-plos stakeholders.

Para Michelson, o crédito no Brasil sempre foi muito caro. E os banqueiros alegam que isso se deve a regras impostas pelo governo e que, para eles, quanto mais barato emprestar, melhor, pois vão emprestar para mais pessoas e, portanto, obter mais lucro. Por outro lado, se o crédito for barato, a tendência é um aumento do consumo e, portanto, um aumento no impacto ambiental e social. Além disso, uma oferta de crédito indis-criminada pode levar a uma bolha, como a ocor-

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“em relação à prática do microcrédito, por exemplo, podemos dizer que, de modo geral, ainda não se encontrou o modelo adequado”, Clarissa Lins

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rida nos EUA. “A questão é o paradigma no qual estamos inseridos e que diz, entre outras coisas, que o método mais rápido para atingirmos a feli-cidade é termos status e objetos”, avalia. “É claro que é importante termos a possibilidade de con-sumir. Porém, pesquisas mostram que, a partir de certo ponto, por mais que o PIB per capita do país cresça, a sensação de bem-estar da popula-ção se mantém ou até cai. No Brasil, ainda há a necessidade de possibilitar o consumo de bens básicos, como geladeiras, para uma boa parte da população. Então, não podemos demonizar o cré-dito como um todo.”

Juros versus Tarifas • Mendes insiste na baixa dos juros para uma economia mais sustentável. Segundo ele, nos oito anos do governo Lula, foi pago mais de R$ 1,2 trilhão somente em juros e a dívida bruta pública subiu outro R$ 1,2 trilhão, pois o governo FHC a en-tregou em R$ 800 bilhões e Dilma Rousseff a recebeu em torno de R$ 2 trilhões. “É fácil concluir que, somando-se os pagamentos de juros com o aumento da dívida, o governo Lula gastou algo como R$ 2,4 trilhões nos oito anos, o que significa dizer que, em média, jogamos no lixo algo como US$ 822 milhões por dia, valor que representa mais do dobro do total destinado pelo governo em educação, saúde e investimen-tos em infraestrutura”.

Ainda para o Prof. Judas Tadeu Grassi Mendes, a primeira coisa a ser feita é uma reforma tribu-tária que resulte em equilíbrio fiscal – o governo gastando apenas (incluindo os juros) o que arre-cada. Assim, os juros devem cair e o governo po-derá liberar o compulsório, fazendo-os cair ainda mais. E isso sem risco de inflação. Com juros me-nores, a demanda agregada se expande, o consu-mo aumenta e estimula investimentos produtivos.

Ele destaca que, mesmo que os juros baixem muito, os bancos brasileiros sobreviverão tran-quilamente, apenas terão rentabilidades meno-res. “Em compensação, o Brasil será um país bem melhor. Os lucros dos bancos, em vez de serem

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altos por causa dos juros elevados e do baixo vo-lume (hoje apenas 48% do PIB), devem ser gera-dos por juros baixos, mas em volumes elevados, algo como 100% do PIB, como ocorre nos países desenvolvidos.”

Já Marcelo Michelson acredita que não são os juros que garantem a lucratividade dos bancos brasileiros, mas as tarifas cobradas pelos serviços. “Se compararmos com Europa e EUA, pagamos ta-rifas bancárias altíssimas. Além disso, os clientes prestam menos atenção à cobrança de tarifas do que à cobrança de juros e, portanto, a maioria nem sabe quanto paga e quais os benefícios a que tem direito. São poucos os que reclamam e mesmo es-tes tem que aceitar um pacote de tarifas mínimo se quiserem ter cheques, cartões, etc.”

Para ele, o sistema global é baseado em dívi-da – os bancos oferecem crédito e criam dívidas, pois acreditam que esse crédito será pago (pelo menos os juros). Para que o empréstimo seja pago, a economia precisa crescer sem parar e, para isso, as pessoas precisam consumir cada vez mais. Ao produzir e consumir, o ser humano cria impactos sociais e ambientais que resultam em “insustentabilidade”. “Dificilmente, conseguire-mos mudar esse paradigma de forma voluntária”, declara. Michelson usa os exemplos da Grécia e alguns países árabes, onde a mudança ocorreu quando a crise se agravou. Para ele, a crise glo-bal ainda vai se agravar mais: “Os pacotes anunciados para resgatar bancos e países só criaram mais dívidas e empurraram o problema ‘com a barriga’ para ser resolvido mais adiante”. Para ele, a pergunta a ser feita é: quando a crise vier, como reagiremos? “Será que ha-verá solidariedade entre vizinhos e comunidades, como houve du-rante a 2ª Guerra Mundial em paí-ses como a Inglaterra? Ou partiremos para ‘cada um por si’?”

No futuro, avalia Michelson, acontece-rão as duas coisas. Porém, no presente, os brasi-leiros precisam canalizar sua energia no esforço de formar laços de solidariedade. E não por medo da crise, mas sim por ser muito melhor do que vi-ver isoladamente: “Ter boas relações de amizade, participar dos rumos de nossa comunidade, ter tempo para lazer, são alguns fatores que promo-vem mais bem-estar do que o consumo”.

Práticas para a Sustentabilidade no Setor Financeiro Brasileiro, por Clarissa Lins e Da-niel Wajnberg • “A sustentabilidade corporativa

pode estar presente em empresas do setor finan-ceiro de diversas formas. Em alguns casos, ela se faz mais presente na criação de novos produtos com características específicas ligadas à inclusão social ou à preservação ambiental, por exemplo.

Em outros, há maior esforço na mudança de processos existentes, como a inserção de análise de riscos socioambientais no processo de avalia-ção de risco de crédito ou, ainda, na utilização de critérios de sustentabilidade na seleção de fornecedores. Um terceiro grupo de empresas preocupa-se com ambas as dimensões.

As atividades de financiamento dos bancos são o principal canal de geração de impacto no

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 23

meio ambiente e nas comunidades da atuação do setor financeiro.

Ao embutirem a avaliação de riscos socioam-bientais na decisão de concessão do crédito, as instituições financeiras diminuem o risco de cré-dito e a inadimplência de sua carteira de clien-tes, além de assegurar que o valor das garantias dadas por eles não se altere consideravelmente.

(..) ao incorporar riscos como esses em sua análise de crédito, o banco está fazendo uma gestão mais eficiente de sua carteira de crédi-to, e contribuindo para um melhor desempenho de suas atividades de financiamento. Além dis-so, o banco está também atuando de forma a

somente permitir a implantação e operação de projetos e empresas que contribuam para o de-senvolvimento sustentável, preservando o meio ambiente e melhorando as condições de vida das comunidades.”

Atualizações: Na época do lançamento dessa pesquisa, a dupla de pesquisadores fez algumas avaliações do desempenho dos bancos analisa-dos, como as seis práticas de finanças sustentá-veis a seguir:

1) Avaliação de riscos socioambientais em fi-nanciamentos;

2) Crédito responsável;3) Microcrédito;4) Fundos socialmente responsáveis;5) Seguros Ambientais;6) Mercado de Carbono.

Para saber como os bancos estão se saindo hoje, quatro anos depois, seria necessária uma nova pesquisa. Clarissa Lins, hoje, diretora-exe-cutiva da FBDS, dá sua opinião baseada no que vem observando em seu trabalho como respon-sável pela área de sustentabilidade corporativa e atuando no diagnóstico e na implementação de políticas para gestão sustentável de grandes empresas brasileiras. Para ela, os itens 1 e 4 são os que mais evoluíram, principalmente o 4. “Já o item 2 apresentou uma evolução menos acentua-da porque, se por um lado, o crédito responsável não é bom somente para o cliente, mas para que os bancos mantenham a solvência da carteira, por outro, a inadimplência aumentou, o que não poderia acontecer dentro dessa prática de res-ponsabilidade”.

Os itens 3, 5 e 6, para a pesquisadora, são os que menos apresentaram evolução: “Em relação à prática do microcrédito, por exemplo, podemos dizer que, de modo geral, ainda não se encontrou o modelo adequado”, diz Clarissa. Ela acredita que há casos isolados de sucesso, como o do Bradesco, no Morro Dona Marta, no Rio de Janei-ro, onde foi instalada uma Unidade de Polícia Pa-cificadora: “Pelo que estou informada, é um caso que funciona, mas com parcerias”.

O que Clarissa e Daniel Wajnberg concluíram em 2007 em relação ao microcrédito ainda pode ser citado: “A análise dos documentos públicos das instituições financeiras permite concluir que esta questão não parece estar ganhando a devi-da atenção pelos maiores bancos brasileiros (...) A análise dos relatórios e de outras publicações (principalmente websites relacionados) identifi-cou uma série de possíveis causas:

“no Brasil, ainda há a necessidade de

possibilitar o consumo de bens básicos, como geladeiras, para uma

boa parte da população. então, não podemos demonizar o crédito

como um todo.”, Marcelo Michelson

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• Regulamentação excessiva do governo, so-bretudo a limitação quanto às taxas de juros para essa modalidade de empréstimo;

• Concorrência de fontes alternativas de re-cursos (lojas, empréstimos familiares, fornece-dores);

• Falta de sistemas cadastrais com informa-ções sobre bons pagadores;

• Problemas de gestão nas poucas OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Pú-blico) cadastradas para repasse de recursos;

• Prática ainda em estágios iniciais da curva de aprendizado (Vale lembrar que somente após 18 anos de operação a lucratividade do Grameen Bank se tornou estável).

Nos itens 5 - seguros ambientais e 6 - mercado de carbono, para Clarissa, até mesmo os bancos in-ternacionais precisam avançar: “Neste quesito, to-dos foram bastante prejudicados pela crise global”.

Catalisadores de desenvolvimento sustentá-vel: Outra lista analisada pela pesquisa é a de mecanismos usados pelos bancos para promover a criação de valor pela incorporação de variáveis sociais e ambientais, favorecendo o papel de catalisador do desenvolvimento sustentável dos bancos e, ao mesmo tempo, criando valor para seus acionistas:

1) Aumento no valor de seus ativos intangí-veis, como reputação e marca;

2) Melhoria na atração e retenção de talentos;3) Redução de custos graças a medidas de

ecoeficiência;4) Melhor gerenciamento de riscos, que, por

consequência, gera maior facilidade no acesso ao capital;

5) Oferta de produtos e serviços inovadores contribuindo para maior geração de receitas.

Para Clarissa, em todos os cinco pontos, se fo-rem consideradas as informações publicamente divulgadas pelos maiores bancos do país, houve uma evolução: “Entretanto, de forma geral, as instituições precisam se apropriar mais desses mecanismos, principalmente na avaliação de crédito e no oferecimento de produtos e serviços voltados a empresas que trabalham de forma sustentável”.

Por fim, outro quesito no qual houve uma evo-lução, desde 2007, é a carência de indicadores adequados para mensurar o desempenho das instituições nas dimensões sociais e ambientais: “Houve uma evolução em relação a relatórios detalhados de desempenho em que as institui-ções buscam, com transparência, informar suas iniciativas relacionadas à agenda da sustenta-bilidade”. Entretanto, como Clarissa aponta, o caminho entre essas ações e o resultado de seu desempenho, seu valor, ainda não foi encontrado e é assunto de uma pesquisa atualmente desen-volvida por Daniel Wajnberg.

Banco Lucro Itaú R$ 7,133 bilhõesBanco do Brasil R$ 6,26 bilhõesBradesco R$ 5,487 bilhõesBNDES R$ 5,3 bilhõesSantander R$ 4,153 bilhõesCaixa R$ 1,7 bilhãoHSBC R$ 611,9 milhõesBanco do Nordeste R$ 300,7 milhões

(Fonte: Federação dos Bancários do Paraná)

lucro dos Bancos no Primeiro semestre de 2011

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omo diretora de Finanças da JR Consultoria, Empresa Junior da Universidade Federal do Paraná, em 2004, a jovem administradora colombiana Lina Maria Useche Kempf perce-

beu que não queria que seu futuro se resumisse a um emprego em uma grande empresa. Ao sair da Empresa Junior, participou de processos de seleção em grandes multinacionais, mas sem entusiasmo em relação ao trabalho que poderia realizar nessas empresas.

O convite que recebeu de Rodrigo Britto, cofundador e atual diretor de Parcerias e Oportunidades de Impacto da Aliança Empreendedora (empresa que auxilia micro-empreendedores de baixa renda em todo o país), para ser coordenadora financeira da ONG Comunidade Em-preendedores de Sonhos foi decisivo: ela largou os pro-cessos de seleção e aceitou imediatamente: “Eu tinha 20 anos e foi a melhor escolha que fiz na minha vida. Lá, me descobri, descobri meus talentos e minha vocação”, comemora Lina que, atualmente, é diretora executiva e co-fundadora da Aliança Empreendedora. Além disso, no ano passado, ela fundou a IMPULSO - Microcrédito, empresa pioneira ao lançar o primeiro portal de finan-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

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Novas profissões

ajudam a melhorar vidas,

carreiras e a sociedade

Profissionais com visão de sustentabilidade promovem carreiras tanto nas empresas como

em instituições do terceiro setor

“Iniciei minha carreira profissional educando crianças e, hoje, compartilho meus conhecimentos com adultos e contribuo no processo de formação de profissionais críticos e conscientes do seu papel na sociedade” , Daniele Farfus

letícia Ferreira

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

ciamento colaborativo no Brasil (www.impulso.org.br). “Quando fundamos a Aliança, éramos apenas sete pes-soas. Hoje, somos quase 70 funcionários trabalhando em quatro estados e replicando conhecimento e me-todologias para outros sete estados brasileiros, tendo apoiado mais de 16 mil microempreendedores”, diz.

Para Daniele Farfus, coordenadora do Curso Supe-rior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos do Centro Tecnológico da Universidade Positivo, o momento em que a sustentabilidade entrou definitiva-mente em sua vida profissional e pessoal foi ao cursar um mestrado centrado no tema: “Iniciei minha carreira profissional educando crianças e, hoje, compartilho meus conhecimentos com adultos e contribuo no pro-cesso de formação de profissionais críticos e conscien-tes do seu papel na sociedade”.

Daniele também é professora na Pós-Graduação da Universidade Positivo, ministrando a disciplina Sustentabilidade e Sociedade e, no SESI Paraná, tra-balha com projetos de inovação social relacionados à sustentabilidade.

Ambas são exemplos de profissionais que dire-cionaram suas carreiras de forma a contribuir com o desenvolvimento sustentável da sociedade e, conse-quentemente, do planeta. É uma tendência confirma-da pela especialista em carreiras Carla Virmond Mello, vice-presidente da ICF - International Coaching Fede-ration – capítulo Paraná, e diretora da ACTA - Carreira, Transição e Talento, e da DBM do Brasil na Região Sul.

Carla compartilha duas pesquisas que também con-firmam a tendência: da Michael Page (empresa de recru-tamento especializado de executivos para média e alta gerência, líder e pioneira no Brasil e em toda a América Latina), e da OIT - Organização Internacional do Trabalho.

A Michel Page ouviu cerca de dois mil profissionais de países do Cone Sul e concluiu que 86,4% dos exe-cutivos brasileiros dariam preferência a uma proposta de emprego caso a organização em questão apresen-tasse ações sociais.

A da OIT diz que o número de profissionais envol-vidos com atividades ligadas a funções sociais e am-bientais cresceu 160% entre 2008 e 2010 no Brasil. No ano passado, já eram 2,6 milhões de empregos.

Segundo Carla, as empresas caminham no mesmo sentido e, cada vez mais, aproximam-se do terceiro setor de maneira cooperativa: “O mercado começa a demandar profissionais que pensem em longo prazo, que desenvolvam soluções viáveis e auxiliem no cum-primento das normas ambientais a que as empresas estão submetidas”.

Lina compara essa tendência ao “boom” da res-ponsabilidade social corporativa que aconteceu por volta de 2005 e 2006 no Brasil. Ela lembra que, na época, uma série de empresas colocou em operação institutos e fundações para investir em projetos so-

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“Por conhecer empreendedores de todos os ramos, não

consigo ver distinção entre profissões,

mas, sim, pessoas que pensam em

novas formas de fazer negócios” , Lina Maria

Useche Kempf

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“o mercado começa a demandar profissionais que pensem em longo prazo, que desenvolvam soluções viáveis e auxiliem no cumprimento das normas ambientais a que as empresas estão submetidas”, Carla Virmond Mello

Carla virmond Mello comenta algumas das novas profissões e formações que crescem das demandas da sustentabilidade“entre as novas opções de formação estão desde cursos técnicos, como técnico em Biocombustíveis e técnico em Petróleo e Gás, até bacharelados em gestão ambiental, MBas, mestrados e várias opções de pós-gradua-ção em sustentabilidade, como cursos de especialização em petróleo que, costuma-se dizer, garantiriam um salário até 25% maior em relação aos demais profissionais. entre as profissões, destaco as ligadas à saúde e biomedicina (a uSP, em breve, deve lançar um bacharelado em Ciências Biomédicas), ao design thinking, geologia, geofísica e engenharias petrolífera, naval e submarina. Segundo o Programa das nações unidas pelo Meio ambiente (PnuMa), o setor de energias renováveis, por exemplo, já emprega mais pessoas do que o de petróleo e gás em todo o mundo. Surgem também novos cargos como engenheiro de petróleo, engenheiro de energia, gerente de meio ambiente, presidente de comunicação e sustentabilidade, consultor em susten-tabilidade, coordenador de projetos sociais; e departamentos como o de responsabilidade social e até novas segmentações na estrutura das empresas, como a criação de institutos e fundações ligadas à marca principal.”

ciais em todo o país: “Nesses últimos dois anos, presenciamos a inclusão dos projetos sociais dentro da ‘cadeia de valor da empresa’. Hoje, áreas como inovação e novos negócios nas em-presas estão repensando suas estratégias para que os impactos social e ambiental sejam parte dos outputs de sua própria operação e não ape-nas um ‘anexo’”.

Já as organizações do terceiro setor, pensa Lina, cientes dos novos movimentos, veem um ce-nário de oportunidades de parcerias e ampliações de impacto, o que, consequentemente, aumenta a demanda por novos talentos com esse novo perfil.

E Daniele Farfus acredita que os profissionais que compreenderem esse novo cenário terão condições de aumentar sua empregabilidade adquirindo competências que possam agregar valor às organizações: “Competências que se desenvolvem com base no conhecimento apro-fundado sobre o tema e o exercício, na prática, de ações que o promovam, tanto na vida profis-sional, quanto na pessoal”.

Realizações profissionais e pessoais: Quem não enxerga futuro e satisfação em longo prazo no trabalho que desenvolve, deve começar a re-pensar suas escolhas profissionais. É a análise de Carla Virmond Mello, que acrescenta que aqueles que já estão fazendo isso, saem na frente, bus-cando experiência e especialização para atender às novas posições que estão se estabelecendo: “Sabemos que motivação e engajamento estão muito ligados a fazer algo em que acreditamos e que esteja relacionado a nossos valores pesso-ais. Os profissionais que escolhem carreiras nes-se sentido estão naturalmente mais motivados

para o trabalho e tendem a ser mais realizados”.Carla lembra ainda os empreendedores so-

ciais, como Lina Maria Useche Kempf, pessoas que, além de se aventurarem por novos empre-endimentos, criam soluções e serviços diferen-ciados com o objetivo de trazer inovação para um mundo mais justo e sustentável: “São os chamados ‘empresários com causa’”.

Diz Carla que, mesmo quando o profissional não é idealista ou não está engajado a nenhuma causa, algumas opções de trabalho no terceiro setor são atraentes, pois o mercado começa a demandar profissionais que pensem em longo prazo, que desenvolvam soluções viáveis e que auxiliem no cumprimento das normas ambien-tais a que as empresas estão submetidas.

Lina amplia o debate: “De maneira geral, to-dos gostamos de dinheiro no bolso, segurança e estabilidade, e isso não é errado. Mas, quando essas questões vêm acompanhadas de uma roti-na sem propósito, até em detrimento da qualida-de de vida, começamos a nos questionar”.

A boa notícia, ela lembra, é que não é pre-ciso ser um empreendedor social para mudar o mundo: “Bill Drayton, idealizador e fundador da Ashoka, tinha a máxima: ‘Todo Mundo pode Mu-dar o Mundo’”. Ashoka, conta Lina, é a organiza-ção que foi pioneira no conceito, caracterização e apoio ao empreendedorismo social como campo de trabalho, estando presente em mais de 60 pa-íses, entre eles o Brasil, desde 1986. “Além dis-so, por conhecer empreendedores de negócios sociais de todos os ramos, não consigo ver distin-ção entre profissões, mas, sim, pessoas que pen-sem em novas formas de fazer negócios”, afirma.

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jerÔnimo mendesAdministrador, Consultor,

Professor Universitário e Palestrante. Mestre

em Organizações e Desenvolvimento Local

e acordo com muitos analistas de mercado norteamericanos, Steve Jobs pode ser considerado um dos maiores empreendedores de todos

os tempos, ao lado de figuras ilustres como Thomas Edison (GE), Henry Ford, Thomas What-son (IBM) e William McKnight (3M), pioneiros do empreendedorismo nos Estados Unidos.

Falecido em 05 de outubro último, Jobs saiu da vida para entrar na história como uma perso-nalidade incomum, digna de reconhecimento e veneração nos quatro cantos da Terra, não ape-nas em função do seu gênio criativo, despertado aos dezesseis anos de idade, mas devido ao seu completo desprendimento das coisas materiais.

Para quem se considerava “um sujeito que provavelmente teria sido apenas um poeta se-mitalentoso do Quartier Latin, mas meio que se desviou do caminho”, pode-se dizer que a his-tória premiou o talento, a persistência e a von-tade de superar os mais indignos obstáculos.

Ao desistir da escola, para evitar o sacrifí-cio financeiro dos pais adotivos, Jobs começou a participar de palestras sobre produtos eletrô-nicos da HP, onde encontrou Stephen Wozniak, egresso da Universidade da Califórnia. Woz-niak era um jovem gênio da engenharia que gostava de inventar dispositivos eletrônicos.

Com a aproximação, Jobs e Wosniak tam-bém compareciam regularmente às reuniões do Homebrew Computer Club (Clube do Com-putador feito em Casa). Os associados eram na maioria tecnófilos, interessados em diodos, transistores e ainda nos dispositivos eletrôni-cos que poderiam construir com isso.

Jobs era diferente, segundo Daniel Goleman, PhD. Ele sabia avaliar o estilo, a utilidade e a capacidade de colocação dos produtos no mer-cado. Com o tempo, Jobs convenceu Wozniak a trabalharem juntos para a concepção de um com-putador pessoal. Nasceu assim o Apple I, proje-tado no quarto de Steve Jobs e com o protótipo construído na garagem da casa de seus pais.

Ao seguir os conselhos de um executivo apo-sentado da Intel, Jobs e Wozniak fundaram sua própria empresa. Para viabilizar o projeto, am-bos venderam os seus bens mais preciosos na

época, uma Kombi VW de Jobs e a calculadora HP de Wozniak. Com os US$ 1300 arrecadados, ambos iniciaram oficialmente a Apple. Jobs, aos vinte anos de idade, e Wozniak, aos vinte e seis.

Em menos de dez anos, a Apple havia dei-xado de ser apenas dois sócios numa garagem para se tornar uma empresa de dois bilhões de dólares, com mais de quatro mil funcionários. Um ano depois de lançar a sua melhor criação – o Macintosh –, Steve Jobs completava trin-ta anos de idade quando foi, então, despedi-do da Apple, por divergências internas com a equipe de comando.

Em menos de cinco anos, Jobs fundou a NeXT e, logo depois, a Pixar, o estúdio de animação mais bem-sucedido do planeta, onde idealizou o primeiro desenho animado do mundo feito apenas por computador – Toy Story. Segundo o próprio Jobs, “foi um remédio amargo, mas acho que o paciente precisava dele”. Entrava em cena novamente o seu espí-rito empreendedor e criativo.

Numa impressionante reviravolta, a Apple comprou a NeXT e, em menos de dez anos, Jobs voltou para a empresa que ele mesmo ajudou a fundar, para alegria dos “applemaní-acos” e o bem da companhia. Retornava, dez anos depois, o salvador da pátria, num período difícil para a Apple. O resto é história.

No início do ano eu tive a felicidade de co-nhecer a sede mundial da Apple, em Cupertino, interior da Califórnia. Para os apaixonados por tecnologia e também por empreendedorismo, difícil não se encantar com a grandiosidade de uma empresa que nasceu na garagem da famí-lia de Steve Jobs e se transformou numa das empresas mais inovadoras do mundo.

Apesar de todas as dificuldades pelas quais passou, indiferente ao fato de a Apple ser con-siderada uma das empresas mais valiosas do mundo, em Cupertino ou em qualquer loja da rede é possível testemunhar o espírito de Jobs e sentir a energia irradiada por quem amou o que fez até o último dia trabalho.

Com a partida de Steve Jobs, o encanto da maçã permanece, mas penso que o seu gosto nunca mais será o mesmo.

O encanto permanece, mas o gosto muda!

D

Com a partida de Steve Jobs, o

encanto da maçã permanece, mas penso que o seu

gosto nunca mais será o mesmo

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

GESTÃO

ÁSUS EN VEL

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Desenvolvimento Local

m novo modelo de entrega vem ga-nhando visibilidade nas ruas de Curiti-ba: no lugar de motos, bicicletas... e em vez da figura do motoboy, o bikeboy. Já

bastante comum na Europa, a entrega sustentá-vel, ou a chamada ecodelivery, aposta principal-mente na agilidade deste meio de transporte que venceu pelo 5ª ano consecutivo o desafio inter-modal realizado em Curitiba, sendo considerado o meio mais eficiente para atravessar o centro da cidade em horário de pico; e no caráter sustentá-vel que tem por não poluir o meio ambiente.

Tendo em vista a demanda da capital parana-ense, também conhecida como capital ecológica, que como outras cidades brasileiras sofrem cada vez mais com problemas de trânsito, o empre-sário Cristian Trentin decidiu investir na propos-ta das ecobikes, oferecendo uma alternativa de entrega que, segundo o empreendedor, além de proporcionar mais agilidade, evita a emissão de cerca de 20 Kg de CO2 por dia - já que cada ci-clista percorre em média 70 km por dia, o equiva-lente a 5 Kg de CO2, e a empresa conta hoje com

U

Pedalando, bikeboys proporcionam um serviço de ecodelivery com agilidade e economia

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Iniciativa sustentável

inova modelo de entregas

aline Presa

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5 bikers entregadores ou bikeboys, como são co-nhecidos.

Apenas há quatro meses e meio na capital paranaense, a mais nova opção para entregas e coletas de até três quilos já atende bancos, car-tórios, laboratórios, farmácias, profissionais libe-rais e empresas, etc.. com cerca de 50 clientes em 46 regiões da cidade, sendo a área de cobertura para corridas esporádicas de 10 a 15 km da sede da empresa no Água Verde. Além dessas entre-gas, os clientes da EcoBike Courier podem optar por modalidades mais completas de serviço, em que um bikeboy pode ser alocado para atender uma única empresa durante uma parte do dia por exemplo, ou em período integral .

Entre os clientes que recebem atendimen-to fixo mensal, o diretor da empresa DeltaCard, Diego Sampaio, conta que já havia contratado o serviço antes mesmo de ele passar a funcionar. Para Sampaio, as vantagens de contratar esse serviço são principalmente a apresentação e o atendimento do bikeboy, a sustentabilidade da entrega, e o custo atrativo. O diretor da empresa com atuação no segmento de marketing afirma que além dos elogios dos clientes que são aten-didos, alguns que passaram a conhecer o modelo de entrega também contrataram o serviço.

Cristian Trentin explica ainda que no quesito financeiro, a bicicleta promete até 30% de redu-ção de custos da entrega. Por exemplo, com um serviço de motoboy para ir até 5 bancos são co-bradas 5 corridas, afirma Trentin acrescentando que este novo modelo cobra apenas 1 corrida mais os pontos adicionais, que tem um valor di-ferenciado. “Uma empresa que gastava cerca de R$1.500,00 com entrega por motoboy, hoje gas-ta 700 reais mensais com as ecobikes”, relata o diretor da EcoBike Courier. No site da empresa, também é possível simular o custo do trajeto, acessando o endereço eletrônico www.ecobike-courier.com.br, no qual os clientes têm a opção de acessar o sistema Tarifa de Bike; e também conhecer os bikeboys da empresa.

O bikeboy é justamente outro diferencial desse novo modelo de entrega. Instruído desde o primeiro momento com base em uma cartilha específica com as normas da empresa, o ciclista recebe treinamento para oferecer um atendimen-to diferenciado aos clientes, trabalhando unifor-mizados, transportando as encomendas em en-velopes lacrados e tendo uma boa comunicação com o público. Além disso, Trentin garante que há uma preocupação com os funcionários, que além de serem registrados, também têm seguro de vida – o que nem sempre acontece com os motoboys

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“uma empresa que gastava cerca de

r$1.500,00 mensais com entrega por motoboy, hoje gasta r$ 700,00

com as ecobikes”, Cristian Trentin

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divulgação

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Desenvolvimento Local

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 32

que muitas vezes trabalham como freelancer.Com 4 ciclistas na linha de frente da empresa

hoje, o plano de expansão da EcoBike Courier visa contratar mais ciclistas nos próximos meses, com-pletando um quadro de 12 bikeboys em 6 meses de atuação. Kevin Alexando é um deles, o mais recente contratado que antes trabalhava como ca-beleireiro autônomo e agora trabalha pedalando e queimando calorias. Para Kevin, que conta pe-dalar há muito tempo, o trabalho é muito legal: “Além de fazer o que eu gosto, ainda é saudável e acabo fazendo amizades”, afirma o jovem.

Segundo o empresário Cristian Trentin, mui-tos idosos também procuram o serviço de entre-ga sustentável devido à qualidade do atendimen-to, mas eles não são os únicos. Um dos clientes que deixou de utilizar outros serviços de entrega para adotar exclusivamente esse modelo é o Sho-pping Curitiba. De acordo com a coordenadora de marketing do shopping, Elsie Herbert, a postura dos bikeboys é diferente, menos informal e cau-sa uma boa impressão. Além disso, um levanta-mento realizado pelo shopping comprovou que o serviço é 100% mais ágil e acima de 30% mais econômico. Outro benefício destacado pela pro-fissional é que a intenção do modelo é nobre e o planeta é que ganha em primeiro lugar.

E assim, em contínuo crescimento, o negócio idealizado por Trentin, além de gerar lucros, al-cança um objetivo ainda maior de impactar posi-tivamente na cidade e no mundo.

divulgação

divulgação

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Yuri BeltraminProfissional de

Sustentabilidade, Consultor e Facilitador

do Jogo Negócio Sustentável

abe-me aqui fazer uma pequena pro-vocação. Temos consciência do mo-mento que o planeta está vivendo? Do quanto nossos pequenos gestos

do dia a dia significam para a sobrevivência do futuro na terra? Estamos vendo e, muitas vezes, participando deste movimento empresarial em busca pela sustentabilidade, mas até que ponto estamos preparados para viver em uma socie-dade sustentável?

Indicadores são criados, certificações são obtidas, materiais são substituídos por maté-rias-primas mais limpas, inventários de carbo-nos são feitos e marcas são valorizadas, mas será que só isso nos trará a sustentabilidade que devemos perseguir?

Neste cenário, o grande objetivo é trabalhar uma gestão harmônica, o famoso Triple bottom line, o tripé da sustentabilidade, em que os as-pectos econômicos se fundem à preocupação com a comunidade e aos impactos ambientais, causados pelas atividades exercidas pelas pes-soas e pelas empresas. Porém, invariavelmen-te, pensamos no macro, esquecemos pequenos detalhes, que fazem toda a diferença.

É por isso que quando vejo pesquisas de intenção de compra, tenho dois sentimentos. O primeiro bem otimista, ao perceber consumi-dores comprando cada vez mais produtos com menor impacto ambiental ou buscando compra-rem de empresas socioambientalmente respon-sáveis, mesmo tendo de pagar mais por isso. Porém, meu segundo sentimento é de tristeza, pois apesar de procurarmos comprar produtos “verdes”, tão especiais, continuamos descar-tando de maneira errada. E o que é pior. O des-carte inapropriado, não ocorre apenas dentro de casa. São realizados também por empresas e pelo setor público. Ou alguém deixou de re-parar como nossas cidades estão cada vez mais sujas? Hoje, em boa parte delas, não é neces-sário chover muito para que a situação se torne

preocupante para a segurança da população, já que o risco de alagamentos é constante, resul-tado de uso inapropriado do solo, construções irregulares e acúmulo de lixo, entre outros.

Como pensar num mundo sustentável, se não somos capazes de pequenos cuidados como esse que afetam nossa forma de vida e colocam em risco a vida nas cidades? Se ain-da temos empresas que utilizam mão de obra escrava ou infantil? Se ainda agredimos o ou-tro, porque é diferente, pensa diferente ou tem orientação sexual diferente? Se ainda não são poucos os irresponsáveis diante de um volante, encharcados pela bebida ou pelo prazer da sim-ples velocidade?

Cobramos atitudes das empresas, mas pre-cisamos cobrar de cada um de nós, a fim de que nossa sociedade não se autodestrua com práticas “canibalísticas” diversas. Precisamos mudar nossas atitudes, como indivíduos e ci-dadãos. Por que não cobramos ou fiscalizamos os princípios da sustentabilidade dos nossos governos? A crise mundial que estamos vivendo não é um grande exemplo do muito que temos feito de errado, a começar pela economia?

Não dá para negar que avançamos muito nos cuidados com o nosso planeta, mas chegou a hora de olharmos ainda mais profundamen-te para a questão e analisarmos qual a nossa contribuição para que possamos construir, de forma efetiva, um mundo sustentável. Sem es-quecer a responsabilidade de nossos hábitos nessa equação. Atitudes que não considerem isso, esse processo de intensa transformação não passa do que se chama maquiagem ver-de (GreenWash). Não há como alcançarmos a sustentabilidade se não adotarmos atitudes e hábitos sustentáveis.

Minha esperança é que nossos discursos comecem, efetivamente, a se transformar em atitudes. Elas é que darão, verdadeiramente, o tom para o mundo sustentável que almejamos.

Como estamos construindo nossomundo sustentável?

C

Indicadores são criados, certificações

são obtidas, materiais são substituídos por

matérias-primas mais limpas, inventários

de carbonos são feitos e marcas são

valorizadas. Será que só isso nos trará a

sustentabilidade que devemos perseguir?

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Respo

nsabilidad

e So

cial

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Iniciativas privadas buscam educar a sociedade a reduzir, reutilizar e reciclar o lixo

S

Gestão de Resíduos

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Celebridades se unem para ajudar, como na campanha Limpa Brasil Let’s Do It! e no filme Lixo Extraordinário

e Chico Buarque, Marília Pera, Milton Nascimento e outras assim chamadas celebridades se anunciam catadoras de lixo, por que não você ou eu? Contando

com a ajuda dessas e de outras pessoas famosas e respeitadas pelo público em geral, a campanha Limpa Brasil Let’s Do It! pretende educar a popu-lação brasileira e mostrar que o lixo é um proble-ma de cada cidadão e não somente das autorida-des públicas. “Já tivemos o envolvimento direto de quase 40 mil pessoas e esperamos atingir o Brasil inteiro no decorrer dos dez anos de dura-ção previstos para o projeto”, diz Marta Rocha, diretora executiva da Atitude Brasil, empresa res-

letícia Ferreira ponsável pela campanha e que desenvolve pro-gramas e projetos com foco em sustentabilidade e democratização do conhecimento.

Com o objetivo de reunir meio milhão de pessoas na limpeza das 14 das maiores cidades brasileiras, a campanha foi lançada este ano e a primeira ação aconteceu em junho, no Rio de Janeiro. Reunindo cerca de seis mil pessoas, em um dia de mobilização foram recolhidas do es-paço público 17 toneladas de materiais reciclá-veis. Até agora, a campanha já contribuiu para a retirada de mais de 650 toneladas de resíduos recicláveis do espaço público nas cidades pelas quais passou (Rio, Brasília, Goiânia e Campinas).

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Obra do artista plástico Vik Muniz produzida com lixo reciclável e inspirada em

catadora do Jardim Gramacho

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lgaç

ão

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“um dos nossos objetivos é disseminar valores e princípios da

educação ambiental por meio de nossas

práticas e metodologia, que são de fácil

reaplicabilidade” , Marielza Horta

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Mais do que recolher o lixo irresponsavel-mente descartado nas ruas, a intenção é mos-trar que não é vergonha pôr a mão no lixo para destiná-lo corretamente: “Convidamos persona-lidades e formadores de opinião para participar da campanha porque sabemos que essa é uma problemática que muitos brasileiros ignoram”, diz Marta. Os convidados gravaram um filme pu-blicitário que já vem sendo veiculado pela mídia, além de vários depoimentos.

Para Marta, essa problemática envolve todos os cidadãos e inclui desde o consumo e a con-sequente produção excessiva de resíduos até o descarte irregular e os baixos índices de rea-proveitamento de materiais: “Acreditamos que, independentemente da qualidade dos serviços de limpeza urbana e gestão dos resíduos, nos-sa iniciativa tem um papel muito importante na conscientização do indivíduo, que é necessária em todas as grandes cidades de nosso país”.

Marta explica ainda que, no Brasil, há uma cultura enraizada de jogar lixo fora do lixo que precisa ser revertida urgentemente, um mau há-bito inserido ainda no período colonial que, até hoje, mesmo com a popularização de conceitos como sustentabilidade e a ampliação dos deba-tes a esse respeito, persiste. E a falta de informa-ção – ou educação - não tem relação com classe social: “Aqui, ninguém é multado ou repreendi-do por jogar lixo na rua”.

Além disso, o brasileiro tende a pensar que o lixo que produz não é “problema seu”, mas responsabilidade do governo municipal ou das empresas, sem perceber que a responsabilida-de é compartilhada: “A matéria-prima passa por vários processos até se tornar o que chamamos de lixo. Como temos a opção de escolher gerar ou não esse lixo, temos também a necessidade de assumir nossa responsabilidade”, diz Marta.

Ela diz também que certas regiões urbanas são varridas diversas vezes por dia, mas conti-nuam sujas porque, mesmo que o trabalho go-vernamental de limpeza do espaço público seja eficiente, não é possível mantê-lo se as pessoas jogam lixo na rua. “A maior preocupação do Lim-pa Brasil Let’s do it! é incentivar a sociedade a mudar essa cultura de descaso”, diz.

Quem limpa, não suja: Um dos convidados da campanha é o ator Cássio Reis que, em seu depoimento, afirma: “O lixo não está só nas ruas. O lixo está dentro de casa e mais do que isso: dentro da consciência de cada um. Reduza. Reutilize. Recicle”. Marta Rocha completa: “Parti-mos do preceito de que ‘quem limpa não suja’ e acreditamos que aqueles que estão dispostos a

se engajar nessa iniciativa assumem sua respon-sabilidade perante os resíduos que produzem e, no mínimo, não vão mais jogar lixo fora do lixo”.

O projeto nasceu na Estônia e já atingiu qua-se 20 países. A Atitude Brasil trouxe-o com a co-laboração da UNESCO. Aqui, devido à extensão territorial e ao hábito ainda muito enraizado de jogar lixo fora do lixo, a iniciativa é voltada prin-cipalmente à conscientização da sociedade civil, motivo pelo qual terá duração de 10 anos.

Todo material reciclável recolhido será envia-do a cooperativas de catadores que já atuam nas cidades. Já os rejeitos ficarão sob a responsabi-lidade das prefeituras que os encaminharão a aterros sanitários.

Após as ações nas cidades, haverá shows com artistas da música brasileira. Esses eventos terão o mote “do meu lixo cuido eu” e a propos-ta é que os artistas cobrem dos espectadores a limpeza do espaço, propondo que cada um se responsabilize pelos resíduos que produzir.

Lixo Extraordinário • Entre as personalidades apoiadoras do projeto Limpa Brasil Let’s do It! está o catador Tião Santos, presidente da Asso-ciação de Catadores de Material Reciclável de Jardim Gramacho (ACAMJG), na Região Metropo-litana do Rio de Janeiro. Tião ficou famoso após participar de outra iniciativa que levantou, com eloquência, não somente o problema do lixo, mas das pessoas que ganham a vida em torno

Chico Buarque numa das peças publicitárias da campanha: “O lixo está se tornando um problema cada dia mais sério”di

vulg

ação

Page 38: Revista Geração Sustentável

tornar um desastre ambiental grave.O sociólogo Jorge Pinheiro, coordenador do

site Lixo.com.br (espaço para a troca de informa-ções sobre práticas sustentáveis na área de re-síduos sólidos no Brasil e principalmente no Rio de Janeiro), declara em artigo no site que o aterro já apresenta sinais de que uma parte do lixo acu-mulado ali nos últimos 30 anos pode verter para dentro da Baía de Guanabara.

Segundo Pinheiro, desde 2005, a secretaria do Fórum Estadual Lixo e Cidadania – fundado em 1998 pela UNICEF - vem acompanhando a luta dos catadores de jardim Gramacho para garantir seu trabalho na cadeia da reciclagem, trabalho do qual dependem para sua subsistência. E que, sem custos para a sociedade, reintroduziu tone-ladas de matéria-prima reciclável no ciclo produ-tivo economizando preciosos recursos naturais.

Gestão de Resíduos

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 38

do recolhimento e da reciclagem de resíduos sólidos: o filme Lixo Extraordinário (Waste Land, 2009). Nele, é mostrado o trabalho do artista plástico Vik Muniz em Jardim Gramacho, um dos maiores aterros sanitários do mundo. Retratando a realidade dos catadores de uma forma tocante e surpreendente, o filme contou com a produção do cineasta Fernando Meirelles e recebeu prê-mios importantes como o Sundance, além de ser indicado ao Oscar deste ano de Melhor Docu-mentário: um filme que se tornou referência em documentário e arte e acabou se transformando em bandeira dos catadores e da reciclagem.

A ACAMJG foi criada em 2004 para tratar da inclusão social dos catadores e organizá-los para o provável fechamento do aterro, no ano que vem, condenado por estudos da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro. Segundo o es-tudo, o aterro, que recebe 80% do lixo produzido na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (cerca de mil toneladas por dia), está no limite de sua capacidade e, caso não seja fechado, pode se

eCo CIDaDãooutro projeto no rio de Janeiro vem ganhando destaque no Brasil e no mundo é o eco Cidadão. Fundado em 1997, o programa desen-volve campanhas educativas e projetos dirigidos à população em geral, buscando incluir os cidadãos no processo de preservação ur-bana e manutenção da limpeza da cidade, como o projeto educação para limpeza urbana.Segundo a coordenadora do programa, Marielza Horta, esse pro-jeto buscou a educação a respeito da redução, disposição e desti-nação adequada do lixo e adoção de tecnologias limpas: “o pro-grama eco Cidadão foi pioneiro em incluir os cidadãos no processo de manutenção da limpeza urbana. Macaé não tem coleta seletiva, assim, incentivamos a doação de lixo reciclável para os catadores e instituições, além de provocarmos um debate positivo junto aos segmentos da sociedade sobre a questão”.outras práticas incentivadas pelo eco Cidadão em projetos desen-volvidos a curto e longo prazos estão agricultura urbana agroe-cológica, uso sustentável da água, preservação do rio Macaé, con-sumo consciente, seguranças alimentar e nutricional e o desenvolvimento do sentimento de pertencimento comunitário, com a construção de valores da cultura da paz.Marielza conta que, entre os resultados alcançados estão a implementação de seis hortas comunitárias e jardins produtivos junto às comunidades beneficiadas pelo projeto Cultivar Plantas - Cultivar Paz, além de implementação de seis bibliotecas comunitárias.o projeto já recebeu prêmios de várias entidades da onu e da união europeia. “temos como um dos objetivos disseminar os valores e princípios da educação ambiental, por meio de nossas práticas e metodologia, que são de fácil reaplicabilidade”, informa Marielza. “estamos disponíveis para replicar o trabalho desenvolvido aqui em outras regiões, essa é nossa missão.”

o brasileiro tende a pensar que o lixo que produz não é “problema seu”, do governo ou das empresas, sem perceber que a responsabilidade é compartilhada, Marta Rocha

divulgação

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Educação e Sustentabilidade

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 40

Abrindo o silêncio para

o mundoInclusão social dos surdos é meta da parceria do

Instituto Seli e do Ibpex, uma empresa do Grupo Uninter

lyane Martinelli

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ormação e educação são bases para o desenvolvimento de qualquer ser huma-no. Por isso são tão importantes e valo-rizadas no mundo atual, que requer de

cada indivíduo uma capacidade de interação e atuação independentes e certeiras. Visualizando essas necessidades na sociedade atual, o Institu-to SELI (Surdez Educação Linguagem e Inclusão) organizou-se para dar aos surdos a oportunidade de atuação na sociedade em geral de igual para igual com pessoas que não tem o silêncio como parceiro diário. “O objetivo do instituto é formar e educar cidadãos surdos com consciência e capa-cidade de atuação na sociedade, permitindo que tenham liberdade de expressão e exerçam sua in-dividualidade”, afirma Márcia Miola, diretora do Instituto SELI.

O Instituto SELI começou suas atividades em 2002, quando abriu as portas de sua escola para atender alunos surdos no período escolar da Edu-cação Infantil e na primeira fase do Ensino Fun-

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

damental. Com a atuação diária, o instituto foi percebendo novas necessidades do universo dos surdos, ampliando, assim, sua atuação. Hoje, o instituto atua em cinco diferentes frentes: colé-gio, cursos, capacitação, clínica e cultura surda. O trabalho visa à inclusão da pessoa surda desde o momento do seu diagnóstico até sua atuação no mercado de trabalho. “O acompanhamento inclui desde a formação escolar, com enfoque bilíngue, passando pela capacitação técnica, gra-duação, pós-graduação e encaminhamento pro-fissional. Além do trabalho com a pessoa surda, é feito também um trabalho com as famílias, para que vivenciem junto à trajetória”, explica Márcia.

Além do trabalho com os surdos, o instituto trabalha na divulgação da cultura surda em di-versos eventos e mantém um centro de formação para quem vai trabalhar com a comunidade de surdos. “O Instituto SELI preocupa-se em formar profissionais que vão atuar com essas pessoas. O instituto trabalha na formação de professores de

41

F

“o objetivo do instituto é formar e educar

cidadãos surdos com consciência e capacidade de

atuação na sociedade, permitindo que

tenham liberdade de expressão e exerçam

sua individualidade” , Márcia Miola, diretora do

Instituto SELI

Page 42: Revista Geração Sustentável

alunos surdos, de intérpretes de LIBRAS e de pes-soas interessadas em conhecer a cultura surda”, afirma Márcia. O Instituto oferece aos profissio-nais que atuam com a comunidade surda cursos de pós-graduação com foco específico, como “Li-bras e educação dos surdos”, “Agente Bicultural: Docente e Intérprete” e “Tecnologias Assistivas na Educação Inclusiva”, chancelados pelo IBPEX. “Os mesmos cursos são ofertados em outras regi-ões, visto que na cidade de Belo Horizonte temos uma turma com 15 alunos surdos, sendo um de-les cego e surdo”, afirma Ana Carolina Castelli da Silva, coordenadora de pós-graduação da área de Ciências Humanas e Educação do IBPEX, empresa do Grupo Uninter de Curitiba, parceira do Institu-to SELI em São Paulo.

“A atuação do Instituto repercute social-mente além das paredes de seu prédio”, garan-te Ana Carolina. Isso porque o instituto trabalha além da formação de pessoas surdas qualificadas e com identidade bem resolvidas, mas também ajudam empresários a ter retorno positivo no in-vestimento em políticas de cotas, ajuda famílias a visualizar e reconhecer a autonomia da pessoa surda na família, criando assim uma dinâmica familiar equilibrada. Ainda nesse sentido, o ins-tituto tem um papel social importante, pois aju-

da a sociedade a adotar posturas éticas perante a surdez, pois capacita o surdo para exercer sua cidadania de forma madura, conscientes de seus direitos e deveres sociais. “Aquilo que antes era visto como ‘incapacidade’, passou a ser percebi-do como diferença a ser aceita, com as devidas adaptações necessárias a cada pessoa. E isso é inclusão social. Cada vez que faço uma visita ao Instituto fico mais apaixonada e encantada com o trabalho desenvolvido”, comenta Ana Carolina.

Parceria Seli-Uninter • A parceria estabelecida entre o Instituto SELI e Uninter procura levar a sé-rio o termo “parceria”, pois pressupõe que ambas as partes trabalhem em conjunto, considerem os objetivos de ambas as partes e obtenham com isso resultados melhores e mais efetivos do que se trabalhassem individualmente. “Foi através dessa união que se tornou possível oferecer cur-sos específicos para capacitação para o trabalho com a comunidade surda”, explica Ana Carolina. Hoje, através desse trabalho, já são vários os gru-pos de pós-graduação e grupos de formação de professores e intérpretes para surdos em ativida-de. O próximo passo é a implantação dos cursos EAD (ensino à distância), que vai permitir a am-pliação do trabalho de capacitação profissional.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 42

Educação e Sustentabilidade

“aquilo que antes era visto como ‘incapacidade’, passou a ser percebido como diferença a ser aceita, com as devidas adaptações necessárias a cada pessoa. e isso é inclusão social. Cada vez que faço uma visita ao Instituto fico mais apaixonada e encantada com o trabalho desenvolvido”, Ana Carolina Castelli da Silva, coordenadora de pós-graduação do Grupo Uninter de Curitiba

Page 43: Revista Geração Sustentável

e existe algo que tem feito de 2011 um ano diferente dos anteriores é, sem dúvida alguma, a série de ma-nifestações populares que têm ocor-

rido desde janeiro, reivindicando, em última análise, medidas que provoquem mudanças sociais. Nada muito diferente do que exigiam aqueles que tomaram a Bastilha de 1789 e fize-ram a Revolução Francesa. É incrível como, de-pois de mais de 220 anos, não tenhamos con-seguido avançar na direção da construção de uma sociedade mais justa e democrática, que se preocupe verdadeiramente com o desenvol-vimento das pessoas e com a sustentabilidade das atividades socioeconômicas e culturais.

Desde a Revolta de Jasmim, que derrubou o ditador tunisiano Bem Ali, passando pelos “Dias de Fúria” no Egito, pelo esfacelamen-to da Líbia e por alterações em todo norte da África e grande parte do Oriente Médio, até as recentes manifestações inspiradas no “Occupy Wall Street” em muitos países, este tem sido um ano de manifestações públicas e insatisfa-ções com injustiças sociais. Gostaria de exer-citar três reflexões sobre pontos em comum em todas essas manifestações, mesmo reco-nhecendo terem origem e motivos aparentes diferentes.

A primeira é que, independentemente da discussão, se novas democracias africanas abrirão portas para grupos radicais mulçu-manos tomarem o poder ou se concentrações em praças vão ou não gerar empregos para um grande número de pessoas sem atividade na Europa ou nos EUA, pode-se concluir, sem sombra de dúvidas, que o modelo reducionista e teleológico de pensar os homens e a socieda-de como apenas mais um produto econômico não se sustenta mais. Com o passar dos anos, o andar da carruagem não consegue mais ajei-tar as abóboras e só acentua diferenças socio-econômicas entre países e grupos sociais.

A segunda é como as novas tecnologias de registro, informação e comunicação têm--se tornado mais efetivas na organização des-ses movimentos, não importando mais o país

onde ela tem origem. As redes sociais vence-ram as censuras, os toques de recolher e a falta de liberdade de expressão. A onda global de movimentos sociais que precedeu a Revolução Francesa durou mais de 20 anos, iniciando-se EUA em 1776 e atingindo diversos outros paí-ses, como Inglaterra, Irlanda, Países Baixos e outros. Hoje somos convidados a participar e a acompanhar ao vivo os acontecimentos, inde-pendentemente de proibições.

O MUNDO PRECISA DE LÍDERES • A terceira reflexão sobre pontos em comum nas revoltas de 2011 é a ausência de lideranças fortes e re-conhecidas em todos eles. A movimentação é bastante positiva, pois são sinais de mudança. Porém, as reivindicações nesses movimentos não são muito claras. Em alguns casos, como na Argélia, a simples suspensão de um Estado de Emergência é recebida como satisfação e vis-ta como uma medida pacificadora. Em outros, como no “Occupy Wall Street” e nos movimen-tos ocorridos recentemente em diversos outros países, inspirados na ocupação do centro finan-ceiro norte-americano, os objetivos dos insatis-feitos não são tão claros. Constata-se apenas que do jeito que está não está bom. “Queremos o fim da ganância das grandes corporações e das instituições financeiras”, como se isto fosse compatível com um regime capitalista de merca-do, que tem na acumulação de capital sua meta principal. Precisamos desenvolver novas lideranças, em nosso país e em todo o mundo, em todas as áreas. Pessoas comprometidas com o novo, com o inédito, capazes de perceber a insatis-fação de grupos e sociedades, de refletir, dis-cutir, aparar diferenças e conduzir insatisfeitos para uma situação diferente, que tenha sempre como objetivo final uma maior igualdade entre regiões, povos e pessoas. Torço para que essa lacuna social de lideranças seja temporária e não signifique o esquecimento, a descrença ou o desinteresse das pessoas de retomar o cami-nho de construção da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

Da Tunísia a Wall Street

S

Precisamos desenvolver novas lideranças, em nosso país e em todo

o mundo. Pessoas comprometidas com o

novo, com o inédito, capazes de perceber a

insatisfação de grupos e sociedades e que

tenha sempre como objetivo final uma maior igualdade entre regiões,

povos e pessoas

43 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

iVan de melo dutraArquiteto e Urbanista e

Mestre em Organizações e Desenvolvimento

SUSTENTÁVELS

Page 44: Revista Geração Sustentável

O

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

conceito de sustentabilidade, embora já bastante difundido, nem sempre é lembrado em toda a sua abrangência. Pensando nisso, o Conselho Paranaen-

se de Cidadania Empresarial (CPCE) lançou o movi-mento Paraná Educando na Sustentabilidade que, segundo a professora Sonia Ana Leszezynsk, bus-ca agregar um “repertório compartilhado” acerca da temática da sustentabilidade, “que vai muito além da questão ambiental – envolvendo também as questões econômica, social, moral e ética”.

Além dessa ação, que num primeiro momento busca sensibilizar os educadores e mostrar-lhes a importância do seu papel como agentes de trans-formação, o CPCE atua ainda em outras frentes, como na expansão dos núcleos regionais, na re-alização de palestras, cursos e encontros que tem como objetivo incentivar a adoção de práticas sus-tentáveis por cidadãos e empresas paranaenses. Outras articulações com representantes de sindi-catos da classe industrial e do 3º setor também

são previstas para auxiliar os diferentes públicos para atuarem em seus segmentos.

“Primeiro precisamos despertar a consciência para a educação na sustentabilidade para que as pessoas coloquem isso em prática”, explica a professora Sonia sobre a necessidade de pensar a questão da sustentabilidade de uma forma holís-tica, aplicando essa metodologia primeiramente com aqueles que ensinam. “O ser humano é parte integrante do meio ambiente. Educar na sustenta-bilidade significa educar para o hoje, não para o futuro, pensando no desenvolvimento a partir do ponto de vista sustentável”, afirma a professora. Palestras já programadas em Londrina e Maringá pelo CPCE serão ministradas com o intuito de en-volver as instituições de ensino para adotar, imple-mentar e tornarem-se signatárias do Pacto Global e dos Princípios para Educação Empresarial Res-ponsável (PRME).

O Pacto Global é uma iniciativa descrita pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan em 10 prin-

44

Page 45: Revista Geração Sustentável

cípios, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção de valo-res fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de traba-lho, meio ambiente e combate à corrupção. Já os Princípios para Educação Empresarial Responsá-vel (PRME) procuram estabelecer um processo de melhoria contínua entre as instituições de ensino de Administração a fim de desenvolver uma nova geração de líderes de negócios, preparada para gerir os desafios enfrentados por empresas e pela sociedade no século XXI.

Segundo Guido Bresolin Junior, vice-presiden-te do núcleo do CPCE que está sendo oficializado em Cascavel, além de realizar seminários para sensibilizar as indústrias para adotarem práticas sustentáveis, a ramificação do conselho que está em fase de expansão no oeste visa fomentar lide-ranças e aumentar o número de empresas da re-gião que se comprometam com o pacto global, au-xiliando o estado a atingir os objetivos do milênio.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Sustentabilidade: da teoria à prática

45

“A expectativa é que consigamos fomentar a responsabilidade social em indústrias da região com ações de perpetuação”, explica Junior sobre a importância de se modificar uma cultura já for-mada na região. “Como o oeste foi desbravado, as empresas – muitas delas cooperativas – foram for-madas assim, com esse caráter de exploração sem essa preocupação com a sustentabilidade”, afir-ma o vice-presidente do núcleo que busca ainda atingir universidades com seminários e debates.

Bresolin Junior destaca ainda a formação de lideranças que atuem não só no ambiente interno de suas empresas, mas também no meio em que estão inseridas, beneficiando a comunidade local como, por exemplo, contratando trabalhadores do entorno e valorizando assim a mão de obra local. Da mesma forma, Ney da Nóbrega Ribas, vice-pre-sidente do núcleo do CPCE que está sendo oficiali-zado em Ponta Grossa, ressalta o posicionamento de um negócio sustentável com foco no equilíbrio entre os aspectos econômico, social e ambiental:

“o ser humano é parte integrante do meio

ambiente. educar na sustentabilidade

significa educar para o hoje, não para o

futuro, pensando no desenvolvimento a partir do ponto de

vista sustentável”, professora Sonia Ana

Leszezynsk

Com diferentes ações no Paraná, o Conselho de Cidadania Empresarial busca promover o desenvolvimento sustentável do estado

aline Presadivulgação

Page 46: Revista Geração Sustentável

“Além do ambiente interno das empresas, não po-demos mais ignorar a comunidade que nos cerca. E aí reside outro desafio, pois a sociedade desper-tou e cobra nossa postura em relação aos impac-tos que geramos com nossas atividades, sejam eles quais forem”.

Ribas atenta que sendo o conselho um fórum que congrega empresários com perfil de liderança e visão social, sensíveis às mudanças e causas para a construção de uma sociedade justa, in-clusiva e sustentável - todos têm a oportunidade de contribuir com suas competências e capacida-des inovadoras. “O CPCE atua na articulação e no apoio; e assim, congregados por meio de núcleos, em torno de programas, projetos e ações de volun-tariado e responsabilidade socioambiental, com a participação de profissionais de diferentes seg-mentos da sociedade, confiamos que teremos for-ça e efetividade para promover as transformações sociais que queremos”, afirma o vice-presidente do núcleo dos campos gerais, sobre a execução de ações que visam à qualidade de vida nas empre-sas e nas comunidades do seu entorno.

Assim como as regionais de Cascavel e Cam-pos Gerais, as regionais de Londrina e Maringá também buscam maior proximidade da comunida-de no sentido de que cada região, dentro de suas características, possa otimizar as suas forças e conduzir os trabalhos e programas de forma mais eficiente e participativa. Participação que também é a palavra-chave nos trabalhos do Conselho cria-do pela Federação das Indústrias do Estado do Pa-raná (FIEP) em 2004 e que recentemente teve sua logomarca alterada a partir do diálogo com os par-ceiros envolvidos, para reforçar a imagem do CPCE como órgão ativo responsável por fomentar as ati-vidades de responsabilidade social nas empresas.

Outras ações de diálogo e participação são realizadas frequentemente pelo Conselho Para-naense de Cidadania Empresarial, como o café da manhã com os contadores, organizado com apoio do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC), do Sindicato dos Contabilistas de Curitiba e Região (Sicontiba) e do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Asses-soramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado do Paraná (Sescap). O café foi uma inicia-tiva para orientar os profissionais para que atuem no sentido de conscientizar empresas e pessoas físicas para direcionar parte do imposto devido para entidades sociais. Além do uso de incentivos fiscais do Imposto de Renda para projetos sociais, o encontro discutiu ainda o projeto de lei que trata do assunto em trâmite no Congresso Nacional.

Com foco na questão social, o CPCE também está trabalhando para a realização do Encontro Paranaense de Reabilitação, Inclusão e Tecno-logia com o tema Inovar para Incluir. O objetivo desse evento é disseminar novidades tecnológi-cas na área de reabilitação, inclusão e mobilidade reduzida como inovações em práticas de ensino, pesquisa, tecnologia em serviços e produtos para pessoas com deficiência. E as ações não param por aí: começando com a disseminação de uma visão mais abrangente do conceito de sustenta-bilidade até a implementação de ações de sensi-bilização e adoção de novas práticas, o Conselho trabalha a sustentabilidade da teoria à prática, envolvendo o maior número de atores nesse pro-cesso, uma vez que, como disse Ney da Nóbrega Ribas, “no futuro, nosso legado será medido pelo nível de comprometimento e responsabilidade que tivermos com aquilo que fizermos, deixarmos de fazer ou permitirmos que façam.

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 46

“além do ambiente interno das empresas, não podemos mais ignorar a comunidade que nos cerca. e aí reside outro desafio, pois a sociedade despertou e cobra nossa postura em relação aos impactos que geramos com nossas atividades”, Ney da Nóbrega Ribas, vice-presidente do núcleo do CPCE / Ponta Grossa

divulgação

Page 47: Revista Geração Sustentável

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Page 48: Revista Geração Sustentável

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 48

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CIÊNCIA AMBIENTALTerra, um Planeta Vivodaniel B. BotKin e edward a. KellerltC editora

AUDITORIA AMBIENTAL fLORESTALJulis oráCio feliPeeditora CluBe dos autores

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Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

� o porque ainda não existe um consenso universal sobre o real sig-

ni� cado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda

estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribui-

ção a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabili-

dade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar

esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na in-

tenção de re� etir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o

tema com super� cialidade. Se os autores focam demais em uma

questão ou em um grupo pequeno de temas, � ca difícil transmitir

uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretan-

to, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadi-

lhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro

entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto

na profundidade quanto na abrangência.

• ALAN BRYDEN Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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José Carlos Barbieri

Jorge Emanuel Reis C

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José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

ACP reconhece empresas paranaenses com ações sustentáveis

Durante o mês de Outubro, na sede da ACP (Associação Comercial do Paraná), aconteceu a entrega do prêmio do segundo prêmio CASEM de Gestão Sustentá-vel. Na ocasião, dez empresas foram finalistas desta edição: Ambev, Tecnoflex, Roadimex, Buona Vita, Unimed Curitiba, Unimed Oeste, Unimed Pato Branco, Posigraf, Proclin e Posto Sprange.Este prêmio é uma iniciativa da Associação Comercial do Paraná com a finali-dade de reconhecer as melhores práticas de gestão sustentável desenvolvidas por empresas que atuam no Estado do Paraná. Nesta segunda edição, a comis-são julgadora, formada por profissionais de diversas áreas, entre eles o diretor executivo da Geração Sustentável – Pedro Salanek Filho – analisou e avaliou os projetos que se enquadravam em três categorias: a) Economicamente Viável; b) Socialmente Justa; e c) Ambientalmente Correta.Na abertura do evento o presidente da ACP, Sr. Edson Ramon, mencionou que a iniciativa do prêmio é um reconhecimento para as empresas que estão pre-ocupadas e envolvidas com ações de sustentabilidade. Em seguida, o coorde-nador do prêmio, Niasy Ramos Filho também destacou que o respeito com o meio ambiente e ao ser humano são fatores essenciais para a continuidade dos negócios.Os ganhadores do prêmio foram empresas que obtiveram nota superior a 60% dos critérios analisados. Na categoria Socialmente Justa, a Unimed Oeste, de Medianeira, foi premiada com o projeto ‘Viver sem Estigmas’ que promove o diagnóstico e o tratamento corretos em pacientes com hanseníase. Enquanto a empresa Roadimex, empresa que atua com soluções ambientais, levou o prê-mio na categoria Ambientalmente Correta com os projetos ‘Neutralização de Carbono’, desenvolvidos em parceria com o Shopping Palladium, o IAP (Insti-tuto Ambiental do Paraná) e a Prefeitura Municipal de Pinhais. Diferentemente da primeira edição, o prêmio CASEM de Gestão Sustentável 2011 não premiou projetos inscritos na categoria Economicamente Viável. Além das empresas premiadas, outras duas receberam menção honrosa, a Buona Vita Cosméticos e a Posigraf.

Foto: Instituto GRPCO

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stou trabalhando há alguns meses com crianças do Ensino Fundamental e adolescentes do Ensino Médio. As primeiras têm, em média, 14 anos,

e as segundas, 17. Minha função é abordar alguns assuntos relativos à sustentabilidade socioambiental. Tenho aprendido muito.

Percebi que na prática o tal tripé da sus-tentabilidade não se aplica. Se a questão socioambiental for realmente considerada prioridade, o lado econômico se equilibra. Vou utilizar uma metáfora: a sustentabilidade é um ser bípede que tem uma perna ambien-tal e a outra social. Se estas duas caminha-rem no tempo, espaço e velocidade correta o corpo deste ser (que é a economia) evolui junto. São os pés ambientais e sociais que propiciam que a economia se equilibre. Então assumo oficialmente que não aceito mais a teoria do tripé da sustentabilidade. A experi-ência mostra que quando o tal ser da minha metáfora tem três pés ele se atrapalha, trope-ça e não caminha. Até porque a economia não é um pé, é o corpo. Ela não sabe (e não pode) caminhar sozinha.

Aprendi também que a sociedade se es-pecializou em criar futuras gerações cada vez mais insustentáveis. Vamos analisar a esco-la. As crianças de 14 anos são espontâneas, cheias de energia, exigentes de estímulos in-teligentes, atenção e regras claras de discipli-na. E elas falam, querem participar, são mo-tivadas. Os quinze minutos de intervalo são uma explosão de euforia. Os adolescentes de 17 anos são calados. A energia da motivação apagou. A disciplina rígida, o vestibular e a maturidade cobraram seu preço. Os quinze minutos de intervalo servem para enviar um

torpedo para alguém distante. Realmente o currículo do racionalismo acadêmico é a es-cola do fazer calar...

Em sua esmagadora maioria as escolas não têm árvores, apenas pátios cimentados. É que as árvores representam um risco para os pequenos. Subir em árvores realmente é muito arriscado, melhor deixar para fazer isso quando você for adulto e tiver plena consciên-cia do risco envolvido.

Os lanches servidos nas escolas são um convite para problemas de saúde. Na come-moração do dia da criança, os estudantes receberam algodão doce, cachorro-quente e pirulitos. Carboidratos e lipídeos que signifi-cam açúcar e gordura. Em uma escola oferta-ram maçãs, e, muitas delas, depois de duas mordidas, viraram bola de futebol no pátio cimentado...

Nas horas livres em média metade das crianças assiste televisão ou usa o compu-tador. Infelizmente poucas, muito poucas, realizam com regularidade atividades físicas ou culturais. Os passeios acabam sendo uma rota de consumo em shopping centeres sem árvores, com lanches artificiais e muitas vitri-nes de ilusão.

Bombardeados com símbolos de sucesso como carros, equipamentos eletrônicos, mar-cas internacionais de vestuário e empregos em multinacionais as pernas dessas futuras gerações vão se atrofiando, restando apenas o corpo econômico pesado e lerdo. Corpo que não anda. Cabeças que não pensam. Corpos que não andam mais vão ensinar as futuras gerações como caminhar. Realmente a teoria na prática é outra. Não estamos de pernas para o ar. Estamos sem pernas.

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A sustentabilidade é um ser bípede que tem uma perna ambiental e a outra social, se estas duas caminharem no tempo, espaço e velocidade correta o corpo deste ser (que é a economia) evolui junto. Então assumo oficialmente que não aceito mais a teoria do tripé da sustentabilidade

50 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Como criar uma geração insustentável

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rosimerY defátima oliVeiraEspecialista em diagnóstico e planejamento sistêmico

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