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GRAVURA REMBRANDT Conheça algumas das obras do homem que revolucionou a história da arte R$ 9,90 Gravura Ano 1, N° 1 - Novembro 2011 GRANDES ARTISTAS Aqueles que fizeram e que fazem a gravura se destacar DESTAQUE Brasileiros e estrangeiros que se destacam com sua originalidade RUBEM GRILLO Saiba mais sobre um dos maiores gravadores da atualidade

Revista Gravura

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A revista tem como tema a gravura, técnicas e artístas do cenário nacional e internacional. Foi produzinda na disciplina de Gráfica III pelo grupo formado por Gabriel Chieppe Kroeff, Giuliano Kenzo, Michael France R. Canal e Samuelly Ribeiro.

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GRAVURA

REMBRANDTConheça algumas

das obras do homem que revolucionou a história da arte

R$ 9,90Gravura Ano 1, N° 1 - Novembro 2011

GRANDES ARTISTASAqueles quefizeram e que fazema gravura se destacar

DESTAQUEBrasileiros e estrangeiros

que se destacam com sua originalidade

RUBEM GRILLOSaiba mais sobre umdos maiores gravadores da atualidade

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EDITORIALÍNDICE

Editorial 4Grandes Artistas 5Perfil 6Exposições 9Técnicas 10Entrevista 12Mídias 16Biografia 18Artigo 22Obras atuais 23Nacional 24Mundo 25Cursos 26

Rembrandt - Desenhando na Janela, gravura

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A revista Gravura inicia sua jornada com esta edição que vem cheia de novidades sobre o mundo da gravura, esta é uma revista especializa-da, e que se compromete com o leitor que é interessado no assunto, e quer estar sempre atento ao que acontece nessa área.

Pretendemos, com esse número, abrir as portas para a Gravura no mercado, e poder tornar a revista reconheci-da entre um determinado público. O leitor encontrará nesta edição, temas de conteúdo primário para quem conhece e quem quer conhecer tudo sobre gravura, como alguns dos principais artistas que já existiram, entre eles Rembrandt.

Nossa revista sempre terá em seu conteúdo, perfis, sobre artistas re-conhecidos ou artistas da atualidade, até mesmo os que estão come-çando a ganhar destaque, pois nosso objetivo também é poder ajudar os artistas a crescerem e ganhar o seu merecido reconhecimento, e é claro, um destaque em nossa revista.

Acreditamos que nosso trabalho possa atualizar as pessoas que estão por fora, e informá-las sempre sobre o que está acontecendo, divul-gando, por exemplo, exposições, seminários e convenções sobre os artistas nacionais e internacionais.

Para mostrar que chegamos para ficar, temos como destaque nesta edição, uma entrevista exclusiva com o artista brasileiro Rubem Grillo, contando tudo sobre sua vida e carreira como artista.

Esperamos agradar a todos, e que os leitores possam sentir-se satisfei-tos com o conteúdo apresentado.

Michael France R. Canal

Editor e diretor de redação

EDITORIALEDITORIAL

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randes ArtistasG

Albrecht Dürer viveu entre 1471 e 1528 e foi a figura central da renascença alemã. Estudou com o seu pai, um ourives húngaro que emigrou para a Alemanha, e em 1486 começou a pintar. Tornou-se aprendiz do pintor Michael Wolgumut com quem iniciou os seus trabalhos de gravura em madeira e cobre. Dürer

inspirou-se nos trabalhos dos pintores dos dois maiores centros artísticos europeus (Itália e Holanda), mas sendo muito mais inovador. Suas jornadas permitiram-lhe fundir as tradições góticas do Norte com a utilização da perspectiva dos italianos. Começa aqui o seu interesse pela matemática afirmando que “a nova arte deverá basear-se na ciência, em particular na matemática, como a mais exata, lógica e impressionantemente construtiva das ciências”. Mas não foi só a teoria da proporção que influenciou o seus trabalhos artísticos, também a sua mestria em perspectiva conquistada através do estudo da geometria foi de grande importância. Durante dez anos após 1496, Dürer passou de um artista relativamente desconhecido para alguém com uma ampla reputação como artista e como matemático. Continuou interessado em aprender com os italianos, mas desta vez não no domínio das artes, mas sim no domínio da matemática. Visi-tou Luca Pacioli, Jacopo de Barbari e achou que deveria aprofundar ainda mais o seu conhecimento matemático.

Andrea Mantegna nasceu em 1431 na cidade de Vicenza. Foi pintor e gravador do Renascimento na Itália. Foi o primeiro grande artista da Itália setentrional. Embora sua obra como pintor seja magnífica, Mantegna não foi menor como gravador, embora, por não ter assinado seus trabalhos (com exceção de um único em 1472), esta parte de sua obra seja mais historicamente obscura. O que nos chegou foi que começou a gra-var suas placas em Roma, sob influência de Baccio Baldini e Sandro Botticelli. Mas parece que já em Pádua teria trabalhado sob a tutela de um famoso ourives chamado Niccoló. As principais seriam Triunfos Romanos, Bacanais, Hercules e Antaeus, Deuses Marinhos, Judite com a cabeça de Holofenes, Deposição da cruz, Ressurreição e Madona da gruta. Sua técnica é caracterizada pelas formas fortemente marcadas e as sombras oblíquas e formais. As gravuras eram executadas em fo-lhas de cobre e as edições eram tiradas em duas formas, suave, com pressão manual, e usando prensa, onde a tinta é mais forte. Andrea Mantegna, Madonna of Humility, 1506

Conheça duas grandes influências do mundo da gravura

Albrecht Dürer, Os quatro cavaleiros do apocalipse

EDITORIALGRANDES ARTISTAS

por Gabriel Kroeff

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rancisco José de GoyaF

Asta su Abuelo, gravura, 1797/1799

por Giulliano Kenzo

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Francisco José de Goya y Lucien-tes foi um pintor e gravador es-panhol nascido em Fuendetodos, Saragoça, um dos grandes mes-tres da pintura espanhola e da gravura mundial do séculos XIX e do século XX. Filho do mestre decorador José de Goya e de Gracia Lucientes, co-meçou os estudos em Saragoça, ensinado pelo pintor José Luzán, instruído em Nápoles, professor na Academia de Desenho de Sa-ragoça. Ainda jovem conseguiu uma bolsa na Real Academia de San Fernando em Madri, onde se tornou pupilo do pintor da corte espanhola Francisco Bayeu. Foi para Itália continuar os estudos (1770), pelos seus próprios meios, regressando no ano seguinte a Saragoça, onde foi encarregado de pintar os afrescos convencio-nais da capela de Nuestra Señora del Pilar, em Saragoça. Este gran-de trabalho foi executado em es-paços durante os dez anos seguin-tes, até que se incompatibilizou com a Junta da Basílica de Nossa Senhora do Pilar. Casou-se (1773) com a irmã de Francisco Bayeu e, chamado pelo seu cunhado, passou a morar na cidade de Madri (1775). Indicado pelo cunhado, foi encarregado de pintar a primeira série de car-tões, de um lote que acabaria em 60 pinturas (1792), para a Real

Fábrica de Tapeçarias de Santa Bárbara, um trabalho dirigido pelo artista alemão Anton Raphael Men-gs, um dos expoentes do neoclas-sicismo e diretor artístico da corte espanhola, com o título de Primei-ro Pintor da Câmara. Tornou-se membro da Real Academia de São Fernando de Madrid, sendo ad-mitido com um quadro intitulado Cristo na Cruz, no ano de 1780. Foi então nomeado pintor da cor-te (1786) por Carlos III, nomeação confirmada por Carlos IV. Pintou O prado de São Isidro (1787). A partir da década seguinte passou a de-monstrar suas inclinações realistas (1792) derivando principalmente para o erotismo da imagem. Viajando pela Andaluzia (1792), adoeceu gravemente, só se resta-belecendo no ano seguinte, toda-via, ficou surdo. Nomeado primei-ro pintor da corte (1799) atingiu

o auge do prestígio, e ficou no cargo até quando o trono foi ocupado (1808) por José Bona-parte. Depois de completar sua coleção mais célebre, Os desastres da guerra (1810-1814), na qual o artista rememora as atrocidades das invasões napoleônicas na Es-panha, então voltou mais uma vez ao cargo na corte (1814) com Fernando VII, mas a restauração do absolutismo levou-o a isolar- se na Quinta del Sordo. Produziu a coleção de gravuras Tauromaquia (1816) mostrando as façanhas e heróis célebres da Plaza de Toros e depois realizou o último dos seus conjuntos de gravuras e o de mais difícil abor-dagem, Os Disparates de 1819. Em 1824 mudou-se para Bor-déus, na França, onde morreu de-pois de quatro anos. Também fi-caram conhecidos os trabalhos Conde de Floridablanca (1783), os quadros oficiais do novo rei, Car-los IV, e rainha, Maria Luísa (1789), Os Caprichos (1797-1799), obra em áqua-tinta com 80 gravuras e dada ao rei em troca de uma pen-são para o filho Francisco Xavier, então com 15 anos, O Manicó-mio (1799), o seu famoso retrato da família real espanhola (1800-1801) e terminando nos retratos, do marquês de San Adrián (1804) e de Bartilé Sureda (1806), entre outros tantos trabalhos.

Os Disparates, gravura, 1819

Conhecido como “Goya, o Turbu-lento” e muitas vezes chamado de “o Shakespeare do pincel”. Pintou de retratos a demônios, de paisa-gens a cenas obscenas, e hoje é considerado um dos grandes gra-vador de toda a História.

EDITORIALPERFIL

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Exposição Mestres da GravuraEstão expostas no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, 171 gra-vuras de 82 gravadores estrangeiros, do século XV ao XVIII, pertencen-tes a Coleção da Biblioteca Nacional.A exposição está dividida por ordem cronológica de nascimento dos gravadores e por coleções, são elas, alemã, holandesa, italiana, fran-cesa, flamenga, inglesa, espanhola e portuguesa. Destacando gran-des artistas como Giovanni Battista Piranesi (Itália) e Francisco José de Goya y Lucientes (Espanha), entre outros.A mostra está muito bem organizada, há lupas para que se possa ver detalhes das gravuras, mesmo daquelas que são bem pequenas; há explicações das técnicas, como a gravura à buril; há música ambiente, tudo contribuindo para que o público aproveite a exposição. As gra-vuras são originais, 27 gravuras foram restauradas para mostra e as 171 peças passaram por processo de limpeza.Curadoria de Fernanda Terra.

Informações:Exposição Mestres da Gravura na Coleção da Biblioteca NacionalPeríodo: de 28 de julho a 18 de setembro de 2011 ter. a dom. das 12h às 19h – Entrada FrancaLocal: Centro Cultural CorreiosEndereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro do Rio de Janeiro-RJ

ESTUÁRIO - xilogravuras entre a Serra e o Mar

A exposição compreende a produção do artista plástico Fabrício Lopez durante a realização do projeto Estuário - xilogravuras entre a

Serra e o Mar, com apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura.

À partir de percursos náuticos com caiaque pelos rios do estuário da baixada santista, os registros em desenho, foto e vídeo serviram

como estrutura para elaboração das xilogravuras em pequeno e grande formato.

As xilogravuras em grande formato serão aplicadas diretamente sobre as paredes da galeria.

abertura 18 de outubro, terça-feira, 19/22hs

de 18 de outubro a 19 de novembro de 2011.galeria Gravura Brasileira

segunda a sexta-feira: 10/18hs e sábado: 11/13hs

GRAVURA BRASILEIRArua Dr. Franco da Rocha, 61f.11.3624.0301 e 3624.9193www.gravurabrasileira.com

Carceri d´invenzione, 1749-1750, Gravura, Piranesi

Estuário, xilogravura, 2011

EXPOSIÇÕESEDITORIAL

EXPOSIÇÃO

por Samuelly Ribeiro

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Tipos de GravuraO termo “gravura” é muito conhe-cido pela maioria das pessoas, noentanto, as várias modalidades que constituem esse gênero de arte, costumam confundir-se en-tre si, ou com outras formas de re-produção gráfica de imagens.De um modo geral, chama-se“gravura” o múltiplo de uma obrareproduzida manualmente. Umprocesso inteiramente artesanal,desde a confecção da matriz, atéo resultado final da imagem im-pressa no papel, no qual a mão do artista está em contato com a obra em todo momento.Cada imagem reproduzida destaforma, é única em si, independ-entemente de suas cópias. O fatode ocorrer a reprodução da mesma imagem, nada tem a ver com a questão de sua originalidade. Ao contrário disso, a arte da gravura está justamente na perícia da re-produção da imagem, na fideli-dade entre as cópias, este é um dos fatores que distinguem o artista “gravador”.Existem vários tipos de gravura,ou, técnicas distintas de reproduzir uma Obra. As mais utilizadas pelos artistas são: a gravura em Metal, a Litografia, a Xilografia, o Linóleo e a Serigrafia.

A gravura em Metal é uma das mais antigas, temos Obras nesta técnica, produzidas por vários gênios da Renascença, como Albert Dürer por exemplo, datando de 1500 d.C.A técnica do Metal consiste na “gravação” de uma ima-gem sobre uma chapa de cobre. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos, pois cada artista desenvolve seu procedimento pessoal. De um modo geral, o artista faz o desenho por meio de uma ponta seca - um instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de “caneta ou lápis”. A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida através de uma grande pressão, imprimindo assim, a imagem no pa-pel.Esta não é a única forma de trabalhar com o Metal, mas é um procedimento muito usual para os gravadores. Além de ferir a chapa de cobre com a ponta seca, obtendo o desenho, a chapa também pode receber banhos de ácido, que provocam corrosão em sua su-perfície, criando assim outro tipo de concavidades, e consequentemente, efeitos visuais. Desta forma o ar-tista obtém gradações de tom e uma infinidade de tex-turas visuais. Consegue-se assim uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro.Os dois procedimentos, a ponta seca e os banhos de ácido, são usados em conjunto, e além destes, ainda há outros mais sofisticados, mas que exigem longas explicações, pois envolvem a descrição de operações muito complexas. A ponta seca é o instrumento mais comum, mas existem vários outros para gravar o co-bre, cada qual conferindo um possibilidade diferente ao artista.

gravura em m

etal

linóleo

Esta técnica assemelha-se ao entalhe da Xilogravura, no entanto, ao invés de madeira, a matriz é de material sintético - placas de borracha, chamadas “linóleo”.Igualmente a “Xilo”, a placa de linóleo receberá a tinta que ficará nas partes em alto relevo, e sobre pressão será transferida para o papel.Esta técnica é mais recente do que a Xilogravura devido ao material de sua matriz, e foi muito utilizada pelos artistas modernos, como Picasso por exemplo.

EDITORIALTÉCNICAS

por Samuelly Ribeiro

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Desta vez, a matriz a partir da qual se reproduzem as cópias é uma pedra, que é igualmente polida, como o co-bre, e que também receberá banhos corrosivos que criarão micro sulcos para reter a tinta que será impressa no papel.O processo de gravação na pedra lito-gráfica se dá primeiramente através da utilização de material oleoso, com o qual se elabora a imagem. Este mate-rial pode ter várias formasdiferentes.Existem como “lápis litográficos”; “bar-rinhas”, como o giz de cera comum com os quais se desenha na pedra; e tintas à base de óleo que também gra-vam a pedra, usando-se o pincel, como uma espécie de nanquim.O desenho feito na pedra é sempre em preto, as cores só vão surgir na hora de imprimir a imagem no papel. Temos, portanto, em síntese, que a pedra li-tográfica é sensível à gordura, e que a imagem produzida, pode ser obtida através de inúmeras formas conforme os materiais citados. O que permite uma vasta diferenciação entre as téc-nicas de cada artista, conferindo assim, sempre efeitos muito pessoais na cria-ção.Além de “gravar” a pedra com “gordu-ra”,é preciso que o artista isole as áreas que ficaram “em branco”, ou seja, que continuam sem desenho. Isto se faz com uma goma, “lacrando” a pedra para o processo de corrosão. Somenteas áreas desenhadas sofrerão o ata-que corrosivo, de modo a criar micro concavidades para a receber a tinta, as demais continuarão “em branco” e es-tarão sempre molhadas durante a im-pressão. A tinta também é oleosa, por isso só adere aonde está o desenho, nas área “em branco” sofre a ação repe-lente da água.A tinta é transferida para a pedra já “processada” usando-se um rolo de borracha, semelhante ao rolo de esti-car massas. Apenas uma fina camada de tinta é suficiente para imprimir a imagem no papel.

litografia

A Serigrafia é a modalidade mais recente das técnicas apresentadas até então. É um meio de impressão muito comum na utilização comer-cial, servindo para uma larga aplicação, seja em tecidos, plásticos, vidro, cerâmica, madeira ou metal.Quando se trata de uma Obra de Arte no entan-to, a Serigrafia se sofistica e recebe tratamento diferenciado em todo seu processo, tanto quan-to nas tintas usadas, como também no número de impressões que formam a imagem, ganhan-do assim qualidade, mais distanciando-se da aplicação comercial em larga escala.O processo de gravação consiste em transferir a imagem desenhada para uma “tela de nylon”. O desenho pode ser feito com tinta opaca (nan-quim) em material transparente (acetato ou pa-pel vegetal), obtendo-se o “filme” que servirá para gravar a tela (matriz).Em resumo, o filme desenhado é posto sobre a tela de nylon, que recebeu uma fina camada de líquido (emulsão) sensível à luz. Dentro de uma caixa escura, a tela de nylon com o desenho são expostos a luz muito forte. Passado alguns mi-nutos a emulsão que recebeu a luz seca e adere ao nylon, e a que ficou protegida pelo desenho é retirada com água.O resultado é uma espécie de “peneira”, digamos assim, sendo que a parte desenhada esta livre para a passagem da tinta e o restante está veda-do pela emulsão.

serigrafia

A Xilografia consiste numa matriz em alto relevoproduzida em madeira. A imagem é gravada através de goivas, formões e pontas cortantes.O artista “entalha” seu desenho na madeira, ao modo de um escultor, mas tem em mente que essa matriz não é a Obra, e sim o meio para al-cançá-la. Depois disso, a matriz recebe a tinta e vai para a prensa com o papel. Há também a impressão com as costas de uma colher. Esta técnica exige grande habilidade do artista e permite a obtenção de detalhes que a prensa não consegue alcançar.

xilografia

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Com Rubem GriloO Espelho da Ideia Original

Rubem Grilo começou a gravar em 1971, mas tudo o que fez durante aquele primeiro ano cerca de trezentas gravuras ele o destruiu. Sua obra mesmo, segundo ele em conversa que tivemos que você poderá con-ferir a seguir, co-meça em 1972, porque foi a partir do dia em que passou a fazer ilustrações para jornal que sua gravura tomou o rumo certo. É que, en-tão, passou a criar dentro dos limites impostos pelos temas que lhe eram dados e pelo pú-blico a que se dirigia. Esse com-promisso com a impressa dura até 1984, quando ter-minou a ditadura militar e, então Grilo considerou que não havia mais razões para trabalhar como ilustrador de temas jornalísti-cos. Assim começa uma nova fase de seu trabalho, que já àquela altura se definira como um modo muito pessoal de ex-pressar-se através da xilo.

EDITORIALENTREVISTA

por Michael France e Giulliano Kenzo

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O Espelho da Ideia OriginalO Espelho da Ideia Original

Nós, da revista Gravura estivemos com o artista Rubem Grillo em um entrevista especial, que disponibilizamos aqui para nossos leitores.Gravura - Quando o senhor come-çou a desenvolver o interesse por gravuras?Grillo - “No período estudantil fui preso duas vezes por razões polí-ticas e, ao me formar em agrono-mia em 1969, não consegui me inserir no mer-cado de trabalho, devido às restrições do período militar. Vivi um pro-fundo impas-se existencial e o desenho surgiu como uma atitude de superação. Minha escolha era a escultura. A xilogravura, por conciliar, no seu uso, tanto o desenho como a gra-vação, se tornou, para mim, uma técnica de aprimoramento. “

Gravura - O senhor trabalha com alguma outra técnica, além da xi-logravura? Grillo - “Meu principal trabalho permanece sendo feito com o emprego desta técnica. Não sei explicar o que leva a gente a se concentrar num pon-to quando tudo ao redor se torna volátil. Foi uma opção para dentro de mim. Por isto tem durado tanto. Não considerei ser a xilogravura um meio restritivo, que me con-finasse, impedindo a possibilida-de da experiência. Se a técnica foi usada como um modo de me exercitar, de corrigir minhas de-ficiências, me preparando para um estágio de amadurecimento, mesmo assim, durante todo este tempo, encontrei vivo interesse no seu uso. A identificação com a técnica se explica pelo envolvi-mento manual na gravação, pelo método de trabalho em etapas e na elaboração do trabalho até o estágio final da impressão.”

Gravura - O senhor já se inspirou em algum outro artista?Grillo - “A xilogravura brasileira tem duas fontes que influenciam o conjunto de nossa produção: o expressionismo europeu e a xilo-gravura popular, marcadamente a nordestina. A figura forte do nosso expressionismo, na xilogra-vura, é Oswaldo Goeldi. Quando iniciei o meu trabalho, na-quele momento, foi necessário enten-der os conceitos envolvidos na obra deste artista, como paradig-ma da própria técnica.” Gravura - Como o senhor desen-volve seu trabalho no dia-a-dia? Grillo - “Meu dia se organiza pela rotina de meu trabalho como artista. Consi-dero o desenho a base do meu trabalho, embora eu os faça pouco em papel. Eu desenho diretamente na placa de madeira e após o entita-mento os registros somem. Há dois anos, tenho me dedicado ao uso de co-lagens, o que me exercita a sínte-se e a cor. No desenho sobres-sai a linha, na colagem é o plano. No desenho parto do detalhe para a síntese, na colagem é o inverso. O contraponto e a ambigüidade são estimulantes, evitam a cristaliza-ção das certezas e abrem compa-rações internas que enriquecem as possibilidades do processo.”

Gravura - Quanto tempo geral-mente o senhor gasta para con-cluir uma obra?Grillo - “Minhas primeiras obras eram realizadas de modo espon-tâneo, sendo definidas no des-baste da placa, durante poucas

horas. Com o tempo, o desenho preparatório foi ficando mais de-talhado e a gravação mais lenta. Uma obra de 20 X 30 cm, eu de-moro em média 100 horas para realizá-la. Não se trata de um tempo mecânico de trabalho. En-volve a observação em câmara lenta do que está sendo realiza-do. É o tempo da interação com a imagem.”

Gravura - Durante quanto tempo o senhor colaborou em jornais? E como isso influen-ciou na sua carreira?Grillo - “Entre 1973 a 1985 publi-quei xilogravuras em vários jor-nais, como Opinião, Mo-vimento, Folha de São Paulo, Pasquim, Jornal do Brasil, Retrato do Bra-sil, en-tre outros. Considero esta experiência como determinante no meu trabalho. A diversidade dos temas ilustrados fez com que me abrisse para várias direções. A disciplina do trabalho e a busca de precisão gráfica, como a roti-na de criação e a solução visual, tornaram-se inseparáveis para a continuidade do processo. Os jornais, sendo veículos de comu-nicação, têm uma função social implícita. Neste aspecto, a circu-lação da obra rompe os limites do sistema de arte e atua diretamen-te nos leitores, atingindo um es-pectro difuso, porém, verdadeiro. No período da ditadura, tornou--se o contraponto ao silêncio e a censura, e serviu, para mim, como uma resposta ao sentido de mi-nha opção. Foi a minha escola. Avalio que a influência significa-tiva, resultante desta experiência, foi compreender a importância do humor crítico, entre os ingre-dientes da criação. “

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Gravura - Como o senhor avalia o mercado de arte no país?Grillo - “O mercado se impõe como o meio onde criam consis-tência dois motivos subje-tivos: a necessidade individual de se ex-pressar e, a outra, a forma como a em-patia de algo realizado atinge uma pessoa. Em nossa socieda-de, o mercado constitui-se numa referência determinante. A crise da gravura se explica nesta rela-ção, que como objeto inclui me-nor expectativa de agregar valor como uma alternativa de investi-mento financeiro. Quando iniciei, na década de 70, o mer-cado não era tão forte e não pautava as ra-zões de nossas escolhas. Por isto, fazer xilogravura não continha as mesmas restrições que existem no momento. Para mim, foi uma opção desinteressada baseada no envolvimento emocional.”

Gravura - Os seus trabalhos pos-suem um foco em comum, ou es-tão abertos a mudanças?Grillo - “Mudar faz parte do nosso programa de trabalho. Somos de-pendentes de uma sociedade so-brecarregada pela ânsia do novo. A experiência criativa se torna um aprendizado constante e tempo-ral que ganha significado pela sedimenta-ção de tentativas. No entanto, olhando em retrospecto, buscamos verificar a continuida-de e a coerência no âmago des-sas mudanças, como se fosse pos-sível prever de antemão tudo o que aconteceu e a obra estivesse construída a partir de um plano unitário pré-determinado. O fato é que o processo, por mais que se prolongue, continua num estágio permanente de insuficiência.”

Gravura - Como surgiu o interesse de inserir sua obra na imprensa?Grillo - “A xilogravura, em sua origem, surge como meio de reprodu-ção de imagens e textos. Por isto, considerei ser uma alternativa inserir meu trabalho em veículos impressos de comunicação, por se tratar de obras com afinidade gráfica, po-tencializando-a pela circulação. Neste universo de espelhos, a xilogravura re-produzida no jornal torna-se o impresso do impresso, onde o sentido original de objeto se perde, em favor de sua função pública, enquanto imagem, como a semente que se lança ao vento.”

O Espelho da Ideia OriginalO Espelho da Ideia Original

Tulipa Negra, 2009, colagem

Imago, 2009, xilogravura Figura estruturada, 2001, xilogravura

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Gravura - Qual conselho o senhor poderia dar a artistas que estão começando a de-senvolver um trabalho agora?Grillo - “Ainda me sinto no está-gio de ouvir, sem autoridade para ensinamentos. A úni-ca coisa que penso, e afirmo isto para mim, é que qualquer gesto deve ser mo--tivado por algo que nos desafia e temos de nos lançar, neste desa-fio, com a mesma determinação de alguém que salta no abismo.”Grvaura - O senhor percebe al-guma influência cultural em suas obras?Grillo - Temos a sorte de pertencer a um momento em que o acesso à informação faz parte de nossa

O Espelho da Ideia OriginalO Espelho da Ideia Original

O Espelho da Ideia Original

Extase, 2010, xilogravura

Cubo, 2009, desenho e gravacao sobre madeira

rotina. O volume disponível de dados supera a capacidade de as-similação. Mas, diante do desafio da criação, se percebe que existe uma au-sência a ser preenchida. A obra se desenvolve na solidão do ambiente de tra-balho. Há o sentimento de orfandade do mdo mundo. O trabalho surge de uma página em branco, de um es-paço a ser ocupado pela subjeti-vidade. Na ação, de forma incons-ciente, encontram-se presentes as coisas que vi, que me impreg-naram e que me comoveram. Como um filtro, tudo o que foi vivido faz parte do que se aflora na obra. Nas coisas que penso e sonho estão as minhas vivências.

Sem isto, minha obra, que é resí-duo de nossa cultura, perdeperderia a chance de alcançar o outro e, com isto, o seu próprio sentido.

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Sugestõesde leitura

Para você que quer ler livros a fim de entender melhor sobre a história da gravura, suas técnicas e artistas; e precisa de dicas de leitura, aqui está uma lista de indicações dos melhores livros.Nela, você encontra alguns dos livros mais vendidos, que você pode com-prar e ler em casa ou ainda procurar se estão disponíveis para download.

Uma narrativa histórica e ilustra-da do desenvolvimento da gra-vura, em suas varias técnicas, pro-movido pela chegada da Corte Joanina ao Rio de Janeiro e o uso político e artístico da imagem gravada no período de formação da identidade e independência brasileiras.

Imagem Gravada, A: A Gravura no Rio de Janeiro Entre 1808 e 1853Renata Santos, 2008

‘Gravura’ faz parte de um proje-to maior, chamado Oficinas, cujo objetivo é incentivar o desenvol-vimento da habilidade pessoal, na área da produção artesanal, como uma possibilidade efetiva de trabalho. Mais do que um simples manual de artesanato, o livro conta como a técnica surgiu e sua evolução através da História, traçando um panorama dos movimentos mais significativos e seus principais nomes. Apresenta ainda uma descrição das diferentes técnicas e infor-mações sobre os materiais utili-zados, recursos necessários para montagem de ateliês, com indi-cação de equipamentos e mate-riais básicos. Além das técnicas, o livro traz reproduções de gravuras de di-versos e consagrados artistas do Brasil e do mundo, e o depoimen-to de três destacados gravuristas brasileiros - Fayga Ostrower, Ru-bem Grilo e Adyr Botelho.

Oficinas: GravuraElias Fajardo, Felipe Sussekind e Marcos do Vale, 1999

Maria Bonomi - Da Gravura à Arte PúblicaMaria Bononi e Mayra Laudan-na,2007

Dividido em três partes distintas, este livro documenta a produção da artista plástica Maria Bono-mi, desde seu início nos anos de 1950 até os dias atuais. A primeira parte reproduz inte-gralmente a tese de doutorado de Maria Bonomi. A segunda é composta por textos escritos pela artista, trechos de sua cor-respondência com outros artistas e agentes de cultura e entrevis-tas que concedeu. Na terceira e última parte, Mayra Laudanna apresenta uma biografia da artis-ta na forma de ensaio em que se destacam aspectos relevantes da atividade de Bonomi, partilhada entre gravuras, esculturas, pai-néis, instalações, cenários e figu-rinos para peças teatrais, capas e ilustrações para livros etc.

EDITORIALMÍDIAS

por Samuelly Ribeiro

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Rembrandt Harrnenszoon Van Rijin, pintor e gravador holandês, nasceu no dia 15 de julho 1606, em Leyden. Famoso e rico aos trinta anos, morreu incompreen-dido e na miséria aos 63. Dono de um moinho à beira do rio Reno, seu pai, Harmen Gerrit-zt, foi um homem pobre. Em casa, todos moíam o grão, só o quinto filho gostava mais de pintar do que moer e não queria deixar a escola. Fazendo sacrifícios, o pai matriculou Rembrandt na Univer-sidade de Leyden, mas não con-seguiu mantê-lo ali por mais que nove meses, e aos quinze anos Rembrandt larga a universidade, mas Van Swanenburgh não per-mite que largue a pintura. Jacob Isaaksz van Swanenburgh ensina as técnicas básicas, o preparo das tintas, a montagem das telas e a disciplina do desenho.

O ano de 1634 é impor-tantíssimo na vida do pintor. Nes-te ano atinge o auge da fama e prosperidade, e no mesmo ano casa-se com Saskia van Uylenbur-gh. Instalam-se numa enorme casa na Jodenbre-estraat. Seu ateliê é um dos maio-res e mais famosos da Europa. Essa tranqüilidade é perturbada pela morte precoce dos filhos que teve com Saskia. De quatro, três falecem antes de um ano; apenas o quarto, Tito, atingirá a idade adulta. Por fim, em 1642, morre-lhe a esposa, Saskia. 1642: ano do primeiro fracasso. Um quadro que fizera por encomenda é recu-sado pelo capitão Frans Bonninck Cocs. Os debates prejudicam Rem-brandt, que é acusado de pintar o que lhe agra-dasse. Os clientes queriam retratos, e não críticas, ima-gens do rosto e do corpo e não análises de suas almas. Rembrandt retratava o que queria, o que ele via e sen-tia. No entanto, de tempos em tempos, Rembrandt sentava--se Bidiante do espelho e - num exercício de estilo e investigação - retratava-se, procurando nos olhos e na boca o sinal do tem-po, da paixão, da vida. E as di-ficuldades aumentam. É exatamente sua capacidade de retratar por completo os clien-tes que faz com que eles se afastem, te-

merosos de terem em casa ou no escritório uma crítica emoldura-da. Assim, no decorrer do tempo, perdeu a clientela; e, não haven-do outro campo para um pintor, começou sua desgraça, que dura-ria centenas de anos. Por séculos afora, Rembrandt é relegado a um esquecimento incompreensí-vel, desprezado, considerado pin-tor menor, pintor de moda. E m 1645 toma como criada uma jo-vem, Hendrickje Stoffels, que pas-sa a ser seu modelo e sua amante. Vive com ela muitos anos, mas não se casa: uma cláusula no tes-

Em 1623 Rembrandt vai para Amsterdam. Passa quase quatro anos freqüentando o ate-lier do pintor romanista Pieter Lastman, sua primeira grande in-fluência, que desenvolveu no alu-no o gosto pelos efeitos violentos e dramáticos. Em 1627 Rembran-dt volta a Leyden e instala seu próprio atelier, com Jan Lievens. No ano seguinte chama Gerard Dou-um menino de catorze anos -para trabalhar com eles. As pri-meiras águas-fortes são desta época. Rembrandt resolve insta-lar-se em Amsterdam, em 1631. Um ano depois já é pintor famoso, um dos mais caros e procurados da cidade.

embrandtR e as ilusões da luz

BIOGRAFIA

por Giulliano Kenzo

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um ano. Seu último Auto-Retrato é a mais extraordinária, penetran-te e impiedosa análise que um pintor fez de si mesmo. Morre aos 63 anos, no dia 4 de outubro de 1669. No cavalete, deixou o últi-mo quadro, que não conseguiu terminar. Mostrava seu quarto: uma cama simples, uma cadei-ra quebrada, um espelho sem moldura, uma mesa rústica Hoje, após três séculos, é considerado um dos maiores pintores de to-dos os tempos.

tamento de Saskia prevê que ele perderia tudo que ganhou pelo matrimônio, se casasse de novo. E é justamente o dote da mulher que o sustenta, nesses anos de esquecimento. Em dezembro de 1657 Rembrandt está arruinado. Em 1663 morre a sua com-panheira. Embora sozinho e es-quecido, continua a pintar. Em 1668 morre Tito, um mês depois de Rembrandt ter terrninado A Família de Tito. Sozinho, miserá-vel, Rembrandt vive apenas mais

São Jerónimo, gravura, 1648 Johannes Lutma, gravura, 1656

São Jerônimo em Oração, água forte

Jupiter and Antiope, gravura, 1631

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Rembrandt com Bigode e Barba Pequena, gravura, 1631

Mendigo com perna de pau, gravura, 1630

As três cruzes, gravura, 1653

As Ruínas, gravura sobre papel, 1645

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Nem sempre a gravura recebeu da historiografia brasileira o tra-tamento que lhe conferisse igual-dade de posição com as artes consideradas nobres e tradicio-nais, como a escultura ou a pintu-ra. Ainda assim, o Brasil conseguiu concentrar grandes gravadores. Entender o processo que levou o país a concentrar, principalmen-te, na metade do século XX, gran-des gravadores como Goeldi, Li-vio Abramo, Marcelo Grassmann, Fayga Ostrower, Iberê Camargo, e tantos outros é fazer um exer-cício de revisão da arte brasileira. O quanto essa visão prejudicou o desenvolvimento da gravura no Brasil é difícil de avaliar, mas o certo é que grandes nomes como os já citados, construíram ao lon-go de dezenas de anos uma tradi-ção de qualidade inquestionável comprovando o poder da gravura como linguagem artística expres-siva e independente. A criação de gabinetes de gra-vuras, particulares e públicas, de galerias especializadas, e o empe-

nho de museólogos, curadores, artistas, editores, críticos e pes-quisadores de arte, sobretudo, tem dado maior visibilidade a essa produção. Desde o início do ano, museus, galerias e institutos de São Paulo vêm promovendo inúmeras mostras com alguns dos principais gravadores do país e contribuindo para diminuir a distância entre o público e o ma-ravilhoso universo da gravura. Por meio de um projeto de re-cuperação de matrizes de gravu-ras, pertencentes à artista Anita Malfatti ( 1889-1964), o IEB (Insti-tuto de Estudos Brasileiros) reve-lou através da mostra Anita Mal-fatti Gravadora: uma recuperação uma produção pouco conhecida pelo público em geral. Os trabalhos de Livio Abramo (1903-1992) estiveram duran-te três meses no Instituto Tomie Ohtake, na mostra Livio Abramo, Sempre exibindo algumas gravu-ras inéditas. Centenas de visitan-tes, incluindo o público estudantil de São Paulo e de outras cidades

do Interior tiveram, pela primeira vez, contato com trabalhos feitos em gravuras e maravilharam-se com o virtuosismo expressivo de Livio Abramo. No Instituto Moreira Salles, em Higienópolis, e na Galeria Uni-banco Arpflex, na Bela Vista, Mar-celo Grassmann recebe uma justa homenagem aos seus 80 anos de vida e 60 como gravador, com duas mostras de suas gravuras e seus desenhos. No Museu Lasar Segall, a ex-posição Gravuras de Segall: pro-cessos poéticos revela a preocupa-ção dos curadores em mostrar os caminhos da criação percorridos pelo artista na produção de seus trabalhos em gravura. E para completar, 92 trabalhos de Picasso, dentre os quais Jac-queline aux chaveaux flous, foram trazidas pelo Circuito Cultural Banco do Brasil, da Itália, para uma mostra itinerante denomi-nada Picasso: Paixão e Erotismo que já percorre o Brasil afora des-de o mês de abril.

Iberê Camargo - Auto-retrato, gravura, 1943 Oswaldo Goeldi - Floresta, xilogravura, 1937 Marcelo Grassmann - Peixes, gravura, década de 60

orque a História subestimou a gravura

EDITORIALARTIGO

Ppor Giulliano Kenzo

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A gravura brasileira atual está repleta de artistas geniais, que trabalharam pe-sado para demonstrar seu potencial. SWuas obras são complexas e cheias de conceito, e estão surpreendendo críticos e colecionadores do mundo inteiro.Para que vocês entendam do que estamos falando, a Gravura separou um con-teúdo especial sobre dois desses artistas, e está disponibilizando para vocês.

Altina Felício - Atualmente Alti-na freqüenta o ateliê de gravura em metal de Evandro Carlos Jar-dim no SESC Pompéia, em São Paulo. Participou de numerosos salões de arte, entre os quais os de Jundiaí, SP (1979); São José do Rio Preto, SP (1985); Piracica-ba, SP (1985 - Prêmio Aquisição); Santo André, SP (1986); Sorocaba, SP (1987); Piracicaba, SP (2007 - Premio Aquisição); São Bernar-do do Campo, SP (2007 - Prêmio Aquisição). Participou ainda do I Salão da Aquarela da FASM, SP (1988-premiada); da I Quadrienal Internacional da Aquarela, FASM (2003-premiada); da III Bienal da Gravura no Museu Olho Latino, Atibaia, SP (2007); da VIII Interna-tional Grafic Art Biennale (2007), Sérvia; e do Salão de Pequenos Formatos, Belém, Pará (2009).

Ibrahim Miranda Ramos(Pinar del Rio, Cuba, 06 de julho de 1969) Ibrahim Miranda, grava-dor, pintor e professor, é um dos mais requisitados artistas cuba-nos. Com a poesia inspirada em "islandness" como um conceito com todas as conotações temá-ticas e psicologia implica, Miran-da reinterpreta a sua visão desta ilha, expandindo suas fronteiras e limites físicos de modo a torná-lo universal. Ícones tão sugestivos como o jacaré, o índio dormindo, o refazer da história como uma forma de conhecer a nós mesmos interior, nos faz refletir sobre nos-sas origens e do seu valor, a ge-ografia que cada um de nós car-rega onde quer que vamos e nos define como seres humanos .

Sobre os artistas

Da série Olhos D´Agua, ponta seca sobre aquarela,

Técnica Mista, 40cmx30cm

Da série Olhos D´Agua, ponta seca sobre aquarela, Técnica Mista, 40cmx30cm

Ballena, Almeria, serigrafia, 76x56cm/55x41,8cm, edição 23,2009 Serigrafia, 76x56cm

Tortuga, Paris, serigrafia, 56x76cm/41,8x55cm, edição 23,2007 Serigrafia, 56x76cm

BIOGRAFIA OBRAS ATUAIS

por Michael France

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CLEBER ALEXSANDER Bacharelado e Licenciatura no cur-so de História da USP.Cursos:Ateliê de Gravura em Metal minis-trado por Evandro Carlos Jardim. Sesc Pompéia.Curso de Extensão Universitária na modalidade: Práticas de Ateliê em Metal. Ministrado por António Al-buquerque. ECA-USP.Exposições coletivas:5º Bienal Internacional de Gravura de Santo André. De 18 de novem-bro até 29 de janeiro de 2011.Luzes e Sombras Arte sobre Papel. Parque da Água Branca, São Paulo. De 15 de setembro até 13 de outu-bro de 2009. Paisagens Gráficas. Museu Flores-tal “Octavio Vecchi”, São Paulo. De 25 de outubro até 29 de novem-bro de 2009A Linha Revelada. Galeria Polythe-ama. Jundiaí. De 12 a 27 de setem-bro de 2009.Intervenção Coletiva no parque da Água Branca. De 18 de abril até 21 de maio.Exposições Individuais:O Movimento Estático da Cor. Par-que da Água Branca, São Paulo. De 30 de março até 25 de maio de 2010.Prêmios:Prêmio Cidade de Santo André. 5º Bienal Internacional de Gravura de Santo André.Próxima exposição:Cor: A Expressão Rítmica do Movi-mento. Galeria Polytheama, Jun-diaí. De 24 de março até 17 de abril de 2011. Trabalhos Coletivos:Projeto “Entre La Havana e São Paulo” com artistas do Taller Expe-rimental de Gráfica de Cuba.

sem título, xilogravura em 3 cores sobre papel japonês, 2011Xilogravura, 83cm x93cm

sem título (vermelho), xilogravura em 3 cores sobre papel japonês, 2009Xilogravura, 83cm x124cm

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Mestre Noza nasceu em Pernam-buco, em 1897. Em 1912 foi a pé, como romeiro, da cidade Quipa-pá até Juazeiro do Norte, no Cea-rá, onde trabalhou como funileiro e, em seguida, numa oficina de rótulos. Aprendeu a fazer cabos de revólver e, atendendo a pedi-dos de romeiros, começou a fazer pequenas esculturas de santos. Na década de quarenta do sécu-lo XX, começou a fazer capas de madeira para ilustrar folhetos de

ALívio Abramo nasceu em Arara-quara, no interior de São Paulo, em 1903. Filhos de pais italianos, Lívio cresceu em um ambiente es-pecial e tornou-se um artista cujas contribuições foram importantes para o ambiente cultural brasilei-ro. Foi um gravador, desenhista e pintor brasileiro de renome inter-nacional. Realizou suas primeiras gravuras em 1926 quando, bas-tante influenciado pelos temas

rtistas Nacionais

no Rio Grande do Sul, na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, com Parlagreco e Frederico Lobe. Já em Porto Alegre estudou pin-tura com João Fahrion. Em 1942 ele chegou ao Rio de Janeiro, onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes. Mas, insatisfeito com a metodologia ali adotada, jun-tou-se a outros artistas e com seu professor de gravura, Guignard, para fundar o Grupo Guignard. Em 1953 tornou-se professor de gravura no Instituto de Belas Ar-

Iberê Camardo nasceu em Res-tinga Seca e falecido em Porto Alegre. Pintor, desenhista e gra-vador. Iniciou seus estudos ainda

cordel. Nascia o xilógrafo Mes-tre Noza. Em 1961 participou da primeira exposição em Paris. Em 1965 seu álbum Via Sacra foi edi-tado em Paris e obteve excelente recepção. Noza se tornou conhe-cido como escultor, artesão, xiló-grafo, santeiro, imaginário. Seus trabalhos participaram de diver-sas exposições no Brasil. Algumas xilogravuras de Mestre Noza fa-zem parte do Museu de Arte do Ceará e do Instituto de Estudos

tes do Rio de Janeiro, lecionando mais tarde essa técnica em seu próprio ateliê ou em permanên-cias mais ou menos longas em Porto Alegre e em outras cida-des, inclusive do exterior. Embo-ra tenha estudado com figuras marcantes representativas de va-riadas correntes estéticas, não se pode afirmar que tenha se filiado a alguma. Suas obras estiveram presentes, e sempre reapresenta-das, em grandes exposições pelo mundo inteiro.

Brasileiros da USP. Mestre Noza morreu em São Paulo no dia 21 de dezembro de 1983, de parada cardiorrespiratória.

humanos e sociais do expressio-nismo europeu, introduz no Brasil a gravura moderna. Viajou para a Europa com o prêmio de viagem do Salão Nacional de Arte Mo-derna de 1950, onde conheceu o não-figurativismo, que tradu-ziu para uma linguagem pessoal. Neto do anarquista italiano Bor-tolo Scarmagnan, é parte de uma família muito influente na arte, na imprensa e na política brasileira.

Lívio Abrano, Operário, 1935

Rubem Grilo, Bad boy, 1998

Iberê Camardo, Estrutura em movimento 5, 1962

BIOGRAFIA NACIONAL

por Gabriel Kroeff

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BIOGRAFIA MUNDO

ArtistasInternacionais

Alda Maria Armagni, gravado-ra de renome internacional, Alda Armagni recebeu dezenas de prê-mios, como o “Prêmio Aquisição” do Museu de Arte Moderna de Nova Yorque -USA- (1961). Par-ticipou, entre outras, da I Bienal Internacional de Arte, Paris (Fran-ça), da II, III, IV e V Bienal de Gra-

vura Latino-Americana de Porto Rico, da IV e V Bienais de Arte Mo-derna de São Paulo. Suas obras figuram em importantes acervos, como o Museu de Arte Moderna de Tóquio (Japão), Biblioteca Na-cional de Paris (França) e Castelo Sforzesco em Milão (Itália).

Ramon Carulla nascido em 1938, autodidata, recebeu premiações na 6ª Bienal de San Juan Del Grabado Latinoamericano, Por-to Rico, (1983), no Fourth Annu-al Pan American Art Exhibition, Miami, Florida, USA, (1972 / 73) e em muitos outros eventos. Foi agraciado com o prêmio “Melhor Artista”, outorgado em 1965 pelo Ministério de Obras Públicas de Cuba. Suas obras estão espalha-das em significativos acervos, tais

como: Museu de Arte Contem-porânea de São Paulo; Museu de Arte Moderna da América Lati-na em Washington, EUA; Museu Tamayo no México e Fundação Juan Miró, Barcelona, Espanha. Suas gravuras, tanto as litografias como as calcográficas, mostram uma figuração expressiva, alian-do pitadas do grotesco a muita ingenuidade, conseguindo com mestria mostrar o âmago das si-tuações criadas.

Matilde Pérez Cerda nasceu em Santiago, Chile, em 1920 e hoje, aos 91 anos, continua trabal-hando. É a principal expoente da arte cinética no Chile. Começou sua formação artística em 1938, quando teve aulas com Peter Reszka. Em 1939 ingressou na Escola de Belas Artes, onde rece-beu os ensinamentos dos mes-tres Pablo Caballero Burchard e Jorge. Começou como pintora figurativa, intensificando a sua participação nas artes na década

de 40. Mais tarde, ela aprendeu as técnicas da pintura mural com Laureano Guevara, uma especiali-dade que despertou o seu inter-esse na simplificação das formas. Matilde enfocava efeitos visuais com cores e formas abstratas e geométricas para criar a ilusão de movimento. A partir de 1970 incorporava em suas obras a elet-ricidade proporcionando o movi-mento real por peças e fontes de luz. De 1970 a 1972 foi contratada pela Universidade do Chile para continuar suas pesquisas e seus estudos da arte cinética, em Paris.Em 1974 foi nomeada professora

pesquisadora da Arquitectura de la Universidad de Chile. No ano seguinte formou o Centro de In-vestigaciones Cinéticas en la Es-cuela de Diseño de la Universidad de Chile. Em 1984 foi professora de pintura do Instituto Cultural de Providencia.

Noite Promenade, 1978

Renascimento espiritual, 1971

Noite de Verão, 1978

por Gabriel Kroeff

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C Cursos

ursosDisponíveis

Secetraria da Cultura do Estado e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura- Objetivo: Uma oportunidade para atualizar técnicas e conceitos, compartilhar idéias e vivenciar novas experiências.- Carga horária: 5 horas- Preço : Gratuito- Contato: (21) 2598-1653, [email protected]

APECV- Associação Professores Expressão e Comunicação Visual- Objetivo: Introdução de técnicas de impressão a partir de matrizes tais como a gravura, o linóleo e a monotipia.- Carga horária: 25 horas- Preço: 200 reais- Contato: (11) 2332-6617, [email protected]

Centro Pintar- Objetivo: Desenvolver técnicas de Gravura para estimu-lar a criatividade e desenho.- Carga horária: 3 horas- Preço: 50 reais- Contato: (11) 3673-0099, [email protected]

Escola de Belas Artes / UFRJ- Objetivo: Conhecer os diferentes procedi-mentos técnicos da gravura.- Carga horária: 20 horas- Preço: 80 reais- Contato: (21) 2598-1638, [email protected]

28/11 a 2/11

14/11 a 25/11

12/12 a 16/12

19/12 a 23/12

Para você que está em busca de curos profissionalizantes, a Revista Gravura, trará em todas as suas edições, uma lista com os melhores

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por Gabriel Kroeff

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