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ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/TEVET 5773 Pequenos gestos, grandes resultados

Revista Hebraica - Dezembro

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Revista Hebraica - Dezembro

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Page 1: Revista Hebraica - Dezembro

ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/TEVET 5773

Pequenos gestos, grandes resultados

Page 2: Revista Hebraica - Dezembro

palavra do presidente

Festival Carmel aqui, com os olhos em IsraelMinha esperança é que ao ser lida esta mensagem o cessar fogo alcançado por

meio de negociações diplomáticas se prolongue por muito tempo. Minha es-

perança é que os termos do acordo diplomático não se transformem em víti-

mas civis por conta de foguetes disparados de Gaza em direção ao sul de Isra-

el. Minha esperança é que os dirigentes de Gaza empenham o tempo e os re-

cursos despendidos na construção de túneis, foguetes, casamatas e todo apa-

rato militar, na melhoria das condições de vida e educação de seus cidadãos.

Lamentamos as perdas de vidas de civis israelenses e palestinos e nos mante-

mos fi rmes ao lado do Estado de Israel e de nossos irmãos.

Enquanto isso, nós, aqui na Hebraica, estamos envolvidos nos preparativos

do XXXII Festival Carmel. Este, em especial, marcará o início das comemo-

rações dos sessenta anos de fundação da Hebraica, a serem completados em

2013. Será um ano de muitas festividades e eventos que irão lembrar a traje-

tória de um clube que nasceu por iniciativa de um pequeno grupo de pionei-

ros e hoje, graças à dedicação, interesse, preocupação e competência das di-

retorias que o administraram ao longo destes anos, tornou-se um dos maio-

res centros comunitários do mundo e um dos grandes orgulhos da comuni-

dade paulista e brasileira.

O Festival Carmel exalta, mais uma vez, nossa ligação com o Estado judeu e

os seus costumes e tradições. Este festival, que há tempos conquistou a idade

adulta, é mais uma prova da centralidade da Hebraica como uma instituição

comunitária, que nesses dias do Festival ferve com a presença e a participação

de vários segmentos da comunidade judaica do Brasil e do exterior.

Para nós, é honroso ser o local de um encontro como esse e uma grande opor-

tunidade para demonstrar a organização e o envolvimento de vários departa-

mentos da Hebraica, que durante um ano inteiro se preparam para proporcio-

nar aos jovens, familiares e associados um fi nal de semana com música, dan-

ças e, principalmente, muito judaísmo, transmitindo de geração em geração,

nossos valores e tradições e mostrando ao mundo que o nosso principal sonho

é paz no mundo e muitas alegrias nos corações e mentes de todos.

O FESTIVAL CARMEL EXALTA, MAIS UMA VEZ, NOSSA LIGAÇÃO COM O ESTADO JUDEU E OS SEUS COSTUMES E TRADIÇÕES. ESTE FESTIVAL, QUE HÁ TEMPOS CONQUISTOU A IDADE ADULTA, É MAIS UMA PROVA DA CENTRALIDADE DA HEBRAICA COMO UMA INSTITUIÇÃO COMUNITÁRIA

ShalomChag Chanuká Sameach

Abramo Douek

HEBRAICA | DEZ | 2012

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HEBRAICA | DEZ | 2012

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6Carta da Redação

8Destaques

do Guia

A programação de

dezembro e janeiro

10Cartas

23cultural +

social

24Reveillon

Conversamos com

a chef responsável

pelo último jantar

do ano

26Galeria

A exposição

“Diálogo” trouxe

cinco artistas

consagrados

28 Biblioteca

Lançado o livro

com textos

premiados nos

últimos anos

30Coluna um /

comunidade

Os eventos mais

signifi cativos na

cidade

38Fotos e fatos

Os destaques do

mês na Hebraica e

na comunidade

43juventude

44Teatro

Grupo Gesto levou

ao palco a Segunda

Guerra

46Escola Maternal

Expoliterarte

reuniu pais,

professores e

alunos

48Festival Carmel

Acompanhe a

programação da

32ª. edição

53esportes

54Torneio Hirosi

Minakawa

Evento reuniu

judocas e

toneladas de

solidariedade

56Polo

Dois atletas

da Hebraica

acompanharão

a seleção na

Austrália

58Escola de

Esportes

Circuito Lúdico

transformou

Centro Cívico num

divertido Havaí

59Handebol

Juniores estão

na fi nal do

Campeonato

Paulista

60Personagem

Conheça uma

das mais antigas

funcionárias da

Hebraica

62Águas Abertas

Hebraica foi

homenageada no

Circuito Paulista

64Curtas

Na pauta, palestra,

futsal, tênis e

futebol de base

67magazine

68Política

Uma entrevista

exclusiva com um

grande pacifi sta

israelense

74Economia

O que as

start-ups realmente

signifi cam para

Israel?

76Gastronomia

Entenda porque o

húmus é o prato

típico israelense

82Segurança

Israelenses

realizam exercício

para enfrentar

terremotos

84Império otomano

Como um general

alemão protegeu

os judeus na

Primeira Guerra

88Viagem

Como vivem hoje

os judeus cubanos?

94Antissemitismo

A história do

Ajax durante a

ocupação nazista

98Cinema

Na Bienal, o

acervo fotográfi co

que inspirou um

grande fi lme

100A palavra

Entenda o

verdadeiro

signifi cado de

gematria

102Costumes e

tradições

Lembramos a

grande aventura das

imigrações judaicas

10410 notícias

O noticiário de

Israel ganha mais

destaque

106Chanuká

As origens de

uma linda festa de

libertação nacional

108Leituras

Os destaques

editoriais do mês

no mercado das

ideias

110Música

Onze lançamentos

imperdíveis, do

popular ao erudito

112Com a língua e

com os dentes

A infl uência do

vinho em algumas

culturas e

economias

europeias

114 Ensaio

É hora de derrubar

o mito que envolve

judeus e o abuso

de drogas

119diretoria

120Presidência

As sugestões do

associado no

encontro com

Abramo Douek

121Lista da diretoria

Veja quem é quem

no Executivo da

Hebraica

122Grandes Festas

Arquitetos avaliam

nova cenografi a das

sinagogas

138Conselho

Algumas mudanças

que nortearam a

penúltima sessão

de 2012

120

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4HEBRAICA | DEZ | 2012

sum

ário

54

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HEBRAICA | DEZ | 2012

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO RUA HUNGRIA, 1.000, PABX: 3818.8800

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FIS-

CHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964

- 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-

BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -

1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN

- 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKO-

BOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993

| SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 -

2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 |

PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR-FUNDADOR

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TRADUÇÃO

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DIREÇÃO DE ARTE

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ILUSTRAÇÃO CAPA

EDITORA DUVALE

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IMPRESSÃO E ACABAMENTO

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JORNALISTA RESPONSÁVEL

SAUL SHNAIDER (Z’l)FLAVIO MENDES BITELMAN

BERNARDO LERER

JULIO NOBRE

MAGALI BOGUCHWAL

TANIA PLAPLER TARANDACH

ELLEN CORDEIRO DE REZENDE

BENJAMIN STEINER (EDITOR)FLÁVIO M. SANTOS

JOSÉ VALTER LOPES

HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES

MARCELO CIPIS

RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95 E-MAIL [email protected] CEP: 05435-040 - SÃO PAULO - SP

PAULO SOARES DO VALLE

CARMELA SORRENTINO

RODRIGO SOARES DO VALLE

SÔNIA LÉA SHNAIDER

PREVAL PRODUÇÕES

IBEP GRÁFICA AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619JAGUARÉ – SP

TEL./FAX: 3814.4629 [email protected]

BERNARDO LERER MTB 7700

ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/ TEVET 5773

calendário judaico :: festas

dom seg ter qua qui sex sábdom seg ter qua qui sex sáb

JANEIRO 2013Tevet | Shvat 5773

DEZEMBRO 2012Kislev / Tevet 5773

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

carta da redação

Sustentabilidade e uma muito atual entrevista de pazA prática da sustentabilidade é algo tão atual que o dicionário Houaiss de

há dez anos não a registra. Lá se lê apenas que se trata de um substantivo

feminino que diz respeito à “condição ou característica do que é sustentá-

vel”. Enquanto em muitos lugares é apenas um discurso, na Hebraica, no

entanto, é ato e é fato. E é isso que a repórter Magali Boguchwal conta em

prosa, o fotógrafo Flávio Mello registrou em fotos e o artista gráfi co Mar-

celo Cipis transformou em imagem de capa.

Essa edição revela em detalhes como será a festa de Réveillon cujos in-

gressos estão à venda e é preciso correr para garantir lugar; mostra o

novo espetáculo do grupo de teatro; a fantástica apresentação de dezenas

de crianças e adolescentes do judô; o desempenho das várias modalida-

des esportivas no clube e muito mais.

No “Magazine”, a entrevista exclusiva de nosso correspondente em Israel

Ariel Finguerman com o pacifi sta Uri Avnery, fundador do Gush Shalom

(Grupamento da Paz) é reveladora de como neste momento, após os oito

dias de confl ito na Faixa de Gaza, a paz é mais necessária do que nunca e

daí o título “A paz ou nada”; as empresas start-up, outra criação a inventi-

vidade israelense; um roteiro dos melhores húmus de Israel; a história de

um general alemão na então Palestina no início do século passado; mais

uma reportagem da série acerca dos judeus em Cuba; o futebol e o Holo-

causto; o editor adjunto Julio Nobre mostra como nasce um grande fi lme

e se conta que Chanuká, muito mais que a apregoada “festa das luzes”, foi

a primeira guerra de libertação nacional.

Aliás, Chag Chanuká Sameach.

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

OUVIDORIA

[email protected]

SUGESTÕES

[email protected]

PARA ANUNCIAR

3814.4629 / 3815.9159

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PARA FALAR COM A PRESIDÊNCIA

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INTERNET

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PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855

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Fale com a Hebraica

Tu B’ShvatPrimeira Vela de Chanuká

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Page 5: Revista Hebraica - Dezembro

por Raquel MachadoHEBRAICA | DEZ | 2012

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gdestaques do guia

AS FÉRIAS DAS CRIANÇAS VÊM AÍ E A PROGRAMAÇÃO DA HEBRAICA ESTÁ COM TUDO. EM DEZEMBRO, TEREMOS AS APRESENTAÇÕES DE ENCERRAMENTO DO TEATRO INFANTO-JUVENIL, AS ÚLTIMAS EDIÇÕES DO ANO DO CLUBE DE LEITURA, A GRANDE FESTA DE REVEILLON DA HEBRAICA E PREPARE-SE, PORQUE EM JANEIRO TEM COLÔNIAS DE FÉRIAS PARA A GAROTADA E OPERAÇÃO VERÃO PARA TODOS!

cultura + social juventude

De 14 a 25/1/13

Colônia de Férias do Ateliê 2013, 1 a 3 anosDe segunda a sexta, 8h30 às 12h

Fevereiro 2013

Seleção de Teatro do Grupo QuestãoDe 5 a 18 anos, garanta a sua vaga!

De 2 a 31 de janeiroOperação Verão 2013Consulte tabela de horários e modalidades

esportes

Horários do ônibus

• Terça a sexta-feira

Saídas Hebraica

11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saída Avenida Angélica

9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados

Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30,

16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saídas Avenida Angélica

9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

• Linha Bom Retiro/Hebraica

Saída Bom Retiro – 9h, 10h

Saída Hebraica – 13h45, 18h30

De 14 a 25/1/13Colônia de Férias da Escola de Esportes, de 3 a 12 anossegunda a sexta, 8h30 às 17h

31/12

Réveillon 2013 - E o mundo não acabou!21h, no Salão Marc Chagal

8/12

Clube de Leitura: Livro: “O Centauro no Jardim” de Moacyr Scliar16h, na Sala do Conselho (com a mediadora:

Vivian Schlesinger)

RÉVEILLON HEBRAICA 2013, UMA SURPRESA ATRÁS DA OUTRA!

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HEBRAICA | DEZ | 2012

cartas do leitor

10

FAÇA DA REVISTA “HEBRAICA” UM MEIO INTERATIVO PARA A TROCA DE IDÉIAS. ENVIE SUA OPINIÃO SOBRE OS ARTIGOS E REPORTAGENS PUBLICADOS. UTILIZE O ENDEREÇO ELETRÔNICO [email protected] OU LIGUE PARA 3818-8855

[email protected] com a Hebraica

CongratulaçõesGostaria de parabenizar e agradecer às professoras pelo belís-

simo trabalho, assim como às mães das comissões. Este bat seguramente está em nossa história como um dos momentos

mais emocionantes e felizes, e será sempre lembrado e comen-

tado por todos os que tiveram a felicidade de estar na Sinago-

ga. Às meninas, além de parabéns pela data, também pelo ato,

pela decisão, pela iniciativa, pela perseverança. Que bom ver

que elas se envolveram e usufruíram de cada momento, cada

ensinamento, cada oportunidade de conhecer pedaços impor-

tantes da sua história. Elas nos presentearam com o produto fi -

nal desse processo com dedicação, alegria, bom humor e emo-

ção. E o conteúdo estará com elas para sempre. Grande abraço

a todos e mazal tov.

Daniel, pai de Ariela Scherer

Valores humanitáriosParabéns pelo importante trabalho que vocês desenvolvem e

pela emocionante cerimônia de bat-mitzvá. Nestes “tempos lí-

quidos”, ter um porto seguro que nos remeta aos valores essen-

ciais da humanidade traz um respiro e uma promessa de que

podemos nos tornar pessoas melhores e, portanto, fazer um

mundo melhor. Foi um enorme prazer contar com vocês nes-

sa caminhada, não apenas pelo conhecimento, mas pelo cari-

nho, pelo envolvimento, pela intenção, pela alegria, pelo canto

e pela disciplina. Eternamente grata,

Bete, mãe de Gabi Sanovicz

Cerimônia emocionanteRealmente foi um momento muito especial e marcante para a

vida das nossas fi lhas e para todas as famílias. Vocês estão de

parabéns por terem conduzido o curso de bat-mitzvá durante

este ano, culminando em uma cerimônia linda, emocionante e

perfeita. Vocês mais do que superaram o desafi o de fazer com

que 29 meninas cantassem maravilhosamente e declamassem

textos muito inspiradores. Aliás, o tema escolhido para este

ano foi lindo, e esperamos que estes valores tão importantes

façam parte da vida das meninas e que sejam transmitidos por

elas para as próximas gerações. Parabéns a todos.

Leslie Benzakein, mãe de Yasmin

Ensinamentos para a vidaSó temos que agradecer. Foram lindos momentos que fi carão

guardados para o resto da nossa vida e que os ensinamentos

passados neste ano perdurem para sempre. Parte da nossa his-

toria está ligada a essa corrente de novas amizades e a passa-

gem para a maioridade será lembrada com carinho e sauda-

des. Muito obrigada pela paciência, compreensão e, acima de

tudo, amor que tiveram com nossas meninas. Um forte abraço,

Carol Birenbaum, mãe de Verônica

Laços de amizadeRealmente não existem palavras para agradecer todo o com-

prometimento de vocês com nossas fi lhas. Em nosso primeiro

encontro, Joyce frisou muito que seria um ano especial e real-

mente foi mais do que isto. Acredito que todas elas formaram

um grande laço de amizade, onde puderam entender os valo-

res da espiritualidade e do que é realmente um amigo, aquele

que está presente em todas as horas. Tanto no grupo como nas

morot, pois sem a confi ança que todas vocês transmitiram este

aprendizado não seria tão bem-sucedido.

A cerimônia foi extremamente emocionante, tanto para os

pais como para as meninas, e acredito que para vocês, que es-

tiveram todos esses meses trabalhando com elas, foi ainda

mais! Parabéns pelo belo trabalho. Um grande abraço.

Gabriela Scalise Szpigel, mãe de Giovanna

Missão especialVocês são pessoas muito especiais na nossa vida. A sensação

que experimentamos aqui em casa é a de “queria mais”, mas

felizmente esta etapa foi cumprida com muito amor. Amor que

as meninas souberam passar lindamente para todos nós. A

missão de vocês é muito especial e vocês são pessoas ilumina-

das que souberam conduzir nossas fi lhas durante este ano. Bei-

jos e abraços com carinho,

Sheila, Sofi a e Marcelo Jesion

Um bat-mitzvá de eterna lembrança

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capa | sustentabilidade | por Magali BoguchwalHEBRAICA | DEZ | 2012

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Jovens empreendemações ambientais

O FIT CENTER ADERIU AO PROJETO DO JOVENS SEM FRONTEIRAS DISTRIBUINDO GARRAFAS E ABOLINDO O TRADICIONAL E POLUENTE COPINHO DE PLÁSTICO

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HEBRAICA | DEZ | 2012

15

S eparar o lixo, economizar ener-

gia, utilizar meios de transporte

não poluentes são práticas ado-

tadas por um número cada vez maior de

paulistanos. Essa tendência se confi rma

entre os associados, que procuram re-

produzir no clube os hábitos que man-

têm em casa. Iniciativas pontuais experi-

mentadas ao longo dos últimos anos res-

HEBRAICA SUSTENTÁVEL É UM NOVO SETOR CRIADO NO CLUBE PARA TRADUZIR EM AÇÕES CONCRETAS A PREOCUPAÇÃO DE SÓCIOS, DIRIGENTES E FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO AO AMBIENTE >>

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HEBRAICA | DEZ | 2012

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to Jovens Sem Fronteiras, que tem à sua

volta estudantes sensíveis a esse e ou-

tros temas”, acrescenta Gaby.

Segundo ele, o setor Hebraica Susten-

tável trabalha em acordo com a vice-pre-

sidência de Patrimônio e Obras. “Leva-

mos nossas ideias à equipe de diretores

e profi ssionais da área e a união de es-

forços já resultou em melhorias como a

substituição da iluminação no Ginásio

Os conceitos de sustentabilidade vão muito além do des-

carte de celulares, lixo ou o uso lâmpadas mais efi cientes.

A preservação da terra e da natureza tem menção obrigató-

ria sempre que se trata do assunto. Na Hebraica, o cuidado

com a natureza é levado a sério na manutenção e amplia-

ção de áreas verdes, plantas, pássaros e animais marinhos.

Prova disso é a comemoração do ano novo judaico das ár-

vores (Tu B’Shvat), que abre o calendário de eventos e marca

uma antiga parceria com as entidades Na’amat Pioneiras e

Keren Kayemet LeIsrael (KKL).

Este ano, Tu B’Shvat será em 27 de janeiro, quando as três

entidades realizarão um serviço religioso especial na Sina-

goga a partir das 10 horas. Segundo o diretor de Cultura Ju-

daica, Gerson Herszkowicz, para o domingo seguinte, dia 3,

foi programado um evento no clube, das 10h30 às 12 horas,

dirigido ao púbico de 5 a 9 anos, com atividades lúdicas ba-

seadas nos conceitos da festa.

“Nesse dia, a atração especial será o educador ambien-

tal e ecologista Alexandre Chut, vencedor do Prêmio Cida-

dão Sustentável 2012, que recentemente liderou movimen-

tos de plantio de milhares de árvores às margens dos rios

Pinheiros e Tietê. Ele e as crianças plantarão uma árvore em

uma das áreas verdes da Hebraica, simbolizando o ritual

anual dessa festa em Israel.”

Valores renovados em Tu B’Shvat

>>

dos Macabeus, a instalação de lixeiras

para material reciclável, torneiras que

fecham automaticamente depois de al-

guns segundos e outras alterações”, con-

ta o superintendente.

Segundo o engenheiro Luiz Henrique

Ribas Alça, o custo da reforma na ilumi-

nação da quadra do Ginásio dos Maca-

beus será recuperado em poucos meses

com a economia de energia e manutenção

garantida pelas lâmpadas de led. “O pre-

ço dessas lâmpadas vem caindo, então as

vantagens do mesmo tipo de iluminação

em fase de instalação nas quadras de tênis

será ainda maior”, enfatizou o engenheiro.

Para Bruno Kibrit, o trabalho no se-

tor Hebraica Sustentável abrange muito

mais do que o contato com engenheiros

e diretores de obras. “Durante o tempo

em que eu era o único integrante do se-

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capa | sustentabilidadeHEBRAICA | DEZ | 2012

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surgem agora de forma organizada em

áreas verdes e abrigadas e despertam a

atenção das famílias.

Em 2011, por exemplo, a vice-pre-

sidência de Juventude transformou o

XXXI Festival Carmel em um Eco-Car-

mel e apresentou empresas e exemplos

de como materiais e ideias podem ser

reciclados e transformados em vez de

abandonados num lixão.

Segundo o diretor superintenden-

te da Hebraica Gaby Milevsky, recente-

mente foi estruturado um setor chama-

do Hebraica Sustentável para tratar di-

retamente de questões ligadas ao am-

biente.

“Queremos gente que pense, elabore,

discuta e execute ações visando – em

termos amplos – a preservação do pla-

neta e aplicando conceitos de sustenta-

bilidade ao dia-a-dia da Hebraica. E isso

nós temos”, explica. “Deleguei a tarefa

a Bruno Kibrit, um jovem já envolvido

com o tema e um dos líderes do proje-

A COLETA DE

ÓLEO DE COZINHA

JÁ PODE SER

CONSIDERADA

UM VERDADEIRO

SUCESSO

>>

Descarte correto Atualmente é possível descartar roupas usadas, brinque-

dos, material reciclável, óleo, baterias e pilhas e até equi-

pamentos eletrônicos. Desde a garagem até a portaria da

rua Hungria, ou seja, por todo o clube, há caixas de pa-

pelão e lixeiras sinalizadas com indicação do que pode e

deve ser deixado nelas.

Foto

Pe

dro

Mu

szka

t

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Page 10: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

19

Ângelo Fedele representa a Ecocel, empresa parceira da Hebraica no recolhimento

de celulares e acessórios que os usuários trocaram por modelos mais novos.

Foi uma visita à Nestlé que abriu seus olhos para um nicho de mercado. “Antes

de abrir a Ecocel, há nove meses, atuei vários anos na área de telecomunicações e

ao decidir abrir um negócio próprio, descobri por meio de um antigo cliente, a Nes-

tlé, que havia cerca de cinco mil celulares com pouco uso. As grandes empresas esti-

mulavam a troca frequente de aparelhos e nada era feito com os que sobravam. Foi

a partir desse material que iniciei a Ecocel”, revelou Fedele. Por coincidência, na dé-

cada de 1970, durante alguns meses, Ângelo integrou o time de basquete do clube.

“Meu técnico trocou de clube e me convidou a seguir com ele. Aceitei”, recorda.

Segundo ele, a Ecocel é a única empresa na América Latina a responder por seus

parceiros no Brasil e no exterior no caso de correta destinação dos componentes in-

ternos dos celulares. “Hoje as pessoas armazenam partes da vida nos celulares, e

por essa razão os aparelhos descartados devem passar por uma descaracterização

do software. O processo seguinte é a desmontagem e separação dos materiais, no

que chamamos de descaracterização de hardware. O plástico segue para a recicla-

gem básica e o metal passa por uma moagem nas instalações de uma empresa par-

ceira e é exportado para países como a Bélgica, que tem a tecnologia para separar o

ouro, a prata, o níquel e o lítio utilizados em baterias e carregadores desses apare-

lhos. Essa tecnologia inexiste no Brasil. Parte desse material volta para a cadeia pro-

dutiva dos eletroeletrônicos e parte é eliminada” descreve.

Hoje existem duas caixas de coleta da Ecocel disponíveis na Hebraica, uma na

portaria da rua Hungria e outra junto às catracas da piscina.

Lixo telefônico

Mais luzA iluminação do Ginásio dos Macabeus hoje é feita com

lâmpadas de led, mais duráveis e econômicas do que as

halógenas. Além de oferecer aos atletas mais luminosi-

dade, o gasto com manutenção é bem menor. No teto do

Ginásio dos Macabeus um painel solar auxilia no aqueci-

mento da piscina olímpica. A substituição das lâmpadas

nas quadras de tênis já está em curso, resultando em me-

lhores condições para os jogos e treinos noturnos.

Menos desperdícioOs Jovens Sem Fronteiras estão em campanha para redu-

zir a zero o consumo de copos descartáveis no Fit Center.

Para isso, os usuários receberam um squeeze (recipien-

te reutilizável ideal para atividades físicas) e são estimu-

lados a utilizá-los diariamente, ao menos naquele local.

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capa | sustentabilidadeHEBRAICA | DEZ | 2012

18

Fãs da bicicletaO número de participantes do Hebike aumenta a cada

passeio quinzenal e agora existe um ponto para emprés-

timo de bicicletas a poucos metros na rua Ibiapinópolis.

É mais um facilitador para quem quer adotar o transpor-

te em duas rodas.

Lições de preservação Nos oito núcleos educacionais – Escola Maternal e Infan-

til, Escola de Esportes, Ateliê, After School, Curso de Lí-

deres Meidá, Espaço Bebê e Brinquedoteca, Centro de

Danças, Centro Juvenil Hebraikeinu – crianças e adultos

são continuamente conscientizados a respeito da impor-

tância da preservação do ambiente.

Água preciosa As torneiras dos banheiros funcionam com temporizado-

res à prova de desperdícios e eventuais esquecimentos.

Há muito, sabe-se que duas folhas do toalheiro bastam

para secar as mãos.

tor, organizei o treinamento dos chefes

de equipes de limpeza para alcançar um

resultado melhor e mais amplo na sepa-

ração e acondicionamento do lixo. Tam-

bém estudei o formato das lixeiras para

o sócio visualizar facilmente no momen-

to de jogar um palito de sorvete ou uma

garrafa pet. Temos 150 delas espalhadas

pelo clube e em breve instalaremos al-

gumas ainda mais sofi sticadas nas áreas

cobertas”, informa o jovem universitário.

Ele hoje tem dois estagiários para

>>te descartava como podia e nem sem-

pre com a destinação correta”, observa

Kibrit.

Números e dados como o da Re-cicle

começam a chegar às mãos do trio res-

ponsável pelo Hebraica Sustentável. “O

Instituto Muda nos entregou um relató-

rio muito animador do trabalho de co-

leta realizado nesses poucos meses de

parceria. De resto, é contar com a boa

disposição dos sócios em colaborar”,

espera Bruno.

ajudá-lo com diferentes tipos de cole-

tas seletivas ainda em fase de implan-

tação na Hebraica. “Fizemos uma par-

ceria com o Instituto Muda para a cole-

ta de material reciclável. Com a Ecocel,

trabalhamos o descarte de materiais

eletrônicos e a Re-cicle recolhe todo o

óleo utilizado pelos concessionários

para a fabricação de biodiesel”, enume-

ra Kibrit. “Desde o início do ano, a Re-

cicle recolheu uma tonelada e meia de

óleo que anteriormente cada restauran-

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cultural

+ social

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Page 13: Revista Hebraica - Dezembro

cultural + social > réveillon

HEBRAICA | DEZ | 2012

24

S egundo o Departamento Social, 21

de dezembro – data prevista pelo

povo maia para o fi m do mundo – será

um dia como outro qualquer, seguido de

muitos outros mais, entre eles o 31, que

inevitavelmente trará com ele o 1º de ja-

neiro de 2013. Diante disso, nada mais

natural do que organizar uma festa de

Réveillon inesquecível para saudar o ano

novo com alegria, música e nenhuma

outra data fatal à frente.

Imersa nesse clima otimista, Lia Tul-

mann, banqueteira que assina grandes

Um brinde às previsões erradas “E O MUNDO NÃO ACABOU” É O TEMA DO RÉVEILLON, COM CARDÁPIO ASSINADO POR LIA TULMANN. HAVERÁ

TAMBÉM UM SHOW DE HELDER MOREIRA, TALENTOSO IMITADOR DE ELVIS PRESLEY

eventos na cidade, preparou um cardá-

pio especial para que a despedida do

ano e a recepção do novo tenham o to-

que original da sua cozinha.

“Gosto de mesclar sabores doces e sal-

gados, misturar texturas e fazer refeições

memoráveis”, afi rma Lia, fi lha de uma ju-

dia polonesa com a qual aprendeu a com-

binar ingredientes inesperados.

“Minha mãe estava na Inglaterra quan-

do estourou a Segunda Guerra Mundial.

Os pais a chamaram às pressas de vol-

ta para casa com medo do nazismo e a

trajetória da família incluiu anos na Si-

béria, em meio a condições duríssimas,

até meus avós conseguirem imigrar para

a América do Sul. Desejavam vir ao Bra-

sil, mas por engano, terminaram em Co-

chabamba, na Bolívia, lugar onde mi-

nha mãe teve de cozinhar com produtos

típicos. Ao vê-la em ação, anos depois,

aprendi a procurar alternativas aos pra-

tos comuns, como, por exemplo, fazer

nhoque com banana, em vez de batata.

Este é um dos toques inovadores da mi-

nha cozinha”, explica Lia.

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HEBRAICA | DEZ | 2012

25

Para o Réveillon na Hebraica, ela se

propôs a substituir o que os profi ssionais

chamam de coquetel passado por mesas

de serviço. “Prefi ro montar mesas para

os sócios se servirem à vontade, mesmo

aqueles que chegarem mais tarde para a

festa”, explica.

Jornalista e chef de cuisine, Lia idea-

lizou o Badebec, restaurante que, nos

anos 1990, foi reduto dos gourmets da

cidade. Hoje ela dirige o Bibi e o restau-

rante que funciona na antiga sede do Jo-

ckey Clube no centro da Cidade.

No cardápio do seu primeiro Réveillon

na Hebraica, ela incluiu algumas cria-

ções que já são marcas registradas da

sua culinária, como a terrina de beringe-

la e o strudel de Gruyère e damasco.

“Este será um Réveillon para as pesso-

as festejarem a vida e nada melhor do

que saborearem novidades ao lado de

pratos que conhecem e apreciam. Im-

porta que o jantar seja bem apresenta-

do, saboroso e que antes e depois da re-

feição as pessoas aproveitem o show e a

música com muita alegria”, diz a chef.

Elvis com HAlém do jantar gourmet, o programa do

Réveillon reserva outra surpresa: a apre-

sentação de Helder Moreira, ator brasi-

leiro que recentemente apresentou show

em homenagem a Elvis Presley em Las

Vegas, nos Estados Unidos.

Desde a década de 1980, Helder aper-

feiçoa o espetáculo no qual apresenta fi -

gurino, canções e coreografi as em que se

destacam a afi nação, tom e volume de

voz, além do visual iguais ao do cantor.

Com sucesso, ele e a banda já excursio-

naram pela Europa e América Latina.

No Brasil, Helder anima eventos corpo-

rativos e diante da difi culdade de assistir

a sua performance no circuito comercial,

o Departamento Social o escolheu como

atração especial do Réveillon. Os convites

já estão à venda na Central de Atendimen-

to, fones 3818-8888/8889. (M. B.)

Réveillon 2013

Salão Marc Chagall

Buffet – Lia Tulmann

Show de Helder Moreira

Decoração de Eduardo Honora

Dress code – branco e dourado

A GASTRONOMIA

DE LIA TULMANN

COMBINA

SIMPLICIDADE E

REFINAMENTO;

À DIREITA, O

INTERNACIONAL

HELDER MOREIRA

HOMENAGEIA ELVIS

PRESLEY

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Page 14: Revista Hebraica - Dezembro

cultural + social > galeria de arte

HEBRAICA | DEZ | 2012

26

C inco artistas contemporâneos fo-

ram reunidos na Galeria de Arte,

onde a cor branca local serviu de fundo

para várias estéticas. Na concepção de

Fernando Durão, “a mostra foi diagrama-

da como um teatro de arena, para que as

obras dialogassem entre si e com o ob-

servador, e este com os criadores”, daí o

nome da mostra.

Durão é fotógrafo, desenhista e cola-

borador de importantes mídias. Chegou

ao Rio de Janeiro no Carnaval de 1969,

Cinco visões da contemporaneidade

OS ARTISTAS CACIPORÉ TORRES, EDUARDO IGLESIAS, GUILHERME DE FARIA, FERNANDO DURÃO E YUTAKA TOYOTA CHAMARAM DE “DIÁLOGO”

A EXPOSIÇÃO DAS SUAS OBRAS NA HEBRAICA

deixando a ditadura de Salazar. Impres-

sionado com as cores tropicais, fez delas

uma constante em suas obras. “Nasci ar-

tista. A criação e a execução são um ato

natural”, diz Durão.

As esculturas de Caciporé Torres cha-

mam a atenção porque o artista traba-

lha com materiais duros e pesados,

como ferro e aço inox sucateado, e têm

como marca a solda, tornando-as ar-

ticuladas. Estudou história da arte na

Sorbonne, voltou ao Brasil e tem peças

em praças de cidades, das quais sessen-

ta só em São Paulo.

Perguntam a Eduardo Iglesias se sua

fase azul acabou. “Não, hoje está tudo

muito colorido. Cada um de nós tem

uma cor interior e isso é o que interessa”,

responde o artista.

“A pintura, a escultura e o monumento

estão profundamente ligados. Tudo é es-

paço cósmico, onde vivemos procuran-

do a paz”, fi losofa Toyota com o sotaque

do Japão, onde nasceu em 1931.

O pintor, desenhista e gravador Gui-

lherme Faria se vê rodeado por pesso-

as que desejam conhecer sua técnica. O

artista responde: “Não há esboços, nem

modelo, nem rasuras. Trabalho com um

estoque de papel Schiller, que guardo

há vinte anos. Descobri o pincel após

ver num fi lme a forma zen dos samu-

rais usarem a espada. Como uma ilumi-

nação, tirei as cerdas longas e sai dese-

nhando”. (T. P. T.)

A GALERIA DE ARTE RECEBEU NOMES CONSAGRADOS DA PINTURA E DA ESCULTURA

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Page 15: Revista Hebraica - Dezembro

cultural + social > biblioteca

HEBRAICA | DEZ | 2012

28

O Departamento Cultural, de que faz

parte a Biblioteca, reservou o Ca-

sual Mil para o lançamento da edição do

livro que reúne os textos vencedores de

três recentes edições do Concurso Literá-

rio Ben-Gurion. Na mesma tarde, foram

revelados os nomes dos vencedores des-

te ano, nas categorias conto, crônica e

poesia juvenil e adulto.

Livro reúne prosa & versoUM EVENTO NO CASUAL MIL MARCOU O ANÚNCIO DOS VENCEDORES DA

SÉTIMA EDIÇÃO DO CONCURSO LITERÁRIO BEN-GURION E O LANÇAMENTO DO LIVRO COM OS TEXTOS PREMIADOS EM 2010, 2011, 2012

Os convidados foram saudados pelo

diretor-geral Social e Cultural Sérgio

Ajzenberg, pelo vice-presidente admi-

nistrativo Mendel Szlejf e pelo diretor

cultural Samuel Seibel. A escritora De-

borah Goldemberg anunciou os vence-

dores e coordenou a leitura de alguns

textos, principalmente daqueles classi-

fi cados em primeiro lugar em crônica,

Adulto

Modalidade Poesia

1º lugar – “Haicai”, de Rosa Broner Worcman

2º lugar – “Terminal”, de Vivian Schlesinger

3º lugar – “Por Debaixo da Terra”,

de Fernanda Vofchuk Markus

Modalidade Crônica

1º lugar – “Achuzat Bait”,

de Bernardo Kucinski

2º lugar – “Vidas Cruzadas”, de

Cláudia Hemsi Leventhal

3º lugar – “Velho”, de

Alexandru Solomon

Modalidade Conto

1º lugar – “Helena Telefonou”,

de Bernardo Kucinski

2º lugar – “Viviane”, de Magali

Boguchwal Roitman

3º lugar – “Morro do Samba”,

de Roland Fischmann

Modalidade Depoimento

1º lugar – “Alguém Disse”,

de Marcelo Brick

Juvenil

Modalidade Crônica

1º lugar – “Jogo de Futebol”,

de Tali Finger

Modalidade Conto

1º lugar – “De Pai para Filho”,

de Allan Davi Catach

VII Concurso Literário Ben-Gurion

poesia e as duas crônicas da categoria

juvenil.

Deborah participou da comissão jul-

gadora da sétima edição com Sônia

Mansky e Áurea Rampazzo. “Foram 42

textos e muitos sócios inscreveram tra-

balhos pela primeira vez. Alguns destes

estão entre os premiados”, afi rmou co-

ordenadora da biblioteca Maria Eunice

Lopes, responsável pela organização do

evento. Ela cita o depoimento de Marce-

lo Brick, único premiado nessa categoria

e o conto de Roland Fischmann.

“Este não é meu primeiro prêmio lite-

rário, mas só este ano fi quei sabendo a

respeito do Concurso Ben-Gurion. Con-

sidero uma iniciativa importante da He-

braica manter um concurso literário, pois

existem talentos aqui e é preciso valorizá-

los”, afi rmou Fischmann, diretor da Edi-

tora Andrei.

Já para Fernanda Vofchuk Markus, ter-

ceiro lugar em poesia, foi o retorno ao

concurso. “Participei de uma das primei-

ras edições, aos 17 anos, e minha poe-

sia foi a melhor na categoria juvenil. Na

época, também abordei o tema do Holo-

causto, que ainda mexe comigo. Meu de-

sejo é me dedicar à poesia depois de me

formar na faculdade e é uma honra estar

entre os premiados hoje”, afi rmou a jo-

vem estudante de relações públicas.

Além dela, a leitura dos textos de

Allan Davi Catach, 13 anos, vencedor na

categoria conto juvenil, e da crônica de

Tali Finger, 12 anos, foi muito aplaudida

pelo público. (M. B.)

LEITURA DE TEXTOS VENCEDORES NO RESTAURANTE CASUAL MIL

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Page 16: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

30

coluna comunidade

por Tania Plapler Tarandach | [email protected]

CO árabe cristão e ministro na Supre-

ma Corte israelense Salim Joubran

passou por São Paulo e fez palestras a

respeito do “Sistema Jurídico em Israel

e o Papel da Suprema Corte em uma So-

ciedade Democrática” e do “Papel da Su-

prema Corte em Direitos Humanos” para

os alunos da Faculdade Zumbi dos Pal-

mares, debateu no Templo Beth-El, no

Tribunal de Justiça paulista e no Instituto

Fernando Henrique Cardoso à mesa do

qual estavam o cônsul de Israel em São

Paulo Ilan Sztulman, o diretor executivo

do iFHC Sérgio Fausto e o advogado Os-

car Vilhena.

Segundo Joubran, não há uma cons-

tituição formal em Israel, mas cogita-

se de criar duas leis: de direitos huma-

nos e de direitos sociais, a serem unifi -

cadas em uma constituição. “A Suprema

Corte é indispensável e importante para

manter a igualdade do cidadão e os direi-

tos humanos, a justiça não diferencia et-

nias. Há petições feitas por árabes israe-

lenses contra o governo e, em muitos ca-

sos, decisões obrigam o governo a fazer

algo pela igualdade”, explicou. Qualquer

um pode fazer uma petição, à mão, sem

advogado, e registrá-lo na Corte. Por ano,

são julgados perto de dez mil processos.

O tribunal secular não pode interferir

na decisão de um tribunal religioso, as-

sim como não pode tratar de assuntos

políticos, e seus membros não dão en-

trevistas. “A Suprema Corte só interfe-

re quando o tribunal religioso decide so-

bre casos que não são de sua alçada ou

decide contrariamente às regras da justi-

ça humana.” Em Israel, cada religião tem

o próprio tribunal: são mais de trinta tri-

bunais judaicos, onze muçulmanos e dez

cristãos.

Joubran nasceu de família ortodoxa

grega e maronita católica, em Haifa, em

1947, um ano antes da independência do

Estado. Formou-se na Universidade He-

braica de Jerusalém, fez carreira como

juiz, e em 2003 foi nomeado temporaria-

mente para o Supremo Tribunal e em de-

fi nitivo em 2004, tornando-se o primeiro

árabe cristão entre os quinze juízes. Ati-

vista na melhoria das relações entre ára-

bes e judeus em Israel, Joubran recebeu

o prêmio Marcos Sieff.

Árabe cristão na Suprema Corte

Edital de chamada em BrasíliaO diretor-geral do Centro da Indústria

Israelense para Pesquisa & Desenvol-

vimento (Matimop), Michel Hivert, e o

diretor de Operações e Iniciativas na

América Israel Shamay se reuniram

com o secretário de Inovação do Minis-

tério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, em Brasília, para

lançar o segundo edital de chamadas

para apresentação de propostas de coo-

peração tecnológica entre Brasil e Israel.

Essa etapa está prevista no Memo-

rando de Entendimento sobre Coope-

ração Bilateral em P&D e Desenvolvi-

mento Industrial no Setor Privado, as-

sinado em 2007. Assim, empresas da

informação e comunicação, saúde e de-

fesa dos dois países deverão elaborar

propostas de cooperação em P&D para

desenvolver produtos, processos e ser-

viços de aplicação industrial.

CÔNSUL SZTULMAN, FAUSTO, JUIZ SALIM JOUBRAN E VILHENA

Filme israelense premiadoPreenchendo o Vazio, fi lme de Rama

Burshtein, venceu a 36ª. Mostra Inter-

nacional de Cinema de São Paulo, re-

cebendo o troféu Bandeira Paulista. No

último Festival de Veneza, a protago-

nista Hadas Yaron recebeu o prêmio de

melhor atriz.

Foto

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lha

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ção

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coluna comunmidade.indd 30 23/11/2012 15:45:49

HEBRAICA | DEZ | 2012

31

As fotos do

desembargador

Wálter Fanganiello

Maierovitch,

do publicitário

Washington

Olivetto e da

deputada federal

Mara Gabrilli faziam

parte da exposição

fotográfi ca “DNA

Italiano no Brasil”,

no Centro de

Integração

Empresa-Escola.

David e Golias,

A Arca de Noé e Moi-

sés são os e-books

comercializados

com sucesso pela

Lalubema. Myriam

Fischer é a voz

em português das

grandes atrizes que

atuam nesses clássi-

cos infantis.

O chefe do Labora-

tório de Patologia

Neuromuscular e

professor adjunto de

patologia cirúrgica

da Unifesp Beny

Schmidt e equi-

pe apresentaram

estudos na área de

órteses e próteses

biônicas voltados

à reabilitação de

defi cientes físicos

para o XXIII Con-

gresso Brasileiro de

Medicina Física e de

Reabilitação.

Os pratos artesanais

de Vera Kauffman

fi zeram sucesso na

24ª edição do Bazar

Espaço Diferenciado.

O diretor da Society

of Automotive

Engineering e

diretor executivo

da General Motors

Alberto Rejman teve

papel fundamental

na reestruturação

da engenharia

da empresa nos

Estados Unidos

para sobreviver

ao Chapter 11

(concordata). Agora,

ele passará três

anos na Alemanha,

trabalhando na Opel,

subsidiária da GM na

Europa, que também

passa por momentos

difíceis.

A Raro Carmim,

de Paula Mandel

e Carla Cozzolino

está de site novo

(rarocarmim.com.br),

mostrando “eventos

únicos” familiares e

empresariais.

André Zatz e

Sérgio Halaban,

da SB Jogos, são

especialistas em

gamifi cação para

treinamento. É deles

o jogo Otimize,

aplicado pela Tokio

Marine para mais de

mil colaboradores.

Bernardo Ajzemberg,

Ronaldo Wrobel, Ilan

Brenman e Mônica

Guttman participa-

ram em diferentes

mesas do VI Encon-

tro Brasileiro de

Estudos Judaicos,

realizado pelo Depar-

tamento de Ciências

Sociais, Programa

de Estudos Judaicos,

na Universidade do

Estado do Rio de

Janeiro.

Após Budapeste,

Haia e Amsterdã,

o XVII Circuito

Internacional de Arte

Brasileira aportou

em Maringá, Paraná,

onde o marchand

e artista plástico,

Henry Chaitz teve

obras expostas nessa

maratona artística.

Madrich é o segundo

livro de Nessim

Hamaoui, e neste

conta sua trajetória

comunitária, a impor-

tância do movimento

juvenil, principal-

mente a Chazit, da

Congregação Israelita

Paulista. Ele dedica o

livro a Sima e David

(z’l) Sztulman.

A segurança está na

ordem do dia e o con-

sultor Nilton Migdal,

diretor da Migdal

Consulting, está

com a agenda cheia,

participando de pa-

lestras que também

tratam de blindagem

automotiva.

César Romero deu

os nomes de “Faixa

Emblemática” e “To-

tem Emblemático”

a dezessete pinturas

e dez esculturas

expostas no Espaço

Cultural Citi, com

curadoria de Jacob

Klintowitz.

O presidente do

Conselho Estadual

Parlamentar das Co-

munidades de Raízes

e Culturas Estrangei-

ras (Conscre) Cláudio

Pieroni recebeu Lia

Diskin no Auditório

Tiradentes da As-

sembleia Legislativa

para falar de “Mis-

cigenação da Raça

Brasilíades – Cultura

de Paz”.

Todos têm fãs no

Facebook, mas a

Fisesp ultrapassou

os dez mil em sua

fanpage, o que faz

dela a maior rede

social no Brasil

entre as entidades

judaicas. É variada e

sempre atualizada,

um dos fatores desse

interesse. Para estar

por dentro, acesse

facebook.com/fede-

racaosp.

Alexandru Solomon

escreveu A Luta

Continua – Contos

e Crônicas. Este

é o seu décimo

segundo livro. Foi

lançado na Livraria

da Vila/Shopping

Higienópolis.

COLUNA 1 Projeto Anne Frank em ação A coordenadora de atendimento, pes-

quisa e educação do Arquivo Histórico

Judaico Brasileiro Lúcia Chermont par-

ticipou na Argentina do seminário “Ex-

periências em Educação sobre a Shoá e

Memória: Refl exão e Lembrança”, orga-

nizado pelo ministério da Educação e a

Casa de Anne Frank da Argentina e a co-

laboração da Casa Anne Frank na Holan-

da, da Casa de Conferência de Wannsee,

memorial e educacional na Alemanha, e

da Comissão 4 e 5 de Maio, na Holanda

e apoio do Grupo de Trabalho para a Co-

operação Internacional em Educação da

Shoá e Remembrance Research.

Lúcia integra o projeto Rede Anne

Frank no Brasil, idealizado pela Confe-

deração Israelita do Brasil (Conib) com

a Federação Israelita do Estado de São

Paulo (Fisesp). Foram relatadas expe-

riências de ensino da Shoá na Alema-

nha, Argentina, Chile, Costa Rica, Ho-

landa, Peru, Uruguai e Brasil.∂

TÂNIA GONÇALVES DE MELLO, DA SECRETARIA ESTA-

DUAL DE EDUCAÇÃO, LÚCIA CHERMONT, DO AHJB,

E NORBERT HINTERFEITNER, DIRETOR DE EDUCAÇÃO

DA CASA ANNE FRANK DE AMSTERDÃ

De onde você veio?Filhos de imigrantes têm curiosida-

de em saber as origens da família. De

onde vieram pais, avós e bisavós, as

ocupações e os interesses deles, como

viviam e por que escolheram o Brasil.

Eva Strum e Sérgio Grinberg tinham as

mesmas dúvidas e estão coletando, re-

gistrando e disponibilizando esses da-

dos voluntariamente. Quem desejar

compartilhar informações da sua his-

tória, entre em contato com eles pelos

e-mails [email protected] e evas-

[email protected] que vão enviar um pe-

queno questionário.

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Page 17: Revista Hebraica - Dezembro

cultural + social > comunidade+coluna1

HEBRAICA | DEZ | 2012

32

É do designer Sérgio

Matos a nova coleção

que Cris e Abel

Reshef incorporaram

à sua Marché Art

de Vie, nas lojas

do Pacaembu e da

alameda Gabriel

Monteiro da Silva.

A escritora e

roteirista Juliana

Rosenthal K.

autografou Deu

Positivo, na Livraria

da Vila/Lorena. Fala

da sua gravidez,

da notícia ao

parto. Colaborou

o ginecologista e

obstetra Carlos

Eduardo Czeresnia

e Bruno Di Chico fez

as ilustrações.

O vice-diretor

da Faculdade de

Medicina do ABC

Marco Akerman e o

coordenador da Rede

Nossa São Paulo

Mauro Broinizi

foram debatedores

no seminário

“Cidades Saudáveis

e Sustentáveis:

Conceitos e Desafi os”

realizado no Fórum

Suprapartidário

por uma São

Paulo Saudável e

Sustentável.

Convidados pela

fi sioterapeuta Betty

Gervitz, a professora

Deborah Nefussi e

o músico Gabriel

Levy participaram

do encontro “Danças

Étnicas”, no

Centro de Estudos

Universais.

O ciclo de debates

“Direitos Humanos

e Desenvolvimento

Módulo III Gênero

e Direitos Huma-

nos” foi coordenado

por Sérgio Adorno e

teve a curadoria da

ex-senadora Eva Al-

terman Blay, Tamara

Amoroso Gonçalves

e Marcela Barroso.

Vivien Schlesinger

recebeu mais um

prêmio neste ano. É

o Mondiale di Poesia

Nosside, organizado

na Itália com mais

de seiscentos poetas

de 71 países. Seu

poema “Queda Livre”

recebeu menção

honrosa e fará parte

da antologia dos

vencedores, distribu-

ída mundialmente.

Leia-o no blog http://

vivianschlesinger.

blogspot.com.br.

No Museu da Casa

Brasileira, a designer

Jacqueline Terpins

foi um dos jurados

que escolheu os

vencedores do VII

Prêmio Tok & Stok

de Design

Universitário.

Os empresários

Mário Levi e Roberto

Sasso mais o ator

Henri Castelli

criaram o Dezoito

Bar & Movement.

É um ambiente

luxuoso e acolhedor,

criado por José

Ricardo Basiches, na

região do Itaim.

Confraternização

no Esporte

Club Sírio: Jaime

Dicker e Isaac

Ris, da Hebraica,

e Gilberto Makul,

do clube anfi trião,

venceram mais um

dos concorridos

torneios de tranca,

que unem fãs do

carteado associados

da Acesc.

Aliza Nahum tratou

de novos hábitos

alimentares em

quatro encontros

para o público

feminino no centro

de convivência

Eshet Chail.

Diretor de mais de

oitenta espetáculos,

Moisés Miastkowsky

está à frente de

O Casamento do

Pequeno Burguês, do

poeta, dramaturgo

e encenador Bertolt

Brecht. Lilian Blanc

faz parte do elenco

que se apresenta no

Teatro Augusta.

A Jornada de Poesia

Oriental reuniu os

escritores Khalid

Al-Maaly, do Iraque,

Yao Feng, da China,

Joung Know Pae,

da Coreia, e Ronny

Someck, de Israel. O

evento foi organiza-

do pelo Departamen-

to de Letras Orientais

da USP.

Na Sinagoga do

clube, Rosália e

Gerson Gerstler,

Daniel e Sheila

acompanharam

o fi lho e irmão

Eduardo na primeira

leitura da Torá.

COLUNA 1

Um dia de boas compras É cada vez maior o interesse pelos pro-

dutos da Feira da Comunidade, do Nú-

cleo de Geração de Renda de Na’amat

Pioneiras, e apoio da Hebraica. Os ex-

positores transformaram o Salão Marc

Chagall em vitrine para os seus produ-

tos, fomentando pequenos negócios e

serviços. “Esta feira é muito importan-

te e é sempre um prazer sediar o even-

to”, disse o presidente da Hebraica

Abramo Douek. Para a vice-presidente

de Na’amat e coordenadora do Núcleo

de Geração de Renda Clarice Shucman

Jozsef, “a preocupação em apresentar

produtos dentro das tendências atuais

e o novo visual da Praça de Alimenta-

ção foram um motivo a mais para o su-

cesso”. Quem passou por lá recebeu o

“Guia de Produtos e Serviços da Comu-

nidade”, que relaciona os fornecedores

cadastrados, também no site www.naa-

mat.org.br.

Jornalistas dão o recadoO diretor de Relações Institucionais da

Conib Jaime Spitzcovsky esteve em

Quito, Equador, no 12º. Encontro de Lí-

deres de Instituições Judaicas e Comu-

nidades da América Latina e Caribe. O

evento, organizado pelo Joint Distribu-

tion, reuniu quase quinhentos parti-

cipantes. Uma das mesas do encontro

homenageou o ativista Beirel Aizens-

tein (z’l).

O vice-presidente executivo da Fisesp,

Ricardo Berkiensztat, e o jornalista e

assessor de imprensa Carlos Brickman

falaram para mais de 130 mulheres, de

dez centros, reunidas no Rio de Janeiro

no XXI Congresso da Wizo Brasil.

O mar ao

fundo e a

lua acima da

hupá foram o

cenário para o

“sim” de Alice

e Paulo. Com

assinatura da

decoradora

Maia Peres,

Susana

(Muszkat) e

Bráulio Zemel, Bia (Farkas) e Flávio Bitelman

receberam convidados nos jardins do

Juquehy Beach Hotel.

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Cabos de aço,

ferragens e papel de

seda são os materiais

usados por Jac Leir-

ner para as obras

expostas na Galeria

Fortes.

Autor de mais de 250

trabalhos publicados

e reconhecidos

internacionalmente,

o médico Morton

Scheinberg,

PhD em Boston

e livre docente

em imunologia

pela USP, foi

homenageado com o

master ACR 2012 na

sessão de abertura

do Congresso

Americano de

Reumatologia, no

Walter E. Washington

Convention Center,

em Washington.

Entre vários

trabalhos de

Scheinberg destaca-

se um publicado

na Annals of

Internal Medicine,

conceituada revista

de clínica médica:

é sua experiência,

no ano 2000, com

um novo marcador

anti-CCP para artrite

reumatoide.

O programa “Sessão

de Terapia” repete

no canal GNT, o

mesmo sucesso dos

trinta países onde

o programa já foi

premiado. O pai da

ideia é o diretor,

produtor e roteirista

Hagai Levi, que

criou Be Tipul (“em

tratamento”, em

hebraico), em 2005,

para a TV israelense.

Ele trabalhou

também na versão

norte-americana “In

Treatment”, exibida

pela HBO.

Após receber a

medalha de mérito

Pedro Ernesto da

Câmara Municipal

do Rio de Janeiro,

o jornalista Mauro

Wainstock, diretor

do Alef News, ga-

nhou a medalha Al-

bert Sabin, iniciativa

da vereadora carioca

Teresa Bergher.

Marina Lafer

formou-se em ad-

ministração pública

pela FGV.

A revista Nature re-

gistrou que o imuno-

logista Michel Nus-

senzweig testou uma

vacina combinando

cinco anticorpos e

manteve os níveis do

vírus da aids abaixo

dos detectáveis por

mais tempo que os

tratamentos expe-

rimentais até então

usados.

“A gronegócio Brasileiro: Situação

e Desafi os” foi o tema do pai-

nel da Câmara Brasil-Israel de Comércio

e Indústria, na Fecomercio, do qual par-

ticiparam o ex-secretário de Agricultu-

ra João Carlos de Souza Meirelles, o pro-

fessor da FEA/USP Décio Zylbersztajn,

o pesquisador do Instituto de Economia

Agrícola Celso Luís Rodrigues Vegro e o

presidente da multinacional israelense

do setor do agronegócio Netafi m, Daniel

Neves. O diretor da Cambici Nelson Mill-

ner foi o mediador.

Os expositores traçaram um panora-

ma atual do agronegócio nos dois países,

as potencialidades de intercâmbio tecno-

lógico, a contribuição mútua no setor, os

aspectos econômicos e os desafi os que o

mundo do “agro” apresenta ainda no Bra-

sil. Para Zylbersztajn, “devemos investir

Desafi os do agronegócio mais em uma aproximação das institui-

ções gestoras de conhecimento, as nossas

universidades trabalharem em conjunto

com as israelenses e aprofundar as rela-

ções com Israel”.

Rodrigues Vegro disse que “a indús-

tria brasileira está preparada para aten-

der ao consumidor doméstico e o ka-

sher, exigente e apreciador de produtos

certifi cados e de alta qualidade. Israel

e Brasil têm trocas dinâmicas no agro-

negócio e há espaço para aumentar as

transações comerciais entre os dois pa-

íses na área de biocombustíveis”. O pre-

sidente da Netafi m Brasil, Daniel Ne-

ves, contou que a tecnologia de irriga-

ção por gotejamento foi desenvolvida

há cinquenta anos em Israel e ainda é

pouco conhecida no mundo do agrone-

gócio brasileiro.

AGRONEGÓCIO EM FOCO: NEVES, SOUZA MEIRELLES, MILLNER, ZYLBERSZTAJN E VEGRO

A fi lha do grão-rabino de Israel Ova-

dia Yossef, Adina Bar Shalom, es-

teve na ofi cina de cultura judaica do Cha-

verim, a convite das voluntárias Sarita e

Thaís Saruê e recebida pela presidente

do grupo, Ester R. Tarandach, e se inte-

ressou em conhecer o programa desen-

volvido pelas ofi cinas e pelo grupo.

Adina queria estudar psicologia, mas

criou a Universidade Haredi de Jerusa-

lém, destinada a judeus ortodoxos sem

meios de fazer um curso superior. Mais

de 90% das pessoas lá formadas saem

empregadas.

Filha de rabino visita Chaverim

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Não é um sonhoA Vida de Theodor Herzl (It Is no Dre-

am), a mais recente produção da Mo-

riah Filmes, examina a vida e a épo-

ca de Herzl e mostra como um judeu

assimilado, nascido em uma famí-

lia tradicional judaica não religiosa,

na Budapest de 1860, muda sua vida

a partir do julgamento do capitão Al-

fred Dreyfus, que cobriu como jorna-

lista em 1895, em Paris. A história,

que mostra “o sonhador que se tor-

nou pai de uma nação”, é narrada por

Ben Kingsley e estrelada por Christo-

ph Waltz.

Primeiros-socorros no arO Fundo Comunitário e a Hebraica

convidaram para um encontro com o

paramédico Ziv Bitton, subofi cial da

aeronáutica que atuou por cinco anos

na equipe dos primeiros-ministros

Netanyahu, Peres e Barak. Bitton foi

voluntário em uma unidade das For-

ças de Defesa de Israel especializada

na evacuação médica e transporte aé-

reo, resgatando civis e militares em

situação crítica, e atualmente super-

visiona trezentos médicos e mais de

duzentos funcionários no Hospital de

Haifa.

“Todo cidadão israelense sabe que

vamos salvá-lo. Chegamos a qual-

quer acidente rodoviário, combate ou

guerra, muitas vezes fora dos limites,

como fi zemos na Bulgária, no Haiti,

na Turquia, onde Israel precisar”, dis-

se Bitton.

Em janeiro de 2009, resgatou quatro

soldados feridos na Faixa de Gaza. Um

deles, Aharon Karov, em estado críti-

co. Durante o voo, Bitton colocou um

tubo na traqueia de Karov que chegou

vivo ao Hospital Denison. Os médicos

estavam desesperançados. Karov so-

freu trinta cirurgias e, um ano e meio

depois, tornou-se pai de uma menina.

“A história desse tenente é um micro-

cosmo da população israelense”, disse

Bitton, que destacou a importância de

trazer o serviço de paramédicos para o

Brasil.

DEPUTADO VÍTOR SAPIENZA PRESIDIU A SESSÃO DA PREMIAÇÃO

O Concurso Wizo de Pintura e Dese-

nho Brasil-Israel 2012, realizado

em conjunto com a coordenadoria de ges-

tão da educação básica da Secretaria Mu-

nicipal da Educação, teve como tema “Je-

rusalém-Brasília: História e Modernida-

de”, chegando a escolas de toda a Rede

Pública do Estado de São Paulo. A premia-

ção, realizada no Auditório Franco Monto-

ro da Assembleia Legislativa, teve a pre-

sença da embaixatriz de Israel no Brasil,

Batia Eldad, o vereador Vítor Sapienza,

Roseli Ventrela, representando o secretá-

rio de Educação Herman Voorwald, o ge-

rente de eventos e marketing do Bradesco

Valmir Macedo e a artista plástica Miriam

Nigri Schreier e as presidentes honorária

e do executivo da Wizo, Sulamita Tabacof

e Iza Mansur. O Coral Sharsheret cantou

os hinos de Israel e do Brasil.

Além de exporem os trabalhos esco-

lhidos pelos júris ofi cial e aberto, os alu-

nos receberam prêmios, como tablet

Multilaser, home theater, caixas de pin-

tura, kits do Bradesco, etc. e o sorteio de

uma bicicleta Sodibike entre todos os jo-

vens, que vieram de cidades como Pratâ-

nia, Nuporanga, Igaraçu do Tietê e Gua-

riba, algumas distantes quinhentos qui-

lômetros da capital.

Premiação na Assembleia

Dois lançamentos literáriosO Homenzinho é a primeira obra escri-

ta por Mendele Moicher Sforim (Shiolem

Yakov) publicada em português. Tese de

doutorado de Genia Migdal, ela traduziu

do ídiche e o Centro de Estudos Judaicos

publicou. A tradutora foi orientada por

Nancy Rozenchan e teve o apoio de Ber-

ta Waldman.

O Imigrante Judeu na Obra de Érico

Veríssimo, dissertação de mestrado de

Adelgício José da Silva, propõe a análi-

se da imagem do imigrante judeu no ro-

mance O Tempo e o Vento, de Veríssimo.

A Editora Humanitas e a Livraria da Vila/

Fradique promoveram os lançamentos.

Conib integra o CnpirA Conib foi uma das entidades da socie-

dade civil aprovadas a integrar o Conse-

lho Nacional de Promoção da Igualdade

Racial (Cnpir) no biênio 2012-2014, re-

presentando a comunidade judaica.

O Conselho é consultivo, integrante

da Secretaria de Políticas de Promoção

da Igualdade Racial da Presidência da

República (Seppir), criada em 2003 pelo

então presidente Luiz Inácio Lula da

Silva, atendendo às demandas do mo-

vimento afrodescendente no combate

à exclusão social. Para tanto, foi criada

uma secretaria especial, incluindo ou-

tras minorias, inclusive a judaica.

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cultural + social > comunidade+coluna1

HEBRAICA | DEZ | 2012

34

O secretário especial de Seguran-

ça para Eventos de Massas Val-

diño Caetano e os diretores de Seguran-

ça Mundial e dos Jogos José Hilário Nu-

nes Medeiros e Luiz Fernando Corrêa,

responsáveis pela segurança da Copa do

Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos

do Rio de Janeiro 2016, participaram da

Conferência de Segurança Interior em

Tel Aviv.

Eles lideraram a delegação de cerca de

trinta pessoas que tiveram contatos com

especialistas israelenses, que atuaram

Especialista em segurança no BrasilA Conib convidou Jonathan Fine

para vir ao Brasil. Ele é especialista

em segurança internacional do Ins-

tituto Interdisciplinar de Hertzlia,

um dos principais centros de estu-

dos estratégicos israelense. Foi entre-

vistado pelos jornais O Estado de S.

Paulo, Folha de S. Paulo e portal Ter-

ra e também esteve no Rio de Janei-

ro. Fine afi rmou que “o clima de ten-

são com o Irã é mais sério do que se

imagina e as declarações de Ahmadi-

nejad não têm sido encaradas como

‘piada’ pelo governo israelense, em-

bora a comunidade internacional ‘ig-

nore as ameaças’, como tem feito em

relação às atrocidades ocorridas na

Síria”. Doutorado pela Universidade

Hebraica de Jerusalém, Fine é gradu-

ado pelo curso de contraterrorismo

no Instituto Internacional Contrater-

rorismo e no Instituto Shechter Salo-

mon de Estudos Judaicos em Jerusa-

lém, onde foi ordenado rabino con-

servador.

Itália e Israel no roteiro Com o apoio do Keren Hayesod, a Fi-

sesp promoveu a quarta edição do

programa Hassefá Ba’Aretz (“Reunião

em Israel”) que passou pela Itália e

depois foi a Israel. A delegação de lí-

deres conheceu a Comunità Ebraica

di Roma, a mais antiga do mundo, as

catacumbas hebraicas de Villa Ran-

danini, o gueto judeu da cidade e foi

recebida na embaixada do Brasil na

Piazza Navona e pelo embaixador de

Israel na Itália. Em Israel, reuniram-

se com personalidades de várias áre-

as como o secretário-geral da Palesti-

ne National Initiative, Mustapha Bar-

ghouthi, os jornalistas Henrique Cy-

merman, Boaz Bismuth e Udi Segal e

o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert.

Conheceram a tecnologia israelense

na visita ao Yahud Space Il Project,

foram ao Kotel no Shabat com o ra-

bino Sholom Duchman.

Brasileiros na Conferência de Segurançanos comitês dos Jogos Olímpicos em Pe-

quim e Londres.

“Nos últimos anos aumentou o inte-

resse nas tecnologias israelenses nesses

campos”, disse Roy Nir, adido comer-

cial de Israel em Brasília. O subdire-

tor do Instituto de Exportação de Israel

Lior Konitzky, um dos organizadores da

Conferência, destacou que a instituição

“defi niu o Brasil como um alvo impor-

tante para a produção israelense pelo

alto índice de crescimento e mudanças

na economia”.

N o Dia Nacional da Cultura, o ve-

reador Floriano Pesaro comemo-

rou a data com a colocação da escultu-

ra “Os Emigrantes”, do desenhista, gra-

vador, pintor e escultor Lasar Segall, nos

jardins da Praça Buenos Aires, numa

parceria entre a Secretaria Municipal

de Cultura e a Associação Cultural Ami-

gos do Museu Lasar Segall. Esta cópia foi

fundida em bronze a partir da original,

de 1934, exposta no museu que guarda o

acervo do artista.

“É importante destacar o benefício da

preservação da memória, em especial

de alguém que se dedicou muito ao Bra-

sil”, disse o prefeito Gilberto Kassab ao

lado do secretário de Cultura Carlos Au-

gusto Calil, que destacou o fato de não

haver nenhum trabalho do artista nos

parques paulistanos.

Presidente do Conselho Deliberativo do

Museu Lasar Segall, o ex-ministro Celso

Lafer disse que “é uma grande satisfação

para o Museu ver esta escultura num es-

paço público”. Prestigiaram o ato os netos

do pintor, Sérgio, Fábio e Lasar Segall.

Segall nasceu na Lituânia em 1891,

chegou ao Brasil em 1923 e foi o respon-

sável pela primeira mostra de arte mo-

derna nacional.

Segall na Praça Buenos Aires

ESCULTURA “OS EMIGRANTES” TEM LUGAR DE DESTAQUE EM MEIO AO VERDE

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Page 19: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

37

Pitliuk lançou romance

O Homem que Venceu Hitler, lan-

çamento da Editora Gutenberg,

revela o romancista Márcio Pitliuk.

Com depoimentos reais de sobrevi-

ventes da Shoá, o autor junta fi cção e

episódios verídicos, como um fi lme. O

autor é cineasta. Através da perspecti-

va literária, Pitliuk remonta a história

de David, que vive no Brasil e decide

voltar à Europa para saber quem foi a

mulher que salvou o pai, quase garoto,

teve uma vida amorosa com ele e iria

entregá-lo aos nazistas. Além de pren-

der a atenção, o fi nal da história sur-

preende o leitor.

Segundo o publicitário Agnelo Pache-

co, “existem livros para você ler, não es-

quecer e se apaixonar. Este é um desses

raros livros”. Publicitário, escritor e ci-

neasta, Marcio Pitliuk tornou-se estudio-

O s velejadores Heloísa e Vilfredo

Schürmann inauguraram o ci-

clo de palestras beneficentes no Colé-

gio I. L. Peretz. Eles contaram a expe-

riência de velejar ao redor do mundo

e os 130 mil quilômetros, os 25 anos

no mar e sessenta países visitados em

companhia dos filhos Wilhelm, David

e Pierre, com 7, 10 e 15 anos em 1984,

quando a aventura começou. Conta-

ram a adoção de uma criança soropo-

sitiva que transformou a vida de cada

um deles durante os treze anos de con-

AVENTURAS NO MAR FORAM TEMA DE PALESTRA

Em Santiago de Compostela foi di-

vulgada a cooperação entre o minis-

tério de Turismo de Israel e a secre-

taria de Turismo da Galícia para pro-

mover duas trilhas turísticas de Israel

e da Espanha. A Trilha do Evangelho

em Israel foi lançada em 2011 para

divulgar a Galileia ao mercado cris-

tão. Com 62 quilômetros, começa

em Nazaré e termina em Cafarnaum

e possibilita ao turista escolher um

percurso de curta distância ou uma

caminhada de vários dias.

A Trilha do Evangelho e o Caminho

de Santiago estão ligados, pois, se-

gundo a tradição cristã, Tiago foi um

dos doze discípulos de Jesus na Gali-

leia. Essa conexão teológica e históri-

ca entre os dois locais poderá, no futu-

ro, aumentar o turismo receptivo, na

Espanha e em Israel.

Informações http://www.goisrael.

com.br/Tourism_Bra/Tourist%20Infor-

mation/Christian%20Themes/Paginas/

The-Gospel-Trail.aspx

Acordo promove turismo

so e divulgador da Shoá após fazer a Mar-

cha da Vida e produzir uma obra descre-

vendo a participação de jovens do mundo

todo nessa caminhada pelos campos de

concentração nazistas. Dirigiu e coprodu-

ziu o fi lme Sobrevivi ao Holocausto, com

Ciclo de palestras no Peretz

vivência, história relatada no livro Pe-

queno Segredo – A Lição de Vida de

Kat para a Família Schürmann.

previsão de lançamento em 2013. É au-

tor dos livros Idiche Mamma Mia, Afa-

gos Amargos, Luz Líquida; escreveu e

fi lmou Cem anos de Imigração Judai-

ca do Leste Europeu e Duzentos Anos de

Imigração Judaica do Mediterrâneo.

Juventude faz ato pela pazConvocada pela juventude, a comunida-

de reuniu-se no vão do Masp em pról da

paz no Oriente Médio

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cultural + social > comunidade+coluna1

HEBRAICA | DEZ | 2012

36

O empresário e jornalista João Doria

Jr. foi homenageado por promover

a aproximação entre Brasil e Israel, ini-

ciada quando comandou a Business Trip

2011. Na Mansão França, o presiden-

te dos Amigos da Universidade Hebrai-

ca de Jerusalém (UHJ) no Brasil Jayme

Blay e o presidente da Conib e do Hospi-

tal Israelita Albert Einstein Cláudio Lot-

tenberg, amigo do homenageado, entre-

garam o Prêmio Scopus e enalteceram a

trajetória pessoal e empresarial de Doria

e o motivo da premiação.

Ao agradecer, Doria emocionou a to-

dos. “Tenho uma convivência com a co-

munidade judaica desde a infância e,

após a viagem com a Câmara Brasil-Is-

rael, a admiração aumentou. Essa con-

vivência me deu um grande aprendi-

zado e fi quei ainda mais entusiasmado

com os valores do judaísmo e de Israel,

um pequeno grande país onde os inves-

timentos na educação e na inovação são

fundamentais. Em Israel, descobri o va-

lor da paz, o entendimento de que Isra-

el não é um país que se constituiu para

guerrear, e sim uma nação formada por

jovens, homens e mulheres que desejam

a paz. Talvez este tenha sido o maior dos

aprendizados da minha visita a Israel.”

Estavam presentes a vice-presiden-

te da Yissum, Renée Ben-Israel, e o di-

retor de Relações Públicas da UHJ para

a América Latina, Espanha e Portugal,

Pablo Kizelstein. Ben-Israel explicou o

que é a Yissum Companhia de Desen-

volvimento de Pesquisa da HUJ, funda-

da em 1964 para proteger e comerciali-

zar a propriedade intelectual da Univer-

sidade. A Yissum registrou mais de sete

mil patentes de mais de duas mil inven-

ções e licenciou mais de quinhentas no-

vas tecnologias. Este modelo de negó-

cios e as parcerias comerciais geram

fundos para a continuidade das pesqui-

sas universitárias.

Empresa israelense premiadaA eWave do Brasil foi eleita a melhor

parceira IBM WebSphere pela Ação In-

formática, distribuidora multinacional

brasileira dos produtos IBM. Fundada

em 1999, a empresa eWave tem sede em

Israel e operações nos Estados Unidos,

Europa e América do Sul. Atua no Brasil

desde 2006, com escritórios em Curitiba

(PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG),

Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ).

Viagem às raízes judaicas Com o apoio do Congresso Judaico La-

tino-Americano (CJL) e do historiador

Yoel Schvartz, a GSP Travel prepara

uma viagem, de 28 de abril a 8 de maio

de 2013, indicada para quem deseja fa-

zer uma visita à Polônia e República

Tcheca, conhecendo lugares históricos

da época da Segunda Guerra Mundial.

Informações pelo fone 3231-4422 ou

pelo e-mail raí[email protected].

Na Nova York judaicaConhecer a vida judaica num congres-

so em Nova York com mulheres do

mundo todo e de diferentes faixas etá-

rias é a proposta da viagem programa-

da para o fi nal de janeiro de 2013, e

preços muito especiais com um tour a

locais judaicos na metrópole: a primei-

ra sinagoga luso-espanhola, o Heritage

e o Jewish Children Museum, a sinago-

ga e o túmulo do rebe de Lubavitch, vi-

sita a um sofer e a uma fábrica de mat-

zá e compras no bairro judaico. Infor-

mações com Sarah, fone 3081-3081 ou

pelo e-mail [email protected].

AGENDA• 29/12 a 4/1 – Réveillon em Buenos

Aires com a B’nai B’rith. Seis noites no Hotel

Meliá BA, city tour e seguro-viagem. Reser-

vas, 3082-5844, com Roberta ou Henrique

• 14/1 a 7/2 – Em Israel. Mashav – “Capa-

citación de Educadores en Áreas de Pueblos

Originarios”. Curso em espanhol. Informa-

ções sobre os cursos e as bolsas de estudos:

Embaixada de Israel (61) 2105-0507 ou

[email protected]

Doria recebeu Prêmio Scopus

Clóvis Rossi na HebraicaO Congresso Judaico Latino-Americano e A Hebraica convidam para um bate-pa-

po com o jornalista Clovis Rossi, da Folha de S. Paulo.

Ele contará sobre sua viagem recente à Polônia, aos campos de concentração

de Auschwitz, o Museu Oskar Schindler e outros locais. Dia 13, às 20h, na Sala

Plenária.

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JAYME BLAY E CLÁUDIO LOTTENBERG EN TREGARAM O PRÊMIO SCOPUS A JOÃO DORIA

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Page 20: Revista Hebraica - Dezembro

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1. O ministro Salim Joubran é árabe cristão e está

na Suprema Corte de Israel; 2 e 6. Sheila Kraco-

chansky e Mônica Dajcz, Bobby Krell e Simone Gol-

tcher conferiram as novidades no “Catedral para

Casamentos”; 3 e 4. Prefeito Gilberto Kassab, auto-

ridades e netos de Lasar Segall na Praça Buenos Ai-

res; 5. A Casa Aberta de Betty Birger mostrou uma

nova arquitetura do trabalho na Casa Offi ce; 7 e

9. Dezoito Bar & Movement, a nova casa de Mário

Levy, Roberto Sasso e Henri Castelli; 8. Chaverim fa-

zem arte com Antônio Peticov; 10. Alice (Zemel) e

Paulo Bitelman em ambiente de magia

1. 2. 3.

5. 6.4.

7. 8.

9.

cultural + social > fotos e fatos

10.

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1, 2 e 4. Teatro Augusta: Lilian Blanc é a

idishe mame perfeita, em O Casamento

do Pequeno Burguês, de Brecht; 3. Milton

Waintraub ganhou autógrafo de Nessim

Hamaoui; 5. Sucesso o Almoço da Amizade

dos grupos Netzah Atid e Bat Yona, Na’amat

Pioneiras, no Casual Mil, da Hebraica; 6, 9 e

10. Na Wizo, o Dia de Estudos reuniu jovens

chaverot e palestrantes em torno de interes-

santes temas atuais; 7 e 8. Torneio de Tran-

ca premiou sócios do Sírio e da Hebraica

1.

4. 5.

2.

6.

9. 10.

7. 8.

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Page 21: Revista Hebraica - Dezembro

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1 e 3. As Choronas e Entre Amigos foram as atrações no Hebraica Meio-

Dia; 2 e 5. Na Abav, o requisitado guia israelense Hugo Hurowicz ganhou

bolo de aniversário; Cleo Ickowicz e Suzan Klagesbrun (Ministério de Tu-

rismo) e Priscila Golczewski (El Al) no estande de Israel; 4. Ana Iosif levou

a sua turma para conhecer Israel com música; 6. Bia Doria e Meyer Nigri

em evento da Universidade Hebraica de Jerusalém; 7. Nasceu em Israel,

cresceu no Bom Retiro e vive no Rio. O ator Carlo Mossy (C ) veio rever os

amigos paulistanos; 8 e 9. Doadora de uma Torá para a a Sinagoga Cha-

bad do Morumbi, a família de Sidney Epelman comemorou com o rabi-

no Dovid Goldberg

1.

3. 4.

2.

5.

6.

8. 9.7.

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1. O Homenzinho, edição inédita, publica-

da pela Humanitas; 2, 3 e 6. Yutaka Toyo-

ta, Eduardo Iglesias e Guilherme de Faria

interagiram com o público na mostra “Di-

álogo”; 4 e 5. A mão na massa virou pizza

e os pratos D’Olivino foram degustados

no Espaço Gourmet; 7 e 8. Marcelo e Rafa-

el Knofelmacher; Betty Fromer, Marisa Orth

e Paula Weinfeld na noite de autógrafos de

Juliana Rosenthal K.; 9. Confraternização

entre jogadores de tranca

1. 2. 3.

5.4.

6. 7.

cultural + social > fotos e fatos

8. 9.

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“Non Grata” traz olhar femininoCOM O REFORÇO DE ATORES SAÍDOS DO PRUMO, GRUPO GESTO APRESENTOU A PEÇA NON GRATA, SOBRE O UNIVERSO DA GUERRA E DO HOLOCAUSTO PARTIR DE UM TEXTO DE BRECHT

Elenco

Camila Marx Cohen, Carol Sapiro, Cyn-

tia Z. Rabinovitz, Débora Holschauer,

Dinah Novema, Júlia Solomon, Lia Le-

vin, Michel Goldman, Renato Ghelfond,

Rosa B. Worcman, Rosane Nadanovsly,

Thiago Sak Moran, Yudah Benadiba

Direção e cenário – Heitor Goldfl us,

Dramaturgia –

Paulo Rogério Lopes

Assistência de direção –

Fernando Hazzan

Coassistência de direção –

Camila Marx Cohen e Júlia Solomon

Preparação de elenco e movimento –

Renata Zhaneta

Figurino – Luciane Strul

Direção musical – Demian Pinto

“Non Grata”

E m 2012, o grupo de teatro Gesto as-

sumiu a tarefa de levar ao palco do

Teatro Anne Frank um espetáculo iné-

dito cujo tema é o Holocausto. Dirigi-

dos por Heitor Goldfl us, os atores leram

e discutiram a pesquisa Terror e Miséria

no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht, que

serviu de ponto de partida para a cons-

trução do enredo.

A partir das cenas sugeridas pelo gru-

po, o dramaturgo Paulo Rogério Lo-

pes costurou algumas peças de ato úni-

co, que tratam não só dos assassinatos

em massa, mas do sofrimento individu-

al dos sobreviventes. Enfocando histó-

rias passadas no Japão, Polônia, Brasil

e outros países que participaram da Se-

gunda Guerra, o grupo Gesto deu voz às

mães, primas, namoradas, enfi m à vi-

são feminina.

De cena em cena, o espectador é le-

vado partilhar o ódio, a dor e a malda-

de potencial de personagens femininos

aparentemente comuns. Aí está a razão

do acréscimo ao nome da peça... E essas

mulheres, como fi cam?

Num dos quadros mais fortes, uma vi-

zinha se depara com a descoberta de

que o sitiante com o qual negociava ino-

centemente fora, anos antes, um dos co-

laboradores de Hitler. Em outra cena, o

público riu da despedida do pracinha

brasileiro, às vésperas do embarque

para a Europa, deixando não uma, mas

duas namoradas a ver navios.

Figurino, trilha sonora e a excelente

atuação dos integrantes do Gesto foram

elogiados pelos três jurados do Festival

Acesc Interclubes de Teatro: Paulo Hes-

se, Beto Simões e Edna Falchetti que, ao

conversar com o elenco, depois da ses-

são de domingo, sugeriram a fi lmagem

da peça, pois “só assistindo ao espetácu-

lo, vocês, atores, terão noção do quanto

a atuação do grupo é contundente, sem

ser agressiva. O espetáculo me pegou de

uma maneira muito profunda”, afi rmou

Hesse, em nome dos colegas. O grupo

Gesto apresentou cinco sessões de Non

Grata, todas com casa cheia e aplausos

efusivos do público. (M. B.)

teatro.indd 45 22/11/2012 20:07:07

HEBRAICA | DEZ | 2012

44juventude > teatro

PRACINHA COM AS DUAS NAMORADAS EM MOMENTO CÔMICO DA PEÇA NON GRATA

teatro.indd 44 22/11/2012 18:54:23

Page 24: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

46juventude > escola maternal

E rnesto Neto, Dim Sampaio, Niki

de Saint Phalle, Ivan Cruz são no-

mes consagrados do cenário artístico

brasileiro e internacional. Sua história e

obras constaram do programa de aulas

da Escola Maternal e Infantil para dife-

rentes faixas etárias. Sendo parte da ro-

tina dos alunos, certamente nomes e fa-

tos sobre estes artistas plásticos entra-

Palavras e imagens ganham sentido

NUMA MANHÃ DE DOMINGO, AS SALAS DA ESCOLA MATERNAL E INFANTIL SE TRANSFORMARAM EM POLOS DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DA

ARTE E DA LITERATURA, COM MAIS UMA EDIÇÃO DO EXPOLITERARTE

ram nas conversas familiares e assim os

papais convidados à Expoliterarte 2012

tinham algum conhecimento sobre o

que viam nos trabalhos expostos e nas

atividades e brincadeiras propostas em

cada sala.

A exposição transformou a Escola

Maternal e Infantil em polo de divul-

gação e produção de arte. Papais e ma-

mães seguiam obedientemente os fi -

lhos de sala em sala. Na primeira, en-

contravam uma feira de livros e nas de-

mais vários materiais para trabalhos em

família. Cada sala oferecia um folheto

com a biografi a do artista retratado com

informações que os pequenos que ainda

não sabem ler absorveram por meio das

atividades propostas em classe.

Para cada turma, a Expoliterarte ofere-

ceu ao menos uma atividade relaciona-

da ao artista estudado pelas crianças, e

para o Infantil II, uma surpresa: o jurista

e escritor Milton Célio Oliveira, autor de

livros infantis que as professoras usam

como material didático conversou com

pais e alunos contando por que e como

escreve histórias em versos para crian-

ças. No fi nal, leu o conteúdo de um dos

seus livros e autografou alguns volumes

para os pequenos fãs. (M. B.)

O EXPOLITERARTE REUNIU PAIS E ALUNOS DA ESCOLA MATERNAL

expolitearte.indd 46 23/11/2012 17:27:55 Alef.indd 4 24/9/2012 16:03:52

Page 25: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

48juventude > festival carmel

DATA HOR. INICIO HOR. FINAL LOCAL20h30 23h Noite de Abertura o que é um heroi?? Centro Cívico00h 01h30 Arena Carmel Pça Carmel

8h30 10h Café da manhã Espaço Adolpho Bloch9h30 11h Harkadá 1 + chug Marc Chagall11h 12h Show 2 Coragem Teatro Arthur Rubinstein12h 14h Almoço dos coreógrafos + Worshop Kasher12h 14h Almoço Espaço Adolpho Bloch11h 17h Shuk Carmel Pça Carmel14h30 16h Show 3 – Atitude Teatro Arthur Rubinstein15h30 17h Harkadá 2 Marc Chagall17h 18H Workshop de body combat Centro de juventude18h30 20h Jantar Espaço Adolpho Bloch21h 22h30 Show 4 – Guiborim Teatro Arthur Rubinstein23h 24h Maratona – Super Heróis Marc Chagall23h 04h Show Especial Quarteto Fantástico pça carmel1h 03h Arena Carmel Pça Carmel

8h30 10h Café da manhã Espaço Adolpho Bloch10h 12h Show 5 Infanto – Escolar – Noah Centro Cívico12h 12h30 Harkadá Infantil – pequenos herois Marc Chagall12h30 13h30 Show de magica frente marc chagal11h 17h Shuk Carmel Pça Carmel12h30 14h Almoço Espaço Adolpho Bloch14h 15h Show 6 – Ativistas(Tnuot) Teatro Arthur Rubinstein14h30 16h Harkadá 4 – Jacques Katarivas Pça Carmel15h 17h Boteco Carmel em frente ao C. J.16h30 18h Show 7 – Perseverança Teatro Arthur Rubinstein18h 19h30 Jantar Espaço Adolpho Bloch20h 21h30 Show 8 Nós Centro Cívico

PROGRAMAÇÃO FESTIVAL CARMEL HERÓIS

7/dez

8/dez

9/dez

APRESENTAÇÃO DO GRUPO HAKOTZRIM

Carmel.indd 48 22/11/2012 18:55:45 Aba.indd 4 23/11/2012 16:55:30

Page 26: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

50juventude > fotos e fatos

1. Daniel Grabarz orienta a havdalá que encer-

ra o Shabat durante a cerimônia de bat-mit-

zvá; 2. Na primeira fi la, integrantes da diretoria

acompanham o desempenho das adolescentes

em vias de se tornarem adultas perante a reli-

gião judaica; 3. A entrada das jovens bnot-mitzvá

emocionou pais e familiares; 4. Simone Ben-

zinsky, Joyce Szlak e Tânia Frenkiel Travassos di-

vidiram os elogios pela qualidade do curso e a

beleza da cerimônia; 5. As amigas partilham o

bolo do bat-mitzvá; 6. Este ano o curso reuniu 29

meninas, divididas em duas turmas

1.

3.

2.

5.

4.

6.

fotos e fatos juv.indd 50 24/11/2012 14:31:17

HEBRAICA | DEZ | 2012

51juventude > fotos e fatos

1. Brincadeiras ao ar livre durante a Expoliterarte; 2. Escritor Milton Célio Oliveira falou aos pais e

alunos do Infantil II; 3 e 4. Mendel Szlejf, Moysés Gordon, Samuel Seibel e Sérgio Ajzenberg posa-

ram para fotos com os autores juvenis Allan D. Catach e Tali Finger; 5. Thiago Sak Moran, Débora

Holschauer e Camila Marx Cohen numa das cenas cômicas de Non Grata; 6. Público presente à pa-

lestra da jornalista Vivian Goldmann, convidada do grupo Jovens Sem Fronteiras

1. 2.

4.3.

5. 6.

fotos e fatos juv.indd 51 23/11/2012 15:53:23

Page 27: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

53

esportes

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Page 28: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

55

Judô arrecada cinco toneladas de alimentosOS 1.140 JUDOCAS INSCRITOS NA XVI COPA HIROSI MINAKAWA DOARAM 4.912 QUILOS DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS PARA DEZ ENTIDADES BENEFICENTES

“U m dia inteiro dedicado à pra-

tica de um esporte saudável e

à ajuda ao próximo.” Esta defi nição da

XVI Copa Interestadual de Judô Profes-

sor Hirosi Minakawa é correta, mas igno-

ra outros fatos importantes a respeito do

evento realizado em meados de outubro

na quadra do Centro Cívico.

A copa é um dos poucos eventos es-

portivos estaduais que não cobram ins-

crição e incentiva as entidades partici-

pantes a arrecadar alimentos não perecí-

veis para instituições benefi centes. Este

ano, os inscritos chegaram a 1.140 atle-

tas de vários municípios de São Paulo e

também do Maranhão, Rio de Janeiro,

Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Mi-

nas Gerais e Paraná.

Amigos e colaboradores da família

Minakawa se apresentaram voluntaria-

mente para atuar na arbitragem, pesa-

gem, controle de presença e outras ta-

refas, de modo que as lutas seguiram ri-

gidamente o cronograma previsto e o

público acompanhou o torneio com inte-

resse e incentivo aos judocas.

Este ano a Copa foi prestigiada pelo

presidente da Hebraica Abramo Dou-

ek, o vice-presidente de Esportes Avi

Gelberg, o vice-presidente da Federa-

ção Paulista de Judô Alessandro Pu-

glia e um dos patrocinadores, o casal

Mauro e Helena Zukerman, responsá-

veis pela Zukerman Leilões. A prefei-

tura de São Paulo e os Kimonos Shihan

também são apoiadores fiéis da Copa

Hirosi Minakawa.

A Associação Nipo-Brasileira de Judô

de Vila Carrão conquistou pela quin-

ta vez o Troféu Campeão da Solidarie-

dade com a tonelada de alimentos ar-

recadada este ano. Entidades como As-

sociação Pissarra de Judô, Associação

Desportiva Carlos Fassati, Associação

de Judô Kenshin, Judô Clube de Mogi

das Cruzes e Associação Pessoa de Judô

se destacaram cada um com mais de

duzentos quilos e fi caram com os tro-

Na primeira semana de novembro, coordenadores e professores de judô da

Hebraica estiveram na Unibes para a festa anual de encerramento do Proje-

to Campeão – Judô Cidadão, que oferece aulas de judô para as crianças assis-

tidas pela Unibes. Durante o evento, foram distribuídos 180 kits com roupas,

produtos de higiene pessoal e brinquedos que os pais e familiares de judocas

que treinam no clube juntaram.

Projeto da Unibes

féus do segundo ao sexto lugar.

Além do caráter benefi cente, a XVI

Copa Hirosi Minakawa se destacou pelo

alto índice técnico apresentado por atle-

tas das seleções paulista e brasileiras em

todas as classes.

A equipe da Hebraica se classifi cou

em primeiro lugar, mas por ser a anfi -

triã, coube ao Palmeiras/Mogi levar o

Troféu Hirosi Minakawa. Tricampeão, o

Palmeiras fi cou defi nitivamente com a

Taça, cuja posse, até então, era transi-

tória. São João Tênis Clube de Atibaia,

Judô Moura, de Mato Grosso do Sul, e

a Associação de Judô Ishikawa, de Em-

bu-Guaçu, classifi caram-se, respectiva-

mente, em terceiro, quarto e quinto lu-

gares. (M. B.)

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HEBRAICA | DEZ | 2012

54esportes > copa hirosi minakawa

JUDOCAS DE VÁRIOS ESTADOS PARTICIPARAM DA COPA HIROSI MINAKAWA

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Page 29: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

56esportes > polo aquático

A s equipes de polo aquático da He-

braica estiveram em destaque

nos informativos da Federação Aquáti-

ca Paulista, Liga de Polo Aquático. O re-

gulamento da modalidade permite mis-

turar jogadores de categorias diferentes

para formar um time, por isso a equipe

vice no Campeonato Paulista Junior teve

composição semelhante à que disputou

o certame no Rio.

No Paulista Juvenil os garotos termina-

Medalhas do juvenil, junior e adulto

ALÉM DE CONQUISTAR MEDALHAS, OS ATLETAS DO POLO PEDRO VERGARA E LEON PSANQUEVICH FORAM CONVOCADOS PARA ACOMPANHAR

A SELEÇÃO BRASILEIRA JUVENIL NO MUNDIAL DA AUSTRÁLIA

ram invictos e são os atuais bicampeões

da categoria. Kevin Dayan, artilheiro da

competição com 69 gols, e o goleiro me-

nos vazado, Leonardo Bueno Kibrus, ga-

nharam troféus.

Em outro torneio, o da Liga Nacional

Divisão 1 adulto ( que corresponde à se-

gunda divisão da categoria) o time da

Hebraica foi terceiro colocado. “Nosso

time adulto é composto com 80% atle-

tas de juniores e juvenis, e isso nos ga-

rante ainda alguns anos de bons resulta-

dos”, afi rma o coordenador da modalida-

de Leonardo Vergara e pai de Pedro, um

dos dois atletas da Hebraica convocados

para o mundial júnior em Perth, na Aus-

trália, integrando a seleção brasileira de

polo aquático.

Ainda sob o impacto dos bons resulta-

dos, os atletas e técnicos de polo aquá-

tico receberam a seleção juvenil perua-

na que fez uma escala no roteiro de pre-

paração para o Mundial da Austrália. “É

uma seleção nova, com menos chan-

ces do que a nossa. Quando soube que

viriam para São Paulo, organizei tudo

para treinarem na piscina da Hebraica

e enfrentarem os times do Sesi, Hebrai-

ca, Pinheiros e outros. Temos de reforçar

o polo sul-americano e só o conseguire-

mos com um trabalho conjunto e em co-

laboração. Eu insisto muito”, comentou

Léo Vergara. (M. B.)

JOGADORES E TÉCNICOS BICAMPEÕES PAULISTAS FESTEJARAM O TÍTULO NA ÁGUA

Polo.indd 56 23/11/2012 16:05:56 Alef.indd 4 24/10/2012 14:26:33

Page 30: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

58esportes > escola de esportes

O Circuito Lúdico é um dos eventos

mais esperados pelas famílias com fi -

lhos inscritos na Escola de Esportes. Nos tor-

neios e festivais promovidos durante o ano,

os adultos são quase meros espec tadores e

no Circuito Lúdico eles são convidados a em-

barcar na fantasia proposta pelos professo-

res e coordenadores da escola.

Este ano, o Centro Cívico foi dividido em

seis espaços, cada um reservado para uma

praia ou atração turística do Havaí. Logo

ao chegar, os viajantes recebiam colares tí-

picos e eram encaminhados para o primei-

ro estágio do circuito. A decoração e os fi gu-

rinos usados pelos professores representa-

vam cada local da ilha.

Nos mesmos espaços, os professores or-

ganizaram dois circuitos: um dirigido às

crianças (alunos ou não) de 3 a 5 anos, e ou-

tro com tarefas mais elaboradas para até 7

anos. Na companhia dos pais e dos amigui-

nhos, as crianças experimentaram a sensa-

ção de uma descida de paraquedas em Mo-

lokai, de surfar em Oahu, dançar no vulcão

de Kilawea ou tobogã na praia de Waykiki.

Segundo a coordenadora Ana Portaro, o

circuito serve também para a Escola divul-

gar horários para o ano letivo seguinte e

para despertar o interesse dos pais pela co-

lônia de férias da escola. “Esperamos um

aumento nas inscrições de crianças para

os horários das segundas e quartas-feiras.

Como a Escola Antonietta e Leon Feffer re-

manejou os dias de período integral para

terça, haverá um equilíbrio na demanda de

vagas e conseguiremos atender a um núme-

ro maior de alunos”, explicou. (M. B.)

Encantos do Havaí no Centro Cívico

PARA ENCERRAR O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES, PROFESSORES E COORDENADORES ESCOLHERAM AS PRAIAS E DIVERSÕES

DO HAVAÍ COMO TEMA DO CIRCUITO LÚDICO

A colônia de férias da Escola de Espor-

tes será de 14 a 25 de janeiro. As inscri-

ções de crianças de 3 a 13 anos come-

çam a partir do dia 14 na secretaria da

Escola. Já os fanáticos por futebol entre

7 e 12 anos poderão participar do Soccer

Camp, de 19 a 22 de janeiro, um acam-

pamento em que todas as atividades

estão relacionadas ao futebol.

Compromisso para as férias

O CIRCUITO LÚDICO ENCERROU O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES

escola de esportes.indd 58 23/11/2012 16:22:13

HEBRAICA | DEZ | 2012

59esportes > handebol

A ntes da partida decisiva contra o

São Caetano, os craques do clube

haviam derrotado a favorita Universida-

de Metodista, nas quartas-de-fi nal. No fe-

chamento desta edição, os fi nalistas He-

braica e Esporte Clube Pinheiros ainda

esperavam a defi nição de uma data para

disputar a taça 2012.

Outro título, inédito, foi conquista-

do pelas jogadoras da equipe adulta de

handebol depois de vencer a favorita

Mogi das Cruzes por 24 a 18. Duas der-

Juniores chegam à fi nalA EQUIPE JÚNIOR DE HANDEBOL

CLASSIFICOU-SE PARA A ETAPA FINAL DO CAMPEONATO

PAULISTA 2012 AO VENCER POR 36 A 27 O SÃO CAETANO, COM

PLAY OFF EM 2 A 0. A TAÇA SERÁ DISPUTADA COM O

PÌNHEIROS

rotas ainda na fase de classifi cação des-

pertaram algumas dúvidas quanto à per-

formance do time na decisão do título,

no estádio de Mogi. Com o resultado, as

atletas e a equipe técnica que as acom-

panhou foram muito elogiadas.

E em ritmo de fi nal de atividades de

ano, atletas e técnicos da modalidade

participaram de um torneio de mini-han-

debol do Departamento Geral de Espor-

tes, cujo objetivo foi integrar e divertir na

quadra do Centro Cívico. (M. B.)

O CENTRO CÍVICO TEVE A QUADRA ADAPTADA PARA UM DIVERTIDO TORNEIO DE MINI-HANDEBOL

handebol.indd 59 22/11/2012 18:48:33

Page 31: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

60esportes > personagem

N ada escapa ao olhar de Cláudia

Barbizan quando ela está na pis-

cina coberta acompanhando as aulas de

natação. Atende a uma criança em difi -

culdades com a mesma gentileza que

responde a um professor na água. “Hoje

temos condições muito melhores para

ensinar crianças do que no passado. A

construção da piscina para bebês e as

camas que ajudam as crianças a se man-

ter na superfície foram salvadoras. Hou-

ve uma época em que os professores

usavam boias e as crianças se pendura-

vam nelas, porque a piscina era muito

funda”, recorda. “Minha próxima reivin-

dicação será um lugar para os professo-

res guardarem roupões ou se trocar de-

pois das aulas”, planeja.

A contratação de Cláudia pela Hebrai-

Trinta anos de dedicaçãoCLÁUDIA BARBIZAN FOI ADMITIDA COMO ESTAGIÁRIA DA ESCOLA DE ESPORTES EM 1980. TORNOU-SE

PROFESSORA E HOJE COORDENA A NATAÇÃO ACOMPANHANDO AS PRIMEIRAS BRAÇADAS DA GAROTADA

ca rende uma boa história. “Comecei

como estagiária quando cursava o ter-

ceiro ano da Fefi sa (Faculdade de Edu-

cação Física de Santo André). Trabalha-

va na ACM (Associação Cristã de Moços)

da rua Nestor Pestana e um colega me in-

formou da possibilidade de estagiar na

Hebraica. Já na minha primeira entrevis-

ta, ao ver as áreas verdes, as piscinas ao

ar livre, decidi que a vaga seria minha.

Além da beleza do clube, reencontrei o

professor que, no ginásio, inspirou mi-

nha escolha profi ssional. Durante o tem-

po em que trabalhamos juntos, meu res-

peito por ele só cresceu, assim como a

meu carinho pelo clube”, revela. Hoje ela

se divide entre a Hebraica e outra escola

onde leciona.

Ela lembra o tempo de casa com tran-

quilidade e se orgulha de ter acompa-

nhado todas as edições da Olimpíada

das Escolas de Esportes. “Num curto pe-

ríodo de seis meses em que decidi mu-

dar de atividade para melhorar os ga-

nhos, fi z questão de participar da Olim-

píada e assim que foi possível, pedi para

ser readmitida e voltei”, conta.

Para Cláudia, fazer o que se gosta re-

juvenesce. “Tenho um bom diálogo com

os estagiários e professores novos. Nos-

sa equipe hoje conta com profi ssionais

pós-graduados ou especializados em di-

ferentes áreas. Trabalhar com eles só me

estimula a procurar sempre crescer e me

aperfeiçoar. Meu dia-a-dia é muito pra-

zeroso e o contato com as crianças, em

aula ou nas colônias de férias é sempre

uma alegria.” (M. B.)

CLÁUDIA ESTÁ NA HEBRAICA DESDE 1980 E, PARA ELA, “É SEMPRE UMA ALEGRIA TRABALHAR COM AS CRIANÇAS”

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Page 32: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

62esportes > águas abertas

O s integrantes da equipe de águas

abertas sugeriram que a Hebraica

desse nome e apoio à nona etapa do Cir-

cuito Paulista de Águas Abertas, realiza-

da na Praia do Indaiá, em Bertioga. Tre-

zentos nadadores receberam camisetas

com o logo do clube. “Foi bonito ver tan-

ta gente, de outras agremiações, circu-

lando com o nome da Hebraica na cami-

seta”, comentou Enrique Berenstein, um

dos idealizadores da equipe.

Nesta prova especial, a Hebraica so-

Quando o bronze vale ouro“HEBRAICA” FOI O NOME DA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE

TRAVESSIAS AQUÁTICAS; E NA DÉCIMA E ÚLTIMA OS NADADORES DO CLUBE FICARAM EM TERCEIRO LUGAR NO PLACAR GERAL DO TORNEIO

mou vitórias sufi cientes para terminar

como vice-campeã na prova dos três

mil metros e em sétimo lugar entre as 41

equipes inscritas nos mil metros.

“Os nadadores estreantes Mariana

e Daniel Zylbersztajn, Alex Halpern e

Beni M. Stern foram muito bem na pro-

va dos mil metros. A jovem Marcela de

Oliveira tentou e chegou em primeiro

lugar nos três mil metros”, destacou Ru-

bens Krausz, outro mentor da equipe.

A performance de Rodrigo Feller foi

premiada nesta e na última etapa do Cir-

cuito, o que lhe rendeu o título de atleta

do ano. A décima e última etapa foi dis-

putada no Guarujá e comemorada com

almoço de confraternização. A entrega

dos troféus será dia 9 de dezembro, em

um jantar promovido pela Aledo, em-

presa organizadora do circuito.

“Somados os pontos das dez provas, a

Hebraica terminou a temporada em ter-

ceiro lugar, mas o que mais vale é o nú-

mero cada vez maior de nadadores que

se juntam à equipe. Já começamos a pre-

paração para estrear na Macabíada, em

julho de 2013”, comemorou Berenstein

em seu último relatório para o Departa-

mento Geral de Esportes. (M. B.)

A HEBRAICA FOI HOMENAGEADA NA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE ÁGUAS ABERTAS

águas abertas.indd 62 22/11/2012 18:49:15 Anuncios dez 2012.indd 3 22/11/2012 19:00:23

Page 33: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

64esportes > curtas

Quadrangular de futsalAinda no primeiro ano como integrantes da equipe sub-11, os

jogadores já haviam conquistado a taça de bronze do Campe-

onato Sindi-Clube de Futsal ao vencer o time de Ribeirão Pires

por 10 a 1 e o Clube Helvetia por 4 a 0, em jogos realizados no

Ginásio dos Macabeus da Hebraica.

Pais e dirigentes dos times de Ribeirão Pires e da Hebraica,

Paineiras do Morumby e Helvetia eram o público das partidas

de futsal do quadrangular fi nal da série bronze sub-11. Até er-

guer a taça, os atletas da equipe amarela da Hebraica dispu-

taram doze jogos, somaram dez pontos e se classifi caram em

nono entre os treze times inscritos no Campeonato.

Já os atletas da equipe azul sub-11 esperavam o anúncio de

uma data para a semifi nal da série ouro contra os garotos da

Associação dos Ofi ciais da Polícia Militar, com grande possibi-

lidade de mais um título na modalidade.

Os melhores em campoA Hebraica é a campeã da Copa Paulista de Futebol de Base

2012, categoria sub-13, modalidade praticada em parceria

com o Ceib Macabi, o que possibilitou a estreia do clube no

campeonato. Formado por atletas originários do futsal e do so-

ciety, o futebol de campo exigiu adaptação às dimensões e ca-

racterísticas do espaço.

“Nossa expectativa era disputar a Taça Ouro e talvez nos

classifi car entre os primeiros quatro fi nalistas, e não esperá-

vamos fi car invictos e vencer por grandes diferenças de gols.

Nossa primeira derrota, na última etapa da fase de classifi ca-

ção, para a equipe do CFA Macabi/São Carlos, escolinha manti-

da pelo clube no Tremembé, não abalou a segurança do grupo.

A semifi nal contra o Esporte Clube Sírio foi difícil e terminou

1 a 0, gol do artilheiro Henrique Drizun”, relata o supervisor

de Esportes Competitivos da Hebraica Carlos Inglez. A fi nal foi

no campo do Macabi contra o Jaraguá e o placar de 3 a 0 para a

Hebraica garantiu o título aos garotos.

Uma aventura na Mancha A palestra do nadador Harry Fin-

ger, protagonista de uma travessia

a nado no Canal da Mancha e tam-

bém secretário de Turismo de Ilha-

bela, reuniu 170 pessoas no Teatro

Anne Frank. O atleta respondeu às

questões do público e agradeceu a

doação de cinquenta quilos em ali-

mentos não perecíveis destinados

à Unibes.

Tênis Lúcia Pekelman Rusu (cam-

peã, 55 anos) e Susana

Mentone (campeã, 60 anos)

ampliaram a galeria de títu-

los da Hebraica ao vencer o

Torneio Sul-Americano da

Bolívia realizado pela Con-

federação Sul-Americana

de Tênis (Cosat) no Club de

Tênis de Santa Cruz de la

Sierra. (M. B.)

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HEBRAICA | DEZ | 2012

65esportes > fotos e fatos

1. Torneio Meyer Pesso de Gamão no mezzanino do Salão Marc Chagall; 2.Atletas

mirins da Hebraica se destacaram no Troféu Paulista de Ginástica Artística; 3. Aula

aberta de ginástica na Pista de Atletismo serviu como divulgação do Projeto Verão;

4. Foram arrecadadas um pouco menos de cinco toneladas de alimentos durante o

Torneio Hirosi Minakawa; 5. Pedro Vergara e Leon Psanquevich vão disputar o mundial

de polo na Austrália; 6. Judocas vieram de outros Estados e cidades para participar do

torneio que homenageia o introdutor da modalidade na Hebraica

2.1.

3. 4.

6.5.

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Page 34: Revista Hebraica - Dezembro

espaço saúde

HEBRAICA | DEZ | 2012

H á dois fenômenos populacionais ocor-

rendo na atualidade sem precedentes

na história da civilização, o que nos

impede de utilizar a experiência histórica e a

prudência para buscar soluções anteriores com

sucesso: a urbanização e o envelhecimento.

Nunca houve uma concentração habitacional

tão alta em grandes cidades. Esta tendência

não se esgotou, pois, enormes cidades ainda se

formarão na China e na Índia. De acordo com

a ONU a população urbana dobrará em 2050.

Conhece-se o fato de que essa concentração, ou

urbanização, leva à adoção de estilos de vida

nada saudáveis, porque o ambiente das mes-

mas em geral é tóxico. Quando falamos em es-

tilos de vida referimo-nos ao tabagismo, ao se-

dentarismo, dietas não saudáveis e o compro-

metimento da saúde mental. Estes fatores são

fundamentais na gênese de várias doenças e,

por isso, chamados de fatores de risco.

As doenças em pauta, entre outras, são as do-

enças cardiovasculares, a doença cérebro vas-

cular, a obesidade, o diabetes e as doenças pul-

monares crônicas, entre outras. Essas doenças

comprometem a qualidade de vida, reduzem a

funcionalidade motora e cognitiva dos doentes

e impactam negativamente o envelhecimento.

Hoje existem cerca de seiscentos milhões de pes-

soas com mais de 60 anos. Em 2050 essa popula-

ção será de cerca de dois bilhões, ou em torno de

20% da população mundial. Neste mesmo ano, o

Brasil será o sexto pais do mundo em termos de

contingente de idosos. A França, por exemplo,

levou quase cem anos para aumentar a prevalên-

cia de idosos de 7% para 14% da sua população –

no Brasil foram necessários trinta anos.

Isso signifi ca que há uma necessidade urgente

de se criar uma cultura do envelhecimento em

todos os setores da comunidade, o que quer di-

zer, instalar mudanças estruturais, atitudinais e

assistenciais. A transição tem sido muito rápi-

da. Políticas públicas não acompanharam essa

tendência. A procura da sustentabilidade desse

processo é o desafi o maior.

O desafi o está nos idosos mais comprometi-

dos que frequentam hospitais despreparados

para o atendimento e a assistência a esta po-

pulação mais dependente do ponto de vista

motor e cognitivo.

Prevenir é muito importante. Com isso, saber

que idoso se deseja ser e comprometer-se com

um estilo de vida que reduza os fatores de risco

asseguram uma qualidade de vida melhor, um

envelhecimento muito mais saudável, com me-

nor perda funcional e cognitiva, além de me-

nos onerosa para o sistema de saúde. Este, se-

gundo o conceito de equidade, deve fornecer

estruturas adequadas em termos de complexi-

dade à necessidade de cada cliente, sem deixar

de buscar expandir as oportunidades de resta-

belecimento através de uma assistência centra-

da nas necessidades do cliente e com ênfase na

reabilitação.

Por outro lado, a experiência recomenda que

o idoso independente permaneça no seio da

comunidade, exposto aos mais diferentes es-

tímulos, mantendo um estilo de vida saudá-

vel e, quando possível, conservando seus im-

portantes laços afetivos com os familiares, fa-

tor este muito importante para a estabilidade

emocional e a saúde mental.

A cultura do envelhecimento também signifi ca

envelhecer com dignidade, com respeito e con-

sideração por partes de todos, com autonomia

e compartilhando a formidável e rica experiên-

cia não somente de vida, mais da vida.

Envelhecimento

66

DR. JOSÉ ANTÔNIO MALUF DE CARVALHO

GERENTE MÉDICO DE PACIENTES CRÔNICOS DO

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

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HEBRAICA | DEZ | 2012

69

A os 89 anos, Uri Avnery ainda é o mesmo ho-

mem cheio de energia que há décadas partici-

pa da política israelense em favor de um acor-

do de paz com os árabes. O líder do movimen-

to Gush Shalom (“Bloco da Paz”) aparenta ser bem mais

jovem, fala sem difi culdade e atende a vários telefone-

mas enquanto conversa com o correspondente da revista

Hebraica. Na sala do seu apartamento, em Tel Aviv, com

uma bonita vista para o Mediterrâneo, o destaque é uma

foto ao lado de Yasser Arafat.

Nasceu Helmut Ostermann, na Alemanha, e se deu o

nome de Uri depois que a família imigrou para a Palesti-

na, com a ascensão dos nazistas. Avnery começou cedo na

política, quando se alistou aos 14 anos de idade no Irgun, o

movimento armado de direita que lutava contra a presença

dos ingleses em Eretz Israel. Mas logo começou a criticar os

métodos da organização e virou para a esquerda.

Foi ferido gravemente durante a Guerra da Independên-

cia, comandou uma unidade de combate da Brigada Giva-

ti no front egípcio. Mas fi cou mesmo famoso em 3 de julho

de 1982, quando entrou na Beirute cercada por tropas isra-

elenses para encontrar-se com Arafat, nesta que seria a pri-

meira vez em que o líder palestino conversou com um is-

raelense. Consta que, em razão disto, foi retirado do testa-

mento da mãe.

Apesar de atualmente os movimentos pacifistas se-

rem considerados peças marginais na política israelen-

se, Avnery é uma personalidade relevante e no dia se-

guinte à nossa entrevista teria uma reunião com o chan-

celer brasileiro Antônio Patriota, em visita a Israel e o

Oriente Médio.

A paz ou o nadaEM ENTREVISTA EXCLUSIVA À REVISTA HEBRAICA, URI AVNERY, A LENDA VIVA DO MOVIMENTO PACIFISTA DE ISRAEL, ALERTA PARA O PERIGO DE NÃO SE FAZER UM ACORDO COM OS PALESTINOS

Hebraica – Há dez anos, entrevistei o se-

nhor para esta mesma revista Hebrai-

ca, época em que Israel estava envolvi-

do na sangrenta segunda intifada, e o

sr. comentou que toda aquela situação

era inadequada ao jovem israelense, que

pretende estudar, trabalhar, viver bem e

não se envolver com violência. No entan-

to, parece que a tendência deste mesmo

jovem será votar na direita como o res-

tante dos eleitores, nas eleições antecipa-

das para janeiro de 2013?

Uri Avnery – É verdade que uma par-

te da população votará na direita, mas

não necessariamente este jovem de que

você fala. Considere a mudança demo-

gráfi ca que vem acontecendo no país. Os

ortodoxos têm um enorme crescimen-

to natural, enquanto os seculares dimi-

nuem de número. Todas as escolas orto-

doxas se inclinam para a extrema direi-

ta e são contrárias a um processo de paz,

favorecendo a anexação da Cisjordânia.

Então, não acho que os jovens seculares

optaram pela direita. Alguns inclusive

estão deixando o país. Temos uma enor-

me fuga de cérebros, gente que foi estu-

dar fora e resolveu fi car por lá.

A violência palestina durante a segunda

intifada mudou a sua visão de mundo?

Considere

a mudança

demográfi ca

que vem

acontecendo

no país. Os

ortodoxos têm

um enorme

crescimento

natural,

enquanto

os seculares

diminuem de

número. Todas

as escolas

ortodoxas se

inclinam para

a extrema

direita e são

contrárias a

um processo

de paz

>>

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magazine > política | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

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E o Hamas? Como o sr. pensaria em lidar com eles num proces-

so de paz?

Avnery – O Hamas é um movimento palestino legítimo, e

precisamos conversar com eles. É um movimento complicado,

um ramo da Irmandade Muçulmana, mas veja como esta go-

verna o Egito, até com muita moderação.

Mas não é difícil conversar com alguém que prega a destruição

por ideologia religiosa?

Avnery – É uma situação complicada. Ideologias religiosas

se distanciam de posições práticas. Mas o Hamas já afi rmou

que se a Autoridade Palestina assinar um tratado de paz com

Israel, e se isto for confi rmado por referendo pelos palestinos,

eles também aceitariam. O Hamas nunca dirá diretamente que

fará paz com Israel. Para eles, do ponto de vista religioso, é im-

possível. Pela mesma razão que há setores da sociedade israe-

lense que nunca aceitarão ceder partes de Eretz Israel.

Os radicais da religião

A infl uência do extremismo religioso se amplia em toda a re-

gião. A situação tenderá a piorar?

Avnery – Há décadas que alerto para isto. Dizia que se

não fizéssemos a paz com seculares como Yasser Arafat e al-

guns países árabes, tudo ficaria mais difícil, o conflito fica-

ria mais perigoso. Conflitos nacionais podem terminar com

compromissos, mas conflitos religio-

sos são mais difíceis e complicados.

Falta liderança política na esquerda de

Israel?

Avnery – Muito. Não há nenhum líder,

ninguém. A direita tem Netaniahu, que

não é carismático, mas é esperto e sabe

falar muito bem na TV. Talvez na dinâ-

mica das eleições apareça alguém. Tam-

bém tivemos há um ano um movimento

de protesto social que atraiu centenas de

milhares de pessoas. Talvez surja algum

jovem dessas fi leiras.

O senhor tem um retrato de Arafat aqui,

na sua sala, mas em Israel ele ainda é vis-

to como um oponente sanguinário.

Avnery – Arafat foi uma fi gura his-

tórica, o autor de duas grandes revolu-

ções. A primeira foi criar o movimento

nacional palestino, similar ao que fez

Simon Bolívar na América Latina. Ele

colocou o problema palestino na pauta

da política mundial. A segunda foi sua

Não há

realmente um

confl ito entre

Irã e Israel. Há

alguns anos

éramos até

aliados. Toda

esta tensão

é artifi cial,

manipulada

por políticos

dos dois lados

por questões

domésticas.

Para

Netaniahu, é

uma desculpa

para não

tratar do

problema

palestino, nem

dos temas

sociais

FOTO COM ARAFAT, EM DESTAQUE NA SALA DE ESTAR DE AVNERY

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > política

70

Avnery – Absolutamente não. Era exatamente o que eu es-

perava. Um ano antes de explodir o confl ito, escrevi um arti-

go alertando para isto. Hoje a situação mudou, não há mais

violência com os palestinos na Cisjordânia, e há muito pou-

co com os de Gaza. Por esta razão os israelenses não estão

preocupados com os palestinos. A situação parece estável,

fi cará assim por alguns meses. Mas, de fato, nada é estável,

é uma situação intolerável para os palestinos. As colônias ju-

daicas se expandem a cada dia e os palestinos que vivem ali

estão conscientes disso. Já o israelense não percebe o que

acontece por lá, parece tão longe quanto a Lua. Mas com cer-

teza, um dia, aquilo explodirá novamente e teremos uma

terceira intifada.

Hoje, quando o seu movimento Gush Shalom promove uma

manifestação pela paz nas ruas, qual a reação do público?

Avnery – Indiferença. Netaniahu teve êxito em fazer desa-

parecer completamente o problema palestino do mapa, e nin-

guém mais fala a respeito. Agora que Israel se prepara para

eleições, a palavra “paz” desapareceu, tanto do programa dos

partidos de direita, quanto dos de esquerda. Falam de outras

coisas, como Irã, segurança, situação social.

Recentemente o senhor fez uma manifestação, diante da casa

do ministro da Defesa Ehud Barak, contra a política do gover-

>>

AVNERY EM UMA MANIFESTAÇÃO DE SEU AGRUPAMENTO POLÍTICO, O GUSH SHALOM EM 1955, FICOU FERIDO E FOI DETIDO EM UMA UMA TENTATIVA DE SEQUESTRO

no em relação ao Irã. Qual sua alternati-

va em relação à ameaça iraniana?

Avnery – Escrevi há alguns meses

um artigo no qual jurei que não have-

rá guerra com o Irã. É impossível. Nin-

guém atacará o Irã, nem os Estados

Unidos, nem Israel. Veja o mapa, ali ao

lado fi ca o Estreito de Ormuz, por onde

passam 60% do petróleo mundial. Para

os iranianos, é fácil fechá-lo e toda a

economia mundial entraria em colap-

so. Não me preocupo muito com o Irã.

Se chegarem a fabricar a bomba, pode-

rá haver um balanço de terror, como há

entre Índia e Paquistão, mas nenhum

iraniano sonha usar uma bomba con-

tra nós, eles sabem que Israel destruiria

o país em 24 horas. Não há realmente

um confl ito entre Irã e Israel. Há alguns

anos éramos até aliados. Toda esta ten-

são é artifi cial, manipulada por políti-

cos dos dois lados por questões domés-

ticas. Para Netaniahu, é uma desculpa

para não tratar do problema palestino,

nem dos temas sociais.

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Page 37: Revista Hebraica - Dezembro

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > política

72

decisão de fazer a paz com Israel, algo para o qual ele tra-

balhou durante trinta anos de forma lenta mas constante, no

sentido de convencer o próprio povo dessa necessidade.

O senhor admirava Arafat?

Avnery – Admirava a sua determinação em fazer a paz,

pela mesma razão que admirava Itzhak Rabin. Ambos, em

idade avançada, mudaram de posição em favor da paz. Rabin

era uma pessoa lógica, e Arafat um homem impulsivo. Mas

os dois perceberam que, para o bem dos dois povos, deve-

riam fazer um acordo. Arafat tinha falhas, mas acho que os

pontos positivos eram muito mais importantes que os pon-

tos negativos.

Quanto ao atual líder palestino, Mahmoud Abbas, as opiniões

se dividem em Israel. Alguns o consideram um parceiro sincero,

outros o veem como um segundo Arafat somente com melhor

marketing pessoal.

Avnery – Realmente Abbas tem a mesma visão política

que Arafat. Ele foi um dos fundadores da OLP, mas com a di-

ferença de ser um civil por natureza e mais moderado. Abbas

coloca as mesmas condições para a paz: um Estado palesti-

no na Cisjordânia e Gaza, com capital em Jerusalém Oriental

e uma solução simbólica para a questão dos refugiados. Esta

posição, aliás, é da maioria do mundo árabe.

Então Israel está perdendo uma oportunidade com Abbas?

Avnery – Claro, e perdeu uma oportunidade ainda maior

com Arafat, que tinha poder para levar o povo a aceitar um

acordo, incluindo o Hamas. Este acordo poderia ser feito

amanhã de manhã. Se me dessem esta

oportunidade, faria em uma semana.

O problema é que, com a existência

das colônias judaicas, não haverá ne-

gociações. Como dizem os palestinos,

alguns de nós queremos negociar uma

pizza, mas por enquanto estão comen-

do a pizza.

O senhor está otimista com o futuro de

Israel?

Avnery – Sou sempre otimista. Em

minha longa vida, vi coisas mudarem

de forma inesperada, por isso acredi-

to em mudanças. Mas hoje é mais fácil

ser pessimista. Se a situação atual con-

tinuar, a possibilidade de solucionar o

conflito com dois Estados desaparece-

rá. Ficaremos apenas com um Estado,

mas logo os árabes serão maioria e te-

remos um apartheid. Haverá violência,

muitos israelenses vão preferir morar

no Brasil ou nos Estados Unidos e a

população judaica ficará cada vez me-

nor, até chegar ao que era aqui no co-

meço do sionismo. Há um enorme ice-

berg na frente do nosso navio, mas não

queremos ver. Preferimos falar que

nosso navio é bonito.

COM A FAMÍLIA NA ALEMANHA, EM 1930, DE ONDE IMIGRARIA PARA A ENTÃO PALESTINA, TRÊS ANOS DEPOIS

>>

Arafat foi

uma fi gura

histórica,

o autor de

duas grandes

revoluções.

A primeira

foi criar o

movimento

nacional

palestino,

similar ao

que fez Simon

Bolívar na

América

Latina. Ele

colocou o

problema

palestino

na pauta

da política

mundial. A

segunda foi

sua decisão

de fazer a paz

com Israel

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Page 38: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

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“vale do silício sabra” é que muitos desses empreendimentos

nem chegam à idade adulta. Segundo levantamento recente,

um terço das empresas high tech fecham depois de cinco anos

de atividade.

Um editorial do jornal Haaretz alertou: “Enquanto delega-

ções de todo o mundo correm para a Terra Santa para estudar a

fórmula israelense, nós temos de debater se este foco nas start-

ups é realmente bom. Criar empresas com o objetivo explícito

de vendê-las não seria uma sabotagem ao futuro do país?”

As start-ups estão formando uma cultura de negócios em Is-

rael que, para alguns críticos, é negativa. Sempre que os jor-

nais noticiam a venda milionária de uma dessas empresas,

paira no ar a mensagem de que o ideal é se tornar rico de uma

tacada só, sem fazer muito esforço para criar raízes empresa-

riais mais sólidas.

Outros dizem que o fenômeno das start-ups em Israel ape-

nas esconde a falta de oferta de bons executivos no mercado

local. A proposta de constituir empresas rapidamente apoiada

em um produto inovador, e não numa linha duradoura, seria

uma alternativa à falta de material humano especializado para

criar empresas.

A diferença na geração de empregos entre uma start-up e

uma empresa tradicional é enorme. A primeira atrai basica-

mente programadores e engenheiros. A segunda emprega se-

cretárias, pessoal administrativo, de vendas, marketing. Em-

presas tradicionais também pagam mais impostos e provocam

maior impacto no conjunto da economia.

Não que Israel nunca tenha produzido grandes empresas no

estilo tradicional. Algumas são até motivo de orgulho nacio-

nal. Um exemplo é a Iscar, a segunda maior fabricante de fer-

ramentas de metal no mundo, fundada por Stef Wertheimer,

imigrante judeu alemão tão pobre que faltou dinheiro para es-

tudar. Hoje tem subsidiárias em 52 países e a família – que de-

tém o controle acionário – é a mais rica do país, com patrimô-

nio de mais de sete bilhões de dólares.

Sexo e famíliaA sede da Iscar é na Galileia, região considerada periférica. A

empresa cresceu de maneira discreta, só percebida por gente

do ramo. Mas há seis anos chamou a atenção ao ser comprada

pelo multibilionário americano Warren Buffett, um dos maio-

res investidores do mundo, em sua primeira aquisição de uma

empresa fora dos EUA.

A diferença entre a Iscar e uma start-up pode ser medida

pelo tratamento dado aos funcionários. Enquanto nas fi rmas

de tecnologia o emprego depende das oscilações diárias nas

bolsas de valores, em uma empresa tradicional a história é

outra. Que o digam Aviva e Noam, pais do soldado sequestra-

do Gilad Shalit, que trabalhavam na área de marketing da Is-

car. A empresa concedeu uma licença para o casal durante os

longos anos de negociação para a libertação do fi lho e até ce-

deu um apartamento em Jerusalém para poderem atuar na

capital do país.

Eitan Wertheimer, atual presidente

da Iscar, desdenha do conceito de start-

up nation, afi rmando que toda a atenção

dada às empresas de alta tecnologia de-

corre da falta de tradição administrativa

na cultura local. Outro fator para a proli-

feração dessas empresas, segundo o em-

presário, seria a falta de savlanut (“paci-

ência”, em hebraico) típica do israelen-

se, que atrapalha o surgimento lento de

empresas de maior porte.

“A diferença entre uma start-up e uma

grande fi rma é como a diferença entre

fazer sexo e constituir uma família. É

bastante parecido, mas leva mais tempo

para formar uma família”, ironiza o em-

presário.

Os números também mostram que

empresas tradicionais têm uma função

estratégica muito mais duradoura para

toda a economia quando comparadas

às start-ups. Somente sete megaempre-

sas tradicionais de Israel são responsá-

veis, cada uma, por vendas no exterior

de mais de um bilhão de dólares. Ob-

servadores dizem que Israel precisa de

mais empresas deste tipo, e menos de

start-ups.

O jornalista Saul Singer, coautor de

Start-Up Nation, defende o modelo: “O

mundo todo inveja a habilidade de Isra-

el em criar tantas start-ups e tenta copiar

o fenômeno. Se todos querem ser como

nós, então provavelmente as coisas não

estão tão más, mesmo que essas empre-

sas de tecnologia sejam vendidas e desa-

pareçam rapidamente”, pondera.

O resultado de todo esse debate en-

volvendo start-ups e empresas tradi-

cionais parece estar em um meio ter-

mo. A vocação da economia israelense

é a tecnologia de ponta e, portanto, se o

objetivo é criar empresas mais sólidas,

muito provavelmente o material huma-

no virá do pessoal das start-ups. Como

diz Haim Shani, ex-presidente da Nice,

uma empresa israelense líder no mer-

cado mundial de tecnologia de segu-

rança em sistemas computadorizados:

“Num país onde a tecnologia é respon-

sável por boa parte do PIB, deve haver

lugar para todos, e todo tipo de empre-

sa adicionará valor”.

A proposta

de constituir

empresas

rapidamente

apoiada em

um produto

inovador, e não

numa linha

duradoura,

seria uma

alternativa

à falta de

material

humano

especializado

para criar

empresas mais

sólidas

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > economia | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

74

T udo começou há quatorze anos, quando a Mirabi-

lis, empresa de tecnologia fundada por três israe-

lenses na faixa dos 20 anos, foi vendida após dois

anos de funcionamento por US$ 407 milhões para

o gigante AOL. Estava dada a largada para a transformação

de Israel numa máquina de produção de start-ups, isto é, em-

presas high tech que desenvolvem algum produto inovador e

são vendidas em seguida por somas milionárias.

Israel inova com as

ISRAEL É CONHECIDO COMO O “PAÍS DOS START-UPS”, NOME QUE SE DÁ A EMPRESAS DE TECNOLOGIA QUE NASCEM DE MANHÃ E À NOITE SÃO VENDIDAS

POR VALORES MILIONÁRIOS. MAS ISTO É BOM PARA O SEU FUTURO?

Nos últimos anos, especialistas de

Cingapura, Alemanha e China vieram

para cá tentar descobrir a fórmula do

sucesso da start-up nation, título de um

livro a respeito do fenômeno israelense

que virou best-seller internacional. Em

razão do êxito destes empreendimen-

tos, a marca “made in Israel” se tornou

sinônimo de produtos inovadores ao re-

dor do mundo.

Mas todo este sucesso tem um lado

menos glamoroso e até preocupante.

Em Israel as start-ups representam um

mercado relativamente pequeno, que

contrata pouca gente e, quase sempre,

de perfi l jovem. Quando uma dessas

empresas de tecnologia é vendida por

milhões, quem lucra mesmo são pou-

quíssimas pessoas.

Para complicar o quadro, um elemen-

to pouco divulgado quando se fala no

start-ups

SAUL SINGER, QUE ESCREVEU START-UP NATION, VEIO A SÃO PAULO PARA PALESTRA NA CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL-ISRAEL

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Page 39: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > gastronomia | por Rotem Maimon

76

C om todo o respeito ao falafel e ao schnitzel, em um

plebiscito para escolher o alimento nacional o hú-

mus ganharia com vários pratos de diferença. Mas

convém ser honesto e confessar que foi adotado dos

vizinhos e quase recentemente pois a Guerra da Independên-

cia, em 1948, expôs muitos israelenses à cozinha árabe pela

primeira vez, e o húmus pegou, porque eram tempos de auste-

Caminhos do húmus por terras de Israel

HÁ ALGUMAS EDIÇÕES, NOSSA COLEGA DESIRÉE NACSON REVELOU A INDIGNAÇÃO DOS OFENDIDOS PELO FATO DE, SEGUNDO ELA, TÃO

POUCOS JUDEUS BRASILEIROS VISITAREM ISRAEL. PARA OS QUE VIAJAREM AO ESTADO JUDEU, EIS O APETITOSO ROTEIRO DOS MELHORES LUGARES

DE TEL AVIV PARA COMER HÚMUS

ridade econômica e oferecia uma refeição

satisfatória por muito pouco dinheiro.

Desde então, o húmus passou a ser

comido de várias maneiras. Há os que

o comem apenas nas tardes de sexta-

feira, aqueles que só no Shabat, e fi nal-

mente os que o ingerem o tempo todo.

Alguns comem com pita e outros que

o preferem sem ela. Há os que fi zeram

desse ato parte de certos rituais muito

específi cos, por exemplo, somente ao

ler as páginas de esporte ou bebendo

suco de uva, e há aqueles que insistem

A PRODUÇÃO DO PROGRAMA DE ANTHONY BOURDAIN AINDA NÃO DESCOBRIU A DELICIOSA COMIDA DE RUA DO SHUK HACARMEL

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HEBRAICA | DEZ | 2012

77

em determinados temperos ou coberturas.

A busca pelo tesouro dos melhores húmus de Tel Aviv e arre-

dores revelou um novo mundo: húmus feitos com receitas tão

secretas como a da Coca-Cola, métodos diferentes de prepará-

lo e variedade de texturas. O mais surpreendente é a existên-

cia de tantos amantes de receitas de húmus, como há israelen-

ses. De todo modo, se há um consenso geral de o húmus é óti-

mo, ele se desfaz no detalhe de que cada pessoa sabe onde se

faz o húmus favorito.

Para encontrar os cinco lugares que servem húmus, foram

provadas dezenas de versões, em Tel Aviv e em outros lugares,

e o autor sobreviveu para contar a história.

O “TRIPLO” DO ALI KARAVANEm Yafo existem dois tipos de fãs do húmus: aqueles que gos-

tam do Kalboni (certamente, um bom húmus) e aqueles adep-

tos do Ali Karavan, que são muitos e confi rmado pelas fi las e

pela aglomeração nos fi nais de semana ou qualquer hora.

Karavan também era conhecido como Abu Hassan e come-

çou em 1959 com um pequeno quiosque de húmus na Rehov

Hadolphin, perto do porto de Yafo. A freguesia aumentou tanto

que em 1972 ele abriu um restaurante de verdade, próximo de

Shderot Yerushalaim (rua central de Yafo, que une Tel Aviv a

Bat Yam). Logo também o restaurante se tornou pequeno e Ka-

ravan abriu mais um, do outro lado da rua. Ali Karavan morreu

em 2007, e deixou um húmus glorioso como herança.

Prato vencedor: o triplo, uma porção de húmus, ful (favas, um

tipo de feijão) e massabachá, mas que massabachá! Legiões de

comensais decidiram o que é bom para eles – isto é, tudo. Peça

o húmus simples, mas é o triplo que vai revelar as raras quali-

dades que fi zeram deste lugar um sucesso estrondoso: húmus

quentes, de delicada textura, quase cremosa e sutil, uma massa-

bachá feita com carinho, transcendendo o sabor de tahini, alho

e limão. O ful dá um toque de profundo sabor ao prato, e todo o

prato é temperado com cominho, páprica, azeite de oliva e um

pouco de molho de pimenta. Se tudo tem um gosto tão bom,

quem se importa de compartilhar a mesa e uma multidão de es-

tranhos olhando? Resumo: este é o único húmus pelo qual vale a

pena esperar na fi la. Preço: dezenove shekalim, acompanhados

de muito barulho, cebola crua, molho de pimenta, e pitas.

EndereçoAli Karavan / Abu Hassan – Rehov Shivtei Yisrael 14, Yafo

O BARATO MASSABACHÁ NO HÚMUS HACARMELAlguém pode passear anos pelo shuk Hacarmel sem notar

que lá se vende um húmus surpreendente. Mas o que faz dele

surpreendente? Primeiro, o tamanho do quiosque, dois espa-

ços enormes escondidos atrás de barracas. Segundo, o pre-

ço, pois este húmus é o mais barato de Tel Aviv. Terceiro, o

sabor. É um húmus simples, feito como se deve e saboroso. É

um ótimo lugar para visitar em qualquer circunstância – com

fome do cansativo passeio pelo shuk ou especialmente para

conhecê-lo.

O prato vencedor e o massabachá. É

claro que o barato pode deixar a pessoa

cismada com a qualidade. Mas é tudo

bom, mesmo sem fanfarras ou recep-

cionistas. O consumidor vai até o balcão

pede húmus ou massabachá, o preço é

o mesmo. O massabachá vem quente e

denso, enche um prato grande com um

gosto rico de tahini em bruto, caroços in-

teiros de grão-de-bico, azeite de oliva de

qualidade e temperos.

Em resumo: surpreendentemente sa-

boroso, prova que barato não signifi ca

necessariamente que se tem de aceitar

qualquer coisa. Preço: dez shekalim e

acompanha duas grossas pitas artesa-

nais. Por este preço qualquer um ima-

gina que não haveria quaisquer acom-

panhamentos, mas tem picles fatiados

bem fi ninhos e molho de pimenta no

prato de húmus. Misturando tudo, fi ca

delicioso.

EndereçoHúmus Hacarmel – Hacarmel 11, Tel Aviv (a rua central do Shuk Hacarmel)

O LOCAL: MASHAWSHÁ NA MASHAWSHÁHá muitos bons lugares de húmus no

centro, mas no Mashawshá é melhor,

desde a atmosfera de bairro até o hú-

mus, confessadamente excepcional.

Mashawshá é o prato mais popular de

húmus nas aldeias árabes da Alta Gali-

leia e signifi ca “desigual ou irregular”,

referência à textura irregular do húmus.

O mashawshá é o prato vencedor. Um

dos problemas com o húmus, por mais

bem feito que seja, é o fato de repou-

sar pesadamente no estômago. Mas esta

mashawshá parece que está cheia de ar,

isto é, excepcionalmente arejada, e leve,

o que pode ter relação com a prepara-

ção dos grãos-de-bico, imprensados logo

após o cozimento e misturados com tahi-

ni, suco de limão e azeite. Pode ser refor-

çado com um pouco da excelente tahini

e mais alguns grãos-de-bico.

É uma iguaria das mais delicadas

da qual se come facilmente um prato e

meio. Este é sem dúvida um dos melho-

res lugares de húmus no centro da ci-

dade. Preço: 22 shekalim para a masha-

Em Yafo

existem dois

tipos de fãs

do húmus:

aqueles que

gostam do

Kalboni

(certamente,

um bom

húmus) e

aqueles

adeptos do Ali

Karavan, que

são muitos e

confi rmado

pelas fi las

e pela

aglomeração

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > gastronomia

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wshá, dois shekalim para o tahini adicional e os grãos-de-

bico.

É um dos poucos lugares onde se encomenda uma pita de

trigo integral. Faz parte do pedido picles caseiro de legumes, e

as famosas azeitonas do lugar. Num bom dia tem repolho em

conserva muito saboroso acompanhando as saladas prelimi-

nares. Há a cebola, e confi ra se veio o molho verde, inocente

somente na aparência. É picante.

EndereçoMashawshá – Rehov Pinsker 40, Tel Aviv (vindo pela Dizen-gof, na Kikar Dizengof em direção ao mar)

O SEGREDO: HÚMUS COM GRÃOS-DE-BICO NO SHLOMO E DORONO Kerem Hateimanim, o bairro iemenita, é o verdadeiro paraíso

para os amantes de húmus de todos os tipos. Lá há grande varie-

dade de húmus, mas os entendidos em húmus do bairro, como

os de Yafo, se dividem em dois grupos: aqueles que amam o do

Húmus Hasuri (é bom, mas ...), e os fãs do Shlomo e Doron, um

segredo conhecido por todos do pedaço, uma casa aberta em

1937 por Shlomo a que o neto Doron deu continuação.

O prato vencedor é o húmus com grãos-de-bico. A suges-

tão dos proprietários é o húmus e ful, mas o húmus com grão-

de-bico dispensa ful ou qualquer outra coisa. Coma o húmus

como tal, ou no formato de massabachá. Não tem vez para

arrependimento. O sabor desse húmus é muito delicado, de

boa textura e vem com grãos-de-bico cozidos. Uma sugestão

é uma boa espremida no limão. Aqueles

que preferem a massabachá será servi-

da bem temperada, com cominho, pá-

prica, limão e alho.

Em resumo o pessoal do Kerem Hatei-

manim sabe o que é bom para eles. Preço:

dezenove shekalim por um prato pequeno,

na verdade muito grande e acompanha

molhos de limão, de cebola e de pimenta.

As pitas são normais, mas quando quentes

não se consegue parar de comê-las.

EndereçoShlomo e Doron – Rehov Yashkon 29, Tel Aviv.

O MAIOR: HÚMUS COM FUL NO ASSAFO Húmus Assaf está no seu local atual na

Rehov Hahashmonaim (próximo do co-

meço da Ibn Gvirol, ao lado da cinema-

teca de Tel Aviv, a menos de três quadras

da embaixada do Brasil) há dois anos e

meio, um lugar bem melhor do que as

encarnações anteriores. A vantagem está

nas porções são generosas, o serviço é

acolhedor e, principalmente, é grande a

variedade de itens que se podem adicio-

O DELICIOSO SHAKSHUKA

QUE NENHUM

RESTAURANTE ÁRABE

DE SÃO PAULO

INCLUI NO CARDÁPIO ;

FILA NA PORTA DO ALI

KARAVAN, UMA CASA DE

HÚMUS QUE SE VÊ LOGO

À CHEGADA DE YAFO

>>

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HEBRAICA | DEZ | 2012

79

Para quem não é iniciado nos comes e bebes locais, é importante expli-

car o que é muito popular e comum. Na área ao redor do shuk Hacarmel,

em Tel Aviv, existem vários lugares no qual se come ful. O ful é um tipo de

fava ou feijão, servida em um prato fundo e pequeno ao qual se acres-

centam húmus, tahini, azeite de oliva, ovo duro, com pitas, quartos de ce-

bola crua fria, pepino azedo fatiado e pimentas picantes, geralmente

preparadas como picles, picantes mas não muito. O ful é quente; o hú-

mus e a tahini não.

É normal nas ruas em torno do shuk encontrar pessoas sentadas a

mesas de fórmica. Algumas pessoas bebem um aperitivo preparando o

estômago para o verdadeiro ataque que vai sofrer. A cebola crua faz par-

te de quase todas as comidas ditas “populares” e os verdadeiramente

iniciados nesse hábito não prescindem dela.

E são os iniciados que pedem a versão comblet. É “comblet” porque em

árabe não existe um som equivalente ao “p” e por isso é automatica-

mente substituído pelo “b”. Portanto, peça um “comblet”, o nome gené-

rico dessa combinação de ful, húmus e ovo duro, regado a óleo de oliva.

Os tipos de comida mais populares daqui são o húmus, ful, tahini,

massabachá, mashawshá, maluta, shakshuka, falafel, bureka, e sanduíche

tunisiano. Todos, menos os dois últimos, podem ser pedidos no prato

ou na pita.

A massabachá e a mashawshá são variedades do húmus.

A shakshuka é um cozido de tomates e pimentões vermelhos, no qual

se fritam ovos, temperado com sal, pimenta, cúrcuma, cominho, e pápri-

ca, que os viciados preferem picante. O epicentro da shakshuka é a praça

do relógio de Yafo. Lá está o restaurante chamado Dr. Shakshuka.

Procure a Rehov Yefet. Nesta rua, que sai da praça, está localizado o

Abuláfi a, a loja de massas mais famosa do país com pitas, beigale e etc.,

na rua 3338, que é um beco no interior do prédio de esquina. No Abu-

láfi a e em outras boas casas do ramo se vendem massas recheadas

com queijo búlgaro, batata cozida, etc., e com uma mistura de folhas de

za’atar (origanum syriacum) com gergelim e sal. O za’atar vem em um sa-

quinho de papel, e a pessoa aplica a mistura colocando pedaços da pita

ou do beigale no saquinho, e come suspirando.

O falafel de boa qualidade vem acompanhado por uma grande varie-

dade de saladas e molhos, e no Paamonim, em Ramat Hasharon, funcio-

na o sistema conhecido por tosafot chofshiot, ou seja, o freguês faz acrés-

cimos à vontade de saladas e molhos e o preço é fi xo. Exemplos típicos:

salada de tabule, dois tipos de saladas de cebola, de verduras, de toma-

tes, picles diversos, batatas fritas, tahini, amba (molho indiano à base de

manga e curry), e cerca de quinze tipos diferentes de pimentas.

O sanduíche tunisiano é servido em baguete com atum, ovo duro,

cebola, limão em conserva com sal, alho e páprica, salada, pimenta

verde frita, batata cozida. O centro está localizado próximo do shuk de

Netânia.

As burekas são feitas com massa assada, recheadas de espinafre ou

queijo búlgaro, e servidas com huevos chaminados, isto é, ovos duros cozi-

dos durante horas na mesma panela do tchulent, ou chamin para os sefa-

radim. Têm origem turca.

Comida de rua em Israel

nar ao húmus, como bolinhos de carne,

coisa que ninguém pensara antes. Se o

cliente cansou de húmus, lá as alternati-

vas ganham a forma de schnitzel e pratos

de peixe, feitos pela mãe de Assaf.

O prato vencedor é o húmus com

ful e ovo duro, um clássico em qual-

quer lugar de húmus, mas é preciso

algo a mais para fazê-lo sobressair, e

no caso do ful do Assaf isso parece fá-

cil. O ful vem como um prato de cozi-

do em quantidade generosa, com mui-

tos grãos inteiros, além de limão e espe-

ciarias, uma receita secreta. O húmus é

cremoso e de sabor excepcional que o

ful não abafou. O prato é maior do que

em qualquer outro lugar.

Em resumo, as pessoas pedem húmus

mas acabam no ful. Preço: 24 shekalim.

Acompanha pitas normais, mas há mui-

tas outras delícias na forma de dois tipos

de molhos picantes em um prato, sala-

da de repolho, um excelente molho de li-

mão e falafel da casa.

EndereçoHúmus Assaf – Rehov Hahashmonaim 88, Tel Aviv

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Page 41: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > gastronomia

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Fritar por dez minutos uma cebola picada em fatias fi nas. Acrescentar três tomates cortados e um pimentão vermelho

cortado em partes pequenas; adicionar um pouquinho de água para o tomate amaciar mais rapidamente; acrescentar

meia pimenta ardida vermelha (se não gosta de muito picante tirar as sementes, e o fi o branco) e quatro dentes de alho

fatiados fi ninho. Adicionar duas colheres das de sopa de caldo de galinha em pó, 1/4 de copo de salsinha picada, um pou-

co de noz-moscada, sal, páprica e pimenta negra. Acrescentar uma colherinha de cúrcuma e meia de cominho. Quebrar

um ovo na frigideira e mexer bem, depois adicionar uma caixinha de massa de tomate diluída em um copo de água até

fi car uniforme. Cozinhar em fogo baixo durante quinze minutos, depois acrescentar mais dois ovos e deixar em fogo mé-

dio baixo por aproximadamente dez minutos até fritar os ovos. Por tradição, come-se direto da frigideira, mergulhando o

pão ou pita no molho e no ovo. (Y.T.)

Receita de shakshuka

OS MELHORES FORA DE TEL AVIVSA’ID, ACRE (ACCO)Esqueçam por momentos do húmus de Tel Aviv. Húmus do jei-

to que se come na Galileia é em Acco, especialmente o do Sa’id.

O húmus é grande, e a maluta cheia de grãos-de-bico inteiros é

uma porção deliciosa, assim como a excelente mashawshá. Em

nome do húmus vale a pena enfrentar as intermináveis fi las.

EndereçoHúmus Sa’id, Mercado da Cidade Velha, Acco

ABU YUSSEF, HAIFAEscolher entre Abu Yussef e Abu Maron foi difícil, pois ambos

fazem húmus incríveis, entre os melhores do país. No fi nal,

Abu Yussef ganhou por um voto em razão do sabor extraordi-

nário do húmus, da suave e delicada textura, do maluta e dos

pinhões que em certos dias acompanham o húmus. Além dis-

so, as porções são grandes e as pitas viciam.

EndereçoAbu Yussef, Rehov Ziso 29, Haifa

HÚMUS LINA, JERUSALÉMSe somente Jerusalém dá uma lista de quinze ótimos lugares

para comer húmus, como escolher apenas um? Este exemplar

único esconde-se nas vielas do bairro cristão da Cidade Velha e

se destaca pela relativamente baixa proporção de tahini na mis-

tura, o que refresca a memória do autêntico sabor do húmus. Só

por isso vale a pena viajar a Jerusalém.

EndereçoHúmus Lina, Akava El Hanakhah 42, Cidade Velha (entre a Via Dolorosa e a Saint Francis, que são a mesma rua)

KHALIL, RAMLAKhalil está nesta lista porque a massabachá é excelente, e o or-

gulho de Ramle. É feito a partir de uma receita secreta, mas o

gosto dominante denuncia muito tahini e grãos-de-bico intei-

ros perfeitamente preparados. O molho dá à massabachá um

sabor ligeiramente adocicado e, ao mes-

mo tempo, levemente azedo. Há tam-

bém carnes no espeto e outros pratos.

Mas o húmus é a melhor pedida.

EndereçoHúmus Khalil, Rehov Kehillat Detroit 6, Ramla.

HÚMUS MASHANI, RISHON LETZION A chegada do Mashani faz esquecer tudo

o que sempre se soube a respeito de hú-

mus. Mashani começou como uma pe-

quena loja na casa da família, em Yafo,

com o tempo cresceu e se mudou para

o pequeno e acolhedor bairro Rishon.

Sem alarde, é servido um enorme pra-

to de húmus, grosso com forte gosto de

tahini. O mashawshá também é diferen-

te do que em outros lugares – em cama-

das, em vez de todos juntos misturado –

e que o torna tão maravilhoso.

HÚMUS AFIF, KALANSUANa região conhecida como o triângulo da

Galileia existe um húmus tão distinto de

qualquer outro que explica a razão pela

qual os moradores do Sharon norte e do

Emek Hefer não o trocam por qualquer

Hassan Abu.

O que faz o húmus Afi f tão bom é uma

textura delicada, o ful diferente do que

se conhece e se destaca pelos condimen-

tos. Encha um prato até a borda, com as

pitas mais fi nas que se encontram ape-

nas em Kalansua.

Tradução de Yossi Turel

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Page 42: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

83

importantes sistemas de infraestrutura. O prejuízo foi estimado

em, no mínimo, cinquenta bilhões de novos shekalim.

No exercício foram considerados o comando e o controle, o

funcionamento contínuo, serviços civis, evacuação, assistên-

cia internacional e a restabelecimento da vida normal. O exer-

cício tinha por objetivo avaliar o grau de conscientização a res-

peito da gravidade do desafi o, atribuir notas às estratégia de

resposta, o exame de melhoras futuras na preparação, e a cria-

ção de uma base conceitual para a reconstrução sistemática

após o desastre.

Concluído o exercício, uma primeira avaliação sugeriu que:

O exercício nacional foi realizado a partir da premissa de

que os israelenses não estão preparados adequadamente para

um grande terremoto com muitas vítimas. É verdade que al-

guns passos foram dados, mas o país deve passar por um lon-

go e complicado processo.

Exercícios em geral e o atual em particular são cruciais

para fortalecer a preparação sistemática do ponto de vista

nacional e local. Um exercício explica a premissa básica da

existência de uma correlação direta e positiva entre a prepa-

ração apropriada e a redução do dano provocado por desas-

tres naturais ou causados pelo homem. Para seu crédito, Isra-

el tem a seu favor o fato de ser um dos primeiros do mundo

em exercícios desse tipo.

Depois de se dedicar durante anos unicamente a emergên-

cias relacionadas à segurança, a sociedade civil tem sido trei-

nada para responder aos desafi os de desastres naturais, menos

comuns nesta região mas cuja capacidade de causar danos é

muito maior, em razão das mortes e dos danos conhecidos no

dia-a-dia, que requerem formular um tratamento estratégico e

uma preparação meticulosa. O principal é a delicada questão

da evacuação em massa, e os serviços de emergência. Todos

conhecem as soluções teóricas, mas há dúvidas de que pos-

sam dar a resposta necessária.

A assistência internacional teve papel predominante no

exercício, e com boa razão. O tema foi tratado principalmen-

te do ponto de vista técnico, na recepção da ajuda externa. Isso

é tão importante quanto a convicção de que, sozinho, o Estado

de Israel é incapaz de arcar com grandes desastres, o que tam-

bém vale para outra situações.

Os danos previstos em infraestruturas

críticas (abastecimento de energia elé-

trica e água, comunicações e transporte)

exigem mais estudos e preparação ade-

quada para cenários de tragédias natu-

rais e outros episódios perigosos – e tal-

vez mais plausíveis – como ataques ci-

bernéticos, guerra generalizada e ativi-

dade terrorista. Trata-se de um desafi o

que requer atenção, mas que parece in-

sufi ciente, parcialmente por restrições

orçamentárias.

Autoridade, responsabilidade, coman-

do e controle são os temas mais impor-

tantes porque as pessoas devem admi-

nistrar os eventos à medida em que se

desenrolam. Há questões legais entre ou-

tras razões porque o sistema civil está

longe de ser regulado apropriadamente.

A situação se complica mais em razão do

caráter dos desastres naturais, as muitas

mortes, o tamanho dos prejuízos em ge-

ral e nas comunicações e no controle da

nação. Como é habitual quando se trata

de Israel, a expectativa aqui era de que

as Forças de Defesa de Israel (IDF), prin-

cipalmente porque têm o comando des-

tas ações, assumiriam num estágio ini-

cial. Mas para que isso aconteça, ainda

que de maneira limitada, as Forças de

Defesa de Israel necessitam preparar-

se para cenários de sensíveis perdas ci-

vis, e este é um desafi o muito sério, e,

da mesma forma, em qualquer lugar a

reconstrução após um desastre natural

sempre foi a tarefa mais difícil.

Tradução de Yossi Turel

* Pesquisadores do Instituto para

Estudos Nacionais de Segurança

Um terremoto

de 7.1 na

escala Richter

em Israel

causaria cerca

de sete mil

mortes, 8.600

pessoas severa

ou moderada-

mente feridas,

37.000 feridos

leves, 9.500

pessoas

presas entre

os escombros,

170.000

desabrigados,

28.000 edifícios

com danos

pesados, e a

interrupção

de vários e

importantes

sistemas de

infraestrutura

Terremoto em Israel, com sete mil mortos, setenta mil feridos e 170 mil desabrigados. Que Ele nos livre,

mas foi este o cenário do maior exercício de preparo para uma eventualidade destas na história do país,

feito no fi nal de outubro. Durante uma semana, equipes de socorro simularam exercícios de resgate e

crianças nas escolas foram treinadas para correrem a abrigos. Já o cidadão comum recebeu pelos meios

de comunicação instruções do que fazer na hora H: deixar o apartamento e descer para a rua, mas se

não der tempo, ir para a área das escadas do prédio, lugar sempre mais reforçado. No desespero, tam-

bém é recomendável buscar abrigo debaixo de um móvel sólido. Ló aleinu, como dizem por aqui. (A.F.)

À espera do Big One

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > segurança | por Meir Elran e Alex Altshuler *

82

N o passado, onde hoje é o Estado de Israel, ocor-

reram terremotos nas localidades de Tiberíades,

Beit Shean, Sussita, Ramla, e outros locais. Esta

fratura separa duas placas tectônicas, a síria-

africana e a placa árabe. Ela começa no sul da Turquia, atra-

vessa a Síria e o Líbano, continua pelo vale do Jordão, Mar

Morto, Mar Vermelho, e avança pela África até Moçambique.

No fi nal de outubro, Israel executou o primeiro exercício para

avaliar se o Estado e suas instituições estão preparados para o

caso de um terremoto severo. Faz parte dos usos e costumes da

população israelense realizar exercícios considerando questões

de segurança como foguetes e mísseis e que se intensifi caram a

partir da segunda guerra com o Líbano, em 2006.

O fato de este exercício levar em conta o cenário de um ter-

remoto implica o reconhecimento da importância da prepara-

ção para desastres naturais, cujos prejuízos em vidas e patri-

mônio muito maiores do que em razão de guerra, terrorismo,

e outros confl itos provocados pelo homem. Também implica a

compreensão de que a natureza de uma emergência é genéri-

Israel está preparado para um terremoto?

ISRAEL SE SITUA SOBRE A FRATURA SÍRIA-AFRICANA, FALHA GEOLÓGICA QUE EM ALGUM MOMENTO PRODUZIRÁ TERREMOTOS DE

GRANDE INTENSIDADE NA REGIÃO. QUE FATORES DEVEM SER LEVADOS EM CONTA DIANTE DE UM DESASTRE NATURAL?

ca e muitos dos eventos que provoca são

comuns aos desastres naturais ou aque-

les provocados pelo homem. Desta for-

ma, se a população estiver bem prepa-

rada para desastres naturais em geral, e

terremotos em particular, também sabe-

rá enfrentar aqueles causados por ques-

tões de segurança.

O objetivo do exercício foi o de melho-

rar a resposta integrada e preparar os or-

ganismos governamentais e a popula-

ção para melhor administrar a ocorrên-

cia de um terremoto em Israel, a partir

da avaliação das respostas das unidades

municipais e das autoridades civis e mi-

litares, a infraestrutura e a população em

geral, no caso de um terremoto de 7.1 na

escala Richter a uma profundidade de

dez quilômetros na área do vale do Hula,

norte do país. O tremor também provo-

caria ondas de cinco a quinze metros de

altura ao longo da costa, causando preju-

ízos no porto de Haifa e na usina elétrica

a gás Reading em Tel Aviv.

Após um longo período em que Israel

negligenciou a possibilidade de um de-

sastre natural de tais proporções, agora

já tem o ponto de partida a partir do qual

poderá enfrentar eventuais desastres na-

turais massivos. A pergunta é se estes

exercícios serão capazes de gerar um sis-

tema estruturado e efetivo de prepara-

ção, que cobrirá necessidades distintas,

incluindo os desafi os da segurança. As

autoridades acreditam que será possível

conciliar a adequada preparação para os

momentos do evento de modo a garantir

o funcionamento normal do país e a re-

cuperação dos danos causados pelo de-

sastre natural. Por enquanto, todavia, o

balanço é ainda negativo.

A terra tremeuFeitas as contas a partir da estrutura cria-

da para o cenário de emergência – o ce-

nário concreto para o exercício – o terre-

moto causaria cerca de sete mil mortes

(menos da metade de outros exercícios),

8.600 pessoas severa ou moderadamen-

te feridas, 37.000 feridos leves, 9.500 pes-

soas presas entre os escombros, 170.000

desabrigados, 28.000 edifícios com da-

nos pesados, e a interrupção de vários e

O PROFESSOR SHMUEL MARCO, DA UNIVERSIDADE DE TEL AVIV, CRIOU UM SISMÓGRAFO FÓSSIL

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Page 43: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > império otomano | por Aaron Aaronsohn

84

O esforço de guerra otomano na Palestina durante

a Primeira Guerra Mundial foi conduzido por ofi -

ciais alemães, e a participação deles registrada

pelos fotógrafos da colônia americana. O general

alemão Erich von Falkenhayn, ofi cial prussiano competente

e chefe do Estado-Maior do exército germânico, era o coman-

dante das tropas turcas e alemãs em 1917-1918. Da coleção de

fotos alemãs consta a imagem de Falkenhayn deixando a Pa-

lestina em 1918, e a informação, na legenda, abaixo, de que

ele teria impedido um massacre dos judeus pelos turcos:

“Cabe a Falkenhayn e ao Estado-Maior alemão o crédito por

terem impedido um genocídio otomano de cristãos e judeus na

Palestina semelhante ao dos armênios”. (Na Wikipedia, seu bi-

ógrafo Holger Affl erbach declara que “uma violência desuma-

na contra os judeus na Palestina só foi evitada devido à condu-

ta de Falkenhayn que, em comparação com a história alemã

do século 20, tem um signifi cado especial, e que o distingue”.)

De acordo com a família Falkenhayn, “enquanto foi coman-

dante, ele conseguiu impedir os planos turcos de expulsar to-

dos os judeus da Palestina, especialmente de Jerusalém. Essa

expulsão deveria ser executada tal como o genocídio dos ar-

mênios, por isso é justo que Falkenhayn impediu a erradica-

ção dos assentamentos judeus na Palestina”.

Isso é verdade, ou apenas mais um testemunho alemão

de modo a equilibrar a mancha do nazismo duas décadas

mais tarde?

Outro líder foi Enver Paxá, que chefi ou o Império Otomano du-

rante a Primeira Guerra Mundial, e ao visitar a Palestina, foi fo-

tografado com Jamal no Monte do Templo e em Be’er Sheva. Ja-

mal Paxá duvidava da lealdade dos judeus da Palestina e como

os movimentos nacionalistas no Império desgastavam o domínio

turco, era preciso esmagar o nacionalismo árabe e judaico.

Os sionistas eram particularmente suspeitos de se opor ao

governo otomano, e líderes como David Ben-Gurion eram fre-

quentemente presos, perseguidos ou exilados. Enquanto mui-

tos emigravam da Rússia, um Estado inimigo, mil voluntários

O general alemão que protegeu os judeus

OS JUDEUS DA PALESTINA ESCAPARAM, POR UM TRIZ, DO MESMO DESTINO RESERVADO AOS ARMÊNIOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL GRAÇAS AOS ESFORÇOS DE UM ALTO OFICIAL DO EXÉRCITO ALEMÃO

judeus – alguns da Palestina – alistavam-

se no exército britânico, e em 1915 for-

mavam o Zion Mule Corps (Corpo de Mu-

las de Sião), mais tarde conhecido como

a Legião Judaica, e que lutou contra os

turcos em Galípoli. Os judeus da Palesti-

na temiam que, depois dos armênios, se-

riam os próximos e por esta razão tece-

ram a rede de espionagem Nili para aju-

dar o esforço de guerra britânico.

Eitan Belkind, por exemplo, infi ltrou-

se no exército turco, atuou no Estado-

Maior de Jamal Paxá e testemunhou o

massacre de cinco mil armênios. Mais

tarde, o irmão de Eitan foi enforcado

pelos turcos acusado de ser espião da

Nili. Em novembro de 1915 Sarah Aa-

ronsohn viajou de trem e carroça da Tur-

quia para a Palestina para se fi xar em Zi-

chron Yaakov e no caminho viu as atro-

cidades cometidas contra os armênios.

Em 1916, ela juntou-se ao irmão Aharon

Aaronsohn, conhecido agrônomo, para

formar a rede de espiões Nili. Em outubro

de 1917 Sarah foi presa e torturada pelos

turcos em Zichron Yaakov mesmo, mas

se suicidiou para não entregar informa-

ções. Na época, os britânicos se dirigiam

ao norte do Sinai e pressionavam os tur-

cos ao longo da linha Gaza-Be’er Sheva.

Em suas memórias Aharon escreveu

que “a ordem turca de confi scar nos-

sas armas era um mau sinal porque fi -

zeram o mesmo com os armênios antes

de massacrá-los, e temíamos que o nos-

so povo enfrentasse o mesmo destino”.

general alemão.indd 84 22/11/2012 18:05:29

HEBRAICA | DEZ | 2012

85

Eis uma descrição da crueldade do comandante Hassan

Bey, de Jafa, em 1914: “De uma hora para outra, teve a ideia

de convocar respeitáveis chefes de família para um encontro

depois da meia-noite... E o pedido para trazerem algum ob-

jeto de casa, que lhe havia agradado. A cada convite desses

todo chefe de família deveria temer prisões aleatórias, insul-

tos, torturas e agressões”.

Prenúncio de genocídio?Um dos atos mais terríveis perpetrado pelos turcos foi a re-

pentina expulsão dos judeus de Jafa, em abril de 1917, véspe-

ra de Pessach. Foram expulsos entre cinco mil e dez mil judeus

e coube ao ishuv [a comunidade judaica] da Galileia e de Jeru-

salém abrigar muitos refugiados. No entanto, a combinação de

bloqueio da ajuda fi nanceira judaica estrangeira com uma pra-

ga de gafanhotos matou cerca de 20% da população judaica de

Jaffa por fome e doença.

Segundo o historiador alemão Michael Hesemann, “o coman-

dante turco Jamal Paxá, responsável pelo genocídio armênio,

ameaçou os colonos judeus sionistas. Em Jafa, mais de oito mil

judeus foram forçados a deixar as casas, saqueadas pelos turcos,

que enforcaram dois judeus em frente à porta da cidade e deixa-

ram dezenas de pessoas mortas na praia. Em março, de acordo

com a agência de notícias Reuters a ‘expulsão em massa de ju-

deus poderia levar ao mesmo destino dos armênios’”.

Em 1921, um representante da Palestina relatou ao XII Con-

gresso Sionista no painel “Palestina durante a Guerra”: “Em Je-

rusalém [aparentemente em 1917] dezenas de crianças passa-

vam fome nas ruas. Centenas de pessoas morriam toda sema-

na de tifo e cólera, e não se organizou nenhum auxílio médico

adequado... A falta de organização matou uma parcela consi-

derável da população de Jerusalém. Quando o exército inglês

capturou Jerusalém havia mais de 2.700 órfãos. Em Safed as

condições eram semelhantes ou talvez piores que as de Jerusa-

lém com uma taxa de mortalidade assustadoramene alta que

no fi m da guerra deixou quinhentos órfãos”.

Vários relatos confi rmam que ofi ciais

e diplomatas alemães salvaram os ju-

deus da fúria otomana antes de os britâ-

nicos conquistarem a Palestina, entre o

fi nal de 1917 e começo de 1918. O rela-

tório do Congresso Sionista diz que “du-

rante a permanência no país os funcio-

nários consulares estrangeiros estavam

sempre prontos a ajudar, e prestaram

serviços valiosos ao ishuv. Principal-

mente o vice-cônsul alemão, Schabiner,

em Haifa... A população judaica também

se benefi ciou com a presença do chefe

da missão militar alemã, o coronel Kress

van Kressenstein, que em várias ocasi-

ões interferiu em favor dos judeus”.

Para Holger Affl erbach, professor da

Universidade de Leeds e biógrafo de

Falkenhayn, o general “supervisiona-

va a aplicação das medidas turcas con-

tra os colonos judeus acusados de alta

traição e de colaboração com os ingle-

ses mas de modo a que essas medidas

não fossem duras. Jamal Paxá falava em

evacuação de todos os colonos judeus

na Palestina. As comparações com o

início do genocídio armênio são eviden-

tes. Tudo começou com as acusações

turcas de que os armênios colaboravam

com os russos, e, por isso, os otomanos

decidiram transportar todos os armê-

nios para outra parte do Império, longe

da fronteira. E isso determinou a mor-

te dos armênios. Como em fi ns de 1917

a Palestina era geopoliticamente muito

importante, algo muito semelhante po-

O GENERAL ERICH

VON FALKENHAYN

(À DIREITA) E DESCENDO

AS ESCADARIAS DO

MONTE DO TEMPLO

COM OFICIAIS

OTOMANOS

>>

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magazine > império otomano

86

deria ter acontecido com os colonos judeus”.

“Assim, o papel de Falkenhayn foi crucial”, explicou Affl er-

bach. “Em novembro de 1917 o ofi cial alemão sabia de casos

isolados de cooperação entre ingleses e alguns radicais judeus,

mas (para ele) seria injusto punir comunidades judaicas in-

teiras que nenhuma relação tinham com isso. Portanto, nada

aconteceu aos assentamentos judaicos, e apenas Jaffa foi eva-

cuada, e por Jamal Paxá.”

O historiador alemão Hesemann cita o chefe do Escritório

Sionista em Jerusalém Jacob Thon, que em 1917 escreveu: “Foi

sorte o general von Falkenhayn estar no comando nos dias crí-

ticos, pois Jamal Paxá – como sempe dizia – teria expulsado

toda a população (judaica) e transformado o país em ruínas...”

O biógrafo Affl erbach conta que Falkenhayn não morria

de amores pelos judeus, afi nal “ele era um típico ofi cial do

kaiser Guilherme e não estava livre de alguns preconceitos

contra os judeus, mas o que conta é ter salvado milhares de

vidas judias”.

Se é assim, por que nunca se ouviu falar de Falkenhayn e do

papel que desempenhou na proteção dos judeus da Palestina?

Affl erbach: “A atuação dele foi esquecida porque Falkenhayn

impediu ações dos otomanos que poderiam ter resultado em

genocídio... Durante décadas não se discutiu o incidente, reto-

mado somente nos anos 1960, quando os estudiosos começa-

ram a se lembrar”.

* O escritor foi diplomata israelense sênior em Washing-

ton. Hoje, é consultor de relações públicas e publica o

http://www.israeldailypicture.com/

De acordo com fontes turcas, ha-

via tensão considerável entre Jamal

Paxá e Falkenhayn, como este relato

no texto em inglês Turkey in the First

World War (“A Turquia na Primeira

Guerra Mundial”):

“O ataque britânico a Jerusalém

começou em 8 de dezembro. A cida-

de foi defendida pelo Corpo XX, co-

mandado por Fuad Ali Paxá. (Mas

Falkenhayn não enviou reforços para

Jerusalém, temeroso de que as relí-

quias e os lugares santos fossem da-

nifi cados pelas intensas lutas). Após

a retirada de Jerusalém, Fuad Ali

Paxá telegrafou a Jamal Paxá: ‘Des-

de o meu primeiro dia comandan-

do a defesa de Jerusalém não rece-

bi nenhum apoio, exceto de um re-

gimento de cavalaria... Os britâni-

cos, benefi ciários do cansaço dos

meus pobres soldados, invadiram

a bela cidade de Jerusalém. Acredi-

to que a responsabilidade deste de-

sastre recai completamente sobre

Falkenhayn!’ Falkenhayn culpou von

Kressenstein e seu chefe do Estado-

Maior... Crescia o descontentamen-

to com os conselhos e o comando do

general Falkenhayn. Sua incapaci-

dade resultou na perda da linha Ga-

za-Beersheva e a recusa em enviar

reforços resultou na perda de Jeru-

salém... Enver Paxá também estava

perdendo a paciência, e em 24 de fe-

vereiro de 1918 ,trocou Falkenhayn.”

Eis a ironia das ironias. Os judeus

da Palestina devem sua sobrevivên-

cia durante a Primeira Guerra Mun-

dial a um ofi cial do exército alemão.

Portanto, as fundações do futuro Es-

tado de Israel foram estabelecidas

graças a Falkenhayn. Passados 25

anos, o exército alemão promoveria

o genocídio dos judeus da Europa, e

isto sugere, em última análise, que

os sobreviventes do genocídio nazis-

ta viriam a se abrigar no legado de

Falkenhayn.

A ironia das ironias

>>COM O GENERAL

OTOMANO JAMAL

PAXÁ (À DIREITA,

NO CARRO) QUE

PRETENDIA EXPULSAR

OS JUDEUS E ARRASAR

A PALESTINA

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Page 45: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > viagem | por Bernardo Lerer, em Havana

88

A Cuba dos judeusANTES DA REVOLUÇÃO QUE DERRUBOU FULGENCIO BAPTISTA, ELES ERAM DEZENOVE MIL. HOJE, CUBA

ABRIGA CERCA DE 1.300 JUDEUS NAS SINAGOGAS QUE CONCENTRAM AS ATIVIDADES COMUNITÁRIAS

A té onde o dinheiro pode

permitir num país de

tantas carências e sa-

lário mensal médio

de vinte dólares, o governo cuba-

no reconstrói e aos poucos devolve

o aspecto original de três quadras

de Habana Vieja, de ruas estrei-

tas e pavimento de paralelepípe-

dos. Uma barbearia na esquina, a

alfaiataria quase ao lado, a ofi cina

de um antigo sapateiro e uma anti-

ga ofi cina de roupas já estão quase

como eram, quando surgiram, em

meados de 1930.

Aquela área pode ser considerada

uma exceção em Havana, pois são

raros os trabalhos de restauração em

outros locais, e quase não chama a

atenção dos milhares de turistas que

visitam Cuba o ano todo, passam al-

guns dias na capital e os outros pas-

seando pela vasta ilha de quase

1.300 quilômetros de comprimento,

de preferência nos balneários que a

iniciativa privada construiu em so-

ciedade com o governo em Varadero

e Caio Largo, por exemplo.

No outro lado dessa esquina, um

velho e fantástico edifício de dois pa-

vimentos foi adaptado para hotel. É

uma parceria de empresários espa-

nhóis com o Estado cubano, que pro-

pôs dar-lhe o nome de Raquel.

O umbral direito de uma porta

toda trabalhada ostenta uma mezu-

zá. O barman mulato de nome Wes-

ley, assim registrado para facilitar

uma possível imigração, rezava com

fervor no ofício de Shabat, na véspe-

ra, na sinagoga ortodoxa de Havana.

O porteiro e também segurança,

NONONON ONONONONOONO ONONONOONONOO ONO NON

PORTA DE ENTRADA DO HOTEL RAQUEL, EM HAVANA, COM A MEZUZÁ

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HEBRAICA | DEZ | 2012

89

um negro já idoso, conta tudo a respeito do hotel, e começa

pela mezuzá, explicando que os judeus isso, os judeus aqui-

lo, e que os apartamentos do primeiro andar têm nomes de

personagens bíblicos e os do segundo de cidades de Israel.

Todos com mezuzot. As refeições do hotel não contêm carne

de boi ou porco, nem frutos do mar. A cozinha só não é vege-

tariana porque serve carne de aves.

– Queremos atrair os judeus de todo o mundo, diz Rafael, o

porteiro, iniciando um discurso político que resvala na possi-

bilidade de, reeleito, Barack Obama suspender ou amenizar o

embargo a Cuba, ao qual a maioria dos judeus norte-america-

nos, aliás, é contrária. Precisamos estar preparados para isso,

afi rma, enquanto abre a porta pantográfi ca do velho e minús-

culo elevador no topo do edifício de onde se avista a Havana

que dá para o mar.

– Não é uma beleza? pergunta e responde justamente orgu-

lhoso.

No entanto, a liderança da pequena comunidade judaica de

Cuba, estimada em cerca de 1.300 pessoas, das dezenove mil

que havia antes da revolução, não acredita na iminência do

fi m do embargo e, por conseqüência, num grande afl uxo de ju-

deus norte-americanos. Eles temem que esta perspectiva seja

capaz de afrouxar os grandes esforços que fazem para juntar

os judeus de Cuba em torno de atividades comunitárias que se

realizam principalmente nas sinagogas.

– Aqui é o contrário do que ocorre nos outros países, onde

os pais levam os fi lhos. Aqui os fi lhos trazem os pais às ativi-

dades que se realizam nos grandes espaços das duas princi-

pais sinagogas de Havana, conta Adela Dworin, a presiden-

te do Patronato Hebreu de Cuba, feliz com a sinagoga lotada

em uma noite de Shabat, cujos ofícios foram conduzidos por

três jovens, dos quais duas estavam cobertas com um talit e

cantavam com precisão, correta entonação e perfeitos acen-

tos nas palavras. Todos acompanhavam a partir de livros de

oração transliterados e traduzidos para o espanhol, com o ca-

rimbo da generosidade de judeus da Argentina. Depois, se-

guiu-se um animado kidush com suco artifi cial de frutas em

vez de vinho e um bem fornido prato de arroz com feijão e

uma espécie de purê. Nas quatro enormes mesas gente de to-

das as idades, pessoas de todas as cores.

Naquele Shabat do começo de outubro, o assunto mais

discutido era o trecho de um boletim editado pelo Chabad

Lubavitch do Canadá, cujo espírito condenava os casamen-

tos mistos ou interraciais, seja lá o nome que se queira atri-

buir à união entre judeus e gentios cubanos. Assim que se

concluiu a liturgia da data, o primeiro vice-presidente do Pa-

tronato, David Prinstein Señorans, assomou ao púlpito da si-

nagoga, leu o referido trecho e ao fi nal de cada parágrafo fa-

zia um comentário, cujo teor e ênfase revelavam toda sua in-

dignação.

“Em nome do que fazem isso”, perguntou um jovem, pou-

co depois, fi lho de pai judeu e mãe não judia que se conver-

teu e que participa intensamente das atividades comunitá-

rias. A própria mulher de David, Marle-

ne, é uma judia convertida e responsá-

vel pelas harkadot (danças israelenses)

da instituição e que já se apresentou no

México e em Israel.

“Quando nós os convidamos para

mandar um rabino para cá se recusa-

ram, não sabemos em nome do quê”,

disse dando um ar de reprovação àquilo

que chamou de “intromissão indevida”.

Este rabino não veio, mas todos os anos,

em Rosh Hashaná e Iom Kipur, e em Pes-

sach, um rabino chileno é recebido com

todas as honras e a custo zero. Um pre-

sente da comunidade chilena.

Adela e David mudam de assunto

quando o tema envereda para a possi-

bilidade de uma mudança de rumos nas

relações Cuba-Estados Unidos se Barack

Obama for reeleito – como efetivamente

foi. Eles também não comentam se algo

poderá se alterar depois que Fidel mor-

rer e Raúl Castro deixar a presidência,

seja por que razão for.

“Nós não nos envolvemos com isso”,

dizem. Eles bem sabem que a resistên-

cia à normalização das relações entre os

dois países é das famílias cubanas e seus

descendentes que deixaram a ilha e seus

privilégios depois da revolução.

“Tanto Fidel como Raúl nos visitaram

e temos fotos deles aqui, algumas nas

cerimônias de Chanuká. Até perguntei

ao presidente Fidel por que não visitou

antes e ele respondeu: ‘Nunca fui con-

vidado’.” Aliás, um dos argumentos de

Adela para Fidel participar da cerimô-

nia foi uma curta explicação: “É a festa

comemorativa da revolução dos judeus”.

Isso ocorreu durante uma reunião de lí-

deres religiosos meses depois da visita

do papa João Paulo II, em 1998.

Na noite em que a reportagem da re-

vista Hebraica estava presente, as aten-

ções se voltaram para um casal: ele,

branco e judeu; ela, negra, alta, bonita

e sorridente, informando a todos a imi-

nência da sua conversão. A curiosidade

não estava no contraste, mas no fato de

nunca a terem visto por lá.

“De certa forma os casamentos mis-

tos representam a sobrevivência da co-

munidade”, escrevem estudiosos norte-

Naquele

Shabat do

começo de

outubro, o

assunto mais

discutido era

o trecho de

um boletim

editado pelo

Chabad

Lubavitch

do Canadá,

cujo espírito

condenava os

casamentos

mistos ou

interraciais,

seja lá o nome

que se queira

atribuir à

união entre

judeus e

gentios

cubanos

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magazine > viagem

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americanos judeus, aos quais o governo

dos Estados Unidos permite visitar a ilha

em nome dos interesses acadêmicos.

Não fosse assim, a comunidade já teria

desaparecido pois faltariam judeus até

para uniões consanguíneas.

Desde o século 16Os primeiros judeus a desembarcar em

Cuba devem ter sido aqueles que as cir-

cunstâncias obrigaram a integrar tripula-

ções de barcos espanhóis nos séculos 16,

17 e 18, período em que uma das muitas

penas da Inquisição era o degredo para

terras desconhecidas.

De fato, consta que os judeus Luís de

Torres estava embarcado no Santa Ma-

ria, Juan de Cabrera em La Pinta e Rodri-

go de Triana, no La Nina. Os três eram

marranos. Outro judeu, Francisco Gó-

mez de Leon, foi preso, condenado e

executado pela Inquisição em Cartage-

na, na Colômbia, e sua imensa fortuna

confi scada pela coroa espanhola.

Até mesmo alguns judeus que fugiram

do Recife, no século 17, quando os ho-

landeses foram expulsos, teriam se esta-

belecido em Cuba. Da mesma forma, ju-

deus que deixaram as Antilhas Holande-

sas em meados do século 19 foram para

a ilha e lutaram ao lado do herói cubano

José Martí, nas guerras pela independên-

cia em 1898, nas quais os Estados Uni-

dos se envolveram enviando uma for-

ça expedicionária, da qual teriam parti-

cipado centenas de soldados judeus al-

guns dos quais decidiram se fi xar em

Cuba. O objetivo do governo norte-ame-

ricano era estimular os empresários a

criar negócios na ilha e controlá-los des-

de os Estados Unidos, garantindo, desta

forma, o fornecimento de matérias-pri-

mas, como açúcar e tabaco.

Oito anos depois do fi nal da guerra,

em 1906, onze destes judeus fundaram a

primeira sinagoga com o nome de Con-

gregação Hebraica Unida (United He-

brew Congregation). Era uma sinagoga

reformista que realizava os ofícios em in-

glês. Historicamente é considerado o iní-

cio da comunidade judaica de Cuba. Os

judeus logo se interessaram pelo comér-

cio de cana-de-açúcar e embora não fos-

sem agricultores descobriram métodos de melhorar a produ-

ção de tabaco.

Os acadêmicos norte-americanos que se especializaram no

estudo do judaísmo em Cuba assinalam que o fato de os sefa-

radim terem “uma cor de pele escura” e falarem uma língua

derivada do espanhol os fazia parecer mais próximos dos na-

tivos da ilha do que os ashkenazim que chegaram anos de-

pois. De todo modo, muitos sefaradim e ashkenazim desem-

barcaram impregnados das ideias socialistas que vicejavam

nas primeiras décadas do século passado, o que explica o

fato de vários deles terem sido os fundadores do Partido Co-

munista de Cuba.

A onda seguinte de imigração para Cuba e países da Amé-

rica Latina ocorreu nos anos 1920 em razão de os Estados

Unidos terem restringido a imigração por meio de uma lei

de 1921 que estabelecia quotas de imigração. Desta forma,

os judeus aportavam nestes países com a esperança de, em

seguida, numa operação triangular, poderem desembarcar

nos EUA.

Como se sabe, a maioria dos judeus acabou fi cando por es-

ses países, o Brasil incluído, onde formaram grandes e prós-

peras comunidades. Em Cuba, os imigrantes se fi xaram pri-

mordialmente em Havana e depois se espalharam pelas pro-

víncias de Santa Clara, Camaguey, Santiago de Cuba, Matan-

zas, Guantánamo, Cienfuegos, Caibarien e Sanctu Spiritu. A

A PRESIDENTE DA

COMUNIDAD HEBREA

DE CUBA ADELA

DWORIN NUNCA FOI

CONVIDADA A VISITAR

ISRAEL

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última onda de imigrantes judeus ocor-

reu na década de 1930 quando o nazis-

mo tomou o poder e a cada mês cerca

de quinhentos judeus da Alemanha de-

sembarcavam em Cuba mas não per-

maneciam lá e partiam para os Estados

Unidos. Nesta época já havia número

sufi ciente para constituir o Comitê Ju-

daico Central e acolher os judeus e to-

das as origens.

O Saint LouisEsta imigração cessou em 1939 no famo-

so episódio do navio Saint Louis trans-

portando centenas de judeus refugiados

da Europa e aos quais não se permitiu

desembarcar em Havana. Em junho da-

quele ano o navio fi cou dias ao largo do

porto enquanto em Havana, Washing-

ton, Nova York e Berlim se negociava o

desembarque deles.

Prevaleceram as manobras de agen-

tes nazistas em Cuba com setores ra-

dicais de direita do governo e a Igreja,

o navio voltou para a Europa, a maio-

ria dos passageiros foi presa e mandada

para campos de concentração. A imi-

gração foi retomada por um pequeno

número de judeus de Antuérpia que es-

caparam ao cerco nazista na Bélgica e

começaram um próspero negócio de la-

pidação, embora Cuba não tenha minas

de diamantes.

No fi nal da guerra havia um núme-

ro indefi nido entre dez mil e doze mil

judeus na ilha para os quais a religião

só existia em Pessach e Rosh Hashaná,

eventos que motivaram a construção

de sinagogas em quase todas as cidades

onde havia um número razoável de famí-

lias capaz de sustentar uma comunidade.

Nos anos 1950, além de grande forne-

cedor de produtos primários como ca-

na-de-açúcar, Cuba também se tornou

um gigantesco cassino retratado em fi l-

mes e musicais norte-americanos. Além

de constituir grandes empresas em

Cuba, os judeus também foram empre-

sários de jogos e o mais conhecido de-

les foi Meier Lanski, famoso operador

fi nanceiro da máfi a e do jogo, retrata-

do em O Poderoso Chefão II, interpreta-

do pelo ator Lee Strasberg, fundador do

Muitos

sefaradim e

ashkenazim desembar-

caram

impregnados

das ideias

socialistas

que vicejavam

nas primeiras

décadas

do século

passado, o que

explica o fato

de vários deles

terem sido os

fundadores

do Partido

Comunista

de Cuba

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ANOS ANTES FIDEL VISITOU O MESMO LOCAL, COMO SINAL DE DISTENSÃO

OFÍCIO DE SHABAT NA SINAGOGA DA COMUNIDAD HEBREA DE CUBA

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O PRESIDENTE DE CUBA RAÚL CASTRO FOI À SINAGOGA ACENDER UMA VELA DE CHANUKÁ

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magazine > viagem

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Actor’s Studio, de Nova York.

A revolução de 1959 pôs fi m a tudo

isso com a expropriação e nacionaliza-

ção de empresas, muitas delas de ju-

deus que deixaram o país, entre 1960

e 1963, a maioria em direção aos Esta-

dos Unidos, e um pequeno grupo para

Israel.

Quando Cuba se aliou à extinta União

Soviética começaram as restrições às

minorias religiosas às quais se negou

acesso aos quadros do Partido Comu-

nista e a determinados cargos governa-

mentais. Apesar disso, mais de uma vez

Fidel Castro deixou claro que não per-

mitiria ataques nem campanhas contra

grupos religiosos, os judeus incluídos.

Durante o período da presença sovi-

ética em Cuba, até 1990, a política ofi -

cial protegia os judeus, e outras mino-

rias, e ao mesmo tempo, hostilizava Is-

rael com quem havia rompido relações

diplomáticas e treinava guerrilheiros

palestinos. Os dois países não têm re-

lações diplomáticas, mas da mesma

O KIDUSH DE SHABAT É UMA GRANDE FESTA COM CHALÁ E PRATOS TÍPICOS DA CULINÁRIA CUBANA

forma que empresários israelenses ensaiaram investir em

Cuba, mais de uma vez Fidel deixou claro que o aeroporto

de Havana está aberto para os judeus que desejarem se jun-

tar aos parentes e amigos, ou a professar sua religião em Is-

rael.

Isso explica porque e como, na segunda metade dos anos

1990, cerca de quatrocentos judeus de Cuba tiveram permis-

são para imigrar para Israel, num processo que as teorias

conspiratórias dizem ter sido uma operação secreta entre os

dois países, mas a respeito da qual se falava abertamente em

Havana.

Nos primeiros dias de outubro, Raúl Viegas, de 70 anos, cur-

tido na guerra de Angola, para onde Fidel enviou uma força ex-

pedicionária, em 1975, anunciava em uma das duas sinagogas

de Havana:

– No começo de novembro vou para Israel. Toda minha fa-

mília já mora em Eilat, fi quei sozinho aqui. Eles foram saindo

aos poucos daqui e estão muito bem estabelecidos lá.

– E não querem imigrar para os Estados Unidos?, perguntou

um turista.

– Não, nem eles e nenhum daqueles que se foram na década

de 1990. Seria uma traição a Cuba. Uma deslealdade na condi-

ção de cubanos e de judeus, respondeu.

* O jornalista viajou a convite da operadora MMT- Gapnet

No fi nal da guerra havia entre dez mil

e doze mil judeus na ilha para os quais a religião só existia em Pessach e

Rosh Hashaná, eventos que motivaram a construção de sinagogas em quase todas as cidades onde havia um número razoável de

famílias

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O treinador de futebol do lendário clube britâni-

co Liverpool FC, Bill Shankly, é sempre citado

porque teria supostamente dito: “O futebol não é

uma questão de vida e morte, é mais importante

do que isso”. A frase não é dele, mas, em relação ao Holocaus-

to, até essa brincadeira soa vazia. No entanto o fanatismo da

torcida e o papel central do futebol na cultura, podem suge-

rir um enfoque privilegiado por meio do qual se vê a vida e

a morte, a guerra e a paz.Simon Kuper que escreveu Soccer Against the Enemy: How the World’s Most Popular Sport Starts and Fuels Revolutions and Keeps Dictators in Power (“O Fute-

bol contra o Inimigo: como o Esporte mais Popular do Mundo

Começa e Alimenta Revoluções e Mantém Ditadores no Po-

der”), é um especialista mundial em cruzar e combinar fute-

bol com cultura e política. Seu livro recém-relançado Ajax, the Dutch, the War (“Ajax, os Holandeses, a Guerra”) é uma re-

avaliação do papel holandês no Holocausto, a começar pelo

surpreendente silêncio do maior clube de futebol do país, o

Ajax, quanto ao seu papel durante a ocupação nazista.

O Holocausto é um assunto que atrai escritores pelas mes-

mas razões que os fi lmes da Segunda Guerra Mundial apelam

aos diretores de cinema: os maus são muito maus, e os bons

não precisam se justifi car. Todavia, neste livro, Kuper, criado

como judeu na Holanda, vai por outro caminho. Ele nos faz re-

avaliar e repensar a respeito do povo holandês como o espec-

tador inocente e que ajudou Anne Frank. Usando a força de co-

esão dos clubes de futebol e, especialmente, a do Ajax – popu-

larmente conhecido como o clube “judeu” –, ele investiga quão

goed (“bons”) os holandeses realmente foram.Em oposição à

percepção geral da tolerância holandesa e do seu caráter pro-

gressista (amigáveis com os turistas, maconha em coffee shops

e o famoso Distrito da Luz Vermelha de Amsterdã), há um fato

atroz, e estranho, segundo Kuper: “Cerca de três quartos dos

judeus da Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em

toda a Europa, apenas a Polônia perdeu uma proporção maior

de judeus”. Até mesmo Anne Frank provavelmente tenha sido

morta por obra de um informante holandês.

Como o Amsterdamsche Football Club Ajax – e, por exten-

são, talvez, toda a nação holandesa – trata a evidência de ter

sido fout (“errado”) com a sua própria autopercepção? E se,

como mostra A Destruição dos Judeus Europeus, de Raul Hil-

berg, 120.000 de 140.000 judeus holandeses morreram duran-

te a guerrta, por que Israel e o mundo de língua inglesa ainda

amam os holandeses?

Kuper perguntou isso ao Ajax, por ser o maior e mais bem-

sucedido dos times holandeses e também porque os seus fãs

se referem a si mesmos como “judeus” e agitam Estrelas de Da-

vid em jogos. Os torcedores de times rivais, principalmente

os do Feyenoord, de Roterdã, cantam músicas anti-Ajax, mui-

tas vezes de tendência antissemita. Ainda mais preocupante,

os torcedores do Feyenoord imitam o silvo provocado pelo gás

das câmaras da morte. Mas o Ajax, que está localizado perto

da área onde agora já não moram tantos judeus, como no perí-

Segundo Simon Kuper, “cerca de três quartos dos judeus da

Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em

toda a Europa, apenas a Polônia

perdeu uma proporção maior de judeus”

>>

odo pré-guerra, ofi cialmente não se ma-

nifesta a respeito das ligações judaicas

atuais e históricas, bem como acerca das

suas ações durante a ocupação. A pes-

quisa de Kuper encontrou uma mistura

de vergonha e ignorância ofi cialmente

encorajada tanto acerca do caráter judai-

co do clube e sua concordância à nazifi -

cação da sociedade holandesa durante a

ocupação. Embora não se limite ao Ajax

ou até mesmo à Holanda, é a forma pe-

culiar do arranjo social desse país que

fascina Kuper. Pertencer a um clube –

muitas vezes um clube de futebol – era

uma forma primária de fi liação.

Embora pudesse haver outras lealda-

des (religião, classe, localização), a de-

dicação ao clube costumava superá-las.

Isso fez com que os decretos alemães que

proibiam a fi liação de judeus aos clubes

fossem tão odiosos, e a reação dos clubes

a essas regras mais que reveladora.

Nem aí para as deportaçõesÀ medida em que a guerra na Europa se

alastrava, o futebol continuava. Em 22

de junho de 1941, dia em que a Alema-

nha invadiu a União Soviética, portanto

um momento evidentemente crucial na

guerra, noventa mil pessoas assistiam

à fi nal do campeonato alemão em Ber-

lim. Kuper pergunta: “O que e no que es-

tas pessoas estavam pensando?” A par-

tir da fascinante pesquisa de documen-

tos ofi ciais e atas das reuniões de clubes

de futebol durante a guerra – o Ajax não

lhe permitiu acesso aos papéis –, Kuper

é capaz de mostrar como as leis da ocu-

pação foram ignoradas pelo regimento

interno do clube.

O Sparta Rotterdam parece não ter se

desfeito de nenhum papel e, desta for-

ma, Kuper mostra como “colaborado-

res, judeus e pessoas comuns, levando a

vida como se nada tivesse acontecendo,

formam um microcosmo da guerra ho-

landesa”. Kuper viaja para Gorcum, uma

cidade afastada de Amsterdã, onde des-

cobriu que o Unitas, clube local, resistiu

aos nazistas mais porque esses estavam

em desacordo com o estatuto social do

clube. No caso do Ajax, o autor mostra

como os numerosos judeus, jogadores,

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > antissemitismo | por Dan Friedman

94

O Ajax de AmsterdãO Ajax de Amsterdãdurante o Holocaustodurante o Holocausto

SE, COMO MOSTRA SE, COMO MOSTRA A DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS EUROPEUSA DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS EUROPEUS, DE RAUL HILBERG, , DE RAUL HILBERG, 120.000 DE 140.000 JUDEUS HOLANDESES MORRERAM DURANTE A GUERRTA, POR QUE 120.000 DE 140.000 JUDEUS HOLANDESES MORRERAM DURANTE A GUERRTA, POR QUE

ISRAEL E O MUNDO DE LÍNGUA INGLESA AINDA AMAM OS HOLANDESES?ISRAEL E O MUNDO DE LÍNGUA INGLESA AINDA AMAM OS HOLANDESES?

JOHANN CRUIJFF FOI MAIOR JOGADOR HOLANDÊS, VISITOU ISRAEL ONDE MORA A IRMÃ E FOI RECEBIDO COM ENTUSIASMO

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Page 49: Revista Hebraica - Dezembro

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > antissemitismo

96

torcedores e funcionários, bem como o

seu fi sioterapeuta judeu sobrevivente,

Salo Muller, são todos excluídos da his-

tória ofi cial porque é mais fácil fi ngir que

o envolvimento judeu com o clube é um

mito e que as ações do clube na guerra

foram goed (“boas”) do que contar a com-

plexa história de um confl ito. Fora da

Holanda, o poder de uma narrativa sim-

ples é mais evidente. Em Israel é conhe-

cido o envolvimento judaico do Ajax: a

irmã do maior jogador do Ajax, Johann

Cruijff, casou com um judeu, e Cruijff vi-

sitou Israel recebido com grande festa e

declarações de amor recíproco.

Para uma geração da comunidade

mundial do futebol, a fi nal da Copa de

1974, quando os alemães derrotaram

a fl uida e popular equipe holandesa, os

holandeses eram os “antialemães”. Para

os estrangeiros que não têm conheci-

mento da culpa dos holandeses em tem-

po de guerra, muitos dos quais incons-

cientes do racismo incluído na língua

holandesa nos últimos anos, é fácil pen-

sar nos holandeses como o contrário dos

alemães e, como também têm uma famí-

lia real, confundi-los com os dinamar-

queses. É fácil, parece não fazer diferença, mas está errado.

Futebol na veiaKuper nunca esteve em tanta evidência. Além de ser o persona-

gem “Simon”, no best-seller da sua mulher Pamela Druckerman

Bringing Up Bébé (“Criando um Bebê à Moda Francesa”), as far-

tamente noticiadas ligações da primavera árabe no Egito com as

torcidas organizadas de futebol daquele país fazem o seu livro

anterior parecer premonitório. Além disso, entre o lançamento

de Ajax nos Estados Unidos, e agora, Kuper foi o coautor, com o

economista de esportes Stefan Szymanski, da versão adaptada

ao futebol de “Moneyball”. E, por razões que descreve em Soc-cernomics, o futebol, especialmente o europeu, é cada vez mais

importante para os telespectadores americanos. O texto fi nal de

Kuper explica como a sociedade holandesa iniciou o processo

de desestruturação no século 21 e em vez de essa sociedade se

identifi car com aqueles que ajudaram Anne Frank, ou com as ví-

timas da ocupação nazista, os holandeses deixaram a mentali-

dade pós-guerra completamente para trás.

Kuper cita Ian Buruma em seu livro a respeito do funeral de

Pim Fortuyn (político de direita assassinado em 2002), Murder in Amsterdam (“Assassinato em Amsterdã”): “Os habitantes de Ro-

terdã se orgulham de serem muito trabalhadores, o sal da terra,

o tipo durão. Para eles Amsterdã tem uma imagem piegas de tra-

paceiros urbanos, esnobes e cosmopolitas esquisitos”. Kuper co-

menta: “Talvez os torcedores do Feyenoord viessem a acrescen-

tar a esses trapaceiros, esnobes e esquisitos a palavra ‘judeus’”.

Com o advento de políticos populistas de direita como Fortuyn e

Geert Wilders, o racismo casual, o sentimento anti-imigrante e a

retórica antissemita tornaram-se onipresentes na cultura holan-

desa – e, cada vez mais, em toda a Europa. Como as memórias

do Holocausto vêm se tornando cada vez mais tênues, a compre-

ensão dos horrores do racismo europeu fi ca mais restrita aos in-

teressados em história. Em vez de bradar contra a intolerância,

o presidente do Ajax sugere que os torcedores parem de se cha-

mar de “judeus”. Ajax pode tomar como ponto de partida o fute-

bol e a sociedade holandesa, mas é a história de alguém de fora

tentando entender as pessoas com as quais convive – e procu-

rando esclarecer a parte mais difícil da história recente. É uma

história a respeito das narrativas convenientes que os cidadãos

contam acerca dos seus lares, e que os grupos contam de si mes-

mos e outros grupos.

A obra é, em resumo, sobre a ignorância, as mentiras e as meias

verdades que se misturam com fatos no processo de fi liação a gru-

pos, e que crescem nos fornos do nacionalismo e das rivalidades

do futebol. E os fornos da Europa preocupam tanto agora quanto

em qualquer momento dos últimos setenta anos.

Ajax, the Dutch, the War: The Strange Tale of Soccer During

Europe’s Darkest Hour (“Ajax, os Holandeses, a Guerra: A Es-

tranha História de Futebol Durante a Hora mais Sombria da

Europa”), de Simon Kuper Nation Books, 257 páginas, US$15.99

* Dan Friedman é o editor-chefe da Forward

Simon Kuper mostra como

“colabora-dores, judeus

e pessoas comuns,

levando a vida como se nada tivesse acontecendo, formam um microcosmo

da guerra holandesa”

>>

SIMON KUPER ESPECIALIZOU-SE EM ESTUDAR FUTEBOL E POLÍTICA, E ESTE, O COMPORTAMENTO DO CLUBE NO HOLOCAUSTO

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Page 50: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | NOV | 2011

magazine > cinema | por Julio Nobre

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Assim nasce um grande filme

A XXX BIENAL DE SÃO PAULO PROPORCIONOU A OPORTUNIDADE DE CONHECER DE PERTO O AMBICIOSO PROJETO DE RETRATAR A SOCIEDADE ALEMÃ, EMPREENDIDO POR AUGUST SANDER EM 614 FOTOGRAFIAS QUE INSPIRARAM O FILME A FITA BRANCA (2009), DE MICHAEL HANEKE

O início do fi lme A Fita Branca, de Michael Ha-

neke, nascido na Ba-

viera em 1942, lembra

as narrativas clássicas do romance

do século 19: “Eu não sei se a histó-

ria que vou contar é totalmente verí-

dica. Fiquei sabendo de partes dela

por rumores. Quero contar os fatos

estranhos que aconteceram na nossa

aldeia. Talvez eles possam esclare-

cer uma série de acontecimentos que

sucederam neste país”.

O narrador, que também é o pro-

fessor da aldeia, passa então a relatar

uma sequência bizarra de atos anôni-

mos de violência: uma armadilha con-

tra o médico, o espancamento do fi lho

do barão, o incêndio criminoso de um

celeiro, a tortura do fi lho defi ciente da

parteira nos meses que antecedem a

eclosão da Primeira Guerra Mundial.

A aldeia é dominada por um clima de

terror e desconfi ança. Afi nal, quem se-

ria capaz de cometer tais atrocidades?

Em todos os núcleos do fi lme, da

casa do humilde agricultor ao palácio

do barão, está presente a fi gura opres-

sora do pater familias. As bofetadas no

rosto das crianças explodem ocasio-

nalmente em todos os lares porque a

violência subjacente às relações “civi-

lizadas” é um tema muito caro a Ha-

neke, como a relação professora/alu-

no e mãe/fi lha no fi lme A Professo-ra de Piano (2001). Também devemos

lembrar de Carta ao Pai, de Franz Ka-

fka, com seu misto de ressentimen-

to, amor, rancor e perplexidade fi liais.

Uma atmosfera de estranhamento pai-

ra sobre a aldeia do começo ao fi m da

história, como nas melhores narrati-

vas kafkianas.

O título do fi lme alude ao costume

de amarrar uma fi ta branca nas crian-

ças como sinal de pureza e, portanto,

não responsáveis por seus atos. Sabe-

mos, que mais tarde, a sociedade ale-

mã pagaria um alto preço por este de-

sejo de “pureza”.

Aos poucos o professor-narrador

assume o papel de investigador, e

as suspeitas recaem sobre um grupo UMA DAS FOTOS EMBLEMÁTICAS DA OBRA DE AUGUST SANDER EXPOSTA NA BIENAL DE SÃO PAULO

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HEBRAICA | NOV | 2011

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de crianças, fi lhas de “famílias respeitáveis”. A investigação

esbarra no pacto de silêncio fi rmado entre elas. Chamam a

atenção do espectador a impassibilidade do rosto das crian-

ças e o olhar inescrutável. No entanto, por baixo da capa de

passividade e obediência, percebe-se nelas o desejo de morte

e violência incontroláveis.

Nesse clima de horror e apreensão ouve-se a notícia do as-

sassinato, em Sarajevo, do sucessor do trono dos Habsburgos;

a Áustria declara guerra à Sérvia e a Alemanha à Rússia. Come-

ça então um dos eventos mais catastrófi cos do século 20, que

vai culminar com a derrota alemã, o caos econômico, a funda-

ção da República de Weimar e a ascensão do nazismo. Estava

encerrado o século 19.

Da maior importânciaA exposição de August Sander (1876-1964) ocupou uma parte

importante do terceiro andar do prédio da Bienal e por seu ta-

manho e complexidade foi muito visitada. As 614 fotografi as

em preto & branco surpreendem pelo apuro estético, pela es-

colha dos sujeitos, pela ambição de retratar uma sociedade em

pleno processo de transformação. Estão lá representadas to-

das as classes, grupos e nichos sociais da Alemanha a partir de

1910, ano em que Sander iniciou o seu projeto. São integrantes

da pequena e alta burguesia, remanescentes da aristocracia,

alto e baixo clero, artistas mambembes, poetas, atores e atri-

zes, artesãos de comunidades urbanas e rurais, famílias nume-

rosas, pequenos agricultores, integrantes da alta, média e bai-

xa burocracia, soldados mutilados na Primeira Guerra, mendi-

gos, cegos, ciganos e uma grande variedade de pessoas à mar-

gem da sociedade alemã.

O conjunto de fotos de Sander – Menschen des 20. Jahrhunderts (“Pessoas do Século 20”) – é um trabalho et-

nográfi co da mais alta importância, só comparado, talvez,

àquele desenvolvido pelo fotógrafo e etnólogo Roman Vish-

niac, que registrou as comunidades judaicas da Europa Cen-

tral e Oriental, da remota Rutênia subcarpática à cosmopo-

lita Cracóvia, um pouco antes de esses

agrupamentos serem varridos do mapa

pelo genocídio nazista.

Também chama a atenção a manei-

ra como as fotografi as de Sander foram

dispostas no prédio da Bienal, numa cla-

ra opção da curadoria de Luís Pérez-Ora-

mas. Como não há nenhuma referência

a datas, locais, profi ssão ou classe so-

cial do retratado, o espectador é lançado

num turbilhão de especulações. Quem

seria? O que pensava? O que aconteceu

com esta pessoa entre 1933 e 1945, perí-

odo mais sombrio da história alemã?

O próprio Sander entrou em confl i-

to com os nazistas. As atividades políti-

cas do fi lho, Eric, foram usadas contra

ele, que teve de interromper o ambicio-

so projeto entre 1933 e 1939, quando se

devotou aos temas do rio Reno e à cida-

de de Colônia. Uma parte do acervo de

Sander foi destruído pelos nazistas. No

período em que fi cou no interior da Ale-

manha, Sander criou um banco de nega-

tivos. Mas o acervo sofreria outro golpe

com o bombardeio aliado contra a Ale-

manha a partir de 1942.

O trabalho de August Sander se inse-

re, entre os muitos “ismos” que pipoca-

vam na Berlim dos anos 1910 e 1920,

no movimento da Neue Sachlichkeit (“nova objetividade”, em alemão). Essa

nova objetividade teve expoentes na

pintura e na fotografi a, caso de Sander,

e se caracterizava por retratar as pesso-

as no meio onde viviam e trabalhavam,

transformando anônimos em tipos mui-

to particulares. Realizada de forma sis-

temática e quase científi ca, a obra de

Sander tem coesão e unidade em ter-

mos sociológicos, fi losófi cos e estéti-

cos, constituindo um dos eixos do fi lme

de Haneke, porque, além da fotografi a,

também inspira o fi gurino e a própria

interpretação dos atores.

Foi muito estimulante ver nesta Bie-

nal, que deu enorme peso ao caráter

poético da fotografi a que se produz hoje

em dia no mundo, um trabalho seminal

que ajudou a criar um grande fi lme.

A Fita Branca, direção de Michael Ha-

neke, drama, p&b, 145 min., Imovision

Realizada de forma

sistemática e quase

científi ca, a obra de Sander

tem coesão e unidade em termos

sociológicos, fi losófi cos e estéticos,

constituindo um dos eixos do fi lme de

Haneke

CAMPO DE REPOLHOS É DESTRUÍDO EM A FITA BRANCA, DE MICHAEL HANEKE

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Page 51: Revista Hebraica - Dezembro

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > a palavra | por Philologos

100

U ma vez me perguntaram: o

valor numérico das letras

hebraicas Yod-Heh-Vav-Heh,

o nome sagrado de Deus,

é 10+5+6+5, ou 26. É igual ao valor nu-

mérico da palavra “God”, pois “g” é a sé-

tima letra do alfabeto, o “o” a 15ª, e o

“d”, a quarta. É isso mesmo ou simples

coincidência?

Acho que a resposta a essa pergunta

depende do que se pensa a respeito da

numerologia como parte da natureza

das coisas ou como uma fantasiosa cria-

ção humana. Como pertenço à segunda

opção, minha resposta é defi nitivamen-

te uma coincidência.

A numerologia é a crença na impor-

tância dos números em contextos não

matemáticos. Exemplo: duas vezes 12

dá como resultado 24, e isso é aritméti-

ca; mas dizer que as 12 tribos e os 12 sig-

nos do Zodíaco representam a missão

cósmica de Israel, isso é numerologia.

A palavra hebraica para numerolo-

gia é gematria, um termo rabínico anti-

go que vem do grego geometria (“a medi-

ção da terra”). Embora possa parecer es-

tranho pensar em geometria como algo

que tem a ver com números, pois para a

maioria das pessoas é a parte da educa-

ção matemática que não nada tem a ver

com eles, isso não valia para os gregos

antigos que, sem ter conhecimento de

álgebra, usavam a geometria para resol-

ver problemas algébricos, introduzindo

números nela.

Os rabinos antigos utilizavam a ge-matria ocasionalmente, em exegeses de

passagens bíblicas, especialmente quan-

to aos valores numéricos das letras do

Gematria, a numerologia judaica

FORA DO SEU CARÁTER PURAMENTE LÚDICO, A NUMEROLOGIA PODE DAR MARGEM A TODO TIPO DE EQUÍVOCOS E EMBUSTES – ATINGINDO

CRÉDULOS E DESAVISADOS – COMO VEMOS NO TEXTO A SEGUIR

alfabeto. Dessa forma, por exemplo, re-

ferindo-se ao versículo em que Jeremias

lamenta a destruição de Jerusalém pe-

los babilônios em 586 antes da Era Co-

mum, “porque vou às montanhas chorar

e prantear, e tomarei o deserto por ha-

bitação... das aves do céu às bestas, to-

dos fugiram”, o sábio rabino Iehuda afi r-

mou que o profeta previu que se passa-

riam 52 anos da destruição de Jerusalém

até a sua restauração pelo rei persa Ciro,

em 534, uma vez que as letras da pala-

vra behemá (“bestas”) totalizam 52, a sa-

ber: Bet = 2, Heh = 5, Mem = 40, Heh = 5).

Um exemplo mais conhecido diz res-

peito ao ditado bíblico “olho por olho,

dente por dente, mão por mão”, segun-

do o qual aparentemente determina que

ferimentos físicos nas mãos de outrem

devam ser compensados por lesão igual

em quem perpetrou. Para justifi car a in-

terpretação deste versículo no sentido de

que em vez disso a compensação deve-

ria ser fi nanceira – isto é, que a Bíblia es-

tava se referindo ao valor monetário de

um olho, não ao olho em si –, os rabinos

observaram que o valor numérico das le-

tras da palavra hebraica para “olho”, ayin

(que é 130) é igual ao das letras de ma-mon, “dinheiro”.

A gematria também poderia ser usada

com objetivos humorísticos. Brincando

com o fato de que as palavras hebraicas

para “vinho”, yain, e “secreto”, sod, têm

os mesmos valores, o Talmud diz: “Quan-

do o vinho entra, os segredos saem” –

isto é, não se deve confi ar naqueles que

se encontram sob a infl uência do álcool

para guardar segredos.

O uso da gematria não começou com os

rabinos, nem mesmo com os gregos. O re-

gistro da sua primeira utilização é na Ba-

bilônia e foi encontrada em uma inscrição

datada do reinado de Sargão II (727-707

antes da Era Comum), informando que

ele construiu o muro da cidade de Khorsa-

bad com 16.283 côvados de comprimento

porque esse era o número corresponden-

te ao das letras do seu nome – em sua for-

ma completa e honorífi ca, que era muito

maior do que a forma usual. Dos babilô-

nios, a gematria chegou aos gregos, que

a chamou isopsepha (“contagem igual”) e

era amplamente empregada para fi ns má-

gicos e ocultistas.

Mas foi no judaísmo medieval que a

gematria foi sistematicamente utiliza-

da em uma grande variedade de objeti-

vos religiosos, desde o raciocínio halá-

chico e a teosofi a cabalística até as espe-

culações messiânicas a respeito de horá-

rios e datas da redenção. O movimento

messiânico sabatiano do século 17, cons-

truído em torno da fi gura supostamente

messiânica de Sabatai Zvi, recorreu re-

petidamente à gematria na tentantiva de

provar que realmente era ele o Reden-

tor. Assim, por exemplo, consta da anti-

ga compilação de Midrash do texto Gêne-sis Raba a afi rmação de que o versículo

bíblico no relato da Criação, “... e o espí-

rito do Senhor pairava sobre a face das

águas”, uma alusão ao espírito do Mes-

sias, em que os seguidores de Zvi calcu-

laram que as letras hebraicas de “o Se-

nhor” e “pairava” tinham número igual

às letras do nome de seu líder.

É evidente que, se houver versículos

bíblicos sufi cientes e se forem feitos mui-

tos cálculos com eles, será sempre pos-

sível encontrar alguma palavra ou com-

binação de palavras para produzir os re-

sultados desejados. E quando se traba-

lha não só com as possibilidades de uma

única língua, mas com as de duas línguas

ou mais, como justapor o Tetragrama he-

braico à palavra inglesa “God”, as chan-

ces de acertar em algo de signifi cado

aparentemente profundo tornam-se ain-

da maiores.

Portanto, a gematria pode ser uma for-

ma agradável de passar o tempo, nada

mais do que isso.

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Page 52: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch

102

R ecentemente os meios de comunicação noticiaram

a respeito de um balonista que saltou de uma alti-

tude de 39 quilômetros, e pousou de paraquedas

com pleno êxito. O autor da épica proeza não foi

nenhum judeu. Apesar disso, de certa forma, lembra o feito

do astronauta israelense Ilan Ramon na nave Columbia, que

explodiu tragicamente, em 2003.

Calma, Ramon não foi o primeiro judeu a se aventurar nas

alturas, e aqui se traça uma separação com os que se elevaram

no plano espiritual como Profetas, Sábios e Tzadikim (“Justos”).

Nem o primeiro a perder a vida, pois a norte-americana Judith

Resnik morreu no acidente da nave Challenger, em 1986.

A Wikipedia (www.wikipedia.org/wiki/List_of_Jewish_as-

tronauts) relaciona quatorze correligionários pioneiros do es-

paço, desde os remotos tempos da União Soviética, com Bo-

ris Volynov, que participou da missão Soyuz 5 e também da

Soyuz 21.

Pode-se concluir daí que faz parte da índole judaica assumir

riscos e partir para o desconhecido? Do ponto de vista religio-

so, sem dúvida. O Patriarca Abraão deu o primeiro exemplo ao

sair de Ur, na Caldeia (“Ur Kasdim”), seguindo destemido por

rotas quase tão obscuras e perigosas na época quanto as nave-

gações interplanetárias na atualidade, porque o Eterno assim o

ordenou (Gênesis/ Bereshit, 11).

Esportivamente ou por exibicionismo o panorama já é dife-

rente. A Gemará (Tratado Berachot, 3) estabelece que não con-

vém caminhar junto a um muro em ruínas que possa desabar

a qualquer momento, ou seja, é errado se expor desnecessaria-

mente. Para alguns sábios tal atitude é um crime capital (Bra-chot, 10; Pessachim, 111). Ressalvas se aplicam quando o mo-

tivo seja o de executar uma boa ação, resgatar um enfermo ou

acidentado, por exemplo (Pessachim, 8; Kidushin, 30).

E na rotina diária? Os judeus do shtetl europeu já se viam

afl itos com sufi cientes sustos e imprevistos no cotidiano, tais

como parnassá (“emprego”, “fonte de renda”), saúde (neces-

sidade de cirurgias ou tratamentos complicados) e seguran-

ça (perseguições e pogroms, as atrozes chacinas estimuladas

por autoridades antissemitas). Esportes radicais não faziam a

menor falta.

A solução para alguns desses desafi os era a imigração, es-

pecialmente para a América, isto é, desde o Canadá até a Pa-

tagônia. Poucos desses indivíduos possuíam parentes ou ami-

gos já radicados no Novo Mundo, que lhes dessem informa-

Um salto estratosférico judaicoHÁ CEM OU 150 ANOS UMA TRAVESSIA OCEÂNICA, NUM PEQUENO E SUPERLOTADO VAPOR DE MODESTÍSSIMA TECNOLOGIA E PRECÁRIA

HIGIENE, IMPLICAVA RISCOS BASTANTE CLAROS DE NAUFRÁGIO, EPIDEMIA OU INCÊNDIO A BORDO

ções e apoio. A maioria nem sequer ha-

via visto o mar ou pisado no convés de

um navio. Lamentavelmente a ignorân-

cia era regra nos tempos sem rádio, te-

levisão, internet ou escolas globaliza-

das. Desconhecia-se idioma, cultura,

geografi a, hábitos sociais, alimentação,

clima e tudo o mais acerca de outras

partes do planeta.

Muitas jornadas eram improvisadas

ou desesperadas e sem destino estabele-

cido, apesar de uma passagem bem de-

fi nida, geralmente a mais barata. Baixa-

va-se no primeiro porto do outro lado do

oceano em que encontrassem correligio-

nários simpáticos e dispostos a ajudar.

Muitas pequenas comunidades brasilei-

ras e de outros países se fortaleceram

exatamente desta forma. Sempre que

havia notícia de um navio da Europa, vo-

luntários se dirigiam ao cais e convida-

vam eventuais patrícios a desembarcar,

com promessas de trabalho, alojamento

e outras facilidades.

A viagem não era precisamente um

salto de 39.000 metros de altura nem

uma excursão até a Lua. Entretanto vale

recordar que há cem ou 150 anos uma

travessia oceânica, num pequeno e su-

perlotado vapor de modestíssima tec-

nologia e precária higiene, implicava

riscos bastante claros de naufrágio, epi-

demia ou incêndio a bordo. Muitos en-

joavam tanto no mar que não conse-

guiam se alimentar ou ingerir líquidos,

desembarcando em condições críticas

de desidratação e desnutrição. Ainda

assim, os ancestrais seguiam em frente,

agarrando-se aos poucos apoios à sua

disposição.

Consulta ao rabinoTodo judeu tradicional que programava

viagens e outros passos importantes es-

cutava a opinião do líder religioso. Afi -

nal, o grande homem dominava os Sifrei Kodesh (“Sagradas Escrituras”) e poderia

dar conselhos. Mais que isto, alguns re-

costumes e tradiçoes.indd 102 22/11/2012 18:09:25

HEBRAICA | DEZ | 2012

103

bes forneciam uma kmeá (“amuleto”), na forma de um peque-

no texto da Torá, Cabalá ou Salmos, ou ainda uma oração bem

de acordo com as circunstâncias, o que bem poderia servir em

caso de emergência.

É evidente que qualquer israelita saía de casa, fosse para

escalar uma montanha a pouca distância ou para se trasla-

dar a outro continente, sem transportar sidur, talit e tefilin

(livro de rezas, xale e filactérios de oração). Como este ma-

terial não era descartável, jamais po-

deria ser abandonado na montanha,

no balão, ou em órbita terrestre con-

vertendo-se em lixo espacial. Além de

indispensável no dia-a-dia, se danifica-

do ou destruído teria de ser enterrado

no cemitério, como, aliás, todos os ob-

jetos sagrados.

É evidente que quando tudo dava cer-

to e com um fi nal feliz, era obrigação

cumprir o mandamento de gratidão. De

fato, a Gemará Brachot (capítulo 54) as-

sinala que todos que enfrentam riscos

como a travessia do mar, de um grande

deserto, uma enfermidade grave, ou si-

tuações que ameaçam a vida, devem re-

citar uma bênção especial.

Esta bênção de Hagomel possui uma

característica: deve ser enunciada na si-

nagoga, diante da Torá, de preferência

depois de ser chamado para um dos tre-

chos (Aliá laTorá). Isto cria uma difi cul-

dade para o gênero feminino, que, pelo

menos nas sinagogas ortodoxas, não lhe

é permitido cumprir a tarefa. No máxi-

mo, alguns rabinos autorizam a mulher

a proferir a bênção na sinagoga, mas de

longe, embora a tradição determine que

ela solicite a um parente ou conhecido

masculino que o faça em seu nome. O

mesmo vale para crianças, também ex-

cluídas da alternativa usual.

Hershele Ostropolier (1750-1800) foi

um shochet (responsável pelo abate ka-sher ) da Ucrânia que conquistou algu-

ma fama em vida por suas anedotas e

ironias. A lenda entretanto o ultrapas-

sou, graças à contribuição de escrito-

res como Itzik Manger (1901-1969), Isa-

ac Trunk (1879–l939) e Moses Lifschutz

(1892-1942).

Conta-se que Hershele entrou na si-

nagoga, numa quinta-feira, dia de Torá,

e foi ao rabino pedir para ser chamado

para um trecho (Aliá), pois deveria reci-

tar o Hagomel. Desconfi ado, o rabino

perguntou qual o motivo. Ele esclareceu

que estava passando perto do riacho da

cidade, onde viu sua lavadeira torcendo

as suas calças, no rio, e ainda batendo

nelas com um pedaço de pau.

– Rabino, disse ele, imaginou o perigo

se eu estivesse dentro das calças?

A Gemará Brachot

assinala que todos que enfrentam

riscos como a travessia do mar, de um grande

deserto, uma enfermidade

grave, ou situações que ameaçam a vida, devem recitar uma

bênção especial

BORIS VOLYNOV (SEGUNDO À DIREITA), ASTRONAUTA RUSSO, É UM DOS QUATORZE

JUDEUS QUE FORAM PARA O ESPAÇO

POUCO CONHECIDO, NO ENTANTO ITZIK MANGER É CONSIDERADO UM DOS

MAIS IMPORTANTES TEXTOS SATÍRICOS EM LÍNGUA ÍDICHE

costumes e tradiçoes.indd 103 22/11/2012 18:09:30

Page 53: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

105

7 9

6

8Se a moda pegaTudo começou quando Moshé Shual foi à

quitanda e comprou um pedaço de queijo

por 5,77 shekalim, mas recebeu de troco

apenas vinte centavos. O dono alegou não

existir moeda de três centavos. Resultado: o

cidadão indignado entrou com uma petição

na Suprema Corte para proibir qualquer

loja israelense de cobrar preços que não

pode honrar com o troco correto, incluindo

as famosas 1,99. A base para a petição

são pesquisas que explicam o macete dos

comerciantes: o consumidor só presta atenção

no número à esquerda, isto é, o valor 49,99

parece que está na faixa dos 40, e não dos 50.

Adeus a Resnick Morreu no mês passado, aos 88 anos,

o arquiteto brasileiro David Resnick

(foto acima). Carioca de nascimento,

imigrou para Israel em 1949, foi viver

no kibutz Ein Hashofet, e anos depois

tornou-se um dos maiores arquitetos

israelenses. Discípulo de Niemeyer,

é dele o Memorial Kennedy e o Insti-

tuto Van Leer, ambos em Jerusalém.

Em 2005, recebeu o Prêmio Israel,

a maior condecoração do país. Foi

enterrado na seção do cemitério Har

Hamenuchot, de Jerusalém, reservada

aos notáveis do país.

Pequena adorável Surpresa no concurso promovido pelo The

Wall Street Journal e Citybank para escolher

a cidade mais inovadora do mundo. Tel

Aviv passou Londres, Berlim e São Paulo,

chegando à fi nal, ao lado de Nova York e

Medelín. Os juízes chamaram a atenção para

a proposta de um trem de superfície para a

cidade e as empresas de tecnologia, que não

poluem. No passado recente, Tel Aviv já foi

chamada pelo The New York Times como “a

capital mediterrânea do cool”. O resultado sai

no fi nal deste mês.

Êta nóisEnquanto os israelenses aguardam para

este fi nal de ano a chegada do iphone

5, os vizinhos palestinos passaram na

frente e já exibem a engenhoca nas lojas.

“O aparelho chegou em Gaza antes de

aterrissar em Israel, considerado um

importante centro de tecnologia”, ironizou

a Reuters. Explicação: o celular chega ao

território palestino contrabandeado pelos

túneis na fronteira de Gaza, trazidos de

Dubai. Livrando-se dos impostos, a versão

completa do novo iphone é oferecida em

Gaza por R$ 2.800,00, mais barato do que

deverá ser vendido no Estado judeu.

10Delícia, delícia Para quem ainda não sabe, Israel é chamada de “terra do mel” menos pela

exuberância de fl ores e abelhas por aqui (aliás, o país é 60% deserto), e mais

em razão das tamareiras, cujo fruto é tão doce, que se parece com o mel

silvestre. Mais doce ainda é o recente relatório a respeito das exportações

do produto israelense. O Estado judeu domina 35% do mercado do tipo

mais nobre das tâmaras, a Madjul, e exporta para quase todos os mercados,

até para o Municipal de São Paulo. Os palestinos de Jericó enviam a sua

produção para ser comercializada pelo ágil marketing israelense do produto. E

pensar que nos anos 1930, as tamareiras haviam desaparecido de Israel, e as

primeiras mudas precisaram ser contrabandeadas do Iraque.

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10 notícias de Israel

10104

por Ariel Finguerman | ariel_fi [email protected]

1

5

3

4

2Sistema saudável De vez em quan-

do elogio é bom.

Para uma comis-

são de especia-

listas europeus o

sistema de saúde

pública israelense

é um dos melho-

res do mundo.

Eles visitaram os

cinco principais

hospitais do país,

ambulatórios em

vilarejos árabes

e em bairros etí-

opes, e um posto

infantil em uma

cidade beduína.

O relatório

elogiou os preços

baixos dos remé-

dios e a medicina

preventiva que

evita internações

desnecessárias.

E a família, como vai?Como em todo

lugar do mundo, o

israelense também

gosta de reclamar da

vida. Mas segundo

uma pesquisa ofi cial

a respeito do perfi l

das famílias no país,

a coisa até que não

vai mal. Do total

das famílias, 94%

têm pelo menos um

celular, 55% têm

dois aparelhos de

tevê, 78% possuem

computador e 70%

estão ligadas na

internet. Em média,

uma família gasta

quatorze mil sheka-

lim (R$ 7.000,00)

em despesas para

vencer o mês. Tudo

isto coloca Israel na

média dos países da

Oecd, o grupo dos

países mais desen-

volvidos do mundo.

Sonhando alto Ninguém levava muito a sério a possibilidade de a seleção israelense

participar da próxima Copa do Mundo, no Brasil. Mas aí a surpresa:

em dois jogos contra Luxemburgo, os israelenses marcaram nove gols,

e não levaram nenhum. Mas o favorito Portugal escorregou e só empa-

tou com a Irlanda do Norte. Resultado na chave seis: Rússia lidera com

doze pontos, seguida de Israel e depois Portugal. Somente duas sele-

ções se classifi cam. Em março, Cristiano Ronaldo e outros portugueses

estarão no estádio de Ramat Gan para um jogaço decisivo.

HEBRAICA | DEZ | 2012

Dica de turismoUm lugar pouquíssimo conhecido pelos turistas que se limitam ao eixo

Jerusalém-Tel Aviv-Haifa é o deserto do Negev, e mais especifi camen-

te, a cidade de Mitzpe Ramon, ao lado de um cânion lindo e enorme.

A reportagem da revista de turismo Condé Nast Traveler, uma das

mais requintadas do mundo, foi até lá e elegeu o novíssimo Hotel Be-

reshit como um dos sessenta melhores do mundo. Localizado à beira

de um precipício, tem piscinas privativas nos quartos e um restau-

rante que usa produtos do deserto, como queijo de cabra. Segundo a

revista, “os visitantes vão querer fi car ali para sempre”.

Eleições 2013 Nas últimas sema-

nas, o presidente

palestino Mahmoud

Abbas andou fazen-

do umas declara-

ções importantes

à mídia israelense.

Sobre Jerusalém:

“Não quero dividir

a cidade. Desejo

que permaneça

aberta a todos”.

Sobre uma nova

intifada: “Enquanto

eu for o presidente,

não deixarei que

isto aconteça, atua-

remos apenas pelos

canais diplomáticos

e pela paz”. Sobre a

volta dos refugia-

dos: “Eu mesmo

nasci em Tzfat, mas

não quero voltar a

morar lá”. Sobre os

mísseis disparados

pelo Hamas em

Gaza: “Isto não leva

a nada, nem nos

aproxima da paz”.

Segundo as pesqui-

sas de opinião para

as eleições israe-

lenses do mês que

vem, divulgadas

até o fechamento

desta edição, deve

ganhar a coliga-

ção Likud-Israel

Beiteinu. Para o

Likud, Abbas não

é parceiro para

negociações. Para o

Israel Beiteinu, Ab-

bas é um terrorista

que deve ser até

eliminado. É...

10 noticias.indd 104 22/11/2012 18:10:06

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HEBRAICA | DEZ | 2012

107

formar uma estrutura unifi cada de comando e procuraram a aju-

da das grandes potências rivais dos selêucidas, Roma e Esparta.

Da mesma forma, a guerra dos Macabeus foi tão confusa

quanto as guerras modernas de libertação nacional. Os judeus

lutavam contra um grande império, mas os judeus também lu-

tavam contra outros judeus por princípio e poder, judeus hele-

nizadores contra os judeus que defendiam a antiga aliança.

Apesar dessas ambiguidades, as vitórias obtidas sob a lide-

rança de Matityahu e seus cinco fi lhos produziram dois séculos

de governo autônomo na Judeia, dando aos intelectuais judeus

tempo e oportunidade de cimentar uma cultura judaica dura-

doura. Sem esses dois séculos de governo próprio, é duvido-

so que a identidade judaica tivesse resistido dois milênios nos

quais os judeus em Israel viveram sob a ocupação estrangeira

e a maioria se encontrava no exílio.

O Livro dos Macabeus faz parte das bíblias coptas, ortodoxas

e católicas, mas foi lido por poucos judeus. Apesar de escrito

em hebraico por um judeu, sobreviveu na antiguidade só na

tradução grega. Isto ocorreu porque é um livro muito perigoso.

Ler os Macabeus é correr o risco de ser persuadido de que po-

vos como os judeus tinham e têm direito à autodeterminação

nacional. Agir de acordo com tal ideia, iniciando uma guerra

de libertação nacional, é uma coisa perigosa de se fazer.

Em agosto de 2009, o governo de Sri Lanka fi nalmente aca-

bou com a guerra de libertação nacional que o povo tâmil tra-

vou contra as autoridades centrais por 35 anos. À medida que

o governo levou os tâmeis para fora de casa, manteve os jorna-

listas à distância, de modo que ninguém pôde dizer quantos

foram mortos. Centenas de milhares de

pessoas vivem agora no exílio, e as pers-

pectivas de retorno são sombrias.

Os líderes judeus que lutaram por um

futuro judaico nos séculos 2 e 3 sabiam

dessas consequências. Revoltas judaicas

em grande escala destinadas à libertação

nacional falharam nos anos 70, 115 e

132 da Era Comum, com resultados ter-

ríveis. Matityahu estava bem ciente de

que a ideia de direito à autodetermina-

ção nacional foi a mais perigosa que os

judeus poderiam ter cultivado.

Chanuká, o feriado que comemora a

independência da Judeia, foi domesti-

cado nos últimos anos, concentrando-se

em seus aspectos puramente religiosos.

O Livro dos Macabeus não foi adiciona-

do ao cânone judaico. Não foram feitas

cópias em hebraico.

Mas este texto incendiário existe. Pro-

cure-o e leia-o. É um desafi o.

Diana Muir Appelbaum é autora e

historiadora americana e trabalha na

conclusão do livro Nationhood: The

Foundation of Democracy (“Naciona-

lidade: a Fundação da Democracia”)

Esta é a história de um

homem e de um

povo diante da terrível

escolha: assistir a sua nação morrer ou

arriscar a vida, tomar o destino

nas próprias mãos e lutar pelo direito

de ser governado por judeus sob as leis judaicas,

direito ao qual damos o nome de autodeter-

minação nacional

ORIGINALMENTE, AS VELAS FORAM ACESAS NAS PONTAS DAS LANÇAS DOS COMBATENTES MACABEUS

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > chanuká | por Diana Muir Appelbaum

106

E ste é o 2.180º aniversário da primeira guerra de

libertação nacional do mundo a que se segui-

riam dezenas e dezenas, muitas das quais segun-

do o padrão inicial estabelecido pelos macabeus.

Como os chefes dos movimentos de independência posterio-

res, eles eram líderes de um povo conquistado e ocupado por

um grande império e lutaram para reivindicar o direito à au-

todeterminação nacional.

O ressentimento provocado pelo domínio estrangeiro pode

fermentar por um longo tempo, mas o começo da guerra mui-

tas vezes é lembrado por um incidente dramático. Na Suíça,

esta lembrança nos remete a Guilherme Tell. Ele foi o herói na-

cional que, em 1307, não quis se curvar diante do chapéu do

governador dos Habsburgos pendurado em um poste no cen-

tro de Altdorf com o único objetivo de forçar os homens livres

suíços a se ajoelharem diante dele. O desafi o de Tell desenca-

deou a luta pela independência da Suíça.

A história de Tell pode ser verdadeira, mas não havia regis-

tros dela até a década de 1560. O momento “Guilherme Tell”

dos judeus ocorreu no ano de 167 antes da Era Comum, quan-

do um sacerdote chamado Matityahu (Matatias) desobedeceu

à ordem de oferecer um sacrifício a um deus grego. A história

de Matityahu é mais bem documentada do que a de Tell, pois

consta do Primeiro Livro dos Macabeus (não os posteriores II, III, e IV Livros dos Macabeus), e é um texto realmente escrito

no período em questão.

Na época, os judeus ricos e poderosos de Jerusalém tinham

feito um “pacto com os gentios”: seguiram os modos e costu-

mes helenísticos, tinham suas circuncisões cirurgicamen-

te desfeitas e construíram um ginásio grego para treinamen-

to em esportes helenísticos, além de literatura, ética e fi loso-

fi a. Mas o imperador selêucida Antíoco IV Epifanes perturbou

esse equilíbrio ao ordenar que os textos judaicos fossem des-

truídos e os judeus forçados a comer carne de porco e a des-

respeitar o Shabat.Matityahu fugiu de Jerusalém com os fi lhos para a sua al-

deia ancestral de Modi’in. Lá, um ofi cial selêucida ordenou-

A primeira guerra de libertação nacional

CHANUKÁ, O FERIADO QUE COMEMORA A INDEPENDÊNCIA DA JUDEIA, FOI DOMESTICADO NOS ÚLTIMOS ANOS, CONCENTRANDO-SE EM

SEUS ASPECTOS PURAMENTE RELIGIOSOS. A PRIMEIRA VELA SERÁ ACESA ESTE ANO NO DIA 8 DE DEZEMBRO

lhe que oferecesse um sacrifício públi-

co a Zeus. Matityahu disse: “Não. Eu e os

meus fi lhos e os nossos parentes deve-

mos seguir o pacto dos nossos pais”. Ou-

tros judeus recusaram-se decidida e ra-

pidamente a comer o alimento proibi-

do. Escolheram a morte para não violar

a aliança sagrada, e foram condenados.

O que fez de Matityahu um grande lí-

der foi o fato de ter se recusado a aceitar

a necessidade de escolher entre a viola-

ção da lei judaica e a morte. Em vez dis-

so, reivindicou o direto de os judeus de-

terminarem seu destino como nação, or-

ganizando um exército e expulsando os

selêucidas da terra de Israel.

Após Matityahu se recusar a fazer o

sacrifício pagão em Modi’in, outro ju-

deu se adiantou para fazer o sacrifício

e Matityahu o “matou sobre o altar”. Ele

então matou o ofi cial selêucida, des-

truiu o próprio altar, e fugiu com os fi -

lhos para as colinas, gritando: “Todo

aquele que ama a lei e mantém a alian-

ça siga-me!”

Lutar, não cederDe repente, portanto, estamos em um

terreno conhecido: a guerra moderna de

libertação nacional. No Livro dos Maca-beus não há profetas nem milagres. Esta

é a história de um homem e de um povo

diante da terrível escolha: assistir a sua

nação morrer ou arriscar a vida, tomar

o destino nas próprias mãos e lutar pelo

direito de ser governado por judeus sob

as leis judaicas, direito ao qual damos o

nome de autodeterminação nacional.

A maioria dos aspectos da antiga guer-

ra dos Macabeus nos é estranhamente fa-

miliar. Não o exército selêucida de ele-

fantes, é claro, mas a máquina de guerra

grega, derrotada por voluntários treina-

dos por Matityahu, exatamente como nas

guerras modernas de independência, que

muitas vezes apresentam exércitos impe-

riais bem equipados combatendo forças

que se reuniram para enfrentá-los.

Outros padrões familiares também es-

tão lá, no Livro I dos Macabeus. Os judeus

convocaram assembleias nacionais, da

mesma maneira que os movimentos de

libertação modernos. Eles lutaram para

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Noticias do PlanaltoMário Sérgio Conti | Companhia das Letras | 522 pp. | R$ 78,00

É talvez um dos mais importantes livros a respeito do jornalismo brasileiro pela maneira como conta o envol-

vimento da chamada grande imprensa na campanha eleitoral de Collor, em 1989, e, depois, no seu breve go-

verno. Na época, Conti trabalhava na revista Veja, e por não a ter preservado das negociações com o candida-

to, acabou demitido. Esta edição, chamada de econômica porque não tem fotos, traz um posfácio relatando o

destino dos jornalistas que se notabilizaram na ascensão e queda de Collor. Obrigatório.

Teatro Brasileiro: Ideias de uma HistóriaJ. Guinsburg e Rosângela Patriota | Editora Perspectiva | 269 pp. | R$ 40,00

O editor Jacó Guinsburg é sabidamente um dos maiores conhecedores de teatro no Brasil e, desta vez, convi-

da o leitor a percorrer os caminhos que levam à historiografi a do teatro brasileiro e pelas concepções que fo-

ram tecendo seus processos ao longo do percurso. Ele e Rosângela conseguiram localizar algumas matrizes

que orientaram as análises e as expectativas em torno do teatro brasileiro levando em conta o nacional, o mo-

derno, modernização e modernidade, politização e estetização.

A Máquina da Lama Roberto Saviano | Companhia das Letras | 155 pp. | R$ 29,50

Depois de alcançar o sucesso com Gomorra, que virou um grande fi lme, Saviano conta “Histórias da Itália de

Hoje”, como diz o subtítulo deste lançamento que reúne as histórias narradas no programa de televisão “Vieni Via con Me”, cujos temas são os negócios da máfi a calabresa no norte do país, o direito à morte digna, o pou-

co caso com o lixo de Nápoles, a compra de votos nas eleições, as vítimas de um terremoto que morreram

por negligência das autoridades, etc. É jornalismo em estado puro.

José BonifácioMiriam Dolhnikoff | Companhia das Letras | 337 pp. | R$ 44,50

José Bonifácio de Andrada e Silva é apresentado nos livros de história como uma das fi guras mais importan-

tes da independência do Brasil e mais complexas da história do nosso país. Mas só isso é fazer pouco do seu

verdadeiro papel na fundação do Brasil moderno, da construção das nossas primeiras instituições políticas

e foi um dos principais da unidade do país, além de poeta, homem de Estado, cientista e um reformista arro-

gante, autoritário, impaciente, impositivo e pouco propenso ao diálogo e que, no entanto, defendia reformas

estruturais como a abolição da escravatura.

A Poesia das Coisas Simples Moacyr Scliar | Companhia das Letras | 253 pp. | R$ 29,50

Há pouco mais de dezoito meses morreu Moacyr Scliar, aquele para quem “a literatura é isso, não a vida que

é, mas a vida que poderia ser”. É com esse sentimento de criador de um mundo paralelo, de histórias de per-

sonagens reais, de um olhar amoroso e irônico e cúmplice, que o autor concebeu este parque da imaginação

literária de que esta coletânea, organizada por Regina Zilberman, dá uma mostra perfeita, com o judaísmo e a

medicina como tema fi ccional, mas acima de tudo, o amor pela palavra e pela arte literária.

Os Sentidos do Lulismo André Singer | Companhia das Letras | 275 pp. | R$ 29,50

O professor da USP e jornalista (ex-associado da Hebraica) André Singer foi porta-voz e secretário de impren-

sa de Lula no primeiro governo do ex-presidente e espectador privilegiado do poder. O autor explica que o

maciço apoio de quase 80% ao deixar o governo e eleger Dilma Roussef é apenas consequência mais visível

da grande reordenação das forças sociais e econômicas promovida pelo lulismo e os dois mandatos de Lula

são uma síntese da transição histórica do PT, do radicalismo inicial a uma postura amigável do capital.

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leituras magazine

Lpor Bernardo Lerer

Os Destituídos de LodzSteve Sem-Sandberg | Companhia das Letras |

595 pp. | R$ 69,50

Os que já o leram recomendam ardorosamen-

te, entre outras razões porque mistura romance

social com literatura do Holocausto tendo como

cenário as personagens reais da história do gue-

to de Lodz, uma das mais macabras experiên-

cias de segregação erguida pelos invasores na-

zistas na Segunda Guerra. No auge, viviam ali

cerca de duzentas mil pessoas e cuja adminis-

tração, em nome do Conselho Judaico, o Ju-denrat, era da fi gura enigmática de Mordechai

Chaim Rumkowski, encarregado de gerenciar a

miséria humana.

Inverno do MundoKen Follet | Arqueiro | 874 pp. | R$ 59,90

Este é o segundo volume da trilogia “O Século”, cujo primeiro volume foi Queda dos Gigantes. Neste, as cin-

co famílias de origem americana, alemã, russa, inglesa e galesa, cujos destinos estiveram entrelaçados no co-

meço do século 20, agora enfrentam o turbilhão social, político e econômico que se inicia com a ascensão do

regime nazista, o drama da Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra e as explosões das bombas atômicas.

O Príncipe VermelhoTimothy Snyder | Editora Record | 403 pp. | R$ 49,50

Os críticos e especialistas dizem que se trata de uma narrativa lúcida, intensa e sedutora em que se apresen-

tam personagens interessantes surgidos com a dissolução dos impérios austríaco e russo. É o relato a respeito

de Wilhelm von Habsburgo, o príncipe vermelho, notável espião, cresceu durante a Primeira Guerra, queria

ser rei da Ucrânia, foi monarquista infl amado, calmo oponente de Hitler, espionou contra Stalin e vivia entre

Paris e qualquer outra capital europeia.

Fora do TempoDavid Grossman | Companhia das Letras | 170 pp. | R$ 34,50

O autor, dos mais importantes de Israel, é um conhecido antibelicista. Por esta razão, assinou com outros in-

telectuais, como Amós Oz e A. B. Yehoshua, um manifesto pedindo um cessar-fogo no confl ito de Israel com o

Hizbolá. O fi lho de Grossman, o sargento Uri, foi morto cinco dias antes da assinatura do documento burocrá-

tico que determina a vida e a morte das pessoas. Cinco anos depois, David Grossman apresenta uma investi-

gação das maneiras de dizer o luto fazendo a poesia e o maravilhoso ressoarem num espaço próprio.

A Imaginação Econômica Sylvia Nasar | Companhia das Letras | 580 pp. | R$ 54,50

O subtítulo trata dos “gênios que criaram a economia moderna e mudaram a história”. A autora dá retratos ín-

timos dos personagens e mostra como as suas experiências pessoais infl uenciaram as ideias. Se escreve com

fl uência e conhecimento de questões econômicas complicadas tem facilidade para falar da vida interior des-

ses personagens e dos mundos sociais em que transitavam, de modo a fazer o leitor penetrar na vida deles

em um período que vai da Inglaterra vitoriana à Índia contemporânea.

HEBRAICA | DEZ | 2012

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Page 56: Revista Hebraica - Dezembro

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“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”

Bill Evans – The Interplay SessionsUniversal | R$ 42,90

Morto em 1980, Bill Evans é considerado o mais infl uente pianista de jazz depois da Segunda Guerra. Ele

teve formação clássica e quando se mudou para Nova York, em 1958, logo se envolveu com os grandes mú-

sicos da época como Miles Davis, por exemplo, de cujo sexteto fez parte como o pianista do disco Kind of Blues, o campeão de vendas de todos os tempos no gênero.

Porgy & BessElla Fitzgerald e Louis Armstrong | Verve | R$ 34,90

É uma gravação de 1958 pela Verve Records, e recentemente remasterizada pela Polygram com Ella Fitzge-

rald e Louis Armstrong e orquestra conduzida por Russel Garcia, combinação que é garantia de alta qualida-

de para a ópera de George Gershwin, com letras do seu irmão Ira e Du Bose Heyward. Depois de ouvi-la, é o

caso de se perguntar por que não existem mais intérpretes como Ella e Louis. É fundamental.

Telemann – Double & Triple Concertos Decca | R$ 29,90

Sei de pelo menos duas histórias de garotos que citaram o nome de Georg Phillip Telemann (1681-1767) para

convencer os pais de que o trumpete não era um instrumento de gafi eira e que grandes compositores, como ele,

escreveram peças especialmente para o chamado piston. Este cd reúne, entre outras, uma peça para três trum-

petes naturais, isto é, sem chaves. É o caso de perguntar: como é possível executar sem o recurso das chaves?

Celtic Cafe Music Brokers | R$ 29,90

Segundo o subtítulo, trata–se de “A musical journey through the ancient celtic lands” e três cd’s que revelam o

essencial do estilo da música celta, com seu jeitão malemolente que os críticos prefeririam fazer nas salas de

espera ou em elevadores que parecem nunca chegar ao destino. No entanto, é música da melhor qualidade

que encontra adeptos em São Paulo e grupos se constituindo para tocá-la. Vale a pena ouvir. E é barato.

The Best of Israel Kamakawiwo’oleUniversal | R$ 34,90

O cd reúne o melhor deste cantor do Havaí, celebrado no seu país como herói nacional, que morreu aos 38

anos, em 1997, pouco depois de gravar Over the Rainbow e What a Wonderful Day. O sucesso foi tão grande

que depois foi chamado para cantar em fi lmes, gravar comerciais e infl uenciar decisivamente a música da-

quele país. Ele morreu em consequência de distúrbios respiratórios provocados pelo excesso de peso.

The Psychedelic Journey Music Brokers | R$ 49,90

A chamada música psicodélica surgiu em São Francisco em meados dos anos 1960, no rastro da dissemina-

ção do LSD e dos confl itos da época como a guerra do Vietnã, a revolução cubana, o surgimento das armas de

destruição em massa, enfi m, um conjunto de fatores que infl ui na produção artística norte-americana, a mú-

sica incluída. A onda de choque provocada por essa cultua pop logo atravessou o Atlântico e atingiu a Europa.

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músicas magazine

por Bernardo Lerer

ShostakovichBiscoito Fino | Dell’Arte | R$ 99,90

Enquanto durou, o stalinismo impediu o

mundo de conhecer melhor a obra de Dmi-

tri Shostakovich e uma prova disso é esse ál-

bum contendo quatro cd’s com o melhor que

o grande compositor russo produziu: as gra-

vações com orquestras da antiga União Sovi-

ética datam todas de depois de 1955, quando

Stalin, que vigiava de perto os autores – de li-

vros e de música – já era morto. As sinfonias,

concertos, música de câmara, sinfonias de

câmara, etc., são muito bem executadas por

orquestras e conjuntos.

Don Quixote e Concerto para TrompaDeutsche Grammophon | R$ 37,90

Uma peça não tem nada a ver com a outra, mas as duas são obras-primas de Richard Strauss. Don Quixote é o

nome das variações fantásticas sobre um tema do romance de cavalaria para cello e viola, executadas pelo gran-

de violoncelista Pierre Fournier. O Concerto para Trompa é executado por Norbert Hauptmann e a Filarmônica

de Berlim conduzida por Herbert Von Karajan, um dos preferidos do nazismo, mas um grande maestro.

Essential KiriDecca | R$ 29,90

Esta fantástica cantora neozelandesa surgiu em 1970 em um concerto no famoso Covent Garden levado pelas

mãos do maestro Colin Davis interpretando uma personagem do Parsifal, de Wagner, e depois na ópera Boris Godunov, de Modest Mussorgsky, baseado numa obra de Alexander Pushkin. Kiri é mezzo contralto e tornou-

se ainda mais famosa porque cantou no casamento de Diana com o príncipe Charles, há mais de trinta anos.

Joaquin Rodrigo – Concierto de AranjuezDeutsche Grammophon | R$ 29,90

Quando o Concierto de Aranjuez foi “descoberto”, no fi nal dos anos 1950 e primórdios da década de 1960, não

se falava de outra coisa nas emissoras de rádio e esta peça de Rodrigo passou a ser executada de todas as formas

possíveis e imagináveis. Até ritmo de samba ganhou. Rodrigo, que nasceu perto de Valencia, em 1901, fi cou

cego aos 3 anos, foi aluno, entre outros, de Paul Dukas, em Paris, em 1927.

Antonio VivaldiDeutsche Grammophon | R$ 29,90

O padre Antonio Vivaldi (1768-1741) escreveu centenas de peças e mereciam a reverência dos compositores,

alguns dos quais escreviam peças solo para esses instrumentos. Vivaldi, não: fazia as mais estranhas – e belas

– combinações, como na última faixa deste cd em que se apresentam duas fl autas, dois salmo (antecessor do

fagote), dois violinos, dois bandolins, duas teorbas (guitarras), cello, instrumentos de cordas e órgão.

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Page 57: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

113

ça que agrada ao consumidor norte-ame-

ricano não é o mesmo vinho francês que

agrada ao francês. São muitos os exem-

plos: há alguns anos o Domaine Pedrix,

um vinho da Borgonha, foi eleito o me-

lhor Pinot Noir do mundo num concur-

so importante da Inglaterra. Pois bem, os

franceses dão pouca importância a este

vinho, que, apesar de premiado, conti-

nua custando em torno dos sessenta eu-

ros. Em comparação, por produtos simi-

lares da mesma região se paga mais de

mil euros.

O vinho é tão enraizado na cultura do

francês, do italiano, do espanhol e do

português que eles costumam preferir o

vinho feito perto de onde cresceram em

detrimento até de outros vinhos do mes-

mo país. É raro alguém da Borgonha

comprar um vinho de Cahors, no sul de

Bordeaux, como é raro o contrário. Para

eles, o formador de opinião não é Robert

Parker (infl uente crítico norte-americano

de vinhos). Para eles quem merece con-

fi ança é o vendedor local, conhecido pela

sabedoria e idoneidade há gerações.

Nas grandes cidades, no entanto, a

coisa muda um pouco de fi gura, porque

os restaurantes e o comércio tendem a

universalizar o consumo. A metrópole

esmaga o que é conhecimento local em

nome de um saber universal, embora a

Europa tenha renovado o velho respeito

ao produto regional, nos últimos anos, inclusive com o adven-

to do movimento slow food, que recuperou o valor de mercado

do pequeno produtor por meio das denominações de origem

que preservam os valores da produção de queijo, embutidos e

de vinho nas pequenas comunidades.

Apesar de a oferta de preços sempre atrair, a memória for-

madora do gosto original, aquele do gosto da família, e que

se consolidou nos primeiros vinte anos de vida das pessoas,

é a “Grande Muralha” contra a perda dos valores adquiridos

entre os consumidores de vinho que sempre tiveram o fer-

mentado de uva como um hábito enraizado. Mais do que nos

EUA e em outros países importantes na exportação de pa-

drões de consumo, o europeu resiste em razão dessas raízes

tão profundas.

Nas Américas estamos sempre querendo derrubar o estabe-

lecido, desconfi ando das referências, produzindo novos pa-

râmetros de comparação. No vinho, isto tem sido provado e

aprovado desde que o vinho australiano Grange conseguiu o

reconhecimento do mundo enólogo, desde que os chilenos e

californianos se associaram a grandes produtores franceses

como a Chandon e os Rotschild. Vinhos como Clos Apalta, Don

Melchor, Seña andam de mãos dadas com os Catena Zapata e

Achaval Ferrer no mesmo plano de importância do que os vi-

nhos europeus.

E o novo é bom. Renovar é dar as dimensões reais aos mitos

e ícones que se consolidaram ao longo dos tempos. Mas res-

ta sempre a verdade que parece ainda indiscutível – os gran-

des vinhos franceses continuam grandes, ainda que seus pre-

ços estejam ainda acima do seu valor de mercado.

* O autor é sommelier e juiz de vinho internacional, pro-

fessor do Senac/Águas de São Pedro, entre outras escolas,

consultor de vinho profi ssional

Para a França e outros grandes produtores, o vi-

nho é um grande e fantástico negócio. Para se

ter a verdadeira dimensão dele, eis alguns dados

da Revue du Vin de France, publicada no caderno

Le Monde des Vins de setembro de 2012:

• O consumo de vinhos na França é decrescente,

mas ainda longe de ser desprezível: 47 litros per ca-

pita atualmente, contra 60 nos anos 1970. No Bra-

sil, o consumo é de mirrados 2,5 litros per capita **

• Consomem quatro bilhões de garrafas por

ano, sendo que apenas 10% são importados,

principalmente da Itália e da Espanha

• Quinhentas e cinquenta mil pessoas traba-

lham diretamente na produção de vinho que

ocupa apenas 5% da área cultivada, mas repre-

senta 20% dos trabalhadores agrícolas. Trezen-

tos mil são empregados por atividades indire-

tas como fabricantes de barris, rolhas, material

de comunicação específi co, etc. Quinze mil tra-

balham nos supermercados apenas na área des-

tinada ao vinho, enquanto mais de dez mil são

funcionários de lojas especializadas na bebida

• O vinho representa sete bilhões de euros em

divisas, sendo o segundo item de exportação

mais importante da França

** Varia de 1,8 a 2,8 conforme a fonte, ne-

nhuma sufi cientemente confi ável

Números inebriantes

Nas grandes cidades, a

coisa muda um pouco de

fi gura, porque os restaurantes

e o comércio tendem a

universalizar o consumo. A metrópole

esmaga o que é

conhecimento local em nome

de um saber universal, embora a

Europa tenha renovado o

velho respeito ao produto

regional

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky *

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Um alimento com pedigree

PROFUNDAMENTE ENRAIZADO NA CULTURA DOS FRANCESES, ITALIANOS, PORTUGUESES E ESPANHÓIS, O VINHO – DEMOCRÁTICO

E ARISTOCRÁTICO – AINDA RESISTE À AVASSALADORA ONDA DE HOMOGENEIZAÇÃO QUE VARRE O PLANETA

E ntre os alimentos há os líqui-

dos; dentre estes o vinho e, den-

tre eles, o mais e o menos nobre

de origem. Ao contrário dos se-

res humanos – por mais que os aristocratas

de plantão tentem desesperadamente pro-

var que o sangue que corre em suas veias

e artérias é azul – a origem do vinho é meia

prova de identidade.

O vinho é um produto de mercado com

características excepcionais que lhe per-

mitem custar menos de dez reais e ser cha-

mado de “vinho”, e produtos com o mesmo

nome “vinho” custem mais de dez mil reais.

Mas não pense que isso se deve apenas à

propaganda de uns contra a falta de cuidado

com o marketing de outros. O mais barato é

rapidamente engarrafado assim que ocorre a

fermentação, enquanto o outro passa por um

estágio em madeira de primeira qualidade,

de preferência carvalho francês, cujo barril

de 225 litros (vazio, claro) chega a custar no-

vecentos euros; o mais barato é produzido às

centenas de milhares de garrafas ao ano, en-

quanto os mais caros se contam em apenas

alguns poucos milhares. As uvas do vinho

mais barato são colhidas por equipamento

mecanizado, enquanto os mais caros são se-

lecionados cacho por cacho e até, eventual-

mente, baga por baga de uva.

Um país com tradição de produção co-

nhece o terreno de plantio, um saber que

passa de pai para fi lho, enquanto sem esta

tradição tudo fi ca a cargo do conhecimen-

to adquirido na teoria pelos enólogos res-

ponsáveis que não puderam contar com

experiências passadas em condições exa-

tas. Usam a informação adquirida nos ban-

cos da universidade de enologia e se garan-

tem produzindo de modo muito mais alea-

tório e, portanto, com grandes chances de

não escolher as melhores opções. Em am-

bos os casos, o sucesso do produto gera

imitadores, particularmente vizinhos que

se aproveitam dos estudos e conquistas ao

longo de gerações para ir direto ao ponto e

copiar, muitas vezes elaborando produtos

que superam o original.

Considerando todo o ciclo, atualmente os

países produtores costumam ter dois con-

sumidores – o interno e o externo –, um di-

ferente do outro em muitas coisas, e tam-

bém no paladar, pois o vinho feito na Fran-ESTE É ROBERT CLARK, O TEMIDO CRÍTICO DE VINHOS NORTE-AMERICANO CAPAZ DE DERRUBAR SAFRAS

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Page 58: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

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tores e orientadores pedagógicos sabem o que pensam os pro-

fessores da sua escola? Fizeram um estudo, ainda que elemen-

tar? Nossos rabinos tratam de adicções em seus sermões? Há

troca de informações entre as diferentes sinagogas? E os clubes,

têm alguma noção do que ocorre entre os frequentadores das

suas escolas de esportes, grupos de teatro, coral? Os madrichim

de movimentos juvenis receberam algum treinamento?

Segundo estudos do Center for Addiction and Substance

Abuse – Casa – da Universidade de Columbia (2001), lideran-

ças religiosas são geralmente os primeiros a serem procurados

quando pais se deparam com problemas de drogas na famí-

lia, mas só 12,5% do clero tiveram mais de três horas de estu-

do acerca de drogas em sua formação. E entre os judeus, so-

mente 2,3% dos rabinos! A situação é um pouco melhor nas

demais religiões, a saber: 17,9% dos padres católicos e 13,1%

dos pastores protestantes. É, portanto, fundamental dar aos ra-

binos de todas as correntes meios e modos para, primeiro, sa-

ber identifi car a seriedade do problema e, depois, encaminhar

esses pais a quem possa ajudar, porque não cabe ao rabino so-

lucionar mas saber encaminhar.

Da mesma forma nossas escolas devem fazer uma pesquisa

junto aos professores de modo a conhecer a opinião e o nível

de conhecimento deles. O Jacs-Brasil elaborou um questioná-

rio que leva no máximo quarenta minutos para ser respondido

e uma análise subsequente vai possibilitar conhecer melhor

o nível de compreensão dos professores. Colocado à disposi-

ção das escolas com muito estardalhaço, confesso, somente

uma única escola requisitou o material, aplicou-o mas não re-

tirou os resultados tabulados pelo Jacs-Brasil. Se o tivesse reti-

rado, caberia à escola avaliar se os professores seguem o mes-

mo pensamento da direção e dos pais e buscar uma forma de

construir um discurso e uma conduta comum a todas as áreas

em contato com os alunos – professores, coordenadores, fun-

cionários, e outros. Uma pena.

E do lado da recuperação? Geralmente as pessoas em bus-

ca de recuperação dizem que “nossas entidades comunitárias

não se importam conosco”. O único seder de Pessach para ju-

deus em recuperação foi realizado pelo Jacs-Brasil, e banca-

do por seus pouquíssimos voluntários. Participaram 23 ju-

deus em recuperação e para nove deles foi o primeiro conta-

to com o judaísmo em mais de cinco anos. No entanto, sem

apoio, também este seder nunca mais foi realizado. E aqui

vale um agradecimento público à Chevra Kadisha que, na

época, mandou imprimir cem hagadot específi cas para ju-

deus em recuperação, elaborada por um comitê de rabinos

do Jacs-USA do qual fazem parte todas as correntes Judaica,

traduzido pelo Jacs-Brasil.

É chegado o momento de reconhecer que judeus adictos e

em recuperação não andam nos mesmos caminhos dos de-

mais. Andam em paralelo, sem contato com o mundo judai-

co. Ainda prevalecem os mitos que mencionei no título: judeus

não se envolvem com álcool, com drogas ou com jogo compul-

sivo. Para manter o mito, o que fazem? A triste resposta é que

as famílias escondem, se isolam, isolam

o adicto – e perdemos mais um correli-

gionário. Já fomos vítimas de matanças

em pogroms e perseguições, de conver-

sões forçadas na Inquisição e perdemos

milhares, milhões de judeus ao longo da

história. É hora de recuperar os que ain-

da não perdemos.

O rabino Eric Lankin do Jewish Com-

munity Center de New Hampstead se de-

parou com este mesmo problema nos

Estados Unidos. Convidado para um cur-

so específi co do Jacs-USA, percebeu que

nada sabia do assunto. Sem possibili-

dade de capacitação na comunidade ju-

daica, inscreveu-se, em 1991, num cur-

so que trata da ajuda a adictos no Marble

Collegiate Church do reverendo Norman

Vincent Peale, famoso psicanalista e lí-

der protestante. O Marble College é uma

das mais antigas igrejas norte-america-

nas, fundada em 1628 em Nova York.

Lankin era o único rabino e viu como lí-

deres cristãos estavam anos-luz à nossa

frente no conhecimento destas compul-

sões e como lidar com elas. Foi estudar

aconselhamento pastoral e se doutorou.

Juntou trinta rabinos (ortodoxos, conser-

vadores e reformistas), ampliaram co-

nhecimentos e buscaram judeus adictos

ou em recuperação. Estes rabinos apren-

deram a receber essas pessoas e a rein-

troduzi-las na kehilá.

Devemos desmistifi car a ideia de que

estamos e somos imunes. Este mito im-

pede que judeus busquem ajuda no tem-

po certo. Arregacemos as mangas e en-

frentemos o problema. Se começarmos

hoje, ainda estamos a tempo. Se deixar-

mos como está, um dia nos arrepende-

remos pois poderá ser tarde demais. É

mais que hora de pais, professores, ra-

binos e lideranças comunitárias se pre-

venirem. Afi nal, qualquer um mata uma

vespa mas ninguém enfi a a mão num

vespeiro. Juntos, somos fortes.

* Presidente do Jacs-Brasil, membro

da Ripred (Rede Interamericana de

Prevenção às Drogas) e membro da

Itfsdp – Força Tarefa Internacional de

Políticas Estratégicas para Drogas

E-mail: [email protected]

Devemos desmistifi car

a ideia de que estamos

e somos imunes. Este mito impede que judeus busquem ajuda no

tempo certo. Arregacemos as mangas e

enfrentemos o problema. Se começarmos hoje, ainda estamos a

tempo

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HEBRAICA | DEZ | 2012

magazine > ensaio | por Marcos L. Susskind *

114

N ão temos estatísticas a respeito do consumo

abusivo de álcool entre judeus – e sabemos ain-

da menos acerca do consumo de drogas. Tam-

bém desconhecemos dados a respeito de joga-

dores compulsivos ou aqueles que usam e abusam de remé-

dios controlados. Mas o número de chamados que recebo em

meu celular revela, de forma empírica, que o problema exis-

te – e, pior – vem crescendo de forma assustadora em todos

os níveis da vida comunitária judaica. O problema ocorre en-

tre judeus afastados da comunidade, entre judeus tradiciona-

listas, entre ortodoxos, entre judeus nacionalistas e entre os

que declaram se sentir judeus sem qualquer vínculo. Isto é,

já fui procurado por gente de todas as vertentes judaicas. Ain-

da mais interessante é que muitos ativistas de fora da comu-

nidade me informam serem procurados por judeus que lhes

imploram: “Não espalhem que atendem judeus...”

Essas ocorrências, a cada mês em maior número que no

mês anterior, apontam para o fato de que há, sim, entre nós,

uma séria prevalência de abuso de drogas, de alcoolismo, de

apostadores compulsivos e que já é hora de todos nós fi nal-

mente abrirmos nossos olhos e lutarmos em duas frentes. A

primeira, mais imediata, é a prevenção, que deve ser atacada

“ontem”, porque amanhã pode ser tarde. A outra é a recupera-

ção dos que já entraram neste terrível redemoinho. E peço a

você leitor: entenda e aceite a evidência de que a prevenção é

mais importante porque é muito mais fácil evitar que alguém

entre neste mundo do que ajudá-lo a sair.

No entanto, e infelizmente, esta área é negligenciada em

nossas escolas, nossos movimentos juvenis, nossas sinago-

gas e nossas entidades. Como comunidade – de verdade –

nunca fi zemos algo sistemático, contí-

nuo, mensurável e apoiado em provas

científi cas. Se alguma entidade o fez,

seus esforços não permearam pela cole-

tividade como um todo, fi cando restrita

a poucos, muito poucos.

Meu relacionamento constante com

muitos pais e cônjuges de adictos (vul-

garmente chamados de “viciados”) mos-

tra de forma contundente o caos que se

instala na família quando um dos mem-

bros se torna adicto. O padrão é sem-

pre o mesmo e é difícil descrever a dor,

o sofrimento, o isolamento, a angús-

tia, o medo e a raiva que dominam to-

dos da família atingida. Geram-se con-

fl itos, separações, rupturas e disfunções

familiares. A família entra numa espi-

ral de convívio com a mentira (de parte

do adicto) e o segredo (que todos na fa-

mília precisam manter). É mais do que

chegada a hora de nos unirmos para en-

frentar esta situação. Se não o fi zermos

provavelmente viveremos um caos em

poucos anos, pois o avanço parece ser

exponencial.

A grande pergunta é: como se faz isto?

Creio que o começo está na constatação

de que nossas lideranças sabem pouco,

muito pouco, a respeito, ainda que al-

guns, infelizmente, se neguem a admi-

tir. Então é preciso buscar informação e e

capacitação. Os educadores sabem o que

seus alunos pensam a respeito do consu-

mo de drogas ilegais? E álcool? E os dire-

judeus não têm problemas com álcool, drogas ou jogo

O PROBLEMA OCORRE ENTRE JUDEUS AFASTADOS, TRADICIONALISTAS, ORTODOXOS, NACIONALISTAS E OS QUE

DECLARAM SE SENTIR JUDEUS SEM QUALQUER VÍNCULO

Mito:

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Page 59: Revista Hebraica - Dezembro

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Page 60: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

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dire

toria

Abres 2.indd 7 22/11/2012 18:58:35

Desejamos a coletividade Israelita um Feliz Chanucá

Anuncios dez 2012.indd 8 22/11/2012 19:01:17

Page 61: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

121diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE GABY MILEVSKY

ASSESSOR FINANCEIRO MAURO ZAITZASSISTENTE FINANCEIRO MOISES SCHNAIDERASSESSOR OUVIDORIA JULIO K. MANDELASSESSOR ESCOLA BRUNO LICHTASSESSORA FEMININO HELENA ZUKERMANASSESSOR REVISTA FLÁVIO BITELMANASSESSOR REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL JOSÉ LUIZ GOLDFARBASSESSOR SEGURANÇA CLAUDIO FRISHER (Shachor)ASSESSOR ASSUNTOS ACESC MOYSES GROSSASSESSOR ASSUNTOS RELIGIOSOS RABINO SAMI PINTODIRETOR DE CAPTAÇÃO JOSEPH RAYMOND DIWANDIRETOR DE MARKETING CLAUDIO GEKKERCERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita)RELAÇÕES PÚBLICAS DEBORAH MENIUK

GLORINHA COHENLUCIA F. AKERMANMIRA HARARIPAULETE K. WYDATORSERGIO ROSENBERG

VICE PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS HENRI ZYLBERSTAJNRECURSOS HUMANOS CARLOS EDUARDO ALTONACONCESSÕES LIONEL SLOSBERGASTECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SERGIO LOZINSKYDEPARTAMENTO MÉDICO RICARDO GOLDSTEINCULTURA JUDAICO GERSON HERSZKOWICZ

VICE PRESIDENTE DE ESPORTES AVI GELBERG

ASSESSORES CHARLES VASSERMANNDAVID PROCACCIAMARCELO SANOVICZYVES MIFANO

GERAL DE ESPORTES JOSÉ RICARDO M. GIANCONIGESTÃO ESPORTIVA ROBERTO SOMEKHESCOLA DE ESPORTES VICTOR LINDENBOJMMARKETING/ESPORTIVO MARCELO DOUEK

HERMAN FABIAN MOSCOVICIRAFAEL BLUVOL

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS ARIEL LEONARDO SADKASOCIAL TÊNIS ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

TÊNIS DE MESA GERSON CANER

FIT CENTER MANOEL K.PSANQUEVICHMARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ ARTHUR ZEGERJIU JITSU FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) CARLO A. STIFELMANFABIO STEINECKE

GERAL DE BASQUETE AVNER I. MAZUZBASQUETE OPEN DAVID FELDON

WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA DE BASE MARCELO SCHAPOCHNIKBASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS GABRIEL ASSLAN KALILIBASQUETE HHH MASTER LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL SILVIO LEVI

HANDEBOL JOSÉ EDUARDO GOBBIADJUNTOS NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN

DANIEL NEWMANJULIANA GOMES SOMEKH

PARQUE AQUÁTICO MARCELO ISAAC GUETTAPOLO AQUÁTICO FABIO KEBOUDINATAÇÃO BETY CUBRIC LINDENBOJMÁGUAS ABERTAS ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN

RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON JULLIAN TOLEDO SALGUEIROCORRIDA ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) JEFFREY A.VINEYARDBADMINTON SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO FERNANDO FAINZILBER

GAMÃO VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA ISAAC KOHANFABIO KARAVER

XADREZ HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA HUGO CUPERSCHMIDT

VICE PRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO ABRAHAM GOLDBERGMANUTENÇÃO E OBRAS GILBERTO LERNERPAISAGISMO E PATRIMÔNIO MAIER GILBERTPROJETOS RENATA LIKIER S. LOBEL

VICE PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL SIDNEY SCHAPIRO

GERAL SOCIAL E CULTURAL SERGIO AJZENBERGSOCIAL SONIA MITELMAN ROCHWERGERFELIZ IDADE ANITA G. NISENBAUMRECREATIVO ELIANE SIMHON (Lily)CULTURAL SAMUEL SEIBELGALERIA DE ARTES MEIRI LEVINSHOWMEIO DIA AVA NICOLE D. BORGER

EDGAR DAVID BORGER

VICE PRESIDENTE DE JUVENTUDE MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS SARITA KREIMERGRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBARILANA W. GILBERT

SECRETÁRIO GERAL ABRAHAM AVI MEIZLER

SECRETÁRIO JAIRO HABERDIRETORES SECRETÁRIOS ANITA RAPOPORT

GEORGES GANCZ

JURÍDICO ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA ALEXANDRE FUCSBENNY SPIEWAKCARLOS SHEHTMANGIL MEIZLERLIGIA SHEHTMANTOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO ALBERTO SAPOCZNIKDIRETORES SABETAI DEMAJOROVIC

YIGAL COTTERMARCOS RABINOVICH

café.indd 121 22/11/2012 18:00:10

diretoria > presidência

HEBRAICA | DEZ | 2012

120

O s doze convidados para o ca-

fé-da-manhã com o presiden-

te Abramo Douek são pródigos

em elogios ao clube. O índice de satisfa-

ção é tal que alguns trouxeram propos-

tas para facilitar a frequência de pesso-

as da terceira idade, como a implanta-

ção de uma viagem especial às quartas-

feiras à noite da linha de ônibus entre

Higienópolis e a Hebraica para aumen-

tar o número de espectadores às sessões

de pré-estreia de cinema. Outra suges-

tão foi a contratação de uma brigada de

jovens para estimular emocionalmente

os idosos que permanecem sós nos ban-

cos, mesmo em dias movimentados.

Quando foram mencionados o Play-

ground e o Fit Center, Abramo anteci-

pou-se e anunciou reformas para os dois

Ideias para melhorar o que já é bom

espaços. “Vou encaminhar as sugestões

da criação de um espaço só para a prá-

tica de pilates e as observações sobre o

Playground. Quanto ao brinquedo, hou-

ve problemas na importação da peça de

reposição e agora dependemos da libe-

ração da alfândega para consertá-lo.”

Ao completar um semestre de funcio-

namento da Escola Antonietta e Leon Fe-

ffer, ele anunciou alguns ajustes em rela-

ção à circulação dos alunos e ao atendi-

mento dos concessionários. “No próxi-

mo ano, haverá algumas mudanças e a

escola deve aumentar o número de mo-

nitores durante o recreio”, disse o presi-

dente, já no fi nal da reunião. (M. B.)

NO CAFÉ-DA-MANHÃ DE OUTUBRO, OS SÓCIOS SUGERIRAM SERVIÇOS DE APOIO À TERCEIRA IDADE E A RESERVA DE UMA FAIXA EXCLUSIVA PARA MÃES COM CARRINHOS DE BEBÊ NA PISTA DE ATLETISMO

É CADA VEZ MAIOR O INTERESSE DO ASSOCIADO EM PARTICIPAR DO ENCONTRO NA PRESIDÊNCIA

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Page 62: Revista Hebraica - Dezembro

diretoria > grandes festas

HEBRAICA | DEZ | 2012

122

U m dos êxitos da vice-presidên-

cia Administrativa este ano foi

a total remodelação das sina-

gogas montadas no Salão Marc Chagall

e no Teatro Arthur Rubinstein durante

as Grandes Festas. O duplo projeto as-

sinado pelo Escritório Felippe Crescen-

te foi elogiado pelas famílias que reser-

varam lugares, e as autoridades e visi-

tantes fi caram encantadas com a beleza

dos dois templos. Passadas as primeiras

semanas do ano judaico de 5773, dois

arquitetos da equipe se reuniram com o

vice-presidente Mendel Szlejf para ava-

liar o trabalho.

O vice-presidente agradeceu em nome

da Hebraica o empenho dos profi ssionais

Detalhes de uma decoração elogiada

VISUAL DAS DUAS SINAGOGAS MONTADAS NO SALÃO MARC CHAGALL E TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN NAS GRANDES FESTAS FOI

O RESULTADO DO TALENTO E DO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DO ESCRITÓRIO DE FELIPPE CRESCENTI

ARQUITETOS DO ESCRITÓRIO FELIPPE CRESCENTI FIZERAM UM BALANÇO DO TRABALHO REALIZADO

e elogiou o efeito dos cenários nos dois

locais. “Vocês estiveram sempre presen-

tes durante a montagem em tempo recor-

de das sinagogas”, elogiou Szlejf.

Para um dos arquitetos, Christiano

Tomás Aguiar, os dois meses dedicados

aos detalhes das duas sinagogas servi-

ram para ampliar conhecimentos sobre

a cultura e a tradição judaicas. “Recen-

temente, reformamos um salão para

abrigar uma sinagoga e que envolveu

alguma pesquisa, assim como a deco-

ração de templos para bar-mitzvá que

fazemos com frequência, mas esse pro-

jeto na Hebraica exigiu muita atenção

a detalhes que desconhecíamos”, afi r-

mou o arquiteto que atua há quatro

anos no escritório de Crescenti.

Já a coordenadora da equipe de ce-

nários, a arquiteta Márcia Pereira Amo-

rim, descreveu a rotina de trabalho no

escritório onde trabalha há nove anos.

“Atuamos em um projeto desde a con-

cepção visual proposta pelo Felippe até

os desenhos, protótipos. Depois acom-

panhamos a montagem até fi car pron-

to”, resume.

Christiano descreve o processo com

mais detalhes: “Felippe reúne a equi-

pe e propõe as linhas gerais e trabalha-

mos com base nessas ideias. É raro des-

cartarmos um item durante a elabora-

ção do projeto. Ele visitou o salão e o te-

atro, imaginou as estruturas necessárias

e o resultado fi nal refl etiu sua concepção

original”, explicou.

Para os dois profi ssionais, foi difícil

indicar um local ou detalhe que tenha

apresentado difi culdades na execução.

“O projeto inteiro foi desafi ador. Até as

plantas que apareciam ao fundo nas

duas sinagogas funcionaram bem. De-

ram um toque de aconchego que que-

ríamos transmitir às pessoas que pas-

sariam horas rezando”, afi rmou Márcia.

(M. B.)

grandes festas.indd 122 22/11/2012 18:00:36 Anuncios dez 2012.indd 5 23/11/2012 16:45:24

Page 63: Revista Hebraica - Dezembro

vitrine > informe publicitárioHEBRAICA | DEZ | 2012

124

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roteiro gastronômicoHEBRAICA | DEZ | 2012

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roteiro gastronômico

HEBRAICA | DEZ | 2012

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Gastronômico.indd 126 22/11/2012 19:04:21

roteiro gastronômicoHEBRAICA | DEZ | 2012

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Gastronômico.indd 127 22/11/2012 19:04:27

Page 65: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

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HEBRAICA | DEZ | 2012

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Indicador profissional.indd 129 23/11/2012 15:05:19

Page 66: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

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HEBRAICA | DEZ | 2011

131

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Page 67: Revista Hebraica - Dezembro

HEBRAICA | DEZ | 2012

132indicador profi ssional

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PSICOLOGIAOTORRINOLARINGOLOGIA

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HEBRAICA | DEZ | 2011

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Indicador profissional.indd 133 23/11/2012 16:53:01

Page 68: Revista Hebraica - Dezembro

compras e serviços

HEBRAICA | DEZ | 2012

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compras e serviçosHEBRAICA | DEZ | 2012

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Compras e serviços.indd 135 23/11/2012 17:00:15

Page 69: Revista Hebraica - Dezembro

compras e serviços

HEBRAICA | DEZ | 2012

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Compras e serviços.indd 136 22/11/2012 19:09:28

compras e serviçosHEBRAICA | DEZ | 2012

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Compras e serviços.indd 137 22/11/2012 19:09:33

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10 de dezembro

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2012

Peter Weiss Presidente

Horácio Lewinski Vice-presidente

Cláudio Sternfeld Vice-presidente

Luiz Flávio Lobel Secretário

Fernando Rosenthal Segundo secretário

Sílvia Hidal Assessora da Presidência

Célia Burd Assessora da Presidência

Ari Friedenbach Assessor da Presidência

Mesa do Conselho

Mudanças à vista Este ano tivemos a maioria das reuniões ordinárias com

alto índice de presença, especialmente porque a pauta de

cada uma delas continha sempre um ou mais itens liga-

dos diretamente à condução do clube.

Refi ro-me, por exemplo, à eleição do vice-presidente So-

cial e Cultural, algo raro na história do clube, uma vez que

os cargos do Executivo são defi nidos no início da gestão e

agrupados em uma chapa que o novo presidente subme-

te ao Conselho.

É evidente que a renovação do Conselho, com o aumento

do número de jovens profi ssionais, alterou a forma como

as decisões são conduzidas durante as reuniões. A eleição

do conselheiro Sidney Schapiro demonstra o apego de to-

dos à democracia e a preferência da maioria por um vice-

presidente que demonstre conhecer as questões relativas

ao clube.

A prudência também tem sido marca registrada no Con-

selho Deliberativo neste ano repleto de desafi os. Respei-

tando um pedido feito pelas comissões de Obras e Pa-

trimônio e de Administração e Finanças, a discussão da

peça orçamentária para 2013 apresentada pelo Executi-

vo foi adiada para a reunião de dezembro, dando um pra-

zo maior para a análise de itens, como os projetos de re-

formas e manutenção propostos pela vice-presidência de

Obras.

E eis que novamente contaremos com grande presença

na última reunião ordinária do Conselho já que é cada vez

maior o interesse dos conselheiros em conhecer e deba-

ter sobre decisões que fatalmente lhes serão cobrados pe-

los sócios. Isto é representação de fato e democracia, e me

dá satisfação em presidir um Conselho Deliberativo nes-

tas condições.

conselho deliberativo

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