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revistahugv

Revista do Hospital Universitário Getúlio VargasThe Journal of Getulio Vargas University Hospital

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONASHOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS

Rua Apurinã nº 04 – Praça 14 de Janeiro, Cep: 69020-170 Manaus - AMFones: (092) 3621-6582/6519 E-mail: [email protected]

FUNDADORES

Ricardo Torres SantanaJorge Alberto Mendonça

LISTA DO CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA HUGV

EDITOR-CHEFEFernando Luiz Westphal

Maria Augusta Bessa Rebelo Rosane Dias da Rosa

Kathya Augusta Thomé Lopes Maria Lizete Guimarães Dabela

LISTA DO CONSELHO CONSULTIVO DA REVISTA HUGV

Aluísio Miranda LeãoÀngela Delfina B. GarridoAntonio Carlos Duarte CardosoCélia Regina Simoneti BarbalhoCláudio ChavesClemencio Cezar Campos CortezDagmar KeisslichDavid Lopes NetoDomingos Sávio Nunes de LimaEdson de Oliveira AndradeEdson Sarkis GonçalvesErmerson SilvaEucides Batista da SilvaEurico Manoel AzevedoCristina da Melo Rocha

Fernando César Façanha FonsecaFernando Luiz WestphalGerson Suguyama NakajimaIone Rodrigues BrumIvan da Costa TramujásJacob CohenJoão Bosco L. BotelhoJosé Correa Lima NettoJulio Mario de Melo e LimaKathya Augusta Thomé de SouzaLourivaldo Rodrigues de SouzaLuís Carlos de LimaLuiz Carlos de Lima FerreiraLuiz Fernando PassosMaria Augusta Bessa Rebelo

Maria do Socorro L. CardosoMaria Fulgência Costa L. BandeiraMaria Lizete Guimarães DabelaMariano Brasil TerrazasNeila Falcone BonfimNelson Abrahim FraijiNikeila Chacon de O. CondeOsvaldo Antônio PalharesRicardo Torres SantanaRosana Cristina Pereira ParenteRosane Dias da RosaRubem Alves da Silva JúniorWilson BulbolZânia Regina Ferreira Pereira

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Revista do Hospital Universitário Getúlio VargasThe Journal of Getulio Vargas University Hospital

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURAUNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGASCopyright© 2009 Universidade Federal do Amazonas/HUGV

REITORA DA UFAMDra. Márcia Perales Mendes Silva

DIRETOR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGASDr. Lourivaldo Rodrigues de Souza

PRODUÇÃO GRÁFICA-EDITORIALWagner Alencar

ORGANIZAÇÃOThaís Borges Viana

DIRETORA DA EDUADra. Iraildes Caldas Torres

DIRETORA DA REVISTAProfª Dayse Enne Botelho

REVISÃO (LÍNGUA PORTUGUESA)Sergio Luiz Pereira

CAPAServiço de Ergodesign

TIRAGEM 300 EXEMPLARES

FICHA CATALOGRÁFICAYcaro Verçosa dos Santos – CRB-11 287

CDU 61(051)

R454 Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas.Revista do Hospital Getúlio Vargas. V. 8, n. 1-2 (2009) / Manaus: Editora da UniversidadeFederal do Amazonas, 2009.178 p.SemestralTítulo da revista em português inglêsISSN – 1677-91691. Medicina-Periódico I. Hospital Universitário Getúlio Vargas II. Universidade Federal do Amazonas.

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Sumário

Editorial

Prof. Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza – Diretor do HUGV

Artigos Originais

1. Ocorrência de complicações respiratórias no pós-operatório de cirurgias abdominais

2. Detecção de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade em pessoas da 3ª idade de um município do alto Solimões

3. Empiema pleural no adulto e adolescente: Prevalência, tratamento e evolução no período de janeiro 1995 a janeiro de 2005.

4. Correção da deformidade de parede torácica anterior pela técnica de Nuss – A experiência inicial em Manaus

Artigo de Revisão

5. Indicações atuais da cirurgia poupadora de néfrons nos tumores renais. Um artigo de revisão.

Relato de Caso

6. Abordagem cirúrgica extra-oral no tratamento de rânula mergulhante - relato de caso

7. Comprometimento da coluna cervical na artrite reumatóide grave: melhora com tratamento clínico

8. Neoplasia de células germinativas em crianças: relato de caso e revisão de literatura

9. Ingestão inadvertida de chumbo em animal caçado como causa de apendicite aguda

10. Adenoma de vesícula biliar: relato de caso

11. Tamponamento cardíaco traumático tardio: relato de caso

12. Síndrome do Lobo médio: relato de caso

Anais da V Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental

09

11

20

30

40

47

55

62

72

79

83

87

94

101

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Contents

Editorial

Prof. Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza – Diretor do HUGV

Original Articles

1. Occurrence of respiratory complications in the postoperative period of abdominal surgeries

2. Systemic hypertension, diabetes mellitus and obesity in participants of third age’s group in a city of the high Solimões river

3. Pleural Empyema in the adult and adolescent: Prevalence, treatment and evolution in the period of January 1995 the January of 2005

4. Anterior chest wall deformity correction by Nuss technic – Initial experience of Manaus

Article Review

5. Current indications of nephron-sparing surgery in renal tumors. A review article.

Case Report

6. Surgical management extra-oral in treatment of plunging ranula – case report

7. Impairment of the cervical spine in severe rheumatoid arthritis: clinical treatment with improvement of symptoms

8. Germ cell neoplasia in children: case report and literature review

9. Inadvertent consumption of leads in animal hunted as causes of sharp appendicitis

10. Gallblader adenoma: case report

11. Late traumatic cardiac tamponade: case report

12. Middle lobe syndrome: case report

Annals

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40

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55

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72

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9 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Editorial

O convite para prefaciar esta revista levou-me a experimentar dois sentimentos agradáveis. De um lado, reconhecendo que o processo de escrever significa algo mais do que a simples ação de registrar fatos e experiências vivenciadas, manifesto alegria sincera pela contribuição destes jovens autores à produção, à sistematização e à socialização de mais conhecimentos na área da Saúde. Por outro lado, ciente de que a responsabilidade de prefaciar uma revista constitui uma honra conferida pelo editor para opinar sobre esta obra, não poderia deixar de expressar também o orgulho que sinto ao ter acompanhado, há quase dez anos, o seu nascimento e, nos últimos anos, o desenvolvimento profissional destes talentosos investigadores que publicam suas experiências científicas.

Manter a qualidade do conteúdo da revista do HUGV é sem dúvida uma característica peculiar do seu editor. Portanto, as qualidades requeridas para o trabalho científico, como, por exemplo, rigor, seriedade, lógica do pensamento, busca da prova, etc., indispensáveis ao pesquisador, são aqui observadas. Cada artigo tem sempre, de forma implícita ou explícita, as marcas do caráter de quem o escreve. O ato de escrever um artigo é, além de tudo, uma iniciativa para despertar o interesse pela pesquisa e a paciência na busca da verdade. Os autores a fazem de forma bastante determinada e também corajosa, ao articularem os conhecimentos básicos de estatística para ler e interpretar evidências do cotidiano profissional.

Esta revista constitui uma obra indispensável à formação inicial e continuada daqueles que interagem com o Hospital Universitário Getúlio Vargas, não tão somente no campo da medicina, mas nas demais áreas da saúde, para que as pessoas possam aprender a investigar por meio da prática de pesquisa, enfrentando problemas difíceis e aprendendo com os erros, porque ninguém está isento de cometer erros. Há, ao longo da revista, uma ambição de conhecimento e demonstração clara de que os autores são participantes efetivos do campo que estudam. Evidentemente, há um longo caminho a trilhar, onde muitos superaram o desafio inicial e apresentam suas contribuições na tentativa de reduzir a demanda reprimida de obras desta natureza. Gostaria de ressaltar o empenho que o editor está fazendo ao longo desses anos para manter o padrão da revista. Como membro do Conselho Editorial e como diretor do HUGV, sinto-me honrado ao poder descrever esses sentimentos a respeito da qualidade da revista, dos seus autores e do seu editor.

Por fim, devo enfatizar que nossa memória ficará nos registros oficiais que um dia decidimos fazer, pois as palavras voam e o que escrevemos ficará para as futuras gerações.

Lourivaldo Rodrigues de Souza

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11 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva,Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira

OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE

CIRURGIAS ABDOMINAIS*

OCCURRENCE OF RESPIRATORY COMPLICATIONS IN THE

POSTOPERATIVE PERIOD OF ABDOMINAL SURGERIES

Edson de Oliveira Andrade,* Elaine Cristina Marinho da Fonseca,**

Ângela Maria Melo da Silva,*** Fábio Arruda Bindá,**

Diego Carvalho,****Cristiane de Brito Vieira****

RESUMO

As complicações pulmonares no pós-operatório (CPP) devem ser consideradas como uma

segunda doença, que ocorrem até trinta dias após o procedimento, ou a exacerbação de uma

mesma doença preexistente em decorrência da cirurgia. A incidência de CPP está relacionada

ao tipo de cirurgia, à alteração da mecânica respiratória do diafragma e padrão respiratório

apical e superficial, à custa de um volume respiratório baixo. As cirurgias de tórax e abdome

superior foram as grandes responsáveis pelas complicações pulmonares. As principais

CPPs encontradas são atelectasia, infecção traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência

respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou intubação orotraqueal prolongadas, e

broncoespasmo. OBJETIVO: verificar a incidência e tipos de complicações pulmonares em

pacientes no pós-operatório de laparotomias eletivas na Fundação Hospital Adriano Jorge.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte, prospectivo, que investigou 54 pacientes

submetidos a cirurgias abdominais, nos quais se investigou fatores de risco relacionados aos

pacientes, ao ato anestésico-cirúrgico, bem como a função pulmonar pré e pós-operatória.

Os pacientes foram classificados pela escala de Torrington-Henderson. RESULTADOS: Todos

os pacientes foram classificados como baixo risco pela escala de Torrington e Henderson.

Foi verificada a ocorrência de um caso CPP (atelectasia sintomática), de diminuição do VEF1

*Professor-adjunto da Universidade Federal do Amazonas e ex-professor de Clínica Médica da UEA; TECM-SBCM e TEPT-SBPT**Médica (o) bolsista de iniciação científica da Fapeam***Médica residente de Anestesiologista do Hospital Universitário Getúlio Vargas – Ufam****Acadêmicos de Medicina – UEA

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NOPÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS

e da VEF6 no pós-operatório quando comparado com as medidas no pré-operatório, sendo

essas diminuições mais intensas nas cirurgias supraumbilicais. CONCLUSÃO: Foi observada

uma baixa incidência de CPP em nosso estudo, que provavelmente está relacionada ao baixo

risco apresentado na escala de Torrington-Henderson pela população estudada.

Palavras-chave: Complicações, Pós-Operatório, Pulmonares, Espirometria.

ABSTRACT

Pulmonary complications in the postoperative period (CPP) should be considered as a

second disease, which occur up to thirty days after the procedure, or the exacerbation of a

preexisting disease that due to surgery. The incidence of CPP is related to the type of surgery,

the change of respiratory mechanics and diaphragm breathing pattern and apical surface,

the cost of a low volume breathing. The surgery of the chest and upper abdomen were

the major responsible for pulmonary complications. The main CPP are found atelectasis,

tracheobronchial infection, pneumonia, respiratory failure, mechanical ventilation and

/ or prolonged tracheal intubation and bronchospasm. OBJECTIVE: To determine the

incidence and types of pulmonary complications in patients in the postoperative period

of elective laparotomies in Hospital Adriano Jorge Foundation. METHODS: This was a

cohort study, prospective, who investigated 54 patients undergoing abdominal surgery,

which investigated risk factors related to patients, the anesthesia, surgical and pulmonary

function pre-and postoperative. Patients were classified by the scale of Torrington-

Henderson. RESULTS: All patients were classified as low risk by the scale of Torrington and

Henderson. It was verified the occurrence of an event PPCs (atelectasis symptomatic), the

decrease in FEV1 and VEF6 in postoperative compared with preoperative measures, these

being more severe decreases in the supra-umbilical surgery. CONCLUSION: There was a

low incidence of CPP in our study, which is probably related to low risk presented in the

scale of the Torrington-Henderson population.

Keywords: Complications, Postoperative, Pulmonary, Spirometry.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva,Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira

INTRODUÇÃO

O conceito de complicações

pulmonares no pós-operatório (CPP)

diverge muito na literatura; contudo,

deve-se considerar que as complicações

pós-operatórias são uma segunda doença,

inesperada, que ocorre até trinta dias após

o procedimento cirúrgico, ou a exacerbação

de uma mesma doença preexistente em

decorrência da cirurgia. Assim, as verdadeiras

complicações constituem-se em uma doença

inesperada que traz repercussão clínica para o

paciente e prolonga, principalmente, o tempo

de permanência no pós-operatório.1; 2

A incidência de CPP está

relacionada ao tipo de cirurgia, à alteração

da mecânica respiratória do diafragma e do

padrão respiratório, à custa de um volume

respiratório baixo, bem como a outros

fatores que contribuem para a atelectasia

(redução da capacidade residual funcional

(CRF), perda do surfactante pulmonar ou

obstrução).3 Qualquer tipo de cirurgia pode

evoluir com tais complicações; contudo, as

cirurgias de tórax e do abdome superior são

as grandes responsáveis pelas complicações

pulmonares, estimando-se que há uma

redução de 50 a 60% da capacidade vital

e de 30% da CRF, causadas por disfunção

do diafragma, dor pós-operatória e colapso

alveolar nessas cirurgias.2 Sabe-se que

no pós-operatório de cirurgia abdominal

alta ocorrem alterações da mecânica

respiratória, do padrão respiratório, das

trocas gasosas e dos mecanismos de defesa

pulmonar, propiciando o aparecimento de

CPP.4 Acredita-se que a incidência dessas

complicações possa estar associada à

presença de fatores de risco como obesidade,

fumo, doença pulmonar obstrutiva crônica,

etilismo, doença cardíaca, idade avançada,

caquexia, baixo status clínico, tempo de

cirurgia, técnica cirúrgica empregada,

valores espirométricos anormais, escolha do

anestésico, intubação, tempo de intubação,

capacidade diminuída ao exercício e

tempo de internação pré-operatório

prolongado. Em suma, a ocorrência da CPP

está associada à existência de fatores de

risco pré-operatórios, trans-operatórios

e pós-operatórios. Um estudo recente

atribuiu a ocorrência da CPP à combinação

de três fatores: quantidade e tipo de

contaminação do sítio cirúrgico, técnicas

cirúrgicas e anestésicas empregadas, e

resistência individual do paciente para

o desenvolvimento de complicações

pulmonares.2

As principais CPPs encontradas no

pós-operatório são atelectasia, infecção

traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência

respiratória aguda, ventilação mecânica e/

ou intubação orotraqueal prolongadas, e

broncoespasmo.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NOPÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS

Uma vez que as CPPs em cirurgias

de abdome superior são causas importantes

do aumento de morbimortalidade, é

necessário determinar a incidência dessas

complicações respiratórias em nosso meio,

a fim de que se possam realizar medidas

visando à redução tanto da frequência quanto

de sua intensidade, assim determinando

decréscimo da morbimortalidade no pós-

operatório e no ônus do tratamento e,

principalmente, proporcionar melhor

qualidade de vida ao paciente.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo de coorte

prospectivo que investigou as CPPs ocorridas

no pós-operatório de cirurgias abdominais.

Esta pesquisa foi desenvolvida na Fundação

Hospital Adriano Jorge, na cidade de

Manaus, sendo aprovado pelo Comitê de

Ensino e Pesquisa ( CAAE-0010.0.252.133-

05). A inclusão dos pacientes foi realizada

mediante prévia anuência do termo de

consentimento informado e esclarecido.

Não houve conflito de interesse

durante toda a fase de desenvolvimento do

projeto de pesquisa.

Foram avaliados 54 pacientes

de ambos os sexos, sem alterações

neuromusculares e ortopédicas conhecidas,

com idade entre 18 a 80 anos, internados

para realização de cirurgia abdominal

eletiva. A coleta de dados foi realizada

entre janeiro e julho de 2008. Os fatores

de risco referentes aos pacientes estudados

foram: idade, obesidade (IMC superior

a 30), desnutrição; tabagismo; etilismo;

doenças pulmonares preexistentes e

atuais; cardiopatias e dados espirométricos

prévios. Os fatores de risco associados aos

procedimentos estudados foram: a anestesia

(tipo, intercorrências), tempo de cirurgia

e intercorrências no ato operatório. Os

pacientes candidatos à laparotomia eletiva

foram submetidos à avaliação clínica pré-

operatória e pós-operatória, consistindo de

história clínica, exame físico, radiografia de

tórax, espirometria e avaliação pela escala

de Torrington e Henderson.

A mensuração da função pulmonar

foi realizada por meio da espirometria,

utilizando o aparelho portátil (Koko Peak

Pro6 – Ferraris), que analisa o volume

expiratório no 1.º segundo (VEF1), o

volume expiratório no 6.º segundo (VEF6)

dos pacientes nos períodos pré e pós-

operatório (24h de PO após as herniorrafias

e 48h de PO nas demais cirurgias), sendo

que cada paciente executou pelo menos

três manobras aceitáveis, sem uso de

broncodilatador, cujo melhor resultado foi

utilizado para efeito deste estudo.

Após o procedimento cirúrgico, o

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15 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva,Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira

paciente foi acompanhado diariamente

desde o pós-operatório imediato até a alta

ou ocorrência de óbito hospitalar.

Para efeito deste estudo, foram

consideradas complicações pulmonares pós-

operatórias: pneumonia; traqueobronquite,

broncoespasmo, atelectasias pulmonares

com sintomas respiratórios; insuficiência

respiratória aguda com alteração

gasométrica e a intubação orotraqueal

prolongada (> 48 h no PO).

Os dados coletados foram analisados

pelo programa SPSS 13.0, sendo os dados

quantitativos submetidos ao teste T de

Student e os qualitativos pela estatística

exata de Fisher. O alfa adotado foi de 5%,

com um intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS

Foram avaliados 54 pacientes de

ambos os sexos, sendo 32 (59%) do sexo

feminino e 22 (41%) masculino, com a idade

variando entre 18 a 79 anos, com média de

47 anos; IMC médio de 25, 47 (DP±).

Dos fatores de risco apresentados

pelo paciente, constatou-se que o etilismo

foi a principal variável encontrada (37,03%),

seguida de doença pulmonar (20%),

doença cardíaca (14,81%) e tabagismo

(12,96)%. Perto de 14% dos pacientes não

apresentavam fatores de risco.

Dos pacientes que apresentavam

doença pulmonar prévia, 11% relataram asma,

7% pneumonia e 2% outras pneumopatias

prévias, todos assintomáticos.

As cirurgias realizadas foram igualmente

divididas em cirurgias no abdome superior e o

no abdome inferior. O tempo cirúrgico médio

foi de 94,62 minutos (DP±4,3).

Dos procedimentos realizados,

34% (18) foram colecistectomias

convencionais, 28% (15) herniorrafias, 9%

(5) colecistectomias videolaparoscópicas,

7% (4) prostatectomias transvesicais e 22%

(12) outras, totalizando 54 cirurgias.

Quanto ao tipo de anestesia utilizado,

50% foram de raquianestesia, 41% anestesia

geral e 9% anestesia peridural. O agente

anestésico mais utilizado bupivacaina 0,5%

(61%). Também foram utilizados o isoflurano

(30%) e o sevoflurano (9%).

O tempo de internação hospitalar variou

entre 2 e 8 dias com média de 3 dias e DP± 1,37.

O risco de complicações quantificado

pela escala de Torrington e Henderson5

classificou os 54 pacientes como de baixo

risco. Dos pacientes pesquisados, apenas 1

(2%) evoluiu com complicações pulmonares,

sendo a atelectasia sintomática única

afecção pulmonar registrada.

As Tabelas 1 e 2 referem-se às

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16 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NOPÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS

diferenças entre os valores espirométricos

pré e pós-operatórios no VEF1 e VEF6

respectivamente, observando-se, no geral,

diminuição no pós-operatório.

N.º Média (L) Desvio padrão

VEF1 Pré-op. 2,12 2,12 0,64

VEF1 Pós-op. 1,44 1,44 0,56

Tabela 1 – Diferenças entre os valores espirométricos pré e pós-operatórios do VEF1

p<0,001

N.º Média (L) Desvio padrão

VEF6 Pré-op. 54 2,17 0,68

VEF6 Pós-op. 54 1,50 0,60

Tabela 2 – Diferenças entre os valores espirométricos pré e pós-operatório do VEF6

p<0,001

As Tabela 3 e 4 mostram que o

local da incisão cirúrgica é determinante

na diminuição dos valores do VEF1 e VEF.

As cirurgias supraumbilicais proporcionam

uma maior diminuição nos valores do VEF1

e VEF6 medidos no pós-operatório.

Local de incisão

N.º Média (L)

Desvio

VEF1 Supraumbilical 27 0,76 0,54

Infraumbilical 27 0,45 0,32

Tabela 3 – Comparação da diferença pré e pós-operatória do VEF1 em relação ao local da incisão.p<0,05

Local de incisão

N.º Média (L)

Desvio

VEF6 Supraumbilical 27 0,86 0,65

Infraumbilical 27 0,46 0,36

DISCUSSÃO

A idade média dos pacientes

estudados foi de 47 anos, sendo que a

complicação pulmonar registrada ocorreu

em um paciente com 31 anos de idade, o

que difere dos resultados da literatura, que

relatam a ocorrência de CPPs em indivíduos

mais idosos, geralmente acima dos 50

anos.6; 7

O tempo médio de cirurgia foi de

94,6 min., estando abaixo do tempo (>210

min.) mais relacionado ao desenvolvimento

de complicações pulmonares pós-

operatórias.

Onze dos 54 pacientes tinham

história de pneumopatia prévia que,

no entanto, não foi relacionada ao

aparecimento de CPP, muito provavelmente

porque a maioria de tais doenças ocorreu

durante a infância, ou quando se tratou

de asma, apresentava-se há mais de um

ano sem exacerbação. Dos 54 pacientes,

sete referiram tabagismo sem, contudo,

Tabela 4 – Comparação da diferença pré e pós-operatória do VEF6 em relação ao local da incisão. p<0, 001

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva,Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira

apresentarem CPPs. Esse comportamento

difere do encontrado na literatura, onde

os pacientes com pneumopatias prévias

apresentam mais complicações (36%) que

os não pneumopatas (6%).1 Ainda que em

nosso estudo o tabagismo não tenha sido

associado às CPPs, deve-se salientar que

existe uma associação importante entre o

tabagismo e as complicações respiratórias

pós-operatórias. Alguns autores acreditam

que essa relação seja indireta, uma vez que

os sintomas respiratórios são três a quatro

vezes maiores nos fumantes que nos não

fumantes. Assim, a abstinência do cigarro no

período pré-operatório, principalmente por

mais de oito semanas, reduz a frequência

e a intensidade dos sintomas e leva a uma

menor incidência de CPP.6

A técnica cirúrgica empregada

guarda associação com a ocorrência de

CPPs. A anestesia geral é a que proporciona

maior número de complicações. A única

CPP observada nesta pesquisa ocorreu em

paciente submetido à anestesia geral. A

relação entre anestesia geral e CPP deve-

se intubação orotraqueal, ao relaxamento

muscular e depressão do sistema nervoso

central, que diminui o reflexo da tosse

bem como predispõe a broncoaspiração e

a utilização de ventilação mecânica. Os

pacientes anestesiados pelos bloqueios

regionais não sofrem influência desses

fatores, e, a priori, portanto, não sofrem

interferência na dinâmica respiratória, logo

não desenvolveriam CPPs.2

O tempo de internação médio foi de

três dias, sendo que as cirurgias de abdome

inferior tiveram um tempo médio menor

de internação (dois dias). O maior tempo

de internação foi de oito dias e deveu-se à

complicação não pulmonar – infecção no sítio

operatório – de cirurgia abdominal alta.

A escala de Torrington e Henderson

mostra-se confiável na previsão pré-

operatória da ocorrência de CPP. Nessa

classificação os pacientes são separados em

três grupos: baixo, moderado e alto risco.

Sendo que a probabilidade de ocorrência de

CPP nesses grupos é da ordem de 6,1%, 23,

3%, 35%, respectivamente.5 Neste estudo,

todos os pacientes foram classificados como

baixo risco.

Foi realizado o mesmo número de

cirurgias no abdome superior e inferior.

Quando se compara a perda de função

pulmonar no pós-operatório entre os dois

locais de cirurgia, nota-se que há uma maior

perda da função pulmonar (VEF1; VEF6 e

VEF1/VEF6) nas cirurgias do abdome superior,

como também é relatado na literatura. Esse

fato é considerado como predisponente para

o aparecimento de CPPS.

Neste estudo, a mensuração da

função pulmonar foi realizada por meio da

espirometria simplificada, isto é, utilizando

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18 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NOPÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS

as medidas do VEF1, do VEF6 e da VEF1/

VEF6, as quais têm forte correlação com

os dados da espirometria convencional, ou

seja, o VEF1, a capacidade vital forçada

(CVF) e a VEF1/CVF8-11 para determinação

de alterações na função pulmonar.

Foi observada diminuição nas três

medidas estudadas, quando comparamos

os valores obtidos durante o pré-

operatório e pós-operatório, ocorrendo

uma diminuição média de 49,05% e

31,29% do VEF1, respectivamente, para as

cirurgias de abdome superior e inferior. A

diminuição do VEF6 foi em média de 52,19%

e 33,27%, nas incisões supraumbilicais

e infraumbilicais, respectivamente.

Revisando-se a literatura, constatou-se que

alguns procedimentos cirúrgicos interferem

na mecânica respiratória com tendência ao

desenvolvimento de alterações pulmonares

restritivas (diminuição do VEF6 e na CVF).

Essas alterações atingem seu pico máximo

no primeiro dia de pós-operatório, momento

em que o sistema respiratório se torna mais

vulnerável a complicações pulmonares pós-

operatórias, ocorrendo, especialmente, em

cirurgias em abdome superior por conta da

disfunção diafragmática, desencadeada pelo

estímulo cirúrgico, bem como a duração

do ato anestésico e o tamanho da incisão

cirúrgica.12

Por fim, neste estudo, encontrou-

se a ocorrência de apenas um caso (2%) de

CPP, sendo uma atelectasia sintomática,

a única complicação encontrada. Esse

paciente apresentava uma incisão cirúrgica

supraumbilical, uso de anestesia geral,

tempo cirúrgico de 200 min. sem, entretanto,

apresentar história de etilismo, tabagismo

ou pneumopatia prévia.

REFERÊNCIAS

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respiratória nos pacientes com e sem síndrome

pulmonar obstrutiva submetidos à cirurgia abdominal

alta. Rev Assoc Med Bras 2000 Jan;46(1):15-22.

2. Thomson GC, Jóia Neto L, Cardoso JR. Complicações

Respiratórias no Pós-operatório de Cirurgias Eletivas

e de Urgência e Emergência em um Hospital

Universitário. J Bras Pneumol 2005;31(1):41-7.

3. Rossi L, M.S.F. Papel da Fisioterapia Intensiva nas

complicações pulmonares em pacientes submetidos

à cirurgia abdominal. Disponível em: http://www.

sobrati.com.br/trabalho25.htm. 2008. Acesso em:

12-8-2008.

4. Paisani DM, Chiavegato LD, Farensi SM. Volumes,

capacidades pulmonares e força muscular

respiratória no pós-operatório de gastroplastia. J

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5. Faresin SM, de Barros JA, Beppu OS, Peres CA, Atallah

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Rev Assoc Med Bras 2000 Apr;46(2):159-65.

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cardiopulmonar em cirurgia abdominal alta eletiva

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19 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva,Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira

(Tese). Universidade Federal de São Paulo; 2000.

7. Oliveira PG, Vianna AL, Silva SP, Rodrigues FRA,

Martins RLM. Influência do tabagismo, obesidade,

idade e gênero na função pulmonar de pacientes

submetidos à colecistectomia videolaparoscópica.

Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

2000;27:19-22.

8. Lundgren FL, Cabral MM, Climaco DC, de Macedo

LG, Coelho MA, Dias AL. Determinação da eficiência

do VEF6 como substituto para a CVF na triagem

diagnóstica da doença pulmonar obstrutiva crônica

através da comparação entre as relações VEF1/CVF

e VEF1/VEF6. J Bras Pneumol 2007 Apr;33(2):148-

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9. Vandevoorde J, Verbanck S, Schuermans D,

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detection of airway obstruction and restriction.

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10. Vandevoorde J, Swanney M. Is forced expiratory

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11. Hankinson JL, Crapo RO, Jensen RL. Spirometric

reference values for the 6-s FVC maneuver. Chest

2003 Nov;124(5):1805-11.

12. Ramos GC, Pereira E. Avaliação da função

pulmonar após colecistectomias laparoscópicas

e convencionais. Revista do Colégio Brasileiro de

Cirurgiões 2007;(34):326-30.

AGRADECIMENTOS

À Fundação Hospital Adriano

Jorge, que nos autorizou a realização

deste trabalho em suas dependências; à

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

do Amazonas – Fapeam, pelo financiamento

da pesquisa, bem como a todos aqueles que,

direta e indiretamente, contribuíram para

o êxito desta pesquisa e, principalmente,

aos pacientes, sem a colaboração dos quais

seria impossível a conclusão do estudo.

Projeto de pesquisa financiado pela

Fundação da Amparo à Pesquisa do Estado

do Amazonas – Fapeam.

Instituição de origem do trabalho:

Universidade do Estado do Amazonas.

Endereço do autor principal: Rua Paraíba,

Conj. Abílio Nery, quadra H, casa 2 –

Adrianópolis, Manaus-AM

Fone: (92) 3642-3864

E-mail: [email protected]

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20 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM

PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO

SOLIMÕES

SYSTEMIC HYPERTENSION, DIABETES MELLITUS AND OBESITY IN PARTICIPANTS OF THIRD AGE’S GROUP IN A CITY

OF THE HIGH SOLIMÕES RIVER

Pietro Pinheiro Alves,* Cristiano Castanheiras Cândido da Silva,**

Fernando Rodrigues Máximo,*** Heliana Nunes Feijó Leite,****

Sérgio Victor Gomes Wanderley,***** Ricardo César Simões Chaves******

RESUMO

A Hipertensão Arterial Sistêmica, o Diabetes Mellitus e a Obesidade são condições patológicas

importantes nas populações mais idosas e são determinantes de doenças cardiovasculares,

importantes causas de mortalidade no mundo. Sendo assim, o presente trabalho teve

como objetivo avaliar a ocorrência dessas afecções em participantes do grupo da terceira

idade de Benjamin Constant – AM. Durante o mês de janeiro de 2003 foi realizada a coleta

de dados a partir de uma campanha de detecção precoce fomentada pela Secretaria

Municipal de Saúde, onde a equipe responsável pela coleta realizou atividades de: (a)

aferição de Pressão Arterial; (b) solicitação de exame de Glicemia em jejum; (c) cálculo

do Índice de Massa Corporal (IMC) para identificação e classificação de eventuais obesos;

(d) preenchimento do formulário de entrevista com os dados pessoais, antecedentes,

hábitos de vida e os valores aferidos; (e) orientação aos idosos quanto aos seus hábitos

de vida, fatores de risco, educação em saúde e esclarecimento de dúvidas a respeito

das doenças crônico-degenerativas. Neste estudo observacional descritivo, dentre os 130

indivíduos do grupo, 106 foram analisados quanto à prevalência de HAS e obesidade, mas

*Ex-residente de Clínica Médica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Especialista em Clínica Médica. Autor principal do estudo**Pediatra do Hospital Santa Júlia. Autor***Cirurgião Geral da Fundação Hospitalar do Acre. Autor****Preceptora do Internato Rural. Colaboradora*****Acadêmico de Medicina 10.º período – Universidade Federal do Amazonas. Autor******Cardiologista e plantonista da Clínica Médica – HUGV. Revisor

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES

apenas 85 realizaram a dosagem de glicemia de jejum. RESULTADOS: Foram detectados

42 pessoas com HAS (39,62%), 8 com DM2 (9,41%) e 21 obesos (19,81%). O tabagismo foi

um fator de risco importante encontrado em quase metade dos entrevistados. O grupo da

terceira idade de Benjamin Constant possui fatores de risco acima da média nacional para

doenças cardiovasculares. Há a necessidade de um acompanhamento médico e nutricional

adequados, além de programas educacionais a fim de informar às pessoas sobre hábitos e

comportamentos de risco, promovendo a saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial Sistêmica; Diabetes Mellitus; Obesidade; Idosos.

ABSTRACT Systemic hypertension, Diabetes Mellitus and obesity are relevant pathological

conditions in older population and determinants of cardiovascular diseases, major causes

of mortality in the world. This study aimed to evaluate the occurrence of these disorders

in participants of third age’s group of Benjamin Constant-AM. On January 2003, data were

collected from the 3rd age group during a campaign for early detection, fomented by the

health´s department of the city, in which the responsible team did the following activities:

(a) blood pressure measurement (BP), (b) fasting plasma glucose measurement; (c) Body

Mass Index calculation (BMI) for identification and classification of eventual obese; (d)

filling in the interview´s form with personal data, past medical history, living habits and

values of BP, BMI and fasting plasma glucose (e) Orientation for the elderly about their

living habits, risk factors, health education and answering doubts related to the chronic

degenerative diseases. In this descriptive observational study, among 130 individuals of

the group, 106 were analyzed in relation to the prevalence of hypertension and obesity,

but only 85 measured fasting plasma glucose. RESULTS: 42 people were detected with

systemic hypertension (39.62%), 8 with DM2 (9.41%) and 21 obese (19.81%). Smoking was

an important risk factor found in almost half of those interviewed; The group of seniors

from Benjamin Constant presents risk factors above the national average for cardiovascular

disease. Therefore, there is a need for medical care and adequate nutrition, besides

educational programs in order to inform people about risk factors, promoting health.

KEYWORDS: Systemic Hypertension; Diabetes Mellitus; Obesity; Elderly.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves

INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica

(HAS), a Obesidade e a Diabete (DM)

são condições patológicas importantes

nas populações mais idosas, pois estão

implicadas na gênese das doenças

cardiovasculares, atuais e principais

causas de morte no mundo. A incidência

de Hipertensão Arterial atinge cerca de

10% dos indivíduos até 30 anos de idade,

aumentando para 30% aos 60 anos, o que

comprova a prevalência aumentada na

população mais idosa.1, 2, 3, 4 É válido lembrar

que o Diabetes Mellitus também assume

importância epidemiológica significativa,

haja vista que se prevê para 2025 cerca

de 300 milhões de diabéticos no mundo.

Tanto a obesidade quanto a hipertensão

e a diabete possuem uma relação íntima

entre si, atuando como comorbidades

importantes umas das outras. A obesidade,

por exemplo, está diretamente implicada

na gênese do Diabetes Mellitus tipo 2 como

principal fator extrínseco (ambiental) pelo

fato de aumentar a resistência periférica

à insulina, podendo ser responsável por 20

a 30% dos casos de hipertensão arterial e,

também, como componente da conhecida

síndrome metabólica.5 Tal síndrome,

que não se limita à elevação das cifras

tensionais arteriais, compreende ainda

intolerância à glicose e hiperinsulinemia,

hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL,

hipofibrinólise, microalbuminúria e uma

predominância de LDL de baixa densidade

e obesidade central.6

A hipertensão arterial também está

implicada na gênese da diabete, assim

como fatores genéticos, história familiar e

dislipidemias, dentre outros. Modificações

no estilo de vida são importantes no

tratamento e na prevenção primária desses

agravos e estão indicadas, inclusive, nos

idosos. Aliado a isto, há a oportunidade de

detecção precoce por meio de exames de

rastreio simples e de baixo custo, como

a realização da glicemia de jejum (DM2),

cálculo do Índice de massa corpórea

(Obesidade) e aferições da pressão arterial

(HAS), possibilitando, então, a realização

de investigação com grupos comunitários

bem definidos, como o proposto para

este trabalho. Não se pode, contudo,

negligenciar a importância de se identificar

todas as comorbidades e fatores de risco

na população escolhida, tais como o

tabagismo, que depois da idade avançada

é o principal fator de risco para doença

arterial coronariana, história familiar

positiva, dieta inadequada e sedentarismo,

principalmente, para que, pela educação em

saúde, se proponha uma maior possibilidade

de se controlar doenças que, de forma

silenciosa e crônica, são responsáveis por

um grande número de vítimas em todo o

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES

mundo.6 Como, no Brasil, faltam estudos

representativos de todo o país, torna-se

necessário avaliar um número variado de

comunidades brasileiras a fim de se traçar

perfis regionais.

Benjamin Constant, município

do interior do Estado do Amazonas, foi

escolhido e, por exames simples aplicados

ao único grupo da terceira idade lá

existente, serve de mais um novo parâmetro

para o estudo de prevalência das doenças

crônico-degenerativas no Estado e no país.

Por meio de um delineamento descritivo

e observacional, não intervencionista,

numa campanha de identificação

precoce daquelas doenças fomentada

pela Secretaria Municipal de Saúde,

objetivamos traçar o perfil epidemiológico,

no tocante à hipertensão arterial, diabete

e obesidade, relacionando aos fatores de

risco identificáveis na população estudada.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Benjamin Constant possui uma

população de 24.729 habitantes sendo 130

pessoas cadastradas no grupo da Terceira

Idade, 24 participantes tiveram de ser

excluídos da pesquisa por não estarem

presentes no dia da coleta de dados.7 Os

106 cidadãos remanescentes preencheram

os critérios de inclusão do formulário

de entrevista: duas aferições de PA em

ocasiões distintas e cálculo do IMC a

partir das medidas da massa corpórea e

altura; contudo, apenas 85 desses foram

submetidos ao exame de Glicemia de jejum

em dois momentos distintos para rastreio

do Diabetes Mellitus.

Os encarregados de coletarem os dados

foram pesquisadores, então acadêmicos do

internato (6.º ano) da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal do Amazonas, que

estavam em internato rural obrigatório na

cidade de Benjamin Constant-AM, tendo

como orientadora direta uma enfermeira com

especialização em Saúde da Família e sob a

supervisão de uma preceptora do internato

rural. Este estudo foi aprovado pelo Comitê

de Ética do Hospital Universitário Getúlio

Vargas.

Material

O material utilizado constituiu-

se de: 1 – Instrumentos diagnósticos:

Esfigmomanômetro (Tensiômetro com

Manômetro Aneroide novo e calibrado)

e Estetoscópio Littman Classic II, a fim

de realizar a medida pressórica em duas

ocasiões diferentes; 2 – Balança com

régua métrica para aferição de altura e

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves

calculadora científica para a efetuação do

cálculo de IMC – Índice de Massa Corporal;

3 – Kits In Vitro-Human® para detecção da

Glicemia de jejum com o Espectrofotômetro

CELM E-250 no laboratório da UMBC; 4 –

Formulários para cadastros e avaliação dos

hábitos e fatores de risco da população

analisada.

Procedimentos

No período de 4/1 a 1.º/2/2003,

durante os sábados em período vespertino

(13 às 18h), foram realizadas visitas ao

centro de reuniões do grupo da terceira

idade, onde pessoas, idosas em sua grande

maioria, praticavam atividades laborativas

de lazer, cultura e saúde, como iniciativa

da Secretaria Municipal do Bem-Estar

Social em parceria com a Secretaria de

Saúde de Benjamin Constant-AM. Para uma

avaliação cuidadosa e bem direcionada dos

integrantes daquele grupo, e subsequente

diagnóstico de saúde, foi necessária revisão

bibliográfica pertinente às principais

doenças crônico-degenerativas incluindo

Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes

Mellitus tipo II e Obesidade. Anterior à

realização dos trabalhos, foram adquiridos

os materiais e disponibilizada a cooperação

do Laboratório Central da Unidade Mista de

Benjamin Constant (Lacen – UMBC) para a

realização de exames de Glicemia de jejum.

No dia 4/1/2003 tiveram início às atividades

de aferição de Pressão Arterial (PA) segundo

as normas preconizadas pelo Ministério da

Saúde para a identificação de prováveis

hipertensos, confirmados mais tarde, e

em outra ocasião com uma nova aferição

pressórica. As pessoas foram avaliadas

pelo método auscultatório e encontravam-

se sentadas, em repouso por, pelo menos,

duas horas, com o braço despido de roupas

e levemente fletido, antebraço apoiado,

deixando o cotovelo ao nível do coração

e a palma da mão voltada para cima.1

Por motivos técnicos, não foi possível

reclassificar a diabetes pela utilização das

diretrizes atuais sendo realizada segundo

Atualização Terapêutica – 2005. O diagnóstico

para a hipertensão foi baseado no consenso

utilizado durante a época da pesquisa, o III

Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial

Sistêmica 1998, e a obesidade segundo

Consenso de Síndrome Metabólica – 2005.

Foram realizados os cadastros dos pacientes

e estes repassados para as autoridades

locais de saúde e organizadores do grupo

da terceira idade, para o seguimento mais

adequado e continuidade do trabalho com

outras equipes de internos. Ainda, procedeu-

se com a orientação dos idosos quanto aos

seus hábitos de vida, atividades de risco,

educação em saúde e esclarecimento de

dúvidas a respeito das doenças crônico-

degenerativas, principalmente para

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES

aqueles em que fora evidenciada alguma

alteração segundo os métodos diagnósticos

empregados. Finalizando o trabalho,

procedeu-se com a análise dos dados.

RESULTADOS

Da amostra inicial, 130 pessoas do grupo

da terceira idade foram entrevistadas, mas

apenas 106 destes puderam ser avaliados.

TOTAL = 130

DESISTENTES = 24

N = 106

A idade foi distribuída em 2 faixas

etárias, 27 pessoas (25,48%) tinham menos de

60 anos de idade e 79 (74,52%) mais de 60 anos,

representando 5,67% dos idosos do município.7

Sendo 74,52% mulheres e 25,47% homens.

Os resultados do IMC do grupo

estudado foram: baixo peso (13,2%), peso

normal (37,73%), acima do peso (29,24%),

obesidade Grau I (18,86%), obesidade Grau

II (0,94%). Aproximadamente metade dos

avaliados estava acima do peso (Quadro 1).

SITUAÇÃO TOTAL

Baixo Peso 14 (13,2 %)

Peso Normal 40 (37,73 %)

Acima do Peso 31 (29,24 %)

Obesidade Grau I 20 (18,86 %)

Obesidade Grau II 1 (0,94 %)

Quadro 1Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003).

Em relação ao tabagismo, 32,07%

das pessoas que contribuíram para a

pesquisa fumavam, 37,73% já haviam

fumado e apenas 30,18% nunca fumaram.

Outro fator reconhecidamente

implicado na gênese da HAS e da obesidade

é a falta de atividades físicas regulares. Do

total, 34,9% dos entrevistados se declararam

sedentários.

Dentre as pessoas entrevistadas,

aproximadamente 17,92%, não tinham

nenhuma preocupação com a sua dieta,

alimentando-se de comida rica em sal,

frituras e carboidratos.

De 85 pacientes para os quais foi

solicitada Glicemia de jejum, 88,23%,

obtiveram resultado dentro dos padrões da

normalidade, 9,41% o resultado confirmou

DM e 2,35% se mostraram numa faixa na

qual a glicemia está alterada, mas ainda

não é considerada como suficiente para se

considerar DM (Quadro 2).

Total Glicemia de Jejum

Normal (<110) 75 (88,23 %)

Alterada (110-126) 2 (2,35 %)

Diabetes (>126) 8 (9,41 %)

Total 85 (100 %)

Quadro 2Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003).

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves

Quando avaliados os níveis

tensionais, de acordo com o III Consenso

Brasileiro de Hipertensão Arterial, teve-se

o seguinte resultado:

Pressão normal 49,05%, normal

limítrofe 9,66%, hipertensão leve 4,71%,

hipertensão moderada 4,71%, hipertensão

grave 9,66% e hipertensão sistólica isolada

18,6%.

Pressão Arterial Total

Normal 52 (49,05 %)

Normal Limítrofe 12 (9,66 %)

Hipertensão Leve 5 (4,71%)

Hipertensão Moderada 5 (4,71 %)

Hipertensão Grave 12 (9,66%)

Hipertensão Sistólica Isolada 20 (18,6 %)

Quadro 3Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003).

DISCUSSÃO

Calcula-se que 8% da população

brasileira seja obesa e 32% esteja acima

do peso (IMC >25). Estudos demonstram

que o risco de intolerância à glicose e

Diabetes Mellitus tipo 2 está relacionado

ao maior índice de massa corpórea e que

a obesidade, mesmo se única como fator

de risco, está associada a um alto grau de

doenças cardiovasculares.6, 8, 9

Neste trabalho, 49% dos entrevistados

tinham sobrepeso e 19,8% eram obesos,

ambos os valores acima da média nacional.

Tal resultado nos faz questionar o grau de

comprometimento dos participantes com as

atividades para saúde ou o tipo de orientação

que foi dada, pois o grupo estudado é

considerado privilegiado, já que possui um

programa voltado para o entretenimento e

orientações para a saúde.

Estudos observacionais indicam

que uma dieta que inclui alta densidade

de micronutrientes e fibra, quantidades

moderadas de gordura insaturada e um

baixo conteúdo de gordura trans, gordura

saturada, açucares e amido está associado

com uma redução em 30% ou mais em riscos

para doenças cardiovasculares.10 Quando os

participantes do grupo da terceira idade

foram questionados sobre a alimentação

e a atividade física, 17,92% tinham dieta

inadequada. Número talvez subestimado, já

que as perguntas foram feitas diretamente

para os participantes sem a confirmação

por parte dos familiares.

No grupo avaliado, 34,9%

declararam-se sedentários. Sabe-se que a

prática de exercícios físicos está relacionada

a vários fatores benéficos. Dentre eles

há melhora do controle glicêmico, da

sensibilidade à insulina e há evidências de

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES

que o Diabetes Mellitus tipo 2 pode ser

prevenido em grupos de alto risco para a

doença.11 Reduz o estresse, a ansiedade e

a depressão.12 Quando associada à dieta,

acelera a perda de peso e a perda de tecido

adiposo.13 Existe ainda a possibilidade de

que o exercício regular previna ou atrase

o declínio cognitivo no idoso e diminua a

incidência de hipertensão.14, 15

O tabagismo acelera as doenças

aterotrombóticas, reduz o suprimento

de oxigênio do miocárdio, causa efeitos

deletérios na pressão sanguínea, no tônus

simpático e aumenta o risco de doenças

cardiovasculares que em Benjamin Constant

representaram 21,95% das causas de morte

no ano de 2003.6, 7 Afeta diretamente o

pulmão causando várias doenças, entre as

quais a doença pulmonar obstrutiva crônica

e o câncer de pulmão sendo as principais

e ainda aumenta o risco de desenvolver

Diabetes Mellitus tipo 2.16, 17

Neste trabalho, quase metade das

pessoas avaliadas (47,16%) apresentou

tabagismo como fator de risco e, do total,

32,07% ainda continuavam fumando. O

que é uma questão de grande relevância,

já que a cessação do tabagismo constitui

medida fundamental e prioritária na

prevenção primária e secundária da

aterosclerose e o fumo é o único fator

de risco totalmente evitável de doença e

morte cardiovasculares.18, 19 Mesmo para

os fumantes de longa data há evidências

de que programas agressivos de controle

ao tabagismo se associam à diminuição de

mortes cardiovasculares em curto prazo.20

Devendo a cessação do tabagismo sempre

ser incentivada em qualquer idade.

Pacientes com diabetes têm 2 a 8

vezes mais chance de desenvolver eventos

cardiovasculares quando comparado com

indivíduos não diabéticos.6 Dos participantes,

2,35% tiveram Glicemia de jejum alterada e

9,41% receberam o diagnóstico de Diabetes

Mellitus tipo 2. Por situações técnicas e

financeiras, não foi possível continuar a

investigação diagnóstica dos pacientes de

glicemia alterada.

Estima-se que 65% dos idosos

brasileiros tenham hipertensão.1 Essa

condição é quantitativamente o principal

fator de risco para doença cardiovascular

prematura, sendo mais comum que o

tabagismo, a dislipidemia e diabetes.21 Além

de ser a principal e mais comum causa de

acidente vascular cerebral.22

Quando avaliados os níveis tensionais,

de acordo com o III Consenso Brasileiro

de Hipertensão Arterial, 37,68% foram

diagnosticados como hipertensos, dentre

estes 37,03% eram portadores de Hipertensão

Sistólica Isolada. Essa é o tipo de hipertensão

predominante na população idosa e recomenda-

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28 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves

se que o seu controle seja o principal alvo no

tratamento dessa faixa etária.

Não foi possível estudar outros fatores

de risco para doenças cardiovasculares,

como história familiar, perfil lipídico e

uricemia por motivos técnicos e financeiros.

Nem todos os integrantes da pesquisa

tinham mais de 60 anos, impossibilitando o

estudo de um grupo homogêneo de idosos.

Este trabalho não pôde confrontar os dados

obtidos com os de outros estudos da mesma

população, pela inexistência deles.

CONCLUSÕES

O grupo da terceira idade de Benjamin

Constant possui fatores de risco acima da média

nacional para doenças cardiovasculares. Há a

necessidade de um acompanhamento médico

e nutricional adequados, além de programas

educacionais a fim de informar às pessoas

sobre hábitos e comportamentos de risco,

promovendo a saúde.

A abrangência do trabalho foi

significativa como um estudo piloto,

tendo estudado uma população do

interior do Estado do Amazonas, pobre

em estudos dessa natureza. Sendo assim,

mais trabalhos necessitam ser realizados

na região amazônica, a fim de se obter

dados específicos sobre a população de

idosos e dos fatores de risco da terceira

idade, além das peculiaridades do hábito

de vida do amazonense. Adquirindo-se

cada vez mais conhecimento para prover a

melhor assistência possível à população do

Amazonas.

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29 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

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1999; pp. 31-41.

AGRADECIMENTOS

Enfermeira Maria Dolores de S. Braga (Susam de Benjamin Constant);

Professora Heliana N. Feijó Leite (professora do Departamento de Saúde Coletiva/Ufam);

Amanda Pinto, Ana Paula Prola e Estevão Cavalcanti – farmacêuticos).

Correspondência para:

Pietro Pinheiro Alves

Rua Presidente Kennedy, 119 – Santo Antônio

Manaus-AM. CEP: 69.029-340

e-mail: [email protected]

Impossibilidade de avaliar outras •comorbidades cardiovasculares como história familiar, perfil lipídico, uricemia.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal,José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto

EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A

JANEIRO DE 2005

PLEURAL EMPYEMA IN THE ADULT AND ADOLESCENT: PREVALENCE, TREATMENT AND EVOLUTION IN THE PERIOD OF JANUARY 1995

THE JANUARY OF 2005

Luiz Carlos de Lima;* Higino Felipe Figueiredo**,Fernando Luiz Westphal***,José Correa Lima Netto****, Isy Lima Peixoto*****

RESUMO

O empiema é uma infecção piogênica ou supurativa do espaço pleural. Hipócrates a

reconheceu em 500 a.C. como uma doença grave, cuja drenagem era o único tratamento

adequado. E, apesar do uso disseminado de antibióticos, o empiema continua a ser causa

de grande morbidade em pacientes com pneumonia. Portanto, seu reconhecimento

precoce deve ser enfatizado para uma menor morbi-mortalidade. Visando definir o perfil

epidemiológico dos pacientes com empiema pleural na cidade de Manaus, realizou-se

uma análise retrospectiva observacional dos pacientes maiores de 12 anos internados no

Hospital Universitário Getúlio Vargas e Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto no período

de janeiro de 1995 a janeiro de 2005. Então, utilizou-se uma amostra de 109 pacientes

contidos no setor de arquivo médico e estatística (Same) dos hospitais, sendo estabelecidas

possíveis associações do empiema pleural com as variáveis mais significativas contidas

nos prontuários, tais como: idade, sexo, causas, exames complementares, patologias

associadas, tratamentos empregados, complicações e a mortalidade. O software utilizado

na análise foi o programa Epi-Info 3.3 for Windows desenvolvido e distribuído pelo CDC

(www.cdc.org/epiinfo) e o nível de significância utilizado nos testes foi de 5%. Observou-

se significância estatística na associação do empiema pleural com o sexo masculino na

faixa etária de adulto jovem e a principal causa que foi secundário a trauma torácico

* Orientador e pesquisador doutor / chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).**Médico residente do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).***Professor doutor / cirurgião torácico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).****Cirurgião torácico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).*****Acadêmica de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

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EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO EEVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005

penetrante. Isto demonstra a crescente violência na sociedade e suas conseqüências,

gerando custos para o sistema de saúde e seqüelas muitas vezes irreversíveis para os

indivíduos acometidos, sendo em sua maior parte adultos jovens e do sexo masculino. A

principal complicação diagnosticada foi encarceramento pulmonar e do total de pacientes

com empiema pleural apenas quatro evoluíram para óbito.

Palavras chave: Empiema Pleural, Trauma Torácico, Derrame Pleural.

ABSTRACT

Empyema is a piogenic or supurativa infection of the pleural space. It recognized it to

Hippocrates in 500 AC as a serious illness, whose draining was the only adequate treatment.

Thus, although the spread antibiotic use, empyema continues to be cause of great disease

in patients with pneumonia. Therefore, its precocious recognition must be emphasized

for a lesser morbidity and mortality. Aiming at to define the profile epidemiologist of the

patients with empyema pleural in the city of Manaus, an analysis was become fullfilled

retrospect of the patients biggest of 12 years interned in the University Hospital Getúlio

Vargas and Hospital Ready Assistance 28 of August in the period of January of 1995 the

January of 2005. Then, a sample of 109 patients contained in the SAME of the hospitals

was used, being established possible associations of empyema pleural with the contained

variable most significant in handbooks, such as: complementary age, sex, causes,

examinations, used pathologies associates, treatments, complications and mortality. The

software used in the analysis was the program Epi-Info 3,3 will be Windows developed and

distributed for the CDC (www.cdc.org/epiinfo) and the level of significance used in the

tests was of 5%. Statistics significance was observed in association of empyema pleural

with the masculine sex in the age band of adult young e the main cause that was the

wound for secondary thoracic trauma. This demonstrates to the increasing violence in the

society and its consequences, generating costs for the health system and sequels many

irreversible times for the displayed individuals, being in its bigger young part adult e of

the masculine sex. The main diagnoses complication was pulmonary imprisonment and of

the pleural total of patients with empyema only four they had evolved for death.

Key-words: Empyema Pleural, Thoracic Trauma, Pleural Effusion.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal,José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto

INTRODUÇÃO

Até meados do século 19, quando

Trousseau introduziu a toracocentese,

pouco havia mudado na abordagem das

infecções pleurais. Derrames pleurais

ocorrem freqüentemente em pacientes com

pneumonia comunitária e nosocomial, não

necessitando de abordagem diagnóstica ou

terapêutica específica na maioria dos casos.

Dos derrames parapneumônicos, apenas

5 a 10% tornam-se complicados, podendo

evoluir para uma coleção purulenta

intrapleural.1,2

O quadro clínico é variável, ora

representado por sinais e sintomas mais

agudos ora com pouca repercussão e

achados não específicos. Os sintomas

mais freqüentes são febre, tosse

produtiva, dor torácica, perda de peso

e dispnéia. Os microorganismos mais

comumente envolvidos são Staphylococcus

aureus, Staphylococcus epidermidis,

anaeróbios, enterobactérias, Pseudomonas

sp., e Streptococcus pneumoniae e

frequentemente múltiplos agentes estão

presentes.3

As complicações de natureza

infecciosas continuam como a maior causa

de morbidade e mortalidade tardias, as

quais dependem diretamente da gravidade

da lesão e contribuem significativamente

para prolongar o tempo de internação.

Nesse sentido, ganha importância as

terapêuticas coadjuvantes, representadas,

principalmente, pelo emprego de drogas

antimicrobianas que vêm servindo de base

para debates quanto às vantagens de sua

administração.4

O estudo teve como objetivo realizar

uma análise epidemiológica do empiema

pleural em pacientes adultos atendidos no

Hospital Geral e Pronto-Socorro na cidade

de Manaus.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo retrospectivo

observacional, realizado por meio da análise

de prontuários de pacientes maiores de 12

anos com o diagnóstico de empiema pleural

internados no Hospital Universitário Getúlio

Vargas (HUGV) e Hospital e Pronto-Socorro

28 de Agosto no período de janeiro de 1995

a janeiro de 2005, no município de Manaus,

Estado do Amazonas.

A amostra utilizada foi obtida

com base em 109 prontuários, retidos

no setor de arquivo médico e estatística

(Same) dos hospitais, cujos pacientes

tinham o diagnóstico de empiema pleural

e foram acompanhados nessas instituições

no referente período. Os dados foram

apresentados por tabelas de frequências,

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EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO EEVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005

onde se calculou as frequências absolutas

simples e relativas para os dados

qualitativos; e médias, mediana e desvio-

padrão (DP) para os dados quantitativos.

Na análise de associação, utilizou o teste

do qui-quadrado de Pearson, quando não

satisfeitas às condições para aplicação do

teste de Pearson, utilizou-se a correção de

Yates. Na comparação das médias de idade

foi utilizado o teste T de Student, quando

os dados encontravam-se normalmente

distribuídos ou o teste de Mann-Whitney,

quando não satisfeita a hipótese de

normalidade. O software utilizado na análise

foi o programa Epi-Info 3.3 for Windows

desenvolvido e distribuído pelo CDC (www.

cdc.org/epiinfo) e o nível de significância

utilizado nos testes foi de 5%.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Fundação Hospital

Adriano Jorge em setembro de 2006.

RESULTADOS

A partir da análise dos prontuários

contidos no Hospital Universitário Getúlio

Vargas e Hospital e Pronto-Socorro 28 de

Agosto, gerou-se um total de 109 prontuários

analisados. Os dados epidemiológicos, o

tempo de internação e a procedência dos

pacientes estão discriminados na Tabela 1.

Variáveis (n = 109) n %

Sexo

Masculino 98 89,9

Feminino 11 10,1

Idade (anos)

12 ---| 21 33 30,3

21 ---| 40 47 43,1

40 ---| 65 25 22,9

>65 4 3,7

Média ± DP 32,8 ± 15,4

Mediana 30,0

Intervalo 13 - 78

Tempo de Internação (dias)

Média ± DP 14,8 ± 10,6

Mediana 12,0

Intervalo 2 – 54

Procedência

Manaus 85 78,0

Interior do Estado 23 21,1

Outros Estados 1 0,9

Tabela 1. Distribuição segundo sexo, idade, tempo de internação e procedência dos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005.

Conforme Gráfico 1, pode-se observar

que a principal causa de empiema pleural, após

a análise de 97 prontuários, foi o trauma torácico

com lesão penetrante por arma branca em 42

(43,3%) do total de casos, seguida de pneumonia,

com 24 (24,7%) casos, e trauma torácico com lesão

penetrante por arma de fogo em 7 (7,2%) casos do

total. Os sintomas mais apresentados, registrados

em 81 prontuários dos analisados, foram: dor

torácica (82,7%), febre (77,8%), dispneia (51,9%),

tosse (39,5%) e outros sintomas (18,5%).

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal,José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto

Gráfico 1. Distribuição segundo causas de empiema pleural atendidos no HUGV e Pronto-Socorro 28 de Agosto do Município de Manaus – AM, no período de 1995-2005.

43,3%

24,7%

7,2% 6,2% 5,2%

13,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Ferimento porarma branca

Pneumonia Ferimento porarma de fogo

Tuberculose Abscessohepático

Outros

Quanto à evolução clínica,

79 (72,5%) do total de pacientes não

evoluíram com complicações, enquanto

30 (27,5%) evoluíram com complicações,

as quais estão contidas na Tabela 2.

Tipos de complicações (n = 30) n %

Encarceramento pulmonar 8 26,7 Empiema septado 5 16,7

Fístula 5 16,7

Atelectasia 4 13,3

Coleções císticas 2 6,7

Outros 9 30,0

Tabela 2. Distribuição segundo os tipos de complicaçõesdos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005.

O tratamento clínico mais empregado

foi a antibioticoterapia com cefalotina, com

27 (28,4%) do total de casos. Os tratamentos

cirúrgicos que foram empregados estão

demonstrados no Gráfico 2 e a fase do

empiema pleural no Gráfico 3.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO EEVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005

Gráfico 2. Distribuição segundo tipo de tratamento cirúrgico empregado nos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005.

Gráfico 3. Distribuição das fases do empiema pleural nos pacientes com empiema pleural noperíodo de 1995-2005.

3,8%

21,0%

22,9%

28,6%

47,6%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

Decorticação

Drenagem aberta de tórax

Pleurotomia aberta

Toracocentese

Drenagem fechada de tórax

Conforme demonstrado na Tabela

3, observou-se significância estatística

na associação da idade com empiema

secundário a trauma com lesão por arma

branca e sexo masculino (p < 0,005), não

apresentando a mesma associação quando

comparado com sexo feminino.

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36 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal,José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto

Ferimento por arma branca

Sexo Sim Não p-valor

Média DP Mediana Média DP Mediana

Masculino 26,1 8,8 23,0 40,4 18,2 38,0 0,0002

Feminino 23,0 0,0 23,0 28,9 10,4 29,5 0,6961

Tabela 3 - Distribuição segundo ferimento por arma branca em relação ao sexo e média de idade dos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. Teste de Mann-Whitneyp-valor em negrito itálico indica diferença estatisticamente significante ao nível de 5%.

DISCUSSÃO

No estudo observou-se maior

prevalência do sexo masculino entre

os pacientes internados com empiema

pleural, cuja principal causa foi secundária

a trauma torácico. As principais causas de

empiema pleural descritas na literatura

são: condição pós-pneumonia (comunitária

ou hospitalar), pós-operatório, iatrogenia,

empiema secundário a trauma torácico, e

obstrução brônquica por conta da neoplasia

central ou por corpo estranho.6, 7, 9 Observa-

se então que, diferindo da literatura atual,

o trauma torácico foi a principal causa

entre os indivíduos deste estudo, esse fato

talvez deva-se ao registro deficiente nos

prontuários.

Quando se avalia, no entanto,

o empiema pleural secundário a trauma

torácico, os dados obtidos são compatíveis

com a literatura atual, conforme observado

no estudo realizado por Fontelles e

Mantovani,10 que observou maior incidência

dessa complicação em homens (93,3% dos

casos), com uma média de idade de 26,8±8,9

anos, variando de 13 a 53 anos, e quanto

à frequência dos tipos de trauma, verificou

que 92,8% apresentaram lesão penetrante.

A contaminação pode ocorrer não só pelo

próprio mecanismo do trauma, mas também

pela não observância dos princípios técnicos,

quando da inserção do dreno.10

O quadro clínico de empiema pleural

é variável, podendo apresentar sinais e

sintomas mais agudos ou mesmo ter pouca

repercussão e achados inespecíficos. Os

sintomas mais frequentes, de acordo com

a literatura, são febre, tosse produtiva,

dor torácica, perda de peso e dispneia,11-

14 compatíveis com os encontrados nessa

casuística: dor torácica seguida de febre,

dispneia, tosse e outros sintomas.

A evolução fisiopatológica do

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO EEVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005

empiema pleural apresenta três estágios:

fase exsudativa, caracterizada pelo líquido

pleural fino, com baixo conteúdo celular

e expansibilidade pulmonar preservada;

fase fibrinopurulenta, com acúmulo de pus,

celularidade aumentada (grande número de

polimorfonucleares neutrófilos), presença

de fibrina e tendência à formação de

loculações com expansão pulmonar limitada;

e fase de organização, representada por

líquido espesso, com importante deposição

de fibrina ou tecido fibrinoso levando a

encarceramento pulmonar.2, 3 Conforme

descrito na seção dos resultados, 30 (27,5%)

pacientes evoluíram com complicações:

encarceramento pulmonar, empiema

septado, fístula, atelectasia, coleções

císticas e outras.

O tratamento do empiema

pleural abrange o suporte respiratório e

hemodinâmico, associados à introdução

de antibioticoterapia adequada. O

tratamento clínico mais empregado foi

antibioticoterapia com cefalotina com

27 (28,4%) do total de casos, seguido do

esquema ceftriaxona e metronidazol,

em 10 (10,5%) dos pacientes. Em casos

de empiema secundário à pneumonia,

os antibióticos escolhidos devem ser

associados a um agente para anaeróbios,

cefalosporina de 3.ª geração associado ao

metronidazol ou uma quinolona respiratória

associada ao metronidazol.6 Em casos pós-

traumáticos, alguns estudos demonstraram

redução da evolução para empiema com

o uso de antibiótico a partir da drenagem

fechada de tórax, porém sem significância

estatística.10, 15

A toracocentese é a forma menos

invasiva de tratamento. Embora alguns

estudos indiquem sucesso em 25 a 94%

dos casos no tratamento do empiema, a

tendência é seguir a recomendação de se

considerar a toracocentese somente nos

pacientes com derrames menores que a

metade do hemitórax, com Gram e cultura

negativos e pH > 7,2. A drenagem pleural

deve ser, portanto, o tratamento de escolha

para os casos volumosos (maiores que a

metade do hemitórax) ou que se apresentem

com Gram ou cultura positivos ou pH < 7,2,

e no empiema franco. O empiema pode

evoluir com a formação de loculações que

dificultam a penetração de antibióticos no

líquido e a adequada expansão pulmonar.

Para a lise das loculações, podem ser

utilizados os trombolíticos. Tanto a

estreptoquinase como a uroquinase ou o

fator ativador de plasminogênio podem

auxiliar na dissolução da malha de fibrina.

O efeito dos trombolíticos na literatura é

controverso.6 A pleuroscopia é considerada

uma alternativa eficaz nos processos

loculados se indicada precocemente,

com óbvias vantagens de menor custo e

menor agressão quando comparada com a

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal,José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto

decorticação pulmonar. Estudos indicam que

a videotoracoscopia higiênica no empiema

foi mais eficaz, com hospitalização mais

curta e menor custo, quando comparada

à drenagem com uso de fibrinolítico.8 A

decorticação por toracotomia aberta está

indicada no empiema com inadequada

expansão pulmonar, em especial nos casos

de fístula persistente do parênquima ou

quando há coleções encistadas residuais

pós-tratamento com fibrinolíticos ou

pleuroscopia. A antibioticoterapia adequada

precoce associada a métodos menos

agressivos, tem diminuído a frequência da

utilização da decorticação. A drenagem

aberta, sem selo d’água, está indicada

nos casos de pacientes muito debilitados

e com empiemas crônicos (sem resolução

após 30 dias de tratamento) que não

suportam procedimentos mais agressivos.6

O tratamento cirúrgico do empiema pleural

deve ser orientado de acordo com a fase

anatomopatológica da doença, para se optar

pelo melhor momento de intervenção e o tipo

de proposição cirúrgica adotada. Utilizando

a classificação anatomopatológica como

uma maneira de racionalizar as condutas,

indica-se na fase aguda toracocentese ou

drenagem fechada sob selo d’água. Os

empiemas pleurais crônicos requerem

toracotomia para decorticação cirúrgica.5

O tratamento cirúrgico mais utilizado

nessa casuística foi a drenagem fechada de

tórax com um total de 50 (47,6%), 30 (28,6%)

dos pacientes realizaram toracocentese, 24

(22,9%) realizaram pleurotomia aberta, 22

(21%) realizaram drenagem aberta de tórax

e 4 (3,8%) necessitaram de decorticação

pulmonar.

CONCLUSÃO

Em conclusão, a partir da análise

dos 109 casos de empiema pleural, notamos

a maior prevalência da enfermidade no sexo

masculino, na faixa etária de adulto jovem

entre 21 e 40 anos, sendo a principal causa

trauma torácico penetrante. Isto demonstra

a crescente violência na sociedade e suas

consequências, gerando custos para o

sistema de saúde e sequelas muitas vezes

irreversíveis para os indivíduos acometidos.

A principal complicação diagnosticada foi

encarceramento pulmonar e do total de

pacientes com empiema pleural apenas

quatro evoluíram para óbito.

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Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira

CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIOR PELA TÉCNICA DE NUSS

– A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS

ANTERIOR CHEST WALL DEFORMITY CORRECTION BY NUSS TECHNIC – INITIAL EXPERIENCE OF MANAUS.

Fernando Luiz Westphal*,José Ribas Milanez de Campos**, Luiz Carlos de Lima***,José Correa Lima Netto****, George A. M. Lins de Albuquerque*****,

Ingrid Loureiro de Queiroz Lima******, Priscilla Rodrigues Cerqueira*******

RESUMOIntrodução: O pectus excavatum é a deformidade da parede anterior do tórax mais comum, com uma prevalência em Manaus de 1,95%, observada entre escolares de 11 a 14 anos. A correção da deformidade pode ser realizada cirurgicamente e a técnica de Ravich é a mais utilizada, porém apresenta resultados satisfatórios quanto a correção do Pectus, entretanto necessita de uma grande cicatriz cirúrgica e a ressecção de múltiplas cartilagens costoesternais levando a um pior resultado estético. Em 1997 Donald Nuss propôs uma técnica minimamente invasiva, com resultado estético melhor que as técnicas anteriores. Método: Avaliação retrospectiva dos casos de correção do Pextus Excavatum pela Técnica de Nuss realizados no Hospital Beneficente Português de Manaus. Resultados: Seis pacientes com pectus excavatum foram operados, a idade média foi de 15,3 anos e cinco pacientes eram do sexo masculino. Quatro pacientes apresentaram um resultado estético ótimo, um paciente um bom resultado e um paciente a barra foi removida devido ao deslocamento da barra de Nuss. As complicações observadas foram o deslocamento da placa em um paciente e a infecção da ferida operatória em outro. Conclusão: A técnica minimamente invasiva para correção do Pectus Excavatum apresentou um número maior de complicações que as técnicas tradicionais, porém é menos agressiva e apresenta um resultado estético excelente, principalmente em adolescentes que tem uma maior complacência da caixa torácica.PALAVRAS-CHAVE: Pectus Excavatum, Deformidade na Parede Torácica, Técnica de Nuss technic.

* Doutor em Cirurgia Torácica, professor da Universidade Federal e do Estado do Amazonas;**Professsor Livre Docente FM - USP;***Doutor em Medicina, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Universidade Federal do Amazonas;****Especialista em Cirurgia Torácica, médico assistencial do serviço de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas;*****Médico residente de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas;******Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas;*******Acadêmica de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas.

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CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIORPELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS

ABSTRACT

Introduction: Pectus excavatum is the most common deformity of the anterior chest wall,

with a prevalence in Manaus by 1.95%, observed among schoolchildren aged 11 to 14 years.

The correction of the deformity may be done surgically and Ravich technique is frequently

used, and it shows satisfactory results regarding the correction of Pectus, however need a

large scar and surgical resection of multiple cartilages of the costoesternals leading to a

worse cosmetic result. In 1997 Donald Nuss proposed a minimally invasive approach, with

cosmetic result better than previous techniques. Method: Retrospective chart review of

cases of correction of the Pectus Excavatum using Nuss technique performed in Portuguese

Beneficent Hospital of Manaus. Results: Six patients with pectus excavatum were operated,

the average age was 15.3 years and five patients were male. Four patients had an excellent

cosmetic result, one patient a good result and one patient the bar was removed due to

the displacement of the Nuss bar. Complications included the displacement of the plate

in one patient and wound infection in another one. Conclusion: The minimally invasive

technique for correction of pectus excavatum had more complications than traditional

techniques, however, is less aggressive and has an excellent cosmetic result, especially in

adolescents who have a greater thoracic cage tolerance and flexibility.

Key-words: Pectus excavatum; Chest wall deformity; Nuss technic

INTRODUÇÃO

Dentre as deformidades da parede

torácica anterior, o Pectus excavatum (PE),

também chamado de “tórax em funil”, é a

deformidade mais comum, representando

perto de 85% dos casos.1 Na cidade de

Manaus, foi constatada uma prevalência de

1,95% entre escolares de 11 a 14 anos.2

A técnica de Ravitch e o

procedimento de rotação do esterno são

as técnicas convencionais disponíveis para

o tratamento cirúrgico do PE. Embora os

resultados fossem geralmente satisfatórios,

a instabilidade da parede torácica

pela ressecção das costelas e extensa

cicatriz cirúrgica são fatores negativos

dessas técnicas. Em 1997, uma técnica

minimamente invasiva para o tratamento

de PE foi introduzida por Donald Nuss,

um procedimento que remodela a parede

torácica empregando uma barra de metal

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Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira

retroesternal sem ressecção das costelas.3

O subsequente desenvolvimento

do reparo minimamente invasivo do Pectus

ajudou a evitar: 1) uma incisão anterior

na parede torácica; 2) a necessidade de

ressecar cartilagens costais, ou 3) realizar

uma esternotomia. A técnica de Nuss

também está associada a um menor tempo

de cirurgia com perdas sanguíneas mínimas

e retorno rápido às atividades quotidianas.

Resulta também em força, expansibilidade,

flexibilidade e elasticidade normais a longo

prazo da parede torácica quando comparado

à técnica tradicional aberta.4

O procedimento ganhou grande

aceitação para a correção de PE em

pacientes pré-púberes e adolescentes,

cujo tórax é complacente e ainda possui

capacidade de remodelamento pelo

crescimento. Seu uso em adultos, cujo

tórax é menos complacente, permanece

incerto.5

Desde sua introdução, experiências

com a técnica e resultados foram descritos

por diversos centros. Uma das complicações

mais comuns envolve o deslocamento da

placa resultando em recorrências, a qual

foi relatada em 9,2% dos pacientes.6

Comparando-se a técnica de Ravitch

com a de Nuss, a segunda apresentou um

percentual maior de complicações quando

comparado à primeira, provavelmente pela

curva de aprendizado da nova técnica.7

O objetivo deste trabalho é relatar

a experiência inicial com a técnica de Nuss

na correção do Pectus excavatum no Serviço

de Cirurgia Torácica do Hospital Beneficente

Português de Manaus.

MÉTODO

Estudo retrospectivo dos casos de PE,

submetidos à correção cirúrgica pela técnica

de Nuss, no Hospital Beneficente Português

de Manaus, no período de fevereiro de 2008

a junho de 2009. Os dados foram coletados

dos prontuários dos pacientes e os itens

pesquisados foram: dados antropométricos,

sintomas, tipo do Pectus, tempo operatório,

utilização de reposição sanguínea, tempo

de hospitalização, complicações e resultado

estético.

A técnica de Nuss consiste na

introdução de uma barra metálica, introduzida

em posição restroesternal (Figura 1), por

meio da videotoracoscopia para visualizar a

passagem dela entre o pericárdio e a tábua

posterior do esterno. Essa barra tem a

extensão compatível com o tórax do paciente,

mas deve transpassar ambos os hemitoraces

e ser firmemente fixada à parede costal por

intermédio de estabilizadores e pontos junto

aos arcos costais. A permanência da placa

deve ser por um período mínimo de 3 anos,

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CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIORPELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS

visto que sua retirada precoce é associada à

recidiva do PE.

RESULTADOS

A média de idade dos pacientes foi

de 15,33 anos, sendo 5 (83,3%) pacientes

do sexo masculino.

A principal queixa clínica dos

pacientes atendidos foi relacionada ao

aspecto estético do Pectus, com apenas

dois dos seis pacientes queixando-se de

dispneia. Observou-se, ainda, que dois

dos seis pacientes evoluíram no pós-

operatório com deslocamento da placa de

Nuss, necessitando a posteriori de nova

intervenção cirúrgica em um deles. Três

pacientes não apresentaram complicações

pós-operatórias e um ainda cursou com

infecção da ferida operatória, recebendo

cuidados locais e antibioticoterapia

com evolução favorável (Tabela I). Um

(16,6%) paciente necessitou transfusão

sanguínea no pós-operatório. A média do

tempo operatório foi de 2h e 35 minutos,

observando-se uma redução desse tempo

nos últimos casos.

Em sua totalidade, os pacientes

evoluíram satisfatoriamente, recebendo

alta hospitalar em bom estado geral e com

bom aspecto da parede torácica. O tempo

médio de internação foi de 8 dias.

n Sexo Id Sintoma Principal

Tipo do Pectus

Complicações Pós-Oper.

Resultado Estético

1 Masc 16 Estética Simétrico Discreto

Deslocamento da Placa de Nuss

Bom

2 Masc 16 Estética AssimétricoModerado

Não houve Ótimo

3 Masc 14 Estética AssimétricoModerado

Não houve Ótimo

4 Masc 15 Dispnéia aos grandes

esforços

SimétricoDiscreto

Não houve Ótimo

5 Fem 15 Estética SimétricoAcentuado

Deslocamento da Placa de Nuss

Insatisfatório

6 Masc 16 Dispnéia aos médios

esforços

AssimétricoDiscreto

Infecção de Ferida Operatória

Ótimo

Tabela 1 – Dados epidemiológicos, sintomas, tipo de Pectus, complicações e resultado estéticodos pacientes submetidos à correção pela técnica de Nuss.

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Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira

DISCUSSÃO

A cirurgia torácica avança cada

vez mais para técnicas minimamente

invasivas, seguindo uma tendência mundial

observada em todas as especialidades. A

técnica de Nuss para a correção de PE é

outro avanço observado na especialidade,

visto que, por meio de pequenas incisões

laterais, consegue-se introduzir uma placa

em posição retroesternal.

A média de idade dos pacientes

nesta série de casos foi de 15,3 anos,

um pouco maior do que a descrita na

literatura.1 Quanto à razão sexo masculino/

feminino, esta foi de 5:1, corroborando

com a literatura disponível, na qual o sexo

masculino é mais prevalente.7

A idade ideal para a indicação da

cirurgia para a correção do PE ainda é muito

debatida na literatura em geral. Prefere-se

normalmente, e de acordo com a técnica

inicialmente descrita, a abordagem em

crianças de 3 a 6 anos para maximizar a

expansibilidade da caixa torácica e respostas

à cirurgia. Entretanto, adolescentes

também foram tratados com essa cirurgia

e apresentaram bons resultados, embora

tenham a expansibilidade da parede

torácica diminuída.3

Dentre as queixas principais, a

estética prevaleceu, englobando 66,7% dos

pacientes em questão. O procedimento de

Nuss é indicado primariamente por estética

nos pacientes pediátricos acometidos por

PE, mas em determinados casos no qual o

defeito é muito pronunciado, ocorre uma

melhora do funcionamento do sistema

cardiorrespiratório.8

As vantagens desse procedimento

incluem o menor tempo de internação

hospitalar e cirurgia minimamente invasiva

que permite o crescimento do esqueleto,

ao contrário das osteocondrectomias

realizadas anteriormente. Entretanto,

além do custo da toracoscopia, da barra de

Nuss e dos equipamentos especializados, a

técnica não é isenta de complicações.8, 9

Dentre as complicações apresentadas

pelos pacientes do estudo, observamos dois

casos de deslocamento da placa de Nuss, no

qual houve necessidade de reintervenção

em um caso e em outro caso de infecção

observou-se infecção do sítio cirúrgico.

Deslocamento da placa é a

complicação mais frequente descrita na

literatura, variando de 3 a 33% dos casos.

Geralmente ocorre nas primeiras semanas

após a implantação.9 A recomendação do uso

de estabilizadores laterais não provou ser

sempre efetiva. O procedimento promove

maior fixação, entretanto não previne sua

rotação e também está associada à dissecção

mais extensa e processo inflamatório mais

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CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIORPELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS

intenso nos limites da placa.10

Alguns autores descreveram sua

experiência com a utilização de fios de

aço fixando a barra ao arco costal em

ambas as extremidades, o que, segundo

descrição dos autores, pareceu prevenir

a rotação da barra nos casos estudados.

Essa técnica é recomendada para pacientes

com menos de dez anos de idade, nos

quais o uso de fixadores laterais pode ser

evitado.6 Entretanto, a correção do PE em

adolescentes com deformidade acentuada

deve ser realizada com duas barras para

evitar deslocamentos e ainda obter

melhor resultado estético. Nos casos em

que se utiliza apenas uma barra, o uso de

estabilizadores laterais deve ser obrigatório

para prevenir a rotação.

Outras complicações também

foram descritas em quase todas as séries

de casos utilizando essa técnica, como

infecção da placa, com reversão pelo uso de

antibioticoterapia sem indicação de retirar a

barra de ferro; redução dos movimentos da

parede torácica resultando em atelectasia e

complicações mais graves, porém incomuns,

como a lesão cardíaca e hepática.9

Em conclusão: atualmente as

técnicas minimamente invasivas utilizadas

em cirurgia de tórax ganham grande

destaque, principalmente pela diminuição

do tempo de internação e excelente

resultado estético. A técnica de Nuss

utilizada para correção de PE se mostra

eficiente, principalmente quando utilizada

em adolescentes, e que apesar de ser

uma técnica recente, ainda em curva

de aprendizado na maioria dos serviços,

apresenta-se como uma alternativa com

resultados promissores.

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Endereço para correspondência:

Fernando Luiz Westphal

Avenida Grande Otelo, 100 – Residencial Jardim

Itália, Ed. Turin, apto. 401, Parque Dez.

CEP: 69055-021

Manaus – AM, Brasil.

Tel.: 55 92 3234-6334

Figura 1 – Raio X de tórax demonstrando o posicionamento adequado da placa com a retificação adequada dela.

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47 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho,Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva

INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES

RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO

CURRENT INDICATIONS OF NEPHRON-SPARING SURGERY IN RENAL TUMORS.A REVIEW ARTICLE

André Luiz Campos Mancini*, Jonas Rodrigues de Menezes Filho*,Giuseppe Figliuolo**, Cristiano Silveira Paiva**

Resumo

Atualmente, com a popularização dos exames de imagem, houve um aumento expressivo do

diagnóstico de tumores renais assintomáticos e de pequeno tamanho, os incidentalomas. Com

a evolução das técnicas cirúrgicas e melhor entendimento da fisiologia renal, os tratamentos

oncológicos puderam ser feitos com a preservação do órgão, em detrimento da cirurgia radical,

com extirpação de todo o rim, evitando assim nos pacientes com importante déficit na função

renal ou possuidores de rim único a evolução para doença renal crônica e início de terapias de

substituição renal. O acompanhamento desses pacientes demonstrou ainda que as complicações

operatórias, a recorrência local e a sobrevida são iguais aos da nefrectomia radical.

Palavras-chave: Rim, nefrectomia poupadora de néfrons, nefrectomia parcial, tumor

renal, carcinoma de células renais.

Abstract: Currently with the popularization of image examinations, there was a significant

increase of asymptomatic renal tumours diagnosis and small size, the incidentalomas. With

the evolution of surgical techniques and better understanding of renal physiology, the

cancer treatments could be made with the preservation of the organ, rather than radical

surgery, with removal of the entire kidney, avoiding in patients with important deficit in

renal function or single kidney owners for chronic renal disease development and early renal

replacement therapy. The monitoring of these patients also demonstrated that postoperative

complications, local recurrence and survival are equal to those of radical nephrectomy.

Key-words: Kidney, nephron sparing surgery, partial nephrectomy, renal tumor, renal carcinoma cell.

* Residentes de Urologia do HUGV**Professor da Disciplina de Urologia da Universidade Estadual do Amazonas***Doutor em urologia pela Escola Paulista de Medicina – EPM/Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

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INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONSNOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO

INTRODUÇÃO

O carcinoma de células renais (CCR)

representa 3% de todos os cânceres, com

mortalidade maior que 40%. Nos EUA, 57.760

novos casos são esperados no ano de 2009,

com uma estimativa de 12.980 mortes.1 A

predominância é maior no sexo masculino

(3:2), e é mais comum na população da 6.ª

e 7.ª décadas da vida. São mais comuns

nos pacientes da raça negra em 10 a 20%. A

maioria dos casos é esporádica, tendo como

causa familiar somente 4% dos casos.

O diagnóstico e tratamento dos

CCR aumentaram de modo significativo

nos últimos 15 anos pela detecção

precoce de massas renais assintomáticas

(incidentalomas), pela popularização

dos exames de imagem abdominais como

ultrassom (US), a tomografia (TC) (Figura

1) e a ressonância magnética (RM),

suplantando assim a tríade clássica de

dor lombar, hematúria e massa palpável,

correspondendo aos casos mais avançados.

A nefrectomia radical (NR) foi o

primeiro tratamento preconizado para os

pacientes portadores de CCR, com a retirada

de todo o rim, de sua gordura perirrenal e

a fáscia de Gerota, assim como a glândula

suprarrenal ipsilateral.2 A nefrectomia

poupadora de néfrons (Nephron Sparing

Surgery – NSS) ou nefrectomia parcial (NP),

para tratamento de um CCR, foi descrita

pela primeira vez por Czerny, em 1887,

mas pelas dificuldades técnicas da época,

não obtiveram resultados satisfatórios.

Vermoteen, em 1950, desenvolveu as

técnicas modernas para a realização da

NSS, mas não conseguiu obter as mesmas

taxas de sobrevida que a NR, caindo em

desuso novamente.

Atualmente, com o avanço dos

exames de imagem, das técnicas de

prevenção de dano renal e escolha adequada

dos pacientes, a NSS tornou-se procedimento

seguro com baixas morbidade e taxa de

recorrência local e alta satisfação dos

pacientes, com custo semelhante à NR.3

Figura 1 – Tumor renal direito exofítico de 4 cm.

INDICAÇÕES ATUAIS DA NSS

Indica-se a NSS quando a preservação

de tecido renal não comprometer os

princípios oncológicos e objetivando a

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André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho,Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva

manutenção da função renal do paciente.

Divide-se em três categorias: absolutas,

relativas e eletivas (Quadro 1). Indicações

controversas são referentes aos tumores

com estágio clínico T2, localização central,

multifocais e tumor não-familiar.

Um importante fator na decisão

pela nefrectomia parcial é o tamanho do

tumor. Estudos demonstram que tumores

pequenos e simples (<4 cm e classificação

T1aN0M0) possuem a mesma eficácia

curativa que a NR. Tumores maiores (>4

cm), ou múltiplos, não são bons candidatos,

devendo ser submetidos à NR.4

Na suspeita de linfonodos

comprometidos, deve-se fazer a biópsia

destes antes de iniciar a ressecção tumoral.2

Indicações para NSS Condição associada

Absoluta Risco de o paciente tornar-se anéfrico e diálise iminente.

Rim único, rim contralateral hipoplásico, tumor bilateral, Doença de Von Hippel-Lindau

RelativaTumor unilateral com doença renal benigna contralateral ou doença sistêmica.

Litíase, pielonefrite crônica, refluxo vésico-ureteral, estenose artéria renal; HAS, diabetes.

Eletiva Tumor unilateral com rim contralateral normal.

Não há patologias que prejudiquem a função renal no momento.

Quadro 1 – Indicações para Nefrectomia Parcial.

PAPEL DA BIÓPSIA RENAL NA NSS

Indica-se a biópsia renal quando

se necessita de um diagnóstico da massa

encontrada pelos exames de imagem (TC,

RM) que não demonstram tumor renal

com certeza. Algumas patologias podem

ter tratamento clínico, como nos casos

de linfoma, metástases de outros sítios,

angiomiolipomas, oncocitomas e processos

infecciosos. Também é importante nos

pacientes que apresentam contraindicação

relativa à cirurgia de NSS. A biópsia é

contraindicada em coagulopatias ou quando

há dificuldade em acessar o rim.5

A biópsia torna-se um procedimento

importante nos casos de pacientes

idosos, com comorbidades e apresentam

incidentalomas (<4 cm), pois esses tumores

podem apresentar grau nuclear baixo e a

progressão da doença não é usual se estiver

limitado ao rim, com uma sobrevida aos

cinco anos entre 82 a 95%.6

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CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS NA

NSS

A avaliação pré-operatória deve ser

completa, com anamnese e exame físico

completos, avaliação laboratorial completa

(hemograma, testes de coagulabilidade,

eletrólitos, função renal, urina tipo I, albumina

sérica), radiografia de tórax, podendo ainda

em determinados casos TC Abdome, TC Tórax

e cintilografia óssea para avaliação de possível

doença metastática.2, 4

A avaliação da função renal deve

ser realizada de forma sistemática, e não

quantificar somente pela dosagem da

creatinina sérica, mas também pela taxa

de filtração glomerular (GFR), pois é mais

fidedigna e pode predizer no pós-operatório

a necessidade de diálise renal. A diminuição

da função renal está relacionada com o

tempo de isquemia de ressecção tumoral, a

idade do paciente e rim único.7, 8

DETALHES TÉCNICOS NA NSS

1. Vias de acesso

A importância do seguimento metódico

do cirurgião aos detalhes técnicos elevou esta

cirurgia à mesma eficácia da NR.2

O acesso preferencialmente é feito

por lombotomia, extraperitonealmente entre

a 11.ª e a 12.ª costela (Figura 2A), dissecção

cuidadosa do rim preservando a gordura

perirrenal adjacente ao tumor (Figura 2B),

exposição do hilo renal com isolamento da

artéria e veia renais para controle vascular

(isquemia), visando reduzir o sangramento

durante a NP (Figura 2C).

Figura 2A – Posição cirúrgica, Figura 2B – Rim dissecado. Figura 2C – Tumor exofítico. Figura 2D – Resfriamento com gelo.

2. Medidas de proteção da função

renal

Importantes medidas devem ser

tomadas para minimizar a perda de função

renal decorrente do tempo de isquemia

pelo clampeamento temporário do hilo

renal. O primeiro passo é a manutenção

de hidratação vigorosa no intra e pós-

operatório com pressão sistólica acima de

120 mmHg, melhorando assim a perfusão

renal. O segundo passo é a administração

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intravenosa de manitol (12,5 g) 5 a 10

minutos antes do clampeamento, pois essa

medida visa diminuir o edema intracelular.

O terceiro passo é o resfriamento do

rim com gelo picado (Figura 2D) após o

clampeamento, por um período médio de

10 minutos, atingindo uma temperatura

entre 15 a 20°C, diminuindo assim o gasto

energético das células renais corticais.7

A isquemia renal é o procedimento

intraoperatório mais importante na

realização da NSS, pois diminui o

sangramento e facilita a visualização das

estruturas anatômicas.

O clampeamento pode ser apenas

da artéria renal ou da artéria e veia

conjuntamente, e não se recomenda a sua

utilização de forma intermitente no hilo

renal, como nas cirurgias hepáticas. Quando

não se utiliza o resfriamento renal com

gelo na nefrectomia parcial, o tempo de

enucleação tumoral é chamado de tempo de

isquemia quente e não deve ultrapassar 30

minutos, sob o risco de deterioração renal

irreversível. A utilização do gelo (isquemia

fria) é benéfica, pois permite proteção

renal por período isquêmico médio de até

60 minutos, devendo ser utilizada nos casos

onde há a possibilidade de tempo operatório

alargado ou nos pacientes com risco de

progressão para doença renal crônica.8

Nova administração de manitol e

furosemida deve ser feita após a liberação

do clampeamento vascular renal, para

promover melhor reperfusão, diminuindo o

efeito do estresse oxidativo e estimular a

diurese.

3. Nefrectomia parcial

Preparado o órgão, procede-

se a realização de enucleação do tumor

(Figura 3A), nefrectomia polar (superior

ou inferior) ou a retirada em cunha nos

casos de tumores da região medial. Detalhe

importante da ressecção tumoral é de não

violar a pseudocápsula, mantendo uma

margem de segurança.9

Hemostasia do leito renal é de

fundamental importância, evitando os

riscos de sangramento pós-operatório e

de reoperação (Figura 3B). A realização de

biópsias do leito de ressecção pode ser feita

para confirmação de margens cirúrgicas livres

de neoplasia, mas os estudos demonstram

que para tumores menores de 4 cm basta

uma mínima margem de segurança de 0,2

cm, não comprometendo os resultados

oncológicos e promovendo tempo livre

de doença e sobrevida câncer específica

semelhante à nefrectomia radical.10, 11, 12

Realizada a enucleação tumoral,

inicia-se a sutura do sistema coletor com

fio absorvível, e a rafia do parênquima

renal com interposição de tecido para

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a sustentação da sutura, como gordura

perirrenal (Figura 3C), fáscia de Gerota

ou esponja de gelatina. Alguns autores

recomendam hemostasia complementar

com selantes à base de fibrina (solução de

fibrinogênio humano em alta concentração

associado à trombina e um agente

antifibrinolítico),13 sendo aplicada sobre

a superfície do parênquima renal, com

excelentes resultados em NSS convencional

e laparoscópica, sem reintervenções por

hemorragia ou fístula urinária.14

Figura 3A – Enucleação tumoral. Figura 3B – Retirada do tumor. Figura 3C – Rafia do rim. Figura 3D Tumor renal.

4. Seguimento dos pacientes por NSS

No pós-operatório, indica-se

hidratação vigorosa ao paciente, com

intuito de evitar a necrose tubular aguda e

assim manutenção da função renal.

As complicações pós-operatórias

não decaíram com os avanços da técnica

cirúrgica, dos cuidados perioperatórios e a

experiência da equipe cirúrgica. Destaca-se

a fístula urinária (1,4 – 17,4%), insuficiência

renal aguda (0,7 – 7,3%), hemorragia pós-

operatória (2,4%) e infecção (0,6 – 6,0%). A

taxa de reoperação é baixa (0 – 3,1%).

A taxa de sobrevida câncer específica

é similar à nefrectomia radical (88 – 97,5%),

para estudos com tempo médio de follow-

up de 3 a 6 anos, assim como a taxa de

recorrência local (0 – 7,3%).2

Os pacientes submetidos à

NSS necessitam de acompanhamento

ambulatorial com avaliação laboratorial

da função renal, função hepática, cálcio

sérico e fosfatase alcalina, radiografia de

tórax, US abdominal e TC de Abdome a cada

3 meses durante o primeiro ano; a cada 6

meses no 2.º e 3.º anos e anualmente após

o 4.º ano.2, 9

Nos casos de recorrência tumoral,

pode-se realizar nova NSS ou NR, dependendo

do estadiamento oncológico ou da condição

do rim.

5. Comparação entre NSS

convencional x laparoscópica

Com o estabelecimento das

bases da NSS, introduziu-se a abordagem

laparoscópica (LNSS) com a finalidade

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André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho,Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva

de associar suas vantagens como menor

morbidade, menores tempo de hospitalização

e de convalescência à técnica original.15

Os trabalhos subsequentes

compararam os resultados da NSS e da LNSS,

em relação aos resultados oncológicos e

complicações operatórias.

Um dos primeiros trabalhos

comparativos, relacionaram 200

cirurgias (100 NSS e 100 LNSS), e a

cirurgia laparoscópica estava associada

com uma maior taxa de complicações

intraoperatórias (5% vs 0, p<0.03) e um

aumento da taxa de complicações renais e

urológicas (11% vs 2%, p<0,01). Dentre essas

complicações são relatadas as hemorragias

intra e pós-operatórias, fístulas urinárias e

hematúria.16

Com o avanço da tecnologia e o

aumento da curva de aprendizagem, os

grandes centros de laparoscopia urológica,

com seleção criteriosa de pacientes (estádio

T1a), obtêm resultados semelhantes à NSS.15

CONCLUSÃO

Os atuais exames de imagem

permitem o diagnóstico de tumores

renais assintomáticos e em estádio

inicial. A NSS demonstrou ser eficaz,

com resultados oncológicos expressivos

como tempo de sobrevida e tempo livre

de doença, semelhantes à NR, tido como

procedimento padrão-ouro no tratamento

dos tumores renais. A NSS evita, portanto,

que pacientes com déficit parcial na

função renal evoluam para a insuficiência

renal crônica, se submetidos à NR. A LNSS

também demonstrou ser eficaz nos tumores

localizados e menores de 4 cm, mas ainda

concentrada a centros de excelência em

laparoscopia, sendo uma alternativa viável

a NSS.

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Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus

ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE –

RELATO DE CASOSURGICAL MANAGEMENT EXTRAORAL IN TREATMENT OF PLUNGING

RANULA – REPORT CASE

Jefferson do Rêgo Corrêa,* Giorge Pessoa de Jesus**

RESUMO

O fenômeno de extravasamento de muco, que pode estar associado a anomalias congênitas,

traumas e doenças da glândula sublingual, é conhecido como rânula. Uma variante clínica

incomum, a rânula mergulhante, ocorre quando o extravasamento de mucina consegue

dissecar e romper barreiras atingindo espaços mais profundos, ocasionando na maioria das

vezes uma tumefação no pescoço. O presente trabalho relata uma paciente diagnosticada

com a lesão após ter sofrido trauma na região de assoalho bucal e submetida a tratamento

cirúrgico com a remoção extraoral da glândula envolvida.

Palavras-chave: Rânula Mergulhante; Glândula Sublingual; Acesso Extraoral.

ABSTRACT

The phenomenon of mucus leaking that can be associated to congenital anomalies, trauma

and illnesses of sublingual gland, is known as Ranula. An uncommon clinical variant, the

plunging ranula, occurs when the leak of mucin breaches barriers and reaches deeper

spaces, causing most of times a neck swelling. The present study reports a patient who has

got this injury after traumatizing the mouth floor area, and was submitted to a surgical

treatment with extraoral removal of the affected gland.

Keywords: Plunging ranula; Sublingual gland; Extraoral approach.

*Acadêmico finalista da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam.** Professor titular da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam.E-mail: [email protected] Endereço: Av. Tókio, quadra 20, n.º 2 – Conj. Campos Elíseos, bairro: Planalto – CEP: 69045-200. Manaus – AM, fone: (92) 3238-8421, CEL: (92) 9625-6202

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ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Rânula, nome derivado do latim

rana, que significa rã, foi dado por conta da

lesão lembrar o aspecto translúcido do baixo-

ventre de uma rã, e é um termo utilizado

para os fenômenos de extravasamento de

mucina que ocorrem no assoalho bucal.1, 2, 3

Têm sido descritas associadas com anomalias

congênitas, traumas, doenças da glândula

sublingual e alguns autores relatam,

ainda, que essa lesão pode surgir em

consequência de cirurgias para a colocação

de implantes dentais.3, 4, 5, 6 Uma variante

clínica incomum, a rânula mergulhante,

ocorre quando o extravasamento de

mucina consegue dissecar e romper

barreiras como o músculo miloioide e

atinge espaços mais profundos, como os

espaços submandibulares e parafaringeanos

inferiores, ocasionando na maioria das

vezes uma tumefação do pescoço.3, 7, 8 O

diagnóstico está diretamente relacionado

com a história do desenvolvimento da lesão,

que pode ter aparecido após um trauma

na região de assoalho bucal envolvendo a

glândula sublingual ou por obstrução de seu

ducto, ocasionando em um extravasamento

do conteúdo salivar.6, 9, 10 Junto com a

história clínica, exames complementares

de imagem, como a ressonância magnética

(RM), garantem um maior estreitamento

das possibilidades diagnósticas, e ainda

permite uma boa avaliação da extensão da

lesão.6, 10, 11 Existem inúmeras abordagens

para o tratamento da rânula mergulhante,

sendo as cirúrgicas com a drenagem da

lesão e ressecção da glândula sublingual as

mais eficazes.5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15

Este trabalho tem por objetivo

descrever o relato de caso de uma

paciente portadora de rânula mergulhante

diagnosticada no Serviço de Cirurgia e

Traumatologia Bucomaxilofacial – CTBMF

da Faculdade de Odontologia – FAO da

Universidade Federal do Amazonas – Ufam

e tratado no Hospital Universitário Getúlio

Vargas (HUGV).

RELATO DE CASO

A paciente do gênero feminino,

feoderma, 27 anos de idade, do interior

do Estado do Amazonas – Brasil, procurou

o ambulatório do Serviço de CTBMF da

FAO/Ufam, queixando-se de um “aumento

de volume” no lado esquerdo do pescoço

(Figura 1). Na anamnese foi constatado

que, após injúria por uma “espinha de

peixe” no assoalho bucal, iniciou-se o

desenvolvimento de uma vesícula que

regrediu espontaneamente. Após alguns

meses, a paciente observou um aumento

de volume na região submandibular do

lado esquerdo, que evoluiu causando uma

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Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus

assimetria facial. Ao exame físico não foi

constatado nenhum envolvimento intraoral,

verificando-se apenas o abaulamento na

região anteriormente mencionada. Com

base na história da doença e no exame

clínico, onde foi realizada punção aspirativa

positiva obtendo-se conteúdo mucoso,

levantou-se a hipótese diagnóstica de

rânula mergulhante (Figura 2). Para auxiliar

no diagnóstico foi solicitado o exame de

ressonância magnética que revelou uma

lesão multilocular estendendo-se do espaço

sublingual até o parafaringeano inferior

esquerdo, envolvendo estruturas anatômicas

nobres como nervos e vasos sanguíneos

calibrosos (Figura 3). O tratamento proposto

pela equipe cirúrgica foi a drenagem da lesão

associada à exérese da glândula envolvida.

Por não haver tumefação intraoral e por

promover melhor campo operatório, optou-

se por fazer uma incisão submandibular

(Hisdon) possibilitando uma melhor

visualização das estruturas anatômicas

que estavam intimamente envolvidas pela

cápsula cística (Figura 4). Foi realizada

dissecção por planos quando se observou,

também, o envolvimento da glândula

submandibular pela cápsula da rânula,

fato este que levou os cirurgiões a optar

pela remoção tanto da glândula sublingual

quanto da submandibular, eliminando

qualquer possibilidade de recidiva (Figura

5). Após exérese das glândulas foi adaptado

um dreno e em seguida buscou-se uma

sutura por planos (Figura 6) o qual foi

removido no segundo dia pós-operatório

depois da confirmação de não haver

mais conteúdo salivar que pudesse ser

removido por sucção. A peça foi enviada

para o Serviço de Patologia da Ufam, e foi

submetida a exame histopatológico que

revelou tecido de glândula salivar maior

com ductos rompidos e extravasamento de

muco para o tecido conjuntivo, bem como

infiltrado inflamatório crônico inespecífico,

característico de rânula. A paciente evoluiu

de forma satisfatória não apresentando

sinais de infecção ou quadros de xerostomia.

Portanto, não havendo comprometimento

significativo da lubrificação bucal pela

exérese das glândulas. Atualmente

encontra-se com dois anos de proservação

sem sinais de recidiva (Figura 7).

DISCUSSÃO

Por conta do grande número

de doenças relacionadas com a região

de assoalho bucal, espaço sublingual,

submandibular e parafaringeanos, o

diagnóstico de rânula / rânula mergulhante

é geralmente determinado por uma

combinação da história, achados clínicos e

estudos de imagens.6, 7 A rânula mergulhante

pode se apresentar como um aumento de

volume da área submandibular com ou sem

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ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE – RELATO DE CASO

o envolvimento intraoral.12, 16

Exames de imagens, como

a tomografia computadorizada e a

ressonância magnética, têm ajudado com

grande eficácia no diagnóstico dessa lesão,

pois mostram um sinal patognomônico

conhecido como “cauda”, que é uma

evidenciação do percurso realizado pelo

fluido salivar quando da sua disseminação

para os espaços fasciais mais profundos do

pescoço.1, 4, 9

Pela ressonância magnética tem-se,

ainda, uma maior precisão na localização de

estruturas anatômicas nobres, como nervos

e vasos, que precisam ser preservadas

durante o ato cirúrgico para a remoção da

glândula salivar. 4, 11

O diagnóstico da lesão do caso

relatado em nosso serviço foi feito com base

nas evidências descritas no meio científico,

ou seja, por meio da correlação entre a

história da doença, os achados clínicos e os

achados da ressonância magnética.

Há diversas formas de abordagem no

tratamento de rânula/rânula mergulhante,

como excisão completa da lesão,

marsupialização com ou sem cauterização da

parede da lesão, crioterapia, tapizamento

com gaze, excisão a laser, escleroterapia, e

até mesmo injeção intralesão de material

de moldagem e utilização de hidrossecção

como auxiliar na dissecção.5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15

Dentre os tratamentos existentes,

a excisão da rânula associada à remoção

da glândula sublingual tem sido o de

primeira escolha por muitos autores. Em

dados estatísticos é o que apresenta baixo

ou nenhum índice de recidiva da lesão.

Pelo fato, porém, de ser uma abordagem

bem invasiva, é necessária uma grande

experiência por parte do cirurgião e de sua

equipe.10, 17, 18

Por causa da rânula mergulhante ser

uma variante incomum da rânula confinada

ao assoalho bucal, seu tratamento é

basicamente o mesmo. Com exceção

de alguns casos em que sua drenagem e

excisão são feitas por uma abordagem

submandibular, geralmente quando essa

lesão não mostra um crescimento em

assoalho bucal.10

Em busca de um tratamento eficaz,

que apresentasse a menor possibilidade de

recidiva, juntamente com a característica

clínica de não envolvimento intraoral da

lesão, foi decidido por se utilizar a técnica

de excisão da rânula associada à remoção

da glândula sublingual e submandibular via

transcervical, tratamento que se mostrou

bastante satisfatório, sem complicações no

trans nem no pós-operatório tardio.

Histologicamente todas as lesões

de rânula são similares, apresentando

um espaço cístico central contendo

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Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus

extravasamento de mucina para os tecidos

circunjacentes, região vascularizada e

presença de infiltrado inflamatório.1, 13, 18

Essas foram características

histopatológicas presentes na lâmina do

fragmento cirúrgico retirado da paciente e

enviado ao laboratório de Anatomopatologia

da Universidade Federal do Amazonas,

e que confirmou o diagnóstico de rânula

mergulhante.

É necessário que o profissional faça o correto

diagnóstico da lesão, associando sempre os

achados clínicos com a história da doença,

para a escolha do melhor tratamento e

eliminar as possibilidades de recidiva.

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IMAGENS

Figura 1 – Aumento de volume da região submandibular do lado esquerdo do pescoço.

Figura 2 – Conteúdo muco-viscoso aspirado da lesão.

Figura 4 – Incisão submandibular (Hisdon) para acesso à lesão. ok

Figura 3 – Imagem RM evidenciando o envolvimento de espaços profundo do pescoço

Figura 4 – Incisão submandibular (Hisdon) para acesso à lesão. ok

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Figura 6 – Tubo dreno suturado no local das glândulas removidas.

Figura 5.c – Glândulas sublingual e submandibular Figura 6 – Tubo dreno suturado no local das glândulas removidas.

Figura 5.a – Evidenciação do envolvimento da glândula sublingual pela cápsula da lesão.

Figura 5.b – Exérese das glândulas envolvidas pela lesão.

Figura 6 – Pós-operatório de 2 anos.

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COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA

COM TRATAMENTO CLÍNICO

IMPAIRMENT OF THE CERVICAL SPINE IN SEVERE RHEUMATOID ARTHRITIS:

TREATMENT WITH CLINICAL IMPROVEMENT

Aryádine Allinne Machado de Miranda,* Elisângela Canterle Sedlacek,**

Simora Souza de Moraes,** Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro***

RESUMO

A artrite reumatoide (AR), doença inflamatória multissistêmica, pode acometer a coluna

cervical em vários estágios de sua evolução, principalmente a junção crânio vertebral.

A subluxação atlanto-axial (SAA) é o acometimento mais frequente, e apresenta

complicações como compressão neurológica e morte súbita. Pode ser assintomática,

sendo necessários exames de imagem, principalmente nos pacientes com dor e alteração

no exame físico da coluna cervical. A radiografia simples sugere o diagnóstico de SAA; a

Tomografia Computadorizada (TC) avalia fraturas vertebrais, erosões ósseas e articulações

interapofisárias; e a Ressonância Magnética (RM) é o exame que avalia a sinovite. Geralmente

o diagnóstico é realizado em estágios avançados da doença; além disso, os procedimentos

cirúrgicos não apresentam bons resultados, o que aumenta a morbimortalidade nesses

casos. Descreve-se o caso clínico de um paciente do sexo masculino com AR grave e demora

no diagnóstico, que apresentou complicações neurológicas por conta da SAA, com melhora

após tratamento com drogas antirreumáticas modificadoras da doença (DMARD).

Palavras-chave: Artrite reumatóide; Coluna cervical, Subluxação atlanto-axial.

ABSTRACT

The rheumatoid arthritis (AR), multiple system inflammatory illness, can affect the

cervical column in some periods of its evolution, mainly the vertebral skull junction. The

atlantoaxial subluxations (AAS) is the most frequent manifestation and with bigger risk

of complications, for example, neurological compression and sudden death. It can be

symptomless, many times it is necessary many examinations of images of patients with

pain in the cervical column. The simple x-ray suggests the AAS diagnosis; the computerized

tomography evaluates vertebral breakings, bones erosions and interapophysary joints;

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COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE:MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO

and Magnetic Resonance is the examination which evaluates the synovial membrane

inflammation. Generally, the diagnosis is carried through in advanced periods of the

illness, moreover, the surgical procedures does not present good results, which increases

the mortality in these cases. We describe clinical case of a man with RA and neurological

compression caused by AAS, showed improvement after treatment with disease-modifying

antirheumatic drugs (DMARD).

Keywords : Rheumatoid arthritis; Cervical column, Atlantoaxial subluxation.

INTRODUÇÃO

A artrite reumatoide (AR) é uma

doença autoimune multissistêmica de caráter

inflamatório, de etiologia desconhecida,

caracterizada por comprometimento

das articulações periféricas. O dano à

cartilagem e erosões ósseas, com as

mudanças subsequentes na integridade

articular determinadas pela inflamação,

são características da doença. Afeta três

vezes mais mulheres do que homem e com

maior incidência entre 35-65 anos.1, 2 A AR

compromete a coluna cervical em 60-80%

dos casos,1 sendo a região mais acometida

do esqueleto axial, principalmente o

seguimento C1-C2.3, 4, 14, 15 Na articulação

atlanto-axial, o processo inflamatório

na membrana sinovial e nos ligamentos

promove enfraquecimento e frouxidão

no ligamento transverso, ocasionando um

aumento entre o arco anterior do atlas

e o processo odontoide maior que 3 mm,

conhecido como subluxação atlanto-axial

(SAA), e quando essa distância for igual

ou superior a 9 mm há elevado risco de

compressão neurológica.3, 4, 5, 15 Ocorre

instabilidade do segmento vertebral,

alterando as suas funções relacionadas ao

suporte do peso, movimentos e proteção

de estruturas nervosas no interior do canal

vertebral.2, 3, 6

Objetivo deste relato é descrever o

caso de um paciente com diagnóstico tardio

e complicações graves de AR como SAA,

apresentando outros sinais e sintomas de

gravidade da doença, que obteve melhora

após terapêutica com drogas antirreumáticas

modificadoras da doença (DMARD), redução

da sinovite de coluna cervical, não sendo

necessário procedimento cirúrgico.

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RELATO DE CASO

Paciente masculino, 70 anos,

diabético desde 2005 em uso glibenclamida.

Em 2001 iniciou artrite simétrica cumulativa

em joelhos e tornozelos, obtendo melhora

com uso de anti-inflamatórios não

hormonais (Aines). Em março de 2006,

evoluiu com poliartrite em interfalangeanas

proximais (IFPs) e metacarpofalangeanas

(MCFs), punhos, cotovelos, acompanhado

de rigidez matinal com duração de três

horas, exacerbação da artrite em joelhos

e nódulos de consistência fibroelástica em

face extensora dos cotovelos e anterior da

tíbia esquerda (E). Maio de 2006 apresentou

piora do quadro articular com dor na

região cervical de forte intensidade com

irradiação para membros superiores (MMSS),

parestesia e diminuição da força muscular

em membros inferiores (MMII). Procurou

vários serviços de urgência/neurocirurgia

prescrito Aines e solicitados exames, entre

eles RM de coluna cervical evidenciando

tecido com intensidade de sinal de partes

moles, compatível com pannus, envolvendo

a transição craniocervical, determinando

erosão e destruição de C1 e do processo

odontoide de C2. Indicado cirurgia, porém

não realizada por recusa do paciente.

Novembro de 2006: com progressão

do déficit neurológico, sem deambular, em

consulta com reumatologista, diagnosticado

AR segundo critérios do American

College of Rheumatology (ACR), 1987:(1)

clínicos (artrite simétrica e cumulativa

de pequenas articulações das mãos,

rigidez matinal maior uma hora e nódulos

reumatoides), radiológicos (diminuição do

espaço articular do carpo, cistos ósseos

subcondrais, erosões ósseas) e sorológico

(Fator Reumatoide título 1:32). Iniciado

tratamento com metotrexate (MTX) 15 mg/

semana, difosfato de cloroquina 150 mg/

dia, prednisona 20 mg/dia e ácido fólico 5

mg/semana.

Internado em fevereiro de 2007 por

exacerbação do quadro álgico na coluna

cervical e irradiação para MMSS. Relatava

também tosse seca, associada à dispneia

progressiva aos esforços. Ao exame físico,

apresentava-se em regular estado geral,

dispnéico, afebril; aparelho cardiovascular

e abdome sem alterações; aparelho

respiratório estertores crepitantes em

velcro em 2/3 inferiores bilateral; pele

com nódulos de consistência fibroelástica,

móveis, indolores, cerca de 2 cm de diâmetro

em superfície extensora dos cotovelos, face

anterior da tíbia esquerda; osteoarticular

com desvio ulnar dos dedos, dedo em

martelo 2.º e 4.º quirodáctilos (QRD) (à E),

atrofia de interósseos (Figura 1), sinovite

em punhos com incapacidade para flexão

e extensão, instabilidade e crepitação em

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COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE:MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO

joelhos, limitação acentuada da flexão e

extensão do pescoço com perda da lordose

fisiológica; neurológico força muscular grau

4/5 em MMSS e 3/5 em MMII. Realizado RX

de tórax mostrando infiltrado intersticial

difuso, com área de maior confluência na

base direita, obliterando seio costo-frênico

(Figura 3), TC de tórax evidenciando

fibrose pulmonar bilateral (Figura 4); RM

de coluna cervical sinais de instabilidade

cervical, com subluxação anterior de C1-

C2, ântero-listese de C3 sobre C4 e de C4

sobre C5; erosão e destruição do Atlas e

do processo odontoide do Axis; redução

na amplitude do canal vertebral cervical,

tecido com intensidade de sinal de partes

moles compatível com pannus, envolvendo

a transição craniocervical (Figura 5).

O serviço de neurocirurgia indicou

procedimento cirúrgico para estabilização

de coluna cervical, por conta do risco

aumentado de compressão do canal medular

e de estruturas vasculares, além de morte

súbita, porém houve recusa do paciente,

utilizando somente colar cervical.

Em maio de 2007 apresentava

redução do quadro álgico, parestesia e da

sinovite da coluna cervical, visualizado

na RM (Figura 6). Mantendo-se estável

clinicamente nas reavaliações ambulatoriais,

a última em maio/2009.

DISCUSSÃO

Nos pacientes portadores de AR

os elementos estabilizadores da coluna

cervical, como articulações, ligamentos e

tecidos ósseos, podem ser afetados pelo

tecido sinovial patológico levando a SAA.4, 11,

14, 15 Essa patologia ocorre em 1 em cada 30

pacientes com evidência mínima de doença,

1 em 15 pacientes com doença clínica e 1

em cada 5 pacientes hospitalizados por AR.

A insuficiência do ligamento transverso,

causada pela inflamação, variando desde

atrofia até completa destruição pelo tecido

de granulação reumatoide, é responsável

pela subluxação.7

Fatores relacionados à própria

evolução da AR podem condicionar um

maior risco de acometimento da doença na

coluna cervical, tais como o uso prolongado

de corticosteroides, altos títulos de

FR, destruição articular periférica,

acometimento de nervos cervicais, presença

de nódulos reumatoides e longo tempo de

evolução da doença.2, 8 Desses fatores o

tempo prolongado de doença é o que mais

contribui para o aumento da incidência

de SAA.15 No caso clínico descreve-se

um paciente portador de AR com graves

deformidades de articulações, nódulos

reumatoides, acometimento pulmonar,

sintomas neurológicos, condições estas

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predisponentes de SAA.

A SAA pode ser classificada em

anterior, vertical, lateral e posterior.

Anterior representa 46% dos casos, ocorre

infiltração do pannus entre o processo

odontoide e o ligamento transverso,

ocasionando separação maior de 2,5 cm

entre o arco anterior do atlas e o processo

odontoide do áxis. Vertical corresponde a

5-22% dos casos, o colapso ósseo e articular

entre o osso occipital, atlas e áxis resultam

de erosões e desabamento das articulações

sinoviais existentes entre os ossos na

junção craniocervical, levando a migração

do dente do áxis verticalmente além da

linha de McGregor (une a margem posterior

do palato duro ao ponto mais caudal do

osso occipital). Lateral representa 10-20%

dos casos, ocorre comprometimento das

articulações interfacetárias deslocando as

massas laterais do atlas mais que 2 mm em

relação ao áxis. Posterior representa 6% dos

casos, existe anteriorização do processo

odontoide sobre o arco anterior do atlas

geralmente causado por erosões.3, 4

A dor na região posterior do

pescoço é a manifestação mais precoce

e comum, seguida de rigidez e limitação

dos movimentos de flexão, extensão e

rotação, sendo que o conjunto occipito-

atlanto-axial é responsável por metade da

realização desses movimentos.9 A SAA pode

ser, porém, assintomática durante grande

parte da sua evolução ou provocar sintomas

vagos.2, 10, 11, 12 A cefaleia suboccipital

de intensidade variável pode estar

relacionada com SAA vertical. Os sintomas

neurológicos (parestesia, paresia, hiper-

reflexia, clonus e espasticidade) podem ser

causados por compressão das estruturas

nervosas contidas no canal vertebral, seja

pelo pannus, elementos ósseos ou por

insuficiência do sistema vertebrobasilar

(síncope, incontinência esfincteriana,

nistagmo, disfagia).5, 9 No exame físico pode-

se suspeitar de SAA quando há diminuição

da lordose occiptocervical, resistência à

movimentação cervical passiva ou protrusão

anterior do arco anterior do atlas na parede

posterior da faringe.4

Os estudos clínicos e radiográficos

da coluna cervical são de grande

importância, por conta da proporção de

pacientes portadores de AR que apresentam

alterações na junção craniovertebral,

especialmente naqueles com maior risco

para SAA.3, 6, 10, 12, 14 O diagnóstico por imagem

pode ser realizado por meio da Rx perfil

com o pescoço em flexão revelando mais

que 3 mm de separação entre o processo

odontoide e o arco anterior do atlas. A TC é

útil para demonstrar compressão do cordão

espinhal por perda do espaço subaracnoide

posterior em pacientes com subluxação de

C1 e C2.4, 10 A RM tem papel significativo na

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COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE:MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO

avaliação da coluna cervical e da transição

craniocervical, permitindo realizar corte

sagitais, tornando-se o melhor método para

avaliar a relação entre o dente do áxis e a

medula cervical.6, 7

Pacientes com AR, que apresentavam

distúrbios da coluna cervical tratados com

DMARD, foram acompanhados durante

cinco anos; nesse trabalho concluíram que

a combinação terapêutica dessas drogas,

acompanhadas ou não de corticoides, pode

impedir ou retardar o desenvolvimento de

distúrbios na articulação atlanto-axial.16

Ince et al utilizaram MTX em pacientes

portadores de ARJ que apresentavam

alterações na articulação temporo-

mandibular, a terapêutica foi eficaz em

minimizar a destruição da articulação.13

No relato de um caso, a criança

portadora de Artrite Idiopática Juvenil

(AIJ), com SAA, respondeu ao tratamento

com MTX e repouso com tração da coluna

cervical, promovendo controle da doença

e prevenção de sequelas neurológicas.5

Outro caso relatado de SAA em paciente

portador de AIJ utilizou corticoide e anti-

TNF (Infliximab), após nove infusões

de Infliximab houve normalização dos

marcadores de atividade inflamatória e da

articulação atlanto-axial.9

Alguns autores recomendam o

tratamento conservador com tracionamento

cervical para alinhamento espinhal e

descompressão de elementos neurais,

deixando a indicação cirúrgica apenas para

os casos que apresentam deteriorização

neurológica associada à dor intratável.

Os sintomas de compressão neurológica

que demandam intervenção cirúrgica são:

mudança no nível de consciência, ataque

isquêmicos transitórios, diminuição do

controle esfincteriano, disfagia, vertigem,

convulsão, hemiplegia, nistagmo, dor não

controlada pelo tratamento clínico e, nesses

casos, o tratamento cirúrgico apresenta

alta morbidade.3, 4, 7, 10, 14

Nesse relato enfatizamos a

importância do estudo coluna cervical

em pacientes portadores de AR. SAA deve

sempre ser lembrada em pacientes com

sinais e sintomas neurológicos, como no

caso apresentado, principalmente associado

AR grave. Investigação ativa, diagnóstico

precoce e o início de tratamento com

DMARD são fundamentais para o controle

da atividade da doença, prevenção de

incapacidade funcional e lesão articular

irreversível.

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68 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

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69 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE:MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO

Figura 1 – Desvio ulnar dos dedos, dedos em martelo 2.º e 4.º quirodáctilos (QRD) (à E), atrofia de interósseos, sinovite em punho. Nódulo reumatoide em cotovelo.

Figura 2 – Rx de mãos: redução da densidade óssea, diminuição do espaço articular de interfalangeanas, com subluxação de falanges mediais e distais; cistos ósseos subcondrais e erosões ósseas. Anquilose dos ossos dos punhos.

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70 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek,Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro

Figura 4 – TC de Tórax: espessamento dos septos inter e intralobulares com estrias densas associadas na periferia de ambos os pulmões, distorcendo a sua arquitetura normal; espessamento pleural bilateral.

Figura 3 – Rx de Tórax: infiltrado intersticial difuso, com área de maior confluência na base direita, obliterando seio costo-frênico.

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71 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE:MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO

Figura 5 – RM de coluna cervical: sinais de instabilidade cervical, com subluxação anterior de C1-C2, ântero-listese de C3 sobre C4 e de C4 sobre C5; erosão e destruição do atlas e do processo odontoide do Axis; redução na amplitude do canal vertebral cervical, tecido com intensidade de sinal de partes moles, compatível com pannus, envolvendo a transição craniocervical.

Figura 6 – RM de coluna cervical (pós-tratamento com DMARD): fusão dos corpos vertebrais de C5-C6 e parcial posterior de C6-C7, retrolistese do bloco de C5-C6, discoartrose de C3-C4, C4-C5, redução da amplitude do canal vertebral. Melhora da sinovite.

Universidade Federal do Amazonas – Ufam

Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV

Correspondência: Aryádine Allinne Machado de Miranda. Rua 32, quadra 42, número 21

– Conjunto Jardim Versalles. CEP 69044-210 – Manaus/AM, fone: (092) 3238-6918. E-mail:

[email protected]

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez,André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis

NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO

DE LITERATURA

GERM CELL TUMORS IN CHILDREN: CASE REPORT AND LITERATURE REVIEW

Jonas Rodrigues de Menezes Filho,* Victor Alfonso Vasquez,*

André Mancini,* Cristiano Paiva,** Flávio Antunes,*** Edson Sarkis****

RESUMO

Os tumores testiculares são raros entre crianças e adolescentes representam apenas 1%

de todos os tumores pediátricos sólidos, sendo os de células germinativas os mais comuns.

Na infância há maior incidência de tumores não-seminomatosos, sendo os tumores do

seio endodérmico os mais freqüentes. O tratamento padrão para o câncer testicular é a

orquiectomia radical. Relatamos um caso de tumor do seio endodérmico em criança.

Palavras-chave: Câncer de testículo, crianças, não-seminoma

ABSTRACT

Testicular tumors are rare among children and adolescents account for only 1% of all

pediatric solid tumors, and the germ cells tumors are the most common. In childhood

there is a higher incidence of malignant non-seminomas, and the yolk sac tumors are the

most frequent. The standard treatment for testicular cancer is radical orchiectomy. We

report a case of yolk sac tumor in children and its follow-up.

Keywords: Testicular cancer, children, non-seminoma

* Residentes de Urologia do HUGV** Doutor em urologia pela Escola Paulista de Medicina – EPM/Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP***Urologista do HUGV**** Professor Titular de Urologia da Universidade Federal do amazonas

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

De acordo com a literatura, tumores

testiculares são raros com a incidência de

0,5 a 2/100.000 crianças e adolescentes¹.

Apenas 1% de todos os tumores pediátricos

sólidos são de origem testicular.² Enquanto

em adultos os tumores de células

germinativas são aneuploides, nos casos

pediátricos são usualmente diploides,

especialmente os teratomas. Todavia, os

tumores do seio endodérmico (Yolk sac

tumors) podem ser aneuploides.³

Aproximadamente, 60% dos

tumores testiculares em adultos contêm

histologia mista, enquanto a maioria dos

tumores testiculares prepuberais possui um

único tipo histológico.4 As lesões benignas

nas crianças representam uma maior

porcentagem de casos do que nos adultos,

onde as lesões malignas prevalecem. Um

estudo multicêntrico recente demonstrou

que 74% dos tumores primários de testículos

na fase prepuberal eram benignos.5

RELATO DE CASO

Paciente masculino com dois

anos e cinco meses, natural e procedente

de Boa Vista do Ramos-AM apresentou

aumento do volume testicular esquerdo

com início do quadro há dois anos (Figura

1), foi acompanhado por médicos da sua

cidade quando foi enviado a um serviço

ambulatorial da cidade de Manaus com

diagnóstico de hidrocele. Já em nosso

serviço, foi realizado ultrassonografia

(USG) da bolsa escrotal com aumento de

volume do testículo esquerdo, difusamente

heterogêneo com pequenas áreas anecoicas

de permeio, bem delimitadas, medindo 5,0 x

3,3 x 4,4 cm, sugerindo processo expansivo.

Alfa-fetoproteína 994 ng/ml e DHL 546

U/L. Radiografia de tórax sem alterações

e TC de abdome total não identificou

linfonodomegalias retroperitoneais.

Realizado orquiectomia radical

esquerda (Figura 3) sem nenhuma

complicação com alta hospitalar no

primeiro dia de pós-operatório. O laudo

histopatológico demonstrou ser um tumor

de células germinativas, tipo Tumor de

Seio Endodérmico (“Yolk Sac Tumor”),

comprometendo o epidídimo, atingindo

focalmente a albugínea sem ultrapassá-

la, presença de invasão vascular, margens

cirúrgicas livres de comprometimento

neoplásico, classificado como pT2, pNx,

pMx. No trigésimo dia de pós-operatório

os exames de controle revelaram a alfa-

fetoproteína 9ng/ml, Beta hCG 0,5 ng/ml

e DHL 536 U/L. Encontra-se em evolução

satisfatória.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez,André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis

Figura 1: Massa testicular esquerda

Figura 2: USG de testículo esquerdo com aumento de volume, difusamente heterogêneo com pequenas áreas anecóicas de permeio.

Figura 3: Orquiectomia radical demonstrando controle dos vasos espermáticos.

DISCUSSÃO

Poucos campos da oncologia

apresentaram avanços terapêuticos

tão significativos quanto o dos tumores

germinativos do testículo. Tais resultados

foram obtidos graças a vários fatores,

entre os quais se destacam a identificação

dos marcadores séricos (alfa-fetoproteína

e beta-hCG), ultrassonografia (USG),

tomografia computadorizada (TC) e

ressonância magnética (RNM) que permitiram

estabelecer o diagnóstico e melhorar a

acurácia do estadiamento tumoral, além

do advento de agentes quimioterápicos

efetivos, destacando-se a cisplatina.6

A combinação dos métodos

terapêuticos – cirurgia, radioterapia e

quimioterapia – permitiu que a sobrevida

média (cinco anos) dos portadores desses

tumores, que era de aproximadamente 40 a

50% na década de 1950, passasse a 85 a 95%

nos dias atuais.6

Embora a causa de câncer testicular

seja desconhecida, tanto fatores congênitos

como adquiridos foram associados ao

desenvolvimento tumoral. A associação

mais forte tem sido com o testículo

criptorquídico. Aproximadamente 7-10%

dos tumores testiculares formam-se em

pacientes com história de criptorquidismo;

seminoma é a forma mais comum de

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

tumor nesses pacientes. Contudo, 5 a

10% dos tumores testiculares ocorrem

no testículo contralateral, sem história

de criptorquidismo. O posicionamento

do testículo criptórquico no escroto não

altera o potencial maligno do testículo não

descíduo; entretanto, esse procedimento

facilita de fato o exame e a detecção do

tumor7.

Outros fatores de risco importantes

são: o traumatismo e a atrofia testicular, a

disgenesia gonodal, os estados intersexuais,

o uso materno de estrogênios durante

o período gestacional, os traumatismos

e o histórico familiar. A relação entre

microlitíase testicular e o desenvolvimento

tumoral é controversa6.

Uma revisão de dados de trinta

anos em um hospital na Turquia revelou

que tumores do seio endodérmico (Yolk Sac

Tumors) são os mais comuns entre tumores

testiculares prepuberais8.

Teratomas e Yolk Sac Tumors são

os mais comuns em crianças prepúberes.

Após a puberdade, o mais comum é o

carcinoma embrionário. O tamanho do

tumor não é indicativo de benignidade ou

malignidade, no entanto tumores malignos

são frequentemente grandes10.

A idade da apresentação é de

dois anos, mas 60% das lesões podem se

apresentar antes dessa idade9. De fato, a

idade média de apresentação para tumores

do seio endodérmico e teratomas é de 16

e 13 meses, respectivamente, baseado em

dados dos tumores prepuberais11.

Quase 90% dos pacientes

pediátricos se apresentam com massa

testicular indolor¹². Um recente estudo

confirmou que massa testicular indolor foi

o sintoma mais comum seguido por trauma/

contusão e hidrocele/hérnia (85, 8 e 6%,

respectivamente).¹³ Ao exame a massa

tende a ser firme. O exame físico deve ser o

suficiente para excluir outras patologias que

compreendem o diagnóstico diferencial,

tais como torção testicular, hidrocele,

epididimites, hérnia inguinal e orquite. A

hidrocele está presente entre 15 a 20% dos

pacientes com tumores testiculares.9

A ultrassonografia com duplex e

doppler colorido (USG) pode ajudar a distinguir

massas intratesticulares de extratesticulares

e outras patologias escrotais dos tumores

testiculares. A sensibilidade da USG para

detecção de tumores testiculares aproxima-

se de 100% 14.

Os marcadores tumorais podem

ajudar a identificar diferentes tipos

histológicos antes da cirurgia e podem

ser usados para detectar recorrência ou

persistência tumoral após orquiectomia

radical. É essencial a medida da

alfafetoproteína (AFP) como parte inicial

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez,André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis

de qualquer investigação para neoplasia

testicular em que se nota aumento em 90%

dos tumores do seio endodérmico e em

recém-natos pelo menos nos seis primeiros

meses de vida. A vida média da AFP é de

cinco dias. Níveis que não diminuem após

cinco dias sugerem persistência ou doença

metastática.15 Os tumores produtores de

β-hCG não fazem parte dessa faixa etária e

usualmente não são produzidos por tumores

testiculares na infância.16

O ponto crucial da exploração de

um possível tumor testicular é a abordagem

inguinal com clampeamento da vasculatura

do cordão espermático e retirada do testículo.

Se a possibilidade de câncer não puder ser

excluída pelo exame do testículo, justifica-

se a orquiectomia radical. Deve-se evitar a

prática de abordagens escrotais e biópsias

testiculares abertas. A terapia adjuvante

depende das características histológicas do

tumor, além do seu estadio clínico7.

O estadiamento dos tumores é

baseado segundo o Grupo de Oncologia

Pediátrica que define estádio I como um

tumor limitado ao testículo, completamente

ressecado, sem evidência de doença fora dos

testículos e normalização de marcadores

tumorais; estádio II como tumor removido

trans-escrotalmente com evidência de

tumor extra testicular, tumoração residual

microscopicamente, linfonodomegalia

retroperitoneal ≤ 2cm e aumento dos

marcadores tumorais; estádio III como

linfonodomegalia retroperitoneal ≥ 2cm;

estádio IV como metástases à distância,

incluindo fígado17.

Tumores do seio endodérmico

são raros em adultos e muito comuns em

crianças sendo responsáveis por mais de

70% dos tumores de células germinativas

nesta faixa etária. Microscopicamente o

encontro dos corpos de Schiller-Duval é

patognomônico desta doença. O manejo

destes tumores é mais agressivo nos

adultos e mais conservador nas crianças

por alguns motivos como: 1) Nas crianças

85% estão no estádio I; 2) Geralmente de

uma única linhagem nas crianças; 3) AFP

está aumentada em mais de 90% dos casos,

que torna o seguimento pós-orquiectomia

mais fácil; 4) Nos adultos a disseminação

é linfática, ao contrário das crianças

que a disseminação é hematogênica.

As metástases nos pulmões ocorrem em

torno de 20% comparadas as metástases

para retroperitôneo presentes em apenas

4 a 6% dos casos. Portanto, a rotina de

linfadenectomia retroperitoneal (RPLND)

não é tão difundida, pois a disseminação

é hematogênica e as complicações deste

procedimento são maiores nas crianças,

tais como obstrução vesical, infecção de

sítio cirúrgico, ascite quilosa e disfunção

ejaculatória. No entanto, a RPLDN está

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

limitada às crianças com linfadenopatia

retroperitoneal persistente ou aumento dos

marcadores tumorais após orquiectomia ou

quimioterapia.15

O estadiamento é feito por meio

de radiografia de tórax, TC de abdome

e pelve e exame histopatológico da

peça cirúrgica (orquiectomia, que é o

tratamento padrão para estes tumores). Se

os achados histopatológicos e de imagem

confirmarem estádio I o paciente pode ser

seguido em observação sem necessidade

de quimioterapia adjuvante. Deve ser

solicitado AFP mensalmente por dois anos,

radiografia de tórax a cada 2 meses por dois

anos e TC a cada 3 meses por um ano e

semestralmente no segundo ano. Após os

dois anos de observação sem recorrência

pode ser estendido para cada 6 meses ou

anualmente pelo baixo risco de recidiva.

O risco de recidiva é de aproximadamente

20% e é identificada pelo aumento sérico de

AFP ou evidência de doença nos exames de

imagem. Quase todas as recorrências podem

ser resgatadas através de quimioterapia. O

estádio II ou doença metastática deve ser

tratado com quimioterapia. A sobrevida

para todos os estadios da doença aproxima-

se dos 100% 15.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Thiago Patta, Ricardo Estevam, Rubem A. JúniorGeorge A. Lins, Higino F. Figueiredo, Márcio Neves Stefani

INGESTÃO INADVERTIDA DE CHUMBO EM ANIMAL CAÇADO COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA

INADVERTENT CONSUMPTION OF LEADS IN ANIMAL HUNTED

AS CAUSES OF SHARP APPENDICITIS

Thiago Patta,* Ricardo Estevam,** Rubem A. Júnior***

George A. Lins,* Higino F. Figueiredo,* Márcio Neves Stefani*

RESUMO

A presença de corpos estranhos (CE) no trato digestório representa uma incidência mesmo

que subestimada de cerca de 1 para 1.000 a 1.500 laparotomias exploradoras, ocorre

principalmente em crianças, idosos e pacientes psiquiátricos por conta da ingesta ou

introdução via anal de CE. As apresentações clínicas vão desde quadros assintomáticos

com eliminação espontânea até casos de abdômen agudo cirúrgico por peritonites, como

consequência de perfurações, obstruções do trato digestório. Relataremos um caso de

apendicite aguda supurada em morador de zona rural por ingesta inadvertida de CE de

chumbo em carne de animal caçado, onde evoluiu com impactação no apêndice cecal com

perfuração e instalação de um quadro de abdômen agudo por apendicite aguda supurada,

necessitando de tratamento cirúrgico. Concluímos então que é de suma importância o

questionamento de possível ingesta inadvertida de CE, assim como os hábitos alimentares

de pacientes com abdômen agudo, principalmente crianças, idosos e paciente psiquiátricos,

como possível causa de apendicite aguda, assim como acompanhar e investigar casos de

CE no trato digestório e prevenir suas possíveis complicações, como perfurações, fístulas,

obstruções, ou até a sua eliminação seja espontânea ou terapêutica.

ABSTRACT

The presence of foreign bodies (CE) in I try digestive represents an incidence even though

underestimated of around 1 for 1000 to 1500 laparotomias explorers, occurs mainly in

infants, elderly and psychiatric patients due to the ingest or introduction saw anal of CE.

*Residentes de Cirurgia Geral do HUGV**Preceptor doPRM em Cirurgia Geral do HUGV***Chefe da Divisão de Cirurgia Geral do HUGV

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

INGESTÃO INADVERTIDA DE CHUMBO EM ANIMAL CAÇADO COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA

The clinical presentations go since charts asymptomatic with spontaneous elimination to

cases of surgical sharp abdomen by peritonitis, as consequence of drillings, obstructions

of him I try digestive. We will relate a case of sharp appendicitis festered in inhabitant of

rural zone by ingest inadvertent of CE of leads in meat of animal hunted, where evolved

with impactação in the appendix cecal with drilling and installation of a chart of sharp

abdomen by sharp appendicitis festered, needing surgical handling. We conclude then

that is of sum importance the questioning of possible ingest inadvertent of CE, as well

as the habits you will feed of patients with sharp abdomen, mainly infants, elderly and

psychiatric, as possible patient causes of sharp appendicitis, as well as accompany and

investigate cases of CE in I try digestive and prevent your possible complications, like

drillings, fistulas, obstructions, or up to your elimination be spontaneous or therapeutic.

INTRODUÇÃO

Os corpos estranhos (CE) intra-

abdominais ou no trato digestório, são

oriundos geralmente de ingesta inadvertida

via oral ou introdução via anal de objetos.1

Clinicamente, a grande maioria pode ser

eliminada espontaneamente ou serem

causas de obstruções, perfurações e até

mesmo fístulas intestinais.2 O diagnóstico

nem sempre é fácil, necessitando de

exames complementares de imagens,

como radiografias e Tomografias

Computadorizadas, assim como de

endoscopias e colonoscopias, sendo estes

dois últimos tanto diagnósticos quanto

terapêuticos, por vezes o diagnóstico é

dado apenas com Laparotomia Exploradora.

O objetivo deste artigo é relatar um caso

de impactação de CE em Apêndice Cecal,

chumbo de espingarda, como causa de

Pelviperitonite por Apendicite Aguda

Supurada, demonstrando uma causa não

rara de apendicite.

RELATO DO CASO

Paciente do sexo masculino, 49 anos, natural e

procedente de Autazes interior do Amazonas,

o paciente refere que constantemente se

alimenta de carne de caça, iniciou quadro

clínico de dor abdominal difusa com posterior

localização em fossa ilíaca direita (FID),

associado à febre, náuseas, hiporexia,

adinamia, constipação intestinal evoluindo há

quatro dias. Deu entrada no pronto-socorro

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Thiago Patta, Ricardo Estevam, Rubem A. JúniorGeorge A. Lins, Higino F. Figueiredo, Márcio Neves Stefani

(PS) em regular estado geral, hipocorado

leve, desidratado moderado, taquipneico,

acianótico, anictérico e sem edemas.

Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações.

Abdômen: Distendido, tenso, sem cicatrizes ou

abaulamentos, com dor à palpação profunda e

superficial, mais eminente em FID e hipogástrio,

com sinais de irritação peritoneal e Blumberg

presente. Solicitado hemograma e radiografia

de abdômen, que evidenciaram Leucocitose

com desvio à esquerda, e na radiografia

corpo estranho com densidade de metal em

topografia de Apêndice Cecal, além de sinais

sugestivos de apendicite como: borramento da

sombra do Músculo Psoas, escoliose antálgica

e alça sentinela (Figura 1).

Figura 1 – Imagem sugestiva de chumbo metálico na radiografia simples de abdômen.

Definido então quadro de abdômen

agudo inflamatório por possível Apendicite

Aguda Supurada.

O paciente foi submetido à

Laparotomia Exploradora mediana

infraumbilical, onde o achado

intraoperatório foi: Pelviperitonite

purulenta por apendicite aguda

supurada, e identificação de corpo

estranho em loja apendicular

compatível com chumbo de espingarda,

que provavelmente foi ingerido

inadvertidamente pelo paciente ao

comer a carne da caça (Figura 2).

Figura 2 – Chumbo encontrado no intraoperatório.

Procedido então a apendicectomia

e limpeza exaustiva da cavidade abdominal

com soro fisiológico a 9% e drenagem da

cavidade com dreno de Penrose número 4.

O paciente foi encaminhado à enfermaria

no pós-operatório imediato onde evolui

satisfatoriamente, recebendo alta no 8.º

dia pós-operatório.

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

INGESTÃO INADVERTIDA DE CHUMBO EM ANIMAL CAÇADO COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA

DISCUSSÃO

Os CEs no trato digestório

continuam sendo bastante incidente na

população, representando uma incidência

de 1 para 1.000 a 1.500 laparotomias, mas

estima-se que sua incidência seja maior e

não muito relatada até mesmo por questões

legais.3 Os pacientes mais suscetíveis são

crianças, idosos e pacientes psiquiátricos.

Charles e cols4 relataram o caso de ingesta

de um clip metálico como causa de

apendicite em criança de três anos. Como

se pode observar, apendicite aguda pode

ser também uma complicação de ingesta

inadvertida de corpo estranho, sendo de

relevante importância conhecer os hábitos

alimentares de pacientes com abdômen

agudo, como, por exemplo: hábitos de

comer carne de caça, pescados e distúrbios

psiquiátricos com ingesta de alimentos

inapropriados. Rubem et al5 relataram o

caso de apendicite aguda por impactação

de CE, anzol de pesca, em apêndice cecal

após ingesta de pescado por ribeirinho.5 Foi

relatado também um caso de apendicite

crônica por ingesta inadvertida de CE,

haste de rebite, por paciente psiquiátrico.1

Lopes et al6 relataram um caso de abscesso

perineal por ingesta de palito de dente em

um paciente de 55 anos. Concluímos então

que a presença de CE no trato digestório

pode evoluir distintamente, desde um

quadro de eliminação espontânea e

assintomático, até mesmo um quadro de

abdômen agudo cirúrgico por apendicite e

peritonite purulenta, sendo extremamente

importante acompanhar e investigar casos

de CE no trato digestório para prevenir

suas complicações como em casos de

abdômen agudo por apendicite questionar

a possibilidade de CE no trato digestório.

REFERÊNCIAS

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Carvalho JB; Vinhaes JC. Corpo estranho retido na cavidade abdominal durante onze anos. Rev Col Bras Cir. 2004; 31(1):68-70.

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Rubem Alves da Silva Júnior, George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque, Thiago Patta,Higino Felipe Figueiredo, Elysson Abinader, Carlos Alberto Morais Menezes Júnior

ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR:RELATO DE CASO

GALLBLADER ADENOMA: A CASE REPORT

Rubem Alves da Silva Júnior,* George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque,**Thiago Patta,** Higino Felipe Figueiredo,** Elysson Abinader,** Carlos Alberto Morais Menezes Júnior***

RESUMO

Lesões polipoides de vesícula biliar afetam aproximadamente 5% da população adulta.

Apesar de a grande maioria das lesões ser benigna, a transformação maligna é sempre

uma preocupação. A maioria dos pólipos é detectada durante ultrassonografia abdominal.

Adenomas são lesões epiteliais benignas com elevado potencial de malignidade que podem

ocorrer ao longo de todo o trato gastrintestinal. Relatamos um caso de paciente investigada

por sintomas gastrintestinais inespecíficos com diagnóstico de colelitíase havia dois anos.

Ultrassonografia revelou imagens sugestivas de cálculo biliar e outra imagem hiperecoica,

polipoide e séssil. Colecistectomia aberta foi realizada e constatou-se presença da lesão

cujo laudo histológico confirma tratar-se de adenoma.

Palavras-chave: Pólipo, Adenoma, Vesícula Biliar, Colecistectomia.

ABSTRACT

Polypoid lesions of the gallblader affect approximately 5% of the adult population.

Although the majority of gallbladder polyps are benign, malignant transformation is a

concern. Most polyps are detected during abdominal ultrasonography. Villous adenomas

are benign epithelial lesions with malignant potential that can occur in any part of the

gastrointestinal tract. We present a case of a pacient who was investigated for nonspecific

gastrointestinal complaints with a concurrent diagnosis of cholelithiasis for two years.

Ultrasonography diagnosed images suggestive of gallstones and a hyperechoic and sessile

polyp. An open cholecystectomy was performed and revelead an adenoma.

Key words: Polyps, Adenoma, Gallbladder, Cholecystectomy.

* Chefe da Cirurgia do Aparelho Digestório. Coordenador da Preceptória de Residência Médica da Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas**Residentes em Cirurgia Geral da Universidade Federal do Amazonas – Ufam*** Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas – Ufam

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Lesões polipoides da vesícula biliar

correspondem a qualquer lesão elevada

da superfície mucosa da parede do órgão,

as quais são usualmente não-neoplásicas

(>95%). A maioria dessas lesões polipoides de

vesícula biliar é encontrada incidentalmente

em 3-7% das colecistectomias.1, 3

Christensen and Ishak estabeleceram

a classificação para os tumores benignos

de vesícula biliar: tumores epiteliais ou

adenoma (tubular, papilar ou tipos mistos),

tumores mesenquimais (hemangioma,

leiomioma, lipoma) e pseudotumores

(pólipos de colesterol, pólipos inflamatórios,

adenomioma e hiperplasia adenomatosa).2

Com o uso da ultrassonografia na prática

clínica moderna, cada vez mais as

lesões polipoides de vesícula biliar são

detectadas.3

Relatamos o caso de uma paciente

investigada por sintomas não-específicos

do trato gastrintestinal havia dois anos. Na

ultrassonografia de abdome total observou-

se imagens sugestivas de litíase biliar e

outra imagem hiperecoica, polipoide e

séssil, cujo diagnóstico histopatológico foi

adenoma de vesícula biliar.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 36 anos,

encaminhada com diagnóstico de litíase

biliar; apresentando quadro de epigastralgia

acompanhada de náuseas e vômitos com uma

frequência em um ano de dois episódios.

Em sua história familiar, observa-se caso de

colelitíase em parente de primeiro grau. Ao

exame físico: dor à palpação profunda em

hipocôndrio direito, sem demais alterações.

A ultrassonografia de abdome superior

revelou pequenas imagens hiperecogênicas

em vesícula biliar, móveis à mudança de

decúbito e produzindo sombra acústica

posterior; e outra imagem hiperecogênica

de contornos irregulares, aderida à parede

posterior da vesícula medindo 3,1 cm x

2,3 cm em seu maior diâmetro. A paciente

foi submetida à colecistectomia, sendo

solicitada a avaliação histopatológica da

peça cirúrgica. A paciente evoluiu sem

intercorrências, recebendo alta no terceiro

dia pós-operatório. A análise histopatológica

confirmou o diagnóstico de colecistite

crônica e adenoma de vesícula biliar.

DISCUSSÃO

É difícil predizer a importância ou

o significado dos pólipos de vesícula biliar

no pré-operatório, outrora sendo a maioria

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Rubem Alves da Silva Júnior, George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque, Thiago Patta,Higino Felipe Figueiredo, Elysson Abinader, Carlos Alberto Morais Menezes Júnior

de linhagem benigna; a possibilidade de ele

ser um carcinoma não pode ser descartada.

Apesar de ser uma doença relativamente

rara, o carcinoma de vesícula biliar ainda

compreende 3% de todas as doenças

malignas gastrointestinais.4

Os sintomas de pólipos de vesícula

biliar não são específicos, sendo a maioria

sugestivos de colelitíase.4 Sintomas como dor

em quadrante superior direito, dispepsia,

náuseas e vômitos foram relatados. A

proporção de pacientes sintomáticos é de 78

a 93%. A proporção de pacientes portadores

de cálculo de vesícula biliar e pólipos é de

27 a 66%, sugerindo que a sintomatologia

não pode ser atribuída exclusivamente à

presença dos cálculos.3, 5

Os fatores de riscos identificados

para malignidade dos pólipos de vesícula

biliar são o tamanho do pólipo superior a 10

mm, idade do paciente superior a 50 anos,

pólipos solitários, presença de cálculos e

pacientes sintomáticos.3, 5, 6

Em contraste com os pólipos de

cólon, a inspeção pré-operatória direta da

mucosa da vesícula biliar e biópsia não é

viável, obrigando os médicos a adotar sua

conduta baseada em informações obtidas a

partir de exames de imagem.1

O tratamento cirúrgico está indicado

em todos os pacientes sintomáticos, em

portadores de lesões maiores que 10 mm de

diâmetro e em pacientes que apresentam

fatores que aumentam o risco de malignidade

(idade superior a 50 anos e coexistência de

cálculos biliares). Todos os outros pacientes

devem ser acompanhados periodicamente

com exames ultrassonográficos seriados a

cada três a seis meses.6

No caso relatado, a colecistectomia

foi o procedimento indicado, em

concordância com a literatura, já que ela

preenchia os critérios para tratamento

cirúrgico. A colecistectomia também tem

demonstrado melhora da sintomatologia

apresentada pela paciente.3 Quanto à forma

de tratamento cirúrgico, técnica aberta ou

videolaparoscópica, a última é considerada

o padrão áureo no tratamento de colelitíase,

entretanto sua eficácia no tratamento

de lesões polipoides é questionável: pela

possibilidade de aumentar o número de

sítios de metástases e associar-se a pior

prognóstico em carcinomas de vesícula biliar

não suspeitados.3, 6 Sendo este o motivo

pelo qual a técnica aberta foi realizada em

nossa paciente.

Os adenomas vilosos são lesões

epiteliais benignas que podem ocorrer em

qualquer local do trato gastrointestinal. Esses

tumores são frequentemente encontrados

em reto e cólon, menos frequentes em

intestino delgado, e raramente encontrados

na árvore biliar.7

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ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO

Adenomas do trato biliar são

incomuns. A grande maioria dos adenomas

de vesícula biliar tem estrutura tubular,

enquanto adenomas tubulovilosos são

extremamente raros. A incidência de

adenomas puramente vilosos de vesícula é

de apenas 0,08% em séries de autópsias.8

Em estudo realizado por Terzi

e colaboradores, uma revisão de cem

casos de pólipos de vesícula biliar, os

adenomas foram relatados como lesões

predominantemente solitárias ou associadas

à colelitíase. O potencial pré-maligno dos

adenomas e a evolução deles à carcinoma

são inquestionáveis, estando assim indicada

a remoção cirúrgica de todos os adenomas

encontrados.2, 4

Pólipos de vesícula biliar permanecem como

grande preocupação tanto para médicos

como para pacientes. Apesar de a maioria das

lesões polipoides ser benigna, é necessário

avaliação cuidadosa e acompanhamento

adequado observando-se os critérios para

indicação cirúrgica. No presente caso, a lesão

polipoide era um adenoma, e por conta do

grande potencial de malignidade associado

aos adenomas, o tratamento instituído foi

a colecistectomia. A paciente se encontra

atualmente em bom estado.

REFERÊNCIAS

1. Dutta U, Poornachandra PKS. Gallblader polyps:

How to pick up the sinister ones. J Gastroenetrol

Hepatol. 2009; 24:219-222.

2. Csendes A, Burgos AM, Csendes P, Smok G, Rojas J.

Late Follow-up of polypoid lesions of the gallblader

smaller than 10 mm. Ann Surg. 2001; 234(5):657-

660.

3. Lee KF, Wong J, Man Li JC. San Lai, P.B. Polypoid

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190.

4. Terzi C, Sökmen S, Seçkin S, Albayrak L, Ugurlu

M. Polypoid lesions of the gallbladder: Report

of 100 cases with special reference to operative

indications. Surgery 2000, 127:622-7.

5. Boulton RA, Adams DH. Gallblader polyps: when

to wait and when to act. Lancet 1997; 349:817.

6. Myers MP, Shaffer EA, Beck PL. Gallblader polyps:

Epidemiology, natural history and management. Can

J Gastronenterol 2002; 16 (3): 187-194.

7. Chae BW, Chung JP, Park YN, Yoon DS, Yu JS, Lee

SJ, et al. Vilous adenoma of the bile ducts: a case

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Yonsei Med J 1999; 40: 84-89.

8. Kimura W, Muto T, Esaki Y. Incidence and

pathogenesis of villous tumors of the gallblader, and

their relation to cancer. J. Gastroenterol 1994, 29:

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Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves

TAMPONAMENTO CARDÍACOTRAUMÁTICO TARDIO

LATE TRAUMATIC CARDIAC TAMPONADE: CASE REPORT

Fernando Luiz Westphal,*Luís Carlos de Lima,**José Corrêa Lima Netto,***Márcia dos Santos da Silva,****Alessandra Bastos Alves,****

RESUMO

A maioria dos pacientes vítimas de lesão cardíaca penetrante morre antes de receber o

suporte avançado de vida. Dentre os que chegam ao hospital, uma pequena parte pode se

apresentar hemodinamicamente estável e sem sinais clínicos sugestivos de lesão cardíaca.

Neste trabalho, relatamos um caso de lesão cardíaca penetrante por arma branca em que

a paciente foi admitida sem sinais de instabilidade hemodinâmica e, após 48h, evoluiu com

piora significativa do quadro clínico e sinais de tamponamento cardíaco. Foi submetida à

janela pericárdica subxifoidea para drenagem pericárdica, com evolução satisfatória. O

tamponamento cardíaco tardio é uma entidade rara, que ocorre por sangramento tardio

ou pelo desenvolvimento de pericardite constritiva com derrame tardio. A abordagem

cirúrgica precoce de ferimentos penetrantes localizados na área de Ziedler poderia evitar

complicações tardias como a que foi relatada. Assim, a janela pericárdica subxifoidea

é um método fácil e seguro para exploração de pacientes estáveis com possível lesão

cardíaca, pois permite a visualização direta do pericárdio e a possibilidade de ampliação

da incisão para toracotomia.

PALAVRAS-CHAVE: Tamponamento cardíaco, ferimento penetrante, traumatismos

torácicos.

ABSTRACT

The most of victims of penetrating cardiac injury dies before receiving advanced life

support. Among those who arrive the hospital, a small part can present hemodynamically

stable and without clinical signs suggestive of cardiac injury. In this paper, we report a

case of a penetrating cardiac stab wounds in which the patient was admitted with no signs

* Professor-adjunto e coordenador da disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas** Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas*** Médico assistente do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas****Acadêmicas do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas

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TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO

of hemodynamic instability and after 48 hours developed a significant clinical worsening

and signs of cardiac tamponade. She was submitted to subxiphoid pericardial window

for pericardial drainage with satisfactory evolution. Traumatic late cardiac tamponade is

a rare condition that occurs due to delayed bleeding or to development of constrictive

pericarditis with delayed effusion. Early surgical approach to penetrating injuries

located in the Ziedler area could be prevent late complications such as that reported.

Thus, subxiphoid pericardial window is an easy and secure method for exploration of

stable patients with possible cardiac injury because it allows direct visualization of the

pericardium and the possibility of extending the incision to thoracotomy.

KEYWORDS: Cardiac tamponade, penetrating wound, thoracic injuries.

INTRODUÇÃO

O traumatismo torácico é uma

importante causa de mortalidade por

trauma, especialmente em adultos

jovens, vítimas de violência urbana.1 No

Brasil, perto de 65% dos óbitos por causas

externas ocorrem em pacientes com lesão

torácica penetrante e, dentre estes, 22,9%

apresentam lesão cardíaca associada.2

A maioria dos pacientes com

traumatismo cardíaco penetrante morre

antes de receber o suporte avançado de vida1,

3 e dentre os pacientes que são admitidos

no serviço de pronto atendimento, cerca

de 20% não apresentam sinais ou sintomas

sugestivos de lesão cardíaca.4

A abordagem cirúrgica de urgência

é o método mais seguro para confirmação

diagnóstica de ferimentos cardíacos e a

janela pericárdica é considerada uma das

melhores opções, pois permite a visualização

direta do pericárdio e, quando necessário,

a incisão pode ser convertida rapidamente

em uma toracotomia.5, 6

O objetivo deste trabalho é relatar

um caso de lesão cardíaca associada a

tamponamento cardíaco tardio tratado com

drenagem pericárdica por meio de janela

pericárdica subxifoidea.

RELATO DO CASO

Paciente do sexo feminino, 24 anos,

vítima de múltiplos ferimentos por arma

branca, recebeu primeiro atendimento em

Urucará, interior do Amazonas, onde foram

realizados limpeza e rafia das lesões. Após

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Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves

48h, evoluiu com dispneia, dor torácica e

confusão mental, sendo transferida para

Manaus. Deu entrada no Hospital e Pronto-

Socorro 28 de Agosto, hipocorada (+++/+4),

dispneica, com murmúrio vesicular

diminuído em bases. FC 110 bpm, FR 30 mrm

e PA de 90/60 mmHg. Foram observadas

múltiplas lesões suturadas distribuídas em

face, membros superiores e tórax, sendo

três em região subaxilar esquerda e duas

em precórdio. O hemograma realizado

no momento da admissão demonstrou

uma anemia com hematócrito 17,7% e

hemoglobina de 5,98 g/dl.

Foram transfundidas três bolsas

de concentrado de hemácias e realizada

drenagem fechada de hemitórax esquerdo sob

selo d’água. Após 3h, a paciente permaneceu

com dispneia e dor torácica, e evoluiu com

enfisema subcutâneo em tórax, turgência

jugular (Figuras 1A e 1B) e atrito pericárdico.

O ultrassom rápido de tórax (Fast) evidenciou

a presença de líquido em pericárdio. Foi

indicada a cirurgia de emergência e realizada

a janela pericárdica, com incisão mediana

subxifoidea (Figura 2) e aspiração de 200 ml

de secreção serossanguinolenta, tipo água

de carne, que confirmou o diagnóstico de

hemopericárdio. Foi colocado dreno de tórax

número 22 e realizada drenagem fechada do

pericárdio sob selo d’água. A paciente evoluiu

sem complicações e recebeu alta hospitalar

após dez dias.

DISCUSSÃO

O grande número de óbitos

associado ao traumatismo cardíaco

perfurante está relacionado aos ferimentos

causados por arma de fogo, pois estes

causam grandes lacerações nas câmaras

cardíacas e abertura do saco pericárdico

que evoluem com hemotórax maciço e

choque hemorrágico, geralmente com

morte no local do acidente. De forma

oposta, as lesões causadas por arma branca

possuem um melhor prognóstico, com

pouca perda sanguínea e a possibilidade

de tamponamento cardíaco, condição que

atua como protetor da lesão cardíaca,

pois evita o extravasamento de sangue e o

choque hemorrágico.5, 7, 8

A lesão cardíaca é suspeitada a

partir da história do trauma e localização

das lesões. A apresentação clínica do

paciente é de fundamental importância

para a decisão quanto à exploração

cirúrgica ou apenas observação. Hipotensão

arterial severa, aumento da pressão venosa

central e abafamento das bulhas cardíacas

são fortes indícios de lesão cardíaca

penetrante A tríade de Beck, característica

do tamponamento cardíaco, está presente

em apenas uma minoria dos pacientes. Em

alguns casos, o diagnóstico nem sempre

é evidente, pois o paciente pode se

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90 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO

apresentar hemodinamicamente estável,

sem indícios clínicos de lesão cardíaca.9, 10

Ferimentos localizados na área de Ziedler

devem sempre ser investigados, pois a

projeção do coração e dos grandes vasos

nessa região aumenta o risco de lesão

cardíaca e sangramento.11

As duas principais formas de

apresentação das lesões cardíacas

penetrantes são a hemorragia profusa com

rápida evolução para o choque hemorrágico

e o tamponamento cardíaco. Os ferimentos

por arma de fogo se associam a grandes

lacerações nas câmaras cardíacas e

tecidos adjacentes, causando hemorragia

constante que não pode ser contida

pelo saco pericárdico aberto. De forma

oposta, os ferimentos por arma branca

se comportam como feridas cirúrgicas,

permitindo a aposição dos tecidos lesados

e dos tecidos mediastinais adjacentes, com

rápido fechamento do orifício e pouca perda

sanguínea para a cavidade torácica e meio

externo.2, 4 Nos pacientes com ferimento

por arma branca, o tamponamento cardíaco

exerce efeito protetor, pois evita a perda de

sangue e reduz a chance de hipovolemia.5

Em um pequeno número de casos,

o paciente pode se apresentar estável no

momento da admissão, sem evidências

de lesão cardíaca e, após horas ou dias,

evoluir com sinais de tamponamento

cardíaco. Isso ocorre por conta de um

sangramento cardíaco tardio com pericárdio

já cicatrizado após uma lesão aguda ou

pelo desenvolvimento de pericardite com

derrame tardio.11, 12 No caso relatado, a

paciente não apresentava sinais sugestivos

de lesão cardíaca e tamponamento cardíaco

durante sua primeira admissão, sendo

tratada de forma conservadora. Somente

após 48 horas houve piora significativa do

quadro clínico com rebaixamento do nível

de consciência, dispneia e dor torácica.

Após transferência para uma unidade de

referência em urgência e emergência, a

paciente apresentou nova piora clínica em

3h de evolução, dessa vez com turgência

jugular e atrito pericárdico, sendo levantada

a hipótese de tamponamento cardíaco

tardio.

Diante da suspeita de derrame

pericárdico traumático, o ecocardiograma

transesofágico é considerado o método

de escolha para a investigação inicial do

paciente, pois se trata de um método não

invasivo, rápido e de fácil aplicabilidade.

O diagnóstico é feito pela visualização

de uma região anecoica entre o coração

e o pericárdio, com possível restrição

diastólica. Quando o ecocardiograma

transesofágico não estiver disponível, o

exame pode ser realizado com o mesmo

aparelho de ultrassom utilizado para o

exame de abdômen em vítimas de trauma

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves

(Fast). Em mãos experientes, esse método

pode apresentar acurácia de 90% para a

presença de líquido no pericárdio.10, 13 No

caso apresentado, não havia equipamento

para a realização do ecocardiograma

transesofágico nem cardiologista disponível

na unidade de emergência para a qual a

paciente foi transferida. O equipamento

ultrassonográfico disponível era o Fast,

que confirmou a presença de líquido no

pericárdio. O quadro clínico e a evidência

ultrassonográfica de derrame pericárdico

foram fatores indicativos para a abordagem

cirúrgica da paciente.

Pacientes com tamponamento

cardíaco agudo ou sinais de choque sem

resposta à infusão de cristaloides devem

ser submetidos ao procedimento cirúrgico

imediatamente. A escolha da técnica

depende da preferência e experiência de

cada cirurgião. Enquanto alguns centros

adotam a toracotomia esquerda como

procedimento inicial nos casos de lesão

cardíaca penetrante, com a possibilidade de

ampliação da incisão por meio do mediastino

nos casos em que houver lesão cardíaca à

direita,10 outros preferem a esternotomia

mediana, reservando a toracotomia

esquerda para as lesões posteriores.14

Em pacientes hemodinamicamente

estáveis ou com sinais clínicos de

tamponamento cardíaco sem choque

profundo, o método de escolha para

o diagnóstico de ferimento cardíaco é

a janela pericárdica subxifoidea. Essa

técnica possui como principais vantagens

a sua fácil execução e rápida identificação

da presença ou não de lesão cardíaca com

alta sensibilidade e especificidade, além

de mínima morbidade. A exposição obtida

por esse método permite a exploração do

pericárdio para detecção de sangramento ou

coágulos. Se a lesão for confirmada, a incisão

pode ser facilmente ampliada para uma

toracotomia mediana ou lateral.6, 11 Outra

vantagem da janela pericárdica subxifoidea

é a realização de pericardiocentese para

descompressão cardíaca nos casos em

que houver tamponamento cardíaco.15 No

presente relato, a escolha pela realização

da janela pericárdica foi feita a partir da

história de tamponamento cardíaco tardio

sem sinais de choque profundo. Durante

o procedimento, não foram observadas

lesões cardíacas, pois ela já deveria estar

cicatrizada, nem sinais de sangramento

ativo, sendo realizada apenas a drenagem

pericárdica.

Diante do exposto, observamos

a necessidade da exploração sistemática

dos pacientes com suspeita de lesão

cardíaca. Apesar de a abordagem cirúrgica

precoce estar indicada apenas em

pacientes hemodinamicamente instáveis,

a possibilidade de lesão cardíaca deve ser

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO

suspeitada mesmo em pacientes estáveis,

pois a detecção precoce do hemopericárdio

evita complicações tardias, tal como foi

observado neste trabalho.

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Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves

FIGURAS

Figura 1A) Turgência jugular antes da drenagem pericárdica e B) evolução sete dias após o procedimento cirúrgico.

Figura 2 – Incisão mediana subxifoidea com drenagem de secreção serossanguinolenta.

Instituição em que o trabalho foi realizado:

Universidade Federal do Amazonas – Departamento de Clínica Cirúrgica

Endereço para correspondência:

Fernando Luiz Westphal – Hospital Universitário Getúlio Vargas, Coordenação de Ensino e

Pesquisa. Av. Aripuanã, 4 – Praça 14 de Janeiro, Manaus – AM, Brasil. CEP: 69020-170

E-mail: [email protected]

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Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Caio Ferreira Soares, Danielle Cristine Westphal

SÍNDROME DO LOBO MÉDIO:

RELATO DE CASO

MIDDLE LOBE SYNDROME: CASE REPORT

Fernando Luiz Westphal,* Luís Carlos de Lima,**José Corrêa Lima Netto,***Márcia dos Santos da Silva,****Caio Ferreira Soares,*****Danielle Cristine Westphal****

RESUMO

A Síndrome do Lobo Médio é caracterizada por colapsos recorrentes do lobo médio do

pulmão direito que levam à atelectasia crônica e predisposição a infecções de vias

aéreas inferiores. Neste trabalho, apresentamos um caso de Síndrome do Lobo Médio,

no qual o paciente possuía um histórico clínico de pneumonias de repetição e exames de

imagem que evidenciaram a presença de atelectasias e bronquiectasias no lobo médio

pulmonar. Durante a broncoscopia foi observada a compressão extrínseca do brônquio por

lifonodomegalias. Diante da confirmação diagnóstica, optou-se por realizar a lobectomia.

Apesar do tratamento da Síndrome do Lobo Médio em crianças ser preferencialmente

conservador, casos como o que foi relatado, em que há presença de atelectasias,

bronquiectasias, infecções recorrentes ou obstrução brônquica, é necessária a adoção de

condutas mais agressivas, com ressecção cirúrgica da região acometida, a fim de evitar

disseminação da infecção para outras áreas do pulmão.

DESCRITORES: Atelectasia pulmonar, bronquiectasia, pneumonia.

ABSTRACT

The Middle Lobe Syndrome is characterized by recurrent collapse of the middle lobe of the

right lung leading to atelectasis and predisposition to chronic infections of the lower airways.

We present a case of Middle Lobe Syndrome, in which the patient had a clinical history

of recurrent pneumonia and imaging studies demonstrating the presence of atelectasis

and bronchiectasis in the middle lobe lung. During bronchoscopy was observed extrinsic

*Professor-adjunto e coordenador da disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas.**Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas.***Médico assistente do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas.****Acadêmicas do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas.*****Acadêmico do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas.

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SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO

compression of the bronchus by lymphonodomegaliy. Given the diagnostic confirmation, it

was decided to perform lobectomy. Despite treatment of Middle Lobe Syndrome in children

preferably be conservative, cases such as that reported, in which there is presence of

atelectasis, bronchiectasis, recurrent infections or bronchial obstruction, it is necessary

to adopt more aggressive behavior, with surgical resection of the region affected, in order

to avoid dissemination of infection to another parts of lung.

KEYDOWRDS: Pulmonary Atelectasis, bronchiectasis, pneumonia.

INTRODUÇÃO

A Síndrome do Lobo Médio (SLM)

caracteriza-se por colapsos recorrentes do

lobo médio, levando a um quadro clínico

que envolve bronquiectasias, pneumonias

de repetição e atelectasias desse lobo

pulmonar.1

Em pacientes pediátricos, os

sintomas têm início principalmente ao

redor dos três anos de idade e comumente

está associado à asma.2 O sintoma mais

frequente é a tosse persistente, que pode

estar associada à hemoptise, dor torácica,

dispneia e febre.3

O objetivo deste trabalho é descrever

um caso de Síndrome do Lobo Médio em

um paciente pediátrico que apresentava

infecções pulmonares recorrentes, além de

realizar uma revisão da literatura.

RELATO DO CASO

D.G.S., dez anos e oito meses,

foi encaminhado ao Serviço de Cirurgia

Torácica do Hospital Sociedade Beneficente

Portuguesa por apresentar infecções

recorrentes de vias aéreas inferiores

desde o primeiro mês de vida. Ao exame

físico, apresentou como única alteração

a presença de roncos em terços médio e

inferior do hemitórax direito. Os exames

complementares apresentaram os seguintes

resultados:

a) Radiografia de tórax: sinais de

atelectasia em terço médio do pulmão

direito (Figuras 1A e B);

b) Tomografia computadorizada de

tórax: presença de broncogramas aéreos

envolvendo lobo médio, principalmente em

segmento medial, com redução volumétrica

dele (Figura 2);

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Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto,Márcia dos Santos da Silva, Caio Ferreira Soares, Danielle Cristine Westphal

c) Broncoscopia: compressão extrínseca

do lobo médio por provável aumento

linfonodal.

O paciente foi submetido à

toracotomia lateral direita, com acesso à

cavidade torácica pelo 5.º espaço intercostal

direito. Foram observados atelectasia e

hepatização do segmento medial do lobo

médio pulmonar. O tratamento instituído

foi a ressecção do lobo médio (Figura 3).

O paciente evoluiu sem complicações

recebendo alta hospitalar no 5.º dia de pós-

operatório.

DISCUSSÃO

A SLM, entidade clínica e radiológica,

é caracterizada por atelectasia crônica do

lobo médio do pulmão direito com episódios

de pneumonia e sintomas respiratórios

crônicos ou recorrentes, podendo ser apenas

um achado radiológico com antecedentes

clínicos pouco expressivos1.

A fisiopatogenia da SLM envolve

principalmente fatores anatômicos. O

ramo brônquico que se dirige ao lobo médio

forma um ângulo agudo com o brônquio

fonte que o origina e geralmente é menos

calibroso e mais longo que os demais.

Esses três fatores contribuem para a

retenção crônica de secreções brônquicas

e episódios recorrentes de infecção. A

presença de gânglios linfáticos ao redor

desse ramo brônquico também contribui

para a fisiopatogenia da síndrome, pois,

na vigência de processos infecciosos, os

gânglios podem aumentar de tamanho e

comprimir o brônquio, aumentando ainda

mais o acúmulo de secreções. Episódios

repetidos de inflamação induzem a fibrose

e o estreitamento do brônquio, fator

determinante para completar o ciclo vicioso

de infecção e inflamação que determinam

a formação de atelectasia e bronquiectasia

crônicas, com colapso total ou parcial do

lobo médio.4

As causas da SLM se dividem em

obstrutivas e não-obstrutivas. As principais

causas obstrutivas são a compressão

extrínseca por linfonodos ou tumores e

anormalidades no diâmetro, estrutura ou

comprimento brônquico, secundárias a

aspiração de corpo estranho, edema de

mucosas ou presença de tumores. Já as causas

não-obstrutivas envolvem basicamente os

distúrbios de ventilação colateral e processos

inflamatórios primários.5, 6

A síndrome ocorre em indivíduos de

qualquer idade; no entanto, o diagnóstico

em pacientes pediátricos tende a ser mais

difícil por causa da apresentação clínica

inespecífica.3, 7 A maioria dos casos de SLM

em crianças ocorre de forma secundária

à asma e o paciente pode se recuperar

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SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO

espontaneamente. No entanto, a resolução

dos sintomas agudos nem sempre é

acompanhada de reexpansão do parênquima

pulmonar atelectasiado e esse acaba não

sendo prontamente identificado.2, 8 Neste

trabalho, o paciente não tinha história de

asma e apresentava como único dado clínico

relevante o histórico de pneumonias de

repetição, associado ao achado radiológico

de colapso do lobo médio pulmonar.

A presença de atelectasia do lobo

médio na radiografia de tórax em crianças

com sintomas respiratórios recorrentes

é suficiente para a suspeita diagnóstica

de SLM. A tomografia computadorizada

de tórax também auxilia no diagnóstico,

pois, além de evidenciar atelectasias e

bronquiectasias no lobo médio, identifica

possíveis obstruções e estreitamentos

brônquicos. Quando a SLM for de origem

obstrutiva, a broncoscopia é suficiente

para confirmar o diagnóstico.3, 9 No caso

relatado, a atelectasia do lobo médio foi

observada tanto na radiografia de tórax

quanto na tomografia computadorizada

e o diagnóstico foi confirmado após a

visualização da obstrução brônquica por

meio da broncoscopia.

O tratamento da SLM em pacientes

pediátricos é preferencialmente conservador

por intermédio de antibioticoterapia, drenagem

postural e broncodilatadores.3, 7 Nos casos em

que houver atelectasia crônica ou recorrente,

evidências de bronquiectasia ou obstrução

brônquica, o tratamento preconizado é a

ressecção precoce do lobo médio a fim de evitar

o envolvimento dos outros lobos pulmonares.8,

10 Neste trabalho, a presença de obstrução

brônquica foi fator determinante para a

abordagem cirúrgica do paciente.

Em conclusão, ressaltamos a

importância do diagnóstico precoce da

SLM em pacientes pediátricos. Apesar de

a apresentação clínica ser inespecífica, a

realização de uma simples radiografia de

tórax em crianças com sintomas respiratórios

recorrentes e inespecíficos é suficiente para

guiar o diagnóstico de SLM, antes que o

processo evolua para complicações crônicas

que necessitem de um tratamento cirúrgico

mais amplo que a lobectomia média.

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FIGURAS

Figura 1 – Radiografia de tórax nas incidências PA (A) e perfil (B) mostrando atelectasiado terço médio do pulmão direito.

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SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO

Figura 2 – Tomografia computadorizada de tórax mostrando bronquiectasias e redução volumétrica do lobo médio.

Figura 3: Lobo médio com sinais de hepatização consequente ao processo inflamatório crônico.

Instituição em que o trabalho foi realizado:

Universidade Federal do Amazonas – Departamento de Clínica Cirúrgica.

Endereço para correspondência:

Fernando Luiz Westphal – Hospital Universitário Getúlio Vargas, Coordenação de Ensino e

Pesquisa. Av. Aripuanã, 4 – Praça 14 de Janeiro, Manaus – AM, Brasil. CEP: 69020-170

E-mail: [email protected]

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ANAIS JORNADA

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103 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

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Palestra de Abertura da V Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental

TRABALHO EM EQUIPE: UM DESAFIO POSSÍVEL

Prof. Dr. Edson de Oliveira Andrade

Caros amigos

O professor Fernando Westphal pediu-me, em uma grande deferência, que falasse na

abertura deste evento, sobre a importância do trabalho em conjunto.

De início, esta incumbência, para quem não acredita em trabalho efetivo senão aquele

realizado coletivamente, pareceu ser extremamente fácil.

Ledo engano!

Ao tentar colocar as ideias em ordem a fim de fazer desta conversa entre amigos

e companheiros algo útil e agradável, as dificuldades de explicar e defender o óbvio

começaram aparecer de forma muito intensa.

Como então resolver tal problema? Como arrumar uma saída de forma a atender o solicitado

pelo Fernando?

Confesso que ao procurar uma saída tudo pareceu muito difícil. E por que estava assim?

Logo percebi que o problema do encaminhamento desta tarefa estava na metodologia por

mim escolhida para resolvê-lo: a individualidade.

Tudo tinha de ser resolvido por mim. Era Eu e só Eu a buscar a solução para o sucesso

desejado para a palestra.

Esqueci nas minhas preocupações do próprio tema da palestra: O trabalho coletivo.

Uma palestra, como todas as atividades humanas, depende de múltiplos fatores, sejam

eles conjunturais, estruturais, mas principalmente humanos.

O primeiro destes fatores, o conjuntural, tem a ver porque estamos aqui. O que nos

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104 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

mobilizou a vir para cá? Conhecimento, curiosidade, sentimento de obrigação ou mesmo

falta do que fazer?

Cada um de nós sabe o que nos trouxe até aqui, nesta noite de muito calor.

Para este evento, talvez não seja importante sabermos o motivo da mobilização de cada

um. Mas quando se trata do ambiente de trabalho, saber o que motiva o colega ao lado é

uma questão capital.

Mas vamos parar um pouco e pensarmos juntos. Esta reunião não é uma extensão do nosso

local de trabalho? Então pergunto: por que o Fernando Westphal está aqui? Ou o professor

Duarte? Ou mais importante ainda, por que aquele colega tão querido e competente NÃO

está aqui?

Como podemos entender o macro da nossa conjuntura quando desconhecemos o micro, ou

seja, ou que nos move individualmente?

Quando estamos a fim de uma pessoa queremos saber tudo a seu respeito. O que ela gosta.

O que lhe agrada. Tudo para satisfazê-la. Enfim, para conquistá-la.

Agora raciocinem comigo, e vejam se não estou correto. Muitas vezes iremos conviver

menos com esta pessoa que com nossos companheiros de trabalho.

Vejam no meu caso. Eu aguento o Bulbol há 36 anos; o Duarte há 38 anos e o Eucides há

44 anos.

Bem como nem todos têm a graça de ter a mesma namorada, sempre a conquistar, como eu

e o Duarte, vemos logo a importância que um colega de trabalho tem em nossas vidas.

Em qualquer campo da atividade humana, as coisas só dão certo se houver interesse. E

nenhum interesse é tão importante quanto o interpessoal.

Se eu gosto de ti, eu cuido de ti!

Vamos agora fazer uma brincadeira. Escrevam no papel que receberam, sem que ninguém

veja, o nome de um colega de trabalho com que vocês se preocupam. Dobrem e entreguem

aos nossos monitores.

O segundo passo para o sucesso desta palestra é a estrutura de que dispomos para o evento

(APAGAR AS LUZES E DESLIGAR O MICROFONE).

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105 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas

v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

Vejam só. Vocês estão aí e eu continuo aqui, mas a nossa conversa ficou prejudicada.

Com resolver este impasse? Penso que existem dois caminhos: um correto e outro o

brasileiro. O correto chama-se planejamento. O brasileiro chama-se jeitinho e é mais ou

menos assim: Ei! Seu Almir. Vê se tem um fusível emprestado e faz uma gambiarra para

luz voltar. Pronto, às vezes dá certo, mas na maioria das vezes, não.

Com planejamento a regra é dar certo.

Agora podem ligar as luzes.

Vocês viram que em todas as oportunidades aqui apresentadas, apesar de falarmos em

estruturas, sempre nos referimos às pessoas. Isto ocorre porque as estruturas são reflexos

das ações das pessoas; e num sistema de vasos comunicantes, como no qual vivemos, as

pessoas são reflexos das estruturas.

Agora eu pergunto: Quantas vezes vocês já pararam para planejar o seu trabalho?

Vamos agora para a segunda tarefa da noite.

Escrevam na folha de papel restante um aspecto da estrutura do HUGV que vocês gostaria

de ver melhorar para que vocês possam se sentir mais feliz em seu trabalho. Não deixe

ninguém olhar o que você escreveu. Isto é uma tarefa solitária. Este é o SEU desejo.

Entreguem aos monitores.

Por fim, vamos falar de nós, as pessoas. Vamos falar do nosso papel nesta palestra.

Como vocês já perceberam, uma palestra não existe sem pessoas. Não existe sem um

palestrante – uma pessoa –; nem sem plateia – também pessoas –. Conjunturas e estruturas

são importantes, mas o que dá consistência às coisas são as pessoas. Conjuntura e estrutura

são as formas; as pessoas são as substâncias.

Se eu e vocês não estivéssemos aqui, ainda que o evento estivesse programado e o local

à disposição, não teríamos a palestra, pois faltaria a substância. Mas é preciso que haja

uma interação profunda e intensa entre as pessoas, a conjuntura e a estrutura, para que

o sucesso da palestra seja alcançado.

Como disse o filósofo espanhol Ortega y Gasset; “Eu sou eu e as minhas circunstâncias. Se

não as salvo, não me salvo”.

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Isto parece que funciona bem quando se trata de uma palestra, mas em um hospital, como

se dá?

Eu respondo sem um tiquinho de dúvida: da mesma forma.

Um hospital é conjuntura; é estrutura é gente.

Mas para ter sucesso, seja na palestra, seja no hospital, falta um ponto crucial que omiti

até agora: OBJETIVO.

Sem objetivo somos que nem cachorro correndo atrás de uma roda de carro, que quando

o carro para não sabe o que fazer.

O meu objetivo é conquistá-los para a ideia de que o trabalho conjunto é o único eficaz

para se alcançar os nossos objetivos e que os nossos objetivos precisam ser construídos

coletivamente para que todos se sintam partícipes e construtores de seus destinos.

Para encerrar, vou projetar três breves filmes que têm muito a ver com esta nossa

conversa.

Vejamos.

Formigas: http://www.youtube.com/watch?v=OxI_IGS9xtQ

Gansos: http://www.youtube.com/watch?v=lEplEOyGVbw

Basquete: http://www.youtube.com/watch?v=mG3o1vG_dEc

Estes três filmes possuem uma característica comum: o trabalho em equipe. As pequenas

formigas trabalhando juntas são capazes de transportar uma barata com um peso muitas

vezes superior aos seus. Já os gansos voam por longas distâncias alternando posições e

distribuindo entre os membros do grupo os esforços da jornada. Mas eles apenas seguem

os seus instintos e nada mais. Já o terceiro filme, além do trabalho em conjunto, agrega

o processo criativo planejado, transfigurado em beleza sublime. Os sons obtidos não sons

comuns. Eles nascem não de um impulso mecânico e automático. Eles são a expressão

do sentimento, da sensibilidade, da interação, do enlevo e até mesmo do trabalho

conjunto.

Isto é uma das coisas que nos diferencia dos outros animais. O nosso trabalho, quando

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planejado (sonhado), quando realizado em conjunto com outras pessoas (compartilhado),

tem a capacidade de ser transformador e transcendental (tocar a alma da pessoa). A

música é o exemplo perfeito desse fato. Numa orquestra, nenhum instrumento é capaz

de, isoladamente, executar uma sinfonia em sua totalidade, mas juntos tornam uma

9.ª, de Beethoven, ou o Poema Sinfônico “Floresta Amazônica”, de Villas-Lobo, algo

maravilhoso.

Meus amigos, outro engenho humano que só funciona bem com um trabalho conjunto e

harmônico é a assistência à saúde.

Por isso, faço um convite para que venhamos juntos executar diariamente, para o bem dos

nossos pacientes e de nós mesmos, a música que trazemos em nossos corações.

Antes de sairmos, apenas duas coisinhas a mais. Em primeiro lugar, vamos entregar ao

professor Lourivaldo, diretor do HUGV, as nossas contribuições para a melhoria do nosso

hospital. Lembre-se, meu caro Lourivaldo, de que elas foram escritas com o melhor dos

nossos corações. E, por último, mas ainda assim não de menor importância, peço que cada

um de nós retire no saco um pedaço de papel onde escrevemos o nome de uma pessoa que

consideramos importante em nosso trabalho e afazeres; e quando estivermos no merecido

coffee break busquemos encontrá-la para que ela saiba que uma pessoa nesta sala a

considera muito especial.

Obrigado

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RESUMO - CATEGORIA ORAL

1. RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADES REALIZADAS NA ONG ANJOS DA

ENFERMAGEM E NO PROJETO O BRINCARNO HOSPITAL

ESTEVES,1 Arinete Véras Fontes, MOTTA,1Gisele Aparecida Emílio de Araújo, SOARES,2 Anne Caroline Sampaio, ROCHA,2 Deise Auxiliadora de Freitas, BARBOSA,2 Jacqueline Paula Silva, BINDÁ,2 Josias Mota, DIAS,2 Raissa Simões

INTRODUÇÃO: Desenvolver atividades recreativas com as crianças em ambiente hospitalar

é, hoje, considerada uma atividade indispensável ao atendimento à saúde, reconhecida

pela Lei Federal n.º 11.104/05, onde determina que todos os hospitais pediátricos devam

possuir, em suas instalações, um espaço para a criança doente e hospitalizada brincar.

Diante dessa possibilidade de favorecer atividades recreativas às crianças acometidas por

algum tipo de câncer, hospitalizadas na Fundação Hematologia e Hemoterapia do Amazonas

(FHemoam), a ONG Anjos da Enfermagem e o projeto O Brincar no Hospital podem realizar

atividades lúdicas com as crianças, procurando por meio da brincadeira minimizar o estresse

ocasionado pela doença, seu tratamento e da longa hospitalização à qual a criança com

câncer é submetida. OBJETIVO: Realização de atividades de brincadeiras na ONG Anjos da

Enfermagem e no projeto O Brincar no Hospital com crianças acometidas por algum tipo de

câncer e doenças no sangue, incentivando o riso da criança doente. METODOLOGIA: Trata-

se de um estudo descritivo exploratório de um relato da experiência vivenciada pelos alunos

do curso de graduação de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas pelo brincar

com crianças com câncer em ambiente intra-hospitalar, tendo como participantes todas as

crianças hospitalizadas na FHemoam no período de atividade do projeto, aproximadamente 1 Enf.ª docente da Universidade Federal do Amazonas. 2 Discente da Universidade Federal do Amazonas. Contatos: [email protected], [email protected], [email protected]

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48 crianças. Foi feito uma avaliação por meio dos relatos das mães e/ou acompanhantes legais

das crianças ali hospitalizadas e também das próprias crianças, os quais registraram de forma

escrita de próprio punho os seus relatos. RESULTADOS: Mostram que estes projetos, por meio

da brincadeira, auxiliam a criança a enfrentar de forma mais segura seus medos e ansiedade

nesse ambiente que se apresenta de forma ambígua para elas, como um ambiente que cuida e

cura, mas também que agride por serem necessários a realização de procedimentos invasivos

e tratamentos agressivos. CONCLUSÃO: Diante disso, evidencia-se que o brinquedo auxilia

a criança a enfrentar o desconhecido durante sua permanência no hospital, minimizando o

estresse ocasionado pela doença e hospitalização por meio da brincadeira.

2. ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NA PORFIRIA INTERMITENTE AGUDA

RAMALHO,1 Anilda Nogueira, PALHARES,2 Flávia Ferreira M, ALBUQUERQUE,2 Maria Déborah, FREITAS,3 Caio Guimarães de, SUSUKI,3 Ingrid de Fátima Aquino.

INTRODUÇÃO: A Porfiria Intermitente Aguda (PIA) é um distúrbio hereditário raro de origem

hepática, causada por deficiência enzimática. Geralmente se manifesta após a puberdade e o

sintoma mais comum é a dor abdominal intensa em 80% dos casos e, em situações extremas,

paralisia respiratória e morte. O tratamento da PIA é interdisciplinar, necessitando de

atendimento médico, fisioterapêutico, nutricional, psicológico, entre outros. OBJETIVO: O

objetivo deste trabalho é demonstrar que a atuação da fisioterapia na PIA ajuda a prevenir os

efeitos deletérios da hipoatividade no leito, evitando complicações respiratórias e auxiliando

no bem-estar do paciente. MÉTODOS: Este relatado de caso é de uma senhora de 48 anos,

admitida no Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV com histórico de epigastralgia,

mioartralgia, febre, infecção do trato urinário, hipertensão arterial sistêmica, neuropatia

periférica e fraqueza muscular progressiva, episódio de perda da consciência e histórico social

1 Fisioterapeuta do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV/Ufam e da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas.2 Fisioterapeuta do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV/Ufam. 3 Estagiários do Serviço de Fisioterapia e acadêmicos de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, Campus Manaus – Ufam.

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de etilismo. Foram realizadas condutas fisioterapêuticas respiratórias e motoras de manhã

e à tarde, totalizando aproximadamente 500 atendimentos. RESULTADOS: Os resultados

obtidos com a assistência fisioterapêutica foram o aumento da força muscular e da endurance

da musculatura respiratória, os quais contribuíram no desmame da prótese ventilatória e

no restabelecimento do padrão respiratório, além da preservação da biomecânica articular,

ganho de força muscular de proximal para distal, melhora do equilíbrio e do controle de

tronco, permitindo a paciente ficar na postura de sedestação, sem apoio e na ortostática

com o uso de auxiliares de locomoção bilateral. Quanto à independência funcional para as

atividades de vida diária e profissional, ainda estavam parciais no momento da alta, por conta

da limitação dos movimentos finos das mãos e da deambulação. CONCLUSÃO: Conclui-se que

a assistência fisioterapêutica foi fundamental para a recuperação e o melhor prognóstico

funcional, percebendo a contribuição no tratamento ambulatorial, nos casos residuais de

distúrbio neuro-cinético-funcional. Verifica-se, também, a necessidade de mais estudos sobre

as condutas fisioterapêuticas na PIA, contribuindo para a saúde baseada em evidências.

PALAVRAS-CHAVE: Porfiria Intermitente Aguda – PIA, Fisioterapia em Hematologia.

Agradecimentos: à equipe do Serviço de Fisioterapia, do CTI, CEP e direção do HUGV/Ufam

3. ESTUDO ANATÔMICO DA ORELHA HUMANA POR DESCALCIFICAÇÃO DO OSSO TEMPORAL

CARLOS,1 Denny da Silva, DANILOW,2 Juliana Leal, BARCELAR,2 Bruno Rainer, BARCELLOS,3 José Fernando Marques, CARNEIRO,3 Ana Basílio, FURTADO,3 Silvânia Conceição

INTRODUÇÃO: O osso temporal, por sua complexidade anatômica, é de difícil compreensão em

face do grande número de estruturas e funções agrupadas nesse espaço ósseo. Compreender sua

anatomia é extremamente importante para entendimento de fenômenos patológicos, bem como

1 Acadêmico do Curso de Medicina (Ufam); presidente da Liga Universitária de Diabetes e Obesidade (LUDO/HUGV) e integrante do Projeto Teleclin (sessões para o internato).2 Acadêmico do Curso de Medicina (Ufam).3 Professor do Departamento de Morfologia – ICB Correspondências: Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Departamento de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas, Campus Universitário, avenida Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3.000, Coroado, CEP: 69077-040, Manaus, AM, Brasil. [email protected]

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para a realização de cirurgias otológicas e neurológicas. OBJETIVO: Realizar o estudo topográfico

da orelha média e interna após descalcificação por acidificação do osso temporal. MÉTODOS:

Foram dissecados seis ossos temporais de três cadáveres adultos, do sexo masculino, e fixados

em formol a 10% do Laboratório de Anatomia da Universidade Federal do Amazonas. Os seis ossos

temporais, sem lesão macroscópica, foram imersos em solução de ácido nítrico a 15% por dois dias.

Posteriormente, foram feitas secções transversais e longitudinais completas e incompletas com

lâminas de micrótomo tendo como referência o meatus acusticus interno até a orelha externa.

Utilizou-se uma lâmina de bisturi para escavar a orelha média e interna e uma lupa para melhor

visualização das estruturas. RESULTADOS: Por meio de uma “janela” aberta na escama do osso

temporal direito e com a retirada da eminentia arcuata, foi possível identificar cochlea, canalis

semicircularis e outras estruturas relevantes ao estudo proposto: cellulae mastoideae, nervus

facialis, corpus incudis, capuz mallei e a articulatio incudomallearis. CONCLUSÃO: Esta técnica

de descalcificação por acidificação proporcionou expor uma melhor topografia da orelha humana,

particularmente de estruturas nobres da orelha média e interna, além de continuar sendo um

método bastante eficiente, podendo ele apresentar baixo custo, sendo de fácil execução e acesso

aos acadêmicos e profissionais da área da saúde, tornando-se clara a identificação das estruturas

internas do osso temporal, normalmente estudadas pelos atlas de Anatomia Humana.

PALAVRAS-CHAVE: Dissecação; Cadáver; Anatomia Humana.

4. POLÍTICA DE SAÚDE E A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA PARA OS DEMAIS NÍVEIS DE

SAÚDE: UM ESTUDO COM OS IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE E CAIMIS DE MANAUS

SASSAKI,1 Yoshiko, MAIA,2 Danielle Bezerra, PONCE DE LEÃO,3 Alice Alves Menezes, MELO,3 Nathalie Santana de

INTRODUÇÃO: A maior expectativa de vida já experimentada pela população brasileira vem

1 Prof. Dr. Ufam, Manaus-AM. 2 Acadêmica de Serviço Social, Ufam, Manaus-AM. Contato: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

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desafiando setores públicos e privados, e afetando todas as esferas da vida em sociedade. No

que tange à política de saúde, a base dos serviços está na atenção primária desenvolvida nas

Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde 85% dos agravos de saúde poderiam ser resolvidos nesse

nível (BRASIL/MS, 2006). Suas ações objetivam a identificação de fatores de risco, a promoção

da saúde, ações de prevenção e tratamentos simples de doenças, configurando-se como porta

de entrada do sistema. OBJETIVO: Desse modo, objetivamos analisar a condição de saúde e os

serviços de assistência à saúde disponibilizados nas UBSs e Caimis (Centro de Atenção Integral

à Melhor Idade), de Manaus, visando à compreensão do bom funcionamento do sistema.

Foram selecionadas cinco UBSs de cada zona (Leste e Sul) e três Caimis existentes, e aplicados

formulários semiestruturados a cento cinquenta idosos. RESULTADOS: As análises sobre as

políticas de saúde revelam os reflexos da influência neoliberal, contrário aos investimentos nas

políticas sociais. Por conseguinte, os níveis de eficiência e a qualidade dos serviços prestados

em saúde podem não alcançar os índices esperados. A municipalização de saúde ocorrida

na atenção básica em 2003 na cidade de Manaus, de fato, ainda é precária e parcial. Pois,

demagogicamente, o Governo do Estado mantém os Centros de Atenção Integral à Melhor

Idade – Caimis concorrendo paralelamente com as UBSs e Saúde da Família do Município,

realizando os mesmos serviços. A pesquisa apontou que os idosos, usuários das UBSs, procuram

majoritariamente os serviços clínicos por meio de consultas, encaminhamentos e remédios,

centralizando a figura do médico e do enfermeiro, haja vista que os serviços oferecidos nas

UBSs restringem-se a esses atendimentos rotineiros, não existindo um trabalho em educação

em saúde nas esferas de promoção e prevenção, como prescreve a Política de Atenção

Básica. Nos Caimis, a maioria dos idosos procura as atividades que oferecem a ampliação

de seu círculo social, ocupando a mente ociosa. Essa capacidade de interagir socialmente é

fundamental para o idoso, a fim de que ele possa conquistar e manter as redes de apoio social e

garantir maior qualidade de vida. Verificou-se nas dez Unidades Básicas de Saúde selecionadas

e nos três Caimis que cerca de 60% dos idosos entrevistados manifestam Hipertensão, 21%

são portadores de Diabetes, 29% têm Reumatismo, 12% Colesterol e 24% apresentam outras

doenças. Nos Caimis, embora não seja instituído o Programa de Hiperdia como nas UBSs, a

rotina de atendimento ao hipertenso e diabético é similar, com um diferencial de oferecer

serviços de atividade física, médicos especializados nas principais doenças que afetam os

idosos, bem como apoio psicológico e social. CONCLUSÃO: O estudo revelou que a atenção

básica de saúde se configura fundamental para o tratamento e manutenção da saúde do estrato

populacional que mais demanda serviços de saúde: os idosos. Apontando que quanto maior

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for o investimento em ações preventivas e promoção em saúde, menores serão os gastos nos

demais níveis do sistema.

PALAVRAS-CHAVE: Política de Saúde, Atenção Básica, Envelhecimento.

5. PREVALÊNCIA DAS INTERNAÇÕES POR PNEUMONIAS EM MANAUS

CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, FONSECA,2 Igor Gióia, CARDOSO,2 Marcelo Viana Carlos

INTRODUÇÃO: A pneumonia é a complicação mais temida das Infecções Respiratórias

Agudas (IRAs), as quais constituem a principal causa de hospitalizações e consultas médicas

em crianças de 0 a 18 anos, tanto nos países ricos quanto nas regiões em desenvolvimento,

sendo mais prevalentes em áreas urbanas. Em Manaus, a prevalência de IRAs é de 53,9%

em menores de 5 anos (SEMSA, 1996). A magnitude da pneumonia é corroborada por

diversos fatores, como nível socioeconômico, vulnerabilidade da faixa etária, desnutrição,

aleitamento materno, baixo peso ao nascer, aglomerações e condições climáticas, como

poluição e períodos de chuva. OBJETIVO: O estudo tem como objetivo avaliar a prevalência

das internações por Pneumonias em crianças na cidade de Manaus. METODOLOGIA: Trata-se

de um estudo descritivo transversal de caráter retrospectivo que visa mensurar a prevalência

das internações por Pneumonias na cidade de Manaus. Foram analisadas internações de

crianças de 0 a 18 anos no Hospital Infantil Dr. Fajardo (referência clínica e cirúrgica em

pediatria em Manaus), no período de outubro de 2003 a outubro de 2008. Foram analisados

15.352 pacientes. Os dados coletados foram organizados e subdivididos em internações

por pneumonias e outras internações para então serem analisados. RESULTADOS: O total

de internações por pneumonias foi de 4.725 pacientes em cinco anos, a média mensal de

internações foi de 252 crianças e destas 77 internações foram por pneumonia. Observou-

1 Professora da disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestra em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM. 2 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. Contato: e-mail: [email protected]

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se uma prevalência de 30,75% de crianças internadas com pneumonia. A maior prevalência

foi observada nos meses de outubro de 2004, abril dos anos de 2005, 2006, 2007 e maio

de 2008. DISCUSSÃO: A prevalência de internações por PNM observada no Hospital Infantil

Dr. Fajardo mostrou-se superior a outros trabalhos que também analisaram a prevalência

das internações por pneumonia no Brasil e restante do mundo. De acordo com o Serviço de

Vigilância Epidemiológica da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no Brasil somente 2,5%

das internações pelo SUS em 2002 foram por Pneumonia. Outro estudo realizado no Rio de

Janeiro as internações de crianças de 6 a 14 anos por problemas respiratórios representaram

11,6%, sendo 6,3% por pneumonias. Também foram observados estudos que compartilham

uma semelhança entre a prevalência encontrada. Um estudo realizado no Rio Grande do

Sul mostrou que as pneumonias são responsáveis por até 29,8% das internações pelo SUS

e 19% das internações gerais. Quando isoladas, as internações pediátricas por doenças

respiratórias satisfazem 51,6% das internações pelo SUS (GODOY, 2001). Acredita-se que

as maiores prevalências nos meses de abril e maio são pelo clima de Manaus, que nessa

época é marcado por muitas chuvas, embora não se possa afirmar, pois não há evidências

confiáveis para a comparação. CONCLUSÃO: A prevalência das internações por pneumonia

na cidade de Manaus mostrou-se superior à literatura mundial, quando se comparou com

os dados da Funasa. Não se atribuiu uma causa para tal diferença, sendo necessários mais

estudos epidemiológicos para uma possível explicação.

PALAVRAS-CHAVE: Prevalência, Hospitalização, Pneumonia.

1 Professora da disciplina de Pediatria e professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral, mestrando em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM. 2 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. Contato: e-mail: [email protected]

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6. CISTOS BRONCOGÊNICOS – IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, WESTPHAL,2 Danielle Cristine

INTRODUÇÃO: Os cistos broncogênicos são originários de um defeito na embriogênese da

árvore brônquica primitiva durante a terceira semana de gestação e representam entre

6 e 15% das massas mediastinais. Quanto à localização, são divididos em cinco grupos:

paratraqueal, carinal, hilar, paraesofagiano e miscelânea, sendo a localização paratraqueal

a mais frequente. Caso ocorram precocemente, essas malformações tendem a localizar-

se no mediastino e, quando mais tardiamente, localizam-se no parênquima pulmonar.

OBJETIVO: Descrever a importância do diagnóstico diferencial de cistos broncogênicos

com abscessos pulmonares assim como com pneumatocelese e a importância de se fazer

diagnóstico e tratamento precoce para se evitar pneumonias de repetição e óbitos por

sepse. SÉRIE DE CASOS: PSL, 1 mês de vida, nascido de parto cesariano, segundo gemelar,

evoluiu logo após o nascimento com taquipneia. O RX de tórax evidenciou imagem de

hipertransparência arredonda e com nível líquido em lobo inferior direto, a tomografia

de tórax evidenciou uma lesão cística de conteúdo aerado e líquido, sugestiva de cisto

broncogênico, essa lesão envolvia todo o lobo inferior desviando e comprimindo o lobo

médio e superior do pulmão direito, assim como o mediastino e o pulmão contralateral. O

paciente foi submetido à toracotomia com lobectomia de lobo inferior direito, evoluindo

com melhora da dispneia e da expansibilidade direita e esquerda. O laudo histopatológico

revelou tratar-se de um cisto broncogênico. MSL, 9 anos de idade, sexo masculino, natural

de Tefé, possuía história de episódios pneumônicos, com um, quatro e oito anos de idade,

respectivamente. Foi submetido à pleurostomia com drenagem fechada no segundo episódio

pneumônico com a suspeita de abscesso pulmonar. O RX de tórax do paciente mostrava uma

imagem arredondada volumosa de conteúdo líquido localizada em lobo inferior de pulmão

direito que comprimia os lobos pulmonares adjacentes. A tomografia de tórax evidenciou

a presença de lesão cística aerada em lobo inferior de pulmão direto sugestiva de cisto

broncogênico, o menor foi submetido à toracotomia com lobectomia inferior direita e

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o exame histopatológico mostrou tratar-se de um cisto broncogênico, evoluiu bem no

pós-operatório com re-expanção pulmonar bilateral. DISCUSSÃO: Os cistos broncogênicos

mediastinais representam a malformação mais comum como causa de massa mediastinal,

acometem com mais frequência o lobo inferior do pulmão direito. Geralmente são

assintomáticos, constituindo achado radiológico acidental, porém podem apresentar dor

torácica, tosse, dispneia, febre, hemoptise e disfagia por conta da compressão, infecção

ou irritação de estruturas adjacentes. Uma vez diagnosticados, está indicada a ressecção

cirúrgica na presença ou ausência de sintomas, pela alta incidência de complicações. A

importância do diagnóstico diferencial com abscesso ou pneumatolceles se faz necessário,

pois o tratamento é diferente entre essas patologias. A abordagem cirúrgica preconizada

na literatura médica envolve a ressecção completa do cisto ou lobectomia por toracotomia

ou por videotoracoscopia. CONCLUSÃO: Lesões císticas aeradas pulmonares não traduzem

somente empiemas, abscessos pulmonares ou pneumatoceles, mas podem tratar-se de

cistos broncogênicos, que exigem tratamento cirúrgico por meio de toracotomias ou

toracoscopias e a pleurostomia com drenagem fechada não resolve, podendo até retardar

ou piorar o tratamento dessas patologias.

PALAVRAS-CHAVE: Cisto Broncogênico/Diagnóstico, Cisto Broncogênico/Cirurgia, Pulmão.

7. TERATOMA CERVICAL GIGANTE –UMA EMERGÊNCIA NEONATAL/ IMPORTÂNCIA

DO DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, WESTPHAL,2 Danielle Cristine

INTRODUÇÃO: Os teratomas correspondem a tumores derivados das células germinativas

contendo os três folhetos: ectoderma, endoderma e mesoderma. Apenas 181 casos de

teratoma cervical foram descritos na literatura até o ano de 2002. Os de localização cervical

compreendem 3 a 5% dos teratomas e apresentam uma incidência de 1: 20.000 a 40.000

nascidos vivos. Não há relação com idade, sexo ou raça. O comprometimento das vias aéreas

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é a complicação mais importante (obstrução) pelo tumor cervical. O polidrâmnio sugere a

ocorrência de obstrução traqueo-esofágica, pois o tumor pode dificultar a deglutição do

feto. Os teratomas cervicais são tumores geralmente volumosos, variando de 5 a 12 cm nos

seus maiores diâmetros, podendo causar hipoplasia mandibular. Seu diagnóstico diferencial

deve ser realizado com outras massas cervicais, como o higroma cístico, o bócio fetal e o

linfangioma. OBJETIVO: Enfatizar a importância do diagnóstico pré-natal dessas tumorações

para que medidas sejam tomadas por ocasião do nascimento para salvaguardar a vida desses

RN e revisão da literatura sobre o tema. SÉRIE DE CASOS: JBN e MAS, ambos recém-nascidos

do sexo masculino, diagnosticados intraútero como portadores de tumoração cervical a

esclarecer, nascidos de parto cesariano com 38 e 39 semanas de gravidez, respectivamente,

apresentaram imediatamente, após o parto, síndrome do desconforto respiratório progressivo

provocada pela volumosa tumoração cervical que comprimia e desviava a traqueia dificultando

a respiração. Ambos foram intubados e receberam assistência ventilatória mecânica nas

primeiras horas de vida tendo sido submetidos à ressecção da tumoração cervical no 7.º

e 10.º dias de vida, respectivamente, tendo evolução satisfatória com recuperação da

respiração normal, fonação e mobilização cervical. O diagnóstico histopatológico de ambos

os casos detectou que se tratava de teratoma cervical maduro, tendo sido ambos submetidos

à quimioterapia no pós-operatório, ambos encontram-se assintomáticos após 2 e 3 anos,

respectivamente, do término do tratamento cirúrgico e quimioterápico. DISCUSSÃO: Os

teratomas são os tumores mais comuns na primeira e segunda infâncias e localizam-se,

preferencialmente, nas gônadas, raramente apresentando-se em outros locais. Apesar

de serem neoplasias benignas em sua maioria, quando não tratadas evoluem para óbito

em até 80% dos casos. O diagnóstico pré-natal é de fundamental importância no preparo

da equipe para procedimentos de emergência, já na sala de parto. A obstrução de vias

aéreas impõe, muitas vezes, intubação ou intervenção imediata pela traqueostomia. A

ultrassonografia tem sido utilizada desde 1977 no diagnóstico dos teratomas cérvico-faciais,

tendo como vantagens facilidade de acesso, confiabilidade e capacidade de detectar outras

malformações fetais associadas. A imagem da ultrassonografia revela uma massa sólido-

cística localizada em região cervical do feto. O tratamento por meio de ressecção cirúrgica

precoce de todo o tumor constitui-se na abordagem mais adequada dessa patologia, pois a

degeneração maligna ocorre em até 90% dos casos não tratados até a adolescência ou vida

adulta, e a excisão cirúrgica geralmente é curativa. CONCLUSÃO: Apesar da raridade dos

teratomas cérvico-faciais (3%), o diagnóstico pré-natal é de fundamental importância para

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o estabelecimento precoce de terapêutica cirúrgica com melhoria do prognóstico.

PALAVRAS-CHAVE: Teratoma, Cérvico-Facial, Obstrução das Vias Respiratórias.

8. A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PACIENTES PORTADORES DE LESÃO MEDULAR

ANDRADE,1 Andréa Costa de, MATSDORFF,2 Karen Dalila Karl, FRANCO,2 Kelly Silva, MACÊDO,1 Maria Geórgia Duarte de

INTRODUÇÃO: A lesão medular pode implicar em perda de movimentos voluntários e

sensibilidade dos membros superiores e/ou inferiores, e em alterações no funcionamento

do sistema urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e reprodutivo. Nesse

contexto, diversos outros fatores (social, emocional, familiar, profissional) são afetados

comprometendo a saúde psicológica do paciente. Assim, a intervenção da clínica

psicológica é elemento complementar e integrador no processo de reabilitação do lesado

medular. OBJETIVOS: Auxiliar o paciente na identificação e compreensão de suas reações

emocionais diante da hospitalização e das limitações ocasionadas pela lesão medular, e

de demais fatores implicados no processo de tratamento, contribuindo para seu progresso

na reabilitação. MÉTODOS: A intervenção psicológica a tais pacientes ocorre em dois

momentos dentro do HUGV: o primeiro na Clínica de Neurologia, pelo Paps (Programa de

Atenção ao Paciente Sequelado) em ocasião da hospitalização, e o segundo no Ambulatório

Araújo Lima, como parte do Programa de Atividades Motoras Para Deficientes – Proamde,

voltado para o indivíduo deficiente não hospitalizado. Tanto em nível de internação

hospitalar quanto na pós-internação, os atendimentos são realizados individualmente,

porém trabalhando-se em equipe interdisciplinar junto a nutricionistas, educadores físicos,

pedagogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros e terapeuta ocupacional.

Utilizam-se as abordagens Psicanalítica e Cognitivo-Comportamental, como estratégias

terapêuticas de intervenção clínica. Além do acompanhamento dado ao paciente lesado

1 Psicólogas2 Estagiárias de Psicologia ClínicaContato:[email protected]; [email protected], [email protected]

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medular, também é feito aos acompanhantes. RESULTADOS: Observa-se que no período

de internação, os aspectos psicológicos mais prementes nesses pacientes são: angústia,

ansiedade, humor deprimido, irritabilidade, medo de invalidez, e geralmente estão

relacionados ao distanciamento de suas atividades sociais, profissionais e da família. Além

disso, a difícil adaptação à rotina hospitalar (realização de exames, espera pela cirurgia,

intervenção de muitos profissionais, não aceitação da dieta oferecida) e outros fatores

como os efeitos secundários dos medicamentos e o total ou parcial desconhecimento

do diagnóstico, prognóstico e do tratamento clínico podem acometer o paciente lesado

medular de algum sofrimento psíquico. No caso dos pacientes não hospitalizados atendidos

pelo Proamde, nota-se que as vivências psicológicas estão mais associadas à diminuição das

funcionalidades fisiológicas e motoras, à perda da autonomia e consequente dependência

dos familiares para realização de tarefas cotidianas, afastamento das atividades sociais/

profissionais, e rompimento ou limitações na vida sentimental/sexual. CONCLUSÃO: A

partir da compreensão dos diversos fatores desencadeadores dos aspectos psicológicos

vivenciados pelo indivíduo deficiente motor, é possível planejar e organizar um trabalho

de intervenção interdisciplinar focado nas necessidades específicas de cada pessoa. Este

trabalho envolve a escuta e orientações psicoeducativas aos familiares cuidadores do

deficiente para melhor compreensão da dinâmica pessoal de enfrentamento à dificuldade

física, e execução de atividades planejadas, contribuindo para o progresso no processo de

reabilitação.

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, Andréia Carolina L. Reações emocionais frente à lesão medular e algumas

implicações no processo de reabilitação. In: Romano, Bellkiss Wilma (Org.). A Prática da

Psicologia nos Hospitais. São Paulo: Pioneira, 1994.

ROMANO, Bellkiss W. Princípios Para a Prática da Psicologia Clínica nos Hospitais. 2. ed.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

SIMONETTI, Alfredo. Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa

do Psicólogo, 2004.

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9. RELATO DE CASO: SARCOMA DE KAPOSI EM TRANSPLANTADO RENAL EM USO DEFK-506

MATOS. J. C,1 ARAÚJO, R. I., AZEVEDO. J. A.

INTRODUÇÃO: O aumento da incidência de certas neoplasias é uma das maiores complicações

da terapia imunossupressora introduzida depois do transplante renal. Dentre estas, o

sarcoma de Kaposi apresenta incidência de 5,6% em recipientes de órgão transplantado.

O SK é neoplasia multicêntrica cutânea e extracutânea primeiramente descrita por Moritz

Kaposi em 1872. Existem quatro subtipos de sarcoma de Kaposi descritos na literatura,

sendo o terceiro subtipo relacionado à instituição de imunossupressão iatrogênica,

principalmente em transplantados. A administração de novos imunossupressores, entre

eles o FK-506, está relacionada com diversos efeitos colaterais. Entre os efeitos colaterais

de maior incidência em transplantados recebendo terapia imunossupressores encontram-se

as verrugas virais e os carcinomas cutâneos, como o carcinoma epidermoide e o carcinoma

basocelular. OBJETIVO: Relatar o caso de transplantado renal evoluindo com SK sete meses

após o transplante renal. MÉTODOS: RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, de 24

anos, pardo, submetido a transplante renal doador vivo em 29 de agosto de 2007 por conta

de insuficiência renal crônica de causa indeterminada. Sete meses após o transplante,

iniciou quadro de ascite volumosa com necessidade de paracenteses de repetição,

astenia, inapetência e surgimento de linfonodomegalias inguinais disseminadas. A terapia

imunossupressora estava sendo realizada com FK-506 (10 mg/dia), MMF (1,5 g/dia) e

prednisona (7,5 mg/dia). Ao exame, apresentava ascite volumosa e linfonodomegalias

inguinais disseminadas, não dolorosa. A biópsia de ambas as lesões confirmou o diagnóstico

de sarcoma de Kaposi (SK). Paciente foi encaminhado ao serviço de oncologia (Fcecon)

sendo decidido pela suspensão dos imunossupressores. Atualmente, o paciente encontra

se em remissão da doença e programa dialítico três vezes por semana em clínica de

hemodiálise. RESULTADOS: Remissão do SK após suspensão da terapia imunossupressora

e início quimioterapia. CONCLUSÃO: Na medida em que se verifica o elevado número de

transplantes que vêm sendo realizados e com o uso de novos agentes imunossupressores,

entre eles o FK-506, é provável que nos próximos anos venha a ocorrer elevação na

frequência de SK em pacientes transplantados.

1 E-mail: [email protected]

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10. IMUNO-HISTOQUÍMICA DO PÂNCREAS E EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS DA VIA DE SINALIZAÇÃO DA INSULINA NO MÚSCULO E FÍGADO DE RATOS DIABÉTICOS TRATADOS

COM O EXTRATO DA VATAIREA MACROCARPA

BAVILONI, P. D, SANTOS, M. P., AIKO, G. M, SOUSA JR, P. T., COLODEL, E. M., KAWASHITA, N. H. Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de Química, UFMT, Cuiabá/MT

INTRODUÇÃO: Muitas espécies de plantas são conhecidas na medicina popular por

suas propriedades hipoglicemiantes. A Vatairea macrocarpa é uma espécie do cerrado

brasileiro, popularmente conhecida como amargoso, maleiteira e angelim-do-cerrado,

cuja preparação na forma de chá é utilizada pela população no tratamento do diabetes.

Estudos iniciais em nosso laboratório constataram atividade antidiabética do extrato

etanólico da V. macrocarpa na dose de 500 mg/kg (Journal of Ethnopharmacology, vol.

115:515–519), quando administrado subcronicamente. OBJETIVO: O presente trabalho

teve como objetivo investigar o efeito do extrato em nível pancreático e sobre a

expressão proteica do IR, IRS1 e AKT, que fazem parte da via de sinalização da insulina.

METODOLOGIA: Ratos Wistar machos, diabéticos (estreptozotocina 42 mg/kg, iv), com

peso aproximado de 200 g, foram tratados com extrato bruto etanólico da V. macrocarpa

na dose de 500 mg/kg ( DT500) ou veículo (DC). Após 21 dias de tratamento, os animais

foram eutanasiados e retirados o fígado e músculo para determinação do conteúdo de IR,

IRS1 e AKT (Western-blot) nesses tecidos e o pâncreas para avaliar o conteúdo de insulina

(Elisa). A dosagem de proteínas foi realizada pelo método de Lowry. Secções do pâncreas

foram imunocoradas para insulina, utilizando a técnica de imunoperoxidase. Os dados são

apresentados como média ± erro padrão, a intensidade das bandas foi determinada por

meio de leitura das autorradiografias reveladas por densiometria ótica, sendo considerada

diferença estatística p < 0,05 (T-Student). RESULTADO E CONCLUSÃO: O tratamento não

alterou a expressão de IR e AKT no fígado e músculo. Houve um aumento na expressão

proteica (µg/µL) de IRS1 somente no fígado dos animais DT500, quando comparado ao grupo

DC (DC=80,9 ± 4,5 e DT500 = 97,4 ± 3,8). O conteúdo de insulina pancreática (µg/pâncreas)

não diferiu entre os grupos avaliados (DC-21° dia = 0,67 ± 0,02 e DT500 -21°dia = 0,58

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± 0,13). Corroborando esses achados, não foram observadas alterações significativas na

imuno-histoquímica do pâncreas dos animais DT500. Esses achados sugerem uma possível

melhora na ação periférica da insulina, o que pode contribuir para o efeito antidiabético

do extrato.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, Insulina, Vatairea macrocarpa.

11. SORO PREVALÊNCIA DO HTLVI-II EM PACIENTES HIV POSITIVOS ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL

DOAMAZONAS – FMT-AM

LINS,1 Ruth Milagros Vasquez Delgado, SILVA,2 Sabrina Silva da, BACELAR,3 Bruno Rainer Borges; SARDINHA,1 José Felipe Jardim; SOUZA,1 Luciana Orêncio de; CÂMARA,1 Julita do Nascimento; LUCENA,4 Noaldo de Oliveira

INTRODUÇÃO: O HTLV-I (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas tipo I) foi o primeiro

retrovírus humano descrito apresentando tropismo por linfócitos T CD4+ e CD8+.

Inicialmente foi associado com a Leucemia de Células T do Adulto e posteriormente foi

associado a doenças neurológicas, como a Paraparesia Espática Tropical e Mielopatia. O

HTLV-II apresenta diferenças antigênicas em relação ao HTLV-I e encontra-se em raros

casos neurológicos. Existem quatro subtipos moleculares do HTLV-II (IIa, IIb, IIc e IId). No

Brasil, doadores de sangue, populações indígenas, usuários de drogas injetáveis e gestantes

constituem as principais fontes de informações sobre esse vírus. O país possui ainda o

maior número absoluto de indivíduos soropositivos para HTLV-I, sendo Bahia, Pernambuco

e Pará os Estados com maior prevalência. O HTLV-I/II e HIV apresentam características

biológicas distintas, embora compartilhem os mesmos aspectos epidemiológicos, por isso

é comum a detecção de dois ou mais desses vírus infectando o mesmo hospedeiro. O

HTLV caracteriza-se pela alta taxa de replicação ativa e apresenta significativa atividade

1 Farmacêutico-bioquímico da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – FMTAM. 2 Acadêmica do curso de Farmácia-Bioquímica da Universidade Paulista (Unip). 3 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). 4 Médico da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – FMTAMContato: e-mail: [email protected]

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citopática, reduzindo as populações de células CD4+. O HIV apresenta baixa taxa de

replicação, com multiplicação predominante clonal, apresentando estímulo à proliferação

linfocitária, ocorrendo o desenvolvimento de doença clínica em uma minoria de indivíduos

infectados. Uma possível coinfecção desses vírus ocasiona mudanças significativas no

padrão da evolução clínica e laboratorial dessas infecções, dificultando a interpretação

do quadro apresentado pelo indivíduo. OBJETIVOS: Estimar a soroprevalência da infecção

pelo HTLV-I/II, em pacientes HIV positivos atendidos na FMT-AM. METODOLOGIA: O projeto

realizou o estudo da soroprevalência do vírus HTLV-I/II, em amostras de sangue total

de pacientes HIV positivos, atendidos na FMT-AM com idade maior ou igual a 18 anos.

Pretendia-se uma amostra de 200 voluntários em um período de dez meses. O diagnóstico

sorológico foi realizado por meio do Elisa. Os soros que apresentavam reatividade inicial

no teste de Elisa foram testados pelo método complementar Western Blot. As amostras de

soros que apresentavam reação positiva ou indeterminada no método Western Blot foram

submetidas a PCR. RESULTADOS: Foram analisados 200 soros de pacientes HIV positivos

atendidos na FMT-AM. Desse total, 121 (60,5%) do sexo masculino e 79 (39,5%) do sexo

feminino, apresentando idade que variaram de 18 a 62 anos. Na análise de HTLV-I/II,

cento e noventa e oito (99%) amostras sorológicas apresentaram a não reatividade e dois

(1%) apresentaram a reatividade para o teste. Todas as 200 amostras foram testadas pela

técnica de Elisa. CONCLUSÃO: A soroprevalência do HTLV-I/II em pacientes HIV positivos, no

total de 200 amostras sorológicas que foram submetidas e analisadas mediante a técnicas

laboratoriais, apresentou 1% (2/200) de positividade para o teste. O presente estudo

fornece evidências de coinfecção de HTLV-I/II e HIV, podendo ocasionar mudanças clínicas

e laboratoriais, dificultando a interpretação do quadro. A distribuição do vírus presentes

em áreas urbanas propicia uma situação única na busca de respostas para patogenicidade

do vírus e possíveis associações etiológicas, em coinfecção ou não.

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12. PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES

CARDIOPATAS DO INSTITUTO DO CORAÇÃO NO AMAZONAS

ALMEIDA,1 Rosemary Alves de, ELAMIDE,1 Bruno Corrêa, PEDROSA,1 Christine Rondon, SILVA,1 Ana Carolina Santos, MAIA,1 Tiago Azevedo, TERRAZAS,2 Mariano Brasil

INTRODUÇÃO: No Brasil, em 2008, as doenças cardiovasculares (DCVs) foram responsáveis

por mais de 30% dos óbitos. Considerando a doença estabelecida, a permanência de

exposição a seus fatores de risco, que em sua grande maioria são fatores modificáveis,

está associada à maior número de hospitalizações e a um pior prognóstico. OBJETIVO:

Conhecer a prevalência de fatores de riscos associados às DCVs em pacientes cardiopatas

diagnosticados há pelo menos um ano. MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte

transversal em um centro de referência no tratamento de DCVs considerando a demanda

espontânea do serviço. Participaram do estudo um total de 110 indivíduos, a participação

no estudo se deu mediante a leitura do TCLE e consequente aceitação dos procedimentos

a serem realizados. Foi aplicado questionário padronizado e realizada a mensuração do

Índice de Massa Corpórea (IMC) e da circunferência abdominal (CA), de acordo com as

diretrizes estabelecidas pela Associação Brasileira de Hipertensão, 2006. RESULTADOS:

Dos 110 indivíduos que comporam a amostra, 45,5% eram do sexo feminino e 54,5% do sexo

masculino. Quanto aos hábitos considerados de risco: 65,5% afirmaram ser sedentários,

42,7% consideram-se estressados, 35,5% afirmaram ser tabagistas e 26,4% relataram

consumir álcool periodicamente. Quanto ao IMC, 41,8% apresentavam-se dentro dos índices

de normalidade; 23,6% foram classificados apresentando sobrepeso; 25,5%, obesidade

grau I e 9,1% obesidade grau II; neste estudo não foram encontrados pacientes portadores

de obesidade grau III. A média da circunferência abdominal constou de 88,9 cm no sexo

feminino e 104,9 cm no sexo masculino. Quanto à co-morbidades associadas: 41,8% dos

pacientes eram hipertensos, 12,7% diabéticos e 36,4% apresentavam alterações nos lípides

sanguíneos. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo demonstraram que os fatores de

1 Alunos da Graduação do Curso de Medicina da Ufam. 2 Professor titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Ufam

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risco associados às DCVs apresentam prevalência significativa em indivíduos cardiopatas

diagnosticados. Assim, os dados apresentados assumem caráter de alerta, pois mudanças

no estilo de vida destes são fundamentais para um melhor prognóstico.

13. EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO EXTRATO BRUTO ALCOÓLICO DAS FOLHAS DA DAVILLA

ELLIPTICA ST. HILL

SANTOS, M. P, BAVILONI, P. D, AIKO, G. M, BAVIERA, A. M, KAWASHITA. N. H. Instituto de Ciências Exatas e da Terra – Departamento de Química, UFMT-MT

INTRODUÇÃO: A Davilla elliptica é uma planta do cerrado conhecida como lixeirinha, cipó-

caboclo e pau-de-bugre; utilizada popularmente no tratamento da hemorroida, diarreia e

ferimentos. Estudos relatam a presença de substâncias antioxidantes em sua composição

e a contribuição de substâncias com essa propriedade na melhoria do diabetes. Pesquisas

mostram a relação benéfica de substâncias antioxidantes com o diabetes. A constatação da

presença de substâncias antioxidantes na D. elliptica (Phytochem Anal. 19 (1):17-24, 2008)

motivou a investigação dos efeitos antidiabéticos do extrato dessa planta, que, no entanto,

não foram confirmados em experimentos subcrônicos. OBJETIVOS: Complementando estes

estudos anteriores, foi nosso objetivo avaliar uma possível atividade hipoglicemiante aguda

do extrato que pudesse contribuir no controle do diabetes. METODOLOGIA: Ratos Wistar

machos (±200 g), diabéticos (estreptozotocina 42 mg/kg) e não diabéticos, foram tratados

(v.o) com extrato bruto alcoólico (70%) das folhas da D. ellipitica nas doses de 250 e 500

mg/kg (DT250, DT500, NT250 e NT500) ou veículo (DC e NC). O efeito hipoglicemiante

foi investigado no teste de tolerância a glicose (TTG) e sobre a glicemia de jejum e pós-

prandial, determinada no tempo 0, e em intervalos de 30 até completar 240 minutos.

No TTGO, os animais receberam glicose (25 g/kg) pós-jejum de 15h. Foi determinada

a glicemia antes (t=0) e após (15, 30, 45, 60, 75 e 90 min) a administração da glicose

ou glicose+extrato. A determinação da glicose plasmática foi realizada utilizando o kit

Labtest e os resultados expressos como média da área sob a curva ± EPM. Estatística-

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Anova uma via (p< 0,05). RESULTADO/CONCLUSÃO: Apesar de uma pequena redução da

glicemia pós-prandial aos 60 minutos no grupo DT500 em relação à DC, nenhuma das

doses do extrato apresentou efeito sobre as glicemias de jejum e pós-prandial quando

avaliado pela área sob a curva. No grupo DT500, o extrato impediu a elevação da glicemia

dos animais ao nível dos DC no período de 15-30 min. atingindo o pico de glicemia 30

minutos após os animais DC. A área sob a curva da glicemia dos animais diabéticos (DC=

29338 ±2883; DT250=30594±3692; DT500=28234±2753) e não diabéticos (NC=14878±335;

NT250=14407±728; NT500=13616±618 mg/dL.240 min) não foi alterada pelo tratamento. A

administração do extrato na dose de 500 mg/kg causou uma menor elevação da glicemia

nos primeiros 15-30 minutos no TTGO, que sugere retardo na absorção intestinal da glicose,

o que pode contribuir para o controle da glicemia pós-prandial.

14. MEDENSINA E CTA, UMA GRANDE MEDIDA NO COMBATE CONTRA AS DOENÇAS

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NA POPULAÇÃO DA CAPITAL DO ESTADO DO

AMAZONAS

BINDÁ, A.G.L;1 ROGRIGUES, A.B.O;1 LIMA, A. A. de;1 CARDOSO, M.V.C;1 OLIVEIRA, G.F;1 NOGUEIRA, R.W;1 SILVA, M.A.F1

INTRODUÇÃO: Apesar do grande número de atividades tanto informativas quanto

educacionais no controle das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) existentes na

capital do Estado do Amazonas, sabe-se que, segundo a literatura, ainda é grande o número

de pacientes acometidos por essas doenças em todo o Estado. É nesse contexto que o

projeto MedEnsina e o programa CTA, vinculado ao Hospital Universitário Getúlio Vargas

(HUGV), uniram forças para mais uma grande causa: levar informação, fazer triagem e

tratamento do pacientes portadores de DSTs. OBJETIVO: Combater a proliferação de

doenças sexualmente transmissíveis no sangue por meio de atividades educativas e coletas

de sangue nos serviços públicos de saúde existentes na capital do Estado do Amazonas.

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METODOLOGIA: Semanalmente, acadêmicos dos cursos de psicologia, serviço social e

medicina se dividem, respectivamente, na segunda, quarta e sexta-feiras, para palestrarem

sobre as DSTs e suas formas de prevenção. A palestra é realizada na sala de marcação de

exame do HUGV. A rotina dos integrantes do projeto consiste na convocação e explicação

aos pacientes sobre o projeto e a importância da pesquisa de DSTs. Vale ressaltar que são

convocados principalmente os acompanhantes de pacientes internados no HUGV. Após isso,

é realizada a palestra sobre as DSTs e as principais formas de prevenção. Para finalizar, é

feito a triagem, para a avaliação dos fatores de risco, e o encaminhamento dos pacientes

ao laboratório do HUGV para a coleta do sangue. Após vinte dias, é marcado o retorno dos

pacientes para a entrega de resultados. Quando existe positividade para alguma das DSTs

pesquisadas, sejam elas hepatite B, hepatite C, sífilis ou HIV, o paciente é encaminhado para

acompanhamento e tratamento dessa(s) DST(s). Eventualmente, os membros do projeto

se organizam para levar a atividade para determinados eventos ou outros serviços públicos

de saúde. Além disso, são distribuídos cartazer e folderes pela cidade com informações

sobre as DSTs e as principais formas de prevenção, além da divulgação do programa CTA

com o objetivo de esclarecer a população sobre as DSTs e atrair um maior número de

expectadores para realização dos exames no HUGV. RESULTADO: Entre os anos de 2006 a

2008, o total de pessoas que realizaram as coletas foi de 3.200; 2006 (1.479), 2007 (535),

2008 (1.186); desse total, 2% (38) apresentam positividade para HIV. Com dados de 2007

e 2008, os paciente com hepatite B correspondem a 0,81% (14); hepatite C, 0,93% (16)

e sífilis 0,05% (1). CONCLUSÃO: Com base nos dados obtidos, percebe-se que, apesar de

todos os esforços, somente a minoria da população, isto é, poucas são as pessoas que

procuram o serviço público de saúde para fazerem o diagnóstico, o tratamento e controle

dessas doenças. Dessa forma, acabam não se prevenindo, se infectando e disseminando

essas doenças na população. Além disso, o diagnóstico acaba sendo feito nas fases tardias

e, assim, as DSTs continuam sendo um grande problema na saúde pública.

1 Acadêmicos do Curso de Medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. Contato: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

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15. CARACTERIZAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES EM IDOSOS NOTIFICADAS PELO CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DO

AMAZONAS

SILVA,1 M.A.F.; BINDÁ,1 A.G.L.; ABREU,1 R.L.C.; RIBEIRO,1 T.A.; GALVÃO,2 T.F

INTRODUÇÃO: O Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT/AM) é um serviço

do Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas, que presta

informações toxicológicas gratuitamente via telefone, a qualquer pessoa em período integral.

O CIT/AM faz parte da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e

possui equipe treinada em prestar informações e orientações sobre prevenção, diagnóstico,

tratamento e prognóstico de intoxicações. Também realiza atividades na área de educação

sobre toxicologia de substâncias químicas e biológicas e seus riscos à saúde. OBJETIVOS:

Caracterizar quantitativa e qualitativamente os casos de envenenamento em idosos atendidos

pelo CIT/AM entre os anos de 2003 e 2007. MÉTODOS: Foram incluídas no estudo todas as

notificações de intoxicações em indivíduos com idade≥ 65 anos, obtidas da base de dados do

CIT/AM. Os casos de envenenamento foram analisados segundo as variáveis: período do dia

de ocorrência; solicitante; circunstância; número de agentes; tipo de agente; evolução e

avaliação. Foi realizado crosstabulation para se fazer a correlação entre local de ocorrência

dos envenenamentos e local de solicitação de ajuda. RESULTADOS: No período de 2003 a

2007, houve 32 casos de envenenamento, com média de idade dos idosos envolvidos de 73,5

anos. A maioria das chamadas ocorreu pela manhã (37,5%) sendo um parente o solicitante em

50% delas. Em 34% dos casos, o acidente foi individual. Com relação à circunstância, 71,8%

do total dos envenenamentos foi não-intencional. Esteve envolvido mais frequentemente

um agente tóxico (84,3%) e foram os medicamentos (33,3%) os principais responsáveis. A

maioria dos envenenamentos foi classificada como leve (56,6%) evoluindo com cura total

em 78,1% das vezes. CONCLUSÃO: O padrão de intoxicação nessa faixa etária tende a ser

de acidentes individuais envolvendo medicamentos e com resolução favorável. Esse tipo de

estudo é importante para que possamos aperfeiçoar as estratégias de prevenção, redução e

tratamento das intoxicações em idosos.

1 Acadêmico de Medicina da Ufam, Manaus-AM. 2 Farmacêutica, Ufam, Manaus-AM. 2 Farmacêutica, [email protected]

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16. ESTUDO EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DO ÓLEO-RESINA DE COPAÍBA E DO TALCO (SILICATO DE MAGNÉSIO HIDRATADO) NA

PLEURA E PARÊNQUIMA PULMONAR DE RATOS

REICHL,1 Alfredo Coimbra; WESTPHAL,2 Fernando Luiz; LIMA,1 Luiz Carlos; SOUZA,3 Risonilce; LIMA NETTO,4 José Correa; ROMERO,1 Tatiana Cortez; BRASIL,1 Saulo Couto

INTRODUÇÃO: A introdução de um agente químico no espaço pleural, a fim de induzir um

processo inflamatório, denominado pleurodese, tem o objetivo de conduzir à formação de

colágeno e a fusão das pleuras visceral e parietal. Esse procedimento beneficia pacientes que

desenvolvem pneumotórax recorrente e derrame pleural. A Amazônia é a maior reserva de

produtos naturais do planeta e óleo de copaíba tem na população local um amplo emprego

para os mais diversos fins. A escassez de estudos atualizados sobre os efeitos medicinais

das plantas amazônicas e a necessidade de um agente indutor de pleurodese eficaz e com

poucos efeitos colaterais tornou essencial a realização deste trabalho científico. OBJETIVO:

Identificar as alterações macroscópicas desencadeadas na pleura e parênquima pulmonar,

após a injeção de óleo-resina de copaíba e talco no espaço pleural de ratos. MÉTODO: Foram

utilizados 72 ratos da raça Rattus novergicus var. wistar da mesma linhagem, machos, adultos,

com peso médio de 191,6 g, randomizados em três grupos: copaíba, talco e simulação. As

substâncias foram injetadas no espaço pleural direito dos animais, os quais foram mortos

em 24h, 48h, 72h e 504h para análise macroscópica da pleura visceral e pulmão direito.

RESULTADOS: Os animais tratados com copaíba apresentaram média de reação inflamatória

de grau 1,4±0,27 no grupo de 24h; 2,66±0,68 no grupo de 48h; 3,5±0,42 no grupo de 72h e

3,66±0,28 no grupo de 504h. Aqueles que receberam o talco apresentaram grau 1±0,44 no

grupo de 24h; 0,66±0,26 no grupo de 48h; 1,16±0,20 no grupo de 72h e 1,83±0,49 no grupo

de 504h. Durante a realização do experimento, cinco animais morreram, todos tratados com

copaíba e pertencentes ao tempo de 504h. No período compreendido entre a cirurgia e o

sacrifício, 51,4% dos animais apresentaram perda ponderal, principalmente aqueles tratados

pelo fitoterápico. Não houve relação significativa entre a perda ponderal e o óbito dos

roedores. CONCLUSÃO: Constatou-se uma maior mortalidade no grupo tratado com óleo-

resina de copaíba, que se mostrou muito irritante para a pleura e parênquima pulmonar de

ratos e o talco, levemente irritante. Novos estudos devem ser realizados a fim de aprimorar

o uso do fitoterápico como agente esclerosante.

PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais; Fitoterapia; Pulmão; Pleura.1 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Amazonas/Ufam. 2 Médico cirurgião com especialização e doutorado na área de Cirurgia Torácica. E-mail: [email protected] 3 Biotécnica do Inpa.

4 Médico

cirurgião com especialização na área de Cirurgia Torácica.

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RESUMO - CATEGORIA POSTER

1. PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS E HÁBITOS DE VIDA DE HIPERTENSOS EM

ÁREA URBANA DE MANAUS

MENDES,1 Cirlane, FERREIRA,2 Júnia Raquel Dutra, VASCONCELLOS,2 Marne; MATHIAS,2 Jéssica; LIZARDO,2 Lucília; GOMES,2 Juliane, COSTA,2 Ísis; TAVARES,2 Chanderlei; SIMPSON,2 Daniel; FARIAS,2 Lorena; NOGUEIRA,2 Jéssica; OLIVEIRA,2 Mônica

INTRODUÇÃO: A tendência ao uso dos medicamentos aumenta desde a quarta década de

vida por conta da prevalência de doenças crônico-degenerativas. Os idosos constituem o

grupo etário mais medicalizado na sociedade. Dentre as doenças crônico-degenerativas,

a hipertensão arterial é a mais comum em todo o mundo, responsável por altos índices

de morbimortalidade, sobretudo entre os idosos, com uma dificuldade frequente: a falta

de adesão ao tratamento. OBJETIVOS: Avaliar o perfil de utilização de medicamentos

e hábitos de vida de hipertensos em área urbana de Manaus. MÉTODOS: Foi realizado

um estudo descritivo com abordagem quantitativa. Realizou-se visitas a 275 casas dos

moradores do bairro de Aparecida, cidade de Manaus. Para a coleta dos dados, aplicou-se

um questionário com as seguintes características: gênero, idade, uso de medicamentos com

e sem prescrição médica, presença de hipertensão, hábitos de vida e utilização de plantas

medicinais. Inicialmente, foram explicados os objetivos e a importância da pesquisa,

procurando estabelecer um ambiente de relacionamento agradável e, após as entrevistas,

foram entregues informativos sobre o uso racional de medicamentos e hipertensão,

além de orientações para melhorias na terapia e controle das doenças. RESULTADOS:

A população participante foi composta por 275 moradores, na faixa etária entre 18 a 89

anos. Dentre os entrevistados, 76,71% eram do sexo feminino. Dos idosos, 67,12% eram

portadores de hipertensão arterial, dado superior ao observado para a população idosa

1 Discente do Curso de Ciências Farmacêuticas da Ufam. Manaus, AM. [email protected] Professora do Curso de Ciências Farmacêuticas da Ufam. Manaus, AM. [email protected]

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brasileira num estudo domiciliar, cujo resultado foi de 43,9%. As mulheres apresentaram

maior frequência de hipertensão arterial que os homens, assim como verificado em outros

estudos. Entre os hipertensos, 58,90% revelaram ter patologia associada à hipertensão,

principalmente doenças cardiovasculares, diabetes, insuficiência renal e osteoporose.

No grupo de hipertensos, verificou-se que 38,35% relataram consumir exclusivamente

medicamentos prescritos. Contudo, 43,83% fazem consumo de medicamentos prescritos e

não prescritos simultaneamente, que representa um índice expressivo de automedicação

e consequente uso não racional de medicamentos, com riscos à saúde, com aumento da

probabilidade de ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. Quanto

aos hábitos de vida desses hipertensos, observou-se que 8,2% são fumantes, 9,5% fazem

uso de bebida alcoólica casualmente, 64,38% não praticam nenhum tipo de atividade física

e 60,27% hipertensos relataram fazer consumo de plantas medicinais. Tal prática, barata

e difundida, é encarada como uma opção na busca de soluções terapêuticas. CONCLUSÃO

Evidenciou-se um índice de automedicação expressivo nos indivíduos hipertensos associado

ao consumo simultâneo de medicamentos prescritos, o que representa riscos à saúde.

A prática da assistência farmacêutica pode auxiliar na orientação quanto à patologia e

tratamento dos pacientes hipertensos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

2. ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASIAS DE FOSSA POSTERIOR TRATADOS

CIRURGICAMENTE NO HUGV, MANAUS-AM, 2003-2009

MATOS,2 Cleomir Silva, RAID,2 Denis Esteves, REIS,2 Franklin, BRITO,2 Arcelino, GRANGEIRO,2 Cecília Rondon Pedrosa, COLLADO,2 Rusdany Fuentes

INTRODUÇÃO: A fossa posterior corresponde ao compartimento encefálico localizado abaixo

da tenda cerebelar, no qual se encontram os nervos cranianos, o tronco cerebral, cerebelo

e o sistema vascular vertebrobasilar. Os tumores dessa localização representam 60% de

todas as neoplasias do sistema nervoso central, apresentando sinais e sintomas compatíveis

com a síndrome de hipertensão intracraniana, síndrome cerebelar e/ou decorrentes do 1 Neurologia e Neurocirurgia; chefe do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV.2 Residente do Serviço de Neurocirurgia do HUGV. [email protected]

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acometimento direto do tronco encefálico. O diagnóstico é realizado por meio de exames

de imagem – TC e RNM de crânio, sendo a cintilografia e a espectroscopia de fundamental

importância no diagnóstico diferencial da patopatia em questão com processos inflamatório-

infecciosos. O tratamento clínico resume-se a corticoterapia, enquanto o tratamento

neurocirúrgico visa à ressecção total da massa tumoral e correção da hidrocefalia. Nas

últimas décadas houve importante avanço no tratamento neurocirúrgico do TFP (tumor de

fossa posterior), a partir do uso do potencial evocado, do laser e assim como do microscópio

cirúrgico; no entanto, ainda há muito a ser feito em prol da terapêutica desses tumores, os

quais representam desafios pela alta incidência, morbidade e mortalidade. Pelo presente

estudo será possível um melhor conhecimento sobre a incidência e prevalência desses

tumores no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus.

OBJETIVO: Demonstrar os tipos histológicos mais frequentes de tumor de fossa posterior

nos pacientes tratados cirurgicamente no Serviço de Neurocirurgia do HUGV, evidenciando,

dessa forma, a distribuição desses tumores no Estado do Amazonas, assim como sua relação

com sexo e idade. METODOLOGIA: Realizou-se um estudo retrospectivo, avaliando-se o

resultado do exame histopatológico dos pacientes diagnosticados e tratados no Serviço

de Neurocirurgia do HUGV em Manaus-AM num período compreendido entre janeiro de

2003 e julho de 2009, cujo diagnóstico foi de tumor de fossa posterior. Obedecemos como

critério de inclusão os pacientes com tumor de fossa posterior, os quais foram submetidos

à exérese da lesão, com resultado de histopatológico. RESULTADOS: Os tipos histológicos

encontrados após ressecção cirúrgica no Serviço de Neurocirurgia do HUGV, em ordem

decrescente, foram: Astrocitoma (28,2%), Schwanoma (25,64%), meduloblastoma (23,0%),

Hemangioblastoma (10,2%), Meningioma (5,1%), papiloma de plexo coroide (2,56%), Cisto

Epidermoide (2,56%) e tumor descrito apenas como anaplásico (2,56%). Verificou-se ainda

uma maior frequência da neoplasia estudada no sexo masculino, representando 74,35% dos

casos. CONCLUSÃO: Verificou-se que em nosso Serviço de Neurocirurgia o tipo histológico

de TFP mais frequente foi o astrocitoma, sendo encontrado na literatura como o segundo

em prevalência. Em seguida, encontramos o Schwanoma, e o meduloblastoma. A cirurgia

é a principal forma de tratamento para a maioria dos TFPs. Por meio da craniectomia

suboccipital com ressecção da lesão. A grande maioria atualmente é passível de remoção

cirúrgica, principalmente pelo advento do Cavitron,® laser e potencial evocado sem o

risco de lesão de estruturas vitais.

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3. A PERCEPÇÃO DOS ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS NO ATENDIMENTO

DO AMBULATÓRIO ARAÚJO LIMA EM 2009

FERNANDEZ,3 Cristiane Bonfim, TUPINAMBÁ,2 Guaracema Siqueira, RODRIGUES,3 Valéria Soares

INTRODUÇÃO: O objetivo deste trabalho é conhecer a percepção dos atores sociais

envolvidos no atendimento do HUGV considerando as limitações e conquistas em relação

ao uso dos serviços de saúde pública em Manaus. Partindo do pressuposto do que está

assegurado na Constituição de 1988 e na Lei Orgânica de Saúde, que assegurou a saúde

como um direito de todos e dever do Estado (LOS; Lei n.º 8.080/09 e Lei n.º 8.142/90).

Para tanto, toma-se como lócus de pesquisa o Hospital Universitário Getúlio Vargas

(HUGV) e seu setor de referência no nível de atendimento secundário e terciário: o

Ambulatório Araújo Lima. Procura-se abordar a política de atendimento oferecido pela

Instituição e seu vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, definiram-se

como objetivos específicos: caracterizar a política de atendimento do Ambulatório Araújo

Lima, identificar a percepção da Equipe Técnica e dos usuários do serviço e investigar

o modo de implementação dessa política de atendimento. OBJETIVOS: Caracterizar a

política de atendimento do Ambulatório Araújo Lima (AAL), identificar a percepção da

equipe técnica e usuários acerca dos serviços oferecidos e investigar de que forma essa

política de atendimento está sendo implementada. MÉTODOS: Num primeiro momento,

foi realizada uma pesquisa de campo exploratória, entretanto caracterizou-se, ao final,

como uma pesquisa qualitativa, uma vez que investigou e interpretou fenômenos,

atribuindo-lhes significados. Quanto aos meios de investigação, realizou-se uma revisão

bibliográfica para construção do referencial teórico, consideraram-se ainda a legislação

do SUS, a Constituição Federal e documentos internos do HUGV, como o Plano de Trabalho

do Serviço Social (2009) e Regimento Interno do HUGV (1995). Em relação aos sujeitos

da pesquisa, o universo pesquisado foi de 12 servidores, sendo 6 de nível médio e 6 de

nível superior. Da parte dos usuários, foram entrevistados 4 inseridos nos programas do

Ambulatório e 9 usuários não partícipes dos programas. RESULTADOS: De acordo com

1 Orientadora. Universidade Federal do Amazonas – Ufam.2 Assistente social.3 Graduanda de Serviço Social.

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o Serviço de Atendimento Médico Estatístico (Same), de janeiro a junho de 2009 foram

realizados 57.107 atendimentos, destes 43.809 correspondem a consultas (76,71%). Desse

total, 6.229 (14,22%) foram atendidos pelo Serviço Social. A especialidade que ofereceu

o maior número de atendimentos foi a Ortopedia, que somou 5.153 (11,76%). Quando

questionados sobre os motivos que levaram esses usuários a procurar o AAL, 42,86% citaram

a falta de acesso aos serviços de saúde na rede pública de Manaus. A descontinuidade do

tratamento foi referida por 35,71% dos usuários e a não resolutividade dos casos resultou

em 21,43% afirmativas. A equipe técnica destacou em primeiro lugar o número de vagas

insuficientes, 50%, e em seguida o espaço físico com 33,3% e, por fim, a organização interna

do serviço com 8,33%. CONCLUSÕES: Com ressalvas, o Atendimento do AAL foi considerado

bom pela maioria dos entrevistados. O número de vagas é insuficiente, mas é necessário

reconhecer a sua especificidade como hospital-escola. A maioria dos usuários desconhece

essa característica da Instituição ou não sabem diferenciá-la dos outros serviços públicos

de saúde oferecidos na cidade de Manaus. É evidente a sobrecarga desse Atendimento,

consequência direta da falta de acesso dos usuários aos demais serviços da rede pública

que não dispõe de vagas suficientes para as especialidades oferecidas pelo HUGV/AAL,

gerando assim uma grande demanda reprimida. Tanto a equipe técnica quanto os usuários

veem a necessidade de expansão do espaço físico como solução para o segundo maior

problema enfrentado pela instituição pesquisada. Foram sugeridas melhorias para a rede

pública de saúde, assim como para a organização interna do serviço. Para o AAL, sugeriram

a realização de cursos de capacitação profissional para os servidores e um fluxograma de

atendimento conhecido pelos usuários e equipe técnica.

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4. PERFIL DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS DO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS – HUGV

PEREIRA,4 V. N.,1 SANTOS, V. A.,2 COSTA, L. M.,2 SILVA SOBRINHO,1 A. GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G

INTRODUÇÃO: O uso racional de antimicrobianos é uma ação primordial da Farmácia

Hospitalar e da Assistência Farmacêutica. Sendo assim, a análise do perfil de

antimicrobianos é importante para fornecer indicadores para a análise da comissão de

controle de infecção hospitalar (CCIH) e consequentemente promover o uso racional e

reduzir custos hospitalares. A Farmácia Hospitalar é o setor que está envolvido nas etapas

de seleção até a distribuição dessas drogas. O uso irracional de antimicrobianos é relatado

em várias partes do mundo, sendo um problema bastante atual. A utilização correta dos

antimicrobianos é essencial à racionalização do seu emprego para uma melhor terapêutica

aos pacientes. No HUGV há uma CCIH atuante, multidisciplinar e um Serviço de Farmácia

que contribui para o bom desempenho das ações do controle das infecções; porém, por ser

um hospital-escola, periodicamente há novos prescritores e observou-se a necessidade da

avaliação do perfil do consumo de antimicrobianos nessa Instituição. OBJETIVOS: Analisar

o perfil de antimicrobianos prescritos em todas as clínicas (clínica médica, cirúrgica,

nefrologia, ortopedia, neurologia e unidade de terapia intensiva) do HUGV e avaliar se

há um uso racional nessa Instituição, contribuindo, também, para o controle de infecção

hospitalar. MÉTODOS: Realizou-se um estudo retrospectivo observacional das fichas de

antimicrobianos oriundas de todas as clínicas do HUGV no período compreendido de junho

a outubro de 2008. A coleta de dados foi realizada verificando os seguintes parâmetros:

fichas completas, incompletas, sexo, local da infecção, classes dos agentes antimicrobianos

e clínicas. As informações coletadas foram analisadas por meio de cálculos de média,

proporções, porcentagens e plotagem de gráficos no software Excel® 2007. RESULTADOS:

Foram analisadas 2.905 fichas de antibiótico oriundas de todas as clínicas, sendo: 49%

clínica cirúrgica, 18% ortopedia, 10% clínica médica, 8% nefrologia, 8% neurologia e 7%

4 Farmacêuticos.2 Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV.e-mail: [email protected] e [email protected]

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

unidade de terapia intensiva. A maioria das fichas analisadas encontrava-se devidamente

preenchidas (84%) e nas incompletas (16%) não constavam dados como sexo; número do

leito e localização da infecção. Observou-se certa equivalência na quantidade de internos

do sexo feminino (48%) e masculino (50%), sendo 2% sem sexo discriminado. Quanto à

localização das infecções, as de maior prevalência foram: broncopulmonar (8%) e infecção

do trato urinário (8%), seguidas da gastrointestinal (5%); osteoarticular (2%); peritonial

(2%); sepse (2%); cutâneo cirúrgica (1,5%); cutâneo não cirúrgica (1,5%); sistema nervoso

central (1%); outros (13%). Porém, a profilaxia cirúrgica (56%) teve prevalência sobre

as demais localizações. A classe dos agentes antibacterianos mais prescritos foram as

cefalosporinas de 1.ª geração (64%), seguida das fluorquinolonas (7%), cefalosporinas de

3.ª geração (6%), glicopeptídeos (3,5%), aminoglicosídeos (2%), carbapenêmicos (2%),

penicilinas (2%), cefalosporina de 4.ª geração (2%), sulfonamidas (1,5%), antifúngicos (1%)

e outros (5%). CONCLUSÃO: A análise dos dados demonstrou que o HUGV possui maior

consumo de antimicrobianos de primeira escolha, cefalosporinas de 1.ª geração, por ter,

em grande parte, pacientes cirúrgicos. Concluímos, também, que há um baixo consumo

de antimicrobianos de reserva, mesmo sendo um hospital de média e alta complexidade,

demonstrando o resultado do comprometimento da Farmácia Hospitalar juntamente com

a CCIH em promover uma terapêutica antimicrobiana segura e racional.

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5. ESTUDO DO PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS ANTIMICROBIANOS DE UM HOSPITAL

INFANTIL DA CIDADE DE MANAUS

PEREIRA5, V. N, SANTOS,2 V. A., COSTA,2 L. M., SILVA SOBRINHO,1 A., GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G

INTRODUÇÃO: O uso racional de medicamentos é a principal diretriz de um programa de

assistência farmacêutica e também contribui para o controle das infecções hospitalares.

Medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar, e a utilização racional de

medicamentos otimizam o equilíbrio entre efetividade, segurança e custo da assistência

hospitalar. O controle de antimicrobianos é uma ação primordial da Farmácia Hospitalar.

Sendo assim, a análise do perfil de antimicrobianos é importante para fornecer indicadores

para a análise da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) e consequentemente

promover o uso racional dessa classe terapêutica. OBJETIVO: Analisar o perfil de

antimicrobianos prescritos em todas as clínicas (pediatrias, isolamento, alto risco, UTI

e clínica cirúrgica) do Hospital Infantil Dr. Fajardo e avaliar se há um uso racional nessa

instituição, contribuindo, também, para o controle de infecção hospitalar e evitar a

resistência microbiana. MÉTODO: Realizou-se um estudo retrospectivo observacional das

fichas de antibióticos: completas, incompletas, sexo, idade, origem da infecção, local

da infecção, classes dos agentes antimicrobianos e clínicas. As informações coletadas

foram analisadas por meio de cálculos de média, proporções, porcentagens e plotagem

de gráficos no software Excel® 2007. RESULTADOS: Foram analisadas 995 fichas de

antibióticos dos quais obtivemos 59% da fichas completas e 41% incompletas (idade 14%,

local da infecção 2% e origem da infecção 25%). Quanto ao sexo, tivemos 39% feminino,

55% masculino e 6% não informado. Quanto à origem da infecção, obtivemos 9% hospitalar,

63% comunitária e 18% não informado. As faixas etárias correspondem de 0 a 6 meses

19%, 7 m a 1 ano 19%, 1 a 2 anos 25%, 3-4anos 8%, 5-6 anos 3%, 7-8anos 2%, 9-10 anos 4%

e acima de 11anos 5%, não informados 15%. Os grupos terapêuticos prescritos foram: 47%

penicilinas, 14% cefalosporinas de terceira geração, 9% cefalosporinas de primeira geração,

5 Farmacêuticos.2 Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV.e-mail: [email protected] e [email protected]

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v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009

7% aminoglicosídeos, 6% macrolídeos, 6% glicopeptídeos, outros 11%. As localizações

das infecções são: broncopulmonar 65%, gastrointestinal 9%, cutânea não cirúrgica 7%,

cutânea cirúrgica 6%, sepse 5% e outros 8%. CONCLUSÃO: A análise dos dados demonstrou

que o hospital possui maior consumo de antimicrobianos de primeira escolha – penicilinas,

por ter, em grande parte, pacientes com broncopulmonares, porém poderia haver mais

reserva quanto ao uso de cefalosporinas de terceira geração. Concluímos, também, que

há um baixo consumo de antimicrobianos de reserva, mesmo sendo um hospital de média

complexidade, demonstrando o resultado do comprometimento da Farmácia Hospitalar

em promover uma terapêutica antimicrobiana segura e racional.

6. ESTUDO DOS MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS VIA SONDA ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM

GRANDE HOSPITAL E PRONTO-SOCORRO DA CIDADE DE MANAUS

PEREIRA,6 V. N., SANTOS,2 V. A., COSTA,2 L. M., SILVA SOBRINHO,1 A., GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G

INTRODUÇÃO: O objetivo do uso de sistemas de administração de substâncias dotadas de

atividade terapêutica é promover a sua liberação em quantidade adequada no organismo

para conseguir rapidamente efeito terapêutico e que permaneçam durante o tempo

desejado. Para que isso ocorra em pacientes com cateter na via oral, deve-se levar em conta

a correta utilização da sonda enteral ou nasogástrica e verificar como os medicamentos

são manipulados e administrados, pois a seleção adequada da forma farmacêutica a

ser administrada pelo cateter enteral é essencial para evitar inativação do fármaco e/

ou alteração da biodisponibilidade. OBJETIVO: Avaliar a frequência dos medicamentos

prescritos por sonda e suas formas farmacêuticas, e determinar grupos de medicamentos

mais prescritos na UTI do HPS João Lúcio no período de março a maio de 2009. MÉTODO:

6 Farmacêuticos.2 Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV.e-mail: [email protected] e [email protected]

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Estudo retrospectivo e observacional da farmacoterapia aplicada a pacientes internados

na UTI, por meio das prescrições oriundas do Serviço de Farmácia dos pacientes internados

nesse período. RESULTADOS: Foram analisadas 1.086 prescrições médicas, com um total

de 13.834 medicamentos prescritos, média de 13 medicamentos/prescrição, dos quais

8% são por via sonda enteral. Dentre as formas farmacêuticas, foram prescritos 89% de

comprimidos, 7% formas líquidas, 3% drágeas e 1% cápsulas. Os grupos terapêuticos mais

prescritos foram: anti-hipertensivos 25%, anticonvulsivantes, 22%, anticonvulsivante,

antiplaquetário7%, gastroprotetores 5%, antidepressivos 5%, diuréticos 4%, antilipêmicos

4% e outros 28%. Os dados obtidos mostram que muitos desses fármacos poderiam ser

substituídos por suas formas farmacêuticas injetáveis ou líquidas para evitar manipulação

de formas orais sólidas. CONCLUSÃO: Percebemos que ainda não se contempla uma

efetiva atenção farmacêutica no controle da terapêutica dos pacientes; porém, havendo

uma maior interação entre a Clínica e o Serviço de Farmácia, conseguiremos melhorar os

procedimentos envolvidos na manipulação e administração dos medicamentos por sonda

e, assim, buscar alternativas para redução de contaminação e interação de medicamentos

prescritos e promover o uso racional de medicamentos.

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7. A QUESTÃO INDÍGENA E A INTERNAÇÃO HOSPITALAR NA FUNDAÇÃO HOSPITAL

ADRIANO JORGE EM MANAUS-AM NO BIÊNIO 2007/2008: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL DO

SERVIÇO SOCIAL

COSTA,7 Roberta Justina da, PALHETA,2 Rosiane Pinheiro, SANTOS,3 Sandra Alice Ayres dos,

ALMEIDA,3 Diana da Silva

INTRODUÇÃO: No Brasil, a política de saúde indígena é um desafio para os profissionais

da área que devem estar adequando suas ações e serviços à diversidade sociocultural dos

povos indígenas, de modo que facilitem o acesso aos serviços de saúde no plano linguístico,

geográfico e social. O Texto Constitucional de 1988 e a Lei n.º 8.080/90 enfocam o respeito

às dimensões políticas, sociais e culturais ligadas à produção da saúde e da doença da

população brasileira. O presente estudo caracteriza-se como um trabalho de iniciação

científica desenvolvido na Fundação Hospital Adriano Jorge – FHAJ. OBJETIVO: Analisar a

atenção hospitalar aos pacientes indígenas atendidos nessa fundação no período de 2007

e 2008. METODOLOGIA: Os procedimentos para a coleta de dados destacam-se: a pesquisa

documental nas fichas sociais arquivados no setor do Serviço Social da fundação; a pesquisa

de campo envolveu visitas institucionais à Fundação Nacional de Saúde – Funasa, Casa de

Saúde do Índio – Casai e Secretaria Municipal de Saúde, buscando informações sobre o

atendimento prestado por essas instituições às populações indígenas. Para a análise e

interpretação dos dados o uso de tabelas, mapas e a análise de conteúdo. RESULTADOS:

Os resultados apontaram para uma realidade plural do ponto de vista cultural e étnico. Nos

documentos havia ausência de informações singulares, mas que de extrema relevância para

o atendimento aos usuários indígenas. Apesar de um número pequeno de casos encontrados

(32), entre os anos de 2007 e 2008, o impacto nas ações de saúde é considerável, haja vista

a diversidade de etnias e modos de vida, cultura e origem de cada paciente identificado.

Identificado de oito etnias diferentes, correspondendo à etnia Tikuna 15,62% dos casos

entre os anos de 2007 e 2008, seguido dos Mura 12,5%. A maioria absoluta dos pacientes

7 Assistente social da Fundação Hospital Adriano Jorge e professora da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus/AM.2 Assistente social da Fundação Hospital Adriano Jorge, Manaus/AM.3 Aluna da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus/AM.Contato: [email protected]

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indígenas, porém, não teve a etnia identificada perfazendo o total de 53,1%, mais da

metade, o que é bastante significativo, evidenciando a necessidade de um olhar mais

atento aos indígenas que passam pela Instituição. Os dados da pesquisa revelam que uma

recorrência de 34,38% dos casos atendidos são oriundos de São Gabriel da Cachoeira-AM,

vivendo em áreas longínquas por conta da grande extensão territorial e as formas de

acesso aos municípios que compõem a região, onde o transporte se faz por via fluvial,

cujo tempo de deslocamento dificulta ainda mais a viabilização do tratamento necessário

que, na maioria das vezes, é de urgência e emergência. CONCLUSÃO: É necessário que os

profissionais de saúde estejam adequando suas práticas à realidade complexa dos povos

indígenas para que seja garantido o direito à saúde. A diversidade cultural existente no

Estado do Amazonas nos coloca um desafio: o de estar atento para essa realidade e saber

intervir de forma adequada às suas diferenças e às suas especificidades.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Etnicidade, Hospitalização.

8. ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

FARMACÊUTICA BÁSICA NO ESTADO DO AMAZONAS

MOURA, Ana Célia da Silva, SÁ, Ricardo C. de Azevedo e

INTRODUÇÃO: Um dos principais objetivos da Gestão da Assistência Farmacêutica Básica,

cuja implementação necessita de pessoal qualificado e estrutura adequada, é a melhoria

do acesso e o uso racional do medicamento em uma população. OBJETIVOS: Analisar a

organização e a estruturação da Assistência Farmacêutica Básica no Estado do Amazonas

pelo seu ciclo. METODOLOGIA: Foram analisados 87,1% (n=54) dos municípios do Estado

do Amazonas, por meio de questionário semiestruturado, adaptado de pesquisa telefônica

realizada pelo Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, versando sobre

a organização, estruturação e operacionalização do Ciclo da Assistência Farmacêutica,

no período de março a dezembro de 2007. Os resultados obtidos foram organizados e

apresentados por meio de estatística descritiva. RESULTADOS: Aproximadamente 61,2%

do total dos municípios analisados possuem um responsável pela Assistência Farmacêutica.

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Desse percentual, 85% são farmacêuticos. Apenas em 63% (n=52) a AF é contemplada

no Plano Municipal de Saúde. Observou-se uma fragmentação das etapas do Ciclo da

Assistência Farmacêutica, que compromete o desempenho do processo. Não existe

Comissão de Farmácia e Terapêutica nos municípios. No item seleção de medicamentos,

apenas 57% (n=47) dos municípios utilizam, como critério, o perfil epidemiológico e no

item programação, somente 44% (n=43) utilizam esse método. A forma de aquisição

de medicamentos mais utilizada (50%) é a compra direta (n=54). Apenas 43,4% (n=54)

consideram boas as condições de armazenamento e somente 25,5% (n=47) possuem controle

de estoque informatizado. Em todos os municípios ocorre dispensação e em 72% (n=54)

somente mediante receituário. Do universo analisado, 13% afirmam não fazer nenhum

tipo de orientação que promova o uso racional de medicamentos no ato da dispensação.

Entretanto, nos municípios que o fazem, as orientações quanto à dosagem e período do

tratamento foram prioritárias (78 e 74%, respectivamente), seguidas das orientações da

melhor forma de como guardar os medicamentos (52%) e das ações educativas de uso

racional de medicamentos em geral (37%). Entre os principais obstáculos para a organização

da Assistência Farmacêutica nos municípios do Estado do Amazonas citados, observa-se a

predominância da reclamação referente à insuficiência de recursos financeiros e/ou humanos

(63%). DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: Esse primeiro diagnóstico aponta para a necessidade de

investimentos na estrutura física, bem como em recursos humanos, materiais e gerenciais,

visando contemplar os municípios do Estado do Amazonas de uma Assistência Farmacêutica

integral, capaz de promover o acesso e o uso racional de medicamentos. As estatísticas

deste trabalho constituem-se em um marco para a gestão das Secretarias de Saúde, uma

vez que os resultados apresentados poderão proporcionar importantes subsídios para o

fortalecimento da gestão municipal da Assistência Farmacêutica no Estado do Amazonas.

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9. SAÚDE E SERVIÇO SOCIAL: UMA ABORDAGEM DA AÇÃO PROFISSIONAL NO

PROGRAMA DE SAÚDE DO LESIONADO MEDULAR NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS – HUGV EM MANAUS

LIMA1, Priscila Fernandes Farias Campos, VALLINA,8 Kátia de Araújo Lima

INTRODUÇÃO: O Serviço Social é uma profissão que tem como fundamento a defesa dos

direitos humanos, ampliação e consolidação da cidadania e garantia do acesso aos bens

e serviços, pautando-se no Projeto de Formação Profissional, Lei n.º 8.662, de 7 de junho

de 1993 – de Regulamentação da Profissão, além do Código de Ética. A transgressão dos

direitos e o não exercício da cidadania, em consequência da falta de acesso aos bens e

serviços, caracterizam-se como questões que devem sofrer a ação do assistente social,

um dos profissionais capacitados a trabalhar tais situações, expressões da questão social.

Um dos maiores desafios da área consiste em identificar as demandas emergentes em

seu cotidiano, desvelar a realidade e construir propostas criativas para sua intervenção,

visando contribuir para a efetivação de direitos e o exercício pleno da cidadania de seus

usuários. No que tange ao Serviço Social na área da saúde, percebe-se a necessidade do

trabalho do assistente social como um dos agentes defensores das diretrizes do projeto do

Sistema Único de Saúde, que concebe a saúde como direito de todos e dever do Estado,

partindo dos princípios da universalidade, da equidade e da integralidade. OBJETIVOS:

Refletir a Política de Saúde neste artigo é fundamental, para que se entenda a prática do

assistente social em programas como o Programa de Atividades Motoras para Deficiente –

Proamde, buscando a promoção da saúde dos lesionados medulares para além do âmbito

do HUGV junto às redes de apoio social. MÉTODOS: Em termos metodológicos, foram

realizadas análises documentais de cada candidato ao programa, com visitas domiciliares

aos selecionados. Priorizamos a pesquisa qualitativa, acrescida da observação participante,

com base no projeto de atuação do Serviço Social no programa supracitado, bem como

realizações de entrevistas por meio de questionários com questões abertas e fechadas

8 Professora da Ufam/ Manaus-AM. Mestre formada pela UFRJ.

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visando às perspectivas dos seis participantes, para que pudéssemos levantar propostas

que aprimorassem as atividades. RESULTADOS: Após a investigação realizada, verificou-se

que a ação do assistente social, em parceria com a equipe multidisciplinar do Proamde,

possui êxitos no que se refere à melhoria na qualidade de vida do lesionado medular, bem

como a sua família pelas ações socioeducativas. CONCLUSÃO: Apesar de ser um programa

que visa à reabilitação motora das pessoas com sequelas de lesão medular, abre ele um

espaço de atuação psicossocial e pedagógica por meio de um atendimento multidisciplinar.

Dentro desse contexto, o assistente social exerce um papel de extrema importância com

ações articuladas aos três eixos da Seguridade Social (saúde, previdência e assistência

social). Articulações estas que, junto a redes de apoio social, buscam proporcionar uma

melhor qualidade de vida e autonomia aos sujeitos. O que, na concepção deles, tem

servido para a efetivação dos direitos que antes desconheciam.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Prática Profissional do Serviço Social, Lesionado Medular.

10. GRUPO DE APOIO A FAMILIARES – GAF

ANDRADE,9 Andréa Costa de Andrade, COSTA,1 Maria Clevanilce Rodrigues da, FRANCO,10 Kelly Silva, LIMA, Perla Alves Martins, MACEDO,1 Maria Geórgia Duarte de, MATSDORFF,2 Karen Dalila Karl

INTRODUÇÃO: A pessoa que se submete a um atendimento hospitalar leva não só seu corpo

para ser tratado, mas vai por inteiro e, por extensão, atinge sua família, que participa

de seu adoecer, suas internações e seu restabelecimento. Por todos esses aspectos, os

grupos terapêuticos com os familiares são muito ricos, uma vez que neles podem dividir

seu sofrimento e se ajudarem mutuamente, pois no período da doença os familiares

desempenham papel importantíssimo, e suas reações muito contribuem para a própria

reação do paciente no seu processo de cura. Assim, o Hospital Universitário Getúlio Vargas

– HUGV, em Manaus, instituiu programas que visam beneficiar essa população, como o

Grupo de Acolhimento a Familiares – GAF, que funciona desde janeiro de 2008. OBJETIVO

GERAL: Proporcionar um momento de reflexão, para que os acompanhantes dos pacientes

9 Psicóloga do HUGV/Ufam.10 Acadêmica de Psicologia (Fapsi-Ufam) e estagiária (HUGV).

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internados possam falar sobre a situação que estão vivenciando e receber informações da

equipe de saúde sobre o funcionamento e a dinâmica hospitalar. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Escutar as necessidades, história de vida, condições emocionais e sociais, trabalhando as

potencialidades dos familiares que acompanham os pacientes hospitalizados; enfatizar

as vantagens proporcionadas pelas atividades executadas em grupo, sobretudo quanto

às instruções da dinâmica hospitalar e socialização; proporcionar apoio psicossocial

aos familiares. MÉTODOS: Realização de reuniões quinzenais, onde há orientação

sobre o funcionamento, dinâmica e regras do HUGV. Após isso, é proporcionado um

espaço para os familiares externalizarem o momento vivenciado e, consequentemente,

ajudar-se mutuamente. O setor de Psicologia coordena o Grupo Operativo, utilizando

técnica terapêutico-metodológica qualitativa por meio da abordagem fenomenológico-

transdisciplinar. O trabalho desenvolvido no grupo foca a construção de conhecimento

do acompanhante pelas informações e vivências compartilhadas. As temáticas são

preestabelecidas relacionando-as à saúde, à hospitalização e à participação do

acompanhante. Dentre os recursos didáticos, incluem-se dinâmicas, textos e músicas

reflexivos, folders explicativos e apresentação de slides. RESULTADOS: Após 42 encontros

quinzenais, observou-se a importância do acompanhante no processo de cura e recuperação

do paciente, pois pelas escutas realizadas em grupo puderam falar das suas necessidades e

condições emocionais compartilhando a experiência vivenciada. Nota-se que trabalhando

as emoções dos acompanhantes proporcionamos uma melhor compreensão da situação e

dos cuidados dispensados ao doente, possibilitando a aprendizagem de novos métodos de

adaptação e, consequentemente, reduzindo o grau de ansiedade destes. CONCLUSÃO:

Portanto, aos acompanhantes é esclarecido que, durante a hospitalização de um paciente,

ele é essencial nesse processo, visto que sua atuação ocorre em conjunto com o corpo

clínico. Um aspecto que propicia a troca de experiências no grupo é que cada participante,

ao se apresentar, também fala sobre a história clínica do paciente. As práticas educativas

suscitam questões profundas e essenciais – vida, morte, sofrimento, tristeza, perda. Por

meio da situação grupoterápica, o GAF amplia a visão da equipe de saúde, que passa a

perceber a relação médico-paciente-acompanhante de forma multifocal, privilegiando o

trabalho humanizado e transdisciplinar.

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REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Ana Maria, PERPÉTUO, Susan Chio de. Dinâmica de Grupos na Formação

de Lideranças. Artigo publicado na edição 309, agosto de 2000. Belo Horizonte: Editora

DPeA.

ALAMY, Susana. Ensaios de Psicologia Hospitalar. Minas Gerais: Copyright, 2003.

BAPTISTA, Makilim Nunes. Psicologia Hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

BLEGER, José. Temas de Psicologia: Entrevista e Grupos. São Paulo: Martins Fontes,

1993.

CAMPOS, Terezinha Calil Padis. Psicologia Hospitalar: A atuação do psicólogo em hospitais.

São Paulo: EPU, 2006.

ROMANO, Bellkiss W. E a família vem ao hospital. In: Princípios para a Prática da Psicologia

Clínica em Hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

11. FAMÍLIAS E SUAS DEMANDAS POR POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BAIRRO COMPLEXO ANTÔNIO ALEIXO DA ZONA LESTE

DE MANAUS

ABECASSIS,11 Bianca Ladislau, SASSAKI,12 Yoshiko

INTRODUÇÃO: A família é considerada pela sociedade a mais importante instituição,

firmando entre si uma rede de solidariedade fortalecida por laços de consanguinidade ou

não. Carvalho (1993) esclarece que a proteção e a promoção das famílias foram perdidas

no tempo, e que pessoas portadoras de deficiência e com problemas crônicos de saúde

ficam sem receber dos poderes públicos a devida atenção. Essa responsabilidade que

a família assume sem o apoio do poder público a sobrecarrega. OBJETIVO: Objetivou-

11 Mestranda no Programa de Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia – Ufam.E-mail: [email protected] Professor, doutor, docente do Curso de Serviço Social da Ufam. E-mail: [email protected].

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se analisar e refletir as relações familiares e intergeracionais em suas demandas por

serviços de saúde e o grau de sua resolutividade no bairro Complexo Antônio Aleixo de

Manaus. METODOLOGIA: Aplicou-se formulários semiabertos às 30 famílias e entrevista

semiestruturada a profissional de saúde de uma unidade básica de saúde do bairro sobre

a demanda da população pelos serviços de saúde. O bairro foi escolhido porque possui um

diferencial em relação aos outros, por abrigar somente pessoas doentes de hanseníase,

em sua criação, e após desativação em 1979, o lócus deixa de ser hospital Colônia Antônio

Aleixo e se transforma em bairro, em que antigos moradores passam a conviver com a

população em geral. RESULTADO: Apontam que das 30 famílias selecionadas, 67% são

do sexo feminino e 33% do masculino, sendo 50% pertencentes na faixa etária de 60 a

90 anos, portanto idosos que demandam mais serviços de saúde. No que se refere às

formas de configuração dessas famílias, identificou-se que 40% são monoparentais, 23%

intergeracionais, 20% casal e a minoria 17% são nucleares. Na contemporaneidade as duas

primeiras têm maior relevância, por isso foram destacadas para análise. Nas famílias

monoparentais, constituídas por um dos progenitores (pai ou mãe), o relacionamento com

os filhos fica fragilizado, pois não garantem o sustento da casa e nem dão assistência integral

aos doentes, recorrendo ao apoio dos parentes e vizinhos. Já nas famílias intergeracionais,

constituída por três gerações, os idosos estão cuidando em sua maioria de outros idosos,

além de se responsabilizar pelo sustento dos netos, com o pouco do provento que recebem

de aposentadorias, pensões e/ou benefícios de assistência social, demandando por cuidados

de saúde e proteção do Estado, pois alguns estão retornando ao trabalho informal para

ajudar nas despesas da família, por conta da situação de vulnerabilidade social em que se

encontram. CONCLUSÃO: Constatou-se sobre a demanda por saúde no bairro, nas famílias

monoparentais, nem sempre têm com quem contar para levar os filhos/netos ao médico.

Já nas famílias intergeracionais, os idosos doentes contam com seus parceiros também

idosos, em que um doente cuida de outro doente na própria casa, e quando estes não

podem contar com seus companheiros, são os netos, mesmo crianças que os acompanham

até o médico, os filhos não assumem essas responsabilidades.

PALAVRAS-CHAVE: Política de Saúde, Atenção Básica, Envelhecimento.

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12. CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR MULHERES GRÁVIDAS USUÁRIAS DO SISTEMA

ÚNICO DE SAÚDE (SUS) DE MANAUS.PREVALÊNCIA / COMO PREVENIR

CARVALHO,13 Maria Auxiliadora Neves de, TOMAZ,14 Geísa Cruz e Silva, MERCHAK JÚNIOR,2 Paulo Sérgio Lopes, MARTINS,2 Michelle Soares, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo

INTRODUÇÃO: O álcool tem sido consumido por homens e mulheres de forma indiscriminada

ao longo dos tempos, porém atualmente as mulheres aumentaram esse consumo talvez

por conta da maior independência financeira e intelectual. É pouco o conhecimento em

Manaus quanto à prevalência desse hábito, principalmente durante a gravidez, condição

na qual são comprometidas tanto a mãe quanto o filho. A condição mais temida é a

síndrome alcoólica fetal, que se acompanha de malformações congênitas, retardo no

desenvolvimento psicomotor e outras alterações, além de levar também ao baixo QI,

irritabilidade e hiperatividade. OBJETIVOS: Apontar a prevalência do consumo de bebida

alcoólica pelas grávidas atendidas no Sistema Único de Saúde da cidade de Manaus-AM é o

objetivo principal do trabalho. Há também os objetivos secundários a serem alcançados,

tais como verificar a principal faixa etária consumidora de bebida alcoólica entre as

grávidas, identificar o nível socioeconômico dessas gestantes por meio da escolaridade

e renda familiar, além de mensurar o grau de conhecimento delas a respeito dos efeitos

maléficos do álcool. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo

transversal realizado em mulheres grávidas e puérperas, usuárias do Sistema Único de Saúde

da cidade de Manaus-AM, atendidas em três maternidades da rede estadual e municipal.

RESULTADOS: Do total de 471 grávidas entrevistadas, encontrou-se o número de 154

(32,7%) mulheres que faziam consumo regular de álcool, dentre elas 66 (42,9%) usaram

bebida alcoólica durante a gravidez, esse índice foi maior entre as mulheres mais jovens,

33 (50%) na faixa dos 13 aos 23 anos. Quanto à renda familiar, 29 (44%) recebiam apenas

um salário mínimo, e a respeito da escolaridade, mais da metade, 34 (51,5%) gestantes

13 Professora da Disciplina de Pediatria e professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Ge-ral, mestre em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM.14 Acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Manaus-AM. E-mail: [email protected]

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não possuíam o ensino fundamental completo, o que mostra o baixo nível educacional

dessas mulheres. Quanto ao conhecimento dos efeitos teratogênicos do álcool, apenas

112 (23,8%) haviam sido orientadas por um profissional de saúde, o restante se dividia

entre as que nunca tinham ouvido falar e as que souberam pela imprensa ou conhecidos.

CONCLUSÃO: O nível de consumo de bebida alcoólica entre grávidas em Manaus é alto,

isto se deve provavelmente à falta de conhecimento sobre os efeitos maléficos no feto,

uma vez que somente 23,8% receberam aconselhamento médico sobre o risco existente

nesse comportamento. Diante do que foi observado nos resultados, pode-se concluir como

grupo de risco: as mulheres com baixo nível socioeconômico, na faixa dos 13 aos 23 anos

e que não tinham um conhecimento prévio sobre os efeitos teratogênicos do álcool. Em

vista desses dados, é urgente e necessário que se realize um programa de prevenção e

ensinamentos quanto ao consumo de álcool na gravidez.

PALAVRAS-CHAVE: Gravidez Abdominal, Etanol, Prevalência.

13. CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS DE NEONATOS COM GASTROESQUISE NO ESTADO DO AMAZONAS E A CONDUTA TERAPÊUTICA

EMPREGADA

CARVALHO,15 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,16 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, ARAÚJO,17 Katiúscia Karla Lêdo

INTRODUÇÃO: Gastroesquise é uma malformação congênita caracterizada por um defeito

na parede abdominal anterior por conta de um fechamento incompleto dela por volta da

6.ª semana de gestação, que permite a extrusão das vísceras abdominais para a cavidade

amniótica. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi conhecer o perfil epidemiológico

dos recém-nascidos acometidos por gastroesquise no Estado do Amazonas e relacionar a

15 Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestre em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM, e-mail: [email protected] Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM.17 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM.

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incidência de gastroesquise com o perfil materno dos neonatos e com as características

da gravidez para tentarmos encontrar os fatores de risco para o desenvolvimento dessa

doença. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional do tipo coorte

que avaliou 139 casos de gastroesquise submetidos à correção cirúrgica no Instituto da

Criança do Amazonas (Icam), no período de 1998 a 2008. Tendo como base um formulário

para coleta dos dados, se identificou a incidência dos casos de gastroesquise anualmente, o

perfil epidemiológico dos neonatos, fatores maternos, familiares, obstétricos e perinatais

associados, outras malformações congênitas associadas, fatores pré-operatórios,

evolução pós-operatória e sobrevida relacionada aos fatores prognósticos relacionados.

RESULTADOS: Foram analisados 139 recém-nascidos portadores de gastroesquise, os

quais foram internados para a realização de tratamento cirúrgico, destes, 137 (98,6%)

são oriundos do Amazonas e 2 (1,4%) de outros Estados. A média da idade em horas de

vida foi de 19,8 (± 20,2), da idade gestacional em semanas foi de 37 semanas (± 1,98),

o peso ao nascer em quilogramas foi de 2,372 Kg (± 0,38), a estatura em centímetros foi

de 44,7 (±2,76) e a idade da mãe em anos foi de 19,2 (± 4,7). Em relação ao tempo de

internação médio em horas foi de 19,8 (± 20,2), enquanto o tempo médio entre o parto e a

intervenção cirúrgica foi de 13,2 horas (± 14,77). Verificou-se uma prevalência de 16,02 por

100.000 nascidos vivos. Houve maior prevalência no sexo masculino (56%) contra apenas

44% do sexo feminino. Em 29 recém-nascidos (34%) foi realizada correção cirúrgica em

tempo único (fechamento primário) e em 57 (66%) se fez correção em estágios com silos.

Quanto à evolução, 58% dos pacientes evoluíram para óbito e 42% tiveram alta hospitalar

em boas condições clínicas. DISCUSSÃO: Grande parte dos resultados aqui apresentados

se diferencia da frequência descrita na literatura internacional, uma vez que quase todas

as casuísticas estudadas referem-se a países desenvolvidos nos quais existem ótimas

condições sociais e de saúde pública, assim como diagnóstico pré-natal e protocolos de

atendimento a esses RNs. CONCLUSÃO: É importante a elaboração de programas de saúde

pública com protocolos específicos de atendimento que visem à identificação no pré-natal

dessas crianças, assim como a identificação e a instituição terapêutica precoce, o que com

certeza iria contribuir muito para a melhoria dos índices de sobrevida desses RNs.

PALAVRAS-CHAVE: Gastroesquise; Anomalias Congênitas; Amazonas; Epidemiologia.

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14. PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM

CARVALHO,18 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,19 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, ARAÚJO,20 Katiúscia Karla Lêdo, TOMAZ,2 Geísa Cruz e Silva, Diego da Costa MATOS2

INTRODUÇÃO: O rastreamento de excesso de peso em jovens tem sido amplamente

recomendado, uma vez que nas últimas décadas tem sido observado um aumento

considerável nesses valores, fato que é preocupante, visto que o sobrepeso e a obesidade

são fatores de risco para várias doenças endócrinas e cardiovasculares. Em 1995 a OMS

propôs o Índice de Massa Corporal (IMC) para definir diferentes graus de excesso de peso

e obesidade. Entre os fatores relacionados ao aumento do IMC podem-se citar estresse,

dieta inadequada e predisposição genética. OBJETIVO: O presente estudo tem por objetivo

avaliar o perfil antropométrico dos estudantes de medicina da Ufam. METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo transversal descritivo e de caráter prospectivo que visa à avaliação

do perfil antropométrico dos alunos de Medicina. A coleta de dados foi realizada entre

janeiro e abril de 2009, por uma equipe de 3 pesquisadores previamente treinados. As

medidas de peso e estatura foram efetuadas sempre pelo mesmo pesquisador, o peso foi

aferido com a utilização de uma balança eletrônica e a altura por uma fita métrica não-

elástica fixada à parede. Foram analisados um total de 293 alunos cursando 8 períodos

diferentes. RESULTADOS: A amostra foi composta por 43,3% (127) indivíduos do sexo

masculino e 56,7% (166) do sexo feminino, sendo 45 do primeiro período, 43 do segundo

período, 43 do terceiro período, 41 do quarto período, 40 do quinto período, 39 do sexto

período, 42 dos alunos do sétimo período. A faixa etária entre os alunos variou de 16 a 46

anos, com uma média de 21,3 anos. O peso variou de 41 a 110 kg com uma média de 63,4

kg e a estatura variou de 1,50 a 1,95 m com uma média de 1,70 m. A média do IMC foi

igual a 22,7, sendo 21,48 para o sexo feminino e 24,20 para o masculino. De acordo com a

classificação proposta pela OMS, as prevalências de baixo peso, peso normal, sobrepeso e

18 Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestre em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM.19 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM.20 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM.

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obesidade foram respectivamente, 21,5%, 59,0%, 14,3% e 5%. CONCLUSÃO: Os resultados

encontrados no nosso estudo indicam uma prevalência de obesidade e sobrepeso inferior

à encontrada na literatura (Gigante DP et al, 2007), no entanto encontrou-se sobrepeso

maior em homens, todos nós sabemos os riscos que acompanham as pessoas com sobrepeso.

É importante que comecemos a pensar na elaboração de um programa de esclarecimento,

consciência e profilaxia de sobrepeso entre os alunos do curso de Medicina da Ufam.

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, Índice de Massa Corporal, Prevalência, Estudantes.

15. HIPERIDROSE X ESTRESSE ENTRE OS ESTUDANTES DE MEDICINA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – ANÁLISE DE 293 CASOS

CARVALHO,21 Maria Auxiliadora Neves de, WESTPHAL,22 Fernando Luiz, CARVALHO,23 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,3 Rodrigo, ARAÚJO,24 Katiúscia Karla Lêdo, TOMAZ,3 Geísa Cruz e Silva, Diego da Costa MATOS3

INTRODUÇÃO: A hiperidrose primária é uma doença benigna com prevalência de 1%

no mundo ocidental, caracterizada pela excessiva produção de suor em uma ou mais

regiões anatômicas do organismo como palmar, plantar, axilar ou facial; com uma

incidência hereditária em 13 a 57% dos casos tanto quanto como uma reação às alterações

climáticas. Apesar de muitas pesquisas, na Região Norte do Brasil não existe nenhum

trabalho sobre a prevalência dessa doença. OBJETIVOS: Identificar a prevalência de

hiperidrose em estudantes de Medicina, avaliar a hereditariedade da hiperidrose e o perfil

antropométrico dos acometidos, analisar os fatores desencadeantes e a qualidade de vida

da população em estudo, assim proporcionar conhecimento estatístico desse distúrbio

e oportunizar diagnóstico precoce, minimizando as repercussões psicossociais a ele

atreladas. MÉTODOS: Trata-se de um estudo prospectivo observacional do tipo coorte que

21 Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestrado em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM, e-mail: [email protected] Doutor em Cirurgia Torácica; coordenador de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário Getúlio Vargas – Ufam – Manaus-AM.23 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM.24 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM.

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analisou a incidência de hiperidrose entre os alunos de Medicina da Universidade Federal

do Amazonas, visto que essa patologia está relacionada com o estresse. Para isso, foram

utilizados questionários, com perguntas relacionadas à hiperidrose, preconizadas pela

International Hyperhidrosis Society, que visam relacionar a hiperidrose com as atividades

diárias de cada pessoa. Os alunos responderam a um questionário objetivo, capaz de

identificar a presença dessa alteração contendo perguntas relacionadas à presença ou

não de hiperidrose. Esse questionário foi avaliado pelos pesquisadores, que identificaram

os indivíduos com hiperidrose, também foram colhidas medidas do peso e de altura para

se calcular o Índice de Massa Corporal (IMC). Os alunos, que, de acordo com o primeiro

questionário, foram diagnosticados portadores de hiperidrose, passaram por uma entrevista

com pesquisadores devidamente treinados, que fizeram a diferenciação entre hiperidrose

primária e secundária. Nessa entrevista foi utilizado outro questionário-padrão, sendo

realizado, também, um exame físico completo. Os exames físicos foram realizados por

estudantes devidamente treinados, sob a supervisão de um coordenador, e os dados foram

analisados para se verificar se existia alguma relação entre a doença e as características

dos pacientes acometidos. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 293 estudantes,

os quais foram submetidos ao questionário sobre a presença ou não de hiperidrose e à

medição de peso e altura. Ao se avaliar a prevalência de hiperidrose, verificou-se um total

de 16 estudantes (5,5%) que se considerou ter sudorese excessiva dificilmente tolerável

ou intolerável, interferindo assim na suas atividades diárias. Destes, 16 (100%) não

apresentaram causas conhecidas de hiperidrose, oito (50%) tinham história familiar e oito

(50%) também apresentavam hiperidrose noturna. Em 100% o acometimento foi bilateral,

sendo os locais mais afetados: mãos (35,7%), pés (21,4%), axila (17,9), rosto (10,7%),

costas (7,1%), tórax (3,6%) e barriga (3,6%). Pelo questionário sobre qualidade de vida,

observamos que os estudantes afetados pela hiperidrose têm sua vida afetada em todos os

aspectos, tais como relacionamentos pessoais, interpessoais e profissionais. CONCLUSÃO:

No estudo proposto, foi verificada uma incidência de hiperidrose em estudantes superior à

incidência relatada na população geral (0,6 a 1%). Apesar de não se tratar de uma doença

grave, a hiperidrose afeta negativamente a vida rotineira dos indivíduos.

PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose; Prevalência; Estudantes; Amazonas.

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16. ESTUDO EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DO ÓLEO DE RESINA DE COPAÍBA E DO NITRATO

DE PRATA NA PLEURA E PARÊNQUIMAPULMONAR DE RATOS

REICHL,25 Alfredo Coimbra, WESTPHAL,26 Fernando Luiz, ROMERO,27 Tatiana Cortez, GALATI,3 Danilo, CARVALHO,3 Carmen Oliveira, CANZIAM,28 Mauro, PÊGO-FERNANDES,29 Paulo

INTRODUÇÃO: Apesar de escassos, estudos anteriores com o óleo de copaíba demonstraram

que ele possui a propriedade de iniciar extenso processo inflamatório em mesotélios.

Aliando-se a isso se encontra a necessidade atual em encontrar uma substância que possua

maior eficácia e menos efeitos colaterais à realização de pleurodese. Ao realizar a fusão

das pleuras parietal e visceral por meio da pleurodese, é possível evitar recidivas de uma

efusão gasosa ou derrame pleural, procedimento este que pode beneficiar pacientes com

pneumotórax recorrente e derrame pleural crônico. OBJETIVOS: Análise experimental

comparativa do óleo-resina de copaíba da espécie Copaifera multijuga e o nitrato de

prata a 0,5% para a indução de pleurodese em ratos. MÉTODO: O estudo experimental,

prospectivo e randomizado foi realizado com a instilação de óleo de resina de copaíba

na cavidade pleural de ratos da raça Rattus norvegicus var. wistar, machos, adultos, com

peso médio de 200 g. As reações pleurais macro e microscópicas provocadas pelo óleo de

resina de copaíba foram comparadas com as reações provocadas pelo nitrato de prata –

substância de uso difundido atualmente na realização de pleurodese, com consequentes

alterações macro e microscópicas bem conhecidas – e com o grupo controle, que em cuja

cavidade pleural foi instalada soro fisiológico a 0,9%. Foram utilizados 96 ratos divididos

em três grupos, cada grupo corresponderia uma substância a ser instilada: óleo de copaíba,

nitrato de prata ou soro fisiológico. Cada grupo foi então subdividido em outros 4 grupos,

que corresponderam à análise macroscópica que ocorreu após o sacrifício em 24, 48, 72

ou 504 horas (21 dias) à instilação do agente esclerosante. RESULTADOS: A média do grau

das alterações macroscópicas foi maior (p=0,015) no grupo Copaíba 24h (2,50 ± 0,53) em

25 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Medicina.26 Prof. Dr. médico cirurgião torácico.27 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Medicina.28 Professor de Patologia do Incor.29 Professor associado da FMUSP.

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relação ao Nitrato de Prata (1,88 ± 0,35). A média dos graus da reação inflamatória aguda

da pleura parietal foi maior (p=0,01) no grupo Copaíba 24h (1,63 ± 1,06) em relação ao

grupo Nitrato de Prata (0,38 ± 0,52), o mesmo ocorrendo no grupo 72h (1,38 ± 0,92 e 0,25

± 0,46; p=0,008). A média do grau fibrose na pleura visceral foi maior (p=0,017) no grupo

Copaíba no tempo 504h (1,38 ± 0,74) em relação ao grupo Nitrato (0,50 ± 0,54). A média

do grau de neovascularização da pleura visceral foi maior (p=0,018) no grupo Copaíba 504h

(1,50 ± 1,07) em relação ao grupo Nitrato (0,34 ± 0,52). A média do grau do edema alveolar

foi maior (p=0.003) no grupo Nitrato (1,50 ± 1,20) em relação ao grupo Copaíba, no qual

não foi observada essa alteração. A presença de broncopneumonia foi maior (p=0,038) no

grupo Nitrato 24h (n=4) em relação ao grupo Copaíba (n=0). CONCLUSÕES: Os animais

do grupo Copaíba demonstraram maior reação pleural macroscópica e maior inflamação

aguda na pleura parietal. A fibrose e a neovascularização da pleura visceral foram mais

evidentes no grupo Copaíba, porém foram observados edema alveolar e broncopneumonia

no grupo Nitrato. Os dois grupos promovem a pleurodese, sendo que o grupo Nitrato

demonstrou uma maior agressão ao parênquima pulmonar.

17. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNAE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA

ARAÚJO, IR; AGUIAR, JA; MATOS, JC

INTRODUÇÃO: A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) é uma doença caracterizada

por um defeito na fixação de GPI (Glicosilfosfatidilinositol) por conta de anormalidades

no gene do PIG-A. Isto leva à ausência completa ou parcial de proteínas ligadas ao

GPI, particularmente CD-59 e CD-55. As manifestações clínicas relacionadas à HPN

são relacionadas à função hematopoiética, incluindo anemia hemolítica, estado de

hipercoagulação, e diminuição da hematopoiese. O diagnóstico pode ser confirmado pelo

teste de Ham. OBJETIVO: Relatar um caso de paciente de 30 anos com diagnóstico de

Hemoglobinúria Paroxística. METODOLOGIA: Relato de caso. RELATO DO CASO: Paciente

do sexo masculino, 30 anos, pardo, natural e procedente de São Sebastião do Uatumã-AM.

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Paciente refere que desde 2006 apresentava episódios de dispneia aos esforços, mialgia em

membros inferiores e dorso, astenia intensa; tendo procurado atendimento médico sem

diagnóstico. Em março de 2008 evolui com tosse produtiva com expectoração amarelada,

dor torácica ventilatório-dependente evoluindo com vômitos, diarreia pastosa sem muco

ou sangue, cólicas abdominais. Procurou facultativo sendo internado para exames, tendo

evoluído com disúria, dor em baixo-ventre, oligúria e urina escurecida. Após dois dias, inicia

quadro de edema de membros inferiores. Evidenciado aumento de escórias e encaminhado

para o Centro Integrado de Nefrologia – HUGV para investigação. Paciente relatou quadro

de anemia sem causa conhecida desde 2005, tendo recebido transfusão de concentrado de

hemácias em duas ocasiões. A história familiar não apresentava fatos dignos de nota. Ao

exame físico, apresentava-se hipocorado, desidratado, com edema de membros inferiores

e sem outras alterações. Os exames hematológicos demonstravam anemia normocítica

e hipocrômica; com níveis de ferro normais; desidrogenase lática, bilirrubina indireta

e contagem de reticulócitos normais. A bioquímica demonstrou aumento de escórias

nitrogenadas, evoluindo o paciente com necessidade dialítica. A sedimentoscopia urinária

demonstrou 25 leucócitos/campo, 15 hemácias/campo, cilindros granulosos e hialinos;

proteinúria de 24h: 212 mg. Urinocultura negativa. Sorologias virais e FAN (Fator antinuclear)

negativos. Realizado biópsia renal que demonstrou maciça deposição de pigmento

hemossiderótico em células tubulares, discreto grau de edema e fibrose intersticial e

alterações degenerativas tubulares. Paciente evolui com recuperação da função renal,

permanecendo em uso de prednisona, ácido fólico, sulfato ferroso e acompanhamento

com a Nefrologia e Hematologia. CONCLUSÃO: A Hemoglobinúria Paroxística Noturna é

uma doença crônica com alta morbidade e mortalidade. Progressão para anemia aplásica,

mielodisplasia e leucemia aguda também podem ocorrer. A HPN pode levar a duas formas

de disfunção renal. Primeiro, uma forma aguda, espontânea ou precipitada por transfusão

sanguínea, com hemoglobinúria maciça causando insuficiência renal aguda. Segundo, uma

forma crônica, onde a hemólise crônica leva a um depósito de ferro nos túbulos renais. O

excesso de ferro pode ser visualizado por imagens na ressonância e, em alguns casos, por

detectores de metal em aeroportos. O depósito de ferro pode levar à disfunção do túbulo

proximal e a hemossiderose pode levar à insuficiência renal crônica.

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18. GRAU DE IMPORTÂNCIA DA APARÊNCIA PESSOAL E ATITUDE DOS MÉDICOS NO

ATENDIMENTO HOSPITALAR EAMBULATORIAL PELOS PACIENTES

MONTEIRO,30 Bianca Macedo, BARBOSA,31 Adriana Cristina Soares, MEDEIROS,2 Leonardo Junio da Silva, LIMA,2 Thaiza Maria Oliveira da Câmara, CUNHA,2 Keite Ivi Moura da, AMARAL,2 Aline Oliveira do

INTRODUÇÃO: A relação médico-paciente é estabelecida no primeiro atendimento e,

muitas vezes, pode sofrer interferências por conta da aparência e atitude do médico diante

do paciente. Como parte da sociedade, nossos costumes culturais são manifestados no

cotidiano interferindo nessa relação de forma suficiente ou não satisfatória. OBJETIVOS:

Conhecer a opinião dos pacientes sobre a aparência e atitude médicas caracterizadoras

das interferências desfavoráveis na relação médico-paciente. Além disso, permitir aos

discentes futuramente, como médicos, melhor conduzir o atendimento, estabelecendo

adequada relação médico-paciente. MÉTODOS: Aplicou-se um questionário a cem pacientes

do Hospital Universitário Getúlio Vargas e do Ambulatório Araújo Lima, de ambos sexos

e com idade de 15 a 72 anos. Constavam no questionário questões diversas sobre formas

de aparência e atitudes do médico: profissionais com ou sem jaleco, com jaleco sujo ou

amassado, uso de gravata, maquiagem, decote, saia, cabelo solto ou preso, compridos ou

mal cortados, piercing e tatuagens, utilização de palavrões, uso de eletrônicos durante o

atendimento, mal-humorados e que não sorriem. Foi atribuído a cada item três opções:

indiferente, aceitável e inaceitável. RESULTADOS: As características que mais interferem

negativamente foram: médicos sem jaleco 60%, com jaleco sujo ou amassado 87%, com

decote ou saia 59%, barba por fazer 52%, com piercing 61%, cabelos compridos ou mal

cortados 62%, faz piadinhas 55%, fala palavrões 96%, sisudo 71%, autoritário 70%, que usa

notebook durante a consulta 66%, que fala ao telefone durante o atendimento 83% e mal-

humorado 93%. As condutas mais aceitas foram: cabelos presos 78%, com maquiagem 71%

e sem gravata 64%. CONCLUSÃO: Condutas como o uso de jaleco limpo e cabelos presos

demonstraram ser desejáveis e atitudes como falar palavrões ou falar ao telefone durante

30 Autora.31 Coautora.

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o atendimento e estar com mau humor inaceitáveis. O estabelecimento da confiança na

relação médico-paciente é imprescindível para o atendimento restabelecer o paciente,

devendo o aluno ter desde já conduta apropriada para a profissão médica.

19. ANÁLISE DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA ACERCA DO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA

ALMEIDA,32 Rosemary Alves de, ELAMIDE,1 Bruno Corrêa, TUPINAMBÁ,1 Luís Felipe, OLIVEIRA,1 Michele Cristina Lima de, PRIANTE,1 Felipe Carvalho, PEREIRA,1 Renata Escher

INTRODUÇÃO: O conceito de morte encefálica (ME) parece estar bem estabelecido na maior

parte dos países do mundo. Estudos indicam maior correlação positiva quanto à doação

de órgãos entre populações devidamente esclarecidas quanto a conceitos diagnósticos de

cessação da vida. Desse modo, estudantes de Medicina apresentam papel de destaque

nesse contexto, considerando-os como futuros profissionais da saúde. OBJETIVO: Avaliar o

conhecimento de estudantes de Medicina acerca do protocolo diagnóstico de ME (Resolução

n.º 1.480/97, do CFM). MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte transversal na

Universidade Federal do Amazonas, com o intuito de avaliar o conhecimento dos estudantes

de Medicina acerca do protocolo de ME. Os indivíduos participantes da pesquisa foram

randomizados a partir do número de acadêmicos matriculados do sexto ao décimo segundo

períodos do referido curso no semestre 2009-1, sendo um total de 120 indivíduos pré-

selecionados. A participação no estudo se deu por meio de preenchimento de questionário

fechado padronizado e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os

resultados foram analisados por meio do software Epi-info e expressos em porcentagem.

RESULTADOS: Participaram da pesquisa 112 alunos, sendo 58% do sexo feminino e 42%

do sexo masculino. Quando questionados quanto à realização dos testes propedêuticos

a serem realizados para confirmação do diagnóstico de ME, 68,7% consideram pupilas

arreativas, 78,5% coma aperceptivo, 62,5% reflexo córneo-palpebral, 77,6% reflexo óculo-

32 Alunos da Graduação em Medicina da Ufam.

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cefálico, 53,5% reflexo da tosse e 89,2% apneia. Quanto aos exames diagnósticos a serem

realizados para confirmação de ME, 57,1% correlacionaram positivamente à realização de

arteriografia, 82,1% eletroencefalograma e 43,5% Doppler trasncraniano. Foi questionada,

ainda, a segurança com a qual o indivíduo realizaria o diagnóstico de ME: 32,1% relataram

não apresentar segurança e 23,2% pouca segurança. CONCLUSÕES: O atual conhecimento

dos estudantes de Medicina relacionado a conceitos diagnósticos de ME é limitado,

necessitando, assim, de maior abordagem teórico-prática relacionada ao tema.

20. ESTUDO DO PERFIL SOCIOECONÔMICO E ASPECTOS DO PRÉ-NATAL DE PACIENTES

ATENDIDAS EM MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL

BACELAR33, Bruno Rainer Borges, SALES,1 Drielle Nogueira, COSTA,1 Elmo Pontes da, MENEZES JÚNIOR,1 Carlos Alberto Morais, CARVALHO,1 Otávio Augusto Oliveira de, OLIVEIRA,1 Luana Araújo de, DIAS,1 Nayara de Alencar, CRUZ,1 Clarissa Santana, CARMINÉ,1 Tainan Monteconrado

INTRODUÇÃO: A Ana Braga é a maior maternidade pública do Amazonas realizando 800

partos/mês sendo referência em Manaus para atendimento de gravidez de alto risco. A

maternidade registra a maior demanda da capital sendo os serviços de partos, tratamentos

clínicos e procedimentos como curetagem os mais solicitados. O reconhecimento do

perfil socioeconômico aliado a aspectos do pré-natal da população atendida permite por

meio da detecção de focos prioritários a formulação de ações que condicionem melhoria

da qualidade dos serviços prestados pela maternidade. OBJETIVOS: Traçar o perfil

socioeconômico e avaliar aspectos do pré-natal de mulheres atendidas na Maternidade

Ana Braga. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal com aplicação de questionário

contendo 35 perguntas. A amostra conta com 307 mulheres grávidas ou puérperas atendidas

na maternidade, seja para consulta médica, recebimentos de exames de rotina ou trabalho

de parto. Foram excluídas do estudo pacientes que não poderiam responder às perguntas,

33 Autor, acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM.Contato: e-mail: [email protected]

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uma vez que não tinham vivenciado o acontecimento da indagação. Utilizou-se o método

de tabulação de banco de dados, cálculo de frequências e construção de gráficos e tabelas

para análise dos dados. RESULTADOS: A maior faixa etária encontrada foi entre 20 a 29

anos (56%), seguida de 13 a 19 anos (27%), 16% com idade entre 30 e 39 anos e 1% entre

40 e 49 anos. Das 307 pacientes, 260 (84,7%) eram do Amazonas, 9,7% do Pará, 2% do

Maranhão, 1,3% do Ceará e 1% de Roraima. Cerca de 40% das mulheres são donas de casa,

26% são estudantes, 15% autônomas, 10% desempregadas. Quanto à escolaridade, a grande

maioria era com nível médio completo 106 (34%), 104 (34%) com fundamental incompleto,

94 (31%) com fundamental completo. Apenas 1% tinha o nível superior completo. Perto de

65% afirmaram residir em outro bairro que não o São José I. A quantidade de pacientes

provenientes de outros municípios do Amazonas foi de 13,5%. Das atendidas, 21% residem

no mesmo bairro da maternidade. Setenta e três por cento procuraram o serviço por

decisão própria, 26% chegaram à maternidade por meio de encaminhamento médico e 1%

foi encaminhado por algum outro motivo. Oitenta por cento pretendiam a realização de

atendimento de urgência/emergência, principalmente relacionado ao trabalho de parto.

O segundo serviço mais procurado é o de consultas médicas especializadas (8%). Setenta

e seis por cento tinham intenção em continuar o acompanhamento da sua condição de

saúde. Das entrevistadas, 49,5% realizaram pré-natal de forma insuficiente. Quanto ao

início da realização do pré-natal, 51,5% iniciaram no primeiro trimestre de gravidez, 35,5%

no segundo semestre e 8% não realizaram pré-natal. O local de escolha para a realização

do pré-natal foram as Unidades Básicas de Saúde, seguido de hospitais secundários (9%) e

rede privada com (7%). CONCLUSÃO: A maternidade é uma instituição que atende grande

demanda dos partos da cidade, atendendo inclusive a de municípios do Amazonas e de

outros Estados. A grande maioria dos que chegam à maternidade visa o atendimento de

urgência/emergência. Muitas pacientes não realizam pré-natal, o que pode despertar

campanhas que visem à conscientização sobre o tema.

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21. ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE EM ACADÊMICOS DE MEDICINA:UMA REALIDADE NA UFAM?

MEDEIROS,34 Leonarto Junio da Silva, OLIVEIRA,1 Seiarameri Lana Viola, PEREIRA,1 Vinicius Leon, MARON,1 Suzi Marla Carvalho, AMARAL,1 Aline Oliveira do, OLIVEIRA,1 Talita Souza de

INTRODUÇÃO: A especialização precoce é uma opção por uma especialidade durante ou

mesmo antes da graduação, que restringe a formação holística do médico. As diretrizes

curriculares estabelecidas pelo Ministério da Educação e Cultura preveem que o médico deve

ter uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva na graduação. A especialização

precoce prejudica tal formação médica e verifica-se que esse processo tem se disseminado

entre os alunos de Medicina. OBJETIVOS: Analisar e discutir a presença da especialização

precoce entre os acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e o seu

impacto na formação médica. MÉTODOS: Foi aplicado questionário semiestruturado em

137 acadêmicos de Medicina do primeiro ao terceiro anos, contendo 11 questões que

abrangiam aspectos quanto à escolha da residência, influência familiar e participação em

ligas acadêmicas. Os dados foram avaliados no programa Microsoft® Excel por meio de

análise cruzada das informações obtidas. RESULTADOS: A pesquisa evidenciou que 98% dos

acadêmicos pretendem cursar residência médica e que já na primeira metade do curso

38% escolheram uma especialidade ou estão em dúvida entre duas ou três especialidades.

Daqueles que já optaram por uma especialidade (18% do total): 59% o fizeram antes

mesmo de ingressar na Universidade, 21% sofreram algum tipo de influência familiar, 33%

já deixaram de participar de alguns eventos científicos (congressos, workshops, cursos)

porque não eram da área médica visada, 42% dos acadêmicos do 3.º ano não se dedicaram

a nenhuma matéria ou módulo por pensar não ser importante na área que pretende seguir.

Quanto às ligas acadêmicas, a maioria (86%) as considera ser uma forma de incentivo à

especialização precoce, sendo que 26% dos acadêmicos questionados são ligantes. Entre

aqueles que não escolheram uma especialidade, a metade (51%) não pretende escolhê-la

ao término do curso quando se espera que possuirá conhecimento prático de todas as áreas.

34 Acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e integrantes do Programa de Educação Tutorial.Contato: e-mail: [email protected]

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O próprio meio científico desvaloriza o médico generalista e também no meio educacional

médico, professores inadvertidamente estimulam a escolha precoce. O treinamento dos

graduandos não deve ocorrer apenas em hospitais universitários de alta complexidade,

comprometendo assim a formação médica generalista ideal. Esta se concretizaria

expandindo a atuação prática para postos de saúde e comunidades. Além disso, hospitais

como o Hospital Universitário Getúlio Vargas, que deveriam ser voltados à graduação

com procedimentos gerais, precisam realizar procedimentos de alta complexidade para

se manter e assim também dão sua contribuição para esse direcionamento precoce dos

acadêmicos. CONCLUSÃO: A ocorrência da especialização precoce na primeira metade do

curso de Medicina da Ufam é frequente e pode prejudicar a formação médica generalista.

Logo, medidas educacionais devem ser implementadas para reverter essa situação e é

necessária a inserção dos acadêmicos em ambientes e situações compatíveis com uma

formação conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em

Medicina.

22. CLASSIFICAÇÃO DA CLIENTELA INTERNADA NA UNIDADE CLÍNICA MÉDICA:

PRIMEIRO PASSO PARA O DIMENSIONAMENTODA EQUIPE DE ENFERMAGEM

BENEVIDES,35 Zeivânia Amud, BECKER,36 Sandra Greice, PENHA,37 Anderson da Paz

INTRODUÇÃO: Dimensionar adequadamente a equipe de Enfermagem se torna

imprescindível para evitar problemas ocupacionais (estresse psíquico, físico e iatrogenias),

além de contemplar às exigências do cuidado de Enfermagem, partindo da visão do respeito

ao próximo, valorizando um cuidado humanizado e digno aos nossos clientes. OBJETIVO:

35 Professora assistente da Universidade Federal do Amazonas. orientadora de Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Líder do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Enfermagem e Saúde – Nipes/EEM/Ufam/CNPq. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.36 Enfermeira. Ex-bolsista de Iniciação Científica Pibic/Ufam/Fapeam, membro do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Enfermagem e Saúde – Nipes/EEM/Ufam.37 Colaborador. Acadêmico de Medicina da Ufam. Membro discente do Nipes/EEM/Ufam.Contato: e-mail: [email protected]

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Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, empregando os recursos técnicos de

abordagem quantitativa. Realizada no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus-

AM, teve como objetivo classificar pacientes internados no Serviço de Clínica Médica,

de acordo com o seu grau de dependência dos cuidados de enfermagem, a partir da

Escala de Perroca, o qual apresenta 13 indicadores críticos relacionados às necessidades

individualizadas de assistência ao paciente, classificando o cuidado de enfermagem em 5

categorias: mínimos, intermediários, semi-intensivos, intensivos ou total. RESULTADOS:

No período de 22/12/2005 a 26/3/2006, foram realizadas 984 avaliações, numa unidade

de 40 leitos. Por meio do software Epi-info, obteve-se como resultado: 63% dos pacientes

classificados como necessitando de cuidados mínimos, 36% cuidados intermediários

e 1% cuidados semi-intensivos. CONCLUSÃO: A Escala de Perroca é um instrumento de

classificação de pacientes que apresenta confiabilidade para ser utilizado na prática

gerencial do enfermeiro como instrumento diagnóstico de categoria de cuidado a que o

paciente pertence, bem como da carga de trabalho da equipe de enfermagem.

PALAVRAS-CHAVE: Classificação; Dimensionamento; Cuidado de Enfermagem.

23. DETECÇÃO DE REAÇÃO ADVERSA À CEFALOTINA POR MEIO DA

FARMACOVIGILÂNCIA: RELATO DE CASO

ARAÚJO,38 Maria Elizete, BEZERRA,39 Nádia Maria S., BORGES,40 Kelly Patrícia, COSTA,2 Herbert Theury Souza da; CRUZ,2 Ana Patrícia Inácio da; MAGALHÃES,41 Mary Joyce T. L, PENHA,42 Anderson da Paz

INTRODUÇÃO: A cefalotina é uma cefalosporina de primeira geração amplamente utilizada

em âmbito hospitalar, tanto para tratamento clínico quanto para profilaxia cirúrgica,

que age de forma a inibir a síntese da membrana celular de bactérias Gram positivas.

38 Farmacêutica. Gerente de Risco Sanitário Hospitalar do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Avenida Apurinã, 4 – Praça 14 de Janeiro – CEP: 69020-170 – Manaus/AM.39 Acadêmico de Farmácia da Ufam. Bolsista da GRSH/HUGV.40 Acadêmico de Enfermagem da Ufam. Bolsista da GRSH/HUGV.41 Acadêmica de Farmácia e Bioquímica da Ufam.42 Acadêmico de Medicina da Ufam.Contato: (92) 3305-4741/ [email protected]

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Dentre as principais reações adversas já relatadas desse agente antimicrobiano, estão as

reações de hipersensibilidade, incluindo rash cutâneo, tromboflebite, eosinofilia, febre,

anafilaxia, náuseas, disfunção renal e a ocorrência de sangramento por hipotrombinemia.

O serviço de farmacovigilância auxilia na prevenção e detecção dessas reações. OBJETIVO:

Relatar a ocorrência de um caso de reação adversa pelo uso de cefalotina no Hospital

Universitário Getúlio Vargas (HUGV) demonstrando a importância da farmacovigilância

na identificação desta. MÉTODOS: Acompanhamento do Serviço de Farmacovigilância por

busca ativa realizada pela Gerência de Risco Sanitário Hospitalar do HUGV. Foi utilizado

formulário semiestruturado preconizado pela Anvisa para investigação e notificação da

suspeita de Reações Adversas a Medicamentos, bem como o Algoritmo de Naranjo para

sua classificação. RESULTADOS: Acompanhamento da paciente A.P.C.G., sexo feminino,

19 anos, vítima de acidente automobilístico, encaminhada do Pronto-Socorro 28 de

Agosto para o HUGV em 31/8/2008, com diagnóstico principal de múltiplas fraturas em

membros inferiores. No primeiro dia da internação foi iniciada antibioticoterapia com

cefalotina 2 g IV de 6/6h e no oitavo dia de tratamento a paciente relatou mal-estar geral,

náuseas e um episódio emético. No nono dia, a paciente realizou cirurgia para reparo

das fraturas. No dia 25/9/2008, após 21 dias de uso de cefalotina sódica (2 g, EV, 6/6

horas), apresentou hipersensibilidade, febre, prurido e sangramento gengival. A reação

adversa foi evidenciada pela equipe médica, que suspendeu a cefalotina. A Gerência

de Riscos Sanitários Hospitalar do HUGV confirmou a reação e classificou-a como grave

por meio da busca ativa com coleta de dados no prontuário médico e entrevista com

a paciente. Essa intervenção contribuiu no procedimento das terapêuticas posteriores

resultando na melhora do quadro clínico da paciente e alta hospitalar, sem queixas, no

dia 8/11/2008. CONCLUSÕES: Com a realização da busca ativa no prontuário e entrevista

com a paciente, foi possível identificar maiores parâmetros referentes a suspeita da

reação. Assim, a par das informações necessárias, pôde-se estabelecer a correlação do

aparecimento de complicações e reações adversas com o uso do medicamento, resultando

em um acompanhamento mais atencioso da terapia medicamentosa e auxiliando na troca

ou suspensão de medicamentos potencialmente prejudiciais.

PALAVRAS-CHAVE: Farmacovigilância; Cefalotina; Reação Adversa a Medicamento.

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REFERÊNCIAS

WALTER, T., Manual de Antibióticos e Quimioterápicos Anti-infecciosos. 3. ed. São Paulo:

Editora Atheneu, 2001.

KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica & Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;

2009. p. 663-7.

SEWEETMAN, S. C. Martindale. Guia Completa de Consulta Farmacoterapêutica. 1. edição.

Barcelona: PharmaEditores, 2003.

24. RE-SIMPATECTOMIA PARA TRATAMENTO DE RECIDIVA DE HIPERIDROSE – RELATO DE

TRÊS CASOS

WESTPHAL,43 Fernando, LIMA,1 Luís Carlos, LIMA NETTO,1 José Corrêa, SILVA,1 Iuri Costa, VALÉRIO,1 Adriana, ANDRADE,44 Thiago, BACELAR,2 Bruno Rainer Borges, WESTPHAL,2 Danielle Cristine

INTRODUÇÃO: A Simpatectomia videotoracoscópica constitui hoje no tratamento cirúrgico

para a hiperidrose facial, palmar e axilar, com um alto grau de satisfação pós-operatório.

Apesar de ser amplamente utilizada para esse fim em vários serviços de cirurgia torácica,

é passível de complicações pós-operatórias que incluem a sudorese compensatória,

pneumotórax residual, hemotórax, dor e recidiva dos sintomas. A recidiva da sudorese é

uma complicação mais rara, com relatos de acometer até 6% dos pacientes submetidos à

cirurgia. OBJETIVO: Relatar três casos de pacientes submetidos à re-simpatectomia por

conta da recidiva da hiperidrose após tratamento cirúrgico. MÉTODOS: Estudo retrospectivo

de 204 pacientes submetidos à simpatectomia bilateral por videotoracoscopia e três casos

de re-simpatectomia. RESULTADOS: Foram analisados 204 pacientes, com média de idade

de 26 anos, e 78% do sexo feminino. Em 3 casos após a recidiva da hiperidrose, os pacientes

foram submetidos à re-simpatectomia, em todos os casos após a primeira cirurgia houve

43 Hospital Universitário Getúlio Vargas.44 Universidade Federal do Amazonas.

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melhora da hiperidrose. Apresentaram recidiva dos sintomas em média após 3,6 meses.

Todos tiveram a recidiva da hiperidrose na axila, sendo que um caso esta foi bilateral.

Um paciente foi submetido à re-simpatectomia bilateral e dois à unilateral, nos 3 casos os

pacientes apresentavam aderências pleurais, em dois casos a cadeia simpática se apresentava

ressecada parcialmente em nível de T3, sendo realizado a clipagem desse cadeia; em um

caso não se verificou a causa da recidiva sendo realizada então a simpaticotomia por ablação

em nível de T2 e T5. CONCLUSÃO: A recidiva da hiperidrose se apresenta geralmente de 3

a 6 meses após a primeira cirurgia e na maioria dos casos se deve a uma cadeia simpática

parcialmente íntegra. A re-simpatectomia deve ser indicada nesses casos sendo que esta

apresenta um maior número de complicações, por causa das aderências pleuropulmonares

e em nossos casos uma sudorese compensatória mais intensa.

PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose, Tratamento Cirúrgico, Simpatectomia.

25. QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO

DO MIOCÁRDIO POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO, QUE REALIZARAM PRÉ-

OPERATÓRIO E QUE NÃO REALIZARAM PRÉ-OPERATÓRIO DE FISIOTERAPIA

MALEZAN,45 William Rafael, BAHIA,46 Bárbara Lira, MENDONÇA,2 Débora, BARBOSA,2 Helena Nogueira, LOPES,2 Kamilly Eduarda Frazão, ROCHA,2 Patrícia Maria do Nascimento

INTRODUÇÃO: A qualidade de vida na expectativa de manter a longevidade torna-se cada

vez mais almejada por aqueles que irão se submeter à cirurgia de revascularização do

miocárdio, Tendo em vista que o infarto agudo do miocárdio vem acompanhado de alto

índice de morbidade e mortalidade, sendo considerada a principal causa de morte nos

países industrializados, pois geralmente acomete o indivíduo em sua fase de vida mais

produtiva, podendo levar a grandes comprometimentos psicossociais e econômicos. Sendo

45 Professor do Centro Universitário do Norte – Uninorte, Manaus, AM – [email protected] Acadêmica do Uninorte – [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected].

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assim, a fisioterapia aplicada no pré-operatório de cirurgia proporciona a esses pacientes

uma recuperação significativa, propiciado uma melhor qualidade de vida e a manutenção

das suas atividades de vida diária. OBJETIVOS: Demonstrar que, com a realização do

pré-operatório de fisioterapia, o paciente terá melhor qualidade de vida. Ressaltar a

necessidade da aplicabilidade da fisioterapia no pré-operatório da revascularização do

miocárdio. MÉTODOS: Neste trabalho, foi realizada a revisão bibliográfica da qualidade

de vida em pacientes que realizaram e os que não realizaram o pré-operatório em

fisioterapia em cirurgia de revascularização do miocárdio em portais de busca como Scielo

e PubMed, com termos descritores de qualidade de vida. Revascularização do miocárdio e

fisioterapia. RESULTADOS: Observou-se em 18 (dezoito) referências que o pré-operatório

de fisioterapia em pacientes que realizaram a cirurgia de revascularização do miocárdio foi

bastante satisfatório na melhora da qualidade de vida. CONCLUSÃO: Dessa forma, sendo

o infarto agudo do miocárdio um dos grandes indicadores de sofrimento na população, a

intervenção fisioterapêutica no pré-operatório é de inevitável importância, pois com ela

iremos proporcionar uma melhora na qualidade de vida do paciente demonstrando assim a

fundamental importância de um tratamento específico, analisando, por fim, um resultado

comparativo com o paciente que não teve acesso à fisioterapia pré-operatória.

PALAVRAS – CHAVE: Qualidade de Vida, Fisioterapia, Revascularização do Miocárdio.

26. AMILOIDOSE SISTÊMICA PRIMÁRIA:RELATO DE CASO E CONSIDERAÇÕES

PETRUCCELLI,47 Karla, WESTPHAL,48 Danielle Cristine, SILVA,2 Ana Carolina Santos

INTRODUÇÃO: Amiloidose constitui um grupo heterogêneo de doenças resultantes de uma

sequência de alterações no desdobramento de proteínas, que induz o depósito de fibrilas

amiloides insolúveis, principalmente nos espaços extracelulares de órgãos e tecidos,

como coração, fígado e rins. Na amiloidose primária, os locais típicos de acúmulo de

amiloide são o coração, a pele, a língua, a tireoide, os intestinos, o fígado, os rins e os

47 Autor, nefrologista.48 Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas.

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vasos sanguíneos. Esse acúmulo pode acarretar insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas,

dificuldade respiratória, espessamento da língua, hipoatividade da tireoide, má absorção

dos alimentos, ocasionando inclusive diarreia crônica, insuficiência hepática, insuficiência

renal e equimoses faciais ou outros sangramentos anormais decorrentes do efeito

do amiloide sobre a coagulação sanguínea. OBJETIVO: Relatar um caso de amiloidose

sistêmica primária baseado em evidência científica. RELATO DE CASO: J.T.D., 65 anos, sexo

masculino, hiperuricêmico há aproximadamente quinze anos, em uso de beta-bloqueador

desde os vinte e cinco anos de idade, procurou o Serviço de Nefrologia apresentando na

ocasião ureia e creatinina discretamente elevadas, albuminúria e eletroforese normal.

Passados dois anos, paciente retornou ao serviço apresentando alterações na ureia,

creatinina e proteinúria, e relatando quadro diarreico crônico sem causa conhecida.

À ultrassonografia foi constatada redução da espessura cortical renal e observou-se no

ecocardiograma hipertrofia ventricular esquerda moderada (292 g). Foi iniciada pesquisa

etiológica da insuficiência renal crônica e após dois meses ocorreu agudização do quadro

geral, manifesto por hipotensão severa e importante edema de membros superiores e

inferiores, optando-se pela internação na unidade de medicina intensiva que teve duração

final de dez dias. O ecocardiograma realizado nessa ocasião apontou discreto derrame

pericárdico. A evolução do paciente foi favorável e este obteve alta após dez dias. A

eletroforese de proteínas demonstrou altas dosagens de alfa 1 globulina e alfa 2 globulina

e, predominantemente, beta 2-microglobulina, confirmando o diagnóstico de amiloidose

primária sistêmica. Realizou-se biópsia de medula óssea com laudo de hipoplasia leve

de medula e atrofia serosa gordurosa também compatível com amiloidose sistêmica.

Durante sessão de hemodiálise, o paciente apresentou hipotensão severa não responsiva à

reposição volêmica em decorrência de choque cardiogênico. Na ecocardiografia observou-

se hipertrofia ventricular esquerda importante (345 g) e disfunção diastólica de VE associado

a discreto derrame pericárdico e pleural. Não houve resposta à terapêutica adotada

culminando em óbito após vinte e um dias de internação. CONCLUSÃO: Amiloidose sistêmica

é muitas vezes uma doença inevitavelmente progressiva e incurável, sendo a maioria das

mortes relacionadas a complicações cardíacas e renais. O tratamento dos pacientes com

amiloidose sistêmica é insatisfatório e o prognóstico reservado, apresentando sobrevida

média de 20 meses. Terapias mais eficazes são necessárias para o manejo dessa doença.

PALAVRAS-CHAVE: Amiloidose, Depósito, Proteína Amiloide.

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27. CORREÇÃO DE LESÃO TRAUMÁTICA AGUDA DA AORTA TORÁCICA

POR STENT: RELATO DE CASO

LIMA,49 Luiz Carlos de, AVELAR,50 Silas Fernandes, WESTPHAL,1 Fernando Luiz, SANTOS,2 Fausto Vieira dos, SOEIRO,2 Álvaro Bernardo, PERDOMO,2 Javier Cruz; LIMA,1 Ingrid Loureiro de Queiroz; WESTPHAL,1 Danielle Cristina, MELO,1 Naira, CARVALHO,1 Bruna Cecília, PADILLA,1 Rodrigo

INTRODUÇÃO: Lesão da aorta torácica por trauma contuso constitui verdadeiro desafio

para cirurgiões, visto a dificuldade de diagnóstico por conta da ausência de exames

complementares adequados em muitos Serviços de Emergência. Outro importante aspecto

é o fato de que lesões podem ocorrer até trinta dias após o trauma, sendo necessário,

portanto, alto grau de suspeição para seu correto diagnóstico, além de que, frequentemente,

não há sinais ou sintomas característicos em paciente com trauma fechado do tórax que

indiquem a presença de rotura da aorta torácica. Lesões traumáticas na aorta torácica,

ainda que com tratamento adequado, possuem alta morbidade e uma mortalidade de 15

a 28%. O tratamento endovascular por meio do uso de stents é uma técnica relativamente

nova, que tem demonstrado grande vantagem sobre as demais, além de segura e com

bons resultados quando bem indicada. OBJETIVO: Relatar um caso do uso de stent para

tratamento de lesão traumática aguda da aorta torácica. METODOLOGIA: Relato de caso.

RELATO DE CASO: Paciente J.P.C., 55 anos, sexo feminino, sofreu traumatismo de tórax

e evoluiu com dor no tórax e no abdome superior acompanhado de dispneia. O estudo

radiológico do tórax mostrou áreas de hipotransparência em lobo superior esquerdo com

discreto alargamento mediastinal. Foi realizada ultrassonografia abdominal a qual mostrou

áreas de hematoma hepático. A angiotomografia do tórax revelou área de hematoma

periaórtico logo abaixo da artéria subclávia esquerda. Havia também sinais de lesão da

íntima. A paciente foi submetida a implante de stent em aorta descendente. A tomografia

de controle antes da alta hospitalar mostrou resultado satisfatório, com cobertura total

da lesão e sem sinais de vazamento. CONCLUSÃO: O tratamento endovascular de lesões

traumáticas arteriais tem se desenvolvido com novos tipos de endoprótese autoexpansível

49 Ufam.50 Hospital Português Beneficente de Manaus.

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(stents) que permitem a sua colocação por técnicas minimamente invasivas diminuindo

substancialmente a resposta inflamatória ao trauma, além de permitir um menor tempo

de internação ao paciente.

PALAVRAS-CHAVE: Aorta Lesões, Aorta Cirurgia, Trauma.

28. COMPLICAÇÕES TORÁCICAS DE SONDA DE DOBB-HOFF. RELATO DE CINCO CASOS

WESTPHAL,51 Fernando Luiz, LIMA,52 Luiz Carlos de, NETTO,1 José Corrêa Lima, WESTPHAL,1 Danielle, LIMA,1 Ingrid, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo

INTRODUÇÃO: Um grande problema de pacientes crônicos em terapia intensiva é o

suporte nutricional enteral por meio de sondagem, pois consiste em procedimento que

na maioria das vezes é eficiente, porém sendo possível ocorrerem complicações que vão

desde pequenas lacerações esofágicas, sangramentos, até perfurações. OBJETIVO: Relato

de cinco casos de complicações torácicas por sonda de nutrição enteral. METODOLOGIA:

Estudo retrospectivo, realizado no período de 1997 a 2008, em pacientes com complicações

torácicas decorrentes da introdução de sonda para alimentação enteral. RESULTADOS: A

idade média dos pacientes foi de 74 anos, sendo dois do sexo feminino e três do sexo

masculino. Dois pacientes encontravam-se em prótese respiratória e sedados, um estava

no isolamento da UTI e dois estavam em unidade intermediária submetidos à sondagem

para a alimentação enteral para melhora do aporte calórico desses pacientes. Em todos

os pacientes houve dificuldade na sondagem, sendo essa manobra tentada por mais de

uma pessoa em mais de uma ocasião. O diagnóstico da lesão foi em média 24 horas após

a introdução da sonda. No tratamento desses pacientes houve cinco tipos de abordagens

e foram levados em consideração nessa abordagem o tipo de complicação e as condições

clínicas deles: pleuroscopia com desbridamento da cavidade e drenagem torácica, exclusão

esofágica e abdominal com drenagem de tórax, exclusão esofágica cervical e abdominal

com toracotomia com desbridamento pleural, somente drenagem pleural e broncospia

51 Hospital Universitário Getúlio Vargas52 Ufam.

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com lavado. Os pacientes com lesão pleural ou esofágica evoluíram para o óbito em 48

horas quando não foram submetidos à toracotomia com desbridamento e o paciente que

apresentou pneumonia aspirativa por conta da introdução de alimentação enteral no pulmão

evoluiu com sepse grave. CONCLUSÃO: Os pacientes em prótese respiratória, sedados ou

com comprometimento do sensório são mais passíveis de apresentarem complicações,

visto a dificuldade e a ausência de reflexo ou dor durante a sondagem.

PALAVRAS-CHAVE: Esôfago/Lesões; Ferimentos e Lesões; Perfuração Esofágica.

29. DESPIGMENTAÇÃO DA PELE – UMA NOVACOMPLICAÇÃO DA SIMPATECTOMIA?

WESTPHAL,53 Fernando Luiz; FERREIRA,54 Luiz Carlos de Lima; LIMA NETTO,2 José Correa, SILVA,55 Márcia dos Santos da, BALLUT,56 Priscila Cavalcanti, WESTPHAL,3 Danielle Cristine, LIMA,3 Ingrid Loureiro, CARVALHO,57 Diogo Monteiro de, CARVALHO,3 Bruna Cecília Neves de

INTRODUÇÃO: A hiperidrose primária é um distúrbio idiopático, caracterizado pela

sudorese excessiva e incontrolável em determinadas regiões do corpo. Sua incidência varia

de 0,3 a 4,5%. O manejo clínico é difícil e nem sempre eficaz. O tratamento definitivo é

obtido cirurgicamente por meio da simpatectomia torácica por videotoracoscopia. Apesar

da grande eficácia e baixa morbidade, a técnica não está isenta de complicações e a

sudorese compensatória é o principal inconveniente descrito. OBJETIVO: Descrever dois

casos de discromia localizada em região superior do tórax em pacientes submetidos à

simpatectomia torácica por videotoracoscopia para tratamento de hiperidrose. RELATO

DO CASO: Os pacientes, ambos do sexo masculino, com idade média de 29,5 anos,

foram submetidos à simpatectomia torácica, o primeiro por clipagem em T3 e T4 para

tratamento de hiperidrose palmar e axilar, e o segundo por ablação de T2, T3 e T4

para tratamento de hiperidrose craniofacial, axilar e palmar. A evolução pós-operatória

foi excelente com regressão dos sintomas de hiperidrose. Entretanto, após cerca de 8

53 UEA/Ufam/Nilton Lins.54 UEA/Nilton Lins.55 Ufam.56 Nilton Lins.57 UEA.

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meses os pacientes perceberam uma despigmentação da região correspondente à área

de anidrose, seguindo a linha do dermátomo correspondente ao bloqueio do estímulo

simpático, em toda circunferência do terço superior do tronco. A região adjacente com

inervação simpática preservada não apresentou nenhuma alteração de cor. Atualmente a

discromia encontra-se bem evidente, com piora após exposição solar. Relatam que essa

alteração determina um novo constrangimento, pois evitam ficar expostos sem roupa na

presença de outras pessoas. CONCLUSÃO: Essa alteração foi detectada em dois pacientes

de cor parda. Esse fato poderia ser explicado por duas hipóteses: a origem embrionária em

comum do melanócito e do sistema nervoso, pois ambos se originam de células da crista

neural, ou pela possível presença de contato direto entre terminações nervosas cutâneas

e melanócitos epidérmicos, por um mecanismo semelhante à sinapse nervosa. Ambas as

situações tornam possível que o estímulo à produção da melanina seja influenciada pela

interrupção do estímulo nervoso. Assim, o bloqueio na transmissão do estímulo nervoso

simpático poderia alterar a produção local de melanina.

PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose; Simpatectomia; Discromia.

30. UTILIZAÇÃO DO TUBO DE MONTGOMERY PARA TRATAMENTO DE DEISCÊNCIA DE

ANASTOMOSE ESOFAGOGÁSTRICA CERVICAL

WESTPHAL,1 F. L.; LIMA,58 L. C.; NETTO,1 J. C.; ABINADER,2 E.; VASQUES,3 V. C.

INTRODUÇÃO: A correção das fístulas consequentes a anastomoses esofagogástricas

cervicais é um desafio para o cirurgião, visto que o enxerto pode ser inutilizado no

caso de uma estenose após a deiscência da sutura. Várias técnicas têm sido descritas

para minimizar esse problema, entre elas a sutura da anastomose em dois planos, a

utilização de sutura mecânica, porém ainda se mantém um nível elevado de fístulas

no pós-operatório. Em fístulas de alto débito a utilização do tubo de Montgomery é

58 Cirurgião torácico do HUGV.2 Residente de Cirurgia Geral do HUGV.3 Acadêmico de Medicina da Ufam.

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uma opção para o seu manejo para evitar esse desfecho. OBJETIVO: Relatar um caso

de deiscência de anastomose esofagogástrica para reconstrução do trânsito intestinal.

RELATO DO CASO: Paciente masculino, portador de fenda palatina, ingeriu durante

refeição um pedaço de osso de galhinha que perfurou o esôfago torácico e induziu a um

quadro de mediastinite. O tratamento instituído foi toracotomia com desbridamento da

cavidade pleural e descompressão do mediastino e pericárdio que apresentava secreção

purulenta. Associado àquela foi submetido à esofagostomia cervical com cerclagem do

esôfago superior e abdominal, além da gastrostomia para alimentação. Após perto de

11 meses, foi submetido à reconstrução do trânsito alimentar por meio da técnica de

Graviliu retrógrado, realizado por meio de tubo confeccionado pela grande curvatura do

estômago, mantendo a vascularização pela artéria gastroepiploica direita. A transposição

do enxerto foi realizada pela região retroesternal e a sutura realizada manualmente em

dois planos com fio absorvível. No pós-operatório apresentou deiscência total da parede

anterior da anastomose esofagogástrica com uma fístula de alto débito que foi tratada com

a colocação do tubo de Montgomery. Após 12 meses o tubo foi retirado e a esofagoscopia

revelou bom trânsito alimentar pelo local da anastomose. CONCLUSÃO: Um dos grandes

problemas encontrados na cirurgia de reconstrução do trânsito esofágico é a deiscência da

anastomose, que pode determinar a perda permanente do enxerto. Nesse caso, o tubo de

Montgomery permitiu a conexão entre as duas extremidades – estômago e esôfago – sem o

desenvolvimento de estenose.

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31. O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM FRATURAS ATENDIDOS NO

PRONTO-SOCORRO28 DE AGOSTO, MANAUS-AM

ROSA,59 Gilmar Garcias, SOUSA,1 José Viana de, DOURADO,1 Roberto Campos, BENTES,1 Adria Simone Ferreira

INTRODUÇÃO: O trauma é um grave problema de saúde pública e as lesões do sistema

músculo-esquelético contribuem com 85% dos casos. No Brasil, em 2001, 120.819 mortes

estavam diretamente relacionadas ao trauma, sendo 80% desses pacientes foram atendidos

em hospital de emergência. Morrem 11/100.000 pessoas após lesões provocadas por queda

e o prognóstico desses pacientes está diretamente relacionado à qualidade da assistência

médica prestada, Na fase de envelhecimento, quedas são frequentes, influenciadas por

fatores biológicos, doenças e causas externas. OBJETIVOS: Estudar as características e

fatores ligados a gênese de fraturas em pacientes atendidos na emergência, correlacionar

características das vítimas com a etiologia das fraturas, apontar os principais mecanismos

responsáveis pela gênese das fraturas, avaliar a relação entre o tempo decorrido até o

recebimento dos primeiros atendimentos hospitalares e evolução clínica dos pacientes,

listar as complicações inerentes ao trauma. METODOLOGIA: No período de agosto de

2006 a junho de 2007, foram analisados prospectivamente pacientes com fratura única

ou polifraturado no Hospital e Pronto-Socorro Municipal 28 de Agosto, em Manaus-AM.

RESULTADOS: Avaliados 129 pacientes, entre 13 a 82 anos (média de 47,5 anos), 80 (62%)

eram masculinos. Quarenta e nove (39,98%) tiveram como fator etiológico queda da própria

altura, 23 (17,82%) acidentes com motocicletas, 19 (14,72%) em prática de esporte e

15 (11,62%) em trauma direto sem queda. O diagnóstico foi clínico e radiológico, e o

tratamento foi conservador em 80 (62,01%) e cirúrgico em 17 (13,17%). O membro superior

foi mais acometido e o rádio o mais fraturado (28,68%). A faixa etária predominante de

pacientes fraturados foi entre 21 a 30 anos (22,48%), dor esta presente em 100%, limitação

dos movimentos (86,82%), edema (69,76%) e deformidade (60,46%). CONCLUSÕES: Existe

grande relação entre a etiologia da fratura e a idade dos pacientes. Nos pacientes mais

59 HUGV.

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velhos a principal causa de fratura é queda da própria altura, nos mais jovens o trauma

esportivo. A maioria apresentava boa condição hemodinâmica. O tratamento incruento

com gesso prevalece ao cirúrgico.

PALAVRAS-CHAVE: Fraturas, Etiologia, Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto.

32. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE FRATURAS DA EXTREMIDADE DE RÁDIO DISTAL,

MANAUS-AM

ROSA,60 Gilmar Garcias, SOUSA,1 José Viana de, DOURADO,1 Roberto Campos, MAGALHÃES,1 Telmo Moreira, SOUZA,61 José Raposo da Câmara Viana de

INTRODUÇÃO: As fraturas da extremidade distal do rádio são consideradas as mais

frequentes do membro superior, representam 1/6 das fraturas tratadas na emergência,

são reconhecidas como lesões complexas de prognóstico variável que depende do grau

de comprometimento e do tipo de tratamento instituído. No Estado do Amazonas é

notória, para os que convivem no dia a dia dos prontos-socorros da capital do Estado,

a grande incidência de casos de fraturas, entretanto não há estudos estatísticos sobre

essa patologia, sua avaliação, manejo e conduta, esta última muitas vezes limitada pela

disponibilidade escassa de material de síntese presente nos prontos-socorros de Manaus.

OBJETIVOS GERAIS: Avaliação epidemiológica dos pacientes atendidos na emergência com

fratura da extremidade distal do rádio estudando as características e fatores ligados à sua

gênese, correlacionar esse tipo de fratura com o sexo e idade dos pacientes, avaliar as

condições clínicas no momento de admissão no pronto-socorro, demonstrar o tratamento

inicial estabelecido. METODOLOGIA: No período de agosto de 2006 a junho de 2007,

foram estudados prospectivamente esses pacientes que foram atendidos na emergência

do Hospital e Pronto-Socorro Municipal 28 de Agosto, em Manaus-AM. RESULTADOS: Vinte

e oito pacientes, 14 (50%) masculino, sete (25%) menores de 18 anos, 18 (64,28%) entre

18 e 60 anos, 5 (17,85%) com mais de 60 anos. Todos apresentavam dor, 24 (85,71%)

60 HUGV.61 UNL.

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limitação de movimento, 22 (78,57%) edema, 20 (71,42%) apresentava deformidade, e seis

(21,42%) crepitações. 19 (67,85%) pacientes tiveram fraturas no lado esquerdo, a queda

da própria altura foi responsável por 25 (89,28%) fraturas, oito (28,57%) eram estudantes.

Todos tiveram diagnóstico confirmado por radiografia, 23 (82,14%) receberam tratamento

definitivo com aparelho gessado, três (10,71%) receberam tratamento provisório com

calha gessa enquanto aguardava cirurgia eletiva, e dois (7,14%) foram encaminhados para

o centro cirúrgico do hospital em caráter de emergência. CONCLUSÕES: As fraturas da

extremidade distal do rádio têm como principal etiologia queda da própria altura, acomete

principalmente população economicamente ativa, pelo Sistema Único de Saúde a maioria

dos pacientes recebe tratamento inicial conservador.

PALAVRAS-CHAVE: Fraturas de Extremidade Distal do Rádio, Emergência, Manaus.

33. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DOS PACIENTES COM FRATURA PROXIMAL DO FÊMUR SUBMETIDOS OU NÃO À TRAÇÃO

TRANSESQUELÉTICA

OLIVEIRA,62 Medre Henrique Araújo de, ROSA,2 Gilmar Garcias, LIMA,2 Júlio Mário de Melo e; BENTES,2 Adria Simone Ferreira, MARTINS,2 Marcos Gassen

INTRODUÇÃO: As fraturas de fêmur proximal estão entre as mais frequentemente

encontradas pelo cirurgião ortopédico, onde são mais frequentes nas mulheres com

uma média de idade de 77 anos. O uso de tração prévia ao tratamento cirúrgico envolve

hospitalização prolongada, acarreta custos e desgaste para o paciente. Mais recentemente,

Rosen et al mostraram que essa tração não trazia benefícios para o paciente e recomendam

colocar apenas um travesseiro sob a coxa fraturada. OBJETIVOS GERAIS: Avaliar o custo-

benefício referente utilização de tração transesquelética em pacientes com fratura de

fêmur proximal. METODOLOGIA: Trabalho prospectivo, visando pacientes internados

com fraturas de fêmur proximal, serão analisadas as radiografias dos respectivos

62 UNL.2 HUGV.

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pacientes investigados com o intuito de confirmar e classificar as fraturas. As fraturas

transtrocanteriana serão classificadas pela classificação de Tronzo, utilizaremos, ainda,

a classificação de Garden para classificação das fraturas de colo femoral. Em seguida,

responderam questionário individual, o qual continha a escala de dor de EVA. A dor foi

graduada em: leve, moderada e intensa. Pacientes divididos em três grupos: Grupo I,

paciente sem tração. Grupo II, em uso de tração. Grupo III, tração retirada no hospital

onde seriam operados. Os resultados foram comparados entre os grupos. RESULTADOS:

Estudados 43 pacientes, média de idade 74,6 anos, no grupo I tivemos 16 pacientes, destes,

10 (62,5%) referindo dor de intensidade moderada, nesse grupo, 11 (68,75%) pacientes não

apresentavam nenhum coxim alinhando ou membro fraturado. No grupo II, constituído

por 12 pacientes, seis (50%) referiram dor intensa, oito (66,6%) mencionaram uma piora

na mobilidade no leito. No grupo III, formado por 15 pacientes, seis (40%) referiram dor

moderada. Nesse último grupo, nove (60%) relataram diminuição da dor após a retirada

da tração. Nesse grupo, 14 (93,3%) relataram maior praticidade no momento da higiene

pessoal depois de ter retirado a tração, e oito (53,3%) informaram melhores condições no

momento da elevação do dorso para as refeições e 11 (73,33) relataram uma melhora na

mobilidade no leito. CONCLUSÃO: A não utilização da tração transesquelética traz maior

conforto no pré-operatório para o paciente com fratura de fêmur proximal.

PALAVRAS-CHAVE: Fraturas do Quadril, Pré-Operatório, Tração Transesquelética.