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Humanidade Revista Ano 01 2010 Nº 01 IMPÉRIO EM CRISE

Revista Humanidade

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Trabalho sobre Econimia.

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HumanidadeRevista Ano 01

2010Nº 01

IMPÉRIO EM CRISE

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EM DEFESA DO IMPÉRIO

ma, que cooptou boa parte da opinião pública a acredi-tar que a preocupação com a segurança nacional e o medo de novos ataques ter-roristas depois do atentado de Onze de Setembro de 2001 sobrepunham-se aos direitos humanos e individ-uais, e que isso justificaria ações preventivas contra o intitulado “Eixo do Mal”. Para o sociólogo Júlio Gonçalves Dias, a in-dústria mídiática não quer somente o lucro, mas tam-bém mexer com os valores liberais da cultura norte americana que vem sendo postos em xeque: “A partir deste pensamento, deve-se verificar o quanto desse modelo de norte-america-no pertence à mídia. Ou seja, os interesses da mídia americana não são apenas financeiros, mas também ideológicos por se estar se tratando de tabus tocantes a cultura do país”.Se por um lado esta postura editorial permite ao espe-ctador saber como pensam os maiores veículos de in-formação do país, de outra forma, eles exercem uma força coercitiva quanto a um posicionamento nacio-nalista, não esclarecendo totalmente a verdade dos fatos. Este é outro fator incongruente da política bélica americana que busca institucionalizar sua cul-

Após dois anos de uma eleição que ficou marcada como

um fato histórico da política americana, parece haver acabado a trégua entre o presidente Barack Obama e a população, que impaciente acusa o democrata por não ter conseguido implantar as mudanças tão propaga-das em seu programa de governo, como reaquecer a economia do país abalada pela crise imobiliária Neste cenário, novamente vem à tona a questão da política internacional, principal-mente em relação aos países do Oriente Médio, que fre-quentemente vivem em es-tado de alerta a um iminente ataque. Embora tenha ten-tado, Obama não conseguiu trazer de volta as tropas americanas do Iraque, Afe-ganistão e tão pouco fechou a arbitrária prisão de Guan-tánamo em Cuba; continu-ou a disponibilizar recursos para o financiamento do combate enquanto milhões de americanos assistiam ao enfraquecimento econômi-co apresentado nos últimos anos. Tão importante quanto à atuação política na questão é o papel ativo da imprensa americana, que, de maneira geral, adotou um discurso nacionalista e não somente apoiou como partidarizou-se, de tal for-

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Agência AP

Em nome dos “valores americanos”, a mídia “yankee” acoberta a política bélica dos EUA e trava combate contra Obama

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tura e visão de mundo liberal-capitalista de grande potencia como o modelo correto a ser seguido, deixando aos outros que pensam de maneira dis-tinta o isolamento. Para o professor de Política e Ciências Sociais da Universidade Nove de Julho, José Amaral Almeida Júnior, o advento da guerra transfor-mou-se em uma verdadeira caça as bruxas ao povo is-lâmico: “Se você tem cara de muçulmano você está ferrado, o camarada vai poder te pa-rar na rua, entrar na sua casa, abrir suas correspondências e lerseus e-mails.”. José Amaral ainda faz uma análise critica a respeito da cobertura parcial dos veículos: “A imprensa foi um cabo de guerra. Ela, na verdade, foi cobrir a guerra espetacularmente como um produto de espetacularização, mostrando os heróis america-nos. O governo proibia a ima-gem de mortos entre os solda-dos. Enfim, tudo foi feito com muito cuidado e a imprensa americana reproduziu este negócio. Mas teve gente que criticou, claro. Eles não têm cem por cento de dominação sobre as pessoas”, afirma o professor. Depois de adota-rem para si uma postura de guardiões do mundo, mui-tas vezes os Estados Unidos violaram leis internacionais e foram contra organismos como a Organização das Na-ções Unidas, para que sua vontade fosse satisfeita. Para tanto, foi necessário apoios de países importantes no con-texto geopolítico como Ingla-terra, Portugal, Itália e Israel.Assim como se empenharam em travar batalhas com na-ções como o Afeganistão, que

outrora fora aliada dos america-nos contra a União Soviética na época da Guerra Fria, o mesmo empenho não se observa para in-tervir ou pacificar guerras civis e ditaduras que proliferam em países africanos, ferindo valores democráticos, dando argumen-tos a quem crê que a motivação destes conflitos foram as gen-erosas reservas de petróleo que possuíam Iraque e Afeganistão, alémdo próprio custo de recon-strução destes países que foram entregues à corporações ameri-canas, uma vez que a justificativa que dava contas sobre a existên-cia de armas químicas de destru-ição em massa nunca se con-cretizou. Coube então aos povos locais, sobreviver em condições precárias, da ajuda humanitária e sem a mínima infraestrutura para uma subsistência digna. Tanto Saddam Hussein, morto em 2006, quanto Osama Bin Laden, que ainda se esconde nas montanhas do Paquistão, e comunica-se por vídeos veicula-dos pela TV Al Jazeera, acaba-ram alçados a inimigos públicos da América, mas também aju-daram a popularizar e reeleger alguns governantes americanos como os emblemáticos casos de Rudolph Giuliani que fez de Mi-chael Bloomberg, seu sucessor na prefeitura de Nova Iorque e a própria reeleição de George W. Bush a mais quatro anos a frente da Presidên-cia dos Estados Unidos. Desta ma-neira, os EUA buscam manter sua hegemonia por meio da guerra, como aconteceu

Elton RamosDayane Souza Priscila Rosa

na Segunda Guerra Mundi-al, quando se tornou, enfim, uma potência econômica, justamente ao fornecer seus produtos para uma Europa arrasada pelo conflito. E ape-sar do mesmo efeito não ter ocorrido após a Guerra do Vietnã, considerada por al-guns como uma das piores derrotas militares - uma vez que houve uma subestimação do adversário que provocou baixas estimadas em cerca de sessenta mil combatentes - sucederam-se outros confli-tos como a Guerra da Coréia e a Guerra do Golfo, que não somente alteraram o mapa geopolítico como dividiram o mundo entre os “contra” e os “a favor”. Obviamente, o custo pago pela ascensão norte-americana se reflete no assombroso número de civís sacrificados em nome destas alianças.

José Amaral, professor de Ciências Sociais

Divulgação

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