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Revista Ibracon Concreto Edição 39

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Instituto Brasileiro do ConcretoFundado em 1972Declarado de Utilidade Pública EstadualLei 2538 de 11/11/1980Declarado de Utilidade Pública FederalDecreto 86871 de 25/01/1982

Diretor PresidentePaulo HeleneDiretor 1º Vice-PresidenteCláudio Sbrighi NetoDiretor 2º Vice-PresidenteEduardo Antonio SerranoDiretor 3º Vice-Presidente

Mário William EsperDiretor 1º SecretárioCarlos Eduardo Siqueira TangoDiretor 2º SecretárioPaulo Fernando Araújo da SilvaDiretor 1º TesoureiroAntonio Domingues FigueiredoDiretor 2º TesoureiroLaércio Amâncio de LimaDiretor TécnicoRubens Machado BittencourtDiretor de Relações InstitucionaisLuiz Rodolfo Moraes RegoDiretor de Pesquisa e DesenvolvimentoTúlio Nogueira BittencourtDiretor de PublicaçõesAna Elizabeth Paganelli GuimarãesDiretor de MarketingWagner Roberto LopesDiretor de Eventos

Paulo Roberto AmaroDiretor de CursosJuan Fernando Matías MartínDiretor de InformáticaJosé Roberto BraguimAssessor da PresidênciaAugusto Carlos de VasconcelosAssessor da PresidênciaJorge Bautlouni Neto

Revista CONCRETO

Revista Oficial do IBRACONRevista de Caráter Científico, Tecnológico eInformativo para o Setor Produtivo da Constru-ção Civil, para o Ensino e para a Pesquisa em

Concreto ISSN 1806-9673 Tiragem desta edição 5.000 exemplaresPublicação TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

Publicidade e PromoçãoArlene Regnier de Lima [email protected]

Projeto GráficoSmartConsulting

EditorFabio Luis Pedroso MTB [email protected]

Assinatura e AtendimentoMariana [email protected]

Gráfica: Ipisis Gráfica e Editora

As idéias emitidas pelos entrevistados ou emartigos assinados são de responsabilidade deseus autores e não expressam, necessariamente,a opinião do Instituto.

Copyright 2004 IBRACON. Todos os direitos de reproduçãoreservados. Esta revista e suas partes não podem serreproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma de impressão

mecânica, eletrônica, ou qualquer outra, sem o consentimentopor escrito dos autores e editores.

Comitê EditorialAna Elizabeth Guimarães, UNICAMP, BrasilAntonio Figueiredo, PCC-EPUSP, BrasilFernando Branco, IST, PortugalHugo Corres Peiretti, FHECOR, EspanhaPaulo Helene, IBRACON, BrasilPaulo Monteiro, UC BERKELEY, USAPedro Castro, CINVESTAV, MéxicoRaul Husni, UBA, ArgentinaRubens Bittencourt, FURNAS, BrasilRuy Ohtake, ARQUITETURA, BrasilTulio Bittencourt, PEF-EPUSP, BrasilVitervo O’Reilly, MICONS, CubaIBRACONAv. Prof. Almeida Prado, 532 Prédio 62,1º andar, IPT - Cidade Universitária.CEP 05508-901 - São Paulo - SP

Auditorada pelo

sumário

e mais...

3  Editorial

4 Converse com o Ibracon

6Personalidade Entrevistada. Walmor Prudêncio

10 Tecnologia do Concreto e Cidadania

12 Construção civil e controle da qualidade

22 Controle tecnológico do concreto

26 Integração da infra-estrutura latino-americana

28 Rede Brasileira de Laboratórios de ensaio

30 Reações Expansivas em Estruturas de Concreto

34 CBDB

36 Programas interlaboratoriais

40 Qualificação de empresas de projeto

46  Responsabilidade do Controle

51  Confiabilidade dos resultados

54 Compósito de carbono e concreto

60 Resposta térmica do concreto

65 Recordes da Engenharia

Foto Capa: controle daqualidade da calda de inje-ção de cabos de protensão

(CONCREMAT)

Seção Especial

Controle Tecnológico

na cadeia do

concreto

06

La industriade hormigónpremezclado

De su origenal dia de hoy

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REVISTA CONCRETO

  sta edição da Revista CONCRETO coincide com oencerramento da gestão 2003/2005 do IBRACON. Foram doisanos de profícuos trabalhos de valorização da cadeia produtiva doconcreto, compromisso desta diretoria.  O quadro associativo dobrou em número de sóciosindividuais, mantenedores e coletivos. Conseguiu-se uma verdadeiravalorização do sócio dando preferência a ele em todas as atividadese eventos. Não há mais premiados nem conferencistas, nempatrocinadores, que não sejam sócios. O quadro associativo dobrouem qualidade, em quantidade e em diversificação.

Esta revista firmou-se no contexto editorial técnico do

país, chegando a ter disputa por anúncios além de ter sua circulaçãocontrolada pelo IVC Instituto de Verificação de Circulação, queatesta o número de exemplares e seu destino nas mãos de todosos sócios e cerca de outros 3.000 profissionais. Também as duasoutras revistas científicas e eletrônicas (Materials & Structures)

 já são uma realidade ao lado do compêndio brasileiro de concretoescrito pelos 64 maiores especialistas do Brasil, sócios do IBRACONe autores do livro “CONCRETO: Ensino, Pesquisas e Realizações”.  Não foram só vitórias, alguns percalços existiram sendoo principal deles a perda da nova sede. No começo da gestão, oIBRACON mudou para uma nova e espaçosa sede, o Arq. Ruy Ohtakedoou suas horas para projetar a ocupação racional do novo espaço, aDiretoria e o Conselho aprovaram o projeto e o início das obras, masinfelizmente o destino e as prioridades do IPT não permitiram que alipermanecesse o IBRACON, contrariando os dez anos previstos emcontrato. Agora o IBRACON, novamente sem sede funcional, andaà procura de um local adequado a suas necessidades de melhoriado ambiente de trabalho e de ampliação de suas atividades.

  O IBRACON tem uma nobre missão de contribuir para odesenvolvimento do mercado de concreto com uma visão ampla,abrangente e sistêmica. Neste número, a matéria de capa estádedicada à valorização e reconhecimento do histórico, vitorioso esignificativo papel das empresas de controle tecnológico na imageme credibilidade das estruturas de concreto e do setor de construçãocivil no país.  O conceito de qualidade tem evoluído através dos anose, há pouco mais de 30 anos atrás, Tecnologia se confundia comtécnicas construtivas, Gerenciamento com caminho crítico PERT /CPM e Qualidade, Durabilidade e Sustentabilidade eram palavrasque não faziam parte do vocabulário técnico do engenheiro civil.

No fim da década de 70, foi introduzido e implantadono país o conceito de “Avaliação de Desempenho”, voltadoprincipalmente para a análise de processos construtivos inovadores.O IPT, através da Divisão de Edificações, liderou a implantação desseprograma no país, na realidade mais que um programa, tratava-sede difundir um conceito revolucionário e moderno à época.

Naquele tempo, o tema era objeto de pesquisas de pós-graduação na POLI e outros poucos centros de ensino e pesquisano país, tais como PUC/RJ e UFRGS. Hoje em dia, o assunto éamplamente conhecido e dominado pela engenharia civil mundial,existindo inclusive uma organização internacional “WFTAO WorldFederation of Technical Assessment Organization”, que congregamais de 40 instituições em 32 países, unificando critérios dedesempenho e credenciando organismos dedicados à aprovaçãotécnica de processos inovadores na construção civil.  Também, no final da década de 70, foi introduzido oconceito de “Patologia e Terapia das Construções”. Mais que umconceito, tratava-se de uma nova disciplina da engenharia civil,objeto também de dissertações e teses de mestrado e doutorado.Era preciso conhecer melhor o que de fato estava ocorrendo comalgumas das obras de engenharia civil que apresentavam tão curtavida útil. Atualmente está amplamente difundido o conceito de “LifeCycle Cost” ferramenta indispensável para uma análise e escolha

adequada de um certo processo construtivo exposto a particularescondições ambientais e de uso.

  Em 1988, o então CEB, atual fib, publica o excelente texto “Quality Assurance for Building” lançando as bases dos conceitosde controle e garantia da qualidade na construção civil. No mesmoano foi introduzida a conceituação abrangente de qualidade com apublicação da série ISO 9.000.

Atualmente ,programas estaduais tipo Qualihab, instituídoem 1.996 por um decreto do governo do Estado de São Paulo,estão francamente baseados nos conceitos da NBR 9.000 ISO evêem promovendo uma implementação gradual ou “evolutiva”da qualidade. De forma semelhante, a nível nacional, o ProgramaBrasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H),

promove a qualidade da construção no país.  Algumas constatações negativas das últimas décadasparecem ter despertado na sociedade a necessidade de uma visão delongo prazo. Nesse sentido o advento da ISO / NBR 14.000, dedicadaà questão da preservação ambiental, e da NBR 6118 de 2003, queintroduziu exigências explícitas de durabilidade nas estruturasde concreto, vieram dar uma nova visão e comprometimento àatuação produtiva. Some-se a essa evolução positiva a promulgaçãodo Código de Defesa do Consumidor, lei 8.078 de 1.990, queestabeleceu a necessidade de obediência às normas brasileiras.  No caso das construções em concreto, além dapreservação do meio ambiente, da gestão com qualidade, doatendimento às normas em geral, também o item segurança jogaum papel importantíssimo. Toda estrutura de concreto deve serestável e segura aos usuários e entorno. Pode-se afirmar queo setor de concreto, carro “chefe” da construção civil, semprefoi pioneiro no país na adoção de procedimentos de controle,conceituação de garantia, normatização de produtos e processos,

critérios de amostragem representativa, gestão de interferências,compatibilidade de projetos, e outros relacionados à obtenção daqualidade.  As pioneiras empresas de controle tecnológico do concretotiveram início na década de 50. Padronizar, amostrar, controlar,ensaiar, analisar, fazem parte do repertório das estruturas deconcreto desde de seus primórdios há cem anos atrás.  Hoje não é possível imaginar obter uma segura e adequadaestrutura sem a presença e a parceria das empresas de controletecnológico. Em levantamento realizado recentemente entre os 14grandes laboratórios associados da ABRATEC, foi constatado que hámais de 15mil toneladas em prensas a serviço do setor que molda,transporta, cura, ensaia e analisa cerca de 180.000 corpos-de-provapor mês, assessorando mais de 265 estruturas por dia e protegendo,atestando e registrando a qualidade diária de 7.700 m3 de concretoestrutural, que tem apresentado apenas uma média de cerca de2% de não conformidade nos últimos 5 anos.

  Para realizar esse papel fundamental de apoio e proteçãodo setor e de prestação de serviços de qualidade à sociedade, aABRATEC vem estimulando suas associadas a obterem a certificaçãode boa gestão empresarial dentro dos requisitos da série NBR 9.000ISO e também se adequarem às estritas exigências da NBR 17.005ISO/IEC, que orienta as operações da Rede Brasileira de Laboratóriosde Ensaios Tecnológicos, supervisionada pelo INMETRO.  O setor de concreto, uma vez mais, demonstra suaresponsabilidade e sua confiança na melhoria da qualidade daconstrução civil, dando exemplo de seriedade e competência.Vamos em frente...

[email protected]

E

e ditorial

a qualidade bem

assessorada

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   v   e   r   s   e   c   o   m    i   b

   r   a   c   o   n

revista concreto

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   t   r   e   v   i   s   t   a   d   a

revista concreto

IBRACON: O concreto ainda pode ser consideradoum material importante para a construção de estru-turas no país e no exterior? 

Walmor Prudêncio:  Nos dias atuais, o Concreto Ar-mado e Protendido ainda não encontrou um ma-terial que o substitua plenamente em todo o seupotencial e versatilidade, para a execução de es-

truturas. É o mais jovem dos materiais estruturaise ainda sem concorrente em usos, economia, re-sistência e durabilidade.

IBRACON:  É possível indicar algumas estruturas,ainda hoje, que testemunham a evolução tecnológi-ca do emprego do concreto nas construções? 

Walmor Prudêncio:  Consideramos que nos diasatuais ainda admiramos as construções romanasantigas. Um dos principais marcos históricos daaplicação de um concreto “primitivo” é o “Panteon”

de Roma, construído por Marcos Agrippa (27 a.C.)e reconstruído pelo impera-dor romano Adriano (117-125 dC), quando construiua cúpula de concreto, comdiâmetro de 43,40m. Parareduzir o seu peso, foi usadauma contra fôrma de bronzecom reentrâncias formandocaixões. O concreto primitivoutilizado foi amassado comágua, cal aérea, areia oriun-da da cidade de Puzzuoli,próxima do Vesúvio (pozo-lana) e agregados de tufos

vulcânicos “britados” manu-almente.Em 1630, o Papa

Urbano VIII mandou retiraro bronze da contra fôrmapara que o Arquiteto Bernini, construísse com essematerial o baldaquino papal, no transepto da Ba-sílica de São Pedro, ficando desse modo à vista oconcreto da cúpula ainda perfeito nos dias atuais,constituindo uma das maiores atrações turísticas do

 “Panteon”.  A partir do início do Século XIX, o concretomoderno é descoberto e inicia uma evolução ver-tiginosa relacionada com o progresso tecnológicodas nações.

Descortinava-se para o concreto um enor-me desenvolvimento, compreendido aqui como aintrodução, na produção dos cimentos, do resultadodo conhecimento e adequação do uso em funçãodas propriedades mecânicas do material e doseu desempenho sob a ação do intemperismo.  No Brasil, destacamos os edifícios “A Noite”na Praça Mauá (1928-1931), o edifício Martinelliem São Paulo (1929) e o Palácio da Cultura na Ex-planada do Castelo no Rio de Janeiro, de 1945. Osdois edifícios do Rio de Janeiro com as estruturascalculadas e projetadas por Emílio Baumgart. Oacompanhamento tecnológico que realizou nessasobras foi a base avançada do controle tecnológi-

co das estruturas de concreto, consolidada muitos

anos depois com a fundação, por Caldas Branco, daprimeira empresa brasileira de controle tecnológicodo concreto. No século XX, atinge o material o quefoi considerado o período poético das estrutruras deconcreto armado, com a participação dos Arquite-tos Le Corbusier na França, Oscar Niemeyer e LúcioCosta no Brasil, entre outros.

IBRACON:  O concreto permite evolução ou suas propriedades já estão conhecidas e limitadas? 

Walmor Prudêncio:  Nos dias atuais as perspectivase propriedades dos concretos de alto desempenho(CAD ou HPC) estão possibilitando projetar estru-turas mais esbeltas, proporcionando apreciávelredução de peso e ganhos de áreas livres. Emalguns projetos, o CAD compete com as estruturasmetálicas.  Como modelo avançado do emprego de es-truturas de CAD, destacamos o Arco de la Defense,em Paris, cujo projeto vencedor foi do Arquiteto

Otto Von Spreckelsen. O monumento tem a for-ma de um cubo vazado, for-mando um pórtico de 75m delargura por 100 m de altura.Urba-nisticamente, completao traçado da Avenida dosCampos Elísios, estando alin-hado com o Arco do Triunfo ea pirâmide do Louvre.

Outro desenvolvimento éo da incorporação de fibras(aço, polipropileno, vidro,etc) e da produção de con-cretos auto-adensáveis (CAAou SCC), em função do de-senvolvimento de aditivossuperplastificantes de últimageração.

IBRACON: Quais as tendências para as futuras es-truturas? 

Walmor Prudêncio:  Estamos testemunhando umaforte tendência dos estruturalistas e arquitetos deprojetarem estruturas mistas de CAD com per-fis metálicos, para edificações diversas e obras dearte. Como exemplos citamos as estruturas da Es-

tação do Oriente na Expo 98 em Lisboa, projeto deSantiago Calatrava, arquiteto espanhol, com douto-rado na Suíça. Por outro lado, o CAD tem sido em-pregado como a grande alternativa aos perfis me-tálicos na construção de torres tipo arranha-céuspor sua maior rigidez e segurança, como o caso dastorres de Kuala Lumpur Petronas Towers. Toda emconcreto de f ck = 60MPa.

IBRACON: Qual o papel do controle tecnológico doconcreto no cenário atual da Construção Civil? 

Walmor Prudêncio:  O controle tecnológico do con-

creto e dos seus materiais constituintes é nos diasatuais uma poderosa ferramenta para racionalizar a

O Concreto Armado eProtendido ainda não

encontrou um materialque o substitua

plenamente em todo oseu potencial

e versatilidade

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execução das estruturas e o combate ao desperdícioe ao empirismo, tão ao sabor dos nossos canteirosde obras, e indispensável para o controle da quali-dade da estrutura. Declaramos, entretanto, que ocontrole tecnológico, por si só, não pode responderintegralmente pelo desempenho final da estruturaem construção.  Há alguns anos, dava-se ênfase ao controleda resistência à compressão do concreto, conside-rando que quando as mesmas atendiam as ten-sões de dimensionamento, todas as demais pro-priedades, por extensão, estavam conformes. Éimportante destacar que os ensaios tecnológicosdos materiais e do concreto resultante informamsobre as propriedades da produção, mas não quan-to ao desempenho da estrutura; o que estabeleceo nível da qualidade da estrutura está relacionadocom o detalhamento personalizado e um plano decontrole de execução, visando eliminar a prática daintrodução dos erros ocultos e não conformidades.

O projeto, por sua vez, deve em condiçõesnormais, ser dimensionado para atender as tensõessolicitantes e desenvolvido considerando o micro-

clima, a exposição a agentes de poluição do meio,com suficientes detalhes de execução, e a definiçãofísica e numérica das tolerâncias dos desvios ad-missíveis.

IBRACON: A nova NBR 6118/03, apresenta requi-sitos que favorecem a obtenção de qualidade naexecução de estruturas de concreto armado? 

Walmor Prudêncio: Partin-do do princípio de quequalidade é uma grandezade valor relativo, podem-os afirmar que o desem-penho da estrutura seráadequado quando umprograma de controle tec-nológico for implantadoe as recomendações danova NBR 6118/03 forempraticadas. O que medea qualidade é o controleda tolerância dos desvi-os, para que os mesmosmantenham-se dentrodos limites estabelecidosnas Normas e Especifica-

ções, no que for próprio;na falta de especificaçõesbrasileiras para as etapas da execução, as tolerân-cias aceitáveis que definem o nível da qualidadena execução das estruturas são encontradas nasNormas do ACI: “General Building” (ACI-301, 302,347); “Special Structures” (ACI-316, 347). “Pre-cast Concrete” - (ACI-347, 533); “Materials” - (ACI– 318, 349, 301, 315, 531, 543).

IBRACON:  Que recomendações podem introduzirmelhorias sensíveis para o desempenho racionaldas estruturas de Concreto Armado? 

Walmor Prudêncio:  Obter do projetista da estrutu-ra detalhes executivos, personalizados, desenvolvi-dos de acordo com a nova NBR 6118/03. Executarcom suficiente antecipação os ensaios especificadospara o concreto e os seus materiais constituintes;estabelecer o programa de controle e garantia daqualidade; orientar com grandezas físicas e numéri-cas as tolerâncias admissíveis para as etapas dosserviços, em lugar do hábito de transmitir teoriza-ções acadêmicas aos homens do canteiro, instituin-do a prática do auto-controle da qualidade. É im-portante não perder de vista que as patologias dasestruturas de concreto são resultantes da ruturado equilíbrio provocado pela intensidade dos agen-tes solicitantes e/ou agressivos ao longo do tempoe que agem a partir das deficiências muitas vezesimplantadas na construção, por ausência do con-trole da qualidade efetiva, no canteiro de execuçãoda estrutura. Recomenda-se implantar um “checklist” para inspeções periódicas para avaliar o nívelda qualidade da produção e propor as melhoriasque se fizerem necessárias, para correção de rumosa serem controlados pela gerência da obra.

IBRACON: Que seqüência de providências consideraadequada para aumentar o tempo de vida útil dasestruturas de concreto armado? 

Walmor Prudêncio:  As estruturas de Concreto, de-vem ser projetadas para um ciclo de vida útil mínimopré-estabelecido, para que possam envelhecer comdignidade. Entretanto, para que essas condições

sejam atingidas plenamente,além do dimensionamentopara atender o equilíbrio es-trutural, devem ser praticadasas atividades:

1. Desenvolver o projeto comas recomendações previstasna nova NBR-6118/03, quantoaos agentes agressivos, in-clusive em relação ao micro-clima.2. Serem elaboradas especifi-cações e detalhes executivospersonalizados, para leiturapelos encarregados do can-teiro de obras.3. Com suficiente antecedên-cia, ser ensaiado o concreto eseus materiais constituintes e

estabelecido um programa de controle tecnológi-co, para obter racionalização no atendimento àsespecificações e ao projeto.

4. Implantar um programa de garantia de quali-dade, com a indicação das tolerâncias baseadasna NBR e ACI, para a execução de cada etapa,gerenciando o controle da qualidade durante aconstrução.

5. Elaborar e fornecer aos usuários, para após-ocupação, um manual de conservação pre-ventiva da construção, focando no que for próprioà proteção da estrutura de concreto.

O controle tecnológico doconcreto e dos materiais

constituintes é umapoderosa ferramenta para

racionalizar a execuçãodas estruturas e o

combate ao desperdício

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   t   r   e   v   i   s   t   a   d   a

revista concreto

O IBRACON é uma entidade

que estimula a capacidade de

criação dos investigadores,

possibilitando que os

resultados dos seus esforços

 tenham suficiente projeção

social no desenvolvimento

da construção civil

“   

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REVISTA CONCRETO10

Introdução

 Podemos hacerle esta pregunta al niño de 9 años

o al anciano de 80 que caminan como abuelo y nieto por

la playa. La respuesta será muy parecida a la que daría lamayor parte de la gente que vive en ese ambiente:

…se deteriora porque el salitre del mar sela come!…tiene el cáncer de la corrosión!... 

Pocos de ellos pueden darnos información másrelevante de las verdaderas causas, que quizá, aún muchosde los que tenemos cierta preparación, no conocemos nientendemos por completo.  Lo cierto es que, si ese anciano, ese pequeño, yen general, la gente que no tiene conocimientos en el áreade la corrosión y las patologías de la construcción, pudiesenayudar a crear cultura de prevención del problema, larespuesta a la pregunta sería diferente. Imaginemos susupuesta respuesta en este caso:

…se deteriora porque la sal del mar afecta al acerode concretos mal hechos!...se deteriora porque el diseño arquitectónico yestructural de la obra no es adecuado!...se deteriora porque el acero quedó muy superficialo expuesto!...etc.

Es decir, las respuestas, si bien ya no seríancoloquiales, tampoco serían muy técnicas, pero, desdeluego, denotarían una apropiación de un conocimiento ysu utilización para comprender el fenómeno.

Logros

  Lograr lo anterior no es fácil, pero tampocoimposible. Hace ya varios años, un grupo de investigadoresque incluyó, entre otras profesiones, a ingenieros civiles,arquitectos, antropólogos, biólogos y físicos, se dio a latarea de interactuar en un pequeño puerto, donde la mayorparte de la gente es ama de casa o pescador, y donde elnivel de estudios de la mayor parte de la gente es bajo, conmucha gente que no sabe leer ni escribir bien. Mediantetécnicas de participación comunitaria, los antropólogos nosenseñaron a los profesionistas a ¡llegarle! a la gente.

Con una interacción y guía en donde ellos opinaroncon su sentido común y los moderadores traducían nuestroconocimiento a su lenguaje, se logró que estas gentesconcibieran una vivienda durable, generaran cultura deprevención de corrosión (apropiación de conocimientosbásicos aún sin saber leer y escribir), e incluso, que

participaran activamente en la construcción aplicando losconceptos adquiridos.

La Fig. 1 muestra una foto de algunas de lassesiones de entrenamiento, la Fig. 2 una de las etapas deconstrucción y la Fig. 3 la vivienda terminada, bautizadacomo el palafito de San Crisanto (nombre del Puerto).

Las respuestas que en el párrafo de arriba sugerí comosupuestas, ahora son una realidad.

  Gracias a esta interacción, la gente del pueblo hahecho ahora un gran trabajo que para nosotros es bastantedifícil, la divulgación!. Ellos ahora están conscientes, opinany tratan de cumplir aspectos elementales para que susviviendas no se deterioren. Pero lo más importante, es queya empiezan a pasar este conocimiento a sus hijos y otrosciudadanos.  Las causas fundamentales por las que una

Puede Ejercerse la Tecnologia tambíen la con Ciudadanía?

Tecno o ia

Pedro Castro-Borges,Investigador Titular, CINVESTAV-MéridaPresidente de honor de ALCONPAT

estructura se deteriora pueden ser claramente entendidaspor cualquier persona, sin importar si es ingeniero,arquitecto, estudiante de secundaria o ama de casa.

Una de ellas es la utilización de materiales deconstrucción inapropiados. Por ejemplo, la gente de SanCrisanto sabe que no se debe usar arena de mar confines estructurales y que debe ser lavada para ser usadaen acabados. Esta gente entendió en su momento, sinmayores problemas lo que es granulometría, y por lo tantocomprendió el porque no usar la arena de mar sin antestratarla.

  Otra causa es la utilización de materiales buenospero que no son aplicables al trabajo que se realiza, ya seatécnica, económica o arquitectónicamente.

La gente de San Crisanto entiende ahora porqué,por ejemplo, no es correcto usar pinturas al acero paraprotegerlo de la corrosión cuando está embebido en elconcreto, si no se conoce el tipo de pintura y no se haceuna buena preparación superficial.

Figura 1 - Ciudadanos de San Crisanto entrenándose enconceptos de corrosión.

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  Una de las causas que más ocasiona el deterioro de lainfraestructura es el mismo diseño arquitectónico yestructural de la misma. Desafortunadamente, la falta decurrícula especializada en ésta área para los alumnos deingeniería y arquitectura, ocasiona que los proyectos, desdesu concepción, propicien el deterioro por corrosión u otraspatologías.

  Una causa más de deterioro es la supervisión quepuede ocasionar problemas por inexperiencia o corrupción.En San Crisanto, difícilmente ahora un usuario permitaque a su concreto “se le eche agua de más para facilitar elhormigonado”.

Conclusiones

  Usted y yo, que ahora conocemos unas cuantascausas del problema, y estamos concientes de que esposible hacer saber a la comunidad menos preparada,cuidemos y hagamos cuidar de esos detalles que retrasaránlos daños a nuestras obras y podrán contribuir en muchopara el desarrollo de nuestros países y a mejorar la calidadde vida de nuestros pueblos

Figura 2 - Ciudadanos de San Crisantoparticipando en la construcción de su

Vivienda.

Figura 3 - Vivienda tipo Palafito de concreto terminada y con

vida útil estimada de más de 50 años.

AgradecimientosEl proyecto Palafito fué realizado con el apoyo parcial deCONACYT, Gobierno del Estado de Yucatán, CINVESTAV-Mérida,Fondo de Conservación de la naturaleza, Univ Marista deQuerétaro, CEMEX y Galvex.

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REVISTA CONCRETO

Os Laboratórios de Controle Tecnológico e de Qualidadee o INMETRO

Contro e tecno ico

A  crescente competitividade no setor da costruçãocivil, o avanço tecnológico na pesquisa e na aplicação dossistemas construtivos em concreto e a abertura do merca-do brasileiro para o Mercosul e a globalização têm levado

as construtoras a agregar eficiência e qualidade em seusmétodos construtivos. O objetivo vai sempre no sentidode reduzir os custos. “Os gastos da manutenção corre-tiva, em razão de deficiências na execução do empreen-dimento, são estimados em 12% do valor da construçãopara os primeiros cinco anos de vida útil da edificação”,pontua o eng. Ruy Thales Baillot, presidente da Associa-ção Brasileira de Empresas de Tecnologia da ConstruçãoCivil (ABRATEC), em artigo para esta edição da revistaCONCRETO.

  Participantes decisivos neste contexto de buscacontínua de produtividade, qualidade e rentabilidade naconstrução civil, os laboratórios de controle tecnológico ede controle de qualidade têm a missão de lastrear produtose serviços das empresas para o consumidor intermediário

ou final. Os laboratórios de controle tecnológico verificamas condições de uso e de manipulação de materiais utiliza-dos nas obras, tais como o concreto, o aço, as fôrmas, asestacas, etc. Já os laboratórios de controle de qualidadegarantem as especificações dos projetos na execução daobra, as técnicas construtivas mais adequadas e eficien-tes, realizadas por profissionais especializados e adequa-damente treinados, dentre outros requisitos de gestão. “Ocontrole tecnológico em obras de construção civil importainvestimentos na ordem de 05% a 2% de seu custo total”,completa Baillot.

  Para subsidiar projetos executivos de obras, aempresa Alphageos realiza sondagens de percussão dosolo, que consiste na perfuração através de trados he-licoidais vazados acionados por sondas rotativas monta-

das sobre chassi de caminhão e na coleta rápida e pre-cisa das amostras pelo martelo automático. A análise dasamostras permite fazer a caracterização do solo, quantoà granulometria, minerais presentes, compacidade e ori-gem geológica, dados que servirão para elaborar proje-tos que garantirão a maior segurança e durabilidade dasobras. Em etapas subseqüentes, as empresas de controletecnológico encarregam-se de avaliar a matéria-primaconcreto. A empresa Engenharia e Pesquisas Tecnológicas(EPT), por meio de seu departamento de tecnologia demateriais da construção civil divide seus ensaios em cin-co grandes campos: materiais constituintes do concreto;concreto fresco; concreto endurecido; ensaios em estru-turas; e ensaios em materiais diversos, entre os quais seinclui os blocos de concreto.

  Os laboratórios de controle tecnológico atuamtambém na inspeção e revitalização de estruturas de con-

creto. Para a revitalização da hidrelétrica de Rio das Pe-dras, a Companhia Energética de Minas Gerais contratoua Concremat para avaliar a durabilidade da estrutura deconcreto da usina, localizada no município de Itabirito.

Durante as avaliações foram usadas técnicas modernas deultrasonografia e de processos eletro-magnéticos, além dealpinismo para acessar a chaminé de equilíbrio e levantaros dados relativos à geometria da usina. Dentre outrasatividades de recuperação e reforço de estruturas citam-se: dosagem e aplicação de concreto e de argamassas;tratamento de fissuras ativas e passivas e de armaduras;aplicação de proteção superficial em estruturas de concre-to; recuperação estrutural em fachadas; grauteamento;atividades executadas por empresas nacionais como L.A.Falcão Bauer (Centro Tecnológico de Controle da Quali-dade), Lenc (Laboratório de Engenharia e Consultoria),Betontec Tecnologia e Engenharia, Teste Tecnologia e En-genharia e Concreteste Tecnologia em Materiais, JBA En-genharia e Consultoria, Fundação Paulista de Tecnologia e

Educação, dentre outras.

Moldagem de placas para ensaios emconcreto projetado

  Para aferir a credibilidade dos laboratórios, nosentido de garantir ao mercado a idoneidade e competên-cia dos mesmos, o Instituto Nacional de Metrologia, Nor-malização e Qualidade Industrial (INMETRO) implantou omecanismo da acreditação. A acreditação do laboratórioou do certificador subentende a comprovação de sua com-petência técnica e implica em sua aceitação internacional.Ela envolve a análise de documentação do certificador, suaparticipação em testes de proficiência e a inspeção das in-stalações laboratoriais, para verificar se estão ade-quadasaos requisitos de acreditação. A necessidade da acredita-ção torna-se ainda maior na medida em que, com a busca

Fábio Luís PedrosoAssessor de Imprensa - IBRACON

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REVISTA CONCRETO    c   o   n

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crescente por certificação pelas empresas prestadorasde serviços, houve um boom de laboratórios de controletecnológico e de empresas certificadoras de qualidade nomercado brasileiro. “Teve um acréscimo considerável de

dois anos para cá, de empresas nacionais e estrangeiras,participando do setor de certificação gerando um aumen-to no processo de acreditação pelo INMETRO”, enfatizaJosé Joaquim do Amaral Ferreira, presidente da Associa-ção Brasileira de Avaliação e Certificação da Conformidade(ABACC).

 Os laboratórios acreditados compõem a Rede

Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE), através daqual participam de programas de proficiência (programasinterlaboratoriais), que permitem a comparação dos resul-tados dos laboratórios associados em relação ao mesmoensaio quanto aos critérios de confiabilidade. “Este pro-

Testemunhos de perfuração emsolo e rocha

DEPOIMENTO 

Como representante da EcoRodovias, holding controladora da ECOVIAS dos Imigrantes, devo ressaltar a longae profícua parceria que mantivemos e vimos mantendo com empresas de tecnologia da construção civil que possuemacreditação segundo a ISO 17.025. De fato, essas parcerias tiveram início nas primeiras semanas de trabalho da equipe deprojetos da ECOVIAS que colocou esse requisito de qualidade como condicionante para a contratação de serviços técnicosde investigações e ensaios de laboratório tanto de solos e pavimentos, quanto de concreto e, conseqüentemente, de todosos trabalhos de controle tecnológico e da qualidade que se seguiram. Portanto foram iniciadas em maio de 1998, quandoassumimos a concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes e o desafio de levarmos a bom termo a construção da Pista De-scendente da Rodovia dos Imigrantes - nossa mais importante obrigação contratual e a maior das obras propostas às 12concessionárias integrantes do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo.

A experiência e a competência das equipes lideradas pelas empresas de tecnologia foram fundamentais para que

obtivéssemos pleno êxito em nossa empreitada. Foram elas as responsáveis, entre outros, pelo controle tecnológico detodo o concreto e aço utilizado no revestimento dos mais de oito quilômetros de nossos túneis, na construção de mais dequatro quilômetros de viadutos e em todo o pavimento da nova rodovia.

Em dezembro de 2002, quando fizemos a entrega ao tráfego de seus 21 quilômetros de extensão, pudemos nosorgulhar de estar oferecendo aos nossos usuários uma das mais modernas rodovias da América do Sul. As empresas detecnologia da construção civil mereceram uma significativa parcela desse mérito.

As equipes das empresas de tecnologia estão até hoje em atividade, sendo responsáveis, entre outras tarefas,pelas auditorias de gestão tecnológica e verificação de resultados, com definições e critérios que nos permite avaliar osindicadores relacionados à durabilidade e à qualidade dos serviços executados em nossas rodovias.

São seus ensaios de verificação e homologação, e suas inspeções às instalações, laboratórios e serviços em ex-ecução, que nos garantem a conformidade com normas e especificações.

Em nosso rigoroso controle da qualidade do pavimento de nossas rodovias, desde a aquisição dos materiais até aaplicação final do produto, contamos com essas equipes, que através da coleta de amostras, ensaios e relatórios técnicos,nos ensejam uma adequada avaliação dos parâmetros utilizados por nossas contratadas.

Tenho certeza absoluta de que toda essa competência, todo esse conhecimento técnico, toda esse domínio tec-nológico e essa visão empresarial de parceria duradoura que foi e vem sendo oferecida a ECOVIAS, assim como a tantasoutras empresas parceiras vão estar, fundamentalmente, a serviço dos usuários das estradas sob a concessão da Ecoviasdos Imigrantes.

Dr. Marcelino Rafart de SerasDiretor Presidente da Ecorodovias

grama enseja ao laboratório a melhoria da confiabilidademetrológica de seus resultados e dos métodos de ensaio,fornecendo informações sobre influência de equipamen-tos, dos operadores e da metodologia nos resultados”,argumenta Luiz Eduardo Ribeiro do INMETRO, em artigopara esta edição.

  Permeando essa rede, as associações dos labo-

ratórios de ensaios e das empresas certificadoras desem-penham o papel de estimular o segmento, por meio de umconjunto de atividades que envolvem: disseminar a impor-tância da acreditação dos laboratórios e dos certificado-res; promover debates e seminários técnicos com vistas aharmonizar os certificadores nos processos de avaliação ecertificação; incentivara participação dos la-boratórios nos progra-mas interlaboratoriais;divulgar a importânciada gestão tecnológica eda qualidade; represen-tar os associados jun-tos aos programas dequalificação de órgãos

públicos e privados, va-lorizando o setor nacio-nal frente à competiti-vida de estrangeira. “AABACC tem impetradoe ganho as ações naJustiça contra editaisque exigem a partici-pação de certificadorasestrangeiras”, concluiAmaral

Perfuração com equipamentomecanizado de soldagem com

emprego do trado vazado estanque(hollow stem auger)

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REVISTA CONCRETO

A Indústria da ConstruçãoCivil e o Controle da Qualidade

Contro e tecno ico

A

Ruy Thales BaillotPresidente da ABRATEC

Roberto José Falcão Bauer Vice-Presidente da ABRATEC

  ABRATEC, Associa ão Brasileira deEmpresas de Tecnologia da Constru ão Civil,

tem por objetivo fomentar atitudes junto as empre-sas da construção civil para que adotem sistema decontrole da qualidade que possibilite ao consumidorfinal receber uma obra mais segura e bem acaba-da. A ABRATEC visa concientizar o consumidor finalpara que o mesmo possa identificar as obras ondeesse controle é realizado por empresas que exibamevidências de competência, que é, conforme legis-lação, a sua acreditação pelo INMETRO para reali-zar os ensaios pertinentes.

  A Associação entende que só por meio docontrole da qualidade realizado por empresas com-petentes é possível diminuir custos e eventuais dis-torções que podem ocorrer durante o andamento

da obra e procura demonstrar que, o controle tec-nológico deve ser entendido como parte do investi-mento e não como despesa.

da RBLE - Rede Brasileira de Laboratórios de En-saios, os quais devem atender aos requisitos esta-

belecidos na Norma ISO/IEC 17.025.A acreditação concedida pelo IMETRO - or-ganismo reconhecido pelo Governo Federal - cons-titui, com base em práticas internacionais, a efetivaforma de demonstrar a competência técnica de em-presas de tecnologia, comprovando a credibilidadedos serviços que elas realizam e eliminando a ne-cessidade de avaliações de desempenho das em-presas antes de cada contratação, que teriam deser realizadas pelos próprios clientes.

ISO 9000 e ISO/IEC 17.025

  A certificação ISO 9000 e a acreditação, se-gundo os requisitos da ABNT ISO/IEC 17.025, as-seguram a existência na empresa de Sistema daQualidade, conferindo credibilidade internacional àsua gestão. As empresas de tecnologia, além doSistema da qualidade, necessitam demonstrar suacompetência técnica para a realização de suas ati-vidades.

  O instrumento que assegura tal competên-cia é a acreditação, sistemática que implica nos se-guintes requisitos: rastreabilidade dos padrões decada empresa em relação ao Sistema Internacional

de Unidades, pertinência dos procedimentos paracada atividade normalizada relacionada, ou seja,deve obedecer, e comprovar que atende, às Nor-mas Técnicas pertinentes a cada atividade acredita-da; uso adequado dos equipamentos; instalaçõesapropriadas e capacitação profissional da equipetécnica.

  Assim, para formalizar a credibilidadeda empresa, o instrumento a adotar é a ISO/IEC17.025, que atesta a implantação e manutenção deseu Sistema da Qualidade e competência técnicapara executar as atividades normalizadas a que sepropõe.

Extração de corpos de prova cilndricosem placa de concreto projetado

A Acreditação pelo INMETRO

  O INMETRO - Instituto Nacional de Metrolo-gia, Normalização e Qualidade Industrial, é respon-

sável pela acreditação dos laboratórios integrantes

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REVISTA CONCRETO    c   o   n

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O Programa Interlaboratorial

  Os organismos internacionais da qualidadepreconizam a realização do Programa Interlaborato-rial – como ferramenta complementar à acreditação– para verificar a compatibilidade dos resultados de

Ensaios de Certificação, de Recebimento ede Desempenho

  Os ensaios de certificação se referem aocontrole de qualidade da produção de determinadoproduto. A certificação da produção, normalmente

segundo a série ISO 9000, indica que o processoindustrial poderá oferecer um produto de qualida-de, mas não tem condições de garanti-la. É indis-pensável também que a qualidade da produção sejamonitorada.

Mesmo com a produção sob controle o per-centual de produto defeituoso aceitavel pode serutilizado, em sua totalidade, em uma única obra, oque para a mesma será catastrófico.

  Os ensaios de recebimento (caracterização)de uma argamassa, por exemplo, devem ser roti-neiramente realizados e após sua aplicação podemser necessários ensaios de verificação do desempe-nho.

  A cadeia produtiva da construção civil éconstituída por três setores básicos: projeto e pla-nejamento, construção e seu controle tecnológico.

  Há ainda muita desinformação no setor ealgumas empresas encaram o controle tecnológi-co apenas como uma exigência a ser cumprida, demaneira burocrática e pelo menor preço possível.

O controle tecnológico é o segmento queregistra a qualidade dos materiais e de que maneiraque são empregados na obra. Há empresas, entre-tanto, que não levam em conta que esse serviçopode e deve ser realizado por empresa independen-te e de competência comprovada.

Custo do Controle

  A implantação de serviços de controle tec-nológico da qualidade em obras de construção civilimporta investimentos que oscilam entre 0,5% a2% do seu custo total. Variáveis, como tipo de obra,padrão de acabamento e abrangência do controle

influenciam no seu custo final. Este investimentoinicial acaba sendo irrelevante, quando se sabe que

Corpos de prova cilíndricos e prismáticosde concreto reforçado com fibras.

Detalhe para o acabamento da moldagem dos corpos deprova prismáticos de concreto reforçado com fibra.

Detalhe para a distrribuição e ouhomogeneização das fibras no concreto.

ensaios realizados em cada laboratório, através dedistribuição de amostras numeradas aos diversosparticipantes, sobre as quais são realizados os en-saios programados. Os resultados desses ensaiossão tratados estatisticamente, resultando o mape-amento da confiabilidade de cada laboratório comrelação ao ensaio, assim como o estabelecimentode sua repetitibilidade, ou seja, a capacidade de umlaboratório repetir resultados de um mesmo ensaio

sobre uma mesma amostra, de maneira compatí-vel.

  O Programa Interlaboratorial brasileirocumpre de maneira exemplar sua finalidade sendoconsiderado mundialmente o melhor Programa In-terlaboratorial da Construção Civil.

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REVISTA CONCRETO

Moldagem de corpos de prova prismáticos com concretoreforçado com fibras em mesa vibratória.

os gastos com manutenção corretiva, recupe-ração com substituição de materiais decorren-tes do emprego e aplicação de produtos nãoconformes, bem como deficiências de execu-ção são estimados em 12% do valor da cons-trução para os primeiros cinco anos de vida útilda edificação, período em que a construtora é

responsável, de acordo com a legislação, pelamanutenção integral do empreendimento.

No caso de estruturas em concreto, oscustos iniciais para a definição dos seus cons-tituintes, os estudos de dosagens e o acom-panhamento tecnológico da obra - no qual seinclui a observação dos requisitos normativosdos processos produtivos empregados - sãoprontamente absorvidos pela diminuição doscustos de manutenção e recuperação, garan-tindo a durabilidade e o bom desempenho des-sas estruturas.

  O controle da qualidade deve estar pre-

sente em todo tipo de obra: na pavimentaçãodas ruas, nas moradias, no metrô, nas obraspúblicas e no saneamento. Essa atividade ava-lia e visa, primordialmente a corrigir, em tempohábil, imperfeições ou distorções que tenhamocorrido, garantindo o desempenho adequadoda obra, conforme concebida no projeto. 

LABORATÓRIOS ASSOCIADOS À ABRATEC

COM ACREDITAÇÃO PELO INMETRO

Alphageos Tecnologia Aplicada S.A.www.alphageos.com.br  Betontec Tecnologia e Engenharia Ltda.www.betontec.com.brConcremat Engenharia e Tecnologia S.A.www.concremat.com.brConcreteste Tecnologia em Materiais S/C Ltda.www.concreteste.com.brEPT Engenharia e Pesquisas Tecnológicas S.A.www.ept.com.brFundação Paulista de Tecnologia e Educaçãowww.cte.ftpe.brJBA Engenharia e Consultoria S/C Ltda. [email protected]

L.A.Falcão Bauer Centro Tecnológico de Controle da Qualidade Ltda.www.falcaobauer.com.brLENC Laboratórios de Engenharia e Consultoria S/C Ltda.www.lenc.com.br

EM PROCESSO DE ACREDITAÇÃO PELO INMETRO

Concre-Test Controle Tecnológico de Concreto e Aço S/C Ltda.www.concretest.com.brFAT’S Engenharia, Consultoria S/C Ltda.www.fats.com.brH.B.Alonso Fiscalização e Ensaios Tecnológicos S/C [email protected] Tecnologia e Engenharia Ltda.www.teste-sp.com.brTestin Tecnologia de Materiais Ltda.www.testin.com.br

  A ABRATEC pretende, em futuro próximo,incentivar o uso de placas e emblemas em anún-cios, indicando que determinada obra está sendotecnologicamente controlada por empresa acredita-da pelo INMETRO

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REVISTA CONCRETO18

La Industria de Hormigón

Premezclado en Latinoamérica,de su Origen al Dia de Hoy

Acontece

Ing. Manuel Lascarro Mercado,Secretario Ejecutivo de la federación Iberoamericana

del Hormigón Premezclado FIHP

Dr. Ing. Juan José Howland Albear, Vicepresidente Técnico de la Federación

Iberoamericana del Hormigón Premezclado FIHP  

Introducción

  El hormigón, como el material de construcciónmas utilizado en el mundo no ha sido ni es ajeno al desarrollode los países latinoamericanos. La región ha sido cunade destacados arquitectos y diseñadores estructuralespioneros en la utilización del material, generando de estamanera aportes para quienes son apasionados por losretos de la ingeniería y la arquitectura en hormigón.

Ha pasado mucho tiempo desde la época de losindios Mayas y Aztecas en México, así como de los Incasen el Perú, quienes nos dejaron edificado un legado deconstrucciones hechas con materiales cementantes, hastanuestros días, donde encontramos en la región los mismosadelantos tecnológicos de cualquier parte del mundo e

incluso desarrollos del material y de obras únicas sobre elplaneta.

  Para dar algunos ejemplos del importante legadode construcciones hechas en hormigón inigualables por sumagnitud o importancia, desde comienzos de siglo hastanuestros días, podemos mencionar obras tales como elCanal de Panamá (1914), la Represa de Itaipú en Brasil(1975-1988), la más grande generadora de energíaeléctrica del mundo, responsable por el suministro de79,2% de la energía eléctrica consumida en el Paraguay y

del 26,37% de toda la demanda del Brasil, los Tanques deChapultepec en México (1907), la carretera Panamericana

de 600 km que une a Panamá con Costa Rica (1950-1967), la presa Patángoras (Miel 1), la más alta delmundo a la fecha (188 metros de altura) construida enHormigón Compactado con Rodillo (HCR) en Colombia, eledificio e-Tower en Sao Paulo, récord mundial en el uso dehormigones de alto desempeño (125 MPa de resistenciaa compresión), el edificio Kavanagh en Argentina (1936),el rascacielos de hormigón mas alto del mundo en sumomento, la losa continua postensada mas grande delmundo (33.000m) en el centro de distribución de Nestléen Chile (2001) o la Ciudad Universitaria de Caracas,patrimonio cultural de la humanidad, solo por mencionaralgunas de las innumerables obras que demuestran lautilización de este noble material en nuestro continente.

Por medio de este artículo, se buscará generarun panorama de varios de los aspectos que comprendenel negocio del hormigón y su entorno en AméricaLatina, tratando de integrar diferentes particularidadesrelacionadas con la gran cantidad de países que conformanel área y sus diversas prácticas.

Del nacimiento de la industria delhormigón y su espíritu asociativo

Los primeros indicios de plantas de hormigónpremezclado en nuestro zona, datan de 1934 conla aparición de una empresa en la ciudad de BuenosAires, Argentina1.

Sin embargo, como actividad comercial y comoen el resto del mundo, no sería sino hasta finalesde los años 40´s (Cuba 1945, México 1946), yprincipios de los años 50´s que se extendería laproducción industrializada de hormigón en la ma-yoría de los países de la zona.

  En ese entonces, se podría hablar del espírituaventurero de empresarios que decidieron enfrentarla dificultad propia de introducir nuevas tecnologíasen el medio, siendo casi una la necesidad detrabajar de una manera asociada para impulsar laforma de trabajar con un material de construccióndesconocido: el hormigón premezclado.

Fig. 1 - La arquitectura en concreto también ha estado

presente en las obras de América Latina

1 DE LAS CUEVAS TORAYA, JUAN, Referencia personal con baseen información de la revista Cemento-Hormigón, de 1934 editadapor el Ingeniero Patricio Palomar Collado.

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  Ya en 1930 los Estados Unidos de Américahabían fundado la NRMCA (National Ready Mixed

Concrete Association)con este propósito, dado el augede la industria en ese país a finales de los años 20´s yMéxico fue quien siguió el ejemplo conformando porcuatro empresas en su momento, la primera asociaciónde productores de hormigón en latinoamérica en el añode 1958. Dicha asociación, que hoy en día es la AMIC(Asociacion Mexicana de la Industria del Concreto), aún seencuentra en funciones y es miembro activo de la FIHP.

  Posteriormente, diversos acercamientos entreempresarios del hormigón tanto a nivel interno de lospaises como internacional se dieron, fruto de lo cualdurante la realización del I Congreso Iberoamericano deEmpresas de Servicios de hormigón, (Zaragoza, España,septiembre de 1976), nació la idea de que los industrialesdel Hormigón Premezclado de Iberoamérica formaran

una asociación. El impulsor de esta iniciativa fue el Sr.Manuel Federico Goudi, presidente en ese entonces de laANEFHOP (Asociación Nacional Española de Fa-bricantesde Hormigón Preparado), proponiéndose como objeto elintercambiar información entre los industriales del negociode los países miembros, aprovechando las experienciasde cada país, así como los datos estadísticos generales.Debemos mencionar que en ese entonces la mayoría delas empresas hormigoneras de la región eran de capitalaccionario de tipo familiar.

  En los años siguientes el espíritu asociativo de laindustria sigue prosperando y nuevas entidades de apoyoal sector nacen en Argentina (Asociación Argentina delHormigón Elaborado AAHE– 1978), Brasil (AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviço de Concretagem

ABESC – 1978), Chile (Asociacion Chilena de EmpresasProductoras de Hormigón Premezclado ACHEPH – 1983),Colombia (Asociación Colombiana de Productores deConcreto ASOCRETO 1984), uniendo algunos esfuerzosen la divulgación de las tecnologías y el intercambio deinformación.

  Se podría afirmar que el negocio mantiene uncrecimiento en general en los países de la zona hastamediados de los años 90´s sin mayores cambios en suestructura y funcionamiento. En el periodo de 1995 al 2000constituye una época de cambios en las composicionesaccionarias de muchas de las compañías tanto cementerascomo hormigoneras en varios de los países, al tiempo quela situación económica de las economías latinoamericanassufre una recesión importante que lleva al cambio en la

forma de pensar y en la concepción como tal del negocio.

  Hoy en día, es indudable el papel que jueganlas asociaciones de productores de la región y aunqueexisten países que no cuentan con una, el tema de unau otra manera se ha venido ventilando en los mismos,ya sea por la necesidad de prepararse para respondercomo industria a los retos de los años próximos quevan desde los temas relacionados con las zonas de librecomercio y sus implicaciones en normas nacionales,

hasta el entendimiento de la necesidad básica del trabajoasociado para promover el uso del material e incrementarel mercado del mismo mediante acciones técnicas,ambientales y legales con un mismo lenguaje.

La industria del hormigón de AmericaLatina: su estado a hoy

  Los países de América Latina tienen niveles depenetración en el consumo de cemento que varíaentre el 7 y el 15% en general. Esto, es un porcentajebastante bajo comparado con los países de laComunidad Europea o con los EEUU, cuya media

oscilan entre el 40 y el 60% para el primer caso yes cercano al 75% en el segundo, con excepcionesa este tema se dan en Chile (35%) y en Panamá(30%), en el primer caso explicado por la evoluciónpositiva de la economía de la última década y uncontrol regulatorio mas estricto. En el segundo caso,por la “herencia” que dejó el paso de la culturanorteamericana por ese país debido al Canal.

  Si tomamos como base el consumo per cápitapromedio de la zona (0,098m3 hormigón porhabitante año) y la población total de América Latina(507.824.000 habitantes), se puede hablar entoncesde un mercado actual que se acerca a los 50 millonesde metros cúbicos.

 Las cifras anteriores, revelan que si bien es bajo elconsumo con relación a otras latitudes (incluso enlos consumos de cemento por habitante-año), elpotencial y el reto de la industria por crecer existe,tal y como debió ser en algún momento para lospaíses que hoy se encuentran por encima del 50%del uso del cemento en el hormigón premezclado.

  Para la industria del hormigón es una preocupaciónconstante, no solamente los bajos consumos sino tambiénlas razones ligadas a su falta de utilización y concienciade calidad por parte de algunos profesionales. Un buenhormigón en manos de un profesional mal entrenado opoco calificado puede generar iguales o peores problemasque entregar malos hormigones, con la consiguienteimagen negativa para la industria.

  En resumen, a pesar de los obstáculos existentesque han impedido una difusión mas grande en el usodel hormigón premezclado, es de resaltar que tambiénhay muchos logros y elementos que hacen que nuestrosector pueda estar orgullos de la participación en variasactividades venciendo dificultades enormes, siendo unaindus-tria que se encuentra tecnológicamente a la parmundial como se verá mas adelante.

El Reto Tecnológico

  El desarrollo técnico de la Industria del HormigónPremezclado en Latinoamérica, a cinco años de haber

Fig. 2 - El concreto a le vista en edificaciones es unmercado para mostrar al mundo

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REVISTA CONCRETO20

iniciado el siglo XXI se manifiesta a través de la avanzadaen la introducción de las nuevas tecnologías como son:

 Hormigones de alto desempeño: Brasil ha sidoimpulsor en el tema con reconocidos diseñadores,ostentando en la actualidad un récord con eledificio e-Tower de Sao Paulo, un rascacielos en

hormigón donde cuyo hormigón alcanza los 125MPa de resistencia a la compresión. En Argentinase ha trabajado también con hormigones de 60MPa de resistencia a la compresión en dos edificios(Edificio Banco Galicia de 33 pisos, cuyas columnasprincipales son hechas con este material, así como elEdificio Repsol YPF bajo la misma consideración). Laintroducción de este tipo de hormigones seguramentepermitirá desarrollar el mercado en la medida en quelos diseñadores estructurales asimilen el potencial yaprovechen las ventajas que conlleva la posibilidadde lograr no sólo mayores resistencias, sino tambiénuna elevada durabilidad en ambientes agresivos.

 Hormigones Autocompactantes: La novedadde la última década en la producción del hormigón

ha estado presente en muchas obras hechas enlatinoamérica y hay innumerables experienciascon la aplicación del producto. La utilización de lossistemas de formaletería para construir viviendasin-situ es a menudo combinada con la posibilidadde utilizar este tipo de hormigones. En la medidaen que se bajen sus costos de producción, se podrápopularizar mucho mas ampliamente el producto.

Hormigones de Retracción Compensada (Shrinkage Compensating Concrete) tal vez son laúltima aplicación que se ha buscado difundir de unamanera mas amplia por la industria, con algunasexperiencias importantes en Argentina (losas) y enColombia (rehabilitaciones estructurales), esperandoun moderado crecimiento en este mercado

 Pisos industriales: El liderazgo del tema lo haimpulsado Chile pero rápidamente se ha difundidoen otros países, en buena parte impulsado porlas inversiones de los grandes hipermercadosmultinacionales en la región y el apoyo de variosproveedores de fibras tanto metálicas comosintéticas. Actualmente en Santiago se encuentrala losa postensada mas grande del mundo en cuya

construcción se utilizó la última tecnología disponiblea nivel mundial para garantizar su planicidad.

 Hormigón arquitectónico: La tendencia delhormigón arquitectónico en América Latina tambiénha contado con algún nivel de representatividad ysigue siendo del interés de nuestra industria. Hoy endía existe un importante inventario de edificacionesque utilizan el material a la vista, con mayor énfasisen México, Brasil y Colombia.En el tema del hormigón arquitectónico o a lavista, se debe resaltar la influencia de reconocidosarquitectos como el franco suizo Charles EdouardJeanneret (Le Corbusier) , el italiano Pier Luigi Nerviy el belga August Perret, quienes con sus desarrollospropios marcaron el inicio de una tendencia que

traspasó el océano y dejo una escuela que aún hoyen dia continúa.Aprovechando la gentil invitación de IBRACON aescribir en su revista, no podemos dejar de mencionaral maestro de la Arquitectura Oscar Niemeyer2, quienes mundialmente reconocido por sus concepcionesarquitectónicas utilizando el hormigón como materialpreponderante, plasmada en obras tan importantescomo el palacio presidencial y la catedral de Brasilia,asi como muchas otras de reconocimiento en Francia,Italia, Argelia, incluso siendo parte del equipo queproyectó la sede de las Naciones Unidas en NuevaYork.

  La Federación Iberoamericana del HormigónPremezclado (FIHP) ha incentivado la elaboración de

algunos documentos técnicos que han permitido establecer importantes pautas en el trabajo técnico como por ejemplo:la “Práctica recomendada para el establecimiento de losrequisitos de durabilidad del hormigón”, que resume laexperiencia de avanzad en los países de América Latinay España en el campo del diseño de los hormigones paraestructuras sometidas a ambientes agresivos. Este aspectotiene una gran actualidad e importancia y es bien conocidoque la Industria del Hormigón Premezclado está muchomejor preparada para asumir el reto de la producción de

Fig. 3 - La tecnologia y equipos utilizados enAmerica Latina son del mismo nivel de

los utilizados en el resto del mundo

Fig. 4 - Los pavimentos de concreto son un segmentoimportante que trae consigo muchos beneficios sociales

2 En el sitio web www.niemeyer.org.br esta disponible una biografíaoficial de Oscar Niemeyer con un recuento de sus obras y foto-

grafías.

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REVISTA CONCRETO    A   c   o   n   t   e   c   e

hormigones para estructuras con elevados requisitos de durabilidad, de acuerdoa los tipos de exposición ambiental a que van a estar sometidas.

  Con respecto a la normativa se reconoce la necesidad de estandarizar

requisitos en la región para el mercado del hormigón, que es algo inaplazable, taly como ya ha sucedido en la Unión Europea al darse su proceso de integración.Aunque varios de los países de la zona tienen sus propios estándares normativosde producción de hormigón, nos enfrentamos también al reto de libre comercioy de desarrollar la uniformidad de criterios en pro de mejorar la competitividadde la industria en la región no solamente frente a la competencia foránea sinofrente a su mayor enemigo, las mezclas de hormigón de mala calidad hechas sinuna regulación adecuada.

La Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado es conscientede este problema y lo ha venido tratando en sus reuniones de tiempo atrás, enpro de iniciar las deliberaciones pertinentes para avanzar en el necesario caminode una norma única iberoamericana reconocida por todos las partes conformelos requerimientos de la Organización Mundial del Comercio. A tal efecto sehan elaborado y aprobado en el seno de la organización las “recomendacionespara la elaboración de una norma única de especificaciones para el hormigón”.

El concepto de norma única es esencial si se parte del principio de que elhormigón en la estructura tiene que cumplir con un determinado desempeño,independientemente de donde sea preparado, o elaborado y de su tecnología devertido.

  Esto, necesariamente debe estar acompañado de la necesidad demecanismos efectivos de control y de redes de laboratorios de materialesadecuadas. En la actualidad, la red de laboratorios de hormigón debidamentecertificados para prestar sus servicios es mínima y algunos programas se hanemprendido para promover dicha actividad en México por parte de la AMIC y enColombia por ASOCRETO.

Otro importante reto actual, no solo de Latinoamérica, sino a escalamundial, radica en la necesidad impostergable de caracterizar y unificar losmétodos de ensayo para evaluar el desempeño de los hormigones por sudurabilidad, aspecto sobre el cual aún se adolece de falta de consenso.

 Conclusiones

  Como se pudo ver, fueron varios los temas tratados en pro de mostrarun panorama amplio de la influencia, desarrollo y posibilidades de la industria delhormigón premezclado en América Latina.

Desde el inicio de la historia del uso industrial del material en los años30´s hasta romper el record de resistencia en hormigones de altas prestacioneshan pasado muchas anécdotas, ingenio arquitectónico y tecnología, que vienena ser parte de un capítulo en la historia mundial del material que producimos.

  Falta aún enfrentar muchos retos, pero son también muchas lasposibilidades de una zona todavía en proceso de asimilación de inversionesesenciales para su desarrollo. El hormigón será sin lugar a dudas, por muchosaños más, un protagonista importante en las obras, y nuestra industria, deberánecesariamente incrementar sus niveles de penetración en los consumos decemento en base a la generación de competitividad para su cliente final: elconstructor

Fig. 5 - Obras inigualables hechas en concretoen nuestra región

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REVISTA CONCRETO22

Controle Tecnológicodo Concreto

Contro e tecno ico

U  m artigo técnico sobre controle tecnológico doconcreto no Estado de São Paulo, escrito em novembro de1969, mostrava os seguintes fatos:

Na cidade de São Paulo, em 1965, apenas 20%das construções em concreto tinham controletecnológico.

  Em 1969, 50% das construções eram feitas comcontrole tecnológico, enquanto, no interior do Estado,esse procedimento se reduzia muito, exceto nas obrasde grande porte (barragens, obras de arte e outrosempreendimentos, públicos, geralmente).

  Funcionavam em São Paulo apenas cinco laboratóriosespecializados em controle tecnológico do concreto:

três particulares e os do IPT e da UniversidadeMackenzie.

  Era necessário conscientizar muitos profissionaisligados à construção ainda não esclarecidos sobre anecessidade do controle tecnológico do concreto.

  O controle abrangia na época estas fases:

• elaboração da dosagem de concreto, visandoatender a trabalhabilidade, resistência, durabilidadee estética, de acordo com o projeto;

• estudo dos materiais constituintes do concreto;• determinação das características do concreto

fresco e endurecido (abatimento e moldagem decorpos de prova);

• controle estatístico periódico das resistências

obtidas, para verificação e necessárias correções;• verificação da resistência do concreto da estrutura(ensaios do concreto endurecido).

  Os serviços dos laboratórios se restringiam geralmentea recuperar estruturas que apresentavam patologias,ameaçando a sua estabilidade.

Desenvolvimento Tecnológico

  Ocorreram nos últimos trinta anos avançostecnológicos que promoveram a indústria do concreto.Maior confiabilidade, durabilidade, economia, versatilidade,capacidade, adaptabilidade e estética eram algumas

das metas a alcançar. Isso envolvia uma melhoria nos

materiais, manejo, combinações e controle de suaqualidade, nos métodos de construção, especificações,redução e reciclagem dos detritos, e a ampliação dos

campos de utilização do concreto.  Concretos de alto desempenho surgiram comoresultado do desenvolvimento tecnológico na produção decimento Portland e de novos aditivos e adições ao produto.O comportamento das estruturas de concreto armadoe protendido e sua deterioração em face de agentesagressivos foram melhor estudados com a definição decritérios de avaliação do ambiente.

  O estabelecimento de parâmetros, através demétodos de ensaio, para concretos e estruturas de concretoarmado e protendido, tendo em vista durabilidade eresistência mecânica, permitiu estimativas de sua vida útil,quando expostos a determinados ambientes agressivos.

Histórico

Moldagem de corpos de prova 15x30 cm

em concreto

Roberto José Falcão BauerDir. Téc. do Centro TecnológicoL. A. Falcão Bauer

 Vice-Presidente da ABRATECProf. Universidade de Taubaté - SP

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REVISTA CONCRETO    c   o   n

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NBR 6118 / 2003 – Projeto de estruturas de concreto –Procedimento.

NBR 6122 / 1996 – Projeto e execução de fundações –Procedimento.NBR 7187 / 2003 – Projeto e execução de pontes de concretoarmado e protendido – Procedimento.NBR 9062 / 2001 – Projeto e execução de estruturas de concretopré-moldado – Procedimento.NBR 9575 / 2003 – Seleção da ImpermeabilizaçãoNBR 14931 / 2003 – Execução de estruturas de concreto –Procedimento.NBR 10839 / 1989 – Execução de obras de arte especiais emconcreto armado e concreto protendido – Procedimento.NBR 7212 / 1984 – Execução de concreto dosado em central –Procedimento.NBR 12654 / 1992 – Controle tecnológico de materiais componentesdo concreto – Procedimento.NBR 12655 / 1996 – Concreto – preparo, controle e recebimento– Procedimento.

NBR 7480 / 1996 – Barras e fios de aço destinados a armaduraspara concreto armado – Especificação.NBR 7481 / 1990 – Telas de aço soldadas – armadura para concreto– Especificação.NBR 7482 / 1991 – Fios de aço para concreto protendido –Especificação.NBR 7483 / 1991 – Cordoalhas de aço para concreto protendido– Especificação.NBR 7681 / 1983 – Calda de cimento para injeção –Especificação.NBR 5674 / 1999 – Manutenção de edificações – Procedimento.NBR 14037 / 1998 – Manual de operação, uso e manutençãodas edificações – conteúdo e recomendações para elaboração eapresentação.

Controle Tecnológico

  O profissional responsável pela execução daobra é que comumente solicita à empresa de tecnologiade concreto a realização dos serviços de aceitação doconcreto, através de ensaios de abatimento (aceitaçãoprovisória) e ensaios de ruptura de corpos de prova deconcreto endurecido (aceitação definitiva).

  Como todo produto que desempenha funçãode responsabilidade, o concreto precisa ser submetido acontrole da qualidade, tendo em vista o grande númerode variáveis que influem nas suas características. Alémde rigorosa seleção dos materiais constituintes e decompetente estudo de dosagens, é indispensável ocontrole da execução e das características do produto final

concreto armado.

Ensaio de penetração de água sob pressão emcorpos de prova em concreto projetado

Ensaio de qualidade do cimento

Premissas

  A qualidade potencial do concreto depende,conforme trabalho do professor Paulo Helene (1),preponderantemente da relação água/cimento e do graude hidratação, assim como da maioria das propriedadesmecânicas, tais como módulo de elasticidade, resistênciaà compressão, à tração, fluência, relaxação, abrasão,durabilidade e outras.

  A qualidade efetiva do concreto na obra, ouseja, da estrutura, é assegurada pelos procedimentosde mistura, transporte, lançamento, adensamento,desmoldagem e cura.

  Controlar a qualidade, portanto, não significacomprovar a posteriori , mas sim definir, para cada fasedo processo, determinadas ações para assegurar ocumprimento dos requisitos pré-especificados.

  O professor Paulo Helene (1) ressalta que, doponto de vista econômico, todas as medidas, visandodurabilidade, tomadas ao nível de projeto, são sempre

muitas vezes mais convenientes, seguras e baratas quemedidas protetoras tomadas depois.

  A qualidade das construções nasce com oprojeto e as especificações dos materiais, componentes eserviços.

Normalização

  Atualmente há normas técnicas direcionadas àsvárias fases do processo, envolvendo projeto, execução,materiais e uso.

  O meio técnico deve conhecê-las, divulgá-lase colaborar em sua revisão técnica e na elaboração de

novas normas, necessárias em razão do desenvolvimentotecnológico de materiais, equipamentos e técnicasconstrutivas.

  Na relação abaixo estão as principais normastécnicas da ABNT – Associação Brasileira de NormasTécnicas – referentes às fases do processo e quecontribuem para a obtenção de estruturas de concretocom maior durabilidade.

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REVISTA CONCRETO

  O controle de qualidade do concreto compreendeos serviços a seguir:

 A. Tomada de conhecimento

• projeto resistência a esforços mecânicos especificados arespectivas idades;demais características especificadas, sejam doconcreto fresco ou endurecido, visando atender aparâmetros de desempenho ao uso, durabilidadeou outras propriedades;dimensões dos elementos estruturais a seremconcretados;densidade da armadura frouxa ou de protensão;características peculiares impostas pelo projetoarquitetônico.

• condições de exposição e ação de agentes externosclasse de agressividade ambiental;pressão hidrostática;ambientes quimicamente agressivos – obterinformações do processo operacional quanto aosprodutos, temperatura, concentração, tempo decontato, estado físico do agente.

• materiais constituintes disponíveis na região da obrae suas características

• equipamentos disponíveis para mistura, transporte,lançamento e adensamento do concreto

• processo de cura a ser empregado

• mão-de-obra disponível, quanto à sua qualificação

B. Fornecimento/verificação de dosagens queatendam às condições anteriores

Preparação do topo de corpo de prova extraídodo concreto projetado

Bibliografia

1. HELENE, Paulo R. L. Introdução a Prevenção da Corrosão

das Armaduras no Projeto das Estruturas de Concreto– Avanços e Recuos. Simpósio sobre Durabilidade doConcreto – IBRACON, março de 1998.

2. ZAMARION, José Ferreira Diniz. A NB-1 - VisãoNacional da Durabilidade do Concreto – Simpósio sobreDurabilidade do Concreto. IBRACON, março de 1998.

3. FALCÃO BAUER, Luiz Alfredo. Controle Tecnológico doConcreto. Materiais de Construção, 5ª edição, capítulo13 – p. 375 – 403.

4. A CONSTRUÇÃO EM SÃO PAULO – nº 1139 – 08/12/69– p. 16 – 21 – Artigo técnico – Para a economia esegurança da concretagem o controle tecnológicooferece a resposta.

5. FALCÃO BAUER, Roberto José. Controle Total daQualidade na Construção Civil, anotações de aula2004, UNITAU – Universidade de Taubaté, professor

do curso de Engenharia Civil.

C. Acompanhamento da obra

• verificaçãoperiódica dos materiais empregados;do estado e comportamento dos equipamentos demistura, transporte, lançamento e adensamento;dos métodos de cura quanto à sua eficiência.

D. Realização dos ensaios

  ensaios do concreto fresco e endurecido, conformeplano de amostragem previamente definido, deacordo com a NBR 12655/96;

  interpretação dos resultados obtidos nos ensaios;  eventual correção ou modificação das

recomendações iniciais, em fase da constataçãode variações das características dos materiaisempregados, dos equipamentos e por eventualnecessidade da correção da avaliação inicial feita

sobre o comportamento da obra;  fornecimento de consulta aos interessados no que

diz respeito a métodos construtivos;  fornecimento de instruções e acompanhamento dos

serviços de reparo do concreto, na eventualidadede se verificarem falhas nas peças concretadas;

  fornecimento de relatório técnico sobre osserviços realizados, resultados obtidos e eventuaisrecomendações

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REVISTA CONCRETO

Carla TomaziniDébora MiuraProspectiva Consultoria

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IIRSA, uma Proposta paraa Integração do Espaço Latino- Americano

erca o Internaciona

A  Iniciativa para Integração da Infra-estruturaRegional Sul-Americana (IIRSA - na sigla em espa-nhol), resultado da primeira reunião de Presidentes da

América do Sul, realizada em Brasília em 2000, pos-sui o intento ousado, porém pouco conhecido, de unirfisicamente o continente, com projetos de infra-estru-tura nas áreas de transportes, energia e comunicações.Com o intuito de fomentar o crescimento econômicosustentável e o desenvolvimento social sob a égide dareiterada integração física da região sul-americana, aIIRSA tem seus objetivos específicos relacionados à

dinamização do comércio bila- teral, ao estímulo aodesenvolvimento das regiões fronteiriças, ao apoio àconsolidação de cadeias produtivas a fim de gerar com-

petitividade nos grandes mercados mundiais e reduziro “custo sul-América” por meio da criação de uma plat-aforma logística articulada.

Participam desta iniciativa 12 governos sul-americanos com o apoio técnico de três organizaçõesinternacionais multilaterais incumbidas de mobilizarfinanciamento para tal empreitada: Banco Interameri-cano de Desenvolvimento (BID), Corporação Andina deFomento (CAF) e Fundo Financeiro para Desenvolvim-ento da Bacia do Prata (Fonplata).

Nos últimos anos, esse programa avançou sig-nificativamente, uma vez que os países integrantes daIIRSA acertaram a criação de uma carteira de mais de335 projetos, agrupados em 40 grupos de projetos,

com um montante total estimado em US 37 bilhões.Seu rol de atuação é pautado por 10 eixos de inte-gração e desenvolvimento definidos conforme os fluxosatuais e potenciais de concentração econômica. Outrofoco está voltado aos processos de matizar gargalosreguladores, operacionais e institucionais que impedema efetiva integração física.

No caso do Brasil, medidas para implementara integração de infra-estrutura física vêm sendo rea-lizadas desde o primeiro Plano Plurianual do governoFernando Henrique, mantendo-se no atual governo.Assumindo a posição de líder regional para a efetivaçãoda IIRSA, o Brasil tem agora a tarefa de compatibili-zar os seus inte-resses em uma futura integração física

ao desenvolvimento econômico na região. O interessena proposta da IIRSA pelo Brasil tem sido explícito;tanto que, além das três instituições internacionais definanciamento, o Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) também está crescente-mente envolvido no financiamento destes projetos in-tegracionistas.

Dos 40 grupos de projetos atualmente empauta, o Brasil está envolvido em seis deles totalizan-do cerca de US 500 milhões em investimentos. Estesprojetos concentram-se especificamente na área detransportes rodoviário e hidroviário no Eixo do EscudoGuayanés, com a interconexão viária entre Venezuelae Brasil. Já na área de energia, há um projeto que pre-tende interligar a rede elétrica brasileira à venezuelana,cujo orçamento previsto é de US 210 milhões. Vias de

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REVISTA CONCRETO28

RBLE – Rede Brasileira de Laboratórios de

Ensaio-Acreditação pelo Inmetro Segundo aNBR ISO/IEC 17.025 1, 2, 3

Contro e tecno ico

A  busca da credibilidade de um laboratóriode ensaios, formalizada pela sua acreditação, temdespertado crescente interesse no contexto da glo-balização do comércio, da indústria, da inserção de

produtos e serviços em mercados competitivos. Omesmo fenômeno pode ser demonstrado pela nítidapreferência dada aos serviços de ensaios que exi-bem certificados emitidos por laboratórios acredita-dos, cujos resultados são metrologicamente confiá-veis.

  O INMETRO tem como objetivo disponibili-zar ao país uma infra-estrutura de serviços básicospara a competitividade, em atendimento à deman-da. Em 1980 foi estimulada a criação da Rede Bra-sileira de Laboratórios de Ensaios (RBLE). Constitu-ída por laboratórios acreditados, a RBLE congregacompetências técnicas e capacitações vinculadas às

empresas de tecnologia, indústrias, universidades einstitutos tecnológicos, habilitados à realização deensaios. A acreditação subentende a comprovaçãoda competência técnica, credibilidade e capacidadeoperacional do laboratório.

  A concessão da acreditação atribuída peloINMETRO, por intermédio da Divisão de Credencia-mento de Laboratórios, vinculada à CoordenaçãoGeral de Credenciamento (CGCRE), efetua-se emconformidade com procedimentos internacionais deacreditação. 

Concedida com base na norma ABNT NBRISO/IEC 17.025 - “Requisitos Gerais para Compe-

tência de Laboratórios de Ensaio e Calibração”, deacordo com diretrizes estabelecidas pela Interna-tional Laboratory Accreditation Cooperation (ILAC),e nos códigos de BPL (Boas Práticas de Laborató-

rio) da Organization for Economic Cooperation andDevelopment (OECD), a acreditação pelo INMETROé aberta a qualquer laboratório que realize serviçosde ensaios, em atendimento à própria demanda in-terna ou de terceiros, independente ou vinculada aoutra organização, pública ou privada, nacional ouestrangeira, independente de seu porte ou área deatuação. Além disso, a acreditação de um laborató-rio de ensaios é concedida por ensaio, para atendi-mento a uma determinada norma ou a um métodode ensaio desenvolvido pelo próprio laboratório; epode ser concedida a laboratórios permanentes,temporários ou móveis, para realizar serviços deensaios nas próprias instalações e/ou no campo.  O INMETRO alinhou seu sistema de acre-ditação de laboratórios aos requisitos do ABNTISO/IEC Guia 58 que regulamenta a sistemática deoperação do organismo acreditador, para assinaturade acordos de reconhecimento mútuo. Com essaimportante conquista, os relatórios de ensaios emi-tidos pelos laboratórios brasileiros acreditados pelaCGCRE/INMETRO tem aceitação internacional.

A acreditação de laboratórios é concedidaapós uma rigorosa avaliação conduzida por avalia-dores especialistas treinados pela CGCRE/INMETROnas áreas de atuação do laboratório e assegura

que:  Os métodos de calibração e de ensaios utiliza-dos são adequados;

  Os equipamentos são calibrados em intervalosregulares;

Luiz Eduardo de Souza RibeiroInstituto Nacional de Normalização,Metrologia e Qualidade Industrial – INMETRO

Helder Gomes CostaUniversidade Federal Fluminense – UFF/LATEC

1 ISO( International Organization for Standardization) - É uma Fe-deração Mundial de Normalização Técnica, integrada por organis-mos nacionais de normalização.2 IEC( International Electrotechnical Commission) - É uma Federa-ção Mundial de Normalização Técnica, integrada por organismosnacionais de normalização, atuando especificamente na normaliza-ção internacional no campo da eletricidade.3 A norma ISO/IEC 17025 foi publicada pela ISO em 1999, em umaversão em inglês e a norma equivalente brasileira NBR ISO/IEC17025 foi publicada em 2001 pela ABNT. A sigla NBR é utilizadapela ABNT como norma brasileira.

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  Os profissionais do laboratório en-contram-se tecnicamente prepara-dos;

  As condições ambientais são apro-priadas;

  O sistema da qualidade está imple-mentado, segundo exigências inter-

nacionais, assegurando ao clienteas evidências da competência téc-nica e gerencial do laboratório.

  O procedimento para a obten-ção da acreditação inicia-se com umasolicitação formal do laboratório à CG-CRE/INMETRO acompanhada de do-cumentação que retrate o sistema daqualidade do laboratório. Essa solicita-ção será então analisada por uma equi-pe de avaliadores especialistas, treina-dos nas áreas específicas de atuaçãodo laboratório. A avaliação consiste das

seguintes etapas:  Análise da documentação;  Participação em programas de en-saios de proficiência por compara-ções interlaboratoriais;

  Visita dos avaliadores às instalaçõesdo laboratório, objetivando a cons-tatação do atendimento aos requisi-tos da acreditação.

  A formalização da acreditaçãose dá mediante a emissão de um certi-ficado de acreditação e a celebração deum contrato entre a CGCRE/INMETRO e

o laboratório postulante da acreditação,especificando o escopo da acreditaçãoconcedida.

  Uma vez acreditado, o labora-tório passa a integrar a Rede Brasileirade Laboratórios de Ensaios (RBLE), es-tando habilitado a utilizar a logomarcade laboratório acreditado (que exibe amarca da CGCRE/INMETRO) nos seusrelatórios de ensaios.

  Atender aos requisitos da acre-ditação constitui exigência permanentedo organismo acreditador para garantir

que o laboratório opera sistematica-mente com competência. Para assegu-rar que as condições originais da acre-ditação estão sendo mantidas, a CGCRE/INMETROmonitora, de forma permanente, a atuação do la-boratório por intermédio de avaliação anual in loco,e controlando a capacidade de medição do labora-tório por sua participação em programas de ensaiosde proficiência.

Benefícios decorrentes da Acreditação

  O sistema tem reconhecimento internacional;  É sistema oficial reconhecido pelo Governo Brasi-leiro;

Solicitação de acreditação

Visita pré-avaliação (se pertinente)

Análise inicial da documentação eações corretivas (se pertinente)

Avaliação

Avaliação SQ/ISO

17025

Avaliação e verificação da

capacidade do laboratório

Avaliação, relatório de avaliação(e ações corretivas (se pertinente)

Manutenção da acreditação(atividades de supervisão)

Reavaliação de 4 em 4 anos

  Contrato

  Certificado  Anexo ao contrato (escopos de acreditação)

Acreditação

Fluxograma básico do processo de acreditaçãode Laboratório de Ensaio

  É um diferencial de mercado;  Auxilia na conquista de novos mercados;  Aumenta a confiança dos clientes;  Evidencia, por uma entidade independente, suacompetência técnica;

  Possibilita a redução do número de avaliaçõesdos clientes;

  Permite o aprimoramento das práticas e procedi-mentos das organizações 

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REVISTA CONCRETO30

Fissuras

  Tomando conhecimento da ocorrência de reaçõesexpansivas deletérias em algumas fundações de obrasde edificações na região do grande Recife, o InstitutoBrasileiro do Concreto, IBRACON, constituiu um comitêde especialistas para redigir este comunicado técnico aomeio.

  As expansões do concreto em blocos de fundações

de edifícios, ora observadas, são resultado de reaçõesquímicas denominadas de reação álcali-agregado (RAA).

A RAA, embora conhecida da ciência há muitosanos, é uma reação que se manifesta em geral após décadasda concretagem. Tratando-se de uma reação lenta, namaioria das vezes pode ser detectada com antecedênciasuficiente para permitir intervenções corretivas.

As Figs. 1, 2 e 3 apresentam alguns sintomaspatológicos típicos de blocos de fundações de edifícios,afetadas pelo problema e a Fig. 4 mostra um detalhe deconcreto extraído de um desses blocos.

Reações Expansivas emEstruturas de Concreto

Tecno o ia

Contribuição do Comitê deEspecialistas do IBRACON

Mecanismo

  A RAA consiste, basicamente, numa reaçãoquímica em que alguns constituintes do agregado, empresença de água, reagem com hidróxidos alcalinos,provenientes dos cimentos ou de outras fontes, que estãodissolvidos na solução intersticial do concreto, formandoum gel expansivo.

A água absorvida pelo gel pode ter origem emágua existente e disponível no local e em contato com oconcreto, água de chuva e, até mesmo, água condensadada umidade do ar. Se o gel estiver confinado pela pasta decimento seu inchamento implica na introdução de tensõesinternas que, eventualmente, podem causar fissuras noconcreto.

Para que ocorra uma RAA expansiva, além dosagregados reativos e dos álcalis em concentração suficiente,é necessário que haja água ou umidade. Sem um mínimo de80% de umidade relativa não há expansão significativa.

  A reação RAA tem sido comumente dividida emtrês tipos: Reação Álcali-Sílica (RAS), Reação Álcali-Silicato(RASS) e Reação Álcali-Carbonato (RAC).

A principal delas e a que mais ocorre no Brasilé a RAS. Os vários tipos de sílica reativa presentes nosagregados reagem com os íons hidroxila presentes nosporos do concreto. A sílica, reage com os álcalis sódioe potássio formando um gel sílico-alcalino, altamenteinstável. Uma vez formado, o gel começa a absorver água ea expandir-se, ocupando um volume maior que os materiaisque originaram a reação.

A RASS consiste na reação entre os álcalisdisponíveis e alguns tipos de silicatos eventualmentepresentes em certas rochas sedimentares, rochasmetamórficas e ígneas. É uma reação que está basicamenterelacionada à presença de quartzo tensionado, quartzo

microcristalino a criptocristalino e minerais expansivos dogrupo dos filossilicatos. É o tipo de RAA mais encontradaem barragens construídas no Brasil e agora em blocos defundações na região do grande Recife.

  A RAC ocorre quando certos calcários dolomíticossão usados como agregado em concreto e são atacadospelos álcalis do cimento, originando uma reação denominadadesdolomitização, ou seja, formação de brucita Mg(OH)2,carbonato alcalino NaCO3 e carbonato cálcico CaCO3 comexcessiva expansão. Como a reação regenera os hidróxidosalcalinos, a reação de desdolomitização terá continuidadeaté que a dolomita tenha reagido por completo, ou até que aconcentração de álcalis tenha sido suficientemente reduzidapor reações secundárias. A RAC é uma reação bem complexae até hoje existem consideráveis divergências sobre oprovável mecanismo da reação, tendo sido enunciadasvárias hipóteses. Essa é uma RAA completamente distinta

Figura 1 - Bloco de fundação de edifício. Notarfissuras em forma de mapa na lateral e na partesuperior.

Figura 2 - Bloco de fundação de edifício. Notarfissuras em forma de mapa na lateral e na partesuperior.

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REVISTA CONCRETO   t   e   c   n   o   l   o   g   i   a

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das reações do tipo álcali-sílica ou álcali-silicato, e bemmais rara.

Consequências

  Os casos anteriores e significativos de registro da

ocorrência de RAA no Brasil, com implicações estruturais,foram em obras de barragem, obras hidráulicas e fundaçõesde pontes, onde há contato intenso e permanente doconcreto com a água. Pela primeira vez no Brasil essefenômeno está ocorrendo em edifícios e com intensidadesignificativa a ponto de fissurar alguns blocos de fundações.Trata-se, portanto, de um novo desafio ao conhecimento eà engenharia nacional.

No caso de estruturas hidráulicas, a fissuraçãopode conduzir à perda da estanqueidade, à lixiviaçãoe redução do módulo de elasticidade do concreto queaumenta as deformações da estrutura.

No caso de concreto armado, a fissuração causadapela RAA propicia o ingresso de outros agentes externosagressivos que podem despassivar o aço das armaduras

causando sua corrosão e gerando outros problemas dedurabilidade. As principais conseqüências da RAA sobre aspropriedades do concreto são: uma discreta redução naresistência à compressão, significativa perda da resistênciaà tração e acentuada queda no módulo de elasticidade.

  A RAA, isoladamente, não leva uma estrutura deconcreto a um colapso repentino, pois é um fenômeno quese desenvolve ao longo de anos. Esse fato sempre tempermitido que sejam tomadas medidas corretivas antesque possa ocorrer um acidente, o que reforça ainda maisa importância da realização de inspeções periódicas nasestruturas.

Figura 4 - Detalhe de concreto extraído de um dosblocos de fundação. Notar o gel da reação álcali-agregado em torno dos agregados graúdos.

Borda de reaçãocom gel da reação

álcali-agregado

Figura 3 - Bloco de fundação de edifício. Notarfissuras em forma de mapa na lateral e na partesuperior. Algumas fissuras foram destacadas paraa foto, por meio de giz azul.

Fissuras

Diagnóstico

  Um diagnóstico seguro do fenômeno exige umacuidadosa inspeção visual, uma análise das ocorrências,a consulta a documentos de projeto, de construção e decontrole, assim como a retirada de testemunhos de concretopara análises laboratoriais com auxílio de microscópiosmanuseados por geólogos, químicos, físicos e engenheirosexperimentados.

A única evidência inquestionável de que umaestrutura de concreto está afetada pela RAA é a presençado gel resultante da reação. Uma das características daRAS e da RASS é a existência de uma “borda de reação”,constituída pelo gel em torno do agregado e que, na maioriadas vezes, não é perfeitamente visível a olho nu. Dessa

forma, a ocorrência da reação pode passar despercebidadurante anos a fio até que, eventualmente, o aparecimentode fissuração leve a um estudo mais aprofundado e seuconseqüente reconhecimento e constatação.

  Convém ressaltar que expansões deletérias,causadas pela RAA não ocorrem sem que os produtosda reação apareçam; por outro lado, produtos da reação

podem aparecer sem que a expansão devida à RAA sejadanosa.

  A distribuição e intensidade das fissuras geradaspor RAA dependem da restrição à expansão, induzida peloestado de tensão, pela densidade e pela localização dasarmaduras nas peças de concreto armado. Esta característicamuitas vezes leva a um diagnóstico equivocado quanto aessa manifestação patológica, creditando essas fissuras aoutras causas.

A RAA é um fenômeno complexo que requer paraseu correto diagnóstico o parecer de especialistas e ensaios

em laboratórios que hoje no Brasil se restringem a unspoucos. A correta análise das implicações desse fenômenoquímico no comportamento estrutural exige uma equipeinterdisciplinar com projetistas estruturais, de fundações,tecnologistas de concreto e petrógrafos especialistas emagregados para concreto.

  Concluindo pode-se reafirmar que a RAA é umareação de longa duração, de conseqüências controláveis,conhecida há anos, porém ainda não completamentedominado pela engenharia mundial. Não existem meiosnem procedimentos para determinar com precisão o tempoe a velocidade da reação, nem qual seu tempo de duração.O que se sabe é que sua intensidade pode diminuir com otempo, na medida em que os álcalis internos disponíveispara a reação sejam consumidos, que não haja fonte

externa de suprimento de álcalis e que seja impedido oureduzido o ingresso de umidade no concreto.

Prevenção em Obras Novas 

Há vários métodos para detecção prévia deagregados reativos, tais como: análise petrográfica,método químico, método das barras de argamassa,e métodos acelerados em barras de argamassa e embarras de concreto. Os métodos acelerados, juntamentecom as análises petrográficas, são os mais empregadosatualmente.

Alguns dos métodos mais utilizados para adetecção prévia de risco de RAS e RASS são:

Análise petrográfica: ASTM C-295 e NBR 7389;

Método químico: ASTM C-289 e NBR 9774;

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REVISTA CONCRETO

Sílica ativa, metacaulim, cinza volante, cinza decasca de arroz ou material pozolânico, adicionadosao concreto na Central ou na própria obra, em teorescompatíveis e previamente estudados.

  O simples uso de cimentos com baixo teor deálcalis, isoladamente, não é suficiente na prevenção destetipo de reação, pois o que importa é o total de álcalissolúveis no concreto.

Inibidores à base de lítio parecem controlar

a reação, mas o assunto ainda é objeto de estudos epesquisas, sendo efetivo apenas em alguns casos.

  Portanto, do ponto de vista da prevenção dofenômeno em obras novas há conhecimento, materiais,procedimentos e capacitação laboratorial instalada no Brasilpara analisar previamente os agregados e evitar o riscodessas reações deletérias em novos empreendimentos.

Intervenção Corretiva 

Recuperar estruturas com RAA instalada requerum detalhado estudo de cada caso. A paralisação da reaçãoé objeto de pesquisas, ainda não conclusivas, que estãosendo efetuadas em todo o mundo.

Algumas medidas podem ser tomadas para reduzira velocidade das reações e podem ser tomadas em conjuntodependendo de cada situação, a saber:

Atenuar a velocidade do processo reativo atravésda limitação de acesso da água e umidade atravésde produtos impregnantes, penetrantes, selantes emembranas impermeáveis e estanques;Atenuar a velocidade das reações através detratamentos químicos com injeção de sais de lítio.Essa medida ainda tem limitações práticas paraaplicações em peças maciças com grande volumede concreto;Restringir as deformações por meio de encapsulamento

 / cintamento com concreto armado e/ou protendido,aplicando tensões de compressão que alcancemvalores elevados da ordem de 8MPa;

Aliviar as tensões e liberar deformações pela aberturade juntas de expansão, que nem sempre se aplicama casos de componentes de concreto armado.

  Infelizmente ainda não são conhecidas medidascorretivas integrais e definitivas, nem consagradas, nemmilagrosas. Para qualquer solução de intervenção corretivaadotada é fundamental haver um monitoramento adequadoe acompanhamento do desempenho da estrutura afetadadurante sua vida útil 

Constituem o Comitê de Especialistas do IBRACON, osseguintes profissionais:

1. Alberto Jorge Tavares Cavalcanti, eng., sócio doIBRACON

2. Cláudio Kerr do Amaral, eng., Conselheiro do IBRACON,Mestre em Engenharia EPUSP (Presidente do Comitê)

3. Cláudio Sbrighi Neto, geólogo, Vice-Presidente doIBRACON, Dr. em Engenharia EPUSP

4. Flávio Moreira Salles, eng., sócio do IBRACON5. Luiz Prado Vieira Jr., eng., Conselheiro do IBRACON6. Nicole Pagan Hasparyk, eng., sócia do IBRACON, Mestre

em Engenharia UFG7. Paulo Fernando Araújo da Silva, eng., Diretor IBRACON,

Mestre em Engenharia EPUSP8. Paulo Helene, eng., Presidente do IBRACON, Dr. em

Engenharia EPUSP9. Selmo Chapira Kuperman, eng., Conselheiro do IBRACON,

Dr. em Engenharia EPUSP (relator)10. Tibério Andrade, eng., sócio do IBRACON, Mestre em

Engenharia EPUSP11. Vladimir Antonio Paulon, eng., sócio do IBRACON, Dr. em

Engenharia EPUSP12. Walton Pacelli de Andrade, eng., Conselheiro do

IBRACON13. Yushiro Kihara, geólogo, sócio do IBRACON, Dr. em

Geociências USP

Método das barras de argamassa: ASTM C-227 eNBR-9773;Método acelerado das barras de argamassa: ASTMC-1260, com limites de expansão estabelecidos paraas idades de 16 e 28 dias;Método das barras de concreto: ASTM 1293 e CSAA23.2, com limites de expansão de prismas deconcreto para a idade de um ano.

  Além dos métodos para detecção de reatividade

de agregados há os métodos da ASTM C 441 e ASTM C1567 que auxiliam na escolha da adição mineral efetivapara prevenção ou redução do risco de ocorrência de RAAem obras novas.

A detecção prévia da RAC reação álcali-carbonatoatravés de ensaios laboratoriais tem mostrado resultadoscontraditórios, havendo necessidade de uma equipemuldisciplinar experiente para uma correta análise. Entre osensaios recomendados estão: análise petrográfica, métododo cilindro de rocha segundo ASTM C-586, e método comprismas de concreto conforme ASTM C-1105.

  A melhor maneira de evitar ou reduzir apossibilidade de ocorrência da RAA é conhecer ascaracterísticas dos materiais componentes do concreto,através de estudos prévios e adotar medidas que atenuem

as condições favoráveis à sua ocorrência.  O ideal seria não utilizar agregados reativos,porém nem sempre isto é possível. Se não houveralternativa da troca de agregados, utilizar, após prévioestudo de comprovação da eficiência, os seguintes materiaispreferenciais:

Cimento Portland de Alto Forno (CPIII da NBR 5735)ou Pozolânico (CPIV da NBR 5736), com teoresmínimos definidos de adição em função da reatividadedos agregados a serem utilizados;

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REVISTA CONCRETO    B   a   l

   a   n   ç   o

Master em Produção deEstruturas de Concreto

a an o

O Ibracon considera um sucesso o lançamento deseu novo programa de Cursos de Educação Continuada.O programa batizado como “Master PEC – Master emProdução de Estruturas de Concreto” pretende varrertodas as áreas do processo de produção, controle, usoe manutenção de obras de concreto, abrangendo os

conhecimentos práticos e científicos aplicáveis a cadaetapa do ciclo construtivo.

  Um certificado de Master PEC será conferidopelo Ibracon aos alunos que, num período de 4 (qua-tro) anos, acumulem 120 horas-crédito em cursos ofe-recidos pelo programa, e que em atividade avaliativademonstrem ter adquirido conhecimentos e uma visãointegradora das técnicas, materiais e políticas (quali-dade, sustentabilidade e responsabilidade social, entreoutras), que regem a produção de estruturas de con-creto.

  O objetivo do Ibracon é desenvolver mais umcanal de divulgação da tecnologia do concreto e esti-mular sua evolução através do melhor exercício dosprofissionais vinculados à cadeia produtiva da cons-trução civil.

  Mais de 90 alunos assistiram os três primeiroscursos oferecidos, dentre eles 38% sócios da institui-ção, que gozam de 25% de desconto no investimento,um dos mais baratos do mercado, graças ao Patrocínioque recebe de empresas associadas, interessadas empromover a difusão do conhecimento. O propósito éaumentar o número de beneficiados mediante a filia-ção de todos os profissionais que buscam reciclar eadquirir novos conhecimentos na área 

CURSOS JÁ OFERECIDOS

  “Patologia das Estruturas de Concreto. Conceituação, Inspeção e Diagnóstico”   -curso de 8 horas oferecido no Auditório da Divisão de Geologia do IPT nos dias 4 e 5 de Abril, comPatrocínio da Sika Brasil.

  Os professores Eng. Paulo Barbosa e Eng. Renato Landmann ressaltaram o caráter sistêmi-co e multidisciplinar dos trabalhos de inspeção, mostraram as principais metodologias de inspeção,assim como os requisitos dos laudos e relatórios técnicos incluindo o diagnóstico de anomalias emestruturas de concreto armado e protendido.

  “O Concreto na Arquitetura” – curso de 8 horas oferecido no Auditório do Instituto TomieOhtake (Faria Lima, 201) nos dias 3 e 4 de Maio com Patrocínio da PhDesign.

  O Arq. Ruy Ohtake mostrou, através da discussão de casos de obras, as vantagens e os cui-dados durante o projeto e a execução quando do uso do material concreto, sua integração com outrosmateriais como metal, madeira e vidro, e com o entorno. O Eng. Paulo Helene focou a importânciadas etapas de concepção, projeto e execução no aumento da durabilidade das obras de concreto.

Mostraram-se novos aditivos para concreto autonivelante, pigmentos para colorir, tratamentos super-ficiais, concreto estampado, concreto branco, e outras novidades com a participação de profissionaisda Cauê, da Grace e da Vanxess.

  “Sustentabilidade e Responsabilidade Social. A contribuição do Concreto” – cursode 8 horas oferecido no Auditório da Divisão de Geologia do IPT em 6 de Maio, com Patrocínio daHolcim.

  Ao longo dos últimos dez anos o Ibracon tem sido pioneiro, através de seu Comitê Técnicosobre Meio Ambiente, da defesa e valorização das políticas de sustentabilidade e da difusão de co-nhecimentos para a implantação no país de tecnologias de reciclagem, melhor aproveitamento dosrecursos gerados, e pela preservação da natureza. Os últimos eventos organizados pela instituiçãoremetem ao tema da ética e da responsabilidade social, onde o Ibracon também quer desempenharseu papel de vanguarda. O curso do professor Geól. Everaldo Marciano apresentou os mais modernosconceitos e abordou, através da discussão de casos, como trabalhar inteligentemente por uma cons-trução sustentável.

Leonel Tula

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REVISTA CONCRETO34

219, bloco C, sala 1007, CEP: 22.281-031.Conta ainda o CBDB com Núcleos Regionais

instalados em São Paulo, Minas Gerais, Pa-raná, Goiás/Brasília, Rio de Janeiro, Bahia,Pernambuco e Ceará.

Histórico

  Tendo em vista o grande salto que es-távamos começando a experimentar, princi-palmente na área energética, na virada dosanos cinqüenta para os anos sessenta, tor-nou-se necessária a criação de uma entidade

brasileira filiada à Comissão Internacional.Nessa época, o país evoluía da construçãode barragens baixas e médias (há somen-te cinco anos antes, havia sido concluída aprimeira barrarem de altura superior a 50m,em Boqueirão das Cabaceiras) e de hidroe-létricas de pequena capacidade instaladapara barragens e hidroelétricas como PauloAfonso, Furnas, Três Marias e Jupiá, ingres-sando numa era de obras de grande vulto.Motivados pelo acima exposto, engenheiros

que, naquela época, estavam assumindogradativamente as responsabilidades dasatividades técnicas relacionadas à implan-tação de barragens no país, se reuniramem assembléia geral no dia 25 de outubrode 1961 no Clube de Engenharia, no Rio deJaneiro, para fundar e aprovar os estatutosdo Comitê Brasileiro de Grandes Barragens.Foi eleito no ano seguinte, para presidente,engº Flávio H. Lyra que exerceu este cargoatravés de três reeleições, até 1976.  Atualmente o Comitê é dirigido pelasua décima sexta diretoria que, a exemplo

Aspectos Institucionais

O Comitê Brasileiro de Barragens- CBDB é uma organização não governa-mental, destinada a encorajar a troca de in-formações e de experiências adquiridas emplanejamento, projeto, construção e opera-ção de grandes barragens. O Comitê é fi-liado à Comissão Internacional de GrandesBarragens (CIGB-ICOLD) que funciona porintermédio dos comitês nacionais dos paísesmembros, totalizando hoje oitenta e trêscomitês instituídos para o desenvolvimento

de trabalhos técnicos e pesquisas científicasrelativas aos empreendimentos hidráulicos,seus benefícios econômicos e sociais bemcomo aos impactos decorrentes de suas im-plementações. No Brasil, a CIGB-ICOLD érepresentada pelo Comitê Brasileiro de Bar-ragens.

  Após a Assembléia Geral, o órgão su-perior do CBDB é seu Conselho Deliberativoconstituído pelos ex-presidentes e por maisdezoito membros, sendo seis eleitos pelossócios mantenedores e coletivos e doze pe-los sócios individuais. O órgão executivo doComitê é sua Diretoria composta por cincomembros do Conselho Deliberativo, sendoum Presidente, um Vice-Presidente, um Di-retor-Técnico, um Diretor de Comunicaçõese um Diretor-Secretário. As finanças sãoverificadas pela Comissão Fiscal constituídapor quatro membros, dois eleitos pelos só-cios mantenedores e coletivos, e dois eleitospelos sócios individuais. A sede do Comitê

é no Rio de Janeiro, à Rua Real Grandeza,

Comitê  Brasileirode Barragens

arceiros

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REVISTA CONCRETO    P   a   r

   c   e   i   r   o   s

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das anteriores, foi escolhida pelos membrosdo Conselho Deliberativo, cuja composição édefinida através de eleição direta pelos as-sociados, realizada a cada três anos.

Objetivos

Para consecução de sua finalidade cabe aoCBDB:

  Promover conferências, seminários e con-gressos e editar publicações, visando aointercâmbio de conhecimentos;

  Colaborar com a elaboração de legisla-ções específicas sobre o uso múltiplo dos

recursos hídricos, principalmente quantoà segurança das barragens e divulgá-lasatuando para atualização e cumprimento das mesmas;

  Divulgar conhecimentos relativos a aplica-ções de critérios e metodologias referen-tes ao seu escopo;

  Estimular pesquisas técnicas e cientifi-cas;

  Estimular o interesse de entidades de en-sino e estudantes e propor aos poderespúblicos medidas que visem assegurar a

qualidade, a segurança e a economicidadedas barragens;

  Colaborar com entidades que planejem,projetem, construam  ou utilizem barra-gens e obras conexas, com vistas ao aper-feiçoamento de seus métodos de planejar,projetar, construir e observar o comporta-mento desses empreendimentos;

 Colaborar com a Comissão Internacionalde Grandes  Barragens em tudo que setornar necessário e/ou conveniente;

 Propugnar pela ética nos assuntos da en-genharia de barragens.

Atividades

  O Comitê tem  promovido regular-mente, desde 1962, o Seminário Nacionalde Grandes Barragens cuja última edição, a vigésima sexta, foi realizada em abril docorrente ano em Goiânia. Outro evento re-gular do CBDB é o Simpósio sobre Peque-

nas e Médias  Centrais Hidrelétricas cuja

próxima edição, a quinta, será realizada em Florianópolis em abril do próximo ano. Vá-rios outros eventos, seminários, simpósiose “workshops” têm sido realizados ao longodos anos, abrangendo assuntos os mais va-riados como por exemplo: Reatividade Álca-li-Agregado, Instrumentação de Barragens,Concreto Compactado a Rolo, Barragens deEnrocamento com Face de Concreto, e mui-tos outros. Os Núcleos Regionais promovemcom bastante regularidade ciclos de pales-tras, visitas técnicas e “workshops”.

Outra atividade importante é a pu-blicação de livros e boletins que já formam um grande acervo de publicação técnicas

do Comitê. Entre outros, podemos destacaros dois mais recentes, de grande  sucesso,que são o Main Brazi lian Dams II  e o Large

Brazilian Spillways. Esta atividade é apoiadapelo trabalho importantíssimo das Comis-sões Técnicas cujo trabalho constitui a basetécnica do CBDB.

Conclusão

  O Comitê Brasileiro de Barragens

possui hoje cerca de 1200 sócios individu-ais e 50 sócios corporativos espalhados portodo o Brasil. Pretendemos estreitar os laçosde trabalho com as diversas associações deprofissionais do país, tais como o IBRACON,a ABMS, a ABGE etc. Para tanto, colocamosà disposição todos os nossos recursos quepodem ser acessados através de nosso sitena internet: www.cbdb.org.br 

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REVISTA CONCRETO36

Programas Interlaboratoriais esua Importância no ControleTecnológico e da Qualidade

Contro e tecno ico

O  cenário de mercado nacional cada vez maiscompetitivo e exigente em relação ao avanço tecnológico,com a abertura para o Mercosul e a globalização, a imple-mentação da qualidade nas empresas tem sido a tônica nabusca da satisfação das expectativas dos clientes.

  Há de se convir que o Código de Defesa do Con-sumidor tem exercido um papel relevante para a melhoriacontínua dos padrões de qualidade. Neste contexto estáinserida a construção civil que, infelizmente, tem se des-tacado perante à imprensa devido a insucessos na execu-ção de obras onde o grande vilão tem sido a ausência deum controle da qualidade compatível com o desenvolvi-mento tecnológico.

  Enquanto o controle tecnológico visa verificar se

estão sendo atendidas as especificações tanto do materialcomo de sua aplicação, o controle da qualidade é maisabrangente, uma vez que envolve também a referêncianormativa e análise quanto ao atendimento ou não dasespecificações do empreendimento, além da verificaçãoda adequação das instalações e equipamentos, a calibra-ção dos instrumentos e equipamentos utilizados para me-dição de qualquer propriedade, dos métodos e documen-tação utilizados, da competência técnica e da experiênciaprofissional dos profissionais envolvidos.

  A ABRATEC – Associação Brasileira de Empresasde Laboratórios de Controle de Qualidade foi criada em1999 com a finalidade de buscar a excelência do controletecnológico e da qualidade na construção civil.

  As empresas associadas possuem sistema de

qualidade implementado e avaliado pelo INMETRO - Insti-tuto Nacional de Metrologia e Normalização Industrial, ou,em alguns casos estão em processo de implementação.

Os procedimentos adotados para a acreditação,seguem os padrões internacionais de qualidade constan-tes na NBR ISO/IEC 17025 - “Requisitos Gerais para Com-petência de Laboratórios de Ensaio e Calibração”.

  Entre outros requisitos de acreditação dos la-boratórios pelo INMETRO, que integram a RBLE - RedeBrasileira de Laboratórios de Ensaio está a participação,anualmente, nos programas de proficiência de ensaio, ouseja, no Programa Interlaboratorial.

  Entre os objetivos da RBLE do INMETRO, dentreoutros, está o aperfeiçoamento de padrões de ensaio egerenciamento das empresas de serviços de controle tec-nológico e da qualidade que prestam serviços no Brasil;

a identificação e o reconhecimento oficial destas, a pro-moção da aceitação dos dados de controle, ou seja, a im-plementação de políticas que incentivem a demanda porserviços de laboratórios acreditados, bem como a divulga-ção das vantagens desses serviços, tanto nacional quantointernacionalmente, além da utilização, de maneira racio-nal, da capacitação laboratorial e de controle tecnológicodo País.

Essa utilização compreende: expandir e orientaro desenvolvimento da Rede Brasileira de Laboratórios,tendo em vista o atendimento às demandas dos setoressócio-econômicos, às novas áreas de metrologia e às re-giões mais carentes de serviços metrológicos, disponibili-zando uma infra-estrutura laboratorial no país com com-

petência reconhecida, visando o atendimento à demandapor serviços de ensaio.

  Também se pode citar que para a expansão dainfra-estrutura laboratorial (setor de construção civil) nadimensão setorial e regional, é necessário a criação dedemanda de mercado, que está sendo estimulada atravésdo Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade naHabitação – PBQP-H ( Programa Nacional do Ministériodas Cidades).

Rita Moura FontesDepto de Eng. Civil da Universidade Mackenzie

Luiz Eduardo de Souza RibeiroINMETRO

Helder Gomes CostaProf. da Universidade Federal Fluminense

Ensaio para determinação da tenacidade em

prisma de concreto reforçado com fibras

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REVISTA CONCRETO    c   o   n

   t   r   o   l   e   t   e   c   n   o   l   ó   g   i   c   o

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  O objetivo do Programa Interlaboratorial é fazera verificação de desempenho dos laboratórios de ensaiosdentro de uma dinâmica que procede da seguinte forma:uma amostra conhecida do produto – pode ser concretoendurecido, blocos de concreto, argamassa, telhas etc. –é selecionada e distribuída igualmente por laboratórios detodo o Brasil. Esse trabalho é feito pelo provedor do ensaioque tem também a responsabilidade de receber os resul-

tados e analisá-los dentro de um tratamento estatístico.Se há confiança no laboratório, os produtos analisadosterão resultados positivos. O resultado final é considera-do pelo INMETRO, tanto nas avaliações de supervisão delaboratórios acreditados quanto de laboratórios em fasede acreditação. Os laboratórios que obtêm resultados in-satisfatórios devem tomar as devidas ações corretivas.

  A utilização, de maneira racional, da capacitaçãolaboratorial e de controle tecnológico do País também temse dado pela conscientização das entidades de classe egovernamentais, agências reguladoras, empresas, técni-cos e auditores, para os benefícios advindos da utilizaçãodos serviços de laboratórios acreditados.

  Complementando-se essa política, pode-se citar

o bônus metrologia, que é um beneficio das redes esta-duais com o SEBRAE oferecendo às micros e pequenasempresas a oportunidade de obter qualidade e confiabili-dade nos ensaios, contando com um subsídio de 50% novalor do serviço solicitado e o bônus certificação – Parceriaentre SEBRAE e INMETRO garantindo subsídio até 70%para que as micros e pequenas empresas possam certi-ficar produtos, processos e serviços. Na certificação deprodutos, é necessário utilizar laboratórios acreditados.

  A importância da implementação da qualidadeem empresas de laboratórios de ensaios que efetuam ocontrole tecnológico e da qualidade em obras motivou acriação em 1994 de uma Comissão Técnica de Laborató-rios de Ensaios em Construção Civil - CTLE-01, da qualfazem parte todos os laboratórios acreditados ou postu-lantes à acreditação.

  A comissão realiza reuniões mensais, com oobjetivo de incentivar a acreditação de novos laborató-rios. Destaca-se entre seus grupos de trabalho o GT-2Programas Interlaboratoriais, que promove e coordenadesde 1995 diversos programas de proficiência (inter-laboratoriais), que atualmente compreende os de: mis-tura asfáltica, cimento, concreto endurecido, bloco deconcreto, solos e MCT, agregados, argamassa indus-trializada, argamassa colante industrializada, aço, te-las soldadas de aço, peças para pavimentação, placascerâmicas, telhas, blocos e tijolos maciços cerâmicos.

  O ensaio de proficiência é uma comparação in-terlaboratorial, conduzida por um organismo de compe-tência técnica reconhecida, que visa medir a qualidadedos resultados emitidos pelos laboratórios participantes,a partir de amostras semelhantes, em relação a um valorde consenso, ou em relação aos parâmetros de precisãode um método de ensaio específico. Tal avaliação, condu-zida sob sigilo absoluto, de modo a manter a integridadedo laboratório, é uma ferramenta de gerenciamento donível de confiança do laboratório e uma medida do seudesempenho em relação às demais organizações parti-cipantes, sendo também, com isso, uma ferramenta de

 “benchmarking”. 

Ensaio em placa de concreto projetadoreforçado com fibras

  Ferramenta importante na melhoria do contro-le da qualidade e tecnológico, esse programa enseja aolaboratório a melhoria tanto na confiabilidade metrológi-ca de seus resultados como nos métodos de ensaio, for-necendo informações sobre a influência de equipamento,dos operadores e da metodologia nos resultados.

O programa interlaboratorial tem a finalidadebásica de avaliar o desempenho dos laboratórios parti-cipantes, identificando se os desvios cometidos são devi-dos a erros sistemáticos ou aleatórios, contribuindo destaforma, para a melhoria técnica de todos os laboratóriosparticipantes.

Erros aleatórios: ocorrem devido a variabilidadedentro do laboratório, podendo ter origem em ope-rador não devidamente treinado e/ou erros ocasio-nais como: erro de leituras, erro de cálculo ou errode transcrição de dados, etc.

Erros sistemáticos: ocorrem devido a condição ad-versa do laboratório, podendo ter origem em mo-dificações não permitidas na metodologia de ensaioe/ou equipamentos não calibrados.

  Alertar para falhas aleatórias constituiu outravirtude do programa. Cada laboratório é avaliado à luzdo método proposto por Yoüden (elipse da confiabili-dade), utilizado pelo National Institute of Standard andTechnology – NIST dos Estados Unidos, que é um testeestatístico aplicável quando o objetivo é a compatibiliza-ção de resultados de ensaio.

  Este método consiste em uma representação grá-fica em um sistema cartesiano, no qual cada laboratório érepresentado por um ponto, cujas abscissas e ordenadassão os resultados obtidos para duas amostras ensaiadas.É traçada uma elipse com 95% de confiança.

Os laboratórios que apresentam resultados den-tro da Elipse de Confiança com dispersão uniforme indi-

cam que existe compatibilidade entre os resultados dos

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REVISTA CONCRETO38

laboratórios e no caso da dispersão não ser uniforme, de-vido a um ou mais pontos afastados da maioria, indicamque embora exista compatibilidade entre os resultadosdos laboratórios, existem erros significativos dos labora-tórios mais afastados, em relação aos demais.

  No programa interlaboratorial, os laboratóriostambém são avaliados pelo Programa Z-score e pelo coefi-

ciente de variação da amostra, para verificar se os desviosencontrados decorrem de erros aleatórios ou sistemáti-cos.

  O programa Z-Score é utilizado para identificarresultados dispersos. O “z-score” entre laboratórios é ba-seado na soma dos resultados de um par de amostrasensaiadas, enquanto que o “z-score” dentro do laboratórioé baseado na diferença dos resultados do par.

  O coeficiente de variação da amostra é o quo-ciente do desvio padrão pela media, expresso em porcen-tagem.

  Têm participado desses programas interlabora-toriais, que já totalizam mais de 4000 ensaios (vide fi-gura a seguir, com a evolução dos programas), todos oslaboratórios acreditados pelo INMETRO em número de 25.

Foram avaliados os seus desempenhos, se garantido ocaráter confidencial dos resultados e corrigindo eventu-ais desvios de natureza sistêmica ou aleatória. Os custosenvolvidos são arcados exclusivamente pelos laboratóriosenvolvidos.

  Os benefícios advindos da participação são, entreoutros: as empresas participantes que possuem laborató-rio de ensaio dispõem de uma avaliação externa regulare independente; essa participação no programa constituiuma evidência de sua competência; cada laboratório podecomparar o seu desempenho com o de outros laboratóriossemelhantes, e tomar ações preventivas visando à melho-ria dos seus procedimentos.

  A participação dos laboratórios acreditados nosprogramas interlaboratoriais tem sido compulsória e seubom desempenho é cobrado quando das auditorias aplica-das pelo INMETRO. Assim, um desempenho satisfatório,uma vez consolidado, deverá ser reconhecido pelo merca-do

Ensaio de resistência a compressão em blocosde concreto

PROGRAMA Nº PRODUTO ENSAIADO Nº DE LAB. PARTICIPANTES

01 CIMENTO - ENSAIOS FÍSICOS E MECÂNICOS 14

02 CIMENTO - ENSAIOS QUÍMICOS 07

03 ARGAMASSA COLANTE 05

04 ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA 09

05 ASFALTO 14

06 BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO 26

07 SOLOS 15

08 SOLOS - METODOLOGIA MCT 07

09 BLOCOS CERÂMICOS 25

10 TIJOLO MACIÇO CERÂMICO 11

11 TELHA CERÂMICA 19

12 PEÇAS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO 13

13 AÇO 13

14 TELAS DE AÇO 10

15 PLACAS CERÂMICAS 07

16 AGREGADOS 18

17 CONCRETO ENDURECIDO 28

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REVISTA CONCRETO    B   a   l

   a   n   ç   o

39

Concreto Brasil - Pesquisassobre Concreto no Brasil

a an o 

O  IBRACON, visando proporcionaraos profissionais das áreas de tecnologia,estruturas e construções em concreto,

maiores conhecimentos por meio de incenti-vos às investigações e pesquisas científicase tecnológicas, assim como sua divulgaçãoe transferência ao meio, instituiu em 2004o Projeto Concreto Brasil que contempla ocadastro de projetos de pesquisa nas diver-sas áreas do Concreto (ver em http://www.ibracon.org.br/ no setor de P&D).

é bastante subestimado. As informaçõesenviadas estão armazenadas no banco dedados do IBRACON para divulgação aos

seus associados, entidades mantenedoras eórgãos de fomento (ver arquivo no endereçoindicado acima!).

Lembramos que é fundamental ocadastro contínuo dos trabalhos que Enti-dades de pesquisas e estudos desenvolvem,ou que tenham desenvolvido, e que sejampertinentes às áreas de Tecnologia e Estru-turas de Concreto e ainda sugestões parapesquisas futuras.

  Durante os Congressos anuais do

IBRACON, são realizadas Workshops de Pes-quisa onde será apresentada a situação cor-rente da pesquisa no Brasil na tentativa deidentificar áreas prioritárias para novos pro- jetos de pesquisa. Essas áreas prioritáriascontarão com o apoio do IBRACON e de seusmantenedores na solicitação de recursos junto aos órgãos de fomento para o desen-volvimento de projetos. A primeira ediçãodesse Workshop ocorreu em Florianópolisem 2004 durante o 46º Congresso Brasileirodo IBRACON.

  A próxima edição ocorrerá em Olindadurante o 47º Congresso Brasileiro do Con-creto em 2005. 

O IBRACON procura com esta ini-ciativa estimular a interação entre as ne-cessidades da indústria e as atividades depesquisa e desenvolvimento. A própria inte-ração entre os diversos grupos de pesquisaem diferentes instituições será fortementebeneficiada por meio da transferência de in-formações, abrindo possibilidades de coope-

ração 

Túlio Nogueira Bittencourt

Os objetivos básicos do Projeto ConcretoBrasil são:

Levantar junto ao meio técnico as neces-sidades de pesquisa e desenvolvimentoAtuar junto aos orgãos de pesquisa e de-senvolvimento estaduais e federais, paracriar mais espaço para as pesquisas so-bre o concretoIntermediar, coordenar e gerenciar pes-quisas de interesse das indústrias ligadasao concreto.

Durante este último ano o cadastrodo Projeto Concreto Brasil recebeu 167 pro-

 jetos de pesquisa. Desses, 117 são proje-tos ativos e 50 projetos já concluídos. Naárea de Estruturas existem atualmente 97projetos cadastrados, na de Materiais 58,na de Construção 8 e em áreas Outras cor-relatas estão cadastrados mais 4 projetos.O montante de recursos utilizado nos proje-tos, e informados pelos pesquisadores, é deR$ 2.632.816,00 (dois milhoões, seiscentose trinta e dois mil, oitocentos e dezesseisreais). Cabe salientar que a informação domontante de recursos de cada projeto é fa-

cultativa e, por isso mesmo, o valor acima

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REVISTA CONCRETO40

Um Programa para Qualificaçãode Empresas e de Profissionais

de Projeto

CONTRO E e RO ETOS

Silvio Burrattino MelhadoUniversidade de São Paulo PCC.EPUSP

Introdução

  O movimento pela qualidade na construção deedifícios intensificou-se na década de 90, com ações tantono campo da iniciativa privada, quanto na área de empre-endimentos públicos. Na promoção pública de habitações,o Estado de São Paulo destacou-se pela criação do Pro-grama Qualihab. O Qualihab foi instituído por um decretodo governo do Estado de São Paulo, no final de 1996,exigindo a qualificação de fornecedores de acordo com osrequisitos estabelecidos nos chamados Planos Setoriais daQualidade – PSQs, que, entre outras ações, adaptaram aestrutura e os requisitos da NBR ISO 9002:1994 a umaimplementação gradual ou “evolutiva”.

As empresas de projeto, motivadas pela pressãodo cliente, pela perspectiva da operacionalização do siste-ma Qualihab também no setor de projetos e pela expecta-tiva de se diferenciarem no mercado, também se engaja-ram no movimento pela qualidade. Redigido inicialmenteem 1997, após idas e vindas, o PSQ-Projetos foi assinadodefinitivamente em 15 de agosto de 2002. No entanto,ocorreu em seguida um impasse: as exigências aprovadasnos Planos Setoriais da Qualidade mostraram-se muito

 “pesadas” diante do porte e das dificuldades econômicaspróprias da empresa de projeto típica. Os projetistas relu-taram na implementação das metas para o seu processode qualificação “evolutiva”, estabelecidas nas mesmas ba-ses anteriormente adotadas para as construtoras.

Fenômeno semelhante ocorreu em nível nacio-

nal, quando o Programa Brasileiro de Qualidade e Produ-tividade do Habitat (PBQP-H) fomentou a redação do seuPrograma Setorial da Qualidade de Projetos (em 2002),que não obteve a difusão esperada nos estados, resumin-do-se a algumas implementações parciais e isoladas. Essasituação estimulou que se intensificassem os esforçospara a busca de modelos para consubstanciarem novasproposições.

  Na tentativa de estabelecer um novo modeloconceitual, os elementos do programa aqui proposto fo-ram baseados no trabalho de pesquisa conduzido nos últi-mos nove anos pelo autor deste artigo e pelos ProfessoresMárcio Minto Fabricio e Otávio J. Oliveira (no decorrer dotexto, faremos menção a alguns de seus trabalhos).

  Esses elementos que compõem o programa paraqualificação de empresas e de profissionais de projetoprocuram combater as principais deficiências “crônicas”do setor de projetos e incluem:

  Diagnósticos de mercado;  Ações para evolução organizacional das empresas;  Implementação de ferramentas de gestão da qualidade

específicas para o processo de projeto;  Normatização de escopos de projetos e de coordenação

de projetos;  Ações de qualificação profissional;  Monitoramento de indicadores e metas.

Esses elementos são comentados nos itens quese seguem.

Diagnóstico de Mercado

  Pode-se afirmar que qualquer melhoria propostapara a qualidade dos projetos possui relação com o de-sempenho das empresas de projeto que os produzem.

Porém, se analisarmos tais empresas, no setorda construção civil e, mais especificamente, as que atuamno segmento de edificações, perceberemos que são, nasua grande maioria, micro e pequenas empresas.  Essa característica de porte reduzido se justificadevido a diversos fatores: inconstância da demanda porserviços, pois eles estão diretamente ligados à conjunturaeconômica e setorial; reduzida valorização de mercado do

produto projeto; desagregação da classe de projetistas,que não constituem grupos organizados, etc.

  Escreve o Prof. Oliveira em sua tese, recente-mente defendida, que: “Não é possível alcançar todos ospotenciais benefícios das recentes mudanças propostaspara o processo de projeto se for deixado para segun-do plano o sistema de gestão das empresas responsáveispela sua produção. As mudanças na metodologia de pro-

 jeto podem trazer vantagens competitivas e agregar valorao produto edificação, porém, exigem a modernização dosinstrumentos de gestão.” 

  Da mesma forma, só é possível obter o êxito naintrodução de uma nova filosofia de gestão no setor deprojetos se os profissionais de projeto estiverem compro-metidos e convencidos dos benefícios que ela pode pro-

porcionar e realmente queiram implantá-la. A partir do

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REVISTA CONCRETO    C   O   N

   T   R   O   L   E   d   e   P   R   O   J   E   T   O   S

41

de projeto e sua melhoria é capaz de proporcionar as con-dições ideais para que o projeto em si evolua.

Gestão de Qualidade

  Vários estudos envolvendo empresas de projeto,realizados no Brasil e no exterior, nos permitiram estabe-lecer algumas diretrizes genéricas para melhoria do siste-ma de gestão das empresas de projeto, dentre as quaispodem ser destacadas as seguintes:

  adequação do Sistema da Qualidade ao porte da em-presa e a seus recursos;

  clara identificação dos requisitos dos clientes;  visualização sistêmica do processo de projeto, conside-

rando os demais sistemas que compõem a gestão dasempresas de projeto e suas interações com o ambienteempresarial à sua volta;

  desenvolvimento de níveis mais elevados de empreen-dedorismo e de liderança nas empresas de pro jeto;

  consideração das empresas de projeto não  apenas

como “produtoras de projetos” como, também, presta-doras de serviços;

  qualificação do sistema de informação da empresa depro jeto, sistematizando a comunicação entre empre-endedor-pro jetista, projetista-projetista e projetista-cliente; e

  retroalimentação sistemática, de forma a viabilizar oaprimoramento contínuo da atividade de projeto e dosistema de gestão da qualidade como um todo.

comprometimento dos profissionais, torna-se possívelmais do que simplesmente implementar procedimentos e rotinas, obtendo-se real melhoria da qualidade no pro-cesso de projeto. Além da busca da motivação, deve serigualmente um objetivo obter uma evolução de compe-tências, por meio de mecanismos de atualização profissio-nal.

  Assim, o programa proposto inclui ações voltadasà organização geral das empresas, e também as voltadas

à melhoria da capacitação dos profissionais de projeto.

Evolução Organizacional das Empresas

  Como afirma o Prof. Fabricio, em sua Tese, oprocesso de projeto está associado não apenas ao de-senvolvimento dos projetos de arquitetura e engenharia,os quais representam a concepção espacial do produto eseu caráter tecnológico, mas deve ser entendido de umamaneira mais abrangente, pela compreensão de suas re-

lações com as demais fases do empreendimento e seusagentes.

  Os requisitos essenciais para a qualificação deuma empresa de projeto estão ligados a sua capacidade deconsiderar efetivamente, em seus projetos, os requisitosdo cliente-contratante e dos  demais agentes envolvidosno empreendimento, e de estabelecer confiabilidade naprestação de serviço, seja quanto ao cumprimento de pra-zos, seja quanto à sua disponibilidade e capacidade deresposta, quando solicitado.

  Em uma empresa de pro- jetos, para que essa capacidade semanifeste efetivamente, é de sumaimportância que se melhorem todosos outros subsistemas da empresa

(recursos humanos, comercial, fi-nanças,  marketing, sistema de in-formações, etc.), além de outroselementos de gestão como estruturaorganizacinal, liderança e empreen-dedorismo, cultura organizacional, de forma a se reunirem as condiçõesmínimas para que o projeto seja de-senvolvido com eficiência e eficácia.

  Com  base no trabalho de Oliveira, citado anteriormente, po-demos afirmar que as ações organi-zacionais devem tratar de funções eprocessos administrativos essenciaisàs empresas de projeto, sempre pro-

curando privilegiar a simplicidade eflexibilidade dos procedimentos a se-rem desenvolvidos e controlados:

  Estrutura organizacional;  Plane jamento estratégico;  Planejamento e controle do proje-

to;  Gestão de custos;  Gestão comercial;

Sistema de informações;Gestão de Recursos Humanos;Serviços agregados ao projeto;

  Avaliação do desempenho.

Essas funções e processosessenciais influenciam de forma sig-

nificativa o desempenho da atividade A Figura 1 ilustra esse conjunto de funções e processos em empresas de projeto.

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REVISTA CONCRETO

  Propôs-se ao PBQP-H que sejam constituídosgrupos regionais de empresas de projeto, nos quais sejacriado um processo de adesão organizada das empresasao Programa que tenha, essencialmente, a finalidade defomentar o engajamento e a motivação coletiva dos proje-tistas para a qualidade, incentivando-se a participação ea identificação de lideranças, de forma a se atingir maior

legitimidade para o Programa.Dentro do exposto, prevêem-se as seguintes ati-

vidades relativas ao processo de adesão:

  inscrição em grupos organizados com o apoio das en-tidades setoriais de projeto (tais como IAB, AsBEA,SINAENCO, ABECE, ABRASIP, entre outras): cada en-tidade setorial será um pólo de formação de gruposde empresas de projeto interessados em participar doPrograma, de tal modo que os grupos formados pos-sam sucessivamente passar a se reunir, melhorar suacapacitação e estabelecer suas prioridades;

  formalização de metas e prazos para o grupo: o própriogrupo deve discutir e formalizar suas metas e prazospara viabilizar as datas-marco de implementação dasações de gestão que são descritas adiante.

  Quanto à gestão da qualidade, o Programa pro-posto prevê dois estágios de qualificação obrigatórios, to-talizando a implementação de sete processos documenta-dos.

  Um terceiro estágio, aproximando o sistema doconjunto de requisitos da NBR ISO 9001 pode ser priori-zado, se for estabelecida a meta de atender a exigênciasespecíficas de projetos de grande porte ou a empreen-dimentos com características especiais, em que o papelda empresa de projeto assuma relevância excepcional, talque justifique a inclusão de outros processos para a ges-tão da qualidade no desenvolvimento dos projetos.

  Assim, o Sistema aqui apresentado foi concebidopara ser compatível com os requisitos da ISO 9001:2000,

mas a decisão de orientar o Programa a uma certificaçãode acordo com essa norma, ou não, deve ser discutidaregionalmente e poderá ser opção de apenas uma parceladas empresas participantes.

  Esses estágios são mais detalhados na Tabela 1.

Normatização de Escopos

  As relações entre contratantes e profissionais deprojeto envolvem diversas dificuldades de ordem técni-ca e comercial, principalmente pela deficiência de normase regulamentações que efetivamente possam apoiar talrelacionamento. Particularmente, pode-se dizer que hápoucos textos normativos reconhecidamente aceitos paraa definição do conteúdo dos produtos de projeto a serementregues, e dos serviços a serem prestados pelos pro-

 jetistas – ou seja, faltam referências para se definiremescopos de projeto.

Como conseqüência, constata-se uma tendênciaa distorções na contratação, que estimulam a concorrên-cia por preços sem uma clara relação com a real prestaçãode serviços e com os produtos a eles associados, além deinduzir conflitos entre contratantes de projetos e proje-tistas durante o processo, configurando prejuízos para aqualidade dos projetos e para o próprio empreendimen-to.

  Como exemplo de iniciativas para melhorar o se-tor de projetos no tocante a esse relacionamento, pode-se

citar a iniciativa criada em São Paulo, por volta de 2000,

em que grupos de trabalho de projetistas estabeleceramuma proposta para o escopo de projetos das principaisespecialidades (arquitetura e urbanismo, estruturas e sis-temas prediais hidráulicos, elétricos e de condicionamentodo ar), de forma a contemplar as necessidades típicas deempreendimentos imobiliários. Como seqüência dos pri-meiros anos de trabalho, no segundo semestre de 2003,foi formado um grupo para conduzir a elaboração de umescopo para a coordenação de projetos, cujas atividadesse encerraram em abril de 2005.

  O trabalho como um todo, portanto, consumiuquase cinco anos, tempo esse que foi necessário, princi-palmente, devido ao seu caráter pioneiro e inovador. Todosesses escopos foram, ao longo de sua elaboração, debati-dos e validados em reuniões de trabalho, com a participa-ção de representantes de várias entidades de projetistase de contratantes de projetos, quais sejam: AsBEA (As-sociação Brasileira de Escritórios de Arquitetura); ABECE(Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estru-tural); ABRASIP (Associação Brasileira de Engenharia deSistemas Prediais); SindusCon-SP (Sindicato da Indústriada Construção Civil do Estado de São Paulo); SECOVI-SP

(Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação eAdministração de Imóveis Residenciais e Comerciais deSão Paulo).

Um maior alcance desses trabalhos, em nível na-cional, poderá ser brevemente estabelecido, por meio deações de divulgação, eventualmente seguidas por proces-so de ajuste e validação regional, incorporando-se ele-mentos próprios do mercado em que os escopos servirãocomo instrumento técnico e contratual para a melhoriados projetos.

  A metodologia, hoje, já está consolidada e acre-dita-se que o mesmo processo de normatização de esco-pos pode ser aplicado a outros segmentos de projetos,além daquele voltado ao empreendimento imobiliário. As-sim, este grupo de ações foi considerado parte integrante

e um elemento fundamental do Programa aqui proposto.

Ações de Qualificação Profissional

  Deve-se reconhecer que os profissionais de pro- jeto possuem capacidades e características distintas eque, portanto, necessitam de instrumentos eficazes detreinamento e de orientação para melhor desempenharemsuas rotinas de trabalho.

  Do ponto de vista dos clientes, não é suficienteque a solução de projeto seja intelectualmente elaboradapara que ele tenha qualidade. A atividade de projeto en-volve prestação de serviço, ou seja, uma organização emobilização de recursos, de forma mais eficiente possível,para interpretar, compreender e produzir uma transfor-mação nas condições dos clientes (com base na definiçãode serviço estabelecida por Philippe Zarifian, renomadopesquisador francês). Desse ponto de vista, a compe-tência humana dos profissionais se revela decisiva para aeficiência da solução elaborada, pois é preciso interpretare compreender as expectativas dos clientes do projeto.

O conhecimento específico em uma especiali-dade de projeto deve ser associado ao conhecimento demétodos e técnicas de gestão, e ambos exigem constan-te atualização profissional. As constantes mudanças emprodutos, tecnologias, políticas e procedimentos, tornamnecessário, sobretudo nas pequenas empresas, readequaras qualificações dos profissionais.

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REVISTA CONCRETO    C   O   N

   T   R   O   L   E   d   e   P   R   O   J   E   T   O   S

ADESÃO

ESTÁGIO 1

Núcleo Essencialdo Sistema

ESTÁGIO 2

Aperfeiçoamento

ESTÁGIO 3

Expansão

Processo de ade-são por grupos

Inscrição em

grupos organizados

com o apoio das

entidades setoriais

e formalização de

metas e prazos

P1Gestão dasrelações com ocontratante

P1.1 

Identificação e análise de

requisitos para o projeto

P1.2  

Programação de Necessida-

des (briefing)

P2Gestão da docu-mentação

P2.1 

Classificação, identificação

e rastreabilidade de docu-

mentos de projeto

P3Gestão da comuni-cação

P3.1 

Registro, encaminhamento

e retorno de comunicação

interna ou externa

P4Gestão de compe-tências

P4.1 

Diagnóstico e plano de

capacitação de pessoal 

P5Gestão do proces-so de projeto

P5.1 

Planejamento do projeto

P5.2  

 Análise crítica, verificação e

validação

P6Gestão da satisfa-ção dos clientes

P6.1 

 Avaliação de resultados

 pelo contratante

P6.2  

 Assistência técnica às obras

P6.3 

 Avaliação pós-ocupação

P7Avaliação e me-lhoria

P7.1 

 Avaliação de resultados e

do atendimento a metas

P7.2   Avaliação e melhoria dos

 processos

Processos opcio-nais(aplicáveis a grandes

projetos ou a

empreendimentos

com características

especiais)

Política da qualidade;

Planejamento do sistema;

 Análise crítica pela direção;

 Aquisição; Auditoria interna;

Controle de produto não-

conforme; Ação corretiva;

 Ação preventiva

Tabela 1. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas de Projeto proposto aoPrograma Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H)

PROCESSOS

ESTÁGIO

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REVISTA CONCRETO

  Completar um curso superior e obter as atribui-ções para exercício das atividades, conferidas pelos órgãosoficiais competentes, não pode ser considerado como in-dicador de qualificação para um profissional de projeto.Ainda que a experiência seja inegavelmente útil na suaatividade, é evidente que a educação continuada deve ser,mais e mais, incorporada às exigências par atuação de

engenheiros e de arquitetos – esse o papel dos cursos depós-graduação, stricto e lato sensu.

  As empresas de projeto de edifícios, em suamaioria, caracterizam-se pela atuação de seus proprietá-rios tanto na gestão como na produção técnica dos servi-ços, o que leva a uma grande dependência entre as suaspossibilidades de evolução e o grau de empreendedorismoe liderança dos seus assim chamados “titulares”. Assim,os primeiros a buscarem essa qualificação devem ser ospróprios líderes e proprietários de empresas de projeto,ajudando a se criar uma verdadeira cultura da atualizaçãopessoal, tanto para o próprio crescimento como para asobrevivência da empresa.

Indicadores, Metas e Auditoriais

  Em um Programa Setorial da Qualidade de Pro- jetos, os indicadores (e as metas propostas para cadaum deles) devem ser coerentes com o diagnostico inicialelaborado e com a natureza dos objetivos desse tipo deprograma, ou seja, voltados à cooperação entre os parti-cipantes e à consecução das ações, sempre com destaquepara o caráter local e regional. Desse modo, indicadoresdevem estar ligados à evolução organizacional das em-presas e às ações de qualificação profissional, além demedirem os avanços em normalização setorial, e o quepode ser atendido por indicadores que mensurem, porexemplo:

  Evolução organizacional das empresas  Indicadores de evolução na criação, revisão e imple-

mentação de processos de gestão;  Atendimento a metas estratégicas propostas no âmbito

setorial;  Formação profissional

  Horas de educação continuada, média por profissio-nal;

  Horas de participação em grupos formados em associa-ções profissionais e instituições setoriais representati-vas, média por profissional;

  Horas de participação em eventos, cursos e treinamen-tos curtos, média por profissional;

  Normalização setorial  Criação, revisão e implementação de especificações,

procedimentos e manuais de referência.

  Para cada um dos indicadores, os grupos locaisou regionais devem definir:

  a meta que cada indicador deve atingir;  o plano para periodicidade de coleta e formas de análi-

se, apresentação e uso da informação produzida pelosindicadores;

  as ações derivadas dos resultados apresentados pelosindicadores, para efeito de retroalimentação do progra-ma.

  Para que as metas de cada empresa reflitam glo-balmente seus esforços, um sistema de pontuação deveser estabelecido, atribuindo pontos a cada evolução obtidapara cada uma das ações do Programa. Ou seja, duas

empresas diferentes poderão ter a mesma pontuação, por

 “caminhos” diferentes, uma delas tendo avançado maisna formação de seus profissionais, outra tendo investido

principalmente na melhoria organizacional, por exemplo.

Auditorias

  A critério das instituições regionais, pode serestabelecido um programa de auditorias para garantir auniformidade dos resultados e estimular o atingimento demetas. Tais auditorias não devem trazer o sentimento deuma “certificação”, que apenas a atuação real das empre-sas e seus resultados de mercado serão capazes de julgar,

mas sim para dar ritmo ao programa.

Considerações Finais

  As empresas de projeto não são empresas comcaracterísticas tais como se encontram no setor industrial,ou mesmo em comparação a empresas construtoras, prin-

cipalmente se levarmos em conta sua disponibilidade derecursos para investimento em melhoria de seus proces-sos e na qualificação de seu pessoal; poucas empresasnesse segmento, efetivamente, têm condições de criar,implementar e manter um programa da qualidade próprioque seja eficaz.

  A perspectiva de um programa setorial, portanto,é aquela que parece mais adequada ao objetivo de elevara qualidade de produtos e serviços de projeto. E, paraisso, ações institucionais ou a partir da formação de gru-pos demonstraram ter potencial para a judar a se atingirtal objetivo, pela possibilidade de se difundirem e se fixa-rem as melhores práticas, de se promover melhor qualifi-cação profissional e, principalmente, de se eliminar a con-corrência predatória baseada exclusivamente em preços.

  Em São Paulo, em 2003, para adequar o PlanoSetorial da Qualidade de Projetos (PSQ) existente, quenão havia sido implementado, partiu-se para uma novaconcepção do sistema de qualificação de empresas deprojeto e discutiram-se suas características e forma deimplementação com a Secretaria do Programa Qualihab.Esse novo programa, após revisão e expansão, deu ori-gem ao conteúdo deste artigo.

  Acredita-se que, na forma presente, ele possaser útil à formulação ou reformulação de PSQs de Proje-tos, tendo como público-alvo as instituições coordenado-ras dos programas da qualidade, tanto em nível federal,quanto em nível estadual. Para sua adequação à aplica-ção como um PSQ, naturalmente, ele deve ser objeto deadaptações, levando-se  em consideração cada contexto

em que seria aplicado

Referências

Silvio Burrattino Melhado. Gestão, cooperação e inte-gração para um novo modelo voltado à qualidadedo processo de projeto na construção de edifícios.2001. Tese de Livre-docência – Escola Politécnica,Universidade de São Paulo.

Otávio J. Oliveira. Modelo de gestão para pequenasempresas de projeto de edifícios. 2005. Tese deDoutorado – Escola Politécnica, Universidade deSão Paulo.

Márcio Minto Fabricio.  Projeto simultâneo na constru-ção de edifícios. 2002. Tese de Doutorado – EscolaPolitécnica, Universidade de São Paulo.

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REVISTA CONCRETO46

As Estruturas de Concretoe a Responsabilidade

pelo Controle

Contro e tecno ico

E  m 11 de Setembro de 1990 entrou em vigora Lei 8.078, conhecida como Código de Defesa do Con-sumidor, a qual, entre inúmeros outros fatos relevantes,elevou as Normas Brasileiras, especialmente as da ABNT,à categoria de instrumentos com força de Lei.

  Em junho de 1992 entrava em vigor a NBR 12655– Preparo, Controle e Recebimento de Concreto, contendoo item 4.1 Responsabilidade pela composição e proprie-dades do concreto, pela primeira vez definindo o papel doprofissional responsável pelo projeto estrutural (4.1.1),profissional responsável pela execução (4.1.2) e profis-sional responsável pelo controle (4.1.3).

  Esta Norma surgiu tendo em vista que a Norma

mãe do cálculo estrutural em concreto, a NBR 6118, ouNB1 como era mais conhecida, datando de 1978, encon-trava-se bastante defasada das necessidades do mercadoe da tecnologia. Revisada em 1996, a NBR 12655 traziatextualmente as seguintes definições sobre o assunto, jácom nova numeração:

“5 Responsabilidade pela composição e propriedades do concreto  O concreto para fins estruturais deve ter defini-das todas as características e propriedades de maneiraexplícita, antes do início das operações de concretagem.O proprietário da obra ou o responsável técnico por eledesignado deve garantir o cumprimento desta Norma emanter documentação que comprove a qualidade do con-creto conforme descrito em 5.3.” 

  “5.1 Pro ssional responsável pelo pro eto estrutural   Cabem a este profissional as seguintes respon-sabilidades:a) registro da resistência característica do concreto, f ck  ,

em todos os desenhos e memórias de cálculo que des-crevem o projeto tecnicamente;

b) especificação, quando necessário, dos valores de f ck   para as etapas construtivas, tais como: retirada docimbramento, aplicação de protensão (concreto pro-tendido) ou manuseio de pré-moldados;

c) especificação dos requisitos correspondentes à dura-bilidade da estrutura e de propriedades especiais doconcreto, tais como: consumo mínimo de cimento,relação água/cimento, módulo de deformação estático

mínimo na idade da desforma e outras propriedades

necessárias à estabilidade e durabilidade da estrutura,durante a fase construtiva e durante sua vida útil, con-forme a NBR 6118.

5.2 Pro ssional responsável pela execução da obra   Ao profissional responsável pela execução daestrutura de concreto cabem as seguintes responsabili-dades:a) escolha da modalidade de preparo do concreto;b) quando a modalidade for concreto preparado pelo exe-

cutante da obra, este deve ser o responsável pelasetapas de execução do concreto e pela definição dacondição de preparo;

c) escolha do tipo de concreto a ser empregado e sua con-sistência, dimensão máxima do agregado e demais pro-

 priedades, de acordo com o projeto e com as condiçõesde aplicação;

d) atendimento a todos os requisitos do projeto, inclusivequanto à escolha do tipo de cimento portland a ser em-

 pregado;e) aceitação do concreto;f) cuidados requeridos pelo processo construtivo e pela

retirada do escoramento, levando em consideração as peculiaridades dos materiais (em particular do cimen-to) e as condições de temperatura.

Egydio Hervé NetoDir. da VentusCore Tecnologia do Concreto

Reabilitação de estrutura de concreto corroído

por carbonatação

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REVISTA CONCRETO    c   o   n

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  Um exemplo típico é a crença, de parte do Pro-

 jetista de Estruturas, de que a responsabilidade pela exe-cução é totalmente afeta ao Construtor. Este por sua vez,acredita que a responsabilidade pelo preparo e controledo concreto é totalmente da Empresa de Serviços de Con-cretagem. Neste cenário perdeu força a figura da Empresade Controle.

  Nos conteúdos da NBR 12655 que transcrevemos,as responsabilidades do Projetista Estrutural exigem aapresentação de informações sobre o concreto com aidentificação de seus parâmetros de resistência e módulode deformação em diversas etapas executivas, além depropriedades especiais em sua composição relativas à du-rabilidade. Em boa hora temos hoje na NBR 6118 todasas indicações que permitem definir, através de estudospreliminares, as condições do concreto para as situaçõesque deverá enfrentar com a necessária qualidade. Emborade uma maneira geral o Projeto possa indicar parâmetrosqualitativos da própria Norma, em alguns casos o Proje-tista deverá providenciar estudos laboratoriais específicospara garantia da qualidade no Projeto, especialmente emregiões com recursos limitados em materiais componen-tes (cimento, agregados, aditivos).

  Outro aspecto que se torna mais patente no es-copo do Projetista é sua maior presença nos momentoscríticos de desforma, protensão e outros carregamentosintermediários – para os quais é de sua responsabilidadeespecificar valores de qualidade do concreto – no sentidode confirmar a qualidade exigida, única forma de liberar a

5.3 Responsável pelo recebimento do concreto  O responsável pelo recebimento do concreto,definido em 4.5 1 , é o proprietário da obra ou o respon-sável técnico pela obra, designado pelo proprietário. Adocumentação comprobatória do cumprimento destaNorma (relatórios de ensaios, laudos e outros) deve estardisponível no canteiro da obra, durante toda a construção,e ser arquivada e preservada pelo prazo previsto na legis-lação vigente, salvo o disposto em 4.3.22.” 

  A transcrição de todos estes itens da Norma, in-clusive em notas de rodapé deste artigo é fundamentalpara a informação que pretendemos fornecer. Nosso obje-tivo é demonstrar que uma boa parte do escopo definidopara os diversos profissionais responsáveis aqui citadosdeixou de ser cumprida pelo desconhecimento dessa Nor-ma.

  Não divulgar claramente a norma em cada itemfoi uma situação especial que prejudicou, de certa forma,toda a compreensão do papel dos profissionais em relaçãoao projeto e à execução, trazendo confusões de res-pon-sabilidade que prevalecem até hoje. A NBR 12655 é umaNorma essencialmente de controle, e neste sentido, foi

muito benéfica ao campo da Tecnologia de Concreto. Jáa NBR 6118:1978 era uma norma de projeto e execução,portanto mais abrangente. O advento da NBR12655, sur-gida em 1992 e versando sobre uma parte da NBR6118vigente, era uma novidade e pela lógica e o bom senso,como Nova Norma (mais recente), deveria prevalecer so-bre os itens colidentes com a NBR6118 então vigente.

  Isto não ocorreu. A NBR12655 “não pegou” in-tegralmente, especialmente entre os Projetistas de Estru-turas, que sequer a conheceram. Contribuiu para isto ofato de ser a NBR12655 uma Norma do CB-18 “Cimento,Concreto e Agregados” e a NBR6118 uma norma do CB-2

 “Construção Civil”, dois comitês independentes e de par-ticipantes diferenciados dentro da ABNT.

  O tempo passou, a NBR6118:2003 foi lançadacom escopo apenas de Projeto, e isto nos permitiu colocartodas as informações no seu devido lugar. Mas ainda restaum enorme trabalho de compreensão dessas Normas edas informações que elas trazem para a Engenharia deEstruturas. Parece simples mas há um enorme trabalho deaproximação a ser feito entre os Projetistas de Estruturas,que estavam com a NBR6118:1978 no Comitê CB-2, eos Tecnologistas de Concreto, mais próximos ao CB-18.Havia como que uma divisão em termos de tecnologiascontida em cada escopo desses comitês que se traduziaem uma separação involuntária mas consistente, prejudi-cando os interesses comuns pelas estruturas de concreto,inclusive seu custo, durabilidade e segurança.

  1 NBR 12655:1996: “4.5 Recebimento do concreto  O recebimento do concreto consiste na verificação do cumprimento desta Norma, através da análise e aprovação da documentaçãocorrespondente, no que diz respeito às etapas de execução do concreto e sua aceitação.” 

  2 NBR 12655:1996: “4.3.2 Concreto preparado por empresas de serviços de concretagem  A central deve assumir a responsabilidade pelo serviço e cumprir as prescrições relativas às etapas de execução do concreto (ver4.1), bem como as disposições da NBR7212. A documentação relativa ao cumprimento destas prescrições e disposições deve ser arquivada nacentral dosadora e preservada durante o prazo previsto na legislação vigente.” 

 “4.1 Etapas de execução do concreto   As etapas de execução do concreto são as seguintes:a) caracterização dos materiais componentes do concreto conforme a NBR 12654;b) estudo de dosagem do concreto;c) ajuste e comprovação do traço do concreto;d) preparo do concreto.

4.2 Preparo do concreto  Consiste nas operações de execução do concreto, desde o armazenamento dos materiais, sua medida e mistura, bem como na veri-ficação das quantidades utilizadas desses materiais. Esta verificação tem por finalidade comprovar que o proporcionamento da mistura atendeao traço especificado e deve ser feita uma vez ao dia, ou quando houver alteração de traço.” 

Niemeyer - Estrela

Corrosão de armaduras por cloretos em apoiode ponte rodoviária

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REVISTA CONCRETO48

obra à continuidade pelo executante, sob total segurança ecom responsabilidades preservadas. Naturalmente caberáao Projetista aprovar o método executivo, especialmenteo Projeto de Cimbramento, apresentado pelo Construtor.

  Um Projeto de estruturas passa a ser mais en-volvente na medida em que os recursos do concreto sãoexplorados na busca de menores prazos executivos, por

parte do proprietário e do executor, e cabe ao Projetistademonstrar a capacidade do seu Projeto em relação a es-sas exigências, sendo comprometido de uma forma aindamais claramente responsável, na medida em que isto otornará mais competitivo no mercado.

  Ao Construtor, responsável pela execução doconcreto, a NBR12655 atribui a responsabilidade de deci-dir como vai preparar o concreto. Considerando a possibi-lidade de terceirizar o serviço, através de uma Empresa deServiços de Concretagem, contará com ajuda especializa-da e recursos que lhe facultarão estabelecer uma logísticaadequada ao ritmo de sua obra. Isto dificilmente poderiaser conseguido com concreto feito em obra, uma vez queo custo da especialização e equipamentos exigidos, alémda absorção das perdas, não é competitivo onde as con-

creteiras existem. Além disso, a divisão de responsabi-lidades se torna vantajosa, por se ter de quem exigir ereceber apoio.

  Entretanto, é preciso ser bem entendido que àempresa de concreto caberão as responsabilidades restri-tas ao item 4.3.2 da Norma: materiais, dosagem e mis-tura. O serviço dessas empresas não pode ser confundidocom a concretagem toda, uma vez que o transporte in-terno na obra, o lançamento nas formas, o adensamentoe acabamento e, especialmente a cura, são responsabili-dade da Construtora. O que a Construtora pode exigir daConcreteira é: a dosagem para atendimento aos parâmet-ros estruturais definidos no Projeto (em todas as etapase durabilidade), bem como as condições de aplicabilidade(trabalhabilidade) e ritmo de fornecimento da mistura fr-

esca. Portanto. a Construtora deve fornecer à Concreteiraos dados do Projeto referentes ao concreto, com a devidaantecedência, e esta deve se comprometer a atender es-tas prescrições, inclusive apresentando resultados de es-tudos laboratoriais que comprovem esta capacidade comos materiais que trabalha.

  Deve ficar claro que à obra cabe a responsabi-lidade de seguir os procedimentos adequados quanto aoseu escopo, inclusive a cura do concreto, para que a qua-lidade do concreto dosado e misturado pela Concreteiranão se altere.

  Esta forma de encarar o entendimento entre asempresas que executam a concretagem faz com que arelação profissional seja muito mais estreita, por conta

das claras responsabilidades envolvidas. Esta contrataçãotem que ser mais por relações de funcionamento e menospor questões de preço, pois o que se deseja garantir é oritmo com qualidade, obra sem interrupções e com aten-dimento à qualidade garantido.

  Quanto ao controle da qualidade na concreteira,realizado segundo as prescrições da NBR 7212, as Cons-trutoras precisam entender que não é válido para o con-trole das obras! As concreteiras têm seu próprio controleinterno, nos moldes de um “controle industrial”, fazendoparte de seu Sistema da Qualidade, que por sua vez provêa garantia da qualidade para sua Alta Administração. Porconta de bons resultados internos – medidos pelo desviopadrão da produção – ela pode arriscar-se mais ou me-nos, buscando economia e segurança sempre, como com-

promisso de aperfeiçoamento, produtividade e redução

de perdas. Os índices de amostragem da NBR 7212 sãomenores do que os exigidos pela NBR12655, que é a nor-ma exigida no controle da obra e, portanto, não podemser utilizados pela obra, por serem insuficientes para ocontrole com qualidade garantida.

  Imagine-se uma concretagem de pilares em queum determinado número de peças tenha sido concretada

com concreto não amostrado (!?). Paradoxal é que as con-creteiras, conscientes dessas limitações, sempre adver-tem seus contratantes sobre a necessidade de terem seupróprio controle nos termos da NBR12655.

  Assim, o controle da obra deve ser feito atravésda NBR12655, definindo-se previamente os lotes queconstituem as diversas concretagens, o seu índice deamostragem em função das características próprias defini-das na Norma e o número de corpos de prova necessáriosà determinação dos parâmetros estruturais do concretoem diversas situações e idades.

  E aqui trazemos de volta a importante Empresade Controle. Contratada pela Construtora ou pelo Proprie-tário, será ela a responsável por realizar a amostragem

do concreto fresco para determinação do atendimento àtrabalhabilidade, com poderes e claras definições sobre osprocedimentos de aceitação/rejeição do concreto fresco, eproceder às moldagens dos corpos de prova para ensaiosde Resistências e Módulos de Elasticidade em diversasidades. Caberá à esta Empresa curar os corpos de provaem seu Laboratório e fornecer os resultados nas datasprevistas para as decisões de continuidade da obra a se-rem apresentadas, em nome da Construtora, ao ProjetistaEstrutural.

  São os resultados do controle da Empresa deControle os únicos válidos para a obra e documentadosnos arquivos da mesma. Os resultados da Concreteira,embora disponíveis para a Construtora, conforme pres-crito na NBR12655, têm valor restrito ao contrato entre

essas empresas, o qual deverá deixar claro que decisõessão tomadas com base nos resultados oficiais da Empresade Controle.

  O concreto estrutural encontra-se em uma novaera de progresso tecnológico. Obter concretos com 30MPaou mais não pode ser conseguido seguindo procedimen-

Deformação em função de impacto

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tos pouco seguros e em meio a preocupações com res-ponsabilidades mal definidas. É preciso aproveitar o mo-mento e engenheirar. Se menores prazos são vantajosos,demonstrados por estudos econômicos, cabe-nos, comoengenheiros, explorar os recursos do material concreto

 já disponíveis, e atender à qualidade solicitada. Se novasestruturas mais esbeltas são possíveis, cabe-nos utilizaras qualidades do material concreto para realizar estas es-

truturas.

  Logo, logo nossos colegas Arquitetos vão desco-brir este novo material e não restará aos EngenheirosProjetistas outro caminho que o de atender aos desafiose ousadias que virão. Quem se limitará a obras comunsquando dispõe de concretos de 60 ou 120 MPa, resultandoem menores volumes, mais leveza e esbelteza, ganhos deespaço que justificam o uso de concretos materialmentemais caros mas sistemicamente mais econômicos?

  Todas estas possibilidades, induzidas pelo avançotecnológico e já presentes nas nossas Normas, estão ademonstrar a importância de resgatar o Engenheiro Tec-nologista de Concreto, presente na equipe para apoio aoProjeto e no apoio à execução. As Normas estão definin-

do escopos que não estão sendo atendidos por falta dacontratação deste profissional.

  Uma figura que aparece claramente na NBR12655é a do Proprietário. Esta pessoa, que não é um profissional

da área técnica necessariamente, é o Cliente de todos osdemais. É o empreendedor que teve a idéia ou a neces-sidade do empreendimento e o vê como a solução de umproblema que tem a ver com valores sociais e econômi-cos, mas cuja importância tecnológica é secundária, mui-tas vezes não percebida por este indivíduo.

  Dificilmente um Proprietário deixa de participar

do processo criativo ou produtivo do corpo físico da obra enem sempre toma o cuidado de ter um assessor especiali-zado que o oriente de forma adequada e, assim, leigo mascom poder, pode limitar as possibilidades do Projeto.

  Isto tem feito com que muitos avanços tecnológi-cos estejam atrasados, à espera de “melhores tempos”,de maior valorização dos profissionais da Engenharia eda Arquitetura. Isto ocorre por falta de acompanharmosnossas idéias de criteriosos estudos sócio-econômicos,linguagem que pode ser mais bem entendida pelos em-preendedores.

  Temos que ser cuidadosos mas persistentes. Émuito fácil exigir-se uma redução no prazo da obra, difícilé aumentar f ck  e Ec no Projeto, para atender ao prazo

reduzido! Esta percepção de valores precisa ser desperta-da e posta a serviço do nosso Cliente por nós Engenhei-ros, responsáveis pela segurança, qualidade e custo dasobras

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REVISTA CONCRETO50

mantene or

por Carlos ContiConsultor de Imprensa

  A filial em Guarulhos (SP) da ATEX doBrasil, líder no mercado nacional em fôrmasde polipropileno para a produção de lajesnervuradas, iniciou suas atividades em junhodesde ano. Assim, devido à proximidade, aempresa facilita o transporte e diminui cus-tos para os clientes do Estado de São Pauloe da região Sul do país. Com uma área de10 mil m2, a filial está localizada na rua RosaMafei, número 399, no bairro Bonsucesso.

A necessidade da instalação de umafilial da ATEX do Brasil representa o aumentoda demanda pelas fôrmas de polipropileno,uma das evoluções da construção civil. Tantoque esta empresa possui hoje mais de 250mil fôrmas para lajes nervuradas, somenteem Minas Gerais, onde se localiza sua sede,desde 1991.

Com variadas dimensões e alturas,as fôrmas de polipropileno atendem aosmais diversos projetos, dos vãos mais mo-dernos ao de maior envergadura. Reforçadas

internamente,garantem deformações míni-mas na concretagem. Além disso, o seu re-duzido peso permite um fácil manuseio emobra, além da simplicidade na montagem edesforma, já que são apoiadas diretamentesobre o escoramento dispensando tabuado.

  Esta nova tecnologia vem eliminarinertes tradicionalmente usados em lajes ner-vuradas, tais como concreto celular, blocosde concreto, tijolos cerâmicos e poliestirenoexpandido, entre outros. Desta forma, não in-corpora peso à laje e resulta em um conjuntoesteticamente agradável.

  O trabalho da ATEX do Brasil é pro- jetado de acordo com a demanda e especifi-cação de cada obra, quando é feito um estudode adequação. Pioneira na importação da tec-nologia de fôrma de laje nervurada em poli-propileno, após aplicação por mais de 40 anosna Europa, a empresa está sempre atenta àsinovações do mercado 

Filial da ATEX   já está em atividade

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Confiabilidade dosResultados de Ensaios

Contro e tecno ico

V  em ocorrendo nos últimos anos crescente preo-cupação das empresas com a melhoria da qualidade e daprodutividade, fatores imprescindíveis quando se desejamanter a competitividade.

  Verifica-se entre os consumidores, por outrolado, um crescente nível de exigência. Cada vez mais,procuram produtos adequados às suas necessidades, se-guros, duráveis e de menor preço. A ampla divulgaçãodos direitos do consumidor pelos meios de comunicação, aação do Procon e o respaldo legal do Código de Defesa doConsumidor tornaram a sociedade brasileira mais cons-ciente de seus direitos e motivada a reclamar quando se

sente prejudicada.  A verificação da conformidade de um serviço oude um produto em relação a uma determinada exigência,norma técnica ou especificação é avaliada por meio deinspeções e ensaios que, medindo seu desempenho, for-necerão os subsídios necessários ao julgamento e decisãoquanto à sua aceitação ou rejeição.

Os ensaios e as inspeções devem ser realizadosadequadamente, para garantir a confiabilidade dos resul-tados, sendo fundamentais para a tomada de decisões.Houve nos últimos anos um significativo crescimento daatualização das normas técnicas já existentes na cons-trução civil, e também da quantidade de novas normas,especificações e métodos de ensaio, abrangendo um maiornúmero dos materiais e serviços empregados.

Objetivo

  O presente trabalho trata do significado dos en-saios para a qualidade, da importância da confiabilidade eaplicação dos seus resultados, e apresenta os requisitosa serem cumpridos pelos laboratórios que os executam.  A decisão apoiada em valores medidos ou ava-liados qualitativamente, como os resultantes de ensaioslaboratoriais, requer destes um grau de confiança que nãose limita apenas à padronização da metodologia emprega-da para sua obtenção. É preciso compreender também acapacidade e competência de quem a conduziu, sua pos-

tura ética e diretriz gerencial.

Ciclo da Qualidade

  A compreensão melhor do significado dos en-saios, num contexto mais abrangente, é conseguida base-ando-se no ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo deDeming, que é um padrão gerencial utilizado para o con-

trole de um processo e está representado graficamente nafig. 1.

  As letras P, D, C e A significam respectivamente,Plan, Do, Check e Action, que representam as quatro eta-pas básicas do controle: Planejar, Executar, Verificar ouControlar e Atuar Corretivamente. 

Em cada uma das etapas são desenvolvidas asseguintes atividades:

  Planejamento (P) - Nesta etapa deve ser efetuadoo planejamento do processo ou das ações. Devemser definidas as metas, bem como as rotinas e pro-cedimentos a serem ser utilizados para atingi-las.São definidos ainda os parâmetros necessários aocontrole.

  Execução (D) - Na etapa de execução, o planeja-

Introdução

Fernando Jardim MentoneDir. Executivo da ConcrematEngenharia e Tecnologia S.A.

Requisito Indispensável para a Melhor Decisão

Aplicação de concreto projetado com fibras

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REVISTA CONCRETO

  As conseqüências de ensaios realizados sem ocumprimento de requisitos adequados, que conduzam aresultados falsos ou distorcidos, se refletirão nas próxi-mas etapas, visto que o ciclo da qualidade é contínuo.Erros dessa espécie podem levar a acentuados acréscimosde custos em uma obra, tão severos quanto os custosadvindos da não realização da verificação da conformida-de, cujas conseqüências vemos amiúde no noticiário.

Confiabilidade dos Resultados de Ensaios

  A confiabilidade dos ensaios somente pode serobtida quando outra condição mais ampla estiver cumpri-da: a Qualidade do laboratório que o executa.  Para cumprir essa condição, o laboratório devese organizar de forma que requisitos técnicos e gerenciaisreconhecidos internacionalmente como condicionantespara a confiabilidade dos resultados de seus ensaios este-

 jam devidamente implantados e sob controle. O recursopara que isso ocorra é o desenvolvimento e implantaçãode Sistema da Qualidade.

  O Sistema da Qualidade de um laboratório é o

conjunto de medidas adotadas para garantir a qualidaderequerida dos ensaios. Essas medidas devem ser siste-máticas (aplicadas de forma continuada) e documentadas(estabelecidas por escrito para que todos possam conhe-cê-las e aplicá-las).

  Os critérios gerais a serem seguidos são aquelesestabelecidos na norma ABNT NBR-ISO/IEC-17025:2001– Requisitos gerais para competência de laboratórios deensaio e calibração.

  O Sistema da Qualidade a ser desenvolvido deveabordar todas as condições que venham a interferir naConfiabilidade dos Resultados dos Ensaios. De forma sim-plificada, pode-se dizer que as condições específicas, oumelhor, os elementos do Sistema que devem ser enfoca-dos podem ser representados em um Diagrama Causa eEfeito. Esse diagrama, conforme o próprio nome sugere,representa a relação entre o “efeito” (aqui consideradosQualidade e Confiabilidade) e as possibilidades de “causa”(aqui considerados os elementos do Sistema), que contri-buem para esse “efeito”. Os elementos (causas) podemser agrupados sob quatro categorias conhecidas como os4M : método, mão-de-obra, material e máquina, resultan-do o Diagrama da fig. 2.

mento realizado (metas, rotinas e procedimentos,etc.) é transmitido aos envolvidos nas diversas tare-fas, para que eles possam colocá-lo em prática.

  Verificação (C) - A verificação consiste nas açõesdesenvolvidas para constatar se ocorreram ou nãodesvios em relação ao planejamento (P). Nessa eta-pa é que se analisam os resultados dos ensaios utili-zados como ferramentas para embasar a verificaçãodo processo. A simples constatação da existência dedesvios não significa que as causas que os geraramestejam resolvidas e que eles não voltem a ocorrer,o que será feito na próxima etapa.

  Ações Corretivas (A) - Nesta etapa são identifica-das as causas dos desvios, estudadas as soluçõese implementadas as Ações Corretivas necessárias àobtenção de conformidade com o planejamento.

  Pode-se constatar, com base nesse ciclo, queos ensaios, embora representem um pequeno custo nacadeia da produção, exercem importante papel no julga-mento do atendimento aos quesitos especificados e in-fluenciam de forma contundente todos os demais custos,consideravelmente superiores.

Figura 1 - Ciclo PDCA de Controle de Processos

Figura 2 - Diagrama Causa e Efeito, contendo elementos do sistema da qualidade 

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  Os elementos apresentados na fig. 2 devem sertratados de maneira objetiva e sucinta no Manual da Qua-lidade do laboratório e detalhados em Procedimentos, to-dos de conhecimento das pessoas envolvidas com o pro-cesso. Devem ser respeitadas as particularidades de cadalaboratório.

mitidas as informações, a segurança e a confidencialidadedos dados neles transcritos, os procedimentos para even-tuais correções ou acréscimos são aspectos que devemser considerados com rigor.

Reconhecimento da Competência - Acreditação

  O reconhecimento final da competência dos labo-ratórios é feito no Brasil pelo INMETRO, autarquia federale órgão executivo do SINMETRO - Sistema Nacional deMetrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

  A avaliação é feita segundo critérios interna-cionalmente reconhecidos e utilizados, sendo o objetivoprincipal do credenciamento garantir a confiabialidadedos serviços prestados pelos laboratórios que compõem aRede Brasileira de Laboratórios de Ensaios - RBLE.

  Os Certificados de Acreditação têm validade limi-tada, que pode ser estendida mediante auditorias perió-dicas procedidas pelo INMETRO. Dessa forma, os clientesde laboratórios de ensaios podem utilizar o Certificado deCredenciamento como requisito pré-qualificatório de seu

fornecedor e proceder ao acompanhamento sistemáticode sua atualização.

Considerações Finais

  Engenheiros civis freqüentemente limitam assuas ações em busca da qualidade à simples realização deensaios em materiais. É preciso considerar o Ciclo de De-ming e incluir ações para assegurar a qualidade em todasas etapas de um empreendimento.

É comum considerar a participação dos labora-tórios de controle somente nas etapas executivas da es-trutura, amostrando e ensaiando materiais. No entanto, asua contribuição deve iniciar nas fases de projeto e plane-

 jamento da execução, o que pode contribuir para o incre-mento da durabilidade, redução dos custos originados porretrabalho de processos malsucedidos, escolha inadequa-da de fornecedores, processos executivos e até soluçõesde projeto.

Pensar na durabilidade da construção em serviçoao longo de toda a sua vida útil, com reduzidos custos demanutenção, além de ser uma prática recomendada, é arazão de ser da boa engenharia e passa necessariamentepela atuação do laboratório na avaliação do meio agressi-vo, requisitos de projeto e especificações, processos cons-trutivos e qualidade dos materiais

Testemunhos de perfuração em solo e rocha

  A norma ABNT NBR-ISO/IEC-17025:2001 con-sidera como adequado o Sistema de Qualidade que des-creva e mantenha adequadamente implementados, paraexemplo, entre outros, os seguintes elementos:

  Definição da estrutura organizacional do laborató-rio e das atribuições e responsabilidades de suasequipes.Definição da estrutura de documentação a ser ado-tada (com procedimentos adequados para emissão,controle, distribuição, registro e arquivamento).

  Manutenção de pessoal técnico com qualificação eexperiência necessárias, comprovadas e registra-das para a realização de suas funções.

  Programas constantes de treinamento de modo queo laboratório seja capaz de rapidamente se adequar

às mudanças nas diretrizes das normas técnicas.  Manutenção dos recursos materiais tais como equi-

pamentos, instalações devidamente climatizadas,fornecedores, insumos etc., suficientes e adequa-dos à realização dos ensaios a que se propõe. Osequipamentos de medição utilizados pelo laborató-rio devem possuir um plano de manutenção e estardevidamente calibrados e com suas medições ras-treáveis a padrões reconhecidos.

Aplicação de procedimentos para verificar e assegu-rar a confiabilidade de seus resultados de ensaios.Os laboratórios devem participar de programas in-terlaboratoriais, controlar as etapas de seu proces-so e tomar medidas efetivas que demonstrem suaproficiência na produção de resultados. Suas me-dições devem considerar as incertezas que lhe sãoatribuídas e as manter dentro de ní veis aceitáveisque não prejudiquem o julgamento da conformida-de da grandeza medida.

O laboratório deve implementar procedimentos que assegurem a confidencialidade sobre os serviçosque presta, incluídas a manipulação e divulgaçãode dados, informações e resultados obtidos.Deve ser mantida em qualquer tempo a rastreabi-lidade dos resultados produzidos, bem como dasamostras confiadas ao laboratório, que, assim comotodos os dados fornecidos pelo cliente, são de suaresponsabilidade, mesmo depois de processados.

  O laboratório deve manter um Serviço de Atendi-mento ao Cliente que acompanha e verifica o nívelde atendimento às necessidades legítimas dos seusclientes.

O laboratório deve implementar procedimentos para ação corretiva de não conformidades detec-tadas, quer por reclamações de clientes, auditoriasinternas ou externas, ou outros mecanismos de ve-rificação de seus processos.

  Não se pode dispor de resultados cuja significânciaseja limitada. Para isso, o laboratório deve imple-mentar e manter procedimentos adequados para aamostragem, assegurando a adequação das amos-tras analisadas, sua representatividade e, por con-seguinte, confiabilidade.

  Finalmente, a utilização de Relatórios de Ensaiosem que os resultados dos ensaios ou série de ensaios sãoinformados aos clientes de forma clara, objetiva e  semambigüidades é fator preponderante de confiabilidade. A

padronização de seu conteúdo, o meio em que são trans-

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REVISTA CONCRETO54

 Verificação Experimental da

Aderência de um Compósito Armado com Fibra de Carbono Coladoà Superfície do Concreto

Regina Helena Ferreira de SouzaProf. Titular de Estabilidade das Construções do Departamento

de Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminensee-mail: [email protected]

Júlio António da Silva AppletonProf. Catedrático do Departamento de

Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico, UTL, Lisboae-mail: [email protected]

Arti o cient ico

 

Resumo

  ste artigo apresenta os resultados de umapesquisa experimental desenvolvida para estudar aaderência de compósitos armados com fibras de carbonocolados à superfície do concreto através de um ensaio dearrancamento. Os modelos experimentais constituíram-se por dois prismas de concreto armado com 30 cm decomprimento e seção transversal de 20 x 20 cm unidos porduas faixas de compósito coladas em duas faces opostas.Durante o teste, fixava-se um dos prismas e tracionava-se o outro. Os deslocamentos relativos eram medidos pormeio de um transdutor de deslocamentos afixado entreos dois prismas e as tensões cisalhantes por meio deextensômetros elétricos colados na superfície do compósito.Os resultados dos ensaios mostraram a eficiência dométodo, o bom desempenho do compósito e confirmaramas informações do fabricante.

Palavras-chave: compósitos de fibras de carbono;ensaio de arrancamento; reforço de concreto.

Abstract

  his paper presents the results of a recentexperimental research to study the bond o carbon fiberfabrics (two-directional sheets) to the concrete. Theexperimental models were made of two reinforced concreteprisms 30 cm long and cross-sectional dimensions of 20 x20 cm longitudinally tied by a composite woven glued attwo opposite faces. During the test, one of these prismswas fixed and the other was tensioned. Displacementsand strains were measured by means of a displacementtransducer placed between these prisms and by electricgages glued along the composite. The test results showedthe good performance of the composite bond and confirmedthe producer information.

ey-words: carbon fiber composites; pull-out test;concrete strengthening.

  A reparação e o reforço de estruturas são ativida-des cada vez mais requeridas no mercado da construçãocivil, nomeadamente devido a inadequada ou mesmo faltade manutenção, envelhecimento e adequação das estru-

turas a novos usos. Quando a inspeção indicar que a ca-pacidade resistente à flexão ou ao cisalhamento dos ele-mentos estiver baixa ou insuficiente, é necessário intervirpor meio de um reforço estrutural. As características doprojeto, como também as diversas técnicas de reforço de-vem ser consideradas, a fim de se poder definir a melhorestratégia a ser adotada. O uso de materiais compósitosarmados com fibras de carbono tem recebido considerá-vel atenção nos últimos anos. A sua utilização, quer soba forma de laminados, mantas ou folhas flexíveis, é umaalternativa interessante, nomeadamente devido à leveza,que facilita o manuseio e aplicação e ao fato de não sofreroxidação.

  Com o objetivo de aumentar o conhecimento so-bre o tema, desenvolveu-se um estudo experimental no

Instituto Superior Técnico em Lisboa (IST), onde foram

testadas sete vigas de concreto armado reforçadas à fle-xão, com diferentes tipos de detalhamento.  Foi utilizado o sistema TFC da Freyssinet queconsiste na adição, por colagem, de um tecido bidirecionalde fibras de carbono impregnadas com resina epoxi (Sou-za,1998; Freyssinet, 1997).  A aderência do compósito ao concreto foi ava-

liada através de ensaios de arrancamento de pastilhas co-ladas ao compósito, segundo normalização européia (CEN1542, 1995) e pelos ensaios descritos neste texto.

Programa Experimental

  Foram moldados quatro prismas em concreto ar-mado com seção retangular de 20 x 20 cm e comprimentode 30 cm. Estes prismas foram bem armados, para quenão sofressem qualquer tipo de dano ao serem traciona-dos.

  No interior destes prismas e ao longo do seu

comprimento foram colocados dois tubos de PVC dispos-tos em dois cantos opostos e um terceiro tubo no meio

Introdução

E

T

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do prisma com um trecho de maior diâmetro junto à face.Estes tubos foram previstos para a futura passagem debarras de aço e cabos de protensão, como mostra a Fig.1.

  Cada modelo de ensaio era constituído pela uniãode dois desses prismas. A.preparação dos modelos consis-

tia em dispor-se uma barra de protensão pelo tubo centraldo prisma fixando-a com uma cunha que ficava embutidano orifício de maior diâmetro. Os prismas, dispostos comas faces com as cunhas frente a frente, foram unidos doisa dois, utilizando-se para isto duas barras Dywidag pas-santes pelos tubos de menor diâmetro e apertadas nasextremidades opostas por meio de roscas.

Aplicação do Compósito

  As tiras do compósito foram aplicadas em duasfaces opostas do modelo assim constituído, pela equipe daFreyssinet Portuguesa.

  Inicialmente, a superfície de concreto foi prepa-rada com a utilização de um martelo de agulhas, de modoa retirar a nata superficial de cimento e conferir uma certarugosidade. A seqüência dos trabalhos realizados consis-tiu em:

1) limpeza do pó de toda a superfície, por meio de arcomprimido (Fig. 2).

2) aplicação de uma camada inicial de resina epoxi própriado sistema; (Fig. 3).

3) colocação do tecido de fibra de carbono sobre esta re-sina; (Fig. 4).

4) fixação do tecido de fibra de carbono com um rolo (Fig.5).

5) aplicação de nova camada de resina e aperto com uma

espátula de pontas arredondadas (Fig. 6). Após a co-lagem esperou-se pelo menos 3 dias para a realizaçãodos ensaios. A resina epoxi foi preparada misturando-se os seus dois componentes com um misturador elé-trico. Definição dos Modelos

  Cada modelo de ensaio foi utilizado duas vezes,com aproveitamento total das suas quatro faces, sendoestudados dois diferentes comprimentos de aderência(lad).

  Dois espécimes foram ensaiados para cada umdos dois comprimentos de aderência testados: P1 e P2com ad = 20 cm e P3 e P4 com ad = 15 cm. As resistênciasà compressão e à tração simples do concreto no momentodo ensaio eram, respectivamente, 33 MPa e 3.1 MPa.

Figura 1 - Detalhamento dos prismas.

Figura 2 - Aspecto da superfície do concreto preparada e limpa.

Figura 3 - Aplicação da primeira camada de resina epóxi.

Figura 4 - Aplicação do compósito de fibras de carbono.

Figura 5 - Fixação do compósito de fibras de carbono.

Figura 6 - Aplicação da segunda e última camada de resinaepóxi e aperto com espátula.

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Instrumentação

  A Fig. 7 apresenta o esquema dos ensaios e ainstrumentação adotada. Somente após a colocação dosdois prismas ainda unidos sobre o perfil metálico é que seretiravam as duas barras Dywidag que os atavam. Uma

das extremidades do modelo era fixada ao perfil com oauxílio de uma cunha, disposta na ponta exterior da barracentral de protensão, conforme mostra a Fig. 8. Na outraextremidade do modelo instalava-se uma célula de cargae um macaco hidráulico vazado, por onde passava a outrabarra de protensão (Fig. 9).

Metodologia dos Ensaios

  O carregamento foi aplicado em patamares cres-centes de carregamento e os valores dos deslocamentos edas deformações foram devidamente registrados.

Modo de Ruptura

  Nos quatro corpos-de-prova ensaiados, a rupturafoi brusca e sem aviso. Durante o ensaio e, geralmente

próximo ao seu término, ouviram-se alguns estalidos. As quinas dosprismas localizadas na parte cen-tral do modelo romperam com oarrancamento do compósito.Após a ruptura verificou-se que aspartes do compósito que desco-laram, o fizeram de forma cruza-da, como mostra a Fig. 11.

  Em relação à efetividade da co-lagem, verificou-se que em P1; P3e P4 as superfícies dos compósi-tos após a ruptura apresentarampartículas de concreto bem ade-ridas, significando boa aderência.Em P2, entretanto, a superfície doscompósitos apresentavam apenas

restos de resina e o substrato de concreto correspondenteapresentava-se “marcado” pela textura do compósito, ca-racterizando fragilização da ligação e, conseqüentemente,aderência menos efetiva (Fig. 12).

  Na face superior dos modelos foi disposto umtransdutor de deslocamentos em uma base metálicaconstruída para tal propósito. Na superfície do compósitoforam colados extensômetros elétricos. Nos corpos-de-prova P1 e P2 foram dispostos quatro extensômetros, en-quanto que nos corpos-de-prova P3 e P4 foram dispostosseis extensômetros, como pode ser visto na Fig. 10.

Figura 8 - Aspecto da fixação da cunha (ancoragem passiva).

Figura 9 - Aspecto da fixação da célula de carga e do macacohidráulico (ancoragem ativa).

Figura 10 - Esquema do posicionamento dos extensô-

metros nos compósitos.

Figura 7 - Esquema de ensaio e instrumentação dos modelos.

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  As Figuras 13 e 14 ilustram o modo de rupturados corpos-de-prova P3 e P4.

Avaliação dos deslocamentos

  No gráfico da Fig. 15 observa-se que os corpos-de-prova com o mesmo comprimento de ancoragem apre-sentaram comportamento semelhante.

Figura 11 - Vista superior da ruptura de P1.

Figura 12 - Aspecto da ruptura de P2.

Figura 13 - Aspecto da ruptura de P3.

Figura 14 - Aspecto da ruptura de P4.

Interpretação dos Resultados

  O valor da tensão média de aderência foi esta-belecido pela seguinte expressão: 

onde:

τad,m = tensão média de aderênciaF = força de tração aplicadaad = comprimento de ancoragem

b = largura efetiva do compósito

Figura 15 - Gráfico tensão média de aderência x deslocamentos.

Avaliação das deformações de tração ao longodo comprimento do compósito

  Os gráficos das Figuras 16 e 17 mostram as cur-vas das deformações de tração ao longo do comprimentodos compósitos.

ad = 15 cm

ad = 15 cm

(a)

(b)

Figura 16 - Gráficos das deformações ao longo docompósito, com comprimento de ancoragem ad = 20cm, para valores crescentes da tensão de aderência,

em MPa. (a) P1 ; (b) P2.

τ ad,m = F / (2.ad. b)

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  Observando os gráficos da Fig. 16a,b nota-seum pico máximo na curva das deformações de tração nocompósito numa região próxima da extremidade interna,diminuindo para valores abaixo de 0.1% na região situadamais ou menos na metade do comprimento de aderência.

  No gráfico da Fig. 16b, os baixos valores de de-formações registrados pelo extensômetro nº1 confirmama perda de aderência verificada visualmente neste corpo-de-prova.

Nos gráficos da Fig. 17a,b nota-se que mais oumenos na metade do comprimento de aderência os va-

lores das deformações já estão bem abaixo do pico máxi-mo e são inferiores a 0.05%.

  Na Fig. 17 b verifica-se uma diminuição nos va-lores das deformações medidas pelo extensômetro 1 apartir da tensão τad = 0.79 MPa (ε= 0.19%), indicandoperda de aderência localizada do compósito ao substratode concreto.

  Observando-se, agora, os gráficos da Fig. 18, ecom base na semelhança das curvas obtidas com os ex-tensômetros 1 e 5 e 2 e 6, respectivamente, conclui-seque a força aplicada pelo macaco foi uniformemente dis-tribuída ao longo da faixa de compósito colado nas facesdos dois prismas de concreto e demonstra que o esquemade ensaio atendeu aos propósitos esperados.

(a)

(b)

Figura 17 - Gráficos das deformações ao longo do compósito,com comprimento de ancoragem lad = 15 cm, para valores

crescentes da tensão de aderência, em MPa. (a)P3 ; (b) P4.

  No gráfico da Fig. 18 b, observa-se novamente aalteração dos valores das deformações lidas com o exten-sômetro 1, em P4, indicando um provável escorregamen-to neste ponto. A redistribuição de tensões, entretanto,permitiu um bom comportamento do corpo-de-prova.

Determinação da Máxima Tensão de Tração noCompósito

  Com os valores das deformações máximas detração, obtidos com as leituras dos extensômetros elétri-

cos colados sobre o compósito e com o valor do módulode elasticidade é possível calcular os valores das tensõesnormais máximas no compósito. Estes valores estão in-dicados na Tabela 1.

(a)

(b)

Figura 18 - Tensão média de aderência x deformações.(a) P3; (b) P4.

Tabela 1. Valores máximos das tensões de tração no compósito

Corpos-de-prova σmáx

 (MPa) σmáx

 (o/oo)

P1 - ad

= 20 cm 460 4,38

P4 - ad

= 15 cm 434 4,13

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Análise global dos resultados

  Analisando-se os resultados dos quatro ensaiosverificou-se que o aumento do comprimento de aderên-cia permitiu que os corpos-de-prova suportassem maiorescargas últimas, com menores tensões médias de aderên-cia e maiores deslocametos. Tal fato pode ser constata-do na Tabela 2 e no gráfico da Fig. 15. Tais observações

também foram feitas por Chajes et all. (1996) e Nsambu(1997).

  No gráfico da Fig. 19, onde as curvas das leitu-ras dos extensômetros nº1 nos corpos-de-prova P2 e P4foram corrigidas a fim de clarificar a análise, verifica-se

que a redução do comprimento de aderência implica emdiminuição das deformações de tração e, conseqüente-mente das tensões de tração no compósito mais rapida-mente ao longo desse comprimento, sem contudo con-duzir a um valor maior da deformação máxima.

Tabela 2. Valores Médios Máximos

Comprimento de

 AncoragemF

máx (kN) τ

ad,m(MPa) ∆ (mm)

ad

= 20 cm 35   1,14 2,11

ad

= 15 cm 29   1,21 1,25

Comparação com as Instruçõesdo Fabricante

  As notas técnicas divulgadas pela Freyssinet so-

bre o sistema TFC (1997) referem que o comprimento deancoragem deve ser, pelo menos, igual a 10 cm para umconcreto com resistência média à compressão fc ≈30 MPae que no caso de concretos com valores de resistência àcompressão de 20 MPa < fc < 25 MPa, deve-se tomar paracomprimento de ancoragem o valor de 15 cm.

  Essas notas técnicas dizem ainda que a tensãode cisalhamento admissível no concreto devido à aderên-cia equivale a 1,5 MPa, o que corresponde a uma força de1,5 kN por centímetro de colagem sobre um comprimentode aderência suficiente, de 10cm.

  De acordo com os resultados obtidos nos ensaiose através do gráfico de Fig. 20 verifica-se que estas re-comendações são coerentes, ou seja, extrapolando-se acurva para um comprimento de 10cm, obtém-se para atensão de aderência um valor de 1,4 MPa.

Fig. 19 - Deformações ao longo do comprimento de aderência.

Figura 20 - Gráfico tensão média de aderência x comprimentode aderência.

Conclusões

  Os ensaios realizados mostraram que o aumentodo comprimento de aderência refletiu-se em cargas últi-mas mais elevadas, menores tensões médias de aderên-cia e maiores deslocamentos na ruptura.

  A redução do comprimento de aderência permiteque as tensões de tração no compósito diminuam maisrapidamente ao longo desse comprimento, sem contudoconduzir a maiores valores da deformação máxima.

  No que se refere a este tema, as informaçõestécnicas do fabricante parecem atender ao exigido para aaplicação deste compósito às estruturas de concreto.

  Os ensaios realizados permitiram uma avalia-ção satisfatória da aderência do compósito ao concreto.Contudo, a realização de novos estudos experimentais,

considerando outros valores do comprimento de aderên-cia é bem vinda, no sentido de ampliar o conhecimentoobtido

BibliografiaCEN 1542. Products and systems for the protection and repair of

concrete structures.Test methods.Pull-off test. Bruxelas.Comitê Europeu de Normalização, 1995.

CHAJES, M . et all. Bond and Force transfer of composite materialplates bonded to concrete. ACI Structural Journal, De-troit, Mar/Abr 1996, p 208-217.

FREYSSINET. Cahier des clauses techniques - Renforcement dubeton par collage de tisu de fibres de carbone procedeTFC. Paris, 1997, 85-107.

NSAMBU, Resende. Reforço à flexão de vigas de betão armadocom laminado de fibras de carbono. Dissertação (Mes-trado), Instituto Superior Técnico, Lisboa, 1997.

SOUZA, R. H. F.; APPLETON, J. A. S.; RIPPER, T. C. Avaliaçãodo Desempenho de Compósitos Armados com Tecido deFibras de Carbono como Elemento de Reforço de Vigas deBetão Armado. In: Jornadas Portuguesas de Engenhariade Estruturas, Anais ... Lisboa:LNEC, 1998, p 479-488.

Agradecimentos

  Esta pesquisa foi desenvolvida no InstitutoSuperior Técnico (Lisboa) e na UniversidadeFederal Fluminense (Niterói),com apoio do IC,CAPES, CNPq e Freyssinet Portuguesa a quemmuito se agradece.

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Resumo

O objetivo desta pesquisa é analisar a respostatérmica em regime dinâmico de uma placa horizontal deconcreto, submetida a variações na sua espessura. A inércia

térmica do sistema foi investigada através da equaçãounidimensional de condução de calor de Fourier, por umperíodo de 24 h, para o dia típico de verão de Campinas, SP.Mostra-se quantitativamente a influência da inércia térmicana atenuação dos picos da onda de calor. Estas relaçõespodem servir de referência na concepção de fechamentosde concreto térmica e energeticamente mais eficientes,diminuindo a demanda de energia por equipamentos decondicionamento térmico.

Palavras-chave: inércia térmica, lajes de concreto,transmissão de calor, massa.

Resposta Térmica

Dinâmica do ConcretoAriovaldo Denis Granja

Dep. de Arquitetura e Construção,Faculdade de Eng. Civil,

Arquitetura e Urbanismo, Unicamp

Lucila Chebel LabakiProfa Tutilar, Depto. de Arquitetura

e Urbanismo, Unicamp

Arti o cient ico

Abstract

  This paper aims to examine methodically thedynamic thermal response of a flat concrete slab, byvarying its thickness. Thermal inertia has been addressedusing periodic solutions of the equation of heat conductionproposed by Fourier, by means of harmonic analysis, overa period of twenty-four hours. A summer design day forCampinas/SP, Brazil is provided. The influence of the thermalinertia effect on the thermal load leveling is quantitativelyshown. Results can be used as guidelines for the conceptionof thermal and energy-efficient concrete envelopes,reducing energy demands for artificial cooling.

ey-words: thermal inertia, concrete slabs, heattransfer, mass.

  Introdução

  O cálculo da transmissão de calor em regime per-manente pressupõe condições que raramente ocorrem naprática, uma vez que, nestas condições, a capacidadede armazenamento de calor dos fechamentos opacos nãoé considerada. A análise em regime periódico da propa-gação de calor através destes fechamentos possibilita ocálculo do amortecimento e do atraso da onda de calor,quantificando-se o fenômeno da inércia térmica. O uso ra-cional da inércia, contemplado já na fase de concepção deprojeto, proporciona reduzir a demanda de energia consu-mida por equipamentos de condicionamento térmico, umavez que se torna possível dimensionar o fechamento para

que os picos de carga térmica sejam atenuados e atrasa-dos.

  Trabalhos recentes (PAPST, 1999, PAPST; LAM-BERTS, 1999, SZOKOLAY, 2003; DORNELLES; RORIZ,2003; OGOLI, 2003) investigaram o uso da inércia tér-mica como estratégia de conforto térmico e de eficiênciaenergética de sistemas de coberturas e paredes, inclusiveno tópico úmido. Trabalhos que investigaram a influên-cia da cor das superfícies externas, bem como da emis-sividade à radiação solar de onda longa, foram realizadospor Bansal, Garg e Kothari (1992) e por Deshmukh etal. (1991). Estudos adicionais neste tema demonstraramque o efeito da cor da superfície externa de sistemas decoberturas e paredes no desempenho térmico e energé-tico destes fechamentos é influenciado pela massa térmica

dos cômodos (CHENG; NG; GIVONI, 2003) e também pela

inércia térmica do fechamento quando analisado isolada-mente (GRANJA; LABAKI, 2003).

  Nesta pesquisa, analisa-se quantitativamente ainfluência da variação de espessura no comportamentotérmico dinâmico de uma placa horizontal de concreto,utilizando-se a teoria da transmissão de calor em regimeperiódico. Utilizou-se como referencial teórico os trabalhosclássicos de Alford et al. (1939) e Mackey e Wright (1944)com base na equação de condução de calor proposta porFourier, implementando-se algumas adaptações. O estudoé conduzido para a cidade de Campinas, SP.

Suposições Assumidas

  As principais suposições deste trabalho, visandoreproduzir analiticamente o fenômeno da inércia térmicaem fechamentos opacos são as seguintes:

  Os coeficientes de transferência de calor internos e ex-ternos são considerados constantes;As variações de temperatura não alteram as proprie-dades termo-físicas dos materiais;

  A análise considera um dia típico de verão claro, e atemperatura interna do cômodo é mantida constante;A absortância à radiação solar α da superfície externaindepende do ângulo de incidência dos raios solares;As paredes possuem altura e comprimento infinitos,porém espessura finita. Desta forma despreza-se osefeitos nas extremidades. Supõe-se o fluxo térmico

como sendo unidirecional, suficientemente preciso parafins de engenharia;

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As paredes são constituídas de material homogêneo , enão são considerados os efeitos da umidade, principal-mente os de condensação e evaporação, nas superfícieslivres da parede. Soluções analíticas para o transpor-te simultâneo de calor e massa em elementos porosospodem ser encontradas nos trabalhos de Silveira Neto(1985) e Stopp et al. (2003). Simulações considerandoo efeito acoplado de calor e massa podem ser conduzi-

das, entre outros, através dos programas de simulaçãoMoist 2.1 e Umidus 2.0 (MENDES; CELINSKI, 2001).

Fundamentos Teóricos

  A transmissão da onda de calor através da placahorizontal de concreto é analisada utilizando-se a equaçãode condução de calor de Fourier. A placa é confinada pelosplanos 0<x<d, onde d é a espessura da placa. O plano x= 0 está exposto à radiação solar, e à temperatura am-biente. Já o plano x = d está voltado para o interior do cô-modo, mantido a temperatura constante ti. Em qualquerponto na placa, vale a equação (ALFORD et al., 1939):

 (1)

  A solução da equação (1) é submetida àsseguintes condições de contorno:

Na superfície externa da placa:

 (2)

onde,

 (3)

é a equação periódica da temperatura sol-ar. A tempera-tura sol-ar pode ser expandida através de séries de Fou-rier, com período de 24 h, podendo ser expressa como: 

(4)

Na superfície interna da placa:

 

(5)

  Resolvendo-se a equação (1), submetida àscondições de contorno (2) e (5), obtém-se as expressõespara a temperatura na superfície interna ts,i, bem comopara a densidade de fluxo de calor através da placa qi(THRELKELD, 1970):

  (6)

  (7)

onde, o coeficiente global de transmitância térmica é ob-tido pela equação:

  (8)

Os demais parâmetros necessários para cálculo de ts,i eqi são:

 (9)

 (10)

 

(11)

 (12)

 

(13)

  (14)

 

(15)

Resultados Numéricos e Discussão

  A análise da resposta térmica da placa de concre-to foi realizada para o dia típico de verão, para Campinas,SP, cujos dados são os seguintes (GRANJA, 2002):

hi = 6,3 W/m² K, he = 21,9 W/m² K, ti = 26°C, δr = 63 W/m²

  As propriedades termofísicas adotadas para oconcreto foram (ABNT, 1998):

ρ = 2.200 kg/m³, λ  = 1,75 W/m K, c = 1kJ/kg K

Além disso, considerou-se uma absortância à ra-diação solar α = 0,65 (cinza) e emissividade ε = 0,9.

  Para a determinação do dia típico de verão, uti-lizaram-se dados de temperatura e radiação solar para operíodo de 1996 a 2000 (GRANJA, 2002). Empregando-se

dados horários de radiação solar incidente em superfície

( )λ   ∂

= − = − ∂   =,

0

t q t t he sa s ee  x  x 

α εδ= + −,

I r t t sa e m

h he e

( )θ ψ ω ∞

= + −∑=

cos, ,1

t t t sa sa m sa n n nn

( )λ   ∂

= − = − ∂   =,

t q t t hi  s i i i   x  x d 

( ) θ ψ ϕω ∞

= + − + − − ∑ =

1cos( ), , ,

1U t t t t t  V ns i i sa m i sa n n n nhi  n

( ) θµ ψ ϕω ∞

= − + − − ∑ =

cos( ), ,1

U q t t t sa m i sa n ni n n nn

λ 

− = + +

11 1d U h he i 

λ σ

=+2 2

h he i V ny  Z n nn

ω σ

α=

2n

nd 

λ α

ρ=d  c 

ϕ

=  

arctan Z nn Y n

µ   = V nn U 

λ 

ρ θ

  ∂∂  =   ∂∂  

2

2t t 

c   x 

2 2 2 21 cos senh 1 sen cosh

2 2

cos cosh

e i e i  n n n n n

n n

e i n n

n

d d d d  

d d 

h h h hY 

h hλ 

σ σ σ σσ λ σ λ  

σ σσ

= + + −

+ +

2 2 2 21 sen cosh 1 cos senh

2 2

sen senh

e i e i  n n n n n

n n

e i 

n nn

d d d d  

d d 

h h h hZ 

h hλ 

σ σ σ σσ λ σ λ  

σ σσ

= + − −

+ +

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REVISTA CONCRETO

horizontal e valores horários da temperatura do ar parao dia típico de verão, expandiu-se a temperatura sol-aratravés de séries de Fourier, para um período de 24 h,seguindo a forma da equação (4). Uma boa convergên-cia de resultados com a curva natural ocorreu utilizando-se dois harmônicos. Para o cálculo dos coeficientes ne-cessários à composição das diversas equações, criou-sea planilha de cálculo TRANSCALOR (GRANJA, 2002). Os

parâmetros resultantes para a temperatura sol-ar, para odia típico de verão (29 de janeiro de 1986), válidos paraCampinas, SP, são os seguintes:

Tabela 2 - Valores horários em tempo solar da temperaturana superfície interna da placa horizontal de concreto, para as

espessuras selecionadas (Dia típico de verão).

ts,i (°C)

tsolar d=5cm d=15cm d=25cm d=35cm

0 25,1 29,7 31,7 31,4

1 24,5 28,7 31 31,12 23,5 27,8 30,4 30,8

3 22,3 26,9 29,8 30,5

4 21,3 26 29,2 30,1

5 20,8 25,1 28,5 29,8

6 21,5 24,4 27,9 29,4

7 23,7 24,2 27,3 29

8 27,5 24,5 26,9 28,6

9 32,4 25,6 26,7 28,3

10 38 27,4 26,8 28

11 43,3 29,8 27,3 27,9

12 47,6 32,5 28,2 2813 50,1 35,2 29,2 28,2

14 50,6 37,5 30,5 28,5

15 49 39,2 31,8 29

16 45,6 39,9 32,9 29,6

17 41,3 39,8 33,8 30,2

18 36,7 38,9 34,3 30,8

19 32,5 37,5 34,4 31,2

20 29,3 35,7 34,2 31,5

21 27,2 33,9 33,7 31,7

22 26 32,2 33,1 31,7

23 25,5 30,8 32,4 31,6

  De maneira semelhante, obteve-se a variaçãotemporal de qi através da placa de concreto, também emfunção da variação de espessura da placa (TABELA 3 eFIGURA 2).

Figura 1 - Temperaturas na superfície interna da placa horizontalde concreto para o dia típico de versão, em função da variação de

espessura

  A integração das curvas de qi  na FIGURA 2possibilita a obtenção do fluxo total de calor através dofechamento, num período de 24 h, qi24h. Os valores doamortecimento µ e do atraso ϕ da onda de calor em fun-ção da espessura, valores máximos e mínimos de qi e ts,ie respectivas amplitudesDq

i e Dts

,i, são apresentados na

TABELA 4.

Tabela 3: Valores horários em tempo solar da densidade de

fluxo de calor através da placa horizontal de concreto, para asespessuras selecionadas (Dia típico de verão).

qi (W/m²)

tsolar d=5cm d=15cm d=25cm d=35cm

0 -5,9 23,3 36 33,8

1 -9,7 17,2 31,8 32,1

2 -15,7 11,6 27,8 30,2

3 -23,2 5,8 23,9 28,1

4 -29,9 -0,1 19,9 26

5 -32,6 -5,6 15,9 23,7

6 -28,1 -9,8 11,9 21,3

7 -14,3 -11,4 8,4 18,9

8 9,1 -9,2 5,7 16,5

9 40,3 -2,5 4,5 14,5

10 75,3 8,9 5,3 12,9

11 109 23,9 8,4 12,1

12 136 40,9 13,6 12,3

13 152,1 57,9 20,5 13,6

14 155 72,5 28,4 16

15 144,7 82,9 36,4 19,1

16 123,7 87,9 43,4 22,8

17 96,3 87,2 48,8 26,618 67,3 81,5 52 30,1

19 41,2 72,2 52,9 32,9

20 20,8 61,1 51,7 34,8

21 7,4 49,7 48,8 35,8

22 0,1 39,3 44,9 35,8

23 -3,4 30,5 40,5 35,1

n 0 1 2

tsa,m (°C) 36,7

tsa,n (°C) 22,2 8,6

ψ n (rad) 3,368 0,034

Tabela 1 - Análise de Fourier para uma superfície horizontalno dia típico de verão de Campinas (29/01/1986).

  Utilizando-se os parâmetros já obtidos, obteve-

se os demais coeficientes para o cálculo da temperaturana superfície interna ts,i e da densidade de fluxo de calorqi através da placa de concreto qi. Utilizando-se a formada equação (6), obteve-se a variação periódica de ts,ina superfície interna da placa de concreto, em função davariação de espessura (TABELA 2 e FIGURA 1).

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REVISTA CONCRETO    A   R   T

   I   G   O   C   I   E   N   T   i   f   í   c

   o

Figura 2 - Densidade de fluxo de calor através da placa horizontal deconcreto para o dia típico de verão, em função da variação de espessura.

Nota-se pela TABELA 4 que o aumento de espessura ocasiona uma tendênciaao nivelamento das curvas de ts,i e qi, através da diminuição de seus picosmáximos e mínimos (diminuição da amplitude).

Conclusões

  Diversos parâmetros de projeto influem na re-posta térmica dinâmica de fechamentos opacos. Nestetrabalho limitou-se a análise à espessura de uma placahorizontal de concreto. Utilizando-se a teoria da transmis-são de calor em regime periódico, relações quantitativasda influência da espessura sobre a densidade de fluxo decalor em uma placa horizontal de concreto foram obtidas,bem como as temperaturas em sua superfície interna.Observou-se a atenuação dos picos de carga térmica, econseqüentemente a tendência ao nivelamento da curva

de densidade de fluxo de calor, conforme se aumentoua espessura da placa. Os dados referentes ao amorteci-mento e atraso da onda de calor, que caracterizam o fe-nômeno da inércia térmica do fechamento, podem servirde referência para que fechamentos de concreto sejamconcebidos aproveitando-se racionalmente suas caracte-rísticas de resposta térmica dinâmica. A utilização racionalda inércia térmica, já na fase de projeto, pode conduzira fechamentos de concreto térmica e energeticamentemais eficientes, diminuindo-se a demanda por energia deaparelhos de condicionamento de ar. Estudos adicionaissão necessários para que a influência na magnitude e namobilidade da onda térmica de outros parâmetros que es-tão sob controle do projetista, tais como, a concepção dacor da superfície externa, a massa específica aparente, a

condutividade térmica, entre outros, seja analisada emcondições dinâmicas

Nomenclatura

c calor específico do concreto (kJ/kg K)d espessura da placa horizontal de concreto

(m)

he  coeficiente de transmissão de calor da super-fície externa (W/m² K)h

i  coeficiente de transmissão de calor da super-fície interna (W/m² K)

I radiação solar total incidente sobre a superfícieexterna da placa (W/m²)

qe  densidade de fluxo de calor do ambiente àsuperfície externa da placa (W/m²)

qi  densidade de fluxo de calor da superfície in-terna da placa ao interior da edificação (W/m²)

qi max

  densidade máxima de fluxo de calor dasuperfície interna da placa ao interior da edi-ficação (W/m²)

qi min

  densidade mínima. de fluxo de calor da

superfície interna da placa ao interior da edi-ficação (W/m²)q

i24h densidade de fluxo de calor total em 24 h

da superfície interna da placa ao interior daedificação (Wh/m²)

t temperatura da placa (°C)te  temperatura do ar externo para o dia típicode verão (°C)

ti  temperatura do interior da edificação, mantida

constante (°C)ts,e

  temperatura da superfície externa da placa(°C)

ts,i  temperatura da superfície interna da placa(°C)

tsa  temperatura sol-ar (°C)

tsa,m  temperatura sol-ar media para um períodode 24 h (°C)tsa,n

coeficiente harmônico (°C)U coeficiente global de transmissão térmica

(transmitância térmica) (W/m² K)Y

n  fator dado pela equação (12) (adimensional)

Zn

fator dado pela equação (13) (adimensional)α  absortância à radiação solar (adimensional)α

d  difusividade térmica (m²/h)

δr diferença entre a radiação de onda longa in-cidente na superfície através da abóbada ce-leste e entorno, e a radiação emitida por umcorpo negro submetido à temperatura atmos-férica (W/m²)

ε  emissividade de radiação de onda longa (adi-

mensional)ϕ

n  ângulo de defasagem ou de atraso - equação(14) (h)

λ   condutividade térmica do concreto (W/m K)µ

n  fator de amortecimento para a amplitude daonda - equação (15) (adimensional)

θ  tempo solar (h)ρ  massa específica aparente do concreto (kg/

m³)ω 

n = 2π /24h = freqüência angular da onda tér-mica (radianos/h)

ψ n  ângulo de fase para a temperatura sol-ar(radianos)

Tabela 4 - Parâmetros de desempenho térmico para a placahorizontal de concreto, para as espessuras selecionadas

(Dia típico de verão).

d=5cm d=15cm d=25cm d=35cm

µ 0,94 0,67 0,48 0,38

ϕ (h) 1,3 4,3 7 9,6

qimáx

 (W/m²) 155 87,9 52,9 35,8

qimín

(W/m²) -32,6 -11,4 4,5 12,1

qi24h

(Wh/m²) 1.015,50 815,7 681,4 585

ts,imáx

(°C) 50,6 39,9 34,4 31,7

ts,imín

(°C) 20,8 24,2 26,7 27,9

∆qi (W/m²) 187,6 99,3 48,4 23,7

∆ts,i (°C) 29,8 15,7 7,7 3,8

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REVISTA CONCRETO

 Bibliografia

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REVISTA CONCRETO 65

Petronas Tower:

recor es a en en aria e concreto

A Conjugação da Beleza com a Durabilidade

  etronas Tower é um conjunto de ar-ranha-céus, com 452 m (o segundo maior domundo). Edificado na cidade de Kuala Lumpur, naMalásia, foi concluído em 1998 com 88 andares.

  Construído essencialmente com concre-to de alta resistência, as torres são formadas por16 colunas principais com resistência de 69 MPae por vigas circulares de 8,2 a 9,8 m de com-primento, que associadas aos andaimes de aço,permitiram a construção econômica, rápida eadaptável para obras futuras. Foram desenhadaspelo arquiteto Cesar Pelli, baseadas em motivosda arte islâmica: sua geometria simboliza uni-dade, harmonia, estabilidade e racionalidade.

Uma ponte a 193 m de altura, com 58m, liga as torres nos andares 41 e 42.

  O empreendimento só foi possível devi-do ao uso do concreto de alta resistência, mate-

rial que utiliza a sílica ativa e os superplastifi-cantes, exigindo um intenso e estrito controle dequalidade. Este material permite diminuir a lar-gura das colunas, tornando a estrutura economi-camente atrativa.

  As torres estreitas conjugadascom os elementos do projeto requere-ram a atenção para o comportamentodo vento e da umidade sobre a estru-tura. Uma prova de resistência foi obtidanuma simulação de incêndio: a estruturasuportou 15000 batidas de pés, durantea passagem dos bombeiros de uma torre

a outra

P

Dados Técnicos

Área construída: 342 m2

Volume de concreto: 160.000 m3

Fundações: 13200 m3

Engenharia estrutural: Ranhill Bersekutu Sdn. Bhd.  Thornton-Tomasetti Engineers

Construtoras: Hazama Corporation  Solétanche Bachy

Fôrmas: PeriProtensão: VSL

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REVISTA CONCRETO66

Pista Descendente da

Rodovia dos Imigrantes:

recor es a en en aria e concreto

Referência para a Engenharia Nacional

  mais importante e complexo projeto de engenharia rodoviá-ria brasileira realizado neste início de século foi inaugurado em 17 dedezembro de 2002.

O novo trecho é o prolongamento da Rodovia dos Imigrantes,inaugurada em 1976. Seu marco inicial está no km 41 da rodovia, naregião de planalto.

Tecnologia  – O sistema escolhido para a construção dos túneis foi oNATM (New Austrian Tunneling Method). Quatro equipamentos de perfu-ração computadorizados – os jumbos – trabalharam especialmente paraa obra. As perfurações efetuadas pelo jumbo, para um avanço médio de4,5 metros por ciclo, baseavam-se no “plano de fogo”, um mapeamentoprévio feito pelos técnicos, gravado em disquete e inserido no computadorinstalado na cabine de comando do equipamento. A cada ciclo de escava-ção eram retirados 480 m3 de rocha, com o emprego de 1000 quilos deexplosivos.

Logística ecol gica  – A Pista Descendente tem 5,19 quilômetros deviadutos, 6 deles no trecho de serra e 5 na baixada. O planejamentologístico teve por objetivo reduzir ao mínimo a necessidade de abertura detrilhas e clareiras na mata. Equipamentos e materiais eram transportadospor guindastes (gruas) até o local onde seriam construídas as fundaçõesdos pilares. Três tecnologias distintas foram escolhidas para execução dosviadutos. A dos “balanços sucessivos”, que consiste em fechar os vãos apartir dos pilares, em etapas. A cada trecho concretado, as formas são reposicionadas mais à frente atéque se unam no centro do vão, completando o tabuleiro (piso) do viaduto. Ao usar a técnica dos balançossucessivos, foi possível construir vãos bem mais amplos, chegando a 90 metros de distância entre pilares,alguns desses pilares com mais de 70 metros de altura.

Nos viadutos 8 e 10, usou-se a tecnologia de “ponte empurrada” em linha reta, e pela primeiravez usada no Brasil, no viaduto 10, em curva. Os tabuleiros desses viadutos eram concretados em formas

especiais, em peças com 25 metros de comprimento e 600 toneladasde peso, aproximadamente. As peças eram “deslizadas” sobre os pilarescom o auxílio de “macacos” hidráulicos, uma após outra, até que todo oviaduto se completasse.

  A terceira tecnologia utilizada na execução dos viadutos foi a de “vigas lançadas”, a mais conhecida e usada em obras desta natureza,onde as vigas pré-moldadas são produzidas próximo ao local e posicio-nadas com o auxílio de guindastes.

Pavimento – Em toda a nova rodovia usou-se o pavimento rígido deconcreto, de maior resistência ao desgaste e maior durabilidade emrelação ao pavimento flexível asfáltico 

Números da Pista Descendente

Extensão Total: 23,23 km: Planalto 4,99 km; Serra 11,48 km; Baixada 5,11 km;Alças 1,65 km

Túneis: 8,23 km: TD 1 3.146 m; TD 2 2.080 m; TD 3 3.005 m.

Viadutos: 5,19 km: VD 1 263,0 m; VD 2 191,0 m; VD 3 602,0 m; VD 4 211,0 m;VD 5 74,0 m;VD 7 1.255,0 m; VD 8 724,0 m; VD 9 390,0 m; VD 10 565,0 m; Viaduto Estaiado390,5 m; Ponte Rio Laran jeiras 532,0 m.

Materiais: Concreto: 420.000 m3 (nove Estádios do Morumbi); Aço: 25.000 t(quatro Torres Eiffel); Fôrmas: 600.000 m2 ; Escavação em terra: 800.000 m3;Escavação em rocha: 1200.000 m3.

Participantes:Construtor: Consórcio Imigrantes, formado pela C.R. Almeida e ImpregiloProjetistas: Figueiredo Ferraz, In.Co e GeodataControle Tecnológico: Concremat Engenharia e Tecnologia S.A. e L. A. FalcãoBauer

Consultores tecnologia do concreto: Paulo Helene; Francisco Andriolo e FranciscoHolanda

O

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