Revista Ibracon - Pavimento de Concreto

Embed Size (px)

Citation preview

|1|

[www.ibracon.org.br]

[Concreto & Construes]

|2|

|3|

[www.ibracon.org.br]

sumrio15 Pavimento de concreto Projeto e execuo de corredor de nibus da Linha Verde de Curitiba 24 Carbonatao do concreto Avaliao dos fatores que favorecem e dificultam a carbonatao 33 Recuperao estrutural Recuperao, reforo e impermeabilizao das estruturas de concreto da Catedral Metropolitana de Natal 37 Normalizao tcnica Os requisitos da ABNT NBR 15900 para a gua de amassamento do concreto com vistas sustentabilidade 50 Projeto de fundaes Critrios e procedimentos para o clculo, dimensionamento e definio das fundaes de Torres de Transmisso 61 Solucionando problemas Influncia dos agregados grados de diferentes origens nas propriedades mecnicas do concreto 68 Mtodo USACE Anlise do mtodo do United States Army Corps of Engineers para avaliar as condies de rolamento de pavimentos de concreto 78 Treinamento de pessoal Projeto de treinamento de profissionais para atendimento aos requisitos de desempenho definidos pela ABNT NBR 15575 81 Patologias no concreto Estudo busca caracterizar as manifestaes patolgicas associadas Reao lcali-Agregado (RAA) 96 Durabilidade Modelagem matemtica da vida til de peas de concreto a partir dos parmetros da ABNT NBR 6118

sees5 Editorial 6 Converse com IBRACON 8 Personalidades Entrevistadas: Hugo Peiretti e David Ordez 30 Mercado Nacional 46 Entidades Parceiras 59 Mantenedor 89 Engenharia Legal 102 Acontece nas Regionais

Crditos Capa: Vista geral do pavimento de concreto em corredor de nibus da Linha Verde de Curitiba

INStItutO BRASIleIRO dO CONCRetO Fundado em 1972 Declarado de Utilidade Pblica Estadual | Lei 2538 ce 11/11/1980 Declarado de Utilidade Pblica Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982 Revista Oficial do IBRACON Revista de carter cientfico, tecnolgico e informativo para o setor produtivo da construo civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto ISSN 1809-7197 Tiragem desta edio 5.000 exemplares Publicao Trimestral Distribuida gratuitamente aos associados JORNAlIStA ReSpONSvel Fbio Lus Pedroso MTB 41728 [email protected] puBlICIdAde e pROmOO Arlene Regnier de Lima Ferreira [email protected] pROJetO GRFICO e dIAGRAmAO Gill Pereira (Ellementto-Arte) [email protected] ASSINAtuRA e AteNdImeNtO [email protected] Grfica: Ipsis Grfica e Editora Preo: R$ 12,00 As idias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinados so de responsabilidade de seus autores e no expressam, necessariamente, a opinio do Instituto. Copyright 2010 IBRACON. Todos os direitos de reproduo reservados. Esta revista e suas partes no podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma de impresso mecnica, eletrnica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos autores e editores. pReSIdeNte dO COmIt edItORIAl Tulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil COmIt edItORIAl Ana E.P.G.A. Jacintho, PUC-Campinas, Brasil ngela Masuero, UFRGS, Brasil Hugo Rodrigues da Costa Filho, ABCP, Brasil Ins Battagin, ABNT, Brasil ria Lcia Oliva Doniak, ABCIC, Brasil Jos Luiz A. de Oliveira e Sousa, UNICAMP, Brasil Jos Marques Filho, IBRACON, Brasil Lus Carlos Pinto da Silva Filho, UFRGS, Brasil Maryangela Geimba de Lima, ITA, Brasil Paulo Helene, PCC-EPUSP, Brasil

diretor presidente Jos Marques Filho diretor 1 vice-presidente (em aberto) diretor 2 vice-presidente Tlio Nogueira Bittencourt diretor 1 Secretrio Nelson Covas diretor 2 Secretrio Sonia Regina Freitas diretor 1 tesoureiro Claudio Sbrighi Neto diretor 2 tesoureiro Carlos Jos Massucato diretor tcnico Carlos de Oliveira Campos

diretor de eventos Luiz Prado Vieira Jnior diretor de pesquisa e desenvolvimento ngela Masuero diretor de publicaes e divulgao tcnica Ins Laranjeiras da Silva Battagin diretor de marketing Luiz Carlos Pinto da Silva Filho diretor de Relaes Institucionais Mrio William Esper diretor de Cursos Flvio Moreira Salles diretor de Certificao de mo-de-obra Jlio Timerman

IBRACON Rua Julieta Esprito Santo Pinheiro, 68 CEP 05542-120 Jardim Olmpia So Paulo SP Tel. (11) 3735-0202

[Concreto & Construes]

|4|

editorial

Publicaes tcnicas: construindo o legado brasileiro de obras teis, durveis e belascom grande satisfao que escrevo este editorial da Revista Concreto & Construes, importante veculo de informao tcnica do Instituto Brasileiro do Concreto. Como leitora e autora de artigos j publicados nesta Revista, sei da qualidade e do rigor tcnico pelos quais o IBRACON sempre primou em suas publicaes. Como Superintendente do Comit Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT/CB-18), h mais de cinco anos, posso afirmar que as publicaes que buscam registrar e consolidar o conhecimento so organismos vivos, em constante atualizao, caso das Normas Tcnicas e, sem dvida, tambm, das Revistas do IBRACON. Assim, ao assumir a Diretoria de Publicaes e Divulgao Tcnica do Instituto, tracei algumas metas para a implementao de inovaes na Revista Concreto & Construes e, agora, tenho a oportunidade de apresentar as primeiras delas, concretizadas j nesta Edio. Trata-se da introduo da Seo NORMALIZAO TCNICA, que visa facilitar a atualizao do conhecimento sobre o tema, trazendo artigos com comentrios e esclarecimentos sobre o contedo de normas brasileiras e sua contextualizao nos cenrios nacional e internacional. Lembro que foram de cimento e concreto as primeiras normas editadas no Brasil, j em 1940, quando da fundao da ABNT. Esse pioneirismo levou a avanos importantes da aplicao do concreto no Pas e permitiu a difuso do conhecimento de maneira rpida, eficiente e segura. O setor da construo civil, como um todo, conta hoje com cerca de 1500 normas brasileiras, dentre as quais cerca de 300 tratam do concreto, de seus materiais constituintes e aplicaes. Ampliar o conhecimento sobre alguns documentos normativos e acompanhar a relao de temas em estudo passa pela agenda de todos ns, especialmente neste promissor momento da engenharia brasileira. Destaco o trabalho desenvolvido na normalizao internacional, onde o Brasil ocupa a vigsima terceira posio na participao em fruns tcnicos da ISO (International Organization for Standardization), dentre os mais de 160 pases que compem a entidade e frente de toda a Amrica Latina. Cumpre tambm mencionar que a ABNT atua no mbito internacional como membro do Conselho da ISO, participa do Technical Management Board da entidade e dos Comits CASCO, COPOLCO e DEVCO, responsveis, respectivamente, por avaliao da conformidade, direito do consumidor e questes relativas aos pases em desenvolvimento.

Nada disso seria possvel sem a participao dos tcnicos brasileiros, muitos dos quais filiados ao IBRACON, que atuam nas Comisses de Estudo da ABNT e tambm nos Work Groups e Technical Committees da ISO, levando seu conhecimento para o desenvolvimento de normas nacionais e internacionais. A seo NORMALIZAO TCNICA, alm de informar, deve servir de incentivo para ampliar cada vez mais o interesse nessa participao. Esta edio da Revista Concreto & Construes traz dez artigos tcnicos sobre temas variados, focando o concreto, suas aplicaes e materiais constituintes, alm de informaes sobre a construo civil, seus avanos e oportunidades. A matria de capa chama a ateno para as qualidades do pavimento de concreto e mostra a belssima obra realizada em Curitiba, cidade que foi considerada exemplo mundial de sustentabilidade e premiada este ano com o Global Award Sustainable City. Indo de encontro s exigncias de sustentabilidade, vale salientar que o pavimento de concreto, comparativamente a outras solues tradicionais, propicia economia de energia eltrica, por sua colorao, que responde por maior ndice de reflexo da luz, alm de trazer maior segurana aos usurios e menor desgaste do sistema de freios dos veculos, por sua maior aderncia; soma-se a esses benefcios o expressivo ganho em durabilidade. Esta edio da Revista traz tambm a cobertura do V Seminrio Internacional ABCIC Industrializao, Arquitetura, Habitao, Infraestrutura e Sustentabilidade, realizado no ltimo ms de abril, em So Paulo. O evento apontou solues tcnicas para o novo ciclo de crescimento do Pas focando o uso dos sistemas pr-fabricados em concreto. Normalizao, durabilidade, atendimento a prazos exguos de construo, beleza, versatilidade e controles rigorosos de produtos e processos foram algumas das tnicas do evento. Desejo que todos apreciem esta Edio da Revista Concreto & Construes e convido-os a conhecerem as demais publicaes do IBRACON e a tomarem parte no trabalho que o Instituto desenvolve na divulgao das melhores prticas do uso do concreto. No site www.ibracon.org.br podem ser obtidas maiores informaes sobre como participar desse processo. Assim, aproveitando o momento de euforia da construo civil no Pas, convido-os tambm a participarem da construo de um legado brasileiro de obras teis, durveis e belas, erguidas com base no conhecimento adquirido e aplicado, para deixar registrada a marca de competncia da engenharia nacional no cumprimento de seu papel na sociedade. ENG INS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN Diretora De Publicaes e Divulgao tcnica Do ibracon

|5|

[www.ibracon.org.br]

editorial

converse com o ibracon

Converse com o IBRACONpublique seus trabalhos cientficos na RIem!A Revista IBRACON de Estruturas e Materiais RIEM foi lanada em 2008, resultado da fuso da Revista IBRACON de Estruturas (RIEST) e da Revista IBRACON de Materiais (RIMAT), publicaes cientficas online editadas pelo Instituto Brasileiro do Concreto. Seu objetivo divulgar as pesquisas tcnico-cientficas sobre os mais variados aspectos do concreto, material construtivo mais largamente empregado na construo civil, alm de notas tcnicas e discusses sobre tais pesquisas e inovaes. A Revista tem o objetivo de promover a difuso e a melhor compreenso do estado da arte da construo em concreto, tanto no que se refere a estruturas, como no que tange tecnologia e aos materiais que compem o concreto. Assim, fornece subsdios para um frum de debates entre investigadores, produtores e usurios desses materiais e estruturas, incentivando o desenvolvimento da pesquisa cientfica e construindo uma ponte que relaciona aspectos da cincia de materiais, da teoria das estruturas e do desempenho do concreto. A Revista visa promover o desenvolvimento do setor de Construo Civil, atravs da colaborao conjunta de cientistas, engenheiros, projetistas, construtores, fabricantes de materiais e usurios de estruturas de concreto, l-se em sua pgina no site www.ibracon.org.br. Qualificada no sistema QUALIS, da CAPES, a RIEM excelente veculo para a divulgao de trabalhos acadmicos e de pesquisas tecnolgicas sobre o concreto e seus sistemas construtivos, uma vez que dirigida a todos os profissionais dos variados segmentos da cadeia construtiva do concreto, no Brasil e no mundo. Quando da publicao de suas edies quatro por ano uma newsletter disparada para os associados ao IBRACON, comunicando sua a mais nova edio e seus artigos de destaque. A publicao tambm armazenada no site do American Concrete Institute ACI, sendo diretamente acessada por seus filiados. Tanto a submisso de artigos como a leitura das edies da RIEM podem ser feitas livremente, sem quaisquer custos. Todos so convidados a participarem das edies, submetendo por meio eletrnico artigos para serem publicados. Para serem aceitos, os artigos precisam necessariamente ter uma verso em ingls, no caso de terem sido escritos originalmente em portugus ou espanhol. Essa condio deve-se justamente ao carter internacional do peridico. Os artigos so recebidos pelos editores, que os reenviam a uma banca de avaliadores, formada por especialistas nacionais e estrangeiros, associados ao IBRACON, e com reconhecida competncia em sua rea de pesquisa e atuao. A banca faz comentrios, que devem ser acatados pelos autores, para, s depois, serem liberados para publicao. Todo o gerenciamento desde a submisso de artigos at sua liberao para publicao feito por um sistema de gerenciamento de peridicos, de domnio pblico, desenvolvido pelo Public Knowledge Project PKP (http://pkp.sfu.ca/ojs/).Tipos de contribuio

A Revista publica artigos tcnico-cientficos inditos e originais, artigos de comunicao tcnica, discusso e rplica dos autores. No site da RIEM podem ser publicados relatrios de conferncias e de reunies relevantes e revises de livros. Todas as contribuies sero revisadas e somente publicadas com a aceitao do Editor e do Conselho Editorial do IBRACON. Restries de contedo e espao (tamanho) podero ser impostas, conforme deciso do editor e revisores. As contribuies so aceitas somente em ingls, ou em dois idiomas, sendo um deles o ingls.Artigo

Apenas artigos tcnicos inditos e originais, que estejam de acordo com o escopo da Revista e apresentem qualidade de informaes e apresentao, sero aceitos para publicao. As diretrizes para a elaborao

[Concreto & Construes]

|6|

e submisso dos artigos esto detalhadas no Guia de Redao de Artigo, disponibilizado no site da Revista. A comunicao tcnica um trabalho sucinto e tem o objetivo de apresentar as novidades em pesquisa, desenvolvimento e aplicao tecnolgica na rea de materiais de construo civil. Os trabalhos no precisam ser necessariamente conclusivos, pois tm a funo de introduzir um novo tema na pauta de discusses. um espao reservado a indstrias, empresas, universidades, instituies de pesquisa, pesquisadores e profissionais que queiram divulgar os seus trabalhos e produtos ainda em fase de desenvolvimento. Os procedimentos e formatos para submisso esto detalhados no Guia de Redao de Comunicao, disponibilizado no site da Revista. A Discusso ser recebida, no mximo, aps trs meses da publicao do Artigo ou da Comunicao Tcnica a que se refere. As Discusses e as Rplicas no devem ultrapassar o limite de trs pginas (incluindo figuras, tabelas e referncias bibliogrficas) e devem seguir a Folha de Estilos de Discusso e Rplica. A Discusso no deve ser ofensiva e deve limitar-se ao escopo do trabalho a que se refere. Ser concedido o direito de rplica aos Autores. As Discusses e as Rplicas de um determinado Artigo ou Comunicao Tcnica so publicadas no nmero subseqente da Revista. mais informaes: acesse Menu Publicaes/Revista IBRACON de Estruturas e Materiais no site www.ibracon.org.brDiscusso e rplica Comunicao tcnica

tributo ao engenheiro Jos Roberto Braguim, falecido em 28 de maro

meu sincero tributo ao grande eng. Jos Roberto Braguim Voc nos deixou muito precocemente. Estou consternado! Tive a sorte de estar muito prximo do engenheiro e grande amigo Braguim e, por vrias vezes, ter a felicidade de compartilhar parcerias. Fomos companheiros de IPT, de Escola Politcnica, de Diretoria do IBRACON, de comisses da ABNT e de ABECE. Seu esprito tico, sua honestidade, seus princpios pessoais, sua competncia e dedicao sempre se destacaram e me fizeram a cada dia apreciar mais aquele profissional sonhador e conversador. Sempre estava pronto para ouvir. A par de outras tantas, essas eram suas qualidades imbatveis - duas grandes e maravilhosas caractersticas do Braguim: Diplomacia e Sonho. Tudo deve e tem de ser bem negociado, bem conversado, temos de achar o caminho certo, mas com conversa. Sabia muito bem onde devia chegar, mas nunca rejeitou uma boa e construtiva discusso. Tambm sonhar com um pas melhor, uma engenharia consciente e sem nunca esquecer seu lado social e seu compromisso com a qualidade de vida, com a justia, assim era ele. Perseverante no deixava de confiar em dias melhores. Lamento profundamente perder precocemente esse querido amigo, esse verdadeiro Ulysses Guimares da nossa valorosa Engenharia civil. J est fazendo falta! Saudades... Paulo Helene Comit Editorial

Homenagem ao prof. Jos Zamarion

Novo portal ABCp

Sobre a nota publicada em newsletter IBRACON sobre a entrega do prmio concedido pelo VII Simpsio EPUSP de Estruturas de Concreto ao engenheiro Jos Zamarion Diniz, segue comentrio feito na Comunidade TQS: Parabns ao grande Engenheiro e Professor Zamarion, exemplo de dedicao ao disponibilizar sua capacidade profissional, seu exemplo de humanidade e seu enorme corao Engenharia Brasileira. Grande abrao, justa homenagem qual estou presente em sentimento e vontade, j que a distncia grande, a saudade maior ainda. Sinceramente, Egydio Herv Neto Ventuscore PortoAlegre/RS|7|

A Associao Brasileira de Cimento Portland (ABCP) tem uma nova pgina na internet, totalmente reformulada. O objetivo o de aumentar o acesso dos interessados s informaes sobre o cimento e suas aplicaes na construo civil. Alm dos dez canais, que englobam desde literatura tcnica e apresentao de servios at as ltimas notcias sobre obras, projetos, cursos e eventos, o portal traz algumas novidades: visitas virtuais aos laboratrios da associao, solicitao de oramentos online, rea restrita para empresas com selo de qualidade ABCP e biblioteca virtual com 48 mil ttulos de literatura tcnica. Visite o site www.abcp.org.br e tenha acesso a todas as informaes sobre o cimento, suas aplicaes e dicas para uma correta utilizao do material. n[www.ibracon.org.br]

converse com o ibracon

personalidades entrevistadas

Hugo Corres Peiretti e David Fernndez-OrdezHugo Corres Peiretti David FernndezOrdez

Hugo Corres Peiretti fundador da fHeCor engenHeiros e Consultores, em madrid-esPanHa, resPonsvel Por imPortantes Projetos, entre os quais: o estdio nuevo valenCia,o terminal do aeroPorto de Barajas, o Centro Cultural osCar niemeyer, em asturias, Cujo Projeto arquitetniCo do PrPrio arquiteto que d nome ao edifCio. memBro da fiB (federation internationale du Beton ) e memBro atuante em Comits euroPeus de normalizao (euroCdigos). CatedrtiCo da universidade de ConCreto armado da esCuela tCniCa suPerior de ingenieros de Caminos, Canales y Puertos (universidade PolitCniCa de madri). david fernandz-ordez diretor tCniCo da Castelo Pr-faBriCados, da esPanHa. Presidente de Comisso tCniCa da aCHe (assoCiaCin CientfiCo-tCniCa del Hormign estruCtural), viCe-Coordenador da Comisso de Pr-faBriCados da fiB e Coordenador do gruPo de HaBitaes eConmiCas, alm de seCretrio do Comit de Pontes Pr-moldadas em ConCreto, da fiB. ordez e Peiretti foram entrevistados Conjuntamente Pela revista ConCreto & Construes num dos intervalos das aPresentaes do v seminrio internaCional aBCiC, oCorrido em 29 de aBril ltimo.[Concreto & Construes] |8|

ibracon conte-nos

engenharia civil? david - Minha famlia tem uma tradio de engenheiros h muito tempo. Tanto na famlia de minha me, como na do meu pai. Meus avs eram engenheiros civis, os dois... No... Um civil e o outro militar, porm militar de armamento e de consibracon em quais obras esteve envolviDo que marcaram sua exPerincia como Profissional? truo. E meu pai tambm era engenheiro Por que tais obras foram emblemticas? civil. Deve ter sido o DNA que me impulsiodavid - Houve um momento no qual sonou a seguir esta direo. Mas, realmente, mente se faziam pontes isostticas. Como dentro da engenharia civil, eu entrei no eu estava no cenrio do mercampo da pr-fabricao, porcado naquele momento, os reque me permitia estar em todas querimentos dos projetistas e as reas de trabalho da engedas administraes comearam nharia, ou seja, desde a cona requerer pontes mais avanacepo, a execuo, conhecer os das, pontes com solues isosmateriais e chegar at o trmitticas. Isto requereu adaptarno da obra, desde o projeto at se e gerar mtodos de clculos a fabricao. avanados para poder reHugo - Eu sou engenheiro solver esses problemas. quase que por casualidaIsso aconteceu na metade de: queria ser mdico e, dos anos 90 e me obrigou no ltimo momento, segui a estudar e a resolver a sugesto de um tio engeAcredito que Algum que muitos problemas para nheiro. Mas, acredito que, constri, Ao pAssAr do poder seguir fazendo uma realmente, a escolha no serie de elementos e para importante, a paixo tempo, com A experinciA, poder avanar e gerar sopela profisso surge em A verdAde que difcil lues novas, esse um seguida. Acredito que seencontrAr umA obrA marco muito importante. ria igualmente apaixona{emblemticA}. Hugo - Acredito que para do como mdico, como adalgum que constri, ao vogado ou qualquer outra passar do tempo, com a excoisa. Com certeza, meu perincia, a verdade que problema a paixo. A fica difcil encontrar uma paixo, a descobri de veobra que reflita tudo. Alm do lho j. Comecei a estudar engemais, acredito que imprescindnharia como tantos jovens que vel no perder nenhuma oportunino sabem qual caminho seguir. dade e, se algum tem a mnima E imediatamente ao comear a oportunidade, por menor e mais estudar, gostei e me apaixonei modesta que seja, deve aproveipela engenharia, por isso que tar para estud-la, para que a exte digo que seria apaixonado perincia v aumentando. por outra carreira. E aqui estou De maneira que pensava, enquanto eu apaixonado pela engenharia. falava, que existem obras que foram importantes, porque marcaram, ao nvel ibracon Por que a escolha Da rea De estruturas De concreto? de crescimento, ao nvel de escritrio. Hugo - Bem, porque dentro do que a enPor exemplo, o primeiro concurso que genharia, as estruturas so o maior desaganhamos em 89 - a Ponte Elche, foi um fio, eu diria, que so sempre um referenmarco, mas no foi a obra mais imporcial inevitvel dentro da engenharia civil. tante para mim. Outro marco importanSem dizer que do muitssimas possibite foi o aeroporto de Barajas, porque lidades: os engenheiros estruturais tm tinha uma dimenso to gigantesca, que|9| [www.ibracon.org.br]

carreira Profissional.

resumiDamente sobre sua

Por

que escolheu cursar

uma grande ambio criativa. E isso, eu diria, que o que eu mais gosto da engenharia, a ambio criativa. Ainda que tenha dedicado muitos anos da minha vida a pesquisar, nada mais do que pesquisar. E, assim, pouco a pouco, me fiz mais engenheiro e menos acadmico.

personalidade entrevistada

a industrializao da construo, uma das maneiras de industrializar a construo, neste caso, do concreto, porque estamos falando da pr-fabricao do concreto. Existe, ainda, a pr-fabricao de ao, de madeira e de outros materiais, mas os conceitos falam da fabricao do concreto. Estou de acordo com Hugo: um mtodo construtivo que tem a potencialidade de industrializao. A industrializaibracon em que consistem os o, em si mesma, algo que tambm vem Pr-molDaDos De concreto? se modificando com o passar do tempo. Se Hugo - Eu diria que o pr-moldado uma industrializava de uma maneira e no possibilidade construtiva, no da mesma maneira que se v a nica, uma possibilidaagora, mesmo nas fbricas no de construtiva. E, construtivato avanadas e a indstria de mente, eu posso resolver um pr-fabricao foi atrs desses problema de diversas formas: conceitos de industrializao, a pr-fabricao uma das fortendo por referncia uma inmas. E uma das formas que, dstria digamos top, a indsrealmente, cada dia, tem um tria de carros. Pouco a pouco, maior protagonismo, cada a pr-fabricao avana dia e cada vez mais imna industrializao. No portante. mais de 20 anos, quando uma pessoa ia comprar ibracon mas, qual o um carro,lhe davam quapouco A pouco, trao esPecfico Para Definir tro opes de cores e trs os conceitos se essa forma construtiva? opes de acabamentos, flexibilizArAm e A Hugo - Poder fabricar mais ou menos, havia prpriA AutomAo em uma planta e transumas opes muito bsipropiciou que cAdA portar um deles. E que cas, porque os conceitos elemento fosse requer mais importncia: de industrializao eram individuAlizAdo. primeiro, pela exigncia mnimos na industrialida qualidade, de possibizao em massa. Mas, lidade de eficincia espouco a pouco, os conceitrutural, caractersticas tos se flexibilizaram e a que so muito mais alprpria automao, a incanveis em uma fbrica do formatizao do processo proque na obra. De outra parte, dutivo, propiciou que cada eleas nossas obras so prottipos, mento fosse individualizado. apesar de no existir uma obra Hoje em dia, voc vai comprar igual a outra, nunca: existem um carro, no necessita ser um obras parecidas; existem exBMW, pode ser um Fiat, e voc perincias que podem ser trastem muitas possibilidades de ladadas de uma obra a outra, personalizao, num processo mas nunca se faz uma coisa exatamente de fabricao barato, rpido e altamente igual outra.Nunca. personalizado. Esse carter de prottipo faz com que seja muito mais difcil, na obra, gerenciar com ibracon mas essa Personalizao Do ProDuto existe na Pr-fabricao em concreto? o mesmo nvel de qualidade do que posdavid - Isso, no pr-moldado, no existe svel na fbrica; no digo que seja sempre cem por cento, mas se busca na indstria, alcanvel, mas que seja mais possvel, em porque so conceitos industriais e se vo uma fbrica. Assim que, definitivamente, buscando esses conceitos. Existem mais em uma possibilidade construtiva. alguns tipos de pr-moldados, menos em david - Eu te diria que a pr-fabricao [Concreto & Construes] | 10 |

nos impulsionou a crescer. Talvez, pessoalmente, o que mais me interessou o poder de interagir com outras pessoas. Quanto mais aberto, maior o interesse. Trabalhamos com muitos arquitetos e existem muitas relaes diferentes, mas existem algumas que so muito boas, por exemplo, a que tivemos com Rogers... Richard Rogers.

outros tipos. Porem, os que pensavam que a pr-fabricao tem que ser uma soluo em massa, isso pouco a pouco vai mudando, assim como vai mudando as instalaes, a forma de abordar o problema.

ibracon quanDo e onDe surgiu essa tecnologia? david - Os primeiros exemplos so do final do sculo XIX. Os primeiros conceitos do pr-moldado de cimento foram os primeiros concretos que se fizeram umas embarcaes feitas de concreto, muito pontuais, muito artesanais, representadas por uma tcnica. Mas, a potncia da prfabricao estrutural, aquilo que estvamos falando aqui, comea a ser relevante quando se inventa o protendido, entre os anos 20 ou 30 do sculo XX. E a indstria se desenvolibracon Por ser um Processo inDustrializaDo, ve, realmente, depois da o concreto Pr-molDaDo Segunda Guerra Mundial, no somente A aumenta a ProDutiviDaDe no quando a Europa estava produtividAde como canteiro De obras? isso uma muito destruda, havia rendimento de tempo e verDaDe? tudo por se fazer cadinheiro, mAs tAmbm david - Claro! Isto uma sas, edifcios e todos os como rendimento do verdade, este um dos tipos de obras. Ento, em produto, que se elevA motivos. O trabalho pode todas as partes do munser feito antes de se trado, comearam a montar {com A pr-fAbricAo}, balhar em canteiros e muiessas grandes empresas como A quAlidAde tssimo mais rpido, alm de pr-fabricao, que de vidA pArA o do mais, com menos pessocomearam a se popuusurio finAl as e pessoas formadas, no larizar, com conceitos qual os riscos so menores de produo em massa e e... tudo, tudo junto. outros conceitos indusAcredito que no somente a triais, digamos, antigos. produtividade como o rendimento de tempo e dinheiro, ibracon quais os motivos que estimularam sua concePo mas tambm como rendimene emPrego? to do produto, que se eleva, Hugo - J dissemos alguma coicomo a qualidade de vida para sa no? Eu acredito, digamos, o usurio final. que as causas mais difundidas ibracon quais as conDies Para aumentar essa ProDutiviDaDe? at agora so: o prazo, o tempo e a ecoHugo - Eu acredito que a atual nomia de escalas. conjuntura brasileira, sem nenhuma david - O que disse o Hugo, mas com os dvida, vai criar uma posio de princpios de hoje em dia: a qualidade, o mercado que ajudar um maior numero controle e os elementos civis. de pessoas e a pr-fabricao ter que Hugo - Porque uma exigncia da sociedade trabalhar muito para dar respostas a em conjunto, que aprendeu a exigir. Mais essa demanda. do que isso, exigem muito sem saber, existe david - A indstria de pr-fabricao tem uma demanda generalizada. E, tambm, noque melhorar no somente aqui no Brasil, tamos na construo. Antes, o consumidor| 11 | [www.ibracon.org.br]

custava em obter benefcios deste produto; hoje, eles tm muitas mais exigncias de qualidade do que tinham no passado. E a pr-fabricao d uma resposta que no podem dar as obras moldados no local. Acredito que, aqui no, mas na Europa tambm existe a baixa qualidade de mo-de-obra da construo normal. A construo uma atividade muito dura, porque faz frio, faz calor... Enfim, muitos trabalhos so to duros,onde trabalham jovens que so imigrantes, e tambm mulheres trabalhando, com uma formao to mnima. Alm do que existe, inclusive, problemas para se comunicar com eles, que falam polons, blgaro, lnguas que eu nem sei... (risos). Por isso, a pr-fabricao est relacionada para que substitua a construo no local.

personalidade entrevistada

mas, tambm na Espanha, a excelncia mais, h que fazer, eu acredito que uma tcnica e tem que procurar solues mais das partes que se pode pedir ao setor das avanadas, tanto de clculo como de propr-fabricaes a formao dos projeduo. E, por outro lado, tem que avantistas, dos alunos que saibam o que se ar na flexibilidade e na aparncia final pode fazer. do produto, enfim, dos acabamentos, o Hugo - A verdade que sou professor. E, resultado final dos produtos. a princpio, quando comecei a ensinar, Hugo - Sabe que existe outro aspecpensava que o meu objetivo era dar o que to da pr-fabricao. Tem um probleeu sabia. Logo, me dei conta de que, se ma de pr-fabricadores que deixam de voc d tudo aquilo que voc realmente lado o povo. A pr-fabricao tem que sabe, o receptor no capaz de recebestar culturalmente, tem que formar lo, se cria uma nuvem de intranqilidaculturalmente parte do acervo de um de, que tambm no bom. Aprendi que engenheiro estrutural , de um tinha que ministrar a informaarquiteto. Eles devem ser cao com habilidade e no com pazes de montar com ela uma mesquinharia. E, agora, me possibilidade a mais. pergunto: O que tenho que david - No pode ser uma caixaensinar? Porque realmente preta. Eu estou completamente muito difcil um professor ende acordo com Hugo. A pr-fasinar, no ? Como eu ensino bricao no pode ser uma caios alunos sobre as possibilixa-preta, tem que ser um dades construtivas? Isso vestido pronto para ser muito difcil de fazer, vestido. E um modo que no ? Temos todos que dizemos. E, so os projepensar que a tcnica tistas, os arquitetos, que normal de ensinar estm que usar essa linguacrevermos em um livro, {A pr-fAbricAo} gem para fazer nas horas dando informaes ame umA possibilidAde boas e nas horas ruins. nizadas. Porm, no s construtivA, sobretudo, Hugo - Eu acredito que isso, os livros tem muiquAndo mAis flexvel uma possibilidade constos escritos. se fAA. trutiva, sobretudo, quanto david - Com as vezes da mais flexvel se faa, mais conversao e do dilogo chegada a um, digamos, a se aprende muito mais. um tecido mas amplo isso Hugo - Realmente, tem que dar a autoridade e, que pensar. Eu no o tedesde ento, a flexibilidanho claro, no poderia te de perdera seus limites,porque dar uma resposta a esta perse pode fazer tudo. Acredito gunta agora. Sei que a educaque hoje o pr-fabricador tem o tem que mudar e sei que que demonstrar que capaz de a educao tem que incorporar estar disposio. O que sabe um monte de elementos, mas fazer o pr-fabricador? Sabe fano sei como faz-lo. Como, zer moldes, sabe fazer armadupor exemplo, como se ensina ras, sabe fazer concretos exceas estruturas a um arquiteto? lentes, sabe administrar logisticamente a Essa uma grande pergunta que no foi construo de coisas, sabe transport-las, resolvida. sabe instal-las. Esses so os pequenos Como se ensina a pr-fabricao nas esatributos do pr-fabricador. Que hoje a colas de arquitetura e engenharia? Tem usa, eventualmente, para fazer produtos que pensar profundamente. Porque no mais ou menos rentveis, e isto est bem, possvel lhe dar um catlogo. uma quesmas o mercado no se pode nutrir apenas to bastante mais complexa que isto. Eu de produtos mais ou menos rentveis. no tenho a resposta, no ? Mas, de fato, david - Desculpe, como voc bem disse, temos dado um catlogo, desde bastante que um elemento, uma possibilidade a tempo, temos dado aulas e no termina[Concreto & Construes] | 12 |

mos de obter os resultados que queremos, no podamos imaginar)que esto fazentem que dar uma volta maior e mais prodo elementos pr-moldados com sistefunda ao assunto. mas industriais como os dos carros, que david - Eu estou de acordo que tem que tambm no tnhamos acreditado como se chegar mais na profundidade da tcpossvel, para os sistemas mveis e para nica. Sou muito melhor projetista se coas instalaes fixas. nheo os materiais e os elementos com os Hugo - Eu acredito que se pode acrediquais trabalho, do que se, simplesmente, tar. Quando voc tem uma estrutura meos pego e vou colocando um ao lado do tlica e uma estrutura metlica hiperoutro, mecanicamente. complicada, creio que se poderia fazer Hugo - Mas isto um pouco tambm a evotambm em pr-fabricado de concreto. luo das coisas. Eu vim h 20 anos aqui em O que acontece que, normalmente, So Paulo, para dar conferncias. Estava o os preos mais comprimidos respondem Vasconcelos e um monte de sea projetos mais racionais. Eu nhores feitos e direitose eu acredito que sim: que se poestava assustado de pensar que deria chegar a este objetivo. tinha um auditrio to absoluEstou completamente seguro tamente qualificado. E minha de que o futuro da construo conferncia era totalmente cienpassar por pouca coisa feita tfica, era prprio do momento na obra e muitas coisas feitas em que estava. O que disse o Daem pr-fabricao e, para isso, vid, quando voc tem um faz falta uma grande reconhecimento, cada vez voluo cultural de todo lhe atrai mais explicar os o mundo, do fabricador, conceitos, no os detalhes, do usurio e da pr-faporque claro que os detabricao. A universidade estou completAmente lhes podem se resolver de tem que contribuir. seguro de que o futuro muitas maneiras; inclusive, Lembrei, tambm, quandA construo pAssAr quando se explica os detado falamos da produo por poucA coisA feitA lhes, deve-se explic-los em massa, de como a nA obrA e muitAs conceitualmente. uma pr-fabricao foi afecoisAs feitAs em evoluo mais ou menos tada por uma horrorosa pr-fAbricAo. natural, quando algum reputao adquirida duenvelhece. rante a poca em que os pases socialistas usaram ibracon a maior limitao a pr-fabricao para faPara a aPlicao Do zer algo muito padronizaPr-molDaDo no tcnica, mas do, com uns objetivos polticos cultural, isso? muito claros, que poderiam ser david - No tcnica. A limitavlidos ou no. o est nas cabeas: cultudavid - Igual ao que se fez ral! cultural: as limitaes esnos pases do Leste Europeu, to nas cabeas dos projetistas se fez tambm na Frana, na e dos pr-fabricadores do que Inglaterra... querem fazer. Hugo - E se tentou fazer na Espanha. Porque em tudo nesta vida existem coisas boas e coisas ruins, no ibracon mas atingir um nvel De 100% De ? Mas, isso causou muito dano, quando Personalizao na inDstria De Pr-fabricaDos mudou culturalmente a expectativa das De concreto ainDa uma utoPia? pessoas. As pessoas querem, primeiro, david - Seria um objetivo. Da mesma ter uma casa; porm, logo depois, queforma que no existe 100% de personarem ter uma casa diferente daquela ao lizao em um carro, em um automlado e de que goste. vel. As indstrias esto buscando. Faz david - Responderam naquele momento 20 anos (e tnhamos dito que um carro ao que lhe faziam falta: casas. A prpoderia ter tudo o que tem agora, mas| 13 | [www.ibracon.org.br]

personalidade entrevistada

fabricao possibilitou a construo de muitas casas, muito baratas e muito rapidamente. Isso aconteceu. Hugo - Essa pr-fabricao deixou na cultura das pessoas que a pr-fabricao algo burro, como uma palavra negativa, que as pessoas entendem negativamente. Isso est mudando agora, a partir dos anos 90. ibracon essa negativiDaDe veio PrinciPalmente Dos Pases Do leste euroPeu? david - No! Ela deve ser atribuda ao conceito de fabricao em massa. Eu no colocaria a culpa somente nos pases do Leste Europeu. Mas, quando uma pessoa vai a Berlim e v tudo isso, que as casas so montonas, milhes de casas iguais, ficam com essa impresso. ibracon queavanos tecnolgicos tm exPerimentaDo o concreto Pr-molDaDo nos ltimos anos?

econmico (emprega poucas pessoas para executar muitas coisas) e ambientalmente correto (no h rudos nas fbricas). ibracon Por que o brasil Deve usar o concreto Pr-molDaDo na construo De arenas Para a coPa De 2014 e as olimPaDas De 2016? quais as PrinciPais vantagens Desse sistema construtivo quanto a essa aPlicao? Hugo - Os pr-moldados encurtam os tempos. Acabamos de fazer um estdio completamente novo em Valncia no prazo de um ano. ibracon Deque forma a Prfabricao PoDe contribuir com a sustentabiliDaDe Do setor no consumo? construtivo, seja na ProDuo ou

De

que forma, novos

materiais construtivos tm DiversificaDo a aPlicao Do concreto Pr-molDaDo?

onDe essa tecnologia avana?

Para

david - Eu diria que hoje so dois os avanos que esto mais ajudando a pr-fabricao em concreto:um toda a industrializao dos processos com a automatizao, com equipamentos que existem em todos os pases que produzem o pr-fabricado; e o outro o concreto autoadensvel. O autoadensvel um concreto mais compacto; como mais compacto, mais durvel e tem mais resistncia. E permite preencher os moldes de uma maneira como se fosse um fluido. Um concreto normal tem que durar, mas deve passar por vos muito densos em armaduras, lugares de difcil acesso. O autoadensvel um fluido que preenche facilmente essas regies densamente armadas. Sem falar no melhor acabamento, o que requer moldes mais perfeitos, como tambm no processo mais

Hugo - A primeira maneira menos utilizao dos materiais, porque, como temos materiais de maior qualidade, podemos reduzir esses materiais; igualhoje so dois mente as colunas podem os AvAnos que mAis ser menores, as vigas poesto AjudAndo dem ser mais finas dentro A pr-fAbricAo dos limites, o que reduz em concreto: o uso de materiais. E, A AutomAtizAo dos por outro lado,tem toda questo de defeitos de processos e o concreto obras: praticamente nos AutoAdensvel. pr-fabricado, os defeitos so mnimos. ibracon quala a imPortncia De entiDaDes como

abcic e,

no meu caso, que

rePresento o

ibracon,

na

Disseminao Da tecnologia Do Desenvolvimento Do setor?

Pr-fabricaDo em concreto e no

Hugo - Existem associaes cujos enunciados tm grandes objetivos. Acredito que a ABCIC faz realidade com o objetivo a que se prope, que fantstico: a divulgao de conhecimentos e de tcnicas; a normalizao do setor; a educao tcnica. Se v tambm uma grande harmonia entre os membros pr-fabricadores, que tm um ideal em comum: a comunicao externa ao restante dos projetistas e a comunicao interna aos associados esto muito bem. n| 14 |

[Concreto & Construes]

melhores prticas pavimento de concreto

Corredor de nibus em pavimento de concreto na Linha Verde de CuritibaCARlOS ROBeRtO GIuBlIN - engenheiro civil AlexSANdeR mASCHIO - engenheiro civil associao brasileira De cimento PortlanD JlIO mulleR NetO - engenheiro civil reDram construtora De obras ltDa JORGe ReN pAlOmBO ROdRIGueZ - engenheiro civil construtora camargo corra CeSAR HeNRIque SAtO dAHeR - engenheiro civil CSAR ZANCHI dAHeR - engenheiro civil Daher tecnologia

rodovia BR 476 (antiga BR-116), que atravessa a cidade de Curitiba, foi incorporada a estrutura viria da cidade com a implantao do Eixo Metropolitano de Transporte - Sul, chamado de LINHA VERDE. Sendo considerado um grande projeto urbanstico da cidade, este primeiro segmento foi executado em dois lotes, tendo como pontos extremos o bairro Pinheirinho e o bairro Jardim Figura 1 - Vista area estaes de parada e canaletas exclusivas Botnico. A nova estrutura bi-articulado, foi implantado com viria aplicada sobre o antigo leito da rodo7,00m de largura. O pavimento via foi composta pelos componentes abaixo escolhido foi de concreto de cimento relacionados, com as seguintes denominaPortland sobre sub-base de 12cm de Brita es e caractersticas: Graduada Tratada com Cimento n Canaleta exclusiva para as linhas (BGTC). expressas, onde ir trafegar o nibus| 15 | [www.ibracon.org.br]

1. INtROduO

A

melhores prticas

2. pAvImeNtO de CONCRetOPara os dois lotes da revitalizao da LINHA VERDE, o mtodo utilizado para o 1 FASe dimensionamento do pavilOte I mento de concreto foi o da Portland Cement Association, de 1984. Incorporando um modelo modificado de fadiga e de eroso, emFigura 2 - Mapa com a localizao dos lotes I e II da LINHA VERDE prega anlise estrutural por elementos finitos, estando n vias marginais: duas vias laterais os fundamentos deste mtodo contidos no canaleta, destinadas circulao de Manual de Pavimentos Rgidos do Departaveculos em geral, que hoje utilizam mento Nacional de Infraestrutura dos Transa rodovia, com largura de 10,50m, trs portes (DNIT), volume 2. Obedece aos sefaixas de trfego por sentido cada uma guintes parmetros bsicos: capacidade de com 3,50m. O pavimento escolhido suporte do subleito; trfego estimado, inpara essas vias foi o de asfalto. As vias clusive crescimento previsto; resistncia de marginais tero separadores de trfego projeto do concreto e perodo de projeto. constitudos por canteiros gramados, Com base no dimensionamento e na ancom largura varivel. lise das diferentes condies de solicitaes n vias locais: Anteriormente denominadas de trfego ao longo do corredor de nibus, vias marginais da BR-116, foram foram definidas as sees do pavimento de implantadas e/ou adaptadas no limite concreto, conforme as figuras de 3 a 5. da rea de domnio da avenida, As vantagens do pavimento de concreservindo para o acesso s atividades to para corredores de nibus so descritas lindeiras. Implantada com 6,00m de a seguir: resistncia ao trfego intenso e largura, sendo 4,00m destinados pesado; vida til projetada de 20 anos, pocirculao de veculos, em sentido dendo durar mais caso tenha manuteno nico, e 2,00m para estacionamento. peridica; superfcie no se deforma com o O pavimento escolhido para estas vias trfego; tem maior visibilidade se comparafoi o de asfalto sobre base 20cm de Brita do ao pavimento asfltico; oferece melhor Graduada Tratada com Cimento (BGTC). aderncia entre pneus e superfcie; resisn via de acesso ao terminal de te ao ataque qumico dos leos que vazam Integrao pinheirinho: exclusiva dos nibus; e tem custos de manuteno para o nibus bi-articulado, com reduzida, em funo da alta durabilidade 15,00m de largura, sendo 7,00m para do concreto (SENO, 1997). a circulao do veculo e passeios As dimenses definidas em projeto para laterais de 3,50m de largura. as placas de concreto foram as descritas a O pavimento escolhido foi de seguir para cada lote: concreto de cimento Portland sobre n Canaleta exclusiva Overlay: duplo sub-base de 12cm de BGTC. sentido de trfego, com 7,0m de A Figura 2 mostra o Mapa de localilargura, revestimento em placas de zao dos servios executados nesta fase concreto fctmk = 4,5MPa, espessura da Linha Verde. Este trabalho refere-se 25cm, colocado sobre a estrutura do execuo dos lotes I e II, respectivamente pavimento existente. a cargo dos Consrcios Delta / Redram e n Canaleta exclusiva Implantao Camargo Corra / EMPO pavimento Novo: duplo sentido delOte II[Concreto & Construes] | 16 |

2.1 Projeto

trfego, com 7,0m de largura, revestimento em placas de concreto fctmk = 4,5MPa, com espessura de 25cm, e sub-base de BGTC com espessura de 12cm. n estaes de parada: duplo sentido de trfego, com larguras variadas, revestimento em placas de concreto estruturalmente armadas fck = 30MPa, com espessura de 14cm, e sub-base de BGTC com espessura de 12cm.| 17 |

Nas juntas transversais de retrao, tanto as serradas como as de construo, espaadas a cada 5,0m, foram utilizadas barras de transferncia com ao CA-25, dimetro de 32mm e comprimento de 50cm, com 27cm pintada e engraxada, e espaamento entre elas de 30cm. Nas juntas longitudinais de articulao foram utilizadas barras de ligao com ao CA-50, dimetro de 10mm e comprimento de 80cm, com espaamento entre elas de 50cm.[www.ibracon.org.br]

melhores prticas

Figura 6 - Pavimentadora Terex-CMI (Mod. SF3004)

2.2 traos

Dos concretos

Para a determinao dos traos dos concretos, utilizou-se o mtodo de dosagem racional da Daher Tecnologia e Engenharia para o lote I, dosagem feita pelo Eng. Csar Zanchi Daher. Para o lote II, o mtodo empregado para a elaborao da dosagem foi baseado no Procedimento Interno PESQMAT-LAB-003 da Projconsult, embasados

pelas recomendaes do Mtodo do American Concrete Institute ACI C-211. A variao dos mtodos de dosagem foi determinada pela contratao de laboratrios de controle tecnolgico diferentes para cada lote, sendo que o Lote I esteve sob a responsabilidade da Daher Tecnologia em Engenharia Ltda. em funo da execuo dos lotes estarem a cargo de dois Consrcios Construtores.

[Concreto & Construes]

| 18 |

Figura 7 - esquerda Rolo Vibratrio e direita Rgua Treliada Vibratria

Os traos de concreto utilizados para confeco das placas nos dois lotes esto demonstrados na tabela 1. Em funo do tipo do equipamento de espalhamento utilizado, foram definidos consumos de agregados grados diferentes nos dois lotes. No Lote I, foi utilizada a pavimentadora de formas deslizantes, com slump menor e percentual maior de agregado 19/31,5; e no Lote II, foi utilizada a pavimentadora de rolo vibratrio e rguas treliadas, com slump maior e consumo maior de agregado 9,5/25. Esta diferena se deve a maior ou menor dificuldade de espalhamento do concreto na pista.

rex-CMI, modelo SF-3004 (Figura 6). Estes equipamentos, que renem em uma s unidade todas as atividades inerentes execuo do pavimento, possuem as seguintes caractersticas: a) recebimento do concreto que transportado por caminhes basculantes; b) distribuio uniforme do concreto antes do processo de vibrao; c) adensamento do concreto pelos vibradores de alta freqncia; d) acabamento superficial do concreto

2.3 equiPamentos

Os principais equipamentos que foram mobilizados para a execuo das placas de concreto nos dois lotes a cargo dos Consrcios esto descritos abaixo: n lote I: Pavimentadora de formas deslizantes Terex-CMI, modelo SF-3004. Para a produo do concreto, foi mobilizada uma Central de Concreto dosadora misturadora Schwing - modelo M2. n lote II: Pavimentadora de rolo vibratrio e rgua treliada vibratria. Para a produo do concreto, foi utilizada Central de Concreto dosadora comercial da cidade de Curitiba. 2.3.1 PAVIMENTADORAS DE FORMAS DESLIzANTES (SLIPFORM) No lote I, foi mobilizada uma pavimentadora de formas deslizantes da marca Te| 19 |

Figura 8 - Distribuio do concreto com auxlio de escavadeira

[www.ibracon.org.br]

melhores prticas

Figura 9 - Execuo da texturizao

proporcionado pelo sistema de formas deslizantes; e) disponvel para trabalhar com larguras e espessuras variadas das formas deslizantes; f) controle de nivelamento e alinhamento do pavimento atravs de quatro sensores laterais; g) reduo de mo de obra de operao e acabamentos e reduo do custo final dos servios de pavimentao. As pavimentadoras de formas deslizantes trabalham com concreto com baixo abatimento de tronco de cone, proporcionando uma reduo do consumo de cimento por m, comparativamente a outros

equipamentos de espalhamento de concreto (formas-trilho e rguas treliadas). No lote II, foram mobilizadas pavimentadoras de rolo vibratrio e rgua treliada, equipamentos de menor porte que atenderam as especificaes da obra (Figura 7).

2.4 mtoDo

executivo

2.4.1 PRODUO E TRANSPORTE DO CONCRETO (PLACA) Para a produo do concreto da placa, foi utilizada central dosadora e misturadora no Lote I e central de concreto dosadora comercial no Lote II, sendo o transporte executado com caminhes bas-

Figura 10 - Aplicao do produto de cura qumica com equipamento autopropelido e bomba espargidora costal

[Concreto & Construes]

| 20 |

Figura 11 - Detalhe da junta transversal de construo com forma

culantes no lote I e caminhes autobetoneiras no Lote II. 2.4.2 ExECUO DA SUb-bASE DE bGTC A brita graduada tratada com cimento foi transportada para frente de servio com caminhes basculantes e o seu espalhamento foi realizado com motoniveladora. Para a compactao da camada de 12cm de BGTC foi utilizado rolos lisos vibratrios, em quantidade suficiente para atender a produo. A cura da BGTC foi realizada com aplicao de pintura betuminosa, utilizando-se emulses asflticas catinicas de ruptura rpida. Esta pintura tem dupla finalidade, sendo a primeira executar a cura da subbase e a segunda criar uma pelcula isolante e impermeabilizante entre a subbase e a placa de concreto. 2.4.3 ExECUO DO PAVIMENTO DE CONCRETO Para a execuo das placas de concreto foram utilizadas equipamentos de diversos tamanhos. No Lote I, foi utilizada a pavimentadora de formas deslizantes descrita no item 2.3.1., que trabalhou com largura total de 7,00m e espessura de placa de 25cm, em uma nica passada. Para auxiliar o lanamento do concreto na frente da pavimentadora, foi utilizada escavadeira hidrulica (figura 8). No Lote II, foi utilizada a pavimentadora de rolo vibratrio e rguas treliadas, descritas no item 2.3.1., que trabalharam com largura total de 7,00m| 21 |

e espessura de placa de 25cm, em uma nica passada. A texturizao da superfcie do concreto (figura 9) foi executada vassouras de piaava com peso aproximado de 3,0kg, no sentido transversal ao eixo da pista. A aplicao do produto de cura qumica do concreto foi, no Lote I, com equipamento autopropulsionado, constitudo de bomba e barra espargidora em toda a largura da pista. No Lote II, foi utilizada bomba espargidora costal. Os produtos aplicados atenderam a norma ASTM C 309, com taxa aproximada de 0,300 kg/m. Quando as condies climticas se tornavam crticas, a taxa do produto de cura era aumentada, chegando prxima de 0,500 kg/m (figura 10). Os cortes para induo das juntas transversais de retrao foram executados entre 6hs e 10hs aps a concretagem. As juntas longitudinais de articulao foram serradas logo aps o trmino do corte das juntas transversais de retrao. Neste caso, em funo das condies climticas, foi necessrio o corte da junta longitudinal de articulao o mais rpido possvel, evitando, com isso, o aparecimento de fissuras longitudinais por atraso de corte. A profundidade do corte para as juntas transversais e longitudinais foi de 80mm no primeiro corte, com disco diamantado de 3mm de espessura. No final de cada jornada de trabalho, foram executadas juntas transversais de construo, que, em funo do planejamento das obras, sempre coincidiram com as juntas transversais de retrao (figura 11).[www.ibracon.org.br]

melhores prticas

Figura 12 Canaleta exclusiva, ao lado as vias marginais e as vias locais

A selagem das juntas, etapa final da execuo do pavimento, foi executada aps 21 dias da concretagem, sendo primeiramente realizado o segundo corte com disco diamantado de 6mm de espessura e profundidade de 20mm, executada a limpeza das paredes internas e do fundo das juntas e aplicado o produto selante definido em projeto.

3. CONtROle teCNOlGICO dO CONCRetO

Para a realizao do controle tecnolgico do concreto, os Consrcios contrataram empresas de tecnologia de concreto da cidade de Curitiba, sendo estas responsveis pelo controle tecnolgico de todos os concretos aplicados na obra.

Figura 13 Estaes de parada

[Concreto & Construes]

| 22 |

Para o Lote I, a resistncia trao na flexo mdia foi de 5,18 MPa e, para o Lote II, foi de 4,95 MPa.

4. CONCluSO

Figura 14 Vista area estaes de parada e canaletas exclusivas

Os resultados do controle estatstico dos concretos da obra demonstram que as resistncias dos concretos atenderam s exigncias de projeto. O uso de pavimentadoras de formas deslizantes (slipform) atendeu as expectativas de produo, qualidade do concreto e da superfcie de rolamento do pavimento, mesmo em se tratando de ambiente urbano com grandes interferncias, o que refora a utilizao desses equipamentos. A utilizao de formas metlicas para as juntas transversais de construo se mostrou adequada e com grande qualidade, tanto na face do concreto, quanto no posicionamento das barras de transferncia. As figuras de 12 a 14 mostram o resultado final de implantao da primeira fase da LINHA VERDE, novo corredor exclusivo de nibus da cidade de Curitiba.

referncias bibliogrficas[01] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 049/2004 ES: Pavimento Rgido Execuo de pavimento rgido com equipamento de forma deslizante. Braslia, 2004. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 047/2004 ES: Pavimento Rgido Execuo de pavimento rgido com equipamento de pequeno porte. Braslia, 2004. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 056/2004 - ES: Pavimento Rgido Sub-base de concreto de cimento Portland compactado com rolo. Braslia, 2004. GIUBLIN, C.R.; et al. Duplicao em Pavimento de Concreto da BR 101 NE pelo Exrcito Brasileiro. In: INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO, 50. Congresso Brasileiro do Concreto, 2008. Salvador. Anais. Salvador: IBRACON, 2008. SENO, Wlastermiler de. Manual de Tcnicas de Pavimentao. 1 Ed. So Paulo: Pini, 1997. Vol1. n

[02]

Impermeabilizao por cristalizao capilar do concretoO sistema PENETRON de impermeabilizao por cristalizao integral do concreto, cria um cristal insolvel que cresce profundamente dentro dos poros capilares e fissuras do concreto impermeabilizando-o. Este tipo de mecanismo protege o concreto da corroso e da carbonatao, reduzindo as fissuras de retrao, aumentando a resistncia total e durabilidade. De baixo custo, mais rpido e de fcil aplicao. E isso tudo com um suporte de um time de pesos-pesados de um dos lderes mundiais em impermeabilizao do concreto. Reservatrio de gua potvel Tneis

[03]

[04]

Tanques de tratamento de esgoto e gua Fundaes

Poos de elevador

Armazns subterrneos Instalaes industriais Parede diafragma Pores Estruturas contendo trfego

[05]

| 23 |

Tel: (11) 4991-5278 Fax: (11) 4421-8275 [www.ibracon.org.br] [email protected]

Maiores informaes no site: www.penetron.com/br

melhores prticas

pesquisa e desenvolvimento carbonatao do concreto

Estudo da carbonatao natural de concretos em ambiente urbanoRuBeNS mAx vIeIRA aluno De iniciao cientfica vAGNeR dA COStA mARqueS aluno De iniciao cientfica mARCOS pAdIlHA JR. aluno De iniciao cientfica instituto feDeral De eDucao, cincia e tecnologia Da Paraba ifPb GIBSON R. meIRA Professor-Doutor instituto feDeral De eDucao, cincia e tecnologia Da Paraba ifPb Programa De Ps-graDuao em engenharia urbana e ambiental Da ufPb

1. INtROduO

O concreto oferece ao ao um ambiente de elevada alcalinidade (pH acima de 12), a qual responsvel pela estabilidade da pelcula de passivao, que protege o ao da corroso futura. No entanto, essa proteo pode ser quebrada em funo da ao dos ons cloreto e da carbonatao do concreto. Esta assume especial importncia em ambientes urbanos. A carbonatao um processo que envolve o transporte do gs carbnico para o interior do concreto e a sua reao com compostos hidratados da pasta cimento, reduzindo o pH do mesmo. Isso ocorre especialmente com o hidrxido de clcio, em meio aquoso (Eq. 1), formando o carbonato de clcio e reduzindo o pH, inicialmente em torno de 13, para valores abaixo de 9.

Sendo o concreto um material poroso e as reaes de carbonatao ocorrendo em meio aquoso, se os poros estiverem secos, o CO2 penetra no concreto, mas a carbo[Concreto & Construes]

natao no ocorre, pois falta gua; se os poros estiverem saturados, a carbonatao fica comprometida pela baixa velocidade de difuso do CO2 na gua; mas se os poros estiverem parcialmente preenchidos por gua, o que comum nos concretos de cobrimento, a frente de carbonatao avana at onde os poros mantm essa condio favorvel (BAKKER, 1988). A Figura1 representa esquematicamente essas condies. Neste sentido, a literatura indica a faixa de 50% - 70% de umidade relativa ambiental como aquela na qual o processo de carbonatao mais favorecido (ANDRADE, 1992; PARROTT, 1987), conforme mostra a Figura 2. A relao gua/cimento outro aspecto importante em relao carbonatao do concreto, pois, maior relao gua/cimento significa maior porosidade do concreto e, portanto, mais acesso de CO2 para carbonat-lo. (HELENE, 1993). O emprego de adies minerais possui um duplo efeito, pois, se, por um lado, reduz a porosidade do concreto, por outro, tambm reduz a alcalinidade do mesmo, fazendo com que menos CO2 seja necessrio para carbonat-lo.| 24 |

Este trabalho avalia o avano da frente de carbonatao em concretos, considerando materiais com uma ampla gama de porosidade e cimentos comercialmente empregados no Nordeste brasileiro, atravs da exposio natural em ambiente de atmosfera urbana.

2. CARACteRStICAS dOS mAteRIAIS e mONItORAmeNtO ReAlIZAdO

Foram estudados concretos com quatro relaes a/c e dois tipos de cimento, cujas caractersticas so apresentadas na Tabela 1. Os mesmos foram caracterizados em relao resistncia compresso aos 28, 90 e 180 dias e em relao absoro de gua aos 90 dias. Os ensaios de carbonatao foram realizados em corpos de prova cbicos, com face de 8cm. Para os ensaios de resistncia compresso e absoro de gua, foram empregados corpos de prova cilndricos, nas dimenses de 10 x 20cm. Aps 24 horas da moldagem, os corpos de prova passaram por um perodo de cura de sete dias em cmara mida (U.R. = 99%). Em seguida, aqueles destinados aos ensaios de carbonatao foram pintados com resina epxi em quatro das suas faces, de forma a restringir o processo s outras duas faces. Aps esse

tratamento, esses corpos de prova foram expostos em ambiente de atmosfera urbana, na regio de Joo Pessoa. Em intervalos regulares (90, 180, 270 e 450 dias), esses corpos de prova foram cortados para aferir a profundidade de carbonatao, empregando-se, para tal, uma soluo de fenolftalena a 1%, conforme exemplifica a Figura 3. Para cada idade, foram realizadas 12 medidas em cada face, atravs de paqumetro aferido, as quais foram confirmadas atravs da anlise digital de imagens.

| 25 |

[www.ibracon.org.br]

pesquisa e desenvolvimento

Com o objetivo de caracterizar o ambiente de exposio e a sua interao com o material, foram monitoradas continuamente: a temperatura, a umidade relativa e o grau de saturao (GS) do concreto, seguindo o procedimento descrito por GUIMARES (2000) e MEIRA (2004).

3. CARACteRStICAS dOS CONCRetOS eStudAdOS

4. CARACteRStICAS ClImAtOlGICAS dO AmBIeNte de expOSIO e INteRAO COm O mAteRIAl 4.1 o climaA Figura 5 apresenta os resultados de umidade relativa observados ao longo de dois anos, atravs de mdias semanais obtidas a partir de dados registrados pela estao climatolgica de Joo Pessoa, vinculada ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) 3 Regional. Os mesmos se situam, aproximadamente, entre 63% e 78%, com mdia anual ao redor dos 70%. A umidade relativa fornece uma informao relevante em relao ao que se espera do avano da frente de carbonatao. Nesse sentido, os valores de umidade relativa observados so muito prximos daqueles tidos como ideais para se maximizarem as reaes de carbonatao entre 50 e 70% (Figura 2). A temperatura, por sua vez, se comportou de modo mais estvel, com variaes das m-

Os resultados de resistncia compresso so apresentados na Figura 4. Atravs da mesma, possvel observar um ganho de resistncia mais acentuado at os 90 dias iniciais, decorrente da contnua hidratao do cimento. Os resultados de absoro so apresentados na Tabela 2, atravs da qual possvel observar um leve aumento da absoro e do ndice de vazios com o aumento da relao gua/cimento e valores ligeiramente menores para alguns dos concretos elaborados com cimento CPIV. Isso se explica, no primeiro caso, pelo aumento da porosidade do material e, no segundo caso, como conseqncia do refinamento dos poros provocado pelo cimento pozolnico.

[Concreto & Construes]

| 26 |

dias dirias entre 25 e 30C, aproximadamente. As mdias dirias dessa varivel so apresentadas na Figura 6, onde possvel observar o acrscimo da temperatura nos perodos mais quentes do ano, bem como as menores temperaturas durante o inverno. Comportamento inverso quele verificado com a umidade relativa. Considerando a pouca variao trmica anual, de se esperar que os efeitos da temperatura na carbonatao no sejam expressivos, para o caso estudado.

4.2 teor De gua De saturao

no concreto

grau

De forma semelhante temperatura e umidade relativa, a quantidade de gua no concreto, expressa em termos de grau de saturao do concreto, tambm varia ao longo do ano e, como esperado, acompanhando a tendncia da umidade relativa (Figuras 7 e 8). No perodo entre 100 e 200 dias, o qual corresponde ao vero na regio, ocorrem temperaturas mais altas e, conseqentemente, umidades mais baixas. Isso faz com que o concreto perca mais gua para o ambiente e tenha um decrscimo no grau de saturao. O oposto acontece entre 250 e 400 dias, que corresponde ao perodo entre o incio do ms de junho e o incio de setembro, perodo mais chuvoso na regio. medida que a quantidade de gua no concreto muda, mudam tambm as condies para o avano da frente de carbonatao. Isso nos alerta para os perodos mais| 27 |

quentes no ambiente em questo, onde o grau de saturao atinge seus menores valores e mostram-se, na verdade, como os perodos mais favorveis para o avano da frente de carbonatao. Os mesmos coincidem, tambm, com os valores de umidade relativa ambiental que se encontram na faixa mais favorvel para o desenrolar do fenmeno (ANDRADE, 1992; PARROT, 1987; NEVILLE, 1997). As Figuras 7 e 8 mostram que concretos elaborados com menos gua possuem valores mdios de grau de saturao mais altos, pois, alm da troca de umidade entre o concreto e o ambiente ser um processo relativamente lento, medida que os po-

[www.ibracon.org.br]

pesquisa e desenvolvimento

ros do concreto so refinados, aumenta a dificuldade dessa troca. Outra caracterstica importante das curvas apresentadas a sua amplitude, que traduz a intensidade das trocas de umidade ocorridas entre o concreto e o ambiente. Como era de se esperar, os concretos mais porosos perdem e ganham umidade com mais facilidade, resultando em curvas de maior amplitude.

Uma anlise mais cuidadosa das Figuras 9 e 10 mostra que, nos perodos mais quentes do ano (entre 200 e 270 dias), onde a UR em torno dos 65%, h um favorecimento ao avano da carbonatao, pois h um crescimento acentuado entre as 2 e 3 medidas, que coincidem, aproximadamente, com tal perodo. Outra maneira de avaliar a relao entre carbonatao e a quantidade de gua no concreto atravs do grau de saturao mdio (GSmed) referente a todo o perodo de anlise (Tabela 3). Nesse sentido, os concretos de menor relao a/c, que dificultam o acesso de CO2 em funo da sua menor porosidade, tambm apresentam patamares de GS mais altos, o que funciona como fator adicional na obteno de menores valores para a velocidade de avano da frente de carbonatao.

6. CONSIdeRAeS FINAIS

As Figuras 9 e 10 representam o comportamento da profundidade de carbonatao para os diversos concretos estudados. Verificam-se maiores avanos da frente de carbonatao para os concretos com maior relao gua/cimento e elaborados com cimento CPIV. Isso se explica pela maior facilidade de acesso do CO2, atravs da rede porosa dos concretos de maior relao gua/cimento, bem como em funo da menor reserva alcalina dos concretos produzidos com cimento pozolnico. Lanando mo do modelo clssico de velocidade de avano da frente de carbonatao em funo da raiz quadrada do tempo (xcarb = kcarb.t1/2), foi possvel determinar o valor de kcarb (velocidade mdia de avano da frente de carbonatao) e gerar as curvas que se apresentam nas Figuras 9 e 10. Atravs desse parmetro, se confirma o observado no pargrafo anterior em relao porosidade do material e ao tipo de cimento.

5. AvANO dA FReNte de CARBONAtAO

Diante dos resultados apresentados, visvel a influncia das caractersticas nos materiais na interao com o ambiente e no avano da frente de carbonatao. Concretos mais porosos apresentam uma interao mais intensa com o ambiente, apresentando variaes mais expressivas da quantidade de gua nos seus poros, alm de facilitarem o acesso de CO 2 e o conseqente avano da frente de carbonatao. Por uma caracterstica qumica, a menor

[Concreto & Construes]

| 28 |

referncias bibliogrficas[01] ANDRADE, C. Manual para diagnstico de obras deterioradas por corroso de armaduras. So Paulo, PINI, 1992. 104p. [02] BAKKER, R.F.M. Initiation period. In.: SCHIESSL, P. (Ed.) Corrosion of Steel in Concrete Report of Technical Committee 60CSC RILEM. London: Chapman & Hall Ltda, 1988, p.22-55. [03] GUIMARES, A. T. C. Vida til de estruturas de concreto armado em ambientes marinhos. 2000. Tese (Doutorado em Engenharia) Departamento de Engenharia Civil, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. 241 p [04] HELENE, P. R. L..Contribuio ao Estudo da Corroso em Armaduras de Concreto Armado. So Paulo, 1993. 231p. Tese (Livre Docncia) Escola Politcnica, Universidade de So Paulo. [05] MEIRA, G. R. Agressividade por cloretos em zona de atmosfera marinha frente ao problema de corroso em estruturas de concreto armado. Tese (doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina. Florianpolis. 2004. [06] NEVILLE, A.M. Propriedades do concreto. So Paulo: PINI, 1997, 2 ed. 828p. [07] PARROT, L. J. A review of carbonation in reinforced concrete. C&CA Cement and concrete association, 1987. 42p. n

| 29 |

[www.ibracon.org.br]

pesquisa e desenvolvimento

reserva alcalina dos concretos com cimentos pozolnicos contribui para uma maior velocidade de avano da frente de carbonatao. Na anlise conjunta das variveis observadas, tem-se a expectativa de que a menor porosidade dos concretos de menor relao a/c aliada ao seu maior grau de saturao ao longo do perodo de observao tenham atuado de forma cumulativa na determinao de velocidades de carbonatao mais lentas. Por outro lado, variaes sazonais de comportamento do grau de saturao tambm influenciam no comportamento do avano da frente de carbonatao, como pode ser exemplificado atravs das 2 e 3 medidas.

mercado nacional

Desafios do mercado imobiliriomAuRCIO mICelI KeRBAuy consultor RAFAel SHOItI OZAKI consultor Dextron management consulting Ao longo dos ltimos anos, o mercado imobilirio foi um dos grandes beneficiados pela melhora nos fundamentos da economia brasileira, levando-o a um crescimento bastante acelerado a partir de 2005. O aumento da renda do trabalhador, assim como a abundncia de crdito mais barato e com prazos mais alongados, tornaram acessvel a aquisio de imveis a uma parcela da populao que anteriormente no teria condies de adquirir a casa prpria. Diante disso, diversas empresas do setor vislumbraram a oportunidade de capturar este crescimento e, ao longo do perodo compreendido entre 2005 e 2007, observou-se uma corrida do setor imobilirio rumo bolsa de valores para a abertura de seu capital. Neste perodo 21 empresas realizaram emisses de aes, captando cerca de R$ 15 bilhes. A partir de ento, o mercado vivenciou um perodo de intensas movimentaes. A sucesso de aquisies e parcerias transformou as empresas do mercado imobilirio brasileiro ao longo dos ltimos anos. O que se verifica em comum a todas elas o elevado ritmo de crescimento: em trs anos o faturamento das empresas de capital aberto saltou de cerca de R$ 4 bilhes em 2006 para mais de R$ 20 bilhes em 2009. Alm disso, a quantidade de empresas com faturamento anual[Concreto & Construes]

superior a R$1 bilho aumentou de uma para oito. O ritmo acelerado de crescimento demandou o emprego de grandes somas em capital de giro, de forma a financiar a construo dos empreendimentos. Com isso, o capital levantado na abertura de capital no se mostrou mais suficiente e

| 30 |

a maioria das empresas foi novamente a mercado para captar recursos, tanto por emisso de aes como de debntures. Tais operaes se intensificaram a partir do segundo semestre de 2009 e os resultados anunciados das operaes indicam que j foram levantados mais de R$ 14 bilhes adicionais aos recursos obtidos nos IPOs. Adicionalmente, muitas empresas aumentaram a captao por meio de emprstimos bancrios e seus balanos publicados indicam um aumento do endividamento total do setor de R $4,7 bilhes ao final de 2007 para R$ 17,0 bilhes ao final de 2009, elevando o endividamento mdio do setor de um patamar de 21% em para 43%. Apesar do crescimento observado, o valor de mercado das empresas decresceu entre 2008 e 2010, o que se explica em grande parte pela crise econmica mundial que resultou em grande queda no valor das aes em meados de 2008. No entanto, devido nova injeo de capital recebida pelo setor, o valor total das empresas aumentou em pouco menos de 10% entre 2008 a 2010. Atualmente, j se verifica uma recuperao no valor das aes em bolsa de aes, com recuperao no patamar de vendas do setor. Porm, no h evidncias de um grande aumento em relao aos valores pr-crise. Um fato a se destacar foi o aumento do valor de mercado de empresas que possuem foco em habitaes populares, como MRV e PDG Realty. Ambas se beneficiaram do programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal. No entanto, este um segmento de grandes volumes e margens mais apertadas, o que exige das empresas uma forma de atuao a qual muitas no esto adequadas. Diversas empresas vm enfrentando dificuldades em atuar neste segmento, havendo at mesmo empresas que desistiram de atuar neste segmento, caso da Helbor e JHSF. Para os prximos anos, existe grande expectativa de crescimento do mercado| 31 |

de construo civil brasileiro. Alm de sediar eventos importantes como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpadas em 2016, o Brasil tambm conta com importantes programas governamentais como o programa de habitaes populares Minha Casa, Minha Vida e o PAC (Programa de Acelerao de Crescimento), os quais devem impulsionar o crescimento do faturamento da construo civil brasileira. Por outro lado, tais eventos devem gerar presses inflacionrias sobre custos de matrias-primas e de mo de obra, por conta da enorme demanda a ser gerada. Adicionalmente, j foram aprovados na Cmara Municipal e na Assembleia Legislativa de So Paulo projetos de lei verdes, que devem gerar nas constru-

[www.ibracon.org.br]

mercado nacional

toras a necessidade de cumprir com especificaes mais estritas, o que pode eventualmente levar a um aumento nos custos de construo. Alm disso, existem certificaes como a LEED, de uso

inteligente dos recursos, que atualmente podem conferir diferenciais aos empreendimentos, mas que porventura podem vir a se tornar um padro mnimo exigido no futuro pelos consumidores. n

[Concreto & Construes]

| 32 |

solucionando problemas recuperao estrutural

Recuperao, reforo e impermeabilizao das estruturas da Catedral Metropolitana de NatalFBIO SRGIO dA COStA peReIRA Diretor engecal engenharia e clculos ltDa

1. HIStRICO

Catedral Metropolitana de Natal foi inaugurada em 21 de novembro de 1988. Os projetos arquitetnico e estrutural tiveram o objetivo de representar um conjunto de linhas que elevam o homem a Deus, com base no princpio da funcionalidade, onde se define que uma igreja bem sucedida se estiver completamente a servio do culto e se der a esse culto beleza intrnseca sacralidade. Sabe-se que as igrejas antigas eram compostas de Vista da frente da Catedral Metropolitana de Natal naves compridas, onde os RA DA SILVA, e seu projeto arquitetnico, do fiis, mais distantes ou encobertos pelas arquiteto MARCONI GREVI , a superestrutura colunas, no podiam participar da liturgia. apresenta uma cobertura composta de dez Em contraposio, a igreja moderna oferevigas longitudinais de concreto protendido ce condies de participao ativa a todos no sistema Freyssinet com inrcia varivel, os fiis, o que significa no s visibilidade simplesmente apoiadas, com vos variveis e audio, mas tambm facilidades para os entre 50 e 60 cm. Essas vigas se apiam, movimentos rituais na comunho. atravs das articulaes de neoprene (apoio A Catedral tem uma capacidade para anterior) e neoflon (apoio posterior), em pila3000 pessoas sentadas, ocupando 30% da res de concreto armado de pequena e grande rea do terreno (60mx45m). No seu projeto esbeltez. Todo o escoramento foi feito por estrutural, concebido pelo ENG. JOS PEREI| 33 | [www.ibracon.org.br]

A

solucionando problemas

Esquema estrutural da catedral

Erros executivos de impermeabilizao anterior

estruturas metlicas. As lajes pr-moldadas so compostas por nervuras transversais s vigas principais e aparentes. As vigas principais so contraventadas por vigas transversais de concreto armado. Sua infraestrutura composta de tubules com dez metros de profundidade, onde o bloco de coroamento da parte posterior, em forma de T, tem 1m de altura, sendo os dois tubules paralelos de trao, ou seja, o prprio peso da estaca equilibra a fora que tende a levantar a estaca, e mais duas estacas de compresso. O bloco de coroamento dos tubules anteriores tem forma retangular, sendo composto por duas estacas. Vale salientar que a Catedral no apresenta pilares centrais para no prejudicar a viso do culto. As suas paredes laterais possuem um sistema de vigas e colunas de contraventamento para dar sustentao alvenaria, existindo uma espcie de cantoneira metlica presa s duas vigas longitudinais das extremidades, dando uma mobilidade aceitvel alvenaria. A Planta da Catedral apresenta forma trapezoidal, tendo dois pavimentos: a nave, apresenta um vo nico , sendo que o subsolo, com rea de 2300m2, ficou reservado para os diversos rgos e setores da arquidiocese (sanitrios, salo nobre, sacristia, capela). A fachada pos-

terior composta por um gigantesco vitral de 23 m de altura por 36 m de largura, representando a Aurora Matutina, oferecendo uma viso mstica, sublime e apotetica.

2. ANlISe eStRutuRAl

A Catedral Metropolitana de Natal vinha apresentando ao longo dos anos, de forma progressiva, uma srie de problemas de ordem estrutural, tais como: n Deficincia de impermeabilizao da laje de cobertura, devido depreciao natural da manta ardosiada de cor verde, face sua utilizao alm do prazo de garantia, bem como em razo de sua m execuo (ineficincia dos arremates);como conseqncia, foram verificadas infiltraes ao longo de toda rea de cobertura e total ausncia de impermeabilizao nas jardineiras suspensas frontais; n Falta de manuteno nos aparelhos de apoio de neoprene e neoflon; n Corroso nas vigas protendidas da cobertura da Catedral; n Corroso disseminada em vigas, lajes e pilares de concreto armado nas reas internas da Catedral. Foram realizados ensaios na estrutura da Catedral, visando obter informaes sobre o estado de corroso das armaduras e do concreto.De corroso

2.1 ProbabiliDaDe

Erros executivos de impermeabilizao anterior

Foram medidos doze pontos diferentes da estrutura, utilizando o eletrodo de Cobre/ Sulfato de Cobre, com base na norma ASTM-C 876. Os valores deram todos acima de 350mv, significando uma probabilidade de corroso de 95% nas armaduras analisadas (-386mv,380mv,-362mv,-352mv,-373mv,-461mv,-515-

[Concreto & Construes]

| 34 |

Vista da injeo de epxi em fissura de um pilar da catedral

mv,-627mv,-384mv,-540mv,-400mv,-348mv).

Pilares posteriores da CATEDRAL, aps a aplicao da argamassa polimrica

2.2 ProfunDiDaDe

De carbonatao

Foram medidos vrios pontos da estrutura pelos indicadores fenolftalena, timolftalena e lpis medidor de ph, observando-se que, as reas externas, onde a agressividade maior, apresentaram alta carbonatao (concreto com cor incolor, aps asperso de fenolftalena, obtendo ph=5 pelo lpis medidor de ph), ao contrrio das reas internas da Catedral, que no apresentaram carbonatao (concreto com cor rosa aps asperso de fenolftalena ,obtendo ph=12 pelo lpis medidor de ph).De cloretos

nitrato de prata no concreto, apresentando o concreto, aps a asperso ,colorao branca, indicando presena de cloretos.

2.4 PorosiDaDe

Foram extradas amostras de concreto da Catedral em alguns pontos, sendo levadas ao laboratrio da UFRN para anlise, conforme a NBR-9778, apresentando resultados inferiores a 10%, indicando, conforme a norma, um concreto de boa qualidade e compacto (8,66 %,8,65%,9,91%,9,15%,8,80%,7,87%,9,845). comPresso

2.3 teor

2.5 resistncia

Foram extradas amostras (p) de seis pontos na estrutura; os ensaios foram feitos por titulao pelo Mtodo de Mohr no laboratrio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentando valores abaixo do limite de 0,4% da massa do cimento, indicado pelas normas (0,32%,0, 28%,0,27%,0,34%,0,33%,0,24%). Foi realizado tambm ensaio atravs da asperso de

Foram extradas amostras de corpos-deprova (10x20cm), que foram encaminhadas ao laboratrio da UFRN para o rompimento; todos os resultados apresentaram valores satisfatrios, superiores resistncia de 30 MPa.

3. ReCupeRAO e ReFORO eStRutuRAl

Os servios de recuperao, reforo e impermeabilizao das estruturas que es-

Viso frontal da Catedral aps os servios executados

Vigas protendidas da catedral, aps a aplicao da argamassa polimrica

| 35 |

[www.ibracon.org.br]

solucionando problemas

to sendo realizados na Catedral Metropolitana de Natal (2009-2010) compreenderam os seguintes itens: n Execuo de impermeabilizao com resina de poliuretano na cobertura e nas jardineiras da Catedral; n Recuperao estrutural das armaduras com corroso das vigas protendidas, com: hidrojateamento de areia, pintura anti-corrrosiva de zinco nas armaduras, grauteamento e recomposio das sees da parte superior da cobertura n Recuperao estrutural dos elementos de concreto armado (pilares,vigas e lajes) do interior da Catedral, com: hidrojateamento de areia, pintura anti-corrosiva nas armaduras e grauteamento com recomposio das sees; e posterior aplicao de argamassa polimrica, visando o aumento da durabilidade das estruturas; n Injeo de epxi em fissuras existentes em pilares e vigas de concreto armado; n Recuperao e/ou substituio das

placas de apoio de neoprene e neoflon situadas nos topos dos pilares; n Execuo de hidrojateamento de areia no concreto das vigas protendidas da Catedral, objetivando sua limpeza; n Aplicao de argamassa polimrica nas vigas protendidas da Catedral, objetivando o aumento da durabilidade das estruturas.

4. CONCluSO

Com a execuo dos servios de recuperao, reforo e impermeabilizao das estruturas da Catedral Metropolitana de Natal, obteve-se um incremento na durabilidade de suas estruturas, com a utilizao das mais modernas tcnicas existentes na rea, atingindo amplamente os objetivos propostos pela equipe tcnica responsvel pelos servios. Deixo o alerta de que, na rea de engenharia estrutural, necessrio trabalhar com empresas altamente qualificadas, para no se repetir os erros executivos ocorridos,em virtude do custo final, causando danos estrutura da Catedral, confirmando-se o ditado de que o barato custa caro. n

[Concreto & Construes]

| 36 |

normalizao tcnica Abnt nbr 15900

A Norma Brasileira de gua de amassamento do concreto uma contribuio para a sustentabilidadeARNAldO FORtI BAttAGIN gelogo assoCiao Brasileira de Cimento Portland INS lARANJeIRA dA SIlvA BAttAGIN engenheira Comit Brasileiro de Cimento, ConCreto e agregados da aBnt

1. INtROduO

gua um componente de fundamental importncia do concreto, pois responsvel pelas reaes de hidratao do cimento, chegando a representar cerca de 20% de seu volume, sendo tambm usada na cura. Se, no aspecto quantitativo, ela bem controlada pela relao a/c na dosagem dos concretos, do ponto de vista qualitativo, negligenciada com freqncia, podendo levar a manifestaes patolgicas nas estruturas de concreto. necessrio, portanto, enfatizar que a gua para amassamento desempenha importante papel nas propriedades e durabilidade do concreto. As impurezas contidas na gua podem influenciar negativamente no apenas a resistncia do concreto, mas tambm o tempo de pega ou causar manchamento da superfcie e eflorescncias, ou ainda, resultar na corroso da armadura ou ataque qumico interno da microestrutura do concreto. No Brasil, at a publicao da ABNT| 37 |

A

NBR 15900, em 2009, havia uma lacuna na normalizao tcnica quanto ao estabelecimento de requisitos para a gua de amassamento do concreto. Os requisitos que, inicialmente, foram estabelecidos pela antiga NB 1 - Projeto e Execuo de Obras de Concreto (verso de 1978) deixaram de existir por uma Emenda que cancelou a Seo 8 dessa Norma, quando de seu registro como ABNT NBR 6118, que passou a referenciar a ABNT NBR 12655, que, por sua vez, referencia a ABNT NBR 12654, que volta a delegar essa responsabilidade ABNT NBR 6118, que nada aborda sobre gua de amassamento. Recentemente, o Comit Internacional ISO/TC71 apresentou o projeto de norma ISO 12439 de gua de amassamento de concreto, baseado na norma europia EN 1008, contando com a participao de vrios pases. Como membro participante, o Brasil representado pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT, que conta com o suporte tcnico

[www.ibracon.org.br]

normalizao tcnica

do CB-18, razo pela qual se decidiu criar uma Comisso de Estudo para desenvolver uma norma brasileira de gua de amassamento com base no projeto ISO, mas respeitando as particularidades da cultura tcnica nacional e suprindo a sociedade brasileira com uma norma moderna que contempla vrios avanos observados no exterior sobre esse tema, inclusive ambientais. Dentre esses, se destaca na Norma Brasileira a potencialidade de uso de gua recuperada de processos de preparao do concreto e gua de reuso proveniente de estao de tratamento de esgoto, bem como gua residual de processos de jateamento, corte, fresagem e polimento de concretos endurecidos.

n

n

n

2. eStRutuRA dA ABNt NBR 15900

n

Sob o ttulo geral gua para amassamento do concreto, a Norma Brasileira composta de 11 Partes, que se inter-relacionam e se complementam. Cada uma dessas Partes trata dos aspectos estabelecidos em seus ttulos especficos, conforme a seguir: n parte 1: Requisitos n parte 2: Coleta de amostras n parte 3: Avaliao preliminar n parte 4: Anlise Qumica Determinao de zinco solvel em gua n parte 5: Anlise Qumica Determinao de chumbo solvel em gua n parte 6: Anlise Qumica Determinao de cloreto solvel em gua n parte 7: Anlise Qumica Determinao de sulfatos solveis em gua n parte 8: Anlise Qumica Determinao de fosfato solvel em gua n parte 9: Anlise Qumica Determinao de lcalis solveis em gua n parte 10: Anlise Qumica Determinao de nitrato solvel em gua n parte 11: Anlise Qumica Determinao de acar

n

n

gua recuperada de processos de preparao do concreto: usada para limpar a parte interna de betoneiras de centrais misturadoras, de caminhes betoneiras, misturadores e bombas de concreto, ou gua proveniente do processo de recuperao de agregados de concreto fresco; gua de fontes subterrneas: pode ser adequada para uso em concreto, mas deve ser ensaiada; gua natural de superfcie, gua de captao pluvial e gua residual industrial: pode ser adequada para uso em concreto, mas deve ser ensaiada; so exemplos de guas residuais industriais aquelas recuperadas de processos de resfriamentos, jateamento, corte, fresagem e polimento de concretos endurecidos; gua salobra: somente pode ser usada para concreto no armado, mas deve ser ensaiada; de maneira geral, no adequada preparao de concreto protendido ou armado, devido aos seus teores elevados de cloretos, que podem comprometer a durabilidade do concreto pela corroso das armaduras; gua de esgoto e gua proveniente de esgoto tratado: no adequada para uso em concreto; gua de reuso proveniente de estao de tratamento de esgoto: gua tratada por diversos processos, entre outros filtrao e flotao, em estaes de tratamento de esgotos, a partir do afluente j tratado para usos no potveis; como ainda no h antecedentes suficientes para garantir viabilidade de uso generalizado deste tipo de gua, a Norma condiciona sua utilizao a aplicaes especficas de comum acordo entre o fornecedor de gua e o responsvel pela preparao do concreto, devendo ser atendidos todos os requisitos da Norma.

3. tIpOS de GuA e deFINIeSn

4. CONCeItuAO dOS RequISItOS eStABeleCIdOS 4.1 generaliDaDesOs parmetros e requisitos estabelecidos para gua de amassamento so completa-

gua de abastecimento pblico: adequada para uso em concreto e no necessita ser ensaiada;

[Concreto & Construes]

| 38 |

mente distintos da gua que est em contato com as estruturas do concreto endurecido. Para a gua em contato com o concreto, os parmetros qumicos so dirigidos para a avaliao do seu grau de agressividade. gua agressiva quando pura, por atuar como dissolvente dos compostos hidratados do cimento no concreto ou por conter ons que reagem com esses compostos hidratados estveis, alterando e deteriorando a microestrutura, responsvel pela resistncia mecnica do concreto. Assim, algumas guas que so prejudiciais ao concreto endurecido podem ser incuas, ou at mesmo benficas, para serem usadas como gua de amassamento e esse fato foi levado em conta na elaborao da Norma. A origem da gua de fundamental importncia para pr-definir sua adequabilida-

de de uso. De fato, em funo de sua origem, foram estabelecidas as diretrizes para uso. A figura 1 ilustra a seqncia de ensaios que levam a aceitao ou no da gua de amassamento, bem como estabelece alternativas de ensaios para se chegar a esse objetivo. NOtA: A numerao das tabelas corresponde numerao original da Norma, no se referindo numerao estabelecida neste trabalho. Por isso, a tabela 1 do fluxograma refere-se tabela 3 do texto.

4.2

fluxograma

De ensaios

5. AS NORmAS NACIONAIS e INteRNACIONAIS

No Brasil, antes da publicao da ABNT NBR 15900, os requisitos para gua

| 39 |

[www.ibracon.org.br]

normalizao tcnica

de amassamento do concreto eram estabelecidos pela NB 1 - Projeto e execuo de obras de concreto armado (verso de 1978), que fixava os seguintes limites mximos: matria orgnica (em O2 consumido): 3mg/L; resduo slido: 5000mg/L; sulfatos (em SO 4): 300mg/L; cloretos (em Cl): 500mg/L; acar: 5mg/L. Para as Normas adotadas em outros pases, a tabela 1 apresenta os limites qumicos e a tabela 2 os limites fsicos especificados.

6. OS RequISItOS dA NOvA NORmA BRASIleIRA 6.1 avaliaoPreliminar Da gua De amassamento

De acordo com a ABNT NBR 15900, a gua prevista para ser usada em concreto deve inicialmente passar por uma avaliao preliminar, que estabelecida em sua Parte 3 e corresponde s verificaes da tabela 3. A gua que no estiver de acordo com as exigncias mostradas na tabela 3 pode ser

[Concreto & Construes]

| 40 |

usada apenas se for comprovado que adequada ao uso em concreto, de acordo com os ensaios de tempo de pega e resistncia. A figura 2 ilustra exemplo de ensaio de deteco de detergente durante a avaliao preliminar. A espuma no desapareceu aps 2 min da interrupo da agitao. A figura 3 ilustra ensaio expedito de avaliao de presena de matria orgni-

ca. Verifica-se colorao mais clara que a soluo padro, indicando ausncia de matria orgnica na amostra de gua.

6.2 limitao De substncias contaminantesna gua De amassamento

Contaminaes na gua de amassamento do concreto por substncias, como acares, fosfatos, nitratos, chumbo e zinco podem alterar a cintica de hidratao da pasta de cimento, afetando expressivamente os tempos de pega e resistncias do concreto. De fato, a literatura internacional mostra que esses compostos podem agir tanto como aceleradores quanto retardadores da pega e do endurecimento, dependendo da forma com se encontram combinados. Assim, nitratos de

| 41 |

[www.ibracon.org.br]

normalizao tcnica

chumbo, zinco e mangans retardam a pega, ao passo que nitratos de cromo promovem sua acelerao. Por outro lado, os fosfatos e os boratos de zinco e chumbo reduzem a taxa de hidratao, prolongam o tempo de pega e reduzem a evoluo da resistncia inicial. J, os sais de magnsio comportamse como aceleradores da pega e endurecimento. O acar conhecido pela propriedade de retardamento da pega da pasta de cimento, retardando a formao de C-S-H (Silicatos de Clcio Hidratados). Dependendo do tipo de cimento utilizado, da quantidade de acar e do instante em que ele entrou em contanto com a mistura, a pega do concreto pode ser retardada em vrias horas, prejudicando tambm a evoluo da resistncia compresso. Como alguns aditivos retardadores so base de acar, a gua recuperada de processos de preparo do concreto pode conter resduos com acar. Um mtodo visual, simples e rpido, com uso do alfa naftol, est previsto na Parte 11 da Norma, como ensaio preliminar qualitativo para identificar a presena ou ausncia de acar. Caso resulte presente, o teor de acar dever ser determinado pela metodologia preconizada na sequencia da Parte 11 da referida norma. A figura 4 exemplifica o ensaio expedito de formao de anel de cor violeta, que indica a presena de acar na gua de amassamento. Por outro lado, a ausncia do anel indica ausncia de acar. Para aprovao d