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Revista Ilustrar n04

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or que será que, comparando com os homens,vemos tão poucas ilustradoras no mercado?

Comecei a prestar mais atenção nisso, e a partir desseponto surgiu a idéia de uma edição especial da RevistaIlustrar dedicada somente às ilustradoras.

E como é de se esperar, o resultado é incrível, e ilustradorasde talento não são tão poucas assim.

E como prova disto, para esta edição temos desde aexperiente e com um trabalho mundialmenteconhecido, Mary GrandPré, a ilustradora das capasde Harry Potter, até a iniciante Amanda Grazini, comum começo de carreira cheio de talento.

Contamos também com outra profissional de peso,Fernanda Guedes, com uma capa prá lá de especial,além de Cris de Lara com um passo a passo incrível.

Na entrevista temos Catia Chien, brasileira que vivenos EUA e faz sucesso, e Creusa de Oliveira na seçãoMemória, relembrando a primeira ilustradora a se aventurarnas agências de publicidade.

Essas mulheres são demais!

Um grande abraço...

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vinheta de abertura do programa“Saia Justa”, feito em 2002, trouxe o

reconhecimento nacional dailustradora Fernanda Guedes,

pavimentando uma carreirasólida com alguns dos maioresclientes do Brasil.

Além de um talento naturalpara a ilustração,Fernanda é dotada deenorme elegância e bomgosto, além de uma vistaapurada para a moda.

E essas característicastransparencem de formaclara em todo o seutrabalho, fazendo com que

ela seja uma das maiscelebradas e requisitadas

ilustradoras do mercado.

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Em artes, nenhuma, infelizmente. Deus sabe o quanto me faz falta um pouco de técnica devez em quando... O que me salva é o DNA.

Poderia dizer que descendo de uma fina linhagem de artistas, mas isso ia ser muito pedante,além de mentiroso: afinal, nem todos são finos.

Digamos que, por parte de mãe, 85% da família desenha, pinta ou borda. Os outros 15% semetiam com música ou teatro.

Ou seja, qualquer coisa que não fosse Engenharia, Medicina ou Direito.

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Meu avô Salvador, por exemplo, apesar de culto professor, fluente em 5 línguas, era figuranotória na Manaus do começo do século passado por fazer experiências "inusitadas" e"fantasmagóricas" com sua máquina fotográfica e publicá-las num jornalzinho clandestino,o que acabou por causar à família uma vexaminosa expulsão da cidade. Rumaram ao

fervilhante Rio de Janeiro que os recebeu de braços abertos, o que comprovaque há males que vêm para o bem. 

Minha avó, Idalina, era uma precursora dos redatores de sitcoms, pois tinhao dom de reduzir pessoas a palavras, ou seja, apelidava todo mundo, nuncasutilmente, mas sempre de forma hilariante. 

Minha tia Creusa escondia-se em baixo das mesas do lendário Cassino daUrca para fazer as ilustrações dos cartazes de shows. Isso para não ser pega

pela polícia, pois tinha somente quinze anos e não deveria estar naquele"antro de perdição", convivendo com boêmios e vedetes.

Mais tarde tornou-se, nos anos 40, a primeira mulher a trabalharcomo ilustradora numa agência de Propaganda do Brasil. Um feitoincrível, haja visto que a época era pouco aberta a mulheres

trabalhando, quanto mais em cargos de chefia!

Meu tio César fazia desenhos a bico-de-pena com detalhestão preciosos, que às vezes levava meses para concluirum só trabalho. Havia uma ovelha negra, é claro, tio Celsoera funcionário público.

Mas perdoa-se, pois adorava samba e casou-se comuma costureira, tia Célia, que hoje em dia seria a VeraWang brasileira, tamanho o sucesso que seus vestidos

de noiva causavam.

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Na minha infância a criatividade era tanta entre osprimos que fazíamos de tudo: exposições de desenhos,fotonovelas ilustradas, filmes super 8, jornal defofocas e, lógico, shows para o deleite da família(nos quais eu me engalfinhava com minha prima,Lívia - aliás exímia desenhista - para ser a Rita Lee,a Elis Regina ou então a Liza Minelli na encenaçãode Cabaret).

Éramos multimídia antes mesmo de inventarem oconceito. No meu galho da família, todos desenhavam:minha mãe, Céres, me ensinou a colorir fazendo sombra,meu pai, Gérson, pintava telas em estilo Naif (só para sedistrair), meu irmão fazia caricaturas com as quais meatormentava e minha irmã mais velha, que infelizmente morreu muito cedo, desenhava epintava maravilhosamente bem, além de fazer tamancos e cintos de couro, aquelas coisasda época hippie... Enfim, como diz o ditado: "a fruta não cai longe do pé" e eu tambémdesenho, pinto e até já bordei, mas hoje não mais. Tomei juízo.

Enfim, fora o histórico familiar, tudo o que aprendi foi ou por osmose, imitação ou xeretice.Sabe aquele pescoção comprido espiando por cima dos outros? Aquele cantinho de olho?Foi mais ou menos assim. Mas, verdade seja dita, como desenho desde criancinha (modéstiaà parte eu e Mozart começamos cedo, hehehe...) nem sei como fui ficando boa na coisa(modeeeeesta!).

Até porque às vezes passava meses sem desenhar, nem quando falava ao telefone,rabiscando o caderninho. Mas isso foi na época em que estava amarrada no tronco dasagências de propaganda. Depois do meu grito de independência, rabisco religiosamente,todos os dias.

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Eu não! Achava que não conseguiriaviver de ilustração, então não pensavaem transformar o passatempo emcarreira.

Tanto é que fiz vestibular paraRelações Internacionais (queria

ser diplomata e viajar, viajar,viajar...) mas acabei passandopara Letras (tradução/Francês)

na UnB (Brasília).

Depois de uns três semestres abandonei o cursoporque dormia demais nas aulas. 

É que eu trabalhava como recepcionista de hotel(cinco estrelas, tá?) e não era fácil: das 16 às 24h, de

pé e salto alto, saia de tergal azul marinho e sorrindo paradeputados, senadores e lobistas. 

A compensação eram as gorjetas em dólares, geralmentesaídos de malas suspeitas, o que me fez formar uma forteopinião sobre os políticos.

Para encurtar a história: não, não estudeiBelas Artes, nem fiz cursos no exterior.

Sou autodidata, ou seja,se vejo alguémfazendo algumacoisa, euautomaticamenteaprendo.

O que nemsempre é bom.

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Físicos: minha mão direita, sempre. Àsvezes a esquerda ajuda a segurar o papel. O cérebro não toma muita parte.

Quando começo a desenhar ele adormece profundamente. Ah, físicos tipo papel, tinta, etc!Entendi. Helooooou!

Pra rabiscar, caneta preta de ponta fininha e papel. Não pode ser um papeltipo esses Moleskines chiques porque "chupa" a tinta dacaneta e estraga minha linha.

Como gosto muito de preto e branco, nunca uso papel decor creme, acho breeeeeeeeeeeeega. Hehehe. Se bemque, se eu usar tinta marrom pode ficar ultra-chique, bem clássico. Hum... nunca diganunca!

Depois do rascunho, posso ir para ocomputador e finalizar em vetorial (oque acontece na maioria das vezes porcausa do prazo curto), dar uns toquesno Photoshop (aplicar texturas,estampas, essas coisas) ou então pôra mão na massa e usar guache, ecoline(adoro os vidrinhos todos enfileirados),acrílica, sei lá!

Só não curto carvão (porque me sujotoda e faz um barulho irritante) e gizpastel ou oleoso.

Mas estou planejando aprender apintar com tinta à óleo, acho quenascemos uma para o outra!

Mal posso esperar!

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a) Propaganda.b) Editorial (mais livros querevistas).c) Clientes variados e agênciasde design.d) Projetos pessoais (quandosobra tempo, o que é cadavez mais raro).

Adoro uma pesquisa. Então,sempre que vou fazer algumacoisa, passeio antes na internetpara ver umas referências.Olho meus livros de artistas, deestampas e cliparts, dou uma varridanos blogs de decoração, fotografia, moda,qualquer coisa me ajuda.

Aí começo a rabiscar alguma coisinha, outra...até ter uma idéia do que vou fazer.Com o esqueleto pronto mando um rough para o cliente e, depois da aprovação, parto paraos "finalmentes".

Tem job que empaca. Alguns acho que não vou conseguir fazer, ou pior, que não combinamcomigo. Aí fico travada. Mas é só pensar no pagamento que eu logo deixo essas frescurasde artista de lado e volto a ser a boa e velha (nem tanto assim) profissional corretae cumpridora de prazos.

Infelizmente meu padrão de vida não me permite ter crises criativas. Hehehe. É como diza camiseta que vi outro dia : "Hay otra vida, pero és muy cara".

Eu não me levo à sério, então aconselho a todos que não levem também. 

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sucesso mundial de Harry Potter tem duas mulheres como responsáveis,pois além da escritora as capas tão conhecidas dos livros foram feitas em sua maioriapela americana Mary GrandPré.

Na verdade as ilustrações seriam apenas para a versão americana do livro, já que naGrã Bretanha as capas são diferentes, mas foram as capas americanas que acabaramsendo distribuídas pelo mundo, incluindo o Brasil.

No entanto, o sucesso deHarry Potter foi apenas oreconhecimento de umalonga carreira de sucessoque a ilustradora já tinha.

E na contra-mão datecnologia, ela trabalha comum dos materiais maistradicionais que existe, opastel seco, e mesmo assimatuando ativamente na áreaeditorial e publicitária.

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Eu uso pastel... às vezes com aguada de guache por baixo. Geralmente usopapel, Stonehenge, mas as vezes também madeira.

Agora também passei a usar acrílica e colagem, assim como tinta a óleo.

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Eu acho que é ótimo para aqueles que realmente sabem como utilizá-lo bem, commuita criatividade.

Mas eu penso que muitos ilustradores que estão usando computador não têm umestilo suficientemente distinto para se destacar.

Se o computador é a sua ferramenta, então tenha a certeza de acrescentar suaprópria personalidade no seu trabalho, e isso é válido para qualquer meio de expressão.

Contanto que um artista entenda de desenho, cor, forma, composição e conceito,e traga sua própria identidade no seu trabalho, realmente não interessa que ferramentassão usadas.

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Sim, talvez para um trabalho decolagem, ou design... mas eu ireisempre desenhar em um papelantes.

Eu preciso desse tipo de contatotátil e esboçando com um lápisna minha mão, é parte do meuprocesso de pensamento.

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Henry Moore pelas formas, e Chagall para a parte divertida de pintar. Alémdisso, Kandisnky e Miró para cores incríveis e relacionamento de formas.

Não, realmente não. O estilo é apenas a forma como eu desenho.

Eu teria que dizer livros para crianças... neles eu tenho que desenvolver todo ummundo e contar histórias, e às vezes eu penso como uma criança.

Produzir um trabalhoque preencha-mepessoalmente.

Trabalhar mais e maispara o meu própriopropósito de fazerarte.

Pintar em grandestelas, pequenas telas,e ser apenas maisespontânea.

Fazer alguma pintura davida e também trabalhar apartir de experiênciaspessoais.

Eu estou concebendo umlivro agora que fala sobrecâncer na mama e outrosdesafios, e ossobreviventes... é umacoleção de históriasverídicas, cada umaacompanhada por umapintura que inspiradamenteexpressa aquela jornadapessoal da mulher... umlivro de figuras para adultos,imagino que você diria isso.

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Para mim o trabalho que eufiz nos livros de Harry Pottersão os mais populares, aparte mais exposta do meuportfolio.

Tem sido uma parteincrível, e introduziu-mepara muitas pessoas elugares e oportunidades.

Eu estou grata por ter sidoparte dele, mas eu sei quepreciso seguir adiante paraoutros tipos de produçãode arte.

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Acho que ele me fez ficar mais ciente de quanto uma coisa pode ter impacto emtantas pessoas... essa série de livros tem sido uma grande parte das vidas de tantascrianças (e adultos).

Eu me sinto honrada de fazer parte disso. Me sinto humilde por ouvir dos fãs dePotter o quanto eles apreciam o meu trabalho nos livros.

Eu percebo que o que nós fazemos, como fazemos nosso trabalho, como nósexpressamos a nós próprios e nossas idéias podem causar uma grande impressãonos outros, por isso nós devemos tentar o nosso melhor, e colocar tudo nos nossosesforços... você nunca sabe como a sua contribuição irá inspirar e influenciar osoutros... especialmente os mais jovens.

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Eu acho que a únicabarreira que eutenho sentido é quemuitas vezes somoscontratados parafazer algo "parecer"de uma certamaneira... quer sejamoderno, ousado, bonito,o que for.

Muitas vezes o conceito seperde na técnica. Eu tentoevitar isso.

Para as minhas ilustrações,o conceito é tão importantequanto o "look" total dapeça. Eles vão de mãosdadas.

Eu penso que, ainda maishoje em dia, um conceitoforte não é tão apreciadocomo deveria ser, e isso émuito mal.

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ruiva Amanda Grazinifaz parte de uma nova geraçãode artistas que estão surgindono mercado, cheios de talentoe graça, trazendo um sopro

de frescura no mercado.

Com apenas 21 anos de idade,Amanda formou-se na QuantaAcademia de Artes, e em seustrabalhos tem uma preferência

por figuras humanas, em especialas femininas, com um traçodelicado mas cheio de vida,

principalmente as mãos que eladesenha, sempre com elegância.

Atualmente trabalha na ConexãoEditorial, uma editora que trabalhacom livros didáticos para clientes

como Ed. Moderna, Saraiva,Ibep, Editora do Brasil, etc.

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“Prá mim o sketchbook funciona como uma "agenda de anotações em forma derabiscos" prá futuras ilustrações ou pinturas. É mais ou menos um reservatóriode idéias, às vezes estou com algo na minha cabeça e preciso colocar no papel,por isso o carrego pra todo canto também.

Além de ser bem importante quando quero "soltara mão" ou desenhar sem nenhum propósito, sópelo prazer de desenhar.”

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“O sketchbook é muito importante pro desenvolvimento do meu trabalho, é ali quenormalmente vou tentar treinar o que encontro dificuldade em fazer, é ali que tentoaumentar meu repertório, observando as pessoas e tentando desenhá-las.

É um exercício, digamos que, escencial pro desenvolvimento do meu desenho.”

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a década de 30 asmulheres em geral aindatrilhavam os primeiros passos nasua independência, afinal apenasem 1932 foi aprovado o direitode voto às mulheres.

E durante as décadas seguintesainda iria demorar paraconseguirem total independência.

Na contra-mão da história,Creusa de Oliveira mostrou umtalento sem igual, tanto quantoilustradora como mulher,numa época em que pensarem trabalhar fora como artistaera impensável.

Afinal, ela foi a primeiramulher no Brasil a trabalharcom ilustração publicitária.

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Creusa nasceu no Amazonas, em 1914,vinda de uma família grande onde o pai,professor dedicado, olhava desconfiado paraa educação brasileira das escolas da época.Assim, a sua educação toda se deu em casa.

Mas ao contrário do que muitos possamimaginar, sua educação foi exemplar:aprendeu a ler cedo (e muito), e alémde todas as outras matérias regulares,aprendeu também francês e espanhol,assim como seus 5 irmãos.

Muitas décadas mais tarde, em 1964, todo esse ensino viria a se mostrarimportante quando, participandoem um concurso de poesias na AcademiaBrasileira de Letras, ganhou o primeiro lugar,onde um dos jurados era ninguém menosque Manuel Bandeira.

De sua infância no Amazonasaprendeu também o desenho,observando tudo ao seu redor.

Na década de 30 a famíliamudou-se de Manaus parao Rio de Janeiro, onde o paiimplantou o seu sistema de ensinodiferente e revolucionário em umaescola onde a principal característicaseria a de receber exclusivamentealunos rebeldes, expulsos de outrasescolas.

Mais uma vez foi bem sucedido,e Creusa, de tabela, recebia todainformação necessária, além de usufruirda enorme biblioteca que tinhamem casa.

Mas, ainda adolescente, tudo mudou.O pai, fonte de educação e inspiração,acabou falecendo, e Creusa, apesarda idade, se tornou arrimo de família,tendo de ajudar a mãe na criaçãodos 5 irmãos menores.

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Com todo o conhecimento que havia acumulado, acabou conseguindo o primeirotrabalho como desenhista de propaganda dentro da agência do publicitário RaulBrito, amigo da família.

Logo ela começa a se destacar e passa a trabalhar como freelancer para as grandesagências da época, e também para as companhias cinematográficas, como a antigaRKO Filmes do Brasil, produzindo material promocional para cinema.

Daí em diante nunca mais parou, passando a trabalhar com todas as grandesempresas cinematográficas: Columbia, Warner, Metro, Paramount, e a brasileiraAtlântida, fazendo numerosos cartazes de cinema e material promocional.

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Na mesma época do começo de sua carreira como ilustradora, trabalhou muito parao Cassino da Urca, fazendo seus cartazes, muitas vezes escondida, já que umaadolescente numa casa noturna era proibido.

Em publicidade fez ilustrações memoráveis, em especial anúncios para a Souza Cruz.Nessa época Creusa se tornou a ilustradora mais bem paga do Rio de Janeiro, ondejamais precisou negociar preços, onde o que era pedido sempre foi bem pago, poisa qualidade e pontualidade se tornaram sua marca registrada.

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Com o tempo e a mudança do perfildo mercado, Creusa aos poucos foiabandonando o cinema e a publicidade,e em 1970, já completamente afastada,passa a se dedicar a estamparia,em especial para a empresa Vulcan.

E apesar da aposentadoria um poucoforçada, nunca deixou de trabalhar,onde até hoje continua pintandoe participando de exposições, além deter deixado alguns livros escritos, entreeles "Elementos de Publicidade"e "1001 Modelos de Letras".

Da família de artistas de onde veioCreusa de Oliveira, destaca-se a suasobrinha Fernanda Guedes, tambémilustradora (e que também participanesta edição da Revista Ilustrar).

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epois de anos como coloristade histórias em quadrinhos, há poucosanos Cris de Lara decidiu se dedicar àssuas próprias ilustrações, desenvolvendoum estilo cada vez mais marcante.

A partir de seu estúdio Artepixel, emsociedade com Alexandre Stockler,Cris de Lara (que tem a função artísticano estúdio) tem trabalhado para livrosinfantis, commissioning para vários tiposde clientes, além de workshops e tutoriaispara revistas especializadas.

Apesar de trabalhar com vários estilos,Cris está mais vocacionada para orealismo, em especial às suas pin ups,mulheres cheias de graça e sensualidade,lembrando as pin ups dos anos 50, mascom um traço bem moderno.

Para a Revista Ilustrar, Cris de Laramostra a seguir um passo a passoformidável.

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Após desenhar a idéia daimagem geral, a nossamaior preocupação foi

conseguir retratar a expressão exata datartaruga marinha... que deveria estarpassando um grande desconforto ao servirde "prancha de Surf "para a tartarugaterrestre; e a tarturuga terrestre, extasiadacom a experiência.

Iniciamos alguns rascunhos, e fomosaperfeiçoando-os até conseguirmos aimagem à esquerda, que nos dava umaidéia geral da cena.

Nosso objetivo principal eracaptar com maior precisãoa expressão da tartaruga

marinha, e mesmo após o desenho, nãoficamos satisfeitos, então posei diversasvezes diante da câmera até conseguir oresultado desejado.

Após o esboço acertado,começamos a "chapar" aimagem com as cores básicas

da cena marcando os limites das áreas a serempintadas.

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Iniciamos arenderização da texturado casco da tartaruga

terrestre usando um brush suave earredondado, marcando os volumes

Com o mesmo pincelmarcamos os desenhosirregulares que as

tartarugas possuem em seus cascos.

No caso da imagem, a maior atençãofoi dispensada no personagem datartaruga terrestre, já que grandeparte da outra tartaruga estariaencoberta pela água.

Nesta imagem,mostramos comoproduzimos as

texturas aplicadas ao casco datartaruga.

Criamos digitalmente no Photoshopum pincel simulando a rugosidade docasco e aplicamos sobre o mesmo ofiltro BEVEL and EMBOSS o quecolaborou para dar uma sensação derealidade à textura.

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Seguindo o mesmo raciocínio,fizemos um pincel para simularmosas rugosidades da pele da tartaruga.

Criamos esse pincel através dedesenhos feitos na forma digital(diretamente pelo computador)numa tablet tendo como referênciasfotos de tartarugas obtidas naInternet.

O mesmo se deu para a imagem 8considerando a aplicação dos pincéisna tartaruga marinha.

Feita a maior partedas tartarugas,trabalhamos o

ambiente, a água, realçando o idéiade velocidade com os pincéis criadosno lado esquerdo da imagem 9.

Também utilizando o mesmo filtroBEVEL and EMBOSS, demos "asensação de volume" às gotas e feixesd'água.

Após a rápida explicação doprocesso utilizado nas imagensanteriores, finalmenteconcluímos a cena retocandoalguns detalhes, ajustando asluzes e cores, e adicionandoalguns elementos para dar maisenriquecimento e graça à cena,tais como o colar de folhas deplantas, a saliva da boca datartaruga (passando o êxtasedela), mais algumas gaivotasao fundo.

E lógico, o pequenotexto/legenda para marcar anossa intenção de mostrar quepor amizade a tartarugamarinha estava numa "roubada"para ajudar sua "irmã" a teruma experiência inesquecível.

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ivendo na Califórniahá anos, a brasileira Catia Chien

consolidou a sua carreiraartística com ilustrações

delicadas que têm conquistadocada vez mais apreciadores.

Recentemente isso ficoudemonstrado ao receber

um dos prêmios maisimportantes do mercado

americano, dado pelaSociety of Illustrators.

Pintora ávida, trabalhaprincipalmente com quadrinhos,livros infantis e animação, e nas

horas vagas produz pinturaspara galerias de arte.

Também tem sededicado à produçãode livros artesanais,

feitos à mão.

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Eu estudei ilustração no Art Center College of Design em Pasadena.

Eu decidi fazer uma grande aposta uma vez que eu fui aceita no Art Center.

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A maioria das pessoas pensa que eu trabalho com aquarela, mas na verdade eunão trabalho. O principal meio que eu uso é a acrílica, apenas acontece de euaplicá-la em aguadas que dá a sensação de aquarela.Eu adoro usar acrílica porque ela é muito versátil e seca rápido.

Eu estou sempre aberta para experimentar com materiais e aprender diferentestécnicas. Mas eu também gosto de me sentar com meu sketchbook e usando umsimples pincel, que eu prefiro do que a caneta, anotando todos os dias observaçõese idéias para futuros quadrinhos ou livros de histórias.

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Cinema édefinitivamente a arteque mais me influencia,embora eu adore todotipo de arte.

Somente algunsdiretores cujos filmeseu adoro: Jean PierreJeunet, Jane Campion,Martin Scorsese,Federico Fellini e osIrmãos Coen.

Eu me interessei por fazercolorização de trabalhos emanimação e pequenosconcept art para filmesindependentes.

Agora eu gosto acima detudo de trabalhos com livrose em galerias, mas eu estousempre aberta paraconsiderar qualquer projetocriativo que venha no meucaminho.

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Ele é realmente orgânicoe bagunçado.

Se for somente para mimmesma eu permito que todosos tipos de acidentesaconteçam e desenvolvoum desenho a partir daí.

Mas se for um trabalho, euesboço idéias e mantenho osdesenhos realmente clarose dedicados a mostrar umconceito mesmo desde ocomeço.

Eu nunca faço estudos de cor...mas eu começo a acalentara idéia disso, isso podemantê-lo longe de problemasquando a pintura mede75cm X 100cm.

Não, na verdade eu sinto quepintando para exibições emgalerias é onde eu tenhomais liberdade.

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Definitivamente livros, filmes, música e viagens. Minha vida e como euvivo informa tudo o que eu faço em minha arte.

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Eu acho que os temas do meutrabalho são focados nas idéias deprocurar expressar algo que dê àspessoas um senso de esperança,melancolia, fúria e calmocontentamento.

Eu adoro os mistérios dentro domundo natural onde tanto édesconhecido. Também gosto dapercepção dos que conseguemmanter a capacidade de imaginar,mas somente se tentaram ebuscaram também.

Quanto aos temas que eu evitariaabsolutamente a todo custo? Eu teriaque dizer - choque de valoressuperficiais.

Faz 15 anos! Eu era jovem quando me mudei para cá com a minha família.

Não foi uma decisão que eu fiz. Mas acho que todo país tem algo para dar e algoque ele toma.

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Sim, mas nunca tão grande que fosse insuperável. Isso apenas ensina avocê ter a vida com uma boa dose de humor.

Eu não acho que haja qualquer coisa no meu trabalho que seja unicamenteamericano e emprestado da cultura americana.

Ele é importante porque mostra que você recebeu um selo de aprovação pela sociedadedos ilustradores e diretores de arte notáveis. Também é uma grande maneira de darum pouco mais de exposição ao trabalho.

Eu não sei dizer com certeza, mas sei que existem alguns grandes ilustradores brasileiroscomo: Kako (www.kakofonia.com) e Fabio Moon & Gabriel Bá(http://fabioandgabriel.blogspot.com), que estão realmente se aguentando no mercadoamericano enquanto trabalham do Brasil.

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Benício, um dos maioresilustradores brasileiros e dos maisreconhecidos, finalmente passou ater um site no mesmo nível de suafama e talento.

Agora é possível apreciar uma partede sua carreira em imagens comresolução suficiente para deixarqualquer um sem fôlego.

O site é simplesmente imperdível,além de ser uma escola para todosos ilustradores.

www.benicioilustrador.com.br

O artista plástico Jen Stark criaesculturas com efeitosespetaculares de caleidoscópio,apenas utilizando sobreposição defolhas de papel.

www.jenstark.com

O trabalho de pintura corporal(e de fotografia) do sul coreanoKim Joon merece uma olhadacom atenção:

www.kimjoon.co.kr

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O Flickr, blog especializado na divulgação deimagens, tem tido várias postagens interessantes,algumas dedicadas a coleções.

E aqui ficam duas dicas bacanas, em especial paraquem gosta de design:

- Em uma das páginas do Flickr existe uma enormecoleção de caixas de fósforos de vários países, a maioriados países do leste, da década de 50 e 60:

www.flickr.com/photos/maraid/sets/72157594234 429063

- E em outra existe uma coleção de tampas de garrafa(que vai crescendo conforme as necessidades etílicas deseu proprietário):

www.flickr.com/photos/fragmented/sets/72157604029485302

Esse site é impressionante: a artista japonesa(e radicada na França) Hina Aoyamadesenvolve um trabalho artístico de figurasintrincadas e extremamente elaboradasapenas cortando papel, de forma milimétricae cirúrgica.

Não esqueçam de levar o babador antes deabrir o site.

www.flickr.com/photos/37051688@N00/show

O também japonês Kako Ueda tem um trabalhoparecido:

www.kakoueda.com

É incrível, mas a revista Vogue foi lançadano ano de 1892 e até hoje continua aí,ditando moda. No site da própriaVogue se encontram todas as capas,desde o primeiro número:

www.vogue.co.uk/coverarchive

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Você acabou de devorar mais um númeroda Revista Ilustrar.

Uma revista histórica, já que é a única revista100% brasileira, voltada para o mercado de

ilustração, nacional e internacional, feita por ilustradores.

Com matérias de grande interesse e uma grande divulgação garantida, elaserá vista e revista por centenas de ilustradores, diretores e editores de arte,diretores de criação, designers, estudantes e tantos outros profissionais daárea.

Se pretende que seu produto ou serviço chegue a este mercado,este é mais um meio de grande alcance e baixíssima dispersão.

Anuncie na Revista Ilustrar.