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Revista Inclusão 5

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Revista Inclusão 5

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ExpedienteISSN 1808-8899 Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 1-61, jan./jun. 2008 1EDITORIAL 1A RevistaIncluso,nestaedio, apresentaaPolticaNacional deEducaoEspecialnaPers-pectivadaEducaoInclusiva,resul-tado do amplo processo de discusso promovidopeloGrupodeTrabalho- Portaria Ministerial N 555/2007, cons-titudo por professores pesquisadores dareadaeducaoespecial,soba coordenaodaSecretariadeEduca-oEspecialSEESP/MEC.Aelabora-o desta Poltica no Brasil,publicada em janeiro de 2008, insere-senocon-texto histrico onde, passado mais de dezanosdaDeclaraodeSalaman-ca, grande parte dos pases dedica-se aavaliarosavanosproduzidoseos desafosnaimplementaodepol-ticaspblicas,defnindocaminhosa serempercorridospelaeducaoes-pecialemsintoniacomosprincpios educacionais inclusivos.Apautaimpulsionadapelaagen-dadainclusoeducacionalnorteou osseminriosdoProgramaEducao Inclusiva:direitodiversidadereali-zadosemtodopas,envolvendoos municpios-plo e assecretarias esta-duais de educao, alm das reunies com as instituies de educao supe-riorqueaprofundaramatemticada formao inicial e continuada de pro-fessores.Odilogocomosdiferentes setoresdasociedadeseampliounos fruns com representantes do Conse-lhoNacionaldeDefesadosDireitos das Pessoas Portadoras de Defcincia CONADE,daCoordenadoriaNacio-nal de Integrao da Pessoa Portadora de Defcincia CORDE, da Federao NacionaldeSndromedeDown,da FederaoNacionaldeEducaode Surdos FENEIS, da Federao Nacio-naldasAPAEsFENAPAE,daFedera-o Nacional das Pestalozzi FENASP, daUnioBrasileiradeCegosUBC, doFrumPermanentedeEducao Inclusiva,doInstitutoNacionalde Educao de Surdos INES, do Institu-to Benjamin Constant IBC, da Confe-derao Nacional de Trabalhadores de Educao CNTE, do Conselho Nacio-naldeEducaodosEstadosCON-SED,daUnioNacionaldeDirigentes Municipais de Educao UNDIME, do Ministrio Pblico e dos Ministrios da Sade e do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Sobagidedosprincpiosdain-cluso,dereconhecimentoevalori-zaodadiversidadecomocaracte-rstica inerente constituio de uma sociedade democrtica e, tendo como horizonteocenrioticodosDirei-tosHumanos,aPolticaNacionalde EducaoEspecialnaPerspectivada Educao Inclusiva, afrma como dire-trizesparaaconstruodossistemas educacionais inclusivos, a garantia do direitodetodoseducao,oaces-soeascondiesdepermannciae continuidadedeestudosnoensino regular.Contribuindopararomper comumadinmicasocialmaisampla deexclusoquehistoricamentetem condicionado as aes na rea. O do-cumento contempla a necessidade de reorientaodaeducaoespeciale aarticulaodossistemasdeensino, dando visibilidade s dimenses con-servadorasqueperpassamocampo daeducaoedifcultamumareal transformao da escola.Oacessodealunos comdefcin-cia, transtornos globais de desenvolvi-mentoealtashabilidades/superdota-o j uma realidade em nosso pas easuaparticipaoeaprendizagem, confrontacomasformastradicionais deorganizaodossistemasdeensi-no, deslocando o foco da defcincia para a eliminao das barreiras que se interpenosprocessoseducacionais. Destaca-seasintoniadestaPoltica comoPlanodeDesenvolvimentoda EducaoPDEque,apartirdeuma mudanadeparadigmasvisandosu-peraralgicadafragmentaoda educao,apresentadiretrizesque contemplamofortalecimentodain-cluso educacional. NestaRevista,oMinistrodaEdu-caoFernandoHaddad,faladaarti-culaoemtornodaeducao,pau-tadapelaconstruodaautonomia, incluso e diversidade; os integrantes doGrupodeTrabalhoparticipamdo colquioabordandoodesenvolvi-mentoconceitualdaeducaoespe-cial,osmarcoshistricoselegaiseas experinciaseducacionais.Oprofes-sorDavidRodrigues,daUniversidade Tcnica de Lisboa, em seu artigotece consideraessobreaimplementa-odeumapolticadeeducaoin-clusiva, entendida como uma reforma educacionalqueimplicaalteraraes-truturadossistemasdeensino;Patr-ciaAlbinoGalvoPontes,Promotora deJustiadoEstadodoRioGrande doNorte,discorresobreodireito escolarizaodetodososalunosno sistema de ensino regular; e os demais convidados,naseoOpinio,desta-camaatualidadedesteDocumento frente perspectiva mundial da inclu-so. Comestapublicao,esperamos contribuircomossistemasdeensi-noefortalecerasdiretrizesepolti-caseducacionaisqueatendamaos princpiosdodireitodiferena,da acessibilidade, da no discriminao e efetivaparticipao, possibilitando o desenvolvimentodascapacidadesde todos os alunos e a sua incluso social. Compartilhamos com os leitores e co-laboradoresqueaRevistaIncluso,a partir deste nmero, passa a ter Inde-xao Latindex, constituindo a Biblio-tecaVirtualInternacionaldaredede revistas cientfcas na rea de cincias humanasdaAmricaLatina,Caribe, Espanha e Portugal.Claudia Pereira DutraSecretria de Educao Especial/MECA4 7 1Editorial EntrevistaFernando HaddadMinistro da EducaoDestaqueSUMRIOPoltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaClaudia Pereira DutraSecretria de Educao Especial/MEC491833 51Questes preliminares sobre o desenvolvimento de polticas de Educao InclusivaDavid RodriguesCriana e adolescente com defcincia: impossibilidade de opo pela sua educao exclusivamente no atendimento educacional especializadoPatrcia Albino Galvo PontesConferncia Nacional da Educao BsicaBPC na EscolaColquioPoltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaClaudio Roberto BaptistaMaria Teresa Eglr MantoanMaria Amlia AlmeidaRita Vieira de FigueiredoRonice Mller de Quadros Soraia Napoleo Freitas Claudia Pereira Dutra Antnio Carlos do Nascimento Osrio Eduardo Jos Manzini Denise de Souza FleithOpinioA Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaMaria do Pilar Lacerda Almeida e Silva Ela Wiecko Volkmer de CastilhoAlexandre Carvalho Baroni Izabel Maria Madeira de Loureiro MaiorJos Rafael Miranda Eduardo Barbosa Cludia Mafni GriboskiCllia Brando Alvarenga CraveiroInformes EnfoqueIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 4-6, jan./jun. 2008 44 frente do Ministrio da Edu-cao,oministroFernando Haddadtemumagesto marcadapelaconsistnciadaspo-lticaseducacionaiseintensodi-logocomosdiferentessetoresso-ciais. Entre polticas importantes de sua Pasta, destacam-se o Programa UniversidadeparaTodos ProUni, aUniversidadeAbertadoBrasil UAB, e o Fundo de Manuteno e DesenvolvimentodaEducaoB-sicaeValorizaodosTrabalhado-resdaEducaoFUNDEB.Nesta entrevista,oministrofaladosfun-damentosqueembasamoPlano deDesenvolvimentodaEducao PDE, e das polticas pblicas para a educao inclusiva.1.RevistaIncluso:Aoabordar osenlacesconceituaisqueenvol-vem a execuo do PDE, o senhor afrma a necessidade de superar a visofragmentadadaeducao. Como o PDE se traduz em propos-tas concretas? FernandoHaddad:Apartirda conceposistmicadeeducao, oPDEultrapassaasfalsasoposi-es entre os nveis, etapas e moda-lidades educacionais e potencializa polticasquereforamasuainter-dependncia.Um exemplo claro aarticulaoentreaeducaob-sica e a superior, em regime de co-laborao, na UAB as universidades pblicas ofertam formao para os professores,osestadosemunic-pios mantm os plos presenciais e a Unio efetiva o fomento. Visando dar conseqncia s normas gerais esdiretrizesestabelecidasparaa educao,oPDEtorna-seestrat-gico para assegurar a educao in-fantil, a aprendizagem, a alfabetiza-o,apermanncia,avalorizao ENTREVISTAFernando HaddadMinistro da EducaoIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 4-6, jan./jun. 2008 5profssional, a formao docente, a gestoparticipativa,entreoutras, queestabelecemospilarespara ainclusoeducacional,emuma escoladequalidadeparatodosos alunos. 2. Revista Incluso: Quais as pro-postasdoPDEparaalcanara transversalidadedaeducaoes-pecial superando a lgica da frag-mentao?FernandoHaddad:precisore-conhecerqueaorganizaoeas prticas educacionais forjaram, his-toricamente,umaculturaescolar excludenteequehumadvida socialaserresgatada.Estecontex-tointensifcouaoposioentrea educao comum e a educao es-pecial nos sistemas de ensino, con-trariandooprincpiodatransver-salidadedaeducaoespecialem todos os nveis, etapas e modalida-des.Portanto,aspolticaspblicas devem potencializar a relao entre educaoespecialecomumcom vistas a estruturar o acesso ao ensi-no regular e a disponibilizao dos apoiosespecializadosparaaten-derasnecessidadeseducacionais especiais.OPDEdefneaincluso educacional como uma de suas di-retrizes e prope polticas pblicas voltadasacessibilidadeeaode-senvolvimentoprofssional,onde se destacam os programas: Forma-oContinuadadeProfessoresna Educao Especial, Implantao de SalasdeRecursosMultifuncionais, Escola Acessvel e o Monitoramento dos Benefcirios do BPC no Acesso Escola.3.RevistaIncluso:Aelabora-odanovaPolticaNacionalde EducaoEspecialfoiumesforo conjugadoparaasuperaoda excluso educacional que refetiu emalgumasdivergnciasnoseu processo.possvelalcanarum sistema educacional inclusivo?FernandoHaddad:Odebateevi-denciouconcepesdiferenciadas acerca da educao especial, o que qualifcaoprocesso,levandotoda asociedadearefetirsobreapers-pectivadaeducaoinclusiva.O movimentopelainclusorepercu-te e os grupos sociais avanam e se apropriam dos conceitos que esto se consolidando. A incluso educa-cional , hoje, uma realidade baliza-da pela evoluo dos marcos legais edeclaraesinternacionais,onde o papel do MEC defnir uma pol-ticaqueestabeleaodilogocom todosossegmentosdasociedade. Nosetratadevotarumapoltica, masdeestabelecerumconsenso em torno do que dever ser feito, do que pode ser feito e do que direi-to da criana que se faa.4.RevistaIncluso:ComooMEC estimpulsionandoesseproces-so?Hresultadosqueindiquem mudanas nos sistemas de ensino na perspectiva das polticas de in-cluso? FernandoHaddad:Aeducao especialvemocupandocadavez mais espao na agenda do MEC, so-bretudo nos ltimos anos, e o papel da Secretaria de Educao Especial juntosdemaissecretariasseam-plianaperspectivadaincluso. Osresultadosestoaparecendo, importanteregistrarqueoavano damatrculanotvelnasescolas comunsdaredepblicaeoretor-noquetemosdessasexperincias comprova a viabilidade e a efccia de um sistema educacional que in-clui a todos.Os estudos estatsticos j revelam essa face do processo de ensino e aprendizagem que a inclu-soestimula,ensejaeprovoca,re-forando a tese de que o benefcio da incluso no apenas para crian-as com defcincia, efetivamente para toda a comunidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido da cidadania, da diversi-dade e do aprendizado. 5.RevistaIncluso:Frenteaos avanos na pauta dos Direitos Hu-manosemtornodosprincpios dainclusoqueimpulsionama transformaodaescola,ainda possvel falar em retrocesso?Fernando Haddad: No vejo razo paratemoresderetrocesso,muito pelocontrrio,entendoqueum momentoauspiciosodaeducao inclusivaedaequalizaodas oportunidades.issoqueest acontecendo neste momento. Ns temosqueterumaestratgiade construodeumnovoparadig-manaeducao,aindamaissli-... o benefcio da incluso no apenas para crianas com defcincia, efetivamente para toda a comunidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido da cidadania, da diversidade e do aprendizado.Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 4-6, jan./jun. 2008 6do,aindamaisconsistente,ainda maisvisvel.AConvenosobre osDireitosdasPessoascomDe-fcincia,recentementeaprovada pelaONU,demonstraocarter irreversveldestaproposta,que estabeleceocompromissodos pases para assegurar um sistema deeducaoinclusivaemtodos osnveisdeensinoeadotarme-didasparaqueaspessoascom defcincianosejamexcludas do sistema educacional. 6.RevistaIncluso:Osmovi-mentossociaisdedefesadaci-dadania apontam a ausnciade umapolticadeEstadoparasu-perar uma realidade de excluso que perdurou por muito tempo. Como o senhor avalia esta ques-to?FernandoHaddad:Essareali-dadequeestvindotonare-velaumafacedaexclusoso-cial.Asfamliasnopassado,at porausnciadopoderpblico, noencontraramseguranae informaonecessriaspararei-vindicarodireitodosseusflhos educaoeaquelesqueofze-ram foram considerados ousados demais. A orientao da nova po-lticaeducacional,semdvida, fundamentalparatransformar agestoeasprticasdeensino, porm,outrosfatoresquedizem respeito a uma nova cultura esco-lardevemserconsiderados.So muitoslidasasjustifcativasdo movimentopelaincluso,des-saperspectivaquesecolocade maneirairrefrevelevemcon-quistandoadeptos,sobretudos famlias que vm reforando essa viso e que s traz ganhos para a sociedade.Apolticaestdefni-da, na minha opinio o contedo estmuitobemconstrudo,mas, toimportantequantooconte-do desta poltica trabalhar para queelaacontea.Torna-seum desafodiminuirostemoresque ainda possam existir nos sistemas deensino,algumaspreocupa-es precisam ser superadas e, de fato, a experincia das escolas vai transformar essa realidade.7. Revista Incluso: Quais os des-dobramentosapartirdanova Poltica de Educao Especial na PerspectivadaEducaoInclu-siva?FernandoHaddad:Essapolti-caapresentaumavisoqueest sefrmandoemdiversospases quederamincioaumprocesso dereorientaodassuasestru-turasdeensinoparaoacessoe sucessodetodososalunos,con-solidando princpios que estavam em pauta desde os anos 1980. No Brasil,muitossistemasdeensino j desenvolvem slidas experin-cias educacionais neste sentido e outros estabeleceram metas para promoverainclusodetodosos alunos,eanovaPolticasubsidia aelaboraodenormativas.No mbito do MEC, a fm de dar con-sequnciaPoltica,estaremos consolidandoumconjuntode aesdeapoioimplementao daeducaoinclusiva,destacan-do-se a proposta de fnanciamen-toparaampliaodaofertado atendimentoeducacionalespe-cializadocomplementaraoensi-no regular. Na medida em que es-tasaesforemimplementadas teremosconstitudoumapoltica que promove o desenvolvimento daescolaparaefetivarodireito deacessoeaqualidadedaedu-cao.A poltica est defnida, na minha opinio o contedo est muito bem construdo, mas, to importante quanto o contedo desta poltica trabalhar para que ela acontea. Torna-se um desafo diminuir os temores que ainda possam existir nos sistemas de ensino, algumas preocupaes precisam ser superadas e, de fato, a experincia das escolas vai transformar essa realidade.Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 7DESTAQUE 7Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial n 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria n 948, de 09 de outubro de 2007.7Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 8Componentes do Grupo de Trabalho Claudia Pereira Dutra MEC/SEESPSecretria de Educao Especial Cludia Mafni Griboski MEC/SEESPDiretora de Polticas de Educao Especial Denise de Oliveira Alves MEC/SEESPCoordenadora Geral de Articu-lao da Poltica de Incluso nos Sistemas de Ensino Ktia Aparecida Marangon Bar-bosa MEC/SEESPCoordenadora Geral da Poltica Pedaggica da Educao EspecialAntnio Carlos do Nascimento OsrioProfessor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS. Doutor em Educao pela Ponti-fcia Universidade Catlica de So Paulo PUC/SP (1996). Atua prin-cipalmente nos seguintes temas: polticas educacionais, minorias sociais, educao especial e direito educao. Claudio Roberto Baptista Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Doutor em Educao pela Univer-sit degli Studi di Bologna (1996), Itlia. Coordenador do Ncleo de Estudos em Polticas de Incluso Escolar NEPIE/UFRGS. Atua prin-cipalmente nos seguintes temas: educao especial, polticas de in-cluso, relaes entre pensamento sistmico e educao e transtor-nos globais do desenvolvimento. Denise de Souza FleithProfessora da Universidade de Braslia UnB. Doutora em Psicolo-gia Educacional pela University Of Connecticut (1999), EUA. Ps-dou-tora pela National Academy for Gifted and Talented Youth (Univer-sity of Warwick) (2005), Inglaterra. Atua principalmente nos seguintes temas: criatividade no contexto escolar, processos de ensino-aprendizagem, desenvolvimento de talentos e superdotao. Eduardo Jos ManziniProfessor da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho UNESP, de Marlia-SP. Doutor em Psicologia pela Universidade de So Paulo USP (1995). Presidente da Associao Brasileira de Pes-quisadores em Educao Especial. Editor da Revista Brasileira de Edu-cao Especial. Atua principalmen-te nos seguintes temas: incluso da pessoa com defcincia, defcincia fsica, ajudas tcnicas e tecnologia assistiva em comunicao alterna-tiva e acessibilidade fsica. Maria Amlia Almeida Professora da Universidade Federal de So Carlos UFSCAR. Doutora em Educao Especial pelo Progra-ma de PhD da Vanderbilt University (1987), EUA. Vice-presidente da As-sociao Brasileira de Pesquisadores em Educao Especial. Membro do editorial das publicaes Journal of International Special Education e da Revista Brasileira de Educao Especial. Atua principalmente nos seguintes temas: defcincia mental, incluso, profssionalizao e Sn-drome de Down. Maria Teresa Eglr Mantoan Professora da Universidade Es-tadual de Campinas UNICAMP. Doutora em Educao pela Univer-sidade Estadual de Campinas. Coordenadora do Laboratrio de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade LEPED. Atua prin-cipalmente nos seguintes temas: direito incondicional de todos os alunos educao, atendimento educacional especializado e defci-ncia mental. Rita Vieira de FigueiredoProfessora da Universidade Fede-ral do Cear UFC. Doutora (PhD) em Psicopedagogia pela Univer-sit Laval (1995), Canad. Ps-doutora em linguagem escrita e defcincia mental na Universida-de de Barcelona (2005), Espanha. Atua principalmente nos seguintes temas: educao especial, defci-ncia mental, linguagem escrita e incluso escolar. Ronice Mller de QuadrosProfessora da Universidade Fede-ral de Santa Catarina UFSC. Dou-tora em Lingstica e Letras pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUC/RS, com estgio na University of Connec-ticut (1997-1998), EUA. Coordena-dora do Curso de Letras/Lngua Brasileira de Sinais. Membro do editorial das publicaes Espao INES, Ponto de Vista-UFSC e Sign Language & Linguistics. Soraia Napoleo FreitasProfessora da Universidade Fede-ral de Santa Maria UFSM. Douto-ra em Educao pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM (1998). Coordenadora do grupo de pesquisa do CNPq Educao Es-pecial: Interao e Incluso Social. Atua principalmente nos seguintes temas: formao de professores, currculo, classe hospitalar, altas habilidades/superdotao, ensino superior e educao especial.Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 9Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaOmovimentomundialpela educao inclusiva uma ao po-ltica, cultural, social e pedaggica, desencadeadaemdefesadodirei-todetodososalunosdeestarem juntos, aprendendo e participando, semnenhumtipodediscrimina-o. A educao inclusiva constitui umparadigmaeducacionalfunda-mentado na concepo de direitos humanos,queconjugaigualdade ediferenacomovaloresindisso-civeis,equeavanaemrelao idiadeeqidadeformalaocon-textualizar as circunstncias histri-casdaproduodaexclusoden-tro e fora da escola. Ao reconhecer que as difculda-desenfrentadasnossistemasde ensinoevidenciamanecessidade deconfrontarasprticasdiscrimi-natriasecriaralternativaspara super-las,aeducaoinclusiva assumeespaocentralnodebate acercadasociedadecontempor-nea e do papel da escola na supera-odalgicadaexcluso.Apartir dosreferenciaisparaaconstruo desistemaseducacionaisinclu-sivos,aorganizaodeescolase classes especiais passa a ser repen-sada,implicandoumamudana estruturaleculturaldaescolapara quetodososalunostenhamsuas especifcidades atendidas. Nestaperspectiva,oMinistrio daEducao/SecretariadeEduca-oEspecialapresentaaPoltica NacionaldeEducaoEspecialna PerspectivadaEducaoInclusiva, que acompanha os avanos do co-nhecimentoedaslutassociais,vi-sandoconstituirpolticaspblicas promotorasdeumaeducaode qualidade para todos os alunos. I IntroduoAescolahistoricamenteseca-racterizoupelavisodaeducao quedelimitaaescolarizaocomo privilgio de um grupo, uma exclu-so que foi legitimada nas polticas eprticaseducacionaisreproduto-ras da ordem social. A partir do pro-cesso de democratizao da escola, evidencia-seoparadoxoincluso/exclusoquandoossistemasde ensino universalizam o acesso, mas continuamexcluindoindivduose gruposconsideradosforadospa-dreshomogeneizadoresdaes-cola.Assim,sobformasdistintas,a exclusotemapresentadocarac-tersticas comuns nos processos de segregao e integrao, que pres-supem a seleo, naturalizando o fracasso escolar. A partir da viso dos direitos hu-manosedoconceitodecidadania fundamentadonoreconhecimen-to das diferenas e na participao dossujeitos,decorreumaidentif-cao dos mecanismos e processos dehierarquizaoqueoperamna regulao e produo das desigual-dades. Essa problematizao expli-citaosprocessosnormativosde distinodosalunosemrazode caractersticasintelectuais,fsicas, culturais,sociaiselingsticas,en-tre outras, estruturantes do modelo tradicional de educao escolar. Aeducaoespecialseorgani-zoutradicionalmentecomoaten-dimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evi-denciandodiferentescompreen-ses,terminologiasemodalidades quelevaramcriaodeinstitui-esespecializadas,escolasespe-ciais e classes especiais. Essa organi-zao,fundamentadanoconceito II Marcos histricos e normativosIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 10denormalidade/anormalidade, determinaformasdeatendimen-toclnico-teraputicosfortemente ancoradosnostestespsicomtri-cos que, por meio de diagnsticos, defnemasprticasescolarespara os alunos com defcincia. No Brasil, o atendimento s pes-soas com defcincia teve incio na poca do Imprio, com a criao de duasinstituies:oImperialInsti-tuto dos Meninos Cegos, em 1854, atualInstitutoBenjaminConstant IBC, e o Instituto dos Surdos Mu-dos,em1857,hojedenominado InstitutoNacionaldaEducao dosSurdosINES,ambosnoRio deJaneiro.NoinciodosculoXX fundadooInstitutoPestalozzi (1926),instituioespecializadano atendimentospessoascomdef-cinciamental;em1954,funda-da a primeira Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais APAE; e, em 1945, criado o primeiro aten-dimentoeducacionalespecializa-dospessoascomsuperdotao na Sociedade Pestalozzi, por Hele-na Antipof. Em 1961, o atendimento educa-cionalspessoascomdefcincia passaaserfundamentadopelas disposiesdaLeideDiretrizese BasesdaEducaoNacionalLD-BEN,Lein4.024/61,queapontao direito dos excepcionais educa-o,preferencialmentedentrodo sistema geral de ensino. ALein5.692/71,quealteraa LDBENde1961,aodefnirtrata-mentoespecialparaosalunos comdefcinciasfsicas,mentais, osqueseencontramematraso considervelquantoidaderegu-lardematrculaeossuperdota-dos,nopromoveaorganizao de um sistema de ensino capaz de atender s necessidades educacio-nais especiais e acaba reforando o encaminhamentodosalunospara as classes e escolas especiais. Em1973,oMECcriaoCentro NacionaldeEducaoEspecial CENESP,responsvelpelagern-cia da educao especial no Brasil, que,sobagideintegracionista, impulsionouaeseducacionais voltadasspessoascomdefcin-cia e s pessoas com superdotao, masaindaconfguradasporcam-panhasassistenciaiseiniciativas isoladas do Estado. Nesseperodo,noseefetiva umapolticapblicadeacesso universaleducao,permane-cendoaconcepodepolticas especiaisparatratardaeducao de alunos com defcincia. No que se refere aos alunos com superdo-tao,apesardoacessoaoensino regular, no organizado um aten-dimentoespecializadoquecon-sidereassuassingularidadesde aprendizagem. AConstituioFederalde1988 trazcomoumdosseusobjetivos fundamentaispromoverobem de todos, sem preconceitos de ori-gem, raa, sexo, cor, idade e quais-queroutrasformasdediscrimina-o(art.3,incisoIV).Defne,no artigo205,aeducaocomoum direito de todos, garantindo o ple-nodesenvolvimentodapessoa,o exerccio da cidadania e a qualifca-oparaotrabalho.Noseuartigo 206, inciso I, estabelece a igualda-dedecondiesdeacessoeper-manncia na escola como um dos princpios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimentoeducacionalespecia-lizado,preferencialmentenarede regular de ensino (art. 208). O Estatuto da Criana e do Ado-lescente ECA, Lei n 8.069/90, no artigo55,reforaosdispositivos legaissupracitadosaodeterminar que os pais ou responsveis tm a obrigao de matricular seus flhos ou pupilos na rede regular de ensi-no.Tambmnessadcada,docu-mentoscomoaDeclaraoMun-dial de Educao para Todos (1990) e a Declarao de Salamanca (1994) passamainfuenciaraformulao das polticas pblicas da educao inclusiva. Em1994,publicadaaPolti-caNacionaldeEducaoEspecial, orientando o processo de integra-o instrucional que condiciona o acesso s classes comuns do ensino regularquelesque(...)possuem condiesdeacompanharede-senvolver as atividades curriculares programadasdoensinocomum, no mesmo ritmo que os alunos di-tos normais (p.19). Ao reafrmar os pressupostosconstrudosapartir depadreshomogneosdeparti-cipao e aprendizagem, a Poltica no provoca uma reformulao das prticaseducacionaisdemaneira quesejamvalorizadososdiferen-tespotenciaisdeaprendizagem noensinocomum,masmantendo aresponsabilidadedaeducao dessesalunosexclusivamenteno mbito da educao especial. AatualLeideDiretrizeseBa-sesdaEducaoNacional,Lein 9.394/96,noartigo59,preconiza queossistemasdeensinodevem asseguraraosalunoscurrculo, mtodos,recursoseorganizao especfcosparaatenderssuas necessidades;asseguraatermina-lidadeespecfcaquelesqueno atingiramonvelexigidoparaa concluso do ensino fundamental, emvirtudedesuasdefcincias;e asseguraaaceleraodeestudos aossuperdotadosparaconcluso doprogramaescolar.Tambm defne,dentreasnormasparaa organizaodaeducaobsica, a possibilidade de avano nos cur-sosenassriesmedianteverifca-o do aprendizado (art. 24, inciso Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 11V)e[...]oportunidadeseducacio-naisapropriadas,consideradasas caractersticasdoalunado,seus interesses,condiesdevidaede trabalho,mediantecursoseexa-mes (art. 37). Em1999,oDecreton3.298, que regulamenta a Lei n 7.853/89, ao dispor sobre a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Porta-doradeDefcincia,defneaedu-caoespecialcomoumamodali-dadetransversalatodososnveis emodalidadesdeensino,enfati-zando a atuao complementar da educao especial ao ensino regu-lar. Acompanhandooprocessode mudana,asDiretrizesNacionais paraaEducaoEspecialnaEdu-caoBsica,ResoluoCNE/CEB n2/2001,noartigo2,determi-nam que: Ossistemasdeensinodevemma-triculartodososalunos,cabendo sescolasorganizarem-separao atendimentoaoseducandoscom necessidadeseducacionaisespe-ciais,assegurandoascondies necessrias para uma educao de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001). As Diretrizes ampliam o carter da educao especial para realizar oatendimentoeducacionalespe-cializado complementar ou suple-mentar escolarizao, porm, ao admitirapossibilidadedesubsti-tuiroensinoregular,nopoten-cializamaadoodeumapolti-cadeeducaoinclusivanarede pblica de ensino, prevista no seu artigo 2. OPlanoNacionaldeEducao PNE,Lein10.172/2001,destaca que o grande avano que a dca-dadaeducaodeveriaproduzir seriaaconstruodeumaescola inclusivaquegarantaoatendi-mentodiversidadehumana. Aoestabelecerobjetivosemetas paraqueossistemasdeensino favoreamoatendimentosne-cessidadeseducacionaisespeciais dosalunos,apontaumdfcitre-ferente oferta de matrculas para alunos com defcincia nas classes comunsdoensinoregular,for-mao docente, acessibilidade f-sica e ao atendimento educacional especializado. AConvenodaGuatemala (1999),promulgadanoBrasilpelo Decreton3.956/2001,afrmaque aspessoascomdefcinciatm osmesmosdireitoshumanose liberdadesfundamentaisqueas demaispessoas,defnindocomo discriminaocombasenadefci-nciatodadiferenciaoouexclu-so que possa impedir ou anular o exercciodosdireitoshumanose desuasliberdadesfundamentais. EsteDecretotemimportantere-percussonaeducao,exigindo umareinterpretaodaeducao especial,compreendidanocon-textodadiferenciao,adotado parapromoveraeliminaodas barreirasqueimpedemoacesso escolarizao. Naperspectivadaeducao inclusiva,aResoluoCNE/CPn 1/2002,queestabeleceasDiretri-zesCurricularesNacionaisparaa FormaodeProfessoresdaEdu-caoBsica,defnequeasinsti-tuiesdeensinosuperiordevem prever,emsuaorganizaocurri-cular,formaodocentevoltada para a ateno diversidade e que contempleconhecimentossobre as especifcidades dos alunos com necessidadeseducacionaisespe-ciais. ALein10.436/02reconhecea Lngua Brasileira de Sinais Libras comomeiolegaldecomunicao eexpresso,determinandoque sejamgarantidasformasinstitu-cionalizadasdeapoiarseuusoe difuso,bemcomoainclusoda disciplinadeLibrascomoparte integrante do currculo nos cursos deformaodeprofessoresede fonoaudiologia. APortarian2.678/02doMEC aprovadiretrizesenormasparao uso, o ensino, a produo e a difu-sodosistemaBrailleemtodasas modalidadesdeensino,compre-endendo o projeto da Grafa Braille para a Lngua Portuguesa e a reco-mendao para o seu uso em todo o territrio nacional. Em 2003, implementado pelo MEC o Programa Educao Inclusi-va: direito diversidade, com vistas aapoiaratransformaodossis-temas de ensino em sistemas edu-cacionaisinclusivos,promovendo umamploprocessodeformao de gestores e educadores nos mu-nicpiosbrasileirosparaagarantia dodireitodeacessodetodos escolarizao,ofertadoatendi-mento educacional especializado e garantia da acessibilidade. Em2004,oMinistrioPblico FederalpublicaodocumentoO Acesso de Alunos com Defcincia s EscolaseClassesComunsdaRede Regular,comoobjetivodedis-seminarosconceitosediretrizes mundiaisparaaincluso,reafr-mando o direito e os benefcios da escolarizao de alunos com e sem defcincianasturmascomunsdo ensino regular. Impulsionandoainclusoedu-cacionalesocial,oDecreton 5.296/04regulamentouasLeisn 10.048/00en10.098/00,estabe-lecendonormasecritriospara apromoodaacessibilidades pessoascomdefcinciaoucom mobilidadereduzida.Nessecon-texto,oProgramaBrasilAcessvel, do Ministrio das Cidades, desen-volvido com o objetivo de promo-ver a acessibilidade urbana e apoiar Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 12aes que garantam o acesso uni-versal aos espaos pblicos.ODecreton5.626/05,quere-gulamentaaLein10.436/2002, visandoaoacessoescolados alunossurdos,dispesobreain-clusodaLibrascomodisciplina curricular, a formao e a certifca-o de professor, instrutor e tradu-tor/intrpretedeLibras,oensino daLnguaPortuguesacomose-gundalnguaparaalunossurdos e a organizao da educao biln-ge no ensino regular. Em2005,comaimplantao dosNcleosdeAtividadesdeAl-tasHabilidades/Superdotao NAAH/S em todos os estados e no DistritoFederal,soorganizados centrosdereferncianareadas altashabilidades/superdotao paraoatendimentoeducacional especializado, para a orientao s famliaseaformaocontinuada dos professores, constituindo a or-ganizao da poltica de educao inclusivadeformaagarantiresse atendimentoaosalunosdarede pblica de ensino. AConvenosobreosDireitos das Pessoas com Defcincia, apro-vada pela ONU em 2006 e da qual oBrasilsignatrio,estabelece queosEstados-Partesdevemas-segurarumsistemadeeducao inclusiva em todos os nveis de en-sino,emambientesquemaximi-zemodesenvolvimentoacadmi-co e social compatvel com a meta daplenaparticipaoeincluso, adotandomedidasparagarantir que: a)Aspessoascomdefcincia nosejamexcludasdosistema educacional geral sob alegao de defcinciaequeascrianascom defcincianosejamexcludas doensinofundamentalgratuitoe compulsrio,sobalegaodede-fcincia; b)Aspessoascomdefcincia possamteracessoaoensinofun-damentalinclusivo,dequalidade e gratuito, em igualdade de condi-es com as demais pessoas na co-munidade em que vivem (Art.24). Nestemesmoano,aSecretaria EspecialdosDireitosHumanos, osMinistriosdaEducaoeda Justia,juntamentecomaOrga-nizaodasNaesUnidasparaa Educao,aCinciaeaCultura UNESCO, lanam o Plano Nacional deEducaoemDireitosHuma-nos,queobjetiva,dentreassuas aes, contemplar, no currculo da educaobsica,temticasrelati-vasspessoascomdefcinciae desenvolver aes afrmativas que possibilitemacessoepermann-cia na educao superior. Em2007,lanadooPlanode DesenvolvimentodaEducao PDE,reafrmadopelaAgenda Social, tendo como eixos a forma-odeprofessoresparaaeduca-oespecial,aimplantaode salasderecursosmultifuncionais, aacessibilidadearquitetnicados prdiosescolares,acessoeaper-mannciadaspessoascomdef-cincianaeducaosuperioreo monitoramento do acesso escola dosfavorecidospeloBenefciode Prestao Continuada BPC.NodocumentodoMEC,Plano deDesenvolvimentodaEducao: razes,princpioseprogramas reafrmadaavisoquebuscasu-peraraoposioentreeducao regular e educao especial. Contrariandoaconceposis-tmicadatransversalidadeda educaoespecialnosdiferentes nveis,etapasemodalidadesde ensino,aeducaonoseestru-turounaperspectivadaincluso e do atendimento s necessidades educacionaisespeciais,limitando, o cumprimento do princpio cons-titucionalqueprevaigualdade de condies para o acesso e per-manncianaescolaeacontinui-dadenosnveismaiselevadosde ensino (2007, p. 09). Paraaimplementaodo PDEpublicadooDecreton 6.094/2007,queestabelecenas diretrizesdoCompromissoTodos pela Educao, a garantia do aces-soepermanncianoensinore-gulareoatendimentosnecessi-dadeseducacionaisespeciaisdos alunos,fortalecendoseuingresso nas escolas pblicas. III Diagnstico da Educao Especial O Censo Escolar/MEC/INEP, reali-zado anualmente em todas as esco-las de educao bsica, possibilita o acompanhamentodosindicadores da educao especial: acesso edu-cao bsica, matrcula na rede p-blica,ingressonasclassescomuns, oferta do atendimento educacional especializado,acessibilidadenos prdios escolares,municpios com matrcula de alunos com necessida-des educacionais especiais, escolas com acesso ao ensino regular e for-maodocenteparaoatendimen-tosnecessidadeseducacionais especiais dos alunos. Paracomporessesindicadores nombitodaeducaoespecial, oCensoEscolar/MEC/INEPcoleta dadosreferentesaonmerogeral de matrculas; oferta da matrcula nas escolas pblicas, escolas priva-daseprivadassemfnslucrativos; smatrculasemclassesespeciais, Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 13escola especial e classes comuns de ensinoregular;aonmerodealu-nosdoensinoregularcomatendi-mentoeducacionalespecializado; smatrculas,conformetiposde defcincia,transtornosdodesen-volvimentoealtashabilidades/su-perdotao;infra-estruturadas escolasquantoacessibilidadear-quitetnica,saladerecursosou aosequipamentosespecfcos;e formao dos professores que atu-amnoatendimentoeducacional especializado.Apartirde2004,soefetiva-dasmudanasnoinstrumentode pesquisadoCenso,quepassaare-gistrarasrieoucicloescolardos alunosidentifcadosnocampoda educaoespecial,possibilitando monitoraropercursoescolar.Em 2007, o formulrio impresso do Cen-soEscolarfoitransformadoemum sistemadeinformaeson-line,o CensoWeb,quequalifcaoproces-sodemanipulaoetratamento dasinformaes,permiteatualiza-odosdadosdentrodomesmo anoescolar,bemcomopossibilita ocruzamentocomoutrosbancos dedados,taiscomoosdasreas desade,assistnciaeprevidncia social.Tambmsorealizadasalte-raesqueampliamouniversoda pesquisa,agregandoinformaes individualizadas dos alunos, das tur-mas, dos professores e da escola.Comrelaoaosdadosdaedu-caoespecial,oCensoEscolarre-gistra uma evoluo nas matrculas, de 337.326 em 1998 para 700.624 em 2006, expressando um crescimento de 107%. No que se refere ao ingres-so em classes comuns do ensino re-gular, verifca-se um crescimento de 640%,passandode43.923alunos em 1998 para 325.316 em 2006, con-forme demonstra o grfco a seguir: Quantodistribuiodessas matrculas nas esferas pblica e pri-vada,em1998registra-se179.364 (53,2%)alunosnaredepblicae 157.962(46,8%)nasescolaspriva-das,principalmenteeminstitui-esespecializadasfilantrpicas. Com o desenvolvimento das aes epolticasdeeducaoinclusiva nesseperodo,evidencia-seum crescimentode146%dasmatr-culasnasescolaspblicas,que alcanaram441.155(63%)alunos em2006,conformedemonstrao grfico: Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 14Comrelaodistribuiodas matrculas por etapa de ensino em 2006:112.988(16%)estonaedu-caoinfantil,466.155(66,5%)no ensinofundamental,14.150(2%) noensinomdio,58.420(8,3%) naeducaodejovenseadultos, e48.911(6,3%)naeducaopro-fssional.Nombitodaeducao infantil,humaconcentraode matrculasnasescolaseclasseses-peciais,comoregistrode89.083 alunos,enquantoapenas24.005 estomatriculadosemturmasco-muns.OCensodaEducaoEspe-cialnaeducaosuperiorregistra que,entre2003e2005,onmero dealunospassoude5.078para 11.999alunos,representandoum crescimento de 136%.A evoluo das aes referentes educaoespecialnosltimos anos expressa no crescimento de 81% do nmero de municpios com matrculas,queem1998registra 2.738 municpios (49,7%) e, em 2006 alcana4.953municpios(89%). Apontatambmoaumentodo nmerodeescolascommatrcula, queem1998registraapenas6.557 escolas e, em 2006 passa a registrar 54.412,representandoumcresci-mentode730%.Dasescolascom matrcula em 2006, 2.724 so esco-lasespeciais,4.325soescolasco-munscomclasseespeciale50.259 soescolasdeensinoregularcom matrculas nas turmas comuns. Oindicadordeacessibilidade arquitetnicaemprdiosescola-res,em1998,apontaque14%dos 6.557estabelecimentosdeensino commatrculadealunoscomne-cessidadeseducacionaisespeciais possuam sanitrios com acessibili-dade.Em2006,das54.412escolas commatrculasdealunosatendi-dos pela educao especial, 23,3% possuamsanitrioscomacessi-bilidadee16,3%registraramter dependnciaseviasadequadas (dadonocoletadoem1998).No mbitogeraldasescolasdeedu-caobsica,ondicedeacessibi-lidadedosprdios,em2006,de apenas 12%.Comrelaoformaoinicial dos professores que atuam na edu-caoespecial,oCensode1998, indicaque3,2%possuiensino fundamental,51%ensinomdio e45,7%ensinosuperior.Em2006, dos54.625professoresnessafun-o, 0,62% registram ensino funda-mental, 24% ensino mdio e 75,2% ensino superior. Nesse mesmo ano, 77,8%dessesprofessores,declara-ram ter curso especfco nessa rea de conhecimento. APolticaNacionaldeEduca-oEspecialnaPerspectivada EducaoInclusivatemcomoob-jetivooacesso,aparticipaoe aaprendizagemdosalunoscom defcincia,transtornosglobaisdo desenvolvimentoealtashabilida-des/superdotaonasescolasre-gulares,orientandoossistemasde ensino para promover respostas s necessidadeseducacionaisespe-ciais, garantindo: Transversalidade da educao es-pecialdesdeaeducaoinfantil at a educao superior; Atendimentoeducacionalespe-cializado;Continuidadedaescolarizao nosnveismaiselevadosdoen-sino; Formao de professores para o atendimentoeducacionalespe-cializadoedemaisprofssionais daeducaoparaainclusoes-colar;Participaodafamliaedaco-munidade; Acessibilidadeurbanstica,arqui-tetnica,nosmobilirioseequi-pamentos,nostransportes,na comunicao e informao; e Articulao intersetorial na imple-mentao das polticas pblicas.Pormuitotempoperdurouo entendimentodequeaeducao especial,organizadadeformapa-ralelaeducaocomum,seriaa forma mais apropriada para o aten-dimentodealunosqueapresen-tavamdefcinciaouquenose adequassemestruturargidados sistemasdeensino.Essaconcep-oexerceuimpactoduradouro nahistriadaeducaoespecial, resultandoemprticasqueenfati-zavamosaspectosrelacionados defcincia, em contraposio sua dimenso pedaggica. Odesenvolvimentodeestudos no campo da educao e dos direi-toshumanosvmmodifcandoos conceitos, as legislaes, as prticas educacionaisedegesto,indican-doanecessidadedesepromover IV Objetivo da Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaV Alunos atendidos pela Educao EspecialIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 15umareestruturaodasescolasde ensinoregularedaeducaoes-pecial.Em1994,aDeclaraode Salamanca proclama que as escolas regularescomorientaoinclusiva constituemosmeiosmaisefcazes decombateratitudesdiscrimina-trias e que alunos com necessida-des educacionais especiais devem teracessoescolaregular,tendo como princpio orientador que as escolasdeveriamacomodartodas as crianas independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingsticas ou outras (BRASIL, 2006, p.330).Oconceitodenecessidades educacionaisespeciais,quepassa aseramplamentedisseminadoa partirdessaDeclarao,ressaltaa interao das caractersticas indivi-duaisdosalunoscomoambiente educacionalesocial.Noentanto, mesmo com uma perspectiva con-ceitualqueaponteparaaorgani-zaodesistemaseducacionais inclusivos,quegarantaoacesso de todos os alunos e os apoios ne-cessriosparasuaparticipaoe aprendizagem,aspolticasimple-mentadaspelossistemasdeensi-no no alcanaram esse objetivo. Na perspectiva da educao in-clusiva, a educao especial passa aintegrarapropostapedaggica daescolaregular,promovendo oatendimentosnecessidades educacionaisespeciaisdealunos comdefcincia,transtornosglo-baisdedesenvolvimentoealtas habilidades/superdotao.Nestes casoseoutros,queimplicamem transtornos funcionais especfcos, a educao especial atua de forma articuladacomoensinocomum, orientando para o atendimento s necessidadeseducacionaisespe-ciais desses alunos. Aeducaoespecialdireciona suasaesparaoatendimentos especifcidadesdessesalunosno processoeducacionale,nombi-todeumaatuaomaisamplana escola,orientaaorganizaode redesdeapoio,aformaoconti-nuada, a identifcao de recursos, servioseodesenvolvimentode prticas colaborativas. Osestudosmaisrecentesno campodaeducaoespecialen-fatizamqueasdefnieseuso declassifcaesdevemsercon-textualizados,noseesgotando nameraespecifcaooucatego-rizaoatribudaaumquadrode defcincia,transtorno,distrbio, sndromeouaptido.Considera-sequeaspessoassemodifcam continuamente,transformandoo contextonoqualseinserem.Esse dinamismoexigeumaatuao pedaggicavoltadaparaalterara situaodeexcluso,reforando aimportnciadosambienteshe-terogneosparaapromooda aprendizagem de todos os alunos.Apartirdessaconceituao, considera-se pessoa com defcin-cia aquela que tem impedimentos delongoprazo,denaturezafsi-ca,mentalousensorialque,em interaocomdiversasbarreiras, podemterrestringidasuaparti-cipaoplenaeefetivanaescola enasociedade.Osalunoscom transtornosglobaisdodesenvol-vimentosoaquelesqueapre-sentam alteraes qualitativas das interaessociaisrecprocasena comunicao, um repertrio de in-teresses e atividades restrito, este-reotipadoerepetitivo.Incluem-se nessegrupoalunoscomautismo, sndromesdoespectrodoautis-moepsicoseinfantil.Alunoscom altashabilidades/superdotao demonstrampotencialelevado emqualquerumadasseguintes reas,isoladasoucombinadas: intelectual,acadmica,liderana, psicomotricidadeeartes,almde apresentargrandecriatividade, envolvimentonaaprendizageme realizaodetarefasemreasde seu interesse. A educao especial uma mo-dalidade de ensino que perpassa to-dos os nveis, etapas e modalidades, realizaoatendimentoeducacional especializado,disponibilizaosre-cursos e servios e orienta quanto a suautilizaonoprocessodeensi-noeaprendizagemnasturmasco-muns do ensino regular. Oatendimentoeducacionales-pecializado tem como funo iden-tifcar, elaborar e organizar recursos pedaggicosedeacessibilidade queeliminemasbarreirasparaa plenaparticipaodosalunos, considerandosuasnecessidades especfcas. As atividades desenvol-vidasnoatendimentoeducacional especializadodiferenciam-seda-quelasrealizadasnasaladeaula comum,nosendosubstitutivas escolarizao.Esseatendimento complementae/ousuplementaa formaodosalunoscomvistas autonomia e independncia na es-cola e fora dela. Dentreasatividadesdeatendi-VI Diretrizes da Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 16mentoeducacionalespecializado so disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino delinguagensecdigosespecf-cosdecomunicaoesinalizao e tecnologia assistiva. Ao longo de todooprocessodeescolarizao esseatendimentodeveestararti-culado com a proposta pedaggica doensinocomum.Oatendimento educacional especializado acom-panhado por meio de instrumentos quepossibilitemmonitoramentoe avaliaodaofertarealizadanas escolasdaredepblicaenoscen-trosdeatendimentoeducacional especializadospblicosouconve-niados. Oacessoeducaotemincio naeducaoinfantil,naqualse desenvolvemasbasesnecessrias para a construo do conhecimen-toedesenvolvimentoglobaldo aluno. Nessa etapa, o ldico, o aces-sosformasdiferenciadasdeco-municao,ariquezadeestmulos nosaspectosfsicos,emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivncia com as diferenas fa-vorecemasrelaesinterpessoais, o respeito e a valorizao da crian-a.Donascimentoaostrsanos,o atendimentoeducacionalespecia-lizado se expressa por meio de ser-viosdeestimulaoprecoce,que objetivamotimizaroprocessode desenvolvimentoeaprendizagem eminterfacecomosserviosde sade e assistncia social. Em todas as etapas e modalida-desdaeducaobsica,oatendi-mento educacional especializado organizado para apoiar o desenvol-vimentodosalunos,constituindo ofertaobrigatriadossistemasde ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na pr-pria escola ou centro especializado querealizeesseservioeducacio-nal.Dessemodo,namodalidade de educao de jovens e adultos e educaoprofssional,asaesda educaoespecialpossibilitama ampliao de oportunidades de es-colarizao,formaoparaingres-so no mundo do trabalho e efetiva participao social.A interface da educao especial na educao indgena, do campo e quilomboladeveassegurarqueos recursos,servioseatendimento educacionalespecializadoestejam presentesnosprojetospedaggi-cosconstrudoscombasenasdi-ferenassocioculturaisdessesgru-pos. Naeducaosuperior,aeduca-o especial se efetiva por meio de aesquepromovamoacesso,a permannciaeaparticipaodos alunos. Estas aes envolvem o pla-nejamentoeaorganizaodere-cursoseserviosparaapromoo da acessibilidade arquitetnica, nas comunicaes,nossistemasdein-formao, nos materiais didticos e pedaggicos, que devem ser dispo-nibilizadosnosprocessosseletivos enodesenvolvimentodetodasas atividadesqueenvolvamoensino, a pesquisa e a extenso. Paraoingressodosalunossur-dosnasescolascomuns,aeduca-obilngeLnguaPortuguesa/Librasdesenvolveoensinoescolar naLnguaPortuguesaenalngua de sinais, o ensino da Lngua Portu-guesa como segunda lngua na mo-dalidade escrita para alunos surdos, osserviosdetradutor/intrprete deLibraseLnguaPortuguesae oensinodaLibrasparaosdemais alunosdaescola.Oatendimento educacionalespecializadoparaes-ses alunos ofertado tanto na mo-dalidadeoraleescritaquantona lngua de sinais. Devido diferena lingstica,orienta-sequeoaluno surdo esteja com outros surdos em turmas comuns na escola regular. Oatendimentoeducacionales-pecializadorealizadomediante aatuaodeprofssionaiscomco-nhecimentos especfcos no ensino daLnguaBrasileiradeSinais,da LnguaPortuguesanamodalida-deescritacomosegundalngua, dosistemaBraille,doSoroban,da orientaoemobilidade,dasati-vidadesdevidaautnoma,daco-municaoalternativa,dodesen-volvimentodosprocessosmentais superiores, dos programas de enri-quecimentocurricular,daadequa-o e produo de materiais didti-cos e pedaggicos, da utilizao de recursospticosenopticos,da tecnologia assistiva e outros. Aavaliaopedaggicacomo processodinmicoconsideratan-to o conhecimento prvio e o nvel atual de desenvolvimento do aluno quanto s possibilidades de apren-dizagem futura, confgurando uma aopedaggicaprocessualefor-mativaqueanalisaodesempenho doalunoemrelaoaoseupro-gressoindividual,prevalecendona avaliaoosaspectosqualitativos queindiquemasintervenespe-daggicas do professor. No proces-sodeavaliao,oprofessordeve criarestratgiasconsiderandoque algunsalunospodemdemandar ampliao do tempo para a realiza-o dos trabalhos e o uso da lngua desinais,detextosemBraille,de informtica ou de tecnologia assis-tiva como uma prtica cotidiana. Cabe aos sistemas de ensino, ao organizaraeducaoespecialna perspectivadaeducaoinclusiva, disponibilizarasfunesdeinstru-tor,tradutor/intrpretedeLibrase guia-intrprete,bemcomodemo-nitoroucuidadordosalunoscom necessidadedeapoionasativida-desdehigiene,alimentao,loco-moo, entre outras, que exijam au-xlio constante no cotidiano escolar. Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008 17Para atuar na educao especial, oprofessordevetercomobaseda suaformao,inicialecontinuada, conhecimentosgeraisparaoexer-cciodadocnciaeconhecimentos especfcosdarea.Essaformao possibilita a sua atuao no atendi-mentoeducacionalespecializado, aprofundaocarterinterativoein-terdisciplinardaatuaonassalas comuns do ensino regular, nas salas derecursos,noscentrosdeatendi-mentoeducacionalespecializado, nosncleosdeacessibilidadedas instituiesdeeducaosuperior, nasclasseshospitalaresenosam-bientesdomiciliares,paraaoferta dos servios e recursos de educao especial.Para assegurar a intersetorialida-denaimplementaodaspolticas pblicasaformaodevecontem-plarconhecimentosdegestode sistemaeducacionalinclusivo,ten-doemvistaodesenvolvimentode projetosemparceriacomoutras reas,visandoacessibilidadear-quitetnica,aosatendimentosde sade, promoo de aes de as-sistncia social, trabalho e justia. Os sistemas de ensino devem or-ganizarascondiesdeacessoaos espaos,aosrecursospedaggicos ecomunicaoquefavoreama promoo da aprendizagem e a va-lorizao das diferenas, de forma a atenderasnecessidadeseducacio-nais de todos os alunos. A acessibili-dade deve ser assegurada mediante aeliminaodebarreirasarquite-tnicas,urbansticas,naedifcao incluindo instalaes, equipamen-tos e mobilirios e nos transportes escolares,bemcomoasbarreiras nas comunicaes e informaes.BRASIL.MinistriodaEducao.LeideDi-retrizeseBasesdaEducaoNacional.LDB 4.024, de 20 de dezembro de 1961. BRASIL.MinistriodaEducao.LeideDi-retrizeseBasesdaEducaoNacional.LDB 5.692, de 11 de agosto de 1971. BRASIL.ConstituiodaRepblicaFede-rativadoBrasil.Braslia:ImprensaOfcial, 1988. BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria deEducaoEspecial.LeiN.7.853,de24 de outubro de 1989. BRASIL. Estatuto da Criana e do Adolescen-te no Brasil. Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990. 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BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Especial.Lei N. 10.436, de 24 deabrilde2002.DispesobreaLngua BrasileiradeSinaisLIBRASedoutras providncias. BRASIL. Ministrio da Educao. Portaria N 2.678,de24desetembrode2002.Dispo-nvel em: ftp://ftp.fnde.gov.br/web/resolu-oes_2002/por2678_24092002.docBRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria deEducaoEspecial.DecretoN5.296de 02 de dezembro de 2004.BRASIL.MinistrioPblicoFederal.Oaces-sodealunoscomdefcinciasescolase classescomunsdarederegulardeensino. Fundao Procurador Pedro Jorge de Melo eSilva(Orgs).2ed.ver.eatualiz.Braslia: Procuradoria Federal dos Direitos do Cida-do, 2004.BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Especial. Decreto N 5.626, de 22dedezembrode2005.Regulamentaa Lei N 10.436, de 24 de abril de 2002.BRASIL.ComitNacionaldeEducaoem DireitosHumanos.PlanoNacionaldeEdu-cao em Direitos Humanos. Braslia: Secre-taria Especial dos Direitos Humanos, Minis-triodaEducao,MinistriodaJustia, UNESCO, 2006. BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria deEducaoEspecial.Direitoeducao: subsdiosparaagestodossistemasedu-cacionaisorientaesgeraisemarcos legais. Braslia: MEC/SEESP, 2006. BRASIL.IBGE.CensoDemogrfco,2000. Disponvelem:. Acesso em: 20 de jan. 2007. BRASIL.INEP.CensoEscolar,2006.Dispo-nvelem:.Acessoem: 20 de jan. 2007. BRASIL.MinistriodaEducao.Planode Desenvolvimento da Educao: razes, prin-cpios e programas. Braslia: MEC, 2007. ORGANIZAODASNAESUNIDAS. ConvenosobreosDireitosdasPessoas com Defcincia, 2006. VII RefernciasIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 18Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao InclusivaA proposiodanovaPolti-caNacionaldeEducao EspecialnaPerspectivada EducaoInclusiva/2008refetea ampladiscussorealizadanosdi-versosfrunseducacionaissobre inclusonoPas,asconquistasdo movimentodaspessoascomdef-cincia, bem como os avanos dos marcoslegaiseeducacionais.O Documentoconfguraaeducao inclusivacomoumaaopoltica, cultural,socialepedaggicaem defesadodireitodetodosauma educaodequalidadeedaorga-nizaodeumsistemaeducacio-nal inclusivo.Nestecolquiodialogamos professores pesquisadores da rea deeducaoespecial,queinte-graramoGrupodeTrabalhono-meadopelaPortariaMinisterialn 555/2007,queteveaincumbncia de elaborar a nova Poltica. A fm de darconseqnciaaestaelabora-o, esses professores, juntamente com a equipe gestora da Secretaria de Educao Especial, desencadea-ram um amplo debate sobre a edu-cao especial em nosso Pas.1.OdocumentoPolticaNacio-nal de Educao Especial na Pers-pectivadaEducaoInclusiva contextualizaainclusocomo ummovimentomundialquese intensificaapartirdaConfern-ciaMundialdeEducaopara Todos 1990, da Declarao de Salamanca 1994 e da Conven-odaGuatemala1999,con-figurandoumnovoparadigma educacional.Comoosdemais pasesestoredimensionando aeducaoespecialnestapers-pectiva? COLQUIO 18 AIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 19ClaudioBaptista:deconhe-cimentodetodosqueseinte-ressampelareadaeducao especialaexistnciadeumaten-dnciainternacionalnosentido devalorizaraspolticasinclusi-vas quando se discute a oferta de escolarizaoparacrianascom deficinciaoucomnecessidades educativasespeciais.Asexperi-nciascoincidemnareduode matrculasnosistemadeensino especialenoaumentodasma-trculasdessesalunosnaredede ensinocomum.Noentanto,h diferenassignificativasquanto ao destino das escolas especiais e aotrabalhodoseducadorescom formaoespecficanarea.Te-mos,porexemplo,pasesquein-vestem em centros especializados equesubstituiriamasescolases-peciaiseconcentrariamosservi-osespecializados,paraosquais soencaminhadososalunosque exigemumaaocomplementar quelaoferecidapeloensinoco-mum. Nesse sentido, o que temos tambmumavariaomuito grande sobre a configurao des-sescentros,poisfreqenteque seconcebaquetaisespaosde-veriamestarpautadosnaqualifi-caoclnicadosatendimentos, oqueresultariaemequipescom predominnciadareadesade e no acompanhamento e suporte dirigidoaoalunoenoaoscon-textosrelacionaisdosquaisele participa.Esse,segundoacredi-to, um divisor de guas quando trabalhamoscomumalgicade apoioqueganhaumaconfigu-raoinstitucionalcomoaquela deumcentro:paragarantirque hajamudanascapazesdeinci-dir na escola e nos seus integran-tes,umcentrodeapoiodeveria tercomoeixootrabalhovoltado paraoscontextosrelacionais,va-lorizandoodebatefeitocoma escolaacercadequestespeda-ggicasedoacompanhamento de projetos especficos que se re-ferem aos alunos que demandam aesdiferenciadasporparteda escola. Evidentemente, o desenho institucional desses centros est diretamenterelacionadocon-cepoquetemosdeeducador especial ou de prticas que sejam caractersticas da rea. No caso da Itlia,porexemplo,parafalarde umcontextocomoqualtenho intensocontatonosltimos16 anos,aexistnciadoscentros, particularmenteaquelesdaEm-lia Romagna (Regio de Bologna), tem pouca relao com o que ns identificamoscomumaescola especial.Humarededecentros que so chamados de centros de documentaoerecursoseten-dem a oferecer apoios muitos am-plos que podem ser de auxiliar as escolasnaelaboraodeprojeto especfico, na formao em sinto-nia com as necessidades das esco-las de referncia; na promoo de debatessobretemasassociados educao,inclusoeacessibili-dade; na interlocuo das famlias comprofissionaisdoatendimen-to;naspesquisassobreaescola-rizao de alunos com necessida-desespeciais;narelaoentreos diferentes nveis da gesto da es-colaedosentesgovernamentais que as mantm. MariaTeresaMantoan:Tenho acompanhado as iniciativas em fa-vor da incluso escolar em alguns paseseuropeusedaAmricado Nortedesdeoinciodosanos90 eemtodoselespredomina,at ento,umgrandeempenhodas autoridadeseducacionais,pais einstituiesparaqueasesco-lascomunsseredimensionem eacolhamatodososalunos.A tendncianamaiorpartedesses pases,contudo,manteraedu-caoespecialcomosubstitutiva doensinocomumeosalunos, paisouresponsveispoderem optarpelaescolaespecialouco-mum.OBrasil,nestaltimad-cada,destacou-sepelavanguar-dadeseusprojetosinclusivos.A propostabrasileiradeeducao especial, na perspectiva inclusiva, sediferenciadasdemais,porque garanteaeducaoatodosos alunos,indistintamente,emes-colas comuns de ensino regular e acomplementaodoensinoes-pecial.Essainovao,comoest claronanovaPolticaNacional deEducaoEspecial,nosre-dimensionaaeducaoespecial comoprovocaaescolacomum, paraquedcontadasdiferenas nasuaconcepo,organizaoe prticaspedaggicas.Temosde aproveitaressesnovostempos para romper com paradigmas que nosdetmnoavanoemelhoria da educao brasileira.MariaAmlia:Semdvida,ain-cluso um movimento mundial. Cadapasteveasuahistriaem relao ao atendimento a pessoas comdeficincia,transtornosglo-baisdedesenvolvimento,super-dotao/altashabilidadese,por isso,cadaumdelestemlanado mo de diferentes formas de pr-ticasinclusivas.Porexemplo,nos Estados Unidos que tem uma lon-gahistriadeinstitucionalizao dessaspessoas,hojehestados quefecharamtodasasescolas especiaismantidaspelogover-noetodasascrianascomdefi-cincias,transtornosglobaisde desenvolvimento,superdotao/altashabilidadessomatricula-dasnasescolasdaredepblica Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 20deensinodeseubairro.Outros mantiveram os vrios servios: sa-lasderecursos,classesespeciais, servioitineranteealgumases-colas especiais. Penso que, de um modogeral,ainclusonoter retrocessos e eu gostaria de viver, pelo menos, mais 30 anos para ver como ficar esse movimento.RitaVieira:Aeducaoinclusiva objetodeinteresseemmuitos pases. No conheo a situao de todosospasesquefazemapelo a essa questo, mas conheo bem a situao do Canad, a provncia de Quebec, onde fiz meus estudos dedoutorado.OCanad,certa-mente, um dos paises pioneiros nodesenvolvimentodoconceito deeducaoinclusiva.Ajulgar pelonmerodealunoscomde-ficinciaquefreqentamassalas regularesdasescolascanadenses se poderia supor que a legislao dasprovnciasdaquelepas,no quedizrespeitoeducaoin-clusiva,determinaqueTODOSos alunos sejam integrados na classe regular.Entretanto,estanoa realidade.Apenasduasdasdez provnciascanadenses,Colombie BritanniqueeNouveau-Brunswi-ck,asseguramporleiqueTODOS osalunosqueapresentamdefi-cinciasejamincludosnaclasse regular de ensino.As oito demais provnciasprevemporleium ssistemadeensinonomeado mainstreaming, que no assegura o acesso de TODAS as crianas na classeregular.Defato,eleprev diversasmodalidadesdeservi-ospartindodosmaisintegrados (classe regular) para os menos in-tegrados. Do ponto de vista legal, o Brasil est na vanguarda em re-laoaoCanadnoqueconsiste aeducaoinclusiva.Entretanto, uma nova luta comea no sentido de concretizar no cotidiano da es-cola o que j temos garantido por lei.Nssabemosqueatualmente noBrasilumaparteimportante de crianas com deficincia ainda nofreqentamosistemapbli-co de ensino. No Canad, ao con-trriodoBrasil,agrandemaioria dosalunosqueapresentamdefi-cinciafreqentaaescolapbli-ca. Deste modo, embora a legisla-o da maior parte das provncias canadenses no assegure a inclu-sodosalunoscomdeficincia naclasseregular,nesseespao educativoqueamaioriadelas est inserida. Progressos enormes afimdefavoreceraeducaode alunoscomdeficincianaclasse regularforamalcanadosnaque-le pas nos ltimos trinta anos. Na provncia de Quebec, o Ministrio de Educao do Lazer e do Espor-tetomoudiversasmedidasneste sentido.Dentreelas,agarantia dapresenanaescoladoprofes-sorortopedagogo(quepodeser entendidocomoonossoprofes-sordoatendimentoeducacional especializado).Onmerodepro-fessor ortopedagogo por escola proporcionalaonmerodealu-nos de cada escola, independente donmerodecrianascomde-ficincianelamatriculadas.Este professor poder atender mais de umaescola.Eletrabalhacomo alunocomdeficinciaefazain-terlocuo com o professor do en-sino comum no sentido de apoiar as aes dele e da escola em favor deumamelhorintegraodesse alunonasalaregular.Emsntese, aescolapblicadaquelepasse organizoucriandoascondies parareceberefavoreceraapren-dizagemdagrandemaioriados alunos com deficincia no ensino comum.NoBrasil,ossistemasde ensinoaindatmumcaminhoa percorrer para assegurar uma boa educaoaTODOS.importante compreender que a incluso no tarefadaeducaoespecial,mas das redes pblicas de ensino.RoniceQuadros:Cadacultura temasuaformadeconstruire pensaradiferena.Nopode-mospensaremparadigmasho-mogeinizadoreseconcebera No Brasil, os sistemas de ensino ainda tm um caminho a percorrer para assegurar uma boa educao a TODOS. importante compreender que a incluso no tarefa da educao especial, mas das redes pblicas de ensino. RITA VIEIRAIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 21inclusosempensarnosproces-soslingsticos,sociais,culturais, epistemolgicosparaacessaro conhecimento.Umadasques-tesfundamentaisvisibilizare assumirasdiferenasdentrodos espaoseducacionaispartindo dopressupostoquenobasta estarjuntoparahaverincluso, masimportaoquefazemesses educandosdentrodessesespa-osparaquesejamsignificativas asaprendizagens.Asdiferenas fazempartedosgrupossociais esodeterminadasapartirda perspectivadooutro.Emrelao diferenasurda,oreconheci-mentodaLibrasedoPortugus como segunda lngua no Decreto 5626,foiumavanoemtermos de Brasil. Isso um redimensiona-mentoemtermosdeperspectiva inclusivaporquealnguaconsti-tutivadossujeitospassaaassu-mirumarepresentaopoltica fundamental.Noentanto,ainda soincipientesasabordagens nocampopedaggicocomco-nhecimentodecausapropiciado nocontatocomascomunidades surdas. O ponto referencial modi-fica de acordo com os olhares dos sujeitosimplicados,sersurdo, sercegoetc.temmltiplossig-nificadosnasuasrelaescomo outrodentrodosespaossociais, dentreeles,oespaoescolar. importante assinalar que a Decla-raodeSalamancaprovocoua visibilizaodasdiferenas.Este otipodemovimentoqueest sendodesencadeadoapartirdo quevemsendoreferidocomo educao inclusiva no mundo. Os tempos,osespaoseasformas deensinareaprenderpassama serressignifcadosapartirdasdi-ferenas.Sobessasperspectivas, aEducaoEspecial,quandose aproxima das necessidades lings-ticas, culturais, sociais das pessoas revisandopermanentementeo seupapelesuaresponsabilidade com a incluso, d um passo posi-tivonatarefaimensadereverter osquadrosdramticosdeexclu-so social.2.TendoemvistaquenoBrasil, desde a promulgao da Consti-tuio Federal de 1988, os precei-tos legais j definem a educao comoumdireitodetodoscom igualdadedeoportunidades,o quejustifica,hoje,aelaborao deste Documento?MariaAmlia:Euiriaumpouco antesdaConstituiode1988, quedefiniuqueosalunoscom necessidadesespeciaisdeveriam seratendidos,preferencialmen-te,narederegulardeensino.A Lei4.024,de1961,tambmafir-mavaquenoqueforpossvel ascrianascomnecessidadeses-peciais deveriam ser atendidas na rederegulardeensino.Eassim, tantas outras leis... Se analisarmos queem1961oBrasiljdispunha deumaleiquegarantiaoaten-dimentodessascrianasnarede regulardeensino,enquantoque, nessamesmapoca,naEscandi-nviasefalavanoPrincpiode Normalizaoouseja,deixar queaspessoascomdeficincia mental tivessem uma convivncia omaisprximopossveldonor-mal,oBrasilsaiunavanguarda emtermosdeincluso.Noen-tanto,termoscomo:noquefor possvel, preferencialmente im-pediram que o processo inclusivo ... a Educao Especial, quando se aproxima das necessidades lingsticas, culturais, sociais das pessoas revisando permanentemente o seu papel e sua responsabilidade com a incluso, d um passo positivo na tarefa imensa de reverter os quadros dramticos de excluso social.RONICE QUADROSIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 22no Brasil se iniciasse h mais de 40 anosatrs!Portanto,aelaborao deumapolticadeinclusoem nosso Pas, neste momento, mais do que necessria! SoraiaNapoleoFreitas:Nami-nhaopinio,aPolticaNacional deEducaoEspecialnaPerspec-tivadaEducaoInclusivatema funodereforaressesdireitos j previstos, que at ento no fo-ramplenamenteassumidospela educaobrasileira.Ajustifcativa dessaproposiopoltico-educa-cional centra-se na necessidade de transformar os sistemas de ensino, apartirdeumaconcepodeen-sinoeaprendizagemqueefetiva-menterespeiteasdiferenasdos alunos. No se trata de pensar to somenteaeducaoparaodef-ciente,mas,sobretudo,debasilar aprticaeducativaeaorganiza-odaescolanorespeitodife-rena do outro. E nesse princpio, dedefesadaescolarizao,que essa Poltica tem seu suporte e sua justifcativa. ClaudiaDutra:Aeducaocomo umdireitodetodosoprincpio constitucionalquefundamentaa organizaodaeducaoespecial naperspectivadaeducaoinclu-sivaeaimplantaodepolticas pblicasqueconduzamsupera-odosvaloreseducacionaissub-jacentesestruturaexcludente daescolatradicional,constituindo aesdirecionadasscondies deacesso,participaoeapren-dizagemdetodososalunosnas escolasdeensinoregular.Muitos sistemasdeensinojpercorrem umcaminhoquebuscaconcre-tizaresteobjetivo,cumprindo ospreceitosconstitucionaisque garantemaplenaparticipaoe incluso.Entretanto,estedesafo colocadoparaosgestoreseedu-cadores, e toda a sociedade, desde 1988,noalcanou,ainda,ocon-juntodossistemasdeensinopara que se efetive o direito educao atodososalunos,indistintamen-te.Dessemodo,noquetange educaoespecial,grandeparte dos sistemas no aprofundou com radicalidadeosentidodaeduca-oinclusiva,demodoaalterar aatuaodaeducaoespecial dissociadadocontextodasesco-lasregulares,passandoaapoiaro desenvolvimentodasescolaspara umaperspectivapedaggicaque respeiteasdiferenaseatendaas necessidadesespecfcasdosseus alunosnoprocessoeducacional. preciso construir condies favor-veis para a incluso e essa materia-lidade s acontece a partir de uma slidadefnioporumsistema educacionalinclusivo.Portanto, esta a justifcativa para a elabora-odeumanovaPoltica,ouseja, adefnioconceitualeaorienta-o para as mudanas no contexto educacional voltadas para garantir ascondiesdeacessibilidade,a formaodoseducadores,ofer-tadoatendimentoeducacional especializadoeaorganizaoda educaoespecialcomopartedo projetopedaggicodaescola,en-treoutras,inerentesaoprocesso de incluso e aprendizagem. Este osentidodoredimensionamento das polticas de educao e os do-cumentos mais atuais que refetem uma avaliao da organizao dos sistemasdeensinoindicamuma transiodoconceitodeintegra-o para o de incluso, bem como o desenvolvimento para a reformula-o das prticas pedaggicas. Este movimento que ocorre em grande partedospases,estexpressona Conveno dos Direitos das Pesso-ascomDefcinciaaprovadapela ONU,em2006,ondefoiassumido ocompromissodeassegurarum sistemaeducacionalinclusivoem todos os nveis de ensino. ...termos como: no que for possvel, preferencialmente impediram que o processo inclusivo no Brasil se iniciasse h mais de 40 anos atrs! Portanto, a elaborao de uma poltica de incluso em nosso Pas, neste momento, mais do que necessria! MARIA AMLIAIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 23Claudio Baptista: A elaborao de uma nova Poltica justifcada pela necessidadedeatualizaodeum dispositivo.APolticaNacionalde EducaoEspecialsustentauma perspectiva que aquela resultante de um conjunto de foras e percep-esque,emumdadomomento histrico, considerado o mais qua-lifcadocomoorientaoparaos sistemasdeensino.Nessesentido, a elaborao de um texto orientador torna-se pertinente quando h mu-danas histricas que justifcam no-vasproposies.Apesardetermos marcoslegaisqueaindaadmitem que a escolarizao em espaos es-pecfcos da educao especial seria recomendvel para alguns sujeitos, como o caso da Resoluo n0 02, de2001,doCNE,houvegrandes alteraes no plano legal quanto s possibilidadesdeinclusoescolar. Tais mudanas so perceptveis, na maioriadasvezes,noteorpropo-sitivodosdocumentosaprovados pelosConselhosNacionalouEs-taduais, no sentido de reduo das restriesqueestariamassociadas aos alunos que poderiam estar no ensino comum. No que se refere ao planodasproposiespedaggi-cas,temosatualmenteumcontex-to muito diferente daquele de 1994, quandohouveaaprovaodaan-teriorPolticaNacionaldeEduca-o Especial. Ao longo desses anos, houveumaprofusodeiniciativas que,comdiferentesmotivaes, tmpropostoareconfguraode sistemasdeensino,especialmen-teaquelesmunicipais,dianteda tendnciamunicipalizaodo ensinofundamentaleampliao dasresponsabilidadesdosmuni-cpiosacercadaeducaoinfantil. Apolticapodeserconsideradao movimento que, em 2007, se inten-sifcou e continua nos mobilizando emdebatespblicos,muitasvezes acirrados, a respeito dos temas que dizem respeito incluso. A poltica ganhacorpoenomeaoentender-mos que os gestores no tm ape-nasdireito,mastmobrigaode serempropositivosnoqueconcer-negestodasdiferentesinstn-cias do sistema educacional. A pol-tica se consolida, como ocorreu no segundo semestre de 2007, ao reu-nirmos profssionais com responsa-bilidade de discutir as direes das palavras que compem um texto orientador, ao participarmos de au-dinciaspblicaspromovidaspor redes de ensino que questionam as diretrizesanunciadas,aoconvidar-mosespecialistasparaseremouvi-dossobretemascomoaformao deprofessoresemeducaoes-pecial,aointensifcarmosemcada espaoadiscussosobreasnovas perspectivaspropostaspelaNova Poltica.3. A nova Poltica orienta a imple-mentaodaeducaoespecial apartirdeumaarticulaocom o ensino regular. De acordo com estaproposio,oquemuda para os sistemas de ensino?Claudia Dutra: O que muda a partir destaPolticaanfasenodesen-volvimentodossistemaseducacio-naisinclusivos,ondeaeducao especialdeveintegraraproposta pedaggicadaescola,nomaisor-ganizadacomomodalidadesubs-titutivaescolarizao.Adefnio da educao especial como moda-lidadecomplementaretransversal setapas,nveisemodalidadesde ensino,quedisponibilizarecursos eservios,realizaoatendimento educacional especializado e orienta alunos e professores na sua utiliza-o, pressupe uma reorganizao derecursosmateriaiseprofssio-naisespecializadosparaapoiaras escolasnasalteraesnecessrias, nombitodasprticaspedag-gicasedaofertadoatendimento educacional especializado. O gran-de desafo colocado em nosso Pas dealcanarumaeducaode qualidadeparatodos,umobjetivo queserconstrudoemsintonia com a perspectiva da educao in-clusiva,considerandoquenoh qualidade sem ateno diversida-de.Nestecontexto,aimplantao doPlanodeDesenvolvimentoda Educao-PDEsecaracterizapelo A poltica ganha corpo e nome ao entendermos que os gestores no tm apenas direito, mas tm obrigao de serem propositivos no que concerne gesto das diferentes instncias do sistema educacional. CLAUDIO BAPTISTAIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 24esforo conjunto em torno da quali-dade da educao, pelo avano nas medidasdirecionadasinclusoe pelo propsito de realizar um gran-deinvestimentonasescolaspara acolheratodososalunos,criando melhores condies de infra-estru-turaeformaoprofssionalque contemplem apromoo do ensi-no e da aprendizagem e a avaliao doprocessoeducacional.Neste sentido, as mudanas devem acon-tecer no mbito geral dos sistemas deensinoeaimplementaoda PolticaNacionaldeEducaoEs-pecialnaPerspectivadaEducao Inclusivaexigirquecadasistema reestrutureasuarededeensino para assegurar a atuao da educa-oespecialnasescolasregulares com propostas pedaggicas, recur-sospedaggicosedeacessibilida-deparaaplenaparticipaodos alunos com defcincia, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades /superdotao.SoraiaNapoleoFreitas:Penso que esta Poltica, ao propor a articu-lao entre o ensino regular e a edu-cao especial, lana a possibilidade daescolarepensaratotalidadeda sua organizao, historicamente se-dimentada. Ou seja, a educao es-pecial, que na organizao dos sis-temasdeensinoconfguravaum sistema paralelo, passa a constituir parteintegrantedessessistemas. Logo,hanecessidadederepen-sar a organizao escolar nos nveis macroemicroestruturais,contem-plandodesdeagestonosentido mais amplo do sistema de ensino edaescola,ataorganizaoda prtica educacional em sala de aula. umentendimentodiferenciado deensinareaprenderqueprecisa perpassar as organizaes escolares equemodifcaoentendimentode gesto at ento conhecido.RitaVieira:Aprimeiramudana umamudanadeperspectiva:a escolacompreendidacomoum espaodedireito,umbemsocial quedeveserasseguradoaTODAS ascrianas,indistintamente.Neste novo documento fca claro o que decompetnciadaescolacomum eoquedecompetnciadaedu-caoespecial,devendoossiste-mas de ensino se organizarem para ofereceraTODASascrianasno somente o acesso e a permanncia na escola, mas tambm os servios educacionaisqueforemnecess-riosparagarantiraaprendizagem escolar.Aarticulaoentreoensi-nocomumeaeducaoespecial, sobretudo atravs do atendimento educacionalespecializado,deve visarsempreaaprendizagemdos alunosquesebenefciamdesse servio.Naverdade,oquedeve mudarnossistemasdeensinoa ofertadoatendimentoeducacio-nalespecializadoparaosalunos quedelenecessitameoquejse vemreivindicandohmuitasd-cadas:atransformaodaescola pblicabrasileira,especialmente no que consiste a gesto da escola e a gesto da classe. Transformar a gestodaclassesignifcatransfor-mar as prticas que temos hoje (em suamaioriapautadasnoconceito dehomogeneidade)emprticas que atendam a diversidade da sala deaula(pautadasnoprincipioda heterogeneidade).Essatransfor-maodaescolanorequerida emdecorrnciadademandade inclusoescolar,vistoquenoso apenas as crianas com defcincia queapresentamdifculdadespara seapropriaremdoscontedoses-colares,mastambmumagrande partedaquelasconsideradasnor-mais.AntnioOsrio:Areconstruo das prticas pedaggicas e de suas respectivasorientaesconfgura-daspordiferentesgrupos(gesto-res,educadoresedemaissegmen-tos)envolvediscussesarespeito dacomplexidadequepermeiaa tentativadedefnirmosumsiste-madeensinononvelnacionalou local. Essas prticas, analisadas iso-ladamente, desenham um mosaico emquecadapedaotemfunes pr-estabelecidasdentrodeuma SORAIA FREITAS... h a necessidade de repensar a organizao escolar nos nveis macro e micro estruturais, contemplando desde a gesto no sentido mais amplo do sistema de ensino e da escola, at a organizao da prtica educacional em sala de aula. Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 25estruturaorganizativamaisampla, obstruindosuaprpriarazode existir, mas tendo sua confgurao estabelecidapelaprpriaregula-mentaodoEstado,reduzidaa questesdefnanciamentoeres-ponsabilidades.Parte-sedoprin-cpioquenoexisteumsistema deensino,masumaorganizao estruturalquerecebeessadeno-minao.Clareadoesteaspecto,o lcusmarcadocomoumespa-o, em que as regras so sujeies, submisseseopressesemcir-cunstnciasdiversas,uns,autorit-riosevigorosos,eoutros,emque as partes podem alternar-se sob re-gras que se igualam ou se repelem sobre as medidas adotadas. Essa a prticadaquiloqueoseducadores denominam de sistema. A meu ver, osistemadeensinoqueestpos-toculturalmentedeveriasertodo repensadoapartirdoalunoreal Ora,comoessaestruturadeveria mudarparalidarcomadiferena? Primeiro,encararsuasdinmicas depunioeseleo,deforma transparente, sem corporativismos. Entender,queaescolaindiscuti-velmenteumainstituiosocial,e comotaldevesatisfaodesuas prticaspedaggicascomunida-deescolar.Segundo,oalunodeve ser visto como um ser que aprende. Portanto,necessriorepensara uniformidadedecontedos,ativi-dadeseavaliao.Aoalunodeve serdadaefetivamenteacondio de ser o centro do processo ensino-aprendizagem e no a condio de coadjuvantedesseprocesso.Ago-ra,emtermosdemacro-estrutura, hsemsombradedvidas,neces-sidade de democratizao dos pro-cessosdedecisesdeformaque aquilo que denominamos de siste-ma de ensino rompa com a idia de centralidade e controle, passando a se pensar na educao. Denise Fleith: J era tempo de ha-verumacomunicaomaisefetiva entre ensino regular e educao es-pecial. A partir da nova Poltica ser necessrioumdilogoconstante no interior dos sistemas de ensino. Ofocodeveseroalunocomsuas necessidadesdeaprendizagem cognitivas, afetivas e fsicas. Isto im-plicarplanejamentosemconjun-to, investimento na formao inicial econtinuadadepessoal,equipes detrabalhoqueincluamprofssio-naiscomformaesdistintasea reorganizao da arquitetura da es-cola,entreoutrasaes.Ademais, importante que o profssional da educaotenhaconhecimentos maisamplosnareadaEducao. Assim,porexemplo,umprofessor dematemticadeverternasua formaoacessoaocontedoso-breEducaoEspecialenoape-nas sobre Matemtica.EduardoManzini:Vriospodem serospontosabordadosaqui.Um delesqueodocumentodeclara quem ser a populao a ser aten-didapelosrecursoshumanose fnanceirosdaEducaoEspecial: alunoscomdefcincias,transtor-nosglobaisdodesenvolvimento ealtashabilidades/superdotao. Essadefnionosnosentido terminolgico, mas deixa claro que atenderasnecessidadeseduca-cionaisespeciaisdessapopulao. Dessaforma,nemtodososalunos comnecessidadeseducacionais especiaisseroalunosatendidos pelaEducaoEspecial.Istodeve, ento, conferir Educao o papel deatenderatodososalunoscom defcinciaouno,masdeixando claro o que deve mudar em termos deapoiodaEducaoEspecial.O segundo ponto o papel de trans-versalidadedaEducaoEspecial, que dever auxiliar a todos os nveis deensino.Emparticular,odocu-mento pontua o acesso das pesso-as com defcincia na universidade, assumindo, ento, o papel de atuar dentrodoSistemadeEnsinoSu-perior, fato indito. Essa parece ser umareivindicaojustaeantiga dosalunosuniversitrioscomde-Em particular, o documento pontua o acesso das pessoas com defcincia na universidade, assumindo, ento, o papel de atuar dentro do Sistema de Ensino Superior, fato indito. EDUARDO MANZINIIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 26fcincia,principalmente,noque se refere s condies de acessibi-lidadeedeautonomia,como,por exemplo,equipamentosparaalu-nos com baixa viso, tais como am-pliao de telas, impressora Braille, notebook com sintetizador de voz, emesmoemtermosdeestrutura fsica,comoremoodebarreiras arquitetnicas. Um terceiro ponto, que pode ser o mais polmico, re-fere-seaconferiraoatendimento especialumaabordageminclusi-va,comosendocomplementare no substituta Educao. 4.Muitasescolasjvivenciam asmudanasimpulsionadas pelaeducaoinclusiva,garan-tindooacessoeoatendimento snecessidadeseducacionais especiaisdosalunos.Comose confguraarealidadeatualdos sistemasdeensino,equaisos desafos a serem superados?MariaTeresaMantoan:Aindah muitasbarreirasaseremultrapas-sadasparaqueaeducaoinclu-siva seja, de fato e de direito, uma conquistadaeducaobrasileira. Emboraestejacrescendoon-merodematrculasdessesalunos nasescolascomuns,estaspreci-samsemobilizarmaisnosentido decompatibilizarsuasintenes inclusivascomsuaspropostasde trabalho pedaggico e com o apri-moramentodoprocessoeducati-vodetodososalunos.Mudanas substanciais na organizao peda-ggicadoensinocomumconsti-tuem um grande desafo, que no est sendo sufcientemente perce-bido pelos sistemas de ensino. Ain-da se atribui educao especial a conduo do projeto inclusivo em nossasescolasepersisteaidia dequeosalunoscomdefcincia edemaisalunosdaeducaoes-pecialsoosnicosexcludosde suasturmas!Otempoeadefesa de uma posio frme e clara sobre o que representa a educao espe-cial,emumadimensoinclusiva, podeser(eser!)umaforapara a transformao da realidade atual denossasescolasaoabraarema incluso.Esteumtrabalhoque exige perseverana e muito empe-nhodoensinocomumarticulado ao especial e de todos os que com-pemasequipesdenossasesco-las.Doladodaeducaoespecial tambmhmuitoaserfeito.Para atransformaodeseusservios, demodoaatenderaocarter complementarquelhesatribu-do,aformaodeprofessoreses-pecializados em atendimento edu-cacional especializado e de outros profssionais da Educao Especial vaiexigirtempo,eimprescind-vel que se d prosseguimento aos cursosqueaSEESPestpromo-vendo,nomomento,paraformar professoresemservioemtodoo Brasil,atendendodemandaatu-aldasescolascomunsdeinstalar seus servios de atendimento edu-cacional especializado. Denise Fleith: No caso dos alunos comaltashabilidades/superdota-o,apesardosavanosnarea, observamosumdesconhecimento porpartedasociedadeacercade quemesteindivduo.Muitosmi-tos sobre o superdotado ainda po-voam a mente de professores, pais, gestores e outros. Os educadores e os leigos em geral, acreditam que a superdotaoumacaracterstica exclusivamenteinatae,porisso,o superdotadoteriarecursospara desenvolver por si s suas habilida-des,semnecessidadedeestimula-ooudeumambientepromotor deseupotencial.Acredita-seque oalunocomaltashabilidadesvai sesairbemindependentemente docontextoeducacionalemque estejainserido.Assim,muitospas-samdespercebidosporseuspro-fessores.Oalunocomaltashabili-dades/superdotao ainda muito O tempo e a defesa de uma posio frme e clara sobre o que representa a educao especial, em uma dimenso inclusiva, pode ser (e ser!) uma fora para a transformao da realidade atual de nossas escolas ao abraarem a incluso.MARIA TERESA MANTOANIncluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 27negligenciadoemsaladeaula. Estealunojestmatriculadono ensinoregular,massuasnecessi-dadesnemsempresoatendidas, oquepodeprovocardesinteresse e baixa motivao pelas atividades escolares,almdeumdesempe-nhoaqumdoseupotencial.Nes-tesentido,foimuitoimportantea criaodosNcleosdeAtividades de Altas Habilidades/Superdotao (NAAHS)implantadospelaSEESP/MEC,apartirde2005,emtodos osestadosbrasileirosenoDistrito Federal, pois passou a dar maior vi-sibilidadeaessesalunos.Tambm relevante foi a publicao, em 2007, dacoletneadequatrovolumes, intituladaAConstruodePrti-casEducacionaisparaAlunoscom AltasHabilidades/Superdotao, da Secretaria de Educao Especial, disponvelnoportaldoMinistrio da Educao.AntnioOsrio:Oprincipalde-safosoasprticaspedaggicas exercidasatento.Oexemplo dissoocurrculoadequadoes-trutura do sistema e das escolas de formalimitada.Osanos80sinali-zaramumanovapossibilidadede organizaocurricular,numapers-pectiva progressista, dando nfase sexperinciasculturaistrazidas peloalunopararesolverospro-blemasenfrentadosnocotidiano, promovendo,segundoFreire,o pensamento crtico e privilegiando a justia social e equidade. Neste momento,avalorizaoporparte dasescolaspassouaserosmto-dos de ensino, desprovidos, muitas vezes,decontedos,masmanten-do os mesmos mecanismos de con-troleeasformasmaistradicionais deavaliaodedesempenhodos alunos. Nos anos 90, o currculo foi defendido a partir dos discursos de umaperspectivacrtica,refexos ativosdosdiferentessignifcados culturaisesociais,valorizandoos aspectosmulticulturais,comoas questesrelacionadasraa,ao gnero,sdiferenasindividuais, justiasocial,sminoriassociais. Porm,aculturapedaggicano mudou,continuoudominantenas escolas o carter tecnicista, centra-donaaprendizagemdosalunose namudanadecomportamento, de forma passiva e reprodutora, em tcnicasmecnicaserepetitivas controladas pelos diferentes instru-mentos avaliativos. Por conta disso, falar de incluso no campo escolar implica,noprimeiromomento,ter clarezadequeelanosedestina exclusivamenteaumdeterminado grupodealunos.Aindanecess-riopensarnumaoutraescola,sem discriminao e que no reforce os diferentesconfitoshistricosda sociedade,quenopersonifque oalunocomomarcaouestigma, diferenciandooucategorizando, comosefosserecupervelouno, normal ou anormal, mas como su-jeitodesuasprpriasconstrues histricasapartirdesuascondi-es pessoais. SoraiaNapoleoFreitas:Asmu-danasimpulsionadaspelaedu-caoinclusivaestoaparecendo cadavezmaisnocenrioeduca-cionalbrasileiro.Valedestacarque aconcepodoprofessorque defneaimplementaodasaes pedaggicas,tendoemvistaain-cluso.Nessesentido,aformao doprofessorumdesafocons-tante. No se trata do professor ter conhecimentodasespecifcidades e caractersticas das defcincias ou dosindicadoresdealtashabilida-des/superdotao dos alunos, mas, sobretudo,doprofessorressignif-car a base da sua prtica educativa, ou seja, pensar o currculo, o plane-jamentoeaavaliaosobatica da valorizao da diversidade e do respeito diferena.RitaVieira:Naminhaopinioo principal desafo da escola brasileira assegurar a escola de tempo inte-gral. O tempo escolar que temos em nossoPas,atualmente(meiotur-no),insufcienteparaaformao (acadmica, intelectual, moral, tica Acredita-se que o aluno com altas habilidades vai se sair bem independentemente do contexto educacional em que esteja inserido. Assim, muitos passam despercebidos por seus professores. O aluno com altas habilidades/superdotao ainda muito negligenciado em sala de aula.DENISE FLEITH Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 28eesttica)dosnossosjovensedas nossascrianas.Aescolabrasileira j avanou muito no entendimento referente acessibilidade das crian-as. No entanto, a concretizao da inclusosedarquandoossiste-mas de ensino garantirem a TODAS ascrianas,indistintamente,uma educaodequalidade.Paraquea nossapolticadeinclusosetradu-za em aes concretas no curso dos prximos anos se faz necessrio que o Brasil, a exemplo de outros paises, adoteumconjuntodeaesque fortaleamaescolapblicaecon-seqentementeaaopedaggi-ca dos professores.A educao de qualidadecomeapelaotimizao dotempoescolarqueprecisaser ampliado,passapelaorganizao dosespaosescolaresedagesto da escola e da sala de aula. A demo-cratizaodaeducaogarantiuo acesso das crianas escola, mas te-mosumdesafoenormeemnosso Pas,quepromoverascondies reais para o ensino, a aprendizagem eaeducaodosnossosalunos.A escolacumpreseupapeldeagn-ciadeformao,quandocapaz deeducarTODOSosalunoseno apenaspartedeles.Entristece-me muitofalardeinclusoporqueisto signifca que ainda temos que brigar paraquecrianasnofquemfora da escola. Por outro lado, alegro-me queodireitodeTODASascrianas brasileiras de se benefciarem da es-colaestejaexplicitadonotextoda Poltica Nacional de Educao Espe-cial. No Brasil jsentimos a concreti-zao da poltica de incluso, quan-do as redes de ensino comeam a se organizar para acolher e oferecer as condies de aprendizagem a todo seu alunado. A escola, que entendeu oprincipiodaincluso,sabeque precisareverprticaspedaggicas, noporqueagoratemapresena de um aluno com defcincia na sala de aula, masporque compreendeu que no pode ignorar a diversidade de seus alunos. Ronice Quadros: No caso dos sur-dos,omaiordesafopromover umaorganizaoescolaremque alnguadeinstruosejaalngua de sinais e a perspectiva de organi-zaodosconhecimentospartam deumaconstruovisual,oque demandaumoutrodesafo:inves-tiremcursosdegraduaoparaa formaodeprofessoressurdos, educadoresbilnges(librasepor-tugus)edeintrpretesdelngua de sinais.5.DeacordocomanovaPolti-ca,oatendimentoeducacional especializadopromotordo acessoaocurrculo,tendofun-ocomplementare/ousuple-mentar.Nessecontexto,qualo papeldasescolaseinstituies especializadasequaloimpacto destapropostaparaaeducao no Brasil?Antnio Osrio: importante en-fatizarqueemsuaespecifcidade, aeducaoespecialtemsuasori-gens em modelos no tradicionais de sistema escolar, fora de estrutu-ra de escolarizao, e sim do aten-dimento. Ela foi proposta dentro de um modelo de sade referendado pordiscursoscarregadosporele-mentosdeprticaspedaggicas, mas,emseusexerccios,seexpli-citamumaprticaculturalemre-lao defcincia ou a altas habi-lidades. Esses espaos, aos poucos, foramseinstitucionalizandopor necessidadesdeseguranacole-tiva,comofoinocasodoasilo,da casa psiquitrica, da penitenciria, dacasadecorreo,doestabele-cimentodetcnicasdeeducao vigiada. Mesmo considerando que omodelodeexcluso,enquanto afastamentopelodesconhecido, ainclusooexamedaspossibi-lidades.necessrioincluirpara conhecer.Issolevaaconceber, ento,queaeducaoespecial frutodeumarededeformaes discursivasutilizadasemdirees diferenciadas,descrevendo-asem um outro feixe de relaes que no se detm ao universo pedaggico eaosmomentosatuais.Aeduca-o especial, compreendida como um fenmeno social, se insere nas dinmicas de poder e torna-se, as-sim como a educao, uma ameaa ordem instituda e palco de con-fitosecontradiesdeinteresses das mais diferentes ordens e obje-tivos, que no se limitam prpria defcinciaoualtashabilidades, mas rede de relaes construdas einteressesoutros,dosquaisde-vem ser preservados ou rompidos, comoocasodoprpriofnan-ciamentodaeducaoespecial. Issonosremeteentoaentender, namedidadopossvel,osdiscur-sospelosquaisaspessoascom defcinciainstigamperguntase aspessoasditasnormais,res-pondemumassoutras,masno informam ao defciente o que pen-sam,apenasousamedefnem oquefazer.Comisso,diferente-mentedosdiscursosreguladores daeducaoespecial(assistncia, atendimento) o centro da refexo tem que ser a garantia da escolari-zao. O atendimento educacional especializado,indiscutivelmente, tem que ter a funo complemen-tarousuplementar,assimcomo asinstituiesespecializadasou asescolasespeciais.Esseoim-pacto da educao especial para o Brasil sair da assistncia e ter como paradigmaaescolarizao,ecom istofexibilidadecurricular,proce-dimentoserecursospedaggicos Incluso: R. Educ. esp., Braslia, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./jun. 2008 29visandoapredizagemdosedu-candos, avaliaes e terminalidade, a partir das condies cognitivas de cada educando.MariaTeresaMantoan:Agrande novidadedaPolticaNacionalde Educao Especial marcar a esco-lacomumcomolugarpreferencial doatendimentoeducacionalespe-cializado, segundo o que prescreve aConstituio/88.Apartirdoque nospropeaPolticapodemosin-ferir que o papel das instituies es-pecializadas passar a ser mais forte eincisivonosentidodegarantirs pessoascomdefcinciaeaoutros pblicosdaeducaoespecialo quelhesdedireito,ouseja,ain-sero total e incondicional no meio escolar, social, laboral, no lazer, nos esportes,navidacidad.Asinsti-tuiesespecializadasavanaro, portanto,nocumprimentodeseus ideaismaiores,aoassumiremesse papel. As escolas especiais tero de buscar novos rumos, porque o ensi-no especial no mais substitutivo do ensino regular e todos os alunos devemestarjuntos,aprendendo, segundoacapacidadedecada um,nasescolascomuns.Essesru-mos podem levar essas escolas a se transformarem em centros de aten-dimento educacional especializado AEE.Essatransformao,noen-tanto,tercartertemporrio,pro-visrio, porque a tendncia alocar, gradativamente,oAEEnasescolas comuns,comoprescritonostex-tos legais referentes educao em geral e educao especial. Quanto aoimpactonaeducaobrasileira, espera-se que a Poltica seja o mar-codequenecessitamosparauma to esperada e necessria reviravol-taeducacional,quenosconduza incluso plena em todos os nveis e modalidadesdeensinoemelho-riadaqualidadedosprocessosde ensino e de aprendizagem.ClaudioBaptista:Aoabordaro atendimentoeducacionalespecia-lizado,gostariadediscutiralguns pontosqueemergemcomocen-traisemoutrasquestespropos-tasnestedebate.Comoocorre,ou deveriaocorrer,aarticulaoentre oensinoregulareaeducaoes-pecial?Comoseconfguraarea-lidadeatualcomrelaoeduca-oinclusivaequaisosdesafosa seremsuperados?Comoo