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A invasão chinesa, Pedro Valls Feu Rosa, construção civil Publicação Oficial do Sistema Findes • Março 2012 • Distribuição gratuita • nº 299 • IMPRESSO 2012 Um ano desafia dor

Revista Indústria Capixaba n° 299

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Mar/2012. Uma publicação oficial do Sistema Findes.

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A invasão chinesa, Pedro Valls Feu Rosa, construção civil

Publicação Oficial do Sistema Findes • Março 2012 • Distribuição gratuita • nº 299 • IMPRESSO

2012Um ano desafiador

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4 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

IndústrIaA indústria de transformação capixaba sofre com o câmbio hipervalorizado, a alta carga de impostos e a política tributária de outros Estados. Mas a principal ameaça está na concorrência com a China e outros países asiáticos. Como atuar nessa situação?

Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – FINDESPresidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Manoel de Souza Pimenta Neto2º vice-presidente: Ernesto Mosaner Junior 3º vice-presidente: Sebastião Constantino Dadalto1º diretor administrativo: Ricardo Ribeiro Barbosa 2º diretor administrativo: Tullio Samorini 3º diretor administrativo: Luciano Raizer Moura 1º diretor financeiro: Tharcicio Pedro Botti 2º diretor financeiro: Ronaldo Soares Azevedo 3º diretor financeiro: Antonio Tavares Azevedo de Britodiretores: Alejandro Dueñas, Flavio Sergio Andrade Bertollo, Egidio Malanquini, Benízio Lázaro, Gibson Barcelos Reggiani, Vladimir Rossi, Wilmar Barros Barbosa, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Leonardo Souza Rogério de Castro, Mariluce Polido Dias, Luiz Alberto de Souza Carvalho, Ademar Antonio Bragatto, Edvaldo Almeida Vieira, José Domingos Depollo, Ademilse Guidini, Elcio Alves, Ortêmio Locatelli Filho, Rogério Pereira dos Santos, Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona, Wilmar dos Santos Barroso Filho, Evandro Simonassi

Conselho fiscal titulares: Elder Elias Giordano Marim, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Adonias Martins da Silva suplentes: Atilio Guidini, Sandro Varanda Abreu, Valkinéria Cristina Meirelles Bussular

Representantes na CNI titulares: Marcos Guerra, Lucas Izoton Vieira suplentes: Manoel de Souza Pimenta Neto, Ernesto Mosaner Junior

Serviço Social da Indústria – SESI Presidente do Conselho regional: Marcos Guerra superintendente: Solange Maria Nunes Siqueira representantes do Ministério do trabalho titular: Enésio Paiva Soares suplente: Alcimar das Candeias da Silva representante do Governo: Juliane de Araújo Barroso representantes das atividades industriaistitulares: Manoel de Souza Pimenta Neto, Altamir Alves Martins, Sebastião Constantino Dadalto, Mariluce Polido Dias suplentes: Adenilson Alves da Cruz, Alejandro Dueñas, Leonardo Souza Rogério de Castro, Rogério Pereira dos Santos representantes da categoria dos trabalhadores da indústria titular: Luiz Carlos Fernandes Rangel suplente: Flaviano Rabelo Aguiar

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI Presidente do Conselho regional: Marcos Guerra diretora regional: Solange Maria Nunes Siqueira representantes das atividades industriais titulares: Benízio Lázaro, Clara Thais Resende Cardoso Orlandi, João Baptista Depizzol Neto e Ronaldo Soares Azevedo suplentes: Flávio Sérgio Andrade Bertollo, Wilmar Barros Barbosa, Neviton Helmer Gasparini e Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Representantes do Ministério do Trabalho titular: Enésio Paiva Soares suplente: Alcimar das Candeias representante do Ministério da Educação: Ronaldo Neves Cruzrepresentantes da categoria dos trabalhadores da indústria titular: Paulo César Borba Peres suplente: Ari George Floriano

Centro da Indústria no Espírito Santo – CINDES Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Manoel de Souza Pimenta Neto 2º vice-presidente: Ernesto Mosaner Junior 3º vice-presidente: Sebastião Constantino Dadalto diretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto Pinto, Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, Altamir Alves Martins, Gustavo Dalvi Comério, Elias Cucco Dias, Celso Siqueira Júnior, Gervásio Andreão Júnior, Edmar Lorencini dos Anjos, Ana Paula Tongo da Silva, Paulo Alfonso Menegueli, Helcio Rezende Dias Conselho Fiscal: Marcondes Caldeira, Elson Teixeira Gatto, Tharcicio Pedro Botti, Joaquim da Silva Maia, Renan Lima Silva, Fausto Frizzera Borges Conselho de sindicância: Arthur Carlos Gerhardt Santos, Chrisógono Teixeira da Cruz, Hélio Moreira Dias de Rezende, Hélio de Oliveira Dórea, Jadyr da Silva Primo

nEsta EdIção

CEnárIoApós mais de 10 anos crescendo acima da média nacional, a indústria do Espírito Santo terá muitos desafios em 2012. Registrando, no momento, índices de crescimento menores que os do Paraná e quase alcançado por Goiás, o Estado precisa agregar maior valor aos seus produtos para depender menos do comércio exterior.

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EsPECIal Apesar de um início de ano morno, tanto na atividade da indústria como no crédito imobiliário residencial, a construção civil capixaba tem perspectiva de crescimento. Conheça os trunfos do setor para transformar a previsão em realidade.

EntrEvIstaO presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, fala sobre economia e justiça social. Feu Rosa dá a sua a visão sobre probidade administrativa, Poder Judiciário e impactos econômicos sofridos pela nação. 48

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sIstEMa FEdEração das IndústrIas do Estado do EsPÍrIto santo

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Mar/2012 – nº 299 Indústria Capixaba – FINDES 5

Conselho Editorial – Marcos Guerra, Manoel Pimenta, Constantino Dadalto, Ernesto Mosaner, Ricardo Barbosa, Alejandro Dueñas, Flávio Bertolo, Egídio Malanquini, Benízio Lazaro, Fernando Künsch, Solange Siqueira, Fábio Dias, Doria Porto, Lucas Izoton, Waldenor Mariot, Heriberto Simões e Lucia Bonino

Jornalista responsável – Lucia Bonino (DRT/ES 586)

Apoio técnico – Assessoria de Comunicação da FINDES Jornalistas: Breno Arêas, Evelyn Trindade, Fábio Martins e Tatiana RibeiroGerente: Heriberto Simões

Depto. Comercial – UNIREM/FINDES – Tel: (27) 3334-5721 Simone Dttmann Sarti e Fernando Fiuza

Produção Editorial

Coordenação editorial: Mário Fernando Souza Coordenação de conteúdo: Marcia RodriguesProdução editorial e diagramação: Next Editorial Textos: Gustavo Costa, Nadia Baptista, Heliomara Mulullo e Jacqueline Vitória Revisão de textos: Andréia Pegoretti Fotografia: Cláudio Alves, Dênis Roque, fotos cedidas, arquivo FINDES e arquivos Next Editorial

PubliCação oFiCial do SiSTema FiNdeS maRço – 2012 • Nº 299

youtube.com/sistemafindesfacebook.com/sistemafindes twitter.com/sistemafindes

Instituto Euvaldo Lodi – IELPresidente: Marcos GuerraConselheiros: Solange Maria Nunes Siqueira, Maria Auxiliadora de Carvalho Corassa, Lúcio Flávio Arrivabene, Geraldo Diório Filho, Sônia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Antonio Fernando Doria Porto, Alejandro Dueñas, Ruy Dias de SouzaSuperintendente: Fábio Ribeiro Dias

Instituto Rota Imperial – IRIConselho deliberativo Titulares: Baques Sanna, Alejandro Dueñas, Fernando Künsch, Maely Coelho, Eustáquio Palhares, Roberto KautskySuplentes: Francisco Xavier Mill, Tullio Samorini, João Felício Scárdua, Manoel Pimenta, Adenilson Stein, Tharcicio Pedro Bottimembros natos: Lucas Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro, Ernest Mosaner Júnior, Aristóteles Passos Costa Neto Conselho Fiscal efetivos: Flávio Bertollo, Raphael Cassaro, Edmar dos Anjos Suplentes: Celso Siqueira, Valdeir Nunes, Gervásio Andreao

Câmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temáticos (CONSATs) Coordenador-geral: Manoel de Souza Pimenta Neto

Câmaras Setoriais Industriais Câmara Setorial das indústrias de alimentos e bebidas Presidente: Gibson Regianni Câmara Setorial das indústrias de base e Construção Presidente: Wilmar dos Santos Barroso Filho Câmara Setorial da indústria de materiais da Construção Presidente: Paulo Cezar Coradini Câmara Setorial da indústria moveleira Presidente: Luiz Rigoni Câmara Setorial da indústria do VestuárioPresidente: Paulo Roberto Almeida Vieira

Conselhos Temáticos Conselho Superior de assuntos legislativos (Coal) Presidente: Sergio Rogerio de Castro Conselho Superior de Comércio exterior (Concex) Presidente: Eutemar Antônio Venturim Conselho Superior de desenvolvimento Regional (Conder) Presidente: Áureo Vianna Mameri Conselho Superior de educação Profissional (Conep) Presidente: Manoel de Souza Pimenta Neto Conselho Superior de infraestrutura (Coinfra) Presidente: Ernesto Mosaner Junior Conselho Superior de meio ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa Conselho Superior de micro e Pequena empresa (Compem) Presidente: Vladimir Rossi Conselho Superior de Política industrial e inovação Tecnológica (Conptec) Presidente: Luiz Alberto de Souza Carvalho Conselho Superior de Relações do Trabalho (Consurt) Presidente: Haroldo Olívio Marcellini Massa Conselho Superior de Responsabilidade Social (Cores) Presidente: Sidemberg Silva Rodrigues

Diretorias regionais diretoria da FiNdeS em anchieta e região diretor regional: Fernando Schneider Künsch diretoria da FiNdeS em Cachoeiro de itapemirim e região diretor regional: Áureo Vianna Mameri diretoria da FiNdeS em Colatina e região diretor regional: Manoel Antonio Giacomim diretoria da FiNdeS em linhares e região diretor regional: Paulo Joaquim do Nascimento diretoria da FiNdeS em aracruz e região diretor regional: João Baptista Depizzol Neto Núcleo da FiNdeS em São mateus e região diretor regional: Nerzy Dalla Bernardina Junior Núcleo da FiNdeS em Venda Nova do imigrante e região Diretor regional: Adenilson Alves da Cruz Núcleo da FiNdeS em Nova Venécia e região Diretor regional: Hélder Mico

Diretores para assuntos específicos diretor para assuntos do fortalecimento sindical e da representação empresarial: Egídio Malanquini diretor para assuntos das micro e pequenas indústrias: Vladimir Rossi diretor para assuntos tributários: Gibson Barcelos Reggiani diretor para assuntos do meio ambiente: Wilmar Barros Barbosa diretor para assuntos de capacitação e desenvolvimento humano: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi diretor para assuntos de marketing e comunicação: Fernando Schneider Künsch diretor para assuntos de desenvolvimento da indústria capixaba: Leonardo Souza Rogerio de Castro diretor para assuntos de inovação industrial: Luiz Alberto de Souza Carvalho

Sindicatos filiados à FINDES e respectivos presidentes Sinduscon: Sebastião Constantino Dadalto | Sindipães: Flávio Sérgio Andrade Bertollo | Sincafé: Sergio Brambilla. Sindmadeira: José Domingos Depollo | Sindimecânica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: João Baptista Depizzol Neto | Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi | Sindibebidas: José Angelo Mendes Rambalducci Sindicalçados: Altamir Alves Martins | Sindifer: Luiz Alberto de Souza Carvalho | Sinprocim: Dam Pessotti | Sindutex: Mariluce Polido DiasSindifrio-eS: Elder Elias Giordano Marim | Sindirepa: Wilmar Barros Barbosa Sindicopes: José Carlos Chamon | Sindicacau: Gibson Barcelos Reggiani Sindipedreiras: Loreto Zanotto | Sindirochas: Emic Malacarne Costa Sincongel: Vladimir Rossi | Sinvesco: Edvaldo Almeida Vieira Sindimol: Almir José Gaburro | Sindmóveis: Mário Sérgio do NascimentoSindimassas: Alejandro Dueñas | Sindiquimicos: Ernesto Mosaner JuniorSindiolaria-Norte: Paulo Cezar Coradini | Sindinfo: Benizio Lázaro Sindipapel: José Bráulio Bassini | Sindiplast-eS: Leonardo Souza Rogerio de Castro | Sindibores: Rogério Pereira dos Santos | Sinvel: Atílio Guidini

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A primeira edição da Revista Indústria de 2012 traz um editorial diferente. Resolvi traçar uma “linha do tempo” do processo de industrialização

do Espírito Santo e, simultaneamente, analisar os fatos recentes, alertando para o que podemos esperar num futuro próximo caso não sejam promovidas grandes mudanças em relação ao nosso setor produtivo industrial e a todo o contexto que o envolve.

O Espírito Santo somente tem avançado sua indústria, e se transformado, por meio de solavancos ou de indução externa adotada em nível nacional, alheia às nossas vontades e decisões.

Quando nossa economia dependia apenas de uma única commodity agrícola, o café, ela inibia a diversificação da estrutura produtiva do Espírito Santo em direção a um complexo econômico mais diversificado. Foi neces-sária uma crise internacional que obrigasse, em 1962, o governo brasileiro a erradicar a cafeicultura improdu-tiva para que nosso Estado pudesse trilhar o caminho da industrialização.

Como consequência das medidas adotadas pelo governo federal entre 1962 e 1967 na cafeicultura, surge no final de 1969 e início de 1970 o Funres (Fundo para a Recuperação Econômica do Espírito Santo), administrado pelo Geres (Grupo Executivo para a Recuperação Econômica do Espírito Santo), e ocorre, também, a transformação da Codes (Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo), criada em 1967, no Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo), o que possibilitou fomentar um setor industrial que passou a comandar o nosso desenvolvimento econômico.

A partir dos anos 60, são instaladas micro e pequenas empresas industriais, fabricando produtos de baixo

editorial

O que fazer para a indústria capixaba se manter na liderança

valor agregado, como calçados, alimentos e bebidas e, depois de 1975, surgem os grandes projetos industriais, produzindo commodities voltadas para a exportação: a Vale e a Samarco, produzindo pelotas de minério de ferro; a Aracruz, hoje Fibria, com a celulose; e a CST, hoje ArcelorMittal Tubarão, produzindo placas de aço.

Após 1970, com a instituição do Fundap (Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias) e com a abertura comercial internacional no início dos anos 90, aumentam as importações pelos portos capixabas e nossa economia passa a depender em mais de 50% do comércio internacional, exportando praticamente só commodities e importando produtos de alto valor agregado, como máquinas, equipamentos e automóveis, entre outros.

A partir da década de 90, ampliou-se a diversificação industrial do Espírito Santo, com o crescimento de setores fabricantes de produtos de baixo valor agregado, como rochas ornamentais, vestuário, móveis, além do metalmecânico, voltado para atender à construção e ampliação dos grandes projetos industriais. Porém, o Estado aprofundou a dependência econômica dos setores industriais produtores de commodities com a produção de petróleo bruto e gás natural.

No momento, novamente o Espírito Santo enfrenta ações ameaçadoras vindas do nível federal, como a possibilidade de redução drástica dos royalties do petróleo e do término do Fundap.

Sabemos da importância de ambos os recursos, bem como da produção das demais commodities, para a economia capixaba. No entanto, esta não pode depender apenas de uma indústria com baixo valor agregado, inclusive no setor de transformação. Nunca é demais lembrar que petróleo é um bem finito e que ficamos

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Marcos Guerra Presidente do Sistema FINDES/CINDES

constantemente na dependência de um comércio exterior com base nas exportações de commodities e importações de produtos de alto valor agregado, ao sabor da evolução da economia internacional.

Com esse perfil, a indústria capixaba, caracterizada também pela baixa intensidade tecnológica, vê sua posição na produção física em 2011, levantada mensalmente pelo IBGE, passar da primeira colocação entre os Estados brasileiros para a segunda, atrás do Paraná e quase alcançada por Goiás, agora na terceira posição.

A produção física acumulada do Espírito Santo até maio do ano passado ocupava o primeiro lugar, entre todos os Estados brasileiros pesquisados pelo IBGE, com 13,4%, em relação ao mesmo período de 2010. O Paraná tinha um crescimento acumulado de 1,6% e Goiás, menos 3,7%.

Acompanhando as mesmas informações mês a mês, a produção física da indústria capixaba caiu, sistematicamente, chegando a um crescimento no final de 2011, de 6,8% em relação a 2010. Inversamente, Paraná e Goiás registraram crescimento contínuo, atingindo 7% e 6,2%, respectivamente.

Quando verificamos as causas, vemos que no Paraná o aumento da produção industrial foi puxado pela indústria automobilística e pela produção de gasolina e óleo diesel na Refinaria Presidente Getúlio Vargas.

Quanto a Goiás, o aumento de sua produção industrial foi originado, basicamente, pela fabricação de medicamentos no polo farmacêutico, que já conta com 32 indústrias e é o segundo do país em volume de produção. Além disso, aquele Estado agora passa a ter, também, uma indústria automobilística.

Por outro lado, no Espírito Santo a indústria de transformação caiu 5,2% no ano passado e o crescimento da produção física industrial foi devido, basicamente, à indústria extrativa, com o aumento da produção de petróleo bruto e gás natural, cimento e cerâmica vermelha, todos produtos importantes para a economia capixaba, mas de baixo valor agregado e baixa intensidade tecnológica.

Por esses motivos, é urgente que o governo, juntamente com a iniciativa privada, estabeleça uma agenda positiva visando a melhorar o perfil da indústria capixaba. Precisamos atuar no sentido de induzir a inovação e a agregação de valor à indústria hoje instalada no Estado e atrair outras, que possuam maior conteúdo tecnológico e maior valor agregado.

Não podemos apenas buscar novos caminhos quando somos ameaçados por medidas de abrangência nacional. Também não podemos ficar, como na conhecida música de Tom Jobim, desenvolvendo uma “indústria de uma nota só”.

Um Estado sem indústria forte é um Estado sem identidade!

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IndústrIa EM aÇÃO

LInha dE crédItO dO BandEs dEvE BEnEfIcIar cErca dE 200 IndústrIas capIxaBas

O diretor de Crédito e Fomento do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Everaldo Colodetti, apresentou no dia 16 de fevereiro uma linha de crédito específica para médias indústrias que estejam localizadas em municípios do interior do Estado. Promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES), o evento foi realizado no Salão da Indústria do Edifício FINDES, em Vitória, e contou com a presença de diretores e conselheiros regionais da Federação.

De acordo com Everaldo Colodetti, a linha de crédito possui limite de R$ 1 milhão para cada média empresa, com juros de 8% ao ano, carência de dois anos e prazo de pagamento de até 10 anos. A estimativa do Bandes e da FINDES é de que cerca de 200 indústrias se beneficiem, podendo expandir, modernizar e diversificar seus negócios, além de gerar mais emprego e renda para as regiões onde estão inseridas, resultando, assim, num importante instrumento para o desenvolvimento no interior do Estado.

“Esta linha de crédito vem num momento importante para a indústria capixaba”, afirmou o presidente Marcos Guerra durante o evento. “Estamos enfrentando problemas com a indústria de transformação, que é justamente o segmento que mais emprega mão de obra no interior do Estado. Além disso, a maioria das linhas de crédito existentes atualmente focam nas micro, pequenas ou grandes empresas, dando poucas chances para que o médio empresário industrial obtenha capital de giro e maior competitividade em seu negócio”, completou.

ExtrEMO nOrtE tErá fáBrIca dE Mdf E pOLO LOgístIcO E MOvELEIrO

O presidente do Sistema FINDES, Marcos Guerra, participou da solenidade de assinatura do Protocolo de Intenções entre Governo do Estado, prefeitos e empresários da Placas do Brasil S/A para a implantação da fábrica de MDF, a principal matéria-prima da indústria moveleira, em Pinheiros; e do Polo Logístico e Moveleiro, em Pedro Canário. Os empreendimentos fazem parte da política de descentralização e diversificação do desenvolvimento do Governo do Estado. A solenidade foi realizada no dia 27 de dezembro, no Palácio Anchieta.

O projeto é de um grupo de 48 empresários do norte do Estado e prevê um investimento de R$ 100 milhões para a fábrica, gerando 500 empregos na construção e 150 na operação. Já o Polo Logístico e Moveleiro receberá investimentos da ordem de R$ 7 milhões, oferecendo 70 empregos diretos e 50 indiretos.

A principal matéria-prima da fábrica de MDF será o eucalipto e sua produção atenderá a uma antiga demanda do Polo Moveleiro de Linhares, que atualmente é de 12 mil metros cúbicos de painéis de MDF ao mês. A produção estimada da fábrica em Pinheiros é de 15 mil metros cúbicos/mês. As obras deverão ser iniciadas em janeiro de 2013 e a entrada em operação está prevista para janeiro de 2015. Já o Polo Logístico e Moveleiro será um elemento de atração de novas empresas do setor no Espírito Santo.

Autoridades participaram da cerimônia de assinatura do convênio, que vai ajudar a desenvolver o extremo norte do Estado

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IndústrIa EM aÇÃOIndústrIa EM aÇÃO

CapIxabas sE dEstaCaM na COurOMOda 2012

Mais de mil expositores e cerca de 108 mil pessoas. Esses foram alguns dos números da 39ª edição da Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro – Couromoda, realizada entre 16 e 19 de janeiro no Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Duas empresas capixabas, a Pimpolho e a Itapuã, se destacaram na feira, considerada a mais importante na área de calçados e acessórios de moda do Brasil e da América Latina.

O Espírito Santo tem atualmente 140 fábricas, criando, principalmente para o público feminino, produtos como calçados, bolsas e acessórios, além de calçados infantis, chinelões, botinas de segurança e chinelos de borracha. Somadas, essas empresas geram quatro mil empregos, dos quais 2,5 mil diretos e 1,5 mil indiretos, e produzem, diariamente, 30 mil pares de calçados.

FIndEs E sECttI sE rEúnEM para tratar da LEI dE InOvaÇÃO No dia 16 de fevereiro, o vice-presidente da FINDES, Manoel Pimenta; o diretor de Inovação da Federação,

Luiz Alberto Carvalho; a superintendente do SESI-SENAI, Solange Siqueira; e o gerente de Inovação do Sistema FINDES, Iomar Cunha, estiveram na sede da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho (Sectti) para discutir a contribuição da indústria para a Lei de Inovação do Espírito Santo. Na oportunidade, também foram lançadas as bases para a montagem de uma matriz que sinalize as ações de ciência e tecnologia que estão sendo realizadas pelos diversos agentes no Estado, visando a convergir para um projeto comum. Também participaram da reunião o secretário de Ciência e Tecnologia, Jadir Pela; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), Anilton Salles; o subsecretário de Ciência e Tecnologia, Alberto Gavini; além de representantes da Secretaria de Desenvolvimento do Estado (Sedes) e da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV).

IEL/Es LanÇa prOgraMa dE QuaLIFICaÇÃO dE FOrnECEdOrEs EM COLatIna

O IEL-ES, em parceria com o Sebrae/ES e o Sinvesco, realizou no dia 24 de janeiro o Seminário de Sensibilização/Lançamento do Programa de Qualificação de Fornecedores da Indústria de Vestuário e Confecções para a região noroeste do Estado. O evento aconteceu no Auditório Marcos Guerra, no Centro Integrado SESI/SENAI/IEL de Colatina. Estiveram presentes o superintendente do IEL-ES, Fabio Dias; o diretor-técnico do Sebrae/ES, Benildo Denadai; e o presidente do Sinvesco, Edvaldo Vieira, além de representantes da Prefeitura Municipal de Colatina. Também participaram do evento cerca de 20 empresas do setor de vestuário e confecções da região. A proposta do programa é adaptar as empresas fornecedoras do segmento às necessidades das grandes e médias empresas locais. O programa prevê às fornecedoras um diagnóstico, plano de ação personalizado, consultorias individuais e capacitações em gestão da qualidade, gestão da produção e gestão financeira, fiscal e trabalhista, de forma a qualificá-las a atender com precisão às demandas do mercado. “Ao final do programa, as empresas que, após auditoria, tiverem comprovado o atendimento dos requisitos estabelecidos pelas compradoras, recebem certificado chancelado pelo comitê local do programa, do qual participam as empresas compradoras”, explica o superintendente do IEL-ES, Fábio Dias. O programa tem como mantenedoras - âncoras as empresas Incovel Indústria e Comércio de Vestuário S/A, PW Brasil Export S/A, Vest Brasil Moda S/A e Design Indústria de Confecções LTDA.

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No sistema

por Heliomara Mulullo

CAS Se ConSolidA Como Apoio AoS SindiCAtoS induStriAiS

tomando como diretriz o Plano de ação 2011/2014, o Centro de apoio aos sindicatos tem ganho destaque na FiNDes

O Centro de Apoio aos Sindicatos (CAS) é o braço da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FIndES) que dá suporte aos seus 30 sindicatos

associados, tendo como foco principal a interlocução e o fortalecimento do associativismo.

Sua estrutura, antes formada por núcleos, hoje é composta por uma equipe de 10 funcionários que têm como missão dar todo o suporte necessário relacionado às áreas de arrecadações sindicais e sociais, financeira, administrativa, contábil, realização ou participação em eventos, além de Gestão da Informação – fornecer feedback de seu desempenho mensal e anualmente.

desde 2011, o Centro de Apoio aos Sindicatos tem tomado como diretriz para desenvolvimento de suas atividades o Plano de Ação do CAS 2011/2014. Entre as diversas

ações já executadas, podem ser destacadas a modificação e modernização do layout para atendimento a novos executivos de sindicatos; novo mapeamento da Classificação nacional de Atividades Econômicas/CnAE, que representam cada segmento; informatização das salas de reuniões; sinalização das estações de trabalho dos executivos de sindicatos; e formatação de novo layout para os sites dos sindicatos.

O gerente darcy Lannes Cometti, há cinco meses à frente do Centro, enfatiza que a meta principal do CAS é fortalecer os sindicatos por meio do fomento ao associativismo. “Temos hoje 3.145 empresas associadas de 30 sindicatos e queremos fortalecê-las. Acreditamos que sindicato forte é empresa forte e por isso promovemos o associativismo. nesses cinco meses, avançamos muito na nossa gestão, formatamos o layout do CAS para inserirmos os executivos

Assim como o segmento de vestuário, várias outros têm seus sindicatos associados à Findes e apoiados pelo CAS

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do empresário para lidar com momentos financeiros difíceis, como o vivenciado atualmente na Europa. Com o setor unido, é possível identificar os riscos que irão afetar todas as empresas e traçar estratégias coletivas para enfrentá-los. Da mesma forma, o espírito associativo nos permite enxergar que os demais empresários não são exatamente concorrentes, mas sim parceiros em potencial. Representado através de um sindicato atuante, o setor se fortalece e cresce de modo igualitário e bem distribuído”, frisou.

Já para a diretora para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano da FINDES e presidente do Sinconfec (Sindicato da Indústria de Confecções de Roupas em Geral do Estado do Espírito Santo), Clara Orlandi, o CAS é um espaço onde os pequenos sindicatos podem ter um valioso apoio para as suas atividades. Ela destaca que a assessoria jurídica tem sido fundamental para o desenvolvimento das ações do Sinconfec. “O CAS é um centro de apoio muito importante para o Sinconfec. Nós, que estamos à frente de sindicatos menores, sabemos das dificuldades de se ter um escritório. E o CAS tem sido vital para o nosso sindicato nesse aspecto também”, concluiu.

dos sindicatos, além de reformular o nosso jornal. Estamos no caminho certo, dentro do planejamento da FINDES, e das 22 ações previstas para o CAS, já concluímos 16, estando outras oito em andamento. Começamos este ano batendo metas e com força total”, destacou.

“Dia DE associar-se”Algumas ações do CAS têm ganho destaque junto à

Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), e dentre elas está a realização do workshop “Dia DE Associar-se” em algumas cidades. Nos próximos dias 21 de março e 4 de abril, a capacitação acontecerá nas Regionais de Colatina e Cachoeiro de Itapemirim, respectivamente.

Vale ressaltar que o “Dia DE Associar-se” tem atraído atenção e grandes expectativas dos sindicatos e da Federação. O projeto surgiu como uma proposta de aproximação aos empresários, de forma que eles possam conhecer o associativismo tendo como base os serviços e produtos do CAS e compreender os benefícios de tal parceria. Com resultados muito além da expectativa, o evento tem movimentado uma grande força de trabalho no CAS e trazido à equipe a satisfação de tomar um projeto deste porte como desafio.

O diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (IDEIES), Antonio Fernando Doria Porto, destaca o trabalho desenvolvido pelo CAS, que conta com o apoio do IDEIES. “O CAS se articula com o IDEIES e o Instituto o apoia fortalecendo a responsabilidade sindical através de estudos e informações técnicas”, pontuou Dória.

Sindicatos reconhecem a importância do CAS para o associativismo

Dam Pessotti, presidente do Sinprocim-ES, destaca que o CAS é muito importante para os sindicatos e frisa a relevância do associativismo. “Este é a principal ferramenta

Serviço

Centro de Apoio aos Sindicatos – CASTelefone: (27) 3334-5690E-mail: [email protected]

“Com o setor unido, é possível identificar os riscos que irão afetar todas as empresas e traçar estratégias coletivas para enfrentá-los” Dam Pessotti, presidente do Sinprocim-ES

“o CAS é um espaço onde os pequenos sindicatos podem ter um valioso apoio para as suas atividades. A assessoria jurídica tem sido fundamental para o desenvolvimento das ações do Sinconfec”

Clara orlandi, diretora para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano da FiNDeS e presidente do Sinconfec

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14 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

cenário

por Ana Lúcia Ayub

Os desafiOs da indústria capixaba em 2012indústria quer agregar maior valor aos produtos capixabas, com menos dependência do comércio exterior

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A pós mais de uma década com índices de cresci-mento acima da média nacional, a indústria do Espírito Santo terá muitos desafios em 2012.

No ano passado, o Estado perdeu espaço no ranking nacional para os Estados do Paraná e Goiás. “Em 2011, a indústria capixaba cresceu 6,8%, quase 23 vezes a média nacional (0,3%), porém muito menos que o índice de crescimento de 22,3% registrado em 2010. Perdemos o primeiro posto para o Paraná (7,0%) e quase fomos alcançados por Goiás (6,2%). Ainda temos dinamismo diante da indústria nacional, porém precisamos ampliar os horizontes”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), Marcos Guerra. Os três Estados apresentaram as expansões mais acentu-adas no País, segundo o IBGE.

O crescimento registrado em 2011 foi basicamente impulsionado pela indústria extrativa (petróleo, gás e minério de ferro), que avançou 29,6% durante o ano. “Mas tivemos queda de 5,2% na indústria de transformação”, diz Guerra. Segundo ele, a indústria do ES é fortemente baseada em commodities e produtos de baixa intensidade tecnológica, motivo de ter sido ultrapassada pelo Paraná e quase alcançada por Goiás, Estados com indústria de forte valor agregado. O crescimento do Paraná foi puxado por veículos automotores (caminhões: +30%) e refino de petróleo e álcool para produção de óleo diesel, gasolina e álcool combustível (+12,1%). Já em Goiás, a alta foi estimulada, entre outras, pela indústria química, na produção de medicamentos (+36%).

Quase metade da indústria capixaba está vinculada ao comércio internacional. Produtos básicos, como placas de aço, pelotas de minério de ferro, petróleo, celulose, granito in natura e café, constituem ainda hoje 86,7% dos embarques feitos nos portos capixabas. “Acredito que devemos fortalecer ainda mais esses segmentos, porém os resultados obtidos por Paraná e Goiás devem nos servir de

reflexão para fortalecer também a indústria para o mercado interno, tendo em vista o aumento no poder de compra do brasileiro. Estamos aproveitando pouco este boom no comércio do país, que cresce a cada dia. Precisamos gerar maior valor agregado à nossa indústria, tornando-a mais competitiva no mercado nacional. Isso fortalecerá as indústrias locais, que possuem grande representatividade no interior do Estado, empregam mão de obra intensiva e se constituem numa importante ferramenta para a melhor distribuição do desenvolvimento do Espírito Santo”, afirma Guerra.

Desenvolvimento equilibradoPara ajudar a promover um melhor equilíbrio no

desenvolvimento estadual, a FINDES investiu na construção das sedes regionais, o que propicia que cada região discuta seus problemas e suas potencialidades de forma mais direta. Também criou o Conder – Conselho Superior de Desenvolvimento Regional, que atua como interlocutor para atrair investimentos industriais para o interior, e cinco Câmaras Setoriais, que atuam junto aos principais arranjos produtivos locais do Estado. Segundo o presidente do Conder, Áureo Mameri, os escritórios regionais proporcionaram um maior diálogo com as prefeituras e novas oportunidades para estabelecer parcerias com o SESI e o SENAI para a formação profissional de mão de obra. “Esse ainda é um dos grandes gargalos para a expansão de novos investimentos no interior do Estado”, afirma ele.

“A indústria do ES é fortemente baseada em commodities e produtos de baixa intensidade tecnológica, uma das causas de ter sido ultrapassada pelo Paraná,Estado com indústria de forte valor agregado”Marcos Guerra, presidente da FINDES

“Nessa nova estrutura concorrencial, somente as empresas com boa gestão

interna conseguirão melhorar sua produtividade”

Douglas Chamon, economista e consultor do IEL-ES

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“Mas não existe crescimento industrial sem investi-mentos em infraestutura. O desenvolvimento no interior só acontece se as condições forem atraentes. Para que os empreendimentos sejam implantados, são avaliadas as questões fiscais, transportes – rodoviário e ferroviário –, portos e financiamentos disponíveis. Para isso, a FINDES tem mantido um diálogo constante com as esferas gover-namentais, tanto municipais, quanto estadual e federal”, explica Mameri.

O secretário de Desenvolvimento do Estado, Márcio Félix, diz que interiorizar e equilibrar o desenvolvimento estadual, reduzindo as desigualdades regionais, é uma das priori-dades do governador Renato Casagrande. “Para vencer esse desafio, estabelecemos, no Plano Estratégico 2011-2014, políticas e programas capazes de promover a desconcen-tração das atividades produtivas, de forma a equilibrar a geração de emprego e renda para todo o território capixaba. Trabalhamos para atrair projetos e valorizar as vocações das regiões, para que possamos promover um desenvolvimento sustentável”, esclarece.

Alta carga tributáriaPara o diretor de Assuntos Tributários da FINDES,

Gibson Reggiani, os maiores desafios para a indústria são os altos tributos federais, as questões derivadas da complexidade tributária, o baixo nível de inovação da indústria nacional, a falta de infraestrutura do Estado e a baixa capacidade das empresas de atingir os mercados internacionais. “A crise é global e todos os mercados estão sendo afetados. O parque industrial do Espírito Santo é bem peculiar, onde poucas grandes empresas são voltadas basicamente para o mercado internacional e um número grande de micro, pequenas e médias empresas atendem ao mercado regional. As grandes empresas já vêm direcionando seus esforços de comercialização para os mercados asiáticos e, mais recentemente, para o mercado americano, que começa a esboçar uma recuperação. Mesmo assim, devem sofrer algum impacto com a crise”, diz ele.

Para Reggiani, as micro, pequenas e médias empresas devem ser as mais afetadas no Espírito Santo. “Não só pela dificuldade de alcançar novos mercados, como pelo conjunto de fatores estruturais, que já deveriam ter sido equacionados. Não existe essa perspectiva a curto prazo. O nível crescente de tributos tem desestimulado o consumo e fomentado a produção informal, causando desorganização do setor”, afirma. Segundo ele, o governo muda constantemente a legislação tributária com o pretexto de aperfeiçoar os mecanismos de tributação. “Isso dificulta a atividade, onera o processo comercial e gera insegurança no setor produtivo, devido à variada interpretação da legislação e ao alto custo das penalizações. Esse cenário não é novo. Ele vem sendo construído há algum tempo e a crise só serviu para evidenciar a fragilidade do setor industrial”, explica.

Vários segmentos da indústria capixaba reivindicam redução nos impostos e na carga tributária. A FINDES já propôs ao Governo do Estado rever as alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) para dar fôlego às indústrias que estão passando por um processo de desindustrialização. Nesses segmentos, nem a desoneração da folha de pagamento nem a elevação do teto do Simples Nacional foram suficientes para resolver a situação. Cerca de 10 Estados brasileiros concedem tributação de ICMS menor que o Espírito Santo. No Paraná, que alcançou o primeiro lugar na produção industrial no ano passado, o imposto é de 1,75% nas

“Não existe crescimento industrial sem investimentos em infraestutura. O desenvolvimento no interior só acontece se as condições forem atraentes”Áureo Mameri, presidente do Conselho Superior de Desenvolvimento Regional da FINDES

“Os maiores desafios para a indústria são os altos tributos federais, as questões derivadas da complexidade tributária, o baixo nível de inovação da indústria nacional e a baixa capacidade das empresas de atingir os mercados internacionais”

Gibson Reggiani, diretor de Assuntos Tributários da FINDES

cENáRIO

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operações interestaduais para os setores têxtil e vestuário, com projeto para expandir para outros arranjos produtivos. Em Goiás, a isenção do tributo é total. Mas a proposta da FINDES ainda está em negociação.

O setor de rochas, que vendeu ao mercado externo US$ 708,5 milhões em 2011, valor que representou 70% do total exportado pelo país, reivindica a isonomia competitiva.“Não podemos aceitar que o frete de um contêiner de Vitória para os Estados Unidos custe U$ 3 mil e um frete de Xangai para Los Angeles custe U$ 600,00”, diz o empresário Áureo Mameri, também diretor da Mameri Rochas.

Já os setores que contam com o Fundo de Desen-volvimento das Atividades Portuárias (Fundap) estão preocupados com o fim do incentivo, que deve ser apro-vado no Congresso Nacional este ano. O Fundap é considerado um benefício fiscal de ICMS. Pela proposta do Projeto de Resolução nº 72/2011, de autoria do senador Romero Jucá, o ICMS teria uma alíquota única nas operações interestaduais de mercadorias importadas e a maior parte do imposto seria cobrada somente no destino da mercadoria. Atualmente, uma mercadoria importada pelo Espírito Santo e transferida para São Paulo paga 12% de ICMS. Com a proposta, a alíquota cairia para 4%. Ou seja, haveria queda no imposto recolhido pelo ES que, com o projeto, pode assistir a uma debandada de empresas. Dos 12% do ICMS sobre importados, 3% ficam com os municípios e 1% com o Estado. Os 8% restantes voltam como incentivo às empresas.

CompetitividadePara o presidente Marcos Guerra, a FINDES tem que

estar sempre alinhada com o Governo do Estado para garantir maior competitividade para os setores industriais capixabas. “Devemos promover a melhoria na gestão das empresas e investir no valor agregado ao produto da indús-tria capixaba, mas precisamos agir em parceria com o Governo do Estado, que sempre tem ouvido as reivindica-ções e as necessidades de cada setor. Assim, ampliamos as ações para que possamos aumentar a capacidade competi-tiva da indústria e também atrair novos investimentos para o Estado do Espírito Santo”, diz.

O economista e consultor do IEL-ES, Douglas Chamon, alerta que nesse cenário, a indústria brasileira precisará de maior esforço para conquistar o consumidor interno e externo. “Nessa nova estrutura concorrencial, somente as empresas com boa gestão interna conseguirão melhorar

sua produtividade, tornando-se competitivas e oferecendo produtos com boa qualidade e menor preço”, afirma.

O secretário Márcio Félix confirma a intençãodo governo de trabalhar em parceria com a FINDES. “O que acontece é que os setores não crescem de forma homogênea e alguns são mais afetados pelas questões da competitividade, oriunda de diversos fatores, como a concorrência asiática, taxa de juros, a gestão interna e os próprios mercados. Nós temos acompanhado essas temáticas de perto e estamos trabalhando em parceria com a FINDES para vencer esses desafios. Temos discutido, em conjunto, os setores que precisam ser priorizados e estamos trabalhando no ajuste de foco dos programas existentes, como o Compete-ES, que inclui um braço voltado para a melhoria de gestão das empresas, e os contratos de competitividade”, diz ele.

“A ideia é aprimorar os contratos de competitividade existentes. No setor de rochas ornamentais, por exemplo, o Governo do Estado assinou, durante a última Vitória Stone Fair, em fevereiro, um protocolo de intenções com o Sindirochas que amplia os benefícios ao segmento, gerando mais oportunidades. Essas medidas devem estar associadas ainda a uma discussão nacional sobre a competitividade da indústria brasileira, que engloba uma pauta densa e complexa, mas fundamental para o desenvolvimento do Brasil, como as questões de logística e infraestrutura, custo do trabalho e qualificação dos trabalhadores”, conclui Marcio Félix.

Inovação tecnológicaDe acordo com Marcos Guerra, mesmo a indústria

extrativista pode e deve agregar maior valor ao seu produto, não trabalhando apenas com a exportação de matéria-prima básica, mas sim com produtos manufaturados. “Isso gera mais lucro para as empresas, pois o valor de mercado varia de quatro a dez vezes mais que o produto básico”, afirma. Mas para isso é necessário que novos investimentos sejam feitos em inovação tecnológica, segundo o dirigente.

“A ideia é aprimorar os contratos de competitividade existentes, tanto nos setores mais vulneráveis, quanto nos demais em que houver necessidade”Márcio Félix, secretário de Estado de Desenvolvimento

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IndústrIa EM aÇÃO

EstagIárIOs sElEcIOnadOs pElO IEl tOMaM pOssE na prEfEItura dE anchIEta

No último dia 23 de janeiro, 60 estagiários dos níveis técnico e superior, selecionados pelo IEL-ES, tomaram posse na Prefeitura Municipal de Anchieta. O evento aconteceu no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Antônio Libardi e contou com a participação do prefeito de Anchieta, Edival José Petri; da coordenadora de estágio do IEL-ES, Lorena Sathler; além de outros secretários, gerentes e assessores do município. Na ocasião, a coordenadora de estágio do IEL parabenizou a administração municipal pela iniciativa. “A Prefeitura de Anchieta está de parabéns por inovar e implantar o programa de estágio. Tenho certeza de que os novos estagiários irão mudar a vida administrativa em todas as áreas”, disse.

Ao todo, 60 estagiários dos níveis técnico e superior selecionados pelo IEL-ES tomaram posse na Prefeitura Municipal de Anchieta

EMbaIxadOr da cOrEIa vIsIta O EstadONo último dia 1º de dezembro, uma comitiva da Embaixada da Re-

pública da Coreia, composta pelo embaixador Kyonglin Choi, pela consulesa Weol Soon Kim e pela assessora econômica Regina Jeong, esteve reunida no Edifício FINDES para uma visita de cortesia, a fim de estreitar o relacionamento com representantes da indústria. Partici-param do encontro o 3º vice-presidente da Findes, Ernesto Mosaner; o presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos, Sergio Rogerio de Castro; além de empresários, diretores e colaboradores do Sistema FINDES.

Durante o encontro, Mosaner (à direita na foto) fez uma apresentação sobre o Estado do Espírito Santo, abordando aspectos políticos e econômicos, principalmente quanto aos investimentos previstos até 2015, além da balança comercial entre Espírito Santo e Coreia, com análise das oportunidades para a indústria capixaba naquele país.

O embaixador da República da Coreia vislumbrou boas oportunidades entre o Estado e o seu país. Além disso, Kyonglin Choi adiantou que pretende trazer empresários coreanos ao Espírito Santo ainda em 2012, a fim de expandir negócios e buscar possibilidades de investimento.

unIdadE MóvEl dO sEsI/sEnaI prOMOvE cursOs gratuItOs EM alfrEdO chavEs

O município de Alfredo Chaves recebeu, entre os dias 3 e 7 de dezembro, uma unidade móvel de panificação do SESI/SENAI, que promoveu cursos gratuitos nesse segmento. As oficinas foram voltadas para a população de baixa renda ou residente em municípios que não contam com unidades fixas do SESI/SENAI. A população local pôde aprender a fazer produtos como pão de queijo, tortas confeitadas e bolos, entre outros.

A iniciativa foi da Diretoria Regional de Anchieta e Região e representou mais um passo no fortalecimento das ações em prol do desenvolvimento do interior do Estado – uma das prioridades da atual gestão da Federação. A prefeitura do município, por meio de suas secretarias de Desenvolvimento e Assistência Social, foi parceira no evento.

“Colocando a mão na massa” durante as oficinas (da esquerda para a direita): Fernando Künsch (diretor da FINDES em Anchieta e Região), Fernando Videira Lafayette (prefeito de Alfredo Chaves) e membros do Conselho da FINDES na região

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indústria

por Ana Lúcia Ayub

Invasão chInesa ameaça a IndústrIa local

Enquanto no setor de vestuário a concorrência é no mercado interno, invadido por produtos asiáticos, para a indústria

moveleira o problema está na exportação

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“Só seremos competitivos para exportar, tendo que enfrentar países como a China, se tivermos os custos fiscais e trabalhistas com até um quinto do valor cobrado hoje no Brasil” - Luiz Rigoni, presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira da FINDES

A indústria da transformação vem vivendo uma crise em todo o Brasil. No Espírito

Santo, enquanto a produção industrial em geral teve um crescimento de 6,8% em 2011, a indústria de transformação

registra uma queda de 5,2%, segundo o Instituto de Desenvolvimento Industrial

do Espírito Santo (IDEIES). Além de enfrentar a concorrência acirrada de

produtos importados, a indústria sofre também com a supervalorização do real, a alta carga de

impostos e elevadas taxas de juros, que encarecem a produção. Os setores capixabas que enfrentam maiores dificuldades são os de bens salários (têxtil e vestuário, móveis, alimentos e bebidas).

Indústria têxtil é a mais afetadaUm dos mais vulneráveis é o setor do vestuário

(têxtil, confecções e acessórios e calçados), que vem enfrentando concorrência acirrada da China e de outros países asiáticos. A entrada desses produtos orientais no mercado brasileiro aumenta velozmente, tornando feroz a competição. A produção do setor já caiu 14,9% no País, afetando a indústria em metade das regiões brasileiras, segundo o IBGE. Nem a elevação no teto do Simples Nacional nem a desoneração da folha de pagamento – medidas tomadas pelo governo federal no ano passado – foram suficientes para dar fôlego ao segmento.

No Espírito Santo, o faturamento da atividade têxtil caiu 40% e, no ano passado, no setor de vestuário, várias fábricas computaram prejuízo. Em 2011, 192 empresas não resistiram à crise e fecharam as portas, de acordo com dados da Junta Comercial. Só no Polo de Moda da Glória, 70 fábricas foram fechadas em dez anos, das 120 que existiam. Em 2011, foram 38. Cerca de 210 postos de trabalho foram extintos entre novembro/2010 e novembro/2011.

Produtos com etiquetas com o termo “made in China”, “Vietnã e “Índia” são vistos no polo da Glória, tradicional por fabricar peças próprias. A invasão de produtos chineses é tão grande que até as Forças Armadas compram produtos fabricados na China.

A Lei das Licitações em vigor permite que as importações ocorram. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), as fardas não são importadas pelas Forças Armadas, e sim por empresas nacionais que vencem as licitações governamentais e contratam fabricantes chineses. “A Lei nº 8.666 (Lei das Licitações e Contratos Públicos) precisa ser revista, pois o próprio governo federal, a partir do momento em que não compra produtos de indústrias nacionais, como nesse caso, tem dado um mau exemplo”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), Marcos Guerra.

“Enquanto a indústria nacional sofre com pesada carga tributária, encargos trabalhistas excessivos, elevadas taxas de juros, além de ser obrigada a cumprir inúmeras exigências para oferecer o melhor produto pelo menor preço, o mesmo não acontece com a China, que sempre, devido à facilidade, oferece o menor preço. Entendo que o governo tenha que aplicar a lei pelo menor preço, mas precisa desenvolver mecanismos para que o menor preço seja disputado por empresas de manufatura nacional. Não podemos permitir que setores sob ameaça de desindustrialização sejam desprestigiados dessa forma, como vem ocorrendo até nas compras públicas”, diz Guerra. Só em 2011 as importações brasileiras de têxteis subiram 53% sobre o ano anterior, atingindo US$ 1,973 bilhão. A Ásia foi o maior fornecedor.

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indústria

“Além dos impostos, a indústria do vestuário é de natureza artesanal. Para cada máquina de costura, existem, no mínimo, três trabalhadores. Pequenas ações não são suficientes”José Carlos Bergamin, diretor do Sinconfec

Para tentar conter a crise no setor do vestuário brasi-leiro, o governo estuda a possibilidade de aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos produtos importados chineses, como fez com os auto-móveis. Além do vestuário, a medida pode se estender a qualquer segmento afetado pela crise global. Mas o presi-dente da FINDES ressalta que não adianta simplesmente aumentar o IPI do produto chinês. “Isso não vai resolver o problema. As indústrias nacionais continuarão sem poder competir. A compra é feita por milhares de importadores, a prática do dumping é constante e precisa ser combatida. Além disso, o yuan é administrado de forma flexível numa cesta de moedas, o real está supervalorizado, sem falar da mão de obra barata da China, sem encargos trabalhistas e outras exigências que são impostas à indústria nacional. Aumentar o IPI não inibirá a entrada dos produtos chineses no Brasil. Na hora em que tributarmos a impor-tação, os chineses, com a conivência de importadores brasileiros, encontrarão maneiras de driblar essa medida a seu favor, como já vêm fazendo”, esclarece.

Solução é reduzir impostosPara os empresários do ramo do vestuário, o custo

da produção e os impostos são muito altos. “Além dos impostos, a indústria do vestuário é de natureza artesanal. Para cada máquina de costura, existem, no mínimo, três trabalhadores. A conta não está fechando há muito tempo. No ano passado, reduzimos o preço dos produtos para competir no mercado nacional, mas o setor, que já estava frágil, ficou descapitalizado. Pequenas ações não são suficientes”, afirma o diretor do Sindicato da Indústria de Confecções de Roupas em Geral do ES (Sinconfec), José Carlos Bergamin.

O presidente da FINDES, Marcos Guerra, defende a estipulação de cotas para importação, a exclusão na lista de produtos que recebem incentivos na importação e a redução da carga tributária nos setores que enfrentam ameaças. “O governo deveria reduzir o PIS e a Cofins, assim como reduziu o IPI na indústria automotiva, move-leira e nos produtos da chamada ‘linha branca’, elevando o consumo e promovendo a consequente recuperação do segmento. Mesmo como medida temporária, daria fôlego aos setores da indústria de transformação diante da crise, que são muito importantes para o mercado local, já que são setores que empregam um grande número de traba-lhadores”, afirma.

Quanto ao governo estadual, a reivindicação da categoria é pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), segundo Paulo Vieira, presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da FINDES. “As medidas tomadas até agora não foram suficientes para dar fôlego às indústrias. No Espírito Santo nós temos muita concorrência de outros Estados em relação aos incentivos do ICMS. Num levantamento realizado pela FINDES, ficou apurado que 10 Estados brasileiros concedem tributação de ICMS menor que o Espírito Santo. Nós pagamos 5% nas vendas interestaduais e 7% nas vendas estaduais. Nos Estados da Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, o tributo é próximo de zero, mas o nosso maior competidor hoje é o Estado do Paraná, que paga 1,75% de ICMS nas operações interestaduais e pretende zerar a alíquota. O problema é

“a categoria reivindica a redução do iCMs, pois a concorrência dos produtos é muito grande em relação a outros Estados. Cerca de 10 Estados brasileiros concedem tributação de iCMs menor que o Es”

Paulo Vieira, presidente da Câmara setorial da indústria do Vestuário da FindEs

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que, na medida em que as empresas reduzem o preço das mercadorias para se tornarem mais competitivas, elas diminuem o capital de giro e a lucratividade. Isso as leva ao colapso. A indústria capixaba precisa trabalhar com índices próximos a esses Estados. O governo estadual tem sido sensível à reivindicação do setor, mas as propostas para reduzir o ICMS ainda estão sendo negociadas. A próxima reunião será este mês (março)”, explicou.

Setor moveleiro sofre no mercado externo

O setor moveleiro é outro que também sofre concorrência da China, só que no mercado externo. A China atualmente é o vendedor número um de móveis no mundo. No Brasil, as exportações de móveis somaram 711 mil peças em janeiro, resultado 15,2% menor quando comparado ao mesmo período em 2011 (839 mil peças), de acordo com o Ministério da Indústria e Comércio (MDIC/Secex).

Em 2011, foram exportados US$ 763 milhões, contra US$ 789 milhões em 2010, uma queda de 3,3%. No Espírito Santo, as exportações não chegam a somar 1% do faturamento do setor, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Madeira e do Mobiliário da Região Norte do ES (Sindimol), Almir Gaburro. “No mercado interno a concorrência com a China é pouco representativa, uma vez que o frete de móvel - que é um produto volumoso - dificulta a concorrência no Brasil”, acrescenta o presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira da FINDES, Luiz Rigoni.

“O maior problema do setor é a excessiva carga de impostos e o número de taxas, tributos e contribuições. Só seremos competitivos para exportar, tendo que enfrentar países como a China, se tivermos os custos fiscais e traba-lhistas com até um quinto do valor cobrado hoje no Brasil”, diz Rigoni. Segundo ele, a elevação do teto do Simples Nacional deu um pouco de fôlego às fábricas instaladas no ES. “Mas o Compet-ES precisa ser mantido e repac-tuado, visando a melhorias no setor”, explica.

Quantitativo de empresas do ramo de confecções Que foram encerradas em 2011 no es

Fonte: Junta Comercial do Estado do Espírito Santo - Jucees

Até 6

Entre 9 e 17

PEDROCANÁRIO

1

BOA ESPERANÇA

1

PANCAS

62

RIO BANANAL

5

1ARACRUZIBIRAÇU

16

SERRA

1

9

SANTA LEOPOLDINA

CARIACICA VITÓRIAVV17

1VIANA

3MARECHAL FLORIANO1

CONCCONCCONCEIÇÃOCONCCONCDD ODO CASTELODD OO

1

MUNIZFREIRE

2

ALEGRE

1

1

GUAÇUÍ

1

1

SÃOJOSÉ DOCALÇADO

BOM JESUS DONORTE

2

MUQUIATILIO

UAVIVACQUUUUUU 1ITAPEMIRIM

1

PRESIDENTEKENNEDY

1ÚMAÚMAAPIÚMÚMÚM

1

EMVARGEMEMEMEMALTA 9

GUARAPARI

42

CACHOEIRODE ITAPEMIRIM

2

22

3

AAMARILÂNDIAAAAAAAA

COLATINABAIXOGUANDU

38

VILA VELHA

VILA PAVÃONOVA VENÉCIA

11

SOORETAMA

2

ÁGUIA BRANCA

1 SÃO GABRIEL DA PALHA

6

SÃO MATEUS

4

LLL VILAA AVALLÉRIOL

1

1SANTA TEREZA

A partir de 22

Total: 192

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indústria

O setor também defende mudanças no IPI. “A Associação Brasileira da Indústria de Móveis (Abimóvel) solicitou ao governo federal o IPI zero por um deter-minado período, mas a Câmara da Indústria Moveleira da FINDES defende a redução do imposto de 5% para 3% em caráter permanente”, explica Rigoni. A indús-tria moveleira foi excluída dos setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento. A retirada foi um pedido dos próprios empresários do segmento, que não viram ganhos com a mudança do regime de tributação. A Lei nº 12.546/2011, que criou o Plano Brasil Maior no ano passado, impõe que empresas substituam a contri-buição de 20% sobre a folha de pagamentos, destinada à Previdência Social, por um recolhimento entre 1,5% e 2,5% sobre seu faturamento bruto. As indústrias benefi-ciadas foram as de couros (calçados e bolsas) e confecções, empresas de tecnologia de informação e call center.

Em 2012 o setor capixaba deve se manter estável, por conta do crescimento da indústria da construção civil. “Isso eleva a demanda por móveis”, afirma Luiz Rigoni. Para o presidente do Sindimol, Almir Gaburro, o maior desafio para 2012 será avançar no mercado consu-midor da nova classe C. “Esse será o foco neste ano. Vamos aprimorar a qualidade dos móveis para conquistar esse público, que tem um alto nível de exigência por qualidade e preço. Mas para nos tornarmos competitivos no mercado, temos que reduzir os custos e a carga tributária”, diz ele.

“Também precisamos investir em novas tecnologias, novos materiais e design. Um dos primeiros passos foi dado no sentido de implantar uma fábrica de MDF no município de Pinheiros, o que facilitará o acesso à nossa principal matéria-prima”, afirma. A fábrica, que deve começar a operar em 2015, pertence a um grupo de 48 empresários do norte do Estado. O MDF fabricado no Espírito Santo sairá 15% mais barato do que o que vem de outros Estados (São Paulo, Paraná e Santa Catarina), devido ao custo do frete, que gira em torno de 15% do preço do produto.

Em 2011, até novembro, o faturamento das indústrias moveleiras avançou 1,3% no País frente ao mesmo período de 2010, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, a pesquisa mostra uma queda nas horas trabalhadas na produção e na utilização da capacidade instalada. O volume de empregados do setor também caiu no Brasil, ficando 4,2% menor que o observado em 2010.

“a Lei nº 8.666 (Lei das Licitações e Contratos Públicos) precisa ser revista, pois o próprio governo federal, a partir do momento em que não compra produtos de indústrias nacionais, tem dado um mau exemplo”

Marcos Guerra, presidente da FindEs

A indústria do vestuário é a mais afetada pela

concorrência chinesa, no Espírito Santo e em

todo o Brasil. Apenas no Estado, 192 empresas

do segmento fecharam as portas em 2011

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Inovação

IndústrIa busca referêncIas e parcerIas para centro de Inovação capIxaba

agregar valor à produção, garantindo a competitividade da indústria estadual, é o objetivo central da iniciativa

por Heliomara Mulullo

Uma missão empresarial da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES) tem viajado por cidades brasileiras buscando conhecer melhor o

ambiente e as oportunidades que podem ser replicadas no Estado para viabilizar a construção de um Centro de Pesquisa e Inovação Capixaba.

Somente no mês de janeiro, foram realizadas duas visitas pela comitiva, formada pelo presidente da FINDES, Marcos Guerra; o vice-presidente, Manoel Pimenta; o presidente do Sindifer e diretor para Assuntos de Inovação Industrial da FINDES, Luiz Alberto Souza Carvalho; o diretor Luciano Raizer Moura; o vice-presidente do Conselho de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec) da FINDES, Luiz Toniatto; e Antônio Falcão, diretor do Sindifer.

No dia 10 de janeiro, o grupo esteve em Campinas, São Paulo, onde conheceu dois dos mais importantes centros de alta tecnologia do País, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e o Instituto Eldorado, que juntos empregam mais de 1.700 profissionais. No dia 31 do mesmo mês, a missão esteve no

polo de tecnologia de Florianópolis, em Santa Catarina, nas instalações do Certi – Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras, que tem como missão prover o setor empresarial e industrial com soluções tecnológicas inovadoras e competitivas. A instituição tem atuação nacional e hoje atende mil empresas no Brasil, contando com 500 colaboradores.

Em Santa Catarina, também foi visitado o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Inovadoras (Celta), que é pioneiro em incubação de empresas no Brasil, e abriga hoje 35 empresas de base tecnológica (EBTs), que faturam cerca de R$ 40 milhões/ano, tendo já graduado outras 68 EBTs. Juntas, elas hoje faturam cerca de R$ 1,4 bilhão/ano. A última visita será à cidade de Salvador, no Simatec, instituição de tecnologia e inovação sob a gestão do SENAI da Bahia.

O presidente da FINDES, Marcos Guerra, explica o porquê da missão. “Temos que ir a campo para conhecer centros de inovação que são casos de sucesso no Brasil. Precisamos estudar formas para que o nosso centro seja

Diretoria da FINDES visitou Centros Tecnológicos em

Campinas, entre outros

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autossustentável, buscar parcerias com grandes e médias empresas, que passarão a ser nossos clientes. Essas parcerias é que serão a base de sustentação do Centro de Pesquisa e Inovação Capixaba, podendo, inclusive, promover a criação de incubadoras de empresas menores que, por sua vez, trabalhariam para atender às suas demandas, desenvolvendo novas tecnologias, novas patentes, a criação de marcas e novos produtos”.

Já o vice-presidente da FINDES, Manoel Pimenta, informou que, em 2012, o objetivo é concluir toda a fase de documentação do Centro de Pesquisa e Inovação Capixaba. “Assim, em 2013, podemos iniciar a fase de execução”, estima. Ele ressalta que nas visitas realizadas, as iniciativas que mais chamaram a atenção encontram-se na área de Tecnologia da Informação.

“Ficamos surpresos com as empresas que desenvolvem TI e queremos utilizar a sua base de conhecimento para ser aplicada na inovação das indústrias tradicionais capixabas, como as dos setores metalmecânico, vestuário, alimentos e rochas, entre outros”, disse.

Espaço autossustentávelSobre o Centro de Inovação Capixaba, o presidente da

FINDES, Marcos Guerra, destaca a necessidade de sua autossustentabilidade e do atendimento às demandas de pequenas,médias e grandes empresas.

“Todo e qualquer centro de inovação precisa estar alinhado de forma ampla com universidades e demais instituições de ensino, além da utilização de profissionais altamente qualificados, pois os resultados que queremos gerar têm que ser os melhores possíveis. Os produtos mais competitivos são o novo, e aqueles de maior valor agregado, maior tecnologia e patentes próprias”, destacou.

Em relação ao investimento previsto, Guerra frisa que tudo dependerá da demanda. A FINDES pretende começar o projeto inicialmente numa escala menor, a exemplo do que ocorreu com o Instituto Eldorado, de Campinas,

Agregar valor à produção, garantindo a competitividade da indústria estadual, é o objetivo central da iniciativa

São Paulo, que começou com 25 pessoas e hoje conta com mais de 500 colaboradores. “A princípio, vamos atender poucos setores, principalmente aqueles que demandam projetos em inovação”, afirma o presidente, esclarecendo que o centro de pesquisa e inovação poderá ser ampliado de acordo com o aumento da demanda, com o sucesso do que já tenha sido desenvolvido e, certamente, abranger todos os setores da indústria capixaba. “O próprio mercado é que ditará o tamanho do projeto e as demandas determinarão o que será feito. A importância do centro não está só no espaço físico, na obra em si, mas sim na capacidade de criar de profissionais e inventores que farão parte do grupo de trabalho, atualizados com as mais modernas tecnologias e tendências de mercado”, pontuou.

O presidente do Sindicado das Indústrias Metalúrgi-cas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer) e diretor para Assuntos de Inovação Industrial da FINDES, Luiz Alberto Souza Carvalho, relata que o Centro de Inovação Capixaba funcionará por meio de par-cerias públicas e privadas. “Esperamos que o governo tam-bém se una ao projeto que estamos buscando. Da parte do empresariado, a iniciativa é bem-vinda, pois já foi apresen-tada aos presidentes de sindicatos e entidades de classe”.

No roteiro da missão, também estão incluídas as inicia-tivas tecnológicas desenvolvidas no próprio Espírito Santo. “O Estado também tem suas referências inovadoras. Visitamos recentemente o Centro de Excelência Tridimen-sional (CE3D), cujo gerenciamento é feito pelo Centro de Tecnologia de Computação Gráfica (CTGraphics) e funciona nas dependências da incubadora de base tecnoló-gica TecVitória. Além disso, somos parceiros da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV). Estamos buscando o que há de melhor nesse sentido para criarmos o Centro de Inovação. Acreditamos que a indústria capixaba precisa inovar para se manter no mercado e o empresário deve fazer a sua parte”, disse Luiz Alberto, lembrando que o espaço será destinado a incubadoras, conjunto de escolas avançadas e laboratórios, entre outros fins.

“Estamos buscando o que há de melhor para criarmos o centro de inovação. Acreditamos que a indústria capixaba precisa inovar para se manter no mercado e o empresário deve fazer a sua parte”

Luiz Alberto Souza Carvalho, diretor para Assuntos de Inovação Industrial da FINDES

“Em 2012, o objetivo é concluir toda a fase de documentação do Centro de Pesquisa e Inovação Capixaba” Manoel Pimenta, vice-presidente da FINDES

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IndústrIa EM aÇÃO

cursO tEMátIcO dE InOvaÇÃO

A Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES) realizou, no dia 29 de fevereiro, um curso temático sobre Inovação. O conteúdo do treinamento foi desenvolvido por especialistas do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), que é executado pela Federação em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ministradas pelo consultor José Fernandes Mattos, especialista na área da Qualidade, as aulas contextualizaram o papel da inovação frente à competitividade e abordaram temas de interesse da indústria, como as estratégias e linhas de fomento à inovação; a gestão estratégica da inovação; as dimensões estratégicas da inovação; e os métodos e ferramentas de gestão da inovação.

IndustrIaIs vIsItaM O POLO cacIMBas da PEtrOBras

A reunião da Diretoria da FINDES em Linhares e Região, realizada no dia 7 de fevereiro, aconteceu em um ambiente diferente desta vez. Os conselheiros participaram do encontro nas instalações da sede da Petrobras – Polo Cacimbas. O objetivo foi conhecer o projeto de criação do novo Gasoduto, sempre pautado por atender às indústrias da região. A comitiva foi organizada pelo gerente da unidade da Petrobras – Cacimbas, Washington Luiz Vinturini, que também é conselheiro da Regional de Linhares da Federação. Durante a reunião, foram apresentadas informações importantes, entre elas, a necessidade de formação de profissionais para atender aos investimentos previstos pela estatal em todo o Estado. Também participaram da visita a superintendente do SESI e diretora regional do SENAI, Solange Siqueira, o diretor da FINDES em Linhares e Região, Paulo Joaquim do Nascimento e o gerente do Centro Integrado SESI/SENAI de Linhares, Jairo Menezes, entre outros conselheiros.

sIndIMEcânIca dEfInE PrIOrIdadEs Para 2012

O Sindicato da Indústria Mecânica do Espírito Santo (Sindimecânica) está realizando uma série de reuniões para tratar das prioridades neste ano. Entre as ações programadas está uma parceria com o Instituto Brasileiro de Engenharia de Cursos (Ibec), que resultará em um ciclo de palestras voltado para o desenvolvimento tecnológico e controle de custos na produção das empresas que fabricam máquinas, peças e equipamentos no Estado. A próxima palestra programada está marcada para acontecer no dia 8 de março, a partir das 17h, na sala multimídia no 1º andar do Edifício FINDES. Os temas são voltados para assuntos que envolvem melhorias nas áreas operacionais e de gestão das indústrias. Para ter acesso ao cronograma anual de reuniões e assembleias do sindicato, basta fazer a solicitação pelo e-mail [email protected].

sIndIcaLÇadOs acOMPanha nOvIdadEs dO sEgMEntO

O Sindicato da Indústria de Calçados do Espírito Santo (Sindicalçados) não ficou alheio às novidades em calçados e acessórios para a estação outono/inverno 2012. A entidade, representada pelo presidente Altamir Martins, esteve presente na 23ª Espírito Santo Calçados, feira realizada entre os dias 14 e 16 de fevereiro, no Centro de Convenções de Vila Velha. Associadas, as empresas Pimpolho, Itapuã e Ducouro fizeram bonito, expondo os seus produtos.

Diretoria da FINDES em Linhares e Região aconteceu na sede da Petrobras – Polo Cacimbas

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EspEcial

por Jacqueline Vitória

Construção Civil quer aCelerar em 2012O setor de construção civil começa 2012 mais frio, tanto na atividade da indústria como no crédito imobiliário residencial. Mas a perspectiva é de um ritmo crescente este ano

30 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

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C ada um dos três principais segmentos da indústria da construção – a indústria imobiliária; as obras corporativas, que são as grandes plantas

industriais, e as obras públicas – tem apresentado respostas em escalas diferentes aos fenômenos econômicos. O ano especificamente de 2011 não foi tão bom quanto 2010, analisa Constantino Dadalto, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES).

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de atividade da construção, considerando todos os nichos, ficou abaixo dos 50 pontos pelo quinto mês seguido em dezembro de 2011. E um resultado menor que 50 pontos significa retração.

Ainda de acordo com os dados da CNI, a pior situação em dezembro, na comparação com o desempenho esperado para o mês, foi a das empresas de pequeno porte (45,6 pontos). Em relação ao ramo de atividade, o de obras de infraestrutura é o que mais tem sofrido: encerrou o ano passado aos 48,4 pontos - e completou 11 meses seguidos abaixo dos 50 pontos. No Espírito Santo, especificamente, o Sinduscon e o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Espírito Santo (Sindicopes) ainda não fecharam os dados relativos a 2011.

Obras públicas e grandes plantasNo entanto, um cenário semelhante pode ser sentido no

Estado. O problema foi a perda de receita dos municípios e a não conclusão de obras do Governo do Estado, ocasionando um ritmo bem mais lento em 2011. E com as quedas das receitas dos municípios, as contratações de execução de obras ficaram aquém do esperado.

As obras corporativas das grandes plantas, também por indefinição por conta dos reflexos da crise internacional nos investimentos, sofreram uma estagnação nos projetos. “As companhias retraíram os seus planos de investimentos e a realidade também ficou aquém da expectativa que tínhamos para as grandes plantas e que esperávamos retomar em 2012”, disse Constantino.

Já a indústria imobiliária vai muito bem, com grandes lançamentos. A informação do Sinduscon-ES é que 70% do que foi produzido está vendido, e o mercado está pujante, com grande movimentação nos canteiros. Vila Velha hoje concentra 40% das obras,

seguida por Serra, Vitória e Cariacica, nessa ordem. O resultado para o segmento foi bastante positivo.

“Temos uma expectativa de retomar as obras das grandes plantas industriais em 2012, e também as obras do Governo do Estado e das prefeituras, mas num nível menos representativo do que o da indústria imobiliária, para a qual temos absoluta certeza de que 2012 será melhor que 2011, na faixa de 5,5% de crescimento”, destacou o presidente do Sinduscon.

Acomodação do setorUma avaliação mais crítica tem o presidente da

Lorenge, José Elcio Lorenzon, lembrando que, passada a turbulência motivada pelas empresas de capital aberto (ações em bolsa), que avassaladoramente dominaram o mercado capixaba nos últimos quatro anos e em seguida endereçaram-se, uma após outra, para outros territórios, o mercado imobiliário regional vive momentos de acomodação, deixando transparecer, nos grandes lançamentos dessas empresas, o excessivo apetite pela conquista de um mercado menos poderoso. Restaram para as empresas locais espaços pulverizados, com lançamentos menores, visando a atender ao crescimento vegetativo, com ênfase para vetores de crescimento potencializados por polos industriais e de desenvolvimento.

“Temos absoluta certeza de que 2012 será melhor que 2011, na faixa de 5,5% de crescimento” Constantino Dadalto, presidente do Sinduscon

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Mas as empresas não se intimidaram com os níveis de oferta existentes e partiram para lançamentos em pontos estratégicos, com demandas localizadas. Novos cenários, como Praia de Itaparica (Vila Velha), Aracruz, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim e Guarapari tornaram-se atrativos e estão contemplados com projetos inovadores, em sua maioria destinados à classe média, que até então

não tinha oportunidade de financiar um apartamento em 30 anos com taxas de juros acessíveis.

Pela sua natureza, o segmento da construção civil é pujante, razão pela qual acompanha e promove o crescimento das cidades. Mas Lorenzon pontua que a tarefa para 2012 ainda merece considerações específicas. Ao segmento, em sua opinião, cabe a geração de estrutura para receber inúmeros e grandes investimentos, como Edison Chouest (apoio logístico para plataforma de petróleo); Ferrous; Polo Gás-Químico de Linhares; estaleiro Jurong (Aracruz); Itatiaia (Sooretama); e Grupo Paranapanema (São Mateus), entre outros. “Somados ao polo siderúrgico de Ubu e às prospecções da Petrobras, são investimentos suficientes para garantir a expansão dos negócios dos empreendedores da construção civil”, ressalta Lorenzon.

Sem exceção, todos esses empreendimentos se realizam dentro de uma estrutura que envolve planejamento, projeto e execução. Eles influenciam sobremaneira na geração da renda, do emprego e da riqueza. “Não é possível admitir inibição das taxas de crescimento do Estado, quando somos contemplados com inúmeras oportunidades alvissareiras”, pondera o presidente da Lorenge.

especial

evolução do pib da construção civil

* Projeção PIB Nacional da Contrução Civil da CBIC

pac pmcmv

1,1

-3,3

6,6

Variação % do PIB Nacional

Variação % do PIB da Construção Civil

5,73,0

1,8

4,7

3,7

5,8

4,9

7,9 7,5

4,8

3,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

11,6

4,8

-0,7

-0,3

lei nº 10.931

“tivemos uma redução na contratação de serviços, inclusive devido à mudança de governo. e o início de qualquer governo é um pouco mais seguro em termo de investimentos. principalmente com essa situação preocupante em relação aos royalties e ao Fundap. É natural preservar essas duas fontes de recursos”

José carlos chamon, presidente do sindicopes

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Mar/2012 – nº 299 Indústria Capixaba – FINDES 33

A cadeia produtiva da construção civil no País segue uma dinâmica, revela Chamon: melhora a economia, melhora a construção civil. “É o setor que mais rápido recebe os reflexos da economia. O Espírito Santo está num contexto diferenciado do País. Temos a Vale, a ArcelorMittal, a Aracruz, temos a concessão da BR 101. Temos um pacote de obras muito grande. O Governo do Estado tem mantido, dentro do possível, os investimentos previstos na média do governo anterior. O que não temos é uma expectativa de crescimento, apesar de termos nos mantido num patamar para não ter desemprego. Estamos tendo dificuldades de mão de obra, como operador, e este é o termômetro para que a gente verifique que o mercado está aquecido”, diz o presidente do Sindicopes.

Dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE mostram que, em dezembro do ano passado, 7,7% da população empregada estava alocada na construção civil. De 2003 a 2010, a taxa média de crescimento do PIB brasileiro foi de 4,4% ao ano, enquanto a taxa média de crescimento para esse setor foi de 5,2% ao ano, o que levou a um aumento da participação do setor no PIB de 4,28% para 4,5%.

Em relação à participação no setor industrial, a construção civil passou de 19,1% para 21,5% no mesmo período. Esse crescimento recente tem levado a uma maior

Deficiência de recursosCompartilhando do mesmo raciocínio do presidente da

Lorenge, José Carlos Chamon, presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado do Espírito Santo (Sindicopes), lembra que a construção civil é um setor que sofre bastante em períodos recessivos, porque depende diretamente da disponibilidade de crédito e demanda de investimentos.

Segundo Chamon, no ano de 2011 a construção civil relacionada a obras públicas e de infraestrutura registrou uma diminuição no ritmo em relação a 2010. “Tivemos uma redução na contratação de serviços, inclusive devido à mudança de governo. E o início de qualquer governo é um pouco mais seguro em termos de investimentos, principalmente com essa situação preocupante em relação aos royalties e ao Fundap. É natural preservar essas duas fontes de recursos”, ressalta José Carlos Chamon.

A expectativa para 2012 é que o panorama volte à normalidade e que haja mais recursos do Estado. Na visão do presidente do Sindicopes, no Espírito Santo o setor privado continua investindo e apostando nas possibili-dades de execução de projetos de instalação de indústrias, o que deverá trazer muito serviço para o setor. Nesse aspecto, as principais expectativas referem-se à Samarco, Vale e Itatiaia (em Sooretama), entre outras.

Obras públicas, como a duplicação da Avenida Lindenberg, tiveram queda no ritmo em 2011. O Sindicopes espera um cenário melhor para 2012

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34 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

especial

em máquinas e equipamentos nos últimos anos superou a média mundial de 7,6%, e teve resultados melhores no crescimento do PIB em 2010, 7,9%.

O estudo aponta que, até 2014, o país investirá R$ 1,8 trilhão em máquinas e equipamentos. Caso a estimativa se confirme, o gasto alcançaria 11% do PIB, acima dos 7,9% observados no ano passado. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Euvaldo Lodi do Espírito Santo (IEL-ES), a idade média dos equipamentos no Estado é de 5,9 anos.

No âmbito nacional, o presidente do Sindicopes considera que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa 2014 e as Olímpiadas 2016 proporcionaram o aumento nas obras de infraestrutura no Brasil, o que possibilitou o crescimento da construção civil brasileira mesmo em um cenário de crise mundial.

As expectativas são positivas também para a construção civil hoteleira com a chegada desses grandes eventos, segundo divulgou em janeiro a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES). O setor hoteleiro tem sido pouco contemplado no âmbito político, que tem como foco o turismo emissivo, gerando déficit à economia brasileira.

De acordo com a ABIH-ES, uma pesquisa realizada pelo Senac nacional sobre a Copa de 2014 aponta que até a realização do evento está previsto o investimento de cerca de R$ 2,17 bilhões na construção de 76 hotéis, com 12.998 UHs (unidades habitacionais), na região Sudeste, gerando 7.073 novos empregos. O estudo também revelou que há 101 milhões de pessoas na classe C, mas apenas 4% delas estão viajando, contra 48% da população enquadrada na classe A e 47% na B.

O empresariado do setor da construção civil espera a recuperação financeira dos municípios, a continuidade e ritmo mais acelerado de desenvolvimento do Estado, com investimentos e apoio no âmbito federal para a conclusão de obras no Espírito Santo. E o fato é que em 2012 o aquecimento do setor depende mais dos governos do que da iniciativa privada no setor da construção civil.

Indicadores 2011 Observações

crescimento do piB (em %) 4,80% Projeção CBIC

Número de vagas formais gerados

309.425Período janeiro a

out/11 - Caged/MTE

estoque de trabalhadores com carteira assinada

2.848.684Outubro/11 - Caged/

MTE

Variação % do iNcc-M/FGV 7,21%Período janeiro a

novembro/11

Variação materiais, equip. e serviços

4,37%Período janeiro a

novembro/11

Variação mão de obra 10,20Período janeiro a

novembro/11

Taxa de desemprego – % 3,09%Média de janeiro a

outubro/11 para conj. 6 RMs - PME/IBGE

consumo de cimento crescimento %

8,43%Janeiro a agosto/11 em relação igual ao período 2010 - SNIC

consumo de vergalhão crescimento %

8,66%Janeiro a setembro/11

em relação igual período 2010 - IABr

Financiamento imobiliário – sBpe

18,10%

Crescimento número unidades financiadas jan-out/11 em relação iguais meses 2010 - SBPE (construção

e aquisição)

Faturamento total deflacionário vendas mat. contrução

2,40%Janeiro a outubro/11 em relação igual ao

período 2010

coNsTrução ciVil – resuMo dos priNcipais iNdicadores – Brasil

Fonte: Banco Central, IBGE, Ministério do Trabalho e Emprego, Fundação Getúlio Vargas, Sindicato Nacional da Ind. Cimento, Instituto Aço Brasil, Abramat.

demanda por profissionais da área, pressionando os salários. Uma avaliação recorrente sobre o setor pela PME-IBGE registra que o percentual de empregados com carteira assi-nada no segmento passou de 24,8% em dezembro de 2003 para 40,9% em dezembro de 2011.

Máquinas, equipamentos e hotelariaA cadeia produtiva da construção civil no País também

tem aumentado a participação no PIB. De acordo com estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o investimento brasileiro

“Não é possível admitir inibição das taxas de crescimento do Estado, quando somos contemplados com inúmeras oportunidades alvissareiras” José Élcio Lorenzon, presidente da Lorenge

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IndústrIa EM aÇÃO

BanEstEs dIsPOnIBILIZa r$ 500 MILhõEs Para a IndústrIa

Indústrias filiadas a sindicatos associados à Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES) vão contar com produtos e serviços oferecidos pelo Banestes com taxas, prazos, carência e garantias diferenciadas. Esse é o objeto do convênio firmado no dia 16 de fevereiro entre o banco e a FINDES, em reunião realizada na Federação. As linhas de crédito disponibilizadas abrangem um total de R$ 500 milhões.

O presidente da FINDES, Marcos Guerra, afirmou acreditar que o convênio veio para “estabelecer um aproximação da indústria com o Banestes e fazer do banco um banco de negócios, principalmente para as micro, pequenas e médias empresas”. As indústrias poderão, por exemplo, utilizar as linhas de crédito para a expansão/modernização de suas instalações; financiamento à importação; e para a aquisição de máquinas e equipamentos.

O objetivo da parceria, segundo o diretor-presidente do Banestes, Bruno Negris, é contribuir com linhas de crédito comercial e industrial em condições especiais para a modernização do parque industrial do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, atrair novos clientes e oportunidades de negócios para o banco. “O convênio também permitirá estreitar os laços com as indústrias instaladas no Estado”, complementou Negris.

PrOgraMa “sELO VErdE” cErtIfIca EMPrEsas caPIxaBas

No dia 26 de maio, o Sindicato da Indústria da Borracha e da Recauchutagem de Pneus no Estado do Espírito Santo (Sindibores) realiza a cerimônia de certificação do Programa “Selo Verde”. O evento acontece a partir das 18 horas, no Salão da Indústria, que fica no 1º andar do Edifício FINDES, na Avenida Nossa Senhora da Penha, 2053, Santa Luiza, Vitória.

Na ocasião, o presidente do sindicato, Rogério Pereira dos Santos, vai entregar os certificados às empresas que se adequaram aos critérios elaborados para o setor de reforma de pneus pela Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O programa de Rotulagem Ambiental tem como objetivo adequar as empresas reformadoras de pneus que pretendem reduzir os impactos ambientais associados ao desenvolvimento de seus produtos, proporcionando um diferencial competitivo no mercado, quando comparado aos fabricados fora dos critérios estabelecidos pelo rótulo ecológico ABNT.

PEsquIsa dO sEsI/sEnaI rEndE IPad Para EMPrEsárIO

O empresário Victor Faé, da Bon Apetit, foi o ganhador do Ipad 2 sorteado pelo SESI/SENAI no último dia 20 de dezembro. O sorteio foi realizado entre os participantes de uma pesquisa feita pelas entidades junto ao empresariado capixaba, que teve como objetivo detectar a percepção desses em relação aos serviços oferecidos pelo Sistema FINDES e direcionar as novas estratégias de atendimento às indústrias. A pesquisa foi realizada entre 23 de novembro e 20 de dezembro e contou com a participação de 107 empresários.

Na entrega da premiação, Victor Faé afirmou que desconhecia os serviços oferecidos pelo Sistema FINDES. Marcos Guerra reforçou a necessidade dos empresários informarem-se sobre esses serviços. “Essa é uma realidade que precisamos mudar. O empresário precisa conhecer os serviços e benefícios oferecidos pelo Sistema FINDES. Tenho como meta é intensificar a divulgação e oferta desses serviços junto às empresas e sindicatos”, frisou o presidente da Federação.

sIndIcOPEs Irá PatrOcInar O EnacOr

Vem aí o 15° Encontro Nacional de Conservação Rodoviária (Enacor), que será realizado de 8 a 11 de maio no Centro de Convenções de Vitória. Além de ser um dos patrocinadores do evento, o Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sindicopes) estará com um estande de 45 m², onde as empresas associadas poderão expor fotos de suas obras. Interessados devem procurar a diretora-executiva do Sindicopes, Mirela Dias, através do telefone (27) 3325-9449 ou pelo e-mail [email protected]. Outra novidade do Sindicopes é a ampliação do auditório da sua sede, na Enseada do Suá, que deverá ter sua capacidade aumentada de 30 para até 80 lugares. O objetivo é acomodar melhor os eventos, cursos, workshops e treinamentos promovidos pela instituição.

Foto: Bruna S

perandio

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36 Indústria Capixaba – FINDES

artigo

No final da década de 60 e durante a de 70, a FINDES, recém-fundada, apoiou decisivamente o Estado no esforço de reerguer sua economia. Naquele

momento começava, com atraso, o ciclo da industrialização do Espírito Santo. Formulações realizadas em conjunto com o Governo do Estado fizeram com que grandes projetos industriais aportassem nas terras capixabas e, junto com eles, uma estruturação de ferramentas de atratividade industrial criou a base para a chegada de vários investimentos industriais de pequeno e médio porte.

Essa indústria, ali germinada, chega em 2012 contando com mais de 16 mil empresas, perto de 300 mil empregos diretos formais e uma capacidade de geração de empregos indiretos talvez duas ou três vezes maior do que a geração direta.

O investimento industrial sempre foi um investimento de “raízes mais profundas” na economia dos países, Estados e municípios. A indústria é um investimento de start up mais lento, de maturação mais lenta, mas de longevidade maior. Onde se instala, gera desenvolvimento em torno, sendo que em vários casos faz-se a origem de um grande conglomerado populacional, de renda mais alta, de qualificação maior.

Nesta década, iniciamos um novo momento de oportunidades para a nossa indústria. O Espírito Santo deve atentar-se, e muito mais do que atentar, deve ordenar-se para que de fato seja também o Estado eleito para sediar impor-tantes investimentos que a indústria está fazendo no Brasil.

Não podemos, de novo, entrar tardiamente nesse jogo.Já estamos correndo esse risco. Cito Pernambuco como benchmarking dessa questão. O Estado de Pernambuco tem atraído indústrias de enorme consequência de desenvolvimento para lá: indústria naval (estaleiro Atlântico Sul), indústria automobilística (Fiat), polo petroquímico, indústria de alimentos e bebidas (Ambev, BRFoods, entre várias outras) são alguns exemplos.

Precisamos nos organizar, revitalizar instrumentos de competitividade para a atração de investimentos industriais, criar novos instrumentos, ordená-los cada vez mais em torno de uma política industrial, tecnológica e de inovação para o Estado. Podemos ser menos tímidos.

Quando falamos em instrumentos, estamos nos referindo a questões no âmbito econômico – financeiro, ambiental, tecnológico e de inovação, espacial e educacional.

Para cada uma dessas dimensões, ferramentas de trabalho devem ser estruturadas, implementadas, acompanhadas através de indicadores de eficácia e realinhadas quando necessário.

O Espírito Santo tem cadeias industriais importantes, como aço, mineração, rochas, mas temos que, e podemos, avançar muito mais. A indústria naval, com o lançamento da pedra fundamental do estaleiro Jurong, pode ser um forte vetor de desenvolvimento para o nosso futuro, e precisa realizar-se mais rápido. Na indústria do petróleo, por termos a segunda maior reserva do País, temos o direito de sonhar com um polo petroquímico no Estado, polo este que tem na indústria de trans-

formação de plástico (a 3ª geração na cadeia do petróleo) o terceiro maior empregador do Brasil, e que no ES ainda é muito tímido. A indústria da “linha branca”, que com a chegada da WEG a Linhares, além do desenvolvimento de novos produtos pela Arcellor, pode também se tornar uma oportunidade de dinamização maior para o Estado.

Esses são alguns exemplos, mas o que precisamos neste momento é avançar no nosso projeto. O que queremos ter no Estado neste novo momento da industrialização no País? O que devemos fazer para alcançar nossos objetivos? Como agir junto?

Para isso, a Federação das Indústrias do Espírito Santo está se mobilizando, junto com o governo, no intuito de achar este caminho. Isso é urgente e de enorme relevância para entrarmos no jogo para ganhar.

Leonardo Souza Rogério de Castro é diretor da FINDES para Assuntos do Desenvolvimento da Indústria

Jogando para ganhar

Mar/2012 – nº 299

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38 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

caso de sucesso

por Heliomara Mulullo

O compromisso com a tradição e a qualidade fez da Pimpolho Calçados uma empresa renomada e consolidada no mercado nacional e internacional.

A sua história de sucesso começou a partir de um sonho empreendedor e da grande visão de mercado de José Tavares, um representante comercial, em 1962.

Com a ousadia de trilhar um caminho desconhecido e, ao mesmo tempo, apostando na sua experiência em vendas, José Tavares de Brito, com o apoio de sua esposa, Nilza Brito, fizeram o seu pequeno negócio, iniciado na garagem de casa, crescer ao longo das décadas seguintes.

A dedicação e o carinho dedicados por eles aos primeiros sapatinhos infantis que fabricaram foram conquistando o mercado do Espírito Santo e hoje os produtos da Pimpolho Calçados são conhecidos em 44 países. No Brasil, a empresa possui escritório de representação em todos os Estados, tendo conseguido o feito de alcançar quase todas as cidades do País.

Em 2012, a Pimpolho Calçados completa meio século de uma história de sucesso. Ao longo dessa trajetória, a empresa foi se desenvolvendo, renovando seu maquinário e, apesar de manter um processo que ainda conta muito com o trabalho manual, possui equipamentos da mais alta tecnologia.

Conforme o diretor Ricardo Brito, a empresa foi a primeira no ramo de calçados infantis a conquistar a certificação ISO 9001. “Hoje a Pimpolho exporta para mais de 40 países e possui em seu portfólio outros produtos como, por exemplo, brinquedos e acessórios para crianças até três anos de idade. Tornou-se uma grande indústria, criando uma marca sólida e respeitada, tendo como filosofia a busca incansável pela qualidade e o crescimento saudável, sempre ousando com novos produtos”.

Neste ano de aniversário, Ricardo antecipa que a empresa pretende ampliar o mix de produtos. “Além disso, estamos em fase de análise e aprovação de projeto para ampliação do nosso parque industrial”, destacou. Para comemorar, a empresa lançou a linha comemorativa “Vovó Nilza”, que fala um pouco das cinco décadas da empresa capixaba que conquistou o mundo, homenageando a fundadora, Nilza Brito. “Este ano, todas as embalagens chegam ao mercado consumidor com nosso selo ‘50 anos – uma nova fase, o mesmo carinho’ e seguimos esta mesma comunicação em todos os eventos e feiras”, esclareceu Ricardo.

Toda essa preocupação com a qualidade tem rendido à Pimpolho o reconhecimento no mercado. Já foi homenageada por várias entidades, tendo como a mais recente uma homenagem de reconhecimento pela Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac).

A empresa, que está em sua terceira geração administrativa, conta com três plantas industriais. Duas se localizam no município de Vila Velha e somam 8.500 m² e uma fica no município de Cariacica, com a aproximadamente 3.000 m², gerando 750 empregos diretos e mais de 500 indiretos.

Os calçados produzidos pela fábrica capixaba, assim como os outros produtos, são sempre desenvolvidos com foco na qualidade, design e segurança. “É uma preocupação constante da empresa que os calçados Pimpolho sejam confortáveis, leves e macios. Hoje contamos com uma equipe de criação e desenvolvimento que, além de viagens e participações em feiras, pesquisa as tendências mundiais de moda”, concluiu Ricardo.

PimPolho 50 anos de qualidade que conquistou o mundo

“Hoje a Pimpolho exporta para mais de 40 países”

Ricardo Brito, diretor

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indicadores

40 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

indicadores

Índice de confiança da indústria capixaba cresce por dois meses consecutivos

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) capixaba, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial

do Espírito Santo (IDEIES), sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), subiu 3,4 pontos em janeiro de 2012, em relação ao mês anterior. Além disso, o indicador permaneceu acima da linha divisória de 50 pontos (61,4 pontos) e seu crescimento foi de 0,9 ponto acima da alta do Icei nacional (57,3 pontos), o que denota que os empresários capixabas estão otimistas. Em relação a janeiro de 2011, cujo indicador era de 62,1 pontos, o Icei decresceu 0,7 ponto.

O Icei da indústria nacional aumentou 2,5 pontos em janeiro de 2012, em relação ao mês anterior e o indicador permaneceu dentro da faixa de confiança (57,3 pontos). Em comparação ao mesmo mês do ano

percepção do empresário industrial - condições atuaisO indicador de condições atuais, medido

pela percepção dos empresários industriais em comparação à economia, ao Estado e à própria empresa, elevou-se em 1,1 ponto em janeiro de 2012, em relação a dezembro de 2011, e manteve-se na faixa superior a 50 pontos (52,5 pontos). Todos os subitens contribuíram para o crescimento do indicador: condições atuais da economia brasileira (+1,3 ponto), condições do Estado (+4,5 pontos) e condições da empresa (+0,7 ponto), ficando os dois últimos acima da linha divisória de 50 pontos (51,7 e 53,8 pontos, respectivamente).

O indicador de condições atuais da indústria brasileira também registrou crescimento em janeiro de 2012, em relação ao mês anterior (+1,1 ponto), impulsionado pelas condições em relação à economia brasileira (+2,0) e em relação à empresa (+0,7%). Mesmo assim, permaneceu abaixo da linha divisória

Icei Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Jan/12

Brasil 56,4 56,4 54,6 55,3 54,8 57,3

espírito santo 59,7 61,4 58,7 56,5 58,0 61,4

Índice de confiança do empresário (icei)espÍrito santo e Brasil

Fonte: IDEIES/CNIElaboração: Núcleo Estratégico de Conjuntura (NEC)

Tabela 1

passado, o Icei de janeiro de 2012 está 4,7 pontos inferior, já que o indicador se encontrava em 62,0 pontos naquele mês.

O Icei nacional é composto pelas informações de Condições Gerais da Economia Brasileira e Condições Gerais da Empresa e de Expectativas da Economia Brasileira e Expectativas da Empresa. O Icei do Espírito Santo inclui mais duas questões: Condições Gerais do Estado e Expectativas do Estado.

indicador de condições atuais

Fonte: IDEIES/CNIElaboração: Núcleo Estratégico de Conjuntura (NEC)

Tabela 2

Expectativa

Espírito Santo Brasil

Dez/11 Jan/12 Dez/11 Jan/12

51,4 52,5 47,3 48,4

com relação à(ao):

economia brasileira 47,1 48,4 44,0 46,0

estado 47,2 51,7 - -

empresa 53,1 53,8 48,9 49,6

de 50 pontos (48,4) e também em patamar inferior ao indicador do Espírito Santo.

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Out/Nov/2011 – nº 297 Indústria Capixaba – FINDES 41

PercePção do emPresário industrial – exPectativa Para os Próximos seis meses

Nota: A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), contou com a participação de 105 empresas capixabas (57 pequenas, 40 médias e 8 de grande porte). Dessas, 29 empresas pertencem ao setor de construção civil.

IndIcador de condIções atuaIs

Fonte: IDEIES/CNIElaboração: Núcleo Estratégico de Conjuntura (NEC)

Tabela 3

Expectativa

Espírito Santo Brasil

Dez/11 Jan/12 Dez/11 Jan/12

61,2 65,7 58,6 61,7

com relação à(ao):

economia brasileira 54,5 59,5 54,6 57,3

estado 56,2 61,5 - -

empresa 64,4 68,3 60,7 64,0

Os industriais capixabas estão mais confiantes em relação aos próximos seis meses, já que o indicador de expectativa cresceu 4,5 pontos em janeiro de 2012, em relação ao mês anterior, permanecendo acima da linha divisória de 50 pontos (65,7 pontos). Todos os itens que compõem o indicador se elevaram e se situaram acima da linha divisória de 50 pontos: expectativa em relação à economia brasileira (+5,0 pontos), em relação ao Estado (+5,3 pontos) e em relação à empresa (+3,9).

O indicador de expectativas da indústria nacional cresceu 3,1 pontos no mesmo período de comparação,

mas se manteve na faixa superior a 50 pontos (61,7 pontos), abaixo do indicador capixaba. O crescimento foi influenciado tanto pelo indicador de expectativa em relação à economia brasileira (+2,7 pontos), como pelo de expectativa em relação à empresa (+3,3 pontos).

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42 Indústria Capixaba – FINDES

artigo

Uma lacuna persistente em novos empreendimentos é a falta de capital. Já há alguns anos a TecVitória vem apoiando as incubadas na captação de

recursos não reembolsáveis por editais. Com os resultados positivos nessa ação, percebemos que as empresas mudavam de patamar, mas que se viabilizássemos uma mentoria experiente e profundamente comprometida com seu sucesso, possibilitaríamos saltos ainda maiores.

Em paralelo, observamos em rodas de discussão a crescente preocupação de investidores – muitos deles empresários experientes – com a redução na remuneração de seus investimentos, pelas constantes quedas nos juros, e buscando novas formas para investir com algum controle sobre os resultados.

Juntando essas percepções e conscientes de nossa fragilidade para a articulação de uma ação casada que pudesse atuar nas duas frentes, enviamos uma proposta ao CNPq solicitando recursos para ações que envolveriam também o fomento da cultura do capital de risco para o setor de TIC.

Aprovado o projeto, trouxemos em sua primeira ação o professor Silvio Meira, de Recife, para uma apresentação

ao mercado local sobre o que alavancou o Porto Digital e suas empresas aos níveis atuais, e ele foi enfático ao falar sobre “dinheiro inteligente conectado”, que é o dinheiro vindo para as empresas com o conhecimento do investidor, sua experiência, vontade e rede de contatos, como sendo o maior aporte que uma pequena empresa de tecnologia pode ter, além de ser uma ótima oportunidade de investimento.

Aproveitamos sua vinda para um almoço informal reunindo alguns investidores com os quais já mantínhamos contato à época, e o professor deixou uma série de dicas e “deveres de casa”, sugerindo que entrássemos com os dois pés nessa atividade. Os investidores ficaram animadíssimos, o que nos motivou ainda mais ao aprofundamento no assunto.

Logo surgiu uma oportunidade envolvendo uma empresa incubada que precisava de algum dinheiro e muita gestão, a qual apresentamos a um empresário que já havia nos colocado sua intenção em testar a prática. O processo foi muito facilitado por ter a incubadora avalizado as duas partes, e está se mostrando um belo caso de sucesso. Hoje esse investimento está em curso, já com bons resultados, e o investidor mentora amiúde a empresa.

Após a visita do prof. Sílvio, já trouxemos para eventos na TecVitória representantes da Inova Ventures Participações, sediada na Unicamp, da área de funding da Sociedade Softex, estivemos no congresso da ABVCAP, e no fim de 2011 trouxemos o presidente da Gávea Angels, entidade que visitamos a convite dele. Os investidores foram convidados a participar de todas essas ações, e vieram.

As atividades seguem com frentes para preparação das incubadas para este tipo de investimento, além de passarmos a contar com um grupo de “anjos” nos apoiando na avaliação de projetos para incubação, o que, além de qualificar sobremaneira os resultados, já viabiliza um primeiro contato dos empreendedores com investidores.

Vinicius C. Barbosa é superintendente da TecVitória

EmprEEndEr com intEligência

Mar/2012 – nº 299

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R eferência quando se fala na produção e exportação de rochas ornamentais, o Espírito Santo reuniu mais uma vez, durante quatro dias, os grandes players do

setor em todo o mundo. Com a finalidade de agregar valor e movimentar o mercado de rochas, aconteceu, entre 7 e 10 de fevereiro, no Pavilhão de Exposições de Carapina, na Serra, a 33ª Feira Internacional de Mármore e Granito – Vitória Stone Fair 2012. Consolidada como vitrine do segmento, a feira reuniu por dia mais de 20 mil visitantes de 65 países e contou com a participação de 420 expositores, dos quais 110 internacionais. Na área de 32 mil m², foi apresentado o que há de mais moderno nos setores de rochas, equipamentos e insumos.

O Sistema FINDES não poderia ficar de fora desse importante momento da indústria e marcou presença com um estande no evento, apresentando os serviços de suas entidades SESI, SENAI, IEL/ES e IDEIES,

como cursos de qualificação para trabalhadores da indústria, treinamentos voltados para os empresários na área de gestão, além de assessoria e consultoria em várias áreas, como meio ambiente, produção, design, saúde e segurança no trabalho. Todas as ações oferecidas pelo Sistema FINDES foram divulgadas pelos profissionais de Relações com o Mercado da Federação.

Na foto acima, o diretor do Sindirochas, Ronaldo Azevedo; o governador do Estado do Espírito Santo, Renato Casagrande; o presidente da FINDES, Marcos Guerra; e o presidente do Sindirochas, Emic Malacarne, no estande da entidade.

Vitória Stone Fair tem preSença marcante da indúStria

8° Encontro do MEcânico acontEcErá EM sEtEMbro

Entre 12 a 15 de setembro, os funcionários de empresas do setor automotivo têm encontro marcado em Vitória. Realizado pelo Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa-ES), o 8° Encontro do Mecânico do Espírito Santo apresentará todas as novidades e lançamentos do setor. Em sua última edição, três mil profissionais participaram do evento, que promove cursos, capacitação e workshops.

brasilEiro gasta Mais coM guarda-roupa EM 2012

O gasto no País com roupas será maior este ano. De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, o valor no Brasil será de R$ 670 por habitante, média superior aos R$ 583 gastos por pessoa em 2011. O volume total em compras em 2012 deve chegar a mais de R$ 109 bilhões. Com o brasileiro gastando mais para renovar o seu guarda-roupa, cresce a expectativa do setor de vestuário, inclusive no Espírito Santo. “O mercado está em alta. Os capixabas deverão investir mais de R$ 2,4 bilhões na compra de roupas”, afirmou Atílio Guidini, presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário de Linhares (Sinvel). O Sul será a região onde a população destinará a maior parcela do seu orçamento para aquisição de vestuário: R$ 791. O Sudeste está em 3° lugar, com gasto médio de R$ 729, perdendo ainda para a região Centro-Oeste, com gastos previstos de R$ 740 per capita.

indústria EM aÇÃo

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sustentável

44 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

P rover capacitação profissional por meio de cursos que promovam a empregabilidade e assim contribuir para a inclusão social de detentos e egressos do

sistema penitenciário. Esse tem sido um dos focos do SENAI, como revela o gerente de Responsabilidade Social do Sistema FINDES, Samuel Siman.

Em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus),

Parceria entre indústria e governo estadual ajuda a reduzir a criminalidade

sustentável

por Heliomara Mulullo

o programa de ressocialização tem um tripé formado por trabalho, qualificação profissional e educação. O objetivo é possibilitar ao preso o aumento de sua escolaridade, qualificá-lo profissionalmente e inseri-lo no mercado de trabalho ainda na condição de preso, encaminhando-o para uma vaga de trabalho quando ele for beneficiado com a liberdade.

Neste sentido, são oferecidos cursos profissionalizantes (artesanato, auxiliar administrativo, auxiliar de cozinha,

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assistido a chance de realizar serviços para a comunidade, garantindo sua renda.

A analista Gabriela Primo, responsável pelos Programas Institucionais/Responsabilidade Social destaca que o SENAI também encaminha, via docente, aqueles que recebem capacitação caso alguma empresa solicite. “Não rotulamos ninguém”, observa ela, lembrando que dentro das ações de ressocialização existem histórias e exemplos notáveis de superação que provam que o trabalho de qualificação de apenados, egressos, jovens em liberdade assistida e jovens internos contribui para o não retorno à criminalidade. Samuel Siman ressalta também que a Sejus é a responsável por realizar a avaliação do detento e indicar aqueles que serão capacitados, observando uma série de critérios.

O secretário de Estado da Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, relata que o trabalho prepara os detentos para o convívio social e aproveita para convocar os empresários e a sociedade a participarem mais deste processo.

“Participar da ressocialização de um preso é um dever de todos, do Estado, dos empresários e da sociedade. Estimula o preso a combater o ócio e abre janelas de oportunidades, pela elevação de sua educação, qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho. Traz benefícios também para o preso dentro da unidade, pois com o trabalho ele se sente motivado e com sua remuneração consegue apoiar o sustento da família, além de beneficiar o empresário, que está carente de mão de obra qualificada”, ressaltou.

Projeto Maria MariasUma das ações de reinserção social de detentos e egressos do sistema carcerário que têm alcançado importantes resultados é o Projeto Maria Marias, iniciado em 2008, voltado à qualificação profissional de detentas e sua reintegração à sociedade. A analista do SENAI Gabriela Primo conta que nesses três anos a parceria já atendeu a mais de 300 mulheres com cursos de qualificação. “No dia 15 de fevereiro, houve a apresentação da marca desenvolvida para a divulgação dos trabalhos delas. Para esse projeto, o SENAI buscou parceria com várias empresas no sentido de conceder matéria-prima para a ministração de cursos nas áreas de corte e costura, salgados e doces, marcenaria e confeitaria”, relata Gabriela, enfatizando que todo o trabalho desenvolvido visa a tratar diferente as pessoas somente com foco na igualdade. “Quem quiser ser parceiro nessa missão pode nos procurar por meio do email: [email protected] ou pelo telefone: 3334-5786”, informou.

“Participar da ressocialização de um preso é um dever de todos, do Estado, dos empresários e da sociedade. Faz com que o preso combata o ócio e abra janelas de oportunidades como a elevação da educação, qualificação profis-sional e a inserção no mercado de trabalho”- Ângelo Roncalli, secretário de Estado da Justiça

cabeleireiro, costureiro, depilador, manicure e pedicure, operador de caixa, entre outros) dentro dos arranjos produtivos do Estado, como forma de possibilitar a inserção dos internos no mercado do trabalho após o cumprimento da pena. Alguns atendem ao mercado de trabalho de forma imediata, como o curso de Eletricista, por exemplo, e outros proporcionam ao público

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sustentável

46 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 299

Indústria socialmente responsávelA parceria do SENAI, Sejus e indústria tem

rendido a detentos nova oportunidade de vida, como comprova a experiência da empresa Tozzatto Comércio, Importação e Exportação Ltda.: a maioria não quer saber de voltar para o crime. Quem conta é o encarregado geral de Produção, Aguinaldo Lima. “A Tozzatto tem realizado um trabalho muito interessante de ressocialização. Temos hoje cerca de 16 pessoas que cumprem o regime semiaberto em nossa empresa. Eles saem de manhã do presídio, trabalham e depois retornam. Quando um deles conclui sua pena, a Tozzatto o contrata, mantendo esse funcionário reabilitado em nossos quadros”, relatou Aguinaldo.

Para Aguinaldo, não há diferenças entre o empregado que nunca passou por uma detenção e aquele que já esteve no sistema prisional. “Eles trabalham e cumprem as suas tarefas, sem distinção. Nós, como empresa, buscamos fazer a nossa parte. Não há descriminação”, declarou. O encarregado frisa que o acompanhamento fica a

cargo da própria Sejus, que emite relatório e monitora o desenvolvimento desses trabalhadores.

Investimentos para a absorção da mão de obra dos trabalhadores apenados

Atualmente, 199 empresas são conveniadas à Sejus e empregam 1.890 internos, tanto dentro, quanto fora das unidades prisionais de todo o Estado. Com essas parcerias, as ações de ressocialização têm crescido. Relatório do Fórum de Entidades e Federações do Estado do Espírito Santo indica que de 2004 a 2011 foram atendidas 2.345 pessoas, numa carga horária de 4.430 horas de cursos.

O Estado está investindo nos espaços de trabalho nas unidades prisionais para que haja instalação ou ampliação de empresas/parcerias a fim de promover a absorção da mão de obras dos trabalhadores presos. “Atualmente temos centenas de parcerias com empresas privadas e instituições que estão aprimorando cada vez mais suas atividades com as oportunidades da mão de obra do sistema prisional e têm divulgado este trabalho para outras empresas. Isso é novo, mas já tem dado boas respostas, tanto para os presos como para as empresas, que em alguns setores estão tendo um ‘apagão’ de mão de obra”, disse o secretário Ângelo Roncalli. Ele afirma que a procura por novas parcerias tem aumentado. “Acredito que as pessoas querem oportunidades e esse é o principal objetivo desse projeto, ajudar na reinserção social dos presos e na redução da criminalidade”.

Prover capacitação profissional por meio de cursos

que promovam a empregabilidade,

contribuindo para a inclusão

social de detentos e egressos do sistema

penitenciário tem sido um dos focos do SENAI, revelou

o gerente de Responsabilidade Social do Sistema FINDES, Samuel

Siman

“todo o trabalho desenvolvido visa a tratar as pessoas somente com foco na igualdade”

Grabriela Primo, analista de Programas Institucionais/Responsabilidade social do senAI

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Mar/2012 – nº 299 Indústria Capixaba – FINDES 47

IndústrIa EM aÇÃO

Workshop vai mostrar as vantagens do associativismo

PrOgraMaÇÃO dOs wOrkshOPs16h – Credenciamento e informações sobre Sistema SISTEMA FINDES e BANDES17h20 – Solenidade de abertura com o presidente do SISTEMA FINDES, Marcos GuerraEgidio Malanquini, Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical da FINDES17h40 – Apresentação dos produtos e serviços do SISTEMA FINDES, Alejandro Duenas, Diretos para Assuntos do SESI17h55 – Apresentação dos produtos e serviços do SEBRAE, José Eugênio Vieira, Diretor Superintendente18h10 – Palestra: “Investimentos no ES, em especial na região noroeste do Estado” – Márcio Félix – Secretário de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo18h40 – Apresentação do BANDES – “Linhas de crédito especial para empresas de Colatina e região” – Guerino Balestrassi – Presidente do BANDES19h10 – Palestra: “A importância do associativismo nas micro e pequenas indústrias” – Oscar Augusto Rache Ferreira – Vice-Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco19h50 – Encerramento20h – Momento de confraternização

O workshop será realizado no período da tarde, e contará com a divulgação de informações sobre o Sistema FINDES, o BANDES, o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e também sobre os sindicatos que fazem parte da Federação. Além disso, participará do evento o secretário de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo, Márcio Félix, que falará sobre os “Investimentos no ES, em especial na região noroeste do Estado”.

O workshop acontecerá no Centro Integrado SESI-SENAI de Colatina, que fica na Rodovia Gether Lopes de Farias, s/n, no bairro São Silvano. Já no dia 4 de abril, será a vez do sul do Estado receber o encontro, que será realizado no Centro Integrado SESI-SENAI de Cachoeiro de Itapemirim, no bairro Gilberto Machado. Mais informações sobre os eventos no telefone (27) 3334-5635 ou pelo e-mail [email protected].

wOrkshOPs dIa dE assOcIar-sE

Data: 21 de março (quarta-feira)Local: Centro Integrado SESI-SENAI de ColatinaEndereço: Rodovia Gether Lopes de Farias, s/n, São Silvano, Colatina-ESInformações: (27) 3334-5635 - [email protected]

Data: 4 de abril (quarta-feira)Horário: 16h às 20hLocal: Centro Integrado SESI-SENAI de Cachoeiro de ItapemirimEndereço: Rua Clarice Toledo de Carvalho, 60, Gilberto Machado, Cachoeiro de ItapemirimInformações: (27) 3334-5635 – [email protected]

O dia 21 de março será uma data importante para as indústrias do noroeste capixaba. Na data, a Federação das Indústrias realizará um workshop,

que vai esclarecer todas as dúvidas das empresas sobre a associação, além de mostrar aos empresários os benefícios que estarem associados a seus sindicatos podem trazer para eles.

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entrevista

48 Indústria Capixaba – FINDES Mar/2012 – nº 29948 Indústria Capixaba – FINDES

por Jacqueline Vitória

entrevista

Pedro Valls Feu rosa

D eclarando-se defensor do livre mercado, o presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), desembargador Pedro Valls Feu Rosa,

“abre o verbo”: “Já vendemos a estrangeiros o melhor do nosso parque industrial”. Em entrevista exclusiva à Revista da Indústria, ele desabafa ao constatar que temos hoje “um paísretalhado e vendido ao capital estrangeiro, sem que exista um indício sequer de reciprocidade”. Considerado um dos mais notáveis e modernos a ocupar a Presidência do TJES, Feu Rosa fala com preocupação sobre as eleições, no que diz respeito “à prática da bandalha com caixa 2 e caixa 3” por conta de “interesses paroquiais”, que, segundo ele, a longo prazo acabam “assassinando a economia de todo um país”. O desembargador fala sobre as leis ultrapassadas que

penalizam empresários e trabalhadores e se diz favorável à desburocratização e à simplificação do sistema tributário do País. Mas é na área da tecnologia que ele solta apresenta sua visão mais crítica: “Causa-me espécie que o Brasil ‘emergente’ e ‘moderno’ do século XXI, que já se pretende potência mundial, nominalmente seja um mero montador de calculadoras de bolso”. Confira a íntegra da entrevista.

revista da indústria: no início de fevereiro, em conjunto com o presidente do tribunal de Contas do estado, sebastião Carlos ranna de Macedo, o senhor instalou a terceira vara dos Feitos da Fazenda Pública de vitória e deu início a um mutirão para julgar processos de ações públicas e

“Se o Poder Judiciário funcionasse melhor, o Brasil injetaria US$ 100 bilhões a mais na economia”

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ações civis por atos de improbidade. Do seu ponto de vista, como as empresas e suas entidades de classe poderiam colaborar para a redução dos casos de improbidade?

Pedro Valls: Estudando de forma cada vez mais criteriosa os financiamentos de campanha. Eis aí o “marco zero” da questão. O fato é que, considerada a relação custo/benefício, já não compensa contribuir para a campanha de um candidato inadequado por conta de interesses paroquiais - ganha-se algo hoje, mas perde-se o dobro amanhã, em razão da desorganização do aparelho estatal.

Estamos em um ano eleitoral. O senhor é favorável ao financiamento público de campanhas? Por quê?

O problema não está na forma de financiamento das campanhas, mas sim nos denominados “caixa 2” e “caixa 3”. Aquele é abastecido com dinheiro vivo, entregue das formas mais vis possíveis. Retomo à pergunta anterior: trata-se da bandalha praticada por conta de interesses paroquiais, que em longo prazo acabam assassinando a economia de todo um país. Não é por acaso que a Controladoria Geral da União identificou irregularidades em 95% dos municípios brasileiros. No que toca ao “caixa 3”, falamos do uso ostensivo da máquina pública. Também aqui os resultados para a economia são deploráveis. Tradução: chegou a hora de compreendermos que o aperfeiçoamento das instituições e da democracia vai além das simples questões de ideal espiritual - ela chega à realidade prática e aos interesses empresariais.

A Findes tem pugnado por questões fundamentais ao desenvolvimento do Estado, buscando, para isso, ampliar o diálogo, entre outras instâncias, com a esfera pública, em âmbito federal, estadual e municipal. Como o senhor avalia esse posicionamento da Federação?

Vejo aí um raio de esperança, e por dois motivos. O primeiro deles é que não existe setor isolado em uma sociedade complexa como é a nossa. Há, sim, que se dialogar e compreender outros pontos de vista. O segundo aspecto consiste na demonstração de que já se compreende que um país ou um Estado entregue a interesses meramente paroquiais será palco de um atraso que afetará a todos.

Um dos pontos focais da FINDES é a interiorização do desenvolvimento, como forma de crescermos sustentavelmente. O combate à impunidade pode ajudar no alcance dessa meta? De que maneira?

Fala-se que a bandalha causa ao Brasil prejuízos da ordem de centenas de bilhões de reais a cada ano. São recursos que poderiam estar sendo investidos em infraestrutura, em meios de produção e geração de riqueza. É lamentável que todo um país seja prejudicado por conta da atuação de alguns poucos bandidos, eis a verdade. A partir deste cenário, tudo fica mais difícil - interiorizar o desenvolvimento inclusive. E quando a competição começa a ficar injusta, perde o empresário nacional, cujos recursos são mais estreitos. Não por acaso, 60% das empresas negociadas nos últimos anos foram parar nas mãos de estrangeiros. Vejo, com imensa tristeza e preocupação, nossa economia sofrendo um processo de internacionalização sem precedentes e sem referências no planeta. Isto ainda nos custará caro, muito caro.

“Nossa geração tem assistido, passivamente, a um processo de desindustrialização e desnacionalização da economia cuja conta, salgada, será apresentada já à geração seguinte. Que a história nos seja misericordiosa”

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“Já não compensa contribuir para a campanha de um candidato

inadequado por conta de interesses paroquiais − ganha-se algo hoje, mas perde-se o dobro amanhã”

Outra questão central na pauta da Federação das indústrias é o avanço na formulação ou reformulação de leis mais adequadas ao fomento da atividade industrial e à sua proteção. sabemos que o Judiciário não legisla, mas, sob a ótica da FinDes, como o senhor avalia o arcabouço jurídico que do estado em relação, por exemplo, ao licenciamento ambiental?

Mais da metade do solo brasileiro já não pode, na prática, ser objeto de exploração - ainda que racional. Acredito ser necessária e urgente uma ampla discussão nacional sobre como crescermos enquanto país dentro dos preceitos de um sistema mundial que não podemos ignorar.

e quanto à flexibilização na legislação trabalhista, pleiteada e tida por muitos empresários industriais como indispensável? O senhor concorda que seria um avanço ou ocasionaria um desequilíbrio ainda maior na configuração do mundo produtivo?

O Brasil tem um sistema trabalhista extremamente complexo e caro. Arrisco dizer que ele penaliza as empresas e os trabalhadores, em um quadro que afasta investidores. A questão é efetivamente simples: é difícil sobreviver em um país que tem leis trabalhistas e tributárias absolutamente confusas e em profusão? O fato é que o tempo passou e nosso mundo legal continua parado.

Falando de tributos, o tJes instalou este mês as Comissões de execuções Fiscais estadual e Municipal. na ocasião, o senhor afirmou que isso possibilitaria “um ambiente mais justo e igualitário de competição” entre as empresas capixabas. Poderia falar um pouco mais sobre o assunto?

Não pode haver um ambiente de competição saudável quando alguns pagam impostos e outros não. É simples assim. Quando a lei é para todos, ganha a visão de longo prazo. Quando não é, passamos a viver sob a ameaça da visão mesquinha de alguns poucos.

na data de sua posse no tJ-es, foram assinados 15 protocolos entre Judiciário, executivo, e entidades de classe. Dentre eles, o protocolo de intenções para a elaboração do plano de desenvolvimento legal, assinado em conjunto com o FeF – Fórum das entidades e Federações, formado pela Findes, Fetransportes, Faes, Fecomércio e espírito santo em ação. no que consiste este protocolo? Quais sãos seus principais fundamentos e objetivos?

Esta pergunta me remete à anterior. Nós temos que criar um ambiente de estabilidade e cumprimento de regras - eis aí a maior receita para o crescimento. Neste contexto, surge como fundamental a criação de um modelo jurisdicional que proporcione ao mundo econômico a agilidade demandada pelo século XXI. Não é concebível que, nos dias atuais, uma empresa aguarde meses ou anos por uma decisão judicial - isto não é inteligente. Este grupo de trabalho busca exatamente discutir esta questão, formulando sugestões e medidas.

na agenda de temas de alto interesse da FinDes a redução de impostos e taxas ocupa o topo. inclusive, a instituição tem pleiteado ao Governo do estado rever as alíquotas do imposto sobre Circulação de Mercadorias (iCMs). O senhor acredita que essa carga fosse reduzida haveria menos processos por sonegação fiscal?

Sem dúvida. E vou além. Que tal criarmos o Mercado Comum Brasileiro? É de chamar a atenção que a União Europeia conseguiu eliminar tributos e formalidades

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burocráticas entre países que até alguns poucos anos guerreavam entre si. Enquanto isso, o Brasil ainda convive com barreiras fiscais e burocráticas entre seus próprios Estados. Isto não faz o menor sentido.

Quais são, na opinião de Vossa Excelência, os principais pontos fracos da política tributária do Estado com referência às necessidades da indústria capixaba? E no plano nacional?

Sou a favor da desburocratização e da simplificação. O sistema atual é ruim, sob esta ótica. As empresas perdem muito tempo e dinheiro somente no cumprimento de obrigações fiscais relacionadas à burocracia. E ainda por cima acabam tolhidas em suas atividades por conta da infindável série de barreiras e postos de fiscalização. Isto não é inteligente.

Na sua visão, as ameaças à economia capixaba com o fim do Fundap e a redução na participação sobre os royalties devem se concretizar? Existe algum caminho jurídico capaz de reverter essa expectativa?

Sim. Não vejo. O problema, na verdade, é político. O fato é que o Espírito Santo envia para a União muito mais recursos do que recebe - até onde sei, uma relação de três por um. Enquanto isso, há Estados que recebem mais do que enviam, numa relação de quatro por um. É esta injustiça que precisa ser corrigida, por desnaturar o pacto federativo. E eis aí um problema antes de tudo político.

No início de fevereiro, juízes da Infância e Juventude, promotores e defensores públicos realizaram um mutirão para analisar os casos de menores em conflito com a Lei. A FINDES, por meio do SESI e SENAI, tem uma parceria com a Sejus para prover cursos que promovam a empregabilidade e a inclusão social de detentos e egressos do sistema penitenciário. Como o senhor avalia essa iniciativa?

Os delinquentes detidos, sejam eles menores ou maiores, mais dia menos dia, retornarão às ruas. Às mesmas ruas que

frequentamos. Assim, independentemente de qualquer análise emocional, há que se responder uma simples pergunta: qual a forma mais inteligente de devolvê-los ao nosso convívio? A partir desse raciocínio, fica fácil entender as opções. A primeira delas é devolvê-los piores do que estavam quando foram detidos, revoltados pela brutalidade da tortura e dos maus-tratos. A segunda alternativa é reinseri-los na sociedade com alguma perspectiva de futuro. No final, a questão racional é simples. O que atrapalha é a visão puramente emocional de alguns.

A FINDES, por meio do SESI e SENAI, tem capacitado milhares de crianças e jovens capixabas, abrindo-lhes oportunidades no campo profissional. Também as indústrias têm criado postos de trabalho e patrocinado projetos de inclusão social, geração de emprego e renda. A seu ver, isso é suficiente para mudar o quadro de desigualdade e violência que temos hoje no Estado?

Ajuda. Há um pensamento de Nicéforo que bem resume esta questão: “o mal e a dor não se volatilizam sob a chama abrasadora do progresso humano. Transformam-se. E o crime, filho primogênito do mal, obedece a essa regra”. Ou seja, falamos de algo bem mais profundo e sério. Basta dizer que, proporcionalmente, ricos delinquem muito mais que pobres. Mas evidentemente toda e qualquer boa iniciativa, todo e qualquer passo na direção correta, merece ser realçado e comemorado.

Há um movimento recente na Câmara Federal, capitaneado por um deputado federal por São Paulo, mobilizando parlamentares para a criação de uma Frente em Defesa da Indústria, com o objetivo de garantir proteção aos produtos nacionais frente aos importados (especialmente chineses). Qual o senhor considera que seja a real efetividade desta ação? Como os segmentos da indústria capixaba afetados por essa concorrência poderiam se proteger?

O socorro chega tarde, infelizmente. Já vendemos a estrangeiros o melhor do nosso parque industrial. Hoje, empresas estrangeiras já são responsáveis por 70% de nossas exportações de soja, 15% das de laranja, 13% de frango, 6,5% de açúcar e álcool e 30% das de café. Isto já sangra o Brasil em mais de US$ 12 bilhões a cada ano, só em remessa de lucros. Conforme falei, nos últimos anos 60% das empresas aqui vendidas foram parar nas mãos de estrangeiros. Não prego, evidentemente, o isolamento. Sou um defensor do livre mercado. Mas vejo, absolutamente triste, um país hoje retalhado e vendido ao capital estrangeiro sem que exista um indício sequer de reciprocidade.

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entrevista

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a que o senhor atribui a grande facilidade jurídica que os produtos estrangeiros encontram para circular livremente pelo País, fazendo injustamente concorrência com os nossos produtos?

“Nossos”? Seria bom estabelecermos um conceito de “nossos”. Pessoalmente, entendo como “nossos” aqueles pro-dutos feitos por brasileiros em empresas brasileiras. Está aí, neste conceito de “nossos”, a grandeza de um país. Nós não podemos ser um mero celeiro de mão de obra, ou um “país-fazenda”. Temos que romper com esse extrativismo.

Podemos mais. No entanto, caminhamos exatamente para este futuro. Sinceramente, causa-me espécie que o Brasil “emergente” e “moderno” do século XXI, que já se pretende potência mundial, nominalmente seja um mero montador de calculadoras de bolso! Sim, não produzimos, com tecno-logia nossa, sequer um chip de calculadora de bolso. Volto a afirmar: nossa geração tem assistido, passivamente, a um processo de desindustrialização e desnacionalização da economia cuja conta, salgada, será apresentada já à geração seguinte. Que a história nos seja misericordiosa!

Por fim, o que a classe industrial capixaba pode esperar de sua atuação à frente do tribunal de Justiça do estado do espírito santo?

Se o Poder Judiciário funcionasse melhor, o Brasil injetaria US$ 100 bilhões a mais na economia. O volume de investimentos aumentaria 10,4%, a produção seria elevada em 13,7% e a oferta de empregos seria 9,4% maior que a atual. Ou seja: o quadro atual é muito sério. Planejo, diante dele, fazer a minha parte. Se outros fizerem as suas, poderemos pensar em um início de solução.

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IndústrIa EM aÇÃO

O dia 5 de março de 2012 marcou o início de uma nova era para o Sindicato da Indústria de Café do Espírito Santo (Sincafé). Isso porque após nove

anos de gestão, Egídio Malanquini deixou a presidência do sindicato, substituído pelo empresário Sergio Brambilla. A cerimônia de posse ocorreu no edifício-sede da FINDES, com a presença de autoridades, políticos e empresários.

Ao novo presidente, cabe a responsabilidade de, nos próximos três anos, guiar um dos setores mais importantes para a economia brasileira e estadual. Em 2011, o consumo

MaIs dE 40 prOfIssIOnaIs partIcIpaM dO cursO dE GEstÃO dE rEdEs sOcIaIs dO IEL/Es

Mais de 40 pessoas, entre empresários, jornalistas, publicitários, servidores públicos e autônomos, partici-param do curso “Gestão de Redes Sociais com Foco em Resultados”, oferecido pelo IEL-ES e realizado durante todo o último dia 12 de dezembro, no Plenário do Edifício FINDES, em Vitória.

Ministrado pelo consultor Nino Carvalho, o curso procurou detalhar aspectos da migração dos consumidores para o meio digital e os desafios e oportunidades dessa ferramenta para o planejamento e a gestão das empresas. Os participantes do curso discutiram sobre as características das principais redes sociais no Brasil; técnicas de conteúdo para redes sociais; como estimular interações com o público; e aprenderam a definir métricas de sucesso no ambiente social.

fIndEs fOrMaLIza parcErIa cOM GOvErnO dO EstadO EM prOjEtOs dE rEssOcIaLIzaÇÃO dE dEtEntOs

O presidente da FINDES, Marcos Guerra, formalizou no dia 17 de novembro de 2011 a parceria entre o Sistema FINDES e o Governo do Estado em projetos de resso-cialização de detentos e egressos do sistema penitenciário estadual. Participaram da ocasião o diretor-geral da Rede Gazeta e membro do Conselho Deliberativo do ES Em Ação, Café Lindenberg, o secretário de Estado da Justiça, Ângelo Roncalli, a diretora de Ressocialização do Sistema Penitenciário Estadual, Quesia da Cunha Oliveira, e a analista de projetos do ES Em Ação, Marielly Kelly.

Sincafé anuncia novo preSidente

per capita de café torrado no País chegou ao recorde de 4,88 quilos. Estima-se que, em poucos anos, o Brasil deve desbancar os Estados Unidos como maior consumidor mundial da bebida.

Mais que isso, Brambilla terá o desafio de perpetuar os avanços dos três mandatos do antecessor. “A responsabilidade é a mesma, na medida em que passamos a gerir os interesses coletivos. Pretendo buscar novos associados e manter um canal direto com esses, no atendimento imediato às necessidades da entidade”, disse.

cLassE c passa a cOMprar MaIs rOupas da EstaÇÃO

Com o poder aquisitivo em crescimento, a classe C brasileira está se preocupando mais em adquirir peças de vestuário seguindo as tendências de cada estação. Segundo dados de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Data Popular, 52% desses consumidores compram mais o que está na moda. Só em 2011, os consumidores dessa faixa de renda foram responsáveis por mais de R$ 35 bilhões em compras de roupas no País. Para José Carlos Bergamin, diretor do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas em Geral do Espírito Santo (Sinconfec), o panorama no Estado não é diferente. “Os capixabas também estão mais vaidosos. O consumo no Espírito Santo está aumentando gradativamente, principalmente devido ao aumento do poder aquisitivo da população”, explicou.

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Saúde

Projeto “Painel de resultados” ProPorciona melhor gestão da saúde

À medida que novas ideias e práticas gerenciais de sucesso surgem no mercado, é de igual inte-resse replicar o modelo a todos os segmentos

dispostos a manter resultados positivos em suas gestões. Essa filosofia fez com que a direção do SESI/SENAI, entidade ligada ao Sistema Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), implantasse o programa Painel de Resultados na área da Segurança e Saúde do Trabalhador (SST).

Foi a forma encontrada pela superintendente do SESI/SENAI, Solange Maria Nunes Siqueira, para que os gerentes de negócios dessas instituições acompanhassem em tempo real o desempenho dos produtos que estão sendo desenvolvidos, oferecidos e contratados na área de SST pelas respectivas unidades.

Indicadores mostram em tempo real como está a situação de cada projeto

por Jacqueline Vitória

O diretor da FINDES para Assuntos do SESI, Alejandro Duenas, explicou que cada área do SESI oferece numerosos produtos. O órgão atende a 938 empresas com diferentes tipos de serviços na área de Saúde de Segurança do Trabalho. A meta é chegar a 1.200 empresas.

Práticas de sucessoCom o Painel de Resultados, os gerentes têm ao seu dispor

indicadores que mostram em tempo real como está a gestão do projeto e se este está encaminhando para os resultados desejados. E todos os resultados podem ser registrados.

Dessa forma, todos os gerentes poderão monitorar seus produtos, analisa Duenas, reafirmando que práticas de sucesso da iniciativa privada estão sendo levadas para dentro da gestão do SESI. Além disso, ele acrescenta que,

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Para cada indicador do Painel de Resultados é neces-sário que se possa explorar as informações em diferentes níveis, desdobrando desde o resultado global até o resul-tado individual, quando possível medir. As informa-ções contidas neste painel são geradas periodicamente, conforme definição de processo que será validado pela Superintendente do SESI.

Tempo e qualidadeA fim de ser uma ferramenta efetiva para a gestão do

negócio SST, as informações constantes do painel devem ser analisadas e criticadas regularmente pelos gestores do processo em reunião de análise de resultados.

A partir da análise dos indicadores apresentados deve-se provocar o desenvolvimento de projetos de melhoria com vistas à ampliação da carteira de clientes, do portfólio de produtos e serviços, do resultado financeiro, e ainda das competências técnicas da equipe.

“Atendemos o cliente da indústria com qualidade. A equipe é muito técnica e com isso queremos garantir que a mesma resposta seja dada do norte ao sul do Estado”, esclarece Adriana Freitas.

Com o Painel de Resultados, é possível medir a gestão pelo resultado, além de avaliar a gestão eficiente. A expectativa da superintendente Solange Siqueira é que o cliente seja atendido muito bem, em tempo e qualidade.

Todos os gerentes terão essa ferramenta de monitora-mento e poderão acompanhar em tempo real os produtos contratados pelos clientes. Essa é uma ação dentro do processo produtivo e a ferramenta permite a antecipação de ações corretivas das gestões, tornando possível cons-tatar a origem da falha e corrigi-la durante a execução do produto contratado.

O diretor da FINDES para Assuntos do SESI, Alejandro Duenas, explicou que práticas de sucesso da iniciativa privada estão sendo levadas para dentro da gestão da entidade

por outro lado, o gerente é o dono do próprio negócio (produto oferecido) e tem que mostrar resultados.

“O Painel de Resultados fornece condições de obter um monitoramento adequado e saber se vou atingir a meta e, ainda, caso haja algum erro, qual o direcionamento que eu vou tomar para atingir o objetivo”, explica Alejandro Duenas.

O sistema de Painel de Resultados funciona com o envio de dados de cada respectivo produto que está sendo realizado na empresa contratada. Esses dados alimentam um banco a partir do qual os operadores vão inserindo os resultados nos painéis. Os dados caem no sistema, que faz a leitura e imediatamente registra e divulga os resultados do momento.

Medição de resultadosApós isso, o sistema vai comparando as metas estabele-

cidas para cada produto. Com esse panorama, os gerentes analisam se o produto está se comportando de acordo com o esperado. Do contrário, têm que tomar medidas que o direcionem para o caminho certo.

A gerente da Divisão de Saúde do SESI/ES, Adriana Freitas Coelho Carvalho, esclarece o objetivo do Painel de Resultados. “Este painel visa ao monitoramento e controle dos resultados globais do negócio SST, dos resultados de cada unidade operacional e dos integrantes de sua equipe”.

Ela sublinha que, para o bom funcionamento dessa ferramenta, consideram-se como premissas a qualidade e transparência nas informações e a possibilidade de análise crítica e comparativa entre os diferentes indicadores, ou entre as diferentes unidades operacionais.

“É uma ferramenta que pode antecipar ações corretivas das gestões”Solange Maria Nunes Siqueira, superintendente do SESI/SENAI

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educação

por Jacqueline Vitória

A s pressões competitivas das empresas apontam ainda mais para a necessidade de elevar a apren-dizagem do trabalhador como determinante ao

desempenho dos projetos e como fator de sobrevivência das organizações.

O mercado procura aquele que se enquadra no dife-rencial humano, e investe no capital intelectual e na ma-nutenção de talentos. Essas pessoas têm sido vistas como fundamentais no processo de desenvolvimento e de susten-tabilidade das organizações.

Mas esse grupo de “preparados” para o exigente mercado é pouco diante da necessidade das empresas. No Brasil, de acordo com o Dieese, pesquisas realizadas em 2010 na área apontaram que quase 100 mil vagas de emprego não foram preenchidas no ano por falta de capacitação profissional.

Essa dicotomia desemprego/vagas em aberto para profissionais qualificados estabelece que a procura por escolas para qualificação profissional e cursos técnicos em

“O SENAI é importante para as indústrias por formar e manter atualizada a mão de obra” – Flávio Sérgio Andrade Bertollo, diretor da FINDES para Assuntos do SENAI

Profissionais qualificados têm Portas abertas no mercado

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determinadas áreas ainda é baixa, no sentido de suprir as demandas de ofertas de vagas. Nesse caso, entra em cena o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que oferta várias oportunidades para jovens e adultos se profissionalizarem, preparando-os para o mercado de trabalho.

O diretor da FINDES para Assuntos do SENAI, Flávio Sérgio Andrade Bertollo, revela que a importância da instituição para as indústrias se concretiza com a qualificação de novos empregados para ocupação de vagas e na melhoria (aperfeiçoamento) daqueles que já estão inseridos nesse mercado, principalmente devido às inovações e mudanças constantes do parque tecnológico das indústrias capixabas.

Fazendo um breve histórico, a gerente da Divisão de Educação do SENAI Espírito Santo, Lucia Helena Cunha, cita que, no Brasil, a discussão sobre educação e qualifi-cação profissional inicia-se, de forma mais consequente, com o período de aceleração da industrialização, nos anos 50, ditado pelo processo de substituição de importações.

“A educação pública, então, não tinha capacidade de responder, com a rapidez requerida, às necessidades do mercado de trabalho emergente e às específicas de cada novo ramo industrial. É nesse contexto que o governo promove a expansão do SENAI. Com a constante mudança no mercado de trabalho e evolução das empresas, faz-se necessária a qualificação permanente da mão de obra dos setores industriais”, ressalta. Assim, apesar de grande demanda para empregos nesses setores, tem-se uma defasagem de pessoas preparadas para inclusão nas vagas disponíveis neste mercado.

O País está numa fase da economia em que é absolutamente essencial que empresas e governos possam contar com trabalhadores treinados. Isso porque já se

configura um cenário de crescimento robusto do Produto Interno Bruto (PIB), na casa dos 4%.

Nos últimos anos, cresceram as preocupações de companhias e de setores empresariais quanto à escassez de mão de obra treinada – um dos primeiros segmentos em que se identificou esse estrangulamento foi o de Engenharia. Enquanto no Brasil de cada 50 estudantes apenas um cursa Engenharia, na China e na Coreia, de cada quatro estudantes, um se torna engenheiro. O grande desafio para os grandes projetos, como petróleo, área naval, e outros, é assegurar uma mão de obra com uma formação melhor.

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 1,6 mil empresas mostrou que sete em cada dez empresários sofrem com a falta de qualificação profissional.

O governo federal aumentou o gasto com qualificação de trabalhadores em 32% entre 2009 e 2010, mas os R$ 227,9 milhões aplicados no ano passado foram muito inferiores aos R$ 961,1 milhões empregados no ano de 2001, recorde da última década e meia.

A carreira de um profissional deve ser encarada como um projeto progressivo. Esse é o objetivo do SESI/SENAI, que vem ofertando e elaborando cursos profissionalizantes de acordo com as necessidades das empresas, como mostra a experiência vivida pela empresa Chef Galles. A seu pedido, as duas entidades elaboraram o curso de serviço de bordo para trem de passageiros (comissário de trem) e de cozinheiro industrial.

De acordo com o proprietário da empresa, Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, a realidade do mercado hoje passa por grandes problemas na contratação de profissionais qualificados e a iniciativa do SESI/SENAI é fundamental para suprir as necessidades da indústria capixaba e para que o Estado continue a se desenvolver na área industrial. “O grande problema é que esse crescimento do mercado não se dá na mesma proporção da nossa educação. Há uma grande oferta de empregos e pouca mão de obra qualificada”, conclui.

“Há uma grande oferta de empregos e pouca mão de obra qualificada”Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, proprietário da Chef Galles

Cursos de QualifiCação Profissional do senai

• Mecânica • Eletrotécnica • Tecnologia de Redes • Vestuário • Logística

• Metalurgia • Alimentos • Refrigeração • Meio Ambiente • Segurança no Trabalho

Duração de dois meses a dois anos

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fatos em fotos

7ª Convenção SESI/SENAI/IELPara iniciar o ano letivo, o Sistema FINDES promoveu, no dia 2 de fevereiro, a 7ª Convenção SESI/SENAI/IEL de Professores, que este ano teve como tema o “Conhecimento que Gera Mudança”. A Convenção reuniu cerca de 1.200 pessoas, entre educadores e colaboradores do Sistema FINDES, que assistiram às palestras ministradas por personalidades de renome nacional, como Gilberto Dimenstein e o grupo vocal BR6, além de participarem de outras atividades.

1 – O presidente do Sistema FINDES, Marcos Guerra e alguns integrantes da diretoria minutos antes de começar o evento. 2 – O palestrante Nei Loja apresentou o tema “Uma Nova Maneira de ser Feliz na Vida Pessoal e nas Organizações”. 3 – O BR6 apresentou um workshow, que animou a manhã dos profissionais, cantando várias músicas à capela. 4 – Os participantes puderam deixar suas impressões sobre o evento. 5 – O diretor para Assuntos do SENAI, Flávio Bertollo, e o superintendente do IEL, Fábio Dias, com os colaboradores que foram sorteados para ganhar um tablet. 6 – A última palestra foi com o consultor Waldez Ludwig que falou sobre “Estratégia, Qualidade, Inovação e Talentos na Instituições de Educação”

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7 – O diretor para Assuntos do SESI, Alejandro Duenas; o primeiro vice-presidente da FINDES, Manoel Pimenta; o primeiro diretor financeiro, Tharcício Pedro Botti, e o diretor para Assuntos do SENAI, Flávio Bertollo, prestigiaram o evento. 8 – Colaboradores durante o intervalo: momento de descontração. 9 – Equipe do SESI e o primeiro vice-presidente da FINDES, Manoel Pimenta. 10 – Com a palestra “O Mundo é uma Sala de Aula”, Dimenstein abordou os diversos significados da palavra conhecimento. 11 – O presidente do Sistema FINDES, Marcos Guerra, e o diretor para Assuntos do SESI, Alejandro Duenas, entregam prêmio para docente do SESI. 12 – Momento da ginástica laboral: o samba-enredo da Imperatriz do Forte animou os colaboradores.

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fatos em fotos

Imperatriz do Forte homenageia os 60 anos do SESI “Imperatriz vai começar o show. Comunidade, canta meu Forte. 60 anos, gira mundo, gera vida. O SESI vem na explosão da bateria”. Assim cantou a Imperatriz do Forte no Carnaval 2012. A escola homenageou os 60 anos do SESI–ES, com o enredo “SESI 60 anos; gira mundo, gera vida”.

1 – Diretoria da FINDES no carro alegórico “Serviço Social da Folia”. 2 – Leonardo, Patrícia, Ana Maria e Sergio Rogério de Castro. 3 – O presidente do Sistema FINDES, Marcos Guerra, e sua esposa, Giane. 4 – Alimentação saudável foi destaque na ala “Cozinha Brasil”. 5 – Manoel Pimenta e sua esposa, Tulé. 6 – Josefina Aparecida e Pedro na ala “Força Produtiva”. 7 – João Depizzol, Flavio Bertollo, Manoel Pimenta, Marcos Guerra, Alejandro Duenas e Altamir Martins.

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8 – Egídio e Leila Malanquini no Camarote do SESI. 9 – O superintendente do IEL-ES, Fábio Dias, caiu na folia. 10 – Os porta-bandeiras da “Inclusão social”: Maria Aparecida Patussi e Duhan Paulo. 11 – A gerente da Divisão de Cultura, Lazer e Esportes, Cristina Albuquerque, com a turma da comissão de frente “Tempos Modernos”. 12 – Giane Guerra, a superintendente do Sesi-ES, Solange Siqueira, e a presidente do Sinconfec, Clara Orlandi. 13 – Diretoria da FINDES: Manoel Pimenta, Marcos Guerra e Sergio Rogerio de Castro. 14 – Carro alegórico da “Grande Engrenagem”.

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cursos e cia

Março e abril 2012

Curso Período

Capacitação para Coordenadores e Supervisores Comerciais 23/03 a 25/08

Programa de Gestão Ambiental em Empresas de Médio e Pequeno Porte 13 a 25/04

Programa de Capacitação para Gerentes das Pequenas e Médias Empresas 04/05 a 20/10

Fluxo de Caixa 26 a 29/03

Aperfeiçoamento para Telefonistas e Recepcionistas 26 a 29/03

Importação: Passo a Passo 26 a 29/03

Excelência em Vendas 26 a 29/03

Formação de Auditor Interno da Qualidade 26 a 30/03

Gestão Eficaz do Tempo 02 e 03/04

Etiqueta Empresarial e Imagem Profissional 02 e 04/04

ProGraMaÇÃo De cursos ieL

Março e abril 2012

Curso Período

Competências Essenciais para Líderes Atuais 02 e 05/04

Desenvolvendo as Habilidades do Supervisor como Líder de Pessoas 09 e 12/04

Contabilidade para Não Contadores 09 e 12/04

Cálculos Trabalhistas 09 e 13/04

Intensivo Gestão Ambiental - Auditoria Ambiental 13 e 14/04

HP12C – Manuseio e Cálculos Financeiros 17 a 19/04

Interpretação da NBR ISO 14001:2004 17 a 20/04

Auditoria Trabalhista 18/04

Relacionamento com o Cliente 18 a 20/04

Tratamento de Não Conformidades 18 a 20/04

PPP: Perfil Profissiográfico Previdenciário 19/04

Seleção e Entrevista de Pessoas por Competências 19/04

Técnicas de Negociação 23 a 26/04

Administração de conflitos 23 a 26/04

Planejamento Estratégico na Prática 23 a 27/04

Intensivo Gestão Ambiental - Módulo: Certificação Ambiental 28/04

Intensivo Gestão Ambiental - Módulo: Relações com Partes Interessadas (Comunicação, ONGs, Imprensa)

04 e 05/05 27 (18h30 às 22h) e 05/05 (8h às 12h)

Linhares: Interpretação da NBR ISO 9001:2008 13 e 14/04

Colatina: Gestão de Custos Empresariais 13 e 14/04

ProGraMaÇÃo De cursos ieL

A qualificação profissional é exigida para tudo, e hoje em dia até mesmo para o primeiro emprego. Pensando nisso, o SENAI/SESI-ES desenvolve

a sua missão de promover a educação profissional e tecnológica contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira.

A habilitação técnica é uma das mais procuradas por aqueles que querem se inserir no mercado. É destinada a alunos matriculados ou egressos do ensino médio,

Cursos téCniCos gArAnteM Posição no MerCAdo

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com o objetivo de proporcionar habilitação de nível médio, segundo cada perfil profissional.

Nas unidades do SESI/SENAI de Colatina, Linhares, Serra, Vitória ou Vila Velha são oferecidos cursos técnicos de Mecânica, Vestuário, Meio Ambiente, Eletromecânica, Petroquímica, Eletrotécnica, Redes de Computadores, Logística, Edificações, Alimentos e Automação Industrial.

Para aqueles que apostaram nas qualificações do SESI/SENAI, o sucesso profissional veio mais rápido. É o caso de Juliano Mosquini Nogueira, de 20 anos. Seu ingresso no SENAI aconteceu em fevereiro de 2008, pelo Programa de Aprendizagem Industrial (Menor Aprendiz), indicado pela Chocolates Garoto, empresa de Vila Velha. Na oportunidade, Juliano lembra que realizou os cursos de Mecânica e Manutenção Industrial.

“Durante o curso, me interessei ainda mais pela área da Mecânica e resolvi me aperfeiçoar. Em julho do mesmo ano, surgiram vagas para o curso técnico de Mecânica de Manutenção Industrial. Passei no processo seletivo e comecei a estudar dois períodos no SENAI (manhã e tarde). Durante o curso técnico, percebi uma afinidade pela disciplina de Soldagem. Então, me inscrevi no curso de Soldador a Arco Elétrico TIG oferecido pela instituição”.

Juliano destaca que, durante o curso, o professor lhe falou sobre a Olimpíada do Conhecimento e convidou-o para participar das seletivas. “Fui aprovado em todas as etapas estaduais e aí comecei um treinamento para representar o Estado do Espírito Santo na modalidade de Soldagem, em que conquistei o 7° lugar entre 18 Estados participantes.

PROGRAMAÇÃO DE CURSOS SEnAi

SENAI VILA VELHA

Curso Período

Almoxarife assim que fechar turma

Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão assim que fechar turma

Comandos Elétricos Industriais assim que fechar turma

Mestre de Obras assim que fechar turma

NR10-Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade

assim que fechar turma

“O SENAI foi a escola onde eu aprendi uma

profissão que me garantiu um bom

emprego no mercado de trabalho” - Juliano

Mosquini Nogueira

PROGRAMAÇÃO DE CURSOS SEnAi

SENAI VITÓRIA

Curso Período

Leitura e Interpretação de Desenho Técnico 17/4 a 24/5

Eletricidade Básica 17/4 a 11/5

Comandos Elétricos assim que fechar turma

Eletricista Instalador Predial assim que fechar turma

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cursos e cia

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Quando retornei da Olimpíada, participei de um processo seletivo para a Vale e fui trabalhar como soldador. Em 2011, participei do processo seletivo para docente do SENAI e hoje trabalho ministrando curso na área de Soldagem no SENAI Cetec”, destaca.

Juliano tem muito orgulho de sua trajetória e gosta de repassá-la aos alunos. “O SENAI foi a escola onde eu aprendi uma profissão que me garantiu um bom emprego no mercado de trabalho”, emociona-se, enfatizando que a busca pela qualificação profissional deve ser uma preocupação de todas as pessoas, em todos os segmentos profissionais.

informações e inscrições:

edifício finDes – Tel: (27) 3334-5755/5756/5758 • inscrições e informações também pelo site www.iel–es.org.br • senai colatina – Tel: (27) 3721-4017 • senai Vitória – Tel: (27) 3334-5201 • senai Vila Velha – Tel: (27) 3399-5800 • mais informações sobre os cursos no site: www.es.senai.br.

SENAI COLATINA

Curso Período

Comandos Elétricos Industriais 14/05 a 10/07

Injeção Eletrônica 14/05 a 21/06

CAD para Confecção - Sistema Audaces 30/05 a 08/08

ProGramaçÃo De cursos senai

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66 Indústria Capixaba – FINDES

artigo

O saldo da balança comercial brasileira de US$ 29,8 bilhões em 2011 superou as expectativas de muitas previsões pessimistas do início do ano. Embora

as exportações tenham atingido um recorde de US$ 256 bilhões, a indústria de transformação deverá apresentar um déficit superior a US$ 47 bilhões. Com a previsão do aumento de investimentos de empresas estrangeiras no mercado brasileiro e a crise nos países do Hemisfério Norte, é bem provável que o déficit da indústria persista.

A perspectiva de contração das principais economias mundiais pode ocasionar um aumento da concorrência com a China, cujas empresas estão alavancadas em custos baixos. Os executivos brasileiros, entretanto, têm respondido através de mudança na estratégia, dando um enfoque maior nos clientes. Também, algumas empresas buscam consolidar a sua posição no mercado, enquanto outras tentam se

expandir internacionalmente. Mas, isso seria suficiente para sobreviver à concorrência chinesa?

Quando se trata de competição com a China, a Alemanha pode servir como modelo. Com exceção da China, a Alemanha foi o único país que conseguiu aumentar a sua participação no mercado internacional. Possuidores de indústrias centenárias, os alemães investiram em inova-ções contínuas e flexibilizaram sua legislação trabalhista.Enquanto no Brasil, aproximadamente, 70% das exporta-ções são realizadas por grandes empresas, na Alemanha, muitas das empresas líderes de mercado são familiares e se localizam em comunidades rurais.

Para escapar da concorrência baseada em custos, é preciso investimento em inovação. Schumpeter foi o primeiro economista a defender que apenas através da inovação e do empreendedorismo pode um negócio, com exceção de um

monopólio governamental, sobreviver no longo prazo. Entretanto, inovação requer desequilíbrio contínuo, liderado por empresários obcecados com aquilo que estão fazendo. Inovação seria, então, não uma proeza do intelecto, mas da força de uma liderança.

Medidas protecionistas podem proporcionar alívio no curto prazo, mas não irão contribuir para o aumento da competitividade. Na realidade, a imposição de medidas protecionistas setoriais pode ocultar deficiências e atrasar investimentos em inovação. Ao contrário, recomenda-se à liderança brasileira incentivar a inovação, pressionar para que haja uma flexibilização da legislação trabalhista e burocracia, de modo a facilitar que pequenas e médias empresas possam exportar produtos manufaturados.

Marcílio R. Machado é vice-presidente do Conselho de Comércio Exterior da FINDES e doutor em Administração de Empresas pela Nova Southeastern University, EUA

O déficit da indústria e a ameaça chinesa

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