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Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas no Brasil
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Realização
Financiador
Comitê Diretor Nacional
Ministério daSaúde
Ministério doDesenvolvimento Social
e Combate à Fome
Créditos
Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil
Jorge Chediek
Coordenador Nacional do PC SAN
Fernando Moretti
E-mail: [email protected]
Tel.: + 55 (61) 3038-9110
End: CEN - Quadra 802 - Conjunto C - Lote 17 / Asa Norte - Brasília-DF, Brasil
CEP: 70.670-350
Assessoria de Comunicação
Daniela Silva (UNICEF)
E-mail: [email protected]
Tel.: (92) 3632-1829 | (92) 3642-8016
Boletim PCSAN: Janeiro a Junho de 2012
Redação e Edição: Daniela Silva
Diagramação: Iara Flor
Comitê Gestor
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas de 2007 é
amplamente reconhecida como um instumento internacional indispensável à
promoção e proteção dos direitos de mais de 370 milhões de pessoas indígenas
vivendo em cerca de 90 países. Esta população indígena representa 15% dos pobres do
planeta e um terço dos 900 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza. Eles estão
entre os que mais sofrem com baixos índices de escolaridade, problemas crescentes de
saúde e níveis elevados de crimes e abusos dos direitos humanos.
No Brasil, o Sistema ONU e o o Governo federal têm desenvolvido um trabalho
conjunto para buscar a superação das barreiras que ainda impedem a participação
inclusiva e o exercício ativo de cidadania destas populações. Dentre as ações acordadas
está o Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e
Crianças Indígenas – PCSAN, em vigor desde 2010.
As Nações Unidas - por meio de seus organismos FAO, OIT, OPAS/OMS, PNUD e
UNICEF - e o Governo brasileiro - representado pela FUNAI, MDS, Secretaria Especial de
Saúde Indígena, Ministério da Saúde e ABC - têm analisado estes desafios, construído
soluções e desenvolvido boas práticas. O Programa faz parte do Fundo para o Alcance
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (MDG-F), criado graças a uma doação
do Governo espanhol.
Este trabalho conjunto busca oferecer respostas coletivas, coerentes e integradas às prioridades e necessidades dos povos indígenas, algo
que só pode se concretizar a partir do fortalecimento institucional, empoderamento de indivíduos e sociedade civil, desenvolvimento de
materiais culturalmente adaptados, implementação de boas práticas, e monitoramento e avaliação de dados e políticas.
Hoje, o PCSAN contempla, direta e indiretamente, cerca de 53 mil indígenas dos municípios de Dourados, no Mato Grosso do Sul, e de
Benjamin Constant, Tabatinga e São Paulo de Olivença, no Alto Solimões (AM). Por meio das ações de alcance nacional, o Programa também
contribui para a garantia dos direitos de mais de 800 mil pessoas que compõem a população indígena brasileira.
Nessa construção, as vozes indígenas precisam ser mais presentes nos diálogos sociais, algo que só conseguiremos a partir do
fortalecimento da capacidade de governança e da promoção do empoderamento e da participação política. Os desafios ainda são muitos e,
na mesma medida, muitas são as oportunidades, especialmente em um um contexto em que o mundo e o Brasil se volta com mais
maturidade para o desenvolvimento sustentável e redução das desigualdades.
É tarefa de todos renovar o compromisso de proteger e promover a igualdade de oportunidade como prerrogativa para a realização dos
direitos humanos. Que as iniciativas aqui relatadas ajudem a inspirar muitos outras parceirias para o avanço das políticas públicas inclusivas.
Editorial
Jorge Chediek, Coordenador Residente
das Nações Unidas no Brasil
Jorge Chediek
Coordenador Residente das Nações Unidas no Brasil
Sumário
Empoderamento Comunitário 6
Disseminação de boas práticas 15
Produção de material culturalmente adaptado 18
Fortalecimento Institucional 21
Monitoramento e avaliação 24
26
Depoimentos 29
Parcerias 32
Eventos e Reuniões
Programa Conjunto 5
O Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de
Mulheres e Crianças indígenas – PCSAN atua nos municípios de
Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Tabatinga, região do
Alto Rio Solimões (Amazonas) e em Dourados (Mato Grosso do Sul).
As duas regiões se destacam pela concentração de povos indígenas
e, sobretudo, pelos desafios em termos de garantia de direitos de
crianças e mulheres indígenas, segmentos populacionais mais
vulneráveis em termos de acesso à Saúde e à Alimentação
adequada, direitos humanos fundamentais para todo cidadão.
O PCSAN é realizado por cinco organismos das Nações Unidas (FAO,
OIT, OPAS/OMS, PNUD e UNICEF), em parceria com o Governo
Brasileiro, representado pela Fundação Nacional do Índio
(FUNAI/Ministério da Justiça); Secretaria Especial de Saúde
Indígena/ Ministério da Saúde (SESAI/MS); Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Agência
Brasileira de Cooperação (ABC).
O financiamento é garantido pelo Fundo das Nações Unidas para o
Alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (MDG-F),
que conta com doação da Espanha. O Programa Conjunto tem
apoiado a qualificação e integração de políticas públicas voltadas
para a segurança alimentar e nutricional nas duas regiões,
especialmente nas áreas da saúde, da alimentação e do
desenvolvimento social em nível local, com o propósito de garantir
direitos e promover a equidade.
As ações atendem demandas das comunidades e prioridades
estabelecidas nos programas governamentais do Brasil, bem como
desafios identificados durante a realização das atividades, sem
perder de foco a contribuição ao País para o alcance dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio, especialmente, na redução da
fome e das taxas de mortalidade infantil. E não seria possível sem o
apoio de parceiros nacionais, regionais e locais.
São cinco os eixos de atuação do PCSAN:
• Fortalecimento Institucional
• Empoderamento Comunitário
• Produção de material culturalmente adaptado
• Disseminação de boas práticas e
• Gestão, avaliação e monitoramento.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
Programa Conjunto de Segurança
Alimentar e Nutricional de
Mulheres e Crianças Indígenas
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Empoderamento
Comunitário
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
Brasil inicia diálogo para regulamentar
consulta prévia da Convenção no 169A Secretaria Geral da Presidência da República e o Ministério das
Relações Exteriores iniciaram, em março deste ano, o processo de
diálogo social do governo federal com a sociedade civil visando a
regulamentação dos procedimentos de consulta aos povos
indígenas e tribais. A OIT tem prestado apoio técnico ao processo,
com o objetivo de fortalecer o diálogo como mecanismo de
promoção da justiça social.
"Povos indígenas e comunidades reconhecidas como sujeitos de
direito da Convenção, como os quilombolas, tem direito de serem
Diretora da OIT, Lais Abramo, durante seminário "Convenção no 169 da OIT: Experiências e Perspectivas", realizado nos dias 8 e 9 de março
deste ano, em Brasília.
A Convenção no169 sobre Povos Indígenas e Tribais da OIT foi ratificada pelo Brasil em 2002, e constitui o primeiro instrumento
internacional vinculante que trata especificamente dos direitos dos povos indígenas e tribais. Os conceitos básicos que norteiam a
interpretação das disposições da Convenção são a consulta e a participação dos povos interessados, e o direito desses povos de
definir suas próprias prioridades de desenvolvimento, na medida em que afetem suas vidas, crenças, instituições, valores espirituais
e a própria terra que ocupam e utilizam.
Entenda o que é consulta prévia
consultados quando qualquer obra ou ação da política pública,
legislativa, administrativa ou judiciária, possa afetar a vida e o
desenvolvimento desses povos”, comenta Renato Mendes,
coordenador nacional do Programa Internacional para a Eliminação
do Trabalho Infantil da OIT. “A consulta prévia é um processo de
negociação pela busca do consenso. A OIT se coloca à disposição
para contribuir com o diálogo visando a garantia dos direitos dos
povos indígenas e tribais”, acrescenta Mendes.
Foto
: OIT
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Foto
: FA
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A alimentação escolar deve seguir normas previstas na legislação
nacional para garantir alimentos saudáveis e nutritivos aos alunos e
profissionais do ensino. O monitoramento desse serviço é realizado
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que
passou a inserir o município de Dourados no circuito de suas visitas.
A FAO tem apoiado a equipe do FNDE com o intuito de fortalecer as
políticas de alimentação escolar em Dourados. Durante visita ao
município, a equipe elaborou o Plano de Monitoramento do FNDE
que visa documentar o estado de cumprimento da legislação
nacional no contexto da alimentação escolar.
No relatório sobre a situação da alimentação escolar, são apontadas
várias irregularidades que precisam ser superadas:
Cerca de 80 gestores indígenas participam de capacitação sobre o
FNDE
•
• Ausência de nutricionistas nas escolas indígenas
• Insuficiência de alimentos para alimentação das crianças indígenas
• Falta de um representante indígena no Conselho de Alimentação
Escolar (CAE) no município.
A partir dos resultados do relatório, o PCSAN apoiou a capacitação
de cerca de 80 gestores indígenas, com o intuito de promover uma
maior fiscalização das ações relacionadas à alimentação escolar. A
mesma atividade também será realizada no Alto Rio Solimões, em
data a ser definida.
O PCSAN também tem colaborado com o Ministério Publico e visa
apoiar a capacitação e a inserção de pelo menos um representante
indígena no Conselho de Alimentar Escolar Municipal (CAE).
Falta de um cardápio culturalmente adequado
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação que tem
como missão prestar assistência financeira e técnica e executar ações que contribuam para uma educação de qualidade a todos.
Capacitação sobre
o Fundo Nacional
de Desenvolvimento
da Educação
PCSAN 2012.1
Durante o primeiro semestre de 2012, a FAO e PNUD continuam
disponibilizando Assistência Técnica de Extensão Rural para o
fortalecimento das capacidades produtivas de 80 grupos familiares
indígenas de Dourados (MS) que estavam em situação de
insegurança alimentar. Como resultado, houve reintrodução da erva
mate e outras árvores nativas importantes culturalmente para os
Guarani Kaiowá e com potencial comercial.
Outro resultado foi o incremento na produção agrícola indígena nas
terras de Dourados durante a primeira safra do ano. A terra indígena
de Panambizinho produziu em media 10 toneladas de mandioca
por hectare, assim como um volume elevado de cucurbitáceas e
hortaliças.
O incremento na produção demonstra a capacidade produtiva das
comunidades indígenas assim como a importância do
acompanhamento técnico de extensão rural. Essa produção, além
de satisfazer as necessidades de consumo para subsistência, tem
potencial para comercialização.
A equipe de ATER em parceria com a FUNAI estará trabalhando
durante o segundo semestre de 2012 na criação de uma feira de
produtos indígenas na cidade de Dourados.
Assistência Técnica de Extensão Rural
beneficia 400 indígenas em situação de
insegurança alimentar
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Considerando a média
de 5 pessoas por família,
os 80 grupos indígenas
representam cerca
de 400 pessoas
beneficiadas diretamente
pela Assistência Técnica
de Extensão Rural
Família atendida pela assistência técnica rural já colhe do próprio quintal para se alimentar.
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Pequenas Doações a Projetos Indígenas - PDI
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Um edital do PNUD esta incentivando indígenas da região de
Dourados formados em universidades ou estudantes de graduação a
voltarem para suas aldeias e aplicarem nas próprias comunidades o
conhecimento que adquiriram. A partir dessa iniciativa esta sendo
concedido financiamento de ate R$ 4 mil por ano a propostas na área
de segurança alimentar. O objetivo e apoiar a implementação de
politicas publicas que promovam e garantam a realização dos direitos
dos povos indígenas. O edital do projeto Pequenas Doações a Projetos
Indígenas foi lançado em 2011 e as propostas selecionadas são:
• Ka’a: cultivo de erva mate em sistemas agroflorestais - UFGD
• Oficinas de qualificação de artesanato com mulheres
indígenas da aldeia Jaguapiru-Dourados (MS) - UEMS
• Educação em saúde com as mulheres indígenas: segurança
alimentar e nutricional para as crianças, nos benefícios do aleitamento
materno, na aldeia Bororó, município de Dourados (MS) - UNIGRAN
• Levantamento preliminar da situação processual das terras
indígenas Guarani/Kaiowa: a judicialização das demarcações - UCDB
• Atualização e impressão do mapa de terras indígenas dos
Guarani e Kaiowa em Mato Grosso do Sul - UCDB
•Cine documentário indígena: construção, reflexões e
protagonismo - UCDB
• Acampamentos indigenas Guarani/Kaiowa de Mato Grosso
do Sul: situação de moradia, alimentação e saneamento básico - UFGD
O Programa também tem apoiado o projeto de mestrado em
indigenismo e desenvolvimento sustentável do Baniwa Franklin
Paulo Eduardo da Silva, em função da relevância do tema:
¨Levantamento parcial da situação da alimentação dos povos
indígenas do Alto Rio Negro¨.
Critérios de seleção
• R e l e v â n c i a p a r a a
comunidade envolvida, assim como
participação nas atividades propostas
pelo projeto
• Relevância para os objetivos
do PCSAN
• Valorização e estímulo aos
sistemas tradicionais dos povos
indígenas em questão
• Adequação do orçamento à
proposta encaminhada
• Foram valor izados os
trabalhos de acadêmicos e professores
indígenas com foco na própria
comunidade de origem.
Participação em Conselhos
O PNUD apoia ainda a participação de
indígenas do Mato Grosso do Sul
• Nas reuniões da Comissão
Permanente de Povos Indígenas (Cp6)
e
• Nas Plenárias do CONSEA.
Conquista: o Kaiowá Silvio Ortiz foi
eleito conselheiro suplente.
•
dois viveiros em Panambizinho;
• Diagnóstico florestal participativo para levantamento da
situação da recuperação das matas restantes em Panambizinho.
Este diagnóstico, em fase de conclusão, será utilizado para o
planejamento participativo da recuperação das matas da aldeia;
• Apoio à produção familiar sustentável, voltada para a
agroecologia (quintais agroecológicos, unidades experimentais de
plantio agroecológico, banco de sementes);
Recuperação ambiental, construção e manutenção de
• Cinco técnicos contratados pelo PCSAN estão apoiando
as atividades da FUNAI - Coordenação Regional de Dourados - e a
formulação e execução do Plano Anual de Trabalho em
Etnodesenvolvimento. A equipe também fornece assistência
técnica continuada aos indígenas relacionada à produção
agroecológica.
Para o plantio, sugeriu-se, por exemplo, que a FUNAI comprasse
sementes crioulas (também chamadas de variedades ou
tradicionais), cujo plantio é acompanhado. Sugeriu-se ainda a
compra de mudas de árvores frutíferas e de árvores nativas, entre
outras. A distribuição de sementes e a construção de casas de reza
(ação da FUNAI para incentivar o plantio e a colheita agrícola)
também são apoiadas pela equipe.
• Oficinas de construção de fogões geoagroecológicos.
Todas as 80 casas de Panambizinho serão beneficiadas. As primeiras
reuniões, com pactuação de calendário e metodologias, ocorreram
no primeiro semestre deste ano, com participação da FUNAI e
SESAI.
• Manejo de lenha peridomiciliar, ação que incentiva a
produção de lenha no quintal familiar que será usada nos fogões
geoagroecológicos.
Práticas de gestão sustentável da
agrobiodiversidade local
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Na aldeia de Panambizinho, o PNUD apoia diversas atividades relacionadas à prática de gestão sustentável
da agrobiodiversidade local. Veja as ações em andamento:
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Oficinas sobre preparo de alimentos foram oferecidas pela
OPAS/OMS para 91 indígenas de famílias com crianças abaixo de
dois anos de idade nas aldeias de Bororó I, Bororó II, Jaguapiru e
Panambizinho, e para 18 profissionais de saúde, dentre médicos,
enfermeiros e nutricionistas. Ao todo foram realizadas sete oficinas
no município de Dourados. Na região do Alto Rio Solimões (AM),
no Amazonas, as oficinas também terão continuidade.
Durante os encontros, os participantes discutiram sobre a
importância da alimentação complementar saudável e a relação
com saúde-doença; trocaram experiências sobre formas de preparo
e de consumo. Em seguida, meteram a mão na massa para preparar
pratos que valorizam alimentos locais. As oficinas também
contemplavam o momento de degustação da refeição.
Os alimentos não consumidos foram doados à Casa de Saúde
Indígena (CASAI) e alguns utensílios foram disponibilizados para
as comunidades. Dentre os temas abordados, discutiu-se a
importância dos alimentos que são fonte de vitamina C para
potencializar a absorção do ferro dos alimentos de origem vegetal;
como enriquecer nutricionalmente um alimento a partir da forma
de preparo (exemplo: arroz com cenoura ralada) e sobre a
importância dos alimentos naturais para a saúde, como frutas e
verduras.
Também foram comentados os malefícios dos produtos
industrializados, que possuem excesso de açúcar e sal, a exemplo
dos salgadinhos industrializados, refrigerantes, doces e temperos
artificiais. Um desafio que se repetiu durante as sete oficinas
ocorridas em Dourados foi o tema da higiene e armazenamento, em
função das condições sanitárias locais e do acesso limitado à água.
Foram reforçados hábitos simples de higiene como lavar as mãos
antes de comer os alimentos.
“ Um desafio que se repetiu durante as sete oficinas ocorridas em
Dourados foi o tema da higiene e armazenamento, em função das
Famílias aprendem
como enriquecer
a alimentação em casa
PCSAN 2012.1
condições sanitárias locais e do acesso limitado à água. Foram
reforçados hábitos simples de higiene como lavar as mãos antes de
comer os alimentos.
“Espera-se que as oficinas continuem sendo realizadas pelos
parceiros locais, fortalecendo a educação em saúde, com ênfase
para a alimentação saudável. A médio e longo prazo, acreditamos
que essas atividades favorecerão a adoção de práticas educativas
que contribuirão para as condições de segurança alimentar das
famílias e crianças indígenas”, diz a consultora da OPAS/OMS,
Juliana Ubarana.
As oficinas foram realizadas pelo Polo Base de Dourados do Distrito
Sanitário Especial Indígena Mato Grosso do Sul (DSEI
MS/SESAI/MS), pela Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e pela Rede
Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN Brasil),
como parte do PCSAN.
O propósito das oficinas foi o de adaptar, à realidade indígena de
Dourados, a Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação
Complementar Saudável, que vem sendo implementada pelo
Ministério da Saúde na população em geral desde 2008. No início
deste ano, a metodologia e conteúdo adaptados pelos profissionais
de saúde de Dourados foram trabalhados com os Agentes
Indígenas de Saúde (AIS).
Equipe de saúde indígena também reforça hábitos de higiene entre os
participantes, em especial, crianças. 12
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Equipe do Polo Base de Dourados, do DSEI Mato Grosso
do Sul, com apoio da OPAS/OMS, realiza oficinas de
alimentação complementar para famílias nas aldeias
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Como fruto de oficinas para profissionais de saúde e agentes indígenas de saúde sobre aleitamento materno e alimentação complementar
foi elaborado um álbum seriado com 10 passos para a alimentação complementar saudável na região de Dourados. Inclui ainda a definição
de receitas saudáveis e culturalmente referenciadas, que foram testadas e aplicadas durante as oficinas de culinárias com mães e
responsáveis por crianças menores de 2 anos. O álbum está sendo ilustrado e traduzido para o Guarani.
10 passos para a alimentação complementar
saudável
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Oficinas sobre as Ações Integradas de Doenças
Prevalentes na Infância – AIDPI
Médicos e enfermeiros do Polo Base de Dourados/ DSEI Mato Grosso do Sul e do DSEI Alto Rio Solimões trocaram experiências sobre as
Ações Integradas de Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) durante capacitações realizadas em cada região, entre março e abril deste ano.
Os encontros permitiram discutir sobre formas de detectar os principais problemas de saúde da população materno-infantil e os referentes
à vigilância alimentar e nutricional da população de maior risco.
O foco também esteve nas ações educativas e preventivas, especialmente relacionadas à segurança alimentar e nutricional, de acordo com
as mais recentes orientações da Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e Ministério da Saúde
(OMS/OPAS/MS). As atividades foram conduzidas pelo DSEI Mato Grosso do Sul/ SESAI/MS em parceria com o Instituto Materno Infantil de
Pernambuco (IMIP), com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do sistema de saúde local. O IMIP também realizou visita do Alto Rio
Solimões, para monitorar como estava a aplicação das condutas do AIDPI nos serviços de saúde da região, corrigir possíveis falhas nas
rotinas dos pólos base e reforçar o intercâmbio de conhecimentos.
Até o momento, 20 profissionais de saúde foram capacitados em Dourados, com o intuito de aprimorar o atendimento nos Polos Base de
Dourados, Amambai, Antonio João, Aquidauana, Bodoquena, Bonito, Caarapó, Iguatemi, Sidrolândia e Tacuru, além de profissionais
doHospital da Missão Caiuá e Hospital Universitário, ambos em Dourados. No DSEI Alto Rio Solimões , 44 profissionais de saúde foram
capacitados, contemplando atendimento no DSEI Mato Grosso do Sul, Polos Base de Umariaçu I e II, Campo Alegre, Vendaval, Filadelfia,
Feijoal, Tonantins, Betania, Belém de Solimões e São Paulo de Olivença.
A OPAS/OMS apoiará a implementação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) em Dourados, por meio de projeto de lei,
e continuará incentivando a criação do CONSEA do município. A minuta do projeto de lei será elaborada durante oficina, nos dias 04 e 05 de
setembro, envolvendo representantes do poder público e da sociedade civil, com apoio da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e
Nutricional (CAISAN) e do CONSEA Nacional, que estarão presentes no encontro.
Participarão também representantes do governo de Mato Grosso do Sul e do município de Diadema, São Paulo. Os convidados paulistas
apresentarão um exemplo de experiência bem sucedida na implementação do sistema. O apoio à criação do SISAN também está garantido
para a região do Alto Rio Solimões.
“A instituição e implementação do SISAN permitirão a criação de espaços que possibilitarão a sustentabilidade das ações do Programa e,
ainda, oportunizarão a discussão sobre outras demandas de Segurança Alimentar e Nutricional. A proposta é que os indígenas façam parte
de instâncias onde possam colocar suas demandas em relação à SAN e reivindicar que seu Direito Humano à Alimentação Adequada seja
garantido”, diz a consultora da OPAS/OMS, Juliana Ubarana.
PCSAN apoia CONSEAs municipais e Sistema de SAN
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Durante os debates, será incentivado que a composição dos conselhos inclua representações indígenas das etnias das regiões,
dentre elas, mulheres indígenas, de forma a promover uma maior igualdade de direitos entre os gêneros. Todas essas ações
inovadoras nas regiões de atuação do PCSAN serão sistematizadas em formato de Boas Práticas, permitindo a disseminação da
iniciativa em outros municípios com realidades próximas.
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Disseminação
de boas práticas
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
Sete hortas escolares estão servindo de modelo para o município de
Dourados, na relação sadia entre educação e meio ambiente,
hábitos saudáveis, cultura alimentar, produção sustentável e tantos
outros benefícios para a comunidade escolar.
Durante o primeiro semestre deste ano, a FAO e parceiros locais,
realizaram quatro encontros de formação para as sete escolas
indígenas: dois na área de meio ambiente e dois voltados para a
pedagogia e educação.
A comunidade escolar indígena de Dourados tem regado essa
iniciativa inovadora desde abril de 2011. Este ano, o objetivo
principal é incentivar os gestores indígenas a se apropriarem dos
mecanismos de sustentabilidade para garantir a continuidade das
atividades após a conclusão do PCSAN.
Nesses encontros foram discutidos temas como:
• Introdução de novas técnicas e espécies de plantas sugeridas pela
comunidade escolar para o cultivo orgânico no espaço escolar
• Recuperação de fertilidade de solos exauridos por plantios de
monoculturas por meio de plantio de adubo verde para produção
de massa verde e alimento no currículo escolar
• Projeto político pedagógico
• Legislação brasileira referente à Segurança Alimentar e Nutricional
• Horta como estratégia de mudança hábitos e
• Cultura alimentar inadequada
INSUMOS
A continuidade das hortas e a criação de novas dependem de
insumos produzidos pela própria comunidade. Por isso, o PCSAN
está trabalhando na construção de dois viveiros de mudas e um
minhocário que serão responsáveis pelo fornecimento dos insumos
para as sete escolas indígenas de Dourados.
“Desde que iniciamos o trabalho com as hortas escolares, o
tema da alimentação saudável passou a estar mais presente e
ser mais valorizado no dia a dia da comunidade escolar.
Algumas famílias, inclusive, estão levando mudas e sementes
para ser cultivadas nos quintais de suas casas, o que significa
uma real possibilidade de complementar a alimentação
tradicional indígena com novos produtos nutritivos”, comenta
Maurício Mireles, consultor principal da FAO para o PCSAN.
Hortas escolares
valorizam a
educação
baseada em
alimentação
saudável
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3.406alunos (5 a 17 anos)
159professores indígenas
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Produção de
material
culturalmente
adaptadoFotos: PCSAN/Daniela Silva
Como parte das comemorações da semana do índio, no mês de
abril, em Dourados, foi lançada a Convenção no 169 da OIT nas
línguas Guarani-Kaiowá e Terena, com versões impressa e em áudio.
As publicações foram elaboradas em parceria com a UNIGRAN
(Centro Universitário da Grande Dourados) e tem como propósito
apoiar a disseminação da Convenção, além de integrar o
compromisso do PCSAN de produzir materiais culturalmente
adaptados.
Três mil exemplares da publicação em Guaraní-Kaiowá e o mesmo
número em Terena estão sendo distribuídos pelos parceiros locais
do PC SAN, durante eventos importantes como a reunião Aty-
Guassu dos Jovens e mulheres indígenas. Com a mesma finalidade,
foram confeccionados 1.000 CDs contendo a versão em áudio da
Convenção traduzida.
Convenção no 169 da OIT
em Guarani-Kaiowá e Terena
Para apoiar o processo de regulamentação da consulta prévia no
Brasil, foram impressos 5.000 exemplares da C. 169 em português,
que estão sendo distribuídos em reuniões organizadas pela
Secretaria Geral da Presidência da República e pelo Ministério das
Relações Exteriores. A OIT tem prestado apoio técnico a esta
iniciativa por meio de projetos de cooperação técnica, como o
PCSAN.
Durante o primeiro semestre, estima-se que aproximadamente
2.600 pessoas, dentre elas 1.500 indígenas, foram sensibilizadas a
respeito do conteúdo da C.169, como parte do processo de
regulamentação da consulta prévia. A iniciativa da tradução da C.
169 para as línguas indígenas que fazem parte da região do PCSAN
tem repercutido em nível local e nacional, estimulando outros
grupos étnicos, como os Pataxós, a articularem estratégias para a
produção de material adaptado para a própria língua.
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Qual o olhar da criança indígena para a temática da segurança
alimentar e nutricional? As respostas virão de 25 crianças e
adolescentes das aldeias de Panambizinho (Dourados - MS);
Tey´iKuê (Caarapó - MS); Kurusu Ambá (Coronel Sapucaia - MS) e
Reko Pavê (Capitão Bado – Paraguai). Essa turma já está traduzindo
suas percepções por meio de fotos, cartas e objetos de arte que
representam o lugar onde vivem e valores culturais.
Trata-se do projeto “Olhares Cruzados entre os Kaiowá Guarani”,
conduzido pela organização parceira do PCSAN, Imagem da Vida,
por meio de iniciativa do PNUD. As oficinas estão ocorrendo em
cada uma das comunidades participantes e, ao final, toda a
produção será registrada em um livro e um documentário.
““O projeto trabalha com a perspectiva do olhar da criança sobre o
contexto onde vivem, sobre a segurança alimentar e nutricional no
passado, no presente e aquilo que desejam para o futuro. Espera-se
que as experiências positivas de produção de alimentos e
regeneração ambiental sejam intercambiadas entre as quatro
comunidades envolvidas. Também estimularemos a expressão
sobre a forma como as crianças e adolescentes se vem e querem ser
vistos, como instrumento de sensibilização para as lutas de suas
comunidades”, afirma a coordenadora técnica do PNUD para o
PCSAN, Renata Costa.
Olhares Cruzados entre os Kaiowá Guarani
Cerca de 3.000 exemplares do livro,
impresso em Guarani-Português, serão
distribuídos para escolas, bibliotecas e centros de
cultura, permitindo o intercâmbio, cruzamento de
olhares, construção e fortalecimento de alianças
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Fortalecimento
Institucional
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
Desde que foi realizado o I Colóquio sobre a Rede de Proteção à
Infância, no ano passado, outros quatro encontros já ocorreram em
Dourados entre parceiros comprometidos em facilitar o acesso à
rede e agilizar os encaminhamentos necessários para garantir os
direitos de crianças indígenas.
A dinâmica de reuniões tem permitido discutir questões mais
pontuais do atendimento a estratégias de intervenções nacionais.
“O Colóquio trouxe a oportunidade de entender quais são os papeis
de cada ator e quais são os gargalos. Foi fundamental para avançar
nas discussões e aproximar os atores, além de ter sido o primeiro
esforço mais sistemático de discutir a Rede de Proteção à Infância
Indígena”, comenta Diógenes Cariaga, assistente técnico da FUNAI
em Dourados.
Parceiros da Rede de Proteção
à Infância Indígena fortalecem ações“Fortalecer a rede de proteção à infância indígena é fundamental
para a garantia dos direitos da criança indígena, ainda muito
vulnerável em nossa sociedade. Precisamos superar as barreiras em
favor de cada menino e menina indígena. Essas importantes
discussões serão apoiadas também na região do Alto Rio Solimões,
envolvendo os diversos parceiros locais. A partir dessas experiências
locais, esperamos contribuir com o fortalecimento dos avanços de
políticas públicas nacionais”, afirma a Coordenadora do Programa
de Sobrevivência & Desenvolvimento Infantil, HIV/aids do UNICEF e
coordenadora do PCSAN, Cristina Albuquerque.
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A OIT, FUNAI e SEIND (Secretaria dos Povos Indígenas do
Amazonas) estão atuando como articuladores de instituições
nacionais, estaduais e locais que, de alguma forma, trabalham com a
cadeia produtiva do artesanato na região do Alto Rio Solimões.
Além de valorizar a cultura dos povos da região, esta ação tem
potencial de gerar renda e promover a segurança alimentar e
nutricional.
Espera-se, até o final do programa, mobilizar parcerias, desenvolve r
ações coordenadas e complementares para prestar apoio aos povos
indígenas, estimular e fortalecer a geração de renda na região por
meio da produção de artesanatos, garantindo resultados
sustentáveis.
Cadeia do Artesanato
contra a insegurança alimentar
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Monitoramento
e avaliação
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
PCSAN contribui para garantia de direitos
de 53 mil indígenas no Mato Grosso do
Sul e Amazonas
Por meio do Programa, cerca de 53 mil indígenas dos municípios
de Dourados (Mato Grosso do Sul) e Benjamin Constant,
Tabatinga e São Paulo de Olivença (Alto Rio Solimões,
Amazonas) estão sendo contemplados, direta e indiretamente.
Como muitas ações também tem alcance nacional, o PCSAN
contribui para a garantia de direitos de mais de 800 mil pessoas
que compõem a população indígena brasileira.
População Indígena no Brasil:
817.963 pessoas
Na cidade
Área rural
Municípios que integram o PCSAN
Amazonas - Alto Rio Solimões
• Benjamin Constant
População total: 33.411
População indígena: 10.383
• Tabatinga
População total: 52.272
População indígena: 16.592
• São Paulo de Olivença
População total: 31.422
População indígena: 13.414
Mato Grosso do Sul
• Dourados
População total: 196.035
População indígena: 13.101
Fontes: Censo 2010 do IBGE e SIASI 2012
O Plano de Monitoramento e Avaliação do Programa Conjunto passou por reestruturação para permitir gerar informações periódicas
sobre finanças, processos, atividades, produtos e resultados do PCSAN, possibilitando avaliações contínuas e identificação de boas
práticas a serem disseminadas.
O monitoramento das atividades e de produtos também é realizado pela Coordenação do PCSAN em colaboração com as agências,
parceiros governamentais dos níveis federal e local e lideranças indígenas. O monitoramento dos resultados inclui informações sobre:
• Melhora da SAN: acesso, disponibilidade, qualidade, regularidade ao alimento e aos serviços de saúde;
• Povos indígenas empoderados para exigir o direito humano à alimentação adequada e saúde, instituições públicas treinadas e
fortalecidas para desempenhar suas funções e;
• Diagnóstico, monitoramento e avaliação da segurança alimentar e nutricional das populações indígenas realizados.
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Eventos e
Reuniões
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
O representante do UNICEF no Brasil, Gary Stahl, e comitiva
visitaram os municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, no Alto
Rio Solimões, em fevereiro deste ano. O representante se reuniu
com parceiros locais do UNICEF, no âmbito no PCSAN: prefeitura de
Tabatinga, Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Solimões
(DSEI ARS/SESAI/MS), FUNAI, UEA, IFAM e Hospital de Guarnição.
Os parceiros locais do UNICEF comentaram sobre desafios
enfrentados na região, como analfabetismo, dificuldade e alto custo
de logística, qualificação insuficiente para os profissionais locais e,
sobretudo, para os indígenas, irregularidade de documentos de
nacionalidade, falta de clareza sobre o conceito e oferta de uma
educação diferenciada para povos indígenas, violência decorrente
do uso de drogas e álcool, alta taxa de suicídio entre adolescentes
indígenas, baixa oferta de oportunidades para os jovens, gravidez
na adolescência, má nutrição infantil, dentre outros.
Também destacaram avanços, como redução na taxa de
mortalidade infantil, entre 2009 e 2011, de acordo com o do ex-
chefe do DSEI Alto Rio Solimões, Plínio Cruz. “Essa melhoria ocorreu
durante o período que estamos executando o Programa Conjunto
de Segurança Alimentar e Nutricional, em parceria com agências
das Nações Unidas, que inclui o UNICEF, sempre presente em nossa
região”, disse Plínio Cruz.
Visita à Comunidade Indígena de Belém do Solimões
O local foi escolhido por ser a maior comunidade indígena da região, e pelo fato de o UNICEF já ter desenvolvido atividades por meio do
Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional. Na comunidade vivem mais de cinco mil indígenas, dos quais cerca de 90%
são Ticuna.
A visita da comitiva do UNICEF iniciou com uma reunião na escola da comunidade, contando com a presença de 28 lideranças indígenas,
conselheiros distritais, agentes e profissionais de saúde, parteiras e jovens da comunidade de Belém do Solimões, além de equipes do
DSEI ARS, FUNAI e imprensa.
Representante do UNICEF visita
o Alto Rio Solimões
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Ticuna Railane Lizardo, 11, homenageia representante Gary Stahl
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Participação em Eventos
O coordenador nacional do PCSAN, Fernando Moretti, esteve em Dourados, em maio, para conhecer parceiros
do Programa Conjunto na região. O coordenador, acompanhado pela consultora do UNICEF Arineide Pereira e a
ponto focal da região Gislaine Sartori, visitaram representantes da FUNAI, do Polo Base de Dourados e do DSEI
Mato Grosso do Sul, da Secretaria Municipal de Educação de Dourados e lideranças indígenas. Participaram
ainda do Aty Guasu dos jovens e visitaram a reserva indígena de Dourados e aldeia Panambizinho.
Dentre os resultados das reuniões, destaca-se o compromisso assumido pelo diretor de tecnologia da
informação, Rafael Koller, em instalar um ponto de internet na aldeia de Panambizinho. Já o secretário municipal
de Educação, Walteir Betoni, garantiu incluir no orçamento anual de 2013 a construção de uma sala anexa à
Escola Pai Chiquito para funcionamento do clube de comunicação popular na escola. A conexão é fundamental
para a continuidade das oficinas de comunicação com os jovens indígenas, iniciadas pelo UNICEF no ano
passado em Dourados e que serão promovidas este ano no Alto Rio Solimões.
Equipe do PCSAN visita parceiros em Dourados
Durante dois dias, os jovens Kaiowá, Guarani e convidados debateram sobre desafios atuais como a
regularização da terra indígena; fortalecimento da identidade, etnicidade e juventude indígena; direito e
cidadania indígena; e sobre sustentabilidade e autonomia. A programação incluiu apresentações, trabalhos em
grupo, debate, e foi encerrada com plenária de aprovação de propostas e encaminhamentos.
O evento foi realizado, nos dias 25 e 26 de maio, pelo Conselho dos Jovens e Conselho da Aty Guassu Kaiowá e
Guarani. Contou com o apoio Conselho Indigenista Missionário, Rede de Saberes, Universidade Federal da
Grande Dourados, Câmara Municipal de Paranhos e Pedro Kemp.
O PCSAN, por meio do UNICEF, foi convidado para a mesa de debate sobre Direito e Cidadania Indígena, ao lado
do Ministério Público Federal e FUNAI.
PCSAN participa de 1º Aty Guasu em Paranhos, Mato Grosso do Sul
Em Dourados, a UNIGRAN, uma das universidades parceiras do PCSAN, realizou em abril o VIII Seminário
Indígena, com o tema “Direito, Cultura e Identidade Indígena”. Na abertura do evento, houve exposição de
fotografias e vídeos produzidos pelos jovens indígenas durante oficinas de comunicação promovidas pelo
UNICEF.
As atividades de comunicação visam motivar os jovens a valorizarem a identidade indígena e a contribuírem
com as discussões em torno das políticas públicas voltadas para a Segurança Alimentar e Nutricional e Direitos
dos Povos indígenas.
Seminário destaca fotos e vídeos produzidos por jovens indígenas
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Depoimentos
Depoimentos
“O PCSAN tem sido uma iniciativa importante para a aldeia de Dourados, que é muito grande, com vários
problemas socioeconômicos que afetam crianças e mulheres indígenas. Para o CONDISI foi muito importante
porque, nos últimos seis anos, mudamos o foco da atenção à saúde. Antes, a gente queria só ambulância,
medicamentos. Depois iniciamos debate com as lideranças entendendo a saúde como produção,
autosustentabilidade, terra, renda, esporte, lazer, cultura e muitas outras coisas, um olhar mais amplo, e o
PCSAN trouxe isso também”.
Presidente do CONDISI do Mato Grosso do Sul, Fernando Souza, Terena.
“Uma das coisas importantes do PCSAN é o espaço de interlocução. Foram realizadas várias reuniões na aldeia e
na cidade. Aproximou pessoas que trabalham na mesma área e que não se conheciam. É importante que os
produtos (relatos e diagnósticos) cheguem aos formuladores e executores de políticas públicas”.
Professor da UFGD,
Levi Pereira
“As publicações sobre a Convenção no 169 da OIT tem tido boa repercussão. Indígenas tem vindo buscar,
principalmente a traduzida para o português e Guarani. A publicação é fácil de carregar, ter na mão. Vamos
enviar exemplares das publicações para a regional da FUNAI em Campo Grande, onde tem mais Terena. Estão
sendo espalhadas pelo Estado, não ficando limitadas a Dourados. Já estão sendo distribuídas em eventos e
servirão para a formação dos alunos de ensino médio de Panambizinho. Os indígenas tem interesse em
legislação, então as publicações são importantes para eles”.
Coordenadora da FUNAI em Dourados, Maria Aparecida Oliveira
“Aprendi muitas coisas que não sabia. Não conhecia as plantas, não sabia como cuidar, fazer adubo. Antes do
projeto, a comunidade não plantava tanto, não sabia vender as coisas. Deixava apodrecer o que não comia.
Agora estão plantando, tá melhorando, entendendo a importância. Meu sonho é florestar a aldeia, resgatar
nossas plantas, cuidar do que restou e plantar mais, parar de queimar para o nosso próprio bem. Os jovens
também estão começando a entender. As crianças ficam curiosas, querem saber como plantar”.
Intérprete e uma das responsáveis pelo banco de sementes em Panambizinho, Leide Pedro, 27 anos,
Kaiowá.
“Fizemos o lançamento das publicações traduzidas no dia 19 de abril, durante o Seminário Indígena, na
UNIGRAN. Temos 50 acadêmicos indígenas, em vários cursos, e eles estudaram os artigos da Convenção no 169
e apresentaram durante o Seminário. A Convenção foi apresentada a partir da percepção deles. Realmente a
comunidade não conhecia os seus direitos. Como dar empoderamento se estão desprovidos das informações?
O PCSAN tem contribuído para a socialização dos conhecimentos”.
Pró-reitora da Unigran,
Terezinha Bazé
“É a primeira vez que tenho um fogão mesmo. Fazia fogo baixo, perto do chão e era ruim porque cachorro vinha,
criança pisava no fogo. Agora não tem mais perigo dentro de casa. Fiquei muito contente mesmo. Disse pro
meu marido que tô feliz”.
Fineida Concianza, Kaiowá (na foto com o marido Nivaldo Severino e a filha Stefane Severino)
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“As capacitações para profissionais de nível superior, técnico e AIS foram importantes. Já estávamos há muito
tempo sem conseguir fazer capacitação em AIDIPI e foi um ganho contar com o apoio do PCSAN. Conseguimos
reunir não apenas profissionais que trabalham na SESAI, mas também os que atuam nos hospitais e serviços
afins. Sabemos que os profissionais (médicos, enfermeiros, nutricionistas etc) saem da faculdade sem saber
sobre AIDIPI e, com essas capacitações, muda o olhar dos profissionais. A gente vê mudança de atitude e de
avaliação. Teve AIS que passou a perceber, por exemplo, caso de pneumonia ao visitar as casas e informou ao
Pólo”.
Médico da SESAI em Dourados, Zelik Trajber
“Participei das oficinas de aleitamento materno e de alimentação complementar. Vivendo na área, aprendemos
muitas coisas, mas as oficinas também trouxeram informações que não conhecia, como a quantidade certa de
alimento para a criança que começa a comer. Às vezes as mães querem que elas comam bastante, mas tem a
quantidade certa”.
Agente Indígena de Saúde,
Andreia Cabreira, Kaiowá
“Sinto que os jovens indígenas gostaram muito das oficinas de comunicação. Uma forma deles estarem
expondo as próprias criações, fortalecendo a identidade, a autonomia, participando. Eles mesmos relatando,
registrando. Perceberam que é uma forma de estarem contribuindo com a própria historia, que também são
capazes de usar vários tipos de tecnologia. Uma forma de reconstruir nossa história com nosso próprio olhar”.
Coordenador do núcleo de educação indígena da Secretaria Municipal de Educação de Dourados,
atualmente em licence, Aguilera Souza
“Achei legal mostrar a aldeia por meio da fotografia e do vídeo, mostrar as coisas boas da aldeia. Depois fui para
o Encontro das Tribos Jovens na Bahia. O que achei mais interessante no encontro na Bahia foi que jovens de 16,
17 anos tem espírito de liderança. Aqui na aldeia só os adultos participam das reuniões, os jovens não se
interessam. Até mudei de ideia sobre o curso que quero fazer na faculdade. Antes pensava em estudar
odontologia, mas agora quero fazer assistência social para trabalhar na aldeia ou fora, tentando trazer projetos
para cá. A assistente social pode ser útil de várias formas”.
Estudante Mayara Rodrigues, Guarani, 17 anos, participou de oficinas de comunicação para jovens
indígenas
“Toda ação tem aprendizado e tem sido uma experiência boa as hortas nas escolas. O objetivo é que a escola
seja um laboratório e que o benefício chegue à sociedade. Estamos fazendo um memorial da gestão de cada
setor e deixaremos uma agenda positiva para o próximo secretário municipal de educação. Farei a defesa junto
ao prefeito de que precisamos encontrar mecanismos para fazer esse projeto virar política no ensino indígena”.
Secretário Municipal de Educação de Dourados, Walteir Betoni
“Atualmente, estamos cultivando alface, cheiro verde, salsinha, couve, beterraba, berinjela, quiabo, mandioca,
feijão. Já usamos os produtos na merenda escolar e, muitas vezes, os alunos, pais e professores levam para casa.
Uma vez por semana, os alunos águam e cuidam das plantinhas. Cada semana é um professor que acompanha.
À princípio, os alunos tiveram dúvida. Horta não é da nossa cultura, mas vendo o sabor dos alimentos, como é
bom para a saúde, a resistência acabou. Hoje, eles gostam bastante e comem mesmo. Algumas famílias já tem
horta na casa e vejo mais união entre eles, mais amizade”.
Diretor da Escola Pai Chikito em Panambizinho, Laucídio Flores
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Parcerias
Fotos: PCSAN/Daniela Silva
Relação de Parceiros
NÍVEL ESTADUAL/LOCAL - ARS
• Governo do Estado do Amazonas
• Prefeitura Municipal de Benjamin Constant
• Prefeitura Municipal de São Paulo de Olivença
• Prefeitura Municipal de Tabatinga
• Hospital de Benjamin Constant
• Hospital de São Paulo de Olivença
• Hospital de Guarnição de Tabatinga
• Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI Mato
Grosso do Sul Alto Rio Solimões
• Câmara Municipal de São Paulo de Olivença
• Universidade Estadual do Amazonas (UEA-TBT)
• Universidade Federal do Amazonas (UFAM-TBT)
• Instituto Federal do Amazonas (IFAM)
• Organizações indígenas (OGPTB, CGTT, CONDISI,
FOCCITTI, OGMITA, entre outras)
• Defesa Civil Regional
• Pastoral da Criança
• Ministério Público
• Conselho Tutelar
• Rede Internacional em Defesa do Direito de
• Amamentar – IBFAN
NÍVEL ESTADUAL/LOCAL - Dourados
• Governo do Estado do Mato Grosso do Sul
• Prefeitura Municipal de Dourados
• Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI Mato
Grosso do Sul
• Centro Universitário da Grande Dourados
(UNIGRAN)
• Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
• Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
• Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
• Ministério Público
• CRAS
• Conselho Tutelar
• Ação de Jovens Indígenas de Dourados (AJI)
• Conselho Indigenista Misionario CIMI
• Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de
Mato Grosso do Sul
• Rede Internacional em Defesa do Direito de
Amamentar – IBFAN
• Instituto Materno Infantil de Pernambuco - IMIP
NÍVEL NACIONAL
• Ministério da Educação
• Ministério do Meio Ambiente
• Ministério do Desenvolvimento Agrário
• Ministério de Pesca e Aquicultura
• Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(CONSEA)
• Câmara Intersetorial de SAN (CAISAN)
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Fotos: PCSAN/Daniela Silva