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Lovecraft Brasil 1 DENÍLSON E. RICCI é diretor e editor da Lovecra Brasil. Admirador de longa data de histórias fantáscas, conheceu a obra de H.P. Lovecra inusitadamente em meados de 2003, quando encontrou num baú do falecido avô de uma anga amiga um livro raro do autor. Desde então tem se dedicado com empenho a pesquisa sobre o autor e organização do o www.sitelovecra.com, um dos mais visitados do Brasil sobre a vida e obra deste grande autor. Editorial Edição 01 A emoção mais forte e mais anga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais anga de medo é o medo do desconhecido... H. P. Lovecraf 

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Colaboradores

Walter Gilmanesigner grá co

esponsável pela artea capa desta edição.

Wilbur ustrador americanoconhecido pela

usadia de sua arte.

Uxía Cambarroiretora e designerspecializada em arteD.

Ash J. WilliamsDesigner digitalfreelancer e músiconas horas vagas.

Herbert WestInstrutor Adobecom mais de 40certi cados.

John TrentDiretor de animaçãocom experiência naweb e na TV.

Editor e Diretor Responsável:Denílson E. RicciDiretor Executivo: Luiz CarraraDiretor Editorial e jornalista responsável:Roberto Araújo

RedaçãoDiretor de redação: Mário FittiRedação: Diego Pires e Nathlie FolcoChefe de Arte: Welby DantasEditora de Arte: Vera Lerner Revisão de Texto: Cátia de Almeida

InternetRodrigo Mourão, Ivan Bastos

Anderson Ribeiro, Anderson Cleiton eLeandro Novaes

PublicidadeDiretor de Publicidade: Maurício DiasCoordenador: Alessandro DonadioCriação Publicitária: Paulo Toledo

Assinaturas e Atendimento ao Leitor Gerente: Fabiana LopesAtendentes: Carlas Dias, Leila Silva, NatáliaLahoz, Paula Hanne, Renata Paladini, TamarBif , Vanessa Araújo, Celília Tornazelli, PaulaOrlandini, Ismael Miranda e Carina Cipriano

DiretoresDenílson E. RicciLuiz CarraraRodolfo SiqueiraTânia Sampaio

EditoraClock Tower

CréditosColaboradores/Expediente

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06 BIOGRAFIABiogra a ilustradaabrangendo toda a vida doautor

12 MESTRESGrandes mestres daliteratura que in uenciaramo trabalho de Lovecra

16 AMIGOSAmigos com quem trabalhoue compar lhou sua arte

24 MITOS DE CTHULHUTudo sobre os mitos ecriaturas da mitologialovecra iana

38 MULTIMÍDIAO legado de H. P. Lovecrafora dos livros

40 GALERIA DO LEITORA arte do indizível criada pornossos leitores

SumárioEdição 01

Biogra a... p. 06 Mestres... p. 12

Mitos de Cthulhu... p. 24

Galeria do Leitor... p. 40

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Howard Phillips Lovecra nasceu às 9 da manhã do dia0 de agosto de 1890, na casa de sua família, no número54 (na época, 194) da Angell Street, em Providence,hode Island. Sua mãe era Sarah Susan Phillips Lovecra ,uja ancestralidade ascendia à chegada de Georgehillips a Massachuse s, em 1630. Seu pai era Win eldco Lovecra , vendedor ambulante da Gorham & Co.,ilversmiths, de Providence. Quando Lovecra nha três

anos, seu pai sofreu um colapso nervoso num quartode hotel em Chicago e foi trazido de volta para o ButlerHospital, onde permaneceu por cinco anos até morrer em19 de julho de 1898. Aparentemente, Lovecra aprendeuque seu pai esteve paralisado e em coma durante esseperíodo, mas as evidências sugerem que não foi isso queaconteceu. É quase certo que o pai de Lovecra morreude paresia, causada pela sí lis.

Com a morte do pai, a responsabilidade de criar olho recaiu sobre a mãe, duas as e, em especial, sobreseu avô, o proeminente industrial Whipple Van BurenPhillips. Lovecra foi uma criança precoce: aos dois anos já recitava poesia e aos três já lia. Foi nessa época queadaptou o pseudônimo de Abdul Alhazred, que maistarde se tornaria o autor do mí co Necronomicon. Noano seguinte, porém, seu interesse por assuntos árabesfoi eclipsado pela descoberta da mitologia grega, colhidana Age of Fable de Thomas Bul nch e em versões paracrianças da Ilíada e da Odisséia. Com efeito, o mais an gode seus escritos que se conhece, “O poema de Ulisses”(1897), é uma paráfrase da Odisséia em 88 versos comrimas internas. Mas Lovecra , por esse tempo, já haviadescoberto a cção fantás ca, e sua primeira história –“The Noble Eavesdropper” (O nobre mexeriqueiro) –, quenão chegou até nós, parece remontar a 1896. Seu interessepelo fantás co proveio de seu avô, que entre nhaLovecra com histórias improvisadas, à maneira gó ca.

Enquanto menino, Lovecra foi um tanto solitário e

sofreu de doenças freqüentes, muitas, aparentemente, denatureza psicológica. Freqüentou de maneira esporádica aSlater Avenue School, mas encharcou-se de informaçõespor meio de leituras independentes. Por volta dos oitoanos, descobriu a ciência, primeiro a química, depois aastronomia. Passou a produzir jornais em hectógrafo[4] –The Scien c Gaze e (A Gazeta Cien ca) e The RhodeIsland Journal of Astronomy (Folha de Astronomia deRhode Island) –, para serem distribuídos entre amigos.Quando foi para a Hope Street High School (nívelcolegial), encontrou a nidade e encorajamento tantonos professores quanto nos colegas e desenvolveu váriasamizades bastante duradouras com rapazes da suaidade. A estréia de Lovecra em letra impressa ocorreu1906, quando enviou uma carta tratando de assuntoastronômico ao Providence Sunday Journal. Pouco depois,

começou a escrever uma coluna mensal de astronomiapara o Pawtuxet Valley Gleaner, um jornalzinho rural.Mais tarde escreveu colunas para o Providence Tribune(1906-8) e o Providence Evening News (1914-1918), bemcomo para o Asheville (N. C.) Gaze e-News (1915).

Em 1904, a morte do avô de Lovecra e a subseqüentedilapidação de seu patrimônio e negócio mergulharama família em sérias di culdades. Lovecra e sua mãe seviram forçados a abandonar a glória de seu lar vitorianopara morar numa residência apertada, no número 598da Angell Street. Lovecra cou arrasado com a perdado lar natal. Aparentemente, ele teria pensado emsuicídio, enquanto passeava de bicicleta e contemplavaas profundezas escuras do rio Barrington. Mas o gostode aprender baniu esses pensamentos. Em 1908, porém,pouco antes de sua formatura no colégio, sofreu um colapsonervoso que o obrigou a deixar a escola sem receber odiploma. Esse fato e o conseqüente fracasso em tentarentrar para a Brown University sempre o envergonharamnos anos posteriores, não obstante ter sido ele um dosautodidatas mais formidáveis de seu tempo. Entre 1908e 1913, Lovrecra viveu pra camente como um eremita,dedicando-se quase só aos seus interesses astronômicos ea escrever poesia. Ao longo de todo esse período, Lovecrase envolveu numa relação fechada e pouco saudável coma mãe, que ainda sofria com o trauma da doença e mortedo marido e que desenvolveu uma relação patológica deamor-ódio com o lho.

Lovecra emergiu de seu eremitério de maneirabastante peculiar. Tendo começado a ler os primeirosmagazines pulp de sua época, cou tão irritado com asinsípidas histórias de amor de um certo Fred Jackson,no Argosy, que escreveu uma carta em versos, atacandoJackson. A carta foi publicada em 1913, suscitando umatempestade de protestos por parte dos defensores deJackson. Lovecra se meteu num debate acalorado na

Biografa

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oluna de cartas do Argosy e dos magazines congêneres,parecendo as suas respostas quase sempre em dís coseróicos e humorís cos, descendentes de Dryden e Pope.

A controvérsia foi notada por Edward F. Daas, presidentea United Amateur Press Associa on (Associação Unidae Imprensa Amadora, UAPA), um grupo de escritoresmadores de todo o país que escreviam e publicavam oseus próprios magazines. Daas convidou Lovecra a seuntar à UAPA, e Lovecra fez isso nos começos de 1914.ovecra publicou treze edições de seu próprio periódico,he Conserva ve (O conservador, 1915-23), e tambémnviou volumosas contribuições de poesia e ensaios parautros jornais. Mais tarde, tornou-se presidente e editorcial da UAPA, atuando ainda, por breve período, comoresidente da rival Na onal Amateur Press Associa onAssociação Nacional de Imprensa Amadora, NAPA). Essasxperiências podem ter salvado Lovecra de uma vida deeclusão improdu va; como ele mesmo disse certa vez:

Em 1914, quando a mão amigável do amadorismo sestendeu para mim, eu estava tão próximo do estado deegetação quanto qualquer animal... Com o advento daAssociação] Unida, ganhei uma renovação de vida, umenso renovado da existência como sendo algo mais quem peso supér uo, e encontrei uma esfera na qual podiaen r que meus esforços não eram totalmente fúteis.ela primeira vez, pude imaginar que minhas inves dasesajeitadas no campo da arte eram um pouco mais doue gritos débeis perdidos no mundo indiferente.”

Foi no universo amador que Lovecra recomeçou ascrever sua cção, abandonada em 1908. W. Paul Cook

outros, percebendo as promessas dessas primeirasistórias, tais como The beast in the cave (A besta naaverna, 1905) ou The alchemist (O alquimista, 1908),

instaram Lovecra a retomar a pena. E foi o que Lovecrafez, escrevendo, num jorro, The tomb (A tumba) eDagon no verão de 1917. Depois, Lovecra manteve umconstante, porém esparso, uxo de cção, embora atépelo menos 1922 a poesia e os ensaios ainda fossemos seus modos predominantes de expressão. Lovecratambém se envolveu numa rede sempre crescente decorrespondência com amigos e associados, o que o tornouum dos maiores e mais prolí cos missivistas do século.

A mãe de Lovecra , com sua condição mental e sicadeteriorada, sofreu um colapso nervoso em 1919, dandoentrada no Butler Hospital, de onde, tal como seu marido, jamais sairia. Sua morte, porém, ocorrida em 24 de maiode 1921, deveu-se a uma cirurgia mal conduzida devesícula. Lovecra sofreu profundamente com a perda damãe, mas em poucas semanas se recuperou o su cientepara comparecer a uma convenção de jornalismo amadorem Boston, a 4 de julho de 1921. Foi nessa ocasião queviu pela primeira vez a mulher que se tornaria sua esposa.Sonia Ha Green era judia-russa, com sete anos a maisque Lovecra , mas ambos parecem ter encontrado,pelo menos no início, bastante a nidade um no outro.Lovecra visitou Sonia em seu apartamento no Brooklynem 1922, e a no cia de seu casamento – em 3 de marçode 1924 – não foi surpresa para seus amigos, mas podeter sido para as duas as de Lovecra , Lillian D. Clark eAnnie E. Phillips Gramwell, que foram no cadas porcarta só depois que a cerimônia ocorreu. Lovecra semudou para o apartamento de Sonia no Brooklyn, e asperspec vas iniciais do casal pareciam boas: Lovecraangariara posição como escritor pro ssional, por meio daaceitação de várias de suas primeiras histórias na WeirdTales, o célebre magazine fundado em 1923, e Sonia nhauma loja de chapéus bem-sucedida na Quinta Avenida,em Nova York.

Mas os problemas chegaram para o casal quaseimediatamente: a loja de chapéus faliu, Lovecra perdeua chance de editar um magazine associado à Weird Tales(para o que seria necessário que se mudasse para Chicago),

e a saúde de Sonia se esvaiu, obrigando-a a passar

uma temporada no sanatório de Nova Jersey. Lovecratentou garan r trabalho, mas poucos estavam dispostosa empregar um “velho” de trinta e quatro anos que nãonha experiência. Em primeiro de janeiro de 1925, Soniafoi trabalhar em Cleveland, e Lovecra se mudou para umapartamento de solteiro, junto a um setor decadente doBrooklyn, denominado Red Hook.

Embora vesse muitos amigos em Nova York – FrankBelknap Long, Rheinhart Kleiner, Samuel Loveman –,Lovecra tornou-se cada vez mais depressivo, devido aoisolamento em que vivia e às massas de “forasteiros” nacidade. Sua cção passou do nostálgico (“The shunned

house” – 1924 – se passa em Providence) para o frio emisantrópico (“The horror in Red Hook” e “He” – ambasde 1924 – expõem claramente seu sen mento por NovaYork). Finalmente, no início de 1926, zeram-se planospara a volta de Lovecra a Providence, da qual sen atanta falta. Mas onde se encaixava Sonia nesses planos?Ninguém parecia saber, muito menos Lovecra . Emboracon nuasse a professar sua afeição por ela, acabouconcordando quando suas as se opuseram à vinda delaa Providence, para iniciar um negócio: seu sobrinho nãopodia manchar-se com o es gma de uma esposa queera negociante. O casamento pra camente acabou, e odivórcio – ocorrido em 1929 – foi inevitável.

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Quando Lovecra retornou a Providence, em 17 debril de 1926, para morar na Barnes Street, ao norte darown University, não foi para se sepultar, conforme zerao período de 1908-1913. De fato, os úl mos dez anos deua vida foram o tempo de seu maior orescimento, tantoomo escritor quanto como ser humano. Sua vida eraela vamente pobre de ocorrências – viajou largamenteor vários lugares an gos ao longo da costa lesteQuebec, Nova Inglaterra, Filadél a, Charleston, Santo

Agos nho); escreveu sua melhor cção, isto é, desde “Theall of Cthulhu” (O chamado de Cthulhu, 1926) até “Athe mountains of madness” (Nas montanhas da loucura,931) e “The shadow out of Time” (A sombra dos tempos,934-1935); e con nuou sua correspondência vastaprodigiosa –, mas nha encontrado seu nicho como

scritor de cção fantás ca da Nova Inglaterra e também

omo homem de letras. Es mulou a carreira de muitosutores jovens (August Derleth, Donald Wandrei, Robertloch, Fritz Leiber); voltou-se para as questões polí caseconômicas, quando a Grande Depressão o levou a

poiar Roosevelt e a se tornar um socialista moderado; eon nuou absorvendo conhecimento num largo espectroe temas, de loso a até literatura, história e arquitetura.

Nos úl mos dois ou três anos de sua vida, no entanto,ovecra passou por alguns apertos. Em 1932, morreu aua amada a Mrs. Clark, e ele se mudou para o número6 da College Street, atrás da John Hay Library, levandoonsigo sua outra a, Mrs. Gamwell, em 1933. (Esta casaagora o número 65 da Prospect Street.) Suas úl mas

istórias, cada vez mais longas e complexas, eram di ceise vender, e ele foi forçado a ganhar seu sustento às

custas de muita “revisão” ou trabalho como ghost-writerde histórias, poesia e obras não- ccionais. Em 1936, osuicídio de Robert E. Howard, um de seus correspondentesmais chegados, deixou-o desorientado e triste. Por essaépoca, a doença que o levaria à morte – um câncer nointes no – havia progredido tanto que pouco se podiafazer para tratá-la. Lovecra tentou resis r, em meio àsdores crescentes, através do inverno de 1936-1937, masnalmente teve de dar entrada no Jane Brown MemorialHospital, em 10 de março de 1937, onde morreu cincodias depois. Foi sepultado em 18 de março, no jazigo dafamília Phillips, no Swan Point Cemetery.

É provável que, percebendo a aproximação damorte, Lovecra tenha entrevisto o esquecimento nalde sua obra: nunca teve um único livro publicado emtoda a vida (a não ser, talvez, a péssima edição de Theshadow over Innsmouth – A sombra sobre Innsmouth –, de 1936), e suas histórias, ensaios e poemas jaziamespalhados por uma porção desconcertante de pulpmagazines amadores. Mas as amizades que ele nhaforjado só por correspondência lhe valeram aqui: AugustDerleth e Donald Wandrei estavam determinados apreservar dignamente as histórias de Lovecra num umlivro de capa dura e criaram ao selo editorial ArkhamHouse, des nado inicialmente à publicação de Lovecra .Editaram The outsider and the others (O forasteiro eoutras histórias), em 1939. Diversos outros volumes seseguiram pela Arkham House, até que a obra de Lovecrapassou ao papel e foi traduzida em uma dúzia de línguas.Hoje, no centenário de seu nascimento, suas históriasestão disponíveis em edições com texto corrigido,seus ensaios, poemas e cartas circulam amplamente, emuitos estudiosos têm comprovado as profundidades ecomplexidades de sua obra e de seu pensamento. Faltamuito a ser feito no estudo de Lovecra , mas é corretodizer que, graças ao mérito intrínseco de seu trabalho eà diligência de seus associados e apoiadores, Lovecraconquistou um pequeno, mas inexpugnável, nicho nocânone das literaturas americana e mundial.

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Mestres

Para compreender um pouco mais a obra de Lovecra faz-senecessário entender as in uências por detrás de seus trabalhos.Sua principal inspiração foi Edgar Allan Poe, passando porLord Dunsany, Arthur Machen e Algernon Blackwood, foraoutros autores que destacamos abaixo. Todos os trechos foramre rados do ensaio “The Supernatural Horror in Literature”.

Edgar Allan Poe (1809-1849)

“...Poe fez o que antes ninguém zera ou poderia ter feito;e é a ele que devemos a moderna história de horror emseu estado nal e acrisolado”.

Lord Dunsany (1878-1957)

“...barão Dunsany, cujos contos e pequenas peças formamum elemento quase sem paralelo em nossa literatura”.

Algernon Blackwood (1869-1951)

“...as obras mestras de Blackwood alcançam um nívelgenuinamente clássico, e evocam como nenhuma outrapeça literária um sen mento assombrado e convicto daimanência de estranhas esferas espirituais”.

Arthur Machen (1863-1947)

“Dos criadores vivos do pavor cósmico elevado a seu maisalto expoente ar s co, di cilmente poderá citar-se algumque se iguale ao versá l Arthur Machen...”

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mbrose Bierce (1842-1914?)

Pra camente todos os contos de Bierce são deorror; ...uma parcela apreciável admite a malignidadeobrenatural e cons tui um elemento importante nocervo americano da literatura fantás ca”.

M.R. James (1862-1936)

“...dotado de um poder quase diabólico de evocar horroraos poucos a par r da trivialidade da vida co diana, é odouto Montague Rhode James...”

obert W. Chambers (1865-1933)

Muito genuíno.... é o traço de horror nos primeirosabalhos de Robert W. Chambers...”

Walter de la Mare (1873-1956)

“Merecedor de menção destacada como artesão vigoroso,para quem um mundo mís co invisível é sempre umarealidade próxima e vital, é o poeta Walter de la Mare...”

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Amigos

Foram muitos os amigos de Lovecra aolongo de sua vas ssima correspondência.Selecionamos alguma das biogra as deseus amigos mais próximos, além depersonalidades marcantes ao longo de suavida e que juntos desenvolveram histórias

de terror cósmico-mitológico formando ochamado “Círculo de Lovecra ”.

Robert E[rvin] Howard (1906-1936)

Grande correspondente e amigo de Lovecra , emborabem mais novo que o mesmo. Nasceu e viveu quase todasua vida no Texas, principalmente em Cross Plain. Tinhaem Lovecra e Clark Ashton Smith seus grandes amigosque escreviam seus magní cos contos para a WeirdTales. Sua principal criação foi Conan - o Bárbaro, mastambém escreveu sobre velho-oeste, histórias orientaisalgum relato eró co e até boxe (Howard era conhecidopor sua grande força sica, igual a seus personagens e eraa cionado por este esporte). Bob, como o conheciam, era

amante da natureza e dos animais e embora s eu jeito nãoaparentasse, se de nia como uma pessoa muito sensível.Sempre viveu em crise econômica (próprio dos anos pré-depressão), e com velha mãe doente entrou em desesperofalando em suicídio cada vez que ela piorava, pois recebiaparcelado uma dívida de US$ 800 da Weird Tales de contospublicados e a publicar, embora o pai médico pouco podiaajudar, pois seu pagamento era em itens por seu trabalho.Um dia antes da tragédia perguntou ao Dr. Dill, médicoe amigo do seu pai, se uma pessoa poderia morrer comum ro na cabeça... havia comprado três sepulturaspouco antes de morrer, feito um pequeno inventário eido perguntar sobre a mãe doente a enfermeira que falounega vamente sobre sua recuperação. Parece que foia linha nal, ele subiu no andar de cima da casa, ondecostumava da lografar seus contos e escreveu:

All ed, all doneSo li me on the pyre

The feast is overAnd the lamps expire.

“Todos fugiram, tudo está terminado! Então ergam-me até a pira;

o fes m ndou-see as luzes se apagaram”

Com a idade de 30 anos ele desceu até a garagem eem dentro de um Chevy 1935 a rou contra a cabeça comum revolver Colt do pai, usando uma munição calibre.380 emprestada de um amigo que nada sabia de suaintenção premeditada. O pai, o Dr. Dill e a empregada dacasa (por conta da mãe não poder mais fazer os trabalhosdomés cos), pra camente presenciaram o suicídio. Opai e o outro médico raram Bob Howard do carro e o

levaram para um cama. Ele morreu oito horas depois dodisparo e sua mãe trinta e uma horas após. Ambos foramenterrados juntos. Isto foi o que o pai de Bob Howardinformou Lovecra por uma carta sobre o ocorridodizendo também que ele vinha com esta idéia um anoantes quando sua mãe piorara. Este fato deixou Lovecratriste e depressivo por um bom tempo.

August [William] Derleth (1909-1971) e Donald Wandrei(1908-1987)

Ambos escritores e correspondentes de Lovecra .Wandrei, por sua vez correspondia-se desde 1924 comClark A. Smith o que o fez amigo de Lovecra (queconstantemente dava a ele conselhos literários). Tambémdurante a vida de Lovecra seu amigo de Wiscosin AugustDerleth (correspondente de 1926 a 1937), reconheceuseu trabalho, tentou oferecê-lo as editoras, mas semsucesso. Em 1927 Wandrei vai a Nova York na Weird Tales

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ntar oferecer ao editor Fansmouth Wright os escritose Lovecra e aproveita para conhecer Lovecra especialmente Samuel Loveman. Chega a Providence em929 cando alguns dias por lá vindo também a conhecerrank Belknap Long e James F. Morton. Meses depoisovecra o põe em contato com Derleth, numa relaçãoe amizade que dura até a morte de Derleth em 1971.

Wandrey também visitou Providence em 1932. Após amorte de Lovecra ambos tentam levar as editoras sua

bra mais sem sucesso, por isto criaram uma própriaditora a Arkham House que tão bem iniciou a fama deovecra . Durante este período, principalmente Derlethivulga muito a obra de Lovecra e também em outrosaíses, mas foi cri cado quanto a sua sistema zaçãoo mito de Cthulhu. Wandrei por sua vez é o grandeesponsável pela idéia e esforços de se publicar as cartase Lovecra , um imenso trabalho que foi o resultanteançamento tardio das Selected Le ers (1965-76). Em971 após a morte de Derleth, Wandrei entra numa brigae herança com os herdeiros do amigo o que o faz sefastar da editora.

obert [Albert] Bloch (1917-1994)

Bloch nasceu em Chicago, Illinois. Na idade de 9 anosssis u seu primeiro lme de terror “O Fantasma dapera” o que o fez dormir com a luz acessa. Daí adquiriu

eu gosto pelo gênero de horror. A Weird Tales era suaevista favorita e seu primeiro texto foi uma paródiae Lovecra in tulada “The Thing”. Depois de concluirensino médio na idade de 17 anos ele comprou uma

máquina de escrever usada e vendeu seu primeiro conto aWeird Tales, in tulado: “The Feast in the Abbey”. Sempreoi admirador de Lovecra , mas nunca o conheceu emida. Sua brilhante carreira assumiu outras forma depoisa morte de HPL, embora con nuasse com a temá ca de

Cthulhu. Ficou muito famoso com a criação Norman Batesem “Psicosis” (Psycho) de 1959, com a famosa adaptaçãode Alfred Hitchcock do livro e suas seqüências. Durantesua longa carreira de mais de dez décadas ganhou váriosprêmios e foi reconhecido como um grande escritor desua época.

Robert H[ayward] Barlow (1918-1951)

Correspondente e admirador de Lovecra , apenasnão admi ndo que quando começou a corresponder comele nha apenas 13 anos. Foi um grande amigo. Publicoumuitos trabalhos cedo e por indicação de Lovecra seliou a NAPA. Em 1934 Lovecra foi a Florida no verãona casa de campo da família Barlow em De Land, passarum mês e meio, onde ambos produziram muitas coisas.Novamente a convite de Barlow no verão seguinteseguinte Lovecra retorna a De Land e ca desta vez doismeses e meio. Na mesma idéia, Barlow vai a Providenceno verão seguinte e ambos escrevem “The Night Ocean”,sendo que ao que parece o conto tem mais de Barlowdo que Lovecra , mas isto não é muito certo a rmar.Após o falecimento de Lovecra vai a Providence e seencarrega das questões legais da herança e manuscritos(a herdeira legal foi sua a Annie E. P. Gamwell). Barlowreúne os materiais de Lovecra e leva-os a BrownUniversity depositando-os lá, mo vo pelo qual Wandreinão entendeu e o chamou de “ladrão” das obras. Barlowtambém é um dos grandes responsáveis por a obra deLovecra chegar até nós, pois da lografou muito de seusoriginais (coisa que Lovecra detestava fazer). Colaborou

com a primeira biogra a séria do autor de T. Lanay eWilliam H. Evans em 1943. Neste mesmo ano vai dar aulasde antropologia na Universidade do México, onde é muitoreconhecido e publica vários livros a respeito. E ntretantoem 1951 se suicida num hotel da Cidade do México porconta de uma chantagem que zeram algumas pessoasque descobriram ser ele homossexual (na época que viviaera terrível se a sociedade soubesse).

Henry Ku ner (1914-1958)

Ku ner conheceu Lovecra através de RobertBloch e foi um dos jovens escritores tutelados pelomestre (a exemplo do próprio Bloch). Escreveu para elepela primeira vez em meados de 1936. Casou-se comCatherine Lucille Moore (conhecida de Lovecra atravésde R.H. Barlow), e por anos escreveu histórias de terrore fantasia. Na década de 1950 por certo aborrecimentodeixa a literatura fantás ca por um tempo e junto coma esposa se gradua em psicologia na Sourthen CaliforniaUniversity. Pretendendo fazer um doutorado, morrerepen namente dormindo em 1958, talvez por contade um ataque cardíaco. Sua esposa casou-se novamentee com um médico vivendo mais três décadas, mas semescrever nada apenas mantendo contato com os fãsde cção cien ca, quando em 1981 numa convençãosobre cção cien ca em Denver a encheram de honras.Morreu com complicações de Alkheimer em 1987. Em2007 lmaram ‘Minzy- A Chave do Universo’, de autoriadele e da esposa C.L. Moore sob uso de pseudônimo,como era comum eles fazerem.

Frank Belknap Long (1901-1994)

Escritor, grande amigo (talvez mais amigo aindaque Robert E. Howard) e um dos correspondentesmais an gos de Lovecra , desde a época que eramadolescentes, se converteu em um dos maiores nomesda literatura americana de cção fantás ca tendo em1987 ganhado o prêmio Bram Stocker Award. A vomembro da UAPA (United Amateur Press Associa on)aonde publicou o conto “The Eye Above the Mantel”,que chamou atenção de Lovecra e onde começou estalonga amizade. Long, norvaiorquino durante toda vida,freqüentou brevemente a universidade da cidade, poisteve uma série de problemas médicos o que o levou aresolver dedicar-se especi camente a escrita pro ssional.Contribuiu muito para Weird Tales e foi um dos primeirosescritores a contribuir com o mito de Cthulhu de Lovecra ,e no declínio das pulp adaptou-se ao mercado editorialpublicando uma coisa aqui outra acolá. Escreveu umbiogra a de HP Lovecra : ‘Dreamer on the Night Side’.Casou-se em 1960 com Lyda Arco, com quem viveu atésua morte, não tendo herdeiros. Long faleceu velho em1994 sendo enterrado no cemitério Woodlawn de NovaYork empobrecido, mesmo com a longa carreira literária.Seus fãs pagaram as despesas funerárias num valor deUS$ 3000.

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lark Ashton Smith (1893-1961)

Dos três “Mosqueteiros da Weird Tales” (Lovecra ,obert Howard e Smith - dizem que embora fosse assíduosorrespondentes nunca se conheceram), Clark A. Smithoi o único com reconhecimento em vida, diferentementee hoje em dia, embora reconhecido talento pela crí cadesconhecido do grande público. Aqui classi quei-o

omo amigo/correspondente de Lovecra , mas bemoderia ser classi cado como seu precursor, dada axtrema admiração de Lovecra por ele. Nasceu emong Valley - Califórnia. De saúde frágil e a família quenfrentava pobreza, deixou de estudar cedo e catavautas ou trabalhava como lenhador para tentar apaziguars problemas nanceiros. Auto de niu-se como poeta.om seus poemas no magazine “The Black Cat “ em 1910

oi animado por amigos a entrar em contato com seudolo George Sterling (“discípulo” de Ambrose Bierce) queeconheceu seu talento e o tutelou, vindo a ser conhecidotravés deste e de sua escrita original. Por esta épocaprendeu francês e traduziu Baudelaire para o Inglês, jáue Sterling compunha poesias no es lo que Baudelaireazia parte. Mesmo com a carreira literária fazia bicos denhador para garan r sua renda, devido aos problemasepressão americana. Após 1935 e 1937 com as mortese Lovecra , sua mãe e seu pai e também por esta datasuicido de Sterling deixou de escrever proli camente

omo antes, dedicando-se mais a escultura e pinturanírica (que tanto admirava Lovecra ). Casou-se em 1954om Carolyn Jones Dorman. Em 1961 trabalhando comoardineiro sofreu um enfarto, recuperou-se, mas faleceu

meses depois.

Rheinhart Kleiner (1892–1949)

Poeta da impressa amadora, con sta e um dos maisan gos correspondentes de Lovecra . Publicou o primeirotrabalho crí co a poesia de Lovecra que se conhece: “ANote on Howard P. Lovecra ’s Verse” (United Amateur,Março de 1919). Se conheceram pessoalmente em julhode 1916 quando Kleiner visitou Providence, visitas queforam retribuídas quando Lovecra morou em Nova York,por esta ocasião visitaram ambos a Igreja HolandesaReformada do Brooklyn, visita esta que inspirou o conto“The Hound” e neste conto Kleiner é referido com opersonagem St. John. Nesta época Kleiner trabalhava naFairbanks Scales Co., empresa que ainda existe em 2009.Ambos faziam parte nesta cidade do “Kalem Club” (umclube literário em que Lovecra não criou, mas foi líder,incluía nomes como o próprio Kleiner, Evere McNeil eJames F. Morton. Quando Lovecra chegou introduziunovos membros ao clube, especialmente Frank BelknapLong, George Kirk e Arthur Leeds). Após a par da deLovecra de trem a Providence perdeu contato com omesmo, só restabelecendo em 1936-37. Com a morte deLovecra Kleiner editou suas muitas cartas sob o tulo:“By Post from Providence”. Embora poeta de grandetalento não viu muita obra sua ser publicada em vida.

Outras Personalidades

Harry K[ern] Brobst : Nasceu em 1909 este amigo deLovecra no período posterior a 1932; admirador dashistórias da Weird Tales, através de um pedido ao editorFarnsworth Wrigth entrou em contato por carta comLovecra e foi cordialmente respondido, começandouma grande amizade. Brobst foi assis do em 1932 pelapsiquiatria do Hospital Butler em Providence e por contadisto sempre acompanhava Lovecra nas suas viagens.Em 1933 acompanhou Lovecra em sua recepção a E.Ho mann Price. Brobst a rma que Lovecra chegoua trabalhar brevemente como vendedor de entradasde um cinema em Providence e que cou horrorizadoquando uma conheçida, que havia visitado a Alemanha,

lhe contou sobre os horrores nazistas que vira. Brobstvisitou constantemente Lovecra nas etapas naisde sua vida neste mesmo hospital. Escreveu cartas aR.H. Barlow comentado o caso de Lovecra e dizia quequando ques onado o mesmo dizia “ Às vezes a dor éinsuportável”. Brobst e sua mulher organizaram o funeralde Lovecra . Posteriormente foi acadêmico da BrownUniversity e de outras ins tuições. Publicou um livro dememórias “An Interview with Harry K. Brobst”

Dr. Franklin Chase Clark : Aqui está alguém muitoquerido por Lovecra , e talvez desconhecido para osleitores o Sr. Clark nasceu em 1847 e foi marido de LillianD[elora] Phillips Clark, a de Lovecra (casaram-se em10 de abril de 1902). Foi um grande médico e cien sta,tendo se graduado na Brown University (1869) e seespecializado em Nova York e regressado a Providence,onde trabalhava no Hospital de Rhode Island e comomédico forense do Dpto. de Polícia, além de grande autorde livros técnicos, ar gos e ensaios, sendo muitos delesguardados na Brown University. Com a morte do pai e doavô do jovem Lovecra , ele meio que se converteu emseu pai. Disse HPL (S. L. 1.38) que suas primeiras prosas eversos se viram bene ciadas pelos conselhos do Dr. Clark.Faleceu em 1915 de hemorragia cerebral e Mal de Brightcrônico. A ele Lovecra homenageou em “An Elegy onFranklin Chase Clark, M. D.” (Publicada no Evening Newsde Prividence em 29 de Abril de 1915). O Dr. Eliu Whipplede “A Casa Assombrada” (1924), o Dr. Gamell Angell do “OChamado de Cthulhu” e o Dr. Marinus Bicknell Willet de“O Caso de Charles Dexter Ward” (1927), provavelmenteestão inspirados no Dr. Clark; o que também pode sero caso do Dr. Henry Armitage de “O Horror de Duwich”(1928) e o Dr. Nathaniel Wingate Peaslee do “A Noite dosTempos” (1934-35).

W. Paul Cook : Nasceu em 1881 e foi na vida adultaeditor presidente da UAPA e também diretor da NAPA(rival). Foi, junto a amigos grande incen vador deLovecra para que reiniciasse sua escrita com labor em1917. Publicou alguns tulos de Lovecra e intentou

publicar outros que por força da morte de sua esposae problemas nanceiros não deram certo. Foi um dospoucos que acreditaram no seu talento. Cook escreveu,“Howard P. Lovecra ’s Fic on” (The Vagrant, Novembro1919) como prefacio a “Dagon” – que teve a honra deser o primeiro trabalho crí co a obra de Lovecra . Cookpublica posteriormente grande parte de seu trabalhoinicial em The Vagrant. No m de 1925, pede a Lovecraque escreva sobre a literatura sobrenatural para TheRecluse. O projeto inicial foi ampliando-se até chegar em“O horror sobrenatural na literatura” (1927). Visitando aCook em 1928 em Athol, Massachussets, HPL absorveumuitos relatos e lendas que usou em “O Horror deDunwich”. Em 1940, Cook escreveu In Memoriam: HowardPhillips Lovecra , considerada a obra mais emo va sobreLovecra . Seu trabalho “A Plea for Lovecra ” (uma súplicapor Lovecra ) publicada em The Ghost em maio de 1945,

falava da imagem distorcida sobre Lovecra que, segundoele, passava a Arkham House. Faleceu em 1948.

Cli ord M[ar n] Eddy Jr. : Nasceu em 1896 esteescritor e amigo de Lovecra na vo de Providence,também membro dos clubes amadores de literatura. Davalongos passeios inspiradores com Lovecra . Escreveu umabreve memória in tulada: “Walks with H. P. Lovecra ”(Passeios com H. P. Lovecra ). Faleceu em 1971.

E[dgar] Ho man Price : Nasceu em 1898 este escritorpulp, colaborador e correspondente de Lovecra entre1932-37 ao qual Lovecra muito nha respeito e um dospoucos que ele fez questão de manter contato sempre.Conheçeu pessoalmente Lovecra em Nova Orleans,numa de suas viagens, por conta de um telegrama deRobert E. Howard que dizia que o mesmo se encontravanesta cidade. Lovecra passou pelo menos uma semanaem Nova Orleans, a maior parte do tempo em companhiade Price. Price por sua vez visitou Lovecra em 1933 noapto. de Lovecra nos meses de junho e julho. Escreveuuma con nuação ao conto de Lovecra : “A Chave dePrata”, in tulado “O Senhor da Ilusão”, que Lovecrarevisou exaus vamente denominando nalmente como“Através dos Portais da Chave de Prata”. Loveman mesmocom a morte de Lovecra con nuou no mercado das pulp,só adotando tendência a romances no posterior m daépoca das pulps magazines. Price escreveu uma memóriasobre Lovecra : The Man Who Was Lovecra (incluídano volume Cats), outras curtas como: The Sage of CollegeStreet (Amateur Correspondent, Maio-Junho de 1937), H.P. Lovecra the Man (Diversi er, Maio de 1976), além devárias análises astrológicas de Lovecra . Faleceu em 1989.

Winifred V[irginia] Jackson : Nasceu em 1876 esta escritora e amiga de Lovecra na Imprensa Amadora eque muitos estudiosos dizem que teve um relacionamentocom ele, devido a alguns encontros literários antes docasamento de Lovecra . Não se tem muita informação arespeito. Faleceu em 1959.

Samuel Loveman : Nasceu em 1889 este poeta, dramaturgo e grande amigo de Lovecra . Lovemanfazia parte do “Kalem Club”. Visitou Providence em1929, visitas seguidas de excursões a Boston, Salem eMarblehead. Após a morte de Lovecra o mesmo serevoltou furiosamente contra posturas dele com relaçãoao an -semi smo (algo pico a época), que descobriu aose corresponder com Sonia Greene. Destruiu, acredita-se cerca de 500 cartas de ambos (o mesmos que fez aesposa de Lovecra , quando não fez menção em voltar orelacionamento, certa vez). Em um ar go revoltante (“OfGold and Sawdust” publicado em “The Occult Lovecra ”,1975), o acusa de racista e hipócrita. Faleceu em 1976.

Evere McNeil : Nasceu em 1862 este autor de livrosinfan s, membro do “Karem Club” de Nova York. Foi um

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os primeiros a recomendar que Lovecra escrevesse paraWeird Tales. Como vivia num dos piores lugares de N.Y.

muitos membros do clube evitavam reuniões na casa dele,mas Lovecra nunca faltou. Em 1929, com saúde precáriantenta mudar para Tacoma-Washington, para viver com amã, mas morre antes de chegar. Em uma carta a James Morton, Lovecra escreve uma emocionada memória a

McNeil. E segundo consta, o verso: “Pombas Mensageiras”os “Fungos de Yuggoth” é sobre sua morte e dos lugaresrecários que vivia em pobreza. Lovecra sempre esteveonvencido que sua mais que extrema pobreza se deviaacordos exploratórios que fazia o editor de McNeil comle.

Maurice Winter Moe : Nasceu em 1882 este escritormador e professor universitário, amigo de Lovecra ,nsinava inglês na “Appleton” (Wisconsin) e posterior naWest Division School of Milwaukee”. Conhecia Lovecraesde 1914 e man veram copiosa correspondênciaurante toda a vida de Lovecra . Formaram círculosterários com outros autores algumas vezes ao longo destempo. Em um círculo literário de seus alunos da Highchool de Appleton, Lovecra em 1917 conheçe Alfredalpin (um de seus correspondentes, vice presidente da

UAPA em 1917). A Moe dedica vários de seus trabalhos,ntre eles o poema “On the return of Maurice Winter

Moe, Esq., to the Pedagogical Profesión”. No contoO Inominável”, é claro no personagem Joel Manton anspiração da gura de Moe. O viu pela primeira vez em 10e agosto de 1923 quando Moe visita a Providence, maisarde foi a Boston de ônibus onde conheceu Moe e suaamília. No dia seguinte HPL leva Moe, Albert A. Sandusky

Edward H. Cole a uma excursão a Marblehead numaaminhada de mais de três horas em que o grupo nãogüenta a resolve voltar com Lovecra . Durante os trezenos seguintes, suas relações se basearam principalmentem correspondências. HPL adquiriu o costume de fazer

minuciosos e longos relatos dos lugares que visitavas ensaios “Observa ons of several parts of America”

[1928] e “Travels in the Provinces of America” [1929] sãoó mos exemplos. Por volta do m de 1934 Moe pediua Lovecra a contribuição de um ar go seu para umtrabalho com seus alunos, ao que Lovecra escreveu commuita honra um ar go sobre a in uência da arquiteturaromana na americana. Lovecra achou que o manuscritohavia se perdido, porém uma transcrição foi encontradae publicada pela Arkham House anos depois. Moe visitouProvidence pela úl ma vez em 1936 aproveitando que seulho, por conta de questões pro ssionais, se encontravapor lá. Após a morte de Lovecra publicou a memória“Howard Phillips Lovecra : The Sage of Providence”(O-Wash-Ta-Nong 1937). Faleceu em 1940.

James F[erdinad] Morton Jr. : Nasceu em 1870este amigo de Lovecra e membro do “Kalem Club”,graduado em Harwad em 1892. Em 1896-97 foi nomeadopresidente na NAPA. Conheceu Lovecraf pela primeiravez quando defendeu Charles D. Isaacson dos ataques deLovecra sobre uma discussão polí co-literária na NAPA.Lovecra simpa zou com o mesmo mantendo intensacorrespondência vindo a conhecer ele pessoalmente em1922 em Nova York onde foram membros do “KalemClub”. Visitou Lovecra diversas vezes entre 1923-24 emProvidence. Em 1924 se embrenharam num negócio derevisão que nasceu morto “The Cra on Revision Service”.Porém em 1925 Morton consegue uma ó ma posiçãode diretor do museu Paterson (Nova Jersey), empregoque permaneceu até o m dos seus dias e tentou levarLovecra para lá como seu assistente, mas sem sucesso.Lovecra visitou Morton em Paterson e encontrouuma cidade desagradável. Podemos ver parte disso em“O Chamado de Cthulhu” quando o narrador fala queencontrava-se visitando um amigo estudioso em Paterson(Nova Jersey), geólogo e diretor do museu local. Após amorte de Lovecra escreveu uma breve memória “A FewMemories” (Olympian, Outono de 1940). Faleceu em1941.

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Formação dos Mitos de Cthulhu

Embora Lovecra nunca vesse grandeeconhecimento em vida ele atraiu a admiração de muitosos escritores que com ele se correspondiam (inclusivelguns até estabelecidos como Clark Ashton Smith). Asbras que atraiam estes escritores nham uma qualidadeterária impar se aproximando dos escritos de Poe estavam realmente muito longe do que seria por assimizer ‘popular’, embora quase sempre fossem tratadasomo tal. O terror de monstros e vampiros para Lovecra

ra ba do, ele achava que a forma máxima do terror seriaterror cósmico-cien co de forte conotação psicológicao chamado terror psicológico, onde a ambientaçãoque conduz ao clima assombrado e onde elementos

omo angus a, depressão, sofrimento e suicídio sãoeterminantes.

Foi esta proposta literária e o desenvolvimento tenroe uma mitologia fantás ca (alguns não consideram ormo ‘mitologia’, pois foi algo criado), envolvendo seres

monstruosos e histórias an gas, grimórios e localidadescias da Nova Inglaterra que atraiu a atenção destes

scritores. U lizando palavras do próprio Lovecra , “asfabulações sobre temas mundanos e o lugar-comumão sa sfazem as mentes mais cria vas e sequiosas deovos es mulos”. O trabalho de Lovecra não serveara agradar às massas nem ao cidadão comum, maspenas a um grupo mais restrito de admiradores queão se contentam com os enredos banais do dia-a-dia.

Abdicando do lucro fácil que certamente teria a ngidoe u lizasse o seu gênio na produção de romancesomerciais (ele abominava a escrita comercial), Lovecraeixou-nos um legado espantoso de visões fantás cas eniversos assombrosos. Na verdade este gênero já haviado explorado por Lord Dunsany (idéias mitológicas), eor William Hope Hodgson (que escrevia sobre terror

marinho), mas o que fez Lovecra foi dar uma singularropriedade a este novo po de horror que até então nãoxis a - pelo menos não daquela forma. É esta mitologiaantás ca que foi denominada como “Os Mitos dethulhu”.

A Divisão da Obra Lovecra iana

Podemos dividir a obra de Lovecra em três temascentrais:

1) Histórias sobre a Terra dos Sonhos ou“Dreamlands” (ver histórias sobre Randolph Carter).

2) Histórias picas de terror (por exemplo o conto“A Arvore”).

3) Histórias sobre o mito de Cthulhu (por exemploo conto “Nas Montanhas da Loucura e “O Chamadode Cthulhu” - obras essências sobre o panteãomitológico).

É importante esta divisão para não acharmos queLovecra escreveu apenas sobre os mitos. Outro ponto aconsiderar é que tais histórias são contos independentesentre si, mas guardando relações. Então, mesmoem histórias sobre Randolph Carter não é incomumencontrarmos referências aos An gos ou ao próprio livronegro Necronomicon.

O Termo “Cthulhu”

Este termo “Cthulhu Mythos” foi a concepção deAugust Derleth (amigo e grande admirador de Lovecra ,que trouxe primeiramente HPL até nós com a editoraArkham House), após a morte de HPL, pois segundo ele noconto “The Call of Cthulhu” (1926), foi a primeira vez queos mitos foram apresentados de forma mais coerente eabrangente. Este termo é contestado haja vista “Cthulhu”não ser a principal deidade do panteão.

É importante dizer aqui que este termo “Cthulhu” épronunciado comumente como “kuh-THOO-loo” (emportuguês soa algo como “ku-thu-lu”, pronunciadorapidamente) por causa da pronuncia indicada no livrodo famoso RPG de nome “Call of Cthulhu” da Chaosium.Entretanto, existem vários estudantes sérios de Lovecra

que preferem a pronúncia como “Cloo-loo”, jus candosuas teses em referências dos contos do autor. Fora istoa discussão se estende e encontramos ainda uma sériede pronuncias diferentes, mas que na prá ca nada, oumuito pouco, acrescentam ao termo. O próprio Lovecrabrincava com seus amigos escritores pronunciando horade uma forma outra de outra.

A Formação do Círculo de Lovecra

Não foi apenas Lovecra que começou a desenvolverestes pos de histórias, mas junto a ele aquelescorrespondentes que falamos também criavam suashistórias e seus deuses, é por exemplo de autoria de FrankBelknap Long a en dade de nome “Chaugnar Faugn”, quefoi incorporada aos mitos. O trabalho de Lovecra atraiu

um grupo considerável de escritores, que começaram acorresponder-se com ele e entre si. Nascia o LovecraCyrcle, “fundado” pelo próprio Lovecra e dois escritoresconsagrados: Clark Ashton Smith e Robert E. Howard(criador de Conan – o Bárbaro). Jovens e talentososescritores como August Derleth, R.H. Barlow, FrankBelknap Long e Robert Bloch (que viria a escrever maistarde o conto que inspirou o lme “Psicose”) juntaram-se também ao círculo, e todos contribuíram com oseu trabalho para enriquecer “Os Mitos de Cthulhu”publicando principalmente na revista pulp Weird Tales.“Era uma espécie de jogo”, que todos levaram muito asério, como comentou certa vez Robert Bloch. Criou-secentenas de histórias sobre os mitos.

Weird Tales

A Weird Tales é ainda em 2009 nome de umarevista pulp norte-americana de horror, do gêneroliteratura fantás ca, onde foram publicadas as primeirashistórias do mito de Cthulhu. Sediada em Chicago porJ.C. Henneberger, um ex-jornalista com interesse pelomacabro, a Weird Tales foi publicada pela primeira vezem março de 1923. Edwin Baird foi o primeiro editor darevista, com Farnsworth Wright como assistente.

Baird terminou sendo subs tuído por FarnsworthWright após catorze edições. Wright (que sofria de Malde Parkinson) deu à Weird Tales uma iden dade única,publicando histórias e contos de H.P. Lovecra , bem comoas histórias de Seabury Quinn, personagem de grandesucesso criado por Jules de Grandin. Outro contribuidorde grande nome foi Robert E. Howard, cujas histórias deConan, entre outras, gozavam de imensa popularidade.Durante sua carreira como editor, Wright também abriuas portas para outros ar stas como Robert Bloch e ClarkAshton Smith, até sua aposentadoria em março de 1940.Wright morreu pouco depois, em junho do mesmo ano.

A Weird Tales esteve em meio a batalhas nanceirasdurante toda a vida, e, como a maioria das revistas pulp,

incluindo a lendária publicação de romance policial BlackMask, sofria com a compe ção de revistas em quadrinhos,novelas de rádio e, pouco depois, de livros em paperback.Depois da morte de Lovecra no nal dos anos 1930,e da aposentadoria de Wright a Weird Tales tomou umdirecionamento diferente, resultando em seu declínioconstante, até que nalmente fechou suas portas, emsetembro de 1954, com um total de 279 lançamentos.Sob o trabalho editorial de Dorothy McIlwraith, os anosnais da revista dis nguiram-se por uma cheia de novostalentos, incluindo guras de porte como Robert Bloch,Manly Wade Wellman, Fritz Leiber, Henry Ku ner, C.L. Moore, Theodore Sturgeon, Joseph Payne Brennane Margaret St. Clair, além de trechos ocasionais deLovecra , nunca terminados pelo autor mas completadospor outros escritores, e es los lovecra ianos escritos

Mitos de Cthulhu

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or August Derleth. Após diversas ressurgências deida curta, incluindo quatro publicações no começo de970 - editadas por Sam Moskowitz e publicadas por Leo

Margulies - Robert Weinberg e Victor Dricks compraram oulo após a morte de Marguiles, licenciando uma série deuatro antologias em paperback cobrindo os anos de 19811983, editada por Lin Carter. A Weird Tales ainda reviveu

ob a licença dos editores George H. Scithers, John Gregoryetancourt e Darrell Schweitzer em 1988, começandoelo número 290. A revista, de vida nova, gozou deazoável sucesso comercial (levando-se em consideração

universo de revistas de fantasia), trazendo à luz osabalhos de escritores contemporâneos como Tanith Lee,rian Lumley e Thomas Ligo . A Weird Tales tornou-searte da DNA Publica ons por vários anos, até que em005 foi vendida à Wildside Press (propriedade do an goo-editor John Gregory Betancourt), que transformou aevista numa publicação bimensal. Betancourt, Scithers echweitzer con nuam até hoje como co-editores.

s Mitos de Cthulhu - parte I

Estes contos da Weird Tales e outras revistas doênero se centravam em um grupo de en dadesansdimensionais e extraterrestres que serviram comoeidades ao homem primi vo. Lovecra escreveu queCthulhu” e os “Grandes An gos” (Great Old Ones), comole chamou os deuses alienígenas, vieram de estrelas

escuras. Alguns viveram em um planeta que ele chamoude Yuggoth e iden cou nos anos trinta com o planetarecentemente descoberto, Plutão.

Em “The Call of Cthulhu”, Lovecra dispôs osfundamentos de seu conceito mitológico. Ele disse quehá muitos milênios atrás, os Grandes An gos vieram deoutros planetas e estabeleceram residência na Terra.Quando as estrelas estavam em posições erradas eles nãopodiam viver, assim eles desapareceram sob o oceanopací co sul ou voltaram aos seus mundos de origem ondeusaram poderes telepá cos, muitas vezes em s onhos paracomunicar-se com o homem. Tema central ao mito deLovecra , os An gos formaram um culto e uma religiãoque adorava os aliens como deuses. Nas histórias, osAn gos pairam a meio caminho entre puros extraterrestrese verdadeiros deuses, como requer o enredo. Em seuromance “Nas Montanhas da Loucura”, ele escreveu queuma espécie dos An gos criou o homem para servi-los,iniciando as primeiras civilizações humanas: Atlân da,Lemuria e Mu.

Lovecra usou as mitologias suméria, egípcia e gregacomo base para os seus semi-deuses monstruosos. Eledisse que seu deus-mensageiro Nyarlathotep era ummembro do panteão egípcio - a própria es nge ou umgrande faraó. Ele iden cou o peixe-deus fenício Dagon(anteriormente Oannes) como o próprio Grande Cthulhu,e assim se tornou a primeira pessoa a ligar extraterrestresa religiões an gas. É interessante notar que Dagon ( guraao lado de autoria de Je Remmer), é muitas vezes citado

na Bíblia Sagrada nas seguintes partes para quem quiserconferir: Juízes 16:23 (“Então os chefes dos listeus seajuntaram para oferecer um grande sacri cio ao seu deusDagon, e para se regozijar; pois diziam: Nosso deus nos

entregou nas mãos a Sansão, nosso inimigo”). Samuel 5:2-7 (“2- Tomaram os listeus a arca de Deus, e a colocaram nacasa de Dagon, e a puseram junto a Dagon. 3- Levantando-se, porém, de madrugada no dia seguinte, os de Asdode,eis que Dagon estava caído com o rosto em terra, dianteda arca do SENHOR; e tomaram a Dagon, e tornaram apô-lo no seu lugar. 4- E, levantando-se de madrugada, nodia seguinte, pela manhã, eis que Dagon jazia caído como rosto em terra diante da arca do SENHOR; e a cabeça deDagon e ambas as palmas das suas mãos estavam cortadassobre o limiar; somente o tronco cou a Dagon. 5- Por issonem os sacerdotes de Dagon, nem nenhum de todos osque entram na casa de Dagon pisam o limiar de Dagon emAsdode, até ao dia de hoje. 6- Porém a mão do SENHOR seagravou sobre os de Asdode, e os assolou; e os feriu comhemorróidas, em Asdode e nos seus termos. 7- Vendoentão os homens de Asdode que as sim foi, disseram: Nãoque conosco a arca do Deus de Israel; pois a sua mão édura sobre nós, e sobre Dagon, nosso deus.”), e Crônicas10:10 (“Puseram as armas dele na casa de seus deuses, epregaram-lhe a cabeça na casa de Dagon.”). Outra coisa afalar é que chegaram mesmo a criar no mundo real umaespécie de religião de culto esotérico a Dagon.

Cthulhu é uma criação do próprio Lovecra deque falarei mais adiante, e que aparece naquele que éprovavelmente o seu conto mais conhecido, “The Callof Cthulhu”. Entretanto Lovecra nunca alegou que suashistórias eram qualquer coisa além de cção, emborazesse parecer ser as mesma muito reais (ver a “Históriado Necronomicon”). Cada conto escrito por Lovecra eseus seguidores cons tuía mais uma peça para enriquecera imagem geral do que são os mitos. A melhor forma deos conhecer é obviamente pela leitura desses mesmoscontos, mas tentarei dar uma idéia geral. Mas, o porque de tentar dar esta idéia geral, vocês devem estar seperguntando ao ler este site? Bem, a resposta é simples épara que vocês ao lerem a obra de Lovecra pela primeiravez (como suponho que muitos o façam ao baixar os

contos que transcrevi para o formato ebook neste site),vocês não pensem que o conto é um todo quando naverdade faz parte de um conjunto complexo. Foi apenaspara dar uma noção que z esta seção neste site, tentar

sistema zar toda a mitologia como tentou fazer Derlethsó conduzirá a dados incompletos e crí cas (como elemesmo foi ví ma na época). Vou tentar explicar melhor:Derleth, outros escritores e sites na web posteriormente,tentaram sistema zar algo meio que inconcebível, forammais de centenas de contos de diversos autores o que jácomplicaria muito as coisas. Mas, se nos concentrarmosmais nos trabalhos de Lovecra que foi seu grande einicial idealizador para uma boa sistema zação? Bem, istotambém não seria bom, pois muitos dos temas que eletrabalhava também veram contribuição de outros oumesmo vieram da troca de idéias e muitas das origens dedeterminado ponto da mitologia para ser corretamentecatalogado deveriam par r para um grande pesquisa sejaem contos deste autor ou de qualquer um dos outros quetambém trabalharam o tema. Entendem? Outro aspectoque di culta uma sistema zação é o fato de que Lovecranunca imaginaria que iriam dissecar tanto sua obra, ealguns dos relatos referentes aos mitos de um conto paraoutro seu tem pequenas diferenças. O exemplo claro distoé como é referido Nyarlathotep de um conto para outro.Aliás, acho que o próprio H.P. Lovecra fazia algumascoisas de propósito. E o que falar então de contos que seseguiram após a morte de HPL, fariam ou não parte dosmitos? É conhecido que escritores com Stephen King,CliveBarker e Ramsey Campbell já escreveram históriascthulianas ou mesmo inspiradas nelas, poderia classi carpossíveis novos termos na mitologia cthuliana? É algo adiscu r e algo que ainda mais di culta uma sistema zação.

A melhor forma de entender a mitologia e ter acesso aela é ler as obras de Lovecra e também, se possível, dosoutros autores dos mitos. A editora Chaosium, ArkhamHouse e Penguim Books tem muitas destas obras paravenda em formato impecável. Fora isto, alguns contosque já foram publicados no Brasil são a base da mitologiacitando alguns: “O Chamado de Cthulhu”, “Nas Montanhasda Loucura”, “O Horror de Dunwich”, “Um Sussurro nasTrevas”, etc.

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Con nuando a falar do mitos é possível dizer que éonstante ao longo de todas as histórias a idéia de quehumanidade e o nosso planeta são uma “concha” de

anidade mental, imersa num universo completamentelienado, povoado por criaturas e raças poderosas, deusesstranhos e regido por leis completamente insondáveis eivergentes das leis naturais que conhecemos. Um homemxposto a esta realidade tem tendência a enlouquecer.

A sanidade mental é vista como uma cor na que nosrotege da realidade, permi ndo que as sociedadesumanas subsistam como as conhecemos, alheias àstranheza do universo que as rodeia. O personagemrincipal nas histórias de Lovecra é picamente umien sta, inves gador ou professor universitário que seê confrontado das mais diversas formas com esta terrívelealidade. Lembraram-se do lme Matrix? Pois, é acho que

muito do que eles “criaram” com certeza tem como bases trabalhos de Lovecra e Lord Dunsany ou mesmo, maisecentemente do ar sta de quadrinhos Grant Morrisonriador dos “Invisíveis”, que alias chegou a processar osrodutores do lme Matrix. Fiquei sabendo a pouco doabalho deste ar sta e a pouco também procurei na

minha cidade uma loja de HQ´s e pude comprovar falandoom alguns e lendo algumas coisas que realmente o queropuseram no lme Matrix, e que causou sucesso, deovo não tem nada.

Outra idéia de base importante é a de que a maioriados cultos e religiões humanas das mais diversasépocas e regiões do globo, sendo aparentementedispersas, representem imagens distorcidas e por vezescomplementares da verdadeira natureza do cosmos.Segundo a Mitologia de Cthulhu, diversas raças e en dadessuperiores teriam habitado a terra antes do homem, ediversas o farão depois que humanidade desaparecer.Algumas destas en dades superiores (como o próprioCthulhu), dado o seu ciclo de vida inimaginavelmentelongo, e a sua supremacia sica e intelectual sobre ohomem, são facilmente confundíveis com deuses. Cultosprimi vos terão aparecido para adorar estes pseudo-deuses. Muitas das histórias dos mitos especulam sobre asubsistência desses cultos na atualidade, as suas a vidadesobscuras e as suas mo vações incompreensíveis, criandoum ambiente extremamente tenso e paranóico (ver “TheCall of Cthulhu”).

Seguidamente irão ser descritos alguns elementos-chave dos mitos. Não sendo uma lista de forma algumaexaus va, ela pretende apenas dar uma idéia geraldo ambiente. Nas descrições que se seguem, e porcomodidade, fatos completamente c cios irão serdescritos como reais. Lovecra escreveu contos sem umaordem cronológica especí ca, de forma que o conjunto

compõe a mitologia, seja a par r de suas criações ou deelementos do círculo.

Azathoth

Origem do nome: do árabe Izzu Tahu , que signi ca“poder de Tahu ”, provavelmente uma alusão à divindadeegípcia Thoth.

Azathoth ( gura acima de autoria de Keith Aus n),é o “Sultão Demoníaco”, o mais importante dos deusesexteriores. Fisicamente é uma massa gigantesca e amorfade caos nuclear, sendo incrivelmente poderoso mascompletamente desprovido de inteligência. A sua “alma”é Nyarlathotep, o mensageiro dos deuses. Azathothpassa a maior parte do tempo no centro do universo,dançando ao som de deuses menores au stas. A maiorparte das suas aparições em locais diferentes deste estãorelacionadas com catástrofes gigantescas, como é o casoda destruição do quinto planeta do sistema solar, que éhoje o cinturão de asteróides.

Nyarlathotep

Origem do nome: do egípcio Ny Har Rut Hotep, quesigni ca “não existe paz na passagem”.

Nyarlathothep é a alma e o mensageiro dos deusesexteriores. É o único deles que tem vindo a travarcontatos com a humanidade, mas os seus obje vos sãoimperscrutáveis. Possui um inteligência inimaginável e umsen do de humor mórbido. Consegue adotar centenasde formas sicas dis ntas, podendo parecer um homemvulgar ou uma monstruosidade gigantesca. Especula-seque um faraó obscuro da IV Dinas a do Egito dinás cofosse Nyarlathotep “em pessoa”. A própria es nge seriauma representação em tamanho natural de uma outraforma de Nyarlathotep. Foi o único que, com suas astúcia,escapou do cas go general, e conspira para o retorno dosseus companheiros.

Cthulhu

Origem do nome: Deterioração pelos gregos da palavraárabe Khadhulu, que signi ca “aquele que abandona”.No Alcorão existe a seguinte passagem: 25:29 - “Para a

Humanidade Satan é Khadulu”. O mais conhecido dosGreat Old Ones e das criações de Lovecra é Cthulhuum ser gigantesco e vagamente humanóide, com asas etentáculos de polvo na boca. Chegou à terra milhões deanos antes do aparecimento do homem e povoou-a coma sua raça de Deep Ones, seres humanóides an bios.Construiu a gigantesca cidade de R’lyeh ( gura ao lado, notrabalho de John Coulthart), onde é hoje o oceano pací cosul. Daí comandou o seu império, até ao dia em que asestrelas a ngiram um alinhamento que o obrigou a entrarem letargia. Cthulhu dorme na sua cidade entretantosubmersa por água, aguardando o dia em que a posiçãodas estrelas lhe permita voltar à vida e de novo reinarsobre a Terra. Cthulhu é capaz de comunicar por sonhosenquanto dorme, in uenciando alguns seres humanosmais sensíveis durante o sono. Diversos cultos tentam

Criação Referências

Azathoth (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”, “The Whisperer in Darkness”, “The Dreams in the WitchHouse”).

Hastur (“The Whisperer in Darkness”). Lovecra tomou este termo emprestado de Robert W. Chambers,que por sua vez já havia tomado emprestado de Ambrose Bierce.

Shub-Niggurath(“The Last Test”, “The Dunwich Horror”, “The Mound”, “Medusa’s Coil”, “The Horror in theMuseum”, “The Thing on the Doorstep”, “The Diary of Alonzo Typer”, “The Whisperer in Darkness”,“The Dreams in the Witch House”, “The Man of Stone”).

Yog-Sothoth (“The Case of Charles Dexter Ward”, “The Dunwich Horror”, “The Horror in the Museum”,“Through the Gates of the Silver Key”).

Tsathoggua (“The Mound”, “The Whisperer in Darkness”, “The Horror in the Museum”). Este termo é decriação de Clark Ashton Smith.

Shoggoths (“Sonnet XX, “Night Gaunts” in Fungi from Yuggoth, 1929-30”,”At the Mountains of Madness”,“The Shadow Over Innsmouth”, “The Thing on the Doorstep”).

Nyarlathotep (“Nyarlathotep”,”The Dream-Quest of Unknown Kadath”,”The Dreams in the Witch House”,”TheHaunter of the Dark”).

Night-gaunts (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”).Elder Things (“At the Mountains of Madness”).

Chaugnar Faugn (“The Horror in the Museum”).Mi-Go (“The Whisperer in Darkness”) .

Great Race (“The Shadow Out of Time”).Ghouls (“Pic km an’s Mode l”

Deep Ones (“The Shadow Over Innsmouth”).Dagon (“Dagon”, “The Shadow Over Innsmouth”).

Cthulhu (“The Call of Cthulhu”).

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Necronomicon quer dizer “nominação dos mortos”

Nomicon= ato de dar nome, Necro= mortos), melhoraduzindo, “Livro dos Nomes Mortos”. As civilizaçõesa Idade do Bronze (An go Egito, Mesopotâmia, Hi tas,tc...) nham como costume escrever suas prá casunerárias em “livros” (papiro ou tábuas de cerâmica),unto com magias rela vas aos mortos e invocações deeuses da morte ou do sobrenatural. Estes livros eramhamados pelos gregos de Necronomicon. Provavelmente.P. Lovecra rou dai o nome de seu infame volume, estem concebido. (nekros, mortos, corpo, cadáver, defunto);rego - e outras variantes (onyma, nome) ou do La nomen (nome). A origem da primeira palavra é certa,á há quanto a s egunda uma discussão de s er grega oua m, sendo mais provável la m. O nome Necronomiconambém aparece em livros de arqueologia, ocul smo eistória referentes a prá cas funerárias da An guidade,ai a grande questão se embora acredita-se que Lovecranha o criado, quem realmente tem a certeza disto, pelo

ato desta denominação ser anterior ao próprio Lovecra ?.A despeito do sonho do qual Lovecra o concebeu (paramaiores referências ver Selected Le ers V 1934-1397.

auk City, WI: Arkham House, 1976, 418p - onde HPL

evela numa carta que concebeu o livro a par r de umonho. Se você quer ter um Necronomicon em casa, corraa livraria e compre o “Livro dos Mortos do An go Egito”,Livro dos Mortos Celta” e o “Livro dos Mortos do Tibet”,

mas se você não achar Lovecra neles, não me culpe, elesoram escritos a pelo menos 5.000 anos antes de Lovecraascer.

nspiração para a criação do livro

É bem pouco provável que, ao conceber a idéia do livroNecronomicon, Lovecra vesse imaginado o impacto

ue iria causar no meio esotérico, mís co e religiosoo futuro, principalmente com o advento da web. Asiscussões a respeito da existência real ou imaginária dovro se estendem até os dias atuais. Tanto que existem

versões forjadas aos montes na web, além de FAQ´se an -FAQ´s absurdas sobre ele; ou mesmo editadas,desde versões simples até bem elaboradas falando emuma associação de Lovecra ao famoso ocul sta AleisterCrowley ( gura à esquerda). Inúmeras seitas e ordensocul stas a rmam possuir volumes deste livro. O próprioocul sta Aleister Crowley, dizem que a rmava possuiresta obra. Suspeita-se também que Lovecra tenha sebaseado em um Necronomicon “real” para inventaro seu, dizem que ele se baseou no grimório real LiberLogaeth do Dr. John Dee (1527-1608) para isto, ou mesmoque exista uma obra como esta... O fato é que Lovecradesde garoto pesquisara na biblioteca de seu avô sobremitologia grega, suméria, maia, etc e pode vir dai a fontede inspiração para este livro. O próprio nome do autorimaginário do Necronomicon Abdul Alhazared, foi oapelido que adotou Lovecra após ler As Mil e Uma Noitesna referida biblioteca. Voltando ao assunto do mito quevirou o Necronomicon (também conhecido como “O Livrodos Mortos”), os seguidores do ocul sta, matemá coe astrólogo Dr. John Dee (h p://www.johndee.org)acreditam que o mesmo teve secretamente uma cópiado Necronomicon, além do já citado Liber Logaeth. Isto,provavelmente se deve a referência que Lovecra fez a elenum trabalho em que pretendia traçar a origem históricadeste livro. Nesta história Lovecra mistura elementosreais da história com a cção de tal forma detalhada. Otexto abaixo “History of the Necronomicon” (1927) nosoriginais de Lovecra e minha tradução:

A História do Necronomicon

O tulo original era Al-Azif, azif era a palavra u lizadapelos árabes para designar o som noturno (produzidopelos insetos) que, se supunha, ser o uivo dos demônios.Escrito por Abdul Alhazared, um poeta louco de Sanná, noYemen, que se supõem ter orescido durante o períododos califas Ommiade, perto de 700 A.C. Ele visitouas ruínas da Babilônia e os subterrâneos secretos deMemphis, e passou dez anos sozinho no grande desertodo sul da Arábia - o Roba El Khaliyeh ou “Espaço Vazio”

dos an gos – o deserto “Dahna” ou “Crimson” dosárabes modernos, que se supõem habitado por espíritosmalignos e monstros da morte. Deste deserto coisasestranhas e inacreditavelmente maravilhosas dizemesses que pretenderam penetrá-lo. Em seus úl mosanos de vida Alhazred permaneceu em Damasco ondeescreveu o Necronomicon (Al-Azif) e de sua morte nalou desaparecimento (738 A.C.) se cotam muitas coisasterríveis e contraditórias. Ele é mencionado por EbnKhallikan (biografo do século XII) conta que foi pego porum monstro invisível em plena luz do dia e devoradohorrivelmente em presença de um grande número detestemunhas aterrorizadas. De sua loucura muitas coisassão ditas. Ele pretendia ter visitado a fabulosa Irem, ouCidade dos Pilares, e haver encontrado abaixo das ruínasuma inominável cidade deserta os anais secretos de

uma raça mais an ga que a humanidade. Ele era apenasum muçulmano não pra cante, adorava en dadesdesconhecidas que ele chamava Yog-Sothoth e Cthulhu.

Em 950 A .C. o Azif, que havia circulado em s ecreto entreos lósofos da época, foi secretamente traduzido para ogrego por Theodorus Philetas de Constan nopla com otulo de Necronomicon. Durante um século e devido a suain uência provocou acontecimentos horríveis, até que foiproibido e queimado pelo patriarca Miguel. Desde entãonão temos mais que vagas referências do livro, mas (1228)Olaus Wormius encontra uma tradução la na posterior aIdade Média, e o texto em La m foi impresso duas vezes – uma no século XV em letras gó cas (evidentementena Alemanha) e outrora no século XVII (provavelmenteEspanha) ambas as edições exis am sem marca deiden cação, e haviam sido datadas só por evidenciapográ ca. A obra (tanto la na quanto grega) foi proibidapelo Papa Gregório IX em 1232, pouco depois que suatradução la na, fosse um poderoso foco de atenção. Oárabe original se perdeu na época de Wormius, tal comoindicado no seu prefácio e nunca se viu a cópia grega (quefoi impressa na Itália entre 1500 e 1550) desde que seincendiou a biblioteca de um colecionador par cular deSalem em 1692. A tradução feita pelo dr. Dee nunca foiimpressa, e existe apenas um fragmento recuperado domanuscrito original. Dos textos la nos agora existe um(século XV) está guardado no Museu Britânico, enquantooutra cópia (século XVII) está na Biblioteca Nacional deParis. Uma edição do século XVII está na Widener Libraryem Harvard, e na Biblioteca da Miskatonic University em

Arkham. Além disto na Biblioteca da Universidade deBuenos Aires. Numerosas outras cópias provavelmenteexistem em segredo, e uma do século XV existe umrumor persistente que forma parte da coleção de umcélebre milionário norte americano. Um rumor aindavago acredita numa cópia do século XVI. O texto gregona família de Pickman em Salem; mas se isto foi assimpreservado, isto desapareceu com o ar sta R.U. Pickman,que desapareceu cedo em 1926. O livro é severamenteproibido pelas autoridades da maioria dos países, e portodo os ramos de organizações eclesiás cas. Sua leiturapode trazer terríveis conseqüências. Acredita-se pelosrumores que circulam deste livro (de que rela vamentepoucos dos públicos gerais conhecem). Crê-se que R.W.Chambers se baseou neste livro para sua novela “The KingIn Yellow”.

Cronologia

• 730 A.C Al Azif escrito em Damascus por AbdulAlhazred;

• 950 A.C Traduzido para o grego como Necronomiconpor Theodorus Philetas;

• 1050 Queimado pelo Patriarca Miguel (i.e. textogrego) – Texto árabe é perdido;

• 1228 Olaus Wormius traduz do grego para o la m;• 1232... Edição la na (e grega). Proibida pelo Papa

Gregório IX;• 14... Edição impressa em letras gó cas (Alemanha);• 15... Texto grego impresso na Itália;• 16... Impressão hispânica do texto la no;

Nos contos “The Nameless City” (1921); e, “The Call of Cthulhu” (1926), fraseque se supõe do Necronomicon

‘That is not dead which can eternal lie,And with strange aeons even death may die’.

“Não está morto o que pode eternamente jazer,E após eras estranhas, até mesmo a morte pode morrer”

Primeira menção ao livro no conto “The Hound” (setembro de 1922 epublicado em fevereiro de 1924 na Weird Tales)

‘Alien it indeed was to all art and literature which sane and balanced readers know, but we recognized it as thething hinted of in the forbidden Necronomicon of the mad Arab Abdul Alhazred; the ghastly soul-symbol of the

corpse-ea ng cult of inaccessible Leng, in Central Asia’.

Ele era com certeza muito diferente de toda arte e literatura que os leitores são e equilibrados conhecem, masnós o iden camos com a coisa sugerida no proibido Necronomicon do insano árabe Abdul Alhazred, o medonho

símbolo espiritual do culto necrofágico da inacessível Leng, na Ásia Central.

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Alguns juram que o Necronomicon realmentexis u, ou existe, e que Lovecra obteve informaçõesobre o livro e transferiu para suas histórias. Outros, nontanto, garantem que ele jamais exis u de fato, sendonteiramente criação da mente do escritor, que é minhapinião.

Lovecra cou famoso não apenas por essaoncepção, mas também por idealizar outros livros dosomo “malditos”, geralmente relacionados com os seresas estrelas, alienígenas que es veram na Terra milhõese anos atrás, criando raças de escravos e instalandouas cidades amaldiçoadas em várias partes do planeta.stes seres foram expulsos da terra por seres ainda

mais poderosos, também vindos do espaço, e foramprisionados em mundos paralelos ou numa tumba noundo dos oceanos com o caso do grande Cthulhu. Este,os oceanos. vive a se comunicar com os homens atravése sonhos para que estes com o auxílio do Necronomiconos rituais nele con dos apressem a volta deles - os

emônios, mesmo antes do alinhamento estelar. Oshamados Grandes An gos, e é sobre estes seis Grandes

An gos (Azathoth, Yog-Sothot, Nyarlathotep, Hastur,thulhu, Shub-Niggurath), que nos fala o maldito e temidovro Necronomicon.

Algumas pessoas dizem que o Necronomicon é umvro de magia, um grimório, mas na verdade ele foioncebido como um livro que traz os conhecimentosesses seres ancestrais, assim como a história de suaassagem por nosso planeta e fórmulas para se acessarimensões paralelas nas quais eles con nuariam exis ndo.além disso todos os segredos sobre o universo e suas

aláxias, o presente, passado e futuro estariam no livro -ma espécie de Bíblia negra ou do mal. A simples leituraeria capaz de levar uma pessoa à loucura; e, quandoso não acontecesse, o contato com os conhecimentos

ecretos inevitavelmente subverteriam a mente humanae tal maneira que a pessoa estaria condenada paraoda a eternidade. Poucos seriam aqueles que não seerturbariam muito com sua leitura.

eferências

Muitas são as histórias que tratam do Necronomicon,mas a principal é “T he Dunwich Horror” (1928). Fora este

m outros contos sobre o Necronomicon: “The Fes val”1923), “The Descendant” (1926), “The Call of Cthulhu”verão de 1926), “The Case of Charles Dexter Ward”Janeiro - 1 Março 1927), “ The Last Test” (1927), “Medusa’soil” (Maio 1930), “The Whisperer in Darkness”(24evereiro - 26 Setembro 1930), “At the Mountains of

Madness” (Fevereiro - 22 Março 1931), “The Dreams inhe Witch House” (Janeiro - 28 Fevereiro 1932), “Theorror in the Museum” (Outubro 1932), “Through theates of the Silver Key” (Outubro 1932 - Abril 1933), “Outf the Aeons” (1933), “The Thing on the Doorstep” (21 -

24 Agosto 1933), “The Shadow out of Time” (Novembro1934 - Março 1935), “T he Diary of Alonzo Typer” (Outubro1935), e “The Haunter of the Dark” (Novembro 1935).

Nas cartas a seus amigos do “Círculo de Lovecra ” eletambém menciona o livro, exemplo:

To Robert Bloch (early to mid July 1933):

As for the “Necronomicon”—this month’s triple use ofsuch allusions is bringing me in an unusual number ofinquiries concerning the real nature & obtainability of

Alhazred’s, Eibon’s, & von Junzt’s works. In each case Iam frankly confessing the fakery involved.

Outros livros malditos

Dentro do mito de Cthulhu exis am outros livrosimaginários além do Necronomicon. Vamos falar de

alguns deles brevemente, lembrando que para sabermais a respeito só mesmo lendo os livros da mitologialovecra iana. Também falaremos de alguns contos quecontém informações e referências sobre eles, vamos aalguns:

Liber Ivonis, The Book of Eibon ou Livre d’Eibon

O autor imaginário é Caius Phillipus Faber, com sualíngua original em La m, foi traduzido para o Inglês e oFrancês. É originário do séc. IX. É uma idéia de Clark AshtonSmith. Nos contos: “The Dreams in the Witch House”,“The Thing on the Doorstep”, “The Shadow Out of Time”e “The Diary of Alonzo Typer”, existem referências a ele.

Celaeno Fragments

Dr. Laban Shkewsbury é o autor imaginário deste livroem 1915, disponível apenas em Inglês. O livro é atribuídoa August Derleth.

G’harne Fragments

O autor imaginário é Sir Amery Wendy-Smith,disponível apenas em Inglês, editado em 1919. É referidoa Brian Lumley.

The King in Yellow

Autor imaginário desconhecido. Tem-se apenas emInglês e foi editado em 1895, até o ano de 2009 nãofoi ainda editado no Brasil. É um trabalho de RobertChambers que teve um sucesso muito grande no passado,mas que hoje pra camente desapareceu. É mencionadoem “History of the Necronomicon”.

Pnako c Manuscripts (or Fragments)

Invenção de Lovecra , embora encontrei atribuições a

este livro como sendo criado por Robert Chambers (quemsouber o certo me avise). Foi editado no século XV e tema disposição apenas a versão em Inglês. Nos contos: “TheOther Gods” e “The Dream-Quest of Unknown Kadath”,existem referências a ele.

Cult des Goules

O autor imaginário é Comte d’Erle e em 1702, emFrancês. Por causa dos ancestrais franceses de Derleth(chamado D’Erle e). É mencionado raras vezes: “TheShadow Out of Time”, “The Haunter of the Dark”. Aqui háuma dúvida se é Robert Bloch ou Derleth o idealizador,mas é mais provável que seja Derleth.

De Vermis Mysteriis

O autor imaginário é Ludvig Prinn em 15 42. Este nomeem la m é de Lovecra . Originalmente Robert Bloch, quefoi quem o concebeu chamava-o de “Misteries of theWorm”. É mencionado em “Shadow Out of Time”, “TheDiary of Alonzo Typer”, “The Haunter of the Dark”.

The Eltdown Shards

Criação de Richard F. Searight, um dos principaiscorrespondentes de Lovecra .

The Book of Iod

“Bells of Horror” foi o livro de Henry Ku ner publicadoem 1939 onde foi citado pela primeira vez este livro.

Seven Cryp cal Books of Hsan

Mencionados em conjunção com os Pnako cManuscripts (or Fragments).

The People of the Monolith

O autor imaginário é Jus n Geo rey em 1926. É

mencionado em “The Thing on the Doorstep” e no contode “The Black Stone” de Robert E. Howard. É uma criaçãode Robert E. Howard.

Unaussprechlichen Kulten, Black Book, or NamelessCults

O autor imaginário é Friedrich von Junzt. É umaconcepção de Robert E. Howard no seu conto “TheChildren of the Night” (1931). Existe uma dúvida se acriação é de 31 ou 39, mas deve ser de 31. No próximo anoLovecra deu-lhe um tulo alemão e autor - “UngenennteHeidenthune”. Este tulo foi renegado, pois era de di cilpronuncia. Finalmente August Derleth mudou para suaforma de ni va que signi ca em português: “CultoImpronunciável”. É mencionado em “Out of Aeons”.

Filmes sobre o Necronomicon

Quanto aos lmes sobre o Necronomicon, eurecomendo: “Evil Dead 2 - Dead by Down” - 1987,em português “Uma Noite Alucinante 2”. Remake doprimeiro lme e superior ao original em efeitos especiaise clima, conta à história de um grupo de jovens que vãoa uma cabana e descobrem o Necronomicon, u lizandoo livro eles liberam demônios na oresta. Imperdível!Tem também o lme: “Necronomicon - The Book of theDead” - 1994. Traz Lovecra como personagem do lme.Ele vai a biblioteca duma ordem religiosa em busca doNecronomicon e inventa uma história para os mongesdizendo que apenas vai pesquisar livros para seus escritos.Ao ler o Necronomicon ele faz anotações e nos é contadotrês histórias: The Drowned, The Cold, Whispers. Foraisto a história principal se desenrola. Os efeitos especiaisdeixam um pouco a desejar, mas o lme não decepciona.Obviamente existem outros lmes sobre o tema, mas osmais interessantes e “fáceis” de se encontrar (inclusiveem DVD). Fora isto tem um VHS de um lme sobre oNecronomicon chamado “Cast of Deadly Spell” - Fei çoMortal, no Brasil - quem assis u gostou.

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s Mitos de Cthulhu- parte II

Existe bastante polemica sobre se os “Mitos dethulhu” podem ser considerados uma verdadeira

mitologia, ou mesmo uma pseudo-mitologia. Tendoodas as caracterís cas de qualquer outra mitologia,esde um panteão de deuses a um conjunto de lendasos contos de Lovecra e outros), foram criados de umaorma perfeitamente ar cial e intencional por umonjunto restrito de escritores. Não veram a s ua gêneseas tradições e crenças de uma civilização, como seriaormal numa mitologia. As obras desta mitologia fazemonstantemente referências a elementos presente emutros livros, por isto é muito comum vermos termosomo: Arkham (a principal cidade-palco de suas histórias),

Mistakatonic University, a vila portuária mal assombradae Innsmouth, e outras coisas mais presentes em muitase suas histórias. August Derleth, autên co embaixadora obra de Lovecra e defensor da idéia de considerar “Os

Mitos de Cthulhu” uma mitologia, tentou de certa formasua sistema zação. Procurou determinar que contos

e Lovecra e outros pertenciam aos mitos, e esclarecerspectos focados de uma forma vaga e imprecisa nessasistórias. Chegou a pretender associar algumas en dadesos mitos com os quatro elementos naturais: ar, água,rra e fogo.

Lin Carter, no seu ensaio “Deamon-Dreaded Lore”,onsidera que este po de sistema zação é nega va na

medida em que faz desaparecer o fator que consideramais importante nas histórias de Lovecra : o medo do

desconhecido e do incompreensível. Na sua opiniãoLovecra descreve de forma vaga muitos aspectosdos mitos propositadamente, para criar uma aura demistério e tensão. Os contos de Lovecra abordamfreqüentemente o confronto de seres humanos comrealidades e desígnios totalmente alienígenas, e que sãopara eles compreensíveis.

De forma um pouco marginal ao núcleo centraldo seu trabalho, e sob a in uência de Lord Dunsany,Lovecra escreveu algumas histórias oníricas, passadasnuma dimensão de sonhos, as chamadas “Dreamlands”.A história central deste ciclo é “Os Sonhos a Procura dadesconheçida Kadath” e narra as aventuras de RandolphCarter (alter-ego de Lovecra e seu grande personagemde muitos trabalhos), um homem que quando sonhase vê transportado para um outro plano de existência,semelhante a uma terra medieval povoada de criaturasfantás cas. “Dreamlands” são aparentemente um lugarde paz e tranqüilidade, habitado por criaturas próprias doimaginário infan l. Este sonho pode por vezes transformar-se em pesadelo, dando lugar aos mais horríveis monstrose criaturas. Embora de uma forma dispersa, Lovecraestabelece algumas relações entre estes lugares e o corpocentral dos mitos.

Alguns contos de Lovecra de ni vamente não fazemparte dos mitos como por exemplo “A Arvore” e “Os Gatosde Ulthar”, mas que não deixam de forma algum de terum excelente qualidade.

Existem ainda alguns paralelismos que podem ser

traçados entre a vida de Lovecra e alguns aspetos dosmitos. Desde muito pequeno que Lovecra gostava deler as “Mil e Uma Noites”, fascinando-o especialmenteum personagem árabe misterioso. A analogia com oNecronomicon e Abdul Alhazared é inevitável, tantoque era por este nome que ele gostava de ser chamadoquando criança. A sua repulsa por peixe e comidamarinha faz lembrar “A Sombra sobre Innsmouth”,onde a decadente população da cidade pesqueira deInnsmouth tem estranhas relações com os Deep Ones,an bios humanóides que imitem um repugnante odorde peixe. Falando nisto tem um lme muito interessantesobre Lovecra que se chama “Dagon” ele é baseado noconto de mesmo nome e na “A Sombra sobre Innsmouth”,principalmente... é um dos poucos lmes bons, dando umboa idéia dos mitos (Necronomicon, Sonhos da casa dabruxa, Dagon, Re-Animator, Evil Dead 2, Call of Cthulhuem P&B pra mim são os melhores lmes até hoje).

O Fim do Círculo de Lovecra ou Círculo dos Mitos

Os vários autores dos mitos seguiam um acordo tácitode criar nas suas histórias um ou dois deuses exteriores,um Great Old One, um tomo arcano e uma cidadeassombrada por cultos obscuros e lendas sombrias. Compequenas variações, os diversos elementos do círculocumpriam as “regras do jogo” ao escrever para “Os Mitosde Cthulhu”.

Era muito freqüente os membros do círculo“brincarem” uns com os outros colocando referências aoutros autores dos mitos de uma forma mais ou menosexplícita nas suas histórias. Em 1935 Robert Bloch pediuautorização a Lovecra para o u lizar como personagemprincipal num conto. Lovecra concorda e Bloch torna-o oherói em “O Bamboleiro das Estrelas”, matando-o no mda história às mãos de um monstro alienígena. Lovecraobtém a sua vingança “matando” Robert Blake, um alter-ego de Bloch em “The Haunter of Dark”. O autor do tomo“Cultes des Goules” imaginado por Bloch, Comte D’Erle e,é uma alusão clara a August Derleth. O nome Klarkash-Ton,

de alto-sacerdote da Atlân da num trabalho de Lovecra ,cons tui uma paródia a Clark Ashton Smith. Vários outrosexemplos poderiam ser citados…

Edmund Wilson cri cou e ridicularizou mesmo

Lovecra por este usar muita adje vação na sua escrita.Era considerado que um bom conto de cção não deveriasocorrer-se de muita adje vação, mas que os própriosacontecimentos e descrições é que deviam suges onaro leitor. Se uma visão é horrível, o próprio leitor deveriaaperceber-se disso, nunca deveria explicitamente ser dito:“a visão é horrível”. O que é fato é que tanto Lovecracomo diversos dos seus seguidores man veram sempreo uso de adje vação muito rica, o que se tornou umacaracterís ca dis n va dos contos dos mitos. Em suadefesa Robert Price considera que estes adje vos podem

ter um efeito quase hipnó co no leitor, despertando a suaprópria noção dos conceitos que encerram e in amandoa sua imaginação.

A morte de Lovecra cons tuiu um choque paraos elementos do círculo, assim como uma surpresa,visto que este não lhes nha dado qualquer indicaçãona sua correspondência de que es vesse doente. Esteacontecimento causou uma quebra temporária notrabalho relacionado com os mitos. Citando Robert Bloch,“o jogo nha perdido toda a piada”. Nos anos 40 e 50,Robert Bloch, August Derleth e outros con nuaram aescrever histórias dos mitos. Em 1964 Ramsey Campbell,um jovem escritor britânico, dá a sua contribuição como apoio de Derleth. Em 1971 ainda outro britânico,Brian Lumley, junta-se ao grupo. O círculo não morreraverdadeiramente com Lovecra , subsis ndo de umaforma muito dispersa até aos dias de hoje.

Os problemas de sistema zação dos mitos

Ao revisar constantemente este ar go cheguei aconclusão que o melhor é apenas dar uma idéia geral paraquem vai ler sobre os mitos, para que o novo leitor deLovecra não que deslocado. Acreditando ou não nestasistema zação, uma boa leitura é livro de Harms, Daniel.The Encyclopedia Cthulhiana (2nd ed.), Oakland, CA:Chaosium, 1998, referência sobre o tema. Mas, mesmopara estudiosos sobre o tema há divergências, por exemploo termo “Outer Gods” que foi usado pela empresa de RPGChaosium pela primeira vez, e muitos não concordamdizendo que não há diferença destes e dos “Great OldOnes”, é verdade que fora isto existem seres menores comoo caso dos Deep Ones que servem Dagon. Considerandoisto e os problemas que falamos em sistema zar algo quenão foi deveras planejado é caminhar para erros sérios.Por m acho que minimamente estudamos os mitos,agora só me resta lhes desejar ó mas leituras!

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