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macroCOSMO.com revista Ano II - Edição nº 21 - Agosto de 2005 A PRIMEIRA REVISTA ELETRÔNICA BRASILEIRA EXCLUSIVA DE ASTRONOMIA Meteoritos Brasileiros Entrevista: Marcos Pontes ISSN 1808-0731 Catálogo Jatobá uma lista de objetos difusos para o Hemisfério Sul

Revista Macrocosmo #21

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Publicação eletrônica pioneira de jornalismo sobre Astronomia, a Revista Macrocosmo é gratuita, sendo disponibilizada na internet através de arquivos PDF. As edições contém artigos, tutorias, projetos, entrevistas, resenhas, guias, efemérides e dicas sobre todos os ramos da Astronomia, incluindo a Astronáutica e a Física.

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  • 1revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    macroCOSMO.comrevistaAno II - Edio n 21 - Agosto de 2005

    A PRIMEIRA REVISTA ELETRNICA BRASILEIRA EXCLUSIVA DE ASTRONOMIA

    MeteoritosBrasileiros

    Entrevista:Marcos Pontes

    ISSN 1808-0731

    CatlogoJatob

    uma lista de objetos difusospara o Hemisfrio Sul

  • 2 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    [email protected]

    Diretor Editor ChefeHemerson [email protected]

    DiagramadoresHemerson [email protected] [email protected] [email protected]

    RevisoWalkiria [email protected]

    Artista GrficoRodrigo [email protected]

    RedatoresAudemrio [email protected] Edgar I. [email protected] [email protected] Gandhi [email protected] F. [email protected] [email protected] [email protected] A. [email protected] Jos [email protected]

    ColaboradoresAntnio [email protected] Jos [email protected] P. dos [email protected] Fernandes

    comum ouvirmos a afirmao que a Astronomia no Brasil a que mais cresce no mundo,mas alguns pessimistas poderiam dizer que essa expanso ilusria, por estarmos muitoatrasados em relao aos outros pases. Mesmo sendo discutvel, podemos afirmar que aAstronomia vm se movimentando nos ltimos anos, objetivando provar que essa afirmaotem um fundo de verdade.

    Um dos grandes motivadores das iniciativas astronmicas em nosso pas, ocorreu nosltimos anos, com o advento da internet, quando os pequenos nichos onde a Astronomia seaglomerava, conquistaram a possibilidade de uma maior comunicao e integrao, comonunca havia existido antes. Dessa semente, nasceram frutos como os ENASTs EncontrosNacionais de Astronomia, onde todos os anos vm congregando um nmero cada vez maiorde entusiastas e profissionais de diferentes localidades do pas. No ultimo encontro foramreunidos mais de 600 participantes na cidade de Brotas/SP, e possivelmente neste ano, emCuritiba/PR, um novo recorde ser quebrado.

    Atravs desses contatos, onde foi possvel a troca de conhecimento e experincias, aAstronomia Amadora Observacional comeou a despertar, e j comeamos a colher as primeirasdescobertas brasileiras. No ultimo ms, a dupla brasileira C.W. Juels e Paulo R. Holvorcem,colecionou sua segunda descoberta, quando encontraram um cometa difuso atravs de cmerasCCD. SN2002bo o nome da supernova descoberta por Paulo Cacella, a primeira descobertado gnero por um astrnomo amador brasileiro. Estas descobertas so grandes incentivadoraspara a continuao dos trabalhos observacionais da REA Brasil, e agora do novo BRASS,programa brasileiro para busca de supernovas, que j colecionou 8 descobertas, iniciativados astrnomos amadores Cristvo Jacques e Tasso Napoleo

    A importncia dos clubes e associaes astronmicas ao se reunirem em torno de iniciativasde divulgao e pesquisa da Astronomia, pode ser demonstrado nesta edio, em nossoartigo de capa. O CAsB Clube de Astronomia de Braslia, promoveu uma maratonaobservacional com o objetivo de oficializar o esquecido Catlogo Jatob, o primeiro catlogobrasileiro de objetos difusos do cu, criado por Tasso Napoleo na dcada de 80, o primeirocatlogo exclusivo para o cu austral.

    J na Astronomia profissional, Augusto Daminelli desafiou astrnomos do mundo inteiro,quando provou que sua teoria de que a gigante estrela Eta Carina na verdade eram duasestrelas, estava correta. Enquanto Kepler Filho descobria sua estrela com a mesma composiode um diamante e Jos Medeiros desenvolvia pesquisas sobre a velocidade de rotao deestrelas gigantes, Mrcio Catelan recebia o prmio Hubble Fellow, uma das premiaes maisimportantes do mundo na rea, devido aos seus estudos sobre os aglomerados estelares eestrelas velhas. Joo Steiner, um dos maiores especialistas em quasares do mundo, trabalhano novo telescpio SOAR, no Chile, telescpio este que recebeu peas projetadas peloengenheiro brasileiro Raymundo Baptista. Tudo isso est sendo possvel, graas s fundaesde amparo pesquisa que vm investindo na pesquisa cientfica nacional, oferecendo aosastrnomos brasileiros, tecnologia de ponta. Com esse investimento, teremos a oportunidadede realizar pesquisas equivalentes de grandes centros de pesquisas do mundo.

    Em 2006, ano este que comemoramos o centenrio do vo histrico e pioneiro de SantosDumont, deve novamente entrar para a histria da aviao, quando o Tenente Marcos Pontes,ser o primeiro brasileiro a alcanar o espao, num vo muito mais alto que seu compatriotaDumont. Um grande salto que abrir portas para pesquisas e investimentos na tecnologiabrasileira, quando participar do projeto conjunto de 16 pases, de construo e pesquisa daEstao Espacial Internacional, o maior complexo construdo em rbita da Terra.

    Sem dvida o Brasil ainda carece de investimentos na pesquisa cientfica e principalmentena educao, j que a taxa de analfabetismo cientfico da populao ainda demasiadoelevada, mas com a motivao e criatividade destes que decidiram lutar pela expanso danossa Astronomia, tenho certeza que num futuro no muito distante essa meta ser alcanada,quando nos aproximaremos do patamar de lderes mundiais nas pesquisas astronmicas.

    Boa leitura e cus limpos sem poluio luminosa!

    Hemerson BrandoDiretor Editor Chefe

    [email protected]

    Editorialrevista macroCOSMO .comAno II - Edio n 21 - Agosto de 2005

  • 3revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    revista [email protected] sumrio

    permitida a reproduo total ou parcial desta revista desde que citando sua fonte, para uso pessoal sem finslucrativos, sempre que solicitando uma prvia autorizao redao da Revista macroCOSMO.com.

    A Revista macroCOSMO.com no se responsabiliza pelas opinies vertidas pelos nossos colaboradores.Verso distribuda gratuitamente na verso PDF em http://www.revistamacrocosmo.com

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    AO/A

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    (M44

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    Capa da Edio: J87, Nebulosa do Inseto A. Zijlstra (UMIST) et al., ESA, NASA

    macroNOTCIASDiscovery, Sol e 10 Planeta

    macroENTREVISTAAstronauta Marcos PontesPoluio LuminosaO direito de ver estelas!CapaCatlogo JatobEfemridesAgosto de 2005Constelaes ZodiacaisConstelao de Capricrnio

    MeteorticaMeteoritos BrasileirosCartografiaConhecendo as Cartas TopogrficasmacroRESENHASCarl Sagan e livros de bolso

    Pergunte aos AstrosFoguetes e Constelao de Escorpio

    05080918303855586774

    Dicas DigitaisClubes e entidades astronmicas 78Astro Arte DigitalRegulamento 82

  • 4 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    A Revista macroCOSMO.com, gostaria de de agradecer as centenas deastrnomos que j participaram e convidar aqueles que ainda no o fizeram,para participarem do "Censo Astronmico 2005".

    A finalidade deste Censo, identificar o perfil e os interesses dos astrnomosbrasileiros, onde eles esto e quantos so. Esto convidados para participardeste censo todos aqueles que dedicam sua vida astronomia, desde osimples entusiasta, que possui interesse sobre os astros mas no participade atividades ligadas astronomia, passando pelo astrnomo amador, queparticipa dessas atividades mas no graduado em astronomia, at osprofissionais graduados ou ps-graduados, tanto os que atuam no Brasil quantoos que esto no exterior.

    Atravs do resultado deste Censo, poderemos saber quais so os nichosem que a astronomia se aglomera, e assim estimular um maior contato entreeles, organizando encontros regionais e nacionais com maior eficcia, almde destacar aquelas regies aonde a astronomia ainda no chegou, planejandoassim estratgias de divulgao astronmica.

    Existem quatro verses de questionrios especficos para Astrnomosentusiastas, amadores, profissionais ou astrnomos brasileiros no exterior eno leva mais que 2 minutos para ser respondido. As questes procuramidentificar o perfil, localidade e que tipo de observao fazem os astrnomos,quanto tempo dedicam esta atividade e como se informam.

    O Censo estar online at a meia-noite do dia 1 de novembro de 2005. Olevantamento final ser aberto e publicado nas edies da RevistamacroCOSMO.com.

    Algumas matrias na imprensa sobre o Censo Astronmico 2005:

    http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3218http://www.comciencia.br/200412/noticias/2005/astronomia.htm

    http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=25159

    Para acessar o questionrio clique em:

    http://www.revistamacrocosmo.com/censo.htm

    Maiores informaes: [email protected]

  • 5revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    A Nasa comemorou nesta quarta-feira, 3 deagosto, o sucesso da operao para eliminar, comajuda de um brao robtico, as protuberncias quesurgiram na fuselagem da nave Discovery, que estem rbita a 385 quilmetros da Terra. Mas, logodepois, os tcnicos do controle de misso no CentroEspacial Johnson, em Houston (Texas), comearama se preocupar com um pedao de isolante trmicoaparentemente perfurado perto da janela da nave,no lado onde se senta a comandante Eileen Collins.

    Durante o terceiro passeio espacial da missoda Discovery, o brao robtico da estaointernacional Alfa, de 50 metros, levou o astronautaStephen Robinson para a parte dianteira da nave,onde se desprendiam dois pequenos pedaos defeltro entre as placas de cermica.

    Com este reparo, a nave fica pronta para o retorno Terra, disse em entrevista coletiva Paul Hill, diretorde vo da Discovery. Demonstramos que podemosenviar um astronauta a esta parte (da nave), o quenunca tinha acontecido, disse Cindy Begley,encarregada desta rea fora do veculo. Alm disso,

    obtivemos imagens sem precedentes, maravilhosas.Para a operao, acrescentada no programa da

    Discovery quando a Nasa detectou as protubernciasna parte externa da nave, uma cmera colocada nobrao robtico transmitiu imagens muito claras einstantneas dos movimentos de Robinson.

    O astronauta Soichi Noguchi, da Agncia deProspeco Aeroespacial do Japo, que acompanhouRobinson nas trs excurses, ficou a cerca de 30metros de distncia para servir como ponto decomunicao visual se as comunicaes por rdiofalhassem.

    Toda a manobra foi extremamente complexa pararealizar uma tarefa simples, disse Hill. A retirada eo corte dos pedaos de feltro era uma tarefa simples,mas a colocao de um astronauta neste lado danave foi complexa.

    Hill disse que a equipe de direo da missoanalisar agora toda a informao disponvel sobreuma aparente perfurao em um pedao de tela deisolamento trmico, perto de uma das janelas dacabine da nave.

    Nasa comemora sucesso de reparos na Discoveryem rbita

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    Srgio A. Caixeta | Astronomus [email protected]

  • 6 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    O responsvel do vo da nave espacial disseque ainda no foi determinada a gravidade dodano e, portanto, no foi decidido se osastronautas faro uma quarta sada parareparar este defeito.

    O prximo passo a separao deDiscovery e Alfa, que est programada parasbado, acrescentou.

    A nave far um vo de 360 graus ao redorda estao, cerca de 100 metros deseparao, em um movimento delicado

    considerando que ambos se deslocam no espao a 27.300 km/h, afirmou Hill.Esta dana espacial servir para que os tripulantes da Discovery faam uma inspeo visual de

    Alfa antes de se afastar da estao, onde permanecem dois astronautas que observaro a naveantes de retornar Terra. O estado dos mais de 25 mil painis de isolamento trmico que envolvema nave crucial para a volta atmosfera.

    Em fevereiro de 2003, a nave Columbia se desintegrou quando retornava Terra aps uma missode 16 dias, o que causou a morte de seus sete astronautas.Ainvestigao posterior mostrou que, durante o lanamento danave, tinham se desprendido pedaos da espuma isolante dotanque externo, que bateram no Columbia e danificaram suacobertura protetora.

    No retorno atmosfera, quando o atrito eleva a temperaturaexterna da nave para cerca de 1.400 graus Celsius, a brechanos painis isolantes permitiu a entrada de gasesincandescentes que causaram o acidente.

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    O observatrio espacial Chandra, um dos quatro maiores da Nasa, estudou 21 estrelas semelhantesao Sol e sugere que o astro contm uma quantidade de non trs vezes maior do que os cientistasacreditam.

    Em sua pgina da internet, a agncia espacial americana afirma que, se (esta hiptese) for verdade,significaria a soluo de uma dvida crtica sobre a compreenso do funcionamento solar.

    O Sol usado na astronomia como modelo para testar o conhecimento sobre as estrelas, e at certoponto sobre o resto do universo, mas para entender o funcionamento deste astro necessrio conhecerprimeiro sua composio.

    Os astrnomos Jeremy Drake e Paola Testa, do Instituto de Tecnologia de Massachussets, nos EUA,observaram 21 estrelas semelhantes ao Sol a uma distncia de 400 anos-luz da Terra, e descobriram queestes parentes prximos contm pelo menos trs vezes mais non do que o Sol teria.

    Os tomos de non, junto com os de carbono, oxignio e nitrognio, tm papel muito importante navelocidade de deslocamento da energia produzida pelo Sol do ncleo at a superfcie, de onde emitidapara o espao.

    Atualmente, no se sabe a quantidade exata de non do Sol devido dificuldade de fazer mediessobre o gs. No entanto, essas medies so possveis nas estrelas semelhantes, cujas coroas contmnon aquecido a milhes de graus que brilha intensamente em raios X.

    EFE

    Sol pode ter trs vezes mais non do quese acredita

  • 7revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    O astrnomo americano Michael Brown afirmou no ultimo dia 29 ter descoberto o dcimo planeta dosistema solar, a cerca de 15 bilhes de quilmetros da Terra.

    O novo planeta, batizado provisoriamente de 2003-UB313, o corpo celeste mais distante j descobertogravitando em torno do sol, disse Brown, chefe do departamento de astronomia do Instituto Californianode Tecnologia (Caltech), em Pasadena. Segundo Brown, o corpo celeste est situado a 97 unidadesastronmicas (14,4 bilhes de quilmetros) da Terra e maior que Pluto, o nono planeta do nossosistema solar, descoberto em 1930.

    O 2003-UB313 foi fotografado por uma cmera extremamente possante por intermdio do telescpioSamuel-Oschin, do Monte Palomar, no sul da Califrnia, disse Brown. Ele admitiu que qualificar de planetaeste corpo celeste composto basicamente de rocha e gelo, como Pluto, pode provocar polmica entreos especialistas, mas lembrou que se o 2003-UB313 no um planeta, Pluto tambm no . O 2003-UB313 um tpico corpo do Cinturo de Kuiper, mas tem o tamanho para ser classificado de planeta. Ele, definitivamente, maior que Pluto, destacou Brown. O astrnomo americano props um nome para oplaneta Unio Internacional de Astronomia e espera uma deciso sobre o caso.

    Brown fez a descoberta com os astrnomos Chad Trujillo, do Observatrio Gemini de Hava, e DavidRabinowitz, da Universidade de Yale, em 8 de janeiro passado. O novo planeta ser visvel nos prximosseis meses pela manh, no leste do firmamento, na constelao de Cetus, segundo Brown.

    AFP

    Astrnomo afirma ter descoberto novo planeta

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  • 8 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    PergunteAstrosaos

    possvel ver a constelao de Escorpio em outras pocas do ano queno seja em novembro? Marco Aurlio, 30 anos - Rio de Janeiro/RJ

    Marco, em novembro justamente a poca quando a constelao de Escorpio est em conjunocom o Sol e portanto, invisvel. Nos demais meses do ano esta constelao visvel no cunoturno. Nesta poca do ano (julho/agosto) procure bem alto no cu um pouco para o leste no incioda noite. uma constelao inconfundvel, com a sua cauda de estrelas num formato de um gancho.

    Para enviar suas dvidas astronmicas para a seo Pergunte aos astros, envie um e-mail para [email protected],acompanhado do seu nome, idade e cidade onde reside. As questes podero ser editadas para melhor compreenso oulimitao de espao.

    Por Zeca Jos Agustoni | Revista [email protected]

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    Os foguetes sempre so criticados por serem muito perigosos! Porm, quais so asoutras alternativas para se chegar ao espao, mesmo sendo em teoria, para substituiodos foguetes num futuro prximo?

    Felipe Joel da Rosa22 anos - So Paulo/SP

    Space Ship One, o primeiro avio foguete

    Felipe, atualmente os foguetes so a nica opopara chegarmos ao espao, sejam eles lanados dosolo ou de aeronaves como o projeto Space ShipOne. Mas existem idias mirabolantes como o casodo elevador espacial. Parece coisa de ficocientfica (e de certa forma o ), mas algunsengenheiros o consideram como uma possibilidadepara um futuro distante. Um elevador espacial essencialmente um longo cabo que se estende dasuperfcie do nosso planeta ao espao. Veculoseletromagnticos viajariam atravs desses cabos eserviriam como um sistema de transporte Terra/Espao. Outras idias, seriam a colocao desatlites em rbita com um canho que lanaria osatlite como um tiro, tri lhos aceleradoresmagnticos, entre outros. Uma vez no espao,existem vrias alternativas de propulso possveis,algumas j em teste, como propulso inica, velasolar, etc..Projeto do Elevador Espacial

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  • 9revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    macroENTREVISTAS

    Viagem rumodesenvolvimentoao

    O ano de 2006 poder entrar para a histria do Brasil como o ano em que um brasileiroconheceu o espao sideral e observou nosso belo planeta visto de fora. Se Santos Dumontainda estivesse vivo, ele assistiria a sua inveno transformar a histria do mundo. Observaria ogrande avano tecnolgico e cientfico que o 14-Bis prenunciou. Ele veria tambm, aps 100anos de seu vo pioneiro, um brasileiro, que assim como ele, no esqueceu seus sonhos eambies. Estamos falando de Marcos Csar Pontes, o primeiro astronauta nascido no Brasil,que concedeu no dia 4 de julho de 2005, em Araatuba/SP, uma entrevista exclusiva RevistamacroCOSMO.com. Nesse bate-papo ele contou um pouco de seus anseios e expectativaspara ir ao espao. Ressaltou a enorme importncia da presena da Agncia Espacial Brasileirana Estao Espacial Internacional e falou sobre seu trabalho e treinamento na NASA. Em suapalestra no Cosmos IV Semana de Astronomia e Exobiologia - ele destacou a importnciados sonhos e da persistncia: Se voc no sonha, voc no vive. O sonho como um alimento.

    Ricardo Diaz | [email protected]

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    macroENTREVISTAS

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    macroCOSMO.com Como foi ocomeo da sua experincia naNASA? Quais motivos o levarampara l?Marcos Pontes A minha ida para aNASA em 1998 foi causada pelaAgncia Espacial Brasileira, que fez umconcurso de seleo aqui no Brasil, para quejustamente atravs da participao do Brasil naEstao Espacial Internacional (EEI), nstivssemos uma representao no quadro deastronautas. Precisavam de um astronauta e euentrei no concurso de seleo onde acabei sendoselecionado. Estou l desde ento.

    macroCOSMO.com Como foi esse processode seleo? Como foram os exames e testes?Marcos Pontes Esse processo de seleo foi feitoaqui no Brasil pela Agncia Espacial Brasileira, emconjuno e coordenao com a NASA. Outrossetores da cincia no Brasil como a AcademiaBrasileira de Cincias e a Sociedade Brasileira parao Progresso da Cincia tambm participaram dasetapas. Os processos foram feitos aos moldes doque realizado nos Estados Unidos, ou seja, oscandidatos apresentam os seus currculos, queenglobam uma srie de formulrios sobre sade.Depois realizada uma triagem desses currculos,e a partir da so contados pontos onde existe umnmero de corte. Aqui no Brasil foram 40candidatos. Depois os candidatos so submetidosa exames mdicos, fsicos e psicolgicos. Apsmuitos cortes, sobraram cinco candidatos na ltimafase, que foram submetidos a uma entrevista. Apartir da fui selecionado aqui no Brasil, e segui paraa Nasa, onde passei pelos mesmos testes (fsicos,mdicos e psicolgicos) que so feitos pelosastronautas americanos, junto com minha turma.

    macroCOSMO.com Qual participaobrasileira atual na Estao EspacialInternacional? O Brasil tem condies dedesenvolver tecnologias para se manter noespao?Marcos Pontes A participao do Brasil naEstao Espacial Internacional definida emtermos porcentuais, uma porcentagem muito baixa

    Astronauta Marcos Pontes e o Jornalista Ricardo Diaz

    mas possui grande importncia para o pas. O Brasil um dos 16 pases que participam da estao e sevoc verificar quem so os outros pases, vai ver que uma comunidade muito seleta. O Brasil foiescolhido e convidado para participar em 1997justamente por ter sido reconhecido por esses outrospases, pela sua capacidade de produzirequipamentos e cincia. Ns temos essa capacidadee a importncia disso para o pas se reflete em quatroreas especficas: cincia, indstria, poltica eeducao. Dessas, vou destacar as duas primeirasque eu acho que tm um peso muito grande e mesmocronologicamente so as primeiras a sereminfluenciadas por essa participao. Na indstria,quando o Brasil produz uma pea que ser colocadano espao, isso faz com que essa indstria sejaqualificada e homologada em termos de qualidadepelos outros 15 pases, que como eu falei, so pasesde peso no mercado de alta tecnologia. Diga-se depassagem, nesse programa existe um requisitocolocado pela Agncia Espacial Brasileira: a peatem que ser produzida totalmente aqui no Brasil. Novale, por exemplo, a agncia espacial contratar umaindstria para produzir uma pea aqui, e essaindstria repassa-lo para uma empresa do exterior.A pea tem que ser produzida 100% no pas, fazendocom que tenhamos a tecnologia em produzi-la. Nessemomento, essa indstria entrou numa lista pequenade fornecedores de materiais espaciais, coisa que oBrasil ainda no tem. Nenhuma empresa possui esseselo de qualidade. A partir desse programa daEstao Espacial Internacional, as indstrias doBrasil vo ter esse selo. O SENAI de So Paulo,que est produzindo os primeiros prottipos, serresponsvel em fazer o acerto de qualidade no Brasil.Isso muito bom principalmente porque eu participeido SENAI quando era jovem. Eu fico imaginando oque passa pela cabea dos jovens que estotrabalhando l, sabendo que seus trabalhos seroutilizados no espao. Isso d uma motivao extra.

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    macroENTREVISTAS

    macroCOSMO.com Qual a importncia daEstao Espacial Internacional na pesquisabrasileira? Quais linhas de pesquisa da reaacadmica so melhores desenvolvidas emsituaes encontradas no espao?Marcos Pontes Este tambm um ponto muitointeressante que a parte cientfica. O Brasil,atravs dessa participao na estao espacial,tem direito de colocar experimentos na estao eesses experimentos podem vir de campos diversos,selecionados pela Agncia Espacial Brasileira. Elavai colecionar todos esses projetos e a partir da,segundo as necessidades estratgicas do Ministriode Cincia e Tecnologia, ns teremos experimentosbrasileiros voando para o espao. O que issosignifica? Significa que teremos universidadesparticipando. A pior coisa que existe voc fazerum doutorado e saber que seu trabalho no serusado para nada. Com a participao brasileira naEEI, voc ter o seu trabalho realizado na prtica.A microgravidade algo muito difcil de conseguirpor muito tempo. possvel conseguirmicrogravidade por tempo curto, por exemplosoltando alguma coisa de uma torre, fazendo vosparablicos em um avio por alguns segundos, oucom foguetes suborbitais alcanando at cincominutos de microgravidade. J na estao voc temmicrogravidade de longa durao o que permiteexperimentos, por exemplo, de formao de cristaisque precisam de tempo para crescimento,desenvolvimento de novos materiais, podendo voltarespecificamente para a rea de nanotecnologia,biotecnologia ou uma conjuno bio ncoasileira naEEI o. hos serela cabea dos jovens queestnanotecnologia. Por isso, haver muitosexperimentos que poderemos realizar no espaodentro das perspectivas que ns queremos para oBrasil. Isso importante, j que no precisamosutilizar ou adaptar resultados de ningum, ou usarequipamentos de outras pessoas. Voc usa o seuprprio equipamento.

    macroCOSMO.com Quando ser sua viagempara a Estao Espacial Internacional? A dataj est marcada?Marcos Pontes Ainda no est marcada a data eessa uma coisa que eu tenho esperado desde2000. Existem agora negociaes que esto sendofeitas entre a Agncia Espacial Brasileira e a

    Agncia Espacial Russa, que tambm uma dasparticipantes da estao. A inteno da AgnciaEspacial Brasileira que esse vo acontea no anoque vem. As negociaes ainda esto em curso epor isso ainda no sei o resultado. Espero serobviamente informado (risos).

    macroCOSMO.com Na Agncia EspacialRussa voc embarcar na nave Soyus. Issosignifica que voc ter que passar por outroprocesso de exame e treinamento diferente daNasa? Vai ser muito diferente? Como ser essaadaptao ao equipamento russo?Marcos Pontes A essncia do vo espacial amesma, seria o mesmo que voc sabe ler msica,vai tocar uma msica diferente, uma orquestradiferente, mas voc sabe ler msica. Essa a idia.Vou ter que me adaptar ao veculo. Eu j tenho decerta forma algum treinamento bsico sobre aSoyus, porm muito pequeno ainda, j que ele o veculo de resgate da Estao Espacial. Eu tereique passar por um treinamento tcnico de vriosmeses para aprender a operao da Soyus, etambm do equipamento russo mais especficodentro da estao, que eu conheo de maneirageral, mas ainda no trabalhei com esseequipamento. Ento preciso de algum ajuste deequipamento e de lngua tambm.

    macroCOSMO.com Sua viagem foi adiadavrias vezes. Quais foram os motivos dosadiamentos?Marcos Pontes Eu acho que a razo principaldesses adiamentos foram os problemasadministrativos que aconteceram no Brasil nointervalo entre 2000 at 2004, como atraso deoramento, custos de equipamento fora dooramento e a falta da entrega das peas nacionaispara a estao espacial. Isso est finalmente sendoresolvido atravs dessa administrao com o Dr.Srgio Gaudncio da Agncia Espacial e atravsdo SENAI de So Paulo. O que est acontecendo uma juno de esforos dentro do Brasil e deinstituies brasileiras percebendo a importnciado projeto.

    macroCOSMO.com Os adiamentos no foramprovocados pelo acidente com o nibusEspacial Columbia? Qual foi o impacto do

    A inteno da Agncia Espacial Brasileira que meu vo acontea no ano que vem.

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    macroENTREVISTAS

    acidente do Columbia no programaespacial brasileiro?Marcos Pontes Em termos doprograma espacial brasileiro, o acidentedo Columbia trouxe como conseqnciamais direta o atraso da fila para o vo, oque me afetou diretamente, mas em outros camposno. Por outro lado, o acidente em Alcntara/MAcertamente teve os impactos em cima do programaespacial brasileiro, que tem sido gradualmentecorrigido e recuperado tanto pelo Departamento dePesquisas da Aeronutica, quanto a AgnciaEspacial Brasileira.

    macroCOSMO.com Voc j teve contato comoutras agncias espaciais de outros pases? AChina, por exemplo?Marcos Pontes A China no. Ela no participada Estao Espacial Internacional, por isso eu notive este contato. Quem tem mais contato nisso o pessoal da rea de satlites l no INPE que temo CBERS em parceria com a China. Por outro lado,eu tenho, por causa da estao espacial, bastantecontato com a agncia espacial japonesa, ondetrabalhei durante trs anos no laboratrio japons,em testes antes que fosse possvel lana-los paraa estao. Eles tiveram que ser testados em termosde integrao com o sistema e esse era meuservio. O que uma coisa bem interessante, que l ns no fazemos s o treinamento. Nstambm cuidamos do setor administrativo, onderepresento o Brasil perante os outros pases l naNASA. Tem o trabalho tcnico, como engenheirode sistemas, justamente fazendo testes, sendo oresponsvel pelas integrao do laboratrio japonse seus acessrios. Assim como as outras agnciasespaciais que ali so representadas, voc acabatendo muito contato, como por exemplo, a agnciaitaliana, mesmo a agncia europia que congregaa agncia italiana.

    macroCOSMO.com Voc j teve algum receiode voar em naves espaciais aps o acidentecom o nibus Espacial Columbia?Marcos Pontes Eu trabalho com a rea deacidentes e tenho os visto h bastante tempo, coisade 20 anos. Ento, nesse tempo todo, voc perdemuita gente, vendo muitos acidentes. Voc investigaacidentes, tenta prevenir e trabalha nesse sentido.Uma coisa que costumo falar nessa rea desegurana de vo que necessrio que todo pilotoou tripulante tenha respeito pela atividade que estfazendo. necessrio que voc tenha certo medo equando voc fala do medo como uma das emoesbsicas do ser humano, ele necessrio para aoperao, para qualquer coisa que vai fazer,colocando-o em situao de alerta. Ento, importante que se tenha esse respeito. No momentoque voc perde esse respeito o momento que setem mais risco de acidentes. Se voc olhar no grficode acidentes, por exemplo, por tempo de operaode piloto, voc vai ver que acontecem vrios acidentesno incio da carreira com pilotos novos, porque elesno possuem experincia. Depois o nmero deacidentes cai porque ele adquiriu respeito e temconhecimento. Depois os acidentes voltam a subirno final de carreira porque ele acha que j sabe tudoe a onde ele se expe outra vez ao risco. Ento omedo imprescindvel. necessrio voc entrarnessa e subir um pouquinho a presso e o batimentocardaco.

    macroCOSMO.com Como ser a relao entreesses 16 pases participantes da EstaoEspacial Internacional? Essa relao ser

    Quando voc fala do medo como uma das emoes bsicasdo ser humano, ele necessrio para a operao, para qualquercoisa que vai fazer, colocando-o em situao de alerta.

    Astronauta brasileiro durante a entrevista

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    macroENTREVISTAS

    mtua? Haver troca constante de tecnologiasou predominar a cincia secreta?Marcos Pontes Desde o comeo da operao daEEI em 1998, quando ela comeou a ser lanadaao espao, existe um conselho de pases que tomaas decises tcnicas e administrativas a respeitodo laboratrio. Nesse conselho participam todos os16 pases, mesmo os que so somenteparticipantes, como no caso do Brasil. Por exemplo,o Brasil e a Itlia so participantes e a AgnciaEspacial Europia, Japo, Rssia, Estados Unidose Canad so parceiros da estao. Apesar dessadistino, todos os pases tm acento no conselho,onde as decises so tomadas em conjunto. Asinformaes so trocadas em vrios nveisdiferentes, por exemplo, as informaes demontagem da estao, que coordenada pelosEstados Unidos. Essas informaes soobrigatoriamente passadas para todos os pasesporque voc tem que saber como vai ter que integrarum equipamento ou outro acessrio. Essa umadas coisas mais difceis da estao. Voc colocarum laboratrio japons junto com um equipamentoamericano, falando com equipamento europeu e quevai falar com russo complicado, mais tecnicamentefalando. Mas isso feito justamente por ter umsistema de integrao muito bem feito. Ento,existe essa troca de informaes tcnicas efuncionais. A vem a parte das pesquisas, onde osexperimentos tambm possuem informaes. Umpas que realiza uma pesquisa, pode realizar umexperimento compartilhado, em cooperao comos outros pases, utilizando um equipamentocompartilhado ou equipamento prprio, e ele podeassim compartilhar essa informao. Existe, porm,alguns experimentos que so de indstria. Porexemplo, uma empresa brasileira quer fazer umexperimento na EEI. Ela pode fazer atravs daAgncia Espacial Brasileira, e como ela estpagando para fazer esse experimento, tal comoaquela que uma pesquisa financiada, esses dadosso de sua propriedade e isso no compartilhadocom os outros.

    macroCOSMO.com O que voc acha dasrecentes viagens de pessoas que compramlugares em estaes espaciais, como foi o casode Dennis Tito?Marcos Pontes Eu acho timo, falando

    especificamente sobre turismo espacial. Eu sou umentusiasta do turismo espacial, como um todo. Numestgio atual da estao espacial, verdade que apresena de turistas na estao, de certa formadificulta os trabalhos, j que voc tem que tomarconta do equipamento, dos seus trabalhos seremexecutados e ainda de uma outra pessoa. Apesardisso, o turismo espacial em si uma coisaexcelente porque atravs dele voc teminvestimentos, comeando a haver interessescomerciais em cima da atividade espacial. Com issovoc vai desenvolver mais a atividade. Eu comparoo turismo espacial ao desenvolvimento da aviaocomercial. Se no tivessem passageiros, a aviaono teria desenvolvido. Se fosse s aviao militar,ela no teria se desenvolvido tanto. O passageirode avies comerciais se compara ao turistaespacial, assim como os pilotos e tripulantes daaviao comercial se comparam aos astronautasprofissionais, ou seja, esses pilotos e comissriosque hoje voam na aviao comercial s existemporque existem passageiros. Ento necessrio opassageiro. Precisamos do turista espacial paraque desenvolva uma atividade de turismo espacial.Deve-se tomar muito cuidado obviamente nocomeo, para que as coisas sejam feitas de umamaneira segura, para que no tenha acidentes noincio do desenvolvimento de uma rea toimportante como essa.

    macroCOSMO.com Voc sentiu dificuldadesna NASA com relao aos cortes do governoamericano nesse setor? Houve fuga deinvestimentos da NASA para as pesquisas deexplorao na Lua e em Marte?Marcos Pontes Existiu sim um corte nooramento da NASA em 2003, mas este foiimediatamente reposto aps o acidente com oColumbia. Foi uma reposio de U$ 500 milhes mais. Diga-se de passagem, o oramento da Nasavaria em torno de 15 bilhes de dlares por ano.Sobre Lua e Marte, essa empreitada foi colocadapelo presidente George W. Bush, durante acampanha de reeleio, fazendo com que a NASAvirasse a proa do navio para esse tipo de atividade.Logicamente voc tem que fazer um remanejamentode oramento, para essa nova misso que custabastante. O novo administrador da Nasa, o Griffin(Michael Griffin) garantiu que a estao espacial

    Eu sou um entusiasta do turismo espacial,como um todo

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    macroENTREVISTAS

    vai prosseguir. A NASA est retomandoos vos do nibus espacial. Um outroveculo tem sido estudado para fazer areposio dele, j com todas as medidasde segurana j implementadas noprprio projeto, ou seja, a parte de votripulado, que o que d aquele sentidode explorao a pesquisa espacialcontinua. O trabalho conjunto de vosno-tripulados e vos tripulados o quefaz com que a coisa funcione. Vocmanda um vo no-tripulado para umlugar e verifica se existem necessidadese a vontade de que v algum tripulantepara l. H um trabalho em cima deMarte atualmente, para que nscoloquemos uma pessoa l. Enquantovoc no coloca uma pessoa, na verdadevoc no chegou l literalmente. O serhumano no chegou em Marte. Imaginese Cabral mandasse para c umacmera e ningum viesse para o Brasil.No ia ter muito sentido, ou seja, votripulado continua a ser um orgulho muitogrande para quem vai at l. Se vocperguntar para algum em qualquer lugar,qual foi a primeiro veculo no-tripuladoque chegou Lua, provavelmente a pessoa no vaisaber. Mas se perguntar quem foi o primeiro homemque pousou l, as pessoas se recordam facilmente.

    macroCOSMO.com Qual o grande impactotecnolgico que a presena de um astronautabrasileiro e peas brasileiras na EstaoEspacial Internacional podem trazer para oBrasil?Marcos Pontes Eu acho que o principal impactoest no sentido de colocar a nossa indstria e anossa cincia em uma posio, na pequena listade fornecedores capacitados e em qualidade parafornecer componentes de alta tecnologiainternacionalmente. No governo, em especial a partede indstria, fala-se muito na necessidade deexportaes de itens de alta tecnologia. O Brasilno vai ficar simplesmente exportando matria-primapara depois comprar a coisa de volta com oconhecimento injetado no preo junto. Ento, temosque exportar alta tecnologia. Esse o caminho paraque ns tenhamos as nossas indstrias e nossas

    empresas colocadas em destaque. Diga-se depassagem, falamos muito em indstria, mas quandovoc fala em estao espacial, algumas coisas quenormalmente no so pensadas como empresas deroupas e alimentao podem entrar nesse jogotambm. Quanto a parte da minha participao, euacho que a importncia est justamente no que abandeira significa. Se voc pensar na bandeira comouma nao que ela representa, eu acho que isso importante, principalmente chegando prximo de umano como o que marca o centenrio do primeiro vodo Santos Dumont. Ns falamos tanto de SantosDumont como sendo o primeiro que voou e quandons vemos o resto do mundo falando dos irmosWright, todo brasileiro fica meio aborrecido isso, ecom razo, porque ns queremos as nossas coisassendo reconhecidas no mundo. Eu acho que ter anossa bandeira no espao abre caminho para essereconhecimento, aquele orgulho que ns sentamosquando o Ayrton Senna ganhava as corridas ou ver aseleo brasileira ganhando. um orgulho dessetipo que ns pretendemos colocar.

    Marcos Pontes, o primeiro astronauta do hemisfrio Sul

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    macroENTREVISTAS

    macroCOSMO.com Quais so seus planospara 2005 e quais os planos da participaobrasileira nos projetos espaciais mundiais? Oque poder evoluir nesse ano?Marcos Pontes 2005 um ano de continuidade eacho que ns tivemos uma coisa excelente que foia entrada do SENAI de So Paulo junto com a FIESPnesse programa da Estao Espacial Internacional,produzindo os prottipos das peas. Isso foi umasdas melhores notcias que tive nesse ano comrelao ao nosso programa. Eu acredito que havendouma continuidade na administrao, tanto naAgncia Espacial Brasileira, quanto do Ministriode Cincia e Tecnologia, eles iro prosseguir comesse trabalho excelente de buscar os recursosnecessrios para o andamento dos projetos. Nstemos visto um esforo muito grande desses setorespara que a base de Alcntara volte a funcionaroperacionalmente como deve. Os nossos foguetesVLS e seus vrios nveis voltem a operar e agora

    melhores, assim como nossos satlites no INPE eesse programa da estao espacial. Tudo isso temsido levado, com a juno da parte de cincia eeducao, muito bem encaminhado pela AgnciaEspacial Brasileira. Acho que 2005 um ano quepromete bastante, mesmo com certas turbulnciasatuais por parte do governo. Acredito que isso noafetar ao que se trata a cincia, tecnologia eeducao, que coisa essencial para a agncia.

    macroCOSMO.com Muito obrigado pelaentrevista Marcos Pontes!Marcos Pontes Alis, gostaria de agradecertambm Revista macroCOSMO.com. Gostaria deagradecer a vocs pelo apoio que vocs tm dadopara ns, apoiando esse projeto da EstaoEspacial Internacional. Tenho acompanhado quevocs participam ativamente e isso bastanteinteressante para ns e eu fico muito feliz de teresse apoio. Obrigado.

    Temos que exportar alta tecnologia!

    Ricardo Diaz, redator cientfico, acadmico de jornalismo da Universidade Federaldo Mato Grosso do Sul, especializado em divulgao cientfica.

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    WWW.COMITEMARCOSPONTES.CJB.NET

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    D sua contribuio! Vamos apoiar o Brasil nesse projeto que traz oportunidadesnicas de estar frente em experimentos e tecnologia de ponta

    A campanha Sim, euquero ver o verde e

    amarelo no espao,lanada pelo Comit

    Marcos Pontes, tem oobjetivo de apoiar a

    Agncia EspacialBrasileira na viabilizao

    do primeiro vo orbitaldo nosso astronauta

    atravs da continuidadeda participao

    brasileira no projeto daEstao Espacial

    Internacional (EEI).

    Para isso, conta com acolaborao da

    populao brasileira, quepode manifestar

    mobilizao em prol dacampanha, assinando

    um abaixo-assinadono site:

    www.comitemarcospontes.cjb.net

  • 18 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    O DIREITO DE

    VER ESTRELAS

    No existe beleza comparvel a uma noite estrelada. Anos, sculos, milnios,geraes de homens olhando as estrelas, investigando seus segredos. A contemplaodo cu foi um dos motores da histria da humanidade tal como a conhecemos. Ficauma pergunta que no quer calar: ser que nossos filhos, netos e as geraes queesto por vir tero o mesmo direito de contemplar o cu noturno com sua infinita beleza?Infelizmente parece que no. Com a modernidade, essa beleza tem desaparecido.Hoje, a maioria das crianas cresce sem o prazer de parar e ver as estrelas. Outroraostentando um negro brilhante e escuro, quase mgico, os cus citadinos damodernidade so opacos, luminosos pela aura de cidades que se expandem de umaforma cada vez mais desordenada, mais selvagem, no s desafiando o delicadoequilbrio natural, como nos privando da contemplao das nossas mais remotasorigens, desvanecendo tambm essa chama que existe dentro de ns, da busca dopassado, no infinito.(1) O desfrute dessa beleza est sendo alterado nas ltimasdcadas por um novo fenmeno humano: a poluio luminosa. A luz que em aparncia algo limpo e bom, se mal dirigida se converte em algo realmente nocivo ao meioambiente, alterando de forma significativa o equilbrio natural dos animais de vida noturna,poluindo a atmosfera, e ainda, prejudicando a paisagem noturna, tornando os objetoscelestes invisveis, privando no s o estudo de astrnomos, bem como todos aquelesque querem usufruir da viso das estrelas.

    Nadia Palcio dos Santos | [email protected]

    A poluio luminosa sob a gidejurdica, urbanstica e ambiental

    Avenida com luminrias dispersivas. Ro

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    POLUIO LUMINOSA

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    POLUIO LUMINOSA

    O QUE POLUIO LUMINOSA?

    Uma das mais modernas formas de poluio a luminosa. Apesar de ser poucodebatida, no significa que no tenha efeitos drsticos. De acordo com Roberto F.Silvestre, a poluio luminosa pode ser definida como sendo qualquer efeito adversocausado ao meio ambiente pela luz artificial excessiva ou mal direcionada(2)produzida pelo homem nos centros urbanos, que causa fulgor, prejudicando ascondies de visibilidade noturna dos corpos celestes. As luminrias mais utilizadasem iluminao pblica so ineficientes e mal projetadas, deixam escapar grande parteda luz para o espao. Aproximadamente 40% da luz emitida horizontalmente e paracima, ou seja, se gasta energia para iluminar mal a rua e ainda poluir. A luz extra sereflete nas nuvens, em gotas dgua e poeiras suspensas e cria nas camadasatmosfricas um obstculo visibilidade do firmamento.

    Canteiro de obras, que utiliza refletores direcionais mal alinhados, emite luz para cima e a uma grande distncia.

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    POLUIO LUMINOSA

    DO DIREITO A UM CU NOTURNO ADEQUADO

    Art. 23 CF - competncia comum da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios:

    VI - proteger o meio ambiente e combater apoluio em qualquer de suas formas.

    Art 24 CF - Compete Unio, aos Estados eao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:VI - florestas, caa, pesca, fauna, conservao danatureza, defesa do solo e dos recursos naturais,proteo do meio ambiente e controle da poluio;VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico,esttico, histrico, turstico e paisagstico.

    Consagrado constitucionalmente, o meioambiente engloba dentre outros, todos os recursosnaturais, que so todos os elementos da naturezaque mantm a vida e o equilbrio ecolgico. So,portanto, as terras, as guas, o solo, o subsolo, asjazidas, as florestas, a fauna, o espao areo, etc...

    possvel incluir o cu noturno? No existe conceitoconstitudo de forma taxativa. Ainda embora taxativofosse, como no garantir o direito a um cu escurose o mesmo traz benefcios a toda humanidade,tais como calma, equilbrio emocional,aproveitamento intelectual por parte dos estudiosose inclusive equilbrio ambiental. Meio ambiente incluitambm a beleza e a paisagem. notvel que olegislador brasileiro abraou a defesa da paisagemcomo parte do meio ambiente humano sadio.Possivelmente a inteno era somente se referir paisagem diurna, porm a conscincia socialreclama uma nova ampliao desse conceito,exigindo-se tambm a proteo da paisagemnoturna. Efetivamente se a beleza paisagstica quecontemplamos abaixo da luz do Sol mereceproteo, no h motivo para que idntica medidano possa oferecer proteo paisagem noturna.A beleza noturna no deve ser resguardada somentesobre a justificativa do estudo dos astrnomos,

    Reflexo da luz das lmpadas a vapor de mercrio nas nuvens noturnas.

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    POLUIO LUMINOSA

    que sem sombra de dvidas de sumaimportncia ao avano da sociedade. Se combatera contaminao visual diurna justifica-se peladefesa da esttica natural em beneficio do bemestar fsico e emocional do homem, pelos mesmosfundamentos no resta motivo para que no sejacombatida tambm a contaminao noturna.Considerando ainda que meio ambiente deveenglobar as condies de sossego pblico, novamente plausvel que se adotem leisespecficas, sujeitando a contaminao luminosaao mesmo patamar da contaminao sonora, jque so fenmenos similares de poluio, poisambos afetam o bem-estar fsico do particular e,por conseqncia, prejudicam sua vida privada.Quando as luzes da rua invadem as janelas, podemocasionar danos de sade como a insnia, fadigavisual e alteraes no sistema nervoso central. Em

    suma, assim como existe a proteo contra acontaminao sonora deve se tutelar tambm osdanos ambientais, sociais, paisagsticos, entreoutros, causados pelo excesso de iluminaoartificial. Em decorrncia da grande poluio queassola esse sculo, tem-se a necessidade depreservar determinados recursos para as geraesfuturas. Assim, podemos observar em nossa CartaMagna a preocupao do legislador em garantir aproteo ambiental como sendo um direitofundamental do cidado e, ainda, impondo o deverde preservar o meio ambiente para as futurasgeraes. Vejamos: Art. 225 CF -Todos tm direitoao meio ambiente ecologicamente equilibrado,bem de uso comum do povo e essencial sadiaqualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lopara as presentes e futuras geraes.

    Gerao de luz intrusa, aquela espalhada para os lados, invadindo as reas que pertencem s outras pessoas.

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    POLUIO LUMINOSA

    Ao tutelar direitos s geraes futuras, olegislador age em consonncia com a tendnciainternacional de conscientizao de que somosresponsveis em garantir a generosidade e a belezapara as atuais a as futuras geraes. Neste cenriodeve ser Includo o direito ao desfrute de um cupuro, conforme defende a carta da UNESCO de1994. Geraes futuras tm o direito a uma Terrasem poluio e destruio inclusive o direito a umcu limpo.(3) Vrios paises tendem a considerar ofenmeno como uma clara agresso comunidadeem geral, causador inclusive de impactosambientais que veremos oportunamente.

    DANOS PROVOCADOS AO MEIO AMBIENTEA iluminao noturna afeta no s o homem,

    causando estresse, insnia, distrbioscomportamentais, etc. como tambm os animaisnoturnos e diurnos. A flora tambm tem um ciclonatural que pode ser drasticamente afetado pelainvaso luminosa.

    Uma rpida investigao acerca do assuntorevela que alguns animais diurnos podem serbeneficiados pela extenso de horrio, outros tmo seu sono prejudicado e sua sobrevivncia afetada.Alguns animais de hbito noturno so afetados porprecisarem da escurido para a sua estratgia devida, outros tiram partido da luz artificial paraestender sua reproduo.

    inegvel o efeito da poluio noturna sobre abiodiversidade. Porm, por se tratar de uma fontede poluio pouco debatida, infelizmente ainda no considerada em toda sua dimenso e portanto pouco valorada. H de se considerar que os efeitossobre a fauna e flora noturna, o ecossistema emgeral, so visveis, causando ainda resultados quese refletem na sociedade como a possvel maiorproliferao de cupins, moscas e pombos nas reasurbanas. As aves experimentam uma srie dealteraes, algumas delas morrem porconseqncia da desorientao que sofrem por sesentirem atradas por um excesso de luz artificial.

    A iluminao inadequada usada de formaintensa est se refletindo de forma nociva aoecossistema: alterando o fotoperodo de plantas,prolongando a fotossntese induzida pela luzartificial; atraindo espcies, levando diminuiodo nmero de indivduos; desequilibrando asespcies, j que algumas so cegas a certalongitude de onda de luz e outras no, assim aspredadoras podem prosperar enquanto seextinguem as depredadas; diminuio deinsetos, alterando a polinizao das plantas;alterando os ciclos do plncton marinho,afetando a alimentao das outras espciesmarinhas que habitam ao redor da orla marinha;criando barreiras visuais que restringiro apossibil idade de circulao de pequenos

    Poluio luminosa no mundo, vista do espao.

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    POLUIO LUMINOSA

    mamferos; desnorteando espcies de avesmigratrias, alterando os percursos tradicionais,ainda colaborando para que os pssaros fujamdas cidades assustados com os focos luminosos;causando mortalidade de aves que perdem aorientao ou chocam-se com obstculos devidoao excesso de luz, ou, atradas, pode ocorrer quesobrevoem sem parar em torno da luz at carempelo cansao. Enviar sinais falsos para algumasespcies, como as tartarugas marinhas que,quando da ecloso dos ovos podem ser atradasem direo da orla iluminada e no pelo espelhode gua; alterar os ciclos biolgicos, levando adistrbios comportamentais de algumasespcies(4). Outra espcie afetada pela luzartificial so os insetos, cuja importncia mister,dado o papel que ocupam dentro da cadeiaalimentar. Muitos animais e insetos usam a luz

    como um meio de orientao, uma bssolainterna. Valeram-se desse meio durante milhesde anos, enquanto a luz eltrica usada h poucomais de cem anos. Ainda no tiveram tempo dese adaptar a esse novo fenmeno humano.

    Alm dos danos causados biodiversidade, apoluio luminosa provoca tambm danos naatmosfera, entre outros. O uso de luminrias malprojetadas provoca emisso de substnciascontaminantes na atmosfera. Ainda, ao se produzireletricidade, est se gerando contaminao, j quea produo de energia eltrica gera CO2, que emexcesso favorece o cambio climtico. Portanto oque se pretende que se diminua o uso inadequado,excessivo e intil.

    A lmpada fluorescente de mercrio, toutilizada, extremamente nociva. Segundo Carolina

    Valadares, da Radiobrs, O principal motivo queexige a descontaminao de lmpadasfluorescentes a possibilidade do mercrio dointerior da lmpada ser inalado pelo ser humano ecausar efeitos desastrosos ao sistema nervoso. Ometal pode ainda chegar ao homem por outras vias.Se as lmpadas forem descartadas impropriamentena natureza, primeiramente o metal contaminar osolo, chegar aos cursos de gua e alcanar acadeia alimentar.(5)

    Herbert Frana, da mesma Radiobrs, destacaque Quando quebradas, elas liberam vapor demercrio que, inalado, pode se depositar no organismo.A Organizao Mundial de Sade (OMS) e a legislaonacional estimam em 33 microgramas de mercriopor grama de creatinina urinria o limite de tolernciabiolgica para o ser humano.

    Todavia, a inalao no a nica forma decontaminao pelo vapor de mercrio. Uma vez

    Exemplo de iluminao pblica: Bom.

    Exemplo de iluminao pblica: Ruim.

    Exemplo de iluminao pblica: Pssimo.

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    POLUIO LUMINOSA

    liberado, este elemento vai se depositando no solo,rios, lenis freticos, terminando por alcanar acadeia alimentar, tendo como depsito final os sereshumanos. O descarte sistemtico dessas lmpadasem aterros, sem a descontaminao e sem

    cuidados de armazenamento, eleva para nveispreocupantes a quantidade desse elementoqumico no meio ambiente.(6)

    Nos EUA, estima-se que aproximadamente ummilho de aves atradas pela luz morrem pelo

    impacto contra vidros ou por exausto aps voaremincessantemente em volta da luz pela qual foramatradas. O fenmeno se d em decorrncia doexcesso de luz artificial desnecessria provocadopelos edifcios fortemente iluminados.

    Amantes das aves lanaram uma campanhapara salvar a vida de milhares de aves queatravessam as cidades norte-americanas na suamigrao anual para suas zonas de procriao.Voluntrios pediram aos donos, gerentes e inquilinosde edifcios localizados na linha de vo norte-sulpara manterem as luzes apagadas noite.

    Os resultados dessa campanha foramextremamente satisfatrios. Chicago j conta com30 arranha-cus de grande dimenso que abraarama campanha e mantm as luzes desnecessriasapagadas noite.

    Segundo Ken Wysocki, antigo presidente daChicago Ornithological Society, em apenas 2 anosde programa, a mortalidade de aves foi reduzidaem aproximadamente 80%. A soluo desseproblema ambiental foi simples, bastou apagar aluz desnecessria e o problema se reduziusignificativamente.(4)

    Na ilhas canrias, podemos citar outro caso queobteve xito: as pardelas cenicientas, conhecidasno Brasil como pardelas-cinzas. Trata-se de avemarinha que vive durante todo o ano no oceanoAtlntico e no mar Mediterrneo. Essas avesmigradoras vo desde as Canrias at Argentina,Cabo de Boa Esperana, Nambia, e Brasil. Acontaminao luminosa nas edificaes da costado mar se tornou um obstculo para elas, j que ascrias dessas aves ocenicas so atradas pela luzartificial. Os filhotes de pardelas que nunca viram omar, quando saem confundem a luz com a linhabranca das ondas do mar. Aproximadamente 2.000pardelas cenicientas tiveram que ser tratadas porconseqncia do excesso de luz artificial em GranCanria e Tenerife, onde 5% morreram. Por isso,

    bilogos, estudantes e amigos da naturezafundaram uma associao Amigos de la PardelaCenicienta para conscientizao social.

    Atualmente nas ilhas La Palma e Tenerife obrigatrio apagar a luz ornamental a partir da meianoite. A reduo paulatina. Apesar de no existirnenhum regime sancionador a respeito, os critriosse cumprem em torno de 80% dos casos. Comisso a ilha de La Palma ficou afastada do problemada contaminao luminosa e Tenerife reduziuamplamente seus ndices. Tal xito se refletiu nos na vida das pardelas-cinzas, como tambm, naqualidade de vida de todos cidados, no estudodos astrnomos, j que l existe um grandeobservatrio, e ainda ocasionou economiaenergtica.

    TARTARUGAS MARINHAS.UM CASO BRASILEIRO

    No Brasil, um caso de dano ambientalocasionado pela contaminao luminosa, causourepercusso internacional: o caso das tartarugasmarinhas. Quando as tartarugas nascem, muitasso atradas pela luz emanada pelo reflexo domar. Mas, com a modernidade do homem, essabssola natural foi prejudicada. A luz artificial setransformou numa ameaa grave. A presena deluzes fortes prximas aos locais de postura dosovos afugenta as tartarugas que chegam para adesova e desorienta os filhotes. Atradas pelasluzes, as tartaruguinhas se afastam do mar eacabam indo parar em estradas, onde corremriscos de atropelamento, ou em reas de restinga,onde podem morrer desidratadas. Entre 1997 e2001, a ONG Projeto Amiga Tartaruga registrou amorte de mais de 5.500 filhotes por atropelamentona orla norte de Porto Seguro. Hoje h umaportaria do Ibama (n 11 de 30/1/95) e uma LeiEstadual (n 7034, de 13/12/97) que restringem ailuminao em locais de notificao de

    ESTUDO DE CASOS.AS AVES MIGRATRIAS

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    POLUIO LUMINOSA

    tartarugas marinhas. Nessas reas devem-seutilizar luminrias especialmente desenhadas paraque a luz no incida diretamente sobre a praia. Noextremo sul da Bahia, a legislao protegeespecialmente o trecho do litoral entre Prado ePonta do Corumbau. Essa regio hoje legalmenteconsiderada como rea zero lux, onde no permitida nenhuma iluminao na orla. Nas demaispraias da regio, que registram a presena deninhos de tartarugas, a iluminao deve atender acritrios tcnicos estabelecidos pelo Ibama.(8)

    A equipe Amiga Tartaruga realizou campanhacontra a fotopoluio, buscando diminuir apotncia das lmpadas, e obteve xito, conseguiurealizar a troca das lmpadas que iluminam a orlanorte de Porto Seguro. A campanha contou comapio do rei Juan Carlos, da Espanha, que, apsapelo da ONG, intercedeu a nosso favor,conseguindo que o grupo espanhol Iberdroala, queatua na regio atravs da COELBA(9), tomasse

    providncias. As lmpadas de vapor de sdio de400 watts foram trocadas por outras de 250 e seabaixou a inclinao das luminrias nos trechosonde foram detectados os atropelamentos detartarugas. O IBAMA vem tomando as devidasprovidncias, o projeto est tendo o xitomerecido. Como podemos observar no trecho daorganizao Base de Dados Tropical:

    A iluminao artificial nas ruas, avenidas,estradas, casas e bares prximos s praias dedesova, ou at mesmo nas prprias praias, umadas atuais ameaas s tartarugas marinhas. geralmente durante a noite, com a temperatura daareia mais baixa, que as fmeas sobem praiapara desovar. E tambm quando os filhotes entramem maior atividade e saem dos ninhos. As fmeasevitam sair do mar para desovar nestas praiasiluminadas pois a iluminao artificial interfere naorientao para o retorno ao mar. Para os filhotes,recm sados do ninho, a ameaa ainda maior:

    Exemplo de pssimo modelo de luminria.

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    POLUIO LUMINOSA

    eles se desorientam e seguem as luzes artificiais,mais fortes que a luz natural refletida no mar eno conseguem alcanar o mar. Ofuscados,atravessam as estradas com o risco de serematropelados ou se perderem e podem ficar girandopor horas em torno dos postes, at que sejampredados ou morram com os raios intensos doSol ao amanhecer.

    O Projeto TAMAR vem desenvolvendo etestando anteparos para postes de luz que possamamenizar a incidncia de luz com as companhiasde eletricidade de alguns estados.

    Qualquer fonte de iluminao que ocasioneintensidade luminosa superior a Zero Lux, emuma faixa de praia da mar mais baixa at 50m acima da linha da mar mais alta do ano,nas regies de desova, est proibida pelaPortaria do IBAMA No 11, de 1995, e pela Lei

    Estadual (Bahia) No 7034, de 1997. A Portariado IBAMA inclui as praias desde Farol de SoTom, no Rio de Janeiro, at o Estado do EspritoSanto; norte do Esprito Santo; sul da Bahia;praias do Farol de Itapuan, em Salvador, atPonta dos Mangues, no Estado de Sergipe; dePirambu (Sergipe) at Penedo, no Estado deAlagoas; praias de Fernando de Noronha e a Praiada Pipa, no Rio Grande do Norte. A lei estadualcobre desde a divisa com o Esprito Santo at oRio Corumbau e do Farol de Itapuan at a divisacom Sergipe.(10)

    A troca das lmpadas no prejudicou ailuminao das pistas e vai salvar a vida de milharesde tartarugas. Agora as tartarugas podero voltarpara desovar no mesmo ponto onde nasceram.Esta uma vitria brasileira na luta pela proteoda biodiversidade.

    Exemplo de mal modelo de luminria.

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    POLUIO LUMINOSA

    DO USO RACIONAL DA ILUMINAO

    No tarefa difcil encontrar fontes de poluioluminosa em nossas cidades. Luminrias malprojetadas esto espalhadas por todos os lados, empostes de iluminao das praas, das ruas, refletoresdas quadras esportivas, discotecas, hotis, etc. Seriaesta poluio inevitvel? Antes que os mais insensatospensem que o objetivo deste estudo pedir que seapaguem todas as luzes da cidade, deixando apopulao na escurido, em situao de total perigo, relevante mencionar que a principal causa dacontaminao o desperdcio de luz. Segundo omdico e astrnomo amador Jos Carlos Diniz, "Apoluio luminosa se origina principalmente doexcesso de luz emitida por luminrias maldesenhadas que espalham sua luz horizontalmentee para cima. Essa luz extra em nada contribui para ailuminao noturna til, uma vez que a nica luz querealmente importa aquela dirigida para o solo. Aprincipal soluo para o problema da poluio

    luminosa o uso de fontes de luz direcionadas, quecanalizem toda a sua luz para baixo da horizontal, detal forma que a prpria fonte de luz, a lmpada, noseja visvel pelos lados. Uma luminria eficiente deveiluminar o cho at um pouco alm da metade de suadistncia ao prximo poste. Assim, ao dirigir a luzapenas para onde ela necessria, so requeridasmenos luz e menos energia eltrica. Outra vantagemdesse tipo de luminria que a nossa viso da reailuminada se torna muito mais ntida quando norecebemos luz vinda diretamente das lmpadas sobreos olhos.(11) Direcionar a luz corretamente, evita odesperdcio e, em decorrncia, se torna antipoluente.A iluminao mal projetada e excessiva, ao contrriodo que julga o senso comum, no traz segurana ebem-estar, mas sim, ofusca nossa viso, fecha nossapupila diminuindo a visibilidade. O sistema atual deiluminao simultaneamente um desperdcio derecursos pblicos bem como potencial destruidor deum patrimnio que de todos, afetando abiodiversidade, e nossa cultura.

    Exemplo de bom modelo de luminria.

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    POLUIO LUMINOSA

    Em alguns pases o problema da poluioluminosa foi tratado com ateno e os resultadosforam extremamente satisfatrios: melhorvisibilidade das vias pblicas, o ofuscamento foidrasticamente reduzido diminuindo inclusiveacidentes de trnsito e uma grande economia foiobtida ao se optar por fontes de luz que requeirammenos energia para produzir uma certa quantidadede luz., pois nas luminrias poluentes precisogastar mais energia (Watts) para compensar a luzque deixa de ir para o cho. Os benefcios dasubstituio de lmpadas e luminrias por outrasecologicamente corretas foram enumerados, porOrlando Rodrigues Ferreira, diretor geral doObservatrio do Capricrnio de Campinas:

    Em conformidade e com algumas estimativas,algo em torno de 50% at 60% da energia eltricagerada desperdiada para o cu em forma de energialuminosa. Portanto, com o redimensionamento deluminrias e lmpadas ser possvel aos cofres

    pblicos uma economia imediata deste percentual emtermos financeiros, alm de considerveis benefciosambientais, os quais cito alguns: No se necessitarconstruir novas e dispendiosas hidreltricas, pois asatuais existentes passaro a ter seu potencial deproduo utilizado sem perdas; no ser maisnecessrio o alagamento de grandes reas pararepresamentos de guas; no ser mais necessrioefetuar as carssimas desapropriaes de terras, comisso impedindo o processo de migrao populacionale permitindo que comunidades venham a desenvolver-se mais adequadamente; matas sero preservadas esuas significantes reservas de flora e fauna; as noitessero mais lmpidas, possibilitando, destarte, umamaior dedicao s pesquisas astronmicas, etc.Sem contar os benefcios sociais questo, tais comogerao de empregos pelo estabelecimento de novasindstrias, a estabilidade econmica e social dosmunicpios, avano da conscincia tica e social daspopulaes envolvidas e muito mais.(12)

    Proposta: Cada luminria deve centralizar seu feixe verticalmente para baixo e o disperse somente por dentro deum cone cujo ngulo de abertura no vrtice no ultrapasse 140. Isso deixaria a parte mais alta do fluxo de luzinclinada a 20 abaixo do plano horizontal que passa pela luminria.

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    CONCLUSES ARTICULADAS

    1. O desfrute do cu noturno com sua infinita belezaest sendo alterado nas ltimas dcadas por umnovo fenmeno humano: a poluio luminosa, ouseja, qualquer efeito adverso causado ao meioambiente pela luz artificial excessiva ou maldirecionada.2. A luz mal dirigida se converte em algo realmentenocivo, causando danos econmicos, sociais eambientais, conforme itens subseqentes:3. Econmico: Abuso dos recursos naturais,consumo excessivo de combustveis fsseis,energia e recursos naturais, alm do que realmente necessrio.4. Social: A intromisso luminosa entra de maneiraindesejada pelas janelas das casas. causadorade fadiga, insnia e estresse, pe em risco ascondies de sossego pblico. Coloca em riscoos condutores, pois a luz potente pode causarcegueira temporria. Inutiliza a paisagem noturna,resguardada pela Constituio Federal que abraoua defesa da paisagem como parte do meio ambientehumano sadio. E ainda, torna objetos celestesinvisveis nas grandes cidades, privando no s oestudo de astrnomos, bem como todos aquelesque querem usufruir da viso das estrelas.5. Ambientais: Agresso ao ecossistema noturno.Provoca desequilbrio em varias espcies. Altera ofotoperodo de plantas. Diminui a quantidade deinsetos, alterando a polinizao das plantas. Alteraos ciclos do plncton marinho. Facilita a apario de

    pragas. Desnorteia as aves migradoras e astartarugas marinhas. Ainda, aumenta a emisso deresduos na atmosfera, ocasionados pela produoda energia excessiva e desnecessria. Geraresduos slidos altamente txicos. As lmpadasfluorescentes de mercrio e outros metais txicoscausam problemas para o ambiente e para os seresvivos.6. O critrio quanto mais luz, melhor, no implicaem maior visibilidade e segurana. A causa dacontaminao o desperdcio de luz. A luz extraem nada contribui para a iluminao noturna til,uma vez que a nica luz que importa aqueladirigida para o solo. No traz segurana e bem-estar, mas sim, ofusca nossa viso, e fecha nossapupila diminuindo a visibilidade.7. O sistema atual de iluminao um desperdciode recursos pblicos. A principal soluo o usode fontes de luz direcionadas, que canalizem todaa sua luz para baixo da horizontal.8. Somos responsveis por garantir a generosidade ea beleza para as atuais a as futuras geraes, includoo direito ao desfrute de um cu puro, conforme defendea carta da UNESCO de 1994.9. Assim, poderemos evitar atrocidades ecolgicas,garantir economia energtica, obter uma melhorqualidade de vida e assegurar a nossos filhos odireito de contemplar a beleza do cu repleto deestrelas. E dar continuidade cultura de anos,sculos, milnios, em que os homens olham asestrelas, e investigam seus segredos. No existebeleza comparvel a uma noite estrelada!

    (1) FISUA - Associao de Fsica da Universidade de Aveiro.(2) Roberto F. Silvestre, astrnomo amador, proprietrio do nico observatrio de Uberlndia, quase fechadopelo problema da poluio luminosa, dedica-se campanha contra o desperdcio de luz na iluminao publica,sendo ele o maior lutador por essa causa no Brasil. Silvestre gentilmente orientou-me sobre os reais efeitosprejudiciais da poluio luminosa no estudo da astronomia. Para maiores informaes conta com um websitehttp://inga.ufu.br/~silvestr/(3) Citao da Unesco.(4) Elvo Calixto Burini Junior & Alessandro Barghini, "A iluminao artificial e a vida silvestre, Universidade deSo Paulo: Instituto de Eletrotcnica e Energia - IEE/USP ([email protected]) e Laboratrio de Estudos EvolutivosHumanos, Instituto de Biologia - IB/USP.(5) Carolina Valadares, Agncia Brasil. Radiobrs. Cincia, Tecnologia e Meio ambiente.(6) Herbert Frana. Agncia Brasil. Radiobrs. Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente.(7) Para saber mais a respeito da campanha: Chicago Bird Collison Monitors. Volunteer Group Helping MigratoryBirds Safely Navigate the Loop in Chicago.(8) Dados de Pesquisas Relacionadas com a Educao Superior.ANO 2, No 045, Braslia, 7 de Novembro de 2003.(9) Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia.(10) BDT - Base de Dados Tropical.(11) Jos Carlos Diniz, Grupo de Astrofotografia do Planetrio do Rio de Janeiro, CARJ, REA, CANF. Poluioluminosa - Trabalho apresentado no II ENAST e IV Encontro Brasileiro de Ensino de Astronomia.(12) Orlando Rodrigues Ferreira, diretor geral do Observatrio do Capricrnio de Campinas.

    Nadia Palcio dos Santos estudante de Direito do 4 ano das Faculdades Integradas de Ja. Estetrabalho parte de sua tese apresentada no 9 Congresso Internacional de Direito Ambiental em SoPaulo.

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    Jatob

    ArtigodeCapa

    J97, a Nebulosa da guia

    Deep Sky

    Catalogue

    Muitos de ns j ouvimos falar dos catlogos de objetos difusos do cu e a terminologia que elespossuem, como M (Catlogo Messier), NGC (New General Catalogue), IC, HD, etc.. Alm destes, existemainda outros catlogos para objetos celestes especficos, como de estrelas variveis, estrelas duplas e galxias.Cada um deles foi criado com o propsito de demarcar no cu os objetos que diferiam das estrelas, paraestudo dos pesquisadores e deleite dos observadores e aficcionados.

    O astrnomo Tasso Napoleo, juntamente com alguns colegas da antiga Associao de Astrnomos de SoPaulo, resolveram criar, na dcada de 80, uma lista de objetos astronmicos visveis a partir do hemisfrio sul,nomeado como Catlogo Jatob, uma homenagem bela rvore amaznica brasileira de mesmo nome.

    Foram bastante felizes, pois atravs da campanha observacional realizada pelo CAsB (Clube de Astronomiade Braslia), foi confirmado o quo belo e interessante o catlogo tornou-se, em contrapartida, por exemplo, aofamoso Catlogo Messier. No custa lembrar que o hemisfrio sul celeste mundialmente conhecido porconter objetos em maior quantidade e beleza plstica do que o cu boreal, visto possuir o centro da Via-Lctea.

    Listamos neste artigo a relao completa deste incrvel catlogo, criado por Tasso Napoleo, nos idos dosanos 80, e compilado por ns com dados anexos a cada objeto, alm de novos nomes batizados e descobertosdurante a campanha observacional.

    Antonio Colho | [email protected]

    Paulo Fernandes | CAsB

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    ArtigodeCapa

    MaratonaJatob

    A Maratona Jatob, idealizada pelo CAsB (Clubede Astronomia de Braslia), aproveitou-se de um fim-de-semana (duas noites), durante o 2 Encontro doCAsB, em Agosto de 2004. Nesse evento foramobservados visualmente quase 60 dos 112 objetosconstantes do catlogo. A seqncia total deobservao de objetos foi completada em 6 noitesao longo de um ano. Destacamos que as imagensapresentadas neste texto so meras ilustraes evisam alertar o leitor para relevantes objetos doprograma, uma vez que todas as observaes foramfeitas visualmente, no sendo registradas quaisquerimagens fotogrficas - essa idia ser alvo de umfuturo projeto.

    Nas sesses observacionais foram utilizados trstelescpios: um telescpio newtoniano de 0,20m(f8), sem motorizao; um SCT Celestron-11(0,28m, f10) e outro SCT Meade-8 (0,20m, f10),motorizados. A procura era feita visualmente pormeio de buscadora. Algumas vezes foi utilizada aviso direta pelo binculo, para objetos mais difusose de grande tamanho angular, como a Pequena eGrande Nuvens de Magalhes (J3 e J16respectivamente). Outra ferramenta de auxlio sbuscas foram as cartas celestes SKY2000 eMillenium Atlas, ambas de publicao norte-americana. Alm, claro, da conferncia de camposestelares muito tnues com um microcomputadordo tipo Laptop. A experincia indica que umtelescpio de abertura mnima de 150mm ideal para visualizarsatisfatoriamente todos os objetos docatlogo Jatob.

    A maratona observacional do CAsBocorreu em duas noites em Agosto de2004, duas em Maro de 2005 e duasem Julho do mesmo ano. Isso eranecessrio, uma vez que nem todo ocatlogo estava visvel no cu numamesma poca do ano.Propositadamente, foi buscada umadefasagem no tempo para obter asjanelas ideais de observao.

    A seqncia foi iniciada de forma maissimples possvel. Como o catlogo estorganizado em ordem crescente deAscenso Reta (AR), partiu-se dasposies mais a oeste. Assim,

    encontravam-se disposio os objetos Jatob apartir de J71 (Caixa de jias), no Cruzeiro. Asobservaes seguiram em seqncia, de acordocom a numerao do catlogo: J72, J73, J74, etc..Os primeiros objetos estavam entre 12h e 13h (AR)e vo do J70 ao J80. No foram focados aquelesobjetos que se encontram nas constelaes Com(Cabeleira de Berenice) e CVn (Ces de Caa), poisestavam escondidos a oeste por detrs das rvores.Dos 5 objetos observados inicialmente, trs eramgalxias, das quais destaca-se Centaurus-A, comseu forte brilho. Surge a o impressionante megaCentauri (J76), considerado o monstro dosaglomerados celestes.

    Na primeira noite de observao uma lista comdez aglomerados globulares foi surgindo entre asconstelaes de Ofuco e Escorpio, dentre osquais destacamos os maiores: J80 (M5) e J81 (M4).Neste momento, os observadores se depararamcom o objeto considerado o mais desafiante danoite: a nebulosa planetria Bug Nebula (Nebulosado Inseto - Pk-349), ou J87, cuja busca levou quasevinte minutos. Com seu diminuto tamanho (1,5x0,5)e fraqussimo brilho (m1=9,6), foi um prmio econtrareste tnue objeto. A Nebulosa do Inseto estlocalizada em uma das mais ricas regies do cu:o centro da Via-Lctea, nas imediaes de Sagitrio,Escorpio, Coroa Austral e Ara. Diversidade deobjetos no falta neste local: aglomerados

    J47, a Nebulosa Eta Carinae

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    Artigode Capa

    globulares e abertos, nebulosas diversas edifusas. As mais marcantes so as famosase bastante conhecidas nebulosas Trfida (J94)e da Lagoa (J95). A surpresa desta regio ficoupor conta do interessante aglomerado abertoJ90, ou M6. Sua viso lembra perfeitamenteum broche de borboleta, uma rara jia celestea maravilhar nossos olhos.

    Apontando o telescpio ao norte, osobservadores passaram a ver Escudo,Vulpecula e Lira. Nestas constelaes surgemalguns dos mais belos objetos boreais, comoa Nebulosa guia (J97) em Serpente, e asduas nebulosas planetrias, do Anel (em Lira)e do Sino (Dumbell). Nesta ltima, o CAsBpassou mais tempo avaliando a beleza da nuvemfantasmagrica desta remanescente de explosode supernova. Nesta fase da observao destacou-se a viso de J101, ou o aglomerado estelar doPato Selvagem (M11), cuja forma dividiu opinies edespertou paixes entre a equipe: Cad o pato?.Por fim, antes do descanso para o chocolate quente,s 3 horas da madrugada, a Spider (J104) foiencontrada, um aglomerado globular, meio disperso,bastante interessante que lembra uma aranha comsuas oito patas bem separadas do corpo principal,o centro do aglomerado. A grande novidade obatismo deste objeto pelos integrantes do CAsB,por sua incrvel semelhana com o aracndeo, vezque no foi encontrada em nenhuma literatura. Oaglomerado fica em Pavo e corresponde ao NGC-6752.

    Na segunda noite de observao, em Agosto de2004, foram avistados menos objetos do que naanterior. Cerca de 20 deles foram checados bem deperto atravs do telescpio, do binculo e a olho nu,j que as incrveis Nuvens de Magalhes, Pequenae Grande, dominavam o cu austral. Nossas galxiassatlites apareciam altas sobre o horizonte por voltadas 4 horas da manh. E bem no meio da GrandeNuvem, em Dourado, temos uma das mais bonitasnebulosas do hemisfrio sul celeste, a nebulosa daTarntula (J20). A Pequena Nuvem tambm no ficaatrs e mostra seu fabuloso objeto, o gigantesco ebrilhante aglomerado estelar 47 Tucanae, o segundoobjeto do catlogo Jatob (J2).

    Com Pgaso j alto no cu, os observadorespassaram a vasculhar o horizonte nascente (Leste)e imediaes mais ao norte. A galxia de

    Andrmeda (J4), juntamente com suassatlites, faziam-se presentes e bem visveis aolho nu.

    Aqui aberto um parntese para registrar queo cu da segunda noite observacional estavaincrivelmente escuro, com uma transparnciacristalina, de to estvel que as imagensapareciam pela ocular do telescpio. Numarpida medio, foi possvel chegar a 6,1magnitudes de limite estelar a olho nu! Foramregistradas, ainda, as observaes das Pliades(J13), das Hyades (J15) e da maravilhosaNebulosa de rion (J18). Em rion, ospresentes tambm passaram o olho naNebulosa Difusa (J21), que inclui a famosaCabea do Cavalo.

    J101, Pato Selvagem (M11)

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    ArtigodeCapa

    Em maro de 2005, em duas noitesno Observatrio Paralelo15, nasimediaes de Braslia, a maratonacontinuou com a observao de mais30 objetos do fantstico catlogoJatob. Como nas duas noitesanteriores, a seqncia indicada na listafoi seguida, em ascenso reta (AR),entre 5h - 12h. Faltavam checar osobjetos de J22 a J53. Se na etapaanterior os globulares dominavam aperegrinao pelo cu, neste momentoa busca de aglomerados abertos atingiuo mximo somente nesta rea do cu.Entre as constelaes de Popa, Carinae Vela, existem 17 aglomeradoslistados no Jatob. Foram visualizados todos. Oprimeiro a causar impacto foi o J29, uma misturade estrelas prximas e nebulosa, situada em Popa,apropriadamente identificado no catlogo como umnico objeto. A viso mais impressionante da noite:bem alto no cu, na constelao de Gmeos, surgeo planeta Saturno, acompanhado da gigantenebulosa do Esquim, ou J27. Uma planetria tnuemas de fcil identificao devido a seu grandetamanho e por ter uma estrela em seu centro.

    A maratona continuou pelos aglomerados abertosde Popa e Carina. Foi uma grande seqncia deobservaes de J31 at J45. Um dos maiores eraJ32, com brilho de 3,7 magnitudes, em Popa. Oprmio ficou para nada menos que J38, oAglomerado do Prespio (M44), mundialmenteconhecido por sua beleza e gigantismo. Entremeioa estes aglomerados surgem trs nebulosasplanetrias. A chamada de Fantasma de JpiterJ43 era novidade para os presentes. Uma belaplanetria e bastante brilhante ao telescpio.

    Para quem est realmente interessado emdesafios, outro dos bons buscar J40, umanebulosa planetria de 9,7 magnitudes (Pk-278),to difcil quanto o J87 (Nebulosa do Inseto), citadoanteriormente. A observao chegou ao beloagrupamento estelar J45, um aglomerado aberto dequase 1 grau, que mostra-se maravilhoso aobinculo, afinal, temos as Pliades austrais! Porfim, foi observada a nebulosa Eta Carina, uma regiobelssima que inclui a famosa estrela dupla cerradaEta-Carinae. Aqui cabe um registro: no maiorinstrumento que os integrantes do CAsB utilizaram(SCT C-11") no possvel ver a nuvem de gs que

    envolve a estrela. Somente num telescpio de 0,40m os dois homnculos podem ser resolvidos, o quefoi possvel experimentar no ObservatrioMamalluca, no deserto do Atacama, no Chile. Aimagem visual idntica s fotos do telescpioespacial Hubble, respeitadas as propores detamanho, lgico. Mas ainda assim, inesquecvel.

    O vero foi embora e os maratonistas voltaramao catlogo Jatob no 4 Encontro do CAsB,ocorrido em Julho de 2005. Nestes ltimos doisdias de maratona foram finalizados os 22 objetosrestantes, encerrando o desafio observacional: oJatob estava revisto e finalmente atualizado paraa comunidade astronmica brasileira, depois de 20anos quase esquecido.

    A tarefa agora era casca grossa: localizar asgalxias do Aglomerado de Virgem, somente atravsda buscadora, sem auxlio da eletrnica ou coisaparecida como motorizao. Antes, porm, foramavistados seis objetos em Eridano e Fornalha, quefaltaram na segunda noite de Agosto de 2004.Destacamos J12, ou Fornax-A, pois juntamentecom outra companheira menor (NGC 1317)formavam uma bela viso dupla de galxias.

    O CAsB entrou no chamado terceiro bloco deobservao onde existe uma seqncia de nadamenos que 16 galxias! Nem preciso dizer ondeeles encontraram! Exatamente em Virgem e naCabeleira de Berenice. De incio, a observaoatenta e precisa resultou em mais um batismo dedescoberta, outro nome tambm nunca verificadoem nenhuma literatura nacional ou estrangeira.Trata-se do Quarteto Palhao (Clown Four). Oagrupamento entre as galxias J58 e J60 (M84 e

    J2, 47-Tucanae

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    Artigode Capa

    M86), forma a cara perfeita de um palhao. Estasduas so os olhos, sendo as galxias NGC 4387 e4388, o nariz e a boca, respectivamente. Osobservadores imaginaram que este agrupamentonunca foi identificado por aparecer de cabea parabaixo visto do norte, mas para ns do HemisfrioSul o palhao surge de frente. A imagem flagrantee infantilmente perceptvel!

    Bem prximo desta regio est o famoso J62 (ouM87), chamado de Virgo-A. Uma bela galxia aotelescpio. Seguindo na direo que apontava otelescpio, foram rastreados J63, J64, J65, J66,at chegar em J67, a galxia elptica do Sombrero.Isso sim, que uma galxia. Uma das maioresmaravilhas do cu. A faixa de poeira escura eralevemente percebida ao longo da borda de suanebulosa brilhante central. Uma imagem quecompensou para aqueles que agentarem o frio dequase 5C que assolava o posto de observao naregio de Cristalina (90 Km de Braslia). Vale lembrar

    que antes de iniciarem a festa das galxias e fecharesta sexta noite de observao, foi anotada apresena de J77, ou o famoso M51: o Turbilho, naconstelao de Ces de Caa (CVn). So duasgalxias em choque, que trocam matria entre si,fotografadas por quase todos astrofotgrafos doplaneta. A mais tnue conhecida por NGC 5195 equase no percebida em telescpios menores que11 polegadas (0,28m).

    Em resumo, os integrantes do CAsB sentiram-sefelizes de realizar esta tarefa indita. Documentarvisualmente este fantstico catlogo austral deobjetos celestes, de forma tcnica e precisa, era oque faltava para perpetuar um invento brasileiro e quedeixar marcas entre os melhores catlogosexistentes mundialmente. Findada esta maratonaobservacional, propomos um novo desafio aosapaixonados pela fotografia astronmica: documentarem imagens todo o Catlogo Jatob, de J1 a J112.Algum se habilita?

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    Deep-Sky JATOBA Catalogue(Compilao: A.Colho 2004)

  • 36 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    Deep-Sky JATOBA Catalogue(Compilao: A.Colho 2004)

    Antonio Carlos A. Colho astrnomo amador h 18 anos analista de Sistemas e Administrador. Atua napesquisa e observao sistemtica do cu desde 1989. Participante ativo de campanhas observacionais noBrasil e no exterior, principalmente nas reas de asterides, cometas, meteoros, eclipses e ocultaeslunares. Integrante de diversas associaes de pesquisa e amadoras, dentre as quais: REA/Brasil (MembroConselho Diretor), REA/Brasil (Coordenador Seo asterides), ENASTs (Conselheiro Comit Permanente),CAsB (Presidente 2003-2006).

    Paulo Srgio R. Fernandes astrnomo amador h 15 anos. Formado em Artes Plsticas, faz observaosistemtica do cu desde 1990, quando entrou aos quadros da REA/Brasil tornando-se grande variabilista,especializando-se na fotomometria visual de estrelas variveis. Membro ativo da AAVSO (EUA). Membro doCAsB desde 1995.

    * Em cinza, nomes batizados e descobertos durante a campanha observacional do CAsB (Clube de Astronomia de Braslia)

  • 37revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    Campanhas observacionais - Agosto de 2005A Seco Lunar juntamente com as Seces Lunissolar e Estao Costeira 1 da REA-BRASIL, novamenteconvida a todos para que em cadeia nacional faam observao e registro (reporte e imagem) desseseventos celestes para as devidas redues cientficas.

    12/08/2005 - Impactos Lunares (Chuveiro Perseidas)Em 12 de agosto de 2005, 19:09 TU +1.4 hrs, a Lua cruzar com a trajetria dos escombros oriundos do

    cometa 109P/Swift-Tuttle (1862 III).Nesta ocasio a Lua estar oportunamente posicionada para que ns possamos observar esse ''chuveiro''

    de nossa posio na Terra. Como a Lua no tem atmosfera capaz de produzir a ''queima'' desses corpos,todos os meteorides batem diretamente em sua superfcie. Assim, dependendo do tamanho dessescorpos, so produzidos flashs mais ou menos intensos em luminosidade quando ocorre a exploso doimpacto, podendo ser detectados atravs de equipamentos ticos e imagens. Os registros em filme(analgico ou digital) so mais adequados por se tratar de evento imprevisvel e de acompanhamentovisual cansativo e incerto. Tambm solicitamos que os reportes negativos sejam enviados para corroborarou no alguma observao positiva.

    A possibilidade estimada de impactos de 39% na regio no iluminada da Lua com ajuste polar = 39graus. Como este no um evento que pode ser totalmente previsvel, resultados negativos devem acontecere isso de modo algum poder desanimar o observador persistente.

    26/08/2005 - Ocultao das PliadesNa noite de 26 de agosto a Lua passar pela frente do Aglomerado Aberto das Pliades (M45) ocultando

    algumas de suas estrelas. Este um evento de ocultao de mltiplas estrelas (ELECTRA 3.8mag, MAIA4.0mag, CELAENO 5.4mag e outras) e de longa durao (em torno de 2 horas) e pode ser observado emquase a totalidade do territrio brasileiro. Os instantes de imerso (na borda iluminada da Lua) e emerso(na borda escura da Lua) variam para cada localizao. Recomenda-se que o evento seja acompanhadocom os maiores aumentos telescpicos possveis para garantir uma boa resoluo na imagem e maiorpreciso na identificao dos instantes dos contatos (tangenciamento interno e externo dos discos). Oobservador dever identificar previamente as estrelas que sero eclipsadas e o ponto do limbo lunar ondeas estrelas devem reaparecer, de forma a reduzir o atraso geralmente observado na cronometragem doincio do reaparecimento. Para cronometrar o evento tambm recomendado que o perodo de observaoseja iniciado por volta de 2:40 hora local (GMT -3).

    Mapa de visibilidade e demais informaes esto disponveis no site da Seco Lunar - REA-Br:http://lunar.astrodatabase.net. Contamos com o seu apoio e participao!

    Respeitosamente:

    Alexandre AmorimCoordenador da Costeira 1 e Seco Cometas REA-Br

    http://costeira1.astrodatabase.netDennis Weaver de Medeiros Lima

    Gerente de Projeto: Ocultaes Lunares - [email protected] C. Vital

    Coordenador da Seco Eclipse REA-Br (Site Lunissolar)http://www.geocities.com/lunissolar2003

    Rosely GregioCoordenadora da Seco Lunar - REA-Brasil

    [email protected] Brasil: http://www.reabrasil.org

  • 38 revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    2005EFEMRIDESAGOSTOFASES DA LUA

    Dia 5 de Agosto Lua NovaDia 12 de Agosto - Lua Quarto Crescente

    Dia 19 de Agosto - Lua CheiaDia 26 de Agosto Quarto Minguante

    CHUVA DE METEOROS

    Rosely Grgio | Revista [email protected]

    COMETAS VISVEIS (AT 12 MAGNITUDE)Salvo novas descobertas e exploses de brilho temos:

    Hemisfrio Sul

  • 39revista macroCOSMO.com | agosto de 2005

    EFEMRIDES

    AGENDADIRIA

    Segunda-feira, 1 de Agosto

    Chuva de Meteoros Alfa Capricorndeos emmxima atividade.

    http://comets.amsmeteors.org/meteors/showers/alpha_capricornids.html

    Cometa 37P/Forbes em Perilio (1.572 UA)http://neo.jpl.nasa.gov/cgi-bin/db_shm?des=37PEm 1905 nascia Helen Battles Sawyer Hogg

    http://collections.ic.gc.ca/universe/hhogg.htmlEquao do Tempo = -6.31 min2.3h Urano Mag= 5.7m, melhor observado de

    21.2h - 5.9h LCT (Aqr)4h06.6m Nascer da Lua no ENE (Tau)5.0h Lua passa cerca de 0.9 graus de separao

    da estrela SAO 77675 136 TAURI, 4.5mag.5.6h Marte Mag=-0.5m, melhor observado de

    23.9h - 6.3h LCT (Psc)5.9h Luz cinzenta lunar visvel.6h42.7m Nascer do Sol no ENE14h52.3m Ocaso da Lua no WNW (Aur)17h52.8m Ocaso do Sol no WNW18. 2h Vnus Mag=-3.9m, melhor observado de

    18.3h -20.2h LCT (Leo)18.2h Jpiter Mag=-1.9m, melhor observado de

    18.3h -22.5h LCT (Vir)21.7h Via-Lctea melhor observada.

    Tera-feira, 2 de Agosto

    Asteride 6602 Gilclark passa a1.010 UA da Terra.

    Asteride 2753 Duncan passa a1.883 UA da Terra.

    Equao do Tempo = -6.25 min2.2h Urano Mag= 5.7m, melhor

    observado de 21.1h - 5.9h LCT (Aqr)4h58.6m Nascer da Lua no ENE

    (Gem)5.6h Marte Mag=-0.5m, melhor

    observado de 23.9h - 6.3h LCT (Cet)6