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norte mais Vindima farta até pode rimar com qualidade Vinho Verde 1286 | SET-OUT ’15 www.maisnorte.pt [email protected] 25 mil exemplares .pt “Endogamia instalada na capital governa o país” ANTÓNIO FERREIRA Presidente CA Hospital de S. João “Braga inteligente e com cidadãos felizes” RICARDO RIO Presidente da Câmara de Braga • Marco de Canaveses quer ser destino de eleição na área do Grande Porto • Diversidade e juventude marcam cartaz cultural em Amarante • Três tintos para o Outono ANSELMO MENDES QUINTA DE SOALHEIRO QUINTA DE SANTIAGO CVR VINHOS VERDES QUINTA DA COVELA QUINTA D’AMARES QUINTA DE LINHARES QUINTA DA PALMIRINHA GARRAFEIRA GOMES QUINTA DO REGUEIRO QUINTA DO FERRO CASA DE OLEIROS QUINTA DE PAÇOS GRUPO CAMPELO MÁRCIO LOPES / PEQ. REBENTOS APVV / ANTÓNIO SOUSA VERCOOPE/COOP. FELGUEIRAS CASA DE VILA NOVA QUINTA DA SAMOÇA QUINTA DE PORTO FERRADO PONTE DE CANAVESES

Revista MAIS NORTE | SET/OUT 2015

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Revista MAIS NORTE 1286 | SET/OUT 2015

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nortemais nortemais

Vindima farta até pode rimar com qualidade

Vinho Verde

1286 | SET-OUT ’[email protected] mil exemplares

. pt

“Endogamia instaladana capital governa o país”ANTÓNIO FERREIRA

Presidente CA Hospital de S. João

“Braga inteligente e com cidadãos felizes”RICARDO RIO

Presidente da Câmara de Braga

• Marco de Canaveses quer ser destino de eleição na área do Grande Porto

• Diversidade e juventude marcam cartaz cultural em Amarante

• Três tintos para o Outono

ANSELMO MENDESQUINTA DE SOALHEIROQUINTA DE SANTIAGOCVR VINHOS VERDESQUINTA DA COVELAQUINTA D’AMARESQUINTA DE LINHARESQUINTA DA PALMIRINHAGARRAFEIRA GOMESQUINTA DO REGUEIROQUINTA DO FERROCASA DE OLEIROSQUINTA DE PAÇOSGRUPO CAMPELOMÁRCIO LOPES / PEQ. REBENTOSAPVV / ANTÓNIO SOUSAVERCOOPE/COOP. FELGUEIRASCASA DE VILA NOVAQUINTA DA SAMOÇAQUINTA DE PORTO FERRADOPONTE DE CANAVESES

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O Centro Hospitalar de São João, no Porto, é uma das referências na cidade e no Norte do país, respondendo às necessidades dos mais de três milhões de habitantes da região. Ao longo dos últimos anos recebeu diversos prémios e galardões, conquistando até um equilíbrio financeiro invejável para outras unidades do país, ou não fosse este mais um exemplo de contas feitas à moda do Porto. Mas todo este sucesso, este novo fôlego de um hospital “desconsiderado” e esquecido pelo poder central, tem um nome, António Ferreira, o presidente do Conselho de Administração do hospital que desde 2006 luta contra a “pressão do poder endogâmico de Lisboa” e a “arrogância centralista da administração pública”.

“O país é governado por uma endogamia paroquial centralizada na capital”

Presidente do CA Hospital de S. João

ANTÓNIO FERREIRAEN

TREV

ISTA

LILIANA [email protected]

“Onde se produz mais riqueza é na região Norte, onde se garantem mais exportações e o saldo comercial maior é na região Norte, onde se têm melhores indicadores de saúde é na região Norte, onde se gasta menos dinheiro em saúde é na região Norte, mas onde se ganha menos e onde se investe menos também é na região Norte”, desabafa. António Ferreira não poupa críticas ao governo central que, conta, optou por injetar capital em hospitais falidos e com “dívidas absolutamente monstruosas” em Lisboa e Vale do Tejo a apoiar o São João, uma unidade em equilíbrio económico desde 2006. E porque esses mesmos hospitais receberam a “esmagadora maioria dos três milhões de euros de orçamento adicional para a saúde” para financiamento, chegando a triplicar desta forma o seu capital social, o responsável acredita que “o que parece que é valorizado é criar dívida, fazer com que as instituições entrem em rutura e falência porque depois vem o dinheiro”.

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Endogamia da capitalEm análise à situação da saúde no Norte responde que “é

igual às outras atividades”, dizendo mesmo que “o país é governado por uma endogamia paroquial centralizada e totalmente focada na capital”; uma relação perniciosa que é “autofágica e captura as pessoas”. Para António Ferreira “a pressão do poder endogâmico de Lisboa sobre o poder político relativamente à preocupação sobre a emergência do Norte no contexto nacional e europeu é um facto”, o que leva a que muitas vezes seja esquecido que o Centro Hospitalar de São João é “dos que mais contribui para que o objetivo estratégico nacional seja atingido”.

Atualmente, o hospital debate-se com “grandes dificuldades” em termos de recursos humanos, aguardando há “meses a fio” por uma autorização do governo para a contratação de meia centena de assistentes operacionais. Um claro sinal de “má gestão” para António Ferreira, para quem sem recursos há que pagar horas extra, a pessoas mais cansadas, que acabam por ficar de baixa por doença, entrando-se assim “num ciclo vicioso de desgaste e horas extra”. Em 2014 o absentismo aumentou face ao ano anterior, altura em que o responsável chegou a denunciar a existência de 600 funcionários a faltar diariamente.

SNS não está seguroApesar de tudo, se comparado com outros países, o

Serviço Nacional de Saúde (SNS) funciona. Há melhorias a fazer, mas “resistiu estoicamente” à crise que o país ainda atravessa graças à “ação de Paulo Macedo”, o ainda ministro da Saúde que, na opinião do presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, “foi fundamental para isso”. E explicou: “o SNS é financiado totalmente pelos nossos impostos, tem um custo monstruoso, tem uma percentagem significativa do PIB e Portugal aguentou o SNS. Isto é importante porque nos momentos de crise o SNS é um amortecedor social, é muito mais procurado, recai sobre ele muito mais pressão social que sanitária”. Mas será que o SNS está seguro? “Não está, nem de perto nem de longe. Podemos perder [o SNS] por falência, por não termos dinheiro para o pagar. Cada vez mais aumenta a percentagem do PIB para os custos com a assistência à saúde [e] nos próximos 50 anos podemos estar a gastar 20% do PIB para a saúde, o que é insustentável”, salienta.

Como então tornar o SNS sustentável? Para António Ferreira seria necessário “uma reforma profundíssima”. Aguentar o SNS é diferente de reformar e “não houve reformas substantivas no estado, nem na área da saúde

António Ferreira espera ver concluída a reforma estrutural e infraestrutural que está a ser feita no Centro Hospitalar de S. João, no Porto, e que considera “fundamental” para os utentes. Faltam 80 milhões de euros.

Faltam 80 milhões!

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Ministério “fora de questão”Perante um futuro pouco animador no setor do medicamento, outros

desafios se apresentam a uma administração hospitalar, desde os tecnológicos à inversão da pirâmide demográfica, sem esquecer as consequências da evolução social e as doenças da civilização. Para já, ainda se “gasta muito na medicina curativa e pouco na preventiva”. Antecipando os próximos meses, e as possíveis alterações com uma mudança de governo, António Ferreira afirma não acreditar que das eleições legislativas “saia um poder suficientemente forte e coeso para promover de facto uma reforma de saúde”.

“Em segundo lugar não vejo, naquilo que são os programas partidários, nada claro, nada de muito transparente a apontar para uma efetiva reforma do sistema de saúde em Portugal”, acrescenta um “nada otimista” presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar que assume não ter nem condições nem características para ser ministro. “Seria um aventureirismo absurdo. Está fora de questão”, afiança. António Ferreira é funcionário público e assim se quer manter até ao final do mandato em 2016. Ao longo de quase 10 anos conseguiu criar no São João o que diz ser “um movimento de sentido de corpo e de orgulho de pertença ao hospital”. Uma unidade que “mudou bastante no que diz respeito às condições de internamento e assistência aos doentes” e que “desde 2006 vive em equilíbrio económico”, algo “único no contexto dos hospitais portugueses”.

Volvidos todos estes anos, e depois de várias conquistas, António Ferreira espera ainda concluir o plano estratégico iniciado em 2006 e conseguir que o “hospital consiga ser autossuficiente no sentido do financiamento e se torne independente dos humores do Terreiro do Paço”. Em segundo lugar, espera ver concluída a reforma estrutural e infraestrutural que está a ser feita no centro hospitalar e que considera “fundamental” para os utentes. Faltam 80 milhões de euros.

BI0Nome: António Luís Trindade Sousa e Lobo FerreiraData de Nascimento: 05/10/1959Naturalidade: Castelões de Cepeda, Paredes

HABILITAÇÕES ACADÉMICAS:Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.Doutorado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.Especialista em Medicina Interna pela Ordem dos Médicos.

ATIVIDADE PROFISSIONAL:Assistente Graduado de Medicina Interna do Hospital de S. JoãoProfessor Auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.Membro do grupo de Programa do Medicamento Hospitalar do Gabinete do Secretário de Estado da Saúde.Presidente do Conselho de Administração do Hospital São João, E.P.EInvestigador da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular do Porto na área da Insuficiência Cardíaca.Autor ou coautor de mais de 40 publicações em revistas internacionais indexadas.

nem em nenhuma”. E essas reformas deveriam ser feitas, até porque “as medidas de curto prazo dão para aguentar o sistema, mas não aguentam eternamente”. A aposta devia ser nos resultados sociais em vez de se financiar a doença. Falta pois “mudar radicalmente o modelo de gestão” e, defende o responsável, financiar qualquer unidade de saúde, pública ou privada, pagando, numa primeira fase, “a quem tiver os mesmos resultados ao mais baixo custo”. Uma segunda fase passaria “pela obtenção de ganhos em saúde”, recorrendo ao conceito ‘value for money’. “Isto quer dizer que a ideia que um estado vai ser permanentemente financiador e prestador é uma ideia que não vai conseguir sobreviver por falência”, atesta o clínico para quem “não tem que ser o estado a prestar os cuidados, pode financiar hospitais públicos e privados”.

Paralelamente, e para enfrentar a indústria farmacêutica, faz falta “um poder político no setor da saúde muito forte que consiga aguentar todos os lobbys que vão ser postos a funcionar para que o estado pague todos os medicamentos”. Uma das vitórias recentes do estado português foi a redução dos preços nos tratamentos para a hepatite C, mas ainda há países onde os mesmos medicamentos estão a ser vendidos a valores exorbitantes. “Isso é usurpar o sistema de saúde”, acusa o clínico.

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Mais Norte: Faz dois anos que venceu as eleições municipais. Que balanço faz?

Ricardo Rio: Braga vive hoje um “Tempo Novo”. Entramos claramente num novo ciclo político, marcado pela transparên-cia e rigor, pelo compromisso e pela abertura à sociedade. A rotura com o passado é bem vincada. Sem prejuízo de que há muitos projetos materiais para concretizar e muitas lacunas das freguesias por suprir, o “tempo do betão” terminou. A nos-sa prioridade são as pessoas, os apoios sociais e a qualidade de vida, diminuindo carências e resolvendo os problemas dos cidadãos e das instituições. Temos desenvolvido políticas que apontam para a dinamização económica, a animação cultural, as respostas sociais, as políticas de fomento da prática despor-tiva e de valorização ambiental e patrimonial.

E Braga tem registado uma projeção única dentro e fora do país e reconquistado o seu espaço nos vários tabuleiros da cooperação supramunicipal e inter-regional.

MN: Sabendo-se que a situação financeira da Câmara não é desafogada, o que foi possível fazer, quer para a melhorar, quer para aumentar a qualidade de vida dos munícipes?

RR: A situação financeira, bem expressa na auditoria reali-

Braga inteligente e com cidadãos felizes

“Um tempo novo!”. É assim que o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, define, em entrevista à Mais Norte, os quase dois anos que leva de mandato. O autarca social-democrata, eleito pela coligação PSD/CDS, aponta as melhorias que introduziu e anuncia os projetos que vai candidatar a fundos comunitários. Explica a doação de 12 hectares de terreno ao Sporting de Braga e sublinha que quer uma cidade inteligente com cidadãos felizes.

Presidente da C.M. de BRAGA

RICARDORIOEN

TREV

ISTA

LUÍS MOREIRA [email protected]

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zada a todo o universo municipal, representa uma forte condi-cionante. São muitos encargos duradouros, negócios ruinosos e situações de litigância judicial que podem impactar em vários milhões de euros o orçamento. No entanto, os tempos são de encarar o futuro com esperança e convicção. Com rigor e qua-lidade na gestão dos recursos, é possível fazer muito mais com menos. Essa é a nossa meta. E é esse mesmo rigor que nos per-mite, gradualmente, melhorar a tesouraria e investir apenas nos projectos que representam uma mais-valia inquestionável.

Como prova disso, podemos referir a redução da carga fiscal para famílias, empresas e IPSS; o projeto ´Braga a Sorrir ,́ de apoio à saúde oral aos mais carenciados; o inovador projeto ´Pimpolho ,́ de prevenção da ambliopia nas crianças do 1º Ciclo e Jardins-de-Infância; a oferta generalizada dos manuais escola-res aos alunos do 1º ciclo ou a redução dos tarifários da AGERE para IPSS e Famílias Numerosas. Desenvolvemos pela primeira vez o Orçamento Participativo, que disponibiliza verbas do or-çamento para projetos dos cidadãos, e concluímos um processo de auscultação pública sem precedentes de revisão do PDM.

MN: A Câmara desenvolve projetos para melhoria do siste-ma de transportes, das condições do Mercado, do quartel dos Bombeiros e do Parque de Exposições. Em que pé estão, no-meadamente o dos TUB (Transportes Urbanos de Braga), o mais volumoso, financeira e estrategicamente?

RR: Estão em execução. No que toca ao Mercado, lançamos um concurso de ideias aberto à comunidade para a sua requalifi-cação, cuja proposta vencedora é de três jovens arquitetos bra-carenses. A intervenção aguarda aprovação de financiamentos comunitários do quadro 2014-2020 mas o projeto de obra está em conclusão. O mesmo com o Parque de Exposições; é nosso

objetivo, neste mandato, avançar com uma requalificação pro-funda, cujas características e alcance dependerão do financia-mento externo. Relativamente ao novo Quartel dos Bombeiros, é uma obra que está concluída em breve, representando uma mais-valia no reforço dos meios de proteção civil. É um proces-so que se arrastava há anos. Quanto aos Transportes Urbanos, vão dispor de um milhão e meio de euros para, em quatro anos, investir na renovação da frota. A nova gestão da administração tem possibilitado o reforço da frequência e das linhas dispo-níveis (na ligação ao Hospital ou à Ponte Pedrinha, no serviço noturno e de fim-de-semana para a Universidade, entre outras) e o crescimento do número de utilizadores e o aumento do vo-lume de receitas, apesar de a empresa ter seguido uma política de contenção em termos de subida do tarifário, inclusivamente com a introdução de benefícios para algumas franjas da popu-lação. O projecto do BRT - Bus Rapid Transit é um objetivo mas de médio prazo.

MN: Tem também investido na captação de empresas através da InvestBraga: Os resultados são positivos. Pode quantificá-los?

RR: Trata-se de um projeto que tem já muitos resultados pal-páveis e que terá ainda mais, a médio e longo prazo. Mais do que uma agência para a dinamização económica, a InvestBraga é um conceito, um modelo de desenvolvimento do território para transformar recursos isolados num modelo conjunto que beneficia a região no seu todo. Braga tem uma enorme mais--valia nas suas Universidades e centros de investigação, na di-versidade do tecido económico, no dinamismo das associações empresariais e no potencial que o Município tem demonstrado para transformar a realidade económica. Destaco ainda os es-forços de diplomacia económica.

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Bragavive a ‘era da informação’

Ricardo Rio é economista, nasceu em Braga e completa 43 anos em novembro.Ganhou a Presidência da Câmara Municipal de Braga em 2013, com maioria absoluta, pelo movimento Juntos por Braga, constituído pelos partidos PPD/PSD, CDS/PP e PPM.

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MN: A autarquia está, também, a pro-mover estudos e iniciativas tendentes a que Braga seja uma Cidade Inteligente. O que vai avançar?

RR: Braga é uma cidade que respira um contexto tecnológico fortemente impul-sionado por uma universidade com uma grande oferta na área dos cursos tecno-lógicos e de tecnologias de informação e rodeada de empresas que operam na área das tecnologias, vive a ‘era da infor-mação’ .

Para termos uma cidade sustentável, que fique de legado para as gerações fu-turas, temos de adotar uma visão a longo prazo, com trabalho e metas a atingir.

Não existem receitas unânimes, ab-solutas, que transformem uma Cidade numa Smart City. Em Braga, a perspetiva é e deverá ser, sempre, a existência de pessoas felizes. O “utilizador” da Cidade é quem nela habita, trabalha, estuda, visi-ta, se diverte e consome.

MN: Uma das heranças do executivo do PS foi a das PPP, quer a do estacio-namento à superfície, com a ESSE, quer a dos recintos desportivos com a SGEB. Como estão as negociações com esta última e também com a ESSE para o res-gate da parceria?

RR: Ambos os casos mencionados são o reflexo da prática de uma política pública que nunca serviu o interesse dos Bracarenses. Neste contexto é efetiva-mente prioritário solucionar ambos os casos que herdamos.

No caso da SGEB temos vindo a ence-tar inúmeros contactos com os parceiros privados, e as negociações para extin-ção da mesma, que permitirá desafogar significativamente os cofres municipais, decorrem a bom ritmo, prevendo-se que

a extinção da SGEB seja uma realidade a muito curto prazo, para bem de todos os Bracarenses. Muito nos agradaria que o caso da parceria estabelecida no pas-sado com uma empresa privada, a ESSE, para exploração do estacionamento à superfície na Cidade de Braga fosse conduzido da mesma forma, no entanto penso que este será um processo muito mais complexo e moroso, atentos os processos judiciais em curso. Mas nunca abdicaremos da nossa convicção e dos nossos compromissos nesta matéria.

Doação de terrenos ao Sporting de Braga

MN: A Câmara aprovou a doação ao Sporting de Braga de 12 hectares de ter-renos. O que justifica a doação e quais as vantagens para a cidade?

RR: O Município cede os terrenos pú-blicos, situados no Parque Norte, para a construção da Academia Desportiva do Sporting Clube de Braga. É um projeto estrategicamente relevante para o Con-celho e para o Norte. Um projeto emble-mático que permitirá que o Clube liberte as instalações desportivas que está a uti-lizar e que serão colocadas à disposição dos outros clubes.

A solução encontrada revela-se uma “mais-valia” em relação às propostas anteriores. O Município não vai dispo-nibilizar nenhuma verba para o projeto, apenas se cinge à doação dos terrenos, dando de igual modo um fim aos terre-nos adjacentes ao Estádio Municipal, que

estão desocupados.Existem conversações com a Federa-

ção Portuguesa de Futebol (FPF) para que a Academia seja o futuro Centro de Es-tágios da FPF no Norte, o que dará ainda uma outra dimensão ao projeto.

Está já clarificado o tipo de contrapar-tidas que o Sporting Clube de Braga terá que assegurar. Vão desde a atribuição de bolsas a jovens carenciados, passando pela articulação do projeto da Academia com outros clubes.

MN: Em 2016 Braga será a Capital Ibero-Americana da Juventude. Quais os princípios e objetivos que norteiam a po-lítica cultural?

RR: Braga exige uma política cultu-ral eclética. É uma cidade de públicos exigentes, incontornáveis. O projeto cultural da Cidade, centrado obrigatoria-mente em dois pilares, o Theatro Circo e o GNRation, assume uma diversidade imensa de programação cultural.

A política cultural que estamos a impri-mir centra-se, cada vez mais, no reforço de uma programação em termos qualita-tivos e com a diversidade de eventos em agenda.

MN: Por último: como vê o futuro da cidade e os dois anos de mandato que ainda lhe restam?

RR: Queremos continuar o trabalho iniciado há dois anos e que começa a dar os frutos. Temos uma visão de afirmação a longo prazo para o território, que exige uma extensão no tempo das políticas. Acima de tudo queremos fazer de Braga uma referência e um exemplo a seguir. Que proporcione uma melhor qualidade de vida aos habitantes e que seja atrativa a quem nos visita.

‘O projeto cultural da Cidade [está] centrado em dois pilares, o Theatro Circo e o GNRation

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Anselmo Mendes conduziu-nos a uma das suas propriedades, a Quinta da Torre, em Moreira, Monção. Naquele dia, as uvas prometiam já dar-lhe muitas alegrias. Estavam com muito boa cara e o refratómetro, aparelho manual que mede, na hora, o grau alcoólico da uva, também tinha boas notícias para o enólogo. Notava-se-lhe o entusiasmo. A vindima deste ano gerou grandes expectativas, ali e pelo país fora. Alguns prenunciam uma colheita histórica. De repente, uma revelação. “Identificámos perto de 50 locais que vão desde Monção a Melgaço (“Não ponho de parte Valença, embora este concelho não faça parte da sub-região”) onde vamos fazer 50 vinhos da casta alvarinho”, afirma Anselmo Mendes.

“Vai ser uma biblioteca viva” composta por vinhos da mesma casta mas de características diferentes, por serem de locais também diferentes, ainda que por vezes vinhos. Esses vinhos serão depois “engarrafados com a marca Expressões” e a indicação do local onde as uvas foram colhidas. “Vou tentar fazer uma zonagem”; porque “os vinhos são completamente diferentes” de local para local. Espírito in-quieto, Anselmo Mendes pretende aprofundar o conhecimento sobre a sub-região e nada como estudar, experimentar (e procurar aperfei-çoar). Em cada local, tirará 40 litros, ou seja, um total de 2.000 litros. Explica à Mais Norte que quer “meter uma universidade nisto”.

Monção e Melgaço:

Anselmo Mendes e António Luís Cerdeira são dois pesos pesados dos vinhos alvarinho da sub-região de Monção e Melgaço. São ambos produtores e enólogos, com vinhos aclamados e que conquistaram a crí-tica internacional. Joana Santiago é o rosto de uma família local de pequenos produtores recém-chegados

ao setor, que apostam num “alvarinho com um perfil muito tradicional, à moda antiga”. Fomos falar com eles sobre vinho verde. Também falámos deles e dos seus vinhos – que provamos, felizmente! Começa-

mos por Anselmo Mendes, autor de vinhos como Muros Antigos, Muros de Melgaço, Curtimenta, Parcela Única e outras pérolas. Seguiu-se António Luís Cerdeira e os seus Soalheiro (Clássico, Primeiras Vinhas e

Reserva), que são um ícone da região, da casta alvarinho, dos vinhos verdes e dos vinhos portugueses. Por fim, a produtora Joana Santiago e os seus Quinta de Santiago, novatos mas já muito personalizados.

Uma viagem ao mundo do vinho verde

ANTÓNIO MOURA [email protected]

nortemais

o reinoalvarinho

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4 5 SET/OUT 201512 13 SET/OUT 2015

Em Monção e Melgaço, diz o produtor e enólogo, já não sobra muito terreno para plantar mais alvarinho. Acrescenta que, “num ano normal, haverá oito milhões de quilos de alvarinho”. Em garrafas, dá cerca de um milhão e meio. É ali, “tem sido na-quela sub-região que o alvarinho atingiu a sua máxima expressão”. Admite, porém, que a casta, que alguns consideram ser a número um dos vinhos brancos portugue-ses, sai-se igualmente muito bem noutras regiões. “Por exemplo, na região de Lisboa o Alvarinho exprime-se de uma forma também muito boa. Agora, como aqui não, aqui exprime-se de uma forma diferente”. Em sua opinião, os melhores são daquela sub-região. “Tenho a certeza. O solo e o clima já estão aqui, depois há arte de fazer uva”.

Anselmo Mendes, nascido em Monção, também afirma que o solar do alvarinho é ali, naquela sub-região do noroeste de Portugal, que faz fronteira com a Galiza e tem o rio Minho como companhia. “De-fender a casta por si não faz sentido. Este vale entre Monção e Melgaço ninguém vai levar – e é ele que faz toda a diferença, são as suas características intrínsecas que não são replicáveis em qualquer outra zona”, salienta. A questão remete para a polémica que opôs produtores locais aos da restan-te região dos vinhos verdes. Os últimos queriam designar também os seus alvari-nhos como vinho verde, algo que aqueles contestavam e pretendiam conservar apenas para si. Houve negociações entre as duas partes e chegou-se a um acordo, que permite alargar a denominação vinho verde a toda a região e protege Monção e Melgaço.

Os vinhos verdes estão num bom mo-mento? “A primeira afirmação tem que ser: é, na verdade, a grande região portuguesa de vinhos brancos”, responde. Anselmo Mendes faz vinhos alvarinhos e loureiro, no vale do rio Lima, e avesso, em Baião. Faz para si e para produtores de outras regiões portuguesas, como o Douro e o Alentejo. Sabe do que fala. Afirma que o vinho verde beneficiou com a chegada de “gente nova, empresários a pensar fazer vinhos como deve ser, internacionalização e tudo isso é positivo. Há 40 anos o que

Anselmo: o senhor Alvarinho

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havia era, grosso modo, exportação para as colónias a granel. Em França engarrafa-se vinho há 300 anos”, responde, à medida que vai analisando as uvas da Quinta da Torre. Há ali uma parcela de casta tinta al-varelhão. “A nossa região não é uma região boa para vinhão”, afirmou Paulo Mendes, braço direito de Anselmo Mendes e res-ponsável pela viticultura do enólogo/pro-dutor. “O vinhão dá um vinho um pouco rústico. Não tem a classe de um alvarelhão. O vale do Lima é a região do vinhão”, refor-ça o enólogo.

Anselmo Mendes vende Parcela Única (3.500 garrafas) e Curtimenta para todo o mundo. São ambos alvarinho de gama alta. O alvarinho já está na liga dos campeões dos grandes vinhos? “Não, não está. Vai à fase de grupos”. Paulo Mendes diz que “é preciso tempo e produtores de qualidade para lá chegar”. Anselmo Mendes com-pleta: “Mais dez anitos. Começa a haver produtores novos, gente com outra visão e com outra capacidade de comunicar no mercado, ir lá fora e comunicar o que se faz”. Acrescenta que a ViniPortugal e a Comissão de Viticultura da Região dos Vi-nhos Verdes ajudam. “Acho que a Comis-são faz o seu trabalho de promoção. Tem também de se centrar nas locomotivas, naqueles produtores que fazem pequenas quantidades… Não se pode concentrar só no genérico vinho verde: leve, fresco e barato. Também tem que, ao mesmo tem-po, promover o que se faz de diferente na região. Isso é importante”, aponta.

Cita o caso Douro Boys, associação de cinco produtores que procura desenvolver ações conjuntas de promoção no merca-do externo. “O Douro ganhou notoriedade pelos Douro Boys. Os Douro Boys é que são a locomotiva da coisa”, conclui. Há sinais encorajadores. Alguns vinhos verdes estão já no radar das grandes publicações internacionais e obtêm grandes notas. “Isso há 10 anos era impensável. Nem os pro-vavam”, destaca Anselmo Mendes. “Faz agora dois anos que o Robert Parker (um dos mais prestigiados críticos) fez um artigo sobre os meus vinhos de duas páginas. Há 10 anos, era impossível. Nem queria saber. Tem havido uma evolução muito positiva”, considera Anselmo Mendes.

“Acabei o curso em 1987 e comecei a fazer experiências em casa dos meus pais com barricas. Qual era a minha ideia? O alvarinho já era uma casta fantástica. Tinha acabado agronomia e pensei assim: isto precisa de fermentar em madeira para atingir o nível dos vinhos da Borgonha e de outras regiões. Era novo. Para mim, a barrica era tudo. Hoje estou convencido de que para fazer um grande vinho não é preciso madeira. De qualquer forma, estou sempre a experimentar desde 1987 madeiras de diferentes tamanhos, mais tosta, menos tosta, mais usada, menos usada… Só carvalho francês”. Anselmo Mendes deu-nos a provar os seus vinhos. Começamos pelo Muros Antigos 2014, de alvarinho, loureiro e avesso. “Este vinho conta a história das três castas de que eu gosto mais”. Terminamos a prova com um Parcela Única 2013. Ou terá sido com um Expressões?.

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Cerdeira: a fazer Soalheiro há mais de 30 anos

Cerdeira e Soalheiro quase rimam. São sinónimos. Significam vinho alvarinho de Monção e Melgaço. Jaime Cerdeira criou a marca Soalheiro em 1982 e, a partir daí, os consumidores e a crítica renderam-se à superior qualidade deste vinho. Hoje é António Luís, o filho, quem está ao leme da nau Soalheiro, em Melgaço. Nos últimos dois anos, o enoturismo juntou-se ao universo Soalheiro. Os visitantes encontram ali, numa quinta com vista para o rio Minho, vinha, adega e instalações modernas para os receber e onde podem provar os vinhos que se fazem ali. A Quinta de Soalheiro estende-se por 10 hectares. “Temos parceria com mais 40 hectares, tudo aqui à volta, o que

dá na ordem das 200.000 garrafas”, informa António Luís. O enólogo e produtor lembra que a casa possui

loureiro no Vale do Lima, a sul, que está na base do Allo (85% de loureiro e 15% de alvarinho). “O objetivo foi ter um grande vinho daquela sub-região”.Cerdeira disse à Mais Norte que

a empresa optou por uma estratégia comedida em termos de marcas, “Que-

remos ser especialistas em alvarinhos”, justificou. Junta-se, entretanto, à conversa

a “trilogia” Soalheiro, como diz o enólogo. Ali estão, à mesa connosco, o clássico (“frescura aromática”), o Primeiras Vinhas (“amplitude e frescura”) e, por fim, o Reserva (“fermentação em barrica”). “E é isto que nos dá a grande diferenciação. Ainda agora no mercado da Holanda fomos escolhidos por um importador “premium” por causa dis-so – o objetivo dele não é ter um produtor que faça toda a linha, é ter produtores que façam algo específico e que se dediquem a isso”, afirma o nosso interlocutor.

A Quinta de Soalheiro exporta 40% e está “a crescer bastante no mercado nacio-nal”. Um dos pontos fortes deste vinho é a sua boa relação com a gastronomia. Alguns dirão até que foram feitos um para o outro.

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“Os nossos vinhos têm sempre frescura aromática”, salienta António Luís Cerdeira. Os primeiros, os da linha clássica, chegam cedo ao mercado. A casa Soalheiro é das primeiras a comercializar os vinhos do ano anterior. O enólogo diz que isso não prejudica a qualidade final dos seus vinhos. “Temos vinhos para vários estilos. Nós não produzimos um alvarinho, produzimos estilos de alvarinho. Esta polémica sobre o alvarinho foi sobre estilos. Nós já não estamos nessa onda. O nosso objetivo já é diferenciador mesmo na casta. O que nós temos que mostrar é o potencial da casta em toda a sua amplitude. Acreditamos que aqui, em Melgaço, tem muito mais poten-cial do que por exemplo na Califórnia, na Alemanha e noutros locais”.

Os alvarinhos Soalheiro possuem um per-fil singular. “Temos um estilo Soalheiro fres-cura, o que, em prova cega, quase permite distinguir os nossos vinhos. Só consegui-mos, lançando cedo, ter o potencial todo da casta em fruta. Este vinho (o clássico) lançado em dezembro vai ter um prazer para as pessoas que elas não vão conseguir ter em junho”. Naquele mês, é a vez do Pri-meiras Vinhas ir para o mercado. “Este é um vinho com outra complexidade, com outra estrutura, que exige mais contacto com as borras. Depois, em agosto/setembro lança-mos o Reserva, um vinho com outro perfil. Ou seja, os vinhos têm as suas fases de lançamento e nessas fases é que eles estão ótimos para a sua qualidade potencial”, ex-plica António Luís Cerdeira.

Garante que é imune a pressões, insis-tindo que definiu um estilo próprio e que pretende segui-lo. “Se reparar, são mais as pessoas que tentam aproximar-se da nossa estratégia do que as que se distanciam. É curioso que o mercado tenha evoluído um bocado nesse sentido porque antes éramos praticamente os únicos que faziam isto e hoje em dia temos outras pessoas, no fundo, a imitar-nos. É porque a estraté-gia está errada?”.

O vinho verde “conseguiu finalmente tornar-se agradável de beber”. Considera que “o mercado está sempre um bocadi-nho ávido de alguma coisa que surja, que realmente tenha interesse, porque está um pouco cansado dos tradicionais vinhos,

como os sauvignon blanc, os chardonnay e os cabernet sauvignon e procura nichos de mercado”. Segundo Cerdeira, o vinho verde segue nessa direção porque “está a conseguir comunicar-se como uma marca que tem um estilo próprio” e que o con-sumidor consegue distinguir. “Esse estilo, que está a crescer muito, não é só o estilo popular, ao contrário do que as pessoas possam imaginar. Aliás, até há mercados onde, comparativamente, o estilo como o do Soalheiro cresce mais do que o popu-lar. Há um crescimento da qualidade dos vinhos verdes em toda a linha”.

Os alvarinhos já competem com os grandes vinhos do mundo? “No caso do Soalheiro, não tenho qualquer dúvida. A nossa competição não se situa aqui, na nossa região. É para mostrar que em Portugal se fazem vinhos iguais ou me-lhores do que em países como a Nova Zelândia ou a Austrália – e o mercado já reconhece isso”. Outra coisa, realçou, é a competição com os vinhos do “mercado da especulação, como o francês, que tem um valor agregado ao vinho que não depende da sua qualidade. Claramente,

não temos esse reconhecimento face ao vinho. É preciso separar as famílias dentro do vinho verde. Por isso é que digo que pertencemos à família Monção e Mel-gaço. Não acredito que haja alguém em Portugal que olhe para a sub-região de Monção e Melgaço e tenha uma ideia negativa. As pessoas já percebem que existe qualidade”.

Terra MaterA Mais Norte teve uma surpresa

quando visitou a Quinta de Soalheiro: o Reserva 2014, acabadinho de ser lançado. E ainda havia outra: um Soalheiro com o subtítulo Terra Mater. Detalhes? “É um Soalheiro completamente diferente, um conceito que não existe, sem filtração, turvo, pode dar origem a depósito. É de baixo teor alcoólico… É um vinho à moda antiga, muito mais natural, mas sem oxidação. É um vinho fresco”. O enólogo completou a informação dizendo que serão feitas poucas garrafas. “Com este vinho, acreditamos que vamos criar uma nova faixa de mercado, o que é difícil”.

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Joana Santiago é advogada e também produz vinhos na sub-região de Monção e Melgaço. Ela é o rosto de um projeto familiar de pequena dimensão, mas a que não falta ambição. O projeto Quinta de Santiago, na fronteira oeste daquela sub-região, começou com “300 garrafas, que não saíram para o mercado”, disse Joana à Mais Norte. O lançamento oficial do “Santiago” deu-se em 2012 com o engarrafamento de 3000 garrafas. A história conduz-nos ao seu pai, que “sempre teve o desejo de fazer vinho” na propriedade familiar.

Em Monção e Melgaço, o vinho é a atividade económica número um e a principal fonte de rendimento local. A sub-região possui mais de 60 empresas produtoras de vinho e mais de dois mil produtores, a maioria pequenos. Calcula-se que o negócio valha mais de 25 milhões de euros anuais.

Conta Joana que os avós “faziam vinho para consumo próprio e vendiam as uvas que sobravam”. Sobressaía a matriarca, conhecida por Mariazinha, mulher de personalidade vincada.

Em 2009, porém, Mariazinha desafiou os descendentes a avançar com um projeto comercial. “Nunca nos imaginamos a fazer vinho. Fizemos as nossas contas em ‘excel’ e percebemos que o vinho é uma paixão”, ou seja, de retorno incerto e com os seus caprichos. Avançaram e

contrataram um enólogo,

José Domingues.

Joana Santiago recorda que o chamaram

e ouviram dizer que era dali, de

Quinta de Santiago: alvarinho “à moda antiga”

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Monção, e que “achava que a Quinta de Santiago estava desaproveitada”. Disseram-lhe que gostavam de vinhos genuínos e com caráter. Domingues convenceu-os “pela sua paixão” e ficou, até hoje. “Os primeiros vinhos, ainda ensaios, foram feitos na cave da residência da propriedade”, conta Joana. Mariazinha controlava tudo. Deu-se bem com o jovem enólogo. “Ela própria fazia vinhos e tinha os seus segredos”, que José Domingues “bebeu” e ainda utiliza, afirmou a neta, realçando que tinha “uma ligação muito forte com a avó”.

Homenagem à avó

O primeiro vinho Quinta de Santiago, uma experiência, foi uma homenagem à avó de Joana, que tinha falecido meses antes.

Hoje, a propriedade conta com uma adega moderna.“Queremos ter um vinho excelente, de produção

limitada, quase artesanal. Fizemos o rótulo e no início até os colávamos à mão. Eu e uma amiga desenvolvemos o ‘design’”, salienta.

O rótulo contém a reprodução do bordado típico minhoto, que valoriza as raízes e cultura minhota da avó e a sua arte de bem bordar. Joana reconhece que “os consumidores apreciam muito” essa marca artesanal e de sabor familiar.

Recém-chegado ao mercado, o Quinta de Santiago “é um alvarinho com um perfil muito tradicional, à moda antiga, tentando preservar a natureza

da casta e a sua expressão genuína”, segundo

descreveu Joana Santiago. A recetividade

tem sido “muito boa” e o vinho saltou fronteiras, encontrando-se já em “cinco países”.

Para já, a casa comercializa um alvarinho e um Reserva, segredo d’Avó. “Também pensamos fazer um espumante só com alvarinho”, anuncia Joana Santiago, ainda sem data para o seu lançamento.

Este ano, em que a vindima foi generosa, a produtora-advogada acredita que a produção da quinta pode ultrapassar as 25.000 garrafas.

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No período de dois/três anos, com as novas vinhas da Quinta de Santiago a produzir alvarinho, Joana Santiago espera chegar às 50 mil garrafas/ano.

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Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, realça que cerca de metade da produção já é exportada

O admirável mundo dos vinhos verdesManuel Pinheiro recebeu a Mais Norte na CVRVV e falou-nos durante mais de uma hora. Propusemos-lhe, para início de conversa, um olhar sobre o vinho verde desde que ele chegou à Comissão até à atualidade. As diferenças são como da água para o vinho e as exportações provam-no. Trata-se de “um dado muito marcante, mas que esconde uma série de realidades que mudaram. Nós, no ano 2000, produzíamos mais vinho do que produzimos hoje, mas vendíamos bastante menos. Havia um ‘stock’ enorme”. Nada que se compare, também aqui, ao que se verifica hoje, em que a região vende tudo o que produz.“Só para lhes dar uma ideia, em 2003 havia tanto ‘stock’ de vinho que foi preciso pedir à União Europeia (UE) para fazer uma destilação. A UE comprou 53 milhões de litros, destilou e depois vendeu nos mercados internacionais o álcool industrial.

“O mais marcante é que em 2000 exportávamos 14/15% da produção e em 2014 exportámos mais de 40%. Este ano vamos fechar muito próximo dos 50%”, aponta o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro, comparando o que era o setor há 15 anos, quando foi eleito presidente do organismo pela primeira vez, e o que é hoje. O vinho verde subiu de divisão e não para de conquistar terreno a nível internacional, “estando presente em mais de 90 países”. Não chega e o futuro pode passar por desviar produtores de leite para o vinho. O desafio já começou a ser lançado...

ANTÓNIO MOURA [email protected]

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Foi uma operação específica da UE para a região dos vinhos verdes. Havia um excedente enorme e as uvas eram muitíssimo mal pagas ao produtor. Hoje estamos numa situação diferente, em que a produção chega à justa para aquilo que se está a vender e as uvas já são melhor pagas”, com especial destaque para as da casta alvarinho.O vinho verde subiu de cotação e internacionalizou-se, mas, segundo Manuel Pinheiro, “mantém a sua personalidade, é menos ácido e mais redondo, é um vinho que responde melhor ao que o cliente procura”. Acrescenta o nosso interlocutor que “não é um vinho tão étnico, mas em contrapartida é diferente dos outros porque tem menos álcool e mais frescura. Por isso é que conseguimos dizer que é um vinho único no mundo, mas já não tem aquelas características que o tornavam difícil de consumir” – e que o mantinham circunscrito a um púbico consumidor restrito.“No século XIX, o António Augusto Aguiar (professor e político português, 1838-1887) dizia que para beber vinho verde eram preciso três homens, dois para amarrar o desgraçado e o terceiro para lhe pôr o vinho pelas goelas abaixo. Essa realidade do século XIX não tem nada a ver com o que se passa hoje quando vemos

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vinho verde à venda nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha, na Suécia e na Noruega”, refere. Já não é só o chamado mercado da saudade, aquele onde há emigrantes portugueses, a comprar vinho verde.“Essa é uma outra mudança muito importante. Vendíamos para onde havia portugueses ou onde se falava português. Europa, Estados Unidos, Brasil, África… “. Hoje há vinho pelo mundo fora e a procura não cessa de aumentar, registando-se crescimentos anuais de dois dígitos. “Hoje, exportámos para mais de 90 países”. Em 2014, as exportações mantiveram a sua trajetória ascendente e renderam 49,6 milhões de euros contra 43,9 milhões no ano anterior. A internacionalização revolucionou o setor e ajudou a mudar o perfil do próprio vinho, que, para Manuel Pinheiro, está “mais macio e internacional, mas sempre com pouco álcool”. Também fez com que a região investisse mais em branco e em rosado e está a deixar mais para trás o tinto, que não é tão atraente para os consumidores externos. Manuel Pinheiro diz que o branco começou a ganhar terreno ao tinto nos anos 70 do século passado. “O verde tinto é um vinho português e o branco é um vinho internacional”, resume.

Vinho em vez de leiteNem tudo, porém, são rosas. “Temos dificuldades, apesar de tudo. Precisamos de produzir mais. Precisamos de mais matéria-prima para crescer mais. O nosso desafio, que em 2016 vamos lançar com mais força, é que muitos produtores de leite reconvertam os seus terrenos para fazer uva. Neste momento em que o leite está em crise, pode ser para eles uma forma de rentabilidade e para nós uma grande ajuda de matéria-prima”, revela Manuel Pinheiro. O desafio já foi lançado e, pelos vistos, existe recetividade. “Já tivemos duas reuniões com produtores de leite e eles mostraram interesse, uma vez que o preço que conseguem pela sua produção é baixo e depois, no vinho, ao contrário do leite, não é preciso estar todos os dias, noite e dia, atrás dele. O vinho, em termos de gestão do tempo, é muito mais interessante do que o leite”. Manuel Pinheiro revelou à Mais Norte que já há produtores de leite a estudar a

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apresentação de candidaturas para se tornarem viticultores.Será a produção de uva mais rentável? “A uva, se produzida de forma intensiva e profissional, é rentável. Isso também quer dizer que os produtores mais profissionais têm rentabilidade enquanto os produtores mais tradicionais têm muita dificuldade. Ou seja, não quero dar uma ideia de que é uma região onde todos estão a ter sucesso, porque não é assim. Estão a ter sucesso os que são mais produtivos, os que são menos produtivos não têm tantas facilidades. A produção média da região são 6,5 toneladas por hectare, mas temos muitos produtores já com novas vinhas a fazerem mais de dez toneladas, ou seja, esses conseguem facilmente ser mais rentáveis. Os produtores mais pequenos e mais tradicionais fazem quatro, cinco toneladas”.

Diferenciação do vinho é a chave do negócioQuisemos saber se o novo quadro comunitário, conhecido por Portugal 2020, apoia a reconversão dos produtores de leite em produtores de vinho e Manuel Pinheiro respondeu que “apoia melhor a reconversão de vinhas antigas – a 75% a fundo perdido – do que o plantio de novas vinhas, o que para os produtores de leite não é tão fácil”. A CVRVV acredita que a questão passa também por proporcionar mais licenças de plantação. “A Região pediu ao Governo que em 2016, na distribuição de licenças de plantação, possamos ter tudo o que outras regiões não queiram – julgo que há regiões que não querem aumentar a produção, portanto podemos ir buscar essas. Tem que haver um esforço do Estado para apoiar novos investidores. O Estado entusiasma-se sempre muito com o investimento externo. É uma coisa maravilhosa, mas é preciso apoiar os investidores portugueses”.Perguntamos a Manuel Pinheiro se a modernização e a internacionalização põem em causa as características essenciais do vinho verde. “Há esse risco, mas temos obrigação de o conhecer e de evitar cair nele. Estamos a fazer reconversões de vinha exclusivamente com as castas tradicionais, como loureiro, trajadura, etc. A nossa região, ao contrário de

outras não optou por importar castas de fora. Ao manter as nossas castas, que na maior parte dos casos nem estão presentes noutras regiões, preservamos a nossa identidade. A diferenciação é uma chave do negócio internacional. Copiar os outros é muito mau. O vinho verde só terá sucesso na medida em que se conseguir afirmar com um vinho diferente dos outros – e isso está ser conseguido”, apesar de haver cada vez menos castas.Antigamente, os agricultores locais tinham as castas tradicionais, que eram dezenas e dezenas. “Hoje, ainda estão dezenas autorizadas, mas a reconversão de vinha está a levar a um estreitamento em sete ou oito castas de branco, mais uma ou duas de tinto”. Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Arinto, Avesso, Azal e Fernão Pires são as castas

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eleitas na reconversão de vinhas na região. A CVRVV possui uma estação experimental em Arcos de Valdevez onde estão ser recuperadas castas abandonadas, como a Doçal e a Cainho de Moreira, para tentar perceber qual o seu interesse. “Queremos que a renovação de vinhas se faça com as nossas castas. Achamos que a recuperação de castas tradicionais é uma forma de ir melhorando os vinhos preservando essa diferenciação”.

Produtores percorrem mundo em busca de clientes

A tecnologia também chegou a esta região e contribuiu para a transformação, mas as pessoas e a cultura empresarial também mudaram. “Há 15 anos os produtores respondiam a encomendas. Hoje, pelo contrário, não há uma semana sem que haja produtores pelo mundo fora à procura de clientes”. É normal agora os produtores frequentarem os grandes certames internacionais, procurando aí fugir ao afunilamento do mercado interno. “Portugal é um país muito difícil onde a distribuição está concentrada em dois grandes grupos

económicos. É também um país que está há muitos anos em crise, o que significa que o cliente cada vez mais olha para o preço como fator de decisão. O que os produtores precisam é de ter melhores preços. Isso empurrou as pessoas para a exportação”. Atualmente, a luta passa por ganhar valor. Vende-se cada vez mais vinho verde para fora do país, mas a um preço médio que se mantém. “O valor está em 2,2 euros por litro, fonte INE. É um bom valor, mas conta com os alvarinhos”, refere Manuel Pinheiro.O presidente da CVRVV nota que a queda estrutural de produção, como sucedeu nos anos 90 e no início da década seguinte, que foi motivada pelo baixo preço da uva, parou. “Já estamos a crescer um bocadinho. Precisamos de continuar a fazer muito esforço para que os produtores possam ver a sua uva remunerada e isso é condição essencial para que possa aumentar a área de produção”. Pelas suas contas, para fazer face a um mau ano de produção e manter o ritmo das exportações, são necessários “uns 9.000 hectares” de área de vinha reconvertida, ou seja, o equivalente a cerca de metade da área total de vinha plantada. “No ano passado, a reconversão ficou-se nos 700 hectares”. Dos 17 mil hectares de área plantada, “mais de metade ainda está por reconverter”.

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Os Estados Unidos são o mercado número um dos vinhos verdes, sobretudo em valor (10 milhões de euros em 2014, para 4,5 milhões de litros comprados), porque “absorve não só vinhos de entrada de gama mas também vinhos de topo como alvarinhos e loureiros, que têm mais valor”, realça Manuel Pinheiro. Acrescenta que “no Canadá a mesma coisa”. Pelo contrário, “a Alemanha é o país dos supermercados”. De acordo com a CVRVV, os alemães compraram mais do que os americanos no ano passado (4,9 milhões), mas pagaram menos (9,8 milhões).África perdeu um pouco devido aos problemas económicos, tal como o Brasil. E o Oriente? “Estamos a investir agora para o Japão. O nosso plano de promoção são cerca de três milhões por ano, mas este ano abandonamos o mercado da Suíça e passamos a investir no mercado do Japão e vamos continuar nos próximos anos, porque é um mercado de valor, que conhece bem vinhos brancos e pode beber vinhos de maior preço”.

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Estados Unidos lideram nas exportações de vinho

Produtores: 18 mil.Área plantada: cerca de 18 mil haProdução média: cerca 70 milhões de litros; 85% são de vinho branco.A sub-região de Monção e Melgaço representa 15% da produção total.Produção média p/ ha: 6,5 toneladas/uvasExportações: quase 50% da produção (previsão para este ano)Volume de negócios: em 2014, valeram 49,6 milhões de euros.

VINHO VERDEEM NÚMEROS

Uma das grandes bandeiras

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Tlf. 255 734 738 - Travanca / [email protected]

http://www.casaoleiros.comhttps://www.facebook.com/CasaDeOleiros

Quinta de Santiago / Cortes / MonçãoTlf. 917 557 883 // [email protected]

http://www.quintadesantiago.pthttps://www.facebook.com/quintadesantiagoalvarinho

MARCAS DE SUCESSO

A Quinta da Covela é hoje uma referência na Região dos Vinhos Verdes, um estatuto que grangeou fruto do empenho e carinho de uma dupla de investidores, ambos estrangeiros – Marcelo Lima e Tony Smith (na foto), a quem cabe a administração da empresa.A dedicação foi tão grande que a notoriedade dos vinhos da outrora quinta de Manoel de Oliveira, que esteve praticamente abandonada no final da década passada, foi recuperada em apenas três vindimas. Tony Smith é o rosto da nova Covela e mostra-se orgulhoso pelos resultados obtidos, nos quais cabe um importante contributo do enólogo Rui Cunha.

Mais Norte: A colheita de 2015 será a terceira sob a responsabilidade da Lima & Smith. Comparativamente às vindimas anteriores, como caracteriza a produção deste ano quanto a quantidade e qualidade?Tony Smith: Ambas boas: a quantidade das uvas - devido às condições climatéricas, francamente positivas durante o ano e ao nosso programa de replantação durante os últimos quatro anos - subiu, e a qualidade foi irrepreensível. Este ano, a mesa de escolha viu poucas uvas rejeitadas!MN: Neste momento em que já teve acesso aos mostos, também partilha a ideia geral de

que estamos perante um “ano excecional” nos vinhos verdes?TS: Podemos falar sobre a qualidade dos mostos da Covela, que como sabe, tem um terroir muito específico em relação à imensa região dos vinhos verdes. As fermentações estão praticamente todas terminadas e os vinhos obtidos apresentam um grande equilíbrio apontando para um ano de irrepreensível qualidade.”MN: Quantas garrafas das várias referências de vinho da marca Covela conta engarrafar com a colheita de 2015?TS: Devemos subir para além de 80.000kg, trazendo Covela de regresso a níveis de produção das últimas vindimas antes da vinícola fechar em 2009. Reforçaremos a produção do nosso rosé - um best-seller, e também dos vinhos de lote - Escolha Branco e Reserva Branco. Ainda é cedo dizer quantas garrafas a mais por referência, mas o rosé deve subir uns 20%.MN: O cultivo da vinha na Covela é em modo biológico (MPB), segundo costuma ser divulgado. Contudo, os vossos vinhos não referenciam isso nos rótulos. Há alguma razão comercial ou outra para não o fazer ou ainda aguardam certificação?TS: O processo de certificação dura uns anos. Nós estamos no meio do processo com a Ecocert. Espero ter o selo nos rótulos em um ano ou dois.MN: Face à penetração da marca no mercado e de acordo com a produção atual, que

possibilidade tem a Covela de aumentar gradualmente a produção? Através de que meios: Reconvertendo vinhas? Comprando uvas a lavradores da região? Arrendando vinhedos na zona de Baião?TS: Já arrendamos 4 hectares fora da quinta que são trabalhadas por nós também da maneira biológica. Além disso, em termos de expansão, diferenciamos os dois vinhos verdes que produzimos - os Edições Nacionais - Avesso e Arinto. Estes não pretendemos classificar como biológicos, o que nos permitirá no futuro comprar uvas localmente conforme as nossas necessidades e a procura do mercado.MN: Como vai conseguir abastecer o mercado nos próximos anos face à cada vez maior

procura das referências Covela – veja-se o caso do Rosé da colheita de 2014 que esgotou em poucos meses?TS: O Rosé será sempre o nosso problema maior - embora um vinho que esgota rapidamente é sempre um bom problema para ter. Já plantamos um hectare de Touriga este ano e seguirá outro no ano que vem. Existe algum Touriga Nacional nas redondezas da quinta que originalmente vieram daqui. Mas são propriedade de produtores pequenos que usam estas uvas para vinho próprio. Assim, o nosso grande esforço será plantar mais e crescer organicamente as vendas do rosé. Talvez possamos imaginar que a escassez do produto conduzirá a um aumento de preço natural por este vinho.

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tlf. 966 927 [email protected]

http://www.quintadoferro.pthttps://www.facebook.com/Quinta-do-Ferro-1435578213353791

MARCAS DE SUCESSO

A Quinta de Amares, localizada em Rendufe, Amares (Braga), é uma das maiores e mais conceituadas quintas da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, a que acresce um valioso património representado pelo Mosteiro de Rendufe (séc. XI) e pelo Aqueduto (séc. XVII). Com uma extensão de quase 50 hectares de vinhas expostas a condições climatéricas únicas, esta Quinta permite que se produzam vinhos de excelente qualidade, exclusivamente a partir de uvas selecionadas das castas Loureiro, Arinto e Trajadura e também Alvarinho.

Com uma produção anual média de 800 mil garrafas, a Quinta de Amares comercializa, atualmente, duas variedades de Vinho Regional Minho Branco IG (Alvarinho e Alvarinho-Loureiro) e duas variedades de Vinho Verde Branco DOP (Loureiro e Branco Escolha, feito de Loureiro, Arinto e Trajadura).

A enologia na produção dos vinhos Quinta de Amares é de António Sousa (foto à direita em cima).

Com um sabor macio, um aroma frutado e harmonioso, os vinhos Quinta de Amares podem

ser encontrados nas grandes superfícies. A comercialização no país é ainda assegurada por uma rede de distribuidores.

A Quinta de Amares exporta 35 por cento da sua produção para mercados tão diversos como Estados Unidos, Venezuela e Japão. Na Europa, os países que mais compram os vinhos D’Amares são Alemanha, França e Suiça.

A casta Loureiro é dominante na Quinta de Amares e aquela que representa maior volume de garrafas – quer no monovarietal Loureiro quer no blend Loureiro/Alvarinho, numa proporção de 60 e 40 por cento. A vinícola comercializa também um Alvarinho 100%, muito bem cotado no mercado. O Alvarinho de 2013 ficou classificado entre os dois melhores alvarinhos do mundo num concurso mundial onde estiveram em prova vinhos portugueses e espanhóis daquela casta mas também oriundos de alguns países do chamado novo mundo, como EUA, Chile e até Nova Zelândia.

Além do Alvarinho, também os vinhos com Loureiro têm obtido importantes galardões.

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MARCAS DE SUCESSO

A Quinta da Palmirinha, localizada na zona da Lixa, em Felgueiras, é uma produtora de vinho em regime de vitivinicultura biodinâmica, uma paixão de longos anos do empresário e viticultor Fernando Paiva.

Além do vinho verde – a produção biodinâmica é ainda mais rigorosa e amiga do ambiente que a produção biológica – a Palmirinha produz e comercializa sumos de uva e maçã. O produtor integra ainda um agrupamento de produtores de vinhos biológicos na sub-região do Sousa.

Fernando Paiva foi pioneiro na certificação Demeter em biodinâmica e tem nos mercados internacionais o escoamento da quase totalidade da produção, cerca de 15 mil garrafas, a produção que deverá engarrafar com a colheira deste ano.

Segundo o produtor, serão produzidas 2.000 garrafas de tinto (vinhão), 7.000 de loureiro e 7.000 de um blend azal com pedernã.

Em Portugal os vinhos Palmirinha estão nas lojas biológicas, em Porto e Lisboa principalmente, mas o grosso da produção vai para o estrangeiro – Bélgica, Noruega, Reino Unido, França, Alemanha e fora da UE para o Canadá e Estados Unidos da América.

Para o produtor Fernando Paiva, a Quinta da Palmirinha surgiu numa altura em que muitos consumidores começaram a preferir vinhos naturais. “O Quinta da Palmirinha é um vinho muito artesanal, sem maquilhagem, genuíno”, sustenta Paiva.

O produtor acrescenta que é apenas adicionado um pouco de sulfuroso, em dose muito reduzida e a temperatura é controlada durante a fermentação. “Aproveitamos os dias mais favoráveis do calendário biodinâmico para as intervenções, quer na adega quer na vinha”, explica.

Com mais de 3000 referências, entre vinhos tintos, brancos, verdes e rosés, vinho do porto, espumantes, aguardentes e outras bebidas espirituosas, a Garrafeira Gomes, em Valongo, corresponde às necessidades do mercado e às expectativas mais exigentes dos seus clientes.Fundada em 1988, a Garrafeira Gomes abriu o primeiro estabelecimento em 1990. Desde 2013, mudou as instalações para o edifício da MaxMat, com uma área de venda de 500 m2 e parque de estacionamento. A partir desta altura, a aposta é na distribuição de bebidas e não apenas numa simples loja de venda de bebidas.Com forte tradição familiar, a empresa é hoje administrada por Jorge Gomes, que pretende “continuar a preservar e valorizar raízes e tradições que advém de um passado de muita experiência no mercado da distribuição.”

http://garrafeiragomes.com/pt https://www.facebook.com/garrafeiragomes Tlf. 224 221 951

A Quinta de Linhares, localizada em Recezinhos (Penafiel), na sub-região do Sousa, é uma das mais conceituadas quintas da Região Demarcada dos Vinhos Verdes e é frequentemente galardoada com prémios e distinções em concursos da área, tanto nacionais como internacionais. Está integrada na Agri-Roncão, uma empresa vinícola que tem mais uma quinta no Douro, onde produz vinho de mesa Douro Doc e vinho do Porto, a Quinta da Levandeira do Roncão.

A Quinta de Linhares, visível por estar localizada numa das margens da autoestrada Porto/Amarante, tem uma área de 12 ha onde são produzidos os vinhos brancos verdes, com uvas provenientes exclusivamente da quinta. As castas dominantes são o Loureiro, Avesso, Azal e Arinto.

Várias referências no mercado e muito prémios

Os 12 hectares da quinta de Penafiel produzem, em ano médio, 80 mil garrafas (0,75 cl).Nos monovarietais, a Linhares comercializa sobretudo brancos – arinto (também conhecido por pedernã), avesso, azal e loureiro, vinhos que têm grangeado boas críticas e reconhecimento através dos muitos prémios obtidos nos últimos anos, nomeadamente o Best Of da CVRVV.

Com as uvas de Recezinhos, o enólogo da Quinta de Linhares, António Sousa, faz ainda um tinto, com a casta vinhão e dois blends – DR Verde Quinta de Linhares (trajadura, arinto e loureiro) e o Colheita Selecionada Quinta de Linhares, com loureiro, avesso e arinto.

A Quinta de Linhares acumula prémios nacionais e internacionais (medalhas de ouro e prata), nomeadamente no famoso concurso de Bruxelas, mas o enólogo salienta a distinção Best Of dos concursos da CVRVV. Os vinhos da Quinta de Linhares conquistaram

esse troféu nos últimos dois concursos para os monivarietais Arinto (vinho de 2014) e Avesso (2013).

Uma quinta, várias vindimasA extensão da propriedade e a exposição

solar privilegiada, fazem da Quinta de Linhares um campo de experimentação para o enólogo. António Sousa faz, em Linhares, várias vindimas, como conta à Mais Norte.

“As uvas são colhidas e separadas por castas, por localização e em semanas diferenciadas”, observa o enólogo marcuense, com uma carreira recheada de prémios e mais de uma dezena de adegas e quintas a que presta assitência técnica.

Este método de vindimar, acrescenta, “permite ter produtos diferenciados na adega, provenientes de maturações igualmente diferenciadas”, proporcionando melhores condições para fazer os lotes [blends] de vinho a engarrafar.

A Quinta de Linhares exporta metade das 80 mil garrafas para mercados europeus (Alemanha, Países Baixos e nórdicos) e ainda para o Canadá e Brasil.

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O Regueiro Primitivo é o topo de gama da Quinta do Regueiro, uma das mais prestigiadas casas produtoras de alvarinho da nova vaga de produtores-engarrafadores, mas o portfólio já conta com mais quatro referências – Regueiro Reserva 100% alvarinho, Regueiro alvarinho/trajadura, ambos os vinhos de grande volume no mercado, Regueiro Blend (lotes velhos de alvarinho) e Espumante Regueiro Bruto, também 100% alvarinho, aposta que recebeu recentemente uma medalha de ouro em Londres.Com 16 vindimas realizadas – o projeto da marca começou em 1999 - a Quinta do Regueiro tem vindo a afirmar-se pela “solidez do projeto”, como salienta o seu administrador, Paulo Rodrigues. A Quinta do Regueiro coloca atualmente no mercado cerca de 100 mil garrafas, metade em importantes mercados estrangeiros, alguns deles emergentes na descoberta dos vinhos portugueses.“Tudo começa em 1988, quando é plantada a primeira vinha 100% Alvarinho, nessa altura com apenas 0,3 ha. Os 10 anos seguintes foram de aprendizagem e de execução de novas plantações até uma área de 3 ha. Ao longo desse tempo fomos produzindo algumas colheitas para consumo próprio mas que já revelavam uma qualidade e determinadas características, que não deixavam indiferente quem provava os vinhos. Foi um processo lento, dando tempo ao tempo para o projeto ter sustentabilidade.”, reforça.

“Dedicação, qualidade e paixão” são para Paulo Rodrigues a chave do prestígio já alcançado, que concretizou o sonho de ser produtor de vinho. Em 1999 é lançada a marca “Quinta do Regueiro” e colocado no mercado o vinho da primeira colheita, precisamente pela mão de Paulo, filho dos proprietários, então com 23 anos. Na atualidade, a Quinta do Regueiro é constituída por um conjunto de pequenas parcelas em socalco, ocupando uma área de 6 hectares de vinha.

Originalidade e terroirPaulo Rodrigues descreve o que distingue o alvarinho Regueiro: “A tipicidade, a originalidade, o “terroir” onde é produzido, conferem-lhe propriedades únicas, em termos de mineralidade. Além disso, tem revelado grande capacidade de evolução em garrafa. A maior medalha que atualmente apresentamos é a consistência qualitativa ano após ano e todas as 16 colheitas têm sido fantásticas.”

PrémiosAs referências “Regueiro” têm conquistado prémios nos mais variados concursos, dentro e fora de portas. Os mais significativos Prémios dos últimos 7 anos Quinta do Regueiro: Campeão Ibérico colheita 2005 (prova de alvarinhos organizada

pela Revista de Vinhos); Melhor vinho Branco colheita 2006 (Centro de Congressos de Lisboa); Tetra Campeão/Medalha de Ouro colheitas 2007, 2008, 2009, 2010 (CVRVV); Tri campeão na Suíça/Medalha de Ouro colheitas 2008, 2009, 2010 (Concurso internacional Suíço); Medalha de Ouro, colheita 2011, Prémio Ordem dos Engenheiros; Grande Medalha de Ouro na Alemanha, colheita 2010 (Prova Internacional de Alvarinhos); Medalha de Ouro Londres 2014, Quinta do Regueiro Blend (Lotes Velhos); Espumante Medalha de Ouro em Londres.

Volume de produção- Quinta do Regueiro Reserva - 45000 garrafas- Regueiro Alvarinho/Trajadura - 35000 garrafas- Espumante Bruto Regueiro - 12000 garrafas- Quinta do Regueiro Primitivo - 3400 garrafas- Quinta do Regueiro Blend - 2000 garrafas

MercadosMetade da produção fica no mercado nacional, os restantes 50 % destinam-se a exportação. Os principais mercados no exterior são Holanda, Suíça, Bélgica, França, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Brasil.

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MARCAS DE SUCESSO

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MARCAS DE SUCESSO

A Casa de Oleiros, localizada em Travanca, Amarante, é uma das mais antigas quintas inseridas na designação “Entre Douro e Minho” da região dos Vinhos Verdes com VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Demarcada). Há 26 anos, a Casa de Oleiros e Manuel Nunes Camizão recebiam o primeiro diploma da CVRVV.

Desde 1987 e com vinhas em ótima exposição solar, a Casa de Oleiros marca a diferença não só pela qualidade das uvas e dos vinhos que delas resultam, como pela sua produção em modo artesanal, respeitando sempre as tradições familiares. Hoje, a Casa de Oleiros recorre às tecnologias mais modernas – sob a supervisão do enólogo Jorge Sousa Pinto – tanto de produção como de engarrafamento.

Manuela Camizão, que representa a geração respon-sável pela gestão da Casa de Oleiros, mantém “o rigor e o carinho na produção dos seus vinhos.”, vinificados através de duas castas brancas (Azal e Pedernã (Arinto) e ainda um branco Seleção) e uma casta tinta (Vinhão).

Com 20 hectares de vinhas, entre Amarante e Lou-sada, e com uma produção média anual de 15 mil garra-fas, Manuela Camizão espera aumentar a sua produção nos próximos anos (mais 10 ha) e atingir um aumento de vendas. O reforço de produção vai permitir o au-mento de quota no mercado externo, atualmente nos 40 por cento. A marca Casa de Oleiros está presente em países como França, Alemanha, Suécia, Rússia e Ca-nadá, mas deseja marcar presença em outros países do mundo nos próximos anos, como Brasil e Suiça.

No mercado interno, a Casa de Oleiros está apostar num distribuidor na zona do Grande Porto, ligado a uma pequena rede de supermercados.

A Quinta do Ferro, situada em Gestaçô, Baião, produz e comercializa no mercado nacional e internacional vinhos, espumantes e ainda frutos secos, como nozes e castanhas. A empresa já tem uma loja própria em Felgueiras e prepara-se para abrir outra no Porto, no início de novembro, na zona ribeirinha (Rua de Monchique, junto ao Museu do Vinho do Porto), onde terá todos os seus produtos disponíveis, assim como produtos de parceiros produtores amigos, numa lógica de “Quinta do Ferro Friends”.

Com uma produção a rondar as 350 mil garrafas, a Quinta do Ferro exporta 60% da sua produção, entre espumantes e vinhos. A Bélgica é neste momento o maior cliente de espumante Quinta do Ferro, no entanto há outros países da Europa que também já são clientes, tanto de vinho como do espumante, como a Polónia, UK, Itália, Alemanha, e fora da Europa, no Japão e agora

a iniciar nos EUA.“A Irreverência do Verde” é o lema da Quinta do Ferro

com uma equipa e liderança maioritariamente feminina, apostada exclusivamente em produtos de qualidade mas também competitivos no mercado.

A partir das castas Avesso e Arinto nascem os Vinhos Brancos. Da casta Avesso, numa rigorosa seleção feita pelos enólogos da Sociedade de Agro-Turismo Quinta do Ferro, é produzido, pelo método clássico ou champanhês, o Espumante Quinta do Ferro, a referência mais conhecida da casa e que representa 65% da produção, ou seja, mais de 200 mil garrafas. A enologia é assegurada pela Wine Lords.

Reconhecida nacional e internacionalmente com vários prémios arrecadados desde 1999, a Quinta do Ferro tem cerca de 12 hectares de vinha, a que se juntam mais algumas parcelas arrendadas nas redondezas, sob a orientação dos seus técnicos.

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A Quinta de Paços – 500 anos a produzir vinho –, imponente propriedade localizada no concelho de Barcelos, pertence a Maria do Carmo Azevedo da Fonseca Pais de Matos Graça e ao seu marido José Bento da Silva Ramos, mantendo-se na posse da mesma família há, pelo menos, 16 gerações e há mais de 500 anos.

Já no século XVI existiam referências às vinhas da Quinta de Paços e, ainda mais atrás, no século XV, às do Morgadio do Perdigão, outra das propriedades da casa. Atualmente fazem ambas parte da empresa Quinta de Paços, Sociedade Agrícola Lda, que explora o património agrícola da família, constituído por 7 quintas, na região do Minho, num total de cerca de 200 hectares, dos quais 18, são de vinhas.

No século XIX, os dois núcleos principais desta sociedade familiar, Quinta de Paços, em Barcelos, e a Casa do Capitão Mor, em Monção, tinham já projeção internacional devido à qualidade e especificidade dos seus vinhos. Em 1876, o vinho da Quinta de Paços ganhou um prémio na Exposição comemorativa do primeiro centenário dos EUA, em Filadélfia e, em 1888, o vinho da Casa do Capitão Mor conquista dois prémios na Exposição de Vinhos Portugueses, em Berlim. Estes são reconhecidos como os mais antigos prémios internacionais atribuídos a vinhos da região do Minho. Mais recentemente, o produtor tem conquistado vários prémios, no estrangeiro e em Portugal, nas mais prestigiadas competições do setor.

Desde o século XVI, as vinhas têm sofrido profundas alterações e inovações, do ponto de vista funcional e

qualitativo, através dos tempos, tendo, as mais importantes, decorrido em finais do século XX, com uma reestruturação das vinhas e introdução de novas castas, fundamentalmente, Alvarinho, Arinto, Loureiro e Fernão Pires. Também a jusante, foram atualizados e modernizados os processos de vinificação, hoje à altura das exigências dos mais rigorosos mercados internacionais.

As diferentes composições de solos das diversas quintas da casa, bem como os vários tipos de exposição solar das suas vinhas, asseguram uma grande variedade de parâmetros, na produção, que permite ao enólogo Rui Cunha, uma base de trabalho muito rica em soluções de blends e vinificações, de modo a conferirem a estes vinhos uma forte personalidade e elevada qualidade. O setor da viticultura é orientado pelo agrónomo Luís Cardoso de Menezes, responsável por todas as vinhas desta casa.

Na liderança do setor vinícola da empresa, tem estado José Bento da Silva Ramos, mais recentemente acompanhado de seu filho e sucessor, nesta tarefa, Paulo Matos Graça Ramos.

A alta qualidade das uvas produzida é constituída pelas castas Alvarinho, Loureiro, Arinto, Trajadura, Fernão Pires e Vinhão, entre outras.

A gama de vinhos da Quinta de Paços, Sociedade Agrícola Lda é constituída por: “Casa de Paços”, com quatro vinhos diferentes: dois monocastas, de Arinto e Fernão Pires; um vinho de Loureiro e Arinto, um rosé de vinhão e, finalmente, o Superior, que é elaborado a partir

das castas: Alvarinho, Arinto, Loureiro e Fernão Pires, que era a combinação usada no vinho bebido pela família dona desta casa há pelo menos 4 gerações; “Casa do Capitão-mor” – Com dois vinhos, ambos monocastas Alvarinho da sub-região de Monção Melgaço: Alvarinho e Alvarinho Reserva (de vinhas velhas e 100% maceração pelicular), ambos provenientes de vinhas com solo de calhau rolado;

“Morgado do Perdigão”, Alvarinho e Loureiro, foi o primeiro vinho em Portugal a combinar as castas Alvarinho e Loureiro já em 1996. O Alvarinho é proveniente da sub-região de Monção-Melgaço, das vinhas da Casa do Capitão-Mor em Mazedo, Monção, e o Loureiro das vinhas em Barcelos, sub-região do Cávado.

Atualmente, os principais mercados de exportação são os EUA, Brasil, Reino Unido, Japão, Alemanha, Polónia, Jordânia e Bélgica, entre outros.

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MARCAS DE SUCESSOUma das empresas de Vinho Verde mais antigas da região,

a Campelo, foi fundada oficialmente em 1951 mas tem na realidade quase um século de existência, com registos que datam de 1923. A Campelo de hoje é maior e mais abrangente, dedicando-se à produção, engarrafamento e distribuição de vinhos e aguardentes de várias regiões, permanecendo sempre ligada à sua história e tradição nos Vinhos Verdes.

O Grupo Campelo está atualmente presente em três sub-regiões da Região Demarcada, sendo na sub-região do Cávado, em Barcelos, a adega principal e o centro operacional. Possui ainda as adegas do Marco de Canaveses e Castelo de Paiva nas sub-regiões de Amarante e Paiva e conta com a ajuda do seu centro de distribuição em Matosinhos. Daqui, os seus vinhos seguem para todo o país e 20% da sua produção segue ainda para mercados como França, EUA, Rússia, China, Suíça e Dinamarca.

Com uma enorme capacidade de produção e armazenamento nos seus três centros de vinificação, anualmente comercializam-se aproximadamente 6 milhões de litros, sempre com a garantia de qualidade e prestígio que os produtos Campelo impõem. Para tal, tem sido feito um forte e constante investimento em equipamento e mão-de-obra especializada, sendo capaz de engarrafar até 10.000 garrafas/hora e armazenar 8 milhões de litros em cuba de inox.

Algumas das marcas do portfólio atravessam gerações e trazem memórias além fronteiras e de outros tempos. O vinho Campelo, Tapada do Marquês e Mesa do Presidente são exemplos de tempos áureos de tradição Portuguesa. Enquanto que marcas mais recentes como Cruzeiro Minhoto e Coração da Minha resumem em si a excelência dos produtos Campelo e do reconhecido portfólio da empresa.

Engarrafado em Baião por

António R. R. BarretoQuinta de Porto FerradoTelefone: 939759079 [email protected]

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Nascido na cidade do Porto, em 1983, Márcio Lopes, hoje um jovem Enólogo, depressa de-senvolveu uma paixão pela Agricultura, inspi-rada pela sua Avó pa-terna.

A sua paixão trouxe--o, em 2001, até à “Fa-culdade de Ciências da Universidade do Porto”, na mesma cidade, onde estudou Engenharia das Ciências Agrárias. Foi durante os estudos que descobriu a sua vocação na arte de fazer vinhos.

Em 2005, durante o seu estágio de fim de curso, juntamente com Anselmo Mendes, teve o privilé-gio, de fazer um vinho que viria a ser o primeiro Alvarinho “Curtimenta” a ser colocado no mer-cado. Ambos trabalharam juntos até 2008, altura em que Márcio Lopes, numa intenção de polir as suas capacidades, decide viajar até à Austrália e fazer duas vindimas...“Uma Oportunidade de Vida”!!!

No regresso, tem uma curta passagem pela empresa Quinta do Alqueve – Pinhal da Tor-re, como Diretor Comercial.

Em 2009, com a ajuda do IEFP, torna-se Empresário (difícil em Portugal, mas não impossível!) e cria o seu próprio negócio, projeto co-financiado pelo IEFP, lança no mercado a Lux Winegrowers, uma em-presa de comércio e distribuição, com o objetivo de trabalhar em conjunto com pequenos/médios produtores de vinho, ajudando-os na promo-ção e venda dos seus produtos. Com altos e baixos, durante os últimos anos, o negócio atravessa agora uma fase de crescimento, sobretudo com a ajuda das expor-tações.

Em 2010, como Enólogo, inicia o projeto PEQUENOS REBEN-TOS, na Região de Monção e Mel-gaço. Vinificando os vinhos em Melgaço, em adega provisória e selecionando as uvas de pequenos

produtores, procurando a originalidade e singulari-dade que o PEQUENOS REBENTOS pretende ter.

Em 2010, começa, também, um projeto no Douro Superior, junta-mente com o Produtor e seu amigo Jorge Lou-renço, chamado PROI-

BIDO Grande Reserva Tinto, fruto de vinhas velhas, de uma vinha no Pocinho.

Em 2015 lança o seu primeiro vinho branco de altitude, o PER-MITIDO 2013, produzido a quase 700m de altitude e vinifica-do na Mêda, um vinho branco, diferente de tudo, com mínimo impacto de SO2, ligeira filtração, e malolática parcial. Colheitas de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 até ao momento, sempre bem consideradas no mercado, com Medalhas de Prata e Ouro, e al-gumas já bem pontuadas pelo famoso Mark Squires, escritor para

Robert Parker.Para breve será lançado um novo projeto de nome EN-

SAIOS SOLTOS, realizado em parceria com alguns produ-tores, sempre em pequenas produções e diferentes regiões.

Está também, de novo, no mercado o Pequenos Reben-tos Alvarinho Edição Limitada 2010, que serão relançadas 125 garrafas numeradas e assinadas, mais uma vez “remando contra a maré” e contra todos os pre-conceitos, apenas para dar a provar um vinho que nasceu tão nobre e continua tão jo-vem.

Empresário, Enólogo, Co-fundador do Clube de Vinhos “4 Horas à Mesa”, Ciclista de provas de granfondo e resistência, Marido, recentemente Pai, Amigo, e uma pessoa de gostos simples, fazem de Márcio Lopes um luta-dor, que acredita que está na Paciência e na Persis-tência a chave para quem teima singrar na vida.

[email protected]

+351 926770923

MARCAS DE SUCESSO

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MARCAS DE SUCESSOA vindima de 2015 analisada pelo enólogo António Sousa

A colheita vinícola de 2015 na região dos Vinhos Verdes “foi generosa e com qualidade”. É desta forma que o enólogo António Sousa resume a vindima deste ano, em entrevista à Mais Norte. Cauteloso quanto à qualidade – ainda é cedo para exprimir opinião avalizada, sublinha, pois estão fermentações em curso e há vindimas quase até final do mês, sobretudo em zonas de montanha – o enólogo de Marco de Canaveses, considera que o norte do país é feito de muitos microclimas. Não é uniforme.“Acho que foi um ano generoso, não podemos falar de fartura relativamente a todas as zonas. Digamos que é um ano de produção generosa mas com qualidade. Temos de diferenciar a região em duas áreas. A parte interior e sul de uma maneira geral sim, foi uma colheita muito boa, mas a parte litoral e norte teve uma vindima, digamos, regular.”, sublinha o enólogo. E explica o seu ponto de vista: “Teve a ver com ventos fortes nos finais de abril, com ventos que “mondaram” um pouco as vinhas. Poderá até ser benéfico em termos de qualidade mas a quantidade contrasta com o resto da região”.E se compararmos 2015 com vindimas anteriores, perguntamos. “Na minha opinião, é um ano de produção média, se atendermos aos últimos cinco, seis anos. Já será um ano bem melhor se o termo de comparação for apenas com as três últimas vindimas, uma vez que 2013 e 2014 foram colheitas consideradas baixas.”Qualidade acima da média? “É muito cedo para dizer isso, classificar o ano de excecional, mas há bons indicadores de qualidade. A região dos Vinhos Verdes é feita de muitos microclimas e “terroir” é isso mesmo. A minha vindima é diferente da do vizinho do lado”, explica.Sousa reconhece que das uvas e dos mostos que provou – recorde-se que faz consultoria a mais de uma dezena de empresas vinícolas espalhadas por quase

todas as sub-regiões, o que lhe dá uma visão de conjunto – tudo indica que a qualidade será equivalente ao que teve em 2014.“A uva pode estar boa em aspeto e paladar mas não ser a melhor para vinho. Mas 2015 é um ano bom, os vinhos estão limpos, bastantes simpáticos em termos de aroma. Mas a minha opinião é que não estão abaixo nem acima do que tivemos em 2014. Estão equivalentes”, observa, embora reconheça que “é um ano mais fácil de trabalhar em termos enógicos”.A ideia da qualidade excecional surge de termos tido um verão quente mas “sem escaldões”, proporcionando maturações mais equilibradas. O trabalho de enologia, contudo, frisa António Sousa ainda só está no início. “O vinho é uva, depois é o homem. Ainda só fizemos 1/3 do nosso trabalho, que é parte da vindima e a fermentação”, lembra.O trabalho de enologia vai prosseguir e só no final de novembro alguns vinhos brancos começam a ir para a garrafa. Depende das castas, algumas aconselham engarrafamento precoce e também das necessidades do mercado.O enólogo explica: “Há castas que ganham em ir cedo para a garrafa, como é o caso da trajadura, arinto e azal. Depois, também se adequa o perfil que o mercado procura. No entanto, os vinhos engarrafados cedo ficam depois a estagiar em garrafa mais dois ou três

meses. Só vão para o mercado no final de janeiro ou fevereiro”.António Sousa esclarece que outras castas são engarrafadas mais tarde, o vinho ainda permanece alguns meses em cubas de inox, como é o caso dos alvarinho, avesso e loureiro. Os tintos, em regra, também são engarrafados apenas no início de 2016.Relativamente ao aumento de produção, o enólogo – de 40 anos e formado na UTAD – concorda com os responsáveis da CVRVV de que é necessário acautelar um “ano mau”, promovendo mais reconversão e/ou plantio de novas vinhas, mas aconselha cautela.“Temos de ter na região mais alguma produção para se acautelar a estabilidade, ou seja, garantir “mínimos” em ano mau, com quebras significativas. Mas defendo que o aumento de área produtiva deve ser gradual, talvez reconverter vinha pouco produtiva à média de 5 por cento ao ano”, considera, sem deixar de lembrar que excedentes de vinho são perniciosos, a lembrar tempos remotos.“Temos de evitar excedentes, que podem conduzir a baixa de produção por abandono da atividade. Vinho em excesso faz baixar o preço da uva e alguns produtores, já agora no limiar da sustentação económica, podem ver-se obrigados a deixar o negócio, se a produção de uva deixar de compensar, deixar de ser sustentável”.

É o que está a passar no setor leiteiro, onde a produção de leite há muito que deixou de ser sustentável economicamente, devido aos excedentes do produto no mercado. A reconversão dos empresários do leite para o setor do vinho também levanta dúvidas a Sousa, ainda que acredite que possam existir casos viáveis. “É verdade que têm de procurar alternativas mas tenho dúvidas sobre a capacidade de alguns terrenos para o cultivo da vinha. Algumas áreas afetas hoje ao milho forrageiro e até a pastos podem não ser as melhores para o plantio de vinha.

A reconversão do negócio não é assim tão simples”, avisa.António Sousa considera que os preços no vinho verde são ainda baixos – necessitam de aumentar 15 a 20% para assegurar a sustentabilidade das empresas. Por outro lado, elogia a visibilidade e a promoção que tem sido feita nos últimos anos, que tem de continuar e sobretudo contribuir para a eduçação geracional da sociedade, demonstrando que o vinho verde é hoje muito diferente – tem corpo e é bem estruturado – e que deve ser bebido socialmente: “Desde que consumido com moderação, faz parte da nossa cultura.” Além disso, pode beber-se todo o ano e não apenas no verão, fresquinho. “Pode perfeitamente ser bebido à lareira, em dezembro. Os alemães consomem muito vinho verde no inverno e nós não”, recorda o enólogo António Sousa.Fora das marcas de alvarinho, acha difícil colocar no mercado pequenas produções de vinho verde, topos de gama, como acontece no Douro, devido aos preços que o mercado está disposto a aceitar. “Acima de 10/12 euros é para vender a meia dúzia de consumidores”. Segundo o enólogo, só produções acima de 50/70 mil garrafas conseguem marcar terreno. “O mercado de vinho verde é ainda de preços baixos e muito competitivo”, remata.

O enólogo António Sousa em três das vinícolas em que presta assistência técnica. Na Casa de Vila Nova, com o administrador Bernardo Lencastre, a supervisionar a vindima (1); a provar a uva e o mosto de Loureiro na Quinta de Amares (2, 3) e na adega da Quinta de Linhares (4)

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“Colheita generosa e de qualidade”

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MARCAS DE SUCESSO

Tendo celebrado em outubro do ano passado 50 anos de existência, a VERCOOPE está longe de se manter conformada com seu historial. Este ano, a VERCOOPE marca pontos na inovação lançando no mercado os primeiros Espumantes de Vinho Verde de método Charmat, o Espumante VIA LATINA, e o Espumante TERRAS DE FELGUEIRAS. “O método Charmat permite potenciar toda a frescura e expressividade aromática do Vinho Verde”, afirma o enólogo da Vercoope João Gaspar.

O lançamento destes novos produtos no mercado reforça a aposta que a VERCOOPE tem vindo a fazer em produtos de maior valor acrescentado, dotados de um elevado fator diferenciador e que sejam capazes de ir ao encontro de consumidores mais exigentes, curiosos e sofisticados. A aposta permitiu satisfazer uma procura latente de Espumantes de Vinho Verde de um perfil realmente fresco e jovem. “Estes novos produtos conquistaram um enorme sucesso no mercado internacional, tendo a procura superado largamente as nossas expectativas iniciais”, acrescenta o presidente da Vercoope, Casimiro Alves.

Se a VERCOOPE, com o VIA LATINA Alvarinho, tinha sido já duplamente consagrada com Best Of Vinho Verde em 2014 e em 2012 pela CVRVV, com a medalha de Ouro e Trophy Award no International Wine Challenge em 2013, conquistaria já este ano inúmeros prémios tais como medalhas de Ouro e de Prata nos concursos Baccus – Concurso Internacional de Viños 2015, no Asia Wine Trophy 2015, no Portugal Wine Trophy 2015 e no International Wine Challenge 2015, para mencionar alguns. Como resultado, a VERCOOPE acumula só nos últimos 4 anos mais de 80 prémios e distinções nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais.

A Vercoope, União de Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes,

foi fundada em 1964 com o objetivo de engarrafar, promover e comercializar os vinhos produzidos nas Adegas Cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra, unindo mais de 5000 viticultores da Região dos Vinhos Verdes.

Esta União de Adegas, com uma produção média anual de 8 milhões de gar-rafas, afirma-se hoje como um dos maiores produtores da Região dos Vinhos Verdes e uma referência no setor, sendo que a sua presença nos mercados inter-nacionais é cada vez mais relevante. Neste momento exporta cerca de 25% da sua produção de Vinho Verde para mais de 30 países em 5 continentes, assumindo mesmo um lugar de grande destaque em países como Alemanha, Angola, Brasil, EUA, Japão, Noruega e Rússia. Prossegue com a entrada recente em novos merca-dos como os Países Bálticos, Ucrânia, Cazaquistão, México, Malásia e Singapura.

Marcas como Via Latina, Terras de Felgueiras e Urbe Augusta são já bastante conhecidas por consumidores e especialistas dentro e fora do país e começam a conquistar o reconhecimento por parte do público como “vinhos de excelente qualidade a preços justos”.

Agrupamento de sete adegas já exporta um quarto da produção

“Felizmente a colheita foi boa em quantidade e a nível de qualidade foi excelente. A colheita permitir-nos-á produzir vinhos aromáticos, frescos, equilibrados, com teores alcoólicos ideais e com uma grande diversidade de estilos”. É desta forma que o presidente da Cooperativa Agrícola de Felgueiras

caracteriza a vindima de 2015, unanimemente considerada “farta” e de “qualidade”.

Perguntado se partilha a ideia de que esta-mos perante um “ano excecional” nos vinhos verdes, Casimiro Alves responde afirmativa-mente. “Este ano será um ano excecional para a Região dos Vinhos Verdes. Vamos

com toda a certeza fornecer Vinhos Ver-des excecionais ao mercado”.

O responsável acrescenta que a vin-dima deste ano vai permitir engarrafar 5 milhões de garrafas das diversas referên-cias dos vinhos de Felgueiras – Terras de Felgueiras Branco e Rosado, Cooperativa de Felgueiras Branco, Tinto e Azal, Fonte de Santa Quitéria Branco, Tinto e Rosado.

A Cooperativa Agrícola de Felgueiras é um grande produtor de vinho verde – enquanto associada da VERCOOPE re-presenta mais de metade da produção – e a sua capacidade em dar resposta ao mer-cado nacional e internacional “é deter-minante quer a nível de volumes quer a nível de padrões de qualidade que são cada vez mais exigentes”, sublinha o pre-

sidente da Cooperativa de Felgueiras, entidade com dois mil associados efetivos e que fatura anualmente 10 milhões de euros.

Casimiro Alves salienta que o negócio assenta em “três premissas” fundamen-tais – “nível de qualidade irrepreensível”, “qualidade constante ao longo do ano” e “grandes volumes”. “Só assim seremos capazes de satisfazer a procura e as expectativas dos nossos parceiros internacionais, muitos deles parceiros que nos compram centenas de milhares de garrafas/ano e que são muito exigentes. A percentagem de vendas ao exterior ronda os 25% mas deverá chegar no final deste ano aos 30%”, assinala.

Os principais mercados são o Brasil, os EUA, a Rússia, a Noruega, o Japão, e a UE, em quase todos os países, destacando-se a Alemanha, França e Luxemburgo. Felgueiras vende ainda no Canadá, Antígua, Angola, Moçambique e China, e em breve no Cazaquistão, Malásia, Singapura e Taiwan. Serão mais de 30 países em 5 continentes.

Relativamente ao mercado interno, Felgueiras já atingiu “a maturidade de vendas” e cresce mais em valor do que em volume, devido a maior procura por vinhos de gama mais elevada. “O nosso crescimento tem-se sentido sobretudo em valor e escalada nas categorias”, constata.

Casimiro Alves elogia “o papel fundamental da CVRVV na notariedade e reputação” dos Vinhos Verdes “dentro e fora do país”, estratégia que “permitiu dar uma visibilidade e uma sofisticação ao Vinho Verde que é impar no país”.

Partilha a ideia de que é necessário assegurar a progressiva reconversão das vi-nhas e defende que o acréscimo de valor no mercado externo “tem que competir pelos momentos de consumo com outros vinhos”, mantendo “algum equilí-brio e justiça de preços”.

O presidente da Cooperativa de Felgueiras resume: “A procura de Vinho Verde tem aumentado nos mercados externos e quando a procura aumenta o preço sobe. O aumento tem sido gradual e sustentado”.

Felgueiras assegura mais de metade da produção da Vercoope

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MARCAS DE SUCESSO

A Quinta de Porto Ferrado, em Santa Cruz do Douro, Baião, é uma das mais antigas vinícolas do concelho de Baião e até um dos primeiros produtores-engarrafadores a colocar vinho no mercado, logo a seguir ao conhecido Tormes, marca lançada pela Casa de Tormes, sede da atual Fundação Eça de Queiroz.

Com mais de 35 anos de existência no mercado português, a marca de vinho “Ferrado” continua a primar pela qualidade e a grangear adeptos fiéis de um vinho produzido numa zona fronteira entre o Douro e a região demarcada dos vinhos verdes.

Segundo o produtor, António Barreto, que pretende alargar a curto prazo a distribuiçaõ do vinho “Ferrado” à zona do Grande Porto, são colocadas no mercado, em ano médio, cerca de 60 mil garrafas nas diversas referências de branco e palhete.

Os principais vinhos são um blend de Avesso e Pedernã (arinto), um monovarietal de Avesso e ainda um Palhete.

Além da comercialização de vinhos, a Quinta de Porto Ferrado disponibiliza ainda uma residência/lar de idosos, denominada “Cantinho das Memórias”.

A Quinta da Samoça, em Ariz, integrada na Rota dos Vinhos do Marco de Canaveses, está localizada na margem direita do rio Douro.

Sob a responsabilidade do enólogo Henrique Bianchi de Aguiar, a Quinta da Samoça produz vinhos verdes DOC em 22 hectares de vinha, nas referências tinto, branco e palhete.

O tinto é obtido da casta vinhão (100%), enquanto o palhete é um blend das castas touriga nacional, espadeiro e tinta roriz, em partes iguais.

O branco resulta das castas pedernã (arinto) e ainda de trajadura e alvarinho, em menor quantidade.

Os vinhos da Quinta da Samoça arrecadaram várias distinções nos concursos da CVRVV nos últimos anos através do seu verde tinto vinhão – medalha de ouro em 2007 e medalhas de prata em 2012 e 2013.

A Quinta da Samoça pretende aumentar a produção de vinhos engarrafados nos próximos anos e aposta também na promoção, de que foi exemplo a presença no Vinho Verde Wine Fest, que decorreu em julho na Alfândega do Porto e é anualmente organizado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

A Casa de Vila Nova, fundada em 1688 e situada na sub-região do Sousa, está presente no mercado de Vinho Verde como um produtor que junta a experiência de muitas gerações “para proporcionar uma oferta diferenciadora ao consumidor.”

Localizada em Castelões, Penafiel, a Casa de Vila Nova produz anualmente meio milhão de garrafas de vinho verde, das quais cerca de 300 mil são vendidas na grande distribuição.

Nos 14 hectares de vinhas

localizadas em Penafiel, são produzidas uvas das castas Loureiro, Arinto, Fernão Pires, Trajadura e Avesso.

Os vinhos da Casa de Vila Nova estão presentes nas principais cadeias de supermercardos – Pingo Doce, Continente (Sonae) e Aldi – na maioria dos casos com marcas próprias para esses mercados de grande volume e preços mais acessíveis.

40% na exportação, com tendência para subir

O lema da empresa é oferecer uma vasta gama de vinhos ao mercado, quer interno quer externo. “Temos vinhos verdes jovens, frescos e de qualidade”, considera o administrador da

Casa de Vila Nova, Bernardo Lencastre.

Atualmente, o mercado externo representa 40% da sua produção, estando os vinhos da Casa de Vila Nova presentes na quase totalidade do território norte-americano, ou seja em 35 dos 38 estados dos EUA, Polónia, Alemanha, França, Bélgica, Rússia e Brasil.

Considerando o mercado externo “fundamental para os produtores de vinhos portugueses”, Bernardo Lencastre espera ver inverter as vendas nos próximos anos, ou seja, conseguir elevar as exportações até aos 60 por cento.

No mercado nacional, podemos encontrar as várias marcas da Casa de Vila Nova nas grandes superfícies,

nomeadamente o alvarinho “Filipa de Lencastre” (resultante de uvas compradas na sub-região de Monção e Melgaço), “Torre de Vila Nova” em vinho verde e rosé, “Casa de Vila Nova” nas castas internacionais Sauvignon Blanc e Chardonay, ambos considerados Vinho Regional Minho e ainda a marca Vila Nova, da casta alvarinho e classificação “Regional Minho”. Integra ainda o portfólio da casa a marca “Visconde de Garcez”, um vinho do Douro em branco e tinto.

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Bernardo Lencastre (na imagem à esquerda com o enólogo António Sousa na verificação da maturação das uvas na quinta de Penafiel) e numa ação promocional no estrangeiro, com a ViniPortugal.

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Enquadrado por dois rios internacionais e um vasto cenário natural e patrimonial, Marco de Canaveses posiciona-se como um dos destinos de eleição na área do Grande Porto graças a um diversificado leque de ofertas turísticas que atraem, anualmente, milhares de visitantes ao território.

No Douro, e também no rio Tâmega, o Marco de Canaveses encontrou umas das alavancas para potenciar o turismo e acompanhar o incremento que o setor tem registado na região do Porto e Norte, nos últimos anos.

Sem grandes unidades hoteleiras, o concelho consegue, mesmo assim, registar a passagem de muitos turistas estrangeiros que, na sua maioria, rumam às “joias da coroa”, nomeadamente a igreja de Santa Maria, da autoria do conceituado arquiteto Siza Vieira, e a cidade romana de Tongobriga.

Alguns dos comentários que chegaram, este ano, ao gabinete do Turismo da Câmara Municipal de Marco de Canaveses sobre a praia fluvial de Bitetos, no rio Douro, resumiram-se a um só tema: “porque não se arrancou com a época balnear mais cedo?”

Salientando que tem que “obedecer a um calendário oficial”, a vereadora responsável pelo pelouro do Turismo e Inovação, Gorete Monteiro, realçou, à Mais Norte, que a procura da praia situada na freguesia de Alpendurada, Várzea e Torrão tem aumentado ao longo dos anos, em particular a partir do momento em que começou a receber classificação positiva da Agência Portuguesa do Ambiente.

À semelhança do que aconteceu nos últimos quatro anos, em 2015, Bitetos foi considerada “Água Balnear Interior com excelente qualidade” e gozou, de novo, do estatuto “Praia Acessível – Praia para Todos”, no âmbito de um programa que tem por objetivo melhorar a acessibilidade das praias portuguesas a pessoas com mobilidade reduzida.

“A partir do momento em que a praia recebeu estas distinções, começou a ter uma procura imensa. O fac-to de ser acessível a todos facilita o acesso não só aos portadores de deficiência mas também aos restantes cidadãos, nomeadamente mães com carrinhos de bebé, por exemplo”, salientou a autarca.

Douro: porta de entrada que abre outras rotas

Mesmo com a implementação de rotas fluviais curtas (como é o caso de Gaia-Alpendurada), o impacto direto do Douro na balança turística de concelhos ribeirinhos é limitado pela própria natureza dos cruzeiros. Raramente os turistas passam mais do que algumas horas em terra e

muitos poucos, porventura nenhuns, se aventuram para o interior dos territórios e a pernoitar.

“Mas é uma oportunidade de ganharmos maior vi-sibilidade que não pode passar despercebida”, adianta Gorete Monteiro, explicando que em Bitetos, onde existe um porto fluvial, foi instalado um posto de turismo.

“Beneficiamos, sobretudo, da divulgação das po-tencialidades de Marco de Canaveses. Acredito que, eventualmente, alguns desses visitantes regressam mais tarde, por via terrestre”, adiantou, revelando que ao longo da margem do Douro, o fenómeno da “segunda habitação” e o alojamento rural têm registado aumentos significativos.

Hotelaria de grande capacidade depende da vontade dos investidores

Apesar do incremento da oferta ao longo dos últimos anos, o concelho regista, mesmo assim, carências a nível de alojamento turístico, em particular de uma ou mais unidades hoteleiras de grande capacidade.

A questão merece especial atenção por parte da au-tarquia, que se tem desdobrado em esforços para atrair investidores ao concelho, garante a vereadora do Turismo, mas salienta que o problema poderá ser encarado de um outro ângulo.

“Temos que pensar num todo, em termos de região. No Marco não há unidades hoteleiras de grande ca-pacidade mas em Amarante há, tal como em Baião. Acho que, neste caso, podemos resolver a questão partilhando o que cada concelho tem para oferecer”. E acrescentou: “Na minha opinião, o alojamento em espaço rural, que tem registado um crescimento da oferta nos últimos anos, tem vantagens: é um serviço

PAULO A. TEIXEIRA [email protected]

Gorete Monteiro, vereadora do pelouro do Turismo e Inovação, em entrevista à Mais Norte

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Marco de Canaveses quer ser destino de eleiçãona área do Grande Porto

30 Mil visitantes registados em 2014Segundo os dados auferidos pela Câmara Municipal do Marco de Canaveses, em 2014,

cerca de 31 mil visitantes foram registados nas atrações turísticas mais visitadas do concelho, nomeadamente a Igreja de St. Maria e a cidade Romana de Tongobriga.

A igreja da autoria de Siza Vieira atraiu um público maioritariamente estrangeiro, com o Japão a liderar com 1500 turistas, seguido da Espanha, com 500 e Alemanha, 300.

“Vêm praticamente de todo o lado do mundo. Há ainda a registar visitantes da China, Austrália, Indonésia e mais países europeus”, adianta Gorete Monteiro, vereadora do Turismo.

Em termos globais, o concelho acompanha o crescimento do número de visitantes e dormidas da região, de acordo com os dados que foram avançados recentemente pela Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal.

Turismo religioso Os eventos de cariz religioso atraem

anualmente milhares de forasteiros e romeiros ao concelho. Para além das dezenas de pequenas romarias que se realizam sobretudo no verão, Marco de Canaveses é palco para dois eventos importantes no calendário religioso: As Endoenças, por altura da semana santa, e a romaria de N. Senhora Do Castelinho, em setembro.

A Procissão das Endoenças, que são realizadas conjuntamente por Penafiel, Marco de Canaveses e Castelo de Paiva, está integrada no “Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial” a partir deste ano. A procissão percorre as margens dos rios Tâmega e Douro, num percurso entre os três concelhos iluminado por milhares de velas.

mais personalizado em que o cliente controla a sua agenda, não estando sujeito aos horários e ementas de um hotel, por exemplo”.

Apesar disso, adianta ainda Gorete Mon-teiro, o município “vai continuar a tra-balhar” no sentido de atrair investidores para instalar pelo menos duas unidades de grande capacidade para o concelho, nomeadamente perto da cidade e outra em Alpendorada.

“Estamos a trabalhar constantemente nesse sentido, a falar com interessados e investidores. É preciso compreender que a instalação de um ou mais hotéis no Marco não depende só da Câmara Municipal mas, sobretudo, da vontade das pessoas”, concluiu.

Rio Tâmega como polo turístico e cultural

Apesar da crescente importância do Douro no turismo, o rio Tâmega continua a ser uma das apostas da autarquia na área do turismo, cultura e desporto.

A albufeira artificial da barragem do Torrão, construída nos anos 80, criou condições para a instalação de um porto fluvial praticamente às portas da cidade. O local acolhe anualmente milhares de praticantes de desportos náuticos e serve de palco para diversas atividades de cariz lúdico, cultural e religioso.

Paisagem e património: serras, vales e a Rota do Românico

O concelho, enquadrado pelos rios Dou-ro e Tâmega e a serra da Aboboreira pos-sui um vasto património paisagístico, cul-tural e arquitetónico. Tongobriga e a Igreja de Santa Maria são os mais relevantes mas existem outros monumentos de gran-de importância histórica e religiosa.

Desde 2010, uma dezena de edificações foram integradas na rota do Românico, nomeadamente o Memorial de Alpendu-rada, a Ponte do Arco, no rio Ovelha e o Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa do Bispo, entre outras.

Vinho e GastronomiaO vinho produzido em Marco de Cana-

veses encontra-se entre os mais aprecia-dos e premiados verdes de toda a região denominada. O produto merece uma rota turística própria que tem ganho novos adeptos ao longo dos anos e projetado o concelho a nível nacional e mundial.

A ideia de uma rota temática foi alar-gada, recentemente, ao prato típico do concelho: o anho assado com arroz de forno. A confraria homónima, sediada no Marco, lançou o repto a cerca de uma dezena de restaurantes para se servir o prato, tipicamente domingueiro, todos os dias da semana.

Cais fluvial de Bitetos

Igreja de Santa Maria

Tongobriga

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O outono já é aparente ao longo das margens do rio Tâmega onde ainda perduram os ecos de um verão em que as ruas do centro histórico de Amarante vibraram, dia e noite, com a presença de milhares de visitantes. Embora uns tenham rumado à cidade em cumprimento de tradição,

muitos foram atraídos por um ambicioso cartaz cultural que fomentou cultura e jovialidade nas ruas da cidade. Para além de eventos que já são parte integrante da cultura do concelho,

como as festas do junho, em honra a São Gonçalo, ou a já bem estabelecida Feira à Moda Antiga, Amarante serviu de palco, este ano, a uma oferta diversificada que, em alguns casos, colocou lado a lado nomes sonantes do panorama musical nacional com o melhor que se faz em casa.

Amarante, berço de Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e Amadeo Souza--Cardoso, não se fica pelos louros de um verão memorável. Até ao final do ano, e já inverno adentro, a cultura estará presente em diversos espaços da cidade, nomeada-mente no Mercado Municipal.

“O Mercado da Música é um exemplo daquilo que pretendemos para Ama-rante: que tenha uma oferta transversal a vários públicos durante todo o ano civil”, explica André Magalhães, vereador da Câmara Municipal.

No âmbito deste projeto, e até dezembro, aquele espaço serve de palco a uma série de concertos, todos as sextas, pautados sobretudo pela diversidade: rock, samba, PAULO A. TEIXEIRA

[email protected]

André Magalhães, vereador da CM Amarante com os pelouros da Juventude, Desporto, Empreendedorismo e Desenvolvimento Económico

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blues, hip-hop e world music, entre outros.O responsável por diversos pelouros,

nomeadamente da Juventude e Desporto, defendeu, em declarações à Mais Norte, a criação de “produtos nas diversas perspe-tivas de intervenção, nomeadamente a cultural” que preencham, entre outros, as lacunas sentidas pela população jovem do concelho.

“Começamos por pequenas interven-ções, nomeadamente nas festas tradi-cionais de junho, onde fizemos algumas adaptações nesse sentido. No cartaz de verão também tivemos esse cuidado com a seleção de artistas para que também se apelasse a uma faixa etária mais jovem”, explica.

Para além de nomes sonantes do panora-ma musical nacional, como os Buraka Som Sistema, Rita Redshoes e Legendary Tiger-man, o cartaz cultural incluiu a realização de atividades culturais que privilegiaram os jovens talentos locais.

Nesse sentido, a cidade foi palco, pela pri-meira vez, para o Bandarte, um festival de bandas amadoras, e o Há Fest, uma semana cultural que serviu de montra para uma di-versidade de talentos artísticos do concelho.

“Foi preciso, acima de tudo, inovar. E a recetividade foi muito boa. Aliás temos recebido mensagens de muitos jovens a fazer propostas para realizar alguns pro-jetos e ideias para os que já promovemos e que poderemos incluir nos próximos

anos”, esclareceu André Magalhães.O vereador adiantou, ainda, que o modelo

para a realização destas iniciativas foi fruto do diálogo que a autarquia encetou com o público-alvo e várias entidades associativas do concelho.

“Mas acho que 2016 vai ainda ser melhor”, adianta André Magalhães, concluindo: “Este foi o ano zero para algumas das iniciativas. Acredito que a experiência adquirida vai resultar num melhor ano em 2016, com o regresso de vários destes projetos e de outros novos que sublinham, acima de tudo, que Amarante tem uma preponderância em diversos setores, no panorama regional e mesmo nacional”.

Diversidade e juventude marcam cartaz cultural em Amarante

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NOTAS DE PROVA:

O mais novo descendente dos vinhos da WINE & SOUL, o Manoella Tinto 2013 poderá igualmente ser uma grande surpresa, já que estamos perante um vinho dos enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio, “mentores” do famoso Pintas e que aqui nos apresentam, talvez, uma das melhores relações preço/qualidade da Região do Douro.

Manoella representa o equilíbrio entre concentração e frescura. O seu nariz é envolvente e de longo perfume a fruta vermelha madura, mas sem qualquer sobre maturação. Na boca mostra toda a sua força, num conjunto muito equilibrado entre fruta, poder de boca e frescura.

Ligações gastronómicas: Tapas de enchidos e queijos, pratos de carne vermelha ou caça.

Castas: 60% Touriga Nacional, 25% Touriga Franca, 10%Tinta Roriz e 5% Tinta Francisca.

Vinhose provas

Vinho Tinto DouroPreço: 13,20 €

MANOELLA 2013

O OUTONO chegou e com ele o início de uma estação com um charme especial. É o início de um clima mais ameno, o início da procura por “canto”, um “aconchego” especial e… haverá algo melhor do que, nesses momentos, ter um bom vinho ao nosso lado?! Nesta estação reaparecem os vinhos tintos. É uma época em que apreciamos um vinho mais encorpado e bem-estruturado!

Vinhospara beber no outono

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Tlf. [email protected]/garagewines.ptwww.garagewines.pt

MATOSINHOS

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Textos e Provas:

Ivone Ribeiro

Vinho Tinto DouroPreço: 14,50 €

POMBAL DO VESÚVIO2011

NOTAS DE PROVA:

Num estilo “Duriense” o Pombal do Vesúvio, com origem na Vinha do Pombal da Quinta do Vesúvio, é um tinto guloso, denso, poderoso no aroma, com belíssimas notas de fruta vermelha e a mostrar belas notas de barrica.Na boca, o seu lado duriense e poderoso, a contracenar com a sua excelente finura e elegância de taninos, com um fresco ao mesmo tempo, final de boca cheio e longo comprimento.

Ligações gastronómicas: pratos de carne vermelha, queijos fortes. Castas: 50% Touriga Franca; 40% Touriga Nacional; 10% Tinta Amarela.

Vinho Tinto DãoPreço: 15,75 €

CARVALHAIS Alfrocheiro 2012

NOTAS DE PROVA:

Quinta dos Carvalhais Alfrocheiro é um vinho com uma excecional qualidade e personalidade. A região mãe – “Dão”– onde obtém o que de melhor esta casta pode apresentar! Com grande elegância, intenso e simultaneamente delicado, que reflete bem a diversidade e o enorme potencial do Dão.De nariz refinado e elegante, apresenta notas de frutos vermelhos e algumas notas florais. Na boca mostra uma notável elegância e suavidade, acidez muito equilibrada. O seu final é longo e elegante.

Ligações gastronómicas: pratos de carne grelhados, cogumelos, peixes gordos assados.

Castas: 100% Alfrocheiro.

Vinho do Porto Branco // Preço: 16,50 €ANDRESEN PORTO WINE WHITE 10 ANOS

NOTAS DE PROVA:

Desconhecido da maioria, adorado pelos conhecedores, o Vinho do Porto Branco envelhecido pode ser “a surpresa”!O Vinho do Porto branco apresenta-se em vários estilos e está diretamente associado ao período de envelhecimento em madeira, mais ou menos prolongados, e a diferentes graus de doçura, que resultam do modo como é conduzida a sua elaboração. Este Andresen, casa emblemática na produção de

“grandiosos” Vinhos do Porto Branco, é um vinho de agradáveis aromas a frutos secos, ligeiramente iodados, com nuances de mel e cacau e ligeiras notas de madeira. A sua boca envolve-nos num primeiro contacto de boca suave e delicado, com notas de frutos secos, mas com um final muito longo e complexo.Ligações gastronómicas: Foie-gras, sobremesas doces, como tortas, bolos com frutos secos, leite-creme.Deve ser servido a 12º.Castas: 25% Malvasia Fina, 40% Códega, 20% Rabigato, 15% Arinto.

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Uma das mais conceituadas provas de “running” está de regresso à cidade do Porto. Com partidas e chegadas no Parque da Cidade (Queimódromo), a Maratona do Porto EDP realiza-se a 08 de novembro, pelas 09:00.Na 12ª edição deste evento, existem três tipos de corridas: caminhada de 6km (Mini-Maratona), destinada a todas as faixas etárias; uma corrida de 15km (Family Race) para atletas federados e não federados nascidos até 1997 e outra corrida de 42km (Maratona) para atletas federados e não federados nascidos até 1995.Com as margens do Rio Douro como pano de fundo, este evento desportivo une as três cidades da frente atlântica: Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia.

Jorge Manuel Costa Pinheiro

Comércio de todo o tipo de material de escritórioRua Frei José Amarante - S. Gonçalo - Amarante | Telef. 255 424 864 * Telem. 917 349 473

PORTO

OUTROS

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TO P eventosPORTO / MATOSINHOS / GAIA

Informação atualizada em: maisnorte.pt

12ª MARATONA DO PORTO EDPJosé Cid, na companhia da sua Big Band, atuará no Coliseu do Porto, dia 31 de outubro, pelas 22:00, para apresentar o seu mais recente disco.Um dos maiores nomes da música nacional, com uma carreira a ultrapassar os 40 anos, sobe ao palco da mais conceituada sala da cidade Invicta para cantar alguns dos seus maiores sucessos, tais como “Na Cabana junto à Praia”, “A Minha Música”, “A Rosa Que Te Dei”, entre outros temas a juntar às suas mais recentes composições, como “Menino Prodígio”, “Louco Amor, etc.

David Fonseca está de regresso à cidade do Porto para mais um espetáculo inédito. O cantor atua dia 31 de outubro na Sala Suggia, na Casa da Música, pelas 21:00, apresentando o seu mais recente álbum “Futuro Eu”, o primeiro em língua portuguesa.Após o sucesso dos Silence4, David Fonseca decide seguir uma carreira a solo, que o transforma num ícone da musical nacional, mostrando o seu lado mais pessoal neste disco.Na Casa da Música, o artista, natural de Leiria, partilhará o palco com Ricardo Fiel (guitarra elétrica), Nuno Simões (baixo), Sérgio Nascimento (bateria) e Paulo Pereira (teclados, programações e voz).

AMARANTE

DAVID FONSECA NA CASA DA MÚSICA

JOSÉ CID NO COLISEU DO PORTO

A cidade de Amarante será palco da Corrida do Vinho Verde, a 25 de outubro, com início às 09:15 na Avenida General Silveira.Numa iniciativa da autarquia local em parceria com o Clube de Atletismo do Tâmega, esta corrida, gratuita, com cerca de 10km, vai percorrer vários pontos da cidade. Para o presidente da câmara, José Luís Gaspar, este evento “pretende promover hábitos de vida saudáveis, trazendo as pessoas para a rua.”

MONICA FERRAZ EM VILA DO CONDEA cantora Mónica Ferraz, que tem conquistado o público e a crítica nacional, sobe ao palco do Teatro Municipal de Vila do Conde, a 31 de outubro, às 21:30, para apresentar os seus mais recentes êxitos musicais numa mistura de rock, pop e soul, sem esquecer os sucessos de “Go Go Go”, “Golden Days”, entre outros.

MAYRA ANDRADE NO COLISEU DO PORTONo âmbito do Misty Fest, festival que leva a melhor música às melhores salas e aos meus públicos, Mayra Andrade sobe ao palco do Coliseu do Porto, a 04 de novembro, às 21:00, para mais um dos seus concertos especiais em Portugal.A artista, destacada como uma das mais amadas vozes de Cabo Verde e que mantém relações especiais com alguns dos músicos portugueses, como Pedro Moutinho ou mais recentemente António Zambujo, apresentará o seu mais recente trabalho “Lovely” bem como êxitos já conhecidos, que a destacaram no panorama internacional.

FESTIVAL DE MARIONETAS EM ESPINHOA Câmara Municipal de Espinho, pelo terceiro ano consecutivo, organiza o “Concurso de Marionetas e outras formas de animar”, com candidaturas abertas até 15 de janeiro de 2016. No âmbito do Festival Internacional de Marionetas de Espinho, este evento dirige-se a artesãos, escultores, artistas plásticos, marionetistas e, pela primeira vez, a estudantes de cursos de artes.Este concurso promove igualmente uma exposição onde ficarão expostas as obras candidatas, permitindo ao público ficar a conhecer a diversidade e qualidade desta arte.

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