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Simbolo de estilo e contestação, as tatuagens podem e devem ser exibidas. Neste Maré, quatro tatuados mostram seus desenhos
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CASA & ESTILO UMA CASA DE
PRAIA PENSADA PARA REUNIR
A FAMÍLIA
GIOVANNA ANTONELLI SE
PREPARA PARA NOVOS DESAFIOS
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À flor da pele
Símbolo de estilo e contestação, as tatuagens podem e devem ser exibidas. No Maré de hoje, 4 tatuados mostram seus desenhos
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A fotógrafa Eva Fon e o detalhe de uma de suas
tattoos: forma de se expressar
TV G
LOBO
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AÇÃO
8. REVISTA MARÉ Maceió, domingo, 12.02.2012 CAPA
SEGUNDA PELE Se um dia a tatuagem foi um sím-
bolo de marginalidade, nos dias de ho-je a história é bem diferente. Popular, a técnica de pigmentar a pele nunca foi tão difundida. Tanto que virou te-ma de reality show na TV norte-ame-ricana. Ou vai dizer que você não lem-bra de Miami Ink? Atualmente exibida no canal pago LIV, a série mostra a ro-tina de um estúdio de tatuagem e con-ta a história de pessoas em busca de desenhos permanentes.
O desejo de se tatuar, porém, não vem de hoje. Tão antiga quanto a pró-pria história da humanidade, a tatua-gem já fazia parte da cultura de tri-bos indígenas e chegou a estampar corpos de reis, imperadores e aristo-cratas que no século 18 comandaram nações tão poderosas quanto Alema-nha, Holanda e Inglaterra.
No Brasil, os desenhos permanen-tes ‘ganharam’ a classe média urbana somente nos anos 70, quando os sur-fistas aderiram à moda. De lá para cá, além de símbolo de contestação, a ta-tuagem também se tornou uma refe-rência de estilo. Nesta edição, o Maré mostra a história de quatro apaixona-dos por tattoos. Vai encarar?
Por Carla Castellotti
Tão antiga quanto a história da humanidade, a tatuagem se tornou um símbolo de estilo e atitude. Nesta edição, uma turma que não tem medo de mostrar suas ‘estampas’ conta ao Maré por que as tattoos são um grande barato
SER DIFERENTE É SER NORMAL “Sou um cara normal, co-
mo qualquer outro”, avisa Na-tan Batista, 23. Para o jovem formado em marketing, tatu-agem é arte, e por isso mes-mo – ele ressalta – há um bom tempo a técnica deixou de ser mal vista. O que come-çou com um dragão na per-na, conta ele, fundiu-se no que o rapaz considera um só desenho: “Algumas possuem um significado importante para mim, outras são mais estéticas; mas todas repre-sentam determinadas fases da minha vida e contam um pouco da minha história”.
E se de repente você sentiu aquela vontade de fazer uma tattoo, Natan dá o conselho: pense duas vezes. “Tudo que está prestes a se tornar de-finitivo causa uma certa afli-ção. Mas acho que faz parte do processo e é legal, porque te faz pensar e avaliar novas possibilidades”, observa. Per-
8. REVISTA MARÉ Maceió, domingo, 12.02.2012
guntado se já sentiu olhares de reprovação na rua, Natan é direto: “O preconceito fun-ciona como um filtro: afasta as pessoas que me definem equivocadamente e aproxima as pessoas que querem saber eu quem sou de fato”.
FOTOS: FELIPE BRASIL
Rafa Kissy exibe suas tatuagens
old school: acessórios
Para Natan Batista, suas
tatuagens são como
um escudo
Maceió, domingo, 12.02.2012 REVISTA MARÉ .9
COMO CUIDAR DA SUA TATTOO
COMO ADORNO A fixação é antiga. Aos cin-
co anos, Rafaela Lopes, a Ra-fa Kissy, adorava ‘fazer’ ta-tuagens de chiclete e nem mesmo suas bonecas esca-pavam. A menina cresceu e o gosto pela ‘brincadeira’ vi-rou coisa séria. Bastou atin-gir a maioridade para, em três meses, fechar o braço esquer-do com uma série de dese-nhos old school. Hoje, aos 22, a estudante de publicidade contabiliza três tatuagens. E, ao contrário do que se pode imaginar, Rafa não ‘enxerga’ um significado nos desenhos estampados em seu corpo. “Tenho tatuagens mais como um ‘acessório’. Nenhuma de-las tem algum significado, to-das foram feitas por pura es-tética”. Segura de suas esco-lhas, Rafa não deixa de lem-brar que ainda há muita gente que discrimina os tatuados. “Em qualquer lugar que se vá sempre terá alguém que vai achar feio, e até olhar para você estranho, como se você fosse de outro mundo”.
LIFE STYLE Era 1990, e a MTV estre-
ava no Brasil. Desde então, a cultura do videoclipe dis-seminada pelo canal foi res-ponsável por influenciar to-da uma geração. O fotógrafo João Schwartz, de 18 anos, é um exemplo. “Desde pequeno queria ter uma tattoo. Via mui-tos clipes de bandas que gos-tava na infância, e muitos ar-tistas tinham tatuagem. Por isso pensava: ‘Por que não?’”. Aos 16, João fez seu primei-ro desenho: uma âncora, na coxa esquerda. Hoje, aos 18, já são três e ele não pretende parar tão cedo. Prestes a ‘fe-char’ o braço, o rapaz que en-cara a tatuagem como um di-
FORMA DE EXPRESSÃO Pare e pense. É esse o
conselho que Eva Fon, de 27 anos, dá para quem preten-de fazer sua primeira tatua-gem. A fotógrafa, que cole-ciona quatro senhores dese-nhos, embora sempre tenha apreciado a arte da pigmen-tação da pele, lembra que, quando se age por impulso, é fácil acabar exibindo um desenho que mais tarde po-de não ter grandes significa-dos. “Todo mundo que cur-te tattoo sempre tem uma meio nada a ver. A minha pri-meira foi um tribal, bem ‘fei-
nho’”, conta Eva. A fotógra-fa costuma atribuir significa-dos às suas tatuagens. “Te-nho flores porque curto mui-to a natureza, tenho oriental porque meu avô era chinês, fiz outra para meu filho e por aí vai...”, enumera. Quanto ao preconceito, Evinha pondera: “Quando temos algo diferen-te em nós, estamos propen-sos a nos olharem – e ca-da pessoa tem uma opinião”. Eva vê as tattoos como arte e como forma de expressão: “O tatuador também é um artis-ta; nós somos a tela”.
ferencial – “uma forma de ca-nalizar ideias” – procura mes-clar a estética dos desenhos com seus significados. “A ân-cora, por exemplo, transmite uma mensagem de força e es-tabilidade, equilíbrio. Além de ser um desenho de que gos-to muito”, explica. À frente do projeto fotográfico Viper, que cobre as festas mais descola-das da cidade, João diz que preconceito é coisa do pas-sado. “Hoje em dia a tatua-gem não é marginalizada co-mo antigamente”, acredita o rapaz, que questiona: “Temos problemas mais importantes para resolver antes de ligar para isso, não é?”.
Tatuadora há 15 anos, a paulista Cláudia Fanti é linha dura com seus clientes. A profissional não tatua nin-guém que estiver alcoolizado ou dro-gado e recomenda: “Para aguentar uma sessão, é preciso estar bem ali-mentado e com o sono em dia”.
Tatuagem pronta, ela indica uma pomada cicatrizante e recomenda lavar a área tatuada com sabonete antisséptico e água fria. “Na hora de secar, use toalha limpa ou papel toa-lha, sempre com movimentos leves”.
Nas duas primeiras semanas, é importante evitar banho de sol, mar e piscina, assim como não se deve comer peixe ou frutos do mar, nem
carne de porco e derivados como bacon, calabresa e presunto. O moti-vo? O regime ajuda na cicatrização.
A tatuadora também aconselha os recém-tatuados a se afastarem dos exercícios físicos durante a pri-meira semana. Tatuagem cicatriza-da, Cláudia aconselha o uso do blo-queador solar, já que “todas as tintas usadas para o procedimento são fo-tossensíveis – o sol desgasta, acaba com o colorido e a vivacidade”.
Por fim, a profissional dá a dica: “Na escolha da sua tatuagem, evite conselhos de outras pessoas: como ela ficará para sempre no seu corpo, a decisão deve ser 100% sua”.
Eva Fon possui quatro mega tattoos: “Nós somos a tela”
João Schwartz fez seu primeiro desenho aos 16 anos – e não pensa em parar tão cedo