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Revista Médica

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�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

O centenário de nascimento do cientista Evandro Chagas é fato marcante na história do

combate às endemias na Amazônia, pois a trajetória de vida do pes-quisador se confunde com a pró-pria história do Instituto Evandro

Chagas, ao qual deu seu nome, uma das maiores referências no País quando se fala de doenças tropicais. Fundado em 1936 pelo próprio Evandro Chagas, o Instituto chega aos 70 anos de vida home-nageando a memória de seu pre-cursor. Uma série de eventos estão programados para este mês.

Apesar da morte prematura, com pouco mais de três décadas de vida, Evandro Chagas deixou um legado singular na área de pesquisa científica na Amazônia e no País. E para promovar que o paraense "tem memória", sim, o antigo prédio

do Instituto Evandro Chagas será transformado em Museu, contando um pouco da vida do cientista e da trajetória institucional. E uma moderna e nova sede já está aí, na rodovia BR-316, fazendo jus ao tra-balho e à importância dos estudos desenvolvidos pelos nossos pesqui-sadores da saúde.

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A ciência na Amazônia

e d i­ t o­ r i­ a lE X P E D I E N­ T E

MÉDI­CA é uma publicação da Sette Editora, Comunicação & Design.CNPJ: 06118513/0001-88Telefone: 91-3276-3135Diretores Antonio Carlos Pimentel Jr. Fernando Sette Câmara Lázaro Cardoso de MoraesGerente Comercial Heloísa PintoJornalista responsável Antonio Carlos Pimentel Jr. (Registro Profissional 982- DRT/PA)Consultoria médica Dr. Antonio Pimentel (CRM-470) e dr. Eduardo Mikio Yanaguibashi (CRM-4814)Fotos Eunice PintoReportagens Kélem CabralProjeto gráfico e capa Fernando Sette CâmaraArte-finalista: André RibeiroImpressão: RM Graph

Os artigos assinados são deresponsabilidade dos autores.

José Luiz Carvalho discute a unificação no tratamento de câncer..

Belém sedia Jornada de Oncologia 5 28

Liga Educativa fundada por estudantes da Uepa e UFPA vai fazer pesquisas..

Acadêmicos váo atuar junto às comunidades

24Programação incluiu palestras, debates e

até salvamento em casos de infarto.

Congresso de Cardiologiainveste em prevenção

Dr. Luiz Abílio Oliveira promete lutar em defesa do Ato Médico.

Metas do novo presidente da Sociedade-Médico Cirúrgica19

Instituto Evandro Chagas homenageia o cientista Evandro Chagas, fundador da Instituição, que completaria 100 anos,

se vivo fosse. .

O centenário de nascimento de Evandro Chagas 16

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Questões livres

A Fisioterapia dermato-funcinal ou estética, como é mais conhecida, prevê a recuperação física - fun-

cional dos distúrbios endócrino/metabó-licos, dermatológicos e músculo - esquelético. Usando para tal, a arte de prevenir e restaurar as alterações patológi-cas “lançando mão de conhecimentos e recur-sos próprios, com os quais, baseando-se nas condições psico - físi-co - social, busca pro-mover, aperfeiçoar ou adaptar através de uma relação terapêutica, o indivíduo a uma melhor qualidade de vida”.

Uma vez que os tratamentos estéti-cos eram tratados como empíricos, devido à falta de comprovação científica, hoje o mercado do bem-estar e de melhora da qua-lidade necessitou de profissionais habilita-dos baseando-se em evidencias científicas. Neste contexto surgiu o FISIOTERAPEUTA

DERMATO-FUNCIONAL, que evolui a cada dia e traz a formação de profissionais especializados com base científica em todas as aplicações e ações terapêuticas e, acima

de tudo, com responsabilidade ética. O fisioterapeuta dispõe de meios físi-

cos e técnicas terapêuticas como eletrotera-pia, técnicas manuais, cinesioterapia, rpg, cosmetologia, nutrologia, capazes de tratar efetivamente diversas patologias clínicas e estéticas com conhecimentos relevantes de anatomia, fisiologia e patologia. Esse conhecimento proporciona uma abordagem

direcionada à forma precisa de tratamento, potencializando e assegurando resultados efetivos, sem causar riscos à saúde.

A partir desta idéia , disponibilizamos nossos serviços com o objetivo de oferecer melhores resultados, menores riscos e cui-dados especialmente direcionados ao bem-estar e melhora da qualidade de vida de nossos pacientes.

Áreas de atuação do fisioterapeuta der-mato-funcional:

• Queimados;• Estética corporal e facial;• Pré e pós-operatório de cirurgia

plástica;• Pré e pós-operatório de mastecto-

mia;• Pré e pós-operatório de cirurgia

bariátrica;• Outros.

Dr. Hadso­n Avi­z Fi­si­o­terapeuta dermato­-funci­o­nal

O que éfi­si­o­terapi­a

dermato­-funci­o­nal?

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Jornada

A região Norte reuniu durante três dias,

em dois Estados diferentes, alguns dos maio-

res especialistas em oncologia do País. Os

eventos ocorreram de maneira pioneira, no

Tocantins e no Pará, com a realização da II

Jornada Brasil Central de Oncologia, nos

dias 9 e 10 de novembro, no auditório das

faculdades TIPAC, em Araguaína (TO), e

nos dias 10 e 11, no hotel Sagres, em Belém,

com a promoção do Onco 2005.

Segundo o vice-presidente da Sociedade

Brasileira de Cancerologia (SBC), José Luiz

Carvalho, os eventos possibilitam a profis-

sionais e acadêmicos de medicina dos dois

Estados a atualização nos temas que hoje são

destaque em todos os congressos nacionais e

mundiais sobre o assunto.

Vindo recentemente do IV Congresso

Brasileiro de Oncologia Clínica realiza-

do em outubro, no Rio de Janeiro, jun-

tamente com o XV Congresso Integrado

Latino-Americano de Cancerologia, José

Luiz Carvalho informou que a presença de

profissionais de ponta para os encontros no

Tocantins e no Pará possibilita regionalizar

a experiência vivida no RJ, na qual foi

possível, através da reunião de especialistas

de todos os Estados brasileiros, além dos

convidados internacionais, estabelecer um

consenso, uma unidade no tratamento das

diversas patologias que são mais comuns

na área da oncologia, a exemplo do câncer

de mama, de colo uterino, do pulmão, entre

outros. Dessa forma, enfatizou o médico,

o mesmo tratamento que é feito em São

Paulo também será realizado em Belém.

Uma novidade acertada no encontro

nacional, conforme explicou José Luiz, foi

a realização de reuniões semestrais entre

os vários profissionais para continuar o

intercâmbio e a troca de informações, para

que cada região enriqueça seus conheci-

mentos com os especialistas de todo o País,

e assim manter a unidade e a qualidade no

tratamento de câncer em todo o território

nacional.

tenta unificar tratamento

Onc

olog

ia

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Pará é referênciaO Pará desponta no cenário nacio-

nal como uma importante referência no tratamento do câncer. De acordo com o José Luiz Carvalho, que também chefia a Oncologia Clínica do Hospital Ofir Loyola. A unidade de saúde paraense é a única da região Norte credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS) a fazer o tratamento integral do câncer. “Temos os melhores equipamentos de radioterapia, de quimioterapia, além da cirurgia que

está entre as mais avançadas do País”, enfatizou.

Ele explicou ainda que o Ofir Loyola trata de todos os tipos de câncer e recen-temente teve seu quadro clínico ampliado com a contratação de novos especialistas na área, entre eles, um oncologista pediá-trico, especialidade que, embora o hospital registrasse uma grande demanda, ainda não existia em Belém.

O médico salientou ainda que o Pará é respeitado nacionalmente também nas pesquisas relacionadas a tratamentos. Luiz Carvalho lembrou que hoje ainda não existe uma vacina eficaz contra o câncer, mas já há uma vacina contra o papiloma vírus (HPV), que se reconhece como um dos principais favorecedores do câncer de colo uterino. Vale frisar que essa vacina começou a ser pesquisada em 1985, em Belém, e à medida que os estu-dos foram avançando foi transferido para o centro-sul do País.

Jornada

destaque | josé luiz carvalho ressalta o destaque do pará em nível nacional

- Dra. Lair Barbosa Ribeiro (BA), presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.- Dr. Enaldo Melo de Lima (RJ), presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.- Dr. José Luiz A. Carvalho (PA), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.- Dr. André Perdicaris (SP), membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo.- Dr. Paulo Eduardo Novaes (SP), Hospital do Câncer A C Camargo.- Dr. David Bichara (PA), presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica do Pará.- Dr. José Geraldo Rigotti de Faria (TO), Faculdade de Medicina de Araguaína ITPAC. - Dr. Nader Suleiman (TO), Faculdade de Medicina de Araguaína ITPAC.

Palestrantes convidados para a II Jornada e para o Onco 2005

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Jornada

O tabu da doença câncer, que antes era vista socialmente como um atesta-do antecipado de morte, está virando coisa do passado, conforme garantiu José Luiz Carvalho. E a principal razão dessa mudança de concepção sobre a patologia, afirmou, está na detecção cada vez mais precoce da doença.

Com o fator cura aumentando considera-velmente, os próprios pacientes passaram a entender melhor a evolução da doença, assim como sua família, amigos e seu meio social passam a acreditar que o câncer não é mor-tal, mas precisa ser prevenido. Todas essas pessoas envolvidas acabam se tornando fator multiplicador das ações de prevenção.

As campanhas preventivas e o aumento de informações à população têm sido fun-

damentais na descoberta da doença em sua fase inicial. Luiz Carvalho exemplificou que hoje, no Rio Grande do Sul, o câncer de colo uterino foi quase erradicado. Já no Pará, embora tenha diminuído o número de casos com a prevenção, a incidência continua alta.

Além da cura, a descoberta do câncer na fase inicial faz bem à sociedade e a todo o Estado, que acaba tendo menores custos. Um tratamento quimioterápico de câncer de próstata custa em média R$ 4 mil por mês a cada paciente. Já um exame preventivo da próstata custa apenas R$ 60,00. Um tratamento completo de câncer avançado não sai por menos de R$ 60 mil. Na fase inicial, não custa mais que R$ 5 mil.

Diagnóstico precoce afasta tabu

x XVI Encontro Nacional de VirologiaIII Simpósio Internacional de Oncovirologia – Salvador (BA). De 22 a 25 de novembro, no Bahia Othon Palace Hotel. Maiores informações: www.sbv.org.br

x Society of Urology Oncology (SUO) Meeting De 2 a 3 de dezembro, em Bethesda, MD. Maiores inrforma-ções: [email protected]

x VIII Congresso da Sociedade Latino-Americana para o Estudo da Impotência e SexualidadeDe 1 a 3 de dezembro, no hotel Conrad, em Punta del Este – Uruguay. Maiores informações: [email protected] ou www.slais2005.org.

x VIII Congresso de OftalmologiaDe 25 a 27 de dezembro. Telefone para contato: (11) 5575-0254. E-mail: [email protected]

x 28º Congresso Internacional de Saúde OcupacionalDe 11 a 16 de julho de 2006. Milão (Itália).

x 37º Congresso Brasileiro de Angiologia e Cirurgia VascularNo Centro de Convenções de Goiânia (GO). Informações: SBACV – Regional Goiás. Telefone: (62) 565-4129.

Agenda de eventos

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A especialidade há longas datas consagrada como Angiologia vem na primeira década do

século XX passar a ser chamada tam-bém de Cirurgia Vascular, fato este que coincide com as técnicas aí desen-volvidas para a abordagem cirúrgica das artérias e veias, território até então temido pelos angiologistas.

Nas últimas décadas, a cirurgia

vascular se organizou como discipli-na, os procedimentos foram sendo refinados, os dispositivos aperfeiçoa-dos, e as cirurgias foram sendo reali-zadas com maior segurança.

Então é necessário que hoje se desmistifique o que uma grande par-cela da população ainda pensa: que tal especialidade dedica-se somente ao tratamento das varizes de mem-bros inferiores. Apesar de constitu-írem uma boa parte da clientela do cirurgião vascular, há uma gama de patologias que são abordadas pela especialidade e devem ser divulgadas para a população em geral, que, mui-tas vezes, apresentam os sintomas e ficam sem a assistência adequada.

Dentre estas, encontramos patolo-gias também venosas como a “trom-bose venosa profunda” e as mais importantes, que são as doenças arte-riais, estas atingem principalmente indivíduos expostos a fatores de risco

como diabetes e tabagismo, e se expressam anatomicamente através de dilatações das artérias (aneuris-mas) ou das obstruções arteriais, e ambas devem ser cuidadosamente conduzidas, tendo em vista as trági-cas conseqüências que a falta de tra-tamento adequado pode acarretar.

Os aneurismas, principalmente os de abdome, muitas vezes assintomá-

ticos, são geralmente detectados por exames de imagem, como ultra-sono-grafia e tomografia computadorizada, que são solicitados para investigar outras patologias. Devendo desde sua descoberta ter seu tratamento condu-zido pelo cirurgião vascular, quer seja este tratamento conservador, cirúrgi-co ou endovascular.

Já as obstruções arteriais tradu-zem-se clinicamente pela dor nos membros inferiores, geralmente nas panturrilhas, ao caminhar, e que melhora com o repouso, a chama-da claudicação intermitente. Sendo este o sintoma inicial, porém, muitas vezes os pacientes só chegam à espe-cialidade em fases bastante avança-das, quando já há dor em repouso, avanço este que dificulta o tratamento clínico ou cirúrgico.

A correção cirúrgica das obstru-ções arteriais geralmente é realizada através de um by-pass, ou seja, enxer-

tos realizados com um componente autólogo como a veia safena ou pró-teses sintéticas.

A correção dos aneurismas pode ser realizada através de cirurgia con-vencional (aberta), ou mais recente-mente, por via endovascular. Desde que em 1991 o argentino Parodi rea-lizou o primeiro tratamento de um aneurisma de aorta abdominal com

uma endoprótese, estava con-sagrada uma nova era, a da cirurgia endovascular, que se baseia no cateterismo arterial, conduzindo as endopróteses para a correção aneurismática, evitando assim as complicações de uma abertura da cavidade abdominal ou torácica.

Isto obrigou os cirurgiões vasculares a adquirirem experi-ência e habilidade com as técni-cas de cateterismo arterial. No início dos anos 2000, iniciou-se um grande debate para estabe-

lecer as verdadeiras indicações e os limites dessa nova técnica. No ano 2003, apenas nos EUA, foram utiliza-das mais de 19 mil endopróteses.

E já se vem realizando grande progresso nos estudos de biologia molecular e terapia gênica, a qual se ampliará muito com a decodificação do genoma humano.

Todos estes fatores tornam a Cirurgia Vascular uma especialidade moderna, promissora e fascinante, que traz e ainda trará muitos benefícios para a população em geral.

mitos e perspectivas

C i r u r g i a

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Dr. Glauco­ Melo­

Ci­rurgi­ão­ vascular

Drº Glauco Melo tem título de espe-cialista pela SBACV/AMB, cirurgião vascular do Hospital Geral de Belém-HGeBe e cirurgião vascular do Hospital de Clínicas Gaspar VianaConsultório: Tv. Dom Romualdo de Seixas Nº236 Sl: 7Umarizal – Belém – PATel.: (91) 3224-9682E-mail: [email protected]

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NET

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odontologia, fisioterapia, medicina alternati-va, nutrição e psicologia. Oferece ainda dicas de saúde, culinária light, esportes, serviços e compras.

X http://www.saudevidaonline.com.br Este site elaborado por médicos, oferece informações básicas e superficiais sobre medicina em geral, saúde odontológica e veterinária. Com uma linguagem simples, o acesso é fácil e o conteúdo é basicamente informativo e preventivo.

X http://www.salutia.com Este site latino-americano oferece ao leigo algumas informações simples sobre preven-ção de doenças. Ao se cadastrar, fornecendo apenas dados como e-mail e nome completo, o indivíduo recebe uma senha e pode ter acesso a troca de informações sobre suas dúvidas em saúde com um profissional. É informado ao usuário que a opinião de quem lhe responde às suas questões não deve ser utilizada para diagnóstico e/ou tratamento médico.

X http://www.ama-assn.org Este site da Associação Americana de Medicina oferece ao profissional da área médica o acesso à revista de publicações JAMA e a outros links de saúde. Não é necessário cadastro. Os artigos estão disponí-veis a todos os que visitam o portal.

X http://www.healthatoz.com/ e http://www.healthgate.com Semelhantes aos sites de saúde nacionais, oferecem ao leigo e ao profissional acesso a informações básicas sobre medicina, abordando os mais diversos temas, dispo-níveis numa linguagem simples a todos que os acessam.

X http://www.connectmed.com.br Um site voltado para profissionais de saúde. Oferece ao cadastrado acesso gratuito a publicações e outras informações na área da medicina. Para o cadastro, são necessários o número de registro do médico e o número de matrícula do estudante de medicina.

X http://www.bibliomed.com.br Acesso a notícias diárias de saúde no formato eletrônico com gráficos, ilustrações, tabelas e referências bibliográficas. Oferece a versão eletrônica de várias publicações profissionais (Pan American Journal of Public Health, Pediatria Moderna, Revista Brasileira de Cardiologia, entre outras) em espanhol, portu-guês e inglês; biblioteca eletrônica com mais de cem livros de diversas especialidades. Além disso, o site oferece serviços como informa-ções sobre congressos e compras. Voltado para o profissional de saúde.Para ter acesso à maioria destas informações, é necessário cadastrar-se e efetuar um paga-mento de R$180,00 como anuidade.

X http://www.uol.com.br/intramed Este site, voltado para médicos, de livre aces-so, oferece informações sobre congressos, reciclagem médica, artigos de revisão sobre todos os assuntos e todas as especialidades e links com outros sites de saúde, como por exemplo, BIREME, Medline, Ministério da Saúde, Datasus, entre vários outros.

X http://www.saude.com.br O site promove a abordagem de assuntos ligados à saúde numa linguagem acessível ao grande público. Apresenta matérias, notícias atualizadas e links para páginas de diversas especialidades médicas, com informações simples sobre as patologias; links para acesso a informações sobre clínicas especializadas,

FONTE: www.virtual.epm.br (google)

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x Alexandre O diretor Oliver Stone gastou mais de 150 milhões de dólares nessa superprodução sobre a vida do impera-dor macedônio Alexandre, o Grande. Com rigor visual e impressionante reconstituição de época, o longa pertence à mesma vertente de Tróia ao retomar a tradição dos gran-diosos filmes históricos.

x Menina de OuroDesde a separação dolorosa de sua filha, o treinador de boxe Frankie Dunn (Clint Eastwood) não se permitia aproximar-se de ninguém por um bom tempo, até o dia em que Maggie Fitzgerald (Hilary Swank) entra em sua academia. Numa vida de esforço constante, Maggie mostra ter um talento nato, uma tremenda força de von-tade e um objetivo inabalável.

x Assalto Ao 13º. DP Este policial com altas doses de tensão, violência e adre-nalina é a refilmagem homônima de um dos primeiros tra-balhos do mestre John Carpenter (Halloween), realizado em 1977 em caráter quase caseiro, ultra-independente. Desta feita, porém, o diretor francês Jean-François Richet contou com cerca de US$ 20 milhões.

x Cruzada Reconhecido esteta do cinema, o inglês Ridley Scott é cultuado por suas visões futuristas (Alien e Blade Runner) e por muitas de suas incursões no passado, de sua estréia em Os Duelistas até Gladiador. Com Cruzada, ele atesta ser um dos poucos cineastas em atividade capaz de administrar os elementos dramáticos do gênero.

x A QuedaNo meio de uma noite de novembro de 1942, um grupo de jovens mulheres é escoltado por oficiais das SS, através do bosque, até a Toca do Lobo, o QG de Hitler na Prússia Oriental. São

candidatas ao cargo de secretária pessoal do Führer. Ela é escolhida para o trabalho e a idéia de servir ao Führer pessoalmente a deixa radiante.

x RefémO astro Bruce Willis (da série Duro de Matar) volta a interpretar um persona-gem durão nessa produção cheia de ação que fez bem o estilo do ator. Aqui ele é Jeff Talley, um ex-policial de Los Angeles que se muda para um lugar

menor e mais pacato, mas sua tranqüilidade não dura porque um grupo de adolescentes tenta roubar o carro de uma mansão.

x Kinsey - Vamos Falar De Sexo Apesar de ser um dos mais comentados e premiados filmes do ano passado, o excelente Kinsey - Vamos Falar de Sexo passou

meio despercebido pelos cinemas brasileiros. O home entertainment é uma boa saída para se fazer justiça a essa cinebiografia de Albert Kinsey (Liam Neeson).

x O AviadorÉpico dramático de Martin Scorsese com roteiro de John Logan (Gladiador), que retrata a cultura americana a partir de dois de seus ícones: o empresário, cineasta e aviador milionário Howard Hughes e a fantasia na época áurea de Hollywood.

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cho que a primeira vez que viajei, para outras ter-ras, foi no Maria Fumaça. Facilmente adaptei-me à trepidação que os trilhos

impunham ao trem que trazia e levava gente da cidade ao interior. Eu era menino de colo, de olhinhos espertos e bisbilhoteiros. Fiquei, muitas vezes, da janela desse trem a imaginar que nós estávamos parados e quem corria era o mato vivo, insistindo em cercar a terra que acompanhava os trilhos e confundia-se com as águas escuras dos igarapés. O Maria Fumaça saia de Belém e parava, por momentos, em Santa Isabel, Castanhal, Igarapé-Açu, Capanema e só estancava, de vez, em Bragança. Durante a viagem era esse pinga-pinga danado. Eu aproveitava essas paragens e pedia que me com-prassem pitombas, broas ou mesmo um bom beijinho de moça. Isso pre-ocupava minha mãe e tias, pois com certeza, depois, quando já estivésse-mos em movimento eu pediria água, e se tomava água depois queria xixi...

Quando o chefe do trem, de pale-tó, boné e gravata, anunciava que a próxima parada seria Bragança o alvoroço tomava conta do vagão; o falatório aumentava e os preparati-vos iniciavam-se para a grande che-gada. Faziam-me trocar de camisa, passavam-me brilhantina nos cabelos e pediam que eu ficasse quieto, pois “estávamos chegando”. Minhas tias passavam pó de arroz no rosto e perfu-me atrás das orelhas. Diziam-me: abre a mão. E lá vinha um pouco de perfu-me, o que eu não gostava muito.

Na estação, geralmente, estavam meu avô, tios, primos e outros paren-tes. Quem nunca faltava era o velho Machico, antigo empregado da família que, freqüentemente, carregava nos-sas bagagens em carrinho de mão. Caminhando pelas ruas da cidade, vez

por outra, tínhamos que parar aos cum-primentos e admirações: Como vai? Quanto tempo! Tudo bem? A viagem foi boa? Puxa! Mas como o teu filho tá grande. Menino bonito taí, puxou pra mãe. Não, parece mais com o pai. Meu filho, beije a vovó, ela é comadre da tua vó. Meu filho, beije a titia, nós fomos colegas no ginásio, é como se fôssemos irmãs. Aquilo tudo me irri-tava, pois o que eu queria, mesmo, era chegar logo na casa grande de vovô. Depois de passarmos pelo cinema, grupo escolar e delegacia de polícia avistávamos vovó sentada na porta do casarão; após a espera ansiosa, agora só alegria e satisfação. Abraçava-me com tanta força e carinho que minhas pernas ficavam suspensas no ar.

Terminado o jantar, é hora de crian-ça dormir. Não sei por que eu não tinha o direito de ficar admirando os bibelôs ou me balançando nas cadeiras de palhinha. E como se não bastassem as proibições ainda havia certas obri-gações como escovar os dentes, rezar, deitar e dormir. Naquela época a gente tomava a “bença” e não benção. Era bença vô, bença vó. Deus te abençoe, meu filho. Gesto este que só iria repe-tir-se, no dia seguinte, às seis horas da tarde quando badalavam os sinos da Matriz e a rádio Difusora tocava a Ave Maria.

A cada viagem que fazíamos eu descobria coisas novas. Naquele mundo maravilhoso meu crescimento mais se notava por outras pessoas do que por mim. A casa tinha sala, um varandão com um vaso florido sobre uma mesa de centro e vários quartos que desembocavam num comprido corredor que ligava a varanda até à cozinha. Lembro-me bem do enorme fogão de lenha e de um cachorro chamado Campeiro que aparava no ar os pedaços de carne crua que tia Bebel lhe atirava. Minha amizade com

Campeiro demorou bastante para se firmar, apesar dele gostar de meus afa-gos. Sua ferocidade fazia temer todo o quarteirão. Era um cão valente, de cor marrom escuro, orelhas e rabo caídos e dentes de marfim.

Com o tempo, o Maria Fumaça dei-xou de trabalhar e as linhas de ônibus foram inauguradas e proliferaram. O espaço entre Belém e Bragança encur-tou. O cansaço diminuiu, mas a emo-ção de andar no Fumaça é algo insubs-tituível. Devido ao grande número de idas e vindas, gravei na memória os motoristas Farofa e Miguel. Recordo bem do Miguel, que foi namorado da Nice, uma das filhas de criação de vovó...

Naquele mundo, tudo acontecia com a meninada. Eu estava de cotove-lo e joelhos ralados; Aderson caiu do abacateiro e quebrou o braço; Paulo cortou o pé e Fabiano foi jogar bola, na praça da Bandeira, em frente ao colégio Santa Terezinha e brigou com um menino; quando chegou em casa apanhou da tia Carmélia e levou carão de vovô. Narinha chorou porque bri-gou com Ilcélia. Tudo se ajeitava quando acabava o expediente no mer-cado e o velho Braga, meu avô, chega-va cansado, amoroso e ordeiro.

Hoje, o trem é peça de museu em Castanhal. Nice é casada com Bené. Não existe mais banca de mercado, pois seu dono não mais existe. De avião, em poucos minutos, chega-se até Bragança. Mas também acabou a Bragança encantada, cheia de fantasia onde viveram e cresceram meus pri-mos e eu. Naquele tempo não se tinha noção de felicidade, agora, quando relembramos sentimos na garganta o gostinho dela.

Amaury Braga DantasDa Sociedade Brasileira de Médicos

Escritores (SOBRAMES-PA)

AO trem, a casa Episódios

e outros acidentes

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ormei-me em medicina no dia 8 de dezembro de 1953, uma terça-feira; casei-me dia 12, sábado; dia 14, segunda-feira às

5:00h da manhã instalei-me em um avião rumo à Boa Vista, capital do Território do Rio Branco, hoje Estado de Roraima. Meus conheci-mentos médicos resumiam-se aos escolares, ao Pronto-Socorro e ao Hospital Domingos Freire, hoje “Barros Barreto”. Recém-casados, transferimos a “lua de mel” quando do meu retorno.

Com essa parca habilidade prá-tica arvorei-me à conservação da saúde de 56 homens, na frontei-ra Brasil-Venezuela. Ali não tinha como me apoiar em outros cole-gas – era eu e somente eu... De retorno a Belém fui elogiado pelo Cel. Bandeira Coelho, o chefe da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (C.B.D.L 1ªR), pois que os 52 homens idos voltaram todos às suas origens, alguns em melho-res condições físicas que quando da ida.

Naquele interregno de 5 meses e 20 dias não decepcionei a profis-são. Recordo-me de alguns episó-dios curiosos e outros hilariantes ocorridos na minha estréia médica.

1° = A C.B.D.L 1ª DIVISÃO era um órgão do Ministério do Exterior, porém controlado pelo Quartel General do Exército, 8ª Região. Embora a Comissão fosse um departamento militar do Exército, era comandada por um coronel e o sub-comandante, um vice-almirante. A grande maioria do pessoal de apoio (médicos, agri-mensores, farmacêuticos) era civil. Para não destoar, esses civis eram considerados “oficiais”. Cada “ofi-cial” tinha à sua disposição um trabalhador, uma espécie de servi-çal doméstico. Coube ao “Naco” (Inácio Leão da Rocha) ser o meu

“bagageiro”, nome dado àquela função. Seu apelido era “Mamão”. Branco, tinha a pele quase trans-parente pela palidez. Cansava a qualquer esforço físico. Não dis-pondo de laboratório fiz o diag-nóstico: verminose intestinal. Dei-lhe doses de vermífugos durante duas semanas. Em seguida: um papelote de ferro reduzido (sulfa-to ferroso) durante duas semanas. Algumas semanas mais, aos pou-cos, “Mamão” foi perdendo aquela palidez até ficar visivelmente cora-do. Teve o apelido trocado para “Manga Rosa”.

2° = “TORADO NO GROSSO” era um trabalhador baixo e entron-cado, cujos músculos sobresaiam-se. Era uma máquina de trabalhar. Para manter-se, comia exagerada-mente. Certa vez matou um filho-te de anta (Tapirus terrestris). Preparou-a, e de uma sentada comeu um quarto traseiro daquele animal. Bateu a mão no abdome e bazofiou: – agora sim dá pra esperá o armoço! Verificamos que não era bazófia, pois na hora do almoço comeu a quantidade que lhe era habitual.

3° = CANSEIRA NAS PERNAS era a referência apontada pelo tra-balhador. Sem meios de constatar a enfermidade referida, os casos repetiram-se em várias das tur-mas. Estávamos sediados no acam-pamento do igarapé Maiá-Pinapi. Dei-me conta que os “pernas can-sadas” aumentavam de número. Receitei-lhes altas doses de com-plexo B, sem resultados satisfató-rios. Certa noite na minha tenda-moradia recebi a visita do meu chefe, o agrimensor José Ambrósio de Miranda Pombo. Disse-lhe da minha preocupação com a quantida-de dos “pernas cansadas”. Pombo, com sua aparente mansidão, reco-mendou-me: – Danilo, manda o Otacílio (Otacílio G. Tavares), o

auxiliar de enfermagem, procurar na tua farmácia umas ampolas de “Apicosina”. Receita para cada um dos “cansados”.

Meu auxiliar de enfermagem trouxe-me várias caixas da tal “Apicosina”. Li a bula: era veneno de ferrão de abelhas conservado e diluído. Àqueles idos era indicado para doenças reumáticas. Botei os “pernas cansadas” em fila e recei-tei-lhes meia dúzia de “Apicosina”, uma por dia, via intramuscular. O meu enfermeiro aplicou uma ampola em cada paciente. Os cabo-clos só não gritavam por machis-mo. Dia seguinte os “canseiras nas pernas” comentavam: Dotô que remédio supimpa! Não estou sentindo mais nada! Do grupo só um deles voltou para a segunda dose. Àquele receitei complexo B e outras vitaminas.

4° = JÁ NO EXERCÍCIO da patologia clínica citadina, no Laboratório apareceu-nos um paciente, trabalhador da Petrobrás. Seu médico solicitara uma bacte-rioscopia e cultura das secreções vésico-prostática colhidas com massagem. Na sala apropriada man-dei que ele se desnudasse da cintura para baixo, coloquei-o na devida posição. Com as mãos enluvadas, dedo médio untado com vaselina, o introduzi na ampola retal à procura da posição prostática.

O braçal já vestindo o calção, substituto da cueca, olhou-me com desconfiança e externou o que pen-sava:

– Égua dotô, já tinha uvido falar disso mas pensei que era banda-lheira!

Dani­lo­ Vi­rgi­li­o­ Mendo­nçaDa Sociedade Brasileira

de Médicos Escritores (SOBRAMES-PA) e do Instituto

Histórico e Geográfico do Pará

Episódios médicos

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Bruno Matos e Rafaela Dias

Você em destaque

Dr. Erivaldo Araújo

Alexandre Oliveira Dra. Claudine Marina ALves e dra. Dilma do Socorro

Dr. Cesar e Sabrina Collyer

Alessandro Nunes, Bruno Oliveira e Rodrigo RochaLeolídio Pereira e Arimilton Jr.

Lana Matos e Ygor Luz Dra. Heloisa Guimarães Paulo JB Barbosa

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15MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

Taís Rocha e Michelle Magalhães Dr. José Maria de Souza e dr. Almir Gabriel

Dr. Celmo Porto e Indiana Artiaga Luís Paulo Rangel Dr. Paulo Roberto Pereira Toscano

Salomão Neto e Adelerme CavalcanteFelipe Pacheco e Mauro Carvalho

Fernanda Carvalho e Odicleber LobatoPaulo Nóvoa, Ariane Arnez e Roque Cordeiro

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1� Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

Evandro Serafim Lobo Chagas, personalidade cien-tífica que deu vida e nome a um dos maiores centros de pesquisa em saúde do Brasil e do mundo - o Instituto Evandro Chagas (IEC) -, completaria 100 anos neste ano de 2005. Para comemorar a data, todas as ações desenvolvidas no decorrer do ano pelo Instituto Evandro Chagas, criado pelo cientista em 10 de novembro de 1936, na época sob o nome de Instituto de Patologia Experimental do Norte, foram e estão sendo dedicadas à memória do homem que, mesmo tendo vivido pouco mais de três décadas, deixou um grande legado de conhecimento e exemplo de persistência para o País.

Para coroar o centenário, O IEC, até ao final de 2005, planejará o resgate da vida e da obra desse carioca de nas-cimento e amazônida de vocação, que elegeu a região Norte e Belém, espe-cialmente, para fincar suas raízes cien-tíficas e fazer nascer aqui uma referên-cia mundial na pesquisa em saúde. Na verdade, os festejos pelo centenário de Evandro continuarão em 2006 por ocasião das comemorações dos 70 anos do Instituto Evandro Chagas. A conti-nuidade da publicação das Memórias do Instituto Evandro Chagas e uma Biblioteca Virtual associada ao nome de Evandro Chagas, sob a ordenação da Biblioteca do IEC, deverão marcar o resgate da vida científica institu-cional. Um filme-documentário cir-cunscrevendo as multifaces da vida de Evandro e da história da saúde pública na primeira metade do século XX tam-bém é cogitado.

Autor de vários textos e palestras sobre o ídolo, Manoel Soares, que

também é membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames-Pará), rela-tou que Evandro Chagas filho de um dos maiores cientistas da história da

medicina, Carlos Chagas – o descobri-dor da doença de Chagas. Evandro em muito colaborou nas descobertas do pai. Sua morte prematura, com então 35 anos, foi ocasionada por um aciden-te aéreo, em 8 de novembro de 1940, quando a aeronave em que viajava se chocou com outro avião, sobre a ense-ada de Botofago. Evandro ia visitar a filha em São Paulo.

Revendo a vida e obra desse marco na história científica do País é possível vislumbrar, hoje, o porquê de uma vida intelectual e produtiva tão precoce, tra-jetória que na época e ainda hoje des-perta admiração pelos feitos deixados.

Evandro Chagas ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro antes mesmo de completar 16 anos e aos 21 já era diplomado como médico. Com apenas dois anos de for-mado, assumia direção do Hospital Oswaldo Cruz, no qual, anos depois, em 1936, implantou o pioneiro Serviço de Estudos das Grandes Endemias (SEGE). E foi através do SEGE que o patrono do IEC coordenou memoráveis estudos sobre leishmaniose visceral e outras tantas endemias tropicais, feitos admirados até hoje.

Essa linha de pesquisa acabou por trazer Evandro Chagas até Belém, onde, inspirado em seu trabalho e com o intuito altruísta de promo-ver um centro de produção científi-ca, associou-se a outros jovens cien-tistas e fundou o Instituto de Patologia

Experimental do Norte, com amplo apoio do governo local.

Poucos dias antes de sua morte, com mais de 50 trabalhos científicos publica-dos, e em reconhecimento a sua atuação no combate às endemias tropicais e seus estudos sobre a estrutura sanitá-ria, Evandro Chagas foi nomeado pelo governo brasileiro como presidente da Comissão encarregada do saneamento da Amazônia. Essa conquista foi ampla-mente divulgada na imprensa da época, assim como foi noticiada sua prematura morte, antes de poder dar início aos trabalhos no novo cargo ao qual era incumbido.

Capa

do cientista

história | evandro chagas, carlos chagas e carlos chagas Filho

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1�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

Prédio abrigará Museu

Toda a história do homem Evandro Chagas, que se confunde com a traje-tória do Instituto que hoje leva o seu nome, e os avanços sobre os estudos e

conquistas ligados às endemias tropicais, poderão ser conheci-dos mais de perto em um futuro breve. Manoel Soares, pesquisa-dor do Instituto, revelou que o histórico prédio no qual o IEC foi fundado na década de 30, localizado ainda hoje na esquina da avenida Almirante Barroso com a travessa Curuzu, abrigará um museu.

Soares explicou que atual-mente menos de 20% das ati-vidades do IEC ainda funcio-nam nesse endereço. As demais já foram transferidas para a nova sede, em Ananindeua, localizada na rodovia BR-316. Ele explicou ainda que o projeto do museu será execu-tado em parceira com os Ministérios da Cultura, da Saúde, e a Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará (Secult).

Uma Comissão criada pela dire-ção do IEC e presidida pelo médico e historiador Habib Fraiha Neto, contanto com representação institu-cional, além de profissionais ligados à Museologia e outros historiado-res, tem trabalhado assiduamente na formatação da proposta do Museu do IEC. Para abrigar sua história, o

prédio, que já é tombado pelo Patrimônio Histórico, será totalmente reformado, pre-servando e reconquistando traços originais.

A filha do cientistaMuito do resgate da memória sobre a

vida pessoal e até científica de Evandro Chagas só foi possível graças à colabo-ração de sua única filha, a educadora Tatiana Chagas Memória, hoje com 79 anos. Emocionado, Manoel Soares contou do privilégio de conhecê-la pes-soalmente.

Ele relatou que, mesmo com a saúde debilitada, Tatiana, como toda boa edu-cadora, ocupação que exerce dirigindo a Fundação Darcy Ribeiro durante anos, foi generosa em dividir lembranças e cópias de objetos pessoais como cartas e fotos. Nas cartas, com especial destaque, Evandro Chagas mantinha um diálogo contínuo com a então menina de ape-nas 8 anos de idade, como se ela fosse uma confidente. Os escritos têm ares de diário e muitas vezes, como lembrou

Tatiana em sua conversa com o pesquisa-dor paraense, de antecipação do futuro. Essa característica se mostra explícita em um trecho de uma das cartas enviadas pelo pai em meio às suas tantas viagens pelos confins da Amazônia e do Brasil, e que Tatiana deixou copiar, que dizia: "Desde que se viva com proveito para o meio, não importa que se viva pouco ou muito”.

As cartas, assim como fotos, foram preservadas em um álbum pela mãe de Tatiana quando da morte do pai, e hoje são guardados por ela como um tesouro.

Trajetória desde 1936

Criado em 10 de novembro de 1936 como Instituto de Patologia Experimental do Norte, o Instituto Evandro Chagas recebeu este nome em 1940, após a morte de seu fundador. Considerado como um dos três maiores centros de pesquisas em saúde do Brasil, ao lado do Instituto Adolfo Lutz e da Fundação Oswaldo Cruz, o IEC é uma unidade gestora independen-te, vinculada à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Com sede em Belém e Ananindeua, o IEC realiza investigações e estudos cien-tíficos nas áreas de ciências biológicas, meio ambiente e medicina tropical, além de análises laboratoriais para doenças tro-picais, particularmente as prevalentes na região amazônica, desenvolvendo traba-lhos nas áreas de parasitologia, virologia geral, bacteriologia, micologia, patologia, ecologia humana e meio ambiente, hepato-logia e arboviroses.

Outra grande missão do IEC está na prestação de serviços laboratoriais a diver-sos setores da vigilância epidemiológica.

A formação de recursos humanos para pesquisa e ações de saúde pública, além

Capa

história | jornal Folha do norte noticia a morte de evandro chagas

avanço | antigo prédio do instituto, na almirante barroso com a curuzu, e a nova sede, na rodovia br-316.

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1� Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

da produção e distribuição de imunobiológicos destina-dos a diagnósticos laborato-riais de determinadas enfer-midades, também está entre as atividades do IEC.

Conquistas para o mundo

Às vésperas de completar 70 anos de história, é inegá-vel a contribuição do IEC não apenas na pesquisas em saúde na região amazônica, mas para todo o mundo. Uma das tantas provas dessa afir-mação foi um trabalho feito pela área de parasitologia do IEC de um completo estudo sobre a ecologia e a epidemiologia da leishmaniose tegumentar. Como resultado, o IEC definiu a caracterização específica das leishmanias humanas encontradas no Norte do Brasil e uma nova classificação das leishmanias do Novo Mundo. Estudo que hoje é utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Além da Parasitologia, são incontáveis as conquistas na área da virologia e bacte-riologia que garantiram ao Instituto proje-ção nacional e internacional.

Entre as primeiras pesquisas do IEC que tiveram repercussão mundial estão ainda a

descoberta, pela primeira vez na América do Sul, do rotavírus, um importante agente de diarréias graves, além da definição do Anopheles darlingi e do Anopheles aqua-salis, como os principais transmissores de malária em Belém.

Ainda na área da virologia, uma his-tórica conquista do IEC foi o isolamento e caracterização de 187 tipos diferentes de arbovírus, um recorde mundial que deu à instituição renome nacional e internacional.

equipe | Foto tirada em 1986, com a equipe de pesquisadores, por ocasião das comemorações dos 50 anos de Fundação do instituto evandro chagas.

|MÉDI­CA|

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1�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

om mais de 30 anos dedicados à medicina, o cardiologista Luiz Abílio da Silva Oliveira assu-miu, no dia 18 de outubro, Dia

do Médico, na sede do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM), a presidência da Sociedade Médico-Cirúrgica (SMC) do Pará. Em entrevista à revista MÉDICA, o novo presidente da SMC falou de suas expectativas à frente da sociedade, das estra-tégias para o triênio 2005/2008 e de temas que preocupam toda a categoria, como o Ato Médico, humanização e a polêmica envol-vendo os seguros contra erro médico.

M Quais suas expectativas frente a essa

nova empreitada?– Assumir a SCM é uma grande responsa-

bilidade. Primeiro, por ser uma entidade médica cuja fundação remonta à data de 15 de agosto de 1914. Portanto é uma sociedade que há 91 anos vem desenvol-vendo um trabalho junto à classe médica para incentivar a melhoria da qualidade do atendimento e da produção cientifica, visto que a SMC é uma entidade cientifi-ca sem fins lucrativos.

Suceder a doutora Célia Koury, que, por conseguinte, sucedeu tantos outros presi-dentes de renomada qualidade, implica a obrigação de executar um bom trabalho.

M Quais são suas prioridades de ação na SMC?

– Acredito que não apenas da SMC, mas do CRM e do Sindicato do Médicos, hoje, nossa principal preocupação é a luta pela implantação da Classificação

Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CHPM), que é o coeficiente mínimo de honorários indicados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Além disso, a nova diretoria se preocupa também com o lazer dos médicos e sua família.

Existe, sob a coordenação da SMC, o

Em defesa doAto Médico

C

Entrevista

Luiz abíLio da siLva oLiveira | novo presidente da sociedade médico-cirúrgica do pará

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20 Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

Clube dos Médicos, localizado em uma bela área na avenida Dalva, no bairro da Marambaia. A diretoria pas-sada iniciou o processo de revitaliza-ção e precisamos dar continuidade a essas obras. Esse é um dos grandes desafios da atual diretoria.

M Como a SMC pretende reiniciar as obras?

– A SMC é uma entidade sem fins lucrativos, por isso nossa meta é fazer parcerias públicas e privadas, para concluir as obras e oferecer esse espaço aos médicos.

M E as demais ações?– Atualmente a SMC tem mais de três

mil associados, em um universo de cinco mil médicos no Estado. Porém, muitos deles abandonaram a socieda-de por motivos diversos. Outra mis-são da atual diretoria é trazer de volta o associado, não apenas porque ele precisa da sociedade para requerer o título de especialista, mas porque a SMC precisa do associado para se fortalecer e continuar fazendo um trabalho em prol da classe médica.

M A classe médica vem travando várias batalhas em busca da revalorização do profissional, entre elas a discus-são do Ato Médico. Qual a posição da SMC quanto à questão do Ato Médico?

– A SMC é totalmente favorável à implantação do Ato Médico. Ele é necessário para definir os procedi-mentos médicos e suas responsabili-dades.

M Que tipo de prejuízo a classe sofre sem a aprovação do Ato Médico?

– Começa pelo desrespeito ao profis-

sional. Antigamente o médico era respeitado pela família, pela socie-dade, era como uma autoridade na cidade. Hoje é desrespeitado pelos pacientes, pelo plano de saúde, que paga misérias, e por toda a sociedade. Friso a questão financeira, pois como o médico vai poder pagar seus con-gressos, sua reciclagem, se hoje não é remunerado adequadamente?

Pesquisas mostram que os procedi-mentos médicos sofreram uma defa-sagem de mais de 400% nos últimos dez anos. A luta é grande, mas o Pará tem se destacado como o Estado brasileiro mais organizado na pela implantação do CHPM.

M Na sua opinião, então, qual o prin-cipal desafio do médico na atualida-de?

– Acredito que seja trabalhar com a

tecnologia de hoje. A tecnologia trou-xe ganhos imensuráveis ao trabalho médico. Possuímos ferramentas que, com certeza, há 30 anos não tínha-mos. Falo de procedimentos como a angioplastia, das cirurgias endos-cópicas e laparoscópicas. Porém, a tecnologia implica um custo e o profissional precisa se preparar, se qualificar. Na hora em que você pre-

cisa dessa qualificação, bate de frente com a desvalorização do médico na sua tabela de honorários a receber, seja do convênio ou do Estado. A reciclagem, com a busca constante pela atualização, é uma necessidade do médico.

M Muito se fala hoje em dia nos segu-ros contra erro médico, a SMC tem uma posição definida sobre esse tipo de seguro?

Entrevista

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21MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

– Infelizmente, muitos advogados e determinados setores da sociedade já não vêem no médico um parceiro ou aquele que vai ajudar no sofrimento de seu ente querido, mas uma possibilida-de de ganhar dinheiro caso este venha a ter algum problema com seu paciente.

Nos EUA nenhum médico pode exer-cer a profissão sem que antes seja abalizado por um seguro profissional, pois se sofrer um processo poderá pagar. Imagine no Brasil, onde hoje existe uma enorme dificuldade de receber um valor justo pelo seu tra-balho, o médico ter ainda que tirar dinheiro do bolso para pagar o seguro para trabalhar. Estão tentando fazer isso no Brasil, mas as classes médicas como um todo estão lutando contra isso. O seguro já parte do princípio que o médico vai prejudicar o pacien-te e isso é inadmissível.

É claro que existem também os maus profissionais, mas para termos sempre profissionais preparados temos que dar condições a esse profissional de se reciclar.

M A SMC tem algum projeto visando à qualificação do médico?

– Uma das metas do nosso triênio à frente da SMC é criar uma comis-são de interiorização. Queremos levar aos profissionais que estão no interior, informações e debates necessários para melhorar o seu trabalho. Claro que não podemos estar em todas as cidades, mas vamos programar ações em cida-des-pólo, como Santarém, Tucuruí, entre outras. A interiorização das espe-cialidades, para melhorar a qualifica-ção, é um dos nossos desafios.

M Como o médico vê a questão da humanização no tratamento?

Mesmo com todas as dificuldades que o médico enfrenta, com baixa remu-neração e, às vezes, sendo obrigado por um plano de saúde a atender 30 pacientes numa única manhã, ainda assim é preciso ter, antes de tudo, o respeito e a humanização àquele paciente. O paciente não deve ser apenas um número de prontuário, mas um ser humano que merece respeito. O médico às vezes não pára para ouvir o paciente e, em muitos casos, o que o paciente precisa é apenas ser ouvido.

Em uma pesquisa recente se descobriu que dificilmente o médico cumpri-menta seu paciente de hospital pela mão. O paciente está deitado, e o primeiro local que o médico pega é na perna ou no pé do paciente. Não se cumprimenta as pessoas pelo pé, mas sim pela mão.

M E qual a orientação quanto à huma-nização?

– Existe na propedêutica o que cha-mamos de inspeção, palpação e a escuta. A primeira é a visão, enxergar o paciente; a palpação, não é apenas examinar, mas tocar no seu paciente, pegar na sua mão; e por fim, a escuta, que não se resume ao estetoscópio, mas ouvi-lo, ouvir o que ele precisa o que ele tem a dizer. Jesus Cristo, que foi o exemplo do médico aqui na terra, porque ele curou vários doentes, ouvia mais do que falava.

M Assumindo a nova diretoria da SMC o senhor gostaria de dar algum reca-do para os médicos do Pará?

– Gostaria de deixar claro que a SMC tem uma diretoria, mas que sozi-nha não vai fazer nada. Os médicos devem ser congregar. A sociedade somos todos nós e precisamos traba-lhar juntos. A diretoria está aqui para ouvir e desenvolver planos de traba-lho para o bem da categoria. Todos aqueles que tiverem alguma idéia a desenvolver, que venham, conversem conosco. Novamente reitero que a SMC pertence aos médicos do Pará e não apenas a uma diretoria. Voltem, vamos trabalhar juntos e unir forças para desenvolver o trabalho.

Entrevista

|MÉDI­CA|

"Ho­je o­ médi­co­ é desrespei­tado­ pelo­s paci­entes, pelo­ plano­ de saúde, que paga mi­séri­as, e po­r to­da

a so­ci­edade."

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22 Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

uando as mudanças climá-ticas globais se expressam de maneira tão clara, faz-se necessário conhecer as

mudanças do conceito de saúde, acompanhado tam-bém pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - “Saúde é o bem-estar físico e men-tal em consonância do ser humano com o meio ambiente”. Portanto, não há mais como ignorar a interfa-ce deste tripé. Nunca o momento foi tão propí-cio para estas reflexões - o que realmente sabe-

mos sobre isto? Podemos ainda permanecer igno-

rando as repercussões do impacto ambiental na dinâ-

mica do processo das doenças? Estas continuam acontecendo

da mesma maneira? Nossas orien-tações quanto à prevenção ainda

são adequadas? Afinal, qual o papel do profissional da saúde neste contex-

to? Muitas perguntas, poucas respostas, falta de conhecimentos, desconexão dos

múltiplos saberes necessários à compre-ensão dos novos fatos, novos tempos, novos rumos de antigas doenças e surgi-mento de outras.

Poderíamos citar toda a história da geo-grafia médica, seus princípios e cientistas norteadores, mas esta não é a proposta do texto, que preocupa-se tão somente em chamar atenção para a necessidade da reu-nião de esforços e valorização dos saberes multidisciplinares para esclarecimentos necessários sobre o futuro da dinâmica de algumas doenças, especialmente as grandes endemias da Amazônia. Estamos diante do aparecimento de novas doen-ças, comportamento diferente daquelas que julgávamos dominar, entre outros conflitos que afetam os que labutam diariamente na sua prevenção, con-trole, diagnóstico e tratamento.

Os conhecimentos deixados por Hipócrates em sua obra “Ares,

mares e lugares” são os que hoje voltam a prevalecer. As doenças não podem ser vistas e analisadas com esforços concen-trados somente na busca de seus agentes etiológicos (causadores), e sim no porquê elas estão ocorrendo, reforçando que a saúde é que deve ser trabalhada, a partir das atitudes de se promover a harmonia do homem com seu ambiente, espaço ou local onde vive. Ressurge assim o interesse pela geografia médica, conhecimento impor-tante principalmente para os que vivem na região amazônica.

São vários os seus conceitos - Estudo da superfície, da paisagem, dos espaços e da individualidade dos lugares. Ou ainda: patologia geográfica, geo-patologia, medi-cina geográfica, estudo das relações entre o homem e o meio, estudo da sociedade e natureza. Carlos Lacaz (1972), um dos grandes estudiosos da geografia médica a descreveu como a geografia que estuda as doenças, e que a patologia à luz dos conhecimentos geográficos, se constitui em um ramo da geografia humana (antropoge-ografia ou biogeografia). Outro brasileiro, Samuel Pessoa (1960), via a geografia médica como a necessidade de um estudo da distribuição e da prevalência das doen-ças na superfície da terra, bem como de todas as modificações que nelas possam advir por influência dos mais variados fatores geográficos e humanos. Vivemos, portanto, a era neo-hipocrática onde a maioria dos conhecimentos atuais leva à teoria de que as doenças estão relaciona-das a múltiplos fatores: físicos, químicos, ambientais, sociais, econômicos, psicoló-gicos e culturais.

Ao longo desta história, há inúmeros trabalhos publicados, e não podemos dei-xar de citar a contribuição de John Snow (1855), que, a pedido de sua majestade a Rainha Vitória, fez a investigação do surto de cólera em Londres; e através de méto-dos observacionais, mapeou todo o trajeto da doença na cidade, mostrando por que a doença acometia parte dos moradores da

cidade e outros não, de acordo com a área em que moravam e do tipo de água que consumiam. A partir de então, foi conside-rado o pai da epidemiologia, e teve início a aproximação da geografia médica com a epidemiologia. Surgiram os primeiros trabalhos sistematizados com descrição e cartografia da distribuição regional das doenças que contribuíram, inclusive, para orientar as obras de saneamento ambiental. Muitos fatos renovaram-se, conhecimen-tos avançaram e chegamos à era digital/informatizada da geografia médica, com o Sistema de Informações Geográficas

(SIGs). O SIGs é uma realidade e onde vem sendo usado traz respostas com indi-cadores quase que imediatos, e muito mais precisos.

Estudiosos contemporâneos tentam sis-tematizar informações e conhecimentos sobre as causas e efeitos do que hoje presenciamos com as grandes catástrofes ambientais naturais e as ocasionadas pelo homem, especialmente quanto às doenças infecciosas, como foi a abordagem do Prof. Henrique Lecour (Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Medicina do Porto & Escola Superior de Biotecnologia), no último Congresso Latino-Americano de Parasitologia, que destacou como fatores favorecedores da emergência e dissemina-ção das doenças infecciosas, os seguintes fatores: 1. Alterações ambientais (aqueci-mento global, deflorestação e refloresta-ção, inundações, alterações nos ecossiste-mas). 2. Alterações sociais (crescimento da população, migrações, envelhecimento, pobreza, fome, degradação urbana, con-flitos armados). 3. Alterações do compor-tamento humano (promiscuidade sexual, uso de drogas, alimentação, viagens para áreas tropicais, .). 4. Estruturas sanitá-rias (Vigilância epidemiológica inadequa-da, ausência de programas de prevenção, ). 5. Alterações microbianas (Eclosão de

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Cléa Carnei­ro­ Bi­chara

Médi­ca i­nfecto­lo­gi­sta

“Educação­

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na habi­l i­dade

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o­cultas

entre o­s

fenômeno­s”

(Václav Havel, estadi­sta e dramaturgo­ checo­)

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2�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

resistências, alterações, genéticas micro-bianas, ...). Para ele, os problemas atuais estão relacionados também ao surgimento de novos agentes, reconhecimento de agen-tes já existentes, aumento das situações de imunodepressão e novas doenças infeccio-sas. Portanto, não há mais como promover a dissociação dos conhecimentos. Não há mais como ter saúde sem a compreensão de como o homem está situado em seu espaço de con-vivência e se vulnerabiliza frente às doenças. É importante termos a exata noção de que o binômio saúde versus doença dependerá do resultado da interação humana com o meio

ambiente; e que estamos expostos a constan-tes riscos, pois é evidente que o ambiente é o espaço geográfico, com diferentes escalas de ocupação, dinamizado pelos movimentos geofísicos, biológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos, interagindo num pro-cesso histórico e evolutivo. Como alerta o físico Fritjof Capra, é preciso iniciarmos a cultura do ecoalfabetismo, uma vez que este conhecimento tornou-se um dos principais fatores de superação das desigualdades, em todos os níveis.

Em busca desta compreensão será sem-pre necessário caminhar em paralelo com os conhecimentos epidemiológicos; deve-mos ter o conhecimento dos lugares, dos espaços, da procedência do homem ou do doente; e isto podemos buscar na clássica obra de Lacaz (1972), onde ressalta: a rela-ção entre o homem e o meio geográfico, a importância da meteorologia médica e da cartografia médica. Enumera vários tópicos necessários ao conhecimento da geografia física e médica: o tipo de relevo, litoral, ilhas, clima, hidrografia, fitogeografia, zoogeogra-fia, solos, conhecimento da movimentação da população urbana e rural, grupos etários,

tipo de habitações, existência e qualidade de assistência médica, recursos humanos, educação médica e demanda quantitativa e movimentos migratórios. Destaca, ainda, a importância da identificação no ambiente dos possíveis reservatórios vertebrados e inver-tebrados para determinadas doenças, como aves, peixes, répteis, culicineos, flebotomi-neos, triatomineos e caramujos. Ainda nesta busca devemos identificar, e quando possível mapear, as principais zoonoses, protozooses, helmintíases, viroses, micoses, riquetsioses, as plantas tóxicas, desnutrição, entre outros agravos, inclusive intoxicações por metais

pesados, que na região amazônica, destaca-se a intoxicação mercurial, que vem sendo incrementada há vários anos pelas atividades extra-tivistas dos garimpos.

Julgava-se que há várias déca-das tínhamos pleno domínio do

conhecimento de várias doenças, noção exata de como poderiam afetar o homem, e estabelecíamos sua prevenção. Entretanto,

as grandes interferências ambientais na vida humana estão mudando estes conhecimen-tos, e outros até se perderam completamente. Temos que rever tudo de novo, agora sob a ótica do tripé: saúde - ambiente - doen-ça. Vivemos o reflexo da imigração, da ocupação desordenada, dos desequilíbrios ambientais, da expulsão da população para fronteiras distantes, da alteração do equilí-brio natural do ambiente, com dispersão de endemias locais, introdução de novas, etc. Soma-se a contribuição do desmatamento, abertura de rodovias e ferrovias, despe-jos no solo de resíduos impróprio à saúde humana, queimadas com acentuação das emissões atmosféricas, aumento da tempe-ratura, desertificação, eutrofização, aumento de material em suspensão, assoreamento, perda da diversidade biológica, alteração do nível e do ciclo hidrológico e conseqüente expansão geográfica de doenças de veicula-ção hídrica.

Felizmente há também uma somatória de esforços tanto para repromover o conheci-mento da geografia médica, quanto para ana-lisar, conscientizar e promover o controle dos impactos ambientais, através de uma política

de desenvolvimento sustentável, con-siderando-se a atuação de organizações governamentais e não-governamentais, e da população civil, especialmente a mais jovem. Há necessidade de legislação mais eficiente sobre contaminantes ambientais, qualidade de água para consumo, qualidade do ar, qualidade do solo, precauções quanto aos desastres naturais e acidentes com pro-dutos de riscos. A realização da Conferência Pan-americana sobre Saúde, Ambiente e Desenvolvimento foi considerada um marco, assim como a criação da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde e da Política Nacional de Saúde Ambiental do Ministério da Saúde (1998/1999), e outros eventos mais recentes voltados a esta temática.

As escolas e universidades devem assumir a responsabilidade de na forma-ção oferecer este conhecimento de modo multidisciplinar, que deixe evidente que o homem é o produto de onde e como mora. É necessário conhe-cer o meio ambiente, promover a saúde e prevenir doenças, e estes conhecimentos devem ser bási-cos e cada um deve somar com a sua contribuição, pois ninguém legisla cultura e comportamen-to humano. Concluindo, somos da opinião de que o conheci-mento da geografia médica e sua correlação com a distri-buição dos agravos, facilita o estabelecimento do raciocínio clínico-epidemiológico, e das suas medidas de controle.

A importância do conhecimento multidisciplinar

|MÉDI­CA|

Davi­d Bi­chara

Médi­co­ Pato­lo­gi­sta Clíni­co­

médica

Cléa Carneiro Bichara. Médica infectologista. Doutoranda em agentes infecciosos e parasitários. Profa. de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Uepa. Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Uepa. e.mail: [email protected]

David Bichara. Biomédico e médico patologista clínico. Especialista em Patologia Clínica e Medicina Laboratorial. Diretor Cultural da Associação Médica Brasileira. Supervisor Técnico do Laboratório Amaral Costa. Consultor do Laboratório de Análises Clínicas da Santa Casa de Misericórdia do Pará. e.mail: [email protected]

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2� Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

O XV Congresso Paraense de Cardiologia, realizado nos dias 20 e 21 de outubro, em Belém, apostou na preven-ção das patologias cardíacas. Promovido pela Sociedade Paraense de Cardiologia (SBC-PA), o evento reuniu especialistas de todo o País e trouxe como tema “Mais prevenção, menos intervenção”.

E como a palavra de ordem era pre-venção, o congresso inovou, indo para além dos debates fechados aos médicos e acadêmicos e chegando ao público- alvo desses profissionais - o coração das pes-soas nas ruas.

O local escolhido para realizar esse intercâmbio foi o shopping Iguatemi, que agregou palestras para o público leigo, além de simulações em atendimento de urgência nos casos de infarto e das chama-das mortes súbitas, estas que têm estampa-do noticiários e atraído a atenção da socie-dade depois das tristes mortes de jogadores de futebol no Brasil e no mundo.

Levar o conhecimento ao público leigo teve como motivação as estatísticas nacio-nais que revelam que, no Brasil, 160 mil pessoas são vítimas de morte súbita a cada ano, sendo que 95% deste total não conse-guem chegar ao hospital com vida.

Sob a coordenação dos cardiologistas Wesley de Melo e Luiz Abílio Oliveira, dezenas de pessoas assistiram à simulação de um atendimento de urgência de uma parada cardiorrespiratória. Representante

do Fundo Especial de Pesquisa e Aperfeiçoamento em Cardiologia (Funcor) em Belém, Wesley de Melo explicou que as ações objetivaram conscientizar a população sobre a importância da preven-ção, pois somente através da prevenção é possível evitar infartos, acidentes vas-culares cerebrais (AVC), além de tantas outras patologias cardiovasculares.

Além de ser alertada sobre métodos de prevenção, a população foi orientada sobre como proceder em casos de infarto.

O cardiologista paulista Flávio Marques, que esteve em Belém como palestrante convidado do congresso, aler-tou que chamar ajuda, checar a respira-ção e sentir se há pulsação nas pessoas vítimas de paradas cardiorrespiratórias, simulação que fez durante o evento, são providências que, com treinamento, qual-quer pessoa está habilitada a executar. São procedimentos simples que podem salvar muitas vidas.

Os profissionais levaram às ruas as discussões sobre primeiros-socorros e uso do desfibrilador, equipamento que auxilia no atendimento de emergência. Existe um projeto de lei municipal que obriga as administrações de locais de grande circulação de pessoas, como rodoviárias, aeroportos e shopping cen-ters, a adquirirem o desfibrilador, a exemplo do que já ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

investe em prevençãoCardiologia

Congresso

saLvamento | médico demonstra primeiros socorros em caso de inFarto

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25MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

Cardiologia

Fórum reúne profissionais de outras áreas

Promover informações ao público leigo não foi a única novidade do XV Congresso Paraense de Cardiologia. Tratou-se, também, da interdisciplinaridade, visando aumentar a gama de profissionais atuantes na prevenção, desde que respeitando os limites legais de atuação de cada profissional. Sobre o tema, foram realizados, simultanea-mente ao evento, outros seis fóruns.

Além de reunir em Belém profissionais médicos, especia-listas de vários Estados brasileiros, houve ainda a realização

de Fóruns de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Serviço Social, todos abordando o enfoque da cardiologia.

A interdisciplinaridade não ficou apenas na execução simultânea dos fóruns num mesmo espaço físico que o con-gresso. O evento aproximou, de fato, todos os profissionais das diversas áreas que atuam com a saúde, em uma progra-mação compartilhada.

Com o tema “O exame clínico em cardiologia moderna”, os diversos profissionais participaram da conferência que teve como presidente Paulo Roberto Pereira Toscano, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-PA), e contou com a presença do conferencista, professor doutor Celmo Celeno Porto, de Goiás. |MÉDI­CA|

campanha | população Fez exames grátis de glicemia, no iguatemi, entre outros

Congresso

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2� Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

o dia 17 de Novembro registra-se o Dia Nacional do Combate ao Câncer da Próstata. No ano de 2005, foram realizadas palestras em

vários bairros de Belém, em escolas, empresas,

associações, igrejas e outros locais cedidos

aos urologistas do Estado do Pará, que, voluntaria-mente, mani-festaram seus conhecimentos em defesa do cidadão e con-tra esta doen-ça que levou a óbito 8.230 bra-

sileiros, somente em casos registra-

dos em 2003, esti-mando-se que, pelo

menos a metade dos casos são notificados.Esta doença atinge cerca

de 17% dos homens, com aproximadamente 35.230 casos

novos por ano, sendo o tumor maligno sólido mais comum nos

homens, com incidência maior a partir dos 50 anos, quando aumenta

sua prevalência, que chega a quase 50% nos homens de 80 anos e que,

provavelmente não poupará nenhum que chegue aos 100 anos. Ao serem

examinados cadáveres de homens no limite de 60 a 70 anos, foram encontrados focos cancerosos em 24% deles e, apesar disso, apenas 11% apresentavam em vida manifestações clínicas da doença. Isso quer dizer que mais da metade apresenta o tumor sem agressividade e podem vir a falecer por motivos diversos, mas, não pelo câncer.

No Brasil o número de casos da doença triplicou nos últimos 15 anos, por três moti-vos principais: a vida média da população aumentou e o câncer da próstata atinge prin-cipalmente os indivíduos com mais de 50 anos; as campanhas desenvolvidas através do poder público e pela SBU-Sociedade Brasileira de Urologia tem proporcionado

maior interesse do paciente pelo diagnós-tico do problema e também porque houve um crescimento real do acometimento e da agressividade do tumor.

Existem fatores de risco já estabelecidos para o câncer da próstata: Os afro-ameri-canos apresentam um risco 60% maior de desenvolver a doença e uma mortalidade duas vezes maior que a população branca da mesma idade. Outro fator de risco é a idade e o terceiro é familiar: ter pai ou irmão com câncer aumenta em duas vezes as chances. Ter dois parentes diretos aumenta a possi-bilidade em cinco vezes e, a repetição em mais de três parentes diretos, provoca um aumento de dez vezes. Apesar disso, nesses caso a agressividade se reduz e a letalida-de é menor do que nos casos sem h i s t ó r i a f a m i l i a r . Será que é porque aque-les pacientes p r o c u r a m mais precocemente pela prevenção?

Os fatores ambientais, hormonais e a dieta também têm importância no desenvol-vimento do câncer: os homens que comem carne vermelha e gordura saturada parecem mais sujeitos à doença enquanto nos paí-ses como Japão, China e Coréia, que têm hábitos alimentares diferentes, a incidên-cia é menor, ressaltando-se que entre os japoneses moradores nos Estados Unidos a incidência é igual à dos americanos.

Nas fases iniciais, o câncer da próstata não produz sintomas, porém progressiva-mente podem aparecer sintomas urinários, como a dificuldade miccional, redução do jato urinário, aumento do número de micções e às vezes pequeno sangramento urinário. À medida que o tumor cresce, há compressão da uretra, determinando a retenção urinária. Quando surgem manifestações sistêmicas como dores ósseas, anemia, linfadenopatias (ínguas) e perda de peso, é porque já se ins-talaram metástases pelo corpo. Felizmente na maioria dos casos os tumores se desen-volvem lenta e silenciosamente, levando mais das vezes até 15 anos para atingir 1 centímetro cúbico. A orientação da SBU é

que o paciente faça a prevenção antes que apareçam os primeiros sintomas.

Todos os homens devem procurar o Urologista, a partir dos 45 anos e, caso exista algum caso na família, aos 40 anos. A dosa-gem do PSA-antígeno prostático específico é importante para detectar o câncer nas suas fases iniciais permitindo o seu tratamento antes de sua disseminação, ocasião em que o mesmo é mais eficaz. O PSA normal, no sangue é de até 4 ng/ml (nanogramas por mililitro), porém níveis mais elevados tam-bém podem ser encontrados nas prostatites –processo inflamatório infeccioso ou não da próstata- ou nos tumores benignos de cres-cimento exagerado, portanto, a elevação do PSA não indica necessariamente a presença

de câncer local, porém deve ser criteriosa-mente analisado pelo urologista. O toque retal é imprescindível para o diagnóstico do câncer da próstata, pois o crescimento, associado ao endurecimento de uma próstata irregular, praticamente asseguram o diag-nóstico quando associados ao PSA elevado, principalmente porque a maioria dos tumores está localizada na zona periférica da próstata e pode ser detectada quando o seu volume é superior a 0,2 centímetro cúbico. Apesar disso, um nódulo diagnosticado ao toque retal pode significar cálculo prostático, hiperplasia benigna, prostatite, tuberculose, pólipos ou anomalias das vesículas seminais.

A ultrasonografia transretal também con-tribui para o diagnóstico, porém a biópsia deverá ser indicada nos casos suspeitos detec-tados nos exames anteriores. Normalmente durante as biópsias são retirados até 18 fragmentos da próstata através de uma fina agulha dirigida pelo ultrasom transretal, sob analgesia endovenosa ou anestesia local, tornando-se um exame indolor, rápido e que deve ser realizado com prévia antibioticote-rapia. Em cerca de 20% a 30% das biópsias, poderemos ter falhas no diagnóstico, ou a

C Â N C E R

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ti

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2�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

presença de lesões conhecidas como PIN-neoplasia intra epitelial ou ASAP-prolife-ração de pequenas glândulas atípicas, que podem dar origem ao câncer ou podem estar ao lado das áreas cancerígenas. Nestes casos o urologista deverá indicar nova biópsia.

Ainda com relação ao PSA devemos aten-tar principalmente para sua evolução, que indica a agressividade do tumor, ou seja uma elevação rápida e progressiva, mesmo em níveis não muito elevados, poderá indicar um tumor mais grave do que aquele nível mais elevado, porém de crescimento mais lento e provavelmente circunscrito à próstata. Níveis acima de 20ng/ml indicam tumor ultrapassan-do os limites da cápsula prostática e, acima de 100 ng/ml, devemos ter metástases.

O tratamento do paciente com câncer da

próstata, com o advento das campanhas de prevenção sofreu modificações, pois detec-tamos cada vez mais neoplasias em fases iniciais, que permitem a observação con-trolada nos tumores de evolução lenta e em pacientes idosos e portadores de diabetes e doenças cardiovasculares graves. Várias opções terapêuticas podem ser empregadas, como a cirurgia, a radioterapia, a hormonio-terapia e a crioterapia. A cirurgia é chamada Prostatectomia Radical, poderá ser realizada por via retropúbica, perineal ou laparoscópi-ca e tem como objetivo a remoção total da glândula, incluindo a cápsula, e é indicada para os tumores confinados ao órgão e em estágio inicial. Após a cirurgia, o paciente deve ser acompanhado com determinações mensais do PSA e avaliações clínicas fre-qüentes. As complicações mais freqüentes são a incontinência urinária e a impotência sexual. A incontinência ocorre em até 25% dos casos, nos primeiros meses, porém reduz-se a menos de 10% após o primeiro ano da cirurgia, podendo chegar a 5%, con-forme relatos recentes. A impotência, com as técnicas de preservação dos nervos res-ponsáveis pela ereção, foi reduzida, porém chega a 50% nos indivíduos com 55 a 65 anos, e 15% nos pacientes com menos de 55

anos, sendo que o uso de drogas como o sil-denafil, o tadalafil e o vardenafil corrige os quadros de impotência em 40% dos casos e, quando falham, pode-se recorrer às injeções intracavernosas, como a papaverina, fento-lamina ou prostaglandina, imediatamente antes da relação sexual. Nos casos rebeldes, podemos utilizar as próteses penianas, que permitirão ereções satisfatórias.

A radioterapia está indicada para tumo-res localizados, em fase inicial, e pode ser realizada de duas maneiras: através da radio-terapia externa ou pela braquiterapia. Estes métodos utilizam radiações ionizantes que penetram diretamente na próstata, destruin-do as células malignas e, atualmente, com equipamentos modernos que permitem a aplicação de forma mais aperfeiçoada, deno-

minada conformacional (tridimensional) e de modulação de intensida-de, aumentou-se a efici-ência do procedimento, reduzindo muito a inci-dência de complicações

e melhorando-se os índices de cura.A crioterapia é a destruição do câncer

através do congelamento da próstata, que é realizado através de agulhas, que penetram no órgão pelo períneo, porém, tem indicação limitada e resultados ainda duvidosos.

A hormonioterapia está indicada para os casos em que já encontramos metástases, reduz a extensão da doença, alivia os sinto-mas urinários e as dores ósseas, interrom-pendo o desenvolvimento do tumor, tirando de circulação o hormônio masculino, que é o combustível para as células tumorais. Pode ser usada em pacientes idosos ou naqueles que não podem submeter-se a cirurgia ou radioterapia, porém este tratamento não cura o paciente. O grande problema são os efeitos colaterais, principalmente os cardio-vascu-lares, ondas de calor, aumento das mamas, perda de desejo sexual e fragilidade óssea.

O entendimento da SBU é que o homem com mais de dez anos de expectativa de vida provavelmente se beneficiará do diagnóstico precoce e do tratamento, ou seja, se você tem 40 anos, com história familiar, ou 45 anos, vale a pena fazer o check-up normal. Se, eventualente, der positivo e o tumor estiver localizado só na próstata, em estágio inicial, vale a pena tratar radicalmente, pela cirurgia

ou radioterapia, porque a evolução do câncer da próstata pode prejudi-car muito a qualidade de vida futura, com sérios prejuízos à sua saúde. Vale salientar que o risco é individual e varia para cada paciente. Fique certo: em cada 100 homens, dez terão diagnóstico de cân-cer; destes, 2 a 3 poderão morrer por causa da doença, dependendo da idade; e nos outros noventa, o resultado será negativo.

O câncer da próstata não pode ser evitado, entretanto, algumas medidas simples talvez reduzam os riscos da doença. Uma dieta pobre em gordura animal, a utilização de cereais, frutas e vegetais, como a cenoura, brócolis, espinafre, alface, aspargo, ervilha, feijão, batata e abóbora, que contêm genisteína, daidzeína e enterolactonas, inibem o cresci-mento de células prostáticas em laborató-rio e provavelmente teriam algum valor clínico preventivo assim como os deri-vados da soja. A ingestão de tomates e similares, reduz em 35% o risco de câncer de próstata, devido à pre-sença de licopeno (beta caroteno natural precursor da vitamina A), com atividade antioxidan-te. A vitamina E e o Selênio, que existe na castanha-do-pará (duas castanhas con-tém 200 mg da substância) utilizado por quatro anos, reduz em 60% a incidên-cia da doença.

Portanto, a saúde de cada cidadão depende em grande parte da pre-venção e o tratamento deve ser individualiza-do, considerando caso a caso fatores como o esta-do geral, idade, expecta-tiva de vida, comorbida-des e o desejo dos pacien-tes. Enfim, o importante é estar “sempre alerta” contra o inimigo declarado. Vamos ao Combate: câncer da próstata, fora.

da próstata

Rai­mundo­ Castro­

Médi­co­ Uro­lo­gi­sta

O dr. Raimundo Castro é médico urologista e presidente da Câmara de Vereadores de Belém.E-mail: [email protected]

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omo uma forma de dri-blar as conseqüências das intermináveis greves e ao mesmo tempo buscar atu-

alizações constantes, estudantes de Medicina das Universidades Federal (UFPA) e Estadual do Pará (Uepa) fundaram, há cerca de dois meses, a Liga Paraense de Atenção Integral ao Câncer (LPAIC).

Ao todo, 185 alunos das duas únicas faculdades de Medicina do Pará participaram da fundação da Liga, que, conforme explicou o acadêmico de Medicina Oberdã Gomes Moreira Filho, membro da diretoria da LPAIC, não é ape-

nas um grupo de estudo amplia-do. Segundo ele, além de uma associação civil de direito pri-vado, sem fins lucrativos, criada legalmente como uma organiza-ção não-governamental de caráter socioeducativo, a Liga centraliza seus objetivos em ações comuni-tárias, de pesquisa e educativas.

Filiada aos cursos de Medicina da UFPA e Uepa, assim como à Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e à Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), no quesito educação a Liga vai promover o conhecimen-to teórico-prático aos acadêmicos participantes, através de palestras,

seminários, mesas-redondas, dis-cussões de casos clínicos. Essas atividades serão administradas pelos próprios estudantes, sob a supervisão de professores, ou atra-vés de reuniões com especialistas.

Oberdã salientou ainda que a Liga não vai apenas beneficiar os alunos, mas visa privilegiar e possibilitar a atualização dos pro-fissionais de medicina locais, que, ao participarem das aulas e cur-sos, receberão diplomas. O princi-pal ganho, porém, será o acúmulo de experiência, com a sempre rica troca de informações.

No âmbito comunitário, a Liga prevê a realização de campa-

Acadêmicosfundam liga educativa

pesquisa | objetivo é avaliar ações comunitárias,beneFiciando Futuros médicos C

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2�MÉDI­CANovembro/Dezembro 2005

nhas preventivas, palestras, mesas de discussão a fim de estudar peculiaridades das comunidades atendidas, conscientizando ainda os cidadãos.

O braço científico da Liga pretende colaborar em programas relacionados à área de saúde e áreas cor-relatas, bem como adminis-trar, promover e coordenar atividades institucionais, científicas, prestação de serviços de saúde, seminários, cur-sos, conferências, simpósios, estudos, congressos, concursos, exposições científicas, artísticas e literárias.

Unindo objetivos científicos e comunitários, a LPAIC foi para as ruas de Belém, no dia 30 de outubro, com uma pesquisa de campo para descobrir que tipo de informação os homens com mais de 40 anos têm sobre o câncer de próstata.

O tema não foi escolhido em vão. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, José Luiz Carvalho, um dos entusiastas da liga, explicou que tem aumentado o núme-ro de casos de câncer de próstata, muito por causa da desinformação e do preconceito. Ele disse que a maioria dos homens não faz o exame da próstata e declarou que “vergonha não é fazer o exame da próstata, e sim não fazer um exame que pode salvar

sua vida”.A Liga elaborou um questionário

com perguntas básicas sobre o tema, como a idade necessária para se come-çar a fazer o exame preventivo, além dos tipos de exames, entre outros.

Oberdã informou que os questio-nários seriam aplicados nos pontos de maior fluxo de pessoas da capital paraense e atingiriam um universo aproximado de três mil entrevistados.

Pesquisa de informação

A cerimônia oficial de fundação da Liga Paraense de Atenção Integral ao Câncer (LPAIC) ocorreu no dia 10 de novembro, no hotel Sagres, para-lelamente à realização do Onco 2005, congresso regional de Oncologia, com a participação de representan-tes das Sociedades Brasileiras de Cancerologia e Oncologia.

A diretoria da Liga adiantou ainda que, aproveitando a solenidade, seria apresentado um resultado parcial da

pesquisa feita com homens, para veri-ficar o grau de informações da comu-nidade acerca do câncer de próstata.

A partir dos resultados da pesqui-sa, a Liga pretende criar uma campa-nha educativa, trabalhando com foco nas respostas dos entrevistados. Dessa forma, explicou Oberdã, a campa-nha estará direcionada às principais dúvidas e questionamentos, tendo, possivelmente, maior penetração no público-alvo.

Um terceiro passo será, após a rea-lização da primeira pesquisa e, conse-qüentemente, da campanha educativa sobre o câncer de próstata, retornar aos locais onde se realizaram as duas primeiras ações, para uma nova pes-quisa. Esta última terá o objetivo de checar se a população alvo aumentou ou não seus conhecimentos sobre o tema. Será como um teste de quali-dade para checar se houve o direcio-namento correto das ações, visando à organização de outras campanhas semelhantes. |MÉDI­CA|

campanhas | estudantes também vão Fazer palestras e orientar a população

Comunidade

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�0 Novembro/Dezembro 2005MÉDI­CA

Muita gente confunde far-mácia de manipulação com farmácia que só vende produtos naturais

ou com farmácia homeopática. Isso causa uma outra confusão: que medica-mento manipulado é natural ou homeo-pático. Gostaria de mostrar a você quais

as vantagens de se utilizar um produto manipu-lado e quando você pode lançar mão desta opção, muitas vezes mais barata.

Primeiramente é preciso entender que na farmácia de manipulação você pode encontrar todos os medicamen-tos que você encontraria numa dro-garia. A diferença é que na drogaria você encontra os medicamentos com os seus nomes de marca, por exemplo: Na drogaria você encontra Acetofen, Dôrico, Tylenol, dentre outros; na far-mácia de manipulação você encontra o Paracetamol. Na drogaria você encon-tra Cataflam, Clofenak, Diclofen, den-tre outros; na farmácia de manipulação você encontra o Diclofenaco Potássico.

Posto isso, fica mais fácil entender as vantagens da manipulação: Digamos que você vai ao médico e ele lhe pres-creve um determinado medicamento que, na drogaria, só existe nas dosagens de 50mg ou 100mg, mas, segundo a avaliação que ele fez, você deve tomar 25 mg do tal medicamento e o médico orienta você a tomar ½ comprimido. Nesta situação você poderia comprar

o medicamento e cortá-lo no meio, acontece que você corre o risco de cor-tar errado ou esfarelar o comprimido e não conseguir identificar o que é meio e o que não é, daí termina tomando a dose errada. Por outro lado, você pode levar o medicamento a uma farmácia de manipulação que irá triturá-lo para

você e colocar na dosagem exata dentro de cada cápsula. Assim, você tomará a dosagem correta. Ou você pode sim-plesmente solicitar a seu médico que prescreva o medicamento manipulado e já comprá-lo na dosagem ideal para você, de acordo com a avaliação de seu médico.

Outra vantagem é o fato da farmá-cia de manipulação fazer a quantidade exata do medicamento que você pre-cisa. Digamos que você precisa tomar 2 comprimidos ao dia de um deter-minado medicamento durante 7 dias e que a apresentação que existe dele na drogaria tem 20 comprimidos por caixa. Fatalmente você vai perder 6 comprimidos, entretanto vai pagar por eles. No caso da farmácia de mani-pulação, você compraria exatamente as 14 cápsulas de que precisaria, o que significa que provavelmente seria mais barato, além de você não correr o risco de ficar com sobras de medi-camentos em casa.

Digamos, agora, que você precisa dar

um determinado medicamento qualquer para o seu filho e que, nas drogarias, só existe na apresentação de comprimidos. Digamos ainda que o seu filho ainda é muito pequeno e não consegue engolir comprimidos. Aí vira aquela lambança! Esmaga o comprimido na colher, colo-ca um pouco de água, soca goela abai-

xo, o garoto sente o gosto, acha detestável, balança a cabeça, cospe o remédio, é uma con-fusão! Nestes casos o melhor a fazer é solicitar a manipulação do tal medicamento em xarope. O seu filho agradece.

Outra situação interessante é quando você precisa tomar vários medicamentos juntos. Neste caso, você pode tomar uma única cápsula que contenha todos os princípios ativos que você teria nos vários medica-mentos separados. Com certeza é mais prático, e provavelmente

mais barato.Existem muitas outras situa-

ções em que você pode utilizar os serviços da farmácia de manipulação, entretanto é preciso fazer outros escla-recimentos: Nem sempre é possível solucionar os problemas que foram des-critos aqui. Cada caso é um caso e você deve sempre procurar o farmacêutico responsável para que ele possa avaliar o problema e encontrar a solução mais apropriada, barata, e que não coloque em risco a eficiência do medicamento, garantindo o sucesso do tratamento.

Outro fato importante é a avaliação de seu médico. Ele sabe quais as melho-res opções de medicamentos para cada caso e quais os riscos e vantagens para cada situação. Cabe a ele a responsabi-lidade que indicar a melhor opção para cada caso. As farmácia de manipula-ção não manipulam medicamentos sem prescrição médica. Portanto, converse com o seu médico.

uma boa opção

Medicamentos manipulados:

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André Fi­guei­redo­ Eluan

Farmacêuti­co­

André Figueiredo Eluan é farmacêu-tico e diretor comercial da Artesanal – Farmácia de Manipulação.

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