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Ano 4 | Edição 19 | Junho - Julho 2013 ENERGIA SOLAR: O DESAFIO DE TRANSFORMAR PROJETOS EM PRODUTOS ENTREVISTA Fernando Henrique Schüffner Neto será agraciado com a Medalha Lucas Lopes SANEAMENTO CREA e Funasa vão capacitar profissionais para atuar em municípios PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Inscrições abertas PRÊMIO SME CT&I 2013 ARTIGOS | INOVAÇÃO | MOBILIDADE | GESTÃO DE PROJETOS E MUITO MAIS

Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

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Page 1: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Ano 4 | Edição 19 | Junho - Julho 2013

ENERGIA SOLAR:

O DESAFIO DE TRANSFORMAR

PROJETOS EM PRODUTOS

ENTREVISTAFernando Henrique Schüffner Neto seráagraciado com a Medalha Lucas Lopes

SANEAMENTOCREA e Funasa vãocapacitar profissionais para atuar em municípios

PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA EINOVAÇÃOInscrições abertas PRÊMIO SME

CT&I 2013

ARTIGOS | INOVAÇÃO | MOBILIDADE | GESTÃO DE PROJETOS E MUITO MAIS

Page 2: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

PÓS-GRADUAÇÃO E MBABELO HORIZONTE

PÓS-GRADUAÇÃO: Gestão de Pro je tos | Ges tão de Pro je tos em Cons t rução e Montagem | Ges tão de Cus tos | Engenhar ia de Cus tos e Orçamento | Engenhar ia de P lane jamento | Engenhar ia Log ís t i ca | Engenhar ia de Produção Enxu ta | Engenhar ia de Processos | Engenhar ia Ambien ta l I n tegrada | Engenhar ia de So f tware | Engenhar ia de Supr imentos | Engenhar ia de VendasAdmin is t ração de Compras | Aná l ise de Negóc ios e da In formação | Engenhar ia da Inovação e Melhor ia Cont ínua | Gestão e Tecno log ia da In formação. MBA: Ges tão de P ro j e tos | Ges tão de Negóc ios | Admin i s t r ação de P ro j e tos | Ges tão de Negóc ios e Tecno log i a da I n fo rmação.

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Page 3: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

A Companhia Energética de Minas Ge-

rais – Cemig - é um dos mais sólidos e

importantes grupos do segmento de

energia do Brasil, tendo alcançado a

posição de maior empresa em valor de

mercado no setor de energia elétrica

no País. Esta é uma constatação cor-

rente nas informações relativas ao tra-

balho da empresa e uma apresentação

costumeira quanto ao desempenho da

companhia. Portanto, seria pratica-

mente impossível retratar neste es-

paço a importância dessa empresa na

vida da população. Mas, pretendemos

nos ater a um aspecto da história da

Cemig que é o seu pioneirismo na-

quilo que se propõe a fazer: contri-

buir para o desenvolvimento de Minas

e nacional, elevando a qualidade de

vida da população, metas intimamente

relacionadas com a concepção de

produção e uso da energia.

Com uma equipe de profissionais alta-

mente qualificados e gestão compe-

tente, a Cemig ao longo das últimas

décadas, vem atendendo às transfor-

mações rápidas e novas exigências do

mundo globalizado. Alguns dados de-

monstram todo o esforço e investi-

mento que têm sido feitos. Além de

atuar nas áreas de geração, transmis-

são e distribuição de energia, nos seg-

mentos de gás natural e telecomunica-

ções, a Cemig é referência na

economia global reconhecida por sua

atuação sustentável.

É responsável pela operação da maior

rede de distribuição de energia elétrica

da América do Sul e uma das quatro

maiores do mundo. Ela atual em 23 es-

tados brasileirtos, com mais de 100

empresas e participação em 15 con-

sórcios. Referencia internacional no

setor de energia com investimentos

maciços em inovação e tecnologia, de-

monstrando seu pioneirismo na im-

plantação, em 1994, no município de

Gouveia, a primeira usina eólica elé-

trica da America Latina conectada ao

Grid. Seguindo a política de investi-

mentos em fontes renováveis de ener-

gia, a Cemig adquiriu recentemente

participação acionária em três parques

eólicos da Energimp S.A. (Impsa), com

capacidade instalada de 99,6 mega-

watts, no Ceará, e, o controle societá-

rio da RENOVA por intermédio da

Light, também com fortes investimen-

tos em energia eólica nos estados do

Rio de Janeiro e Bahia. Além disso, de-

senvolve pesquisas e projetos para a

produção e isso do biodiesel, geração

de energia a partir de resíduos sólidos

urbanos, produção de células combus-

tíveis de alta temperatura e outras tec-

nologias de geração distribuída.

Esses são dados de pioneirismo e efi-

ciência que garantem à empresa, entre

outros aspectos, a posição que ocupa

de liderança no mercado global. A

Cemig coloca em movimento todo o

seu potencial humano, tecnológico e

políticas adequadas para produzir o in-

sumo que é vital para a sociedade hu-

mana. A qualidade de vida e a própria

sobrevivência das populações nos di-

versos pontos do estado de Minas Ge-

rais dependem dessa concepção de

produção e uso da energia.

Devemos, portanto, parabenizar a em-

presa, por meio de seus dirigentes e

funcionários, e reconhecer o trabalho

da Cemig como algo indispensável ao

funcionamento da vida social e para o

crescimento econômico de Minas e do

Brasil. É necessário reconhecer que

essa interdependência entre uma em-

presa e a sociedade, de forma saudável

e produtiva, cresce ao longo do tempo,

se modifica, sendo um dos fatores de-

terminantes para o desenvolvimento

de uma Nação.

3

EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

Ailton Ricaldoni Lobo

Presidente da SME

Décadas de pioneirismo e investimentos naprodução de energia

Page 4: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

4

PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo

VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão

José Luiz Nobre Ribeiro

Victório Duque Semionato

Alexandre Francisco Maia Bueno

Délcio Antônio Duarte

DIRETORESLuiz Felipe de Farias

Diogo de Souza Coimbra

Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz

Marcílio César de Andrade

Alessandro Fernandes Moreira

José Flávio Gomes

Fabiano Soares Panissi

Janaína Maria França dos Anjos

Normando Virgílio Borges Alves

Clemenceau Chiabi Saliba Júnior

SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela de Sant'Anna

Teodomiro Diniz Camargos

Jorge Pereira Raggi

Flavio Marques Lisbôa Campos

Rodrigo Octavio Coutinho Filho

Paulo Safady Simão

José Luiz Gattás Hallak

Alberto Enrique Dávila Bravo

Cláudia Teresa Pereira Pires

Márcio Tadeu Pedrosa

Sílvio Antônio Soares Nazaré

Felix Ricardo Gonçalves Moutinho

Levindo Eduardo Coelho Neto

Fernando Henrique Schuffner Neto

Ivan Ribeiro de Oliveira

CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva

Nilton Andrade Chaves

Carlos Gutemberg Junqueira Alvim

Alexandre Rocha Resende

Wanderley Alvarenga Bastos Júnior

CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo

Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz

Janaína Maria França dos Anjos

Fabiano Soares Panissi

José Ciro Mota

Ronaldo José Lima Gusmão

Coordenador EditorialRonaldo José Lima Gusmão

Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira

MG 05203 JP

Projeto Gráfico Blog Comunicação

Marcelo Távora

marcelo@@blogconsult.com.br

Av. Bento Simão, 518 | São Bento

Belo Horizonte | Minas Gerais

CEP - 30350-750

(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação

[email protected]

(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral

Distribuição GratuitaVia Correios e Instituições parceiras

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros

Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar

Santo Agostinho

Belo Horizonte | Minas Gerais

CEP - 30170-001

Tel. (31) 3292 3962

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Fale conosco Contato [email protected]

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Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem-estar social.

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código 0086. Assim, você apoia a Sociedade Mineira de Engenheiros a representar a engenharia e oferecer melhores serviços para você!

Page 5: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

10ENTREVISTA

Fernando Henrique

Schüffner Neto

20CAPA

Tecnologia de energia

fotovoltaica

42

ENGENHARIA & GESTÃO Artigo | Ronaldo Gusmão

40SANEAMENTO

Convênio CREA e

Funasa para capacitar

profissionais

MESTRES DA ENGENHARIA

Guilherme Brandão

Federman

46ARTIGO INOVAÇÃO

José Henrique Diniz

8

34

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

Engenharia em destaque

18

36A CRISE DE ENERGIA

NO BRASIL

Artigo | José Goldemberg56

PRÊMIO SME DE

CIÊNCIA, TECNOLOGIA

E INOVAÇÃO6

ENGENHEIROS NA POLÍTICA

Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB)

e José Tarcísio Caixeta (PT)

48PREVENÇÃO

NA CONSTRUÇÃO

A saída para evitar prejuízos

54CONSTRUÇÃO

CBIC e Antac

apresentam projeto de

inovação da construção

MOBILIDADE | METRÔ LEVE

Artigo de Luiz Otávio Silva

Portela

52NOVOS ENGENHEIROS

Thiago Meira Raydan

rg.br

Page 6: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

CT&I | PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

6

Para uma boa formação profissional, além do empenho,

da concentração nos livros e aulas ministradas, requer a

feitura de muitas pesquisas acadêmicas, um tanto de ou-

sadia e criatividade. Com o propósito de estimular essas

práticas e qualidades, a Sociedade Mineira de Engenheiros

– SME abriu inscrição gratuita para

o Prêmio SME de Ciência, Tecnolo-

gia e Inovação 2013 para os estu-

dantes regularmente matriculados

nos cursos de graduação de insti-

tuições de ensino superior em

Minas Gerais nas áreas de Enge-

nharia, Arquitetura e Agronomia.

Já na 22ª edição, o Prêmio SME foi

instituído com base em legislação

e normas do Conselho Federal de

Engenharia e Agronomia – CON-

FEA, do Conselho Regional de En-

genharia e Agronomia de Minas

Gerais – CREA-MG e do Conselho

de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU-BR. Os in-

teressados têm prazo até 9 de setembro/2013 para for-

malizar a inscrição e entregar os trabalhos. Não serão

aceitos trabalhos enviados por e-mail, nem postados após

a data limite divulgada no cronograma do Prêmio. Na his-

tória do prêmio, mais de 1500 trabalhos passaram por

avaliações rigorosas. A solenidade de premiação ocorre,

anualmente, no mês de novembro.

De acordo com o regulamento do Prêmio SME de Ciên-

cia, Tecnologia e Inovação, os participantes têm que apre-

sentar trabalhos técnico-científicos com no máximo de

50 laudas (páginas), formatado de acordo com as Normas

da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Os processos de avaliação, classificação e premiação serão

conduzidos pela Comissão Organizadora do Prêmio.

Os inscritos poderão concorrer individualmente ou em

grupo com um ou mais trabalhos. Para os trabalhos téc-

nico-científicos apresentados em grupo, poderão partici-

par estudantes de outras profissões

regularmente matriculados em cur-

sos de graduação em Minas, desde

que o líder do grupo seja um estu-

dante das profissões de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia.

Os vencedores receberão certifica-

dos e premiações pecuniárias. Os au-

tores de trabalhos que tenham se

destacado, mas que não ficaram entre

os premiados serão prestigiados com

menção honrosa. A cada ano, é con-

cedido um prêmio especial para a Ins-

tituição de Ensino Superior (IES) que

tiver o maior número de trabalhos

classificados para a última fase de avaliação. Caso tenha

mais de uma instituição de ensino relacionada ao mesmo

trabalho, concorrerá somente a instituição do líder do

trabalho.

O formulário oficial do Prêmio SME de Ciência, Tecnolo-

gia e Inovação está disponível no site: www.sme.org.br

ou pode ser solicitado pelo e-mail [email protected].

Os candidatos deverão entregar pessoalmente e postar

os trabalhos até 09 de setembro de 2013, data limite para

inscrição e entrega de documentos, na sede da

SME, na Av. Álvares Cabral, 1.600/3º andar – Lourdes,

no horário de 9h às 16h30.

Inscrições abertas para a 22ª edição do Prêmio

Jéssica Andrade Prata ganhou 1º lugar

na edição do prêmio SME CT&I em 2012

Page 7: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 8: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

8

CAPACITAÇÃO | ENGENHARIA

Com meta de conceder 45 mil

bolsas de estudo para estudantes

universitários e cientistas brasilei-

ros neste ano, o programa Ciên-

cia sem Fronteiras vai abrir novas

chamadas para graduação sanduí-

che no Canadá, Alemanha, Estados

Unidos, Hungria e Japão.

As inscrições vão de 4 de junho a

8 de julho no site www.ciencia-

semfronteiras.com.br. Os bolsis-

tas selecionados iniciarão suas

atividades no exterior a partir de

meados de 2014. Para participar

da seleção, o estudante deverá

possuir nota do Exame Nacional

do Ensino Médio (Enem) igual ou

acima de 600 pontos em teste

realizado após 2009.

Estudantes e pesquisadores das

Engenharias e demais áreas tec-

nológicas devem ficar atentos

para mais essa chamada. Das bol-

sas concedidas até abril deste

ano, 20.115 foram implementadas.

Delas, 7.701 foram para esses

segmentos do conhecimento.

Das bolsas, 14.447 para cursos de

graduação sanduíche no exterior,

3.273 para doutorado sanduíche

no exterior. Há, também, 641 pes-

soas fazendo doutorado e 1.721

matriculados no pós-doutorado.

As quatro bolsas restantes são

para outras modalidades de pro-

gramas de intercâmbio.

Bolsas para Engenharias e áreas tecnológicas lideram o ranking no país e em Minas

Ciência sem Fronteiras

Page 9: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

9

Minas Gerais foi o segundo Estado com mais

bolsas concedidas, totalizando 3.157, delas

1.458 para as Engenharias e área tecnológica.

São Paulo, na primeira posição, ficou com 4.980.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

foi a segunda instituição de ensino brasileira a

enviar mais bolsistas para o exterior, com 872

participantes. Deles 303 são oriundos das áreas

de Engenharia e tecnologia.

Principal programa do governo federal de mo-

bilidade acadêmica no exterior, o Ciência sem

Fronteiras concedeu 41.133 bolsas desde sua

criação, em 2011. Desse total, 23.851 estudantes

foram aprovados no ano passado. Outros

17.282 candidatos foram selecionados em cha-

madas este ano.

Criado com a meta de oferecer 101 mil bolsas

de estudo no exterior em quatro anos, o Ciên-

cia sem Fronteiras mantém parcerias em 35 paí-

ses. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos

Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI) e do Ministério da Educação (MEC),

por meio de suas respectivas instituições de fo-

mento – CNPq e Capes –, e Secretarias de

Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

O programa quer atrair pesquisadores do

exterior que queiram se fixar no Brasil ou

estabelecer parcerias com os cientistas brasi-

leiros nas áreas prioritárias definidas bem como

criar oportunidade para que pesquisadores de

empresas recebam treinamento especializado

no exterior.

Até o momento, Estados Unidos da América

(EUA), Portugal, França, Espanha, Canadá,

Reino Unido, Alemanha, Austrália, Itália e

Holanda são os dez países que mais recebe-

ram estudantes brasileiros. O objetivo do go-

verno federal é promover o avanço da ciência,

tecnologia, inovação e competitividade indus-

trial por meio do intercâmbio internacional

de estudantes e cientistas brasileiros. Para

todos esses destinos, o maior número de bol-

sas concedidas foi para Engenharia e áreas

tecnológicas.

A presidente Dilma Rousseff inclui o Programa

Ciência sem Fronteiras em todos os encontros

políticos com chefes de governo de outros paí-

ses. Entre eles o presidente da Alemanha,

Joachim Gauck e o vice-presidente dos EUA,

Joe Biden, que visitaram o Brasil em maio.

- Ter nacionalidade brasileira;

- Estudar em uma universidade no Brasil que

tenha aderido ao programa;

- É preciso ter concluído ao menos 20% e

no máximo 90% do currículo previsto para

seu curso;

- Estar matriculado em uma graduação

dentro das áreas de prioridade determina-

das pelo programa;

- Proficiência em inglês TOEFL IBT ou IELTS.

Caso o estudante não tenha essas certifica-

ções, poderá solicitar também uma bolsa

para fazer até 25 semanas de curso de inglês

e, em seguida, começar a sua Graduação

Sanduíche;

- Assumir o compromisso de permanecer

no Brasil pelo dobro do período em

que esteve no exterior como bolsista.

PRÉ-REQUISITOS PARA INSCRIÇÃO:

Page 10: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

10

ENTREVISTA | FERNANDO HENRIQUE SCHÜFFNER NETO

Agraciado com a Medalha Lucas

Lopes neste ano, o engenheiro

eletricista com mestrado em

Automação e Controle e MBA

em Gestão de Negócios, Fer-

nando Henrique Schüffner Neto,

é um dos executivos mais impor-

tantes da Companhia Energética

de Minas Gerais (Cemig), como

diretor de Desenvolvimento de

Negócios, uma área considerada

estratégica para o negócio.

“O nosso desafio, hoje, é buscar

caminhos para manter a compa-

nhia no patamar em que se encon-

tra”, adianta. Admirado por seus

pares e respeitado pelas equipes

com as quais tem trabalhado

ao longo da carreira construída na

Cemig, ele está à procura de

novos ativos no Brasil, embora

não descarte a oportunidade de

investir fora do país. Tudo isso

para driblar os efeitos negativos

da lei 12.783 – antiga Medida Pro-

visória 579 que, até 2017, vai

ret i rar 18 usinas da empresa

e parte do lucro da companhia.

O gosto pelo setor de energia co-

meçou na infância, quando ele já

pensava em ser engenheiro e tes-

tava sua habilidade consertando

os eletrodomésticos. Casado e pai

de dois filhos, dos quais um enge-

nheiro eletricista, Schüffner é um

profissional diferenciado, pois sabe

tratar de negócios com a mesma

desenvoltura com que cuida das

pessoas que estão ao seu redor.

A cerimônia de entrega da Meda-

lha Lucas Lopes será no dia 11 de

junho, no auditório da Cemig.

Quando foi trabalhar na Cemig e

porque decidiu construir uma car-

reira nesta empresa?

Estou na Cemig desde 1985 e es-

colhi fazer parte da Cemig pelo

fato de ela ser referência no setor

elétrico brasileiro, além de saber

que a concessionária sempre teve

a prática de reconhecimento dos

seus funcionários.

Como funcionário de carreira

da Cemig, tive vários desafios

e oportunidade de passar por

diversas áreas da Companhia.

Dessa forma, atuei nas principais

áreas, tendo começado no centro

de operações do sistema elétrico,

que envolve as usinas e linhas de

transmissão, depois na área de dis-

tribuição, quando retornei a minha

cidade natal, Teófilo Otoni, já

como gerente, tendo alcançado o

cargo de diretor de Geração e

Transmissão, depois o de Distri-

buição e Comercialização e, atual-

mente, de Desenvolvimento de

Negócios.

Como analisa o setor de energia

nacional hoje?

O potencial dos ventos, a incidên-

cia de raios solares durante o ano

inteiro e o grande volume de ma-

Fernando Henrique Schüffner Neto, umdos executivos mais importantes da Cemigé agraciado com a Medalha Lucas Lopes

Page 11: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

teriais orgânicos produzidos no

País, que servem como biomassa,

são promessas para que o Brasil

se mantenha na liderança da gera-

ção de energia limpa e renovável

para as próximas décadas. A ma-

triz elétrica brasileira, por sua ca-

racterística única, é, hoje, 92%

renovável, com cerca de 85% da

energia produzida provenientes

de usinas hidrelétricas, e 7%, de

biomassa residual (principalmente

bagaço de cana-de-açúcar).

Dados da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE) mostram que,

em 2020, as fontes de energia al-

ternativas serão responsáveis por

16% da geração no País. A partici-

pação é três vezes maior do que

o que foi gerado em 2010, quando

as fontes renováveis não tradicio-

nais, como as hidrelétricas, contri-

buíram com 8% da produção.

Hoje, o potencial para produção de

energia elétrica a partir de fontes al-

ternativas chega a ser duas vezes

maior que o seu potencial hidrelé-

trico. Projetos de usinas eólicas,

assim como os de geração solar,

estão entre as prioridades da Cemig

para aumentar, ainda mais a matriz

energética limpa no Estado e no País.

Nesse contexto, quais os desafios

da Cemig e da diretoria de Novos

Negócios que o Sr. têm gerido

com grande competência?

Nos últimos anos o Grupo Cemig

tem vivido um notável crescimento.

Adquiriu novos ativos em vários se-

tores e atividades relacionados ao

seu negócio. Hoje, integram o

Grupo empresas das mais diversas,

como Cemig Telecom, Gasmig,

Taesa, Axxiom, Light e Renova. O

crescimento está acontecendo de

forma consistente, por meio de

gestão eficiente, investimento em

inovação, sustentação em diversos

negócios e busca constante por

novas oportunidades.

O setor elétrico brasileiro está

em um momento de transição

pelo fato da lei 12.783 – antiga

Medida Provisória 579. A Cemig,

desde o primeiro momento, foi a

favor do programa do Governo

Federal de reduzir o custo da

energia para a população e a in-

dústria. No entanto, os valores

oferecidos, principalmente, na

questão da Geração, não eram su-

ficientes. Os contratos impõem às

empresas toda a responsabilidade

em função de problemas de ope-

ração, danos ambientais e outros.

Por isso, não renovamos os con-

tratos de concessões de 18 usi-

nas, pois colocaria em risco a

grande preocupação da Cemig de

continuar prestando um serviço

de qualidade e segurança à popu-

lação de Minas Gerais e para o sis-

tema interligado nacional. Mas o

setor elétrico é um grande mer-

cado para todos os profissionais e

um setor vital para o crescimento

e desenvolvimento de nosso País.

Page 12: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

12

ENTREVISTA | FERNANDO HENRIQUE SCHÜFFNER NETO

O Sr. considera que Minas Ge-

rais é uma referência na pes-

quisa energética? Por que?

Entre os maiores grupos de

energia no Brasil, a Cemig vem

alinhando, cada vez mais, a

Pesquisa e Desenvolvimento

(P&D) à estratégia empresarial

de crescimento com sustenta-

bilidade. As pesquisas estão

saindo do campo teórico para

se tornar realidade.

Pioneira brasileira na primeira

conexão de uma usina eólica

ao Sistema Elétrico Interligado,

a Cemig mantém ao longo dos

últimos anos estudos e investi-

mentos na geração eólica.Des-

tacamos o Atlas Eólico, que

mapeou o potencial eólico de

todo o Estado de Minas Gerais,

da ordem de 40 GW, sinali-

zando os locais promissores

para a implantação de novos

empreendimentos. O Grupo

Cemig é o segundo maior

gerador de energia eólica no

Brasil, com destaque para a

Renova Energia, detentora do

maior complexo eólico da

América Latina, localizado na

Região Central da Bahia. A

Cemig passou a fazer parte do

grupo de controle da Renova

em 2011, por meio da Light.

Além disso, a Companhia ad-

quiriu, em 2009, 49% da parti-

cipação societária em três

parques eólicos (já em pleno

funcionamento) de proprie-

dade da Energimp S.A. localiza-

dos no Ceará, com potência

total de cerca de 100 MW e in-

vestimento de R$ 213 milhões.

Além disso, a Cemig desenvolve

pesquisas e projetos para pro-

dução e uso de biodiesel, gera-

ção de energia a partir de

resíduos sólidos urbanos, pro-

dução de células combustíveis

de alta temperatura e outras

tecnologias de geração distri-

buída. Em 2012, iniciamos a co-

mercialização de energia gerada

por meio do biogás composto

por metano e gás carbônico,

produzido pela decomposição

de lixo de aterro sanitário.

Com o projeto Cidades do

Futuro, a Cemig está testando

a funcionalidade das Redes

Inteteligentes, que mudarão

a forma como a sociedade

consome energia. E já mantém

projetos de desenvolvimento

limpo que a capacitam a obter

e comercializar créditos de

carbono.

Por fim, a Cemig desenvolveu

o Atlas Solarimétrico, que

apresenta estudos para a de-

terminação do potencial de

energia solar do Estado e da

localização das melhores inci-

dências de radiação, para a

identificação de melhores al-

ternativas de aproveitamento

dessa fonte primária de ener-

gia e para a inserção dessa

energia na matriz energética

considerando seus aspectos

de sazonalidade, variabilidade e

disponibilidade diária.

Hoje, o potencial para produção de energia elétrica

a partir de fontes alternativas chega a ser duas

vezes maior que o seu potencial hidrelétrico.

Page 13: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

13

A sustentabilidade está definitiva-

mente incorporada às práticas do

Grupo. Várias alternativas energé-

ticas estão sendo desenvolvidas si-

multaneamente, com destaque

para as energias solar e eólica. E

importantes programas ambien-

tais já mostram resultados.

Na dimensão social, o Grupo

Cemig tem reafirmado o seu com-

promisso de crescer para oferecer

melhores condições de vida a esta

e às próximas gerações. Progra-

mas sociais e culturais mantidos

pelo Grupo impactam positiva-

mente nossa sociedade.

E, paralelamente, estão sendo im-

plantados novos e modernos canais

de atendimento ao consumidor.

Além de garantir a sustentabilidade

da Empresa e perpetuar sua força,

essa expansão aumenta a presença

da marca. O Grupo Cemig, antes si-

nônimo de energia hidrelétrica,

aproxima-se agora das energias al-

ternativas, das telecomunicações, do

mercado de gás natural, das solu-

ções em TI, de milhões de novos

clientes e consumidores e do seleto

clube das empresas globais.

O que significa para o Sr. receber a

Medalha Lucas Lopes?

É uma grande felicidade receber a

condecoração que tem como pa-

trono o engenheiro Lucas Lopes

que deu início a essa corporação a

qual sempre tive o orgulho de per-

tencer e a qual tenho a honra de di-

rigir agora na missão de participar,

diretamente, da expansão e amplia-

ção de suas atividades no Brasil e

também no exterior, onde já atua-

mos no Chile, com uma linha de

transmissão.

Divido essa homenagem com todos

os profissionais que, de alguma

forma, contribuíram para o desen-

volvimento da minha carreira na

Cemig. Eu agradeço a eles por me

ensinarem tanto.

Divido essa homenagem com todos os profissio-

nais que, de alguma forma, contribuíram para o

desenvolvimento da minha carreira na Cemig.

Eu agradeço a eles por me ensinarem tanto.

““

Page 14: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

14

O 12º Congresso de Materiais, Tecnologia e Meio Am-

biente da Construção será realizado pelo Sinduscon-MG,

nos próximos dias 19 e 20 de junho, no Expominas. O con-

gresso, que integra a programação do Minascon/Construir

Minas 2013, que vai acontecer de 19 a 22 de junho/2013,

abordará temas relacionados aos diversos sistemas cons-

trutivos, inovações tenológicas, desempenho e sustentabi-

lidade no setor da construção. Mais informações pelos

telefones: (31) 3253 2687/2683. www.sinduscon-mg.org.br

Sustentabilidade da construção

Engenharia sanitária e ambiental

Educação e trabalho

A empresa Furnas subsidiária da Centrais

Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobras, vin-

culada ao Ministério de Minas e Energia,

lança em seu perfil no Facebook, a campa-

nha #GeraçãoEnergia. O público-alvo do

projeto não é segmentado por faixas etá-

rias, e sim por suas atitudes. De acordo

com o texto promocional da empresa, a

“GeraçãoEnergia” é quem se “preocupa

com a natureza; gosta de esportes, busca

qualidade de vida e saúde; valoriza o Brasil,

os brasileiros e principalmente seus cola-

boradores; tem energia para aproveitar a

vida e quer estar sempre conectada ao

que acontece no mundo”. Os interessados

poderão compartilhar posts e obter infor-

mações de várias iniciativas da empresa. In-

formações: www.furnas.com.br

A Associação Brasileira de Engenha-

ria Sanitária e Ambiental (ABES)

anuncia a realização do 27º Con-

gresso Brasileiro de Engenharia Sani-

tária e Ambiental, que terá como

tema central “Saneamento, Ambiente

e Sociedade: Entre a gestão, a política

e a tecnologia”, a ser realizado no

Centro de Convenções de Goiânia, de 15 a 19 de se-

tembro de 2013, Goiânia/GO. O 27º CBESA -

Congresso Brasileiro de Enge-

nharia Sanitária e Ambiental terá

em sua programação painéis,

mesas redondas, apresentação

de trabalhos técnicos, Campeo-

nato de Operadores, Olimpíada

Jovens Profissionais do Sanea-

mento, visitas técnicas, e a X FI-

TABES, a maior feira de exposições do segmento.

Informações: http://www.abes-dn.org.br

A Confederação Nacional da In-

dústria (CNI) lançará, em setem-

bro, o documento Educação para

o Mundo do Trabalho, que reunirá

propostas do setor para o sistema

educacional brasileiro. Nele, será

apresentando um amplo diagnós-

tico sobre como a baixa qualidade

da educação básica impacta a pro-

dutividade do país e também uma

série de soluções de curto prazo

para essa realidade. Nos próximos

meses, o conteúdo será discutido

pelas federações das indústrias nos

estados e por especialistas.

O objetivo é reunir o maior nú-

mero de atores qualificados em

torno da proposta que atinge

todos os setores, a exemplo da en-

genharia. Mais informações pelo

site: www.cni.org.br

“GeraçãoEnergia” na rede social

Page 15: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

15

Às vésperas de sediar a Copa das Confederações, será rea-

lizado nos dias 12 e 13 de junho, no Centro Empresarial

Rio, o 4º Seminário Sistemas Inteligentes de Transportes

(ITS 2013). O evento é promovido pela Planeja & Informa

Comunicação e Marketing, com apoio da Universidade do

Estado do Rio de janeiro (UERJ), e tem por objetivo deba-

ter novos meios de se pensar a mobilidade urbana, unindo

recursos de informação e comunicação telemática e fer-

ramentas de gerenciamento dos transportes, através dos

chamados Sistemas Inteligentes de Transportes. O plano de

ação do Rio de Janeiro para a modernização tecnológica

do sistema de transporte e a melhoraria da mobilidade ur-

bana vai ser o tema da palestra do secretário municipal de

Transportes da Cidade do Rio de Janeiro, Carlos Roberto

Osório. Mais informações: (21) 2262-9401 / 2244-6211ou

pelo site: www. embarqbrasil.org/node/786

Arbitragem e Construção

Com o intuito de debater temas importantes relacionados à arbitragem em obras

e serviços de engenharia, a CMA/CREA-MG juntou-se ao Instituto Brasileiro de

Direito da Construção (IBDiC) e ao Comitê brasileiro de Avaliações e Perícias

de Engenharia (IBAPE-MG) para realizar o Seminário Nacional Arbitragem &

Construção, nos dias 10 e 11 de junho, na sede do CREA-MG, em Belo Hori-

zonte. Informações: www.crea-mg.org.br

HP lança site para capacitar professor em ciência, tecnologia, engenharia e matemática

Foi inaugurada pela Basf nessa terça-feira (28) em São Paulo, a primeira Casa de

Eficiência Energética (Casa E) no Brasil. A construção pretende mostrar ao mer-

cado soluções e produtos inovadores desenvolvidos para tornar as construções

mais sustentáveis e eficientes. Com um investimento de R$ 3 milhões, o projeto

apresenta soluções para redução do consumo de água, energia e emissão de CO2.

De acordo com a Basf, a economia de energia da casa chega a quase 70% graças

ao uso de materiais diferenciados.

Os blocos são de poliestireno expandido que proporcionam isolamento térmico.

Já nas paredes, espumas especiais foram aplicadas para dar maior conforto acústico

e térmico. No processo de construção ainda foram utilizados tintas, vernizes e adesivos com pigmentos especiais que atuam no

controle da temperatura e que também contribuem para um menor gasto de energia.

Participe envie notícias e novidades para: [email protected]

Sistemas inteligentes e transportes

12 e 13 de junho, no Centro Empresarial Rio

A HP Catalyst Academy, afirmou ele, foi uma forma de favorecer uma parte essencial da

engrenagem necessária para se oferecer experiências únicas de aprendizado: o professor.

A Ferramenta digital voltada para a capacitação de professores na área de Stem – sigla que,

em inglês, significa ciência, tecnologia, engenharia e matemática. A solução que a HP en-

controu foi formatar cursos curtos e oficinas com um viés voltado à prática. Confira a lista

no site http://catalyst.navigator.nmc.org/academy/courses) estarão disponíveis gratuita-

mente na HP Catalyst Academy,Fonte: http://porvir.org

Fonte: http://www.basf.com.br

Basf inaugura sua primeira Casa de Eficiência Energética no Brasil

Page 16: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

NA VIDA DE UMA EMPRESA CENTENÁRIA, 365 DIAS PODEM SER QUASE NADA. OU QUASE TUDO.

Page 17: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Para a Light, 365 dias podem ser 365 oportunidades

para aprender a cada hora, a cada desafi o.

São 365 chances de erguer relações mais sustentáveis

e duradouras com seus clientes. São, acima de tudo,

365 novas possibilidades de olhar

para o futuro e construir um mundo melhor.

Confi ra o Relatório de Sustentabilidade 2012: www.relatoriolight.com.br

Page 18: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

MESTRES DA ENGENHARIA | GUILHERME BRANDÃO FEDERMAN

Muitos profissionais conseguem conciliar a carreira

e a docência. Para o engenheiro civil pela Escola de

Engenharia da Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG), em 1969, e advogado pela mesma

instituição, graduado em 1990, Guilherme Brandão

Federman, 68 anos, essas duas atividades são, in-

clusive, complementares.

Embora tenha deixado as salas de aulas dos cursos

de graduação neste ano, depois de 42 anos de ati-

vidades na docência, ele continua trabalhando na

área de Engenharia de Avaliação, Perícias de Enge-

nharia, Vistorias Cautelares, Inspeções Pre-

diais e Arbitramentos. Sempre que encontra

seminários e congressos nas suas áreas de interesse

reserva tempo na agenda para se atualizar. “Sempre

tem algo novo para aprender”, afirma o professor.

Foi com esse espírito que ele se tornou, mais que

professor, um mestre. Como profissional da Enge-

nharia Civil, Guilherme Federman usou a expe-

riência que acumulou ao longo da carreira para

ajudar a formar novos profissionais. Na docência,

procurou sempre variar de disciplinas, para que

não cair na rotina.

Assim, percorreu salas de aula da UFMG, no ICEX

e na Escola de Engenharia, no IPUC da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC

Minas) e na Escola de Engenharia Kennedy. Entre

os conteúdos estão Geometria analítica, Cálculo I,

II, II e IV, Cálculo Numérico, Estatística e Probabili-

dades, Planejamento e Gerenciamento das Cons-

truções, Gestão Empresarial, Legislação Profissional

e Segurança do Trabalho.

O gosto pela sala de aula aumentou com o tempo.

Paralelamente a docência da graduação, ele também

ministrou cursos de Engenharia de Avaliações e

Pericias em diversos locais do país e não rejeitou a

oportunidade de frequentar a graduação de Direito

como professor. “Como sempre trabalhei com

Engenharia, fui um professor com prática profis-

sional, com vivência de canteiro de obras, plane-

jamentos, e orçamentos”, avalia.

A experiência classista também foi um diferencial

do professor, que sempre participou das discus-

sões da sua área de atuação, seja na Sociedade Mi-

neira de Engenheiros (SME) ou como conselheiro

do Conselho Regional de Engenharia e Agrono-

mia de Minas Gerais (CREA-MG) por muitos

anos. A Associação dos Ex-Alunos da Escola de

Engenharia da UFMG (AEAEEUFMG) também

conta com a sua presença e participação ativa.

“Durante muitos anos, eu levava as turmas para

fazer o primeiro contato com o Conselho”, resgata.

18

Balanço positivo da docência depois

de 42 anos de atividades e aprendizados

Page 19: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

O balanço da carreira como professor é muito

positivo. “Cheguei a dar aulas de régua de cálculo

até cursos virtuais. Como professor tive mais de

4 mil alunos, muitos deles meus amigos até hoje”,

ressalta. Foi distinguido diversas vezes como pa-

raninfo das turmas, patrono e professor homena-

geado. Em 2008 recebeu a Medalha do Mérito do

IPUC e em 2011, a Medalha do Mérito do CREA-MG,

por bons serviços prestados à Engenharia.

Para ele, os profissionais que pretendem se dedi-

car à docência experimentam um momento pro-

missor para essa carreira. “A qualidade de ensino

tem melhorado com o desenvolvimento tecno-

lógico. Esses profissionais devem se preparar para

os cursos de pós-graduação, mas não podem se

esquecer da prática”, enfatiza.

19

““ A qualidade de ensino tem melhorado com o desenvolvimento

tecnológico. Esses profissionais devem se preparar para os cursos

de pós-graduação, mas não podem se esquecer da prática.

Page 20: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Ainauguração da Usina

Solar Fotovoltaica (USF)

do estádio Governa-

dor Magalhães Pinto

– Mineirão, em maio último, rea-

quece a discussão sobre o uso

de fontes energéticas renová-

veis no país. O projeto do go-

verno do Estado por meio da

Companhia Energética de Minas

Gerais (Cemig), intitulado Minei-

rão Solar 2014, deve chegar a ou-

tros estádios e ginásios mineiros.

No caso do Mineirão, a potência

instalada é de 1,42 MWp, com cerca

de 6 mil módulos fotovoltaicos. A

energia gerada será injetada na

rede de distribuição da Cemig por

meio da subestação de alimenta-

ção do estádio, sendo que 10% re-

tornará para a concessionária

Minas Arena, para utilização no

empreendimento.

A energia produzida é suficiente

para atender, aproximadamente,

900 residências de médio porte. O

projeto demandou investimento

de R$ 10 milhões, dos quais 80%

provenientes do Banco de Desen-

volvimento da Alemanha (Kredi-

tanstalt für Wiederaufbau (KfW).

A USF Mineirinho, com potência

de 1,1 MWp, está em processo de

elaboração de edital. Os dois pro-

jetos foram inspiradas nos está-

dios de Freiburg, considerada a

capital solar da Alemanha, e de

Berna, na Suíça que foi uma das

sedes da Eurocopa 2008.

As USFs podem ter outros forma-

tos. A captação da radiação solar

pode ser por meio de placas ins-

taladas na cobertura de estaciona-

mentos para veículos e no telhado

de centros de convenção, entre

outros locais. Projetos do gênero

espalham-se por todo o mundo,

2020

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Pesquisas pretendem elevara oferta da tecnologia deenergia fotovoltaica

Page 21: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

2121

nos países que já despertaram

para a necessidade de investir,

de forma efetiva, em fontes

energéticas alternativas.

O gerente de Alternativas Ener-

géticas da Companhia Energé-

tica de Minas Gerais (Cemig),

engenheiro civil com MBA em

Gestão de Negócios e Gestão

de Projetos e especialização em

Gestão da Inovação e Conheci-

mento, Marco Aurélio Dumont

Porto, explica que embora a

matriz energética seja quase

que na sua totalidade renovável,

a companhia reconhece que

é imprescindível pesquisar e

incentivar o uso de fontes

alternativas, entre elas a solar.

“O país ainda não despertou

para a necessidade de usar al-

ternativas energéticas. Porém,

com as questões ambientais e

sociais limitando a construção

de grandes reservatórios, que

são a garantia de todo o Sis-

tema Interligado Brasileiro,

pode ser que, no futuro, o país

pague um preço alto por essa

decisão”, adverte.

O uso dessa tecnologia, para o

aquecimento de água é bastante

popular. Nesse segmento, Belo

Horizonte é considerada a ca-

pital nacional do uso da energia

solar em casas, edifícios, pisci-

nas, hospitais e hotéis com

mais de três mil painéis solares,

média oito vezes maior que a

nacional.

Grande parte dos lançamentos

imobiliários já inclui esse sis-

tema de geração de energia. Em

2007, a Prefeitura Municipal de

Belo Horizonte (PBH) aprovou

a lei nº 9.415, que institui a po-

lítica municipal de incentivo ao

uso de formas alternativas de

energia, tais como a energia

solar e a energia a gás. A partir

de 2009, a legislação prevê a

mudança no critério de pon-

tuação para avaliação do imó-

vel para fins de cálculo do

Imposto Predial e Territorial

Urbano (IPTU), com redução

do valor devido.

A energia produzida no estádio do Mineirão é suficiente para atender, aproximadamente, 900 residências de médio porte.

Page 22: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

22

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Em consequência, Minas

Gerais tornou-se a sede

de diversas empresas

que atuam no seg-

mento de tecnologia

solar para aqueci-

mento (energia solar

térmica), concentrando

40% das companhias

do setor. A área acu-

mulada de coletores

solares em Minas Gerais,

alcançou 1,9 milhão de m² em

2010, que representa 1.571 GWh

de energia evitada e equivale a

18,5% do consumo de energia

elétrica do setor residencial no

Estado.

Mas o grande desafio do país, e

consequentemente de Minas Ge-

rais, é usar os raios solares para

gerar energia elétrica. De acordo

com Marco Aurélio Porto, esse

não é um tema novo para a

Cemig. A empresa já instalou mi-

lhares de sistemas fotovoltaicos

para eletrificação de centros co-

munitários, escolas e residências

rurais.

Pesquisas nas áreas de produção

de células solares em parceria

com o CETEC e o desenvolvi-

mento de sistemas de pequeno

porte conectados à rede estão

entre as iniciativas da estatal.

Em 2002, a empresa construiu o

primeiro protótipo de termelé-

trica solar do Brasil de 10kWe,

que se encontra no Campus I

do CEFET-MG. Foram usados

materiais disponíveis no mer-

cado nacional e concentradores

cilíndrico-parabólicos para a

captação de energia. Esses cole-

tores funcionam refletindo a luz

do sol, que eleva a temperatura

do equipamento, gerando vapor e

energia. Atualmente três módulos

de 12 m de comprimentos estão

construídos e testados.

Os projetos continuam. Desde ja-

neiro deste ano, está em fase de

implantação a Usina Ex-

perimental de Geração

Solar Fotovoltaica, locali-

zada em Sete Lagoas.

Quando concluída, será a

maior usina do gênero

no Brasil, com 3,3 MWp

de pico em painéis foto-

voltaicos, com capaci-

dade de abastecer até

3500 residências, além

de ser um dos mais bem

estruturado centro de pesquisa

em sistemas fotovoltaicos do

mundo.

Construída no âmbito do pro-

grama de P&D Cemig Aneel, o

projeto tem na sua equipe execu-

tora a empresa espanhola Solaria

e dezenas de pesquisadores da

UFMG. Entre os parceiros estão a

Fapemig. A Prefeitura de Sete La-

goas doou o terreno para a loca-

ção da Plataforma Experimental,

de cerca de 8 hectares. Com custo

de aproximadamente R$ 40 mi-

lhões, dos quais R$ 27 milhões de

da Cemig, terá duração de cinco

anos e será o primeiro projeto de

pesquisa do país que culminará na

construção de uma usina comer-

cial de geração de eletricidade.

Page 23: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

23

Há, ainda, dois projetos em anda-

mento relacionados à Chamada

Estratégica 013 da ANEEL. O

primeiro, em parceria com a TBE

e Efficientia, empresas do grupo

Cemig, UFMG e Copel e TBE que

através da implantação de um “te-

lhado” solar em uma empresa a

ser escolhida possam ser estuda-

das fundamentalmente as questões

mercadológicas, com o intuito de

descobrir as lacunas de custo e

preço da geração fotovoltaica no

Brasil, considerando sua disponibi-

lidade, aspectos técnicos, tributá-

rios, regulatórios e comerciais.

O outro, em parceria com di-

versas empresa encabeçadas

por Furnas, visa a instalação de

uma usina de 3,0 MWp em con-

dições climáticas extremas, no

semiárido de Minas Gerais e o

desenvolvimento de tecnologia

nacional de alguns elementos do

sistema de geração.

A adoção da energia solar como

alternativa para geração de ener-

gia elétrica ganhou mais uma

aliada. A regulação 482 da Agên-

cia Nacional de Energia Elétrica

(Aneel) permite que o consumi-

dor instale sistemas fotovoltaicos

de pequeno porte em residên-

cias, comércios e indústrias para

gerar sua própria energia. Pela

regra, se a unidade consumidora

registrar produção excedente,

ela é exportada para a rede da

distribuidora e poderá ser utili-

zado posteriormente na forma

de créditos na conta de luz.

No entanto, essa possibilidade

deve ser avaliada previamente,

por um estudo de viabilidade

econômica, que cai requerer a

medição local da radiação solar

por, pelo menos, três anos.

Porém, ainda assim, esta análise é

perfeitamente útil para a locação

dessas estações de medição,

como recomenda o “Atlas Solari-

métrico de Minas Gerais”, pro-

duto de um projeto de P&D

lançado pela Cemig, com mapea-

mento detalhado do potencial

do Estado para a construção de

empreendimento solares.

Nós, como engenheiros, somos obrigados a pensar em todas essas

questões, ambientais, mercadológicas, tecnológicas e até culturais

porque somos também formadores de opiniões. Contribuir para

a mudança e implantação de leis que incentivem o uso de energias

renováveis e por consequência deixar um planeta menos sofrido

aos nossos filho.

““

Marco Aurélio Dumont Porto, engenheiro

civil com MBA em Gestão de Negócios e

Gestão de Projetos e especialização em

Gestão da Inovação e Conhecimento

Page 24: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

24

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

O documento também consi-

dera o acesso aos locais, as

condições topográficas, as dis-

tâncias às linhas de transmissão

e aos centros de carga e identi-

fica macrorregiões favoráveis a

este tipo de aproveitamento

energético.

Além de reunir informações

técnicas, o estudo classificou as

áreas mais promissoras no Es-

tado para a implantação de usi-

nas solares fotovoltaicas. São

elas a microrregião de Janaúba,

no Norte do Estado, a micro-

rregião de Januária, no Médio

São Francisco, a microrregião

de Pirapora e Unaí, norte/no-

roeste de Minas Gerais , assim

como a microrregião de Pira-

pora e Paracatu, a microrregião

de Curvelo e Três Marias, no

centro e, ainda, a microrregião

de Patrocínio e Araxá, no Triân-

gulo e Alto Paranaíba.

A regulação 482 da Aneel permite que o consumidor instale

sistemas fotovoltaicos de pequeno porte em residências,

comércios e indústrias para gerar sua própria energia

Infográfico Alexandre Affonso : revistapesquisa.fapesp.br/2012/12/10/cidades-do-futuro/

Page 25: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

25

Gargalos

Embora apresente ótimos níveis de radiação solar

e consequente potencial para a exploração, o país

ainda precisa evoluir bastante se quiser incorporar

a energia fotovoltaica à rede elétrica nacional.

Políticas de incentivo e desenvolvimento de tec-

nologia nacional para esses projetos são medidas

que podem tornar esse sistema mais atraente e

menos oneroso para os consumidores.

O Brasil tem grandes jazidas de silício, princi-

palmente em Minas Gerais, mas não existe tec-

nologia para purificá-lo ao grau solar. Como em

outras áreas, o país exporta e posteriormente

importa o insumo beneficiado por um valor in-

finitamente superior.

Pelo fato de ainda ser uma tecnologia recente

e em processo de desenvolvimento, não há

muitos engenheiros graduados nessa área. Os

cursos de Engenharia de Energia são recentes

na capital mineira. “Nós, como engenheiros,

somos obrigados a pensar em todas essas

questões, ambientais, mercadológicas, tecnoló-

gicas e até culturais porque somos também

formadores de opiniões. Contribuir para a mu-

dança e implantação de leis que incentivem o

uso de energias renováveis e por conse-

quência deixar um planeta menos sofrido aos

nossos filhos”, recomenda Porto.

Mesmo assim a indústria do setor está disposta

a investir. A Associação Brasileira da Indústria

Elétrica Eletrônica (Abinee) apresentou o docu-

mento “Propostas para Inserção da Energia

Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasi-

leira”, fruto do trabalho do Grupo Setorial de

Sistemas Fotovoltaicos, no âmbito da área de

Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Elétrica (GTD) constituída pela entidade em

2010 como resposta a uma provocação da

Coordenação de Energias Renováveis do

Ministério de Minas e Energia, que constatou a

inexistência de um interlocutor que represen-

tasse o segmento.

O fruto dos encontros realizados pelas em-

presas do setor é o panorama da geração fo-

tovoltaica no mundo e a potencialidade de

implantação efetiva no Brasil, por meio de po-

líticas específicas para o segmento, conside-

rado bastante promissor. Isso demonstra de

forma inequívoca o grande interesse que o

tema desperta, consolidando o GS-Fotovol-

taico em um fórum qualificado e privilegiado

no diálogo com o governo em busca de alter-

nativas para o desenvolvimento do setor fo-

tovoltaico no país.

A Abinee considera necessário desenvolver a

cadeia produtiva de sistemas fotovoltaicos no

Brasil de forma adequada e progressiva. Infeliz-

mente, ainda essa possibilidade depende de

contrapartida da demanda, ou seja, da orien-

tação que o governo dará ao setor energético

brasileiro.

Page 26: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

26

A engenheira eletricista, mestre

em Engenharia Nuclear, doutora

em Engenharia Mecânica e pro-

fessora do curso de Engenharia

de Energia da Pontifícia Univer-

sidade Católica de Minas Gerais

(PUC Minas), Ângela Menin Tei-

xeira de Souza, afirma que o au-

mento do uso da energia solar

para geração de energia fotovol-

taica é questão de tempo. “A re-

volução está acontecendo

lentamente. No futuro teremos

que usar todos os recursos

energéticos disponíveis, já que a

demanda por energia elétrica

está aumentando muito em fun-

ção do número de eletroeletrô-

nicos que usamos no dia a dia”,

ressalta.

No entanto, energia é, mais que

uma questão conceitual, um pro-

duto a ser desenvolvido e co-

mercializado. A tecnologia solar

não foge a essa regra. Para viabi-

lizar esse sistema, é preciso tec-

nologia e preço competitivo. No

Brasil, o foco foi sempre a ener-

gia hidráulica que, inclusive, ofe-

rece benefícios para seus

usuários. No entanto, o governo

federal tem incentivado o uso

das fontes alternativas que,

mesmo sendo mais onerosas

para o usuário, trazem benefícios

a médio e longo prazo.

“No caso da energia solar, esse

processo não está pronto e aca-

bado. Os sistemas estão em

constante aprimoramento para

que aumentar o desempenho e

reduzir o custo. Estamos experi-

mentando materiais novos, inclu-

sive”, explica.

As perspectivas para o futuro

são muito positivas, segundo a

professora. Vencida a barreira

mercadológica do produto, a ge-

ração fotovoltaica ficará mais

acessível ao consumidor comum

e, sobretudo àquele que mora

em locais onde a rede da Cemig

ainda não chega. Atualmente,

nessas regiões, as urnas eletrôni-

cas são ligadas por meio dessa

fonte nos dias de votação. Mas

esse uso pode ser ampliado.

A revolução está acontecendo lentamente. No futuro teremos

que usar todos os recursos energéticos disponíveis, já que a

demanda por energia elétrica está aumentando muito em fun-

ção do número de eletroeletrônicos que usamos no dia a dia.

““

Ângela Menin Teixeira de Souza engenheira

eletricista, mestre em Engenharia Nuclear,

doutora em Engenharia Mecânica e profes-

sora do curso de Engenharia de Energia da

PUC Minas

Page 27: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 28: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

28

“Se 28% da energia gerada pela

Alemanha é solar, porque o Bra-

sil, um país que recebe a luz solar

durante todo o ano não faz tam-

bém?”, provoca o diretor de

Desenvolvimento de Projetos e

CPO da Braxenergy Desenvolvi-

mento de Projetos de Energia

Ltda., Alfredo (Fred) Jordan.

Para o empresário, a indefinição

quanto ao marco regulatório da

energia elétrica, pelo governo fe-

deral, é um dos problemas que

impedem o desenvolvimento do

setor no país. Em outras pala-

vras, se não há regras claras, não

há, também, parâmetros para es-

tabelecer um ambiente competi-

tivo nessa área. Um bom sinal foi

o anúncio de um leilão de ener-

gia solar no primeiro semestre

de 2014. No entanto, mudanças

podem acontecer já que essa

data foi modificada duas vezes.

Mesmo assim, a cadeia produtiva

tem evoluído consideravelmente.

“Os projetos de usinas fotovol-

taicas tiveram redução de custos

nos últimos 10 anos”, enfatiza. Há

materiais que oferecem melhor

custo/benefício em desempenho

e custo de manutenção. No en-

tanto, determinados produtos,

exportados da China com tecno-

logia e preços bastante competi-

tivos, ainda inibem a iniciativa da

indústria nacional, principalmente

pelo fator custo.

Há que se considerar, também,

que as usinas fotovoltaicas não

são aquele tipo de solução popu-

lar, “para todos”, embora essa

seja a ideia “vendida” à socie-

dade. De acordo com o empre-

sário, há condições que devem

ser respeitadas para uma instala-

ção do gênero de energia que é

complementar a outra fonte.

A primeira delas é a medição da

radiação solar na área de inte-

resse. O agreste nordestino é a

melhor região do mundo para

esse tipo de projeto. Minas Ge-

rais, mesmo nas regiões de maior

incidência solar, não tem o mesmo

potencial, como destaca Jordan.

O terreno de interesse deve ser

razoavelmente plano o que reduz

os custos com terraplanagem.

A proximidade com uma linha de

transmissão de energia elétrica

também é muito importante,

bem como a disponibilidade de

água. “A eficiência da energia fo-

tovoltaica é muito melhor que de

um parque eólico. O terreno ne-

cessário para instalação é bem

menor”, analisa.

Alfredo Jordan, diretor de

Desenvolvimento de Projetos

e CPO da Braxenergy

Desenvolvimento de

Projetos de Energia

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Page 29: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

29

Infográfico Alexandre Affonso : revistapesquisa.fapesp.br/2012/12/10/cidades-do-futuro/

GESTÃO INTELIGENTE Smart grid vai facilitar a conexão de energias renováveis ainda pouco utiliza-

das, como a solar e a eólica, inclusive com a geração do próprio consumidor

Smart grid não é um sistema, e sim um conceitode rede dotadade tecnologias digitais que oferece mais eficiência e confiabilidade

Page 30: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Energia fotovoltaica na América Latina

Embora a energia renovável

figure somente 16% da pro-

dução mundial, há aproxi-

madamente 1.320 GW de

capacidade de energia re-

novável no mundo, empre-

gando cerca de 3,5 milhões

de pessoas.

Alguns países da América

Latina, incluindo México,

Argentina e Colômbia de-

senvolveram mapas de ir-

radiação solar para

mostrar onde a energia

solar é mais adequada, e

para encorajar o desenvol-

vimento da indústria. Há

benefícios diretos e indire-

tos relacionados à forma-

ção de uma indústria de

energia renovável. Entre

eles a economia de energia

e de dinheiro.

Em termos de disponibili-

dade e potencial, a energia

solar possui um papel im-

portante na América Latina,

Caribe e, também, no

mundo. O U.S. Department

of Energy (DOE) afirma que

em uma hora a superfície da

Terra recebe luz solar sufi-

ciente para abastecer todas

as necessidades elétricas do

planeta durante um ano.

A atratividade para investi-

mento nos países da América

Latina está significativamente

espalhada. Chile, México e

Brasil lideram enquanto que

Venezuela, Jamaica e Equador

ficam para trás. Esta ampla di-

fusão é parcialmente resul-

tado de uma variação no

apoio político existente nes-

tes países.

Enquanto Venezuela, Jamaica

e Colômbia não tem ne-

nhum apoio político, outros

países na região, como

Chile, possuem uma meta

política explicita com rela-

ção à energia renovável e

exigem geradores de ener-

gia para atender cotas míni-

mas.

Enquanto um sistema de

cota pode não atender a ne-

cessidade de apoio específico

ao PV, o fato de alguns países

latinos americanos terem de-

finido metas políticas de

energia renovável ajudará a

tornar acessível o potencial

na região.

Pré-requisitos legais como

permissão para conexão a

rede de sistemas PV tem

evoluído em países impor-

tantes como México e Chile.

A capacidade instalada na

América Latina comprova

que há grande possibilidade

de crescimento.

30

Page 31: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

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Page 32: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 33: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 34: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Luiz Sávio de Souza Cruz é deputado estadual pelo

PMDB e graduado em Engenharia Metalúrgica pela UFMG

34

Oserviço público sempre atraiu a

atenção de engenheiros. Muitos

deles ingressam na política, para ter

a autonomia necessária para defen-

der suas causas. Na Assembléia Legislativa de Minas

Gerais (ALMG), o deputado estadual pelo PMDB e

vice-líder da bancada Luiz Sávio de Souza Cruz é

graduado em Engenharia Metalúrgica pela Universi-

dade Federal de Minas Gerais, com especialização

em Engenharia Ambiental e, ainda, professor licen-

ciado dessa matéria na Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e de Física e

Química do Colégio Santo Antônio.

A política, para ele era uma “velha conhecida”. “A polí-

tica foi consequência de mais de uma coisa. Meu pai foi

deputado durante vários mandatos e eu não tive em

casa um exemplo negativo da ação política”, ressalta.

Ele ingressou na política depois da sua atuação no

CETEC, como representante das universidades no pro-

cesso de discussão da lei estadual de meio ambiente.

Ele também tinha, na bagagem, a participação no Con-

selho Municipal de Meio Ambiente (Comam). “Eu via

que algumas decisões não eram norteadas pela parte

técnica. O peso político das opiniões acabava viabili-

zando as decisões”, comenta.

O início da trajetória política de Luiz Sávio Souza Cruz

foi na Câmara Municipal de Belo Horizonte, como ve-

reador de Belo Horizonte, em 1992. Em 1996, ele foi o

terceiro mais votado da capital e chegou a presidência

da Câmara. No ano seguinte, fez a reforma administra-

tiva que reduziu de R$ 41 milhões para R$ 37 milhões

os custos do legislativo municipal em dois anos.

ENGENHARIA | ENGENHEIROS NA POLÍTICA

““O diferencial do engenheiro na política é a

capacidade de administrar, a intimidade

com os números e o feeling para trabalhar

com recursos financeiros e também com

tempo, para fazer o melhor possível.

Formação na engenharia ajuda na gestão pública

Page 35: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

35

Vereador José Tarcísio Caixeta (PT),

engenheiro de Minas pela UFMG

““Tudo isso se deu a partir da compreensão

que eu tinha, a princípio, de que era neces-

sário participar da luta por democracia e

liberdade e, mais tarde, em favor da execu-

ção de políticas públicas que contribuíssem

para a melhoria das condições de vida dos

belo-horizontinos.

Em 1998, ele foi eleito deputado

estadual e convidado pelo então

governador Itamar Franco para as-

sumir a Secretaria de Administra-

ção e Recursos Humanos, com

base na sua experiência bem-suce-

dida no legislativo municipal.

Depois ele foi secretário de Plane-

jamento e Gestão e retornou para

a ALMG como líder do governo.

Depois de uma pausa como su-

plente em 2002, ele retornou à

casa em 2005, tendo sido reeleito

em 2006 e 2010, sempre atuando

nas comissões de meio ambiente

e energia, áreas da Engenharia.

“O diferencial do engenheiro na po-

lítica é a capacidade de administrar,

a intimidade com os números e o

feeling para trabalhar com recursos

financeiros e também com tempo,

para fazer o melhor possível”, re-

sume. Por isso o deputado afirma

que a participação de engenheiros

na política é sempre positiva.

Belo Horizonte também precisa de

engenheiros. O vereador José Tarcí-

sio Caixeta (PT), em seu quarto

mandato na Câmara Municipal da

capital é engenheiro de Minas pela

UFMG e especialista em Engenharia

Sanitária e Engenharia de Segurança,

também pela instituição, em 1983.

“Minha militância política vem desde

o movimento estudantil e prosseguiu

no Sindicato dos Engenheiros do Es-

tado de Minas Gerais (Senge-MG),

Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia de Minas Gerais (CREA-

MG) e Sociedade Mineira de Enge-

nheiros (SME)”, lista. Em 1995, foi

convidado pelo então prefeito Pa-

trus Ananias para ser o secretário

de Indústria e Comércio da capital.

Na gestão de Célio de Castro, assu-

miu a Sudecap e a Urbel.

Em seguida, disputou uma vaga na

Câmara e venceu a eleição para ve-

reador. “Tudo isso se deu a partir da

compreensão que eu tinha, a prin-

cípio, de que era necessário partici-

par da luta por democracia e liber-

dade e, mais tarde, em favor da

execução de políticas públicas que

contribuíssem para a melhoria das

condições de vida dos belo-hori-

zontinos”, enfatiza.

Para o vereador, um engenheiro,

quando ingressa na política, tem a

oportunidade de colocar a disposi-

ção da sociedade conhecimentos

para a formulação do planejamento

das políticas públicas, principalmente

em obras de infraestrutura, urbani-

zação e intervenções profundas em

vilas e favelas da cidade, entre outros.

Entre as bandeiras de luta do verea-

dor Tarcísio Caixeta estão a univer-

salização do acesso ao saneamento

(água, esgoto e destinação correta de

resíduos), por moradia digna e por

soluções de transporte adequadas à

solução dos graves problemas de

mobilidade urbana que uma cidade

como Belo Horizonte possui.

Page 36: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

36

ARTIGO | ENGENHARIA & GESTÃO

OBrasil viveu na dé-

cada passada um

processo de esta-

bilização da eco-

nomia e atração de investimentos,

e mais recentemente os investi-

mentos ficaram mais difíceis em

função da crise global de 2008 e a

volta da inflação nos últimos anos.

Isto significa que deveríamos fazer

mais com menos recursos, e não

é o que está acontecendo com

inúmeros projetos (empreendi-

mentos) de infraestrutura, de mo-

bilidade urbana, saneamento e

obras para a copa do mundo, para

citar alguns.

Estamos presenciando, via os

meios de comunicação, o caos

logístico no Brasil: nos portos,

aeroportos e rodovias, os atra-

sos nos estádios de futebol e

principalmente o estouro nos

custos das obras públicas. É in-

concebível e inaceitável um es-

tádio de futebol, uma usina

hidrelétrica, uma obra de trans-

posição ficar 50% mais caro do

que o previsto. Mais uma vez

nós os contribuintes vamos

pagar a conta.

Melhores práticas até mesmo

metodologias em gestão de pro-

jetos existem, necessitamos de

melhores práticas nas questões

políticas que afetam diretamente

os projetos.

Precisamos, sim, evoluir em ges-

tão de projetos. A pesquisa divul-

gada, em fevereiro de 2013, com

o nome “Maturidade Brasil

2012”, coordenada pelo respei-

tado professor e consultor Darci

Prado, apresenta resultados com

relação à maturidade em geren-

ciamento de projetos, em gover-

nos, ONGs e diversas empresas

de vários setores da economia, e

demonstra que o nível de matu-

ridade da gestão de projetos

contribui diretamente para os

resultados do negócio. A maturi-

dade está ligada à capacidade das

organizações de gerenciarem os

seus projetos com sucesso, isto

é, no escopo, prazo, custo e qua-

lidade acertados!

Gestão de Projetos BrasilRonaldo Gusmão, vice-presidente da SME

Page 37: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

37

Numa escala de 1 a 5, a pesquisa

mostra que a maturidade média

das empresas brasileiras alcançou

2,60, portanto temos muito que

evoluir. O nível 1 é o estágio inicial,

2-conhecido, 3-padronizado, 4-ge-

renciado e 5-otimizado, ou seja, es-

tamos entre os níveis conhecido e

padronizado e a conclusão é que

ainda temos um enorme caminho

pela frente para atingirmos o nível

ideal que é o otimizado. Pela pes-

quisa realizada somente 0,5% das

organizações encontram-se neste

patamar, e próximo deste estagio

existem apenas 9,4% das organiza-

ções com seus projetos sendo ge-

renciados de maneira adequada.

A pesquisa de maturidade apre-

senta informações, ainda mais

preocupantes, para o setor de tec-

nologia da informação que evoluiu

pouco em relação a 2008, pois re-

velam que somente 57,5% dos

projetos de TI foram totalmente

bem sucedidos, 14% estouraram

os custos e 22% atrasaram seus

projetos. Para a indústria da cons-

trução somente 49,5% dos proje-

tos tiveram sucesso total, 16%

estouraram o orçado e 24% atra-

saram seus projetos. Isto é extre-

mamente alarmante para as em-

presas que dependem de proje-

tos, uma vez que a pesquisa

ressalta a ligação direta e certa

dependência entre se ter maturi-

dade e ter sucesso nos negócios.

Em outra pesquisa realizada pelo

Ietec, em julho de 2012, durante o

15º Seminário Nacional de Gestão

de Projetos, constatou-se um

avanço tímido no uso de metodo-

logias para gerenciamento de pro-

jetos. Hoje o conceito de gestão

de projetos faz parte da estraté-

gia de 84% das empresas parti-

cipantes, em 2008, era 83%.

Atualmente, 71% utilizam algum

método para priorizar projetos,

antes era 64%. Percebe-se que

66% das empresas utilizavam pa-

drões e procedimentos em 2008,

agora 80% utilizam. O avanço mais

significativo era que somente 29%

das empresas tinham a metodolo-

gia implementada. Hoje, 80% pos-

suem metodologias de projeto em

sua organização. Mas os proble-

mas continuam os mesmos, isto é,

o não cumprimento de prazos

(28%) e problemas relativos a cus-

tos (15%) continua no rol das fa-

lhas cometidas pelas empresas,

assim como as habilidades profis-

sionais mais valorizadas, em 2008,

são as mesmas de hoje: liderança e

comunicação.

Muito trabalho e aperfeiçoamento

eram o que as empresas preten-

diam fazer em meados de 2012,

desenvolvimento e/ou revisão de

metodologia de gerenciamento de

projetos, implementação de indica-

dores de desempenho e adoção de

ferramentas de gerenciamento de

projetos.

As melhores práticas em gestão

de projetos devem ser imperio-

sas neste momento da economia

brasileira, os escopos dos proje-

tos não podem sofrer alterações

políticas, que implique em altera-

ção dos custos ou na qualidade

dos mesmos, os prazos devem

ser cumpridos rigorosamente

por todos. A boa governança em

projetos serve tanto para os go-

vernos, para nossas empresas pú-

blicas e principalmente para

nossas empresas privadas que

competem num mundo cada vez

mais globalizado.

Obs.: As pesquisas citadas estão

disponíveis em techoje.com.br

É inconcebível e inaceitávelum estádio de futebol, umausina hidrelétrica, uma obrade transposição ficar 50%mais caro do que o previsto.

““Ronaldo

Gusmão,

vice-presidente

da SME

Page 38: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

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Page 40: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

40

O Conselho Regional de Engenharia

e Agronomia de Minas Gerais

(CREA-MG) firmou convênio com a

Fundação Nacional de Saúde (Fu-

nasa), no valor de R$ 3,5 milhões

para a promoção de cursos de capa-

citação/qualificação sobre os planos

municipais de saneamento básico.

A entidade também vai oferecer

apoio e supervisão a 100 cidades mi-

neiras de até 50 mil habitantes para

a elaboração desses documentos. O

início dos trabalhos será no segundo

semestre deste ano.

O fiscal do convênio da parte do

CREA-MG, Renato Chaves, explica

que a iniciativa é fruto da demanda

da lei federal nº 11.445/2007, que es-

tabelece as diretrizes nacionais para

o saneamento básico e para a polí-

tica federal dessa área e, ainda, exige

que todos os municípios do país te-

nham seus planos de saneamento

básico e de estudo comprovando a

viabilidade técnica e econômico-fi-

nanceira da prestação integral dos

serviços, nos termos do respectivo

documento. “A questão é que mui-

tos dos municípios ainda não têm

seus planos porque não dispõem de

profissionais qualificados para fazer

os projetos nos moldes da legisla-

ção”, destaca.

Para a primeira etapa do projeto,

que terá validade até dezembro de

2014, a Funasa vai selecionar 100

municípios nas 10 regionais do

CREA-MG. É provável que o nú-

mero de cidades atendidas au-

mente até o final do prazo. A

Região Metropolitana de Belo Ho-

rizonte (RMBH) não será contem-

plada porque, para essas áreas há

regras específicas. Segundo o fiscal,

a capacitação será feita em três

etapas, por meio de oficinas para os

profissionais interessados, além de

apoio e supervisão técnica na ela-

boração dos planos.

Para formar as equipes responsáveis

pelas oficinas, o CREA-MG realizou

processo seletivo simplificado para

contratar instrutores e equipe de

apoio, totalizando 28 pessoas, dos

quais 11 engenheiros. “Como são

equipes multidisciplinares também

contratamos administradores e cien-

tistas sociais. O plano não é apenas

de Engenharia, pois tem a participa-

ção da comunidade local e engloba

questões de impacto social”, explica

Chaves. Os consórcios intermunici-

pais de saúde também fazem parte

do convênio.

Os planos deverão contemplar os

quatro pilares do saneamento básico:

tratamento de água, tratamento de

esgoto, tratamento e coleta de resí-

duos e, ainda, destinação de águas

pluviais, visando a melhoria da quali-

dade de vida da população, como

prevê a legislação sobre a matéria.

Segundo o fiscal, a área de Enge-

nharia de Projetos tem um campo

vasto, principalmente na área pú-

blica, onde as iniciativas das admi-

nistrações estadual e municipal

dependem de planos bem elabora-

dos para pleitear recursos junto ao

governo federal. “O mercado bra-

sileiro está muito carente desse

profissional especializado, princi-

palmente na área de saneamento”,

considera.

CREA-MG capacitará profissionais

para a área de projetos de saneamento

SANEAMENTO | CAPACITAÇÃO

Renato Chaves,

fiscal do convênio

do CREA-MG

Page 41: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 42: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Dando continuidade ao que foi publi-

cado na Edição de maio/junho de

2012, apresentamos aqui mais algu-

mas considerações sobre o Metrô

Leve como alternativa para o trans-

porte de passageiros em grandes

centros urbanos.

O início da idéia da utilização do

modal Metrô Leve – Configuração

Monotrilho surgiu quando preocu-

pados com a situação caótica em

que se encontra o trânsito de veí-

culos na cidade de Belo Horizonte,

nos perguntamos : “A implantação

de um Metrô Leve é uma boa alter-

nativa para o sistema de transporte

de massa em Belo Horizonte?”

A resposta foi “sim, é uma boa alter-

nativa para o sistema de transporte de

massa em Belo Horizonte.”

Podemos simplificadamente justificar

conforme discriminado a seguir.

1) SITUAÇÃO ATUAL DAS

GRANDES CIDADES

- vias urbanas coletoras e arteriais

congestionadas em horários de maior

movimento (horários de pico pela

manhã e à noite);

- transporte por ônibus é insuficiente

para atender a todos em horários de

maior movimento (horários de pico

pela manhã e à noite);

- número de automóveis (veículos de

passeio) aumenta dia a dia, sem parar

e não há como frear esse cresci-

mento;

- “falta espaço no chão” para tantos

veículos (automóveis, ônibus, motos e

caminhões);

- o alargamento das vias atuais é difícil

em termos dos altos valores das

áreas a desapropriar, hoje todas edifi-

cadas, dos prejuízos sociais e econô-

micos que sempre ocorrem e do

tempo necessário para concluir todo

um processo de desapropriação;

- faltam recursos financeiros aos ór-

gãos públicos para investir em solu-

ções de transporte (e outras

também);

- precisamos de alternativa de solu-

ção que não ocupe mais ainda nossas

vias de transporte em sua superfície.

2) PRIMEIRA CONCLUSÃO

Para fazer face às questões apresen-

tadas, só temos 2 alternativas, a

saber :

- usar o espaço “abaixo do chão”, ou

- usar o espaço “acima do chão”.

Dessa forma, não serão consideradas

aqui outras soluções “no chão”, do

tipo VLT ou BRT, aqui consideradas

inadequadas.

42

ARTIGO | MOBILIDADE

O METRÔ LEVE:

ALTERNATIVA VIÁVEL

Luiz Otávio Silva Portela

Luiz Otávio Silva Portela,

engenheiro civil, membro da

Comissão de Transportes da SME e

da Comissão de Infraestrutura da

Câmara de Comércio França Brasil.

Page 43: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Esse, em nosso entender, tem sido um

dos fatores que é esquecido pelas au-

toridades de Belo Horizonte e de

Minas Gerais, que a cada dia tentam

achar soluções que sempre ocupam

muito e cada vez mais espaço no chão.

Resta ser definido qual o melhor e

mais conveniente modal de trans-

porte a ser implantado acima do chão

ou abaixo do chão.

3) USAR O ESPAÇO

“ABAIXO DO CHÃO”

Em nossa opinião, sem considerar os

aspectos econômicos, tal solução, no

caso o metrô, é a melhor, de maior

capacidade, sem poluição visual, at-

mosférica e sonora.

Entretanto, é de alto custo e, de-

pendendo do seu traçado, interfe-

rências subterrâneas podem causar

uma elevação ainda maior do custo

de implantação.

Avalia-se o custo de implantação do

Metrô da ordem de 450 milhões de

reais por quilômetro de via (informa-

ção obtida a partir da construção do

atual prolongamento da linha de

metrô do Rio de Janeiro).

É também uma solução que demanda

um período de implantação bastante

longo (1 km em 4 anos) e precisamos

de soluções rápidas, pois o caos já

está instalado nos horários de pico.

No nosso caso de Belo Horizonte,

cidade com relevo montanhoso, um

metrô subterrâneo implicaria tam-

bém em algumas estações bastante

profundas, o que seria também um

fator de acréscimo de custo e de

prazo.

4) USAR O ESPAÇO

“ACIMA DO CHÃO”

Tal alternativa pode ainda se subdividir

em 2 tipos distintos, dependendo do

tipo de veículo a considerar.

O primeiro tipo seria a via elevada em

forma de viaduto implantado sobre

canteiro central e/ou lateral, para utili-

zação de veículo do tipo ônibus ou o

denominado BRT (um dos exemplos

da cidade de São Paulo).

Nesse caso, a estrutura do viaduto (ta-

buleiro e pilares) para circulação dos

veículos em mão dupla, teria dimen-

sões avantajadas, de grande custo de

execução, o que implicaria muitas

vezes em falta de espaço nos referidos

canteiros, para implantação dos pilares,

levando ainda à necessidade de desa-

propriações de imóveis, para alarga-

mento da via e, consequentemente,

aumento de custo.

Como ônibus e BRT são movidos

com motores de combustão in-

terna, haverá um acréscimo de po-

luição atmosférica e sonora ao

longo do trajeto.

Em nossa opinião a poluição visual

também ocorrerá, uma vez a pe-

sada estrutura de um viaduto com

2 faixas de tráfego e dos próprios

veículos de maior porte que nele

trafegarão.

O segundo tipo seria também de

uma via elevada implantada sobre

canteiro central e/ou lateral, para

utilização de veículo do tipo Metrô

Leve (Monotrilho ou Monorail).

Nesse caso, como o veículo é de

baixo peso, de menores dimensões

e tem caminho fixo, a estrutura ne-

cessária para um trajeto também

em mão dupla é muito mais leve e

esbelta, se adequando melhor ao es-

paço reduzido nos canteiros dispo-

níveis na cidade, sem necessidade de

alargamento de pista da via.

Nota-se, que as reduzidas dimen-

sões das estruturas de apoio e

circulação do Metrô Leve, possi-

bilitam a utilização de peças pré-

moldadas, sem a necessidade de

cimbramentos /escoramentos ne-

cessários para a concretagem das

estruturas “ in loco” e que também

exigem um espaço para serem ins-

talados na via, reduzindo sua capa-

cidade hoje já esgotada e causando

grande interferência durante sua

execução.

Como o veículo Metrô Leve é tra-

cionado com motor elétrico, não

haverá acréscimo de poluição at-

mosférica e sonora ao longo do tra-

jeto, sendo ambientalmente correto.

43

Page 44: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

44

ARTIGO | MOBILIDADE

Em nossa opinião, a poluição visual

nesse caso é bem menor, até pela apa-

rência moderna dos veículos utilizados.

As 2 primeiras linhas de Metrô Leve

que estão sendo executadas no Brasil

estão situadas na cidade de São Paulo

(vale a pena visitar).

Entre as possibilidades aqui citadas

para solução “acima do chão”, função

das dimensões das estruturas de cada

uma e da possibilidade de desapro-

priação citada, podemos também afir-

mar que a solução com utilização do

veículo tipo BRT é a que demanda

maior tempo de execução.

No caso do Metrô Leve, como citado

anteriormente, as estruturas necessá-

rias são menores e mais leves, adequa-

das a serem executadas em peças

pré-moldadas, sem necessidade do es-

paço necessário para concretagem “inloco”, mais adequadas também às redu-

zidas larguras dos canteiros das aveni-

das em Belo Horizonte. A implantação

de 1 km de Metrô Leve tem uma du-

ração de obra da ordem de 1 ano.

Assim, em termos de prazo de exe-

cução, a solução mais interessante é

aquela “acima do chão” com a utiliza-

ção de veículo do tipo Metrô Leve.

Em termos de operação, a solução

“acima do chão” com utilização de

VLT ou BRT utiliza operador (mo-

torista), enquanto a operação do

Metrô Leve dispensa o operador

(motorista), sendo totalmente auto-

mática e computadorizada. Ainda

em termos de operação, o Metrô

Leve por trafegar acima do chão

não sofre a interferência de cruza-

mentos de vias, de sinais de trânsito

e de engarrafamentos.

Em termos de operação a solução em

Metrô Leve também é mais vantajosa.

Um veículo do tipo BRT tem em

geral capacidade média de 160 passa-

geiros (Manual de BRT – Ministério

das Cidades – pág 80).

Uma composição de veículos do tipo

Metrô Leve, com 4 vagões (podendo

ser aumentado esse número) é da

ordem de 300 a 550 passageiros

(informação de dois dos fabricantes).

O número de passageiros a transpor-

tar por dia será função do número de

veículos a operar para cada tipo.

Note-se ser necessário um nú-

mero maior de veículos do tipo

BRT para transportar um mesmo

número de passageiros de uma

única composição do Metrô Leve

(no caso com 4 vagões).

Em termos de capacidade, a solu-

ção em Metrô Leve também é mais

vantajosa.

O custo de implantação do Metrô

Leve é avaliado da ordem de 85

milhões de reais o quilômetro de

via.

Em termos de custo de implanta-

ção a solução em Metrô Leve tam-

bém é mais vantajosa.

5 . CONCLUSÃO FINAL

A solução acima do chão com o

modal Metrô Leve, em nosso enten-

der é a mais interessante, a mais

conveniente e a mais factível de uti-

lizar os grandes corredores de

transporte existentes para o trans-

porte de massa, devidamente inte-

grada aos demais modais já

existentes, inclusive fazendo prolon-

gamento da atual linha de Metrô

(exemplo de São Paulo).

Linha 17 – Ouro - Metrô de São Paulo (abril/2013) Linha 15 – Prata - Metrô de São Paulo (abril/2013)

VALE A PENA VISITAR OS LINKS:

http://www.metro.sp.gov.br/obras/monotrilho-linha-15-prata/video-apresentacao.aspx

http://www.metro.sp.gov.br/obras/linha-17-ouro/index.aspx

Page 45: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição
Page 46: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Oconceito de Inovação já é um con-

senso. Trata-se da união de criativi-

dade, com atitude e resultado.

Criatividade, representada pela

ideias, pelo novo. Atitude, pela ação,

empreendedorismo. Resultado, tangível ou intangível,

nas esferas econômico-financeiras e sócio-ambientais.

Dessa forma, inovação é instrumento de sustentabili-

dade empresarial. Sem resultados, não há inovação.

No entanto, ainda hoje é fruto de debates a questão

se inovação tecnológica refere-se apenas criação de

novos produtos/serviços e processos ou se a melho-

ria contínua de algo pré-existente também é inovação.

Há uma linha tênue entre os conceitos de Inovação

Incremental e de Melhoria Contínua. Mas, ainda hoje,

muitos não compreendem a diferença entre ambas.

Elas caminham juntas, se complementam, mas diferem

em diversos aspectos extremamente relevantes.

Essa discussão se sustenta na medida em que as em-

presas, muitas vezes, não compreendem que podem

usar de linhas de crédito dos governos federais, esta-

duais e municipais para melhorar um produto que já

comercializam. Os empresários ainda acham que só

há investimentos em inovação se algo novo for o pro-

duto final. E, com essa ideia errônea, deixam de usu-

fruir de linhas de crédito e, no final das contas, deixam

de lucrar com um auxílio legítimo da esfera pública.

Em muitos aspectos, a inovação incremental se asse-

melha à melhoria contínua e vice-versa. Uma coisa,

porém, é certa: tanto a melhoria contínua quanto a

inovação incremental são fundamentais para otimiza-

ção do desempenho empresarial, contribuindo para o

aumento da competitividade das empresas e, conse-

quentemente, para a melhoria dos resultados da or-

ganização.

46

ARTIGO | JOSÉ HENRIQUE DINIZ

Inovação incremental e melhoria contínuaDiferentes, mas fundamentais para otimização do

desempenho empresarial, contribuindo para o

aumento da competitividade das empresas

Page 47: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

47

Para compreendermos as sutis diferenças entre elas,

é necessário relembrar as origens de cada uma. De

forma simplificada, podemos dizer que:

• Inovação é fruto da criatividade e do ato de em-

preender. É uma ideia que, bem trabalhada, gera resul-

tados econômico-financeiros e/ou socioambientais.

É implementação da ideia ao mercado – seja mercado

interno ou externo.

É início da comercialização de um produto/serviço

novo ou que possua significativa melhoria. Mas vale,

sempre, a máxima: uma inovação só se realiza se chegar

ao mercado e acarretar resultados. Lembre-se: novas

ideias surgem a todo momento. O que difere as pes-

soas criativas das empreendedoras é a capacidade de

direcionar suas ideias para a produção de resultados;

• Qualidade, em linhas gerais, é a eficiência e eficácia

no atendimento a todas as partes interessadas no

projeto, aos seus diversos stakeholders. Claro que

essa percepção, de melhora do cenário, deve vir por

parte destes mesmos stakeholders;

• Embora não seja algo que rompa com os paradig-

mas vigentes, nem agregue funções inexistentes ante-

riormente, o que convencionou chamar de Inovação

Incremental inclui algo novo ou significativamente me-

lhorado, sem, no entanto, alterar as funções básicas

originais do produto ou serviço em questão. Ela causa

impacto significativo na empresa e no mercado e cria

vantagem competitiva no médio e longo prazos para

a empresa que a adota;

• Melhoria Contínua: do japonês Kaizen (boa mu-

dança), é afeita à qualidade e ao desempenho, bus-

cando de forma proativa a solução de problemas e

desafios, onde o objetivo final, sempre, é a busca da

“perfeição” do produto/serviço, aumentando sua se-

gurança, otimizando sua qualidade e promovendo a

satisfação dos clientes e demais stakeholders envol-

vidos no processo. Tal aspecto busca manter a com-

petitividade empresarial e, em geral, tem foco no

curto prazo, devido à competitividade inerente ao

mercado.

Assim, se diferenciam claramente a Inovação Incre-

mental e a Melhoria Contínua. No entanto, é claro que

há pontos de consonância entre os conceitos, princi-

palmente no que se refere à busca de melhores índices

de produtividade e resultados, imediatos ou não.

E tais indicadores, nos dias atuais, são o que diferem

as empresas que crescem e se consolidam daquelas

fadadas à extinção.

José Henrique Diniz,

ex-cooordenador do Prêmio SME

de ciência, tecnologia e inovação

Ideias surgem a todo momento. O que difere as

pessoas criativas das empreendedoras é a capacidade de

direcionar suas ideias para a produção de resultados.

““

Page 48: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

48

ARTIGO | PREVENÇÃO NA CONSTRUÇÃO

Vistorias Cautelares: Prevenção para Construtores

Cautelar está ligado ao substantivo

feminino cautela, que é o mesmo

que prevenção. Isto quer dizer que

com um simples trabalho preven-

tivo, pode-se evitar muitos proble-

mas com a vizinhança durante e

depois do término de uma obra.

A partir desta observação vamos

relatar uma experiência que é fre-

quente na atividade dos profissionais

de engenharia. Recentemente, um

cliente reformou um apartamento

recém-adquirido. Durante as obras,

teve várias reclamações de vizinhos,

pois haviam aparecido trincas em

quase todo o prédio, que era de al-

venaria auto-portante. Não vamos

detalhar o caso, mas além de ter que

modificar sua obra e consertar vá-

rios apartamentos, gastando mais

que o inicialmente previsto, recebeu

reclamações de problemas que não

eram de sua responsabilidade, o que

gera até hoje certo mal estar com

alguns vizinhos.

Imaginamos que vários dos leitores,

ao construir onde há um grande nú-

mero de residências, já receberam

reclamações da vizinhança, especial-

mente sobre o aparecimento de

trincas, quando da execução das

fundações ou movimentação de

terra. E o pior: algumas dessas recla-

mações sem nenhuma razão, e em

alguns casos chegando até a esfera

judicial, onde processos são onero-

sos e demandam tempo, podendo

inclusive levar ao embargo da obra,

provocando atrasos irrecuperáveis

no cronograma.

Mas há uma saída para evitar tais

aborrecimentos: as vistorias caute-

lares. Uma vistoria cautelar deve ser

realizada antes do início da obra por

um engenheiro civil ou arquiteto,

com especialização em perícias de

engenharia, e tem como objetivo

mostrar o estado momentâneo de

determinado imóvel, verificando

suas características construtivas,

conservação e explicitando se já

existem defeitos ou vícios constru-

tivos, até aquela data, com croquis,

fotos e texto técnico dos vários de-

feitos observados, como as trincas,

infiltrações, eflorescências, abati-

mento de pisos, etc. Acompanhado

da devida ART – Anotação de Res-

ponsabilidade Técnica, registrada no

CREA.

Essas vistorias cautelares devem

ser efetuadas nos diversos imóveis

que circundam o terreno, onde

será erguida a edificação ou, no

caso de prédio, nos apartamentos

vizinhos a uma reforma. Esse pro-

cedimento demonstra o respeito e

responsabilidade da construtora

perante a vizinhança, estabelecendo

um clima de confiança entre as par-

tes. Isto é necessário, pois se sabe

que durante a execução de uma

obra, vários incômodos são gera-

dos aos seus vizinhos.

Existem duas formas de vistorias

cautelares: judiciais ou extrajudi-

ciais. As judiciais são requeridas por

pelo menos uma das partes. Nesse

caso, as partes litigantes tem que

contratar advogados, arcar com

custos do perito indicado pelo juiz

e ainda, caso seja necessário, con-

tratar um perito assistente técnico,

de confiança, para acompanhar o

perito do juiz em seus trabalhos.

Page 49: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

49

Esse processo cautelar servirá como

prova em caso de futura ação inde-

nizatória.

Já as vistorias extrajudiciais são fei-

tas através da contratação de peri-

tos em engenharia, pela construtora

ou por algum vizinho, cujos respec-

tivos laudos deverão ser expedidos,

preferencialmente, em duas vias e

rubricados pelas partes envolvidas

(construtora e vizinho). Ou entre-

gue por meio de correspondência

que comprove a aceitação dos fatos

relatados no laudo, sendo necessá-

rio um laudo para cada imóvel vizi-

nho à construção.

Existe ainda uma outra forma extra-

judicial de realizar tais vistorias, mas

com valor legal: A vistoria cautelar

arbitral, onde as partes em comum

acordo procuram por uma câmara

de arbitragem reconhecida e, em

consenso, indicam um perito mem-

bro da lista de árbitros da área de en-

genharia, para realizar tal vistoria

cautelar.

Finalmente, espera-se do enge-

nheiro ou arquiteto perito, mesmo

que tenha sido contratado pela

construtora, que apresente um

lado isento, de acordo com o Có-

digo de Ética Profissional do sis-

tema CONFEA/CREA, e que seja

preparado de acordo com as nor-

mas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas – ABNT, especial-

mente a NBR 13.752 – Norma Bra-

sileira de Perícias de Engenharia na

Construção Civil.

Desse modo, a obra poderá trans-

correr normalmente, resguardando a

construtora de futuros problemas ju-

diciais, por má fé em alguns casos,e,

ainda, caso ocorra algum dano ao vi-

zinho, que a construtora possa cor-

rigi-lo naturalmente, mantendo o

bom relacionamento, num prazo ne-

gociado entre as partes, que não

atrapalhe o bom andamento da obra.

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior eGuilherme Brandão Federman Engenheiros Civis

Vistorias cautelares devem ser efetuadas nos diversosimóveis que circundam o terreno, onde será erguida a edi-ficação ou, no caso de prédio, nos apartamentos vizinhosa uma reforma. Esse procedimento demonstra o respeitoe responsabilidade da construtora perante a vizinhança,estabelecendo um clima de confiança entre as partes.

Engenheiro Civil,

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior

Page 50: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

O SISTEMA FIEMG TRABALHA PARA DESENVOLVERA INDÚSTRIAE PARA MELHORARA SUA VIDA.

V

O

o

e

O

T

a

p

A

Page 51: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Você sabe o que é o Sistema FIEMG?

O Sistema FIEMG é uma organização privada,

ou seja, é como se ele fosse uma grande

empresa formada por mais cinco empresas.

O SESI, o SENAI, a FIEMG, o CIEMG e o IEL.

Todas elas trabalham juntas para desenvolver

a indústria e apoiar os empresários. E também

para melhorar a sua vida. Quer saber mais?

Acesse www.fiemg.com.br.

Page 52: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

52

Aos 20 anos, o estudante de Enge-

nharia Ambiental da Universidade Fe-

deral de Minas Gerais (UFMG),

Thiago Meira Raydan, é um empreen-

dedor social de sucesso. Diretor da

organização não governamental

(ONG) Engenheiros da Alegria, fun-

dada em 2011 por ele e um grupo de

colegas da faculdade que decidiram

sair da intenção para praticar a trans-

formação social, ele conseguiu a fa-

çanha de reunir 600 voluntários para

fazer a reforma da creche Pupileira

Ernani Agrícola, em Belo Horizonte,

em maio deste ano. A instituição

atende a 296 crianças.

O resultado dessa intervenção é que

o estacionamento cheio de entulho

deu lugar a uma trilha ecológica. Da

mesma forma, o porão que funcio-

nava como depósito de lixo foi

aberto para que todos possam usá-

lo, como um “cantinho da paz”. A cre-

che também ganhou um solário e

fachada nova e o muro, branco, foi

todo coberto por desenhos. En-

quanto parte da equipe trabalhava na

reforma, outra divertia as crianças.

Pais, funcionários e moradores da co-

munidade também ajudaram na ação.

“Eu acredito muito no potencial de

transformador social do profissio-

nal de Engenharia. É nesse profissio-

nal que eu confio grande parte da

mudança do cenário da minha ci-

dade e do mundo. Se redirecionar-

mos o nosso conhecimento para a

inovação e transformação social,

nós veremos um mundo melhor e

cada vez mais igualitário. A tecnolo-

gia e as novas invenções científicas

devem estar sempre conectadas

com a melhoria da educação, saúde

e da igualdade social do nosso país,

do nosso mundo”, aponta.

Como é aluno de uma universidade

pública, Thiago Raydan acredita que

não é preciso ter o diploma para dar

a merecida contrapartida à socie-

dade, que paga pela formação profis-

sional de tantos jovens brasileiros.

“A sociedade confia em nós e é

esse compromisso com a sociedade

que me dá um gosto especial pela

profissão que escolhi”, destaca.

Para ele, a escolha da Engenharia

Ambiental foi a mais acertada, já

que o seu propósito e construir

um mundo onde o ambiente e o

ser humano caminhem de ma-

neira sustentável e com uma rela-

ção mutuamente saudável. Diante

desse cenário, a área demanda por

pesquisas e inovação tecnológica

o futuro das próximas gerações.

“Foi diante desse desafio que eu

confiei na Engenhara como bom

meio para buscar essa essa trans-

formação”, completa.

O nome Engenheiros da Alegria foi

criado pela crença de que toda pes-

soa tem o dom de ser um constru-

tor de sorrisos. “Compartilhar

felicidade com outras pessoas é

algo vital para que nós também se-

jamos felizes”, reflete o estudante.

Estudante da UFMGaposta no potencial transformador da Engenharia

NOVOS ENGENHEIROS | THIAGO MEIRA RAYDAN

Page 53: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

53

Atualmente a ONG Engenheiros da Alegria tem três tipos

de projetos. As “Visitas Alegreiras” levam sorrisos para co-

munidades, creches, escolas, asilos e hospitais, por meio

da fantasia e da arte do palhaço. O “Coletivo Feliz Ci-

dade” promove intervenções ur-

banas para levar um pouco mais

de amor para as ruas da capital

mineira. Há, ainda, o “Jogo

Oasis”. Desenvolvido pelo Insti-

tuto Elos, é aplicado por jovens

empreendedores em diversas

partes do mundo, com o obje-

tivo de realizar sonhos de co-

munidades, buscando acolher

suas belezas, talentos e recursos

para que as transformações acon-

teçam.

“A mobilização sempre ocorre

por meio de grupo e nunca de

uma só pessoa. A mobilização na

creche Pupileira Ernani Agrícola foi feita através do Jogo

Oasis. Nós recebemos um grande apoio do volunta-

riado justamente porque a ideia de mudar o mundo

com suas próprias mãos é algo que todos temos. Basta

uma oportunidade para começarmos”, analisa.

Embora o foco da ONG sejam estudantes e graduados

em Engenharia, não há restrição para a adesão de novos

voluntários de todas as idades. De acordo com Raydan, a

motivação para continuar o trabalho é reencontrar as co-

munidades depois das inter-

venções e constatar que as

pessoas estão mais alegres e

realizadas. “Vamos lá para dar

alegria para a comunidade,

mas recebemos essa alegria

na mesma medida”, aponta.

Para fazer os projetos, a En-

genheiros da Alegria faz par-

cerias com empresas e

instituições. Para a creche Pu-

pileira, os apoiadores foram a

Tintas Coral, a Atlas e o Ins-

tituto Elos, sem os quais a in-

tervenção não seria possível.

Como o trabalho nunca acaba, a

equipe de voluntários da ONG planeja retornar à creche

Sementes do Amanhã, primeira que foi visitada pelo grupo,

para construir uma quadra de futebol para as crianças. “Vai

ser um prazer enorme voltar ao local onde a nossa história

começou”, conclui o estudante.

Thiago Meira Raydan, estudante de Engenharia Ambiental pela UFMG e Diretor da ONG, Engenheiros da Alegria.

A mobilização sempre ocorre por meio

de grupo e nunca de uma só pessoa. A

mobilização na creche Pupileira Ernani

Agrícola foi feita através do Jogo Oasis.

Nós recebemos um grande apoio do

voluntariado justamente porque a ideia

de mudar o mundo com suas próprias

mãos é algo que todos temos. Basta

uma oportunidade para começarmos.

““

Page 54: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

A inovação tecnológica tornou-se,

nos últimos anos, uma demanda fun-

damental e estratégica para toda a

cadeia produtiva da Indústria da

Construção. Cada dia mais, as anti-

gas técnicas construtivas, intensas

em mão de obra – e por isso extre-

mamente artesanais – vão cedendo

espaço para novos procedimentos

e materiais que incorporam a ino-

vação e a sustentabilidade.

A falta de mão de obra qualificada,

a pressão pela redução de perdas

de materiais durante a construção,

a demanda da sociedade por em-

preendimentos com menor custo

de manutenção, entre outros fato-

res, têm exigido que as construto-

ras lancem mão do que há de mais

moderno hoje para a produção de

moradias, edifícios comerciais,

obras de infraestrutura entre outras.

Entretanto, elevar o nível de desen-

volvimento do setor da construção

no Brasil passa pela solução de uma

gama variada e intricada de desafios.

Desde o aspecto tributário que hoje

desestimula a adoção de novos mé-

todos construtivos, até a grade cur-

ricular dos cursos de arquitetura e

urbanismo que precisa ser ampla-

mente revista.

Nesse contexto, a Câmara Brasileira

da Indústria da Construção (CBIC) e

a Associação Nacional de Tecnologia

do Ambiente Construído (Antac)

apresentaram, no dia 28 de maio, em

Brasília, documento que apresenta

propostas de estratégias para a for-

mulação de uma política de Ciência,

Tecnologia e Inovação para a Indús-

tria da Construção Civil.

Fruto de estudo conduzido pelas duas

entidades, em oficinas realizadas em

diversos Estados com mais de 300

participantes, o documento apresenta

quais são os principais obstáculos que

impedem o desenvolvimento dos

programas de fomento às pesquisas

consideradas estratégicas para o setor.

Entre eles, distanciamento entre aca-

demia e mercado e entre a academia

e o setor público; falta de integração

entre agentes do setor; dificuldade

de acesso ao conhecimento; con-

servadorismo dos agentes do

setor; visão de curto prazo das em-

presas do setor; limitações da base

legal de estímulo a Ciência, Tecno-

logia & Inovação; emprego de me-

canismo inadequado de avaliação da

pesquisa voltada à inovação tecnoló-

gica realizada pela academia; indispo-

nibilidade de dados de apoio a C,T&I,

e carência e aplicação limitada de re-

gulamentos e normas inibindo a

C,T&I.

O presidente da CBIC, Paulo Safady

Simão, afirma que o setor da cons-

trução civil carece, em caráter de

urgência, de um programa de inova-

ção tecnológica por estar defasada,

embora experimente momento de

grande expansão. “Temos que ino-

var e modernizar a atividade. Esse

projeto apresenta diretrizes impor-

tantes em todas as áreas do negó-

cio, desde as operacionais até a legal

e tributária”, enfatiza.

Ainda conforme o dirigente, o

plano do setor pretende fortalecer

o projeto do governo federal na

área de inovação e desenvolvi-

mento tecnológico, que configura-

se como o maior desafio do país na

atualidade.

CBIC e Antac apresentam projeto deinovação da construção civil brasileira

CONSTRUÇÃO | INOVAÇÃO

54

Presidente da

CBIC, Paulo

Safady Simão

Page 55: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

55

Page 56: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

56

ARTIGO | ENERGIA NO BRASIL

As causas da crise de eletricidade

que enfrentamos têm sido ampla-

mente discutidas na imprensa e

parecem ser bem compreendidas:

a expansão do sistema de hidrelé-

tricas – a principal fonte de energia

elétrica no Brasil – tem sido feita

nas últimas décadas em usinas a fio

d’água, ou seja, sem reservatórios

que as mantenham em funciona-

mento em período de estiagem

prolongadas.

Isso não é culpa do atual governo,

mas da incapacidade geral dos go-

vernos, que, desde 1990, não se es-

tabelecem um diálogo maduro

com os ambientalistas e os movi-

mentos sociais contrários à cons-

trução de barragens para a

formação de reservatórios. A opo-

sição ao governo FHC estimulou

esses movimentos e paga agora o

preço elevado que deles resultou.

Várias organizações ambientalis-

tas, como a WWF Brasil, tentaram

iniciar esse diálogo, mas suas pro-

postas foram recebidas com indi-

ferença, apesar de razoáveis:

escolher na Amazônia as bacias hi-

drográficas nas quais barragens e

hidrelétricas poderiam ser cons-

truídas e preservar outras bacias.

Atualmente os reservatórios

estão praticamente no mesmo

nível de 2001 e certamente tería-

mos um racionamento se não fos-

sem as termoelétricas, que usam

gás, óleo combustível e até carvão.

Sua construção foi iniciada no fim

do governo FHC e o governo

Lula/Dilma Rousseff deu-lhes an-

damento. Mas a energia gerada por

elas é muito mais cara e poluente

do que a das hidrelétricas.

Mesmo assim, o risco de raciona-

mento não foi afastado, porque

todas as termoelétricas disponí-

veis já foram acionadas e se a seca

continuar faltará energia. A razão

para tal é simples: as alternativas

de geração de eletricidade dispo-

níveis – que são as usinas eólicas

(movidas pela força do vento) e as

termoelétricas queimando bagaço

– não foram estimuladas pelo go-

verno, no fundo, por motivos ideo-

lógicos.

A partir de 2002, o governo de-

cidiu expandir o parque gerador

de eletricidade através de lei-

lões que a Empresa de Planeja-

mento Energético (EPE) realiza.

Recebem as concessões as em-

presas que apresentam preços

mais baixos para a energia pro-

duzida, seja hidrelétrica, térmica,

eólica ou solar. A justificativa

para esse procedimento é: ga-

rantir a “modicidade tarifária”,

ou seja, preço baixo, que, em

tese, favoreceria as camadas

mais pobres da população.

Essa é uma visão equivocada.

Por motivos técnicos, diferentes

formas de gerar eletricidade

têm custos diferentes. Se a

energia eólica gerada no Estado

do Piauí for consumida no Rio

de Janeiro, são necessárias li-

nhas de transmissão. Além disso,

gerar eletricidade para ricos e

para pobres custa o mesmo.

Se o governo deseja fazer progra-

mas sociais com eletricidade, deve

fazê-lo na venda, não na geração.

Foi isso que o governo Franco

A CRISE DE ENERGIA NO

BRASIL E SUAS SOLUÇÕES

José Goldemberg

Page 57: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

Montoro fez em São Paulo (1982), estendendo as

redes de eletricidade às favelas e cobrando preços

reduzidos dos seus habitantes.

Ao nivelar nos leilões da EPE todas as formas de

energia, o governo tornou inviável, na prática, o uso

de bagaço de cana para gerar eletricidade em

grande escala em São Paulo. Essa energia pode até

ser um pouco mais cara do que a das hidrelétricas,

mas está próxima aos centros de consumo, redu-

zindo os custos de transmissão.

Apesar dos esforços do governo paulista, menos

de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar

– que é comparável à potência da Usina de Itaipu

– está sendo utilizado, por causa da falta de inte-

resse do governo federal. O que torna a situação

ainda mais paradoxal é que a ideologia da “modici-

dade tarifária” levou o governo a usar térmicas a

gás, cujo custo da eletricidade é cerca de três vezes

superior à média nacional.

Os problemas que enfrentamos na área de energia

elétrica não serão resolvidos com medidas intem-

pestivas como a Medida Provisória 579 e a redução

forçada de cerca de 20% nas tarifas, que está tor-

nando o Sistema Eletrobrás e outras empresas ge-

radoras inviáveis. Como foi feita, essa medida tem

claramente um conteúdo demagógico e o Tesouro

Nacional – ou seja, toda a população brasileira –

pagará por ela. Vamos ter agora, além da Bolsa-Fa-

mília, uma “bolsa-eletricidade”, que só beneficiará

grandes indústrias eletrointensivas.

As consequências negativas da MP 579 já são eviden-

tes na queda do valor das empresas, que terão mais

e mais dificuldades para investir. Como consequência,

dará origem a mais “interrupções de fornecimento”,

na linguagem oficial.

Soluções para a crise atual existem.

No curto prazo, é preciso remover os obstáculos

para que a eletricidade do bagaço de cana-de-açú-

car possa competir nos leilões da EPE e tomar pro-

vidências para completar a ligação de centrais

eólicas ao sistema de transmissão.

No longo prazo, é preciso reanalisar o planejamento

de novas hidrelétricas – incluindo reservatórios

adequados de água – e acelerar medidas de racio-

nalização do uso de eletricidade, até agora voluntá-

rias. Não basta, por exemplo, etiquetar geladeiras

alertando os compradores sobre quais são os mo-

delos mais eficientes, é necessário proibir a comer-

cialização das geladeiras com alto consumo de

energia, como fazem muitos países.

Um pouco mais de competência na área energética

é do que o país precisa agora.

José Goldemberg, professor, físico e membro da

Academia Brasileira de Ciências. Foi reitor da USP,

presidente da Sociedade Brasileira de Física, se-

cretário da Ciência e Tecnologia, ministro da Edu-

cação e secretário do Meio Ambiente. Em 2000

recebeu o Prêmio Ambiental Volvo e em 2008 o

Prêmio Planeta Azul, concedido pela Asahi Glass

Foundation, considerado um dos maiores da área

do meio ambiente.

57

José Goldemberg, professor,

físico e membro da Academia

Brasileira de Ciências

Page 58: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

A Arca de Noé já era

uma República bas-

tante antiga quando

lá fui morar em com-

panhia de Aristides

Plastino (Turma de

1942), Zé Pistolé

(que faleceu ainda

estudante em Ita-

jubá) e o então Sar-

gento Euclides

Cintra (que se tor-

nou um ilustre

homem público, va-

loroso e eficiente

Deputado por várias

legislaturas).

Fim de linha no sistema de distribuição de energia elé-

trica naquela região, a República era a última casa a ca-

minho da Santa Casa, que era alimentada por outro

circuito. Com um “gato” no relógio de medição e uma

gambiarra que levava energia até a casa da lavadeira que

morava logo ao lado, tínhamos nossas roupas passadas e

luz à vontade, sem custos, até que a Companhia Sul Mi-

neira de Eletricidade nos pegou. Para evitar nova fraude,

a empresa retirou o relógio de dentro da República e

colocou-o no alto do poste em frente à casa. Porém, des-

cobrimos que segundo o contrato de distribuição de

força e luz, a Companhia seria obrigada a colocar outro

relógio dentro de casa, para que o consumidor pudesse

acompanhar o controle

de seu consumo. Trama-

mos então uma nova es-

tratégia. Colocamos

lâmpadas de apenas 15

watts e passamos a estu-

dar em outras Repúbli-

cas, para que o consumo

continuasse mínimo.

Com o contrato nas

mãos fomos à Sul Mi-

neira, insistindo para que

fosse colocado outro re-

lógio dentro de casa e

que se verificasse a me-

dição para constatar

nosso baixo consumo. Depois de mandar um funcionário

por várias vezes – que se via obrigado a levar a escada e

subir no topo do poste para acessar o medidor – a em-

presa decidiu atender nosso insistente pedido. Era o que

queríamos! Orientados pelo Prof. João Luiz Rennó,

aprendemos nova técnica para o “gato” que fazia voltar

a medição dos dois relógios, e assim continuamos a fran-

quear a energia para a nossa lavadeira e a gastar luz à

vontade.

Essa era uma luta constante da Companhia Sul Mineira

com a estudantada de Itajubá, que só teve fim quando

meu ilustre colega de turma, João Basptista Ricci, passou

a ser engenheiro da empresa e, conhecendo nossos tru-

ques, acabou com todos os “gatos”.

58

Par ticipe e envie seu “causo” para jornal [email protected]

CAUSOS DA ENGENHARIA

OS “GATOS” DAS REPÚBLICAS

Causo de Calistrato Borges de Muros (Turma de 1945 da UNIFEI) falecido em 2009.

Calistrato foi um dos pioneiros na área de Telecomunicações do país; Diretor Técnico, Vice-presidente e Presidente de várias Teles; professor na EFEI, PUC-MG, UFMG

e INATEL, instituição em que foi Vice-Reitor e liderou a área técnica após o falecimento de seu fundador, o Prof. José Nogueira Leite; na SME

foi Coordenador da Comissão Técnica de Telecomunicações e seu representante no CREA-MG como Conselheiro.

"História enviada pela Engenheira Marita Arêas de Souza Tavares".

Page 59: Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

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