View
245
Download
23
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Trabalho de conclusão do curso Comunicação Social - Jornalismo, apresentado na FAAC - Unesp/Bauru. Por: Paula Rodrigues, Aline Naoe, Érica Nering e Karen Ferraz.
Renove seus sentidos
Glria Maria
Toda obra de arte filha de seu tempo e, muitas vezes, a me de nossos sentimentos. Esta frase de Wassily Kandinsky representa bem a primeira edio de Mosaico que est em suas mos. Nas pginas que seguem, voc ser convidado a visitar alguns temas que permeiam o nosso cotidiano, filtrados a partir da perspectiva das vanguardas artsticas modernas mais importantes do sculo XX. Elas romperam com a an-tiga representao do mundo ao reconhecerem uma nova sensibilidade que surgia com as transformaes e inovaes trazidas pela urbanizao e pela indus-trializao.
Procuramos deslocar percepes estticas e pro-blemticas conceituais para a realidade do homem que vive em 2009, o ano do centenrio do Manifesto Futurista de Marinetti. Criamos uma engrenagem que te conduz pelos desdobramentos desses movimentos artsticos na atualidade. O obscuro e o feio do Expres-sionismo. As cores intensas e a multiplicidade de vi-ses do Cubismo. A velocidade do Futurismo. A guerra debochada do Dadasmo contra a existncia humana e contra si mesmo. O mundo dos sonhos e a loucura do Surrealismo. E a exaltao irnica das celebrida-des, da publicidade e dos cartoons estampados nos muros em forma de grafite, tpicos da Pop Art.
O jornalismo, assim como a arte, uma produo que envolve reflexo e crtica, e que tem o poder de combater sua prpria efemeridade quando fala de seu tempo, revelando-o para a atualidade e servindo de memria para a posteridade. Mosaico o resulta-do da unio harmnica de forma e contedo. A pri-meira, inspirada em vanguardas revolucionrias que imprimiram novas concepes de fazer e ver a arte. O segundo, assinalado por caractersticas, preocupa-es e necessidades representativas de nosso tempo.
Abrimos as portas desta nova galeria chamada Mosaico. Aproveite a leitura e renove seus sentidos!
Editorial
expressionismo
o JoGo Do noVo VAmpiro Reportagem
FreAK sHoW: espeTCULo De Horror
Ensaio
expresso FLor DA peLe Reportagem
06
08
11
14
CUbismo
seLF-porTrAiT Ensaio
mALAbAres Extra
o DiA em QUe enConTrei A FormA Extra
somos mUiTos, e De UmA VeZ s Reportagem
16
18
21
22
23
FUTUrismo
o Ano 2109 Reportagem
os proFissionAis DA VeLoCiDADe Entrevista
A erA DA VeLoCiDADe Reportagem
UmA oDe LiberDADe Capa
24
26
28
31
34
18
38
11
28
DADAsmo
oLGriA mATos Entrevista
DUAs eTC. Extra
reADYmADes: A ArTe esT pronTA Ensaio
erA UmA VeZ o Homem Reportagem
36
38
40
41
42
sUrreALismo
ConVersA De eDreDom Reportagem
Do ALTo VeJo o meU sUrreALismoExtra
ViAGens De Um sUrreALisTA ConTemporneo
Ensaio Artstico
ALUCinAes De reALiDADe Reportagem
44
46
50
53
54
pop ArT
LUZes eFmerAs De inQUieTos HoLoFoTes
Reportagem
romAnCe De sAnDUCHe Ensaio
sUbVerso em Cores Reportagem
pop s AVessAs Reportagem
56
58
60
64
68
46
68
60
50
Expressionismo
6 Mosaico
Mosaico 7
Expressionismo
Espontaneidade. Intensidade. A sub-jetividade expressionista assemelha-se a um grito. No toa que as cores e a intensidade de O grito, de Munch, configuram-se como uma das obras mais representativas no movimento. o ato de gritar que pinta a exteriori-zao de sentimentos que precisavam ser divididos, externalizados, mas no necessariamente compreendidos. As obras neste movimento representam uma verdadeira exploso de energia psquica. Que pode levar ao hilrio, ou ao horror. Aos extremos. Aqui, criamos um cenrio que remete muito mais ao cinema daquela poca. Esttica utiliza-da amplamente pelos alemes, repre-sentava uma sociedade ainda assustada com a guerra. Kandinsky dizia que essa arte teria surgido para realinhar a pin-tura s necessidades espirituais do ho-mem. E o ser humano daquela poca ainda estava sentido pelas suas mortes, pelas perdas, pela destruio. J hoje, encontramos novos caminhos ao exter-no. Os mais corajosos colocam o corpo como tela de expresso. Aqueles nem tanto, criam personagens nas telas vir-tuais. Espaos em que possvel libe-rar os instintos. Representar realidades prprias e singulares, sem limites.
noite estrelada Vincent Van Gogh
8 Mosaico
Expressionismo
ApesAr De miLenAres, As moDiFiCAes CorporAis so ConsiDerADAs smboLo De ConTemporAneiDADe
por AnA CLUDiA LimAimAGens KAren FerrAZ e DiVULGAo ArTe mArALise Lopes
Expresso flor da pele
Mosaico 9
Um dos exemplos mais conhecidos de modificao corporal o americano Erick Sprague, mais conhecido como The Lizardman (homem-lagarto), na foto esquerda. Sua lista de modifica-es extensa: tatuagem imitando es-camas verdes de rpteis por quase todo o corpo, lngua bifurcada, alargadores, diversos piercings, implantes subcut-neos acima dos olhos, dentes afiados para parecer com caninos etc. Essa transformao comeou com um pro-jeto de faculdade sobre o que significa ser humano de um ponto de vista lin-gstico. Para isso, o americano come-
Utilizo meu corpo como minha mdia. Fao dele meu obje-to de propagao de idias. Procuro pen-sar e fazer pensar
Tatuagens, piercings, alargadores. Se voc no tem nenhum deles no corpo, com certeza conhece algum que tem. Num mundo extremamente visual e com as pessoas buscando exprimir sua individualidade, as modificaes corpo-rais se fazem cada vez mais presentes. O termo mo-dificaes corporais ou Body Modification, como mundialmente conhecido usado para designar mu-danas feitas no corpo de diversos modos, desde o uso de produtos qumicos at intervenes cirrgicas. Os motivos que levam uma pessoa a aderir a essa prtica so diversos, mas podem ser divididos em dois grandes grupos: vontade de seguir a moda vigente e o comparti-lhamento de ideais por um grupo de indivduos.
O segundo grupo mais especificamente estudado pela Professora Beatriz Ferreira Pires no livro O Corpo Como Suporte da Arte. Para ela, vivemos numa poca de banalizao do nosso corpo e por isso temos a neces-sidade de nos reaproximar do prprio corpo e de esta-belecer uma identidade que nos diferencie dos demais. Para isso so usadas as marcas pessoais (as modifica-es corporais) que seriam uma forma de expressarmos nossos sentimentos, uma forma de concretizar algo do nosso interior, da nossa mente. No entanto, esse tipo de expresso nem sempre bem visto pela sociedade, que muitas vezes associa modificaes criminalidade.
T. Angel, como Thiago Soares mais conhecido, re-presenta bem o grupo estudado por Beatriz: Utilizo meu corpo como minha mdia. Fao dele meu objeto de propagao de idias. Procuro pensar e fazer pensar. Ele comeou a transformar o prprio corpo aos 16 anos, quando fez seu primeiro piercing, e desde ento no parou mais: foram tatuagens, branding, escarificaes, implantes etc. Hoje, ele diretor do site Frrrk Guys (www.frrrkguys.com), que se auto-define como um
projeto que tem como base explorar o universo masculino, fugindo do tra-dicional e mostrando que sensualidade no est apenas em msculos e, princi-palmente, que o belo bem relativo. Para ser um frrrk guy obrigatrio que o candidato tenha modificaes corpo-rais e um ensaio fotogrfico aprovado.
10 Mosaico
Expressionismo
ou a tatuar uma textura de lagarto sobre a pele. Mas o projeto ultrapassou os tempos de faculdade e hoje virou sua fonte de renda. Sprague faz shows h mais de dez anos, participa de diversas convenes, programas de TV e abre shows pra bandas famosas como Slipknot. Quando perguntado sobre o fim do seu projeto de trans-formao, ele responde que ainda no terminou, mas que espera que esse dia chegue. E ressalva: Eu no vou dizer que eu terminei definitivamente, no entanto, podem surgir novas tecnologias e ideias que eu possa incorporar no meu trabalho.
No se sabe exatamente como ou quando os homens passaram a fazer essas modificaes nos corpos, mas estima-se o surgimento do body piercing, por exemplo, no perodo da Pr-Histria devido a descoberta de um homem das neves que possua piercings corporais, que foi chamado de Otzi. Antigos ou contemporneos, est-ticos ou ideolgicos, o fato que o Body Modification anda fazendo a cabea e o corpo de muita gente pelo mundo. Uma prova disso so os donos do estdio Tatoo-age, na cidade de Bauru, Marcelo e Rogrio Bambu. Eles chegam a fazer cerca de cinco tatuagens por dia, sendo que a mais barata custa R$200,00. Ns preferi-mos tatuagens maiores, onde d para trabalhar melhor os detalhes, afirma Bambu. Eles prprios usam o corpo para mostrar ao mundo a arte que produzem: a ltima tatuagem de Rogrio foi um Charles Chaplin na perna, como homenagem ao ator que admira.
o tatuador rogrio bambu utiliza o corpo como forma de expresspo
Algumas body modifications de marcelo: tatuagens,
alargador e piercing
Tatuagem: processo de pigmentao da pele atravs da insero de agulhas. um dos processos de modificao corporal mais difundido no mundo.
Piercing: perfurao do corpo para in-sero de um objeto metlico. Existem piercings estticos e os funcionais, colo-cados nas genitais para aumentar o prazer sexual.
Branding: desenhos feitos na pele com pe-quenas placas de metal aquecidas com um maarico.
Escarificao: tcnica feita com um bisturi em que se usa a lmina do instrumento para se fazer cortes, que formam o dese-nho na pele.
Implantes: insero de um objeto embaixo da pele. O implante pode ser totalmente subcutneo ou deixar uma parte do obje-to para fora.
boDY moDiFiCATion
Ensaio
Mosaico 11
Fre
ak sh
ow:
espe
tc