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M undo E cológico Sustentabilidade, Educação e Responsabilidade Social. Ano XX Edição 1 Junho de 2011 Educação ambiental, a nova moda Você sabe o fim que tem o lixo que você descarta? Bairros Cota Exclusão Social e Recuperação da Serra do Mar Reciclagem Escolas Conscientes O dinheiro que vem do LIXO Como a reciclagem de materiais ajuda na renda e no sustento de uma família

Revista Mundo Ecológico

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Produzida por alunos do terceiro ano de Jornalismo da Unisanta em 2011

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MundoEcológicoSustentabilidade, Educação e Responsabilidade Social.

Ano XX Edição 1 Junho de 2011

Educação ambiental, a nova moda

Você sabe o fim que tem o lixo que você descarta?

Bairros CotaExclusão Social e Recuperação

da Serra do Mar Reciclagem

Escolas Conscientes

O dinheiro que vem do LIXOComo a reciclagem de materiais ajuda na

renda e no sustento de uma família

Leitor Consciente

Prepare-se!

Acaba de chegar às bancas a primeira edição da Revista Mundo Ecológico. Uma Revista mensal onde você encontrará matérias ligadas à sustentabilidade, responsabilidade social, educação ambiental e preservação do meio ambiente.

Aqui você poderá entender um pouco mais sobre as mudanças que afetam o ecossistema e desequilibram a natureza.

Você se acha ecologicamente correto? Acompanhe as matérias e veja o que você pode fazer para ajudar a preservar o planeta.

Bairros Cota, o que tem sido feito para a remoção das famílias que invadiram a região de preservação da Serra do Mar?

O que os especialistas dizem sobre as mudanças climáticas?

Qual o destino do lixo que você descarta todos os dias?

Confira as respostas para essas perguntas e muito mais nesta edição de Mundo Ecológico.

Pratique a cidadania, cuide do meio ambiente!

Sua parte começa aqui!

Aline Barboza, editora

Mundo EcológicoR. Oswaldo Cruz, número 266

Cep: 11045-907Boqueirão - Santos/SP

Editora de texto: Aline Barboza - 511099([email protected])Editora multimídia: Jéssica Branco - 104808([email protected])Editor de arte: Lucas Moura - 510957 ([email protected])Repórteres: Igor Augusto - 510861 ([email protected]) Jéssica Branco - 104808([email protected]) Jessika Nobre - 510942([email protected]) Karina Carneiro - 510852([email protected]) Lucas Moura - 510957 ([email protected]) Luciano Agemiro - 511013([email protected]) Thaís Moraes - 511094 ([email protected])

Esta revista é produzida por alunos do 3° ano de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação - FaAC da Universidade Santa Cecília.

Diretor da FaAC:Humberto ChalloubCoordenador do curso:Robson BastosProfessor Responsável: Elaine Saboya

Fale conosco: (13) 3202-7100

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Ano XX Edição 1 Junho de 2011

InícioSustentável

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6 Papo VerdeEscolas Ecológicas 10

36 Cooperativa de Reciclagem

Sessão em Casa 2623 Moradias Sustentáveis

Bairros Cota 1816 Mudanças Climáticas

Opinião Profissional 35

Crônica 47

28 Lição de Vida

Ecolista 17 Bairros Cota

30 Lição de Vida

10 Escolas Ecológicas

37 Cooperativa de Reciclagem

O destino final do lixo que você descarta

Exclusão Social e Recuperação da Serra do Mar

Educação ambiental, a nova moda que vem pegando entre as escolas

A repórter que mostrou como a reciclagem de materiais ajuda na renda e no sustento de uma família

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PapoVerde

“A fauna é a grande prejudicada”

Bióloga formada pela USP, pedagoga, pós-graduada em educação ambiental e mestranda em Saúde Pública (USP). Glória

Cristina Carréri Bruno é coordenadora de Educação Ambiental de Praia Grande. Ela conversa sobre problemas ambientais da Baixada Santista e nos adianta sobre a possível implantação de um incinerador metropolitano para resolver o problema do lixo na região.

Para a bióloga Glória Cristina, o descarte irregular de lixo prejudica não só a fauna como polui solo e água

Luciano Agemiro

Mundo Ecológico: Glória, quais são os problemas ambientais que mais atuam em nossa região?Glória Cristina: O mais importante

deles é, com certeza, o aumento do nível do mar. Isso é inevitável, ninguém duvida desse fenômeno e foi provado cientificamente que acontece. Já foram divulgados estudos mostrando que Santos e São Vicente devem ser as regiões mais afetadas. Uma pesquisa mostra que os últimos seis anos têm sido os mais quentes já registrados no Ártico, e que, durante os últimos verões, as temperaturas foram as mais elevadas dos últimos dois mil anos, causando o derretimento das calotas e elevando o nível dos oceanos.

ME: É possível apontar onde estas mudanças acontecerão primeiro?GC: Sim, no caso de Santos, a região

da Ponta da Praia deve ser uma das primeiras a sofrer com os alagamentos, em São Vicente. O trecho próximo à Ilha Porchat deve ser um dos mais atingidos, de acordo com o Oslo-based Arctic Monitoring and Assessment

Project (AMAP), divulgado pelo jornal A Tribuna em março de 2011.

ME: Além do aumento do nível do mar, o que mais precisa ser observado de perto, na região?GC: A fiscalização do descarte de

resíduos sólidos ainda precisa avançar bastante, do contrário, a sujeira pode poluir não só o solo, mas a água também, o que pode até prejudicar o abastecimento da população.

ME: Onde há mais descarte de lixo irregular?GC: No mar. Diretamente, como no caso

das palafitas, ou indiretamente quando o lixo é dispensado na rua, chegando ao mar por meio da rede de águas pluviais. Além daquele descartado diretamente na praia.

ME: O que este descarte provoca?GC: A fauna é a grande prejudicada. Os

animais marinhos acabam confundindo esses lixos com alimentos e os ingerem. Na maioria das vezes morrem e quando chegam para os pesquisadores, em geral tem pedaços de redes, linhas de nylon, sacolas plásticas ou tampas de garrafas em seus estômagos.

ME: E para as pessoas, o que essa sujeira pode causar?GC: Vários tipos de doenças, entre

elas diarréia, infecções, doenças de pele e até alguns tipos de conjuntivite podem ser transmitidas pela água.

ME: Alguns estudos mostram que há muito lixo descartado no mangue. Estes resíduos vêm do mar para o mangue ou saem do mangue para o mar?

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GC: Acontece das duas formas. Em Cubatão e em São Vicente, por exemplo, temos muitas habitações irregulares que acabam descartando o lixo e os dejetos humanos na água. O movimento das marés, alta e baixa, acaba fazendo com que essa sujeira se espalhe, chegando à praia e voltando ao manguezal. Esse mesmo movimento traz o lixo descartado no mar, para a área do mangue.

ME: Na região do Mar Pequeno, o rio Piaçabuçu encontra o mar. Do lado de Praia Grande, a mata e o manguezal são preservados, mas do lado de São Vicente, existem muitas palafitas. Qual é a situação da água nessa região?GC: Infelizmente a situação é muito

ruim no Mar Pequeno, tanto do lado de São Vicente como de Praia Grande. Temos estudos feitos pela Sabesp há alguns anos e o resultado é que a água é totalmente imprópria. Não se pode nadar aqui, nem muito menos pensar em consumir esta água.

ME: O peixe retirado daqui é consumível?GC: Eu não tenho como afirmar

isso, mas alguns estudos relatam contaminação nos peixes aqui coletados.

A água é muito suja, contaminada pelos dejetos e a própria indústria cubatense colabora para a sujeira. Peixes e crustáceos também sofrem, variando o grau de contaminação de acordo com cada espécie.

ME: Essa contaminação pode causar algum problema de saúde?GC: Não dá para dizer que é uma

contaminação geral, e que seja impossível comer o peixe, mas não sabemos se isso pode causar algum prejuízo. O consumo deste pescado é de responsabilidade das pessoas que o fazem. .

ME: A senhora falou em movimento da maré, sobre esse assunto, o fenômeno da super maré, que acontece de vez em quando é provocado pelas mudanças climáticas?GC: Este fenômeno acontece com

certa frequência. Existem relatos de que há muitos anos já acontecia e a princípio não tem a ver com mudança climática. O fenômeno ocorre quando há a combinação de uma série de fatores climáticos como maré alta com chegada de frente fria. Existem algumas condições específicas para que ele ocorra.

Para a bióloga, a qualidade do ar na região melhorou muito, mas mesmo assim ainda apresenta problemas

Luciano Agemiro

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ME: É possível prever quando vai acontecer novamente?GC: Não sei ao certo, mas acredito

que sim, no entanto apenas para os especialistas em meteorologia podem responder. Não acho que seja possível prever com muito tempo de antecedência.

ME: Vamos falar um pouco de ocupação irregular de áreas de proteção ambiental. Em Cubatão e São Vicente isso parece ser mais comum do que em Praia Grande, correto? GC: Em Praia Grande, o que percebemos

é que não há construções em encostas ou palafitas, mas as pessoas procuram invadir área de manguezal, aterrando ilegalmente as margens. Eles imaginam que não tem problema, como se a área não tivesse dono.

ME: Por que isso ocorre?GC: A cidade recebe muitas pessoas

todos os anos, alguns vêm em busca de oportunidade e acabam não encontrando moradia. Cada vez mais constroem casas umas do lado das outras, e invadem o mangue. Com a falta de saneamento, as pessoas criam redes de esgoto alternativas e jogam seus dejetos, diretamente na água. Nesse caso temos um problema duplo, o mangue foi aterrado, e o pouco de água que resta, vira depósito de esgoto.

ME: Em sua opinião, o que dá pra fazer para evitar esse tipo de problema na Baixada Santista?GC: Difícil, acho muito difícil. Por mais

que se construam moradias, está sempre chegando mais gente na região, de vários locais do Brasil. O jeito é a ronda, tentar coibir essas ações.

ME: Porque a região atrai tanta gente?GC: Porque aqui as escolas são boas,

a infraestrutura é boa, a segurança é melhor do que em muitos lugares. Todas as cidades da Baixada atraem as pessoas. Tem emprego, praia, vida boa, sob ponto de vista deles.

ME: Esse número deve aumentar ainda mais com a chegada do pré-sal. Como

a região vai comportar todas essas pessoas?GC: Não se sabe. Esse é um desafio

para todos. Unir crescimento com organização e preservação ambiental. Estamos procurando uma alternativa para que o crescimento não atrapalhe o meio ambiente da região.

ME: E para onde será enviado o lixo produzido por toda essa população?GC: Atualmente uma alternativa tem

surgido como uma das formas de solucionar o problema. Existe um plano para se discutir sobre a instalação de um incinerador metropolitano.

ME: Como funcionaria este projeto?GC: A construção de um equipamento

com esse é muito cara. Por isso os municípios se uniriam para a construção de um só incinerador que atenderia a toda a região. Dessa forma, os custos seriam divididos.

ME: Esse projeto existe em outros lugares do mundo?GC: Na Europa existe. Lá é relativamente

comum dar este tipo de tratamento ao lixo.

ME: O que isso traz de beneficio para a região?Glória Cristina: O principal deles é a

diminuição dos resíduos. O lixo, hoje transportado para outra cidade, sofreria redução de volume muito expressiva.

ME: E os prejuízos?GC: Há o lançamento de gases na

atmosfera. Antes esses gases, menos tratados, continham produtos tóxicos, que chegavam à atmosfera, No entanto, a tecnologia existente hoje nos permite diminuir esses danos por meio de filtros.

Se o equipamento for instalado na região, poderão ocorrer alterações na qualidade do ar?GC: Ainda não há estudos para sabermos.

Teremos que aguardar o andamento da instalação para verificar possíveis danos.

ME: No caso do lixo, é mais fácil lidar

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com a sujeira do solo ou a do ar?Glória Cristina: Independente disto

foi feito um estudo de qual seria a melhor alternativa, e a conclusão é de que para a região vale à pena a instalação desse equipamento.

ME: Já tem um local para ser instalado o incinerador metropolitano?Glória Cristina: Ainda não foi discutida

essa questão.

ME: Sobre o ar, a cidade de Cubatão era a pior do mundo em questão de poluição. A situação por lá continua ruim?Glória Cristina: A qualidade do ar

da Cidade melhorou muito. Mesmo assim, é a cidade que mais apresenta problemas. As indústrias da Cidade ainda provocam esse malefício à qualidade do ar que o morador respira.

ME: Em sua opinião, o desmatamento é um problema que atinge a região?GC: Sim, preocupa. Sem números

oficiais, tenho a impressão de que estão construindo em locais antes ocupados por mata. Ao longo das rodovias da região, observamos construções aparecendo próximas da pista e vemos a mata dando lugar a essa construções.

ME: No caso de parar com o desmatamento, a mata é capaz de se recuperar sozinha?GC: Sim, se recupera. Demora um pouco,

mas a natureza é capaz de se refazer em uma área onde o homem não interfira.

ME: Existe algum outro problema que preocupa a senhora e pode causar danos em pouco tempo?GC: Sim. A falta de água é um problema

sério. Água é vida. O abastecimento de água, portanto, é essencial. A água tem que ser bem tratada para a população, e, para isso, precisamos conservar os rios para que não prejudicar o abastecimento.

ME: O que a senhora diria para as pessoas que não cuidam do meio ambiente?GC: Tudo está ligado, e é nisso que

eu acredito. Todos dependem da mata, da água, uma coisa interligada à outra. Peço para as pessoas sempre fazerem

algo pelo meio ambiente, o que me deixa triste é ver que não conseguem perceber isso, não entendem uma coisa tão simples e óbvia.

ME: Como reverter esse quadro? Em Praia Grande, o que tem sido feito? GC: Aqui, na Escola de Educação

Ambiental, a gente tentar orientar as pessoas, em especial as crianças. Hoje vemos isso em todo o lugar. Todos falam de preservação, colocam na mídia e já não me sinto mais solitária. É como se eu tivesse o apoio de muita gente. O mundo falando e gritando junto comigo.

ME: Há 20 anos, a ecologia era considerada assunto chato, há 10 anos causava preocupação e agora está na moda. A senhora acha que esta moda vai passar?Glória Cristina: Não. Não vai passar.

Pelo contrário, vai ampliar. É provável que as próximas gerações já venham com isso do berço.

Richard Aldrin

Segundo a bióloga, alguns estudos relatam contamina-ção dos peixes da região

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Escolas Ecológicas

Pequenos educadores, grandes ambientalistas

Tratar de assuntos como meio ambiente está cada vez menos complicado e acessível. Projetos implantados por escolas da região ensinam as crianças a importância de cuidar do planeta e disseminar a outros.

Karina Carneiro

-Filhos são engraçados não é? Eles realmente conseguem te fazer mudar de opinião sobre qualquer assunto.

Na minha casa, ninguém separava o lixo para reciclagem. Depois que meu filho aprendeu como se faz na escola e praticou com os amigos, se eu não separo, tomo uma bronca. E depois dele tanto falar, acabou virando rotina. Essas são as palavras de César Gomes, pai de Lucas, cinco anos.

Introduzir o meio ambiente de forma direta na vida de crianças e jovens é a proposta que as instituições de ensino

estão encontrando para abordar assuntos sobre meio ambiente no dia a dia de seus alunos. É também seu principal objetivo. Mostrar para eles que o meio ambiente é muito mais importante do que aparenta ser. E desta maneira, fazer esses futuros jovens entenderem que eles poderão, melhor dizendo, farão a diferença em futuro próximo.

A teoria sobre o assunto em sala de aula é essencial. Mas a prática também é necessária, afinal, nada melhor do que mostrar a essas crianças a realidade em que se encontram. É preciso inovar, sair do convencional.

Divulgação

Na escola as crianças aprendem a plantar uma horta e a importância da preservação da natureza

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Desta maneira, essas crianças se sentirão realmente convencidas com a causa que tentam passar.

E é isso o que vem ocorrendo em diversas escolas. Por meio de programas práticos, conseguem mostrar outra visão de meio ambiente para seus alunos. E através dos mesmos, estendem seus novos conhecimentos sobre o assunto a seus familiares.

Os principais projetos envolvendo a prática do meio ambiente para essa nova geração nas instituições municipais ficam a cargo da Secretaria de Educação da cidade de Santos (Seduc), em parceria com a Seção de Projetos Educacionais Especiais (Seproje). Através do envolvimento desses órgãos, as escolas municipais estão aderindo a diversos tipos de programas que ajudam crianças e jovens de todas as idades. Os mais utilizados são o projeto Horta e as Expedições Pedagógicas.

Nossa HortaO projeto Nossa Horta possui entre os

principais objetivos ajudar professores a introduzir de modo mais fácil o assunto meio ambiente para seus alunos e implantar em sua didática de ensino um modo mais prático de falar sobre assuntos como cultivação. Eles possuem contato direto com todo o projeto, onde fazem a maior parte do processo – plantam, acompanham suas plantações e depois colhem os frutos.

É o que acontece na escola municipal Porchat de Assis, no canal 6, em Santos. Já na entrada se consegue ter uma noção de que o meio ambiente é um dos assuntos mais importantes discutidos. Com árvores em volta de brinquedos e pátios, as crianças de até seis anos que ali estudam já desfrutam de ar puro e um visual bonito e iluminado. Por todos esses motivos, o meio ambiente sempre foi assunto tratado com prioridade pela escola. Com muitos projetos práticos, as crianças conseguem ter uma visão diferente sobre o que se deve fazer para ajudar.

Com a supervisão da Seduc e do Seproje, no ano de 2011, a escola começou a implantar o projeto “Nossa Horta” na grade de aulas dos alunos. Porém, o

desenvolvimento desse trabalho só começará efetivamente no segundo semestre deste ano, pois durante este período estão desenvolvendo os últimos detalhes para a implantação fixa do projeto para as crianças.

Em anos anteriores, a Escola Porchat de Assis desenvolveu com seus alunos, diversos trabalhos ligados diretamente ao meio ambiente como a importância da redução de água e separação de lixo reciclável. Deste jeito, as crianças traziam de suas casas o lixo que poderia ser reciclado – papelão, caixas de lixo, garrafas pet de dois litros – para que o caminhão do lixo limpo passasse e recolhesse.

Como forma de ajudar as crianças a estarem sempre atentas com o tema, trabalhos paralelos acabam sendo desenvolvidos pelas professoras:

- Como o Nossa Horta ainda não está totalmente concluído para que possamos trabalhar com ele, estamos introduzindo o assunto e a ideia da horta aos poucos com os alunos. Como forma de explicar o que eles deverão fazer na horta de verdade, mostramos jogos de internet (para crianças até seis anos) de como se cuida de uma plantação de tomates durante todos os processos. E eles estão super animados com a ideia. Além das aulas

Como o Nossa Horta ainda não está totalmete concluído para que possamos trabalhar com ele, estamos introduzindo o assunto e a ideia da horta aos poucos com os alunos. E eles estão super animados com a ideia. Além das aulas incentivarem esse lado da plantação também ”

“Silvia Maria do Nascimento, Professora da escola municipal Dr. Porchat de Assis

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incentivarem esse lado da plantação também – explica a professora Silvia Maria do Nascimento, que leciona na escola há mais de vinte anos.

Enquanto a escola era apresentada, podia-se notar que os estudantes – crianças de até seis anos de idade – já tinham grande conhecimento sobre o meio ambiente. E estavam dispostos a levar esses aprendizados para fora da escola.

A instituição fornece uma lixeira para separar o lixo reciclável. E esses mesmos alunos fazem questão de sair de suas classes para jogar o lixo em seu devido lugar.

Para Ícaro Santos, de cinco anos, uma das suas atividades favoritas é a separação do lixo.

- É uma coisa muito interessante para fazer, pois precisamos deixar a cidade limpa. E é muito legal fazer isso.

Mas não é apenas com as crianças que a escola tem a preocupação de conscientizar sobre o meio ambiente. Com outro projeto – este voltado

aos adultos – a escola também é um dos postos de coleta de óleo para reciclagem. E é a partir disso que a comunidade também participa. A cada semana são arrecadados cerca de cinquenta litros de óleo para a reciclagem. E não são apenas os pais de alunos que levam o produto. Pessoas de todo o bairro colaboram com a causa.

Na Porchat de Assis também são encontrados recursos alternativos para mostrar o crescimento de plantas e sementes, enquanto a horta ainda não está devidamente plantada. E através de uma das professoras da instituição, no ano de 2011, os bonecos de alpistes voltaram a fazer parte do dia a dia de professoras e alunos.

Esses bonecos são produzidos pelas próprias crianças, utilizando materiais como meias velhas, terra e alpiste. Esses brinquedos ecológicos estão ajudando como uma forma de complemento para o projeto do segundo semestre, o Nossa Horta. A partir daí, as crianças ficam responsáveis pelos seus próprios

Professores da escola municipal Dr. Porchat de Assis, mostram aos alunos como separar o lixo corretamente e a plantar uma horta

Karina Carneiro

Professores da escola municipal Dr. Porchat de Assis, mostram aos alunos como separar o lixo corretamente e a plantar uma horta

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bonecos e plantam as sementes de alpiste dentro da meia – enfeitando com olhos, bocas e nariz. Depois, levam seu experimento para casa, onde precisam se encarregar de regar o boneco todos os dias. Assim, acabam acompanhando o desenvolvimento dele, quando as sementes começam a crescer estão prontos os “cabelos”. Depois do boneco com os cabelos, os jovens podem decidir que tipo de corte dar a seus novos brinquedos e o que fazer com eles a partir desse momento.

É uma coisa nova, que deu muito certo. Silvia conta que todas as crianças adoraram fazer e acompanhar o crescimento do boneco. Deste jeito, enquanto a horta ainda não está pronta, é um jeito de prender a atenção e o interesse dessas crianças.

Expedições PedagógicasNo colégio Barão do Rio Branco,

no período da manhã, existem nove classes entre os primeiros e quintos anos do ensino fundamental. Assim, os

projetos envolvendo o meio ambiente são outros. Como a escola sofre reformas nesse primeiro semestre de 2011, a diretoria optou por outro projeto disponível para reforçar o assunto com seus estudantes. Este é chamado de Expedições Pedagógicas.

Expedições Pedagógicas é um projeto desenvolvido com a Seduc, que disponibiliza visita das crianças a diferentes pontos da cidade: os jardins da praia, o horto municipal da cidade e os manguezais da Zona Noroeste. Deste jeito, o meio ambiente consegue ser explorado por todos de forma prática e dinâmica. E este também é o primeiro ano que a escola Barão do Rio Branco implanta esta atividade em sua grade.

O projeto funciona com o auxílio de três professoras da Seduc, que visitam em primeiro momento a escola interessada. Assim, as professoras da escola podem escolher o tipo de passeio que pretendem mostrar a sua turma de alunos: o horto de Santos, os jardins da praia do canal 1 ou o mangue.

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Depois deste processo, as professoras da Secretaria de Educação da cidade voltam a visitar as professoras nas reuniões de professores, de quinze em quinze dias, para explicar como será a visitação e quais os temas serão abordados. A partir deste momento é que as crianças terão contato direto com o meio ambiente de maneira mais prática, com explicações do tipo “Por que esta árvore se encontra

Crianças plantam mini hortas em garrafas PET e bonecos de alpiste, onde aprendem a cuidar e acompanhar o crescimento da mudinha plantada

Divulgação

exatamente aqui? Por que esta árvore está plantada neste local?”, além de mostrar detalhes que quase nunca são percebidos pelas pessoas.

A diretora Virgínia Alonso explica que este é um projeto que está dando bastante certo e ao qual as crianças estão se apegando e aprendendo cada vez mais.

- Eles estão aprendendo coisas diferentes e descobrindo o porquê de coisas que eles sempre viram estarem

Minha filha sempre me cobra. Às vezes estou no telefone e ela fala que a torneira da cozinha está pingando e está gastando a água do planeta. Eu paro de falar no telefone para fechar. Ela também incentivou a mim e ao avô dela a separar o lixo. ”

“Andressa de Andrade Cova, Mãe da aluna Laíme

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ali. Estão começando a ver um novo significado, um novo sentido daquilo e o porquê. E isso é fundamental para a formação deles. Pois é através de uma nova visão do meio ambiente, que eles conseguirão reproduzir a mensagem que aprenderam na escola para seus familiares. E assim a informação vai se espalhando cada vez mais.

Virgínia também comenta que a princípio as Expedições Pedagógicas foram implantadas apenas para o período da manhã, como experiência. Devido ao grande índice de aceitação dos alunos, a escola já entrou em contato com a Seduc, para que no segundo semestre deste ano o projeto seja realizado novamente, só que desta vez para o período da tarde.

Por causa do que aprendem em sala de aula, as crianças acabam influenciando seus pais a mudarem suas rotinas e aderirem o modo certo de cuidar do meio ambiente como levar o óleo já utilizado para um ponto de coleta, diminuir a quantidade excessiva de água que suas famílias gastam, mas principalmente, aprendem a conscientizar seus pais a separar o lixo reciclável do não reciclável.

Andressa de Andrade Cova conta que essa foi uma mudança em sua vida que acabou se tornando uma rotina. Graças a sua filha Laíme, de três anos, separar o

lixo e diminuir a quantidade de água que a família gasta deixou de ser uma coisa simples e passou a fazer parte da rotina de sua família. E quando os assuntos da casa são ligados ao meio ambiente, é Laíme quem toma a iniciativa.

- Minha filha sempre me cobra. Às vezes estou no telefone e ela fala que a torneira da cozinha está pingando e está gastando a água do planeta. Eu paro de falar no telefone para fechar. Ela também incentivou a mim e ao avô dela a separar o lixo. Todos os dias separamos o que é reciclável ou não, para que quando o caminhão do lixo limpo passe, leve o que já temos. Eu acho que nesse ponto, minha filha mudou a minha forma de pensar e eu consigo colaborar muito mais com o meio ambiente E isso é fantástico não é? Nesse ponto, quem tem a voz de comando a assuntos ligados à preservação do meio ambiente é a Laíme, com certeza.

Para a Vania Borges, representante da Seção de Projetos Educacionais Especiais, (Seproje), é fundamental que o tema meio ambiente continue sendo trabalhado paralelamente à grade de aulas das escolas, pois deste modo não se torna um assunto cansativo.

- É importante perceber que o interesse que as escolas estão despertando em seus alunos de todas as idades, é devido à falta de obrigatoriedade do assunto. Porque se o tema meio ambiente se tornasse uma disciplina obrigatória como matemática e português, cairia em muitos termos técnicos. E isso não seria bom, pois esses jovens perderiam o contato direto com a prática e principalmente o interesse em buscar mais informações sobre o que está sendo apresentado naquele momento, como é o que acontece hoje em dia. Seria muito complicado.

Na escola, além de começar uma das primeiras lições das crianças, começa a conscientização do meio ambiente. E é através de todos esses cuidados e preocupações que os futuros cidadãos terão uma nova concepção de vida bastante influenciada e presente em suas vidas. Saberão que o meio ambiente é um assunto muito mais sério do que sempre pareceu ser.

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Mudanças Climáticas

Para os especialistas, mesmo não sendo imediato o aumento do nível mar, há o risco de desaparecimento das cidades litorâneo por causa deste avanço

Lucas Moura

Uma nova Atlântida ?

A maior parte dos pesquisadores entende que o aumento do nível dos mares, provocado pelo derretimento das calotas

polares, só será sentido pelas populações costeiras daqui 10 anos. Até onde a ação do homem pode influenciar nisso? “Aqui em Santos, as construções costeiras e o aprofundamento do canal de dragagem, contribuem bastante para essas alterações”, afirma o oceanógrafo Paulo Garreta, da Sinergética Estudos e Projetos.

Alterações climáticas não são um assunto novo, mas recorrente. Ao considerar o clima na Terra, há que se pesquisar eventos ocorridos no passado para entender o presente, e avaliar e enfrentar possíveis alterações na natureza. “As mudanças climáticas ainda são um tema bastante controverso dentro da comunidade científica”, diz Garreta.

Este ano, as recentes ressacas na costa brasileira deixaram mais em evidência esse assunto, que diverge muito entre a comunidade científica.

Não existe só uma causa responsável específica pela variação da temperatura na

atmosfera da Terra e, consequentemente, a ocorrência de períodos glaciais ou inter-glaciais. O que ocorre, isto sim, segundo o oceanógrafo “são eventos em que a co-atuação das causas se soma e amplifica suas consequências, em diferentes escalas temporais e espaciais.

“Quando você faz um buraco na areia e a água vem com areia, o buraco fica menor. Cerca de três horas depois o buraco não existe mais, está liso. Isso é o que deveria acontecer na região, mas como não há mais dunas ou restingas para o mar deixar à areia que ele traz, e acabam acontecendo os fenômenos que vimos este ano”, afirma Garreta.

Segundo ele, o maior problema das cidades da Baixada é a falta de espaço para que a água do mar dissipe energia, o que acaba causando as ressacas muito fortes e o acúmulo de areia nos canais, como foi visto em abril deste ano.

Outro problema que ele detecta nas praias é a mudança das características naturais causadas pelo homem, com reflexos mais nocivos que o aumento no nível do mar. “As constantes

Divulgação

A imagem mostra elevação de 1,5 m. Ponta da Praia, Aparecida e Embaré desapareceriam até o fim do século

Aumento das emissões de gases é eminente

Prestes a expirar em 2012, o Protocolo de Kyoto já tem como certa a saída de 38 países do acordo original firmado em 1997. No entanto, a ONU afirmou que prepara um novo acordo ou, o que é mais provável, uma emenda no Protocolo de Kyoto, que estabeleceria novas metas a serem cumpridas após 2012. Os Estados Unidos e China, já afirmaram que não participaram do “Novo” protocolo o que, com certeza, a longo prazo afetará ainda mais o planeta Terra.

O primeiro Protocolo de Kyoto foi implantado de forma efetiva em 1997, na cidade japonesa de Kyoto. Na reunião, 84 países se dispuseram a aderir ao documento e o assinaram, dessa forma comprometeram-se a implantar medidas de diminuição a emissão de gases.

As metas de redução, implantadas pelo Protocolo, não são homogêneas a todos os países. Os EUA, maior emissor de gases, o protocolo prevê diminuição de 7%, já países em desenvolvimento como Brasil, não receberam metas de redução..

modificações na orla da praia afetam muito mais o ecossistema da região do que o derretimento das calotas polares”.

Para Garreta, é preciso maior atenção das autoridades políticas, não só quanto à questão do nível do mar que vem aumentando, mas também quanto a investimentos em ações para prevenir esses fenômenos naturais. Na visão dele, uma das soluções seria a mitigação, ou seja, a diminuição das ações que causam impacto na Terra. O consumo de energias não-renováveis e a proibição da queima das florestas seriam algumas das ações que ajudariam a diminuir um pouco essas alterações.

Controvérsias Segundo entrevista do professor da

USP, Afrânio Mesquita publicada pelo jornal Correio Braziliense, a medição do nível do mar feita por ele em Cananéia e Ubatuba mostra que o nível vem subindo 4 mm a cada ano. Na concepção dele, a variação detectada é simplesmente absurda e muito preocupante. Ainda de acordo com a matéria, a Marinha do Brasil diz que a elevação do nível do mar já afeta, direta ou indiretamente, as atividades costeiras.

Conforme entrevista publicada no site oficial da Unisanta, com o professor do NPH [Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas], Gilberto Berzin, a simulação feita em computador por ele, aponta três possíveis cenários do aumento do nível do mar em Santos. No pior deles, em que o mar subiria 1,50 metro até o fim do século, a Ponta da Praia, o Canal 3 e o Porto seriam os locais mais afetados. Segundo ele, é preciso que se comece a planejar agora obras de contenção para conviver com o possível aumento do nível do mar, esperado para as próximas décadas.

Poluição do arO efeito estufa natural é necessário

para a existência da vida, pois é ele que mantém as condições ideais para a manutenção da vida com temperaturas amenas e adequadas. O problema é que, quando isso ocorre em excesso provoca um aumento de temperatura acima do normal, como vem acontecendo

atualmente. No começo deste ano a CETESB, apresentou um relatório mostrando como as emissões de gases de efeito estufa aumentaram de 1990 a 2008.

O atual secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, disse que para a diminuição dos gases poluentes, a secretaria tem um projeto como base na Lei Estadual de Políticas Climáticas, de 2009. “O plano prevê a diminuição das emissões dos gases causadores do efeito estufa [como o dióxido de carbono e o metano] em 20% até 2020, com base em 2005. Daquilo que foi emitido em 2005, à meta é chegar a 80% disso, em 2020”.

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As constantes modificações na orla da praia afetam muito mais o ecossistema da região do que o derretimento das calotas polares. ”

“Paulo Garreta, Oceanógrafo da Sinergética Estudos e Projetos

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Bairros Cota

A difícil tarefa de mudarSair de uma hora para a outra do único lugar que você sempre chamou de lar pode não ser tão fácil assim. Apesar dos riscos, algumas famílias da Serra do Mar preferem seus “barracos” às casas oferecidas pelo Governo e Prefeitura

Jessika Nobre

Ainda está escuro quando Railda Cavalcante dos Santos acorda para ir trabalhar. Às 4h da manhã o silêncio da madrugada ainda é intenso, mas os pássaros já avisam que

o dia está começando. Ela mora no bairro Cota 200 dentro do Parque Estadual da Serra do Mar. Ela ajuda a mãe em um bar que possuem na cidade de Cubatão, perto da delegacia do município. Por volta das 5h30 Railda pega o ônibus que a levará ao trabalho. Como serve o café da manhã para trabalhadores da cidade por volta das 6h30, essa moça de apenas 23 anos, tem que deixar tudo pronto para a chegada de toda a turma. E a sua rotina não termina por ai. A jovem sai do bar entre 15h e 16h da tarde. Quando não tem serviço na loja de brincos na qual faz trabalhos extras, vai para casa ou para a igreja Vida Nova.

Cinco de janeiro de 1988, a mãe de Railda sente as dores do seu parto. Como ela morava nas Cotas, para sair do local foi necessário chamar um táxi. A menina nasceu de parto cesariano, no hospital Oswaldo Cruz em Cubatão. Desde então ela passou a infância nas Cotas. “Aqui é bom, pois é muito sossegado”, diz a jovem. Segundo ela, um dos maiores problemas enfrentados pelos moradores é a falta de lazer, pois no local não há lugares para a diversão e com isso as pessoas têm que sair da Cota para se divertir. No bairro também não há farmácias; quando necessitam comprar remédios eles saem do bairro, atravessam a passarela na rodovia Imigrantes e dirigem-se até um estabelecimento farmacêutico local. O único posto de saúde fica aberto até às 17h. Quem passa mal após este horário é levado para um hospital na única ambulância da área, ou recebe atendimento de um enfermeiro quando o problema não é tão sério. O hospital fica a 10 minutos do bairro Cota 200.

Quem avista de longe, enxerga um monte de casinhas que mais parecem caixinhas de fósforos amontoadas umas em cima das outras. Mas dentro destas pequenas moradias existem famílias e vidas que se expuseram a riscos ambientais em uma área que não teve a devida atenção das autoridades por mais de 40 anos. Os bairros “Cota” estão situados nas encostas do Parque Estadual da Serra do Mar, e chamam atenção de quem passa pela Rodovia Anchieta. Com 19.000 mil habitantes e uma vasta miséria, o local aguça a curiosidade de quem passa pela serra.

As áreas invadidas se transformaram em dez bairros: Pinhal do Miranda, Grotão, Morro do Gonzaga/ Cota 100, Cota 95, Cota 200, Cota 400, Cota 500, Água Fria, Pilões e Mantiqueira. Todas elas já foram identificadas como áreas de risco. O governo do estado de São Paulo, com o auxílio da Prefeitura de Cubatão, iniciou um projeto de recuperação sócio-ambiental da Serra do Mar em março de 2010, para a desocupação de casas que estão com alto risco de desabamentos. Até

Jessika Nobre

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2020 o projeto deverá estar finalizado. Residente no bairro Cota 200 há 23

anos, Railda Cavalcante acredita que ter a sua casa própria é muito melhor, mas muitas pessoas ainda optam por não sair da região invadida, pois construíram com dificuldades seus barracos. Para eles, não vale a pena sair das residências.

Walkyria Marques, Gerente de Ações de Recuperação Urbana I da CDHU, afirmou que serão retiradas aproximadamente 5.388 famílias dos bairros. Uma decisão judicial obrigou o Estado e a Prefeitura de Cubatão a desocuparem as regiões do Parque Estadual da Serra do Mar, proporcionando atendimento habitacional para todas as famílias desabrigadas. Até o momento foram retiradas 1.050 famílias que residirão em unidades habitacionais de Cubatão e toda a Baixada Santista. Atualmente, vivem 7.851 famílias nos bairros Cota. Com a remoção de 5.388, cerca 2.463 famílias permanecerão nos bairros. Segundo Walkyria, quem continuar na região é porque está fora das áreas com risco de desabamento.

O ambientalista Nelson Rodrigues acredita que a pressão da sociedade e do movimento ecológico, conscientizou o governo a tomar uma atitude contra a invasão e a contaminação da Serra do Mar. “Através de muitas reportagens e ativismo, os cidadãos mais sensíveis conseguiram apertar as autoridades para resolver o problema dos bairros Cota”, disse o ambientalista. De acordo com Rodrigues, a dominação da Serra do Mar começou quando muitas pessoas que trabalhavam nas indústrias de Cubatão, por falta de espaço na cidade começaram a invadir o parque para construir barracos. “O governo comprava os votos do povo e em troca oferecia a eles água, luz e tudo que precisavam”, completou Rodrigues. Com as adaptações da população nas áreas de riscos do Parque Estadual da Serra do Mar e o auxílio do governo, a ocupação ficou desordenada nesta região.

Hoje com dez filhos e dez netos, morador da Rua 23 do bairro Cota 200 há 29 anos, Francisco Leite da Silva, também conhecido como “Bigode”, é vereador da cidade de Cubatão. Ele nasceu no

Rio Grande do Norte e chegou à cidade em 1971. Começou a trabalhar dentro do restaurante industrial da empresa Cosipa, e logo ingressou na política. A partir de 1982 passou a morar na Cota 200 e tornou-se presidente da sociedade melhoramentos do bairro. Venceu as últimas eleições com 1.399 votos. O vereador acredita que para quem mora nas Cotas a situação é crítica. Sair de casa quando ocorrem acidentes, por exemplo, é quase impossível, pois em algumas situações a pista é interditada e as pessoas ficam sem condições de deixar o local.

Mas por outro lado “Bigode” adora viver nas Cotas, pois o ambiente é tranquilo, a água é potável e ele mantém laços de amizade com a comunidade. Mesmo vivenciando um clima agradável no bairro onde mora e sem vontade de sair das Cotas, o vereador aprova o projeto criado pelo Governo do Estado, e diz ser muito bom para a população que vive nas encostas da Serra do Mar. Ele já está na lista de espera da CDHU e só aguarda ser chamado pela empresa para fazer a mudança.

“Bigode” declara que o governo está oferecendo um auxílio de R$ 400,00 para os moradores que estiverem aguardando a aquisição da nova casa. Assim poderão alugar uma moradia na cidade até a entrega dos apartamentos pela CDHU. Após o assentamento, as famílias deixam de receber o auxílio. “Bigode” explica que com a mudança para a nova residência, as famílias só pagam o seu apartamento. Este por sua vez, chega a custar de R$ 250,00 até R$ 300,00 por mês, já com condomínio, água e luz incluso. Mas algumas pessoas já estão arrependidas de sair dos barracos onde viviam, pois muitas estão desempregadas ou ganham apenas R$ 600,00 reais por mês para sustentar a família.

Auxílio Aluguel e Carta de Crédito A CDHU está oferecendo habitação para

moradores de áreas de riscos conforme a finalização de cada obra. As unidades habitacionais estão situadas em Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e São Paulo. Segundo Walkyria, as moradias são construídas com dois a três dormitórios e recebem adaptações

para portadores de necessidades especiais. As residências podem ser apartamentos, sobrados ou casas mistas (casa+comércio/serviço), ou ainda a família pode receber uma Carta de Crédito no valor de R$ 70 a R$ 100 mil reais (de acordo com a renda familiar), para adquirir moradia regularizada em qualquer lugar do estado.

E para quem já teve atendimento habitacional anterior e possui cadastro no Cadmut (Cadastro Nacional de Mutuários), em qualquer lugar do

Brasil, não poderá adquirir a sua unidade habitacional do CDHU. Para estas famílias existe a opção das trocas de residências. Ela ocorre da seguinte forma: quem necessita sair do bairro, pois está residindo em local perigoso, poderá trocar de casa com a família que não precisa sair do local. Já foram realizadas mais de 150 trocas e a grande maioria delas ocorridas entre os que preferem ficar nas Cotas.

Defesa Civil - O Coordenador da Defesa Civil de Cubatão, José Antonio

Jessika Nobre

A CDHU está oferecendo habitação para moradores de áreas de riscos conforme a finalização de cada obra.

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dos Santos, explica que para controlar os desabamentos provocados pelas chuvas, eles utilizam estações telemétricas formadas por plataformas de coleta de dados que, através de satélites, fornecem informações sobre a intensidade das chuvas para a defesa civil. As informações são enviadas para a central de monitoramento 24h. Este acompanhamento pluviométrico permite que Santos e sua equipe possam tomar atitudes consistentes no local, para que não ocorram deslizamentos. Se a cidade de Cubatão receber 84h de chuva, ou seja, acima de 100 milímetros de água, a defesa civil já entra em alerta, pois de acordo com pesquisas elaboradas pelo IPT (Institutos de Pesquisas Tecnológicas), a partir de 100 milímetros acumulados de chuva os desabamentos podem ocorrer.

O último deslizamento com mortes ocorreu em 1988. Foram 10 óbitos no bairro Cota 95. “Foi terrível, eu estava de plantão naquele momento e fiquei três dias sem ir para a casa”, completou Santos. Logo após este grave episódio, para que não surgissem novas mortes, a prefeitura implantou o PPDC (Plano Preventivo de Defesa Civil). Na época o sistema não era computadorizado, portanto todos os laudos dessa história foram datilografados. Hoje muitos dados foram perdidos, como por exemplo, a quantidade de casas que desabaram.

RiscosA retirada da população das encostas

está classificada por grau de riscos. O risco um é baixo, o dois é médio, o risco três é alto e o quatro é muito alto. Para que uma família saia das Cotas para um apartamento da CDHU, esse padrão é analisado. Porém a prioridade será para quem mora em lugares de riscos três e quatro. Santos ressalta que nos bairros Cota algumas pessoas vivem com dificuldades pela falta de estudo, mas por outro lado muitas famílias têm carros como Audi e Blazer. “Você encontra sobrados que em áreas urbanas valeriam R$ 200 mil reais”, contou Santos. Ele afirma que o consumo de água da cachoeira

e a elaboração de rabichos identificados como “gatos” fazem com que muitas pessoas não paguem pelas contas que deveriam. “Há famílias que possuem quatro aparelhos de ar-condicionado em suas residências”, finalizou o coordenador. Possuindo excelentes condições de vida a baixo custo, algumas pessoas preferem viver nas Cotas.

Ecoturismo e chuvaO ambientalista Nelson Rodrigues

acredita que para resolver o problema de novas invasões dentro do Parque Estadual da Serra do Mar a Prefeitura e o Governo do Estado de SP deveriam construir um projeto de eco-turismo para favorecer o lazer e turismo na Baixada. Assim estariam facilitando a entrada de verbas para a cidade de Cubatão, e os turistas conheceriam “a inigualável fauna que existe na Serra do Mar”.

Jessika Nobre

Para o ambientalista, Nelson Rodrigues, um projeto de eco-turismo para favorecer o lazer e turismo na Baixada, evitaria novas invasões dentro do Parque Estadual da Serra do Mar

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Moradias Sustentavéis

Viver para reciclar: o desafio do futuro

Casas sustentáveis são a alternativa para reduzir os custos e os desperdícios de recursos naturais como a água.

Igor Augusto

Alunos da Rural Studio da Universidade de Auburn, Texas (EUA) utilizaram fichas de informática, produto que seriam enviados ao lixo, para construir tijolos e conseqüentemente paredes. Com as fichas compactadas e recicladas, foi possível construir um campus

Igor Augusto

“É numa cultura da valorização dos recursos do meio por seus habitantes que reside a chave

estratégica de um desenvolvimento sustentável, não em algumas próteses técnicas complementares”. A frase é do urbanista italiano Alberto Magnaghi, e foi dita em 2003. Basicamente, o que Magnaghi defende é o aproveitamento correto dos bens naturais para se ter um desenvolvimento sustentável, sem degradação do ambiente.

Mas como ter uma casa sustentável?

Um dos fatores que pode ser economizado é a água. O consultor em recursos hídricos Rafael Urbaneja esclarece que existem dois tipos para o reaproveitamento deste recurso. O primeiro é o residencial, de forma mais simples, que aproveita a água das chuvas. O líquido é captado no telhado, e conduzido pelas calhas até um filtro, onde resíduos sólidos são descartados. Após, há um segundo filtro, onde é descartada a água das primeiras chuvas, que contem impurezas vindas da lavagem da

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Exposição Morada Ecológica MAM [Museu de Arte Moderna de São Paulo]

Local: Parque do Ibirapuera, portão 3 - s/nº São Paulo

Funcionamento:Visitação - Terça a domingo e feriados, das 10 às 18H. Fechado às segundas-feiras (inclusive feriados) até 26/06.

Quanto: R$5,50 [entrada gratuita aos domingos]Meia entrada para estudantes, mediante apresentação da carteirinha. Gratuidade para Sócios MAM, menores de 10, maiores de 65 anos e funcionários das empresas parceiras.

atmosfera e das áreas de captação. Depois dessa dupla filtração, a água

é armazenada em uma cisterna e bombeada para um reservatório, onde é acrescido cloro, para desinfetar. Caso chova mais do que o esperado, o reservatório tem uma tecnologia que permite que o líquido excedente escorra. A água proveniente deste meio serve para a descarga em vasos sanitários, limpeza de calçadas, ruas, pátios e até de veículos. Não há nenhum contato com a mucosa humana, portanto, não há nenhum risco à saúde.

Quanto ao valor para construir um sistema desses em casa, Urbaneja explica: “O preço para instalar essa captação não é tanto assim. Já desenvolvi casas em Alphaville, em São Paulo. As residências variavam de R$ 500 mil até R$ 600 mil, e o projeto para reuso da água custou R$ 3 mil, algo muito pequeno perto do valor total”.

E esse investimento pode ser recuperado ao longo do tempo, pois a economia no gasto da água é de 60%, ou seja, as contas serão 60% mais baratas.

Urbaneja também trabalha com instalação do método em empresas e hotéis. Neste caso, não só a água da chuva que cai na cobertura é reaproveitada, mas como a que cai no piso também. Até o líquido de torneira pode ser reutilizado, como por exemplo, para vasos sanitários.

Mas se os benefícios e retornos são tantos, por que a Baixada Santista praticamente não tem empreendimentos do tipo? Urbaneja acredita que as construções da cidade são antigas, e, nesse caso, a instalação seria mais difícil. O consultor também pensa que há pouca orientação e divulgação para as pessoas.

“Por exemplo, a moda hoje é tentar dessalinizar a água do mar. O projeto é muito mais caro que a captação da chuva, que é algo que já está aqui, caindo em nós”. A frase de Urbaneja lembra e muito o sentido do pensamento do urbanista italiano Magnaghi. É na valorização dos recursos do meio por seus habitantes que reside a chave estratégica de um desenvolvimento sustentável, é saber aproveitar o recurso que está disponível.

Outras tecnologias

Além da água, outros recursos podem ser utilizados de maneira sustentável. Como o Bistrô projetado pelo arquiteto Nelson Gon-çalves, que utilizava madeira de demolição.

“Assim, nós evitamos outro fim in-adequado desta madeira, como, por exemplo, queimadas”. O uso desse material também evita novos des-matamentos, conclui o professor.

O Bistrô também foi coberto com pintura branca, que ajuda a diminuir a temperatura do ambiente. O proje-to foi apresentado na Santos Arquide-cor do ano passado, uma mostra que reúne trabalhos de profissionais na área de design, arquitetura e decoração.

Toda a construção foi desenvolvida com parceiros, então, tinta e madeira foram do-adas. Por isso, Gonçalves não sabe precisar quanto custaria a instalação de um ambi-ente desses. Mas o arquiteto acredita, por exemplo, que o preço da madeira de de-molição está subindo. “Já existe potencial para esse mercado. Algo que deveria ser barato, para incentivar a preservação, aca-ba se tornando caro, apenas por negócio”.

Projetos internacionais

A discussão em torno de moradias sus-tentáveis e outros temas relacionados ao meio surgiram na crise da OPEP – Organiza-ção dos Países Exportadores de Petróleo–, na década de 70. De lá para cá, muito evoluiu, e, atualmente, já é possível encon-trar bairros sustentáveis, como o BO01, na

Exemplo de construção ecológica, que recebe desconto no IPTU, em São Vicente

telhado branco

árvores no terreno

sistema elétrico solar

reuso de água da chuva

vidros refletivos

Suécia, que conta com 600 residências, acompanhadas de comércios e serviços, ou o bairro ecológico de Bedzed, na Grã-Bretanha, que tem 82 casas. Os dois pro-jetos foram concluídos nos anos 2000.

A matriz energética também pode ser sustentável. É o caso do trab-alho dos arquitetos franceses Domi-nique Jakob e Brendan MacFarlane que pode ser visto na exposição Morada Ecológica, até o dia 26 de junho no Mu-seu de Arte Moderna de São Paulo.

A dupla construiu três imóveis com cap-tação de energia solar, que sustenta os gas-tos das residências. Além disso, as janelas e aberturas são construídas de tal forma para aproveitar ao máximo a luz solar, cap-tadas nas direções sul, sudeste e sudoeste.

Outra construção, no mínimo curiosa, é do Rural Studio da Universidade de Auburn, Texas (EUA). Apenas como ex-perimentação, o grupo utilizou fichas de informática, produto que seria envia-do ao lixo, para construir tijolos e con-seqüentemente paredes. Com as fichas compactadas e recicladas, foi possível construir um campus. As laterais da con-strução eram de madeira. O resultado final foi um projeto com um composto industrial confiável, isolante de som, econômico, e, acima de tudo, abundante.

Na Região

A Baixada Santista vive longe dessa re-

alidade, mas, mesmo assim, existem estímulos para construções ambientais. A prefeitura de São Vicente começou a campanha do IPTU Verde no dia 30 de maio. O projeto premia morador-es com casas e residências ecológicas por meio de descontos nos impostos

O morador que possui a casa com vi-dros refletivos, telhado branco, árvores no terreno, sistema elétrico solar, reuso de água da chuva, entre outros, deve ir até a Secretaria de Meio Ambiente da ci-dade com o IPTU nas mãos. O prazo para inscrição é até o dia 12 de julho. Lá, o munícipe irá preencher um formulário com quais requisitos sustentáveis sua casa tem. O imóvel passará por uma vis-toria e o desconto no carnê será liberado para 2012, explica o secretário de Meio Ambiente da cidade, Alfredo Moura.

O IPTU é calculado a partir da mul-tiplicação do valor venal do imóv-el mais a taxa do imposto, que é de 1,3%. Um imóvel, por exemplo, que custe R$ 100 mil terá a alíquota de R$ 1.300,00. Com o IPTU verde, a redução da taxa pode ser de até 0,3%, atingindo um imposto no valor de R$ 1.000,00.

O secretário afirma que a adesão foi grande, apesar de ainda estar no iní-cio do trabalho. “No primeiro dia, vi-eram dez moradores fazer a inscrição”.

Um projeto de lei nos mes-mos moldes está em processo de aprovação no município de Santos.

Ilustração

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Sessão em Casa

Bons filmes sobre meio ambiente pra você curtir com a famíliaLucas Moura

Wall-E (2008)

E se a humanidade tivesse que deixar a Terra e alguém esquecesse de desligar o último robô? Depois de centenas de anos sozinho fazendo o que foi projetado para fazer – limpar o planeta — WALL•E (abreviação de Waste Allocation Load Lifter Earth-Class, que em português é: Localizador e Coletor de Lixo Classe Terrestre) descobre um novo propósito na vida (além de coletar sucata) quando encontra uma bela robô de busca chamada EVE. WALL•E e EVE viajam através da galáxia e põem em movimento uma das mais eletrizantes e criativas comédias de aventura já levadas para as telas do cinema. Junto com WALL•E em sua fantástica jornada através do universo de visões nunca antes imaginadas do futuro está um elenco hilariante de personagens que inclui uma barata de estimação e uma heróica equipe de robôs desajustados e defeituosos. O filme dá uma mensagem clara: se continuarmos poluindo, gerando lixo, a Terra será coberta por ele. Até termos que fugir do próprio ambiente sujo que criamos.

Os Thornberrys (2002)

À primeira vista os Thornberrys parecem ser uma família normal, formado pelos pais, duas filhas e um animal de estimação. O pai,

Nigel, é apresentador de documentários sobre animais, que por sua vez são dirigidos por sua

esposa, Marianne. Para facilitar o trabalho eles vivem rodando o planeta para realizar seus

documentários, carregando junto as filhas Eliza e Debbie, viajando em um ônibus recheado de equipamentos. Numa destas viagens a família

vai para a África, onde a caçula Eliza encontra um feiticeiro que lhe dá o poder de conversar

com animais. Caso revela ter este poder Eliza o perderá, o que a faz manter segredo sobre ele. Até que, um dia, Eliza descobre que caçadores

estão dispostos a matar elefantes através de uma cerca eletrificada, o que a faz lutar para

evitar que o desastre aconteça.

Informações TécnicasTítulo no Brasil: Os Thornberrys - O FilmeTítulo Original: The Wild Thornberrys MoviePaís de Origem: EUAGênero: AnimaçãoAno de Lançamento: 2002Site Oficial: http://www.wildthornberrys.com/Estúdio/Distrib.: Paramount Pictures / Nickelodeon MoviesDireção: Cathy Malkasian / Jeff McGrath

Informações TécnicasTítulo no Brasil: WALL-ETítulo Original: WALL-E

País de Origem: EUAGênero: Animação / Aventura

Classificação etária: LivreTempo de Duração: 103 minutos

Ano de Lançamento: 2008Estréia no Brasil: 27/06/2008

Site Oficial: http://www.disney.com.br/cinema/wal le/Estúdio/Distrib.: Buena Vista International

Direção: Andrew Stanton

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A Última Hora (2007)

O documentário, narrado e produzido por Leonardo

DiCaprio, aborda os desastres naturais causados pela própria

humanidade. Mostra como o ecossistema tem sido destruído e o que é possível fazer para reverter

esse quadro. Entrevistas com mais de 50 renomados cientistas e líderes, como Stephen Hawking

e o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, ajudam a esclarecer

essas importantes questões, assim como indicar alternativas

possíveis à sustentabilidade.

Uma verdade Inconveniente (2006)

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, derrotado por Bush nas eleições presidenciais dos EUA em 2000, apresenta uma análise da questão do aquecimento global desde a década de 70, os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

Informações TécnicasTítulo no Brasil: A Última HoraTítulo Original: The 11th HourPaís de Origem: EUAGênero: DocumentárioClassificação etária: LivreTempo de Duração: 95 minutosAno de Lançamento: 2007Estréia no Brasil: 30/11/2007

Site Oficial: http://www.11thhourfilm.comEstúdio/Distrib.: Warner Bros.Direção: Nadia Conners / Leila Conners Petersen

Informações TécnicasTítulo no Brasil: Uma Verdade InconvenienteTítulo Original: An Inconvenient TruthPaís de Origem: EUAGênero: DocumentárioClassificação etária: 14 anosTempo de Duração: 100 minutosAno de Lançamento: 2006Estréia no Brasil: 02/11/2006Site Oficial: http://www.climatecrisis.netEstúdio/Distrib.: Paramount Classics, United International Pictures (UIP)Direção: Davis Guggenheim

Os Simpsons (2007)

Homer Simpson tem um novo bicho de estimação: um porco. Devido a um silo perfurado e cheio de fezes, um desastre de grandes proporções acontece em Springfield. Isto faz com que uma multidão sedenta por vingança se reúna diante da casa dos Simpsons, querendo Homer e sua família de qualquer jeito. Eles conseguem escapar,

mas a partir de então os Simpsons passam a discutir e se dividir sobre o ocorrido. Paralelamente o ocorrido chama a atenção do presidente dos Estados Unidos, Arnold Schwazenegger, e do chefe da Agência de Proteção Ambiental, Russ Cargill, que planeja realizar um plano diabólico para conter o desastre ocorrido.

Informações TécnicasTítulo no Brasil: Os Simpsons - O Filme

Título Original: The Simpsons MoviePaís de Origem: EUA

Gênero: AnimaçãoClassificação etária: 12 anos

Tempo de Duração: 90 minutosAno de Lançamento: 2007

Estréia no Brasil: 17/08/2007Site Oficial: http://www.simpsonsmovie.com

Estúdio/Distrib.: FoxDireção: David Silverman

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Lição de Vida

O interior de Joel Zacarias

Joel Zacarias, 50 anos, mais conhecido como Índio nasceu no estado amazonense em Palmeira Indiana - AM. No Paraná, trabalhava

como peão de obra ou garimpeiro. Veio sozinho para Santos. Ganhava muito pouco onde morava e queria mudar de vida

Atualmente, é casado com Missleine Nascimento Dias, 24 anos. Joel tem um celular para contatos do serviço. Diverte-se assistindo dvd’s em casa ou tomando uma cervejinha com a atual esposa- de vez em quando -. Frequentador da

Igreja São Benedito, ele é um homem de bem, honesto e paga aluguel de uma quitinete de R$ 300,00 ao mês.

Sua esposa estava recentemente completando o Ensino Médio e para que ela estude melhor, o marido dedicado comprou um notebook em parcelas e deu como presente para ela. Missleine está grávida de cinco meses do primeiro filho com Joel. O sonho dele é voltar a morar com a família que está longe e para isso abriu uma poupança.

No visor de seu celular, Joel exibe com orgulho as fotos de sua família. Três filhos e três netos no total. Com um sorriso no rosto e uma entonação

O valor das coisasJoel Zacarias, o índio carrinheiro quebra qualquer estereótipoJéssica Branco

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vibrante: “Formei o meu filho mais velho, de 25 anos, em eletrônica. Agora, ele é casado e mora com sua esposa que me deu três lindos netos”.

Seu segundo filho é forte, saudável e tem 18 anos. Apresentou-se recentemente ao exército, não pode ter carteira assinada no momento. Portanto, faz um bico em um depósito realizando seleção de materiais recicláveis.

São dois filhos homens e uma caçula de 16 anos. Todos, fruto do seu primeiro casamento com a falecida ex-esposa que oito anos atrás sofreu, aos 33 anos, um ataque cardíaco. Joel ficou durante seis anos sem uma companheira.

O exterior de Joel Zacarias

Quando veio morar em Santos, Joel virou carrinheiro e com a morte de sua ex-esposa perdeu a guarda da filha caçula. Sua filha parece ser uma boa menina e é. Há dois, três famílias, uma delas holandesa, estavam para adotar a caçula de Joel.

Já haviam se passado seis anos que a menina estava em um abrigo para menores. “Eles (os funcionários do abrigo) queriam que eu arrumasse uma mulher, eu não queria arrumar qualquer uma... Também alegaram que eu não tinha condições financeiras de cuidar dela. Mas, nunca deixei de visitá-la. Minha filha queria estar comigo...”

A única chance de Joel não perder sua filha para sempre era entregar a guarda dela à sua irmã em Londrina no Paraná que tinha melhores condições de vida. Assim aconteceu.

A mãe de Joel tem um sítio, e para voltar a morar com sua filha, ele afirma que seria até garimpeiro novamente. Joel merece! De dois em dois meses a Prefeitura de Santos lhe dá passagem de ida para visitar sua filha e seu cunhado paga passagem de volta.

Após perder a primeira esposa, e o contato com a filha, o pobre carrinheiro também perdeu tudo. Um incêndio destruiu todos os seus bens. O fato até foi noticiado em jornais, mas, aos poucos reconstruiu tudo que já tinha e além. Perguntei a ele qual foi a maior lição que aprendeu nessa profissão: “A dar valor às coisas.” Com convicção,

seguido da confirmação de Missleine, um suspiro... e minha surpresa!

Sinceramente, não esperava essa resposta. E teimei meio tímida. Você não dava valor quando era pedreiro ou garimpeiro no Paraná? – “Não...” E ele explica o porquê. Segundo o carrinheiro, cerca de 80% do lar desse guerreiro é feito com o que ninguém quer, ou seja, coisas que despejamos no lixo ou coisas usadas que vão para a Feira do Rolo. A casa “reciclada” de Joel Zacarias é completa. E ainda não tem “nada de suja”. Ao chegar perto de Joel dá para sentir seu perfume que é bem agradável, por sinal.

O trabalhador não salvou só sua casa com sua dedicação e força de vontade, ele também salvou sua atual esposa Missleine. Apesar de esta ser sua primeira gravidez com o atual marido, já teve outros quatro filhos com outra pessoa. O mais novo tem dois anos. Ela sempre os visita também, só que a guarda está com o pai das crianças. Joel tirou Missleine do mundo das drogas e da rua, transformando a vida dela

Jéssica Branco

Exemplo de superação, Joel busca materias reciclavéis com seu carrinho no Centro de Santos

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com o bom exemplo de homem que é.

Com ele? Vi que não tem tempo ruim! E nem dá pra ter né...

Todos os dias, sem exceção, este brasileiro acorda às quatro horas da manhã para trabalhar na orla da praia. Utiliza um carrinho fabricado por ele com uma geladeira porque é mais leve para carregar materiais recicláveis pesados, como latinhas entre outros.

À tarde, o trabalho continua. A segunda etapa do dia é ir até diversas feiras-livres para recolher papelão, para isso o carrinho já é maior e mais pesado, confeccionado também pelo engenhoso Joel, é claro. O carrinheiro é cadastrado na CET, e seus carrinhos são emplacados. Todo mês de julho é preciso renovar o cadastro.

Por fim, chega o terceiro e último turno de trabalho do carrinheiro.

Às sete horas da noite, Santos está movimentada. Muitas luzes de faróis brilham por todos os lados. Pessoas passam para lá e para cá saindo apressadas do trabalho. Poucos o notam chegando pelas ruas com seu carrinho. Ele é prático e rápido, já são 25 anos de experiência notável.

Do outro lado da calçada eu estava a observá-lo, atravessando a rua para ir a seu encontro. Tentei vestir-me com simplicidade, um casaco e um jeans meio desbotado e o meu tênis um pouco surrado, o de sempre. Fiz um coque no cabelo para não chamar a atenção. Minha vaidade não permitiu que eu tirasse meu discreto brinco falso perolado de plástico, já que eu estava sem nenhuma maquiagem.

Levei um casaco mais bonito na bolsa para somente me vestir “feiamente” quando começasse a trabalhar como carrinheira, mas tomei coragem e entrei no ônibus, mal vestida. Na verdade eu não estava tão ruim e era minha vaidade que estava sofrendo a tal ponto que, sendo coisa da minha cabeça ou não, já não sentia aquela simpatia e o sorriso das pessoas ao pedir licença a elas para passar pelo corredor.

Queria me sentir como ele e de fato isso aconteceu antes de eu começar

Jéssica Branco

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o trabalho. Meu orgulho disparou um pequeno flash de arrependimento de estar ali. Mas no final, não queria ter desejado que a cidade se esvaziasse logo a fim de menos pessoas me verem em ação.

Mesmo eu me considerando a caráter, quando coloquei as mãos na massa, os olhares foram inevitáveis. E ao contrário da vaidade que senti no início senti um inesperado orgulho de estar fazendo aquilo. Dediquei-me da melhor forma possível. E com a mesma sinceridade que usei ao assumir meu arrependimento prévio, afirmo que me senti completamente feliz, mais do que quando consegui uma entrevista em uma inauguração de um espaço cultural com o Ministro da Cultura brasileiro.

Estávamos em frente a uma loja de sapatos na Av. João Pessoa no Centro de Santos. Com sua simpatia e organização a loja era uma de suas fontes vip´s de lucro, apenas Joel recolhe os papelões

de lá. Com o dinheiro dos materiais recicláveis que recolhe, no final do mês, Joel ganha o suficiente para comer e pagar o aluguel de trezentos reais. Ele faz contato por telefone, realiza serviço de carreto para conseguir um dinheiro extra. Joel nunca morou na rua.

Enquanto eu e Joel trabalhávamos, ele me ensinou um segredo e foi a parte que mais gostei do trabalho: as caixas precisam ser desmontadas para colocar no carrinho e para isso é preciso dar um soco na parte inferior, assim o processo é mais rápido e elas se desmontam instantaneamente.

Chegou a hora de sair com o carrinho e então me ofereci para conduzi-lo e foi aí que percebi que estava sendo observada ainda mais estranhamente, mas isso não me comoveu. Reparei que os braços do carrinho estavam muito altos e não adiantava apenas fazer força para levá-lo adiante. Tive que jogar o peso do meu

Jéssica Branco

Com o lucro do materiais recicláveis recolhidos, Joel usa para pagar o aluguel e comprar a comida para a família

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corpo todo, ainda bem que não sou leve, e assim puxá-lo para seguir em frente.

Então, deparei-me com um desafio: Como prestar a atenção no trânsito? Manter a estabilidade do carrinho por causa das depressões nas ruas? Puxar o carrinho com força para aumentar a velocidade e ainda não parar de usar o peso do corpo para o carrinho não tombar para trás?

Meu coque de cabelo soltou, meu nariz começou a coçar e eu já estava transpirando por estar de casaco, mas eu não podia parar, senão corria o risco de ser atropelada como Joel me contou que já aconteceu com conhecidos.

R$0,10 centavos ?

O que se faz com R$ 0,10 centavos? Hoje, nem um chiclete dá para comprar. As empresas compram o papelão do carrinheiro por dez centavos o quilo para depois venderem nas Indústrias de

Reciclagem em São Paulo por um preço bem maior. Existem locais que pagam vinte centavos o quilo, mas ele prefere vender por mais barato. Nesses locais mais caros, os carrinheiros usuários de drogas roubam uns aos outros e há muita confusão. Ao passar por lá mais cedo, um deles se apavorou com a minha presença pensando que eu queria fazer uma foto dele, sem eu ao menos tentar ele ameaçou pegar minha câmera me seguindo até o final da rua.

Primeira parada, depois dos apuros, encostei o carrinho em um local com muitos sacos de lixo. Começamos a abrir os sacos para procurar garrafinhas pet. Todo tipo de lixo estavam no interior daqueles sacos, quando acabei, fiquei com as mãos sujas de restos de comida. Joel me surpreendeu novamente. Apresentou-me um galão de água anexado ao seu carrinho e eu pude lavar as mãos tranquilamente.

“A vantagem de trabalhar como

Jéssica Branco

As caixas de papelão são desmontadas para facilitar na hora de colocá-las no carrinho

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carrinheiro é que a gente não tem patrão, somos independentes e conseguimos aproveitar muita coisa que encontramos. E a desvantagem é porque não somos registrados e precisamos trabalhar se estivermos doentes, faça chuva ou faça sol, não tem tempo ruim, senão não recebemos.”

Andamos em um ritmo acelerado desde o começo da João Pessoa até o final do trajeto que termina no teatro Coliseu, dando voltas por várias ruas do centro da cidade e eu levando o carrinho todo o tempo.

Já estava exausta, uma hora e meia de trabalho se passaram. Meus braços, ombros e costas doíam e quando eu estava parando a carroça, um homem de uns 45 anos, bem vestido -aparentemente, estava saindo do trabalho – bateu palmas e disse: “Parabéns, gostei de ver.” Sorrindo e admirado pela minha iniciativa.

Nesse momento, sensação de missão cumprida invadiu o meu ser. Senti-me emocionada e agradeci imensamente a Joel pela oportunidade e disse: “Dei muita sorte de encontrar você, certamente, é uma pessoa especial.”

Dilemas de um carrinheiro:

“A prefeitura deveria dar mais valor

para nós.” O certo é o carrinheiro apenas trabalhar a noite para não atrapalhar o trânsito. Não estando nessas condições, a CET tem o direito de guinchar o carrinho com papelão e tudo, é permitido apenas recolher objetos pessoais e levar para o pátio. Apenas os cadastrados na CET podem receber o carrinho de volta, é paga uma taxa de vinte e cinco reais, o correspondente a dois dias inteiros de trabalho, manhã, tarde e noite.

Há alguns anos existiu uma Associação dos Carrinheiros da Baixada Santista, Joel era coordenador, mas não foi para frente por falta de apoio. O objetivo é que tivesse uma cooperativa que permitisse que os carrinheiros vendessem os materiais recicláveis direto para a Indústria de Reciclagem, sem intermediários, mas isso não aconteceu.

Esse batalhador sofre muito preconceito, principalmente da alta sociedade. O carrinheiro deveria ser mais respeitado assim como ele respeita o meio ambiente e ajuda a natureza, fazendo o trabalho que não fazemos. Exemplos a serem seguidos com tamanha noção sobre o desperdício.

Jéssica Branco

Grávida de cinco meses, a esposa de Joel está terminando o ensino médio e o ajuda na separação do papelão que eles vendem para o sustento da família

A vantagem de trabalhar como carrinheiro é que a gente não tem patrão, somos independentes e conseguimos aproveitar muita coisa que encontramos. E a desvantagem é porque não somos registrados e precisamos trabalhar se estivermos doentes, faça chuva ou faça sol, não tem tempo ruim, senão não recebemos. ”

Joel Zacarias, carrinheiro e catador de papelão

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Leandra Gonçalves é coordenadora da Campanha de Clima e Energia da ONG Greenpeace. bióloga e mestre

em Ecologia e comportamento animal, já trabalha no Greenpeace há quatro anos e explica quais são os riscos de poluição da região da Bacia de Santos decorrente da futura exploração do Pré-sal em busca do Petróleo existente nessa área.

Leandra acredita que há necessidade de haver projetos não só para a exploração do Pré-sal, mas também visando à preservação da Bacia de Santos é essencial. A exploração do pré-sal ainda não está sendo realizada em escala comercial, portanto, todos os planos para conter ou mitigar os impactos ainda não foram discutidos. Logo, em que em todas as discussões que houve até hoje sobre o pré-sal, o meio ambiente ficou de fora.

O Greenpeace busca alertar sobre esse tema: “No momento, parece que o governo está mais interessado nos royaltes e na receita do pré-sal, do que aceitar que a exploração do pré-sal é inviável e que o investimento poderia ser melhor aproveitado, caso fosse direcionado para fontes de energias renovávei” A bióloga protesta.

Leandra desconhece ações ambientais por parte da Petrobrás relacionadas ao Pré-sal. Ela diz que geralmente o cunho ambiental da empresa é apenas voltado a patrocínios de projetos de ONG’s ambientais. “Infelizmente, o dinheiro para patrocinar tais projetos é pequeno perto do possível impacto causado por uma exploração de combustivel fóssil”, conta.

Existem muitos riscos que podem vir com a exploração de pré-sal, mas o principal deles é, sem dúvidas, o risco de vazamento. A exemplo do que aconteceu no Golfo do México, os danos podem ser irreparáveis quando se trata de exploração de petróleo em águas profundas. E o reflexo disso é alteração da biodiversidade e economia local.

Explorar o Pré-sal significa manter o Brasil entre os três maiores emissores de gases do efeito estufa . Ainda que seja possível zerar o desmatamento, hoje, a principal fonte de emissão de gás carbônico é o petróleo.

Alerta para a exploração do Pré-sal em Santos

Jéssica Branco

Opinão Profissional

Futura exploração do pré-sal pode causar danos ambientais à Bacia de Santos

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Cooperativa de Reciclagem

Quatrocentos e oitenta toneladas ou três baleias-azuis (maior animal do planeta, que pode chegar a 160 toneladas

e medir 33 metros). Esse é o tamanho da quantidade de lixo acumulado em Santos no dia 24 de maio de 2011.

E é esse o volume de resíduos sólidos produzido diariamente pela cidade. Em 24 horas, Santos transformou-se em um amontoado de lixo, de animais e insetos à procura de comida. E exalou um forte odor. Tal cenário foi construído devido a uma greve feita por 3 mil trabalhadores que atuam na limpeza urbana nas cidades de Santos, Guarujá, Bertioga, Cubatão, Praia Grande e Mongaguá. Os funcionários reivindicavam melhores salários.

Em situações como essas, é que percebemos a importância dos coletores de lixo e como o trabalho deles é essencial no dia a dia. Mas, para onde vai todo o lixo que produzimos ou também chamados resíduos sólidos? Depende.

Leia a reportagem e saiba para onde vão os restos de comida, as latinhas de refrigerante, as embalagens de xampu, o vidro da maionese, o colchão velho, o óleo depois de fritar aquela batata frita, o entulho produzido depois de uma obra ou reforma, e até mesmo as necessidades fisiológicas.

parece que foi feito com óleo, porque não tem cheiro algum. Alvelina também dá exemplo de consciência: “É um meio de aproveitar as coisas, em vez de jogar fora”.

O caminho dos resíduosThaís Moraes

Você sabe para onde vai o lixo que você produz? Desde restos de comida a colchões velhos? Fique atento na reportagem e descubra. Saiba mais: o que é possível fazer para ajudar na manutenção do planeta?

Funcionários da cooperativa de reciclagem separam os materiais que serão reutilizados

Thaís Moraes

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Santos amanheceu ensolarada. Finalmente depois de vários dias chuvosos, é possível ir à praia e tomar um banho de

mar. Chegando ao jardim, já dá para ver a bandeira vermelha que avisa: o mar está impróprio para banho. Então a alternativa é se refrescar no chuveirinho. Mas o que muita gente não sabe é que a balneabilidade está diretamente ligada ao tratamento de esgoto e à geografia da região.

Os nossos resíduos corporais, ou seja, aquilo que comemos e bebemos, vão para a rede de esgoto. Lá eles seguem para uma estação de pré-condicionamento, que fragmenta (separa em partes muito pequenas) esses resíduos matando os microorganismos que podem provocar doenças. Depois desse processo, os resíduos são lançados a quatro quilômetros da costa, no emissário submarino, que fica na divisa entre Santos e São Vicente.

O mesmo acontece com a sujeira das ruas, que com as chuvas vai para o bueiro, também cai na rede de esgoto e faz o mesmo caminho até o mar. Toda vez que chove, a cidade é lavada e esses resíduos se acumulam no canal do Estuário, levando ao comprometimento por alguns dias da qualidade da água.

“Áreas costeiras próximas a grandes centros urbanos têm uma qualidade de água muito ruim. Santos é uma baía [porção de mar rodeada por terra]. Já as praias do Guarujá são mais limpas porque têm mar aberto, têm uma renovação.”, explica o Secretário de Meio Ambiente de Santos, biólogo e professor, Fábio Nunes.

O mesmo se aplica à cor da areia da praia. Em Santos, a coloração é mais escura porque se mistura aos resíduos. No Guarujá, por exemplo, a areia é mais clara, já que não há um contato muito grande com os dejetos. Entretanto, os nossos resíduos corporais não poluem as águas porque é matéria orgânica. O próprio mar processa o material, que serve de alimento para camarões, microcrustáceos e micro-organismos aquáticos, como os zooplânctons.

Agora que você já sabe para onde vai o seu resíduo corporal, certamente vai pensar duas vezes antes de entrar

no mar se avistar a bandeira vermelha.

O lixo nosso de cada dia

Resíduos orgânicos como restos de comida, objetos como cotonete, cabelo, papel higiênico, palito de dente, fio dental, fraldas e outros materiais são produzidos diariamente em Santos, por uma população de aproximadamente 419.400 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. Todo esse resíduo chega a 800 toneladas por dia, sendo 480 de procedência doméstica e o restante recolhido na varrição das ruas, das praias e dos caminhões do cata-treco.

De acordo com a Terracom, são 850 funcionários responsáveis pelos serviços de limpeza urbana. Quarenta e oito motoristas dirigem os caminhões compactadores e 120 homens fazem a coleta de lixo. O resto está dividido entre varredores, ajudantes gerais e operários de máquinas pesadas.

Santos conta com coleta diária de lixo: duas vezes nos bairros do Centro e do Gonzaga e uma vez no restante da Cidade. Das 6 às 14 horas é feita a coleta nos bairros da linha da máquina para a praia. Já das 18 horas às 2h30, é a vez dos bairros do meio da Cidade para o Centro terem seus resíduos recolhidos.

Os caminhões que passam pelas ruas carregam cinco toneladas de lixo e seguem para uma área de transbordo no Bairro da Alemoa, na Zona Noroeste de Santos. De

Reciclar implica em reduzir o uso de matérias-primas. Quando você recicla, evita que uma empresa tire mais matéria-prima transforme-a usando mais agentes químicos, e faça substâncias que são mais nocivas ao próprio ecossistema ”

“Fábio Giordano, biólogo e doutor em Ecologia

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Das 13 mil toneladas estimadas que são recolhidas por mês, apenas 400 são recicladas

Thaís Moraes

lá, caminhões maiores, de 30 toneladas, vão para um aterro sanitário, que fica no Sítio das Neves, na área continental.

Até 2002, todos os resíduos eram lançados no lixão da Alemoa, que foi fechado com quase 30 metros de altura. Mas o que é um lixão? É um grande espaço a céu aberto que serve apenas para receber o lixo. Não há tratamento para o chorume, um líquido negro e fétido liberado pelo lixo e que contamina o solo, a água e os lençóis freáticos.

Já hoje, existe o aterro sanitário, um local próprio para receber o lixo, pois é impermeabilizado por uma base de argila e lona plástica, que impede o vazamento do chorume para o subsolo. Lá, o líquido passa por um tratamento e é lançado no rio. Também é feita a captação e a queima do metano, gás liberado pela decomposição da matéria orgânica, que pode ser usado para gerar energia.

Apesar de o aterro sanitário ser o local correto para a destinação de lixo, segundo a legislação, o secretário de Meio Ambiente, Fábio Nunes, revela

que isso ainda não é o bastante. “Não queremos isso, queremos que a população separe. Das 13 mil toneladas estimadas por mês, apenas 400 são recicladas. Queremos que a parte orgânica vá para o aterro e se decomponha durante os anos, e o reciclável vire matéria-prima para a indústria da reciclagem.”

Reciclagem

Refrigerante, molho de tomate, sucos de caixinha, sabão em pó. Todos esses produtos já são comuns no cotidiano. Apesar de eles terem sidos criados para facilitar a vida do homem moderno, também podem se tornar grandes vilões. Não o produto em si, porque este acaba rapidinho, mas as embalagens que os armazenam.

O plástico, comuns em embalagens de xampu, de amaciantes de roupa e diversas outras coisas pode demorar de 50 a 450 anos para se decompor. As caixas de papelão e os papéis levam

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Das 13 mil toneladas estimadas que são recolhidas por mês, apenas 400 são recicladas

Thaís Moraes

de três a seis meses. O alumínio, utilizado em latinhas de cerveja e refrigerante demora mais de 500 anos para desaparecer. Mas o campeão de todos é o vidro: mais de 4000 anos é o tempo de degradação dele. Alguns materiais como borracha, isopor, esponja e cerâmica possuem tempo de decomposição indeterminados.

Imagine esses materiais misturados com o lixo orgânico, que demora apenas de seis a 12 meses para desaparecer. Imagine esses produtos recicláveis produzidos diariamente por você, seu bairro, sua cidade, seu estado e seu país. Em algum momento, haverá tanto material que não vai mais existir lugar para serem despejados.

É por isso que reciclar é tão importante. Mas o problema não para por aí. Quando não é feita a reciclagem, o material não volta para a cadeia de produção e por isso, mais matéria-prima e mais recursos deverão ser extraídos da natureza para fabricar mais e mais produtos.

“Reciclar implica em reduzir o uso de matérias-primas. Quando você recicla, evita que uma empresa tire

mais matéria-prima transforme-a usando mais agentes químicos, e faça substâncias que são mais nocivas ao próprio ecossistema”, explica o biólogo e doutor em ecologia, Fábio Giordano.

Porém, há certos tipos de materiais que não podem ser reciclados ou são reciclados parcialmente. O único material que é 100% reciclável é o alumínio. Mas para reciclá-lo consome-se muita energia.

Segundo Giordano, o ideal é praticar os três R’s: reduzir, reutilizar e por último reciclar. O primeiro passo é diminuir o consumo de materiais. Já o reaproveitamento é melhor que a reciclagem. Por exemplo, uma garrafa de plástico joga-se fora e automaticamente incorpora-se energia na reciclagem. Uma garrafa de vidro não, pois é reutilizável.

Para o biólogo, reciclar não deve ser visto como a solução de todos os problemas. “Não existe nenhuma reciclagem que não envolva também algum tipo de gasto, de água ou energia. Diminuiu-se um pouco o dano ao meio ambiente, mas não se deve pensar que o problema está sendo zerado.”

A coleta seletiva é separada em

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Divulgação

Instituto BioSantos faz a coleta em domicilio do óleo usado. Ele é purificado e vendido posteriormente para ser transformado em biodiesel

papéis, plásticos, metais e vidros. Existem indústrias que reutilizam esses materiais para a fabricação de matéria-prima ou para fazer novos produtos.

Histórias

Avenida Conselheiro Nébias, 96, Paquetá, Santos. Para encontrar este endereço, é preciso se basear nos números do lado ou da frente, pois não existe nenhuma placa ou pintura na parede que indique o 96. Entrando no enorme galpão, é possível avistar dez mulheres e uma grande quantidade de sacos de lixo, pedaços de móveis, garrafas pet e papéis. Das dez mulheres, três estão rasgando papel e cinco separam materiais. Das duas que restaram, uma varre o chão e a outra coloca a prensa para funcionar.

Todas possuem um olhar desconfiado quando a repórter pergunta se pode entrevistá-las. Depois de uma rápida conversa, apenas uma funcionária que

escutava rádio atentamente no seu walkman não aceitou ser entrevistada.

Alexandra Sabo da Silva tem 25 anos. Não é casada no papel, mas mora com o seu companheiro há três anos. É mãe de dois meninos, um de seis anos e o outro prestes há completar um ano. Alexandra e seu irmão, hoje com 16 anos, foram criados com o dinheiro da reciclagem. Seu pai, Laércio, é carrinheiro até hoje. Já sua mãe, Ana Maria, fez o mesmo trabalho durante muitos anos, mas no momento trabalha no mesmo local que a filha.

Ana Maria trabalha de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Já funcionárias como Alexandra, que têm filhos pequenos, trabalham até as 16h30 na Associação dos Trabalhadores e Catadores de Materiais Reciclados da Baixada Santista.

“Trabalho com reciclagem há três anos, mas estou aqui há uns dois meses. Aqui chega de tudo: papel branco, misto, plástico, copinho”, conta Alexandra.

A mãe, Ana Maria, hoje com 45 anos, está

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O material depois de separado é vendido a uma industria de São Bernardo do Campo para recicla-lo

Thaís Moraes

no ramo há 20: “Gosto do meu trabalho, não me vejo trabalhando com outra coisa”.

A Associação já existe há muitos anos, mas o local e o método de trabalho são recentes. No final de janeiro deste ano, foi criada uma parceria entre a Associação e a empresa de gestão ambiental, Santos RC, que é a responsável pelo espaço físico e pelo treinamento dos funcionários.

“Além de cedermos o local, a intenção é profissionalizar os trabalhadores. Fizemos palestras sobre higiene, dinâmica e procedimentos de segurança. Já existia o caminhão e as prensas, mas eles não tinham o modelo de trabalho que eles têm agora”, explica um dos proprietários da Santos RC, Armando Cesário de Souza.

As mulheres são as responsáveis pela separação e pela prensagem do material. Já os homens buscam o lixo e levam até a associação.

Brenda Joanes de Jesus Silva, 19 anos, decidiu voltar a trabalhar depois que

perdeu o filho devido ao problema de pressão alta, ocorrido durante o oitavo mês de gestação. “Fiquei com depressão, aí voltei a trabalhar para me distrair. Também é bom ganhar experiência.” Brenda pretende continuar por mais algum tempo na associação até conseguir um emprego melhor.

A cooperativa de reciclagem não tem vínculo com a coleta de lixo limpo, realizado pela Prefeitura de Santos. Todo o material é vendido para uma indústria em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. A indústria compra o material, recicla, e este entra novamente na cadeia como matéria-prima. Já a renda obtida pela venda é dividida igualmente entre os funcionários. O salário não é fixo, quanto mais se recolhe e se vende, maior é a remuneração. “O problema é que muitas empresas vendem o lixo que produzem e não doam”, conta Alexandra.

Hoje, a associação conta com alguns

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Dona Alvelina (foto acima) faz sabão a partir do óleo usado que ela mesmo recicla. “É um meio de aproveitar as coisas, em vez de jogar fora”, disse a aposentada

Thaís Moraes

fornecedores de material. Desde o dia 16 de maio, a cooperativa recolhe diariamente materiais recicláveis no Centro de Santos. A iniciativa é uma parceria com o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SinHores). Sendo assim, o Centro é o único bairro que recebe diariamente coleta de materiais reciclados na Cidade. O caminhão sempre passa por volta das 16 horas, quando a maioria dos restaurantes encerra o expediente.

Se você segue o exemplo e separa o lixo limpo que produz em casa ou na empresa, basta ligar para a Associação. Além de cooperar com o meio ambiente,

ajudará e muito essas pessoas que fazem da reciclagem seu meio de renda.

Óleo

Depois de realizar uma fritura, tem-se o hábito de despejar na pia o óleo usado. Mas isso pode trazer consequências graves. Além de poder contaminar 25 mil litros diretamente e até 1 milhão de litros de água indiretamente, o resíduo oleoso gruda nas paredes da tubulação e posteriormente entope as redes coletoras de esgoto, podendo causar ou agravar enchentes, já que a água não tem para onde escorrer.

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Esses dados são do Instituto BioSanto, criado em 2008, para fazer a coleta em domicílio de óleo usado. Roberto Coutinho, presidente do instituto, explica como surgiu a ideia: “Um grupo de 22 pessoas, todas envolvidas pelo menos com alguma ação ambiental, detectou que existiam várias campanhas para levar o óleo usado em algum ponto de coleta, mas as pessoas acabavam não levando a esses lugares.”

Foi então que o Instituto BioSantos decidiu fazer a coleta de óleo diretamente com o consumidor final, colocando em prática a logística reversa. Essa logística consiste em o fabricante colocar o produto no mercado e ser o responsável pela destinação dele quando este quebra ou não serve mais para uso. Por exemplo: quando você compra um celular e a bateria não funciona mais, é dever do fabricante recolhê-la e dar um fim adequado para que não contamine o meio ambiente.

No início, o óleo era coletado apenas em condomínios. Eram fornecidos galões de 50 litros, informativos nos elevadores e cartilhas para os moradores. Uma vez por mês, esse galão era retirado e outro era posto no lugar. Entretanto, em alguns prédios que não possuíam zeladoria, esses galões foram usados para outros fins e foram descredenciados do projeto.

Devido a isso, o BioSantos recebia pedidos para que a coleta fosse feita em domicílio. Resolveu-se então criar o Gari do Óleo, um projeto socioambiental em que pessoas de baixa renda, contatadas por meio da

Secretaria de Assistência Social (Seas), vão de porta em porta para realizar a coleta de óleo nas residências de Santos. O óleo é colocado em carrinhos de ferro, carregados manualmente. No total, 80 garis passaram pelo projeto em seis meses.

Hoje o esquema é outro: são 11 garis que em determinados dias do mês visitam um bairro por vez e fazem toda a coleta. Mas ainda assim, existe a coleta feita por um caminhão que vai até os condomínios.

Depois de coletado, o óleo é vendido para uma recicladora localizada em Mauá, onde é feita sua purificação. Após o processo, o óleo é vendido para ser transformado em biodiesel. No Instituto BioSantos, a venda do óleo serve para pagar os funcionários, auxiliar na manutenção dos caminhões e ajudar nas despesas.

Assim como o mercado dos resíduos sólidos, o de óleo também é sazonal. “O preço depende da demanda. Quando tem muito óleo para ser vendido, o valor dele cai. Mas compensa porque a iniciativa não visa lucro.”

Da panela veio e para a panela voltará

Alvelina Maria de Souza é uma daquelas senhoras que não aparentam a idade que têm. Aos 72 anos ainda trabalha. Dona Alvelina, moradora da Vila Margarida, em São Vicente, também fabrica sabão há dois anos. Mas esse é um produto diferente. O principal ingrediente é o óleo de cozinha. “Aprendi a fazer sabão em um jornal.”

Segundo Dona Alvelina, a primeira tentativa não deu muito certo, mas foi fazendo até acertar. A receita dada no jornal é simples: óleo, soda cáustica e sabão neutro líquido. “Coloquei mais uma coisa que deixou a louça muito mais brilhante, mas isso não conto para ninguém, é segredo”, brinca.

O sabão fica branquinho e nem parece que foi feito com óleo, porque não tem cheiro algum. Alvelina também dá exemplo de consciência: “É um meio de aproveitar as coisas, em vez de jogar fora”.

O preço depende da demanda. Quando tem muito óleo para ser vendido, o valor dele cai. Mas compensa porque a iniciativa não visa lucro. ”

“Roberto Coutinho, presidente do Instituto BioSantos

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Você sabia?

Além do óleo de cozinha, alguns materiais não podem ser despejados no lixo comum. É o caso de pilhas, baterias e chapas de raios-X. Isso porque esses produtos contêm substâncias que podem contaminar o solo e a água.

Materiais não-recicláveis

Metal: latas enferrujadas, clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tinta, verniz, inseticida e solvente. Papel: celofane, carbono, higiênico, guardanapos e papel toalha com resto de alimentos, laminado, plastificado, fraldas descartáveis, espuma, etiquetas e adesivos, fotografia e fitas crepe. Vidro: de automóveis, de janela, espelhos, cristais, lâmpadas (de todos os tipos), vidro de box de banheiro, temperado e ampolas de remédios, cerâmicas, porcelanas e louças, acrílicos, lentes de óculos e tubo de TV.

Materiais recicláveis

Metal: latas de refrigerante, cerveja, conservas, arames, fios, pregos, panelas e utensílios de ferro. Plástico: potes de todos os tipos, sacos de supermercado, embalagem para alimentos, vasilhas, recipientes, vasilhames (PET) de refrigerante, água e suco, artigos domésticos e sacos de leite. Papel: jornais, folhas usadas e de rascunho, cartões, envelopes, revistas, papel de computador, papelão, formulários, embalagem tipo longa vida, embalagens de ovos e cartolina. Vidro: garrafas de refrigerante, cerveja, garrafas de suco e água, garrafas de vinho e bebidas alcoólicas em geral, potes de produtos alimentícios, frascos de medicamento e perfumaria. Estes devem ser embalados em pedaços de jornal, pois caso isso não seja feito a integridade física dos coletores é colocada em risco.

Serviços - Santos

Associação dos Trabalhadores e Catadores de Materiais Reciclados da Baixada Santista: materiais recicláveis. Telefone: 3221-9022

Cata Treco: sofá velho, cama, móveis no geral e eletrodomésticos. Telefone: 0800-7708770.

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Pontos de entrega Voluntária

REMÉDIOS Farmácia Sais da Terra Endereço: R. Galeão Carvalhal, 48, Gonzaga Endereço: R. Azevedo Sódré, 24, Gonzaga

FILMES RA-DIOLÓGICOS Clínica Ra-diológica de Santos Endereço: Av. Conselheiro Nébias, 540, Embaré

OUTROS LOJA MULTICOISAS: Endereço: AV. ANA COSTA, 383, GONZAGA - Telefone: (13) 3289-9988

LOJA C&A : Endereço: Av. Ana Costa, 575 - Gonzaga - Telefone: (13) 3286-1509

SUPERBANCA : Endereço: R. Alexandre Martins, 139 - Aparecida - Telefone: (13) 3236-7536

PARAFINA Museu do Surfe Endereço: Parque Municipal Roberto Mário Santini

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PILHAS E BATERIAS AGÊNCIAS DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL: Endereço: R. General Câmara, 15, Centro

Endereço: Rangel Pestana, 84, Vila Mathias

AGÊNCIAS DO BANCO SANTANDER:

Endereço: AVENIDA ANA COSTA, 481, GONZAGA - Telefone: (13) 32892535 - E-mail: [email protected]

Endereço: PRACA RUI BARBOSA, 31, CEN-TRO - Telefone: (13) 32197117 - E-mail: [email protected]

Endereço: RUA AMADOR BUENO, 61, CENTRO - E-mail: [email protected]

Endereço: RUA GALEÃO CARVALHAL, 45, GONZAGA - Telefone: (13) 32849332 - E-mail: [email protected]

Endereço: AVENIDA CONS. NÉBIAS, 791, BOQUEIRÃO - Telefone: (13) 32898833 - E-mail: [email protected]

OBS.: O projeto PAPA-PILHAS não foi

implementado nas agências SANTOS-DR. G. CAR-VALHAL e BOQUEIRÃO, porém há caixas im-provisadas para coleta e posterior encaminhamento do material recolhido para a agência GONZAGA.

DROGARIA SÃO PAULO Endereço: R. MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, 63 - GONZAGA - Telefone: (13) 3284-5552 Endereço: R. JOÃO PESSOA, 24, CENTRO - Tele-fone: (13) 3219-1900 Endereço: AV. ANA COSTA, 306, VILA MATHIAS - Telefone: (13) 3223-9018/3224-2094 Endereço: Av. DOS BANCÁRIOS, 143, PONTA DA PRAIA - Telefone: (13) 3261-1934/3261-2109 Endereço: Av. PEDRO LESSA, 1344, PONTA DA PRAIA - Telefone: (13) 3227-6101 Endereço: Av. DR. EPITÁCIO PESSOA, 21, BO-QUEIRÃO - Telefone: (13) 3284-1341

ÓLEO DE COZINHA USADO

INSTITUTO BIOSANTOS - Av. Ana Costa, 454 - loja 01 - 3877-5042 Centro Esportivo M. Nascimento: Rua João Fracca-roli, s/ n°, Bom Retiro Ginásio Rebouças: Praça Engenheiro Rebouças, Ponta da Praia

Federação de Bandeirantes do Brasil – Núcleo San-tos: Rua Jurubatuba, 157, Ponta da Praia (quintas e sábados, das 15hs às 17hs) Assistência Infância de Santos “Gota de Leite”: Av. Conselheiro Nébias, 388 - Telefone: (13) 3202-0220 Centro Comunitário da Igreja São Judas Tadeu: Rua Napoleão Laureano, 89 - 2ª a sábado – das 9h às 18h. Colégio Sênior: Av. Jovino de Melo, 358 - 2ª a 6ª feira – das 9h às 17h. Federação Bandeirantes do Brasil - Núcleo Santos: R Jurubatuba, 157 - 5ª e sábado - das 15h às 17h. Hipermercado Extra – Av. Ana Costa, 318/340 - 0800-7732732 Grupo Amigo Do Lar Pobre – Rua Silva Jardim,21 – Vila Nova Casa João Paulo II – Rua Sete de Setembro, 47 – Vila Nova

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Tudo começa num bosque ensolarado, cheio de vida, onde brinco com esquilos, canto junto aos pássaros, corro atrás

de borboletas, deito na grama à beira do riacho e fico olhando os peixes que nadam tranquilos em meio à correnteza.

O lugar é lindo! A vegetação e a quantidade de animais silvestres é realmente estonteante.

Nunca em minha vida imaginei me deparar com tamanha diversidade natural, não imaginei que fosse possível ficar tão perto assim da natureza.

Penso: Preciso explorar cada pedaço desta terra. Preciso entender como é possível que tudo aqui viva tão bem e em perfeita harmonia!

Continuo minha caminhada, desbravando a mata e prestando atenção em cada detalhe do meio ambiente que me cerca.

Depois de horas, percebo que estou muito longe do meu ponto de partida.

Começo a notar que a fauna e a flora já não são mais tão belas e cativantes quanto no início da minha jornada.

Olho ao meu redor. Onde estão os pássaros? Onde estão os esquilos que me seguiam pelo caminho? Não vejo mais as borboletas que antes pareciam brincar de pega-pega no ar.

É então que paro. Dou meia volta e começo a jornada de volta, para tentar entender em que ponto tudo começou mudar.

Não é preciso voltar muito, logo começo a ver os sinais de devastação pelo caminho.

Árvores cortadas, lixo por todos os lados, pelo chão, boiando no rio.

Parece que a civilização se aproxima. Mais uma vez o homem vai destruir algo tão perfeito.

Não muito distante posso ouvir o barulho das máquinas a cortar as árvores. Olho para o alto, perto das árvores que me cercam e pareço entender o olhar de tristeza lançado pelos animais que perderam suas “casas”.

Beleza e destruiçãoAline Barboza

Crônica

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Um olhar de súplica, um pedido de socorro mesmo que em meio ao silêncio.

A sensação é de culpa. O sentimento é de raiva.

Como alguém pode cometer tamanha atrocidade? Ninguém pensa nas consequências que isto pode causar?

Ahhhhhh... não, muitas pessoas não pensam no impacto ambiental que uma “simples derrubada de árvores” pode causar. O que importa é o dinheiro, não é!?

É triste ver o meio ambiente sendo maltratado todos os dias, ver a natureza gritando por socorro e ninguém fazer nada.

Você, como bom brasileiro que é, dirá: “coisa de país do Terceiro Mundo”. Errado.

Mas, é claro, que em cada país há uma contextualização do problema.

Agora paremos para pensar, por que esse tipo de catástrofe acontece?

Acontece, porque você e eu não fazemos nada para impedir. A votação do Novo Código Florestal é um exemplo claro de que não nos importamos com o futuro das nossas florestas, do nosso verde, da VIDA.

Pelo andar da carruagem, não sei se meus filhos um dia verão uma árvore, sem serem essas plantadas pelas ruas da cidade. Agora me pergunto: E se elas não forem plantadas?

Será que existirão florestas? Será que os que vivem isolados na mata pelas suas tradições terão onde morar?

Vamos permitir o desmatamento? Vamos permitir que acabem com as belezas naturais do nosso país, tudo isso por causa de política de interesses e dinheiro, muito dinheiro envolvido.

Num país onde a corrupção impera, não poderia ser diferente. O problema é: porque não fazemos nada para impedir?

Se deixarmos que aprovem o novo texto para o Código Florestal, este, que Aldo Rabelo (PC do B) escreveu, teremos que começar a nos acostumar com a ideia de um país ainda mais poluído.

Mesmo que alguns se engajem nessa empreitada, lutando, protestando e brigando contra as novas mudanças, outros não fazem nada. O motivo disso, talvez, seja a “politicagem”, sejam os interesses dos detentores do poder no nosso país.

O que será mais valioso do que a própria vida? Por que se pararmos para pensar, vamos chegar à conclusão

de que estaremos, de certa forma, comprometendo a vida do planeta.

O Código Florestal atual garante, por exemplo, 30 metros de áreas de vegetação às margens de rios com até cinco metros de largura; já o novo Código, diminuirá para 15 metros esta área. O Novo Código quer acabar com a reserva legal em pequenas propriedades rurais e ainda permitir que morros e áreas com declives possam ser desmatados.

Temos nos envolvido em debates e questões da sustentabilidade, mas não conseguimos enxergar o malefício que a aprovação (caso ocorra) do Novo Código Florestal terá sobre o Brasil e a humanidade.

Para facilitar a compreensão do problema é melhor pensarmos em números.

200 mil km2 de mata serão ameaçados caso a recuperação de reserva legal seja abolida com o Novo Código.

Depois de tudo isso, a noite chega e dessa vez meu sonho já não é mais o mesmo. Agora enfrento dragões e serpentes (máquinas, serras elétricas, enxadas), tudo acontece bem diferente do sonho anterior. Desta vez não ouço pássaros, o único barulho é de árvores sendo derrubadas. Não corro atrás das borboletas, corro junto a elas antes que eu seja atropelada pelas máquinas que tomam contam da floresta. Os esquilos não mais me seguem, agora, eles me perseguem, parecem que entendem que eu sou tão perversa quanto aqueles que tomam suas casas. Os peixes... ah, os peixes. Eles já morreram, morreram todos devido à quantidade de óleo e dejetos que foram jogados em seus rios.

Olho para trás e só vejo a devastação.Olho para a frente e consigo enxergar

onde o homem ainda não conseguiu alcançar e destruir... eu disse AINDA!

Para facilitar a compreensão do problema é melhor pensarmos em números. 200 mil km2 de mata serão ameaçados caso a recuperação de reserva legal seja abolida com o Novo Código. ”

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Caça-Palavras

EFEITO ESTUFAOZÔNIOGÁS CARBÔNICOOXIGÊNIOOCEANOAQUECIMENTOPOLUIÇÃO

C O S T I F K Y A N D U W I P S E N H O P T Ç N AD A Z G B H C B I T R E T Ç I E T L M G Y S S W PF M U O H T F H A J I E C U P J T H D A Q Z X E RL R J Y N G K F U B K A S Q Y R O R X Ç J O U M AO C A S T I S D M V B R R S H F P G O M A Ç S E AR P M I A J O E G N A T U R E Z A C K L M Y D I AE Y T S Q R A R F Ç N X J G T N C O D G E P K O OS S O L U Ç T K F K R W G G J Z M Y L C B O V A XT N E F E I T O S T U F A K Z B I Ç H U L P M N EA Q P V C J L J C L I H T S L P N T E D M U P B UJ M T Y I W P J O R P A B C X J D F Ç J N I H I MK R U T M L E J L Ç R N I A C L N G Y M M Ç R E AM S D J E K Y P O I K H L R P S S M H W P A N N AO C E A N O I L G Y F D L B E O B Ç M G G O E T AL W I G T Y O N I R G U N O K Y G E Z X T E Q E MD E A U O T R J A L I M V N R E M Y Ç B K J S W A N G T O R F P K P N L O X I G E N I O L N K H M BÇ P R L K M G T R E K P Ç C L I M J U K N Z T B VU N G Z X Y O P L U Y R J O Z V N L B C P O K L RB T A F G D E S M A T A M E N T O I U Y R D E A A

CHUVANATUREZAECOLOGIADESMATAMENTOPETRÓLEOMEIO AMBIENTEFLORESTA

Ajude o Saci Perere aencontrar as palavras:

Onde estão as palavras ?

As duas imagens foram captadas do mesmo ponto.Na primeira, a câmera foi apontada para São Vicente.

Na segunda a câmera estava apontada para Praia Grande. Preserve a natureza