36
ENTREVISTA Presidente da COOPALIMA - Cooperativa Agrícola dos Agricultores do Vale do Lima DESTAQUES • ABLN - 20 Anos ao Serviço do Melhoramento • Senhor Manuel dos Santos Gomes condecorado pelo Senhor Presidente da República – Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva JUL . AGO . SET . 2012 Trimestral Edição Gratuita Revista da AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. 14 A FORÇA DA UNIÃO ENFOQUE O FUTURO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO CONTINENTE PORTUGUÊS

revista N º 14.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • ENTREVISTAPresidente da COOPALIMA -Cooperativa Agrcolados Agricultores do Vale do Lima

    DESTAQUES ABLN - 20 Anos ao Servio do Melhoramento Senhor Manuel dos Santos Gomescondecorado pelo Senhor Presidente da Repblica Professor Doutor Anbal Cavaco Silva

    JUL . AGO . SET . 2012Trimestral

    Edio GratuitaRevista da AGROS - Unio das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trs-os-Montes, U.C.R.L. 14

    A FORA DA UNIO

    ENFOQUEO FUTURO DA PRODUO

    DE LEITE NO CONTINENTE

    PORTUGUS

  • ORIGENS E FUTURO

    AGROS - Unio de Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trs-os-Montes, U.C.R.L.Lugar de Cassapos, Argivai . 4490 Pvoa de Varzim . TEL 00351 252 241 000 www.agros.pt

  • EDITORIAL

    Texto ENG. JOS CARLOS MIRANDA Vice-Presidente da AGROS U.C.R.L

    3

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET. 201

    2

    As origens da Agros remontam ao longnquo ano de 1949. Foram os nossos antepassados que vislumbraram ser possvel criar valor para o produto resultante do seu rduo trabalho na pecuria leiteira. Foi tambm com grande esforo, dedicao e espirito de unio, que lograram, ao longo de seis dcadas, fazer desta Empresa aquilo que ela hoje: uma Instituio imponente, conhecida e reconhecida e com um prestgio inegvel. O caminho percorrido no foi fcil. Foram muitos os problemas ultrapas-sados, muitos os desafios superados. Tomaram-se decises estruturantes: o apoio dado na extenso da produo de leite em todo o Entre Douro e Minho e Trs-os-Montes, a massifi-cao das Salas Coletivas de ordenha mecnica na dcada de 1970 e 1980, convertidas em estbulos individuais alguns anos mais tarde. Estas determi-naes marcaram e mudaram o rumo do Setor no seu tempo. Como coro-lrio de todo este labor, foi possvel potenciar a pecuria leiteira da nossa regio. Como consequncia de todas estas transformaes, os Agricultores, ao longo de todas estas dcadas, passaram a usufruir de melhores condies de vida.Na atual conjuntura, teremos, com toda a certeza, que evoluir a nossa organizao. O modelo vigente da fileira est manifestamente esgotado. Devemos, sob pena de ver desapa-recer a muito curto prazo uma grande

    parte da produo leiteira da regio, encontrar um novo padro para as suas estruturas. A esta conjuntura junta-se a ameaa de uma nova PAC, cujas polticas preconizam uma reduo significa-tiva do nvel de ajudas que temos, reduo essa que pode chegar aos 80% das atuais. Como podemos reagir a todas estas adversidades? Compete-

    As Empresas Participadas tero de ser encaradas de uma outra forma, precisamos de esprito de grupo, criar siner-gias para que os seus negcios tenham um fio condutor comum. No fundo, que se consiga conceber um verda-deiro Grupo Empresarial Cooperativo, capaz de atuar ao nvel dos fatores de produo, para que a maior parte da riqueza gerada pela venda do leite cru circule dentro da esfera do Setor.

    nos encontrar um caminho. impor-tante que nos protejamos, inevitvel unirmo-nos ainda mais. Teremos que fazer das fraquezas foras, imple-mentar medidas estruturantes tal qual foram as salas coletivas no seu tempo.Necessitamos mudar de atitude em relao a muitos dogmas do passado, percorrer caminhos que nos levem eficincia e nos permitam emagrecer as estruturas. As Empresas Partici-padas tero de ser encaradas de uma outra forma, precisamos de esprito de grupo, criar sinergias para que os seus negcios tenham um fio condutor comum. No fundo, que se consiga conceber um verda-deiro Grupo Empresarial Coope-rativo, capaz de atuar ao nvel dos fatores de produo, para que a maior parte da riqueza gerada pela venda do leite cru circule dentro da esfera do Setor.No podemos continuar a olhar para a compra e venda de leite como o nico negcio de relevo desta nossa Unio de Cooperativas. Teremos de evoluir, trazer para dentro do Grupo as mais-valias que despejamos sem sentido para fora do mbito Coope-rativo.Foi desta forma que se organizaram as outras atividades pecurias profis-sionais, viraram-se para si mesmas, verticalizaram-se, fecharam o circuito de produo e comercializao. S desta forma conseguiram resistir.No vislumbramos outro caminho para a fileira leiteira!

    AGROS AS ORIGENS E QUE FUTURO ?

  • NDICE3 EDITORIAL> AGROS AS ORIGENS E QUE FUTURO?

    5 OPINIO> PODE ACABAR A PRODUO DE LEITE EM PORTUGAL?

    6 POLTICAS AGROALIMENTARES> O FUTURO DA PRODUO DE LEITE NO CONTINENTE PORTUGUS

    10 PRTICAS AGRCOLAS> PREPARAO DO TERRENO PARA AS CULTURAS FORRAGEIRAS DE OUTONO/INVERNO

    14 ENTREVISTA> PRESIDENTE DA COOPALIMA COOPERATIVA AGRCOLA DOS AGRICULTORES

    DO VALE DO LIMA

    16 HISTRIAS DE VIDA...> FERNANDO NORBERTO BATISTA GONALVES E JOO ANTNIO BATISTA GONALVES

    18 DESCOBERTA DE...> PONTE DE LIMA

    20 O SETOR PRODUTIVO > CLAUDICAES NAS VACAS LEITEIRAS

    24 DIVULGAO> COLQUIO POLTICA AGRCOLA COMUM PS 2013 PERSPETIVAS PARA

    O SETOR LEITEIRO

    26 EVENTOS > V CONCURSO DA RAA FRSIA DO ALTO MINHO

    > AGRIVAL

    30 ENTREVISTA >DR. JOS AURLIO BAPTISTA VEREADOR DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO E TURISMO DA

    CMARA MUNICIPAL DE VILA DO CONDE

    32 DESTAQUES > ABLN 20 ANOS AO SERVIO DO MELHORAMENTO

    34 DESTAQUES> SENHOR MANUEL DOS SANTOS GOMES CONDECORADO PELO SENHOR PRESIDENTE

    DA REPBLICA PROFESSOR DOUTOR ANBAL CAVACO SILVA

    FICHA TCNICA

    Propriedade e EditoraAGROS - Unio das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trs-os-Montes, U.C.R.L.

    ContactosLugar de Cassapos, Argivai4490 Pvoa de VarzimTelefone: 252 241 000Fax: 252 241 009E-mail: [email protected]: www.agros.pt

    DiretorJos Fernando Martins Capela

    Produo e CoordenaoMarketing, Inovao e Agricultura BiolgicaDr. Jos Filipe Silva

    Colaboraram nesta EdioDeputado Agostinho LopesProfessor Doutor Leonardo CostaEng. Rui Pedro RibeiroEng. Patrcio Viveiros

    Sede de RedaoLugar de Cassapos, Argivai4490 Pvoa de Varzim

    N. de Contribuinte500291950

    Depsito Legal295758/09

    ISSN 1647-3264

    Registo na ERC125612

    Design e Composio GrficaBoaventura Matos

    Impresso GrficaMinerva, artes grficasAlberto Santos & Filhos, Lda.Av. Alexandre Herculano, n. 2754480-878 Vila do Condewww.minerva.online.pt

    Tiragem3500 exemplares

    PeriodicidadeTrimestral

    FotosiStockphoto; Shutterstock

  • OPINIO

    5

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    Poder pode, mas no devia! Sobraro alguns produtores. Mas sobraro poucos. No, uma fileira assegurando o

    autoabastecimento do pas em leite e produtos lcteos.Os problemas so conhecidos. O Governo sabe, a Ministra da Agricul-tura sabe. Ao longo de um ano, em sete ou oito audies realizadas em sede da Comisso Parlamentar de Agricultura, a primeira a 27 de Julho de 2011, a ltima a 30 de Julho ltimo, as questes foram colocadas.O aperto da tesoura de preos. Entre o preo pago pelo leite produzido, a baixar, e o preo de tudo o que precisam para produzir, a subir! a que se junta um ano de seca extrema! A subida da produo de leite noutros pases da Europa. A aterragem suave das quotas um aumento de 1% da quota de cada pas. Depois, ele escorre para Portugal! Como os preos baixam, a presso produzir mais. A Grande Distribuio imparvel! At importam leite para defender a produo nacionalO Pingo Doce gastou 10 milhes de euros na festa do 1. de Maio! A Autoridade da

    PODE ACABAR A PRODUODE LEITE EM PORTUGAL?

    Concorrncia impotente. No sabe de nada. Passados seis meses, ainda no sabe se o leite apreendido pela ASAE em Janeiro ao Continente violou a Concorrncia! No h PARCA que lhes resistaE o Governo? E a Ministra? Falam da defesa das quotas leiteiras, como se elas no estivessem a ser liqui-dadas, cada ano que passa! (Por este caminho, quando chegarmos a 2015, tanto vale que acabem, como no. Esto liquidadas como instru-mento de limitao da produo na Unio Europeia, e de distribuio de um dado volume a cada Pas!). Mas levanta-se a voz pela quotas, j a pensar/pedir/aceitar umas contrapar-tidas de uns milhes na troca! Como sucedeu na beterraba! Como se o Pas pudesse viver sem produzir! Como se no tivesse sido assim, aceitando a liquidao da produo, vendendo o direito a produzir a pataco, que chegamos onde chegamos, endivi-dados at ao teto! Mas o que faz o Governo? Ao galopar especulativo da soja e do milho. E na eletricidade? 23% no IVA, mais uns quantos aumentos!

    E no gasleo! E na sanidade animal, atrasos dos pagamentos s OPP, mais a indefinio total! Entre outros No PRODER tinha 55 milhes de euros para o setor! Gastaram-se 24, logo sobraram 31. Reprogramou, e o setor leiteiro ficou reduzido a 15. Para onde foram 16 milhes de euros?! Mas fez uma coisa: uma nova taxa-imposto, que vai acabar em cima dos produ-tores! Assim no h leite que resista! E ainda no chegou a Reforma da PAC, para o golpe final!Exige-se um Programa de Emergncia. Uma Linha de Crdito de longo prazo. O combate especulao da soja e milho. Travar o assalto cadeia de valor pela grande distribuio. Eletri-cidade Verde. Pr fim ao aumento das quotas. Defender as quotas. E um preo justo produo! Compatvel com os custos dos factores! do interesse vital do Pas defender a sua produo de leite. Defender oito mil produtores. Uma produo que vale 650 milhes de euros. Um setor agroindustrial cujo volume de neg-cios vale 1.800 milhes de euros e 7.200 trabalhadores.

    Texto AGOSTINHO LOPES Deputado do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Portugus Membro das Comisses Parlamentares da Agricultura (CAM) e da Economia (CEOP)

  • POLTICAS AGROALIMENTARES

    O MUNDO EM QUE VIVEMOS

    O mundo em que vivemos marcado pela Globali-zao, um processo de integrao econmica, social e cultural dos pases, que teve incio no final da segunda guerra mundial (1939-1945) com o Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT, 1948) e se acentuou com a queda do muro de Berlim (1989) e o fim da guerra fria (1991).Em 1948, a agricultura ficou de fora dos acordos do GATT e da Globalizao. As preocupaes mundiais da poca em relao ao setor prendiam-se com a questo da segurana alimentar, no sentido de garantia dos abastecimentos. A Poltica Agrcola Comum (PAC) iniciou-se com o Tratado de Roma (1957) e respondeu, com sucesso, s referidas preocupaes. As grandes reformas da PAC tiveram incio apenas em 1992, por presso dos EUA e do grupo de Cairns1 nas negocia-

    Texto PROFESSOR DOUTOR LEONARDO COSTA DOCENTE DA FACULDADE DE ECONOMIA E GESTO DA UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESA (PORTO)

    es multilaterais de comrcio do GATT (ronda do Uruguai, 1986-1993). Foi com estas grandes reformas que a agricultura da Unio Europeia (U.E.) passou a ser diretamente influenciada pela Globalizao. Em 1994, houve um acordo agrcola no GATT. Em 1995, o GATT deu origem Organizao Mundial de Comrcio (OMC). Em 2007, o leite foi abrangido pelas referidas reformas, com a introduo do Regime de Pagamento nico (RPU).A preponderncia das economias de mercado no mundo, a liberalizao do comrcio de bens e da circulao de capitais, as barreiras imigrao nos pases mais desen-volvidos, o aparecimento de cadeias de valor globais e de outras formas de deslocalizao da produo, a existncia de falhas nos mercados globais e a incipiente regulao global suportada por uma ideologia do tipo

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    6

    O FUTURO DA PRODUO DE LEITE NO CONTINENTE PORTUGUS

  • Consenso de Washington2 , o crescimento das econo-mias emergentes e a inerente presso sobre recursos como o petrleo, a crise ambiental, a crise alimentar, a internet, a revoluo das novas tecnologias de comuni-cao e transporte, a Sociedade da Informao, a adoo de formas de Organizao em Rede, a constituio de grandes aglomeraes urbanas ou Megacidades e a mais recente Grande Recesso, so traos que caracterizam a Globalizao.As Megacidades so regies urbanas, de grande densi-dade populacional. Para as empresas, constituem regies-mercado, territrios principais da sua atuao no espao global. Para os pases, constituem bacias de emprego regionais, polos principais da sua articulao economia mundial. Fora das Megacidades encon-tram-se nos pases do mundo regies alternativas, de

    baixa densidade populacional, rurais. A Figura 1 ilustra as regies da Globalizao no continente portugus. Litoral Norte e Centro (Arco Metropolitano do Noroeste e Sistema Metropolitano do Centro Litoral), Regio de Lisboa (Arco Metropolitano de Lisboa) e Algarve (Arco Metropolitano do Algarve) constituem as Megacidades do continente portugus3. Interior Norte e Centro e Alentejo constituem as regies rurais alternativas.

    FIGURA 1: MEGACIDADES E REGIES RURAIS NO CONTINENTE

    PORTUGUS

    Fonte: Programa Nacional de Poltica de Ordenamento do Territrio (2007)

    A Grande Recesso, cuja origem est na crise financeira do subprime (2006) e no colapso do sistema financeiro com a falncia do Lehman Brothers (2008), a maior estagnao econmica de que h memria desde a Grande Depresso de 1929. A crise endividou os Estados e est longe de estar resolvida. Na Europa, cujos bancos detinham cerca de 40% dos ativos txicos americanos, est a colocar em risco a moeda nica, o projeto Europeu e a prpria solidez da Democracia e da Paz. este o mundo em que vivemos. Para os produtores de leite do continente portugus, ele tem significado preos de fatores de produo altos, taxas de juro altas, insta-bilidade dos preos do leite, incerteza no que refere s polticas pblicas, entre outras condicionantes. A

    FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    7

    O FUTURO DA PRODUO DE LEITE NO CONTINENTE PORTUGUS

  • POLTICAS AGROALIMENTARES

    A PRODUO DE LEITE NO CONTINENTE PORTUGUSA Figura 2 ilustra a estrutura da produo de leite no continente portugus em 2011.

    FIGURA 2: PRODUTORES E ENTREGAS DE LEITE POR ESCALO E REGIO EM 2011

    Fonte: IFAP, LNC Litoral Norte e Centro (Entre Douro e Minho e Beira Litoral), INC Interior Norte e Centro (Trs-os-Montes e Beira Interior), SUL Sul (Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo)

    (1) O grupo de Cairns formou-se em 1986 tendo como membros os seguintes 19 pases exportadores de produtos agropecurios: Argentina, Austrlia, Bolvia, Brasil, Canad, Chile, Colmbia, Costa Rica, Guatemala, Indonsia, Malsia, Nova Zelndia, Paquisto, Paraguai, Peru, Filipinas, frica do Sul, Tailndia e Uruguai.(2) Designao do economista John Williamson para a descrio que realizou em 1990 daquilo que era o consenso liberalizante do Tesouro Americano, do Fundo Monetrio Internacional e do Banco Mundial para a Amrica Latina. Mais tarde o termo ganhou a conotao de crena dogmtica na capacidade do mercado tudo resolver em sociedade.(3) As Megacidades mundiais tm normalmente mais de 10 milhes de habitantes. As trs Megacidades do continente portugus tm menos de 10 milhes de habitantes e um aeroporto, cada uma. A Megacidade do Litoral Norte e Centro tem mais de 3,5 milhes de habitantes. A populao jovem e pouco qualificada.

    NOTAS

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    LNC INCSUL

    Continente

    >= 750 ton

    >= 400 e < 750 ton

    >= 160 e < 400 ton

    >= 80 e < 160 ton

    > 0 e < 80 ton

    Produtores de leite

    0

    200000

    400000

    600000

    800000

    1000000

    1200000

    1400000

    LNC INC SULContinente

    >= 750 ton

    >= 400 e < 750 ton

    >= 160 e < 400 ton

    >= 80 e < 160 ton

    > 0 e < 80 ton

    Entregas de leite

    Em 2011, existiam 5007 produtores e foram entregues 1,272,172 toneladas de leite no continente portugus. O Litoral Norte e Centro tinha mais de trs quartos dos produtores (76,8%) e era responsvel por mais de dois teros das entregas de leite (67,3%). O maior escalo de entregas considerado (>= 750 toneladas) abrangia 5,3% dos produtores e 41,5% das entregas de leite no continente. As exploraes de leite do Litoral Norte e Centro carateriza-vam-se por serem intensivas, as do Interior Norte e Centro

    por serem extensivas e as do Sul por serem intensivas ou extensivas.Desde adeso de Portugal U.E., em 1986, assistiu-se ao aumento da produtividade dos efetivos, concentrao da produo num menor nmero de produtores e territrios (com economias de escala e reduo dos custos de recolha) e ao aumento da sua qualidade sanitria. Pelo caminho, surgiram problemas ambientais e conflitos com usos urbanos do territrio, em particular, nas regies urbanas.

    A PAC PS 2013As propostas de reforma da PAC Ps 2013 da Comisso (de pagamentos diretos aos produtores por hectare 100% uniformes j em 2014) penalizam as exploraes intensivas e so responsveis por quebras muito significativas dos pagamentos diretos aos produtores do setor, da ordem dos 79% no continente portugus. A introduo de um perodo de convergncia (majorao) e a reintroduo de pagamentos diretos ligados produo funcionam como fatores atenuantes das referidas quebras, comprando tempo para o ajustamento do setor4. Se juntarmos ao acima o fim anunciado das quotas leiteiras e uma indstria com um perfil de especiali-zao em produtos de baixo valor acrescentado unitrio

    (commodities), vislumbram-se dificuldades acrescidas para a produo de leite no continente portugus, cujo destino seja a competio pelo preo nos mercados das commo-dities, mercados em que a grande distribuio tem poder fazedor de preo e em que existe uma forte concorrncia de grandes empresas multinacionais. No contexto, econo-mias de escala, controlo de custos nas exploraes e uma reduo da dependncia dos alimentos concentrados, constituem importantes fatores competitivos a explorar.No momento em que escrevemos este artigo, as perspe-tivas financeiras da PAC no esto estabilizadas. Pior, no certo o futuro da moeda nica e, quem sabe, o futuro da prpria Unio Europeia.

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    8

  • O FUTUROO futuro da produo de leite no continente portugus passa, essencialmente, pelo seu reposicionamento na cadeia de valor. Um fator crtico desse reposicionamento est nas relaes com a grande distribuio. A diversi-ficao dos canais de comercializao e a afirmao de produtos de alto valor acrescentado unitrio, cujo destino seja a competio pela qualidade em mercados-nicho, constituem uma estratgia de suporte ao referido reposi-cionamento5. No existe uma nica soluo no processo de diferen-ciao e competio pela qualidade nem o mesmo tem de abranger todos os produtores dos vrios territrios. Explo-raes extensivas, localizadas em regies rurais, podero

    mais facilmente converter-se produo em modo de produo biolgico. Exploraes intensivas, localizadas em regies urbanas, podero tirar partido da sua proximi-dade das populaes urbanas na produo de produtos frescos e transformados e at constiturem-se em ofertas de turismo e recreio para as referidas populaes. Sejam quais forem as solues encontradas, o reposicionamento na cadeia de valor da produo de leite do continente portugus requer criatividade e inovao, nos circuitos comerciais, nos produtos, nos sistemas de produo, nos animais utilizados, nas formas organizacionais, na qualifi-cao dos recursos humanos, e um envolvimento ativo das organizaes de produtores.

    (4) Sottomayor, M., Costa, L. e Ferreira, M. (2012). Impacto da Reforma da PAC Ps-2013 no Setor do Leite em Portugal. Estudo encomendado pela Federao Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (FENALAC) ao Centro de Estudos de Gesto e Economia Aplicada (CEGEA) da Catlica Porto. Porto, 6 de Julho de 2012.(5) Um exemplo destes mercados nicho potenciais para produtos portugueses de qualidade o da rede de mercearias portuguesas espalhadas pelo mundo. Outro exemplo o das vendas porta da explorao. A

    FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    9

  • IMPORTNCIA DA CULTURA FORRAGEIRA DE OUTONO/INVERNO NA REGIONa bacia leiteira da Regio do Entre Douro e Minho, a alimentao animal assegurada, sobretudo, pela produo de milho silagem como cultura de Primavera/ /Vero (entre Maio e Setembro) e de erva (para silagem, feno ou corte em verde) como cultura de Outono/Inverno (entre Outubro e Abril). Neste sistema produtivo, esta sucesso de culturas forrageiras (comum nos ltimos 40 anos), assume um papel extremamente importante como base da alimentao animal. Todavia, a intensificao do setor leiteiro (aumento do nmero de animais por hectare de solo agrcola das exploraes) e o exponencial aumento dos preos dos alimentos adquiridos ao exterior, tais como, palha, concentrados e matrias-primas, levaram os Bovi-nicultores a darem mais importncia e prestar maiores cuidados produo da cultura de Outono/Inverno.No contexto atual, a produo de ervas nas exploraes

    PREPARAO DO TERRENO PARA AS CULTURAS FORRAGEIRA DE OUTONO/INVERNO

    de bovinicultura leiteira, um dos pontos-chave para a sustentabilidade do setor na nossa Regio. nosso objetivo disponibilizar informao tcnica sobre boas prticas para a instalao da cultura nesta poca do ano.

    ESCOLHA DAS SEMENTES DAS CULTURAS DE OUTONO/ /INVERNOA escolha das espcies a semear determinada pelas carac-tersticas das parcelas, o destino a dar s forragens (silagem, corte em verde, entre outras) e a resistncia a doenas. Os fatores determinantes associados s caractersticas do solo que influenciam a escolhas das espcies a semear so os seguintes: tipo de solo, classe de textura, valor de pH, regime trmico (temperatura) e hdrico (sobretudo nos perodos de encharcamento) do solo. Relativamente aos fatores associados ao destino da forragem, na escolha das espcies a cultivar, deve ser tido em considerao a utilizao, nomeadamente: produo de feno ou silagem,

    PRTICAS AGRCOLAS

    Texto ENG. RUI PEDRO RIBEIRO FAGRICOOP - COOPERATIVA AGRCOLA DE VILA NOVA DE FAMALICO

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    10

  • pastoreio, utilizao em verde com corte nico ou mltiplo. Tem, ainda, de se atender precocidade da cultura, possi-bilidade ou no regenerao ps-corte, nvel de produo de matria seca, resistncia a doenas, resistncia a acama, resistncia ao frio, e a poca de sementeira das espcies que se pretendem semear.Nos ltimos anos, tem-se verificado um aumento crescente da utilizao de misturas de gramneas com leguminosas. As vantagens de utilizao destas so a fixao de azoto, resultando em forragens com elevados valores de protena e fcil digestibilidade, e a reduo da aplicao de ferti-lizantes azotados (orgnicos e/ou minerais). importante que nas misturas de sementes leguminosas com sementes gramneas, aquelas estejam inoculadas com Rhizobium adequado para cada espcie de planta, cuja presena vai contribuir para que ocorra fixao de azoto da atmosfera para a nutrio das plantas, o que evita a aplicao de ferti-lizantes azotados.

    PREPARAO DO SOLOMTODOS DE MOBILIZAO DO SOLOOs dois principais processos de mobilizao do solo utili-zados na Regio, so a mobilizao total e a mobilizao parcial. A mobilizao total faz-se com recurso a mquinas agr-colas tradicionais, de baixo custo e manuteno, como por exemplo, grades de discos e fresas, e de mquinas agrcolas mais sofisticadas com a utilizao simultnea ou sucessiva de rototerra e semeador. Este processo tem particular inte-resse nos casos em que o terreno apresenta condies dif-ceis para a realizao da sementeira, sobretudo: presena de infestantes, aplicao/incorporao de chorumes, proceder incorporao de calcrio e/ou de fertilizantes minerais (adubos), necessidade de nivelamento/alisa-mento do terreno para facilitar a circulao das mquinas de colheita da cultura, atenuao da compactao do solo

    resultante da passagem de mquinas pesadas de colheita do milho silagem.A sementeira direta da cultura de Outono/Inverno o exemplo de mobilizao parcial empregue na Regio. Neste sistema de cultivo no existe mobilizao do solo antes de realizao da sementeira. O semeador utilizado apresenta caractersticas especficas que permitem que a erva seja semeada em linhas distanciadas 16 cm entre si. Antes da sementeira, aplicado herbicida (glifosato), com o objetivo de eliminar as infestantes que se desenvolveram durante a cultura de milho silagem e/ou novas plantas infestantes, que, entretanto, tenham germinado entre a colheita da silagem de milho e a sementeira da cultura de Outono/Inverno. a opo mais correta para terrenos com grande inclinao, evitando-se, assim, a eroso do solo e re-sementeiras dessa cultura. Por outro lado, esta tcnica conduz melhoria da qualidade dos cobertos vegetais instalados (onde existiu a introduo de espcies alterna-tivas) e da estrutura do solo, bem como uma maior facili-dade de entrada das alfaias agrcolas no perodo de excesso de gua no solo.Independente do mtodo de mobilizao do solo, tem-se

    MOBILIZAO PARCIAL DO SOLO MOBILIZAO TOTAL DO SOLO A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    11

  • assistido a um aumento crescente da utilizao de semea-dores para pequenas sementes que so cultivadas no Outono/Inverno. Este tipo de mquinas agrcolas tem grandes vantagens no que respeita densidade de semen-teira, pelo facto de a sua utilizao acarretar: um menor consumo de sementes para obteno da densidade de sementeira pretendida aquando distribuio da semente, e regularidade na profundidade pretendida aquando da distribuio da semente ao solo. Os fatores anteriormente descritos so extremamente importantes para diminuio dos custos de sementeira e obteno de produes de qualidade da cultura de Outono/Inverno.

    PREPARAO DO SOLOA tcnica de preparao do solo depende das condies do terreno e das espcies a instalar. Na opo pela mobi-lizao total, como forma de preparao, relevante que os primeiros 5 a 10 cm de terreno sofram uma mobilizao no muito intensa e, aps passagem, a sua superfcie rela-tivamente plana.

    Mistura de leguminosas com gramneas

    em verde, entre outros). Se preferir o aproveitamento da forragem por cortes mltiplos, recomenda-se que a sementeira seja realizada o mais cedo possvel logo aps a colheita do milho silagem. No caso do aproveitamento por corte nico, recomenda-se que a sementeira seja reali-zada no final do ms de Outubro. Como j foi referido, na sementeira precoce da cultura de Outono/Inverno pode ser esperada uma grande infestao da cultura por ervas daninhas (infestantes). Esta situao mais dramtica no cultivo de leguminosas.Outra condio que contribui para a definio da data de sementeira a humidade e a temperatura do solo. Com teor de humidade reduzido e temperaturas altas (tal como ocorreu no ano agrcola anterior, mais precisamente nos meses de Setembro e Outubro), a germinao das sementes da cultura instalada ser heterognea e o abrolhamento ocorrer tardiamente. O excesso de humidade provoca atrasos na data de sementeira, devido dificuldade na entrada das mquinas agrcolas nas parcelas e, alm disso, estas condies propiciam a asfixia do sistema radicular das plantas quando semeadas nestas condies.

    DENSIDADE DE SEMENTEIRAA densidade de sementeira recomendada pelo forne-cedor de sementes deve ser respeitada. Quando o solo apresenta boas condies de humidade, temperatura e est bem preparado, as doses de sementeira sero respei-tadas. No caso de qualquer uma das condies anteriores no estarem reunidas, devemos aumentar a sua densi-dade em 10 a 15 %. Nas misturas de sementes de gram-neas com leguminosas, as doses excessivas das primeiras favorecem-nas em detrimento das segundas, resultante do ensombramento destas. PROFUNDIDADE DE SEMENTEIRANo caso da mistura de sementes gramneas com legumi-nosas, o enterramento das sementes dever ser feito recor-rendo a um rolo compactador, o qual dever colocar as sementes entre os primeiros 0,5 a 1 cm de profundidade de solo.As sementes de gramneas conseguem germinar desde que sejam semeadas a uma profundidade inferior a 4 cm. Se a sementeira foi realizada com solo seco, as sementes devero ser colocadas a uma profundidade entre 3 e 4 cm. Nas sementeiras com solo hmido, a colocao da semente entre 1 e 2 cm de profundidade suficiente para ocorrer uma boa emergncia.

    Se forem semeadas plantas leguminosas, tais como, luzerna ou trevos, importante que o solo/terra esteja bem desfeito/desfeita, mas sem que esteja demasiado esmiu-ado. No caso de serem gramneas, a sua ligeira mobili-zao, com recurso a uma gradagem, ser suficiente na maioria das situaes. Se existir suspeita de concentraes elevadas de herbicidas aplicados cultura do milho silagem, (aps comprovao visual dos sintomas nos anos anteriores) deve proceder-se mobilizao do solo com recurso a um riper para ajudar a reduzir a toxicidade presente no seu perfil.

    SEMENTEIRAA data de sementeira condicionada pelo objetivo preten-dido em termos de produo da forragem (silagem, corte

    PRTICAS AGRCOLAS

    MISTURA DE LEGUMINOSAS COM GRAMNEAS

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    12

  • ROLAGEM A rolagem realiza-se aps a sementeira. Com esta operao pretende-se: regularizar o solo e promover o enterramento de pedras existentes superfcie, contribuindo, desta forma, para a minimizao de potenciais danos sobre as mquinas de colheita. Poder ser utilizada com o intuito de incorporar sementes, principalmente, no caso da semen-teira de trevos.

    FERTILIZAOAntes da instalao de qualquer cultura, devemos analisar o solo, no s para ficarmos a conhecer a sua fertilidade, mas tambm para aferirmos quais nutrientes e quanti-dades necessrios a aplicar, para, assim, garantirmos um efetivo e pleno desenvolvimento das plantas. usual nas exploraes pecurias da Regio a utilizao de estrumes/chorumes e correo do valor de pH do solo das parcelas agrcolas durante a instalao da cultura e, tambm, durante o desenvolvimento da mesma. A apli-cao de fertilizantes orgnicos (estrumes/chorumes) considerada uma forma de reciclagem de nutrientes na explorao, sendo encarada como uma valorizao agr-cola de efluentes pecurios.Na instalao da cultura devemos dar especial ateno manuteno ou correo dos teores de fsforo e potssio no solo. Alm disso, devem avaliar-se as necessidades em termos de adubao azotada, aps cada corte ou durante o desenvolvimento normal das plantas, tendo em conside-rao as recomendaes tcnicas relativamente s pocas de aplicao. Depois da gua, o azoto o elemento mais importante para o desenvolvimento e crescimento das plantas, sendo, por essa razo, preponderante a sua gesto. Nesse sentido, a fertilizao azotada tem como objetivo proporcionar s plantas o elemento determinante na produo de matria seca. Para melhorar a eficcia da aplicao de azoto fundamental que as necessidades globais da cultura insta-lada sejam ministradas de forma fracionada (mais do que uma vez durante o ciclo da cultura). No caso de se proceder aplicao de azoto (proveniente de adies de chorume ou de adubo mineral) em culturas com leguminosas, esta deve ser realizada com cautela, uma vez que o excesso de azoto no solo levar a uma reduo do nmero de plantas leguminosas.Outro aspeto a referir na gesto da fertilidade do solo das parcelas agrcolas o valor do seu pH. Para a maioria dos casos, este deve ser 7. No Quadro I apresentam-se os

    intervalos ptimos de valor de pH para gramneas e legu-minosas vulgarmente cultivadas na nossa Regio.

    QUADRO I VALORES TIMOS DE PH DO SOLO (PH EM GUA)

    PARA DIFERENTES CULTURAS FORRAGEIRAS E PRATENSES.

    CULTURA INTERVALO PTIMO DE PH

    Aveia 5.0-7.0

    Azevm 6.0-7.0

    Luzerna 6.5-8.0

    Trevo branco 5.5-7.0

    Trevo Violeta 6.0-7.5

    Trevo encarnado 5.5-7.0

    (Fonte: LQRS)

    MANUTENO DA CULTURAUma boa manuteno da cultura de Outono/Inverno determinante para o sucesso desta. Genericamente, realizam-se fertilizaes azotadas, de origem mineral ou orgnica, durante o desenvolvimento da cultura. A preveno do aparecimento das infestantes mais eficaz quando a sementeira realizada o mais tarde possvel, se efetuam cortes de limpeza e se aplicam herbicidas para infestantes de folha larga.

    PRAGASNos ltimos anos tm ocorrido ataques de pragas com consequncias graves para a cultura de Outono/Inverno. As parcelas apresentam manchas circulares. importante saber distinguir a diferena entre o ataque de pragas e o problema decorrente da aplicao excessiva de herbicidas cultura de milho silagem e/ou problemas de fertilidade de solo.As pragas mais comuns so a scutigerella e as melolontas. As plantas atacadas apresentam inicialmente sintomas de amarelecimento geral das folhas (cloroses), depois as pontas destas ficam castanhas (necroses), conduzindo morte das plantas infetadas. As pragas, no estado larvar, atacam o sistema radicular dificultando a penetrao das razes no solo e consequente impedimento da absoro de nutrientes.Com o objetivo de detetar precocemente os ataques de pragas e de forma a intervir de forma imediata, devem ser feitas observaes regulares s plantas durante o desen-volvimento inicial da cultura. Um tratamento precoce aos primeiros estragos decorrentes desta situao sempre mais econmico do que uma interveno tardia. No tratamento das melolontas, so vulgarmente so apli-cados inseticidas de contacto, logo a seguir ao apareci-mento dos primeiros sintomas. No caso de ataque de scutigerella, o ideal ministrar inseticidas com formulao granulada, imediatamente antes da sementeira da cultura. A

    FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    13

  • ENTREVISTA

    Texto Dr. FILIPE SILVAFotos ARQUIVO AGROS

    A Fora da Unio (F.U.) - Atualmente, como caracteriza a vida agrcola na rea social da COOPALIMA?Eng. Carlos Lago (C.L.) - H j alguns anos que os nossos Associados abraaram este projeto e, cada vez mais, as pessoas querem tornar-se scias da COOPALIMA. Por outro lado, posso dizer que somos um concelho eminen-temente rural, comeando, agora, a aparecer os pequenos Agricultores. A crise, por vezes, potencia estas oportuni-dades. Temos mantido a atividade agrcola, e, no caso parti-cular da nossa fileira, no perdemos Produtores, apesar da margem de lucro ser cada vez mais reduzida.

    (F.U.) - Quantas seces existem na vossa Cooperativa. O que vos levou a cri-las?(C.L.) -Neste momento, quatro: Compra e Venda, Gesto, OPP/ADS e do Leite. A sua criao, visou, essencialmente, permitir aos nossos Associados uma melhor resoluo das situaes com que estes se deparavam no seu dia-a-dia nas exploraes. Todas elas so muito importantes, mas, por razes bvias, quero destacar a de Compra e Venda e a Leiteira.

    (F.U.) - Quais os servios disponibilizados?(C.L.) - O Apoio Tcnico nas mais diversas reas (Comer-cial, Candidaturas, Projetos Agrcolas, Sanidade e Identifi-cao Animal, SNIRA, Farmcia de Produtos Veterinrios, Inseminao, Contraste). Considero que conseguimos ser abrangentes, tendo em conta as necessidades dos Produ-tores. Temos, igualmente, um posto de combustveis com gasleo agrcola e rodovirio.

    A COOPALIMA Cooperativa Agrcola dos Agricultores do Vale do Lima foi fundada, por via de escritura pblica, no dia 15 de fevereiro de 1977, aps a extino do Grmio da Lavoura de Ponte de Lima. No ano de 1978, tornou-se asso-ciada da Agros, U.C.R.L.. Atualmente, conta com 22 Colabo-radores e 1200 Cooperantes. No pretrito ano o seu volume de negcios foi de 7.148.827.06 , com um total de proveitos de 7.243.765.76 . Nesta entrevista, o seu Presidente, Eng. Carlos Lago, coadjuvado pelos demais membros da Direo, Eng. Nuno Magalhes, e Senhor Antnio Gonalves, falar-nos- da realidade desta Instituio.

    (F.U.) - Nesta regio do Alto Minho, para alm da produo de leite, que outras atividades ocupam os vossos Agricultores. Como se enquadra a fileira em todo este processo?(C.L.) -Est lado a lado com a do vinho verde. A horti-cultura tambm tem uma certa relevncia, para alm da floresta e do turismo rural. Porm, o leite e o vinho so os mais importantes e relevantes para a economia do nosso concelho. Posso afirmar que no nosso setor existem aproximadamente cem Produtores dispersos por toda esta rea geogrfica, em especial, Poiares, Correlh e Fonto.

    (F.U.) - Presidente desta Organizao desde o ano de 2007. De um modo sucinto, fale do trabalho realizado e o que preconiza para o futuro.(C.L.) - A primeira medida que tomamos foi arrumar a casa e reunir com os Associados da COOPALIMA para lhes expormos o nosso projeto e dizer-lhes que este s faria sentido se eles o sentissem como seu. Ao fim deste cinco anos, podemos dizer que conseguimos fazer com que eles acreditassem naquilo a que nos propusemos fazer. Penso que os resultados so bem visveis. Temos crescido e a ter cada vez mais Agricultores a filiarem-se nesta Organizao. Como j lhe disse, procuramos facultar-lhes produtos e servios de qualidade e a um bom preo. Futuramente, posso garantir que vamos da continuidade a uma gesto saudvel da Cooperativa, mas sempre com o pensamento em fazer cada vez mais e melhor. Neste sentido, queremos, brevemente, aumentar a rea da nossa loja.

    EDIFCIO SEDE

    Da esquerda para a direita: Eng. Nuno Magalhes , Eng. Carlos Lago e Antnio Magalhes

    DIREO DA COOPALIMA

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    14

  • (F.U.) - Desde 1978 que esta Instituio est ligada Agros, U.C.R.L.. Considera profcua esta unio?(C.L.) - Sim. E considero que se queremos crescer e ganhar escala, teremos de estar unidos para vencer os desafios. No que ao nosso mandato diz respeito, neste cinco anos, tivemos sempre o apoio da nossa Unio de Cooperativas. De ento para c, as pessoas que presidiram s suas Dire-es, e que carinhosamente nos apelidavam de rapazes, acreditaram no que preconizmos para a COOPALIMA. Mas esse apoio j remonta h mais de trs dcadas quando nos tornamos uma Cooperativa agrupada da Agros, U.C.R.L.. Sem ele, possivelmente, no estaramos hoje aqui a falar.

    (F.U.) - Como analisa a situao do Setor Coopera-tivo em Portugal?(C.L.) - A este respeito, tenho alguns reparos a fazer. Penso que o Setor Cooperativo melhorou muito nos ltimos anos, mas, julgo que se poder fazer ainda mais em prol daqueles que nele acreditam. No fundo, o que eu quero dizer que ele tem de acompanhar os restantes setores que souberam adaptar-se s circuns-tncias prprias do seu tempo. No podemos trabalhar sozinhos. Isto , temos de abrir o Setor Cooperativo sociedade, envolver outros agentes, faz-los sentir como parte integrante de um projeto. Considero que se devem aproveitar as sinergias existentes para alavancar o Cooperativismo em Portugal. Mesmo dentro da prpria Agros, U.C.R.L . dever prevalecer esse esprito. Repare, quando o Cdigo Cooperativo foi criado, defendia, precisamente, a congregao de esforos das pessoas. E digo mais, s com um Setor Cooperativo forte, que poderemos sair desta situao difcil em que nos encon-tramos. Dever ser este o caminho a seguir.

    (F.U.) - No seu entender, acarretar o fim das quotas leiteiras em 2015?(C.L.) - Estou bastante receoso. Se neste momento se veri-fica um excedente na produo de leite, o que acontecer sem este mecanismo de regulao? H algum tempo, foi aumentado o valor das quotas aos Produtores e, neste momento, os resultados esto vista. Logo, este mecanismo de controlo muito importante, caso contrrio, no ante-vejo nada de bom para a produo nacional. J para no falar no leite que vem, e vir, de outros pases da Europa. tempo de as pessoas se consciencializarem que o nosso Setor Produtivo poder ficar seriamente comprometido.

    (F.U.) - Sendo esta Cooperativa presidida por jovens Agricultores, considera que esse fator poder ser um estmulo para outros que queiram enveredar pela Agricultura?

    (C.L.) - Apesar da nossa juventude, temos connosco pessoas mais velhas e com grande experincia de trabalho no terreno. Efetivamente, se quisermos ver por esse prisma, poderemos ser um modelo a seguir por outros. Se assim for, mais contentes ficaremos. Esta Direo faz questo de contar tudo o que se passa aos seus Associados. Foi um compromisso que assumimos e que manteremos at ao ltimo dia em que c esti-vermos. Estamos sempre sua disposio. tambm com satisfao que lhe digo que neste concelho, princi-palmente na fileira do leite, existem Produtores bastante novos. Muitos filhos esto a levar por diante os projetos dos seus pais.

    (F.U.) - No passado ms de Junho, realizou-se, em Ponte de Lima, o V Concurso da Raa Frsia do Alto Minho. Que balano faz deste Evento?(C.L.) - Bastante positivo. Em virtude de termos atingido os objetivos delineados. Foi bastante gratificante ver as pessoas que no conheciam esta atividade a procurarem inteirarem-se de como se processa parte do ciclo do leite. Por outro lado, podemos demonstrar a importncia que a Raa Frsia tem para esta regio e, em particular, para o concelho. Outras Entidades, e destaco aqui a Cmara Municipal de Ponte de Lima, felicitaram-nos pelo trabalho que desenvolvemos, inclusive, disseram-nos que, futura-mente, poderamos contar com o seu apoio. Sentimos que devamos envolver o Produtores neste Evento e foi isso que fizemos. Obviamente, teremos de melhorar em alguns aspetos, mas estamos c para o fazer, se, para o ano, formos novamente os anfitries deste Concurso.

    (F.U.) - Para finalizar, o que lhe apraz transmitir aos vossos associados.(C.L.) - Agradecer-lhes, desde a primeira hora, terem confiado nas nossas ideias. necessrio estarmos unidos em torno do projeto da COOPALIMA, pois, s desta forma, ser possvel enfrentar o futuro com mais otimismo. Tudo faremos para continuar a merecer o seu reconhecimento. Se assim for, sinal que o nosso trabalho est a ser positivo.

    LOJA DA COOPERATIVA

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    15

  • HISTRIAS DE VIDA...A

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    16

    Texto Dr. FILIPE SILVAFotos ARQUIVO AGROS

    ALGURES ENTRE DOURO E MINHOE TRS-OS-MONTES

    Nome da ExploraoEncanto Natural Agropecuria, Lda.Scios GerentesFernando Norberto Batista GonalvesJoo Antnio Batista GonalvesNaturalidade / ResidnciaPoiares (Ponte de Lima)

    Formao 6. Ano de escolaridade (ambos); curso de podologia de bovinos (ambos); curso de nutrio animal (ambos); curso de inseminao artificial (ambos); curso de higiene animal (Norberto Batista ) curso de fertilizao dos solos (Norberto Batista); curso de fitofrmacos (Norberto Batista); curso de Jovem Empresrio Agrcola (Norberto Batista).

    Experincia profissional adquirida na exploraoObjectivos futuros: fazer crescer a rentabilidade da explorao (nmero de animais e quantidade de leite entregue); criar as condies ideais para garantir o bem-estar animal; continuar a ser reconhecidos nos concursos pecurios pela excelncia dos animais apresentados.

    Quota Leiteira e Produo Mdia Mensal na presente campanha (2011/2012)Quota leiteira 973.073 Kg.Produo mdia mensal 80.000Litros (referente a campanha 2011/12)Mdia por animal aos 305 dias 10.051 Litros (referente a 2011)

    O Senhor Norberto Gonalves, e seu irmo Joo, em 1991, comearam a envolver-se mais afincadamente no trabalho da explorao de seu pai. Por esta altura, este tinha dezoito vacas e era proprie-trio de uma sala de ordenha coletiva. Porm, considerou que havia chegado a hora de seus filhos se tornarem, na verdadeira aceo da palavra, empre-srios agrcolas. Em 1992, importmos cerca de vinte animais e comemos a produzir com 220.000 de quota. Este ano faz, precisamente, vinte anos que inicimos esse projeto. Ainda segundo o Senhor Norberto, este crescimento foi sustentado. Repare que, neste momento, temos cerca de 180 animais. Porm, o grande impulso para o nosso crescimento ocorreu no ano 2000. Por essa altura, arren-dmos uma outra explorao numa freguesia vizinha. Mas constatamos que essa situao no era rentvel, e decidimos, em 2008, ampliar o espao onde estamos agora e trazer os 40 animais a existentes para aqui. No posso, igualmente, deixar de salientar todo o trabalho desenvol-vido pelo Departamento de Produo de Leite da Agros, U.C.R.L. que foi, e , bastante importante para nos ajudar a obter leite com mais e melhor quali-dade. Por outro lado, considero que as Empresas do Grupo Agros devero agir em sintonia, tendo em ateno as nossas necessidades. Repare que, quando muitas delas foram constitu-das, o nmero de Produtores eram muito maior, logo, na atual conjun-tura, tero de se ajustar a estes novos tempos.No futuro, queremos dar continui-dade ao que temos vindo a fazer at hoje. A rea existente permite-nos fazer uma gesto equilibrada, sem recorrer a mo-de-obra exterior.

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    17

    Tambm no sabemos se os nossos descendentes querem dar continui-dade ao que iniciamos. Vamos ver, penso que o meu filho Norberto, de treze anos, aquele que demonstra mais vontade em faz-lo. de gente jovem que a nossa Agricultura neces-sita, caso contrrio, corremos o risco, de, daqui a alguns anos, os campos estarem abandonados. Defendemos que devem existir polticas que incen-tivem os mais novos a apostar no Setor Primrio e a orgulharem-se do que fazem.No que respeita aos inmeros prmios j conquistados pelos seus animais, estes dois jovens Empres-rios Agrcolas salientaram que tudo o que conseguimos foi fruto de muito esforo e dedicao. Quando iniciamos a atividade, ganhmos o prmio de Jovens Agricultores do Distrito de Viana do Castelo. Desde logo, para ns, esse reconhecimento

    foi muito importante e deu-nos moti-vao extra para prosseguirmos o que at ento havamos feito. Os trofus que conseguimos arrecadar em vrios concursos, so o corolrio de tudo o que foi feito ao longo de todo este tempo (emparelhamento, melhora-mento gentico).Para finalizar, quiseram apelar ao ressurgimento do espirito Coopera-tivista no nosso Pas, pois, s assim poderemos encarar o futuro com otimismo, e sabendo que temos organizaes fortes e capazes de nos defender. De h vinte anos a esta parte que nos deparamos com problemas, mas sempre soubemos ultrapassar os perodos menos bons. Todavia, neste momento, e tendo em conta que se avizinha a Reforma da PAC, estamos um pouco preocupados em relao ao futuro da fileira. Por exemplo, o RP1 vai ser desvalorizado. Ora, isto muito mau.

    A Sociedade Agropecuria Encanto Natural, Lda. um exemplo a seguir. H duas dcadas, dois jovens deci-diram abraar o projeto do seu progenitor. Hoje, so dois Empresrios Agrcolas de sucesso, fruto da dedicao e profissionalismo com que sempre souberam gerir esta atividade. Inserida no Vale do Lima, zona de excelncia para a produo de leite, esta explorao familiar soube adaptar-se ao seu tempo. Os consecutivos prmios obtidos pelos seus animais, so a prova disso mesmo, pois, s com muito trabalho e devoo a esta causa foi possvel atingir os resultados obtidos.

    RECURSOS HUMANOSO trabalho realizado na explorao assegurado, em permanncia, por cinco pessoas: o Senhor Norberto Gonalves, sua esposa D. Rosa Gonalves, o Senhor Joo Gonalves, sua esposa Aurora Gonalves, e pela D. Maria, colaboradora da explorao. O Senhor Norberto o responsvel pela alimentao animal, ordenha, assis-tncia veterinria, o Senhor Joo encar-rega-se do UNIFEED e das mquinas agrcolas, e as Senhoras dedicam-se ordenha, recria e lides domsticas. DESCRIO DO EFETIVO, DA REA OCUPADA PELA EXPLORAO, DOS EQUIPAMENTOS E DAS MQUINAS AGRCOLASO efetivo composto, aproximada-mente, por cerca de 188 animais (97 adultas 90 em lactao e sete secas; 66 novilhas e 25 vitelos). Possui uma rea de 25 hectares, divididos para vrios tipos de produes, cultivan-do-se, no Outono/Inverno, erva, e, na Primavera/Vero, milho (silagem). Possuem, entre outros, os seguintes equipamentos: trs tratores, duas cisternas, uma charrua de trs ferros, um UNIFEED, uma retrofresa, distri-buidores... MANEIO ALIMENTAROs animais esto divididos em dois lotes medias e altas sendo feita uma dieta base de palha 1,200 kg, rolo de misturas com 15% de protena 3kg , silagem de milho 31kg, mistura 8,5kg por vaca, sendo reforado no lote das altas mais 2kg de mistura por vaca. As secas so alimentadas com silagem de erva e de milho, mistura prpria e palha. Os vitelos so desmamados aos trs meses de vida e as novilhas alimentam-se de mistura adequada sua faixa etria. DADOS SANITRIOSEsta foi uma das primeiras exploraes a aderir ao BOVICONTROL. Possui o estatuto indemne para a Peripneu-monia contagiosa dos bovinos, Tuber-culose, Brucelose e Leucose. Todos os animais que vo a concursos so vacinados, evitando-se, desta forma, a importao de certas patologias como o BVD e o IBR.

  • DESCOBERTA DE

    VISTA AREA

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    18

    Texto e Fotos CMARA MUNICIPAL DE PONTE DE LIMA

    Em pleno corao do Vale do Lima, a beleza castia e peculiar da vila mais antiga de Portugal, esconde razes profundas e lendas ancestrais, desde tempos pr-histricos. Foi a Rainha D. Teresa quem, na

    longnqua data de 4 de Maro de 1125, outorgou carta de foral vila, referindo-se mesma como Terra de Ponte. Mais tarde, j no sculo XIV, D. Pedro I, atendendo posio geo-estratgica de Ponte de Lima, mandou muralh-la. O resul-tado final foi o de um burgo medieval cercado de muralhas e nove torres, das quais ainda subsistem duas, vrios vest-gios das restantes e de toda a estrutura defensiva de ento, fazendo-se o acesso vila atravs de seis portas.A ponte, que deu nome a esta nobre terra, adquiriu sempre uma importncia de grande significado em todo o Alto Minho, atendendo a ser a nica passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extenso, at aos finais da Idade Mdia. A primitiva foi construda pelos romanos, existindo ainda dela um troo significativo na margem direita do Lima, sendo a medieval um marco notvel da arquitectura, havendo muito poucos exemplos que se lhe comparem na altivez, beleza e equilbrio do seu todo. Referncia obriga-tria em roteiros, guias e mapas, muitos deles antigos, que descrevem a passagem por ela de milhares de peregrinos que demandavam a Santiago de Compostela e que ainda nos dias de hoje a transpem com a mesma finalidade. A partir do sculo XVIII, a expanso urbana surge e, com ela, o incio da destruio da muralha que abraava a vila.

    PONTEDE LIMA

  • IGREJA MATRIZ

    PAO DO ALCAIDE

    PAOS DO CONCELHO

    FEIRAS NOVAS A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    19

    Comea a prosperar, por todo o concelho de Ponte de Lima, a opulncia das casas senhoriais que a nobreza da poca se encarregou de disseminar. Ao longo dos tempos, Ponte de Lima foi, assim, somando sua beleza natural magnficas fachadas gticas, maneiristas, barrocas, neoclssicas e oito-centistas, aumentando significativamente o valor histrico, cultural e arquitectnico deste rinco nico em todo o Portugal.No faltam motivos para visitar Ponte de Lima. No entanto, existem duas datas em que essa visita quase obrigatria: na Vaca das Cordas secular tradio que remonta ao sculo XV e as comummente designadas Feiras Novas que atraem todos os anos, no segundo domingo de setembro, milhares de pessoas a esta localidade. As rusgas, cantares ao desafio, o folclore e outras manifestaes de carter etnogrfico, transformam esta romaria no maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal.No que ao artesanato diz respeito, no faltam testemu-nhos do intenso e excelente labor destas gentes: bordados, cestaria, cantaria, cermica, funilaria, instrumentos musicais, luminrias, mveis, talha, rendas, tecelagem, entre outros.O vasto Patrimnio Ambiental, merece, igualmente, ser referenciado. Assim, os trilhos e as ecovias so a resposta para os amantes da natureza. Todavia, no nos podemos esquecer da Quinta de Pentieiros e da rea de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e de S. Pedro de Arcos, verdadeiros templos e cones da preservao ambiental.

  • O SETOR PRODUTIVOA

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    20

    CLAUDICAES NAS VACAS LEITEIRAS(Parte 1)

    CLAUDICAES NAS VACAS LEITEIRASAs claudicaes (coxeiras) nas vacas leiteiras caracterizam-se pela incapaci-dade dos animais caminharem normalmente (Quadro I), verificando-se uma ausncia de simetria na sua marcha (Eggleston e Maas,2009).

    QUADRO I CLASSIFICAO DE COXEIRAS E USO DE CRITRIOS (ADAPTADO DE

    THOMSEN ET AL, 2008).

    PONTUAO DESCRIOLINHA DORSAL

    PARADA

    LINHA DORSAL

    EM ANDAMENTOCOXEIRA

    1 Normal. O animal pra e caminha normalmente. direita direita no

    2Coxeira ligeira. O animal caminha quase sempre

    normalmente.direita arqueada no

    3

    Coxeira moderada. O animal d passadas

    curtas com uma ou mais patas.

    arqueada arqueada n/s

    4Coxeira grave. Animal

    est a coxear de uma ou mais patas.

    arqueada arqueada sim

    5

    Coxeira severa. Animal tem grandes dificuldades em apoiar-se em uma ou

    mais patas.Levanta-se com muito

    custo.

    arqueada arqueada sim

    Texto ENG. PATRCIO VIVEIROSDEPARTAMENTO DE PRODUO DE LEITE

    Segundo Serro (2011), cerca de 90% das coxeiras ocorrem nos membros poste-riores (patas traseiras), 83,9% na unha lateral e 12,1% na unha medial do membro anterior.Hoje em dia, esta patologia tida como um dos mais graves problemas de bem--estar animal zootcnico (B.A.Z.) nas vacas leiteiras de alta produo (V.L.A.P.) e com maior impacto na indstria leiteira europeia (Whay et al.,2003). So vrias as consequncias negativas, destacando-se: a reduo da produo de leite (Green et al., 2002), o decrscimo dos indicadores de fertilidade (Garbarino et al., 2004), a diminuio da condio corporal (O`Calalgan, 2002), as visitas mquina de ordenha e/ou robot (klaas et al., 2003), a menor longevidade (EFSA,2009) e o aumento da taxa de refugo (Booth et al., 2004).Tambm a nvel econmico, na opinio de diversos especialistas, as coxeiras so consideradas como a terceira maior causa de perdas para os produtores de leite, logo aps os problemas de mastites e reprodutivos.

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    21

    1 ANATOMIA E MORFOLOGIA DAS UNHAS DAS VACASComo j foi referido anteriormente, a maioria das coxeiras nos bovinos de leite ocorrem na regio digital das patas traseiras. Assim, prope-se uma viso geral da confor-mao do p.1.1 - Conformao exterior do P Cada p constitudo por duas ngulas (unhas) ou cascos e por duas ngulas acessrias. Exteriormente, cada unha (Fig. 1) constituda por uma parede ou muralha, uma sola e um talo (Serro A.P., 2007).A parede a parte do casco visvel, quando o animal est de p. A pina situa-se na poro frontal da parede e o talo ou bolbo na poro caudal. A zona que entra em contacto com o solo a sola, sendo esta, mais macia que a parede. A zona de juno entre ambas denomina-se de linha branca (Serro A.P., 2007).

    Fig.1 Face externa da unha (Serro A.P., 2007).

    1.2- Conformao Interna do P A unha formada por uma parede crnea que, por sua vez, produzida pelo crion ou sabugo (Fig.2). Este tem um duplo papel: d origem crnea e serve de amorte-cedor dos choques sofridos pelo p, no decurso da loco-moo (Serro A.P., 2007).A sola da unha produzida pelo crion da sola.

    Fig. 2 Esquema anatmico do casco (Fonte: Guia de Podologia da Bayer).

    2 - AFEES PODAISCerca de 90% das claudicaes nas vacas leiteiras resultam de leses podais dolorosas (Murray et al., 1996, cit. Cunha 2010). Segundo Serro (2007), as afees podem ser primrias (dermatite digital e interdigital, panarcio e laminite) e secundrias (lcera da sola, abcessos podais, tiloma e a eroso do talo).2.1. Leses primrias 2.1.1. Dermatite Digital: uma ferida superficial circuns-crita, localizada geralmente na pele plantar da quar-tela, entre os tales e em contacto direto com a coroa (Fig.3A e 3C). Por vezes, tambm pode estar inserida na pele plantar dorsal. Esta dermatite provocada por bact-rias de natureza contagiosa, e uma leso que se deve falta de higiene e ao excesso de humidade nas instalaes. As vacas afetadas coxeiam muito ou pouco, consoante o grau da leso. Esta provoca hemorragias sendo, por vezes, muito dolorosa (Serro A.P., 2007).

    Fig.3 Leses primrias.

    2.1.2. - Dermatite Interdigital: uma inflamao da pele no espao interdigital (Fig.3B). Esta doena provocada por bactrias, devido falta de higiene e presena de humidade excessiva nas instalaes. Inicialmente, mani-festa-se atravs de uma leve coxeira devido a deformaes na crnea dos tales, que provocam um aumento da dor e que podero levar a um estado severo e crnico.O tratamento efetua-se atravs de corte curativo dos cascos, limpeza da ferida e aplicao local de tetraciclinas (Serro A.P., 2007).2.1.3. Panarcio: uma inflamao profunda da pele no espao interdigital, provocada por bactrias e trauma-tismos. No incio da doena, os animais coxeiam ligeira-mente de um ou mais ps. Mais tarde, torna-se dolorosa e aparece uma ligeira inflamao na coroa, nos tales e na quartela. Normalmente, esta enfermidade surge nos animais em regime de pastoreio ou alojados em camas com palha.O tratamento consiste no corte curativo dos cascos, limpeza geral e aplicao local de tetraciclinas (Serro A.P., 2007).

    2

    Fig.1 Face externa da unha (Serro A.P., 2007).

    Fig. 2 Esquema anatmico do casco (Fonte: Guia de Podologia da Bayer).

    Face externa da unha (Serro A.P., 2007).

    Esquema anatmico do casco (Fonte:

  • O SETOR PRODUTIVOA

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    22

    2.2.2. Abcessos Podais: uma inflamao purulenta, difusa e localizada no crion ou sabugo, que provoca uma coxeira moderada ou severa. O abcesso na regio da pina origina uma coxeira mais intensa do que quando locali-zada no talo. O seu aparecimento deve-se penetrao de corpos estranhos ou de qualquer objeto contaminado no casco.O tratamento consiste no corte curativo do casco, para efetuar uma drenagem completa do abcesso, e na colo-cao de um taco. Por vezes, basta apenas limpar e aplicar um penso (Serro A.P., 2007).2.2.3. Tiloma: uma massa dura formada pela reao da pele do espao interdigital e/ou tecido subcutneo. A sua principal causa uma irritao crnica devido dermatite interdigital ou do panarcio. Nos casos simples, o seu tratamento consiste, apenas, num corte curativo para descomprimir a leso. Nos casos mais difceis, faz-se uma remoo cirrgica (Serro A.P., 2007).2.2.4. Eroso do Talo: a destruio irregular do talo sob a forma de sulcos ou depresses, formando um V preto. Quando estes so profundos, a destruio dos tales provoca um apoio defeituoso, causando a coxeira. As prin-cipais razes do seu aparecimento so as bactrias que provocam as dermatites interdigitais, o contacto do casco com produtos irritantes e a laminite.O tratamento consiste no corte curativo dos cascos e na aplicao local de tetraciclinas (Serro A.P., 2007).2.2.5. Fissura Vertical: uma fenda vertical na parede do casco e, em algumas situaes, o crion fica descoberto. Quando a fissura ligeira, no h coxeira, mas, no caso de ser profunda, as lminas so afetadas e, por isso, a coxeira torna-se mais severa. As principais causas do seu apare-cimento devem-se s leses traumticas e desidratao dos cascos (fatores ambientais).Nestas situaes, a cirurgia o tratamento mais indicado (Serro A.P., 2007).2.2.6. Fissura Horizontal: consiste num corte trans-versal do crion. uma situao rara e o seu aparecimento deve-se principalmente ao stress. Em determinadas circuns-tncias (afees secundrias), provoca dor e coxeira.

    3 FATORES DE RISCOMuitos dos fatores de risco interagem entre si, mas cada explorao tem os seus. Podem ser externos (agentes ambientais) ou internos (problemas nutricionais e problemas anatmicos da unha), destacando-se os seguintes: 3.1. Fatores genticosNas ltimas dcadas, as vacas leiteiras, de um modo espe-cial as da Raa Holstein-Frsia, foram alvo de uma seleo bastante apurada, de modo a atingirem nveis altos na produo. No nosso pas, essa produo (lactao aos 305

    4

    Fig.4 lcera da sola.

    2.1.4. Laminite: uma doena metablica que origina deformaes no casco, caracterizadas por um cresci-mento anormal. A circulao do sangue nos ps est alte-rada (Serro A.P., 2007). Quando o animal no anda, embora isso raramente acon-tea, estamos na presena de uma laminite aguda (grave). Nas laminites menos graves (subclnicas), a sola apresenta-se amarelada, mole e hemorrgica. Quando as paredes das unhas esto deformadas e apresentam sulcos ou anis muito visveis, estamos na presena de uma laminite crnica.O tratamento consiste numa dieta devidamente balan-ceada, pelo que dever consultar um especialista na matria, nomeadamente, um engenheiro zootcnico. Alm disso, muito importante fazer o corte funcional dos cascos, de modo a evitar as consequncias da laminite (Serro A.P., 2007).

    2.2. Leses secundrias (de um modo geral esto associadas a traumatismos)2.2.1.- lcera da Sola: uma inflamao do crion ou sabugo, localizada e caracterizada, muitas vezes, por uma ferida na sola (Fig. 4). A doena comea por uma pequena hemorragia situada na parte interna da unio da sola com o talo. Com o evoluir da leso, o animal vai desde um ligeiro coxear at uma situao mais dolorosa (fica deitado por causa da dor).Geralmente, esta patologia aparece nas patas traseiras e na unha lateral e deve-se: aos maus pisos, s laminites agudas, falta de cuidado com os cascos, aos maus aprumos e s condies de alojamentos (camas).

    Fig.4 lcera da sola.

    O principal tratamento o corte curativo do casco, de modo a descomprimir a leso. Aplica-se, muitas vezes, um taco na sola do casco, durante trs a quatro semanas, para aligeirar o peso do animal sobre a ferida. Aps a limpeza desta, pode colocar-se um spray de antibitico (Serro A.P., 2007). Nestas situaes, fundamental aguardar o intervalo de segurana e rejeitar o leite. Cumprido esse perodo de tempo deve mandar-se verificar a presena e/ou ausncia de resduos de antibiticos no leite. S quando a amostra for negativa este poder ser novamente aproveitado.

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    23

    dias), por animal, duplicou nos ltimos vinte anos (ABLN, 2011). Associada a esta seleo, estiveram um conjunto de efeitos negativos, entre os quais se destacam a diminuio da ferti-lidade e do tempo de vida produtiva dos animais, assim como o aumento da incidncia das doenas podais. Estes elementos so indicadores do quanto o bem-estar destes animais est comprometido (Osteras & Lund, 2007).3.2. IdadeSegundo Olechnowicz et al. (2010), com o aumento da idade dos animais, diminui o nmero dos que apresentam uma marcha normal. Porm, Demble et al. (2006) referem que a probabilidade destes claudicarem com o avanar da idade vacas com mais de oito anos diminuta. A argumentao desta ideia, provavelmente, deve-se quase inexistncia de bovinos com idade avanada nas exploraes.3.3. AlimentaoUm balanceamento incorreto da dieta pode comprometer o sistema imunitrio do animal e, deste modo, contribuir para o aumento da incidncia das leses de natureza podal. O excesso de concentrado, as forragens com partculas muito pequenas e uma relao concentrado/forragem despro-porcionada, tem como consequncias a diminuio do Ph ruminal e uma alterao do equilbrio bacteriano, levando libertao de endotoxinas. O seu efeito traduz-se na rotura dos pequenos vasos sanguneos, originando um encharca-mento de sangue, hemorragia, e uma reduo no forneci-mento de oxignio e nutrientes para a formao da parede crnea do casco. Tudo isto contribui para o aumento da inci-dncia de leses podais. No Quadro II, podemos observar um exemplo de algumas consequncias que advm da ingesto desequilibrada de certos nutrientes.

    QUADRO II - CONSEQUNCIA DE UMA INGESTO DESEQUI-

    LIBRADA (GREENOUGH, 2009).

    NUTRIENTE CONSEQUNCIAS

    Zinco

    Reduo da qualidade da crnea, aumento da incidncia de panarcio. Tem-se demonstrado que sua suplementao diminui a incidncia de leses podais.

    Cobre Fragilidade e baixa resistncia da crnea.

    Magnsio M formao da cartilagem e dos ossos, dando origem a maus aprumos.

    Selnio

    Excesso de suplementao, provoca alterao da qualidade da protena da ngula, originando no perodo aps parto, um aumento de problemas no casco.

    Clcio M qualidade da crnea.

    Vitamina A Problemas na epiderme e na queratizao.

    Vitamina E Em dietas com baixos nveis, vacas secas, provoca um maior n. de leses no perodo ps-parto.

    Biotina M integridade da crnea da unha e consistncia da mesma.

    3.4. HigieneAs vacas de alta produo defecam cerca de nove a quinze vezes e urinam quatro a dez vezes, por dia (Sahara et al., 1990, Phillips, 1993, citados em EFSA, 2009). Se no existir uma adequada remoo do chorume, os animais permanecem mais tempo em contacto constante com o mesmo. Este contm um conjunto de organismos e agentes qumicos, os quais prejudicam a crnea da unha (torna-se mais fina) e a pele interdigital.Segundo Ekesbo, 1996 (citado em EFSA, 2009), as vacas mantidas em ambientes limpos e secos tm menos probabilidades de desenvolverem problemas de ndole podal. 3.5. Perodo de atividade/perodo de descansoDe um modo geral, uma vaca passa cerca de nove horas/ dia levantada (quatro horas e meia a comer, meia hora a beber, duas horas em exerccio nos corre-dores e duas horas em p nos compartimentos) e as restantes quinze horas a descansar. Mas, segundo Cook (2008), uma vaca precisa de passar, no mnimo, doze horas por dia deitada em camas confortveis.Existem evidncias de que o aumento do tempo de descanso dos animais que permanecem em superfcies limpas, secas e confortveis tem uma repercusso posi-tiva nas coxeiras e na sade das unhas (Cook, 2002).3.6. AlojamentoO desenho das instalaes interfere diretamente na sade podal. Cubculos mal desenhados, camas sujas e hmidas, edifcios mal ventilados e pisos menos adequados, so a chave para o caminho do insucesso. Um cubculo menos bem concebido poder ser o mote para situaes de conflito e de tenso entre os animais. Assim, a sua utilizao ser menor, permanecendo o animal mais tempo de p, com as patas posteriores em cima das fezes e urina, junto da soleira, ao longo do corredor de acesso aos cubculos. Os pisos de cimento so a soluo mais utilizada pelos produtores de leite. Nas zonas com muito trfego animal, indiscutvel que este tipo de piso proporciona timas condies de higiene e limpeza. No entanto, a interao biomecnica da unha com o piso duro de cimento no muito favorvel. Uma vaca, num piso macio, fica com a carga das unhas repartida uniformemente por toda a superfcie da sola. Nos pisos duros, o peso concentra-se em zonas especficas, aumentando o perigo do apare-cimento de coxeiras, especialmente associadas a outros fatores de risco higinicos ou alimentares. Por isso, com estes pisos, prioritrio o tratamento das unhas, porque adapta o pisar da vaca ao piso, repartindo homogenea-mente o peso por toda a unha.

  • Texto ENG. MARGARIDA FURTADO; DR. FILIPE SILVAFotos ARQUIVO AGROS, U.C.R.L.

    No passado dia 6 de Julho, decorreu, no Frum S. Bento Menni, em Barcelos, um colquio subordinado ao tema Poltica Agrcola Comum ps 2012 Perspetivas para o Setor Leiteiro, organizado pela Coope-rativa Agrcola de Barcelos, ao qual assistiram cerca de 350 Produtores de leite da regio.O evento teve incio com a sesso de abertura, proferida pelo Senhor Eng. Jos Carlos Miranda, Presidente desta Organizao, que salientou a importncia e pertinncia das mat-rias a tratar. Apesar de se viverem momentos difceis no setor, funda-mental estarmos preparados para encarar o futuro, na certeza de que Cooperativa Agrcola de Barcelos tudo far para defender os interesses dos seus associados. Seguiram-se as intervenes por parte dos oradores convidados, todos eles, eminentes especialistas nos temas abordados. Eis um pequeno resumo das mesmas.1. Comunicao Eng. Maria Antnia Figueiredo (Secretria Geral Adjunta da CONFAGRI) Os pagamento diretos, na PAC ps 2013.

    Foram apresentadas e explicadas as propostas da Comisso Europeia sobre os temas em negociao, em particular, no que diz respeito aos novos tipos de ajuda e montantes de pagamento previstos; esta comu-nicao foi muito importante para esclarecimento dos presentes acerca das profundas alteraes que as ajudas iro sofrer nos prximos tempos.2. Comunicao Dr. Capoulas dos Santos (Membro da Comisso de Agricultura do Parlamento Europeu; Coordenador para os assuntos agr-colas) As Propostas do Parlamento Europeu. Segundo este orador, a matria propositadamente compli-cada, pois apresenta sete regulamentos e mais de mil artigos. Foi ainda refe-rido que as negociaes entre os 27 Pases da Comunidade Europeia extraordinariamente complexa, em razo da enorme divergncia de inte-resses, principalmente, em relao aos valores a receber por hectare.3. Comunicao Professor Doutor Arlindo Cunha (Professor da Universidade Catlica Portu-ENG. JOS CARLOS MIRANDA

    DIVULGAOA

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    24

  • guesa) Impactos sobre a fileira do leite cenrios possveis. Para este palestrante, o fim das ajudas diretas produo ter um impacto enorme. Os atuais 1114 euros por hectare de explorao pagos aos produtores do Norte e Centro de Portugal ficariam reduzidos a 150, se em 2014 se apli-casse esta medida.. A finalizar, referiu que se fizssemos isto de um dia para o outro, mataramos o setor.4. Comunicao Eng. Fernando Cardoso (Secretrio Geral da FENALAC) Fim das Quotas//Contratos com a Indstria. Para a FENALAC, num cenrio de livre produo, o mecanismo da contratua-lizao afigura-se como nico, ainda que fraco, instrumento de alguma regulao do mercado, no obstante, a grande pecha em matria de abran-gncia da cadeia de valor, uma vez que este instrumento no contempla a Distribuio na presente equao. O Eng. Fernando Cardoso considerou, igualmente, a necessidade de afirmar a convenincia de neste setor existirem contratos que garantam estabilidade, tanto aos produtores

    como aos compradores e, por essa via, aos operadores no mercado.Findas as comunicaes, intervieram no painel de comentadores convi-dados, o Senhor Eng. Mrio Silva Diretor Regional Adjunto da Direo Regional de Agricultura e Pescas do Norte, o Senhor Comendador Manuel dos Santos Gomes Presidente da CONFAGRI; o Senhor Jos Fernando Capela Presidente da Agros, U.C.R.L.; e o Senhor Eng. Jos Carlos Miranda Senhor Presidente da Cooperativa Agrcola de Barcelos. Seguiu-se o espao de debate, muito participado pelos agricultores, com questes colocadas que refletiram um sentimento de grande preocupao sobre o futuro da atividade e at de alguma incredulidade face ao novo cenrio para 2014, resultante da nova PAC.O encerramento deste Evento coube ao Senhor Comendador Manuel dos Santos Gomes que, entre outras consi-deraes, alertou os presentes para o elevado risco que representa a implementao das propostas da Comisso Europeia [nos moldes atuais]

    para a produo de leite nacional e, em particular, para os Produtores de leite do Norte e Centro litoral. Foi tambm enfatizado o impacto que tal medida ter no concelho de Barcelos e em todo o tecido econmico e social desta regio. Ainda em relao PAC, fez referncia ao futuro do sistema de quotas, dossi particularmente sensvel para Portugal, afirmando que uma eventual confirmao do seu fim, em 2015, seria nefasta para a produo de leite nacional e para toda a cadeia de valor a jusante. Por fim deixou algumas certezas quanto atuao das organizaes ligadas ao Setor: da parte dos responsveis das Organizaes podem estar certos que tudo faremos para criar um quadro propcio aos novos desafios, sendo de salientar os esforos para criao de um banco de terras que promova o acesso s reas no cultivadas ou abandonadas. Terminou com uma mensagem muito positiva, dizendo que depois da tempestade, de certeza que vir a bonana resta-nos manter a nossa unio, a nossa cooperao e a nossa fora!

    1. PAINEL 2. PAINEL

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    25

  • EVENTOS

    Texto DR. FILIPE SILVAFotos ARQUIVO AGROS, U.C.R.L.

    A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    26

    Tal como nos anos anteriores, a Feira do Vinho Verde e Produtos Regionais de Ponte de Lima atraiu, este ano,

    vila mais antiga de Portugal, nos dias 15,16 e 17 de Junho, milhares de visi-tantes. Porm, nesta que foi a sua 22. Edio, existiu um outro motivo suplementar de interesse, a integrao do V Concurso da Raa Frsia do Alto Minho. A organizao esteve a cargo da Cmara Municipal de Ponte de Lima, da Escola Profissional de Agricultura de Ponte de Lima e da COOPALIMA Cooperativa Agrcola dos Agricul-tores do Vale do Lima , contando, igualmente, com o apoio do Crdito Agrcola, da Associao Portuguesa de Criadores de Raa Frsia (APCRF), da Associao para o Apoio Bovini-

    V CONCURSODA RAA FRSIA DO ALTO MINHO

    DA ESQUERDA PARA A DIREITA: DR. ABEL BAPTISTA, ENG. DANIEL CAMPELO, ENG. VITOR MENDES, ENG. CARLOS LAGO, ENG. ESTELA ALMEIDA E DR. MIGUEL PIRES DA SILVA

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    27

    mento Rural Eng. Daniel Campelo , que, no decorrer da visita ao recinto da Feira, no stand do Grupo Agros, como vem sendo hbito, fez um brinde ao consumo de leite genuinamente portugus, salientado, a este respeito, a interessante ideia que tem vindo a ser desenvolvida pela Agros para a promover e divulgar o nosso leite. Alis, j antes, tanto na inaugurao do Espao Agros como na AGRO 2012, estive presente neste momento.No que vertente expositiva respeita, a Agros Comercial, atravs das marcas por ela representadas, todas elas inter-nacionalmente reconhecidas, teve em exposio um conjunto de equipa-mento e produtos e apresentou alguns dos seus servios, os quais permitem acrescentar maior qualidade ao leite, e, obviamente, minimizar os custos de produo desta atividade. No sbado, teve lugar o IV Concurso do Leite-Creme, que elegeu a melhor iguaria na forma de leite conven-cional e biolgico. Consideramos esta iniciativa bastante importante, pois, esta uma forma de dar a conhecer um doce apreciado por quase todos, e cujo ingrediente principal o leite. Neste caso concreto, o biolgico.Para a tarde de domingo estava reser-vado um dos pontos altos do Certame: o V Concurso da Raa Frsia do Alto Minho. De entre os prmios atribu-dos, evidenciam-se os seguintes: Grande Campe Jovem Sociedade

    Agropecuria Vilas Boas & Pereira Lda. (Ponte de Lima); Grande Campe Encanto Natural Agropecuria Lda., (Ponte de Lima); Melhor bere Encanto Natural Agropecuria Lda., (Ponte de Lima); e Melhor Conjunto Encanto Natural Agropecuria Lda., (Ponte de Lima). Com esta ao, pretendeu-se, acima de tudo, divulgar populao o esforo despendido e a tarefa levada a cabo pelos Produtores, demonstrando-lhes parte do ciclo do leite e o quo difcil o trabalho destes Homens e Mulheres. Sabendo-se que tanto esta fileira como a do vinho so de extrema importncia para esta regio, consideramos esta uma excelente iniciativa para mostrar que existem produtos de excelente qualidade.Segundo o Presidente da COOPALIMA Eng. Carlos Lago a afluncia de visitantes ao Parque de Exposies da Expolima foi elevado, o que demonstra a boa divulgao desta Feira. Penso, tambm, que o programa apresentado a isso ajudou, pois as pessoas senti-ram-se tentadas a deslocarem-se a este espao para passar algum do seu tempo. Foi uma excelente oportuni-dade para a divulgao dos produtos endgenos desta regio do Vale do Minho Por outro lado, estou convicto de que o V Concurso da Raa Frsia do Alto Minho, sobremaneira, ajudou a conferir uma maior notoriedade a este Evento. Que assim continue no prximo ano.

    cultura Leiteira do Norte (ABLN) e da Agros, U.C.R.L.. O programa apresentado procurou ser transversal a vrias atividades do mundo rural, mas tambm ofereceu um cartaz cultural diversificado. Neste mbito, saliente-se a apresentao de um livro da autoria de Fernando Alvim, intitulado No s tu, sou eu. Como em todas as feiras e festas tipicamente minhotas, no faltou a animao noturna com a realizao de espe-tculos de vria ndole para distintos tipos de pblicos, sendo de destacar a presena do grupo de Danas e Cantares de Ponte de Lima que come-morou o seu 32. Aniversrio. No dia da inaugurao, em repre-sentao do Governo de Portugal, esteve presente o Senhor Secretrio de Estado das Florestas e Desenvolvi-

    SALA DE ORDENHA DA AGROS COMERCIAL

  • EVENTOSA

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    28

    sendo apenas uma reminiscncia de tempos idos.De entre as vrias atividades levadas a cabo, evidenciem-se os concursos realizados. Todos eles, umbilicalmente relacionados com produtos caracteri-zadores desta regio: Broa de Milho, Po-de-l, Cebola e Melo Casca de Carvalho. Em relao a este ltimo, destaque-se mais uma cerimnia de Entronizao da sua Confraria.No dia da sua abertura, depois dos discursos de circunstncia proferidos no Auditrio do Parque de Exposi-es e Feiras de Penafiel, as entidades presentes, entre as quais se destaca o Senhor Secretrio de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Eng. Daniel Campelo, fizeram uma visita Feira, e, como vem sendo hbito, o stand da Agros, U.C.R.L. foi ponto de paragem para o tradicional brinde ao leite Nacional. De realar, ainda, o Seminrio promo-vido pela CONFAGRI, intitulado: As Cooperativas Agrcolas e a Reforma

    da Poltica Agrcola, que teve como oradores a Eng. Maria Antnia Figuei-redo Secretria-geral Adjunta da CONFAGRI, e o Dr. Eduardo Graa Presidente da Cooperativa Antnio Srgio para o Setor Cooperativo. As honras de abertura couberam Eng. Maria Antnia Figueiredo que acen-tuou a importncia de as Coopera-tivas estarem unidas, e, em unssono, com a CONFAGRI, remarem todas para o mesmo lado. S assim, pode-remos atingir os nossos objetivos.Seguidamente, o Dr. Eduardo Graa na sua comunicao As Cooperativas Agrcolas no Ano Internacional, falou, entre outras questes, dos nmeros do Cooperativismo em Portugal. Salientou que existem 685 Coopera-tivas Agrcolas no nosso Pas, 28% no total do universo Cooperativo, as quais, representam 5% do PIB Nacional. Por outro lado, a as Cooperativas leiteiras, conjuntamente com o vinho e o azeite, esto entre as mais representativas de todo o Setor.

    Entre 18 e 26 de agosto, realizou-se, na cidade de Penafiel, mais uma Edio, a 33., da Feira Agrcola do Vale do Sousa AGRIVAL. Tal como nos anos transatos, este Certame foi visitado por muitas pessoas, em especial filhos da terra, que, muitas vezes, apesar de ausentes, aproveitam as Festas de S. Bartolomeu para estarem com os seus familiares. O programa apresen-tado tambm potenciou a afluncia de pblico a este local, tanto mais que, noite, se realizaram vrios espetculos musicais com artistas e grupos de refe-rncia. Todos os dias do Evento foram dedi-cados a cada um dos concelhos da regio do Vale do Sousa, e, um deles, vizinha Galiza, Comunidade Aut-noma Espanhola com quem a Edili-dade Penafidelense mantm relaes privilegiadas. Este um excelente local para as Empresas poderem contactar diretamente com o pblico. Por outro lado, pretende-se demonstrar que o Setor Agrcola continua vivo, no

    SENHOR JOS FERNANDO CAPELA DR. MARCO ANTNIO COSTA

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    29

    Seguidamente, voltou a intervir a Eng. Maria Antnia Figueiredo, agora numa vertente mais tcnica: A Futura PAC e o Papel das Cooperativas Agrcolas. Da sua interveno podem retirar-se muitas ilaes. Todavia, consideramos importante salientar a sua convico de que a Europa ter de continuar a produzir bens alimentares para fazer face ao que est a acontecer no Mundo, nomeadamente na Amrica Latina e na sia, onde esto a surgir, ou j existem, potncias agrcolas. Em relao nova PAC mostrou-se otimista, destacando o facto de um dos seus relatores ser o Dr. Capoulas Santos, em duas das suas matrias (Pagamentos Diretos e Desenvolvi-mento Rural), o que poder ser ben-fico para Portugal.O encerramento deste Colquio foi tripartido.O primeiro a intervir foi o Senhor Comendador Manuel dos Santos Gomes Presidente da CONFAGRI. As suas palavras foram de otimismo e esperana no que respeita ao futuro do Setor, enfatizando a necessidade de serem criadas condies para os nossos Agricultores.Por sua vez, o Senhor Dr. Alberto

    Santos Presidente da Cmara Muni-cipal de Penafiel disse ser importante apostar na Agricultura, inclusive, Pena-fiel possui uma marca prpria deno-minada Nossa Terra potenciadora de alavancar a produo no nosso concelho, e, por inerncia, da sua economia.Finalmente, o Senhor Secretrio de Estado da Solidariedade e da Segu-rana Social Dr. Maro Antnio Costa, no momento da saudao, fez uma referncia especial ao Senhor Jos Fernando Capela Presidente da Agros, U.C.R.L. a quem desejou as maiores felicidades frente dos destinos da nossa Organizao. Segundo este Governante, estes dois setores [Agrcola e Cooperativo] so de extrema importncia para o nosso Pas, sendo dois esteios da sua economia, no s pelo que produzem, bem como pelos postos de trabalho que geram.Resta, pois, esperar pela prxima edio da AGRIVAL, convictos de que manter a sua gnese e carcter eminentemente agrcolas, continu-ando, todavia, a apostar num conjunto de aes tendentes a despertar a ateno de vrios tipos de pblicos. Este tem sido um dos factores poten-

    ciadores do seu reconhecimento como um dos maiores eventos do panorama Agrcola Nacional.A este respeito, importa auscultar a opinio do Senhor Adolfo Amlcar, Presidente da Feira Agrcola do Vale do Sousa, e Vereador da Cmara Municipal de Penafiel. O balano da AGRIVAL 2012 muito positivo. Apesar da atual conjuntura econmica no ser a mais favorvel, os objetivos a que nos propusemos foram alcanados. Por essa razo, podemos, com toda a certeza, afirmar que este Evento foi, de facto, um grande sucesso. Mais uma vez, esta Feira foi autossustentvel, e o nmero de visitantes ultrapassou os 110 mil. Por outro lado, os inmeros expositores presentes, atravs do contacto constante estabelecido com a organizao, demonstraram estar satisfeitos. Para alm destes parme-tros, notou-se um crescimento signi-ficativo da venda de produtos e uten-slios relacionados com a Agricultura. Futuramente, desejamos manter bem vincada esta matriz agrcola, dando, por essa razo, cada vez mais destaque ao mundo rural, almejando-se, igual-mente, que AGRIVAL continue autos-sustentvel.

    STAND DA AGROS, U.C.R.L.

  • Entrevista DR. FILIPE SILVA

    ENTREVISTAA

    FOR

    A DA

    UN

    IO

    . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    30

    A Fora da Unio (F.U.) - Este ano, realizar-se- a 9. Edio da Feira de Atividades Agrcolas de Vila do Conde. Qual a sua importncia para a Regio e para o Municpio?Dr. Jos Aurlio Baptista (J.A.B.) - A Portugal Rural Feira de Ativi-dades Agrcolas de Vila do Conde assume uma enorme importncia para o Municpio e para a regio, pois aproxima o meio rural e agrcola do meio urbano, dando a conhecer a riqueza da atividade agrcola e rural Con-celhia e regional comunidade, enfatizando o seu papel na economia local.

    (F.U.) - A Cmara Municipal de Vila do Conde uma das entidades envolvidas neste projeto. Considera que esta congregao de sinergias um dos motivos para o sucesso deste Certame?(J.A.B.) - Este evento organizado pela Cmara Municipal, pela Asso-ciao de Agricultores de Vila do Conde, pela Associao de Jovens Agricultores do Distrito do Porto e

    pela Cooperativa Agrcola de Vila do Conde, contando com a participao ativa de vrias instituies conce-lhias, regionais e nacionais, como a AGROS, a ABLN, a FENELAC e a UCANORTE, entre outras, propor-cionando-se as melhores condies para a realizao de um projeto inte-grado cujo resultado se pretende o melhor. Naturalmente que o envol-vimento de todas estas entidades cria sinergias que contribuem para o sucesso do evento.

    (F.U.) - Neste contexto, como avalia a atuao da Autarquia?(J.A.B.) - Julgo que cada instituio tem assumido exemplarmente a sua funo, transferindo a sua experincia e capacidade para a organizao, visando um resultado claramente pretendido que, felizmente tem sido conseguido. A Cmara Municipal tem tudo feito para corresponder e acom-panhar a evoluo do certame que ela prpria iniciou h nove anos atrs, assumindo responsabilidades logs-ticas e financeiras para o mesmo.

    Entre os dias 6 e 9 de Setembro, decorrer a 9. Edio da Portugal Rural Feira de Atividades Agrcolas de Vila do Conde , que, todos os anos, nesta poca do ano, anima uma das zonas mais nobres da cidade

    de Vila do Conde. Nesta entrevista, o Dr. Jos Aurlio Baptista Vereador do Movimento Associativo e Turismo da Cmara Municipal de Vila do Conde e responsvel pela sua organizao, falar-nos- um pouco do que est j preconizado para este Evento, bem como das expectativas geradas em torno do mesmo.

    ENTREVISTA:DR. JOS AURLIO BAPTISTA Vereador do Movimento Associativo e Turismo da Cmara Municipal de Vila do Conde

    (F.U.) - De ano para ano, a Feira tem crescido, tanto a nvel de exposi-tores, como de visitantes. A que devemos este incremento?(J.A.B.) - O nmero de visitantes tem crescido imenso, sendo que ao nvel dos expositores temos hoje a capaci-dade lotada. Tal crescimento deve-se claramente ao interesse que o certame suscita nas pessoas e no espao privi-legiado que para o meio agrcola e rural e todas as instituies relacio-nadas com o setor.

    (F.U.) - Os programas apresen-tados, por outro lado, tambm tm tido bastante aceitao e com capacidade para captar diferentes pblicos. Essa estratgia demonstra que vossa inteno massificar o evento? Porqu?(J.A.B.) - O programa de animao do evento muito diversificado porque assegurado pelas vrias entidades concelhias que desenvolvem a sua atividade no meio agrcola e rural. Em Vila do Conde existem vrias casas agrcolas com muita tradio, clubes

  • A FO

    RA

    DA U

    NI

    O . ED

    IO

    JUL . A

    GO . SET . 201

    2

    31

    de caa, associaes galgueiras, centros hpicos, vrios ranchos e grupos folcl-ricos e clubes de btt, entre outras insti-tuies, que promovem iniciativas enquadradas na sua atividade, enri-quecendo dessa forma o evento. Tal permite, naturalmente, atingir as expe-tativas e os interesses de quase todas as pessoas. inteno da organizao dar a conhecer a riqueza rural conce-lhia, dando oportunidade a todos os agentes do meio para se apresentarem e interagirem com os visitantes.

    (F.U.) - Na sequncia do que foi dito, pode falar-nos um pouco do que est preconizado para a edio deste ano?(J.A.B.) - Para a edio de 2012, a orga-nizao pretende manter o conceito do certame, explorando a boa pres-tao que as vrias instituies acima referidas tm assumido, bem como manter o mesmo nmero e qualidade dos expositores das edies ante-riores. Daremos voz s comunidades que vivem no litoral e que em tempos idos desenvolviam a importante tarefa

    da recolha e tratamento do sargao e do pilado que servia para adubar as terras agrcolas.

    (F.U.) - Em 2011 conseguiram atingir os 50.000 visitantes. Agora, quais so as vossas expectativas?(J.A.B.) - O nmero atingido em 2011 uma fasquia elevada que objeti-vamos manter, pois sabemos que a situao atual do pas no ajuda mobilidade das pessoas. No entanto, estamos confiantes que o sucesso dos anos anteriores e o posicionamento j conseguido pelo certame ajudaro a atingir e talvez aumentar o nmero de visitantes.

    (F.U.) - E quanto ao futuro?(J.A.B.) - A organizao tem vindo a trabalhar empenhadamente para que este evento se realize de forma ininter-rupta e eterna, se possvel. Certamente, Vila do Conde continuar a ser um Concelho referncia no setor agrcola, e, como tal, contando com a colaborao de todos os envolvidos neste meio, tal como tem sucedido, o evento perdurar.

  • Entre os convidados, desta-que-se a presena do Senhor Diretor Geral de Alimentao e Veterinria Professor

    Doutor Nuno Vieira e Brito; do Senhor Diretor Regional de Agricul-tura e Pescas do Norte - Dr. Manuel Cardoso; do Presidente do Conselho de Administrao da ABLN Senhor Comendador Francisco Marques, e de outra pessoas ligadas fundao e criao desta mesma Organizao; do Senhor Presidente da Direo da Agros Jos Capela, e demais membros da Direo.

    Os conferencistas, todos eles de renome na rea do melhoramento gentico