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Revista NOIZE #19 - Novembro de 2008

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Tim Festival 2008 Duran Duran Klaxons Skank Mallu Magalhaes Reviews

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EDITORIAL | OLDIEs EIghTIEs gOODIEs

É InTEREssAnTE cOmO As cOIsAs cOLIDEm. nO mEsmO mês Em quE fALAmOs cOm umA DAs gRAnDEs bAnDAs InTERnAcIOnAIs DA DÉcADA DE 80, cOnvERsAmOs cOm OuTRA, EsTA DOs AnOs 2000 mEsmO, quE REsgATA um bOcADO DAquELA DÉcADA. E, TAmbÉm nEssE mês, DAmOs DEsTAquE A umA sáTIRA DE bAnDAs quE bEbEm DA DÉcADA mALDITA. AInDA: vEsTImOs A gALERA DA PúbLIcA DE AsTROs nEw RAvE, suPER-hERóIs bEm cOLORIDOs. AI, AI, 80s... sOmOs nós quE AbusAmOs DE vOcês Ou sãO vOcês quE nOs AssOmbRARAm ETERnAmEnTE?

nãO ImPORTA. A nOIZE 19 EsTá REchEADA DE EnTREvIsTAs cREmOsAs. O DuRAn DuRAn vEm Aí E nós cOnvERsAmOs cOm O bAIxIsTA JOhn TAyLOR, quE fALA sObRE As PARcERIAs DA suA bAnDA cOm TImbALAnD E TImbERLAkE; As bAnDAs cOmO css, quE ELE chAmA DE “ROck DE vERDADE”; E Os TEmPOs DE ADOLEscEnTE quE nãO vOLTAm mAIs. sImOn, guITARRIsTA DOs bRITânIcOs DO kLAxOns E nAmORADInhO DE LuIZA LOvEfOxxx, fALOu cOm A gEnTE nO cAmARIm DO TIm fEsTIvAL DE cOIsAs quE vOcê vAI quERER LER. nO mEsmO fEsTIvAL, cIRcuLAmOs E AssIsTImOs AOs shOws DELEs, DOs InDIEs DO mOmEnTO DO mgmT, DO ThE nATIOnAL, DO PROJETO PARALELO DO suPER fuRRy AnImALs, nEOn nEOn E DE umA Pá DE cOIsAs bAcAnAs (E OuTRAs nEm TAnTO) quE vOcê cOnfERE nA mATÉRIA DE cAPA. O bRAsIL É LInDO.

fALAnDO Em bRAsIL, DE um LADO, mALLu mAgALhãEs, A EsTRELInhA fOLk E sEu PRImEIRO DIscO. DO OuTRO, O skAnk E O POP Em mAIs umA PARcERIA: fALAmOs cOm Os cARAs sObRE O REcÉm LAnçADO EsTAnDARTE.

E fALAnDO Em nOIZE, DEvORE-A cOm cARInhO, DEPOIs AgRAcIE ALguÉm cOm O sEu ExEmPLAR.

E... bÉÉÉ! nós ERRAmOs: DIfEREnTE DO quE fOI PubLIcADO nA mATÉRIA “mEu nOmE É TOny”, nA nOIZE 18, A fEsTA DA gATORRA fOI ORgAnIZADA PELA gEnTE bOA DO mAcOnDO.

ExPEDIEnTE

DIREÇÃO: kEnTO kOJImA PAbLO ROchA RAfAEL ROchA

COMERCIAL:gIOvAnnI fRAncEschETTO [email protected] ARThuR DE [email protected]

DIREçãO DE ARTE: RAfAEL ROchA [email protected] gOMEs [email protected]

REDAçãO: LIDy ARAúJO [email protected] bOTTA [email protected] vITTOLA [email protected] guImARãEs [email protected] PIZZATO [email protected] DE mARchI [email protected] JOAnA AvELLAR [email protected]

EDIÇÃO: fERnAnDO cORRêA [email protected]ãO: JOÃO FEDELE DE AzEREDO [email protected] [email protected]

FOTOgRAFIA: fELIPE nEvEsARLIsE cARDOsOgIuLIAnO cEcATTO

nOIZE Tv: bIvIs TATuJOhnny mARcO vIcEnTE TEIxEIRARODRIgO [email protected]

NOIzE.COM.BR: LARIssA [email protected]íZA [email protected]

COLuNIsTAs: DOubLE s. gusTAvO CORRêA DuDu BRITO AnA LAuRA fREITAs CAROL ANChIETA cLAuDIA mELLO

RIcARDO fInOcchIAROJOãO AugusTO

cOLAbORADOREs:mARcO chAPARROmELy PAREDEsnEccA w.CARLOs EDuARDO LEITEEDuARDO DIAsLucAs TERgOLInAvInícIus cARvALhOmATEus gRImmfELIPE guImARãEscRIsTIAnO LImAAnA LuIZA bAZERquEDIEgO DE cARLIfREDERIcO cAbRALIsADORA AnDRADEsAmIR mAchADOmARcELA gOnçALvEsEDuARDO gusPE

AssEssORIA JuRíDIcA:ZAgO & mARTIns ADvOgADOsrua Padre chagas, 415/301(51) 3333.0874

ANuNCIE NA REvIsTA: [email protected]

AgEnDA: shOws, FEsTAs E EvENTOs [email protected]

cIRcuLAçãO:PORTO ALEgREcAnOAssãO LEOPOLDOnOvO hAmbuRgOcAxIAs DO suLgRAmADOLAJEADOsAnTA cRuZ DO suLsAnTA mARIAPAssO funDOuRuguAIAnAPELOTAsRIO gRAnDE

POnTOs:fAcuLDADEscOLÉgIOscuRsInhOsEsTúDIOsLOJAs DE InsTRumEnTOsLOJAs DE CDsLOJAs DE ROupAsLOJAs ALTERNATIvAsAgêNCIAs DE vIAgENsEscOLAs DE músIcAEsCOLAs DE IDIOMAsBAREs E CAsAs DE shOwshOws, FEsTAs E FEIRAs

TIRAgEM: 15.000 ExEmPLAREs

sE vOcê nãO gOsTOu DA nOIZEPAssE ADIAnTE

nOIZE #19 // AnO 2 // nOvEmbRO ‘08

ínDIcE6. LIfE Is musIc // 8. nEws // 12. ROAD TRIPPIn // 14. skAnk // 16. DuRAn DuRAn // 18. kLAxOns // 22. TIm fEsTIvAL // 26. mALLu mAgALhãEs // 31. AgEnDA // 34. vIZuPREZA // 36. EsTILO:músIcA // 40. REvIEws // 48. cOLunIsTAs // 50. fOTOs // 54. JAmmIn’

Todos os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariam

ente a opinião da revista.

assine [email protected]

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.: NOME _ Nina Moraes

.: PROFISSÃO_ Jornalista e Artista Gráfica .: UM DISCO_ Kind of Blue | Miles Davis

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“A música tem o poder de te fazer sentir e viver coisas, a música é um tempero, poten-cializa. A música é uma celebração”

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TAMBÉM SOU HYPEUma das melhores apostas que se pode fazer no cenário brasileiro no fim de 2008 é a Também Sou Hype. A nova sátira da galera do Hermes e Renato mistura Impressionismo, Kubrik e indie rock, e entrega um resultado que só tem paralelos em grandes nomes do electro rock, como os também brasileiros da CSS. Mas segundo a vocalista do grupo (interpretada pelo humorista Fausto Fanti, o Renato), foi a Também que cantou a pedra antes de Lovefoxxx e cia. ganharem o mundo. Confere nosso papo com ela e com ele, e se não conheces a Também Sou Hype, corre pro YouTube e procura!

Divulgação/M

TV

Como foi formada a Também?Eu estudava moda com a Jéssica, e a Lu era uma amiga de infância que sempre apa-recia por ali pra um chope, mas era mais companheira de balada, a gente tomava muito ecstasy, ficava fritando na night, essa era a nossa rotina. E a gente não tinha o que fazer e pensamos “por que não montar uma banda”. A gente é muito off the hook, sabe? A gente é super legal.

E copiaram muito vocês?Com certeza, sempre quem tá na vanguar-da é muito chupinhado, isso é meio básico. A gente vai fazer uma turnê na Europa Orien-tal, até no Morro do Gufo e nas Ilhas Sut-terlands, na Índia Meridional. Países onde

as pessoas não entendem nada do que a gente tá falando mas acham a gente off the hook.

E o que acham da concorrência?São uns imitadores, chupinheiros de Cottom Club, a vocalistinha se inspira em Le Tigre, adora o Montage, por isso que sai um som ruim daqueles. Já tive-mos algumas richas, ela estudava na Faap também, era bem rodada. Lá o pessoal só gosta da gente, a única coisa que se fala é na Também Sou Hype.

Fausto, como a Também Sou Hype captura tão bem a essência das bandas que satiriza?

A paródia é igual a uma caricatura, gros-seiramente falando, é isso que a gente faz. E não é uma fórmula, sai de forma muito intuitiva, “pô, vamos sacanear isso aqui, a banda podia se chamar Também Sou Hype”. Porque eles brincam muito com esse perfil de “nós somos modernos, estamos na vanguarda, temos influências melhores que todo mundo, então somos superiores e tamo aí vendendo pra gringo”. E é uma grande palhaçada isso, essas bandas se le-vam muito a sério, o mínimo que a gente pode fazer é uma sacanagem em cima de-las. A música, o figurino muito baseado no que tá voltando agora, a cor, essas bandas são muito datadas, tão voltando com o ciclo de moda. É muito temporal.

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PLANETA TERRA ATERRISSANDO

FESTIVAIS PELO RIO GRANDE VARONIL

Com ingressos esgotados dez dias antes do evento, o Planeta Terra promete ser um dos grandes festivais do ano (como se precisasse muito para isso). Recen-temente foi anunciado um desfalque de peso: o DJ e produtor Calvin Harris. Para o lugar de Harris, foi elencado o renomado Justin Robertson, DJ inglês que já remixou nomes como New Or-der, Bjork e Erasure. Robertson foi tam-bém responsável por algumas faixas da reedição de Psicose dirigido por Gus Van Sant.Ingressos ainda pipocam em agências de viagem e organizadores independentes que promovem algumas excursões bate-e-volta (tem que ser guerreiro) para o festival. Vale a pena se você quer conferir Jesus & Mary Chain, Bloc Party, Kaiser Chiefs... Mas é preciso correr para não morrer na praia.

Novembro não é mês apenas de Planeta Terra, grandes festivais invadem o Rio Grande do Sul. Porto Alegre é palco do segundo GIG Rock de 2008. Esta será a primeira edição do festival como inte-grante de Associação Brasileira de Fes-tivais Independentes (Abrafin). Ou seja, duplo selo de qualidade: a tradição do GIG como grande festival, sempre com ótimas bandas consagradas e novidades, e a garantia da Abafin de que se trata de um legítimo festival independente. O GIG acontece nos dias 14 e 15 de novembro. Mas não acaba por aí: ao mesmo tempo, Santa Maria também recebe um grande festival. O Macondo Circus, que tem três edições na bagagem, agita a cidade com uma seleção irada de bandas. Confere em festivalmacondocircus.com.br.

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Foto: Arlise C

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>> Além do GIG e do Macondo Circus, o Texugo Rock Festival, em sua segunda edição, reúne uma pá de bandas, incluindo Identidade, Pública, Superguidis, Os Torto e Replicantes. A função acontece entre 7 e 9 de novembro, no New Music Bar em Sapucaia.

>> Quem é mais antenado já deve ter visto:

rolou no fim de outubro o Família MTV RS com o gente fina e figura onipresente na Capital, Fredi “Chernobyl” Endres. E a pró-xima temporada é com galera aí debaixo...

>> Além de participar do Família MTV, a Pú-blica começou a liberar as primeiras faixas do iminente Como num Filme sem um Fim, no myspace.com/publicarock.

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MICHAEL JACKSON EM TURNÊ MUNDIAL?

A DR. PEPPER DIZ QUE VAI PAGAR: GUNS LANÇA DISCO (?)

Era para ser assim: “parece que o menino Michael Jackson, 50 anos, vai borboletear pelo mundo em 2009”. A boataria ganhou traços de verdade quando Jermaine Jack-son veio a público para anunciar: 2009 é o ano em que os irmãos Jackson vão se reunir para uma turnê mundial.“Já trabalhamos as músicas e cuidamos da logística. Vai ser como uma reunião de família, com a Janet abrindo os sho-ws, e claro, todos os Jackson 5 originais, Michael, Randy, toda a família. Já estamos no estúdio e planejamos sair em turnê no ano que vem”, afirmou Jermaine em um evento recente na Austrália.Seria a primeira vez que o mundo po-deria conferir Michael reunido com os irmãos em um bom tempo. Porém ele já veio a público dizer que não fará parte da reunião, o que indica que sua turnê deve ser solo. Inclusive, o famoso tablói-de inglês The Sun publicou uma notícia, segundo a qual uma fonte ligada ao Rei

Uou, é muita notícia boa e duvidosa ao mesmo tempo. O famoso, mal-falado, aguardado e abandonado disco do Guns ‘n’ Roses, Chinese Democracy tem, mais uma vez, uma data de lançamento. Mas agora parece que vai (que medo...). De-pois que a faixa-título foi liberada para as rádios no mês passado, e Axl espalhou pelo mundo que o disco será vendido pelo site Best Buy a partir do dia 23, a fa-mosa marca de refrigerantes Dr. Pepper teve de se manifestar.A galera havia prometido uma lata de refrigerante para cada cidadão estadu-nidense caso Axl decidisse cumprir o plano de lançar o álbum até o fim de 2008. Agora, publicaram um comunica-do na imprensa explicando que, lançado Chinese Democracy, tudo que os norte-americanos terão de fazer será preen-cher um formulário no site da marca para receber o ticket que dará direito à

do Pop disse que ele “quer fazer uma turnê pelos filhos, para que eles saibam o que o pai deles faz, e quer levá-los” na empreitada. Bonito isso, não? Recentemente uma versão de “Wanna Be Startin’ Somethin”, parceria do Rei com o rapper Akon, vazou e invadiu o YouTube. Rumores indicam que Akon produziria o retorno de Michael ao mundo dos discos. Os últimos shows de Jacko no Brasil, foram em 93 com a tur-nê de Dangerous. Será que ele volta?

troca pelo refri.Não se sabe se o disco sai, fato é que toda essa confusão gera publicidade de (e para) todos os lados. Se tudo der cer-to, o disco não sai mais uma vez, e os executivos da Dr. Pepper ficam felizes da vida pela jogada de mestre. Os america-nos ficam chupando o dedo, com uma lata de refri a menos em suas dietas balanceadas, e o resto do mundo chora pelo disco que todos querem tannnto.

Reprodução

Arte: N

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FrejatMúsico

NOIZE diz: oi frejat, vambora? Frejat diz: boraNOIZE: como foi o

processo de composição de “intimidade entre estranhos”, tendo em vista que tem diversas parcerias?Frejat diz: eu queria que este disco fosse um meio de reafirmação do trabalho que havia feito nos meus dois discos anterio-res. fiquei com o trabalho parado de 2004 a 2007 e achava importante para minha relação com o público que ele não fosse um disco que apontasse para uma coisa completamente diferente, e então saí em busca de parceiros que me estimulassem a escrever novas canções. o repertório acabou composto por um número grande de parceiros, e acho que isso acabou se refletindo na relação entre homogêneo e heterogêneo dele.NOIZE diz: a diversidade entre as par-cerias fez tu passear por diversos estilos. era essa tua intenção ou tudo fluiu natu-ralmente?Frejat diz: a idéia é que fossem estimulan-tes, cada uma a seu modo. não tinha nada específico, a não ser o fato de que eu in-formava, quando necessário, que gosto de falar de relacionamentos. NOIZE diz: o disco ainda conta com a colaboração da escritora gaúcha Martha Medeiros. como rolou esse encontro? Frejat diz: meu parceiro Mauro Santa Ce-cília fez uma letra a partir de dois escritos dela e me deu. Eu não sabia de nada, nem da maneira como havia sido feita, nem da autoria dela e, quando soube, adorei, pois sou leitor das colunas dela.NOIZE diz: as canções da tua carreira solo e as do Barão têm sonoridades dife-rentes. Ainda assim, como tu faz pra decidir quais composições cabem ao teu trabalho solo ou ao da banda? Frejat diz: eu não faço nada, o que cabe em cada um naturalmente se apresenta assim.

RADIOHEAD E COLDPLAY NO BRASIL-ZIL-ZIL

RAPPERZINHO SAPECA PRESO

Agora é confirmado. Os britânicos do Radiohead já têm destino certo na Amé-rica do Sul. A folia acontece em 2009, quando, em idos de março, a banda toca na Argentina. E, em torno dessa data, visitam também o Chile e, veja só que alegria, o Brasil. Um show do Radiohe-ad por aqui é uma lenda urbana muito antiga, mas parece que dessa vez, nem a crise deve mudar o rumo dos caras.O querido blog Popload ainda vai mais longe: diz que os filhos do Radiohead, o Coldplay, também têm turnê sulamerica-na marcada para março do ano que vem. Chris Martin e cia. já passaram pelo Bra-sil duas vezes, por São Paulo, em 2003, e em turnê mais extensa, em fevereiro do ano passado.

Um jovem da Flórida foi condenado a passar 18 meses na cadeia depois que emergiu um vídeo em que ele orienta sua avó a fazer ameaças apontando uma arma para a câmera. A velhinha, que tem problemas de memória, é instruída pelo neto Michael Alfinez, de 18 anos, a falar palavrões do gangsta rap e frases como “isto é para todos os porcos” e “eu vou atirar em você”, enquanto veste um gorro preto. A justiça norte-americana sempre vence...

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NOIZE diz: tu em uma entrevista abriu tuas opiniões a respeito de política e dro-gas. artistas acabam tendo muita responsa-bilidade no papel de formadores de opinião. tu acredita que falta engajamento por parte da classe artística?Frejat diz: eu falei o que penso e já ha-via falado sobre drogas antes, em vários lugares, mas política nem tanto. acho que o artista deve ter muito cuidado ao falar, porque as coisas se misturam e tem de misturar. afinal, o artista e o cidadão são a mesma pessoa, mas não acho que o traba-lho ou sua parte artística deva se engajar da mesma maneira. acho que a classe tem dificuldades para se envolver com os pro-blemas específicos da sua atividade. Então, quando vai falar de outras coisas, me dá impressão que aquilo não está completo. Opina sobre o todo, mas não se envolve no que é seu.NOIZE diz: aqui no Sul, alguns candidatos à Prefeitura e à Câmara dos Vereadores são músicos. o que tu pensa a respeito de artistas entrarem realmente na política, se candidatando a cargos públicos?Frejat diz: eu acho que é uma opção in-dividual e eu, sinceramente, não tenho uma opinião concreta, nem contra nem a favor.NOIZE diz: como tu vê o novo rock? Frejat diz: acho que toda geração tem bons nomes. no Brasil, gosto do trabalho do Nervoso, do Pato Fu, tem muita gente boa. Lá fora, gosto do Racounters, do Whi-te Stripes, do Muse, do Amos Lee, da Aimeé Mann e varios outros.NOIZE diz: um disco mais romântico é um reflexo da fase que tu vem vivendo, com menos loucuras e mais tranqüilidade? Frejat diz: não, é a tônica do trabalho mesmo. o segundo era um pouco mais elé-trico e eu intencionalmente usei muito o violão neste último para retornar um pou-co pra vibe do primeiro.NOIZE diz: tu te sente um sobrevivente da década de 80?Frekat diz: não, mas indiscutivelmente eu sobrevivi a uma década que não foi nada justa com as pessoas mais sensíveis e lou-cas da sua geração por conta da AIDS.

+> YOUTUBE.COM - Coldplay toca “One I Love” em sua primeira passagem pelo país. tags: coldplay one love brasil

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Barcelona é uma daquelas cidades que conseguem ser jovens e, ao mesmo tempo, ricas em história e cultura. A capital da Catalunya é tão bela que o uso do metrô como meio de transporte deveria ser desconsiderado. A cada dia é possível conhecer um cantinho bonito que faz valer cada calo no pé! Nas sacadas dos prédios, as bandeiras da Catalunya em lugar da bandeira nacional e, nas ruas, as placas com informações em idioma diferente do caste-lhano denunciam a linha tênue entre o nacionalismo e o separatismo. Chamar um nascido em Barcelona de espanhol é uma ofensa: eles são catalães! Bairristas como nós, gaúchos. Barça deve ser um destino certo para quem aprecia arquitetura… afinal, em que outro lugar é possível encontrar Gaudí, Miró e Picasso nas esquinas? A inconfundível arte de Gaudí está presente em todo lugar, seja em suas tortas construções, seja em chaveirinhos e cartões-postais vendidos “a granel” nas Ramblas. As Ramblas! Essa é a rua que mesmo con-tando e mostrando fotos, não é possível passar o real espírito do lugar. É tanta informação brigando pela atenção dos nossos olhos que é difícil absorver tudo de uma vez só. Estátuas vivas, músicos, bancas de jornal, floriculturas, turistas, batedores de carteiras… Tudo isso aos montes! Um lugar democrático, sem dúvida. É também nas Ramblas que está o Mercat de la Boqueria, uma espécie de mercado público catalão. Lá se podem encontrar frutas de nomes e cores nunca antes vistos. Uma boa pedida é fazer as compras na Boqueria se transformarem num piquenique no Parc de La Ciutadella. Um lugar que bem define a irreverência e jovialidade da cidade é o L’ovella Negra, um bar bem rústico, com grandes—e comunitárias—mesas de madeira. Lá, a mais típica bebida espanhola, a sangria, é servida em jarras de um ou meio litro, acompanhada de porções gratuitas de pipocas amanhecidas. Nesse bar, como em qualquer canto de Barcelona, nos misturamos com gente de diferentes nacionalidades e idiomas, mas onde as alegrias (e as mesas) são sempre compartilhadas. O melhor do dia: Mergulhar no Mediterrâneo, nas praias de Nova Icaria e Barceloneta. Para ver uns peladões, vá a La Mar Bella. O melhor da noite: Caminhar sem rumo pelas estreitas ruas do Barrio Gótico e des-

O Melhor de barça:

Rádio – Não escuteiCasa de Shows – ApolloRevista – Efe EmeComida – Tapas

Lugar – Parc Güell

road

trip

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BARCELONANome: Isadora AndradeIdade: 23O que faz: Estudante de jornalismoMotivo: Ver que o mundo é maior do que seu quarto Trilha Sonora: The Kinks

cobrir barzinhos charmosos e ainda não invadidos pelos turistas. Para sentir-se um legítimo catalão: Vá à Festes de La Mercè, uma festa popular em homenagem à padroeira da Barça. Durante os dias da festa, acontecem vários shows e eventos gratuitos pelos parques da cidade. O auge da festa são as apresentações dos castellers, aquelas pirâmides formadas por pessoas empilhadas.

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Milão é, sem dúvida, um lugar de contrastes. Cidade mais rica de um país em crise, en-contra-se pelas ruas desde a voluptuosidade e beleza à mostra da italiana, às burcas de mulheres do Oriente Médio. Onde a cigana e seu filho, desesperados por comida, dividem a mesma calçada com a modelo e sua nova bolsa de 5 mil euros. É uma cidade em que tudo está à venda, e nada custa barato. Representado pelo Primeiro Ministro Sílvio Berlusconi, o país culpa os estrangeiros por todos os problemas que o afetam, e esforços não são medi-dos para expulsar outras culturas do território. Algo parecido ocorreu na Itália na primeira metade do século passado. Foi pelas mãos de Benito Mussolini e chamou-se Fascismo.

Mas, felizmente, nem tudo em Milão é política e economia. Mesmo que não se compare à beleza caótica de Roma, ou à riqueza cultural de Florença, a cidade tem lá seus encantos. Destaque para a catedral Duomo (que põe a Notre Dame parisiense no chinelo), e a Ga-leria Vittório Emanuelle II, que junto com o “quadrilátero da moda” sustentam a fama de elegância exportável de Milão. Outra das principais atrações de Milão é a agenda invejável de espetáculos. Em todos os aspectos, a cultura ferve na capital da Lombardia. Exposições de arte e shows espalham-se por cada esquina da cidade, que abriga o Alcatraz, um dos me-lhores espaços do mundo para se assistir a um concerto em pé. Por lá já passaram, só neste ano, Portishead, Lou Reed, Cat Power e, no último dia 9, os mestres do noise-rock, também conhecidos como Sonic Youth. Em uma noite lotada, os norte-americanos fizeram um dos shows de uma curta tour pela Europa, antes do lançamento do seu 15º álbum.

A coleção com incontáveis guitarras, escondida à esquerda do palco, já era um aviso da ba-rulheira que estava por vir. Ao todo foram 15 músicas, executadas com a vontade de quem faz o seu primeiro show. Para deleite dos presentes, metade do set list foram canções do aclamado e provavelmente melhor registro da banda, Daydream Nation, de 88. Antes do fim apoteótico com “Expressway to your Skull” e “Noise” emendadas, a plateia foi agraciada com duas inéditas. Uma delas, conforme prometeu o vocalista e guitarrista Thurston, se chamará “Italy number one”. As novidades lembram bastante a sonoridade de Rather Ri-pped, o último de inéditas, e foram o melhor elogio ao público que a banda poderia fazer.

Ao prestar atenção no que canta o SY, e após circular pelas passarelas ao ar livre de Milão,

O Melhor de milão:

Rádio – Meu mp3 playerCasa de Shows – AlcatrazRevista – Não li nenhuma.Comida – KebabLugar – Castelo Sforzesco

MILÃONome: Diego De Carli

Idade: 23O que faz: quase jornalista,

já desempregadoMotivo: Ver um show do Sonic Youth

Trilha Sonora: Sonic Youth

com seus manequins vivos vestindo as úl-timas tendências criadas por eles mesmos, nota-se que ambos, banda e cidade, têm muito mais em comum do que parece à pri-meira vista/ouvida. Logo no início do show, a musa do SY conseguiu a façanha de definir o espírito de Milão em poucas palavras (e muitos ruídos de guitarra, claro):

“F#€k you! Are you for sale?” (em “The Sprawl”, Daydream Nation)

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O Skank passa por uma fase ti-picamente adolescente, vivendo coisas pela primeira vez, como a gravação no primeiro estúdio próprio, o Máquina, em BH. De que forma estas novidades in-fluenciaram no resultado final do trabalho?As mudanças foram importantes, pois tornaram as gravações mais naturais, e a história de gravar quase que ao vivo deu uma dinâmica maior nas músicas. A nos-sa idéia é sempre buscar uma novidade a cada álbum lançado. Acho que consegui-mos um resultado bastante interessante no Estandarte. A banda retomou a parceria de sucesso com Dudu Marote. Como foi esse reencontro?O reencontro foi supernatural e come-çou no segundo semestre do ano passa-do, quando o Dudu fez o remix da mú-sica “Seus Passos”, do álbum “Carrossel” (2006). Eu diria que o que mais nos dei-xou com vontade de chamá-lo para pro-duzir o “Estandarte” foi exatamente esta mudança de rumo que a nossa carreira tomou e a dele também. O “tempero” do “Estandarte” está exatamente nesta mistura. O Skank é uma banda exemplar no que se refere a profissiona-lismo e cuidado com a carreira. Foi difícil se livrar de amarras ao produzir um disco sem pla-nejamento?Acho que faltava fazer isto. O que a gente mais fala é que a maior influência deste trabalho é a história do próprio Skank. Com isto, entrar no estúdio e gravar foi mais tranqüilo.

Vocês não têm medo de se ex-perimentar, e isso poderia as-sustar o público. No entanto, a banda só aumenta a sua coleção de hits e fãs. Há uma preocupa-ção com esta questão?Nós achamos que as pessoas já esperam alguma coisa diferente do Skank a cada álbum. Esta experimentação já faz parte da nossa história. Já que falamos em fãs... Promo-ções que se propõem a apro-ximar fã e artista têm um cli-ma mais “chegue perto do seu ídolo”. No site da banda, está rolando a promoção “O Skank quer conhecer você”. Por que optar por esta abordagem?A internet é uma ferramenta interes-sante. Ao mesmo tempo em que você tem a possibilidade de se aproximar das pessoas que gostam do seu traba-lho, você também pode receber críticas mais diretas, pois as pessoas se tornam mais corajosas através de um teclado e um monitor. De certa forma, isto é legal. Essa promoção é uma forma or-ganizada de conhecer de perto quem gosta do nosso trabalho. (O público ainda pode ganhar ingressos e camisetas através do Quiz SMS, que ocorre nas rádios das cidades onde estão acontecendo os shows da banda, além de escolher uma música para o bis, enviando torpedos durantes as apresentações.)

O Skank se adaptou muito bem à internet, tanto que você é o responsável por um dos primei-ros programas de rádio online de sucesso. Só que os discos da banda são facilmente encontra-

dos pra download pirata. Qual a sua posição em relação a isso?O nosso interesse pela internet acon-teceu devido ao número crescente de pessoas interessadas não somente no nosso trabalho, mas também em sa-ber o que acontece nas gravações, nos bastidores dos programas de televisão, nos ensaios e em outras atividades da banda. (Você pode ouvir a Skank Webrádio no site da banda, Skank.com.br.) E posso dizer que aprendi bastante com as ban-das independentes ao fazer o programa Frente na internet (Além do próprio site, o programa está presente no MySpace, no link br.myspace.com/programafrente).

O Programa Frente abre espaço para os artistas independentes. Como você vê este mercado?Hoje em dia, é mais fácil ser independen-te. A internet ajuda muito e, em compen-sação, todo mundo também tem acesso. Atualmente, se escuta mais música do que antes. O que está em crise não é a música e, sim, a forma de comercializar a música. As gravadoras demoraram um pouco a perceber as mudanças, mas elas já estão se acertando em relação a isto. Os shows do Skank celebram a diversão, mas com 17 anos de carreira, ainda dá pra se divertir na estrada?A gente se diverte muito ao vivo. É o mesmo que perguntar para um joga-dor de futebol se ele, mesmo depois de muito tempo, ainda gosta de jogar bola. O que mudou depois destes anos é a seleção de onde tocar. Eu diria que isto melhorou bastante.

Eis uma banda destemida, que se reinventa a cada trabalho. “Estandarte”, o oitavo álbum, traz sonoridades diferentes e muitas experimentações. Ainda assim, com a cara inconfundível do Skank, que desta vez, optou por entrar em estúdio sem material pré-produzido, compondo e gravando simultane-amente. Também trouxe de volta o produtor responsável por alguns dos maiores sucessos da banda, Dudu Marote, que nos últimos anos, dedicou-se à música eletrônica. O tecladista Henrique Portugal conta como aconteceu.

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Você disse no passado que se preocupava mais com a cor das suas calças do que em ser um grande baixista...Ah, não, eu disse mesmo isso... Bom, foi uma coisa tão estúpida de se dizer. Sentir-me bem com o que eu estou ves-tindo é muito importante para mim, eu amo minhas roupas, mas eu levo muito a sério tocar bem o meu instrumento. Enfim, foi apenas uma bobagem que um adolescente diria...

Existem semelhanças entre a música que vocês faziam nos anos 80 e as tendências de hoje?A tecnologia permitiu que produtores se fortalecessem e dominassem as para-das. O hip hop é muito comandado por produtores. Não se trata de bateristas, baixistas, guitarristas, são apenas sam-plers, computadores e um vocalista. E, na outra ponta disso, você encontra músi-cos como o CSS, e eles são cult, como nós éramos. É como uma gang, éramos diferente de todo o resto, e é disso que eu gosto. Eu gosto de bandas, dessa coisa meio história em quadrinhos, de perso-nagens. Os Beatles foram os primeiros a fazer isso, a ter o cara engraçado, o politizado. E é aí que a coisa fica inte-ressante. Existe um movimento forte de bandas hoje, como o CSS, que pode viajar o mundo inteiro sem se preocupar com o ranking. Eles não precisam de um hit top 40 para justificá-los.

De que maneira trabalhar com o Timbaland influenciou vocês? O que vocês queriam, reinvenção, reencontro das raízes pop?Foi uma experiência interessante. Eu acho que você precisa estar preparado para experimentar se você quiser se

manter na ativa, se quiser gravar discos por 20 anos. Eu não sabia como seria, apenas que ele era um produtor extra-ordinário. Se a experiência foi um suces-so, eu não sei. A idéia era fazer um hit, nós não fizemos um hit. Acho que mui-tos dos nossos fãs não se conectaram, porque perdemos muito do nosso som ali, você não me escuta, não escuta Nick (Rhodes, tecladista), só escuta Simon [Le Bon, vocalista]. Enfim, não é algo com o qual a nossa base de fãs se identifique.

Um dos álbuns mais aclamados do ano é Death Magnetic, do Metallica, por representar uma volta às raízes. Seria possível para vocês fazerem o mesmo?Eu não sei, você gosta do Metallica? Meu disco favorito deles é o Master of Pu-ppets, eu não escutei o disco novo, mas aposto que não se parece nada com aqui-lo. Quando as pessoas falam em volta as raízes, é apenas uma imitação, você não tem como voltar às raízes, você pode apenas honrá-las. Enfim, é apenas hype, algo a dizer. A gente experimentou dife-rentes produtores ao longo da carreira e talvez tenhamos mudado um pouco o nosso estilo. Quando trabalhamos com o Justin Timberlake, pensamos que “ele representa o que fazíamos nos anos 80, é o rei do dance pop”. Nós estávamos honrando nossas raízes, mas quem ou-viu, pensou “o que é isso? Não se parece nada com Duran Duran”.

Como vocês se sentem depois de cruzar a década de 90 com um som que tinha muita influ-ência oitentista agora que a mú-sica dos anos 80 voltou à tona?Eu realmente não sei. Eu tento me man-ter conectado com a música de hoje,

mas às vezes eu não consigo entender, em outras eu consigo. É bem confu-so. Em alguns momentos, eu tento me manter fiel às minhas raízes, às músicas que foram importantes para mim. Mas isso varia, há tanta música, e ela muda o tempo todo. Em alguns dias, eu me sinto muito empolgado, conectado à dinâmica, à corrente da música, em outros eu só quero ouvir música dos anos 60.

O que há com o Reino Unido que os grandes fenômenos da música nascem na Inglaterra e explodem nos EUA?Eu acho que eles estão ficando mais parecidos. Bandas são muito populares na Grã-Breatanha, nós exportamos os maiores, Arctic Monkeys, Amy Winehou-se. O Reino Unido dá origem a tanta coisa, os ingleses amam música, eles amam personalidade, personagens. E o talento se revela muito rápido. Na Amé-rica, é muito mais devagar, demora tanto tempo para a música acontecer! É muito importante, mas é um tipo diferente de mentalidade, eles criam os superastros, Celine Dion, Justin, Michael Jackson, é um tipo diferente de trabalho.

Vocês ainda têm uma ligação com a música brasileira?Eu realmente não conheço quase nada, conheço CSS. Há pouco comecei a en-trar no lance da Tropicália, e estou cur-tindo isso no momento. Mas não conhe-ço muito da música do Brasil, estou mui-to empolgado para ouvir a música, para sair na noite, porque sei que existe uma vitalidade tremenda na música daí, estou muito feliz. Oh, man, it’s fucking twenty years of music! Vinte anos de música de festa, e é isso que sabemos fazer. Vai ser uma festa, uma festa com lágrimas.

Atravessadas três décadas com o estigma de serem uma das bandas mais bem sucedidas dos anos 80, o Duran Duran cresceu, envelheceu e ousou. Red Carpet Massacre (2008) contou com as mãos dos reis do pop Timbaland e Timberlake. “Não sei se foi bem sucedido”, admitiu o baixista John Taylor em entrevista à NOIZE. Mas não se pode duvidar da capacidade de reinvenção de quem já foi rotulado de boy band, passou pela new wave com êxito comercial e ainda sobreviveu ao grunge e ao britpop.

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Você falou em uma entrevista que se sentia como um alien nos Estados Unidos. Como se sente no Brasil?Eu estive aqui umas três vezes antes, então eu definitivamente me sinto mais confortável no Brasil. Eu acho que disse aquilo porque o público é tão estranho nos Estados Unidos… É muito distan-te, eles só ficam em pé e assistem. Na Inglaterra, as pessoas são mais enlou-quecidas. No centro dos EUA o público é mais louco que em NY, por exemplo. O público em São Paulo foi incrível, foi muito bom.

Sabemos que vocês escutam bandas brasileiras como o Bon-de do Rolê e o CSS, e você disse que a música deles é de festa. O som dos Klaxons é assim tam-bém para você?Nós não somos uma dessas bandas, na nossa tour com o CSS, todos os shows foram tipo festas, muito loucos, mas não acho que sejamos uma banda de festas; nós temos mais um show de rock. Eu não sei, acho que é energético, é rápido, mas eles com certeza tem mais a ver com festa do que a gente. Nós somos mais uma banda de rock.

Vocês soam mais pesados ao vivo do que nos discos…Sim, é verdade. Nós temos tocado duas músicas novas, que já estão gravadas. Mas as versões que gravamos são muito mais suaves. E nós temos tocado elas com bem mais peso, então vamos gravá-las de novo, e por isso é bom tocar as músicas ao vivo, porque elas mudam tanto.

Então o álbum novo deve ser mais pesado?Eu ainda acho que é bom ter diferenças entre o disco e os shows, então deve-mos testar os outros sons ao vivo. Va-mos para Austrália em dezembro e toca-remos eles novamente e gravaremos de novo os que precisarem mudar…

Esta é uma oportunidade que vocês não tiveram no primeiro disco.Com certeza. Quando nós gravamos o primeiro disco, queríamos um som mais limpo, polido e pop. Eu acho que este vai soar mais cru.

E fazendo isso vocês queriam conquistar o público para de-pois poder experimentar?Certamente, e eu ainda acho bom poder pesar mais ainda nos shows.

No primeiro disco, vocês assi-naram com a gravadora tendo apenas três músicas prontas. Como foi ter essa experiência de segundo disco direto na es-tréia?Nós tivemos muita sorte, porque eles nos deram muito tempo, falaram “quan-do vocês acabarem de compor a gente grava”, não teve pressão. Nosso selo é incrível, eles são muito legais com essas coisas, não nos deram nenhuma deadli-ne.

Vocês escreviam sobre um mun-do fantasioso enquanto as ou-tras bandas falavam de paixões à primeira vista. Como continu-ar fazendo as coisas diferentes

agora que elas se tornaram co-muns?É, o segundo disco é sempre muito difí-cil. Está especialmente difícil com as le-tras, porque às vezes elas vêm primeiro e a música vem em seguida e se forma em volta da letra. Mas dessa vez estamos tendo que trabalhar no embalo da mú-sica, criando as letras para acompanhar a música. Letras têm sido um terreno estranho para mim. Nós temos gravado as músicas em etapas, devemos finalizar em janeiro. O disco deve sair em março, abril.

E ele já tem um nome?Não, ainda não. Não temos nenhuma idéia da qual gostemos.

Vocês não concordam com a as-sociação que fazem entre o Kla-xons e a new rave, mas dizem sentir-se parte de algo quando bandas como o Justice fazem re-mixes de vocês. Que coisa é essa a que vocês pertencem, então?São muitas bandas que tocam energi-camente, música para cima, muito me-lódica e um tanto positiva, penso eu. E acho que é isso, não existe uma grande semelhança entre o som das bandas, elas buscam coisas diferentes.

Cada década tem uma dominân-cia; nos anos 60, havia a cena psicodélica; nos 80, havia a new wave. Qual você acha que é a música de hoje, o que é novo?O nonsense. Eu não sei, é mais como ten-tar conhecer todas essas coisas e roubar um pouco de cada. Nós definitivamen-te somos muito obcecados por vários

Chamados de criadores da new rave, os Klaxons provam que é preciso um termo mais amplo para explicar o seu som—e ao que tudo indica, esta constatação deve ganhar mais veracidade com o lançamento do segundo disco dos caras, no início de 2009. Foi um pouco a sorte que nos arranjou esta entrevista com Simon Taylor-Davis, guitarrista dos Klaxons e o nome mais gritado pelas meninas do Tim Festival. Em meio ao barulho da passagem de som, o cara, que forma com Luiza Lovefoxxx o casal mais cool da cena indie londrina, fez essa introdução ganhar sentido.

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daqueles discos psicodélicos dos 60s. Eu acho que nós temos um jeito de tentar resolver essas coisas naquilo que faze-mos, pegar elas emprestadas; isso é um pouco do que somos, uma mistura de tantas coisas diferentes. E sempre que você mistura as coisas, tem algo novo. É difícil sabermos agora o que acontece agora, daqui a dez anos olhamos para trás e vemos como as coisas se conec-tavam.

E porque as bandas surgem na Inglaterra e explodem nos EUA?Não a gente (risos). Eu realmente não acho que soamos ingleses. Vocês acham? Não sei, a imprensa não gosta muito da gente nos EUA. Não sei por quê. Eles não gostam como um todo, acham essa nova cena “new rave” uma bobagem. En-tão nós não explodimos de fato nos Es-tados Unidos. Achamos mais divertido e excitante viajar para a América do Sul. É

incrível fazer turnês por esses lugares—antes não era possível ir para a Rússia, por exemplo. Hoje, graças à internet, as pessoas podem não comprar seu álbum, mas vão conhecer e curtir sua música de graça. Isso é ótimo para nós.

O que você escutava na adoles-cência?Michael Jackson, Diana Ross, bandas britpop que eu não quero admitir que ouvia, como Blur.

De onde vem a influência punk que pode ser percebida no show? Cada um de vocês tem bases musicais diferentes? Acredite, nunca escutamos música jun-tos, não gostamos muito do gosto mu-sical um do outro. Mas isso é uma coisa boa, se tivéssemos o mesmo gosto seria muito entediante. Eles gostam de coisas mais eletrônicas, eu gosto mais de rock.

Já começou a aprender portu-guês?Não, hahaha. Eu comprei um livro e um CD para aprender, mas não tenho tem-po. Ano que vem prometo tentar.

E escutou música brasileira re-centemente?Não, dessa vez não procurei nada novo, estou apenas relaxando. Ainda não havia tido a chance de conhecer pontos tu-rísticos do Rio, como o Pão de Açúcar. Estamos em turnê há um mês, depois vamos para Nova Iorque por uns dias, para descansar antes das gravações na França.

Quantas músicas novas para o TIM?Duas novas, nós esperávamos tocar umas quatro, mas não conseguimos dei-xar duas delas bem redondinhas.

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Uma das atrações mais esperadas do festival era o rapper norte-americano Kanye West. Notável renovador do rap, Kanye é conhecido por fugir dos clichês do gênero, ao mesmo tempo em que mantém uma de suas características principais: a megalomania. Em seu show, ele encarna a estrela mais brilhante do universo, o homem capaz de vencer to-das as dificuldades e levantar-se depois do milésimo tombo, cada vez mais forte. Para representar sua ópera rap, West abusa da superprodução: um telão gigan-te faz o público compreender que aquilo é o espaço sideral. Jane é uma espécie de secretária-incentivadora com voz robó-tica que, assim como a banda, nunca apa-rece. Sem correntes de ouro ou coisas do tipo, West divide o palco apenas com o chão sob seus pés, solo de um planeta em que ele reina com sua música.

Mais ou menos. O público, animado em certos momentos, tinha um contra-peso difícil de equilibrar: os R$ 250 desembol-sados apenas pelo show de West. Será que o espetáculo de tecnologia, luzes e som valiam tudo isso? Talvez a avalanche de vips e globais não estivesse muito preocupada e até dançasse um pouco. Mas já na introdução de “Stronger”, se-guida pela abre-show “Good Morning”, dava para ver que o público poderia es-tar mais animado.

A West, faltou simpatia e sobraram de-cibéis. Do outro lado da Marina, atra-vessando o lounge ao centro dos três palcos principais, a revelação do jazz Esperanza Spalding devia estar ouvindo um pouco da música de West. Se em frente ao palco do rapper, os tímpanos ameaçavam explodir, obviamente sobra-va volume para atravessar a larga área

escolhida pela Tim (este um dos pontos altos do festival, que conta com uma infra-estrutura praticamente impecável). Todos esses detalhezinhos parecem ter irritado os jornalistas. Não só a eles: o taxista que nos levou à Marina da Glória disparou: “não tem nenhum nome co-nhecido, só o pessoal que trabalha com música é que conhece essas bandas”.

O line-up escalado pela organização do festival realmente não era dos mais ape-lativos. Mesmo o apanhado mais pop que se fizesse não chegava a convencer. Por mais que West esbanje dólares em sua apresentação, seu nome ainda é novo. O mesmo se pode dizer dos Klaxons, em vias de lançar o segundo disco, e dos recém-descobertos nova-iorquinos do MGMT. Para ver Marcelo Camelo e os tapa-buracos Roberta Sá e Arnaldo An-tunes, os cariocas não precisam ir a um show enxugado de festival. Mas a idéia de que o Tim não agradou é uma men-tira. A proposta de oferecer novidades é um ponto muito positivo para quem está aberto para elas.

Dois exemplos foram The National e Neon Neon, ambos com shows elogia-dos. O primeiro dividiu o horário com o Kanye West. O palco Brooklin era re-cheado aos poucos de indie rockers. A maioria aguardava o MGMT, que fecharia a noite de sábado, mas uma boa parcela aglomerou-se para ver o barítono Matt Berninger e sua banda surpreenderem o Brooklin. Se bem que é difícil falar em líder quando o violinista maluco e caris-mático enlouquecia a ponto de arreben-tar uma corda do arco de seu violino. A mistura do National pode ser oitentista e melancólica, mas não foram poucos os momentos de catarse coletiva no palco

e redondezas. Berninger inclusive agra-deceu à Internet, pois “nunca imaginara tocar no Brasil”. E falou com razão: foi na rede que a organização conferiu as apresentações de algumas das bandas que têm atualizado o rock e atualiza-ram, também, o festival. E como falar nelas sem citar a que viria em seguida? O MGMT é tão conhecido pelos shows irregulares que a imprensa parece ter ido disposta a não gostar dos garotos. Só assim para considerar fraco o show que foi um dos melhores do Tim.

MGMTCom a iluminação baixa, a banda entrou no palco enquanto o vocalista Andrew VanWyngarden empunhava um cacho de uvas, que arrancava com a boca, envolto na aura sessentista que faz do MGMT uma das bandas mais legais dos últimos tempos. A psicodélica “4th dimensio-nal transition” iniciou o show pintado de vermelho. Durante as canções mais conhecidas e empolgantes, o vocalista sorria: “estamos tão felizes por estar aqui”. De repente, os problemas técni-cos amaldiçoam o Brooklin: o PA à direi-ta do palco pára de funcionar na ótima “Weekend Wars”. A banda não percebe. “The Youth”, preferida do tecladista Ben, teve sua beleza ofuscada pela galera que reclamava para a equipe demorada em resolver o problema. Em “Electric Feel” o sistema de som voltou a funcionar e todos vibraram. Apenas Ben seguia concentrado atrás de seus teclados. O público estava contagiado, e nós, depois de 25 horas acordados, com 15 quilos de equipamento nas costas, nos divertí-amos muito. O clima up teve uma caída com a nova “Metanoia”, uma longa via-gem que transforma Andrew em Ozzy. Com mudanças de andamento incessan

O jornalista bate o pé enquanto as caixas de som emitem as batidas em um volume en-surdecedor. Poucas pessoas ao redor parecem empolgadas como ele e as anotações que faz em seu bloquinho de capa explicativa: Tim Festival. Assim que sair dali, ele vai redigir o texto que, no dia seguin-te, estampará algum grande jornal do país. Se criticará ou elogiará o evento, pouco importa. Como a maioria das pessoas que esteve na Marina da Glória, no Rio, o jornalista pareceu se divertir bastante.

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tes, os longos minutos da música suscitam a pergunta: terá o MGMT se voltado para um caminho menos pop? Para alegrar os entediados, Andrew começou a distribuir uvas para a platéia antes de entoar a catártica “Time to Pretend” e a on the dancefloor definitiva “Kids”, que levantou o público e fez a banda rir à toa. Mas ainda havia uma outra noite inteira pela frente. No sábado, o palco Tim Festa mostrava uma energia bem diferente da noite anterior. No show da Gogol Bordello, viam-se semi-rodas punk na platéia, contagiada pela rapidez cigana liderada por Eu-gene Hütz, ucraniano residente no Rio e encarregado do banho de vinho que quem estava no gargarejo tomou. Mas Hütz estava longe de ser o único responsável por hipnotizar o povo. O palco ficou pequeno para tantos músicos de tantas nacionalida-des, entre eles, uma tailandesa-americana e outra sino-escocesa. As duas vestiam ca-misetas do Santos e corriam por todos os lados, conciliando a percussão, os backing vocals e a dança. O russo Sergey Ryabtsev também atraia a atenção com uma longa barba branca, um sorriso constante e um violino de formato inusitado.

Entretanto, o grande destaque da noite veio um pouco antes desses shows, em um palco chamado de Novas Raves. O que quer que o nome signifique, da primeira ban-da a pisar nele, Neon Neon, falou-se que eles salvaram a new rave. E da segunda, Kla-xons, que eles foram dispostos a enterrá-la. Da primeira, saiu a presença mais memo-rável do festival, o multi-instrumentista Har Mar Superstar, que participou do show do MGMT e foi anunciado como “O próximo presidente dos EUA” pelo vocalista da Neon Neon, Gruff Rhys. Mas a apresentação da banda no Tim será lembrada tam-bém pela qualidade ao vivo. O tecladista e produtor de hip hop Boom Bip afirmou sua satisfação após assistir e aprovar Marcelo Camelo e Arnaldo Antunes. “Tocamos melhor em SP, mas aqui estava mais legal, a galera estava bem mais animada”.

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São os momentos de efervescência, como o rock de MGMT e Klaxons, o jazz de Esperanza Spalding e a polca louca do Gogol Bordello que fa-zem o Tim Festival valer a pena.

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5 momentos de catarse:.: Abertura do show do The National..: Bis do Gogol Bordello, regado a vinho..: Vocalista do MGMT jogando uvas na galera em “Time to Pretend”.: Trenzinho em “Copacabana”, última música do show de Marcelo Camelo.: Músicos de apoio do Neon Neon com Klaxons em “The Four Horseman of 2012”.: Dan Deacon por si só

KlaxonsDepois de Neon Neon foi a vez dos Klaxons. Entraram no palco triunfantes, logo na primeira música, a banda impressionava pela energia, e o guitarrista Simon Taylor-Davis já se encontrava em cima de uma caixa de som. Foi inevitável lembrar da declaração do tecladista e vocalista, James Righton, sobre o show de Kanye no dia anterior: “Isso sim é uma performance. Amanhã nós vamos apenas tocar nossos instrumentos”. Eles fizeram mais do que isso e mostrarem que a banda é bem mais pesada ao vivo.

Entre os instrumentos citados por James, provavelmente estava incluída a dinâmica das vozes, que contou com a ajuda do público em momentos como o refrão da segunda música, “Atlantis to Interzone”. As duas inéditas do show foram bem re-cebidas, mas os pontos altos foram os hits “Golden Skans” e “Gravitys Rainbow”. Ninguém acreditou quando eles disseram, entre elogios ao público, que “Isle of Her” seria a última música. Ainda assim, a platéia só parou de bater os pés quando eles voltaram ao palco e desferiram as primeiras notas de “Its Not Over Yet”.

Ou não parou. Até que “The Four Horseman of 2012” acabasse todos ainda estavam pulando. A última música foi mais um dos memoráveis momentos de catarse do Tim. O show à parte, Har Mar Superstar, voltou ao palco só de sunga, outro músico de apoio do Neon Neon assumiu a guitarra, tecladista e baixista dos Klaxons trocaram de instrumentos e Simon ficou apenas correndo por todos os lados. Quem se sentiu contagiado teve a oportunidade de exorcizar seus demônios no momento mais di-vertido do Tim. O show de Dan Deacon botou as poucas centenas de sobreviventes a correr em uma gincana nonsense na madrugada de domingo. Aliás, aquilo é que se pode chamar “nova rave”. O melhor do Tim é o que efervesce.

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Tem sido tudo muito rápido pra ti. Qual foi a diferença en-tre a gravação que tu fez com o dinheiro do teu presente de 15 anos e a do teu disco?Na verdade, quando eu fui gravar pela primeira vez, eu não tinha nenhuma pre-tensão, nenhum objetivo, era mais uma coisa “pelo vento”. Com o disco, a gente já tinha um plano, uma coisa mais pro-fissional, mais fixa. Estava bem diferente, mas, ao mesmo tempo, foi muito bom, porque estamos mais consolidados e foi mais fácil saber a atmosfera que a gente realmente queria. Essa foi a maior dife-rença, da insegurança para a certeza.

O processo de gravação foi bem especial, certo?Estamos sempre brincando e tal, isso sempre ajudou, porque, para se soltar, fazer piada e até fazer uma letra nova, era necessário criar uma atmosfera que combinasse com a atmosfera da música. Nós gravamos tudo de forma analógica e digital. Gravamos em fita, nos rolos mesmo, e também gravamos no digital. Então foi muito legal.

Como é ver tuas músicas com banda e arranjos novos?A gente mudou pouca coisa, Vanguart mudou um pouco mesmo. Isso que foi legal com o lance de ter o Marioca [o produtor Mario Caldato, que já produziu D2 e Marisa Monte] e de realmente ter achado o que faltava pra formar o que a gente queria na música.

Sobre músicas novas, “Noil” é muito bonita. Mas quem é essa guria que precisa de segurança?Hehe. Se ler ao contrário, dá “lion”, “leão”. Acho que é um pouco de mim, sim.

E tu falou que “O Preço da Flor” tem influência “marcelística” (do Marcelo Camelo). Tu te sen-tes melhor cantando em portu-guês também?Eu acho que é uma coisa natural, a lín-gua que vai, eu nunca barro nada. Nesses dois últimos meses, eu só escrevi em português, devo ter umas 15 músicas em português que saíram fluentes. A ca-beça segue funcionando o tempo todo, eu sou completamente assim.

E a parceria com a Vivo, esta tendência de contratos com empresas de fora do ramo da música é muito forte. Como tem funcionado para ti?Eu acho que é importante a gente pen-sar que, bem ou mal, a arte precisa ser vendida. Primeiro porque ninguém pode fazer quadro sem comprar tinta, não é, cara? E se você consegue mais dinhei-ro, você consegue evoluir a música e levá-la a mais pessoas, esse negócio da divulgação é muito positivo. É uma boa alternativa.

O lançamento do disco pela Vivo tem um conceito bacana. O que são os Mundos da Mallu?A gente quis fazer justamente o negó-cio da atmosfera: essa é uma palavra que diz bastante sobre o disco. Queríamos algo que fizesse sentido com as músi-cas, então tem todo um tratamento de imagem, desenvolvimento da idéia grafi-camente. Então você clica numa música e tem acesso a vários elementos que a formam como uma obra toda. Tem vá-rias coisas animadas, coisas que eu dese-nhei, elementos da minha vida.

Tu estás menos tímida, mais ar-

ticulada. Como lidar com gran-des festivais tem te ajudado a vencer a timidez?Acho que estou cada vez menos tímida em relação a falar o que eu penso, do jei-to que eu quero. Porque é difícil mesmo, de repente, no meio do nada, sair falan-do por aí. É complicado, mas agora eu já estou conseguindo. Isso é muito bom. Eu me sinto muito melhor, mais segura, vendo os resultados e pensando “nossa, era isso que eu queria falar”.

E o disco físico será lançado por algum selo?Ao invés de a gente lançar pelo selo de alguém, ou alguma gravadora, a gente faz independente e lança pela agência do meu empresário [Rafael Rossatto], que é a Agência de Música, porque tem que ter alguma coisa, então vamos lançar por ele. Mas basicamente é independente.

Como o mundo da música tem mexido com quem tu és?O mundo da música é um mundo profis-sional e de limites. Você tem que apren-der a ser livre, mas a fazer a sua liberda-de caber dentro de você. Sendo assim, a calma é a maior amiga dos meus dias. Acho que eu me encontrei, finalmente. Vou me encontrar mais ao longo da vida, mas por enquanto eu me sinto muito mais encontrada do que antes.

Eu falei com o Camelo sobre a parceria de vocês em “Janta” e ele disse que aposta todas as fi-chas dele em ti...É um incentivo, sem dúvida. Eu sempre tive muita admiração pelo Marcelo e o Los Hermanos. Hoje em dia, a gente tem uma relação artística e pessoal também, em relação a coração com coração.

Com o primeiro disco lançado, Mallu Magalhães consolida o fenômeno que foi sua aparição. Enquanto o mundo já começa a se acostumar com o talento de adolescentes como ela, a paulista, que saiu do MySpace para as telas da tevê, já tem parceria e confiança dos grandes, como da operadora de celular Vivo e do hermano Marcelo Camelo. E, como ele, mostra uma visão firme e serena ao falar de música, de carreira e de negócios. Parece que nenhuma catástrofe pode abalar Mallu.

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Em seu primeiro show, no Festival de Bandas do Colégio João

XXIII, os guris da Juice Head já sentiram o gostinho agradável da

vitória. Com apenas dois meses de existência, eles ensaiaram pe-

sado e fizeram bonito já na primeira oportunidade que tiveram

de mostrar o seu trabalho.

Fãs desde pequenos de bandas como NOFX, Millencon e Face to

Face, os amigos Artur, Bolívar, Felipe, Pedro Gelpe e Pedro Barreto

resolveram unir o útil ao agradável. Como todos tocam instru-

mentos e curtem música, porque não ter uma banda? E foi o que

aconteceu. Porém, são sensatos sobre o futuro: “Se acontecer de

dar certo, maravilha. Se não, tudo bem.” – fala o baterista Artur.

O momento é de colher os frutos do Festival e abraçar as opor-

tunidades: “O que surgir topamos” – esclarece o baixista Felipe.

Para isso estipularam uma rotina, que seguem religiosamente to-

dos os domingos. Ao colégio, agradecem a chance dada e os bons

instrumentos emprestados, e afirmam ser importante este tipo

de incentivo: “Alguns shows são furadas. É bom quando a própria

escola dá espaço para os alunos divulgarem suas músicas” – fala o

vocalista Bolívar. Para eles não existe sensação melhor do que a de

estar em cima do palco. Acostumados a ensaiar em estúdios, eles

acreditam que o show dá vida à música. É necessária concentração

e, principalmente, conseguir passar um sentimento à platéia.

- O palco é o único lugar que consigo esquecer de tudo. Ficar um

pouco “cabeça de suco” – brinca o baixista Felipe com o trocadilho

do nome da banda.

São sinceros ao afirmarem que nenhum deles é espetacular, porém,

quando se juntam fazem a diferença. E é aí que encontramos a prin-

cipal característica da Juice Head: o coletivo. Os guris acreditam que

sem união nenhuma banda consegue seguir em frente. É importante

agir sempre em prol do coletivo e nunca esquecer que acima de

tudo são amigos: “Bandas podem acabar com amizades, assim como

também há chances de novas serem construídas” – falam.

E assim, os cinco amigos vão se divertindo. São centrados, sabem

o que querem e procuram fazer jus as oportunidades que lhes são

dadas. Porém, mesmo com toda essa responsabilidade, nunca perdem

o jeito “juice head” de viver a vida.

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AgendaCYNDI LAUPER

Dia 19 de novembro - Teatro do Bourbon Country

Diva inspiradora de 9 em cada 10 cantoras pop, Cyndi Lauper pisa pela primeira vez em solo porto-alegrense

em novembro. Dona de uma carreira marcante nos anos 80, e de hits como “Girls Just Wanna Have Fun”

e “Time After Time”, Cyndi se apresenta no Teatro do Bourbon Country no dia 19.

ABRA. DESTAQUE. E COLE NA PAREDE.

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Foi em 1969, após ser escanteado do Pink Floyd, que Syd Barrett gravou a maioria de The Madcap Laughs, um dos registros mais sinceros que a música já viu. Por trás dos vocais frágeis, do violão de aço tocado com certa inse-gurança, as músicas de Syd vêm do fundo do coração. Impossível ignorar as desafinadas em “Dark Globe” ou “If It’s In You”; impossível, também, ignorar sua beleza. Os momentos mais bem executados, como a animada “Octo-pus”, não seriam nada sem a tosquice genial que permeia Madcap.

Black Sabbath_ Vol.4“Foi meu primeiro vinil. É o melhor disco do Sabbath e um dos melhores dos anos 70. Nunca a guitarra de Tony Iommi foi tão arrepiante e criativa. É um dos melhores presentes que Satã nos deu.”

SYD BARRETT The Madcap Laughs .: RONALDO_Damn Laser Vampires

redescoberta

Então o tiozinho, criador de belos cavalos que valem centenas de milhares de dólares, resolve não cooperar com Don Corleone. E a cabeça do cavalo vai parar... na tua cama. Não te preocupes, é de pelúcia, bem fofinha e sem sangue.

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DURMA COM A CABEçA DE CAVALO

Além deste boneco irado do Michael Jackson zumbi de “Thriller”, existe a versão dele bonzinho e dançante. Es-colha qual é o seu, os dois action figue-res têm 30 centímetros.

Preço: US$ 60,00em bigbadboystore.com

O rock é invenção do cão. Não, não desse cachorrinho bonito: do capeta mesmo. Mas bem que seu dog ia ficar bonitão vestido de Elvis Presley, rebolando enquanto curte um Chuck Berry na vitrola. Para isso, comece comprando esta fantasia, aprovada pelo espólio do Rei.

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Uma sacola de sarjinha, na onda “pare de usar sacola de plástico”, com es-tampa I LOVE ELVIS. Afinal, quem não

gosta de Elvis bom sujeito não é.

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LEVE ELVIS NA SACOLA

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Porque essa história de musiquinha bonitinha em iPodzi-nho coloridinho ligadinho no fonezinho é coisa de quem ainda não conhece o ampli MyTunes. Não é lá um Marshall, mas garante 5 watts de diversão pra ouvir música no quar-to, na viagem, no trabalho...

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NÃO TEM LUgAR PRA iPODZINHO

minha colecao

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estampado mês

Marca:Element

Onde Encontrar:Tow In

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públicaa.k.a. Cansei de Ser Sóbrio

Depois de firmar-se como uma das melhores bandas da atual safra gaúcha de rock com o disco de estréia, Polaris, a Pública chega de estilo renovado para o lançamento de Como num Filme sem um Fim, em janeiro. Ãhn? Calma, calma, é brincadeira. O visual Power Rangers é só para o ensaio de moda deste mês. Mas o que mudou para a Pública? Isso você confere no disco novo, no documentário que sai junto com ele e na nossa conversa com o vocalista Pedro Metz e o guitar-rista Guri Assis Brasil, transcrita nas próximas páginas.

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estilo:música

Fotos: Marco ChaparroAssistência de Fotografia: Lucas Tergolina

Direção de Arte: Rafael RochaProdução: Mely Paredes e Bianca Montiel

Make up & Hair: Necca WortmannTexto: Maria Joana Avellar

Figurinos: Rouparia e acervo MissinSceneAcessórios: Beatnik Acessórios Psicodélicos

Locação: Rodoviária de Porto AlegreAgradecimentos: Giovane Luigi, Jorge Rosa, Vivi, Hermindo, Schutz, Pedro Metz e Gica

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Existe muita expectativa em tor-no do lançamento do CD novo. Que novidades ele traz?Na questão das influências, eu diria que a música negra é um elemento novo. O bai-xo foi muito valorizado nesse disco, a par-te rítmica está melhor. Mas continuamos com a mesma marca: letras e melodias bem feitas, bons instrumentistas. Não fica-mos restritos a nenhuma corrente musical, podemos fazer música oitentista, sessen-tista, atual, e soar como Pública. O foco de vocês agora é o merca-do nacional, certo?

O nosso foco sempre foi nacional. O pri-meiro disco foi lançado pelo selo paulistano Mondo77. A assessoria de imprensa tinha sede em São Paulo, o que propiciou que a banda tivesse um alcance bem grande den-tro do universo independente. Agora que-remos ampliar este trabalho. O disco novo será lançado pelo selo Olelê Music, do Lelê Bortholacci, que era empresário da Ca-chorro Grande e da Fresno. Contratamos a mesma assessoria de imprensa do primeiro disco, Inker, e já temos um planejamento fe-chado: liberamos três músicas no MySpace para as pessoas irem escutando, acrescen-taremos mais duas nos próximos dias, e

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dia 24 de novembro o disco inteiro estará disponível para streaming. O lançamento oficial do disco será no ano que vem, com clipe novo. E em março iniciaremos os sho-ws de lançamento. Dá para perceber que vocês têm muito cuidado com a imagem... Acho que um dos pontos fortes da Pública é esse cuidado estético. Desde o inicio a banda sempre teve ótimas fotos, capas de EP bem feitas. Quando lançamos o clipe de bicicleta, ele deu uma acordada na cena: “olha o que os caras estão fazendo com pouco dinheiro”. Sempre temos muito cui-

dado nos clipes, participamos de todas as etapas, no penúltimo assumimos a direção. Outro dia, falando com o Arthur, vocalista da Volantes, ele falou um lance que nos dei-xou bem felizes: “Tenho muito orgulho de ter bandas como a Pública na cidade, por que não precisamos só buscar referências por aí, temos uma referência aqui dentro”. Na página de vocês no Trama Vir-tual tem uma descrição sobre a cena rock que começou em Porto Alegre em 2002. Como vocês vêem a mudança da banda e da cena de lá para cá?

Acho que a banda amadureceu de um modo geral. Apesar de ser muito difícil, estamos conseguindo controlar um pouco melhor a nossa ansiedade. Todos da banda são ansiosos, com o agora e com o futuro, ou seja, é muita ansiedade numa banda só. Hehehe. Vejo a cena um pouco mais enfra-quecida que naquela época. O mundo da música está muito complicado e isso re-flete na cena. Bandas de amigos desistindo do sonho, poucas bandas sendo formadas comparando com alguns anos atrás. A gente segue firme e forte pensando, às vezes mais alto do que deveria, mas acho que só assim chegaremos em algum lugar.

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O QUE ENTRA POR UMA ORELHAE NÃO SAI PELA OUTRA

reviews

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São quase 30 anos de carreira e inevitáveis altos e baixos. Depois de tanto tempo, Robert Smith, acreditem, parece feliz. Ou melhor: à

vontade. É o que se nota no novo álbum da banda, 4:13 Dream. Lançado mundialmente em 28 de outubro, o disco foi apresentado na íntegra em Roma, num show que levou a tradicional multidão de góticos, de-pressivos ou simples apreciadores da boa música. 4:13 Dream, varia em forma—rock, longas frases de guitarra e o bom e velho pop da cura—e conteúdo—política, amor e religião. Em “The Only One”, por exemplo, é impossível não se lembrar, vagamente, de “In-Between Days”. Prestes a completar 50 anos e mais gordo que nunca, Robert Smith deve pegar este disco, botar para escutar e abrir um sorrisão, orgulhoso por mais uma missão cumprida com dignidade. Carlos Guimarães

Os anos 00, que mal humorados gostam de apontar como uma década perdida para a mú-sica, são repletos de altos e baixos como os

demais períodos. É fato que tudo deriva de algum lugar e, logicamente, hoje em dia há um número bem maior de procedências. Portanto, é natural que as bandas carreguem inúmeras e escancaradas influências. O Keane, em Perfect Symmetry, manteve os pianos e boas melodias, mas voltou aos 80 e também tomou emprestado o que bandas atuais resga-taram e criaram. O resultado é um álbum em que parece estar faltando algo, mas que mesmo assim oferece boas canções pop. Entre elas, reco-mendo a ótima mistura de Killers com U2 em “Lovers are Losing” e as excelentes “Again & Again”, “Perfect Symmetry” e “You haven’t told me anything”. Gustavo Corrêa

Após meses de ansiedade por parte dos ad-miradores do ex-Hermano Rodrigo Amarante e também do furor causado pelo disco Sou,

de Marcelo Camelo, chega aos nossos ouvidos Little Joy. Um trabalho primoroso em suas escolhas e ainda com aquele clima de som em vinil. Mesmo em meio às mais diversas influências perceptíveis como jazz, MPB, sons havaianos a la Beach Boys e uma pitada de hipongagem chi-que tipo Jafferson Airplane, o rock está lá, ao contrário do trabalho de Camelo. E aparece na sua melhor forma, a de música, sem poses nem afetações. As canções e trechos com vocal feminino e em portu-guês dão um toque ainda mais charmoso, como em “The Next Time Around”, faixa de abertura, e “Unattainable”, na voz de Binki Shapiro. Ouça e deleite-se! Ana Luiza Bazerque

Off With Their Head marca duas grandes des-cobertas dos Kaiser Chiefs: o experimentalis-mo e a aventura. O álbum, repleto de contra-

posições, é bastante diferente do que se imaginaria. Enquanto “Always happens like that”, parceria com Lily Allen, mostra a mesma linha de “I predict a riot”, faixas inesperadas, como a setentista “Remember you’re a girl” (cantada pelo baterista Nicholas Hodgson) conseguem escapar do óbvio e demonstrar que, em dezoito meses, uma banda pode obter uma maturação nunca antes vista. “Good Days Bad Days” e “Tomato in the Rain” são as faixas mais interessantes do disco, adicionando um contraponto levemente melancólico às restantes canções, mais embala-dinhas. Fernanda Grabauska

Como ele está? Igual aos outros. Ruim afirmar isso? Falando em AC/DC isso é elogio, e podem ter certeza, este é mais um petardo do grupo. A batida cativante e, em muitos momentos, dançante da batera de Phil Rudd, o riff marcado de Malcom Young, o baixo cadenciado de Cliff Williams, estão ali como sempre, sem deixar o nível cair. Angus? Seus solos sempre dão gosto de ouvir. Brian Johnson... como alguém que canta rasgado como ele ainda tem essa força na voz? Uow! A primeira faixa “Rock and Roll Train” é destaque, daquelas que vão fazer a galera pular nos shows. “Big Jack” é para dançar, música de pista, e “Rock and Roll Dream” tem um clima blues, mais lenta. Quer saber? Tudo igual, o mesmo rock and roll de verdade, sempre ótimo, AC/DC. Ricardo Finocchiaro

AC DCBlack Ice

THE CURE4:13 Dream

KEANEPerfect Symmetry

LITTLE JOYKAISER CHIEFSLittle JoyOff With Their Heads

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O ponto mais alto da The Spinto Band é

ser indie sem medo de soar pop. Ironicamente, talvez essa seja a receita para que ela não atinja o calibre de tantas bandas do mesmo gênero, mas de qualidade inferior. Em Moonwink, junto com uma acentuação do estilo “rock ingênuo dos anos 50”, acontece o mesmo que em Nice and Nicely Done: é difícil escolher a música pre-ferida. Ao mesmo tempo, nenhuma delas tem potencial para tornar-se um verdadeiro hit. E é melhor assim. Eles seguirão fazendo um álbum melhor do que o outro, com muitas músicas para gostar e menos chances de enjoar tão rápido. Maria Joana Avellar

Do Rise Against não se pode esperar algo

que ultrapasse um nível pré-determinado de inventividade, pois a banda prova a cada disco que não pode—nem quer—abandonar aquilo que consolidou em álbuns como Revolutions per Minute, The Sufferer & The Witness e Siren Song of the Counter Culture. Em Appeal to Reason há os hinos de sempre, as letras politicamen-te engajadas e os hardcores poderosos. Não há como atravessar incólume a devastadora “Collapse (Post-Amerika)”, a lenta e pesada “Re-Education (Through Labor)” ou a melódi-ca “Long Forgotten Sons”. Menos rápidos, mas mantêm a qualidade. Gustavo Corrêa.

Apesar de Side-Ste-pper ser um disco mais relaxado e por

vezes até romântico que os anteriores, os australianos do Bamboos ainda trazem o su-íngue do funk que não é para descer até o chão, mas para subir aos céus. Experimente uma manhã de domingo ao som de “One Man Entourage” ou “Funky Buttercup” para uma dose de energia positiva. O álbum conta ainda com boas participações como a do rapper TY em “Can’t help myself”, da já antiga parceira Kylie Auldist, em três faixas da ala mais lenta, e de Megan Washington na interessantíssima versão de “King of the Rodeo”, do Kings of Leon. Bruno Felin

Uma tarefa bem fácil dizer qual foi o álbum mais importante da história do Pink Floyd. Lançado

em 1973, foi o terceiro disco mais vendido na história da indústria fonográfica, ficando atrás apenas de Thriller do Michael Jackson e Back in Black do ACDC. Oitavo álbum de estúdio da banda inglesa e responsável por fazê-los entrar de vez no hall de mitos da música. Recheado de clássicos como “Mo-ney”, “Time” e “Us & Them”, amplamente executados em rádios do mundo inteiro, proporcionou uma popularidade à banda até então nunca vista. Com a mistura do blues com diversos elementos modernos e eletrônicos, as composições não ficam só no básico baixo/guitarra/bateria, reple-tas de overdubs e efeitos. O disco ainda tem várias histórias ocultas, como a possí-vel conexão com o filme O Mágico de Oz. Recentemente, Roger Waters excursionou pelo mundo com uma turnê dos 35 anos do álbum, onde o executava na íntegra.

Álbum de 1979, tido com uma das maiores obras da história da mú-sica, venerado e louvado como um ícone. The Wall é praticamente um musical em formato de disco, onde se destacam “In The Flesh?” (que por sinal abre majestosamente os trabalhos sonoros), o clás-sico absoluto “Another Brick in the Wall” e suas diversas partes—I, II, III e “The Happiest Days of Our Lives”—, e as sempre executadas

nos shows da banda, “Confortably Numb” e “Run Like Hell”. Em 1982 foi lançada a versão cinematográfica do álbum, sob direção de Alan Parker, a exemplo do que The Who havia feito anos antes com a ópera rock “Tommy”. O filme teve boa repercussão de público e mídia especializada e é, até hoje, uma dos grandes obras cult de todos os tempos; afinal, quem não recorda a marcha dos martelos, cena do filme?

Lançado em 1971, é um álbum marcante por mostrar o resquício da psicodelia deixada por Syd Barrett (fundador do grupo) em sua sonoridade, porém já mostrando o amadurecimento das compo-sições e o rumo sonoro que o grupo seguiria a partir de então. A primeira faixa é a instrumental “One of These Days”, que começa com um baixo ritmado como uma cavalgada para depois se trans-

formar em diversos solos, beirando um heavy metal mesclado com muitos sintetizadores. Destaque também para “San Tropez” na voz de Roger Waters, um som que lembra muito mais os Beatles do que o próprio Pink Floyd. Mas a verdadeira obra é “Echoes”, um épico de 23 minutos, sombrio e instigante, onde a banda mostra tudo aquilo que tem de melhor, nas letras e na melodia.

por Ricardo FinocchiaroDiscografiaBásica PINK FLOYD

THE BAMBOOSSide-Stepper

Dark Side of The Moon

The Wall

Meddle

cds

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sTHE SPINTO BAND

RISE AGAINST

Moonwink Appeal to Reason

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Mestre do soul e do funk, James Brown é referência de gente de todas as artes. Antes de virar as-sunto policial, o can-

tor definiu a black music e colocou-se à frente da causa negra nos EUA. Todos estes aspectos da vida do Godfather do soul estão bem do-cumentados neste box de DVDs de maneira detalhada. Com ótima produção, não há muito o que criticar no disco. Resta ao espectador deliciar-se com o mundo de Brown, sempre devidamente contextualizado historicamente. E, de brinde, assistir às belíssimas performan-ces do terceiro DVD. Man to Man, gravado no Harlem e transmitido pela TV em 1968, soma-se a outras apresentações que evidenciam porque Mr. Brown foi iluminado. RJ

Produzido para acompanhar uma edição especial do único e homônimo álbum lançado em vida por Jeff Buckley,

Grace mostra de onde saíram os 12 momen-tos que fazem do cara um ídolo para tanta gente. Os depoimentos do próprio músico à época do disco têm um rebuscamento cine-matográfico: sempre que fala, Buckley parece tentar fazê-lo de forma poética e impactante. E é entre a poesia melancólica, que o associa a nomes como Elliot Smith e Nick Drake, e o rock experimental que remete diretamente a nomes como Incubus, que se encontra o uni-verso de Grace. O fato de ser um bônus não compromete a qualidade do DVD. Bem pelo contrário, trata-se de um registro carregado de intimismo e de intimidade: o jeito que cada personagem fala de sua participação no álbum apagam a década que nos separa da obra pri-ma de Buckley. E o vídeo é carregado de sen-timento sem apelar para o drama que cerca a morte prematura de Buckley, morto afogado em um afluente do Mississipi em 1997, aos 30 anos. Fernando Corrêa

JAMES BROWN

JEFF BUCKLEY

I Got the Feeling

Making of Grace

Os Replicantes não podem ficar parados. Se não fosse assim, eles não estavam to-

cando há tantos anos, superando cada desfalque na formação, indo e voltando da Europa aos 47 do segundo tempo e, por fim, chamando uma guria de vinte e tantos anos para assumir os vocais. O esquema é pelo amor, e isso deve ser levado em conta ao ouvir Demo-tape, uma demo gravada e liberada pelos caras “assim mesmo, já que ainda não tem selo para lançar”. Nas nove faixas, pouca pretensão e muita diversão pa-recem ser a regra. Aliás, que história é essa de regra?

Um álbum pesa-do, progressivo e com muita melo-dia. Para aqueles que acham que o

que é bom vem de fora, precisam escu-tar o ‘debut’ da gaúcha Magician. Mar-cado pela qualidade e pela técnica, este registro mostra a eficiência dos músicos nacionais. Mixado e masterizado na Ale-manha, o álbum é conceitual e agrada-rá fãs de contos fantasiosos e de RPG. Sons como ‘Prime Evil’, ‘Underworld Terror’, e ‘Siege of Zeldian’ são os des-taques, mas a mais bela faixa é ‘Minstrel’s Domain’ com uma levada de violões em clima folk/medieval e uma interpretação destacada do vocalista Dan Rubin.

OS REPLICANTES

MAGICIAN

Demo-Tape 2008

Tales of the Magician

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A história do blues não se encerra; ela segue sendo escri-ta diariamente por

bandas de rock ao redor do mundo. Mas o título deste DVD é preciso: a história essen-cial, aquela que deu à existência, que formou, conformou, definiu. Quem quer conhecer o blues não pode fugir de documentários como este, que apresentam aquilo que já foi esqueci-do e recupera traços já suprimidos da música original.Foi das mãos, peitos e corações de negros trabalhadores do delta do rio Mississipi que surgiu a música seminal para o que, até hoje, chamamos de rock. Os primórdios do estilo evidenciam a ligação da música com a con-trapartida na criação do rock: o folk. De ví-deos raros (se é que isso existe em tempos de YouTube) como o mestre dos blueseiros, Leadbelly, tocando “Pick a Bale o’ Cotton” em registro tão antigo que se releva a qualidade baixa, até o mestre Buddy Guy guitarreando “I Got My Eyes On You”, este DVD conta em músicas a história que só pode ser contada assim mesmo. E é com os ouvidos que se aprende, do som trovejado pelas mãos gigantes de Son House, e da delicadeza da voz de Billie Holiday que o blues é sentimento—talvez um dos sentimen-tos mais puros e sofridos que a América do Norte ensinou para o mundo.Originalmente dividido em um par de fitas VHS, o DVD consiste de duas partes: a pri-meira conta a história do blues com as ima-gens em preto e branco desgastadas, em que se destacam as intérpretes Ida Cox e Big Mama Thornton; a outra mostra a evolução do gênero musical para um universo em que os mestres do blues moderno, como Muddy Waters, incorporaram a guitarra à sua música e abrem caminho para o surgimento do rock ‘n’ roll nas mãos de outros negros, como o mestre Chuck Berry. Uma notícia boa para os mãos-fechadas é que os videoclipes todos estão no YouTube; assim, mesmo quem não quiser comprar o DVD—o que é um tanto mesquinho, já que ele é típico em balaios—, pode assistir a todas as perfor-mances. Ricardo Jaggard

BLUE MASTERSThe Essencial History of the Blues

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OS DESAFINADOSde Wagner Tiso (2008)

Os Desafinados, novo filme de Walter Lima Júnior, nada mais é do que uma belíssima ode à Bossa Nova. A produ-ção brazuca, protagonizada por um conceituado time da nova geração de atores, conta com o lost Rodrigo San-toro, Ângelo Paes Leme, Selton Melo e a talentosa Cláudia Abreu.O longa recria uma bossa para lá de afinada e retrata as idas e vindas de um grupo musical estreante, vivendo em um Rio de Janeiro então embalado pela sonoridade que encantou o país nos anos 60. A partir de lá, a banda chamada de Rio Bossa Cinco vai aos EUA na tentativa de realizar o sonho de tocar no Carnegie Hall.Contextualizado pela chegada da re-pressão militar e ambientado, em par-te, nos anos de chumbo da ditadura sul americana, Os Desafinados é um filme sério, sendo despretensioso. Fala de boa música com humildade e suti-leza. Aborda os meandros, os sonhos e as desventuras que caracterizam as carreiras artísticas. Os (des)afinados simbolizam aquela bossa nova que foi feita com inigualá-vel esmero e suor e partiu de artistas que produziram matéria-prima capaz de encantar platéias em todo o mun-do até os dias atuais.Em tempo: Vale a pena conferir a nova produção de Walter Salles e Daniella Thomas, Linha de Passe, cuja trilha so-nora é assinada por referência recor-rente da coluna: o argentino Gustavo Santaolalla, guitarrista e produtor pre-miadíssimo no universo de las bandas sonoras. Marcela Gonçalves

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Produzido por Guillermo del Toro (de O Labirinto do Fauno), este suspense sobre-natural espanhol de grande sucesso é um exemplo de bom cinema que aposta na construção de clima e personagens ao invés de sustos, numa atmosfera seme-lhante a Os Outros e A Espinha do Diabo. Laura (Belén Rueda) acaba de se mudar para o prédio do orfanato onde foi cria-da, e que agora pretende reformar como lar para crianças com necessidades espe-ciais. Apesar de ter boas lembranças do lugar, aos poucos ela começa a descobrir indícios de uma tragédia que acometeu os colegas que ela deixou para trás. O ambiente parece influenciar também seu filho Simon, que passa a ter um amigo imaginário que talvez seja algo mais do

O ORFANATOde Juan Antonio Bayona (2007)

que isso. Com o desaparecimento do filho, os pais vão atrás de uma equipe de paranormais (que incluem Geraldine Chaplin e Edgar Vivar, o Seu Barriga da série Chaves) para investigar o segredo sinistro guardado pelo orfanato. Samir Machado

Divulgação

O filme mais assustador do ano? [REC], produção espanhola de 2007 que che-ga aos cinemas no Brasil um mês antes de Quarentena, a refilmagem americana (afinal, americanos não gostam – ou não conseguem – ler legendas), é herdeira do cinema de horror-documentário de A Bruxa de Blair, e se alinha com Cloverfield em explorar a desorientação e o pânico do “testemunho ao vivo” de um terror que não se compreende, expoente na ficção dos videos amadores do 11 de setembro, pessoas comuns que estavam no lugar errado e na hora errada. Aqui, a repórter Nina Medeiros (Manuela Velas-co) e seu cameraman, documentando a rotina de uma equipe de bombeiros para um programa jornalistico noturno, os acompanha no que seria uma ocorrência rotineira num prédio do centro de Bar-celona, onde ouviu-se gritos vindos de um apartamento. Ao entrarem, um dos policiais é mordido por uma velha mu-lher enlouquecida, que logo é (aparente-mente) morta. Entretanto, ao tentarem sair do prédio, bombeiros, moradores e policiais são avisados de que o local está

Divulgação

isolado como possível fonte de um con-tágio – trocando em miúdos, zumbis. Assim como em A Bruxa de Blair e Clover-field, filmar é manter-se vivo. E é graças a uma combinação de bons atores – que parecem levar sustos tão genuinos quan-to a platéia -, uma montagem inteligente que potencializa o sentimento de isola-mento e sugere mais do que mostra, ao uso econômico e estratégico de efeitos especiais e um controle de cena sensa-cional, que [REC] trasmite uma sensação de pavor tão genuína quanto rara em fil-mes de horror recentes.Samir Machado

REC de Jaume Balagueró (2007)48

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Para reclamar o trono que é seu de direito, Pro Evolution Soccer 2009 chega às lojas tentando explicar à concorrência que, para tirá-lo do topo, não será nada fácil. Dessa vez, o game apresenta duas principais mudanças. A inclusão do modo de jogo “Rumo ao Estrelato” (modo já explorado pela série Fifa), em que o

jogador cria um personagem que começa sua carreira profissional e, pouco a pouco, aprimora suas habilidades e ganha a confiança do técnico e da torcida, despertando a cobiça dos grandes clubes do mundo. A outra novidade é a “Liga dos Campeões”, agora perfeitamente customizada, exatamente como a real. Além disso, melhorias brutais nos gráficos e uma trilha sonora que não deixa por menos fecham com chave de ouro o lançamento desse novo game. Agora é só reunir os seus amigos, organi-zar o torneio e mostrar pra todos eles quem é o pai do Winning. Eduardo Dias.

Agradecimentos à JP Eletrônica – Assistência Técnica :: www.jpeletronica.com Pça. XV De Novembro, 66 – Sala 1010 - Porto Alegre :: Tel: (51)3012.8721 | 9129.9399

PRO EVOLUTION SOCCER 2009

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Duas jovens americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson), che-gam a Barcelona para as férias de verão. Fazem amizade com Juan Antonio (Ja-vier Bardem), um charmoso pintor que mantém uma relação complicada com sua ex-mulher, a também pintora Maria Elena (Penélope Cruz) - referência óbvia ao casal de artistas Diego Rivera e Frida Kahlo. Woody Allen utiliza o choque en-tre culturas para teorizar sobre o amor e sobre a idéia de que alguns romances podem se beneficiar da presença de uma terceira pessoa. Além do elenco muito bem escalado, Barcelona se mostra o ce-nário perfeito para a história, e é filmada como um personagem, o que explica o título. Após toda sua carreira filmando em NY, novos ares parecem ter feito bem ao cineasta. Frederico Cabral

Em sessões únicas ao redor do mundo, os macacos do ártico lançaram seu fil-me-concerto em grande estilo. Por aqui, a função rolou no Arteplex, numa sessão lotada de fãs que foram para assistir aos ingleses em seu último show de lança-mento de Favourite Worst Nightmare, no Apollo Theatre, em Manchester. Capta-do em 16mm, o filme mostra, ao longo de 20 músicas, porque os Monkeys são hoje o que são. Talvez pela pouca estra-da, a presença de palco não empolgue tanto. Mas isso é muito bem compensa-do pela precisão e intensidade das mú-sicas executadas, pela ótima luz e pela estética granulada da película. Filmado de cima do palco, traz um realismo que fez o público do cinema interagir e achar que estava mesmo lá, aplaudindo, pedin-do música e gritando. Felipe Neves

ARCTIC MONKEYS AT THE APOLLO de Richard Ayoade (2008)

VICKY CRISTINA BARCELONA de Woody Allen (2008)

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>> Lily Allen Everyone’s At ItDepois de meses sendo citada apenas por seus escândalos, Lily Allen lança um novo single com semi-potencial para hit.

>> Guns ‘n’ Roses Chinese DemocracyAgora que chegou as rádios, pode-se ouvir a versão devidamente finalizada do single do disco-lenda de Axl Rose.

>> The Gossip 1000 ThingsA gordinha simpática do The Gossip deu bolo nos brasileiros, mas a banda segue na ativa. >> Jay-Z e Coldplay LostO rapper dá o ar para temperar uma das faixas de Viva la Vida. Dizem que esta não é plágio.

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sões re-arranjadas de músicas do Los Hermanos, como “Pois É” e “Santa Chuva”. Mas o povo também quer tesão, então foram a bonitinha “Janta” (gravada em parceria com Mallu Magalhães) e a marchinha “Copacabana” as mais entoadas e empolgantes da noite. Depois da última levantar as pessoas das cadeiras, “Cara Valente” e “Fez-se Mar” tiveram apenas o tra-balho de acalmar os nervos dos mais exaltados e fazer os ou-tros entenderem: Camelo é um herói. Fernando Corrêa

não foi a que mais impressionou o público, mas com certeza foi a mais filmada por ele. Para o bis, ela volta feliz e saltitante. KT Tunstall parece ter adorado Porto Alegre, e Porto Alegre definitivamente adorou KT Tunstall. Maria Joana Avellar

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Eu Fui

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“É um privilégio ver de perto, essa artista fenomenal. Uma palavra só define o show: FANTÁSTICO!”

“Os outros hermanos não fizeram falta. Marcelo Camelo, sozinho, me levou às lágrimas.”

Mariana Azevedo_ Estudante

Julia Timm_ Estudante

Arlise C

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Muito barulho não combina com a música que Marcelo Ca-melo apresentou em sou, primeiro disco de sua carreira solo. Por isso, foi silenciosa a expectativa para o show que trouxe a turnê do álbum a Porto Alegre. Mesmo a fila de fãs que foram ao teatro do Bourbon Country era comportada. Mas não se engane. A rápida jornada que levou Camelo de líder dos Los Hermanos à figura de ar messiânico que entoa as letras sutis de sou levou arraigados os fãs de sua banda anterior. Afinal, quem é apaixonado para assimilar a dinâmica da carreira dos Hermanos não deve ter problemas com a nova viagem nostál-gica do homem. O teatro estava lotado quando Camelo entrou no palco pu-xando o violão de nylon pelo braço. Sem cerimônias, ajeitou o amigo no colo e dedilhou as primeiras notas da quase ins-trumental “Passeando”. O estalar das palmas ao fim repetiria-se sucessivamente. Aplausos massivos. No intercalar deles, o repertório quase completo de sou foi apresentado, a seguir por “Teo e a Gaivota”, que trouxe ao palco os paulistas da Hurtmold, banda veterana na cena indie, cujo talento tornou parte do disco do hermano possível.Camelo pouco falou ao longo do espetáculo. Na maioria das vezes, limitou-se a elogiar a noite e preocupar-se com o públi-co (“tudo bem aí sentados?”, perguntou para a platéia, inquieta em momentos como “Menina Bordada”).A erudição do violonista fica evidente quando ele toca as ver-

MARCELO CAMELO Teatro do Bourboun Country, 16 de Outubro

A passagem de KT Tunstall pela capital gaúcha era bastante es-perada pelos fãs e por quem conhecia sua excelente reputação em performances ao vivo. Na noite do dia 19 de outubro ela convenceu, também, àqueles que foram ao Bar Opinião ten-do ouvido apenas uma ou duas canções. Bem acompanhada de quatro meninos tão empolgados quanto ela, KT dança o tempo inteiro com a guitarra, brinca com o público e até ar-ranha um português. O melhor momento da noite é o “voz e violão”, no qual ela fica sozinha no palco e dedica “Universe & U”, do primeiro álbum, a um fã presente no gargarejo. Ela segue acompanhada apenas pelo coro do público no hit “Black Horse and the Cherry Tree”, até que a banda volta para um mini-cover de “Seven Nation Army”, do White Stripes, que leva a platéia à máxima empolgação até então. Dali para o final uma seqüência de lentinhas tira um pouco o ritmo do show, mas KT já tinha mostrado que, por trás da aparência pop-enlatado, havia música pop de qualidade, com uma base country, tanto no jeito de tocar como na voz. Quando ela voltou às mais animadas, a banda parecia mais empolgada do que a platéia. A última música antes do bis foi o superhit “Suddenly I See”, que não recebeu maior ênfase que o resto da set list e também

KT TUNSTALL Bar Opinião , 19 de Outubro

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Os veteranos do Millencolin realmente gostaram do agito brazuca. Dois anos depois de matarem a sede dos fãs em algumas poucas capitais, os suecos voltaram para mais uma série de shows. Desta vez, Porto Alegre não ficou de fora. A última vez em que a banda deu as caras por aqui foi em 1998. Uma década depois e com vários novos álbuns lançados, eles se reencontram com o ansioso público gaú-cho. A finalidade era divulgar o trabalho mais recente, Machine 15, de 2008. O local escolhido para abrigar a festa foi a Casa do Gaúcho. A acústica, como era previsível, ficou a desejar.Passava um pouco da meia noite quando o baixista e vocalista Nikola Sarcevic, os guitarristas Mathias Färm e Erik Ohlsson e o baterista Fredrik Larzon surgiram do escuro e levantaram a gauchada com um riff conhecido: “Penguins & Polarbears”, para agradar a gregos e troianos. A faixa é do impecável Pennybridge Pioneers, de 2000, considerado um dos melhores álbuns do grupo.Formado o pogo (a roda punk), o experiente quarteto manteve a galera acesa alter-nando músicas dos três últimos trabalhos. Tais CDs, entretanto, marcaram um desvio anunciado na sonoridade da banda, que chegou a gravar um pouco de ska nos pri-meiros anos de formação. As músicas mais atuais perderam a velocidade do hardcore juvenil de 10 anos atrás, mas ganharam em melodia e em seriedade. Estavam lá a nova “Detox”, bem como as emocionantes “Black Eye” e “Battery Check”. Para sustentar a animação, clássicos do Pennybridge, como “No Cigar” e “Fox”.Para os que queriam ouvir o velho skatecore, o Millencolin não decepcionou. De-senterraram “Dance Craze” e “Mr. Clean”, de 1994. Encaixaram também pauladas como “Lozin’ Must” e “Olympic”. Não esqueceram a tradicional “Bullion”. O CTG veio abaixo. Nikola sorriu e até ensaiou um português: “Gaúcho loco”. A empolgação dos guitarristas Mathias Färm e Erik Ohlsson entusiasmava o pessoal espremido na grade – que volta e meia ganhava as palhetas usadas. O contraponto (ou seria contra-pogo?) ficou por conta da auto-descritiva “The Ballad”. O vocalista e baixista pegou o violão e permitiu que os marmanjos sem cami-sa respirassem. Enquanto isso, comovia os demais com os belos versos da canção.Como de praxe, a banda retirou-se do palco sem maiores explicações. Segundos depois, reapareceram para o bis. Fecharam a noite com “Kemp” e deixaram de lado a ótima “Fingers Crossed”, pedida pelo público em um cartaz. Apesar disso, com o passeio pela discografia que foi visto em Porto Alegre, os suecos do Millencolin seguem seu rumo com a certeza de ter deixado os “gaúchos locos” com um sorriso no rosto e muita história para contar. Cristiano Lima

MILLENCOLIN Casa do Gaúcho, 14 de Outubro

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Saudações, amigos headbangers!!! E não é que não vai rolar o show do Nightwish na capital gaúcha? Tudo bem, é um grupo que já se apresentou aqui três vezes, mas é chato como é ‘rotineiro’ aqui na cidade os shows anunciados serem cancelados próximos de suas realizações. O Destruction, mesmo com um público prati-camente de ‘testemunhas’, veio e detonou seu thrash alemão no mês passado; são meio confusos esses ‘porquês’, enfim. Na última coluna, comentei a respeito dos valores de ingressos para shows aqui em Porto Alegre. Imagine só, para os que gostam de futebol, um ingresso não sai por menos que R$30 – sendo que teu time deve jogar, no mínimo, duas ve-zes por mês aqui, totalizando

uns 24 jogos por ano. Cinema no final de semana? A média é de R$12 ou R$15 – se tu fores um cinéfilo, assiste a uns dois filmes por mês. Então, imagine a situa-ção: o cara que é cinéfilo e curte futebol gasta com isso, pelo me-nos, uns R$ 45. E um show grin-go, que talvez nunca mais volte aqui, cobrar R$60 é tão caro assim? Ou um show com bandas locais, fazendo um som honesto, cobrando R$15, fica tão salgado mesmo? Será que realmente é mais divertido ficar sentado em um bar, que não toca o som que você gosta, não tem as pessoas pelas quais você se interessa e não te fornece CULTURA? Horns up!!!

O reggae influencia vários artis-tas, mesmo não sendo o ritmo que os leva ao reconhecimento. Podemos citar exemplos que se tornaram conhecidos do público em geral, como The Clash—banda clássica do punk-rock inglês que, na década de 80, já se arriscava em regravações de hits jamaicanos e também em composições próprias, como “Revolution Rock”. Do soul-funk contemporâneo, temos Ja-miroquai, que compôs a canção “Drifting Alone” que traz uma bela influência do roots-reggae, principalmente nas linhas de bai-xo e bateria.Bem atual, de um reggae com fortes pitadas do jazz, temos Amy Winehouse com a canção “Just Friends”. Ben Harper, que

já emplacou diversos sucessos através do reggae, traz “With My Own Two Hands” como um for-te exemplo. Há também aqueles que se especializaram nas relei-turas, como a Easy Stars All Stars que gravou o “Dub Side of The Moon” (Pink Floyd) e o Radio-dread (Radiohead). No Brasil, artistas do pop, como Vanessa da Mata, que recentemente gravou “Boa Sorte” juntamente com a lendária dupla jamaicana Sly & Robbie, e Ed Motta que tam-bém se aventurou em “Como Dois Cristais” e deixou clara a referência ao mestre da escaleta Augustus Pablo.Isso mostra que a música é uni-versal. Quando bem feita, não importa se é reggae, rock, funk ou soul, e sim se é de qualidade.

Segundo um estudo chamado Radio Trends, recentemente pu-blicado nos Estados Unidos, no próximo ano o total de investi-mento publicitário na internet vai ultrapassar o que é destina-do à rádio convencional. Outra previsão diz que, já em 2011, a internet será o meio com mais publicidade nos EUA. No Brasil não é diferente! O país já supe-ra os Estados Unidos em tempo médio de uso de internet em acesso domiciliar, segundo pes-quisa do Ibope NetRatings, e ou-vir rádio pela internet é um dos principais hábitos dos brasileiros. Trago aqui, então, uma parada obrigatória na web para quem curte rádio—e, é claro, black music! O blog RIO GROOVE FM, criado por um grupo de ca-

riocas de muita atitude, oferece tudo isso e mais! Não se enga-nem achando que são músicos, produtores ou MCs de profissão, porque um é advogado e o outro técnico em eletrônica! Guilher-me Herculano e Fellipe Cabral Pereira disponibilizam online tudo o que sabem e aprendem sobre “música black da antiga”. O blog é aberto para divulgação no “Espaço Criar”: basta enviar um e-mail para [email protected] que tudo será divulga-do! Uma ótima opção de rádio online disponível em podcasts, discos raros, muitos grooves, sons da black music nossa e do mun-do, com informação e cultura popular. Aproveitem: riogroovefm.blogspot.com

Parece ser da essência humana a necessidade de eleger “os me-lhores”. Não sei explicar cientifi-camente, mas o fato concreto é que há uma demanda pelas listas que, vira e mexe, estampam as capas das revistas. Em sua edição de outubro, a Rolling Stones brasileira traz o ranking dos 100 maiores artis-tas da música brasileira. De Tom Jobim (1º) a DJ Malboro (100º), desfilam personagens marcantes da história da música feita por aqui desde o início do século XX. A lista deixa ver a centralidade da canção no nosso imaginário e explicita a diversidade musical do país, que viu nascer Roberto Carlos, Heitor Villa-Lobos, Arnal-do Baptista, Mano Brown e Luiz Gonzaga, entre outros tantos,

criadores de sonoridades tão variadas.Por outro lado, uma lista como essa abraça uma intenção pre-tensiosa e pode perder o sentido quando muita gente fica de fora. Além disso, aceita-se o risco de beirar o despropósito quando se compara Renato Russo (25º) com Hermeto Pascoal (30º)—e não estou fazendo juízo de valor.A eleição dos 100 maiores dis-cos da música brasileira pela mesma revista no ano passado, no entanto, fez com que, imedia-tamente, blogs disponibilizassem os links para que os internautas baixassem os álbuns. A verdade é que, se despertar o interesse pela escuta, uma lista já terá feito sentido e cumprido uma nobre função.

METAL É CULTURA

ROCK, FUNK, SOUL, JAZZ…

PESQUISINHA BLACK NA WEB

FRISSON DOS 100 MAIS

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Nascido em janeiro de 1976 em Kantonah, NY, ele é um comediante de origem greco-americana que interpreta um pré-adolescente em seu progra-ma, The Andy Milonakis Show. Nos EUA o programa é transmitido pela MTV2, e aqui começou a ser exibido pela MTV. Milonakis sofre de uma doença rara (insu-ficiência hormonal), que faz com que ele fique com a aparência e a voz de um pré-adolescente mes-mo tendo 32 anos.A fama do “gordinho” simpático começou via internet, lançando vários vídeos na sua webcam. Ele gravava rimas freestyle, vídeos de humor e alguns curtas bem amadores mesmo. Alguns dos mais famosos são “Crispy New Freestyle” and “The Super Bowl

is Gay”. Jimmy Kimmel, outro comediante americano (bem fa-moso, por sinal) ficou impressio-nado com o talento de Milonakis e o colocou a participar do seu show com alguma freqüência no ano de 2003. Já em 2005, a MTV gringa achou que seria uma ótima idéia de programa viral fa-zer o que ele fazia em sua casa e postava no YouTube, só que agora com uma estrutura de um programa de TV. A produção do The Andy Milonakis Show fica por conta dele próprio e de seu mais novo e inseparável amigo, Jimmy Kimmel. Andy começou uma ONG que arrecada fundos para o estudo de sua doença, e ajuda Ronald McDonald nos trabalhos de sua fundação.

Eu sei que tem um review falan-do sobre o show do Millencolin na Casa do Gaúcho (teve até “Ah, eu sou gaúcho!”, pra variar), mas como não recebi a incum-bência de escrever o review, vou ter que dar uns pitacos aqui. Es-tavam lá desde os fãs das antigas, que ansiavam por aquelas que entraram nos primeiros Punk-O-Rama, o pessoal dos vídeos de skate e surfe e a galera dos úl-timos álbuns, quando os suecos “explodiram”. Bastante gente, ceva gelada e qualidade de som variando conforme a localização do espectador. Todos tiveram pelo menos alguns bons momen-tos para lembrar. Os meus vão ser “Olympic” e “Mr. Clean”. Pois mais coisas virão, uma vez que o Offspring chega novamente a

Porto Alegre, desta vez para se apresentar no Pepsi On Stage. Vou me concentrar antes do show para descobrir um lugar em que consiga ouvir todos os instrumentos. Depois, os mais “guris” se quebram na roda punk (olha o tio falando) e os mais polidos ficam um degrau acima batendo os pés. Não sei como eles vão desempenhar, mas o show do Gigantinho, em 2004, matou a pau. Para quem não tem ouvido muito, vale a pena tirar a poeira daquele Smash que você comprou quando ainda se com-prava CDs originais. Ou então simplesmente baixar, porque duvido que eles deixem de fora “Self Esteem”, “Come Out and Play” e “Bad Habit”. Até lá, então.

Ser DJ é muito bom; de música eletrônica, é melhor ainda. Além de tudo, é prazeroso demais, sem contar a distância que es-tamos do famoso sofrimento no trabalho.Este só acontece quando esta-mos longe dele. Quando não estamos trabalhando.A gente faz quase tudo para es-tar à frente dos players (tocado-res de CDs), para exercer nosso trabalho, nossa arte. Sim, ser DJ é ser artista. Fazer um bom set, onde as pessoas entregam-se para a tua música, para a tua técnica e através disso enten-dem exatamente a mensagem que você queria passar—é igual a pintar um quadro.Mesmo que não entendam, ainda assim é arte.

Eu tive o privilégio de estar entre os artistas que eu mais admiro atualmente: Seb Ingrosso e Steve Ângelo. Os caras são demais e juntamente com Axwel e Erick Prydz formam o Swedish House Máfia, que hoje em dia é referên-cia na produção de música ele-trônica e aceitação de público. Os melhores DJs do mundo tocam suas músicas, e para alguns, eles são uma espécie de semideuses. Este privilégio, que culminou em tocar 2 músicas juntamente com eles, aconteceu no evento Brah-ma Beats, em Assunción.Já realizei um dos sonhos; que venham os próximos, e assim, novos quadros.

Eu começo sem medo de dizer que nos últimos tempos saíram muitos álbuns que eu poderia cortar pela metade e transformá-los em EPs maravilhosos. Loyalty To Loyalty, o novo álbum do Cold War Kids, poderia entrar para essa lista. Longe de ser um álbum ruim, mas também não tão per-to de ser um álbum fantástico como o seu antecessor Robbers & Cowards. Mesmo assim, LTL merece ser ouvido para conhe-cer músicas como “Something is Not Right With Me” e “I’ve seen enough”. The Teenagers também sofre do mesmo mal. Reality Check, seu álbum de estréia, tem música su-ficiente pra encher um EP de 7 faixas lindas, que poderiam trans-formá-los em uma das grandes

apostas pro ano que vem. Porém, o álbum passa a sensação de “faltar gás”. Músicas como “Ho-mecoming”, “Love No”, “Streets Of Paris” e “Make It Happen”—que poderia muito bem ser uma música do já finado A-Teens (tá, não é pra tanto)—são os pontos altos do álbum. Mas por mais que eu tenha semi-chineleado esses dois álbuns, eu assumo que eles até são bons, eu é que estou ficando velho. E novo do Cut Off Your Hands parece que tá o bi-cho. Próxima coluna só pra eles, eu prometo (e prometo também nenhuma comparação com boy-bands).

ANDY MICHEL MILONAKIS

MILLENCOLIN E OFFSPRING

PINTANDO O SET!!!

PELA METADE (TUDO)

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