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Revista Noize #51 - Março de 2012

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The Black Keys, Weezer Cruise, Céu, Lana Del Rey, Azealia Banks, Howler, CSS, Florence and The Machine, Lucas Santtana, Zola Jesus, Karina Buhr, Bloco do Sargento Pimenta

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1. Ariel Martini_ Ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini2. Rodrigo Esper_ Tem como trabalho ser fotógrafo no I Hate Flash, e como hobby, falar duas vezes antes de pensar, ser a pessoa mais empolgada do mundo e a mais exagerada do universo. www.ihateflash.net/esper 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia.4. Renata Simões_Renata Simões,34, é jornalista, já produziu documentários, apresentou os programas Video Show e Urbano, colabora com revistas e sites e ainda tem um programa diário no rádio em SP, onde mora. 5. Fernando Schlaepfer_ Ex-Seagullsfly, ex-Café e ex-Globo. Atual C.E.O. e fotógrafo do I Hate Flash. Além de designer / ilustrador / D.J. / produtor / ciclista / luchador / porrachegadebarra. www.ihateflash.net/schlaepfer6. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br.8. Thany Sanches_ Não sabe andar de patins, detesta ver seus lápis de cor desarrumados e ainda não ganhou o Miss Brasil. Adora Gal Costa, poetas russos e vento na cara. É fotógrafa, pintora, bailarina e mãe.9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal10. Rafa Carvalho_ É jornalista, se arrisca em voo solo no Killer.155.wordpress.com. E tem a péssima mania de estar sempre online.11. Pedro Cupertino_Fotógrafo nas horas vagas, na sua geladeira, não há comida. Só filmes. flickr.com/podrepobreepoeta12. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo.13. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema. Edita o freakiumemeio.wordpress.com14. Flávia Lhacer_ É stylist e figurinista da dupla Debbies e, com o tempo que sobra, ela borda e tricota sem parar.15. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com16. Luiz Alberto Fiebig Jr. (Tatu)_ É fotógrafo, publicitário, fã de Weezer e bróder da geral.

• EXPEDIENTE #51// ANO 6 // MARÇO ‘12_

• FOTO DE CAPA_RODRIGO ESPER

• COLABORADORES

DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

COMERCIAL: Pablo Rocha [email protected] Hernandes [email protected]

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha [email protected]

EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa [email protected]

EDITOR:Tomás Bello [email protected]

REDAÇÃO:Marília [email protected] [email protected]

DESIGN: Felipe Guimarã[email protected] ASSIST. ARTE:André [email protected]

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: [email protected]

DISTRIBUIÇÃO:Pedro [email protected]

NÚCLEO DEPROJETOS ESPECIAIS: GerenteLeandro Pinheiro [email protected]

Editora-chefeLidy [email protected]

EditoresFabiano Tissot [email protected] Mizoguchi [email protected]

Planejadores EditoriaisBruno Nerva [email protected] Beron [email protected]

RedatoresAriadne [email protected] Valentini [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected]

ANUNCIE NA NOIZE: [email protected]

ASSINE A NOIZE: [email protected]

AGENDA: shows, festas e eventos [email protected]

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados

PONTOS:FaculdadesColégiosCursinhosEstúdios Lojas de InstrumentosLojas de DiscosLojas de RoupasLojas AlternativasAgências de Viagens Escolas de MúsicaEscolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes

TIRAGEM: 30.000 exemplares

CIRCULAÇÃO NACIONAL

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REVISTANOIZE.

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“Música é um universo paralelo,

onde encontro res-posta para quase tudo. Quase.Tudo

que faço, sejam os documentários,

URBe, coluna no Globo ou o Quere-mos!, é relacionado

a música. Escuto música o dia intei-

ro e tenho muita sorte de poder

trabalhar com isso. Não seria feliz fa-

zendo outra coisa.”

NOME_Bruno Natal

O QUE FAZ_ documentarista,

jornalista, bloguei-ro e empreende-

dor na web

UMA MÚSICA_“Cinco Minutos”, do Jorge Ben, fe-

chando o meu dis-co favorito de todos os tempos, A Tábua

de Esmeralda

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Noel GallaGher

“Liam e eu éramos

cheiradores de coLa

profissionais.”

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“O gatinho de estimação da Frances Bean foi engolido por um leão da montanha.” COurtney LOve _ ao ser acusada de matar

Peabody, o pet da filha

“Música não precisa fazer sentido, ela faz outras coisas.” rItA Lee _ filosofando no twitter

“ela é muito gorda, mas tem um belo rosto e uma voz divina.”KArL LAgerFeLd,estilista _

ao revelar que adora ouvir Adele

“eu parei de fumar maconha por causa da minha filha.” PAuL MCCArtney

“eu não quero estar em uma banda.” gAz COOMBes, ex-Líder dO

suPergrAss _ afirmando estar feliz da vida

em carreira solo

“nós vamos organizar um gigantesco festival de comi-da, no qual tocaremos. tudo para coincidir com as Olim-píadas.” BArry Hyde, vOCALIstA dO

tHe FutureHeAds _ ao revelar os planos da

banda para 2012

“eu realmente aconselho os colecionadores mais obcecados a não comprarem isso.”LeMMy KILMInster, Líder dO MOtörHeAd _ mos-

trando que também acha um absurdo pagar u$600 por the Complete early years, coletânea que

recupera os primeiros anos do trio

“viaje em segurança, o ‘fale-cido’ Charlie Harper.” CHArLIe

sHeen, AtOr _ se desculpando no twitter

depois de descascar Ashton Kutcher na série

two and a Half Men

“É como uma camiseta velha que não serve mais. Mas quando você veste de novo, ela fica legal.” OMAr rOdrIguez-LOPez, guItArrIstA dO At tHe

drIve-In _ ao negar que a turnê de retorno do grupo signifique um novo

álbum

“esse aniversário é especial para mim porque eu sinto falta dos garotos.” BrIAn WILsOn _ ao anunciar a turnê de 50 anos dos Beach Boys

“Chega de ser uma bruxa amarga.” AdeLe _ di-

zendo que nunca mais grava um álbum inspirado por um coração partido

“Preciso de um Personal ‘fresco’.” gABy AMArAntOs _ em seu

perfil no twitter

“Meu olho direito não pisca e minha cara dói como se tivesse sido socada pelo Mike ty-son.” MAx CAvALerA, Líder dO sOuLFLy _ descrevendo como se

sente com a recém-diagnosticada paralisia de Bell “todos estavam com saudades, adoram to-car juntos e gostaram da ideia de fazer algo maior para os 15 anos.” sIMOn FuLLer, eMPresárIO

dOs LOs HerMAnOs _ ao comentar o documentário, livro e outras no-

vidades que a banda planeja lançar este ano

“Fazer dinheiro a partir do youtube é como achar dinheiro na rua.” JAMIe KItMAn, eMPresárIO

dO OK gO _ criticando o modelo de negócios do famoso site de vídeos

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__UMA BOA IDEIA | Feliz ano novo. Não estranhe esse arroubo no começo de parágrafo. O ano do fim do mundo acabou de começar. As águas de março já estão fechando o verão, o trânsito tá caótico (ops, normal) e o dia seguinte voltou a ter peso nas suas/nossas decisões. Respira, inspira. Isso. É que temos que contar uma coisa pra você: 2012 vai ser das mina. Provas? Nas próximas páginas, uma conversa sobre David Lynch e filmes feitos em florestas com Zola Jesus. Uma viagem pela Céu, que está de novo dis-co, novo mundo. Detalhes tão pequenos da já muito pop Lana Del Rey e da ainda não, mas futuramente sim, pop Azelia Banks. Entre uma e outra, elos. Um certo humor, mais cabeça, menos bunda, falta de medo das sombras, paetê & chinelo, referências contemporâneas, amor e coragem. Que, aliás, é exatamente tudo aquilo que a equipe da Noize deseja pra você. Feliz fim do mundo. Cristiane LisbôaPS: Pra não dizer que não falamos dos mano, tem entrevista exclusiva com o Black Keys, a maior banda de rock do planeta.

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Foto: ARIEL MARTINI

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__QUEM QUEr DINhEIrOOO |

Aí você vê artistas como Autoramas e Tatá Aeroplano pedindo dinheiro para conseguir gravar seus discos e pensa, “pô, mas que coisa, por que eu devo ajudar esses brasileirinhos?”. Well, wake up little fella! Prova de que o crowdfunding (ou financiamento coletivo, em bom e velho português) é mesmo uma forma bacana de os músicos levarem a vida sem as fami-geradas gravadoras é quando Geor-ge Clinton – líder do Parliament e do Funkadelic, papa absoluto do funk – pede ajuda pra salvar seu estúdio e recuperar o direito a diversas músicas que perdeu em batalhas judiciais contra grandes corporações fonográficas. Por meio do site Indie Go-Go, Clinton pretende arrecadar US$ 50 mil para resolver as broncas. Mr. Clinton, envia pra gente os dados de sua conta?

__OlhA O SArgENtO PIMENtA AÍ, gENtE | Um bloco que toca Beatles em ritmo de carnaval reuniu 60 mil pessoas no Aterro do Flamen-go, na Zona Sul do Rio. Foi notícia no The New York Times, The Washing-ton Post, Fox News e deixou metade desta redação completamente sem voz. Xavier, Felipe Rezni, Leonardo Donner e Felipe Fernandes adaptam as canções para ritmos como mara-catu, funk, marchinha, samba e afoxé. “Hey Jude” foi uma das músicas mais cantadas. O sacolé de morango com vodka foi o que mais vendeu. E nossa capa veio diretamente de lá. :) Ficou curioso com o carnaval de rua do Rio? Fale com quem sabe. O diretor Candé Salles tem uma série de cur-tas apenas sobre a festa pagã. http://www.carnavalderuadorio.com/

É uma boa ideia, sim. É, também, o número de prêmios conquistados por Adele com seus dois álbuns: 19 e 21. Só neste verão foram seis Grammy e dois Brit Awards.

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O Guns ‘n’ Roses pode rever sua formação original pela primeira vez desde 1990. É o que se espera de 14 de abril, quando Axl Rose, Slash e cia. serão homenageados no

Hall da Fama do Rock, nos EUA. Se aconte-cer, o camarim da banda deve ser decorado com 18 rosas vermelhas e brancas. É exi-gência de Axl, sempre que sai de casa em

direção a algum palco.

18ROSAS VERMELHAS

Você deve ter visto aquele comercial ridículo cheio de musicuzinhos cantando a “Marcha

do Xixi”, né? Pois de nada adiantou. 304%: foi esse o aumento no número de mulheres deti-

das por mijar na rua durante o Carnaval.

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ESTATUETAS

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Alguns minutos com o músico, compositor e multi-instru-mentista que lançou streaming via Facebook de seu novo e quinto disco, O Deus Que Devasta Mas Também Cura, com participações de Curumin, Guizado, Kassin, Hurtmold e samples de clássicos como Beethoven, Ravel e Debussy. (A resenha tá na página 69)

Que música você canta no chuveiro?É raro eu cantar no chuveiro. Eu fico com a boca fechada pra não beber água.

Qual é a diferença entre compor em inglês e em português?O inglês é mais fácil. É uma língua muito musical (aqui ele brinca falando “GO GLOW FLOW”). Com poucas palavras dá pra formar uma imagem. O português é mais difícil só porque o inglês é mais sonoro. O português tem mais sinô-nimos, e isso é legal.

Que música sua você tocaria para impressionar uma mulher?A faixa oito, “Para Onde Irá Essa Noite”. Todas as mulheres pra quem eu mostrei adoraram.

Música cura?Sim. Ela te leva ao fundo do poço, que é onde você tem que chegar pra voltar. Ou faz o momento triste se tornar irônico. Aí você ri de si mesmo.

O que você ouve com o seu filho em casa?Agora ele tá na fase dos Mamonas Assassinas. Aí eu entro no barato dele. Mas quando ele vem com Restart… Porra, é doloroso. Mas é normal, ele vai esquecer. Aí eu faço assim: cada um coloca uma. A gente ouve um Restart dele. E depois uma do Radiohead.

5 PERGUNTASE UMA CERVEJA GELADA COMlUCaSSaNTTaNa

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“É o meu filme favorito de todos os tempos. É de 1979, o primeiro filme estrelado pelo Steve Martin. Já assisti milhares de vezes.” NR: No Brasil, o longa chegou com o título de O Panaca. Resume bem o personagem de Steve Martin, um completo im-becil que só dá certo na vida quando uma invenção o deixa endinheirado. Ah, além de fazer sua estreia como protagonista, Martin também assina o roteiro de The Jerk.

@Henrikse: Very funny. A classic.

@foxygirl1977: Take this advice Hollywood: Don’t remake this movie. It’s perfect just the way it is.

@Colby_Jensen: #TheJerk is the best movie of #All-Time

@Bum_UnderFire: #TheJerk & #ThisIsSpinalTap are the two greatest comedies ever. If you disagree, you’re a terrorist.

@blhl021: I’m watching #TheJerk

@noahmcqueen: “I was born a poor black child” #TheJerk

FIlMe | The Jerk #THEJERK

BloG | MaxBoxing

_“Eu sou um verdadeiro fã de boxe, então costumo passar boa parte do tempo percorrendo blogs e sites sobre o assun-to.” www.maxboxing.com

PerFIl Do TWITTer | @azizansari

_“Os comediantes são geralmente os mais engraçados. Como o Aziz Ansari, um norte-americano que está sempre tuitando coisas hilárias.”

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“O nova-iorquino Chris Glover é mais um homem do tipo misterioso, atendendo pelo pseudônimo um tanto cruel de

Penguin Prison e um tanto relutante de dar entrevistas e tirar fotos (não que elas não existam).” – BBC

Convidado do mês I Penguin Prison

reMIX | Childish Gambino – “Heartbeat (Oliver Remix)”

_ “Tem esse novo remix feito pra ‘Heartbeat’, do Childish Gambino, que é muito bom.” NR: Saca o Wu-Tang Clan, né? Foi por meio de um gerador de nomes criado pelo cultuado grupo de hip hop que o ator, comediante e músico Donald Glover chegou ao pseudônimo Childish Gambino. Talvez você o conheça do famoso canal de TV Comedy Central. Caso contrário, ouça Camp, seu quarto álbum. É de lá que vem a track “Heartbeat”.

__“É um documentário sobre a luz, basicamente. Fala de coi-sas como a quantidade de luz que a gente tem nas grandes cidades, como isso impede você de ver as estrelas e como pode afetar as pessoas, causando doenças.”

DeSCoBerTa | The City Dark

UM arTISTa Para CoNheCer | Twin Shadow

__“Eu realmente gosto dessa banda. Quem não os conhece deveria conferir agora mesmo.” NR: O Twin Shadow, na verdade, é uma espécie de banda de um homem só, fruto da mente criativa de George Lewis

Jr. que nasceu na República Dominicana, mas viveno Brooklyn, em Nova York (quem não vive no Brooklyn?). Meio 80’s, meio pop, cheio de texturas e sofisticações sonoras, George viu seu álbum de estreia fechar 2010 em diversas listas de melhores do ano. Vale mesmo conhecer.

myspace.com/thetwinshadow ou twinshadow.net

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A coluna é sobre artistas que você deveria ouvir, mas não resisti em falar sobre o documentário Re:Generation, que reuniu cinco grandes DJs/produtores para recriarem cin-co estilos tradicionais de música.

Participaram: Skrillex, que trabalhou com o trio do The Doors; o DJ Premier, que produziu uma música com Nas e a Berklee School of Music Orchestra; Pretty Lights pro-duziu uma faixa country com Leann Rimes e Ralph Stan-ley; Crystal Method trabalhou com Martha Reeves e Funk Brothers, enquanto Mark Ronson produziu uma faixa de jazz junto com Erykah Badu, os membros do Dap Kings, Zigaboo Modelista, Mos Def e Trombone Shorty.

Além de o documentário ser impecável (e emocionan-te), o resultado é exatamente o propósito do filme: um encontro entre a música “antiga” e a “nova”, numa trilha incrível, fazendo jus a todos os artistas envolvidos no projeto.

Baixa aí, porque aqui está no repeat: bit.ly/re-generation

_Por Lalai e Ola Person

MAS DEVERIA_

RE:GENERATION

Tenho uma fraqueza por música com vocais femininos frágeis. Não à toa, amei o som da dupla inglesa 2:54, que consegue com suas canções lentas e atmosféricas criar um clima introspectivo pra quem ouve. Em 2011, lançaram o EP Scarlett, e agora lançam o single “You’re Early”.

Ouça: soundcloud.com/twofiftyfour

O trio noise-punk grrl de San Francisco é tão bom ao vivo quanto em estúdio. Em 2011, lançaram o delicioso Again and Again, que abre com “Hey Dan”, provando, nesse segundo álbum, que a banda tem bastante pra mostrar. Trilha perfeita para uma cervejada com os amigos neste verão.

Ouça: bit.ly/brilliantcolors

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ção

2:54 Brilliant Colors

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O limite exato que separa loucura e razão é difícil de ser definido. Asilos, manicômios, hos-pitais psiquiátricos são um prato cheio para todas as vertentes da cultura pop.

A Ilha do Medo foi um dos filmes que aumen-taram minha curiosidade em relação aos inós-pitos espaços onde toda loucura é passível de controle, ou de tentativa de. Na música, Missy Elliot, Bjork e Melissa Etheridge usaram salas vazias com aspectos sombrios em seus vídeos. Green Day e ‘N Sync, para ambientar seus ví-deos, apelaram para a graça presente na falta de razão e para a loucura que a perda de um amor perdido causa.

O fotógrafo e arquiteto Christopher Payne viajou pelos Estados Unidos durante seis anos retratando asilos e hospícios abandonados. O universo dessas fotos é belo e arrepiante, e em muito evoca a sensação de perda – seja ela da razão, do contato com o mundo, seja do ente querido – que esses tétricos corredores emanam. Hospícios são locais que despertam sentimentos contraditórios e extremos, uma mistura de terror e curiosidade. Assim como a loucura em si.

O livro Asylum foi publicado pela editora do MIT e está disponível para venda online.

Para ler ouvindo: Ghostpoet, Liiines

_ por Renata Simõesrenatasimoes.com

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_Por Daniela Arraisdonttouchmymoleskine.com

__Tavi canta Neil Young I Tavi Gevinson, a minifashionista, agora também se arrisca como cantora! Ela interpretou “Heart of Gold”, do deus Neil Young, no fil-me Cadaver. E num [sic] é que ela tem uma voz bonita? vimeo.com/36683208

__Girls cantam Whitney houston I Amo o Girls! E achei linda a homenagem que eles fizeram a Whi-tney Houston. youtu.be/JxHZ63dr0aI

__Mi, música independente I Raul Luna apresenta MI – Música Independente em Pernambuco –, um projeto que envolve uma revista impressa, que sai em março, e uma mixtape com artistas como D Mingus,

Profiterolis, Trio Eterno e outros. Um tipo de som bem diferente do que a gente tá acostumado a ouvir quando se fala em Pernambuco – e tão bom quanto, pra não per-der a fama de bairrista que a gente tem =).Para ouvir: mionline.com.br/site/01/Mais em: mionline.com.br/

__Pedindo os pais em casamento I Clarice e Sofia Freire decidiram dar um presente diferente para seus pais, Wilson e Lucia, que fizeram 25 anos de casa-dos em dezembro. “Pedimos nossos pais em casamento com uma música, e parece que isso toca as pessoas”, diz Clarice.bit.ly/wfK6Ea

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APOIO:

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_Por Flávia Lhacere Thany Sanchesthedebbies.tumblr.com

pentequetepenteia.tumblr.com

Óculos ray Ban Wayfarer + Camisa xadrez + Jaqueta

de couro + Cabelo despen-teado = receita de sucesso, não tem como errar. É ten-dência há seis décadas.

a calça jeans rasgada com camiseta preta é outro clás-sico rebelde. ela acertou em colocar um salto de verniz, dando um pouco de brilho

pro look.

look todo monocromático ou conjuntinho é sucesso! Vale também montar uma combinação optando por variações do mesmo tom, tipo vermelho, vermelhi-

nho e vermelhão!

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_Por Christina Fuscaldo

PUBLIEDITORIAL

UMA REDE SOCIAL PARA QUE MúSICOS, PRODUTORES E FãS POSSAM DE FATO SE CONECTAR, TROCAR EXPERIêNCIAS, DIVULGAR AGENDA, DESCOBERTAS E PROMOVER ENCONTROS. DE SOM. PESSOAS. LUGA-RES. A CADA EDIçãO DA COLUNA, AQUI NAS PáGINAS DA NOIZE, OS QUATRO ARTISTAS QUE ESTãO SE DESTACANDO NO CIRCUITO DA MúSICA INDEPENDENTE.

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A NOVA gErAÇÃO DA MÚSICA BrASIlEIrA EStÁ AQUI!

FrEEtOOlS Jazz com eletrônica Para quem gosta de Miles DavisO som instrumental experimental da Freetools chama atenção na cena paulistana. Formada por Marcelo Sanches (guitarra), Davi Indio (baixo), Nataniel de Oliveira (trompete), Rafael Montorfano (piano elétrico) e Guilherme Rossini (bateria), lançou no ano passado seu primeiro álbum, livre para download. O bônus é a participação, nas faixas “Labirinto” e “Mantra de Cavalca”, de Lanny Gordin, lendário guitarrista da época da Tropicália, quando participou de gravações de Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso.

lUCy AND thE POPSONICS Rock com eletrônica Para quem gosta de Cansei de Ser Sexy Formada por Fernanda (baixo e vocal), Pil (guitarra e synths) e Beto Casani (bateria), esta banda está na estrada há cinco anos. Com dois álbuns lançados, já passaram por poucas e boas. Nos EUA fugiram de uma gangue mexicana. Na Europa, as malas se extraviaram, e eles passaram três meses sem roupas de show. Na França, Fernanda deu um mosh e caiu de uma altura de dois metros. Mas é a paixão com a qual tocam que fez com que John Ulhoa, do Pato Fu, produzisse “Fred Astaire”, segundo álbum do grupo.

WANNABE JAlVA Rock Para quem gosta de Red Hot Chili PeppersEscolher nome para a banda não é tarefa fácil. Os da Wannabe Jalva gastaram horas buscando um. Até que, certo dia, o baixista e guitarrista Tiago sugeriu: “O nome deveria ser Wannabe Jalva”. Naquele instante uma luz correu pelo céu abençoando a ideia. Pode ter sido um cometa, uma estrela cadente ou um satélite caído, mas eles não duvidaram. “Tu viu?”, perguntaram-se. Em 2010, depois de disponibilizar três músicas online, viajaram tocando ao lado de Holger, Garotas Suecas, Vampire Weekend e outros.

hOlgEr Pop rock dançante Para quem gosta de Mika Expoentes da música indie paulistana, Arthur (bateria e guitarra), Pata (guitarra e baixo), Rolla (baixo e tecla-do), Tché (guitarra, baixo e bateria) e Pedro “The Pepe” (baixo, synths e percussão) formam a banda Holger. Eles têm um EP e um disco gravados e preparam-se para lançar mais um, agora em português. Seus inte-grantes são simples mortais e dividem-se entre os palcos e suas profissões: Arthur se formou em filosofia e é mestrando em lógica, Pata estuda medicina, Pepe e Tché trabalham com audiovisual e Rolla estuda jornalismo.

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Use um leitor de QR Code no seu smartphone para ler o código ao lado e escutar a nova geração da música brasileira, de graça, no seu celular.

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“A gente ama a Elena Anaya. Ela é muito boa atriz, ela é nossa amiga, ela é bafo.”

1. VOCê ESTá EM UM SHOPPING, TOMANDO UM CAFÉ. UMA DUPLA CANTA “MANIA DE VOCê”, DE RITA LEE. CLIMA VIOLãO E VOZ. ATÉ QUE UMA MULHER LEVANTA, ABRE A BLUSA, DANçA E ROUBA O MICROFONE. ESSA É IONE. 2. NO DICIONáRIO LOVEFOXXX, PAJUBá “É TIPO AS GíRIAS DAS GAyS, TIPO ‘AI BEE, ACUENDA O BOy’”. 3. ASSISTIU A A PELE QUE HABITO, FILME DE PEDRO ALMODóVAR? ELENA ANAyA É A ATRIZ QUE VIVE VERA CRUZ – A “GAROTA EXPERIMENTO” (OU GAROTO, DEPENDE DO PONTO DE VISTA) DE ANTONIO BANDERAS.

“De tanto imaginar loucuras.” “Porque ninguém merece bebida quente. A gente é brasileiro, a gente gosta da nossa cerveja bem gelada.”

1.

3.

2.

4.

“O pajubá salva a nossa vida. O pajubá é... vai no Google.”

IOnE nO shOPPInG

O PAjUBá

GELO

ELEnA AnAyA

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“Lencinho umedecido pro rosto, pra vagina. Mas não o mesmo!”

“A Xuxa é fundamental pra gente.”

5. COMO MOSTRAM AS MENINAS DO CSS, OS FAMOSOS BABy WIPES NãO CUIDAM COM DELICADEZA APENAS DA PELE SENSíVEL DO BEBê. 6. SEGUNDO LOVEFOXXX, OS PORTUGUESES FALAM “NAXI ADOLEXENTI CRIXTINA PIXINA”. “O SC ELES FALAM XX”, COMPLETA A GUITARRISTA ANA REZENDE. 8. MARIA DA GRAçA MENEGHEL: GAúCHA QUE VIROU CARIOCA, RAINHA DOS BAIXINHOS. E DO CSS. “DESDE QUE ELA NAMORAVA O PELÉ, EU ASSISTO AO PROGRAMA DA XUXA”, REVELA ANA.

“Nós adoramos falar em português de Portugal.”

POR CSS_De tanto cruzar fronteiras, o Cansei de Ser Sexy virou CSS. Tão brasileira

quanto inglesa, australiana ou marroquina, a banda liderada por Lovefoxxx já tem três discos no currículo. E muitos carimbos no passaporte.

5.

7.

6.

8.

“Toda a vez que a gente tá em tour a gente acorda e fala assim, ‘cordei qué pipoca’.”

BABy wIPEs

O sOTAQUE DO PORTUGUÊs DE PORTUGAL

cOMIDA

A XUXA

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O rock ‘n’ roll está morrendo. Quem afirma é Patrick Carney, baterista do duo norte-americano The Black Keys. “Porque as pessoas passaram a achar ok uma banda como o Nickelback ser a maior do mundo”, já disse em outros tempos. Quem deveria estar ali, sentado no trono? Ele não dá a mínima, “desde que não seja uma banda na qual as guitarras soem como purê de batatas”.

Patrick não está brincando, fala sério, muito sé-rio. E também é modesto, não diz que o próprio Black Keys poderia muito bem ser a maior banda de rock do planeta nesse início de nova década. El Camino, o mais novo disco do grupo completado pelo vocalista e guitarrista Dan Auerbach, estreou em segundo lugar na Billboard 200 em dezembro passado, quando chegou às prateleiras. É o maior sucesso da dupla até hoje+1. Mas é o seu sétimo álbum, coroa a história de dois amigos de infância que começaram fazendo música no

porão de casa, em um 8-track tape recorder+2. Não porque não tinham grana pra alugar um estúdio. Era tudo questão de estilo. “Queríamos tirar sons diferentes dos nossos instrumentos”, lembra Carney. Isso foi em 2002.

Ao soprar as velinhas do bolo que marca os seus dez anos de vida, o Black Keys troca os pequenos e fedorentos clubs onde muito tocou por duas apresen-tações no lendário Madison Square Garden, em Nova york. Ambas com ingressos esgotados – a primeira viu os tickets evaporarem em apenas 15 minutos. Em vez de 25+3, cerca de 20 mil pessoas pagando pra ver o indie rock caipira desses dois caras de Akron, Ohio.

Sim, muita coisa mudou, porque “é essencial sempre ir em frente”, garante o baterista. Intacta mes-mo, só a vontade eterna de fazer música de verdade. Por um rock melhor.

THE BLACK KEYS

[+1] Na semana de lançamento o álbum vendeu 206 mil cópias só nos EUA. Por lá, já recebeu disco de ouro, assim como na Inglaterra.

[+2] Gravador analógico muito popular nos 60’s e 70’s. Com apenas oito canais, grava em fita magnética – os famosos “rolos”. Foi com um modelo Tascam 388 que a dupla gravou seus dois primeiros álbuns no porão do batera Patrick Carney.

[+3] Foi esse o público no primeiro show do Black Keys: 25 pessoas. Em Cleveland, lá por 2002, em um bar chamado Beachland Ballroom and Tavern.

Ao comemorar dez anos de vida, o Black Keys vê o sucesso finalmente bater à sua porta. Mas também observa o rock to-mar o rumo da lata de lixo. O que o baterista Patrick Carney

promete não deixar acontecer.

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[+4] Software seqüenciador baseado em loops pra Mac OS

e Windows. Assim como um instrumento

pra performances ao vivo, também é

uma ferramenta pra compôr e arranjar

canções.

[+5] The Big Come Up, lançado em 2002 pelo

selo independente Alive Records, e Thickfreakness, a

estreia do grupo no Fat Possum Records,

em 2003.

[+6] É o produtor responsável pelo über hit “Crazy”, que você

cantou adoidado lá por 2007. Além do Gnarls

Barkley, montou o Broken Bells com

James Mercer (The Shins) e o projeto

Rome com Jack White e Norah Jones.

Já produziu álbuns de Gorillaz e Beck.

Ganhou uma porrada de prêmios. E é co-autor de todas a 11 tracks de El Camino.

O indie está uma merdaEu cresci ouvindo música indie. E eu não odeio, eu amo. Eu apenas não tenho fascínio pelo Abbleton Live+4 e por tudo tão sintetizado. Eu gosto de baixo, guitarra, instrumentos reais. Ainda existem por aí muitas bandas indie que soam maravilhosamente bem. Mas a maioria delas, os bons grupos, estão em gravadoras menores, então você não os vê com tanta frequência. Só me dá uma coisa assim, realmente não gosto, quando todo mundo soa igual. Eu acho que essa não é a verdadeira razão de ser.

Ser ou não ser, eis a questãoA gente não costuma pensar sobre o que dizem da gente, até porque as pessoas costumam falar de tudo a todo momento. Se tivéssemos que nos classificar, eu certamente diria que somos uma banda indie. Nós já estamos em uma grande gravadora há uns cinco ou seis anos, uma gravadora que lança nossa música para todas as partes do mundo, mas é tudo uma questão estética. Nós começamos a banda em um porão, gravamos os nossos primeiros dois discos em um porão+5. E poderíamos ter feito isso tudo em um es-túdio de verdade, mas queríamos tirar sons diferentes de cada instrumento. E nós ainda carregamos esse sentimento.

Nickelback vs Strokes: os maiores rockers do planeta?Sinceramente, eu não me importo se essa ou aquela

banda é a maior do mundo. Desde que não seja uma banda na qual as guitarras soem como purê de bata-tas. Tudo soa tão processado, soa como merda. E essa não é a verdadeira ideia do rock ‘n’ roll. Eu realmente não me importo, desde que soe como música de verdade. E o Nickelback não soa dessa maneira, ao menos não para mim. Eu prefiro então que os Strokes se tornem a maior banda de rock do mundo.

Sucesso traz felicidadeSabe, a gente já fez toda essa coisa indie. Já tocamos nos menores clubs que você poderia tocar, de costa a costa. Em cada pequeno lugar que poderia receber uma banda, nós já tocamos. Eu acho que prefiro nossa carreira do jeito em que ela está hoje do que se ela ficasse estagnada. Eu gosto do fato de termos o desa-fio de tocar em uma arena, da necessidade de ter que pensar e descobrir a melhor maneira de fazer isso, simplesmente ter que lidar com diferentes desafios, sabe? Eu acredito que é essencial sempre ir em frente.

Danger Mouse não é rock ‘n’ roll, mas é nosso amigoNós conhecemos o Danger Mouse+6 muito bem, já temos essa parceria com ele há algum tempo. Trabalhamos ao lado dele também em 2007, quando gravamos o Attack & Release. Depois ele produziu “Ti-ghten Up”+7... Penso que sim, você poderia dizer que ele não é um cara rock ‘n’ roll. Mas é eclético. Ele tem um ouvido muito bom pra sons e coisas diferentes.

noize.com.br

“Eu cresci ouvindo música indie. E eu não odeio, eu amo. Eu apenas não tenho fascínio pelo Abbleton Live e por tudo tão sintetizado. Eu gosto de baixo, guitarra,

instrumentos reais.”

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Acho que nós preferimos trabalhar com um amigo, alguém que a gente realmente gosta e conhece do que um cara rock ‘n’ roll. Porque esse geralmente vai soar como todos os outros, e nós não gostaríamos de percorrer a trilha convencional, ter o mesmo som de guitarra que todo mundo. Nós não queremos soar chatos.

Faro pra hitsSe a gente grava algo de que não gosta, simplesmente jogamos fora. Vamos pra próxima ideia. A gente costu-ma confiar em nossa reação inicial diante das músicas. Cada vez que fazemos um disco existem cinco ou seis músicas que odiamos, que a gente sabe que não são boas. Aí as tiramos fora. Ao mesmo tempo, eu acredito que a gente sente uma boa música quando a estamos escrevendo+8.

Música pra nós e mais ninguémEu sei que existem pessoas que preferem os nossos primeiros álbuns, e sei que tem um monte de gente que gosta mais dos nossos dois últimos discos. Mas você não pode levar em conta o que as pessoas pensam, essa não é a melhor maneira de você fazer as coisas. Você é quem está criando, o que significa que você quer fazer algo diferente cada vez que você cria. Porque você aprende coisas, você cresce, e isso tudo é para você mesmo. Eu acredito que você só pode criar para você mesmo. Quando você passa a criar algo para agradar aos outros, significa que você não

está criando para agradar a você mesmo. Você não está mais sendo honesto com você mesmo.

Para o alto e avanteDez anos atrás, já que por essa época recém tinhamos terminado o nosso primeiro álbum, embora eu ache que a gente já esteja tocando há mais de uma década, eu não saberia responder. Cinco anos atrás, se você fizesse essa mesma pergunta, eu não teria resposta. Dois anos atrás, eu não saberia o que responder. E, para ser sincero, agora eu também não sei o que res-ponder. Eu acho que estamos muito felizes com o que tem acontecido com a gente. Acho que a única coisa que eu desejo nesse momento é poder continuar fazendo o que fazemos, ter a chance de continuar ro-dando o mundo e poder lançar um álbum melhor do que o último que lançamos. É o que a gente mais ama.

Black Keys foreverEu sempre quis ser músico. Quer dizer, se as coisas não tivessem dado certo eu acho que teria que fazer alguma coisa pra pagar as contas. Mas, sinceramente, eu não sei o que isso seria. Dez anos atrás, se você dissesse que seria possível fazer música, trabalhar com música e viver disso, talvez eu não acreditasse. Ou seria o homem mais feliz do mundo. Mas eu acho que isso só vem pra mostrar que tudo é possível quando você coloca muito empenho em cima, se você dedica tempo e leva as coisas a sério. Quem diria que estaría-mos onde estamos hoje?

[+7] – Foi o single que estourou o Black Keys, até hoje o maior sucesso da dupla nos EUA. Ficou 10 semanas no topo da parada alternativa da Billboard, ganhou um Grammy, foi licenciada pro seriado Gossip Girl, pro game FIFA 11 e pra um comercial da Subaru. Segundo a Rolling Stone norte-americana, é uma das 15 músicas mais assobiáveis de todos os tempos.

[+8] Ao contrário dos álbuns anteriores, o duo entrou em estúdio pra gravar El Camino sem música alguma. Foi tudo escrito lá dentro. “Depois das primeiras composições, percebemos que o clima era desse rock ‘n’ roll mais clássico. E resolvemos seguir esse caminho até o fim”, diz Patrick, citando The Clash, The Cramps, T. Rex e Ramones como influências.

“Você não pode levar em conta o que as pessoas pensam, essa não é a melhor

maneira de você fazer as coisas. Você é quem está criando.”

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De onde vem: Nova York. De uma família que ficou milionária comprando e vendendo domínios de internet.

Nascida em: 21 de junho de 1986.

Como surgiu: com o clipe de “Video Games” estourando no YouTube. Desde então, tem gerado incansáveis manifestações – para o bem e para o mal.

Se descreve como: uma versão gângster de Nancy Sinatra. Gostaria que sua música fosse o equivalente sonoro a um filme de Vincent Gallo.

Influências: Britney Spears (“pela forma como ela canta e como ela é”), Elvis Presley e Kurt Cobain (“acho que ele foi a pessoa mais bonita que eu já vi”). Entre muitos, muitos outros.

O que dizem sobre ela: para o jornal britânico The Guardian, Born to Die é um “maravilhoso exem-plo de música pop, o que é mais do que suficiente”. A revista Rolling Stone EUA discorda. “Mais uma aspirante a cantora que ainda não está pronta para fazer um disco. Dada a sua imagem chique, é surpre-endente como é maçante, triste e carente de pop o

álbum Born to Die”. Escolha o seu lado.

O que Karl Lagerfeld acha dela: “Prefiro a Adele e a Florence Welch. Mas, como uma cantora moderna, Lana Del Rey não está mal. Ela não é de todo ruim, nas fotos fica bonita. Ela foi construída com implantes? Ela não está sozinha.”

No Twitter: mais de 285.449 seguidores.

No Facebook: mais de 841.700 fãs.

Parece com: Sky Ferreira, Britney Spears, Julie London, Julee Cruise.

Curiosidades: lançou um disco no início de 2010 como Lizzy Grant, produzido por David Kahne, que já trabalhou com Paul McCartney e The Strokes. Nada mal, hein? A questão é que o álbum foi retirado do iTunes assim que surgiu o pseudônimo Lana Del Rey. A função gerou reações negativas. Há quem diga que tudo não passa de uma enorme estratégia de marketing, paga pelo pai da garota.

LANA DEL REY Também conhecida como Lizzy Grant. Era loira. Não tinha boca.

As mina de 2012. Apostas de jornalistas, críticos, curiosos e palpiteiros de Twitter. A provável musa pop do ano: Lana Del Rey. A provável musa indie: Azelia Banks. Vai durar? É de verdade? Passa deste ano? Neste momento, não importa. Abriram-se as portas da esperança. Faça sua aposta.

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AZEALiA BANKS

De onde vem: do Harlem, Nova York.

Idade: 20 ou 21 anos. Ninguém tem certeza. Como surgiu: ela já trabalhava com música e como atriz, mas estourou mesmo com o clipe de “212”, em que aparece de short jeans, blusão do Mickey e quatro tranças.

Se descreve como: “Decidi cantar e ser com-positora. Esse era todo o meu plano no mundo da música: Eu escreveria músicas R&B, cantaria algumas delas e tentaria lançá-las com outros artistas, fazen-do dinheiro para me manter sem ter que ir para o colégio ou ficar no sofá da minha mãe. Isso acabou virando uma hipster rap shit.”

Influências: Styles P e Homeboy Sandman. Ela descreve os dois como “that nigga”.

O que dizem sobre ela: o The Guardian diz que o show da cantora, embora tenha “um set curto e agudo, é eficaz e emocionante”. E afirma: vale a pena esperar pelo disco, que tem o mesmo produtor da Adele. Enquanto isso, o também britânico The Independent destaca o uso excessivo de palavrões.

“É claro que isso não é novidade, Azealia Banks está simplesmente seguindo uma longa tradição da boca--suja, uma mulher predatória na Black Music que vem desde Millie Jackson, através de Patra, Lil ‘Kim e Khia. Mas ela chamou a atenção dos hipsters brancos e encabeçou a NME’s Cool List em 2011”.

O que Karl Lagerfeld acha dela: gosta. Contra-tou Azealia para fazer um show em sua casa. E agora em março vai levar a rapper para tocar na loja da Chanel no Japão.

No Twitter: mais de 39.140 seguidores. Ela atende pelo nome de YUNG RAPUNXEL .

No Facebook: mais de 32.690 fãs.

Parece com: Missy Elliott, M.I.A., Kid Sister e Neneh Cherry. Mas ela questiona: “Quem quer ser comparado com alguém?”.

Curiosidades: sabe de quem Azealia recebeu flores no Valentine’s Day? Da banda Two Door Cinema Club.

Também conhecida como Azealia Amanda Banks. Era MisBank$.

E para quem acha que opostos se atraem, a confirmação: Lana Del Rey e Azealia Banks vão cantar juntas. O compositor Ryan Tedder, vocalista do One Republic, é o responsável. Durante o Grammy, além de confirmar a parceria, ele largou: “Azealia Banks me assusta. Lana Del Rey me assusta um pouco. Não no mau sentido”.

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“Um dia, quando fui comprar meu primeiro computador, o vendedor da loja, muito esperto, disse

que eu teria oportunidade de ver vídeos de bandas. Neste instante, ele colocou o CD do Windows

95 e rodou o clipe de uma banda que era tudo o que eu sempre quis ouvir. A banda se chamava

Weezer. Essa foi a única memória que veio na minha cabeça quando estava a bordo de um barco

saindo do porto de Miami, no pôr-do-sol, ouvindo os primeiros acordes de “My Names is Jonas”.

O cruzeiro do Weezer foi 5 dias de pessoas cantando a todo pulmão cada palavra de cada músi-

ca, shows inesquecíveis, Pinkerton na íntegra, gente de roupão ou pijamas, tomando chocolate

quente e comendo bacon, baggels e, obviamente, cervejas. Além de aula de Yoga com a tecladista

do OZMA, mosh, surdez, enjôo e um campeonato de “barrigadas” julgado pelo Lou Barlow. Foi

um marco na minha vida como fã da banda e como sujeito, estar em um Navio com 3500 pessoas

que gostam das mesmas coisas que eu, com histórias de vida e momentos parecidos com o meu e,

principalmente, com o mesmo sentimento despertado a cada riff, refrão e solo de uma banda que

cresci ouvindo. Taí uma coisa que só se vive uma vez na vida. =w=”

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Clash Club, São Paulo. Em meados de janeiro, verão sendo multado por ultrapassar o limite de temperatura, não é surpresa alguma que os termômetros no lado de fora tenham empacado nos 30 e tantos graus. O ar condiciona-do da casa paulistana deixa Zola Jesus alheia a tudo isso. Com um vestido cinza, longo, de recorte meio estranho e saia ampla, ela divide um banquinho com um punhado de jornalistas famintos pelas palavras da garota de ascendência russa que deixou os 100 acres de floresta onde cresceu+1, em Merrill, Wisconsin, para se tornar um dos nomes mais celebrados na blogosfera indie em 2011. Tímida, cerca de 1,60m de altura, Nika Roza Danilova fala baixinho com todo mundo. A menina de 22 anos em nada parece a perfo-mer de voz potente que domina o palco horas depois. E que conquistou os ouvidos do cultuado cineasta David Lynch.

Dias antes de sua única apresentação no Brasil, caía na web um remix do diretor de Veludo Azul e Twin Peaks para “In your Nature”, música do terceiro e elogiado álbum da cantora, Conatus+2. “Acho que ficou melhor que

a original”, ela brinca. Sorrindo, esconde por trás dos longos fios loiros – “na verdade, eu sou morena”, confessa – uma aura sombria, de tom cinza e acordes monocromáticos. Que não se refletem apenas na música, mas em suas referências cinematográficas.

Zola, suas músicas são recheadas de dualidades, os vídeos carregam muita emoção, parecem contar pequenas histórias. Como em um pequeno roteiro de cinema. Começa por aí sua relação com as telonas?Acho que filmes são uma representação do que é a hu-manidade, e acho que minha música representa o que algumas pessoas são. Os clipes refletem isso, de alguma maneira, sendo muito emotivos, com coisas grandiosas, entrando na alma das pessoas. Talvez seja esse o toque cinematográfico da minha música.

ZOLA JESUS

[+1] Ao falar de sua infância, Zola logo lembra do clima. “O frio era inacreditável”, garante. Cresceu sem TV ou internet, em meio a caçadores e veados. Aos sete anos de idade, começou suas investidas na música cantando ópera.

[+2] Lançado em outubro do ano passado, o álbum recebeu nota 8 da conceituada revista Spin e 7.7 do sempre exigente Pitchfork.com.

Natalie Portman ouviu suas músicas para construir a personagem de Cisne Negro? Que diretores você convidaria para remixar suas cancões? Onde mesmo que o cinema e a música se encontram? Depois de ter “In

Your Nature” remixada pelo mestre David Lynch, sentamos com a canto-ra norte-americana pra uma conversa sobre cinema.

Zola Jesusa sétima arte de

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“Eu espero que as pessoas ouçam Zola Jesus para ficar psicóticas.”

[+3] Antes de Lynch, a cantora havia negado

dezenas de pedidos de remixes. “Eu sinto

que reinterpretar algo pode tirar o seu

contexto. Mas quando David Lynch pede para

remixar uma música sua, você deixa”,

comentou à época. Como ficou? Aqui

http://migre.me/82DbI

[+4] Andrei Tarkovski, cineasta russo,

multipremiado em Cannes e conhecido por obras intimistas,

detalhistas e concisas. Vale assistir Nostalgia e

O Sacrifício.

[+5] Adaptado de um romance do escritor

e filósofo polonês Jerzy Zulawski, On the

Silver Globe conta a história de um grupo

de astronautas que deixam a terra em busca de liberdade,

com a ideia de começar uma nova

civilização.

Então você diria que os elementos que tornam uma música boa são os mesmos que fazem de um filme algo precioso?Sim, definitivamente.

Deve ter adorado quando o David Lynch pediu pra remixar uma de suas músicas... Sim, foi uma surpresa. E uma das boas! A música ficou linda, o remix+3 caiu como uma luva. Na verdade, eu acho que ficou melhor que a original, (risos).

Você já declarou que seria um sonho fazer alguma mais com o Lynch. O que seria, trilha sonora, atuação em um filme?Eu não sei ao certo. Acho que eu teria que estudar a situação, ver o que ela pediria. Não tenho certeza sobre atuar, me parece meio estranho.

Você já experimentou?Não, não mesmo. Eu acho que não seria uma boa atriz. Não gosto de atuar, sabe?

Mas você precisa atuar em seus videoclipes... É, eu sei, mas é meio diferente. Eu me sinto estranha tentando ser alguém que não eu. Mas quem sabe, né? Com o Lynch eu poderia pensar melhor sobre isso.

Você é fã assumida do cara, nenhuma novidade aí. Mas que outros diretores são referência pra sua música? Eu amo muito o diretor polonês Andrew Zulawski. Amo a visão que ele tem das coisas, e acho seus filmes

superdivertidos. Os filmes do Tarkovski+4 são absoluta-mente deslumbrantes. E o David Cronenberg eu adoro por toda a estranheza e teatralidade.

Por incrível que pareça, você cresceu em um pequeno vilarejo, cercado por campos, árvores, animais... Existe algum filme que te faça lem-brar daquela atmosfera, uma espécie de “filme de floresta”? Hmmm... Um “filme de floresta”? Deixa eu pensar um pouco... O primeiro que me vem à cabeça é Anticristo, do Lars Von Trier, que se passa em uma cabana na selva. Mas eu não cresci em uma cabana, embora o ambiente em si seja bem parecido com a região onde cresci.

Acha que a sua vida daria um bom filme? Acho que ainda não, ainda tenho muito o que fazer na música. E o meu dia a dia em turnê é bem entediante.

E o seu mais recente disco, Conatus, seria a trilha sonora perfeita para qual filme? Muito do disco foi inspirado em On the Silver Globe+5, do Andrew Zulawski. Acho que se você olhar por esse lado, caberia como trilha sonora.

Que diretores você convidaria para dar vida nova a suas músicas em um álbum de remixes?Nossa, demoraria algum tempo para pensar em todos. Nunca pensei nisso. Vamos ver... Bem, não preciso dizer que “In Your Nature” ficaria com David Lynch. Acho que “Skin” poderia ser remixado pelo David Cronen-berg. Não, não, acho que “Vessel” poderia ficar com

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“Ainda tenho muito o que fazer na música, e o meu dia a dia em turnê é bem entediante.”

Cronenberg e “Skin” poderia ficar com Gaspar Nóe. “Swords” poderia ficar com... Meu Deus, eu não sei, (risos)!

Ah, aproveita a chance para sonhar um pouco...Tá, mais uma. Deixe-me ver quem faz bons filmes, alguém que faça sentido... Frank Mayer poderia fazer... É tão difícil, eu mal me lembro das músicas, (gargalhadas). Tá, o Frank poderia fazer o remix de “Lick the Palm of the Burning Handshake”. É isso! Ufa. Mas, resumindo, todos eles poderiam fazer o que quisessem com as músicas.

Onde a música e o cinema se encontram?Eu acho que tudo é correlacionado, sabe? Porque para ter uma imagem cinematográfica, quase sempre você precisa pensar nela com uma música junto. Tudo é mui-to genuíno nos filmes, e a música, os sons, são essências para os sentimentos. Seja o som vento, seja o barulho do galho das árvores. É tudo correlacionado com os sentimentos.

Se filmes e trilhas sonoras andam tão juntas, qual seria a combinação perfeita entre os dois? Porque às vezes tudo se encaixa, mas às vezes...É, verdade. Bem, David Lynch é um mestre em fazer isso. Ele tem tantas criações maravilhosas, procura a trilha perfeita para seus filmes. Mas eu amo a trilha de Videodrome+7, do David Cronenberg.

Você deve ter assistido Cisne Negro, certo? Acha que Natalie Portman pode ter ouvido Zola

Jesus para entrar no clima de Nina Sayers, sua personagem?(Risos) Ah, sim, acho que sim. Eu nunca penso nessas coisas, mas é interessante.

Está aí a oportunidade para pensar...(Gargalhadas) É, mas sabe de uma coisa? Não assisto a um filme e penso “nossa, será que eles ouviram minha música?”. Não tenho como ter certeza se eles ouvem ou veem coisas minhas. Agora, seria tão legal se um dia eu soubesse que eles ouviram, (risos). Eu espero que as pessoas ouçam Zola Jesus para ficar psicóticas.

E videoclipes, são pequenos filmes? Acredito que sim. Eles contam pequenas histórias. É uma maneira que nós temos de criar em cima da nossa música, abrindo o leque de comunicação com o mundo e, enfim, apresentar as músicas para o mundo. Acho que é ali que realmente damos vida à música, quando fazemos o videoclipe dela.

Artistas como PJ Harvey e Bon Iver+8 chegaram a fazer curtas metragens baseados em seus álbuns. Você, por outro lado, disse certa vez que gostaria de expor sua música em uma galeria de arte. A música tem mesmo essa força, de se multiplicar em diferentes formas de arte? Com certeza. Sabe, tudo sobre minha música me inspi-ra. Minha música inspira o modo como eu me visto, é o modo como eu vejo o mundo. Acho que todas as artes são assim, são maneiras de ver o mundo e podem se desmembrar em várias outras formas de expressão.

[+6] Para conhecer o universo de sexo e violência do cineasta argentino Gaspar Nóe, legal assistir Irreversível. Com uma cena de estupro de quase nove minutos, chocou o Festival de Cannes em 2002. http://migre.me/82EdI

[+7] Cheia de experimentações, com toques orquestrais e ar sombrio, a trilha de um dos mais cultuados filmes do canadense David Cronenberg foi composta por Howard Shore, um amigo próximo do diretor. Curiosamente, foi toda remixada antes de chegar às prateleiras, em 1982. Hoje está fora de catálogo.

[+8] Na versão deluxe de seu disco indicado ao Grammy, Bon Iver fez pequenos filmes para cada uma das dez músicas. http://migre.me/82F2z Já para acompanhar as canções de Let England Shake, álbum vencedor do Mercury Prize 2011, a cantora PJ Harvey lançou um DVD com 12 curtas-metragens. http://migre.me/82F0S

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Caravana Sereia Bloom é um disco de canduras. Quan-do ele começa, estamos inevitavelmente dançando de olhos fechados em uma boate de luz vermelha na beira da estrada desconhecida. E não pense que a viagem começou com esse nome.

“Tudo relacionado ao disco ia pra uma pasta com um nomezinho muito burocrático de ‘Estudos na Estrada’. Quando já estávamos na reta final do disco, e eu ainda não tinha nome pra ele, fiz uma brincadeira junto com a equipe envolvida na arte e misturamos as palavras. Despretensiosamente mesmo. Sereia com o Bloom da música do Lucas [Santanna], mas aí só Sereia Bloom não combinava e colocamos a Caravana antes, por se tratar de uma equipe mesmo, de pessoas juntas na estrada. E também pra relembrar a Caravana

Rolidei do maravilhoso Bye Bye Brazil+2.” Tem referências, a tal bolacha. “Viajo Porque

Preciso, Volto Porque Te Amo+3, do Karim Aïnouz, Os Palhaços, do Fellini, um pouco de Almodóvar talvez, muitos filmes com trilhas que levam a assinatura do Morricone, um enorme ídolo.” Um road movie, ops, disco. Por supuesto. “Esse é um termo que a Natércia Pontes (que escreveu o release do álbum) utilizou e eu achei que fazia todo sentido. As músicas esta-vam embebidas de estrada, de seus causos, contos, imagens, referências... É um tema muito intenso, que traz lembranças – de shows, de cultura diferentes, de união, também de solidão, de situações desafiadoras, felizes, outras nem tanto, enfim. A estrada tem seu próprio espírito, e isso é imposto de certa forma em

Que não tem pressa. No pai dos burros+1, essa é a síntese do significado da palavra Vagarosa. Mas você sabe, existem pessoas que mudam as definições, invertem as lógicas. Existe até uma mulher que chama Céu. Que nos dois primeiros discos – de uma carreira que começou efetivamente em 2002 –

vendeu 400 mil cópias no mundo todo. Em tempos de dowlonwd, mermão. Essa Céu pegou três anos pra si. Pra embonitecer. Pra dançar de olhos fechados ao som de forró, brega, lambada, guitarrada, cumbia. Pra pegar a estrada com amor, amigos e alguns dos melhores músicos desta nossa parte de

baixo do Equador. Pra fazer um disco recheado de – veja só – canções. Ainda é verão, bebê. Deixa o volume mais alto, pisa no acelerador. E vem com a gente ouvir a paisa-

gem da janela lateral de Maria do Céu Whitaker Poças.

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nossas vidas. No meu caso, vida de cantante, de uma apaixonada por música.” De qualquer modo, a viagem foi sem mapa. “Não existe exatamente um lugar es-pecífico em que se deu o início do disco. É a soma de todas as viagens que me inspirou a chegar nele. Rodei muito, pelo Brasil afora e na gringa também. Muitos lugares mesmo. Mas acho que a estrada desse disco remete mais ao Norte, Nordeste, à fronteira que o Brasil faz com América Latina, Caribe... Isso muito por conta dos sons que eu estava, e ainda estou, escutan-do. Bregas, cumbias, calipsos, lambadas, rocksteadys e uma pitada de rock também.”

Sem falar em regravações. Se em trabalhos anteriores ela iluminou “Concrete Jungle”, do Bob Marley, e “Rosa, Menina Rosa” , do Jorge Ben Jor, neste ilumina “You Won’t Regret It”, de Lloyd Robinson e Glen Brown, e “Palhaço”, de Nelson Cavaquinho, Oswaldo Martins e Washington Fernandes. Para a última canção, aliás, chamou o pai Edgard Poças+5 em um duo que misturou assovio e violão. E você sabe, a estrada tem sotaques.

“Eu tive que ouvir um agente internacional dizer pra mim que o que tinha que fazer mesmo pra bombar era cantar em inglês. E tive também que dizer pra esse mesmo agente que achava que ele estava trabalhando com a pessoa errada, pois naquela época não estava interessada em cantar outras músicas em inglês. Bem, agora calhou de eu ter escrito a vinheta ‘Fffreee’ em inglês (detalhe, essa letra foi uma mensagem de texto pra uma amiga cantora norte-

-americana), calhou de eu gravar um rocksteady+4 que é cantado em inglês e calhou de eu ter pedido uma canção pro Lucas Santtana e ele ter me mandado... em inglês! É uma língua muito musical, assim como o português e o espanhol. Minha relação com a música é sem fronteiras, não vejo problema em gravar em outras línguas. Acho divertido.”

As composições próprias continuam lá. A caravana é composta pela turma. Os de fé. Lúcio Maia, Dengue, Pupilo, Fernando Catatau, Curumin, Thiago França e Nahor Gomes dando o tom dos instrumen-tos. Lucas Martins e Bruno Buarque na banda. Anelis Assumpção e Thalma de Freitas em coros etéreos de anjos barrocos.

Durou cerca de um ano e meio essa viagem. Composição, concepção, brincadeiras, alquimias sono-ras, o encontro de letra com palavra.

A parte mais prática, estúdio e gravação, cabô rápido. Até porque ela queria mostrar mesmo as ranhuras. “Algumas canções do disco ficaram registra-das da maneira que eu fiz no Garage [Band] mesmo, como uma espécie de rascunho. ‘Sereia’, ‘Fffree’ e a intro de ‘Retrovisor’, o Gui me incentivou a deixar como estava. Achávamos que poderia ficar interes-sante, pois aproxima o ouvinte do processo inicial da música”, ela conta, com a certeza de tudo que viveu. Gui, no caso, é Gui Amabis, o amor. E produtor do dis-co. Que criacão e coração, etmologicamente falando, devem até ser a mesma palavra.

.

[+1] A definição é meio óbvia, mas não

queremos deixar ninguém órfão. O

pai dos burros é o dicionário. Sacou

agora?

[+2] “Oi coração, não dá pra falar muito

não.” Trecho da canção tema deste filme.

Assinada por Chico Buarque. Aliás, é um dos melhores filmes

de Cacá Diegues. Uma das melhores

interpretações de Zé Wilker. Assista.

[+3] O road movie experimental de

Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, que recorta as veias do

sertão brasileiro com uma história de

sangrar o coração. Lindo.

[+4] Estilo musical nascido na Jamaica nos anos 60. A sua

sonoridade fica entre o reggae e o ska.

[+5] O Sr. Poças é um maestro e compositor brasileiro, responsável

pelos arranjos musicais do grupo Balão Mágico.

“As pessoas me perguntam muito sobre onde me encaixo e acho que na mesma prateleira de muitos artistas que conheço e admiro dessa geração, como Tulipa, Nina Becker, Lucas Santtana, Gui Amabis,

Karina Buhr, Lira, Siba e por aí vai...”

noize.com.br058\\

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Essa é a última vez que falamos com você antes que um dos maiores festivais do mundo pise em terras brazucas. Enquanto quem já garantiu o seu ingresso comemora, quem não conseguiu seca lágrimas de desgosto até hoje.Infelizmente, o primeiro dia do evento, que conta com o Foo Fighters como headliner, já está esgotado. Mas ainda dá pra ver os Arctic Monkeys, Jane’s Addiction e Foster the People ao vivo.

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Quem quer dinheirooo? Quem quer camisetaaa?

Essa camiseta do Black Sabbath veio até mim, não foi eu que fui até ela. Acredita em destino, parapsicologia ou magia negra? Então te apega ao que quiser aí, porque eu simples-mente vou seguir acreditando que o que rolou foi uma tremenda preza.Durante a produção do longa Bitols, do diretor André Arieta, no qual faço o papel do Ringo, o baterista de uma banda fracassada da Porto Alegre dos anos 90 chamada Bitols (e os outros integrantes do grupo são, claro, João, Paulo e Jorge), o pessoal do figurino apareceu com umas camisetas de bandas pra usarmos antes das filmagens - pra já estarem gastas no filme (adorei essa

técnica!). A única que me serviu foi a do Sabbath. A mais massa de todas.No filme, apareço com mais ca-misetas algumas que eram minhas mesmo - uma do Jack Nicholson em O Iluminado e uma do Pixies (que o Pedro, vocalista da Pública, me deu na época do show deles por aqui) -, mas as minhas cenas mais doidas e legais, que foram rodadas no Farol de Mostardas, comigo barbudão

(ao contrário do resto do filme), meio náufrago, a procura de “Walter Waterloo”, foram feitas com essa companheira aí.Acabadas as filmagens, roubei a camiseta, naturalmente. E partimos em disparada, eu e ela, por shows, estradas e naits muito loucas ou absolutamente normais, daquelas que se fica vendo novela e comendo cachorro quente.

CArlINhOS CArNEIrO,bidê ou balde

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Page 65: Revista Noize #51 - Março de 2012

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Sabe a expressão “envelhecer com digni-dade”? Em seu primeiro disco desde Dear Heather, de 2004, Leonard Cohen consegue muito mais que isso. Old Ideas mostra o veterano cantor e poeta canadense em plena forma. Pouco importa se ele só voltou à ativa porque foi roubado pelo empresário. Co-locando o disco pra tocar, cai por terra qualquer teoria de um caça-níqueis baseado em “velhas ideias”. O que se ouve aqui é música feita com o coração, por um homem que não tem medo de falar sobre amor, dor, fé e morte. Aliás, como apropriadamente questiona a revista Spin, em sua avaliação do álbum “há alguma situação que um cara na idade de Cohen e com uma mente impura não considere apropriada?” O ouvinte é conquistado já nos segundos iniciais de “Going Home”, com um arranjo sutil e belos backing vocals. Ali entra a voz cavernosa do homem, exalando uma ironia tristonha: “Gosto de falar com Leonard/Ele é um esportista e um pastor/Ele é um bastardo preguiçoso/Vivendo em um terno”. Do blues ao jazz, do folk ao gospel, todos os estilos pelos quais Cohen já se aventurou estão representados em Old Ideas, sempre com o toque refinado do cantor. Como disse o New Musical Express, “aos 77 anos, Cohen não perdeu nem um pouco da pai-xão”. Quem dera todos os músicos envelhe-cessem tão bem. Daniel Sanes

Old ideasSony Music

Pra quem gosta de: Neil Young, Nick Cave e Tom Waits

Para ouvir o álbum na íntegra:Leia o QR Code ao lado com a câmera do seu smartphone.

leoNarD CoheN

ouça no talo

leGeNDaS

Dá um caldo

É, legal Seu ouvido não merece

“O que se ouve aqui é música feita com o coração, por um homem que não tem medo de falar sobre amor, dor, fé e morte.”

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lUCaS SaNTTaNaO Deus que Devasta mas Também CuraIndependente

Pra quem gosta de: Karina Buhr, Cidadão Instigado, Rômulo Fróes

hoWlerAmerica Give UpLab 344

Pra quem gosta de:The Vaccines, The Jesus and Mary Chain, Man Or Astroman?

Só o desfile de all stars da nova geração (Céu, Guizado, Kassin, Do Amor, Curumin) já faria valer o quinto álbum do cantor e com-positor baiano. Muito mais que uma reunião de talentos, o disco é daqueles mergulhos estéticos que só a boa música brasileira ainda consegue proporcionar.As cortinas se abrem com a faixa-título, cujos arranjos minimalistas (cortesia da Orkestra Rumpilezz) vão apertar o peito dos saudosis-tas da MPB anos 70. E assim o disco segue, mirando o futuro com uma piscadela no pretérito. Samples de música clássica e trechos de games 8 bits povoam as partituras imaginárias de Santtana. Surf mu-sic e tecnobrega do Pará, idem. Como ele mesmo confessa à Noize, é “pensar música em camadas, e não como aquela MPB chata”.Coroando de vez o fascínio pela erudição, Lucas Santtana define (na ótima “Dia de Furar Onda no Mar”, parceria com o pequeno filho Josué) que “contemporâneo é alguém sem coração”. Fernando Halal

“Novo Strokes” é um bordão batido. Limita qualquer ineditismo e, a essa altura, traz um status gasto em torno de estreias. Lembre-se de que a caricatural e superlativa comparação foi vociferada como cartão de visitas para inúmeros debuts: Franz Ferdinand, Arctic Monkeys etc. Todavia, neste caso a equiparação é inevitável. O Howler trilha, agora, percurso idêntico ao de seus semelhantes, quando no ano das Torres Gêmeas: o grupo de garagem que lança um EP e se torna “salvação do rock”, o frontman anônimo que pas-sa a celebridade cool e, musicalmente, tudo está lá – maneirismos vocais à la Julian Casablancas, riffs diretos, andamentos bem marca-dos, sujos e sem rodeios.Mas a principal revelação do álbum, citando Leminski, é “com quan-tos plágios se faz um original”. America Give Up tem unidade pró-pria, aponta um futuro autoral. Traz pitadas de pós-punk, surf-rock e guitarras mixadas exatamente no talo. Que venha o próximo. Nicolas Gambin

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PaUl MCCarTNeY

Universal

Pra quem gosta de:Cole Porter, Diana Krall, Dinah Washington

Kisses on the BottomNaDa SUrF

Barsuk

Pra quem gosta de:Death Cab For Cutie, Pixies, Teenage Fanclub

The Stars Are Indifferent to Astronomy

oF MoNTreal

Deckdisc

Pra quem gosta de:The Flaming Lips, David Bowie, Super Furry Animals

Paralytic Stalks aIr

EMI Music

Pra quem gosta de:Stereolab, Portishead, Kraftwerk

Le Voyage Dans la Lune

CÉU

Universal

Pra quem gosta de:Mutantes, Erykah Badu, Odair José

Caravana Sereia BloomroSIe aND Me

Independente

Pra quem gosta de:Lucinda Williams, Wilco, The Decemberists

Arrow of My Ways

DIe aNTWoorD

Downtown

Pra quem gosta de:M.I.A., Dizzee Rascal, Missy Elliott

Ten$ionVaN haleN

Universal

Pra quem gosta de:Aerosmith, AC/DC, Living Colour

A Different Kind of Truth

GUIDeD BY VoICeS

GBV Inc.

Pra quem gosta de:R.E.M., Idlewild, The Buzzcocks

Let’s Go Eat the FactorylINDSTrøM

Smalltown Supersound

Pra quem gosta de:LCD Soundsystem, Hercules & Love Affair, Metronomy

Six Cups of Rebel

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Page 71: Revista Noize #51 - Março de 2012

DISCoTeCa BÁSICaThe Smiths

Por Daniel Sanes

MeaT IS MUrDer | A capa deste segundo disco, de 1985, é uma declaração de intenções, remetendo ao pacifismo e ao vegetarianismo. A famosa “How Soon is Now” não fazia parte da versão original.

The QUeeN IS DeaD | Esta obra-prima de 1986 contém nada menos que “There’s a Light That Never Goes Out” (hit nas pistas até hoje), “Bigmouth Strikes Again” e “The Boy With The Thorn in His Side”.

e NeM TÃo BÁSICaThe HousemartinsThe People Who Grinned Themselves to Death

Toda década tem suas bandas-satélites, aquelas que giram em torno de uma maior. É o caso do The Housemartins, grupo da cidadezinha inglesa de Hull que tinha os Smiths como referência grande, especialmente na entonação de P.D. Heaton. Este segundo (e derradeiro)

disco, porém, mostra que a fonte não era solitária. Canções como “The Light Is Always Green”, “Build” e a faixa-título propõem uma espécie de genealogia do pop britânico, da doçura do Gerry & The Pacemakers à pegada urgente do The Jam. Se não virou um objeto de culto, The People Who Grinned Themselves to Death ao menos envelheceu bem.

laNa Del reY

Universal

Pra quem gosta de:Nicola Roberts, Beyoncé, Brit-ney Spears na “era virgem”

Born to Die

BeN KWeller

Noise Company

Pra quem gosta de:Weezer, Brendan Benson, Los Hermanos

Go Fly a Kite

leTUCe

Bolacha Discos

Pra quem gosta de:Pato Fu, The Posies, Nara Leão, Mutantes

Manja Perene

ChaIrlIFT

Columbia Records

Pra quem gosta de:Shout Out Louds, Siouxsie and the Banshees, The Shins

Something

MarK laNeGaN BaND

4AD Records

Pra quem gosta de:Nick Cave, Muse, Joy Division

Blues Funeral

STraNGeWaYS here We CoMe | Em 1987, as divergências entre os líderes Morrissey e Johnny Marr levaram ao fim. do grupo. Um belo epitáfio para a banda, com direito a single com nome sugestivo: “Girlfriend in a Coma”.

Por Leonardo Bonfim

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Page 72: Revista Noize #51 - Março de 2012

The Pearl SeSSionS, JANIS JOPlIN

_Não fosse a maldição dos 27 anos – ou a quantidade abusiva de álcool e drogas – nossa querida Janis Joplin teria soprado 69 velinhas no dia 19 de janeiro. E, pra comemorar, a Legacy Records vai lançar no começo de abril The Pearl Sessions.O álbum inclui todas as tracks de The Pearl, disco gravado três meses antes da sua morte. A bolacha contem clássicos como “Cry Baby”, “Me and Bobby McGee”, “Mercedes Benz”, “Get It While You Can”, “Move Over” e “A Woman Left Lonely”. Além dessas, algumas faixas bônus nunca antes ouvidas. Seja ele o último, pré-morte ou o que for, o fato é que The Pearl é considerado por muitos o melhor álbum Rainha do Rock’n’Roll. Nele, o que se ouve é uma mulher madura, sensível e forte com influências do soul, blues, rock, country e jazz.Outra novidade da nova edição é a presença de áudios das conversas que rolavam no estúdio entre Janis, a Full Tilt Boogie Band – grupo que gravou o intrumental do disco – e Paul Rothchild, produtor do álbum.

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Page 73: Revista Noize #51 - Março de 2012

1. Paul rothchild | Foi um bem--sucedido produtor musical da dé-cada de 60 e 70. Além de ter produ-zido o famoso Pearl, produziu gente como Neil Young e Love. Mas o que fez mesmo sua fama nesse meio foi a produção de cinco álbuns do The Doors, incluindo a trilha sonora do filme homônimo de Oliver Stone.

3. Aldous huxley | Inspirou ge-rações de roqueiros, hippies e todo o povo das pupilas dilatadas, fazendo experimentos com mescalina e todo tipo de ervas indígenas com efeitos semelhantes ao LSD. Acabou sendo um catalisador do psicodelismo, cho-cando muito político, beatas e “care-tas” da sociedade.

5. lucy In the Sky With Diamon-ds | Em 1968 os Mutantes bateram o disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band na lista dos 50 discos mais expe-rimentais de todos os tempos. É nesse álbum que está “Lucy in The Sky With Diamonds”, música que virou lenda por conta das iniciais – LSD. Os Beatles negam, mas a letra não: dorrgas, mano.

2. the Doors | O quarteto de Los Angeles surgiu em 1965. O nome estranho veio do livro As Portas da Percepção, do escritor inglês Aldous Huxley, uma contraditória ode ao misticismo insano. A banda acabou desandando com a morte do vocalis-ta Jim Morrison, em 1971.

4. Psicodelismo | O movimento teve seu auge nos anos 1960, e foi difundido principalmente nos EUA – mas não deixou de ter seus respin-gos na terra onde cantam os sabiás. Em 1969 os Mutantes estrearam o espetáculo Planeta dos Mutantes, misturando música, cenas bizarras e psicodelia.

6. Serguei | O roqueiro pansexual brazuca jura que tentou tirar Janis das drogas com o seguinte discurso: “Sua voz é linda. Mas você vai nos deixar cedo por causa dessas porcarias. Nós somos espíritos. O corpo é só uma máquina. Quando ela começar a en-guiçar, nós batemos a porta e vamos embora”. Pois é, não funcionou.

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Page 74: Revista Noize #51 - Março de 2012

_FOSSO É O LU-GAR QUE FICA DE

FRENTE AO PAL-CO. DIRETAMENTE

DALI, OS SHOWS DE JANEIRO E

FEVEREIRO

Você sabe: rapadura é doce. Mas não é mole. Ninguém lembra disso quando vê o

fotógrafo no show, bem na frente, lugar privilegiado, cara a cara com o ídolo,

nariz no palco. Mal sabem que não pode ter flash. Que

ele só vai ficar ali durante algumas músicas. Que o

tênis tá molhado, o estôma-go tá roncando, as costas

moídas e o nariz descascou de tanto sol. Que fotógrafo

de show tem que contar tanto com a sorte quanto

com a técnica. E que nunca dá pra fechar os olhos e

curtir o som. Nas próximas páginas, os melhores shows

da temporada. E algumas verdades.

Page 75: Revista Noize #51 - Março de 2012

KARINA BUHR/ MARCO ZERO

/ RECIFE

“No Marco Zero de Recife um show em homenagem a Alceu Valença. Teve Karina Buhr, Lenine, Otto, Criolo, Pit-

ty, Lirinha, Ney Matogrosso e o próprio Alceu, levantando geral com seus ‘iô iô iô, iá iá iá’. E chuva, muita chuva.”

Depoimento e foto: ARIEL MARTINI

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Page 76: Revista Noize #51 - Março de 2012

“Florence, demorou pra vir. Mas impressionou, como era de se esperar.” Depoimento e foto: RODRIGO ESPER

FLORENCE & THE MACHINE / SUMMER SOUL FESTIVAL / RIO DE JANEIRO

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Page 77: Revista Noize #51 - Março de 2012

HOWLER/ BECO203

/ PORTO ALEGRE

“Foi bacana ver o Howler ao vivo. O show é foda e eles tem uma boa noção de palco. Mas, para serem taxados

como ‘os novos Strokes’ pela NME, ainda falta muito Toddynho e leite com pêra.”

Depoimento e foto: RAFA ROCHA

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Page 78: Revista Noize #51 - Março de 2012

“A banda não se desgastou em nada com os proble-mas. Veio com (ainda mais) energia e espontaneidade pro palco. “ Depoimento e foto: RODRIGO ESPER

CSS / MECA FESTIVAL / MAQUINÉ - RS

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Page 79: Revista Noize #51 - Março de 2012

“Se você estivesse bêbado, se divertia. Se estivesse sóbrio, também. A equipe inteira da revista estava lá, dividindo espaço com tequila, moças, bottons da Amy e do Keith Richards, totosinho e

doce de leite pra repor glicose e coragem. Engov. Dois dias de folga. Ainda sentimos dores em lugares antes desconhecidos do corpo. E você?”

Foto: LUCAS NEVES

NOIZE REHAB/ MECA FESTIVAL / MAQUINÉ - RS

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Page 80: Revista Noize #51 - Março de 2012

“As pessoas começam a chegar, já vão pra frente do palco e se jogam na fina discotecagem de Akin (MetanolFM). Já no começo, Zola desce do palco e canta boa parte de uma música no meio do público. O show segue intenso, com pessoas gritando e se empolgando até o fim.  Ainda chovia bem fraco, com muitas poças d’água na rua.” Depoimento e fWWoto: SAMUEL ESTEVES

ZOLA JESUS/ CLASH CLUB / SãO PAULO

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Page 81: Revista Noize #51 - Março de 2012

“Mal chegam e já pegam uma cerveja. Vão em direção ao palco, cada um pro seu instrumento. O show é empolgado durante a uma hora e meia de duração. A banda volta pro bis e, antes

de sair do palco, Beto mostra o bum bum pro público.” Depoimento e foto: SAMUEL ESTEVES

CACHORRO GRANDE/ SESC SANTO AMARO

/ SãO PAULO

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Page 82: Revista Noize #51 - Março de 2012

Esta revista que vos fala é feita de café. Madrugadas. Reuniões de pauta de madrugada e com café. Diálogos sem sentido. Prazos que se esgotam. Cansa-ço. Cerveja, suor e gargalhadas.

– Na boa? Não vou conseguir fechar a revista. Tá muito calor no mundo. Janeiro é calor no mundo. Não dá pra fechar a revista. – Passei todo carnaval cega de tanto glitter no olho.– Essa mina aí, só lembra dela em cima do cavalo. E nem tava gostosa.– Não gosto de fonte monogâmica.– Como assim, monogâmica?

– Não gosto, a entrevista fica chata.– Porque a pessoa é monogâmica?– Aham. Prefiro gente filha da puta.– Achei que você ia dizer monossilábica.– Ou isso.– No carnaval meu cachorro matou um tamanduá. – Pode aumentar uns quatro mil caracteres este texto ou complica?Nem sabia que existia tamanduá. Que música é esta? Cara, que música é esta?– Tem muita mulher na revista. E ninguém pagando peitinho.– Chato.– Que calor.

– Mas que calô-ôôr.– Não fala mais de carnaval. Sério.– Céu chegou?– Não. – E agora?– Vamos esperar.– Os boys da arte não querem.– Foda-se a arte.– Isso dá uma camiseta.– Pra usar no Lollapalooza.– E apanhar dos nerds. – Concentra, cara, concentra. Vamos fechar esta revista.– Noize 51. Uma boa ideia.– E se ninguém rir?– Já foi.

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Page 84: Revista Noize #51 - Março de 2012

NOIZE #51 / MARÇO ‘012DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

NOIZE.COM.BR